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Resumo CN1 - aula 13 - Ciências e Educação em Ciências CONHECIMENTO CIENTÍFICO E CONHECIMENTO ESCOLAR Disciplina científica É uma maneira de organizar e delimitar um território de trabalho, de concentrar a pesquisa e as experiências dentro de um determinado ângulo de visão. Daí que cada disciplina nos oferece uma imagem particular da realidade, isto é, daquela parte que entra no ângulo de seu objetivo (SANTOMÉ, 1998, p. 55). É um conjunto específico de conhecimentos que tem suas características próprias no plano do ensino, da formação, dos mecanismos, dos métodos e dos materiais (JAPIASSU, 1992, p. 88). A reflexão sobre essas duas conceituações nos leva a afirmar que as disciplinas científicas são constituídas por discursos especializados e delimitam um território mantido por mecanismos institucionais bastante específicos, tais como as disputas por recursos financeiros. As disciplinas científicas têm seu próprio campo intelectual de práticas, de regras, de exames, títulos para o exercício profissional, distribuições de prêmios e de sanções. Temos um exemplo disso nas Academias (de Medicina, de Ciências) e nas diversas Associações Científicas. As Ciências se organizam coletivamente, definem espaços de poder, de alocação de recursos, de reprodução de métodos e princípios de construção do conhecimento. Disciplina escolar Através de conteúdos, métodos e técnicas específicos que se configuram de maneira própria no espaço escolar. As disciplinas escolares apresentam uma construção social e histórica que se diferencia das científicas, o que não significa afirmar não haver nenhuma relação entre elas. A relação se faz por meio das disciplinas acadêmicas universitárias, também chamadas disciplinas de referência. Um fator que explica, parcialmente, o prestígio e a posição hierárquica que ocupa uma disciplina escolar é sua maior aproximação com uma disciplina acadêmica. Um exemplo que você deve conhecer é o da Matemática. Sabemos e convivemos com o fato de a Matemática conferir prestígio, lugar de destaque na hierarquia entre as disciplinas na escola, muito diferente da Educação Física ou da Educação Artística, por exemplo. Há uma hierarquia, isto é uma escala de valoração entre as disciplinas que garantem prestígio aos seus professores e aos alunos bem-sucedidos. É o caso da Matemática, da Física e da Química, que ficam à frente de outras, como a Língua Portuguesa, a Educação Física, a Educação Artística, as línguas estrangeiras etc. O conhecimento escolar é construído por partes que foram aproveitadas, retiradas de diversos setores (cultura, política, economia etc.) do conhecimento humano e ressignificadas, ou seja, ganharam um significado escolar, isto é, receberam algo que diz respeito apenas ao universo da escola. No cotidiano escolar, as Ciências Naturais com freqüência se dirigem à abstração próxima de um ensino mais acadêmico e se distanciam dos interesses dos alunos e da própria sociedade devido à idéia que se faz de Ciência como algo do alcance apenas dos gênios, e não das pessoas comuns. A conseqüência mais imediata é a falta de participação mais efetiva da população, exatamente pela precariedade de uma Educação em Ciências mais adequada que aguçasse o interesse pelo desconhecido e preparasse para o exercício da cidadania e da ética. Cidadania e ética dependem de um conhecimento sobre cada situação, que forneça motivação às lutas por benefícios para a população. Por exemplo, se eu não conheço as conseqüências da falta de saneamento básico, como vou reivindicá-lo? A MEDIAÇÃO DIDÁTICA A mediação didática é o processo responsável pela produção do conhecimento escolar, com conteúdos, métodos e técnicas específicos, bem diferentes do conhecimento científico. No sentido genérico, mediar se refere à ação de relacionar duas coisas, de ser meio de ligação, de permitir a passagem de um lado a outro. Quando estamos falando de mediação pedagógica, é preciso que fique bem claro o significado de uma via

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  • Resumo CN1 - aula 13 - Cincias e Educao em Cincias

    CONHECIMENTO CIENTFICO E CONHECIMENTO ESCOLARDisciplina cientfica

    uma maneira de organizar e delimitar um territrio de trabalho, de concentrar a pesquisa e as experinciasdentro de um determinado ngulo de viso. Da que cada disciplina nos oferece uma imagem particular darealidade, isto , daquela parte que entra no ngulo de seu objetivo (SANTOM, 1998, p. 55).

    um conjunto especfico de conhecimentos que tem suas caractersticas prprias no plano do ensino, daformao, dos mecanismos, dos mtodos e dos materiais (JAPIASSU, 1992, p. 88).

    A reflexo sobre essas duas conceituaes nos leva a afirmar que as disciplinas cientficas so constitudaspor discursos especializados e delimitam um territrio mantido por mecanismos institucionais bastanteespecficos, tais como as disputas por recursos financeiros. As disciplinas cientficas tm seu prprio campointelectual de prticas, de regras, de exames, ttulos para o exerccio profissional, distribuies de prmios ede sanes. Temos um exemplo disso nas Academias (de Medicina, de Cincias) e nas diversas AssociaesCientficas. As Cincias se organizam coletivamente, definem espaos de poder, de alocao de recursos, dereproduo de mtodos e princpios de construo do conhecimento.

    Disciplina escolar

    Atravs de contedos, mtodos e tcnicas especficos que se configuram de maneira prpria no espaoescolar. As disciplinas escolares apresentam uma construo social e histrica que se diferencia dascientficas, o que no significa afirmar no haver nenhuma relao entre elas. A relao se faz por meio dasdisciplinas acadmicas universitrias, tambm chamadas disciplinas de referncia. Um fator que explica,parcialmente, o prestgio e a posio hierrquica que ocupa uma disciplina escolar sua maior aproximaocom uma disciplina acadmica. Um exemplo que voc deve conhecer o da Matemtica. Sabemos econvivemos com o fato de a Matemtica conferir prestgio, lugar de destaque na hierarquia entre asdisciplinas na escola, muito diferente da Educao Fsica ou da Educao Artstica, por exemplo.H uma hierarquia, isto uma escala de valorao entre as disciplinas que garantem prestgio aos seusprofessores e aos alunos bem-sucedidos. o caso da Matemtica, da Fsica e da Qumica, que ficam frentede outras, como a Lngua Portuguesa, a Educao Fsica, a Educao Artstica, as lnguas estrangeiras etc.

    O conhecimento escolar construdo por partes que foram aproveitadas, retiradas de diversos setores(cultura, poltica, economia etc.) do conhecimento humano e ressignificadas, ou seja, ganharam umsignificado escolar, isto , receberam algo que diz respeito apenas ao universo da escola.

    No cotidiano escolar, as Cincias Naturais com freqncia se dirigem abstrao prxima de um ensinomais acadmico e se distanciam dos interesses dos alunos e da prpria sociedade devido idia que se fazde Cincia como algo do alcance apenas dos gnios, e no das pessoas comuns. A conseqncia maisimediata a falta de participao mais efetiva da populao, exatamente pela precariedade de uma Educaoem Cincias mais adequada que aguasse o interesse pelo desconhecido e preparasse para o exerccio dacidadania e da tica. Cidadania e tica dependem de um conhecimento sobre cada situao, que forneamotivao s lutas por benefcios para a populao.Por exemplo, se eu no conheo as conseqncias da falta de saneamento bsico, como vou reivindic-lo?

    A MEDIAO DIDTICAA mediao didtica o processo responsvel pela produo do conhecimento escolar, com contedos,mtodos e tcnicas especficos, bem diferentes do conhecimento cientfico. No sentido genrico, mediar serefere ao de relacionar duas coisas, de ser meio de ligao, de permitir a passagem de um lado a outro.Quando estamos falando de mediao pedaggica, preciso que fique bem claro o significado de uma via

  • de mo dupla. A escola utiliza as disciplinas escolares como mediadoras do conhecimento para os alunos,estabelecendo a relao entre o conhecimento cientfico e o aluno.

    A escola uma instituio que difunde o conhecimento cientfico por meio do conhecimento escolar. tambm uma instituio de veiculao do saber cotidiano, da herana cultural que a sociedade selecionapara as geraes mais novas. Entretanto, esse saber selecionado pela sociedade um saber de classe, capazde privar as classes exploradas do seu prprio saber.

    O primeiro pensamento se volta para a distncia existente entre o que a escola ensina e o conhecimentocientfico: a escola encontra-se sempre alguns anos atrasada em relao produo cientfica. Esta, noentanto, no a questo mais complicada e de conseqncias mais srias.O que mais preocupa a forma como a escola apresenta os conceitos isolados da histria; em outraspalavras, conceitos desvinculados de seus produtores, que se prendem aos resultados, mas sem dizer em quecircunstncias foram obtidos, ou seja, que o problema a que os cientistas tentaram responder originou oconceito, o modelo, o mtodo, o instrumento etc. S a partir na dcada de 1990, os livros didticos sepreocuparam com as referncias bibliogrficas e histricas, assim como em apresentar seus prprios autores. importante afirmar que o esforo dos professores na construo de mediaes didticas termina porconstituir uma nova forma de abordagem dos conceitos cientficos.

    As disciplinas escolares so mediaes didticas entre conhecimento cientfico e saber do cotidiano. Asdisciplinas escolares podem se aproximar mais da disciplina de referncia (Qumica, Fsica, Biologia, dentreoutras), ser produto de integrao (Cincias, Estudos Sociais) ou se constituir de forma temtica (EducaoSexual, Educao Ambiental). A Educao em Cincias se justifica pela possibilidade de formar cidadoscrticos numa sociedade em que o conhecimento cientfico e tecnolgico cada vez mais valorizado.

    Como pode ser explicada a constituio das disciplinas escolares?

    As disciplinas escolares se constituem tomando por base as disciplinas de referncia (disciplinas acadmicasuniversitrias); podem ser resultado da integrao de duas ou mais disciplinas de referncia, ou representamuma temtica criada para responder a uma demanda social.

    A disciplina escolar uma produo histrica e social. uma nova seleo para responder a um conjunto dedemandas sociais, que se expressam na escola. So mecanismos de controle variados. Por isso, Forquin(1993) diz que um corpo de contedos e mtodos que compe uma cultura escolar suigeneris, porque tipicamente escolar. No existe em outro lugar, no tem correspondentes. Entretanto, elas guardam algumaproximidade com o conhecimento cientfico atravs das disciplinas acadmicas universitrias e por issopassam a se chamar disciplinas de referncia. No currculo escolar, existem disciplinas que so maisprximas de referncia, por exemplo, a Matemtica, a Qumica e a Fsica. H outras que so o resultado dajuno de outras disciplinas de referncia, como o caso das Cincias Naturais, no ensino Fundamental. Porltimo, ainda existe a possibilidade de surgirem disciplinas que guardam menor relao com as disciplinasde referncia porque so grandes temas de discusso, colocados na escola para atender a uma determinadanecessidade. o caso da Educao Ambiental.

    Para que serve o conhecimento escolar de Cincias Naturais?

    O ensino de Cincias deve proporcionar a todos os estudantes o desenvolvimento de capacidades quedespertem o interesse e a inquietao em relao ao desconhecido. Dessa forma, podero desenvolverposturas crticas e realizar julgamentos diante das produes da Cincia e da tecnologia.

    Antigamente, o objetivo de ensinar cincias era preparar futuros cientistas. Ensinava-se Cincias para todos,esperando que alguns fossem os futuros cientistas. Nos dias de hoje, com o avano da Cincia e datecnologia cada vez maiores, o domnio dos fundamentos cientficos indispensvel como instrumento para

  • que cada cidado possa realizar tarefas rotineiras como ler um jornal de forma crtica. As informaescientficas so cada vez mais importantes para a tomada de todas as decises coletivas de uma sociedade;por exemplo, o que fazer com os embries que no foram utilizados nos procedimentos de reproduoassistida, quando casais por diversos motivos no podem ter filhos. Jogar fora ou servir pesquisa?

