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RAPHAEL MOLINARO COELHO O PAPEL DO CCR4 SOBRE AS CÉLULAS T REGULATÓRIAS NA SEPSE GRAVE UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE MICROBIOLOGIA PROF PAULO DE GÓES RIO DE JANEIRO FEVEREIRO DE 2009

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RAPHAEL MOLINARO COELHO

O PAPEL DO CCR4 SOBRE AS CÉLULAS T REGULATÓRIAS NA SEPSE

GRAVE

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

INSTITUTO DE MICROBIOLOGIA PROF PAULO DE GÓES

RIO DE JANEIRO

FEVEREIRO DE 2009

Livros Grátis

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Milhares de livros grátis para download.

II

RAPHAEL MOLINARO COELHO

O PAPEL DO CCR4 SOBRE AS CÉLULAS T REGULATÓRIAS NA SEPSE

GRAVE

Dissertação de mestrado apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Ciências (Microbiologia), Instituto de Microbiologia

Prof. Paulo de Góes da Universidade Federal do Rio de Janeiro,

como requisito para obtenção do título de Mestre em ciências

(microbiologia).

Orientadores:

Marcelo Torres Bozza

Claudia Farias Benjamim

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

INSTITUTO DE MICROBIOLOGIA PROF PAULO DE GÓES

RIO DE JANEIRO

FEVEREIRO DE 2009

III

RAPHAEL MOLINARO COELHO

O PAPEL DO CCR4 SOBRE AS CÉLULAS T REGULATÓRIAS NA SEPSE GRAVE.

Rio de Janeiro, 18 de Fevereiro de 2009.

Aprovado por:

_____________________________________

Prof. Dra. Marcela Lopes - IBCCF- UFRJ

_____________________________________

Dr. Hugo Castro Faria – FIOCRUZ

____________________________________

Prof. Dr. Alexandre Morrot- IMPPG-UFRJ

_____________________________________

Prof. Dra. Luciana Arruda - IMPPG-UFRJ (REVISORA)

Fevereiro de 2009

IV

O presente trabalho foi realizado no Laboratório de Inflamação e Câncer,

Departamento de Farmacologia, Instituto de Cências Biomédicas (ICB), Centro de

Ciências da Saúde (CCS), Universidade Federal do Rio de Janeiro, sob a orientação

da Prof(a) Claudia Farias Benjamim e do Prof. Marcelo Torres Bozza.

V

Ficha Catalográfica

Molinaro, Raphael Coelho

O papel do CCR4 sobre as células T regulatórias na sepse grave /

Raphael Molinaro Coelho - Rio de Janeiro, 2009.

XIV, f.83

Dissertação (Mestrado em Ciências Biológicas)

Universidade Federal do Rio de Janeiro / Instituto de Microbiologia

Prof. Paulo de Góes, 2009

Orientador: Marcelo Torres Bozza

Referências bibliográficas: f. 72-80.

1. Quimiocinas 2. CCR4 3. Sepse 4. Imunossupressão 5.

Células Tregulatórias 6. Inflamação I. Bozza, Marcelo II. UFRJ,

Instituto de Microbiologia Prof Paulo de Góes, Mestrado em Ciências

Biológicas III. O papel do CCR4 sobre as células T regulatórias na

sepse grave

VI

“ Passarinho que come pedra,

sabe o futuro que tem.”

Vanessa Martins

VII

AGRADECIMENTOS

A Prof.a Claudia Farias Benjamim que além de orientadora e professora, foi uma

grande amiga durante esses anos. A sua orientação com determinação e

brilhantismo trouxe lucros a todos que você incentivou. E de uma forma muito

especial, você pode demonstrar que com garra e muito trabalho nossas idéias

ganham gráficos e figuras. A sua eterna dedicação, paciência e atenção foram

apenas uma das muitas qualidades que me ajudou a me torna um profissional que

luta com alma e entusiasmo. A você, muitíssimo obrigado.

Ao Prof. Marcelo Torres Bozza por ter me ensinado da definição da palavra

caráter e sabedoria. Você foi para o meu profissional, um dos grandes incentivos por

dar tanta beleza e fé na ciência.

À minha “partner” de bancada, Cyntia Pecli, que desenvolveu grande parte deste

trabalho comigo e sempre foi companheira nos MEGA experimentos até as longas

tardes da noite com as Treginhas e os revoltadissímos neutrófilos. Gostaria de

agradecer a Deus pela sua amizade, e por me ensinar tantas coisas e deixar eu te

ensinar apenas algumas. Se eu fosse seu aluno, diria que seria o melhor aprendiz

do mundo, mas na verdade eu sou e sempre serei seu amigo. Sentirei muita falta

dos nossos risos. Obrigado Cyntia, por ter feito eu dizer: - Valeu!!!

Ao Carlos Alberto que sempre está disposto a ajudar e deixar compartilhar um

projeto comigo. A Cristiane Sécca que me ensinou a correr atrás do sucesso e por

me fazer rir de tantas loucuras que contamos no laboratório. Ao Leandro Lasdislau

que com sua insistência e fé tem demonstrado ao laboratório que tudo é possível. A

nova aquisição do lab, a aluna Janaina, por estar participando e apreendendo no

lab. E a Vanessa Martins pela sua majestosa alegria e descontração. Além de ter

dado o primeiro artigo para o Lab, me ajudou durante todos esses anos. A Ariane

mesmo estando longe que me viu crescer cientificamente.

VIII

À minha extensão de laboratório que foi com a galera do Marcelo Bozza: Beth,

Fabiano, Daniel Feijó, Tatiana, Guilherme, Raquel, Jaci, Marta, Claudia Paiva,

Camila, Cristine, Isadora, Iranaia e a Letícia. A essa galera eu devo de tudo, vocês

foram meus exemplos de pesquisadores.

A expansão da minha amizade não se limitou apenas ao laboratório do Marcelo

Bozza. A Ana Paula, Carla e a Tati pelos papos e risos intermináveis. A Taiane e a

Aline que me incentivaram e ajudaram em muitas decisões técnicas. Ao Paulo

Emílio pela demonstração de parceria e colaboração, além de tudo um amigo.

Ao Steve Kunkel por ter confiado na nossa capacidade, investido no nosso

laboratório e por ser um magnífico exemplo de pesquisador com toda essa

espantosa humildade. Você me fez ainda mais apaixonado pela pesquisa devido as

nossas conversas no congresso.

Aos professores e doutores da UFRJ, FIOCRUZ, UFF, UERJ, UMICH e do INCA,

que ajudaram e confiaram tanto em mim jamais serão esquecidos. Desejo que

continuemos com as colaborações cada vez mais fortes. E a todos os professores,

alunos e funcionários do Departamento da Farmacologia – UFRJ, inclusive o Prof.

Newton que foi espetacular por deixado às chaves do seu laboratório e sua

confiança conosco.

Aos órgãos de fomento CNPq, FAPERJ, pelo suporte financeiro. E a todas as

pessoas que me ajudaram a sanar as minhas intermináveis listas de pedidos, sem

vocês não teria conseguido.

À minha família, meus pais Antonio Jorge e Maria Helena, a Cássia e o

Alessandro, pelo carinho e amor. Por ter especialmente lutado comigo pelos meus

sonhos a vida inteira. Amo vocês demais.

IX

LISTA DE ABREVIATURAS

ASP Aspergillus fumigatus

BAL Lavado broncoalveolar

BSA Albumina de soro bovino

cAMP AMP cíclico

CARS Síndrome da resposta compensatória anti-inflamatória

CCR4 Receptor de quimiocina CC do tipo 4

CCS Centro de Ciências da Saúde

CD “Cluster” de diferenciação

CEUA Comissão de uso de animais

CFU Unidade Formadora de Colônia

CLP Ligadura e perfuração do ceco

CpG Seqüência de DNA de citosina seguida de guanina

CTLA-4 Antígeno 4 dos linfócitos T citotóxicos

DCs Células dendríticas

ELISA Ensaio imunoenzimático

EPM Erro padrão médio

FACS Citometria de fluxo

FITC Isotiocianato de fluoresceína

Foxp3 Fator de transcrição forkhead-box p3

FSH Detector dispersão frontal

H&E Hematoxilina e Eosina

HLA Antígenos leucocitários humanos

i.t. Intratraqueal

IL Interleucina

X

iNOS Oxído Nítrico Sintase Induzida

IPA Aspergilose pulmonar invasiva

IRAK Quinase associada ao receptor IL-1 - M

KC Quimiocinas derivada de Queratinocitos

kD Kilodaltons

L Sepse Grave

LNM Linfonodo mesentérico

LPS Lipopolissacarídeo

LTB4 Leucotrieno B4

MCP-1 Proteína quimiotática de macrófago

MDC Quimiocina derivada de macrófagos

MFI Intensidade média de fluorescência

MHC II Complexo de histocompatibilidade principal do tipo II

MIP Proteína inflamatória produzida por macrófagos

MPO Mieloperoxidase

NK Natural “killer”

NO Óxido nítrico

OPD o-fenilenediamina-dihidrocloreto

Pam3CysKKKK Lipopeptideo Pam 3 Cys-Ser-(Lys)4

PBS Solução salina de fosfato tamponada

PerCP Proteína clorofila peridinina

PMA Acetato de formol miristato

PMN polimorfonucleares

ROS Espécies reativas de oxigênio

RPM Rotações por minuto

SAL Solução fisiológica de NaCl 0,9%

SFB Soro fetal bovino

XI

SIRS Síndrome da resposta inflamatória sistêmica

SL Sepse Moderada

SN Sobrenadante

SSC Detector dispersor lateral

TARC Quimiocinas ativadas e reguladas pelo timo

TGF Fator crescimento transformante

Th Célula T auxiliar

TLR Receptores semelhantes a toll

TNF-α Fator de necrose tumoral alfa

Tregs T regulatórias

UTI Unidade de Tratamento Intensivo

WT Selvagens

XII

RESUMO

O PAPEL DO CCR4 SOBRE AS CÉLULAS T REGULATÓRIAS NA SEPSE.

Autor: Raphael Molinaro Coelho

Orientador: Marcelo Torres Bozza

Resumo da dissertação de mestrado submetida ao Programa de Pós-

Graduação em Ciências (Microbiologia), Instituto de Microbiologia Prof. Paulo de

Góes da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos

necessários para a obtenção do título de Mestre em Ciências Biológicas.

A sepse é uma resposta inflamatória sistêmica contra uma infecção. Essa

resposta é muita intensa, visto que induz a produção de diversos mediadores

inflamatórios, a expressão de seus receptores, como também a ativação celular.

Esses receptores e seus mediadores também estão envolvidos em uma das

conseqüências da sepse, que é a evolução a um quadro de imunossupressão. Um

dos possíveis receptores envolvidos na evolução deste quadro é o CCR4, que tem

sido descrito em diversas patologias inflamatórias e está expresso em uma das

células capazes de modular negativamente o sistema imune, as células T

regulatórias (Tregs). O nosso objetivo foi investigar o papel do receptor CCR4 sobre

as células Tregs durante a sepse grave e na imunossupressão. Para isto, animais

selvagens (WT) e CCR4 deficientes (CCR4-/-) foram submetidos a uma sepse

polimicrobiana experimental através do modelo ligação e perfuração do ceco (CLP).

Os animais CCR4-/- sépticos apresentaram uma melhor sobrevida quando

submetidos à sepse grave. A resistência do animal foi acompanhada de uma maior

migração de neutrófilos para o peritôneo, redução das bactérias no peritônio e no

sangue, menor infiltrado neutrofílico pulmonar e uma menor produção de citocinas

inflamatória na fase aguda da sepse. O número de Tregs circulantes e esplênicas

parecem influenciar no controle da intensidade da resposta após 1 dia da cirurgia,

mas após 5 dias da cirurgia não observamos diferenças das células Tregs nos

XIII

órgãos linfóides. Os animais CCR4-/- também foram mais resistentes a uma infecção

secundária. E isto pode ser observado pela integridade dos pulmões destes animais.

As Tregs dos animais CCR4-/- não apresentaram a função supressora ativa sobre os

neutrófilos “in vivo” e “in vitro”. Além disso, o sobrenadante das Tregs dos CCR4-/-

não inibem a produção de ROS pelos neutrófilos. Portanto, os nossos dados

sugerem que o CCR4 possui um papel prejudicial na resposta inata contra a

infecção ocasionando o desenvolvimento de uma resposta imune exacerbada e

assim, evoluindo a um quadro de imunossupressão.

Palavras-chave: 1. Quimiocinas, 2. CCR4, 3. Sepse, 4. Inflamação, 5.

Células T regulatórias, 6. Imunossupressão.

Rio de Janeiro

Fevereiro de 2009

XIV

ABSTRACT

THE ROLE OF CCR4 ON T REGULATORY CELLS IN SEPSIS.

Author: Raphael Molinaro Coelho

Marcelo Torres Bozza

Abstract da dissertação de mestrado submetida ao Programa de Pós-Graduação

em Ciências (Microbiologia), Instituto de Microbiologia Prof. Paulo de Góes da

Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários para

a obtenção do título de Mestre em Ciências Biológicas.

Sepsis is a systemic inflammatory response against infection. Overwhelming

inflammatory response induces the production of many mediators, expression of

theirs receptors and activation of different cell types. The mediators receptors have a

critical role to the development of immunossupression. CCR4 is one of these

chemokine receptors, which has been described to be involved in many inflammatory

diseases. This receptor is expressed on T regulatory (Tregs) cells and presents a

suppressive effect on immune response. Our aim was to investigate the role of CCR4

on Tregs cells during sepsis and immunosupression. Wild Type (WT) and CCR4

knockout (CCR4-/-) mice were subjected to cecal ligation and puncture (CLP) model.

Septic CCR4-/- mice showed higher survival rate to lethal sepsis as compared to

septic WT mice. The CCR4-/- resistance was due to a better neutrophils migration to

peritoneum, decreased bacterial count, less MPO levels and less inflammatory

cytokines on acute sepsis. The number of circulating and splenic Tregs cells were

increased in CCR4-/- mice on 1 day after surgery, but did not show differences after

5 days in lymphoid tissue. CCR4-/- mice were also resistant to secondary infection.

Tregs cells from CCR4-/- mice did not present suppressive function on neutrophils “in

XV

vivo” and “in vitro”. Furthermore, the supernatants of Tregs cells from septic CCR4-/-

mice did not inhibit ROS production by neutrophils. Our results suggest that CCR4

has a deleterious effect in innate immune response against the infection and

contributes to immunosuppression stage.

Keywords: 1. Chemokines, 2. CCR4, 3. Sepsis, 4. Inflammation, 5. T

regulatory cells, 6. Immunossupression.

Rio de Janeiro

Fevereiro de 2009

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................1

1.1. MEDIADOR INFLAMATÓRIO: QUIMIOCINAS .............................................................................................. 1

1.2. SEPSE................................................................................................................................................... 7

1.2.1. MODELO EXPERIMENTAL DE SEPSE ...................................................................................................... 12

1.3. CÉLULAS T REGULATÓRIAS (TREGS) ............................................................................................... 16

2. OBJETIVOS..........................................................................................................21

2.1. OBJETIVOS ESPECÍFICOS....................................................................................................................... 21

3. METODOLOGIA ...................................................................................................22

3.1. ANIMAIS.............................................................................................................................................. 22

3.2. MODELO DE LIGAÇÃO DO CECO E PERFURAÇÃO (CLP)....................................................................... 22

3.3. AVALIAÇÃO DA RESPOSTA IMUNE INATA EM ANIMAIS WT E CCR4-/- DEPOIS DE 6 HORAS DE SUBMETIDOS A

UMA SEPSE GRAVE E MODERADA. ................................................................................................................ 23

3.4. CONTAGEM TOTAL DE LEUCÓCITOS. ..................................................................................................... 24

3.5. CONTAGEM DIFERENCIAL DE LEUCÓCITOS. ........................................................................................... 24

3.6. QUANTIFICAÇÃO DE BACTÉRIAS NO SANGUE E EXSUDATO PERITONEAL.................................................... 25

3.7. QUANTIFICAÇÃO DE CITOCINAS. .......................................................................................................... 25

3.8. ENSAIO DA ATIVIDADE DA ENZIMA MIELOPEROXIDASE (MPO)................................................................ 26

3.9. ESFREGAÇO SANGUÍNEO E DIFERENCIAL DE MEDULA ÓSSEA. .................................................................. 26

3.10. ANÁLISE TEMPORAL DAS CÉLULAS TREGS. ............................................................................................ 27

3.11. CITOMETRIA DE FLUXO. ...................................................................................................................... 28

3.12. CULTIVO DE ASP............................................................................................................................... 28

3.13. AVALIAÇÃO DA IMUNOSSUPRESSÃO PÓS-SEPSE. .................................................................................. 29

3.14. LAVADO BRONCOALVEOLAR (BAL). .................................................................................................. 30

3.15. HISTOLOGIA. ..................................................................................................................................... 30

3.16. PURIFICAÇÃO E MARCAÇÃO DE CÉLULAS CD4+FOXP3+ NO PULMÃO.................................................. 30

3.17. ISOLAMENTO DE CÉLULAS T REGULATÓRIAS. ......................................................................................... 31

3.18. INIBIÇÃO DA MIGRAÇÃO DE LEUCÓCITOS PARA UM FOCO INFECCIOSO “IN VIVO” VIA CÉLULAS T

REGULATÓRIAS............................................................................................................................................ 32

3.19. PURIFICAÇÃO DE NEUTRÓFILOS DE MEDULA ÓSSEA. ............................................................................. 33

3.20. INIBIÇÃO DA MIGRAÇÃO DE NEUTRÓFILOS “IN VITRO” VIA CÉLULAS T REGULATÓRIAS. ............................ 33

3.21. INIBIÇÃO DA PRODUÇÃO DE ROS POR NEUTRÓFILOS ESTIMULADOS COM PMA MEDIADA POR TREGS.... 34

3.22. ANÁLISE ESTATÍSTICA. ......................................................................................................................... 35

4. RESULTADOS......................................................................................................36

4.1. SOBREVIDA DE ANIMAIS WT E CCR4-/- AO CLP.................................................................................. 36

4.2. MIGRAÇÃO CELULAR APÓS ESTÍMULO DE SEPSE GRAVE E MODERADA..................................................... 37

4.3. AVALIAÇÃO DO NÚMERO DE BACTÉRIAS NA CAVIDADE PERITONEAL....................................................... 39

4.4. QUANTIFICAÇÃO DE CITOCINAS LOCAIS. .............................................................................................. 40

