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FUNDAÇÃO ESCOLA TÉCNICA LIBERATO SALZANO VIEIRA DA CUNHA
CURSO TÉCNICO DE MECÂNICA
REBOLO
DIEGO ALEXANDRE DA ROSA
Novo Hamburgo, agosto de 2013.
1
DIEGO ALEXANDRE DA ROSA
REBOLO
Trabalho sobre a tecnologia do rebolo apresentado ao curso de Mecânica da Fundação Escola Técnica Liberato Salzano Vieira da Cunha na disciplina de
Procedimentos Industriais II – Módulo de Afiação de Ferramentas.
Novo Hamburgo, agosto de 2013.
2
RESUMO
Este trabalho é a parte textual que engloba a apresentação de um seminário
em sala de aula, sobre rebolos, que são ferramentas de corte de geometria não
definida, para a disciplina de Usinagem dos Materiais, da Universidade Federal de
Santa Catarina. Em princípio objetiva-se o esclarecimento sobre a história e a
evolução dos rebolos e seus materiais constituintes, evidenciando que desde o
homem pré-histórico já se usa o princípio da abrasão, mas que somente após a
revolução industrial houve um desenvolvimento significativo no estudo e produção
da ferramenta de corte em questão. Com isso definido, pode-se demonstrar e definir
as operações que requerem o uso dos rebolos, dentro da retificação: desbaste
grosseiro, acabamento e afiação. Posteriormente enumeram-se e explicam-se os
diferentes tipos de rebolos, levando em consideração suas características principais,
seus abrasivos e ligantes, suas condições de uso e de trabalho, seus defeitos e
maneiras de fabricação. Por fim define-se como agir sabiamente na escolha de um
rebolo. Pode-se inferir, com esses estudos, a real necessidade de se conhecer os
rebolos e seus usos, sendo que a ausência desses aprendizados pode acarretar
uma lacuna nos conhecimentos sobre usinagem.
Palavras chave: Rebolos. Revolução industrial. Ferramentas de corte com
geometria não definida. Abrasão. Ligantes. Abrasivos. Retificação. Usinagem.
3
1.INTRODUÇÃO
Este trabalho visa abordar todos os principais aspectos do rebolo:
ferramenta de corte de geometria não definida. Sua utilização e importância
abrangem diversas áreas de processos de fabricação que são evidenciadas neste
trabalho.
Os rebolos são ferramentas conhecidas há muitos anos. Já na pré-história o
homem esfregava seus utensílios em pedras, a fim de provocar abrasão e afiar ou
dar forma aos seus objetos. Inevitavelmente, o primeiro rebolo também foi feito de
rocha, e usado por muitos anos até os nossos dias. Em muitas propriedades rurais
encontramos a pedra de amolar, utilizada para a afiação das ferramentas do campo.
Com os anos, o rebolo manteve seu formato cilíndrico e foi alterando apenas sua
constituição, com a utilização de diferentes materiais.
Atualmente o rebolo é, de modo geral, utilizado em operações de retificação.
Neste trabalho optou-se por subdividir esse processo em outros três:
desbaste grosso, acabamento e afiação. Assim pode-se ter uma visão mais ampla
de todas as aplicações dessa ferramenta.
Os rebolos possuem três constituintes principais: o abrasivo, o ligante e os
poros. Ao se misturar uniformemente um ligante com algum tipo de abrasivo, e dar a
forma adequada, temos um rebolo, que é classificado de acordo com parâmetros
resultantes desse processo.
Os parâmetros importantes para se avaliar um rebolo são o tipo de abrasivo
(natural ou sintético), o ligante (influencia em diversas propriedades do rebolo e
pode ser orgânico ou inorgânico), a granulometria (diz respeito ao tamanho dos
grãos usados), a dureza (referente ao desgaste da ferramenta), e a estrutura (indica
a porosidade do rebolo). Cada variação desses parâmetros se adéqua melhor ou
pior a uma aplicação.
Depois de avaliada a constituição do rebolo, também é importante saber
suas formas básicas, e assim entender a amplitude de sua aplicação. Normas
técnicas definem a forma, dimensão e bordos que os rebolos têm.
4
Com a informação dos parâmetros, forma e bordos do rebolo, pode-se
especificar totalmente o rebolo e padronizar sua comercialização. Todas essas
informações de abrasivo, ligante, estrutura, etc., devem vir especificadas sobre a
ferramenta.
Tal quais outras ferramentas, o rebolo também sofre desgaste e perde sua
forma ideal. Algumas precauções podem e devem ser tomados para se garantir o
bom uso do rebolo. A refrigeração e uso de fluidos de corte também se aplica para
essa ferramenta. Além disso, também temos a retificação dos rebolos, que visa
recuperar o rebolo. Dois processos de recuperação são abordados: dressamento,
para renovar a superfície, e perfilamento para afiação do rebolo.
5
HISTÓRICO
2.1 Pré-história
O homem pré-histórico já conhecia a forma de afiar sua ferramenta, sua
arma, trabalhando-a primeiro e esfregando-a com uma pedra depois, para obter um
melhor acabamento. Podemos considerar os machados pré-históricos do período
Paleolítico (pedra lascada) e do Neolítico (pedra polida) como dois exemplos disto.
Figura 1: HOMO habilis – Idade da pedra lascada. 1 ilustração.
Fonte: disponível em:
<http://historia-interactiva.blogspot.com/2008/10/homohabilis.html>. Acesso em: 1
jun. 2009.
Para trabalhar suas ferramentas, os homens pré-históricos usavam sempre
o mesmo lugar e acabaram criando, o que hoje chamamos de oficinas líticas. Esses
eram lugares onde as populações pré-históricas preparavam e aperfeiçoavam suas
ferramentas e instrumentos de caça, de pesca e de coleta. As oficinas líticas são
formações de depressões na rocha, sejam sulcos, frisos, pratos ou bacias que
serviam para amolar, afiar e polir as ferramentas de pedra. Elas são encontradas
com muita frequência no litoral, pois os povos já conheciam o poder abrasivo da
combinação de areia e água.
Figura 2: OFICINAS Líticas da Praia dos Ingleses. 1 fotografia, color.
Fonte: disponível em: <w.flickr.com/photos/patsetubal/2568638905/>.