  • Resumo CN1 - aula 14 - A crise na Educao em Cincias

    OS ATORES E O CENRIO DA CRISEForez (2004), ao iniciar seu trabalho sobre a crise no ensino de Cincias no mbito internacional, lembra-nos uma pea de teatro na qual os interesses dos atores envolvidos so, na maioria das vezes, conflitantes, ealimentam controvrsias quanto aos objetivos e aos meios de educao para as Cincias. Do conjunto deatores que integram a crise, o autor destaca: os alunos e seus pais, os professores de Cincias, os governos eos dirigentes da economia, e todo o conjunto da sociedade civil organizada.

    Os alunos no so desinteressados por disciplinas como Fsica, Qumica, Biologia ou pelo conjunto dasCincias; ao contrrio, consideram tudo isso uma realizao humana importante. Entretanto, o entusiasmodos jovens no vai alm da admirao pela Cincia e pelos cientistas. Quando Forez fala dos professores deCincias, podemos acrescentar no quadro da crise os professores da Educao Infantil e dos anos iniciais doEnsino Fundamental que tambm do aulas de Cincias. Afinal, eles so importantssimos porqueapresentam as Cincias Naturais para crianas muito pequenas. Os professores de Cincias que estoenvolvidos na crise da educao como um todo perderam h muito tempo o poder e a consideraoprofissional. Ao lado disso, enfrentam tambm questes especficas dos professores dessa rea. As prticasdo ensino de Licenciatura em Cincias estiveram nos ltimos anos muito mais centradas na meta deproduzir tcnicos de Cincias do que em formar educadores.No campo das Cincias, para a maioria dos cidados, o que merece destaque e valor o desenvolvimentotecnolgico. As pessoas acompanham as novas conquistas, sabem das tcnicas mdicas, da conquista doespao e da informtica, ainda que essas informaes sejam superficiais e fragmentadas. Ou seja, apopulao em geral se relaciona com a tecnologia, e no com o conhecimento cientfico.Professores e alunos so os protagonistas da crise do ensino de Cincias. Entretanto, os demais atorestambm tm importncia que no pode ser esquecida. So os dirigentes polticos que orientam as propostaseducacionais em nome do Estado; e tambm os pais e a sociedade em geral, para quem a educao deveriaser realizada.

    Apresente uma sntese sobre o quadro da crise do ensino de Cincias.

    A crise tem vrios atores, dentre eles os professores (da Educao Infantil e do EnsinoFundamental), os alunos, os dirigentes econmicos, polticos e empresariais, os pais, enfim todos oscidados. Os alunos consideram as Cincias uma realizao humana importante; admiram os resultados doavano cientfico e tecnolgico, mas nem sempre esto muito interessados em acompanhar o avanocientfico. Os professores j enfrentam a crise da desvalorizao do trabalho e sua formao est emdefasagem com as exigncias da situao escolar. Os dirigentes, em geral, se preocupam com a produo deriquezas em quantidades suficientes para satisfazer as nossas necessidades crescentes. Os pais estopreocupados com o futuro emprego de seus fi lhos, concordam fortemente com o ponto de vista do mundoeconmico. Para grande parte dos cidados, o interesse centrado no desenvolvimento tecnolgico. Todosquerem saber quais so as ltimas novidades cientficas e tecnolgicas, o que h de mais recente naMedicina e na Informtica.Embora os problemas do ensino de Cincias sejam crticos, h algumas sadas possveis, que constituemdesafios sociedade. superar o senso comum pedaggico; atingir a alfabetizao cientfica e tecnolgica; entender Cincia e tecnologia como cultura; assimilar conhecimentos contemporneos; produzir livro didtico de qualidade; estabelecer a relao entre pesquisa em ensino de Cincia e a prtica de ensino de Cincias; construir prticas interdisciplinares.

  • A SUPERAO DO SENSO COMUM PEDAGGICOOs pesquisadores em ensino de Cincias tm criticado o que chamam de senso comum pedaggico, que a manuteno das prticas rotineiras e vazias de significados, desenvolvidas, na maioria das vezes, naescola. No primeiro descuido, repetimos velhas prticas com base na crena de que a apropriao doconhecimento se faz pela transmisso mecnica de informaes (DELIZOICOV; ANGOTTI; Pernambuco,2002). Paulo Freire denominava essa rotina como EDUCAO BANCRIA, em aluso aos depsitos devalores em contas correntes no banco (FREIRE, 1985). Veja como se pode identificar o senso comumbancrio exercido nas aulas de Cincias

    A ALFABETIZAO CIENTFICA E TECNOLGICAPara a formao do cidado, proveitoso o estudo do ambiente, da poluio, da Tecnologia, da Medicina, daconquista espacial, da histria do universo e dos seres vivos etc. As orientaes presentes nessas propostasso totalmente diferentes da prtica fechada em Fsica, Qumica e Biologia, pois pretendem formar ocidado para utilizar e criticar a Cincia. A orientao a favor da cidadania tem objetivos humanistas; visa aque todos participem da cultura contempornea, que tenham capacidade de se situar no universo tcnico-cientfico, possibilitando a cada um se familiarizar com as idias mais recentes das Cincias.

    A proposta da alfabetizao cientfica e tecnolgica tem tambm objetivos relacionados insero social,contribuindo para diminuir desigualdades, na medida em que pretende socializar os conhecimentos tcnicose cientficos, possibilitando, assim, a participao mais democrtica na produo e nos resultados dosavanos cientficos e tecnolgicos.

    CINCIA E TECNOLOGIA COMO CULTURAQuando defendemos a alfabetizao cientfica e tecnolgica no ambiente escolar, o que pretendemos proporcionar conhecimento cientfico e tecnolgico a toda a populao escolarizada. No entanto, com omesmo objetivo existem trabalhos de divulgao cientfica em espaos educativos no-formais comomuseus e espaos culturais, abertos populao. Quer seja na escola ou fora dela, a responsabilidade doprofessor, nesse ponto, propiciar condies para que o aluno se aproprie dos conhecimentos de forma queos incorpore, permitindo que esse saber se constitua uma cultura. Essa caracterstica uma novidade para agrande maioria das pessoas, que associa cultura msica, ao cinema ou ao Carnaval. Se afirmarmos quecincia e tecnologia so resultado da atividade humana que uma atividade histrica e socialmentedeterminada, ficam a embutidas prticas culturais, em seu sentido amplo de expresso das capacidadeshumanas.

    ASSIMILAO DE CONHECIMENTOS CONTEMPORNEOSDesde a dcada de 1980 tem sido produzido um conjunto de materiais didticos bastante interessantes para atarefa do ensino de Cincias. Trata-se de livros didticos e, principalmente, paradidticos, vdeos, materiaisdigitais em web e CDROM.De modo geral, o que diferencia esses materiais dos tradicionais a forma como eles apresentam oscontedos, procurando articular os avanos tecnocientficos com as necessidades da sociedade, ao mesmotempo que questionam a produo da cincia e da tecnologia ao problematizar, por exemplo, seus impactossociais e ambientais.

    LIVRO DIDTICODesde a dcada de 1970, pesquisas apontam as deficincias do livro didtico, o que levou o Ministrio daEducao, a partir de 1994, avaliao dos livros didticos destinados a ser distribudos nas escolaspblicas. A tendncia de que haja melhoria da qualidade dessas publicaes. Entretanto, o professorprecisa romper com essa camisa-de-fora, buscando outros suportes de leitura. O universo se amplia sebuscarmos os paradidticos, como literatura infanto-juvenil, revistas em geral e de divulgao cientfica;suplementos de jornais (impressos ou digitais), programas de TV (aberta e fechada), web, vdeo etc.

  • Uma enorme fonte de recursos didticos est presente nos espaos no-formais de divulgao cientfica ecultural, como museus, laboratrios abertos visitao, planetrios, exposies e diversos espaoseducativos no-formais (Museu da Vida Fiocruz e Casa da Cincia UFRJ por exemplo). So espaosque devem integrar o processo ensino aprendizagem de forma planejada, sistemtica e articulada.Entretanto, o mais importante a qualidade do trabalho do professor com o material disponvel. Um livroque chega escola, ainda que no seja o ideal, pode transformar-se em um grande recurso didtico.

    A RELAO ENTRE A PESQUISA EM ENSINO DE CINCIA E A PRTICA DE ENSINO DECINCIAS

    Desde meados do sculo XX, tanto no mbito internacional quanto no nacional, o ensino de Cincias temsido objeto de investigao, resultando na criao de uma rea de pesquisa, com a realizao de encontrosentre investigadores para promover divulgao e intercmbio.

    Como acontece com outras reas da Educao (Sociologia, Currculo e Didtica, por exemplo), adisseminao dos resultados entre os cientistas j se faz de forma satisfatria, mas a socializao ampladessas pesquisas, visando alcanar o professor de sala de aula, ainda insuficiente. por isso que o curso deformao do magistrio um espao privilegiado em que se realiza a divulgao das pesquisas, alm deconstruir competncias que proporcionem ao professor o domnio dos instrumentos e meios para manter-seatualizado sobre as investigaes no ensino de Cincias. Normalmente, destina-se essa tarefa formaocontinuada; porm, acreditamos que o desafio atuar em todas as dimenses da formao: a inicial,caracterizada pelo curso de graduao; a continuada, que se realiza ao longo da vida profissional e a poltica,construda atravs de sua participao nas diversas prticas polticas, sejam elas sindicais, associativas,partidrias ou nos movimentos sociais organizados.

    O desafio produzir estratgias que permeiem as diversas dimenses, incluindo principalmente a inicial oucontinuada, presencial ou a distncia.Educar para a cidadania exige muito mais do que simples discursos; tambm exige recursos e,conseqentemente, prioridade de investimentos para obteno da qualidade.

    Da crise da Educao em Cincias participam os professores de Cincias, os alunos, os dirigentes daeconomia, polticos e empresrios, os pais e os cidados. Os desafios esto na superao do senso comumpedaggico, na alfabetizao cientfica e tecnolgica, na admisso da cincia como cultura, no uso crtico dolivro didtico, no conhecimento das pesquisas em ensino de Cincias e na interdisciplinaridade.

    AULA 15 - PANORAMA DO ENSINO DE CINCIAS

    O ENSINO DE CINCIAS NO BRASIL

    A educao em Cincias est sempre vinculada ao desenvolvimento cientfico e tecnolgico de uma sociedade.Pases com longa tradio cientfica como Inglaterra, Frana, Alemanha e Itlia definiram h muitos anos que ecomo ensinar Cincias, do nvel elementar at o superior. Desde o sculo XVIII, esses pases estabeleceram polticas nacionais para a educao em geral e tambm para o ensino de Cincias. No Brasil, no possumos amesma tradio cientfica, ento s podemos falar de um ensino de Cincias a partir do sculo XX. As mudanas aolongo dessa trajetria so explicadas por circunstncias histricas, como voc ver adiante. O ensino de Cincias schega s escolas primrias (hoje, escolas do 1 segmento do Ensino Fundamental) por exigncias do processo deindustrializao; ou seja, o aumento da utilizao de tecnologias nos meios de produo impe uma formao bsicaem Cincias.

    No perodo compreendido entre os anos 50 e 60 do sculo XX, teve incio uma poltica de estmulo ao ensino deCincias. Observou-se, por exemplo, a presena dos grandes projetos estrangeiros para o ensino de Fsica eBiologia.

