Upload
cristina-figueiredo
View
212
Download
0
Embed Size (px)
DESCRIPTION
Iremos observar o que é o renascimento e as suas caraterísticas.
Citation preview
Pintura gótica
“La Pièta” de E. Quarion
• O Homem medieval era
profundamente religioso.
A vida terrena
representava para ele,
apenas, uma simples
passagem para a vida
eterna.
• “Somos cá em baixo
viajantes que suspiram
pela morte”
Santo Agostinho
Durante a Idade Média, os Homens tinham pouca
confiança em si e a sua visão da vida e do mundo era
centrada em Deus – TEOCENTRISMO.
• Teocentrismo – do grego Theos = Deus + centro, Deus como centro do estudo e do pensamento do homem.
Os Europeus tinham, no início do século XV, um conhecimento muito
reduzido do mundo. Os contactos directos com outros continentes
limitavam-se Á Ásia Menor e ao Norte de África.
• Mapa-mundo do início do século XV.
• Trata-se dum mapa feito a partir das informações do geógrafo grego do século II, Ptolomeu, e corresponde à imagem que tinham do mundo os homens da Idade Média.
No imaginário europeu medieval acreditava-se na
existência de criaturas estranhas.
Muitas lendas e mitos circulavam acerca do mar tenebroso, povoado
de monstros, perigos e fenómenos extraordinários que povoavam de
medo a imaginação dos europeus.
O mundo conhecido pelos europeus nos princípios do século XV
Entre os séculos XV e XVI, a expansão europeia pôs os povos em contacto
uns com os outros, permitindo a troca de produtos e o encontro de culturas.
Pormenor dum biombo Nambam onde os Japoneses registaram, com detalhe, a presença dos
Portugueses nos seus portos.
À medida que as viagens marítimas europeias avançavam e se iam descobrindo a
navegabilidade do Oceano Atlântico, novas terras, novos povos, novas culturas, na
Europa, o homem ia-se descobrindo a si mesmo e a cultura , a ciência, a técnica e as
artes transformavam-se. Era o Renascimento.
Entre os séculos XV e XVI, o Homem europeu
desenvolveu uma nova visão, não só das suas
capacidades, mas também do mundo que o rodeava.
O homem de Vitrúvio. Divina Proporção. As proporções ideais do corpo humano – Leonardo da Vinci
Rafael, Retrato de Jovem
Ao mesmo tempo que o Homem
descobria um mundo novo, começava
também a descobrir-se a si próprio.
Durante séculos, tinha vivido
preocupado com as coisas divinas,
ignorando quase tudo sobre si próprio.
E todavia, na Antiguidade Clássica
(Grécia e Roma antigas), muitos
pensadores tinham já centrado os seus
estudos no conhecimento do Homem.
Esta ideia foi bem expressa pelo poeta
romano Terêncio (séc. II a.C.) na
seguinte frase: “Sou homem e,
portanto, nada do que é humano
me pode ser estranho”.
Antonello da Messina, Retrato de um
homem, (séc. XV)
Foi este interesse pelo
conhecimento do ser humano que
ressurgiu na Europa a partir dos
finais da Idade Média. Sem deixar de
ser religioso, o intelectual do século
XV coloca o Homem no centro das
suas preocupações, passando a ter
uma visão antropocêntrica da
vida e do mundo.
Antropocêntrico (do grego
anthropos = homem + centro), quer
dizer o homem no centro, isto é, o
Homem como centro das
preocupações humanas.
“Deus escolheu o homem (…) e, colocando-o no centro
do Mundo, disse-lhe: (…). És tu que, segundo os teus
desejos e o teu discernimento, podes escolher (…) .
Coloquei-te no centro do Mundo para que, daí, pudesses
facilmente observar as coisas. Não te criei nem do céu
nem da terra, nem mortal nem imortal. És tu que, pela
tua livre vontade, podes escolher o teu próprio modelo e
a forma de te realizares. Pela tua vontade, poderás
descer às formas mais degradadas da vida, que são
animais. Pela tua vontade, conseguirás alcançar as
formas mais elevadas, que são divinas.”
Pico della Mirandola, Sobre a Dignidade do Homem (1486)
Uma das características mais importante do Renascimento é a
valorização do homem.
