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Organização
Apoios
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Relatório Workshop CIÊNCIA, POLÍTICA e os MEDIA Cheila Almeida1 [email protected]
Inês Domingues1 [email protected]
José Xavier2 [email protected]
Marta Agostinho1 [email protected] 1 Instituto de Medicina Molecular, Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa 2 Institute of Marine Research, Centro Interdisciplinar de Coimbra, Departmento de Zoologia, Universidade de Coimbra
Introdução A ciência de hoje já não cabe unicamente no espaço onde é desenvolvida, entendendo-se
antes como parte activa da sociedade. Os principais actores continuam a pertencer à
comunidade científica, enquanto produtores de conhecimento. No entanto, uma nova
dimensão é reclamada: a dimensão social da ciência, que implica a participação de agentes não
científicos nas questões morais, políticas e económicas associadas à actividade científica.
Este novo paradigma, baseado no diálogo público sobre a ciência, exige uma atitude diferente
da parte de todos: da comunidade científica o reforço da transferência de conhecimento e
tecnologia e o envolvimento no diálogo com outros intervenientes, como a comunicação social
e os decisores políticos; dos parceiros não científicos um reconhecimento do valor social da
ciência e do seu papel na vida dos cidadãos.
O crescimento da ciência Portuguesa na última década foi notável, quer em números, quer em
qualidade, tendo também aberto novos desafios à comunidade científica. Assiste-se, ao
despertar da consciência para a necessidade de diálogo público sobre ciência, percepcionado
não só como um dever (moral, de cidadania) como uma oportunidade de validação e extensão
da actividade científica (com repercurssões no financiamento da ciência, por exemplo). Em
termos gerais, podemos identificar quatro actores principais neste diálogo público: a própria
comunidade científica, os meios de comunicação social (moldadores da opinião pública), os
órgãos de decisão política, e o público em geral.
Os canais de comunicação existentes entre os três primeiros – comunidade científica,
comunicação social e decisão política – foram o tema do Workshop CIÊNCIA, POLÍTICA e os
MEDIA, realizado na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, no dia 15 de Abril de 2010.
Que canais de comunicação existem entre cientistas, jornalistas e decisores políticos em
Portugal? De que forma cada um destes actores influencia o diálogo e decisão pública sobre
ciência? Que medidas poderão ser tomadas para promover e incentivar a comunicação entre
eles? Estas foram as principais questões debatidas pelo workshop, organizado pelo Instituto de
Medicina Molecular da Universidade de Lisboa e pelo Instituto do Mar da Universidade de
Coimbra, que reuniu um conjunto de peritos das três áreas em foco.
O workshop pretendeu: reunir cientistas, políticos e jornalistas, promovendo o debate aberto
entre estres três grupos de interventores; colocar a ciência portuguesa na agenda pública
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durante um dia; produzir recomendações de boas práticas sobre a comunicação entre a
comunidade científica, a comunicação social e a decisão política.
De fora, à espera de nova oportunidade, ficou a discussão alargada sobre a comunicação entre
o público em geral - incluindo novas gerações, a opinião pública, os agentes económicos, entre
outros - e a comunidade científica Portuguesa.
Resultados
Divulgação e envolvimento prévio O workshop foi previamente divulgado por diversos meios e para diferentes géneros de
público relacionados com ciência, comunicação social e política. Nos meses anteriores ao
workshop, os organizadores reuniram-se com cada orador convidado para apresentar a ideia
subjacente ao workshop, explicar como surgiu o conceito, mostrar o programa e os temas que
se pretendiam discutidos. Foram ainda enviados convites por email e cartazes para diferentes
entidades para que divulgassem a iniciativa junto dos seus colaboradores. Foram tmabém
enviados alguns convites pessoais dirigidos a pessoas cuja presença na assistência constituiu
um enriquecimento para a troca de ideias e promoção do debate.
