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Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Centro de Ciências da Saúde
Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde - PPGCSa
RESISTÊNCIA DA ARTÉRIA CARÓTIDA E AUTONOMIA FUNCIONAL EM MULHERES IDOSAS.
Yúla Pires da Silveira Fontenele de Meneses
NATAL/RN2008
Yúla Pires da Silveira Fontenele de Meneses
RESISTÊNCIA DA ARTÉRIA CARÓTIDA E AUTONOMIA FUNCIONAL EM MULHERES IDOSAS.
Dissertação apresentada ao programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da Universidade Federal do Rio Grande do Norte para a obtenção do título de Mestre em Ciências da Saúde.
Orientadora: Profª. Dra. Armele de Fátima Dornelas de Andrade
NATAL/RN2008
ii
CATALOGAÇÃO NA FONTE
M543r
Meneses, Yúla Pires da Silveira Fontenele de. Resistência da artéria carótida e autônima funcional em mulheres idosas / Yúla Pires da Silveira Fontenele de Meneses. __ Natal. __ RN, 2008.
34 p. : il. Orientadora: Profª Dra. Armele de Fátima Dornelas de Andrade. Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde. Centro de Ciências da Saúde. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. 1.Saúde do Idoso - Dissertação. 2. Artéria Carótida - Dissertação 3. Idoso- Dissertação. 4. AVDs - Dissertação. I. Andrade, Armele de Fátima Dornelas de. II. Título.
RN-UF/BS-CCS CDU: 614-053.1(043.3)
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Centro de Ciências da Saúde
Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde - PPGCSa
Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde:
Profo. Dr. Aldo da Cunha Medeiros
iii
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Centro de Ciências da Saúde
Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde - PPGCSa
Presidente da Banca: Profª. Dra. Armèle de Fátima Dornelas de Andrade
Banca examinadora
Profª. Drª. Armèle de Fátima Dornelas de Andrade - UFPE
Profo. Dro. Guilherme Augusto de Freitas Fregonezi - UFRN
Profa. Dra. Selma de Sousa Bruno - UFRN
iv
Dedicatória
Ao meu pai, minha inspiração profissional e à minha mãe, grande amiga e companheira.
Ao meu marido ao grande amor dispensado a mim e em momento algum me deixou
fraquejar.
A Meus filhos Alana e Henrique, pela resistência às minhas ausências, mantendo-se bons
filhos e excelentes estudantes.
Aos meus bebês Yuri e ítalo, que ainda em meu ventre foram penalizados em ficar
sentados estudando, e tão pequenos, por tantas vezes, podados da minha presença.
À Dona Evanilda Meneses, à tia Eronice Fontenele e demais familiares, pelo apoio junto
a aos meus filhos.
v
Agradecimentos
Aos professores que trabalham comigo na UESPI, na Faculdade NOVAFAPI e na
AQUADEMIA pelo incentivo e troca de favores durante minhas tantas ausências.
Aos amigos Rodrigo Vale, Patrícia Uchôa, Maria Aurinice Monte e Solange Lages, que
mais de perto foram amigos de todas as horas.
Às Senhoras, participantes da minha amostra, pelo empenho em cooperar com a evolução
deste estudo.
À Dra. Armèle Dornelas, Dra. Tânia Campos e Dr. Ricardo Guerra, por terem me
recebido, carinhosamente, como orientanda, acreditando em meu potencial; muito obrigada.
Ao Dr. José Brandão Neto, Dra. Áurea Nogueira de Melo, Dr. Aldo Medeiros e toda a
equipe da secretaria do programa pelo apoio durante estes anos e a seriedade na condução dos
trabalhos, o meu obrigado.
À professora Dra Maria Irany Knaikfuss e a seus familiares, por aceitar os transtornos de
estudo em sua residência dia e noite. Obrigada por sua atenção e carinho.
À Clínica Méd Imagem, na pessoa do Sr. Diretor Dr. José Cerqueira Dantas e à Dra.
Sâmia Carvalho por terem contribuído grandemente com este estudo, acreditando na pesquisa
científica como parceira na melhoria da saúde do idoso.