Os pensadores e homens de letras do
Renascimento retomaram o estudo dos
problemas humanos que já tinham
interessado os filósofos da Antiguidade
Clássica. Esse conhecimento do der humano
conduziu a uma das principais conquistas do
Renascimento: a dignificação da pessoa
humana.
Rafael, Pormenor de A Escola de
Atenas, pintura de (1504 – 1510)
Neste fresco Rafael representa
alguns dos mais notáveis filósofos e
homens de ciência da Grécia antiga
(ex: Sócrates, Platão e Aristóteles).
Os intelectuais dos séculos XV e XVI, apaixonados pela cultura clássica, são chamados
humanistas. Profundos conhecedores das línguas clássicas – o latim e o grego – os
humanistas estudaram cuidadosamente os autores clássicos.
Todavia o humanismo renascentista
foi mais do que o ressurgir das letras
greco-latinas. Os humanistas tinham
um novo conceito da vida e do
mundo, uma nova atitude
intelectual, caracterizada pela
curiosidade e pelo espírito crítico.
Criticaram a sociedade do seu
tempo e demonstraram um especial
interesse pela valorização do
Homem e das suas capacidades.
Erasmo de Roterdão, pintura de Quinten Massys.
Escreveu “O Elogio da Loucura” onde criticou a
sociedade do seu tempo, incluindo a Igreja.
Os humanistas, apesar de
admirarem os filósofos da
Antiguidade, discutiam e
criticavam com rigor as suas
afirmações. Também a
sociedade e os problemas
colectivos – a paz e a guerra, a
riqueza e a pobreza, a política e o
ensino – interessavam os
humanistas.
Nicolau Maquiavel, escritor e político do
Renascimento autor do livro “O Príncipe”
A natureza foi também objecto de grande curiosidade, por parte dos humanistas.
No sé. XV, muitos dos conhecimentos sobre o Homem, a natureza e o universo
eram os mesmos que haviam sido formulados pelos sábios da Antiguidade
Clássica.
Planisfério de Baptista Aguesa (c. 1543), feito após a viagem de
circum navegação realizada por Fernão de Magalhães
Os
Descobrimentos
portugueses
provaram que
Ptolomeu estava
errado sobre a
ideia de um Índico
fechado, provaram
que havia mais
mundo do que
aquele que se via
nos mapas antigos,
provaram que a
terra era esférica.
Os Descobrimentos portugueses vieram pôr em causa esse conhecimento
livresco, ao mesmo tempo que apontavam para um conhecimento feito
através da observação, da experiência e do espírito crítico.
No início do século XV os mapas
europeus apresentavam lacunas,
imprecisões e erros grosseiros.
Este mapa representa o percurso da
viagem de circum-navegação iniciada
por Fernão de Magalhães
“… disseram que as partes da equacional eram
inabitáveis pela muito grande quentura do sol. De onde
parece que segundo sua tenção aquela tórrida zona por
esta causa se não podia navegar, pois que a fortaleza
do sol impedia não haver aí habitação de gente.
Ora tudo isto é falso (…)
E como quer que a experiência é madre das cousas,
por ela soubemos radicalmente a verdade.”
Duarte Pacheco Pereira, Esmeraldo de situ Orbis, 1506
As descobertas geográficas contribuíram para o alargamento do conhecimento da
flora, da fauna, de raças, de terras, de mares e astros. Desta forma ciências como a
Geografia, a Botânica, a Zoologia, a Matemática, a Medicina e a astronomia
desenvolveram-se baseadas na observação, na experiência e na razão.
Índio da tribo Yanomami (Brasil) Nobre português na Índia (séc. XV)
A observação da natureza – naturalismo – permitiu a abertura de novos
caminhos da ciência e o nascimento de uma nova visão do mundo.
Milho. Este cereal cultivado na América
central desde o séc. XII a.C., foi trazido
para a Europa pelos colonizadores
espanhóis, no séc. XVI.
Gravura dos finais do séc. XVI,
representando alguns dos novos
produtos que os Portugueses
encontraram no Oriente: ananás,
manga e caju
A partir do século XV defendeu-se a ideia de que todo o conhecimento tinha
que ser confirmado pela experiência e pela razão.
