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8/18/2019 Registros Imóveis - Luiz Loureiro http://slidepdf.com/reader/full/registros-imoveis-luiz-loureiro 1/69 REGISTRO DE IMÓVEIS – LUIZ GUILHERME LOUREIRO 2014 Parte teórica I – Teoria Geral o Re!i"tro e I#ó$ei" 1% &O'&EITO E O()ETO DO REGISTRO DE IMÓVEIS O serviço de registro de imóveis, bem como os demais serviços notariais e de registro, tem por objetivo assegurar a publicidade, autenticidade, segurança e efcácia dos atos e negócios jurídicos. O registrador é um profssional do direito, dotado de é pública, a quem é delegado o eercício da atividade de registro. O registrador tem o dever de prestar os serviços a seu cargo de modo adequado, observando rigorosamente os deveres próprios da delegaç!o pública em que est!o investidos, a fm de garantir a autenticidade, publicidade, segurança, disponibilidade e efcácia dos atos jurídicos constitutivos, translativos ou etintivos de direitos reais sobre imóveis e atividades correlatas "arts. #, #$ e %&, '', da ()*+. erviço prestado de modo adequado é o que atende ao interesse público e corresponde -s eigncias de qualidade, continuidade, regularidade, efcincia, atualidade, generalidade, modicidade, cortesia e segurança. /or sua ve0, deve ser entendido por atualidade do serviço o uso de métodos, instalaç1es e equipamentos que correspondam a padr1es de modernidade e avanço tecnológico, bem como a sua ampliaç!o, na medida das necessidades dos usuários e em apoio ao labor jurídico do registrador e seus prepostos. /ara tanto, os registradores de imóveis devem adotar boas práticas de governança corporativa do setor público administrativo e aquelas disseminadas pelas entidades de representaç!o institucional. /or serviço efciente deve ser compreendido aquele prestado de orma célere, velando o registrador pela rapide0 no tr2mite da documentaç!o a seu cargo e esorçando3se pelo cumprimento de seu mister e devoluç!o dos documentos aos interessados, devidamente inscritos ou para os fns de cumprimento de eventuais eigncias, em pra0os ineriores aos máimos assinalados em lei. 4om o fm de possibilitar maior celeridade e menor ormalidade no eercício da unç!o registral, as normas administrativas que as inormaç1es essenciais para a tramitaç!o do título, arquivadas na própria unidade de serviços ou disponibili0adas em serviços de inormaç1es de órg!os ofciais publicadas na 'nternet, dever!o ser obtidas pelo próprio registrador, com a devida certifcaç!o da onte, evitando3se, assim, a devoluç!o do título para cumprimento de tais eigncias. 5avendo incidncia de taas ou emolumentos, o pagamento deverá ser eito na retirada do título, desde que a busca das inormaç1es onerosas ten6a sido previamente autori0ada pelo apresentante. Os ofciais de *egistro de 'móveis go0am de independncia jurídica no eercício de suas unç1es e eercem essa prerrogativa quando interpretam disposiç!o legal ou normativa "art. $7 da ()*+. 8 responsabili0aç!o pelos danos causados a terceiros, na prática de atos próprios da serventia, independe da responsabili0aç!o administrativa. omente será considerada alta disciplinar, a ser

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REGISTRO DE IMÓVEIS – LUIZ GUILHERME LOUREIRO 2014

Parte teórica I – Teoria Geral o Re!i"tro e I#ó$ei"

1% &O'&EITO E O()ETO DO REGISTRO DE IMÓVEISO serviço de registro de imóveis, bem como os demais serviços notariais e de

registro, tem por objetivo assegurar a publicidade, autenticidade, segurança e

efcácia dos atos e negócios jurídicos. O registrador é um profssional do direito,

dotado de é pública, a quem é delegado o eercício da atividade de registro. O

registrador tem o dever de prestar os serviços a seu cargo de modo adequado,

observando rigorosamente os deveres próprios da delegaç!o pública em que est!o

investidos, a fm de garantir a autenticidade, publicidade, segurança, disponibilidade

e efcácia dos atos jurídicos constitutivos, translativos ou etintivos de direitos reais

sobre imóveis e atividades correlatas "arts. #, #$ e %&, '', da ()*+.

erviço prestado de modo adequado é o que atende ao interesse público e

corresponde -s eigncias de qualidade, continuidade, regularidade, efcincia,

atualidade, generalidade, modicidade, cortesia e segurança. /or sua ve0, deve ser

entendido por atualidade do serviço o uso de métodos, instalaç1es e equipamentos

que correspondam a padr1es de modernidade e avanço tecnológico, bem como a sua

ampliaç!o, na medida das necessidades dos usuários e em apoio ao labor jurídico do

registrador e seus prepostos. /ara tanto, os registradores de imóveis devem adotar

boas práticas de governança corporativa do setor público administrativo e aquelasdisseminadas pelas entidades de representaç!o institucional. /or serviço efciente

deve ser compreendido aquele prestado de orma célere, velando o registrador pela

rapide0 no tr2mite da documentaç!o a seu cargo e esorçando3se pelo cumprimento

de seu mister e devoluç!o dos documentos aos interessados, devidamente inscritos

ou para os fns de cumprimento de eventuais eigncias, em pra0os ineriores aos

máimos assinalados em lei.

4om o fm de possibilitar maior celeridade e menor ormalidade no eercício da

unç!o registral, as normas administrativas que as inormaç1es essenciais para a

tramitaç!o do título, arquivadas na própria unidade de serviços ou disponibili0adasem serviços de inormaç1es de órg!os ofciais publicadas na 'nternet, dever!o ser

obtidas pelo próprio registrador, com a devida certifcaç!o da onte, evitando3se,

assim, a devoluç!o do título para cumprimento de tais eigncias. 5avendo

incidncia de taas ou emolumentos, o pagamento deverá ser eito na retirada do

título, desde que a busca das inormaç1es onerosas ten6a sido previamente

autori0ada pelo apresentante.

Os ofciais de *egistro de 'móveis go0am de independncia jurídica no

eercício de suas unç1es e eercem essa prerrogativa quando interpretam

disposiç!o legal ou normativa "art. $7 da ()*+. 8 responsabili0aç!o pelos danos

causados a terceiros, na prática de atos próprios da serventia, independe da

responsabili0aç!o administrativa. omente será considerada alta disciplinar, a ser

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punida na orma da lei, a conduta dolosa, ou praticada com imprudncia, negligncia

ou imperícia.

9e acordo com o art. #$ da (ei 7.:%;<#::=, ao Ofcial de *egistro de 'móveis

compete notadamente a prática de registro de direitos reais relativos a imóveis

situados em determinada circunscriç!o geográfca, além da prática de outros atos

previstos no art. #>? da (ei >.&#;<#:?%, que ser!o analisados oportunamente. /aratanto, ambas as leis defnem a unç!o registral, a respectiva sede dos serviços

registrais imobiliários, estabelecem a organi0aç!o desse serviço público, o

procedimento desde a recepç!o e prenotaç!o do título até o seu acesso -

publicidade registral e consagram os princípios que undamentam nosso sistema

registral.

9estarte, o direito registral imobiliário pode ser conceituado como a parte

específca do direito de registros públicos que se reere ao conjunto de princípios e

normas destinados a regular a unç!o do ofcial de registro de imóveis e a

organi0aç!o e o uncionamento dos organismos estatais encarregados derecepcionar notadamente os atos e documentos concernentes aos direitos reais

sobre bens imóveis ou aqueles que os aetam, bem como as ormas e resultados de

tais registros e os eeitos deles resultantes.

8plica3se ao nosso sistema jurídico a defniç!o de @'((8*A, para quem o

direito de registro de imóveis é Bo conjunto de normas e princípios que regulam a

organi0aç!o, o uncionamento e os eeitos da publicidade registral, em unç!o da

constituiç!o, transmiss!o, modifcaç!o e etinç!o dos direitos reais sobre imóveisC.#

O 9ireito registral imobiliário tem por objeto a publicidade da propriedade debens imóveis e de outros direitos reais imobiliários, visando a proteç!o dos titulares

de tais direitos reais "publicidade estática+ e também a garantia do tráfco jurídico

dos bens imóveis "publicidade din2mica+. 9estarte, a ra0!o de ser do 9ireito registral

é diminuir o risco dos adquirentes de imóveis ou direitos a eles relativos, por meio de

uma maior segurança jurídica no tráfco imobiliário e, consequentemente, diminuindo

os custos da transaç!o e contribuindo para a diminuiç!o de litígios envolvendo

imóveis.

9e acordo com o art. #$ da (ei 7.:%;<#::=, ao Ofcial de *egistro de 'móveis

compete notadamente a prática de registro de direitos reais relativos a imóveis

situados em determinada circunscriç!o geográfca, além da prática de outros atos

previstos no art. #>? da (ei >.&#;<#:?%, que ser!o analisados oportunamente.

/ara mel6or compreens!o da fnalidade e da import2ncia do sistema de

registro de imóveis, convém relembrar sua evoluç!o 6istórica

1%1 (re$e $i"*o +i"tórica o re!i"tro e i#ó$ei"

5istoricamente, a fnalidade precípua do registro de imóveis oi garantir a

publicidade das 6ipotecas. Dm um país em vias de industriali0aç!o, era preciso

estimular o crédito e, consequentemente, instituir um sistema de garantias reais

estável e seguro. 9aí a necessidade de conerir ampla publicidade -s 6ipotecas, de

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orma que os credores 6ipotecários tivessem certe0a da eistncia, validade e

efcácia de seus direitos reais de garantia.

4om eeito, o registro de 6ipotecas oi previsto, ainda que de orma tímida, na

(ei Orçamentária %#?, de $#.#&.#7=% "art. %;+, regulamentada pelo 9ecreto =7$, de

#=.##.#7=>. Dm #7>=, oi editada a (ei #.$%? que, com o *egulamento %.=;%, de

#7>;, instituiu o registro geral para a transcriç!o dos títulos de transmiss!o deimóveis sujeitos - 6ipoteca e a inscriç!o de 6ipotecas. 9e acordo com a lei, a

transmiss!o entre vivos de bens suscetíveis de 6ipoteca, bem como a instituiç!o de

Enus reais, n!o operariam seus eeitos em relaç!o a terceiros, sen!o pela transcriç!o

em registro público e desde a data desta.

Dste sistema de registro de imóveis oi confrmado pelos diplomas legais que

se seguiramF (ei %.$?$, de &;.#&.#77;G 9ecreto #>:38, de #:.&#.#7:&G e 9ecretos

%?& e ;==, ambos de #7:&. 9e acordo com este sistema, antes da transcriç!o de um

título de alienaç!o, n!o 6avia transerncia de direitos reais oponíveis erga omnes,

mas um simples contrato, do qual se etraíam meros direitos pessoais, oponíveisapenas entre as partes. Dm outras palavras, a constituiç!o e a transmiss!o de

direitos reais apenas se operava com a transcriç!o do título respectivo no *egistro de

'móveis.

)o entanto, tratava3se de um sistema parcial e ragmentário de registro de

imóveis, visto que apenas possibilitava a transcriç!o de atos entre vivos de

constituiç!o ou transmiss!o de direitos reais sobre bens suscetíveis de 6ipoteca, bem

como a inscriç!o de garantias reais. *ealmente, n!o ingressavam no sistema

registral imobiliário as aquisiç1es de direitos reais por atos causa mortis "sucess!o

legítima ou testamentária+ e por usucapi!o, tampouco os atos judiciais. 4onsiderava3

se que a aquisiç!o de imóveis por sucess!o legítima ou testamentária, por usucapi!o

ou por atos judiciários, n!o se ac6ava nas mesmas condiç1es daquelas operadas por

ato entre vivos, uma ve0 que, pela maneira por que se reali0am ou pelas

ormalidades a que d!o lugar, revestiam uma certa solenidade. Dsta solenidade, por

si só, tornava dispensável, no entendimento do legislador, a publicidade pelo

registro.

Dsta situaç!o apenas oi modifcada com o advento do 4ódigo 4ivil, cujo art.

7;> coneriu ao sistema de registro de imóveis uma amplitude até ent!o inédita.)esse sentido, maniestou3se 4lóvis HeviláquaF BO registro de imóveis é o

instrumento da publicidade das mutaç1es da propriedade e da instituiç!o dos Enus

reais sobre imóveis. 8 lei anterior denominava3o geralG mas ora organi0ado com

reerncia - 6ipoteca. O 4ódigo 4ivil aproveita o mesmo aparel6o, dando3l6e maior

amplitudeC.

O princípio estabelecido no 4ódigo 4ivil oi consagrado nas (eis =.7$?, de

&?.&$.#:$=, e #7.;=$, de $=.#$.#:$7G e no 9ecreto =.7;?, de #:%:. Os novos

diplomas legais estabeleceram a transcriç!o em caráter geral, de orma a abranger,

entre outros atosF os ormais de partil6aG as sentenças de usucapi!oG a arremataç!o

e adjudicaç!o de imóvel em 6asta pública, etc.

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/or este novo sistema de registro imobiliário, a transcriç!o das decis1es em

inventários e partil6as ou da sentença declaratória de usucapi!o era obrigatória n!o

para a transerncia do domínio ou outros direitos reais, mas para assegurar a

continuidade dos registros e para possibilitar ao novo proprietário do imóvel o

eercício de seu direito de dispor.

4om eeito, na vigncia deste sistema, o 4onsel6o uperior da Iagistratura doDstado de !o /aulo proeriu a seguinte decis!oF BO encadeamento das diversas

sucess1es, com reerncia precisa de todas as pessoas cujos bens oram

inventariados, imp1e3se n!o só por orça do art. $=?, n. ?, do 9ecreto n. =.7;?, de

#:%:, mas principalmente para atender ao princípio basilar de todo o sistema

imobiliário brasileiro, consubstanciado na continuidade dos registros, de orma a

estabelecer a origem 6istórica e cronológica do domínio, tornando3o certo, seguro e

visível...C "*J 'norma, #;.&#.#:?>, p. %&+.

/ara a doutrina, a transcriç!o dos atos causa mortis e da aquisiç!o por

usucapi!o n!o transmitia o domínio ou outro direito real, mas era imperiosa paratornar pública a nova realidade jurídica do imóvel. 8berta a sucess!o, o domínio e a

posse se transmitem, desde logo, aos 6erdeiros legítimos e testamentários. 8

usucapi!o, por sua ve0, implica a aquisiç!o do domínio pelo eercício da posse justa

pelo tempo previsto em lei.

)esse sentido, a liç!o de @irgílio de á /ereiraF Be entremete entre os dois

atos um lapso de tempo durante o qual os terceiros n!o sabem se o usucapiente e o

6erdeiro, por eemplo, s!o ou n!o proprietários em condiç1es de dispor do imóvel.

ó o registro o poderá assegurar, e só o registro, portanto, investirá pela transcriç!o

o 6erdeiro ou o usucapiente, n!o do domínio, que ele já tin6a pelo direito sucessório

e pelo usucapi!o, mas de um dos direitos elementares do domínio, até ent!o sob

condiç!o suspensiva K o direito de dispor do imóvelC.

9estarte, por orça da legislaç!o ent!o vigente, a transcriç!o imobiliária

tornou3se o espel6o fel das mutaç1es jurídico3reais pelas quais passa a propriedade

imóvel, seja por ato inter vivos, seja mortis causa, seja por orça de atos judiciais.

Dste objetivo oi mantido na (ei >.&#;, de %#.#$.#:?%, que instituiu o novo

sistema de registro imobiliário brasileiro. O novo marco legal erradicou a transcriç!o

e criou um registro imobiliário no qual cada ol6a do livro de registro de imóveis é

atribuída a um determinado imóvel "matrícula ou ólio real+. )a matrícula do imóvel

dever!o ser registrados todos os atos que implicam constituiç!o, transerncia,

alteraç!o ou etinç!o de direitos reais "além de outros que a lei considera

relevantes+.

(ogo, de um sistema que visava - publicidade da 6ipoteca, progrediu3se, no

decorrer de aproimadamente um século, para um sistema que tem por objetivo

tornar públicos os direitos reais incidentes sobre bens imóveis por nature0a, de orma

a assegurar sua validade e efcácia perante terceiros.4umpre observar que, no sistema registral anterior "antes da (ei >.&#;<#:?%+,

as inscriç1es dos direitos reais n!o eram eitas de maneira concentrada, por imóvel,

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e sim de orma esparsaF cada transaç!o era objeto de uma transcriç!o, de modo que

o con6ecimento do 6istórico dos títulos de propriedade do imóvel demandava

pesquisa em vários livros. 8tualmente, cada imóvel possui uma matrícula própria e

todos os títulos que l6e concernem s!o registrados nesta inscriç!o original. 9essa

orma, basta o eame desta matrícula para con6ecer toda a fliaç!o dominial e a

realidade jurídica do imóvel concernente.

 Jambém 6ouve mudança na técnica de escrituraç!o dos livros obrigatórios.

8nteriormente o título era objeto de transcriç!oF o seu conteúdo era reprodu0ido

integralmente no livro próprio. 8 (ei >.&#;<#:?% manteve a transcriç!o apenas para

casos ecepcionais "e.F transcriç!o da convenç!o de condomínio no (ivro %+,

adotando, de orma geral, o registro e a averbaç!o. *egistro contém um resumo, de

orma narrativa, do conteúdo do título "p. e.F nome e qualifcaç!o das partes, o título

da transmiss!o ou do Enus, orma e caracteri0aç!o do título, valor do contrato, etc.+.

)o presente trabal6o, utili0a3se o termo Binscriç!oC como sinEnimo de

BregistroC, embora tecnicamente a inscriç!o possa ser considerada um gnero deassento do qual s!o espécies o registro e a averbaç!o, como se verá oportunamente.

Dm síntese, o *egistro de 'móveis tem por objetivo assegurar ampla

publicidade dos direitos reais e da situaç!o jurídica dos imóveis, de orma a garantir

a validade e a efcácia desses direitos. )os atos entre vivos, o registro constitui a

propriedade e outros direitos reais imobiliários. )os atos causa mortis, o registro tem

nature0a declaratóriaF inorma a ocorrncia da modifcaç!o na titularidade do imóvel

ou na sua situaç!o jurídica.

2% S,'TESE DOS PRI'&IP-IS SISTEM-S REGISTR-IS IMO(ILI.RIOS

istemas registrais s!o ormas de organi0aç!o dos registros imobiliários e dos

dierentes eeitos que decorrem da inscriç!o de um título. !o trs os sistemas mais

importantesF o rancs, b+ o alem!o, e c+ o australiano ou *egistro Jorrens. Jambém

merecem destaques o sistema americano, baseado em um sistema de seguro de

títulos em contraposiç!o aos sistemas de garantia dos direitos típicos dos países de

civil laL, e o novo sistema ingls de registro imobiliário.

2%1 O "i"te#a /rac"

8 6istória do direito registral inicia3se na Mrança com o edito de $# de março de

#>?%, denominado B4olbertC, que instaura um registro undado na inoponibilidade

dos títulos de propriedade n!o inscritos. Dm #??#, durante o reinado de (uís N@, é

criado um corpo técnico especiali0ado para levar os registros aos conservateurs des

6ipoteques. Dm $? de jun6o de #?:; é estabelecida a inscriç!o obrigatória de todas

as 6ipotecas voluntárias, cuja efcácia é determinada pela data do registro. 8inscriç!o da 6ipoteca, ao contrário do registro de outros direitos reais imobiliários, vai

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além do princípio da oponibilidade e tem nature0a constitutiva da garantia real e

determina o seu grau de prioridade.

8 (ei de ## de Hrumário do ano @'' "#. de novembro de #?:7+ obrigou

também a transcriç!o de todos os atos translativos da propriedade, nos registros do

oício do conservador de 6ipotecas da circunscriç!o onde está situado o imóvel. Jal

registro, no entanto, n!o constitui a propriedade, de orma que a sua obrigatoriedadeé para fns de oponibilidade em ace de terceiros de boa3é. )o caso de dupla venda

do imóvel, o conPito entre os compradores é resolvido pela prioridade do registroF

aquele que primeiro inscreve o título respectivo adquire plenamente a propriedade.

O modelo rancs prev, destarte, dois sistemas distintos de publicidadeF um

registro de inscriç1es para as 6ipotecas e privilégios e um registro de transcriç1es

para os contratos em que se ormali0am as transmiss1es da propriedade. Jal sistema

n!o garantia, porém, que o vendedor ou 6ipotecante era o verdadeiro proprietário

nem a individuaç!o e consistncia material do imóvel. 8lém do mais, muitos atos

 jurídicos transmissivos fcavam ecluídos do registro, tais como os atos mortis causae os considerados declarativos "partiç1es, divis1es da coisa comum ou transaç1es+.

'sso difcultava a necessária investigaç!o do trato sucessivo dos titulares e limitava a

publicidade registral, pois somente eistiam índices de pessoas, e n!o de imóveis

"ólio real+.

9iante de tais limitaç1es, oram eitas reormas no sistema registral rancs.

Dm #:%; oi publicado um 9ecreto3lei "de %& de outubro de #:%;+, que criava um

*egistro universal ao qual tivessem acesso todos os títulos de propriedade sobre

imóveis "v.g., transmiss1es causa mortis e atos declarativos+, acilitando a

observ2ncia do trato sucessivo. /or sua ve0, o 9ecreto3lei de = de janeiro de #:;;

estabeleceu uma normativa destinada - identifcaç!o do imóvel, mediante a

coordenaç!o entre o registro da propriedade e o cadastro de imóveis, por meio da

notifcaç!o recíproca pelos dois serviços de todas as modifcaç1es jurídicas e

materiais soridas pelos imóveis. O 9ecreto3lei manteve o sistema cronológico

pessoal, mas instaurou também um sistema de publicidade real, mediante fc6as

ordenadas por parcelas. Moram criados, ainda, índices ou fc6as de imóveis que

permitem con6ecer o 6istórico jurídico de cada gleba ou prédio.

Dm #::$, oi criada por lei uma nova fgura denominada sQreté judiciaireconservatoire, acilitando o registro de créditos eecutados judicialmente "lei de : de

 jul6o+. Iais recentemente, oi editado o decreto de $: de maio de $&&&, que visa

introdu0ir sistemas inormáticos, racionali0ar a organi0aç!o contábil e telemática do

*egistro, assim como acilitar a consulta das inormaç1es nele contidas.

)!o se pode descon6ecer o mérito no ajuste da efcácia do sistema registral a

seus pressupostos técnicos e na sua evoluç!o de um modo coerente a partir de

pressupostos dogmáticos simplesF da mera transcriç!o de títulos a um sistema cada

ve0 mais compleo que busca a reconstruç!o da vida jurídica do imóvel, por meio da

universalidade do registro e do trato sucessivo aliado - preocupaç!o com uma

individuaç!o mais pereita do bem em quest!o.

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9e qualquer orma, ainda que relevantes, as reormas n!o oram sufcientes

para garantir uma publicidade registral com adequada tutela do tráfco de imóveis e

dos créditos imobiliários. Dm primeiro lugar, como *egistro de títulos, n!o garante a

propriedade do transmitente, mas apenas a inoponibilidade de títulos n!o inscritos.

8demais, os critérios de identifcaç!o dos imóveis continuam sendo inseguros

especialmente no que se reere ao imóvel rural "a realidade do imóvel continua

sendo possessória+, e o cadastro ainda apresenta problemas de coordenaç!o com o

registro.

2%2 O "i"te#a ale#*o

O sistema de publicidade alem!o é considerado um dos mais pereitos do

mundo e rePete os antigos institutos jurídicos romanos<germ2nicos. )o antigo direito

alem!o, a transmiss!o da coisa imóvel, tal como no direito romano, observava uma

orma solene e se dava na presença de testemun6as "BauPassungC+. /osteriormente,

os negócios jurídicos envolvendo imóveis ocorriam perante o tribunal ou a preeitura,

e eram redigidos documentos em que constavam as transerncias dos imóveis. )oséculo N'' os negócios imobiliários passaram a ser assentados em repertórios

especiais que logo se transormaram em livros permanentes$. 9estarte, a inscriç!o

acabou por se tornar em um ato criador de direitos, de tal orma que o ato de

transmiss!o do imóvel n!o se conclui enquanto n!o é registrado. 9e acordo com este

sistema de título e modo "cujo modelo oi importado por nosso ordenamento

 jurídico+, a aquisiç!o da propriedade imobiliária n!o decorre automaticamente do

contrato, tal como se dá no direito rancsF além da causa da transmiss!o "o contrato

ou título+, a aquisiç!o deste direito somente se pera0 com a sua inscriç!o no registro

imobiliário "modo+.

Dm #7?$, aproveitando os importantes trabal6os cadastrais do período de

#7># a #7>;, é promulgada uma nova legislaç!o registral na 8leman6a, que adota o

imóvel como eio ordenador ou central do registro "abertura de matrículas sobre as

bases cadastrais+, e cria o sistema do ólio real, o trato sucessivo e a ordem de

preerncia dos direitos "grau registral+ pela data de sua inscriç!o. O ordenamento do

registro imobiliário oi incorporado ao 4ódigo 4ivil alem!o "HRH+ em #7:?.

)a 8leman6a, o *egistro de imóveis integra a organi0aç!o judicial e o

procedimento registral é considerado de jurisdiç!o voluntária. S um registro de bens,e n!o de pessoas como o adotado pelo sistema rancs da transcriç!o de títulos. O

registro é constitutivo da propriedade e demais direitos reais sobre imóveis "TT 7?%,

:$;, HRH+. 8 base desse sistema é o princípio undamental da efcácia do registro,

que estabelece a presunç!o iuris et iure de legitimidade, integridade e eatid!o da

inscriç!o "TT 7:# a 7:%, HRH+ em ace de terceiros de boa3é. )o entanto, esta

presunç!o n!o abrange os dados de ato que constam da publicidade registral "a

realidade do imóvel é independente do registro+.