Acesso em: 1 abr. 2009
6
O fenômeno predominante nesses processos rudimentares de usinagem é a
abrasão. “Abrasão é definida como a operação de arrancar partículas de um material
por esfregamento contra outro material que será quase sempre mais duro do que o
primeiro. Esta ação de esfregar uma peça contra outra para modificar a sua forma
geométrica, ou afiá-la, pertence ao instinto do homem primitivo. O conhecimento
adquirido permitiu ao homem aprimorar constantemente a forma de usar meios
Abrasivos. Há 4.0 anos a.C. já era usado pelos egípcios um processo para corte de
grandes blocos de pedra, de forma similar ao usado hoje nas marmorarias para o
corte de grandes blocos de granito com fios de aço e pó de diamante.
Figura 3: FERRAMENTAS de pedra lascada. 1 figura.
Fonte: disponível em:
<http://w.brasilescola.com/geografia/desvendandoarqueologia-vi.htm>. Acesso em: 1
br.
A areia, a pedra de sílex em tempos pré-históricos, o esmeril usado
principalmente na ilha de Naxos no mar Egeu e na Austrália e mais tarde o garnet
são os abrasivos historicamente mais representativos. O diamante já era usado na
Índia como pó polidor em 800 a.C.
Em 2.0 anos a.C. no Egito já era trabalhado o bronze com uma máquina
rudimentar similar a um torno. Provavelmente esta foi a primeira retífica.
2.2 Evolução do rebolo e primeiros materiais
Os abrasivos sempre estiveram ligados ao desenvolvimento industrial,
porém, foi só nos últimos 80 anos que eles apresentaram o máximo crescimento. De
7
acordo com Nussbaum (1988), os fatos mais importantes ocorridos desde o século
XIV seriam: 1500 - Máquina de afiar (ou amolar) usando um rebolo de pedra talhada
a mão (Leonardo da Vinci); 1825 - Primeiros rebolos de esmeril e pó de diamante,
ligados provavelmente com laca (Índia); 1837 - Gaudin (Francês) obteve os
primeiros cristais de Alumina; 1850 - Primeiros rebolos com liga mineral, oxicloreto
de Mg (Magnesita); 1857 - Primeiros rebolos ligados com borracha; 1860 - Primeira
máquina retificadora cilíndrica (Brown-Sharp); 1864 - Primeiros rebolos com liga
cerâmica (Inglaterra);
Figura 4: ALMEIDA JUNIOR, J. F. Amolação interrompida. 1985. 1 pintura.
1877 - Frémy e Fiel obtiveram grãos de alumina,* úteis para serem usados
como abrasivos; 1891 - Moissan (Francês) e o Dr. Acheson (norte-americano)
obtiveram, ao mesmo tempo, durante pesquisas para obter diamante artificial, o SiC
- Carbeto de Silício; 1893 - Primeiros rebolos com Carbeto de Silício.
8
Figura 5: CARBETO de Silício em pó. 1 fotografia, color. Disponível em:
<w.poligemas.com.br>. Acesso em: 1 abr. 2009.
A partir da Revolução Industrial, na Segunda metade do século passado, os
progressos foram muito rápidos. Especialmente nos últimos 60 anos, devido aos
grandes esforços industriais das Guerras Mundiais, que forçaram as pesquisas,
tanto na Europa como nos EUA e Japão. A necessidade de fabricar peças de
reposição motivou o aparecimento das tolerâncias dimensionais e criou condições
ótimas para o desenvolvimento técnico da indústria dos abrasivos. O crescimento da
indústria de automóvel foi um dos grandes propulsores deste desenvolvimento.
Em 1927 apareceram os primeiros rebolos fabricados com resinas sintéticas
como ligante.
Novos abrasivos surgiram nos anos seguintes. O Óxido de Alumínio branco,
o rosa, o rubino e o modificado com Óxido de Vanádio, todos eles para trabalhos em
aços especiais e em determinadas operações.
Em 1934 apareceu o carbureto de boro que apresentou alguns problemas
no seu uso para fabricação de rebolos, embora fosse um produto sintético de
altíssima dureza.
Em 1957 apareceu no mercado o diamante sintético, produzido pela General
Electric Co.(EUA) através de um processo que envolve altíssima pressão e
temperatura, da mesma forma que a natureza o faz.
Em 1983, o diamante já havia conquistado mais de 30% do mercado
industrial
Norte-Americano em termos de valor financeiro. E isso que na época o custo
comparativo do diamante com o Óxido de Alumínio e Carbureto de Silício era em
torno de umas 2500 vezes mais caro. Por outro lado, os novos abrasivos
apresentam algumas limitações técnicas. Por exemplo, nas lixas, cujo campo de
aplicação principal é na área da madeira e aí não há necessidade de grãos
abrasivos superiores. E, além disso, a afinidade química do diamante pelas ligas
ferrosas de cobalto e níquel, no ponto quente de contato rebolo/peça, é uma
9
limitação para mantê-lo fora do grande mercado onde imperam o Corindon e o
Carbureto de Silício.
13 3 RETIFICAÇÃO – OPERAÇÕES QUE USAM REBOLO
O princípio de funcionamento do rebolo está no desgaste ocasionado pela
penetração superficial de grãos abrasivos, que remove as partículas do material.
Figura 6: EFEITO abrasivo do rebolo arrancando cavacos. 1 fotografia, color.
Fonte: disponível em: <http://sharpcosweepershoes.com/Grinding%202.JPG >.
Acesso em 1 abr. 2009.
Os grãos funcionam como micro-ferramentas que induzem o mesmo
mecanismo de formação de cavaco que as ferramentas de geometria definida
apresentam. Desta forma, os grãos abrasivos também perdem a sua capacidade de
corte, exigindo maior pressão na área de contato entre a peça e o rebolo, para
quebrar ou arrancar os grãos gastos, criando continuamente, novas arestas de
corte. Esta característica faz do rebolo a única ferramenta de corte com autoafiação.
10
Figura 7: Tipos de retificação.
Fonte: AGOSTINHO, O. L. et al. Processos de fabricação e planejamento de
processos. 2004. 98 p., il. Trabalho da disciplina de Introdução à Engenharia de
Fabricação. Disponível em: <w.ebah.com.br/apostila-pdf-pdf-a873.html>.
Acesso em: 1 abr. 2009
11
Figura 7 (continuação): Tipos de retificação.
Fonte: AGOSTINHO, O. L. et al. Processos de fabricação e planejamento de
processos. 2004. 98 p., il. Trabalho da disciplina de Introdução à Engenharia de
Fabricação. Disponível em: <w.ebah.com.br/apostila-pdf-pdf-a873.html>.
