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I N S T I T U T O G E O L Ó G I C O SECRETARIA DE ESTADO DO MEIO AMBIENTE Av. Miguel Stéfano n.º 3900, CEP 04301-903, São Paulo, SP. Tel. 5077-1155 - Fax- 5077-2219 www.igeologico.sp.gov.br e-mail: [email protected] 1 RELATÓRIO DO ATENDIMENTO EMERGENCIAL REALIZADO PELO INSTITUTO GEOLÓGICO EM SANTA CATARINA EM RAZÃO DO DESASTRE OCORRIDO EM NOVEMBRO DE 2008 Elaborado por: Daniela Gírio Marchiori Faria (Engª Geóloga), Jair Santoro (Geólogo), Lídia Keiko Tominaga (Geóloga), Maria José Brollo (Geóloga), Paulo Fernandes da Silva (Geólogo), Rogério Rodrigues Ribeiro (Geógrafo) São Paulo, 19 de dezembro de 2008

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RELATÓRIO DO ATENDIMENTO EMERGENCIAL REALIZADO PELO INSTITUTO GEOLÓGICO EM SANTA CATARINA EM RAZÃO DO

DESASTRE OCORRIDO EM NOVEMBRO DE 2008

Elaborado por:

Daniela Gírio Marchiori Faria (Engª Geóloga),

Jair Santoro (Geólogo),

Lídia Keiko Tominaga (Geóloga),

Maria José Brollo (Geóloga),

Paulo Fernandes da Silva (Geólogo),

Rogério Rodrigues Ribeiro (Geógrafo)

São Paulo, 19 de dezembro de 2008

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1. INTRODUÇÃO

Entre os dias 21 e 23 de novembro de 2008, na região do Vale do Itajaí, em Santa Catarina, choveu em torno de 600 mm, aumentando os níveis pluviométricos já acumulados desde o mês de agosto. Em conseqüência adveio uma situação histórica de desastre, registrando-se inundação generalizada e um grande número de movimentos de massa de diversos tipos, levando a destruição de bens, mortes e desabrigados.

Nesta condição adversa de grande magnitude, diversos municípios da região decretaram estado de calamidade e o país todo se mobilizou para ajudar o Estado de Santa Catarina. Assim, o Governador do Estado de São Paulo, José Serra, por meio de seus Secretários de Estado do Meio Ambiente, Dr. Xico Graziano, e da Casa Militar, também Coordenador da Defesa Civil Estadual, Cel. PM Luiz Massao Kita, solicitou ao Instituto Geológico o envio de geólogos para auxiliar as equipes de Santa Catarina nos atendimentos emergenciais aos inúmeros escorregamentos que ocorreram desde o início das chuvas.

Esta solicitação deveu-se à reconhecida capacidade técnica do Instituto Geológico na área de prevenção a desastres naturais, atuando desde 1989 na operação de Planos Preventivos de Defesa Civil (PPDC) no Estado de São Paulo, sob coordenação da Defesa Civil Estadual. Desta forma, deu-se o apoio técnico às ações emergenciais de atendimento às comunidades catarinenses atingidas pelos escorregamentos, com o envio de cinco técnicos (quatro geólogos e um geógrafo) com larga experiência em avaliações de risco de escorregamentos.

Este apoio deu-se no período de 26 de novembro a 11 de dezembro, com o envio, em diferentes períodos, dos geólogos Jair Santoro, Lídia Keiko Tominaga, Paulo Fernandes da Silva, da Engª Geóloga Daniela Gírio Marchiori Faria e do geógrafo Rogério Rodrigues Ribeiro. Estes técnicos estiveram acompanhados por equipes da Defesa Civil Estadual (CEDEC) e do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), que colaboraram nos atendimentos emergenciais aos municípios atingidos pelos escorregamentos.

2. DESCRIÇÃO DOS PROBLEMAS ENCONTRADOS

Com relação aos processos de deslizamento ocorridos na região (Foto 1), estes apresentaram características que superaram os escorregamentos planares que mais comumente acontecem em áreas de encostas com declives acentuados. Foram observados processos tecnicamente classificados como corridas de lama, que apresentam um alcance e um poder destrutivo muito maior que os deslizamentos de encosta de ocorrência mais comum. Estes processos de corridas estão associados a índices pluviométricos excepcionais. Uma das conseqüências destes inúmeros escorregamentos consistiu no assoreamento, e por vezes obstrução, de rios e de suas planícies provocado pela mobilização de grandes volumes de terra e detritos oriundos dos escorregamentos (Foto 2).