)esse aspecto, o sistema brasileiro de registro imobiliário, que segue o modelo

alem!o, dierencia3se de sua matri0F o registro também tem nature0a constitutiva do

direito real imobiliária "nos atos entre vivos+, mas a inscriç!o do título n!o purga seus

eventuais vícios, de orma que o princípio da é pública registral n!o tem entre nós a

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mesma orça ou amplitude verifcada no sistema alem!o ou outros dele derivados,

como o sistema espan6ol "cujo registro, porém, em geral n!o tem nature0a

constitutiva+.

)a 8leman6a, as parcelas e imóveis s!o identifcados e pereitamente

individuados pelo cadastro, que é prévio - inscriç!o no *egistro da propriedade. O

sistema registral imobiliário é organi0ado com base no denominado ólio real, umaol6a ou índice, coordenado com a descriç!o cadastral do imóvel e separado em trs

seç1esF a primeira indica o proprietário e seu título de propriedade "v.g., compra e

venda, doaç!o, ormal de partil6a...+G a segunda seç!o detal6a as restriç1es -

propriedade, tais como as servid1es, arrendamentos registráveis, certas rendas

imobiliárias, usuruto, enfteuse, direitos de aquisiç!o preerente etc.G fnalmente, na

terceira seç!o s!o inscritas as cargas reais "6ipoteca+ e certas cargas imobiliárias.

O direito alem!o estabelece a inscriç!o como um requisito constitutivo para a

transmiss!o da propriedade dos bens imóveis e determinante do grau de preerncia

dos direitos reais imobiliários. 4onsagra os princípios da rogaç!o, do trato sucessivoe do consentimento ormal, e também cria um assento específco para as anotaç1es

 judiciais. 4ada inscriç!o sup1e uma posiç!o registral e esta é obtida por dois meiosF

a+ pela demanda "antrag+, a pedido de qualquer das partes, que determina o grau de

preerncia no registroG e pela permiss!o de inscriç!o a pedido eclusivamente do

prejudicado, cujo nome fgura no assento e que deve ser eito necessariamente por

instrumento público "v.g., proprietário que pede cancelamento da 6ipoteca+.

/ara a transmiss!o da propriedade de bens imóveis e outros direitos reais

imobiliários, é necessário o consentimento bilateral das partes para a o registro. O

outorgante deve fgurar no ólio real como proprietário do imóvel transerido.

8demais, deve 6aver uma cadeia ininterrupta de transmiss1es. 8 inscriç!o é um

pressuposto para a aquisiç!o do direito. /ara a aquisiç!o de direitos sobre um imóvel

é necessário, portanto, um convnio e sua inscriç!o no *egistro. 8mbos os elementos

s!o constitutivosF se altar algum deles, n!o se opera a aquisiç!o. Dsta regra também

se aplica para a modifcaç!o do conteúdo e a etinç!o dos direitos reais imobiliários

"TT 7?; e 7??, HRH+.

4umpre observar que o convnio supracitado n!o se conunde com o contrato

que dá causa - transmiss!o da propriedade "v.g., compra e venda, doaç!o, permuta+Ftrata3se de um convnio jurídico real que nada tem a ver com o convnio ormal. O

contrato de compra e venda, por eemplo, n!o constitui a propriedade do imóvel. 8

transmiss!o ormal do domínio está desligada desse enEmeno mediante a abstraç!o

da causa. O convnio previsto no T 7?% do HRH se superp1e ao negócio causal. O

mais importante destes convnios, como oi visto, é a auPassung, necessária para a

transmiss!o da propriedade e que deve ser maniestada por ambas as partes no

serviço de *egistro, em um julgado de distrito ou perante um notário. )esse sentido,

disp1e o T 7?% do HRHF

  B/ara a transmiss!o do domínio de um imóvel, para gravar um

imóvel com um direito, assim como para a transmiss!o ou o gravame

de tal direito, s!o necessários o convnio do titular com a outra parte

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acerca da produç!o da modifcaç!o jurídica e a inscriç!o desta

modifcaç!o no registro, sempre que a lei n!o dispon6a outra coisaC.

O sistema alem!o presume que os direitos inscritos eistem "é pública+ e que

os n!o inscritos n!o eistem, mas admite3se a prova em contrário. )o que di0

respeito a terceiros de boa3é, s!o protegidos sempre que ten6am confado no

conteúdo do registro quando da celebraç!o do negócio jurídico imobiliário. 8proteç!o n!o abrange as reerncias relativas -s circunst2ncias de ato, nem aos

dados concernentes a pessoas, salvo, obviamente, a identidade do titular do direito

inscrito. /or outro lado, a proteç!o do terceiro de boa3é abrange a compra a non

domino, vale di0er, pelo sistema alem!o, ao contrário do nosso, o comprador que,

confando nos dados constantes do *egistro, vem a adquirir um imóvel n!o perde a

propriedade caso ven6a a descobrir que o registro em quest!o era eivado de vício e

que o imóvel n!o pertencia ao titular registral.

Dsse sistema registral, como vimos, é resultado de uma dogmática muito bem

elaborada no século N'N e constitui um grande progresso técnico e científco para odireito imobiliário registral, tanto é que serviu de modelo para vários países, como a

Dspan6a, o Hrasil e a maioria dos países latino3americanos.

2% Si"te#a a3"traliao o3 Torre"

Dsse sistema de registro imobiliário deve seu nome - iniciativa do irlands

*obert Jorrens "#7#=3#77=+ e oi introdu0ido originariamente na 8ustrália e 6oje é

previsto em várias legislaç1es nacionais%, inclusive na lei brasileira. 8 ideia geral que

inspirou Jorrens era a de criar um título constitutivo de propriedade proveniente

diretamente da 4oroa Hrit2nica. O título incorpora ainda um plano topográfcodetal6ado da propriedade elaborado pelo próprio *egistro.

Dm algumas regi1es de coloni0aç!o brit2nica, a propriedade é atribuiç!o direta

do Dstado por aquisiç!o dos terrenos públicos "regi!o ul da 8ustrália, Oeste dos

Dstados Unidos etc.+, de orma que a matrícula do imóvel também é considerada

uma concess!o estatal ao particular. Vuando se trata de parte que adquire seu

direito de propriedade por um negócio jurídico de direito privado "contrato,

testamento etc.+, o ofcial de registro competente eamina o título apresentado e,

mediante um procedimento inormativo e contraditório intercambia a antiga titulaç!o

por uma nova, que na 8ustrália se di0 proveniente da 4oroa. 8 decis!o do registrador

de matricular o imóvel tem assim o valor de coisa julgada "sentença declaratória de

propriedade+=.

8ssim, elemento undamental do istema Jorrens é a abertura de uma

matrícula para o imóvel, requisito essencial para que o bem em quest!o seja

incorporado ao sistema. /or isso, o ordenamento jurídico pode prever a coeistncia

desse sistema, aplicável -s propriedades que ten6am sido matriculadas, como um

sistema distinto aplicável aos imóveis que ainda n!o o oram. O procedimento de

matrícula se inicia com o pedido do proprietário para que seu imóvel sejaincorporado ao sistema.

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O *egistro reali0a uma análise pormenori0ada dos títulos correspondentes a

essa propriedade, assim como da confguraç!o ísica do imóvel. Dm outras palavras,

a03se uma análise jurídica e topográfca do imóvel em quest!o. )!o 6avendo

nen6uma objeç!o, tampouco oposiç!o ormulada por terceiros após publicaç!o do

edital do pedido de registro Jorrens, procede3se - matrícula do imóvel que consiste

na emiss!o de dois certifcados idnticos e únicos que detal6am topografcamente a

área do imóvel e indicam as cargas reais que suportam. Um dos certifcados é

encadernado no registro ordenado por imóveis, onde é aberto um ólio registral

numerado, e o outro é entregue ao proprietário. O título de propriedade assim

emitido torna inatacável o direito de propriedade do titular, e qualquer direito de

terceiro "propriedade, 6ipoteca, encargos e Enus reais+ se etingue quando n!o

ten6a sido incorporado ao título.

O sistema Jorrens é completado com a indeni0aç!o do eventual titular material

etrarregistral que ven6a a sorer prejuí0o pela matrícula raudulenta ou errEnea da

propriedade, o que confgura uma espécie de seguro de títulos. 8 eistncia de umúnico título de propriedade assegura e acilita o tráfco imobiliário. D, quando se

deseja, por eemplo, vender ou 6ipotecar o imóvel, basta enviar o contrato causal

"compra e venda, 6ipoteca etc.+ com título "certifcado que fca em poder do

proprietário+ ao *egistro, que qualifca os documentos, e, n!o encontrando vícios,

anula o anterior e emite um novo título, no qual é incorporada a nova propriedade ou

a garantia real imobiliária.

Dm cada transerncia se entende que o domínio volta ao Dstado e que é este

quem o transere ao novo adquirente, de orma que, em geral, n!o é possível a

usucapi!o contra tabulas;. (ogo, a inscriç!o é constitutiva e convalidante, uma ve0que purga o título de qualquer nulidade, diante da presunç!o legal de que 6á orma

originária de aquisiç!o de propriedade "diretamente do Dstado+. )ada impede, como

vimos acima, que os Enus e encargos reais eistentes sejam incorporados ao título,

quando or o caso

2%4 O re!i"tro i#oili5rio i!l"

O sistema registral oi modifcado recentemente na 'nglaterra, por meio da

(and *egistration 8ct, aprovada em #> de evereiro de $&&$, e que entrou em vigor

em outubro de $&&% com as (ands registration rules. Dste novo sistema registral éinspirado no sistema Jorrens. 9e acordo com o regime legal anterior, decorrente da

(aL /ropertW 8ct de #:$;, os particulares somente tin6am um direito sobre a terra

de caráter indefnido "ree6old+ ou por tempo determinado "lease6old+. Jodas as

terras da 'nglaterra e do /aís de Rales pertenciam - 4oroa, o que acilitou a

introduç!o de um sistema Jorrens, n!o obstante a objeç!o de quest1es relativas -

constitucionalidade da nova lei.

9e acordo com as novas normas legais, mediante um eame sumário dos

títulos na primeira inscriç!o, que em geral possuem mais de #; anos de antiguidade,

o registrador da propriedade "(and *egister+, após comprovar a identidade e

etens!o do imóvel, emite um título de propriedade garantido pelo Dstado ou

recon6ece eclusivamente a posse. 8 inscriç!o é obrigatóriaF sua alta n!o implica a

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comuns nos *egistros imobiliários de alguns países europeus e latino3americanos,

em ace da import2ncia do mapa cadastral iniciado em %& de setembro de #7?; pelo

governo ederal. )a vida jurídica e registral os títulos causais "compra e venda,

doaç!o etc.+ s!o acompan6ados por uma detal6ada descriç!o do imóvel e de uma

pereita individuaç!o e amarraç!o das mesmas de acordo com os mapas cadastrais

acima citados.

O sistema de *ecording é um registro de contratos que se unda no princípio

da inoponibilidade dos títulos n!o inscritos. /ara a jurisprudncia americana,

ademais, a fm de concreti0ar os direitos derivados da publicidade, é eigida ainda a

boa3é da aquisiç!oF n!o 6á aquisiç!o de boa3é quando eiste uma posse notória

eercida por pessoa diversa daquela que transere a propriedade do imóvel "non

recorded notice+.

8 evoluç!o mais característica do sistema americano, que tornou

desnecessária a eistncia da publicidade registral, é o seguro de títulos "tittle

insurance+. 4ompan6ias seguradoras, mediante a subscriç!o de uma apólice,garantem ao adquirente a cobertura de riscos advindos da transaç!o imobiliária,

como os danos econEmicos resultantes da compra a non domino e a eistncia de

gravames e Enus reais ocultos.

  Jais sociedades se obrigam geralmente a deender judicialmente o direito

compreendido na apólice, o que n!o signifca afrmar que o sistema registral

americano garante a propriedade ou outro direito real imobiliárioF o que se garante,

como oi visto, é a indeni0aç!o contra possíveis prejuí0os provenientes de vícios do

contrato translativo destes direitos. 8 doutrina costuma considerar que o seguro de

títulos, que remonta ao ano de #7?> na Miladélfa, entorpeceu a evoluç!o natural do

sistema americano até um sistema de registro de imóveis, como o sistema Jorrens ou

modelo alem!o.

% - PU(LI&ID-DE I'ERE'TE -O REGISTRO DE IMÓVEIS

4onorme vimos na parte introdutória desta obra, o denominado princípio da

publicidade registral é o undamento dos registros que seguem o modelo germ2nico,

como é o caso do sistema registral imobiliário de nosso país.8 publicidade registral pode ser defnida como a garantia dos direitos reais

inscritos e, tal como est!o inscritos, da pessoa que consta como titular registralG e

ainda como garantia da tutela dos interesses daqueles que, confando nas

inormaç1es constantes do *egistro, reali0am negócios jurídicos imobiliários. 8

publicidade registral, assim, é uma presunç!o de veracidade e integridade do

registro para todo aquele que confa no registro e inscreve o título de aquisiç!o do

imóvel. /or publicidade registral se entende a publicidade jurídica que é obtida por

meio da inscriç!o de um título específco em um órg!o específco denominado

*egistro.

8 import2ncia da publicidade na transerncia, limitaç!o e aetaç!o da

propriedade imobiliária é evidente e incontestável. 8 inormaç!o sobre a situaç!o

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 jurídica do imóvel é imprescindível para a segurança dos negócios imobiliários e,

consequentemente, para a geraç!o e circulaç!o da rique0a. 8o contrário dos direitos

obrigacionais, que vinculam apenas as partes na relaç!o jurídica, os direitos reais s!o

oponíveis erga omnes. /ara que possam ser con6ecidos e respeitados por todos, os

direitos reais devem ser comunicados a todos os membros da sociedade. 9aí a

necessidade da instituiç!o de um mecanismo que torne pública a titularidade do

imóvel, bem como a eistncia de Enus e gravames sobre ele incidentes.

Um sistema registral efciente conere maior segurança jurídica ao adquirente

de imóvel e ao credor que busca garantia para reali0aç!o de empréstimo. O

adquirente estará seguro quando ninguém puder perturbar seu direito por motivos

anteriores - sua aquisiç!o. /ara tanto, ele deve ter certe0a de que aquele que está

alienando o imóvel é seu verdadeiro dono, e de que n!o incide sobre o bem qualquer

Enus ou gravame que impeça a alienaç!o. 9a mesma orma, quem concede um

crédito garantido por um imóvel "v.g., 6ipoteca, alienaç!o fduciária, etc.+ requer

certe0a da validade e efcácia dessa garantia. /ara isso, ele deve saber previamentese aquele que oerece o imóvel como garantia é seu verdadeiro dono, se o bem é

alienável e se eistem gravames anteriores e preerenciais.

O adquirente de um imóvel somente reali0ará uma operaç!o segura quando

puder acreditar ra0oavelmente que ninguém vai perturbar sua propriedade por

motivos anteriores - sua aquisiç!o. /ara tanto, deverá saber se o alienante é o

verdadeiro dono do imóvel e se o bem é alienável. /ara possuir essa certe0a n!o

basta que o alienante apareça eternamente como proprietárioF ele deve fgurar no

registro como o titular do domínio e demonstrar que adquiriu legitimamente o

imóvel, o que sup1e a validade de toda uma série de transmiss1es anteriores, pelomenos durante o tempo necessário para a usucapi!o "os últimos quin0e anos+. Ias o

adquirente deverá saber maisF cabe verifcar se eistem limitaç1es - propriedade ou

outros Enus e gravames "v.g., usuruto, superície, 6ipoteca...+.

9a mesma orma, a pessoa disposta a conceder um crédito com garantia de

um bem imóvel tem a necessidade de saber se a garantia oerecida é efca0. /ara

tanto, precisa saber se aquele que oerece a garantia K seja o devedor, seja terceiro K

é o proprietário do imóvel e tem legitimidade para gravar o bem. 'nteressa3l6e ainda

saber se eistem gravames anteriores ou preerenciais, que podem diminuir suagarantia "v.g., servid!o, usuruto, 6ipoteca anterior+.

em estas inormaç1es, os negócios jurídicos envolvendo bens imóveis s!o

inseguros e a circulaç!o de rique0as é lenta e diícil. /oucas pessoas se arriscariam a

adquirir imóveis ou a aceitá3los como garantia de dívidas. Os investidores se

aastariam do mercado imobiliário, ou ent!o eigiriam juros mais elevados,

proporcionais ao maior risco, o que implicaria grave prejuí0o econEmico para o /aís.

)a alta de um sistema efciente de registro de imóveis, tais inormaç1es

seriam impossíveis de obter, ou sua obtenç!o seria etremamente demorada e

custosa. O B*egistroC, em seu sentido amplo, é um órg!o criado por lei mediante o

qual se produ0 a publicidade jurídica. O oício registral imobiliário, costumeiramente

denominado Bcartório de registro de imóveisC no nosso país, é a sede onde o ofcial

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8 segurança jurídica é assegurada pelo controle técnico eercido por um

 jurista especiali0ado. O registrador de imóveis é um profssional do direito, a quem a

lei conere é pública, e que, entre outras, eerce a importante unç!o da qualifcaç!o

registral, ou controle da legalidade dos títulos que acedem ao *egistro e merecem

ser publicados.

Um dos pressupostos da publicidade é a presunç!o de veracidade do registro.8 publicidade sup1e o oerecimento aos interessados da verdade ofcial. 8 lei

estabelece a presunç!o de que aquilo que consta do registro é verdadeiro, e, se o

seu teor n!o é verdadeiro, o interessado pode reclamar que se retifque ou anule "art.

#.$=? do 4ódigo 4ivil+. em a presunç!o de veracidade, ainda que relativa, n!o

6averia como garantir a segurança das relaç1es jurídicas imobiliárias.

8ssim, n!o se eige que o interessado deva averiguar a veracidade ou

eatid!o dos dados publicadosF a lei estabelece a presunç!o relativa de que tais

inormaç1es s!o eatas e vera0es. Dntretanto, no direito brasileiro, a é pública que

decorre do registro n!o é absoluta. O terceiro de boa3é, que confa nos dadospublicados, pode, eventualmente, perder o imóvel para o real proprietário, em caso

de nulidade e consequente cancelamento do registro "art. #.$=?, parágrao único, do

4ódigo 4ivil+.

Um segundo pressuposto da publicidade K a publicidade ormal K é

possibilidade, mas n!o a obrigatoriedade, da consulta ao registro. 8s normas

registrais n!o imp1em o con6ecimento dos dados publicados. )!o se eige de

ninguém a consulta do *egistro. 8 lei considera que é pública a inormaç!o cujo teor

é tornado acessível a todos. )!o é necessária a consulta ao registro para que torne

eetiva a publicidade, bastando, para tanto, que a situaç!o jurídica seja

disponibili0ada no sistema registral. /or isso, determina a lei que a averbaç!o da

pen6ora a0 prova quanto - raude de qualquer transaç!o posterior "art. $=& da (ei

>.&#;<#:?%+, n!o podendo o terceiro alegar descon6ecimento da inscriç!o do

gravame.

 Jendo em vista os pressupostos supracitados, a legislaç!o n!o imp1e o

con6ecimento dos dados constantes do registro tampouco se estas inormaç1es s!o

eetivamente verdadeiras e eatas. 8 norma legal n!o eige a consulta do particular

ao registro e a averiguaç!o da realidade registral. Dntretanto, tratando3se deescritura pública relativa a direitos reais sobre imóveis, o notário deve eigir da parte

interessada prévia apresentaç!o da certid!o do registro de imóveis, até porque tem

o dever de 0elar pela segurança, validade e efcácia do ato notarial e mencionar, na

escritura, as descriç1es, características e conrontaç1es do imóvel.

%1 O8eto a 93liciae re!i"tral i#oili5ria

9e acordo com o art. #>? da (ei >.&#;<#:?%, a publicidade registral imobiliária

tem como objeto as situaç1es jurídicas de transcendncia real, vale di0er, as

circunst2ncias inerentes e duradouras que aetam os imóveis. Jais circunst2nciaspodem se reerir F a+ ao objeto, tais como as construç1es, plantaç1es, volumes

edifcáveis, estado ecológico etc.G e b+ ao direito, como gravames, aetaç1es, cargas,

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condiç1es, substituiç1es, reservas, proibiç1es de dispor, convenç1es de condomínio

etc.

8s situaç1es jurídicas imobiliárias s!o circunst2ncias que aetam de maneira

inerente e estável um imóvel. 8 inerncia e a estabilidade s!o as qualidades que

caracteri0am as situaç1es jurídicas imobiliárias perante determinadas condutas que

tm por objeto um imóvelF as prestaç1es. 8 prestaç!o é, por nature0a, eterna aobem e transitória, esgota3se por si mesma.

O paradigma de situaç!o jurídica é o direito real K tanto o direito real pleno

"propriedade+ como os direitos reais limitados. O direito real é uma circunst2ncia

estável da coisa, que aeta a sua subst2ncia no mundo jurídico, deiando3a sob o

poder imediato de uma pessoa que o eerce de orma monopolística. )o entanto, 6á

outras situaç1es jurídicas que também podem ter acesso ao *egistro de 'móveis e

que n!o s!o direitos reaisF contrato de locaç!o com cláusula de vigncia em caso de

alienaç!o, proibiç1es de dispor, condiç1es, cargas reais, aetaç1es, estado ambiental

ou ecológico, convenç1es de condomínio, entre outras. Dmbora ten6am diversasnature0as, tais circunst2ncias tm em comum a estabilidade e a inerncia.

4umpre observar que o regime da publicidade registral "presunç!o de

veracidade, preerncia, tutela do terceiro de boa3é+ se aplica n!o só aos direitos

reais, como a qualquer situaç!o jurídica inscrita, pouco importando sua nature0a. Dm

outras palavras, o regime registral é único, seja qual or a nature0a do título, do

direito, ou enfm, da situaç!o jurídica inscrita.

8s situaç1es jurídicas imobiliárias s!o absolutasF por serem inerentes aos

imóveis e constituírem relaç1es duradouras, devem ser con6ecidas de todos, poiss!o suscetíveis de aetar todos aqueles que entrem em relaç!o com o imóvel. /ara

que sejam aplicáveis erga omnes devem ser tornadas públicas, o que se dá com a

inscriç!o no *egistro de 'móveis. 4onorme observa 9ZDY3/'48YO, a respeito dos

direitos reaisF B/ode ser dito que um negócio constitutivo de direito real, que n!o seja

dotado da necessária publicidade, e em particular da inscriç!o no *egistro, em

relaç!o aos terceiros de boa3é n!o alcança plena eetividade e, por conseguinte, em

alguma medida n!o c6ega a ser um autntico direito realC "(. 9ie03/ica0o,

Mundamentos del 9erec6o 4ivil /atrimonial, t. ''', Iadrid, #::;+.

)o sistema jurídico brasileiro, os direitos reais imobiliários, instituídos ou

transeridos por atos ou negócios jurídicos entre vivos, n!o c6egam a sequer a

eistir. Dm tais 6ipóteses, como vimos, o registro tem nature0a constitutiva da

propriedade e demais direitos reais imobiliáriosF a inscriç!o, nesses casos, é condiç!o

de eistncia, e n!o simplesmente de validade ou efcácia. 8liás, o registro n!o

garante, por si só, a validade do direito real ou situaç!o jurídica inscrita, uma ve0 que

no nosso direito n!o 6á abstraç!o do título causal em relaç!o ao registroF a nulidade

do título implica a nulidade do registro.

Dntre as situaç1es jurídicas que devem ser objeto da publicidade registral,como já oi dito, est!o as cargas e as limitaç1es administrativas.

%1%1 &ar!a"

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8 denominaç!o e o conceito de carga real procedem do direito alem!o

"*eallast+. 8 carga real se caracteri0a por consistir em prestaç1es positivas que

podem constituir, por sua ve0, em entrega de bens ou din6eiroG ou implicar o

imediato direito de go0o e por responder apenas o imóvel pelo cumprimento das

prestaç1es. Dm nosso 9ireito s!o consideradas cargasF as rendas vitalícias ou

6ereditárias que gravam um imóvel, a 6ipoteca, o usuruto e demais direitos reais de

uso ou go0o do imóvel etc.

%1%2 O" eo#iao" ireito" reai" a#ii"trati$o" e a" li#ita:;e"

a#ii"trati$a"

Distem determinadas situaç1es estáveis que aetam certas classes de bensF

os destinados ao uso público em geral ou a um serviço público específco. Dssas

situaç1es jurídicas s!o o domínio público K que pode encontrar um paralelo, como

direito pleno, com a propriedade privada K e as limitaç1es administrativas que, por

imporem restriç1es - propriedade, podem ser comparados com os direitos reais

limitados.

8té recentemente, o domínio público estava radicalmente ecluído do *egistro,

uma ve0 que a lei, por si só, bastava para a sua publicidade e n!o 6avia necessidade

da inscriç!o para sua oponibilidade contra todos. )!o obstante, a lei tem

determinado o acesso ao *egistro de imóveis de alguns direitos reais administrativos,

como é o caso das vias e espaços públicos criados com o registro do loteamento "é

possível a abertura de matrícula, nos termos da (ei >.?>><#:?:+ e ainda das terras

indígenas, as áreas utili0adas por comunidades quilombolas ou ocupadas por

Porestas nacionais. Jambém devem ser averbadas as reservas legais Porestais7 "(*/,

art. #>?, '', $$+ e outras limitaç1es ambientais e administrativas "v.g., servid!o

administrativa ou ambiental, tombamento+ ao uso da propriedade rural e urbana.

/ara que seja possível a manutenç!o da pa0 pública e a convivncia em

sociedade, é necessário que as situaç1es jurídicas reerentes a imóveis sejam

respeitadas por todos. Dlas possuem uma vocaç!o de efcácia geral e, para tanto, o

Dstado deve criar um mecanismo legal e técnico que garanta e determine a

oponibilidade das situaç1es jurídicas imobiliárias.