4.5. DETERMINAÇÃO DA ATIVIDADE DA MIELOPEROXIDASE NO PULMÃO........................................................ 42

4.6. QUANTIFICAÇÃO DE CITOCINAS SISTÊMICAS.......................................................................................... 43

4.7. AVALIAÇÃO DO LEUCOGRAMA E CELULARIDADE DA MEDULA ÓSSEA. .................................................... 44

4.8. PRESENÇA DAS CÉLULAS TREGS NO SANGUE PERIFÉRICO E ÓRGÃOS LINFÓIDES DURANTE A SEPSE GRAVE. . 45

4.9. SOBREVIDA DOS ANIMAIS WT E CCR4-/- SUBMETIDOS AO CLP OU SHAM OPERADOS DESAFIADOS COM

CONÍDIOS DE ASP. ..................................................................................................................................... 47

4.10. AVALIAÇÃO DA MIGRAÇÃO CELULAR PARA O PULMÃO FRENTE A UM ESTÍMULO INFECCIOSO. ............... 48

4.11. ANÁLISE HISTOLÓGICA DO PULMÃO DE ANIMAIS WT E CCR4-/- SUBMETIDOS À SEPSE E DESAFIADOS COM

ASP........................................................................................................................................................... 49

4.12. PRESENÇA DAS CÉLULAS TREGS NO SANGUE PERIFÉRICO E ÓRGÃOS LINFÓIDES 5 DIAS APÓS CLP. ......... 51

4.13. PRESENÇA DE CÉLULAS TREGS NO PULMÃO DE ANIMAIS PÓS-SÉPTICOS DESAFIADOS COM ASP OU SALINA.

.................................................................................................................................................................. 53

4.14. INIBIÇÃO DA MIGRAÇÃO DE NEUTRÓFILOS PARA O ESPAÇO BRONCOALVEOLAR VIA TREGS OBTIDAS DE

ANIMAIS WT E CCR4-/- SUBMETIDOS OU NÃO AO CLP. .............................................................................. 55

4.15. INIBIÇÃO DA MIGRAÇÃO DE NEUTRÓFILOS “IN VITRO” VIA TREG OBTIDAS DE ANIMAIS WT E CCR4-/-

SUBMETIDOS OU NÃO AO CLP..................................................................................................................... 57

4.16. INIBIÇÃO DA PRODUÇÃO DE ROS POR NEUTRÓFILOS ESTIMULADOS COM PMA PELO SN DE TREGS

OBTIDAS DE ANIMAIS WT E CCR4-/- SUBMETIDOS OU NÃO AO CLP. ............................................................ 59

5. DISCUSSÃO .........................................................................................................61

6. CONCLUSÕES.....................................................................................................71

7. BIBLIOGRAFIA ....................................................................................................72

8. ARTIGO I: .............................................................................................................79

ÍNDICE DE FIGURAS

FIGURA 01. Relação dos receptores de quimiocinas e seus ligantes........................ 2

FIGURA 02. Relação dos receptores de quimiocinas e doenças relacionadas.......... 4

FIGURA 03. Relação entre incidência e mortalidade na sepse.................................. 8

FIGURA 04. Processo de migração de neutrófilos do sangue para sítio infeccioso... 9

FIGURA 05. Curva temporal da sepse até a imunossupressão.. ............................. 11

FIGURA 06. Seqüência de eventos que permitem a imunossupressão observada

seguida da sepse...................................................................................................... 14

FIGURA 07. Alvos das células Tregs. ...................................................................... 15

FIGURA 08. Envolvimento das Tregs em diferentes estágios patológicos............... 17

FIGURA 09. Sobrevida ao CLP. ............................................................................... 22

FIGURA 10. Avaliação da resposta imune inata. ..................................................... 23

FIGURA 11. Análise temporal das células Tregs. .................................................... 26

FIGURA 12. Imunossupressão pós-sepse. .............................................................. 28

FIGURA 13. Isolamento e marcação de CD4+FOXP3+ pulmonar. ........................... 30

FIGURA 14. Inibição da migração celular “in vivo” pelas células tregs. ................... 31

FIGURA 15. Inibição da função de neutrófilos “in vitro” pelas células Tregs............ 33

FIGURA 16. Sobrevida de animais WT e CCR4-/- submetidos à sepse grave. ....... 35

FIGURA 17. Migração de neutrófilos para a cavidade peritoneal durante a sepse .. 36

FIGURA 18. Quantificação do número de CFU no lavado peritoneal e sangue de

animais submetidos a sepse moderada (SL) ou a sepse grave (L). ......................... 38

FIGURA 19. Quantificação de citocinas presentes no exsudato na sepse............... 39

FIGURA 20. Determinação do infiltrado neutrofílico pela atividade da MPO............ 40

FIGURA 21. Quantificação de citocinas no plasma de animais sépticos. ................ 41

FIGURA 22. Leucograma e contagem de neutrófilos na medula óssea................... 42

FIGURA 23. População de células Tregs no sangue periférico, baço e linfonodo

mesentérico 1 dia após a cirurgia. ............................................................................ 44

FIGURA 24. Curva de sobrevida dos animais WT e CCR4-/- desafiados com 7,5x107

conídios de ASP depois de serem submetidos ao CLP ou Sham ............................46

FIGURA 25. Migração de neutrófilos para o BAL após 14 e 48 horas do desafio com

asp ou salina depois de serem submetidos ao CLP ou Sham...................................47

FIGURA 26. Analise histológica do pulmão de animais WT e CCR4-/- desafiados

com ASP................................................................................................................... 48

FIGURA 27. Presença de células Tregs no sangue periférico, baço e linfonodo

mesentérico após 5 dias da cirurgia. ........................................................................ 50

FIGURA 28. Presença de Tregs no pulmão de animais WT e CCR4-/- submetidos ao

CLP e desafiados com ASP. .................................................................................... 52

FIGURA 29. Migração de neutrófilos para o lavado broncoalveolar de animais

desafiados com ASP + células Tregs ....................................................................... 54

FIGURA 30. Inibição da migração de neutrófilos “in vitro” via tregs obtidas de

animais WT e CCR4-/-.............................................................................................. 56

FIGURA 31. Inibição da produção de ROS pelo sobrenadante de cultura de células

Tregs. ....................................................................................................................... 57

FIGURA 32. Importância do CCR4 na sepse para a evolução da

imunossupressão.......................................................................................................68

1

1. INTRODUÇÃO

Atualmente, sabe-se que o processo inflamatório está envolvido em várias

doenças como obesidade, diabetes, neurodegeneração, sepse e câncer, e esse

envolvimento em muitas delas era desconhecido até recentemente. Algumas

doenças consideradas antes como degenerativas ou próprias do envelhecimento,

incluem a inflamação como parte de seu processo fisiopatológico.

O processo inflamatório é uma resposta do organismo a uma injúria. Entende-

se como injúria qualquer processo capaz de causar lesão celular ou tecidual. A

resposta a lesão é comum em vários tipos de tecidos e é mediada por diversos

mediadores inflamatórios produzidos pelas células danificadas e/ou por células

residentes ou recrutadas ao sitio inflamatório. Neste sentido, o nosso laboratório

vem investigando a participação de mediadores inflamatórios e de células da

resposta imune na evolução de doenças inflamatórias, incluindo a sepse.

1.1. Mediador inflamatório: quimiocinas

As quimiocinas são importantes moléculas envolvidas no controle da

migração de células, principalmente células do sistema imune, para determinados

sítios no organismo. As quimiocinas são secretadas por diversos tipos celulares,

geralmente quando estas células são estimuladas por algum estímulo inflamatório,

ou secretadas de forma constitutiva. As quimiocinas pertencem à superfamília das

citocinas e são pequenas moléculas protéicas de 8 a 15 kD que possuem diversas

atividades biológicas. A definição das quimiocinas se deve à sua seqüência de 4

resíduos de cisteína na porção amino-terminal. Elas são subdivididas em quatro

subfamílias distintas: CC, CXC, C e CX3C, sendo X um aminoácido qualquer.

Existem duas grandes subfamílias, uma delas é composta por 28 ligantes (CCL1 a

CCL28) e a outra contém 16 ligantes (CXCL1 a CXCL16). As outras 2 menores são

representadas por uma que contém apenas 2 ligantes (XCL1 e XCL2) e a última que

tem apenas o CX3CL1 (Figura 01) (COMERFORD & NIBBS, 2005).

2

Receptores Ligantes

CCR1 CCL3, CCL5, CCL7, CCL13, CCL14, CCL15, CCL16, CCL23

CCR2 CCL2, CCL7, CCL8, CCL13, CCL16

CCR3 CCL5, CCL7, CCL8, CCL11, CCL13, CCL15, CCL16, CCL24, CCL26, CCL28

CCR4 CCL17, CCL22

CCR5 CCL3, CCL4, CCL5, CCL8, CCL11, CCL14, CCL16

CCR6 CCL20

CCR7 CCL19, CCL21

CCR8 CCL1

CCR9 CCL25

CCR10 CCL27, CCL28

CCR11 CCL19,CCL21, CCL25

CXCR1 CXCL6, CXCL7, CXCL8

CXCR2 CXCL1, CXCL2, CXCL3, CXCL5, CXCL6, CXCL7, CXCL8

CXCR3-A CXCL9, CXCL10, CXCL11

CXCR3-B CXCL4, CXCL9, CXCL10, CXCL11

CXCR4 CXCL12

CXCR5 CXCL13

CXCR6 CXCL16

CXCR7 CXCL12

XCR1 XCL1, XCL2

CXXXCR1 CXXXCL1

Figura 01. Relação dos receptores de quimiocinas e seus ligantes.

Adaptado de COMERFORD, 2005.

As quimiocinas se ligam aos receptores de sete alças transmembranares

associado às proteínas Gs. Dentro de cada subfamília, particularmente entre as

quimiocinas que participam do processo inflamatório, observa-se uma grande

promiscuidade, em que um receptor pode ser alvo de ligação de várias quimiocinas

ou vice-versa. As quimiocinas atuam através destes receptores de alta afinidade

expostos na superfície das células. Atualmente já foram identificados onze

receptores diferentes para quimiocinas CC (chamadas de CCR1 a CCR11) e sete

para quimiocinas CXC (chamadas CXCR1 a CXCR7)(COMERFORD & NIBBS,

2005).

3

As quimiocinas também podem ser divididas em dois grupos: constitutivas ou

induzidas, dependendo da sua expressão. As quimiocinas constitutivas são

expressas primariamente em órgãos linfóides secundários onde terão papel

importante para direcionar os leucócitos aos órgãos alvos. As quimiocinas induzidas

ou inflamatórias têm um papel muito importante em direcionar as células para o foco

inflamatório (MOSER & LOETSCHER, 2001) e estas são expressas em altas

concentrações quando são induzidas através de estímulos inflamatórios como, por

exemplo, TNF-α, IL-1β e/ou LPS.

As quimiocinas e seus receptores junto com as moléculas de adesão

(integrinas e selectinas) atuam sobre diversos tipos celulares direcionando-os

seletivamente para seus tecidos alvos (LEY, 2003; ONO et al., 2003). Por exemplo,

o recrutamento de células T virgens, células dendríticas maduras e algumas células

T de memória para o linfonodo depende dos ligantes CCL9 e CCL21. A interação

destas células no órgão linfóide é importante para que ocorra uma resposta imune

dependente de células T (KUNKEL & BUTCHER, 2002).

A resposta imune requer uma migração coordenada dos leucócitos da

circulação sanguínea e linfática para os tecidos, e dentro destes para sítios

determinados seguindo um gradiente de concentração de quimioatraentes. Este

processo é regulado por uma extensa rede de quimioatraentes, como quimiocinas,

mediadores lipídicos, produtos microbianos e proteínas do sistema complemento.

As quimiocinas e seus receptores não são simples moléculas quimiotáticas.

Com o avanço das pesquisas foram descritos outros papéis além da função

quimiotática. As quimiocinas também estão envolvidas no desenvolvimento,

regulação e ativação celular. As quimiocinas atuam em inúmeros processos

incluindo a angiogênese/angiostase, diferenciação e ativação celular, injúria,

crescimento tumoral e metástase, localização e desenvolvimento de tecidos

linfóides, na diferenciação e balanço da resposta imune Th1/Th2 e sobre ativação e

migração de células T regulatórias (ROSSI & ZLOTNIK, 2000; D'AMBROSIO;

PANINA-BORDIGNON & SINIGAGLIA, 2003; ROSENKILDE & SCHWARTZ, 2004;

YI et al., 2006). Além disso, as quimiocinas participam da interação entre a resposta

imune inata e adquirida, sendo esta interação fundamental para uma resposta

automática, dinâmica, duradoura e regulada da homeostase do organismo. É

4

importante considerar a resposta imune inata e adquirida como parte de um

processo integrado (BEUTLER & POLTORAK, 2001; MAZZONI & SEGAL, 2004).

Vários trabalhos demonstram que quimiocinas CC são componentes

importantes para o recrutamento e ativação de células T, monócitos e eosinófilos,

normalmente associadas com a inflamação crônica (KUNKEL & BUTCHER, 2002;

OLSON & LEY, 2002). Com base em estudos clínicos, as quimiocinas CC e seus

receptores estão também associados a diversas patologias tornando-as moléculas

de grande importância médica para o desenvolvimento de novos alvos terapêuticos

de diversas doenças (Figura 02).

Alvo Terapêutico Indicações

CCR1 Esclerose múltipla, artrite reumatóide, câncer, rejeição ao transplante, doença renal

CCR2 Esclerose múltipla, artrite reumatóide, diabete, obesidade, aterosclerose, câncer, asma

CCR3 Asma, rinite alérgica

CCR4 Asma, doença alérgica

CCR5 HIV, transplante, câncer

CCR6 Asma

CCR7 Câncer

CCR9 Doença intestinal

CXCR1 e CXCR2 Sepse, Aterosclerose, artrite reumatoide, doença pulmonar crônica obstrutiva

CXCR3 Transplante, psoríase, esclerose múltipla, artrite reumatoide, câncer

CXCR4 HIV, câncer

CX3CR Aterosclerose

Figura 02. Relação dos receptores de quimiocinas e doenças relacionadas.

Adaptado de COMERFORD, 2005.

Receptores de quimiocinas da subfamília CC, como o CCR1, CCR2, CCR4,

CCR5, CCR6, CCR8 e seus ligantes estão envolvidos tanto na resposta imune

5

adquirida como na resposta imune inata. Um dos aspectos interessantes é que eles

podem modular a expressão de citocinas. Por exemplo, o CCL2 (ligante do receptor

CCR2) promove uma resposta inflamatória do tipo Th2 em modelo de granuloma

pulmonar induzido por Shistosoma mansoni via aumento da expressão de IL-4,

como também inibe a produção de IL-12 por macrófagos no granuloma (CHENSUE

et al., 1996). Além de modular citocinas, o CCR2 é capaz de modular o recrutamento

de macrófagos e células CD8 frente a uma infecção por Listeria monocytogenes

(KURIHARA et al., 1997). Também foi demonstrado que o CCR6 participa no

recrutamento de células T de memória para a pele (KLEINEWIETFELD et al., 2005).

Em modelo de peritonite aguda, a neutralização do CCL2 por anticorpos é capaz de

diminuir as quantidades de IL-12 e aumentar de IL-10 expressas no pulmão

(MATSUKAWA et al., 2000).

Dentre os receptores de quimiocinas o CCR4 é um receptor muito

interessante. O CCR4 possui alta afinidade por CCL17 (TARC) e CCL22 (MDC). O

RNAm do receptor é expresso no baço e em leucócitos, incluindo células

dendríticas, células T, basófilos, monócitos, macrófagos e plaquetas. Os primeiros

estudos sobre o receptor CCR4 na resposta imune demonstraram que este receptor

era importante no recrutamento de células relacionadas à resposta imune tipo Th2

(CHVATCHKO et al., 2000). Estudos mais recentes demonstram que o CCR4 possui

um papel essencial na imunidade inata e adquirida (ISHII et al., 2008). Neste

contexto, SCHUH et al. demonstraram que animais deficientes para o CCR4

apresentam uma resposta antifúngica caracterizada pelo aumento da função

neutrofílica e aumento do recrutamento de macrófagos no espaço broncoalveolar.

Estes dados demonstram que o CCR4 possui um papel regulatório no recrutamento

e/ou ativação das células inflamatórias (SCHUH et al., 2002). Em um modelo

experimental de endotoxemia, animais deficientes para CCR4 que foram desafiados

com LPS são extremamente resistentes à mortalidade, exibem uma menor produção

de citocinas inflamatórias no local e um maior recrutamento de macrófagos

peritoneais (CHVATCHKO et al., 2000). Adicionalmente, esses animais deficientes

também são mais resistentes à mortalidade induzida por outros ligantes de TLR

(Toll-Like receptors) além do LPS (TLR4), como o Pam3Cys (TLR2) e CpG (TLR9).

Essa resistência está associada a um recrutamento mais rápido de leucócitos,

6

aumento da expressão de TLR, desvio no perfil de citocinas/quimiocinas para o tipo

Th1 e uma melhor eliminação da infecção local (NESS et al., 2006). Entretanto, um

dado inicialmente contraditório é que a administração do ligante CCL22 possui um

papel protetor e a inibição do CCL22 é prejudicial à sepse induzida por CLP (ligação

do ceco e perfuração) (ABRAHAM, 2005). Mas como o CCR4 possui mais de um

ligante, provavelmente o CCL17 é o mediador responsável pelos efeitos deletérios

observados. Em um modelo de sepse polimicrobiana, a ausência do CCR4 possui

um papel essencial na resistência a sepse e pode atuar na resposta imune inata

através da diferenciação de macrófagos alternativos em animais sépticos via TLR9

(ISHII et al., 2008).

Em outros modelos inflamatórios auto-imunes, como em modelo de lesão

cutânea por linfoma, há uma grande expressão do CCL17 pelas células endoteliais

nas lesões. Junto com as lesões, observa-se um aumento da expressão de E-

selectina e ICAM-1, indicando um microambiente favorável para a migração das

células T para o local inflamatório (FIVENSON & NICKOLOFF, 1992; UCCINI et al.,

1993).

O aumento da expressão do CCR4 e de seus ligantes está associado a

diversas patologias como fibrose pulmonar, inflamação hepática, desenvolvimento

de granulomas e diabetes (BELPERIO et al., 2004; FUJIMURA et al., 2004;

JAKUBZICK et al., 2004). Todas essas doenças apresentam infiltração de células T

expressando o CCR4.