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Foto 1. Escorregamentos generalizados em encostas ocorridos em Santa Catarina em novembro de 2008. A foto ilustra a região do Morro do Baú (Foto: Lídia K. Tominaga, dez.2008).

Foto 2. Assoreamento de rio e de sua planície provocado pela mobilização de grandes volumes de terra e detritos oriundos dos escorregamentos no Braço do Baú, SC (Foto: Lídia K. Tominaga, dez.2008).

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No caso de Santa Catarina, foi grande a magnitude deste evento, uma vez que entre os dias 21 e 23 de novembro de 2008 choveu em torno de 600 mm, índice considerado excepcional, extrapolando todos os limites conhecidos de acumulados de chuvas, sem considerar que já chovia na região desde o mês de agosto. Algo semelhante no Brasil ocorreu no evento de Caraguatatuba em 1967, quando em 2 dias choveu aproximadamente 600 mm. A constatação da magnitude deste evento pode ser observada pela grande quantidade de escorregamentos naturais ocorridos em encostas totalmente cobertas por vegetação natural. A topografia da região, com declividades elevadas e o tipo de solo do Vale do Rio Itajaí, composto principalmente por material argiloso, também favoreceram a ocorrência dos eventos. Além disso, o volume de chuva acumulado nos últimos meses saturou o solo no seu limite máximo, que perdeu totalmente a sua coesão e, portanto a sua resistência e capacidade de suporte. Pode-se dizer que o solo simplesmente “derreteu” em vários pontos, tragando casas e rodovias. Os deslizamentos de terra foram a principal causa das cerca de 130 mortes registradas no estado de Santa Catarina.

Os municípios da região do Vale do Itajaí e adjacências, mais prejudicados pelos escorregamentos, vistoriados pelas equipes do IG foram os seguintes: Blumenau, Ilhota, Luis Alves, Gaspar, Jaraguá do Sul, Benedito Novo, Pomerode, Timbó, Rio dos Cedros e Rodeio (Figura 1).

SANTA CATARINA

Figura 1. Localização dos municípios em situação de calamidade atendidos pela equipe do Instituto Geológico.

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3. CARACTERIZAÇÃO DOS PROCESSOS DE ESCORREGAMENTOS EM SANTA CATARINA

Os processos de movimentos de massa, denominados genericamente de escorregamentos (equivalentes ao landslide), de acordo com definição de GUIDICINI & NIEBLE (1984)1, são movimentos rápidos, de duração relativamente curta, de massas de terreno que se deslocam para baixo e para fora do talude em função da gravidade. Em termos gerais, um escorregamento ocorre quando a relação entre a resistência ao cisalhamento do material e a tensão de cisalhamento na superfície potencial de movimentação decresce até atingir uma unidade, no momento do escorregamento.

Na região afetada foram observados três tipos principais de escorregamentos (rotacionais, translacionais, complexos), além de outros processos tais como corridas de lama e de detritos (ex. troncos e galhos de árvores, escombros e blocos de rocha).

A) Escorregamentos Rotacionais

Os escorregamentos rotacionais caracterizam-se por uma superfície de ruptura curva ao longo da qual se dá um movimento rotacional do maciço de solo (Figura 2). A ocorrência destes movimentos está associada geralmente à existência de solos espessos e homogêneos de textura predominantemente argilosa. O escorregamento rotacional de solo é um fenômeno freqüente nas encostas do sudeste brasileiro, mobilizando geralmente o manto de alteração. Podem se tornar processos catastróficos, com o deslizamento súbito do solo residual que recobre a rocha ao longo de uma superfície qualquer de ruptura, ou ao longo da própria superfície da rocha. Exemplos desse tipo de escorregamentos são conhecidos, como o grande escorregamento do Monte Serrat, em Santos, ocorrido em 1928, e muitos dos sessenta escorregamentos simultâneos que ocorreram nos morros de Santos em 1956 (VARGAS 1966)2.