Acesso em: 1 abr. 2009
De modo geral, as operações que utilizam rebolos são denomiadas
retificações. Dentro da retificação podemos ainda classificar em:
Nessa operação efetua-se a remoção simples de material, sem a exigência
de precisão, como por exemplo, o rebarbamento de peças fundidas, forjadas ou
estampadas. A granulação do rebolo utilizado aqui é geralmente grosseira, pois não
se está preocupado com o acabamento do processo.
12
Figura 8: REBARBAÇÃO de peça forjada. Fundição Bom Sucesso. 2007. 1
fotografia, color. Fonte: Disponível em: <http://w.metalsul.ind.br> Acesso em 1 abr.
2009.
3.2 Acabamento
Operação com finalidade de se obter superfícies lisas e precisas. A
preocupação aqui é com o acabamento das peças, por isso uma granulação mais
fina pode ser usada. Esse acabamento se aplica não só à rugosidade da superfície,
como também a melhoria de dimensões e geometrias.
Figura 9: ACABAMENTO feito com rebolo.
Fonte: Retificação cilíndrica. 5 p., il. Aula da USP. Disponível em:
<w.bibvirt.futuro.usp.br >. Acesso em 26 mai. 2009.
3.3 Afiação
Regeneração ou criação do fio de corte de outra ferramenta, através do
aprimoramento dos ângulos característicos de saída. Nessa operação se quer criar
uma geometria com ângulos e dimensões muito precisos e importantes, que vão
caracterizar o gume de uma ferramenta. Além disso, uma vez que as ferramentas já
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são feitas de materiais que precisam suportar o desgaste, é preciso uma ferramenta
superior para efetuar essa usinagem.
Figura 10: STOETERAU, R. L. et al. Processos de usinagem de roscas. 52
p., il. Disponível em: <http://w.hlam.com.br/Usinagem%20de%20Roscas.pdf>.
Acesso em: 26 mai. 2009 4 CONSTITUIÇÃO DO REBOLO
O rebolo se caracteriza por ser um aglomerado. Ou seja, ele é formado por
grãos abrasivos dispersos em uma matriz de ligante. Independente de o rebolo ser
de origem natural (rochas) ou artificial, essa é sua constituição básica. Isso porque
em um rebolo não é todo o material da ferramenta que irá causar a remoção de
material, mas apenas os grãos que possuem gumes afiados. “Dessa forma, são
ferramentas consideradas policortantes [...]” (ROSSI, 1970), cujas lâminas,
numerosas e unidas, são constituidas por uma porção de grãos abrasivos que
removem pequenas quantidades de material.
14
Figura 1: Constituição do Rebolo.
Fonte: STOETERAU, R. L. et al. Usinagem com ferramentas de geometria
de corte não definida - Retificação. 53 p., il. Disponível em:
4.1 Abrasivo
Essa é a parte ativa da ferramenta, pois é ela quem de fato retira material da
peça. É constituído por uma porção de grãos que apresentam certa dureza, e que
irão impactar com a peça para que o material seja arrancado. É importante que o
abrasivo tenha elevada dureza, estabilidade térmica e estabilidade química. Os
grãos abrasivos têm que apresentar “tenacidade” para suportar os choques
mecânicos da operação de corte interrompido sem se fraturar prematuramente, mas
devem por outro lado,apresentar “friabilidade”, isto é, à medida que o desgaste
arredonda as arestas cortantes (o grão fica cego), aumentam os esforços e o grão
se fratura apresentando novas arestas.(Catálogo de produtos Winter – set/2006)
4.2 Ligante
O ligante é a parte passiva do rebolo, ele detém a função de unir e sustentar
o abrasivo na ferramenta. Com isso possibilita que os grãos abrasivos reajam à
pressão necessária à retirada de material. Mas, acima de tudo, o mais importante é
que o ligante consiga se livrar dos grãos desgastados (lisos), para que os grãos
novos das camadas inferiores sejam expostos. É essencialmente essa propriedade
que torna o ligante fundamental no rebolo e por isso que influencia diretamente no
rendimento da ferramenta. Trataremos mais desse aspecto ao abordarmos a dureza
dos rebolos e defeitos no uso de rebolos.
Mesmo se tratando de “rebolos” naturais, como as rochas, também
encontramos uma matriz que aloja os grãos abrasivos. Assim como nos ligantes,
essa matriz possui dureza menor para que possa ser desgastada antes do abrasivo.
4.3 Poros
Os poros constituem os vazios dentro do rebolo, formados entre os grãos
abrasivos e o ligante. A formação de poros é inevitável, porém não é indesejável. Os
15
poros são importantes em muitos fatores, seja para refrigeração, ou para retirada de
cavaco. Portanto, é interessante controlar o tamanho dos poros, e assim controlar
mais uma variável dentro do processo de usinagem com rebolos.
Uma alta porosidade é muito importante para que o líquido refrigerante
possa penetrar na zona de retificação da ferramenta, e também para que o cavaco
possa ser transportado para fora da zona de maior atrito. Falaremos em mais
detalhe sobre a porosidade no item 5.5 que trata de Estrutura.
Figura 12: MICROSCOPIA – Ligante, poros e abrasivo. 1 fotografia.
Disponível em: <w.interempresas.net/MetalMecanica/Articulos/Articulo.asp?
A=19447>. Acesso em: 1 abr. 2009.
5 CARACTERÍSTICAS DO REBOLO
Os rebolos apresentam características importantes que devem ser
consideradas. É através da combinação dessas características que se obtém o
melhor rendimento da ferramenta em sua aplicação. A seguir temos esses cinco
parâmetros, de acordo com Stemmer (2005) e seu detalhamento.
5.1 Tipos de Abrasivos
Os abrasivos podem ser divididos em dois grandes grupos, que são os
naturais e os sintéticos. Deve-se destacar que os abrasivos naturais são menos
usados, devido a sua baixa resistência comparada com os abrasivos sintéticos.
16
També devido ao grande desenvolvimento de novos materiais sintéticos e
conseqüente barateamento desses materiais, o que tem proporcionado rebolos mais
eficientes. Segundo Stemmer (2005) os abrasivos que temos são:
Esse grupo compreende todos os materiais que se encontram na natureza e
não precisam passar por nenhum tratamento químico ou térmico, ou seja, serem
transformados para poderem ser usados. São eles:
a) Pedra de arenito ou silex (quartzo – SiO2) – Possui baixa dureza,
apresentando desgaste por fraturas frágeis, porém após a quebra os grãos não
apresentam arestas vivas boas. É a famosa “pedra de amolar”, encontrada em
zonas rurais e usada para afiação dos utensílios do homem do campo.