Ao Senhor Deus por me manter lúcida e com saúde para vencer este desafio.
vi
Sumário
Dedicatória v
Agradecimentos vi
Resumo viii
INTRODUÇÃO 1
REVISÃO DA LITERATURA 3
ANEXAÇÃO DO ARTIGO PUBLICADO 7
COMENTÁRIOS, CRÍTICAS E SUGESTÕES 13
REFERÊNCIAS 18
ANEXOS
1. Aprovação do Comitê de Ética
2. Questionário de anamnese - PAR-Q
3. Normas da Revista Brasileira de Enfermagem
22
22
23
24
APÊNDICES
1. Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
2. Gráfico de dispersão do IG x IRCID
3. Ilustrações do exame deDoopler
4. Ilustrações dos testes de GDLAM
Abstract
27
27
28
29
30
33
vii
Resumo
Altos índices de resistividade na carótida em pessoas idosas, surgem em conseqüência,
principalmente, dos maus hábitos de vida relacionados às atividades desempenhadas no dia-a-dia
e à alimentação. Este estudo multidisciplinar teve por objetivo avaliar e correlacionar a
resistência da artéria carótida e a autonomia funcional em mulheres idosas. Foi realizado um
estudo descritivo exploratório de corte transversal sendo a amostra composta por 27 senhoras,
advindas de projetos sociais de pastorais de igreja da cidade de Teresina – Pi. Foi aplicado o
questionário de liberação para a atividade física (PAR-Q). A resistência das artérias carótidas foi
avaliada por aparelho de ultra-som de alta resolução com Doppler e a autonomia funcional
através de cinco testes do protocolo do Grupo de Desenvolvimento Latino-americano da
Maturidade (GDLAM), simulando atividades da vida diária. Os dados foram analisados pelo
teste Shapiro-Wilk e a correlação pelo teste de Spearman, considerando-se um valor de p<0,05.
Caracterizando a amostra, encontraram-se mulheres com faixa etária de média e desvio-padrão,
respectivamente (68,67±4,52) e índice de resistividade da carótida (0,71±0,07). O valor do índice
geral de autonomia funcional classificou as idosas do grupo estudado como fracas no
desempenho das atividades da vida diária (30,40±6,31), admitindo p<0,01. Houve correlação
positiva entre o índice de resistividade da carótida interna direita e todos os testes de autonomia
funcional realizados. O coeficiente de correlação entre o índice de resistividade da carótida e o
índice geral do protocolo GDLAM foi de r=0,998 e p=0,000, demonstrando correlação
significativa. As idosas avaliadas possuem um alto índice de resistividade da artéria carótida e
uma baixa autonomia funcional, constatando-se correlação positiva entre as variáveis
dependentes estudadas. Para a realização desta pesquisa, foi necessária uma equipe formada por
uma enfermeira, que auxiliou na organização da amostra e realização dos exames; uma médica
radiologista, que realizou os exames de Doopler; um angiologista como colaborador na
interpretação dos dados do exame; dois educadores físicos e dois fisioterapeutas para a viii
realização dos testes de autonomia funcional e a orientação da pesquisa na linha de Saúde do
Idoso, contribuindo assim, para o caráter multidisciplinar fundamental na realização de estudos
científicos.
Palavras-chave: Artéria carótida, AVDs, Idoso
ix
1
1. INTRODUÇÃO
O processo de envelhecimento é natural e a melhoria na expectativa de vida é uma
realidade mundial há três décadas. A comunidade científica tem se preocupado com as
conseqüências deste evento e procurado entender e agir a favor da redução dos aspectos
negativos que surgem com a longevidade1. É mais fácil evitar mortes do que evitar problemas
crônicos com desenvolvimento de incapacidades relacionadas ao envelhecimento2.
Nesta fase da vida, a chegada da menopausa deixa as mulheres mais propensas ao
aumento de peso corporal e aparecimento de doenças cardiovasculares, bem como ao aumento
nos índices de resistividade das artérias carótidas, resultando em risco para doenças arterio-
coronarianas associadas à morbidade e à mortalidade3,4.
