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Ecologia e Caracterização do Núcleo de Gralha-de-
bico-vermelho (Pyrrhocorax pyrrhocorax, Linnaeus
1758) no Parque Natural do Alvão
Relatório Final de Estágio Licenciatura em Ecologia Aplicada
Carla Sónia Freitas Pereira
Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro
Vila Real, 2006
Agradecimentos
A realização deste trabalho não seria possível sem a ajuda de várias pessoas que
directa ou indirectamente deram o seu contributo.
Ao Professor Doutor João Cabral pela coordenação do trabalho e por toda a sua
atenção e ajuda.
Ao Paulo Travassos por ter aceite orientar e acompanhar a realização deste
trabalho, assim como por toda a disponibilidade, apoio e amizade demonstrada, pela
bibliografia cedida e pelas exaustivas revisões do relatório.
Ao Laboratório de Ecologia Aplicada, nomeadamente aos Mestres Mário Santos,
Pedro Santos, Edna Cabecinha pela amizade e o apoio prestado.
À D. Helena do Laboratório de Ecologia Aplicada pela atenção e simpatia.
Ao Sr. Director do Parque Natural do Alvão Engº Henrique Pereira por todas as
facilidades concedidas para a concretização do plano de estágio.
Ao Engº Paulo Barros, técnico do Parque Natural do Alvão, por toda a
cooperação e ajuda disponibilizada.
Aos técnicos e vigilantes do Parque Natural do Alvão, por toda a disponibilidade
prestada, pela companhia e colaboração dispensada.
Ao director do Parque Natural do Douro Internacional pela colaboração e
cedência do material de telemetria.
Ao Dr. António Monteiro pelo incentivo, disponibilidade e cedência de
informação.
Ao Dr. Francisco Álvares pela informação cedida sobre observações de Gralha-
de-bico-vermelho no Noroeste Transmontano.
Ao Dr. João Carlos Farinha e Dr. Filipe Bally pelos esclarecimentos prestados e
disponibilização de bibliografia.
À equipa do centro de anilhagem do ICN, Vítor Encarnação e Michael Hamlin
pelo apoio e colaboração na captura e anilhagem das aves.
A todos os meus amigos e colegas de curso, com especial carinho à Carla e ao
Diogo, que me fazem companhia desde o primeiro ano de curso e me acompanharam
nas saídas de campo. Obrigado pela amizade e pelo apoio demonstrado ao longo destes
anos.
A uma pessoa muito especial, que esteve sempre ao meu lado, tanto nos
momentos mais difíceis como nos mais fáceis, ao meu querido namorado Pedro.
Obrigado pela paciência, cumplicidade e apoio desde sempre e pela colaboração na
companhia e realização deste trabalho.
E por fim, com muito carinho, aos meus pais, a quem deve tudo o que sou e por
me terem dado a oportunidade de tirar o Curso de Ecologia Aplicada. Obrigado pela
compreensão, empenho, incentivo, cuidado e amor e por tudo o que me ensinaram na
vida.
I
ÍNDICE GERAL
ÍNDICE GERAL --------------------------------------------------------------------------------- I
ÍNDICE DE FIGURAS------------------------------------------------------------------------ III
ÍNDICE DE TABELAS ------------------------------------------------------------------------ V
RESUMO --------------------------------------------------------------------------------------- VI
1. INTRODUÇÃO ------------------------------------------------------------------------------- 1
1.1 - CARACTERIZAÇÃO DA ESPÉCIE------------------------------------------------- 1
1.2 – DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA MUNDIAL ------------------------------------- 2
1.3 – DISTRIBUIÇÃO E ESTATUTO DE CONSERVAÇÃO EM PORTUGAL ---- 3
1.4 – REQUISITOS ECOLÓGICOS-------------------------------------------------------- 5
1.4.1 – HABITAT -------------------------------------------------------------------------- 5
1.4.2 – ALIMENTAÇÃO ----------------------------------------------------------------- 6
1.4.3 – REPRODUÇÃO ------------------------------------------------------------------- 7
2. A TELEMETRIA NA MONITORIZAÇÃO ANIMAL ---------------------------------- 7
2.1 – ANTENA -------------------------------------------------------------------------------- 8
2.2 – RECEPTOR ----------------------------------------------------------------------------- 9
2.3 – TRANSMISSORES -------------------------------------------------------------------10
2.4 – TÉCNICAS DE LOCALIZAÇÃO DOS TRANSMISSORES -------------------11
2.5 – CAPTURA E MARCAÇÃO INDIVIDUAL ---------------------------------------12
3. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO ----------------------------------------13
3.1 – LOCALIZAÇÃO ----------------------------------------------------------------------13
3.2 – TOPOGRAFIA-------------------------------------------------------------------------14
3.3 – GEOLOGIA E LITOLOGIA---------------------------------------------------------15
3.4 – HIDROGRAFIA-----------------------------------------------------------------------15
3.5 – CLIMA----------------------------------------------------------------------------------15
3.6 – OCUPAÇÃO DOS SOLOS ----------------------------------------------------------17
3.7 – FLORA----------------------------------------------------------------------------------17
3.8 – FAUNA ---------------------------------------------------------------------------------18
4. OBJECTIVOS --------------------------------------------------------------------------------19
5. METODOLOGIA ----------------------------------------------------------------------------20
5.1 – MARCAÇÃO INDIVIDUAL E RADIOSEGUIMENTO ------------------------20
II
5.2 – DISTRIBUIÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DA POPULAÇÃO DO ALVÃO -21
5.3 – ESTRUTURA DO HABITAT -------------------------------------------------------23
6. RESULTADOS-------------------------------------------------------------------------------24
6.1 – MARCAÇÃO DE INDIVÍDUOS E RADIOSEGUIMENTO--------------------24
6.2 - DISTRIBUIÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DA POPULAÇÃO DO ALVÃO -26
6.2.1 – ESTADO DA POPULAÇÃO ---------------------------------------------------28
6.2.1.1 – POPULAÇÃO REPRODUTORA--------------------------------------------29
6.2.1.2 – POPULAÇÃO NÃO REPRODUTORA-------------------------------------31
6.3- ESTRUTURA DO HABITAT --------------------------------------------------------32
7. DISCUSSÃO ---------------------------------------------------------------------------------35
7.1 – MARCAÇÃO DE INDIVÍDUOS E RADIOSEGUIMENTO--------------------35
7.2 - DISTRIBUIÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DA POPULAÇÃO DO ALVÃO -36
7.2.1- ESTADO DA POPULAÇÃO ----------------------------------------------------40
7.3- ESTRUTURA DO HABITAT --------------------------------------------------------43
8. CONCLUSÃO--------------------------------------------------------------------------------46
9. BIBLIOGRAFIA -----------------------------------------------------------------------------49
ANEXOS-----------------------------------------------------------------------------------------58
Anexo 1----------------------------------------------------------------------------------------59
Anexo 2----------------------------------------------------------------------------------------64
Anexo 3----------------------------------------------------------------------------------------65
Anexo 4----------------------------------------------------------------------------------------66
Anexo 5----------------------------------------------------------------------------------------67
Anexo 6----------------------------------------------------------------------------------------68
III
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1 – Descrição e Classificação da espécie ----------------------------------------------1
Figura 2 – Distribuição Mundial da Gralha-de-bico-vermelho------------------------------2
Figura 3 – Distribuição da espécie em Portugal-----------------------------------------------3
Figura 4 – Antena Yagi de três elementos----------------------------------------------------- 9
Figura 5 – Receptor TRX-1000S---------------------------------------------------------------10
Figura 6 – Transmissor convencional (A) e fita de teflon (C)------------------------------10
Figura 7 – Localização geográfica do Parque Natural do Alvão em Portugal----------- 13
Figura 8 – Níveis ecológicos para a área do Parque Natural do Alvão------------------- 14
Figura 9 – Pombo no qual foi realizado o ensaio de colocação do transmissor----------21
Figura 10 – Imagem do macho anilhado (foto esquerda) e fêmea anilhada (foto direita)-
------------------------------------------------------------------------------------------ 24
Figura 11 – Representação da área percorrida durante o radioseguimento e quadrículas
onde se registaram a recepção de sinal, no PNAl-------------------------------25
Figura 12 – Mapa da frequência dos contactos obtidos por radioseguimento------------25
Figura 13 – Representação do período de emissão de sinal do transmissor em cada ave--
-------------------------------------------------------------------------------------------26
Figura 14 – Mapa da frequência de contactos com a Gralha-de-bico-vermelho, no PNAl
em 2006------------------------------------------------------------------------------ 27
Figura 15 – Comportamento dos indivíduos de Gralha-de-bico-vermelho antes de
recolher no dormitório------------------------------------------------------------- 28
Figura 16 – Representação da hora de chegada e da última ave a entrar em relação ao
pôr-do-sol, ao longo de 8 meses-------------------------------------------------- 29
Figura 17 – Macho anilhado em vigilância junto ao local do ninho---------------------- 30
Figura 18 – Imagem do casal (foto esquerda) e do macho anilhado (foto direita), no
corte da mina------------------------------------------------------------------------ 31
Figura 19 – Imagem de 7 indivíduos no corte da mina a 27 de Fevereiro--------------- 31
Figura 20 – Cartografia da vegetação do PNAl com sobreposição dos locais de
alimentação (• ) da Gralha-de-bico-vermelho detectados durante os trabalhos
de campo-----------------------------------------------------------------------------33
Figura 21 – Tipo de habitat frequentado pela Gralha-de-bico-vermelho no PNAl------33
Figura 22 – Amostras dos dejectos recolhidos no local do dormitório da Gralha-de-bico-
vermelho------------------------------------------------------------------------------34
IV
Figura 23 – Mapa do total de contactos com a Gralha-de-bico-vermelho, desde o ano
1991 até ao ano 2005----------------------------------------------------------------37
Figura 24 – Mapa da média de indivíduos observados por quadrícula, desde o ano 1991
até ao ano 2005----------------------------------------------------------------------37
Figura 25 – Gráfico de comparação entre o número de aves do ano-tipo (valores médios
dos últimos 15 anos até 2005) e o número de aves registados no ano 2006----
-----------------------------------------------------------------------------------------39
Figura 26 – Evolução da média de indivíduos de Gralha-de-bico-vermelho observados
ao longo dos últimos 15 anos----------------------------------------------------- 40
V
ÍNDICE DE TABELAS Tabela 1 – Núcleos Populacionais (em número de indivíduos no Inverno) --------------- 4
Tabela 2 – Valores de Temperatura máxima e mínima (ºC), no período de 1961 – 1990,
de Vila Real---------------------------------------------------------------------------- 16
Tabela 3 – Valores mensais de precipitação, de Lamas de Olo e Vila Real, no período de
1961 -1990----------------------------------------------------------------------------- 16
Tabela 4 – Período de permanência das câmaras nos dormitórios------------------------- 30
Tabela 5 – Comparação de biometrias de Gralha-de-bico-vermelho em três estudos
diferentes------------------------------------------------------------------------------- 35
VI
RESUMO
A população nacional de Gralha-de-bico-vermelho (Pyrrhocorax pyrrhocorax)
encontra-se classificada como “Em Perigo” e acompanha a tendência mundial da
espécie, cujas populações se encontram em acentuada regressão. Nesta perspectiva o
presente trabalho teve como objectivo determinar a fenologia e estatuto local da espécie,
bem como a estrutura do habitat utilizado e a dieta alimentar, no Parque Natural do
Alvão. Com esse intuito, recorreu-se a métodos de observação directa, à utilização de
câmaras fotográficas de detecção remota, à marcação individual e ao radioseguimento
de aves.
Ao longo de 8 meses (de Fevereiro a Outubro de 2006), foi avaliada a
constituição da população. O número de aves que compõe o grupo estudado variou ao
longo do ano; observou-se um maior número de indivíduos durante o período de
Inverno (em média 16 indivíduos) tendo este número decrescido no período reprodutor
(em média 4 indivíduos). Confirmou-se, para o ano de 2006, a presença de um casal
reprodutor com indícios de nidificação possível. A Gralha-de-bico-vermelho utiliza
nesta área dois dormitórios: uma cavidade em maciço granítico e um corte de
exploração mineira no subsolo, este último utilizado com maior frequência.
O método de radioseguimento permitiu obter a confirmação da fidelidade aos
dormitórios monitorizados e determinar as principais áreas utilizadas para alimentação.
O habitat utilizado pela espécie encontra-se acima dos 700 metros, caracterizado
essencialmente pela presença de afloramentos rochosos graníticos, associados a
vegetação rasteira constituída por Carqueija (Pterospartum tridentatum), Urzes (Erica
arborea e Erica cinerea) e por herbáceas. Nos locais amostrados foram registados
indícios da sua utilização por gado bovino Maronês e caprino, assim como por Coelho-
bravo (Oryctolagus cuniculus). O estudo das amostras de dejectos recolhidos nos
dormitórios desta ave revelou a presença de insectos na sua dieta alimentar, dos quais se
destacam os Aracnídeos (Aranhas), Coleópteros (Escaravelhos), Dípteros (Moscas) e
Hymenopteros (Formigas) e ainda sementes de diferentes espécies de plantas.
Nas conclusões do trabalho são propostas algumas medidas para conservação da
espécie e gestão de habitat no Parque Natural do Alvão, bem como algumas linhas de
investigação futuras que podem contribuir para um melhor conhecimento do
comportamento e dinâmica populacional desta ave.