No dizer de Duarte Pacheco Pereira,
a experiência era a
“verdadeira mestra”
A autoridade dos sábios greco-romanas e a admiração pela Antiguidade não
impediram o aparecimento de uma atitude crítica quanto ao saber herdado.
Todo o saber era agora sujeito a uma reflexão crítica.
Iluminura do século
XIV. Desenho do
corpo humano.
Desenho de
anatomia de
André Vesálio
Para Leonardo da Vinci, artista, filósofo e inventor genial o saber devia
resultar da observação da Natureza e só se tornava verdadeiramente válido
depois de ser fundamentado racionalmente, recorrendo a critérios
matemáticas.
Estudos anatómicos de Leonardo da
Vinci
“Os mestres estão empoleirados na sua cátedra como as galinhas e, com um notável ar de desprezo, dão informações sobre coisas que jamais tocaram com as suas próprias mãos, mas que se lembram de ter lido nos livros dos outros (…). Por consequência, todo o ensino é falso: perde-se o tempo com questões absurdas e é tudo tão confuso que o aluno aprende ali menos do que se seguisse o curso de um carniceiro.”
André Vesálio, Acerca da estrutura do corpo humano
Estudo anatómico de André Vesálio
(1452-1519). Este flamengo foi um
dos primeiros anatomistas a dissecar
o corpo humano.
A obra de Vesálio, De Humani
Corporis Fabrica (1543), foi escrita
com base nas dissecações de
cadáveres que efectuou e serviu de
manual de anatomia durante muito
tempo.
A ciência anatómica progrediu, apesar da oposição da mentalidade da época e
sobretudo da própria Igreja Católica
Leonardo Da Vinci, Embrião no
Útero, c. 1510
Leonardo da Vinci demonstra nestes desenhos evidentes conhecimentos de
anatomia, só possíveis através da dissecação de cadáveres.
(…)Parecem-me vãs e erróneas as
ciências que não nascem da
experiência, mãe de toda a
certeza, e que não desembocam
em noções experimentais (…).
Antes de mais começarei por fazer
certas experiências, porque quero
sobretudo começar pela
experiência. Em seguida
demonstrarei por que razão se
têm de comportar os corpos desta
ou daquela maneira. É este o
método que devemos respeitar na
investigação dos fenómenos
naturais.
Leonardo da Vinci, Tratado da Pintura,
1505
Desenho de uma hélice
Processo para movimentar os barcos
Do geocentrismo ao heliocentrismo
“ Depois de longas investigações, convenci-me, enfim, de que o sol é uma
estrela fixa, rodeada de planetas que giram à sua volta e dos quais ele é o
centro (…).” Nicolau Copérnico, De Revolutionibus Orbium Coelestium Libei, 1543
No modelo geocêntrico a Terra
estava no centro do Universo e
os astros giravam em torno dela
em movimento circular, presos a
esferas transparentes de centro
na Terra. Estas esferas de
Ptolomeu, na Idade Média,
julgava-se serem feitas de
cristal. Existiam esferas ou céus
para a Lua, para Mercúrio, para
Vénus, para o Sol, para Marte,
para Júpiter e para Saturno. A
esfera mais excêntrica era a das
estrelas, chamada “Primum
Mobile” (a primeira que se move)
porque, impelida pelo amor
divino, era ela a origem do
movimento de todas as outras
esferas.
O modelo geocêntrico foi adoptado pela
religião cristã. Apoiado pela Igreja católica
durante toda a Idade Média, o modelo de
Ptolomeu (séc. II) impediu o progresso da
astronomia durante mais de mil anos.
Só em 1543, o Sol voltou ao
centro do Universo. Nicolau
Copérnico, um clérigo polaco,
publicou uma nova hipótese
explicativa do movimento
aparente dos planetas: no
centro do Universo estava o
Sol, enquanto a terra passava
a ser o terceiro a contar do Sol
numa órbita circular.
Copérnico apresentou esta
teoria na sua obra De
Revolutionibus Orbium
Coelestium em 1543.
Anos mais tarde Galileu Lalilei
viria a ter graves problemas
com a Inquisição por te
adoptado este sistema
Heliocêntrico.
Os humanistas italianos pesquisavam, nas bibliotecas dos inúmeros mosteiros
existentes, originais ou cópias de livros de autores antigos.
