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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO CUIDADOS CLÍNICOS EM ENFERMAGEM E SAÚDE REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE PUÉRPERAS SOBRE A EDUCAÇÃO EM SAÚDE NO CICLO GRAVÍDICO-PUERPERAL ERYJOSY MARCULINO GUERREIRO FORTALEZA - CEARÁ 2012

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO CUIDADOS CLÍNICOS EM

ENFERMAGEM E SAÚDE

REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE PUÉRPERAS

SOBRE A EDUCAÇÃO EM SAÚDE NO CICLO

GRAVÍDICO-PUERPERAL

ERYJOSY MARCULINO GUERREIRO

FORTALEZA - CEARÁ

2012

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ERYJOSY MARCULINO GUERREIRO

REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE PUÉRPERAS SOBRE A

EDUCAÇÃO EM SAÚDE NO CICLO GRAVÍDICO-

PUERPERAL

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação

Cuidados Clínicos em Enfermagem e Saúde, da

Universidade Estadual do Ceará, como requisito parcial

para a obtenção do grau de mestre.

Orientadora: Profª Drª Dafne Paiva Rodrigues

Linha de Pesquisa: Fundamentos e Práticas do Cuidado

Clínico em Enfermagem e Saúde

FORTALEZA - CEARÁ

2012

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação

Universidade Estadual do Ceará

Biblioteca Central Prof. Antônio Martins Filho

Bibliotecário(a) Responsável – Giordana Nascimento de Freitas CRB-3 / 1070

G934r Guerreiro, Eryjosy Marculino

Representações sociais de puérperas sobre a educação em saúde no ciclo gravídico-puerperal / Eryjosy Marculino Guerreiro. — 2012.

CD-ROM. 111 f. il. (algumas color) ; 4 ¾ pol. ―CD-ROM contendo o arquivo no formato PDF do trabalho

acadêmico, acondicionado em caixa de DVD Slin (19 x 14 cm x 7 mm)‖.

Dissertação (mestrado) – Universidade Estadual do Ceará, Centro de Ciências da Saúde, Programa de Pós-graduação em Cuidados Clínicos em Enfermagem e Saúde, Fortaleza, 2012.

Área de concentração: Cuidados Clínicos em Enfermagem e Saúde.

Orientação: Profa. Dra. Dafne Paiva Rodrigues.

1. Educação em saúde. 2 Enfermagem. 3. Saúde da mulher. 4. Gravidez. 5. Período pós-parto. Título.

CDD: 610.7343

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ERYJOSY MARCULINO GUERREIRO

REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE PUÉRPERAS SOBRE A EDUCAÇÃO EM

SAÚDE NO CICLO GRAVÍDICO-PUERPERAL

Defesa em: 22/11/2012

BANCA EXAMINADORA

______________________________________ Profª Drª Dafne Paiva Rodrigues

Universidade Estadual do Ceará - UECE

Orientadora

______________________________________ Profª Drª Ana Beatriz Azevedo Queiroz

Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ

1º Membro Efetivo

______________________________________ Profª Drª Márcia de Assunção Ferreira

Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ

2º Membro Efetivo

______________________________________ Profª Drª Ana Virgínia de Melo Fialho

Universidade Estadual do Ceará - UECE

Membro Suplente

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AGRADECIMENTOS

À Deus, por minha vida, pelo infinito amor, por me dar força, coragem e proteção para

prosseguir em busca dos meus sonhos, por ser Meu Pai, sempre fiel, amigo e verdadeiro.

Aos meus pais, Josemar e Eryruth, por terem me proporcionado amor, cuidado, educação e

acreditarem em mim.

Às minhas irmãs, Josymeiry e Esther, pelo amor, apoio e carinho.

Às minhas irmãs de coração, Giovanna, Érika, Lara e Naiara, pelo amor, cumplicidade,

amizade verdadeira, motivação e por se alegrarem também com a minha alegria.

Ao meu noivo, Delano, pelo amor, cuidado, incentivo, compreensão, paciência e

companheirismo sempre.

À minha tutora desde o Programa de Educação Tutorial e orientadora querida, Profª Dafne,

pela inspiração, apoio, conhecimento, simplicidade, persistência e amor pelo que faz.

Às minhas estimadas tutoras do Programa Nacional de Cooperação Acadêmica, Profª Ana

Beatriz e Profª Márcia, pela oportunidade, pelo aprendizado alcançado, pelos desafios, suporte

constante e paciência.

A todos do Programa de Pós-Graduação em Cuidados Clínicos em Enfermagem e Saúde e

Grupo de Pesquisa Saúde da Mulher e Enfermagem, da Universidade Estadual do Ceará, e do

Programa de Pós-Graduação em Enfermagem e Grupo de Pesquisa Representações e Práticas

de Cuidado à Saúde e de Enfermagem, da Escola de Enfermagem Anna Nery, pelas

inquietações, reflexões, ciência e compartilhamento de saberes.

Às mulheres participantes do estudo, pela contribuição, interesse e disponibilidade.

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, pelo incentivo financeiro.

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RESUMO

GUERREIRO, E. M. Representações sociais de puérperas sobre a educação em saúde no

ciclo gravídico-puerperal. Dissertação (Mestrado em Cuidados Clínicos em Enfermagem e

Saúde) – Universidade Estadual do Ceará, Fortaleza. 2012.

Estudo descritivo fundamentado na Teoria das Representações Sociais, com uso de

multimétodos, que objetiva apreender as representações sociais de puérperas sobre a educação

em saúde durante o ciclo gravídico-puerperal na atenção básica de saúde. Desenvolvido em

nove Centros de Saúde da Família (CSF) da Secretaria Executiva Regional (SER) IV no

Município de Fortaleza, Ceará. Os sujeitos da pesquisa foram o grupo de usuárias cadastradas

em um dos CSF da SER IV, que estivessem no período pós-parto, maiores de 18 anos, que

realizaram no mínimo seis consultas de pré-natal e uma consulta puerperal. O critério de

exclusão eliminou aquelas que saíram da área de abrangência do CSF (por mudança de

endereço) no período da coleta de dados (maio a julho de 2012). A entrada nos locais de

investigação foi efetivada após aprovação do projeto pelo Comitê de Ética em Pesquisa da

Universidade Estadual do Ceará, com Número do Parecer: 26905 e CAAE:

01261912.5.0000.5534. Mediante a assinatura do Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido, utilizou-se um instrumento para traçar um perfil obstétrico e sócio-familiar-

demográfico das participantes, o Teste de Associação Livre de Palavras (TALP) e o roteiro de

entrevista semiestruturada. Os dados provenientes da captação do perfil das 115 participantes

evidenciam a predominância de mulheres na faixa etária entre 18 e 25 anos (46,9%), com

companheiro (57,4%), ensino fundamental incompleto (27,8%), trabalho remunerado

(58,3%), multíparas (53,0%), com nove consultas de pré-natal (29,6%) e uma consulta

puerperal (88,7%), que realizaram parto cesáreo (65,2%), não possuíam qualquer doença ou

agravo de saúde (85,2%) e nem tiveram intercorrências neste ciclo gravídico-puerperal

(78,3%). As 1418 palavras evocadas durante o TALP foram processadas no software Tri-

Deux-Mots, a partir da análise fatorial de correspondência. As primíparas associam ações

educativas como educação familiar e o aprendizado tido no posto de saúde com o enfermeiro

sobre vacina, amamentação, alimentação adequada e a ser mãe. Quanto às multíparas, têm

suas evocações marcadas pelas ações de saúde prestadas pelo médico, pelos cursos, e ainda

pela educação escolar. Remetem-se as palestras, as consultas de pré-natal, ao

acompanhamento e orientações hospitalares sobre a saúde e o bebê. Os dados obtidos através

das 31 entrevistas foram organizados a partir do método de análise lexical no software

ALCESTE, revelando a distribuição dos conteúdos em 4 categorias discursivas ou classes. A

classe 3: Educação em saúde na concepção das puérperas: “achava que sabia e não sabia”,

expressa as representações sobre a educação em saúde, manifestas nas palavras: educação,

informação, aprender, conhecimento. Destacam a forma como percebem a importância dessa

atividade através dos termos: saúde, respeito, melhorar, atenção. Com relação à prática da

atividade educativa, emergiram três blocos de significados: prática educativa desenvolvida

através de palestras, a educação familiar e escolar e os meios de adquirir a informação. A

classe 2: Informação no pós-parto: o cuidado do bebê e a amamentação, expressa os

ensinamentos e informações recebidas, envoltos primordialmente para o bebê. A classe 4:

Avaliação do atendimento no período pré-natal, representa a assistência no pré-natal e no

parto e a sua avaliação, tratando-se de uma assistência protocolar, como também caracterizada

pelas orientações individuais. A classe 1: Pré-natal: os profissionais e os procedimentos,

representa os procedimentos de rotina realizados durante a assistência no pré-natal e na

puericultura, além de tratar da atuação do profissional. Predomina o modelo tradicional de

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transmissão de informações, envoltas primordialmente para o cuidado do bebê, enquanto a

mulher fica a margem desse cuidado. Faz-se necessário mudar a lógica pedagógica,

expandindo-se as estratégias em grupos educativos com construção e compartilhamento de

saberes.

Descritores: Educação em saúde. Enfermagem. Saúde da mulher. Gravidez. Período pós-

parto.

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ABSTRACT

A descriptive study based on the Theory of Social Representations, using multi methods,

which aims to understand social representations of puerperal women on health education

during pregnancy and postpartum on primary health care. Developed in nine Centers for

Family Health (CFH) of the Regional Executive Secretary (RES) IV in Fortaleza, Ceará. The

study subjects were a group of users enrolled in the CFH of RES IV, who were in the

postpartum period, 18 years, who had at least six visits for prenatal and one postpartum

consultation. Exclusion criteria eliminated those who left the area covered by the CFH (for

change of address) in the period of data collection (May-July 2012). The entry in the local

investigation was completed after project approval by the Ethics Committee of the

Universidade Estadual do Ceará, with Opinion Number: 26905 and CAAE:

01261912.5.0000.5534. By signing the consent form, used an instrument to draw a profile

obstetric and socio-demographic-family participants of the Test Free Word Association

(TFWA) and semi-structured interviews. Data from raising the profile of the 115 participants

showed the predominance of women aged between 18 and 25 years (46.9%), with a partner

(57.4%), elementary education (27.8%), work paid (58.3%), multiparous (53.0%), with nine

of prenatal consultations (29.6%) and one puerperal consultation (88.7%) who underwent

cesarean delivery (65.2%), did not have any illness or health problem (85.2%) and had no

complications in pregnancy and childbirth (78.3%). The words evoked during the 1418

TFWA was processed using Tri-Deux-Mots from the factorial analysis of correspondence.

The heifers associated educational activities such as education and family learning had in the

clinic with a nurse about vaccines, breastfeeding, proper nutrition and being a mother. As the

cows have their evocations marked by health services given by the doctor, the courses, and

even for school education. Refer to the discussions, consultations prenatal, hospital

monitoring and guidance on health and the baby. The data obtained through 31 interviews

were organized from the method of lexical analysis in software ALCESTE, revealing the

distribution of discursive content into 4 categories or classes. Class 3: Health education in the

design of the women: "I thought I knew and did not know," express representations about

health education, manifest in the words: education, information, learning, knowledge.

Highlight how realize the importance of this activity through the terms: health, respect,

improve attention. Regarding the practice of educational activity revealed three sets of

meanings: educational practice developed through lectures, school and family education and

the means of acquiring information. Class 2: Information postpartum: baby care and

breastfeeding, express the teachings and information received, primarily for baby wrapped.

Class 4: Evaluation of care in the antenatal period, is the prenatal care and childbirth and their

evaluation, in the case of a protocol assistance, but also characterized by individual

guidelines. Class 1: Prenatal: professionals and procedures, represents procedures performed

during routine prenatal care and childcare, as well as dealing with professional performance.

Predominates the traditional model of information transmission, surrounded primarily for the

care of the baby while the woman is the margin of this care. It is necessary to change the

pedagogical logic, expanding strategies in educational groups to build and share knowledge.

Key words: Health education. Nursing. Women's health. Pregnancy. Postpartum period.

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AFC – Análise Fatorial de Correspondência

ALCESTE - Análise Lexical Contextual de um Conjunto de Segmentos de Texto

APS – Atenção Primária à Saúde

CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

CAPS – Centro de Atenção Psicossocial

CEP – Comitê de Ética em Pesquisa

CHD - Classificação Hierárquica Descendente

CPF – Correspondência Por Fator

CROA – Centro de Atendimento à Criança

CSF - Centros de Saúde da Família

ESF - Estratégia de Saúde da Família

GRUPESME – Grupo de Pesquisa Saúde da Mulher e Enfermagem

Khi2 – Qui-quadrado

OMS – Organização Mundial de Saúde

PAISM - Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher

PHPN - Programa de Humanização no Pré-Natal e Nascimento

PNAISM - Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher

PPCCLIS – Programa de Pós-Graduação Cuidados Clínicos em Enfermagem e Saúde

RS – Representações Sociais

SER IV – Secretaria Executiva Regional IV

SUS – Sistema Único de Saúde

TALP – Teste de Associação Livre de Palavras

TCLE - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

TRS – Teoria das Representações Sociais

UCE – Unidade de Contexto Elementar

UCI – Unidade de Contexto Inicial

UECE – Universidade Estadual do Ceará

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Mapa da Secretaria Executiva Regional IV do Estado do Ceará. Fortaleza-CE,

2011...........................................................................................................................................42

Figura 2: Representação gráfica do número de UCE e número de palavras analisáveis por

classe.........................................................................................................................................49

Figura 3: Divisão das classes - Classificação Hierárquica Descendente.................................50

Figura 4: Dendograma da Classificação Hierárquica Descendente.........................................51

Figura 5: Dendograma da Classificação Hierárquica Descendente com as modalidades das

variáveis de cada classe.............................................................................................................52

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Centros de Saúde da Família da SER IV do Estado do Ceará e seus respectivos

endereços e telefones. Fortaleza-CE, 2011...............................................................................41

Quadro 2: Variáveis utilizadas na linha de comando, seus códigos e classificações..............47

Quadro 3: Temas, classes produzidas pelo ALCESTE e suas respectivas nominações..........52

Quadro 4: Resumo comparativo das evocações dos dois grupos. Fortaleza-CE, 2012...........61

Quadro 5: Palavras representativas da classe 3.......................................................................62

Quadro 6: Palavras representativas da classe 2.......................................................................69

Quadro 7: Palavras representativas da classe 4.......................................................................75

Quadro 8: Palavras representativas da classe 1.......................................................................79

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Classificação das participantes de acordo com as variáveis sociodemográficas.

Fortaleza-CE, 2012...................................................................................................................54

Tabela 2: Classificação das participantes de acordo com as variáveis obstétricas. Fortaleza-

CE, 2012....................................................................................................................................56

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1: Análise Fatorial de Correspondência das representações sociais de puérperas sobre

educação em saúde no ciclo gravídico-puerperal. Fortaleza-CE, 2012....................................57

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO..................................................................................................................................14

2 OBJETIVO.........................................................................................................................................20

3 REFERENCIAL TEÓRICO............................................................................................................21

3.1 Educação em saúde: história, conceitos e modelos.....................................................................21

3.2 Educação em saúde como cuidado clínico de enfermagem à mulher no ciclo gravídico-puerperal.................................................................................................................................................27

3.3 Teoria das Representações Sociais..............................................................................................36

4 METODOLOGIA..............................................................................................................................41

4.1 Natureza e tipo de estudo.............................................................................................................41

4.2 Cenário do estudo........................................................................................................................41

4.3 Sujeitos da pesquisa.....................................................................................................................43 4.4 Procedimentos e instrumentos de coleta dos dados.....................................................................43

4.4.1 Teste de associação livre de palavras..................................................................................44

4.4.2 Entrevista semiestruturada...................................................................................................45 4.5 Organização para análise dos dados............................................................................................45

4.5.1 Análise fatorial de correspondência a partir do software Tri-Deux-Mots...........................45

4.5.2 Análise lexical a partir do software ALCESTE..................................................................46 4.6 Aspectos éticos na pesquisa.........................................................................................................53

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO.......................................................................................................54

5.1 Perfil sócio familiar demográfico e obstétrico das participantes do estudo................................54

5.2 Análise Fatorial de Correspondência: evocações emitidas pelas puérperas................................56

5.3 Os conteúdos representativos da educação em saúde para as puérperas.....................................61

5.3.1 Classe 3: Educação em saúde na concepção das puérperas: “achava que sabia e não sabia”......................................................................................................................................................61

5.4 A informação no pós-parto..........................................................................................................69

5.4.1 Classe 2: Informação no pós-parto: o cuidado do bebê e a amamentação..........................69

5.5 O atendimento no pré-natal.........................................................................................................74

5.5.1 Classe 4: Avaliação do atendimento no período pré-natal..................................................74

5.5.2 Classe 1: Pré-natal: os profissionais e os procedimentos....................................................79

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................................84

REFERÊNCIAS....................................................................................................................................87

APÊNDICES.........................................................................................................................................94

Apêndice A: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.............................................................95

Apêndice B: Dados sócio familiar demográfico e obstétrico............................................................96 Apêndice C: Teste de Associação Livre de Palavras.........................................................................97

Apêndice D: Entrevista semiestruturada...........................................................................................98

Apêndice E: Dicionário de Palavras..................................................................................................99

ANEXOS..............................................................................................................................................107

Anexo A: Parecer consubstanciado do CEP....................................................................................108 Anexo B: Declaração de coparticipação do Sistema Municipal de Saúde Escola..........................110

Anexo C: Carta encaminhada ao Distrito de Saúde/Atenção Básica..............................................111

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1 INTRODUÇÃO

A educação em saúde trata-se de uma importante ferramenta para o cuidado

clínico de enfermagem à mulher no ciclo gravídico-puerperal. Nesta dissertação, o cuidado

clínico é entendido como aquele prestado pelo profissional de enfermagem habilitado, através

de técnicas científicas e olhar clínico, utilizando a escuta atenta, o toque, a fala, a fim de

satisfazer as necessidades humanas básicas do ser cuidado, garantindo dessa forma, o respeito

à sua singularidade, sua individualidade e sua história de vida.

Pode ser definido ainda, de acordo com o Grupo de Pesquisa Saúde da Mulher e

Enfermagem (GRUPESME) da Universidade Estadual do Ceará (UECE), do qual a

pesquisadora é membro, como o processo de cuidar do enfermeiro à mulher sadia ou doente,

na clínica individual ou coletiva, envolvendo as dimensões subjetivas e objetivas de cuidar e

de ser cuidado em situações clínicas e reprodutivas.

A enfermagem apresenta na ação educativa um de seus principais eixos

norteadores que se concretiza nos vários espaços de realização de sua prática, especialmente

nos serviços de atenção primária à saúde (APS). A atividade educativa deve ser prioritária,

principalmente em local de atendimento tão próximo à comunidade, como a Estratégia de

Saúde da Família (ESF). O profissional enfermeiro é habilitado e capacitado para cuidar do

usuário e da sua família, assisti-los em todas as suas dimensões existenciais, levando em

consideração as necessidades curativas, preventivas e educativas de cuidados em saúde

(VILA; VILA, 2007; ACIOLI, 2008).

A abordagem educativa deve estar presente em todas as ações para promover a

saúde e prevenir as doenças, facilitando a incorporação de ideias e práticas corretas que

passem a fazer parte do cotidiano das pessoas de forma a atender suas reais necessidades.

Deve adotar como ponto de partida o saber gerado em todas as situações vivenciadas no dia-a-

dia, procurando atender aos interesses dos vários grupos sociais pertencentes a diferentes

classes sociais (PELICIONI; PELICIONI, 2007).

As políticas voltadas para a saúde da mulher enfatizam ao longo dos anos a

necessidade do educar em saúde em todo o processo de gestar, parir e cuidar de si e do bebê

por se tratar de um momento novo, único e repleto de modificações na vida mulher e de sua

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família. Os profissionais de saúde, dentre eles, o enfermeiro, apresentam papel de destaque

nesse processo educativo.

Em 1984, o Ministério da Saúde elaborou o Programa de Assistência Integral à

Saúde da Mulher (PAISM), que incorporou como princípios e diretrizes as propostas de

descentralização, hierarquização e regionalização dos serviços, bem como a integralidade e a

equidade da atenção, num período em que, paralelamente, no âmbito do Movimento Sanitário,

se concebia o arcabouço conceitual que embasaria a formulação do Sistema Único de Saúde

(SUS) (BRASIL, 1984; BRASIL, 2004). Porém uma das maiores críticas ao programa é que

não foi de fato regionalizado, apesar de ter sido um marco nas políticas de saúde da mulher,

fruto principalmente dos movimentos feministas.

O PAISM deu ênfase aos cuidados básicos de saúde e destacou a importância das

ações educativas no atendimento à mulher, trazendo assim, a marca diferencial em relação aos

outros programas (RIOS; VIEIRA, 2007). Veio estimular o desenvolvimento de várias

atividades de cunho informativo e educativo nas unidades de saúde, com vistas à promoção do

autoconhecimento e da autoestima das mulheres, como oficinas e outros tipos de abordagens

grupais com enfoque participativo (MOURA; RODRIGUES, 2003).

Alguns anos mais tarde, em 2000, o Ministério da Saúde instaura o Programa de

Humanização no Pré-Natal e Nascimento (PHPN), seguindo os princípios primeiramente

apresentados no PAISM para garantir uma melhor assistência à mulher no ciclo gravídico-

puerperal, todavia, adotando um conceito de saúde mais amplo. O PHPN traz a perspectiva da

mulher como sujeito promotor de sua saúde e garantias dos seus direitos reprodutivos, sendo a

humanização da assistência a sua principal estratégia (BRASIL, 2000; BRASIL, 2001).

Em nível mundial, na V Conferência Internacional de Promoção da Saúde, que

aconteceu no México em 2000, foi reafirmada a importância das mulheres no

desenvolvimento de ações de promoção da saúde (BRASIL, 2002).

Outra conquista relativa à saúde da mulher trata-se da Política Nacional de

Atenção Integral à Saúde da Mulher (PNAISM), relativa ao ano de 2004, que tem como eixos

norteadores: a promoção da saúde, o gênero e a integralidade. Um dos seus objetivos é o de

promover a melhoria das condições de vida e saúde das mulheres brasileiras, mediante a

garantia de direitos legalmente constituídos e ampliação do acesso aos meios e serviços de

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promoção, prevenção, assistência e recuperação da saúde em todo o território (BRASIL,

2004).

Esse acesso foi ampliado através da Política Nacional de Atenção Básica, em

2006, que propôs a criação da ESF, permitindo a reorientação do modelo biomédico, e através

da Política Nacional de Promoção da Saúde, a qual estabelece a operacionalização da

promoção de saúde, tomando como objeto os problemas e necessidades de saúde, seus

determinantes e condicionantes (FIGUEIRA et al., 2009).

Vale destacar ainda a Rede Cegonha, com Portaria nº 1.459, a qual assegura à

mulher o direito à atenção humanizada durante todo o ciclo gravídico-puerperal e em todos os

níveis de atenção. Esse modelo de atenção ao parto e ao nascimento foi inspirado na

qualificação das maternidades e no programa Cegonha Carioca, que busca a redução da

mortalidade materna e infantil e incentiva o pré-natal através do acolhimento, visita à

maternidade, atenção pré-natal e transporte. A Rede Cegonha recebe apoio do Programa

Brasil Carinhoso e atende a criança até os dois anos de idade e a mulher em todo o ciclo

gravídico-puerperal (BRASIL, 2011a).

Quanto à ESF, Bittencourt (2010) afirma que apresenta como ideia central uma

prática educativa que visa à promoção de saúde, ou seja, que não está voltada exclusivamente

para a doença, e sim, para o contexto geral de vida da pessoa por meio de um conjunto de

atividades orientadas a melhorar as condições de bem-estar e acesso a bens e serviços sociais.

Conta com o suporte de estar alocada no território da comunidade a ser atendida e com equipe

multidisciplinar, além de considerar a contextualidade, integralidade e educação em saúde em

todas as atividades desenvolvidas.

Dessa forma, a educação em saúde pode ser vista como importante ferramenta

para promover a emancipação do sujeito, caso os envolvidos no processo a percebam como

possibilidade de transformação e desenvolvam ações educativas que favoreçam o

fortalecimento da autonomia.

Por outro lado, Rodrigues (2005) expõe a insatisfação das mulheres na transição

para a maternidade com o cuidado educativo de enfermagem durante a hospitalização e após a

alta hospitalar, cujas representações foram: deficiência de orientações no serviço de saúde,

tanto no contexto ambulatorial quanto no hospitalar, fazendo persistir as dúvidas e

inseguranças das mulheres inerentes à prática da amamentação; e ausência de uma prática

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extensiva do cuidado hospitalar para o domicílio, o que gerou descontentamentos entre as

puérperas, e influenciou na insegurança face ao exercício do papel materno.

