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regime disciplinar do regime disciplinar do regime disciplinar do regime disciplinar do pessoal docente e do pessoal docente e do pessoal docente e do pessoal docente e do pessoal não docente pessoal não docente pessoal não docente pessoal não docente Manual de apoio aos estabelecimentos de educação e de ensino I- Conceitos e procedimentos inspecção regional de educação

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regime disciplinar do regime disciplinar do regime disciplinar do regime disciplinar do pessoal docente e do pessoal docente e do pessoal docente e do pessoal docente e do pessoal não docentepessoal não docentepessoal não docentepessoal não docente

Manual de apoio aos

estabelecimentos de estabelecimentos de

educação e de ensino

I- Conceitos e

procedimentos

inspecção regional de educação

Homologado por Sua Excelência o Secretário Homologado por Sua Excelência o Secretário Homologado por Sua Excelência o Secretário Homologado por Sua Excelência o Secretário Regional de Educação e Cultura em 30/11/2007, Regional de Educação e Cultura em 30/11/2007, Regional de Educação e Cultura em 30/11/2007, Regional de Educação e Cultura em 30/11/2007,

� Ficha Técnica:

Título: Regime Disciplinar do pessoal Docente e do Pessoal Não Docente – Manual de apoio aos estabelecimentos de educação e ensinoI- Conceitos e Procedimentos

Autoria: Inspecção Regional de Educação

Data: 2007

Inspecção Regional de EducaçãoRua da Ponte Nova, 19, 3º9050-440 Funchal

Telefone: 291 002 020Fax. 291 002 048Correio electrónico: [email protected]ítio da Internet: www.madeira-edu.pt/ire

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________INSPECÇÃO REGIONAL DE EDUCINSPECÇÃO REGIONAL DE EDUCINSPECÇÃO REGIONAL DE EDUCINSPECÇÃO REGIONAL DE EDUCAAAAÇÃOÇÃOÇÃOÇÃO

Regime disciplinar do pessoal docente Regime disciplinar do pessoal docente Regime disciplinar do pessoal docente Regime disciplinar do pessoal docente e não docente e não docente e não docente e não docente –––– manual de apoio manual de apoio manual de apoio manual de apoio IIII---- Conceitos e procedimentos Conceitos e procedimentos Conceitos e procedimentos Conceitos e procedimentos

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ÍNDICEÍNDICEÍNDICEÍNDICE IntroduçãoIntroduçãoIntroduçãoIntrodução......................................................................................................................................................3

1. Âmbito de aplicaçãoÂmbito de aplicaçãoÂmbito de aplicaçãoÂmbito de aplicação ..................................................................................................................................4 2. Poder disciplinar2. Poder disciplinar2. Poder disciplinar2. Poder disciplinar........................................................................................................................................4 3. Infracção disciplinar3. Infracção disciplinar3. Infracção disciplinar3. Infracção disciplinar...................................................................................................................................4 4. Deveres Gerais4. Deveres Gerais4. Deveres Gerais4. Deveres Gerais .........................................................................................................................................6 5. Responsabilida5. Responsabilida5. Responsabilida5. Responsabilidade disciplinarde disciplinarde disciplinarde disciplinar.....................................................................................................................7

6. Penas disciplinares6. Penas disciplinares6. Penas disciplinares6. Penas disciplinares ...................................................................................................................................8 6.1. A repreensão escrita6.1. A repreensão escrita6.1. A repreensão escrita6.1. A repreensão escrita ..............................................................................................................................8 6.2. A multa6.2. A multa6.2. A multa6.2. A multa ...................................................................................................................................................9 6.3. A suspensão6.3. A suspensão6.3. A suspensão6.3. A suspensão...........................................................................................................................................9 6.4. A inactividade6.4. A inactividade6.4. A inactividade6.4. A inactividade .........................................................................................................................................9 6.6.6.6.5. A aposentação compulsiva e a demissão5. A aposentação compulsiva e a demissão5. A aposentação compulsiva e a demissão5. A aposentação compulsiva e a demissão............................................................................................10

6.6. A cessação da comissão de serviço para o pessoal dirigente6.6. A cessação da comissão de serviço para o pessoal dirigente6.6. A cessação da comissão de serviço para o pessoal dirigente6.6. A cessação da comissão de serviço para o pessoal dirigente ............................................................10 7. Efeitos das pe7. Efeitos das pe7. Efeitos das pe7. Efeitos das penasnasnasnas....................................................................................................................................11 7.1. Pena de suspensão7.1. Pena de suspensão7.1. Pena de suspensão7.1. Pena de suspensão..............................................................................................................................11 7.2. Pena de inactividade7.2. Pena de inactividade7.2. Pena de inactividade7.2. Pena de inactividade............................................................................................................................11 7.7.7.7.3. Pena de cessação da comissão de serviço3. Pena de cessação da comissão de serviço3. Pena de cessação da comissão de serviço3. Pena de cessação da comissão de serviço.........................................................................................11

7.4. Pena de aposentação compulsiva7.4. Pena de aposentação compulsiva7.4. Pena de aposentação compulsiva7.4. Pena de aposentação compulsiva .......................................................................................................12 7.5. Pena de demissão7.5. Pena de demissão7.5. Pena de demissão7.5. Pena de demissão................................................................................................................................12 8. Medida e Graduação das penas8. Medida e Graduação das penas8. Medida e Graduação das penas8. Medida e Graduação das penas .............................................................................................................12 9. Suspensão e prescrição das penas9. Suspensão e prescrição das penas9. Suspensão e prescrição das penas9. Suspensão e prescrição das penas ........................................................................................................13 9.1. A s9.1. A s9.1. A s9.1. A suspensão das penas e seus requisitos legaisuspensão das penas e seus requisitos legaisuspensão das penas e seus requisitos legaisuspensão das penas e seus requisitos legais ................................................................................13 9.2. A prescrição das penas9.2. A prescrição das penas9.2. A prescrição das penas9.2. A prescrição das penas........................................................................................................................13

10. Pessoal Docente e Não Docente10. Pessoal Docente e Não Docente10. Pessoal Docente e Não Docente10. Pessoal Docente e Não Docente ..........................................................................................................14 10.1.Noção10.1.Noção10.1.Noção10.1.Noção ..................................................................................................................................................14 10.2. Deveres do pessoal docente e não docente10.2. Deveres do pessoal docente e não docente10.2. Deveres do pessoal docente e não docente10.2. Deveres do pessoal docente e não docente......................................................................................14 10.3. Respons10.3. Respons10.3. Respons10.3. Responsabilidade disciplinarabilidade disciplinarabilidade disciplinarabilidade disciplinar..............................................................................................................14 10.4. Competência para instauração de processo disciplinar10.4. Competência para instauração de processo disciplinar10.4. Competência para instauração de processo disciplinar10.4. Competência para instauração de processo disciplinar ....................................................................14

10.5. Competência para a instrução do pro10.5. Competência para a instrução do pro10.5. Competência para a instrução do pro10.5. Competência para a instrução do processo disciplinarcesso disciplinarcesso disciplinarcesso disciplinar .....................................................................15 10.6. Suspensão preventiva10.6. Suspensão preventiva10.6. Suspensão preventiva10.6. Suspensão preventiva........................................................................................................................16 10.7. Competência para aplicação das penas disciplinares10.7. Competência para aplicação das penas disciplinares10.7. Competência para aplicação das penas disciplinares10.7. Competência para aplicação das penas disciplinares.......................................................................17 11. O processo de averiguações11. O processo de averiguações11. O processo de averiguações11. O processo de averiguações ................................................................................................................17 11.1. Competência para instauração do processo de averiguações11.1. Competência para instauração do processo de averiguações11.1. Competência para instauração do processo de averiguações11.1. Competência para instauração do processo de averiguações..........................................................17 11.2. Competência para instrução do processo de averiguações11.2. Competência para instrução do processo de averiguações11.2. Competência para instrução do processo de averiguações11.2. Competência para instrução do processo de averiguações..............................................................18

11.3. Competência para decisão do processo de averiguações11.3. Competência para decisão do processo de averiguações11.3. Competência para decisão do processo de averiguações11.3. Competência para decisão do processo de averiguações ................................................................18 12. Os processos de inquérito e de sindicância12. Os processos de inquérito e de sindicância12. Os processos de inquérito e de sindicância12. Os processos de inquérito e de sindicância .........................................................................................18 12.1. Competência para instauração do processo12.1. Competência para instauração do processo12.1. Competência para instauração do processo12.1. Competência para instauração do processo .....................................................................................19

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Regime disciplinar do pessoal docente Regime disciplinar do pessoal docente Regime disciplinar do pessoal docente Regime disciplinar do pessoal docente e não docente e não docente e não docente e não docente –––– manual de apoio manual de apoio manual de apoio manual de apoio IIII---- Conceitos e procedimentos Conceitos e procedimentos Conceitos e procedimentos Conceitos e procedimentos

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12.2. Compe12.2. Compe12.2. Compe12.2. Competência para instrução do processotência para instrução do processotência para instrução do processotência para instrução do processo .........................................................................................19 12.3. Competência para decisão do processo12.3. Competência para decisão do processo12.3. Competência para decisão do processo12.3. Competência para decisão do processo............................................................................................19 13. O procedimento disciplinar13. O procedimento disciplinar13. O procedimento disciplinar13. O procedimento disciplinar....................................................................................................................20 13.1 Noção13.1 Noção13.1 Noção13.1 Noção ..................................................................................................................................................20

13.2. Forma13.2. Forma13.2. Forma13.2. Forma .................................................................................................................................................21 13.3. Natureza secreta13.3. Natureza secreta13.3. Natureza secreta13.3. Natureza secreta ................................................................................................................................21 13.4. A constituição de advogado13.4. A constituição de advogado13.4. A constituição de advogado13.4. A constituição de advogado ...............................................................................................................22 13.5. Prescrição do procedimento disciplinar13.5. Prescrição do procedimento disciplinar13.5. Prescrição do procedimento disciplinar13.5. Prescrição do procedimento disciplinar .............................................................................................22

a) A prescrição de longo prazo (três anos).............................................................................................22 b) A prescrição de curto prazo (três meses)...........................................................................................22

c)A prorrogação penal da prescrição em processo disciplinar...............................................................23 d) A prescrição por inexistência de actos de instrução ..........................................................................25 e) A suspensão da prescrição ................................................................................................................25 f) Os efeitos da infracção continuada ou permanente na prescrição .....................................................25

14. Processo por falta de assiduidade14. Processo por falta de assiduidade14. Processo por falta de assiduidade14. Processo por falta de assiduidade ........................................................................................................26

14.1. Âmbito de aplicação14.1. Âmbito de aplicação14.1. Âmbito de aplicação14.1. Âmbito de aplicação...........................................................................................................................26 14.2. Processo14.2. Processo14.2. Processo14.2. Processo.............................................................................................................................................26 15. Recursos15. Recursos15. Recursos15. Recursos ...............................................................................................................................................27 15.1. Noção15.1. Noção15.1. Noção15.1. Noção .................................................................................................................................................27 15.2. Espécies15.2. Espécies15.2. Espécies15.2. Espécies.............................................................................................................................................27 15.3. Tramitação do Recurso Hierárquico15.3. Tramitação do Recurso Hierárquico15.3. Tramitação do Recurso Hierárquico15.3. Tramitação do Recurso Hierárquico ..................................................................................................27

16. O processo de reabilitação16. O processo de reabilitação16. O processo de reabilitação16. O processo de reabilitação....................................................................................................................29 16.1. Noção16.1. Noção16.1. Noção16.1. Noção .................................................................................................................................................29 16.2. Competência para decisão16.2. Competência para decisão16.2. Competência para decisão16.2. Competência para decisão ................................................................................................................29 17. O processo de revisão17. O processo de revisão17. O processo de revisão17. O processo de revisão ..........................................................................................................................30 17.1. Noção17.1. Noção17.1. Noção17.1. Noção .................................................................................................................................................30

17.2. Requisitos. 17.2. Requisitos. 17.2. Requisitos. 17.2. Requisitos. Prazo para decisão. Legitimidade para o pedidoPrazo para decisão. Legitimidade para o pedidoPrazo para decisão. Legitimidade para o pedidoPrazo para decisão. Legitimidade para o pedido............................................................30 17.3 Tramitação do processo de revisão17.3 Tramitação do processo de revisão17.3 Tramitação do processo de revisão17.3 Tramitação do processo de revisão ....................................................................................................31 17.4 Efeitos da revisão procedente17.4 Efeitos da revisão procedente17.4 Efeitos da revisão procedente17.4 Efeitos da revisão procedente.............................................................................................................31 18. Aplicação de pena de repreensão escrita sem dependência de processo18. Aplicação de pena de repreensão escrita sem dependência de processo18. Aplicação de pena de repreensão escrita sem dependência de processo18. Aplicação de pena de repreensão escrita sem dependência de processo ..........................................32

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Regime disciplinar do pessoal docente Regime disciplinar do pessoal docente Regime disciplinar do pessoal docente Regime disciplinar do pessoal docente e não docente e não docente e não docente e não docente –––– manual de apoio manual de apoio manual de apoio manual de apoio IIII---- Conceitos e procedimentos Conceitos e procedimentos Conceitos e procedimentos Conceitos e procedimentos

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IntroduçãoIntroduçãoIntroduçãoIntrodução De acordo com o Estatuto da Carreira Docente e, bem como com os Regimes Jurídicos do

Pessoal não docente das unidades de educação pré-escolar e das escolas de ensino básico e de

ensino secundário e do pessoal não docente das creches e jardins-de-infância, a competência para a instauração dos processos de acção disciplinar ao pessoal docente e ao pessoal não docente não pertencente aos órgãos de administração e gestão das escolas é da responsabilidade dos respectivos estabelecimentos de educação ou de ensino, cabendo, aos directores, aos presidentes dos conselhos executivos e directores executivos, a nomeação dos instrutores, cumpridos que estejam os requisitos

previstos nos respectivos regimes jurídicos Aplica-se, assim, a regra contida no artigo 51º do Estatuto Disciplinar dos Funcionários e

Agentes da Administração Central, Regional e Local (ED), aprovado pelo Decreto-Lei nº 24/84, de 26 de Janeiro, de que quem instaura o processo nomeia o respectivo instrutor, sendo a instauração da competência dos órgãos de administração e gestão dos respectivos estabelecimentos de educação e de ensino.