Participação Foram recebidas 190 inscrições, entre participantes, convidados, moderadores e relatores. A
audiência foi contituída sobretudo por pessoas relacionadas com ciência (150); tendo-se
registado a presença de profissionais ligados à comunicação social (32), provenientes de
diversos meios de comunicação e que desenvolvem trabalhos da área de ciência, e de alguns
profissionais relacionados com política (8). Os números de participação registados mostraram-
-se concordantes com o inicialmente esperado, tendo em vista o tema e o interesse que
desperta nos vários tipos de intervenientes.
O programa do evento e o formulário de inscrição foram disponibilizadas através do website
do workshop, na internet. Foi criada uma parceria de divulgação com a Associação Viver a
Ciência (AVAC), que publicou diversos artigos no blog da AVAC e geriu a conta do evento no
Facebook e no Twitter, para estimular a discussão sobre o tema antes do evento. A
contabilização do Facebook até dia 26 de Abril de 2010 foi de 1093 perfis associados à página
do evento. E durante este espaço de tempo ocorreram 1158 wall posts, comments, and likes
(publicações, comentários e preferências) e 582 visitas à página. Durante o dia do evento (15
de Abril) contabilizaram-se 180 Tweets relacionados com o Workshop Ciência, Política e os
Media. Este foi o tema mais comentado na comunidade do Twitter portuguesa neste dia.
O workshop foi divulgado através de vários meios informáticos como o portal do Instituto de
Medicina Molecular, o portal do Instituto Gulbenkian de Ciência e o portal da Associação de
Repórteres de Ciência e Ambiente. Além destes meios institucionais, o evento foi referido
noutros meios informáticos como jornais online, blogs e newsletters (por exemplo, Blog
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PONGPesca; Blog AVAC, Blog Bordado Inglês, Jornal online CiênciaHoje, Newsletter AVAC,
Newsletter FMUL, Portal Nós da Comunicação, Portal do Museu da Ciência da Universidade de
Coimbra).
Website | www.imm.fm.ul.pt/web/imm/cienciapoliticamedia
Facebook | www.facebook.com/pages/Workshop-Ciencia-
Politica-e-os-Media/359211429732?ref=mf
Twitter | www.twapperkeeper.com/hashtag/cienpolmedia?
sm=&sd=&sy=&em=&ed=&ey=&o=d&l=
Estrutura do Workshop De modo a premiar e a estimular a discussão de ideias, o programa consistiu 3 sessões de
debate de uma hora e meia cada, dedicadas às três diferentes perspectivas sobre o tema: a
perspectiva da comunicação social (sessão 1: qual o papel da comunicação social e como
interage com a comunidade científica), a política (sessão2: como se integra a ciência na
decisão política e como comunicam cientistas e políticos; qual o papel da comunicação social
nesta interacção) e a científica (sessão 3: para que serve comunicar ciência; quem deve e como
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deve ser feita esta comunicação).
Cada sessão foi baseada na participação activa da audiência, estimulada pala intervenção
rápida dos oradores convidados, que dispuseram de cerca de 5 minutos cada para dar uma
perspectiva geral da sua experiência profissional, evidenciar exemplos positivos e negativos
sobre o tema em discussão e soluções para fortalecer os canais de comunicação entre as
diferentes comunidades. Em cada sessão um relator registou e agragou as ideias discutidas,
tendo feito um resumo público na sessão de conclusão do workshop.
Após a conclusão do workshop, os participantes fizeram uma visita à Assembleia da Républica,
onde os esperava uma recepção com alguns deputados da Comissão Parlamentar de Educação
e Ciência, nomeadamente os deputados (Luiz Fagundes Duarte, José Ferreira Gomes, Michael
Seufert e Pedro Lynce). Foi feita uma visita guiada ao Palácio, houve a oportunidade de assistir
aos trabalhos dos deputados nas galerias da Sala do Senado e por fim foi servido um Porto de
Honra. A visita foi planeada no seguimento da reunião prévia com o Presidente da Comissão
Parlamentar de Ciência e Educação e deverá ser entendida como uma manifestação de boa
vontade na promoção da relação entre a comunidade científica e a mesma comissão.
