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Relatório sobre a disciplina “ A cidade constitucional: capital da república
IX”
Emilio Justiniano Dias Junior USP N° 7970002 Curso: GPP
No dia 05/09 saímos de São Paulo numa longa viagem até Brasília, a capital da
república. É assim que se inicia a disciplina Cidade constitucional, calcada na
ideia de imersão pública e conduzida pelos docentes Marcelo Nerling e Douglas
Roque, ambos da Escola de Artes, ciências e humanidades, da Universidade de
São Paulo, EACH-USP. Nesta oportunidade, além da Universidade de São
Paulo, estavam presentes: a Federal Rural do Rio de Janeiro e a Universidade
do Estado de Santa Catarina.
Após cerca de 18 horas de estrada, chegamos ao nosso destino ao meio – dia.
Não tínhamos tempo a perder, a agenda semanal seria cheia, quase não
teríamos espaço para atividades que fugissem do roteiro. Assim, chegamos e
fomos visitar o palácio do planalto e o Itamaraty. A sensação é a de que o palácio
do planalto, assim como grande parte do centro de Brasília, emana poder, a
quase absoluta certeza da as respostas para todos os problemas estão lá. Não
passa mera sensação.
O Palácio do Plano exibe obras consagradas e tapetes persas afortunados, a
estrutura transmite ar de modernidade com tradicionalismo. Seguindo a mesma
lógica estilística, quase mística na verdade, conhecemos o famoso e atualmente
cobiçado gabinete presidencial, difícil descrever situação semelhante, estar no
bojo do comando da nação brasileira é realmente indescritível.
Assim que saímos do palácio do Planalto fomos ao palácio do Itamaraty ou
palácio dos arcos, onde localiza-se o ministério das relações exteriores do Brasil.
Seu interior, assim como o palácio do planalto, é revestido de obras de artistas
consagrados, como Sérgio Camargo e Alfredo Volpi. Além disso, no espelho
d’agua localizado logo na entrada, fica a mais famosa obra do palácio, “meteoro
de bruno Giorgi.
Após esta breve introdução na estrutura administrativa de Brasília, fomos à
Escola de administração fazendária, onde ficamos alojados durante a Cidade
constitucional. Conhecemos o Espaço, que por sinal é excelente, com quartos
confortáveis e muito bem equipados. Feito isso, o dia ainda não havia terminado,
os docentes organizadores, Marcelo Nerling e Douglas roque prepararam uma
atividade de nivelamento, que iniciou as 19h. Particularmente, acredito que essa
atividade teve papel fundamental na compreensão da estrutura da disciplina,
isso devido a “unidade” que proporcionou a todas as universidades e cursos ali
presentes.
Os docentes esclareceram os três eixos da cidade constitucional: a pátria
educadora, educação fiscal e sustentabilidade. Ficou claro durante a exposição
que os três conceitos são unificados pela ideia de educação como liberdade. A
concepção Kantiana de que a liberdade ou a real cidadania só existirá quando
tivermos cidadãos capazes de criticar a própria razão, e principalmente, de
questionar o sentido das coisas, o motivo pela qual elas acontecem. Este foi o
espírito que comungamos durante toda disciplina, o cálice que compartilhamos
e que nos nutriu na experiência prática da cidade constitucional.
Após a atividade de nivelamento, fomos para nossos alojamentos, afinal, o dia
seguinte seria tão cansativo quanto o primeiro, o cronograma previa a visita ao
palácio da alvorada as 5 horas da manhã e logo em seguida o desfile de 7 de
setembro (desfile cívico militar).
No dia 07/09 segui o cronograma, acordei antes das 5 horas da manhã para
acompanhar a visita ao palácio da Alvorada, e posso garantir que valeu a pena,
trata-se de uma experiência que todo cidadão deste país deveria viver, iniciar
uma semana vendo a alvorada na capital da república.
No desfile cívico militar, a Presidente Dilma não desfilou, como já era previsto,
afinal, a conjuntura política não lhe concederia este privilégio de maneira branda.
No desfile presenciei o sabor da pátria, militares desfilavam de forma
milimetricamente organizada, em carros, tanques, cavalos, a aparência cumpriu
o seu papel.
A 19 h iniciou a exposição sobre o PNEF (Programa nacional de educação
fiscal). Durante a exposição da Fabiana Feijó de Oliveira Baptstucci (Gerente
ESAF), duas vertentes foram destacadas, a importância da participação e
compreensão social sobre o que é o imposto e qual o seu destino, e a implicação
da educação fiscal na cidadania. Além disso, a Raimunda Ferreira de Almeida
(Secretária Executiva ESAF), realizou intervenções pertinentes no que diz
respeito ao papel da ESAF e ressaltou o papel dos estudantes como
protagonistas da transformação que o país atravessa.
