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ABSTRACT The present article deals with the admittance study of “Up to date with Health UNIVALI FM Program” from UNIVALI FM Educative Radio. The research has as its goal to investigate how the program listeners receive the messages. The study guiding questions are gathered on behavior change premises, meaning assigned to the program, comprehension of diffused information and health promotion. In order to verify the purpose, the propositions and the hypothesis, it was made use of bibliographical, virtual and documentary research techniques to introduce the Radio history in Brazil, in Santa Catarina, the UNIVALI FM Educative Radio and the “Up to date with Health UNIVALI FM Program”. In order to select the nonprobabilistic and intended sample, it was used the technique “snow ball”, which interviewed professionals during the program that point out some listeners to participate to the admittance
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RÁDIO EDUCATIVA UNIVALI FM: estudo de recepção do programa UNIVALI FM Em Dia com a Saúde
GABRIELA ALBUQUERQUE DA SILVA∗
JOÃO CARISSIMI∗
RESUMO
O presente artigo trata de estudo de recepção do Programa UNIVALI FM Em Dia com a Saúde, da Rádio Educativa UNIVALI FM. A pesquisa tem o objetivo de investigar como os ouvintes recebem as mensagens veiculadas no Programa UNIVALI FM Em Dia com a Saúde. As questões norteadoras do estudo estão englobadas nas premissas de mudança de comportamento, significado atribuído ao programa, compreensão das informações veiculadas e promoção da saúde. Para verificação do objetivo, das problemáticas e da hipótese, foram utilizadas as técnicas de pesquisa bibliográfica e documental para apresentar histórico da rádio no Brasil, em Santa Catarina, da Rádio Educativa UNIVALI FM e do Programa UNIVALI FM Em Dia com a Saúde. Para seleção da amostra, não probabilística e intencional, foi utilizada a técnica bola de neve, a partir de profissionais entrevistados no programa, que indicaram ouvintes para participar do estudo de recepção. A partir das entrevistas semi-estruturadas, semi-aberta, com roteiro em profundidade, transcrição dos relatos e análise dos dados, percebeu-se que os ouvintes têm alto grau de entendimento das mensagens veiculadas, lembranças dos temas abordados, mudam seus hábitos e comportamentos, trocam papéis, deixando de ser receptores para atuar como emissores, promovendo, desta forma, a saúde e reforçando o caráter de rádio educativa.
Palavras-chave: Rádio Educativa UNIVALI FM, estudo de recepção, saúde.
ABSTRACT
The present article deals with the admittance study of “Up to date with Health UNIVALI FM Program” from UNIVALI FM Educative Radio. The research has as its goal to investigate how the program listeners receive the messages. The study guiding questions are gathered on behavior change premises, meaning assigned to the program, comprehension of diffused information and health promotion. In order to verify the purpose, the propositions and the hypothesis, it was made use of bibliographical, virtual and documentary research techniques to introduce the Radio history in Brazil, in Santa Catarina, the UNIVALI FM Educative Radio and the “Up to date with Health UNIVALI FM Program”. In order to select the non-probabilistic and intended sample, it was used the technique “snow ball”, which interviewed professionals during the program that point out some listeners to participate to the admittance
Acadêmica do Curso de Comunicação Social – Habilitação Relações Públicas, da Universidade do Vale do Itajaí, pesquisadora do grupo de Pesquisa Redes de Comunicação da UNIVALI, e-mail: [email protected]∗ Mestre em Comunicação e Informação - UFRGS, professor do Curso Comunicação Social – Habilitação Relações Públicas da UNIVALI, pesquisador do grupo de Pesquisa Redes de Comunicação da UNIVALI, e-mail: [email protected]
study. Taking into consideration the semi structured and semi opened interviews, with deep instructions, report transcription and data analysis, it was clearly noticed that listeners have a high level of understanding regarding of the diffused messages, remind of broached topics, change their habits and behavior, exchange roles as leaving the receiver function to act as transmitters, encouraging the health and reinforcing the educative radio trait this way.
KEYWORDS: UNIVALI FM Educative Radio, admittance study, health.
1 INTRODUÇÃO
Comunicação e saúde são áreas de conhecimento de grande relevância tanto para
estudos sociais quanto científicos. Saúde é um direito indispensável do indivíduo, para assim
desfrutar outros direitos, educação, moradia. A comunicação – informação - também é um
direito assegurado por lei às pessoas. Programas sobre saúde têm cada vez mais espaço nos
veículos de comunicação, conquistando um lugar como ciência, desta forma provocando
discussões em torno dos temas comunicação e saúde.
A informação na promoção da saúde é essencial para população. Utilizada de forma
correta, com linguagem apropriada ao público-alvo, a comunicação pode ser ferramenta
estratégica importante para melhoria e qualidade das condições de saúde do cidadão.
Sendo a informação matéria-prima das áreas de jornalismo e relações públicas,
justifica-se o estudo de recepção do programa UNIVALI FM Em Dia com a Saúde da Rádio
Educativa UNIVALI FM, pois, este veículo tem o papel informativo e educativo e foi a
primeira emissora de rádio educativa do Vale do Itajaí. Este trabalho tem grande relevância,
por ser o primeiro estudo de recepção realizado pelo Curso de Comunicação Social -
Habilitação em Relações Públicas da UNIVALI.
Entre os veículos de comunicação, escolheu-se o rádio por ser o primeiro veículo de
comunicação de massa eletrônico que surgiu no Brasil e porque os ouvintes podem estar, em
qualquer lugar, sintonizados escutando músicas, informações e entretenimento.
O rádio é considerado o amigo de todas as horas, o companheiro, aquele capaz de consolar inclusive solitários. O meio está presente ao lado da cama do enfermo no hospital, junto ao detento na prisão, ao motorista de táxi, ao caminhoneiro, à dona-de-casa, à empregada doméstica. (SOUZA, 2005, p. 59).
Em se tratando do rádio, houve a preocupação de contextualizar esse veículo de
comunicação, por meio dos autores Ferrareto (2007), Ortriwano (1985), Maranini (2002),
além dos estudos de mestrado de Russi (2003) e Souza (2005). O artigo apresenta um
levantamento histórico da rádio no Brasil, seu surgimento, sua época de ouro e as novas
2
formas de fazer rádio no século XXI. O rádio em Santa Catarina é contextualizada desde sua
fundação em 1936, na cidade de Blumenau, bem como sua trajetória e evolução. A Rádio
Educativa UNIVALI FM, também é descrita a partir de sua criação, a programação
jornalística e musical, em especial o objeto de estudo o Programa UNIVALI FM Em Dia com
a Saúde.
