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A energia do futuro está no mar? NESTA EDIÇÃO ::: Projetos mostram o uso de ondas, correntes marítimas e eólica offshore no Brasil e no mundo O professor e pesquisador José Eli da Veiga em entrevista sobre economia verde O novo Código Florestal ano 2 > # 7 > 2011 > www.renergybrasil.com.br ISSN 2178-5732 9 7 7 2 1 7 8 5 7 3 0 0 6 0 7

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A energia dofuturo está no mar?

NESTA EDIÇÃO ::: Projetos mostram o uso de ondas, correntes marítimas

e eólica offshore no Brasil e no mundo • O professor e pesquisador José Eli

da Veiga em entrevista sobre economia verde • O novo Código Florestal

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índiceA relação direta do homem com o meio ambiente

Entrevistas, eficiência energética e energias alternativas e renováveis

Ações que colaboram com o desenvolvimento sustentável

Eco

Energia

Sustentável

Como navegar pelo conteúdoLocalize os temas do seu interesse através dos ícones abaixo relacionados:

Uma análise sobre o desenvolvimento da economia verde e seus desdobramentos

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JOSÉ ELI DA VEIGA

“entrevista

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80Reduzir, reutilizar e reciclar a madeira da arquitetura, construção civil e decoração 86

Guia prático de como diminuir o despejo de óleo na pia da cozinha 87

Livros, sites, eventos e filmes ligados a energias renováveis e sustentabilidade 88

O ilustrador JuliãoJR inspira-se no novo Código Florestal na seção "O Último Apaga a Luz" 90

A França planeja jato supersônico com baixo índice possível de poluição do ar 12

Lâmpadas usam a luz solar como matéria prima 14

Australiano inventa sistema de transporte público não poluente para os adeptos do ciclismo 16

Consumo colaborativo ganha adeptos no Brasil 22

O jornalista Washington Novaes destaca ecologia e os povos indígenas em seus documentários

Como o uso da força das ondas, correntes marítimas e ventos no mar é aproveitado em alguns projetos de geração de energia

Os impactos e a sustentabilidade do novo Código Florestal

Trecho de ferrovia opera com energia obtida de painéis solares instalados sobre túnel 62

O Brasil já tem sua primeira usina solar comercial, a maior da América Latina 66

Os leilões da EPE em 2011 derrubaram o preço da energia eólica 68

All About Energy movimenta cadeia de fontes renováveis no Brasil 72

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editorial

Enquanto o desenvolvimento econômico do Brasil aposta na explora-ção da camada pré-sal, a Renergy mostra outras riquezas do mar. Sob

este imenso oceano, que mostra sua riqueza de óleo e gás, o pensamento da sustentabilidade leva a olhar outras potencialidades: ondas, correntes marinhas e ventos offshore. Em um mundo sob os efeitos do aquecimento climático, a exploração de fontes fósseis para fabricação de produtos utili-zados como energético dos transportes, entre outras finalidades, não parece ser o caminho para um desenvolvimento verde.

Com esta preocupação, a matéria de capa desta edição aborda os projetos e suas tecnologias para geração de energia no mar. A força das ondas, das correntes marítimas e dos ventos em alto mar são aproveitadas em projetos isolados em várias partes do mundo e no País. Por aqui, ainda se caminha na fase de pesquisa, com protótipos em estudo, mas em fase de testes, como

a usina de ondas no Pecém, Ceará. E, com esta apuração, perguntamos, o futuro está no mar?

O valor deste imenso oceano que banha as praias brasileiras, do ponto de vista energético, é valorizado pelo profundo e recém descober-to pré-sal. É nesta camada de óleo e gás em que se deposita o futuro próspero da econo-

mia do País. O país que cresce movido a petróleo conseguirá ser limpo? O governo prevê a construção de refinarias, gasodutos. Mas os projetos de geração de energia no mar estão apenas em fase inicial. Estas duas linhas não se anulam. Mas se vê onde está a prioridade.

Para continuar na linha da previsão do porvir, entre os entrevistados, des-taque para o pesquisador da USP, José Eli da Veiga, que fala sobre economia verde, e para o secretário geral da WWEA (World Wind Energy Association - Associação Mundial da Energia Eólica), Stefan Gsänger, sobre os rumos do mercado eólico. Ainda no plano dos futuros impactos, uma análise sobre o novo Código Florestal proposto. Outras matérias também desenham o cenário vindouro nas grandes cidades, como o trem movido a energia solar e o aumento de ciclovias estimulando o transporte por bicicleta. Muito além das inovações, também lembramos o pesquisador Expedito Parente, que morreu em setembro deste ano. Homem de visão de futuro que desenvol-veu o biodiesel, combustível verde produzido em várias partes do mundo. Deixou um legado social e ecológico para a humanidade.

Um olhar para o futuro

A força das ondas, das correntes marítimas e dos ventos em alto mar são aproveitadas em projetos isolados em várias partes do mundo

expedienteDIREÇÃO GERALJoana [email protected]ário [email protected]ÇÃOCarol de [email protected]ÇÃOJuliana Bomfim e Sílvio [email protected] GRÁFICOGil DicelliDIREÇÃO DE ARTEAldonso Palá[email protected]ÇÃO ELETRÔNICAGerardo JúniorEstalo! Comunicação + DesignREVISÃOEleuda de CarvalhoCONSULTA TÉCNICAGustavo [email protected] NESTA EDIÇÃOLeontina Pinto (artigo) e Thyago/Assis/Wendel/Sandes e Julião - Baião Ilustrado (ilustração)DEPARTAMENTO COMERCIALMeiry Benevides(85) 3033 [email protected]ÃOGráfica Santa MartaTIRAGEM10 mil exemplaresRENERGY BRASIL EDITORA Ltda.Av. Senador Virgílio Távora, 1701 sala 1404 - AldeotaCEP 60170-251 Fortaleza CE Brasilwww.renergybrasil.com.brJORNALISTA RESPONSÁVELCarol de CastroMTB-CE 1718 JPCAPAMax UchôaEstalo! Comunicação + DesignOs artigos assinados são de responsabilidade de seus autores e não refletem, necessaria-mente, a opinião da revista.É proibida a reprodução total ou parcial de textos, fotos ou ilustrações, por qualquer meio, sem a prévia autorização.

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As soluções completas da Schneider Electric melhoram aprodutividade e reduzem os custos de energia em até 30%.

©2011 Schneider Electric. All Rights Reserved. Schneider Electric and Make the most of your energy are trademarks owned by Schneider Electric Industries SAS or its affiliated companies.Avenida das Nações Unidas, 18.605 - CEP:04753-100 - São Paulo/SP 998-2799_BR

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O que provocou esta mudança? É simples: soluções energeticamente eficientes que tratam da operação eólica como um todo – desde equipamentos e rede de media tensão até as subestações coletoras – e fornecem uma conexão segura e confiável com a rede.

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reduzir

Campanhas para redução do consumode energiaCompanhias de distribuição de energia lançam campanhas, cartilhas e ações com o objetivo de reduzir o consumo de eletricidade. O objetivo é usar a informação educativa para economizar em casa, no condomínio, no campo e na indústria

Em cartilhas, campanhas pub-licitárias ou websites, as em-

presas de distribuição de energia elétrica estão divulgando formas de reduzir a conta da luz. A econo-mia de energia é um dos caminhos para a sustentabilidade do cresci-mento econômico com responsab-ilidade. No Brasil, praticamente to-das as companhias de distribuição de energia dispõem em seus sites dicas e orientações para reduzir o

consumo de eletricidade. Muito além da informação educativa so-bre economia de energia em casa, no condomínio, no campo e na in-dústria, as distribuidoras também apostam em outras ações.

Um exemplo é o Programa Nacional de Iluminação Pública Eficiente (Reluz), uma iniciativa do governo federal que prevê fi-nanciamento para as prefeituras municipais através das conces-

sionárias e engloba projetos de melhoria, extensão e obras espe-ciais de iluminação pública. O objetivo desse programa é mod-ernizar os sistemas de iluminação pública com a introdução de tec-nologia mais eficiente, visando à redução do consumo de energia elétrica no horário de ponta do sistema elétrico, atenuando gas-tos com operação e manutenção e aumentando a segurança nas vias públicas.

Outro caso de uso eficiente da energia elétrica é o projeto social Troca Eficiente, da Companhia Energética do Ceará (Coelce), que troca geladeiras da população in-serida no programa Baixa Renda. Desde o início do programa, há três anos, a Coelce já beneficiou comunidades de 63 municípios cearenses, trocando mais de 25 mil geladeiras. Trocando uma ge-ladeira nova por uma velha, em mau estado, tem-se uma economia de energia de até 70%. Em watts, esse valor representa, para uma geladeira velha, o consumo médio

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A Alubar estápresente na construção dos maiores desafios.

MAIS QUE ENERGIA, CONDUZIMOS FUTURO.

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Grupo Alubar - Zona Portuária de Barcarena - Pará • Brasil • Fone: (91) 3754.7156 • Fax: (91) 3754.7154 • [email protected]

ALUBAR ENERGIASoluções em Energia

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de 90kw/hora/mês, enquanto uma nova consome somente cerca de 24kw/hora/mês. As geladeiras do programa Troca Eificiente Coelce têm selo de consumo tipo “A”, que significa eficiência no consumo de energia elétrica.

O horário de verão também tem sido uma ferramenta para econo-mizar energia no País. Em 125 dias, a Companhia Paranaense de Ener-gia (Copel), por exemplo, estima que 200 megawatts de potência tenham deixado de transitar pelo sistema elétrico paranaense du-rante o horário de ponta, entre 18 e 21 horas. Essa potência evitada equivale à demanda máxima da

Região Metropolitana de Londri-na, o segundo maior centro urbano do Estado, ou de duas cidades do porte de Foz do Iguaçu.

O poder do verdeA Con Edison, companhia de

energia da cidade de Nova York, surpreendeu os usuários do metrô com uma campanha sobre o uso de energia no inverno passado. Pôsteres por todos os vagões fazi-am perguntas de múltipla escolha aos passageiros e davam dicas para serem usadas tanto em casa como no trabalho.

A companhia, que usou o slo-gan “O poder do verde”, também

desenvolveu uma aplicação grátis para iPhone onde é possível en-contrar mais de 100 maneiras de diminuir o consumo de energia. As dicas vão desde como escolher a lâmpada correta até como tirar o melhor proveito do ar condi-cionado e do aquecedor, grandes vilões da conta de energia nas mudanças de temperatura. E para quem acha que o bolso fala mais alto em qualquer campanha, a em-presa oferece bônus (em dinheiro ou em energia) para quem trocar eletrônicos antigos por novos mais eficientes no consumo, ou ainda reciclar aparelhos velhos e que não estão em uso, como geladeiras.

A Alubar estápresente na construção dos maiores desafios.

MAIS QUE ENERGIA, CONDUZIMOS FUTURO.

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ALUBAR ENERGIASoluções em Energia

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carregar

Esqueça a tomadaJá existem opções de uso da energia solar para carregar aparelhos eletrônicos enquanto eles são transportados. Além da praticidade, eles representam economia de dinheiro e menos prejuízo ao meio ambiente

Os equipamentos eletrônicos como smartphones e tablets

oferecem cada vez mais recursos e, por isso, vivem em constante aumento de demanda por ener-gia das suas baterias. A boa notí-cia para os usuários é que existe uma alternativa ao transporte constante de carregadores e ao in-conveniente de ficar procurando tomadas por todo lugar. E uma al-ternativa ecologicamente limpa, vale ressaltar: fabricantes de mo-chilas e bolsas estão começando a oferecer modelos com células solares que permitem a recarga dos aparelhos enquanto eles são transportados.As opções são para todos os ti-pos de eletrônicos. É o caso, por exemplo, da Voltaic, uma empre-sa norte-americana especializada em produtos de geração de eergia para aparelhos portáteis. Ela ofe-rece desde pequenas bolsas para tablets e celulares a mochilas e malas para notebooks. Todos os modelos são à prova d´água. O mais simples, vendido por 99 dólares, é capaz de carregar um telefone para até três horas de conversação com apenas uma hora de sol. Já a valise mais sofis-ticada, vendida por 499 dólares, é capaz de garantir até 45 minutos

de uso de um notebook ou a carga total de um celular, também com uma hora de exposição ao sol. A loja aceita compras online feitas fora dos Estados Unidos.No Brasil, o site Greenvana, dedi-cado exclusivamente a produtos de consumo sustentável, revende por aqui uma mochila da Voltaic por R$ 699,90. Segundo a empre-sa, uma hora de sol nos paineis

solares gera uma hora e meia de conversa no telefone ou três ho-ras de música em um iPod. Outras opções mais baratas são um carre-gador para iPhone por R$ 119,90 e outro aparelho multiuso com três painéis para captação de luz solar que, depois de carregado, pode ser conectado a celulares, câmeras di-gitais e mp3 players, servindo co-mo uma bateria extra. Seu preço

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é R$ 149,95. Detalhe importante: o site cobra um frete barato para Fortaleza, apenas R$ 9,13.Outra opção, também no mercado online nacional, é a mochila Xon-ma. Ela tem duas placas fotovol-taicas embutidas, duas pilhas AA que podem transferir energia para celulares, mp3 players, aparelhos de GPS e câmeras digitais, carre-gador de pilhas AA para quatro unidades, adaptador veicular de 12V, nove conectores para várias marcas e modelos de telefones e adaptador mini USB. O preço é pouco mais de 300 reais e o pro-duto está à venda em vários sites.Por fim, há um acessório que vale

mais como curiosidade. A Ralph Lauren, grife de produtos caros e sofisticados, também projetou uma mochila com paineis sola-res dentro da sua marca RLX. O produto, segundo alguns sites, está sendo vendido no site da empresa. Fomos conferir e não

o encontramos. Vale pela excen-tricidade, já que dificilmente a mochila irá competir, em termos de praticidade e economia, com outros produtos do mercado. Se-gundo as descrições encontradas na internet, ela sai por aproxima-damente 800 dólares.

Para sabermais sobre

http://br.greenvana.com/Produto/Inovacao/Solares/Greenvana/Mochila-Solar-Preta-e-Verde-Greenvana-by-Voltaic.aspxhttp://www.submarino.com.br/produto/28/21351625/mochila+solar+xonma+multienergyhttp://www.voltaicsystems.com/index.shtml

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viajar

Rápido e poucopoluenteA França, que produziu o Concorde, agora planeja colocar no mercado um novo jato supersônico viável economicamente e – mais importante – que apresente o menor índice possível de poluição do ar. A expectativa é de que os primeiros aviões comecem a ser produzidos em série depois de 2040

Desde o último pouso do supersônico Concorde, no

aeroporto de Heathrow, em Lon-dres, em 2003, a indústria da avia-ção tenta desenvolver um substi-tuto para a aeronave que, voando 18 km acima da Terra, alcançava mais de dois mil km/h e conse-guia ir da Europa aos Estados Uni-dos em aproximadamente três horas. O avião, resultado de um projeto conjunto entre França e Reino Unido, não vingou devido a alguns problemas. Tinha manu-tenção cara e era muito poluente: seus tanques comportavam quase 200 mil litros de querosene de aviação, para poder suportar o consumo de mais de 25 mil litros por hora.Uma das alternativas recentes pa-ra substituir o Concorde é o pro-jeto da EADS, conglomerado que reúne várias empresas de aviação, entre elas a Airbus. Apresentado no Paris Air Show, no início deste ano, o projeto batizado de Zehst será capaz de levar até 100 pes-soas de Paris a Tóquio em apenas duas horas e meia, voando a mais

de 1.200 km/h, em uma altitude de 32 km.E o que é melhor: poluindo bem menos o meio ambiente que os voos convencionais. O próprio nome do projeto é a sigla, em in-glês, para Zero Emission High Su-personic Transport (Transporte

Supersônico com Emissão Zero). Isso porque, ao invés de querose-ne de aviação, ele usa hidrogênio líquido e biocombustíveis.Pelo tamanho do investimento, o projeto envolve vários parcei-ros. Junto com a EADS, participa dele o Onera (Office National

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d’Etudes et Recherches Aéros-patiales, ou Escritório Nacional de Estudos e Pesquisas Aeroes-paciais), da França. Além disso, ele é, em parte, um produto da cooperação, estabelecida desde 2005, entre o Gifas (Groupement des Industries Françaises Aéro-nautiques et Spatiales, ou Grupo das Indústrias Aeronáuticas e Ae-roespaciais da França), e a SJAC (Society of Japanese Aerospace Companies, ou Sociedade de Em-presas Aeroespaciais do Japão).Para dar uma ideia da sua com-plexidade, o Zehst usa três tipos de motores, operados em sequên-cia para as fases de voo. Primeiro, dois turbojatos de alta potência são responsáveis pelo impulso desde a decolagem até que seja atingida a altitude de 5 km e a ve-locidade de cerca de 900 km/h. A seguir, dois motores a hidrogênio líquido o elevam a altitude de cru-zeiro (aproximadamente 11 km). Por fim, ele continua subindo em velocidade e altitude até alcançar 23 km. Nesse estágio, outros dois motores, também movidos a hi-

drogênio, assumem a condução da aeronave.Como é um projeto para voos co-merciais, o Zehst tem uma preo-cupação especial com o conforto dos passageiros. Apesar da alti-tude e velocidade bem acima da média dos aviões convencionais, a promessa é de que todos a bor-do terão uma experiência de voo “normal”, sem necessidade de qualquer equipamento especial ou treinamento. Mesmo durante a subida inicial, que deve ser um tanto íngreme, ele não deverá tra-zer qualquer incômodo. E, para os pilotos, a operação da aerona-ve, segundo a EADS, também não deve ser muito diferente.O desafio do projeto, agora, é a sua viabilização econômica para a produção e uso em larga escala. O conceito inicial de propulsão a hidrogênio, adianta a EADS, é o primeiro passo até se chegar a uma motorização ideal. O tipo de combustível a ser escolhido no fu-turo, explica a empresa, precisará ter como parâmetro não só a sua performance ambiental mas tam-

bém a produção e distribuição - ou seja, ele terá de ser um com-bustível encontrado facilmente, como hoje é o querosene, e a um preço viável. Mas a garantia é de que o avião atenderá os requisitos definidos pela União Européia, que estabeleceu as metas de re-dução de emissões de aeronaves em 75% para CO2, e em 65% para os ruídos em relação aos níveis do ano 2000.Com todos os desafios, a própria EADS admite ser pouco provável que os primeiros aviões produzi-dos em série a partir do conceito Zehst fiquem prontos antes de 2040. A meta é fazer um projeto capaz de durar mais que o Con-corde, que sucumbiu diante dos vários problemas que apresenta-va e de alguns graves acidentes que mancharam sua reputação de aeronave segura. E isso deve demandar muitas pesquisas. Se ele vai dar certo ou não, é difícil afirmar agora. Mas uma coisa dá para assegurar: um fator decisivo para o seu sucesso será a intera-ção com o meio ambiente.