O estudo (RODRIGUES, 2005) revela que é incontestável a importância do

enfermeiro exercer cuidado educativo à mulher no ciclo gravídico-puerperal, período em que

acontecem diversas modificações fisiológicas e psicossociais na mulher, apresentando maior

vulnerabilidade emocional ao se deparar com situações novas e em especial, a premência de

ter que cuidar de si e do seu filho.

A educação em saúde no ciclo gravídico-puerperal envolve as usuárias da atenção

básica em saúde com papel de destaque, por serem o centro do processo educativo,

possibilitando inferir a existência de representações nesse grupo. A pesquisadora entende que

a forma de expressão das puérperas no processo educativo fornece direcionamentos acerca da

educação em saúde na gestação e no puerpério.

Neste sentido, escolheu-se trabalhar com a educação em saúde sob o olhar social

dos significados, considerando os indivíduos como portadores de um saber construído e

partilhado socialmente pela interação (JODELET, 2001).

Adotou-se a Teoria das Representações Sociais (TRS) como a possibilidade

teórica capaz de nortear como os indivíduos agem sobre a realidade, especificamente as

usuárias sobre a educação em saúde no ciclo gravídico-puerperal, tendo como base um

sistema de valores definido sob a influência social.

A TRS busca compreender as interpretações e os sentidos que os grupos e sujeitos

têm sobre objetos sociais relevantes, com o enfoque no saber construído no cotidiano dos

grupos sociais – o conhecimento do senso comum (MOSCOVICI, 2003).

As representações dão sentido, orientam e conduzem os grupos sociais. Formam

um saber prático tanto por estarem inseridas na experiência, que envolve um contexto

histórico, cultural e espacial, quanto por orientarem as comunicações e condutas dos sujeitos

(JODELET, 2001).

Segundo Sá (1998), para gerar representações sociais (RS), o objeto deve ter

suficiente relevância cultural ou espessura social. Deve ser um fenômeno para o conjunto

social escolhido para representa-lo, estando implicado, de forma consistente, em alguma

prática do grupo, detectado em comportamentos e comunicações que de fato ocorram

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sistematicamente. A representação e seu objeto são inseparáveis, na medida em que é o objeto

que é constituído como uma representação social.

Assim, entendendo a educação em saúde como fenômeno social, surge o seguinte

questionamento: Quais as representações sociais de usuárias da atenção básica de saúde sobre

a educação em saúde no contexto da gestação e do puerpério?

O estudo destaca a educação em saúde promovida pelos enfermeiros na rede

básica de saúde, que cerca a mulher e sua família no período gravídico-puerperal, a fim de

melhor capacitá-la para a condução desse período, minimizando as dificuldades próprias do

momento vivenciado e concedendo autoconfiança indispensável para o desempenho do papel

materno.

O interesse pelo tema da educação em saúde teve início durante o curso de

graduação em Enfermagem na UECE, quando a pesquisadora pode conhecer e participar de

diversas atividades curriculares através da disciplina Educação em Saúde e Ambiente, com

visitas a centros de saúde da família (CSF) e posteriormente, a elaboração e execução de

atividades de educação em saúde com grupos. Além de participar de atividades

extracurriculares, através do Programa de Educação Tutorial e Grupos de Pesquisas da

Universidade, que frisavam a educação em saúde em diversos espaços e com os mais variados

públicos.

As atividades eram desenvolvidas na própria universidade ou em centros de

saúde, hospitais, escolas, orfanatos, empresas; contavam com o envolvimento de crianças,

jovens, mulheres, homens, idosos; e eram realizadas individualmente ou em grupo. Este

experienciar e experimentar, possibilitou à pesquisadora um verdadeiro despertar para a

relevância de unir o educar a saúde.

Após ingressar no Programa de Pós-Graduação Cuidados Clínicos em

Enfermagem e Saúde (PPCCLIS) da Universidade e no GRUPESME, participando de ricas

discussões tanto no grupo como nas aulas da disciplina Saúde, Enfermagem, Cultura e

Práticas Educativas, apesquisadora encantou-se ainda mais pela temática. Trabalhar com o

cuidado educativo de enfermagem na saúde da mulher, possibilitou a constatação, pelos

resultados dos estudos desenvolvidos no grupo de pesquisa, do valor que a educação em

saúde tem no cuidado de enfermagem e como é preciso ainda avançar nesse sentido.

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Percebe-se o estudo como relevante, à medida que seus resultados venham a

servir de apoio para a adoção de novas estratégias e tecnologias de educação em saúde por

parte dos enfermeiros e demais profissionais para o acompanhamento de mulheres no ciclo

gravídico-puerperal, possibilitando a sensibilização para mudança e inovação de atitudes.

Pretende-se que o conhecimento gerado no estudo possa servir como dispositivo

importante a ser utilizado pelos serviços que prestam assistência à mulher na atenção básica

de saúde no Estado do Ceará, implicando em uma melhor qualidade do acompanhamento às

gestantes e puérperas.

Além disso, o estudo apresenta nossas possibilidades para o ensino de

enfermagem, tendo em vista que a realidade prática tem grande influência de como se dá a

formação do profissional. Na pesquisa, também permitirá inovação pelo uso de novos

métodos articulados, divulgando o conhecimento produzido e colaborando no

desenvolvimento de outros estudos dentro do Grupo de Pesquisa e entre os demais

pesquisadores que trabalhem com a temática.

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2 OBJETIVO

Apreender as representações sociais de puérperas sobre a prática da educação em

saúde durante o ciclo gravídico-puerperal na atenção básica de saúde.

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3 REFERENCIAL TEÓRICO

3.1 Educação em saúde: história, conceitos e modelos

A educação em saúde como fenômeno em representações sociais e tema de grande

relevância social, vem sendo discutida ao longo dos anos, apresentando diferentes concepções

de acordo com o período histórico e o grupo social em que se insere.

Schall e Struchiner (1999) afirmam que a educação em saúde é um campo

multifacetado para o qual convergem diversas concepções das áreas tanto da educação quanto

da saúde, demarcadas por distintas posições político-filosóficas sobre o homem e a sociedade.

Segundo Alves (2005), a educação em saúde trata-se de um recurso por meio do

qual o conhecimento cientificamente produzido no campo da saúde, intermediado pelos

profissionais de saúde, atinge a vida cotidiana das pessoas e oferece subsídios para a adoção

de novos hábitos e condutas de saúde. No âmbito da ESF, as ações educativas figuram como

práticas previstas e atribuídas a todos os profissionais que compõem a equipe.

Em busca eletrônica na Biblioteca Virtual em Saúde (2011), o descritor “educação

em saúde” apresenta como sinônimos os termos “educação sanitária” e “educação para a

saúde comunitária” e tem como objetivo desenvolver nas pessoas um sentido de

responsabilidade, como indivíduo, membro de uma família e de uma comunidade, para com a

saúde, tanto individual como coletivamente.

Desde a Idade Média, na Europa, já se acreditava na importância da educação em

saúde e se recomendava um regime alimentar correto, adequadas práticas de higiene e horas

prolongadas de sono para que as pessoas vivessem mais (PELICIONI; PELICIONI, 2007).

Formalmente, a educação em saúde estabelece-se como área específica na

segunda década do século XX, nos Estados Unidos, durante uma conferência internacional

sobre a infância. No Brasil, instituiu-se no âmbito da saúde pública, orientando novas práticas,

e só mais tarde, constituiu-se em área de estudo e pesquisa (SCHALL; STRUCHINER, 1999).

Acioli (2008) comenta que as práticas educativas desenvolvidas no campo da

saúde têm uma história fortemente influenciada pelo higienismo, doutrina que remonta o

século XIX, tendo sido inspirada pela revolução bacteriana. No Brasil, no início do século

XX, ao discurso higienista associou-se a ideia de “polícia sanitária”. Nesse sentido, a então

chamada “educação sanitária” cumpria o papel de controle da sociedade, tanto no que se

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refere às questões sanitárias quanto, aos aspectos referentes à vida cotidiana das famílias

pobres.

Em virtude das necessidades de domínio sobre epidemias de varíola, peste, febre

amarela, tuberculose, entre outras, nos grandes centros urbanos, visto que estas acarretavam

transtornos para a economia agroexportadora, desenvolveram-se as primeiras práticas

sistemáticas de educação em saúde. Estas voltavam-se principalmente para as classes

subalternas e caracterizavam-se pelo autoritarismo, com imposição de normas e de medidas

de saneamento e urbanização com o respaldo da cientificidade (ALVES, 2005).

Ainda nessa fase, a “polícia sanitária” dedicava-se ao confinamento de enfermos

em desinfetórios e à vacinação compulsória da população, relegando a educação a um

segundo plano. A atenção à saúde voltava-se também às classes mais favorecidas e à classe

média por meio do oferecimento de serviço de médicos generalistas (PELICIONI;

PELICIONI, 2007).

As práticas inspiradas no higienismo pressupõem a necessidade de mudar a vida

das pessoas pobres, ensinando-as hábitos de higiene e cuidados para ter saúde. Esse tipo de

abordagem educativa enfatiza a responsabilidade individual no que se refere à mudança de

hábitos ou de estilos de vida, limitando-se ao repasse de informações (ACIOLI, 2008).

A educação sanitária percebe a população pobre como desprovida de informações

e de quaisquer cuidados à sua saúde, necessitando de disciplina, a qual seria imposta pelos

profissionais de saúde, através de recursos informativos. A população não participava do

processo educativo, era tida como mero receptor de informações.

A partir da década de 1940, algumas transformações começam a ser verificadas no

campo da educação em saúde. Aos sujeitos que até então haviam sido culpabilizados

individualmente pelos problemas de saúde que os acometiam e dos quais não se esperava

mais do que a assimilação passiva das prescrições normativas dos profissionais de saúde, uma

importância relativa passa a ser observada no sentido de envolvê-los no processo educativo

(ALVES, 2005).

De 1945 em diante, com a criação da Organização Mundial da Saúde (OMS)

surgiram novas discussões sobre o processo saúde-doença destacando-se o conceito de saúde

como o estado de mais completo bem-estar e não simplesmente ausência de doença. Embora o

conceito de bem-estar fosse bastante amplo e pouco definido, constituiu-se em um avanço

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para o processo de transformação da educação sanitária. A mudança de nomenclatura de

“educação sanitária” para “educação em saúde” diz respeito a mudanças nos paradigmas

vigentes na prática educativa à época (PELICIONI; PELICIONI, 2007).

Schall e Struchiner (1999) afirmam que ao conceito de educação em saúde se

sobrepõe o conceito de promoção da saúde, como uma definição mais ampla de um processo

que abrange a participação de toda a população no contexto de sua vida cotidiana e não

apenas das pessoas sob o risco de adoecer. Essa noção está baseada em um conceito de saúde

ampliado, considerado como um estado positivo e dinâmico de busca de bem-estar, que

integra os aspectos físico e mental, ambiental, pessoal/emocional e sócio-ecológico.

No início da década de 1960, com advento da Medicina Comunitária, verifica-se

um apelo à participação da comunidade para a solução dos problemas de saúde nela

vivenciados. Entretanto, por trás deste apelo de participação comunitária parece camuflar-se o

mesmo discurso da culpabilidade dos sujeitos, com a ressalva da culpabilização passar da

individualidade para a coletividade. Durante o regime militar, o campo da educação em saúde

permaneceu inexpressivo em virtude da limitação dos espaços institucionais para sua

realização (ALVES, 2005).

Em contrapartida, este mesmo regime despertou uma resistência e insatisfação na

população que precipitou, ao longo da década de 1970, a organização de movimentos sociais

que reuniram intelectuais e populares. Neste contexto, foram retomadas as proposta

pedagógicas de Paulo Freire e profissionais de saúde revisaram suas práticas a partir da

interlocução com as teorias das ciências humanas por um novo projeto em saúde. Estes

movimentos deram início às críticas das práticas educativas autoritárias e normalizadoras

apontando, ao mesmo tempo, para uma ruptura (ALVES, 2005).

Na década de 1980, a OMS passou a propagar uma maior amplitude conceitual à

saúde considerando a importância de determinantes e condicionantes econômicos, sociais,

ambientais e culturais. A saúde passou a ser vista como um direito humano fundamental,

como conceito positivo que considera recursos pessoais e sociais, bem como as capacidades

físicas (PELICIONI; PELICIONI, 2007).

Com a redemocratização do país, profissionais de saúde, docentes de

Universidades, participantes de movimentos sociais, entre outros, se articularam em torno da

Reforma Sanitária Brasileira e suas ricas discussões na 8ª Conferência Nacional de Saúde de

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1986 instituíram o SUS, reconhecendo a saúde como um direito de todos e um dever do

Estado, resultante das condições de vida e trabalho. Com o enfoque político, a educação em

saúde pretende ir muito além do que simplesmente informar ou tentar mudar comportamentos.

Tem por objetivos preparar indivíduos para o exercício da cidadania plena, criar condições

para que se organizem na luta pela conquista e implementação de seus direitos, para que se

tornem aptos a cumprir seus deveres visando a obtenção do bem comum e a melhoria da

qualidade de vida para todos, mas, principalmente, possibilitar que esses atores se tornem

capazes de transformar a sociedade como sujeitos da história (PELICIONI; PELICIONI,

2007).

Entretanto, conforme afirmam Schall e Struchiner (1999), a par dessa noção

ampliada de saúde, observando-se a prática, verifica-se que atualmente persistem diversos

modelos ou diferentes paradigmas de educação em saúde, os quais condicionam diferentes

práticas, muitas das quais reducionistas, o que requer questionamentos e o alcance de

perspectivas mais integradas e participativas.

Pode-se dizer que ainda hoje, muitas das práticas educativas desenvolvidas por

enfermeiros, mantêm o enfoque educativo preventivo sem incorporar a compreensão dos

fatores determinantes dos problemas de saúde ou ainda, as necessidades e saberes da

população trabalhada (ACIOLI, 2008).

Para Freire (1987), o processo educativo não pode basear-se simplesmente na

transferência de informações, o que ele denomina “concepção bancária”, em que o

conhecimento é depositado de um ser que sabe para um ser que nada sabe.

A despeito da emergência de um novo discurso no campo da educação em saúde,

prevalecem as práticas educativas hegemônicas. Da convivência entre as práticas emergentes

e hegemônicas é possível delinear dois modelos de práticas de educação em saúde, que podem

ser referidos como modelo tradicional e modelo dialógico. Estes se encontram em pólos

extremos, sendo possível reconhecer modelos intermediários (ALVES, 2005).

O modelo preventivo ou tradicional de educação em saúde é baseado nos

princípios da „velha‟ saúde pública. Fundamentalmente informado pelas tradições da

biomedicina, objetiva prevenir doenças. A abordagem preventiva trabalha com a ideia de que

os modos de vida dos indivíduos (regime alimentar pobre, falta de exercícios, tabagismo) são

as principais causas da falta de saúde. Nesse sentido, hábitos insalubres são tidos como

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consequência de decisões individuais equivocadas. O modelo tem como pressuposto a ideia

de que os profissionais da saúde sabem o que se constitui em estilo de vida saudável e de que

a adoção desse modo de viver a vida é uma questão de escolha pessoal (OLIVEIRA, 2005).

Para esse modelo de educação em saúde, o profissional de saúde supostamente só

teria hábitos de vida saudáveis, já que seria ele o detentor do conhecimento sobre a qualidade

de vida, o que na prática não acontece. Percebe-se que esse modelo não atende às reais

necessidades da população.

Souza et al. (2005) consideram o modelo tradicional ou preventivo de educação

em saúde como problemático, justamente por centrar-se na mudança de comportamento

individual e na crença de que saúde resulta de escolhas que o indivíduo faz, não importando

os aspectos culturais e sociais que condicionam estas escolhas. Frequentemente, os

profissionais que fornecem informações de saúde a indivíduos ou grupos, acreditam que os

sujeitos (possam e devam) seguir as orientações recebidas, ignorando a existência de

importantes fatores intervenientes que dificultam o exercício da autonomia individual.

Em resposta às premissas da promoção da saúde, uma nova abordagem de

educação em saúde, o modelo dialógico, ganhou espaço no contexto da saúde pública. Essa

nova abordagem se propõe atender as complexidades da nova saúde pública e a trabalhar

desde uma perspectiva mais moderna de educação. Acredita-se que o diálogo criado em tal

contexto resulte numa conscientização coletiva sobre as condições de vida e na compreensão

do potencial do indivíduo e do grupo para a promoção da mudança (OLIVEIRA, 2005).

Freire (1987) considera o diálogo com um ato de criação, defendendo a educação

dialógica como contribuição para um pensar crítico, que percebe a realidade como processo.

O modelo dialógico de educação em saúde atua com base na construção

compartilhada de saberes e, portanto, tem suas ações formuladas com intuito de se

aproximarem dos princípios norteadores da ESF (FELIPE, 2011).

Busca-se romper com o modelo normatizador, propondo um movimento contínuo

de diálogo e troca de experiências, no qual pretende-se articular as dimensões individual e

coletiva do processo educativo. Essa proposta pressupõe a compreensão do outro como

sujeito, detentor de um determinado conhecimento e não mero receptor de informações. Isso

implica no respeito ao universo cultural dos participantes, e principalmente na ideia de

saberes (popular e científico) pensados de forma dinâmica, ou seja, saberes em relação.

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Entende-se que em um processo contínuo de interação, escuta atenta e abertura ao saber do

outro, dá-se a possibilidade de uma construção compartilhada do conhecimento e de formas

de cuidado diferenciadas a partir dessa construção (ACIOLI, 2008).

A diferença entre o modelo tradicional e o modelo dialógico é que esse último

busca, muito mais, a mudança social do que a transformação pessoal. Tem a intenção de

promover o envolvimento dos indivíduos nas decisões relacionadas à sua própria saúde e

naquelas concernentes aos grupos sociais aos quais eles pertencem. Supõe-se que indivíduos

conscientes sejam capazes de se responsabilizar pela sua própria saúde, não apenas no sentido

da sua capacidade para tomar decisões responsáveis quanto à saúde pessoal, mas, também, em

relação à sua competência para articular intervenções no ambiente que resultem na

manutenção da sua saúde (OLIVEIRA, 2005).

A educação deve levar o educando à tomada de consciência e atitude crítica no

sentido de haver mudança da realidade, baseada na reflexão, no diálogo e na troca de

experiências entre educador/educando e profissional/cliente possibilita que ambos aprendam

juntos, por meio de processo emancipatório (VILA; VILA, 2007).

Na perspectiva de Souza et al. (2005), o modelo dialógico de educação em saúde

ainda que com limitações, é a forma mais adequada para o desenvolvimento de ações para

educação em saúde com grupos na comunidade. Ao trabalhar com base neste enfoque, o

profissional pode ser capaz de instrumentalizar os participantes do grupo, estimulando sua

consciência crítica e o exercício da sua autonomia frente às decisões de saúde no âmbito

individual e coletivo.

Felipe (2011) defende que a relação dialógica entre os membros do processo

educativo busca o desenvolvimento de cada uma deles, em virtude do respeito às suas

diferenças. A educação em saúde vista como um processo não centrado na doença e que

proporcione articulação entre educação e saúde baseia-se em um enfoque crítico, o que

implica no reconhecimento do caráter histórico dos determinantes sociais, políticos e

econômicos do processo saúde-doença.

Corroborando, Acioli (2008) pensa a prática educativa com foco no diálogo, na

preocupação em ouvir o outro, tomando como ponto de partida do processo pedagógico o

saber anterior das pessoas, acreditando que todos têm um conhecimento a partir de suas

experiências e vivências, de suas condições concretas de existência.

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Por sua vez, Souza et al. (2005) atentam para o fato de que no cotidiano dos

serviços de saúde, há uma sobreposição das abordagens tradicional e dialógica de educação

em saúde, provavelmente em função das complexidades do último modelo e das dificuldades

de se colocar em prática os seus pressupostos inovadores.

Uma abordagem não necessita ser totalmente descartada e substituída por outra,

pois somente a situação e a necessidade do usuário orientarão a melhor abordagem a ser

utilizada naquele momento. A transmissão de informações tem sua relevância,

principalmente, quando o usuário tem conhecimento insuficiente sobre o assunto e sua

prioridade naquela situação é apreender esse conhecimento.

Felipe (2011) argumenta que se deve frisar a importância de promover estas

reflexões nos diversos espaços da educação e da saúde. Pois, ao respeitar o saber do usuário,

bem como seu contexto sociocultural, por meio de ações educativas pautadas em uma

proposta emancipatória, ao invés de assistencialista, o enfermeiro atua como transformador

social, pois põe em prática seu conhecimento visando à autonomia do sujeito.

Não se pode negar a importância de uma prática dialógica para a real

transformação dos sujeitos, por isso o processo educativo deve estar sempre atrelado à escuta

atenta para a percepção das reais necessidades do usuário e dessa forma, o profissional

buscará juntamente com o ser cuidado estratégias que garantam uma melhoria no seu estado

de saúde.

3.2 Educação em saúde como cuidado clínico de enfermagem à mulher no ciclo

gravídico-puerperal

Através de uma concepção de educação em saúde integradora, dialógica e

fortalecedora da autonomia do usuário, este tópico apresenta esta concepção dentro do

cuidado clínico de enfermagem com foco na mulher que vivencia o ciclo gravídico-puerperal.

Para isso, torna-se necessária inicialmente, uma breve apresentação da conceituação de

cuidado atrelado à clínica.

Segundo Abbagnano (2007) o cuidado provém do latim „cura‟. Silva et al. (2009)

afirmam que o cuidado está inserido na humanidade desde o início da história do ser humano,

acompanha a evolução dos tempos, convive com as mais variadas formas de sociedade e está

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no interior das discussões nos diferentes contextos coletivos. Para os autores, cuidar de

alguém é ter estima e apreço pela pessoa, querendo o seu bem-estar de forma integral.

O cuidado pode ser visto também como um estado de sofrimento mental ou de

absorção: cuidar é estar em um estado mental sobrecarregado, um estado de ansiedade, medo

ou preocupação em relação a alguma coisa ou a alguém. Pode significar ainda ser encarregado

da proteção, do bem-estar ou do sustento de alguém ou de alguma coisa (NODDINGS, 2003).

Para Waldow (2004) ser é cuidar, e as várias maneiras de estar-no-mundo

compreendem diferentes maneiras de cuidar. Para ela, o cuidador precisa ter a experiência de

ser cuidado antes de cuidar. A capacidade de cuidar está, portanto, relacionada ao quanto e

como o ser foi cuidado. Cuidado é o que confere a condição de humanidade às pessoas,

representa uma maneira de ser e de se relacionar e caracteriza-se por envolvimento o qual, por

sua vez, inclui responsabilidade, interesse e compromisso moral.

O cuidador nem sempre escolhe cuidar; o cuidado lhe é designado, e então, ele

aciona seu potencial de cuidar no sentido de uma obrigação moral. O ser que necessita do

cuidado passa a ser fonte de preocupação, de interesse, tornando-se o centro de sua atenção

(WALDOW, 2008).

O cuidar humanizado implica, por parte do cuidador, a compreensão do

significado da vida, a capacidade de perceber e compreender a si mesmo e ao outro, situado

no mundo e sujeito de sua própria história (BARCHIFONTAINE, 2010).

O cuidado em saúde é visto como uma prática não-normativa, mas de inter-

relação e intersubjetividades. O ato de cuidar pressupõe o envolvimento coletivo, a pessoa que

cuida e o que é cuidado, mas não se deve excluir o ser cuidado da sua família, dos seus

amigos, enfim da comunidade em que vive. Ocorre na interação profissional-usuário, gestor-

usuário, baseado em uma escuta ativa que busca conhecer aquele sujeito ao qual são

destinadas as ações, inter-relacionando as dimensões objetivas (biológico e condições

materiais) e subjetivas (experiências, percepções e representações sociais) (GERHARDT;

RIQUINHO; ROTOLI, 2008).

Por sua vez, Millen (2010) defende que o cuidado na saúde está relacionado com

o modo como se facilita às pessoas, individualmente, em conjunto e entre si, o acesso ao

necessário para uma vida digna, e também com o modo como se capacita para a organização

de si mesmo no encontro com o sentido essencial que as humaniza.

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Dessa forma, o cuidado de enfermagem é o trabalho vivo em ato, sistematizado e

organizado cientificamente, favorecendo a manutenção da vida, proporcionando conforto e

bem-estar e contribuindo com uma vida saudável ou uma morte tranquila. O cuidado de

enfermagem e a tecnologia estão interligados, uma vez que a enfermagem está comprometida

com princípios, leis e teorias, e a tecnologia consiste na expressão desse conhecimento

científico, e em sua própria transformação. O cuidado que indica quais tecnologias são

necessárias em uma determinada situação, ou seja, para prestar um cuidado eficiente e eficaz,

necessita-se de diferentes tipos de tecnologias: de uma tecnologia dura, com a utilização de

instrumentos e equipamentos, de uma tecnologia leve-dura, lançando mão de conhecimentos

estruturados (teorias ou modelos de cuidado) e de tecnologias leves, já que a implementação

do cuidado requer o estabelecimento de relações (vínculo e acolhimento) (ROCHA et al.,

2008).