1
1. INTRODUÇÃO
1.1 - CARACTERIZAÇÃO DA ESPÉCIE
A Gralha-de-bico-vermelho (Pyrrhocorax pyrrhocorax) é uma das doze espécies
da família dos Corvídeos que ocorre na Europa, das quais sete surgem em Portugal (à
qual pertencem, o Gaio, a Pega e o Corvo, por exemplo). É uma espécie de dimensões
médias e plumagem negra, com reflexos azulados, que contrastam com as patas e o bico
curvo vermelho vivo, distinguindo-se dos restantes corvídeos pelo seu comportamento.
Com efeito, à parte das vocalizações e voos acrobáticos é a única espécie especialista no
que se refere às exigências de habitat e alimentação, consumindo exclusivamente
insectos e ocupando zonas onde se pratica uma agricultura e pastorícia tradicional
(ÁLVARES, 2001).
A Gralha-de-bico-vermelho é uma ave iminentemente gregária, com uma
estrutura social centrada em dormitórios comunitários (ZUÑIGA (1989) in JORGE,
1994).
Figura 1: Descrição e classificação da espécie.
Classificação Científica Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Aves
Ordem: Passeriformes
Família: Corvidae
Género: Pyrrhocorax
Espécie: P. Pyrrhocorax
Nomenclatura binomial
Pyrrhocorax pyrrhocorax
Linnaeus, 1758
Características Comprimento: 39 a 40 cm Envergadura: 76 a 80 cm Peso: 280 a 360 g Longevidade: 14 anos
2
1.2 – DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA MUNDIAL
A Gralha-de-bico-vermelho encontra-se associada a zonas costeiras ou
montanhosas. É uma espécie de vasta mas descontínua distribuição abrangendo a
Europa, o Médio Oriente, a Ásia Central e pontualmente o Noroeste e o Nordeste de
África. Na Europa, a espécie encontra-se repartida em grande parte pela Península
Ibérica e localmente pela Grã-Bretanha, Irlanda, França, Itália, Sardenha, Sicília e
Península Balcânica (Figura 2) (PIMENTA et al, 1996).
Figura 2: Distribuição Mundial da Gralha-de-bico-vermelho (Adaptado de: PERRINS et al, 1998).
Esta espécie tem vindo a sofrer uma tendência regressiva nos últimos dois
séculos, praticamente em toda a sua área de distribuição, culminando na extinção local
em muitas regiões, onde outrora era comum.
A nível internacional a BirdLife Internacional atribui-lhe actualmente a categoria
de SPEC 3 (Espécie com estatuto de conservação desfavorável, não concentrada na
Europa) (TUCKER, 1994). Na Península Ibérica, a população de Pyrrhocorax
pyrrhocorax também se encontra em declínio, encontrando-se em Espanha classificada
como “Quase ameaçada” (MADROÑO et al (2004) in ICN, 2006).
3
1.3 – DISTRIBUIÇÃO E ESTATUTO DE CONSERVAÇÃO EM PORTUGAL
Os dados relativos à ocorrência e distribuição da Gralha-de-bico-vermelho
relativamente a Portugal encontram-se distribuídos pelas seguintes áreas: Serra do
Gerês, Douro Internacional, Serra da Estrela, Serra do Alvão, Serra dos Candeeiros,
Idanha-a-Nova e Costa Sudoeste (Figura 3) (FARINHA & TEIXEIRA (1989);
FARINHA (1991) in NASCIMENTO, 1996).
Figura 3: Distribuição da espécie em Portugal (Fonte: ÁLVARES, 2001).
Embora seja uma espécie característica das encostas escarpadas das zonas de
montanha (altitudes superiores a 1000m), a situação da população da Gralha-de-bico-
vermelho neste tipo de biótopos é bastante mal conhecida e aparentemente crítica em
Portugal (ÁLVARES et al, 1998).
Os últimos censos nacionais sobre a Gralha-de-bico-vermelho até á data foram
realizados por JOÃO CARLOS FARINHA, entre 1986-1988 e em 1990, tendo sido
localizadas seis áreas de reprodução em todo o país. Em 1998, com base na compilação
da informação disponível nas áreas protegidas onde ocorre e nos resultados do censo da
Legenda: Núcleos populacionais Núcleos possivelmente extintos $ Observações isoladas (durante a década de 90)
4
população no Noroeste de Portugal efectuado por FRANSCISCO ÁLVARES
conjuntamente com técnicos do Parque Nacional Peneda-Gêres e Parque Natural do
Alvão, foram detectadas nove áreas onde ocorrem núcleos reprodutores desta espécie,
embora em alguns deles a nidificação não esteja confirmada (Tabela 1) (ÁLVARES,
2001).
Contudo, é importante salientar que os valores populacionais obtidos para cada
núcleo, correspondem ao número total de indivíduos registados durante o Inverno, junto
de cada área de reprodução, o que significa um menor número de aves adultas
reprodutoras observáveis.
Para além das áreas citadas, há que acrescentar mais duas de ocorrência actual
possível ou de recente extinção, respectivamente, (Idanha-a-Nova e Serra do Marão),
uma vez que, apesar da ausência de observações recentes, a presença desta espécie
estava confirmada há poucos anos (ÁLVARES, 2001).
Tabela 1: Núcleos Populacionais (em número de indivíduos no Inverno) (Fonte: ÁLVARES, 2001).
ª (FARINHA, 1991); b (ÁLVARES et al., 1998); c (REINO, 1994); d (FIGUEIRA, com. pess.); e (MONTEIRO com. pess.); f (DIAMANTINO, com. pess.); h (NOIVO, com. pess.).
Núcleos 1986 1990 1998 (Nidificação)
1. Peneda-Gerês 30-70a, b 30-60a,b 30b (Confirmada)
2. Douro Internacional 300a 300a 100-150e (Confirmada)
3. Serra da Estrela 15a 70-100f 35-40f (Provável)
4. Serra dos Candeeiros 250a 150a 135-140g (Confirmada)
5. Idanha-a-Nova 10a --a ?
6. Costa Sudoeste 150a 60a 80-90h (Confirmada)
7. Serra do Barroso ? <10b <10b (Provável)
8. Serra do Alvão >10b <10b <10b (Provável)
9. Serra do Marão <10b <10b ?
10. Rio Chanca ? ? <10d (Provável)
11. Montesinho ? ? <10c (Provável)
No Parque Natural do Alvão é confirmada por NASCIMENTO (1994) in
NASCIMENTO (1996), a existência de um núcleo de quatro indivíduos, dentro dos
limites do parque, mais especificamente na zona envolvente à povoação de Arnal. Este
5
autor aponta a espécie como ausente na zona das Fisgas de Ermelo, uma vez que no
inventário que realizou não foi encontrado nenhum indivíduo.
Apesar das observações e considerações realizadas por NASCIMENTO (1994)
in NASCIMENTO (1996) no Parque Natural do Alvão não confirmarem nidificação,
motivaram a necessidade de um conhecimento e interesse mais profundo sobre esta
espécie. A informação recolhida sobre a Gralha-de-bico-vermelho apesar de
insuficiente, revelou, em termos ecológicos, que as práticas actuais de pastorícia são
incorrectas; que as regiões limítrofes se encontram intensamente pastoreadas e
queimadas com uma crescente pressão turística, nomeadamente o montanhismo e a
escalada, criando um cenário pouco favorável para a conservação futura da espécie.
A Gralha-de-bico-vermelho está incluída no Anexo I da Directiva Comunitária
Europeia 79/409/CEE para a conservação de aves selvagens e segundo o Livro
Vermelhos dos Vertebrados de Portugal (CABRAL et al, 2006) encontra-se classificada
como Em Perigo.
Admite-se que esta espécie pode ter sofrido nos últimos 10 anos uma acentuada
redução na sua população, com base nas evidências de declínio nas áreas de ocorrência
e extensão da distribuição, bem como da redução das áreas de pousios como áreas de
alimentação. Apoios à manutenção das formas tradicionais de agricultura e pastorícia
são imprescindíveis para a salvaguarda desta espécie.
1.4 – REQUISITOS ECOLÓGICOS
1.4.1 – HABITAT A Gralha-de-bico-vermelho é uma espécie que depende de paisagens
diversificadas, ou seja, de um mosaico agrícola onde existam áreas de pastagens
extensivas, restolhos, pousios e terrenos aráveis. Os locais escolhidos por esta espécie
encontram-se normalmente sujeitos a uma fraca pressão humana (RUFINO (1989) in
ICN, 2006).
Para nidificação, a Gralha-de-bico-vermelho prefere fendas e buracos situados
em furnas marítimas ou escarpas inacessíveis, tanto costeiras como de montanha, ou em
algares de maciços calcários. Aquando a inexistência de formações naturais adequadas,
pode também ocupar construções humanas, como por exemplo, minas abandonadas ou
velhas habitações. Segundo FARINHA (1991), estes locais continuam a ser ocupados
6
depois da época da reprodução, podendo ser abandonados temporariamente em troca de
um dormitório comunitário.
Segundo FARINHA (1991), a Gralha-de-bico-vermelho selecciona como
principais áreas de alimentação sistemas agrícolas extensivos, áreas tradicionalmente
utilizadas como pastagens e outros habitats semi-naturais com abundantes espaços
abertos. Esta espécie, geralmente, alimenta-se em pares ou bandos, usando terrenos que
permitam um fácil acesso às presas, através da escavação das camadas superficiais do
solo, como por exemplo, as áreas rochosas com vegetação baixa, pastagens
frequentemente utilizadas pelo gado, restolhos e alguns matos recentemente queimados
(GOODWIN (1986) & FARINHA (1991) in ICN, 2006).
Durante a exploração dos recursos alimentares, utiliza o bico para virar pedras,
ou para escavar e remexer no interior dos excrementos do gado (FARINHA, 1991).
A área de alimentação utilizada pelas Gralhas-de-bico-vermelho reprodutoras,
durante a época de nidificação, é uma área próxima do ninho, que pode ser partilhada
por mais do que um casal. A área de alimentação vai sendo progressivamente alargada à
medida que o período de nidificação se desenvolve, podendo mesmo ocorrer
sobreposição com as áreas utilizadas durante todo o ano, pelos bandos de indivíduos
não reprodutores. A localização dos dormitórios podem ocorrer em grutas, algares,
furnas marítimas ou escarpas. Durante a época de nidificação a fêmea dorme no ninho,
encontrando-se o macho perto deste, até os jovens abandonarem a área de nidificação
(FARINHA, 1991).
1.4.2 – ALIMENTAÇÃO
De uma forma geral, a Gralha-de-bico-vermelho é omnívora. Segundo DORY
(1983) a alimentação desta espécie é distinta em cada estação do ano. Os bandos
frequentam durante o Inverno altitudes entre os 100 e os 1000m, constituído por vales
baixos, onde o solo se encontra normalmente descoberto de neve, alimentando-se de
bagas, sementes e frutos. Durante este período de Outono e Inverno é também frequente
na alimentação desta espécie as formigas e os aracnídeos. Com a chegada da Primavera,
os indivíduos procuram altitudes mais elevadas, entre os 500 e 1500m. A alimentação
torna-se menos vegetariana e mais “insectívora”, como consequência do aumento da
disponibilidade de invertebrados. De entre as espécies de insectos tanto os Coleoptera
como os Orthoptera e os Hymenoptera suportam a base da dieta da Gralha-de-bico-
vermelho, desde o Verão até ao final do Outono. A procura de alimento por parte desta
7
ave por cotas mais elevadas durante a época de estio, coincide também com os locais
frequentados por manadas e rebanhos, surgindo uma maior quantidade de insectos sobre
os dejectos do gado (ROBERTS, 1988a & SOLER et al, 1993).
1.4.3 – REPRODUÇÃO
A estrutura social da população da Gralha-de-bico-vermelho inclui indivíduos
reprodutores e indivíduos não reprodutores. Estas aves são, em geral, reprodutores
solitários que acasalam para toda a vida. A idade de reprodução é atingida, em média,
aos três anos. De acordo com FARINHA (1991), esta espécie inicia a reprodução na
segunda semana de Março. A construção do ninho é feita por ambos os adultos, sendo
que, a maior parte do trabalho estrutural é realizado pelo macho, utilizando para tal,
paus e ervas secas. A construção do ninho demora cerca de duas semanas, iniciando-se
geralmente na segunda semana de Março. A postura compreende três a cinco ovos e
realiza-se, geralmente, em Maio. A incubação é inteiramente realizada pela fêmea e tem
uma duração de 17-18 dias. Durante o período de choco, a fêmea é alimentada pelo
macho, em intervalos de 20 a 35 minutos. A época de nidificação termina em finais de
Maio e princípios de Junho, com a saída dos juvenis do ninho (FARINHA, 1991).
2. A TELEMETRIA NA MONITORIZAÇÃO ANIMAL
A biotelemetria convencional é usada há mais de 30 anos para localizar aves e
outros animais. A radiotelemetria envolve a aplicação de transmissores que emitem
sinais cuja frequência é detectada e registada por receptores específicos. No caso em
que se utilizam vários transmissores em simultâneo, estes emitem em frequências
próprias e não sobreponíveis, permitindo individualizá-los. As inovações nos sistemas
de biotelemetria levaram ao desenvolvimento de sensores de menores dimensões e
transmissores mais sofisticados, permitindo recolher e transmitir uma maior quantidade
de informação.
A monitorização radiotelemétrica quando aplicada à gestão da vida selvagem
tem por objectivo a obtenção de informação a longas distâncias sobre o animal, no qual
foi colocado um transmissor. A telemetria tem possibilitado aos investigadores da fauna
selvagem um aumento de eficiência na recolha de informação ao nível do
8
comportamento, movimentação, uso do habitat, sobrevivência e reprodução dos
indivíduos.
