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1 CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO A região de Fazenda Nova – GO é uma área que já vem sendo estudada em diversos trabalhos graças a sua propensão econômica, sendo evidenciada principalmente pelas ocorrências depósitos de ouro. A história geológica do local é bastante complexa, a qual remete a estudos muito abrangentes, sendo necessário compreender a evolução geral da Província Tocantins até a evolução das unidades do Maciço de Goiás ao Arco Magmático de GO que ocorrem nos 30 Km² mapeados por cada grupo. Objetivos 1.1. O objetivo deste trabalho é o mapeamento geológico, na escala de 1:25000, da Zona de Cisalhamento Moiporá-Novo Brasil e a delimitação de seu raio de ação, à sudeste da cidade de Fazenda Nova, GO. Nesta região o mapa proposto pela CPRM apresenta uma provável incoerência geológica, sendo cartografado uma camada da Sequência Serra Dourada entre as rochas do complexo Uvá; assim o presente relatório objetiva, também, a constatação da geologia local e a proposição de um novo mapa local. Por tratar-se de uma região de alto potencial a mineralizações e próximo a mina Aurífera de Bacilândia, o mapeamento em escala de semi-detalhe torna-se muito útil na prospecção de novos depósitos metalíferos. Assim o empilhamento estratigráfico aliado aos modelos estruturais, metamórficos e metalogenéticos, propostos neste trabalho, visa a contribuição da prospecção mineral local.

Relatório Final - Mapeamento em Fazenda nova (GO)

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Mapeamento geológico realizado em Fazenda Nova (GO) na escala de 1:25.000.

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    CAPTULO 1

    INTRODUO

    A regio de Fazenda Nova GO uma rea que j vem sendo estudada em diversos

    trabalhos graas a sua propenso econmica, sendo evidenciada principalmente pelas

    ocorrncias depsitos de ouro. A histria geolgica do local bastante complexa, a qual

    remete a estudos muito abrangentes, sendo necessrio compreender a evoluo geral da

    Provncia Tocantins at a evoluo das unidades do Macio de Gois ao Arco Magmtico de

    GO que ocorrem nos 30 Km mapeados por cada grupo.

    Objetivos 1.1.

    O objetivo deste trabalho o mapeamento geolgico, na escala de 1:25000, da Zona de

    Cisalhamento Moipor-Novo Brasil e a delimitao de seu raio de ao, sudeste da cidade de

    Fazenda Nova, GO.

    Nesta regio o mapa proposto pela CPRM apresenta uma provvel incoerncia

    geolgica, sendo cartografado uma camada da Sequncia Serra Dourada entre as rochas do

    complexo Uv; assim o presente relatrio objetiva, tambm, a constatao da geologia local e

    a proposio de um novo mapa local.

    Por tratar-se de uma regio de alto potencial a mineralizaes e prximo a mina Aurfera

    de Bacilndia, o mapeamento em escala de semi-detalhe torna-se muito til na prospeco de

    novos depsitos metalferos. Assim o empilhamento estratigrfico aliado aos modelos

    estruturais, metamrficos e metalogenticos, propostos neste trabalho, visa a contribuio da

    prospeco mineral local.

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    Materiais e Mtodos 1.2.

    Para o Projeto Fazenda Nova foram formadas oito duplas de discentes supervisionados

    por trs docentes do curso de Geologia da UNESP Rio Claro. Essas duplas de discentes foram

    separadas em oitos quadriculas diferentes para a coleta de dados, interpretao e elaborao

    de um relatrio da rea. O presente relatrio corresponde ao grupo F.N.6 e est localizado na

    poro leste do projeto.

    Para esse trabalho foram realizadas revises bibliogrficas, interpretao de imagens de

    satlite (por meio de anaglifos e pelo software Google Earth), trabalho de campo, anlise de

    amostras de mo e lminas delgadas, confeco do perfil geolgico e colunas do

    empilhamento estratigrfico da rea. Para tal foram utilizados os softwares ArcGIS10.0,

    CorelDraw X6 e Stereo32 para o processamento dos dados.

    Localizao 1.3.

    A rea do Projeto Fazenda Nova encontra-se no Sudoeste do estado de Gois nas

    proximidades das cidades de Fazenda Nova e Crrego do Ouro (fig. 1). As estradas que ligam

    Goinia a Fazenda Nova so a GO - 326 e a GO 060. Os acessos que ligam Fazenda Nova

    regio do mapeamento so estradas de terra sendo a principal delas a que liga Fazenda Nova

    a Crrego do Ouro- alm de outras estradas de terra secundrias em meio as fazendas na

    regio.

    Figura 1: Mapa de localizao do municpio de Fazenda Nova GO.

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    Aspectos fisiogrficos 1.4.

    O clima predominante o tropical, com duas estaes bem definidas: uma chuvosa

    (entre outubro e abril) e uma seca (de maio a setembro). A mdia pluviomtrica (chuvas) anual

    de 1.532 mm. J a temperatura mdia anual varia entre 20 C a 24 C, sendo que as mximas

    podem atingir at 36 C e as mnimas, 12 C.

    Gois rico em recursos hdricos, sendo considerado um dos mais peculiares e

    abundantes entre os Estados brasileiros quanto hidrografia. Graas ao seu arcabouo

    geolgico, o estado de Gois apresenta grandes cursos dagua e aquferos de alta capacidade

    de armazenamento hdrico, como o Bambu e o Guarani, este ltimo um dos maiores do

    mundo, com rea total de at 1,4 milho de km. Nascem, em Gois, rios formadores das trs

    mais importantes bacias hidrogrficas do pas. Todos os cursos dgua no sentido Sul-Norte so

    coletados pela Bacia Amaznica, dos quais se destacam os rios Maranho, Almas e Paran que

    do origem ao Rio Tocantins, mais importante afluente econmico do Rio Amazonas.

    O solo, o clima, a intensidade das chuvas contribuem para a variedade da vegetao de

    Gois. So os tipos de vegetao:

    Cerrado formados de plantas rasteiras e rvores de 8 a 10 metros de altura. So

    encontradas, na maioria, em chapades. Exemplos de plantas de cerrados: pequizeiro, lobeira,

    lixeira, mangabeira. H tambm plantas medicinais, como a caroba, a quineira e outras.

    Florestas tropicais aparecem como manchas isoladas em algumas partes do Estado. So

    formadas por rvores grandes que a indstria aproveita, como: mogno, imbuia, cedro,

    jequitib e peroba.

    A vegetao de Gois est intimamente ligada aos cursos dgua que oferecem a

    delimitao entre as matas ciliares ou da galeria e os grandes espaos cobertos por cerrados,

    que atingem 60% do territrio goiano.

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    CAPTULO 2

    GEOLOGIA REGIONAL

    CONTEXTO TECTONICO REGIONAL 2.1.

    A regio a ser mapeada est localizada na Provncia Estrutural Tocantins no domnio da

    Faixa Braslia. A Provncia Tocantins (Almeida et al. 1977) corresponde a um sistema orognico

    Neoproterozico desenvolvido durante a coliso dos crtons So Francisco/Congo, Amazonas

    Projeto

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    Figura 2 - Mapa Geotectnico do Estado de Gois e Distrito Federal 1:500.000, mostrando a compartimentao Geotectnica e destacando a regio do Projeto Fazenda Nova.

    e Paranapanema, formando o supercontinente Gondwana (Almeida et. al. 1981). A provncia

    de Tocantins encontra-se bordejada a oeste pelo Crton Amaznico, a leste pelo Crton

    do So Francisco e os limites norte e sul so encobertos pelos depsitos fanerozicos das

    bacias do Parnaba e Paran, respectivamente. Estende-se na direo N-S com cerca de 2.000

    km e largura E-W de 800 km. (Pimentel et al. 1991, Pimentel & Fuck 1992). A provncia

    Tocantins pode ser subdividida em 3 compartimentos tectnicos: Faixa Paraguai; Faixa

    Araguaia; Faixa Braslia (Pimentel, 2000b).

    2.1.1. A Faixa Braslia (FB) corresponde a um cinturo mvel que evoluiu do

    Meso ao Neoproterozico, sobre um embasamento granito-gnissico Paleoproterozico.

    Localiza-se no leste da Provncia do Tocantins, com 1100 km de extenso N-S margeando o

    crton So Francisco. A FB pode ser classificada em cinco zonas com relao intensidade de

    deformao e metamorfismo, que aumentam gradativamente do limite do Crton do So

    Francisco em direo ao interior da faixa (Dardenne, 1978).

    2.1.1.1. Zona Cratnica: Corresponde a exposies do embasamento e por

    coberturas sedimentares fanerozicas e pr-cambrianas (Fuck, 1994). As unidades pr-

    cambrianas, de idade Neoproterozica, so representadas pelos Grupos Parano e Bambu.

    2.1.1.2. Zona Interna: representada por associaes metassedimentares do grupo

    Arax. Na poro sul da zona interna so descritas associaes do tipo mlange ofioltica

    (Strieder & Nilson 1992, 1993), devido presena de corpos de serpentinito, corpos mficos

    alongados e gnaisses porfiroclsticos bandados; sugerindo assim um modelo de bacias back-

    arc ou arcos magmticos (Pimentel et al. 2001).

    Segundo Dardenne 1978, a zona interna apresenta uma ampla variao no grau

    metamrfico de xisto-verde mdio a anfibolito, com segmentos granulitizados. A ocorrncia do

    complexo Anpolis-Itauu marca o ncleo metamrfico com granulitos supracrustais e

    ortoderivados. A deformao acentuada e caracterizada por dobras apertadas, zonas de

    cisalhamento dctil e um conjunto de nappes, em escama, com vergncia para E (sobre o

    crton do So Francisco).

  • 6

    2.1.1.3. Zona Externa: Composta por rochas metassedimentares de margem passiva

    do Crton So Francisco, representada pelos grupos Vazante, Parano, Canastra e Ibi. Para

    Fuck (2005) a zona externa corresponde a rochas do Crton So Francisco que foram

    retrabalhadas pelo Ciclo Brasiliano. O padro metamrfico da zona externa corresponde a

    baixo grau, alcanando at xisto verde-mdio (Dardenne 1978). As feies estruturais

    predominantes dessa zona so: cintures de dobramentos e empurres, dobras flexurais de

    deslizamento, alm de uma componente rptil dando origem a zonas de cisalhamento e

    movimentaes transcorrentes (Fonseca & Dardenne, 1995).