A partir destes dados, pressupomos que o CCR4 possui um papel importante

na imunidade inata e adquirida em processos inflamatórios com a participação de

células T. O nosso grupo vem estudando o papel de mediadores envolvidos nas

doenças inflamatórias, dentre elas a sepse. Investigar o papel do CCR4 na evolução

da sepse até a imunossupressão pós-sepse foi o nosso objetivo, pois a perspectiva

de podermos modular a ação das quimiocinas em uma resposta inflamatória intensa,

torna-se um dos maiores incentivos para estudos básicos e clínicos nesta área.

7

1.2. SEPSE

A manifestação clínica da sepse é conseqüência de uma resposta imune

intensa do hospedeiro contra um patógeno, que pode se manifestar por hipotensão,

coagulopatia e disfunção dos órgãos (BONE, 1994). Durante uma infecção, o

organismo responde inicialmente de forma não específica, liberando mediadores

inflamatórios na tentativa de eliminar o agente agressor. Caso a resposta inata local

não elimine o agente infeccioso, ocorre a proliferação e disseminação do agente

patogênico com liberação exacerbada de mediadores inflamatórios locais e

sistêmicos, atingindo órgãos distais podendo culminar na falência múltipla de órgãos

e então, na morte (COHEN, 2002).

A definição da sepse, de acordo com DELINGER et al. 2008, é uma resposta

inflamatória sistêmica à infecção. Assim, quando o paciente séptico apresenta um

quadro clínico de hipoperfusão ou hipotensão tecidual e disfunção orgânica (p.e.

acidose lática, oligúria ou confusão mental) determina-se que evoluiu a uma sepse

grave. Além disso, o quadro pode evoluir até choque séptico, o qual se caracteriza

por um quadro de hipotensão arterial não revertida pela expansão volêmica

adequada e administração de vasoconstrictores.

A sepse apresenta altos índices de mortalidade nos hospitais do mundo todo.

No Brasil, o índice de mortalidade de sepse grave em hospitais públicos é

significativamente maior do que em hospitais de rede privada. Além disso, observa-

se uma alta taxa de mortalidade em hospitais do Brasil (56%) quando comparados a

de outros países em desenvolvimento como a Argentina (45%) e em países

desenvolvidos (33%) Este trabalho demonstrou que a alta taxa de mortalidade

acomete tanto países desenvolvidos como em países em desenvolvimento (TELES

et al., 2008).

Nos Estados Unidos o tempo médio de internação dos pacientes sépticos em

UTIs é de 20 dias o que acarreta em um alto custo, ultrapassando os US$ 16 bilhões

de dólares /ano. Ocorre cerca de 215.000 mortes/ano em pacientes internados por

sepse o que corresponde a 9,3% de todas as mortes (O'BRIEN et al., 2007).

No Brasil, um estudo multicêntrico com 2419 pacientes, realizado em 50

hospitais de todas as regiões do Brasil – SEPSE BRASIL – revelou que a incidência

8

de sepse, sepse grave e choque séptico nos pacientes internados em unidades de

terapia intensiva foi de 16,9% e a taxa de mortalidade de 15%, 35,6% e 48%,

respectivamente (SILVA et al., 2004). Outro estudo demonstrou uma incidência de

17,4% de pacientes com sepse grave entre os pacientes sépticos de UTI, com uma

taxa de mortalidade de 46,9%. Assim como nos Estados Unidos, a taxa de

mortalidade no Brasil cresce de acordo com a gravidade da doença. A taxa de

incidência dos graus de severidade da sepse é inversamente proporcional à

mortalidade (Figura 03) (SILVA et al., 2004).

Mortalidade

ChoqueSéptico14,6%

52,2%

46,9%Sepse grave17,4%

33,9%Sepse30%

Incidência

Figura 03. Relação entre incidência e mortalidade na sepse.

Adaptado de SILVA et al., 2004.

Apesar do crescimento do conhecimento em pesquisa básica, avanço

tecnológico e significativo incremento no arsenal terapêutico, não houve um

correspondente decréscimo na mortalidade relacionada à sepse. Isso ocorre

provavelmente devido à natureza invasiva de diversos procedimentos médicos, do

uso indiscriminado de antibióticos e aumento da vida média da população (TELES et

al., 2008). O nosso estudo atual possui uma grande relevância para o

desenvolvimento de novas terapias a fim de melhorarmos a sobrevida de pacientes.

Vários autores têm demonstrado a importância das células inflamatórias no

controle e na resolução das infecções (FERREIRA, 1980; DONG et al., 1993;

9

BENJAMIM; FERREIRA & CUNHA, 2000). Nesse contexto, FAURSCHOU &

BORREGAARD demonstraram que a depleção de neutrófilos, induzida por

quimioterápicos, está fortemente associada às infecções bacterianas e fúngicas de

alta letalidade (FAURSCHOU & BORREGAARD, 2003).

Um dos principais processos da resposta imune inata é a migração de

neutrófilos para o local de injúria. Os neutrófilos são as primeiras células recrutadas

para um sítio infeccioso, em resposta, principalmente a citocinas como IL-1 β, TNF-

α, mediadores lipídicos e quimiocinas. A migração é um processo regulado por um

amplo espectro de moléculas como citocinas e mediadores lipídicos, liberados pelas

células residentes e pelas células recrutadas ao foco infeccioso como mostra na

figura 04.

Esses mediadores também estão envolvidos na ativação leucocitária,

estimulando a fagocitose e mecanismos efetores da ação microbicida. Animais

deficientes de neutrófilos (VERDRENGH & TARKOWSKI, 1997) apresentaram sinais

clínicos graves de sepse e alta mortalidade na fase inicial da infecção por

Staphylococcus aereus, sugerindo que a fagocitose por neutrófilos é uma etapa

crítica para o controle da infecção.

10

Figura 04. Processo de migração de neutrófilos do sangue para sítio

infeccioso. Este processo consiste na captura, rolamento, ativação, adesão,

diapedese e quimiotaxia até o foco infeccioso (VON ANDRIAN & MACKAY, 2000).

Embora o número de neutrófilos circulantes possa aumentar durante a sepse,

essas células apresentam alterações nas funções de quimiotaxia, fagocitose e na

atividade microbicida desencadeadas pela fagocitose, como por exemplo, a

liberação de espécie reativa de oxigênio (ROS) (TERRITO & GOLDE, 1976;

FERREIRA, 1980; DONG et al., 1993). Já foi demonstrado que na sepse grave

ocorre a falência de migração neutrofílica para o foco infeccioso, aumento no

número de bactérias no fluido peritoneal e no sangue, e conseqüentemente uma alta

taxa de mortalidade (BENJAMIM, 2000). Embora, os mecanismos envolvidos na

inibição da migração de neutrófilos na sepse grave ainda não estejam bem

elucidados, evidências sugerem a participação de citocinas pró-inflamatórias neste

processo. Sabe-se que essas citocinas estimulam a indução sistêmica da enzima

óxido nítrico sintase induzida (iNOS) e produção de óxido nítrico, o qual participa na

inibição da migração de neutrófilos. Animais deficientes para iNOS submetidos a

11

sepse grave não apresentaram inibição da migração de neutrófilos. Entretanto,

esses animais deficientes apresentaram alta mortalidade, o que sugere que o óxido

nítrico (NO) participa na falência de neutrófilos e na atividade microbicida dessas

células (BENJAMIM et al., 2002).

Os eventos fisiopatológicos na sepse podem ser subdivididos em uma fase

inicial e uma fase tardia. A fase inicial é caracterizada pela grande liberação de

mediadores pró-inflamatórios, incluindo TNF-α, IL-1β, IL-6 e quimiocinas, sendo

conhecida como Síndrome da Resposta Inflamatória Sistêmica [do inglês “Systemic

Inflammatory Response Syndrome”; SIRS]. A resposta pró-inflamatória é

compensada pela liberação de mediadores antiinflamatórios, como a IL-10 e TGF-β.

Esta fase tardia foi denominada de Síndrome da Resposta Anti-inflamatória

Compensatória [do inglês “Compensatory Anti-inflammatory Response Syndrome”;

CARS] (Figura 05) (DINARELLO & ABRAHAM, 2002).

Figura 05. Curva temporal da sepse até a imunossupressão.

Adaptado de BONE, 1994.

Este desequilíbrio de mediadores pró-inflamatórios com mediadores

regulatórios resulta em uma “tempestade” de citocinas. Essa liberação excessiva

dos mediadores antiinflamatórios e as alterações no processo reparativo são alguns

dos fatores responsáveis pelo desenvolvimento do quadro de imunossupressão, pois

ocorrem diversas alterações funcionais duradouras no sistema imune. Diversos

mecanismos celulares e moleculares já foram descritos para explicar a

IMUNOSSUPRESSÃO

Resposta Anti-inflamatória

Resposta Pró-inflamatória

Recuperação

12

imunossupressão pós-sepse. Entre eles estão o aumento de células T regulatórias,

a diminuição da produção de citocinas pró-inflamatórias, o aumento da expressão de

moléculas inibitórias intracelulares da sinalização da via de TLR (como por exemplo

a IRAK-M), a redução da expressão de HLA-DR, o grande número de células

apoptóticas, além de fatores epigenéticos (WANG & DENG, 2008). Essas alterações

podem prejudicar a resposta imune por desativação ou por falta de células capazes

de disparar uma resposta Th1 eficiente. Em conseqüência, o paciente séptico pode

apresentar incapacidade de erradicar a infecção primária causadora da sepse, e,

além disso, ficar mais propenso a adquirir infecções nosocomiais secundárias

(WANG & DENG, 2008).

A imunossupressão seguida de uma inflamação aguda grave não é exclusiva

da sepse, também é observada em outras doenças, incluindo a isquemia e

reperfusão por órgão transplantado (NAGANO & TILNEY, 1997), alterações na

recuperação de infecções por vírus sincicial respiratório (OPENSHAW; DEAN &

CULLEY, 2003), após queimaduras e traumas intensos (RODGERS et al., 2000;

KOBAYASHI et al., 2002) e pancreatites (NAGANO & TILNEY, 1997; RODGERS et

al., 2000; OPENSHAW; DEAN & CULLEY, 2003).

Dados na literatura demonstram que pacientes que se recuperam de um

quadro séptico grave apresentam alto índice de mortalidade no período de um ano.

Nestes trabalhos, 80% dos pacientes acometidos de sepse grave que obtiveram

alta, faleceram em um período de 8 anos por causas não sépticas, mas devido a

doenças como câncer, problemas cardiovasculares e pulmonares. Foi observado

que a vida-média do paciente séptico correlaciona-se com a severidade da sepse

(PERL et al., 1995; QUARTIN et al., 1997).

1.2.1. Modelo experimental de sepse

Embora existam muitas controvérsias no campo da sepse, é bastante

uniforme o pensamento de que essa síndrome é extremamente complexa devido ao

envolvimento de muitos sistemas, tecidos, tipos celulares e mediadores

inflamatórios. Muitos modelos animais têm sido usados para estudar a fisiopatologia

da sepse (OSUCHOWSKI et al., 2006), com o objetivo de recapitular as alterações

13

observadas na sepse humana. Utilizando um modelo murino experimental de sepse,

a ligação e perfuração do ceco (CLP) (BAKER et al., 1983), neste modelo o ceco

dos animais são expostos para fora da cavidade peritoneal e na porção distal do

ceco é realizado uma ligadura no ceco a fim de formar uma bolsa com conteúdo

fecal. A intensidade do estímulo irá depender do número de perfurações e do calibre

da agulha utilizada no ceco. Um alto número de furos e um grande calibre da agulha

irão desencadear uma grande quantidade de conteúdo fecal na cavidade peritoneal

induzindo a uma intensa resposta inflamatória, e consequentemente, uma alta

mortalidade (BENJAMIM, 2000). Este modelo experimental é o que mais mimetiza,

tanto qualitativamente como quantitativamente, observações clínicas de peritonite

polimicrobiana (FINK & HEARD, 1990). Semelhante ao que se observa na clínica, a

morte do animal no modelo de CLP é causada pelos efeitos diretos das bactérias e

por uma intensa resposta pró-inflamatória sistêmica contra os patógenos seguida de

um quadro anti-inflamatório (BONE, 1994).

A partir deste modelo, o nosso grupo vem estudando como as alterações

celulares e moleculares ocorridas na sepse podem alterar a interação da resposta

imune inata e adquirida e como conseqüência, desenvolver uma imunossupressão.

Nesse contexto, durante o processo infeccioso, as citocinas e outros mediadores

poderão induzir respostas imunes efetoras de proteção ou de lesão ao hospedeiro,

que dependerão principalmente do padrão de citocinas liberadas, bem como sua

concentração no sítio infeccioso e na circulação. Embora o papel de diversos

mediadores e células estejam bem descritos, na sepse, não existe atualmente um

tratamento eficaz, pois não está esclarecido como todos esses mediadores agem e

quais os papeis que cada um deles desempenha (RIEDEMANN; GUO & WARD).

Uma das conseqüências da imunossupressão pós-sepse é que o organismo

se torna mais suscetível a infecções secundárias. Recentemente foi demonstrado

que 28,3% dos pacientes sépticos na população chinesa desenvolvem aspergilose

pulmonar invasiva (IPA). O pulmão é o principal órgão afetado e o Aspergillus sp. é o

segundo principal causador da infecção (XIE et al., 2008). Além do Aspergillus,

outros patógenos são importantes causas de infecção. Assim como observado em

animais, pacientes sépticos são mais suscetíveis a infecções nosocomiais no

14

pulmão, principalmente pela Pseudomonas aeruginosa (RICHARDSON et al., 1982;

MUSTARD et al., 1991).

O Aspergillus fumigatus (ASP) é um fungo que está comumente presente no

ar e se reproduz através da propagação de conídios que são liberados no ambiente.

Esses conídios possuem uma superfície hidrofóbica o que lhes permite sobreviver

no ar por um tempo prolongado. Para a maioria dos indivíduos, a inalação de

conídios é inócua. No trato respiratório, o hospedeiro é protegido pela imunidade

inata através da geração de um processo inflamatório capaz de eliminar esses

conídios. O ASP é um fungo oportunista que acomete as vias aéreas e que tornou-

se uma importante causa de morte em casos de infecções pulmonares. Nas três

últimas décadas, a incidência da mortalidade por sepse causada por fungos cresceu

mais de 200% em pacientes imunocomprometidos (MARTIN et al., 2003), sendo os

principais agentes a Candida albicans e o Aspergillus fumigatus. Em indivíduos

imunossuprimidos eles podem se desenvolver em hifas e invadir o tecido, causando

pneumonia grave e progressiva que pode se disseminar a outros órgãos (MEHRAD;

STRIETER & STANDIFORD, 1999). O diagnóstico é difícil e quando realizado

tardiamente, o tratamento não é eficaz, consequentemente, a mortalidade pode

chegar até 50% (MEERSSEMAN et al., 2007).

A primeira linha de defesa no pulmão contra o ASP é composta por

macrófagos alveolares e neutrófilos. Animais depletados destas células inflamatórias

são mais suscetíveis a infecções por fungo, pois não apresentam uma eliminação do

patógeno de forma eficaz (MEHRAD; MOORE & STANDIFORD, 2000). Os conídios

que chegam às vias aéreas são fagocitados e mortos por essas células através de

uma via fagocítica oxidase-dependente. Já foi demonstrado que animais tratados

com anti-CCL2, ou animais depletados de neutrófilos com o bloqueio de TNF-α, ou

animais deficientes de TLR2 são mais suscetíveis a desenvolverem IPA por não

eliminarem a infecção (MORRISON et al., 2003; BALLOY et al., 2005; BENJAMIM et

al., 2005).

BENJAMIM et al., utilizando o modelo do CLP, demonstraram que após a

instilação intrapulmonar de células dendríticas obtidas da medula óssea de

camundongos falso-operados houve proteção dos camundongos pós-sépticos

desafiados a uma infecção secundária por A. fumigatus. Portanto, o

15

restabelecimento da função das células dendríticas pode ser uma estratégia

interessante para reverter a imunossupressão induzida pela sepse (BENJAMIM,

2005). Além das células dendríticas, a sepse induz alteração de função dos

monócitos/macrófagos, linfócitos e neutrófilos (Figura 06).

Figura 06. Seqüência de eventos que induzem a imunossupressão observada

após a sepse. A evolução de uma peritonite aguda afeta desde a resposta imune

inata inicial do hospedeiro contra os patógenos localmente, como sistemicamente,

incluindo os órgãos distais do foco infeccioso, p.e. o pulmão. Dentro do pulmão, o

perfil de diversas moléculas como os TLRs, citocinas e quimiocinas estão alteradas,

importantes no desenvolvimento de um quadro de imunossupressão (BENJAMIM;

HOGABOAM & KUNKEL, 2004).

Visto que vários estudos demonstram que a sepse induz alteração de função

em diversas células como células dendríticas, monócitos/macrófagos e neutrófilos, o

nosso grupo foi investigar o papel dos linfócitos na evolução da sepse até a

imunossupressão. Além da célula Th2, existe um subtipo de linfócito T, que são

capazes de modular a intensidade de uma resposta inflamatória. Essas células são

chamadas de T regulatórias (Tregs).

16

1.3. CÉLULAS T REGULATÓRIAS (Tregs)

Em uma resposta imune existe uma população de linfócitos T CD4+CD25+

que pode agir como células efetoras ou supressoras da resposta imune

apresentando um perfil de citocinas com características distintas das células Th1 ou

Th2. Estas células Tregs expressam na superfície o CD4 e o CD25, e

exclusivamente o fator de transcrição Foxp3 no citoplasma, sendo este considerado

atualmente o melhor marcador para células Tregs naturais. As células Tregs são

produzidas desde o terceiro dia de vida dos camundongos no timo, estão presentes

em 5-10% dos CD4 periféricos e podem inibir a ativação de diversas células

efetoras. As Tregs são capazes de inibir desde uma resposta imune inata, como por

exemplo a migração de neutrófilos até uma resposta imune adaptativa através da

inibição da proliferação de células T (Figura 07).

Tregs

Figura 07. Alvos das células Tregs.

(Fonte: Laboratório de Inflamação e Câncer – UFRJ; 2008)

17

O mecanismo de supressão das células Tregs ocorre por diversas vias,

incluindo a secreção local de citocinas como IL-10 e TGF-β, a competição pela IL-2

impedindo a proliferação de célula T efetora, ou por contato célula – célula, através

da ligação de moléculas de superfície das células regulatórias e efetoras, como o

CTLA-4 e CD80/CD86, respectivamente (VON BOEHMER, 2005). Recentemente

foram descritos novos mecanismos de supressão pelas células Tregs, por exemplo,

através da liberação de adenosina e o cAMP (DEAGLIO et al., 2007). As células

Tregs podem agir de forma sistêmica ou local. A sua presença em tecidos

especializados como fígado e olhos é capaz de controlar imunopatologias e proteger

estes órgãos (SUVAS et al., 2004).

