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Universidade Federal do Amazonas Sociedade Brasileira de Ciência do Solo Núcleo Regional Amazônia Ocidental I Simpósio de Ciência do Solo da Amazônia Ocidental I Encontro de Laboratórios da Amazônia Ocidental Condutividade e pH de solos do estado de Roraima e suas relações com as características pedogenéticas. Carlos Henrique Lima de Matos (1) ; Ataiza de Andrade Souza (1) ; Raimundo de Almeida Pereira (1) ; Pedro Paulo Ramos Ribeiro Nascimento (2) ; Osvaldo Campelo de Mello Vasconcelos (3) (1) Estudante de Mestrado em Agronomia (POSAGRO) pela Universidade Federal de Roraima (UFRR). Centro de Ciências Agrárias (CCA), Campus Cauamé, BR-174, Km 12, Monte Cristo, Boa Vista-RR. [email protected]; (2) Estudante do curso em Agronomia (POSAGRO) pela Universidade Federal de Roraima (UFRR). Centro de Ciências Agrárias (CCA), Campus Cauamé, BR-174, Km 12, Monte Cristo, Boa Vista-RR; (3) Estudante do curso em Engenharia Agrícola e Ambiental (CENAMB) pela Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF), Campus II. Av. Antônio Carlos Magalhães Nº510, Country Club, Juazeiro-BA. RESUMO- As características físicas e químicas do solo podem diagnosticar as classes estudadas. O objetivo desse trabalho foi avaliar o pH e a condutividade elétrica de diferentes solos do estado de Roraima. Foram coletadas três amostras de Vertissolo Háplico, Argissolo Vermelho- Amarelo, Plintossolo Pétrico e Latossolo Vermelho para análise de pH e condutividade elétrica através da pasta de saturação. Os dados foram submetidos à análise de variância e teste de média de Tukey a 5% de probabilidade. Não se observou diferença significativa entre o pH das quatro classes estudadas. A condutividade elétrica foi maior no Vertissolo devido a sua maior CTC. O Argissolo Vermelho-Amarelo e Plintossolo Pétrico tiveram os menores valores de condutividade elétrica devido a sua textura arenosa. O Latossolo Vermelho obteve resultados intermediários devido a sua textura argilosa do tipo 1:1. Palavras-chave: pH, Condutividade Elétrica, Solos. INTRODUÇÃO- Embora existam diversos tipos de solos de fertilidade variável na Amazônia, em particular no estado de Roraima, como não há informações sobre sua localização no relevo, fica difícil planejar seus usos (Ritter et al., 2009). Estudos das características físicas e químicas na solução do solo podem ajudar na obtenção de informações sobre esses solos. Solução do solo é a água que ocupa partes dos espaços vazios existentes nos solos que contém elementos químicos, muitos dos quais indispensáveis ao crescimento vegetal. Estes elementos são advindos das reações da água com os sólidos do solo, que são fortemente influenciadas por suas concentrações, tanto na água quanto no solo (Brandão; Lima, 2002). Os estudos das características físicas e químicas dos solos podem diferir a depender da sua posição na paisagem. Essas características estabelecem relações entre as classes de solos e o relevo, sendo utilizadas para determinar o manejo adequado das terras (Alves; Ribeiro, 1995). O objetivo desse trabalho foi avaliar o pH e a condutividade elétrica de solos do estado de Roraima e sua relação com as características pedogenéticas de cada classe. MATERIAL E MÉTODOS- A fase inicial do projeto envolveu a seleção dos sítios de amostragem onde ocorrem Vertissolo Háplico (VX), Argissolos Vermelho- Amarelo (PVA), Plintossolo Pétrico (FF) e Latossolo Vermelho (LV) no estado de Roraima. Foram coletadas três amostras simples superficiais (0 - 20 cm) de cada classe de solo em Delineamento Inteiramente Casualizado (DIC), totalizando 12 parcelas experimentais. As amostras foram secas ao ar e peneiradas em malha de 2 mm. Foram pesados 400 g de solo e adicionado água até formar a pasta de saturação. Após descanso de 24 h, foram realizadas as medições das variáveis pH e Condutividade Elétrica (C.E.) nas pasta de saturação. Os dados foram submetidos à análise de variância por intermédio do teste F a 5% de probabilidade e teste de média de Tukey. RESULTADOS E DISCUSSÃO- Não se observou diferença significativa entre os valores de pH dos solos em estudo (Figura 1). Apesar da alta saturação por bases dos Vertissolos Háplicos, as características climáticas da região, com índice pluviométrico acima de 1600 mm.ano - 1 , lixivia boa parte dos elementos em solução do solo, disponibilizando íons H + . Em se tratando do Latossolo Vermelho, o mais antigo pedogenéticamente, a predominância de minerais cauliníticos e oxídicos resulta em argilas de atividade baixa. Como consequência, a baixa CTC reflete em um acúmulo de íons H + em solução. São solos com baixo pH, de fortemente a extremamente ácidos, como observado no estudo. Esse fator é agravado pelas características da mata nativa local, como observado por Valladares et al. (2011) que, através dos valores de pH em água e em CaCl 2 , verificou diferença entre os usos das terras, sendo os valores mais elevados para as culturas perenes quando comparados à vegetação nativa.