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iluminar

Opção pelo solEconomia e obtenção de luminosidade através de uma fonte limpa tanto no dia quanto na noite. Esta é a proposta das lâmpadas que usam a luz solar como matéria prima

Além da tecnologia de célu-las solares para gerar eletri-

cidade, há quem esteja pensando em formas alternativas e mais ba-ratas de usar a abundante e limpa energia do sol para iluminar resi-dências e empresas. Os projetos vão desde idéias mais simples, como levar a luminosidade do dia a ambientes sem janelas, a projetos arquitetônicos que usam tijolos de polietileno em forma de garrafas e que podem se transfor-mar em pontos de luz.Começando pelo mais simples, o mecânico Alfredo Moser, da ci-dade mineira de Uberaba, criou uma lâmpada feita de garrafa PET. O projeto, feito para economizar a conta de energia da sua oficina, chama a atenção pela engenho-sidade. Ele encheu a garrafa de água, com o cuidado de colocar al-gumas gotas de cloro para que ela não fique turva, abriu um buraco no teto e constatou que ela tinha a capacidade de iluminar o ambien-te igual a uma lâmpada comum.Por conta do baixo custo da solu-ção, ela chegou a ser adotada, no Rio de Janeiro, por uma conces-sionária de energia que a incluiu em seus projetos sociais. Co-mo muitas moradias do estado, principalmente nas favelas, tem cômodos sem janelas, a lâmpada

PET se revelou uma ótima alter-nativa para economizar na conta de energia. Ela só funciona, no entanto, se o imóvel não tiver for-ro, já que não há armazenamento de eletricidade: a luz do sol é apro-veitada diretamente pela garrafa.Bem mais sofisticado e igualmen-te criativo é o projeto da empresa Miniwiz, de Taiwan. Ela criou o polli-brick, um tijolo feito à ima-gem e semelhança das garrafas

PET. Ele é de plástico translúcido, mas tem uma diferença: seu for-mato prevê o encaixe com outras garrafas. Combinadas em uma es-trutura metálica, elas permitem a construção de prédios inteiros com resistência, segundo a Mi-niwiz, até para o caso de desastres naturais.Assim como as garrafas PET, os tijolos de plástico da empresa de Taiwan tem um bocal. Nele,

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pode ser acoplada uma lâmpada LED, que capta a energia solar e a transforma em luz. O princípio é similar ao usado pelo mecâni-co brasileiro. A luminosidade é potencializada pelo plástico da garrafa. Assim, durante o dia a própria luz solar pode passar pe-lo tijolo translúcido. E à noite, as lâmpadas de LED se acendem e usam a energia acumulada.Um projeto de grandes propor-ções da Miniwiz, usando os polli--bricks, é o EcoArk. Localizado em Taipei, é um pavilhão de nove andares construído a partir de 1,5 milhão de garrafas plásticas reci-cladas. Nele, a iluminação é aju-dada pela luz solar durante o dia, que também alimenta os LED acoplados aos tijolos de plástico e os faz funcionar à noite. Se-gundo a empresa, a experiência tem sido bem sucedida. O edifí-cio já recebeu desfiles de moda, a filmagem de um videoclipe e foi palco de eventos.Pesando 50% a menos que um edifício convencional (mas sóli-do o suficiente para resistir a in-cêndios ou catástrofes naturais, segundo seus fabricantes), o Eco-Ark será, no futuro, desmontado em nome de um objetivo nobre. Sua estrutura será distribuída pa-ra mais de cem escolas básicas e

secundárias de Taiwan para ensi-nar às crianças a importância da reciclagem.Um projeto igualmente interes-sante de uso do sol para ilumi-nar ambientes é o da americana Nokero. Começando pelo nome da empresa, que vem de “No Ke-rosene” (sem querosene, uma re-ferência à ideia de rejeitar fontes de energia poluentes). Seu produ-to é a N200, uma lâmpada cujo formato lembra muito as antigas luzes incandescentes amarelas que todos usavam em casa antes do advento das fluorescentes.Descrita pelos fabricantes como “a luz solar mais econômica do mercado”, ela foi projetada para ajudar populações de baixa renda a ter luz em casa. Comparando seu custo com o de velas ou que-rosene, ela se paga em um período de 15 dias a 2 meses. Sua capaci-dade é de seis horas por noite, em baixa luminosidade, e duas horas

e meia, em alta. A bateria que ar-mazena a energia captada do sol tem duração de um ano e meio e pode ser substituída. E como a lâmpada precisa ficar exposta para receber a radiação solar, foi feita para suportar intempéries do tempo, como chuvas inesperadas.O mais curioso na N200 é que, apesar de toda a tecnologia que emprega, ela não é um produto caro. Foi feita, realmente, para se tornar acessível para usuários de baixa renda. Seu custo, segundo os fabricantes, é de 20 dólares americanos - no Brasil, sem con-siderar os impostos, o preço po-deria ser de aproximadamente 35 reais. Pode até ser mais cara que as lâmpadas convencionais, mas há que se considerar que o usuário não irá precisar de ener-gia elétrica por um bom período, durante a noite. Com a econo-mia, em pouco tempo a diferen-ça desaparece.

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Para sabermais sobre

http://youtu.be/mAshNt9hC_Ahttp://www.miniwiz.com/http://youtu.be/3ewwVL5-hf4http://www.nokero.com/products/n200

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inovar

Bicicleta panorâmicaUm australiano inventou um sistema de transporte público não poluente para os adeptos do ciclismo. O projeto revolucionário ganhou até o apoio do Google, através de financiamento para implantação e testes em centros urbanos

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Uma mistura de bicicleta com trem. Esta poderia ser

uma definição para a proposta de transporte não poluente do australiano Geoffrey Barnett, que trabalhando como professor de inglês na populosa Tóquio e usan-do a bicicleta como veículo prin-cipal, um dia pensou: por que não fugir dos engarrafamentos man-tendo o prazer de pedalar? Assim nasceu o Shweeb, veículo que usa a tração humana através de pe-dais e anda atrelado a um trilho suspenso alguns metros do solo.

Por enquanto, ele é só uma proposta e funciona de forma experimental em um parque de “agroaventuras” na cidade de Ro-torua, Nova Zelândia - junto com atrações mais tradicionais, como bungee jump e passeio de bote em alta velocidade. No local, o protótipo funciona em uma pista de aproximadamente 200 metros e chega a até 45 quilômetros por hora. Mas o Shweeb ganhou um apoio de peso para, quem sabe em um futuro próximo, conseguir an-dar em extensões maiores.

O projeto de Geoffrey Barnett foi um dos premiados pelo con-curso 10 1̂00, criado pelo Google para estimular idéias inovadoras em vários setores. O Shweeb foi

selecionado na categoria de trans-porte público e, segundo o Goo-gle, ganhou investimento de um milhão de dólares para a sua im-plantação e avaliação em trechos urbanos. O anúncio da seleção foi feito no segundo semestre do ano passado e os projetistas afirmam que o local de testes será anuncia-do em breve.

O equipamento parte de uma idéia simples. O condutor viaja em uma cápsula fechada presa a um trilho suspenso e que contém um assento e pedais similares aos de uma bicicleta. Uma das suas principais vantagens, segundo a equipe responsável, é a otimi-zação do uso da energia. Além de não poluir o ar por não ter motores, o Shweeb também foi projetado para exigir o mínimo esforço de quem o conduz. Isso graças à aerodinâmica da cápsu-la, que diminui a resistência do ar, e ao pouco atrito entre as par-tes móveis.

Em caso de necessidade de enfrentar subidas (os trilhos fi-cam, em média, a cinco metros do chão, mas para se adaptar aos traçados urbanos podem ter trechos de declives ou aclives), a proposta é usar um sistema de sensores que detecta quando o

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inovar

condutor precisa de ajuda e, atra-vés de eletricidade, empurra a cápsula para cima. Esse sistema usaria energia solar, para manter a coerência do projeto de um veí-culo não poluente.

Outra característica importan-te do Shweeb é que ele é bem ver-sátil no que se refere à instalação de complementos para aumen-tar a comodidade dos usuários. Ele prevê terminais, onde, por

exemplo, será possível embarcar e desembarcar em vários pontos do caminho. Os projetistas tam-bém garantem que ele é capaz de suportar pesos acima da média. “Qualquer pessoa que caiba no assento de um trem, avião ou ôni-bus estará apta a andar na cápsu-la”, dizem eles.

Da mesma forma, portadores de deficiências também podem andar no veículo sem proble-mas. Se o usuário não pode mo-vimentar as pernas, por exemplo, a cápsula pode ser adaptada para que os pedais sejam acionados com os braços. E como os tri-lhos tem traçado definido, um deficiente visual poderia seguir nele sem medo. Um sistema de som, instalado na cápsula, infor-maria as estações. E se o trilho é único, não poderia haver batidas ou congestionamentos causados por condutores mais lentos? Os projetistas garantem que também pensaram nisso. As cápsulas tem uma proteção que absorve im-pactos. E podem ser acopladas

umas às outras. Como o atrito é mínimo, mesmo que o condutor da cápsula da frente não possa ou não queira pedalar, o que está atrás conseguirá levar os dois sem problemas.

Para quem se interessar, o Shweeb é um projeto aberto a parcerias. E as oportunidades de negócios não são poucas: de acordo com os criadores, além do transporte coletivo, o sistema pode ser usado para velódromos, passeios turísticos e parques de aventuras - como o que já é usado no protótipo da Nova Zelândia. As condições mínimas para sua viabilização econômica são pro-ximidade com centros urbanos de grande densidade demográfica ou boas rotas turísticas, ambien-tes com estabilidade econômica e política que favoreçam inves-timentos em infraestrutura e, se possível, condições meteoroló-gicas sem grandes variações ao longo do ano. Alguém se habilita? E-mails (em inglês) para o ende-reço [email protected].

Para sabermais sobre

• O nome Shweeb vem do alemão “schweben”, que significa flutuar, pairar, estar suspenso.• As primeiras unidades projetadas do sistema eram bastante rudimentares e não previam

uma cápsula. Contavam apenas com um assento aberto.• Segundo seus projetistas, o Shweeb pode transportar até 1.200 pessoas por hora. Esse

número foi obtido com base no cálculo de 30 segundos para cada usuário embarcar e uma estação com capacidade para 10 cápsulas.

• O custo estimado para um sistema com duas linhas (uma de ida, outra de volta) é de aproximadamente 4 mil dólares por metro, considerando tudo que é necessário, como estações, trilhos, postes e cápsulas. Mas, como ele nunca foi implantado em um centro urbano, os projetistas avisam que os valores podem mudar.

• Mais informações sobre o Shweeb podem ser obtidas nos seguintes endereços: www.schweeb.com http://googleblog.blogspot.com/2010/09/10-million-for-project-10100-winners.html http://www.shweeb.co.nz/ http://www.agroventures.co.nz/

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aquecer

Alternativalimpa e barata

Para facilitar o acesso aos aquecedores solares de água à venda no mercado, que tem custo alto, existem várias opções de sistemas feitos com garrafas PET, caixas de leite e tubos PVC. Saiba mais sobre eles

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Por serem feitas de plástico, as garrafas PET tem sido

frequentemente apontadas como um dos principais problemas da poluição ambiental. Mas exata-mente pela grande abundância delas, o que leva à facilidade de acesso, vem inspirando muitos inventores preocupados com a preservação do planeta. Uma das alternativas para tirar dezenas delas de circulação e dar-lhes uma utilidade é o aquecedor so-lar de água de baixo custo.

Usando basicamente garrafas PET, caixas de leite longa vida e canos de PVC, ele permite ins-talar no teto de casa um sistema baseado nos existentes no co-mércio, que usam a tecnologia de termossifão. Esse método funciona através da diferença de densidade entre a água quente e a fria. Nele, o reservatório é colo-cado acima dos coletores e a água quente, por ser menos densa e mais leve, se desloca para a parte superior. E a água fria, mais den-sa e pesada, fica na parte inferior. Isso estabelece a circulação do líquido.

Pela simplicidade do sistema de termossifão e o baixo custo

dos materiais empregados, são várias as opções de aquecedores solares disponíveis com garrafas PET, atualmente. Há inclusive tutoriais detalhados na internet de como montar um em casa. Vamos descrever um dos que mais se destacaram, no Brasil: o do aposentado catarinense José Alcino Alano. Seu projeto rece-beu apoio do governo do Paraná e faz parte do Programa Desper-dício Zero, da Secretaria Esta-dual do Meio Ambiente daquele estado. O manual completo do aquecedor está disponível no endereço http://www.meioam-biente.pr.gov.br/arquivos/File/cors/Kit_res_17_aquecedor_so-lar.pdf. Segundo a descrição do sistema criado por José Alcino, cada vez que a água percorre o aquecedor, ela tem a temperatu-ra elevada em 10º C, em média. Em uma exposição de seis horas (das 10 da manhã às 4 da tarde), ela pode atingir 52º C no verão e 38° C no inverno.

Basicamente, o aquecedor funciona da seguinte forma: as embalagens longa vida de leite são pintadas de preto para facili-tar a absorção de calor. Esse calor,

por sua vez, é retido no interior das garrafas e transferido para a água através das colunas de PVC, também pintadas em preto. O di-mensionamento do projeto prevê que, para obter água quente para um banho de uma pessoa, é pre-ciso um aquecedor solar de 1 m, com 60 garrafas PET e 50 em-balagens longa vida. Logo, para uma família média, seriam 240 garrafas PET e 200 embalagens longa vida.

Vale ressaltar que o aquecedor solar com material de baixo custo é o único capaz de rivalizar, em termos de viabilidade econômi-ca, com o chuveiro elétrico e o sistema a gás. Os equipamentos de aquecimento solar disponíveis no comércio não saem por me-nos de mil reais. Segundo a ONG Sociedade do Sol, dedicada ao desenvolvimento de atividades relacionadas ao uso da energia solar, seriam precisos três anos, aproximadamente, para com-pensar o investimento. Já com o aquecedor caseiro o único mate-rial a ser comprado é a tubulação PVC, já que milhares de unidades de garrafas PET e caixas de leite são descartadas diariamente.

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Para sabermais sobre

http://youtu.be/jKnSxJ_TnO8http://youtu.be/42as7gLryb0http://youtu.be/7CLeKGNtjvEhttp://www.sociedadedosol.org.br/asbc/asbc_online.htm

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consumir

Onovo conceito estimula o compartilhamento de pro-

dutos, fazendo com que o mesmo seja utilizado por mais pessoas, aumentando sua vida útil e evi-tando o uso de novas matérias primas. A prática já virou tendên-cia em alguns países da Europa e, finalmente, chega ao Brasil, com o portal DescolaAí.com, gerenciado pela GreenBusiness, empresa li-derada por Gui Brammer.

Lançado em julho deste ano, o DescolaAí.com foi desenvolvi-do para reunir, de forma segura, pessoas simpáticas ao consumo colaborativo. Ao acessar o portal e preencher o cadastro, o usuário já pode iniciar a busca. O sistema toma como referência o CEP do cliente e identifica a pessoa mais próxima geograficamente que possa emprestar.

Identificada a possibilidade de troca, o sistema apresenta os dois usuários e informa um código de segurança exclusivo para a tran-sação. Detalhes da negociação,

como valor e período de emprés-timo, são definidos pelos próprios usuários.

Para garantir a segurança do dono do objeto que será empres-tado, o sistema registra os dados do cartão de crédito do locatário e estipula um valor caução, para o caso de o produto não ser devolvi-do ou voltar danificado. Há ainda a parceria com a PayPal, para rea-lização dos pagamentos, e com Se-rasa-Experian (para garantir a au-tenticidade do CPF dos usuários). São medidas que visam diminuir a desconfiança nas transações e

garantir a segurança dos usuários. Se houver qualquer problema, o portal faz a intermediação. O pa-gamento só ocorre depois que o produto é devolvido e checado.

Com a devolução, o sistema do portal finaliza o empréstimo, libe-ra o pagamento e solicita pontua-ção dos usuários, de forma a criar um ranking com os usuários do portal mais confiáveis.

O diferencial desse novo mo-delo de escambo é estar atrelado às demandas contemporâneas e ao apelo sustentável. De acordo com Gui Brammer, diretor do

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Brasil adere ao consumocolaborativoA prática de emprestar ou alugar coisas já é bem comum nos Estados Unidos. Os consumidores voltaram os olhos para o que estava guardado na garagem e viram ali uma oportunidade de ganhar dinheiro. A esse comércio alternativo foi dado o nome de “consumo colaborativo”

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portal DescolaAí.com, quando se empresta um produto se deixa de comprar um novo e se reduz a ex-tração de novas matérias primas. “Várias vezes compramos coisas que usamos pouco e que acabam até estragando por falta de uso”, argumenta.

A estratégia foca nos 3R - redu-ção do consumo, reutilização dos produtos e reciclagem no final de sua vida útil, e a aposta da empre-sa é mudar o comportamento do brasileiro, ainda relutante em re-lação à febre de consumo virtual. “Nossa ideia é atingir 100 mil usu-ários até o meio de 2012”, planeja Gui Brammer.

Um bom negócioA prática do Consumo Colabo-

rativo, além de atender as atuais demandas por ações sustentáveis, também pode ser um negócio ren-tável. Nos Estados Unidos, são pe-lo menos três grandes empresas: o NeighborGoods, o SnapGoods e o ShareSomeSugar. Todos para aluguel de objetos entre vizinhos. Também americana, a Zipcar disponibiliza automóveis em di-ferentes pontos da cidade para atender quem precisa de um car-ro só por algumas horas. Ao alugar o carro, o consumidor fica livre de despesas fixas e do valor que paga pelo desgaste do automóvel.

Há ainda os sites especializa-dos, a nova febre entre os con-sumidores. Nos Estados Unidos, o ThredUp atende aos pais que veem as roupinhas dos filhos ficarem perdidas rapidamente. Através do site, são negociadas, por mês, cerca de 14 mil peças. Já o Swap chega a realizar cam-panhas para troca de livros e uni-formes em escolas infantis.

No Brasil, ainda não é muito comum o empréstimo de obje-tos, mas iniciativas como o site www.enjoei.com.br, promovem com sucesso a compra e venda de roupas e acessórios adultos e infantis.

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As 10 melhores cidades do mundo para andar de bicicleta

1º. Amsterdã (Holanda) 2º. Copenhagen (Dinamarca) 3º. Bogotá (Colômbia) 4º. Curitiba (Brasil) 5º. Montreal (Canadá)

6º. Portland (Estados Unidos) 7º. Basileia (Suíça) 8º. Barcelona (Espanha) 9º. Pequim (China) 10º. Trondheim (Noruega)

Fonte: Askmen

pedalar

Alternativa paratransporteSe priorizadas no planejamento urbano, as bicicletas podem ser uma alternativa de transporte nas grandes cidades

Abicicleta está entre os meios de transporte menos

agressivos ao meio ambiente e perfeita para pequenos trajetos. Porém, adotar a bike como meio de transporte primário exige al-guns cuidados. Para que o ciclista tenha segurança, são necessárias sinalização (vertical, horizontal, semafórica) e iluminação ade-quadas, além das vias de circula-

ção (ciclovias, ciclofaixas, circula-ção partilhada). Também devem ser criados estacionamentos pró-prios para os ciclistas, como bici-cletários e paraciclos, em pontos estratégicos da cidade.

O Rio de Janeiro tem 235 quilômetros de ciclovias implan-tadas. Com o projeto “Rio Capital da Bicicleta”, devem ser mais de 300 km até 2012. A capital flu-minense conta ainda com um sistema de locação de bicicle-tas, semelhante ao de Paris. Em Curitiba há, atualmente, 118 km de ciclovias e circulação com-partilhada com pedestre, mas a expectativa é alcançar 400 km até 2014. Já o Distrito Federal de-senvolveu um programa de 610 km, o que dará à capital federal a maior malha cicloviária da Amé-rica Latina.

Em Aracaju, foram implanta-dos e requalificados 54 km de vias e a previsão é de que em breve

haja outros 60 km para ciclistas. Vinte quilômetros também é a disponibilidade atual de faixas ex-clusivas para os ciclistas de Salva-dor, mas se prevê a implantação de 217 km de malha cicloviária.