Durante uma infecção aguda, as células Tregs naturais devem contribuir no

controle da resposta inflamatória. Conforme o processo inflamatório evolui e torna-se

crônico, com a participação das células Th1 e/ou Th2, outros processos regulatórios

participam modulando a resposta. No inicio da infecção, as células Tregs naturais

evitam um excessivo dano tecidual. Conforme a infecção evolui a um processo

crônico, independente da intensidade do processo inflamatório, são formadas novas

células Tregs Foxp3+ convertidas que junto com as células Tregs antígenos-

específicos acumulam-se no sítio de infecção (Figura 08)(BELKAID, 2007). As

células Tregs no local recrutam e formam mais células supressoras com um papel

regulatório importante no desenvolvimento do processo crônico. E esse acúmulo de

células também pode permanecer após a instalação da fase crônica da infecção.

18

Figura 08. Envolvimento das Tregs em diferentes estágios patológicos.

(BELKAID, 2007).

Trabalhos recentes têm demonstrado que essas células proliferam frente a

antígenos próprios como também a antígenos expressos por micróbios, como por

exemplo, Leishmania major, Helicobacter hepaticus, Listeria monocytogenesis e

Candida albicans (WALKER, 2004). Durante a infecção de camundongos com

Candida albicans, reduções de células Tregs naturais causam um melhor controle

da infecção, mas em contrapartida também causam aumento de uma inflamação

gastrointestinal (MONTAGNOLI et al., 2002).

Em 2004, um estudo demonstrou que após 28 dias do quadro infeccioso,

pacientes sépticos que não sobreviveram apresentavam maior porcentagem de

células Tregs no sangue do que os pacientes sépticos sobreviventes, além de

apresentarem menor expressão de HLA-DR. No ano seguinte, o mesmo grupo

demonstrou que esse aumento pode ser explicado devido às células Tregs

CD4+CD25+ serem mais resistentes a apoptose durante o choque séptico

comparado as CD4+CD25- (MONNERET et al., 2003; VENET et al., 2004). Em um

modelo murino de CLP foi observado um aumento de células CD4+CD25+ esplênicas

quando comparados aos animais Sham-operados. Observou-se também que as

19

células Tregs esplênicas de animais sépticos possuem maior capacidade supressora

e apresentam maior expressão de IL-10 intracelular após serem estimuladas,

indicando que, além das células Tregs naturais, as células Tregs induzidas também

participam na sepse. O autor ainda demonstrou que o tratamento de animais

sépticos com anti-CD25 e anti-IL-10 não melhorou a sobrevida dos animais sépticos

(SCUMPIA et al., 2006). A transferência adotiva de células Tregs CD4+CD25+

estimuladas in vitro com anti-CD3 e anti-CD28 para animais submetidos ao CLP

melhorou a sobrevida e diminuiu a quantidade de unidades formadoras de colônia

(CFU) presente no sítio de infecção (HEUER et al., 2005).

Algumas quimiocinas estimulam a migração de ambas às células CD4+CD25+

e CD4+CD25-. As CD25+ expressam especificamente CCR4 e CCR8 (IELLEM et al.,

2001) e migram em resposta aos seus ligantes CCL17 e CCL1, respectivamente

(COLANTONIO et al., 2002). Em um estudo clínico observou-se que os 104

indivíduos com carcinoma de ovário apresentavam células Tregs preferencialmente

se movendo e acumulando nos tumores e ascites, mas raramente entrando nos

linfonodos drenantes e que esse recrutamento era mediado pela produção de

CCL22 pelas células tumorais e macrófagos residentes naquele microambiente

(CURIEL et al., 2004). Estudos realizados em camundongos mostram que ligantes

do CCR5 atraem preferencialmente as células Tregs CD25+, que de fato expressam

este receptor na superfície (BYSTRY et al., 2001). A falta do CCR5 preveniu

fracamente a letalidade por doenças de enxerto vs. hospedeiro (WYSOCKI et al.,

2005). Em modelo de infecção com Paracoccidioides brasiliensis, o CCR5 foi

importante para a migração das Tregs para o sítio de infecção. No local, essas Tregs

diminuem a resposta imune ao fungo favorecendo a formação tardia do granuloma

(CAVASSANI et al., 2006). Assim como o CCR5, o CCR7 é importante para as

células Tregs migrarem para os linfonodos. Estas células suprimem uma resposta de

células T no local e assim, evitam o desenvolvimento de uma doença inflamatória

intestinal (SCHNEIDER et al., 2007). Já o receptor CXCR4 é importante para reter

células Tregs na medula óssea (ZOU et al., 2004).

As células Tregs também são importantes na tolerância. O recrutamento das

células Tregs Foxp3+ para o enxerto de transplante cardíaco tratado com CD154

(CD40L) é dependente de CCR4. A presença das células Tregs no órgão

20

transplantado induz a tolerância (LEE et al., 2005). Bloquear o CCR4 e o CCR6

bloqueia parcialmente a migração das células T virgem e Tregs, entretanto o

bloqueio do CCL2, CCL5 e CXCR3 inibe a migração das células CD4+CD25- sem

inibir a migração das células Tregs. Esse dado sugere que as Tregs possuem um

perfil de receptores diferente das outras células, embora apresentem também

receptores em comum com outras células que direcionam a migração para sítios

inflamatórios (CHEN & BROMBERG, 2006). O CCR4 está expresso em 75% das

células Tregs periféricas em humanos, estas células já parecem estar capazes para

suprimir a proliferação de células CD8. Quando as células T CCR4+ foram

depletadas observou-se uma maior polarização Th1 de linfócitos T CD4 virgens e

um aumento na função das células CD8 contra antígenos tumorais (BAATAR et al.,

2007). Esses dados suportam a idéia de que as quimiocinas participam na função e

na migração das células Tregs.

As Tregs são fortes candidatas a desempenharem um papel decisivo na

imunossupressão seguida da sepse grave, visto que essas células possuem um

papel modulador na resposta inflamatória e essa alteração pode afetar a infecção e

o dano tecidual. Os mecanismos envolvidos na imunossupressão ainda estão pouco

esclarecidos, entretanto, dados obtidos em nosso laboratório sugerem que o CCR4

tem um papel importante sobre a disposição e função das células Tregs no

organismo durante a sepse e a imunossupressão.

21

2. OBJETIVOS

O objetivo do nosso estudo é caracterizar o papel do CCR4 sobre as células

Tregs em diferentes fases da sepse, inclusive na imunossupressão pós-sepse. A

partir deste objetivo, nos propomos a investigar se os animais CCR4-/- são mais

resistentes à sepse e como as células Tregs poderiam participar desta resistência.

2.1. Objetivos Específicos

1 – Caracterizar a resposta inflamatória local e sistêmica dos animais WT e

CCR4-/- na sepse grave ou moderada através da migração celular, quantificação de

citocinas e mieloperoxidase no tecido pulmonar.

2 – Caracterizar o papel do CCR4 na localização das células T regulatórias no

pulmão e nos principais tecidos linfóides de diferentes fases da sepse grave.

3. Avaliar a sobrevida dos animais C57BL/6 (WT) e os CCR4-/- após o CLP e

após o desafio com ASP.

4. Analisar a migração celular e a integridade pulmonar após o desafio com

ASP em animais WT e CCR4-/- após a sepse.

5. Analisar a capacidade supressora das células T regulatórias obtidas de

animais WT e CCR4-/- sépticos sobre a migração de células inflamatórias “in vivo” e

“in vitro”, e na inibição da produção de ROS pelos neutrófilos.

22

3. METODOLOGIA

3.1. Animais.

Camundongos selvagens C57BL/6 (WT), pesando entre 20-24g, de ambos os

sexos, foram gentilmente doados pelo biotério da Fundação Oswaldo Cruz

(FIOCRUZ) e comprados do biotério central da Universidade Federal Fluminense

(UFF). Os animais foram mantidos sob condições controladas com ciclo de

claro/escuro e acesso livre a ração e água. Os camundongos deficientes

homozigotos para o receptor CCR4 (CCR4-/-) com fundo genético dos WT, também

foram mantidos nas mesmas condições no biotério da FIOCRUZ.

Os procedimentos com os animais de experimentação foram realizados de

acordo com as diretrizes da Comissão de Uso de Animais (CEUA) do centro de

ciências da saúde (CCS) da UFRJ, conforme o protocolo n° DFBCICB 028.

3.2. Modelo de ligação do ceco e perfuração (CLP).

Para avaliar a sepse grave e a imunossupressão, animais WT e CCR4-/-

foram previamente anestesiados intraperitonealmente com cetamina 112,5 mg/kg e

xilazina 10 mg/kg. Após estarem anestesiados, a cavidade abdominal foi aberta com

uma incisão de 1,5 cm, o ceco foi identificado, exposto para fora da cavidade e

ligado com linha de algodão (4-0), de forma a não obstruir a passagem entre íleo e

ceco. Em seguida, o ceco foi perfurado nove ou três vezes com uma agulha de 21G

para induzir a sepse grave (grupo CLP ou em alguns experimentos foi designado

como grupo L) ou uma sepse moderada (grupo SL), respectivamente. O ceco foi

recolocado na cavidade abdominal que foi fechada com auxílio de grampo cirúrgico

9 mm. Após o procedimento cirúrgico, os animais receberam a administração

subcutânea de solução salina (1,0 mL), para reposição volêmica. Os animais

controles ou falso operados (grupo Sham) foram abertos e o ceco exposto, mas não

foi ligado e perfurado (BAKER et al., 1983).

23

Os animais submetidos ao CLP ou Sham receberam tratamento com

antibióticos (Ertapenem, Merck) que foi preparado no dia do uso em solução salina

estéril na concentração de 75 mg/kg. O antibiótico foi administrado

intraperitonealmente nos animais CLP e Sham após 6, 24 e 48 horas da cirurgia.

Os animais foram acondicionados em caixas apropriadas para a observação

diária da evolução da sepse, durante o período de sete dias (Figura 09). No gráfico,

o dia da cirurgia foi considerado o dia zero.

Desenho Experimental:

Figura 09. Sobrevida ao CLP.

3.3. Avaliação da resposta imune inata em animais WT e CCR4-/- depois

de 6 horas de submetidos a uma sepse grave e moderada.

Animais WT e CCR4-/- foram submetidos a uma sepse moderada (SL) ou

grave (L). Como controles, os animais foram falso operado (Sham). Os animais

foram eutanaziados após 6 horas da cirurgia pela administração de uma injeção letal

de hidrato de cloral (800 mg/kg via i.p) (Figura 10).

Para avaliarmos a resposta imune local, a cavidade peritoneal foi lavada com

2 mL de PBS gelado e o volume foi recolhido. A partir dos exsudatos coletados

foram realizados diversos ensaios como: contagem total e diferencial de leucócitos,

a quantificação de citocinas e de CFU.

Para avaliarmos a resposta imune sistêmica, o sangue foi coletado por

punção cardíaca com auxílio de seringa contendo anticoagulante (EDTA 5% em

24

PBS, pH 7,4). A partir de uma amostra do sangue quantificamos citocinas (TNF-α e

IL-10) e CFU. Além do sangue, o pulmão foi perfundido pelo coração com 10 mL de

salina 0,9% e então, foi guardado no nitrogênio líquido até o processamento da

amostra.

Desenho experimental

Figura 10. Avaliação da resposta imune inata.

3.4. Contagem total de leucócitos.

A partir do exsudato recuperado o número total de leucócitos foi contado

microscopicamente utilizando hemocitômetro em solução de turk (acido acético 2%,

cristal violeta 0,01% em PBS).

3.5. Contagem diferencial de leucócitos.

Uma parte do exsudato foi centrifugada a 450 RPM durante 5 minutos em

citocentrífuga (Hettich Universal 16R). As células foram fixadas com metanol por 5

minutos e coradas por hematoxilina-eosina (Bio-Cor). As células foram examinadas

em microscópio óptico, sendo contadas 100 células por lâmina, as quais foram

diferenciadas em neutrófilos, eosinófilos e células mononucleares. A quantidade de

cada tipo celular presente na cavidade foi calculada pela porcentagem dessas

células contadas em relação ao valor total obtido. O valor obtido para 1 ml foi

25

multiplicado pelo volume de tampão utilizado para lavar a cavidade. Os resultados

foram expressos como n° de células por cavidade (nº de células/cavidade).

3.6. Quantificação de bactérias no sangue e exsudato peritoneal.

Após 6 horas da cirurgia, o sangue e o lavado peritoneal dos animais WT e

CCR4-/- submetidos à sepse grave ou moderada foram coletados como descrito

anteriormente. Os exsudatos do peritônio obtidos de animais submetidos à sepse

moderada (SL) foram diluídos 100 vezes em PBS e dos animais submetidos à sepse

grave (L) foram de 10000 vezes. A partir desta diluição, 10 µL foram semeados em

placas de petri contendo meio Ágar Mueller Hinton. Amostras de 10 µL de sangue do

grupo SL foram semeadas sem diluições, e no grupo L as amostras foram diluídas

10 e 100 vezes. Todo procedimento foi realizado sob condição estéril. Após as

semeaduras, as placas foram incubadas por 18h a 37°C e o número de unidades

formadoras de colônias (CFU) foram contadas e calculadas.

3.7. Quantificação de citocinas.

Uma parte do lavado peritoneal coletado 6 horas após a cirurgia foi utilizado

para a quantificação de TNF-α, IL-10, e MIP-2. O volume recolhido foi centrifugado e

o sobrenadante isento de células foi guardado em freezer à – 20°C até o dia da

dosagem. Para obtenção do plasma, o sangue foi coletado com auxílio de seringa

contendo anticoagulante por punção cardíaca (EDTA 5% em PBS, pH 7,4). As

amostras foram centrifugadas e o plasma foi transferido e guardado junto com o

exsudato à – 20°C até o dia da dosagem. A quantificação das citocinas foi realizada

através do método imunoenzimático (ELISA) descrito a seguir:

Placas de 96 poços foram cobertas com anticorpo específico (Pharmigen, San

Diego, CA,USA) diluídos em PBS e incubados por 18 horas a 4°C. As placas então

foram lavadas três vezes com PBS + 0,05% Tween20 (PBS-T20) (Sigma). As

ligações não específicas foram bloqueadas com PBS + 1% BSA por 2 horas a

temperatura ambiente. Os padrões das citocinas e as amostras foram adicionados

as placas e incubadas por 24 horas a 4°C. Então, as placas foram lavadas com

PBS-T20 e foram adicionados os anticorpos biotinilados específicos para cada

26

citocina. Após 1 hora, as placas foram lavadas com PBS-T20, o conjugado avidina-

peroxidase foi adicionado em cada poço e incubados por mais 30 minutos. As placas

foram lavadas com PBS-T20 e incubadas com o substrato OPD (o-fenilenediamina-

dihidrocloreto, Sigma) em tampão citrato pH 5,0. Após 20 minutos, a reação foi

interrompida com HCl 6 N e a densidade óptica quantificada em espectrofotômetro a

490nm (Spectra Max-250, Molecular Devices).

3.8. Ensaio da atividade da enzima mieloperoxidase (MPO).

Os pulmões retirados dos animais foram utilizados para dosagem de

mieloperoxidase. O pulmão foi colocado em tampão gelado (NaCl 0,1 M, Na2PO4

0,02 M, EDTA 12 mM pH 4,7) e homogeneizado em pollytron. O homogenato foi em

seguida centrifugado a 3000 RPM por 15 minutos a 4°C. Os eritrócitos foram

retirados com solução de lise ACK (NH4Cl 0,15 M, KHCO3 1 mM e EDTA 0,1 mM).

As células foram ressuspensas em uma solução de Na2PO4 contendo 0,5% de

brometo de hexadeciltrimetilamônio (HTAB). As células foram rompidas por

congelamento/aquecimento. O lisado foi centrifugado a 10.000g por 15 minutos.

Para reação da mieloperoxidase, 50 µL do sobrenadante do extrato celular foi

incubado com TMB (3,3,3,3–tetrametilbenzidina) e com H2O2 por 5 minutos. A

reação foi interrompida com H2SO4 2 N. A quantificação de neutrófilos foi feita a

partir da curva padrão de neutrófilos (obtidos de animais injetados com carragenina

e diluídos de forma seriada ½ na concentração inicial de 2x105 células/ poço). A

densidade óptica das amostras seriadas foi quantificada em espectrofotômetro a 450

nm (Spectra Max-250, Molecular Devices).

3.9. Esfregaço sanguíneo e diferencial de medula óssea.

Para avaliarmos a porcentagem de neutrófilos na médula óssea retiramos o

conteúdo da medula óssea de um fêmur através da lavagem com PBS gelado. As

amostras de medula dos animais normal WT e CCR4-/- foram analisadas pela

contagem total e diferencial, respectivamente. No esfregaço sanguíneo, uma gota de

sangue foi espalhada numa lâmina de vidro e corada com H&E. Em ambas as

27

amostras, contamos 100 células, diferenciando-os em neutrófilos ou mononucleares.

No gráfico expressamos apenas a contagem total e diferencial dos neutrófilos

presentes por mL de sangue ou por fêmur na medula óssea. Os dados foram

expressos em média ± EPM.

3.10. Análise temporal das células Tregs.

Animais WT e CCR4-/- foram eutanaziados 1 ou 5 dias após serem

submetidos ao CLP ou Sham operados (Figura 11).

O baço e o linfonodo mesentérico foram coletados separadamente e

macerados numa placa de 6 poços (Nunc, Dinamarca) contendo 4 mL de PBS. A

suspensão celular foi centrifugada a 400g por 5 minutos. Os eritrócitos foram

retirados com solução de lise ACK. O número de células foi determinado por

hemocitômetro e ajustado para 106 células/ mL. A suspensão celular foi fixada em

paraformaldeído 1% (Sigma) por 15 minutos à 4°C. As células foram lavadas 3

vezes com tampão de fluxo (1% SFB; 0,01% NaN3 em PBS) e guardadas à 4°C no

escuro.

O sangue foi coletado por punção cardíaca com auxílio de seringa contendo

anticoagulante (EDTA 5% em PBS, pH 7,4) e foi separado para marcação de

antígenos celulares por citometria de fluxo.

Desenho Experimental:

28

Figura 11. Análise temporal das células Tregs.