B) Escorregamentos Translacionais

Os escorregamentos translacionais (Figura 3) são os mais freqüentes entre todos os tipos de movimentos de massa. Formam superfícies de ruptura planar associadas à anisotropias acentuadas presentes nos solos e/ou rochas que, em geral, representam descontinuidades mecânicas e/ou hidrológicas derivadas de processos geológicos, geomorfológicos ou pedológicos. A morfologia dos escorregamentos translacionais caracteriza-se por serem rasos, com o plano de ruptura, na maioria das vezes, a 0,5 a 5,0m de profundidade e com maiores extensões no comprimento, podendo atingir centenas ou até milhares de metros (FERNANDES & AMARAL 19963; GUIDICINI & NIEBLE op cit).

1 GUIDICINI G. & NIEBLE. 1984. Estabilidade de Taludes Naturais e de Escavação. São Paulo: 2a ed. Edgard Blücher, 194p 2 VARGAS M. 1966. Estabilização de taludes em encostas de gnaisse decompostas. Anais do 3º Congresso Brasileiro de Mecânica de Solos, Belo Horizonte, 1966. 3 FERNANDES NF & AMARAL CP. 1996. Movimentos de massa: uma abordagem geológico-geomorfológica. In: GUERRA AJT & CUNHA SB (org). 1996. Geomorfologia e Meio Ambiente. Bertrand, Rio de Janeiro. p. 123-194.

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(a) (b)

Figura 2. (a) Esquema de escorregamento rotacional (Fonte: LOPES 20064). (b) Escorregamento rotacional em Jaraguá do Sul, SC (Foto: Lídia K. Tominaga, dez.2008).

(a)

(b)

Figura 3. (a) Esquema de escorregamento translacional (Fonte: LOPES op cit). (b) Escorregamento translacional no município de Rio do Cedro, SC (Foto: Lídia K. Tominaga, dez.2008).

C) Corridas de massa ou detríticas

Corridas são formas rápidas de escoamento de caráter essencialmente hidrodinâmico, ocasionada pela perda de atrito interno, em virtude da destruição da estrutura, em presença de excesso de água. As corridas apresentam um grau de fluidez bastante variável desde massas de elevada densidade e viscosidade até estados fluidos como as águas barrentas de um rio.

As corridas de massa são, em geral, provocadas por encharcamento do solo por chuvas intensas ou por longos períodos de chuvas de menor

4 LOPES ESS. 2006. Modelagem espacial dinâmica em Sistema de Informação Geográfica – uma aplicação ao estudo de movimentos de massa em uma região da Serra do Mar paulista. Tese de Doutorado em Geociências e Meio Ambiente. Instituto de Geociências e Ciências Exatas da UNESP (IGCE/UNESP), Rio Claro, 2006. 314p

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intensidade. Este processo pode ser desencadeado mesmo em relevos menos íngremes, dependendo das características de resistência do material. A massa em movimento incorpora blocos de rochas, árvores e outros detritos os quais aumentam seu potencial destruidor (Figura 4).

(a)

(b)

Figura 4. (a) Esquema de corrida detrítica (Fonte: LOPES op cit). (b) Corrida detrítica em Rio das Antas, Benedito Novo, SC (Foto: Lídia K. Tominaga, dez.2008).

Alguns cursos d’água, em determinadas condições geomorfológicas e climáticas, podem se constituir em eixos de recorrência do fenômeno. Como é o caso do vale do rio Santo Antônio em Caraguatatuba, cujo canal recebeu em 1967, grande parte das massas de solo escorregadas invadindo o centro urbano de Caraguatatuba, onde depositou cerca de 1 m de espessura de sedimentos.

D) Escorregamentos complexos

São designados de escorregamentos complexos (Fotos 3 e 4), quando ocorrem dois ou mais tipos de escorregamentos. Em Santa Catarina, foram observados escorregamentos que se iniciam como rotacionais passando para translacionais e terminando em corridas detríticas.

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Foto 3. Escorregamento complexo em Benedito Novo, SC (Foto: Lídia Keiko Tominaga, dez.2008).

Foto 4. Escorregamento complexo em Benedito Novo, SC (Foto: Lídia Keiko Tominaga, dez.2008).

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4. AÇÕES DO INSTITUTO GEOLÓGICO NOS ATENDIMENTOS EMERGENCIAIS EM SANTA CATARINA

Três equipes de técnicos do Instituto Geológico foram enviadas a Santa Catarina no período de 26 de novembro a 11 de dezembro para auxiliar nos atendimentos emergenciais. Cada equipe de 2 técnicos (geólogo e/ou geógrafo e/ou engenheiro geólogo) permaneceu por cerca de uma semana, caracterizando 3 fases de ações, conforme sintetizado no Quadro 1 e detalhado em seguida.