    O objetivo, na verdade, era ensinar o processo bsico das Cincias, o controle das variveis, a observao, oprocedimento das experimentaes, a construo de hipteses e a elaborao de concluses. Enfi m, partia-se doprincpio de que se o aluno dominasse o processo de fazer Cincias, desenvolveria capacidades e atitudescientficas.

  • O QUADRO DAS PRTICAS DO ENSINO DE CINCIAS

    O quadro histrico que apresentamos deve ser relativizado. O que significa isto? que as mudanas no ocorrem deum dia para outro; elas so lentas, e as pessoas precisam de algum tempo para assimilar as novas propostas.Em cada situao histrica, prticas mais conservadoras podem estar presentes ao lado de atividades maisalternativas, um ensino tradicional convive com formas mais progressistas. No deve haver rtulos. Portanto, nossoexerccio de construo do quadro de prticas deve ser considerado nesse contexto. uma forma didtica de situarna histria o trabalho dos professores no ensino de Cincias no espao escolar. Por fim, preciso deixar claro queno h limites definidos para que uma prtica deixe de existir, dando lugar a outra; elas convivem, confrontam-se,disputam espaos, esto presentes e se misturam no cotidiano pedaggico.

    Vlido construir um ensino de Cincias que se articule a esse mundo e prepare o aluno para analis-lo.

    CSIO-137

    um elemento qumico radioativo. A desintegrao do seu ncleo origina partculas de alta energia, que provocamreaes qumicas nas clulas, destruindo seu material gentico.

    No Brasil h necessidade de formar um cidado autnomo capacitado para tomar decises e participar ativamentede uma sociedade democrtica. Porm, o pas tambm precisa preparar profissionais que tenham base slida deconhecimentos cientficos junto criatividade a fi m de encontrar solues para os problemas nacionais. Apreocupao com essa responsabilidade do ensino de Cincias est presente nos documentos oficiais do Ministrioda Educao e das Secretarias de Educao, mas ainda se mantm longe dos cursos de formao de professores eda sala de aula.

    RESUMO

    O que voc precisa saber? No Brasil, o ensino de Cincias foi introduzido no currculo do ensino bsico comocondio da formao geral do cidado e para atender s necessidades do desenvolvimento tecnolgico do pas. Asociedade urbana industrial foi exigindo um maior grau de conhecimento cientfico e tecnolgico, principalmente paraa insero desse profissional no mercado de trabalho.

    Na formao do aluno, importante reconhecer o conhecimento cientfico e tecnolgico como um instrumento paraampliar a sua compreenso e atuao no mundo em que vive.

    AULA 16 - O ENFOQUE CINCIA, TECNOLOGIA E SOCIEDADE NO ENSINO DE CINCIAS

    AS RELAES CINCIA, TECNOLOGIA E SOCIEDADE

    Um dos principais objetivos do ensino de Cincias a compreenso do papel das interaes Cincia, Tecnologia eSociedade, incluindo-se a as questes econmicas, polticas, ticas, histricas, filosficas e sociolgicas da Cinciae da Tecnologia. O entendimento dessas interaes deve ser um dos componentes essenciais da alfabetizaocientfica e tecnolgica para todos.

    Evidentemente, no se discute a importncia da Cincia e da Tecnologia para a sociedade. Elas so determinantesdo desenvolvimento econmico dos pases e da qualidade de vida dos indivduos, como tambm so responsveispelas transformaes do meio ambiente e pelas mudanas no cotidiano de nossas vidas. Constituem ponto de pautaobrigatrio nos planos governamentais e no-governamentais.

    A Cincia no uma atividade isolada, autnoma e imune a fatores econmicos, polticos, histricos, sociais,culturais e ideolgicos da sociedade. Ela resultado dos conflitos de interesses, ao mesmo tempo que produtorade novos embates entre esses diversos fatores.

    A Cincia e a Tecnologia dependem diretamente do jogo de interesses que caracterizam a vida em sociedade.Como toda e qualquer prtica social, as decises, as controvrsias, os interesses e os valores dos diferentes gruposde poder afetam a atividade tecnocientfica.

    As discusses sobre Cincia, Tecnologia, Sociedade, democratizao dos resultados de pesquisas e construo deuma sociedade mais tica e cidad congregam um conjunto de temas que so objetos dos estudos compreendidosno campo denominado Cincia, Tecnologia e Sociedade (CTS) ou estudos sociais da Cincia e Tecnologia. Trata-sede uma grande rea de investigao interdisciplinar, que procura compreender o fenmeno centfi co-tecnolgico nasua relao com o contexto social.

    De modo geral, as pesquisas baseadas na relao CTS tm elegido como foco, por exemplo, a relao Cincia evalores; Cincia, Tecnologia e questes ecolgicas; avaliao de tecnologias; participao na Cincia; questes

  • ligadas tica na Cincia e ao gnero (a existncia de mulheres cientistas), entre outras. As prticas educacionaisem CTS devem acompanhar a mesma direo dos trabalhos, j que em todas as temticas estabelecidas secolocam aes educativas correlatas.

    As relaes entre Cincia, Tecnologia e Sociedade tm um carter mais complexo e mais dinmico quandoconsideramos que so prticas sociais subordinadas aos conflitos e confrontos de interesses econmicos e polticos.

    Sociedade, as recomendaes de uma alfabetizao tecnocientfica para todos incluem propostas do movimentoCTS, que aqui resumimos do trabalho de Acevedo Daz; Vzquez Alonso e Manassero (2004):

    a incluso da dimenso social na Educao Cientfica; a presena da tecnologia como elemento que facilita a conexo com o mundo real e uma melhor compreenso danatureza da Cincia e da tecnocincia contemporneas; a relevncia para a vida pessoal e social das pessoas com objetivo de resolver problemas e tomar decisesresponsveis na sociedade civil; os enfoques democratizadores da Cincia e da Tecnologia; a familiarizao com os procedimentos de acesso informao, sua utilizao e comunicao; o papel humanstico e cultural da Cincia e da Tecnologia; seu uso para propsitos especficos sociais e a ao cvica; a considerao da tica e dos valores da Cincia e da Tecnologia; o papel do pensamento crtico etc.

    O ENFOQUE CTS E A EDUCAO EM CINCIAS PARA APARTICIPAO

    O enfoque CTS , na verdade, um desdobramento das discusses que se construram em torno da idia daalfabetizao cientfica e tecnolgica. A respeito da abordagem CTS, Shamos destaca que:

    Uma premissa bsica do movimento CTS que, ao fazer mais pertinente a Cincia para a vida cotidiana dosestudantes, eles podem se motivar, interessarem-se mais pelo tema ou trabalhar com mais afinco para domin-lo.Outro argumento a seu favor que, ao dar relevncia social ao ensino das Cincias, contribui-se para formar bonscidados; isto , ao conscientizar os estudantes dos problemas sociais na Cincia, eles se interessam mais pelaprpria Cincia (SHAMOS, 1993 apud ACEVEDO DAZ; VZQUEZ ALONSO; MANASSERO, 2004, p. 10).

    DIFICULDADES E DESAFIOS DA PRTICA

    A idia de educao tecnocientfica no deve ficar reduzida a discursos tericos. No se trata de pensar um novocampo de investigao terica para a didtica das Cincias. Trata-se, sim, de reelaborar os espaos e os temposcurriculares para que sejam possveis formas participativas, flexveis, abertas e multidirecionais dentro das prpriasprticas reais de ensino de Cincias. Modelos rgidos, verticais e unidirecionais, do professor para o aluno, no soadequados para a concretizao de uma proposta de participao e vida democrtica. Para atingir o objetivo doenfoque CST, a sala de aula precisa ser um verdadeiro laboratrio, no no sentido que foi defendido pela concepotradicional do ensino, mas um espao pedaggico simulador de participao democrtica.

    Para atender a esse intuito, os projetos curriculares foram adaptados para envolver pessoalmente os alunos a partirde problemas da realidade, questionando os interesses sociais da Cincia e da Tecnologia, seus benefcios e riscos.As estratgias de ensino j estudadas por alguns autores podem ser resumidas no quadro de Acevedo Daz (2004),revisto e adaptado.

    RESUMO

    O que voc precisa saber

    O campo dos estudos sociais da Cincia e da Tecnologia uma grande rea de investigao interdisciplinar queconjuga aspectos sociais, econmicos, polticos, histricos, culturais, e ideolgicos da sociedade, entendendo que aCincia no uma prtica autnoma. A CTS possui uma dimenso bastante ampla, atingindo os campos dapesquisa, das polticas pblicas e da educao. A construo das bases para a participao social em Cinciaprecisa de investimentos em estratgias educacionais que assegurem a Educao em Cincias. A partir daspesquisas em CTS, desenvolvem-se propostas metodolgicas para concretizao desses objetivos.

    AULA 17 - ENSINO DE CINCIAS NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL

    O ENFOQUE CTS E A PESQUISA SOBRE O ENSINO DE CINCIAS

  • A alfabetizao cientfica e tecnolgica importante, seguramente por dois motivos. Primeiro, pela satisfao pessoalde deter um conhecimento; segundo, pelo fato de possibilitar a cada indivduo a capacidade de apresentar suascrticas s realizaes sociais e melhor desempenhar suas atividades profissionais. Qual a importncia daalfabetizao cientfica e tecnolgica? Voc pode valoriz-la, porque atravs dela possvel implementar umaeducao que constitua indivduos capazes de:

    entender a realidade em que vivem; situar-se no mundo de forma ativa; ler um texto de divulgao cientfica de forma crtica; avaliar as questes de ordem social e poltica, implcitas nas inovaes e avanos da sociedade.

    Como voc j viu na Aula 1, o homem um ser que integra o universo natural. Ao longo de sua histria, interagiucom ele para satisfazer a suas necessidades e curiosidades, para alimentar-se, vestir-se, abrigar-se, buscarexplicaes sobre os diversos fenmenos ao seu redor e dar respostas s suas inquietaes sobre a vida. Essanecessidade impulsiona o homem ao desenvolvimento da capacidade de reflexo, organizao e elaborao doconhecimento. Dessa forma, o conhecimento surge das relaes produzidas no ambiente natural, social, cultural ehistrico. E, nesse contexto, o que hoje se preconiza que o ensino de Cincias deve permitir ao aluno acompreenso dos resultados da produo cientfica; isso sem perder de vista que o conhecimento cientfico no uma verdade nica e inquestionvel, mas um saber que pode permitir ao aluno ampliar as concepes prvias queele prprio traz para a escola.

    CONCEPES ALTERNATIVAS, PRVIAS OU ESPONTNEAS

    Quando falamos de concepes alternativas, prvias ou espontneas, estamos nos referindo a uma linha depesquisa cuja produo indica que os alunos e os professores vm para a escola com concepes prvias, quepodem ser diferentes substancialmente dos conceitos a serem ensinados nas aulas de Cincias. O importante destacar que essas idias e conceitos no apenas influenciam a aprendizagem futura, como tambm, em algumassituaes, podem oferecer resistncia a mudanas.

    MUDANA CONCEITUAL

    Nesse campo de investigao, o foco central est na questo de como decifrar o processo pelo qual o aluno troca dasua concepo alternativa pelo conceito cientfico que, na maioria das vezes, totalmente incompatvel com aquelaconcepo prvia que ele possua.

    Diniz (1998, p. 30-31) sintetiza as quatro condies do modelo para a mudana conceitual de Posner, afirmando queas novas concepes devem:

    1. Questionar com os conceitos existentes: o aluno precisa viver situaes em que mudanas pequenas noresolvam o seu problema, passando a necessitar de mudanas radicais.2. Manifestar-se inteligvel: o aluno deve ser capaz de construir uma representao coerente e com o significado danova concepo.3. Mostra-se plausvel: o novo conceito deve ser capaz de resolver problemas.4. Apresentar carter frutfero: o conceito deve ser aplicvel em outras situaes.