3.11. Citometria de Fluxo.

A caracterização fenotípica das células foi realizada através da marcação com

anticorpos monoclonais conjugado a flouróforos para moléculas presentes na

superfície celular e intracelular. Para marcação da superfície, 100 µL de amostra do

sangue ou 106 células do baço ou linfonodo mesentério foram incubadas com anti-

CD16/CD32 (B&D Pharmingen) para bloqueio do receptor Fc por 15 minutos a 4°C e

depois com anti-CD4-PerCP por 30 minutos a 4°C no escuro (B&D Pharmingen). A

permeabilização foi feita por 5 minutos com 0,1% de saponina em tampão de fluxo

para marcação intracelular com anti-Foxp3-FITC e incubado por 30 minutos a 4°C

no escuro. Lavamos três vezes para retirar o excesso de marcadores com tampão

de fluxo. As células foram analisadas no FACSCalibur (CellQuestTM software;

Becton and Dickinson, Mountain View, CA) e os dados foram analisados no

programa FCS Express 3.00. Foram adquiridos 30.000 eventos, e no “dot plot” do

FSH/SSC a população de linfócito foi selecionada e analisada. Os gráficos

mostrados em “dot plot” (CD4 e Foxp3) representam uma amostra de cada grupo

(n=3-5) e o gráfico de barras a direita expressa à média ± EPM dos valores

individuais.

3.12. Cultivo de ASP.

Utilizamos como ferramenta de nossos estudos a cepa 13073 de A. fumigatus

(American Type Culture Collection, Manassas, VA), pois esta cepa tem sido usada

para induzir IPA em animais imunocomprometidos (STEINHAUSER et al., 1999;

BENJAMIM et al., 2003). O organismo foi cultivado em ágar Sabouraud (Becton

Dickinson, Cockeysville, MD) por 7–10 dias a 37°C. No dia do inóculo, a superfície

da placa foi lavada com 50 mL de PBS-Tween80 0.1% (PBS-t) (Vetec). A suspensão

de conídios foi filtrada usando gaze estéril para remover agregados celulares e hifas.

Em seguida, centrifugamos a 1000g por 15 minutos. A concentração foi determinada

em hemocitômetro.

29

3.13. Avaliação da imunossupressão pós-sepse.

Animais WT e CCR4-/- submetidos ao CLP ou Sham foram desafiados com

conídios de ASP após 4 dias da cirurgia. Após o desafio, os animais foram avaliados

para diversos parâmetros, como sobrevida à infecção secundária, migração celular

para foco infeccioso e histologia. Nestes experimentos, animais WT e CCR4-/- foram

desafiados intratraquealmente (i.t.) com 7,5x107 conídios de ASP em 30µL de salina

por animal, e os animais controles receberam apenas salina. Os animais foram

acondicionados em caixas apropriadas para a observação diária da sobrevida após

a sepse. O dia do desafio com o fungo foi considerado o dia zero e os animais foram

observados por mais sete dias. Para avaliar a migração celular após 14 e 48 horas

do desafio foi realizado o lavado broncoalveolar nestes animais. Em seguida, o lado

direito do pulmão foi congelado para histologia. (Figura 12).

Desenho Experimental:

Figura 12. Imunossupressão pós-sepse.

30

3.14. Lavado broncoalveolar (BAL).

Após o desafio, os animais foram eutanaziados, a traquéia foi exposta e na

cavidade toráxica foi feito um orifício. Expomos a traquéia e inserimos uma agulha

de 21G na traquéia por onde injetamos 1 mL de PBS. O lavado broncoalveolar (BAL)

foi recuperado e analisado quanto ao número total e diferencial de leucócitos,

conforme descrito.

3.15. Histologia.

Após 48 horas do desafio, os animais foram eutanaziados e o ventrículo

direito foi perfundido com 10 mL de salina 0,9% gelada para remoção do sangue. O

pulmão foi inflado com 100 µL de meio de inclusão OCT (Optimal Cutting

Temperature). O pulmão direito foi recolhido e congelado no meio de inclusão direto

no nitrogênio líquido por 10 minutos. O material foi cortado na espessura de 5 µm e

logo fixado com acetona gelada por 10 minutos, depois foi corado com hematoxilina

e eosina.

3.16. Purificação e marcação de células CD4+Foxp3+ no pulmão.

Após 4 dias da cirurgia os animais WT e CCR4-/- foram desafiados com ASP

ou salina, e após 3 dias (Figura 13) os animais foram eutanaziados e o ventrículo

direito foi perfundido com salina para remoção do sangue. O pulmão foi coletado e

digerido com colagenase tipo IV (Sigma) por 1 hora a 37°C. A suspensão celular foi

tratada com ACK para retirar eritrócitos. Para purificarmos as células CD4

pulmonares, as células foram ressuspensas na concentração celular de 107/ 90µl de

Tampão MACS (BSA 1%, 2 mM de EDTA em PBS) e incubadas com anti-CD4-PE

por 15 minutos. Adicionamos anti-PE conjugada a microesferas, incubamos por 10

minutos e lavamos. A seleção positiva para obtenção de linfócitos T CD4+ foi

realizada em coluna MS (Myltenic biotec, EUA). A partir destas células CD4, fixamos

e marcamos para Foxp3.

31

Desenho experimental

Figura 13. Isolamento e marcação de células T CD4+Foxp3+ pulmonares.

As células foram analisadas por citometria de fluxo e adquiridos 10.000

eventos. Os gráficos mostrados em “dot plot” (CD4 e Foxp3) representam uma

amostra de cada grupo com o seu valor porcentual. O gráfico de barras expressa a

média ± EPM.

3.17. Isolamento de células T regulatórias.

Para purificarmos as células T regulatórias, utilizamos o kit de separação de

células T regulatórias (Myltenic biotec, EUA). O baço e o linfonodo mesentérico

foram coletados dos animais. As células foram ressuspensas na concentração

celular de 108/ 400 µl de tampão MACS (BSA 1%, 2 mM de EDTA em PBS) e

incubadas com coquetel de anticorpos biotinilados para seleção negativa de CD4+

mais anti-CD25-PE por 15 minutos. Lavamos e incubamos com estreptavidina

conjugada a microesferas por 15 minutos. Novamente lavamos e isolamos as CD4+

através de seleção negativa em coluna LD num suporte magnético em que somente

as células CD4+ não marcadas fluem pela coluna magnética. As células CD4+ foram

32

quantificadas e ajustadas numa concentração de 107 células/ 90 µL de tampão

MACS. Adicionamos anti-PE conjugado a microesferas, incubamos por 10 minutos e

lavamos. A seleção positiva foi realizada em coluna MS permitindo a obtenção de

células CD4+CD25+ com pureza de 92-96%.

3.18. Inibição da migração de leucócitos para um foco infeccioso “in

vivo” via células T regulatórias.

Animais WT e CCR4-/- foram submetidos ao CLP ou Sham-operados. Após 4

dias, o baço e o linfonodo dos animais de cada grupo foram unidos em uma única

amostra e as células T regulatórias CD4+CD25+ foram obtidas de acordo com o kit

de separação de células regulatórias. O ASP foi cultivado, isolado e ajustado na

concentração de 5x107 conídios/ 30 µL.

Animais WT recipientes foram divididos em 4 diferentes grupos. Em cada

grupo, os animais (n = 5-6) receberam intratraquealmente (i.t) salina ou ASP na

presença ou ausência de células Tregs obtidas de animais sépticos WT ou CCR4-/-.

Os diferentes grupos estão descritos como mostra na Figura 14.

Desenho Experimental:

Figura 14. Inibição da migração celular pelas células Tregs “in vivo”.

33

Após 24 horas do desafio, eutanaziamos os animais e o BAL de cada animal

foi coletado. O número total e diferencial de leucócitos foi quantificado e os

distinguimos em células mononucleares ou neutrófilos. O gráfico foi expresso em

média ± EPM dos neutrófilos que migraram para a cavidade.

3.19. Purificação de neutrófilos de medula óssea.

Os fêmures e as tíbias foram retirados de animais WT. Em seguida, o

conteúdo da medula óssea foi lavado com PBS gelado. A suspensão celular foi

centrifugada em gradientes de 65% e 72% de Percoll (AmerSham Pharmacia) a

1200g por 32 minutos com aceleração e desaceleração lenta, a temperatura

ambiente. A banda retirada entre os dois gradientes corresponde aos neutrófilos. A

pureza encontrada é de 94 a 96% determinada morfologicamente e por citometria.

3.20. Inibição da migração de neutrófilos “in vitro” via células T

regulatórias.

Células Tregs foram purificadas, conforme descrito anteriormente, de animais

WT e CCR4-/- submetidos ao CLP ou Sham após 4 dias da cirurgia, e incubadas em

RPMI-1640 suplementado (2 mM de L-glutamina e 10% de SFB) por 18 horas a

37°C/ 5% CO2. As células foram usadas no ensaio de migração celular e o

sobrenadante destas células foi recolhido e guardado a – 20°C para o ensaio de

inibição de produção de espécies reativas de oxigênio (ROS) produzidas pelos

neutrófilos (Figura 15). Os neutrófilos foram purificados no dia do ensaio conforme

descrito acima.

As células Tregs e neutrófilos foram pré-incubadas na proporção de 1:39 por

2 horas a 37ºC e 5% CO2. Após a pré-incubação, a migração celular foi realizada em

placas de quimiotaxia de 24 poços transwell (Costar, cat# 3421) com poro de 5 µm

por 2 horas a 37ºC e 5% CO2. Nos poços inferiores foram adicionados 600 µL de

RPMI com 1% de SFB contendo ou não o estímulo para a migração de neutrófilos, 1

nM de LTB4 (Cayman). A suspensão celular foi ressuspensa em um volume de

2x105 células/ 200µL de RPMI + 1% de SFB e adicionada no poço superior. Após a

34

incubação, as células que migraram foram coletadas nos poços inferiores e

contadas no hemocitômetro. A migração celular em direção ao meio sem estímulo foi

considerada randômica (controle negativo). O índex quimiotático foi calculado pela

divisão de cada valor encontrado no poço inferior pelo número médio de neutrófilos

que migraram do controle negativo. O gráfico foi expresso em média destes valores

± EPM.

Desenho Experimental:

Figura 15. Inibição da função de neutrófilos pelas células Tregs “in vitro”.

3.21. Inibição da produção de ROS por neutrófilos estimulados com PMA

mediada por Tregs.

Os neutrófilos obtidos de medula óssea foram pré-incubado por 2 horas com

o sobrenadante (SN) das células Tregs diluído 20 vezes (1/20) de cada grupo..Após

a pré-incubação, as células foram estimuladas com 50 ng/mL de PMA a 37oC por

mais 1 hora. As células foram lavadas e incubadas por 10 minutos a 37oC com 2 µM

de sonda CMH2D-CFDA (Invitrogen, CA) que se liga a espécies reativas de oxigênio.

As células foram lavadas duas vezes para remover a sonda livre e ressuspendidas

em tampão de fluxo. Analisamos a geração de ROS por citometria de fluxo. Os

resultados foram expressos pelo valor do MFI encontrado.

35

3.22. Análise estatística.

Os resultados obtidos foram avaliados estatisticamente através dos testes

Mantel-Cox LogRank para curvas de sobrevivência. Os valores quantitativos foram

representados como média e erro padrão da média (EPM) e testados para testes

não-paramétricos Mann-Whitney. Foram consideradas diferenças significativas os

valores de p< 0,05.

36

4. RESULTADOS

4.1. Sobrevida de animais WT e CCR4-/- ao CLP.

Para investigar o papel do CCR4 na sepse grave, utilizamos o modelo já

estabelecido de sepse polimicrobiana em animais WT por BENJAMIM et al., 2003.

Todos os animais submetidos a este modelo de sepse grave experimental que não

foram tratados com antibióticos após a cirurgia morrem, enquanto os animais do

grupo Sham sobrevivem 100% (BENJAMIM et al., 2003). Com a finalidade de obter

um modelo mais próximo da clínica, os animais WT e CCR4-/- submetidos ao CLP

ou Sham foram tratados após 6, 24 e 48 horas da cirurgia com antibioticoterapia. A

sobrevida dos animais WT e CCR4-/- com sepse grave foi acompanhada por até 7

dias após a cirurgia. Após 6 horas da cirurgia, os animais WT do grupo CLP já

apresentavam um quadro semelhante ao choque endotóxico em que os olhos

produzem secreções, piloereção, letargia e taquipnéia. Esses sinais não foram

observados nos animais CCR4-/-. Os animais do grupo Sham apresentaram 100%

de sobrevivência. O grupo CLP do CCR4-/- apresentou 92% de sobrevivência e não

foi diferente estatisticamente dos grupos Sham de ambas as linhagens (WT e CCR4-

/-). E os animais do grupo CLP dos WT apresentaram 48% de sobrevivência quando

comparada aos outros grupos. O grupo CLP do WT apresentou mortalidade até o 3°

dia enquanto o grupo CLP do CCR4-/- a mortalidade foi observada apenas nas

primeiras 24 horas após a cirurgia (Figura 16). Estes resultados indicam que os

animais CCR4-/- são mais resistentes à sepse grave induzida por CLP comparado

ao WT.

37

0 1 2 3 4 5 6 70

20

40

60

80

100

*

Dias após a cirurgia

% S

obre

vida

CCR4 -/- CLP (n=7)

WT CLP (n=11)

CCR4 -/- Sham (n=9)

WT Sham (n=12)

Figura 16. Sobrevida de animais WT e CCR4-/- submetidos à sepse grave.

Animais WT e CCR4-/- foram submetidos ao CLP ou Sham operados e receberam

antibioticoterapia com Ertapenen (75 mg/kg) 6, 24 e 48 horas depois da cirurgia. O

dia da cirurgia foi considerado como dia zero. A sobrevida dos animais foi observada

por 7 dias. O gráfico é representativo de 4 experimentos. *p<0,05 comparado ao

grupo CLP do WT.

4.2. Migração celular após estímulo de sepse grave e moderada.

Uma resposta imune eficaz tem um papel essencial na contenção de uma

infecção, e consequentemente na sobrevivência do indivíduo. Visto que os animais

CCR4-/- são mais resistentes a sepse grave, fomos investigar a resposta local e

sistêmica destes animais através de diversos parâmetros.

Para avaliarmos a migração de neutrófilos para o foco infeccioso após 6 horas

da cirurgia, analisamos a celularidade presente na cavidade peritoneal de animais

CCR4-/- e WT submetidos a diferentes intensidades da sepse a modo que podermos

observar a falência de neutrófilos. Os grupos submetidos à sepse grave (L),

moderada (SL) ou Sham foram quantificados através da contagem total e diferencial

de leucócitos por microscopia óptica.

Os grupos SL dos animais WT e CCR4-/- apresentaram uma migração de

neutrófilos aumentada para a cavidade peritoneal quando comparados aos grupos

38

Sham de ambas as linhagens. Corroborando com dados já publicados de nosso

grupo, o grupo L dos animais WT apresentaram falência na migração de neutrófilos

para a cavidade, quando comparado ao grupo SL dos animais WT. Entretanto, a

migração de neutrófilos para a cavidade no grupo L dos animais CCR4-/- foi

surpreendentemente elevada quando comparamos aos grupos L dos animais WT

(Figura 17). Em todos os grupos não observamos diferenças na quantidade de

células mononucleares entre os animais WT e CCR4-/- (dados não mostrados).

Estes resultados sugerem que os animais CCR4-/- submetidos ao modelo de sepse

grave não sofrem falência na migração de neutrófilos. O aumento de neutrófilos na

cavidade deve participar como um fator favorável na sobrevida destes animais

durante a sepse.

Sham SL L Sham SL L0

2

4

6

8

10

12

14

16

*#*

WT CCR4 -/-

**

( x1

06 n

eutr

ófilo

s /

cavi

dade

)

Figura 17. Migração de neutrófilos para a cavidade peritoneal durante a sepse.

Animais WT e CCR4-/- foram eutanaziados 6 horas depois de submetidos à sepse

grave (L= 9 furos, n=5), sepse moderada (SL= 3 furos, n= 5) e falsos operados

(Sham, n=3). A cavidade peritoneal foi lavada e do volume recuperado foram

realizadas a contagem dos neutrófilos presentes. Os resultados foram expressos

como média ± EPM. O gráfico é representativo de 2 experimentos. * p<0,05

comparados ao grupo Sham. ** p<0,05 comparado ao grupo SL do WT. # p<0,05

comparado ao grupo L do WT.

39

4.3. Avaliação do número de bactérias na cavidade peritoneal.

Com o intuito de caracterizar a resposta imune a infecção bacteriana nos animais

CCR4-/-, avaliamos a carga bacteriana na cavidade peritoneal e no sangue de

animais WT e CCR4-/- submetidos a sepse grave ou moderada. A quantificação foi

realizada através de amostras do exsudato e do sangue obtidos 6 horas após a

cirurgia. O grupo Sham foi excluído das analises por não apresentar nenhuma CFU

detectável no lavado peritoneal e nem no sangue (dados não mostrados). No lavado

peritoneal (Figura 18A) e no sangue (Figura 18B) do grupo L dos animais CCR4-/-

observamos redução do número de CFU quando comparado ao grupo L dos animais

WT. Quando induzimos um estímulo moderado (grupo SL) não observamos

diferenças entre as linhagens quanto ao número de bactérias presentes em ambos

locais. Estes resultados indicam que os animais CCR4-/- apresentam uma menor

carga bacteriana no peritônio e no sangue, sugerindo uma resposta imune mais

eficiente destes animais na sepse grave.

40

SL L SL L0

20

40

60

80

WT CCR4 -/-

*

**

x10

7 C

FU

/ ca

vid

ade

SL L SL L0

50

100

150

200

x105

CF

U/m

L d

e sa

ng

ue

**

WT CCR4 -/-

*

Figura 18. Quantificação do número de CFU no lavado peritoneal e sangue de

animais submetidos a sepse moderada (SL) ou a sepse grave (L).

(A) Os lavados peritoneais dos animais WT e CCR4-/- do grupo L (n=6) e do SL

(n=6) foram coletados após 6 horas da cirurgia e diluídos 100, 1000 e 10000 vezes.

(B) O sangue dos animais foi coletado por punção cardíaca e foi diluído 10 e 100

vezes. As diluições do lavado peritoneal e do sangue foram semeadas diretamente

em Ágar Mueller Hinton e incubadas por 24 horas a 37°C. As unidades formadoras

de colônias (CFU) foram contadas e os resultados foram expressos em valores

individuais e a mediana. * p<0,05 comparados ao grupo SL. ** p<0,05 comparado ao

grupo L do WT.