Depois da China, a Dinamar-ca é o país que mais usa bicicleta. Lá, aprende-se a pedalar quase ao mesmo tempo das primeiras passadas. Nas bicicletas dos pais, é comum ter uma cadeirinha para carregar as crianças, ou pe-quenos carrinhos acoplados, para proteger os pequenos do vento e da chuva. O país tem mais de 10 mil km de ciclovias e, ao comprar uma bicicleta, o chassi é registra-do no nome do proprietário. Em quase toda a Europa, é permitido levar as bicicletas em trens e me-trôs, nos vagões específicos, com encaixes e assentos adaptados às bicicletas, que são obrigadas a ter luzes para facilitar a identificação nos períodos de noite.

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R E F E R Ê NC I A V E R D E

Estocolmo, na Suécia, é um exemplo de harmonia entre o agito e o progresso de uma metrópole com o respeito à natureza

A capital do

meioambiente

cidade renovável

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Para um brasileiro, a visão de uma pessoa pescando um

peixe (comestível) em um rio de águas limpas perto do burburinho do centro de uma metrópole é algo inimaginável. Mas para os morado-res de Estocolmo, capital da Suécia, o fato faz parte do cotidiano. Com 40% do seu território coberto por áreas verdes e uma forte política de preservação do meio ambiente, a cidade é uma referência no que se refere a respeito e convivência de sua população com os recursos naturais.

E a iniciativa não vem só do poder público. Os moradores fazem sua parte, e o esforço inclui até sacrifícios. Estocolmo tem invernos rigorosos e as baixas temperatu-ras podem durar até cinco meses. Mesmo assim, 20% da população economicamente ativa abrem mão do conforto do carro e enfrentam o frio para ir ao trabalho de bicicleta. No verão, a participação chega a 1/3 do contingente de trabalhadores.

E mesmo quem usa o trans-porte coletivo também está dando sua contribuição para preservar a natureza. A Suécia é uma das pio-

neiras mundiais no uso de ônibus movidos a etanol em larga escala. E a sua capital espera, até o ano que vem, fazer com que metade dos veí-culos do seu sistema de transporte público seja movido por fontes de energia renováveis. Uma delas, inclusive, é o etanol, tecnologia criada aqui no Brasil mas pouco usada em veículos coletivos.

O resultado pode ser conferido no ar respirado pelos habitantes da capital sueca. Os esforços para reduzir a poluição fizeram com que tenha obtido uma média de emis-sões de dióxido de carbono de até 3,4 toneladas per capita em 2009. E a expectativa é chegar a 3 tone-ladas em 2015. Na Suécia, como um todo, as emissões de CO2 são de seis toneladas per capita. Já a média europeia é de 10 toneladas.

Também por causa do frio intenso, os habitantes de Esto-colmo precisam gastar muita ener-gia com aquecimento. Mas tam-bém nesse caso foram encontradas soluções interessantes para não agredir o meio ambiente. Cerca de 75% dos edifícios na capital ganharam instalações de aqueci-

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cidade renovável

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mento central que usam energias renováveis e são capazes de pro-duzir eletricidade. Um exemplo são prédios e casas com paineis solares no telhado. A energia é armazenada em caldeiras para uso durante os meses de inverno. Além disso, o lixo orgânico se transforma em adubo ou gás. Outros resíduos não recicláveis vão para uma usina de incineração que também gera energia com a queima.

Vale ressaltar que a preocupação da cidade não considera apenas o meio ambiente local. Os esforços tem enfocado o transporte rodo-viário e os sistemas de calefação porque, juntos, eles respondem por 43 por cento de todas as emis-sões de gases causadores de efeito estufa na União Europeia. Além disso, a cidade conta com o Sto-ckholm International Water Insti-tute (SIWI), dedicado a estimular mundialmente programas e ati-vidades que encontrem soluções sustentáveis para o uso racional da água. A entidade tem, inclusive,

prêmios para as experiências mais bem sucedidas.

Primeiro foi criado o Stockholm Water Prize, concedido a pessoas ou instituições cujo trabalho contri-bui para a conservação e proteção dos recursos hídricos. Depois veio o Stockholm Water Prize Junior, para encorajar o interesse de jovens cientistas em todo o mundo pela conservação da água e do meio ambiente. A cada ano, ele reúne milhares de participantes em mais de 30 países, que concorrem a uma chance de representar sua nação na final, realizada durante a Semana Mundial da Água, em Estocolmo. Por fim, há o Stockholm Industry Water Award, dedicado às experi-ências das indústrias, conhecidas como grandes consumidores de recursos naturais.

Para quem, no entanto, acha que o exemplo de Estocolmo é impossível de ser imitado porque não dá para combater séculos de agressão à natureza, é bom destacar que na capital sueca nem sempre

foi assim. Cercada de água, com muitas ilhas, a cidade, na década de 1960, viu o processo de industriali-zação (a Suécia é sede de grandes empresas mundiais, como Volvo, Scania, Ericsson e Electrolux) pre-judicar seu meio ambiente. Princi-palmente os recursos hídricos. Na prática, as pessoas não podiam mais pescar seu salmão ou nadar nas áreas centrais por causa da polui-ção. Foi então que elas resolveram começar a reverter o quadro. Hoje, praticamente todos os moradores da cidade vivem a curta distância de lagos, trilhas e outros ambientes naturais. Todos bem conservados, ambientalmente falando.

Para sabermais sobre

Site oficial da cidade:www.visitstockholm.com/en/Stockholm International Water Institute:www.siwi.org/

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Esses dois temas marcaram a carreira do jornalista Washington Luíz Rodrigues Novaes e o consagraram profissionalmente

Destaque ao meio ambiente epovos indígenas

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Ahistória de Washington Luíz Rodrigues Novaes começa em

1934, na pequena Vargem Grande do Sul, Serra da Mantiqueira, São Paulo. Ele é filho do professor e político Hen-rique de Britto Novaes e da costureira espanhola Arlinda Rodrigues Novaes, imigrada aos dois anos de idade da Galícia para as lavouras cafeeiras do Brasil. De lá até os dias de hoje, já é mais de meio século dedicado aos te-mas meio ambiente e povos indígenas.

Washington é bacharel em Direito pela Universidade de São Paulo (tur-ma de 1957), mas ainda na faculdade iniciou o trabalho como revisor no jornal Folha da Manhã. Depois de gra-duado, chegou a abrir um escritório de advocacia e, por dois anos, dividiu--se entre as duas profissões. Mas logo concluiu que a vocação para os textos era mais forte e abraçou o jornalismo, há 55 anos.

Já foi repórter, editor, diretor e colunista das principais publicações brasileiras: Folha de S. Paulo, O Esta-do de S. Paulo, Jornal do Brasil, Gaze-ta Mercantil, Última Hora, Correio da Manhã, Veja e Visão. Na televisão, foi comentarista de telejornais das redes Bandeirantes e Manchete, além do programa Globo Ecologia. Também foi editor do Jornal Nacional, na Rede Globo de Televisão.

Foi o responsável pela estruturação do Globo Repórter e, por sete anos, esteve como editor chefe do progra-ma, que revelou importantes docu-mentaristas brasileiros. À frente do Globo Repórter, dirigiu os documen-tários “Amazonas - a pátria da água” (premiado no Festival de Televisão de Nova York), “As crianças do reino do Porantim” (roteiros de Thiago de Mello), “A doença dos remédios”, “O conto do vestibular” e “O caso Ângela Diniz”, entre outros. É desta época o início de sua preocupação com a ques-tão ambiental e seu primeiro contato com povos indígenas, dois temas que marcariam sua carreira e que o consa-grariam profissionalmente.

Ainda na década de 1970, Washing-ton Novaes iniciou os registros das aldeias indígenas e se encantou pelo modelo de sociedade na qual vivem os índios. “Na sociedade indígena, não há delegação de poder. O chefe não dá ordem. Ele é o que mais conhece a cul-tura e atua como mediador, mas não manda. O índio nasce e morre sem re-ceber uma ordem”, observa. Washing-ton lembra ainda que na aldeia a infor-mação é aberta. “O que um sabe, todos podem saber. Ninguém se apropria da informação com interesses políticos e econômicos”, afirma.

Pela TV Cultura, realizou, em 2001,

a série de cinco programas “Desafio do Lixo”, gravada em nove países e dez es-tados brasileiros. Nos anos seguintes, além dos documentários “Primeiro Mundo É Aqui”, sobre biodiversidade, “A Década da Aflição” e “Depois da Rio + 10” (2002), ambos sobre a Cú-pula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável, na África do Sul, realizou “Cerrado Urgente” (2003), a respei-to da situação dramática do segundo maior bioma brasileiro, ameaçado de extinção, “Biodiversidade - No Rastro do Cometa” (2004), sobre a biodiversi-dade na cidade de São Paulo, sua perda e os problemas decorrentes, além de um documentário sobre a Caatinga.

Como produtor independente de televisão, dirigiu as séries “Xingu - a terra mágica”, trabalho equiparado pelo antropólogo Rodolfo Gutilla ao grande clássico de Gilberto Freyre, “Casa Grande e Senzala”; “Kuarup”, “Pantanal” e “Xingu - a terra ameaça-da”. A série “Xingu” recebeu prêmios em Cuba e na Coreia do Sul, e foi ho-menageada com uma sala especial na prestigiada Bienal de Artes de Veneza, em 1986. A versão compacta da série se tornaria depois um dos homevideos mais vendidos do País, com mais de 70 mil cópias comercializadas.

Em 2006, Novaes retornou ao Par-que Indígena do Xingu para realizar

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uma nova série de documentários, mostrando desta vez as transforma-ções ocorridas desde a série anterior, 22 anos antes. Com seis episódios, foi exibida em 2007 e teve grande reper-cussão pela TV Cultura e Rede Pública de TV. “A sociedade indígena é autos-suficiente. Eles sabem fazer tudo o que precisam para viver. E sabem conviver com o meio ambiente. Os índios não criam problemas ambientais”, afirma.

Tamanha dedicação rendeu a Wa-shington vários prêmios internacio-nais e nacionais de jornalismo e tele-visão, entre eles, medalhas de ouro e prata em festivais mundiais de televi-são em Nova York, Havana, Seul e Por-tugal, o Prêmio de Jornalismo Rei de Espanha, o prêmio do Festival Interna-cional de Cinema e Vídeo Ambiental de Serra da Estrela (Portugal), o troféu Golfinho de Ouro e o Prêmio Esso Es-pecial de Meio Ambiente. O jornalista

também ganhou o Prêmio Unesco de Meio Ambiente 2004 e o Prêmio Prof. Azevedo Netto 2004, conferido pela Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental.

Na literatura, o jornalista contri-buiu com obras importantes para a temática indígena e ambiental: “Xin-gu” (Brasiliense), “A quem pertence a informação” (Nova - Assessoria e Pu-blicações) , “A Terra pede água” (Se-matec/BSB) e “A Década do Impasse” (Editora Estação Liberdade).

O paulista teve ainda uma passa-gem pelo setor público, no cargo de secretário de Meio Ambiente Ciência e Tecnologia do Governo do Distrito Federal, em 1991 e 1992. Desde en-tão, abraçaria a luta pelo conhecimen-to, defesa e preservação do Cerrado, o bioma menos conhecido e mais devastado do País. Foi consultor do “Primeiro Relatório Brasileiro para a

Convenção da Diversidade Biológica”, dos “Relatórios sobre Desenvolvimen-to Humano” da ONU, de 1996 a 1998, e sistematizou a “Agenda 21 Brasilei-ra - Bases para a Discussão”. Também representou a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) na Comissão de Políticas de Desen-volvimento Sustentável da Agenda 21 brasileira.

Washington Novaes vive em Goi-ânia há 28 anos e tem participado de discussões sobre problemas brasilei-ros em seminários e workshops em quase todos os estados. Atualmente, é colunista dos jornais O Estado de São Paulo, O Popular e da Rádio O Esta-dão, consultor de jornalismo da TV Cultura de São Paulo, onde é supervi-sor de biodiversidade, e comentarista do programa “Repórter Eco”. Também é documentarista e produtor indepen-dente de televisão.

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O economista e professor José Eli da Veiga trata nesta entrevista como desenvolvimento sustentável e econômico não são temas paradoxais. E ainda explica como um novo tipo de crescimento na economia pode surgir em prol de uma sociedade com qualidade de vida

Economia verde

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desenvolvimento sustentável tem sido o centro dos estudos do agrônomo e economista José Eli da Veiga. O ecodesenvolvimento também orienta suas atividades de professor. Atualmente, é orien-tador do Programa de Pós-Gradu-ação em Relações Internacionais (IRI-USP) e professor titular do Departamento de Economia da Faculdade de Economia, Admi-nistração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA--USP). Autor e coautor de vários livros sobre o tema, Veiga se utiliza do processo de desenvolvimento para falar de danos ambientais e da questão climática. E é categó-rico: “Não há rumo para o desen-volvimento sustentável que não comece pela transição energética, que permitirá a superação da atual dependência das fontes fósseis”.Como pesquisador do Núcleo de Economia Socioambiental (NESA), Veiga aponta que o crescimento econômico pode surgir em prol de uma sociedade com qualidade de vida. E alerta que há necessidade de se medir o desempenho para além da produção. “Além de apontar a necessidade de se medir o desempenho econômico olhando para renda e consumo, também se tornarão imprescindíveis novas medidas de qualidade de vida e

de sustentabilidade ambiental”, complementa. O professor defende os novos rumos de uma economia verde.

R:: Como surgiu a ideia de que desenvolvimento sustentável exige crescimento verde? Como isso é possível?JEV:: Surgiu em 1966, em publi-cações praticamente simultâneas de Kenneth Boulding (1910-1913) e de Nicholas Georgescu-Roegen (1906-1994). Em 1973, foi refor-mulada por Herman Daly (1938) na proposta de condição estável (“steady state”). Uma tese que até os anos 2008-2010 só interessava a um pequeno grupo de econo-mistas ecológicos, mas que nesse

período passou a ter audiência muito maior. Estudos mostram a profunda incompatibilidade entre a lógica das teorias e mode-los macroeconômicos disponíveis e aquela que poderá abrir alguma via para a sustentabilidade do desenvolvimento. Simultane-amente, também deixam bem claro que ainda não existe alguma macroeconomia que seja desvin-culada de um aumento incessante do consumo. Fato que, evidente-mente, só contribui para que se tente apresentar a vetusta macro-economia nessa nova embalagem que é o “crescimento verde”.

R:: Como o Brasil está inserido nestas teorias?JEV:: O desenvolvimento da sociedade brasileira foi muito mais intenso nos últimos trinta anos do que em qualquer perí-odo anterior. O inverso ocorreu com o crescimento de sua eco-nomia, medido pelo aumento do PIB per capita. Por mais de um século (1870-1980) essa econo-mia foi campeã de crescimento entre as dez maiores do mundo. Ultimamente só não foi a lanter-ninha por causa da persistente estagnação japonesa. Ou seja, nos últimos trinta anos houve muito mais desenvolvimento com muito menos crescimento. Tal contraste merece a atenção

de quem continua a supor que o desenvolvimento seja direta-mente proporcional ao aumento do PIB per capita, para nem mencionar a terrível crença de que desenvolvimento seja mero sinônimo de crescimento econô-mico. Se assim fosse, teria sido forçosamente pífio o desenvolvi-mento da sociedade brasileira nos últimos três decênios.

R:: Como medir o crescimento econômico em prol de uma socie-dade com qualidade de vida?JEV:: Além de apontar a necessi-dade de se medir o desempenho

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Não há rumo para o desenvolvimento sustentável que não comece pela transição energética que permitirá a superação da atual dependência das fontes fósseis

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econômico olhando para renda e consumo, em vez de olhar para a produção, também se tornarão imprescindíveis novas medidas de qualidade de vida e de susten-tabilidade ambiental. Medidas subjetivas de bem estar fornecem informações chave sobre a quali-dade de vida das pessoas. Por isso, as agências de estatística precisa-rão pesquisar as avaliações que as pessoas fazem de suas vidas, suas experiências hedônicas e as suas prioridades. Além disso, quali-dade de vida também depende, é claro, das condições objetivas e das oportunidades. Terão de melhorar as mensurações de oito dimensões cruciais: saúde, educação, atividades pessoais,

voz política, conexões sociais, condições ambientais e insegu-rança (pessoal e econômica). As desigualdades também precisarão ser avaliadas de forma bem abran-gente para todas essas oito dimen-sões. E levantamentos deverão ser concebidos de forma a avaliar ligações entre várias dimensões da qualidade de vida de cada pes-soa, sobretudo para elaboração de políticas em cada área. Enfim, as agências de estatística terão que prover as informações necessárias para que as diversas dimensões da qualidade de vida possam ser agre-gadas, permitindo a construção

de diferentes índices compostos ou sintéticos.

R:: E como avaliar o desenvolvi-mento sustentável?JEV:: Já a avaliação da susten-tabilidade requer um pequeno conjunto bem escolhido de indi-cadores, diferente dos que podem avaliar qualidade de vida e desem-penho econômico. Característica fundamental dos componentes desse conjunto deve ser a possi-bilidade de interpretá-los como variações de estoques e não de flu-xos. Algum índice monetário de sustentabilidade até poderá fazer parte, mas deverá permanecer exclusivamente focado na dimen-são estritamente econômica da

sustentabilidade. Os aspectos ambientais da sustentabilidade exigem acompanhamento espe-cífico por indicadores físicos. E é particularmente necessário um claro indicador da aproxima-ção de níveis perigosos de danos ambientais, como os que estão associados à mudança climática, por exemplo.

R:: Afinal, o que é sustentabili-dade? É um termo que ganhou força. O que está em jogo?JEV:: Seja qual for a preferên-cia que se tenha por algum dos inúmeros sentidos que possa ser

atribuído ao vocábulo “susten-tabilidade”, é inevitável que ele evoque o futuro. A responsabi-lidade de não fazer hoje o que possa prejudicar ou inviabilizar o amanhã. Em sua versão mais popularizada, esse dilema (ou desafio) é focado no atendimento das necessidades do presente sem que ele comprometa a capacidade das futuras gerações de fazerem o mesmo. Entretanto, as sociedades humanas, atuais ou futuras, con-tinuarão atribuindo muito valor a coisas que não podem ser conside-radas “necessidades”. E também é difícil imaginar que possa se mani-festar com facilidade esse tipo de solidariedade intergeracional, se no presente ela não se manifesta sequer em favor dos seres huma-nos que estão sofrendo as atroci-dades das guerras, da miséria, da fome, ou da falta de acesso à água potável. Por isso, o mais fácil é rejeitar qualquer discurso sobre sustentabilidade, taxando-o de ilusionismo retórico. Todavia, há exemplos históricos de mani-festações sociais de altruísmo, mesmo que sejam infinitamente mais escassos do que seu inverso. O exemplo mais próximo talvez seja o do processo que levou ao fim da escravidão. Por isso, não pode ser rechaçada a ideia de que aumente a preocupação moral dos atuais adultos com as condi-ções de vida que poderão ter seus netos ou bisnetos. Mesmo que não cheguem a se comover com a parte mais séria da questão, pois é a própria existência de gerações pós bisnetos que está sendo posta em dúvida pela ciência. O que está em jogo quando se fala de sustentabilidade é a capacidade adquirida pela espécie humana

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de encurtar seu prazo de validade ao acelerar o inevitável processo de sua própria extinção.