Com este manual, pretendemos disponibilizar aos instrutores nomeados pelas escolas algumas informações e minutas consideradas essenciais para a instrução dos processos, contribuindo assim para um procedimento disciplinar rigoroso, de modo a garantir uma maior uniformização de procedimentos e um melhor nível da eficiência e eficácia no trabalho do instrutor.

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Regime disciplinar do pessoal docente Regime disciplinar do pessoal docente Regime disciplinar do pessoal docente Regime disciplinar do pessoal docente e não docente e não docente e não docente e não docente –––– manual de apoio manual de apoio manual de apoio manual de apoio IIII---- Conceitos e procedimentos Conceitos e procedimentos Conceitos e procedimentos Conceitos e procedimentos

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1. Âmbito de aÂmbito de aÂmbito de aÂmbito de aplicaçãoplicaçãoplicaçãoplicação

Determina o artigo 1º do Estatuto Disciplinar (DL nº 24/84, de 16 de Janeiro) que os funcionários e agentes da Administração Central, Regional e Local ficam abrangidos pelos seus normativos, excepcionando o âmbito de aplicação deste diploma aos funcionários e agentes que

possuam um estatuto especial, como é o caso dos juízes, militares, etc. De acordo com o estabelecido no Estatuto da Carreira Docente (ECD) e nos regimes jurídicos

do pessoal não docente das unidades incluídas ou não em estabelecimentos de ensino básico onde se realiza a educação pré-escolar e dos estabelecimentos de ensino básico e secundário da rede pública e do pessoal não docente das creches, jardins de infância e infantários da rede pública, o referido estatuto disciplinar (ED) é aplicável quer ao pessoal docente, quer ao pessoal não docente,

com as adaptações que cada um desses regimes jurídicos estabelece.

2. 2. 2. 2. Poder disciplinarPoder disciplinarPoder disciplinarPoder disciplinar

No que diz respeito à sujeição ao poder disciplinar, a regraregraregraregra é a de que «Os funcionários e

agentes ficam sujeitos ao poder disciplinar desde a data da sua posse ou, se esta não for exigida, desde a data do início do exercício de funções» (nº1 do artigo 5º do ED), ou seja, a regra da sujeição ao poder disciplinar está intimamente ligada à permanência do vínculo funcional. Tal sujeição inicia-se com o estabelecimento desse vínculo e cessa quando o mesmo vínculo se quebra. Deste modo, é disciplinarmente responsável quem serve e enquanto serve a função pública e unicamente por factos

consumados durante o respectivo exercício. Note-se, contudo, que o funcionário ou agente poderá ser perseguido por factos ocorridos

anteriormente à data da posse ou do início do exercício de funções sempre que tais factos ocasionem procedimento criminal e o ilícito em causa gere incapacidade para o exercício de funções públicas (artigos 6º e 7º do ED). A excepçãoexcepçãoexcepçãoexcepção a esta regra do nº1 está contida no nº2 do referido preceito, que determina que se o funcionário vier a ser exonerado ou mudar de situação, poderá sempre vir a ser

punido pelas infracções cometidas durante o exercício de funções. As penas disciplinares previstas nas alíneas b) a f) do nº2 do artigo 11º do ED que vierem a

ser aplicadas são executadas logo que os funcionários ou agentes voltem à actividade ou passem à situação de aposentados (nº3 do artigo 5º do ED).

Para a situação dos aposentados, as penas deverão ser substituídas nos termos disposto no

artigo 15º do ED.

3. 3. 3. 3. Infracção disciplinarInfracção disciplinarInfracção disciplinarInfracção disciplinar O legislador define a infracção disciplinar como «facto, ainda que meramente culposo,

praticado pelo funcionário ou agente com violação de alguns dos deveres gerais ou especiais

decorrentes da função que exerce» (nº1 do artigo 3º do ED). São quatro os elementos essenciais da infracção disciplinar, a saber:

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a)a)a)a) Sujeitos:Sujeitos:Sujeitos:Sujeitos: Os sujeitos activos da infracção disciplinar só podem ser os funcionários ou agentes,

considerando-se como tal os indivíduos que se encontram vinculados à Administração por uma relação de serviço.

O sujeito passivo dessa mesma relação e titular do interesse público será a entidade ou pessoa de direito público que é servida pelo funcionário.

b)b)b)b) ObjectoObjectoObjectoObjecto:

O objecto da infracção disciplinar é a relação facto-dever, ou seja, a consumação voluntária de um facto que agrida um dever.

Facto é a exteriorização de uma vontade, que pode traduzir-se num comportamento por acção ou num comportamento por omissão no cumprimento dos deveres, independentemente da produção dos resultados prejudiciais ao serviço.

A infracção disciplinar é meramente formal ou de simples conduta, i.e., não é necessária a verificação do resultado prejudicial ao serviço. Infringir disciplinarmente é desrespeitar um dever geral

ou especial decorrente da função que se exerce.

c)c)c)c) CulpabilidadeCulpabilidadeCulpabilidadeCulpabilidade: O legislador optou pela adopção do princípio da culpa, ou seja, englobando o dolo e a

negligência. Para que o agente seja censurado e considerado culpado é necessário averiguar se, no caso

em concreto, o agente é imputável (artigos 19º e 20º do Código Penal), se agiu com dolo ou com negligência (artigos 14º e 15º do Código Penal) e se não existem circunstâncias que tornem não exigível outro comportamento ao agente (causas de exclusão da culpa previstas nos artigos 35º, 37º, 17º/1, 17º/2, 16º/1 e 2, 20º do Código Penal).

d)d)d)d) Ilicitude:Ilicitude:Ilicitude:Ilicitude: O facto será ilícito disciplinarmente quando representar a violação dos valores superiormente

protegidos, com vista à boa e cabal realização do interesse público prosseguido pelos serviços do Estado.

As causas de exclusão da ilicitude estão previstas nos artigos 31º/1, 31º/2, conjugado com os artigos 32º e 33º/2, artigo 31º/2,b) conjugado com o artigo 34º, artigo 31º/2,c) conjugado com o artigo

36º e 31º/2d), conjugado com artigos 38º e 39º do Código Penal. Ao contrário do que sucede no Direito Penal onde vigora o princípio da tipicidade (que

consiste em descrever, de forma clara, precisa e rigorosa, a conduta ou o facto considerados criminalmente reprováveis), no Direito Disciplinar dos funcionários públicos vigora a atipicidade da infracção disciplinar: o ED não contém a descrição de todas as condutas consideradas ilícito

disciplinar, apenas indica as cláusulas gerais punitivas, exemplificando algumas dessas infracções.

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4. 4. 4. 4. Deveres GeraisDeveres GeraisDeveres GeraisDeveres Gerais O artigo 3º do ED faz referência aos deveres gerais e especiais. Os primeiros são os que

normalmente se impõem a todo o servidor público, qualquer que seja o serviço onde desempenhe funções. Os segundos são aqueles cujo cumprimento é exigido por cada serviço em particular,

variando consoante a sua natureza e a posição hierárquica do funcionário ou agente que está em causa.

De entre os deveres gerais, destaca-se o dever de o funcionário actuar no sentido de criar no público confiança, decorrente de dois princípios constitucionais:

- O princípio daprincípio daprincípio daprincípio da prossecução prossecução prossecução prossecução do interesse do interesse do interesse do interesse público público público público, prevista no artigo 266º, nº1 da CRP,

segundo o qual a actuação da A.P. se deve pautar pelo bem da comunidade; - O princípio da imparcialidadeprincípio da imparcialidadeprincípio da imparcialidadeprincípio da imparcialidade previsto no artigo 266º, nº2 CRP, segundo o qual todo o

servidor deve manter-se imparcial em todas as suas actuações; Os restantes deveres gerais, que contribuem para a concretização dos referidos princípios

constitucionais, encontram-se previstos no nº4 do mesmo preceito:

a) a) a) a) Dever de isençãoDever de isençãoDever de isençãoDever de isenção Trata-se de um dever que está relacionado com o valor da honestidade e que está

intimamente relacionado com o princípio da prossecução do interesse público. O funcionário tem obrigação de actuar com independência e atender todos por igual,

recusando o benefício de quaisquer vantagens por via da função que exerce e furtando-se a

interesses ou pressões particulares de qualquer natureza. Veja-se a título exemplificativo as previsões dos artigos 24º/1, al f), 25º/2 al.b) e 26º/4, al. b),

d) e f), 1ªparte do ED.

b) b) b) b) Dever de zeloDever de zeloDever de zeloDever de zelo O funcionário deve exercer as suas atribuições com eficiência e correcção. Deve procurar

instruir-se no conhecimento das normas regulamentares do serviço e das instruções dos seus superiores hierárquicos e aperfeiçoar a sua preparação técnica e métodos de trabalho. Da sua violação nasce a negligência ou incompetência profissional.

Exemplo: artigo 23º, nºs. 1 e 2ª) e e) e artigo 24º, nº 1 d) e e) do ED

c) c) c) c) Dever de obediênciaDever de obediênciaDever de obediênciaDever de obediência O servidor público tem por obrigação acatar e cumprir as ordens dos seus superiores

hierárquicos, desde que dadas em objecto de serviço e com a forma legal. Da sua violação nasce a desobediência. Fora da hierarquia não existe obediência.

A exclusão da responsabilidade disciplinar do subordinado prevista no artº 10º do ED só se verifica quando este cumpra ordem ilegal, mas antes tiver reclamado da mesma ou exigido a sua

transmissão por escrito (nº2 do artigo 271º da CRP) – Direito de respeitosa representação. Se o funcionário não obtiver resposta, deverá cumprir, a ordem emanada, contudo, não será responsabilizado pelo cumprimento da ordem recebida.

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Se acaso a ordem for para cumprir imediatamente, o funcionário poderá cumprir, mas proceder de imediato ao procedimento referido.

Quando esteja em causa a prática de um crime, este dever de obediência cessa (artigo 271º, nº3 da CRP, artigo 36º, nº2 do C. Penal e artigo 10º, nº5 do ED) e o funcionário não deve cumprir a

ordem. Exemplo: artigo 23º, nº 2 b) e 24º, nº 1 d) e e) do ED

d) d) d) d) Dever de leaDever de leaDever de leaDever de lealdadeldadeldadeldade O servidor público deve desempenhar as suas funções tendo em vista exclusivamente a

realização dos objectivos do serviço, na prossecução do interesse público.

Veja-se como exemplo o artº 26º, nº 2, alíneas b) e d) do ED.

e) e) e) e) Dever de sigiloDever de sigiloDever de sigiloDever de sigilo O dever de sigilo em sentido amplo está relacionado com o dever de segredo profissional e

com a inconfidência. A violação do dever de segredo profissional, que incide sobre matéria reservada

ou classificada é, em princípio, punida de forma mais grave, com demissão. A inconfidência pode ser punida com suspensão ou demissão, consoante se verifiquem ou não prejuízos materiais para o Estado ou para terceiro.

A este propósito analise-se os artigos 24º, nº 1, al. g) e 26º, nº 4, al. a) do ED.

f) f) f) f) Dever de correcçãoDever de correcçãoDever de correcçãoDever de correcção

O funcionário deve exercer as suas funções com total respeito (cortesia, boa educação, polidez e urbanidade) pelos utentes do serviço, colegas e superiores hierárquicos.

O ED prevê alguns exemplos: artigos 23º, nº 2, al. d), 25º, nº 2, al. a) e 26º, nº 2, al. a).

g) g) g) g) Dever de assiduidadeDever de assiduidadeDever de assiduidadeDever de assiduidade

O funcionário deve comparecer regular e continuamente ao serviço e deve servir bem durante as horas de trabalho que lhe são impostas. Da violação deste dever nasce a ausência ilegítima ou falta de assiduidade.