4.4. Quantificação de citocinas locais.

A partir do exsudato peritoneal recolhido após 6 horas da cirurgia de animais

WT e CCR4-/- submetidos ao Sham, SL ou L, algumas citocinas e quimiocinas que

são importantes no recrutamento e ativação de células inflamatórias, como o TNF-α,

IL-10 e o MIP-2, foram quantificadas. No exsudato de animais CCR4-/- do grupo L

A B

41

observamos quantidades reduzidas do TNF-α (Figura 19A) e de MIP-2 (Figura 19B)

em relação ao grupo L do WT. O mesmo pôde ser observado nos grupos SL entre o

CCR4-/- e o WT em ambas citocinas. Mesmo não apresentando diferenças

estatísticas significativas entre os animais, a concentração destas citocinas parece

estar menor no peritônio dos animais CCR4-/-. No grupo Sham dos WT observamos

quantidades extremamente baixas de TNF-α enquanto no grupo Sham dos animais

CCR4-/- apresentaram quantidades basais elevadas e similares ao grupo SL. E

quanto ao MIP-2, os grupos Sham de ambas as linhagens não foram quantificados.

Assim como o TNF-α e o MIP-2, animais CCR4-/- submetidos ao SL apresentaram

quantidades reduzidas da citocina IL-10 comparados aos animais WT.

Surpreendentemente, os animais CCR4-/- do grupo L apresentaram altas

concentrações de IL-10 no peritônio, quando comparados aos animais WT (Figura

19C). Os nossos dados sugerem que os animais CCR4-/- desenvolvem uma

resposta inflamatória local mais branda e controlada do que os animais WT.

Sham SL L Sham SL L0

20

40

60

80

100

120

WT CCR4-/-

TN

F- α

(pg

/mL)

ShamSL L ShamSL L0

500

1000

1500

2000

2500

3000

WT CCR4-/-

*

IL-1

0 (p

g/m

L)

SL L SL L0

400

800

1200

1600

2000

WT CCR4-/-

MIP

-2 (

pg/m

L)

A B C

Figura 19. Quantificação de citocinas presentes no exsudato na sepse.

Animais WT e CCR4-/- foram eutanaziados 6 horas após serem submetidos ao CLP,

L (n=4-6), SL (n=4-6) ou falsos operados (Sham, n=4). A cavidade foi lavada e as

amostras do exsudato obtido foram quantificadas por ELISA para as citocinas (A)

TNF-α, (B) MIP-2 e (C) IL-10. Os dados são representativos de 2 experimentos e

expressos como média ± EPM. * p<0,05 comparado ao grupo L do WT.

42

4.5. Determinação da atividade da mieloperoxidase no pulmão.

Para caracterizar se a inflamação evoluiu para um quadro sistêmico,

decorrente da infecção induzida pelo CLP, avaliamos a presença de infiltrados

neutrofílicos no pulmão de animais WT e CCR4-/- após 6 horas da cirurgia. Para

quantificarmos este infiltrado tecidual, determinamos o número de células presentes

no tecido pulmonar através da quantificação da atividade de uma enzima específica

nos neutrófilos, a mieloperoxidase (MPO). Os pulmões dos animais CCR4-/- e WT

foram macerados e tratados a fim de obtermos a enzima mieloperoxidase livre para

a quantificação de sua atividade. Nossos dados demonstram que o grupo L de

animais CCR4-/- possui um menor infiltrado de células, comparado aos animais WT

do grupo L. Essa diferença não foi observada nos grupos SL entre os animais WT e

CCR4-/- (Figura 20). Assim, os animais CCR4-/- submetidos à sepse grave (grupo

L) possuem uma reação inflamatória sistêmica mais branda do que nos animais WT

provavelmente devido a uma melhor resposta inflamatória local.

0

2

4

6

8

10

12

14

WT CCR4 -/-SL L SL L

*

**

Neu

tróf

ilos

(x 1

03ce

lúla

s / m

g de

pul

mão

)

Figura 20. Determinação do infiltrado neutrofílico pela atividade da MPO.

Animais WT e CCR4-/- foram eutanaziados após 6 horas de terem sido submetidos

a sepse grave (L; n=5) ou moderada (SL; n=5). O pulmão foi obtido para determinar

a atividade da enzima mieloperoxidase (MPO). ** p<0,01 comparado ao grupo L dos

animais WT.

43

4.6. Quantificação de citocinas sistêmicas.

Como os animais CCR4-/- apresentam uma menor inflamação pulmonar, em

seguida, quantificamos as quantidades de TNF-α e IL-10 presentes no plasma após

6 horas da cirurgia nos animais WT e CCR4-/- submetidos ao Sham, SL ou L. No

sangue de animais CCR4-/- dos grupos Sham e SL podemos observar quantidades

de TNF-α (Figura 21A) e IL-10 (Figura 21B) mais altas do que nos animais WT,

apesar de não serem estatisticamente diferentes. No grupo L dos CCR4-/- havia

uma menor quantidade das citocinas IL-10 e TNF-α quando comparado ao grupo L

dos animais WT. Esses dados sugerem uma participação do CCR4 no controle da

produção de TNF-α e IL-10 na resposta inflamatória da sepse grave. A menor

liberação destes mediadores inflamatórios pode ter influenciado para a maior

sobrevida observada nos animais deficientes de CCR4.

Sham SL L Sham SL L0

20

40

60

80

100

WT CCR4-/-

TN

F- α

(p

g/m

l)

ShamSL L Sham SL L0

200

400

600

800

1000

WT CCR4-/-

*IL-1

0 (p

g/m

l)

A B

Figura 21. Quantificação de citocinas no plasma de animais sépticos.

Animais WT e CCR4-/- foram eutanaziados 6 horas após serem submetidos ao

grupo L (n=6), SL (n=6) ou falsos operados (Sham, n=4). O sangue foi coletado

contendo anticoagulante e centrifugado para obtenção do plasma. As amostras

foram quantificadas por ELISA para (A) TNF-α e (B) IL-10. Os dados foram

representativos de 2 experimentos e expressos como média ± EPM. * p< 0,05

quando comparado ao grupo L dos WT.

44

4.7. Avaliação do leucograma e celularidade da medula óssea.

Como controle dos nossos experimentos, avaliamos se os animais CCR4-/-

possuem diferenças na quantidade de neutrófilos presentes no sangue e na medula

óssea, podendo influenciar na migração celular e na contenção da infecção. Para tal,

foi feita a análise da celularidade do sangue e da medula óssea por microscopia

óptica. A porcentagem e o número de neutrófilos observados entre os animais

CCR4-/- e WT não apresentaram diferença no esfregaço de sangue (Figura 22A) e

nem na medula óssea (Figura 22B). Visto que não houve diferenças na quantidade

de neutrófilos entre os animais CCR4-/- e WT podemos sugerir que o aumento da

migração de células para o foco infeccioso após 6 horas da cirurgia nos CCR4-/- não

se deve a alterações na produção dos neutrófilos nestes animais.

WT CCR4 -/-0

10

20

30

40

% d

e N

eutr

ófi

los

WT CCR4 -/-0

1

2

3

4

5

6

7

8

Neu

tró

filo

s

(x10

6 c

élul

as /

fêm

ur )

A B

Figura 22. Leucograma e contagem de neutrófilos na medula óssea.

O sangue e a medula óssea de animais WT e CCR4-/- foram coletados. (A) As

células no esfregaço sanguíneo foram diferenciadas pela morfologia em

microscopia. (B) A medula óssea destes animais foram citocentrifugadas e coradas

para análise da contagem diferencial através da morfologia. Os dados foram

representativos de 2 experimentos e expresso como média ± EPM (n=3 / grupo).

45

4.8. Presença das células Tregs no sangue periférico e órgãos linfóides

durante a sepse grave.

Diversos modelos experimentais demonstram que a presença das células

Tregs (CD4+Foxp3+) no local pode regular a magnitude da resposta imune contra a

infecção. Dessa forma, fomos investigar o papel do CCR4 sobre a localização

destas células no sangue periférico e nos diferentes tecidos linfóides durante a

sepse. No sangue, observamos que as porcentagens de células Tregs do grupo

sepse grave CCR4-/- estavam elevadas em relação aos outros grupos (Figura 23A).

Este aumento foi de 45% nas porcentagens de células Tregs no sangue entre os

grupos CLP do CCR4-/- e os WT. Os animais WT submetidos à sepse grave (CLP)

não apresentaram diferenças entre os grupos CLP e Sham, diferente do observado

nos animais CCR4-/-.

No baço, o aumento na porcentagem de células Tregs entre os grupos CLP

dos animais CCR4-/- e WT foi de 70% (Figura 23B). O linfonodo não apresentou

diferenças nas porcentagens de células Tregs entre os grupos CLP do CCR4-/- e

WT (apenas uma discreta redução de 4%). Mas quando comparamos entre os

grupos CLP e Sham, os animais CCR4-/- apresentaram menor aumento do que

observado nos animais WT (Figura 23C). Os aumentos observados no baço e no

sangue, mas não no linfonodo, dos animais CCR4-/- do grupo CLP em relação aos

WT podem estar contribuindo para um controle de uma resposta inflamatória

sistêmica exarcebada e conseqüentemente, favorecendo a sobrevida.

46

1° dia

A

B

C

Figura 23. População de células Tregs no sangue periférico, baço e linfonodo

mesentérico 1 dia após a cirurgia. Animais WT e CCR4-/- foram eutanaziados 1

dia após a cirurgia, as células foram marcadas para CD4 e Foxp3 e analisadas por

citometria de fluxo. (A) O sangue coletado foi marcado, os eritrócitos foram retirados

com solução de lise e então as células foram fixadas. (n=4 /grupo). (B) O baço foi

macerado, os eritrócitos foram retirados com solução de lise, as células marcadas e

depois fixadas. (n=3-4 /grupo) (C) O linfonodo mesentérico foi macerado, marcado e

0.0

2.5

5.0

7.5

10.0

12.5

15.0

WT

Sham CLP Sham CLP

CCR4 -/-

% d

e cé

lula

s C

D4+

Fo

xp3+

0

1

2

3

4

5

6

7

WT

Sham CLP Sham CLP

CCR4 -/-

% d

e cé

lula

s C

D4+

Fo

xp3+

0.0

0.5

1.0

1.5

2.0

2.5

3.0

WT

Sham CLP Sham CLP

CCR4 -/-

% d

e cé

lula

s C

D4+

Fo

xp3+

C

47

fixado. (n=3-4 /grupo). O conjunto de dot plot (esquerda) representa uma amostra de

cada grupo e o gráfico (direita) foi expresso como média ± EPM.

4.9. Sobrevida dos animais WT e CCR4-/- submetidos ao CLP ou Sham

operados desafiados com conídios de ASP.

Com o intuito de caracterizar a imunossupressão pós-sepse grave,

desafiamos os animais CCR4-/- e WT após 4 dias do CLP ou Sham-operados com

7,5x107 conídios de ASP. O desafio com um patógeno é uma ferramenta importante

para demonstrar a susceptibilidade à infecção secundária. Após o desafio

(considerado como dia zero), a sobrevida foi acompanhada por 7 dias. Os animais

do grupo Sham do WT e CCR4-/- apresentaram 100% de sobrevivência nos três

primeiros dias após o desafio, mas apenas 22% dos animais do grupo Sham do

CCR4-/- morreram no quarto dia após o desafio. Os animais do grupo CLP dos WT

apresentaram uma redução significativa na sobrevivência, a sua taxa de sobrevida

foi de 34%. O grupo CLP dos CCR4-/- apresentou 90% de sobrevida e não foi

diferente dos grupos Sham de ambas as linhagens (Figura 24). Portanto, os animais

CCR4-/- submetidos a sepse grave possuem maior resistência frente a infecções

secundárias por conídios de ASP comparados aos animais WT pós-sépticos.

48

0 1 2 3 4 5 6 70

20

40

60

80

100

*

CCR4-/- Sham (n=9)

WT Sham (n=7)

WT CLP (n=9)

CCR4-/- CLP (n=11)

Dias após a infecção secundária

% s

obre

vida

Figura 24. Curva de sobrevida dos animais WT e CCR4-/- desafiados com ASP

depois de submetidos ao CLP ou Sham-operados. Animais WT e CCR4-/- foram

submetidos ao CLP ou Sham-operados e tratados com antibióticos 6, 24 e 48 horas

após a cirurgia. Quatro dias após a cirurgia, os animais foram desafiados i.t. com

7,5x107 conídios de ASP. A partir deste dia (dia 0), a mortalidade foi acompanhada

por 7 dias. * p< 0,01 comparados aos grupos Sham dos WT e CCR4-/- e ao grupo

CLP dos CCR4-/-.

4.10. Avaliação da migração celular para o pulmão frente a um estímulo

infeccioso.

Para caracterizarmos a resposta imune dos animais CCR4-/- frente à infecção

secundária, analisamos a migração celular para o espaço broncoalveolar e a

integridade do tecido pulmonar. A análise foi realizada 14 e/ou 48 horas após o

desafio com o fungo. Primeiramente, fomos avaliar a migração celular nos animais

após 14 horas (Figura 25A) e 48 horas (Figura 25B) do desafio com o fungo (barra

preta) ou após administração de salina como controle (barra branca). Após 14 e 48

horas do desafio, a migração de neutrófilos induzida pelo fungo não foi diferente

entre os grupos CLP dos animais WT e dos CCR4-/-, embora o grupo CLP dos

CCR4-/- tenha apresentado uma ligeira diminuição na migração de neutrófilos

quando comparado ao grupo CLP dos WT. Por outro lado, o grupo CLP dos animais

49

WT apresentou aumento da migração de neutrófilos para o BAL quando comparado

ao grupo Sham, tanto 14 ou 48 horas após o desafio. Este aumento não foi

observado nos animais CCR4-/-. Portanto, os nossos dados sugerem que a

migração celular para o BAL é similar entre as linhagens. Este fato não parece ser

importante na participação da resistência dos animais CCR4-/- frente a uma infecção

secundária.

0

10

20

30

40

50

Sham CLP

WT CCR4 -/-Sham CLP

neu

tró

filo

s

(x10

5 c

élu

las

/ ca

vid

ade)

0

10

20

30

40

50Salina

ASP

Sham CLP

WT CCR4 -/-Sham CLP

neu

tró

filo

s

(x10

5 c

élu

las

/ ca

vid

ade)

A B

Figura 25. Migração de neutrófilos para o BAL após 14 ou 48 horas do desafio

com ASP ou salina em animais submetidos ou não ao CLP. Animais WT e

CCR4-/- foram submetidos ao CLP ou Sham. Após 4 dias da cirurgia, os animais

foram desafiados i.t. com 7,5x107 conídios de ASP (barra preta) ou salina (barra

branca). O BAL foi coletado após 14 horas (A) e 48 horas (B) do desafio (n = 1-3 /

grupo).

4.11. Análise histológica do pulmão de animais WT e CCR4-/-

submetidos à sepse e desafiados com ASP.

Para avaliarmos a integridade do pulmão dos animais WT e CCR4-/-, o órgão

foi recolhido após 48 horas do desafio e congelado. O pulmão do grupo CLP dos

50

animais CCR4-/- apresentou um menor infiltrado inflamatório em volta dos vasos e

menor espessamento dos septos dos alvéolos quando comparados ao grupo CLP

dos animais WT. Também observamos que ambos os grupos Sham dos animais WT

e CCR4-/- apresentaram pequeno infiltrado celular, porém sem diferenças aparentes

entre estes grupos (Figura 26). Os pulmões dos animais CCR4-/- apresentam

melhor integridade estrutural e menor influxo celular. Estes fatores podem ter um

papel importante na resistência à infecção secundária.

Figura 26. Analise histológica do pulmão de animais WT e CCR4-/- desafiados

com ASP. Animais WT e CCR4-/- foram submetidos ao CLP ou Sham. Após 4 dias

da cirurgia, os animais foram desafiados i.t. com 7,5x107 conídios de ASP. O pulmão

foi coletado e congelado após 48 horas do desafio (n = 3-4 / grupo). Os cortes foram

de 5 µm de espessura e corados por H&E. Aumento utilizado foi de 20X. As setas

vermelhas indicam regiões com infiltrado celular.

WT

CCR4-/-

Sham CLP

51

4.12. Presença das células Tregs no sangue periférico e órgãos linfóides

5 dias após CLP.

A maior resistência dos animais CCR4-/- durante a fase inicial da sepse grave

parece estar relacionada com as alterações nas porcentagens das células Tregs

CD4+Foxp3+ no sangue, no baço e no linfonodo. Para avaliarmos se, assim como na

fase aguda da sepse, o CCR4 pode influenciar a população das células Tregs pelos

órgãos linfóides, fomos analisar a presença destas células Tregs CD4+Foxp3+ no

sangue, baço e no linfonodo mesentérico 5 dias após a cirurgia. Um perfil distinto na

disposição das células Tregs nos órgãos linfóides pode estar participando na

supressão da resposta imune e influenciando na resistência dos camundongos

CCR4-/- ao ASP.

No sangue periférico 5 dias após a cirurgia, observamos que os animais

CCR4-/- do grupo CLP apresentaram uma redução de 17% de células Tregs em

relação ao grupo CLP dos WT. Nos grupos Sham não observamos diferenças

(menor que 1%) entre o CCR4-/- e o WT (Figura 27A). No baço observamos um

aumento de 45% de células CD4+Foxp3+ do grupo CLP dos animais CCR4-/- em

relação aos WT. Entretanto, as porcentagens de células Tregs do grupo Sham tanto

dos CCR4-/- como dos WT apresentaram-se elevadas em relação ao grupo do CLP

(Figura 27B). No linfonodo mesentérico, também observamos um aumento de 30%

na porcentagem de células CD4+Foxp3+ do grupo CLP dos animais CCR4-/- em

relação aos WT (Figura 27C). Porém, nenhuma das diferenças foi estatisticamente

significativa.

Visto que a disposição das células Tregs encontradas não apresentaram

alterações nos animais CCR4-/-, o nosso grupo foi avaliar a presença direta das

células Tregs no tecido pulmonar.

52

5° dia

A

B

C

Figura 27. Presença de células Tregs no sangue periférico, baço e linfonodo

mesentérico após 5 dias da cirurgia. Animais WT e CCR4-/- foram eutanaziados 5

dias após a cirurgia e as células foram marcadas para CD4 e Foxp3 e analisadas

por citometria de fluxo. (A) O sangue coletado foi marcado, os eritrócitos foram

retirados com solução de lise e então as células foram fixadas. (n=4 /grupo). (B) O

baço foi macerado, os eritrócitos foram retirados com solução de lise, as células

marcadas e depois fixadas. (n=3-4 /grupo) (C) O linfonodo mesentérico foi

macerado, marcado e fixado. (n=3-4 /grupo). O conjunto de dot plot (esquerda)

WT

CCR4-/-

Sham CLP

Sham CLP Sham CLP0.00

0.25

0.50

0.75

1.00

1.25

1.50

WT CCR4 -/-

% d

e cé

lula

s C

D4+

Fo

xp3+

CCR4-/-

WT

Sham CLP Sham CLP0.0

0.5

1.0

1.5

2.0

2.5

3.0

3.5

4.0

4.5

WT CCR4 -/-

% d

e cé

lula

s C

D4+

Fo

xp3+

WT

CCR4-/-

Sham CLP Sham CLP0

1

2

3

4

5

6

7

8

WT CCR4 -/-

% d

e cé

lula

s C

D4+

Fo

xp3+

Foxp3

53

representa uma amostra de cada grupo e o gráfico (direita) foi expresso como média

± EPM.