    CONCEPES ALTERNATIVAS, MUDANA CONCEITUAL E PRTICA PEDAGGICA

    As contribuies fundamentais das concepes alternativas e da mudana conceitual, sem dvida alguma, no estoem um receiturio como prescries previamente estabelecidas. Entretanto, elas abrem um leque de possibilidadespara o trabalho docente ao priorizarem uma compreenso dos conceitos, das idias de alunos e professores e suaarticulao com os procedimentos didticos mais adequados para envolver os alunos no processo de aprendizagemque favorea a mudana.

    Para trabalhar com as concepes alternativas dos alunos e pensar nas mudanas conceituais, antes de qualquercoisa necessrio desenvolver a atitude de pesquisa da prpria prtica no cotidiano escolar. Isso significa que vocdeve investigar essas concepes alternativas, pois elas no se encontram em manuais didticos prontas paraserem aplicadas.

    RESUMO

    O que voc precisa saber?

    Partindo dos pressupostos apresentados pelo CTS, podemos orientar prticas para a Educao em Cincias nosanos iniciais do Ensino Fundamental. Com esse objetivo, duas abordagens de investigao auxiliam o professor: asconcepes alternativas e a mudana conceitual. As concepes alternativas indicam que alunos principalmente,mas professores tambm, vm para a escola com idias e conceitos prvios, que podem ser diferentes daqueles

  • ensinados nas aulas de Cincias. A mudana conceitual tem como objetivo principal decifrar o processo pelo qual oaluno passa da concepo alternativa para o conceito cientfico.

  • AULA 18 - ENSINO DE CINCIAS NA EDUCAO INFANTIL

    A RELAO ENSINO DE CINCIAS E EDUCAO INFANTIL

    Voc j viu nas aulas anteriores que nossa sociedade convive diariamente com os artefatos produzidos pelo avanocientfico e tecnolgico. Diante desse fato, consideramos que todos os indivduos necessitam compreender, discutir erefletir sobre as diversas inovaes para se posicionar principalmente no que se refere s conseqncias para a vidadas pessoas e do planeta.

    Os trabalhos denunciam o mesmo fato em contraposio s investigaes no ensino de Cincias, que recomendamque as crianas desde cedo tenham contato com a alfabetizao cientfica e tecnolgica. As orientaes para seconsolidar esse tipo de ensino na Educao Infantil repousam no fato de que as crianas dessa faixa etria sonaturalmente curiosas, investigativas e observadoras. Entretanto, no isso o que se efetiva na prtica escolar. Astemticas do ensino de Cincias, freqentemente, mantm um carter disciplinar, fragmentado, vazio de significados,repetindo o que j se observa ao longo de todo o Ensino Fundamental.

    AS CRIANAS, SEUS PORQUS E COMO

    Na literatura pertinente ao ensino de Cincias, constitui uma referncia unnime que o ponto de partida deve ser umtipo de Educao em Cincias fundamentado no carter questionador, na argumentao, na observao e no espritoinvestigativo. Tais pressupostos so vlidos para o Ensino Fundamental e se justificam ainda mais na EducaoInfantil, pela fase de desenvolvimento da faixa etria dessas crianas. A metodologia mais adequada deve cultivar eestimular ainda mais a curiosidade da criana, to conhecida e bem caracterizada pelos constantes porqus ecomo que elas empregam na tentativa de compreender o mundo e as coisas que esto comeando a descobrir.

    Voc pode convidar a algumas crianas a observar os fenmenos naturais, como a chuva, os rios, as mars, osvulces, os terremotos ou a neve (mesmo sem terem visto); como elas conhecem as tecnologias modernas oscomputadores, a televiso e o vdeo, os satlites, o raio laser, as radiografias etc. com certeza voc obterrespostas muito interessantes.

    APRENDIZAGEM E CONCEPES ALTERNATIVAS

    O Ministrio da Educao divulgou em 1998 um documento sob o ttuloReferencial Curricular Nacional para aEducao Infantil, referente s creches, entidades equivalentes e escolas. Ele faz parte do conjunto de orientaesque compem os Parmetros Curriculares Nacionais (PCN). Todos esses documentos integram a iniciativa doMinistrio de apresentar diretrizes que sirvam de orientao para a formulao dos currculos escolares.

    No que se refere ao conhecimento do mundo, o Referencial para a Educao Infantil prope eixos de trabalhoorientados para a construo das diferentes linguagens pelas crianas e para as relaes que estabelecem com osobjetos de conhecimento. Esses eixos so:

    Movimento, Msica, Artes visuais, Linguagem oral e escrita, Natureza e Sociedade e Matemtica. Ainda que sejaapenas um guia de orientao para subsidiar as discusses entre professores na elaborao de projetos educativosdiversos, os Referenciais trazem sugestes importantes que voc pode utilizar na prtica docente.

    A valorizao da curiosidade da criana associada ao trabalho pedaggico adequado desde a Educao Infantilcontribuir tanto para a construo dos conhecimentos cientficos e tecnolgicos quanto para a formao da crianacomo cidad capaz de atuar nas decises futuras na sociedade.

    RESUMO

    O que voc precisa saber?

    Desde os anos de 1980, vem consolidando-se o enfoque CTS nas propostas de Educao em Cincias visando acapacitar os alunos para a cidadania. A realizao dessa proposta requer metodologias mais adequadas aosdiversos nveis de ensino, principalmente a Educao Infantil. O Referencial Curricular Nacional para a EducaoInfantil prope um nico eixo congregando Natureza e Sociedade, relacionando o mundo natural ao social, nainteno de que as atividades ocorram de forma integrada. O trabalho pedaggico integrando o natural ao socialpressupe partir das concepes prvias da criana.

    AULA 19 - ATUALIDADES NO ENSINODE CINCIAS

    A CINCIA EST NA MODA?

    A divulgao cientfica nos meios de comunicao Voc se lembra da ovelha Dolly? E do mal da vaca louca?Lembra-se do efeito estufa que voc estudou na Aula 10? provvel que tenha acompanhado com muitacuriosidade uma dessas notcias. Todas guardam em comum o fato de terem sido amplamente divulgadas pelos

  • meios de comunicao rdio, jornais, revistas, TV, internet. Hoje, as pesquisas cientficas so apresentadas deforma corriqueira; quase todos os jornais tm uma seo especfica dedicada a esse tema, e algumas revistastambm.

    Meios de comunicao dedicados divulgao cientfica Existem meios de comunicao dedicados especialmente divulgao cientfica. So jornais, boletins, revistas, programas de TV e sites que se ocupam em informar ao pblicoleigo as novidades da Cincia. Esses meios tm, em geral, uma preocupao maior com a informao que estoveiculando, utilizando-se de uma linguagem especfica, que se caracteriza por garantir facilidade na compreensoaliada ao compromisso com os conceitos cientficos. As publicaes cientficas, por apresentarem as pesquisas deforma didtica e acessvel ao pblico, so a melhor forma de divulgao dos resultados das pesquisastecnocientficas para a populao leiga. Os exemplos mais conhecidos so as revistas Cincia Hoje, Cincia Hojedas Crianas, Super Interessante e Galileu. Quanto aos programas de televiso, podemos citar: Globo Ecologia,National Geografphic, Canal Sade etc. Para aqueles que navegam na web, h uma grande quantidadede sites especializados em divulgao cientfica.

    Alguns sites importantes: Cincia Hoje on line, Museu da Vida, Scientific American Brasil, ComCincia, CanalCincia

    Por que as descobertas cientficas esto nos meios de comunicao?O apoio pesquisa cientfica vem definanciamentos privados e pblicos. O patrocnio privado oriundo de laboratrios, fundaes e empresas; a verbapblica viabilizada por rgos governamentais. A divulgao de uma pesquisa boa tanto para o pesquisador quea realizou, pois dessa forma ele ter mais chances de conseguir um novo patrocnio quanto para os rgosfinanciadores.

    A leitura de Costa (2004) explica um pouco mais sobre a relao entre a pesquisa brasileira e a divulgao cientfica.Como no Brasil a maior parte das pesquisas financiada pelos rgos pblicos (por exemplo, no mbito nacional,CNPQ, CAPES, FINEP; no estadual, FAPERJ, FAPESP, FAPEMIG), divulgar o resultado de um trabalho cientfico um modo de prestar contas sociedade da aplicao dos recursos. Isso cria uma certa cumplicidade de que tudo oque investido acaba retornando em benefcio da populao.

    AS NOVAS DESCOBERTAS CIENTFICAS NA VIDA COTIDIANA

    Com certeza voc deve se espantar a cada dia com uma nova divulgao cientfica veiculada nas manchetes dejornais ou nas chamadas dos noticirios da TV ou do rdio. A seguir, vamos comentar algumas das mais recentes. Agripe do frango assusta a sia. De vez em quando, a gripe do frango volta s manchetes dos jornais. O vrus, quematou 24 pessoas em janeiro de 2004, ressurgiu em avirios na Tailndia, China e Vietn em julho do mesmo ano.Ele o H5N1, que pode ser transmitido das aves para os seres humanos, algumas vezes, com conseqncias fatais.

    Desodorante pode causar cncer Muito recentemente, foi divulgado em jornais, revistas e na internet que odesodorante pode causar cncer de mama. A origem da novidade alarmante, principalmente para o Brasil, um pasde clima predominantemente quente, foi uma pesquisa britnica que encontrou em tecidos de tumor mamrio umasubstncia normalmente utilizada em desodorantes como conservante, o parabeno (alquil-4-hidroxibenzoato). Ospesquisadores alertaram que, embora no houvesse provas que a relacionassem ao cncer, a utilizao dedesodorantes com essa substncia deveria ser reavaliada (BBC Brasil, 2004). Entretanto, vrios ONCOLOGISTAS,como o Dr. Carlos Gil Ferreira, vice-presidente da seo de Pesquisas Clnicas da Sociedade Brasileira deONCOLOGIA Clnica, acharam que a pesquisa no conclusiva.

    Clulas-tronco

    Vrias reportagens foram feitas sobre as clulas-tronco. Essas clulas, teoricamente, possuem a capacidade de sediferenciar de uma clula de qualquer tecido especializado. essa capacidade que tem chamado a ateno doscientistas. Muitas pesquisas mostram que as clulas-tronco podem recompor tecidos danificados e assim,teoricamente, tratar um infindvel nmero de problemas, como alguns tipos de cncer, o mal de Parkinson, o mal deAlzheimer, doenas degenerativas e cardacas ou, at mesmo, fazer com que pessoas que sofreram leso na colunavoltem a andar.

    Filme plstico

    Em maio de 2004, vrios jornais (O Dia, O Estado de S. Paulo, Folha de S. Paulo) divulgaram uma pesquisa doInstituto Nacional de Controle de Qualidade em Sade (INCQS), da Fundao Oswaldo Cruz, concluindo que o filme

  • plstico usado para embalar alimentos (filme de PVC) pode ser prejudicial sade. Estudos realizados com ratos delaboratrio provaram que os dois aditivos qumicos mais usados para dar flexibilidade ao PVC (DEHP e DEHA)contm substncias que podem causar cncer de fgado e problemas de fertilidade. Esses aditivos foramencontrados em quantidades at dez vezes superiores ao estipulado pela Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria(Anvisa). Os alimentos mais afetados so os mais gordurosos, como o queijo, a carne bovina e o frango, por seremos que mais absorvem as substncias prejudiciais.

