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RELATÓRIO CISA 2014

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CONVENÇÃO INTERNACIONAL DO DESPORTO EM ÁFRICA / - CISA – Ilha do Sal, 1 a 3 de Maio de 2014

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CONVENÇÃO INTERNACIONAL DO DESPORTO EM ÁFRICA

- CISA -

Ilha do Sal, 1 a 3 de Maio de 2014

Introdução

A Convenção Internacional do Desporto em África (CISA) constitui uma plataforma única de comunicação e partilha

de experiências entre profissionais do Desporto, representando uma oportunidade para as organizações desportivas

nacionais e internacionais se reunirem e discutirem, juntamente com dirigentes e decisores, questões importantes

relativas ao desporto em África.

A VIII Edição da CISA realizou-se na ilha do Sal – Cabo Verde de 1 a 3 de Maio, tendo como tema central o

“Desporto e Turismo” tendo em conta as potencialidades turísticas e desportivas da Ilha do Sal e de Cabo Verde, no

geral.

Foi uma oportunidade única para discutir o processo de concepção, produção, gestão e comercialização da oferta

turística baseada no desporto e em eventos desportivos em África.

1o Dia, Quinta-feira, 1º de Maio de 2014

Cerimónia de Abertura

A Convenção Internacional do Desporto em África (CISA) teve o seu início na quinta-feira, 1o de Maio de

2014, no Hotel Crioula, na Cidade de Santa Maria, Ilha do Sal. A Cerimonia de Abertura Oficial foi

presidida por Sua Excelência o Presidente da República, Dr. Jorge Carlos Fonseca, na presença do

Presidente da Câmara Municipal do Sal, Dr. Jorge Figueiredo, do 1º Vice-presidente da Associação dos

Comités Nacionais Olímpicos de África (ACNOA), Senhor Moustapha Berraf, a Presidente do Comité

Olímpico de Cabo Verde, Senhora Filomena Fortes, e o Presidente de JAPPO, Sports & Entertainment,

Senhor Diamil Faye, entre outras personalidades do mundo desportivo da África, Europa, Ásia e América.

O Presidente da República saudou as autoridades municipais na pessoa do Presidente Jorge Figueiredo e o

JAPPO Sport & Entertainment em nome do seu presidente Diamil Faye. Saudou também as personalidades,

africanas, atletas e responsáveis deportivos africanos, organizações desportivas internacionais, bem como os

experts da área, a imprensa nacional e internacional. Remeteu-nos ao papel que os desportistas africanos têm

tido na alta competição nas mais variadas modalidades, o que tem contribuído para uma boa imagem de

África. Citou como exemplos Kristy Coventry, Samuel Eto, Mary Keitany, Anthony Obame, Rita Jeptoo,

Didier Drogba, Abebe Bikila e Eusébio que tiveram todos, por detrás, uma equipa, uma nação que trabalha,

e que por isso merecem a nossa admiração.

Todas essas pessoas estiveram ao serviço do seu país e contribuíram, por exemplo, para a inclusão de

pessoas com deficiência, apoiaram uma juventude em dificuldade e lutaram também pela emancipação

cultural ou política das mulheres vítimas de violência. Lembrou também a capacidade do continente de

organizar eventos desportivos de nível internacional como a Copa do Mundo organizado na África do Sul

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em 2010, o que contribuiu para um maior reconhecimento dos nossos Estados bem como para o reforço das

relações entre os países africanos.

O Presidente da República citou Nelson Mandela para quem ‟O desporto tem o poder de transformar o

mundo. Tem o poder de inspirar, tem o poder de unir pessoas como nenhuma outra coisa… ». Sublinhou,

portanto, a importância do desporto e a sua força no continente africano e é sua convicção que esta

Convenção irá inventariar os desafios e propor soluções de modo a ultrapassar as dificuldades com sucesso.

O Presidente da República acredita que as jornadas de reflexão permitirão convencer os governos a lançar

um novo olhar sobre o desporto, considerado sempre como o parente pobre nos orçamentos e de o assumir

doravante como prioridade, de promover o engajamento entre organismos públicos e privados com vista a

reduzir as assimetrias existentes a nível das diversas realidades desportivas africanas e de reflectir sobre as

estratégias que poderão rentabilizar a indústria turística.

O desejo do Presidente é que esta Convenção continue a servir de viveiro para as ideias construtivas e

interessantes para o desporto em África, desejando ainda pleno sucesso a esta 8ª Convenção subordinado ao

tema ‟Desporto e Turismo.”

O Presidente da Câmara Municipal do Sal, Dr. Jorge Figueiredo, saudou a realização desta 8ª edição em

Cabo Verde, nesta ilha turística, desejando aos participantes as boas-vindas a esta terra da Morabeza, da

Morna e da Coladeira. Agradeceu a presença honrosa do Presidente da República que dignificou e prestigiou

o evento, demonstrando a relevância que atribui ao desporto como factor de desenvolvimento humano e

potenciador de sinergias económicas. Saudou a organização da CISA e especialmente à JAPPO que não

hesitou em confiar à autarquia a organização e a realização da Convenção, demonstrando confiança na

solidez do Poder Local caboverdiano.

O Presidente afirmou que a realização dessa 8ª edição da CISA é uma grande oportunidade para que os

empreendedores do sector turístico, em colaboração com os especialistas e responsáveis de organizações

desportivas, pudessem revisitar o percurso do país e lançar pistas para revigorar as estratégias de

desenvolvimento social, desportivo e económico. O turismo assumiu a função de locomotiva da economia

do País, representando em 2011 mais de 20% do Produto Interno Bruto (PIB), segundo dados oficiais do

Instituto Nacional de Estatísticas (INE), mantendo-se a tendência de crescimento, de acordo com os últimos

relatórios quer do Banco de Cabo Verde quer do INE. A ilha do Sal destaca-se quer como destino turístico

primordial como também local de realização de importantes investimentos nas áreas da hotelaria e da

imobiliária turística, transformando Santa Maria numa verdadeira Cidade Turística.

Por esta razão, a Câmara Municipal tem estado na linha da frente na modernização das infraestruturas

urbanas ambientais e de apoio ao turismo para que se torne numa ilha mais competitiva com a inserção dos

sectores de entretenimento para o progresso do sector turístico.

Para ele, este fórum servirá para relançar o desafio aos investidores, convidando-os a reflectir sobre os

investimentos nos domínios do golfe ressort complexos de alta competição de ténis ou criação de centros de

recuperação da saúde física de desportistas e construção de centros de estágios desportivos, isto é, centros de

preparação de equipas profissionais interligados com as estruturas hoteleiras.

Concluiu, felicitando a organização desta convenção, os altos dirigentes e gestores da JAPPO, os vereadores

e técnicos da Câmara Municipal do Sal, os dirigentes desportivos, especialmente os Comités Olímpico e

Paralímpico e todos os demais que trabalharam para a realização, com sucesso, da 8ª Convenção

Internacional do Desporto em África (CISA), augurando votos de progresso das organizações desportivas

africanas e de crescimento contínuo do sucesso dos desportistas do nosso Continente.

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3º Dia, Sábado, 3 de Maio de 2014

Cerimónia de Encerramento

A Cerimónia de encerramento foi presidida pelo Presidente da Associação dos Municípios Caboverdianos, o

Sr. Manuel de Pina, na presença do Presidente da Câmara Municipal do Sal, Sr. Jorge Figueiredo, du 2º

Vice-presidente da ACNOA, Sr. João Costa Alegre, a Presidente do Comité Olímpico de Cabo Verde

(COC), Sra. Filomena Fortes, e o Presidente da JAPPO, Sports & Entertainment, Sr. Diamil Faye.