Quadro 1. Síntese da ação do IG em Santa Catarina

Período Equipe Localidades Atendimentos/Vis

torias

26 a 30/11/2008

- Geólogo Jair Santoro - Geógrafo Rogério Rodrigues Ribeiro

Blumenau e Pomerode 40 vistorias em terra.

01 a 06/12/2008

- Geóloga Lidia Keiko Tominaga - Geólogo Paulo César Fernandes da Silva

Jaraguá do Sul, Benedito Novo, Rodeio, Timbó, Rio dos Cerros, Pomerode, Ilhota, Luis Alves

25 vistorias em terra; 22 vistorias por sobrevôo; Sobrevôo de 8 municípios.

05 a 11/12/2008

- Eng. Geóloga Daniela Gírio Marchiori Faria - Geógrafo Rogério Rodrigues Ribeiro

Ilhota (Morro do Baú), Luis Alves, Gaspar

Vistorias de 47 moradias no Braço do Baú e de 6 na Estrada do Braço Francês.

Fase 1 – período de 26 a 30 de novembro de 2008

A primeira equipe enviada a Santa Catarina, composta pelo geólogo Dr. Jair Santoro e pelo geógrafo Msc. Rogério Rodrigues Ribeiro, realizou trabalhos no município de Blumenau, um dos mais atingidos pelas chuvas, devido principalmente à ocupação urbana e maior concentração populacional nas encostas e pelo grande volume de chuva ocorrido. Esta equipe vistoriou também áreas de risco em Pomerode, município vizinho a Blumenau.

O atendimento emergencial nesta primeira fase foi principalmente de resgate das vítimas dos desastres. Com a continuidade das chuvas e possibilidades de agravamento dos processos de escorregamentos, recomendou-se a remoção de todas as pessoas que residiam em áreas de muito alto risco.

As ações efetuadas nesta primeira fase incluíram:

Organizar as ações da Defesa Civil e da Prefeitura de Blumenau para o atendimento e socorro às vítimas dos deslizamentos;

Vistoriar e avaliar o grau de risco de cada área e recomendar ou não a remoção das pessoas das áreas críticas;

Acompanhar os técnicos da prefeitura nas vistorias emergenciais, orientando-os quanto aos procedimentos a serem adotados.

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Ressalta-se que esta primeira fase foi a mais preocupante, uma vez que as vistorias emergenciais realizadas visavam indicar a necessidade ou não de remoção imediata, a fim de evitar que houvesse mais vítimas fatais.

Destaca-se que as vistorias foram realizadas em áreas indicadas pela prefeitura, sendo que em média foram vistoriadas 5 áreas pela manhã e 5 à tarde, sempre acompanhadas por técnicos da prefeitura, totalizando aproximadamente 40 áreas (Fotos 5 a 9). Ao final de cada dia de operação era realizada uma reunião de avaliação da situação e definidas as ações e áreas a serem vistoriadas no dia seguinte (Foto 10)

As avaliações realizadas em Blumenau e Pomerode apontaram que cerca de 60% das áreas visitadas estão em risco iminente e dificilmente poderão ser ocupadas novamente. Até o dia 30/11/2008, cerca de 5.000 pessoas já tinham sido removidas no município e estavam alojadas em abrigos da prefeitura de Blumenau.

Foto 5. Vista aérea de parte das áreas inundadas entre o Vale do Rio Itajaí e a cidade de Blumenau, SC (Foto: Rogério R. Ribeiro, nov.2008).

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Foto 6. Detalhe de moradia em Blumenau, SC, atingida por uma corrida de lama (Foto: Rogério R. Ribeiro, nov.2008).

Foto 7. Vista geral de uma corrida de lama que atingiu várias moradias em condomínio fechado, em Blumenau, SC (Foto: Rogério R. Ribeiro, nov.2008).

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Foto 8. Detalhe de escorregamento atingindo as moradias, em Blumenau, SC (Foto: Rogério R. Ribeiro, nov.2008).

Foto 9. Cicatriz de escorregamento em talude de alta declividade, em área próxima ao centro de Blumenau, SC (Foto: Rogério R. Ribeiro, nov.2008).