Encontrou-se na literatura os termos “autocuidado” e “cuidado de si” atrelados à

educação em saúde, pela compreensão de que o processo educativo permite ao indivíduo

exercer o autocuidado ou cuidar de si.

Segundo Silva et al. (2009) o autocuidado adota o pressuposto de que o ser

humano é a soma do biológico, psicológico, espiritual e social, além de evidenciar que a

pessoa tem que se adaptar ao meio ambiente. Enquanto o cuidado de si, proposto por Michel

Foucault, está atrelado ao paradigma da simultaneidade que adota que a pessoa não é um ser

somativo, pois o todo é maior do que a soma das partes, assim como as partes são

representativas desse todo. Outro aspecto a considerar é que ao indivíduo não cabe

unicamente se adaptar ao ambiente, mas sim interagir com o mesmo, podendo transforma-lo e

ser transformado por ele.

O cuidado de si não é específico do enfermeiro, todo e qualquer profissional da

área de saúde tem que se preocupar consigo, para então ter condições de cuidar do outro.

Porém, é o enfermeiro, que mais contato tem com o ser doente ou saudável, que mais convive

com o sofrimento do outro, assim, não pode deixar de cuidar de si, de ter uma relação

saudável consigo, pois, só assim pode se relacionar bem com o outro e cuidar do outro

(SILVA et al., 2009).

Para Agostini (2010), o cuidado existe no diálogo com o outro. Elabora-se à

medida que a pessoa se põe à escuta do outro que a interpela, chegando a se organizar em

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grupos e/ou comunidades. A pessoa só existe e vive de verdade quando se torna uma presença

aberta ao mundo e às outras pessoas. Os outros não são uma limitação, e sim a possibilidade

de ser e crescer.

Após explanação sobre o cuidado, pretende-se agora apresentar a clínica. A

clínica, de acordo com Foucault (1977), é o constante olhar sobre o doente, junto ao leito.

Para o autor, a pureza do olhar está ligada a certo silêncio que permite escutar o outro,

fazendo-o falar o que é inacessível para os sentidos, acessar além do que é visível. Não é um

instrumento para descobrir uma verdade ainda desconhecida; é uma determinada maneira de

dispor a verdade já adquirida e de apresentá-la para que ela se desvele sistematicamente. Ela

conduz e organiza uma determinada forma de discurso médico; não inventa um novo conjunto

de discursos e práticas.

Foucault (1977) afirma que a clínica no século XVIII não desempenhou papel

específico no desenvolvimento do conhecimento científico, pois visava à aprendizagem de

uma prática que mais resumia do que analisava os casos. No século XIX, a clínica sofreu uma

reestruturação brusca, comtemplando a totalidade da experiência médica, com coerência

científica através de uma nova organização, embasada nos sintomas e nos signos, mas

também na observação e na experiência.

Paulon (2004), por sua vez, define a clínica como uma tecnologia da subjetividade

inventando sempre novas formas de reordenar a existência, comprometida em inovar as

formas de estar-no-mundo, fazendo-as sempre potencializadoras de vida, produtoras de uma

nova saúde.

A clínica se apresenta como atitude, como ética de intervenção, como uma

experiência de libertação da realidade existente. Efetiva-se em um movimento de

transformação tanto de quem lhe demanda intervenção quanto da própria instituição clínica

(PASSOS; BARROS, 2004).

Portanto, ampliar a clínica nada tem a ver com atender a um maior número de

pessoas, ou com o espaço-tempo ocupado para as práticas. Deve-se ampliá-la em todos os

âmbitos, individual ou grupal, permitindo uma mudança em seus modos de ver o mundo e

suas formas de agir (COSTA; MOEHLECKE; FONSECA, 2004).

A partir dos conceitos de cuidado e de clínica, a pesquisadora propõe como

definição do cuidado clínico de enfermagem o ato de cuidar com responsabilidade, ética e

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compromisso social, através de conhecimento técnico-científico, de forma a atender às reais

necessidades do ser cuidado, com respeito à sua singularidade, história de vida e

individualidade, a fim de que ele seja o principal responsável por esse cuidado e cada vez

menos dependente do enfermeiro.

Freitas, Oguisso e Fernandes (2010) afirmam que os fundamentos do agir em

enfermagem se pautam nas concepções de vida, valores, crenças, desejos, motivações,

intencionalidades, necessidades e possibilidades, perpassando o diálogo aberto, crítico,

reflexivo e consensual. Ao agir de modo ético, o enfermeiro repensa a responsabilidade

individual e institucional, englobando as relações do mundo do trabalho (os recursos humanos

e materiais de que dispõe), avaliando e transformando as condições de trabalho e modificando

as relações, a fim de garantir uma assistência de enfermagem segura à clientela por ele

assistida, com isenção de riscos e propiciando maiores benefícios possíveis.

Com base na literatura revisada, percebe-se, que a educação em saúde representa

um meio de exercer o cuidado clínico de enfermagem, por necessitar de todos esses atributos

próprios do cuidado e da clínica para ser promovida. A educação em saúde dispensada à

mulher durante a gestação e o puerpério não é diferente. A mulher que vivencia o ciclo

gravídico-puerperal apresenta necessidades de cuidado prioritariamente através da educação

em saúde, para que vivencie esse momento novo com segurança e tranquilidade.

Percebe-se que a partir de 1980, a concepção de saúde da mulher no âmbito da

gestação, parto e puerpério, se ampliou, sendo esse novo enfoque estimulado pela introdução

do PAISM, com a meta de garantir uma assistência integral e humanizada às mulheres,

redirecionando o modelo vigente, curativo e intervencionista, para ações preventivas e de

promoção da saúde (BRASIL, 1984).

Rodrigues (2005) afirma que o cuidado deve ir além, permear o conhecimento no

contexto socioeconômico e cultural e das necessidades psicossociais, trabalhando a mulher

integralmente e provendo a mesma de orientações que permitam o desenvolvimento de sua

autonomia, no cuidado de si e de seu filho.

As experiências de gestar, parir e cuidar de si e do bebê são acontecimentos

marcantes na vida da mulher, mesmo não sendo a primeira gravidez, pois cada experiência

gestacional reúne acontecimentos diferentes, possibilitando novas aprendizagens. É um

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momento que envolve significativas modificações anatômicas, fisiológicas e psicológicas

(RODRIGUES, 2005).

Trata-se de um momento singular na vida da mulher quando seu passado é revisto

e o futuro redesenhado. Repleto de oportunidades de atuação dos serviços de saúde com a

clientela, possibilitando uma atuação dentro da perspectiva de promoção da saúde, educação

em saúde, prevenção e a identificação e tratamento de problemas tanto da mulher como de seu

filho. A assistência durante o ciclo gravídico-puerperal é a resposta organizada dos serviços

de saúde para esse acompanhamento da mulher, seu filho e família (RIBEIRO FILHO, 2004).

É imprescindível que o enfermeiro, ao entrar em contato com uma mulher

gestante ou puérpera, em uma unidade de saúde ou em uma visita domiciliar, busque

compreender os múltiplos significados da gestação, parto e puerpério para aquela mulher e

sua família.

O profissional deve estar munido de seus conhecimentos científicos, dos recursos

tecnológicos, não deixando de empregar seus cuidados humanísticos através da escuta para

assistir cada mulher em suas particularidades.

As ações de saúde materna desenvolvidas devem dar cobertura a toda população,

assegurando o acompanhamento, a continuidade no atendimento e avaliação. Seus objetivos

são de prevenir, identificar e/ou corrigir as intercorrências materno-infantis, bem como

instruir a mulher no que diz respeito à gravidez, parto, puerpério e cuidados com o recém-

nascido. Destaca-se, ainda, a importância de oferecer apoio emocional e psicológico ao

companheiro e a família, para que estes também estejam envolvidos com o processo de gestar,

parir e nascer (XIMENES NETO et al., 2008).

Zampieri et al. (2010) comentam que a educação em saúde no ciclo gravídico-

puerperal é um dos principais componentes do cuidado à mulher e sua família, seja no

ambulatório, hospital ou domicílio. É a oportunidade para a promoção da saúde e prevenção

das doenças. É o suporte para a compreensão de todo o processo e dos riscos, podendo ser um

dos instrumentos de capacitação e de socialização de conhecimentos.

Apesar da relevância da educação em saúde no cuidado clínico à mulher durante

todo o ciclo gravídico-puerperal, o estudo de Rodrigues (2005) apresenta as representações de

puérperas quanto à prática da educação em saúde, sendo notórias: deficiência de orientações

nos serviços de saúde, fazendo persistir as dúvidas e inseguranças das mulheres; e ausência de

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uma prática extensiva do cuidado hospitalar para o domicílio, gerando descontentamentos

entre as puérperas, e influenciando na insegurança face ao exercício do papel materno.

O estudo (RODRIGUES, 2005) expõe a insatisfação das mulheres com o cuidado

prestado pelo profissional enfermeiro. As puérperas carecem de informações e denunciam a

situação de “abandono” pelo profissional após o parto.

É percebida na maioria dos estudos a resistência ao diálogo e à participação do

outro; grande parte dos profissionais de saúde evita os questionamentos e resiste ao

compartilhamento de saberes. Subtende-se ser mais prático o repasse de informações

superficiais e limitadas que não estimulem a reflexão nem a identificação dos problemas e

necessidades dos usuários.

No tangente à saúde da mulher no ciclo gravídico-puerperal não é diferente.

Embora haja políticas públicas que preconizam a promoção da saúde da mulher através de

ações educativas conscientizadoras, estas quando existem, são na maioria das vezes deposição

de conhecimentos, distanciados da realidade das usuárias.

Através da revisão de literatura sobre as práticas educativas desenvolvidas por

enfermeiros na APS em prol da promoção da saúde da mulher no ciclo gravídico-puerperal,

pode-se perceber nos artigos estudados uma forte tendência de repassar conhecimentos

através das tradicionais palestras, fato confirmado no estudo de Shimizu e Rosales (2009) em

que se constatou o predomínio da prática pedagógica tradicional, com utilização de recursos

pedagógicos precários e linguagem acessível, mas pouco interativa e que culmina na pouca

participação dos usuários.

Embora tenham seu valor, as palestras muitas vezes limitam o aprendizado, pois

não estimulam a interação entre os participantes, há o que fala e os que ouvem. Como

comentado por Feliciano e Kovacs (2003) existe uma preocupação pelo profissional que

realiza a palestra em se fazer entender, mas não há a tentativa de introduzir o diálogo,

incorporando a participação das mulheres.

Nestas práticas educativas, não há a troca de conhecimentos nem tampouco a

participação das usuárias como sujeitos ativos e autônomos nas decisões que dizem respeito à

sua saúde. Ao contrário, são vistas como portadoras de pouco ou nenhum conhecimento; com

a apropriação e imposição do saber científico pelos profissionais de saúde e a desvalorização

do saber popular.

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Também se constata a utilização do curso como prática educativa, mostrando uma

ação mais interativa e focalizando a participação das usuárias como sujeitos importantes nas

decisões que envolvem a promoção e recuperação da sua saúde. Em um dos estudos foram

utilizados, durante o curso, os seguintes recursos: vídeos, álbuns seriados e atividades lúdicas,

como confecção de calendários, usando as temáticas abordadas no módulo, dinâmicas, aulas

práticas, entre outros recursos (ROLIM; MOREIRA; VIANA, 2006). Percebe-se a

valorização da interação enfermeira-usuária, estimulando o diálogo e a troca de conhecimento

entre os participantes do grupo.

Com relação às ações educativas no pré-natal, os estudos de Feliciano e Kovacs

(2003), Figueiredo e Rossoni (2008) mostram uma tendência em se restringir as ações

educativas durante as consultas individuais com o simples repasse de algumas informações

sobre gravidez, parto e cuidados com o bebê.

Em estudo realizado com enfermeiras, as pesquisadas afirmam que há

dificuldades na realização de práticas educativas devido ao excessivo número de impressos

que precisam ser preenchidos nas consultas (RIOS; VIEIRA, 2007). Na tentativa de superá-

las, as enfermeiras procuram estabelecer um bom diálogo para obter a confiança das usuárias

e oferecer informações.

Este fato se confirma também no estudo de Bittencourt (2010), em que as

enfermeiras abordam possuírem pouco tempo para a atividade educativa e tentam sanar este

déficit nos momentos de encontro com os clientes, principalmente nas consultas.

É de extrema importância o despertar de alguns profissionais para as ações

educativas realizadas individualmente, priorizando as necessidades de cada um, atentando

para o fato de que a educação em saúde pode e deve ser realizada em todos os âmbitos e

oportunidades.

A possibilidade de ver a educação em saúde como além dos grupos é um

instrumento importante para o profissional, à medida que todas as ações desenvolvidas na

ESF e demais espaços de educação e saúde têm cunho educativo.

Porém, a educação em saúde realizada somente durante as consultas, tira das

mulheres a oportunidade de participar de grupos educativos, de dividir seus medos e suas

angústias, de esclarecer as dúvidas comuns às outras mães. Restringe-se dessa forma o

aprendizado coletivo, a rica troca de experiências e conhecimentos entre as mulheres.

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Abrahão e Freitas (2009) ressaltam que o grupo é encarado como estratégia

pedagógica e de troca de saberes, por isso deve ser estimulado como prática educativa

realizada pelo enfermeiro.

Os estudos envolvendo grupos de gestantes e casais grávidos foram considerados

fóruns de socialização de conhecimentos e de construção de saberes, contribuindo para o

pensar crítico e reflexivo, assim como o fortalecimento de potenciais e autonomia dos pais

para conduzir o processo de nascimento e exercer a maternidade e paternidade (ZAMPIERI et

al., 2010; DIAZ et al., 2010; PROGIANTI; COSTA, 2012). As mulheres foram estimuladas a

ter um pensamento crítico-reflexivo, discutindo sobre modos e formas de cuidado que

satisfazem suas necessidades e desejos de saúde e bem-estar (FARIA; AYRES; ALVIM,

2004).

Em estudo com um grupo de puérperas foi possível observar, através de inúmeras

participações no grupo, que esse espaço oportuniza a prática de compartilhar com as

mulheres, companheiros e famílias, informações e conhecimentos sobre assuntos

correlacionados ao processo de saúde-doença das mães e seus recém-nascidos durante o

período do puerpério. Também possibilita aos participantes, um processo de aprendizado,

troca de experiências, retirada de dúvidas e desmistificação de mitos e crenças (CARDOSO;

PEREIRA, 2010).

Estudos recentes revelam a preocupação de enfermeiros com a participação da

população como agente ativa no processo saúde-doença, percebendo as ações de educação em

saúde como oportunidade para desenvolver nas pessoas a consciência acerca da importância

da coresponsabilização de todos os envolvidos na promoção e proteção da saúde, seja

profissional, indivíduo ou comunidade, para proporcionar oportunidades de empoderamento e

de autonomia, características do modelo dialógico da educação popular em saúde

(PROGIANTI; COSTA, 2012; FIGUEIRA; LEITE; SILVA, 2012).

Como a gestação e a maternidade são períodos que envolvem grandes mudanças

biopsicossociais, mulheres e seus companheiros necessitam compartilhar reflexões sobre as

mudanças que vivenciam, trocar experiências, bem como se preparar do ponto de vista

corporal e emocional para as experiências que viverão (XIMENES NETO et al., 2008).

Assim, é imprescindível a realização de práticas educativas durante todo o ciclo

gravídico-puerperal, uma vez que propicia à mulher compreender suas transformações e

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alteração de papel; preparar-se para o parto e puerpério e para cuidar do bebê; conhecer e

compreender os sinais do trabalho de parto e as sensações corporais; agir ativamente no

processo, facilitando a transição para mais esta etapa do desenvolvimento humano. Relevante

é que as práticas educativas aconteçam com a valorização do ser cuidado nas formas de afeto,

atenção, consideração, responsabilidade e respeito recíproco (ZAMPIERI et al., 2010).

Há necessidade de se gerar esforços para a realização da educação em saúde como

direito da mulher e forma de melhorar o impacto dessa ação na sua saúde física, mental e

emocional, especialmente no ciclo gravídico-puerperal, seja no âmbito individual ou coletivo.

3.3 Teoria das Representações Sociais

O referencial teórico proposto para este estudo é o da Teoria das Representações

Sociais. Jodelet (2001) e Moscovici (2003) afirmam que as representações surgem da

necessidade do homem de estar informado do mundo à sua volta. Além de se ajustar ao

mundo, o homem precisa saber como se comportar, dominar o mundo física e

intelectualmente, identificar e resolver os problemas que se apresentam. As representações

são criadas no decurso da comunicação e da cooperação entre pessoas e grupos. E, uma vez

criadas, circulam, se encontram, se atraem, se repelem e dão oportunidade ao nascimento de

novas representações, enquanto velhas representações morrem.

O conceito de representações sociais foi elaborado em 1961, na França, por Serge

Moscovici, em estudo pioneiro intitulado “A Psicanálise, sua imagem e seu público”. O

estudo das representações sociais embasa-se nas representações coletivas, definidas por

Durkheim como representações que conduzem os homens a pensar e agir de maneira

homogênea à medida em que exercem uma coerção sobre cada indivíduo. Ele considera que

esse saber partilhado e reproduzido coletivamente transcende o individual. Durkheim defende

que haja dos grupos de representações: as individuais e as coletivas, sugerindo que as

primeiras deveriam ser estudadas pela Psicologia, enquanto as últimas formariam o objeto da

Sociologia (MOSCOVICI, 2003; NÓBREGA, 2003).

Moscovici, influenciado pela Psicologia Social, elabora o conceito de

representações sociais através da interseção do individual e do coletivo, a partir do princípio

da indissociabilidade entre indivíduo e sociedade, sujeito e objeto, interno e externo. Insiste

sobre a especificidade dos fenômenos representativos nas sociedades contemporâneas,

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caracterizadas por: intensidade e fluidez das trocas e comunicações; desenvolvimento da

ciência; pluralidade e mobilidade sociais (JODELET, 2001; MOSCOVICI, 2003;

NÓBREGA, 2003).

Entende as representações sociais como um conhecimento que não se caracteriza

por uma contraposição ao saber científico, mas aparece como o saber do senso comum ou

ainda saber ingênuo, natural, tido como objeto de estudo tão legítimo quanto o do

conhecimento científico devido à sua importância na vida social, por servir de orientação aos

comportamentos das pessoas, e à elucidação possibilitadora dos processos cognitivos e das

interações sociais (JODELET, 2001; MOSCOVICI, 2003; NÓBREGA, 2003).

As representações guiam os homens no modo de nomear e definir conjuntamente

os diferentes aspectos da realidade diária, no modo de interpretar esses aspectos, tomar

decisões e eventualmente, posicionar-se frente a eles de forma defensiva. Tratam de

fenômenos observáveis diretamente ou reconstruídos por um trabalho científico. Devem ser

vistas como uma maneira específica de compreender e comunicar o que se sabe, abstrair

sentido do mundo e introduzir nele ordem e percepções que o reproduzam de uma forma

significativa (JODELET, 2001; MOSCOVICI, 2003).

Abric (2001), Jodelet (2001) e Moscovici (2003) definem ainda representação

social como uma forma de conhecimento socialmente elaborado e partilhado com um objetivo

prático e que se diferencia de outros, pelos modos de elaborações e funções a que se destina,

concorrendo à construção de uma realidade comum a um conjunto social. É, portanto, um

conjunto organizado de opiniões, atitudes, crenças e informações referentes a um objeto ou a

uma situação. A representação é determinada ao mesmo tempo pelo próprio sujeito (sua

história, sua vivência), pelo sistema social e ideológico no qual ele está inserido e pela

natureza dos vínculos que ele mantém com esse sistema social. Iguala toda a imagem a uma

ideia e toda a ideia a uma imagem, sendo icônica e simbólica.

As RS referem-se às relações dos indivíduos entre si, com os outros, consigo

próprios e com o objeto, sintetizando necessidades e demandas de diversas ordens. Não se

constituem como conjuntos fechados, mas se articulam à experiência do viver de sujeitos

concretos, enquanto “saber-do-viver”. Neste saber, o objeto particulariza-se, mas o sentido

que lhe é atribuído, articula e integra em si, tudo o que se lhe associa (MADEIRA, 2003).

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Elas são construídas para acolher um elemento novo. Apoiam-se em valores

variáveis, segundo os grupos sociais de onde tiram suas significações, e em saberes anteriores,

reavivados por uma situação social particular. Estão ligadas tanto a sistemas de pensamentos

mais amplos, ideológicos ou culturais, quanto à condição social e à esfera da experiência dos

indivíduos (JODELET, 2001).

A comunicação social é responsável pelo modo como se forjam as RS, assim

como determina a formação do processo representacional estruturado em três níveis:

cognitivo, formação da RS e edificação das condutas. As instâncias ou substitutos

institucionais e as redes de comunicação informais ou da mídia intervêm em sua elaboração,

abrindo caminho a processos de influência e até mesmo de manipulação social. Estas

representações dão lugar a teorias espontâneas e versões da realidade através de imagens ou

palavras carregadas de significações. Finalmente, por meio destas várias significações, as

representações expressam aqueles indivíduos ou grupos que as forjam e dão uma definição

específica ao objeto por elas representado. Estas definições partilhadas pelos membros de um

mesmo grupo constroem uma visão consensual da realidade para esse grupo (JODELET,

2001; NÓBREGA, 2003).

Moscovici classifica e analisa os três sistemas indutores das representações: a

difusão, a propagação e a propaganda. Cada sistema de comunicação é particular aos laços

estabelecidos entre o emissor e o receptor, à organização das mensagens e aos

comportamentos visados. As modalidades de deslocamento das representações através das

três formas de comunicação correspondem, respectivamente, à edificação das condutas de

opinião, atitudes e estereótipos. Cada forma de comunicação tem por efeito a produção de RS

específicas, conforme a dinâmica das interações realizadas entre os sujeitos e o objeto

articulado no âmbito do pensamento social (NÓBREGA, 2003).

Jodelet (2001), Moscovici (2003) e Nóbrega (2003) destacam como funções

importantes das RS a orientação das comunicações sociais e a formação de condutas, as quais

favorecem o posicionamento do sujeito a um objeto confrontado e guiam suas atitudes, seus

comportamentos e suas práticas. Abric acrescentou outras duas funções às representações: a

função identitária, que permite salvaguardar a imagem positiva do grupo e sua especificidade

(definição das identidades pessoais e sociais), e a função justificadora, que permite aos atores

expressarem, manterem ou reforçarem os comportamentos de diferenciação social, nas

relações entre grupos.

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Quanto à formação e elaboração das representações (JODELET, 2001;

MOSCOVICI, 2003; NÓBREGA, 2003), estão envolvidos dois processos fundamentais:

ancoragem e objetivação. A ancoragem consiste na inserção do objeto desconhecido ou novo

num sistema de pensamentos pré-existente, tornando-o familiar, estabelecendo em torno de si

uma rede de significados e incorporando-o ao social, a uma rede de categorias usuais. Ancorar

é, portanto, classificar e dar nome a algumas coisas ainda não classificadas, consideradas

estranhas ou inexistentes.

A ancoragem também é organizada sobre três condições estruturantes: a

atribuição de sentido, a instrumentalização do saber e o enraizamento no sistema de

pensamento. A instrumentalização do saber confere ao objeto um valor funcional para a

interpretação e a gestão do ambiente. O enraizamento no sistema de pensamento articula a

oposição entre os elementos inovadores com aqueles que são rotineiros ou mesmo arcaicos. O

caráter criador do que é novo entra em contato com as modalidades de pensamento mais

antigas e opera sobre elas novas interpretações da realidade. Para que o estranho seja

familiarizado, os sistemas de pensamento já estabelecidos tendem a predominar através dos

mecanismos de classificação, de comparação e de categorização do novo objeto em

julgamento. A rede de significações permite situar o objeto em relação aos valores sociais e

dar-lhe coerência (JODELET, 2001; NÓBREGA, 2003).

O segundo processo, a objetivação, corresponde ao fato de tornar real um

esquema conceitual, tornar concreto o que é abstrato (materializar as abstrações), consiste em

transformar um conceito em uma imagem ou núcleo figurativo, a partir da associação de uma

ideia não-familiar transportada para a realidade. Enfim, é transformar em objeto o que é

representado. Este processo, por sua vez, é constituído pela construção seletiva,

esquematização estruturante e naturalização (JODELET, 2001; MOSCOVICI, 2003;

NÓBREGA, 2003).

Na construção seletiva, a seleção dos elementos é feita, por um lado, em função de

critérios culturais, sendo estes determinados pela desigualdade das condições de acesso às

informações, segundo o pertencimento ao grupo; por outro lado, são os critérios normativos

que exercem a função de retenção dos elementos de informação, preservando a coerência com

o sistema de valores próprios ao grupo (NÓBREGA, 2003).