A Presidente do COC, Filomena Fortes, agradeceu a Jappo por ter confiado a Cabo Verde e à ilha do Sal, em

particular, a importante missão de acolher a 8ª edição da CISA, tendo sublihado que os importantes temas

apresentados e discutidos ao longo dos três dias da Convenção contribuiram para o enriquecimento dos

atletas, dirigentes desportivos e amantes do desporto. Filomena Fortes sublinhou que as Câmaras Municipais

e as estruturas governamentais ligadas ao desporto, os Comités Olímpico e Paralímpico de Cabo Verde e

todos os dirigentes desportivos deverão analisar as recomendações saídas da Convenmão para traçar, em

articulação, um plano de desenvolvimento para o desporto caboverdiano.

Já o presidente da Jappo & Sports Entertainment, Diamil Faye, garantiu no seu discurso de encerramento

que o principal problema do desporto em África é “a falta de visão dos políticos para o sector”, tendo

desafiado a classe política a começar a implementar estratégias que visam o desenvolvimento do

turismo. Referindo-se à 8ª edição, Diamil Faye, disse que a convenção atingiu os objectivos preconizados e

que sai da ilha do Sal extremamente satisfeito.

Por sua vez, o 2º Vice-presidente da ACNOA, João Costa Alegre, enalteceu a qualidade da convenção e

salientou que deve ser a missão de todos quantos lidam com o desporto colocar ao dispor dos jovens todas as

condições necessárias à prática do desporto. E que os cabo-verdianos devem cultivar o “espirito do Junta

Mon” ou seja, unir as sinergias, para que possam colher os frutos esperados no sector do desporto, tendo

também lançado às entidades com responsabilidade na matéria o desafio de transformar a Ilha do Sal na

Capital do Desporto Cabo-verdiano.

Jorge Figueiredo, Presidente da Câmara Municipal do Sal, disse que os três dias da realização da CISA Sal

2014 foi apenas o culminar de algo que começou há um ano atrás, quando o Comité Paralímpico de Cabo

Verde lançou à CMSal o desafio de participar na 7ª convenção em Dakar. O Edil Salense afirmou que a

união das duas áreas Desporto e Turismo, como tema central da Convenção, foi uma ideia muito feliz, pois

viu-se o entusiasmo com que os participantes interagiram com os oradores, permitindo alcançar uma visão

conjunta para o desenvolvimento do desporto. “Uma maior articulação entre os sectores públicos e privados

é fulcral para o desenvolvimento do desporto e turismo”, enfatizou o autarca.

Manuel de Pina, Presidente da Associação dos Municípios Caboverdianos, presidiu ao acto de encerramento

da Convenção, tendo comungado das ilações dos intervenientes que lhe antecederam, frisando que a CISA

serviu para reforçar a ideia de que é indispensável criar politicas que promovam o “casamento ideal entre o

desporto, a cultura e o turismo”, i.e., na sua opinião, hoje em dia já não faz sentido falar-se apenas no

Turismo, de forma isolada.

Manuel de Pina desafiou a Jappo a trazer especialistas ligados às áreas de planeamento e orçamento de

grandes eventos desportivos para partilhar as suas experiências com os caboverdianos, nos próximos

eventos.

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Durante a cerimónia foram anunciadas as cidades que irão acolher as próximas edições da CISA, sendo que

a 9ª terá lugar em Kigali, Ruanda, em 2015, e a Capital de Argélia acolherá a 10ª edição em 2016.

CONFERÊNCIAS

1º Dia, Quinta-feira, 1º de Maio de 2014

1º Painel – Desporto e Turismo – A Promoção do Turismo através do Desporto

O 1º Painel, que antecedeu a Cerimónia de Abertura Oficial da CISA, iniciou-se a partir das 15 horas e foi

apresentado pelo Dr. Jorge Figueiredo, Presidente da Câmara Municipal do Sal, Sr. Joel dos Santos,

finalista do Curso de Licenciatura em Gestão do Desporto, no Instituto Superior da Maia (ISMAI), Sr.

Rodrigo Bejarano, Presidente do Comité Paralímpico de Cabo Verde (COPAC), Dr. Avelino Bonifácio,

Consultor, e Dr. Daniel Medina, Professor na Universidade Intercontinental de Cabo Verde (UNICA). O

Jornalista da RTP África, João Diogo, moderou o debate.

Jorge Figueiredo – Desafios e Perspectivas para a ilha do Sal

Jorge Figueiredo foi o 1º orador e falou do sub-tema Desafios e Perspectivas para a ilha do Sal,

reportando-se à herança cultural e histórica da ilha, bem como à ligação entre o desporto e o turismo,

nomeadamente no Sal. O turismo é, sem dúvida, a maior indústria mundial geradora de benefícios

económicos crescentes. O desporto, por sua vez, tornou-se no maior fenómeno cultural deste virar de século,

constituindo-se, assim, num factor acrescido quando falamos de oferta turística, da qualidade e diversidade

dessa oferta ou das necessidades e motivações dos turistas, da sua captação e fidelização. Desta forma, esses

fenómenos sociais (Desporto e Turismo) interligam-se e consolidam-se conquistando assim uma

importância social e económica relevante.

Para além da prática desportiva, assume também especial relevância o espetáculo desportivo. Por isso o

Turismo Desportivo apresenta duas tipologias especialmente relevantes, uma associada ao espectáculo

desportivo (TED – Turismo de Espectáculo Desportivo) e outra associada à prática desportiva (TPD –

Turismo de Prática Desportiva).

Sublinhou ainda a evolução constante do turismo com um aumento de 43% das dormidas e uma taxa anual

de crescimento de 12%. Os principais países europeus emissores de turistas são, por odem de importância, o

Reino-Unido, a Alemanha, a França e Portugal, embora começe a despontar turistas angolanos e sul-

africanos. O turismo contribui em 24% do PIB, o que constitui um elemento importante a analisar pelos

investidores do sector, mas também pelas autoridades locais e nacionais.

Segundo ele, a música e a gastronomia constituem igualmente um factor de consolidação do turismo, bem

como as belas praias e o clima ameno. « Temos factores positivos, mas temos ainda algumas fraquezas, tais

como a falta de know-how e a fraca diversificação das ofertas turísticas. Tendo em conta as condições

favoráveis de que dispõe a ilha, o Presidente defende a construção de estruturas desportivas como o Centro

de Estágio, para melhor redinamizar o desporto na ilha. A prática de desportos náuticos como o surf e o kite-

surf servem também para consolidar o sector turístico.

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Joel dos Santos – A Estratégia de Desenvolvimento do Desporto

Ao usar a palavra, Joel dos Santos, do ISMAI, começou por agradecer o Presidente e o Vereador de

Desporto da Câmara Municipal do Sal a oportunidade. Para ele, pensar e agir em turismo deve ser feito de

maneira estratégica, pois criar qualquer estrutura desportiva requer uma avaliação e caracterização

minuciosa da população, dos seus estilos de vida, das suas necessidades, das condições e infraestruturas já

existentes, entre outros aspectos, tais como a localização da infraestrutura, o acesso a transporte, quer

privado quer público, a distância entre as instâncias de saúde, a correlação entre as estruturas existentes, a

ecologia desportiva, uma administração criativa e atenta aos custos, são imprescindíveis para efectivar a

funcionalidade das estruturas desportivas.

A fim de potencializar o turismo a partir do desporto, e considerando as características do país como o clima

tropical e a capacidade nata do povo para a prática de desportos, deve-se apostar em desportos náuticos,

futebol de praia, vólei, eventos desportivos internacionais, congressos e conferências internacionais. Do

mesmo modo, deve-se conhecer bem o turista, de forma a proporcionar-lhe, durante as suas férias, o

desporto que mais lhe agrade, como, por exemplo, o mini golfe para os ingleses.

Rodrigo Bejarano – A accessibilidade das Infraestruturas Turísticas e Desportivas

O terceiro orador, Rodrigo Bejarano, sublinhou a importância da accessibilidade no desporto para pessoas

com deficiência e a construção de infraestruturas adaptadas à demanda dos atletas com deficiência.