Entre os humanistas italianos destacam-se Pico della Mirandola e Maquiavel.
No Norte da Europa viveram dois dos principais humanistas do Renascimento: Erasmo
de Roterdão e Thomas More.
Principais focos de difusão do Renascimento e humanistas
A – Maquiavel; B – Copérnico; C – Petrarca; D – Erasmo de Roterdão; E – W.
Shakespeare; F – Thomas More; G – Miguel Cervantes; H – Luís de Camões; I
– Damião de Góis
Os Humanistas exprimiam-se ,geralmente, em latim que era usado nos livros e
na correspondência. No entanto, muitos escritores utilizaram as línguas
nacionais, que se tornaram as línguas da criação literária.
Erasmo dedicou a sua vida
ao estudo. No Elogio da
Loucura apela a uma
profunda reforma moral,
religiosa e política da
sociedade
Thomas More, Inglaterra
(1478-1535
Na Utopia, defendeu a
tolerância religiosa e uma
sociedade ideal, sem
pobreza, nem injustiça
Maquiavel publicou o
primeiro tratado de
ciência política: O
Príncipe onde
aconselhava os
governantes a não
olharem a meios para
atingirem os seus fins.
William Shakespeare,
Inglaterra (1564-1616).
Um dos maiores autores de
teatro de todos os tempos.
Nas suas peças analisa as
alegrias e as tristezas do
homem, os seus dramas, os
seus medos e os seus
desejos.
Luís de Camões,
Portugal (1524?-1580).
Nos Lusíadas relatou a
História de Portugal,
inspirado no estilo dos
autores clássicos.
Miguel de Cervantes,
Espanha (1547-1616).
Em o D. Quixote,
caricaturou os valores da
nobreza medieval; foi um
dos maiores representantes
da literatura renascentista
Em Portugal, no século XVI,
houve um notável
desenvolvimento da criação
literária. Camões foi um dos
maiores poetas europeus.
Camões enaltece os valores
humanos e revela-se um
verdadeiro Homem do
Renascimento. Conhecedor da
cultura antiga. Por sua vez,
António Ferreira (1528-1569),
com a tragédia A Castro,
contribuiu para a renovação do
teatro de inspiração clássica
Luís de Camões.
Desenho do séc. XVI, considerado como o retrato
mais autêntico do poeta.
.
A activa produção literária do
Renascimento, não teria sido
possível sem a valiosa contribuição
da imprensa, inventada em meados
do séc XV por Gutenberg, na
Alemanha.
Em meados do séc. XV havia, na
Europa, uma dezena de milhar de
livros manuscritos. Cinquenta anos
após a invenção da escrita passou a
haver 10 milhões de livros impressos
Os artistas do renascimento, tal como os humanistas, tinham uma verdadeira
paixão pela Antiguidade greco-romana – classicismo.
Sandro Botticelli, O Nascimento de Vénus
Os arquitectos puseram de parte a arquitectura medieval (à qual chamavam
gótica, isto é bárbara) e inspiraram-se nas formas da arquitectura clássica,
caracterizada pela ordem e harmonia das proporções.
Donato Bramante (1502), S. Pietro in
Montorio, Roma
Catedral de Santa Maria das Flores
(Florença século XV). Em primeiro plano a
grandiosa cúpula, obra de Brunelleschi
Os artistas do Renascimento inspiraram-se na arte greco-romanas: era
o classicismo. Isto levou-os a estudar as obras de arquitectos da
Antiguidade.
Parténon de Atenas (séc. V a. C.) Panteão romano (séc. II)
Basílica de S. Pedro (Roma, séc. XVI). Concebida por Bramante e revista por
Miguel Ângelo, caracteriza já a fase final da arte renascentista e contém
acrescentos posteriores. A cúpula foi concluída por Giacomo della Porta.
Usaram nas suas construções
elementos da arte clássica
como colunas, arcos de volta
perfeita, frontões triangulares,
abóbadas de berço e cúpulas.
Mas aplicaram também novas
formas artísticas como fachadas
com pilastras, cornijas e
balaustradas.
Características importantes da
arquitectura renascentista são
também a simetria e o
predomínio da horizontalidade.
Igreja do Redentor (Veneza, séc XVI), obra de Andrea Palladio.