8 absolutividade das situaç1es jurídicas relativas a imóveis n!o signifca, por si

só, a sua oponibilidade. Dssa é a efcácia prática que um direito ou situaç!o jurídica

absoluta apresenta em ace de terceiros, mas nem sempre tais atributos

"absolutividade e oponibilidade+ decorrem, conjuntamente, da mera eistncia da lei.

5á situaç1es jurídicas que, embora naturalmente absolutas, n!o s!o oponíveis sem a

prévia observ2ncia de determinados procedimentos previstos em lei. S o caso das

situaç1es jurídicas imobiliárias, acima citadas, que apenas tm efcácia erga omnes

após a devida inscriç!o no *egistro de 'móveis e só deiam de aetar terceiros no

momento em que 6ouver o cancelamento da respectiva inscriç!o.

%2 <or#a" a 93liciae= e>a#e o li$ro e re!i"tro e e>9ei:*o ecerti;e"

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4onorme vimos acima, a publicidade ormal signifca que o registro é público

no sentido de que, em geral, qualquer pessoa pode ter acesso -s inormaç1es nele

contidas.

8 publicidade do registro pode se maniestar de duas ormas distintasF a+

maniestaç!o por eibiç!o dos livros de registro e b+ maniestaç!o do conteúdo do

registro mediante epediç!o de certid!o. egundo o art. #> da (ei >.&#;<#:?%, osregistradores "ofciais de registro+ e os encarregados das repartiç1es em que se

açam os registros s!o obrigados a lavrar certid!o do que l6es or requerido e a

ornecer -s partes as inormaç1es solicitadas.

O direito - consulta direta dos livros de registros imobiliários pelos

interessados é recon6ecido por parte da doutrina, desde que eetuados no próprio

serviço. Dntretanto, a posiç!o da jurisprudncia paulista é a de que a publicidade é

indireta, isto é, apenas se dá mediante a emiss!o de certid1es, jamais pelo eame

direto do livro pelo interessado. Dsta é a posiç!o mais acertada pois decorre da

interpretaç!o do art. #> da (ei >.&#;<#:?%F a publicidade se dá por meio da lavraturade certid1es do que or requerido.

O eame direto do livro pelo interessado seria uma temeridade e colocaria em

risco a segurança e a autenticidade dos registros, tendo em vista que os

registradores devem manter em segurança os livros e documentos e evitar sua

manipulaç!o por terceiros e deterioraç!o.

8 publicidade do registro se dá ent!o pela lavratura de certid1es. 4onorme

ensina 5elW (opes ID'*D((D, certid1es Bs!o cópias ou otocópias féis e

autenticadas de atos ou atos constantes de processo, livro ou documento que seencontra nas repartiç1es públicasC. O registrador somente pode certifcar o que

eiste ormalmente nos livros e documentos ofciais do serviço de registro imobiliário.

(ogo, n!o se podem epedir certid1es de lotes ou unidades autEnomas juridicamente

ineistentes, isto é, sem que 6aja registro do loteamento ou da incorporaç!o,

respectivamente.

)esse sentido, 6á decis!o da 4orregedoria de [ustiça de !o /aulo pela

inadmissibilidade de epedir certid1es de lotes de modo individuado, quando tais

unidades n!o eistirem juridicamente de orma especifcada "defnido com medidas

perimetrais e área de superície+ em assentamento registral. )o caso concreto,

observou3se que n!o 6avia registro do loteamento, constando - margem da

transcriç!o do imóvel apenas a averbaç!o de ruas e ruelas, com subdivis!o da gleba

em =#& c6ácaras. /or ineistir registro do loteamento, considerou3se que n!o 6avia,

nos livros imobiliários, elementos que pudessem clarifcar o racionamento da área

maior e, consequentemente, n!o poderiam ser epedidas certid1es dos lotes.

8 epediç!o de certid!o é a orma mais usual de publicidade e sobre a qual

incide um tratamento técnico. 8s inormaç1es constantes das certid1es devem ser

epressas com clare0a e completude. O Ofcial deve obrigatoriamente incluir toda equalquer alteraç!o posterior ao ato certifcado, ainda que isso n!o conste do pedido

do interessado. Jal alteraç!o deverá ser anotada na própria certid!o, em cujo teto

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deverá conter a seguinte inscriç!oF Ba presente certid!o envolve elementos de

averbaç!o - margem do termoC "art. $#, parágrao único, da (ei >.&#;<#:?%+.

9esse modo, é precisamente na lavratura da certid!o que o registrador eerce

o seu con6ecimento no desempen6o da unç!o técnico3jurídica. 8lém dos dados

solicitados, o registrador deve incluir as inormaç1es que julgue importantes e que,

de alguma orma, inPuenciam a situaç!o jurídica publicada.8s certid1es podem ser lavradasF a+ em inteiro teorG b+ em resumoG ou c+ em

relatório, conorme quesitos apresentados pelo interessado. O pra0o para entrega é

de cinco dias.

% -"9ecto" at3ai" a 93liciae re!i"tral

8 lei brasileira que estabelece o sistema de registros públicos oi publicada em

#:?% e n!o trata de temas importantes e atuais, como a proteç!o das inormaç1es

pessoais e os rePeos das novas tecnologias de inormaç!o na publicidade registral.

Vuest!o ainda n!o enrentada pelo legislador brasileiro di0 respeito -contradiç!o entre o acesso ilimitado -s inormaç1es constantes do registro e a

proteç!o da vida privada.

9e acordo com a (ei >.&#;<#:?%, qualquer pessoa pode requerer certid!o do

registro sem inormar ao ofcial ou uncionário o motivo ou interesse do pedido. alvo

no que atine -s certid1es de registro civil, a lei n!o a0 menç!o a dados sensíveis que

n!o devem constar do ato.

Os ordenamentos jurídicos de países europeus, ao contrário, restringem o

acesso -s inormaç1es do registro - prévia apresentaç!o de interesse legítimo, a serpesquisado pelo registrador. Dsses países acrescentaram - sua legislaç!o interna as

normas da 4onvenç!o Duropeia para a proteç!o das pessoas relativamente ao

tratamento automati0ado de dados de caráter pessoal "4onvenç!o #&7<#:7#+, e das

diversas diretivas sobre proteç!o de dados pessoais.

8 lei espan6ola, por eemplo, disp1e que o registrador, ao qualifcar o

conteúdo dos assentos registrais, inormará e velará pelo cumprimento das normas

sobre proteç!o de dados pessoais "art. $$$.> da (ei 5ipotecária+. !o considerados

sensíveis e, consequentemente, sigilosos os dados que n!o sejam necessários para a

fnalidade da solicitaç!o de inormaç!o e que careçam de conteúdo patrimonial ou

econEmico.

8 lei espan6ola proíbe, ainda, o acesso direto, por qualquer meio, aos livros,

fc6as ou ao núcleo central da base de dados do arquivo do registrador, sem prejuí0o

da plena liberdade do interessado de consultar e comunicar3se com o registrador por

qualquer meio, seja ísico ou telemático "art. %%$.$ do *egulamento 5ipotecário+. 8

4onvenç!o europeia para a proteç!o das pessoas relativamente ao tratamento

automati0ado de dados de caráter pessoal determina que os responsáveis pelos

arquivos automati0ados que conten6am dados pessoais adotem as medidasnecessárias para evitar o acesso, a modifcaç!o ou a dius!o dessas inormaç1es por

pessoas n!o autori0adas.

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)!o se pode, atualmente, ignorar o importante papel das modernas

tecnologias de inormaç!o para a publicidade ormal do *egistro de 'móveis. 4abe ao

legislador brasileiro inspirar3se no direito comparado e possibilitar a publicidade

registral por meio telemático, em Btempo realC, inclusive por correio eletrEnico,

desde que sejam asseguradas a integridade, conservaç!o e autenticidade do arquivo

automati0ado, evitando3se o risco de manipulaç!o ou raude nos dados enviados.

8 intercomunicaç!o entre os registradores e entre estes e os notários,

mediante o uso de redes telemáticas, constitui um passo importante na direç!o da

desburocrati0aç!o e celeridade no cumprimento da atividade notarial e de registro.

8o contrário de outros ordenamentos jurídicos, o sistema legal brasileiro apenas

disciplinou a matéria em $&&:, com a ediç!o da (ei ##.:??<$&&:. )!o obstante, já

eistiam eperincias pioneiras de intercone!o de arquivos automati0ados de

diversos cartórios, a possibilitar o requerimento e a dius!o do conteúdo dos registros

por meio da inormática.

)a Dspan6a, a intercone!o dos registros imobiliários permite ao interessadoescol6er livremente o registrador por meio do qual pretende obter a inormaç!o

relativa a qualquer imóvel, ainda que n!o pertencente -quela circunscriç!o

imobiliária, o qual epedirá a certid!o com base nos dados constantes do Zndice

Reral 'normati0ado de imóveis e direitos.

8 transmiss!o de dados por meio de redes telemáticas garante uma maior

publicidade ormal dos direitos reais objetos do registro, diminuindo custos,

possibilitando o acesso - inormaç!o em menor espaço de tempo e,

consequentemente, reorçando a efcácia e a segurança dos negócios jurídicos

imobiliários.

4abe ao legislador acompan6ar as mudanças sociais e disciplinares desse

novo meio de publicidade, prevendo a adoç!o de assinaturas eletrEnicas, o uso de

correio eletrEnico, a criaç!o de bancos de dados centrali0ados e outros pontos

pertinentes. O sistema de publicidade ormal deve ser ampliado, ainda, aos dados

ísicos dos imóveis ou - representaç!o gráfca dos mesmos, com a incorporaç!o da

cartografa digitali0ada aos arquivos registrais. 8 ampliaç!o da publicidade ormal de

modo a incorporar os dados ísicos dos imóveis é imperiosa para o apereiçoamento

do sistema registral e segue uma tendncia já verifcada em outros países.

8lguns passos importantes já oram dados neste sentido, como a eigncia de

descriç!o detal6ada de imóveis rurais por meio de memorial descritivo assinado por

profssional 6abilitado e com a devida 8notaç!o de *esponsabilidade Jécnica,

contendo as coordenadas dos vértices defnidores dos limites georreerenciadas ao

istema Reodésico Hrasileiro e com precis!o posicional a ser fada pelo 'ncra "art.

$$;, T %., da (ei >.&#;<#:?%, acrescido pela (ei #&.$>?, de $7.&7.$&&#+.

9a mesma orma, a (ei ##.:??, de $&&:, estabelece o sistema de registro

eletrEnico em todos os registros públicos, no pra0o de até cinco anos a contar dapublicaç!o da lei, bem como a recepç!o e epediç!o de documentos eletrEnicos por

estes erviços "arts. %7 e %:+.

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%4 P3liciae re!i"tral i#oili5ria= i/ere:a" etre re!i"tro 83r?ico e

re!i"tro a#ii"trati$o o3 caa"tro

4onorme vimos, os princípios registrais se aplicam a todas as espécies de

registros públicos previstas na (ei >.&#;<#:?%, uma ve0 que se disciplinam os

registros jurídicos em sentido estrito. O registro jurídico tem por fnalidade conerir

publicidade, validade e certe0a -s relaç1es jurídicas "art. #, (ei 7.:%;<#::=+ e,portanto, n!o se limita a recol6er e publicar simples inormaç1es, por eemplo, a

titularidade de um direito, mas afrma, ou pelo menos a0 presumir, que aquele que

consta em seus livros como titular do direito assim o é eetivamente. 9iere,

portanto, do registro administrativo, que é aquele que tem por objeto a recopilaç!o e

racionali0aç!o dos dados para colocá3los a serviço de uma organi0aç!o pública "v.g.,

cadastro de imóveis municipal+.

9estarte, nos registros administrativos, n!o eiste o juí0o qualifcativo que é

próprio dos registros jurídicos. 8 atividade nele desenvolvida se limita a comprovar o

ato ou a relaç!o que deve ser inscrita. O uncionário reali0a um mero estudo, n!oqualifca a competncia ou qualidade de quem autori0a os documentos, as ormas

etrínsecas e demais requisitos de validade. 8 8dministraç!o comprova a eistncia

dos atos ou situaç!o de que se trata, mas n!o emite juí0oF a atividade é somente de

apreciaç!o ou constataç!o, n!o 6á valoraç!o baseada em técnica jurídica.

@ários s!o os traços distintivos entre os registros jurídicos e os registros

administrativosF a+ Os primeiros s!o reali0ados por profssionais com con6ecimento

 jurídico, ou seja, profssionais do direito, enquanto os segundos por uncionários

administrativosG b+ nos registros administrativos n!o 6á propriamente publicidade, e

sim mera notícia ou anúncio de ato ou situaç!o, n!o 6á presunç!o de certe0a e

valide0 do conteúdo dos livros e registrosG c+ nos registros jurídicos 6á eame de

qualifcaç!o dos títulos e documentos, no administrativo simples constataç!o de

eistncia do ato ou situaç!oG d+ no registro administrativo n!o 6á eigncia de

titulaç!o pública ou autntica, segue3se um critério menos rigoroso que 6abilita

como título o impresso ofcial disponibili0ado no serviço de registro ou o documento

privadoF em geral qualquer título pode ser 6ábil para a tomada de decis!oG e+ no

registro administrativo n!o 6á rogaç!o e consentimento do interessado, a inscriç!o,

em regra, é obrigatória e se inicia muitas ve0es por meio de oício ou, quando poriniciativa do interessado, a lei estabelece sanç!o para o seu n!o cumprimento no

pra0o legalF essa obrigatoriedade é coerente com a fnalidade mais comum do

registro, que é acreditar nos requisitos de idoneidade ou 6abilitaç!o de pessoas,

atividades, ou produtos.

4omo consequncia da alta de qualifcaç!o no registro administrativo,

podemos afrmar que também n!o eistem, nesse tipo de registro, as unç1es de

assessoramento e consulta. 8 pessoa responsável por um registro administrativo n!o

precisa ser um profssional do 9ireito ou tampouco possuir um patamar elevado de

con6ecimento da cincia jurídica, ao contrário do profssional que atua como ofcialou registrador em um registro jurídico, como é o caso do *egistro de 'móveis de

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demais serviços registrais previstos nas (eis >.&#;<#:?% e 7.:%;<#::=, além dos

registros mercantis e registro de propriedade intelectual.

Minalmente, como n!o 6á qualifcaç!o registral, os registros administrativos

podem ser eitos mediante cópias, transcriç1es ou arquivos dos documentos

apresentados pelo interessado.

(ogo, os princípios básicos dos registros jurídicos n!o se aplicam aos registrosadministrativos. )!o se aplica a estes últimos, por eemplo, o princípio da

publicidade. 8 publicidade é mero anúncio, alta a presunç!o de eatid!o e validade

do conteúdo dos livros ou banco de dados e n!o se l6es aplicam os princípios da

legitimidade e da é pública registrais.

 Jampouco 6á alar aqui em prioridade ou preerncia temporal do acesso dos

títulos que, ademais, n!o precisam ser públicos, isto é, dotados de é pública e

autenticidade. Vualquer documento pode ser título 6ábil para fns de registro

administrativo. 9a mesma orma, em lugar de rogaç!o e consentimento, impera

nessa espécie de registro a normatividadeF os registros administrativos podem ser

reali0ados de oício, independentemente do consentimento da pessoa concernente.

O caráter orçoso da inscriç!o é coerente com a fnalidade mais comum dos *egistros

8dministrativosF acreditar os requisitos de idoneidade ou 6abilitaç!o de pessoas,

atividades ou produtos.:

4% - (-SE <,SI&- DO REGISTRO= O IMÓVEL

O registro de imóveis é um registro real, reere3se ao objeto da inscriç!o, que,no caso, é o imóvel, assim considerado a área poligonal pereitamente delineada e

reerenciada na superície terrestre#&, aí incluídos o subsolo e o espaço aéreo até o

limite útil ou aproveitável pelo proprietário, com ressalva dos bens de domínio da

Uni!o "e. rique0as minerais, recursos energéticos e 6idráulicos etc.+.

4om eeito, s!o considerados bens imóveis, para fns de inscriç!o e acesso -

publicidade registral, o solo e tudo quanto se l6e incorporar natural ou

artifcialmente. /ortanto, o imóvel é uma superície terrestre delimitada por lin6a

poligonal ec6ada, com suas partes integrantes e suas pertenças. Dm outras

palavras, é uma parte da superície terrestre, demarcada por uma lin6a poligonal eobjeto da propriedade. 8 propriedade do solo abrange a do espaço aéreo e subsolo

correspondentes, em altura e proundidade úteis ao seu eercício, n!o podendo,

porém, o proprietário impedir atividades de terceiros, em altura ou proundidade tais

que l6e alte legítimo interesse em impedi3las "art. #.$$:, 44+.

 Jodos os imóveis particulares devem ser inscritos no registro de imóveis. 8

doutrina distingue o imóvel material do imóvel registral. Os imóveis públicos n!o

ingressam no cadastro imobiliário. egundo a doutrina, o domínio público n!o

necessita da proteç!o assegurada pelo registro de imóveis, por n!o ser objeto de

negócios jurídicos particulares, isto é, s!o inalienáveis, impen6oráveis e

imprescritíveis. 8demais, a publicidade já é garantida pela norma constitucional ou

pela norma legal que os cria, modifca ou etingue. /ortanto, n!o ingressam no

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registro imobiliário, por eemplo, as il6as Puviais ou oce2nicas, as terras devolutas

indispensáveis para a deesa das ronteiras e as terras tradicionalmente ocupadas

pelos índios, que s!o considerados bens da Uni!o "art. $&, '', '@ e N', da

4onstituiç!o+.

)!o obstante, os imóveis públicos que, conorme nosso ordenamento jurídico,

s!o suscetíveis de negociaç!o com os particulares, seja no que se reere ao domínioou outra aculdade ou direito de transcendncia real, e os imóveis particulares

transmitidos ao /oder /úblico s!o inscritos no registro de imóveis. S o caso dos

terrenos de marin6a sujeitos a direito real de uso e go0o dos particulares "enfteuse+,

das vias e espaços públicos criados com o registro do loteamento "art. $$ da (ei

>.?>><#:?:+ e dos imóveis epropriados )o loteamento, as ruas, praças e espaços

destinados ao serviço público passam a integrar o domínio do Iunicípio na data em

que é lavrado o registro do empreendimento.

8tualmente, observa3se uma tendncia de ampliar o acesso de imóveis sob

domínio público - publicidade registral, em decorrncia das vantagens e eeitos quel6es s!o próprios, principalmente a de permitir a cognoscibilidade do domínio e suas

peculiaridades de orma mais ampla e segura, seja no que se reere ao acesso dos

interessados e do público em geral, quanto na integralidade e acilidade de acesso -s

inormaç1es. /odem ser inscritos, por eemplo, a reserva legal sobre imóvel de

domínio de pessoa jurídica de direito público "art. #>?, '', $%, da (*/ c<c art. #? da (ei

#$.>;#<$&#$ K o que pressup1e a abertura de matrícula+##G imóveis públicos

destinados a parcelamento e implantaç!o de empreendimentos 6abitacionais

destinados -s pessoas de menor poder aquisitivo "art. #>?, ', %>, da (*/, item

incluído pela (ei :.?7;<#:::+G imóveis públicos destinados - concess!o de usoespecial para fns de moradia "art. #>?, ', %?, da (*/+G imóvel público destinado a

objeto de direito real de uso instituído por contrato de concess!o "art. #>?, ', =&+. 9a

mesma orma, o Iunicípio poderá solicitar ao registro de imóveis competente a

abertura de matrícula de parte ou da totalidade de imóveis públicos oriundos de

parcelamento do solo urbano "art. #:;38 da (*/, instituído pelo art. ;. da (ei

#$.=$=<$&##. 8 relaç!o aqui apresentada é meramente eemplifcativa.

8 princípio, a base ísica do registro é o imóvel material, vale di0er, a área de

terra pereitamente delimitada na superície terrestre. Dntretanto, pode ocorrer que abase ísica sobre a qual recai o direito real seja diversa do imóvel material, ou seja, o

imóvel constitui uma realidade jurídica, mas n!o ática.

S o caso da unidade autEnoma de um condomínio edilícioF apartamento, loja,

sobreloja, escritório, vaga de garagem, que podem ser alienados após o registro da

incorporaç!o na matrícula do imóvel onde se erguerá o empreendimento. 8 unidade

autEnoma n!o se conunde com o imóvel onde é construído o ediício e poder!o ser

abertas tantas matrículas quantas orem as unidades autEnomas criadas "princípio

da unitariedade da matrícula+.

4ontudo, n!o 6á consenso quanto ao início da eistncia jurídica da unidade

imóvel. /ara alguns autores, ela ocorre com o registro da incorporaç!o, pois a partir

deste momento as unidades autEnomas já podem ser alienadas, conorme prev o

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art. %$ da (ei =.;:#<#:>=. (ogo, segundo esta posiç!o, se a unidade pode ser

alienada, é porque já é considerada por nosso sistema legal como uma BcoisaC, ainda

que utura ou incorpórea. Dssa é a posiç!o adotada pela 4R[<*[ que, no procedimento

de registro de incorporaç!o, aculta a abertura de oício de matrículas para cada

unidade autEnoma prevista no projeto do empreendimento, em que deverá ser eita

averbaç!o com a ressalva de que se trata de obra projetada e pendente de

regulari0aç!o registral "art. >>#, T $., da 4onsolidaç!o )ormativa, /arte

Dtrajudicial, da 4R[<*[+. /ara outros autores, a unidade autEnoma somente passa a

eistir como realidade jurídica independente, mesmo na 6ipótese de incorporaç!o

imobiliária, após a averbaç!o e da construç!o e o registro da instituiç!o do

condomínio na matrícula do imóvel que serviu de base ao empreendimento. Dssa é a

posiç!o da 4R[</, que apenas admite a abertura de matrículas para as unidades

autEnomas após a inscriç!o da instituiç!o do condomínio.

/ode ser citada ainda, como base ísica do registro, a estrada de erro, cuja

6ipoteca, a ser registrada no Iunicípio da estaç!o inicial, será circunscrita - lin6a ou-s lin6as especifcadas na escritura "arts. #.;&$ e #.;&% do 4ódigo 4ivil+. O direito

real, portanto, n!o recai sobre o imóvel "polígono demarcado na superície terrestre+,

mas sim sobre a lin6a érrea.

8 instituiç!o do imóvel como base ísica do *egistro se deu com a entrada em

vigor da (ei >.&#;<#:?%, que adotou a técnica do ólio real para a publicidade jurídica

dos direitos reais imobiliários e alguns direitos de nature0a pessoal relativos a

imóveis previstos epressamente no seu art. #>?. 8ntes desta lei, nosso sistema de

registro de imóveis utili0ava a técnica do ólio pessoalF a inscriç!o era baseada na

individuali0aç!o dos titulares dos direitos reais, e n!o no imóvel.

8 base ísica do *egistro ora eaminado é o imóvel, e n!o a pessoa titular do

direito real ou o título ou documento inscritível. )o entanto, n!o se trata aqui de um

mero cadastro, contendo apenas inormaç1es de nature0a ísica "topográfcas,

geodésicas+, administrativas ou fscais, como aqueles mantidos pelas /reeituras

Iunicipais ou pelo ')4*8. Jrata3se de um *egistro de direitos, e n!o de um *egistro

administrativo. )o *egistro de direitos a causa e o eeito do negócio jurídico s!o

separadosF o título que permite a inscriç!o é aquele que instrumentali0a o ato ou

negócio jurídico "e. contrato de compra e venda+, mas o objeto do registro é eeitodo ato ou do contrato, isto é, a constituiç!o, transmiss!o, modifcaç!o e etinç!o de

direitos reais "e. a propriedade+.

)o entanto, ao contrário do sistema alem!o, nosso 9ireito, embora também

considere o registro como meio de constituiç!o de direitos reais imobiliários nos atos

entre vivos "art. #.$=;<44+#$, n!o prev a completa abstraç!o entre e título e o

eeito do negócio jurídico. Dm nosso país, a nulidade do título causal implica a

nulidade do registro, a ser declarada por sentença judicial.

(ogo, como *egistro real e de direitos, o *egistro de 'móveis tem por unç!o

tornar pública a propriedade e gravames reais que recaem sobre os prédios urbanos

e rurais. Dstes s!o os pilares sobre os quais se apoiam os direitos reais, de orma que

a base ísica do sistema registral imobiliário é o imóvel. 8fnal, o imóvel é o suporte

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ísico ou material sobre o qual recaem os direitos reais inscritos, algo comum a todos

os sistemas registrais.

4%1 O "i"te#a e /ólio real

O sistema de *egistro de 'móveis adotado no nosso país pela entrada em vigor

da (ei >.&#;<#:?%, que tem por modelo o sistema alem!o acima descrito, é o do

*egistro de bens ou de direitos. O imóvel é o objeto da primeira inscriç!o "matrículaou ólio real+, que recebe um determinado número de ordem que tende ao infnito

"e. n. &#, n. &$, n. #&.%&$,...+ e na qual se descrevem o imóvel, sua propriedade, a

transcriç!o ou matrícula originária, o número de cadastro municipal ou rural,

conorme o caso. 8pós tais inormaç1es, que constam da cabeça da ol6a, na parte

restante ser!o registrados, contínua a sucessivamente, as transmiss1es do domínio e

os direitos reais limitados ou os gravames que aetam esse bem. O ólio real é aberto

pelo primeiro título contendo um direito real "ou, ecepcionalmente, pessoal+ que,

por orça da lei, deve aceder ao registro.

)o alto de cada ol6a do (ivro $ "registro geral+ será lançada a matrícula do

imóvel, na qual constar!oF o número de ordem, data, descriç!o do imóvel, nome e

qualifcaç!o do proprietário e número do registro anterior. )o espaço restante da

ol6a, ser!o lançados, por ordem cronológica, em orma narrativa e de orma a

observar o trato sucessivo, os registros e as averbaç1es dos atos pertinentes ao

imóvel matriculado "art. $%#+. Dsgotado esse espaço, será dada continuidade na

primeira ol6a em branco do mesmo livro ou do livro da mesma série que estiver em

uso.

