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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA UFSC DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA E ENGENHARIA DE ALIMENTOS GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE ALIMENTOS GABRIELA NAYANA PEREIRA RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SARANDI RS 2015

RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR - UFSC

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Page 1: RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR - UFSC

1

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA – UFSC

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA E ENGENHARIA DE ALIMENTOS

GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE ALIMENTOS

GABRIELA NAYANA PEREIRA

RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR

SARANDI – RS

2015

Page 2: RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR - UFSC

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GABRIELA NAYANA PEREIRA

RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR

Relatório apresentado à disciplina de

Estágio Supervisionado do curso de

Engenharia de Alimentos da

Universidade Federal de Santa

Catarina.

Orientador: Prof. José Antonio

Ribeiro de Souza

Supervisor: Adair Dallarosa

SARANDI – RS

2015

Page 3: RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR - UFSC

3

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, por ter me dado força e persistência nesta etapa da

minha vida.

Agradeço à minha família, especialmente aos meus pais José Roberto e

Jussara, por sempre me apoiarem, sendo eles um exemplo e a base para cada

conquista que tive. Também aos meus avôs Antônio e Dimas in memorian.

Ao meu orientador, José Antonio Ribeiro de Souza pelo apoio e

orientação.

Ao meu supervisor Adair Dallarosa e minha assistente técnica Juliana

Klein, os quais estão me ensinando e ajudando muito.

A todos os encarregados e monitores.

À todas as pessoas que conheci, as quais fizeram este momento se

tornar mais fácil e a todos que de alguma maneira estiveram presentes em

minha vida neste momento.

Page 4: RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR - UFSC

4

Índice de figuras

Figura 1 - Fluxograma Abate Suíno ................................................................. 13

Figura 2 - Gráfico da quantidade de cabeças desperdiçadas por pelos. .......... 16

Figura 3 - Gráfico da quantidade de cabeças desperdiçadas por contaminação.

......................................................................................................................... 17

Figura 4 - Gráfico da quantidade de cabeças desperdiçadas por abscesso. ... 17

Figura 5 – Gráfico da quantidade de cabeças desperdiçadas por contaminação

após serrar a carcaça. ...................................................................................... 18

Figura 6 - Gráfico da quantidade total de cabeças desperdiçadas no abate

suíno. ............................................................................................................... 19

Figura 7 - Gráfico da quantidade de vísceras desperdiçadas. ......................... 20

Figura 8 - Gráfico da quantidade de bexigas desperdiçadas. .......................... 21

Figura 9 - Gráfico da quantidade de línguas desperdiçadas. ........................... 21

Page 5: RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR - UFSC

5

Sumário

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................. 6

2. A Empresa ................................................................................................... 7

3. Apresentação da Unidade ........................................................................... 9

3.1 Recepção .................................................................................................. 9

3.2 Abate ......................................................................................................... 9

3.3 Espostejamento .................................................................................. 11

3.4 Industrializados ................................................................................... 12

3.5 Controle de Qualidade ........................................................................ 12

3.6 Fluxograma do Abate de suínos ........................................................ 13

4. Trabalhos realizados.................................................................................. 14

4.1 Trabalho de acompanhamento de condena de cabeças ........................ 14

4.1.1 Introdução ......................................................................................... 14

4.1.1.1 Importância da Dieta Hídrica ............................................................. 14

4.1.1.2 Condena de cabeças por abscessos ............................................... 15

4.1.1.3 Condena de cabeças por presença de pelos ............................... 16

4.2 Resultados .......................................................................................... 16

5. Conclusão .................................................................................................. 23

6. Outros trabalhos realizados ....................................................................... 24

Referências bibliográficas ............................................................................. 25

Page 6: RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR - UFSC

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1. INTRODUÇÃO

O estágio curricular tem o principal objetivo de proporcionar uma

complementação à formação acadêmica, sendo que a observação dos

processos e a convivência diária dentro de uma empresa torna possível

relacionar os assuntos estudados em sala de aula com a prática.