R:: O meio ambiente está em perigo?JEV:: Há uma dezena de proble-mas ambientais que precisarão ser enfrentados, e que costumam ser classificados ou hierarquizados de várias maneiras. No entanto, sempre ocuparão o topo de qual-quer lista três questões essenciais: clima, água, biodiversidade. E há um simples critério que imedia-tamente os distingue. Alguns - como a poluição dos rios, por exemplo - podem ser revertidos, e suas consequências tendem a ser mitigadas com o enriquecimento das sociedades. Outros - como a ruptura climática - são de dificí-limo manejo, mesmo na hipótese de que possa surgir prioritária e efetiva ação conjunta da comuni-dade internacional. Além disso, um sério aquecimento global terá forte impacto negativo sobre muitos ecossistemas, reduzindo, e até anulando, ganhos obtidos por práticas de conservação da biodi-versidade, de gestão dos recursos hídricos, ou de adequada produ-ção alimentar.

R:: Como reverter os danos ambientais causados pelo desen-volvimento?JEV:: Sob o prisma histórico do processo de desenvolvimento, não é possível pensar em muitas reversões de danos ambientais se não for enfrentada concomi-tantemente a questão climática. Seja no âmbito dos vários tipos de poluição, das reciclagens, do uso de produtos tóxicos, do manejo do lixo, do controle de espécies

exóticas ou da conservação dos solos e da proteção de habitats. Todas essas conquistas poderiam se mostrar irrisórias caso não viessem acompanhadas de con-tenção da concentração de gases estufa na atmosfera, provocada principalmente pelo uso e abuso de fontes fósseis de energia. E de adaptação a uma talvez inevitável nova realidade climática. Esta é a razão da primazia do aquecimento global. Não há rumo para o desen-volvimento sustentável que não comece pela transição energética que permitirá a superação da atual dependência das fontes fósseis. O oposto seria continuar a esbanjar recursos crescentemente escas-sos, desestimulando simultanea-mente incipientes inovações no âmbito das energias ditas renová-veis e imprescindíveis pesquisas de base sobre novas fontes.

R:: É possível um crescimento econômico com qualidade?JEV:: Acelerar o crescimento não é aquela panaceia tão frequente nos discursos políticos de repre-sentantes do governo, da oposição, de sindicatos patronais e traba-lhistas, diuturnamente reprodu-zidos pela mídia. Nenhum deles reconhece que o maior desafio para países como o Brasil passou a ser muito mais qualitativo que quantitativo. Não atinaram para a influência que exerce a “qualidade do crescimento” sobre o “estilo de desenvolvimento”. No fundo, continuam mesmo a sonhar com uma economia em “marcha for-çada”. O que há dez anos fez o Banco Mundial chamar a atenção para a qualidade do crescimento foi uma tripla constatação: nem tudo melhora com o aumento

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Energia nuclear: Do anátema ao diálogoJosé Eli da VeigaEditora: Senac São Paulo136 páginas

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da renda per capita; as coisas que melhoram nunca o fazem na mesma proporção, e nem é inevitável que a qualidade de vida realmente melhore. A depender da sociedade, uma mesma veloci-dade de crescimento econômico costuma gerar diversos graus de avanços em cerca de dez áreas cruciais: educação, saúde, lacuna de gênero, liberdades civis e políti-cas, redução da pobreza, redução das desigualdades, participação dos cidadãos nas decisões afetas às suas vidas, combate à corrupção, qualidade ambiental e sustenta-bilidade. Essas duas abordagens - qualidade do crescimento e estilo de desenvolvimento - desacon-selham qualquer voluntarismo na direção de uma economia em marcha forçada.

R:: Como conciliar crescimento econômico, meio ambiente e avanços tecnológicos?JEV:: A maior fraqueza da tese convencional sobre um descola-mento relativo que engendraria harmonia entre crescimento eco-nômico e meio ambiente decorre de sua exclusividade para as van-tagens das inovações advindas de avanços tecnológicos baseados na ciência. Esquece que a tecno-logia não deve ser isolada dos dois outros fatores que mais contri-buem para o impacto ambiental das atividades humanas: o tama-nho da população e seu nível de afluência. A inovação que gera o descolamento é incapaz de tam-bém reduzir a pressão absoluta sobre os recursos naturais sem-pre que seus efeitos se chocam ao contraponto do aumento populacional e de seus níveis de consumo. É “a questão da escala”,

expressão com a qual se costuma caracterizar esse choque. Muitos defensores da tese do descola-mento acham que o crescimento não é apenas compatível com os limites ambientais. Pensam inclu-sive que ele é imprescindível para que ocorra essa compatibilização, já que induz a eficiência tecnoló-gica. Quando a eficiência superar a questão da escala haverá susten-tabilidade ambiental.

R:: As empresas valorizam mais o corte nos custos ou a inovação em busca de ecoeficiência?JEV:: Por mais fascínio que possa exercer sobre os economistas con-vencionais a tese do descolamento, ela também é contrariada pela simples possibilidade de surgi-mento de produtos mais atraentes que não sejam tão ecoeficientes. A dinâmica inovadora que constitui uma das principais forças motri-zes da economia capitalista - tão bem descrita por Joseph Schum-peter como um processo de des-truição criativa - não permite que as empresas garantam sua sobre-vivência apenas pela busca de minimização dos custos. É vital para sua adaptação que procurem lançar novidades que sejam mais estimulantes para os consumido-res, mesmo que mais caras e mais devoradoras de recursos naturais. Em suma, o aumento de eficiên-cia não tem superado a questão da escala. Por isso, não é possível negar a existência do “dilema do crescimento”, como tentam fazer os que enfatizam o descolamento. Entre a manutenção da estabi-lidade social e a necessidade de reduzir o impacto das atividades humanas sobre os recursos natu-rais não existe saída simplista,

A tecnologia não deve ser isolada dos dois outros fatores que mais contribuem para o impacto ambiental das atividades humanas: o tamanho da população e seu nível de afluência

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como a que é defendida por quem endeusa essa suposição. O dilema se impõe porque a pressão sobre os ecossistemas aumenta com a expansão da economia: quanto mais produção, mais impacto ambiental. Mas se o aumento da eficiência não tem superado a questão da escala, isso não quer dizer que não haja saída. Quer dizer, sim, que também é preciso que se leve a sério os outros dois fatores fundamentais que nunca deveriam ser separados da tecno-logia: a população e seu nível de consumo. E não há como buscar outras maneiras de se combinar esses três fatores que não colo-que na berlinda a própria lógica interna da macroeconomia.

R:: Quais os desafios para o futuro?JEV:: A prosperidade tenderá a exigir simultaneamente o cresci-mento e o decrescimento, prin-cipalmente devido à disparidade de situações concretas em que se encontram mais de 150 socieda-des periféricas e emergentes (para as quais o desafio é a qualidade de seu crescimento), e algumas deze-nas de sociedades mais avançadas que já deveriam ter planos de tran-sição à condição estável. Por um lado, será preciso fazer crescer os serviços, as energias renováveis, os transportes públicos, a econo-mia plural (que inclui a economia social e a solidária), as obras de humanização das megalópoles, as agriculturas e pecuárias fami-liares e biológicas. Por outro, será necessário fazer decrescer as into-xicações consumistas, a alimenta-ção industrializada, a produção de objetos descartáveis e/ou que não podem ser consertados, a domina-ção dos intermediários (principal-

mente cadeias de supermercados) sobre a produção e o consumo, o uso de automóveis particulares, e o transporte rodoviário de merca-dorias (em favor do ferroviário). Em suma, a contradição entre crescer e decrescer não deve ser entendida como uma disjuntiva sobre a qual se deve optar tão somente por um dos lados. Tanto quanto não se deve escolher ape-nas a conservação contra a trans-formação, a globalização contra a regionalização, ou o desenvolvi-mento contra o envolvimento. O mais provável é que ao longo deste século a economia global continue a se expandir, mesmo que nações mais avançadas possam ir transi-tando para a condição estável, de prosperidade sem crescimento, ou até que algumas já se decidam pelo decrescimento. Por muito tempo, a resultante desse processo continuará a pressionar a bios-fera, fazendo com que a pegada ecológica não encolha, apesar de avanços na transição ao baixo car-bono. Como não se sabe quais são os limites de um processo desse tipo, pois é impossível saber por quanto tempo a pegada ecológica poderá se manter tão alta quanto já está, é razoável argumentar que a comunidade internacional deveria adotar o chamado “prin-cípio da precaução” e se livrar o quanto antes da “mania” ou “feti-che” do crescimento. Todavia, até aqui a experiência tem mostrado que mudanças na direção de deci-sões mais altruístas não ocorrem pela consciência de incertezas, e muito menos pelo conhecimento de riscos. Quase sempre, depen-dem muito mais de que haja clara percepção de que se está no cami-nho de grave catástrofe.

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A experiência tem mostrado que mudanças na direção de decisões mais altruístas não ocorrem pela consciência de incertezas, e muito menos pelo conhecimento de riscos

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ÁGUAS?Grandes projetos de geração de energia já ocupam os oceanos. São as ondas, correntes marítimas e ventos em alto mar que atraem pesquisadores e investidores. Na Europa, Estados Unidos e China, estes projetos são realidade. No Brasil, o setor ainda está em fase de pesquisas e protótipos. O potencial eólico offshore do Brasil já foi avaliado e mostra grande força no Nordeste e parte da região Sul. Estudo revela que o País tem no mar uma opção viável e não poluente para garantir a sua geração de eletricidade

{ por Sílvio Mauro

O FUTURO ESTÁ NAS

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Terra, planeta água. Assim diz uma música do compo-

sitor Guilherme Arantes, home-nageando os rios, lagos e oceanos que são responsáveis por aproxi-madamente 70% da superfície do lugar que abriga a humani-dade. Tidas como formadoras de uma fronteira onde ainda há muito a ser explorado, as áreas para além das praias apresentam mais um de seus vários poten-ciais. Elas podem gerar energia para alimentar o funcionamento da civilização em terra seca. E o que é melhor, uma energia limpa e silenciosa, que não agride tanto o meio ambiente como várias for-mas de geração mais tradicionais. Essa eletricidade pode vir da força

das ondas, dos ventos que em alto mar não encontram obstáculos e até de correntes marinhas.

Não por acaso, países que apresentam muita demanda por energia e dispõem de poucos recursos naturais tem socieda-des onde é grande a preocupação com o meio ambiente e estão na vanguarda das iniciativas pela busca do mar como fonte. E entre as opções, a que está mais avan-çada é, de longe, a de usinas eóli-cas offshore, ou seja, construídas fora da faixa litorânea. Segundo o relatório China Wind Power Outlook 2010, elaborado em con-junto pelo Greenpeace, o Chinese

Renewable Energy Industries Association (Creia, ou Associação Chinesa de Indústrias de Ener-gias Renováveis) e o Global Wind Energy Council (GWEC, Con-selho Global de Energia Eólica), esse tipo de atividade é recente, começou de forma tímida na Dinamarca no início da década de 1990, mas se desenvolveu rapida-mente e já existem exemplos de unidades com grande capacidade de geração.

Para se ter ideia, em 2009 a União Europeia investiu € 1,5 bilhão para instalar mais de 300 turbinas, em um total de aproximadamente 2.100 MW (Megawatts). No ano seguinte, o investimento dobrou. Além

da pioneira Dinamarca, Escócia, Grã-Bretanha, Suécia, Alemanha e Noruega estão entre as nações com matriz energética mais subs-tancial. Os planos são ambicio-sos. O continente quer chegar à marca de 100 GW em projetos de eólica offshore, para suprir, com esse tipo de fonte, 10% de toda a sua demanda de eletricidade.

Embalada pelo sucesso dos empreendimentos europeus, a China, outro grande consumidor de eletricidade, resolveu inves-tir na eólica offshore. O país, de forma geral, aposta alto na gera-ção de energia com a força dos ventos. E boa parte dela vem de

usinas instaladas no mar. Pri-meiro país fora da Europa a cons-truir parques eólicos offshore, ela já tinha, no fim do ano passado, aumentado em 150 MW a sua capacidade com esse tipo de gera-ção em relação a 2009. As metas de médio prazo já estão traçadas: um total de 5 GW em 2015 e 30 GW em 2020, só com usinas ins-taladas na água.

Nos Estados Unidos, está sendo construído o primeiro par-que eólico offshore do país, no estado de Massachusetts. Quando ele estiver pronto - a previsão é de que isso aconteça no ano que vem, um total de 130 turbinas gerarão 420 MW de energia. Isso repre-senta, segundo os responsáveis

pelo projeto, aproximadamente 3/4 da demanda de Cape Cod, a região da costa que fica a alguns quilômetros do parque eólico.

Outra iniciativa importante no maior consumidor de energia do planeta vem de um investimento privado. O projeto Atlantic Wind Connection (AWC), financiado pelo Google, pretende instalar uma linha única de grande capa-cidade de transmissão que levará 7.000 MW de energia eólica offshore para atender quase dois milhões de famílias. Segundo os responsáveis pelo empreendi-mento, além de estimular a cone-xão de outros parques eólicos,

E N E R G I A N O M A R

O projeto Atlantic Wind Connection (AWC), financiado pelo Google, pretende instalar uma linha única de grande capacidade de transmissão que levará 7.000 MW de energia eólica offshore para atender quase dois milhões de famílias.

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incrementando o uso de uma fonte limpa, ele também pre-tende gerar muitos empregos.

Um dos principais benefícios atribuídos ao AWC é que sem esse “backbone de transmissão”, termo usado para definir a linha única, os parques de energia eólica offshore precisariam trazer energia para a terra através de várias linhas radiais, o que seria mais compli-cado de implementar e teria um impacto ambiental maior.

Outra vantagem do estímulo à formação dos parques eólicos, segundo o projeto, seria a criação de muitos postos de trabalho para operar o complexo. “O desenvol-vimento da energia eólica ao largo da costa do Atlântico pode-ria criar entre 133 mil e 212 mil empregos nos Estados Unidos, de

acordo com a Oceana (uma ONG dedicada à preservação dos ocea-nos). E o Departamento de Ener-gia americano estima que mais de 43 mil postos permanentes de operação e manutenção podem ser criados se 54 mil MW de turbinas eólicas offshore forem instalados até 2030”, argumenta a equipe do AWC.

OndasNo campo da geração de ener-

gia através das ondas, também há experiências bem avançadas. A empresa Ocean Power Techno-logies (OPT) tem sete projetos de usinas, sendo três nos Estados Unidos, um na Inglaterra, um na Espanha, outro na Escócia e um no Havaí. Esse último, aliás, pode representar um futuro promis-

sor: seu objetivo é demonstrar o potencial que a geração de energia através de ondas tem de reduzir o consumo de combustíveis fósseis nas bases da Marinha americana ao redor do mundo.

De acordo com a OPT, a gera-ção de energia é feita por boias que, através de cabos subterrâneos, a levam até a costa. A empresa assegura que os equipamentos não afetam a vida marinha, nem o meio ambiente e tampouco a atividade pesqueira. Pelo contrá-rio: segundo ela, as boias podem servir como meios artificiais de atração de peixes. Usando dois tipos de equipamento (um com capacidade de gerar até 150 kW e outro podendo chegar a 500 kW), a OPT informa que o uso combi-nado dos equipamentos pode per-

Usina de ondas

Cabo detransmissão

Gerador de energia

Flutuador

Ancoragem

Ímans

Bobinade cobre

Um dos projetos de geração de energia no mar desenvolveu uma bóia inteligente que captura e converte a energia das ondas em eletricidade. O sobe e desce das ondas em alto mar favorece o livre movimento da bóia para cima e para baixo. A força mecânica resultante é convertida, por meio de um sofisticado gerador, e transmitida para a terra por meio de um cabo de transmissão elétrica.

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mitir complexos de até 100 MW.Apesar da baixa capacidade de

geração de suas usinas, em rela-ção a outras formas, a OPT des-taca que as boias ocupam pouco espaço e podem ser usadas como um complemento para a rede de eletricidade já instalada, que terá que atender uma demanda cada vez maior. “Um total de dois ter-ços da população mundial vive na faixa de 400 quilômetros ao longo do litoral. E pouco mais da metade estão na faixa de 200 km de largura”, informa a empresa.

Correntes marinhasJá a energia extraída das cor-

rentes marinhas é uma tecnolo-gia ainda mais recente e menos explorada que a eólica offshore e a das ondas, mas seu potencial também já está sendo estudado. A empresa escocesa ScottishPo-wer Renewables recebeu, este ano, autorização para desenvol-ver uma unidade de demonstra-ção entre as ilhas de Islay e Jura, na costa oeste do país. Será uma matriz composta de dez turbinas submersas no leito do mar. A meta é gerar 10 MW de energia quando a usina estiver em pleno funcionamento.

Ainda incipiente, a geração de energia usando a força das águas

tem diferenças significativas de custos, em relação às opções mais tradicionais. Um dos principais motivos é óbvio: essas últimas já usam tecnologias desenvolvidas há anos e são mais baratas porque são usadas em grande escala. Mas o fator ambiental tem sido cada vez mais importante na composi-ção das planilhas de investimen-tos. E neste quesito, as usinas instaladas nos oceanos tem rece-bido apoio até do Greenpeace, rigoroso vigia do meio ambiente do planeta. Por isso, é possível que a frase “Terra, planeta água”, daqui a muito pouco tempo passe de metáfora à profecia.

Turbinas

Cabine decontrole

Torre

Correntemarinha

Correntes marinhas

A usina de energia é projetada para extrair energia da correnteza do mar. O projeto também pode ser adaptado para o rio. A tecnologia é similar a do projeto de geração de energia por meio das ondas do mar. As turbinas instaladas no fundo do mar ou do rio captam a energia das correntes, transformando-a em água pressurizada que moverá turbina acoplada a um gerador para produzir eletricidade. A principal diferença entre as usinas que vão gerar energia a partir das ondas do mar ou por meio da correnteza do rio está no uso da turbina. Na usina instalada no rio, a turbina terá a função que tem os flutuadores na usina de ondas do mar, ou seja, acionar as bombas hidráulicas para injetar água na câmara hiperbárica e, assim, produzir eletricidade. De acordo com a direção da correnteza, válvulas reversíveis poderão se adaptar ao fluxo do sentido do rio.

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O potencial de energia eóli-ca offshore na área compreendi-da de 0 a 200 milhas marítimas a partir do litoral (região tam-bém chamada Zona Econômica Exclusiva ou ZEE) pode chegar a 1.780 GW. A estimativa é que isso signifique 12 vezes mais que o potencial na área continental do país. Essas são algumas das conclusões do estudo “Potencial de energia eólica offshore na margem do Brasil”, realizado pe-los pesquisadores Gustavo Ortiz e Milton Kampel, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).

O trabalho foi resultado da análise de dados obtidos entre

agosto de 1999 e dezembro de 2009 pelo satélite QuikSCAT, um equipamento norte-ameri-cano de monitoração terrestre que fornece informações de ve-locidade e direção do vento nos oceanos. Segundo os cientistas, o potencial de energia eólica offshore é “capaz de alavancar o desenvolvimento sustentável do Brasil em longo prazo”.

Um dado interessante da pes-quisa, para os cearenses, é que o potencial eólico obtido para toda a margem brasileira até 100 metros de profundidade, de 606 GW, foi cerca de três vezes

maior que o resultado pre-liminar apresentado por um

levantamento feito somente nas regiões Sudeste e Sul. “Esse resultado sugere que as regiões Norte e Nordeste tem uma maior produtividade energética”, diz o estudo. A média da magnitude do vento offshore no Brasil apre-sentou variação entre 7 e 12 m/s, com valores mínimos próximos à costa de São Paulo e máximos próximos à costa de Sergipe e Alagoas. O estado, ao lado do Rio Grande do Norte, compôs uma das três regiões em todo o País com alta magnitude de vento. As outras duas foram formadas por Sergipe e Alagoas, também no Nordeste, e Rio grande do Sul e Santa Catarina, na região Sul.