    DE OLHO NA DIVULGAO CIENTFICA

    Conflitos entre as pesquisas cientficasDiante do volume de pesquisas divulgadas diariamente e considerando asinformaes conflitantes, ns, leigos, ficamos sem saber que atitude tomar. Uma hora uma coisa faz mal, mas emoutro momento as pesquisas j dizem que no bem assim. O colesterol um bom exemplo. As pesquisas sobre oque altera os nveis de colesterol no sangue nos deixam confusos, voc no acha? Voc lembra quando comeou adiscusso sobre o colesterol? De repente a gordura era uma grande vil. Todo mundo deveria contar as calorias dosalimentos.

    importante observar que o levantamento e a discusso de algumas descobertas recentes da Cincia e daTecnologia, feitos nesta aula, devem orientar a seleo de contedos de Cincias, exigindo de voc uma atitude depesquisa permanente. importante, tambm, que voc explore os diversos meios de divulgao cientfica.

    RESUMO

    A divulgao cientfica um fato recorrente na mdia em geral. Jornais, revistas e sites dedicam muito espao Cincia. Mas, buscando de passar uma informao interessante, os veculos de comunicao de massa podemacabar modificando o sentido de uma notcia. Procurar meios dedicados exclusivamente divulgao cientfica podefazer com que seus conhecimentos aumentem, evitando possveis equvocos. Acompanhar essa divulgao comsenso crtico e ateno primordial para no sermos arrastados por uma enxurrada de informaes contraditrias.

    AULA 20 - CINCIA E VIDA COTIDIANA

    UM MUNDO CERCADO DE CINCIA POR TODO OS LADOS

    Quando voc coloca detergente na esponja e comea a lavar um prato engordurado, j teve curiosidade de sabercomo o detergente funciona? Voc sabe que sem detergente (ou sabo) a gordura no sai, certo? Se no sabe, faao teste. Tente lavar a loua somente com gua e esponja. A gordura no se dissolve na gua, por isso ela no saiapenas com gua. A frmula qumica do detergente (e a do sabo tambm) tem uma parte que se dissolve nagordura (LIPOSSOLVEL) e uma que se dissolve na gua (HIDROSSOLVEL). Assim, o detergente e o sabo seligam, ao mesmo tempo, gua e gordura, permitindo que a gordura seja retirada do prato.

    A CINCIA POR TRS DO COTIDIANO

    Por trs de nosso cotidiano, existem muitas coisas interessantes que podem ser desvendadas. Vejamos algumasdelas, que citamos no incio da aula:

    os relmpagos e troves; o bicho da goiaba;

  • o copo gelado suando; o abastecimento de gua na nossa casa; o sal da gua do mar.

    Relmpagos e troves

    A chuva ainda no chegou, mas voc sabe que ela est vindo porque ouve a trovoada. Um pouco antes de ela cair,j possvel ver os relmpagos riscando o cu. Relmpagos so descargas eltricas intensas que ocorrem naatmosfera, podendo provocar vrios acidentes graves, inclusive mortes. Entretanto, na maioria das vezes, essefenmeno da Natureza apenas assusta.

    RESUMO

    O que voc precisa saber?

    Por trs do nosso cotidiano existem muitos porqus e como, que devem ser objetos do trabalho escolar. Descobriros mecanismos cientficos por trs do nosso dia-a-dia faz com que o conhecimento das Cincias Naturais saia daescola e tenha um significado real para os alunos, explicando o cotidiano e as transformaes que a Cincia e aTecnologia nos trazem

    AULA 21 - BIOTECNOLOGIA E O ADMIRVEL NOVO MUNDO DA ENGENHARIA E DA BIOLOGIA

    BIOTECNOLOGIA

    Refere-se s tcnicas que utilizam organismos vivos ou partes deles para a criao ou modificao de produtos,melhoria gentica de vegetais e animais e, ainda, para o desenvolvimento de microorganismos especficos visando produo de determinados produtos como medicamentos, por exemplo. A Biotecnologia utiliza conhecimentos dereas diversas como Biologia Molecular, Biologia Celular, Engenharia Gentica etc

    TIPOS DE PESQUISAS QUE DIZEM RESPEITO BIOTECNOLOGIA

    Os estudos cientficos compreendidos no campo da Biotecnologia so:

    clulas-tronco; clonagem; genoma humano, de plantas e de animais; alimentos transgnicos; Engenharia Gentica etc.

    Utilizao da Biotecnologia

    As terapias e os produtos desenvolvidos pela Biotecnologia so aplicados em reas diversas como a Agropecuria, aMedicina, a Farmacologia, o meio ambiente, a energia e o prprio campo da pesquisa cientfica. Atualmente,negcios milionrios envolvem aplicaes prticas de conhecimentos biotecnolgicos, como a produo de alimentostransgnicos, a produo de novos medicamentos, o uso de smen e vulos de animais da mesma raa, o uso decombustveis de fontes renovveis nas frotas de veculos etc

    Engenharia Gentica

    Engenharia Gentica pode ser definida como o conjunto de tcnicas capazes de permitir a identificao, manipulaoe multiplicao de GENES dos organismos vivos. um termo empregado para descrever certas tcnicas modernasna rea de Biologia Molecular, com finalidades mdicas e/ou industriais.

    GENES

    Uma seqncia ordenada de bases nitrogenadas que determina a produo de uma protena. a unidade bsica dahereditariedade.

  • Caracterizao da Engenharia Gentica

    A Engenharia Gentica possibilita a manipulao do DNA que existe nas clulas dos seres vivos e a recombinaodos genes, alterando-os ou adicionando outros de diferentes origens, o que gera novas formas de vida.Essa rea da Cincia torna possvel tambm a concretizao de uma srie de sonhos antigos como: a criao deseres clonados (copiados); o mapeamento de seqncias do genoma das espcies animais, incluindo o ser humano(genoma humano), e das espcies vegetais. Favorece ainda o desenvolvimento da terapia gentica, ou seja, otratamento de doenas hereditrias como o mal de Parkinson e mal de Alzheimer.

    Projeto Genoma Humano

    O Projeto Genoma Humano consiste no estudo detalhado de toda a estrutura gentica do ser humano. Significouuma revoluo na Medicina moderna, graas s possibilidades que ele traz consigo no que diz respeito aodiagnstico antecipado, preveno e ao tratamento de doenas incurveis. Esse monumental projeto demapeamento do DNA humano custou, aproximadamente, 3 bilhes de dlares e reuniu um consrcio de instituiesde pesquisa espalhados pelo mundo, inclusive no Brasil.

    O GENOMA

    O genoma composto de trs bilhes de bases de DNA agrupadas em 23 pares de cromossomos. Os genes quetm o controle do desenvolvimento e do envelhecimento do corpo so compostos por seqncias especficas debases qumicas. Uma simples alterao nessas seqncias pode causar uma doena. Mas, sendo possvelidentificar essa alterao, poderemos descobrir a origem de vrias enfermidades e desenvolver novos tratamentos.

    Utilizao da Engenharia Gentica

    Atualmente, crescente o uso da Engenharia Gentica no desenvolvimento de produtos indispensveis ao homem,e talvez voc no tenha percebido isso ainda. Listaremos, a seguir, as principais aplicaes:

    melhoria da qualidade de vacinas conhecidas; produo artificial de substncias originalmente fabricadas pelo corpo humano, como a insulina e o hormnio decrescimento; produo de antibiticos de forma mais econmica ou que antes no existiam; cultivo de plantas mais resistentesaos pesticidas, s doenas e aos predadores e com melhor qualidade nutricional.

    ORGANISMOS GENETICAMENTE MODIFICADOS (OGM)

    Organismos transgnicos so seres vivos, obtidos atravs de uma nova tecnologia biolgica (Biotecnologia)denominada transgnese ou transgenia, a qual consiste numa manipulao gentica que adiciona um gene estranho(animal ou vegetal) ao genoma (conjunto dos genes de uma espcie) de um determinado ser vivo.

    A legislao sobre transgnicos

    O efeito de produtos transgnicos sobre a sade humana e o ambiente ainda objeto de debate acalorado entrepesquisadores, governos e sociedade.O Brasil, desde 1995, vem implantando leis que monitoram as pesquisas, omanuseio, o plantio e a comercializao dos transgnicos. Uma lei definitiva a respeito da liberao da produo ecomercializao de OGM ainda no foi aprovada pelo Congresso brasileiro at o momento.

    Riscos

    Os organismos geneticamente modificados (OGM) trazem alguns riscos para o meio ambiente e a sade dapopulao, conforme veremos a seguir.Riscos para o meio ambienteA introduo de OGM na Natureza,especialmente os alimentos, pode gerar impacto no meio ambiente: com a presena de genes resistentes aosagrotxicos, as pragas e as ervas daninhas podero desenvolver maior resistncia, potencializando suaagressividade. Isso pode causar um desequilbrio nos ecossistemas, implicando aumento de agrotxicos nosalimentos cultivados, o que acarreta prejuzos ainda maiores ao meio ambiente.

    RISCOS PARA A SADE HUMANA

    Aumento dos casos de alergia.

  • Ao ser inserido um gene de um ser em outro, so formadas novas substncias no organismo transgnico, comoprotenas e aminocidos. Sendo o organismo (modificado geneticamente) um alimento, seu consumo pode vir adesencadear uma srie de processos alrgicos em parcelas da populao susceptveis s novas substncias que oorganismo traz consigo.

    Aumento de resistncia aos antibiticos

    Os cientistas, para terem certeza de que a modificao gentica foi acertada, costumam inserir nos alimentostransgnicos genes marcadores, como os de bactrias. O consumo crescente desses alimentos pode conferir aosmicrbios, que provocam doenas nos seres humanos, resistncia a certos medicamentos, reduzindo ou anulando aeficcia dos remdios base de antibiticos.

    Aumento das substncias txicas

    As plantas possuem substncias txicas que so utilizadas para defesa de seus inimigos naturais, como os insetos.Micrbios tambm tm essas substncias que matam os insetos. Entretanto, se o gene de uma das plantas ou demicrbios for utilizado em um alimento, provvel que o nvel dessas toxinas aumente consideravelmente, causandoalgum mal ao homem, aos insetos benficos e a outros animais.

    BIOMATERIAIS E NOVAS TECNOLOGIAS

    Os biomateriais so tecidos orgnicos que poderiam reconstruir rgos do corpo humano. Desenvolvidosespecificamente para implantes, eles podem ajudar os tecidos do corpo do homem a se regenerarem, e sua maiorvantagem serem totalmente inertes, no provocando reaes do organismo.

    As prteses binicas desenvolvidas hoje so capazes de detectar e decifrar os sinais transmitidos pelos neurniosenvolvidos na movimentao de um membro do corpo humano.

    A Interface Crebro-Computador (ICC) uma tecnologia que utiliza como base a leitura dos comandos motores docrebro e seu direcionamento para a estimulao de msculos de membros paralisados e movimentao de umaprtese como, por exemplo, uma mo mecnica

    Biomateriais Vidro bioativo: utilizado para preencher lacunas de um osso com defeito, estimulando o tecido a seregenerar com rapidez. Clulas humanas cultivadas em espuma porosa: utilizadas em prteses orgnicas.

    CONCLUSO

    Como voc viu nesta aula, a Biotecnologia um vasto universo de conhecimentos cientficos de ponta que, dealguma forma, influencia as nossas vidas. Discutir qualquer dos temas aqui expostos suscita questes de ordempoltica, econmica, social, cultural, religiosa, tica etc. No convm, pois, lanar polmicas a respeito de qualquerdos temas apresentados. Procure, voc mesmo, obter mais informaes a respeito, discutir com seus colegas deturma e tirar suas prprias concluses.