Alterações na resistividade carotídea são assintomáticas e correspondem à redução na luz do
vaso sanguíneo representadas por estenoses, causadas por placas ateromatosas que se formam em
conseqüência de estresses, altas de pressão arterial, aumento de colesterol LDL (Lipoprotína de
alta densidade), sedentarismo, queda nos níveis de progesterona, dentre outros fatores. Valores
até 70% de obstrução da carótida, são suportados sem conseqüências impossibilitantes para as
atividades da vida diária (AVDs)4,5.
A redução da capacidade de desempenho físico durante a vida é mais uma conseqüência
das condições de trabalho e dos hábitos de vida do que de incapacidade biológica e isso poderá
vir a comprometer a autonomia funcional na velhice6. O grau de autonomia funcional em idosos
para um envelhecimento saudável depende do estado funcional e dos indicativos de dependência
e insegurança a serem avaliados7.
A avaliação da resistência das artérias carótidas e da autonomia funcional, com
periodicidade em idosos, e a análise da correlação existente entre estas variáveis, servirá como
preditor para doenças arterio-coronarianas, tornando a população susceptível a mudanças de
hábito de vida, auxiliando na manutenção da cognição, da memória e do fluxo cerebral,
contribuindo para o desempenho satisfatório nas atividades da vida diária mantendo níveis
normais de independência, através do planejamento de abordagens multidisciplinares em prol de
um envelhecimento saudável.
Este estudo foi concebido a partir da hipótese de que, avaliando-se a resistividade
carotídea e a autonomia funcional de mulheres idosas e comprovando a correlação entre estas
variáveis, poderia-se influenciar tomadas de decisões sobre a importância de mudanças de
hábitos de vida diários para a independência e saúde do idoso.
Objetivo geral
Para tanto, o objetivo desta pesquisa foi avaliar a resistência das artérias carótidas
internas e o índice de autonomia funcional de mulheres idosas sedentárias e correlacionar o
índice de resistividade carotídeo com o índice geral de autonomia funcional.
3
2. REVISÃO DA LITERATURA
Envelhecimento
O declínio da capacidade física e as modificações fisiológicas como consequência do
envelhecimento são assuntos de pesquisas, intensificadas na década de 80 até os dias atuais,
devido ao aumento na expectativa de vida e a possibilidade de que a prevenção possa vir a
melhorar a qualidade dos anos vividos a mais, otimizando as funções orgânicas, garantindo
maior independência pessoal por mais tempo8-10.
É ainda na maturidade que se inicia o processo de envelhecimento se caracterizando por
crescentes desvios do estado funcional ideal seguido de modificações estruturais, principalmente,
nos músculos esqueléticos e nas grandes artérias9,11.
Existem claras evidências, comprovando o aumento no índice de doenças
cardiovasculares em idosos devido à redução na atividade física habitual 12-15.
O envelhecimento saudável é definido a partir de uma visão de manutenção de satisfação
em viver e disposição espiritual, vividas com atitudes objetivas com alta atividade mental e física
e participação ativa nas atividades da vida diária, mantendo baixas as possibilidades de doenças
sistêmicas e limitações músculo-esquléticas16.
Resistência da artéria carótida
Processos patológicos de aumento da resistência da carótida poderão ser
desencadeados durante o envelhecimento humano, podendo estar relacionados a vários fatores
4
como alimentação e demais hábitos de vida, provocadores de estenose ou aterosclerose do
sistema arterial cerebral, aumentando o risco para doenças isquêmicas cerebrais frequentemente
associadas à morbidade e a mortalidade devida à redução no diâmetro dos vasos saguíneos,
significando altos riscos para patologias como acidente vascular encefálico (AVE), estenoses
progressivas e doenças cardíacas4,5.
Métodos não-invasivos como o ultra-som Doopler têm permitido quantificar os índices
de resistividade carotídeos (IRC) com menor grau de dificuldade e em diferentes territórios
arteriais, com maior frequência nas carótidas, fornecendo informações importantes sobre a
morfologia e outras características nas artérias, incluindo ulceração, rigidez, calcificação, riscos
para AVE, pois é através das artérias carótidas que o coração irriga o cérebro; esta via estando
congestionada, reduz-se o aporte de oxigênio cerebral4,17.