4ada imóvel deve ser inscrito no registro imobiliário em ol6a aparte ouabranger um conjunto de ol6as no livro de registro geral, ou mediante um sistema

de fc6as. S aberto um ólio, uma ol6a ou registro particular para o imóvel

correspondente, na qual ser!o eitos todos os assentos relativos aos direitos reais

sobre ele incidentes. Dste registro particular é a matrícula ou ólio real, denominaç!o

proveniente do direito germ2nico. S nesta ol6a, ou conjunto de ol6as, do livro de

registro que será inscrita toda mutaç!o jurídico3real do imóvelF daí o nome Bólio

"ol6a+ realC. 8tualmente a matrícula é assentada sobre um suporte3papel "ol6a do

(ivro n. $ K de *egistro Reral, ou sistema de fc6asG mas os arts. %? e seguintes da

(ei ##.:??<$&&:, entre outros instrumentos normativos, prev a adoç!o da matrículasobre suporte eletrEnico.

/ortanto, com vimos no item = "supra+, o *egistro de 'móvel brasileiro é

ordenado por imóveis, e n!o mais por pessoas como ocorria no sistema de

transcriç!o anterior - (ei >.&#;<#:?%. O atual tipo de organi0aç!o registral acilita a

publicidade e o con6ecimento de seu conteúdo por qualquer interessado. 8 prática e

a comparaç!o dos sistemas vigentes nos diversos países ao longo do tempo

mostram que esse modo de registro "de bens+ é mais efciente que a ordenaç!o

temporal ou pessoal. 8 ordenaç!o do *egistro por imóveis K na qual para cada imóvel

corresponde uma matrícula ou ólio real K acilita a identifcaç!o dos bens e permite

organi0ar mel6or o trato sucessivo ou continuidade "encadeamento dos direitos ou

situaç1es jurídico3reais sobre os imóveis+ e a especialidade dos imóveis

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"especialidade objetiva+ e dos sucessivos titulares de direitos a eles relativos

"especialidade subjetiva+.

O tema será analisado com maior proundidade quando estudarmos a

matrícula como a primeira inscriç!o no mecanismo de escrituraç!o ou procedimento

do *egistro imobiliário.

4%2 <ólio real e i"cri:*o

4abe observar que nos sistemas de registro de títulos e registro de bens ou

direitos, como é o caso do nosso "que é um registro de bens ou direitos+, a

BmatrículaC n!o se conunde com a Binscriç!oC. 4om eeito, a matrícula é a primeira

inscriç!o em que, como vimosF a+ é descrito e individuado o imóvel, b+ é identifcado

e qualifcado o proprietário, c+ é inormada a inscriç!o anterior, da qual se originou a

presente matrícula "transcriç!o ou matrícula original+G além de outros dados como o

número cadastral do imóvel "urbano ou rural+ e a data da abertura da matrícula. 4om

base nela e a partir dela, s!o inscritas todas as modifcaç1es jurídico3reais pelas

quais passa o imóvel durante sua eistncia 6istórica.

 Jais inscriç1es, como se verá a seguir, s!o subdivididas em BregistroC em

sentido estrito e Baverbaç!o. 8 primeira espécie de inscriç!o destina3se -

constituiç!o ou declaraç!o, conorme o caso, da propriedade "v.g., transerncia do

domínio por ato entre vivos ou mortis causa+G enquanto a averbaç!o é a inscriç!o

concernente a qualquer modifcaç!o ou etinç!o do conteúdo do registro, vale di0er,

do direito real inscrito, ou de uma situaç!o jurídica com transcendncia real. Vuando

se trata de etinç!o do registro, o assento próprio é denominado BcancelamentoC,

cuja nature0a jurídica é averbatória.

8 matrícula implica a presunç!o iuris tantum "relativa+ de proprietário. @ale

di0er, o verdadeiro proprietário "titular etrarregistral+ pode questionar a validade da

inscriç!o e provar que ele K e n!o o titular registral K é o real detentor do domínio ou

outro direito real imobiliário. Dm caso de eistncia de vícios graves, a matrícula

pode ser bloqueada até o saneamento dos deeitosF durante o bloqueio da matrícula,

que tem nature0a acautelatória e provisória, os títulos concernentes ser!o

prenotados, mas somente poder!o ser registrados, observada a preerncia ou

prioridade decorrente da prenotaç!o, após o desbloqueio da ólio.

 [á no sistema Jorrens a matrícula e a inscriç!o s!o a mesma coisa e controlam

topografcamente a realidade ísica do imóvel. Dssa primeira inscriç!o constitui uma

declaraç!o estatal de propriedade, com presunç!o iuris et de iure. O titular registral,

sob a ótica do 9ireito, será sempre considerado o verdadeiro proprietário ou titular

do direito real imobiliário. Dm caso de erro, o verdadeiro proprietário, no 2mbito do

mundo real, será indeni0ado pelo ato epropriatório.

6% MODI<I&-@AES <ORM-IS D- (-SE REGISTR-L

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O imóvel objeto do registro pode sorer alteraç1es ormais, ou seja,

modifcaç1es que apenas se produ0em no livro de registro, pois o imóvel material

que sustenta o registral permanece inalterado. Dssas modifcaç1es s!o as seguintesF

6%1 <3"*o

9ois ou mais imóveis limítroes, pertencentes ao mesmo proprietário, podem

ser agrupados para ormar um novo imóvel. S aberta uma nova matrícula para oimóvel resultante da us!o, cancelando3se as matrículas dos imóveis undidos "art.

$%= da (ei >.&#;<#:?%+.

/ara que seja possível a us!o, é necessário que os imóveis sejam contíguos e

pertençam ao mesmo dono "e.F B8C é dono de dois imóveis limítroes+. O sistema

legal brasileiro, como oi visto, n!o admite o ingresso no ólio real de imóvel cuja

área seja descontínua, ainda que ormem uma unidade org2nica em ra0!o de

eploraç!o agrícola ou industrial.

9a mesma orma, n!o 6avendo identidade na titularidade dominial n!o épossível que seja procedida - modifcaç!o ormal ora analisada. /ara obtenç!o do

mesmo resultado, será necessária uma modifcaç!o jurídico3real "p. e.F B8C adquire o

imóvel contíguo para agrupar ao seu, ou B8C e BHC tornam3se condEminos de ambos

os imóveis contíguos e requerem a us!o das matrículas+. Dm tais 6ipóteses, n!o se

estará diante de uma simples modifcaç!o ormal do imóvel registral.

/ara que se proceda ao registro de loteamento ou condomínio envolvendo

mais de um imóvel, é necessário que antes seja reali0ada a us!o dos mesmos. Jais

empreendimentos eigem uma mesma base imobiliária. O mesmo deverá ocorrer

quando uma só construç!o envolver os imóveis contíguos do mesmo proprietário.

/ara adequar a situaç!o registral - realidade, o proprietário deverá proceder - us!o

dos imóveis e averbar a construç!o.

Dmbora a lei n!o aça menç!o epressa, é possível, ainda, o agrupamento de

porç1es dos imóveis limítroes, pertencentes ao mesmo proprietário, ormando3se um

novo imóvel. erá aberta matrícula para o novo imóvel, mas n!o ser!o canceladas as

primitivas "ser!o eitas averbaç1es para constarem a área remanescente e o novo

perímetro+.

O agrupamento é uma espécie de combinaç!o das fguras da us!o e daagregaç!o "item ;.$ inra+. )a us!o, 6á uni!o das matrículas, ormando um novo

imóvel com a abertura da respectiva matrícula e o correspondente cancelamento das

matrículas anteriores. )a agregaç!o, é desmembrada parte de um dos imóveis

limítroes, que será adicionada ao outro. )!o 6á criaç!o de novo imóvel, mas t!o

somente alteraç!o das áreas e perímetros dos imóveis já eistentes. [á no

agrupamento, as áreas desmembradas dos imóveis limítroes, pertencentes ao

mesmo proprietário, s!o undidas, ormando um novo imóvel e importando na

abertura da respectiva matrícula. Os outros imóveis, porém, continuam a eistir.

8penas suas matrículas devem ser atuali0adas para rePetir a nova realidade áticaFaverba3se o destaque da gleba desmembrada para, com as áreas desmembradas dos

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outros imóveis, ormar o novo imóvel, e a área remanescente do imóvel que soreu o

desmembramento, bem como seu novo perímetro e conrontaç1es.

/ara tanto, o proprietário dos imóveis deve apresentar planta e memorial

descritivo com a descriç!o e individuaç!o do novo imóvel ormado por áreas

destacadas dos demais, bem como a indicaç!o das glebas desmembradas e a nova

descriç!o e individuaç!o dos imóveis que soreram os destaques. 8ssim, garante3sea observ2ncia do princípio da especialidade objetiva.

6%2 -!re!a:*o

)a agregaç!o o imóvel recebe parte de outro imóvel do mesmo proprietário,

que seja contígua ao primeiro. /or eemplo, [osé é dono de dois imóveis limítroes e

resolve anear ;&\ do imóvel B8C ao imóvel BHC. O primeiro sorerá reduç!o da área

para metade, enquanto o segundo terá sua área epandida.

8mbas as matrículas s!o mantidas, com as averbaç1es correspondentes

"diminuiç!o de área do imóvel B8C e aumento de BHC, com modifcaç1es nosperímetros+. Jal operaç!o é possível desde que a área remanescente do imóvel B8C

n!o seja inerior a #$; metros quadrados, com ; metros de rente "se urbano+, ou ao

módulo rural.

 Jratando3se de imóvel urbano, n!o se admite a eistncia de terreno com área

inerior a #$; metros quadrados e rente mínima de ; metros, salvo na 6ipótese de

loteamento destinado - urbani0aç!o específca ou edifcaç!o de conjuntos

6abitacionais de interesse social, previamente aprovados pelos órg!os públicos

competentes "art. =., '', da (ei >.?>><#:?:+. 8 legislaç!o municipal ou estadual pode

determinar maiores eigncias.

)a 6ipótese de imóvel rural, n!o se admite desmembramento que resulte em

áreas com área inerior ao módulo rural. @ale di0er, tanto a área destacada da gleba

originária quanto a área remanescente devem ser iguais ou superiores ao módulo

rural. Dntende3se por Bmódulo ruralC a quantidade de terra necessária para um

trabal6ador e sua amília tirar seu próprio sustento. ua área é variável de acordo

com atores naturais e socioeconEmicosF os módulos rurais s!o qualifcados por meio

de 6ectares, variando segundo as diversas regi1es do /aís.

9e acordo com o art. >; do Dstatuto da Jerra "(ei =.;&=<#:>=+, o imóvel ruraln!o é passível de divis!o em áreas de dimens!o inerior - do módulo da propriedade

rural. 8 lei visa impedir a ragmentaç!o dos imóveis rurais e a constituiç!o de

miniúndios improdutivos.

9esse modo, n!o se admitirá a agregaç!o de parte de um imóvel a outro,

quando a área remanescente or inerior ao patamar mínimo previsto em lei. O

espírito da lei é assegurar a unç!o social da propriedade, que seria prejudicada com

a eistncia de imóveis cuja área n!o permitisse a construç!o ou a eploraç!o

agrícola ou pecuária.

6% De"oro o3 "e!re!a:*o

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O desmembramento deve ser averbado na matrícula do imóvel originário,

resultando na abertura de tantas matrículas quantos orem os imóveis dele

resultantes. 4abe lembrar que n!o se admite o desmembramento que resulte em

imóveis com áreas ineriores a #$; metros quadrados "ou ao módulo rural, no caso

de imóveis rurais+.

)!o obstante, é possível a averbaç!o de desmembramento de imóvel em duasnovas unidades cujas áreas de superície sejam ineriores a #$; metros quadrados

quando 6ouver aprovaç!o do órg!o público municipal. 8 eistncia da aprovaç!o

pelo Iunicípio é sufciente para o recon6ecimento da legalidade ormal do

desmembramento, n!o cabendo ao registrador eaminar, no 2mbito da qualifcaç!o

registral, a legalidade do ato administrativo "/roc. 4R</ $#7<&?3D+.

)a 6ipótese de parcelamento da gleba com objetivo de venda ao público dos

lotes, deve ser observado o disposto na (ei >.?>><#:?:F o desmembramento será

objeto de registro e n!o de simples averbaç!o. Dm tais casos, está em jogo o

interesse público, de orma que o art. #7 da (ei supracitada prescreve que seránecessário um registro especial, eigindo do interessado a apresentaç!o de uma

série de documentos. O registro especial previsto na lei de parcelamento do solo

urbano tem dois objetivosF proteger o interesse público "meio ambiente, urbanismo,

etc.+ e tutelar os uturos adquirentes dos lotes "consumidores+, mediante a

apresentaç!o de documentos que demonstrem a idoneidade econEmica e moral do

empreendedor.

empre que o parcelamento tiver por objetivo a venda utura dos terrenos a

diversas pessoas e resultar no surgimento de um número ra0oável de lotes, ainda

que n!o 6aja criaç!o de sistema viário ou abertura de vias, é necessário o registro do

desmembramento, conorme disposto no art. #7 da (ei >.?>><#:?:.

egundo a jurisprudncia, o desmembramento que resultar em pequeno

número de lotes "até #&, por eemplo+ ou que, segundo outros elementos objetivos,

n!o caracteri0ar raude - lei sobre parcelamento, é objeto de mera averbaç!o, n!o

6avendo necessidade do registro especial.

B% PRI'&,PIOS REGISTR-IS= I'TRODU@CO &O'&EP@CO E <U'@AES/rincípios jurídicos s!o os undamentos, as diretri0es do ordenamento ou de

um sistema jurídico. 4onorme ensina 4elso 8ntEnio Handeira de IelloF B/rincípio "...+

é, por defniç!o, mandamento nuclear de um sistema, verdadeiro alicerce dele,

disposiç!o undamental que se irradia sobre dierentes normas compondo3l6es o

espírito e servindo de critério para sua eata compreens!o e inteligncia,

eatamente para defnir a lógica e a racionalidade do sistema normativo, no que l6e

conere a tEnica e l6e dá sentido 6armEnico. S o con6ecimento dos princípios que

preside a intelecç!o das dierentes partes componentes do todo unitário que 6á por

nome sistema jurídico positivoC.

O direito n!o é um simples agrupamento de normas isoladas, mas um corpo

unitário ormado por disposiç1es que se interligam por coordenaç!o e subordinaç!o.

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!o estas normas, relacionadas de orma 6armEnica, que d!o origem aos princípios

que, por sua ve0, servem de sustentáculos ao arcabouço jurídico. /or isso mesmo,

afrma Dduardo 4OUJU*D, que princípio é um enunciado lógico etraído da

ordenaç!o sistemática e coerente de diversas normas de procedimento e que possui

a orça de uma regra de validade geral.

)a 6ierarquia das regras jurídicas, portanto, o princípio prevalece sobre anorma, de modo que eerce um papel preponderante n!o apenas para a

interpretaç!o, como também para a integraç!o do ordenamento jurídico.

B%1 &oce9:*o e 9ric?9io" re!i"trai"F

Os princípios registrais n!o se conundem com os denominados Bprincípios

gerais de direitoC. )a verdade, os princípios registrais s!o instrumentos normativos

que, ao mesmo tempo, orientam o operador do direito e indicam o camin6o para a

aplicaç!o, interpretaç!o e desenvolvimento 6armEnico e unitário do microssistema

de direito registral, seja no que concerne ao registro de imóveis ou de outras

espécies de registros públicos.

Os princípios registrais s!o critérios básicos que servem de undamento para o

sistema de registro de imóveis. Dstes princípios constituem verdadeiras normas

 jurídicas, ormuladas de orma abreviada de modo que uma única epress!o ou

termo Bdá a con6ecer determinada regulaç!oC#%. (onge de servirem como simples

par2metros orientadores, despidos de juridicidade, tais normas gerais possibilitam a

interpretaç!o, integraç!o e sistemati0aç!o do direito registral, de maneira a permitir

sua compreens!o e aplicaç!o lógica.

8tualmente, a onte dos princípios registrais é a própria lei "v.g., 4ódigo 4ivil,

(ei >.&#;<#:?% e (ei 7.:%;<#::=+. S o ordenamento jurídico que os cria, de orma

epressa ou implícita, por via direta ou indutiva. 8 (ei de *egistros /úblicos e as

outras leis supracitadas raramente se reerem epressamente aos princípios

registrais, de orma que eles s!o ormulados por via indireta ou indutiva. 8liás, os

princípios, no mais das ve0es, decorrem do enunciado de dierentes normas, situadas

nos mesmos ou em dierentes capítulos ou seç1es da lei. )a maior parte das ve0es, a

recepç!o do princípio n!o é completa, já que a norma deia de prever aspectos3

c6ave básicos para o delineamento de seu 2mbito e alcance "v.g., princípio da

legalidade+#=.

)o entanto, na sua origem, os princípios registrais decorrem de construç1es

doutrinárias, de ideias abstratas ormuladas por juristas, e serviram de inspiraç!o

aos legisladores de diversos países, para a ediç!o das primeiras leis sobre registro de

imóveis no fnal do século N'N. 9estarte, além de servirem de par2metro para a

interpretaç!o e integraç!o das normas relativas - publicidade registral, os princípios,

ainda 6oje, orientam os legisladores e evitam a ediç!o de normas que quebrem a

6armonia e a unidade do direito registral.

B%2 <3:;e" o" 9ric?9io" re!i"trai"

!o trs as unç1es dos princípios registraisF a+ unç!o inormadora ou

integradora b+ unç!o científca e c+ unç!o aplicativa.

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8+ Dm primeiro lugar, os princípios registrais servem como paradigma a ser

seguido pelo legislador quando da ediç!o de novas leis sobre registros públicos ou

matérias aetas, de orma que sejam asseguradas a integridade e a 6armonia do

sistema jurídico. (ogo, os princípios registrais constituem um modo de orientaç!o ou

direç!o undamental para que os preceitos concretos ten6am por conteúdo

disposiç1es lógicas#;.

8ssim, ao contrário dos princípios gerais de 9ireito, os princípios registrais n!o

consistem em ideias de justiça ou equidade que pairam sobre o direito positivo,

tampouco aiomas racionais ou dogmas. !o, na verdade, normas jurídicas que

decorrem direta ou indiretamente do sistema normativo registral e que determinam

uma lin6a coerente para o desenvolvimento 6armEnico e coerente deste ramo do

ordenamento jurídico.

Outrossim, os princípios registrais acilitam a compreens!o do direito

6ipotecário ou registral, ao condensar regras e orientaç1es que decorrem da

inteligncia de um ou mais dispositivos legais que integram o marco regulatório dosistema de registro de imóveis "ou de registros públicos em geral+. Dssa unç!o

economi0a preceitos e permite uma maior abertura das normas, possibilitando sua

adaptaç!o aos novos casos concretos que podem surgir das mudanças na sociedade

"tecnológicas, econEmicas, culturais etc.+ e do dinamismo da vida social e das

práticas negociais.

Dm suma, os instrumentos jurídicos ora tratados evitam, ou ao menos

restringem, a probabilidade de lacunas normativas ou aiológicas no direito registral,

sem que possam ser considerados normas eternas, estanques ou inamovíveis, e sim

diretivas constantemente renovadas pelas contribuiç1es contínuas da doutrina e da

 jurisprudncia.

H+ ob o aspecto de sua unç!o científca, cabe reprodu0ir a lapidar afrmaç!o

de equeira Iartins, segundo a qual os princípios registrais s!o Buma representaç!o

intelectual sistemati0ada do instrumento publicitário registral como técnica arbitrada

para a segurança do tráfco imobiliário e mais concretamente da efcácia publicitária

"...+C#>.

9e ato, os princípios registrais permitem uma construç!o racional para o

marco regulatório dos registros públicos como um todo. 8o tradu0irem as diretri0es

que bali0am o microssistema jurídico, por meio da condensaç!o de preceitos

esparsos, os princípios permitem a construç!o racional da ordem legal, acilitando o

trabal6o dos doutrinadores e juristas na compreens!o e apereiçoamento do sistema.

9iante do par2metro estabelecido, os operadores do direito tm diante deles uma

erramenta indispensável para analisar se a modifcaç!o do direito, pelo advento de

novas leis, ou pela adoç!o de uma nova corrente jurisprudencial, caracteri0ará um

avanço ou um retrocesso no regime de publicidade registral.

8demais, os princípios registrais possuem inegável utilidade para o estudo dodireito comparado e, dessa orma, analisar se as soluç1es propostas em outros

ordenamentos jurídicos podem ser introdu0idas e adaptadas ao direito nacional. Jais

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diretri0es permitem aos estudiosos do 9ireito registral defnir, identifcar,

desenvolver e coordenar as características essenciais dos distintos sistemas

encontrados nos ordenamentos jurídicos estrangeiros e analisá3las de orma

comparada. Jal metodologia, além de útil para mel6or compreender o direito pátrio,

permite sua atuali0aç!o e apereiçoamento.

4+ Minalmente, no que tange - unç!o aplicativa, os princípios registraisacilitam a interpretaç!o das normas jurídicas, propiciando direç1es científcas que

permitam a correta soluç!o de conPitos envolvendo o direito registral. 9a mesma

orma, acilitam a unç!o qualifcadora dos registradores, ao possibilitar que estes

profssionais do direito ten6am uma vis!o unitária acerca do direito positivo

aplicável, proporcionando3l6es, ademais, undamento válido para decidir sobre o

acesso do título - publicidade registral nos casos de omiss!o ou contradiç!o da lei.

4om eeito, por ocasi!o do eame do título, além da análise de ormalidades e

nulidades etrínsecas e da nature0a jurídico3real do direito ou situaç!o nele contido,

cabe ao registrador verifcar se o registro n!o implicará violaç!o dos princípiosregistrais, mediante o conronto do conteúdo do título com as inormaç1es

constantes do *egistro.

4umpre observar que os princípios, nas trs unç1es acima eplicitadas, n!o

constituem soluç!o geral ou panaceia para todos os problemas encontrados no

mundo real, mas n!o 6á dúvida sobre sua utilidade didática, 6ermenutica e prática

na aplicaç!o do 9ireito registral como objeto autEnomo de con6ecimento. Dmbora

criados inicialmente para 6armoni0ar e integrar as normas relativas ao *egistro de

'móveis, justamente por ser esse o primeiro sistema registral concebido "segunda

metade do século N'N+, os princípios n!o tm sua aplicaç!o limitada a essa espéciede registros públicos.

O 9ireito registral, como ramo autEnomo do ordenamento jurídico, é integrado

por 9ireitos registrais particulares "v.g., *egistro 4ivil de /essoas )aturais, *egistro

de Jítulos e 9ocumentos, *egistro 4ivil de /essoas [urídicas...+. /or via de induç!o e

generali0aç!o, pode3se constatar a eistncia de princípios e regras comuns a todos

os distintos 9ireitos registrais específcos, ainda que sob variantes ou mati0es

próprios. Ou seja, n!o obstante possa variar o grau de intensidade, de etens!o e até

de particularidades dos princípios, em ra0!o das idiossincrasias das diversas espéciesde 9ireitos registrais, é indubitável que eistem princípios comuns a todas elas.

(ogo, para mel6or compreens!o do sistema de registro de imóveis, a03se

necessário o con6ecimento dos princípios que inspiram esse corpo 6armEnico de

normas. Os princípios registrais se aplicam nas várias ases do procedimento de

registroF eistem aqueles que s!o prévios - inscriç!o, os que se aplicam

simultaneamente e os que s!o posteriores - inscriç!o. Os princípios que ora ser!o

analisados s!o típicos dos registros jurídicos, mais eatamente do *egistro de

'móveis, sendo alguns deles aplicáveis, ainda que de orma mitigada, aos demais

serviços de registros públicos disciplinados na (ei >.&#;<#:?%

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8 lei n!o imp1e pra0o para que o interessado apresente a escritura pública "ou

instrumento particular+ a registro. )o entanto, o registro deve ser providenciado o

quanto antes para que o adquirente n!o corra o risco de ver perecer ou diminuir o

direito que visava adquirir. /ode ocorrer, por eemplo, que no momento da lavratura

da escritura pública de compra e venda n!o incidia nen6um Enus sobre o imóvel.

8ntes da apresentaç!o do título no *egistro de 'móveis, entretanto, o vendedor teve

contra si uma aç!o de eecuç!o, por orça da qual oi pen6orado o imóvel vendido,

com o consequente registro da pen6ora. )este caso, ao registrar seu título, o

adquirente terá a desagradável surpresa de se tornar proprietário de um imóvel

pen6orado.

%1 Morte e ica9aciae ate" o re!i"tro

9úvida levantada pela doutrina, e que pode ocorrer na vida real, reere3se -

morte ou incapacidade do alienante do imóvel no lapso temporal entre a lavratura da

escritura e sua apresentaç!o no *egistro de 'móveis. O problema surge porque no

eato momento da morte do vendedor "doador, permutante, etc.+ a propriedade doimóvel é automaticamente transerida a seus 6erdeiros. (ogo, quando o adquirente

levasse seu título a registro, o imóvel n!o mais pertenceria ao vendedor, e sim a

seus sucessores.

)a opini!o de /O)JD 9D I'*8)98, que julgamos acertada, a morte do

vendedor n!o impede o registro do título pelo comprador. egundo o jurista, se entre

o acordo de vontades ormali0ado pela escritura pública e o registro o vendedor

Bmorre ou cai em incapacidade o alienante, o vínculo do acordo fcaC. /ortanto, pode

ser apresentado o título no erviço de *egistro de 'móveis e obtida a inscriç!o no

livro próprio, ainda que a pessoa que ten6a fgurado na escritura como alienante

ten6a alecido. 'sso se dá porque já vincula as partes, por si e por seus 6erdeiros, n!o

6avendo necessidade de nova anuncia do alienante para que se proceda ao registro

do título de alienaç!o.