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Foto 10. Reunião de trabalho na Prefeitura de Blumenau. Ao centro o coordenador das operações em Blumenau (SC), Sr. Valfredo; à esquerda/fundo, o geólogo Jair Santoro (Foto: Rogério R. Ribeiro, nov.2008).

Fase 2 – período de 01 a 06 de dezembro

Nesta segunda fase, após o retorno dos dois técnicos da Fase 1, o Instituto Geológico enviou mais dois técnicos, a Geóloga Dra. Lídia Keiko Tominaga e o Geólogo Dr. Paulo César Fernandes da Silva. Estes seguiram para a região afetada pelo desastre, no Vale do Itajaí e entorno, em Santa Catarina (Figura 5, Foto 11), em 1 de dezembro e retornaram no dia 6 de dezembro.

Nesta fase as principais ações realizadas foram:

a) No primeiro dia (1/12) atendeu-se solicitação da Defesa Civil de Jaraguá do Sul para vistorias e avaliação do risco em áreas de ocorrência de escorregamentos e em áreas com evidências de movimentação: degraus de abatimento, rupturas e trincas no terreno e em edificações (Fotos 12 e 13).

b) No segundo dia (2/12) realizou-se sobrevôo de helicóptero para verificar outras ocorrências de escorregamentos no município de Jaraguá do Sul. Após o sobrevôo continuaram as vistorias em terra nas áreas mais críticas

c) A partir do terceiro dia (3/12), a equipe do Instituto Geológico dividiu-se:

- Um dos técnicos (Geóloga Lídia) sobrevoou uma região que abrange 6 municípios: Ascurra, Benedito Novo, Pomerode, Rio dos Cedros, Rodeio e Timbó. O objetivo deste sobrevôo foi de reconhecimento da situação da região e identificação das áreas mais críticas para posteriormente serem analisadas por terra (Foto 14). Este trabalho foi acompanhado pelos representantes das defesas

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civis municipais e pelo Gerente de Infra-estrutura da Secretaria Regional de Governo.

- O segundo técnico (Geólogo Paulo) sobrevoou as áreas interditadas do chamado “Complexo do Baú” (Foto 15), localizado no município de Ilhota, e também as áreas críticas situadas no município de Luís Alves, juntamente com os técnicos do Instituto de Pesquisas Tecnológicas - IPT e equipe da CEDEC–SP. Os objetivos deste sobrevôo foram: a) verificar os pontos de obstrução das vias de acesso; b) redefinir o zoneamento de risco estabelecido na semana anterior pelas equipes técnica e de resgate (áreas vermelhas – interditadas às populações, área preta – interditada a todos inclusive equipes técnicas e de resgate), observando inclusive a necessidade de remoção de moradores.

d) No quarto e quinto dias (4 e 5/12) a equipe do IG continuou separada, trabalhando em diferentes áreas (Foto 16 a 18):

- a Geóloga Lídia acompanhada por um representante da ABMS (Associação Brasileira de Mecânica dos Solos), o Engenheiro Geotécnico Dr. Fernando M. Marinho, realizaram vistorias e avaliações de risco nas áreas mais críticas dos municípios de Benedito Novo, Rodeio e Timbó. Os processos de escorregamentos observados com mais freqüência foram: escorregamentos rotacionais, translacionais e complexos (rotacionais, translacionais passando para corridas de lama e de detritos no final); rupturas com deslocamentos (degraus de abatimento), além de muitas rupturas (trincas) nos terrenos e edificações.

- O Geólogo Paulo, por sua vez, nos dias 4 e 5/12 passou a ser acompanhado por oficiais da Força Nacional e também por técnicos da ABMS-SC/RS. O objetivo dos sobrevôos e descidas ao solo foi o de avaliar as condições do terreno para permitir a entrada de equipes de busca e resgate de corpos nas áreas interditadas do Complexo do Baú. Alternadamente aos sobrevôos de avaliação e liberação das áreas para resgate e acionamento de equipes, diversas reuniões de planejamento de operações e de definição de procedimentos de intervenção das equipes aos locais determinados ocorreram na Prefeitura Municipal de Ilhota, envolvendo técnicos, pilotos e tripulantes de aeronaves, equipes do Corpo de Bombeiros e da Força Nacional, além de representantes da Defesa Civil Municipal.

No dia 6/12 pela manhã os dois técnicos retornaram a São Paulo.

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Figura 5. Abrangência das áreas vistoriadas pela equipe da Fase 2 (em vermelho: Geól. Lídia; em azul: Geól. Paulo).