Villa Capra, de Andrea Palladio (1566-1585, Vicenza, Itália)
A decoração passou a limitar-se a zonas do edifício que lhe eram reservadas.
Predominavam os elementos naturalistas (conchas, florões, grinaldas), medalhões
em baixo-relevo, estátuas de personagens da mitologia grega e romana, etc.
Palácio Farnese, de Miguel Ângelo e António de Sangallo (séc. XVI), Roma.
Neste edifício notam-se a horizontalidade das linhas, a simetria e o
equilibrio dos elementos clássicos da decoração (colunas dóricas e jónicas,
arcos de volta perfeita e frontões triangulares
Interior da Igreja de S. Lourenço, em Florença, de Brunelleschi
A arquitectura renascentista, tal como a greco-romana, caracteriza-se pelo
racionalismo: um equilíbrio perfeitamente geométrico e uma rigorosa
simetria na distribuição dos volumes
A pintura do Renascimento
teve origem em duas áreas
geográficas diferentes: por um
lado, as das cidades italianas;
por outro, a região da Flandres,
a partir da qual se expandiu uma
nova técnica a pintura a óleo
que permitiu aos artistas maior
liberdade no tratamento da luz,
das cores, das formas e dos
contornos.
Rafael, O Papa Leão X com os seus sobrinhos
Giulio de Medici e Luigi de Rossi, c. 1518
Jan Van Eyck, Retrato de casamento, c. 1434
Através da técnica de perspectiva
os artistas renascentistas dão-nos a
ilusão de uma terceira dimensão
(profundidade).
A aplicação da técnica do sfumato,
que através da gradação das cores e
dos efeitos de luz e sombra, permitia
representar com maior rigor o que
estava mais próximo, envolvendo
numa espécie de névoa as figuras
mais afastadas.
Pieter Bruegel, Brincadeiras de Crianças, 1560
Pieter Bruegel, Pormenor de Brincadeiras de Crianças
Pieter Bruegel, O Triunfo da Morte, c. 1562
Uma visão do fim do mundo: os esqueletos da morte arrebatam os vivos, em grupo ou
separadamente. Toda a resistência é inútil.
Pieter Bruegel, A Dança da Noiva ao Ar Livre, 1607
Rafael, Madona no Prado, 1505 ou 1506
Os artistas tentam distribuir equilibradamente as formas dentro da superfície do quadro.
Neste caso, a composição é muito claramente geométrica. As linhas dominantes do
quadro desenham um triângulo ou, mais exactamente, uma pirâmide.
Rafael, Madona del Cardellino
É visível, neste quadro de Rafael
o enquadramento das figuras num
esquema de composição
piramidal.
A representação da realidade tal
como a observavam – realismo
– é outra característica da pintura
renascentista. A encomenda de
retratos era habitual. Este tipo
de trabalho reflectia o
individualismo do homem
renascentista, através da
valorização da personalidade do
retratado.
Leonardo da Vinci, A Gioconda ou
Mona Lisa, c. 1503-05
Jan Van Eyck, O Homem do Cravo
O retrato assume um importante
papel na valorização do indivíduo.
Este tipo de obra era encomendada
com alguma regularidade aos
artistas.
Rafael, O Papa
Júlio II
A representação do nu valorizava o Homem
na sua beleza natural. O nu era, geralmente,
integrado em paisagens naturais
(naturalismo).
Lucas Cranach, Eva
Piero Della Francesca, Parte de O Achamento da Verdadeira Cruz, de c. 1460
Ticiano, Bacanal, c. 1518
Os principais temas
da pintura eram as
cenas da mitologia
clássica, os temas
religiosos e, por
causa do
individualismo e do
mecenato, a pintura
de retratos.
Tintoretto, Cristo perante Pilatos, 1566-67
Albrecht Dürer, Os Quatro
Apóstolos
O realismo e o naturalismo
das figuras representadas.
Botticelli, A Primavera
Esta composição de Boticelli revela o gosto por temas da mitologia greco-romana.
A cena mostra Vénus ao centro, sobrevoada por Cupido, e Mercúrio à esquerda,
junto das Três Graças. O grupo à direita representa Flora (semeando flores), uma
ninfa e Zéfiro
Giorgione, A Tempestade, c. de 1505
A natureza assume grande importância na pintura do Renascimento.