Figura 13: “Pedra de amolar”. 1 fotografia, color. Disponível em:
<w.flickr.com/photos/kafu/215473070/>. Acesso em: 1 abr. 2009.
b) Esmeril natural – É um material quase que exclusivo da região do Cabo
Esmeril, da ilha grega de Naxos. Esse abrasivo se forma de um raro derramamento
vulcânico composto de até 70% de óxido de alumínio cristalino em matriz de
magnetita. Também possui pouca eficiência em formar gumes afiados na quebra do
grão.
c) Coríndon natural – Diferente do esmeril natural, esse material possui um
teor maior de óxido de alumínio, variando de 80 a 95%. O alto teor de Al2O3 lhe
garante uma dureza elevada se comparado com os outros materiais naturais.
Similar aos demais, não forma arestas vivas no desgaste. Porém encontra
aplicação no polimento de vidros ópticos.
17
Figura 14: ZIMBRES, E. Coríndon natural. 1 fotografia, color. Disponível em:
<w.dicionario.pro.br />. Acesso em: 1 abr. 2009.
d) Pedra pome – Uma rocha extremamente porosa por natureza. É de
baixíssima resistência mecânica, porém já é usada há muitos anos no acabamento
de materiais também moles tais como madeira ou osso.
Figura 15: TEXTURA da pedra pome ampliada. 1 fotografia, color.
Disponível em: <w.garinbrasil.com.br/pedra_pome.html>. Acesso em: 1 abr. 2009.
e) Granadas – Um material de boa dureza, e que possui a vantagem de
romper em forma de concha (conchoidal). Isso garante a formação de muitos gumes
afiados. Porém, ainda assim não suficientemente eficientes para utilização em
metais, por isso se aplicam largamente em lixas de madeiras duras e/ou nobres.
18
Figura 16: Pedra de Granada. 1 fotografia, color. Disponível em:
<http://w.girafamania.com.br/tudo/pedra-granada.htm>. Acesso em: 1 abr. 2009.
f) Diamante – É a exceção dos materiais naturais. Possui notória dureza
elevada, o que lhe permite usinar metal-duro, quartzo, mármore, granito, cerâmica,
etc. Porém, não são pedras de diamante propriamente que se usa no rebolo. Uma
vez que grande parte dos diamantes extraídos em minas possui algum tipo de
defeito, esses são moídos e então aplicados em ferramentas de polimento,
lapidação ou retificação. É um abrasivo especialmente utilizado para retificação de
ferramentas de metal duro.
Figura 17: Morfologia do diamante em pó. Revista Matéria. v. 10, n. 3, p. 419
– 428, 2005. 1 fotografia. Disponível em: <http://w.materia.coppe.ufrj.br/>. Acesso
em: 01 abr. 2009.
A necessidade de se atingir tolerâncias muito maiores, levou a criação de
abrasivos sintéticos, os quais apresentam propriedades melhoradas. Além disso,
novas pesquisas e estudos podem e são feitos a fim de melhorar ainda mais esses
19
materiais. Por isso, uma infinidade de abrasivos sintéticos está à disposição para a
fabricação de rebolos. Os mais importantes desses abrasivos são:
a) Coríndon – formado por óxido de alumínio cristalino. É classificado em
regular, médio e extra, de acordo com seu teor de impurezas (óxidos de titânio,
silício e ferro). Além disso, também oferece variações referentes a elementos de
ligas e composições de coríndon. Quatro principais processos de fabricação se
aplicam a esse material: fundição, cristalização, sinterização e pulverização de
massa fundida que forma esferas ocas ao resfriarem em suspensão no ar.
b) Carboneto de silício – é um material sintético, formado pela fusão em
fornos elétricos de areia de sílica (SiO2) com coque (carbono). Possui elevada
dureza, que não depende da orientação dos cristais (como o diamante). Além disso,
é muito estável quimicamente. Suas demais propriedades dependem do tipo e teor
de impurezas, e a partir disso são classificados em de cor verde ou de cor preta. Os
de cor preta se distinguem por apresentar maior tenacidade.
Figura 18: REBOLOS em Carboneto de Silício. 1 fotografia, color. Disponível
em: <w.jlemosesteves.pt/>. Acesso em: 1 abr. 2009.
c) Nitreto cúbico de boro – É o material sintético que mais se aproxima da
dureza do diamante, com a vantagem dessa propriedade não depender da
orientação dos cristais. Sua estrutura cristalina cúbica é estável até a temperatura de
2000°C, a temperatura ambiente. Encontra aplicação na usinagem de materiais de
boa dureza, tais como aços rápidos e aços liga.
20
Figura 19: NITRETO Cúbico de Boro. 1 fotografia. Disponível em:
<w.abrasivesnet.com>. Acesso em: 1 abr. 2009.
d) Diamante sintético – Possui dureza superior ao diamante natural, o que o
torna o mais duro de todos os abrasivos, porém essa propriedade depende da
orientação do cristal. Além disso, possui elevada condutibilidade térmica e, por isso,
requer cuidados na hora da escolha do ligante. Ligantes de baixo ponto de fusão,
como resinóides, podem fundir e destruir o rebolo. Em ar atmosférico e à
temperatura de 900°C, o diamante sofre a grafitização, o que diminui sua
resistência. Esse abrasivo é utilizado na retificação de metal duro, quartzo, cristais,
gemas, pedras preciosas, mármore, granito e cerâmicos. E ainda, estudos recentes,
utilizando configurações alternativas de diamantes, obtiveram grandes resultados na
usinagem de materiais dúcteis não ferrosos, tais como o alumínio.
Figura 20: DIAMANTE sintético – Grãos. 1 fotografia, color. Disponível em:
<w.dsn2006.org/catalog/materials_handling/1/>. Acesso em 1 abr. 2009.
5.2 Granulometria
A granulometria diz respeito ao tamanho de grão, ou seja, especifica
parâmetros que podem ser medidos e comparados entre os diferentes tipos de grão.
De acordo com Nussbaum (1988), é importante se ter controle da granulometria de
21
um rebolo para que a uniformidade dos grãos seja garantida, e conseqüentemente a
usinagem também apresente resultados uniformes. O tamanho de grão está
diretamente ligado ao acabamento da usinagem.