Exemplo: 26º, nº 2 h) do ED. h) h) h) h) Dever de pontualidadeDever de pontualidadeDever de pontualidadeDever de pontualidade

O funcionário deve cumprir integralmente os horários, deve comparecer ao serviço dentro das horas estipuladas.

Este dever, embora também diga respeito à comparência ao serviço, não se confunde com o anterior. Um funcionário pode ser assíduo mas não pontual e vice-versa.

5. 5. 5. 5. ResponsabilidadeResponsabilidadeResponsabilidadeResponsabilidade disciplinar disciplinar disciplinar disciplinar Segundo o artigo 2º do ED, os funcionários são disciplinarmente responsáveis perante os

seus superiores hierárquicos.

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A responsabilização disciplinar é a consequência da violação dos deveres por parte dos trabalhadores, sendo objectivo da a acção disciplinar a restauração do normal funcionamento dos serviços.

6. 6. 6. 6. Penas Penas Penas Penas disciplinardisciplinardisciplinardisciplinareseseses Aos funcionários e agentes apenas podem aplicadas as penas previstas nos nºs 1 e 2 do

artigo 11º do ED. A enumeração é taxativa, ou seja, quem goza do direito de punir tem à sua disposição apenas o rol de penas fixadas na lei: repreensão escrita, multa, suspensão, inactividade, aposentação compulsiva, demissão e cessação da comissão de serviço (artigos 22º a 27º do ED).

Segundo o disposto no nº3 do mesmo artigo, as penas aplicadas são sempre registadas no processo individual do funcionário ou agente.

No que diz respeito à amnistia, a lei prevê que os efeitos já produzidos da aplicação da pena não são destruídos (nº4 do artigo 11º do ED), contudo, tal situação deverá ser averbada no processo individual do funcionário ou agente. Mas se for decretada uma amnistia antes de ser aplicada a pena, o processo deverá ser arquivado, sem que tal conste no processo individual.

A caracterização e os efeitos das penas estão previstos nos artigos 12º e 13º do ED. O artigo 14º do ED consagra os princípios “non bis in idem” (a proibição da dupla punição pelo

mesmo facto) e da economia processual (apreciação global do comportamento do arguido no mesmo processo ou em processos reunidos no mesmo dossier).

A regra é, pois, a da aplicação de uma só pena disciplinar, quer para a situação de uma

infracção, quer para infracções acumuladas e apreciadas num só processo ou em processos apensados.

A excepção a esta regra é a aplicação da pena de cessação da comissão de serviço, que pode ser aplicada acessoriamente e em acumulação, nos casos em que à infracção disciplinar corresponde a uma censura igual ou superior à de multa (artigo 27º, nº2 do ED).

6.1. 6.1. 6.1. 6.1. A repreensão escritaA repreensão escritaA repreensão escritaA repreensão escrita

Segundo o artigo 22.º do ED, a repreensão escrita é aplicável a faltas leves ao serviço. Faltas leves são aquelas que não oferecem perturbação nos serviços, nem revelam falta de

diligência ou zelo por parte do funcionário infractor, mas que mesmo assim não devem ficar sem reparo.

A repreensão escrita consiste numa censura formal com vista à correcção do funcionário ou agente (artigo 12º do ED), aplica-se a faltas leves ao serviço e o respectivo registo pode ser suspenso, nos termos do nº3 do artigo 33º do ED.

O ED prevê a possibilidade de aplicação desta pena mediante um processo simplificado, que não exige a organização prévia de processo disciplinar, exigindo contudo a audiência e defesa do

arguido (artigo 38º do ED). Esta situação será tratada mais à frente. É susceptível de reabilitação um ano após a sua aplicação ou cumprimento da pena (artigo

84º, nº3, alínea a) do ED).

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Regime disciplinar do pessoal docente Regime disciplinar do pessoal docente Regime disciplinar do pessoal docente Regime disciplinar do pessoal docente e não docente e não docente e não docente e não docente –––– manual de apoio manual de apoio manual de apoio manual de apoio IIII---- Conceitos e procedimentos Conceitos e procedimentos Conceitos e procedimentos Conceitos e procedimentos

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6.2. 6.2. 6.2. 6.2. A multaA multaA multaA multa A multa encontra-se prevista no artigo 23.º do ED e é aplicável a casos de negligência e má

compreensão dos deveres funcionais. Entende-se que se aplica a situações sem gravidade. A pena de multa aplica-se aos funcionários que, no exercício das suas funções, não se

mostraram diligentes e cumpridores e que revelaram que não têm dos deveres funcionais um conhecimento suficientemente perfeito que lhes permita evitar situações prejudiciais ao serviço.

O nº2 do artigo 23º contém uma enumeração não taxativa, que deve ser conjugada com o conceito geral contido no nº1, ou seja, no corpo do artigo temos a cláusula genérica onde tudo o que pode consubstanciar um caso de negligência e má compreensão dos deveres funcionais pode ser

subsumido à previsão da pena de multa, constituindo as diversas alíneas do n.º 2 as tais exemplificações que muito auxiliam o instrutor a compreender correctamente estes conceitos, mas que não esgotam o elenco de situações enquadráveis nesta moldura.

A multa é fixada em quantia certa, não podendo exceder o quantitativo correspondente a uma vez e meia a totalidade das remunerações certas e permanentes do funcionário ou agente, com excepção do abono de família e prestações complementares à data da notificação do despacho

condenatório (artigo 12º, nº2 do ED). Só pode ser aplicada em processo disciplinar (artigo 38º, nº1 do ED).

É susceptível de reabilitação dois anos após a sua aplicação ou cumprimento da pena (artigo 84º, nº3, alínea b) do ED).

6.3. 6.3. 6.3. 6.3. A suspensãoA suspensãoA suspensãoA suspensão A pena de multa, a pena disciplinar de suspensão prevista no artigo 24º do ED, aplica-se a

situações de negligência ou incompreensão dos deveres funcionais que assumam alguma gravidade. É necessário considerar primeiramente a sua cláusula geral no nº 1 e posteriormente algumas

exemplificações constantes nas alíneas seguintes. Só pode aplicar-se em processo disciplinar.

Na suspensão estão indicados dois escalões, se assim podemos dizer: 20 a 120 dias, para os casos das alíneas a) a e); e 121 a 240 dias para os restantes casos.

É susceptível de reabilitação 3 anos após a sua aplicação ou cumprimento.

6.4. 6.4. 6.4. 6.4. A inactA inactA inactA inactividadeividadeividadeividade O artigo 25.º do ED refere-se ao campo de aplicação da pena de inactividade, que segundo o

nº5 do artigo 12º do mesmo estatuto, tem uma amplitude de 1 a 2 anos. Mais uma vez a lei prevê uma cláusula geral (infracções atípicas): «procedimento gravemente

atentatório da dignidade e prestígio do funcionário ou da função» e prevê nas diversas alíneas do nº2 algumas infracções típicas (enumeração exemplificativa).

Materializa-se no afastamento completo do arguido do serviço, enquanto estiver no cumprimento da pena.

Só pode ser aplicada em processo disciplinar (artigo 38º, nº1 do ED).

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É susceptível de reabilitação 5 anos após a sua aplicação ou cumprimento da pena (nº3, al.d) do artigo 84º do ED).

6.5. 6.5. 6.5. 6.5. A aposentação compulsiva e a demissãoA aposentação compulsiva e a demissãoA aposentação compulsiva e a demissãoA aposentação compulsiva e a demissão As penas expulsivas estão previstas no artigo 26º do ED e são aplicáveis aos funcionários

que, pelo seu comportamento, consumaram infracções disciplinares de tal gravidade que não mais é pensável mantê-los ao serviço público, verificando-se uma quebra incurável na relação funcional ou seja, estas penas só devem ter lugar em caso de comprovada inviabilização da manutenção da relação funcional.

Também esta pena só pode ser aplicada em processo disciplinar e essa demonstração de quebra de relação funcional tem que constar nos autos, caso contrário o tribunal pode vir a anular o acto punitivo.

Mais uma vez, estamos perante uma cláusula geral no n.º 1 e as exemplificações, que são abertas, no n.º 2 do referido artigo. Mas aqui como em todos os artigos anteriores, não basta que os factos se subsumam numa dessas exemplificações. É também necessário, para se aplicar a pena

expulsiva, como em todos os outros casos, que esse comportamento não seja visto divorciado da cláusula geral.

No caso do artigo em análise, tal significa que o comportamento assumido pelo arguido deve reflectir, traduzir, acarretar a impossibilidade de este se manter ao serviço, pois só assim se justifica a sua expulsão. A mesma doutrina tem pleno cabimento para a outra numeração exemplificativa contida

neste artigo, desta vez no seu n.º 4. Nos termos do n.º 3 deste artigo, provada que esteja a incompetência profissional ou a falta

de idoneidade moral para o exercício das funções, será o arguido aposentado compulsivamente. O n.º 5 deste mesmo artigo diz que se o arguido, devendo ser aposentado compulsivamente, não reunir para tal os requisitos mínimos exigidos no Estatuto da Aposentação, então será demitido. Na verdade, o artigo 37.º do Estatuto da Aposentação, no seu n.º 2, estabelece que a aposentação ordinária é

possível por aplicação de pena disciplinar, quando o arguido tem pelo menos 5 anos de serviço como subscritor da Caixa Geral de Aposentações.

Estas penas também são susceptíveis de reabilitação, 6 anos após a sua aplicação ou cumprimento.

6.6. 6.6. 6.6. 6.6. A cessação da comissão de serviço para o pessoal dirigenteA cessação da comissão de serviço para o pessoal dirigenteA cessação da comissão de serviço para o pessoal dirigenteA cessação da comissão de serviço para o pessoal dirigente Segundo o disposto no artigo 11º, nº2 do ED, ao pessoal dirigente pode ainda ser aplicada a

pena de cessação da comissão de serviço. Esta pena pode ser aplicada como pena autónoma ou como pena acessória, e visa censurar

comportamentos disciplinares relevantes assumidos pelo pessoal dirigente ou equiparado: Será aplicada como pena autónoma quando estejam em causa os comportamentos descritos no nº1 do

artigo 27º do ED; de acordo com o nº2 do artigo 27º do ED, esta pena é aplicada acessoriamente em todos os casos em que o dirigente seja punido com pena igual ou superior à pena de multa.

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7. Efeitos das penas7. Efeitos das penas7. Efeitos das penas7. Efeitos das penas Os efeitos das sanções disciplinares estão previstos no artigo 13º do ED e obedecem ao

princípio da taxatividade, ou seja, são só aqueles que a lei consagra, não se estabelecendo neste artigo qualquer efeito para a pena de repreensão escrita e para a pena de multa. Quanto às restantes

penas, a lei estipula o seguinte:

7.1. 7.1. 7.1. 7.1. Pena de suspensãoPena de suspensãoPena de suspensãoPena de suspensão A pena de Suspensão acarreta o não exercício da função durante o tempo de execução e, em

consequência:

- a perda durante o mesmo período das correspondentes remunerações; - a perda de igual tempo para efeitos de antiguidade e aposentação; - impossibilidade de gozar férias pelo período de um ano, a contar do termo do cumprimento

da pena ( com excepção dos punidos com a pena do 1ºescalão – 20 a 120 dias – que poderão gozar 10 dias de férias);

- se for atribuída no 2º escalão (121 a 240 dias) implica ainda a impossibilidade de promoção

durante um ano, contado do termo do cumprimento da pena; - obriga, sempre que possível, no regresso à actividade, a sua colocação em serviço diferente

da mesma unidade orgânica; - a aplicação desta pena a docentes não pertencentes aos quadros determina a não

renovação do contrato, podendo implicar imediata cessação do contrato se o período de

afastamento da função docente for igual ou superior ao período durante o qual, no âmbito desse contrato, prestou funções;

- o mesmo ocorre relativamente ao pessoal não docente.

7.2. 7.2. 7.2. 7.2. Pena de inactividadePena de inactividadePena de inactividadePena de inactividade A pena de Inactividade determina o afastamento da função durante o período da inactividade

(1 a 2 anos) e tem como efeitos: - a perda do direito a remunerações no lapso de tempo correspondente;

- o desconto para efeitos de antiguidade e aposentação; - a impossibilidade de gozo de férias por um ano, contado do termo do cumprimento da pena; - a impossibilidade de promoção durante dois anos, contado do termo do cumprimento da

pena; - no regresso à actividade, a colocação do funcionário punido, sempre que possível, em

serviço diferente da mesma unidade orgânica.

7.3. 7.3. 7.3. 7.3. Pena de cPena de cPena de cPena de cessação da comissão de serviçoessação da comissão de serviçoessação da comissão de serviçoessação da comissão de serviço Pela aplicação da pena de cessação da comissão de serviço, o funcionário regressa ao seu

lugar de origem. Implica a impossibilidade de nomeação para nova comissão de igual tipo durante 3 anos a contar da data da notificação da decisão condenatória.