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Foto 11. Equipe do IG, Geólogos Paulo C. F. Silva e Lídia K. Tominaga, preparando-se para vistorias em Jaraguá do Sul, SC, com suporte de helicóptero da Polícia Militar (Foto: dez.2008).

Foto 12. Degraus de abatimento no terreno, Jaraguá do Sul, SC, evidenciando movimentação do terreno (Foto: Lídia Keiko Tominaga, dez.2008).

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Foto 13. Trincas em moradia, Jaraguá do Sul, SC, evidenciando movimentação do terreno (Foto: Lídia Keiko Tominaga, dez.2008).

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Foto 14. Escorregamentos na região de Timbó, SC, atingindo e destruindo casas e estradas (Foto: Lídia Keiko Tominaga, dez.2008).

casa atingida pelo escorregamento

Estrada interrompida

casas atingidas pelo escorregamento

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Foto 15. Escorregamento na região do Morro do Baú, SC, atingindo e destruindo casas, ruas e estrada e causando barramento do curso d’água, provocando inundação (Foto: Lídia Keiko Tominaga, dez.2008).

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Foto 16. Escorregamento na região de Jaraguazinho, SC, atingindo e destruindo casas (Foto: Lídia Keiko Tominaga, dez.2008).

Foto 17. Escorregamento na região do Morro do Baú (Baú de Baixo) atingindo moradias (Foto: Paulo C.F. Silva, dez.2008).

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Foto 18 Escorregamentos ao oeste do Morro do Baú, atingindo e destruindo gasoduto (Foto: Paulo C.F. Silva, dez.2008).

Fase 3 – período de 05 a 11 de dezembro

Ainda no dia 5/12, à noite, visando dar continuidade ao atendimento emergencial, o Instituto Geológico enviou a Santa Catarina outros dois técnicos, a Engenheira Geóloga MsC. Daniela Gírio Marchiori Faria e o Geógrafo MsC. Rogério Rodrigues Ribeiro (este já em sua segunda missão na região). Estes técnicos ficaram sob o comando do Coronel Alexandre Lucas Alves (Defesa Civil de Minas Gerais) e da Tenente Aline Betânia Ribeiro de Mattos Carvalho (CEDEC-SP). (Foto 19)

Nesta terceira fase, que antecedeu a desmobilização das equipes de apoio de outros estados, os atendimentos se voltaram principalmente a vistorias para avaliação do risco a escorregamentos visando à liberação de moradias para retorno dos residentes ou pela continuidade de interdição. Nas vistorias realizadas, os dois técnicos se dividiram em diferentes equipes, compostas por diferentes profissionais voluntários (geólogos, engenheiros, geógrafos) da Escola Politécnica da USP, da Universidade Federal de Santa Catarina, da Universidade Federal do Paraná, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

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Os municípios atendidos foram: Ilhota, Luis Alves e Gaspar. No município de Ilhota, o qual teve maior número de vítimas, na área mais atingida conhecida como Braço do Baú, foram vistoriadas 55 moradias.

Foto 19. Equipe de trabalho em reunião no Centro Operacional de Navegantes (técnicos do IG: 1. Geógr. Rogério; 2. Engª Geól. Daniela). (Foto: dez.2008)

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Dia 06/12/2008:

Foram realizadas vistorias para verificar a possibilidade de desinterdição das moradias do Baú Seco, conversar com os moradores e verificar o estado emocional e as necessidades pessoais da comunidade. Eles já estavam recebendo cestas básicas e água. O Baú Seco é uma região pertencente a Ilhota (SC), quase divisa com o município de Luis Alves (SC), que estava isolada devido aos vários escorregamentos que interditaram os acessos e sem energia elétrica. O único meio de comunicação era um telefone rural na casa de um morador. O meio de acesso que utilizado foi helicóptero. Os escorregamentos provocaram a destruição total de uma casa provocando 6 óbitos, a destruição parcial de uma casa e das instalações de uma granja com 36.000 pintinhos, além da interdição de estradas de terra e a destruição parcial do Parque Botânico.

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Foi realizado sobrevôo na região do Complexo do Baú (Foto 20) com o Secretário de Obras da Prefeitura de Ilhota com o objetivo de encontrar caminhos alternativos para a abertura de estradas para acessar o Baú Seco e melhorar o acesso a outras comunidades do Baú.