Na década de 80, desenvolveram-se os Platform Terminal Transmitters ou PTTs
(compatíveis com o Sistema Argos), para monitorização da vida selvagem. Os satélites
possibilitaram um aumento da capacidade dos sistemas convencionais, tornando
possível monitorizar a vida selvagem e prever migrações de aves a uma escala
continental e transcontinental. Assim, na década de 90, desenvolveram-se pequenos
transmissores, incluindo receptores do Sistema de Posicionamento Global (GPS), com
cerca de 200g, utilizáveis em animais de médio e grande porte. No final do século
passado, surgem transmissores GPS para aves, com 33g e PTTs com 17g, activados por
radar a altas frequências, permitindo uma maior eficiência na localização das aves e
causando-lhes o mínimo de perturbação possível (PEREIRA, 2002).
Em Portugal, a telemetria foi aplicada em aves como: o Peneireiro-das-torres
(Falco naumanni), o Mocho-galego (Athene noctua) ou o Caimão (Porphyrio
porphyrio). De momento existem projectos a decorrer, tais como, “Estudo de dispersão
de juvenis de Abetarda”; “Estudo de radioseguimento de juvenis de Águia-real e de
Águia de Bonelli”; “Estudo de dispersão e migração da Cegonha-preta” e o “Estudo
sobre os movimentos do Sisão”. Da nossa pesquisa bibliográfica resulta o facto de não
se encontrar referências ao uso da radiotelemetria em passeriformes, pelo que o nosso
estudo poderá ser pioneiro na Gralha-de-bico-vermelho.
2.1 – ANTENA
As antenas podem ser utilizadas manualmente ou colocadas em bases fixas ou
em veículos. A antena Yagi é uma antena que compreende os modelos de antenas mais
potentes e efectivos na determinação do ângulo de origem do sinal. Basicamente, este
tipo de antena possui um elemento direccional (frente) e um elemento reflector (fundo
da antena). A antena Yagi manual pode ter dois a cinco elementos, neste caso, a antena
exposta na Figura 4 apresenta três elementos, o que lhe permite uma captação do sinal a
uma distância de 10Km (SANTOS, 2006). Cada elemento director adicional aumenta a
distância a que a antena pode captar o sinal. Independentemente do tipo de antena, os
elementos devem ser mantidos direitos e paralelos entre si, para assegurar máxima
eficiência receptora. Para uma boa recepção do sinal, é também necessário que durante
a operação, a antena se encontre em paralelo com o chão.
9
Figura 4: Antena Yagi de três elementos.
A intensidade dos sinais de rádio decresce a uma taxa de 75%, cada vez que
duplica a distância entre o transmissor e o receptor, numa situação onde não existam
barreiras. Numa condição, em que o transmissor e a antena de recepção se encontrem ao
nível do solo, essa proporção de variação na intensidade do sinal será influenciada por
diversos factores, que de uma forma geral, tornam a taxa de decréscimo mais elevada do
que 75%. Esses factores perturbadores podem ser encontrados em obstáculos, como
montanhas, sebes, rochas, áreas de vegetação muito densas ou mesmo um tronco de
árvore, que reflectem as ondas vibratórias em propagação, causando mudanças na sua
direcção e velocidade ao passarem de um meio para o outro, prejudicando a recepção
dos sinais (PIOVEZAN et al, 2004).
2.2 – RECEPTOR
O receptor tem como função receber o sinal captado pela antena (à qual se
encontra ligado por um cabo coaxial), amplificá-lo e torná-lo audível para o utilizador.
Deverá, também ser capaz de detectar e distinguir os sinais das diferentes frequências.
10
A
C
B
Figura 5: Receptor TRX-1000S.
O receptor TRX-1000S (Figura 5) é um modelo sofisticado e fácil de funcionar,
com capacidade de localizar cerca de 200 animais. A maioria dos receptores opera em
VHF, entre os 30 e os 300 MHz. Os típicos transmissores VHF abrangem uma distância
de 5-10 km quando emitida por meios terrestres, que pode ser aumentada para 10-25 km
se recebida por meios aéreos (RODGERS et al (1996) in MECH et al, 2002). Os
receptores são constituídos por baterias substituíveis e/ou recarregáveis, podendo
igualmente ser ligados ao sistema eléctrico de uma viatura.
2.3 – TRANSMISSORES
Os transmissores ou unidades transmissoras convencionais são formados por
uma antena e por uma fonte de energia.
Figura 6: Transmissor convencional (A) e fita de teflon (C).
11
O bloqueio da emissão do sinal realiza-se por meio de um íman (B) colocado
junto ao transmissor que é removido quando se activa o sistema.
Uma ampla variedade de métodos de fixação de transmissores é actualmente
usada, como: arreios corporais, fixação no dorso da ave com adesivos, colares, fixação
nas retrizes e implantes abdominais ou subcutâneos. O tipo de método utilizado na
colocação dos transmissores é um factor determinante na duração do transmissor no
animal (SMITH et al, 1981). No caso da Gralha-de-bico-vermelho, o transmissor foi
colocado no dorso (tipo “mochila”), com o auxílio da fita de teflon (C), linha cirúrgica e
cola.
É evidente que a aplicação de uma massa adicional no corpo de uma ave terá
algum efeito na sua capacidade aerodinâmica e energética. Esse efeito aumenta em
proporção á massa do transmissor e será influenciado pela posição no corpo da ave.
Assim, os transmissores a colocar numa ave nunca devem exceder os 5% da massa
corporal da ave (GAUNT et al, 1999).
2.4 – TÉCNICAS DE LOCALIZAÇÃO DOS TRANSMISSORES
A radiotelemetria prevê uma estimativa da localização dos animais marcados.
Essa estimativa pode ser feita à distância a partir do método de triangulação, com a
implicação de se assumir a existência de um erro inerente ao método, que deve ser
estimado e minimizado, constando nos resultados do estudo, pois dela depende a
interpretação dos resultados. Algumas características como a propagação das ondas em
diferentes ambientes, variações no equipamento e até no comportamento da espécie em
estudo, poderão certamente interagir e influenciar constantemente as estimativas de
localização a realizar.
Baseadas no trabalho de SAMUEL e FULLER (1996), citado em PIOVEZAN et
al (2004), as técnicas mais utilizadas para a localização de transmissores, em estudos de
biologia, são a triangulação, o método de “Homing” e por localização aérea. Através da
triangulação, com dois ângulos (pelo menos) tomados a partir de pontos conhecidos é
possível estimar a localização de um terceiro ponto (transmissor). A precisão da
localização estimada irá depender basicamente da distância entre o transmissor (ave) e o
receptor, do ângulo de intersecção entre os azimutes estimados e do intervalo de tempo
para se percorrer a distância entre os dois pontos.
12
Pelo método de “Homing”, é necessário antes de qualquer tentativa de
aproximação do transmissor, realizar uma estimativa da direcção deste (estimativa do
ângulo de origem). Este procedimento deve ser realizado tantas vezes quantas forem
necessárias, até que se perceba um substancial aumento na potência de recepção, o que
indica que a distância do transmissor ao receptor diminui. À medida que se avança para
o ponto de origem do sinal, mais forte este fica, até que, mesmo com o volume estando
em níveis mínimos o sinal é perceptível. Nesta situação, uma estratégia de procura,
utilizando o receptor e a visão deve ser adoptada até que o transmissor seja encontrado.
Em última análise, uma metodologia similar ao “Homing” é a localização do
transmissor por localização aérea. A aproximação é baseada na exclusão de áreas de
onde o sinal não provém, com o auxílio de antenas instaladas nas asas dos meios aéreos.
As rotas de aproximação terminam com a visualização do animal ou com a
determinação de uma área provável da sua localização.
2.5 – CAPTURA E MARCAÇÃO INDIVIDUAL
A anilhagem científica das aves é um método de investigação que se baseia na
marcação individual das aves. Quando as aves são capturadas no decurso de uma
operação de anilhagem, podem ser registados diferentes tipos de informação: a idade, o
sexo da ave, as biometrias ou medições morfológicas, o estado de muda das penas e o
habitat em que a ave foi capturada.
As anilhas a colocar numa espécie, vão depender da ave em causa, bem como do
seu tamanho e comportamento. As anilhas metálicas numeradas proporcionam o método
mais amplamente usado para marcação individual de aves. Este tipo de anilhas
metálicas aplicadas contém um código alfanumérico único, funcionando como o BI da
ave, a partir desse momento. No que se refere às anilhas coloridas, estas proporcionam
uma forma de reconhecer as aves individualmente no campo sem a necessidade de
recapturá-las (GAUNT et al, 1999). Este tipo de anilhas de cor dá a possibilidade de
efectuar uma grande número de combinações de cores, podendo ser colocadas no
animal mais do que uma anilha (BIBBY et al, 1992). Quando uma anilha é recuperada
por um elemento do público ou por outro anilhador, esse facto é comunicado ao Centro
Nacional de Anilhagem, no qual o número da anilha é verificado nos registos de aves
anilhadas que são remetidos pelos anilhadores. Desta forma, o anilhador é informado
sobre os locais, datas e circunstâncias da recuperação da ave.
13
3. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO
3.1 – LOCALIZAÇÃO
Criado pelo Ministério da Qualidade de Vida em 8 de Junho de 1983, o Parque
Natural do Alvão (PNAl) localiza-se a Norte de Portugal, na região de Trás-os-Montes e
Alto Douro, abrangendo os concelhos de Vila Real e Mondim de Basto. Esta área
protegida de 7220 ha situa-se na cadeia montanhosa definida pelas serras do Alvão-
Marão, coincidindo com a cabeceira da bacia hidrográfica do rio Olo (DURÃO, 1998).
A serra do Alvão é uma formação montanhosa, com sentido NE-SW,
enquadrada pelos vales do Tâmega e do Corgo, ligando-se a sul com o Marão, no vale
da Campeã (SALAVESSA, 2004).
Figura 7: Localização geográfica do Parque Natural do Alvão em Portugal. (Mapa Adaptado de:
PNAl - ICN (2006)).
14
2
3
3
4
5Legenda
1- 0 a 400m (Basal)
2- 400 a 700m (Sub-montano)
3- 700 a 1000m (Montano)
4- 1000 a 1300m (Altimontano)
5- 1300 a 1600m (Erminiano)
3.2 – TOPOGRAFIA
Este parque é caracterizado pela diversidade topográfica, de onde se destaca uma
variação altimétrica superior a 1000 m. O ponto mais elevado é denominado de
Caravelas (1330m) que se encontra inserido na cumeada do Alvão com mais de 30 km
de extensão; o segundo cume mais elevado é o Alto do Vaqueiro com 1311 m. A linha
de cota mais baixa localiza-se no rio Olo, na zona de Ermelo (275 m), correspondente
aos níveis ecológicos basal e sub-montano (RODRIGUES, 1995).
Figura 8: Níveis ecológicos para a área do Parque Natural do Alvão.
As elevadas altitudes estão, normalmente, associadas a situações de declives
acentuados. Contudo, existem situações de planalto com declives mais suaves, tais
como, o planalto de Vaqueiro, o vale de Lamas de Olo, a zona das barragens Cimeira e
Fundeira e a plataforma planáltica das Águas Férreas (PÓVOA, 1995).
15
3.3 – GEOLOGIA E LITOLOGIA
A paisagem do PNAl é caracterizada pelo contraste criado entre o xisto e o
granito. As formações graníticas dominam maioritariamente a área do parque,
destacando-se na parte oriental a mancha de Lamas de Olo e de Vila Marim, e a
imponente “Catedral granítica de Arnal”. A vertente ocidental encontra-se associada a
uma paisagem diferente, de vales encaixados e vertentes pronunciadas, de onde se
destacam as casas de xisto cobertas por placas de ardósia, na zona de Ermelo e
Fervença, reveladoras de uma profunda adaptação a este meio.
O maior feito geológico são as denominadas Fisgas de Ermelo, onde o rio Olo
cava a dura rocha quartzítica, formando quedas de água que se estendem por mais de
300 m, numa paisagem de falésias (FERNANDES, 1994).
3.4 – HIDROGRAFIA
O PNAl apresenta uma rede hidrográfica de grande densidade, representada pelo
rio Olo e várias ribeiras (Fervença, Vale Longo, Arnal e Dornelas) e riachos. No
entanto, o rio Olo tornou-se num elemento importante e determinante na humanização
da paisagem, uma vez que a proximidade aos cursos de água foi determinante na
disposição dos núcleos populacionais.
3.5 – CLIMA
O clima no Parque Natural do Alvão é influenciado por um conjunto de
componentes, tais como, a oceanidade, a altitude e mediterraneidade. O posicionamento
da serra do Alvão funciona como uma barreira de condensação às massas de ar húmido
atlânticas e a própria variação altitudinal introduzem, porém, variações locais na
meteorologia serrana. Assim, climatericamente verificam-se Invernos longos, frios e
húmidos e Verões curtos, quentes e secos (SALAVESSA, 2004).
Os factores climatológicos apresentam um papel fundamental na distribuição das
espécies e no desenvolvimento da vegetação, sendo a temperatura do ar, um dos
elementos com maior influência (MAGALHÃES, 2000).
A partir dos valores obtidos pela estação Meteorológica de Vila Real (Tabela 2)
verifica-se que as temperaturas mais elevadas correspondem aos meses de Julho e
Agosto, e as temperaturas mínimas aos meses de Dezembro e Janeiro.
16
Tabela 2: Valores de Temperatura máxima e mínima (ºC), no período
de 1961 – 1990, de Vila Real (Fonte: INMG, 2006).