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7.4. 7.4. 7.4. 7.4. Pena de aPena de aPena de aPena de aposentação compulsiposentação compulsiposentação compulsiposentação compulsivavavava A pena de aposentação compulsiva demanda a passagem do funcionário à situação de

aposentação, nos termos e condições previstas no Estatuto da Aposentação (tem que ter pelo menos

cinco anos de serviço, segundo informação da Caixa Geral de Aposentações, artigo 37º conjugado com o artigo 42º DL nº 498/72, de 9 de Dezembro, alterado pela Lei nº 1/2004, de 15 de Janeiro) e tem os seguintes efeitos:

- a aplicação de penas disciplinares expulsivas a docentes não pertencentes aos quadros determina a incompatibilidade para o exercício de funções docentes nos estabelecimentos de

educação ou de ensino públicos; - o mesmo ocorre com o pessoal não docente não pertencente a um quadro, ou seja,

determina a incompatibilidade para o exercício de funções nos estabelecimentos de educação.

7.5. 7.5. 7.5. 7.5. Pena de dPena de dPena de dPena de demissãoemissãoemissãoemissão A pena de demissão resulta no afastamento definitivo do funcionário, fazendo cessar o

vínculo funcional. Tem os seguintes efeitos: - a perda de todos os direitos de funcionário; - a incapacidade para novo provimento na função pública (a não ser para lugares diferentes

que possam ser exercidos sem que o seu titular reúna as particulares condições de dignidade e de confiança que o cargo de que foi demitido exigia);

- mantém-se, porém, o direito à aposentação; - a aplicação de penas disciplinares expulsivas a docentes não pertencentes aos quadros

determina a incompatibilidade para o exercício de funções docentes nos estabelecimentos de educação ou de ensino públicos;

- o mesmo ocorre com o pessoal não docente não pertencente a um quadro, ou seja, determina a incompatibilidade para o exercício de funções nos estabelecimentos de educação.

8.8.8.8. Medida e Graduação das penasMedida e Graduação das penasMedida e Graduação das penasMedida e Graduação das penas O artigo 28.º do ED trata da matéria da medida e graduação das penas. O instrutor, na sua

proposta de punição, deve ter sempre em conta, não só os critérios apontados nos artigos 22.º a 27.º do ED, mas também:

a) a natureza do serviço; b) a categoria profissional do arguido; c) o seu grau de culpa; d) a sua personalidade; e) e todas as circunstâncias que rodearam o cometimento da infracção e que sejam contra ou

a seu favor. Deferido não é o mesma coisa termos perante nós funcionário ou agente que exerce funções

em serviço público de alta responsabilidade e no qual a sua actuação pode ter graves consequências e um outro em funções num serviço de diminuta responsabilidade; como não é o mesmo ser o arguido

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detentor ou não de uma categoria superior no seu local de trabalho, sendo que é destes que se espera que venha algum exemplo de conduta relativamente aos seus subordinados; como não é indiferente a forma como se praticou a infracção, se com intenção (dolo), se com mera negligência; como a personalidade do infractor deve também condicionar a determinação da pena, pois não é igual

punir um infractor ocasional, mas normalmente respeitador dos seus deveres, e aquele que, por sistema, manifesta uma constante tendência para a violação dos seus deveres.

Note-se que a fixação administrativa da pena, quando esta é variável dentro do respectivo escalão, em conformidade com o disposto no artigo 28º do ED, insere-se na denominada discricionariedade técnica ou administrativa, pelo que é insindicável contenciosamente, salvo erro grosseiro, reflectido na desproporcionalidade da pena. Segundo o disposto na CRP (artigo 266º, nº2)

a Administração deve actuar, no exercício das suas funções, com respeito pelos princípios da proporcionalidade e da justiça.

9999. . . . Suspensão e prescrição das penasSuspensão e prescrição das penasSuspensão e prescrição das penasSuspensão e prescrição das penas 9999.1. .1. .1. .1. A suspensão das penas e seus requisitos legaisA suspensão das penas e seus requisitos legaisA suspensão das penas e seus requisitos legaisA suspensão das penas e seus requisitos legais

Nos termos do n.º 1 do artigo 33.º do ED: «as penas disciplinares das alíneas b) a d) do n.º 1 do artigo 11.º podem ser suspensas, ponderados o grau de culpabilidade e o comportamento do arguido, bem como as circunstâncias da infracção».

Verifica-se, pois, que as penas de multa, suspensão e inactividade podem ser suspensas sempre que, ponderados os requisitos de que fala a lei, seja possível extrair do processo disciplinar

que o aviso que constitui para o arguido o procedimento disciplinar é suficiente para o levar de futuro a actuar de acordo com o direito (prevenção especial). E que está acautelado que tal suspensão não levará os demais funcionários e agentes a concluírem que a infracção compensa (prevenção geral).

A suspensão não será inferior a um ano nem superior a três (n.º 2), podendo-se relativamente à pena de repreensão escrita, suspender o respectivo registo, atentos os critérios apontados em 1 (n.º 3). A suspensão caduca se o arguido vier a ser, no seu decurso, novamente condenado em processo

disciplinar (n.º 4).

9999.2. .2. .2. .2. A prescrição das pA prescrição das pA prescrição das pA prescrição das penasenasenasenas O artigo 34.º do ED refere que, sem prejuízo do disposto no n.º 3 do artigo 5.º (as penas

previstas nas alíneas b) a f) do n.º 1 e no n.º 2 do artigo 11.º serão executadas desde que os

funcionários ou agentes voltem à actividade ou passem à situação de aposentados), as penas disciplinares prescrevem nos prazos seguintes, contados da data em que a decisão se tornou irrecorrível: a) 6 meses, para as penas de repreensão escrita e de multa; b) 3 anos, para as penas de suspensão, de inactividade e de cessação da comissão de serviço;

c) 5 anos, para as penas de aposentação compulsiva e de demissão. Não se deve confundir esta prescrição com a prescrição do procedimento disciplinar prevista

no artigo 4º do ED. Aqui há uma pena aplicada, mas cujo cumprimento por qualquer razão não ocorreu. Ali não se chegou sequer a apurar a existência dos factos que vinham indiciados como

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infracção disciplinar e o seu autor. É matéria que não coloca problemas de difícil interpretação, sendo apenas de salientar que a prescrição das penas se deve contar a partir do momento em que a decisão disciplinar se torna firme, ou seja, irrecorrível por não impugnação administrativa ou contenciosa nos prazos legalmente previstos ou por decisão judicial transitada em julgado.

10101010. . . . Pessoal DPessoal DPessoal DPessoal Docente e Não Docenteocente e Não Docenteocente e Não Docenteocente e Não Docente 10101010.1..1..1..1.NoçãoNoçãoNoçãoNoção As noções de pessoal docente e de pessoal não docente encontram-se definidas nos termos do dos respectivos estatutos ou regimes jurídicos. Entenda-se por pessoal não docente, “o conjunto

de funcionários e agentes que, no âmbito das respectivas funções, contribuem para apoiar a organização e a gestão, bem como a actividade sócio-educativa das escolas e dos estabelecimentos de educação, incluindo serviços especializados de apoio sócio-educativo” e por pessoal docente “(…) considera-se pessoal docente aquele que é portador de qualificação profissional para o desempenho de funções de educação ou de ensino com carácter permanente, sequencial e sistemático, ou a título temporário, após a aprovação em prova de avaliação de conhecimentos e de competências”.

10101010.2. Deveres.2. Deveres.2. Deveres.2. Deveres do pessoal docente e não docentedo pessoal docente e não docentedo pessoal docente e não docentedo pessoal docente e não docente No exercício das suas funções, o pessoal docente e não docente estão obrigados ao

cumprimento dos deveres gerais estabelecidos para os funcionários e agentes do Estado no artigo 3º do Estatuto Disciplinar dos Funcionários e Agentes da Administração Central Regional e Local -ED,

aprovado pelo Decreto-Lei n.º 24/84, de 16 de Janeiro. A violação de qualquer destes deveres, gerais ou específicos, constitui infracção disciplinar,

conforme o disposto no nº1 do artigo 3º do ED. Os deveres específicos encontram-se definidos nos estatutos e regimes jurídicos respectivos.

10101010.3. Responsabilidade disciplinar.3. Responsabilidade disciplinar.3. Responsabilidade disciplinar.3. Responsabilidade disciplinar Ao pessoal docente e pessoal não docente é aplicável o Estatuto Disciplinar dos Funcionários

e Agentes da Administração Central, Regional e Local (DL nº 24/84, de 16 de Janeiro), com as adaptações previstas no capítulo dos respectivos regimes jurídicos acerca do procedimento disciplinar.

Deste modo, o pessoal docente e o pessoal não docente são responsáveis perante o órgão

de administração e gestão do estabelecimento de educação ou de ensino onde prestam funções. Relativamente aos membros do órgão de gestão e administração dos estabelecimentos de

educação ou de ensino estes são disciplinarmente responsáveis perante o director regional com competência na área de gestão de recursos humanos.

10101010.4.4.4.4. Competência para instauração de processo disciplinar. Competência para instauração de processo disciplinar. Competência para instauração de processo disciplinar. Competência para instauração de processo disciplinar A regra é a de que a instauração de processo disciplinar é da competência do órgão de

administração e gestão dos estabelecimentos de educação ou de ensino (seja director, presidente do

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Regime disciplinar do pessoal docente Regime disciplinar do pessoal docente Regime disciplinar do pessoal docente Regime disciplinar do pessoal docente e não docente e não docente e não docente e não docente –––– manual de apoio manual de apoio manual de apoio manual de apoio IIII---- Conceitos e procedimentos Conceitos e procedimentos Conceitos e procedimentos Conceitos e procedimentos

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CE ou director executivo) que deverá de imediato notificar o arguido desta sua decisão. Após a notificação comunicar este facto à DRAE e IRE, à qual poderá ser solicitado apoio técnico-jurídico, quando considerado necessário, segundo os critérios fixados nos respectivos regimes jurídicos de pessoal.

No que diz respeito aos docentes que sejam membros de órgão de administração e gestão dos estabelecimentos de educação ou de ensino.

A competência para a instauração de processo disciplinar cabe ao Director Regional competente na área de gestão de recursos humanos.

A instauração do processo disciplinar deve de imediato ser comunicada à DRAE e à IRE. A instauração de processo disciplinar em consequência de acções inspectivas da IRE é da

competência do respectivo director nos termos dos regimes jurídicos de pessoal e das competências orgânicas do director da IRE.

Competência para instauraçãoCompetência para instauraçãoCompetência para instauraçãoCompetência para instauração

CircunstânciasCircunstânciasCircunstânciasCircunstâncias Entidade competenteEntidade competenteEntidade competenteEntidade competente EEEEstabelecimentosstabelecimentosstabelecimentosstabelecimentos

EPE e 1º CEB

2º e 3º CEB e ES sem assessoria

Pessoal não pertencente a Órgão de Administração e Gestão

Presidente do órgão de administração e gestão e director

2º e 3º CEB e ES com assessoria

Membros de Órgão de Administração e Gestão

Director regional da DRAE Todos

Na sequência de acções inspectivas da IRE

Director da IRE Todos

10101010.5.5.5.5. Competência para a instrução do processo disciplinar. Competência para a instrução do processo disciplinar. Competência para a instrução do processo disciplinar. Competência para a instrução do processo disciplinar Se o processo disciplinar for instaurado pelo director/presidente da direcção executiva dos

estabelecimentos de educação pré-escolar e de ensino básico onde se realiza a educação pré-escolar ou dos estabelecimentos do 1ºciclo do ensino básico, os processos disciplinares são instruídos pela Inspecção Regional de Educação.

Se for instaurado pelo director/presidente da direcção executiva dos estabelecimentos dos 2º e 3º ciclos do ensino básico e secundário, só poderá ser solicitado à IRE que proceda à instrução dos

respectivos processos, nos casos em que a escola não dispuser de assessoria jurídica e pelo período de dois anos contados da data da entrada em vigor do presente diploma, ou seja, de 20 de Julho de 2006.

O pessoal que integre órgãos do estabelecimento de educação/ensino é disciplinarmente responsável perante o director regional com competência na ares de gestão de recursos humanos, e por isso a competência para a instauração de processo disciplinar cabe a este dirigente, que deverá

dar conhecimento desse facto à IRE, para efeitos de instrução do processo.