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Potencial de geração de energia eólica em diferentes regiões da margem brasileira

Distância da costa

Intervalo batimétrico (profundidade)

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Um futuro limpo e sustentável

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A estimativa do potencial de geração de energia foi realizada com a simulação de utilização de turbinas geradoras Areva Wind M5000, de fabricação alemã. Elas tem capacidade de geração de 5 MW, velocidade mínima de 4 m/s, máxima de 25 m/s, diâme-tro do rotor de 116 m e eficiência de conversão (capacidade real de geração, desconsiderando as per-das de energia com atrito, calor e outros fatores) de 39,55%.

Para quem ainda tem dúvida da viabilidade da energia eólica offshore no Brasil, o estudo apre-senta mais um dado animador. O potencial energético até dez

quilômetros da costa é alto, de aproximadamente 57 GW. Isso, segundo os pesquisadores, “re-presenta uma grande quantidade de energia que pode ser produzi-da próxima do litoral, reduzindo a complexidade das estruturas operacionais”. Na prática, o nú-mero significa grande capacida-de de produção de eletricidade em uma região que apresenta mais facilidade de operação e manutenção dos equipamentos e menos custo com linhas de transmissão.

Por fim, os cientistas desta-

cam que são necessários mais estudos para detalhar melhor o potencial dos parques eólicos offshore que podem ser constru-ídos no Brasil. Eles podem, por exemplo, avaliar a variabilidade de direção do vento e utilizar como base intervalos mais abran-gentes de tempo e espaço na co-leta de dados nas regiões com maior potencial energético. Mas os pesquisadores fazem questão de lembrar: “A nossa ZEE tem um potencial energético capaz de alavancar o desenvolvimento racional e sustentável do Brasil”.

O estudo revela que é notável o potencial energético até dez quilômetros da costa (57 GW), pois representa uma grande quantidade de energia que pode ser produzida próxima do litoral,

reduzindo a complexidade das estruturas operacionais. A longo prazo, vemos que a ZEE brasilei-ra, que apresentou um potencial energético de 1,78 TW, pode-rá ser utilizada para gerar uma quantidade de energia suficiente para acompanhar e motivar o de-senvolvimento do País.

Os pesquisadores concluem que a margem brasileira em geral apresenta um grande po-tencial para geração de energia eólica, que ainda não havia sido mensurado. A região Nordeste apresenta um maior potencial, com destaque para os estados de Sergipe, Alagoas, Rio Grande do Norte e Ceará. No Sul, a re-gião próxima aos estados de Rio Grande do Sul e Santa Catarina também deve ser destacada.

São necessários mais estudos para detalhar melhor o potencial dos parques eólicos offshore que podem ser construídos no Brasil

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Historicamente conhecido pela escassez de água doce, o Ceará, no entanto, nunca pode se queixar do pedaço de oceano Atlântico que banha seu litoral. Da sua costa generosa de quase 600 quilômetros vem a renda com o turismo, a pesca para ex-portação e os ventos conhecidos por esportistas de todo o mundo. Mas o mar cearense também tem muita energia para dar. E na tendência de busca por fontes limpas, dois projetos importantes estão em andamento para apro-veitá-la. Eles também revelam o pioneirismo do estado, que foi o primeiro a vender ventos em terra e, agora, quer explorar o mar.

O primeiro projeto pretende explorar a energia eólica offshore na região em frente à praia de Ica-raizinho, próxima aos municípios

de Amontada, Itarema e Acaraú, distantes cerca de 160 km de Fortaleza. Batizado com o suges-tivo nome de Projeto Asa Branca (a música “Asa branca”, de Luiz Gonzaga, é um dos hinos dos moradores do sertão nordestino, por relatar as dificuldades que eles enfrentam com a escassez de recursos naturais), ele pretende, segundo seus realizadores, ins-talar uma usina capaz de gerar até “20% da necessidade energética” do Brasil.

Marcello Storrer, CEO (Chief Executive Officer) da futura usina, informa que a meta é ini-ciar as operações em 2014, ge-rando até 480 MW de energia que será comercializada livremente no mercado local. A promessa do empreendimento, para o futuro, é transformar o Nordeste em

um exportador de eletricidade, integrando a geração das grandes hidrelétricas da região com o parque eólico offshore.

Os parceiros envolvidos no projeto, de acordo com Marcello, ainda não podem ser revelados. No site oficial (www.usinaasa-branca.com.br), há um convite para investidores aderirem à ini-ciativa. O custo estimando é de US$ 2,5 milhões por MW, o que dá, para todo o parque, US$ 1,2 bilhão. Ele explica que apesar do maior esforço de capital neces-sário da eólica offshore, se com-parada com a eólica em terra, o investimento vale a pena. “A energia sobre o mar é mais pro-dutiva e pode ser mais econô-mica”, garante.

Um dos principais motivos para isso é que, no mar, os ventos

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E N E R G I A N O M A R

Falta água, sobra energia

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Eólica Offshore

Alturada torre80-100metros

Peso da instalação280-400 toneladas

Torres pintadascom cores re�etivaspara evitar acidentes

Plataformade acesso

Cabosde aço

Flutuadorescom ar no interior

Ancoragem aoleito marinho

Comprimento das pás60-70 metros

Estrutura de suporte de monopilar

Estrutura de suporte de monopilar

Estrutura de suporte de vários

pilares

Estrutura de suporte de

vários pilares

Com as fundações completa-mente construídas e os cabos de transmissão de eletricidade no local, começa a montagem da torre eólica no mar. Os compo-nentes fabricados em terra (nacele montada, a torre, o cubo e as pás do rotor) são transferidas para o local. A torre, que pode ter duas ou mais partes, é erguida e assentada na estrutura das fundações. Segue-se a

colocação da nacele e do rotor.As turbinas eólicas offshore neces-sitam de diferentes tipos de estru-turas de fundações. As estruturas das fundações das turbinas eólicas offshore podem ser de monopilar, de tripodes, de base gravita-cional de concreto ou de suporte flutuante. A escolha depende da profundidade e da natureza do fundo do mar.

Quando as fundações estiverem preparadas para suportar a torre e outros componentes, devem ser instaladas embarcações especia-lizadas, e mesmo barcaças, para que o transporte dos componentes seja possível. É necessário equi-pamento mais especializado para finalizar a montagem. O equipa-mento inclui guindastes ou outro equipamento de elevação.

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não tem obstáculos, como acon-tece no litoral ou em outras re-giões de terra, e por isso são mais fortes e constantes. Segundo os responsáveis pelo Asa Branca, há ainda outra particularidade, especificamente na região cea-rense escolhida, o que torna a ideia ainda mais atraente: “19 dos 50 ventos mais velozes do mundo passam pela área do pro-jeto”, afirmam.

Um componente interessante do projeto é a promessa de que, além de instalar uma usina de geração de energia a partir de uma fonte limpa e renovável, ele também pretende ser um meio de ajudar a preservar a vida ma-rinha e as atividades econômicas

sustentáveis da população do litoral. As torres, por exemplo, poderiam ser usadas como bases de um sistema de vigilância contra atividades predatórias. Já a inserção de recifes artificiais, junto com as fundações dos equi-pamentos, serviria para estimular a procriação da fauna marinha e promover o desenvolvimento da piscicultura. Além disso, segundo os responsáveis pelo Asa Branca, as torres podem funcionar como obstáculo para um dos principais vilões da atividade pesqueira do Ceará: a pesca de arrastão, que tira o sustento dos proprietários de pequenos barcos e prejudica a

renovação das espécies.Marcello avalia que, no futuro,

o mar pode ser responsável pela maior parte da matriz energética do Brasil e do mundo. “Existe um potencial muito maior de energias renováveis no e sobre o mar que em terra, e com im-pactos ambientais e sociais muito menores”, assegura. O único pro-blema ainda existente é enfrentar os desafios de uma tecnologia re-cente, principalmente no Brasil. No caso do Projeto Asa Branca, a busca é por empresas estran-geiras que já instalaram, operam e mantém usinas eólicas marí-timas na Europa para fazer “joint ventures”. Além disso, a usina vai demandar infraestrutura em

terra, também inexistente na re-gião da praia de Icaraizinho.

A agitação do mar cearense, como se sabe, não se resume aos ventos fortes, que tanto tem atraído esportistas de todos os cantos do planeta. Da água também vem muita energia. Se até hoje ela só serviu para nos trazer notícias tristes, como as vidas ceifadas de turistas incautos que não conhecem bem sua força, talvez num futuro próximo ela também sirva para ajudar no desenvolvimento sustentável do estado. Pelo menos é o que acre-ditam os idealizadores do projeto de uma usina de ondas a ser ins-

talada no Complexo Portuário do Pecém, localizado a aproximada-mente 60 km de Fortaleza.

A reportagem procurou os principais responsáveis pela ini-ciativa, a Coordenação de Pós--Graduação da Universidade Fe-deral do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ) e a Tractebel Energia. Se-gundo a assessoria de imprensa do consórcio, não estão sendo for-necidas informações atualizadas porque o projeto está passando por uma revisão. No entanto, uma matéria publicada no informativo da Tractebel (www.tractebel.com.br/uploads/n30.pdf) dá alguns de-talhes sobre a futura usina e seu funcionamento.

A ideia de construir a usina

de ondas no Brasil, segundo a matéria da Tractebel, surgiu durante um congresso interna-cional sobre energias renováveis realizado em 2002 no País. Ainda de acordo com o texto, a insta-lação ficará nos molhes do Porto do Pecém, deve usar tecnologia 100% brasileira e tem dois mó-dulos de bombeamento e capa-cidade de geração de até 100 mil watts de eletricidade. O modelo foi desenvolvido em cima de câ-maras hiperbáricas que o Labora-tório de Tecnologia Submarina da Coppe utiliza a mais de 20 anos em serviços e experimentos para a indústria de petróleo offshore.

Um componente interessante do projeto é a promessa de que, além de instalar uma usina de geração de energia a partir de uma fonte limpa e renovável, ele também pretende ser um meio de ajudar a preservar a vida marinha e as atividades econômicas sustentáveis da população do litoral

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E N T R E V I S TA S T E FA N G SÄ NG E R

Novos mercadosestão surgindo

Com a projeção de novos 43,9 GW eólicos instalados ao longo de 2011 no mundo, Stefan Gsänger analisa o cenário internacional e explica como a China alcançou a liderança

especialista

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Osecretário geral da WWEA (World Wind Energy

Association - Associação Mundial da Energia Eólica), Stefan Gsänger, esteve em Fortaleza, durante o All About Energy 2011, em junho. Mostrou o cenário mundial da energia eólica em suas palestras. E falou das perspectivas para o Brasil, os caminhos que levaram a China à liderança do setor e até do Egito, um dos novos mercados, na seguinte entrevista, exclusiva para a REN Brasil

A entidade lançou em agosto um relatório sobre o desenvol-vimento da energia eólica no primeiro semestre deste ano. 18,4 gigawatts (GW) foram instalados neste período. São esperados novos 43,9 GW para todo o ano de 2011 no mundo. A China segue na liderança, com uma participação de 43%. Nos seis primeiros meses deste ano, o país adicionou 8 GW de eólica a sua matriz energética. Até junho deste ano, a capacidade instalada no planeta alcançou 215 GW, a partir da força dos ventos.

Durante o primeiro semestre, o estudo da WWEA aponta três países que instalaram suas primeiras usinas eólicas, elevando o número de 83 para 86 países com este tipo de geração de energia. São eles: Venezuela, Honduras e Etiópia. A República Dominicana instalou sua primeira grande usina eólica e passou a produzir de 0,2 MW a 60,2 MW.

Os mercados emergentes da Europa oriental mostraram força, de janeiro a junho. Romênia cresceu 10% ao adicionar 59 MW a sua matriz, Polônia ganhou 22% (245 MW a mais), Croácia, 28% (20 MW) e Estônia, com 32% (48 MW).

Equador, Malásia e Uganda mudaram suas leis e adotaram incentivos fiscais para o desenvol-vimento de energia renovável.

RENBrasil:: Como a WWEA atua no Brasil?Stefan Gsänger:: O Brasil é um membro da associação desde a fundação. Estamos em 95 países. Trabalhamos para promover, organizar e preparar a tecno-logia da energia eólica em todo o mundo.

R:: Como vê a atuação do Brasil em energia eólica?SG:: O Brasil é o número um na

América Latina, porém ainda é uma participação pequena em relação ao mundo. O mercado eólico brasileiro é menor do que se espera. Há um grande potencial de desenvolvimento do setor. Um grande impulso foi o Proinfa, mas o programa atingiu um período maior que o esperado para ser concluído. Mas há um progresso. Há muitos investidores interes-sados no mercado eólico brasi-leiro, mas queremos ver uma marca nacional surgir como fabri-cante e ocupar grande espaço no mercado internacional.

R:: O que faz da China um líder em energia eólica?SG:: Estive na China em 2004, quando houve uma conferência lá sobre energia eólica. Foi um evento importante. Trouxemos pessoas de toda parte do mundo. O governo chinês estava interessado e aberto, e quatro meses após o evento, uma lei de energia surgiu. Então, claramente, houve uma vontade política. O governo queria energia eólica. Houve, principalmente, apoio do governo. A vontade política foi o principal incentivo. E claro que há também questões culturais e econômicas. A China tem um grande parque industrial, mas isso não falta no Brasil.

R:: O que o Brasil precisa aprender com a China para

Venezuela, Hondu-ras e Etiópia instala-ram suas primeiras usi-nas eólicas, elevando o número de 83 para 86 países com este tipo de energia

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desenvolver o setor eólico?SG:: A China estudou o mercado de energia eólica, tentou diversas tecnologias. Aprimorou as licenças ambientais. Formou joint-ventures. Criou incentivos para as empresas tomarem o risco aqui. Investimentos na usina e nos fabricantes.

R:: Energia eólica não é mais uma opção. Certo?SG:: Não há dúvida de que todos devem investir. Há ventos por todas as partes. É uma tecnologia simples. É uma torre com um gerador. Vai ficar cada vez mais barata.

R:: A energia nuclear será abandonada, depois de Fukushima?SG:: Por todas as partes do mundo, está surgindo uma conscientização de que há riscos e os preços de energia nuclear estão subindo. A Itália, por exemplo, fez um referendo sobre energia nuclear há certo tempo. 94% dos italianos que votaram disseram não à energia nuclear. Esse sinal é bem forte. E, assim, os políticos sabem que as pessoas não querem energia nuclear. As pessoas sabem

que há riscos e grandes custos. Alguns países vão continuar, porque ainda há grande uso. Na França, representa 80% da matriz energética. A sociedade francesa está começando a se conscien-tizar sobre os riscos. Os políticos ao redor do mundo sabem que as pessoas não querem. Mas deve continuar por um tempo. É difícil o processo para se livrar desta opção. O reator da Finlândia, o único em construção na Europa,

garantiu certos preços, mas eles estão subindo. A Califórnia publicou um relatório sobre sua experiência e concluiu que o investimento em tecnologia

nuclear deve continuar encare-cendo. Ao redor do mundo, estão sabendo que é caro.

R:: Por que o encontro da WWEA de 2011 escolheu o Egito como sede? É um novo mercado?SG:: Temos este encontro anual e tentamos cobrir todas as regiões do mundo. E ainda não tínhamos feito o evento na África e no mundo árabe. Não sabemos como vai ser a evolução desse mercado, após a revolução de janeiro deste ano. Mas está relacionada com a oferta de energia também, porque eles têm um crescimento de população e, consequentemente, aumento de demanda e, por outro lado, não há recursos fósseis suficientes. Eles não podem continuar produzindo energia da mesma maneira como hoje. O país é um importador de petróleo. O governo tem subsidiado a energia elétrica e o petróleo. Neste momento, eles precisam de novas perspectivas. Os jovens têm alto nível de educação, mas estão sem empregos. Se tiver energia, será mais fácil para o governo. É um bom momento para irmos lá. O clima político está estável.

Está surgindo uma conscientização de que há riscos e os preços de energia nuclear estão subindo. A Itália, por exemplo, fez um referen-do. 94% dos italianos que votaram disseram não à energia nuclear

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memória

Um cidadãodo mundoO professor cearense Expedito Parente, falecido no início de setembro, dedicou a vida acadêmica à criação do biodiesel, combustível limpo que hoje já faz parte da matriz energética de vários países

Muito mais do que uma atividade isolada em la-

boratórios, a ciência é um meio de reduzir a desigualdade econô-mica e social. Pode-se dizer que essa é uma síntese do trabalho realizado pelo pesquisador cea-rense Expedito Parente, falecido no início de setembro devido a complicações em uma cirurgia. Criador do biodiesel, combustí-vel produzido a partir de vegetais oleaginosos e com potencial para substituir o diesel derivado do

petróleo, Expedito lembrou, em uma entrevista concedida no iní-cio do ano à Renergy Brasil, que o produto foi idealizado para ser um programa baseado em três missões: ambiental, para contri-buir com a diminuição dos gases do efeito estufa e da poluição, so-cial, para gerar emprego e renda no campo, e estratégica, para a preparação do mundo para uma fase pós-petróleo.

Expedito José de Sá Parente nasceu em Fortaleza. Era enge-

nheiro químico e, desde 1967, professor da Universidade Fede-ral do Ceará (UFC). A sua paten-te de produção de combustíveis a partir de frutos ou sementes oleaginosas, registrada na década de 1980, fruto de vários anos de pesquisa, foi a primeira no mun-do para o biocombustível. Vale lembrar que, a partir dos seus es-tudos, outra área foi beneficiada com a possibilidade de um com-bustível mais limpo: a aviação. Testes com bioquerosene já estão sendo feitos por algumas empre-sas, entre elas a Embraer.

Dos laboratórios da UFC, onde foi idealizado, o biodiesel ganhou o mundo. Hoje, segundo o site biodiesel.br, ele está sendo usado ou em fase de testes em países como Argentina, Estados Unidos, Malásia, Alemanha, França e Itália. Ainda de acor-do com o site, a União Européia produz anualmente mais de 1,35 milhão de toneladas do combus-tível, em cerca de 40 unidades de produção.

Cortês e acessível com jorna-listas, admirador de boa música, o professor Expedito Parente tam-bém se destacava pelo otimismo.

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Na entrevista concedida a Rener-gy Brasil, em janeiro de 2011, ele disse acreditar na convivência pa-cífica entre o petróleo e as fontes renováveis e limpas de energia. “Existe uma certeza na minha ca-beça, de que o petróleo vai migrar do setor energético para o setor químico, por razões econômicas e questões ambientais. O mundo não vai aceitá-lo por ser poluente. E com o petróleo migrando, tem que ser ocupada esta lacuna. Para isso, deve haver a participação de outras fontes de energia, como a eólica, a solar e os biocombus-tíveis. As energias alternativas também vão ser valorizadas. A biomassa é uma das fontes im-portantes, é limpa e agrega mão de obra no campo. Essa é uma questão necessária. No mundo, um bilhão de pessoas vive no

campo em estado de miséria. A biomassa é uma saída para a cria-ção de emprego no campo. Ela é uma realidade para o mundo energético, isso vai acontecer”, disse o cientista.