    RESUMO

    A Biotecnologia o estudo das tcnicas e dos processos que envolvem organismos no que se refere melhoriagentica de vegetais e animais e criao de novos produtos. A Engenharia Gentica o conjunto de tcnicas quepermitem a identificao e manipulao de genes de organismos vivos. As clulas-tronco so clulas capazes dediferenciar-se, transformando-se em outros diferentes tipos. Pesquisas indicam que essas clulas podem ajudar nacura de vrias doenas. A clonagem de espcies animais e vegetais, bem como a criao de organismosgeneticamente modificados, demonstram os crescentes avanos da pesquisa cientfica hoje, favorecendo a criaode novos medicamentos e alimentos. Os biomateriais, por sua vez, representam uma esperana para pessoasportadoras de necessidades especiais, graas incorporao de elementos artificiais ao corpo humano, favorecendoa recuperao de sua sade e a capacidade de trabalho.

  • AULA 22 - BIOPIRATARIA NOS TRPICOS

    DEFINIO

    Biopirataria o contrabando de diversas formas de vida, seja da flora ou da fauna, de um determinado pas. Dizrespeito tambm apropriao e monopolizao de conhecimentos da populao de uma certa regio, ondepredominam atividades econmicas relacionadas explorao de recursos naturais.De acordo com o DicionrioHouaiss, biopirataria a explorao, manipulao, exportao e/ou comercializao internacional de recursosbiolgicos que contrariam a legislao internacional.

    LEGISLAO

    No Brasil, a legislao sobre biopirataria foi criada ao final da dcada de 1980.O artigo 225 da ConstituioFederal/1988 trata do acesso ao patrimnio gentico e ao conhecimento tradicional das populaes.Art. 225. Todostm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial sadia qualidadede vida, impondo-se ao Poder Pblico e coletividade o dever de defend-lo para as presentes e futurasgeraes.1 Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Pblico:II Preservar a diversidade e aintegridade do patrimnio gentico do Pas e fiscalizar as entidades dedicadas pesquisa e manipulao de materialgentico (BRASIL, 1998).

    AS LEIS QUE REPRIMEM A BIOPIRATARIA

    A legislao transcrita anteriormente demonstra a preocupao em preservar o patrimnio gentico do pas; naprtica, contudo, ela pouco interfere nos mecanismos de retirada de organismos vivos, extratos qumicos ousubstncias, atravs do trfico internacional e da biopirataria.O combate biopirataria depende tambm daexistncia de leis internacionais que tratem do tema. Especialistas concordam que sem a implementao de acordose tratados que probam o registro e o patenteamento de recursos naturais que no tenham procedncia esclarecida,a biopirataria prosseguir e continuar sendo um grande negcio.

    BIOPIRATAS EM AO

    Os cientistas estrangeiros que participam do processo de transferncia ilegal de nossas plantas para centros depesquisa no exterior no encontram grandes dificuldades para entrar na Floresta Amaznica e manter contato comnossos ndios. Graas a pequenas quantidades de dinheiro ou utilizando a pesquisa acadmica como argumento, oscientistas tm acesso s fontes de matrias-primas que a floresta oferece, tratando de export-las ilegalmente paraseus pases de origem. Nos centros de pesquisa dos pases desenvolvidos, plantas e animais so estudadosminuciosamente; alm disso, medicamentos, cosmticos e alimentos so desenvolvidos e, posteriormente, lanadosno mercado, resultando em lucros milionrios para essas corporaes, sem o devido pagamento de royalties spopulaes detentoras originalmente desse saber (conhecimento).

    CONCLUSO

    A biopirataria representa hoje uma nova forma de pirataria e envolve tticas de espionagem e contrabando quelembram filmes de fico. So enormes as perdas econmicas, sociais e culturais para o Brasil e cabe ao Governoefetuar maior fiscalizao sobre a integridade do patrimnio gentico existente no pas. Cabe sociedade em geralexigir leis mais rigorosas que venham a coibir o usufruto de nossas riquezas naturais por corporaes empresariaismultinacionais, sem o devido reconhecimento da origem dos produtos desenvolvidos a partir do saber tradicional,assim como deve ser exigido o pagamento de royalties pela comercializao desses produtos.

    RESUMO

    A biopirataria uma modalidade de pirataria voltada para a explorao ilegal dos recursos naturais de um pas. Alegislao brasileira a respeito ainda tem lacunas que facilitam o contrabando de espcies animais e vegetais. Issoacarreta prejuzos econmicos, sociais e culturais para os pases em desenvolvimento, como a explorao ilegal dasmais diversas espcies da flora e fauna e a perda de domnio sobre a comercializao dos produtos provenientesdessas espcies. Os lucros obtidos por empresas detentoras de patentes de produtos desenvolvidos atravs dabiopirataria acabam por trazer prejuzos para todo o pas.

    AULA 23 - BIOTICA

    DEFINIO

  • O termo biotica definido pelo dicionrio Larousse como o conjunto dos problemas colocados pelaresponsabilidade moral dos mdicos e bilogos em suas pesquisas tericas ou nas aplicaes prticas dessaspesquisas. A Biotica, uma disciplina nova no campo da Filosofia, surgiu em funo da necessidade de se discutirmoralmente os efeitos do avano tecnolgico das Cincias da rea de sade, bem como aspectos tradicionais darelao existente entre os profissionais de sade e seus pacientes.

    HISTRICO

    O termo biotica surgiu na dcada de 1970, devido crescente repercusso dos avanos na rea de sade, mashoje utilizado em um sentido mais estrito. Os fundamentos da Biotica foram criados por Warren Reich e LeroyWalters (Instituto Kennedy de tica, Universidade Georgetown, EUA). Esses autores restringiram seus estudosapenas s questes de assistncia mdica e pesquisa em sade.

    LEGISLAO

    A legislao brasileira relacionada aos problemas tratados pela Biotica insuficiente para solucionar as questespertinentes rea.

    O Brasil, atualmente, conta com as seguintes leis:

    Lei n 8.501, de 1992 Utilizao de cadver no reclamado.

    Dispe sobre a utilizao de cadver no reclamado pelos parentes, o qual pode ser destinado a faculdades einstituies cientficas para a realizao de estudos e pesquisas.

    Lei n 8.974, de 1995 Norma para o uso das tcnicas de Engenharia Gentica.

    Dispe sobre as normas para o uso das tcnicas de Engenharia Gentica e liberao no meio ambiente deorganismos geneticamente modificados.

    Lei n 10.211, de 2001 Remoo de rgos e tecidos.

    Dispe sobre a remoo de rgos e tecidos de partes do corpo humano para fins de transplante e tratamento.

    CARACTERIZAO DA BIOTICA

    A Biotica um termo criado pelo oncologista e bilogo americano Van Rensselaer Potter II e publicado em seulivro Bioethics: bridge to the future, em 1971. Pode ser compreendida como o estudo sistemtico da conduta humanana rea das cincias da sade, conduta esta examinada luz dos valores e princpios morais da sociedade.

    Inicialmente, a Biotica foi compreendida de forma restrita como preservao do meio ambiente e da biodiversidade.Com o avano da Biotecnologia, a Biotica transformou-se numa especificao da tica tradicional e tem comoobjetivo a reflexo sobre o avano da Biotecnologia em relao s mudanas ocorridas na Cincia e no meioambiente, bem como o estudo das conseqncias dessas mudanas sobre os seres humanos e o planeta Terra.Oobjetivo de atuao da Biotica surgiu com a tomada de conscincia do homem de que ele parte integrante eatuante do meio em que vive (ambiente de vida), e que portanto, suas intervenes no meio devem ser bempensadas para que o homem no seja vtima de suas prprias aes.

    O CAMPO DE AO DA BIOTICA

    O campo de ao da Biotica muito extenso, e abrange questes relacionadas manipulao gentica (animais,vegetais e seres humanos), ao aborto, eutansia, ao genoma humano, aos transplantes de rgos entre vivose post mortem, recombinao de genes, criao e ao patenteamento de seres vivos, natureza jurdica doembrio, contracepo, s cirurgias intra-uterinas, aos diagnsticos de doenas incurveis etc.

    A Biotica, por sua vez, um conceito de grande amplitude, que envolve, quatro aspectos importantes: Compreendeos problemas relativos a valores existentes entre os profissionais de sade e nas profisses afins. Diz respeito sinvestigaes biomdicas e s do comportamento, independentemente de influrem ou no nos procedimentosteraputicos.

    Engloba uma ampla gama de questes sociais, como as relativas sade ocupacional, tica do controle danatalidade etc.

  • Refere-se s questes relativas vida dos animais e das plantas, no que concerne s experimentaes, assimcomo s demandas ambientais.

    Atravs do corpo se mostra a fragilidade humana. A vida corporal morta. Ela vai perdendo o seu capital energtico,seus equilbrios, adoece e finalmente morre. A morte no vem no final da vida. Ela comea j no seu primeiromomento. Vamos morrendo lentamente, at acabar de morrer. A aceitao da mortalidade da vida nos faz entenderde forma diferente a sade e a doena.

    CONCLUSO

    A Biotica pode ser considerada como um tratado sobre a tolerncia por abordar uma pluralidade de conhecimentosque dizem respeito a decises e condutas ticas, morais e polticas e suas reaes relacionadas s questes comoclnicas de reproduo humana, utilizao de fetos, prtica do aborto, clonagem, eutansia etc. justamente dessesconflitos, cada vez mais freqentes, que trata a Biotica. H um nmero pequeno de textos e livros que tratam daBiotica em portugus, o que significa que ainda h muito a ser discutido.

    RESUMO

    Biotica o estudo dos problemas ticos resultantes das pesquisas biolgicas e das situaes vivenciadas pelohomem no que se refere evoluo das Cincias Biomdicas e discute a conduta do homem luz dos valores eprincpios morais da sociedade. A temtica analisa, de forma ampla, a vida, a sade e o ambiente no que se refere sinter-relaes existentes entre os mesmos. No Brasil, existe uma srie de leis que regulam a remoo de rgos etecidos do homem e o uso de tcnicas de engenharia gentica. Questes controversas a respeito da vida humanaso tambm abordadas pela Biotica, especialmente no que se refere a escolhas pessoais a respeito da vida e damorte.

    AULA 24 - BIOSSEGURANA

    DEFINIO

    BIOSSEGURANA significa segurana biolgica relacionada preveno, minimizao ou eliminao dos riscosinerentes exposio, manipulao e utilizao de organismos vivos, os quais podem comprometer a sade dohomem, das plantas, dos animais e do meio ambiente. Diz respeito, tambm, segurana da vida e constitui umadenominao genrica das atividades relativas manipulao de organismos vivos.

    O objetivo principal dos procedimentos adotados no campo da Biossegurana minimizar e evitar riscos dasatividades humanas realizadas em laboratrio ou centros de pesquisa e controle de substncias e organismos vivos,cuja manipulao potencialmente prejudicial vida.

    A anlise de riscos na rea de projetos de pesquisa envolvendo Biossegurana deve prever, necessariamente, deacordo com Boschilia (2003), a adoo de medidas de conteno de riscos no desenvolvimento, por exemplo, depesquisas, as quais devem apresentar as seguintes etapas: fase laboratorial, que consiste em organizar osexperimentos; implementao dos experimentos no interior de laboratrios; realizao dos experimentos de campoem condies controladas; liberao de organismos ou substncias no meio ambiente, em larga escala.

    LEGISLAO

    No Brasil, a necessidade de elaborao de uma legislao especfica sobre questes de Biossegurana est previstana Constituio.A Constituio assegura que o desenvolvimento cientfico-tecnolgico deve ocorrer segundo critriosque assegurem a proteo sade humana e ao meio ambiente.A Lei 8.974/95 criou a Comisso Tcnica Nacionalde Biossegurana (CTNBio), com o objetivo de assessorar e prestar apoio tcnico-consultivo ao Governo Federal naformulao e implementao da Poltica Nacional de Biossegurana.