4.13. Presença de células Tregs no pulmão de animais pós-sépticos

desafiados com ASP ou salina.

O próximo passo foi avaliar a presença de células Tregs no pulmão dos

animais WT e CCR4-/-, e se o perfil a ser observado se correlaciona com a

resistência a imunossupressão. Após 72 horas do desafio com ASP ou salina

(Controle), o pulmão de animais WT e CCR4-/- submetidos ao Sham ou CLP foram

retirados e digeridos com colagenase para obtenção de uma suspensão celular.

Cada grupo foi incubado com anticorpos conjugados a esferas magnéticas contra

CD4 a fim de purificarmos as células CD4+ para analisar as células CD4+Foxp3+ por

citometria de fluxo.

Nos grupos de animais que receberam salina como controle (Figura 28A),

observamos um aumento da porcentagem de células Treg nos grupos CLP

comparado ao grupo Sham, em ambas as linhagens, embora nos animais CCR4-/- a

porcentagem de células Tregs foram menores quando comparados aos animais WT.

Mas quando desafiamos os animais com ASP (Figura 28B) observamos que a

porcentagem de células Tregs do grupo CLP dos animais CCR4-/- aumentou em

relação aos animais WT. E ainda observamos que a proporção de células Tregs

diminuiu no grupo CLP comparado ao Sham dos animais WT. Os nossos dados

sugerem que o aumento de células Tregs no local de infecção após 3 dias do

desafio com ASP poderiam estar favorecendo a uma resposta contra o fungo e

participando na sobrevida. A partir destes dados, fomos então investigar a função

das células Tregs.

54

Figura 28. Presença de Tregs no pulmão de animais WT e CCR4-/- submetidos

ao CLP e desafiados com ASP. Animais WT e CCR4-/- foram submetidos ao CLP

ou Sham. Após 4 dias da cirurgia, os animais foram desafiados i.t. com salina (A) ou

7,5x107 conídios de ASP (B). Após 3 dias do desafio, um “pool” dos pulmões foram

unidos em uma única amostra e digeridos por colagenase IV. As células CD4 foram

purificadas por imunomagnetos e analisada para CD4+Foxp3+ por citometria de

fluxo. O conjunto de dot plot (esquerda) representa uma amostra de cada grupo com

o porcentual de CD4+Foxp3+ expresso e este valor foi expresso em gráfico (direita).

55

4.14. Inibição da migração de neutrófilos para o espaço broncoalveolar

via Tregs obtidas de animais WT e CCR4-/- submetidos ou não ao CLP.

Para avaliarmos a função das células Tregs “in vivo” sobre a migração de

leucócitos a um foco infeccioso, desafiamos os animais com 5x107 conídios de ASP

i.t. e co-injetamos células Tregs obtidas dos animais WT e CCR4-/- submetidos ao

CLP ou Sham-operados.

Os animais que receberam somente o desafio com o ASP tiveram um grande

aumento do número de neutrófilos para o espaço broncoalveolar. Os animais que só

receberam salina (grupo SAL) não apresentaram migração, como esperado. Quando

os animais foram desafiados com o ASP e receberam células Tregs obtidas do

grupo CLP dos animais CCR4-/- não observamos uma inibição da migração de

neutrófilos para o local, nem de mononucleares (dados não mostrados). Entretanto,

os animais que receberam células Tregs do grupo CLP dos WT apresentaram uma

clara inibição da migração de neutrófilos (Figura 29). Animais que receberam células

Tregs provenientes do grupo Sham do WT e CCR4-/- não foram capazes de inibir a

migração de células (dados não mostrados). Esses dados sugerem que as Tregs do

grupo CLP dos animais CCR4-/- não apresentam atividade supressora no que diz

respeito a inibição da migração de neutrófilos para o espaço broncoalveolar.

56

0.0

0.5

1.0

1.5

ASPSAL

Tregs obtidas de:

CCR4 CLP

+ Treg:

*

WT CLP

Neu

tróf

ilos

(x10

5 cél

ulas

/cav

idad

e)

Figura 29. Migração de neutrófilos para o lavado broncoalveolar de animais

desafiados com ASP na presença ou ausência das células Tregs. Células Tregs

foram obtidas de animais WT ou CCR4-/- após 4 dias de serem submetidos ao CLP

ou Sham. Animais recipientes WT foram divididos em 4 diferentes grupos. Um grupo

foi desafiado i.t. com salina e os outros com 5x107 conídios de ASP. Cada grupo de

animais que receberam ASP também receberam concomitantemente salina ou co-

injeções de 5x104 células Tregs CD4+CD25+ obtidas dos seguintes grupos: do grupo

CLP dos WT ( , n= 6) e do grupo CLP dos CCR4-/- ( ; n = 6). Após 24 horas do

desafio, fizemos o BAL e analisamos a contagem total e diferencial de leucócitos,

distinguindo em células mononucleares ou neutrófilos. O gráfico representa o

número de neutrófilos na cavidade expresso como média ± EPM. * p=0,0571 quando

comparado ao grupo de animais que receberam células Tregs do grupo CLP dos

CCR4-/- e p<0,05 quando comparado ao grupo que recebeu somente ASP.

57

4.15. Inibição da migração de neutrófilos “in vitro” via Treg obtidas de

animais WT e CCR4-/- submetidos ou não ao CLP.

Para investigarmos qual o papel do CCR4 na inibição direta das células Tregs

de animais pós-sépticos sobre os neutrófilos realizamos um ensaio de migração “in

vitro”. Neutrófilos isolados da medula óssea de um animal selvagem e células Tregs

obtidas de grupos CLP e Sham de animais WT e CCR4-/- foram pré-incubados e

depois colocados para migrar numa câmara de quimiotaxia. As células Tregs obtidas

de animais CCR4-/- do grupo CLP apresentaram uma fraca capacidade de inibir a

migração de neutrófilos quando comparado com células Tregs provenientes dos

animais WT do grupo CLP. Os neutrófilos incubados com células Tregs provenientes

dos animais WT do grupo Sham também não inibiram a migração do neutrófilo frente

a um gradiente quimiotático potente como o LTB4 (Figura 30).

58

0

4

8

12

16

20

24

RPMI

Tregs obtida de:

WT Sham

CCR4 CLP

+ TregSuperior

LTB4

WT CLP

Inferior

RPMI RPMIPoço

Inde

x qu

imio

tátic

o

Figura 30. Inibição da migração de neutrófilos “in vitro” via Tregs obtidas de

animais WT e CCR4-/-. Neutrófilos obtidos da medula óssea de animais WT foram

pré-incubados por 2 horas a 37°C com células Tregs CD4+CD25+ obtidas de animais

do grupo Sham ( ) ou CLP ( ) dos WT ou células do grupo CLP ( ) dos animais

CCR4-/-, na razão de 40 vezes. Após a pré-incubação, as células foram incubadas

em placas de 24 poços por 2 horas a 37°C frente ao LTB4. Como controle negativo

( ), os neutrófilos foram pré-incubados com apenas RPMI e incubados para migrar

sem um agente quimiotático. No controle positivo ( ), os neutrófilos foram pré-

incubados com RPMI e incubados para migrar frente ao LTB4. A migração de

neutrófilos foi avaliada pela contagem de células que migraram para o poço inferior

(n=2). O index quimiotático foi calculado através de cada valor obtido dividido pela

média dos valores do controle negativo. Os resultados foram expressos no gráfico

como média ± EPM.

59

4.16. Inibição da produção de ROS por neutrófilos estimulados com PMA

pelo SN de Tregs obtidas de animais WT e CCR4-/- submetidos ou não ao CLP.

Para investigarmos o mecanismo de ação das células Tregs sobre as funções

dos neutrófilos, estes obtidos da medula óssea de animais WT foram pré-incubados

por 2 horas com o SN das células Tregs obtidas do grupo Sham ou CLP de animais

WT ou CCR4-/- por 18 horas. Em seguida, os neutrófilos foram estimulados com

PMA para induzir a produção de ROS, o qual marcamos através de uma sonda

fluorescente. A quantificação de ROS gerada foi realizada por citometria de fluxo.

O SN das células Tregs obtidas do grupo Sham de ambas as linhagens e do

grupo CLP dos animais CCR4-/- não apresentaram uma forte inibição na produção

de ROS dos neutrófilos estimulados quando comparados ao SN das células Tregs

obtidas de animais WT do grupo CLP. O SN deste grupo apresentou uma inibição de

quase 100% em relação aos neutrófilos sem estímulo (Figura 31). Assim, o

sobrenadante obtido das células Tregs dos animais CCR4-/- pós-sépticos não

parece apresentar um fator solúvel capaz de modular a produção de ROS em

neutrófilos estimulados com PMA, como foi observado para os neutrófilos incubados

no sobrenadante das células Tregs dos animais pós-sépticos WT.

60

CTL - CTL+ Sham CLP Sham CLP0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

WT CCR4 -/-

RO

S(M

FI)

Figura 31. Inibição da produção de ROS pelo sobrenadante de cultura de

células Tregs. Neutrófilos obtidos de medula óssea foram pré-incubados com o

sobrenadante diluído 20 vezes por 2 horas a 37°C obtidos de cultura de Tregs

CD4+CD25+ provevientes de animais do grupo Sham ( ) ou CLP ( ) dos WT ou de

células do grupo Sham ( ) ou CLP ( ) dos animais CCR4-/-. Em seguida, os

neutrófilos foram estimulados com PMA por mais 2 horas. Depois da incubação, as

células foram centrifugadas e incubadas com CM-H2DCFDA para quantificar a

produção de ROS em citometria de fluxo. Como controle negativo ( ) ou positivo (

), os neutrófilos foram incubados na ausência ou presença de PMA,

respectivamente. Os resultados foram expressos pelo valor do MFI encontrado.

61

5. Discussão

Embora existam muitas controvérsias no campo da sepse, é bastante

uniforme o pensamento de que essa síndrome é extremamente complexa devido ao

envolvimento de muitos sistemas, tecidos, tipos celulares e mediadores

inflamatórios. Muitos modelos animais têm sido usados para estudar a fisiopatologia

da sepse, com o objetivo de mimetizar as alterações observadas na sepse humana

(OSUCHOWSKI et al., 2006).

O modelo experimental murino de sepse utilizado pelo nosso grupo, CLP, que

consiste em 9 perfurações no ceco (BENJAMIM et al., 2003), nos permitiu investigar

o papel do CCR4 na sepse grave. Os nossos dados corroboram com dados da

literatura demonstrando que animais CCR4-/- são mais resistentes a baixas e altas

doses de LPS (CHVATCHKO et al., 2000), e ao Pam3Cys (NESS et al., 2006).

Mesmo sem o tratamento com antibióticos, os animais CCR4-/- possuem maior taxa

de sobrevivência por um tempo maior que os WT, os quais apresentam uma

mortalidade de 80 a 100% dentro das primeiras 48 horas após a cirurgia (dados não

mostrados). Momentos antes da primeira dose de antibiótico, 6 horas após a

cirurgia, foi observado que os animais CCR4-/- não apresentavam sinais aparentes

de endotoxemia como os WT, sintomas como letargia, olhos com secreções e

taquipnéia. A ausência do CCR4 preveniu o aparecimento destes sinais e a

evolução para um quadro séptico característico.

O processo inflamatório gerado pelo CLP induz a uma série de eventos

determinantes na sobrevida dos animais sépticos. Um evento importante é a

migração de neutrófilos para o foco infeccioso. BENJAMIM et al., 2000

demonstraram que animais submetidos a uma sepse grave apresentam falência na

migração de neutrófilos para cavidade peritoneal favorecendo a disseminação da

infecção, sendo determinante para o desfecho desfavorável com alta mortalidade.

Assim, a migração de neutrófilos para cavidade peritoneal é inversamente

proporcional ao número de perfurações no ceco. Também foi demonstrado que

62

neutrófilos obtidos de pacientes sépticos apresentam falhas na migração em câmara

de boyden e esse fato está diretamente relacionado com a gravidade e mortalidade

dos pacientes (TAVARES-MURTA et al., 2002). Nossos dados demonstraram que

nos animais CCR4-/- o número de neutrófilos obtido na cavidade peritoneal

aumentou significativamente, mostrando que não houve falência de migração como

nos animais WT.

Um importante parâmetro de gravidade na sepse é o número de bactérias

presentes na cavidade peritoneal de camundongos submetidos ao CLP. Se o foco

infeccioso não for contido pela defesa do organismo durante as primeiras horas após

a cirurgia, as bactérias migram para o sangue e atinge outros tecidos, como o

pulmão. O modelo de sepse moderada (SL) é um estímulo bem menos agressivo,

pois o volume de material fecal que entra na cavidade peritoneal é menor que o

modelo de sepse grave (L). A menor quantidade de bactérias na cavidade peritoneal

dos animais CCR4-/- provavelmente se deve ao grande número de neutrófilos

recrutados. Estas células tem um papel central na eliminação dos patógenos. Neste

contexto, a infecção contida na cavidade peritoneal impede a disseminação de

bactérias para o sangue. Em animais WT que demonstraram falência de neutrófilos

para a cavidade peritoneal, observamos grande quantidade de bactérias na

cavidade e na circulação, devido ao ineficaz controle da infecção. Os animais Sham,

tanto de animal WT como do CCR4-/-, apresentaram uma migração basal para a

cavidade devido ao processo cirúrgico recente e não foram detectadas bactérias

presentes na cavidade peritoneal ou no sangue. Um estudo em animais TLR9-/-

submetidos ao CLP demonstrou que estes animais possuem um grande número de

granulócitos e DC no peritônio e que estas células são importantes no controle da

infecção. A transferência de DC dos animais TLR9-/- é capaz de proteger o animal

WT do CLP e aumentar o número de neutrófilos na cavidade (PLITAS et al., 2008).

Os nossos dados mostram que o grande número de neutrófilos recrutados para a

cavidade peritoneal de animais CCR4-/- foi importante para conter a infecção e

impedir que as bactérias se disseminassem para o sangue, aumentando a sobrevida

dos animais operados. Assim como o CCR4, os CCR1, 2 e 5 são receptores que

também participam na migração de células num modelo de peritonite aguda

(SPEYER et al., 2004).

63

Um outro evento importante na resposta inflamatória durante a sepse grave é

a liberação exacerbada de mediadores inflamatórios, dentre elas citocinas e

quimiocinas, tanto no local como sistemicamente. Alguns trabalhos correlacionam a

presença de altas concentrações de algumas citocinas e quimiocinas com um papel

prejudicial no controle da infecção. WALLEY et al, 1997 demonstraram que

elevadas concentrações da quimiocina MIP-2 no peritônio estava correlacionada

com o agravamento da severidade da sepse (WALLEY et al., 1997). Em nosso

trabalho os animais CCR4-/- apresentaram menores concentrações de MIP-2 na

cavidade peritoneal, embora essa diferença não seja significativa em relação ao

grupo WT. Nossos dados corroboram com os dados da literatura de que a baixa

concentração de MIP-2 no peritônio nos animais CCR4-/- foi favorável para que

estes animais não desenvolvam um quadro grave de sepse. Outra hipótese é que

esta ligeira diminuição na produção de MIP-2 dos animais CCR4-/- após 6 horas da

cirurgia poderia ser devido aos animais CCR4-/- eliminarem mais rapidamente o foco

infeccioso e por isto apresentarem uma menor liberação deste mediador.

Assim como o MIP-2, o TNF-α produzido pelos animais CCR4-/- nos grupos

submetidos à sepse moderada e grave estava em menor quantidade no peritônio

quando comparado aos WT. Estes dados sugerem que estas citocinas e quimiocinas

pró-inflamatórias estão sendo produzidas e controladas no local e quando está em

menor quantidade desempenham um papel favorável no processo inflamatório. A IL-

10, uma citocina anti-inflamatória, também se apresentou reduzida nos animais

CCR4-/- quando submetidos à sepse moderada, porém elevada quando submetidos

a uma sepse grave. Este dado também nos sugere que a IL-10 no peritônio possui

um papel protetor na sepse grave.

A infecção local pode disseminar de tal modo que em órgãos como o pulmão,

rins e fígado é possível encontrar bactérias. A presença de bactérias nestes órgãos

induz a migração de neutrófilos para estes tecidos. Embora os neutrófilos não

migrem para o foco infeccioso na sepse grave, eles aderem a microcirculação de

órgãos distantes do foco infeccioso, como fígado, rins e pulmões. Esse fator

contribui para lesão tecidual, falência múltipla de órgãos e morte do hospedeiro

(COLLIN et al., 2004). Para determinar a presença de infiltrado de neutrófilos nos

64

pulmões dosamos a atividade da enzima mieloperoxidase, uma enzima específica

presente nos neutrófilos, no extrato pulmonar de animais WT e CCR4-/- submetidos

à sepse moderada ou grave. A presença de um menor infiltrado neutrofílico

pulmonar nos animais CCR4-/- demonstra mais uma vez que esses animais são

mais resistentes a inflamação sistêmica. Os animais CCR4-/- não desenvolveram

uma disseminação bacteriana de tamanha intensidade capaz de afetar este órgão.

É importante mencionar que grandes quantidades de citocinas no local da

infecção possuem um importante papel na ativação e recrutamento de leucócitos

sanguíneos para o sítio inflamatório com conseqüente controle do foco infeccioso.

Todavia, as mesmas citocinas são deletérias quando presentes em altas

concentrações na circulação, pois provocam a falência da migração de neutrófilos

para o sítio infeccioso e induzem alterações cardiovasculares que resultam no

choque com posterior hipoperfusão (BENJAMIM; FERREIRA & CUNHA, 2000;

BENJAMIM et al., 2002). Uma menor concentração de citocinas plasmáticas nos

animais CCR4-/- submetidos a sepse grave indica uma resposta mais favorável, o

que se correlaciona com uma maior sobrevivência.