Uma das missões idealizadas para o biodiesel pelo pesquisador ainda não se tornou realidade. Ele projetava o uso da mamona como uma das fontes do combus-tível, o que traria emprego para milhares de trabalhadores rurais, principalmente do Nordeste. A alta toxicidade do vegetal, no en-tanto, ainda não o tornou viável economicamente. Outras olea-ginosas, também cultiváveis na agricultura familiar, ainda não conseguiram espaço no mercado nacional. Segundo a Agência Na-cional do Petróleo (ANP), mais de 80% da produção do biodiesel

vem da soja, em culturas realiza-das em grandes propriedades e com colheita mecanizada. Outra parte significativa, mais de 14%, vem de gorduras animais.

O fato não diminui, no entan-to, o aspecto revolucionário da criação do pesquisador cearense. Principalmente levando-se em conta o potencial de crescimento do uso do biodiesel. Atualmente, ele representa apenas 2% do to-tal de diesel consumido no Brasil. Em 2013, chegará a 5%. Expedito Parente não viveu para presen-ciar a concretização total do seu projeto. Mas deixou sólidas bases para que pessoas que tenham a sua sensibilidade e visão de futu-ro levem adiante a ideia de fazer da ciência um instrumento de transformação do Brasil em um País mais justo.

Depoimentos:“Expedito José de Sá Parente, pro-fessor e pesquisador cearense, criou o biodiesel, motivo de orgulho para todos nós, brasileiros. Sua descober-ta, patenteada no Brasil, teve amplo reconhecimento mundial e impor-tância decisiva para o futuro do País. A dedicação de Expedito ao biodiesel, produzido a partir de matéria prima desenvolvida por milhares de agricul-tores familiares, contribuiu para redu-zir a pobreza no campo. Além disso, o biodiesel não polui o meio ambiente, representando um enorme avanço em relação a outros combustíveis”. Presidenta Dilma Roussef

“O Ceará, com certeza, sempre lem-brará o nome de Expedito Parente como o do engenheiro, professor e cientista que esteve à frente da im-plementação de vários projetos edu-cacionais e de engenharia que em muito beneficiaram o Estado. E o Brasil, certamente, registrará na sua história o nome do professor Expe-dito Parente como o do cientista que contribuiu decisivamente para tor-nar o País potência mundial na área dos biocombustíveis”. Dep federal Ariosto Holanda (PSB-CE)

“Ele foi o fundador do curso de Engenharia Química da UFC e res-ponsável, até a década de 1990, pela formação de inúmeros profissionais. Era uma pessoa extremamente dinâ-mica. A sua marca foi a alegria e o re-lacionamento humano. Foi uma per-da lastimável, não só para o Ceará. No nosso departamento, recebemos mensagens de condolências de várias partes do mundo”. João José Hiluy Filho, professor do

Departamento de Engenharia Quími-

ca e ex-colega de trabalho de Expedito

Parente

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em açãoA RT I G O

Sabe-se que a natureza é gene-rosa com o Brasil. Possuímos

uma das matrizes energéticas mais limpas do mundo, baseada princi-palmente em energia hidrelétrica. Nossa geração térmica (e conse-quentes emissões) é bastante re-duzida e utilizada apenas quando a água não é suficiente. Esta antiga vocação, entretanto, começa a dar sinais de desgaste. É hora da entra-da de novas fontes.

A energia eólica vem exatamen-te para suprir esta necessidade. O Brasil possui bons ventos, de boa qualidade e ocorrem no momento certo: quando falta água. A comple-mentaridade hidreólica é mais uma prova da generosidade da natureza brasileira, que oferece um produto eficiente e barato, cuja abundância cresce exatamente nas horas críti-cas. Já aceitos por autoridades, téc-nicos, sociedade, os parques eólicos precisam agora vencer um novo desafio: a comercialização de sua energia.

O primeiro desafio a ser supera-do: os ventos nem sempre sopram no momento de maior consumo - e não existem ainda equipamentos capazes de armazenar a energia eó-lica por um longo período. Se o ge-rador eólico vendesse energia a um consumidor com o padrão típico do Nordeste, deveria comprar energia de “cobertura” ou liquidar seus “ex-cessos” a preço de curto prazo (tec-nicamente conhecido como o PLD, preço de liquidação das diferenças).

Este esquema traz ao produtor um enorme risco: o preço de li-quidação - extremamente volátil e muitas vezes imprevisível. Além do risco da sazonalidade, a produção eólica encerra riscos em longo pra-zo. Por exemplo, a variabilidade dos ventos ao longo do tempo, eviden-ciando anos “bons” (2000, 2007) e anos “ruins” (2004, 2009). A produção oscila entre bons e maus momentos, e impacta a comercia-lização de energia. A regulação es-tabelece severas penalidades para a “não entrega” da produção anual contratada, e o investidor deve es-tar preparado para assumir riscos.

A produção eólica é incerta, mas não desconhecida. Sua comercia-lização é uma decisão sob riscos, cujos cenários podem ser completa e precisamente modelados. Méto-dos modernos de gestão sob incer-tezas permitem o desenvolvimento de estratégias especialmente dese-nhadas caso a caso, de forma a tirar o máximo proveito dos recursos

disponíveis e trazer o risco para um patamar máximo admissível.

Dentre as várias alternativas, destacam-se os portfólios de pro-dutos que combinam fontes de energia com sazonalidade oposta, como a eólica e a hidrelétrica. De fato, o “mix” destas duas fontes é atrativo, já que a complementari-dade climatológica pode levar a um produto conjunto mais constante e “amoldável” às necessidades do consumidor. Embora o portfólio de produtos hidreólicos seja atrativo e produza bons resultados, há formas ainda mais interessantes de mitigar os riscos de comercialização, como o “pool” hidreólico.

A regulação brasileira estabelece um desenho do “pool” hidrelétrico das cotas de seus participantes com o objetivo da ajuda mútua, mitigan-do cenários severos locais com so-bras de produção do conjunto.

A complementaridade hidro-lógica sugere a evolução do atual “pool” hidrelétrico para a formação de um novo “pool”, o hidreólico. Afinal, o risco climatológico atinge ambas as fontes, e será justo permi-tir às eólicas o mesmo benefício de mitigação já disponível às hidrelé-tricas. O produto resultante é ainda mais estável, mitigando riscos cli-matológicos das duas fontes e per-mitindo que todos os participantes se beneficiem da união.Leontina Pinto é diretora executi-va da Engenho Pesquisa, Desenvol-vimento e Consultoria

Leontina Pinto

Comercialização da energia eólica: oportunidades, desafio e soluções

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novas tecnologias

O trem “verde”Na Europa, o trecho de uma ferrovia passou a operar com energia obtida de 16 mil paineis solares instalados sobre um túnel já existente na linha. O sistema gera eletricidade suficiente para movimentar os trens e manter toda a infra-estrutura das estações

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Acriatividade e a tecnologia têm trazido soluções muito

interessantes na busca por um fu-turo com melhor aproveitamento das fontes limpas de energia. Um dos bons exemplos desta com-binação é o projeto europeu do Túnel Solar. Ele é composto de 16 mil paineis solares capazes de gerar 3.300 MWh (o equivalente, segundo os projetistas, ao consu-mo médio anual de aproximada-mente mil residências) e foi co-locado sobre um túnel de pouco mais de 3 quilômetros na linha de trem de alta velocidade que liga as cidades de Antuérpia, na Bél-gica, a Amsterdã, na Holanda. O trecho faz parte da rota que liga Paris a Bruxelas e Amsterdã, via Antuérpia.

Pela grande quantidade de energia gerada, o sistema tem capacidade de alimentar com ele-tricidade não só a infra-estrutura da linha férrea (iluminação, sina-lização, aquecimento etc.) mas também os próprios trens. A esti-mativa é de que o uso da energia solar no sistema signifique 2.400 toneladas de CO2 a menos na at-mosfera a cada ano. Para se ter

ideia da dimensão do conjunto de paineis, a área, de 50 mil m², equivale a cerca de oito campos de futebol.

Uma das principais vantagens atribuídas ao aproveitamento da energia solar no trem europeu, segundo o consórcio responsável pela iniciativa, vai além do ganho ambiental. Como a eletricidade é gerada na própria linha férrea, ela permite melhor aproveitamento em relação ao sistema tradicional, em que a fonte de energia fica dis-tante do local onde ela vai ser usa-da e há perda de parte da energia ao longo do trajeto. Além disso, há menos custos com manutenção e operação, já que não é necessário construir e conservar um sistema de linhas de transmissão com qui-lômetros de fios e postes.

Resultado de um investimento de mais de 15 milhões de euros, o Túnel Solar é fruto de uma par-ceria entre o grupo Enfinity, um conglomerado de empresas que desenvolve projetos de energia solar e eólica em vários países da Europa, América e Ásia, a In-frabel, uma sociedade anônima responsável pela gestão da rede

ferroviária belga, e a Solar Power Systems, especializada em insta-lações de paineis solares. A expec-tativa dos investidores é que, além de fornecer a energia necessária para o sistema de transporte, os paineis também possam gerar um excedente a ser comercializado pelo consórcio administrador da linha. Isso ajudará a diminuir o prazo de retorno do dinheiro apli-cado no sistema.

Um detalhe importante é que o Túnel Solar foi construí-do em uma região plana, com características que permitiram um empreendimento desse tipo. Os responsáveis pelo projeto, no entanto, destacam que estão oti-mistas em relação a futuros in-vestimentos em energias limpas na Europa. Para eles, a iniciativa, pioneira no continente, deve es-timular outras experiências em condições diferentes. “A viagem de trem deve se tornar cada vez mais ‘verde’. As empresas ferrovi-árias continuarão com o objetivo de criar e usar energias renová-veis para permitir uma mobilida-de sustentável e que não agrida o meio ambiente”, afirmam.

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energia solar

Alto potencial,baixa geração

O potencial solar disponível no mundo é milhares de vezes maior que o consumo mundial de eletricidade. Entretanto, a energia solar ainda busca competitividade no mercado

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Ouso de energias alternati-vas vem crescendo signifi-

cativamente em todo o mundo, mas ainda é um processo lento e cheio de altos e baixos. No caso da energia solar, apesar do grande potencial, ainda é subutilizada e não oferece preços competitivos com as outras fontes de energia.

Nos Estados Unidos, as últi-mas notícias não tem sido muito animadoras. Três fabricantes de paineis fotovoltaicos pediram concordata, possivelmente leva-dos pela crise econômica global e a forte agressividade chinesa. A se-quência de más notícias da indús-tria solar americana foi iniciada em agosto, pela Evergreen Solar, com todos os 130 funcionários dis-pensados. Na ocasião, a empresa de Massachusetts atribuiu o fra-casso à concorrência chinesa e à ausência de políticas incentivado-ras de energias limpas nos Estados Unidos. Ainda em agosto, a Spec-traWatt, de Nova York, também anunciou o fim das atividades e, mais uma vez, chamou atenção para a pressão provocada pelas empresas emergentes chinesas, que recebem apoio financeiro do governo. No início de setembro, a californiana Solyndra também não resistiu e anunciou a demis-são dos 1.100 funcionários. A empresa tinha fechado 2010 com receita de US$ 140 milhões.

Mesmo com o anúncio das concordatas, analistas afirmam que o setor continua crescendo e que, mais do que nunca, o Brasil

deveria investir em energia solar. De acordo com dados da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), a fonte solar ainda tem participação nula na matriz elétri-ca do País. No mundo, em 2009, a capacidade instalada de energia fotovoltaica atingiu a casa de sete gigawatts (GW), cerca de 20% a mais do que em 2008. Estima-se que nos últimos 15 anos os preços associados à produção de energia fotovoltaica tenham caído 4% ao ano em todo o mundo.

Na Europa, a Alemanha des-ponta como um dos países que mais investem no seu potencial solar. Já instalaram o equivalente ao que produz a usina nuclear de Angra 2. São 1,2 GW de energia limpa. É o pioneiro no incentivo ao uso da energia solar, com um programa federal que subsidia a produção. Em seguida, vem a Espanha, com quatro das dez maiores centrais fotovoltaicas do mundo, incluindo a maior, em Puertollano.

Com uma localização geográ-fica próxima da linha do Equador, de forma que não se observam grandes variações na duração so-lar do dia, e com uma larga área que pode ser aproveitada para fins de exploração da radiação solar incidente, o Brasil tem ótimas condições, durante praticamente todo o ano, para investir em ener-gia solar. Em comparação com a realidade europeia, por exem-plo, o lugar que menos recebe radiação no País, Florianópolis,

equivale ao mais ensolarado da Alemanha. A diferença total de insolação entre os dois países chega a 40%, em média.

O Nordeste brasileiro, locali-zado aproximadamente entre as latitudes 1˚S e 18˚S, em uma área de 1.548.675 quilômetros quadra-dos, possui em média 2.500 horas/ano de insolação. Logo, a explora-ção da radiação solar incidente, como fonte renovável de energia, encontra excelentes condições durante todo o ano.

O fato inegável é que a ener-gia solar é a fonte primária para todas as outras fontes de energia. O potencial solar disponível no mundo é milhares de vezes maior que o consumo mundial de eletri-cidade. Contudo, a geração esbar-ra nos custos, que inviabilizam a competitividade no mercado.

Mas a expectativa é de mudan-ça neste cenário e de perspectivas positivas para o Brasil. De 2009 até hoje, os preços dos paineis solares no mundo caíram 40%, puxados pelo vertiginoso aumen-to na capacidade de produção da China. Com isso, o Brasil pode se beneficiar da baixa de preços e investir no setor, já que é um país solar e vem apresentando estabi-lidade em sua economia, atraindo empresas chinesas e europeias. Este é o momento, sugerem espe-cialistas, para que o Brasil formule políticas públicas para incorporar esta tecnologia de forma progres-siva e sustentável na matriz ener-gética nacional.

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fonte alternativa

Aprimeira usina solar co-mercial da América Latina

foi inaugurada no mesmo dia em que se anunciou a expansão de sua produção de energia. Instala-do em Tauá, município cearense a 337 quilômetros de Fortaleza, o empreendimento já se mostra como uma grande possibilidade de desenvolvimento para a região Nordeste. Aberta oficialmente em agosto deste ano, a MPX Tauá pertence ao grupo EBX do bilio-nário Eike Batista, ocupa área de

12 mil metros quadrados, onde estão instalados 4.680 painéis fotovoltaicos. A capacidade é de 1 megawatt (MW), mas o presi-dente da MPX, Eduardo Karrer, já anunciou a primeira expansão, que dobrará a produção.

A segunda fase da MPX Tauá terá um investimento de R$ 10 milhões e será realizada em par-ceria com a multinacional GE, que além de fornecer os paineis fotovoltaicos (que captam a ener-gia dos raios solares), oferecerá

todo o suporte de equipamentos e sistemas de tecnologia fotovol-taica. Com a expansão, de acordo com a MPX, mais 6,9 mil pai-neis serão instalados na usina. Ao todo, serão 11.580 módulos solares. Quando concluída a am-pliação, ao longo de 2012, a usi-na gerará energia suficiente para atender três mil residências.

O empreendimento já tem autorizada pela Agência Nacio-nal de Energia Elétrica (Aneel) a implantação de 5MW. De acordo

Sol à vendaMPX aposta no potencial do Nordeste em energia solar, inaugura primeira usina solar comercial e já anuncia expansão

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com Karrer, em paralelo às obras da segunda fase, já serão anuncia-das as próximas etapas de expan-são, todas de 1 MW.

A MPX ainda não divulgou nomes, mas afirma que já está em negociação para a venda da energia produzida em Tauá. “Pretendemos anunciar em bre-ve a comercialização. Será um carimbo verde para quem quiser atrelar seu consumo de energia a essa planta”, antecipa Karrer, in-formando ainda que entre os pos-síveis consumidores estão grupos brasileiros e multinacionais.

A empresa deverá investir em novas expansões em Tauá, até produzir 50 MW. O terreno onde está a usina possui área de 200 hectares, mas só está utilizando

inicialmente 1,5 hectare. “Temos uma plataforma de crescimento extraordinária, muitos megawat-ts para crescer nesta região, mas também consideraremos outras localidades do Brasil”, anuncia. Entretanto, o grupo de Eike Ba-tista parece bem entusiasmado com a viabilidade de negócios na região. “O Nordeste é uma região privilegiada do ponto de vista deste tipo de empreendimento. Acho que será, senão líder, um dos líderes no País nesse tipo de investimento”, vislumbra.

Embora tenha o apelo da sustentabilidade, a energia solar ainda não é comercialmente vi-ável. O preço do megawatt/hora gerado pelos paineis fotovoltai-cos custa entre R$ 660 e R$ 700,

enquanto na hidrelétrica custa cerca de R$ 150. Para Karrer, a possibilidade de queda no preço está diretamente relacionada ao aumento da escala de produção dos paineis mais do que propria-mente à redução do custo de ope-ração. “A MPX pretende, através do pioneirismo dela, ter ganho de escala e poder liderar essa curva de implantação de novos proje-tos”, afirma.

O Governo do Estado do Ce-ará anuncia, ainda para este ano, um leilão específico para compra de energia solar. A ideia é que esta energia seja utilizada em equipamentos públicos. O pre-sidente da Agência de Desenvol-vimento Econômico do Estado (Adece), Zuza de Oliveira, res-salta a importância de incenti-var o consumo de energia solar fotovoltaica nas empresas. “Pen-samos na criação de um selo, que mostraria a responsabilidade am-biental daquela empresa que está investindo em uma energia limpa e renovável”, antecipa.

Novas tecnologias - O grupo EBX também anunciou, para a termelétrica do Pecém, um labo-ratório de pesquisa com micro e macro algas para ajudar na captu-ra de CO2. A expectativa é que o grupo lidere as ações de captura nesse segmento.

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leilões

A matriz energética do Bra-sil, historicamente baseada

nas usinas hidrelétricas, conso-lida a sua diversificação. Uma das opções que mais tem ganho relevância é o aproveitamento da força dos ventos. O País terá, até 2014, quase dois mil megawatts (MW) de energia a mais vinda de usinas eólicas. Nos dois leilões de energia realizados pelo Governo Federal, em agosto, destinados ao atendimento do mercado con-sumidor brasileiro, os projetos de energia eólica ficaram com prati-camente a metade de toda a capa-cidade contratada nas duas ações, que também negociaram projetos de geração através de hidrelétri-cas, biomassa e gás natural.

No leilão A-3, que resultou na comercialização de 2.744,6 megawatts (MW) de nova capa-cidade ao sistema elétrico brasi-leiro, a eólica ficou com 1.067,7 MW - 44 dos 51 projetos con-tratados. E no leilão de reserva, feito para garantir um estoque de geração além do montante neces-sário para atender a demanda dos consumidores, de um total de 1.218,1 MW contratados, 867,1 foram de projetos eólicos (34 de um total de 41).

Atualmente, segundo a Agên-

cia Nacional de Energia Elétrica, as usinas eólicas representam apenas 0,99% da matriz elétrica brasileira em operação. De um total de quase 116 mil MW, apro-ximadamente 1,14 mil MW vem das turbinas movidas pelo vento. Considerando os projetos em construção, a capacidade ganha-ria cerca de mil MW. Há ainda quase quatro mil MW em empre-endimentos já autorizados mas que ainda não foram construídos.

Se fosse somado todo o poten-cial de geração de energia eólica,

acrescentando o total aprovado nos últimos dois leilões, essa alternativa de geração chegaria a cerca de oito mil MW. Em relação ao total produzido de eletricidade no País, ela ainda representaria pouco, cerca de 7%. Mas conside-rando o fato de ser uma tecnologia recente, não só no Brasil como no mundo, o uso da força dos ventos para a geração de força elétrica apresenta um futuro promissor . Nada mais justo para um País com grande extensão territorial e mais de sete mil km de costa.