Programa 9.00 INTRODUÇÃO E BOAS-VINDAS
JOÃO CARAÇA | FUNDAÇÃO CALOUSTE GULBENKIAN
ORGANIZAÇÃO DO WORKSHOP
9.15 SESSÃO 1
QUESTIONAR E INTERPRETAR A IMPORTÂNCIA DO QUE OS CIENTISTAS FAZEM > O EXEMPLO DO REINO UNIDO E O BALANÇO DO JORNALISMO DE CIÊNCIA EM PORTUGAL TERESA FIRMINO | JORNAL PÚBLICO
SUE NELSON | BRITISH BROADCASTING COMPANY, UK
MODERADOR: ANA GODINHO | INSTITUTO GULBENKIAN DE CIÊNCIA
11.00 SESSÃO 2
CIÊNCIA, POLÍTICA E MEDIA: > DE QUE PRECISAM OS DECISORES POLÍTICOS DOS CIENTISTAS? > COMO OS DECISORES POLÍTICOS INFLUENCIAM A ACTIVIDADE CIENTÍFICA? > QUAL O ESTADO DAS RELAÇÕES DIRECTAS ENTRE A COMUNIDADE CIENTÍFICA E OS ÓRGÃOS DE DECISÃO? > QUAL O PAPEL DA COMUNICAÇÃO SOCIAL NA POLITICA E NA PROMOÇÃO DA CIÊNCIA? ANTÓNIO GRANADO | JORNALISTA E PROFESSOR DE JORNALISMO
JOÃO FERRÃO | INSTITUTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS
JOÃO SENTIEIRO | FUNDAÇÃO PARA A CIÊNCIA E TECNOLOGIA
LUIZ FAGUNDES DUARTE | COMISSÃO PARLAMENTAR DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIA
TIAGO OUTEIRO | INSTITUTO DE MEDICINA MOLECULAR
MODERADOR: ALEXANDRE QUINTANILHA | UNIVERSIDADE DO PORTO
14.00 SESSÃO 3
O QUE SE PRETENDE COM COMUNICAÇÃO DE CIÊNCIA: > DIVULGAÇÃO, DIÁLOGO E/OU LOBBY?
ANA NORONHA | CIÊNCIA VIVA
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JOSÉ XAVIER | INSTITUTO DO MAR DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA / BRITISH ANTARCTIC SURVEY
MARTA AGOSTINHO | INSTITUTO DE MEDICINA MOLECULAR
PAULO GAMA MOTA | MUSEU DA CIÊNCIA DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA
MODERADOR: JOANA BARROS | ASSOCIAÇÃO VIVER A CIÊNCIA
15.30 CONCLUSÕES DO WORKSHOP
AGREGAÇÃO DAS IDEIAS GERAIS DO DIA PELOS RAPPORTEURS
16.00 ENCERRAMENTO DO WORKSHOP
Resultados de cada sessão SESSÃO 1 – Enfâse nos Media
A sessão 1 foi preparada com o objectivo de perceber o papel da comunicação social na ligação
da ciência com o público em geral e na formação de opinião pública sobre ciência. Nesta
sessão foi referido que o jornalismo de ciência em Portugal está a atravessar um período difícil
(vários intervenientes afirmaram que serão menos de 10 jornalistas de ciência em Portugal),
algo que aconteceu há alguns anos no Reino Unido. Foi salientado que o uso das novas
tecnologias como a internet, blogs, podcasts, vídeos, poderão facilitar o trabalho de todos os
que estão interessados em falar sobre temas de ciência. Foi também referido que a
comunicação entre a comunidade jornalística e científica tem de ser melhorada, de modo a
reforçar a confiança entre os interlocutores. Os cursos de comunicação de ciência foram
mencioanados como um trabalho necessário para o reforço destas relações. Por fim falou-se
da necessidade da comunidade científica portuguesa se organizar e ser pro-activa. Para
compreender melhor o papel dos jornalistas, referiu-se o exemplo da criação de bolsas que
promovam o contacto entre cientistas e os media (nos jornais por exemplo), algo que tem sido
feito no Reino Unido.