    2.1.1.4. Arco Magmtico de Gois: considerado como a colagem de um sistema de

    arcos de ilhas intraocenico gerado durante a coliso dos crtons Amaznico, Paranapanema e

    So-Francisco-Congo, durante o Neoproterozico. A unidade limitada a oeste pelos

    sedimentos da bacia do Araguaia, a sul pela bacia do Paran, a norte pela Bacia do Parnaba

    (Pimentel et al., 1996) e a leste pelos sistemas de falhas Rio dos Bois e Mandinpolis.

    composto por sequncias metavulcano-sedimentares associadas Ortognaisses tonalticos a

    granticos. Essas rochas foram geradas, principalmente, em dois eventos magmtico-

    sedimentares. O primeiro evento gerado entre 890 a 800 M.A. corresponde a arcos de ilhas

    composto por rochas vulcnicas clcio-alcalinas e plutnicas de composio tonaltica a

    granodiortica. O segundo evento gerado entro 690 a 600 M.A. corresponde a sequncias

    vulcano-sedimentares, a intruses tonalticas a granticas e corpos mficos-ultramficos

    diferenciados.

    2.1.1.5. Macio de Gois: Corresponde ao embasamento da faixa Braslia e

    representa um micro-continente envolvido nos eventos colisionais do brasiliano. composto

    por terrenos greenstone belts de Gois, Guarinos e Crixs, associados aos complexos granito-

    gnissicos de Uv, Anta, Caiamar, de idades arqueana (Pimentel et al. 2000b); alm de rochas

    metassedimentares dos grupos Serra da Mesa, Serra Dourada e Ara, de idade paleo-

    mesoproterozico (2,0 G.A.). Na parte norte do macio tem-se sucesses vulcano-

    sedimentares metamorfizados em alto grau metamrfico (Juscelncia, Palmeirpolis e

    Indaianpolis) recobrindo complexos mficos e ultramficos (Canabrava, Barro alto e

    Niquelndia) em fcies granulito. Segundo Perosi (2006) o contato entre o Arco Magmtico e o

    Macio de Gois marcado pela zona de cisalhamento Rio dos Bois e Mandinpolis.

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    UNIDADES GEOLGICAS REGIONAIS 2.2.

    As compartimentaes descritas a seguir merecem um maior destaque neste trabalho,

    uma vez que integram a regio de estudo. Dessa maneira sero contempladas duas

    compartimentaes do Macio de Gois Complexo Granito Greenstone e Bacia

    Intracontinental Paleomesoproterozoica - e dois compartimentos do Arco Magmtico de Gois

    Sequencias Metavulcanossedimentares e Granitides.

    Figura 3 - Mapa Geolgico do Estado de Gois e Distrito Federal 1:500.000, 2008. Detalhe na regio do Projeto Fazenda Nova.

    2.2.1. Compartimentos do Macio de Gois

    2.2.1.1. Terrenos granito-greenstones: Ocorrem na forma oval com eixo N-S de 250

    km e eixo E-W de 80 km. Encontra-se em contato com rochas metavulcnicas,

    metassedimentares e intruses Neoproterozicas. formado por complexos granito-gnissicos

    divididos por greenstone belts.

    Os complexos granito-gnissicos correspondem a rochas homogneas ou

    gnaissificadas de composio diortica a grantica. So divididos nos seguintes complexos: Uv,

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    Caiara, Anta, Caiamar, Moqum e Hidrolina; que apresentam idades 2,95 a 2,7 Ga (Queiroz et

    al. 2000). Os complexos so separados por greenstones belts, colocados por zonas de

    cisalhamento de alto a baixo ngulo, e apresentam deformaes variveis e metamorfismo

    entre xisto verde e anfibolito.

    O Complexo Uv localiza-se ao sul do Macio de Gois, limitado a oeste pela zona de

    cisalhamento Moipor-Novo Brasil, a norte com os greenstone belts Faina e Serra de Santa

    Rita e a sul pelo Grupo Serra Dourada. As rochas que o compem foram divididas em dois

    domnios: Rio do ndio e Rio Vermelho. O domnio Rio do ndio composto por gnaisses

    diorticos, tonalticos e granodiorticos, com idade 2,93 Ga. (Pimentel et al. 2003). O domnio

    do Rio Vermelho composto por metatonalitos, metamonzonitos e metagranodioritos,

    datados em 2,75 Ga. (Jost et al. 2005). O contato entre estes dois domnios dado por uma

    falha de empurro, sugerindo uma imbricao tectnica.

    2.2.1.2. Bacia Intracontinental Paleo-mesoproterozico: As rochas dessa paleo-

    bacia esto divididas em duas sequncias: rift e a ps-rift. A unidade encontrada na rea de

    estudo corresponde ao Grupo Serra Dourada, a qual faz parte da sequencia ps-rift e ocupa a

    poro centro-norte do estado. Estratigraficamente o grupo Serra Dourada composto por

    duas unidades A e B, representando o nvel basal e topo, respectivamente. A unidade A

    composta por sericita-quartzitos laminados, friveis, de cor cinza claro a amarelo rosado, e

    quartzitos arcosianos com nveis de metaconglomerados com clastos quartzosos e matriz

    quartzo-feldsptica. A unidade B composta por sericita-clorita-xisto e muscovita-quartzo-

    xisto intercalados com nveis de quartzitos. A granulao desses sedimentos varia de fina a

    media e possvel encontrar pequenas dobras e crenulaes.

    2.2.2. Compartimentos do Arco Magmtico de Gois

    O Arco Magmtico de Gois composto por duas classes de rochas, as sequncias

    metavulcanossedimentares e os granitides sin a ps-tectnicos.

    2.2.2.1. Sequncias Metavulcanossedimentar (SMVS): So divididas em oito

    sequncias supracrustais de idade neoproterozica, que ocorrem no oeste e norte de Gois,

    suas exposies tem direo NNW e NNE e seu contato limitado por falhas transcorrentes.

    Na rea a ser mapeada duas sequncias metavulcanossedimentares so descritas: a SMVS

    Jaupac e a SMVS Anicuns-Itabira.

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    2.2.2.2. SMVS Jaupac: Localiza-se na poro centro-oeste de Gois e ocorrem em

    faixas de direo NS a NNW, composta por metabasaltos porfirticos e vesiculares,

    metavulcnicas flsicas, metacherts, metapiroclastos e formaes ferrferas. Dados de U-Pb

    indicam idade de 774 14 Ma, porm dados de Rb-Sr coletados em riolitos nas proximidades

    da cidade de Fazenda Nova indicaram idade de 608 48 Ma (Pimentel & Fuck, 1994).

    2.2.2.3. SMVS Anicuns-Itabira: As ocorrncias dessa unidade so restritas s

    proximidades das cidades de Aurilndia a Edealina. Seu contato limitado por falhas de

    empurro, mergulhando para sul, com o grupo Serra Dourada e por falhas transcorrentes N-S

    com o Complexo Anpolis-Itauau. As rochas englobadas nessa sequncia so principalmente

    anfibolitos, metacalcrios dolomticos, metacherts, xistos, mrmores magnesianos e

    quartzitos. Segundo Laux et al. (2004), essa SMVS foi formada entre 830 e 890 Ma., e dados de

    Sm-Nd (Laux, 2010) evidenciam idade de 1,8 a 2,01 Ga., indicando que seus sedimentos so

    originrios de fontes Paleoproterozicas, correspondendo a sedimentos do Macio de Gois.

    2.2.3. Granitides: Os granitides intrudidos no arco magmtico de Gois so subdivididos em relao

    temporal ao tectonismo, sendo: Sin-tectnico, sin a tardi-tectnico e ps-tectnico.

    2.2.3.1. Granitos Sin-Tectnicos: correspondem s rochas da Unidade Ortognaisses

    do Oeste de Gois e composta por ortognaisses Neoproterozicos associados s SMVS do

    Arco Magmtico de Gois. So rochas metaplutnicas tonalticas a granodiorticas, de carter

    clcio-alcalino, granulao mdia a grossa com colorao cinza, rsea e creme. Apresenta

    biotita e hornblenda na moda mineralgica, alm de muscovita associada, em menor

    quantidade. O metamorfismo que afetou tais granitoides sin-tectnicos variou de xisto-verde

    alto a anfibolito, e apresenta idade entre 632-594 Ma.

    2.2.3.2. Granitos Ps-tectnicos: As rochas presentes na rea enfocada deste

    trabalho fazem parte da Sute Intrusiva Serra Negra. Esta sute composta por diversos

    batlitos ps-tectnicos discordantes, normalmente arredondados. Tais corpos so intrudidos

    em sequncias metavulcanossedimentares e terrenos granitos-gnissicos, formando aureolas

    de metamorfismo de contato nessas rochas. So rochas isotrpicas, de granulao mdia a

    grossa, avermelhados a rseos. A sute apresenta uma evoluo magmtica de granodioritos a

  • 10

    sienitos. Segundo Pimentel & Fuck 1994 e Pimentel 1991, a sute formou-se durante 576 e 462

    Ma; sendo considerada como o final da evoluo do Arco magmtico de Gois.

    O corpo grantico conhecido como Crrego do Ouro faz parte da sute Serra Negra, e

    est intrudido no sistema de falhas Moipor-novo Brasil. A rocha apresenta composio

    monzograntica a sienograntica, rosa avermelhada, granulao mdia a grossa, equigranular

    a porfirtica com fenocristais de K-feldspato, estrutura macia a levemente orientada e

    cortada por diques de aplito. Pimentel e Fuck 1987 dataram a rocha pelo mtodo Rb-Sr e

    obtiveram 505 Ma.

  • 11

    CAPTULO 3

    ESTRATIGRAFIA E LITOLOGIA

    COMPARTIMENTAO TECTONO-ESTRTIGRAFICA 3.1.

    A regio do projeto Fazenda Nova foi divida em trs domnios, os quais abrangem todas

    as unidades mapeadas na rea, de acordo com suas caractersticas litolgicas e tectono-

    estratigrficas as quais foram empilhadas em colunas esquemticas de acordo com suas

    particularidades figura 4. Dividindo-se assim nos Domnios: Leste, Central e Oeste, os quais

    sero abordados a seguir.

    Figura 4: Coluna tectono estratigrfica esquemtica da rea mapeada.

  • 12

    Domnio Leste 3.1.1.No domnio leste foram mapeadas as unidades Anicuns-Itabera (NPai), Serra Dourada

    (PPsd) e Complexo Uv (Au). No extremo oeste deste domnio tem-se uma discordncia com o

    Domnio central.

    O complexo Uv restrito a regio central da serrania marcada pelo Grupo Serra

    Dourada, e a Sequncia Anicuns-Itabera ocorre restrito ao extremo leste da rea.

    importante salientar que as sequencias esto discordantes entre si. No flanco leste da serra

    dourada a sequencia Anicuns-Itabera trunca as unidades do Grupo Serra Dourada, havendo

    uma zona de cisalhamento rptil de contrao. J o contato do Complexo Uv com o Grupo

    Serra Dourada marcado por uma discordncia de tempo.

    Seguindo a ordem cronolgica, sero descritos a seguir as principais caractersticas

    estratigrficas e litolgicas das unidades acima mencionadas.