Segundo ele, 15% da população mundial tem uma deficiência. Sendo assim, pensar em criar condições para

este público, constitui um investimento e não um gasto, pois essa população actualmente gera milhões para a

indústria turística. Os desportos de acessibilidade envolvem todas as instâncias comuns do turismo e por

isso os investimentos que potencializam a inclusão dos deficientes devem assegurar os princípios

fundamentais da acessibilidade, a segurança e a autonomia. E para que possa ser inclusivo para todos, três

aspetos são fundamentais: a capacitação dos recursos humanos, as alterações arquitetónicas e o acesso aos

serviços, para a igualdade e dignidade das pessoas com deficiência e a funcionalidade das estruturas.

Avelino Bonifácio – Investir em Cabo Verde

O Dr. Avelino Bonifácio centrou a sua intervenção na possibilidade de investir no sector do turismo e

sublinhou as condições bastante favoráveis para este efeito, nomeadamente a boa formação e a alta taxa de

escolarização que se situa em 97 % nos jovens. A diáspora caboverdiana é um outro factor importante para o

desenvolvimento do desporto.

Segundo ele, mesmo não havendo muito recursos, deve-se tirar proveito dos recursos naturais existentes,

como por exemplo os quilómetros de areia, o sol e o vento, que podem estimular o investimento nas energias

renováveis e nos desportos náuticos, bem como na modernização e revitalização da nossa cultura.

Deve-se também explorar os laços fortes que temos estabelecido com os nossos vizinhos, mas também com

a Europa, através da União Europeia e da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), com os

quais podemos construir parcerias para uma economia sólida e sustentável.

Daniel Medina – Os Centros de Alto Rendimento (CAR)

O último orador deste painel Dr. Daniel Medina da UNICA, por sua vez, falou da importância do desporto

na educção e na saúde, apontado-se como um bom exemplo : « embora pareça jovem, já tenho uma certa

idade. Isso deve-se à prática do desporto. ».

Para ele, Desporto é vida, é relação, é amizade, é disposição. É uma das atividades humanas mais praticadas,

pois que todos precisamos nos movimentar. Trata-se de uma competição física e lúdica, embora exista

sempre a dimensão física e intelectual. Desporto é cultura e podemos usar o valor desporto como essência da

vida. O corpo humano não é aquele com que nascemos, mas sim é aquele que mudamos com o tempo,

tornando-nos mais ou menos elegantes, de acordo com os cuidados que lhe dispensamos.

Falou do projecto CAR – Centros de Alto Rendimento – virado para a África, e não só, que é a prática

desportiva que dá resultados de alto mérito, um projecto que será conectado às escolas, universidades e

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hospitais, em Cabo Verde . O desporto potenciado pelo CAR cria entusiasmo, o que requer selecção, rigor e

exigência, daí que só os mais eficazes entrem nele.

EDUCA é o único colégio português que funciona em Cabo Verde e estará ligado à universidade ÚNICA,

que, por sua vez, criará o primeiro hospital privado de Cabo Verde, confluindo escolas, universidades, CAR

e residências, portanto englobando o ensino, a universidade e a saúde.

A prática do desporto deve estar implicitamente ligada ao estudo, sempre na senda da valorização do ser

humano.

2º Dia, Sexta-feira, 2 de Maio de 2014

Painel 2 – Desporto e Turismo – As Infraestruturs Desportivas como Alavanca do Desenvolvimento do

Turismo

Depois da Cerimónia protocolar de abertura, ontem, o fórum de discussão foi retomado sexta-feira, 2 de

Maio, às 09 horas, com o primeiro tema sobre «As infraestruturas desportivas como alavanca do

desenvolvimento do turismo». Tema introduzido pelo jornalista português João Diogo Mantenhas e a

representante da Francofonia, Mme Audrey Delacroix, e moderado pelo jornalista senegalês Aliou Goloko.

Diogo Mantenhas, da RTP África (Rádio Televisão Portuguesa)

Numa óptica da experiência pessoal, o Jornalista falou da evolução positiva a nível do atletismo em

Portugal, onde já se tem registos de medalhas de ouro, inclusive, nos jogos olímpicos. Inicialmente, tinha-se

uma preparação “caseira” desta modalidade, sem muita especificidade, onde era possível ver os atletas

correndo, por exemplo, nos arredores das áreas habitacionais. No entanto, no final dos anos 70, constatou-se

uma evolução acelerada com a construção de centros de formação e estágio adaptados a atletas de alta

competição. Desde então, os atletas portuguese têm feito uma carreira notável a nível internacional. O

desporto que mais beneficiou foi o football, com a construção de uma universidade de motricidade humana

que contribuiu para a formação de atletas de alto nível, como Carlos Queiroz, Luís Figo, Rui Costa, João

Pinto, etc. O clube Sporting construiu um centro de estágio em Alcochete e, mais recentemente também em

Alvalade, tendo formado grandes jogadores que fizeram carreira tanto a nível interno como no estrangeiro,

caso de Simão Sabrosa, Cristiano Ronaldo, entre outros.

Os resultados são tão evidentes que as autarquias copiaram este modelo e expandiram os centros de estágios

nas regiões turísticas, criando condições condignas para o desporto de alto rendimento e o turismo.

Exemplo de Rio Maior, em Portugal, que fazendo uma análise estratégica do turismo e do desporto, criou

uma simbiose rentável entre os dois sectores. Rio Maior, uma região inicialmente sem muita incidência do

turismo, criou centros de estágios de alto rendimento, onde todas as equipas europeias, nas épocas de

treinamento intenso, pudessem ficar. Tal feito, que coincide com as épocas baixas turísticas, potencializou e

valorizou a região, numa época em que se registava baixa rentabilidade turística.

Page 8: RELATÓRIO CISA 2014

Cabo Verde tem potencialidades para aproveitar essa experiência, num espaço de 15 a 20 anos, criando

infra-estruturas desportivas, muitas delas de baixos custos, tais como investir no vólei e futebol de praia,

assim como nos CAR. Os hotéis de Santa Maria poderiam desempenhar essa função nas competições

africanas de alto rendimento e desenvolver desta forma o turismo. As equipas do Norte da Europa poderiam

também beneficiar das condições favoráveis da ilha para fazer estágios, o que vem de encontro ao tema

desta Convenção Desporto e Turismo.

Neste sentido, um dos grandes desafios concentra-se na necessidade de criar uma simbiose funcional entre o

Governo, as Câmaras Municipais e agentes do turismo, com as federações e instâncias desportivas, de modo

geral, onde acções concertadas possam convergir para potencializar o turismo o ano inteiro, tirando proveito

do desporto e colocando Cabo Verde no campo mundial do desporto.

Madame Audrey Delacroix – Francophonie

Tomando a palavra, Mme Delacroix, representante da Francofonia, disse trabalhar há 7 anos com M. Abdou

Diouf, Secretário-geral da Francofonia, e que ela lhe transmitirá os agradecimentos da organização desta

Convenção, em particular do M. Diamil Faye, da JAPPO, e de todos aqueles que trabalharam para a sua

realização. Segundo ela, a Francofonia juntou-se à CISA porque tem uma experiência de dez anos no

domínio do desporto, estabelecendo parcerias com as Nações Unidas e outras organizações europeias, bem

como com o continente africano.

Com 200 milhões de locutores em francês, em 77 Estados, este número irá atingir os 80 na próxima cimeira

da francofonia que terá lugar em Dakar, no próximo mês de Novembro.

Está também presente na educação e na comunicação através da Tv5 Monde, uma televisão completamente

francófona. Trabalha também com outras organizações como a lusofonia, arabofonia e hispanofonia, bem

como a Commonwealth.