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A esquematização estruturante ou núcleo figurativo é o elemento mais estável da

representação. Manifesta o efeito da comunicação, ligada à pertença social dos sujeitos, sobre

a escolha e a organização dos elementos constitutivos da representação. Por fim, a

naturalização confere uma realidade plena ao que era uma abstração, dá valor a realidades

concretas, diretamente legíveis e utilizáveis na ação sobre o mundo e os outros (JODELET,

2001; NÓBREGA, 2003).

Jodelet (2001) afirma que toda a representação é representação de alguma coisa,

mas também de alguém que constrói. As características do sujeito e do objeto nela se

manifestam. O alguém que constrói baseia sua construção num território simbólico que lhe dá

o chão para sua leitura do mundo. A representação traz a marca do sujeito e de sua atividade,

comporta uma parte de reconstrução, de interpretação do objeto e de expressão do sujeito. A

representação social tem com seu objeto uma relação de simbolização (substituindo-o) e de

interpretação (conferindo-lhe significações). É uma construção e uma expressão do sujeito, a

particularidade de uma coletividade.

A partir desses conceitos e proposições teóricas, acredita-se que a inserção das RS

nas pesquisas sobre a educação em saúde com foco no ciclo gravídico-puerperal, possibilitará

um novo olhar do enfermeiro para as usuárias, atentando para as suas necessidades e

expectativas e (re)significando a educação em saúde como cuidado clínico de enfermagem.

Nóbrega e Coutinho (2003) afirmam que nas pesquisas em RS é recomendável

utilizar uma diversidade de instrumentos que possibilitem salientar aspectos diferenciados

(quantitativos e qualitativos) a respeito do objeto de investigação. Cada instrumento pode ter

seus dados interpretados através de diferentes perspectivas analíticas que permitem uma

visualização mais aprofundada e abrangente do objeto representado.

A TRS permite a utilização de diversas abordagens metodológicas, contribuindo

de maneira diversa e criativa para a construção do objeto de pesquisa. As RS não estão

atreladas a delimitações restritas de pesquisa, pelo contrário, buscam agregar distintos e

compatíveis métodos de investigação para se aproximar da apreensão dos universos

consensuais dos sujeitos.

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4 METODOLOGIA

4.1 Natureza e tipo de estudo

Trata-se de um estudo descritivo norteado pela Teoria das Representações Sociais,

baseado nos princípios de Moscovici (2003) e Jodelet (2001), com uso de multimétodos ou

triangulação (abordagens qualitativa e quantitativa).

Segundo Flick (2009), a triangulação metodológica é utilizada para designar a

combinação de diversos métodos para tratar um fenômeno, com o intuito de enriquecer e

complementar ainda mais o conhecimento e superar os potenciais epistemológicos (sempre

limitados) do método individual. Um estudo poderá incluir abordagens qualitativas e

quantitativas em diferentes fases do processo de pesquisa sem concentrar-se necessariamente

na redução de uma delas a uma categoria inferior ou em definir a outra como sendo

verdadeira abordagem da pesquisa. Neste caso, as diferentes perspectivas metodológicas

complementam-se para a análise de um tema, sendo este processo compreendido como a

compensação complementar das deficiências e dos pontos obscuros de cada método isolado.

São vistos igualmente quanto ao papel que desempenham no projeto.

Dessa forma, este estudo busca a obtenção de um conhecimento mais amplo sobre

o tema da pesquisa, em comparação ao conhecimento fornecido por uma única abordagem.

Permitirá a validação mútua das descobertas de ambas as abordagens, que são

complementares entre si e não opostas.

4.2 Cenário do estudo

O estudo foi desenvolvido em nove CSF da Secretaria Executiva Regional IV

(SER IV) no Município de Fortaleza – CE. A escolha dos CSF da referida SER IV consiste

por estarem inseridos na área de abrangência da Universidade e pela possibilidade de

incluírem como sujeitos a comunidade que reside nas adjacências.

Segundo dados do endereço eletrônico da Prefeitura de Fortaleza (2008), a SER

IV foi inaugurada em 25 de abril de 1997. Com área territorial de 34.272 km², abrange 19

bairros: José Bonifácio, Benfica, Fátima, Jardim América, Damas, Parreão, Bom Futuro, Vila

União, Montese, Couto Fernandes, Pan Americano, Demócrito Rocha, Itaoca, Parangaba,

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Serrinha, Aeroporto, Itaperi, Dendê e Vila Pery. Sua população é de cerca de 305 mil

habitantes. O bairro mais populoso é o da Parangaba, com cerca de 32.840 mil habitantes; e o

menos populoso é o Dendê, com apenas 2.480. A SER IV concentra 15 creches e 28 escolas

de ensino infantil e fundamental. Já a rede de saúde é formada por 12 unidades de

atendimento básico, além de três Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) e um Centro de

Atendimento à Criança (CROA). A Regional possui ainda a segunda maior emergência do

Estado do Ceará, o Frotinha da Parangaba, que realiza uma média de 16 mil atendimentos por

mês.

Figura 1: Mapa da Secretaria Executiva Regional IV do Estado do Ceará. Fortaleza-CE, 2011.

Fonte: Prefeitura de Fortaleza (2008).

Quadro 1: Centros de Saúde da Família da SER IV do Estado do Ceará e seus respectivos endereços e

telefones. Fortaleza-CE, 2011.

CSF – SER IV Endereço Telefone

Abel Pinto Travessa Goiás, s/n – Demócrito Rocha 3131.7339

Filgueiras Lima Av. dos Expedicionários, 3910 - Benfica 3131.1697

Gutemberg Braun Rua Monsenhor Agostinho, 505 – Vila Pery 3292.7635

José Valdevino de Carvalho Rua Guará, s/n - Parangaba 3131.7338

Luís Albuquerque Mendes Rua Benjamim Franklin, 735 - Serrinha 3131.7335

Luís Costa Rua Marechal Deodoro, 1501 - Benfica 3131.7677

Ocelo Pinheiro Rua Elcias Lopes, 517 - Parangaba 3131.7334

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Oliveira Pombo Travessa Júlio Ribeiro, s/n – Demócrito Rocha 3482.8576

Parangaba Rua Germano Franklin, 495 - Parangaba 3131.7337

Policlínica Nascente Rua Betel, s/n - Itaperi 3131.1975

Roberto Bruno Av. Borges de Melo, 910 - Fátima 3272.0060

Turbay Barreira Rua Gonçalves Souto, 420 – Vila União 3272.4055

Fonte: Cartilha de Saúde da Gestante de Fortaleza (2009).

4.3 Sujeitos da pesquisa

Os sujeitos da pesquisa foram o grupo de usuárias que atenderam aos seguintes

critérios de inclusão: cadastradas em um dos CSF da SER IV, que estivessem no período pós-

parto, maiores de 18 anos, que realizaram no mínimo seis consultas de pré-natal e uma

consulta puerperal. O critério de exclusão eliminou as mulheres que saíram da área de

abrangência do CSF da SER IV (por mudança de endereço) no período da coleta de dados.

Escolheu-se mulheres no puerpério por poderem relatar sua vivência durante todo

o ciclo gravídico-puerperal e um mínimo de seis consultas de pré-natal por ser o preconizado

pelo Ministério da Saúde (BRASIL, 2006) e uma consulta puerperal por estudos

(RODRIGUES et al., 2006; MARTINS; RODRIGUES, 2009) que revelam o número

reduzido de usuárias que realizam consultas puerperais.

Participaram da aplicação do Teste de Associação Livre de Palavras (TALP) 115

mulheres puérperas, divididas em dois grupos: 54 primíparas e 61 multíparas. Dentre as

mulheres que realizaram o TALP, foram escolhidas puérperas para a realização das

entrevistas semiestruturadas por critério intencional, até a ocorrência da saturação teórica dos

dados, o que ocorreu com 31 entrevistas.

4.4 Procedimentos e instrumentos de coleta de dados

Mediante a aceitação dos sujeitos e da assinatura do TCLE (Apêndice A), foi

utilizado um instrumento de produção de dados para traçar um perfil obstétrico e sócio

familiar demográfico das participantes (Apêndice B), posteriormente o TALP (Apêndice C), e

o roteiro de entrevista semiestruturada (Apêndice D) que objetivava explorar os sentidos

atribuídos à educação em saúde, com perguntas sobre o conhecimento das atividades

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44

educativas, a participação nessas atividades e os locais, profissionais envolvidos, os temas

discutidos, entre outros.

4.4.1 Teste de Associação Livre de Palavras

O Teste de Associação Livre de Palavras é caracterizado por ser uma técnica

projetiva que favorece os indivíduos a revelarem o conteúdo latente da memória em relação a

um objeto determinado implícito, muitas vezes, em seus depoimentos (NÓBREGA;

COUTINHO, 2003).

É um instrumento adaptado ao campo da Psicologia Social, enunciado por

Nóbrega (2003), Coutinho, Nóbrega e Catão (2003), dentre outros autores, que até então, vêm

enriquecendo as pesquisas sobre representações sociais. Conforme descrevem estes, o TALP

aplica-se ao tipo de investigação aberta, o qual permite evidenciar universos semânticos; ao

mesmo tempo, destacam os universos comuns de palavras face aos diferentes estímulos e

sujeitos. Este instrumento consiste na evocação de ideias por estímulos indutores, a partir das

palavras dadas. Esses devem ser definidos com base no objeto pesquisado.

O procedimento de aplicação é bastante simples, basta pronunciar diante do

sujeito uma ou mais palavras, denominadas indutoras. Em resposta, o sujeito deve verbalizar

o mais rápido possível as primeiras palavras que lhe vêm à mente (palavras induzidas). Deve-

se ter o cuidado de não permitir que haja tempo para elaboração das respostas, estas deverão

ser enunciadas de forma mais rápida possível (COUTINHO; NÓBREGA; CATÃO, 2003).

As palavras indutoras escolhidas para este estudo foram quatro: ações educativas;

gravidez; resguardo; ações educativas na gravidez e no resguardo (Apêndice C). As palavras

foram escolhidas com vista a aproximarem-se da linguagem simples e facilmente entendida

pelas usuárias.

Após a aplicação do teste, as palavras evocadas foram transcritas em sua íntegra

para um banco de dados e elaborou-se um dicionário correspondente aos estímulos, onde

foram reunidas todas as palavras evocadas que se relacionaram aos respectivos estímulos

indutores, para serem então processadas através do software Tri-Deux-Mots.

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45

4.4.2 Entrevista semiestruturada

A entrevista semiestruturada foi eleita como técnica essencial de coleta de dados,

por permitir à pesquisadora, não só a obtenção do discurso, mas principalmente por

possibilitar aprofundar um diálogo, interpretando os discursos revelados.

Trabalhou-se com a entrevista semiestruturada (Apêndice D), por se tratar de um

instrumento que combina perguntas fechadas e abertas, favorecendo à entrevistada a

possibilidade de discorrer sobre o tema em questão sem se prender à indagação formulada

pela pesquisadora (MINAYO; DESLANDES; GOMES, 2010). Além disso, esse tipo de

entrevista proporciona à pesquisadora uma maior flexibilidade na aplicação do instrumento,

seja acrescentando, modificando ou suprimindo perguntas para melhor adequá-lo ao objeto de

estudo e para a melhor compreensão dos sujeitos.

A partir do consentimento dos sujeitos do estudo, as entrevistas foram gravadas,

com a permissão verbal e por escrito de todas as participantes, pois este procedimento

possibilitou uma descrição mais detalhada das informações fornecidas pelas entrevistadas.

Todas as entrevistas foram transcritas em sua íntegra e preparou-se um banco de dados único

para ser processado através do software ALCESTE versão 2010 (Análise Lexical Contextual

de um Conjunto de Segmentos de Texto).

4.5 Organização para análise dos dados

4.5.1 Análise fatorial de correspondência a partir do software Tri-Deux-Mots

As palavras evocadas a partir do TALP foram lidas, organizadas em um banco de

dados e processadas no software Tri-Deux-Mots, que possibilita uma interpretação a partir da

análise fatorial de correspondência (AFC).

A primeira etapa consistiu no preparo dos dicionários correspondentes a cada

estímulo (NÓBREGA; COUTINHO, 2003). Para cada estímulo indutor foi criado um arquivo

ou dicionário onde foi inserido todo o repertório de respostas evocadas por toda a amostra

com relação ao respectivo estímulo indutor. Em seguida, as respostas foram organizadas por

ordem alfabética para proceder a análise de conteúdo, verificação das respostas mais

frequentes, que se impõem como categorias, e agrupamento destas de maior frequência às

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palavras que possuíam a mesma similaridade semântica, mas que apareceram isoladamente ou

possuíam frequência irrelevante estatisticamente.

Uma vez organizados os dicionários (Apêndice E), foi construído o banco de

dados. Digitado no Microsoft Word, fonte número 12, letra tipo Times New Roman, com

texto alinhado à esquerda. Foram escolhidas três variáveis fixas: paridade, escolaridade e

idade.

Primeiro digitou-se as variáveis fixas, de acordo com suas variações, em seguida,

digitou-se a primeira evocação e no final dela colocou-se o número referente ao estímulo; ao

final de todas as evocações e todos os estímulos, digitou-se um asterisco (*), que indica que as

evocações daquele sujeito terminaram. Após as evocações das 115 puérperas, conclui-se o

banco de dados e foi realizado o processamento pelo software Tri-Deux-Mots.

O programa Tri-Deux-Mots é indicado para o tratamento de questões abertas,

fechadas e/ou associação de palavras. Com o software Tri-Deux-Mots é possível verificar

correlações entre grupos, assim como visualizar as relações de atração e de afastamento entre

os elementos do campo representacional a propósito de determinado objeto (NÓBREGA;

COUTINHO, 2003).

É bastante utilizado no tratamento de dados quando se trabalha principalmente

com o suporte teórico das Representações Sociais, sendo ideal para explicar as RS

apreendidas através do TALP, porque evidencia as variáveis fixas (em colunas) e as

modalidades ou variáveis de opiniões (em linhas), que se confrontam e se revelam

graficamente na representação do plano fatorial (FONSECA; SALDANHA; COUTINHO,

2005).

4.5.2 Análise lexical a partir do software ALCESTE

Por sua vez, os dados obtidos através dos depoimentos expressos pelas

participantes nas entrevistas foram organizados a partir do método de análise lexical. O

programa informático ALCESTE, desenvolvido por Max Reinert, na França, na década de

1970, emprega uma análise de Classificação Hierárquica Descendente (CHD) e permite uma

análise lexical do material textual, oferecendo contextos (classes lexicais) que são

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caracterizados pelo seu vocabulário e pelos segmentos de textos que compartilham este

vocabulário (REINERT, 1990; CAMARGO, 2005).

O objetivo da aplicação do software, como técnica de análise de dados textuais,

permite quantificar o texto para extrair estruturas que apresentem significados mais

representativos e acessar a informação essencial presente no texto. Isso permite descrever,

classificar, assimilar, sintetizar e identificar a organização tópica de um texto, acessando as

relações existentes entre os léxicos (SOUSA et al., 2009).

Toma como base um único arquivo do Microsoft Word em fonte Courier 10, com

espaçamento simples entre linhas, constituído pelo corpus de análise ou banco de dados que

será analisado, preparado com regras específicas. O corpus de análise é formado pelas

unidades de contexto iniciais (UCI), unidades a partir do qual o programa efetuará a

fragmentação inicial e que correspondem a cada entrevista realizada (SOUSA et al., 2009).

Nesta pesquisa, o banco de dados foi composto por 31 UCI, a partir das

entrevistas gravadas e transcritas. Foram retiradas as perguntas da entrevista no momento da

transcrição; todas as palavras em maiúsculo, como nomes próprios ou siglas, foram colocadas

em letras minúsculas; os sinais gráficos, como aspas, hífen, exclamação, interrogação foram

substituídos por vírgula ou ponto final; acrescentou-se underline em palavras com importância

somente unidas (termos composto enquanto única noção) e foi realizada a substituição do

hífen por underline nas palavras. Este procedimento de preparo do corpus é uma regra do

programa ALCESTE para processamento dos dados (SOUSA et al., 2009).

Além disso, foram estabelecidas linhas de comando. Cada UCI foi separada por

uma linha de comando ou “linha com asteriscos”, identificando cada entrevistada e foram

selecionadas sete variáveis pertinentes para a pesquisa questão: idade, paridade, companheiro,

escolaridade, trabalho remunerado, tipo de parto e intercorrências no ciclo gravídico-

puerperal. Segue abaixo o Quadro 2 com as variáveis, a codificação e a classificação de cada

variável.

Quadro 2: Variáveis utilizadas na linha de comando, seus códigos e classificações.

Variáveis Códigos Classificações

Entrevistada ent 01 a 31.

Idade ida 1 – 18-25 anos; 2 – 26-33 anos;

3 – 34-41 anos.

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Paridade par 1 – Primípara; 2 – Multípara.

Companheiro com 1 - Sim;

2 – Não.

Escolaridade esc 1 - Até o ensino

fundamental;

2 - Até o ensino médio; 3 - Ensino superior.

Trabalho remunerado tra 1 - Sim;

2 – Não.

Tipo de parto tip 1 - Normal; 2 – Cesáreo.

Intercorrências no ciclo

gravídico-puerperal

int 1 – Sim;

2 – Não.

Trabalhou-se com a versão 2010 do programa ALCESTE. Segundo Camargo

(2005) numa análise padrão, após o programa reconhecer as indicações das UCI, divide o

material em unidades de contexto elementar (UCE), unidades com menor fragmento de

sentido. Elas são segmentos do texto, de três a seis linhas, dimensionadas pelo programa

informático em função do tamanho do corpus e, em geral, respeitando a pontuação.

Iniciada a análise, o programa executa quatro etapas (CAMARGO, 2005;

NASCIMENTO; MENANDRO, 2006; SOUSA et al., 2009), descritas a seguir:

A - Leitura do texto e cálculo dos dicionários: primeira segmentação do texto,

agrupa as ocorrências das palavras em função de suas raízes e calcula a frequência destas

formas reduzidas. Deve-se observar que o programa possui dicionários acoplados (inclusive

de português), o que permite identificar diferentes conjugações verbais, bem como diferenciar

palavras com função puramente sintática ou não-analisáveis (pronomes, artigos, advérbios)

daquelas com “conteúdo” ou analisáveis (verbos, substantivos, adjetivos). Tal procedimento é

relevante, pois é com essa segunda classe de palavras, sobretudo, que o programa vai

trabalhar;

B - Cálculo das matrizes de dados e classificação das UCE: as UCE são

classificadas em função dos seus respectivos vocabulários, e o conjunto delas é repartido em

função da frequência das formas reduzidas, aplica-se o método de Classificação Hierárquica

Descendente e obtém-se uma classificação definitiva. O procedimento é continuamente

efetuado até que não resulte em novas classes;

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C - Descrição das classes de UCE: nesta etapa o programa apresenta o

dendograma da CHD, que ilustra as relações entre as classes, principalmente pelo seu

vocabulário característico (léxico) e pelas suas palavras com asterisco (variáveis);

D – Cálculos complementares: com base nas classes de UCE escolhidas, o

programa calcula e fornece as UCE mais características de cada classe, permitindo a

contextualização do vocabulário típico de cada classe. Ele fornece ainda a Classificações

Hierárquicas Ascendentes (CHA) para cada classe, permitindo o estudo das relações dos

elementos (formas) intraclasse.

As operações mais importantes para a interpretação do corpus são: a CHD, a

descrição das classes, com radicais mais importantes; e a seleção das UCE mais

características de cada classe (SOUSA et al., 2009).

Neste estudo, foram encontradas 1913 formas distintas ou palavras diferentes.

Foram selecionadas 368 UCE, das quais 275 foram classificadas em quatro classes. Cada

classe é composta por agrupamentos de várias UCE de vocabulário homogêneo. Na Figura 2,

é possível verificar a distribuição das 275 UCE e das 212 palavras analisáveis nas quatro

classes. A classe 3 apresentou maior número de UCE (98) e maior número de palavras

analisáveis (65).

Figura 2: Representação gráfica do número de UCE e número de palavras analisáveis por classe.

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Num primeiro momento, o corpus foi dividido (1ª partição) em dois subcorpus,

originando de um lado a classe 3 e do outro lado aquele subcorpus que posteriormente

originou as classes 2, 4 e 1. A classe 3 é a mais específica e representa 36% do corpus.

Num segundo momento, o segundo subgrupo foi dividido em dois (2ª repartição),

obtendo-se a classe 2 (26% do corpus) e um novo subgrupo.

Por fim, esse último subgrupo sofre uma nova divisão (3ª repartição), resultando

nas classes 4 (28% do corpus) e 1 (10% do corpus), mais comuns entre si, por serem as

últimas a se dividirem. A CHD parou aqui, pois as 4 classes mostraram-se estáveis, ou seja,

compostas de UCE com vocabulário semelhante.

A Figura 3 ilustra essas repartições, a partir da Classificação Hierárquica

Descendente. A análise dos dados será realizada na ordem que em essas classes foram

repartidas pelo programa e não em ordem numérica.

Figura 3: Divisão das classes - Classificação Hierárquica Descendente.

O programa teve 75% de aproveitamento. Quando 75% ou mais das UCE foram

classificadas, tem-se um bom desempenho da CHD (CAMARGO, 2005).

A Figura 4 apresenta o gráfico de especificidade das classes: quanto mais elevada

a posição de uma classe no gráfico, maior sua especificidade. As palavras analisáveis

apresentadas no dendograma, que divide o corpus em classes (radicais e fragmentos

relacionados), podem ser consideradas os elementos mais importantes para descrever cada

classe, pois apresentam maior qui-quadrado (khi2).

O khi2 calcula a frequência de aparição da palavra. Quanto maior o khi2, mais

relevante é a palavra para a construção da classe. O programa considerou as palavras com

khi2 igual ou superior a sete como palavras mais representativas.

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Figura 4: Dendograma da Classificação Hierárquica Descendente.

As palavras com asterisco, no final da Figura 5, indicam que os indivíduos que

compartilham a modalidade das variáveis que elas representam foram os principais

responsáveis pela produção das UCE de cada classe em foco.

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Figura 5: Dendograma da Classificação Hierárquica Descendente com as modalidades das variáveis

de cada classe.

O programa fornece, então, o número de classes resultantes da análise, assim

como as formas reduzidas, o contexto semântico e as UCE características de cada classe

consolidada. De posse desse material, os autores explicitam o conteúdo presente no mesmo,

denominando e interpretando cada classe a partir de todas as informações fornecidas pelo

software. Por fim, a interpretação e análise das classes fundamentaram-se na perspectiva

processual da TRS.

Com base no conteúdo discursivo e nos léxicos mais frequentes e mais

característicos extraídos das UCE de cada classe, surgiram três grandes temas e cada classe

recebeu uma denominação pela pesquisadora, descrita no Quadro 3.

Quadro 3: Temas, classes produzidas pelo ALCESTE e suas respectivas nominações.

Temas Classes Nominações

Os conteúdos representativos da educação em saúde para as

puérperas

Classe 3 Educação em saúde na concepção das puérperas: “achava que sabia

e não sabia”

A informação no pós-parto Classe 2 Informação no pós-parto: o

cuidado do bebê e a amamentação

O atendimento no pré-natal Classe 4 Avaliação do atendimento no

período pré-natal

Classe 1 Pré-natal: os profissionais e os

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procedimentos

4.6 Aspectos éticos na pesquisa

A entrada nos locais de investigação foi efetivada após parecer de aprovação do

projeto do referido estudo pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual do

Ceará, com Número do Parecer: 26905 e CAAE: 01261912.5.0000.5534 (Anexo A) e

autorização emitida pelo Sistema Municipal de Saúde Escola (Anexo B) e pelo Distrito de

Saúde/Atenção Básica da SER IV (Anexo C), de acordo com a resolução nº 196/96, que

regulamenta a pesquisa com seres humanos (BRASIL, 1996).

Essa Resolução exige que se cumpram aspectos éticos fundamentais na pesquisa

com indivíduos, grupo ou comunidade, quais sejam: a) consentimento livre e esclarecido –

indica a anuência do sujeito da pesquisa e/ ou de seu representante legal, livre de vícios,

dependência, subordinação ou intimidação, após explicação completa e pormenorizada sobre

a natureza da pesquisa, seus objetivos, métodos, benefícios e o incômodo que esta possa

acarretar, formulada em um termo de consentimento, autorizando sua participação voluntária

na pesquisa; b) ponderação entre riscos e benefícios, comprometendo-se com o máximo de

benefícios e o mínimo de danos; c) garantia de que danos previsíveis serão evitados; d)

relevância social da pesquisa com vantagens significativas para os sujeitos da pesquisa e

minimização do ônus para os sujeitos vulneráveis (BRASIL, 1996).