Energia eólicaganha forçaNos últimos leilões realizados pelo Governo Federal, metade dos projetos aprovados foi para uso de turbinas eólicas na geração de eletricidade

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Segundo o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Mauricio Tolmasquim, os leilões de energia realizados em 2011 representaram uma redução significativa dos preços dos proje-tos eólicos. Considerando todas as opções de geração, as licitações obtiveram um preço médio de R$ 102,07 por MW/hora (MWh). A eólica ficou ainda abaixo disso: R$ 99,58 no leilão A-3 e R$ 99,54 no de reserva. “O fato de as eóli-cas terem sido contratadas a um preço médio final de dois dígitos, inferiores a R$ 100,00 o MWh, é a materialização de algo impensá-vel até pouco tempo atrás. Isso é fruto da competição promovida pelos leilões”, observou o presi-dente da EPE.

Há, no entanto, quem veja esses valores não como um motivo de comemoração, mas de cautela. De acordo com o estudo intitulado “Leilões 2011 do Brasil: baixos preços, altos riscos”, reali-zado pela Bloomberg New Energy Finance, (provedor independente de pesquisa e análise para os seto-res de energia renovável e mer-

cado de carbono), o futuro dese-nha um cenário desafiador para que o Brasil consiga colocar em operação os novos parques apro-vados na licitação.

O relatório conclui que o Brasil tem potencial para se tornar um dos mercados com maior cres-cimento em energia eólica, mas enfatiza que o corte dos custos e a melhoria da performance, nos projetos ganhadores dos leilões, são condições necessárias para que eles sejam viabilizados. Maria Gabriela da Rocha Oliveira, chefe de pesquisa para a América Latina da consultoria, explica que um dos motivos para o alerta é que a taxa de retorno (valor obtido depois de todos os gastos do investimento) de boa parte dos projetos aprova-dos nos leilões é menor que 10%. “Dos 44 projetos eólicos do leilão A-3, 24 apresentam retorno mais baixo que 10%”, afirma Gabriela, lembrando que isso também acontece com 8 dos 34 empreen-dimentos do leilão de reserva.

Outra questão a ser conside-rada, na sua avaliação, é o preço das turbinas no Brasil. Ela res-

salta que, dos projetos do leilão, 43% não apresentam contratos de negociação dos equipamentos. O preço médio do mercado mun-dial, de acordo com a consultora, está atualmente em 1,34 milhão de dólares por MW. Mas para os projetos se tornarem viáveis em território brasileiro, seria neces-sário um valor de US$ 1,2 milhão por MW. E pelas referências dos leilões do ano passado, vai ser difí-cil obter esse patamar. Os proje-tos trabalharam com turbinas ao custo de US$ 1,4 milhão por MW.

A estimativa da Bloomberg é de que as baixas taxas de retorno para boa parte dos projetos aumentam a possibilidade do potencial aprovado não ser finan-ciado ou construído dentro dos prazos estabelecidos nos leilões. Ainda segundo a análise, para atingir bons retornos, cerca de metade das novas plantas têm de operar de modo muito eficiente ou muito mais barato que o que tem sido visto até hoje ao redor do mundo. A solução, ainda segundo a consultoria, é que os custos com turbinas baixem 15% no Brasil.

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Fonte Projetos contratados Potência instalada (MW)

Eólica 78 1.928,8

Biomassa 11 554,8

Hídrica 1 450

Gás natural 2 1.029,1

TOTAL 92 3.962,7

Leilões de Energia A-3 e de Reserva / 2011

Fonte: EPE

Brasil precisa garantir retorno para os investimentos, diz consultoria

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fique por dentro

Fornos solares são estruturas montadas para concentrar

os raios e cozinhar alimentos por meio de conversão térmica da radiação solar. O equipamento é barato, fácil de usar e seguro. Não causa incêndios nem quei-maduras, embora possa chegar a altas temperaturas. Dependendo da quantidade de radiação solar que entra no forno e do nível de proteção térmica que ele dispõe, é capaz de assar um bolo em uma hora e meia.

Com exceção de frituras, é possível preparar tudo no forno solar. Em geral, o cozimento mais

eficiente se faz em panelas mé-dias ou pequenas, de preferência rasas, sempre pretas ou de cores escuras e com tampa. A estrutura possibilita que sejam preparados juntos vários tipos de alimentos, mesmo que tenham tempos de cozimento diferentes. A comida é cozida lentamente, preservan-do mais os nutrientes e, como não tem o risco de queimar, não precisa ser mexida ou vigiada du-rante o cozimento. Além de oti-mizar o tempo da dona de casa, ainda facilita na hora de lavar as panelas, já que a comida não queima, não seca, não gruda.

Outra vantagem dos fornos solares é a sustentabilidade. A queima da lenha e do carvão tem pelo menos dois grandes pro-blemas ambientais associados: a derrubada das árvores e a libera-ção de gases de carbono, que po-luem o ar e intensificam o efeito estufa. O modelo reduz ainda as doenças nos olhos e nos pulmões causadas pela fumaça resultante da queima de lenha na cozinha.

O uso de energias renováveis e não poluentes pode ajudar a preservar a natureza e reduzir,

ao mesmo tempo, o orçamento doméstico. O modelo mais sim-ples, tipo painel, é feito com um pedaço de papelão, revestido com algum papel laminado. Depois de montado o equipamento, basta contar com a luz do sol, que é a mais abundante e mais fácil de ser empregada nas tecnologias simples e de baixo custo.

Como o forno solar é total-mente dependente da condição climática, não é recomendável para lugares frios ou com abun-dância anual de chuvas. Porque, se o tempo estiver nublado, a re-feição pode ficar comprometida. Mas em regiões de sol abundan-te, o sistema de fornos solares é capaz de salvar vidas em comuni-dades pobres e isoladas.

Nos anos 90, a associação in-ternacional Solar Cookers distri-buiu fornos solares para 28 mil famílias no Quênia. Tempos de-pois, constatou que cerca de 20% delas ainda usavam os painéis como equipamento principal da cozinha, o que indica quase seis mil famílias, que estariam quei-mando lenha, adotando métodos de cozinha sustentável.

Como funcionam osfornos solaresImagine fazer o almoço da família sem usar gás, nem lenha, nem energia elétrica. E como é possível? Com o calor que vem diretamente do sol

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Terraplenagem, pavimentação e drenagem de obras como: rodovias, parques eólicos, áreas industriais, condomínios horizontais, loteamentos, acessos e

bases para exploração de petróleo em terra, barragens, etc.

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Conheça os principais modelos de fornos solares:raios de sol

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VEM PRA CAIXA: O forno tipo caixa tem a vantagem de ser mais abrigado e ter um volume interno avantajado. Ele consiste de uma caixa de madeira, com o interior revestido com um material refletor e uma tampa de vidro (que produz o efeito estufa dentro da caixa). Modelos mais sofisticados tem abas refletoras do lado de fora, direcionando os raios para o interior.

CHAPA QUENTE: O formato de parabólica faz com que este tipo de forno atinja as temperaturas mais altas entre os fornos solares - há quem garanta que eles cozinham tão rápido quanto um forno convencional. Isso acontece porque, graças ao seu formato, os raios do sol convergem para o mesmo ponto, onde deve ser colocada a panela, a assadeira ou o bule.

SIMPLES E EFICIENTE: O painel é o modelo mais simples e, apesar de parecer frágil, dá para cozinhar qualquer coisa nele. Para facilitar o cozimento, recomenda-se que seja usada uma panela de cerâmica escura, envolta em um plás-tico para impedir que o calor fuja.

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A L L A B OU T E N E RGY

Evento movimentasetor energéticoA maior feira de energias renováveis da América Latina levou quase quatro mil pessoas ao Centro de Convenções de Fortaleza

cobertura

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Asexta edição do All About Ener-gy reuniu em Fortaleza, de 5 a

8 de julho, as maiores empresas do mundo no setor de energias reno-váveis, representantes de governos, instituições públicas e privadas, além de estudantes e professores universi-tários. Ao todo, foram quase quatro mil pessoas circulando pelo evento

O All About Energy 2011 teve início com cursos de capacitação técnica para várias especialidades em energias renováveis e visita técnica ao túnel de vento da Universidade Esta-dual do Ceará (Uece). Outro destaque foi o Circuito P&D (Pesquisa e Desen-volvimento), que reuniu 117 represen-tantes de empresas e instituições de pesquisa, com o intuito de impulsio-nar estudos sobre energias renováveis.

Além da feira expositora, que reuniu 91 empresas nacionais e internacionais, e da programação de palestras técnico científicas, o evento contou com a Rodada de Negócios, exclusiva para 64 congressistas, que reafirmou o potencial econômico do setor. Para o presidente do evento, Armando Abreu, é um marco para as energias renováveis. “Para quem está no Brasil há quinze anos, este evento é motivo de muita alegria. Costuma--se dizer que o Brasil é a bola da vez em economia e a ideia do All About Energy é permitir que os participantes possam conhecer mais o setor e que

possam fazer negócios”, anunciou.Durante a maior feira de energias

renováveis da América Latina foram discutidos temas referentes a todas as fontes renováveis de energia, como a Solar, Eólica, Biomassa, Biocombustí-vel e Hidrelétricas. De acordo com o deputado federal Antonio Balhmann, o crescimento do setor está direta-mente ligado ao desenvolvimento do Nordeste: “Há no macroambien-te mundial a vocação para fontes de energias renováveis e o Nordeste é naturalmente fornecedor”, afirmou.

O Governo do Estado do Ceará, correalizador do All About Energy, tem sido um incentivador das ener-gias renováveis, subsidiando empre-sas que desenvolvem projetos nesta área. O governador do Ceará em exer-cício, Domingos Filho, ressaltou que o estado deixa, aos poucos, a condição de importador de energia. “O Ceará,

que é conhecido como terra da Luz, no futuro será o estado da energia. E uma energia renovável”, comemorou.

Alexandre Navarro, secretário do Ministério da Integração Nacional, esteve na abertura da feira e reafir-mou a importância de investimento no setor. “País nenhum deixa de ser desigual sem desenvolvimento ecoló-gico. Petróleo e gás terão que ser uma vertente do desenvolvimento susten-tável”, afirmou.

De acordo com o embaixador da Coreia do Sul no Brasil, Choi Kyong--Lim, o investimento em fontes reno-váveis já apresenta bons resultados. “A Coreia é um país que não produz uma gota de petróleo. Para fazer contraponto a essa escassez, o governo tem investido em energias de fontes renováveis. Já temos empresas que possuem competitividade mundial”, afirmou.

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C I T E N E L

Fortaleza recebeu o VI Congresso de Inovação Tecnológica em Energia

Elétrica (Citenel) e o II Seminário de Eficiência Energética no Setor Elétrico (Seenel) de 17 a 19 de agosto, na Fábrica de Negócios. Os eventos contaram com a participação de 720 inscritos e 85 empresas cadastradas. Num total foram apresentados 300 artigos técnicos de pesquisa e desenvol-vimento (P&D) e 41 informes técnicos sobre eficiência energética.

O superintendente de Pesquisa e Desenvolvimento e Eficiência

Energética da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Máximo Luiz Pompermayer, afirmou que “os eventos são uma ótima oportunidade para prestar contas à sociedade de como estão sendo utilizados os importantes recursos destinados à P&D e eficiência energética”.

O objetivo do Citenel é atrair o interesse da indústria e aumentar sua participação nos projetos, para que os resultados cheguem mais rapidamente ao mercado. “Queremos dar visibi-lidade aos programas de P&D para

a sociedade e, além disso, manter os fornecedores de tecnologia em contato com o setor elétrico”, afirma Máximo Luiz Pompermayer.

Durante o Seenel foram destacadas ações de eficiência energética desenvolvidas pelas distribuidoras e que são importantes no combate ao desperdício de energia elétrica. “As políticas públicas de caráter educativo são muito importantes para criarmos a cultura de combate à perda de energia. E ao apresentarmos os projetos de eficiência energética também estaremos prestando contas aos consumidores acerca do trabalho que desenvolvemos”, ressalta o superintendente.

Os eventos coordenados pela Aneel, neste ano, foram organizados pela Companhia Energética do Ceará (Coelce). Especialistas e pesquisadores do setor se reuniram para discutir iniciativas de pesquisa e desenvol-vimento (P&D) e de eficiência energética (EE), além de participar de painéis com apresentação de resultados de projetos desenvolvidos pelas empresas do setor elétrico, palestras técnicas e rodadas de negócio.

No primeiro dia dos eventos foram lançados a quarta edição da Revista de P&D editada pela Aneel e o livro “Desafios

Inovação, eficiência energética e P&DOs temas foram abordados nos eventos da Aneel, organizados pela Coelce em Fortaleza, em agosto. O objetivo do Citenel é atrair o interesse da indústria e aumentar sua participação nos projetos, para que os resultados cheguem mais rapidamente ao mercado

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da Inovação em Serviços Públicos Regulados: Alterando paradigmas metodológicos na concepção das tarifas de energia elétrica”, escrito por Marco A.P. Delgado. A publicação é o primeiro livro resultante de um projeto de P&D regulado pela Aneel.

A revista de Pesquisa e Desenvol-vimento (P&D), editada pela Aneel desde 2006, alcançou sua quarta edição. O diretor geral da Aneel, Nelson Hübner, ressaltou a importância da publicação. De acordo com ele, “a revista apresenta exemplos significativos de recursos aplicados pelas empresas de forma eficiente em projetos de P&D”. Na publicação, foram selecionados 30 artigos de empresas do setor que

apresentam soluções para combate ao furto de energia, aprimoram a manutenção de linhas aéreas de transmissão, otimizam a conservação de transformadores de tensão, aperfeiçoam a medição do consumo, monitoram a operação de reservatórios de usinas para redução de riscos, dentre outras contri-buições. No primeiro dia dos eventos, foi realizada também a palestra “Criati-vidade, Inovação e Sustentabilidade”, apresentada por Waldez Luiz Ludwig.

O segundo dia dos eventos contou com diversos debates sobre os projetos de Pesquisa & Desenvolvimento e de Eficiência Energética regulados pela Aneel. Um dos pontos foi a definição de temas estratégicos para P&D. Os

painéis de discussão do segundo dia também abordaram os impactos da Lei nº. 12.210/2010 nos projetos de eficiência energética, bem como as parcerias com a indústria no desenvol-vimento de projetos de P&D e a eficácia e sustentabilidade das ações de eficiência energética.

A edição anterior do Citenel e do Seenel foi realizada em junho de 2009 em Belém (PA) e contou com aproxi-madamente 500 participantes, entre autoridades, pesquisadores, especia-listas, representantes de empresas, estudantes, dentre outros. A edição de 2011 contou com 220 participantes a mais do que a realizada na capital paraense.

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B R A Z I L W I N D P OW E R 2 0 1 1

Asegunda edição do Brazil Win-dpower, promovida pela Asso-

ciação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica) e Global Wind Energy Council (GWEC) em setembro, levou ao Centro de Convenções Sula-mérica, no Rio de Janeiro, empreen-dedores, consultores, empresários, executivos, fabricantes, prestadores de serviços e todos os profissionais envolvidos na área de energias reno-váveis com empreendimentos no Brasil. O objetivo do encontro era avaliar o desenvolvimento do setor eólico na América Latina.

Otema deste ano foi “Construindo um mercado de 20 GW”, e durante três dias foram realizadas conferên-cias sobre tecnologias, sustentabili-dade, estrutura, sistemas, desenvol-vimento regional, perspectivas de negócios para o futuro, entre outros assuntos ligados ao setor, além de fei-ra com 130 expositores.

O vice presidente da Abeeólica, Lauro Fiúza Junior, comemorou o sucesso do evento, que praticamente dobrou de tamanho em apenas duas edições. “O Brazil Windpower já está competitivo com os grandes eventos mundiais relacionados ao setor e esse crescimento mostra que estamos no caminho certo e que estamos cola-borando para o desenvolvimento do País”, comemorou.

O Brasil é o 21º no ranking de capacidade instalada, mas de acor-

do com o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Mauricio Tolmasquim, já se configura como potencial gerador de energias renová-veis. “Não tenho dúvida nenhuma de que o mundo todo olha para o que o Brasil está fazendo”, afirmou.

Também foi de otimismo a fala do secretário de Planejamento e Desen-volvimento Energético do Ministério de Minas e Energia, Altino Ventura Filho. “O Brasil dos próximos anos deixará de ser um importador de energia - como fomos em toda nossa história, e nos tornaremos um País

exportador”, vislumbrou.Para o presidente da Abeéolica,

Ricardo Simões, o momento é opor-tuno para o setor. “Estamos em uma fase de consolidação da indústria eólica. É necessário que o setor con-tinue a investir no mercado de eóli-cas”, afirmou. Simões prevê ainda um grande volume de investimentos nos próximos anos. Atualmente, o País conta com 59 parques eólicos em produção, 28 usinas em construção e outros 131 empreendimentos outor-gados pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica).

Cadeia produtivareunidaEvento leva principais nomes e empresas do setor de energia eólica ao Rio de Janeiro

cobertura

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Depoimentos:“Eu acho que o mundo inteiro busca uma matriz de energia renovável, uma matriz limpa. E o Brasil tem uma das melhores matrizes do mundo. As energias renová-veis são uma nova oportunidade de negó-cio, de geração de renda, de chegada de indústria e atração de investimentos”. Jaques Wagner - governador da Bahia

“O evento mostrou ser um dos princi-pais na área, com bastante movimento de clientes e fornecedores. Fizemos muitos contatos, agora vamos procurar concreti-zar os negócios”. Ricardo Baú - área de subestações da ABB

“O Brazil Windpower está sendo muito interessante. Estão sendo discutidos pon-tos muito importantes com relação à po-lítica de mercado e aqui você encontra os principais players do mundo realmente preocupados com a situação brasileira. Já começam a ver que o mercado brasileiro veio com profissionalismo e preços que merecem a atenção de todos”. Pedro Rosas - professor da Universidade

Federal do Pernambuco

“Achei o evento bem organizado, palestras muito boas, com muito conteúdo. Adorei”.Denise Couto - engenheira da Light

“O Brazil Wind Power refletiu o desem-penho do mercado de eólica nos últimos anos: muito movimentado. Fomos bas-tante procurados por clientes e fornece-dores e estamos muito satisfeitos com o resultado da feira. Estaremos aqui no próximo ano”.Paulo Ferreira - gerente comercial da

Impsa

“Feira muito bem organizada, dias bas-tante apropriados, nível dos participantes muito bom. Fiz excelentes contatos. Aqui é um ótimo ambiente para negócios”.Roberto Arias Junior - Empresa KEB

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M & T P E Ç A S E S E RV I Ç O S E C O N S T RUC T I O N E X P O 2 0 1 1

Oevento contou com 360 exposi-tores, sendo 126 de companhias

internacionais, representando 14 países: Canadá, Chile, China, Coreia do Sul, Costa Rica, Cuba, Espanha, Estados Unidos, Inglaterra, Itália, Peru, Singapura, Suíça e Taiwan. De acordo com o presidente da Sobra-tema, Afonso Mamede, o resultado foi satisfatório. “Tivemos uma grande presença de pequenos empresários, empreiteiros e profissionais da área,

que são realmente as pessoas que estão participando da construção do Brasil”, afirmou.