Além de favorecer a língua francesa, a francofonia promove a diversidade linguística e cultural, trabalhando

também na promoção dos direitos humanos, da paz, da solidariedade, da democracia, dos direitos de género

e juventude, sendo os dois últimos considerados vectores do desenvolvimento mundial.

A francofonia representa também uma mais valia para a economia, no entanto, ainda precisa identificar

estratégias para desenvolver as fronteiras económicas, temas esses que serão discutidos na próxima cimeira

em Dakar. Porém, alguns exemplos como a Volta à França, já demonstram o seu impacto, havendo neste

caso específico um estudo realizado que demonstra que cerca de 94% das empresas locais tiveram maior

rentabilidade, assim como 82% de melhoria na vida local, aquando da sua realização.

Ações concretas na organização dos eventos desportivos têm um impacto visível a nível social nos seus

diversos níveis, como é o caso de gerar empregos. Podendo ainda potencializar o desenvolvimento dos

países sede dos eventos, tornando-se numa alavanca para os serviços oferecidos.

No sector do desporto, existe uma relação de 10 anos, sendo o francês a língua oficial reconhecida a nível

dos jogos olímpicos. Existe a cobertura dos mídia nesta língua e um comité que pretende observar a sua

prática, principais assuntos de interesse, de modo a criar estratégias para preservar a cultura francófona.

A principal manifestação desportiva da francofonia são os jogos francófonos, realizados, pela primeira vez,

em Atenas, em 2004, e que têm o objectivo de promover o desporto e a diversidade cultural.

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3e Painel : Desporto e Turismo – Evolução do Negócio do Turismo Desportivo

O 2º tema do dia «Evolução do Negócio do Turismo Desportivo » foi apresentado por M. Ghazi Al

Madani (Dubaï Sport Council), M. Rodrigo Bejarano (COPAC) e M. Avelino Monteiro (Federação

senegalesa de natação). O jornalista norte-americano Ed Hula III, de Around The Rings, moderou o debate.

Depois de agradecer os participantes e os organizadores, M. Gazhi Al Madani mostrou a experiência do

seu país no domínio da organização de eventos desportivos. Com recurso a alguns dados estatísticos,

nomeadamente no domínio do turismo, percebe-se que, embora Dubaï seja um pequeno emirado do Golfe,

registou, o ano passado, 9,89 milhões de turistas, 57% dos quais em trânsito, o que é uma mais valia para o

país. Esse desenvolvimento do turismo anda de mãos dadas com a construção de infraestruturas modernas

para o acolhimento de todo esse fluxo turístico. Com 566 hoteis em 2010, este número irá aumentar para 603

em 2020. Só em 2010 registou-se 20 milhões de visitantes.

O aumento da demanda turística impulsionou também a construção de infraestruturas desportivas para a

natação, por solicitação dos turistas, e a construção de vários estádios de football em conformidade com as

normas da FIFA. Outros eventos são igualmente organizados, tais como as corridas de cavalos, que atraem

80 000 visitantes, o triatlo, qui ganha cada vez mais popularidade, a corrida das cores, os jogos escolares e

outros mega-eventos desportivos que atraiem cada vez mais jovens. Actualmente, contam com 356 atletas

com mais de 3000 adeptos na página web. Dubaï organizou uma final de badminton, o que mostra até que

ponto o desporto contribuiu para o rápido desenvolvimento do turismo.

Seguiu-se-lhe M. Avelino Monteiro que enfatizou a natação como sendo um desporto muito importante.

Segundo ele, Cabo Verde deve investir nos desportos náuticos, particularmente na natação, tendo todas as

condições para a prática da natação de alto nível, sem, porém, esquecer as repercussões jurídicas e as regras.

Um ponto de vista muito interessante mostrado nesse painel foi a simbiose entre Desporto, turismo e

negócio: o desporto está, evidentemente, ligado ao turismo e ao negócio e esta connexão desenvolve-se dia

para dia, com o aumento de atletas internacionais no mundo.

Para M. Avelino Monteiro, o desporto não é somente o football ou o basket-ball, o desporto deveria

mobilizar mais gente e promover a competitividade. Por exemplo, o Brasil é o primeiro país na história que

vai organizar os Jogos Olímpicos e Paralímpicos ao mesmo tempo, em 2016. Isso implica muito dinheiro,

daí, mais uma vez, a importância da simbiose entre desporto, turismo e negócio.

O último interveniente deste painel, M. Rodrigo Bejarano, falou da ligação evidente entre o desporto e o

turismo. Para ele, as vantagens são numerosas. As mídia podem ter um papel importante na divulgação das

imagens. O Brasil desenvolveu modelos competitivos como os Jogos Paralímpicos, a organização da Copa

do Mundo, este ano, e os Jogos Olímpicos, em 2016, representam um ganho importante para um país

emergente como o Brasil.

A organização dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos poderiam beneficiar países como Cabo Verde através da

passagem das selecções estrangeiras, tendo em conta a sua posição geográfica. Isso lhe traria maior

reconhecimento internacional. Mencionou os ganhos para a China com a organização dos Jogos Olímpicos,

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tendo em conta a dimensão do país. A natação livre poderia ser igualmente explorada, de modo a tirar dali

algum proveito.

Painel : Desporto e Doping – Revisão do Código Mundial Antidoping - Resposta de África

Desporto e Doping : « A revisão do código mundial antidoping - resposta de África», abordado pelo

Director Africano da Agência mundial antidoping (AMA), Rodney Swigelaar, e o 1º Vice-presidente da

ACNOA, Mustapha Berraf, e moderado pelo jornalista Elcio Ramalho, da Delegação brasileira da RFI, pôs

fim aos trabalhos no período da manhã de sexta-feira.

M. Rodney Swigelaar falou-nos da revisão do código mundial anti-doping, o qual entrará em vigor em

Janeiro de 2015. As principais alterações, segundo ele, têm a ver com as penalizações, i.e., se antes a sanção

era de dois anos, doravante passa a ser de quatro anos, estendendo-se igualmente ao treinador e a toda a

equipa técnica, caso o doping for comprovado. Citou o caso de Lance Armstrong que apenas foi penalizado

nos Estados Unidos, após anos de doping. Neste sentido, a criação de uma base de dados é indispensável,

sendo necessário guardar a prova dos testes durante pelo menos dez anos, para que as investigações sejam

levadas a cabo. A última alteração se justifica pela importância que o treinador tem para o atleta de alta

competição, sendo ele a sua maior referência.

Para Rodney Swigelaar, as autoridades locais podem ajudar na aplicação do código, mostrando uma efectiva

vontade política. Muitos países africanos já ratificaram este código, inclusive Cabo Verde que o fez desde

2003.

Sendo a luta anti-doping um assunto que a todos diz respeito, toda a gente deveria engajar-se para a

erradicação da batota no desporto. Mesmo não sendo as pessoas castigadas, o doping constitui um problema

de saúde pública que interpela directamente os governantes.

Terminou a sua intervenção frizando a importância desta convenção na divulgação deste código,

agradecendo os organizadores pela oportunidade.

Page 11: RELATÓRIO CISA 2014

M. Mustapha Berraf, o 1º Vice-presidente da ACNOA, também falou sobre a revisão e as alterações

registadas no novo código anti-doping.

O código anti-doping é uma alavanca jurídica para a luta contra este flagelo, mas é fundamental que todos se

engajem nessa batalha, em que o governo assume um papel importante no contrôle da comercialização de

esteróides, bem como nos esforços com vista aos custos inerentes aos testes de controlo, tendo em conta as

dificuldades financeiras dos países africanos no financiamento do desporto de alta competição. A revisão

deve efectuar-se com cuidado, sendo necessário a monitorização de todos os laboratórios e produtos, tendo

em conta a máfia existente.