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Regime disciplinar do pessoal docente Regime disciplinar do pessoal docente Regime disciplinar do pessoal docente Regime disciplinar do pessoal docente e não docente e não docente e não docente e não docente –––– manual de apoio manual de apoio manual de apoio manual de apoio IIII---- Conceitos e procedimentos Conceitos e procedimentos Conceitos e procedimentos Conceitos e procedimentos

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Competência para instruçãoCompetência para instruçãoCompetência para instruçãoCompetência para instrução

CircunstâCircunstâCircunstâCircunstânciasnciasnciasncias Entidade competenteEntidade competenteEntidade competenteEntidade competente EstabelecimentosEstabelecimentosEstabelecimentosEstabelecimentos

EPE e 1º CEB Director da IRE

2º e 3º CEB e ES sem assessoria (1) Pessoal não pertencente a Órgão de Administração e Gestão Presidente do órgão de

administração e gestão e director 2º e 3º CEB e ES com assessoria

Membros de Órgão de Administração e Gestão

Director da IRE Todos

Na sequência de acções inspectivas da IRE

Director da IRE Todos

(1) Situação transitória, prevista nos regimes jurídicos

10101010.6.6.6.6. Suspensão preventiva. Suspensão preventiva. Suspensão preventiva. Suspensão preventiva

A suspensão preventiva do arguido é proposta pelo órgão de administração e gestão da escola ou pelo instrutor do processo, sendo decidida pelo director regional com competência na área

de gestão de recursos humanos. Se se tratar de um membro do órgão de administração e gestão do estabelecimento de

educação/ensino, a decisão cabe ao Secretário Regional de Educação. Note-se que esta regra não se encontra explicitamente prevista no regime jurídico do pessoal não docente das creches, jardins de infância

O prazo máximo de 90 dias previsto no artigo 54º do ED poderá ser prorrogado até ao final do

ano lectivo, sob proposta da entidade competente para instaurar processo disciplinar, desde que devidamente fundamentado.

A suspensão preventiva implica a proibição da presença do arguido no serviço, bem como o desconto do vencimento de exercício (1/6).

Este desconto será reparado (recuperado/reembolsado) no caso de decisão absolutória. No

caso de decisão condenatória, será levado em conta nessa ocasião. O arguido suspenso preventivamente não perde o direito de ser admitido a concurso (artigo

44.º do ED), aplicando-se a mesma doutrina a todas as mudanças funcionais.

Suspensão preventiva, enquanto decorrem as investigações instrutóriasSuspensão preventiva, enquanto decorrem as investigações instrutóriasSuspensão preventiva, enquanto decorrem as investigações instrutóriasSuspensão preventiva, enquanto decorrem as investigações instrutórias

CircunstânciasCircunstânciasCircunstânciasCircunstâncias PropostaPropostaPropostaProposta DecisãoDecisãoDecisãoDecisão

Pessoal não pertencente a órgão de administração e gestão

Director Regional da DRAE

Membros de órgão de administração e gestão

Presidente do órgão de administração e gestão, director ou instrutor

Secretário Regional da SREC (2)

(2) Excepto no caso dos directores de creches e Jardins de Infância, cuja competência é do Director Regional da DRAE

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Regime disciplinar do pessoal docente Regime disciplinar do pessoal docente Regime disciplinar do pessoal docente Regime disciplinar do pessoal docente e não docente e não docente e não docente e não docente –––– manual de apoio manual de apoio manual de apoio manual de apoio IIII---- Conceitos e procedimentos Conceitos e procedimentos Conceitos e procedimentos Conceitos e procedimentos

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10101010.7.7.7.7. . . . Competência para aCompetência para aCompetência para aCompetência para aplicação das penasplicação das penasplicação das penasplicação das penas disciplinares disciplinares disciplinares disciplinares A competência para a aplicação da pena de repreensão escrita é do director/presidente do

conselho executivo da escola, a aplicação das penas de multa, suspensão e inactividade é da competência do Director Regional de Administração Educativa e a aplicação das penas expulsivas é

da competência do Secretário Regional de Educação. A aplicação de pena de repreensão escrita ao pessoal que integre órgãos do estabelecimento

de educação/ensino é da competência do Director Regional de Administração Educativa. O arguido suspenso preventivamente não perde o direito de ser admitido a concurso (artigo

44.º do ED), aplicando-se a mesma doutrina a todas as mudanças funcionais.

Competência para decisãoCompetência para decisãoCompetência para decisãoCompetência para decisão

PenasPenasPenasPenas Entidade competenteEntidade competenteEntidade competenteEntidade competente

Repreensão escrita Presidente do órgão de administração e gestão e director

Multa Suspensão Inactividade

Director Regional da DRAE

Demissão Aposentação compulsiva

Secretário Regional da SREC

11111111. O processo de averiguações. O processo de averiguações. O processo de averiguações. O processo de averiguações O processo de averiguações é um processo de investigação sumária com vista à recolha de

dados para uma qualificação de eventuais faltas ou irregularidades no funcionamento dos serviços. O facto de se tratar de uma investigação sumária não dispensa a forma escrita na recolha dos

depoimentos e declarações.

11111111.1. Competência para instauração.1. Competência para instauração.1. Competência para instauração.1. Competência para instauração do processo de averiguações do processo de averiguações do processo de averiguações do processo de averiguações Dispõe o nº5 do artigo 85º do ED que os secretários-gerais, directores-gerais ou equiparados

a órgãos executivos, os funcionários investidos em funções de direcção ou chefia ou competentes para a instauração de procedimento disciplinar têm competência para ordenar a realização de processos de averiguações.

Decorre deste princípio que os directores / os presidente dos conselhos executivos e os directores executivos da direcção executiva dos estabelecimentos de educação e ensino têm

competência para instaurar este tipo de procedimento. As averiguações iniciam-se no prazo de 24 horas a contar da notificação ao instrutor (o qual é

nomeado nos termos do artigo 51.º, como no processo disciplinar), e deve concluir-se no prazo improrrogávelimprorrogávelimprorrogávelimprorrogável de 10 dias a contar da data em que se tiver iniciado.

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Regime disciplinar do pessoal docente Regime disciplinar do pessoal docente Regime disciplinar do pessoal docente Regime disciplinar do pessoal docente e não docente e não docente e não docente e não docente –––– manual de apoio manual de apoio manual de apoio manual de apoio IIII---- Conceitos e procedimentos Conceitos e procedimentos Conceitos e procedimentos Conceitos e procedimentos

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11111111.2. Competência para instrução.2. Competência para instrução.2. Competência para instrução.2. Competência para instrução do processo de averiguações do processo de averiguações do processo de averiguações do processo de averiguações A regra da nomeação do instrutor do processo de averiguações é a que consta no artigo 51º

do ED, ou seja, a de que quem instaura o processo nomeia o respectivo instrutor.

11111111.3. Competência para decisão.3. Competência para decisão.3. Competência para decisão.3. Competência para decisão do processo de averiguações do processo de averiguações do processo de averiguações do processo de averiguações

O instrutor deve remeter o relatório final à entidade que mandou instaurar o processo, propondo uma das três soluções referidas no nº3 do artigo 88º do ED. a) arquivamento do processoarquivamento do processoarquivamento do processoarquivamento do processo (se considerar que não há lugar a procedimento disciplinar); b) instauração de processo de inquéritoinstauração de processo de inquéritoinstauração de processo de inquéritoinstauração de processo de inquérito (se constatar a existência de infracção mas não estiver

determinado o seu autor); - nota membro do Governo c) instauração imediata de processo disciplinarinstauração imediata de processo disciplinarinstauração imediata de processo disciplinarinstauração imediata de processo disciplinar.

Segundo o disposto no nº4 do artigo 50º do ED, se a entidade que receber o relatório não tiver competência para a aplicação da pena (considerada abstractamente aplicável ao caso) e entender que não deverá ser instaurado procedimento disciplinar, então terá de submeter essa decisão à entidade para tal efeito competente.

Note-se que, contrariamente ao processo de inquérito (nº4 do artigo 87º do ED), o processo de averiguações não pode constituir a fase de instrução do processo disciplinar, nem do processo de inquérito.

12121212. Os processos de inquérito e de sindicância. Os processos de inquérito e de sindicância. Os processos de inquérito e de sindicância. Os processos de inquérito e de sindicância

Os processos de inquérito e sindicância são abordados nos artigos 85.º a 87.º do ED. O inquérito visa apurar factos determinados relativamente ao procedimento de funcionários e

consiste em apurar se houve ou não infracção disciplinar, qual a sua dimensão e autoria. É usado nos casos em que se apontam certas irregularidades que surgem com uma

aparência disciplinar, sendo precisamente esse o objecto do inquérito, ou seja, a investigação de

factos eventualmente irregulares e quais as pessoas que os praticaram. Dito desta forma, poder-se-á dizer que esse é também o objecto das averiguações. Não deixa

de ser verdade. E é por isso que muitos dos inquéritos instaurados têm na base relatórios de prévios processos de averiguações. O que se passa é que, tendo as averiguações uma tramitação muito rápida e simplificada, a complexidade da matéria a investigar exige muitas vezes um processo que tenha uma instrução mais adequada, como seja o inquérito.

A sindicância, por sua vez, já tem por objecto a averiguação geral do funcionamento de um serviço.

Resumindo: enquanto que os processos de inquérito têm em vista o apuramento de factos certos e determinados, as sindicâncias têm em vista o apuramento geral do funcionamento de um serviço, não se apura a responsabilidade de ninguém em concreto.

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12121212.1. Competência para insta.1. Competência para insta.1. Competência para insta.1. Competência para instauração do processouração do processouração do processouração do processo Apenas os membros do governo (competência estendida aos órgão executivos) podem

ordenar inquéritos e sindicâncias aos serviços.

12121212.2. Competência para instrução do processo.2. Competência para instrução do processo.2. Competência para instrução do processo.2. Competência para instrução do processo

Novamente aplica-se aqui a regra constante do artigo 51º do ED, ou seja, a de que quem instaura o processo nomeia o respectivo instrutor (nº4 do artigo 85º do ED).

12121212.3. Competência para decisão do processo.3. Competência para decisão do processo.3. Competência para decisão do processo.3. Competência para decisão do processo

O processo (e respectivo relatório final, que deverá ser elaborado no prazo de 10 dias, contados a partir da última diligência) deve ser presente à entidade que o mandou instaurar para que adopte a respectiva decisão.

No caso de o instrutor considerar que deverá ser instaurado processo disciplinar, essa proposta poderá ser efectuada no sentido de que o processo de inquérito ou de sindicância constitua

a fase de instrução do processo disciplinar (nº 4 do artigo 87º do ED). Se for instaurado processo disciplinar, pode esta entidade convolar o inquérito na fase

instrutória do processo disciplinar, devendo, neste caso, o instrutor deduzir a sua peça acusatória no prazo de 48 horas, conforme parte final do artigo 58.º do ED.

Note-se, contudo, que este preceito está a pressupor que, proferida tal decisão sem nomeação de instrutor, este será o funcionário ou agente que havia sido nomeado como inquiridor.

Mas caso o instrutor destes processos disciplinares seja pessoa diferente do inquiridor - se bem que não deva ser esta a regra geral - o que é incontornável é que à data da sua nomeação já se encontra encerrada, por efeito da convolação, a fase da instrução.

Isto significaria que com o despacho de nomeação do novo instrutor, ficaria este investido do poder de realizar actos de instrução posteriores à conclusão da instrução (nota de culpa e tramitação

até final), e não para a realização de mais investigação no âmbito de uma fase processual já ultrapassada e encerrada por despacho da entidade competente.

Porém, sendo o fim último de qualquer processo disciplinar a descoberta da verdade material, deve ser reconhecida ao instrutor competência para poder, mesmo nas situações de dispensa de mais instrução, ajuizar sobre a suficiência ou correcção da matéria probatória recolhida no inquérito, afinal a base da acusação que este novo instrutor agora deve formular.

O instrutor pode e deve formular sobre a instrução os juízos que entender necessários para respeito do alegado princípio da verdade material, podendo daqui resultar a necessidade de realização de mais instrução prévia à acusação.

Mas o que não pode esquecer-se é que o instrutor foi nomeado para instruir um processo disciplinar no âmbito do qual já foi formulado, pela entidade com competência disciplinar, um juízo

prévio sobre a suficiência e correcção da instrução realizada no inquérito para efeitos disciplinares, pelo que a efectivação de mais actos instrutórios anteriores à elaboração da nota de culpa, julgados pelo (novo) instrutor necessários, não deve ocorrer apenas por sua iniciativa e sem qualquer prévia

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autorização superior que lhe venha reconhecer ou conferir esta competência instrutória inicial. Só, pois, em face de um prévio despacho de autorização superior, está o instrutor desobrigado a dar imediata execução ao comando normativo inserto no n.º 4 do artigo 87.º do ED («[...] deduzindo [...]»), de carácter vincadamente imperativo, e não de mera autorização, não dependente, pois, de uma

opção do instrutor. O mesmo é dizer que inexiste nestes casos uma discricionariedade de acção ou de decisão

por parte do instrutor, ou, ainda, que a conexão estabelecida entre a hipótese e a estatuição desta norma (n.º 4 do artigo 87.º do ED) não é de natureza facultativa, mas sim de causa-efeito, de dever-ser. É que o despacho de conversão do inquérito na instrução do processo disciplinar, sem despacho posterior da mesma entidade que o venha alterar, é a única decisão juridicamente relevante sobre

aquilo que constitui o objecto destes processos disciplinares, pois é a autoridade disciplinar e não o instrutor quem determina o âmbito da competência ou do poder disciplinar que aí se exerce, que ele aí quer exercido.