Mês Temperatura máxima (ºC)
Temperatura mínima (ºC)
Janeiro 9,7 2,6 Fevereiro 11,7 3,7
Março 14,4 4,8 Abril 16,5 6,4 Maio 20,1 8,9 Junho 25,0 12,4 Julho 28,8 14,3
Agosto 28,7 13,8 Setembro 25,7 12,6 Outubro 19,5 9,4
Novembro 13,5 5,4 Dezembro 10,0 3,3
Total 18,6 8,1
Relativamente ao factor precipitação, os valores obtidos pela estação
Meteorológica de Vila Real, bem como pelo posto udométrico de Lamas de Olo (posto
único na área de estudo) permite-nos analisar o período entre 1961 – 1990 (Tabela 3).
Tabela 3: Valores mensais de precipitação, de Lamas de Olo e Vila Real, no
período de 1961-1990 (Fonte: INAG e INMG, 2006).
Mês / Local Lamas de Olo Vila Real
Janeiro 252 160 Fevereiro 268 170
Março 150 97 Abril 133 90 Maio 131 70 Junho 65 53 Julho 36 15
Agosto 38 16 Setembro 60 49 Outubro 138 108
Novembro 205 125 Dezembro 241 160
Total 1717 1112
Os valores compilados permitem-nos identificar os meses de Janeiro e Fevereiro
com valores de precipitação máximos (252mm e 268mm, respectivamente) para Lamas
de Olo, tal como em Vila Real (160mm e 170mm). Contudo, grande parte da
17
precipitação ocorre sob a forma de neve, que se mantém durante vários dias ou semanas
a altitudes acima dos 800-1000m. Os meses mais secos são os de Julho e Agosto, em
que a precipitação média não ultrapassa os 40mm, em Lamas de Olo e os 17mm, em
Vila Real.
O clima assume, assim, características atlânticas, pois apresenta estios quentes e
invernos rigorosos, embora se encontre dentro dos limites dos climas temperados.
Os valores da insolação na área de estudo podem variar entre 2400 a 2500 horas
por ano, sendo função do ângulo de intercepção dos raios solares pela superfície de
montanha. Assim, os valores da insolação são mais elevados nas vertentes que no topo
aplanado da serra (MAGALHÃES, 2000).
3.6 – OCUPAÇÃO DOS SOLOS
Os vários tipos de solos existentes são o resultado de um conjunto de
combinações da geologia, do clima, da acção do Homem, reflectindo-se na vegetação
presente. De acordo com a Carta de Solos do Nordeste de Portugal
(AGROCONSULTORES e COBA, 1991), o parque é dominado por Leptossolos
úmbricos, característicos de relevos movimentados e situações convexas, onde
predominam os matos baixos de Carqueija (Pterospartum tridentatum); de ericáceas
Erica cinerea e Calluna vulgaris assim como de matos altos de Erica australis e Erica
arborea e ainda povoamentos florestais de coníferas. Têm igualmente representação no
PNAl os denominados, Cambissolos úmbricos orticos, localizados em áreas planálticas
ou com relevo suave a ondulado, que suportam os principais carvalhais autóctones,
lameiros de cultivo agrícola e os prados de lima (PÓVOA, 1995).
3.7 – FLORA
Este parque situa-se na zona de transição entre a floresta temperada de
caducifólias, característica do Minho e Douro Litoral, e a floresta esclerófila
mediterrânica do sul do país.
A vegetação predominante é essencialmente constituída por bosquetes de
carvalho, nomeadamente o Carvalho-alvarinho (Quercus robur) e o Carvalho-negral
(Quercus pyrenaica) e Vidoeiros (Betula celtiberica). As espécies introduzidas também
constituem uma grande parte do coberto vegetal, são exemplo, o Pinheiro-bravo (Pinus
18
pinaster), o Pinheiro-silvestre (Pinus sylvestris), o Pinheiro-negro (Pinus nigra), a
Pseudotsuga (Pseudotsuga menziesii), o Cedro-do-Oregão (Chamaecyparis lawsoniana)
e o Lárice-Europeu (Larix decidua). Nas orlas ribeirinhas, encontra-se o Freixo
(Fraxinus angustifolia), o Ulmeiro-campestre (Ulmus procera), o Amieiro (Alnus
glutinosa), o Choupo (Populus sp) e os Salgueiros (Salix atrocinerea e Salix salvifolia).
As comunidades de mato existentes são constituídas, basicamente, pela Giesta
(Spartium junceum), Urze-vermelha (Erica australis), Torga (Calluna vulgaris),
Sargaço (Halimium lasianthum) e Carqueija (Pterospartum tridentatum) (GUERRA,
2000).
A riqueza e diversidade florística do parque também se exprime pela presença de
espécies endémicas raras ou com elevado estatuto de protecção, como são o caso da
Açucena-brava (Paradisea lusitanica), o Cravo-dos-Alpes (Arnica montana), o
Satirião-malhado (Dactylorhiza maculata) e a carnívora Orvalhinha (Drosera
rotundofolia).
3.8 – FAUNA
A fauna no Parque Natural do Alvão é diversificada, surgindo nos diversos tipos
de habitats. Estão inventariadas cerca de 200 espécies, das quais metade encontram-se
incluídas no anexo II da Convenção de Berna, 20% estão ameaçadas segundo o Livro
Vermelho dos Vertebrados de Portugal e 5% são endemismos ibéricos (ARRIBAS,
2000). Entre as espécies existentes no parque há que destacar a Toupeira-de-água
(Galemys pyrenaicus), o Morcego-de-bigodes (Myotis mystacinus), o Morcego-rabudo
(Tadarida teniotis), o Lobo (Canis lupus), a Raposa (Vulpes vulpes), o Javali (Sus
scrofa) e o Corço (Capreolus capreolus). De entre as espécies de avifauna, destacam-se
a Águia-cobreira (Circaetus gallicus), Tartaranhão-caçador (Circus pygargus), Águia-
de-asa-redonda (Buteo buteo), Falcão-peregrino (Falco peregrinus), Cuco (Cuculus
canorus), Bufo-real (Bubo bubo), Melro-das-rochas (Montícola saxatilis) e a Gralha-de
bico-vermelho (Pyrrhocorax pyrrhocorax).
Nos habitats húmidos como linhas de água, charcos e rios podem encontrar-se espécies
como a Lontra (Lutra lutra), a Salamandra-lusitânica (Chioglosssa lusitanica), o Tritão-de-
ventre-laranja (Triturus boscai), o Sapo-parteiro (Alytes obstetricans), a Rã-ibérica (Rana
ibérica), a Rã-verde (Rana perezi), o Lagarto-de-água (Lacerta schreiberi), Cobra-de-água
(Natrix natrix) e a Víbora-cornuda (Vipera latastei).
19
4. OBJECTIVOS
As relações ecológicas no seio das comunidades que caracterizam os
ecossistemas mais significativos do nosso país (nomeadamente nos nossos Parques
Naturais) têm sido, até ao presente, alvo de pouca investigação sistemática. Esta
situação é duplamente lamentável se tivermos em conta que, só através de uma
perspectiva global das interacções ecológicas, se podem articular medidas eficazes para
a formulação e concretização das políticas de ordenamento, necessárias para a defesa e
conservação dos espaços naturais e das espécies que deles dependem.
Assim, conjugando a vertente da investigação fundamental com a da
conservação, um conjunto de evidências determinou o arranque do estudo do núcleo
populacional de Gralha-de-bico-vermelho (Pyrrhocorax pyrrhocorax), no Parque
Natural do Alvão:
a) A distribuição muito fragmentada da espécie, considerada como “Em
Perigo” em Portugal Continental;
b) O núcleo estudado é um dos cinco existentes no nosso país com um número
reduzido de aves;
c) O núcleo está localizado em zonas do Parque Natural do Alvão de fácil
acesso, e por isso mais vulnerável às acções antropogénicas;
d) A necessidade de conhecer melhor os requisitos ecológicos desta espécie;
e) O facto de ser considerada uma espécie indicadora da qualidade ecológica do
habitat ocorre.
Com este trabalho pretendeu-se contribuir para um melhor conhecimento da
população da Gralha-de-bico-vermelho no Parque Natural do Alvão. Para atingir esse
objectivo, a fenologia e estatuto local da espécie foi alvo de monitorização, os
dormitórios foram caracterizados, foram registados parâmetros comportamentais e
reprodutores, identificadas possíveis ameaças à sua conservação e propostas medidas
para a gestão da espécie e do seu habitat.
20
5. METODOLOGIA
A partir de Janeiro de 2006 iniciaram-se as visitas preliminares com o objectivo
de realizar o reconhecimento da área e locais referenciados como potencialmente
utilizados pela Gralha-de-bico-vermelho dentro dos limites do Parque Natural do Alvão.
Os trabalhos de campo realizaram-se entre inícios de Fevereiro e final de
Outubro de 2006. Durante este período as aves que utilizaram os dormitórios
identificados foram monitorizadas. Paralelamente, foi avaliada a utilização dos
potenciais habitats de alimentação na área de estudo. As observações de campo foram
sempre realizadas a distâncias que procurassem garantir a ausência de perturbação sobre
as aves.
5.1 – MARCAÇÃO INDIVIDUAL E RADIOSEGUIMENTO
Apesar desta espécie ter sido alvo de estudos ao longo destes anos, ainda
existem lacunas em relação ao seu comportamento ao longo do ano, bem como dos
locais que frequenta. Assim, com o intuito de aprofundar o estudo desta espécie
considerou-se utilizar a marcação individual de aves, através da anilhagem com anilha
metálica e anilha de cor assim como a utilização do seguimento por radiotelemetria,
utilizando emissores TW-3® (com o peso de 10,13g cada), uma antena de modelo Yagi e
um receptor TRX-1000S®.
Atendendo à possibilidade de existirem impactes associados à colocação dos
transmissores em aves realizou-se um ensaio em Pombos (Columba livia) raça
domestica com a duração de 3 semanas (Figura 9). A escolha da espécie baseou-se na
disponibilidade de aves domésticas, tamanhos aproximados entre as espécies e
possibilidade de observação em ambiente controlado. O ensaio teve como objectivos
prever possíveis perturbações de comportamento, alterações na capacidade de voo e
ensaiar a técnica de colocação dos transmissores.
Para proceder ao processo de anilhagem e colocação dos transmissores, foi
estabelecido capturar os indivíduos no período de Inverno, período do ano em que as
aves permanecem em bando, e em dormitório comunitário. Após a captura os
procedimentos compreenderam a recolha de parâmetros biométricos, anilhagem e
colocação de transmissores. Para o radioseguimento utilizou-se o método dos
transectos, de forma a cobrir a maior área possível dentro do PNAl e zonas limítrofes.
21
Figura 9: Pombo no qual foi realizado o ensaio de colocação do transmissor.
5.2 – DISTRIBUIÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DA POPULAÇÃO DO ALVÃO
Como referência para este trabalho realizou-se a recolha de bibliografia de textos
e relatos sobre a presença da Gralha-de-bico-vermelho para as serras do Alvão e Marão,
foi realizada a consulta a bases de dados do PNAl e ainda se tomaram como referência
observações pessoais não publicadas. Desta primeira abordagem foi possível obter uma
compilação de registos para comparação e análise entre 1991 e 2006 (Anexo 1).
Para estudar e caracterizar a utilização do território pela Gralha-de-bico-
vermelho no PNAl, assim como os seus padrões de actividade seleccionamos pontos de
observação de acordo com estudos anteriormente realizados (NASCIMENTO et al,
1998). Segundo NASCIMENTO (1996), a freguesia de Arnal, é a área que revela uma
maior potencialidade para a espécie. Contudo, considerou-se para este estudo toda a
área do parque, com o intuito de confirmar a ocorrência da espécie em outros locais.
Durante os trabalhos de campo recorremos à detecção auditiva da espécie como
forma de localização e de antecipação ao contacto visual de indivíduos. Para a
observação e identificação utilizou-se binóculo Kisa® (10x50 mm) e telescópio Nikon®
(20-60x80 mm).
22
Durante o contacto directo com a espécie, as observações dos indivíduos foram
realizadas de acordo com uma ficha (Anexo 2) e registados os seguintes parâmetros:
a) O número de indivíduos
b) O tipo de biótopo frequentado
c) A hora de contacto
d) A presença/ausência e o tipo de gado
e) O tipo de vegetação
f) Hora de chegada das aves ao dormitório
g) Hora de entrada da 1ª ave no dormitório
h) Hora de entrada da última ave no dormitório
i) Número total de aves que entram no dormitório
j) Hora do pôr-do-sol
k) Condições climatéricas
Para a caracterização dos dormitórios e locais de nidificação utilizou-se como
referência estudos anteriormente realizados no PNAl (NASCIMENTO, 1996;
NASCIMENTO et al, 1998), nos quais são citados como dormitórios e locais de
nidificação minas abandonadas e cavidades em substrato rochoso.
Deste modo foram realizadas visitas aos dormitórios referenciados para
determinação da utilização destes pela Gralha-de-bico-vermelho, número de ninhos e
recolha de regurgitações ou dejectos. As contagem de aves foram efectuadas junto aos
dormitórios, salvaguardando uma distância mínima de forma a não interferir no
comportamento dos indivíduos ou do bando.
Com o objectivo de verificar a permanência dos indivíduos marcados e número
de indivíduos que utilizavam os dormitórios, em dias que não era possível realizar
contagens, foram colocadas câmaras fotográficas com sensor de infravermelhos
(DeerCam® DC-100).