Partindo do objeto em análise – projeto inicial do programa e temas apresentados,
procurou-se investigar como os ouvintes recebem as mensagens veiculadas no Programa
UNIVALI FM Em Dia com a Saúde. A pesquisa tem como questionamentos: qual o
significado que os ouvintes atribuem ao programa? O programa promove mudança de
comportamento? Qual o grau de compreensão das informações veiculadas no programa? O
receptor passa a ser emissor das informações?
Tendo a hipótese levantada por Grisa (2003, p. 49), “o texto por si só não é capaz de
gerar nenhum sentido. A mensagem não pode causar nenhum efeito se não houver uma
interação ‘cultural’ do receptor com essa mensagem”. Para verificação do objetivo, das
problemáticas e da hipótese, utilizou-se dos métodos dedutivo, pesquisa de natureza básica e
descritiva, com procedimentos técnicos de pesquisa bibliográfica e documental. Abordagem
qualitativa – entrevistas semi-estruturadas, semi-aberta, com roteiro em profundidade, e
respostas indeterminadas
No embasamento e fundamentação teórica do estudo de recepção, pesquisou-se Jacks
(1995), Barbero (1995), Escosteguy (2002), Grisa (2003). Utilizou-se o método qualitativo e
estudo de recepção, pois não era a preocupação mensurar a audiência do programa, mas sim
entender como as mensagens chegam aos receptores.
Para realizar o estudo de recepção utilizou a técnica bola de neve para seleção dos
sujeitos, onde alguns profissionais da área da saúde entrevistado do Programa UNIVALI FM
Em Dia com a Saúde indicaram ouvintes do programa. Para coletar as respostas a partir da
experiência subjetiva de uma fonte, selecionada por deter informações que se deseja conhecer
(DUARTE, 2006, p. 62), três ouvintes foram abordados por meio de entrevista em
profundidade. As entrevistas foram previamente agendadas, autorizadas para gravação e após
transcritas.
3
2 RÁDIO
O rádio é o primeiro veículo de comunicação de massa eletrônico que surgiu no
Brasil, na cidade do Rio de Janeiro, em 1923. Seu baixo custo e acesso em qualquer lugar
possibilitou sua popularidade. O ouvinte pode estar no carro, em casa, no trabalho, ou
caminhando que tem acesso as informações, entretenimentos e dicas sobre os mais variados
assuntos.
Meio de comunicação que utiliza emissões de ondas eletromagnéticas para transmitir a distância mensagens sonoras destinadas a audiências numerosas. A tecnologia é a mesma da radiotelefonia (ou seja, transmissão de voz por fios) e passou a ser utilizada, na forma que se convencionou chamar de rádio, a partir de 1916, quando o russo radicado nos Estados Unidos, David Sarnoff, anteviu a possibilidade de cada indivíduo possuir em sua casa um aparelho receptor. (FERRARETTO, 2007, p. 23).
O censo demográfico de 2005 do IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística aponta que do total de 53.052.621 residências, o rádio chega em 88% dos
domicílios brasileiros, afirmando que é o segundo veículo de comunicação mais popular que
temos. O primeiro fica por conta da televisão, que chega em 91% das casas brasileiras.
Ortriwano (1985, p. 78), aponta que
Entre os veículos de comunicação de massa, o rádio é, sem dúvida, o mais popular e o de maior alcance público, não só no Brasil como em todo o mundo, constituindo-se, muitas vezes, no único a levar a informação para populações de vastas regiões que não têm acesso a outros meios, seja por motivos geográficos, econômicos ou culturais.
No Brasil, a primeira emissora de rádio foi a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro,
com freqüência AM, fundada por Edgard Roquete Pinto, em 20 de abril de 1923, tendo
caráter educativo. As idéias e ideais do fundador sempre objetivaram a difusão/educação,
contribuindo para aumentar o intelecto e a educação da população. (MARANINI, 2002, p. 5).
Na década de 30 o rádio passa a ter caráter comercial, ocorre sua popularização e
começa a tornar-se um veículo de massa, com programações voltadas ao lazer e
entretenimento. Foi nesta época que notou-se a eficácia de uma rádio em divulgar produtos
por meio da publicidade, tentar influenciar comportamentos e ditar modas.
Um das passagens mais marcantes da história da rádio foi a inauguração da lendária Rádio Nacional, em 1936, no Rio de Janeiro, que manteve a liderança da radiodifusão no Brasil mais de 20 anos [...] sua fase ouro durou até 1955, com programas que marcaram época, como novelas “Direito de Nascer” e “Em Busca da Felicidade”. (CÉSAR, 1990, p.34-35).
4
As décadas de 40 e 50 são consideradas a “'época de ouro do rádio brasileiro”, surge
a rádionovela em 1942 na Rádio Nacional do Rio de Janeiro, que apresentava a novela “Em
Busca da Felicidade”, essa programação durou cerca de três anos. Também entrou no ar o
primeiro jornal falado do rádio brasileiro: o “Grande Jornal Falado Tupi”, da emissora Tupi,
de São Paulo. O rádio teve importante papel na divulgação de notícias e informações. Com a
criação do transistor a comunicação torna-se mais rápida, e permite que o rádio seja ouvido
sem estar ligado a uma tomada. As emissoras começam a utilizar unidades móveis para
agilizar a transmissão das informações.
Nos anos 60 e 70, surgem as primeiras rádios FM1 – freqüência modulada, com
programação exclusivamente musical. A primeira emissora FM foi a Rádio Imprensa, no Rio
de Janeiro, com programação totalmente musical, que tocava músicas da Jovem Guarda,
Bossa Nova, The Beatles, entre outros. Nesta época, as emissoras procuram segmentar seus
ouvintes, utilizando-se de linguagem e padrões apropriados para cada púbico-alvo.
Nos anos 80, a novidade ficou por conta do disco digital por leitura a laser,
transmissões via satélite e, principalmente, a especialização das emissoras visando atingir o
maior público possível (ORTRIWANO, 1985). Desde sua implantação, as emissoras
buscavam tendências nacionais para atender seus ouvintes e fortalecer o mercado publicitário
com menor custo e maior lucratividade.