Mediante autorização do estudo pela SER IV e aprovação no comitê, a coleta de

dados ocorreu entre os meses de maio a julho de 2012. Houve um contato inicial entre a

pesquisadora e os sujeitos do estudo nos CSF e nas residências das participantes (por

intermédio dos agentes comunitários de saúde). O contato foi sucedido por esclarecimento,

que compreendeu a apresentação da pesquisadora e a explicação às pesquisadas do que se

pretendia fazer e o porquê, assegurando o anonimato de suas respostas, assim como, a

importância de suas contribuições, oferecendo-lhes, por fim, a liberdade para participar ou

não do estudo. A aceitabilidade implicou na assinatura do TCLE (Apêndice A) e aplicação do

TALP e da entrevista semiestruturada.

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5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 Perfil sócio familiar demográfico e obstétrico das participantes do estudo

Os dados provenientes da captação do perfil sociodemográfico e obstétrico das

115 mulheres que realizaram o TALP foram submetidos a tratamento estatístico por

frequência simples e percentual, e organizados em tabelas capazes de propiciar sua

visualização e entendimento.

Evidencia-se que houve variação das idades de 18 a 41 anos, predominando a

faixa etária entre 18 e 25 anos (46,9%), com menor frequência de puérperas com idade acima

de 33 anos (19,1%). Com relação a viver com companheiro ou não, a maioria mora com

companheiro (57,4%), sendo 35 mulheres casadas e 31 em situação de união estável,

enquanto que 42,6% eram solteiras.

No que se refere à escolaridade, 27,8% possuía ensino fundamental incompleto,

26,1% possuía ensino médio completo e 25,2% ensino médio incompleto. Somente uma

(0,9%) puérpera cursou pós-graduação. Quanto ao trabalho remunerado, mais da metade

(58,3%) possuía algum trabalho remunerado, seguida das mulheres que não possuíam

qualquer trabalho remunerado (41,7%).

As profissões exercidas por ordem de representatividade das mulheres foram:

atividades no próprio lar (42), empregadas domésticas (19), estudantes (9), costureiras (5),

vendedoras (4), diaristas (3), babás (3), cozinheiras (2), manicures (2), comerciantes (2),

promotoras de vendas (2), artesãs (2), garçonetes (2), servidoras públicas (2), auxiliar de

produção (1), nutricionista (1), agricultora (1), atendente (1), operadora Call Center (1),

recepcionista (1), gerente de loja (1), setor administrativo (1), ambulante (1), copeira (1),

pedagoga (1), caixa (1), serviços gerais (1), distribuidora (1), auxiliar de cozinha (1), auxiliar

de escritório (1), bordadeira (1), zeladora (1) e auxiliar de costura (1).

Tabela 1: Classificação das participantes de acordo com as variáveis sociodemográficas. Fortaleza-

CE, 2012.

Variáveis sociodemográficas Frequência %

Idade 18-25 anos

26-33 anos

34-41 anos

54

39

22

46,9

33,9

19,1

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55

Companheiro Sim

Não

66

49

57,4

42,6

Escolaridade

Analfabeta Ensino fundamental incompleto

Ensino fundamental completo

Ensino médio incompleto Ensino médio completo

Ensino superior incompleto

Ensino superior completo

Pós-graduação

1 32

14

29 30

4

4

1

0,9 27,8

12,2

25,2 26,1

3,5

3,5

0,9

Trabalho remunerado

Sim

Não

67

48

58,3

41,7

Total 115 100

Sobre o perfil obstétrico das puérperas do estudo, a maioria era multípara

(53,0%), realizou nove consultas de pré-natal (29,6%), teve tipo de parto cesáreo (65,2%),

compareceu a uma consulta puerperal (88,7%), não possuía qualquer doença ou agravo de

saúde (85,2%) e nem teve intercorrências neste ciclo gravídico-puerperal (78,3%).

Quanto às 14,8% que referiram alguma doença ou agravo de saúde, seis

apresentam algum tipo de alergia (rinite, sinusite, asma), quatro são hipertensas, duas são

colecistectomizadas, duas sofrem de anemia, duas de epilepsia/convulsões, uma de doença

celíaca, uma é diabética e uma apresentou quadro depressivo.

Em relação às intercorrências no ciclo gravídico-puerperal, que acometeram

21,7% das puérperas, pode-se citar: hipertensão arterial (9), ameaça de aborto (4), diabetes

gestacional (3), infecção urinária (3), 3 pré-eclâmpsia/eclâmpsia, convulsões (1),

descolamento prematuro de placenta (1), mioma (1), sofrimento fetal (1), gravidez gemelar

(1), infecção renal (1) e conjuntivite (1).

Vale ressaltar o quantitativo de partos cesáreos (75), apesar do número reduzido

de mulheres que sofreram intercorrências na última gestação, parto e puerpério (25). Fato

confirmado pela Secretaria de Saúde do Estado do Ceará: os partos cesáreos continuam em

ascensão, em 2009, a proporção de partos cesáreos do setor público foi de 36,2% (CEARÁ,

2011).

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Tabela 2: Classificação das participantes de acordo com as variáveis obstétricas. Fortaleza-CE, 2012.

Variáveis obstétricas Frequência %

Paridade Primípara

Multípara

54

61

47,0

53,0

Nº de consultas de pré-natal 6

7

8

9 10

Mais de 10

26

14

24

34 10

7

22,6

12,2

20,9

29,6 8,7

6,1

Tipo de parto Normal

Cesáreo

40

75

34,8

65,2

Nº de consultas puerperais

1 2

102 13

88,7 11,3

Doença ou agravo de saúde

Sim

Não

17

98

14,8

85,2

Intercorrências no ciclo gravídico-puerperal

Sim

Não

25

90

21,7

78,3

Total 115 100

Em relação ao perfil obstétrico e sócio-familiar-demográfico apenas das 31

mulheres que foram entrevistadas, pode-se afirmar que eram majoritariamente multíparas

(64,5%), na faixa etária entre 18 e 33 anos (71,0%), moravam com companheiro (64,5%),

cursaram até o ensino fundamental (48,4%), tinham trabalho remunerado (87,1%), realizaram

parto cesáreo (71,0%) e não sofreram intercorrências no ciclo gravídico-puerperal (71,0%).

5.2 Análise Fatorial de Correspondência: evocações emitidas pelas puérperas

Para esta análise, foram utilizadas as 1418 palavras evocadas no TALP como

enriquecedoras na busca pela compreensão das representações sociais de puérperas sobre a

educação em saúde no ciclo gravídico-puerperal. Os estímulos indutores utilizados foram:

ações educativas; gravidez; resguardo; e ações educativas na gravidez e no resguardo.

Essas evocações permitem a aproximação da pesquisadora com o universo de

significados construído nas relações sociais dos sujeitos estudados, haja vista a necessidade de

conhecer e reconhecer os múltiplos universos de significado que interagem com os sujeitos

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para a compreensão e consequente intervenção na realidade (BITTENCOURT; VILELA,

2011).

As evocações foram processadas no software Tri-Deux-Mots e interpretadas

segundo a AFC. Como variáveis fixas, teve-se a paridade, a escolaridade e a idade, e como

variáveis de opinião, os estímulos indutores.

O Gráfico 1 representa os dois eixos, eixo F1 (eixo horizontal) e eixo F2 (eixo

vertical). O Fator 1 encontra-se representado pela cor vermelha, enquanto que o Fator 2, pela

cor azul. As variáveis fixas estão representadas pela cor verde.

Gráfico 1: Análise Fatorial de Correspondência das representações sociais de puérperas sobre educação em saúde no ciclo gravídico-puerperal. Fortaleza-CE, 2012.

Plano Fatorial

Variáveis de opinião

Estímulos indutores

Fator 1 (F1) em vermelho, localiza-se no eixo horizontal à esquerda e à

1) Ações educativas; 2) Gravidez;

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direita. Fator 2 (F2) em azul, localiza-se no

eixo vertical superior e inferior.

Variáveis fixas encontram-se de cor

verde.

3) Resguardo; 4) Ações educativas na gravidez e no

resguardo.

Variáveis fixas

Paridade Escolaridade Idade

1) Primípara;

2) Multípara.

1) Até o ensino fundamental;

2) Até o ensino médio; 3) Ensino superior.

1) 18-25 anos;

2) 26-33 anos; 3) 34-41 anos.

Em relação ao primeiro estímulo, ações educativas, no eixo F1, horizontal, a

palavra mais representativa e sua correspondência por fator (CPF), no lado direito foi: ensino

(CPF: 41), relacionado ao grupo de primíparas (CPF: 281). E, no lado esquerdo: respeito

(CPF: 33), médico (CPF: 25) e saúde (CPF: 12), relacionado ao grupo de multíparas (CPF:

245), na faixa etária entre 34 e 41 anos (CPF: 297). A palavra ensino expressa uma educação

vertical, diferente da palavra aprendizado, em que a mulher é inserida no processo. Essa

evocação traz o poder da pedagogia tradicional.

No eixo F2, vertical, em relação ao mesmo estímulo, ações educativas, as palavras

mais representativas no polo superior foram: casa (CPF: 47), pais (CPF: 29) e mãe (CPF: 14),

representando o grupo de primíparas, que cursaram até o ensino fundamental (CPF: 311), na

faixa etária de 18 a 25 anos (CPF: 183). E, no polo inferior: ações (CPF: 68), cursos (CPF:

56), estudo (CPF: 14) e professor (CPF: 13), representando o grupo de mulheres multíparas,

na faixa etária de 26 a 33 anos (CPF: 152), que cursaram até o ensino médio (CPF: 97) ou até

o ensino superior (CPF: 217).

Os conteúdos das representações das ações educativas diferem-se de acordo com o

grupo envolvido. As primíparas associam ações educativas como ensino em casa, passado de

pais/mãe para os filhos. Percebe-se fortemente a educação familiar nas suas evocações.

Quanto às multíparas, estas têm suas evocações marcadas na institucionalização do saber,

pelas ações de saúde prestadas pelo médico, pelos cursos, e ainda pela educação escolar,

fornecida pelo professor.

As primíparas ainda percebem a família inserida no processo educativo, porém o

referencial biomédico das consultas realizadas pelas multíparas substitui a família pelo

profissional como principal evocação para o processo educativo. O poder do discurso

biomédico é capaz de “apagar” os saberes das pessoas, desqualifica-los a ponto de levar as

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mulheres a não valorizarem o que sabem. E, ainda, a leva-las a um processo de

ressignificação da experiência.

No estímulo 2, gravidez, as palavras mais evocadas no eixo F1, horizontal, lado

direito, foram: dedicação (CPF: 38), cuidado (CPF: 28) e amor (CPF: 17), relacionado ao

grupo de primíparas. E, no lado esquerdo: enjoo (CPF: 35), parto (CPF: 28) e pré-natal (CPF:

19), relacionado ao grupo de multíparas, na faixa etária entre 34 e 41 anos.

Ainda em relação ao estímulo gravidez, no eixo F2, vertical, tem-se no polo

superior as palavras representativas: dor (CPF: 12) e filhos (CPF: 13), representando o grupo

de primíparas, que cursaram até o ensino fundamental, na faixa etária de 18 a 25 anos. E, no

polo inferior, a palavra trabalho (CPF: 42), representando o grupo de mulheres multíparas, na

faixa etária de 26 a 33 anos, que cursaram até o ensino médio ou até o ensino superior.

As representações da gravidez para o grupo de primíparas são relacionadas a

sentimentos como dedicação, amor e cuidado com o filho e a dor sentida no momento do

parto. Por outro lado, as multíparas remetem-se aos enjoos frequentes na gravidez, às

consultas de pré-natal realizadas e ao momento do parto como trabalhoso.

Quanto ao terceiro estímulo, resguardo, no eixo F1, horizontal, no lado direito, as

evocações foram: bom (CPF: 25), mãe (CPF: 22) e deitada (CPF: 18), relacionado ao grupo

de primíparas. No lado esquerdo: cansaço (CPF: 49), amamentação (CPF: 16) e alimentação

(CPF: 12), relacionado ao grupo de multíparas, na faixa etária entre 34 e 41 anos.

No eixo F2, vertical, as evocações emitidas para o terceiro estímulo, resguardo, no

polo superior, foram: casa (CPF: 26) e ruim (CPF: 25), representando o grupo de primíparas,

que cursaram até o ensino fundamental, na faixa etária de 18 a 25 anos. E, no polo inferior:

neném (CPF: 46), repouso (CPF: 26) e paciência (CPF: 15), representando o grupo de

mulheres multíparas, na faixa etária de 26 a 33 anos, que cursaram até o ensino médio ou até

o ensino superior.

As primíparas apreendem o resguardo como um período em que precisam passar

mais tempo deitadas, descansando em casa e que pode ser bom ou ruim. Similar, a concepção

das multíparas, que entendem o resguardo como cansativo, em que é preciso repouso, boa

alimentação e paciência para os cuidados com o neném, como a amamentação.

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Por fim, no quarto estímulo, ações educativas na gravidez e no resguardo, tem-se

as seguintes palavras no eixo F1, horizontal, lado direito: amamentação (CPF: 49), aprender

(CPF: 44) e mãe (CPF: 36), relacionado ao grupo de primíparas. E, no lado esquerdo: saúde

(CPF: 55), bom (CPF: 46), orientação (CPF: 39), bebê (CPF: 31) e hospital (CPF: 12),

relacionado ao grupo de multíparas, na faixa etária entre 34 e 41 anos.

E, no eixo F2, vertical, polo superior, quanto ao estímulo ações educativas na

gravidez e no resguardo, tem-se as seguintes palavras: posto (CPF: 35), mamar (CPF: 30),

enfermeiro (CPF: 22), alimentação (CPF: 21) e vacina (CPF: 15). E, no polo inferior: palestra

(CPF: 68), acompanhamento (CPF: 39), consulta (CPF: 31) e pré-natal (CPF: 26),

representando o grupo de mulheres multíparas, na faixa etária de 26 a 33 anos, que cursaram

até o ensino médio ou até o ensino superior.

Os conteúdos das representações de puérperas sobre as ações educativas na

gravidez e no resguardo diferenciam-se entre os grupos. As primíparas entendem estas ações

como o aprendizado tido no posto de saúde com o enfermeiro sobre vacina, amamentação,

alimentação adequada e a ser mãe. As multíparas remetem-se as palestras, as consultas de pré-

natal, ao acompanhamento e orientações hospitalares sobre a saúde e o bebê.

Bittencourt (2010), em estudo realizado com usuários da atenção primária de

saúde, encontrou como resultados a compreensão da educação em saúde como uma ação

importante oriunda de atividades pontuais, como palestras que oportunizam orientações, mas

também trazem dúvidas. Afirmaram, de forma majoritária, a educação em saúde como algo

bom, ou seja, apresentam uma noção de conformidade ao que é exposto pelos profissionais de

saúde. Assim, o termo bom evocado pode ser associado à comunidade estar receptiva a

educação em saúde, contudo falta a mobilização necessária para o envolvimento da

população.

Tais evocações revelam que a educação em saúde é hegemonicamente bancária,

tendo como abordagem prática as palestras e as orientações individuais. Ambas focando o

bebê e a amamentação. A mulher fica em segundo plano, deixando de ser mulher para ser

mãe. No Quadro 4 apresentou-se um resumo comparativo das evocações dos dois grupos:

primíparas e multíparas.

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Quadro 4: Resumo comparativo das evocações dos dois grupos. Fortaleza-CE, 2012.

Estímulos indutores / Paridade Primíparas Multíparas

Ações educativas Ensino em casa, passado de pais/mãe para os

filhos. Percebe-se

fortemente a educação familiar nas suas

evocações.

Ações de saúde prestadas pelo médico, pelos cursos, e ainda

pela educação escolar,

fornecida pelo professor.

Gravidez Dedicação, amor e

cuidado com o filho e a dor sentida no momento

do parto.

Remetem-se aos enjoos

frequentes na gravidez, às consultas de pré-natal

realizadas e ao momento do

parto como trabalhoso.

Resguardo Período em que precisam

passar mais tempo

deitadas, descansando em

casa e que pode ser bom ou ruim.

Cansativo, em que é preciso

repouso, boa alimentação e

paciência para os cuidados

com o neném, como a amamentação.

Ações educativas na gravidez e

no resguardo

Aprendizado tido no

posto de saúde com o enfermeiro sobre vacina,

amamentação,

alimentação adequada e a

ser mãe.

Remetem-se às palestras, às

consultas de pré-natal, ao acompanhamento e

orientações hospitalares sobre

a saúde e o bebê.

5.3 Os conteúdos representativos da educação em saúde para as puérperas

5.3.1 Classe 3: Educação em saúde na concepção das puérperas: “achava que sabia e não

sabia”

Esta é uma classe formada por 98 UCE e 65 palavras analisáveis. Trata-se da

classe de maior significância estatística em termos de agregação de UCE, perfazendo 36% do

total.

Para melhor ilustrar a discussão da classe 3, construiu-se um quadro (Quadro 5)

agregando-se as palavras representativas da referida classe com seus respectivos qui-

quadrado, que sinalizam a importância semântica de cada palavra dentro da classe, contidas

no relatório detalhado do ALCESTE (Anexo 5). O programa realizou um corte contendo as

palavras com khi2 maior ou igual a 7. No relatório, as palavras são expostas em sua forma

reduzida, porém para facilitar a leitura, optou-se pelo emprego da palavra completa que mais

apareceu nos discursos que formam as UCE dessa classe.

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Quadro 5: Palavras representativas da classe 3.

Palavra Khi2

Palestra 25

Educação 24

Saúde 19

Informação 13

Complicação 13

Aprender 11

Doença 11

Mulher 11

Respeito 11

Pai 9

Estudar 9

Atendimento 9

Melhorar 9

Conhecimento 9

Tempo 8

Atenção 8

Atividades_educativas 8

Tratar 7

Precária 7

Trabalha 7

Participei 7

Atividades 7

Os vocábulos ilustrativos desta classe são: palestra, educação, saúde, informação,

complicação, aprender, doença, mulher, respeito, pai, estudar, atendimento, melhorar,

conhecimento, atenção, atividades_educativas, tratar, precária.

Essa classe expressa as representações que o grupo de puérperas apresenta sobre a

educação em saúde, manifestas nas seguintes palavras: educação, informação, aprender,

conhecimento. Ao mesmo tempo, as entrevistadas destacam a forma como percebem a

importância dessa atividade neste período de vida, o que é demonstrado pelos termos: saúde,

respeito, melhorar, atenção. Com relação à prática da atividade educativa, três blocos de

significados emergem das falas dos sujeitos: prática educativa desenvolvida através de

palestras, a educação recebida pelos familiares e pela escola e os meios de adquirir a

informação.

Essas mulheres ancoram suas representações sobre a educação em saúde nas suas

raízes familiares, entendendo a educação como aquela recebida em casa, transmitida dos pais

para os filhos. Para elas, a criança nasce vazia, desprovida de conhecimento e os pais educam,

ensinam os filhos, e esse conhecimento é repassado de geração em geração. Essa educação

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verticalizada é reproduzida também no ambiente escolar. O professor, detentor do

conhecimento, deposita o seu saber no aluno. E assim, essa representação é repercutida nas

ações educativas dos serviços de saúde. A usuária não conhece seu próprio corpo e acredita

não saber sobre sua saúde, precisando então aprender com o profissional. Este aqui

representado como o indivíduo detentor do conhecimento científico, reificado. Conhecimento

esse que é dominante na sociedade, interferindo como fonte de poder sobre as usuárias.

Então eu faço o possível para mim dar pelo menos uma noção do que eu tive

quando criança, que meus pais passou para mim. E, já que eu tive uma educação boa foram pessoas que não tem nem educação, né, meus pais, mas foram muitos

boas para mim, eu sei muito bem distinguir o que é certo e o que é errado e tento

passar para as três, para as duas, no caso. (uce n°209; Khi2 = 25; uci n°15:

*ent_15 *ida_3 *par_2 *com_1 *esc_2 *tra_1 *tip_1 *int_1)

Atividades educativas é educação, né. Ensinar aos mais novos a respeitar os mais

velhos que a gente sabe que hoje em dia não acontece muito, né. E também educar os adultos, porque os adultos hoje em dia são bem mal educados também. Então a

ação educativa é essa, no meu ponto de vista. (uce n°110; Khi2 = 14; uci n°8:

*ent_08 *ida_3 *par_2 *com_2 *esc_2 *tra_1 *tip_1 *int_2)

Atividades educativas. Educar bem os filhos, né. Para eles se educarem mais nesse

mundo de hoje, muito violento, ensinar os filhos a ser honesto, não ser arrogante,

entendeu. Tratar bem as pessoas [...] (uce n°245; Khi2 = 9; uci n°17: *ent_17 *ida_1 *par_2 *com_2 *esc_1 *tra_1 *tip_2 *int_2)

É uma ajuda que se tem para um filho, para a gente aprender a educar mais um filho, que a situação não está fácil e a gente adquire novos conhecimentos, novas

práticas educacionais com a criança. (uce n°79; Khi2 = 7; uci n°6: *ent_06

*ida_1 *par_1 *com_2 *esc_3 *tra_1 *tip_1 *int_1)

Acompanhada da educação dada pelos pais, elas também referenciam as ações

educativas fornecidas pela escola, como suporte para a criação dos filhos:

Atividades educativas, olha, é muito trabalhoso educar uma criança, hoje em dia principalmente, porque você dá uma educação, a escola dá outra ou a rua da

outra e fica muito complicado. (uce n°208; Khi2 = 14; uci n°15: *ent_15 *ida_3

*par_2 *com_1 *esc_2 *tra_1 *tip_1 *int_1)

A educação de saúde está precária. Botar no colégio, para o colégio poder educar

essas crianças, para a gente não ver essas crianças com droga, assim, né, entendeu. Tratar com respeito as crianças [...](uce n°246; Khi2 = 10; uci n°17:

*ent_17 *ida_1 *par_2 *com_2 *esc_1 *tra_1 *tip_2 *int_2)

Os conteúdos que conformam seus saberes evidenciam que as mulheres não se

mostram reducionistas nos seus pensamentos e têm uma visão ampla do objeto ação

educativa, não o restringindo ao campo do atendimento em saúde, e nem ao contexto

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situacional vivido na gravidez/puerpério, mas sim, entendendo-a como parte integrante do

processo de viver.

Observa-se nestes conteúdos o esforço intelectual das mulheres em dar sentido ao

objeto, de ancorá-lo aos saberes previamente aprendidos, em campos conhecidos (JODELET,

2001; MOSCOVICI, 2003; NÓBREGA, 2003). Em se tratando de mulheres, nada mais

natural que ancorar a educação em saúde na sua experiência familiar, na vivência com os pais,

com os filhos, na educação e formação deles para a vida.

Dessa forma, essas mulheres objetivam a educação em saúde como informação e

aprendizado. A informação relaciona-se à acessibilidade de conhecimento, ou seja, estar em

contato com assuntos variados, entretanto, não retoma a ideia de interagir com esse

conhecimento, tal interação pode ser encontrada no termo aprendizado, que pressupõe um

processo de troca construído de maneira próxima aos envolvidos no processo, produzindo

significados (BITTENCOURT, 2010). É compreensível essa representação quando nota-se

que o conhecimento das pessoas sobre determinados fatos é construído pela memória coletiva,

pelas teorias que circulam na comunidade científica, nos meios de comunicação e nas

conversações (JODELET, 2001). As práticas educativas são percebidas como uma forma de

melhorar a saúde, já que esta é precária:

Para a gente prevenir contra as doenças, as vacinas, né, os exames, foi muito bom. Participei. Sim. [...] (uce n°294; Khi2 = 10; uci n°23: *ent_23 *ida_2 *par_2

*com_1 *esc_2 *tra_1 *tip_2 *int_2)

Quando a gente vem a um posto de saúde já dá muitas dicas e informações sobre a questão da saúde da criança, da alimentação, questão até assim mesmo do dia a

dia dentro de casa, e quando você trabalha você também tem educação, tem

informação. (uce n°80; Khi2 = 12; uci n°6: *ent_06 *ida_1 *par_1 *com_2 *esc_3 *tra_1 *tip_1 *int_1)

Porque assim, muitas empresas investem em palestras e a gente aprende muito. Eu já trabalhei em canto que dava muita palestra, do próprio dia a dia, até questão de

ginecologia, de educação de saúde e tudo. (uce n°81; Khi2 = 9; uci n°6: *ent_06

*ida_1 *par_1 *com_2 *esc_3 *tra_1 *tip_1 *int_1)

No universo consensual dos usuários a palestra é percebida como expressão da

educação em saúde. Representa uma atividade didática pontual, com relação distante entre o

promotor da ação e os outros ouvintes, permitindo a expressão dos usuários de maneira

limitada, ao não lidar com as diversas subjetivações abordadas no método da problematização

(BITTENCOURT, 2010).