    3.1.1.1. Complexo Uv Esta unidade composta por gnaisses e est restrita ao centro do domnio leste,

    encontrando-se em contato apenas com a Sequncia Serra Dourada. Sua geomorfologia

    representada por um relevo suave ondulado em sua parte central, com acentuado aumento na

    amplitude e declividade dos morros para as bordas. Os afloramentos so constantes

    ocorrendo nas drenagens, beiras de estradas e reas de pasto. O solo resultante da alterao

    desses gnaisses , no geral, argiloso de colorao esbranquiada com no mximo de dois

    metros de espessura. Considerando a quantidade de afloramentos e a espessura do solo,

    pode-se concluir que a unidade apresenta uma resistncia moderada ao intemperismo.

    Em geral os gnaisses so compostos por duas bandas: uma flsica de quartzo e

    feldspato potssico (FK)- e outra fina camada (2mm) mais rica em biotita e FK, normalmente

    avermelhada. A porcentagem mineral era de 75% de quartzo e feldspato e 25% de micas. A

    partir do ponto 43 o gnaisse encontra-se mais enriquecido em biotita fazendo com que as

    bandas escuras cheguem a 3 cm (fig. 5), alm do aparecimento de muscovitas. A rocha

    apresenta-se bandada, com textura equigranular para o quartzo e o FK (tamanho mdio a

    grossa) enquanto as biotitas tem tamanho reduzido (fina). Assim, as rochas desses grupos

    ficam divididas em dois litotipos: gnaisses e biotita gnaisses.

  • 13

    Figura 5 Ponto 39, complexo Uv, gnaisse com intercalao de bandas quartzo feldsptica e ricas em biotita.

    Como no foi observada a base do complexo Uv no se pode estimar uma espessura

    para sua camada. Os gnaisses so orto derivados, tendo protlito de composio

    sienogranitica a monzontica.

    3.1.1.2. Unidade Serra Dourada A unidade Serra Dourada composta por metassedimentos, divididos em dois litotipos:

    quartzito puro correlacionvel com a Unidade B - perfazendo cerca de 40% da unidade; e

    quartzito micceo (quartzitos muscovticos) correlacionvel com a Unidade A- com

    aproximadamente 60% da composio da sequencia. Seus contatos so concordantes e

    abruptos. A unidade bem marcada pelas grandes serras da regio, e correspondem aos

    morros de maior elevao da rea com alta declividade. Os afloramentos so facilmente

    encontrados no topo da serra, tanto em forma de cristas, cho de estradas ou como pequenas

    exposies, por vezes apresentam-se contnuos por vrios metros. Na decida da serra, sua

    exposio praticamente constante. O solo gerado por essa unidade muito arenoso, tanto

    no caso do quartzito puro, quanto o mais muscovtico, tem cor sempre esbranquiada e sua

    espessura muito reduzida, nunca chegando a um metro. O intemperismo sofrido por essa

    unidade maior nas rochas com mais muscovita, tornando a rocha mais frivel e alterada. Os

    Quartzitos de composio mais pura raramente apresentam intemperismo avanado, sendo

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    mais perceptvel quando o quartzito encontra-se contaminado com xidos de ferro

    (apresentando colorao avermelhada).

    Os dois litotipos representantes dessa unidade formam quartzitos muito puros (fig. 6),

    com textura sacaroidal e teores de quartzo podendo chegar a 95%. No caso dos quartzitos

    muscovticos (fig. 7), os teores mximos de muscovitas chegam a 20%. Ocorrem minerais

    acessrios como sericita, biotita, turmalina e minerais opacos. Os minerais opacos encontram-

    se em camadas milimtricas marcando o bandamento composicional. As muscovitas

    encontram-se concentradas em bandas enriquecidas em micas, formando foliao de

    crenulao. Pela anlise das lminas possvel perceber que o quartzo encontra-se

    recristalizado, apresentando extino ondulante e diminuio do tamanho do cristal conforme

    a recristalizao sofrida pelo mesmo, com isso foi observado que o tamanho dos gros varia

    muito, desde muito grossos a muito finos (recristalizados).

    Figura 6- Quartzito puro da Serra Dourada

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    Figura 7. Quartzito muscovtico da seq. Serra Dourada

    Os protlitos provavelmente tem origem sedimentar, sendo o quartzito puro originado

    de arenitos maturos com pequenas quantidades de minerais pesados associados, e os

    quartzitos muscovticos originados de arenitos imaturos enriquecidos em pelitos. Marcas de

    ondas assimtricas foram encontradas nos arenitos mais puros, ratificando a teoria de origem

    sedimentar. A espessura do quartzito muscovtico Unidade A - de 220 m, enquanto a o

    quartzito - Unidade B - tem no mnimo 50m j que no foi possvel encontrar o contato do

    topo desta dessa unidade com a unidade sobrejacente.

    Litotipos da unidade: Quartzito e Muscovita-Quartzito.

    3.1.1.3. Sequncia Anicuns-Itabera A Sequencia Anicuns-Itabera composta por diferentes litologias como quartzitos e

    quartzitos muscovticos (NPaiq), biotita gnaisses (Npaimvs) e gnaisses tonalticos (NPaigt) que

    ocorrem em faixas dobradas com direo principal aproximadamente NE. Os quartzitos

    perfazem cerca de 20% da sequencia, o biotita-gnaisse faz parte de uma unidade

    vulcanossedimentar que representa cerca de 50% da exposio da unidade, os gnaisses

    tonalticos completam os 30% restantes. Suas relaes de contato no foram bem definidas

    uma vez que afloramentos dessas unidades (exceto pelos quartzitos) so raros, e quando

    presentes encontram-se em processo pedogentico avanado. A geomorfologia da sequencia

  • 16

    formada por relevos ondulados com declive e amplitudes moderadas a suaves para os

    gnaisses e mais acentuadas para os quartzitos. Os solos resultantes dos seus intemperismos

    variam de arenosos, esbranquiados a amarelados e pouco espessos para os quartzitos, e

    avermelhado/esbranquiados (provavelmente por conta da alterao dos feldspatos para

    caulim), argilosos com espessuras de aproximadamente 2m para os dois tipos de gnaisses.

    Os quartzitos (fig. 8) compe um pacote em que h intercalao de material mais rico

    em muscovitas (predominante) e outro mais puro em quartzo sacaroide. No geral a

    porcentagem de muscovita chega a 10% se concentrando em finas camadas (1mm) ricas em

    mica, sendo possvel encontrar traos de biotita e turmalina nas sees delgadas. O quartzo

    (90% da rocha) apresenta feies de recristalizao e por vezes esto estirados, tambm

    apresentam extino ondulante evidencia deformao e metamorfismo, seus gros variam de

    finos a grossos dependendo do afloramento.

    Figura 8 Quartzito da Sequncia Anicuns-Itabera

    Os biotita-gnaisses (fig. 9) por sua vez, so compostos predominantemente por duas

    bandas uma fina (0,3mm) rica em quartzo, plagioclsio, epidoto, muscovita, biotita e

    turmalina e outra mais espessa (1,5mm) composta por quartzo, biotita, plagioclsio, epidoto e

    calcita. As bandas encontram-se paralelas a foliao principal e, alm desta, as algumas micas

    encontram-se orientadas por outro plano de foliao sub-paralelo e posterior ao evento

    principal. Por fim, na regio extremo leste da rea so encontrados blocos de ganisses com

    cristais de quartzo, plagioclsio e biotita, tambm bandado, evidenciando se tratar de um

    gnaisse tonaltico de granulao fina a mdia.

  • 17

    Figura 9 Biotita gnaisse no leito da drenagem

    Os protlitos provenientes destas litologias tm origem sedimentar para os quartzitos

    da unidade NPaiq; origem metavulcano-sedimentar para as rochas do NPaimvs; j o gnaisse

    tonaltico ortoderivado de rochas tonalticas a granodiorticas. As unidades apresentam

    espessuras aproximadas de: NPaiq - 480 metros; NPaimvs 700 m; NPaigt pelo menos 25m.

    Litotipos: Quartzito, quartzito muscovtico, biotita gnaisse e gnaisse tonaltico.

    Domnio Central 3.1.2.O domnio central encontrado na rea centro-oeste da rea mapeada e composto por

    rochas da SMVS Anicuns-Itabera, representada pelas unidades Rabo do Pavo (NPag);

    Sequencia Metassedimentar (Psmc); Hornblenda Gnaisse intercalado com anfibolito (NPhbg);

    Quartzito da Serra do Faco (Pqsf). Os contatos entre si so abruptos e as faixas de cada

    litologia esto orientadas aproximadamente norte-sul. Geomorfologicamente essa unidade

    composta por um relevo ondulado suave, de baixa amplitude e declividade, a no ser no

    quartzito (Serra do Faco) em que sua declividade e amplitude se acentuam fortemente. A

    ocorrncia de seus afloramentos constante, ocorrendo normalmente nas drenagens,

    estradas e algumas vezes em reas de pasto; exceo do NPhbg em que seus afloramentos

    eram mais raros e esparsos. Com exceo do conjunto quartzoso o solo oriundo dessa unidade

    argiloso a levemente arenoso, intercalaes a solos quartzo-arnicos, com espessuras

    chegando h mais de 3m, e variao de cores esbranquiadas, amareladas e avermelhadas. O

  • 18

    solo mais arenoso apresenta espessura centimtrica, de colorao esbranquiada a amarelada.

    As rochas quartzticas sofrem pouco com as aes intempricas, enquanto xistos e gnaisses

    encontram-se com estgios de intemperismo moderado a alto.

    3.1.2.1. Unidade rabo do pavo O Augen gnaisse (fig.10) foi reconhecido como um gnaisse composto principalmente de

    feldspato potssico (35%), quartzo (20%), plagioclsio (25%), biotita (15%) e traos de apatita e

    opacos, sua espessura mxima de aproximadamente 700m. Tanto em amostra de mo como

    lmina delgada, observa-se a presena de um bandamento composicional flsico (quartzo,

    plagioclsio e FK) intercalado com bandas mficas ricas em biotita (0,2mm). Este gnaisse

    marcado pela presena de cristais blastoporfirticos de FK. Estes fenocristais encontram-se

    cisalhados, estirados e alguns com sombra de presso. Esses feldspatos so bons indicadores

    cinemticos da zona de cisalhamento e indicam que esta tem sentido sinistral. A rocha

    pretrita dessa rocha deve se enquadrar no grupo das rochas gneas de composio

    monzograntica a sienograntica.

    Figura 10 Augen gnaisse com indicadores cinemticos sinistrais.

    3.1.2.2. A sequncia metassedimentar central composta por xistos (85%) fig.11-

    e lentes de quartzito (15%) e tem espessura mxima de 720m. A composio mineralgica do

    xisto principalmente: quartzo, muscovita e feldspato potssico. Em geral so equigranulares,

    com bandas de cores cinza (muscovita + quartzo) intercaladas com bandas avermelhadas

    (feldspato potssico) de granulao mdia a fina. Normalmente apresenta pelo menos uma

  • 19

    foliao bem marcada em todas as suas exposies. Sua origem pode estar ligada com

    sedimentos imaturos arcoseanos, podendo ser derivadas de pelitos e fcies mais arenosas.