Na década 90, as emissoras começam a operar em rede, por meio de satélites. A
primeira rádio a utilizar-se desta tecnologia foi a rádio Bandeirantes AM de São Paulo, na
região sul, a precursora em transmitir a sua programação em rede foi a Rádio Atlântida, do
Grupo RBS2. Com a modernização, os discos de vinil foram trocados por CDs (compact disc),
o som foi digitalizado e com a entrada da Internet no meio radiofônico, o rádio entra na era
moderna.
A Agência Nacional de Telecomunicações - ANATEL, regulamentada pelo Decreto
nº. 2.338, de 7 de outubro de 1997, no governo Fernando Henrique Cardoso, é o órgão que
normatiza, concede e fiscaliza os serviços de radiodifusão no Brasil. As emissoras de rádio
podem ter caráter comercial, ou seja, que visam lucro, são concessões a empresas privadas.
As emissoras comunitárias não visam lucro e devem divulgar acontecimentos da comunidade
as quais estão inseridas, bem como promover atividades educacionais e culturais para
impulsionar a melhoria da condição de vida da população. Já a rádio educativa, conceituada
pelo Código Brasileiro de Radiodifusão de 1963, valorizada pela Portaria Interministerial de
1999, n.º 236, como emissora que deve ser gerida por universidades e fundações sem fins
5
lucrativos, cuja programação3 deva estar comprometida com a educação, ficando proibida de
veicular publicidade4. (MINISTÉRIO DAS COMUNICAÇÕES, 2007).
Conforme Martins (2005, p. 106), existem 6.200 emissoras de rádio AM e FM no
Brasil, 380 (6,1%) de caráter educativo, 2.300 (37%) são comunitárias e 3.520 (56,7%) são de
caráter comercial. O inexpressivo número de rádios educativas se justifica pela falta de
recursos financeiros das Instituições de Ensino e a desleal concorrência com as de caráter
comercial, que são apoiadas e patrocinadas por empresas privadas.
Segundo Blois (2003, p. 4)
A utilização do rádio, numa perspectiva educativa, deixa muito a desejar no Brasil, o que se reflete na desproporção entre o número de emissoras comerciais e as educativas, em operação no País e em qualquer um das Unidades Federadas que o compõe.
No estado de Santa Catarina, existem 208 emissoras de rádio e tevê credenciadas à
Associação Catarinense de Emissoras de Rádio e Tevê - ACAERT, órgão que trabalha em
prol da profissionalização das emissoras de rádio e tevê. Das associadas à entidade, 14 (6,7%)
são emissoras de TV; 106 (51%) emissoras de rádio FM e 88 (42%) rádios AM. Existem
quatro rádios educativas associadas à ACAERT, que são as três rádios da Universidade para o
Desenvolvimento do Estado de Santa Catarina e a Rádio Educativa da Universidade do Vale
do Itajaí.
2.1 Rádio em Santa Catarina
De acordo com a ACAERT, a Rádio Clube de Blumenau foi a primeira de Santa
Catarina. Operava em AM5, fundada em 19 de março de 1936, tendo em sua programação
anúncios e música. Em Itajaí, a primeira emissora foi a Rádio Difusora, inaugurada em 26 de
outubro de 1942, fundada por Adolfo de Oliveira Júnior. Atualmente opera na freqüência AM
1530 Khz.
Durante a década de 40, surgiram 18 novas emissoras no estado, destaque para a
Guarujá6, de Florianópolis, e a Difusora7, de Joinville. As programações variavam entre
oração, esporte e chamada para a poesia. Esta época foi caracterizada pelo amadorismo, pois
as pessoas trabalhavam por vocação e pela aventura de realizar um sonho.
Em Santa Catarina, até a década de 70, a rádio teve importante papel no cenário
político, tinha fortes ligações com partidos, prevalecendo a troca de favores e interesse
6
político. No início dos anos 80, surgem as rádios FM, Guarujá e Diário da Manhã, em
Florianópolis, que logo conseguiram espaço, antes ocupado pela AMs. As programações
sofreram mudanças e adequações para a nova tecnologia.
A primeira rádio educativa que surgiu em Santa Catarina foi a Rádio Educativa
UDESC de Florianópolis, pertencente à Universidade para o Desenvolvimento do Estado de
Santa Catarina, inaugurada em 08 de dezembro de 1997. No mesmo ano, inauguraram outras
duas emissoras no Estado, em Joinville e em Lages.
No Vale do Itajaí, a primeira emissora de caráter educativo foi a Rádio Educativa
UNIVALI FM de Itajaí, inaugurada em 22 de março de 1999; a segunda, a 106 FM,
pertencente à Rede Brasil Esperança8, inaugurada em 22 de novembro de 2002. Em Santa
Catarina, existem ainda as rádios educativas FURB FM 107,1 da Universidade Regional de
Blumenau, inaugurada em 15 de março de 2003, UNIDAVI FM, da Universidade para o
Desenvolvimento do Alto Vale do Itajaí de Rio do Sul, que passou a operar em caráter
definitivo no dia 5 de abril de 2004.
2.2 Rádio Educativa UNIVALI FM
A Rádio Educativa UNIVALI FM, emissora da Fundação Universidade do Vale do
Itajaí, começou a operar em caráter experimental em 18 de dezembro de 1998. Em 22 de
março de 1999, a rádio recebe caráter definitivo e passa da freqüência de 90.9 para 94.9MHz,
tendo como principais objetivos divulgar as ações de ensino, pesquisa e extensão da
universidade.
A implantação da Rádio Educativa UNIVALI FM propicia a seu corpo docente e discente oportunidade de desenvolver pesquisas no sentido de encontrar novas formas de linguagem para este veículo, novas metodologias de ensino, bem como praticas para o exercício da profissão. [...], no âmbito das escolas, se caracteriza como um suporte a mais contribuindo para o avanço e aperfeiçoamento desses ensinamentos quer por seu caráter prático ou de pesquisa. (RUSSI, 2003, p. 81).
Nas pautas de programação da rádio, estão assuntos como educação, cultura, esporte,
política e economia, além de saúde, meio ambiente e integração social. Em seu quadro
funcional estão profissionais habilitados tecnicamente para desenvolver trabalhos com
qualidade e profissionalismo.