Nem estas novas diligências, sem despacho superior de autorização, podem encontrar fundamento legal, como pretendem alguns, no disposto no artigo 58.º do ED, por remissão do n.º 4 do

artigo 87.º do mesmo Estatuto, pois tal remissão é feita apenas por razões de elaboração (e prazos) da acusação («[...] deduzindo o instrutor, nos termos e dentro do prazo referido na parte final do artigo 58.º, a acusação [...]»), e não em matéria de instrução. Aliás, expressão esta idêntica à utilizada no artigo 58.º do ED, na remissão que faz para o n.º 2 do artigo 57.º do ED, claramente referida, também, e apenas, à peça acusatória. Tal significa que a remissão do n.º 4 do artigo 87.º do ED não serve para autorizar o instrutor a ordenar novas diligências instrutórias no âmbito destes processos. É certo que

esta expressão «[...] e nenhumas diligências tiverem sido ordenadas [...]» está contida no artigo 58.º do ED. Mas só ganha sentido ou utilidade quando referida a um processo disciplinar com base em auto de notícia, conforme sua epígrafe. É que em processos disciplinares instaurados com base em auto de notícia, compete ao instrutor, logo no início da sua instrução, decidir pela suficiência do auto como base instrutória do processo, podendo ordenar novas diligências prévias à elaboração da nota

de culpa. No caso da convolação do inquérito é tudo diferente. A instrução está completa, finda e resultou da conversão do inquérito na fase de instrução dos processos, tendo sido, pois, julgada suficiente, com dispensa de mais instrução, pela entidade competente. Qualquer alteração a este juízo disciplinar da entidade competente, englobando as diligências efectuadas após a convolação pelo instrutor, só ganha relevância instrutória disciplinar desde que submetida previamente à sua apreciação e decisão ou ratificada a final.

11113333. O procedimento disciplinar. O procedimento disciplinar. O procedimento disciplinar. O procedimento disciplinar 11113333.1 Noção.1 Noção.1 Noção.1 Noção

O procedimento disciplinar constitui o meio através do qual se efectiva a responsabilidade

disciplinar do funcionário ou agente. Trata-se essencialmente de um processo inquisitório. A Administração conduz a investigação

destinada a apurar se foi ou não praticado certo facto, em que circunstâncias e quem é o seu autor. O arguido tem, contudo, direito a ser ouvido com todas as garantias de defesa.

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O procedimento deve seguir as formalidades previstas no Decreto-Lei n.º 24/84, de 16 de Janeiro. Devem, adicionalmente, ser consideradas algumas normas do Código do Procedimento Administrativo (CPA).

11113.3.3.3.2. Forma2. Forma2. Forma2. Forma

O procedimento disciplinar pode ser comumcomumcomumcomum ou especespecespecespecialialialial. Sempre que a lei não mande observar um processo especial, emprega-se o processo comum

(artigo 35.º do ED). a)a)a)a) o processo comunmo processo comunmo processo comunmo processo comunm

Tem uma regulamentação própria prevista nos artigos 45.º e seguintes do Estatuto Disciplinar. b)b)b)b) O processo especialO processo especialO processo especialO processo especialLLLL Segue as disposições específicas e, nos casos omissos, as normas respeitantes ao processo

comum. À excepção do processo por falta de assiduidade (artigo 71.º e seguintes do Estatuto

Disciplinar), que o legislador denomina expressamente de processo especial, todos os processos

previstos no Estatuto Disciplinar são comuns. Existem, contudo, processos que não sendo especiais têm uma tramitação especializada. É o

caso do procedimento previsto no artigo 38.º do ED, dos processos de revisão (artigos 78.º a 83.º), dos processos de inquérito, de sindicância e de meras averiguações (artigos 85.º a 88.º). Estes processos regem-se, na parte não prevista, pelas regras do processo comum.

11113333.3. Natureza secreta.3. Natureza secreta.3. Natureza secreta.3. Natureza secreta Nos termos do artigo 37.º do ED, o processo disciplinar tem natureza secreta até à acusação. Contudo, poderá ser concedido ao arguido a consulta do processo, sob a condição de não

poder divulgar o que dele conste, pois se o fizer pode incorrer em novo processo disciplinar. Mas diz a lei que o instrutor pode indeferir este pedido de consulta do processo feito pelo

arguido, desde que fundamente esta sua decisão. Pode, na verdade, fazer sentido indeferir. Mas só em casos em que haja o receio comprovado de o arguido poder vir perturbar a instrução do processo

ou sonegar ou dificultar a obtenção da prova das infracções que lhe são imputadas. O carácter secreto do processo disciplinar até à notificação da acusação destina-se a proteger o êxito das investigações, em ordem a permitir o apuramento total dos factos susceptíveis de constituírem infracção disciplinar. Quando o arguido pode pôr em risco esta finalidade, então faz sentido não lhe facultar o processo para consulta. Mas este carácter secreto do processo, nesta fase, não exclui que

o instrutor se socorra de peritos, ou de outros funcionários, que o auxiliem na investigação. O que se passa nestes casos, é que sobre estas pessoas passa a recair também o dever de sigilo que está referido neste normativo.

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11113333.4. A constituição de advogado .4. A constituição de advogado .4. A constituição de advogado .4. A constituição de advogado O arguido pode (n.º 6) constituir advogado em qualquer fase do processo, o qual pode

assistir, querendo, ao seu interrogatório. Trata-se, portanto, de uma mera faculdade e não de uma obrigação, quer a constituição de advogado pelo arguido, quer a assistência ao interrogatório do seu

cliente. Mas, tendo o arguido constituído advogado, deve o instrutor proceder à sua notificação para,

querendo, estar presente ao seu interrogatório, pois deve considerar-se que tal presença constitui uma das faculdades integradas no seu direito de defesa, pelo que se lhe deve proporcionar a possibilidade de a exercer, de acordo com a estratégia defensiva que tenha delineado.

Se o instrutor não notificar o advogado do arguido, este fica impedido de optar por estar ou não presente na referida diligência, o que impossibilita o arguido de exercer o seu direito de defesa pela forma que entender mais conveniente. Constituindo tal facto uma omissão de uma formalidade essencial a uma defesa adequada, resulta daí nulidade do procedimento disciplinar por ofensa do conteúdo essencial do direito fundamental de defesa.

11113333.5.5.5.5. Prescrição do procedimento disciplinar. Prescrição do procedimento disciplinar. Prescrição do procedimento disciplinar. Prescrição do procedimento disciplinar A prescrição em processo disciplinar encontra-se prevista no artigo 4º do ED. O decurso de determinado lapso de tempo faz desaparecer as exigências de efectivação da

pena, que deixou de ter actualidade, uma vez que a entidade competente renunciou ao seu direito de punir.

Merecem aqui referência os prazos de prescrição do direito de instaurar o procedimento disciplinar. Nos termos da lei, tal direito prescreve nas seguintes situações.

a) a) a) a) A prescrição de longo prazo (três anos)A prescrição de longo prazo (três anos)A prescrição de longo prazo (três anos)A prescrição de longo prazo (três anos)

Decorridos três anos sobre a data em que a falta houver sido cometida (n.º 1). Aqui o que importa dizer é que o procedimento disciplinar prescreve passados três anos sobre a data em que a

falta houver sido cometida. Mas é de salientar que, neste caso, não há conhecimento por parte do dirigente máximo do

serviço em momento anterior a este prazo de três anos. Porque, se assim for, passamos para o n.º 2 deste artigo, ou seja, para um novo e curto prazo de prescrição, que é de três meses.

b) b) b) b) A prescrição de curto prazo (três meses)A prescrição de curto prazo (três meses)A prescrição de curto prazo (três meses)A prescrição de curto prazo (três meses) Decorridos três meses sobre a data em que o dirigente máximo do serviço teve conhecimento

da falta, não tendo sido instaurado o competente processo disciplinar (n.º 2). Nesta matéria a jurisprudência do Supremo Tribunal Administrativo (STA) vem afirmando que

o mero conhecimento dos factos na sua materialidade não é suficiente para se poder iniciar o decurso do prazo de prescrição do procedimento disciplinar, nos termos do n.º 2 do artigo 4.º do Estatuto Disciplinar (ED). É ainda necessário o conhecimento das circunstâncias concretas em que ocorreram esses factos, para que seja possível formular um juízo de probabilidade de configurarem uma infracção disciplinar.

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E compreende-se que assim deva ser. Deve tratar-se, na verdade, de um conhecimento real, certo e não presumido, a partir do qual se deve contar o prazo de três meses (prescrição de curto prazo). Normalmente – não quer dizer que tenha que ser sempre assim – este conhecimento é alcançado através de outros procedimentos, que não o disciplinar, que lhe são prévios (exemplo do

inquérito e das averiguações). Note-se que o n.º 2 do artigo 4.º alude a falta e não a facto, querendo com isto significar que

só o conhecimento dos factos e circunstâncias de que se rodeiam, susceptíveis de lhe conferir relevância jurídico-disciplinar (a citada falta), releva para efeitos da prescrição referida. O simples conhecimento dos factos é por vezes inconclusivo quanto à sua relevância disciplinar. E, portanto, o termo falta usado pelo legislador encerra já um juízo de censura, que só é possível quando se refere a

factos cujos contornos disciplinares se apresentam já bem definidos, quer no que respeita à sua autoria, quer no que se refere à sua materialidade, ou seja, o facto em si e as circunstâncias que rodearam a sua prática. E é por isso que, se é conhecida a falta, se deve actuar no prazo de três meses, com risco de prescrição se assim não se proceder.

Este prazo de prescrição de três meses é autónomo em relação ao prazo de três anos.

Significa isto que a prescrição de curto prazo ocorrerá sempre no prazo de três meses se, conhecida a falta pelo dirigente máximo do serviço, não for instaurado procedimento disciplinar neste prazo. O mesmo é dizer que a prescrição chamada de longo prazo (três ou mais anos) só pode verificar-se na ausência do conhecimento da falta pelo dirigente máximo do serviço.

c)c)c)c)A prorrogação penal da prescrição em processo disciplinarA prorrogação penal da prescrição em processo disciplinarA prorrogação penal da prescrição em processo disciplinarA prorrogação penal da prescrição em processo disciplinar

No caso das infracções disciplinares que constituem simultaneamente infracções penais, sendo o prazo prescricional da lei penal superior a três anos, aplicar-se-á ao processo disciplinar o prazo estabelecido na lei penal (n.º 3). E para que estes prazos de prescrição do penal, que constam do artigo 118.º do CP, sejam aplicáveis ao processo disciplinar, apenas importa indagar da pena máxima abstractamente cominada na lei para o tipo legal de crime (parte especial do código penal),

em cuja previsão os factos disciplinarmente relevantes sejam, igualmente, em abstracto, susceptíveis de subsunção.

Mas assim sendo, torna-se necessário que o instrutor use da necessária cautela nesta sua emissão de um juízo jurídico-penal dos factos (para poder beneficiar da prorrogação penal) que virão eventualmente a constituir a sua acusação em processo disciplinar, pois que, a existir erro nesta matéria, tal prorrogação é indevida, podendo comprometer, em via de recurso, a legalidade do acto

decisório do procedimento disciplinar (por prescrição). Feita a participação destes factos ao Ministério Público (MP), nos termos do artigo 8.º do ED,

o instrutor não fica vinculado na sua instrução, em termos de questão prejudicial, a aguardar a decisão judicial que irá caracterizar em termos definitivos e penais os factos participados. E isto com especial acuidade nos casos em que já se encontrava esgotado o prazo de três anos do n.º 1 do

artigo 4.º do ED. Questão prejudicial que, não sendo necessária como se disse, serviria para o instrutor saber se podia ou não continuar com a instrução do processo, sendo esta a jurisprudência relevante na matéria.

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Ainda a propósito desta comunicação ao Ministério Público, e em matéria da referida prorrogação penal, pode colocar-se a seguinte questão: é duvidoso que o juízo administrativo do instrutor, exigível por lei para aplicar um prazo criminal à prescrição do processo disciplinar, seja um juízo meramente abstracto, de pura lógica jurídica e sem qualquer necessidade de avaliação criminal

por parte dos tribunais. O propósito da prorrogação penal é evitar a incongruência (incompatibilidade, inexactidão, impropriedade) jurídica que representa um funcionário poder ser criminalmente punido por facto relacionado com os seus deveres profissionais (por exemplo, peculato) e já não estar sob a alçada do poder disciplinar por esses mesmos factos. Ou seja, tratando-se de faltas disciplinares graves que são também crimes, não faria sentido aplicar-se uma sanção penal e já não poder aplicar-se a sanção disciplinar, que se mantém assim necessária e actual. E é precisamente para obviar a

esta incongruência jurídica que há uma correspondência no prazo das duas prescrições, que impede estas situações absurdas. Portanto, o prazo de prescrição do crime será sempre o do processo disciplinar.