Miguel Ângelo, A tentação de Adão e a expulsão do Jardim do Paraíso, 1508-12.
Fresco do tecto da Capela Sistina, Vaticano.
Rosso Fiorentino, A Descida da
Cruz, 1521
A composição deste quadro tem por
base um quadrado e um círculo.
Nuno Gonçalves, Painéis de S. Vicente, séc. XV
A pintura renascentista chegou a Portugal primeiro que a arquitectura
ou a escultura, trazida sobretudo por artistas oriundos da Flandres,
outro dos grandes focos do Renascimento.
Vasco Fernandes, A Natividade
Vasco Fernandes,
conhecido por Grão-
Vasco, foi um dos mais
famosos pintores
portugueses do século
XVI
Vasco Fernandes e Francisco Henriques, Descida da Cruz,
1501-06
Vasco Fernandes, Criação dos animais,1506-1511
Vicente Gil e Manuel Vicente, Assunção da Virgem, início do século XVI
Gregório Lopes, Salomé apresentando a cabeça de S. João Baptista,
1538-1539
O tema principal da escultura grega é a
figura humana, bem presente na frase de
Protágoras: “O Homem é a medida de todas
as coisas”.
A escultura é o exemplo vivo do
humanismo grego. O Homem, só ou em
conjunto, é representado, na perfeição, na sua
beleza física e espiritual. Assim, os artistas
gregos privilegiavam a escultura de jovens
atletas, heróis, políticos, chefes militares e
deuses.
Míron, O Discóbolo, séc. V a.C.
O tema central da escultura é
A escultura renascentista inspirou-se, tal
como a arquitectura e pintura, nos
modelos clássicos, representando o
corpo humano com rigor anatómico,
graças aos estudos desenvolvidos na
época.
Os escultores do Renascimento
revelaram o gosto pelo nu e pelo
realismo e harmonia das figuras.
No deu David, Miguel Ângelo talhou
num bloco de mármore de quase
quatro metros de altura, não um
jovem suave e delicado, como fizera
Donatello, mas sim um atleta
vigoroso e musculado
Miguel Ângelo, David, 1501-04
No Renascimento, a
escultura já não era
apenas um elemento
decorativo da arquitectura,
passou a ter valor
por si própria.
Miguel Ângelo, Pietà
Miguel Ângelo,
O Escravo
Rebelde,
1513.1516
Miguel Ângelo,
O Escravo
Moribundo,
1513-1516
Este Moisés de Miguel Ângelo revela uma
atitude, ao mesmo tempo vigilante e
meditativa e sugere-nos um homem capaz
de uma chefia avisada, tanto como de
uma ira devastadora.
Miguel Ângelo, Moisés, c. 1513-
1515
Miguel Ângelo atingiu o ponto mais
elevado da arte escultórica no
Renascimento. Grande admirador da
escultura greco-romana, Miguel
Ângelo produziu algumas das mais
belas obras de todos os tempos,
plenas de movimento e
expressividade.
Donatello recuperou da Antiga Roma
a escultura equestre.
Donatello, Estátua Equestre de
Gattamelata,1445-50, c. 3,35x3,96
A escultura renascentista, tal como
a romana, caracteriza-se pelo seu
realismo e naturalismo. Em
regra, as figuras representam de
maneira expressiva, os traços
pessoais de cada um.
Outra característica da escultura
renascentista é a sua
monumentalidade, pois, por vezes,
atingem grandes dimensões, mas
respeitam sempre as proporções do
corpo humano.
Tal como na pintura, as esculturas
inserem-se em formas
geométricas.
Andre del Verrochio, Estátua
Equestre de Bartolomeo Colleoni,c.
1483-88; alt. C. 3,96 m
Donatello, David
Donatello representou o primeiro nu
masculino desde a Antiguidade.
João de Ruão, Retábulo
renascentista da Capela da
Varziela, c. 1530
O séc. XV ficou marcado pelo vigor das
oficinas da região de Coimbra e do estaleiro
do Mosteiro de Santa Maria da Vitória.
Conhecemos os nomes de alguns escultores
que se destacaram pela individualização das
suas obras, mas o grosso da produção deste
período foi obra de artistas anónimos de
qualidade mediana.