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Teve, teve sim. A gente aprendeu. Teve duas palestras para aprender a amamentar. Foi muito boa, muita educativa. Tem coisas que a gente acha que sabe, por

exemplo, eu que já era mãe que achava que sabia e não sabia. (uce n°26; Khi2 =

12; uci n°2: *ent_02 *ida_2 *par_2 *com_1 *esc_2 *tra_1 *tip_2 *int_1)

[...] uma vez que eu estava lá tinha um pessoal da regional, né, eles estavam até

com uma boneca mostrando como trocava a fralda, uma palestra. (uce n°294;

Khi2 = 10; uci n°23: *ent_23 *ida_2 *par_2 *com_1 *esc_2 *tra_1 *tip_2 *int_2)

A palestra objetiva a educação em saúde, a torna concreta no pensamento de tais

mulheres, as ajuda a nominar o que seja esta ação. Embora tenham seu valor enquanto

estratégia, as palestras muitas vezes limitam o aprendizado, pois não estimulam a interação

entre os participantes, pois neste modelo há o que fala e os que ouvem, ficando a participação

da plateia na dependência dos recursos didáticos do expositor. O profissional que realiza a

palestra preocupa-se em se fazer entender, mas não necessariamente ocorre o diálogo e a

problematização dos temas com a participação das mulheres. Sem dialogicidade não há

intercâmbio de saberes/conhecimentos nem tampouco participação das usuárias como sujeitos

ativos e autônomos nas decisões que dizem respeito à sua saúde. Ao contrário, quando se

aplica o modelo vertical de transmissão de informações, o receptor é visto como depositário

de conhecimento, como se nada soubesse sobre o tema tratado.

Nesse sentido, impõe-se o saber científico através do discurso autorizado dos

profissionais de saúde e desvaloriza-se o saber popular. Desta forma reproduzem-se as

relações verticalizadas de poder, com passagens pontuais e generalizadas de informações sob

a ótica e referencial da saúde (BONFIM et al., 2012). No entanto, os sujeitos não são meros

portadores de ideologias, mas sim processam as informações, formam opiniões e constroem

saberes, e agem de acordo com os sentidos que atribuem a estas experiências e vivências de

seu cotidiano (JODELET, 2001; MOSCOVICI, 2003).

Tais representações são, possivelmente, fruto do processo de formação

profissional que ainda hoje está baseado na abordagem biologicista e fragmentada do

conhecimento, propiciando uma continuidade de ações higienista/sanitárias, caracterizando o

profissional de saúde sob um enfoque educativo normativo, punitivo e culpabilizante, sendo a

população observada sob a óptica individual, desconsiderando os determinantes sociais

envolvidos no processo saúde-doença (BITTENCOURT, 2010).

Dentre as diferentes formas de realizar um trabalho educativo, destacam-se as

discussões em grupo, as dramatizações e outras dinâmicas que facilitam a fala e o intercâmbio

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de experiências entre os componentes do grupo. No campo da APS a educação em saúde pode

ser bastante explorada, já que prioriza a promoção da saúde e a prevenção de agravos à

mesma, visando a participação dos indivíduos e comunidades como sujeitos ativos do

processo de cuidado à saúde. As atividades grupais são reconhecidas como prática educativa,

mesmo sem ser vivenciada como tal.

Mas exposição de material, de livro, de cartaz, eu não vi, não. Não, eu não

participei, eu sei que existe os grupos, por exemplo, o plano de saúde tem, existe os grupos que são gratuitos, de acesso livre, mas eu nunca participei, até pela

questão de tempo, né. (uce n°7; Khi2 = 44; uci n°1: *ent_01 *ida_3 *par_2

*com_1 *esc_3 *tra_1 *tip_2 *int_2)

Pelo fato de a experiência das puérperas ser com a pedagogia tradicional aplicada

nas atividades de educação em saúde, as mesmas são significadas através de repasse de

informações, a qual ocorre durante as consultas individuais:

Foi, está nessa complicação. Tem sim, ter influência sempre tem. Porque assim, tem algumas coisas que realmente mudam e você não tem o conhecimento, alguma

coisa fica. Hoje em dia se faz inúmeros exames, acabei descobrindo na gravidez

que eu já tive rubéola, coisa que eu não sabia, três gestação e eu nunca soube, nunca fui informada que eu já tinha tido rubéola, toda gravidez era aquela

preocupação. (uce n°130; Khi2 = 9; uci n°8: *ent_08 *ida_3 *par_2 *com_2

*esc_2 *tra_1 *tip_1 *int_2)

É de extrema importância que os profissionais aproveitem todas as oportunidades

e considerem que o momento da consulta seja um espaço legítimo para realização de ações

educativas, pois no atendimento individual se pode estreitar o vínculo e priorizar as

necessidades de cada usuária. Porém, a educação em saúde realizada somente durante as

consultas, tira das mulheres a oportunidade de participar de grupos educativos, de dividir seus

medos e suas angústias, de esclarecer as dúvidas comuns às outras mães. Restringe-se dessa

forma o aprendizado coletivo, a rica troca de experiências e conhecimentos entre as mulheres.

Não há duvida de que as informações sobre saúde circulam através de várias

fontes e espaços, seja pelos profissionais, pela mídia, pelos próprios usuários do sistema de

saúde, membros da sociedade, contribuindo para a formação de saberes e representações

(JODELET, 2001; MOSCOVICI, 2003).

Mas não só essas, também aquela que a gente paga, o que é feito por instituições

particulares também são ações educativas. Quais são as voltadas para a saúde?

Por exemplo, as da dengue, que a gente vê na televisão são ações educativas, as

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que falam de hepatite, do HPV. (uce n°2; Khi2 = 9; uci n°1: *ent_01 *ida_3 *par_2 *com_1 *esc_3 *tra_1 *tip_2 *int_2)

Aí a gente fica com receio de saber mais por esses motivos. Busco. Eu acho que a televisão é o meio mais próximo que tem de mim, é a televisão e os familiares. (uce

n°50; Khi2 = 9; uci n°3: *ent_03 *ida_2 *par_2 *com_1 *esc_2 *tra_1 *tip_2

*int_1)

Neste ínterim, se observa que os recursos que vêm sendo utilizados possuem certa

eficácia no sentido de serem reconhecidos pelas usuárias como estratégias de educação em

saúde, moldando suas representações sobre ela.

Em datas comemorativas como dia da mulher, eu adquiri um certo conhecimento em ginecologia, que a gente tem que ter muita atenção com nossa saúde, em época

de vacinação, que a gente tinha campanha e eles davam informativo que a gente

tinha que ter muita atenção, muita preocupação até com as vacinas para se

prevenir contra qualquer doença, aí em prevenção, em questão também de se prevenir de doenças sexuais. (uce n°82; Khi2 = 9; uci n°6: *ent_06 *ida_1 *par_1

*com_2 *esc_3 *tra_1 *tip_1 *int_1)

A entrevistada 01 é um sujeito típico da classe (Khi2 = 4), cursou nível superior e

discute a importância dos programas governamentais para a educação em saúde. A mulher

sente que desaprendeu sobre si por não ter o conhecimento médico científico sobre seu corpo

e sua saúde. Os programas governamentais veiculam atividades educativas, ensinam a

população e por se tratar de um conhecimento reificado, influenciam mais do que o

conhecimento popular, como bem se evidencia na uce/uci 1:

Atividades educativas eu acho que são aquelas, a primeira coisa que me vem na cabeça são aqueles programas governamentais e a educação para a população em

geral, eu acho que são atividades educativas. (uce n°1; Khi2 = 10; uci n°1:

*ent_01 *ida_3 *par_2 *com_1 *esc_3 *tra_1 *tip_2 *int_2)

Cotidianamente são realizadas campanhas educativas, seguindo a programação do

Ministério da Saúde. Como exemplo, se pode citar a programação do aleitamento materno, as

campanhas de coleta do exame preventivo do câncer, as campanhas de combate à dengue,

enfim, práticas executadas de acordo com a determinação da Secretaria de Saúde em que o

profissional altera seu processo de trabalho para cumprir tais exigências (FIGUEIRA; LEITE;

SILVA, 2012).

Algumas enfermeiras buscam entrosamento entre as diferentes práticas, realizando

reuniões com os representantes comunitários, associação de moradores e outros para divulgar

e apoiar seu processo de trabalho, sem entrar em conflito com as diversas formas de cuidados

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à saúde (FIGUEIRA; LEITE; SILVA, 2012). As associações comunitárias são espaços para se

efetivar a educação em saúde:

Eu participei da associação daqui da Comunidade da Brasília, né. E aqui é assim,

enquanto eu estava ali, só era eu. Quando acabou isso, as pessoas só eram

cobrando, cobrando, cobrando [...] (uce n°293; Khi2 = 12; uci n°23: *ent_23 *ida_2 *par_2 *com_1 *esc_2 *tra_1 *tip_2 *int_2)

A busca de parcerias nos bairros, tais como a associação de moradores, escolas,

creches, empresas privadas, organizações não governamentais, instituições de ensino na área

de saúde, pode ser uma estratégia para difundir práticas de educação em saúde, com amplo

alcance nos grupos populacionais, contribuindo com os serviços das unidades de saúde. As

práticas educativas em tais locais são evidentes e estimuladas pela própria comunidade, que

participa no planejamento das ações, bem como na sua realização (FIGUEIRA; LEITE;

SILVA, 2012).

Esta classe apresentou associação estatisticamente significativa em mulheres com

ensino superior (khi2 = 6), numa faixa etária entre 26-33 anos (khi2 = 5) e que sofreram

alguma intercorrência no ciclo gravídico-puerperal (khi2 = 4). Essas variáveis remetem à

representação de que, independente da escolaridade e da idade, por se tratarem de mulheres

não tão jovens, que possuem experiências de vida e outras gestações, pouco ou nada sabem

com relação à sua saúde materno-infantil e necessitam ser tuteladas pelo conhecimento

reificado dos profissionais de saúde, sendo a mesma representação das de menor nível de

escolaridade e das puérperas mais jovens.

A variável da complicação durante o ciclo gravídico-puerperal aponta para duas

vertentes: por um lado revela que as mulheres que sofreram essa problemática, produziram

sentidos sobre a educação em saúde valorizando a informação, o aprendizado, o estudo, o

conhecimento; por outro mostra que os profissionais tiveram maior preocupação em fazer

circular neste grupo informações que as ajudassem a agir em prol do seu cuidado.

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5.4 A informação no pós-parto

5.4.1 Classe 2: Informação no pós-parto: o cuidado do bebê e a amamentação

A classe 2 é formada por 72 UCE e 58 palavras analisáveis. Em termos de

agregação de UCE, sua significância estatística é de 26% do total. O quadro 6 apresenta as

palavras completas mais representativas da classe e seus respectivos Khi2. Nesta classe, o

programa realizou um corte contendo as palavras com khi2 maior ou igual a 8.

Quadro 6: Palavras representativas da classe 2.

Palavra Khi2

Dar 33

Cuidado 33

Mama 30

Direito 27

Banho 26

Amamentar 24

Peito 20

Leite 16

Andar 14

Dormir 14

Seis_meses 13

Ensinaram 12

Água 11

Sair 11

Dificuldade 11

Pegar 10

Orientação 10

Mãe 9

Irmã 8

Ajuda 8

Senti 8

Prevenção 8

Os vocábulos ilustrativos desta classe são: dar, cuidado, mama, direito, banho,

amamentar, peito, leite, andar, dormir, seis_meses, ensinaram, água, dificuldade, orientação,

mãe, irmã, ajuda, prevenção. Estas palavras expressam os ensinamentos e informações

recebidas pelas puérperas durante o período puerperal e o que se pode observar pelas palavras

de maior associação com essa classe e pelas UCE é que esses ensinamentos estão envoltos

primordialmente para os cuidados ao bebê e à amamentação exclusiva até os seis meses de

vida.

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Era. O jeito de eu botar aqui quando fosse botar ele para mamar, pegasse o bico, ter cuidado para ele não botar o nariz no peito para ele não estar asfixiado. (uce

n°191; Khi2 = 21; uci n°13: *ent_13 *ida_1 *par_1 *com_2 *esc_1 *tra_1 *tip_2

*int_2)

Exatamente. Para mim amamentar os seis primeiros meses para que a criança seja

mais saudável, sempre ensina isso, só dar comida depois de seis meses [...](uce

n°214; Khi2 = 15; uci n°15: *ent_15 *ida_3 *par_2 *com_1 *esc_2 *tra_1 *tip_1)

A entrevistada 09 é um sujeito típico da classe 2 (Khi = 13), trata-se de uma

mulher jovem, primípara, que vive sem companheiro e que discursa principalmente sobre a

amamentação.

Já. Só não sabia dar mama a ele, aí me ensinaram lá [...] (uce n°141; Khi2 = 9;

uci n°9: *ent_09 *ida_1 *par_1 *com_2 *esc_1 *tra_1 *tip_2 *int_2)

A amamentação é um complexo que envolve a cultura, o valor, o social, o

biológico e o emocional, devendo ir além das orientações quanto ao manejo. O profissional

pode cuidar da mãe primípara na perspectiva de estimular a amamentação exclusiva, evitando

o desmame precoce. Por isso, é fundamental que o enfermeiro não cuide somente com

abordagem técnica, mas que sua perspectiva seja ampliada, através de uma assistência

associada aos aspectos socioculturais da amamentação (ALMEIDA et al., 2010).

Os cuidados com a amamentação são priorizados, pois somente a mãe pode fazê-

lo e representa a sobrevida da criança. Percebe-se uma ditadura do leite, com a representação

de que a mãe precisa se doar e se não amamenta, ela é menos mãe. A mulher fica a margem

desse cuidado, desse aprendizado, como se após o nascimento do filho, deixasse de existir, de

ser mulher para ser somente mãe.

Percebe-se que as vantagens mais difundidas sobre o aleitamento materno se

referem à saúde da criança. As mulheres ancoram a amamentação no processo saúde-doença,

ou seja, a amamentação é importante porque o leite materno representa “remédio” e evita

doenças na criança. Essas mulheres ancoram a amamentação no senso comum de que saúde é

simplesmente ausência de doença e objetivam o leite humano como um veículo protetor de

doenças. As mães compartilham o conhecimento teórico do aleitamento materno em um

conhecimento típico do universo reificado (OSÓRIO; QUEIROZ, 2007).

Então, ele me orientou como eu dar de mamar e tomar muito líquido, tomar muito

suco, para criar leite para dar para o bebê. (uce n°290; Khi2 = 13; uci n°22: *ent_22 *ida_2 *par_2 *com_2 *esc_2 *tra_2 *tip_2 *int_2)

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A forma como se percebe a amamentação está relacionada às vivencias no seio

familiar e a herança cultural. Aquelas que tiveram a experiência de serem amamentadas e que

tem em sua família apoio e incentivo ao aleitamento materno trazem aspecto muito mais

emocional, como o vínculo afetivo. No entanto há outras situações em que as experiências

remetem principalmente para questão biológica representada desenvolvimento da criança,

prevenção de doenças, nutrição e saúde (SANTOS et al., 2012).

As orientações foram fornecidas principalmente pelos profissionais que

trabalhavam nas maternidades e os que atendem nas consultas de pós-parto, informações estas

que deveriam ter sido dadas desde a gestação.

Só lá, chegou um para dizer da mama também, porque ele não queria pegar meu peito. Aí eles disseram só para mim ter cuidado na hora que ele fosse mamar. (uce

n°192; Khi2 = 15; uci n°13: *ent_13 *ida_1 *par_1 *com_2 *esc_1 *tra_1 *tip_2

*int_2)

Me ensinaram todo o cuidado lá que tem que ter com ela, comigo, na alimentação,

me deram maior informação lá na maternidade. (uce n°312; Khi2 = 14; uci n°25: *ent_25 *ida_1 *par_1 *com_1 *esc_1 *tra_1 *tip_1 *int_2)

No entanto, são apresentados outros cuidados com o bebê como: banho, limpeza

do coto umbilical, porém em menor escala. Esses cuidados podem ser entendidos como

secundários nas orientações por poderem ser executados por outras pessoas como a família, os

amigos. Os ensinamentos dados pelos profissionais dos centros de saúde da família e das

maternidades às primíparas foram bastante frisados em seus discursos, garantindo maior

conforto e segurança a essas mulheres.

[...] Orientaram. Ensinaram, né, a dar o peito direito, como é que amamenta,

ensinaram a dar banho. (uce n°307; Khi2 = 29; uci n°25: *ent_25 *ida_1 *par_1 *com_1 *esc_1 *tra_1 *tip_1 *int_2)

Quando ele nascer, aí passa uns tempo e depois você vem para casa. Ela foi quem me deu essa orientação. Não, me ensinaram tudo lá. Eu já vim sabendo dar banho,

trocar fralda e tudo. (uce n°312; Khi2 = 14; uci n°25: *ent_25 *ida_1 *par_1

*com_1 *esc_1 *tra_1 *tip_1 *int_2)

[...] O jeito que banha, o jeito que cuida e dá de comer, amamentar até seis meses,

aí depois é que dá. Tanto que agora eu estou sofrendo, porque ele quer sair do

peito. (uce n°66; Khi2 = 15; uci n°4: *ent_04 *ida_3 *par_1 *com_2 *esc_1 *tra_1 *tip_2 *int_2)

Eu lembro que tinha enfermeiras e ia todo tipo de pessoa para lá, para o posto, para explicar e ensinar a gente, como é amamentar, como cuidar da criança, como

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dar banho, sobre a gente também, o que que a gente tinha que cuidar. (uce n°175; Khi2 = 8; uci n°12: *ent_12 *ida_1 *par_1 *com_1 *esc_2 *tra_1 *tip_2 *int_2)

Esta classe apresentou associação estatisticamente significativa em mulheres

jovens, de idade entre 18-25 anos (khi2 = 15), que vivem sem companheiro (khi2 = 14) e

primíparas (Khi2 = 13). Estas mulheres vivenciaram o ciclo gravídico-puerperal pela primeira

vez, o que pode gerar mais dúvidas, inseguranças e anseios, além disso, não tinham um

companheiro para dividir os sentimentos vividos nesse momento e apoia-las durante as

mudanças, necessitando de atenção redobrada dos profissionais e da família.

Me dando bastante orientação, porque eu tinha bastante medo, aí eles disseram

que não era para mim ter medo, porque não era nada demais. (uce n°194; Khi2 =

8; uci n°13: *ent_13 *ida_1 *par_1 *com_2 *esc_1 *tra_1 *tip_2 *int_2)

O papel da família é fundamental para orientações e até mesmo ajuda no cuidado

em si, porém somente para o bebê. A mulher jovem precisa mais da família, teme a

fragilidade do bebê e costuma dar uma atenção bem maior para o filho do que para si, como

se estivessem “brincando de boneca”. Associa-se também esse comportamento ao fato de ser

o primeiro filho e necessitar de outro membro da família para distribuir sua atenção e cuidado

ao recém-nascido.

Ah, com a minha filha é cuidado de tudo. Não, como cuidar dela, não. A única

coisa que orientaram só foi como limpar o umbiguinho dela, pronto, dar banho, só

que eu não dei o banho dela quando era pequenininha, foi minha mãe que deu. (uce n°243; Khi2 = 25; uci n°16: *ent_16 *ida_1 *par_1 *com_1 *esc_2 *tra_1

*tip_1 *int_2)

Mas minha mãe também sempre me ajudava. (uce n°312; Khi2 = 14; uci n°25:

*ent_25 *ida_1 *par_1 *com_1 *esc_1 *tra_1 *tip_1 *int_2)

Diante das necessidades de esclarecimentos, as puérperas buscam ajuda com as

mulheres da família que já passaram por essa experiência, valorizando essas informações.

Não muito pelo posto. Senti um pouco, porque assim foi meu primeiro filho, se não

fosse minha mãe me dando orientação, mas como minha irmã já tinha tido um filho, eu já tinha tido uma experiência, dava para ver, desde que ela nasceu, eu já

banhei ela. (uce n°96; Khi2 = 23; uci n°6: *ent_06 *ida_1 *par_1 *com_2 *esc_3

*tra_1 *tip_1 *int_1)

Quando eu tive a minha filha [...] eles falaram assim por alto como é que tinha que

amamentar e eu tive dificuldade, porque eu não tinha leite nos três primeiros dias

e eu vi meu peito empedrar e feriu por conta que ela não sabia pegar direito, mas não teve muita orientação, teve a experiência da minha mãe e das pessoas que já

tem filho, que já sabe. (uce n°95; Khi2 = 15; uci n°6: *ent_06 *ida_1 *par_1

*com_2 *esc_3 *tra_1 *tip_1 *int_1)

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Quanto às mulheres multíparas, também receberam ensinamentos no pós-parto

pelos profissionais a respeito do cuidado do bebê. Mesmo já tendo experienciado o ciclo

anteriormente, cada gravidez é única para a mulher.

Toda hora ia uma pessoa. Era assim, tinha a menina para limpar a cirurgia, no

horário delas, de manhã e de tarde, tinha a moça que dava a alimentação da gente, tinha a enfermeira que ensinava a gente a dar a mama ao bebê, porque eu

não tinha o bico. (uce n°297; Khi2 = 9; uci n°23: *ent_23 *ida_2 *par_2 *com_1

*esc_2 *tra_1 *tip_2 *int_2)

Era as enfermeirazinhas de lá. Orientavam. Tirar o leite, fizeram exercício na

boca dele, porque ele tinha a língua muito pregada, assim, ele não abria a boca direito, quando a gente colocava o peito, ele botava a língua era para cima, e elas

tentaram muitas vezes, mas ele não pegou. (uce n°172; Khi2 = 9; uci n°11:

*ent_11 *ida_3 *par_2 *com_1 *esc_1 *tra_1 *tip_2 *int_1)

Por outro lado, algumas mulheres consideraram os ensinamentos por vezes

insuficientes, persistindo as dúvidas, as quais nem sempre eram sanadas pelos profissionais.

Algumas mulheres não compreenderam a importância dessas orientações e diante das

dificuldades, realizavam práticas contrárias ao que era recomendado.

Para não dar negócio de comida a ele, só dar depois de seis meses, isso e aquilo,

mas eu acabei dando antes. Não, porque eu não tinha era paciência para ficar só com o peito, porque ele chorava muito. (uce n°146; Khi2 = 14; uci n°9: *ent_09

*ida_1 *par_1 *com_2 *esc_1 *tra_1 *tip_2 *int_2)

E agora está tudo direito, eu não vejo mais nenhum problema nela, só quando está com fome e querendo dormir. Estou, não estou dando mais nada. Só a única coisa

que ela toma até agora é água, por causa da quentura que é muito grande e toma

muito banho e mama muito. (uce n°275; Khi2 = 22; uci n°19: *ent_19 *ida_3 *par_2 *com_1 *esc_2 *tra_1 *tip_2 *int_2)

O foco do cuidado era o bebê e não elas. Essa lacuna também é percebida em

outros estudos, pois quando questionadas sobre o cuidado de si, as mulheres acabaram

direcionando suas falas para a atenção e o cuidado com os filhos, o marido e a casa,

demonstrado que a preocupação consigo está em segundo plano (MONTEIRO, 2011;

RODRIGUES, 2012).

Só isso mesmo, me levantaram e fizeram eu andar. Só de dar mama a ele, porque o

resto eu já sei. É, porque eu peguei um meninozinho bem recém-nascido e fiquei cuidando dele, como se fosse agora meu irmão. (uce n°140; Khi2 = 15; uci n°9:

*ent_09 *ida_1 *par_1 *com_2 *esc_1 *tra_1 *tip_2 *int_2)

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Sim, quando eu fui tirar os pontos, né, a menina no posto só disse que eu não fizesse esforço e só cuidasse da cirurgia para não inflamar. (uce n°290; Khi2 =

13; uci n°22: *ent_22 *ida_2 *par_2 *com_2 *esc_2 *tra_2 *tip_2 *int_2)

[...] Eu vim só para a revisão mesmo e pronto, aí também vim uma vez, porque eu

não menstruava e vim saber por que, né, aí ele disse que era normal, por causa da

amamentação, aí pronto [...] (uce n°299; Khi2 = 12; uci n°23: *ent_23 *ida_2

*par_2 *com_1 *esc_2 *tra_1 *tip_2 *int_2)

[...] também disse para fazer a prevenção depois de quarenta e cinco dias, a

revisão de parto direitinho. (uce n°214; Khi2 = 15; uci n°15: *ent_15 *ida_3 *par_2 *com_1 *esc_2 *tra_1 *tip_1)

Só o exame. Não. Só a pediatra. Era a pediatra. Não, era só ela. Nenhuma. Não. Fazia, a única orientação que ela me deu, como eu já te falei, foi da alimentação e

como se cuidar, pronto, só. (uce n°242; Khi2 = 9; uci n°16: *ent_16 *ida_1

*par_1 *com_1 *esc_2 *tra_1 *tip_1 *int_2)

Observa-se a frequência elevada do vocábulo “só” nas falas, o que evidencia a

minimização do cuidado da mulher. É possível perceber a pouca importância que a puérpera

dá ao cuidado com o seu corpo, cuida de si para estar forte para cuidar do bebê. O

direcionamento do seu cuidado e sua atenção não é para si, mas para os filhos, o marido e a

casa. Independente do puerpério, apresentam dificuldade em conversar sobre o cuidado de si,

o que pode ser fruto de sua realidade social, em que a mulher é criada para cuidar sempre do

outro, e os cuidados consigo ficam em segundo plano (MONTEIRO, 2011). De forma muito

tímida, os discursos trazem o cuidado à mulher, porém focando o bebê. Os próprios

profissionais não focam a mulher e direcionam os cuidados para a criança.