    Figura 11 Xisto da sequncia metassedimentar, apresentando bandas pegmatides de feldspato potssico.

    3.1.2.3. Unidade Hornblenda gnaisse - Aps anlise das lminas foi possvel observar

    que o hornblenda gnaisse (fig.12) tem uma constituio mineralgica formada por FK (19%),

    quartzo (12%), plagioclsio (23%), hornblenda (22%), biotita (16%), epidoto (3%) alm de

    outros elementos que aparecem em menor quantidade como a titanita, diopsdio, apatita e

    opacos. Existe um bandamento composicional ocorrendo principalmente entre o quartzo,

    feldspato potssico e plagioclsio intercalado com bandas ricas em hornblendas e biotitas

    principalmente. A foliao formada pelos minerais mficos, por vezes apresenta ligeiro

    dobramento, sendo esse considerado uma foliao de crenulao, posterior ao evento que

    gerou a foliao principal. A espessura dessa camada pode chegar a 165m. O protlito desse

    material provavelmente tem composio monzontica. O quartzito encontrado nessa unidade

    compreende as rochas da Serra do Faco (por se apresentar muito dobrada no foi possvel

    estimar sua espessura), composta exclusivamente por um quartzito com muscovita, com cerca

    de 90% de quartzo e 10 % de mica. A granulao varia de fina a mdia, e apresentam cor

    branca a rsea.

  • 20

    Figura 12 Hornblenda gnaisse aflorando em drenagem.

    3.1.2.4. Unidade Quartzito Serra do Faco As rochas da Serra do Faco (por se apresentar muito dobrada no foi possvel estimar sua

    espessura), so compostas exclusivamente por um quartzito com muscovita, com cerca de

    90% de quartzo e 10 % de mica. A granulao varia de fina a mdia, e apresentam cor branca a

    rsea. Vista em lmina, observa-se recristalizao dos cristais de quartzo, dando origem a um

    fabric orientado (formado pelos cristais estirados) na mesma direo que as ripas micceas.

    Essa litologia tem origem paraderivada.

    3.1.2.5. Unidades Anicuns-Itabera Quartzo-xisto Composta predominantemente por quartzitos micceos (95% da unidade) e com

    espessura mxima de 600m e esses quartzitos so compostos por quartzo e muscovita

    ocorrendo subordinadamente, ambos com granulao variando de fina a mdia de cor branca.

    Em geral as micas apresentam-se orientadas ou crescendo intersticialmente aos gros de

    quartzo. Os outros 5% dessa unidade so compostos por rochas calcissilicatadas, meta-

    arenitos e xistos ferruginosos, os quais foram observados em apenas uma exposio. Acredita-

    se que a origem dessa unidade seja sedimentar.

    Domnio Oeste 3.1.3.Este domnio representado pelas rochas as Sequencia Metavulcanossedimentar

    Jaupac. Apenas uma rocha dessas sequencia foi encontrada na rea mapeada, a qual se

    tratava de um biotita gnaisse (NPsj), alm de lentes de formaes ferrferas, usa espessura

    mnima de 610m. Seu contato com o Augen Gnaisse (NPag) discordante e separados um do

  • 21

    outro pela zona de cisalhamento Moipor-Novo Brasil. Sua geomorfologia envolve morros

    com declividade e amplitude moderada. O solo formado do intemperismo desse litotipo

    areno-argiloso, de colorao amarelada (exceto onde se tm as lentes de BIF, a a colorao

    fortemente vermelha) e espessura menor que 50 cm, talvez por isso no seja difcil encontrar

    afloramentos no cho das estradas ou em drenagens.

    3.1.3.1. O biotita-gnaisse tonaltico (fig.13) encontrado composto por quartzo, biotita e

    feldspato potssico, os cristais tinham granulao fina e cor cinza, com feldspatos

    avermelhados. Duas bandas foram diferenciadas: uma com predominncia quartzo feldsptica

    e outra contendo as biotitas. Essa rocha tem como protlito um sienogranito.

    3.1.3.2. Formaes Ferrferas - As formaes ferrferas (fig.14) so compostas por quartzo

    (43%), anfiblios de Fe (30%), opacos (25%), alm de pouco epidoto e plagioclsio, outras

    amostras evidenciam a presena de piroxnios e zirco. Essas rochas tem origem sedimentar,

    resultando do acmulo de xido de ferro associado a sedimentos arenosos em ambientes

    marinhos.

    Firura 13 Gnaisse do domnio Oeste.

  • 22

    Figura 14. Formaes ferrferas no cho de estrada.

    A coexistncia de rochas gneas e sedimentares pode ser explicada de duas formas: a

    intruses do material gneo nos sedimentos ou a extruso do material gneo concomitante a

    sedimentao, e posteriormente deformados. No campo foram observadas finas camadas de

    formao ferrfera (de 3 a 10m) intercaladas aos gnaisses, assim, acredita-se que essas

    intercalaes sejam intruses no pacote sedimentar que, posteriormente foi deformado e

    orientado segundo um bandamento tectnico. Assim, os autores deste trabalho acreditam na

    primeira hiptese.

  • 23

    CAPTULO 4

    GEOLOGIA ESTRUTURAL

    4.1 - Domnios Geotectnicos

    Os domnios divididos no Projeto Fazenda Nova foram delimitados por contatos

    tectnicos impostos por zonas de cisalhamento. Essas zonas de cisalhamento foram mapeadas

    por truncamentos de unidades e indcios cinemticos de movimentao. Tal movimentao

    responsvel por colocar lado a lado rochas de contextos geotectnicos e evolues geolgicas

    diferentes, sendo necessria a diviso desses domnios para entendimento de toda a rea.

    4.1.1 Domnio Leste O domnio Leste composto por rochas da SMVS Anicuns-Itabira, Sequncia Serra

    Dourada e do Complexo Uv. O limite Oeste deste domnio marcado por uma zona de

    cisalhamento sinistral, aproximadamente N-S, que ser discutida adiante.

    4.1.1.1 - Bandamento Composicional (B.C.)

    O bandamento composicional desse domnio corresponde ao acamamento sedimentar

    encontrado nas sequncias metassedimentares e metavulcanossedimentares, e ao

    bandamento tectnico nas rochas ortoderivadas do Complexo Uv. Por tratar-se de uma

    regio intensamente dobrada, o bandamento composicional apresenta uma grande variao

    de atitude (anexo 4.1).

    O acamamento sedimentar na Sequncia Serra Dourada encontra-se bem marcado por

    finas camadas ricas em minerais opacos, marcas de ondas e por camadas muscovticas. Esse

    bandamento composicional apresenta-se intensamente dobrado pela fase Dn+1 (discutido a

    seguir), apresentando uma foliao plano axial Sn+1.

    As rochas ortoderivadas do complexo Uv, obviamente, no apresentam um

    acamamento composicional primrio; assim, o bandamento composicional representa um

  • 24

    bandamento gerado tectonicamente durante eventos deformacionais anteriores. Esse b.c.

    apresentam variaes do centro para as bordas do Complexo Uv; no centro do complexo o

    b.c. encontra-se com atitude constante mergulhando 30 para leste, j nas bordas do

    complexo esse bandamento apresenta influencia das dobras Dn+1, apresentando uma

    variao de atitude semelhante das dobras da Sequncia Serra Dourada.

    A SMVS Anicuns-Itabera apresenta um acamamento sedimentar representado pelas

    intercalaes de quartzitos e quartzitos muscovticos e pela alternncia mineralgica nos

    biotita-gnaisses. O bandamento composicional tambm apresenta dobras semelhantes

    quelas da Serra Dourada, indicando certa influncia da fase Dn+1.

    4.1.1.2 - FASE DN

    4.1.1.2.1 - Foliao Sn A foliao Sn marcada pela orientao preferencial das

    micas, corresponde a uma xistosidade e tem carter penetrativo pronunciado nos quartzitos e

    quartzitos micceos. Essa foliao encontra-se paralela ao bandamento composicional estando

    intensamente dobrado pela fase Dn+1.

    4.1.1.2.2 - Dobras Dn So encontrados exemplares milimtricos a centimtricos no

    extremo sudoeste deste domnio. Apresentam geometria apertada a isoclinal, com eixo

    mergulho para S em baixo ngulo (182/05) e plano axial com mergulho em baixo ngulo para

    leste (270/25). Essas dobras Dn encontram-se dobradas pelo evento Dn+1, sendo assim, o

    mergulho de seu plano axial (Sn) varivel e paralelo S0. (Fig. 15).

  • 25

    Fig. 15 Foto do afloramento do ponto 76. Esquema ilustrando a relao entre a dobra Dn (trao em vermelho) dobrando o acamamento sedimentar. E posteriormente, Dn+1 dobrando a foliao Sn//S0.

    4.1.1.3 - Fase Dn+1

    4.1.1.3.1 - Foliao Sn+1 - A foliao Sn+1 apresenta direo norte-sul mergulhando

    para leste em alto ngulo (60-80). marcada pelo estiramento mineral do quartzo e

    corresponde a uma xistosidade plano axial das grandes dobras (Dn+1). Apresenta carter

    penetrativo por todo domnio leste. Tambm observado um gradiente de penetratividade

    dessa foliao, que aumenta de leste para oeste; tal diferena entendida pela zona de

    atuao da Z.C., sendo que quanto mais prxima a esta maior o gradiente deformacional.

    4.1.1.3.2 - Dobras Dn+1 - As dobras geradas nessa fase de deformao so

    classificadas como inclinadas com caimento de 10 a 15 (anexo 4.4) para S-SE, simtricas e

    fechadas e correspondem a uma sequncia de dobras sinformais e antiformais. O plano axial

    dessas dobras corresponde ao plano Sn+1 de direo N-S com mergulhos em alto ngulo para

    leste, seu eixo paralelo lineao de interseco.

    Essas dobras variam de dobras com dimenses quilomtricas, facilmente reconhecidas

    pela Serra Dourada, at exemplares observados em lmina delgada. So dobras registradas

    principalmente nas rochas da Sequncia Serra Dourada e SMVS Anicuns-Itabera; seus efeitos

    tambm so observados nas bordas do complexo Uv, prximo ao contato da Seq. Serra

    Dourada. Na Seq. Serra Dourada, em algumas pores enriquecidas em muscovitas do

    quartzito muscovtico, estas encontravam crenuladas por Dn+1, identificvel tanto em

    amostras de mo como em microscopia (fig 16).

  • 26

    Figura 16 Foliao com crenulao em um muscovita quartzito.

    4.1.1.3.3 - Lineao de Interseco Essa lineao formada pela interseco dos

    planos do bandamento composicional com foliao Sn+1, e so frequentes nos quartzitos

    muscovticos e quartzitos. Essa lineao tambm corresponde ao eixo de crenulao de

    muscovitas em quartzitos muscovticos. Apresenta disperso geral para S-SSE em baixo ngulo,

    com atitude de concentrao mxima 165/08 [anexo 4.3]. Tais lineaes de interseco so

    paralelas aos eixos das grandes dobras encontradas na Serra Dourada, sendo uma evidncia de

    que as grandes dobras sejam Dn+1.