Um primeiro método para se especificar a granulometria de um rebolo é a
utilização de peneiras. Os furos da peneira irão limitar os tamanhos do grão, e dessa
forma nenhum grão além do tamanho que se quer estará presente no rebolo. “A
classificação mais usual é a da norma norte-americana ANSI Standart B 7.12-1977”
(STEMMER, 2005, p. 270). Essa norma especifica o tamanho de grão através do
número de fios que uma área padrão de uma polegada quadrada da peneira
contém. O produto, ou quadrado, do número de fios é chamado de mesh (malha).
Então, por exemplo, uma peneira que possua 10 x 10 fios, possui um malha de 100.
Nessa medida, quanto maior o número de mesh, menor é o tamanho de grão.
Abaixo temos uma classificação da granulometria em mesh, de acordo com
Stemmer (2005).
Muito grosso 6 8 10 12
Fonte: STEMMER, C.E. Ferramentas de corte I. Florianópolis: Editora da
UFSC. 2008. 314 p., il.
Na figura abaixo temos um exemplo das malhas usadas. Observa-se
também uma classificação, indicando apenas os números de fios. Portanto, se a
malha possui 20x20 fios, os grãos que passam nessa malha são chamados de grãos
nº 20.
22
Figura 21: Granulometria.
Fonte: STOETERAU, R. L. et al. Usinagem com ferramentas de geometria
de corte não definida - Retificação. 53 p., il. Disponível em:
Porém, algumas utilizações requerem grãos tão pequenos, que estes já se
tornam pós impalpáveis, e não mais podem ser medidos através desse sistema de
peneiras. Para esses grãos, cita Stemmer (2005), criou-se uma medição baseada no
tempo de decantação em solução aquosa. A solução aquosa de grãos é descansada
por um número “n” de minutos, e então uma parcela superior da solução é retirada.
Através da evaporação, extrai-se o pó dessa parcela, e esse pó é chamado de pó de
“n” minutos. Essa medida encontra uma relação de aproximadamente 0,05
min/mesh, ou seja, 1 minuto corresponde a um grão de mesh 200.
5.3 Ligantes
Os ligantes são divididos em dois grandes grupos, de acordo com sua
constituição química. Eles podem ser orgânicos e inorgânicos. Ainda, uma
caracterização encontrada em bibliografia mais antiga refere-se aos ligantes
inorgânicos como ligantes elásticos.
Os diferentes ligantes recebem um símbolo que os identifica e que é usado
na especificação do rebolo. Em seguida encontramos essa simbologia, com seus
respectivos ligantes.
(V) Cerâmico ou vitrificado: É formado por uma mistura de argila, caolim,
quartzo, feldspato e outros fundentes (que diminuem a temperatura de queima do
ligante). As proporções utilizadas de cada um dependem das propriedades que se
23
quer obter do ligante. A utilização de fundentes é mais recente, e visa economizar
tempo e combustível. O nome vitrificado se deve ao fato de todos os seus
componentes se vitrificarem durante o processo de queima, por esse motivo também
pode ser chamado de cerâmica sinterizada. Esses ligantes representam 75% da
utilização dos rebolos. De modo geral são frágeis, com alto módulo de elasticidade e
resistentes à temperatura, porém quebradiços e sensíveis a choques térmicos. Além
disso, a queima requer altas temperaturas, entre 1000 a 1350°C.
(S) Silicioso: É formado por silicato de sódio, obtido na fusão de soda
cáustica com grãos de quartzo, e ainda um pouco de argila. A solidificação dessa
solução ocorre a 200°C e sua queima a temperaturas muito menores que os ligantes
cerâmicos. Por essas características, é um ligante fácil de trabalhar e de moldar.
Permitem, ainda, a fabricação de ferramentas de grandes dimensões. Os problemas
da utilização dessa ligante são: estrutura muito fechada, falta de elasticidade e baixa
dureza. Além disso, também são muito suscetíveis à temperatura e à presença de
água, devido à soda cáustica da composição.
(O) Magnesita: É formado por oxicloreto de magnésio, que se forma da
reação de óxidos com cloreto de magnésio. A solidificação do material ocorre em
temperatura ambiente, embora de forma demorada. Porém, essa é uma reação
química muito instável e difícil de controlar, por isso gera freqüentes trincas e
fissuras que fragilizam e até inutilizam a ferramenta. É um ligante sensível à
umidade, e por isso dispensa o uso de lubrificantes. Porém, isso pode limitar sua
aplicação, e por isso só encontra utilização em retificações suaves como cutelaria e
afiação de antigas navalhas e lâminas de barbear.
(M) Metálico: é formado por diversos tipos de material, porém possui uma
fabricação mais complexo e abrangente. Ao invés de simplesmente se misturar
materiais e queimar em fornos, ligantes metálicos podem ser sinterizados,
depositados galvanicamente sobre um suporte, ou infiltrados numa matriz porosa de
abrasivo. É comumente usado na retificação de cerâmicas, com rebolos contendo
abrasivos de dureza elevada como nitreto cúbico de boro (CBN), diamante ou
diamante sinterizado.
Figura 2: REBOLO eletrolítico - depositação galvânica. 1 fotografia, color.
Disponível em: <w.nikkon.com.br/reboloseltroliticos.htm>. Acesso em 1 abr. 2009.
24
(E) Goma-laca: é formado de resíduos de couro. São de fabricação muito
simples, se comparado aos outros ligantes que precisam ser misturados e
queimados. Usados geralmente em lixas, são suscetíveis a temperatura. Além disso,
também são usados para preparação de amostras metalográficas, pois não
produzem descoloração na usinagem e isso permite boa visualização da estrutura
do metal.
Figura 23: GOMA-LACA. 1 fotografia, color. Disponível em:
<w.templodaarte.com/loja/>. Acesso em 1 abr. 2009.
(R) Borracha: é formado por borracha (ou látex). É amplamente usado em
usinagens em alta velocidade, pois sua característica elástica garante ação suave
do rebolo sobre a peça. A rebarbação de peças fundidas é um exemplo de sua
aplicação.
Figura 24: BORRACHA sendo extraída. 1 fotografia, color.
Disponível em: <portuguese.alibaba.com/product-tp/latex-rubber-
103676617.html>. Acesso em 1 abr. 2009.
(B) Resinóide: é formado por vários tipos de resinas sintéticas, que podem
ou não apresentar material de enchimento. É o segundo ligante mais usado e com
abrangência crescente. As resinas mais comuns são as fenólicas, pois são do tipo
termofixas. Isso garante que o material não irá se deformar sobre a ação da
temperatura Porém, limite a temperatura na usinagem já que o material não resiste a
grandes temperaturas, como os ligantes cerâmicos ou metálicos. É um ligante
recomendado para trabalhos de alta pressão com velocidades de até 80 m/s.