Corroborando com os nossos dados, OSUCHOWSKI et al., 2006

demonstraram elevadas quantidades de citocinas plasmáticas pró-inflamatórias (IL-

6, TNF, IL-1β, KC, MIP-2, MCP-1 e eotaxina) e anti-inflamatórias (receptores

solúveis de TNF, IL-10, receptores antagonista da IL-1) em animais que morreram

de um quadro séptico agudo (nos 4 primeiros dias). Também foi demonstrado que

as quantidades de IL-10 estão diretamente correlacionadas com a severidade da

inflamação e o desenvolvimento de falência de órgãos no choque séptico (Friedman,

1997 #398). Assim, o TNF-α e a IL-10 são citocinas que podem servir de

marcadores da intensidade da resposta inflamatória sistêmica. De forma similar,

maiores quantidades do fator inibidor da migração de macrófagos (MIF) se

correlacionam com letalidade na sepse murina e humana (BOZZA et al., 1999;

BOZZA et al., 2004). Portanto, a falta do CCR4, e a conseqüente redução de

mediadores inflamatórios na circulação, mostrou-se favorável para o organismo

controlar e impedir a exarcebação de uma resposta inflamatória sistêmica na sepse

grave.

65

Algumas desordens ou mecanismos compensatórios podem surgir em

modelos de animais deficientes. A maior migração de neutrófilos observada nos

animais CCR4-/- poderia ser em parte decorrente de alterações na sua produção na

medula óssea. Quando fomos avaliar a celularidade destes animais observamos que

não apresentaram diferenças nas porcentagens de neutrófilos presentes no sangue

ou na medula. Isto confirma a nossa hipótese de que os animais CCR4-/-

apresentaram uma resposta inflamatória mais eficiente e provavelmente mais rápida,

e não devido a alterações na quantidade de células em condições basais.

Além da resposta no foco infeccioso, o encontro do patógeno e seus

antígenos com as células do sistema imunitário acontecem nos órgãos linfóides

periféricos como o sangue e outros tecidos periféricos. Diversas células, como os

linfócitos, estão recirculando no organismo e passam continuamente pelos órgãos

linfóides. O baço e o linfonodo mesentérico são os tecidos linfóides que drenam a

região acometida pela infecção no modelo do CLP. Dentre os linfócitos envolvidos

na resposta ao CLP, as células Tregs tem sido descritas como células importantes

no controle da resposta imune frente a diferentes estímulos infecciosos (WALKER &

ROTONDO, 2004). As células Tregs presentes podem ser ativadas por produtos de

microrganismos ou moléculas pró-inflamatórias que estão sendo liberadas pelo

hospedeiro (RUDENSKY & CAMPBELL, 2006). A disposição das células Tregs no

sangue, baço e no linfonodo mesentérico poderiam então estar influenciando o perfil

de migração e ativação de outras células e a evolução da sepse grave. Além disso,

o nosso interesse nas Tregs durante a sepse em animais CCR4-/- é devido as Tregs

expressarem o receptor CCR4, e esse receptor ser importante para a migração

desse tipo celular para o foco da inflamação (LEE et al, 2005). Ainda, não existe

nenhum dado na literatura sobre o papel desse receptor na ativação da Treg e na

participação dessa célula na resposta inata e na imunossupressão pós-sepse grave.

As porcentagens das células Tregs no sangue como no baço parecem estar

aumentadas no grupo CLP do CCR4-/- em relação ao WT durante a sepse. Esse

fato pode estar relacionado a uma maior resistência do animal CCR4-/- frente a

sepse grave, favorecendo uma menor inflamação sistêmica. Este fenômeno poderá

66

ser melhor explorado com um maior número de animais e uma análise mais

criteriosa em diferentes tempos.

O papel das Tregs em modelos de infecção é controverso. Alguns trabalhos

indicam que as células CD4+CD25+ não são capazes de aumentar a sobrevida dos

animais em diferentes modelos de infecção (STEINHAUSER et al., 1999;

SAKAGUCHI, 2003; SCUMPIA et al., 2006; SUFFIA et al., 2006; ZAKRZEWSKI et

al., 2006; ANDERSON et al., 2007). Por outro lado, a transferência adotiva de

células Tregs CD4+CD25+ estimuladas in vitro com anti-CD3 e anti-CD28 em animais

submetidos ao CLP melhorou a sobrevida e diminuiu a quantidade de CFU presente

no sítio de infecção (HEUER et al., 2005). Uma das conseqüências da sepse é o

quadro de imunossupressão observado em pacientes e animais pós-sépticos. Esses

pacientes que se recuperam apresentam alto índice de mortalidade no período de

um ano. Dos pacientes acometidos de sepse grave que obtiveram alta, 80%

faleceram em um período de 8 anos por causas não sépticas, mas devido a doenças

inflamatórias como câncer, problemas cardiovasculares e pulmonares (PERL et al.,

1995; QUARTIN et al., 1997). Os nossos resultados demonstram que a ausência do

CCR4 tem um papel favorável na sobrevida frente a uma infecção secundária, pois

os animais CCR4 -/- não desenvolveram uma resposta inflamatória inicial excessiva

e também não demonstraram um quadro de imunossupressão pós-séptica.

As primeiras células a chegarem ao pulmão em uma infecção fúngica são os

neutrófilos. Os animais CCR4-/- parecem responder de forma semelhante aos

animais WT pós-sépticos, embora o número de animais utilizados neste ensaio

tenha sido baixo para afirmarmos estes resultados. Ainda assim, os nossos dados

sugerem que a migração celular para o BAL não parece explicar a resistência destes

animais ao ASP. Dados anteriores demonstraram que as células dos animais

submetidos ao CLP produzem mediadores pró-inflamatórios (citocinas e

quimiocinas), porém não conseguem combater a infecção secundária, sugerindo

uma falha na atividade microbicida das células inflamatórias (BENJAMIM et al.,

2003).

Um dos tecidos acometidos pela sepse é o pulmão, especialmente devido ao

desenvolvimento do edema alveolar que representa apenas uma das manifestações

67

da resposta sistêmica (MALLOY et al., 1997). Mesmo após 48 horas da cirurgia,

constatou-se que animais sépticos sofrem um aumento da celularidade no tecido

pulmonar juntamente com espessamento do septo alveolar (ROCCO et al., 2001).

Em animais desafiados com ASP, diferente do observado para a migração celular

para o BAL, os pulmões dos CCR4-/- apresentaram menor influxo celular devido a

um processo de eliminação mais rápido do ASP enquanto o grupo CLP dos animais

WT não conseguem eliminar a infecção desencadeando uma resposta celular

intensa. Esses dados sugerem que os camundongos WT sépticos são suscetíveis à

IPA e que a incapacidade do sistema imune de resolver a infecção não está

associada á capacidade fagocítica e sim à incapacidade dos leucócitos de matarem

os conídios do fungo (BENJAMIM et al., 2003). Na sepse, a inflamação persistente

composta por neutrófilos nos alvéolos correlaciona com alta mortalidade (MATUTE-

BELLO et al., 1997).

Em conjunto, os nossos dados até o momento sugerem que a resistência dos

animais CCR4-/- à infecção pelo ASP não parece ser decorrente de um maior

recrutamento de neutrófilos para o tecido pulmonar ou para o BAL, já que estes

apresentaram influxo celular menor ou similar. A resistência do CCR4-/- a infecção

secundária tão pouco parece sofrer influência do aumento de células Tregs nos

órgãos linfóides após 5 dias da cirurgia ou na circulação.

Um estudo recente demonstrou que a presença das células CD4+Foxp3+ na

cavidade pleural é importante na susceptibilidade de animais BALB/C a L.

sigmodontis, pois estas células afetam a capacidade do animal em reduzir a carga

parasitária (TAYLOR et al., 2007). Esse mesmo trabalho demonstrou que a

presença das células Tregs no local neste tipo de infecção era importante. Então

com base neste trabalho avaliamos se as células Tregs poderiam migrar diretamente

para o pulmão de animais WT e causar uma supressão da resposta local,

favorecendo ao patógeno e prejudicando a sobrevida do animal. Diferente dos

órgãos linfóides, no pulmão dos animais CCR4-/- observamos uma menor

porcentagem de células Tregs quando comparado aos animais WT submetidos ao

CLP sem o desafio com o fungo. Isto poderia explicar a resposta imune mais

eficiente dos CCR4-/- no combate ao fungo nos pulmões. Entretanto, quando os

68

animais CCR4-/- foram desafiados com ASP, observamos um aumento das células

Tregs no pulmão comparado ao animal WT pós-séptico. Com base neste dado,

sugerimos que o aumento de células Tregs no pulmão dos animais CCR4-/- poderia

estar modulando uma resposta intensa do sistema imune frente a infecção com

ASP, o que evitaria danos teciduais e a falência funcional. Fato que poderia explicar

os dados da histologia, onde foi mostrado redução do influxo celular para o pulmão

dos animais desafiados com ASP.

Além de avaliarmos quantitativamente as células Tregs no sangue, pulmão e

tecidos linfóides, determinamos a capacidade supressora das células Tregs sobre

outras células inflamatórias. As células Tregs podem modular a resposta imune

contra infecções pela inibição da migração de células mononucleares e neutrófilos

para o sítio inflamatório. Estudos in vitro já haviam demonstrado que o LPS induz

nas células Tregs CD4+CD25+ aumento da capacidade supressora e a sua

sobrevivência/proliferação (CARAMALHO et al., 2003). Em nosso modelo

experimental, os animais desafiados com fungo que receberam as células Tregs dos

animais CCR4-/- submetidos ao CLP não apresentaram inibição da migração dos

neutrófilos para o foco infeccioso, fato observado para as Tregs dos animais

selvagens. Além disso, para excluirmos a possibilidade de um efeito indireto das

células Tregs, estas foram incubadas diretamente com os neutrófilos. Nos animais

WT observamos que a migração dos neutrófilos realmente foi inibida pelas células

Tregs, enquanto que as Tregs dos animais CCR4-/- não inibiram a migração. Os

nossos dados sugerem que o receptor CCR4 na sepse grave é importante para a

capacidade supressora das células Tregs quanto ao efeito na migração de

neutrófilos para o foco infeccioso. Logo, a redução de infiltrado leucocitário

observado no pulmão dos animais CCR4-/- após desafio com ASP não se deve a

uma atividade supressora das Tregs, com sugerimos anteriormente.

Em 2006, foi demonstrado que as células Tregs podem afetar a função e a

sobrevivência dos neutrófilos. As células Tregs ativadas por LPS podem promover a

apoptose, inibir a produção de ROS e a liberação de citocinas dos neutrófilos. Essa

inibição foi parcialmente dependente de IL-10 e TGF-β (LEWKOWICZ et al., 2006).

Durante a resposta inflamatória exacerbada existe uma grande quantidade de LPS

69

capaz de ativar as células Tregs. Isto acontece principalmente nos animais WT,

enquanto que nos animais CCR4-/- que conseguem conter a infecção e impedir a

evolução da sepse não observamos um caráter supressor nas Tregs pós-sépticas.

Estudos anteriores demonstraram que assim como os neutrófilos no pulmão,

os macrófagos alveolares desempenham um papel central contra conídios de ASP e

que a fagocitose dos conídios pelos macrófagos não está alterada na

imunossupressão induzida por corticosteróides (in vivo e in vitro). Entretanto, as

ROS são essenciais para eliminar os conídios após terem sido fagocitados pelos

macrófagos (IBRAHIM-GRANET et al., 2003). E de acordo com dados anteriores do

nosso grupo foi demonstrado que camundongos sépticos são suscetíveis ao ASP e

que a incapacidade do sistema imune de resolver a infecção não está associada á

capacidade fagocítica, e sim à incapacidade dos leucócitos de eliminarem os

conídios do fungo (BENJAMIM et al., 2003).

Podemos inferir com base em nossos dados que os neutrófilos incubados

com o sobrenadante das células Tregs dos animais CCR4-/- não tiveram sua

produção de ROS inibida. Mais um dado que sugere que essas células Tregs não

adquiriram capacidade supressora. Este resultado também sugere que existe algum

fator solúvel liberado pelas Tregs dos WT pós-sépticos, e não pelas Tregs dos

CCR4-/-, que inibe a produção de ROS nos neutrófilos.

Com base em todos os nossos resultados apresentados, a nossa hipótese,

como mostrado na Figura 32, propõe que a falta do CCR4 melhora a resposta inata

tornando-a mais eficiente para conter a infecção no local, impedindo sua

disseminação a outros órgãos. A ausência dessa intensa resposta inflamatória

aguda durante a sepse nos CCR4-/- parece ser importante para que as células

Tregs não adquiram um caráter supressor numa resposta pós-sepse. A falta dessa

capacidade supressora dessas células deve contribuir para que os animais CCR4-/-

não desenvolvam uma imunossupressão tardia e respondam quando desafiados a

um segundo insulto. As células Tregs dos CCR4-/- não inibem a migração de

neutrófilos para o foco infeccioso ou afetam a geração de ROS, o que torna esses

camundongos CCR4-/- resistentes e capazes de eliminar o fungo através da

ativação de seus neutrófilos.

70

Fig

ura

32.

Im

po

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nci

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ão

.

71

6. CONCLUSÕES

1. Os animais CCR4-/- foram mais resistentes a sepse grave e não

apresentaram um perfil de imunossupressão 4 dias após o CLP quando desafiados

com A. fumigatus.

2. A resposta inata dos CCR4-/- demonstrou melhor capacidade de conter

o processo inflamatório no modelo de CLP grave, através de uma melhor contenção

da disseminação bacteriana.

3. Os animais CCR4-/- não apresentaram o desenvolvimento de uma

resposta inflamatória sistêmica exacerbada como os animais WT.

4. O aumento da porcentagem de células Tregs nos animais CCR4-/-

parece influenciar a sobrevida na fase inicial da sepse, entretanto o número de

Tregs na fase pós-sepse não parece explicar a resistência dos CCR4-/- à infecção

secundária.

5. As células Tregs dos animais CCR4-/- submetidos à sepse grave não

apresentam uma capacidade de supressão in vivo e in vitro sobre a migração

neutrófilos ou a geração de ROS por estas células.

Este trabalho demonstra o envolvimento do CCR4 desde a fase inicial da

sepse até a evolução da imunossupressão pós-sepse. O melhor entendimento do

papel deste receptor durante a sepse grave contribui para o desenvolvimento de

possíveis intervenções terapêuticas que possam levar uma melhora no quadro

clínico, um aumento na sobrevida dos pacientes na sepse e ainda, impedir o

desenvolvimento de um quadro de imunossupressão a longo prazo. Além disso, o

estudo sugere a participação essencial do CCR4 sobre a migração das células

Tregs e sobre possíveis mecanismos de inibição sobre outras células inflamatórias.

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81

8. ARTIGO I:

82

ATLa, an Aspirin-Triggered Lipoxin A4 Synthetic Analog, Prevents the

Inflammatory and Fibrotic Effects of Bleomycin-Induced Pulmonary Fibrosis1

Vanessa Martins*, Samuel S. Valença†, Francisco A. Farias-Filho‡, Raphael

Molinaro Coelho*, Rafael Loureiro Simões§, Tatiana Paula Teixeira Ferreira‡, Patrícia

M. R. e Silva‡, Cory M. Hogaboam||, Steven L. Kunkel||, Iolanda M. Fierro§, Claudio

Canetti2¶, and Claudia F. Benjamim2,3*

*Departamento de Farmacologia Básica e Clínica-ICB and ¶Instituto de Biofísica Carlos

Chagas Filho, Universidade Federal do Rio de Janeiro, and †Departamento de Histologia e

Embriologia and §Departamento de Farmacologia e Psicobiologia, IBRAG, Universidade do Estado do

Rio de Janeiro, and ‡Laboratório de Inflamação, Instituto Oswaldo Cruz, FIOCRUZ, Rio de Janeiro,

Brazil. ||Department of Pathology, University of Michigan, Ann Arbor, MI, USA.

Running title: Reversal of Lung Fibrosis by Lipoxin Analog ATLa

Keywords: Lipoxin; fibrosis; inflammation

Footnotes:

1 This work was supported by Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq),

Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) and Fundação

Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ).

2 C.C. and C.F.B. contributed equally to this work.

83

Dear Prof. Benjamim:

Your manuscript titled "ATLa, an Aspirin-Triggered Lipoxin A4 Synthetic

Analog, Prevents the Inflammatory and Fibrotic Effects of Bleomycin-Induced

Pulmonary Fibrosis" is acceptable for publication in The Journal of Immunology

contingent upon revision.

Please see the comments below, which contain a summary of the concerns

that were raised by our referees. Please provide a point-by-point reply that indicates

how you have revised your manuscript to address each of these comments.

Should you decide not to revise your manuscript in response to a specific

comment, please justify your decision in detail. It is important that you address each

of these issues, either through revision or rebuttal, in order to increase the likelihood

the manuscript can be published by The Journal of Immunology. A thorough and

reasoned response to the referees' comments will help to complete the review

process as quickly as possible. Please note a revised manuscript not returned within

nine months of the date of the decision letter will be considered as NEW and will be

subject to a complete review.

Upon resubmission, you will need to upload a Word file of the manuscript,

marked to indicate changes. Please use yellow highlighting or red-colored font to

mark changes. Do not show deletions, because if the manuscript is accepted, this

version will be immediately sent for publication. You will also need to upload

publication-quality figures, preferably in TIFF or EPS format. Please check your

manuscript carefully, especially for the common errors in the checklists below. Please

be advised that changes at page-proof stage, other than correcting errors introduced

at copy-editing, may result in the manuscript needing to be returned to the editors

and thus delay publication.

Thank you for submitting your manuscript to The Journal of Immunology.

Sincerely,

Jeremy M. Boss, Ph.D.

84

Editor-in-Chief, The Journal of Immunology

Comments from Reviewer #2:

The manuscript by Martins et al is much improved. I have only the following

minor points to raise:

1. I suggest that the ALX Figure in the response to my comments be included

in the manuscript or as supplemental data. The authors should incorporate these

findings into the Results and Discussion sections.

2. The authors' state findings on CD8 and NK 1.1 positive cells in new results

but these data are not included in the revised manuscript. Either the numbers should

be provided in the Results section or a new Figure provided. Ok not to show the

dendritic cell data that was unchanged with ATLa.

3. The authors have changed ATL-1 to ATLa in the text and Figure legends,

but the Figures still show only ATL-1. This should also be changed to ATLa to match

the text.

4. I think the paragraph crafted in response to query 5 is appropriate for

inclusion in the Discussion (as written in the revised text).

5. There are still numerous problems with grammatical errors throughout the

manuscript.

Comments from the Deputy Editor:

Important work. The comments can be dealt with by text modifications. Please

have the paper edited by a native English speaker.

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