/or este acordo de transmiss!o K que /O)JD 9D I'*8)98 identifca como um

negócio jurídico independente do contrato e que intermedeia este acordo de

vontades e o registro K as partes se vinculam, pela coincidncia das vontades, a

respeito da modifcaç!o de direito, que é, neste caso, a transmiss!o da propriedade

ou outro direito real imobiliário. 8 escritura já contém uma declaraç!o de vontade doalienante na qual consente com o registro deste título.

Dste também é o entendimento da jurisprudnciaF para o JM, se o outorgante

alece antes do registro, ainda assim, pode3se registrar o título "*J #;7<%#>+. )esse

sentido, ainda, a orientaç!o do 4onsel6o uperior da Iagistratura do J[/ "*J

#7%<7=#+.

%2 E/eito" o re!i"tro

O registro é o modo de adquirir o direito real, tem eeito constitutivo, mas n!o

sana eventuais deeitos do título, nem em relaç!o ao terceiro de boa3é. e o títuloque l6e serve de suporte é nulo, o registro também será inválido. Ias, enquanto n!o

se promover, por meio de aç!o própria, a decretaç!o de invalidade do negócio

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 jurídico e, consequentemente do registro, e seu respectivo cancelamento, o

adquirente continua a ser 6avido como dono do imóvel "ou titular de outro direito

real+. Dm outras palavras, o registro, mesmo eivado de nulidade, produ0 eeitos

enquanto n!o se providenciar a declaraç!o judicial de nulidade e consequente

cancelamento da inscriç!o.

/ortanto, nos negócios entre vivos, a inscriç!o é que a0 nascerem todos osdireitos reais, a começar da propriedade. )!o obstante, a inscriç!o é eigida n!o só

para a aquisiç!o ou cess!o de direitos reais, mas também na 6ipótese de

modifcaç!o de seu conteúdo. Iodifcaç!o é toda ocorrncia que, de qualquer modo,

altere a inscriç!o, quer em relaç!o -s pessoas, quer em relaç!o aos imóveis que nela

fgurem.

/or outro lado, 6á casos em que a constituiç!o ou transmiss!o dos direitos

reais independem do registro, pois ocorrem por orça de lei. S o caso da sucess!o

legítima ou testamentáriaF de acordo com o disposto no art. #.?7= do 4ódigo 4ivil,

aberta a sucess!o, a 6erança transmite3se, desde logo, aos 6erdeiros legítimos etestamentários. (ogo, a propriedade de um imóvel transmite3se aos sucessores pelo

simples ato da morte do proprietário, autor da 6erança, independentemente do

registro do ormal de partil6a ou de qualquer outro título. S o caso, ainda, da

usucapi!o, em que o possuidor adquire a propriedade do imóvel pelo eercício da

posse sem interrupç!o e oposiç!o, pelo pra0o previsto em lei, independentemente de

decis!o judicial. 8 sentença de usucapi!o tem eeito meramente declaratório, e n!o

constitutivo da propriedade.

9estarte, o registro pode ter eeito constitutivo ou declarativo. O registro tem

eeito constitutivo, por eemplo, nas transmiss1es de direitos reais imobiliários por

atos entre vivos. O eeito será declarativo quando se tratar, por eemplo, de registro

de mandado judicial etraído da aç!o de usucapi!o e registro de ormal de partil6a.

8 inscriç!o declarativa, como já oi visto, apenas divulga direitos que

gan6aram eistncia antes dela ou riscos que pendam sobre direitos inscritos. )o

primeiro caso, a fnalidade é inormar a coletividade sobre a mutaç!o jurídico3real de

determinado imóvel "v.g., declarar a transmiss!o da propriedade por orça da

sucess!o+ e, ainda, assegurar a continuidade dos registros, evitando descontinuidade

ou interrupç!o na cadeia registrária. )o segundo caso, a inscriç!o declarativa temuma unç!o preventiva, isto é, tem por objetivo advertir terceiros sobre a pendncia

de pretens!o que pode modifcar o direito inscrito "v.g., averbaç!o de pen6ora,

arresto ou sequestroG registro de citaç!o em aç!o real reipersecutória etc.+.

4onorme ensina 8M*])'O 9D 48*@8(5O, Ba inscriç!o preventiva é sempre

provisória, tendendo a transormar3se em inscriç!o defnitiva ou ser cancelada. Ias

n!o se conunde com outras inscriç1es provisórias, como as de locaç!o com cláusula

de vigncia contra o adquirente e a promessa irretratável de venda de imóvel,

porque estas tm efcácia constitutiva e a primeira meramente declaratóriaC.

4umpre observar que a eistncia de registro preventivo n!o impede qualquer

ato de disposiç!o pelo proprietário do imóvel aetado por tal inscriç!o. 8ssim, por

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eemplo, a eistncia de inscriç!o da pen6ora do imóvel n!o obsta a venda do bem

"salvo no caso de pen6ora em eecuç!o fscal, causa de indisponibilidade legal do

imóvel+, mas o adquirente n!o pode, posteriormente, alegar boa3é ou

descon6ecimento do ato de constriç!o judicial. 8 averbaç!o da pen6ora a0 prova

pré3constituída de raude - eecuç!o. 9o contrário, isto é, n!o eistindo a averbaç!o,

cabe ao credor o Enus de provar a raude - eecuç!o.

eja o registro de nature0a constitutiva, seja de nature0a declarativa, o ato é

sempre obrigatório. 8 lei n!o estabelece sanç!o epressa, mas a ausncia do registro

impede a produç!o dos eeitos almejados. )o caso do registro constitutivo, a alta de

inscriç!o implica a n!o constituiç!o do direito que se buscava adquirir. )o caso do

registro declarativo, em que o direito já oi obtido, a sua alta implica a suspens!o

desse direito ou a ausncia da produç!o de eeitos.

O registro da sentença de usucapi!o, por eemplo, n!o constitui a propriedade

"ou outro direito real+. O domínio surge com o simples ato da posse justa e contínua

pelo pra0o previsto em lei. Jambém o 6erdeiro legítimo ou testamentário adquire apropriedade imobiliária no momento da morte do de cujus. )o entanto, nem um nem

outro poder!o dispor do imóvel enquanto n!o providenciar o registro da sentença ou

do ormal de partil6a, respectivamente, uma ve0 que, na matrícula do imóvel,

continuará a constar como titular do domínio o antigo proprietário "o usucapido ou o

autor da 6erança+. omente aquele que fgura como proprietário, na matrícula do

imóvel, pode alienar.

% O9oiiliae er!a o#e"

8 oponibilidade é o primeiro e mais undamental dos eeitos que resultam dainscriç!o de um título no *egistro de 'móveis e demais registros públicos. /or meio

da oponibilidade, imp1e3se ao terceiro a realidade do direito registrável, cujo

conteúdo l6e é imposto, independentemente do con6ecimento eetivo do registro.

4omo, em geral, tm acesso ao sistema de registro de imóveis os direitos reais

imobiliários, cujos eeitos s!o erga omnes, isto é, vinculam toda a comunidade, a

consequncia óbvia é que ninguém pode se considerar al6eio - obrigaç!o de

observar os direitos de usar, go0ar e dispor do titular do direito real registrado. O

mesmo se aplica a outros direitos ou situaç1es jurídicas que, sem terem nature0a

real, também podem ser oponíveis -s demais pessoas da comunidade, uma ve0ten6am tido acesso ao ólio real.

@inculado ao conceito de oponibilidade, temos o da inoponibilidade, que pode

ser conceituada como uma aculdade específca concedida por lei a uma pessoa, pelo

ato de ser al6eia a uma atuaç!o pereitamente válida, para que, sem necessidade

de impugná3la, possa atuar em deesa de seus interesses como se tais atos n!o

eistissem.

8 atribuiç!o da oponibilidade mediante o registro conere -s situaç1es jurídicas

um plus pelo qual os interessados evitam que terceiros atuem como se o atoregistrado n!o eistisse. @ale di0er, todo direito ou negócio jurídico inscrito pode ser

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oposto contra quem quer que seja, ainda que aete suas legítimas epectativas

econEmicas ou impliquem perda de direitos ou interesses sobre o bem imóvel.

9iante das graves consequncias da oponibilidade, o 9ireito deve ter

mecanismos efcientes para que terceiros possam con6ecer antecipadamente a

situaç!o de compromisso que pendem sobre os bens e que possam, de qualquer

orma, aetá3los. 9e acordo com a doutrina, esses mecanismos s!oF a publicidade, apublicaç!o, a lei e a aparncia#?.

8 publicaç!o em diários ofciais praticamente n!o tem import2ncia, em ace da

sua inutilidade, uma ve0 que é etremamente diícil particulares terem acesso a

todas as inormaç1es lá publicadas. 8 lei, por sua ve0, no nosso ordenamento

 jurídico, apenas conere oponibilidade ao domínio público que, em geral, constitui

categoria ecluída do sistema de registro imobiliário. Jambém a aparncia

desempen6a papel marginal para a oponibilidade, pois radica na aculdade de

combater a má3é do terceiro e depende de con6ecimento adquirido, ou que possa

ter sido adquirido por meio de ato evidente ou evidenciável. 9esse modo, a situaç!ocon6ecida ou cognoscível, ainda que n!o ten6a sido registrada, pode ser oponível a

terceiro "e. pen6ora nos casos de raude ao credor+.

9e qualquer modo, a publicidade registral é o mel6or mecanismo de

oponibilidade, uma ve0 que implica a presunç!o iuris et de iuris de que toda situaç!o

 jurídica registrada é de con6ecimento dos demais membros da comunidade, sen!o

de orma eetiva, ao menos de orma potencial. Ou seja, ninguém pode alegar

descon6ecimento ou boa3é contra ato ou situaç!o jurídica constante da publicidade

registral. Dmbora a inscriç!o no *egistro, no direito brasileiro, n!o convalida títulos

nulos, n!o saneia seus vícios, o princípio da legitimidade implica a presunç!o iuris

tantum de validade do registro e de seu conteúdo, que perdura enquanto n!o ocorre

sua retifcaç!o ou cancelamento.

(ogo, basta a consulta ao *egistro para que se constatem a diligncia e a boa3

é do interessado, ainda que eventual nulidade do registro anterior possa resultar na

nulidade do registro por ele demandado. 9e qualquer modo, n!o se eige, como

prova de diligncia, que o interessado aça um eame detal6ado do título de quem

se disp1e a transmitir ou de seus antecedentes imediatosF a diligncia e a boa3é,

repita3se, s!o demonstradas pela conduta do interessado que reali0a o negócio jurídico imobiliário confando na publicidade espel6ada pela certid!o da matrícula do

imóvel.

Dm suma, somente a situaç!o jurídica que consta da publicidade registral pode

ser oposta contra todos os demais membros da comunidade, e isso a partir da data

do protocolo do respectivo título, já que o registro é efca0 desde o momento em que

o título é apresentado ao registrador e este o prenotar no protocolo "art. #.$=>, 44+.

Dm outras palavras, apenas é oponível aquilo que consta no *egistro, de orma que

os registradores costumam usar a metáora segundo a qual Bo que n!o consta no

registro n!o eiste no mundoC. 'nteressante notar que o direito, título ou documento

contínua oponível erga omnes, mesmo após a sua etinç!o no mundo áticoF a

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oponibilidade somente cessa com o cancelamento da inscriç!o respectiva "art. #.$=;,

T $., 44+.

4onsequentemente, o documento que n!o é apresentado a registro n!o

prejudica terceiros "sentido negativo da publicidade registral+. )esse sentido, n!o se

deve conundir a efcácia do documento com sua oponibilidade a terceiros. O

documento público tem efcácia erga omnes, ou seja, entre as partes e terceiros,mas, enquanto os terceiros n!o o con6ecem, n!o pode ser oposto contra eles. 9aí a

necessidade de sua publicidade n!o para conerir3l6e efcácia, sen!o para que os

terceiros n!o possam alegar sua inoponibilidade.

O ato de o ordenamento jurídico eigir o registro como requisito para a

constituiç!o ou transerncia da propriedade e demais direitos reais imobiliários é

denominado de princípio da inscriç!o. @ale di0er, de acordo com o princípio de

inscriç!o, o registro é obrigatório porque, sem ele, o adquirente n!o obtém a

propriedade ou direito real limitado sobre o imóvel.

% PRI'&,PIO D- ROG-@CO OU I'ST'&I-

)!o se aplicam o contraditório e a ampla deesa ao '/. /rova do caráter

inquisitorial do '/ é o art. #&?, 4//, segundo o qual n!o se poderá opor suspeiç!o ao

9elegado nos atos do '/, mas dever!o elas declarar3se suspeitas, quando ocorrer

motivo legal.

8pesar de o contraditório e a ampla deesa n!o serem aplicáveis ao '/, o

suspeito, investigado ou indiciado possui direitos undamentais que devem ser

observados "e. direito ao silncio, o de ser assistido por advogado, etc+.

(ogo, se 6ouver no '/ momentos de violncia e coaç!o ilegal, 6á de se

assegurar a ampla deesa ao investigado. 9aí por que o J[ deeriu ordem em

habeas corpus  para assegurar que a oitiva de testemun6as e a quebra do sigilo

teleEnico, requeridas pelo investigado, e indeeridas pela autoridade policial, ossem

levadas adiante no curso da investigaç!o "J[, 54 >:.=&;</, j. $%<#&<$&&?+.

4onvém destacar que a observ2ncia do contraditório é obrigatória em relaç!o

ao inquérito objetivando a epuls!o de estrangeiro "@ide (ei >.7#;<:&+.

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B%6 Procei#eto i"cricio5rio

8o contrário da ase judicial, em que 6á um rigor procedimental a ser

observado, a ase preliminar de investigaç1es é condu0ida de maneira discricionária

pelo 9elegado, que deve determinar o rumo das diligncias de acordo com as

peculiaridades do caso concreto.

Os arts. > e ?, 4// contemplam um rol eemplifcativo de diligncias quepodem ser determinadas pelo 9elegado, logo que tiver con6ecimento da prática da

inraç!o penal, o que n!o impede que outras diligncias também sejam reali0adas.

9iscricionariedade é a liberdade de atuaç!o nos limites traçados pela lei. (ogo,

n!o se permite ao 9elegado a adoç!o de diligncias investigatórias contrárias -

4onstituiç!o Mederal e - legislaç!o inraconstitucional. /ortanto, quando o art. $, T

$, (ei #$.7%&<#%, disp1e que cabe ao 9elegado a requisiç!o de perícia, inormaç1es,

documentos e dados que interessem - apuraç!o dos atos, n!o se pode perder de

vista que certas diligncias investigatórias demandam prévia autori0aç!o judicial,

pois est!o - cláusula de reserva de jurisdiç!o "e. pris!o temporária, mandado de

busca domiciliar+.

Dspecial atenç!o deve ser dispensada ao art. #=, 4// "^O oendido, ou seu

representante legal, e o indiciado poder!o requerer qualquer diligncia, que será

reali0ada, ou n!o, a juí0o da autoridade^+, que deve ser interpretado no sentido de

que o 9elegado n!o pode negar o requerimento de diligncias que guardem

import2ncia e correlaç!o com o esclarecimento dos atos "e. 9elegado n!o pode

negar a reali0aç!o de eame de corpo de delito requerida pelo investigado quando

se tratar de eame destinado a comprovar a materialidade do delito+. 8dmite3se, acontrario sensu, o indeerimento de medidas inúteis, protelatórias ou desnecessárias,

o que, por cautela, deve ser eito motivadamente.

9e todo modo, caso uma diligncia requerida pela deesa ao 9elegado n!o

ten6a sido reali0ada, o advogado poderá reiterar sua solicitaç!o perante o jui0 ou o

Iinistério /úblico, que poder!o, ent!o, requisitar sua reali0aç!o ao 9elegado. Dm

caso concreto em que o requerimento eito pelo investigado para oitiva de

testemun6as e quebra de seu sigilo teleEnico oi indeerido pela autoridade policial,

o J[ conclui ser cabível a impetraç!o de habeas corpus com o objetivo de assegurar

o cumprimento das reeridas diligncias, até mesmo de modo a se evitar apressado e

errEneo juí0o acerca da responsabilidade do investigado "J[, 54 >:.=&;</, j.

$%<#&<$&&?+.

B%B Procei#eto oJcial

'ncumbe ao 9elegado de /olícia "civil ou ederal+ a presidncia do '/. @3se,

pois, que o '/ fca a cargo de órg!o ofcial do Dstado, nos termos do art. #==, T #, ',

c<c art. #==, T =, 4M.

B% Procei#eto oJcio"o

8o tomar con6ecimento de notícia de crime de aç!o penal pública

incondicionada, o 9elegado é obrigado a agir de oício, instaurando o '/ de oício,

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S aculdade do cidad!o, n!o tendo ele o dever de noticiar a prática de inraç!o

penal. Dcepcionalmente, no entanto, a notícia de crime é obrigatória, nos termos do

art. >> da (ei de 4ontravenç1es /enais "9ec.3lei %.>77<=#+, segundo o qual constitui

contravenç!o penal deiar de comunicar - autoridade competenteF a+ crime de aç!o

pública, de que teve con6ecimento no eercício de unç!o pública, desde que a aç!o

penal n!o dependa de representaç!oG b+ crime de aç!o pública, de que teve

con6ecimento no eercício da medicina ou outra profss!o sanitária, desde que a

aç!o penal n!o dependa de representaç!o e a comunicaç!o n!o epon6a o cliente a

procedimento criminal.

/or sua ve0, as autoridades públicas, principalmente as envolvidas na

persecuç!o penal, por orça do princípio da obrigatoriedade, tm o dever de noticiar

atos possivelmente criminosos, sob pena de responderem administrativamente e de

incorrerem no crime de prevaricaç!o, caso comprovado que a inércia se deu para

satisa0er interesse ou sentimento pessoal "art. %#:, 4/+.

e a3to e 9ri"*o e# a!rate elito=  a despeito de n!o constarepressamente do art. ;, 4// o 8/M é uma das ormas de instauraç!o do '/,

uncionando o próprio auto como a peça inaugural da investigaç!o.

%2 &ri#e" e a:*o 9eal 9Nlica coicioaa e e a:*o 9eal e iiciati$a

9ri$aa

)os cri#e" e a:*o 9eal 9Nlica coicioaa a persecuç!o penal está

condicionada - representaç!o do oendido "ou de seu representante legal+ ou -

requisiç!o do Iinistro da [ustiça "art. ;, T =, 4//+. 8 representaç!o "ou delatio

criminis postulatória+ n!o eige qualquer ormalismo.

)os  cri#e e a:*o 9eal e iiciati$a 9ri$aa   está condicionada ao

requerimento do oendido ou de seu representante legal "art. ;, T ;, 4//+. )o caso

de morte ou ausncia do oendido, o requerimento poderá ser ormulado por seu

cEnjuge, ascendente, descendente ou irm!o "art. %#, 4//+. 4omo se v, esse

requerimento é condiç!o de procedibilidade do '/, sem o qual a investigaç!o sequer

poderá ter início.

Dsse requerimento deve ser ormulado pelo oendido dentro do pra0o

decadencial de > "seis+ meses, contado, em regra, do dia em que vier a saber quemé o autor do crime. e ormulado após esse pra0o, o 9elegado deve se abster de

instaurar o '/, pois etinta a punibilidade "art. #&?, '@, 4/+.

)o caso de pris!o em Pagrante, seja crime de aç!o penal pública condicionada

ou de aç!o penal de iniciativa privada, é plenamente possível a captura e a conduç!o

coercitiva daquele que or encontrado em situaç!o de Pagr2ncia. )o entanto, a

lavratura do auto de pris!o em Pagrante estará condicionada - maniestaç!o do

oendido ou de seu representante legal. e a vítima n!o puder imediatamente ir -

delegacia para se maniestar, por ter sido condu0ida ao 6ospital ou por qual quer

motivo relevante, poderá a03lo no pra0o de entrega da nota de culpa, que é de $="vinte e quatro+ 6oras.

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% NOTITIA CRIMINIS

Notitia criminis é o con6ecimento, espont2neo ou provocado, pelo 9elegado,

de um ato delituoso.

a notitia criminis  e co!i:*o i#eiata o3 e"9ot[ea=  9elegado

toma con6ecimento do ato delituoso por meio de suas atividades rotineiras "e. por

meio da imprensa+G

notitia criminis  e co!i:*o #eiata o3 9ro$ocaa=  toma

con6ecimento por epediente escrito "e. requisiç!o do Iinistério /úblico,

representaç!o do oendido, etc.+.

c notitia criminis  e co!i:*o coerciti$a=  toma con6ecimento  por

apresentaç!o do indivíduo preso em Pagrante.

%1 Delatio criminis

8 delatio criminis, espécie de notitia criminis, é a comunicaç!o de  umainraç!o penal eita por qualquer pessoa do povo ao 9elegado, e n!o pela vítima ou

seu representante legal. 8 depender do caso concreto, pode uncionar como uma

notitia criminis de cogniç!o imediata, quando a comunicaç!o ao 9elegado é eita

durante suas atividades rotineiras, ou como notitia criminis  de cogniç!o mediata,

quando a comunicaç!o ao 9elegado eita por terceiro se dá através de epediente

escrito.

%2 Notitia criminis i3aliJcaa o3 eNcia a\i#a

9iante de uma denúncia anEnima, o 9elegado, antes de instaurar o '/, deve

verifcar a procedncia e veracidade das inormaç1es. )!o é possível a instauraç!o

de '/ baseado única e eclusivamente em denúncia anEnima, 6aja vista a vedaç!o

constitucional do anonimato e a necessidade de 6aver par2metros - eventual

responsabilidade cível e penal pelo crime de denunciaç!o caluniosa "art. %%:, 4/+

"JM, 54 7=.7$?<JO, j. &?<&7<$&&?+.

/ortanto, a denúncia anEnima, por si só, n!o serve para undamentar a

instauraç!o de '/, mas, a partir dela, pode a polícia reali0ar diligncias preliminares

para apurar a veracidade das inormaç1es obtidas anonimamente e, ent!o, instaurar

o '/ propriamente dito "JM, 54 :;.$==</D, j. $%<&%<$&#&+.

K% DILIG]'&I-S I'VESTIG-TÓRI-S

Os arts. >_ e ?_, 4// tra0em um rol eemplifcativo de diligncias

investigatórias que poder!o ser adotadas pelo 9elegado. 8lgumas s!o obrigatórias

"e. reali0aç!o eame  pericial quando a inraç!o deiar vestígios+G outras, no

entanto, s!o discricionárias "e. reconstituiç!o do crime+.

K%1 Pre"er$a:*o o local o cri#e art% BQ I

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Dssa preservaç!o do local do crime tem por objetivo preservar   os vestígios

deiados pela inraç!o penal "corpo de delito+, a fm de n!o prejudicar o trabal6o

eito pelos peritos criminais.

Dm caso de acidente de tr2nsito, a autoridade ou agente policial que primeiro

tomar con6ecimento  do ato poderá autori0ar, independentemente de eame do

local, a imediata remoç!o das  pessoas que ten6am sorido les!o, bem como dosveículos nele envolvidos, se estiverem no leito  da via pública e prejudicarem o

tráego. /ara autori0ar a remoç!o, a autoridade ou agente policial lavrará boletim da

ocorrncia, nele consignado o ato, as testemun6as que o presenciaram e todas  as

demais circunst2ncias necessárias ao esclarecimento da verdade "art. #, (ei

;.:?&<7%+.

K%2 -9ree"*o e o8eto" art% BQ II

S possível a apreens!o de quaisquer objetos que guardem relaç!o com o ato

delituoso,  pouco importando sua origem, se lícita ou ilícita. Dsses objetos

apreendidos dever!o acompan6ar os autos do '/ "art. ##, 4//+.

4onorme arts. ##7, ##: e #$&, 4// n!o poder!o ser restituídasF a as coisas

apreendidas, enquanto interessarem ao processoG    os instrumentos do crime,

desde que consistam em coisas cujo abrico, alienaç!o, uso, porte   ou detenç!o

constitua ato ilícito produto do crimeG c  qualquer bem ou valor que constitua

proveito auerido pelo agente com a prática do ato criminosoG  objetos em relaç!o

aos quais 6aja dúvida quanto ao direito do reclamante.

/ara que a apreens!o seja lícita, 6á de se fcar atento aos requisitos da medida

cautelar de busca pessoal e de busca domiciliar. 8 busca pessoal independe de

prévia autori0aç!o  judicial quando reali0ada sobre o indivíduo que está sendo preso,

quando 6ouver undada suspeita de que a pessoa esteja na posse de arma proibida

ou de objetos ou papéis que constituam o corpo de delito, assim como na 6ipótese

de cumprimento de mandado de busca domiciliar "art. $==, 4//+. 8 busca domiciliar

deve observar o art. ;, N', 4M "Ba casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela

podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de Pagrante delito

ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinaç!o judicialC+.

K% &ol+eita e o3tra" 9ro$a" art% BQ IIID. nos casos de violncia doméstica e amiliar contra a mul6er s!o admitidos

como meios de prova os laudos ou prontuários médicos ornecidos por 6ospitais e

postos de saúde.

K%4 Oiti$a o o/eio art% BQ IV

4onorme art. $&#, T #, 4// se, intimado para esse fm, o oendido deiar de

comparecer, é possível que o 9elegado determine sua conduç!o coercitiva.

K%6 Oiti$a o iiciao art% BQ V

O 9elegado deve assegurar ao indiciado o direito de ser ouvido no '/.

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8 presença de advogado no interrogatório policial pode até ser admitida pelo

9elegado, mas sua presença n!o é obrigatória e imprescindível na oitiva do indiciado

em sede de investigaç!o preliminar. 'nclusive, a ausncia de advogado por ocasi!o

da lavratura do Pagrante n!o é causa de nulidade do ato quando o indivíduo é

inormado de seus direitos constitucionais e epressamente declara que se reserva

no direito de só alar em juí0o "J[, 54 $=.;#&<IR, 9[ &$<&><$&&%+.