    4.1.1.4 - Descontinuidades tectnicas Dentro do domnio leste, no limite leste do Grupo Serra Dourada, tem-se uma falha de

    empurro com direo aproximada N-S, truncando as camadas da SMVS Anicuns-Itabera. Esse

    falhamento interpretado como reflexo da Z.C.M.N.B., fase deformacional Dn+1, que faz com

    que as rochas da SMVS Anicuns-Itabera sejam cavalgadas sobre as rochas da Seq. Serra

    Dourada.

    Outra descontinuidade deste domnio representada pelo contato da Sequncia Serra

    Dourada com o Complexo Uv, essa discordncia deve representar um empurro anterior

    deformao principal da rea (Dn+1). Essa descontinuidade pode ter sido gerada por um hiato

    deposicional, porm acredita-se que o contato dessas unidades seja um empurro, uma vez

    que possvel reconhecer descontinuidades por fotografias areas.

  • 27

    O limite dos domnios Central e Leste delimitado por uma zona de cisalhamento

    sinistral contemporneo a Dn+1, ou seja, contemporneo instalao da Z.C. Moipor-Novo

    Brasil. As evidencias dessa Z.C. corresponde ao truncamento de unidades e padres estruturais

    diferentes entre os blocos separados. O plano de cisalhamento praticamente vertical (ver

    perfil no mapa geolgico) uma vez que no reconhecido pela regra dos Vs, outra evidencia

    dessa verticalizao corresponde foliao contempornea (Sn+1) instalao dessa Z.C., que

    apresenta-se quase verticalizada prximo a essa descontinuidade. Foram observados poucos

    indcios cinemticos, indicando que essa Z.C apresentou baixa movimentao.

    4.1.2 Domnio Central As unidades que compe o domnio central correspondem aos Ortognaisses do Oeste de

    Gois e a Sequncia Metavulcanossedimentar Anicuns-Itabera. Esse domnio delimitado a

    oeste pela Z.C. Moipor-Novo Brasil, e a leste pela Z.C. contempornea a Moipor-Novo Brasil.

    4.1.2.1 - Bandamento composicional O bandamento composicional do domnio central representado pelo bandamento

    tectnico dos Granitides sin-tectnicos e pelo acamamento sedimentar na SMVS Anicuns-

    Itabera. Neste domnio o bandamento composicional apresenta direo N-S com mergulho

    para leste ligeiramente varivel, apresentando-se semelhante foliao Sn+1 nos

    Ortognaisses, e semelhante a Sn nas rochas da SMVS.

    O bandamento tectnico superimposto aos granitides sin-tectnicos paralelo a sub-

    paralelo foliao Sn+1. Tal semelhana sugere que esse bandamento composicional tenha

    sido gerado durante a fase deformacional Dn+1. Isso se deve ao fato de que tais estruturas

    bandamentos tectnicos e foliaes - so preferencialmente dispostas sob o plano XY do

    elipsoide de strain; corroborando assim a hiptese de intruses sin-tectnicas. Na unidade

    Rabo do Pavo o bandamento composicional marcado pelo estiramento de feldspatos

    potssicos chegando a formar bandas feldspticas na matriz de quartzo, biotita e feldspato

    potssico. No Hornblenda Gnaisse esse bandamento era bem marcado pelas intercalaes de

    anfibolitos s pores gnissicas.

    O acamamento sedimentar na SMVS Anicuns-Itabera representado por bandas

    pegmatides de quartzo e feldspato intercalado s pores xistosas de muscovitas, biotita e

  • 28

    quartzo. No quartzito da serra do faco o bandamento composicional era marcado por

    maiores quantidades de muscovitas, indicando pores mais argilosas.

    4.1.2.2 - Fase Dn

    4.1.2.2.1 - Foliao Sn A foliao associada ao evento Dn paralela a sub-

    paralela ao bandamento composicional e a Sn+1, sendo pouco evidenciada neste domnio.

    Porm, no extremo sudeste deste domnio, formado pela unidade Anicuns-Itabera quartzo

    xisto, essa foliao torna-se fortemente evidente; indicando que essa regio pertence

    charneira de uma dobra Dn+1. Nesta regio de charneira tambm so encontradas diversas

    dobras Dn, discutidas a seguir, em que a foliao Sn corresponde ao plano axial dessas dobras.

    A foliao Sn apresenta-se com direo N-S e por tratar-se de uma foliao dobrada h

    uma grande variao de atitude, ora para E e ora para W, e seus mergulhos variam de acordo

    com sua posio na dobra Dn+1. Na charneira da dobra Dn+1, descrita acima, a foliao Sn

    apresenta baixos mergulhos, variando de 20 e 40.

    4.1.2.2.2 - Dobra Dn como dito anteriormente, essas dobras so evidenciadas no

    extremo sudeste deste domnio, em uma regio de charneira de uma dobra Dn+1. Tais dobras

    apresentam geometria apertada a isoclinal, seu plano axial encontra-se dobrado e suas

    atitudes variam de direo N-S com mergulhos ora para leste e ora pra oeste, normalmente

    com mergulho em baixo ngulo (20 a 40). O eixo dessas dobras apresentam atitudes

    mergulhando para sul com ngulo de 25 a 30. Diversos exemplares dessas dobras so

    exibidos nos pontos 71 e 78.

  • 29

    Figura 17 Dobra Dn sobreposta por dobras Dn.

    Figura 18 Esquema de dobras Dn, baseado no ponto 71 (Visto para Sul) com as respectivas medidas dos planos. Notar que a foliao Sn apresenta um mergulho de baixo ngulo e a foliao Sn+1 corresponde a envoltria do acamamento sedimentar.

    4.1.2.3 - Fase Dn+1

    4.1.2.3.1 - Foliao Sn+1 - corresponde a uma estrutura milontica gerada pela zona

    de cisalhamento sinistral. Neste domnio esta estrutura penetrativa e bem marcada pelo

    estiramento mineral do quartzo e pela orientao preferencial das micas e anfiblios. Esta

  • 30

    foliao paralela ao bandamento composicional das rochas ortoderivadas e apresentam

    direo N-S com mergulho para leste em alto ngulo (60 a 80). No extremo sudeste deste

    domnio, essa foliao marcada pela envoltria do acamamento sedimentar dobrado.

    Esse plano de foliao coincidente com os planos gerados nos cisalhamentos Moipor-

    Novo Brasil correspondendo ao mesmo evento deformacional (Dn+1).

    Nesta foliao, na unidade Rabo do Pavo, foram encontrados diversos indicadores

    cinemticos. Esses indicadores correspondem a porfiroclastos de feldspato potssico do tipo

    sigma, e indicam movimentao sinistral para a Z.C.

    4.1.2.3.2 - Lineao Mineral (Lmn+1) A lineao mineral encontra-se bem

    marcada nos Augen Gnaisses pela orientao preferencial dos gros blastoporfirticos de FK

    (fig. 10), nos xistos e quartzitos muscovticos pelo alinhamento das muscovitas e pelo

    estiramento mineral do quartzo. Tal lineao apresenta um mergulho constante de baixo

    ngulo (entre 5 e 15) para S-SSE

    4.1.2.3.3 - Lineao de interseco - As lineaes de interseco so reconhecidas

    como o eixo de crenulao encontrado nas micas do muscovita-xisto, e pela interseco de

    plano de interseco de S0 com Sn+1 nos quartzitos. paralela lineao mineral,

    apresentando baixo mergulho para S-SSE.

    4.1.2.3.4 - Dn+2*

    A fase Dn+2 inconspcua neste domnio e seus efeitos podem ser observados na Serra

    do Faco, que tem orientao norte-sul sofrendo pequenas inflexes de direo ENE. Prximo

    a essas inflexes, foi encontrada uma dobra com eixo 130/60 e plano axial 175/80. Este plano

    axial tem a mesma atitude das fraturas medidas no local, e acredita-se que essas fraturas

    formem uma foliao disjuntiva e, que este evento foi o gerador das inflexes. O eixo da dobra

    medido em afloramento corresponde, aproximadamente, ao esperado pelas inflexes.

    Macroscopicamente estas inflexes apresentam feies de falha, porm durante o

    mapeamento no foram observadas evidncias de falha e, acredita-se, assim, que o evento

    gerador dessas inflexes foi de reologia dctil-rptil.

    *A fase Dn+1 no foi observada nas rochas destes domnios, e por isso no foram aqui

    descritas.

  • 31

    4.1.2.4 - Descontinuidade Tectnica

    A zona de cisalhamento Moipor Novo-Brasil corresponde ao limite dos domnios

    central e oeste. Essa Z.C. apresenta direo N-S e um alto mergulho para leste (ver perfil no

    mapa geolgico). Indicadores cinemticos nas litologias prximas a essa zona indica uma

    movimentao sinistral. A zona de cisalhamento corresponde ao evento regional Dn+1

    (correlacionvel a Dn, no bloco oeste, que ser discutido adiante). A atuao dessa Z.C.

    ampla e envolve as rochas de todos os domnios (oeste, central e leste), apresentando um

    gradiente deformacional de acordo com a proximidade zona de cisalhamento. A

    movimentao gerada neste cisalhamento proporcionou a implantao de zonas de fraquezas,

    por onde foram intrudidos os granitos sin-tectnicos representativos compartimentao dos

    Ortognaisses do Oeste de Gois.

    4.1.3 - Domnio Oeste

    O domnio Oeste composto pela intercalao de rochas da SMVS Jaupac

    representado pelas formaes ferrferas - em Ortognaisses do Oeste de Gois - representado

    pelo biotita-gnaisse tonaltico. O limite leste deste domnio marcado pela Zona de

    Cisalhamento Moipor-Novo Brasil de extenso aproximada N-S.

    4.1.3.1 - Bandamento composicional

    O bandamento composicional encontrado neste domnio corresponde ao bandamento

    tectnico superimposto aos ortognaisses do Oeste de Gois, e s intercalaes de SMVS

    Jaupac. Trata-se de um domnio marcado em que o bandamento composicional paralelo a

    Sn (sendo que Sn corresponde Sn+1 regional, discutido tpico seguinte). Encontra-se com

    direo N-S com mergulho em alto ngulo para leste.

    O bandamento tectnico imposto ao biotita-gnaisse tonaltico representado por

    bandas enriquecidas em biotitas com quartzo e bandas quartzo feldsptica. Intercalaes

    mtricas a centimtrica da SMVS Jaupac tambm evidenciam o bandamento composicional.