O mais notável escultor nos meados do
século XV foi João Afonso. Gil Eanes e
Afonso Martins destacaram-se igualmente
como escultores portugueses, no séc. XV.
João Afonso, Santa Madalena,
segunda metade do séc. XV
João Afonso, Nossa Senhora
com o Menino, segunda metade
do séc. XV
Diogo Pires-o-Velho, As Santas
Mães, finais do séc. XV
No século XV e parte do XVI,
enquanto em Itália os artistas
recuperavam os modelos
clássicos e afirmavam o
Renascimento, em Portugal,
mantinham-se os modelos
góticos.
A arquitectura gótica manteve-se,
em Portugal, até meados do
século XVI, conhecendo, nos
reinados de D. Manuel I e D.
João III, uma fase final a que
chamamos gótico-manuelino.
Mosteiro de Santa Maria de Belém,
Lisboa, portal sul, João de Castilho,
c. 1517
Mosteiro de Santa Maria de Belém, Lisboa, portal axial, Nicolau
Chanterêne, 1517
Igreja dos Jerónimos.
A abóbada apresenta
nervuras em diversas
direcções, chama-se
abóbada polinervada –
foi esta a mais utilizada
nas construções
manuelinas.
O estilo manuelino
caracteriza-se pela
aplicação, em
edifícios religiosos e
civis, de elementos
decorativos
naturalistas
(troncos, raízes,
folhagens),
marítimos (cordas,
bóias, conchas,
redes), além de
emblemas
nacionais (escudo
real e esfera armilar)
e religiosos (cruz de
Cristo).
Torre de Belém, Lisboa, Francisco de Arruda
Nos edifícios
manuelinos, os
elementos estruturais
são góticos (utilização de
arcos quebrados,
abóbadas sobre
cruzamento de ogivas,
arcobotantes, etc.)
Convento de Cristo em
Tomar, portal sul, João de
Castilho, 1515
A cruz de Cristo e a esfera armilar são emblemas de D. Manuel I: a
cruz de Cristo, símbolo da religião que se espalhava pelas terras
descobertas; a esfera armilar, símbolo do novo mundo que surgia.
Convento de Cristo, Tomar,
fachada ocidental do coro e
sala do capítulo, detalhe da
janela, Diogo de Arruda,
1510-1513.
Nesta janela vêem-se: a cruz
de Cristo; a esfera armilar;
as armas de D. Manuel I;
cabos; fragmentos de algas;
correntes de âncoras; cordas
retorcidas e incrustações de
coral. Em baixo vê-se um
busto que é, provavelmente,
o do autor da janela – Diogo
de Arruda.
Igreja matriz da
Golegã, c. 1510-1515
Fortaleza de Évora-Monte,
detalhe, Diogo e Francisco de
Arruda, c. 1531
Convento de Jesus de Setúbal, Diogo Boitaca, 1490 c. 1500
Convento de Jesus de Setúbal,
abóbada da capela-mor
Diogo Boitaca, 1490 – c. 1500
Capela de S. Miguel,
Universidade de Coimbra, portal
Marcos Pires, 1510
Igreja matriz de Vila do
Conde
João de Castilho, c. 1511
Ermida de Nossa Senhora da Conceição, Tomar
João de Castilho, 1547
Foi ainda na época de D.
Manuel que o novo estilo
renascentista começou a ser
introduzido em Portugal.
No entanto foi no reinado de D.
João III que as novas
tendências renascentistas e
afirmaram no nosso país.
Ermida de Nossa Senhora da
Conceição, Tomar
João de Castilho, 1547
Ermida de Nossa
Senhora da
Conceição, Tomar
João de Castilho,
1547
Convento de Cristo, Tomar, Claustro da Hospedaria
João de Castilho, 1541 - 1542
Convento de Cristo, Tomar, Claustro de D. João III, Diogo de Torralva, 1558
Quinta da Bacalhoa, Azeitão
Diolgo de Torralva(?), 1540
Igreja Matriz de Caminha,
fachada principal
Tomé de Tolosa e pêro Galego
Igreja Velha de S. João da Foz, Porto
Francisco de Cremona, 1527-1542
Igreja e Convento de Nossa Senhora
da Graça, Évora, fachada
Nicolau Chanterêne