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Preparação de qualidade para concursos? http://www.ebeji.com.br 1 30 de Abril de 2013 GEDPU Subjetiva Rodada 2013.16 GEDPU Subjetiva http://www.ebeji.com.br Prezado Participante Você está recebendo a publicação das melhores respostas da rodada. Trata-se de material extremamente valioso, pois reúne informações provenientes das mais variadas doutrinas e pensamentos, decorrente de várias formas de pensar o Direito, permitindo, com isso, a construção de uma visão ampla, altamente necessária para uma preparação com excelência. As opiniões manifestadas neste fórum de debates não refletem, necessariamente, o posicionamento dos mediadores e colaboradores do GEDPU A transcrição das respostas se dá na íntegra, da forma como repassada pelos autores. Equipe GEDPU "Tudo o que um sonho precisa para ser realizado é alguém que acredite que ele possa ser realizado." Roberto Shinyashiki Questão 01 (elaborada pelo Defensor Federal Dr. Rafael Mol) Para fins de incidência da súmula nº 7 do Superior Tribunal de Justiça, há diferença entre reexame de fatos e provas para revaloração da prova? NOTA GEDPU: A distinção é importantíssima para fins de admissibilidade de recurso especial. Seguem as melhores respostas. Mayara Cordeiro (Recife/PE) respondeu: A Súmula nº 7 do Superior Tribunal de Justiça veda o reexame das provas acostadas aos autos quando do julgamento de Recurso Especial. Dessa forma, veda-se que o Tribunal da Cidadania, que tem como função primordial a pacificação da interpretação da legislação federal em todo o território nacional, proceda a analise detida das provas quando estiver na função de instancia extraordinária. Entretanto, é pacifica a jurisprudência do STJ quanto à possibilidade de se reavaliar a qualificação das provas no Recurso Especial, ou seja, não se está discutindo se houve ou não prova de certo fato, mas sim se o fato incontroverso fora qualificado corretamente, se a análise

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30 de Abril de 2013

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Prezado Participante Você está recebendo a publicação

das melhores respostas da rodada. Trata-se de material

extremamente valioso, pois reúne informações provenientes das mais variadas doutrinas e pensamentos, decorrente de várias formas de pensar o Direito, permitindo, com isso, a construção de uma visão ampla, altamente necessária para uma preparação com excelência.

As opiniões manifestadas neste fórum de debates não refletem, necessariamente, o posicionamento dos mediadores e colaboradores do GEDPU

A transcrição das respostas se dá

na íntegra, da forma como repassada pelos autores.

Equipe GEDPU "Tudo o que um sonho precisa

para ser realizado é alguém que acredite que ele possa ser realizado."

Roberto Shinyashiki

Questão 01 (elaborada pelo Defensor Federal Dr. Rafael Mol) Para fins de incidência da súmula nº 7 do Superior Tribunal de Justiça, há diferença entre reexame de fatos e provas para revaloração da prova?

NOTA GEDPU: A distinção é importantíssima para fins de admissibilidade de recurso especial. Seguem as melhores respostas.

Mayara Cordeiro (Recife/PE) respondeu:

A Súmula nº 7 do Superior Tribunal de Justiça veda o reexame das provas

acostadas aos autos quando do julgamento de Recurso Especial. Dessa forma, veda-se que o Tribunal da Cidadania, que tem como função primordial a pacificação da interpretação da legislação federal em todo o território nacional, proceda a analise detida das provas quando estiver na função de instancia extraordinária. Entretanto, é pacifica a jurisprudência do STJ quanto à possibilidade de se reavaliar a qualificação das provas no Recurso Especial, ou seja, não se está discutindo se houve ou não prova de certo fato, mas sim se o fato incontroverso fora qualificado corretamente, se a análise

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jurídica confere com o ordenamento pátrio. Assim, não se discute, por exemplo, se o crime fora cometido com ou sem a arma de fogo, mas sim se o crime cometido com a arma de fogo deve ser tipificado como furto ou roubo, impondo, desse modo, a correta qualificação jurídica aos fatos já devidamente comprovados.

Ademais, deve-se destacar que a vedação ao reexame da matéria

probatória imposto pela S. 7 restringe-se apenas aos casos em que o STJ atua como instancia extraordinário, sendo-lhe, assim, permitido e exigido que faça essa análise nos casos em que atua como instancia originária, devido ao foro por prerrogativa de função, ou quando atua como instancia recursal ordinária, nos casos do recurso ordinário constitucional.

Sávia Pereira de Souza (Barueri/SP) respondeu:

Antes de tudo, deve-se remeter a razão de ser do recurso especial. Como

recurso extraordinário que é, tal instrumento tem fundamentação vinculada e, ao contrário dos recursos ordinários, não visa rediscutir a justiça da decisão – consubstanciada na má apreciação de fatos e provas. O recurso especial se fundamentada na preservação e uniformização da legislação federal. Então, de pronto, percebe-se que não há falar em revirar, novamente, matéria de fato e de prova.

Nessa linha, deve-se frisar que há diferença entre reexame de fato e

reexame de prova. O primeiro reexame (de fato) diria respeito ao quadro fático apresentado pela parte. Assim, o quadro fático que chega ao STJ permanecerá inalterado e essa Corte Superior não poderá revolver isso, sob pena de ofensa a súmula 7.

Ora, sabe-se que não basta apresentar os fatos, as provas destes se fazem

necessárias para a busca do convencimento do juiz. Nesse contexto, reexaminar as provas seria o mesmo que reexaminar os fatos, já que o quadro fático poderia se alterar, o que não é possível em sede de recurso especial, tendo em vista, repita-se, sua razão de ser: preservar e uniformizar a legislação federal.

Então, deve-se notar que o STJ não poderá, no julgamento do feito,

concordar ou divergir da decisão do órgão “a quo”, com base nos os elementos de prova e, com esses, apreciar a ocorrência ou não de um fato, pois isso seria reexaminar a prova. Porém, não se pode deixar de mencionar que o STJ faz diferença entre reexame de prova e revalorização da prova. No segundo caso, afasta-se a súmula citada.

A revalorização da prova diz respeito ao direito probatório, ou seja, seria a

admissibilidade da prova segundo o ordenamento jurídico. Nesse sentido, se a prova contraria, por exemplo, algum princípio ou regra jurídica, isso sim poderá ser discutido em recurso especial – não há reexame de prova, mas nova valorização da apreciação dessa prova. Enfim, basta imaginar os exemplos: o tribunal “a quo” não observou – ou

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apreciou de forma equivocada - as regras de distribuição de ônus da prova ou o caso de obtenção de prova por meios ilícitos, o STJ poderá fazê-lo, sem que se possa falar em reexame de prova.

Ivan Santos Lauzid (Belém/PA) respondeu:

A Súmula 7 do STJ foi editada com o propósito de evitar que o Superior se

transformasse em uma terceira instância, o que desvirtuaria o art. 105, III, da CF/88, que de forma explícita delimita as hipóteses de cabimento do recurso especial (Resp).