SESSÃO 2- Enfâse na Política
Na sessão 2, focada na decisão política, foi referido que a Comissão Parlamentar de Educação
e Ciência está disponível para ouvir os cientistas e que existe uma necessidade de promover
um “lobby” científico na Assembleia da Républica, nos media e até entre a comunidade
científica. Foi também referido que há necessidade de criar políticas públicas e económicas
para complementar as ligações entre cientistas, políticos e os media, numa perspectiva do
contributo que cada interveniente pode acrescentar. No entanto, salientou-se que a entrada
dos jovens cientistas no sistema académico português é difícil, algo que não acontecerá
noutros países como por exemplo nos EUA. Identificou-se a necessidade da existência de uma
estrutura de consulta científica eficiente, que sirva de suporte para a comunidade política
tomar decisões, e para o acompanhamento do processo de discussão à execução das decisões.
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SESSÃO 3 – Enfâse na Ciência
Na sessão 3, a perspectiva da divulgação científica esteve em evidência. Salientou-se o papel
dos jovens cientistas na sociedade e de como podem ser fundamentais para a comunidade
científica se organizar. Foi referido que está a surgir uma nova perspectiva do que é ser
cientista, baseada na conjugação de uma actividade de investigação de qualidade e na
comunicação de ciência. Foi discutido que um dos aspectos mais importantes para os
investigadores é saber como gerir o tempo de acordo com os seus objectivos científicos. Foi
referido também que, para o público em geral e para o público escolar, é importante
desmistificar o conceito clássico de cientista como homem, alheado da sociedade, e fechado
no laboratório. Foi referido que é necessário inspirar as novas gerações para a ciência e
motivá-las a seguir esses interesses; e que para promover a acção dos cientistas é importante
estimular a comunidade científica a fazer comunicação de ciência. Realçou-se que nas
propostas de projectos científicos existe uma secção de comunicação de ciência e que os
avaliadores dos projectos científicos deveriam valorizar essa componente. Evidenciou-se a
importância de existirem gabinetes de comunicação nos institutos / universidades para
facilitar e estimular os cientistas a comunicar o seu trabalho. Por fim, foi referido o papel
importante que a Agência Ciência Viva e os Museus de Ciência têm na sociedade para
promover a comunicação de ciência para o público em geral.
Objectivos para o Futuro Como tarefas futuras a organização pretende continuar a promover de diferentes formas o
debate sobre as opiniões que afectam as àreas científica, política e de comunicação social.
Elas serão caracterizados por tarefas simples e facilmente executáveis, e que sejam úteis às
comunidades científica, política e jornalística:
- Artigos de opinião
- Audiências na Assembleia da Républica
- Acções educativas associadas à comunicação de ciência
Agradecimentos A organização agradece a todos os convidados pelo empenho no sucesso do evento e a
disponibilidade que tiveram em discutir as ideias subjacentes ao workshop em reuniões
prévias. A todos que no dia se empenharam em transformar o workshop numa troca de ideias
construtiva. E aqueles que, nos bastidores, colaboraram para a concretização e na preparação
do workshop: Ana Barriga, Ana Catarina Rebelo, Helder Miranda, Inês Crisostomo, Margarida
Trindade, , Paulo Madruga, Sílvia Castro e Sílvio Mendes.
Anexos
Fotografias
1. Introdução (José Xavier, Marta Agostinho e João Caraça)
2. Sessão 1: Questionar e interpretar a importância do que os cientistas fazem (Nicolau Ferreira, Ana Godinho, Teresa Firmino e Sue Nelson)
3. Sessão 1: Questionar e interpretar a importância do que os cientistas fazem (Nicolau Ferreira, Ana Godinho, Teresa Firmino e Sue Nelson)
4. Sessão 2: Ciência, política e media (Alexandre Quintanilha, Suely Costa, João Ferrão, Tiago Outeiro, António Granado, Luiz Fagundes Duarte, João Sentieiro
5. Sessão 3: O que se pretende com comunicação de ciência (Joana Barros, Sílvio Mendes, Marta Agostinho, Paulo Gama Mota, Ana Noronha, José Xavier)
6. Sessão 3: O que se pretende com comunicação de ciência (Joana Barros, Sílvio Mendes, Marta Agostinho, Paulo Gama Mota, Ana Noronha, José Xavier)
7. Visita à Assembleia da República
8. Visita à Assembleia da República