A dinâmica proposta após a exposição foi interessantíssima. Tivemos que
pensar como seriamos agentes da educação fiscal no espaço que ocupamos em
nosso cotidiano, seja na família ou universidade. O papel desta atividade, na
minha concepção, enalteceu a importância de nos colocarmos como parte
integrante do processo de educação fiscal no Brasil. Não devemos reter o
conhecimento adquirido antes, durante e após a cidade constitucional.
Na manhã do dia 08/09, tivemos aula pautada no eixo educação fiscal e
sustentabilidade, trata-se de um tema central, afinal, como sustentar um país
que tem boa arrecadação, isto é, possui receitas, mas que ainda é deficiente no
que tange a qualidade dos gastos? O papel da participação social deve ser
assegurado em todo e qualquer processo público, e como tal deve ser garantido
também nesta discussão.
O diretor da ESAF Alexandre Motta explicou como a escola fazendária
desenvolve suas estratégias de gestão e comunicação com os servidores
públicos e com outros Estados da federação. O Destaque da exposição do
diretor foi a ênfase atribuída ao comprometimento, até mais que ao
conhecimento técnico. Na minha concepção, o Estado, principalmente no que
tange o âmbito federal, dispõe de funcionários públicos altamente capacitados e
em sua maioria comprometidos com sua função. Entretanto, talvez a estabilidade
na carreira e alguns altos salários sejam mais atrativos que o status de servidor
público, do indivíduo que serve aos cidadãos e que atua de forma direta na
gestão do Estado.
Ainda no dia 08/09 tivemos o IX Seminário USP – MS – O Ministério da Saúde.
A apresentação ocorreu na Universidade de Brasília (UNB). Contamos com
presença da Analista Técnica de Políticas Sociais, Roberta Amorim, do Diretor
do Departamento de Gestão e da Regulação do Trabalho em Saúde da
Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da
Saúde, Angelo D’ agostine jr, o coordenador de acompanhamento e avaliação
da Fundação Estatal Saúde da Família, José santos Souza Santana,
Coordenadora geral de alimentação e nutrição, Katia Godoy ,e , Mariana Freitas,
do Departamento de Doenças Crônicas e Agravos Não Transmissíveis e
Promoção da Saúde.
Durante a noite do dia 08/09 fomos à receita federal para tratar do tema Rede de
educação fiscal. O Professor Antonio Henrique Lindemberg Baltazar –
Coordenador de Educação Fiscal e Memória Institucional da Coordenação Geral
de Atendimento e Educação Fiscal, foi o palestrante, e é preciso ressaltar sua
contribuição na cidade constitucional.
Primeiramente fez um apanhado histórico, da Alemanha fragmentada da 1°
guerra mundial ao positivismo jurídico, enfim, reforçou a centralidade da
concepção de Estado de bem-estar-social para discussão, e destacou o papel
do Estado nesta dinâmica. Durante a exposição, esclareceu que a tributação do
Estado tem como função primordial a prestação de serviços públicos.
As questões centrais são: quem contribui com maior fatia de sua renda frente a
arrecadação do Estado? Esta receita é revertida em serviços públicos de
qualidade? As respostas não foram simplistas, no entanto, apresentou-se um
quadro que boa parte doa estudantes esperava, quem paga a maior parcela dos
tributos são os indivíduos de menores rendas, isto é, trata-se de um sistema
tributária altamente regressivo.
A discussão central da cidade constitucional é a participação do cidadão neste
processo, ou seja, essas informações a respeito do sistema tributário devem ser
compartilhadas com a sociedade, este é o nosso dever como estudantes
universitários, e mais, como estudantes de universidades de elite. Talvez, a
pressão popular organizada, que tem sua origem na formação cidadã de cada
indivíduo e na conscientização dos direitos e deveres, seja uma peça
fundamental na luta contra a desigualdade social, econômica, de oportunidades
e mais uma série de especificações que presenciamos todos os dias.
Na quarta-feira, dia 09/09 iniciamos o dia com o III seminário IPEA – USP – A
gestão do conhecimento na cidade constitucional. Primeiramente tivemos o
Assessor – chefe de imprensa e comunicação do IPEA, Sr. João Claudio Garcia
Rodrigues Lima, que tratou sobre sustentabilidade. Feito isto, a seguinte palestra
foi de André Zuvanov, técnico de planejamento, nos apresentou mais sobre a
instituição do IPEA, seu funcionamento e maneiras de ingresso. Além disso, o
ponto mais interessante foi o observatório de gestão do conhecimento e
Inovação na administração pública (OIGC). Que apresenta seções bem dividas
com artigos e pesquisas científicas a respeito do tema, mostrando-se uma
excelente fonte para trabalhos acadêmicos e sociais.