A área de abrangência9 da rádio, com alta qualidade de sinal, compreende as cidades
de Itajaí, Balneário Camboriú, Barra Velha, Itapema, Ilhota, Camboriú, Navegantes, Penha,
7
Balneário Piçarras e Luís Alves. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística –
IBGE, a população destas cidades estima-se em 479.830 habitantes.
A grade da programação foi construída a partir de uma pesquisa10 na cidade de Itajaí,
também foi levada em consideração a opinião do corpo diretivo da rádio. A emissora opera 24
horas por dia e tem em sua grade programas jornalísticos e musicais, algum deles com a
participação de acadêmicos e professores da instituição que atuam nas diversas áreas do
conhecimento.
Sua programação jornalística11 compreende os programas Repórter UNIVALI,
Unirepórter, Censura Livre, Pirão Catarina, Planeta Terra, Sintonia Total, Mix Cultural, Dez
Minutos do Sabor, UNIVALI FM Em Dia com a Saúde, Rádio CAU, Palavra da Vida,
Debates Contemporâneos, Plantão Esportivo, Tá ligado. São programas que abordam assuntos
como natureza, atualidades e curiosidades.
A programação musical atende variados gêneros da música, como música popular
brasileira, bossa nova, jazz. No rol de programas estão: Acordes da Manhã, Altas Ondas,
Bossa Sempre Nova, Samba Brasil, Sonoridade Brasileira, Sucessos Inesquecíveis, Universo
Musical, Voz do Brasil, Tarde Musical, Uniblues, Unibossajazz, Unirock, Brasil Regional,
Escala Brasileira, Manhã Musical, Noite Musical, Almoço Musical, Madrugada Musical,
Rock Brasil, Canto Libre, Choro Brasileiro, Clássico Domingo. (UNIVERSIDADE DO
VALE DO ITAJAÍ, 2007).
A Rádio dispõe de verbas para suas produções oriundas da sua mantenedora, a
Fundação UNIVALI, e de apoio cultural, onde empresas vinculam propagandas institucionais.
A Fundação também disponibiliza em seu quadro funcional de professores e oferece bolsas de
trabalho para os acadêmicos atuarem em programas da emissora. Custos técnicos, manutenção
dos equipamentos e de estúdios, suporte, energia, telefone também são pagos pela Fundação.
Desde sua inauguração, a Rádio Educativa UNIVALI FM atende à comunidade
acadêmica, bem como toda a população de sua área de abrangência, e nos oito anos de
existência recebe manifestações de ouvintes que apóiam o trabalho que a Rádio vem
desenvolvendo em Itajaí e região.
No ano de 2000, a rádio foi premiada com o título “Amigo do Museu Histórico de
Itajaí”, concedido pelo Conselho Curador da Fundação Genésio Miranda Lins. Em 2001,
recebeu o II Prêmio ACAERT de Rádio, na categoria Planejamento Estudantil, com um
trabalho realizado por acadêmicos do Curso de Relações Públicas. A Rádio Educativa
UNIVALI FM, no ano de 2002, ganhou o prêmio “Empresa Cidadã”, promovido pela
ADVB/SC – Associação Brasileira dos Dirigentes e Vendas de Marketing, Seccional de Santa
8
Catarina. Em 2003, foi vencedora do 2º Prêmio UNIMED de Jornalismo - SC, com o
programa Sintonia Total. Em 2004, venceu o 4º Prêmio de Jornalismo UNIMED – SC, e
recebeu primeiro lugar, com o programa UNVALI FM Em Dia com a Saúde. Em 2007
recebeu o 5º Prêmio Docol, com o trabalho “A realidade às margens do Canhanduba”.
2.2.1 Programa UNIVALI FM Em Dia com a Saúde
O Programa UNIVALI FM Em Dia com a Saúde surgiu da idéia de divulgar
informações sobre prevenção de diversos problemas de saúde e pelo fato de não existir
nenhum programa da emissora que abordasse esse assunto. Doenças pouco discutidas na
mídia, bem como as de freqüentes debates, estão na pauta do programa.
A programação teve início em abril de 2004. O programa é veiculado toda segunda-
feira no horário das 18h às 18h30, apresentado pelo professor e jornalista Carlos Praxedes de
Souza, que também é o responsável pela edição do programa.
Segundo o projeto do programa, de autoria do apresentador, os objetivos a serem
alcançados são contribuir com a educação da comunidade regional, dinamizar a prestação de
serviços por meio do rádio, divulgar as produções do Centro de Ciências da Saúde da
UNIVALI, estimular a prevenção de problemas de saúde, informar os cuidados que se deve
ter com a saúde, ampliar a diversificação dos programas da Rádio Educativa UNIVALI,
oferecer aos acadêmicos contato com a prática profissional.
O apresentador pauta os assuntos por meio do que está acontecendo na comunidade
de Itajaí, doenças polêmicas e pouco abordadas na mídia. Um profissional da área da saúde é
entrevistado. Durante a conversa explica a característica, sintoma, tratamento e prevenção de
determinada doença. O programa é gravado, não sendo possível a interação dos ouvintes.
O programa utiliza a linguagem coloquial para o ouvinte entender as explicações do
profissional e para atrair a audiência. Quando o entrevistado responde de forma técnica, o
apresentador interfere com explicações, para que assim ouvintes possam entender as
mensagens e informações que estão sendo passadas.
Entre os temas já abordados no ano de 2005 estão: câncer de intestino, mal de
Parkinson, pré-natal, varizes, homeopatia infantil, dieta do tipo sanguíneo, clareamento
dental, menopausa, obesidade infantil, câncer de mama, acupuntura, problemas digestivos em
crianças, tuberculose, acidentes domésticos com crianças, problemas de voz, efeitos das
drogas no organismo, epilepsia, importância dos exercícios físicos, massoterapia, AVC,
estrias e celulite, doenças sexualmente transmissíveis, HPV, sarampo, asma e bronquite,
9
reumatismo, doença celíaca, anestesias, aparelhos ortodônticos, saúde na terceira idade,
pneumonia em crianças, cirrose, fitoterapia, problemas auditivos, dores crônicas, problemas
mentais – autismo, aids, vesícula e pâncreas, alcoolismo, hiperhidrose (suor em excesso). As
entrevistas foram realizadas com diversos profissionais da área da saúde, entre eles: médicos
especialistas em otorrinolaringologia, ginecologista, oftalmologista, gastroenterologista,
pediatra, neurologista, dentistas, fitoterapeutas, fonoaudiólogos, profissional de educação
física.