Para a caracterização do estatuto dos pares reprodutores foram utilizadas três
categorias adaptadas do código da E.O.A.C. – European Ornithological Atlas Commitee
(RUFINO, 1989; JORGE, 1994):
Nidificação possível: Observação de um casal nas proximidades da cavidade ou
mina;
Nidificação provável: Observação de um indivíduo ou casal no interior da
cavidade ou da mina; presença de dejectos ou regurgitações;
23
Nidificação confirmada: Observação de ninhos no interior da cavidade ou
mina; quando não for possível observar os ninhos, toma-se como evidência confirmada:
a) A visita do casal com uma certa frequência ao local;
b) A presença de cascas de ovo no solo;
c) O contacto auditivo de crias no interior;
d) A observação de juvenis nas proximidades.
5.3 – ESTRUTURA DO HABITAT
A obtenção de dados relativos à utilização do habitat pela Gralha-de-bico-
vermelho baseou-se na realização de um conjunto de transectos, percorridos a pé e de
automóvel. Deste modo pretendeu-se obter informação sobre os locais de alimentação
frequentados pelo bando ou casais reprodutores; cada vez que se observou um indivíduo
ou bando em alimentação, procedeu-se à análise das condições de habitat numa área
quadrangular de 50m2.
Todas as parcelas quadrangulares foram caracterizadas de acordo com o tipo de
solo (nomeadamente a presença de afloramentos rochosos e elementos grosseiros) e a
vegetação (grau de cobertura e altura), utilizando como apoio a ficha de caracterização
de habitat (Anexo 3).
24
6. RESULTADOS
6.1 – MARCAÇÃO DE INDIVÍDUOS E RADIOSEGUIMENTO
A 15 de Março de 2006 foi realizada a captura de duas aves das quais, a primeira
a ser anilhada aparentava ser um macho, com as seguintes medidas biométricas: Bico:
47,1mm; Tarso: 52,0mm; Asa: 300mm; Peso: 340gr. Foi colocada uma anilha de cor
branca na pata esquerda e uma anilha alfanumérica na pata direita. A frequência do
transmissor utilizada no macho para o radioseguimento foi de 150.105 MHz.
O segundo indivíduo a ser anilhado com uma anilha verde na pata esquerda e
alfanumérica na pata direita aparentava ser uma fêmea, com as seguintes medidas
biométricas: Bico: 44,8mm; Tarso: 51,5mm; Asa: 260mm; Peso: 250gr. A frequência
do transmissor colocado foi de 150.116 MHz.
Figura 10: Imagem do macho anilhado (foto esquerda) e fêmea anilhada (foto direita).
Os dois indivíduos foram posteriormente libertados na barragem do Alvão, a
cerca de 1Km do Alto dos Cabeços. Após 32 horas da colocação dos transmissores o
macho anilhado ainda não se tinha adaptado ao transmissor, tendo sido observado a
tentar retirá-lo com o bico.
Foram realizados 20 percursos em automóvel de forma a cobrir o maior número
de quadrículas 1x1 km (UTM), pela área do PNAl, com repetições em diferentes
ocasiões do dia. Do total de transectos realizados foram obtidos sinais em cinco pontos,
correspondendo a um total de cinco quadrículas (Figura 11).
25
Figura 11: Representação da área percorrida durante o radioseguimento e quadrículas onde
se registaram a recepção de sinal, no PNAl.
Realizaram-se ainda 4 visitas a áreas circundantes (Serra do Barroso, Régua,
Lamego, Serra de Montemuro e Serra de Santa Comba), onde se realizaram transectos
sem no entanto ter sido obtido qualquer contacto com indivíduos marcados.
Em todos os pontos representados (Figura 12) foram recebidos sinais das duas
aves marcadas e registou-se a observação simultânea dos dois indivíduos por três vezes.
Em quatro casos de recepção do sinal, não se observaram indivíduos devido às
condições meteorológicas adversas (chuva e nevoeiro).
Figura 12: Mapa da frequência dos contactos obtidos por radioseguimento.
26
Durante o radioseguimento foram obtidos sinais de diferentes intensidades
(fraco, médio e forte) (Anexo 4). Porém, nas mesmas condições e à mesma distância, o
sinal do transmissor colocado no macho foi sempre de fraca intensidade quando
comparado com o sinal do transmissor utilizado pela fêmea.
Figura 13: Representação do período de emissão de sinal do transmissor em cada ave (A
tracejado está representado o período em que a ave, embora observada com o transmissor,
não emitiu qualquer sinal).
No macho o transmissor permaneceu cerca de 4 meses, no entanto este deixou
de emitir sinal ao fim de 51 dias (Figura 13). A fêmea deixou de emitir sinal ao fim de
14 dias, coincidindo esta data com o afastamento da maioria do grupo não reprodutor.
6.2 - DISTRIBUIÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DA POPULAÇÃO DO ALVÃO
Os resultados da pesquisa bibliográfica realizada para a área do Parque Natural
do Alvão sobre esta espécie revelou-se escassa, fornecendo poucas informações mesmo
quando inserido no contexto das serras do Alvão e Marão. De facto da literatura mais
antiga consultada (TAIT, 1924) apenas se encontra referência à espécie para a área de
Peneda-Gerês e Douro Internacional. Alguns anos mais tarde LIMA et al (1959)
referem a nidificação da espécie para as “fragas do Marão” não ficando claro se estas
observações dizem respeito efectivamente ao que é hoje conhecido como Serra do
Marão ou se à Serra do Alvão na zona da “Fraga Amarela” nas Fisgas do rio Olo. A
possibilidade de estas serras e regiões limítrofes terem sido utilizadas pela espécie
parece evidente pelas observações de oito indivíduos registadas por FONTOURA
(1985) em Novembro de 1981 e ainda a observação também de oito indivíduos no alto
27
da serra do Marão em 10 de Janeiro de 1988 (FERNANDES, com. pess. in FARINHA,
1988). Igualmente em 1988 é referida a presença da Gralha-de-bico-vermelho como
uma das espécies representativa na Serra do Marão acima dos 1000 metros (FARIA,
1988). Durante a década de 90 do século passado surgem trabalhos que referem a
presença de uma pequena população dentro dos limites do PNAl que utiliza
essencialmente a área sudeste desta área protegida (TRAVASSOS et al, 1995;
NASCIMENTO, 1996; NASCIMENTO et al, 1998; TRAVASSOS, 1998). Nos finais
desta década, foram estimados 20 casais reprodutores para o noroeste de Portugal
(ÁLVARES et al, 1998), onde se insere a nossa área de estudo. Mais tarde os mesmos
autores referenciam para o PNAL cerca de 2 a 3 casais reprodutores, e a ausência de
reprodução nas Fisgas do Olo e na Serra do Marão (ÁLVARES et al, 2004).
Durante o período em que decorreu o trabalho de campo foram obtidos 38
contactos com Pyrrhocorax pyrrhocorax. Do total de contactos, 17 destes foram
realizados durante o período de reprodução (finais de Março ao inicio de Junho), com a
observação simultânea de 2 casais. Os restantes contactos foram obtidos durante o
período não reprodutor (Fevereiro a Março; Junho a Outubro) (Anexo 5).
A espécie utiliza maioritariamente a parte oriental do parque do Alvão, que
coincide com as áreas de altitude superior a 700m. Esta maior percentagem de
ocorrência (Figura 14) está associada à proximidade dos dormitórios, proporcionando
um maior número de observações nesta área.
Figura 14: Mapa da frequência de contactos com a Gralha-de-bico-vermelho, no PNAl em 2006.
28
Os locais de potencial utilização para nidificação, localizam-se a uma altitude de
1050 metros e de fácil acesso. Um dos locais corresponde a uma cavidade, com dois
ninhos na parede voltada a Sul a cerca de 2,5 metros de altura; o outro local é um corte
de exploração mineira a céu aberto, voltada para Este, com um ninho sobre uma
pequena plataforma a 2 metros de altura.
6.2.1 – ESTADO DA POPULAÇÃO
Entre 5 de Fevereiro e 27 de Março o grupo de Gralha-de-bico-vermelho no
PNAl foi constituído por 16 indivíduos. Durante este período, o bando concentrou-se
nas imediações da fraga do Cabeço de Arnal ao final do dia, descrevendo voos
circulares sobre a área do dormitório (Figura 15).
Figura 15: Comportamento dos indivíduos de Gralha-de-bico-vermelho antes de recolher ao dormitório.
A chegada às imediações do dormitório ocorre normalmente 1 a 2 horas antes do
pôr-do-sol, podendo iniciar-se mais cedo se as condições atmosféricas forem adversas
(Figura 16). Entre a chegada e a entrada no dormitório as aves despenderam a maior
parte do tempo em actividades de “grooming” e de vigilância. Esta espécie é
caracterizada por se encontrar em estado de vigilância quando as suas cabeças se
encontram erguidas por mais de um segundo enquanto tratam o bico e as penas
(OWEN, 1988). A entrada é realizada por grupos de diferentes dimensões, ocorrendo a
entrada de aves isoladas ou aos pares. De manhã estas aves saem dos dormitórios uma
hora após o nascer-do-sol, adoptando o mesmo comportamento que no final do dia,
29
pousando nos blocos de granito e despendendo algum tempo em actividades de
“grooming”.
Figura 16: Representação da hora de chegada e da última ave a entrar em relação ao pôr-do-sol, ao
longo de 8 meses.
6.2.1.1 – POPULAÇÃO REPRODUTORA
Na monitorização realizada, obtivemos a confirmação de um par reprodutor, de
nidificação possível. A partir de 28 de Março, ficaram apenas 4 indivíduos
(possivelmente 2 casais), que passaram a utilizar com frequência o Cabeço de Arnal; só
por esta altura se observaram paradas nupciais. Dos 4 indivíduos que permaneceram
neste dormitório, só um deles se encontrava marcado e correspondia ao macho com
anilha de cor branca.
Os 2 casais foram observados a entrar e a sair da cavidade, nos dias 4 e 5 de
Abril. Contudo, após 9 dias, apenas ficou um casal (composto pelo macho anilhado e
uma fêmea) que passaram a utilizar o corte da mina, como abrigo. Este casal passou a
apresentar um comportamento marcadamente reprodutor, tendo sido observado em
paradas nupciais, no final do mês de Abril (29 de Abril). No período compreendido
entre 30 de Abril e 3 de Maio e no dia 16 de Maio, a fêmea permaneceu no ninho a
maior parte do dia, ausentando-se para se alimentar por períodos de 10 a 30 minutos.
Durante o período que a fêmea se encontrava no ninho, o macho permanecia a uma
curta distância do local, a alimentar-se e com postura de vigilância (Figura 17),
passando a assistir a fêmea quando esta saía do ninho para se alimentar. No seu regresso
a fêmea foi sempre acompanhada pelo macho até ao corte da mina, e aí permaneciam
durante um período de duas horas. Contudo, no período de 4 a 15 Maio e a partir de 17
15
16
17
18
19
20
21
22
Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro
Meses
Chegada ao dormitório Última gralha a entrar Pôr-do-sol
Hor
as
30
de Maio a fêmea mudou de comportamento passando a acompanhar o macho durante
todo o tempo, sem visitar o ninho.
Figura 17 – Macho anilhado em vigilância junto ao local do ninho.
Perante este comportamento, e aproveitando o facto do casal se afastar durante a
maior parte do dia do local, realizou-se uma visita para determinação de possível
nidificação. Este procedimento foi repetido no segundo local conhecido. Os ninhos
inspeccionados não apresentavam vestígios de terem sido utilizados, não se
comprovando a existência de cascas de ovos ou plumadas.
No local que mais frequentemente usado pelo casal, foi colocada uma câmara de
controlo remoto durante cerca de um mês (Tabela 4).
Tabela 4: Período de permanência das câmaras nos dormitórios
Os resultados obtidos revelaram que o casal utilizou diariamente o dormitório
(Figura 18), sem no entanto se registar qualquer evidência de reprodução.
Local Data Nº de Câmaras Nº Fotos Cavidade 16-02-2006 a 18-02-2006 3 5
Corte da mina 16-02-2006 a 23-02-2006 1 3 17-02-2006 a 14-03-2006 1 18 29-05-2006 a 24-06-2006 1 6
31
Figura 18: Imagem do casal (foto esquerda) e do macho anilhado (foto direita), no corte da mina.
6.2.1.2 – POPULAÇÃO NÃO REPRODUTORA
As câmaras fotográficas colocadas nos dois potenciais dormitórios revelaram-se
um auxiliar importante para obter informação do ponto de vista da ocupação do
dormitório pelo grupo. O número de aves registado nas imagens permitiu confirmar, nos
meses de Fevereiro e Março, a utilização do corte da mina como dormitório principal
assim como o número de casais e do seu insucesso reprodutor. Nos dias em que não
foram realizadas observações ao final do dia junto aos dormitórios, foi possível
determinar a hora de chegada e o número de aves que recolheram (Figura 19).
Figura 19: Imagem de 7 indivíduos no corte da mina a 27 de Fevereiro.
32
Igualmente, e para o período de 17 de Fevereiro a 14 de Março, o recolher do
bando coincidiu com a hora registada pelas câmaras, não se tendo observado alterações
de comportamento causado pela presença das câmaras.
Após a separação do grupo não reprodutor a 28 de Março, os transectos
realizados na área do PNAl e na sua envolvência, não revelaram qualquer indício da
presença do bando de não reprodutores.