)!o 6á mais necessidade de curador para o indiciado menor de $# anos, pois,

com o novo 44, a menoridade cessa aos #7 anos. O art. #;, 4// está tacitamente

revogado. e os privilégios processuais para os menores de $# e maiores de #7 anos

deiaram de eistir em ace do novo 44, as normas de nature0a material que l6es

s!o avoráveis ainda permanecem em vigor, como, p. e., a contagem da prescriç!o

pela metade "art. ##;, 4/+.

S possível a nomeaç!o de curador para o índio n!o adaptado ao convívio social

e o inimputável do art. $>, caput , 4/, tal qual disp1e o art. #;#, 4//.

K%B Reco+eci#eto e 9e""oa" e coi"a" e acarea:;e" art% BQ VI

/or orça do princípio da busca da verdade e da liberdade das provas, tem3se

admitido a utili0aç!o do recon6ecimento otográfco, observando3se, por analogia, o

procedimento previsto no 4// para o recon6ecimento pessoal "J[, 54 #%>.#=?</, j.

&><#&<$&&:+.

/or orça do direito de n!o produ0ir prova contra si mesmo "nemo te netur se

detegere+, o investigado tem o direito de n!o colaborar na produç!o da prova

sempre que se l6e eigir um comportamento ativo "a0er+, daí por que n!o é

obrigado a participar da acareaç!o. 4ontudo, em relaç!o -s provas que demandam

apenas um comportamento passivo "tolerar+, n!o 6á se alar em violaç!o ao nemo

tenetur se detegereF tratando3se de recon6ecimento pessoal, ainda que o acusado

n!o queira voluntariamente participar, admite3se sua eecuç!o coercitiva.

K% Deter#ia:*o e realia:*o e e>a#e e cor9o e elito e 3ai"3er

o3tra" 9er?cia" art% BQ VII

4onorme art. #;7, 4// BVuando a inraç!o deiar vestígios,  será

indispensável o eame de corpo de delito, direito ou indireto, n!o podendo supri3lo a

confss!o do acusadoC.

K% IetiJca:*o o ac3"ao art% BQ VIII

4onorme art. >, @''', 4//, B8 autoridade policial deveráF ordenar a

identifcaç!o do indiciado pelo processo datiloscópico, se possível, e a0er juntar aos

autos sua ol6a de antecedentesC.

8 #` parte desse dispositivo, que entrou em vigor antes da 4onstituiç!o

Mederal, deve ser lida - lu0 do art. ;, (@''', 4M, que prev que o civilmente

identifcado n!o será submetido - identifcaç!o criminal, salvo nas 6ipóteses

previstas em lei "@ide (ei #$.&%?<&:+.

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8 ol6a de antecedentes é a fc6a que contém a vida pregressa criminal do

investigado, de onde constam dados como a relaç!o dos inquéritos policiais já

instaurados contra sua pessoa e sua respectiva destinaç!o. 8tente3se, neste ponto, -

nova redaç!o do art. $&, p. único, 4//F ^)os atestados de antecedentes que l6e

orem solicitados, a autoridade policial n!o poderá mencionar quaisquer anotaç1es

reerentes - instauraç!o de inquérito contra os requerentes^.

K%K -$eri!3a:*o a $ia 9re!re""a o i$e"ti!ao art% BQ I^

'ncumbe também ao 9elegado averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o

ponto de vista individual, amiliar e social, sua condiç!o econEmica, sua atitude e

estado de 2nimo antes e depois do crime e durante ele, e quaisquer outros

elementos que contribuírem para a apreciaç!o do seu temperamento e caráter.

K%10 Reco"tit3i:*o o /ato elit3o"o art% Q

/or orça do direito de n!o produ0ir prova contra si mesmo "nemo te netur se

detegere+, o investigado tem o direito de n!o colaborar na produç!o da provasempre que se l6e eigir um comportamento ativo, daí por que n!o é obrigado a

participar da reconstituiç!o do crime.  (ogo, 6avendo recusaF n!o é possível a sua

conduç!o coercitiva para tantoG n!o confgura o crime de desobedincia nem  de

desacatoG n!o pode ser etraída nen6uma presunç!o de culpabilidade, pelo menos

no processo penal.

4onfgura constrangimento ilegal a decretaç!o de pris!o preventiva de

indiciado diante da recusa deste em participar de reconstituiç!o do crime "JM,

/leno, 54 >=.%;=</, j. &#<&?<#:7?+.

 Jratando3se o '/ de procedimento inquisitorial, n!o é necessária a intimaç!o do

investigado ou de seu advogado para participar da reconstituiç!o do crime.

Obviamente, se a reproduç!o simulada ocorrer na ase judicial, deverá ser observado

o contraditório e a ampla deesa "art. ;, (@, 4M+.

10% IDE'TI<I&-@CO &RIMI'-L

8 identifcaç!o criminal é o gnero do qual s!o espéciesF identifcaç!o

datiloscópica, identifcaç!o otográfca e identifcaç!o do perfl genético, introdu0ida

pela (ei #$.>;=<#$.

9iante da mutabilidade da fsionomia das pessoas, a otografa deve ser usada

como método auiliar de identifcaç!o, n!o sendo possível sua utili0aç!o de maneira

eclusiva, dispensando a identifcaç!o datiloscópica, pois esta é a mais fdedigna.

)!o 6á se conundir identifcaç!o criminal com qualifcaç!o do investigado.

IetiJca:*o cri#ial é a identifcaç!o datiloscópica, otográfca e genética, e só é

possível nos casos previstos em lei "art. ;, (@''', 4M+. 3aliJca:*o o i$e"ti!ao

é sua individuali0aç!o "nome completo, naturalidade, fliaç!o, nacionalidade, estado

civil, domicílio, etc.+, confgurando contravenç!o penal "art. >7, (4/+ recusar -

autoridade, quando por esta justifcadamente solicitados ou eigidos, dados ouindicaç1es concernentes - própria identidade, estado, profss!o, domicílio e

residncia.

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4om a 4M<77, a identifcaç!o criminal, que antes era regra, ainda que o

indivíduo tivesse se identifcado civilmente, passou a ser eceç!o, nos termos do art.

;, (@'''F Bo civilmente identifcado n!o será submetido - identifcaç!o criminal, salvo

nas 6ipóteses previstas em leiC.

O art. $ da (ei #$.&%?<&:, que regula a identifcaç!o criminal, tra0 o rol de

documentos que podem atestar a identifcaç!o civil das pessoas, o que, porconsequncia, impede a identifcaç!o criminal.

8pesar do art. $, @', (ei #$.&%?<&:, a0er menç!o a qualquer outro documento

 público que permita a identifcação do indiciado  "e. 4)5, carteiras uncionais

epedidas por órg!os fscali0adores do eercício profssional+, certid!o de

nascimento, por si só, n!o é capa0 de identifcar civilmente o indivíduo, já que n!o

possui otografa.

O art. % da (ei #$.&%?<&: ala apenas em apresentaç!o de documento de

identifcaç!o, sem di0er se tal documento teria que ser o original ou se bastaria uma

cópia. /ara *enato Hrasileiro, a cópia de documento de identifcaç!o, devidamente

autenticada, é capa0 de suprir a ausncia do original.

4onorme art. % da (ei #$.&%?<&:, embora apresentado documento de

identifcaç!o, poderá ocorrer identifcaç!o criminal quandoF

I o oc3#eto a9re"etar ra"3ra o3 ti$er i?cio e /al"iJca:*o_

II o oc3#eto a9re"etao /or i"3Jciete 9ara ietiJcar

caal#ete o iiciao "e. certid!o de nascimento+G

III  o iiciao 9ortar oc3#eto" e ietiae i"tito" co#i/or#a:;e" coitate" etre "iG

IV a ietiJca:*o cri#ial /or e""ecial `" i$e"ti!a:;e" 9oliciai"

segundo despacho da autoridade judiciária competente 3e eciir5 e

o/?cio o3 #eiate re9re"eta:*o a a3toriae 9olicial o Mii"trio

PNlico o3 a e/e"aF diversamente das 6ipóteses anteriores e seguintes, esta

6ipótese de identifcaç!o criminal depende de prévia autori0aç!o judicial. 8 despeito

de a (ei #$.&%?<&: n!o se reerir ao cabimento de recurso contra essa decis!o

 judicial relativa - identifcaç!o criminal, 6á de se admitir a impetraç!o de habeas

corpus, em prol do investigado, e de mandado de segurança, no caso da acusaç!o.

Outra dierença importante do inciso '@ do art. % é que, nesta 6ipótese, a

identifcaç!o criminal poderá incluir a coleta de material biológico para a obtenç!o

do perfl genético "art. ;, p. único, (ei #$.&%?<&:+. /or orça do direito de n!o

produ0ir prova contra si mesmo "nemo te netur se detegere+, o acusado n!o é

obrigado a ornecer material biológico para a obtenç!o de seu perfl genético.

4ontudo, amostras de sangue, saliva, smen, pelos, etc. descartados voluntária ou

involuntariamente pelo investigado na cena do crime ou em outros locais, poder!o

ser coletados.V co"tar e re!i"tro" 9oliciai" o 3"o e o3tro" o#e" o3 i/erete"

3aliJca:;e"_

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VI o e"tao e co"er$a:*o o3 a i"t[cia te#9oral o3 a localiae

a e>9ei:*o o oc3#eto a9re"etao i#9o""iilite a co#9leta

ietiJca:*o o" caractere" e""eciai"%

8o contrário da lei anterior "(ei #&.&;=<&&+, que estabelecia um rol taativo de

delitos onde a identifcaç!o criminal era obrigatória, ainda que o investigado se

identifcasse civilmente, a (ei #$.&%?<&: n!o estabelece a espécie de crime comocritério para a determinaç!o da identifcaç!o criminal.

/resente uma das 6ipóteses do art. % da (ei #$.&%?<&:, e recusando3se o

investigado a colaborar, é possível sua conduç!o coercitiva, sem prejuí0o de eventual

responsabilidade criminal pelo crime de desobedincia.

Objetivando preservar a imagem da pessoa identifcada criminalmente, o art.

? da (ei #$.&%?<&: prev que, no caso de n!o oerecimento da denúncia, ou sua

rejeiç!o, ou absolviç!o, é acultado ao indiciado ou ao réu, após o arquivamento

defnitivo do inquérito, ou tr2nsito em julgado da sentença, requerer a retirada da

identifcação otográfca do inquérito ou processo, desde que apresente provas de

sua identifcaç!o civil. /erceba3se que a lei previu apenas a retirada da identifcaç!o

otográfca. (ogo, a identifcaç!o datiloscópica deve permanecer nos autos do

inquérito ou processo. )a mesma lin6a, segundo o art. ?38 da (ei #$.&%?<&:, a

eclus!o dos perfs genéticos dos bancos de dados ocorrerá no término do pra0o

estabelecido em lei para a prescriç!o do delito.

11% I'&OMU'I&-(ILID-DE DO PRESO art% 21 &PP

/revalece o entendimento de que o art. $#, 4// 3 e o art. #?, 4//I 3 n!o oi

recepcionado pela 4M<77F 1Q  /orque a 4M<77 assegura  que toda pris!o será

comunicada imediatamente ao jui0 competente e - amília do preso ou -  pessoa por

ele indicada "art. ;_, (N''+ e que o preso terá direito - assistncia da amília e de

advogado "art. ;, (N'''+G 2Q  /orque, ao tratar do Dstado de 9eesa, onde 6á

supress!o de  várias garantias constitucionais, a própria 4M<77 estabelece que é

vedada a incomunicabilidade do preso "art. #%>, T %, '@+. Ora, se numa situaç!o de

eceç!o como o Dstado de 9eesa n!o se admite a incomunicabilidade, o que di0er,

ent!o, em um estado de normalidade

11%1 Re!i#e i"ci9liar i/ereciao8pesar do *99 dispensar tratamento carcerário mais rígido  aos presos que

incorram em uma das previstas no art. ;$, (D/, n!o 6á qualquer previs!o de

incomunicabilidade do preso.

/ara o JM "54 :>.%$7</, j. &$<&%<$&#&+, o *99 é sanç!o disciplinar. ua

aplicaç!o depende de prévia instauraç!o de procedimento administrativo para

apuraç!o dos atos imputados ao custodiado.

12% I'DI&I-ME'TO

12%1 &oceito

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'ndiciar é atribuir a autoria "ou participaç!o+ de uma inraç!o penal a uma

pessoa.

O indiciado n!o se conunde com um mero suspeito "ou investigado+, nem com

o acusado. uspeito "ou investigado+ é aquele em relaç!o ao qual 6á rágeis indícios

de autoriaG indiciado é aquele que tem contra ortes indícios de autoriaG recebida a

peça acusatória pelo jui0, surge a fgura do acusado. 9o""?$el o iicia#eto o [#ito o" )3iao" E"9eciai"Y  /or orça

da simplicidade que norteia a própria investigaç!o das inraç1es de menor potencial

oensivo, é inviável o indiciamento em sede de J4O.

12%2 Mo#eto

O indiciamento poderá ocorrer já no auto de pris!o em Pagrante ou até o

relatório fnal do 9elegado. *ecebida a peça acusatória, n!o é mais  possível o

indiciamento, já que se trata de ato próprio da ase investigatória. /ara o J[ "54

#7$.=;;</, j. &;<&;<$&##+, o indiciamento ormal após o recebimento da denúncia éilegal e desnecessário constrangimento - liberdade de locomoç!o, visto que n!o se

 justifca mais tal procedimento, próprio da ase inquisitorial.

12% E"9cie"

a iicia#eto ireto= quando o indiciado está presenteG

iicia#eto iireto= quando o indiciado está ausente "e. oragido, em

local incerto e n!o sabido+.

12%4 Pre""39o"to"

O indiciamento só pode ocorrer a partir do momento em que reunidos

elementos sufcientes que apontem para a autoria da inraç!o penal, quando, ent!o,

o 9elegado deve cientifcar o investigado, atribuindo3l6e, undamentadamente "art.

$, T >, (ei #$.7%&<#%+, a condiç!o jurídica de  ^indiciado^. )!o se trata de ato

arbitrário nem discricionário, já que, presentes elementos inormativos apontando na

direç!o do  investigado, o 9elegado deve "poder3dever+ indiciá3lo.  )!o 6avendo

elementos que o justifquem, constitui constrangimento ilegal o indiciamento no '/

"JM, 54 7;.;=#, 9[ $#<&7<$&&7+.

12%6 De"iicia#eto

8usente qualquer elemento de inormaç!o quanto ao envolvimento do agente

na prática  delituosa, admite3se a impetraç!o de habeas corpus  a fm  de sanar o

constrangimento ilegal daí decorrente, buscando3se o desindiciamento "J[, 54

=%.;::</, j. &:<#$<$&&;+.

12%B -tri3i:*o

O indiciamento é o ato privativo do 9elegado de /olícia "art. $, T >, (ei

#$.7%&<#%+. )!o é possível que o jui0, o Iinistério /úblico ou uma 4/' requisitem ao

9elegado o indiciamento de determinada pessoa "JM, 54 ##;.&#;</, j. $?<&7<$&#%G

J[, *54 =?.:7=</, j. &=<##<$&#=+.

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12% S38eito 9a""i$o

Dm regra, qualquer pessoa pode ser indiciada.

4ontudo, membros do Iinistério /úblico, no eercício de sua unç!o, e

Iagistrados, n!o podem ser indiciados em '/. Vuando 6ouver, no curso de

investigaç!o, indício da prática de inraç!o penal por parte de reeridas autoridades,

deve a autoridade policial, civil ou militar remeter, imediatamente, sob pena  deresponsabilidade, os respectivos autos, respectivamente, ao /rocurador3Reral "de

 [ustiça ou da *epública 3 art. =#, '', e p. único, (ei 7.>$;<:% e art. #7, '', alínea ^^, e

p. único, (4 ?;<:%+ e ao Jribunal ou órg!o especial competente para o julgamento

"art. %%, p. único, (4 %;<?:+, a fm de que prossiga na investigaç!o.

Vuanto -s demais pessoas com oro por prerrogativa de unç!o "e. senadores,

deputados ederais, etc.+, o JM "/leno, 'nq. $.=## VO<IJ, 9[ $=<&=<$&&7+ frmou o

entendimento de que o 9elegado n!o pode indiciar parlamentares sem prévia

autori0aç!o do ministro3relator do inquérito, fcando a abertura do próprio

procedimento investigatório "inquérito penal originário+ condicionada - autori0aç!o

do *elator. )os casos de competncia originária dos Jribunais, a atividade de

supervis!o judicial deve ser desempen6ada durante toda a tramitaç!o das

investigaç1es, desde a abertura dos procedimentos investigatórios até o eventual

oerecimento, ou n!o, de denúncia pelo titular da aç!o.

4aso o 9elegado que preside determinada investigaç!o pretenda intimar

autoridade que possui oro por prerrogativa de unç!o, em ra0!o de outro depoente

ter afrmado que o mesmo teria cometido ato criminoso, deve o eito ser

encamin6ado previamente ao respectivo Jribunal "JM, *cl $.%=:<JO, 9[ &;<&7<$&&;+.Ias se 6ouver simples menç!o ao nome de um deputado ederal, em depoimentos

prestados por investigados, sem maiores elementos acerca de seu envolvimento no

ato delituoso, n!o 6á necessidade de remessa dos autos ao JM para o

processamento do inquérito "JM, 54 7$.>=?</*, 9[ $;<&=<$&&%+.

e essa é a posiç!o do JM, deve se aplicar o mesmo raciocínio -s demais

6ipóteses de competncia especial por prerrogativa de unç!o em inquéritos

originários de competncia de outros Jribunais, como, p. e., o J[, os J*Ms e os J[s.

Dmbora o JM entenda que a supervis!o do inquérito penal originário devafcar a cargo de um Iinistro3*elator, o recebimento da peça acusatória n!o pode ser

deliberado monocraticamente por esse *elatorF a denúncia ou queia devem ser

submetidas - apreciaç!o do colegiado respectivo, reputando3se nula a decis!o de

*elator que, monocraticamente, receba peça acusatória contra titular de oro por

prerrogativa de unç!o "J[, 54 #>.;&? <*[, 9[ $&<&7<$&&#+.

/ortanto, - eceç!o de investigado com oro por prerrogativa de unç!o, n!o

6á necessidade de prévia autori0aç!o judicial para instauraç!o de '/,

independentemente da nature0a do delito. /or esse motivo, JM "/leno, 89' ;.#&=

I4<9M, j. $#<&;<$&#=+ deeriu, em parte, pedido de medida cautelar em 89', parasuspender, até julgamento fnal da aç!o, a efcácia do art. 7 da *es. $%.%:><#% do

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 JD "^O inquérito policial eleitoral somente será instaurado mediante determinaç!o

da [ustiça Dleitoral, salvo a 6ipótese de pris!o em Pagrante^+.

12% -/a"ta#eto o "er$ior 9Nlico e "3a" /3:;e" co#o e/eito

a3to#5tico o iicia#eto e# cri#e" e la$a!e# e ca9itai"

4onorme art. #?39 da (ei :.>#%<:7 "(avagem de din6eiro+F ^Dm caso   de

indiciamento de servidor público, este será aastado, sem prejuí0o da remuneraç!o edemais  direitos previstos em lei, até que o jui0 competente autori0e, em decis!o

undamentada, o seu retomo^.

/ara *enato Hrasileiro, tal dispositivo é inconstitucional, pois, além de violar o

princípio da presunç!o de inocncia ao estabelecer o aastamento do servidor de

suas unç1es como eeito automático do indiciamento, equiparando aquele que está

sendo processado -quele condenado por sentença transitada em julgado, viola o

princípio da jurisdicionalidade, ao permitir que uma autoridade n!o judiciária 3 o

indiciamento é atribuiç!o privativa da autoridade policial 3 determine medida de

nature0a cautelar sem qualquer aeriç!o acerca de sua necessidade, adequaç!o e

proporcionalidade.

)o entanto, diante do envolvimento de servidor público em crimes de lavagem

de capitais ou inraç1es antecedentes, pode a autoridade judiciária competente

decretar a suspens!o do eercício de unç!o pública, se visuali0ar que essa medida

cautelar diversa da pris!o é necessária para aplicaç!o da lei penal, para a

investigaç!o ou a instruç!o criminal, ou para evitar a prática de novas inraç1es

penais "art. $7$, ', c<c art. %#:, @', 4//+.

1% &O'&LUSCO DO I'URITO POLI&I-L

1%1 Prao 9ara a cocl3"*o o i3rito 9olicial

4onorme art. #&, caput , 4//, o '/ deve terminar no pra0o de #& "de0+  dias, se

o indiciado tiver sido preso em Pagrante, ou estiver preso preventivamente, contado

o pra0o, nesta 6ipótese, a partir do dia em que se eecutar a ordem de pris!o, ou no

pra0o de %& "trinta+ dias, quando estiver solto, mediante fança ou sem ela.

egundo o art. #&, T %, quando o ato or de diícil elucidaç!o, e o indiciadoestiver solto, a autoridade poderá requerer ao jui0 a devoluç!o dos autos, para

ulteriores diligncias, que ser!o reali0adas no pra0o marcado pelo jui0.

)o tocante ao indiciado preso, a maioria da doutrina entende que se 6á

elementos para a segregaç!o cautelar do agente "prova da materialidade e indícios

de autoria+, também 6á elementos para o oerecimento da peça acusatória, sendo

inviável, por conseguinte, a devoluç!o do '/ ao 9elegado para reali0aç!o de

diligncias complementares.

Prao 9ara a cocl3"*o e IP relati$o a i$e"ti!ao "olto  3 pra0o de

nature0a processual. Dclui3se o dia do começo e inclui3se o dia do fnal, ou seja,

signifca di0er que o pra0o começa a Puir a partir do primeiro dia útil subsequente.

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8lém disso, o pra0o que terminar em domingo ou dia eriado considerar3se3á

prorrogado até o dia útil imediato "art. ?:7, TT # e %_, 4//+.

Prao 9ara a cocl3"*o e IP relati$o a i$e"ti!ao 9re"o  3 pra0o de

nature0a material. O dia do começo inclui3se no cEmputo do pra0o "art. #&, 4/+.

8demais, tal pra0o n!o se prorroga até o primeiro dia útil subsequente, n!o estando

sujeito a causas interruptivas nem suspensivas.Vuanto -s consequncias da inobserv2ncia do pra0o para a conclus!o do '/,

entende3se que, no caso de investigado solto, esse pra0o de %& "trinta+ dias é

impróprio, sua inobserv2ncia n!o produ0 qualquer consequncia.

 [á no caso de investigado preso, eventual atraso de poucos dias n!o gera

qualquer ilegalidade, sendo possível que 6aja uma compensaç!o na ase processual.

4ontudo, se 6ouver ecesso abusivo, n!o respaldado pelas circunst2ncias do caso

concreto "compleidade das investigaç1es e pluralidade de investigados+, imp1e3se o

relaamento da pris!o, sem prejuí0o da continuidade da persecuç!o criminal.

8 legislaç!o especial prev pra0os dierenciados para a conclus!o do '/F

  I'VESTIG-DO PRESO

I'VESTIG-DO SOLTO

-rt% 10 caput  &PP #& %& diasI3rito a Pol?cia

<eeral art% BB Lei

6%010BB

#; #; %& dias "8 (ei ;.&#&<>>silencia. Dntende3se aplicávelo pra0o de %& dias previsto

no 4//+Lei e Dro!a" art% 61 Lei

11%40B

Dste art. é norma especial

em relaç!o ao art. >> da (ei

;.&#&<>>. (ogo, na 6ipótese

de crime de tráfco

internacional de drogas, de

competncia da [ustiça

Mederal "art. #&:, @, 4M+, o

pra0o para a conclus!o do '/será aquele previsto na (ei

de 9rogas.

%& "Dsse pra0o pode ser

duplicado pelo jui0, ouvido o

Iinistério /úblico, mediante

pedido justifcado do

9elegado, ou seja, %&+

:& "Dsse pra0o pode ser

duplicado pelo jui0, ouvido o

Iinistério /úblico, mediante

pedido justifcado do

9elegado, ou seja, :&+

&ri#e" cotra a ecoo#ia

9o93lar art% 10 W 1Q Lei

1%62161

#& #& dias

Pri"*o te#9or5ria

ecretaa e# cri#e"

+eioo" e e3i9arao"

art% 2Q W 4Q Lei

%02K0

%& %& dias )!o se aplica

Dm se tratando de investigado solto, doutrina e jurisprudncia admitem a prorrogaç!osucessiva do pra0o para a conclus!o do '/.

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1%2 Relatório a a3toriae 9olicial art% 10 W 1Q &PP

O relatório é peça elaborada pelo 9elegado, de conteúdo eminentemente

descritivo, onde deve ser eito um esboço das principais diligncias eitas na ase

investigatória, justifcando3se até mesmo a ra0!o pela qual algumas n!o ten6am sido

reali0adas "e. juntada de um laudo pericial, que ainda n!o oi concluído pela /olícia4ientífca+. 8pesar de a elaboraç!o do relatório ser um dever uncional do 9elegado,

n!o se trata de peça obrigatória para o oerecimento da denúncia, ainda mais se

considerarmos que nem mesmo o '/ é. 4ontudo, demonstrada a desídia do 9elegado

no cumprimento de seu mister, a respectiva corregedoria deve ser comunicada, a fm

de adotar eventuais sanç1es disciplinares.