No ano de 2006, os temas apresentados foram: RPG, sinusite, anemia ferropriva,
conservação de alimentos, medicina esportiva, doenças parasitárias, anorexia/bulimia, doença
do refluxo gastroesofágico, câncer, problemas psicológicos em crianças, pé diabético,
depressão, leucemia, labirintite, ataque cardíaco, gripe aviária, métodos contraceptivos,
alopecia, síndrome do intestino irritável, reeducação alimentar, tireóide, febre reumática,
memória, TPM, obesidade infantil, fisioterapia respiratória, catarata, glaucoma, descolamento
de retina, estresse, bursite/tendinite, diabetes, hepatites, DORT, diagnóstico de doenças por
imagem, yoga, catapora, saúde bucal. Os entrevistados são das seguintes áreas: fisioterapeuta,
otorrinolaringologista, nutricionista, farmacêutico, médico do esporte, bióloga,
endocrinologista, cirurgião geral, oncologista, pedagogo, cirurgião vascular, e psicóloga.
No ano de 2004, o programa foi premiado com 1º lugar na categoria profissional, no
4º Prêmio de Jornalismo UNIMED – SC.
3 ESTUDO DE RECEPÇÃO
O primeiro estudo sobre recepção surgiu por volta dos anos 40 nos Estados Unidos.
Já na América Latina são recentes. Despontou no início dos anos 80, com o pesquisador Jesús
Martín-Barbero. Segundo Escosteguy, (2002, p. 5), os estudos de recepção latino-americanos
desenvolveram uma abordagem onde estão desenvolvidas distintas mediações sociais e
culturais que vinculam a recepção mediática a relações com a vida social.
O estudo de recepção busca entender o papel do receptor em relação à mensagem
recebida. O que as mensagens influenciam nos receptores e o que estes fazem com as
mensagens que chegam por meio dos veículos de comunicação. O receptor passa a ser um
ator social.
Parto do princípio de que a recepção não é somente uma etapa no interior do processo de comunicação, um momento separável, em termos de disciplina, de metodologia, mas uma espécie de um outro lugar, o de rever e repensar o processo
10
inteiro da comunicação. Isso significa uma pesquisa de recepção que leve à explosão do modelo mecânico, que, apesar da era eletrônica, continua sendo o modelo hegemônico dos estudos de comunicação. (BARBERO, 1995, p.40).
No Brasil, os estudos de recepção, na sua maioria, abordam pesquisa empírica e
qualitativa, com atenção ao gênero feminino, baseando principalmente na audiência da
televisão. Pode também ser observada a família, trabalho, local em que reside, fatores
culturais e sociais, sempre considerando o receptor, mensagem e emissor.
Estes estudos enfatizam o aspecto ‘ativo’ dos sujeitos, os quais produzem diferentes significados quando consomem os produtos de mídia. Eles também insistem no caráter polissêmico, aberto e intertextual das mensagens da mídia, na multiplicação infinita de tais mensagens. Mostram também as possibilidades para ‘resistência’ e ‘subversão’ dos sujeitos face ao texto, bem como o poder da audiência em interpretar e produzir novos significados. (GUEDES, 1998, p. 114).
A partir dos conceitos e contextualização do estudo de recepção, este método foi
aplicado com três ouvintes do Programa UNIVALI FM Em Dia com a Saúde. O estudo
permite verificar de que forma os sujeitos interpretam e produzem as mensagens recebidas.
3.1 Estudo de recepção do Programa UNIVALI FM Em Dia com a Saúde
Para fazer o estudo de recepção do Programa UNIVALI FM Em Dia com a Saúde,
foram entrevistados três ouvintes. Para chegar aos sujeitos, várias possibilidades foram
levantadas: primeiro, contatar pessoas que em algum momento tivessem encaminhado e-mail
para o programa; segundo, ouvintes que ligaram para Rádio UNIVALI FM para saber sobre o
programa; terceiro, escolher um bairro da cidade de Itajaí e pesquisar quem é ouvinte do
UNIVALI FM Em Dia com a Saúde e, por último, solicitar indicação dos entrevistados que
tiveram conhecimento de alguma pessoa que escutou sua entrevista. A primeira e a segunda
tentativa foram impossíveis, pois o programa não é interativa, bem como a rádio não possui
um banco de dados dos ouvintes. A terceira sugestão também foi descartada por inviabilidade
técnica, sendo então seguida a quarta tentativa para encontrar os ouvintes.
Para seleção da amostra foi utilizada a técnica bola de neve, segundo Appolinário
(2004, p. 24) amostra não probabilística intencional na qual um sujeito indica outro sujeito
para integrar a amostra. Primeiro entrou-se em contato via e-mail, com 20 pessoas
entrevistadas no programa, solicitando que estes indicassem ouvintes que comentaram ter
escutado a participação do profissional de saúde no UNIVALI FM Em Dia com a Saúde.
Houveram cinco respostas dizendo que, ninguém havia comentado sobre a entrevista. Três
pessoas indicaram cada uma um ouvinte para participar do estudo de recepção. Foram
11
entrevistados três ouvintes, para assim analisar a relação dos sujeitos/receptores com o
Programa UNIVALI FM Em Dia com a Saúde.
As entrevistas estruturas foram realizadas entre os dias 21 a 28 de maio de 2007, no
ambiente de trabalho dos entrevistados, sendo autorizada gravação e divulgação das mesmas.
Segundo Jacks (1995, p. 153), o melhor lugar para abordar as medições tende ser o cotidiano.
O questionário foi dividido em cinco grupos de perguntas, sendo eles: perfil do
entrevistado, a Rádio Educativa UNIVALI FM, o Programa UNIVALI FM Em Dia com a
Saúde, comportamento e comentários.
3.1.1 Primeiro grupo: Perfil
Para preservar a identidade dos ouvintes, seus nomes foram trocados para Alfa, Beta
e Gama. Os três entrevistados são do sexo masculino, com idade entre 41 e 57 anos. Todos
com formação superior, dois deles mestre em educação física e um farmacêutico. Trabalham
na Universidade do Vale do Itajaí, atuando como professor e coordenador de curso.