O ateroma aumenta a resistência da artéria em torno de 15% em homens e 10% em
mulheres a cada dez anos de vida17.
Vários fatores podem atuar na redução da resistividade da carótida decorrente do
envelhecimento, dentre eles, a prática de exercício físico apresentou resultados satisfatórios
quando conjugada à terapia hormonal5,17,18.
Autonomia funcional
A manutenção de autonomia funcional entre idosos, é tida como sendo a capacidade de
desempenhar atividades básicas da vida diária como, comer, tomar banho, vestir-se e
movimentar-se dentro e fora de caso de acordo com as suas necessidades básicas no dia-a-dia19.
Quanto melhor for o índice de autonomia funcional do idoso, menores serão os riscos de
morbidade e as taxas de mortalidade, sendo fator protetor para doenças cardiorrespiratórias,
dependências físicas e relacionais3,15,19,20.
5
No processo de envelhecimento, a resistência cardiorrespiratória é geralmente mais bem
preservada do que a força muscular, embora haja também redução na resistência e anaeróbica. A
perda de força está ligada diretamente à atrofia muscular que ocorre devido ao decréscimo tanto
no tamanho das fibras musculares quanto no número. A esta perda de força e atrofia muscular
também é associada à denervação seletiva de fibras musculares, sendo as maiores perdas
funcionais entre as unidades motoras maiores e mais rápidas21,22.
A proteção familiar ao idoso, muitas vezes, tem favorecido ao decréscimo de
independência física e em conseqüência, estimulado o sedentarismo e surgimento de patologias,
prejudicando o desempenho para as AVDs15,23,24.
A manutenção das AVDs e de planejamento para atividades adequadas às horas de lazer
com frequência e intensidade adequadas, estão sendo relacionadas a redução nos fatores de risco
cardiovasculares e ao melhoramento da função imunológica em mulheres anciãs25.
Relação entre resistência da carótida e autonomia funcional
O aumento da resistividade carotídea tem preocupado a comunidade científica, não pelos
seus sintomas diretos, mas devido à formação das placas ateromatosas de forma silenciosa e
progressiva e suas conseqüências, advindas, principalmente dos maus hábitos de vida
relacionados à inatividade física promovida, muitas vezes, por acomodação dos indivíduos mais
velhos1,3.
Estes fatos têm transformado o aumento da idade cronológica em longevidade passiva,
com diminuição do nível de satisfação em viver, redução na independência para as AVDs e
consequentemente, passa-se a observar uma dependência do idoso, desde as atividades mais
simples do cotidiano como a higiene pessoal e deslocamento para convívios sociais6,26.
6
O IRC aumentado e déficits na autonomia funcional, contribuem para a ocorrência de
doenças crônicas, como: diabetes, osteoporose, câncer de cólon, de pulmão e de próstata e
principalmente problemas cardiovasculares.
7
3. ANEXAÇÃO DO ARTIGO PUBLICADO
Revista Brasileira de Enfermagem*
Qualis C Internacional
* REBEN (ISSN: 0034-7167 – Versão impressa, Qualis Internacional C – Medicina II da
Capes
8
9
10
11
12
13
4. COMENTÁRIOS, CRÍTICAS E SUGESTÕES
O estudo que aqui se apresenta tem caráter multidisciplinar, estando inserido nas áreas de
Educação física, angiologia, fisioterapia e enfermagem tendo visado em primeiro plano a saúde
do idoso.
O tema proposto no projeto inicial foi “modificações causadas pelo exercício
neuromuscular na resistência da carótida, autonomia funcional e qualidade de vida de mulheres
idosas”, contudo, analisando o pré-teste, viu-se a relevância do assunto e dos valores obtidos,
sentindo-se necessidade de aprofundar os estudos antes de uma intervenção.