5.5 O atendimento no pré-natal

5.5.1 Classe 4: Avaliação do atendimento no período pré-natal

A classe 4 formou-se na última repartição do corpus, juntamente com a classe 1,

porém por ter significância estatística maior em termos de agregação de UCE, perfazendo

28% do total, foi descrita antes da classe 1. Seus conteúdos são bem aproximados, por serem

as últimas a sofre divisão. Ambas discutem o tema “O atendimento no pré-natal”. A classe 4

trata de como é realizada a assistência, enquanto a classe 1 expõe o que é feito e quem faz.

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É formada por 78 UCE e 53 palavras analisáveis. O quadro 7 apresenta as

palavras completas mais representativas desta classe e seus respectivos Khi2. O programa

realizou um corte da classe 4 contendo as palavras com khi2 maior ou igual a 5.

Quadro 7: Palavras representativas da classe 4.

Palavra Khi2

Dúvida 27

Tirava 14

Ótimo 14

Perguntava 14

Pré-natal 13

Dor 12

Normal 11

Queria 9

Sal 8

Sentia 8

Risco 8

Fazer 7

Gravidez 7

Atendida 7

Exame 5

Cesáreo 5

Conversava 5

Acompanhamento 5

Os vocábulos ilustrativos desta classe são: dúvida, tirava, ótimo, perguntava, pré-

natal, dor, normal, sal, risco, gravidez, atendida, exame, cesáreo, conversava,

acompanhamento. Estas palavras representam a assistência no pré-natal e no parto, tratando-

se de uma assistência protocolar, com a realização de exames, como também caracterizada

pelas orientações, ação educativa individual. O grupo de mulheres avalia o atendimento

médico e de enfermagem. A classe apresenta juízo de valor, tratando principalmente da

qualidade do atendimento.

Eu tava com infecção urinária também. Aí não descobriu o que era [...] Tudo que eu precisei lá [na maternidade], eles fizeram. Quer dizer, eu fui muito bem

assistida lá no pré-natal e na hora do parto também. Tudo. Todos os exames que

precisei fazer, eu fiz lá. (uce n°22; Khi2 = 21; uci n°2: *ent_02 *ida_2 *par_2 *com_1 *esc_2 *tra_1 *tip_2 *int_1)

A saúde, graças a Deus, está perfeita, dos dois, a dele e a minha também. Graças a

Deus, tudo normal. Ela [a enfermeira] me examinava, perguntava como é que estava, o que que eu sentia, se o bebê estava se mexendo ou não, ela perguntava

tudo relacionado a ele e a mim. (uce n°334; Khi2 = 14; uci n°27: *ent_27 *ida_1

*par_2 *com_1 *esc_1 *tra_2 *tip_2 *int_2)

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A qualidade dos serviços de atenção à mulher, enquanto gestante, não pode se

efetivar sem considerar às suas necessidades e/ou expectativas e sem ter sensibilidade e

intuição para captar o que é necessário incluir no plano de cuidados da mulher, para que ela se

sinta tranquila e confortada. Se algum elemento do cuidado provido se apresenta omisso deve

ser resgatado para tornar esse cuidado mais significativo à mulher (GUERREIRO et al.,

2012).

Na hora do parto, eu fui muito bem assistida. Assim eu não tinha condições de ter

normal e foi cesáreo. Não tenho nada a reclamar, fui muito bem atendida. (uce n°23; Khi2 = 11; uci n°2: *ent_02 *ida_2 *par_2 *com_1 *esc_2 *tra_1 *tip_2

*int_1)

Foi que fizeram o cesáreo. Mas foi ótimo, maravilhoso. Quando eu entrei na sala, sim, os médicos foram maravilhosos. Bem atendida. Não tava nem marcado, que

eu fiz ligação, né, não tava marcado e na hora lá eu pedi, conversei com ele e ele e

a equipe lá resolveram e foi maravilhoso. (uce n°164; Khi2 = 11; uci n°11: *ent_11 *ida_3 *par_2 *com_1 *esc_1 *tra_1 *tip_2 *int_1)

Considera-se uma atenção pré-natal de qualidade aquela com início precoce,

periódica, completa e com ampla cobertura (BRASIL, 2011b). O início do acompanhamento

no primeiro trimestre da gestação permite a realização oportuna de ações preventivas, de

diagnósticos mais precoces e de ações de promoção à saúde. Além disso, possibilita a

identificação no momento oportuno de situações de alto risco que envolvem

encaminhamentos para outros pontos da atenção, permitindo melhor planejamento do cuidado

(FESCINA et al., 2007).

Até médico que não era meu médico, entendeu. Isso. Se eu sentisse alguma coisa,

como minha gravidez era de risco, qualquer coisa que eu sentia, eu ia lá. (uce

n°34; Khi2 = 9; uci n°2: *ent_02 *ida_2 *par_2 *com_1 *esc_2 *tra_1 *tip_2 *int_1)

Em estudo realizado com 152 gestantes cadastradas em um CSF do município de

São Paulo (SP) observou-se que 99% das usuárias demonstraram satisfação com o serviço

oferecido. Verificam-se aspectos positivos com relação à assistência pré-natal com ênfase na

ESF, visto que 84% das gestantes conhecem o programa; 99% consideram o atendimento

prestado como adequado; 97% conhecem a equipe que presta atendimento; 54% conhecem o

hospital que será referência para o seu parto; e 93% receberam visitas mensais dos agentes

comunitários de saúde (ALENCAR; GOMES, 2008).

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A palavra atendimento evoca a educação em saúde sob uma perspectiva

biomédica ligada à assistência dos agravos da saúde biológica, fortemente arraigada no

imaginário social, sendo as ações desenvolvidas no âmbito dos serviços de saúde organizadas

em torno da assistência e consultas (BITTENCOURT, 2010). Os exames são fundamentais

para o bom acompanhamento dessas mulheres. Elas avaliam a qualidade da assistência na

gestação pela agilidade nos exames e acompanhamento destes pelos profissionais.

Na primeira filha, sim. Foi. Devido a eu ter tido uma, eu achei que foi mais fácil.

Mas quem não teve, enquanto tava fazendo o pré-natal aqui, os exames deu a glicemia alterada aí tinha que vir toda quarta-feira para fazer um exame para

saber a glicemia. (uce n°46; Khi2 = 11; uci n°3: *ent_03 *ida_2 *par_2 *com_1

*esc_2 *tra_1 *tip_2 *int_1)

[...] Recebi palestras, fiz exame do peito, fiz exame arterial, tudo eu fiz lá [na

maternidade]. Tudo por lá. Não, não fiz nenhuma palestra aqui, porque era uma

gravidez de risco e aqui eles não fazem, não tem, né. (uce n°318; Khi2 = 9; uci n°26: *ent_26 *ida_2 *par_2 *com_1 *esc_2 *tra_1 *tip_2 *int_1)

No primeiro mês de resguardo ele mandou eu todo dia tirar a pressão e anotar, o

cardiologista, só que eu tirava semanas sim e outras não. Era e não tinha como eu ir, por causa do bebê, né, e descer as escadas. Mas o resto foi tudo normal, ótimo.

Sim. (uce n°167; Khi2 = 6; uci n°11: *ent_11 *ida_3 *par_2 *com_1 *esc_1

*tra_1 *tip_2 *int_1)

No estudo de Guerreiro et al. (2012), os enfermeiros participantes queixaram-se

da demora dos resultados dos exames solicitados nas consultas de pré-natal. Em muitas

situações, esses resultados demoraram até três meses para chegar às mãos das gestantes;

estando, portanto, desatualizados. O principal problema é a detecção tardia de alguma

complicação, que poderia já estar sendo tratada se houvesse agilidade nos resultados dos

exames. Tal situação também foi identificada neste estudo, em que as mulheres avaliaram

como má assistência:

[...] Assim, eu tava com anemia muito forte e ele não descobria o que era. Fazia exame e exame e ele não descobria o que era. (uce n°21; Khi2 = 12; uci n°2:

*ent_02 *ida_2 *par_2 *com_1 *esc_2 *tra_1 *tip_2 *int_1)

Aí depois ela vai lhe botar em uma fila de espera para você fazer uma ultrassom

mamária, uma transvaginal e isso demora demais, e muitas mulheres deixam de vir

no posto por conta disso. (uce n°88; Khi2 = 6; uci n°6: *ent_06 *ida_1 *par_1 *com_2 *esc_3 *tra_1 *tip_1 *int_1)

O atendimento médico e de enfermagem voltado para as gestantes, parturientes e

puérperas apresenta como enfoque as orientações. Guerreiro et al. (2012) constata, em relação

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à satisfação das mulheres com o cuidado de enfermagem na consulta pré-natal, que existe

insatisfação em relação à educação em saúde, embora algumas gestantes se mostrem

satisfeitas, observou-se que elas ainda carecem de informações e instruções sobre a pega

correta do bebê para a amamentação, a sexualidade na gestação, a preparação para o parto e

os cuidados com o recém-nascido.

Porque na realidade você precisa de ajuda, quanto mais filhos você tem, mais

ajuda você precisa. Quanto mais orientação, mais você vai. Sempre, sempre foram bem-vindas para mim, o que disser para mim é válido. Quando eu tava grávida e

fazia o pré-natal, a enfermeira sempre me ajudou. (uce n°231; Khi2 = 9; uci n°15:

*ent_15 *ida_3 *par_2 *com_1 *esc_2 *tra_1 *tip_1 *int_1)

Para eu não comer muita massa, comer mais fruta, tomar bastante líquido. Do

parto ela [a enfermeira] orientou que quando a dor vir de cinco em cinco minutos, que já tava na hora do parto [...] (uce n°239; Khi2 = 9; uci n°16: *ent_16 *ida_1

*par_1 *com_1 *esc_2 *tra_1 *tip_1 *int_2)

Eu sabia que era, mas era difícil, né, porque eu não queria mais ter filho. Não tava

preparada [...] Eu sempre perguntava ao médico, porque minha gravidez ele

achou sempre de risco devido ao meu peso, mas ele disse que o jeito que eu tava fazendo tava ótimo, que continuasse. (uce n°160; Khi2 = 7; uci n°11: *ent_11

*ida_3 *par_2 *com_1 *esc_1 *tra_1 *tip_2 *int_1)

Aí esse, o esquema de vacinação, deixa um pouco a desejar. Com relação a mim também não tenho nada a dizer, não, até porque o médico que me assistiu durante

o pré-natal, qualquer dúvida que eu tivesse ele tirava, não tinha problema em

relação a isso, não. (uce n°16; Khi2 = 6; uci n°1: *ent_01 *ida_3 *par_2 *com_1 *esc_3 *tra_1 *tip_2 *int_2)

A educação em saúde durante o pré-natal não pode consistir apenas em um

repasse de informações à gestante, ou seja, uma reprodução do conhecimento apreendido pelo

profissional durante a sua formação. O profissional enfermeiro deve levar em consideração

que cada mulher é um sujeito único e que carrega consigo sua própria cultura, traduzida por

meio de suas vivências, medos, dúvidas, crenças e expectativas. Desta forma, acredita-se que

a formação do vínculo seja crucial para o maior envolvimento da gestante nas questões

relacionadas à sua saúde, a atribuição da autonomia e definição de suas escolhas e,

consequentemente, a percepção mais consciente do autocuidado (LÍBERA et al., 2011).

Neste estudo, algumas mulheres não se sentiam à vontade para esclarecer suas

dúvidas com os profissionais, preferindo recorrer às orientações da patroa, das amigas ou

ainda buscar informações na mídia, em revistas e meio eletrônico.

Foi e agora já ganhei. Mas foi bom, na minha gravidez fui bem atendida, foi ótimo.

Eu tirava sempre as dúvidas com a minha patroa [...] eu fiquei muito em dúvida na

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minha gravidez, porque eu não queria mais ter e ela foi uma pessoa que me apoio muito, deu muita força para eu ter esse bebê, que era tudo de bom. (uce n°159;

Khi2 = 11; uci n°11: *ent_11 *ida_3 *par_2 *com_1 *esc_1 *tra_1 *tip_2 *int_1)

Não, a gente não conversava muito, não, eu não conversava muito, sou muito

fechada. Ficava mais ouvindo, nunca fui de perguntar, não. Não. Tirava com

minhas amigas [...] elas só falavam que na gravidez, na hora de ter, eu ia sofrer

muito. (uce n°240; Khi2 = 8; uci n°16: *ent_16 *ida_1 *par_1 *com_1 *esc_2 *tra_1 *tip_1 *int_2)

Recebi. Não, não, foi só conversa com o médico. Agora a gente vê muito na televisão e lê em revista, porque quando a gente está grávida tem o interesse de ler

em revista, a gente termina vendo na internet também, mas com o médico era só os

exames que a gente fazia. (uce n°5; Khi2 = 6; uci n°1: *ent_01 *ida_3 *par_2 *com_1 *esc_3 *tra_1 *tip_2 *int_2)

A palavra representativa dúvida, reconhece a educação em saúde sob um prisma

questionador, suscitando assumir os desafios para alterar o paradigma de trabalho sobre a

educação na ESF (BITTENCOURT, 2010).

Esta classe apresentou associação estatisticamente significativa pela entrevistada

11 (Khi2 = 19), em mulheres que vivem com companheiro (Khi2 = 13), na faixa etária entre

34-41 anos (Khi2 = 6) e multíparas (Khi2 = 4). Vale ressaltar que o sujeito típico da classe

(entrevistada 11) apresenta-se dentre desses grupos de variáveis. Também se pode constatar

que as multíparas e de idade mais avançada discursaram mais sobre a avaliação do

atendimento, pela maturidade e a experiência do acompanhamento profissional.

5.5.2 Classe 1: Pré-natal: os profissionais e os procedimentos

Esta classe é formada por 27 UCE e 36 palavras analisáveis. É a classe de menor

significância estatística em termos de agregação de UCE, perfazendo 10% do total. O quadro

8 apresenta as palavras completas mais representativas desta classe e seus respectivos Khi2. O

programa realizou um corte da classe 1 contendo as palavras com khi2 maior ou igual a 5.

Quadro 8: Palavras representativas da classe 1.

Palavra Khi2

Barriga 66

Recebia 47

Medicação 40

Coração 37

Escutar 31

Ultrassom 28

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Neném 18

Pediatra 16

Bebê 11

Camisinha 11

Resultado 11

Orientações 11

Pesar 9

Doutora 9

Médico 8

Visita 7

Procuro 7

Conversava 7

Consulta 6

Tomar 5

Os vocábulos ilustrativos desta classe são: barriga, recebia, medicação, coração,

escutar, ultrassom, neném, pediatra, bebê, camisinha, resultado, orientações, pesar, doutora,

médico, visita, conversava, consulta, tomar. Estas palavras representam os procedimentos de

rotina realizados durante a assistência no pré-natal e na puericultura, com enfoque no bebê,

além de tratar do profissional em si e sua atuação como: orientações nas consultas, medição

da altura uterina, ausculta dos batimentos cardíacos fetais, ultrassom, prescrição de

medicamentos, verificação do peso, dentre outros.

Aí só consulta de rotina. Vou. Com a médica. Não, não. Ela sempre passa pela pediatra só para ver se está tudo bem, se está crescendo, o pesinho dela, mas está

tudo bem, graças a Deus. (uce n°37; Khi2 = 31; uci n°2: *ent_02 *ida_2 *par_2

*com_1 *esc_2 *tra_1 *tip_2 *int_1)

[...] Recebia, né, a gente chega, ela pede para pesar, tirar a pressão, escuta o

coraçãozinho do bebê, a medida da barriga para ver se está evoluindo bem, é isso.

(uce n°363; Khi2 = 29; uci n°31: *ent_31 *ida_2 *par_1 *com_1 *esc_2 *tra_1 *tip_2 *int_2)

[...] O doutor [médico] me deitava e passava aquela maquinazinha na minha barriga para escutar ele, media a minha barriga, foi bem. (uce n°142; Khi2 = 18;

uci n°9: *ent_09 *ida_1 *par_1 *com_2 *esc_1 *tra_1 *tip_2 *int_2)

[...] Consulta normal. Ele [o médico] mede a barriga, escuta o coração do neném, passa sulfato ferroso e pronto. Não. Nessa, o quinto[...] Porque a doutora [a

médica] eu fui só uma vez para ela, porque ela nunca tava aqui, aí foi que ela

disse como dava de mamar, se o bico do peito tava bom para a criança mamar ou não. (uce n°106; Khi2 = 14; uci n°7: *ent_07 *ida_1 *par_2 *com_2 *esc_1

*tra_1 *tip_2 *int_2)

Dependendo dos resultados dos exames, por exemplo, o do diabetes, para ver se

tinha diabetes ele pediu a curva glicêmica, de acordo com o resultado da curva ele

pedia uma dieta, que no meu caso não foi necessário porque deu tudo certo. (uce

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n°6; Khi2 = 9; uci n°1: *ent_01 *ida_3 *par_2 *com_1 *esc_3 *tra_1 *tip_2 *int_2)

Percebe-se o predomínio de uma prática protocolar, procedimental. A prescrição

de medicamentos também está presente nos discursos das puérperas:

Aí ele batei um raio-X para ver se ela não estava com nada no pulmão, mas graças

a Deus, não deu nada, não. Aí a doutora passou até um medicamento para ela

tomar todo dia. (uce n°273; Khi2 = 20; uci n°19: *ent_19 *ida_3 *par_2 *com_1 *esc_2 *tra_1 *tip_2 *int_2)

Não, só nas consultas com ele. Não, só passou mesmo os medicamentos, se o neném sentisse cólica desse luftal e desse bastante só mama a neném, só mama e

mais nada. (uce n°267; Khi2 = 18; uci n°19: *ent_19 *ida_3 *par_2 *com_1

*esc_2 *tra_1 *tip_2 *int_2)

Estou me prevenindo, não tomando medicação, porque agora não tenho ninguém,

mas se aparecer, medicação e camisinha. (uce n°104; Khi2 = 13; uci n°6: *ent_06

*ida_1 *par_1 *com_2 *esc_3 *tra_1 *tip_1 *int_1)

Guerreiro et al. (2012) relata a carência de materiais nos CSF, como, por exemplo,

Sonar Doppler ou estetoscópio de Pinard para verificar batimentos cardíacos fetais. A maioria

das unidades só possuía um único aparelho para todas as equipes. Além disso, uma grande

queixa dos enfermeiros é a falta de recursos tecnológicos para a realização de ultrassom

obstétrica. As gestantes, muitas vezes, precisam ir a clínicas particulares para receberem o

resultado imediato. Fato constatado também neste estudo:

Foi os médicos do hospital que eu fui. No pré-natal eu fui mais nas minhas ultrassom, porque quando eu ia tava faltando aparelho para escutar. Então o

médico passava a medicação, aqueles comprimidos que a gente toma, sulfato

ferroso e outro. Recebia. Ele mandou eu voltar para o hospital para ver ele, mas eu nem voltei não, ele ia passar só descanso mesmo, aí eu fiquei em casa. (uce

n°150; Khi2 = 26; uci n°10: *ent_10 *ida_2 *par_2 *com_2 *esc_1 *tra_1 *tip_1

*int_1)

Com quinze dias já sai o resultado de tudo, eu volto no médico, com um mês já

tenho resultado de tudo e pelo público, não. Particular. Já era pelo plano e eu

fazia tudo, toda vida que eu ia, me consultava com ele e fazia na hora a ultrassom. (uce n°90; Khi2 = 8; uci n°6: *ent_06 *ida_1 *par_1 *com_2 *esc_3 *tra_1

*tip_1 *int_1)

As mulheres entrevistadas retratam o incômodo causado pelo fato de não poderem

fazer um ultrassom no serviço e serem encaminhadas para outros lugares ou, até mesmo,

pagarem por um ultrassom com resultados imediatos (GUERREIRO et al., 2012).

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Esta classe apresentou associação estatisticamente significativa pelas entrevistadas

18 (Khi2 = 11), 05 (Khi2 = 9), 22 (Khi2 = 7) e 19 (Khi2 = 6). Estes sujeitos típicos da classe

apresentam em comum as seguintes características: multíparas, ter realizado parto cesáreo e

não ter tido intercorrências durante o ciclo gravídico-puerperal. A atenção ao filho é a

principal preocupação deste grupo de mulheres, tanto no pré-natal como no período pós-parto.

Isso é o que eu entendo como educação desde pequenininho. A primeira consulta

para sentir o coração do bebê, a primeira consulta quando faz a ultrassom para saber como ele está, isso é que é o mais, as primeiras consultas e que são mais

importantes, porque está se formando um feto dentro da sua barriga. (uce n°253;

Khi2 = 14; uci n°18: *ent_18 *ida_2 *par_2 *com_1 *esc_1 *tra_1 *tip_2 *int_2)

Eu passei seis dias com ele lá. Veio sim, a pediatra, né, veio ver o bebê, veio olhar,

né, a gente tem atenção, né, da pediatra para o neném. (uce n°73; Khi2 = 15; uci n°5: *ent_05 *ida_3 *par_2 *com_1 *esc_1 *tra_1 *tip_2 *int_2)

Após a gestação, o pediatra, o obstetra e a agente de saúde. Muito. Foi só na

consulta. Recorri uma vez a assistente social lá do posto. Sim, procuro, não sempre, né. No caso do bebê doente, procuro em casa e também no posto de saúde,

onde eu vou consultar. (uce n°287; Khi2 = 9; uci n°22: *ent_22 *ida_2 *par_2

*com_2 *esc_2 *tra_2 *tip_2 *int_2)

Muito importante também, é muito importante. A primeira consulta é para você

não tomar banho de lua, porque atinge o feto logo quando está se formando. Você

não pode pegar peso, porque o cérebro do bebê está se formando. Então, essas são as orientações que eles passam e eu acho muito importante. (uce n°254; Khi2 =

28; uci n°18: *ent_18 *ida_2 *par_2 *com_1 *esc_1 *tra_1 *tip_2 *int_2)

A palavra importante tem repercussão positiva, assim como o termo bom,

acrescentando-se a característica de valor, significado, sentido e consequentes implicações,

estando associado ao termo bom por possuir aproximação semântica (BITTENCOURT,

2010).

[...] Ah, foi bom. Orientação. A médica, a enfermeira me orientava como eu tinha

que fazer. (uce n°301; Khi2 = 18; uci n°24: *ent_24 *ida_3 *par_2 *com_2 *esc_1 *tra_1 *tip_2 *int_2)

Fui. Teve. Foi o enfermeiro e o médico. Nas visitas. Na hora do parto foi que teve

mais médico e enfermeiro, me orientavam como fazer força, na barriga. (uce n°341; Khi2 = 11; uci n°28: *ent_28 *ida_1 *par_1 *com_1 *esc_1 *tra_2 *tip_1

*int_2)

Vale ressaltar que elementos socioeconômicos e emocionais devem ser

considerados no momento do atendimento à mulher e que esta deve ser instruída quanto aos

cuidados necessários para o sucesso desse estágio. O profissional deve oferecer um suporte

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psicológico à cliente, estimulando o vínculo profissional-família, através de diálogos francos,

visitas domiciliares e reuniões de grupo.

O diálogo franco e a disposição a ouvir os medos e ansiedades vivenciadas

durante esse período pela mulher são de grande importância para a adesão às consultas bem

como para a qualidade destas (ALENCAR; GOMES, 2008).

Recebia. Ela me passava tudo, ela conversava com a minha filha na barriga, a

doutora. Eu gostei muito, porque ela conversava, ela dava carinho. Eu me sentia bem, foi muito bom. Era a enfermeira. Era, mas é porque eu gostei tanto da

enfermeira que eu preferi só com a enfermeira. (uce n°183; Khi2 = 9; uci n°12:

*ent_12 *ida_1 *par_1 *com_1 *esc_2 *tra_1 *tip_2 *int_2)

Nas consultas que fui, sempre procurei receber orientações. Quando eu vou no

ginecologista, ele sempre conversa, fala para mim ter cuidado, para sempre tomar o medicamento direito, usar camisinha e tudo. (uce n°260; Khi2 = 45; uci n°19:

*ent_19 *ida_3 *par_2 *com_1 *esc_2 *tra_1 *tip_2 *int_2)

Além disso, necessita dispor de conhecimentos técnico-científicos atualizados,

recursos humanos e/ou de infraestrutura adequados, como por exemplo, uma área física

adequada, equipamentos disponíveis para o exame da mulher e do bebê, medicamentos

básicos suficientes à demanda, profissionais aptos e treinados.