Os ouvintes disseram escutar a Rádio Educativa UNIVALI FM desde a sua
fundação, ficando sabendo da inauguração por meio das comunicações que a universidade
passa aos seus funcionários. Dois deles escutam no carro e um na academia de ginástica todos
os dias. Dois entrevistados dizem que comentam com outras pessoas sobre o que escutam na
rádio, geralmente estes comentários são feitos com familiares, entrevistados, professores e
alunos.
3.1.2 Segundo, terceiro, quarto e quinto grupos: Rádio Educativa UNIVALI FM, Programa UNIVALI FM Em Dia com a Saúde, Comportamento e Comentários
Nestes grupos a pesquisadora selecionou as falas mais relevantes dos entrevistados.
Rádio UNIVALI FM Entrevistado Alfa Entrevistado Beta Entrevistado Gama
Quais são os programas da rádio que você escuta?
“[...] É a notícia. Sempre nos horários das 8 das 9, bem de manhã cedo já. Repórter UNIVALI. E manhã musical hoje. Gosto muito do UNIBOSSAJAZZ, né.[...] Tem de rock, jazz, blues.”
“Eu não tenho assim uma programação definida. [...] Aqui na academia a gente mantém sempre os noticiários, a rádio sintonizada. Geralmente não tem nada em especial.”
“Eu escuto sempre o jornal da manhã. [...] Eu escuto as vezes o UNIVALI Em Dia com a Saúde. [...] Escuto bem pontualmente o jornal da manhã. [...].”
Qual a importância da rádio na sua vida?
“[...] primeiro assim como lazer. Adoro música, gosto de escutar. [...] E muitas informações que a gente fica sabendo. [...] Do noticiários [...].”
“[...] um meio de comunicação muito claro, [...]. Uma comunicação de fácil acesso [...].”
“A rádio me reporta a um momento de infância na verdade assim. [...]. Então eu me lembro que a rádio era onde a gente também se reunia pra escutar. [...] pra mim a rádio tem isso, coisas de infância. Coisa que se perdeu pra alguns, mas pra mim não deve ser perdido.”
Quadro 1: Rádio Educativa UNIVALI FM
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Fonte: Coleta de dados, elaborado pela acadêmica
Programa UNIVALI FM Em Dia com a Saúde
Entrevistado Alfa Entrevistado Beta Entrevistado Gama
Há quanto tempo você escuta o programa?
“[...] fazem uns dois anos, mais ou menos, [...].”
“[...] tem algum tempo já.”“Um ano e meio, dois anos, [...]. Não me lembro quanto tempo [...].”
Com que freqüência o você escuta?
“[...] Não tem uma freqüência. [...] quando eu venho na universidade quando o programa está passando.”
“Não. Não tenho assim uma freqüência exata.”
“Ele é um programa semanal, então sei lá, uma vez por mês, duas. Depende o horário que eu to no carro.”
Você considera suficiente o tempo da programação?
“[...] eu acho que dá pra trabalhar bem, [...] aquele prazo do programa da pra estabelecer os conhecimentos que os entrevistados propõem.”
“[...] Eu achei que ta adequado. [..].”
“Considero. Porque tem que ser objetivo. [...].”
O horário em que o programava vai ao ar é adequado?
“[...] é um bom horário. Talvez tivesse outros horários de freqüência alternativas. [...]”
“O período que eu ouvi, ta adequado. [...].”
“Eu acho fantástico, porque é o horário que eu posso escutar.”
Você recorda algum tema que escutou?
“Da fonoaudiologia com a professora Renata Mancopes. [...]. Questão da nutrição. [...] escutei vários programas e com várias áreas do conhecimento sendo entrevistados.”
“Ah, não lembro. Não lembro.”
“ [...] Alexandre Bella Cruz que era sobre alimentação. O da Dra. Lídia, que falava sobre clareamento de dentes. [...]. Escutei professores da medicina. Um do neuropediatria [...]”.
Você acredita que o programa é de fácil entendimento? A linguagem adota é coloquial ou técnica?
“Nos programas que eu ouvi percebi que houve uma busca para dar uma forma mais coloquial, menos técnica, porque justamente estamos na rádio, num ambiente de grande penetração e o ouvinte mesmo não ta acostumado com termos técnicos. [...].”
“Bastante, bem claro.”
“Depende do entrevistado. [...] o professor, a pessoa da academia, tem a tendência de fazer uma linguagem muito técnica. E tem que lembrar que a rádio não é para este público, ele é para todos os públicos. [...].”
Quando houve uma linguagem técnica, você percebeu a interferência do apresentador para explicar pro ouvinte?
“[...] eu vejo que ele buscou esmiuçar justamente o termo técnico, [...] procurou-se justamente dar que todo mundo que tivesse escutando uma compreensão sobre o que estava falando.”
“Depende do tema. Depende do tema.”
“Sim, normalmente o entrevistador faz bastante intervenções. As vezes bastante pertinente, outros podem desvirtuar um pouco o que tem a própria entrevista. [...] Também tem que ver que ele ta tentando fazer com que a coisa fique clara para todos.”
Você busca complementar as informações que recebe por meio do programa?
“Alguns temas, que nem esse da professora Renata [...] Eu já buscava minha área tanto na educação física, buscar a prevenção. [...] busco pra rever aquilo que eu li teoricamente [...] é muito próximo daquilo que eu tenho feito minhas leituras.”
“Não. Não tenho esse hábito.” “Não.”
Você percebe credibilidade nas mensagens que escuta?
“[...] o programa é muito bom. Por isso que eu digo, que devia ter até em outros horários [...].”
“Sim, bastante.” “Acho que sim.”
Você percebe credibilidade nos entrevistado?
“Nos programas que eu ouvi, as pessoas foram muito felizes nas colocações, assim, na argumentação e na temática que foi proposta.”
“Sim, bastante.”
“Também. Acho que a história da Rádio Universitária ela trás isso. Ela traz informação séria junto. [...]. Acho que credibilidade tem. Por que a universidade da credibilidade.”
Você escuta outros programas sobre saúde no rádio?
“Não, só da UNIVALI, [...] só tem falando da saúde as coisas muito esporádica, ou pra atender problemas relativos a saúde. [...]”
“De rádio não. Saúde não.” “Não”
Quadro 2: Programa UNIVALI FM Em Dia com a SaúdeFonte: Coleta de dados, elaborado pela acadêmica
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Comportamento Entrevistado Alfa Entrevistado Beta Entrevistado Gama
Quais influências que as mensagens tiveram na sua vida?