O presidente da entidade promo-tora das duas feiras também ressaltou o sucesso da realização paralela do Sobratema Congresso, com 17 confe-rências e reunindo 1.208 participan-tes, suscitando informações, debates e esclarecimentos sobre as grandes obras que estão sendo realizadas por todo o País, além de conhecimen-

tos sobre a aplicação de tecnologias inovadoras e sustentáveis no campo da Engenharia Civil e Mecânica, nas áreas da construção e equipamentos.

Estimulada pelo grande sucesso dos eventos, a Sobratema já definiu o seu calendário de feiras para os próxi-mos anos. Em 2012, está programada a M&T Expo. Em 2013, será realizada a segunda edição da Construction Expo e, em 2014, a segunda edição da M&T Peças e Serviços.

Infraestrutura e equipamentos deconstruçãoA M&T Peças e Serviços e a Construction Expo 2011, promovidas pela primeira vez no Brasil, em São Paulo, de 10 a 13 de agosto, no Centro de Exposições Imigrantes, foram um sucesso de público. Durante os três dias, 25.944 pessoas passaram pelas feiras de negócios das áreas de infraestrutura e equipamentos de construção

cobertura

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WORKSHOPS

AOs Autoprodutores e a Garantia de Suprimento de Energia Elétrica com Preços Competitivos: de Santo Antônio a Belo Monte

BTUTORIAL Fontes alternativas incentivadas sob o ponto de vista do consumidor

Gestão de Riscos no Mercado Livre a curto e longo prazo: migração, contratação, perspectivas futuras

C

ESTUDOS DE CASO INÉDITOSDE GRANDES CONSUMIDORES

MESA REDONDA COM CONSUMIDORES LIVRES

TUTORIAL DO MERCADO LIVRE PARA NOVOS ENTRANTES

ABORDAGEM DO PROJETO BRIX: UMA NOVA ALTERNATIVA PARA O

MERCADO LIVRE

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que as levaram a migrar de ambiente de contratação■ Acompanhe as melhores práticas de gestão de energia e conheça os riscos e

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Até o final de outubro, os senadores deverão votar o Novo Código Florestal, documento proposto pelo deputado Aldo Rebelo (PC do B - SP) que tem dividido opiniões e fomentado grandes discussões entre ruralistas, acadêmicos e ambientalistas. Por que ele causa tanta polêmica?

{ por Juliana Bomfim

Novo Código Florestal

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OCódigo Florestal em vigência foi criado em 1965 e determina re-

gras para a preservação ambiental em propriedades rurais, estabelece limi-tes para preservar a vegetação nativa e define o quanto deve ser preservado pelos produtores. O texto prevê ainda o tipo de compensação que deve ser feito por setores que usem matérias primas, bem como as penas para res-ponsáveis por crimes ambientais. O texto apresenta dois mecanismos de proteção ao meio ambiente: as Áreas de Preservação Permanente (APPs), locais como margens de rios, topos de morros e encostas, que são conside-rados frágeis e devem ter a vegetação original protegida. Há ainda a Reserva Legal, área de mata nativa que não pode ser desmatada dentro das pro-priedades rurais.

A nova redação traz novidades no que diz respeito à área de terra em que será permitido o desmatamento, a po-lítica de reflorestamento dessa área e as multas para punir quem já desmatou. O Novo Código Florestal define ainda a região da Amazônia Legal como a que compreende os estados do Acre, Pará, Roraima, Rondônia, Amapá e Mato Grosso e regiões ao norte do pa-ralelo 13° S, dos estados de Tocantins e Goiás, e ao oeste do meridiano (linha imaginária ligando os polos) de 44° W, do estado do Maranhão, abrangendo toda a chamada “Amazônia Brasileira”.

Há 12 anos, o Congresso tenta dis-cutir um novo texto. A necessidade de alteração da lei é consenso entre am-bientalistas, ruralistas e comunidade científica. Entretanto, os grupos di-vergem (e muito!) em alguns trechos do projeto. Para os ambientalistas, as mudanças propostas vão favorecer os desmatamentos, já os ruralistas ale-gam que a legislação vigente é muito rigorosa e prejudica a produção.

Um dos pontos de discórdia está nas

considerações sobre as Áreas de Pre-servação Permanente (APPs), que são terrenos de propriedade particular, em áreas rurais ou urbanas, considerados vulneráveis. São classificadas como APPs margens de rios e reservatórios, topos de morros, áreas em declive ou matas localizadas em leitos de rios e nascentes. Diante do risco de desastres naturais, como deslizamento, erosão ou enchente, essas áreas devem ser permanentemente protegidas.

O projeto não considera como APPs as várzeas fora dos limites em torno dos rios, as veredas e os mangue-zais. Contudo, se a função ecológica do manguezal estiver comprometida, o corte de sua vegetação nativa somente poderá ser autorizado para obras ha-bitacionais e de urbanização nas áreas urbanas consolidadas ocupadas por população de baixa renda.

As faixas de proteção em rios per-manecem as mesmas, variando de 30

A necessidade de alteração da lei é consenso entre ambientalistas, ruralistas e comunidade científica.

C Ó D I G O F L O R E S TA L

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a 500 metros em torno dos rios. Entre-tanto, serão medidas a partir do leito regular e não mais do leito maior. Nos rios de até dez metros de largura será permitida a recomposição de metade da faixa, equivalente a 15 metros, caso já tenha sido desmatada.

O novo Código Florestal permite também o uso das APPs já ocupadas com atividades agrossilvipastoris, eco-turismo e turismo rural, desmatadas até 22 de julho de 2008.

A polêmica das APPs consiste, exatamente, na extensão da área a ser preservada, bem como o uso desses es-paços, sobretudo, os terrenos localiza-dos às margens dos rios, devidamente ocupados.

Outro ponto divergente é sobre o que pode ser cultivado em APPs. Nas áreas de topo de morros, montes e ser-ras com altura mínima de 100 metros e inclinação superior a 25°, podem ser cultivados plantios de uva, maçã, café ou de atividades silviculturais. A regra vale também para os locais com altitude superior a 1,8 mil metros. No entanto, o texto não deixa claro o que não pode ser mantido. Também não há consenso sobre a anistia de multas anteriores a julho de 2008.

Dados divulgados do Instituto Bra-sileiro do Meio Ambiente e dos Re-cursos Naturais Renováveis (Ibama) indicam a existência de mais de 12 mil multas até 22 de julho de 2008.

A maior parte delas ocorreu por causa do desmatamento ilegal de APPs e de reserva legal em grandes propriedades da Amazônia Legal.

A emenda também dá aos esta-dos, por meio do Programa de Regu-larização Ambiental (PRA), o poder de estabelecer outras atividades que possam justificar a regularização de áreas desmatadas. Para ser anistiado das multas, o proprietário rural deverá aderir ao Programa de Regularização Ambiental (PRA), a ser instituído pela União e pelos estados. Ou seja, todas as multas aplicadas por desmatamen-to até 2008 serão suspensas, caso o produtor faça adesão ao PRA.

Quando aderir ao PRA, o proprie-tário deverá assinar um termo de ade-são e compromisso, no qual deverão estar especificados os procedimentos de recuperação exigidos pelo novo código. Os interessados terão um ano para aderir, a contar a partir da criação do Cadastro Ambiental Rural (CAR), o que deverá ocorrer em até 90 dias da publicação da lei.

Dentro de um ano, se o proprietá-rio estiver cumprindo o termo de com-promisso, não poderá ser autuado e as multas referentes a desmatamentos serão suspensas, desde que aplicadas antes de 22 de julho de 2008. Depois da regularização, a punibilidade dos crimes será extinta. Ou seja, se o pro-dutor cumprir o programa, é anistiado.

Caso o termo de compromisso seja descumprido, o mesmo funcionará como um título executivo extrajudicial para exigir as multas suspensas, que deverão ser pagas pelos proprietários.

O argumento da bancada ruralista é de que o objetivo do Novo Código não é fazendário e que o objetivo não é arrecadar dinheiro. Garantem que, se o agricultor está corrigindo o erro, não há sentido para a multa. Para a senadora Kátia Abreu (DEM-GO), o

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documento não anistia os produtores rurais que desmataram áreas de pre-servação. “Anistia é algo que não tem condicionantes, perdoar uma multa sem ter que fazer nada, não é assim. As multas serão apenas suspensas e, caso o agricultor corrija os erros cometidos, as multas se transformarão em servi-ços ambientais”, argumenta.

Para os pequenos proprietários e os agricultores familiares, a expectativa é de que o Governo crie um programa de apoio financeiro para garantir a ma-nutenção e a recomposição de APP e de reserva legal.

Outro desacordo é o Artigo 16º, que trata da existência de “Reserva Legal”. No novo Código, cada proprie-dade rural deve destinar uma faixa de terra para que seja mantida a vegeta-ção original, a fim de garantir a biodi-versidade e proteção da fauna e flora.

A extensão da Reserva Legal varia de acordo com a região do País. Na Amazônia, deve ser mantida 80% da propriedade; no Cerrado e estados da Amazônia Legal,

o percentual é de 35%, e no restan-te do território nacional, o proprietário deve preservar 20% do terreno. A críti-ca dos ambientalistas é a isenção da re-serva legal para pequenos produtores.

De acordo com o texto aprovado pe-los deputados federais, vale a situação em que se encontrava a área em 2008. Ou seja, não será necessário fazer in-terferências para ampliar a reserva legal até os 20% da propriedade defi-nidos na lei. De acordo com os deputa-dos da bancada ruralista, a lei impede o desenvolvimento do País, uma vez que foi criada quando as atividades de agri-cultura e pecuária não tinham tanta produtividade. Os argumentos para a alteração são de que é preciso destinar mais terra para aumentar a produção. Sem as mudanças no documento, não será possível suprir a demanda cres-cente por alimentos e ainda permitirá que o Brasil fique em desvantagem no cenário agropecuário mundial.

Os ambientalistas, por sua vez, sugerem aprimoramento de técnicas, uso de tecnologias, eficiência nas la-

vouras e otimização dos pastos para até dobrar a produção na agricultura e pecuária. As mudanças no Código, afirmam, podem aumentar o desma-tamento, comprometer a biodiversi-dade e até ciclos naturais, como chu-vas, ventos, a polinização e controle natural de pragas. Outras consequên-cias seriam mudanças climáticas e flu-tuações do nível do mar; zoneamento ambiental da planície costeira; impac-tos socioambientais na zona costeira (grandes empreendimentos, carcini-cultura, vias de acesso, loteamentos); demarcação e delimitação de terras indígenas; danos ambientais aos siste-mas manguezal, dunas, lagoas, falésias e praia; unidades de conservação; áre-as de risco; educação para sustentabili-dade. Tal desequilíbrio poderá refletir na produção agropecuária.

A ex ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, afirma que a Novo Có-digo agride a Constituição, traz inse-gurança jurídica e incentiva novos desmatamentos. “Já se esboça opera-ção política para que, rapidamente, esses retrocessos sejam legitimados. Repete-se o distanciamento entre a posição do Congresso e a vontade da sociedade, acrescido da tentativa de criar a falsa sensação de que o projeto é equilibrado e bom para as florestas. Isso não é verdade. Nenhuma das su-gestões dos ex ministros do Meio Am-biente foram consideradas. Tampouco as dos cientistas”, lamenta.

A aprovação na Câmara dos Depu-tados, em maio deste ano, foi de 273 votos a 182. Se aprovado no Senado, deverá ser sancionado pela presidente Dilma Rousseff. Caso haja mudança em relação ao texto aprovado na Câ-mara, os deputados voltam a analisar o texto do Novo Código Florestal. De-pois, o Código vai à sanção da presi-dente, que tem a prerrogativa de vetar o texto parcial ou integralmente.

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3r’s reduzir, reutilizar, reciclar

MadeiraMais de 14,2 milhões de metros cúbicos de madeira em tora (cerca de 3,5 milhões de árvores) foram consumidos por 846 empresas na Amazônia Legal, resultando na produção de 5,8 milhões de metros cúbicos de madeira processada. A maioria (72%) era madeira serrada com baixo valor agregado (ripas, caibros, tábuas e similares). Outros 15% foram transformados em madeira beneficiada com algum nível de agregação tecnológica (pisos, esquadrias, madeira aparelhada etc.); e o restante (13%) era madeira laminada e compensada. Este quadro representa 39% de todos os 2.227 empreendimentos na região, em 2009, de acordo com o Serviço Florestal Brasileiro. A madeira é matéria prima para a construção civil, com diversas aplicações, desde estruturação pesada externa a detalhes decorativos.

M AT E R I A L D E C O N S T RU Ç ÃOA

ESTIMATIVA DA RECEITA

BRUTA DO SETOR FOI CERCA DE R$ 4,94 BI

APROxIMADAMENTE 79% DO VOLUME PRODUzIDO

DE MADEIRA FORAM DESTINADOS AO

MERCADO BRASILEIRO.

REDUZIRVários sistemas construtivos permi-tem a redução do uso de madeira em construção civil, substituindo-a por alumínio. Com soluções de enge-nharia, a Mills, por exemplo, oferece o sistema de formas modulares de alumínio, indicado para a construção de casas populares em até 24 horas. Introduzido no Brasil em parceria com a canadense Aluma Systems, o Easy Set dispensa o uso de madeira, eliminando possíveis desperdícios na obra e proporcionando um aumento na produtividade, se comparado à alvenaria convencional. Uma parti-cularidade no sistema é a presença do alumínio, um material reciclável, com alto desempenho e durabilidade. O sistema pode ser utilizado até 2 mil vezes, considerando cuidados com armazenamento, aplicação de desmoldante e limpeza frequente.

REUTILIZARDentro da construção civil, a madeira preservada pode ter diversos usos, que vão de painéis e montantes até cobertura, assoalhos, batentes, portas e janelas. A reutilização da madeira também pode acontecer de uma forma mais simples, realizada pelo próprio consumidor final. Com consciência, criatividade e disposi-ção é possível transformar caixas de madeira usadas para carregar frutas na feira em prateleiras, customizando o novo móvel com características da casa e do seu dono e otimizando espaços ociosos.

RECICLARA madeira é dos materiais não reciclá-veis da construção civil, assim como o solo, gesso, metal, papel, plástico, matéria orgânica, vidro e isopor. Des-ses materiais, alguns são passíveis de serem selecionados e encaminhados para outros usos. Assim, embalagens de papel e papelão, madeira e mesmo vidro e metal podem ser recolhidos para reutilização ou reciclagem. Isso pode ser feito com o entulho da obra, os restos e fragmentos de materiais. A briquetagem compacta restos, pó e serragem de madeira a uma pressão elevada, até a formação de toras de tamanho padronizado que podem ser usadas como lenha. Este processo evita que os resíduos de madeira sejam jogados fora, mas aproveitados. Os briquetes são utilizados em pizza-rias, restaurantes e padarias que usam fogão a lenha.

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Como?R E D U Ç ÃO D E C O N S U M O

guia verde

Educação. A Companhia Espírito Santense de Saneamento (Cesan) envia agentes de Educação Ambiental aos restaurantes, bares, lanchonetes, pastelarias, hotéis e demais estabelecimentos comerciais que mais jogam o óleo de cozinha na rede coletora de esgoto. Os profissionais fazem a abordagem, orientando sobre o uso correto da caixa de gordura e o local adequado para armazenagem desses resíduos.

Em casa. O óleo usado pode ser colocado em garrafas PET. Já o material retirado da caixa de gordura deve ser colocado em sacolas plásticas. Depois de serem devidamente acondicionados, os resíduos podem ser comercializados ou doados para reciclagem. A Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) distribui coletores caseiros para óleo de cozinha entre seus funcionários. O óleo coletado em casa é levado até a unidade da Companhia e de lá segue para a Usina de Biodiesel de Quixadá (CE).

Combustível. O mesmo óleo que frita as batatas, nuggets e tortinhas do McDonald’s abastece os caminhões que levam os alimentos às unidades da rede de fast-food em São Paulo. A Arcos Dourados, que controla a rede americana de lanchonetes na América Latina desde 2007, e sua operadora logística Martin-Brower desenvolveram um projeto para reutilizar o óleo de fritura no transporte e permitir a economia de combustíveis.

Separador. A empresa Hydro Z lançou, este ano, o Sistema Separador de Gordura, que tem a função de coletar e reter resíduos gordurosos gerados nas pias de cozinhas e máquinas de lavar louças, evitando assim o entupimento da tubulação existente e que a mistura com os demais efluentes dificulte a adequação da água. O Sistema tem capacidade para atender um grupo de 77 habitantes ou 12 cozinhas residenciais. Pode ser instalado em residências, restaurantes, prédios, condomínios e até cozinhas industriais.

Reaproveitamento do óleo de cozinha

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O gasto com iluminação produzido pelas lâmpadas representa no Brasil de 15 a 20% de toda a conta de energia elétrica doméstica. As lâmpadas incandescentes, que são as mais baratas e as que mais causam impacto negativo no meio ambiente, ainda são as mais usadas no país. Em países da Europa e em outros como a Austrália, as incandescentes estão com os dias contados. Ao economizar com iluminação, você contribui para o orçamento familiar e também ajuda o meio ambiente. Veja as vantagens e desvantagens de cada tipo de lâmpada:Além disso, a presença de óleos e gorduras na rede de esgoto gera problemas como odores desagradáveis e proliferação de vetores (transmissores de doenças). A prática aumenta o risco de poluição de cursos de água, risco de contaminação para a população e elevação do custo final no tratamento dos efluentes. Veja alguns exemplos de reaproveitamento do óleo de cozinha:

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se ligueagenda DICAS DE LIVROS, SITES, FILMES E MUITO MAIS

showO festival de música e arte SWU (Starts With You - Começa Com Você) acontece em Paulínia, São Paulo, nos dias 12, 13 e 14 de

novembro. É o primeiro festival camping do País, no estilo dos maiores festivais de música da Europa. Estão previstas as apresentações de cerca de 70 diferentes atrações nacionais e internacionais. O SWU é um movimento de conscientização

em prol da sustentabilidade que tem o intuito de mobilizar o maior número possível de pessoas, mostran-do que, por meio de pequenas ações, com simples atitudes individuais do seu dia a dia, é possível ajudar a construir um mundo melhor para se viver. Mais informações: www.swu.com.br

arquiteturaA estação do metrô Vila Prudente, em São Paulo, foi construída em três níveis enterrados e, por isso, optou-

-se pela cobertura translúcida. Com o vidro temperado laminado de controle solar autolim-pante, é a primeira estação do Metrô de São Paulo a ter iluminação natural em quase toda a extensão. De autoria do arquiteto Luiz Carlos Esteves e construção da Andrade Gutierrez, a obra incorpora uma cobertura de vidro, que permite ventilação e luminosidade naturais. A camada autolimpante integrada ao vidro permite que as forças da água da chuva e dos raios ultravioletas combatam a sujeira e os resíduos que se acumulam no exterior.

eventoDe 15 a 17 de dezembro de 2011, no Expo Center Norte, São Paulo,

acontece o ONG Brasil, evento sem fins lucrativos, dire-cionado para o desenvolvimento e a capacitação das Organizações Não Governamentais (ONGs) Brasileiras e/ou com atuação no País. A programação traz exposição e congresso internacional. Mais informações: www.ongbrasil.com.br

site O CicloVivo (www.ciclovivo.com.br) é um site com o objetivo de informar as mudanças e novidades

do mundo da sustentabilidade, além de fomentar atitudes mais positivas e conscientes. Com alicerce em três pilares (econô-mico, social e ambiental) as notícias envolvem: meio ambiente, tecnologia, arquitetura, mídia, design, desenvolvimento e vida sustentável.

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o último apaga a luzAção e Reação. Ilustração: Julião Jr, 2011

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