No entanto, o próprio STJ atenua a incidência da referida súmula para

permitir não o reexame de prova ou de fatos, mas sim a revaloração dos mesmos, atribuindo o devido valor jurídico a fato incontroverso sobejamente reconhecido nas instâncias ordinárias.

Para o Superior Tribunal, o reexame é uma reincursão no acervo fático

probatório, mediante a análise de todo conteúdo probatório, não cabendo ao STJ examinar a mera questão de prova ou a alegação de erro no julgamento da prova.

Já a revaloração da prova ou de dados explicitamente admitidos e

delineados na decisão recorrida não implica na vedação do reexame do material de conhecimento, pois o princípio do livre convencimento motivado, previsto no art. 131 do CPC e art. 155 do CPP, exige fundamentação concreta e vinculada à prova dos autos, o que não afasta o julgador em decidir de acordo com o bom senso, a lógica e os ditames de experiência. Assim, sempre que tais limites forem violados, admite-se a interposição de Resp, já que tais violações contrariam uma lei federal, seja o CPC ou o CPP.

Nesse sentido, é pacífico que em Resp, o STJ promova a revaloração dos

fatos que ensejaram indenização por dano moral em valor ínfimo ou exorbitante.

Nathalia Mariel Ferreira de Souza (Belém/PA) respondeu: O enunciado da súmula nº7 define que " a pretensão de simples reexame

de prova não enseja recurso especial", visava tal orientação evitar que fosse levado a título de recurso excepcional ao STJ um terceiro grau de análise da causa, ou seja, o objetivo é filtrar a anáise do pedido com base apenas na competência de preservação e interpretação de normas federais.

Ocorre que, em alguns casos conseguiu-se diferenciar o chamado reexame

dos fatos e provas da revaloração da prova, esta última admitida pelo Superior Tribunal de Justiça vez que a identifica como a concessão de definição jurídica diversa aos fatos e provas já delineados na causa, ou seja, não há reincursão no acervo fático da demanda

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e sim a adoção de concepção diversa da adotada nos tribunais inferiores, com base no livre convencimento motivado que deve orientar a atividade jurisdicional.

Essa orientação foi recentemente adotada pelo STJ quando o então

relator, ministro Marco Buzzi, definiu o reexame de fatos e provas dentro da impossibilidade de examinar mera questão de fato ou alegação de error facti in judicando (julgamento errôneo da prova) e a revaloração, possível segundo o Ministro, dentro da análise do error in judicando (inclusive o proveniente de equívoco na valoração das provas) e o error in procedendo (erro no proceder, cometido pelo juiz).

Eduardo Schenato Pineiro (Porto Alegre/RS) respondeu:

Há diferença entre reexame de fatos e provas para fins de incidência da

Súmula nº 7 do Superior Tribunal de Justiça. O reexame da prova é uma reincursão no acervo fático probatório

mediante a análise de documentos dos autos, como testemunhos, contratos, perícias, entre outros. O julgador na instância superior não pode, por conseguinte, reexaminar a mera questão de fato ou a alegação de erro no julgamento da prova (error facti in judicando), o que é vedado pela Súmula referida.

No entanto, pode o julgador revalorar a prova, o que se constitui na

prática de estabelecer o devido valor jurídico a fato marcadamente reconhecido nas instâncias ordinárias. Essa hipótese de reexame do equívoco da valoração da prova é modalidade permitida de reexame de error in judicando, assim como é possível o reexame do erro no proceder (error in procedendo) em sede de Recurso Especial.

Esse entendimento da possibilidade de valoração da prova teve lugar no

STJ a partir de julgados como o do REsp nº 184.156, em 1998, fixando-se que a valoração da prova dos autos não pode fugir dos ditames bom senso, da lógica e da experiência, o que, caso contrário, enseja o Recurso Especial para sua revaloração.

Alana Rubia Matias D Angioli Costa (São Paulo/SP) respondeu:

De acordo com a redação da súmula 7 do Superior Tribunal de Justiça, “a

pretensão de simples reexame de prova não enseja recurso especial”. O reexame da prova (dos fatos) consiste na nova análise do acervo fático

probatório. Ou seja, consiste em um novo e minucioso exame de toda a prova que foi juntada aos autos, incluindo-se, aí, documentos, depoimentos, testemunhos, etc. Em tal situação, não é cabível o Recurso Especial, pois não pode o Superior Tribunal de Justiça, no caso, examinar mera questão fático-probatória.

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Contudo, devemos destacar as situações em que se faz a necessária a revaloração da prova, ainda que em sede de Recurso Especial, sendo esta permitida. Consiste a revaloração da prova em atribuir o devido valor jurídico a fato incontroverso que tenha sido reconhecido nas instâncias ordinárias. São casos que normalmente envolver o error in judicando e o error in procedendo. Em tais situações, em que se busca a revaloração da prova, é possível a apreciação do Superior Tribunal de Justiça.

Assim, é possível a revaloração da prova em sede de recurso especial, não

sendo possível o seu mero reexame.

Livia Pinheiro Soares (Mossoró/RN) respondeu: Primeiramente, é importante apresentar conceito sucinto de prova no

processo civil. A prova serve para demonstrar que é verdadeira determinada alegação de fato feita pela parte. Desse modo, apresentadas as provas, o juiz deve valorá-las para proferir sua decisão, que tem por base o princípio da livre convicção motivada.

Caso a parte, ou ambas, discorde da decisão, inclusive no tocante ao modo

de exame da prova, é possível interpor recurso perante o tribunal de justiça, quando justiça estadual, ou tribunal regional federal, quando justiça estadual. Após análise do tribunal, que poderá fazer tanto reexame como valoração da prova, não caberá recurso especial para o STJ caso a discussão a respeito de reexame de prova, pois é exatamente esse o enunciado da súmula 07, porquanto, não deve o Superior Tribunal funcionar como terceira instância.

Em contrário, a revaloração da prova ou de dados são explicitamente

admitidos e delineados na decisão da qual se recorre, nesses casos, o STJ só vai requalificá-los diante da legislação federal, que não implica o reexame de fatos e provas, proibido pela súmula.

Portanto, é possível que a decisão dê definição jurídica diversa aos fatos

expressamente mencionados no acórdão. Neste caso, haverá revaloração da prova, que consiste em atribuir o devido valor jurídico a fato incontroverso sobejamente reconhecido nas instâncias ordinárias.

Enquanto que a reexame da prova, rechaçada pela súmula, é mero

reexame de provas, que não deve ser admitido nem mesmo no tocante ao julgamento errôneo da prova.

Paula Lange Canhos (São Paulo/SP) respondeu:

O enunciado da Súmula nº 7 do Superior Tribunal de Justiça impossibilita a

interposição de Recurso Especial para o mero reexame de provas, de modo a impedir que a Corte Superior desempenhe o papel de uma terceira instância, desvirtuando-se de

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suas finalidades. Contudo, o reexame não se confunde com a revaloração da prova, que é permitida.