O presente relatório descreve as atividades referentes ao período de

estágio curricular obrigatório do curso de Engenharia de Alimentos, da

Universidade Federal de Santa Catarina, campus de Florianópolis. O estágio

está sendo realizado em um frigorifico do norte gaúcho, o qual teve início no

dia 3 de agosto de 2015. A cooperativa possui um frigorífico com capacidade

para abater cerca de 1700 suínos por dia. Neste trabalho serão relatadas as

atividades desenvolvidas. Primeiramente será feita uma apresentação geral

dos setores que fazem parte da produção no frigorífico. Em seguida será

apresentado o trabalho realizado durante o período de estágio.

Page 7: RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR - UFSC

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2. A Empresa

A indústria foi fundada na cidade de Chapecó, no dia 15 de Abril de 1969

por um grupo de 18 pessoas que representavam 8 cooperativas do Oeste de

Santa Catarina.

A partir da década de 80, a empresa investiu no aumento da produção

abrindo novas unidades:

1984 - Fábrica de sucos concentrados em Videira (SC).

1988 - Frigorífico de aves em Maravilha (SC).

1988 - Frigorífico em Chapecó (SC).

1996 - Frigorífico de São Gabriel do Oeste (MS).

1996 - Frigorífico de Quilombo (SC).

2000 - Indústria de Sucos em Pinhalzinho (SC).

2001- Fábrica de Industrializados junto ao Frigorífico de Chapecó I (SC).

2002 - Frigorífico de Joaçaba (SC) em 10 de abril e incorporação do

Frigorífico no norte gaúcho.

2004 - Frigorífico de Chapecó II 2004 - Lançamento da marca AUROLAT.

2005/2006 - Aquisição da marca Nobre.

2009 - Fábrica de Rações de Cunha Porã (SC).

2011 - Indústria de Lácteos de Pinhalzinho.

2013 - Frigorífico de Guatambu.

2013 - Frigorífico de Xaxim.

2014 - Reabertura do Frigorífico de Joaçaba (cujas atividades estavam

interrompidas desde 2008).

Atualmente, é formada por 13 cooperativas filiadas, mais de 70 mil famílias

associadas e mais de 26 mil funcionários da empresa e mais de 8 mil

funcionários das cooperativas afiliadas ao Sistema da Cooperativa Central.

Atua na industrialização e comercialização de carnes suínas, aves, lácteos,

massas, vegetais e suplementos para nutrição animal.

Page 8: RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR - UFSC

8

A incorporação do frigorífico no Rio Grande do Sul aconteceu no dia 10 de

abril de 2002, que hoje conta com aproximadamente 900 funcionários nas

diversas áreas de administração, produção e manutenção. Possui a

capacidade de abate de cerca de 1700 suínos por dia, sendo processados

nessa unidade linguiças dos tipos toscana congelada, toscana resfriada,

churrasco e pernil.

Page 9: RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR - UFSC

9

3. Apresentação da Unidade

Nos primeiros dias de estágio houve a apresentação dos diversos setores

da cooperativa, desde a recepção de suínos até a industrialização pela

assistente técnica Juliana Klein. A seguir uma breve apresentação dos setores:

3.1 Recepção

A recepção dos suínos inicia aproximadamente às 21 horas, estendendo-se

até próximo das 5 horas do dia seguinte. Cada caminhão ao chegar com o lote

deve apresentar alguns documentos, entre eles o Guia de Trânsito Animal

(GTA) já assinado pelo médico veterinário ou técnico agropecuário

responsável, a nota do produtor e o boletim sanitário. Sem esses documentos

os suínos não são liberados para o abate e caso esta documentação esteja

incorreta ou incompleta, o lote é sequestrado em uma pocilga separada até

regularizar a situação.

Os suínos são descarregados por ordem de chegada através de uma

plataforma de descarga, sendo em seguida identificados com uma tatuagem

composta de três letras e conduzidos até as pocilgas para repouso onde

também é feita a dieta hídrica de no mínimo 8 horas, sendo assim reduzido o

conteúdo gástrico, o que facilita a evisceração, além de ajudar na recuperação

do estresse que o animal sofre devido ao transporte. Antes do abate, os suínos

passam por uma etapa onde recebem um jato de água para diminuir os riscos

de contaminação cruzada.