“ [...] São assuntos que as vezes ta lá, e que alguém chama atenção. [...] lembrar de socializar mais esse conhecimento. bom. [...]”
“Devido a minha atividade profissional, eu até muitas vezes absorvo as informações sim. Como é ligado a saúde, algumas dicas, coisas assim. A gente acaba se policiando e auto corrigindo. Então existe uma influência sim.”
“[...] O processo educativo que ele é muito demorado. Então a gente precisa escutar as mesmas coisas várias vezes, pra tentar se educar e mudar um comportamento que não é bom. [...] Quando a informação sozinha, ele não lhe traz autonomia, né! Autonomia é dada por outra coisa. Então acho que é importante escutar, escutar, escutar.”
As mensagens que você escutou nas entrevistas, provocaram alguma mudança de comportamento na sua vida?
“Sempre chama atenção. Como eu sou profissional da área da saúde, então eu to sempre atento para todos esses problemas, [...] Alguma coisa que deve ser melhorada. [...].”
“Hábitos alimentares.”“[...] eu não me recordo, [...]. Mas pelo menos que a gente pare pra pensar. Acho que isso é importante.”
Você comenta com alguém sobre o que escuta no programa?
“Com professores e alunos.” “Não.”
“Comento. Meu filho tem 13 anos. Que na verdade é um guri que não entende por que existe rádio, né! Ele agora tem, por tanto a gente escutar, ele agora tem pedido: Liga o rádio pra gente escutar a notícia. [...].”
Você escuta o programa por ter uma relação com o programa?
“Como eu coloquei, eu entro no carro e ligo a Rádio UNIVALI. Se ta rolando o programa, eu to escutando. [...].”
“Sim, devido a minha área de atuação.”
“Não.”
E as mensagens que escutou no programa, foram suficientes para esclarecer as dúvidas?
“Eu me senti satisfeito, com o que eu vi. [...]. Mas o que foi tratado realmente satisfez e deu pra compreender. [...].”
“Sempre complementa ou esclarece.”
“Sem dúvida, nem tudo que tem ali é de conhecimento. [...]. Eu não tenho conhecimento aprofundado em neuropediatria por exemplo, mas gosto de escutar.”
Quadro 3: ComportamentoFonte: Coleta de dados, elaborado pela acadêmica
Comentários Entrevistado Alfa Entrevistado Beta Entrevistado Gama
Gostaria de sugerir algum tema para ser abordado no programa.
“[...]Eu vou sempre puxar a sardinha pra minha área. A importância das atividades físicas, das práticas corporais [...] a importância da atividade física, acho que deve ter sempre. [...]. Isso significa promoção da saúde. [...].”
“Podia abordar alguma coisa voltada para o público da terceira idade mais específico. [...] Dicas de osteoporose. [...] Terceira idade, acho que é digamos assim o futuro.”
“Eu gostaria de ouvir um pouco de violência em saúde. [...]. Falar cada vez mais sobre os malefícios do tabagismo, do álcool. [...]. São assuntos que são sempre moda e não podem parar de discutir, talvez abordar de outras maneiras, mas ele tem sempre que ta na discussão deste programa.”
O que poderia melhorar na abordagem do programa?
“Aí eu deixo para área técnica. [...]. Como eu te falei, talvez ampliar outros horários. Mas eu vejo assim que eu deixaria para vocês da área fazerem uma análise melhor.”
“[...] Acho que essa questão de inovar sempre é importante, por que pra não cair na repetição. [...].”
“[...] quanto maior o domínio daquele tema que o entrevistador tem, ele consegue se sair melhor com isso. E daí evita de dar as suas opiniões sobre o assunto, que as vezes pode não ser real, verdadeiro.”
Quadro 4: ComentáriosFonte: Coleta de dados, elaborado pela acadêmica
4 ANÁLISE DOS RESULTADOS
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Por meio das entrevistas, identificou-se que os ouvintes escutam diariamente a Rádio
Educativa UNIVALI FM, no carro e na academia, seja para ouvir músicas, notícias ou
simplesmente uma forma de lazer. Os entrevistados apontam o rádio como um importante
veículo de comunicação, e o programa mais ouvido é o de notícias Unirepórter. O
entrevistado Gama lembra da rádio da época em que era criança e morava em uma cidade do
interior do Rio Grande do Sul, onde as pessoas se reuniam para escutar música no rádio. Os
entrevistados Alfa e Gama comentam com a família, com professores e alunos sobre os
assuntos que escutaram na rádio.
Em relação ao Programa UNIVALI FM Em Dia com a Saúde, nenhum dos ouvintes
tem qualquer relação com a produção do programa. Percebeu-se que os entrevistados Alfa e
Gama escutam o programa aproximadamente há um ano e meio, o entrevistado Beta não
soube mensurar o tempo. Quanto à freqüência que ouvem, apenas o entrevistado Gama
abordou de forma correta a periodicidade do programa e afirmou escutar pelo menos uma vez
por mês. Os outros dois ouvintes disseram não ter uma freqüência exata. Os três ouvintes
foram unânimes quanto ao horário e tempo da programação, consideram adequados, pois as
informações precisam ser objetivas para não se tornarem cansativas e repetitivas, também
apontam escutar somente este programa de saúde veiculado em rádio. Entre os temas
abordados, o entrevistado Alfa lembrou de assuntos relacionados à fonoaudiologia, nutrição,
educação física. Essas entrevistas foram veiculadas nos anos de 2006 e 2007. O entrevistado
Gama recordou de temas como alimentação, clareamento dentário e neuropediatria, abordados
no ano de 2006. Apenas o entrevistado Alfa busca complementar por meio de livros as
informações que recebe do programa. Todos os ouvintes afirmam que as entrevistas e os
entrevistados tem credibilidade, comentam que a universidade dá confiabilidade e que o
programa é muito bom. Também afirmam que as entrevistas em sua maioria utilizam de uma
linguagem coloquial, para fácil entendimento dos ouvintes, porém quando ocorrem falas
técnicas o apresentador interfere para esclarecer tal colocação.