Enquanto a primeira hipótese diz respeito à reanálise dos fatos, para

definir o que ocorreu; a segunda hipótese - que autoriza a interposição de Recurso Especial - diz respeito á correta aplicação do Direito a fatos incontroversos, já definidos pelas instâncias ordinárias. Ou seja, a errônea qualificação jurídica atribuída à prova consiste em error in judicando, que pode ser submetido ao crivo do Superior Tribunal de Justiça, competente para zelar pela aplicação correta e uniforme das Leis Federais.

Djalma Barbosa Silva (Teresina/PI) respondeu:

Sim. O reexame de fatos e provas é uma incursão no acervo fático

probatório mediante a análise detalhada de documentos, testemunhas, contratos, perícias, dentre outros.

A revaloração da prova constitui em atribuir o devido valor jurídico a fato

incontroverso sobejamente reconhecido nas instâncias ordinárias, prática aceita em sede de Recurso Especial. Sendo que o "error in judicando" (inclusive o proveniente de equívoco na valoração das provas) e o "error in procedendo" (erro no proceder, cometido pelo juiz) também podem ser objeto de Recurso Especial. Ademais, a revaloração de elementos aceitos pelo acórdão do tribunal de origem é questão jurídica e que não se pode negar às instâncias superiores a faculdade de examinar se o direito à prova foi malferido ou se os juízes negaram o direito que as partes têm d produzi-la. Isto é, não é so em consequência do erro de direito que pode haver má valoração da prova. Ela pode decorrer também do arbítrio do magistrado ao nagar-se a admiti-la.

Questão 02 (elaborada pelo Defensor Federal Dr. Rafael Mol) Descumpridas as condições da sentença homologatória da transação penal, o Ministério Público pode propor a ação penal? Responda à luz do atual entendimento do STJ e do STF.

NOTA GEDPU: Em consonância com a orientação, em sede de repercussão geral, do Supremo Tribunal Federal:

AÇÃO PENAL. Juizados Especiais Criminais. Transação penal. Art. 76 da Lei nº 9.099/95. Condições não cumpridas. Propositura de ação penal. Possibilidade. Jurisprudência reafirmada. Repercussão geral reconhecida. Recurso extraordinário improvido. Aplicação do art. 543-B, § 3º, do CPC. Não fere os preceitos constitucionais a

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propositura de ação penal em decorrência do não cumprimento das condições estabelecidas em transação penal. (RE 602072 QO-RG, Relator(a): Min. CEZAR PELUSO, julgado em 19/11/2009, DJe-035 DIVULG 25-02-2010 PUBLIC 26-02-2010 EMENT VOL-02391-10 PP-02155 LEXSTF v. 32, n. 375, 2010, p. 451-456 RJTJRS v. 45, n. 277, 2010, p. 33-36 )

Sávia Pereira de Souza (Barueri/SP) respondeu:

Segundo o atual entendimento do STF e, por consequência, do STJ,

descumpridas as condições da sentença homologatória da transação penal, o MP poderá propor ação penal, sem que com isso, ofenda a Constituição.

O texto constitucional, art. 98, I, diz que nas infrações de menor potencial

ofensivo a competência será do juizado especial criminal e, nisso, traz a possibilidade expressa da transação penal nas hipóteses previstas em lei. Sabe-se que transação penal é um acordo entre a parte autora do delito e o titular da ação penal, para que este, ao invés de sofrer restrições em sua liberdade, cumpra penas restritivas de direito ou multa. Trata-se de medida descarcerizadora, que observar requisitos.

Esse “acordo” será homologado pelo juiz. Por conta disso, o STJ adotava

entendimento de que, mesmo descumpridas as condições impostas na transação, o MP não poderia dá continuidade a persecução penal, haja vista a homologação judicial da transação (art. 76, parágrafos 3º e 4º). Nessa ideia, a homologação representaria verdadeira condenação e, por conseguinte, com geração de coisa julgada formal e material.

Só que esse entendimento não se adota mais. O STF, em sede de

repercussão geral, entendeu que não é inconstitucional que se dê continuidade à persecução penal quando há o descumprimento das condições impostas em sede de transação penal, podendo o MP oferecer ação penal pública (e o querelante, ação penal privada). Assim, não há falar em coisa julgada e isso faz parte do próprio instituto, pois, qual seria sua finalidade se se não pudesse, com sua inobservância, apresentar ação penal? Entendimento, claro, empossado pelo STJ que agora diz que volta-se ao “status quo ante” com o descumprimento.

Diogo Miceli Alves (Rio de Janeiro/RJ) respondeu:

Em primeiro plano, deve-se analisar a natureza da transação penal, por

onde deve ela ser considerada como forma de acordo a ser feito entre o parquet e o acusado, para que este não tenha que responder por processo penal relacionado a determinado ilícito praticado. Prevista no art. 76, da Lei 9099/95, considera-se que será ela proposta antes do ajuizamento da denúncia, desde que o ilícito praticado se trate de crime cuja ação seja de natureza penal pública condicionada à representação ou pública

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incondicionada. O parágrafo 2o do mesmo dispositivo considera os requisitos para a propositura da transação penal, quais sejam, não ter sido o autor condenado pela prática de crime cuja pena tenha sido fixada em privação de liberdade, não ter sido beneficiado nos 5 anos anteriores com o instituto da transação penal, e ter bons antecedentes. Entende-se, ainda, que o MP poderá fixar pena restritiva de direitos ou multa, a ser especificada na proposta da transação, entretanto, considera-se que será necessária a homologação do juiz para que a proposta tenha efetividade, nos moldes do que determina os parágrafos 3o e 4o do mesmo dispositivo. Finalmente, ao se analisar o eventual descumprimento da sentença homologatória da transação penal, vêm o STJ considerar que é possível a propositura da ação penal, por onde não restariam violados o direito adquirido, a coisa julgada e o devido processo legal, com clara aplicação do princípio da boa-fé objetiva ao processo penal, posicionamento que já é analisado há tempos no processo civil, inclusive com recente mudança de entendimento da Corte da Cidadania no que concerne ao instituto da transação penal. No que tange ao Supremo Tribunal Federal, sua percepção sobre o tema é consentâneo à visão dada pelo Superior Tribunal de Justiça, por onde a posterior propositura da ação penal diante do descumprimento de transação penal já devidamente homologada não fere os já mencionados direito adquirido, a coisa julgada e o devido processo legal, estando a Jurisprudência nacional, portanto, unificada diante do tema.

Anderson Lins Tavares Bezerra (João Pessoa/PB) respondeu:

A transação penal consiste na mitigação do princípio da obrigatoriedade

da propositura da ação penal, tendo em vista o cometimento de crime de menor potencial ofensivo. Nos termos do art. 76 da Lei 9.099/95 consiste no oferecimento de um acordo entre o Ministério Público e o autor do fato delituoso, antes do recebimento da peça acusatória, observada os requisitos do § 2º do mesmo preceptivo citado, onde será aplicada imediatamente de pena restritiva de direitos ou multa.