25
Figura 25: RESINA pré-processada. 1 fotografia, color. Disponível em:
<w.scientech.com.br/produtos/resinas.html>. Acesso em 1 abr. 2009.
5.4 Dureza do rebolo
A dureza do rebolo é o parâmetro que determina a capacidade do ligante em
reter as partículas abrasivas do rebolo. Também, pode ser interpretada como a
tenacidade do ligante.
O que se espera de um rebolo é que ele mantenha os grãos ativos até que
estes se desgastem, arredondem e percam a eficácia. Então, o rebolo deve ser
capaz de soltar esses grãos e expor novos grãos ativos. Dessa forma o rebolo está
continuamente se reafiando. Porém, deve se cuidar para que não ocorra o desgaste
excessivo da ferramenta e conseqüente ineficiência do processo, pois um rebolo que
se desgasta muito fácil pode não estar retirando material suficientemente.
A dureza do rebolo não é quantitativamente mensurada. Ela apenas é
comparada entre os diversos rebolos e classificada numa ordem apropriada. Uma
dureza grande significa que o rebolo apresenta maior resistência ao desgaste e
arranque de seus grãos. Essa classificação utiliza as letras maiúsculas do nosso
alfabeto, como vemos na tabela abaixo.
Extra macio A, B, C, D, G
Macio H, I, J, K Médio L, M, N, O Duro P, Q, R, S
Extra duro T, U, W, Z
Fonte: STEMMER, C.E. Ferramentas de corte I. Florianópolis: Editora da
UFSC. 2008. 314 p., il.
5.5 Estrutura – Espaçamento entre os grãos
A estrutura aqui é definida como o espaçamento entre os grãos abrasivos e
o ligante. Ela nos indica quanto espaço vazio há dentro do rebolo. É classificada em
aberta (mais porosidade) ou fechada (menos porosidade).
26
Figura 29: Efeitos da porosidade do rebolo.
Fonte: STOETERAU, R. L. et al. Usinagem com ferramentas de geometria
de corte não definida - Retificação. 53 p., il. Disponível em: <http://w.lmp.ufsc.br >.
Acesso em: 1. abr. 2009
35 5.5.1. Estrutura fechada
Uma estrutura fechada possui os grãos abrasivos mais perto um dos outros,
o que significa mais contato com a peça. Porém, uma vez que se têm mais arestas
cortantes em contato com a peça, também se produz mais calor durante a
usinagem, e conseqüente maior desgaste.
De acordo com Stemmer (2005), o uso de rebolos com estrutura fechada é
indicado para acabamentos finos, pois é necessário se ter uma boa densidade de
arestas cortantes e assim garantir a uniformidade do processo. A estrutura fechada
também é usada na retificação de roscas.
5.5.2. Estrutura aberta
Uma estrutura aberta representa grande espaçamento entre os grãos
abrasivos. Esses espaços são importantes para alojar o cavaco, e com isso uma
maior quantidade de material pode ser retirada. Além disso, com menos grãos em
contato com a peça e menos calor sendo gerado, a durabilidade de rebolos de
estrutura aberta é maior.
De modo geral, os materiais de menor dureza e ductilidade maior requerem
rebolos de estrutura aberta para sua usinagem. São exemplos materiais não comuns
à engenharia tais como cortiça, borracha, couro, etc.
27
Figura 30: CONSTITUIÇÃO dos rebolos de estrutura aberta e fechada.
Fonte: Preparação de máquina. 10 p., il. Aula da USP. Disponível em:
<w.bibvirt.futuro.usp.br >. Acesso em 26 mai. 2009.
37 6 FORMA DOS REBOLOS E PERFIL DOS BORDOS
Sendo o rebolo uma ferramenta utilizada em diversas operações diferentes,
é importante que ele também apresente formatos diferentes, que atendam as
diferentes necessidades. De forma geral, o que se tem é:
28
Figura 31: FORMAS e aplicações de rebolos.
Fonte: Retificação: conceitos e equipamentos. 7 p., il. Aula da USP.
Disponível em: <w.bibvirt.futuro.usp.br >. Acesso em 26 mai. 2009.
Tanto o formato geral, como também o perfil dos bordos possuem formas e
dimensões padronizadas. Essas formas são regulamentadas pelas normas ISO/R
603-1967, ISO 1117-1975 e ISO/R 525, também pelas normas alemãs DIN, que se
encontram no manual 108 – Werkzeuge 6, e ainda pela norma dos Estados
Unidades ANSI-Standard B 74.2-1974 e pela brasileira ABNT NBR 6166.
38 Abaixo temos alguns dos formatos básicos de rebolos.
Figura 32: FORMAS de Rebolo. il, color. Disponível em:
<http://w.diamaxdiamantes.com.br/arquivos/Diamax_Catalogo.pdf>.Acesso em 26
mai. 2009.
Com relação aos bordos do rebolo, também existem padronizaçãoes, com
formatos e dimensões normalizados. Abaixo temos alguns desses bordos.
29
Figura 3: Bordo de rebolos
Fonte: STEMMER, C.E. Ferramentas de corte I. Florianópolis: Editora da
UFSC. 2008. 314 p., il.
40 6.1 Rebolos perfilados – retificação de roscas
Além desses formatos padronizados, também existem rebolos com formas e
bordos específicos para uma peça. Esses são chamados perfilados, e encontram
aplicação principalmente na retífica de roscas. Em roscas que trabalham com a
calibragem de algum aparelho, é importante que essas possuam tolerâncias
dimensionais muito pequenas, e para suprir essa necessidade usa-se os rebolos
perfilados.
30
Figura 34: RETIFICAÇÃO com rebolo perfilado. 1 fotografia, color.
Disponível em: <w.cimm.com.br>. Acesso em 1 abr. 2009.
41 7 ESPECIFICAÇÃO DOS REBOLOS – NORMALIZAÇÃO
Depois de todos esses aspectos que foram abordados aqui, é importante
demonstrar como a especificação de rebolos é feita. No caso, todos os elementos
supracitados aqui devem estar descritos sobre o rebolo, de forma a facilitar a sua
utilização no dia-a-dia.
fer
ramenta
Na imagem a baixo temos um exemplo disso. Todos os parâmetros que
vimos estão indicados, tais como granulometria, dureza, ligante, abrasivo, e ainda
encontramos outros, tais como rotação máxima de trabalho e dimensões da
31
Figura 35: ESPECIFICAÇÃO de Rebolo.