5º Painel : Desporto e Tuurismo – Uma Nova Oportunidade para os Países Emergentes

Depois do almoço, retomaram-se os trabalhos com o painel sobre «Desporto e Turismo : uma nova

oportunidade para os países emergentes». As comunicações e debates puseram ênfase no desporto como

suporte de desenvolvimento e da promoção do turismo: os casos de Londres et da África do Sul, tendo como

oradores Martine Aimsworth-Wells (UK Tourism), o responsável da Federação Internacional de Surf,

Sean Brody, e o membro do Comité Olímpico Internacional (CIO), Sam Ramsamy. O Painel foi moderado

pelo jornalista senegalês Aliou Goloko.

Mme Martine Ainsworth Wells, da UK Tourism, baseou-se na sua experiência na Cidade de Londres na

organização dos JO e mostrou a importância que o turismo pode ter na organização de eventos desportivos

de grande envergadura. Torna-se necessário encontrar os meios para manter o fluxo turístico antes e depois

dos Jogos. Os mídia desempenham um grande papel, falando dos aspectos positivos da Cidade. Muitas

outras actividades foram organizadas antes e depois desses jogos, o que contribuiu para fixar os turistas mas

também os próprios residentes, alguns dos quais não apreciam os Jogos.

O calendário dos eventos teve mesmo o apoio da rainha. Em seis semanas, 700 eventos foram organizados

antes dos Jogos. Os hoteis beneficiaram desta vantagem. Londres recebeu 26 millhões de visitantes para 22

Page 12: RELATÓRIO CISA 2014

bilhões de libras. Portanto, os desafios foram então transformados em oportunidades. A cidade anfitriã dos

próximos jogos poderiam inspirar-se na experiência de Londres para contornar os problemas.

M. Sean Brody (ISA) por sua vez falou do surf em África, em particular na Libéria, onde ele trabalha com

jovens muito interessados nesse desporto. Mostrou a importância que esta modalidade tem num país que, de

há alguns anos a esta parte, era muito instável. Mostrou que se trata de um desporto praticado por todos,

inclusive por pessoas com deficiência. Como ilustrado pelo vídeo exibido, existe na Libéria uma ONG para

a divulgação do surf. Em San Diego, p.e., as parcerias são forjadas com as indústrias do surf, tendo em conta

as condições de vida dos praticantes.

Observou que existem 35 millhões de surfistas no mundo. Contudo, não é um desporto caro, sendo apenas

necessário ter uma boa prancha de surf. Esta indústria envolve 22 bilhões de dólares por ano e este número

poderá atingir os 34 bilhões em 2020. Nos Estados Unidos, p.e., um surfista ganha mais de 75 mil dólares

por ano. Na Libéria, este desporto é praticado em 80% por homens e 20% mulheres, sendo que 75% dos

surfistas têm menos de 24 anos. A igualdade de género é uma realidade no surf, assim como a não

discriminação de idades, o que permite que seja realizado por todos.

A ISA, Federação Internacional de Surf, foi criada em 1964, conta com 84 membros de 12 países africanos,

entre os quais Cabo Verde.

Trata-se de um desporto que, segundo Sean Brody, pode contribuir para o desenvolvimento sustentável e

gerar oportunidades de emprego. Ao contrário da ideia de Hollywood, em que os surfistas são considerados

preguiçosos, este tem sido uma fonte de emprego e de economia, sem falar dos benefícios para a saúde.

Hoje, a Libéria apresenta um novo rosto graças ao surf e reúne todas as condições para beneficiar de uma

bolsa de formação a partir das cotizações dos seus membros.

O terceiro orador deste painel, M. Sam Ramsamy, membro do CIO e embaixador do turismo da África do

Sul, mostou os aspectos muito positivos do desporto ligado ao turismo. Realçou que a África não pode ser

comparada com Londres nem com Dubaï e que são poucos os países capazes de organizar os Jogos

Olímpicos ou a Copa do Mundo. Mas, o continente pode organizar eventos isolados como a natação, o judo,

kayak, etc, sendo que o objectivo do candidato à organização de qualquer evento é de beneficiar a cidade, o

país e o continente.

Mostrou que uma ilha como o Sal, poderia acolher algumas selecções africanas com poucos recursos, uma

vez que podem encontrar hoteis/residenciais menos caros e ao seu alcance. A facilidade no transporte aéreo

é também uma vantagem para a ilha do Sal, bem como o ecoturismo que faz igualmente parte do desporto.

Contudo, de acordo com o interveniente, devemos ser modestos e realistas no que tange à organização de

eventos desportivos de nível internacional, para não termos depois de enfrentar sozinhos os problemas.

Para ele, Rio resolveu os seus problemas com sucesso. A criminalidade existe em todo o lado, mas o Estado

acabou por encontrar as soluções para diminuir drasticamente esse problema, com base na experiência sul-

africana aquando da realização da Copa do Mundo, em 2010. Muita gente vai para esse tipo de eventos para

cometer actos ilícitos, mas os danos são sempre reduzidos porque o país anfitrião não economiza nos meios

para garantir a segurança.

Um estudo de viabilidade é, portanto, necessário nos pequenos países africanos, a fim de saber qual deles

está mais bem preparado para acolher competições internacionais porque é fundamental que não se perca de

vista o factor clima na organização de eventos desta natureza.

Page 13: RELATÓRIO CISA 2014

6º Painel : Como posicionar-se para atrair e organizar grandes eventos em África? – Os Jogos

Olímpicos da Juventude

No último painel de sexta-feira, 2 de Maio, o enfoque esteve nos «Jogos Olímpicos da Juventude, uma

oportunidade para os países africanos». Foi animado pelo expert do CIO Antoine Goetschy, Liu Li, de

Nanjing 2014, e o 1º Vice-presidente da ACNOA, Mustapha Berraf. Os debates foram moderados pelo

jornalista norte-améericano do Site Around The Rings, Ed Hula III.

M. Antoine Goetschy, do CIO, fez notar que o programa dos atletas para os Jogos Olímpicos da Juventude

é diferente do dos J.O. porque os desafios são diferentes. Há menos pressão, menos desafio, menos

contactos e é por essa razão que se reveste de um carácter bem particular. Os JOJ têm a mais um conteúdo

educativo e constituem um percurso iniciático para a juventude. O conteúdo desses Jogos é adaptado à

juventude e aos participantes. A língua e o sexo não constituem um handicap porque a vontade de participar

ultrapassa todas as barreiras.

Com 4.000 atletas recenseados e 28 provas olímpicas, criaram-se novos formatos de modalidades

desportivas como o kayak. Jovens funcionários supervisionam jovens atletas porque se trata de uma festa

para a juventude. Não se trata de bater recordes mesmo se as performances são registadas. Trata-se, de

alguma forma, de uma preparação para eventos futuros.

M. Liu Li, da China, falou da organização dos JOJ que, este ano, se realizam no seu país, em agosto. A

decisão foi tomada aquando da 122ª sessão plenária do CNO para que a cidade de Nanjing acolha esses

Jogos. Depois de Beijing 2008, será a única grande manifestação organizada por esse país. A cidade em

questão vai beneficiar de vantagens resultantes da organização deste evento e o país terá também uma

imagem mais positiva no exterior.

Sublinhou que tanto a China como os países africanos precisam de oportunidades para promover o

desenvolvimento social a partir da organização desses jogos. É a oportunidade igualmente, segundo M. Li,

para mostrar o nível dos desportos nesse país, divulgar os valores olímpicos, que são «a Excelência, a

Amizade e o Respeito» e desenvolver o desporto de massa.

Uma das particularidades desses jogos consistirá em integrar a cultura e a educação no desporto. Para isso,

vão ter in loco um grupo de jovens consultores nacionais e estrangeiros que darão o feed-back dos jogos às

autoridades.