    4.1.3.2 - Fase Dn

    4.1.3.2.1 - Foliao Sn

    Essa foliao paralela ao bandamento composicional e apresenta direo N-S com

    mergulho em alto (65-80) ngulo para leste. Essa foliao contempornea a instalao da

  • 32

    Z.C. Moipor-Novo Brasil, e corresponde ao mesmo evento deformacional Dn+1 descritos nos

    blocos Central e Leste; assim, pode-se dizer que a foliao Sn do domnio oeste corresponde

    Foliao Sn+1 dos domnios central e leste.

    4.1.3.2.2 - Lineao Mineral (Lmn)

    A lineao mineral, neste domnio, marcada pela orientao preferencial das biotitas

    e pelo estiramento mineral do quartzo. Encontra-se mergulhando em baixo ngulo (5 a 15)

    para SSE. Pela informao de outros grupos do Projeto F.N. a lineao mineral apresenta uma

    inflexo para sul quanto mais prximo Z.C., ou seja, no extremo Oeste do bloco W a lineao

    mineral apresenta mergulho para SE, e quanto mais prxima Z.C. esta inflexiona-se para sul.

    Tal variao neste elemento estrutural mostra a variao de influncia da Z.C. de acordo com a

    distncia desta. Como a rea de exposio deste domnio muito pequena na regio F.N.6

    no foi possvel observar tal variao; a nica medida de lineao mineral neste bloco tem

    atitude 174/15, e como esperado, apresenta uma forte influncia da Z.C..

    4.2 - Correlao das Fases Deformacionais

    Regionalmente so descritas duas fases deformacionais, Dn e Dn+1, podendo ser

    correlacionadas entres os domnios diferentes.

    Fase Dn+1 - A fase regional Dn+1 correlacionada deformao Dn+1 descritas nos domnios

    central e leste, e deformao Dn descrita no bloco Oeste. O regime de esforos dessa fase

    deformacional responsvel pela implantao das zonas de cisalhamento Moipor-Novo Brasil

    e a Z.C. que limita os blocos central e leste, gerando a colagem desses diferentes domnios

    tectono-estratigrficos. Essa deformao responsvel por gerar uma foliao de direo N-S

    mergulhando em alto ngulo para leste. O plano de XY do elipsoide de strain dessa fase

    deformacional corresponde foliao Sn+1, e o eixo X paralelo lineao mineral; assim, o

    eixo X apresenta uma leve inclinao para sul e o eixo Y apresenta um forte mergulho para

    leste. (Fig. 19)

    Figura 19 Modelo esquemtico do elipsoide de deformao da fase Dn+1

  • 33

    Fase Dn - Essa fase deformacional foi observada exclusivamente nos domnio central e leste,

    no podendo ser correlacionada ao domnio oeste. Por no ser correlacionvel a fase Dn

    corresponde a um evento anterior a colagem do domnio oeste com as demais, ou seja, esse

    domnio tectono-estrutural no sofreu deformao do regime de esforos impostos na fase

    Dn. Nos domnios central e leste possvel correlacionar a fase Dn observada em ambos,

    assim, o evento Dn corresponde ao mesmo para os dois domnios. Ou seja, apesar de

    separados por uma zona de cisalhamento, as rochas desses dois domnios foram submetidas

    deformao da fase Dn; tal fato indica que a Z.C. responsvel pela sua colagem teve uma

    pequena movimentao.

  • 34

    CAPTULO 5

    METAMORFISMO

    5. Metamorfismo

    5.1. Grandes Domnios tectnicos e Eventos metamrficos

    Os domnios metamrficos se englobam nos trs domnios encontrados para a rea de

    estudo, sendo eles: Domnio Oeste, Central e Leste. Assim como nos outros captulos as trs

    unidades foram separadas e posteriormente caracterizadas.

    5.1.1. Domnio Oeste

    As formaes ferrferas do Domnio Oeste se apresentam compostas

    predominantemente por quartzo, augita, opacos e anfiblios (hornblenda e da srie da

    cummigtonita-grunerita). O acamamento sedimentar reconhecido pela alternncia de

    bandas claras, formada essencialmente por quartzo, e bandas escuras (figura 20). Tanto a

    augita quanto a hornblenda ocorrem nos interstcios dos gros de quartzo, podendo ou no

    apresentar recristalizao.

    A presena da grunerita caracteriza um metamorfismo fcies anfibolito mdio (com

    temperaturas em torno de 550C), j a augita indicam um metamorfismo na fcies pelo menos

    em anfibolito alto, enquanto que a relao entre a hornblenda e augita indicam um

    retrometamorfismo chegando pelo menos em anfibolito baixo (augita sendo consumida

    produzindo a hornblenda encontrada nas bandas ricas em mficos). Os cristais de quartzo

    apresentam-se recristalizados, por vezes apresentando extino ondulante, porm no

  • 35

    produzem um arranjo definido nem alguma outra evidencia de orientao dos gros aps a

    recristalizao.

    Figura 20 ponto 46: Material quartzoso em contato com as bandas mficas e com as bandas composta pelo material opaco.

    Discusso sobre o Domnio Oeste

    A partir de informao de outros grupos, em geral, esse domnio foi considerado como

    afetado por um metamorfismo regional em fcies anfibolito mdio, porm a nica rocha

    encontrada na regio do grupo 6 mostra que o metamorfismo atingiu pelo menos a fcies

    anfibolito alto. Esse metamorfismo provavelmente se desenvolveu no evento nomeado como

    Sn (do Domnio Oeste). O segundo evento metamrfico indica que apesar das poucas

    evidencias esse domnio tambm sofreu retrometamorfismo atingindo pelo menos a fcies

    anfibolito baixo.

    5.1.2. Domnio Central

    5.1.2.1. Augen Gnaisse

    A rocha representativa desta unidade corresponde ao Augen gnaisse com porfiroclastos

    centimtricos de K-feldspato (Fig. 10) que se encontram deformados plasticamente, formando

    indicadores cinemticos do tipo sigma. Apresenta composio monzograntica e sua

    assembleia mineralgica composta por FK (microclnio), plagioclsio (andesina), quartzo e

  • 36

    biotita, ocorrendo secundariamente muscovita, apatita, epidoto e opacos. A biotita ocorre

    associada ao quartzo, em uma matriz fina nos interstcios dos porfiroclastos, bordejando-os,

    representando uma gnaissificao bem marcada (Sn).

    A recristalizao de feldspatos em torno dos porfiroclastos de microclnio, e do consumo

    da biotita aumentando o teor dos feldspatos clcicos indica que esse metamorfismo apresenta

    alta temperatura. A plasticidade com que ocorre a deformao do FK indica temperaturas

    superiores a 550-600 C, sendo concordante com fcies anfibolito mdio.

    RETROMETAMORFISMO

    A coexistncia de epidoto, muscovita, quartzo e plagioclsio evidncia

    retrometamorfismo sofrido por essas rochas. A paragnese mineral indica para um

    retrometamorfismo de fcies xisto-verde alto.

    Figura 21 ponto 47: Augen gnaisse com presena de recristalizao de feldspatos em torno dos prfiros alm de quartzo recristalizado.

    5.1.2.2 - Hornblenda Gnaisse

    Esta unidade apresenta bandamento composicional formado, provavelmente, pela

    deformao Dn+1 (ver captulo de estrutural, tpico 4.1.2.1), que evidenciado por bandas

    claras (composta predominantemente por quartzo e plagioclsio) e bandas escuras (composta

    por hornblenda e biotitas). As bandas escuras apresentam-se crenuladas. Os cristais de

  • 37

    quartzo apresentam forte extino ondulante. Ocorrem minerais acessrios como epidoto,

    titanita e opacos.

    A presena do epidoto ocorrendo em associao com a hornblenda pode indicar um

    metamorfismo de fcies xisto verde alta em transio para a fcies anfibolito baixo, alm

    disso, a presena do plagioclsio (andesina) em coexistncia com a hornblenda tambm

    evidncia metamorfismo na fcies anfibolito (fig. 23).

    Figura 22: Bandamento composicional flsicos/mfico com presena de quartzos com extino ondulante, hornblendas sendo consumidas durante o retrometamorfismo dando origem ao epidoto e do dobramento

    suave na banda mfica.

    Figura 23 Grade petrogentica com destaque para zona do hornblenda gnaisse.

    5.1.2.3. Sequncia metassedimentar Central

    A unidade metassedimentar central composta por um muscovita-xisto associado a

    lentes quilomtricas de quartzitos. O muscovita-xisto apresenta assembleia mineralgica

  • 38

    composta por quartzo, biotita e muscovita, alm de bandas pegmatides ricas em FK e Qz.

    Outros grupos do Projeto F.N. descreveram granadas, o que no foi observado na regio 6; tal

    variao corresponde a variaes faciolgicas da rocha sedimentar, indicando regies mais

    pelticas - que disponibilizam mais Al2O3 no sistema. Como o domnio central apresenta grau

    metamrfico, aproximadamente, homogneo (discutido a seguir), foi descartada a hiptese de

    variao no grau metamrfico para a formao das granadas.

    A partir da paragnese mineral observada incluindo a granada- possvel concluir que

    o grau metamrfico dessa rocha , de no mnimo, anfibolito mdio. Representado pelo

    digrama KFMASH fig. 25.

    Figura 24 Fotografia microscpica da lmina 51 A. Muscovita xisto, apresentando foliao SC, indicando movimentao sinistral.

    Fig. 25 Grade petrogentica com a possvel zona metamrfica dessa

    sequncia.

  • 39

    6.1.2.4. Quartzito Serra do Faco

    O quartzito se apresenta com fortes indcios de recristalizao, formando arranjo

    caracterstico evidente em quase toda a lmina. A muscovita ocorre dispersa pela seo, nos

    interstcios dos gros de quartzo e encontra-se contornando porfiroclastos de quartzo;

    evidenciando serem gros pr-cinemticos, correspondendo a porfiroclastos. A deformao

    plstica sofrida por esses prfiros formam indicadores cinemticos do tipo sigma - Figura 26.

    A paragnese mineral composta por quartzo e muscovita apresenta um amplo campo de

    estabilidade (Fig. 27), mas limita o metamorfismo mximo fcies anfibolito alto, uma vez que

    em fcies granulito essa paragnese torna-se instvel, formando K-feldspato. A recristalizao

    do quartzo indica que as condies de temperatura atingiram em torno de 550 700C, sendo

    compatvel com o campo de estabilidade da paragnese mineral e com o metamorfismo do

    domnio central.

    Figura 26 Quartzito com recristalizao, indicador cinemtico tipo sigma e muscovitas ocorrendo nos interstcios do quartzo.

  • 40

    Fig. 27 Grade KASH mostrando o amplo campo de estabilidade da paragnese quartzo + Muscovita.

    4.1.4.5 Quartzo Xisto

    Apesar de ser composta predominantemente por quartzo xistos essa rocha no

    apresenta boas caractersticas para determinao de seu grau metamrfico. Por esse motivo

    faz-se necessrio usar outra rocha, a qual mesmo apresentando-se em menor quantidade do

    que o quartzito exibe uma paragnese mineral mais rica.