Os suínos machucados, cansados e/ou estressados são separados em uma

pocilga denominada pocilga de sequestro para descanso. Suínos que

apresentarem temperatura corporal superior a 39°C terão abate de

emergência. Este procedimento é realizado pelo Serviço de Inspeção Federal,

onde os animais que chegam mortos são conduzidos para sala de necrópsica

para posterior avaliação do fiscal federal.

3.2 Abate

Page 10: RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR - UFSC

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Os animais são enxaguados e levados até a insensibilização. Este enxágue

além de diminuir a carga microbiana também melhora a condutibilidade

elétrica. O abate é denominado humanitário, utilizando a insensibilização

seguida de sangria. A insensibilização é instantânea e causa completa

inconsciência do animal, sendo realizada pela técnica de eletronarcose, onde

um semiarco é colocado atrás das orelhas do suíno e um terceiro ponto na

região do coração. A voltagem do choque vai de 350 a 750 volts e amperagem

de 0,5 a 2,0 Amperes, efetuado entre 2 e 7 segundos. No terceiro ponto a

voltagem vai de 30 a 140 volts e amperagem de 0,5 a 2 A.

Em seguida ocorre a sangria, a qual não pode demorar mais que 30

segundos a partir do choque. Após, o suíno é pendurado em uma nórea e

conduzido até o túnel de escaldagem, onde permanece de 3 a 7 minutos,

sendo o principal objetivo retirar grande parte da carga microbiana e dilatar os

poros para a retirada dos pelos. Neste túnel os suínos recebem jatos de água

com temperaturas entre 62 e 72 ºC.

Na sequencia, o suíno vai para a depiladeira, onde passa por dois rolos

com dentes que auxiliam na retirada dos pelos, seguindo para uma segunda

polidora que realiza a limpeza da papada através de chicotes de borracha e a

secagem da pele do animal. Segue-se então para o chamuscador, onde a

chama tem uma temperatura aproximada de 300 ºC, passando então por outra

polidora responsável pela lavagem da carcaça, retirando os resíduos da

flambagem por chicotes de borracha.

Em outra área do frigorifico, mas ainda pertencente ao abate, são

realizadas em sequência as seguintes atividades: abertura do tórax e liberação

da língua, extração e oclusão do reto (feita pela amarração de uma sacola no

reto), abertura do abdômen e retirada das vísceras. Após essa etapa a cabeça

é desnucada para um lado e o SIF é responsável pela avaliação das cabeças,

sendo que elas são descartadas em casos de pelos, abscesso e contaminação,

em seguida as vísceras brancas e vermelhas são separadas, inspecionadas e

enviadas à sala dos miúdos internos através de um chute e a carcaça é então

serrada ao meio.

Ocorre a inspeção das carcaças pelo Serviço de Inspeção Federal (SIF), e

então a carcaça passa pelo PCC1 (Ponto critico de controle), onde é verificado

Page 11: RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR - UFSC

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presença de contaminação biliar e/ou fecal, logo após é retirado o pé dianteiro,

cabeça, pé traseiro e rabo seguindo com a retirada da medula e por fim

secção dos linfonodos ou gânglios. Em seguida ocorre a tipificação, que é a

medida do percentual de carne magra das carcaças. As carcaças são então

revisadas, sendo feita uma inspeção em 100% delas, avaliando e retirando

qualquer contaminação ou não conformidade.

Finalmente a carcaça é encaminhada para a câmara de equalização, onde

permanece até que seja atingida a temperatura adequada, de no máximo 7°C

no centro do pernil. Para que seja atingida essa temperatura as carcaças

abatidas em um dia são espostejadas no dia seguinte.

Na sala de cabeças, acontece a desossa manual das cabeças, separando

cortes de carne dos ossos. Na sala de miúdos externos ocorre a preparação

dos pés, orelha, máscara, focinho, rabo e joelho. Alguns desses miúdos,

quando são destinados para o setor salga, passam por um processo de

branqueamento com clorito de sódio.