Uma outra particularidade será fazer jogos económicos, estando fora de questão construir novas

infraestruturas, mas sim utilizar as já existentes ou, caso necessário, proceder a reabilitações. Para a

comunicação e a divulgação, a internet fará o resto através dos telemóveis e outros dispositivos móveis.

Para M. Mustapha Berraf, 1º Vice-presidente da ACNOA, é tempo de África organizar-se e arriscar-se na

organização dos Jogos Olímpicos da Juventude (J.O.J.). Isso requer uma avaliação séria das suas

potencialidades e fraquezas, mas seria um desafio a enfrentar e que contribuiria para melhorar a imagem do

continente e projectá-lo no mundo. Os jornalistas estrangeiros falariam de coisas positivas durante esse

Page 14: RELATÓRIO CISA 2014

período o que seria uma boa coisa para o continente, apontando como exemplo a África do Sul que, em

2010, aceitou o desafio de organizar a Copa do Mundo e deu um salto qualitativo no seu desenvolvimento e

na sua imagem.

A gestão dos orçamentos, na sua opinião, deveria ser atribuída a técnicos com competência na matéria, para

que não haja falhas. 70% da população em África é jovem. Pelo que deve ter acesso a todos os jogos e ter

representação nas instâncias internacionais. Existe, porém, uma certa confusão entre desporto, política e

desenvolvimento, o que constitui um handicap para o desenvolvimento do desporto. A organização de tais

eventos, na sua opinião, é incontornável para o continente africano. Argel 2018 é apenas uma etapa para a

organização dos J.O.J. em África.

Quanto à questão de M. Antoine sobre a sua função ao nível dos Jogos Olímpicos, clarificou a sua posição

segundo a qual os J.O.J. actuais não podem ser organizadas num bom número de cidades. A Federação

Internacional tem a última palavra quanto às exigências a nível do CIO. As Federações Nacionais têm

também um papel importante a desempenhar. A ACNOA, por sua vez, apoia e promove a candidatura dos

países africanos sob a orientação do CIO.

3º Dia, Sábado, 3 de Maio de 2014

7º Painel : Como posicionar-se para atrair e organizar grandes eventos em África? – A Celebração do

cinquentenário dos Jogos Africanos

O 7º Painel apresentado no Sábado deu continuidade ao tema Como posicionar-se para atrair e organizar

grandes eventos em África? A Celebração do cinquentenário dos Jogos Africanos, com um único

orador, M. Auguste Etsala, representante do Ministério do Desporto do Congo. M. Diamil Faye moderou o

debate.

M. Auguste Etsala falou-nos do Congo, especificamente de Brazzaville, que vai acolher os 11ºs Jogos

Africanos, em celebração dos 50 anos dos JA, em Setembro de 2015.

Este aniversário é um marco histórico, oportunidade que o Congo quer aproveitar para promover jornadas de

evocação, colóquios científicos, exposições e animação cultural.

Segundo ele, a preparação está em fase bastante avançada e sob a direcção de uma Comissão de

Organização dos Jogos Africanos (COJA), constituída por todas as organizações desportivas nacionais.

Os desafios a ultrapassar são a nível infraestrutural com a construção de um novo complexo desportivo a

norte de Brazzaville, um desafio para modernas instalações desportivas dentro das normas internacionais e

que comporta: Um aldeamento para os jogos com mais de 12.000 camas; um estádio de football com 60.000

Page 15: RELATÓRIO CISA 2014

lugares sentados; um pavilhão desportivo com 12.000 lugares; um complexo náutico; restaurantes e outros

edifícios administrativos e várias plataformas desportivas ao ar livre.

Após os jogos, essas infraestruturas serão restituídas à nova universidade, em construção, para evitar a todo

o custo elefantes brancos. Além das infraestrutura da nova cidade a norte, as antigas infraestruturas serão

reabilitadas, entre as quais o estádio mítico que acolheu os 1ºs Jogos Africanos.

A nível supranacional, o Congo está a envidar esforços para que todos os parceiros dos JA tenham uma

participação efectiva e assuman-nos como o orgulho africano, pondo toda a sua expertise à disposição da

COJA.

As grandes dificuldades são de ordem comunicacional e infraestrutural. Efectivamente, há um atraso em

relação à comunicação e marketing deste mega evento. O contrôle do processo de implementação deste

grande projecto foi bastante complexo. Uma segunda avaliação deverá ser feita no próximo mês de Outubro.

No que concerne as grandes infraestruturas em construção, elas estão actualmente avaliadas em 60%.

Contudo, falta o mais difícil que é o revestimento dos pisos, cujo equipamento deverá responder às

exigências olímpicas e às normas internacionais.

Na sua opinião, com a organização dos Jogos Africanos, o Congo está confirmando a filosofia subjacente a

esta Convenção Internacional do Desporto em África, i.e., o desporto como factor de desenvolvimento

integral para as jovens nações africanas. Depois da organização de um evento desta natureza, os impactos

serão sociais, turísticos, económicos, culturais, desportivos e políticos.

8º Painel : Como planificar e explorar as instalações desportivas ? – Planificação, Financiamento e

Gestão das instalações desportivas

No segundo tema do dia o foco esteve na «Planificação, Financiamento e Gestão das instalações

desportivas », introduzido por M. Etsala, Sr. António Lopes da Silva, Vereador de Desporto da Câmara

Municipal da Praia, e M. William Louis Marie, de Kuklos, tendo sido moderado por Diamil Faye, do

Senegal.

Usando da palavra, o Sr. António Lopes da Silva disse que, ao assumirem os destinos do município, em

2008, numa primeira avaliação, a Cidade da Praia estava desprovida de técnicos na área do desporto, os

campos eram, na sua maioria, de terra batida, havendo apenas dois relvados. Daí que as medidas tomadas

tivessem convergido sobretudo para o recrutamento de recursos humanos e a realização de infraestruturas.

Para dar volta à situação, foram traçados três pilares essenciais: promover a diversidade desportiva, a

igualdade de género e a qualidade das infraestruturas.

Após uma avaliação das necessidades e a planificação, procedeu-se à requalificação de algumas estruturas,

construiu-se outras de raíz, entre as quais pistas de atletismo, parques fitness, spá’s, polidesportivos,

gimnodesportivos, entre outras actividades relacionadas com a prática desportiva.

Page 16: RELATÓRIO CISA 2014

A organização desportiva tem sido no sentido de dar assistência técnica a associações desportivas de jovens,

bem como no apoio financeiro; criação de regulamentos para a gestão das instalações desportivas; e criação

de comissões de gestão desportiva e de gestão comunitária.

As parcerias em todo esse processo foram muito importantes, possibilitando a realização de muitos dos

objetivos estabelecidos, entre os quais estão a Direção-geral do Desporto, as associações e agremiações

desportivas, a Polícia Nacional, as escolas, as associações comunitárias e empresas públicas e privadas.

Os resultados são evidentes, hoje, Praia é uma cidade desportiva, possível de ver em todos os arredores, não

só a nível das infraestruturas, mas também em termos da agenda desportiva diversificada, como por exemplo

a Corrida da Liberdade, Corrida de 14 km, Desporto de Terra e Mar, Torneios do Município, entre outros.

Todo o financiamento foi feito através de empréstimos bancários realizados pela Câmara Municipal, visto o

reconhecimento da importância do desporto enquanto veículo de desenvolvimento.

O terceiro interveniente M. William Louis Marie, de Kuklos, falou da natação como oportunidade para o

turismo. Para isso, propos a natação livre que não precisa de infraestruturas importantes porque, sendo

praticado no mar, em ribeiras e outros cursos de água, cuja profundidade não deve ultrapassar os 1,5 m, a

temperatura deve ser de 16ºC, o minímo, além de que não pode haver peixes perigosos que possam atacar os

atletas. Sendo um desporto acessível a todos, poderia ser praticado também em Cabo Verde, que reúne todas

as condições. Num país com essas características, disse, toda a gente deve saber nadar, além de que os

atletas que adoptarem esta modalidade, poderão, em fim de carreira, ser recrutados omo nadadores-

salvadores, o que, portanto, faz com que seja um desporto gerador de empregos.