Foi um estudo do tipo descritivo exploratório, onde idosas foram avaliadas clinicamente
por médico especialista em um exame de Doopler das carótidas internas, observando-se todas as
variáveis envolvidas para a determinação do índice de resistividade carotídeo (IRC). Foi
avaliada, também, a autonomia funcional, onde foram aplicados cinco testes do protocolo do
Grupo de Desenvolvimento Latino Americano da Maturidade (GDLAM), orientados por
educadores físicos tendo como resultado o índice geral de autonomia funcional (IG).
Através de um estudo transversal tentou-se conhecer a situação pontual da população
estudada, em uma amostra que foi selecionada de forma aleatória buscando locais que reunissem
grupos de idosas com características de AVDs similares.
Este estudo foi submetido à aprovação no Comitê de Ética em pesquisa (CEP) da
Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual do Piauí (Registro 095/06) e após
aprovação foi iniciado o estudo.
14
A população se constituiu de 52 mulheres participantes de grupos sociais da igreja
Católica de dois bairros de Teresina-PI, sendo a amostra formada por 27 idosas atuantes nos
grupos de assistência social de dois bairros da periferia da cidade. Foram excluídas aquelas
idosas que não se propuseram a realizar os testes de autonomia funcional e ir para a clínica fazer
o exame da carótida, além daquelas que se encaixaram nos critérios de exclusão do estudo. A
determinação da amostra se deu em busca de um bairro onde se tivesse piscina disponível e
número satisfatório de idosas sedentárias que se dispusesse a participar voluntariamente deste
estudo, e futuramente participar de uma intervenção com exercício físico aquático.
Buscou-se um outro grupo de idosas em bairro diferente, com características sócio-
econômicas similares, convidando-as a participar do grupo controle. Ao contrário, seria injusto
sugerir em um mesmo grupo que parte das idosas praticasse atividade física e a outra parte, pedir
que continuasse sedentária. Possivelmente o CEP não aprovaria.
O processo de avaliação aconteceu em 23 dias, obedecendo o princípio dos estudos
transversais (até 3 meses de coleta de dados); houve um atraso, de acordo com o cronograma
previsto no projeto, devido a problemas no CEP.
Para a coleta de dados utilizou-se três instrumentos: O questionário PAR-Q (Liberação
para atividade física)24, o exame de ultra-som Doopler e o Protocolo GDLAM.
O Questionário PAR-Q é um instrumento que oferece dados gerais de saúde, composto
de sete perguntas objetivas.
O ultra-som Doopler coletou dados sobre as velocidades sistólica e diastólica, necessárias
para o cálculo do índice de resistividade e a espessura da camada médio-intimal das artérias
carótidas internas direita e esquerda. Os índices de resistividade (IR) medidos em centímetros
por segundo25, foram calculados a partir do cálculo:
IR = índice de resistividade (IR) = Velocidade de pico sistólico (Vsist) – Velocidade diastólico final (Vdiast)
/ Velocidade de pico sistólico (Vsist)
15
O valor do IR assim como das Vsist. e Vdiast. foram registrados no ponto médio das artérias
carótidas ou no local onde fosse encontrada uma estenose.
Os testes do Protocolo GDLAM estão especificados no artigo publicado, contudo a forma
de classificação das idosas, segundo IG, fez-se pelos cálculos e tabela abaixo especificados:
IG = [(C10m+LPS+LPDV+VTC ) x 2] + LCLC /
4
PADRÃO DE AVALIAÇÃO DA AUTONOMIA FUNCIONAL DO PROTOCOLO GDLAM TESTES
CLASSIF. C10M(SEG)
LPS(SEG)
LPDV(SEG)
VTC(SEG)
LCLC(SEG)
IG(ESCORES)
Fraco +7,09 +11,19 +4,40 +13,14 +43,00 +27,42Regular 7,09–6,34 11,19–9,55 4,40–3,30 13,14–11,62 43,00–38,69 27,42–24,98Bom 6,33–5,71 9,54–7,89 3,29–2,63 11,61–10,14 38,68–34,78 24,97–22,66MuitoBom -5,71 -7,89 -2,63 -10,14 -34,78 -22,66C10m = caminhar 10 metros; LPS = levantar da posição sentada; LPDV = levantar da posição de decúbito ventral; VTC = vestir e tirar uma camiseta e LCLC = levantar da cadeira e locomover-se pela casa; SEG = valores em segundos. IG = índice de GDLAM. Fonte: Dantas, 200422
Para a análise estatística, inicialmente foi utilizado o teste de Shapiro-Wilks (SW) para
avaliar a distribuição dos valores encontrados do índice de resistividade da carótida interna
direita (IRCID) e do índice geral do protocolo GDLAM (IG). Empregou-se uma abordagem
paramétrica, através do teste “t” de student. Posteriormente utilizou-se o teste de correlação de
Spearman, para analisar as possíveis correlações existentes entre o IRCID e o IG. O nível de
significância adotado foi de 5% e os dados foram analisados através do programa estatístico
SPSS 14.0.