O 9elegado n!o deve a0er qualquer juí0o de valor no relatório, já que a

opinio delicti  deve ser ormada pelo titular da aç!o penal "Iinistério /úblicoG

oendido ou seu representante legal+. )o entanto, o art. ;$, ', (ei de 9rogas prevepressamente que o 9elegado relatará sumariamente as circunst2ncias do ato,

 justifcando as ra01es que a levaram - classifcaç!o do delito, indicando a quantidade

e nature0a da subst2ncia ou do produto apreendido, o local e as condiç1es em que se

desenvolveu a aç!o criminosa, as circunst2ncias da pris!o, a conduta, a qualifcaç!o

e os antecedentes do agente. Iesmo nesse caso, é bom esclarecer que o Iinistério

/úblico n!o fca vinculado - classifcaç!o provisória ormulada pelo 9elegado, pois é

ele o titular da aç!o penal, nem mesmo o jui0, para fns de análise quanto -

possibilidade de concess!o de liberdade provisória, podendo corrigir a adequaç!o do

 juí0o de subsunç!o eita pelo 9elegado ou pelo /romotor "na peça acusatória+,embora o aça de maneira incidental e provisória, apenas para decidir quanto ao

cabimento da liberdade provisória. )!o aria sentido manter o acusado preso ao

longo de toda a instruç!o processual penal para, ao fnal, desclassifcar a imputaç!o

para porte de drogas para consumo pessoal e, somente ent!o, poder colocá3lo em

liberdade.

1% De"tiat5rio o" a3to" o i3rito 9olicial art% 10 W 1Q &PP

8pesar do art. #&, T #, 4//, prever que após o relatório o '/ será enviado ao

 jui0, *enato Hrasileiro entende que, por conta da adoç!o do sistema acusatório pela4onstituiç!o Mederal, sendo o Iinistério /úblico o dominus litis da aç!o penal pública

"art. #$:, ', 4M+, e, portanto, o destinatário fnal das investigaç1es do '/, o '/ deve

tramitar diretamente entre a /olícia [udiciária e o Iinistério /úblico, sem necessidade

de intermediaç!o do /oder [udiciário, a n!o ser para o eame de medidas cautelares

"e. pris!o preventiva, interceptaç!o teleEnica, busca domiciliar, etc.+.

9aí por que já 6á diversas portarias de J[s determinando que os autos da

investigaç!o policial devam ser remetidos diretamente ao órg!o ministerial "centrais

de inquéritos+. )a [ustiça Mederal, aliás, vale destacar que a *es. >%<$&&: do

4onsel6o da [ustiça Mederal também regulamentou a matéria.

1%4 Pro$icia" a "ere# aotaa" a9ó" a re#e""a o" a3to" o i3rito9olicial

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'ndependentemente da discuss!o quanto ao destinatário do '/, e trabal6ando3

se com a 6ipótese de que os autos sejam remetidos ao /oder [udiciário, certo é que,

uma ve0 recebido o '/, s!o duas as possibilidadesF

a &ri#e e a:*o 9eal e iiciati$a 9ri$aa=  jui0 deve determinar a

permanncia dos autos em cartório, aguardando3se a iniciativa do oendido

ou de seu representante legal "art. #:, 4//+. )a prática, contudo, os autos

acabam sendo remetidos ao Iinistério /úblico, para que analise se 6á

elementos de inormaç!o quanto a eventual crime de aç!o penal públicaG &ri#e e a:*o 9eal 9Nlica=  jui0 encamin6a os autos ao Iinistério

/úblico, que poderáF1 o/erecer eNcia_2 ar3i$ar o i3rito 9olicial_ re3i"itar ili!cia"F conorme art. #>, 4//, o Iinistério /úblico n!o

poderá requerer a devoluç!o do inquérito - autoridade policial, sen!o

para novas diligncias, imprescindíveis ao oerecimento da denúncia. O

9elegado deve reali0ar as diligncias requisitadas "n!o é uma ordem,

pois o jui0 e o promotor de justiça n!o s!o superiores 6ierárquicos do

9elegado+ pelo jui0 ou pelo Iinistério /úblico "art. #%, '', 4//+.Dssas diligncias devem ser requisitadas pelo Iinistério /úblico

diretamente ao 9elegado "art. #%, '', 4//+, ressalvadas as 6ipóteses em

que 6ouver necessidade de intervenç!o judicial "e. interceptaç!o

teleEnica+. 5avendo necessidade dos autos para auiliar no

cumprimento das diligncias, deve o /romotor requerer ao jui0 a

remessa do '/ ao 9elegado. 'ndeerindo o jui0 o pedido de devoluç!o do

'/ para novas e imprescindíveis diligncias, caberá correiç!o parcial.

8fnal, n!o cabe ao jui0, substituindo3se indevidamente ao titular da

aç!o penal pública, ormar juí0o acerca da necessidade "ou n!o+ da

reali0aç!o de determinadas diligncias reputadas indispensáveis pelo

dominus litis  - ormaç!o de sua convicç!o acerca da prática de

determinada inraç!o penal.4 ecliar e co#9etcia= caso o /romotor entenda que o juí0o

perante o qual atua n!o é competente para o julgamento do eito, deve

requerer ao jui0 que remeta os autos ao jui0 natural. upon6a3se, assim,

que '/ relativo ao crime de moeda alsa seja remetido - [ustiça Dstadual.@erifcando tratar3se de crime de competncia da [ustiça Mederal, 6aja

vista o interesse da Uni!o "art. #&:, '@, c<c art. $#, @'', 4M+, deve o

/romotor requerer a remessa dos autos ao juí0o ederal competente

para o julgamento do eitoG6 coito e co#9etcia= essa 6ipótese n!o se conunde com a

anterior. )a 6ipótese anterior, nen6um outro órg!o jurisdicional 6avia se

maniestado quanto - competncia. Vuando se ala em conPito de

competncia, signifca di0er que já 6ouve prévia maniestaç!o de outro

órg!o jurisdicional, daí por que n!o se pode requerer o retomo dos autos-quele juí0o 3 deve3se, sim, suscitar conPito de competncia. 8

propósito, art. >>, p. único, )4/4. Usando o mesmo eemplo anterior,

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supon6a3se que inquérito policial ederal, que estava tramitando

perante a [ustiça Mederal, ten6a sido remetido - [ustiça Dstadual, pois o

 jui0 ederal concluiu que n!o se tratava de crime de moeda alsa, mas

sim de estelionato, já que a alsifcaç!o seria grosseira "úm. ?%<J[+.

Ora, supondo que o /romotor e o jui0 estadual discordem dessa

conclus!o, entendendo, sim, que a alsifcaç!o seria de boa qualidade,

n!o poder!o declinar da competncia em avor da [ustiça Mederal, já

que o jui0 ederal já se maniestou no sentido de sua incompetncia.

9eve3se, pois, suscitar conPito negativo de competncia, a ser dirimido

pelo J[ "art. #&;, ', ^d^, 4M+.

8 depender do caso concreto, essas &; providncias podem ser adotadas pelo

Iinistério /úblico isoladamente, ou em conjunto. upon6a3se que, com o '/ em

m!os, o /romotor verifque que 6á elementos que autori0am o oerecimento de

denúncia quanto a um ato delituoso "e. estupro praticado por agente que está

preso+, 6avendo, todavia, a necessidade de se aproundar as investigaç1es quanto aoutro indivíduo, que está em liberdade, também constando dos autos elementos de

inormaç!o atinentes - suposta prática de crime militar. Dm uma situaç!o como essa,

deve o /romotor oerecer denúncia quanto ao crime de estupro, na medida em que

6á, quanto a este delito, lastro probatório sufciente, tratando3se, ademais, de

acusado presoG requisitar - autoridade policial o cumprimento de diligncias

complementares, a fm de poder aerir o grau de envolvimento do outro agente com

o ato delituoso, para fns de eventual aditamento - denúnciaG e, por fm, solicitar,

por meio de cota, a declinaç!o de competncia quanto ao crime militar.

14% -RUIV-ME'TO DO I'URITO POLI&I-L

O 9elegado "art. #?, 4//+ e o jui0 n!o poder!o mandar arquivar '/. Jal unç!o é

do Iinistério /úblico, ra0!o pela qual nen6um inquérito pode ser arquivado sem o

epresso requerimento ministerial "JM, 54 77.;7:<RO, j. $7<##<$&&>+, mesmo nos

inquéritos relativos a autoridades com oro por prerrogativa de unç!o, atuando o

 [udiciário apenas quando provocado e limitando3se a coibir ilegalidades maniestas.

/or isso, em caso concreto no qual o Iin. 9ias Jooli determinou de oício o

arquivamento de '/ instaurado para investigar conduta delituosa supostamentepraticada por 9eputado Mederal, o JM "/leno, lnq. $.:#% 8g*<IJ, j. &#<&%<$&#$+ deu

provimento a agravo regimental para determinar a reabertura das investigaç1es.

)a verdade, o arquivamento é ato compleo "prévio requerimento eito pelo

Iinistério /úblico posterior decis!o do jui0 competente.

5á doutrinadores que entendem que o arquivamento n!o seria uma decis!o

 judicial. /ara *enato Hrasileiro, o arquivamento é uma decis!o judicial. e, de um

lado, o art. >?, ', 4// reere3se ao arquivamento como mero despac6oG do outro,

atribui eeitos idnticos - decis!o judicial de impronúncia, possibilitando que,

enquanto n!o ocorrer a etinç!o da punibilidade, nova denúncia ou queia seja

oerecida se 6ouver nova prova "art. =#=, p. único, 4//+. 8demais, a depender do

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undamento, o arquivamento ormará coisa julgada ormal e material, eeito próprio

de verdadeira decis!o judicial.

O arquivamento poderá ser eito n!o só quanto ao inquérito policial, como

também em relaç!o a outras peças de inormaç!o - que ten6a acesso o órg!o do

Iinistério /úblico "procedimento investigatório criminal, relatório de 4/', etc.+ "art.

$7, 4// a0 menç!o ao arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer peças deinormação+. )a mesma lin6a, o art. ?> da (ei :.&::<:; também confrma a

possibilidade de arquivamento do J4O, ao dispor que a proposta de transaç!o penal

só deve ser oerecida quando n!o or caso de arquivamento.

14%1 <3a#eto" o ar3i$a#eto

O 4// n!o di0 quais 6ipóteses que autori0am o arquivamento do '/, ou, a

contrario sensu, as situaç1es em que o Iinistério /úblico deve oerecer denúncia.

8plica3se, ent!o, por analogia, as 6ipóteses de rejeiç!o da peça acusatória e de

absolviç!o sumária "arts. %:; e %:?, 4//+F se é caso de rejeiç!o da peça acusatória,

ou se está presente uma das 6ipóteses que autori0am a absolviç!o sumária, é

porque o /romotor n!o deveria ter oerecido a denúncia em tais 6ipóteses.

5ipóteses que autori0am o /romotor a requerer o arquivamento do '/F

a a3"cia e 9re""39o"to 9roce""3al o3 e coi:*o 9ara o

e>erc?cio a a:*o 9eal  "e. vítima capa0 de um crime de estupro oerece a

representaç!o num primeiro momento, mas depois se retrata, antes do oerecimento

da denúncia. 9iante da retrataç!o da representaç!o, o Iinistério /úblico n!o poderá

oerecer denúncia, pois ausente condiç!o específca da aç!o penal. 9eve requerer o

arquivamento dos autos+.

/alta e 83"ta ca3"a 9ara o e>erc?cio a a:*o 9eal=  para o início do

processo, é necessária a presença de lastro probatório mínimo "umus comissi delicti+

quanto - prática do delito e - autoria. (ogo, esgotadas as diligncias investigatórias,

e verifcando o /romotor que n!o 6á elementos de inormaç!o quanto - autoria do

ato delituoso, deve requerer o arquivamento dos autos.

c 3ao o /ato i$e"ti!ao e$iete#ete *o co"tit3ir cri#e

ati9iciae "e. urto simples de res avaliada em * $,&&. Muncionando o princípio

da insignifc2ncia como ecludente da tipicidade material, deve requerer oarquivamento dos autos+.

e>i"tcia #ai/e"ta e ca3"a e>cl3ete a ilicit3e=  seja ela

prevista na /arte Reral "legítima deesa, estado de necessidade, eercício regular de

direito, estrito cumprimento do dever legal+ ou na parte especial do 4/ "e. aborto

necessário+.

e e>i"tcia #ai/e"ta e ca3"a e>cl3ete a c3l9ailiae "al$o a

ii#93tailiae= no caso do inimputável do art. $>, caput , 4/, deve o /romotor

oerecer denúncia,  já que a medida de segurança só pode ser imposta ao fnal dodevido processo legal, por meio de sentença absolutória imprópria "art. %7>, p. único,

''', 4//+.

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/ e>i"tcia e ca3"a e>titi$a a 93iiliae%

14%2 &oi"a 83l!aa a eci"*o e ar3i$a#eto

8 coisa julgada ormal "ou preclus!o máima+ impede a modifcaç!o da

decis!o por qualquer meio processual dentro do processo "enEmeno

endoprocessual+ em que oi proerida.

8 coisa julgada material torna a decis!o imutável e indiscutível além dos

limites do processo em que oi proerida. 8 decis!o n!o mais poderá ser alterada ou

desconsiderada em qualquer outro processoG a decis!o de mérito n!o mais se sujeita

a recurso "art. ;&$, )4/4+.

- eci"*o 83icial 3e +o#olo!a o 9eio e ar3i$a#eto o

Mii"trio PNlico /a a9ea" coi"a 83l!aa /or#al o3 coi"a 83l!aa /or#al e

#aterialY 5á de se aerir se 6ouve "ou n!o+ pronunciamento a respeito do mérito da

conduta do agente.

Mará apenas coisa julgada ormalF

a -3"cia e 9re""39o"to" 9roce""3ai" o3 coi:;e" 9ara o

e>erc?cio a a:*o 9eal= e. vítima capa0 de um crime de estupro oereceu a

representaç!o, mas depois se retratou, tendo o Iinistério /úblico requerido o

arquivamento dos autos. e esta mesma vítima resolva se retratar da retrataç!o da

representaç!o,  a0endo3o dentro do pra0o decadencial de > "seis+ meses, como a

decis!o de arquivamento só a0 coisa julgada ormal, suprida a ausncia da condiç!o

da aç!o "representaç!o+, é possível o oerecimento de denúncia.

-3"cia e 83"ta ca3"a 9ara o e>erc?cio a a:*o 9eal= como visto,n!o 6avendo  elementos de inormaç!o quanto - autoria, após o esgotamento das

diligncias, deve o /romotor arquivar os autos. e, depois do arquivamento, surgirem

provas novas acerca da autoria, capa0es de alterar o conteto probatório dentro do

qual tal decis!o oi proerida, como esse arquivamento só a0 coisa julgada ormal, é

possível o oerecimento de denúncia "8rt. #7, 4// c<c úm. ;$=<JM+.

/or sua ve0, ará coisa julgada orma e materialF

a ati9iciae a co3ta elit3o"a= o jui0 adentra na análise do mérito da

conduta praticada pelo agente para di0er que se trata de conduta ormal oumaterialmente atípica, impedindo, pois, que o acusado seja denunciado

posteriormente, ainda que a peça acusatória apoie3se em novos elementos de

inormaç!o "JM, 54 7=.#;><IJ, 9[ ##<&$<$&&;+.

e>i"tcia #ai/e"ta e ca3"a e>cl3ete a ilicit3e= 

/ara o J[ ">` J., *Dsp ?:#.=?#, j. $;<##<$&#=+, como se trata de decis!o que

a0 juí0o de mérito, promovido o arquivamento pelo recon6ecimento de legítima

deesa, a coisa julga da material impede rediscuss!o do caso penal em qualquer

novo eito criminal, pouco importando o surgimento de provas novas.

)o JM, no entanto, o assunto é polmico. Dm decis!o da #` Jurma "54

:;.$##<D, j. #&<&%<$&&:+, considerou3se válido o oerecimento de denúncia a partir

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do surgimento de provas novas, apesar de prévia decis!o de arquivamento com base

em ecludente de ilicitude. *eeria3se o caso concreto a um suposto crime de

6omicídio praticado por delegado de polícia, em que se reputara confgurado,

inicialmente, o estrito cumprimento do dever legal. /orém, novas investigaç1es

demonstraram que o que realmente ocorreu oi uma ^queima de arquivo^. 4om a

obtenç!o de provas substancialmente novas, oi desarquivado o '/, e oerecida

denúncia contra o agente.

Dm que pese tal decis!o, 6á o 54 7?.%:;</* que aguarda julgamento pelo

/lenário desde o dia #?<&$<$&#$ relativo - mesma discuss!o. )o caso concreto, após

o arquivamento do '/, o Iinistério /úblico reinquiriu testemun6as e concluiu que as

suas declaraç1es, contidas no '/, teriam sido alteradas pelo 9elegado. 9iante dessas

novas provas, o I/ oereceu denúncia. O Iin. (eLandoLshi, relator, considerou

possível a reabertura das investigaç1es, nos termos do art. #7, in fne, sob

argumento que o arquivamento do '/ n!o a0 coisa julgada 3 desde que n!o ten6a

sido por atipicidade do ato 3 nem causa preclus!o, 6aja vista se tratar de decis!orebus sic stantibus. )o entanto, os Iin. Iarco 8urélio, [oaquim Harbosa e 4e0ar

/eluso maniestaram3se no sentido de que, a partir do momento em que recon6ecida

a legítima deesa e o estrito cumprimento do dever legal, a decis!o de arquivamento

a0 coisa julgada ormal e material, o que impede seu posterior desarquivamento.

c e>i"tcia #ai/e"ta e ca3"a e>cl3ete a c3l9ailiae=  e.

coaç!o moral irresistível.

e>i"tcia e ca3"a e>titi$a a 93iiliae=  importante ressalva

deve ser eita quando a etinç!o da punibilidade é declarada com base em certid!o

de óbito alsa. )esse caso, a decis!o n!o está protegida pela coisa julgada material.

8fnal, a conduta raudulenta do próprio acusado oi a causa determinante do

aastamento da pretens!o punitiva, causando a alteraç!o de situaç!o de ato ou de

direito juridicamente relevante. )!o 6á alar em revis!o criminal  pro societate. S

pereitamente possível o oerecimento de denúncia, pois a decis!o declaratória que,

com base em certid!o de óbito alsa, julga etinta a punibilidade pode ser revogada,

 já que n!o gera coisa julgada em sentido estrito "JM, 54 7=.;$;<IR, 9[ &%<#$<$&&=

e J[, 54 #=%.=?=</, 9[ $=<&;<$&#&+.

14% De"ar3i$a#eto a 9artir a ot?cia e 9ro$a" o$a" e o/ereci#etoe eNcia a +i9óte"e o "3r!i#eto e 9ro$a" o$a"

O arquivamento por alta de prova é uma decis!o tomada com base na

cláusula rebus sic stantibus, ou seja, mantidos os pressupostos áticos que serviram

de amparo ao arquivamento, esta decis!o deve ser mantidaG modifcando3se o

panorama probatório, é possível o desarquivamento do '/.

/orém, para que seja possível o desarquivamento, é necessário que surjam

notícias de provas novas. 4omo se percebe pela leitura da úm. ;$=<JM, arquivado

o '/ por alta de prova, só é possível o oerecimento de denúncia a partir dosurgimento de provas novas. (ogo, pode3se di0er que essas provas novas uncionam

como condiç!o de procedibilidade para o eercício da aç!o penal. 4aso a denúncia

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seja oerecida sem a eetiva produç!o de prova nova, procedendo o jui0 ao seu

recebimento, é possível a oposiç!o de eceç!o de coisa julgada ormal "art. :;, @,

4//+, assim como a impetraç!o de habeas corpus.

9e acordo com a doutrina, 6á duas espécies de provas novasF

a "3"tacial#ete o$a"= s!o inéditas, ou seja, descon6ecidas até ent!o,

porque ocultas ou ainda ineistentes "e. arma do crime, até ent!o escondida,contendo a impress!o digital do acusado, encontrada posteriormente+G

/or#al#ete o$a"= s!o con6ecidas e até mesmo oram utili0adas, mas

que gan6am nova vers!o "e. testemun6a que já 6avia sido inquirida, mas que altera

sua vers!o porque ora ameaçada no # depoimento+.

14%4 Procei#eto o ar3i$a#eto

14%4%1 Procei#eto o ar3i$a#eto a )3"ti:a E"ta3al

O requerimento de arquivamento eito pelo /romotor deve ser submetido -apreciaç!o judicial. e o jui0 estadual concordar, o arquivamento está apereiçoado.

)o entanto, se discordar, aplica3se o art. $7 do 4//, sendo os autos enviados ao

/rocurador3Reral de [ustiça.

8o remeter os autos ao /rocurador3Reral de [ustiça, o jui0 age acobertado pelo

princípio da devoluç!o, ou seja, o jui0 devolve a apreciaç!o da controvérsia ao c6ee

do Iinistério /úblico, a quem compete a decis!o fnal sobre o oerecimento "ou n!o

da denúncia+. Dsse princípio da devoluç!o também tem sido usado quando o

Iinistério /úblico se recusa injustifcadamente em oerecer a proposta de transaç!openal ou de suspens!o condicional do processo. )esse sentido, aliás, disp1e a úm.

>:><JM "B*eunidos os pressupostos legais, permissivos da suspens!o condicional do

processo, mas se recusando o /romotor de [ustiça a propE3la, o [ui0, dissentindo,

remeterá a quest!o ao /rocurador3Reral, aplicando3se por analogia o art. $7, 4//C+. D

também, nos termos do art. %7=, T #, 4//, quando o membro do Iinistério /úblico

n!o procede ao aditamento nas 6ipóteses de mutatio libelli.

e o jui0 n!o concorda com a promoç!o do arquivamento sob o argumento de

alta de prova, deve aplicar o art. $7 do 4//. )!o é dado a ele, discordando do pedido

ministerial, determinar a reali0aç!o de novas diligncias pela /olícia, ao invés deremeter o caso ao /rocurador Reral. Ora, n!o sendo o jui0 o titular da aç!o penal,

n!o cabe a ele determinar de oício diligncias durante a ase investigatória. 4aberá

correiç!o parcial contra a decis!o judicial que determine a reali0aç!o de novas

diligncias, após a ormulaç!o de promoç!o de arquivamento pelo Iinistério /úblico.

*emetidos os autos ao /rocurador3Reral de [ustiça nos termos do art. $7 do

4//, este poderáF a oerecer denúnciaG  requisitar dilignciasG c designar outro

órg!o do Iinistério /úblico para oerecer denúncia "art. #&, 'N, ^d^, (ei 7.>$;<:%+G

insistir no pedido de arquivamento, 6ipótese que o jui0 está obrigado a atender, já

que o Iinistério /úblico é o titular da aç!o penal.

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Vuanto - designaç!o para oerecer denúncia, o /rocurador3Reral de [ustiça

n!o pode designar o mesmo /romotor que 6avia requerido o arquivamento, sob pena

de violaç!o a sua independncia uncional "art. #$?, T #, 4M+. 9eve nomear outro

/romotor, que é obrigado a oerecer denúncia, n!o podendo invocar sua

independncia uncional como impeditivo ao eercício da aç!o penal, já que atua

como longa manus do /rocurador3Reral, agindo por delegaç!o "/romotor do $7+. )o

entanto, como observa /acelli, ^o órg!o designado n!o estará impedido de, ao fnal,

maniestar3se pela absolviç!o do acusado, como l6e entender de direito, tendo em

vista a limitaç!o natural da atuaç!o delegada "isto éF o cumprimento da

obrigatoriedade da aç!o penal+^.

)!o 6á oensa ao princípio do promotor natural o ato do pedido de

arquivamento do '/ ser eito por um /romotor e a denúncia ser oerecida por outro,

indicado pelo /rocurador3Reral de [ustiça, depois do jui0 6aver reputado

improcedente o pedido de arquivamento, nos termos do art. $7 do 4// "JM, 54

:$.77;<4D, 9[ #:<&><$&&7+.14%4%2 Procei#eto o ar3i$a#eto a )3"ti:a <eeral e a )3"ti:a&o#3# o Di"trito <eeral

)a [ustiça Mederal e na [ustiça 4omum do 9istrito Mederal, atuam na #`

inst2ncia os /rocuradores da *epública e os /romotores de [ustiça do 9istrito Mederal,

integrantes do I/U e submetidos - (4 ?;<:%.

Os arts. >$, '@, e #?#, @, da (4 ?;<:%, estabelecem que compete - 42mara de

4oordenaç!o e *evis!o do Iinistério /úblico Mederal "e do Iinistério /úblico do

9istrito Mederal e Jerritórios+ maniestar3se sobre o arquivamento de inquéritopolicial, inquérito parlamentar ou peças de inormaç!o, eceto nos casos de

competncia originária do /rocurador3Reral.

/ortanto, discordando o jui0 ederal "ou jui0 do 9istrito Mederal+ do pedido de

arquivamento eito pelo /rocurador da *epública "ou pelo /romotor do I/9MJ+,

deverá remeter os autos - 42mara de 4oordenaç!o e *evis!o do Iinistério /úblico

Mederal "ou do I/9MJ+.

5á doutrinadores que entendem que a decis!o fnal acerca do assunto é

eclusiva da 42mara de 4oordenaç!o e *evis!o. /ara *enato Hrasileiro, na medidaem que a própria (4 ?;<:% a0 menç!o apenas a uma maniestação  da 42mara,

dispondo, ademais, o art. $7 do 4// que, somente diante da insistncia no pedido de

arquivamento eito pelo Procurador-Geral, o jui0 estará obrigado a atender o pedido

de arquivamento, a mel6or interpretaç!o é a de que a deliberaç!o da 42mara de

4oordenaç!o e *evis!o é meramente opinativa, cabendo ao respectivo /rocurador3

Reral a decis!o fnal em torno do arquivamento "ou n!o+ do '/.

14%4% Procei#eto o ar3i$a#eto a )3"ti:a Eleitoral

)os termos do art. ?$ da (4 ?;<:%, Bcompete ao Iinistério /úblico Mederaleercer, no que couber, junto - [ustiça Dleitoral, as unç1es do Iinistério /úblico,

atuando em todas as ases e inst2ncias do processo eleitoralC. 8s unç1es eleitorais

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do Iinistério /úblico Mederal perante os [uí0es e [untas Dleitorais ser!o eercidas pelo

/romotor Dleitoral. Dsse /romotor Dleitoral será o membro do Iinistério /úblico

Dstadual que ofciar junto ao [uí0o incumbido do serviço eleitoral de cada Yona.

upondo, assim, que o arquivamento eito pelo /romotor perante o [ui0

Dstadual esteja relacionado a crimes eleitorais, pois ambos estariam no eercício de

unç1es eleitorais, n!o se aplica o art. $7 do 4//, ra0!o pela qual os autos n!odevem ser remetidos ao /rocurador3Reral de [ustiça.