Dando seguimento as explicações sobre o IPEA, tivemos a importante
contribuição da Autora do livro gestão do conhecimento: a mudança de
paradigmas empresariais no século XXI, Rose Mary Juliano. Ainda tratando da
gestão do conhecimento, Veruska silva da Costa, do IPEA, me chamou a
atenção com uma fala incisiva e significativa, onde, retratou a importância do
repositório de artigos para evitar a amnésia institucional.
Após as exposições a respeito do IPEA, fomos visitar a catedral de Brasília, no
período da tarde, mais uma vez a preocupação arquitetônica é marca registrada
por toda capital. A próxima exposição teórica foi o seminário USP – CAIXA –
programa melhores práticas de gestão local. A apresentação do programa foi
feita pelo Rafael artur figueiredo Galeazzi, coordenador nacional do programa
CAIXA melhores práticas em gestão local.
Rafael enfatizou que o programa é baseado no modelo do BLP – Programa de
Melhores práticas e de Lideranças Locais nações Unidos. Apresentou
experiências de sucesso e destacou a CAIXA como uma instituição que integra
o sistema financeiro nacional. O destaque do programa é a possibilidade de
reaplicação de projetos que deram certo, em diferentes localidades, isto é,
nenhum projeto é reproduzido na integra, mas sim, readaptado as condições
locais. Logo após, tivemos a contribuição de Moisés Coelho, que agregou muito
ao que chamamos de educação financeira. Percebi o quanto nossa maneira de
pensar interfere no consumo desenfreado com o qual nos acostumamos, e
principalmente, o significado da palavra planejamento a curto e longo prazo.
No dia 10/09, quinta feira, visitamos a Fundação Darcy Ribeiro, uma conceituada
instituição cultural de pesquisa e desenvolvimento científico e autossustentável.
Fomos recebidos pelo coordenador dos projetos da fundação Darcy Ribeiro,
Professor José Geraldo de Souza Junior, pela mestranda, Helda Maria Martins
de Paulo e pelo Professor Argemiro Cardoso Moreira Martins.
O tema central foi o direito achado na rua, isto é, uma concepção do direito que
tem por base a aproximação social e o rompimento com o direito tradicional. A
rua aparece como esfera de ação social, e o direito, como organização social da
liberdade, portanto, o direito nasce na rua, no clamor do povo sem distinção de
classe.
Após conhecermos a fundação Darcy ribeiro, fomos conhecer o Senado, onde
tivemos uma palestra do Senador Telmário Mota, do PDT, que pertence a
comissão de Direitos humanos e legislação participativa.
Dito isto, ao fim da tarde, resolvi mudar o roteiro para ir ao STF, onde ocorreria
as votações pela descriminalização das drogas. No STF a impressão, como não
poderia deixar de ser, é de poder de decisão, o peso da caneta parece estar
impregnado em todos os cantos. Acompanhei, juntamente com alguns amigos,
as falas de Joaquim Barroso e Gilmar mendes.
O dia passou, e durante a noite fomos visitar o Ministério da justiça, tivemos uma
belíssima exposição do Secretário Nacional de Justiça – SNJ, Beto Ferreira
Martins Vasconcelos. Os principais temas foram a lei anticorrupção e as políticas
de migração e refúgio, são questões atualíssimas no Brasil, a crise moral que
atravessamos na política é eminente, a migração de povos para o território
brasileiro também merece toda nossa atenção e formulação de políticas públicas
que permitam que esses indivíduos se tornem de uma vez por todas cidadãos.
Mesmo diante da bela apresentação, Beto Vasconcelos chama atenção por sua
pouca idade, e o próprio destacou que já sofreu algumas represálias e
descrenças por este fato.
Estávamos no último dia de viagem, sexta-feira, o compromisso foi conhecer a
comissão de legislação participativa. Dentre todas as dinâmicas propostas pela
disciplina essa sem dúvidas foi a mais animadora. Com o auxílio do professor
Marcelo Nerling e do secretário executivo da CLP, Aldo Matos Moreno,
participamos de uma seção da comissão legislativa de participação, claro que se
tratou de uma simulação onde nós, alunos, fomos os protagonistas como
parlamentares. Cabe destacar, sem dúvida, o esforço feito pelos funcionários
da comissão para promover a participação social, seja através do banco de
ideias citado na exposição ou por outras ferramentas que fazem uso da
tecnologia para desenvolver os métodos participativos.
Contudo, devo destacar a grande contribuição da cidade constitucional na minha
formação como universitário e cidadão. Não creio que exista melhor método de
aprendizagem do que a teoria e prática, ou seja, a imersão na estrutura sobre a
qual se estuda, foi realmente enriquecedor. Além disso, o fato de vários cursos
de graduação diferentes conviverem numa mesma esfera de aprendizado foi
fantástico, a troca de experiências e principalmente a multiplicidade das visões
de mundo foram extraordinárias, e possibilitaram inclusive o conhecimento de
novas teorias e bibliografias que tratam de temas comuns a todos.