No caso do descumprimento do acordo, em se tratando da aplicação

isolada da pena de multa, caso não seja efetuado o pagamento, com as alterações trazidas pela Lei nº 9.268/96, que deu nova redação ao art. 51 do CP deverá haver a inscrição na dívida ativa para sua cobrança judicial, não se aplicando o ter do art. 85 da Lei 9.099/95.

Com relação ao descumprimento da pena restritiva de direito, uma

primeira corrente minoritária entende que deva ocorrer a conversão da pena restritiva de direito em privativa de liberdade pelo tempo da pena originalmente aplicada, nos termos do art. 18, § 1º, alínea “c” da Lei de Execução Penal.

Já uma segunda corrente entende que a sentença homologatória da

transação penal tem natureza condenatória gerando coisa julgada material e formal, e que caso não tenha sido condicionada ao cumprimento integral da pena restritiva de direito imposta seria inviável a propositura da ação penal. Caso a sentença

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homologatória tenha sido condicionada, só gerará efeitos após o cumprimento e caso haja o descumprimento injustificado seria plenamente possível o oferecimento da denúncia ou da queixa. Tal entendimento já foi sustentando pelo STJ.

A terceira corrente entende que caso o autor do fato descumpra

injustificadamente a sentença homologatória deixa de produzir efeitos, sendo o a vítima ou o Ministério Público intimado para dar prosseguimento ao processo acusatório, retroagindo para o seu estado anterior, não fazendo coisa julgada material. O Supremo Tribunal Federal segue essa linha de entendimento em seus julgados e devido ao seu posicionamento o STJ também começou a aplicá-lo.

Eduardo Schenato Pineiro (Porto Alegre/RS) respondeu:

O Supremo Tribunal Federal tem entendimento assentado em sede de

repercussão geral no sentido de que existe a possibilidade de ajuizamento da ação penal quando descumpridas as condições fixadas na sentença homologatória da transação penal, conforme entendimento que restou consagrado no RE 602.072/RS.

No âmbito do Superior Tribunal de Justiça, no entanto, consolidou-se o

entendimento de que a sentença homologatória de transação penal possui eficácia de coisa julgada formal e material, o que a torna definitiva, inviabilizando o posterior ajuizamento de ação penal quando do descumprimento das condições fixadas.

Pondere-se que após a decisão do STF a 3ª Seção do STJ modificou seu

posicionamento e passou a aceitar o ajuizamento posterior de ação penal.

Paula Lange Canhos (São Paulo/SP) respondeu: Inicialmente, a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça havia se

consolidado no sentido de que a sentença homologatória da transação penal - proferida nos termos do artigo 76 da Lei nº 9.099/1995 - possui eficácia de coisa julgada formal e material, razão pela qual o seu descumprimento não poderia ensejar o ajuizamento de ação penal. Entendia-se pela possibilidade, apenas, de inscrever o valor em dívida ativa - caso a pena acordada fosse pecuniária - com amparo no agora revogado artigo 85 da Lei nº 9.099/1995.

Contudo, o Supremo Tribunal Federal ao examinar Recurso Extraordinário

cuja repercussão geral foi reconhecida decidiu pela possibilidade de se ajuizar a ação penal quando descumpridas as condições estabelecidas na transação penal. Considerou-se que o oferecimento da denúncia não ofenderia o devido processo legal, pois a sentença homologatória não faz coisa julgada material, revelando, em verdade, um título executivo judicial submetido a uma condição resolutiva, correspondente ao descumprimento das condições por ele estabelecidas. Uma vez estabelecida a referida decisão, o Superior Tribunal de Justiça - atento à finalidade da repercussão geral, de

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uniformizar a interpretação constitucional - alterou o posicionamento até então sedimentado, passando a admitir o oferecimento da denúncia quando descumpridos os termos da transação penal.

Ivan Santos Lauzid (Belém/PA) respondeu:

Atualmente, a jurisprudência tanto do STJ quanto do STF tem pacificado o

entendimento que o descumprimento injustificado da transação penal autoriza o Ministério Público a promover a ação penal, pois a decisão homologatória do acordo está sob condição resolutiva, não fazendo coisa julgada material.

Contudo, insta-se destacar, que a despeito da regra do art. 85 da Lei

9.099/95 – que determina a conversão da pena de multa em restritiva da liberdade ou de direitos –, a Lei 9.268/96 (legislação posterior) transformou a multa criminal em dívida ativa não-tributária a ser executada nos termos da Lei 6.830/80. Por isso, a Doutrina vem defendendo que a decisão homologatória de transação penal que impôs uma pena de multa gera coisa julgada material, sendo problema do juízo de execuções fiscais o cumprimento ou não dela.

Rodrigo Parente Ferreira Dias (Rio de Janeiro/RJ) respondeu:

Após o precedente, em repercussão geral, do STF que admitiu a

propositura de ação penal mesmo após a homologação de transação penal que seja descumprida, o STJ passou, também, a encampar tal entendimento.

Segundo o STF, a decisão que homologa a transação penal não faz coisa

julgada material, apenas formal, assim, descumprida condição imposta na transação penal, volta-se ao "status quo ante", com a reabertura de prazo para o MP propor a ação penal. Tal entendimento não era compartilhado pelo STJ, que entendia que a homologação da transação penal fazia coisa julgada material, entretanto, com o posicionamento do STF, o STJ passou a decidir conforme a Corte Suprema.

O que não se pode é pleitear a conversão de pena restritiva de direitos em

privativa de liberdade derivada de descumprimento em transação penal, pois redundaria em séria afronta à Constituição Federal, uma vez que haveria a imposição de pena sem o devido processo legal, sem contraditório e ampla defesa.

Vale ressaltar que parte da doutrina critica esse posicionamento, porque

essa homologação se trataria de verdadeira sentença, fazendo, pois, coisa julgada material.

Nathalia Mariel Ferreira de Souza (Belém/PA) respondeu:

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O Supremo Tribunal Federal possui entendimento reiteado de que, uma vez descumprida a transação penal, pode o Ministério Público oferecer denúncia já que, descumprida a transação penal, haveria de se retornar ao status quo ante a fim de possibilitar ao Ministério Público a persecução penal, todavia, o STJ entendia de maneira diversa pela impossibilidade, tendo em vista que, a sentença do Juiz que homologa a transação penal tem eficácia condenatória e, por essa razão, gera a extinção da pretensão punitiva.

O descumprimento dos termos do acordo, assim, geraria efeitos tais quais

o descumprimento das condições de penas restritivas de direito, possibilitando, inclusive, eventual conversão em pena privativa de liberdade, tese este rechaçada pelo STF.

Os tribunais diante dde tal impasse estavam adotando a suspensão do

processo até cumprimento final das condições impostas pela transação penal, para só após, ao final, homologar a transação, fazendo com que o entendimento do STJ nõ ocorresse diante da não homologação da causa e extinção da punibilidade, tornando assim possível o oferecimento de denúncia em caso de descumprimento da transação.