Mas, se assim deve ser, então para que esta avaliação criminal opere é preciso que haja uma sentença judicial incriminatória do arguido, que diga que o facto é crime, ou que haja pelo menos um

acto destinado a averiguar criminalmente essa conduta, que pode ser, por exemplo, a abertura de um inquérito pelo Ministério Público na sequência da participação ou queixa prevista no artigo 8.º do ED. É que este juízo criminal do instrutor só pode ser fundamento deste alargamento se e enquanto for possível que os factos possam ser objecto ainda de uma avaliação criminal.

Dito de outra forma: se houver prescrição do crime, já não pode haver processo disciplinar. Ou seja, a referida actualidade ou operatividade alargada da responsabilidade disciplinar depende,

bem vistas as coisas, da actualidade ou operatividade da responsabilidade criminal quando os factos forem simultaneamente infracção disciplinar e penal. Se a sanção criminal já não é possível por prescrição, então a Administração já não pode beneficiar da prorrogação penal.

Caso contrário estaria o instrutor arvorado em juiz criminal. Quem verifica ou controla a exactidão do juízo criminal do instrutor para saber se o prazo prescricional seguido é o certo e até se

os factos são ou não crime é, num primeiro momento, o MP e depois o Tribunal. Mas, se a participação da Administração não for atempada, então não haverá lugar a esta confirmação e haverá usurpação administrativa de poderes judiciais, pois a Administração estaria assim a substituir-se aos tribunais para sancionar alguém pela prática de um crime, que não foi avaliado na sede competente, que são os tribunais criminais.

Esta matéria tem uma importância decisiva nas averiguações e inquéritos que suspendem, ou

melhor, interrompem (artigos 125.º e 126.º do Código Penal (CP) o prazo de prescrição disciplinar. Mas não têm esse efeito na prescrição do crime, que continua a correr e que tem as suas próprias regras no código penal (exemplo de factos que são infracção disciplinar e penal e que são descobertos pela Administração ao fim de quatro anos, sendo que a prescrição penal é de cinco anos. Para obviar à prescrição disciplinar e porque é necessário averiguar os factos participados, instauram-

se averiguações, seguidas eventualmente de inquérito, para apuramento da responsabilidade disciplinar. E finalmente, terminado o inquérito, instaura-se processo disciplinar com participação ao MP, ao abrigo do artigo 8.º do ED, mas já após os cinco anos da prescrição penal. Neste caso, não

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pode haver prorrogação criminal da prescrição disciplinar, pois já não é possível uma reacção criminal, em nada tendo aproveitado a suspensão operada pelas averiguações a um mês da prescrição penal - aos 4 anos e 11 meses).

Pelo que se deve admitir que esta participação criminal seja feita em sede de processos

prévios ao processo disciplinar, quanto tal se mostre necessário para acautelar uma provável prescrição do procedimento disciplinar. Tem que se alcançar um qualquer acto que suspenda a prescrição criminal para que se possa continuar com o processo disciplinar e punir o agente antes ou após decisão do tribunal.

d) d) d) d) A prescrição por inexistência de actos de instruçãoA prescrição por inexistência de actos de instruçãoA prescrição por inexistência de actos de instruçãoA prescrição por inexistência de actos de instrução

Se alguns actos instrutórios com efectiva incidência na marcha do processo tiverem lugar, a respeito da infracção, antes de decorrido o prazo de três anos, a prescrição conta-se desde o dia em que tiver sido praticado o último acto. Quer isto dizer que, instaurado o processo disciplinar, este não pode estar parado por mais de três anos, se não prescreve nos termos deste n.º 4.

e) e) e) e) A suspensão da prescriçãoA suspensão da prescriçãoA suspensão da prescriçãoA suspensão da prescrição Suspendem o prazo de prescrição: a instauração do processo de sindicância aos serviços e

do mero processo de averiguações e ainda a instauração dos processos de inquérito e disciplinar. Estes casos de suspensão do prazo hão-de revelar uma inequívoca vontade de exercitar o procedimento disciplinar, pela necessidade de melhor averiguação dos factos participados, nomeadamente do seu enquadramento jurídico-disciplinar, não podendo contemplar situações de

encobrimento de pura inércia, ainda que encapotada pelo uso de expedientes legais, só que dilatórios e desnecessários.

E portanto não suspenderá o prazo prescricional a instauração de processo de averiguações ou de inquéritos que não sejam necessários (e é esta a tónica), por ser possível, no momento da sua instauração, afirmar-se já que determinado comportamento, imputável a certo funcionário ou agente,

integra falta disciplinar, subsumível a certa previsão jurídico-disciplinar e as circunstâncias em que ela se verificou. Caso em que deverá instaurar-se antes processo disciplinar, sob pena de se não verificar a suspensão do prazo prescricional.

f) f) f) f) Os Os Os Os efeitos da infracção continuada ou efeitos da infracção continuada ou efeitos da infracção continuada ou efeitos da infracção continuada ou permanente na prescriçãopermanente na prescriçãopermanente na prescriçãopermanente na prescrição

A propósito, ainda, da prescrição, importa também falar da infracção continuada, não

existindo no ED qualquer indicação sobre esta matéria. E por isso o STA tem entendido que se aplica aqui o conceito do Direito Penal, que é direito supletivamente aplicável (artigo 9.º do ED). Diz assim o n.º 2 do artigo 30.º do CP «constitui um só crime continuado a realização plúrima do mesmo tipo de crime ou de vários tipos de crime que fundamentalmente protejam o mesmo bem jurídico, executada por forma essencialmente homogénea e no quadro da solicitação de uma mesma situação exterior que diminua consideravelmente a culpa do agente».

Transposto este conceito para o direito disciplinar, o que é que o instrutor tem de fazer? Terá que averiguar, em face deste tipo de infracção - é claro, depois de ter subsumido, reconduzido os

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Regime disciplinar do pessoal docente Regime disciplinar do pessoal docente Regime disciplinar do pessoal docente Regime disciplinar do pessoal docente e não docente e não docente e não docente e não docente –––– manual de apoio manual de apoio manual de apoio manual de apoio IIII---- Conceitos e procedimentos Conceitos e procedimentos Conceitos e procedimentos Conceitos e procedimentos

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factos a este conceito - qual a data da prática do último acto que integra essa conduta, que o instrutor já caracterizou como continuada por aplicação deste normativo legal do CP, pois é só a partir desse momento, ou seja, da prática do último acto da actividade caracterizada como continuada, é que se iniciam os prazos da prescrição do procedimento disciplinar.

Na infracção permanente, que não é o mesmo que infracção continuada, o que se passa é que só quando esta infracção termina é que se inicia a prescrição. Só que aqui o agente não procede à realização plúrima de um facto ilícito, como sucede na infracção continuada. Ele realiza uma conduta ilícita inicial e, enquanto não agir de forma a acabar com essa desconformidade com o direito, mantém-se permanentemente em infracção (exemplo do funcionário que leva para sua casa um computador portátil do serviço sem qualquer autorização. Enquanto não o devolver está

permanentemente em falta).

14141414. Processo por falta de assiduidade. Processo por falta de assiduidade. Processo por falta de assiduidade. Processo por falta de assiduidade 14141414.1. Âmbito de aplicação.1. Âmbito de aplicação.1. Âmbito de aplicação.1. Âmbito de aplicação

O processo por falta de assiduidade aplica-se quando o funcionário ou agente deixe de

comparecer ao serviço, sem justificação, durante 5 dias seguidos ou 10 dias interpolados. Relativamente ao tipo de faltas, prazo e forma da respectiva justificação, há que ter em conta

o disposto no Estatuto da Carreira Docente e no regime de férias, faltas e licenças.

14141414.2. Processo.2. Processo.2. Processo.2. Processo Verificada a ausência naquelas condições, o superior hierárquico imediato deverá levantar

aaaauto por falta de assiduidadeuto por falta de assiduidadeuto por falta de assiduidadeuto por falta de assiduidade. O dirigente máximo do serviço pode, porém, considerar, do ponto de vista disciplinar,

justificada a ausência se o funcionário ou agente fizer prova de motivos atendíveis. Esta justificação pode ser concedida já depois de instaurado o processo.

Sendo o paradeiro do arguido desconhecidoparadeiro do arguido desconhecidoparadeiro do arguido desconhecidoparadeiro do arguido desconhecido, a tramitação a observar é a seguinte (processo

especial por falta de assiduidade — n.º 2 do artigo 71.º e artigo 72.º do Estatuto Disciplinar): � acusação; � comunicação da acusação ao arguido por aviso publicado no Diário da República, citando-o

para apresentar a sua defesa num prazo entre 30 e 60 dias, contados da data da publicação; � decisão [DEMISSÃO se se apurar que a falta de assiduidade constitui infracção disciplinar];

� notificação da demissão ao arguido, por aviso publicado no Diário da República, se o seu paradeiro continuar desconhecido;

� possibilidade de o arguido, no prazo máximo de 60 dias após a notificação, impugnar a decisão ou requerer a reabertura do processo;

� vindo a ser conhecido o paradeiro do arguido, é-lhe notificada a decisão, podendo, no prazo

de 30 dias, recorrer dela ou requerer a reabertura do processo; Sendo o paradeiro do arguido conhecido, aplica-se a tramitação do processo disciplinar comum.

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Regime disciplinar do pessoal docente Regime disciplinar do pessoal docente Regime disciplinar do pessoal docente Regime disciplinar do pessoal docente e não docente e não docente e não docente e não docente –––– manual de apoio manual de apoio manual de apoio manual de apoio IIII---- Conceitos e procedimentos Conceitos e procedimentos Conceitos e procedimentos Conceitos e procedimentos

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15151515. Recursos. Recursos. Recursos. Recursos 11115555.1. Noção.1. Noção.1. Noção.1. Noção

O recurso consiste num pedido de reapreciação da decisão proferida no âmbito do processo disciplinar, pedido esse que pode ser apresentado perante o superior hierárquico (recurso hierárquico)

ou perante um órgão judiciário (recurso contencioso). Trata-se pois de um expediente impugnatório que consiste em pedir a um superior hierárquico

da entidade que proferiu a decisão, que revogue ou substitua essa decisão (recurso hierárquico) ou em solicitar a intervenção dos tribunais para apreciar a legalidade ou ilegalidade dessa decisão.

11115555.2. Espécies.2. Espécies.2. Espécies.2. Espécies a) a) a) a) Recurso hiRecurso hiRecurso hiRecurso hieeeerárquicorárquicorárquicorárquico

Da decisão proferida no processo disciplinar pode caber recurso hierárquico para o membro

do Governo competente, nos termos do artigo 73.º do Estatuto Disciplinar dos Funcionários e Agentes a Administração Central, Regional e Local, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 24/84, de 16 de Janeiro. b) b) b) b) Recurso contenRecurso contenRecurso contenRecurso contenciosociosociosocioso

Da decisão condenatória proferida pelo membro do Governo competente cabe recurso para os tribunais, nos termos gerais, conforme resulta do artigo 74.º do Estatuto Disciplinar.

11115555.3. Tramitação.3. Tramitação.3. Tramitação.3. Tramitação do Recurso Hierárquico do Recurso Hierárquico do Recurso Hierárquico do Recurso Hierárquico a) a) a) a) LEGITIMIDADELEGITIMIDADELEGITIMIDADELEGITIMIDADE

Têm legitimidade para interpor recurso hierárquico o arguido e o participante — n.º 1 do artigo 75.º do Estatuto Disciplinar — sendo que, no caso deste último, deverá requerer a sua notificação da

decisão, nos termos do n.º 2 do artigo 69.º do Estatuto Disciplinar. b) b) b) b) ACTACTACTACTOS PASSÍVEIS DE RECURSO HIERÁRQUICOOS PASSÍVEIS DE RECURSO HIERÁRQUICOOS PASSÍVEIS DE RECURSO HIERÁRQUICOOS PASSÍVEIS DE RECURSO HIERÁRQUICO

� Despachos que não sejam de mero expediente proferidos pelos superiores hierárquicos, nos termos do artigo 16.º do Estatuto Disciplinar — n.º 1 do artigo 75.º do Estatuto Disciplinar.