Se na travessia Dakar-Gorée registou-se, este ano, a participação de 500 atletas, com previsão para

aumentar, porque não tentar essa experiência aqui em Cabo Verde, no âmbito das festividades do Município,

por exemplo? – Rematou William Louis Marie.

9º Painel - Como planificar e explorar as instalações desportivas? – Evento Desportivo, uma alavanca

de desenvolvimento para as Cidades Africanas

O último painel da CISA 2014 teve lugar logo a seguir à pausa para café e pôs foco no Evento Desportivo,

uma alavanca de desenvolvimento para as Cidades Africanas. Este tema foi orientado por M. Jacques

Danger, da City Events, M. Yoan Blondel et M. William Louis-Marie, e moderado por M. Pierre-

Emmanuel Danger.

O primeiro orador foi M. Jacques Danger, da City Events, que enfatizou a criação dos City Events devido

à necessidade das universidades terem cidades que pudessem realizar eventos desportivos e desde então, são

realizados eventos todos os anos. Visando promover ideias, o multiculturalismo e benefícios económicos, a

Page 17: RELATÓRIO CISA 2014

novidade deste tipo de eventos são os Jogos Militares aos quais muitos países aderiram, devendo a Coreia do

Sul acolher os próximos jogos.

As fraquezas deste evento concentram-se a nível do orçamento insuficiente para cobrir todas as actividades

que se realizam em diferentes cidades. Assim, aconselha às cidades candidatas à organização dos Jogos a

optarem por actividades desportivas de baixo custo.

Por exemplo, Cabo Verde poderia contar com as suas praias e mar para organizar eventos desportivos, em

vez de grandes investimentos em estádios. O ciclismo é igualmente uma actividade a baixo custo porque

apenas necessita de ciclovias.

A promoção de eventos desportivos mobiliza não só o turismo mas todas as esferas da sociedade. As cidades

que acolheram esses eventos são um exemplo da mobilidade económica, social e de infraestruturas de base,

melhorando consideravelmente o seu desenvolvimento.

Em segundo lugar, M. Yoan Blondel tomou a palavra para abordar a necessidade de se criar e implementar

políticas nacionais do turismo, fazendo um balanço dos investimentos públicos e privados. É fundamental

criar um laço entre desenvolvimento e desporto para que se possa desenvolver a economia interna e,

consequentemente, o turismo.

Na sua opinião, os Jogos Olímpicos, os Jogos Escolares e Universitários são domínios específicos de

investimento no desporto, sendo necessário fazer uma avaliação a médio e a longo prazos, de modo a que a

organização do evento não se concentre apenas nos dólares ou euros acumulados, mas sim no

desenvolvimento e nos benefícios a longo prazo para a sociedade e para a juventude, considerando sempre a

opinião pública.

Sobre este tema, M. William Louis-Marie, retomando a palavra, concluiu que a organização de eventos

está directamente ligada às condições das infraestruturas existentes no país, o qual pode desenvolver uma

ou outra modalidade, citando o caso do Congo que optou pelo handball.

Cabo Verde tem óptimas condições específicas a nível dos desportos náuticos, precisando apenas de

concentrar esforços não somente na criação de infraestruturas, mas também no desenvolvimento dos

recursos humanos, para maximizar a qualidade dos serviços oferecidos.

Resolução final da CISA 2014

A 8ª Edição da Convenção Internacional do Desporto em África (CISA) decorreu no Hotel Crioula na

Cidade de Santa Maria, Ilha do Sal, Cabo Verde, de 1 a 3 de Maio de 2014.

O tema principal desta 8ª edição foi « DESPORTO E TURISMO» com um segundo tema : « COMO SE

POSICIONAR PARA ATRAIR E ORGANIZAR GRANDES EVENTOS EM ÁFRICA? »

A Cerimónia de Abertura Oficial da CISA 2014 foi presidida por Sua Excelência o Presidente da República

Senhor Jorge Carlos Fonseca.

Os temas e sub-temas previstos foram todos tratados por Experts nacionais e internacionais.

No primeiro dia, Quinta-feira, 1º de Maio, no período da tarde, mesmo antes da Cerimónia de Abertura, teve

lugar o painel inaugural da CISA, com as intervenções do Presidente da Câmara Municipal do Sal , Dr.

Jorge Figueiredo, que apresentou os Desafios e Perspectivas para a Ilha do Sal, reportando à herança cultural

e histórica da ilha, estabelecendo uma relação entre o desporto e o turismo, nomeadamente aqui no Sal,

sendo o desporto, na sua opinião, um factor determinante na promoção do turismo na ilha.

O jovem Joel Dos Santos – Estudante finalista no Instituto Superior da Maia (ISMAI), abordou a estratégia

de desenvolvimento do desporto com enfoque na oportunidade de construção de equipamentos desportivos

adequados às necessidades dos praticantes e de focalizar os objectivos primordiais, que são o desporto local,

e de rentabilizar as infraestruturas já existentes.

Page 18: RELATÓRIO CISA 2014

Rodrigo Bejerano, do COPAC, sublinhou a importância das accessibilidades no desporto para pessoas com

deficiência e a construção de infraestruturas turísticas e desportivas adaptadas à demanda de atletas com

deficiência e para acolher grandes eventos desportivos.

Dr. Avelino Bonifácio, Consultor, por sua vez, abordou a problemática do investimento em Cabo Verde e

descreveu um quadro realista da economia caboverdiana. Referiu-se às condições bastante favoráveis ao

investimento no sector turístico, nomeadamente a boa formação e a alta taxa de escolarização nos jovens que

se situa em 97 %.

Seguiu-se-lhe o Dr. Daniel Medina da UNICA (Universidade Intercontinental de Cabo Verde) que se

debruçou sobre a importância do desporto na educação, com a criação do Centro de Alto Rendimento, um

sonho tornado realidade com a construção de um hospital e de um centro de acolhimento dos

convidados.Terminou a sua intervenção agradecendo os participantes e aconselhou investimentos no

desporto como condição necessária para se ter uma boa saúde. Para ele, o desporto é alegria, festa e Vida!

O 2º Dia de CISA teve início com a apresentação do tema « A Organização de Grandes Eventos no

Continente Africano, por Madame Audrey Delacroix, representante da Francofonia, que tomou a palavra

para falar do papel da Francofonia no desenvolvimento do desporto, de por João Diogo Mantenhas,

jornalista português, da RTP-África, que nos falou da experiência do seu país no domínio do desporto de

alta competição e de eventos desportivos.

À tarde, Madame Martine Ainsworth Wells, da UK Tourism, abordou o mesmo tema, enfatizando o

desporto como potencial turístico para os países emergentes.

O Sr. Rodney Swigelaar, por sua vez, falou da revisão do Código Anti-doping e a resposta de África,

coadjuvado por Mr. Mustapha Berraf, 1º Vice-presidente da ACNOA.

Seguiu-se-lhes o Sr. Liu Li, da China, que falou da importância da juventude enquanto alavanca na

organização dos Jogos de Nanjing, previstos para o mês de Agosto de 2014.

No terceiro e último dia da Convenção, Sr. Auguste Etsala, Director de Desporto do Congo, falou-nos do

cinquentenário dos Jogos Africanos e do avanço na construção das infraestruturas que deverão acolhê-los.

O Sr. William Louis-Marie abordou o tema « A Evolução do Negócio no Turismo e no Desporto », tendo o

Sr. Jacques Danger encerrado as intervenções falando de City Events, uma estrutura que permite descobrir

as cidades melhor posicionadas para organizar eventos desportivos.