Fonte: Preparação de máquina. 10 p., il. Aula da USP. Disponível em:
<w.bibvirt.futuro.usp.br >. Acesso em 26 mai. 2009.
Figura 36: CATÁLOGO NORTON. Exemplo de rebolo vendido no mercado.
32
Disponível em:
<http://w.frato.com/arquivos_public/catalogo_parceiros/arq_42_12.pdf>. Acesso em
1 abr. 2009.
43 8 REFRIGERAÇÃO NO USO DE REBOLOS
Nas operações com rebolos, pode haver grandes quantidades de calor
gerado devido ao atrito do rebolo com a peça a ser usinada. De fato, e conforme
Stemmer (2008), a maior parte do calor gerado no processo de retificação
transferese para a peça, o que pode originar uma série de graves problemas, tais
como o surgimento de “pontos macios” por sobreaquecimento do material, “pontos
duros” por aquecimento e rápido resfriamento, áreas com manchas, e aspecto
superficial queimado, além de trincas, empenamentos e deformações. A retirada do
cavaco é um fator crucial para evitar este problema, pois o espaço disponível para
este se alojar no decorrer do processo é muito pequeno, o que freqüentemente
acarreta em forte atrito dos grãos do rebolo com a peça, provocando aquecimento
excessivo. Neste quesito, os fluidos refrigerantes desempenham um papel muito
importante.
Figura 37: FLUXO de calor no grão
Fonte: KÖNIG W. Tecnologia da Fabricação. Retífica, brunimento e
lapidação. v. 2 (direitos de tradução reservados por Prof. Walter L. Weingaertner),
1981.
33
Lubri-refrigerantes são altamente recomendados para os casos agressivos
onde grandes quantidades de calor são geradas, e possuem diversas finalidades e
vantagens que, em muito, justificam o seu uso. Além de esfriar a peça, as porções
de fluido localizadas imediatamente nos pontos de contato da peça com o abrasivo,
conferem uma boa lubrificação na interface da peça com o rebolo. De acordo com
Nussbaum (1988), “os fluidos contribuem para manter a uniformidade da distribuição
de temperaturas na área usinada, ponto-chave para evitar as deformações
originadas de choques térmicos.” A remoção dos cavacos pelo fluido de corte evita
também que o arraste na retirada dos mesmos e sua compressão contra o rebolo
prejudique no acabamento da peça ou feche os poros do rebolo precocemente. A
aplicação de fluidos de corte, portanto, auxilia nos objetivos gerais do rebolo, na
medida em que contribui para o arranque do material sob a forma de cavaco e
melhora o acabamento superficial da peça usinada.
Figura 38: APLICAÇÃO de fluido de corte sobre rebolo. 1 fotografia, color.
Disponível em: <w.cimm.com.br/>. Acesso em 1 abr. 2009.
Sob o ponto de vista da produtividade de processo, citando Stemmer (2008),
a diminuição da temperatura no processo de usinagem causada pelo fluido
refrigerante permite a aplicação de velocidades de corte maiores e o emprego de
rebolos mais macios e com grãos maiores, o que rende relações mais altas de
remoção do material. Desta maneira, usando rebolos que removam maiores
quantidades de material e aplicando um maior giro do eixo da máquina, podem ser
obtidos simultaneamente o mesmo acabamento superficial e precisão dimensional
com uma considerável redução nos custos de processo, aumentando a
produtividade. Entretanto, isto também depende da escolha correta do fluido
lubrirefrigerante.
34
O aumento da produtividade com o uso de rebolos é um fator depende da
escolha do fluido lubri-refrigerante, que deve ser adequado ao tipo de abrasivo
usado no rebolo, sua granulometria e à operação de usinagem. Deve-se ter cuidado
na escolha do fluido, de modo a evitar que ocorra a sua absorção pelos poros do
rebolo. Na prática, esta absorção de líquido pode gerar desequilíbrios no rebolo e
tendência de vibrações, como também arrancamento não-uniforme de material. Em
casos extremamente desfavoráveis, pode-se atingir uma possível ruptura (ou
explosão) do rebolo, quando este é acelerado a altas rotações.
Deseja-se, pois, uma reunião de características comuns presentes ao fluido
refrigerante escolhido, tais como ser lubrificante, antioxidante, detergente, possuir
baixa tensão superficial, boa capacidade de emulsão, não ser inflamável, não ser
tóxico e não permitir que se formem pós abrasivos nocivos à saúde.
Conforme a norma DIN 51385, como fluidos lubri-refrigerantes são utilizados
óleos, soluções e emulsões, que podem apresentar diferentes composições. Os
primeiros são os menos empregados na prática com rebolos (STEMMER, 2008),
pois apesar de serem excelentes lubrificantes, também custam caro, apresentam
riscos de incêndio e podem causar problemas à saúde do operador. Óleos puros são
mais utilizados em casos onde a ação lubrificante seja mais importante que a ação
refrigerante (NUSSBAUM, 1988), isto é, em operações de acabamento nas quais o
arranque de material da peça seja mínimo e a rugosidade desejada seja
relativamente baixa como, por exemplo, na retífica de roscas e perfis complexos.
Como uma alternativa bastante utilizada, e sugerida por Nussbaum (1988), os óleos
solúveis freqüentemente encontram uma maior aplicação que os puros, porque
podem ser usados quando se deseja acentuar menos a ação lubrificante e obter
melhor refrigeração em comparação àqueles óleos.
Soluções e emulsões conhecidos também por fluidos sintéticos têm
encontrado grande aplicação na retificação. Estes fluidos, que podem ser orgânicos
ou inorgânicos, geralmente possuem um alto poder detergente, o que ajuda a limpar
profundamente a superfície do rebolo, porém costumam ter um baixo poder
lubrificante. Apesar disso, Nussbaum (1988) prevê que podem ser formulados com
características minuciosamente controladas, o que permite obter valores ótimos para
as suas propriedades, como detergência, lubrificação e refrigeração.
35
A seguir, estão sintetizadas as vantagens da utilização dos lubri-
refrigerantes nos processos de retificação com rebolos:
• Redução significativa do atrito entre os grãos abrasivos e a peça;
• Resfriamento da superfície da peça durante a usinagem;
• Retirada dos cavacos no rebolo, contribuindo para a sua limpeza;
• Proteção contra corrosão, das peças e da máquina;
• Arraste dos cavacos e dos resíduos do rebolo;
• Taxa mais alta de remoção de material;
• Possibilidade de empregar rebolos mais macios com redução nos custos;
• Aumento de produtividade.