Entretanto, em 2011, o STJ passou a adotar o mesmo entendimento que o

STF, qual seja, o de admitir o oferecimento de denúncia e o prosseguimento da ação penal em caso de descumprimento dos termos da transação penal homologada judicialmente.

Mayara Cordeiro (Recife/PE) respondeu:

Tanto o Supremo Tribunal Federal quanto o Superior Tribunal de Justiça

admitem a possibilidade de oferecimento da ação penal em face do desrespeito às cláusulas de transação homologada judicialmente.

A jurisprudência do Pretório Excelso é pacífica em aceitar o reinício da

persecução penal. Segundo a Corte Suprema, a sentença homologatória não faz coisa julgada material, logo, o inadimplemento dos termos da transação restitui as partes ao status quo ante, autorizando o Ministério Público a proceder à propositura da ação penal cabível.

O STJ somente alterou o entendimento contrário à retomada da

persecução estatal em decisão recente - neste sentido, RHC nº 29435. A referida mudança no vetor jurisprudencial foi motivada notadamente pelo proveito obtido com a uniformização do posicionamento das Cortes, porquanto o conflito na disciplina de uma mesma matéria costuma engendrar o indesejável estado de insegurança jurídica.

Ressalta-se, porém, não ser autorizada a conversão automática da

transação penal descumprida em pena privativa de liberdade, uma vez que ao sujeito

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passivo não seriam asseguradas, nessa hipótese, as garantias do contraditório e da ampla defesa.

Livia Pinheiro Soares (Mossoró/RN) respondeu:

Segundo o STJ, em caso de descumprimento da pena restritiva de direitos

imposta em virtude de transação penal, não se pode fazer a conversão da medida em pena privativa de liberdade, já que, se assim ocorresse, haveria ofensa ao devido processo legal. No lugar da conversão, deve o juiz determinar a abertura de vista ao MP para que este ofereça denúncia e assim dê início ao processo criminal. Tal entendimento é baseado no fato de que a decisão homologatória da transação penal não faz coisa julgada material. Dessa forma, diante do descumprimento das cláusulas estabelecidas na transação penal, retorna-se ao status quo ante, viabilizando-se, assim, ao Parquet a continuidade da persecução penal.

Este é também o entendimento do STF e da 5ª Turma do STJ sobre o tema.

Assim, atualmente, trata-se de questão pacífica.

Natália Montandon Esteves Pires (Belo Horizonte/MG) respondeu: O Ministério Público pode propor a ação penal quando descumpridas as

condições da sentença homologatória da transação penal, à luz do atual entendimento do STJ e STF, sob pena de restar impune aquele que descumpriu com as condições aceitas. Anteriormente os Tribunais entendiam que a sentença homologatória da transação penal fazia coisa julgada formal e material, e que eventual descumprimento das condições não poderiam ensejar a instauração da ação penal. Entretanto, o entendimento evoluiu para se permitir o oferecimento de denúncia, para que haja a possibilidade de se oportunizar o julgamento da ação.

Leilane Costa Matos (Aracaju/SE) respondeu:

O STF entende que o descumprimento dos termos da sentença

homologatória de transição penal enseja a propositura da ação penal pelo Ministério Público, já que pelo fato daquela ser justamente uma medida penal que obsta essa, e, pelo fato de ser homologatória não faz coisa julgada material, apenas formal.

O STJ, por outro lado, anteriormente entendia que a sentença

homologatória de transação penal fazia coisa julgada formal e material, e, portanto, não admitia a propositura da posterior ação penal em face do descumprimento dos preceitos da sentença homologatória. Contudo, recentemente mudou o seu posicionamento, para, na linha do STF, admitir a propositura da ação penal nesses casos de descumprimento.

Georgia Nunes Barbosa (Brasília/DF) respondeu:

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O descumprimento da transação penal faz com que a situação das partes retornem à situação anterior ao oferecimento da transação penal. Mesmo a sentença tendo sido homologada, nessas hipóteses não haverá coisa julgada material, pois esta só será perfeita caso ocorra o cumprimento da obrigação imposta.

Por esse motivo, STJ e STF são pacíficos quando à possibilidade de o

Ministério Público oferecer a ação penal quando não cumprida a medida imposta. Esse entendimento também ocorre em decorrência da impossibilidade de se converter a transação penal por pena privativa de liberdade.

Questão 03 (elaborada pelo Defensor Federal Dr. Kleber Vinícius) É direito do candidato aprovado em concurso público ser comunicado pessoalmente sobre sua nomeação, no caso em que o edital do concurso estabeleça expressamente o seu dever de manter atualizados endereço e telefone?

NOTA GEDPU: A comunicação pessoalmente a candidato acerca de sua nomeação deve ser exigida, segundo o STJ, quando é imprevisível a respectiva nomeação. No Informativo n. 505 do STJ, no julgamento do AgRg no RMS 37.227/RS, se o edital prever obrigatoriedade do candidato manter atualizado o cadastro de endereço e telefone, é porque implicitamente confere a este o direito de nomeação pessoal, seja por meio de carta ou por meio telefônico, amparado nos princípios da proporcionalidade e da razoabilidade.

Mayara Cordeiro (Recife/PE) respondeu:

Sim. O Superior Tribunal de Justiça já possui, inclusive, algumas decisões

albergando tal entendimento. Senão vejamos. Em alguns dos precedentes mencionados no parágrafo anterior, verifica-se

que o candidato submeteu-se ao concurso, mas obteve classificação muito aquém do número de vagas, não possuindo, assim, grandes expectativas de ser nomeado ou, muito menos, de ser nomeado em curto espaço de tempo. Para o candidato, frise-se, ainda que pudesse ser imaginável a sua nomeação, seria quase impossível construir uma expectativa evidente de nomeação em curto prazo. Ocorre que transcorrido apenas três ou quatro meses da data de homologação do concurso público, o candidato aludido foi efetivamente nomeado, constando a sua nomeação apenas em publicação veiculada por meio da imprensa oficial (DO), quando o edital do concurso previa a necessidade de o candidato manter cadastro de endereço e telefone constantemente atualizado. Entendeu o Colendo STJ que, em prevendo o edital norma expressa acerca da obrigatoriedade do candidato de manter sempre atualizado cadastro de endereço e telefone, é porque a Administração Pública implicitamente confere o direito de

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nomeação pessoal do concursando, seja por intermédio de carta ou outro meio idôneo (ligação à residência).

Em casos que tais, mesmo que haja publicação da nomeação no Diário

Oficial, deve a isso se somar a comunicação de nomeação realizada pessoalmente, como ocorre, por exemplo, com o envio de carta ao endereço atual do candidato nomeado, consoante já registrado linhas atrás. Na hipótese vertente, o STJ assevera que, a convocação do candidato apenas por publicação em Diário Oficial configura ofensa aos princípios da razoabilidade e, precipuamente, da publicidade, devendo, por tal motivo, ser reconhecido o direito do concursando preterido de ser novamente convocado, bem como de tomar posse (se assim o desejar), após preenchidos os requisitos constantes do edital do certame. Nesse sentido, veja-se: AgRg no RMS 37.227/RS, Relator Ministro Mauro Campbell Marques, julgado em 06/12/2012.