Quanto ao comportamento houve unanimidade nas respostas, todos apontam que o
programa de alguma forma influência nas suas vidas, seja com dicas, com lembranças de
temas esquecidos ou para reflexão, fato que comprova que o objetivo do programa de
promover a saúde está acontecendo. O entrevistado Beta diz que mudou seus hábitos
alimentares em função das mensagens que escutou no programa. Os entrevistados Alfa e
Gama comentam com outras pessoas sobre as mensagens que escuta no programa, para
disseminar as informações que escutaram. O entrevistado Gama diz escutar o programa por
ser da sua área de atuação. O entrevistado Alfa escuta quando está no carro e
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coincidentemente o programa está no ar, pois na maioria das vezes está em outras atividades
que não o permitem escutar rádio. Todos entrevistados afirmam que as mensagens
esclareceram dúvidas e/ou complementaram assuntos já conhecidos.
Os ouvintes sugeriram assuntos para serem abordados no programa, entre eles,
sedentarismo e práticas corporais, terceira idade, osteoporose, violência em saúde, tabagismo,
alcoolismo, questões que promovam a saúde das pessoas. Apontam que o programa deveria
ser veiculado mais vezes por semana, pois dizem que assunto saúde tem tema para toda a
semana. Em relação ao que poderia melhorar no programa, o entrevistado Alfa diz que este
assunto tem que ficar com a área técnica, mas gostaria que os horários fossem ampliados. O
entrevistado Beta sugere inovar sempre, para assim não cair na repetição. O entrevistado
Gama aponta a importância de o apresentador ter domínio sobre o assunto em debate, para
que suas interferências não sejam erradas e evite falar suas opiniões sobre o assunto.
5 CONCLUSÃO
Por se tratar da primeira pesquisa de estudo de recepção envolvendo as áreas de
conhecimento comunicação e saúde, algumas limitações foram encontradas para elaboração
do artigo, uma vez que a literatura é vasta, porém em estudos voltados a programas de
televisão. Também identificar os ouvintes foi uma questão que exigiu várias possibilidades,
uma vez que o programa não tem interatividade com o público. A pesquisa científica sobre os
objetos de estudo, rádio, rádio educativa, estudo de recepção e, em especial, o programa
UNIVALI FM Em Dia com a Saúde, reforçam a relevância de pesquisas na área de
comunicação social e saúde.
O resultado da pesquisa com os sujeitos identifica que as mensagens veiculadas no
Programa UNIVALI FM Em Dia com a Saúde são bem recebidas pelos ouvintes. Essa
facilidade em entender o programa pode se dar em função de que os ouvintes são profissionais
ligados a área da saúde, porém eles mostram maior interesse em escutar entrevistas que não
estejam ligadas a sua formação. Afirmaram também, que as mensagens têm linguagem
coloquial e o apresentador tenta explicar as falas técnicas.
Quanto aos significados que os entrevistados atribuem ao programa, percebeu-se que
cada ouvinte tem um entendimento das mensagens veiculadas, visto que cada sujeito pode
interpretar de acordo com suas crenças, valores, instrução e toda rede de relacionamentos que
está inserido no seu cotidiano. A partir dos comentários que os ouvintes fazem com outras
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pessoas, passam de receptor a emissor das informações, alterando não somente seus hábitos,
mas de outros indivíduos, desta forma contribuindo para promoção da saúde e do bem viver.
A pesquisa mostrou que elementos teóricos como a interação cultural do receptor
com a mensagem (Grisa, 2003, p. 49) se confirmaram. Foi possível identificar confiança e
credibilidade nas mensagens e informações que o programa passa aos ouvintes, exemplo disso
são as afirmações dos entrevistados que mudaram seus comportamentos a partir dos
programas que escutaram, ou provocaram algum tipo de reflexão nos ouvintes.
O estudo apontou que os ouvintes se lembram de diversos programas jornalísticos e
musicais da Rádio Educativa. Em relação ao Programa UNIVALI FM Em Dia com a Saúde
os entrevistados identificaram assuntos que foram veiculadas nos anos de 2006 e 2007, bem
como dos profissionais da saúde que participaram do programa. Confirma-se um alto nível de
entendimento e compreensão dos conteúdos.
Pode-se afirmar que por meio das entrevistas, o Programa UNIVALI FM Em Dia
com a Saúde mudou o comportamento dos ouvintes e tem significado positivo na vida dos
entrevistados. O bom desempenho do programa também pode ser atribuído à escolha dos
temas e entrevistados, bem como afirma o caráter de rádio educativa.
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1 FM: Freqüência Modulada: Serviço de radiodifusão que opera na faixa de 87,8 MHz a 108 MHz, com modulação em freqüência.2 RBS: Rede Brasil Sul, maior rede de comunicação do sul do país, afiliada a Rede Globo. Possui sete jornais, sete emissoras de rádio sendo três emissoras AM e quatro emissoras FM, duas emissoras de tevê de canal fechado, e uma emissora de canal aberto.3 Art. 1º - Por programas educativo-culturais entendem-se aqueles que, além de atuarem conjuntamente com os sistemas de ensino de qualquer nível ou modalidade, visem à educação básica e superior, à educação permanente e formação para o trabalho, além de abranger as atividades de divulgação educacional, cultural, pedagógica e de orientação profissional, sempre de acordo com os objetivos nacionais. (MINISTÉRIO DAS COMUNICAÇÕES).4 Entende-se por propaganda, comerciais com preços, que promovam vendas.5 AM: Amplitude Modulada, operam em Ondas Médias, faixa de 550 a 1600 kHz, Ondas Curtas, faixa de 6 a 26MHz e Ondas Tropicais, faixa de 2.3 a 5.06 MHz.6 Fundada por Ivo Serrão Vieira, Epaminondas dos Santos, Mozart Régis, Walter Lange Junior.7 Fundada por Wolfgang Brosig.8 Fundação Cultural e Educacional de Itajaí, com um complexo de rádios e tevês.9 Cidades com sinal de boa qualidade, Balneário Barra do Sul, Blumenau, Bombinhas, Botuverá, Brusque, Canelinha, Gaspar, Guabiruba, Indaial, Massaramduba, Nova Trento, Pomerode, Porto Belo, São João Batista, São João do Itaperiú, Tijucas, população aproximadamente de 646.186 habitantes.10 Pesquisa realizada em 1992, pela então Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da UNIVALI, no Curso de Comunicação Social – Jornalismo, com o objetivo de ajudar na implantação e construção da programação da rádio.11 Disponível no site da Rádio Educativa UNIVALI FM, em www.univali.br/radio. Acessado no dia 12 de junho de 2007.