� Despacho que indefira o requerimento de quaisquer diligências probatórias — n.º 3 do artigo

44.º do Estatuto Disciplinar. � Despacho que não admita a dedução da suspeição do instrutor ou não aceite os fundamentos

invocados — artigo 52.º e n.º 3 do artigo 77.º, do Estatuto Disciplinar.

c) c) c) c) PRAZOPRAZOPRAZOPRAZOS PARA INTERPOSIÇÃO DO RECURSO HIERÁRQUICOS PARA INTERPOSIÇÃO DO RECURSO HIERÁRQUICOS PARA INTERPOSIÇÃO DO RECURSO HIERÁRQUICOS PARA INTERPOSIÇÃO DO RECURSO HIERÁRQUICO (contados nos termos do artigo 72.º do CPA)

c)1 c)1 c)1 c)1 PELO ARGUIDO:PELO ARGUIDO:PELO ARGUIDO:PELO ARGUIDO:

Dos despachos que não sejam de mero expediente proferidos pelos superiores hierárquicos, nos termos do artigo 16.º do Estatuto Disciplinar:

- 10 dias: Se for notificado pessoalmente ou por via postal – nº 3 do artº 75 º do Estatuto Disciplinar

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- 20 dias: Se a notificação for efectuada por aviso publicado no Diário da República – nº3 do artº 75º do Estatuto Disciplinar Do despacho que indefira o requerimento de quaisquer diligências probatórias:

- 10 dias após a notificação — n.º 3 do artigo 75.º do Estatuto Disciplinar e n.º 2 do

artigo 71.º do CPA. Do despacho que não admita a dedução da suspeição do instrutor ou não aceite os

fundamentos invocados: - 10 dias após a notificação — n.º 3 do artigo 75.º do Estatuto Disciplinar e n.º 2 do

artigo 71.º do CPA. c)2 c)2 c)2 c)2 PELO PARTICIPANTE:PELO PARTICIPANTE:PELO PARTICIPANTE:PELO PARTICIPANTE:

- 10 dias: Após a notificação da decisão, que terá de ser requerida, nos termos do nº 2 do artº 69º do Estatuto Disciplinar – nº 3 do artº 75 do Estatuto Disciplinar.

d) d) d) d) ENTIDADE PERANTE A QUAL É INTERPOSTO O RECURSOENTIDADE PERANTE A QUAL É INTERPOSTO O RECURSOENTIDADE PERANTE A QUAL É INTERPOSTO O RECURSOENTIDADE PERANTE A QUAL É INTERPOSTO O RECURSO

O recurso é interposto perante o membro do Governo competente — n.º 3 do artigo 75.º do

Estatuto Disciplinar. Contudo, o requerimento de interposição do recurso pode ser apresentado perante o autor do

acto (que neste caso deverá proceder nos termos do artigo 77.º do CPA) ou perante a autoridade a quem seja dirigido — artigo 169.º do CPA. d) d) d) d) EFEITOS DA INTERPOSIÇÃO DO RECURSOEFEITOS DA INTERPOSIÇÃO DO RECURSOEFEITOS DA INTERPOSIÇÃO DO RECURSOEFEITOS DA INTERPOSIÇÃO DO RECURSO

� Despachos que não sejam de mero expediente proferidos pelos superiores hierárquicos: A interposição de recurso suspende a execução da decisão condenatória e devolve ao

membro do governo a competência para decidir definitivamente, podendo manter, diminuir ou anular a pena (só poderá verificar-se agravação da pena no caso de o recurso ser interposto pelo participante) — n.º 6 e n.º 7 do artigo 75.º do Estatuto Disciplinar;

� Despacho que indefira o requerimento de quaisquer diligências probatórias:

A interposição do recurso tem efeito suspensivo, por aplicação do disposto no n.º 6 do artigo 75.º e n.º 2 do artigo 77.º do Estatuto Disciplinar.

� Despacho que não admita a dedução da suspeição do instrutor ou não aceite os fundamentos

invocados: A interposição do recurso tem efeito suspensivo, por aplicação do disposto no n.º 6 do artigo

75.º e n.º 2 do artigo 77.º do Estatuto Disciplinar. f) f) f) f) REGIME DE SUBIDA DO RECURSOREGIME DE SUBIDA DO RECURSOREGIME DE SUBIDA DO RECURSOREGIME DE SUBIDA DO RECURSO

As decisões que não ponham termo ao processo só subirão com a decisão final, se dela se recorrer — n.º 1 do artigo 77.º do Estatuto Disciplinar.

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Contudo, sobem imediatamente e nos próprios autos, de modo geral, os recursos que, ficando retidos, percam por esse facto o seu efeito útil (n.º 2 do artigo 77.º do ED), bem como os recursos de despacho que não admita a dedução da suspeição do instrutor ou não aceite os fundamentos invocados (n.º 3 do artigo 77.º do ED) e de despacho que indefira o requerimento de quaisquer

diligências probatórias (n.º 4 do artigo 42.º do ED).

16161616. O processo de reabilitação. O processo de reabilitação. O processo de reabilitação. O processo de reabilitação 16161616.1. Noção.1. Noção.1. Noção.1. Noção

Entende-se por reabilitação a declaração de cessação de certas incapacidades e efeitos

resultantes da condenação, em razão do comportamento entretanto demonstrado pelo infractor. Segundo o artigo 84º do ED tem legitimidade para a requerer o próprio interessado ou o seu

representante.

16161616.2. Competência .2. Competência .2. Competência .2. Competência para para para para decisãodecisãodecisãodecisão A entidade competente para conceder a reabilitação é a entidade com poderes para aplicação

da pena. A reabilitação só pode ser requerida decorridos os seguintes prazos, após a aplicação ou

cumprimento da pena:

Pena aplicada Prazo

Repreensão escrita 1 ano

Multa 2 anos

Suspensão 3 anos

Comissão de Serviço 3 anos

Inactividade 5 anos

Aposentação compulsiva 6 anos

Demissão 6 anos

A reabilitação só será concedida a quem a tenha merecido pela sua boa conduta. É ao recorrente que cabe o ónus da prova desta boa conduta. Não basta, para a concessão da reabilitação a prova do normal cumprimento, por parte do funcionário ou agente, das suas obrigações funcionais. É necessário provar-se, sem margem para dúvidas, uma inflexão segura no seu comportamento anterior que permita concluir, em função de critérios de avaliação do homem médio, que o sancionado

retomou uma situação de cumprimento normal dos seus deveres profissionais. a) EFEITOS

� Cessação das incapacidades resultantes da condenação � Cessação dos demais efeitos ainda subsistentes

� Concedida a reabilitação, esta é registada no processo individual do arguido

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� Não atribui ao indivíduo a quem tenha sido aplicada a pena de aposentação compulsiva ou demissão o direito de reocupar um lugar ou cargo na Administração sendo considerado, para todos os efeitos legais, como não vinculado à função pública.

b) TRAMITAÇÃO Depois de a reabilitação ser requerida pelo interessado, é necessário comprovar, por qualquer

dos meios legais permitidos, a sua boa conduta. Assim, deverá ser instaurado processo de averiguações (e nomeado instrutor para o efeito) o qual segue a tramitação deste tipo de processo.

11117777. O processo de revisão. O processo de revisão. O processo de revisão. O processo de revisão 17171717.1. Noção.1. Noção.1. Noção.1. Noção

A revisão dos processos disciplinares visa a reabertura da fase da defesa do arguido, rege-se na parte não prevista nos artigos 78º e seguintes do ED, pelas regras do processo comum, é admissível a todo o tempo.

Só pode ocorrer quando se verifiquem circunstâncias ou meios de prova susceptíveis de

demonstrar a inexistência dos factos que determinaram a condenação e que não puderam ser utilizados pelo arguido na fase da defesa do processo disciplinar, ou seja, quando existem novos meios de prova: ou que não existiam ainda, ou existiam mas eram desconhecidos, ou ainda, existiam, eram conhecidos mas eram inacessíveis.

Para tal, o interessado deverá apresentar um requerimento, indicando as circunstâncias ou os

meios de prova não considerados no processo disciplinar e que justificam a revisão.

17171717.2. .2. .2. .2. Requisitos. Prazo para dRequisitos. Prazo para dRequisitos. Prazo para dRequisitos. Prazo para decisão. Legitimidade para o pedidoecisão. Legitimidade para o pedidoecisão. Legitimidade para o pedidoecisão. Legitimidade para o pedido A revisão dos processos disciplinares é admitida a todo o tempo, quando se verifiquem

circunstâncias ou meios de prova susceptíveis de demonstrar a inexistência dos factos que

determinaram a condenação e que não pudessem ter sido utilizados pelo arguido no processo disciplinar (n.º 1 do artigo 78.º do ED).

Pelo que a revisão se apresenta como um expediente diferente do recurso, permitindo que, em qualquer altura, o interessado provoque a revogação ou alteração da decisão proferida com base na injustiça da condenação.

Mas esta forma de questionar a sanção aplicada, que se apresenta como um meio

excepcional, ou extraordinário, e que se traduz num desvio à regra da estabilidade das decisões administrativas de que não pode já recorrer-se, tem que estar sujeita a um apertado condicionalismo que se encontra previsto no já citado artigo 78.º do ED.

A revisão de um processo disciplinar tem de se fundamentar em circunstâncias ou meios de prova que o arguido não tenha podido utilizar no processo disciplinar e que possam demonstrar a

inexistência dos factos determinantes da condenação.

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Não é este o caso, se o arguido, já após ter sido punido, pretender entregar, para este efeito, atestado médico, arrolar testemunha de defesa ou juntar documentos, quando tudo lhe estava acessível no decurso do processo.

Na verdade, o que se verifica é que, geralmente, não é feita qualquer demonstração de que

estes meios de prova não pudessem ter sido por ele oferecidos, como meio de defesa, no processo disciplinar, e na devida oportunidade. Como não colocam os mesmos, normalmente, em causa a existência dos próprios factos que determinaram a condenação, requisitos essenciais à concessão da revisão.

O que normalmente acontece é que o arguido, ora requerente, é pessoalmente notificado da nota de culpa e apresenta tempestivamente a sua defesa, dando a sua versão dos factos,

relativamente aos diversos pontos da acusação, sem que venha referir ou juntar, podendo tê-lo feito, estes meios de prova, facto da sua exclusiva responsabilidade. O que não pode é, passados por vezes alguns meses ou anos, vir, desta forma, tentar demonstrar, só agora, que à data dos factos, devia ter sido considerado inocente.

A revisão pode conduzir à revogação ou alteração da decisão, mas nunca à sua agravação. É

a proibição da reformatio in pejus. A legitimidade para o pedido de revisão, através de requerimento dirigido a quem aplicou a

pena, pertence ao arguido ou ao seu representante legal, devendo-se indicar todas as circunstâncias ou meios de prova novos que justifiquem a sua alegação de inocência (artigo 79.º do ED). O pedido deve ser decidido em 30 dias, admitindo impugnação contenciosa (artigo 80.º do ED).

17171717.3 .3 .3 .3 Tramitação do processo de revisãoTramitação do processo de revisãoTramitação do processo de revisãoTramitação do processo de revisão Se for concedida, o processo de revisão é apenso ao processo disciplinar, com nomeação de

novo instrutor, com prazo de defesa da acusação anteriormente formulada entre 10 a 20 dias, seguindo-se a restante tramitação até ao final, sendo certo que a concessão da revisão não vai suspender a execução da pena, continuando o arguido em cumprimento de pena até nova decisão do

processo disciplinar a rever.

17171717.4 .4 .4 .4 Efeitos da revisão procedenteEfeitos da revisão procedenteEfeitos da revisão procedenteEfeitos da revisão procedente Se a revisão vier a ser julgada procedente, pode a decisão disciplinar ser: a) revogadarevogadarevogadarevogada, caso em que há:

1) cancelamento da pena aplicada; 2) anulação dos seus efeitos; 3) contagem da antiguidade; 4) garantia de provimento, em caso de pena expulsiva, em lugar de categoria igual ou

equivalente ou à primeira vaga que ocorrer na categoria correspondente; 5) reconstituição da carreira, nomeadamente promoções que não dependam de

avaliação; 6) direito a uma indemnização por danos.

b) alteradaalteradaalteradaalterada, caso em que há:

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1) substituição da pena aplicada; 2) garantia de provimento, em caso de pena expulsiva; 3) reconstituição da carreira; 4) contagem de antiguidade;

5) indemnização por danos.

18181818. Aplicação de pena de repreensão escrita sem dependência de processo. Aplicação de pena de repreensão escrita sem dependência de processo. Aplicação de pena de repreensão escrita sem dependência de processo. Aplicação de pena de repreensão escrita sem dependência de processo A regra geral, por força do disposto no artigo 38.º do ED, é que a aplicação de uma pena

disciplinar seja precedida obrigatoriamente de um processo disciplinar, onde se apurará a

responsabilidade disciplinar do arguido. Mas, tratando-se de faltas leves ao serviço, isto é, estando em causa apenas a aplicação da

pena de repreensão escrita, então consente-se que essa pena seja aplicada sem dependência de processo, mas sempre com audiência e defesa do arguido.

É claro que se já está instaurado processo disciplinar e nesse se venha a enquadrar os factos na repreensão escrita, então esta pena será aplicada nesse processo disciplinar. Este normativo

funciona apenas para os casos em que, quando comunicada uma infracção ao superior hierárquico do funcionário infractor, este decida logo exercer o direito de punir com a pena de repreensão escrita.

Só neste caso, em que não haverá lugar a processo disciplinar, é que tem lugar o n.º 3 deste artigo, isto é, a pedido do visado é lavrado auto na presença de duas testemunhas por si indicadas das diligências relativas à sua audiência e defesa. Pode ainda o arguido, se assim desejar, nos

termos do n.º 4, solicitar a sua defesa por escrito, para o que terá um prazo máximo de 48 horas.