Sávia Pereira de Souza (Barueri/SP) respondeu:

O princípio da legalidade prega a submissão do administrador à lei. O STF

por várias vezes preconizou que a análise desse princípio é no sentido amplo, pois, a Administração deve se submeter não só a lei, mas também a Constituição e os respectivos princípios. Com isso, é fácil de entender que o candidato aprovado em concurso tem o direito de ser comunicado de sua nomeação, ainda que no edital estabeleça o dever de manter atualizados endereço e telefone, pois, caso contrário, haveria ofensa aos princípios da publicidade e da proporcionalidade, além, é claro, do principio da legalidade. O caso concreto evidenciará isso.

O STJ analisou situação na qual o candidato não foi aprovado entre o

número de vagas (10 vagas) e, mais que isso, tendo em vista sua classificação (aproximadamente centésima), não julgara que seria possível sua nomeação. Veja que, nessa situação, a mera publicação no Diário Oficial, não alcançaria o seu fim de tornar pública a nomeação dessa candidata, quiçá lhe chegar essa notícia. Nisso, pode-se falar em verdadeira ofensa ao principio da proporcionalidade, essencialmente, em sua acepção razoabilidade. Se ao menos o candidato pudesse vislumbrar a possiblidade de haverem tantas nomeações, até lhe alcançar, ai sim, não se poderia cogitar em desproporcionalidade.

Djalma Barbosa Silva (Teresina/PI) respondeu:

Sim.O candidato tem direito a ser comunicado pessoalmente sobre sua

nomeação no caso em que o edital do concurso estabeleça expressamente o seu dever de manter atualizados endereço e telefone, não sendo suficiente a sua convocação apenas por meio de diário oficial se, tendo sido aprovado em posição consideravelmente fora do número de vagas, decorrer curto espaço de tempo entre a homologação final do certame e a publicação da nomeação. Nessa situação, a convocação do candidato apenas por publicação em Diário Oficial configura ofensa aos

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princípios da razoabilidade e da publicidade. A existência de previsão expressa quanto ao dever de o candidato manter atualizado seu telefone e endereço demonstra, ainda que implicitamente, o intuito da Administração Pública de, no momento da nomeação, entrar em contato direto com o candidato aprovado. Ademais, nesse contexto, não seria possível ao candidato construir real expectativa de ser nomeado e convocado para a posse em curto prazo. Assim, nessa situação, deve ser reconhecido o direito do candidato a ser convocado, bem como a tomar posse, após preenchidos os requisitos constantes do edital do certame.

Diogo Miceli Alves (Rio de Janeiro/RJ) respondeu:

Recente Jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça vem considerar

que, ao fazer a previsão de manutenção do endereço e telefone devidamente atualizados durante todo o prosseguimento do certame, o edital cria devida expectativa de que a comunicação sobre eventuais convocações para fins de posse em serviço público por candidato aprovado dentro das vagas previstas ou que venham a surgir no curso do prazo de validade do certame será feita por esses meios, sem que seja necessário, ao candidato, manter constante pesquisa no Diário Oficial do ente federativo que realizou o concurso público para fins de contratação de pessoal. O STJ vem colacionar, ainda, outra percepção semelhante, ao visualizar o fato de não ser necessário à pessoa que é aprovada no certame manter constante pesquisa nos meios de publicação oficiais do ente federativo, principalmente quando sua aprovação ocorreu meses antes de sua efetiva nomeação, devendo o poder público realizar a convocação do candidato pelo meio postal ou telefônico, especialmente quando exige a manutenção desses dados atualizados na inscrição do candidato ao cargo ou emprego público. Portanto, é forçoso considerar que é efetivo direito do candidato aprovado em concurso público ser comunicado pessoalmente de sua nomeação, quando o edital estabeleça, de forma expressa, o dever do mesmo candidato aprovado no certame em manter atualizados seu endereço e telefone.

Questão 04 (elaborada pelo Defensor Federal Dr. Kleber Vinícius) É cabível o deferimento de medida cautelar de sequestro no caso em que se busque apenas assegurar a satisfação futura de crédito em ação a ser ajuizada, inexistindo disputa específica acerca do destino dos bens sobre os quais se pleiteia a incidência da constrição?

NOTA GEDPU: O sequestro é medida cautelar na qual se busca o bem objeto de controvérsia jurídica. No caso em análise, não é cabível o deferimento de medida cautelar de sequestro em casos em que se busque apenas e tão-somente a satisfação futura de crédito na ação principal a ser ajuizada posteriormente, pois sem que haja disputa específica acerca do destino dos bens sobre os quais se pretende seja realizada

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a constrição judicial, não há que se falar em sequestro, a qual é providência destinada à apreensão de bens certos e determinados.

Mayara Cordeiro (Recife/PE) respondeu:

Recentemente, o que foi inclusive veiculado por meio do Informativo nº 515 do STJ, a Terceira Turma deste Colendo decidiu que não é cabível o deferimento de medida cautelar de sequestro em casos em que se busque apenas e tão-somente a satisfação futura de crédito na ação principal a ser ajuizada posteriormente. Assentou ainda o Tribunal que, sem que haja disputa específica acerca do destino dos bens sobre os quais se pretende seja realizada a constrição judicial, não há que se falar em sequestro, que é providência destinada à apreensão de bens certos e determinados.

Diversamente do arresto, o sequestro objetiva, como dito acima, à

constrição judicial de bens determinados, com vistas a assegurar a efetivação do provimento jurisdicional posterior que os tenha por objeto. Isso quer dizer que, havendo disputa sobre a quem deva ser destinado um imóvel, por exemplo, uma vez que não se sabe ao certo a quem deve ser atribuida a posse ou a propriedade do bem, e, desde que haja receio de que possa ele (o imóvel) sofrer rixas ou danificações por parte daquele que o tem sob sua posse, deve o pretensamente prejudicado intentar medida cautelar preparatória de sequestro visando a, acima de tudo, proteger o imóvel, que pode, futuramente, a depender do resultado da lide principal, ser exclusivamente seu.

Para o deferimento da medida cautelar de sequestro, é necessário que o

juiz se convença de que, sobre o bem objeto da ação principal, isto é, sobre o bem cujo sequestro se pleiteia, tenha-se estabelecido, direta ou indiretamente, uma relação de disputa entre as partes da demanda. Se a ação principal, portanto, versar sobre pretensão creditícia de uma parte em relação à outra, não se identifica a presença dos requisitos entabulados no artigo 822 do CPC, pois, in casu, inexiste disputa específica sobre o bem objeto da medida referida.

Deve-se atentar para o fato de que, também no caso do inciso II do artigo

822 do CPC, deve haver uma disputa sobre o imóvel do qual se originam os frutos e rendimentos a serem porventura apreendidos por meio de uma cautelar de sequestro.