Entende-se que a assistência pré-natal e puerperal de qualidade é feita através de

um esforço contínuo de todos os envolvidos no processo, dispondo-se de todos os meios

existentes na comunidade e ambiente de trabalho para a facilitação das ações e melhora da

satisfação das usuárias, através de um atendimento rápido, eficaz, integral e igualitário.

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao considerar a mulher como um ser dotado de necessidades, que devem ser

compreendidas e atendidas, alguns conhecimentos devem ser problematizados no pré-natal,

parto e puerpério para, assim, melhor conduzi-la para receber seu filho, principalmente do

ponto de vista físico e mental. Diante disso, defende-se a educação em saúde como uma

estratégia para a prevenção de intercorrências, promoção da saúde, além da minimização da

insegurança e anseios, que possam estar presentes durante o período gravídico-puerperal.

A educação em saúde como direito deve romper com a visão assistencialista,

mecanicista do corpo e apontar para o diálogo, socialização de saberes e práticas entre

profissionais e usuárias. As relações que se estabelecem entre profissionais e usuárias nestas

condições organizacionais e assistenciais que se apresentam oferecem limitadas possibilidades

de se estabelecer uma comunicação efetiva que possa contribuir para o entendimento da

mulher sobre sua condição de saúde, potencialidades e capacidades de mudanças pessoais e

familiares.

No presente estudo, os conteúdos das representações das mulheres anunciam que

a educação em saúde objetiva-se nas palestras, campanhas educativas, e ainda nas atividades

voltadas para a educação do filho, em espaços sócio-familiares como a casa ou a escola. As

informações sobre saúde-doença são apreendidas tanto nos serviços de saúde como nas

associações comunitárias, empresas e meios de comunicação.

A concepção de que o sujeito é ativo e criativo na produção do conhecimento,

inerente à TRS, pode ser evidenciada nos conteúdos que mostram que as usuárias não

restringiram os sentidos da educação em saúde ao campo formal do atendimento profissional

ou das campanhas do Ministério da Saúde, pois na produção dos sentidos sobre o objeto

reconheceram a família como espaço legítimo de ação educativa, veiculada dos pais para os

filhos, com um discurso fortemente marcado pela educação familiar.

As representações do grupo de puérperas sobre a educação em saúde estão ligadas

às práticas educativas desenvolvidas nos postos de saúde, maternidades, empresas privadas e

meios de comunicação, com destaque às palestras e repasse de informações sobre seu

processo de saúde-doença; à educação recebida pelos pais ou pela escola, como suporte para a

criação dos filhos; e à educação comunitária, através das associações de moradores.

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Através dos discursos das entrevistadas podem-se conhecer as principais práticas

educativas desenvolvidas na atenção primária na área da saúde da mulher na SER IV, nas

quais predominam o modelo tradicional de transmissão de informações sem incentivar o

diálogo e a participação da mulher como protagonista nas decisões que envolvem a sua saúde.

Dessa forma, pode-se considerar que há limitações nas propostas de promoção da saúde da

mulher, que as distanciam da autoresponsabilização e autonomia.

Os ensinamentos e orientações estão envoltos primordialmente para os cuidados

ao bebê e à amamentação exclusiva até os seis meses de vida. Os cuidados com a

amamentação são priorizados, pois somente a mãe pode fazê-lo e representa a sobrevida da

criança. Percebe-se a representação de que a mãe precisa se doar e se não amamenta, ela é

menos mãe.

A mulher fica a margem desse cuidado, desse aprendizado, como se após o

nascimento do filho, deixasse de existir, de ser mulher para ser somente mãe. De forma muito

tímida, os discursos trazem o cuidado à mulher, porém focando o bebê. Cuidar de si para

assim poder cuidar do filho.

As orientações foram fornecidas principalmente pelos profissionais que

trabalhavam nas maternidades e os que atendem nas consultas de pós-parto, informações estas

que deveriam ter sido dadas desde a gestação.

Além disso, as puérperas avaliam a qualidade da assistência na gestação pela

agilidade nos exames e acompanhamento destes pelos profissionais. Percebe-se o predomínio

nas consultas de uma prática protocolar, procedimental, com foco nos exames de rotina.

Faz-se necessário a persistência dos profissionais no sentido de que sejam

implementadas atividades que visem à melhoria das ações educativas na área de saúde da

mulher como criação e manutenção de grupos de gestantes, grupos de puérperas, grupos de

casais, dentre outras atividades para o compartilhamento de saberes e interação entre os

usuários, gerando esforços para a realização da prática educativa como forma de melhorar o

impacto dessa ação na saúde física, mental e emocional da mulher no ciclo gravídico-

puerperal.

É preciso reconfigurar/ressignificar as ações educativas com vistas a que as

mesmas sejam entendidas como veículo de construção de saberes e não de transmissão. Para

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provocar mudanças nestas RS da ação educativa é necessári novos estudos com a introdução

de outros elementos que possam reconfigurar o campo da representação.

Como limitações deste estudo evidenciam-se o quantitativo de participantes e a

restrição aos CSF de uma dada SER (IV), da capital do estado do Ceará, devendo-se ser

ampliado para outras SER e municípios do interior do estado.

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APÊNDICES

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95

Apêndice A: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

A Sra. está sendo convidada a participar da pesquisa Representações sociais de

puérperas sobre a educação em saúde no ciclo gravídico-puerperal que tem como

objetivo apreender as representações sociais das usuárias sobre a prática da educação em

saúde realizada durante o ciclo gravídico-puerperal na atenção básica de saúde.

Pedimos a sua colaboração nesta pesquisa, respondendo primeiramente a um teste

em que serão ditas algumas palavras e rapidamente a Sra. me dirá as primeiras palavras que

vierem à sua mente e, em seguida, a uma entrevista sobre as ações educativas desenvolvidas

no centro de saúde em que é atendida, que poderá ser gravada se a Sra. concordar. Garantimos

que a pesquisa não trará nenhuma forma de prejuízo, dano ou transtorno para aqueles que

participarem. Todas as informações obtidas neste estudo serão mantidas em sigilo e sua

identidade não será revelada. Vale ressaltar, que sua participação é voluntária e a Sra. poderá

a qualquer momento deixar de participar deste, sem qualquer prejuízo ou dano.

Comprometemo-nos a utilizar os dados coletados somente para pesquisa e os resultados

poderão ser veiculados através de artigos científicos e revistas especializadas e ou encontros

científicos e congressos, sempre resguardando sua identificação.

Todos os participantes poderão receber quaisquer esclarecimentos acerca da

pesquisa e, ressaltando novamente, terão liberdade para não participarem quando não acharem

mais conveniente. Contatos com a mestranda Eryjosy Marculino Guerreiro pelo telefone:

(085) 8876.3072 e com a orientadora Profa. Dra. Dafne Paiva Rodrigues pelo telefone: (085)

8697.6038.

O Comitê de Ética da UECE encontra-se disponível para esclarecimento pelo

telefone: (085) 3101.9890 – Endereço Av. Parajana, 1700 – Campus do Itaperi – Fortaleza-

Ceará. Este termo será elaborado em duas vias sendo uma para o sujeito participante da

pesquisa e outro para o arquivo da pesquisadora.

Eu,_______________________________________________________, tendo

sido esclarecida a respeito da pesquisa, aceito participar da mesma.

Fortaleza, __ de _______________ de 2012.

_________________________ _________________________

Assinatura da participante Assinatura da pesquisadora

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Apêndice B: Dados sócio familiar demográfico e obstétrico Nº___

Nome:_____________________________________________________

Idade:_____

Estado Civil:______________

Escolaridade (em anos):____

Profissão:________________

G__P__A__

Doença ou agravo de saúde:__________________________

Número de consultas de pré-natal realizadas:_____

Intercorrências nesta gravidez, parto e puerpério:______________________

Tipo de parto:___________________

Número de consultas de puerpério realizadas:____

Nome da unidade em que é cadastrada:___________________________________

Tempo de cadastro nesta unidade (em anos):_____

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97

Apêndice C: Teste de Associação Livre de Palavras Nº___

Quais palavras vêm a sua mente quando digo para você o seguinte termo?

AÇÕES EDUCATIVAS

1.__________________________________________________________________

2._________________________________________________________________

3._________________________________________________________________

GRAVIDEZ

1.__________________________________________________________________

2._________________________________________________________________

3._________________________________________________________________

RESGUARDO

1.__________________________________________________________________

2._________________________________________________________________

3._________________________________________________________________

AÇÕES EDUCATIVAS NA GRAVIDEZ E NO RESGUARDO

1.__________________________________________________________________

2._________________________________________________________________

3._________________________________________________________________

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98

Apêndice D: Entrevista semiestruturada Nº___

1. O que a senhora entende por atividades educativas?

2. Que atividades educativas são desenvolvidas durante a gravidez e o resguardo nesta

unidade? Descreva essas atividades e diga quais os profissionais envolvidos.

3. Como estas atividades educativas têm influência na sua vida e do(a) seu(sua) filho(a)?

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99

Apêndice E: Dicionário de Palavras

ESTÍMULO 1: AÇÕES EDUCATIVAS (349 palavras evocadas)

Ações Doença Escola Nada

Ações Educação Escola Natação

Ações Educação Escola Normas

Ações Educação Escola Obediência

Agente de saúde Educação Escola Oportunidade

Ajuda Educação Escola Oportunidade

Alimentação Educação Escola Oportunidade

Alunos Educação Escola Orientações

Alunos Educação Escola Orientações

Alunos Educação Escola Orientações

Alunos Educação Escola Paciência

Amigos Educação Escola Paciência

Amizades Educação Escola Pais

Amor Educação Escola Pais

Aprender Educação Escola Pais

Aprender Educação Escola Pais

Aprender Educação Escola Pais

Aprender Educação Escola Pais

Aprender Educação Escola Palestras

Aprender Educação Escola Palestras

Aprender Educação Escola Palestras

Aprender Educação Esporte Palestras

Atenção Educação Esporte Palestras

Atitudes Educação Esposo Palestras

Atitudes Educação Estudo Parque

Atividade Educação Estudo Participação

Aula Educação Estudo Passar para os filhos

Boa Educação Estudo Perseverança

Bolsa-família Educação Estudo Pessoas

Bom senso Educação Estudo Pessoas

Brincadeira Educação Estudo Posto de saúde

Brincadeira Educação Estudo Posto de saúde

Brincadeira Educação Estudo Prefeitura

Campanha Educação Estudo Preocupação

Campanha Educação Estudo Prevenção

Casa Educação Estudo Prevenção

Casa Educação Estudo Professores

Casa Educação Eu mesma Professores

Casa Educação Exemplo Professores

Casa Educação Falta de respeito Professores

Casa Educação Família Professores

Casa Educação Família Professores

Casa Educação Fidelidade Professores

Casa Educação Filhos Professores

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Casa Educação Filhos Professores

Casa Educação Filhos Professores

Cidadania Educação Filhos Professores

Colégio Educação Filhos Professores

Colégio Educação Filhos Professores

Colégio Educação Formação Professores

Colégio Educação Futebol Profissão

Colégio Educação Futuro Propaganda

Colégio Educação Governo Qualidade

Colégio Educação Higiene Religião

Colégio Educação Igreja Renovação

Colégio Educação Importante Repreender

Colégio Educação Informações Respeito

Colégio Educação Informações Respeito

Colégio Educação Jovens Respeito

Colégio Emprego Lazer Respeito

Comportamento Ensino Lazer Respeito

Comportamento Ensino Ler Respeito

Comunidade Ensino Ler Respeito

Comunidade Ensino Ler Respeito

Consideração Ensino Ler Respeito

Creche Ensino Ler Respeito

Creche Ensino Mãe Respeito

Creche Ensino Mãe Respeito

Crianças Ensino Mãe Respeito

Crianças Ensino Mãe Respeito

Crianças Ensino Mãe Responsabilidade

Crianças Ensino Mãe Rua

Crianças Escola Marido Sabedoria

Crianças Escola Médicos Saúde

Crianças Escola Médicos Saúde

Crianças Escola Médicos Saúde

Criatividade Escola Médicos Saúde

Cuidado Escola Melhoras Saúde

Cursos Escola Melhoras Saúde

Cursos Escola Melhoras Secretários

Cursos Escola Melhoras SENAI

Cursos Escola Melhoras Serviço social

Cursos Escola Melhoras Sociedade

Cursos Escola Melhoras Trabalho

Dedicação Escola Melhoras Trabalho

Dengue Escola Moradia União

Disciplina Escola Moral Vacina

Doença - - -

ESTÍMULO 2: GRAVIDEZ (352 palavras evocadas)

Aborto Carinho Filhos Preguiça

Acompanhamento Cautela Filhos Prejuízo

Acompanhamento Cesariana Filhos Prejuízo

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Afeto Chorar Filhos Pré-natal

Afeto Comida Filhos Pré-natal

Afeto Comida Filhos Pré-natal

Aflição Complicada Filhos Pré-natal

Alegria Complicada Filhos Pré-natal

Alegria Complicada Filhos Pré-natal

Alegria Compromisso Filhos Pré-natal

Alegria Compromisso Filhos Pré-natal

Alegria Consulta Filhos Pré-natal

Alegria Consultas Filhos Pré-natal

Alegria Consultas Filhos Pré-natal

Alegria Contrações Filhos Pré-natal

Alimentação Criança Filhos Preocupação

Amamentar Cuidado Filhos Pressão alta

Amor Cuidado Filhos Pressão alta

Amor Cuidado Fome Prevenir

Amor Cuidado Fraqueza Prioridade

Amor Cuidado Hospital Provocar

Amor Cuidado Humano Querer

Amor Cuidado Importante Raiva

Amor Cuidado Importante Raiva

Amor Dedicação Incompetência Raiva

Amor Dedicação Insegurança Realização

Amor Dedicação Insônia Realização

Amor Dedicação Legal Realização

Amor Demora Mãe Receio

Amor Demora Mãe Responsabilidade

Amor Depressão Mãe Responsabilidade

Amor Desafio Mãe Responsabilidade

Amor Desconforto Mãe Responsabilidade

Amor Desejo Mãe Responsabilidade

Amor Desespero Mãe Responsabilidade

Amor Desgosto Mãe Responsabilidade

Amor Deus Maravilhoso Responsabilidade

Angústia Difícil Maravilhoso Responsabilidade

Animada Difícil Marido Responsabilidade

Ansiedade Difícil Maternidade Responsabilidade

Ansiedade Difícil Maternidade Ruim

Ansiedade Difícil Médico Saudade

Anticoncepcional Divina Medo Saudade

Apoio Doenças Medo Saúde

Aprendizagem Dor Melhoras Saúde

Atendimento Dor Melhoras Saúde

Azia Dor Menino Saúde

Azia Dor Menino Saúde

Barrigão Dor Mensal Saúde

Barrigão Dor Muito bom Saúde

Bebê Dor Mulheres Saúde

Bem-estar Dor de cabeça Não tive sono Saúde

Bem-estar Educar Nascimento Sensibilidade

Bem-estar Emoção Nascimento Ser humano

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Benção Enjoo Nascimento Sobrecarga hormonal

Benção Enjoo Náuseas Sofrimento

Bom Enjoo Neném Sofrimento

Bom Enjoo Nervosismo Solução

Bom Enjoo Noites acordada Sonho

Bom Enjoo Nova vida Sonho

Bom Ensinamento Novo amor Sono

Bom Estresse Organização Sono

Bom Exames Ótimo Terror

Bom Exercícios Ótimo Tonturas

Bom Exercícios Ótimo Trabalho

Bom Experiência Paciência Trabalho

Bom Família Paciência Trabalho

Bom Felicidade Pais Trabalho

Bom Felicidade Pais Trabalho

Bom Felicidade Parte de mim Trabalho

Bom Felicidade Parto Trabalho

Bom Felicidade Parto Trabalho

Bom Felicidade Parto Tranquila

Bom Felicidade Parto Tristeza

Bom Felicidade Parto Tudo

Bom Felicidade Parto Tudo

Bom Felicidade Parto União

Briga Felicidade Paz Única

Calma Felicidade Perder liberdade Única

Cansaço Felicidade Peso Vacina

Cansaço Felicidade Planejamento Vacina

Cansaço Felicidade Planejamento Vacina

Cansaço Felicidade Planejamento Vacina

Cansaço Felicidade Planejamento Vergonha

Carinho Felicidade Planejamento Vida

Carinho Felicidade Plenitude Vida

Carinho Feto Praia Vó

Carinho Filhos Prazerosa Vomito

ESTÍMULO 3: RESGUARDO (352 palavras evocadas)

Acidente Cuidado Experiência Repouso

Acompanhamento Cuidado Extravagância Repouso

Acompanhamento Cuidado Família Repouso

Acompanhamento Cuidado Família Repouso

Aconchego Cuidado Febre Repouso

Afeto Cuidado Febre Repouso

Agonia Cuidado Felicidade Repouso

Ajuda Cuidado Felicidade Repouso

Ajuda Cuidado Ferida Repouso

Alegria Cuidado Filho Repouso

Alegria Cuidado Força Repouso

Alimentação Cuidado Higiene Repouso

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103

Alimentação Cuidado Higiene Repouso

Alimentação Cuidado Horrível Repouso

Alimentação Cuidado Horrível Repouso

Amamentar Cuidado Hospital Repouso

Amamentar Cuidado Humor Repouso

Amamentar Cuidado Importante Repouso

Amamentar Cuidado Importante Repouso

Amamentar Danação Infecções Repouso

Amor Deitada Infecções Repouso

Andar Deitada Inflamação Repouso

Aprender Deitada Limites Repouso

Aproveitar a criança Deitada Madrugada Repouso

Atenção Deitada Mãe Repouso

Atenção Demorado Mãe Repouso

Atividade Dependência Mãe Repouso

Bebê Depressão Mãe Repouso

Bebê Depressão Mamar Resguardar

Bebê Depressão Mamar Resguardar

Bebê Descanso Maravilhoso Respeito

Bebê Descanso Marido Risco

Bebê Descanso Marido Ruim

Bom Descanso Maternidade Ruim

Bom Descanso Medicação Ruim

Bom Descanso Medicação Ruim

Bom Descanso Médicos Ruim

Bom Descanso Menino Ruim

Bom Descanso Menino Satisfação

Bom Descanso Menino Saúde

Bom Descanso Menstruar Saúde

Bom Descanso Mulheres Saúde

Bom Descanso Não fazer esforço Saúde

Calma Descanso Não tive Saúde

Calma Descanso Não trabalhar Saúde

Calma Descanso Neném Saúde

Cama Descanso Neném Sem ajuda

Cama Descanso Neném Sem complicação

Cansaço Descanso Neném Sofrimento

Cansaço Descanso Noites sem

dormir

Sofrimento

Cansaço Desconforto Normal Sofrimento

Cansaço Desespero Normal Sofrimento

Cansaço Difícil Normal Sofrimento

Carência Difícil Obrigação Sono

Carência Difícil Operada Sono

Carinho Difícil Operada Sono

Carinho Doente Orientação Sonolência

Carinho Dor Ótimo Sonolência

Casa Dor Ótimo Sossego

Casa Dor Ótimo Sozinha

Casa Dor Paciência Sozinha

Casa Dor Paciência Superação

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Cesariana Dor Paciência Terrível

Choro Dor Paciência Tosse

Choro Dor Parto bom Trabalho

Cirurgia Dor Passageiro Trabalho

Cirurgia Dor Paz Trabalho

Complicado Dor Paz Trabalho

Complicado Dor Paz Trabalho

Complicado Dor Peito empedrado Trabalho

Complicado Dor Peito grande Trancada

Complicado Dor Péssimo Tranquilo

Compreensão Dor Péssimo Tranquilo

Coragem Dor Péssimo Tranquilo

Correria Dor Pontos Tranquilo

Criança Dor Pontos Tranquilo

Criança Dor Preguiça Tranquilo

Cuidado Dor Prevenção Tranquilo

Cuidado Dor Prisão de ventre Tranquilo

Cuidado Dor Raiva Tranquilo

Cuidado Dor Rápido Tranquilo

Cuidado Dor Recuperação Tranquilo

Cuidado Dor Regular Tratado

Cuidado Dormir Remédio Tristeza

Cuidado Dormir Repouso Tristeza

Cuidado Dúvidas Repouso Tristeza

Cuidado Estressante Repouso Turbulento

Cuidado Etapa Repouso Única

ESTÍMULO 4: AÇÕES EDUCATIVAS NA GRAVIDEZ E NO RESGUARDO (369

palavras evocadas)

Acariciar Consultas Ginecologista Paciência

Acompanhamento Conversa Governo Pai

Acompanhamento Criança Gravidez Palestras

Acompanhamento Criança Higiene Palestras

Acompanhamento Criança Hospital Palestras

Acompanhamento Cuidado Hospital Palestras

Acompanhamento Cuidado Hospital Palestras

Advertência Cuidado Hospital Palestras

Agente de saúde Cuidado Infecção Palestras

Agente de saúde Cuidado Informações Palestras

Agente de saúde Cuidado Informações Paz

Ajuda Cuidado Informações Pediatra

Alimentação Cuidado Internação Pediatra

Alimentação Cuidado Leite Pesquisa

Alimentação Cuidado Leite Péssimo

Alimentação Cuidado Leite Posto de saúde

Alimentação Cuidado Leitura Posto de saúde

Alimentação Cuidado Limpeza Posto de saúde

Alimentação Cuidado Líquido Posto de saúde

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Alimentação Cuidado Líquido Posto de saúde

Alimentação Cuidado Livros Pré-natal

Alimentação Cuidado Mãe Pré-natal

Alimentação Cuidado Mãe Pré-natal

Alimentação Cuidado Mãe Pré-natal

Alimentação Cuidado Mãe Pré-natal

Alimentação Cuidado Mãe Pré-natal

Alimentação Cuidado Mãe Pré-natal

Alimentação Cuidado Mãe Pré-natal

Alimentação Cuidado Mãe Pré-natal

Alimentação Cuidado Mãe Pré-natal

Amamentar Cuidado Mãe Pré-natal

Amamentar Cuidado Mãe Pré-natal

Amamentar Cuidado Mãe Pré-natal

Amamentar Cuidado Mãe Pré-natal

Amamentar Cuidado Mãe Preparação

Amamentar Cuidado Mãe Pressão alta

Amamentar Cuidado Mãe Prevenção

Amamentar Cuidado Mamar Prevenção

Amamentar Cuidado Mamar Prevenção

Amamentar Cuidado Mamar Programa de

televisão

Amigos Cuidado Mamar Raiva

Amigos Curso Mamar Raiva

Amigos Curso Marido Recuperação

Amor Dar o peito Marido Repouso

Amor Depressão Massagem Repouso

Apoio Descanso Medicações Repouso

Apoio Descanso Medicações Repouso

Aprender Descanso Médicos Repouso

Aprender Desespero Médicos Repouso

Aprender Doenças Médicos Repouso

Aprender Doenças Médicos Resguardo

Aprender Dor Médicos Respeito

Aprender Dor Médicos Respeito

Assistência Dor Médicos Respeito

Atenção Educação Médicos Responsabilidade

Atenção Educação Médicos Responsabilidade

Atenção Educação Médicos Responsabilidade

Atenção Educação Médicos Revistas

Atenção Educação Médicos Revistas

Atendimento Enfermeiros Médicos Risco

Atendimento Enfermeiros Médicos Saúde

Banho Enfermeiros Médicos Saúde

Bebê Enfermeiros Médicos Saúde

Bebê Enfermeiros Médicos Saúde

Bebê Enfermeiros Médicos Saúde

Bebê Enfermeiros Médicos Saúde

Bebê Enfermeiros Médicos Saúde

Bebê Enfermeiros Médicos Saúde

Bom Enfermeiros Médicos Saúde

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Bom Ensino Medo Saúde

Bom Ensino Medo Saúde

Bom Equilíbrio Mensal Saúde

Calma Esforço Nada Saúde

Cansativo Esforço Não abortar Saúde

Carinho Esposo Não beber Segurança

Cartão da gestante Essencial Não beber Sogra

Casa Exames Não beber Sol

Casa Exames Não fumar Solidariedade

Casa Exames Não fumar Teste do pezinho

Choro Exercício Não fumar Tontura

Comida Experiência Não maltratar Tranquilidade

Companheirismo Falar com o bebê Não trabalhar Tranquilidade

Comportamento Família Neném Trauma

Compreensão Família Neném Vacina

Compreensão Família Novo Vacina

Compromisso Família Nutricionista Vacina

Conforto Família Orientações Vacina

Consultas Família Orientações Vacina

Consultas Família Orientações Vacina

Consultas Febre Orientações Vacina

Consultas Fralda Orientações Vacina

Consultas Fraqueza Orientações Vacina

Consultas - - -

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ANEXOS

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Anexo A: Parecer consubstanciado do CEP

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Anexo B: Declaração de coparticipação do Sistema Municipal de Saúde Escola

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Anexo C: Carta encaminhada ao Distrito de Saúde/Atenção Básica