A Convenção Internacional do Desporto em África 2014 recomenda :

- Construção de infraestruturas adequadas para acolher eventos desportivos ;

- Accessibilidade para pessoas com deficiência ;

- Cooperação mais estreita entre as federações e as instâncias nacionais e internacionais do desporto ;

- Melhorias a nível do marketing e da comunicação ;

- Rentabilização dos equipamentos desportivos depois da sua utilização ;

- Recurso a expertises em orçamentos para a organização desse tipo de eventos ;

- Organização de eventos a partir das realidades africanas ;

- Desportos capazes de atrair massas ;

- Melhor planificação, financiamento e gestão de infraestruturas desportivas ;

- Realização de City Events ;

- Modalidades adaptadas às regiões e que possam integrar os Jogos Olímpicos.

Os nossos agradecimentos à Sua Excelência o Presidente da República de Cabo Verde que nos honrou com

a sua presença na abertura da cerimónia.

Agradecemos igualmente ao Presidente da Associação dos Municípios Caboverdianos pela sua

disponibilidade em presidir à cerimónia de encerramento da CISA 2014, tendo ao seu lado o Sr. Presidente

Page 19: RELATÓRIO CISA 2014

da Câmara Municipal do Sal, o Senhor 2º Vice-presidente da ACNOA, a Sra. Presidente do Comité

Olímpico de Cabo Verde e o Sr. Presidente de JAPPO Sport & Entertainment.

CISA 2014 agradece, finalmente, todos os participantes.

Feita e lida, antes da cerimónia de encerramento, na ilha do Sal, aos 3 dias do mês de Maio de 2014.

EXPO SPORT

O programa EXPO SPORT contou com a participação de 12 empreendedores nas áreas do desporto e do

artesanato, sendo 5 internacionais e 7 nacionais, os quais tiveram a oportunidade de promover os seus

produtos e serviços, estabelecendo novas relações comerciais. O facto do espaço da exposição coincidir com

o espaço das pausas-café, permitiu uma maior troca/intercâmbio entre os expositores e os participantes.

A cultura foi presença forte durante todo o evento CISA 2014, proporcionando um matrimónio feliz entre o

desporto, o turismo e as manifestações culturais do país anfitrião. O objectivo da realização dessas

actividades foi apresentar um leque variado do melhor que a nossa cultura pode oferecer. Assim os

participantes da CISA foram brindados com música e danças tradicionais, mostras de carnaval, dos Santos

Populares, do artesanato e da nossa gastronomia.

Esses momentos culturais tiveram lugar nas cerimónias de abertura e encerramento da CISA, durante as

pausas-café, no Jantar de Gala, mas também no Centro Histórico de Santa Maria, animando as noites desta

cidade turística, durante os dias da Convenção, numa acção conjunta Câmara Municipal, Direcção-geral do

Turismo e Câmara do Turismo de Cabo Verde.

NOITE DE GALA - Panteão da Glória do Desporto Africano

Um dos momentos mais solenes da 8ª Edição da Convenção Internacional do Desporto em África (CISA) foi

a Noite de Gala «Jappo AWARDS» que tem por objectivo recompensar, todos os anos, personalidades ou

instituições desportivas africanas que contribuiram para o desenvolvimento do desporto em África.

A Noite de Gala teve lugar no Hotel Belorizonte, no dia 2 de Maio, e esteve recheada de momentos culturais

representados pelo grupo de dança «Mon na Roda», o grupo de animação cultural do Hotel Belorizonte e a

artista caboverdiana Maria Alice.

Page 20: RELATÓRIO CISA 2014

Os distinguidos este ano foram Issa Hayatou, Presidente da Confederação Africana de Football, na categoria

de dirigente ; Wayne Ferreira - tenista sul-africano, categoria atleta masculino e Soraya Haddad - Judoka da

Argélia, na categoria de atleta feminino. Por razões de agenda, os laureados não puderam estar presentes na

Gala.

No decorrer da Noite de Gala, Jappo Sports & Entertainment atribuiu certificados de reconhecimento aos

parceiros e patrocinadores da CISA, desde a sua criação, em particular à ACNOA, IAAF e os Francs Jeux.

Referindo-se especificamente à realização da CISA 2014, Jappo attribuiu os certificados à Câmara

Municipal do Sal, ao Comité Paralímpico de Cabo Verde (COPAC) e ao Comité Olímpico de Cabo Verde

(COC).

SEMINÁRIO DE JORNALISTAS

O Seminário de Jornalistas desportivos africanos, que antecedeu a 8ª Edição da Convenção Internacional do

Desporto em África (CISA), decorreu na quarta-feira 30 de Abril e quinta-feira, 1º de Maio, no Hotel

Morabeza.

Contou com a participação de 15 jornalistas e fotógrafos provenientes do Senegal, Benin, Mauritânia,

Burkina Faso, Ruanda, França e Cabo Verde e teve como temas a Recolha e o Tratamento da Informação:

O caso da Copa do Mundo de football e a Contribuição dos Mídia na Promoção do Turismo através do

Desporto.

CISA KID’S

No âmbito da CISA 2014, foram também promovidas, na manhã do dia 1 de Maio, actividades desportivas,

no Estádio Municipal Marcelo Leitão, nas quais participaram cerca de 150 crianças e adolescentes, meninas

e meninos que frequentam as escolinhas de futebol, a saber Minifute, Académico, Escola de Futebol Inter

Zonas (EFIZ), Beira Mar e Escola de Iniciação de Formação de Futebol (EIFF).

De referir que o objectivo subjacente a essas actividades desportivas é o de incentivar as crianças à prática

do desporto e de promover entre elas os valores olímpicos.

Page 21: RELATÓRIO CISA 2014

CONCLUSÃO

A 8ª Edição da Convenção Internacional do Desporto em África (CISA 2014), contou com a presença de

cerca de 150 participantes de África, Europa, Ásia e Médio Oriente. Embora tivesse havido alguns

constrangimentos, nomeadamente a nível dos oradores (alguns, devido às ligações aéreas, não conseguiram

chegar ao Sal), todos os temas previstos no programa foram apresentados e discutidos, mostrando o grande

interesse que a conferência despertou nos dirigentes, gestores e amantes do desporto, mas também nos

actores do sector do turismo.

A Convenção terminou, deixando importantes contributos para o desporto visto como um grande propulsor

do desenvolvimento turístico e económico para o continente africano. Contudo, é fundamental que cada país

adopte o modelo que melhor se adapte à sua realidade e especificidades. Caso de Cabo Verde, do Sal, em

particular, as condições naturias são propícias ao desenvolvimento de desportos radicais, ciclismo e

desportos náuticos, o que não implica construção de grandes infraestruturas, tais como estádios e

polivalentes.

Aliás, a esse propósito, uma das recomendações deixadas é no sentido de haver uma planificação criteriosa

das actividades e eventos desportivos, evitando a construção de infraestruturas para um determinado evento,

sem que se tenha pensado na sua rentabilização, a médio e longo prazo, evitando elefantes brancos. Da

mesma forma, é preciso que, ao planificar um evento, se promovam actividades que mobilizem e envolvam

a população, estimulem o investimento local e dêm visibilidade à cidade/país.

Caberá aos governos “lançar um novo olhar sobre o desporto, considerado sempre como o parente pobre nos

orçamentos e de o assumir, doravante, como prioridade, de promover o engajamento entre organismos

públicos e privados com vista a reduzir as assimetrias existentes a nível das diversas realidades desportivas

africanas e de reflectir sobre as estratégias que poderão rentabilizar a indústria turística.” – Disse Sua

Excelência o Sr. Presidente da República no seu discurso de abertura da Convenção Internacional do

Desporto em África, 8ª Edição, que se realizou no Sal, de 1 a 3 de Maio de 2014, com enfoque no tema

Desporto e Turismo.

Photo Família – CISA 2014