RCA (Juiz de Fora/MG) respondeu:

O sequestro é uma medida cautelar em que se busca proteger o bem objeto de discórdia. Desse modo, estabelece o CPC que quando o houver fundado receio de rixas ou danificações no bem que for disputada a propriedade ou a posse, ou quando o réu condenado em sentença dissipar os frutos os frutos e rendimentos do bem imóvel ou quando nas ações de divórcio o cônjuge estiver dissipando os bens do

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casal e em outras hipóteses estabelecidas em lei, é possível ao juiz determinar o sequestro. (art. 822, do CPC).

Assim, na hipótese em que se busque apenas assegurar a satisfação futura

de crédito em ação a ser ajuizada, inexistindo disputa específica acerca do destino dos bens sobre os quais se pleiteia a incidência da constrição não é possível a decretação do sequestro.

As hipóteses previstas para tal medida constritiva exigem que já haja uma

disputa acerca do bem. Não existindo uma ação ajuizada, o bem não é passível de sequestro, uma vez que não há como se determinar onde reside a controvérsia.

O sequestro é uma medida cautelar e como tal exige o fumus boni iuris e o

periculum in mora para ser decretado. Não havendo disputa não estão presentes o fumus boni iuris e o periculum in mora, não podendo essa medida cautelar engessar as relações civis. Ademais, existe medida mais apta a garantir futura execução, como o arresto, que não atinge bens específicos.

Sávia Pereira de Souza (Barueri/SP) respondeu:

Não é cabível o deferimento de medida cautelar de sequestro no caso em que se busca apenas satisfação de futuro crédito em ação a ser ajuizada, inexistindo disputa específica acerca do destino dos bens sobre os quais se pleiteia a incidência da constrição. Esse entendimento foi empossado recentemente pelo STJ.

Dentre as hipóteses trazidas pelo art. 822, CPC, observa-se o inciso I que

traz expressamente que a medida cautelar em estudo recai sobre bens imóveis, móveis e semoventes quando lhes for disputada a posse ou propriedade e reitera: havendo fundados receios de rixas ou danificações. Daqui se extrai requisitos específicos do sequestro, além daqueles genéricos (“fumus bonis juris” e “periculum in mora”): primeiro, o sequestro tem que recair sobre coisa determinada; o segundo, tem que haver sobre o objeto litígio. Note que um pressuposto reforça o outro, afinal se há certa disputa sobre alguma coisa, esta, por sua vez, só pode ser determinada.

Assim se aclara a negativa do questionamento proposto. Se a disputa é

sobre pretensão creditícia, de pronto se observa que não há a litigiosidade sobre posse e propriedade de bem determinado, ou seja, inexiste a observância dos pressupostos do art. 822,I, CPC.

JRS (Rio de Janeiro/RJ) respondeu:

A previsão de sequestro está elencada no art. 822 e seguinte do CPC,

sendo que há semelhanças entre o arresto e o sequestro, pois ambas são medidas cautelares nominadas que objetivam a apreensão de bens a serem preservados para

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que sirvam aos resultados da futura ou atual ação principal. Entretanto, entre eles há marcantes distinções que eliminam oportunidades para dúvidas quanto ao cabimento de um e outro. Enquanto o arresto constitui medida de conservação de bens patrimoniais do devedor para assegurar o futuro pagamento em dinheiro, o sequestro representa providência de preservação de coisa cuja entrega "in natura" é pretendida pelo requerente.

Portanto, no arresto não interessa ao requerente o bem em si, mas sim a

sua representação monetária para a garantia do pagamento do crédito que a ser exigido em execução forçada. Já no sequestro, o interesse do requerente recai sobre a própria coisa sujeita a desaparecimento ou deterioração, porque é ela que o postulante almeja ver entregue ao vencedor da demanda principal. Portanto, o arresto incide sobre qualquer bem penhorável do devedor, desde que necessário para assegurar a solução da dívida, ao passo que o sequestro recai sobre bem específico, certo, determinado. Logo, o arresto serve para uma segurança do cumprimento de sentença que resulta obrigação de pagar soma em dinheiro (art. 475-J, CPC) ou da ação específica de execução por quantia certa (art. 646, CPC). De outro lado, o sequestro se apresenta como uma cautela ao cumprimento da decisão que determina a entrega da coisa (art. 461, CPC) ou da ação de execução de título extrajudicial promovida com o mesmo fim (art. 621, CPC).

No entanto, não é cabível o deferimento de medida cautelar de sequestro

no caso em que se busque apenas assegurar a satisfação futura de crédito em ação a ser ajuizada, inexistindo disputa específica acerca do destino dos bens sobre os quais se pleiteia a incidência da constrição. Já que o sequestro é medida destinada à apreensão de bens determinados com o objetivo de assegurar a futura efetivação de provimento judicial que os tenha como objeto e para o deferimento da medida, é necessário que o juiz se convença de que, sobre o bem objeto da ação principal cujo sequestro se pleiteia, tenha-se estabelecido, direta ou indiretamente, uma relação de disputa entre as partes da demanda. Assim, se a ação principal versa sobre pretensão creditícia, não se identifica a presença dos requisitos exigidos pelo art. 822, I, do CPC (o juiz, a requerimento da parte, pode decretar o sequestro: de bens móveis, semoventes ou imóveis, quando Ihes for disputada a propriedade ou a posse, havendo fundado receio de rixas ou danificações), pois inexiste, em tal caso, específica disputa sobre posse ou propriedade dos bens que seriam objeto da referida medida.

Diante disso, não é cabível o deferimento de medida cautelar de sequestro

no caso em que se busque apenas assegurar a satisfação futura de crédito em ação a ser ajuizada, inexistindo disputa específica acerca do destino dos bens sobre os quais se pleiteia a incidência da constrição, conforme decisão recente do STJ.

Peça Judicial (elaborada pelo Defensor Federal Dr. Kleber Vinícius)

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A Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE) de Campina Grande/PB, representado por Ezequiel Nascimento, celebrou contrato administrativo com a empresa W – cujo sócio majoritário vem a ser Antonio Precioso, filho da companheira do Superintendente –, tendo por objeto o fornecimento de cartilhas informativas sobre os novos direitos das domésticas, pelo prazo de sessenta meses. O contrato foi celebrado sem a realização de prévio procedimento licitatório e apresentou valor de cinco milhões de reais anuais. José Rico, cidadão consciente e eleitor no Município do Guarabira/PB, inconformado com a contratação que favorece o filho da companheira do Superintendente, procura a Defensoria Pública da União para identificar e minutar a medida judicial que, em nome dele, pode ser proposta para questionar o contrato administrativo. A medida judicial deve conter a argumentação jurídica apropriada e o desenvolvimento dos fundamentos legais da matéria versada no problema, abordando, necessariamente: (i) competência do órgão julgador; (ii) a natureza da pretensão deduzida por José Rico; e (iii) os fundamentos jurídicos aplicáveis ao caso.