    A Lei, em seu Artigo 3, define que: organismo toda entidade biolgica capaz de reproduzir e/ou transferir material gentico, incluindo vrus, prons eoutras classes que venham a ser conhecidas; molculas de ADN/ARN recombinante aquelas molculas manipuladas fora das clulas vivas, mediante amodificao de segmentos de ADN/ARN natural ou sinttico que possam multiplicar-se em uma clula viva; organismo geneticamente modificado organismo cujo material gentico (ADN/ARN) tenha sido modificado porqualquer tcnica de engenharia gentica;

  • Engenharia Gentica atividade de manipulao de molculas ADN/ARN recombinante.

    EMPREGO DA BIOSSEGURANA

    A biossegurana exigida em locais especficos, onde so realizadas atividades humanas que possam trazerconseqncias graves vida em todas as suas formas.

    Os locais mais conhecidos so:

    laboratrios de centros de pesquisa que produzem elementos patgenos (malficos), que causam danos sadedo homem e dos demais seres vivos; hospitais, especializados em doenas infecto-contagiosas; laboratrios de anlises clnicas e de sade pblica; hemocentros; laboratrios de universidades; indstrias que manipulam substncias txicas; locais de armazenamento de produtos originrios da indstria qumica, assim como os diversos meios de transportede tais produtos.

    AS CONSEQNCIAS DA NEGLIGNCIA HUMANA

    O homem, no intuito de utilizar tecnologias ambientalmente perigosas em larga escala, provocou graves danos sade humana e dos demais seres vivos, assim como acarretou srios danos ao meio ambiente.

    CONCLUSO

    No Brasil, o termo Biossegurana tornou-se mais conhecido a partir da discusso sobre os organismosgeneticamente modificados. Atualmente, tais discusses estendem-se aos mais diversos campos do conhecimentocientfico, especialmente Engenharia Gentica. Conforme voc verificou nesta aula, as questes relativas Biossegurana so muito complexas e envolvem as mais diversas esferas do cotidiano e do ordenamento legislativodo pas. O desrespeito s normas de Biossegurana pode implicar danos irreparveis vida em suas diversasformas. Todo cuidado nesta rea pouco diante dos problemas que podem surgir, mas as mudanas na legislao,que esto em curso, podem trazer maior segurana para os profissionais que trabalham na rea e para a populaoem geral.

    RESUMO

    Biossegurana significa obedecer a normas de segurana relativas preveno, minimizao ou eliminao deriscos relacionados exposio, manipulao e utilizao de organismos geneticamente modificados. Compete Biossegurana minimizar e evitar riscos para a sade do homem e a integridade do meio ambiente. No Brasil existeuma Comisso de Biossegurana (CTNBio), que estabelece normas de segurana e mecanismos de fiscalizao dastcnicas de Engenharia Gentica. O Congresso Nacional, discute atualmente o projeto de lei de Biossegurana, queregulamentar a manipulao de clulas-tronco, OGM, clonagem de seres vivos etc. A Biossegurana exigida emlocais como laboratrios, hospitais, hemocentros, indstrias etc. No passado, eventos como a Revoluo Verde eacidentes industriais causaram srios danos vida do homem e demais espcies em funo da no observao denormas de Biossegurana. O futuro aponta para a comercializao de produtos derivados da Engenharia Gentica,e, nesse sentido, h a necessidade de se estabelecer normas adequadas de Biossegurana.

    AULA 25 - ENSINO DE CINCIAS METODOLOGIAS E PRTICAS PARTE I

    A IMPORTNCIA DO ENSINO DE CINCIAS

    Se fosse possvel colocar todo o conhecimento humano na cabea de uma pessoa, ainda assim, no dia seguinte, elaprecisaria voltar escola. Voc j pensou sobre isso? Essa pergunta serve para lembrar, como vimos nas Aulas 14 e16, o quanto o mundo contemporneo vem sofrendo transformaes com os impactos da Cincia e da Tecnologia.Nesse contexto, preciso formar um cidado que esteja preparado para lidar com tais mudanas.

  • No adianta receber o conhecimento pronto, preciso ter capacidade de se adaptar s alteraes sociais, culturais etecnolgicas que esto acontecendo, bem como manter o senso crtico e tico nesse cenrio de transformao.

    O trabalho de Bodanese e Bernatt (2004) nos traz um resumo sobre essas quatro aprendizagens fundamentais, quepodemos resumir como voc ver a seguir.

    1. Aprender a aprender significa dominar os instrumentos para a produo do conhecimento a partir dasnecessidades que surgem na vida. Com isso, espera-se o aumento das capacidades profissionais e de comunicaono mundo.

    2. Aprender a fazer refere-se necessidade de unir trabalho prtico e intelectual, ou seja, unir, saber e fazer.Aprender a fazer est intimamente relacionado ao aprender a aprender, ressaltando que a aprendizagem ocorre aolongo da vida toda. Com as mudanas tecnocientficas preciso manter-se atualizado, aprendendo sempre algonovo.

    3. Aprender a viver junto o grande desafio da Educao hoje em dia, pois necessrio trabalhar em conjunto.Para isso preciso entender as diferenas e saber administrar conflitos. No mundo atual, a interdependncia detodas as naes vem aumentando e cada vez mais as diferenas aparecem. preciso aprender a viver junto,descobrindo e valorizando o conhecimento do outro, de sua histria, de suas tradies.

    4. Aprender a ser implica o desenvolvimento da capacidade de discernimento e autonomia que torne o indivduocapaz de passar da responsabilidade pessoal realizao do destino coletivo. Esse pilar a sntese dos trsprimeiros, ou seja, aprender a ser significa aprender a aprender, aprender a fazer e aprender a viver junto.

    OS BLOCOS TEMTICOS PARA O ENSINO DE CINCIAS

    Os Parmetros Curriculares Nacionais organizam o ensino de Cincias no Ensino Fundamental em blocos temticos,para que oscontedos relacionados no sejam tratados como assuntos isolados. Dessa forma, o educador pode criar e organizaro currculo segundo sua realidade escolar. Os PCN estruturam o ensino de Cincias nos seguintes blocos temticos:Ambiente; Ser Humano e Sade; Recursos Tecnolgicos; Terra e Universo (BRASIL, MEC, 2000).

    RESUMO

    O que voc precisa saber?

    O Ensino de Cincias cada vez mais importante para a formao do cidado, objetivando a Alfabetizao Cientficae Tecnolgica to necessria diante das mudanas no mundo moderno. Segundo o Relatrio da ComissoInternacional sobre Educao da Unesco, o ensino deve se basear em quatro pilares: aprender a conhecer; aprendera fazer; aprender a viver juntos e aprender a ser. OsParmetros Curriculares Nacionais (PCN) sugerem aorganizao dos contedos de ensino de Cincias em quatro blocos temticos: Ambiente, Ser Humano e Sade,Recursos Tecnolgicos e Terra e Universo. Entretanto, para as Sries Iniciais, os PCN recomendam o trabalho comos trs primeiros blocos. O Referencial Curricular Nacional para a Educao Infantil prope o eixo de trabalhoNatureza e Sociedade que integra a compreenso do mundo social e do mundo natural.

    AULA 26 - ENSINO DE CINCIAS METODOLOGIAS E PRTICAS PARTE II

    OS BLOCOS TEMTICOS E OS TEMAS TRANSVERSAIS

    Voc deve lembrar que na Aula 25 iniciamos o trabalho com metodologias e prticas baseadas nas orientaes doRelatrio Delors (DELORS, 1996) e nas sugestes dos PCN, utilizando os blocos temticos. Agora, vamos incorporartambm o trabalho com os Temas Transversais, que foram propostos pelos PCN, para tratar as seguintes questessociais relevantes: tica, Pluralidade Cultural, Meio Ambiente, Sade e Orientao Sexual.

    Os Temas Transversais, como o prprio nome indica, so contedos que atravessam o currculo sem secaracterizarem como uma disciplina isolada. Os educadores devem encontrar modos de trabalhar os temastransversais em cada disciplina junto aos contedos programticos especficos de cada conhecimento escolar.

    METODOLOGIAS E PRTICAS PARA O BLOCO TEMTICO RECURSOS TECNOLGICOS

    Neste bloco temtico, voc vai encontrar temas e contedos relacionados s transformaes dos recursos naturaistais como energia, mquinas, instrumentos, alimentos, bem como s conseqncias do desenvolvimento tecnolgico

  • na sociedade em geral. um espao adequado para discutir a relao entre Cincia, Tecnologia e Sociedade (CTS),levando em conta as diversas culturas, as questes ticas, os valores e as atitudes dos seres humanos, alm dedesenvolver habilidades para utilizar a tecnologia e compreender seus impactos na sociedade.

    Uma aula-passeio possui quatro etapas:

    Motivao com atividades que levem o aluno a se interessar pelo passeio que vai fazer. Por exemplo: assistir aum vdeo sobre o assunto que motivo do passeio. Preparao contedos prvios para que o passeio seja produtivo. Por exemplo: uma aula que o professor ministradepois do vdeo de motivao. Ao a aula-passeio propriamente dita. Comunicao momento em que os alunos elaboram o que viram ou fizeram durante o trabalho. Por exemplo: aproduo de relatrios, de jornais de divulgao do que foi realizado, oficinas de arte etc.

    A aula-passeio uma proposta metodolgica muito rica para o ensino de Cincias e pode ser utilizada em todos osnveis de ensino.

    RESUMO

    O que voc precisa saber?Para as Sries Iniciais do Ensino Fundamental, os Parmetros CurricularesNacionais recomendam o trabalho com os blocos temticos Ambiente; Ser Humano e Sade; Recursos Tecnolgicos.Esta aula tratou apenas do bloco Recursos Tecnolgicos e do eixo de trabalho Natureza e Sociedade, sugeridono Referencial Curricular Nacional para a Educao Infantil.

    AULA 27 - O LABORATRIO DE CINCIAS

    QUE LABORATRIO DE CINCIAS?

    O laboratrio de Cincias na escola pode ser definido como o espao para a realizao e o desenvolvimento deexperincias controladas, que explicam fenmenos e fatos do cotidiano, possibilitando, no indivduo, o surgimento dequestionamento, investigao e anlise crtica dos fatos.

    FINALIDADE DO LABORATRIO DE CINCIAS

    O laboratrio de Cincias um espao importante para a escola e deve ter como objetivos: incentivar a curiosidadeda criana sobre novas descobertas; despertar o gosto pela Cincia na criana, pois fazem parte de sua natureza acuriosidade, a investigao e a observao; facilitar a pesquisa cientfica; possibilitar a formao crtica da crianadiante das descobertas cientficas presentes no seu cotidiano. importante ressaltar que parte considervel dasescolas brasileiras no dispe de um laboratrio de Cincias devido a inmeros fatores que sero comentados maisadiante.

    CINCIAS

    A montagem de um laboratrio, segundo Weissmann (1998), requer o cumprimento de uma srie de requisitosfundamentais ao seu perfeito funcionamento, que sero enumerados em seguida:Espao fsico recomendado prever um mnimo de 3m por aluno para a rea de experimentao. Acrescentar 1m por aluno paraguardar material porttil, alm de 1,5m para estantes, mesas e rea de circulao. No total, teremos 4,5m poraluno.Materiais empregados na construo imprescindvel utilizar como critrio para a escolha de materiais de construo a resistncia destes aos cidos,alcalinos e solventes, bem como a capacidade de isolamento acstico. As paredes devem ser construdas commateriais que sejam resistentes a substncias corrosivas, que exijam manuteno simples e sejam de fcil limpeza.Posto de servioO posto de servio deve conter as seguintes instalaes:

    gua

  • drenagem energia eltrica gs

    Equipamentos de seguranaSo necessrios dois exaustores para cada 100m. A sala deve dispor de duas sadas de emergncia. fundamentalprovidenciar, tambm, extintores de incndio em plenas condies de uso e um estojo de primeiros socorroscompleto. Procurar, tambm, instruir os demais profissionais que trabalham na escola sobre como agir em caso deacidentes.