    A rocha utilizada foi definhada como um muscovita hornblenda diopsdio gnaisse (fig.

    28) o qual composto por quartzo equigranulares, plagioclio , FK, hornblenda, diopsdio,

    augita, epidoto, muscovita, carbonato e titanita. A partir da anlise mineralgica encontrada

    estima-se que essa rocha tenha atingido grau metamrfico na fcies granulito (fig. 29),

    evidenciado pela presena da augita e diopsdio. Outra evidencia encontrada nessa rocha

    fato de ser encontrada uma massa de recristalizao, interpretada como uma milonitizao

    sofrida pela mesma. Nessa massa encontram-se piroxnios, muscovitas anfiblios e quartzo.

    Figura 28- ponto 71: Foto da banda clara com pouca presena de minerais mficos, com presena de recristalizao do

    quarto e alterao dos minerais flsicos.

  • 41

    Figura 29: Gride petrogentico referente ao muscovita hornblenda diopsdio gnaisse evidenciando o grau metamrfico

    atingido pela rocha.

    Retrometamorfismo

    A presena dos anfiblios e piroxnios ocorrendo em associao com o epidoto e a

    calcita pode indicar que a rocha sofreu um retrometamorfismo em pelo menos fcies xisto

    verde alta, j que perceptvel a passagem dos minerais de mais alto grau metamrfico para

    os de mais baixo grau.

    Discusso sobre o Domnio Central

    O metamorfismo a que o domnio central foi submetido compreende um metamorfismo

    com pice metamrfico em fcies anfibolito alto, correlacionvel ao evento Dn+1. As

    constataes de presso e temperatura indicam que o metamorfismo sofrido por essas rochas

    foi praticamente homogneo, apresentando temperatura por volta de 590 620 C, presso

    entre 4 e 7 Kbar e profundidade de 12 a 20km.

    Feies de retrometamorfismo, encontradas nos Augen-gnaisses, indicam condies de

    P e T de fcies xisto-verde alto.

    5.1.3. Domnio Leste

    5.1.3.1. Anicuns-Itabera

    A Unidade Metavulcanossedimentar representada por quartzitos, quartzitos-

    muscovticos e biotita-gnaisses tonalticos. A assembleia mineralgica principal formada por

    quartzo, biotita, plagioclsio, muscovita e calcita, alm de minerais como epidoto, turmalina e

    feldspato potssico. A rocha apresenta-se com um fino bandamento, formadas por bandas de

  • 42

    granulao fina e bandas de granulao grossa. A mineralogia distinguida em duas

    paragneses metamrficas, evidenciando um retrometamorfismo.

    A paragnese mineral primria (Pm1) formada por Plagioclsio, Quartzo, Feldspato

    Potssico, Biotita, Turmalina e Opacos; e a paragnese mineral posterior (Pm2) formada por

    Quartzo, Muscovita, Epidoto e Calcita. A Pm1 indica um metamorfismo de pelo menos fcies

    anfibolito baixo na sub-fcies da Estaurolita-Almandita, que evidenciado pelo surgimento da

    biotita, segundo o diagrama de rochas deficientes em potssio na classificao de Turner

    (1970) e est representado na grade petrogentica com CKFMASH.

    Figura 30 Microfotografia da lmina 20 A, mostrando a foliao SN dobrada por evento posterior. Notar

    estiramento do quartzo segundo SN

    Figura 31 Grade CKFMASH mostrando a zona de influencia da Pm1.

  • 43

    RETROMETAMORFISMO

    A Pm2 corresponde ao retrometamorfismo da Pm1; a mineralogia formada por

    muscovita, epidoto e quartzo resultado da instabilidade do plagioclsio e a calcita (devido

    sua granulao) formada pela percolao de fluidos. Tal assembleia mineralgica evidencia

    um baixo grau metamrfico, fcies xisto-verde alto na sub-fcies Almandita-epidoto.

    5.1.3.2 - Serra Dourada

    Essa sequncia representada por quartzitos e quartzitos muscovtico. A paragnese

    mineral formada por quartzo e muscovita apresenta um amplo campo de estabilidade

    mineralgica, mas assegura fcies, ao mximo, anfibolito alto. Para a classificao do campo de

    estabilidade de Presso e temperatura foi utilizado a grade petrogentica KASH, e corresponde

    ao mesmo campo de estabilidade da Unidade Quartzito Serra do Faco, do domnio Central

    (Fig. 32). A mineralogia apresentada pelas rochas desta unidade corresponde a protlitos de

    arenito, mais ou menos maturos, de acordo com a quantidade de muscovita. A mineralogia

    associada ao evento metamrfico Dn+1 corresponde formao de muscovitas e quartzo, e a

    foliao Sn+1 marcada pelo estiramento mineral do quartzo.

    Figura 32 Sn marcado pela orientao preferencial das micas,paralelo a So, dobrado por Dn+1. A foliao plano axial (Sn+1) marcada pelo estiramento mineral do quartzo.

  • 44

    5.1.3.2. Complexo Uv

    O complexo Uv representado por gnaisses e xistos e que apresentam uma variao

    do grau metamrfico, aumentando das bordas para o centro dessa unidade na rea. A anlise

    das lminas delgadas indica que o grau metamrfico do complexo Uv diminui de acordo com

    a proximidade do contato com o Grupo Serra Dourada. Acredita-se que essa diminuio do

    grau metamrfico seja evidncia uma falha de empurro, e que o metamorfismo de mais baixo

    grau tenha sido gerado pela cintica de reao. Ou seja, as rochas do complexo Uv

    encontravam-se metamorfizadas em fcies anfibolito alto (anterior ao empurro), e no

    momento em que se implantou o empurro (contato Serra Dourada/Complexo Uv) as

    condies metamrficas correspondiam a fcies xisto-verde alto/ anfibolito baixo. Assim, a

    deformao e instalao do empurro fez com que as reaes metamrficas de baixo grau se

    desencadeassem, afetando apenas as regies mais proximais ao empurro.

    Em lmina delgada pode-se observar que as hornblendas sofrem retrometamorfismo

    sendo alteradas para biotita, quartzo e titanita; e quanto mais prximo ao contato com a

    Sequncia Serra Dourada as hornblendas tornam-se raras, de menor granulao e com indcios

    de retrometamorfismo, apresentando um aumento na quantidade de muscovitas. A variao

    na assembleia mineralgica indica uma diminuio do grau metamrfico para as bordas do

    complexo, gradando de fcies anfibolito alto no centro para xisto-verde na sub-fcies epidoto-

    almandita nas bordas.

    Figura 33 - Cristal porfirtico de hornblenda sofrendo retrometamorfismo e alterando

    para biotita e titanita. Cristal alongado segundo Sn.

    Figura 34 - Presena de muscovitas, evidenciando menor grau metamrfico que

    a figura HHH. A poro desta foto encontra-se mais prximo ao contato Serra

    Dourada.

    Discusso sobre o Domnio Leste

  • 45

    O metamorfismo que este bloco foi submetido corresponde a presso e temperatura

    condizentes com as fceis anfibolito mdio. nica exceo corresponde ao complexo uv,

    que, como dito anteriormente, no centro do complexo apresente um metamorfismo em fcies

    anfibolito alto, - representando um metamorfismo anterior -, e nas bordas do complexo

    apresenta um metamorfismo de xisto-verde baixo, favorecido pela instalao do empurro.

  • 46

    CAPTULO 6

    GEOLOGIA ECNOMICA

    A zona de cisalhamento Moipor-Novo Brasil corresponde a uma Z.C. profunda (12 a 20

    km) apresentando metamorfismo em fcies anfibolito mdio a alto; sob essas condies

    classificada no modelo epigentico mesozonal. Devido crescente desidratao das rochas

    durante o metamorfismo e a intruses granticas (ricas em fluidos magmticos) a regio

    apresenta uma forte frao fluida. A movimentao da Z.C. promove uma intensa

    remobilizao desses fluidos - normalmente de pH neutro a levemente cido , que concentra-

    se em metais das rochas encaixantes. Posteriormente, os fluidos enriquecidos em metais so

    cristalizados na forma de veios. Essa dinmica responsvel por gerar Depsitos do tipo Au

    Orogentico (shear-zone hosted).

    6.1 - O modelo gentico do tipo Au orogentico, corresponde a depsitos de Au Ag

    associados a veios de quartzo e/ou carbonatos alojados em zonas de cisalhamento. Como dito

    anteriormente, a mobilizao desses fluidos dado pela deformao e movimentao da zona

    de cisalhamento, e durante essa movimentao os fluidos tornam-se enriquecidos em metais

    das rochas encaixantes. A cristalizao desses fluidos dada em veios tardios que se associam

    planos de falhas e zonas de fraquezas gerados durante o cisalhamento.

    Com a evoluo da zona de cisalhamento o fluido mineralizante torna-se cada vez mais

    enriquecidos nos metais retirados das encaixantes (Au, Ag, Cu, Pb e Zn) e nos elementos SiO2,

    Ca2+, S2-, e CO2. A percolao desses fluidos por fraturas com a crescente concentrao dos

    metais e dos elementos geram mineralizaes devido alterao hidrotermal e tipificadas pela

    silicificao, carbonatao e sulfetao.

    A geometria e cinemtica de uma zona de cisalhamento so descritas pelo Modelo de

    Riedel, que descreve os campos de compresso e trao gerados a partir de um cisalhamento.

    A atuao desses campos de tenso responsvel pela gerao de fraturas associadas ao

    cisalhamento. A figura 35 mostra os planos gerados durante um cisalhamento sinistral e suas

  • 47

    denominaes. Assim, as mineralizaes de Au devem estar associadas a esses planos de

    fraqueza.

    Figura 35 - Modelo esquemtico de cisalhamento Sinistral descrito caracterizado por Riedel. R Fratura Sinttica; R Fratura Antittica; T Fratura de Trao; P Fratura de cisalhamento Sinttica Primria; X Fratura de cisalhamento Sinttica Secundria; Y ou D Fraturas de cisalhamento sintticas subparalelas s

    fraturas principais.

    Durante o mapeamento foram observados os planos X e Y; o plano Y corresponde ao

    plano paralelo Z.C. e evidenciado em toda regio por Sn+1. Os deslocamentos na Serra do

    Faco, observvel a escalas macroscpicas, corresponde ao do plano de cisalhamento X

    (corresponde a Dn+2, captulo estrutural). Porm, no foram encontrados indcios (Zonas

    silicificadas, carbonatadas e sulfetadas) de mineralizaes.

    6.2 - Ocorrncias de Talco

    Regionalmente foram descritas ocorrncias de talco, sendo que para sua formao duas

    hipteses foram levantadas: a primeira hiptese de que a formao desse mineral est

    relacionada a rochas ultramficas, que ao serem metamorfizadas e deformadas em uma zona

    de cisalhamento daria origem ao talco ou asbesto em fraturas tardias. A segunda opo seria a

    de que esse talco tem provenincia de margas dolomticas que no foram observadas em

    campo, mas de comum associao SMVS -, e por consequncia altos teores de magnsio,

    que ao serem regionalmente metamorfizadas, deram origem ao talco encontrado.