4onorme art. %;?, T #, 4D, se o órg!o do Iinistério /úblico, ao invés de

apresentar a denúncia, requerer o arquivamento da comunicaç!o, o jui0, no caso de

considerar improcedentes as ra01es invocadas, ará remessa da comunicaç!o ao

/rocurador *egional, e este oerecerá a denúncia, designará outro /romotor para

oerec3la, ou insistirá no pedido de arquivamento, ao qual só ent!o estará o jui0

obrigado a atender.

8 despeito do teor do 4ódigo Dleitoral, tem prevalecido o entendimento de que

compete - $` 42mara de 4oordenaç!o e *evis!o do I/M maniestar3 se nas

6ipóteses em que o [ui0 Dleitoral considerar improcedentes as ra01es invocadas pelo

/romotor Dleitoral ao requerer o arquivamento de inquérito policial ou de peças de

inormaç!o, derrogado o art. %;?, T #, 4D pelo art. >$, '@, 4( ?;<:% "Dnunciado $: da

$` 42mara de 4oordenaç!o e *evis!o do I/M+.

14%4%4 -r3i$a#eto e i3rito a" +i9óte"e" e atri3i:*o oProc3raor7Geral e )3"ti:a o3 o Proc3raor7Geral a Re9Nlica

)os casos de atribuiç!o originária do /rocurador3Reral de [ustiça "ou do

/rocurador3Reral  da *epública+, caso este conclua pelo arquivamento do inquéritooriginário, apesar do teor do art. #, caput, c<c art. %, ', da (ei 7.&%7<:&, entende3se

que, em regra, esta decis!o n!o precisa ser submetida ao /oder [udiciário, na medida

em que o tribunal respectivo n!o teria como se insurgir diante da promoç!o de

arquivamento do /rocurador3Reral, sendo inviável a aplicaç!o do art. $7 do 4//.

/ortanto, quando se tratar de 6ipóteses de atribuiç!o originária do /rocurador3

Reral, ou mesmo de insistncia de arquivamento previsto no art. $7 do 4//, como

essa decis!o n!o precisa ser submetida - análise do /oder [udiciário, tem3se

verdadeira decis!o de caráter administrativo. e o procedimento administrativoencamin6ado - /rocuradoria vem a ser arquivado, essa decis!o administrativa n!o

pode ser substituída por nova denúncia, apresentada pelo novo /rocurador3Reral,

sem a eistncia de provas novas "JM, /leno, lnq. $&;=<9M, 9[ &><#&<$&&>+.

*essalva especial quanto a essa desnecessidade de submeter o pedido de

arquivamento do /rocurador3Reral - apreciaç!o do tribunal respectivo di0 respeito -s

6ipóteses em que a decis!o seja capa0 de a0er coisa julgada material, ou seja, nas

6ipóteses de atipicidade do ato e nos casos de etinç!o da punibilidade é

indispensável que o Jribunal eamine o pedido de arquivamento do /rocurador3Reral

"JM, /leno, lnq. $.%=# VO< IJ, 9[ #><&7<$&&?+.

/or fm, na 6ipótese de arquivamento de investigaç!o por parte do /rocurador3

Reral de [ustiça, nos casos de sua atribuiç!o originária, caberá pedido de revis!o ao

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4olégio de /rocuradores, mediante requerimento do interessado "oendido+ "art. #$,

N', (ei 7.>$;<:%+.

14%4%6 -r3i$a#eto i#9l?cito

O arquivamento implícito se dá quando o titular da aç!o penal deiar de incluir

na denúncia algum ato investigado ou algum dos indiciados, sem epressa

maniestaç!o ou justifcaç!o deste procedimento. Dste arquivamento se consuma

quando o jui0 n!o se pronuncia na orma do art. $7 com relaç!o ao que oi omitido na

peça acusatória "e. '/ apura a prática de dois crimes "urto e estupro+, tendo a

autoridade policial indiciado Jício e Iévio. *emetidos os autos ao /romotor, este,

porém, oerece denúncia em ace de Jício, imputando a ele apenas o crime de urto,

silenciando3se quanto ao crime de estupro e em relaç!o ao outro indiciado, que n!o

oram denunciados, n!o oram objeto de requerimento de diligncias, nem tampouco

de pedido de arquivamento epresso. )esse caso, deve o jui0 aplicar o art. $7,

remetendo a decis!o ao /rocurador3Reral de [ustiça. 4aso o jui0 n!o se manieste nos

termos do art. $7, ter3se3ia o denominado arquivamento implícito.

8 maioria da doutrina e da jurisprudncia "JM, #` J., *54 :;.#=#<*[, 9[

$$<#&<$&&: e J[, >` J., 54 =>.=&:<9M, 9[ $?<##<$&&>+ n!o admitem o arquivamento

implícito. 'sso porque todo pedido de arquivamento deve ser undamentado 3 o

próprio art. $7 a0 menç!o -s razões inocadas pelo Iinistério /úblico.

/or fm, é importante ressaltar que n!o cabe aç!o penal privada subsidiária

"ou queia3crime subsidiária+ da pública nas 6ipóteses de Barquivamento implícitoC,

ou seja, quando o órg!o do Iinistério /úblico deia de incluir na denúncia algum ato

delituoso e<ou coautor investigado, silenciando3se quanto ao arquivamento doinquérito em relaç!o a eles "J[, ;` J., 54 $#.&?=<*[, 9[ $%<&><$&&%+.

14%4%B -r3i$a#eto iireto

O arquivamento indireto ocorre quando o jui0, em virtude do n!o oerecimento

de denúncia pelo Iinistério /úblico, undamentado em ra01es de incompetncia da

autoridade jurisdicional, recebe tal maniestaç!o como se tratasse de um pedido de

arquivamento.

Vuando o jui0 n!o concorda com o pedido de declinaç!o de competncia eito  pelo órg!o

ministerial, n!o pode obrigar o Iinistério /úblico a oerecer denúncia, sob pena  de violaç!o a suaindependncia uncional "art. #$?, T #, 4M + . 5á, assim, um impasse, porque

o jui0 se recusa a rem eter os autos a outro juí0o, por se considerar competente para o e ito, aopasso que o órg!o do Iinistério /úblico recusa3se a oerecer denúncia, porque entende que aautoridade judiciária n!o é o jui0 natural da causa. )!o se trata de conPito de competncia,porqu anto o dissenso n!o o i estabelecido entre duas autoridades jurisdicionais. Jambém n!ose cuida de conPito de atri buiç1es, já que o dissenso envolve uma autoridade judiciária e umórg!o do Iinistério /úbl ico.)esse caso, deve o jui0 receber a maniestaç!o como se tratasse de um pedido indiretode arqu ivamento, ap licando, por analogia, o quanto di sposto no art. $7 do 4//F os autos ser!oreme tidos ao órg!o de co ntro le revisional do Iinistério /úblico, seja o /rocurador3Reral de

 [ustiça, no 2mbito do Iinistério /úbl ico dos Dstados, seja a 42mara de 4oordenaç!o e *evis!o,na esera do Iinistéri o /úbl ico da Uni!o.

Seste o denominado arquivamento indireto.#&:

14%4% -r3i$a#eto e# cri#e" e a:*o 9eal e iiciati$a 9ri$aa

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4omo a decadncia e a renúncia uncionam como causas etintivas da

punibilidade em relaç!o aos crimes de aç!o penal de iniciativa privada "eclusiva e

personalíssima+, conclui3se que a discuss!o em torno do arquivamento nesse tipo de

aç!o penal tem pouca, sen!o nen6uma relev2ncia.

upondo3se que alguém seja vítima de um crime contra a 6onra, cuja autoria

seja con6ecida, é diícil de acreditar que, n!o querendo eercer o direito de queia, ooendido se desse o trabal6o de requerer o arquivamento do '/. )a verdade, caso

pretenda n!o oerecer queia, irá simplesmente deiar escoar o pra0o decadencial

de > "seis+ meses, contados da data em que veio a saber quem era o autor do crime,

gerando a etinç!o da punibilidade "art. #&?, '@, 4/+. 8demais, mesmo que o

oendido, tendo con6ecimento da autoria, requeresse o arquivamento do '/, tal

maniestaç!o deveria ser acol6ida como orma de renúncia tácita, o que também

causaria a etinç!o da punibilidade "art. #&?, @, 4/+.

ubsiste, contudo, a possibilidade de arquivamento em crimes de aç!o penal

de iniciativa privada "eclusiva e personalíssima+, quando, a despeito das inúmerasdiligncias reali0adas na investigaç!o policial, n!o se saiba a autoria do ato

delituoso. )esse caso, enquanto n!o se souber quem é o autor do delito, o pra0o

decadencial n!o começará a Puir. Dm tal situaç!o, 6á de se admitir o pedido de

arquivamento do '/ eito pelo oendido, 6ipótese em que n!o 6averia renúncia tácita,

 já que o autor da inraç!o n!o teria sido identifcado.

14%4% Recorriiliae cotra a eci"*o e ar3i$a#eto

Dm regra, n!o cabe recurso contra a decis!o judicial que determina o

arquivamento do '/, nem tampouco aç!o penal privada subsidiária da pública.

4ontudo, nos crimes contra a economia popular ou contra a saúde pública, ^os

 juí0es recorrer!o de oício sempre que absolverem os acusados em processo por

crime contra a economia popular ou contra a saúde pública, ou quando

determinarem o arquivamento dos autos do respectivo inquérito policial^. )!o se

trata, o recurso de oício, de um recurso propriamente dito, pois l6e alta a

característica da voluntariedade. Jem3se, pois, verdadeira condiç!o de efcácia

objetiva da decis!o, sendo que, nos casos em que a lei eige o recurso de oício, a

decis!o só é apta a produ0ir seus eeitos regulares a partir da apreciaç!o do eito

pelo Jribunal.

/or sua ve0, no caso das contravenç1es do jogo do bic6o e de corrida de

cavalos ora do 6ipódromo, 6á previs!o legal de recurso em sentido estrito "art. >, p.

único, (4/+.

/or fm, na 6ipótese de arquivamento de investigaç!o por parte do /rocurador3

Reral de [ustiça, caberá pedido de revis!o ao 4olégio de /rocuradores, mediante

requerimento do interessado "oendido+ "art. #$, N', (ei 7.>$;<:%+.

14%4%K -r3i$a#eto eter#iao 9or 83i a"ol3ta#ete ico#9etete/ara o JM, o pedido de arquivamento de '/, quando se baseia na atipicidade da conduta

delituosa ou em causa etintiva da punibilidade, n!o é de atendimento compul sório, mas deve ser

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resultado de decis!o do órg!o j udicial competente, dada a possibilidade da ormaç!o de coisa j ulgada material. 9esse modo, 6á de se concluir pela ocorrncia da coisa j ulgada material, poucoimportando se a decis!o ten6a sido proerida por órg!o jurisdicional incompetente ou se entre

membros de diversos Iinistérios /úblicos

16% TR-'&-ME'TO OU E'&ERR-ME'TO -'bM-LO DO I'URITO

POLI&I-L)!o 6á se conundir arquivamento, ato compleo que resulta do consenso

entre o Iinistério /úblico e o [ui0, com o trancamento do '/, medida de orça que

acarreta a etinç!o do procedimento investigatório, a qual é determinada, em regra,

no julgamento de habeas corpus, quando evidente o constrangimento ilegal sorido

pelo investigado, nas seguintes 6ipótesesF

a #ai/e"ta ati9iciae /or#al o3 #aterial a co3ta elit3o"a=

instauraç!o de inquérito policial para apurar a subtraç!o de uma lata de leite em pó,

avaliada em * $,&&. 'ncide o princípio da insignifc2nciaG 9re"e:a e ca3"a e>titi$a a 93iiliae= instauraç!o de inquérito

policial para investigar suposto crime de raude no pagamento por meio de c6eque

"art. #?#, T $, @', 4/+. Ocorre que, imediatamente após a prática delituosa, e,

portanto, antes do oerecimento da denúncia, o investigado comprovou que

procedeu - reparaç!o do dano "úm. ;;=<JM+.

/ara o J[ "54 $7&.&7:</, j. #7<$<$&#=+, n!o confgura óbice ao

prosseguimento da aç!o penal 3 mas sim causa de diminuiç!o de pena "art. #>, 4/+ 3

o ressarcimento integral e voluntário, antes do recebimento da denúncia, do dano

decorrente de estelionato praticado mediante a emiss!o de cheque urtado  sem

provis!o de undos "art. #?#, caput , 4/+, n!o 6avendo alar, pois, em incidncia da

úm. ;;=<JM, que se restringe ao estelionato na modalidade de emiss!o de c6eques

sem sufciente provis!o de undos "art. #?#, T $, @', 4/+.

c i"ta3ra:*o e i3rito 9olicial e# cri#e e a:*o 9eal e

iiciati$a 9ri$aa o3 e a:*o 9eal 9Nlica coicioaa ` re9re"eta:*o

"e# 9r$io re3eri#eto o o/eio o3 e "e3 re9re"etate le!al_

O instrumento a ser utili0ado para o trancamento do '/ é, em regra, o habeas

corpus, desde que 6aja uma ameaça, ainda que potencial, - liberdade de locomoç!o.@erifcando3se, assim, que se trata de inraç!o penal   - qual n!o é cominada pena

privativa de liberdade, ou - qual seja cominada única e eclusivamente  a pena de

multa, n!o 6á cabe 6abeas corpus "úm. >:%<JM+. )a impossibilidade de impetraç!o

de habeas corpus, pensamos ser cabível o mandado de segurança.

3al a a3toriae 83ri"icioal co#9etete 9ara a9reciar o habeas

corpus o8eti$ao o traca#eto o IPY 8 competncia para o julgamento do

!rit  é determinada com base na autoridade coatora que determinou a instauraç!o

das investigaç1es. (ogo, '/ instaurado por portaria da autoridade policial, ou nos

casos de auto de pris!o em Pagrante, o 9elegado de /olícia é a autoridade coatora,

daí por que o !rit  deve ser apreciado por um jui0 de #` inst2nciaG '/ instaurado por

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conta de requisiç!o da autoridade judiciária ou do órg!o do Iinistério /úblico, ao

 Jribunal competente para o processo e julgamento dessa autoridade caberá a

apreciaç!o do habeas corpus.

1B% I'STRUME'TOS I'VESTIG-TÓRIOS DIVERSOS DO I'URITO POLI&I-L

8 atividade investigatória n!o é eclusiva da /olícia [udiciária "art. =, p único,

4// 3 B8 atribuiç!o para a apuraç!o das inraç1es penais e de sua autoria não

e"cluirá a de autoridades administratias# a quem por lei se$a cometida a mesma

unçãoC+.

1B%1 &PI"= i3rito" 9arla#etare"

4onorme art. # da (ei #&.&&#<&&, os /residentes da 42mara dos 9eputados,

do enado Mederal ou do 4ongresso )acional encamin6ar!o o relatório da 4omiss!o

/arlamentar de 'nquérito respectiva, e a resoluç!o que o aprovar, aos c6ees do

Iinistério /úblico da Uni!o ou dos Dstados, ou ainda -s autoridades administrativasou judiciais com poder de decis!o, conorme o caso, para a prática de atos de sua

competncia.

8inda segundo a reerida lei, a autoridade a quem or encamin6ada a

resoluç!o inormará ao remetente, no pra0o de trinta dias, as providncias adotadas

ou a justifcativa pela omiss!o. 8demais, a autoridade que presidir processo ou

procedimento, administrativo ou judicial, instaurado em decorrncia de conclus1es

de 4omiss!o /arlamentar de 'nquérito, comunicará, semestralmente, a ase em que

se encontra, até a sua conclus!o.8s 4asas (egislativas dos Dstados3membros, do 9istrito Mederal e dos

Iunicípios também  s!o detém unç!o fscali0adora, mas só poder!o investigar os

atos que se inserirem no 2mbito  de suas respectivas competncias legislativas e

materiais. 9aí por que concluiu o JM "/leno, 84O ?%&<*[ 9[ ##.##.$&&;+ que, ainda

que seja omissa a (4 #&;<&#, é possível que uma 4/' estadual determine a quebra de

sigilo de dados bancários, com base no art. ;7, T %, 4M<77.

/or fm, úm. %:?<JMF ^o poder de polícia da 42mara  dos 9eputados e do

enado Mederal, em caso de crime cometido nas suas dependncias, compreende,

consoante o regimento, a pris!o em Pagrante do acusado e a reali0aç!o do

inquérito^.

1B%2 &o"el+o e &otrole e ati$iae" Jaceira" &O-<

O 4O8M oi criado pela (ei :.>#%<:7 no 2mbito do Iinistério da Ma0enda, com a

fnalidade de disciplinar, aplicar penas administrativas, receber, eaminar e

identifcar as ocorrncias suspeitas de atividades ilícitas relacionadas - lavagem de

capitais, sem prejuí0o da atribuiç!o de outros órg!os e entidades.

O art. : da (ei :.>#%<:7 determinou as espécies de atividades sujeitas -

fscali0aç!o permanente por parte da correspondente pessoa jurídica ou ísica, que

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se v obrigada a comunicar ao 4O8M a relaç!o de operaç1es suspeitas, de orma a

viabili0ar uma investigaç!o mais detal6ada.

O art. #& da (ei :.>#%<:7 consagra a c6amada política do %no! &our costumer ,

uma das armas mais poderosas no combate - lavagem de capitais, segundo a qual é

dever da instituiç!o fnanceira con6ecer o perfl de seu correntista de orma que seja

possível a defniç!o de um padr!o de movimentaç!o fnanceira compatível com seusrendimentos declarados. Distindo incompatibilidade de movimentaç!o, a notícia

dessa operaç!o suspeita deve ser encamin6ada - autoridade administrativa

responsável que adotará as providncias cabíveis quanto - verifcaç!o da legalidade

da operaç!o.

O 4O8M comunicará -s autoridades competentes para a instauraç!o dos

procedimentos cabíveis, quando concluir pela eistncia de crimes previstos na (ei

de lavagem de capitais, de undados indícios de sua prática, ou de qualquer outro

ilícito.

1B% I3rito 9olicial #ilitar IPM

4onorme art. #==, T =, 4M, ^-s polícias civis, dirigidas por delegados de

polícia de carreira, incumbem, ressalvada a competncia da Uni!o, as unç1es de

polícia judiciária e a apuraç!o de inraç1es penais, e"ceto as militares^.

O JM "*I38g* $>.;&:<D, 9[ $?<&:<$&&?+, inclusive, já entendeu que n!o é

possível atribuir a investigaç!o de atos tipicamente militares a /olícia Mederal ou -

/olícia 4ivil.

!o atribuiç1es da /olícia [udiciária Iilitar apurar os crimes militares, bemcomo os que, por lei especial, est!o sujeitos - jurisdiç!o militar, e sua autoria. 8lém

dos crimes militares, o art. 7$, T $, 4//I prev que os crimes dolosos contra a vida

praticados por militar contra civil, que passaram a ser julgados pela [ustiça 4omum

"Jribunal do [úri+ a partir da (ei :.$::<:>, podem ser objeto de investigaç!o em '/I.

)ada impede que seja também instaurado '/ na /olícia 4ivil, coeistindo os

procedimentos.

1B%4 I$e"ti!a:*o 9elo Mii"trio PNlico= 9rocei#eto i$e"ti!atório

cri#ial

)o J[, sempre prevaleceu o entendimento de que o Iinistério /úblico poderia

reali0ar investigaç1es criminais "úm. $%=<J[F B8 participaç!o de membro do

Iinistério /úblico na ase investigatória criminal n!o acarreta o seu impedimento ou

suspeiç!o para o oerecimento da denúnciaC+.

O JM, no julgamento do *D ;:%.;$? "j. #7<&;<$&#;+, recon6eceu que BO

Iinistério /úblico disp1e de competncia para promover, por autoridade própria e

por pra0o ra0oável, investigaç1es de nature0a penal, desde que respeitados os

direitos e garantias que assistem a qualquer indiciado ou a qualquer pessoa sob

investigaç!o do Dstado, observadas sempre pelos agentes do Iinistério /úblico, as6ipóteses de reserva constitucional de jurisdiç!o e também as prerrogativas

profssionais de que se ac6am investidos os advogados "(ei 7.:&><:=, art. ?, ', '', ''',

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N', N'@ e N'N+, sem prejuí0o da possibilidade 3 sempre presente no Dstado

9emocrático de 9ireito 3 do permanente controle jurisdicional dos atos,

necessariamente documentados "@ #=<JM+, praticados pelos promotores de [ustiça

e /rocuradores da *epúblicaC.

1B%4%1 Procei#eto i$e"ti!atório cri#ial

Mirmada a possibilidade de o Iinistério /úblico presidir investigaç1es criminais,e tendo em conta que n!o pode presidir inquéritos policiais, o instrumento a ser

utili0ado para a reali0aç!o das investigaç1es pelo Parquet   é o procedimento

investigatório criminal "/'4+, de nature0a administrativa e inquisitorial, instaurado e

presidido por um membro do I/, com atribuiç!o criminal, e terá como fnalidade

apurar a ocorrncia de inraç1es penais, de nature0a pública, ornecendo elementos

para o oerecimento ou n!o da denúncia, estando regulamentado pela *es. #%<4)I/.

O pra0o para a conclus!o desse /'4 é de :& "noventa+ dias, sendo permitidas,

por igual período, sucessivas prorrogaç1es, por decis!o undamentada do Iinistério

/úblico responsável pela sua conduç!o.

8dmitida a possibilidade de o Iinistério /úblico presidir investigaç1es

criminais através do /'4, é certo di0er que, da mesma orma que se assegura ao

advogado acesso aos autos do '/, também se deve a ele assegurar o acesso aos

autos desse procedimento, n!o podendo o Iinistério /úblico desrespeitar o direito do

investigado ao silncio "nemo tenetur se detegere+, nem l6e ordenar a conduç!o

coercitiva, nem constrang3lo a produ0ir prova contra si próprio, nem submet3lo a

medidas sujeitas - reserva constitucional de jurisdiç!o, nem impedi3lo de a0er3se

acompan6ar de 8dvogado "JM, 54 :=.#?%<H8, 9[ $><##<$&&:+. Jambém n!o pode oIinistério /úblico requisitar documentos fscais e bancários sigilosos diretamente ao

Misco e -s instituiç1es fnanceiras "J[, ;` J., 54 #>&.>=></, j. &#<&:<$&##+.

1B%6 I3rito ci$il

O inquérito civil é um procedimento de nature0a administrativa, pré3

processual, n!o obrigatório, presidido pelo Iinistério /úblico, que se destina -

col6eita de elementos para eventual aç!o civil pública.

O inquérito civil se destina para a área cível lato sensu, e n!o investigaç!o

criminal. 8pesar disso, descobertos dados relativos - determinada inraç!o penal "e.crime contra o meio ambiente+, o órg!o do Iinistério /úblico pode oerecer denúncia

com amparo em tais elementos "JM, *D =>=.7:%<RO, 9[ %#<&?<$&&7+.

/or fm, é importante citar que no inquérito civil o arquivamento é controlado

pelo próprio Iinistério /úblico, que determina o arquivamento "com obrigatória

remessa de oício para o 4onsel6o uperior do Iinistério /úblico+G no inquérito

policial, o controle do arquivamento é eetuado pelo jui0, o I/ apenas requer o

arquivamento "art. $7, 4//+.

1B%B Ter#o circ3"taciao)o 2mbito do [ui0ado Dspecial 4riminal, n!o 6á necessidade de instauraç!o de

'/. O art. >:, (ei :.&::<:;, prev que a autoridade policial que tomar con6ecimento

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da ocorrncia lavrará termo circunstanciado e o encamin6ará imediatamente ao

 [ui0ado, com o autor do ato e a vítima, providenciando as requisiç1es dos eames

periciais necessários.

1B% I$e"ti!a:*o 9elo 83i

1B%%1 I3rito 83icial

Dsse inquérito judicial estava previsto na antiga (ei de Malncia, uncionando

como um procedimento preparatório para a aç!o penal, presidido  por um jui0, no

qual era assegurado o contraditório e a ampla deesa. 8 nova (ei de Malncias "(ei

##.#&#<&;+ n!o tratou do assunto, ra0!o pela qual se conclui que n!o eiste mais o

denominado inquérito judicial.

8tualmente, se 6ouver prova da ocorrncia de crime alimentar, o Iinistério

/úblico deve apresentar denúncia, se possuir elementos para tanto, ou requisitar a

instauraç!o de '/ "art. #7?, caput , (ei ##.#&#<&;+.

1B%%2 I/ra:;e" 9eai" 9raticaa" 9or #a!i"trao"

Vuando, no curso de investigaç!o, 6ouver indício da prática de crime por parte

do Iagistrado, a autoridade policial, civil ou militar, remeterá os respectivos autos ao

 Jribunal ou Arg!o Dspecial competente para o julgamento, a fm de que se prossiga

na investigaç!o "art. %%, p. único, (4 %;<?:+.

/ara *enato brasileiro, reerido dispositivo deve ser lido - lu0 da 4onstituiç!o

Mederal, que adotou o sistema acusatório "art. #$:, '+, onde 6á nítida separaç!o das

unç1es de acusar, deender e julgar. )a verdade, ao Jribunal de [ustiça ou ao órg!o

especial deve ser reservada apenas a atividade de supervis!o judicial durante toda atramitaç!o das investigaç1es, desde a abertura dos procedimentos investigatórios

até o eventual oerecimento, ou n!o, de denúncia pelo titular da aç!o penal.