    Mobilirio

    recomendado seguir a tendncia atual de selecionar mesas mveis de mltipla posio, fceis de serem acopladosaos postos de servio. As estantes devem ser de material resistente corroso e de alturas diferentes, sendo quealgumas devem facilitar o acesso dos alunos e outras devem dificultar o acesso a materiais frgeis ou perigosos. importante escolher estantes fechadas para o material de drogaria. Os bancos devem ser individuais e com a alturacompatvel com a das mesas.Equipamentos e materiaisOs equipamentos e materiais devem ser classificados earmazenados segundo critrios funcionais, como por exemplo: temtica: flutuao, circuito eltrico, som etc.funo: microscpio, lupa, instrumentos de medida etc. material: plstico, vidro, metal, madeira, tecido etc.

    OBSTCULOS A SEREM ULTRAPASSADOS NA MONTAGEM DE UM LABORATRIO

    O professor de Cincias tambm pode transformar uma sala de aula em laboratrio, caso verifique que o da escolano pode ser utilizado por todos os alunos ou a grande quantidade de grupos impea o uso deste com a freqnciadesejada. Entretanto, podem surgir problemas como:

    inadequao da escolha do local das classes, mesas ou bancadas para o trabalho em pequenos grupos. Area das classes pequena para a realizao de atividades e, se a superfcie inclinada, impede o uso dequeimadores e recipientes, ou a montagem de dispositivos frgeis;

    inexistncia de um ponto de gua no local; falta de espao para instalar um simples viveiro ou aqurio; escassez de mveis adequados ou em nmero suficiente para armazenar os materiais e ferramentas ou para

    guardar os trabalhos dos alunos.Uma srie de providncias pode ser tomada caso voc deseje transformar a sala de aula em laboratrio, como

    por exemplo: armrio com cadeado para guardar os materiais frgeis ou perigosos; estantes para o equipamento e os trabalhos dos alunos; recipiente com torneira sobre um balde como fonte de gua.

    CONCLUSO

    possvel verificar que o laboratrio de Cincias no costuma ser um espao desejado na escola, no prioridade.At mesmo os educadores advogam a formulao de experincias em espaos fora da sala de aula e da escola, osquais podem favorecer maior riqueza de experincias, desde que os alunos sejam guiados por bons professores. Eisa questo: como e quem define os bons professores? Isto relativo. Por mais criativos que sejam os professores emesmo havendo n possibilidades de se fazerem experincias ao ar livre, nada substitui um laboratrio de Cinciasbem equipado, o qual, alm dos equipamentos e materiais necessrios, conta tambm com uma atmosfera especial,por ser um laboratrio de pesquisa que faz jus ao nome.

    No pretendemos formar cientistas ao defendermos a necessidade de as escolas terem laboratrios de Cincias,mas indivduos que reconheam os fenmenos da Natureza, saibam explic-los e consigam transformar o cotidianocom seus experimentos.

    RESUMO

    cientficas que expliquem fenmenos e fatos do cotidiano. Seu objetivo incentivar a curiosidade do aluno, despertaro prazer do estudo da Cincia e possibilitar a formao de um cidado crtico. O funcionamento de um laboratriodepende da existncia de uma infra-estrutura mnima em termos de espao fsico, posto de servio, mobilirio,equipamentos e materiais. O professor tambm pode improvisar numa sala de aula, desde que a mesma preencharequisitos bsicos. Experincias diversas podem ser realizadas num laboratrio nos mais diversos campos doconhecimento cientfico. No Brasil, ainda insuficiente o nmero de laboratrios nas escolas.

  • AULA 28 - AS INSTITUIES CULTURAIS E A ESCOLA: PARCERIA

    DIVULGANDO A CINCIA

    Na dcada de 1980, um grande nmero de pases assumiu um compromisso com a Organizao das Naes Unidaspara a Educao, Cincia e Cultura (Unesco), no sentido de implementar uma nova meta para a educao emCincias, sob o slogan Cincia para todos. Essa diretriz dizia respeito popularizao da Cincia, como forma defavorecer a compreenso da importncia do conhecimento cientfico para o progresso da humanidade.

    Hoje, o professor de Cincias no deve utilizar apenas o livro didtico como instrumento de trabalho, mesmo queseja de qualidade e elaborado por estudiosos da rea de ensino de Cincias, pois os inmeros questionamentossobre o significado da Cincia e os limites do avano cientfico no so respondidos somente pelo livro didtico.cada vez maior a utilizao de materiais paradidticos como jornais, revistas, vdeos, CD-ROM, televiso educativa erede de computadores (Web). Entretanto, faz-se necessrio o estabelecimento de critrios para o uso de taisinstrumentos, no sentido de otimiz-los.

    O que um Centro Cultural?

    Os centros culturais so espaos abertos cultura em geral, que no dispem de acervo prprio, diferentemente deum museu. As exposies realizadas so montadas a partir do emprstimo de objetos pertencentes a indivduos einstituies como museus e centros culturais, mantidas por empresas e governos. Essas exposies tm um cartertemporrio, limitando-se a algumas semanas ou meses.

    O que um Museu?

    Segundo Almeida (1997), o museu uma instituio permanente que adquire e preserva objetos e documentos, bemcomo efetua pesquisas a esse respeito. Os museus podem ser classificados de diversas maneiras mas, geralmente,podemos agrup-los da seguinte forma:

    Tipo de acervo belas artes, arte contempornea, biolgico, histrico etc. rea de pesquisa antropologia, arte, sade pblica etc.

    Geralmente, os museus so agrupados em dois grandes conjuntos: museus de Arte e museus de Cincias.

    ATIVIDADES OFERECIDAS PELAS INSTITUIES

    Os centros culturais e museus costumam oferecer uma srie de atividades culturais por meio do setor educativo; taisatividades complementam e enriquecem as exposies ou eventos que esto sendo realizados.As atividadesdesenvolvidas podem ter formatos diversos, tais como palestras, oficinas, exibio de vdeos, apresentao de peasde teatro, brincadeiras com jogos educativos, acesso a sites da internet etc. Essas aes so realizadas por umaequipe de profissionais das reas de arte e educao, obedecendo a uma programao previamente elaborada pelascitadas instituies.

    MUSEUS

    Os papis do professor de uma escola e o do educador de um centro cultural ou museu complementam-se, pois ascontribuies de cada um so extremamente importantes para o aprendizado resultante da visita dos estudantes instituio, conforme veremos em seguida.O papel do professorO professor, em geral, no domina todos os temasde uma exposio. importante considerar sua experincia pessoal, no que diz respeito s visitas aos centrosculturais e museus. Na maioria das vezes, essa visita realizada no tempo livre do docente; o modo de organizaruma visita com os alunos tem relao direta com o grau de intimidade que o professor tem com essa prtica cultural.

    Papel Do Educador No Centro Cultural E No Museu

    recente a atuao de um educador em centros culturais e em museus brasileiros; trata-se de um especialista quedeve envolver-se em todas as fases de planejamento de uma exposio, desde a montagem da mostra, a escolhadas cores, o desenvolvimento de materiais instrucionais etc. O educador em museus e centros culturais tambmpromove cursos de capacitao para professores da rede de ensino, visando a possibilitar a explorao da riquezados contedos de uma exposio; ele tambm deve oferecer minicursos e oficinas a professores e alunos, bemcomo implementar pesquisas.

  • IMPORTNCIA DA VISITA

    Os museus tm um grande potencial a ser explorado, em relao a seu acervo, e podem complementar oaprendizado da escola das mais diversas formas.

    SELEO DE TEMAS DE EXPOSIES importante ressaltar a importncia do momento da escolha da exposio a ser visitada pelo professor e seusalunos. O docente deve tomar uma srie de cuidados no processo de escolha dos temas, pois inmeras questesesto envolvidas, de forma subjacente, nesse processo, as quais podero indicar se a escolha da temtica foiadequada ou no. A seguir, apontaremos os principais critrios a serem levados em conta.

    1. Parmetros de escolha da exposio: abordagem de questes relativas Cincia, Biologia, Meio Ambiente, Sade e Educao; relevncia mundial, nacional ou local; desenvolvimento de valores imprescindveis ao exerccio da cidadania; respeito diversidade de valores, de crenas e de comportamentos; sensibilizao e motivao do indivduo.2. Dificuldades de escolha temticas: amplitude da rea de Cincias, a qual engloba, hoje em dia, reas distintas como Biologia, Qumica, Fsica,

    Meio Ambiente, Sade e Educao; diversidade cultural da realidade dos estados e regies brasileiras; crise no ensino de Cincias.

    Ao selecionar temticas de Cincias que possam ser discutidas no formato de exposies, voc, professor, tem umleque muito amplo de assuntos a serem abordados fora da sala de aula.

    Recomendamos exposies que tenham como temtica: Universo e Planeta Terra. Pr-histria e Histria. Cincia e Tecnologia. Meio Ambiente e reciclagem de materiais. Sade Humana. Nutrio.

    PREPARATIVOS PARA A VISITA S INSTITUIES CULTURAIS

    A visita a uma instituio cultural, no caso de um museu ou centro cultural, exige bastante esforo do professor, poisuma srie de providncias so necessrias, caso desejemos que a visita seja bem-sucedida.Os procedimentosdevem ser observados criterio-samente, no sentido de evitarmos transtornos e mal-entendidos no decorrer da visita.A seguir, listamos os preparativos indispensveis: escolha da temtica a ser abordada; seleo da instituiocultural; contato com a instituio para a marcao de visita (data, horrio) e envio de documento oficializando opedido, alm da verificao da disponibilidade de guias; providncias de logstica, ou seja, transporte da turma instituio, distribuio de lanches etc.; preparao da turma para a visita, por meio de discusso em sala de aulasobre a importncia da temtica escolhida e a aplicao de um instrumento de aprendizagem (questionrio,entrevista etc.); implementao da visita instituio; avaliao da visita com os alunos, individualmente e emgrupo.

    LIMITES DA DIVULGAO CIENTFICA

    Hoje em dia, inmeros pesquisadores discutem o papel e o limite da divulgao cientfica, como, por exemplo,Seplveda (2003), conforme j foi abordado na Aula 14.Dentre os questionamentos, os mais freqentes so: Qualdeve ser o meio mais eficiente de aprendizado sobre Cincias: aula, artigo de livro ou peridico ou uma visita amuseu? A funo da divulgao cientfica despertar a motivao dos alunos? funo do museu (ensino no-formal) sanar as deficincias da escola no ensino de Cincia?

    CONCLUSO

    O professor de Cincias no deve utilizar apenas o livro didtico como instrumento do ensino desta disciplina, pois asconstantes indagaes sobre o que vem a ser Cincia e quais os desdobramentos e limites do avano cientfico noconseguem ser revelados pelos livros. importante acrescentar outros recursos didticos ao ensino de Cincias, tais

  • como visitas s exposies e participao em atividades de centros culturais e/ou de museus, no sentido depossibilitar novas formas de aprendizagem, conforme discutimos nesta aula. Caso a sua cidade no disponha deuma instituio cultural, procure levar os seus alunos para a cidade mais prxima que disponha de tal espao. A suaescola tambm pode criar espaos alternativos para exposies, de acordo com a aprovao e compreenso dediretores, professores, alunos e funcionrios, a respeito da importncia da criao de um local especfico para taisatividades.

    RESUMO

    O ensino de Ci