A publicação do artigo teve um caráter científico importante, pois não só foi
caracterizado um preditor para doenças arterio-coronarianas, através do índice de resistividade
da carótida (IR.CID) e avaliada a autonomia funcional de idosas (AF), como também foi feita a
correlação entre estas duas variáveis, mostrando o quanto o desempenho na AF poderia
influenciar no IRCID e vice-versa. Estes resultados poderão ser úteis na prevenção de patologias
comuns no processo de envelhecimento, vindo a promover melhoria na qualidade de vida dos
idosos e reduzir internações e gastos públicos no sistema único de saúde.
16
As dificuldades metodológicas se deram com relação ao exame de ultra-som Doopler,
pois, tem um custo alto e para pessoas aparentemente saudáveis, não é aceito por nenhum plano
de saúde. No entanto, um plano de saúde, avaliou o projeto e concluiu que os resultados desta
pesquisa poderia ser favorável a tomada de decisões que viessem a reduzir os gastos com
consultas e internações de idosos, na promoção de programas que influenciassem mudanças de
hábitos de vida, vindo assim, a financiar os Dooplers desta pesquisa.
O grupo de idosas avaliadas não apresentou situação de risco quando questionadas sobre a
presença de fatores indicadores de patologias crônicas incapacitantes, através do questionário
PAR-Q.
O IRCID aumentado foi detectado na maioria das idosas avaliadas, apresentando-se em
diferentes graus de obstrução de forma assintomática. Achados de altos IRCID, em mulheres
aparentemente saudáveis, podem ser preditores para várias doenças, dentre elas, as
cardiovasculares, não tornando-as impossibilitadas para AVDs17.
Os ateromas registrados no exame Doopler estavam calcificados não apresentando risco de
deslocamento de coágulos, o que teria por conseqüência os ataques isquêmicos transitórios. O
nível de obstrução não ultrapassou 38%, sendo aceito sem intervenção cirúrgica, até 70% de
comprometimento da luz do vaso.
A autonomia funcional detectada nas idosas deste estudo foi baixa quando comparada a
estudos prévios7,18,25 e o IG indicou classificação “fraca”, sugerindo níveis elevados de
sedentarismo no grupo.
A alta correlação encontrada entre o IRCID e a AF das idosas estudadas, sugere que,
mudanças no estilo de vida que venham a alterar uma destas variáveis, influenciará
positivamente na outra, ou seja, diminuição nos IRCID, representará melhoria na autonomia
funcional, assim como a quebra do sedentarismo poderá promover reduções no IRCID ou pelo
menos evitar o aumento da resistividade. O estudo das carótidas e da autonomia funcional,
17
referentes ao processo de envelhecimento, poderá prevenir riscos para doenças
cardiorespiratórias e estimular mudanças de hábitos de vida, para a melhoria na qualidade dos
anos a mais com níveis normais de independência física.
O desenho transversal do estudo impôs algumas limitações por não estabelecer relações de
causa e efeito nos achados. Sugere-se estudos futuros com desenho longitudinal e utilização de
grupo controle com realização de intervenção através de exercício físico, incluindo questionário
de aptidão física, além de aprofundamento e aprimoramento na área estatística e metodológica.
Será enriquecedor também a aplicação de questionário, às idosas, que possa caracterizar a
condição sócio-econômica e as taxas hormonais.