Na sala de miúdos internos, ocorre a separação, limpeza e padronização de

coração, língua, fígado, pâncreas, rins, traqueia, esôfago, entre outros. Ocorre

então o envio dos miúdos para a sala de embalagem de miúdos, onde são

pesados e embalados, seguindo para resfriamento ou congelamento.

Na sala de beneficiamento de tripas, ocorre a limpeza e separação de

intestinos, estômago e bexiga. Na calibragem ocorre a limpeza das tripas e

medição do calibre com posterior salga e cura em tanques. As tripas depois de

curadas são colocadas em barris e então estocadas na sala de estocagem de

salgados até a expedição. O intestino, o estômago e a bexiga são destinados à

sala de cozimento de miúdos, onde são cozidos com temperaturas e tempos

determinados para cada um e seguem para a sala de embalagem de miúdos.

3.3 Espostejamento

O espostejamento é composto por um mezanino e três mesas rolantes

principais. No mezanino a meia carcaça é separada em cinco cortes principais,

pernil, paleta, barriga, carré e sobrepaleta, que caem sobre as três mesas

Page 12: RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR - UFSC

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rolantes, onde os cortes podem ser então descoureados, desossados ou

preparados de acordo com o mercado e a especificação técnica.

Além de cortes inteiros são feitos os recortes de diversas peças gerando

assim: retalho gordo, retalho magro, barriga, toucinho, pele, etc. Na salga, os

produtos brancos (depois de passarem pelo branqueamento) e os produtos

vermelhos recebem quantidades diferentes de sal, dependendo do corte. Os

produtos vermelhos além do sal recebem alguns condimentos. Ambos são

colocados em plataformas forradas com plástico, onde permanecem em

ambiente refrigerado para cura. Após o período de cura os produtos são

embalados e estocados.

3.4 Industrializados

Os principais produtos fabricados neste frigorífico são as linguiças do tipo

frescal. Nesta etapa, ocorre preparação da matéria-prima, que pode ser

adquirida na unidade ou em outras unidades da indústria. A matéria-prima é

picada e moída, sendo feita a devida mistura para cada tipo de linguiça em

específico. Após a pesagem dos condimentos, a qual ocorre na sala de

condimentos, estes são adicionados junto à massa, ocorrendo então a mistura

e o embutimento da massa nas tripas já higienizadas. Na sequencia, as

linguiças já preparadas seguem para a sala de embalagem e selagem sendo

então congeladas e/ou resfriadas durante a armazenagem e seguem para a

expedição.

3.5 Controle de Qualidade

O frigorífico tem procedimentos padronizados para garantir a qualidade de

seus produtos, sendo suas linhas auditadas.

O controle de qualidade é responsável pela verificação de todas as

atividades do frigorífico, tais como procedimentos operacionais padrão (POP’s),

procedimentos das operações (PSO’s), boas práticas de fabricação (BPF’s),

pontos críticos de controle (PCC’s) e pontos críticos (PC’s).

Page 13: RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR - UFSC

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Os pontos de controle do processo são: recepção dos suínos (PC1),

escaldar (PC2) e resfriamento das carcaças (PC3). Já os pontos críticos de

controle são: Avaliar carcaças no abate (PCC1), cozimento de industrializados

e cozimento de miúdos (PCC2) e detector de metais (PCC3).

O envio periódico de amostras de água da unidade para análises físico-

químicas e/ou microbiológicas e dos produtos também é de responsabilidade

desse setor. Para todas as atividades desenvolvidas existem manuais e

normas que descrevem cada processo.

3.6 Fluxograma do Abate de suínos

A seguir será apresentado um fluxograma geral do abate suíno, para uma

melhor visualização das etapas do abate, sendo este o principal setor onde

ocorreram as atividades de estágio.