    6.3 - Ocorrncias de Ferro

    No domnio oeste foram descritas ocorrncias de formaes ferrferas bandadas com

    formato alongado em pequenos corpos lenticulares, de espessura mtrica a centimtrica.

    Adicionalmente, no Domnio Leste, tambm foram descritos BIFs alojados na SMVS Anicuns-

    Itabera na regio pertencente ao grupo 5, sendo necessrio um mapeamento de maior

    detalhe nas outras reas a fim de mapear a continuidade e o formato do corpo, com o objetivo

    em detalhar a ocorrncia nesta unidade.

    N

  • 48

    Essas formaes ferrferas apresentam as fcies xidos e silicato, sendo composta por

    bandas ricas em quartzo associado a piroxnios e anfiblios de ferro e bandas ricas em xidos

    e quartzo. Os xidos perfazem cerca de 25% da rocha.

    O Ferro tm diversas aplicaes no cenrio atual. o principal componente das ligas de

    ao, e utilizado como matria prima de inmeras maneiras, sendo o carro chefe de vrios

    setores da indstria como siderurgia, petrleo, qumica, construo civil, automobilstica e

    diversos outros utenslios do cotidiano.

    6.4 - Rochas para Ornamentao

    Os quartzitos da Serra Dourada apresentam potencialidade para ornamentao em

    piscinas ou para revestimento de piso, uma vez que sua mineralogia altamente estvel em

    condies superficiais e resistentes ao intemperismo. As regies mais interessantes para essa

    finalidade correspondem aos flancos das grandes dobras Dn+1, regio em que Sn+1//Sn//S0,

    facilitando o desmonte em placas dessas rochas. Porm, a falta de mercado consumidor

    prximo rea fonte e a dificuldade do transporte do mesmo tornam invivel sua lavra.

    O Augen gnaisse (Fig 10) tambm apresenta forte potencial para rochas ornamentais e

    de revestimento, correspondendo a uma rocha de pequenas variaes faciolgicas alterando

    apenas as dimenses dos porfiroclastos. Seu desmonte durante a explotao facilitado pela

    sua intensa foliao.

    Para classificao a potencialidade dessas rochas como ornamentao necessrio

    realizao de diversos testes fsicos e qumicos. Esses testes determinam ndices de

    porosidade, densidade, absoro de agua, alterabilidade dos minerais, resistncia a impacto,

    dilatao trmica e resistncia abraso; e correspondem a testes essenciais a rochas de

    ornamentao e suas finalidades.

  • 49

    CAPTULO 7

    EVOLUO GEOLGICA DA REA

    Na regio mapeada o Macio de Gois (embasamento da Faixa Braslia) representado

    pelo Complexo Uv e pela Sequncia Serra Dourada, e encontra-se alojadas no Domnio Leste.

    O Complexo Uv corresponde a terrenos granito-gnissicos de idade Arqueana (Sm-Nd 2856

    140Ma, TDM = 3,0-3,5 Ga, segundo Pimentel et al., 1996.). O Grupo Serra Dourada

    corresponde aos quartzitos e quartzitos muscovticos formados em ambiente de sedimentao

    marinha transgressiva durante o estgio ps-rifte, aps a tafrognese responsvel pelo

    desenvolvimento de riftes intracontinetais ao final do ciclo Transamaznico (Moreira, 2008),

    de idade Paleoproterozica.

    O contato entre essas unidades dado por uma falha de cavalgamento, em que as

    rochas da Sequncia Serra Dourada cavalgaram sobre s do Complexo Uv. Esse falhamento

    apresenta vergncia tectnica para Norte, ou seja, as rochas da Sequncia Serra Dourada

    cavalgaram de Sul para Norte sobre o Complexo Uv, j que a lineao mineral encontra-se

    mergulhando para Sul. Interpreta-se que o evento responsvel por esse cavalgamento foi

    implementado anteriormente ao cisalhamento Moipor-Novo Brasil.

    Seguindo a mesma dinmica do cavalgamento Serra Doura/Uv, tm-se o contato da

    Seq. Serra Dourada com a Seq. metavulcanossedimentar Anicuns-Itabera, interpretado como

    um cavalgamento em que as unidades truncam-se obliquamente, alm disso, no Domnio

    Central uma falha transcorrente tambm marca o contato entre essas duas unidades. Essa

    descontinuidade marca tambm o contato entre os compartimentos tectnicos do Arco

    Magmtico de Gois sobre o Macio de Gois.

    O contato entre o Macio e o Arco Magmtico de Gois representado, principalmente,

    no contato dos Domnios Central e Leste com exceo do contato entre a Sequncia Serra

  • 50

    Dourada e Sequncia Anicuns-Itabera, no domnio Leste. Os domnios Central e Oeste

    correspondem ao Arco Magmtico de Gois, e so representados pelas Sequncias

    metavulcanossedimentares Anicuns-Itabera e Jaupac (BIFs); que encontram-se intrudidos

    por granitos, tonalticos a diorticos, sin a ps-tectnicos fragmentao do supercontinente

    Rodnia (Pimentel & Fuck, 1992a). No Domnio Oeste foi mapeada a unidade correspondente

    aos Ortognaisses do Oeste de Gois e a Jaupaci, sendo a ltima representada pelas formaes

    ferrferas. Os ganisses sin/ps-tectnicos so representados pelas unidades Rabo do Pavo e

    Hornblenda-gnaisse; e a SMVS Anicuns-Itabera corresponde aos xistos e quartzitos

    encontrados neste domnio. A SMVS Anicuns-Itabera foi datada, na regio de Anicuns, entre

    890 e 830 Ma. (Laux, 2004), e Tdm = 1,8 a 2,0 Ga. (Laux, 2010); esses dados indicam que essa

    sequncia corresponde ao Arco Magmtico e seus sedimentos so, provavelmente, originados

    tanto do Macio de Gois quanto do Arco Magmtico.

    Limitando os Domnios Central e Oeste tem-se uma descontinuidade tectnica,

    localmente representada pela zona de cisalhamento Moipor-Novo Brasil que responsvel

    pelo contato tectnico das SMVS Anicuns-Itabera e Jaupac/Ortognaisses do Oeste de Gois. O

    sentido desse cisalhamento obliquo de baixo rake, com componente principal direcional

    sinistral, que responsvel por encaixar rochas mais recentes (Domnio Oeste) com rochas

    mais antigas (Domnio Central). Cabe aqui ressaltar, que essa zona de cisalhamento est

    instalada no Arco Magmtico de Gois, e no o limite entre as compartimentaes de Arco

    Magmtico e Macio de Gois. A zona de cisalhamento responsvel, apenas, pela colocao

    de uma poro mais nova da SMVS em mesmo nvel crustal de uma poro mais antiga. A

    separao entre as compartimentaes de Macio e Arco Magmtico de Gois dada pelos

    cavalgamentos, com vergncia para norte, tambm explicada pela lineo mineral, geradas

    anteriormente ao regime de esforos a qual estava submetido transcorrncia Moipor-Novo

    Brasil (Dn+1).

    Domnio Oeste compreendem rochas da SMVS Jaupac alm dos Ortognaisses do Oeste

    de Gois, que so representadas por formaes ferrferas e gnaisses tonalticos. Essas rochas

    foram datadas por Pimentel et. al. (1999) e apresentaram idade do ultimo metamorfismo

    entre 594 a 637 Ma. (Mtodo Rb/Sr), e que os sedimentos apresentam idades variando entre

    0,95 a 0,88 Ga. (mtodo Sm-Nd). As dataes efetuadas por Pimentel et. al. indicam que a

    provenincia dos sedimentos das SMVS Jaupac so as rochas do prprio arco magmtico, que

    foram erodidas, sedimentadas e metamorfoseadas em bacia de ante arco.

  • 51

    CAPTULO 8

    CONCLUSES

    Aps a confeco desse relatrio pode-se concluir que as macroestruturas encontradas

    na regio do mapeamento so reflexos do regime de tenses responsvel pela implantao da

    Z.C. Moipor-Novo Brasil, atuantes durante o Neo-Proterozico. Esse regime de tenses

    (Dn+1) responsvel pela colagem dos trs blocos (oeste, central e leste), gerando

    principalmente, as dobras encontradas na Serra Dourada e as Z.C. implantadas na regio. A

    delimitao entre os compartimentos tectnicos do Macio de Gois e Arco Magmtico

    tambm reflexo desse regime de tenses e corresponde a uma Z.C. ativa de pequena

    movimentao. Os granitides-sin tectnicos, representado pelo Augen gnaisse e o

    Hornblenda gnaisse, so resultados de intruses cidas em zonas de fraquezas durante a

    movimentao da Z.C. A influencia desse regime de tenses estima-se, que seja entre 10 e 15

    km, representado pelo esquema da fig. 36

    Figura 36. Bloco diagrama esquemtico representativo da Z.C. Moipor-Novo Brasil e o raio de ao do seu regime de tenses

    (observar elipsoides de tenso).

    Estruturas pr Z.C. Moipor-Novo Brasil (Fase Dn) so descritas nos blocos central e

    leste, e corresponde a um indicio de que a Z.C., posterior, que divide esses blocos tenha tido

    uma pequena movimentao.

  • 52

    A anlise metamrfica da regio permitiu inferir um grau de metamorfismo regional na

    fcies anfibolito mdio a alto; alm de um retrometamorfismo de fcies xisto verde alto.

    Assim, essa zona de cisalhamento corresponde a rochas que foram submetidas a presses

    entre 4 e 7 Kbar e temperaturas prximas a 600C.

    Com a elaborao deste trabalho, prope-se uma reviso do mapa geolgico

    elaborado pela CPRM em 2008. O mapeamento geolgico proposto pelo Projeto Fazenda Nova

    indica que as rochas a sul das dobras da Sequncia Serra Dourada sejam pertencentes ao Arco

    Magmtico de Gois, representado pela SMVS Anicuns-Itabera, e que esse contato (Seq. Serra

    Dourada/SMVS Anicuns-Itabera) corresponde delimitao das compartimentaes

    tectnicas Arco e Macio de Gois. J no mapa proposto pela CPRM 2008 as rochas da

    Sequencia Serra Dourada corresponde a uma camada entre as rochas do cartografado o

    Complexo Uv a sul das dobras da Serra Dourada; e o limite do Arco Magmtico com Macio

    de Gois colocado a leste por um empurro e a oeste pela Z.C. Moipor-Novo Brasil. A figura

    37 corresponde s alteraes propostas ao mapa da CPRM - Comparar com a Fig.3.

    Figura 37 Modificaes propostas ao mapa da CPRM pelo projeto Fazenda Nova.

  • 53

    CAPTULO 9

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