Entre os meses de Abril e Setembro o dormitório estudado encontrou-se na
maior parte do tempo ocupado pelo casal. No entanto, durante este período, foi visitado
por mais quatro indivíduos a 29 de Maio, tendo acolhido todas as aves observadas no
dormitório nesse dia. A 3 de Junho utilizaram este dormitório o casal monitorizado e
uma outra ave. A 20 de Setembro o local é novamente utilizado pelo casal e mais uma
ave.
Na perspectiva de se localizar o bando de indivíduos não reprodutores, através
da fêmea marcada, realizaram-se duas visitas ao núcleo de Gralha-de-bico-vermelho na
Serra do Barroso. As observações realizadas nesta área permitiram registar, a 5 de Maio,
quatro indivíduos e, a 2 de Agosto, dois indivíduos. O número de indivíduos observados
neste local parece indicar que se tratavam apenas de casais isolados, sem contudo
apresentarem indícios de reprodução.
6.3- ESTRUTURA DO HABITAT
A caracterização do habitat foi realizada em seis pontos, onde se realizaram
contactos com indivíduos em alimentação (Figura 20).
Os pontos foram caracterizados, de acordo com os parâmetros indicados na ficha
do Anexo 6.
Todos os pontos analisados apresentam como característica comum a presença de
afloramentos rochosos graníticos, associados a vegetação rasteira, essencialmente
constituída por Carqueija (Pterospartum tridentatum), Erva-sapo (Agrostis curtisii),
Tomilho (Thymus vulgaris) e Urzes (Erica arborea e Erica cinerea).
33
Figura 20: Cartografia da vegetação do PNAl com sobreposição dos locais de alimentação (• ) da
Gralha-de-bico-vermelho detectados durante os trabalhos de campo.
O grau de cobertura ocupado por estas espécies situa-se entre os 30% a 60 %,
não ultrapassando uma altura máxima de 20cm, com excepção da área envolvente ao
dormitório que apresenta estrato arbóreo, constituído por Pinus pinaster e Pinus
sylvestris. É de salientar ainda que em todos os locais amostrados foram registados a
presença de dejectos de vaca, cabra e coelho (Figura 21).
Figura 21 – Tipo de habitat frequentado pela Gralha-de-bico-vermelho no PNAl.
34
No que se refere à alimentação desta espécie, as amostras de dejectos recolhidos
nos dormitórios revelaram a presença de insectos, dos quais se destacam os Aracnídeos
(aranhas), Coleopteros (escaravelhos), Dípteros (moscas) e Hymenopteros (formigas) e
ainda uma componente vegetal, representada sobretudo por sementes de diferentes
espécies (Figura 22).
Figura 22: Amostras dos dejectos recolhidos no local do dormitório da Gralha-de-bico-vermelho.
35
7. DISCUSSÃO
7.1 – MARCAÇÃO DE INDIVÍDUOS E RADIOSEGUIMENTO
Os procedimentos de captura e colocação dos transmissores foram efectuados de
modo a causar o mínimo de perturbação possível sobre as aves. Deste modo a captura
dos indivíduos foi realizada ainda antes do início da época de reprodução, de forma a
evitar os períodos mais sensíveis, como a época reprodutora ou após o nascimento das
crias (GAUNT et al, 1999).
Durante a anilhagem e processamento morfométrico, foi possível observar uma
nítida diferença entre o tamanho do macho e da fêmea de Gralha-de-bico-vermelho, o
que também é sustentado na descrição da espécie por PERRINS et al (1998).
Tabela 5: Comparação de biometrias de Gralha-de-bico-vermelho em três estudos diferentes.
Perrins et al (1998) Jorge (1994)
Média da população (n= 33)
PNAl (2006) (n=2)
Peso (♂): 350g Peso: 373, 64g Peso (♂): 340g (♀): 293g (♀): 250g
Asas (♂): 268-293mm Asas: 281mm Asas (♂): 300mm
(♀): 266-278mm (♀): 260mm
Bico (♂): 51-59mm Bico: 52mm Bico (♂): 47,1mm
(♀): 50-53mm (♀): 44,8mm
Tarso (♂): 49-56mm Tarso: 53,45 mm Tarso (♂): 52mm
(♀): 48-54mm (♀): 51,5mm
Confrontando os valores de PERRINS et al (1998) e de JORGE (1994) com os
obtidos nos indivíduos no PNAL, pode-se afirmar que se encontram dentro dos padrões
estipulados, com excepção do tamanho do bico, que é relativamente inferior, tanto no
macho como na fêmea.
Cada espécie reage de forma distinta ao uso de emissores. De entre os efeitos
negativos, destacam-se os efeitos imediatos, quando os animais não retornam ao local
de captura após vários dias, mudanças de comportamento ou atenção voltada para o
transmissor. Neste estudo, após o processo de captura e libertação dos indivíduos, estes
não recolheram ao dormitório ao final do dia. Contudo, o sinal emitido pelos
transmissores indicava que as aves pernoitaram perto do dormitório. A 16 de Março
36
(um dia após o processo de anilhagem) foi observado o regresso ao dormitório de seis
indivíduos, não tendo sido registado qualquer alteração de comportamento. No caso dos
indivíduos marcados, mostraram algum incómodo nas primeiras 32 horas, registando-se
a tentativa retirar o transmissor com o bico.
Entre os efeitos a longo prazo mais comuns estão o aumento das taxas de
predação, abandono dos ninhos, perda de peso e influência no voo (MECH et al, 2002;
KENWARD, 2001). Alguns autores sugerem que os efeitos negativos verificados
poderão estar relacionados com o modo e o local de fixação dos emissores (PATON et
al (1991) & FOSTER et al (1992) in CATRY et al, 2002).
Em vários estudos efectuados, o uso de emissores tipo “mochila” (colocados no
dorso da ave) levou à alteração do comportamento das aves e/ou decréscimo do sucesso
reprodutor (WARNES et al (1983), PATON et al (1991) & FOSTER et al (1992) in
CATRY et al, 2002). No caso do nosso estudo, o macho marcado permaneceu durante o
período reprodutor tendo sido observável a tentativa sucessiva em retirar o emissor,
contando com a ajuda da fêmea.
O radioseguimento das aves marcadas revelou um grau de dificuldade acrescido.
O tipo de habitat utilizado e o seu comportamento alimentar terão estado na origem da
impossibilidade de obtermos pontos de triangulação. O facto da permanência das aves
junto ao solo em locais de caos de blocos, levou frequentemente à perda de sinal. De
facto a maioria dos pontos em que se registou a recepção de sinal, as aves encontravam-
se em voo ou no dormitório. Segundo KENWARD (2001), a probabilidade de detecção
de aves marcadas aumenta quando se encontram em voo, quando comparada com as que
se encontram no solo.
Outro factor que poderá ter limitado o trabalho está relacionado com os
transmissores utilizados, pois estes terão sido adquiridos em 2000, havendo a
possibilidade de a carga do alimentador dos emissores se encontrar abaixo do nível
desejado, causando uma diminuição na potência de sinal e, consequentemente uma
menor vida útil.
7.2 - DISTRIBUIÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DA POPULAÇÃO DO ALVÃO
Apesar da Gralha-de-bico-vermelho se encontrar referenciada em poucos
estudos realizados no PNAl, a recolha bibliográfica revelou-se um suporte para a
comparação do número de indivíduos por época do ano entre 1991 e 2006. Durante este
estudo, tornou-se evidente a preferência desta espécie pela zona envolvente de Arnal.
37
As observações circunscrevem-se nomeadamente a Norte, nos cabeços
graníticos da aldeia de Arnal (Outeiro da Águia, Alto dos Cabeços e Minas dos
Cabeços). Observações na envolvente à aldeia de Dornelas e no Alto das Caravelas em
comparação com as referências bibliográficas consultadas, revelaram que todos os
pontos de contacto citados já haviam sido referenciados (Figura 23 e Figura 24).
Figura 23: Mapa do total de contactos com a Gralha-de-bico-vermelho, desde o ano 1991
até ao ano 2005.
Figura 24: Mapa da média de indivíduos observados por quadrícula, desde o ano 1991 até
ao ano 2005.
Os transectos realizados na zona do Alto das Cabeças, Outeiro dos Fiéis, Alto da
Cota e Alto do Poeiro revelaram a utilização destes locais como zonas de alimentação.
38
Estes resultados atribuem maior importância à área envolvente de Arnal para além do
que foi descrito nas observações realizadas por NASCIMENTO (1996).
A revisão bibliográfica dos últimos 15 anos, salienta o facto de o núcleo de
Gralha-de-bico-vermelho no PNAl, nunca ter sido composto por um grande número de
indivíduos (mínimo de 6 e máximo de 15, em 2001 (COSTA et al, 2003) e um máximo
de 17, em 2003 (BEKKER et al, 2003)), notando-se também uma grande oscilação no
número de aves entre a época não reprodutora e a época reprodutora. A oscilação do
número de indivíduos ao longo do ano é também evidente no núcleo da Serra de Aire e
Candeeiros, ocorrendo uma dinâmica sazonal nos dormitórios, estimando em cerca de
130 indivíduos no mês de Janeiro e no início da reprodução em 110 indivíduos
(JORGE, 1994).
Assim, na área estudada, a população de Gralha-de-bico-vermelho exibe uma
percentagem elevada de não reprodutores (75%). Este valor é superior ao estimado por
JORGE (1994) para a Serra de Aire e Candeeiros (63%), mas é inferior ao estimado
para Sagres-S.Vicente (80%) por FARINHA (1988).
O afastamento do bando não reprodutor acontece no final de Março, enquanto
que na região de Sagres-S.Vicente e na Serra de Aire e Candeeiros parece acontecer
mais cedo. Na população de Peneda-Gêres e nas populações situadas na Grã-Bretanha, a
reprodução inicia-se um pouco mais tarde (Abril), estendendo-se até ao fim do mês de
Junho na população portuguesa (PIMENTA et al, 1996).
Na população de Sagres-S.Vicente a construção do ninho estava praticamente
terminada no final do mês de Março e no início de Junho observaram-se juvenis
(FARINHA, 1988), enquanto que na população da Grã-Bretanha os primeiros juvenis
voadores observam-se na primeira quinzena de Junho (COWDY, 1962 in FARINHA,
1988). Na Serra de Aire e Candeeiros é sugerido por JORGE (1994), apesar do ninho ter
sido destruído/pilhado quando os juvenis se encontravam já em adiantado estado de
desenvolvimento, que a época de nidificação se inicia durante a primeira quinzena de
Março.
Das observações realizadas até final de Março não foram registadas quaisquer
actividades de construção de ninho por parte do macho marcado ou de qualquer outra
ave. No entanto há a registar a existência de um ninho no dormitório ocupado e de dois
ninhos no outro local que terão sido construídos em épocas reprodutoras anteriores. A
partir de final de Março e até Junho, os dormitórios são frequentados por um número
mínimo de aves correspondente ao número de possíveis casais reprodutores (entre 2 a 4
39
02468
10121416
Jane
iro
Fevere
iro
Março
Abril
MaioJu
nho
Julho
Agosto
Setembro
Outubro
Novembr
o
Dezembr
o
Meses
Ano-Tipo2006
Méd
ia d
o N
º Ind
ivíd
uos
indivíduos). Este baixo número de reprodutores na área de estudo é referenciado por
ÁLVARES et al (2004), dando para a zona de Arnal a presença de nidificação
confirmada de 2 a 3 casais.
Figura 25: Gráfico de comparação entre o número de aves do ano-tipo (valores médios
dos últimos 15 anos até 2005) e o número de aves registadas no ano 2006.
Comparando os primeiros três meses do ano de 2006 com o ano-tipo (média dos
meses desde 1991 até 2005), observamos uma média superior de indivíduos, porém a
tendência está de acordo com o esperado. O registo no mês de Janeiro, para o ano de
2006, de 15 indivíduos foi obtido nos trabalhos de campo preparatórios para o presente
estudo. Toda a população de Gralha-de-bico-vermelho de um determinado território
ocupa o mesmo dormitório entre os meses de Dezembro a Fevereiro, pois segundo
BLANCO et al (1999), neste período os dormitórios podem ser usados por indivíduos
de todas as idades. A partir do mês de Março, os dormitórios são ocupados
principalmente por indivíduos reprodutores, determinando a utilização dos denominados
sub-dormitórios pelos não reprodutores.
A ausência de valor médio do número de indivíduos no mês de Junho do ano-
tipo deve-se à ausência de observações nesse mês (Figura 25). Relativamente aos meses
do período reprodutivo, a nidificação desta espécie no PNAl nunca foi confirmada e
nunca foram observados indivíduos juvenis (NASCIMENTO, 1996). No entanto em
conversa com um pastor idoso de Arnal, durante a campanha de 2006, este confirma que
a espécie sempre utilizou estes locais para nidificar, bem como o hábito dos rapazes
recolherem os juvenis nascidos naqueles locais.
Porém, relativamente aos últimos 15 anos, não foram encontrados quaisquer
referências à observação de juvenis desta espécie. O ano 2006 regista um ligeiro
40
2 23 3
5
2
54
2
5
17
7
35
02468
1012141618
1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006
Anos
Méd
ia d
o N
º Ind
ivíd
uos
decréscimo do número de indivíduos “reprodutores” a partir de Julho, quando
comparado com os valores médios do ano-tipo. Este facto poderá estar relacionado com
a visita ocasional de novos indivíduos, à semelhança do que foi acontecendo durante
este período em 2006 ou então poderá corresponder à possibilidade de ter ocorrido
sucesso reprodutor em anos anteriores. Contudo, essa diferença torna-se menos evidente
em Setembro e Outubro, o que revela uma tendência que se encontra dentro dos padrões
normais de comportamento para a espécie noutras regiões. CULLEN (1988) refere uma
variação de indivíduos da época de Inverno para a época de Verão, permanecendo os
indivíduos em bando a partir de Setembro e Outubro e dispersando em Março.