Figura 1 - Fluxograma Abate Suíno

Page 14: RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR - UFSC

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4. Trabalhos realizados

4.1 Trabalho de acompanhamento de condena de cabeças

4.1.1 Introdução

Durante este período de estágio realizado, o proposto trabalho é observar a

quantidade de cabeças de suínos que estão sendo condenadas por (abscesso,

contaminação ou pelos) pelo SIF no setor de abate. Outro aspecto que o

trabalho irá contemplar é a quantidade de vísceras brancas e bexigas que são

desperdiçadas por falha operacional. As línguas serão contabilizadas devido a

grande quantidade de condena de cabeça, onde algumas línguas são

descartadas pelo SIF.

4.1.1.1 Importância da Dieta Hídrica

O caso de condena de cabeças por contaminação ocorre pelo não

cumprimento da dieta hídrica por parte dos produtores. Segundo a Portaria n°

711 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), é proibido

o abate de suínos que não tenham permanecido pelo menos 8 (oito) horas em

descanso, jejum e dieta hídrica, nas pocilgas de matança do estabelecimento.

Este repouso, a juízo da Inspeção Federal, poderá ser dilatado até 24 (vinte e

quatro) horas no máximo, nos casos em que os animais provenham de zonas

distantes ou tenham efetivado viagem acidentada (BRASIL, 1995).

Segundo UPNMOOR (2000) um jejum pré-embarque de 12 (doze) horas

é importante, devido aos seguintes fatores: evita enjôo e vômitos; diminui as

perdas de peso durante transporte; reduz a mortalidade e melhora a qualidade

da carne.

DALLA COSTA e colaboradores (2005) afirmam que a prática permite

uma maior velocidade e facilidade no processo de evisceração dos animais,

reduz o volume de dejetos no frigorífico e contribui para a uniformização da

qualidade da carne das carcaças, além de que o jejum além de favorecer o

Page 15: RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR - UFSC

15

bem-estar dos animais durante o transporte e prevenir o perigo da

contaminação cruzada entre as carcaças durante a evisceração, permite uma

maior estabilidade da cor e retenção de água na carne (LOPEZ-BOTE E

WARRISS, 1988). Portanto, a dieta hídrica é um ponto bastante importante em

relação à condena de cabeças, pois caso não seja feita corretamente, o animal

acaba tendo o refluxo do alimento e consequentemente, a cabeça condenada.

4.1.1.2 Condena de cabeças por abscessos

Abscesso é uma coleção purulenta ou acúmulo de pus circunscrito em

uma cavidade, dentro dos tecidos, em consequência de uma inflamação

crônica. Geralmente, ocorrem por ação de um agente irritante que provoca uma

lesão inicial, seguido de uma inflamação e posterior formação de pus e

encapsulamento.

Abscessos pequenos podem ser retirados na própria linha de inspeção e

abscessos maiores deverão ser conduzidos para a mesa de inspeção final,

para se definir o destino da carcaça que poderá ser aproveitada parcialmente

ou condenada totalmente. Quando os abscessos ou lesões supuradas não

influenciarem sobre o estado geral da carcaça, ocasionam rejeição somente da

parte afetada. As vísceras quando atingidas devem ser condenadas totalmente

e quando houver abscessos múltiplos e abrangentes, deve- se condenar as

vísceras e a carcaça totalmente.

Carcaças, partes das carcaças ou órgãos atingidos de abscesso devem

ser julgados pelo seguinte critério:

1- Quando a lesão é externa, de modo a atingir grande parte da carcaça,

devendo ser condenada;

2- Carcaças ou partes delas que se contaminam acidentalmente com pus,

devendo também ser condenadas;

3- Abscessos ou lesões localizadas podem ser removidas, condenando as

partes atingidas apenas;

4- Carcaças com alterações gerais devem ser condenadas.

Page 16: RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR - UFSC

16

O abscesso pode ser considerado um problema também vindo do produtor,

devido aplicação incorreta de vacinas entre outros fatores que ocasionam

lesões nos suínos e posteriormente acabam na condena da cabeça e/ou

carcaça.