Dia 07/12/2008:

Foi realizada avaliação técnica através da vistoria por terra, casa a casa, levando à: desinterdição de 5 edificações com restrição associada à precipitação pluviométrica e/ou observação de indícios de movimentação; manutenção de 9 interdições; interdição definitiva de 1 moradia.

Foto 20. Escorregamentos provocando destruição e interrupção de estrada na região do Morro do Baú, SC (Foto: Daniela G. M. Faria, 7.dez.2008).

Houve vistoria em Gaspar, no Bairro Belchior Baixo (Figura 6), em área de escorregamento que soterrou uma casa com um casal de idosos. O objetivo da vistoria foi verificar as condições de instabilidade para os trabalhos dos Bombeiros no resgate aos corpos. Esse escorregamento foi de grande porte e ocorreu após três dias de sol (sem chuvas). As condições de estabilidade do local eram críticas, com várias surgências de água e várias cicatrizes nas encostas à montante, o que levou à não recomendação de continuidade dos trabalhos dos Bombeiros no local.

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Figura 6. Vista geral da região do escorregamento em Gaspar, Bairro Belchior Baixo, região de busca de desaparecidos e posição da cicatriz de ruptura. (Fotos: Daniela G. M. Faria, 7.dez.2008).

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Na comunidade do Braço do Baú (Ilhota), o Geógrafo Rogério (juntamente com professores da UFSC), realizou inspeção visual nas moradias lá existentes, com o objetivo de observar a viabilidade ou não de regresso dos seus moradores. Neste dia, 21 casas foram marcadas (à mão) com letras de A a D (Foto 21), indicativas de sua situação para liberação ou restrição à ocupação: (A) Residência liberada para moradia; (B) Residência liberada com restrições para moradia; (C) Residência liberada exclusivamente para retirada de pertences mas interditada para moradia; (D) Residência interditada, mesmo para a entrada de pessoas.

Foto 21. Marcação das moradias por meio do emprego dos conceitos de A a D, que denotam a recomendação de uso das mesmas. (Foto: dez 2008)

Dia 08/12/2008:

Participação em reunião com técnicos, representantes das Prefeituras das cidades envolvidas, CEDEC-SP, representante da Defesa Civil do Estado de Santa Catarina e demais comandos onde o Coronel Lucas apresentou o Plano de Desmobilização do Comando de Navegantes, o qual foi aprovado em reunião pelo Governador do Estado.Novas vistorias na comunidade do Braço do Baú (Ilhota), onde foram classificadas mais 26 moradias, com elaboração de relatório.

Dia 09/12/2008:

Foi realizado sobrevôo e monitoramento por terra na região do Alto do Baú para monitoramento das trincas existentes nas encostas do vale e também da

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água represada à montante da região onde os Bombeiros iriam realizar resgates.

Houve novo retorno à comunidade do Braço do Baú (Ilhota), com vistorias em encosta com alto risco de escorregamento, com potencial comprometimento de estrada de acesso, soterramento de parte do talvegue de curso d’ água e ocorrência de danos a moradias e edificações situadas a jusante. No local foram observadas várias trincas no terreno, evidenciando sua movimentação. Instalou-se um sistema rudimentar de monitoramento da abertura das trincas com a utilização de pares de estacas cravadas (Foto 22) e houve recomendações para o responsável pela defesa civil local.

Foto 22. Implantação de sistema de monitoramento de trincas no terreno, por meio de pares de estacas (Foto: Rogério R. Ribeiro dez.2008).

Dia 10/12/2008:

Novas vistorias foram realizadas no município de Luis Alves com o objetivo de inspecionar moradias e classificá-las quanto ao uso permitido, também por meio do emprego de letras de A a D, conforme sistemática abordada acima. Nesta oportunidade, foram mapeadas 06 casas na Estrada Braço Francês.

Ao longo do dia houve a desmobilização definitiva do Sistema de Comando em Operações de Navegantes (SCO – Navegantes), passando os comandos das operações para as prefeituras. Os técnicos voluntários (geólogos, geógrafos e engenheiros civis) da ABMS (Associação Brasileira de Mecânica dos Solos) e da UFSC passaram a se reportar diretamente às prefeituras.

No dia 11 de dezembro a equipe do Instituto Geológico retornou a São Paulo e encerrou-se o apoio à calamidade em Santa Catarina.