ZUÑIGA (1988), afirma que o bando não reprodutor apenas regressa ao dormitório a
partir de Novembro permanecendo aí até Março.
Com excepção dos anos de 1994 e 1998, que são os anos com maior número de
observações registadas desta espécie, os restantes anos apresentam apenas observações
pontuais. Através da análise da Figura 26 verifica-se a manutenção do número de
indivíduos por ano dentro de uma faixa muito estreita (17 indivíduos como máximo em
2003 numa observação individual), indicando um futuro preocupante.
Figura 26: Evolução da média do número de indivíduos de Gralha-de-bico-vermelho
observados ao longo dos últimos 15 anos.
7.2.1- ESTADO DA POPULAÇÃO
Este estudo demonstra o estado vulnerável em que se encontra a população de
Gralha-de-bico-vermelho no PNAl, espelhando um pouco o que poderá estar a suceder
praticamente por toda a sua área de distribuição. Este declínio poderá estar relacionado
com níveis reprodutivos baixos e alterações climáticas que têm afectado o nosso país,
como Invernos rigorosos e Verões com temperaturas extremas.
41
A mudança do comportamento e a interrupção de reprodução pelo casal pode-se
dever ao facto de ser um casal muito antigo e reprodutivamente não activo, hipótese esta
já sugerida por NASCIMENTO em 1996 (após ter observado dois casais em
comportamento de reprodução, não tendo sido posteriormente confirmada em absoluto a
nidificação). A probabilidade de sucesso reprodutor varia significativamente com a
idade da fêmea (REID et al, 2003a) e com a idade da população (REID et al, 2004).
REID et al (2003a) afirma que indivíduos jovens que atingem sucesso reprodutor
apresentam um período de vida curto, podendo o seu frequente desempenho no meio
afectar a época de reprodução, bem como o número de ovos concebidos e chocados; em
contrapartida os que investem na reprodução mais tarde sobrevivem até idades mais
velhas.
A perturbação humana, como a pilhagem de ovos ou juvenis, até às actividades
de ar livre, nomeadamente percursos realizados nesta área protegida por caminhantes,
são também factores que contribuem para o insucesso reprodutor. OWEN (1988) refere
que as Gralhas-de-bico-vermelho toleram a presença humana directa apenas para lá dos
35m de distância. Para além disso, quanto maior o número de visitas, maior o incómodo
sentido pelos indivíduos.
Para que exista sucesso reprodutor é necessário que todas as condições sejam
favoráveis, desde a qualidade do habitat, a idade dos casais reprodutores, a baixa
incidência do risco de predação e doença (MONAGHAN, 1988a) e a ausência de
perturbação significativa. REID et al (2003b), num estudo efectuado na Escócia,
verificou que o sucesso reprodutor é maior quando o Verão anterior à época de
reprodução é quente e o respectivo Inverno é seco. Em comparação com outros
corvídeos, a Gralha-de-bico-vermelho é a que apresenta o maior risco de declínio
populacional, pois encontra-se muito dependente das condições ambientais (ZUÑIGA,
1988), com implicações directas na disponibilidade de alimento (REID et al, 2003b).
A existência de dormitórios comunitários é algo comum nas várias populações
de Gralha-de-bico-vermelho (MONAGHAN (1989) in JORGE, 1994). Segundo
BIGNAL et al (1989) in BLANCO et al (1999), existem dois tipos de dormitórios
comunitários frequentados por esta espécie: dormitórios principais, usados
continuamente por um grande número de indivíduos e os sub-dormitórios ou
dormitórios secundários, utilizados irregularmente por pequenos grupos não
reprodutores.
42
Na nossa área de estudo, tudo indica que estaremos pelo menos perante a
permanência de um casal reprodutor, no dormitório principal, enquanto que o restante
grupo ocupa provavelmente sub-dormitórios em locais ainda desconhecidos.
O comportamento da Gralha-de-bico-vermelho nos dormitórios é muito variável,
sendo necessário ter em conta a época do ano, a idade e o estatuto dos indivíduos
(ROBERTS (1985) in JORGE, 1994). A existência de uma hierarquia social no interior
dos dormitórios é sugerida por STILL et al (1987) in BLANCO et al (1999), onde os
poisos diferem de acordo com o estatuto social a que o respectivo indivíduo pertence no
grupo.
MONAGHAN (1988b) refere que o papel dos dormitórios comunitários
apresenta duas funções essenciais: (1) defesa contra os predadores e (2) localização
favorável em relação às áreas de alimentação. Estes “centros de informação” trazem
benefícios no sucesso da obtenção dos alimentos, assim como na sua qualidade. Os
indivíduos com menos experiência possuem nestes “centros de informação” uma boa
oportunidade de aprender as melhores técnicas com os indivíduos mais velhos. Assim, o
comportamento dos juvenis vai-se alterando à medida que adquirem a sua
independência, adoptando as melhores estratégias para alcançar alimento (DALL, 2002;
SONERUD, 2001).
Normalmente a selecção dos dormitórios comunitários pela Pyrrhocorax
pyrrhocorax encontra-se associada a locais onde existem poucas colónias de outras
espécies. Nas imediações dos dois dormitórios identificados, apenas se registou a
nidificação de um casal de Corvo (Corvus corax) e de um casal de Gralha-preta (Corvus
corone). No trabalho realizado no Norte de Espanha por BLANCO et al (1997), foi
testada a relação entre os indivíduos solitários da Gralha-de-bico-vermelho e os
indivíduos do Peneireiro-das-torres (Falco naumanni), no que diz respeito aos locais de
nidificação. Os resultados obtidos foram claros, destacando-se uma preferência da
Gralha-de-bico-vermelho por locais onde a colónia do Falco naumanni fosse a mais
pequena possível.
Na nossa área de estudo, a Gralha-de-bico-vermelho apresenta alguma
territorialidade face a outras espécies. Durante os trabalhos de campo verificámos
interacções caracterizadas, por voos picados e circulares sobre Águia-de-asa-redonda
(Buteo buteo), Falcão-peregrino (Falco peregrinus) e Corvo (Corvus corax).
O intervalo de tempo entre a chegada dos indivíduos ao dormitório e a hora do
pôr-do-sol coincide com os resultados obtidos em outras regiões (JORGE, 1994). O
43
facto de a hora de entrada nos dormitórios acontecer apenas minutos antes do ocaso,
permite um maior aproveitamento da quantidade de luz disponível, situação visível no
presente estudo, a partir dos meses de Junho, em que a hora de entrada para os
dormitórios coincide praticamente com o pôr-do-sol. O processo de ajuste da hora de
chegada com a hora de entrada pode ser explicado como uma resposta interna ao
decréscimo da intensidade luminosa que acontece ao entardecer (JORGE, 1994).
Durante a época de reprodução, com excepção de três contactos (Dornelas – 6
indivíduos; Alto das Caravelas-6 indivíduos e Alto dos Cabeços- 6 indivíduos), não foi
observado nenhum bando nas proximidades do dormitório. Dado o cariz episódico das
observações não foi possível conhecer em detalhe a composição etária e o
comportamento destes indivíduos, não permitindo determinar se pertenciam ao grupo
original de não reprodutores ou se seriam compostos por juvenis ou por aves marcadas.
Segundo ROBERTS (1988b), os indivíduos juvenis e alguns dos não reprodutores,
demonstram muita mobilidade, podendo atingir mobilizações acima dos 20 Km de
distância. Contudo, deslocações muito superiores têm sido confirmadas: foram
observadas duas aves ao longo da Península de Lleyn (Wales), a 46 Km de distância e
uma afastada 142 Km, em Liverpool. Na Escócia foi também observada uma ave a 360
Km do núcleo de nidificação mais próximo, que seria o de Islay (FARINHA, 1988). Por
estas razões, é provável que os indivíduos não reprodutores do PNAl se possam juntar
em sub-dormitórios a alguma distância. O núcleo mais próximo referenciado, encontra-
se na Serra do Barroso, que se situa em linha recta a cerca de 40 Km de distância, no
entanto outras possibilidades podem ser consideradas se tomarmos em consideração os
registos referentes a locais limítrofes como seja a Serra do Marão, a Serra da
Aboboreira (NUNES, 2004; ÁLVARES com. pess., 2006), Serra da Peneda-Gerês ou
ainda o extremo Ocidental do Parque Natural de Montesinho onde REINO (1994) refere
a existência de nidificação provável de um único casal desta espécie.
7.3- ESTRUTURA DO HABITAT
A utilização dos biótopos para a alimentação demonstra algumas variações
sazonais quanto ao grau de preferência por parte da Gralha-de-bico-vermelho. A relação
actividade – habitat é também um ponto que varia conforme as estações, isto é, os
indivíduos desta espécie seleccionam e utilizam os diferentes biótopos de diferente
maneira, ao longo do ano (CURTIS et al, 1988).
44
Na nossa área de estudo, a observação de indivíduos em alimentação ocorreu
durante o período de Primavera e Verão, o que permitiu verificar uma preferência por
altitudes superiores a 700m e por vegetação rupícola e mato rasteiro, com um grau de
cobertura em média entre os 30%-60% e uma altura de vegetação entre os 5cm e os
20cm.
A Gralha-de-bico-vermelho ocorre preferencialmente em áreas com
afloramentos rochosos acompanhados de gramíneas e outras herbáceas. A escolha de
um habitat essencialmente constituído por pedra nua com um estrato exclusivamente
herbáceo está relacionada com o seu comportamento de alimentação no solo. Este facto
é extremamente importante pois está associado com as adaptações desta ave a solos
pobres, que lhes proporciona um fácil acesso às presas mediante escavação das camadas
superficiais do solo, com as suas fortes patas. O bico comprido e ligeiramente curvado
para baixo, possibilita aos indivíduos desta espécie virar as pedras, escavar ou remexer
o solo e os excrementos do gado.
FARINHA (1988) no estudo na região de Sagres-S.Vicente refere uma maior
ocupação por matos nas estações de Inverno e Primavera. A altura da vegetação varia
entre os 25cm e os 50cm e o grau de cobertura da vegetação de 30% a 60%. Os pousios
que englobam as pastagens naturais são utilizados durante todo o ano, com uma maior
incidência durante o período de Outubro a Abril. Quanto às culturas agrícolas, foram só
ocupadas durante a época de Verão, cujas culturas foram já ceifadas.
A variação sazonal dos biótopos por esta ave poderá também estar relacionada
com a utilização das pastagens pelo gado maronês. Durante o Outono e o Inverno, o
gado pastoreia nos lameiros, bouças, tapadas e bordas dos caminhos. A partir da
Primavera até aos finais do Verão, os pastores levam o gado para pastorear os montes
baldios, deixando-os lá durante este período (CORREIA, 1992). Assim, existe alguma
relação entre o gado e as Gralhas-de-bico-vermelho, uma vez que a escolha dos
biótopos por parte desta espécie está directamente ligada com a presença/ausência do
gado maronês. Na área da Serra de Aire e Candeeiros, cerca de 33% dos contactos que
obtiveram com a Gralha-de-bico-vermelho foram em áreas com gado bovino ou com a
presença dos seus excrementos (JORGE, 1994). Segundo BULLOCK et al (1983) in
FARINHA (1988), o número de contactos é superior em zonas onde as aves se
alimentam juntamente com o gado.
É assim referido o interesse da pastorícia extensiva na alimentação da Gralha-de-
bico-vermelho, sendo atraída para áreas de pastagens onde desfaz os excrementos do
45
gado, tanto ovino, caprino, bovino ou equino (DORY, 1983). De facto das amostragens
realizadas, todos os pontos apresentavam excrementos de bovinos ou caprinos,
salientando ainda a presença de dejectos de coelho, que segundo refere GREER (1988),
no estudo realizado na Irlanda do Norte, a presença de excrementos de ovelha e coelho é
muito apreciada por esta espécie. A combinação entre o aumento da população de
coelhos em associação com a introdução e o aumento da população de ovelhas parece
levar a um aumento na população reprodutora de Gralha-de-bico-vermelho naquele país
(BULLOCK & del-NEVO (1983) in GAMBLE et al, 1988).
A escolha dos biótopos por parte da espécie deve ter em conta a sua proximidade
aos ninhos, para que na época de reprodução o macho possa alimentar a fêmea e as crias
(LAIOLO et al, 1998). No Inverno esta área torna-se também importante por servir
como fonte primária de alimento em condições meteorológicas mais rigorosas. Segundo
NASCIMENTO (1996), foram observados vários indivíduos em alimentação ou em
exploração do alimento na área associada ao ninho e em lameiros, onde é frequente o
gado pastorear. As explorações conjuntas por alimento, do macho e da fêmea para as
crias, após o seu nascimento, determinam o alargamento da área de alimentação
associada ao ninho, podendo coincidir com áreas de alimentação dos não reprodutores
(NASCIMENTO, 1996).
Diferentes estudos têm referido a importância dos insectos na alimentação da
Gralha-de-bico-vermelho. No entanto, outros trabalhos referem a existência de uma
componente vegetal na dieta desta espécie (DORY, 1983; SOLER et al, 1993). Esta
componente vegetal constituída essencialmente por sementes e cereais, torna-se uma
fonte de alimento muito importante durante os meses de Inverno, quando a
disponibilidade de invertebrados é baixa (DORY, 1983; BLANCO et al, 1994).