4.1.1.3 Condena de cabeças por presença de pelos

A condena de cabeças no setor de abate pela presença de pelos, ocorre

devido à problemas na etapa de depilação do suíno. Adiante, serão

apresentados gráficos para a melhor ilustração do trabalho realizado, deixando

claro que as maiores quantidades de perdas ocorrem por contaminação e

abscesso e não por problemas na depiladora da Unidade.

4.2 Resultados

Os resultados serão apresentados em forma de gráficos para melhor

visualização do acompanhamento do abate suíno entre os dias 11 de agosto e

03 de novembro, mostrando a porcentagem de desperdícios em relação à

contaminação, abscessos e pelos.

Figura 2 - Gráfico da quantidade de cabeças desperdiçadas por pelos.

Page 17: RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR - UFSC

17

Figura 3 - Gráfico da quantidade de cabeças desperdiçadas por contaminação.

Figura 4 - Gráfico da quantidade de cabeças desperdiçadas por abscesso.

O desperdício de cabeça após serrar a carcaça acontece porque muitas

vezes o refluxo ocorre após a etapa de julgamento de cabeça pelo SIF, a

carcaça é eviscerada e neste momento o conteúdo estomacal que estava na

Page 18: RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR - UFSC

18

garganta acaba extravasando para cabeça. Na próxima etapa de julgamento

geral da carcaça o SIF derruba a cabeça com esta característica.

Figura 5 – Gráfico da quantidade de cabeças desperdiçadas por contaminação após serrar a carcaça.

Abaixo foi plotado o gráfico para ilustração do total de desperdício de

cabeças em relação ao motivo pela retirada destas cabeças (abcesso,

contaminação e pelos) do dia 11 de agosto de 2015 até o dia 03 de novembro.

Page 19: RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR - UFSC

19

Figura 6 - Gráfico da quantidade total de cabeças desperdiçadas no abate suíno.

Através dos gráficos pode-se observar que a maior quantidade de

desperdício ocorre devido à contaminação, fato este que pode ser considerado

falha na dieta hídrica por parte do produtor, o qual não está fazendo

corretamente a dieta hídrica, sendo que os suínos devem ficar 8 horas sem

alimentação, apenas bebendo água.

PLANO DE AÇÃO:

Todos os animais com presença de refluxo somado a característica

clínica de estômago cheio estão sendo relatados ao Supervisor de Campo. O

relato é realizado por meio de fotos (via e-mail) e em casos mais severos

(estômagos com 1,3 kg de ração) está sendo repassado também o nome do

produtor para a supervisora do Apoio Agropecuário, onde a mesma autoriza ou

não o desconto de R$ 8,30 por unidade.

Os abscessos também estão sendo estudados quanto a sua origem e

contabilizados a fim de reduzir as ocorrências.

2381

1143

99

Contaminação Abscesso Pêlos

Desperdício Cabeças geral

Page 20: RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR - UFSC

20

O desperdício ocasionado por excesso de pelos é o que apresenta

menor quantidade, porém não deveria existir, caracterizando falha operacional

na remoção dos pelos da cabeça na etapa de toalete, este problema é

repassado diariamente para o encarregado do setor, onde o mesmo toma

ações imediatas.

Em relação ao desperdício de línguas, vísceras brancas e bexigas,

iniciou-se o trabalho no dia 13 de agosto até o dia 03 de novembro.

Figura 7 - Gráfico da quantidade de vísceras desperdiçadas.

Page 21: RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR - UFSC

21

Figura 8 - Gráfico da quantidade de bexigas desperdiçadas.

Figura 9 - Gráfico da quantidade de línguas desperdiçadas.

PLANO DE AÇÃO

Estão sendo reorientados todos os funcionários que realizam a função

de rebaixar vísceras brancas e vermelhas, para terem o cuidado na atividade,

Page 22: RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR - UFSC

22

pois não deve haver perdas de estômagos por descuido operacional. Quanto

às bexigas, quando as mesmas apresentam-se muito cheias há necessidade

de estourá-las antes de eviscerar a carcaça para não haver contaminação e

desvio de DIF.