Figura 39: Esquema da aplicação de fluido lubri-refrigerante.
Fonte: STOETERAU, R. L. et al. Usinagem com ferramentas de geometria
de corte não definida - Retificação. 53 p., il. Disponível em:
<http://w.lmp.ufsc.br/disciplinas/emc5240/Aula-2-U-2007-1-retificacao.pdf>. Acesso
em: 1. abr. 2009
47 9 DEFEITOS NO USO DE REBOLOS
São diversos os problemas que podem ocorrer tanto no rebolo quanto na
peça por condições de usinagem inadequadas ou imperfeições do rebolo. Por
exemplo, podem ocorrer queimaduras, marcas e mau acabamento na peça, e
desgaste precoce, espelhamento ou empastamento no rebolo. Trataremos dos
principais defeitos no rebolo, citando suas causas nos parágrafos seguintes.
Macroscopicamente falando, podem ocorrer desgastes radiais e de quina na
face do rebolo, devido às temperaturas localizadas e pressões elevadas, de maneira
gradual. Microscopicamente, segundo Wilfried Konig (1980, p.13) este desgaste
ocorre devido às influências térmicas nas camadas superficiais do grão abrasivo e
do ligante, propiciando a oxidação e a difusão. As camadas em questão perdem sua
resistência original, se desprendendo devido à ação mecânica da abrasão.
36
Figura 40: Desgaste macroscópico no rebolo
Fonte: STOETERAU, R. L. et al. Usinagem com ferramentas de geometria
de corte não definida - Retificação. 53 p., il. Disponível em:
<http://w.lmp.ufsc.br/disciplinas/emc5240/Aula-2-U-2007-1-retificacao.pdf>. Acesso
em: 1. abr. 2009
Figura 41: Desgaste microscópico no grão
Fonte: KÖNIG W. Tecnologia da Fabricação. Retífica, brunimento e
lapidação. v. 2 (direitos de tradução reservados por Prof. Walter L. Weingaertner),
1981.
Com o decorrer da utilização do rebolo pode-se, em alguns casos, perceber
um desgaste anormal e excessivo do seu material constituinte. Geralmente, isto é
causado pela utilização de um rebolo com grãos muito macios, baixas velocidades
de rotação, grande velocidade de avanço, força de contato excessiva, rebolo de
dimensão muito estreita ou por descontinuidades na peça, como furos e ranhuras.
37
Outro fenômeno grave que pode ocorrer com o tempo é conhecido como
espelhamento do rebolo. É possível que o rebolo pare de remover material da peça
após certo tempo de uso. Isso é caracterizado pelo alisamento da sua face,
presença de grãos abrasivos arredondados e sem gumes vivos. Normalmente,
conforme aponta Stemmer (2008, p. 297), o espelhamento em geral ocorre por
causa de um rebolo muito duro, grãos pequenos e finos, velocidade excessivamente
alta de rotação e avanço muito pequeno.
Figura 42: Desgaste do rebolo – Cegamento dos grãos isolados
Fonte: STOETERAU, R. L. et al. Usinagem com ferramentas de geometria
de corte não definida - Retificação. 53 p., il. Disponível em:
<http://w.lmp.ufsc.br/disciplinas/emc5240/Aula-2-U-2007-1-retificacao.pdf>. Acesso
em: 1. abr. 2009
Dizemos que ocorreu o empastamento do rebolo quando a sua face
apresentar cavacos de outros materiais mais macios que, exemplificando, podem
ser de latão, bronze, alumínio e aço macio, entre outros. Com o agregamento destas
partículas pelos espaços e poros do rebolo, a ferramenta perde sua capacidade
original de corte, ficando lisa. A respeito do empastamento, Stemmer (2008, p.298)
enumera as seguintes causas, podendo o problema ser causado pela alta dureza do
rebolo ou estruturas densas de alguns, assim como por causa da aplicação de
pequenas velocidades de avanço.
50 10 CUIDADOS NA UTILIZAÇÃO E MONTAGEM DOS REBOLOS
38
A utilização de rebolos nos processos de desbaste, retificação e afiação
exige certos cuidados, extremamente necessários para se reduzir o risco de
acidentes. Lembrando que o operador deve sempre respeitar as normas de
segurança e utilizar os equipamentos de proteção necessários. Em princípio, a
preocupação maior é eliminar quaisquer riscos à integridade física do operador, mas
isto deve contribuir também ao sucesso do processo de usinagem.
Preliminarmente, o rebolo deve passar por um teste visual, sendo conferidas
suas dimensões e seu aspecto. A seguir, deve passar por um teste de som,
geralmente realizado batendo-se em dois ou mais pontos, para buscar e detectar
defeitos na estrutura do material, sempre procurando a existência de fraturas e
trincas que possam ter ocorrido durante o transporte e manuseio. Por último deve-se
observar se este não apresenta umidade excessiva.
O balanceamento do rebolo também deve ser controlado, pois é uma das
principais causas de defeitos que aparecem nos processos de usinagem. O
desbalanceamento pode produzir vibrações, trepidações, desgaste prematuro do
rebolo e dos mancais, mau acabamento superficial e diminuição da velocidade para
ruptura do rebolo por causa de tensões adicionais presentes, originando perigo de
colapso e explosão.
Mesmo um rebolo cuidadosamente balanceado, pode ficar desbalanceado
novamente depois de contínuos períodos de trabalho. Isto pode ocorrer, por
exemplo, quando a porosidade não é uniforme, e ocorre penetração de fluido
refrigerante, como citado anteriormente. Nussbaum (1988, p.439) alerta os principais
fatores que causam o desbalanceamento como assimetria geométrica, rebolo
heterogêneo, flexões presentes no eixo da máquina-ferramenta e impregnação ou
absorção do fluido por parte do rebolo.
Deve-se garantir que o rebolo, quando em operação, gire concentricamente
e sem batimentos. É importante para este fim retirar material abrasivo presente na
periferia do rebolo, deixando-o sem batimentos. Este processo é realizado com o
rebolo girando e aplicando um diamante. A esta operação, Stemmer (2008, p.299)
39
REFERÊNCIAS
http://www.essel.com.br/cursos/material/01/ProcessosFabricacao/
58proc3.pdf
http://www.slideshare.net/superleco/afiao-de-ferramentas
http://www.youtube.com/watch?v=hjzPxl5N9Mw