Os dados existentes sobre a alimentação da Gralha-de-bico-vermelho em
Portugal são escassos ou inexistentes, resumindo-se apenas à análise de alguns
conteúdos estomacais da espécie na região de Sagres-S.Vicente efectuados por
TAVARES & SACARRÃO (1960) in FARINHA (1988). Nesta análise foi ainda
registada uma grande proporção de insectos (predominantemente Ortopteros) e caracóis.
Na mesma área, foram observados indivíduos a alimentarem-se de larvas de
Coleopteros sobre o solo arenoso assim como a alimentarem-se sobre inflorescências de
alcachofras. Contrariamente ao presenciado por FARINHA (1988), no PNAl a
Pyrrhocorax pyrrhocorax foi sempre observada a alimentar-se no solo.
46
8. CONCLUSÃO
A população de Gralha-de-bico-vermelho desde a década de 70 até à actualidade
tem vindo a diminuir drasticamente, quer no que diz respeito aos locais de ocorrência de
nidificação, quer ao número de casais reprodutores (ÁLVARES et al, 1998). Perante os
dados disponíveis tudo aponta para uma regressão futura cada vez mais acentuada desta
população no PNAl.
Dos 2 a 3 casais reprodutores confirmados (ÁLVARES et al, 1998), para a área
estudada, apenas se comprovou a existência de 1 casal reprodutor em 2006.
O abandono da espécie, verificado nas Fisgas de Ermelo (NASCIMENTO,
1996), deve servir de exemplo para que situações semelhantes não se repitam no futuro
próximo nesta região. Assim, é necessário ter em consideração a urgência de uma boa
gestão do habitat para a preservação desta ave.
Com o presente estudo foi possível confirmar a ocorrência da Gralha-de-bico-
vermelho na parte oriental do parque, predominantemente a altitudes superiores a 700m.
A espécie demonstrou também uma preferência por áreas de vegetação rupícola e mato
rasteiro, com um grau de cobertura em média entre os 30%-60% e uma altura de
vegetação entre os 5cm e os 20cm.
Apesar desta espécie possuir locais para nidificar e áreas associadas ao ninho
ajustados à sua preferência alimentar, continua a existir factores que comprometem a
nidificação desta espécie ao longo dos últimos anos. Através do seguimento por radiotelemetria, foi possível constatar que este
método apresenta vários constrangimentos, uma vez que o habitat usado pela espécie é
essencialmente constituído por rochas, o que dificulta a emissão do sinal e,
consequentemente a localização dos indivíduos.
O declínio generalizado desta ave deve-se, principalmente, ao abandono e às
alterações dos sistemas tradicionais e de pastoreio extensivo, nomeadamente como
consequência da introdução da tecnologia moderna na agricultura. Com efeito, a dieta
de base insectívora torna a espécie particularmente muito mais vulnerável a pesticidas e
insecticidas (ÁLVARES, 2001).
A estabulação de animais domésticos torna-se também um problema, pois com o
abandono do pastoreio nos campos, deixa de haver concentração de recurso alimentar
disponível associada aos dejectos do gado. A Gralha-de-bico-vermelho apresenta
características típicas de espécie indicadora da qualidade ecológica do habitat onde
47
ocorre, nomeadamente em agroecossistemas tradicionais. O abandono das práticas
agrícolas é cada vez mais frequente nos dias de hoje e o PNAl sofreu também esta
tendência. Os parques eólicos que se distribuem pelas zonas altas do PNAl têm invadido
áreas propícias para a alimentação das Gralhas-de-bico-vermelho. Não se pode afirmar
que estas infraestruturas tenham causado impactos directos na população estudada,
contudo poderão tornar-se numa ameaça num futuro próximo, caso os aerogeradores
continuem a invadir as linhas de cumeadas, tão usadas pela espécie. Na serra de
Candeeiros, foi construído um parque eólico, onde a instalação dos aerogeradores do
grupo Norte se sobrepõem à principal área de ocorrência da espécie. Porém, os dados
existentes até ao presente não permitem concluir que a construção do parque eólico
tenha influenciado a população de Gralha-de-bico-vermelho (Bio3, 2005).
Para uma conservação e protecção eficiente da Gralha-de-bico-vermelho, no
PNAl e noutras áreas onde esta espécie ocorre é necessário:
1. Criação de incentivos para a prática da pastorícia tradicional;
2. Manter a prática da queima tradicional de matos;
3. Estimular os sistemas de pastoreio explorados em regime de estabulação livre e
semi-estabulação, em particular do gado bovino maronês;
4. Estimular a manutenção do pastoreio tradicional de Inverno;
5. Dificultar o acesso humano aos dormitórios de forma a evitar a perturbação,
destruição e pilhagem dos ovos, bem como a captura de exemplares para
cativeiro;
6. Ordenamento das actividades públicas de acordo com os locais de nidificação,
dormitórios comunitários e áreas de alimentação;
7. Condicionar o acesso ao turismo e actividades radicais, nomeadamente a prática
da escalada;
8. Controlar a florestação nas áreas de habitat de alimentação;
9. Integração dos requisitos ecológicos da espécie nos planos de ordenamento;
10. Promover acções de sensibilização junto das populações locais sobre a
importância que esta espécie tem como indicadora dum “ambiente de alta
qualidade”.
Para que seja possível um conhecimento mais aprofundado é necessário desenvolver
uma monitorização regular desta espécie, de forma a determinar:
48
a) Factores de insucesso reprodutor e a mortalidade dos juvenis;
b) Flutuação anual do número de indivíduos no seio da população local;
c) Áreas favoráveis à alimentação de imaturos e adultos durante a época
reprodutora e na restante época;
d) Os locais dos dormitórios de não reprodutores;
e) A hierarquia social existente nos dormitórios comunitários;
f) Estudos de dieta alimentar através da análise de regurgitações/dejectos com
posterior cruzamento de dados obtidos por aplicação do método de “pitfall” para
insectos e análises de amostras de solo em locais de alimentação habituais por
época do ano;
g) Radioseguimento com recurso a técnicas de GPS.
A obtenção de informação científica credível será decisiva para a elaboração de
uma estratégia regional e nacional de conservação da Gralha-de-bico-vermelho. O
presente trabalho pretende dar um contributo para este desígnio prioritário no Parque
Natural do Alvão.
49
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Anexo 2 – Monitorização da Gralha-de-bico-vermelho: Ficha de Campo
* Hora * Data
*Local
*Quadricula UTM Carta 1:25000 nº
* Altitude Declive Exposição
Observação directa
• Nº de Indivíduos
Isolados Bando
Anilhas:
• Comportamento
alerta descanso alimentação
fuga defesa do território
vigilância tempo outro
• Biótopo
Mato Bosque Alto Coníferas Prado Médio Folhosas Lameiro Baixo Misto Fragas C/árvores Ardido Plantação Ardido
* Influência humana * Presença/Ausência e o tipo de gado
* Dormitórios
Hora de chegada das aves ao dormitório
Hora de entrada da 1ª ave no dormitório
Hora de entrada da última ave no dormitório
Número total de aves que entram no dormitório
Hora do pôr-do-sol
Condições meteorológicas
* Notas
65
Anexo 3 – Ficha de Caracterização do Habitat da Gralha-de-bico-vermelho Local: A) Tipo de Solo
i) Rochosidade (presença de afloramentos rochosos na superfície)
ii) Pedregosidade (presença de elementos grosseiros)
Designação Diâmetro (mm) Presença/Ausência Bloco > 250 Pedra 100 – 250
Calhau 15 - 100 B) Vegetação i) Grau de cobertura
Vegetação Percentagem Presença/Ausência Vegetação aberta Inferior a 30% Vegetação média De 30% a 60%
Vegetação fechada Superior a 60% ii) Altura (cm)
Herbácea Arbustiva Arbórea 0 - 5 0 – 30 0 – 100
5 – 20 30 – 50 100 – 400 > 20 > 50 > 400
Tipo de Vegetação
iv) Presença de dejectos
66
Anexo 4 – Apresentação dos resultados do radioseguimento dos indivíduos
Data Hora Local Intensidade do sinal Direcção Observação
f m F 15-03-06 12h30m Arnal X Alto dos Cabeços Voo 17-03-06 10h50m Arnal X Voo
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16h04m Arnal X Alto dos Cabeços Voo 29-03-06 11h05m Dornelas X
11h11m Dornelas X 05-04-06 10h30m Vaqueiro X Alto dos Cabeços Voo 06-04-06 9h45m Arnal X
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Estrada entre Outeiro da
Lagoa e Alto das Muas
X Alto dos Cabeços
Data Hora Local Intensidade do sinal Direcção Observação
f m F 15-03-06 12h30m Arnal X Alto dos Cabeços Voo
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Estrada entre Outeiro da
Lagoa e Alto das Muas
X Alto dos Cabeços
19h30m
Estrada entre Outeiro da
Lagoa e Alto das Muas
X Alto dos Cabeços Dormitório
17-03-06 10h50m Arnal X 20-03-06 16h40m Vaqueiro X Alto dos Cabeços Voo
18h30m
Estrada entre Outeiro da
Lagoa e Alto das Muas
X Alto dos Cabeços Dormitório
21-03-06 15h06m Estradão da barragem X
16h04m Arnal X
19h00m
Estrada entre Outeiro da Lagoa e Alto das Muas
X Alto dos Cabeços Dormitório
29-03-06 11h05m Dornelas X
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11h11m Dornelas X
67
Anexo 5 – Observações de Gralha-de-bico-vermelho entre Fevereiro e Outubro
Data Hora Nº Indivíduos Local
05-02-2006 18h00m 2 Alto dos Cabeços 16-02-2006 16h30m 15 Alto dos Cabeços 17-02-2006 16h15m 9 Alto dos Cabeços 23-02-2006 15h00m 16 Alto dos Cabeços 06-03-2006 17h02m 16 Alto dos Cabeços 13-03-2006 17h57m 14 Alto dos Cabeços 14-03-2006 17h43m 14 Alto dos Cabeços 16-03-2006 18h29m 6 Alto dos Cabeços
27-03-2006 11h00m 16 Alto dos Cabeços 28-03-2006 11h00m 1 Aldeia de Arnal 04-04-2006 10h00m 2 Alto dos Cabeços 05-04-2006 10h30m 2 Planalto do Vaqueiro 20-04-2006 10h30m 4 Aldeia de Arnal 29-04-2006 19h00m 2 Alto dos Cabeços 30-04-2006 11h00m 2 Alto dos Cabeços 02-05-2006 14h55m 1 Alto dos Cabeços 03-05-2006 16h20m 2 Alto dos Cabeços 09-05-2006 11h30m 2 Alto dos Cabeços 10-05-2006 11h00m 2 Alto dos Cabeços 16-05-2006 10h15m 2 Alto dos Cabeços 17-05-2006 11h15m 1 Alto dos Cabeços 24-05-2006 18h00m 2 Alto dos Cabeços 29-05-2006 20h45m 6 Alto dos Cabeços 31-05-2006 20h30m 3 Alto dos Cabeços 05-06-2006 17h30m 3 Alto dos Cabeços 20-06-2006 11h15m 6 Dornelas 26-06-2006 10h30m 2 Alto dos Cabeços
Perí
odo
de R
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duçã
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05-07-2006 17h35m 2 Alto dos Cabeços 11-07-2006 6h40m 2 Outeiro da Cabeça 11-07-2006 9h45m 2 Estradão da barragem 19-07-2006 15h16m 6 Alto das Caravelas 25-07-2006 12h30m 2 Alto dos Cabeços 08-08-2006 10h48m 2 Aldeia de Arnal 22-08-2006 15h30m 2 Alto dos Cabeços 20-09-2006 17h37m 3 Alto dos Cabeços 27-09-2006 13h40m 2 Outeiro da Cabeça 27-09-2006 18h00m 3 Alto dos Cabeços 13-10-2006 17h45m 2 Alto dos Cabeços
30-10-2006 16h52m 2 Alto dos Cabeços
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Anexo 6 – Apresentação dos resultados da caracterização do habitat
Pontos Afloramentos rochosos
Elementos grosseiros
(mm)
Grau de cobertura
(%)
Altura (cm)
Tipo de Vegetação Dejectos
317 Granito >250 100-250 <30 Herbácea
0 - 5
Pterospartum tridentatum;
Erica arborea; Avenula sulcata; Agrostis curtisi
Coelho Cabra
121 Granito 100-250 15-100 >60 Herbácea
5-20
Pterospartum tridentatum; Ulex minor;
Thymus vulgaris; Erica cinerea; Erica arborea; Avenula sulcata
Cabra Coelho Vaca
122 Granito 100-250 15-100 >60 Herbácea
>20
Fetos; Pterospartum tridentatum;
Avenula sulcata; Erica cinerea; Erica arborea
Coelho Cabra
319 Granito >250 100-250 30-60 Herbácea
5 - 20
Pterospartum tridentatum;
Erica cinerea; Thymus vulgaris; Erica arborea;
Avenula sulcata; Allium umbellata
Cabra Coelho Vaca
320 Granito >250 30-60
Herbácea 0-5
Arbórea 0-100
Pterospartum tridentatum;
Erica cinerea; Erica arborea;
Erica umbellata; Thymus vulgaris;
Ulex minor; Avenula sulcata; Agrostis curtisii; Allium umbellata Pinus pinaster; Pinus sylvestris
Cabra Coelho
245 Granito >250 <30 Herbácea 0-5
Pterospartum tridentatum;
Erica cinerea; Erica arborea;
Ulex minor; Agrostis curtisii
Cabra Coelho