18
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Méd 1992;5:185-95.
28. De Assis MC, Machado HR. Medida da velocidade de fluxo nas artérias cerebrais
utilizando ultra-som doppler transfontanela antes e após o tratamento cirúrgico da
hidrocefalia. Arq Neuropsiquiatr 1999;57(3-B):827-35.
22
ANEXO 1 – Aprovação do Comitê de Ética
23
ANEXO 2 - Questionário PAR-Q (Liberação para atividade física)
QUESTIONÁRIO PAR-Q
1 – Alguma vez um médico lhe disse que você possui um problema do coração e recomendou
que você só fizesse atividade física com supervisão médica?
( ) SIM ( )NÃO
1. Você sente dor no peito causada pela prática de atividade física?
( ) SIM ( )NÃO
2. Você sentiu dor no peito no último mês?
( ) SIM ( )NÃO
3. Você tende a perder a consciência e cair, como resultado de tonteira?
( ) SIM ( )NÃO
4. Você tem algum problema ósseo ou muscular que poderia ser agravado com a prática de
atividade física?
( ) SIM ( )NÃO
5. Algum médico já recomendou o uso de medicamentos para a sua pressão arterial ou
condição cardiovascular?
( ) SIM ( )NÃO
6. Você tem consciência, através da sua própria experiência ou aconselhamento médico, de
alguma outra razão física que impeça sua prática de atividade física sem supervisão médica?
( ) SIM ( )NÃO
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ANEXO 3 – Normas da Revista REBEn
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26
27
28
APÊNDICE 2
Gráfico de dispersão do Índice Geral de Autonomia Funcional versos Índice de
Resistividade da Carótida Interna Direita.
GDLAM
IRCID
29
APÊNDICES 3
Exame de ultra-som Doopler de carótida
30
APÊNDICES 4
Testes de avaliação da autonomia funcional do protocolo GDLAM
1. Levantar da posição de decúbito ventral (LPDV)
2. Levantar da cadeira e locomover-se pela casa (LCLC)
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3. Caminhar 10 metros (C10m)
4. Levantar da posição sentada (LPS)
32
5. Vestir e tirar a camisa (VTC)
Posição inicial e final Posição intermediária
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Abstract
High carotid artery resistance indices in the elderly arise mainly as a result of harmful
daily lifestyle behavior and poor eating habits. The aim of this multidisciplinary study was to
assess and correlate carotid artery resistance and functional autonomy in elderly women. A
descriptive, exploratory cross-sectional study was conducted with a sample comprising 27
women, enrolled in pastoral programs in the city of Teresina, Brazil. Carotid artery resistance
was assessed by a high-resolution Doppler ultrasound device and functional autonomy was
evaluated through five protocol tests of the Latin American Development Group for the Elderly
(GDLAM), simulating activities of daily life. The data were analyzed by the Shapiro-Wilk test
and the correlation by Spearman’s test, considering a p-value of <0.05. The sample consisted of
women with mean age and standard deviation of (68.67 ± 4.52) years, respectively and carotid
resistance index of (0.71 ± 0.07). The general index value of functional autonomy classified the
elderly of the study group as weak in the performance of activities of daily living (30.46 ± 6.31).
The general index of functional autonomy showed a high level of sedentary behavior in the
group studied (p < 0.01). The sample was classified as weak in the performance of activities of
daily life. The correlation coefficient between the carotid resistance index and the general
GDLAM index was r = 0.998 and p = 0.000, showing a significant correlation. The elderly
women assessed had a high carotid artery resistance index and low functional autonomy; a
positive correlation was found between the dependent variables studied. To perform this study
we formed a team composed of a nurse, who helped in organizing the sample and performing the
examinations; a radiologist, who conducted the Doppler examinations; an angiologist, who
collaborated in interpreting examination data; in addition to two physical education professors
and two physical therapists, who applied the functional autonomy tests and conducted the
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research along elderly health lines, contributing thus to the multidisciplinary character,
fundamental for carrying out the study.
Keywords: Carotid artery, ADLs, Elderly