A contagem de língua está sendo efetuada para que se saiba a

quantidade de condena realizada pelo SIF, portanto não caracteriza falha

operacional. A língua é condenada juntamente com a cabeça derrubada devido

falha na dieta hídrica, porém, nem toda cabeça derrubada condena-se a língua.

O fator decisivo para julgamento de condena ou não da língua é quanto à

presença de resíduos de ração na mesma, em caso de ausência condena-se

somente a cabeça.

Page 23: RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR - UFSC

23

5. Conclusão

Através da análise dos gráficos, pode-se observar que os maiores

desperdicíos de cabeças de suínos ocorrem pela falha na dieta hídrica por

parte do produtor, seguido dos abscessos e em menor quantidade a presença

de pelos na cabeça. Estes problemas são imediatamente repassados aos

encarregados do setor e estão sendo tomadas as devidas providências para

que esses números diminuam e com isso também os prejuízos.

Um ponto bastante relevante durante este período do estágio é que

vários conceitos aprendidos durante a graduação nas mais diversas disciplinas

como tecnologia de carnes, higiene e legislação, entre outras, que o curso de

Engenharia de Alimentos oferece, foram utilizados, sendo muito úteis os

conhecimentos de alguns conceitos como dieta hídrica, insensibilização, abate

humanitário, boas práticas de fabricação, entre outros.

Page 24: RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR - UFSC

24

6. Outros trabalhos realizados

Outros trabalhos que também foram realizados durante o período de

estágio foram: a observação da matéria-prima para a preparação de massas

das linguiças, onde a presença de qualquer não cárneo deveria ser relatado

como não conformidade, sendo em seguida repassado aos encarregados do

setor de espostejamento.

Além disso, foi também feito a observação dos pesos das caixas já

embaladas prontas para a expedição. Neste caso, observavam-se

principalmente os produtos para exportação, onde havia muita variação de

peso. Eram anotados os valores das caixas já embaladas e verificava-se

variação, sendo repassado aos encarregados e tomadas as medidas corretivas

para evitar sobrepeso ou subpeso.

Assim como a observação do bem estar animal, sendo feita a análise

das carcaças durante o abate a fim de verificar se havia algum tipo de sinal no

corpo do animal que demonstrasse maus tratos. Em caso positivo, eram tiradas

fotos das carcaças, as quais eram encaminhadas ao encarregado do setor e

supervisor de produção para o contato direto com o produtor.

Também, observaram-se cortes de carne 05, sendo estes recortes de

suíno (provenientes da paleta, pernil, sobrepaleta, toucinho, papada e refilé de

barriga) onde a quantidade de gordura estava acima do permitido que é de

18% de gordura. Neste caso, observavam-se os cortes e em caso de grande

quantidade de gordura era repassado ao encarregado do setor para que

tomasse a devida ação.

Além destes, uma das observações sempre feitas era em relação as

Boas Práticas de Fabricação (BPF’s) nos diversos setores, onde se algo não

conforme fosse observado era repassado à assistente técnica de estágio e em

seguida aos encarregados de cada setor para que fossem tomadas as devidas

ações corretivas.

Page 25: RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR - UFSC

25

Referências bibliográficas

Abate - Acesso em 25/08/2015.

<https://www.portaleducacao.com.br/veterinaria/artigos/48823/relatorio-do-

estagio-tecnologia-de-abate-suinos#!6>

Abate suíno – Acesso em 18/10/2015.

<http://www.agais.com/telomc/b01407_abate_suinos.pdf>

Abscessos – Acesso em 12/10/2015

<http://informaticadodia.blogspot.com.br/2013/10/abscesso-lesao-purulenta-

em-suinos.html>

BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Portaria N°. 711,

de 1° de novembro de 1995. Aprova as normas técnicas de instalações e

equipamentos para abate e industrialização de suínos. Disponível em: . Acesso

em: 03 jan. 2008.

DALLA COSTA, O.A. et al. Tempo de jejum dos suínos no manejo pré-abate

sobre a perda de peso corporal, o peso do conteúdo estomacal e a incidência

de úlcera esofágica-gástrica. Ciência Rural, Santa Maria. v.38. n.1. p.199-205.

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