NOTA GEDPU: Prezados participantes, não se esqueçam de falar especificamente de cada tópico previsto na abordagem, tais como gratuidade de justiça, prerrogativas da Defensoria Pública da União, da competência do órgão julgador e os fundamentos jurídicos aplicáveis ao caso em análise. Por fim, ante a urgência e verossimilhança das alegações, requerer a medida liminar da pretensão. Bons estudos!

Alana Rubia Matias D Angioli Costa (São Paulo/SP) respondeu:

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA … VARA FEDERAL DA … SUBSEÇÃO DO ESTADO DE …

José Rico, nacionalidade, estado civil, profissão, portador da cédula de

identidade RG n …, inscrito no CPF/MF sob o n …, com título de eleitor número …, em anexo, residente e domiciliado na …., Cidade …, Estado …, por meio da Defensoria Pública da União, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, com fundamento nos artigos 134 e 5, LXXIII e LXXIV da Constituição Federal, no artigo 4, I, da Lei Complementar 80/94 e no art. 1, art. 2, parágrafo único, “b” e “c” da Lei 4.717/1965, propor a presente AÇÃO POPULAR, em face da EMPRESA W, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o número …, inscrição estadual número …, sediada em … Cidade …, Estado …, e também em face da UNIÃO, pessoa jurídica de direito público, na

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pessoa de seu representante legal, com endereço …, Cidade …, Estado …, pelos motivos de fato e de direito que passa a expor.

1) Da Gratuidade da Justiça A parte demandante afirma ser pessoa carente, não possuindo meios de

arcar com custas e despesas processuais, sem prejuízo do sustento próprio ou de sua família, razão pela qual requer gratuidade da justiça, nos termos da Lei 1.060/50, alterada pela Lei 7.510/86.

2) Da Intimação Pessoa da Defensoria Pública da União A parte autora é representada processualmente pela Defensoria Pública

da União, valendo-se de suas prerrogativas funcionais, dentre elas a intimação pessoal em qualquer grau de jurisdição e em qualquer processo, bem como a contagem em dobro de todos os prazos, como dispõe o art. 44, I, da Lei Complementar 80/94.

3) Dos Fatos A Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE) de Campina

Grande/PB, representada por Ezequiel Nascimento, celebrou contrato administrativo com a empresa W – cujo sócio majoritário vem a ser Antonio Precioso, filho da companheira do Superintendente –, tendo por objeto o fornecimento de cartilhas informativas sobre os novos direitos das domésticas, pelo prazo de sessenta meses. O contrato foi celebrado sem a realização de prévio procedimento licitatório e apresentou valor de cinco milhões de reais anuais.

O Autor, inconformado com a contratação, procura a Defensoria Pública

da União para mover a presente ação. 4) Do Direito 4.1) Da Legitimidade das Partes e da Competência do Órgão Julgador Como prevê o art. 1 da Lei 4.717/1965, que regula a Ação Popular,

“qualquer cidadão será parte legítima para pleitear a anulação ou a declaração de nulidade de atos lesivos ao patrimônio da União”.

O Autor, eleitor devidamente alistado, move a presente ação com o intuito

de proteger o patrimônio público da União contra ato lesivo praticado pela Superintendência Regional do Trabalho e Emprego de Campina Grande.

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A Superintendência Regional do Trabalho e Emprego de Campina Grande faz parte da estrutura organizacional do Ministério do Trabalho e Emprego, órgão da Administração Federal Direta.

De acordo com o art. 109, I, da Constituição da República, causas em que a

União for interessada na condição de ré serão de competência dos juízes federais. Assim, justifica-se a competência da Justiça Federal para processar e julgar

o presente caso. 4.2) Dos Fundamentos Jurídicos Aplicáveis ao Caso A ação popular tem previsão constitucional (art. 5, LXXIII) e é meio hábil

para que qualquer cidadão anule ato lesivo ao patrimônio público, à moralidade pública e a outros bens jurídicos indicados no texto constitucional.

No presente caso, os atos impugnados praticados pelos Réus violaram

dispositivos legais e princípios norteadores da atividade administrativa. Conforme se verifica, o contrato foi firmado sem a realização de prévia

licitação, o que viola frontalmente o artigo 37, XXI, da Constituição da República e o artigo 2 da Lei 8.666/93.

O procedimento da licitação tem por finalidade selecionar a proposta mais

vantajosa para a Administração, de forma a resguardar o princípio da indisponibilidade do interesse pública.

Ainda, busca assegurar o princípio da isonomia e impessoalidade,

permitindo que todos os particulares interessados participem da licitação (isonomia) sem que haja favorecimentos (impessoalidade).

Não proceder com a licitação quando ela é devida, constitui grave afronta

ao interesse público e aos princípios da isonomia e impessoalidade. Não bastasse o exposto, a contratação objetiva favorecer Antonio

Precioso, filho da companheira do Superintendente, ferindo os princípios da impessoalidade e moralidade, previstos no artigo 37, caput, da Constituição da República.

Além de ilegal, referida contratação é extremamente lesiva ao patrimônio

e à moralidade pública, o que compromete o direito subjetivo dos cidadãos de possuírem uma Administração honesta.

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Em face da comprovada ilegalidade e lesividade dos atos praticados, indispensável a atuação do Poder Judiciário para que determine a anulação desses atos e a condenação dos responsáveis.

4.3) Do Pedido Liminar O fumus boni iuris resta observado mediante a relevância dos

fundamentos ora apresentados. Quanto ao periculum in mora, este se faz presente em razão da

moralidade administrativa se ver ainda mais abalada e, ainda, na dificuldade de reparação ao patrimônio público (que se agrava com o decorrer do tempo).

Portanto, é imprescindível, no caso em apreço, a prestação da tutela

jurisdicional em tempo hábil a evitar o início ou continuidade da execução contratual e o respectivo dispêndio de recursos públicos.

5) Dos Pedidos Em razão do exposto, requer: a) Sejam concedidos os benefícios da justiça gratuita, nos termos da Lei

1.060/50; b) Sejam observadas as prerrogativas da Defensoria Pública da União, em

especial a obrigatoriedade de intimação pessoal e a contagem em dobro de todos os prazos, nos termos do art. 44, I, da Lei Complementar 80/94;

c) O deferimento do pedido liminar, de modo a suspender o ato lesivo

impugnado, como prevê o art. 5, §4 da Lei 4.717; d) A intimação da Parte Ré para, querendo, responder o presente pleito; e) A intimação de representante do Ministério Público, nos termos do

artigo 6.°, §4.° da Lei 4.717/65, para acompanhar todos os atos e termos da presente ação;

f) Seja, ao final, julgados procedentes os pedidos formulados na petição

inicial, decretando-se a nulidade do contrato administrativo firmado entre os réus, bem como a condenação destes em ressarciar a União os prejuízos que resultaram de seus atos;

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g) A condenação dos Réus nas custas e demais despesas, judiciais e extrajudiciais, diretamente relacionadas com a ação e comprovadas, bem como o dos honorários de advogado, conforme prevê o art. 12 da Lei 4.717/65.

Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em Direito. Dá-se à causa o valor de …. Termos em que pede deferimento. Cidade, data. Defensor Público Federal.