Resumo expandido (I Simpósio de Ciência do Solo da Amazônia Ocidental)

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Universidade Federal do Amazonas

Sociedade Brasileira de Ciência do Solo

Núcleo Regional Amazônia Ocidental

I Simpósio de Ciência do Solo da Amazônia Ocidental

I Encontro de Laboratórios da Amazônia Ocidental

Condutividade e pH de solos do estado de Roraima e suas relações com as

características pedogenéticas.

Carlos Henrique Lima de Matos(1)

; Ataiza de Andrade Souza(1)

; Raimundo de Almeida

Pereira(1)

; Pedro Paulo Ramos Ribeiro Nascimento (2)

; Osvaldo Campelo de Mello

Vasconcelos(3)

(1) Estudante de Mestrado em Agronomia (POSAGRO) pela Universidade Federal de Roraima (UFRR). Centro de Ciências Agrárias

(CCA), Campus Cauamé, BR-174, Km 12, Monte Cristo, Boa Vista-RR. [email protected]; (2) Estudante do curso em Agronomia (POSAGRO) pela Universidade Federal de Roraima (UFRR). Centro de Ciências Agrárias

(CCA), Campus Cauamé, BR-174, Km 12, Monte Cristo, Boa Vista-RR; (3) Estudante do curso em Engenharia Agrícola e Ambiental (CENAMB) pela Universidade Federal do Vale do São Francisco

(UNIVASF), Campus II. Av. Antônio Carlos Magalhães Nº510, Country Club, Juazeiro-BA.

RESUMO- As características físicas e químicas do solo

podem diagnosticar as classes estudadas. O objetivo desse

trabalho foi avaliar o pH e a condutividade elétrica de

diferentes solos do estado de Roraima. Foram coletadas

três amostras de Vertissolo Háplico, Argissolo Vermelho-

Amarelo, Plintossolo Pétrico e Latossolo Vermelho para

análise de pH e condutividade elétrica através da pasta de

saturação. Os dados foram submetidos à análise de

variância e teste de média de Tukey a 5% de

probabilidade. Não se observou diferença significativa

entre o pH das quatro classes estudadas. A condutividade

elétrica foi maior no Vertissolo devido a sua maior CTC.

O Argissolo Vermelho-Amarelo e Plintossolo Pétrico

tiveram os menores valores de condutividade elétrica

devido a sua textura arenosa. O Latossolo Vermelho

obteve resultados intermediários devido a sua textura

argilosa do tipo 1:1.

Palavras-chave: pH, Condutividade Elétrica, Solos.

INTRODUÇÃO- Embora existam diversos tipos de solos

de fertilidade variável na Amazônia, em particular no

estado de Roraima, como não há informações sobre sua

localização no relevo, fica difícil planejar seus usos

(Ritter et al., 2009). Estudos das características físicas e

químicas na solução do solo podem ajudar na obtenção de

informações sobre esses solos.

Solução do solo é a água que ocupa partes dos espaços

vazios existentes nos solos que contém elementos

químicos, muitos dos quais indispensáveis ao crescimento

vegetal. Estes elementos são advindos das reações da

água com os sólidos do solo, que são fortemente

influenciadas por suas concentrações, tanto na água

quanto no solo (Brandão; Lima, 2002).

Os estudos das características físicas e químicas dos

solos podem diferir a depender da sua posição na

paisagem. Essas características estabelecem relações entre

as classes de solos e o relevo, sendo utilizadas para

determinar o manejo adequado das terras (Alves; Ribeiro,

1995).

O objetivo desse trabalho foi avaliar o pH e a

condutividade elétrica de solos do estado de Roraima e

sua relação com as características pedogenéticas de cada

classe.

MATERIAL E MÉTODOS- A fase inicial do projeto

envolveu a seleção dos sítios de amostragem onde

ocorrem Vertissolo Háplico (VX), Argissolos Vermelho-

Amarelo (PVA), Plintossolo Pétrico (FF) e Latossolo

Vermelho (LV) no estado de Roraima. Foram coletadas

três amostras simples superficiais (0 - 20 cm) de cada

classe de solo em Delineamento Inteiramente Casualizado

(DIC), totalizando 12 parcelas experimentais. As amostras

foram secas ao ar e peneiradas em malha de 2 mm. Foram

pesados 400 g de solo e adicionado água até formar a

pasta de saturação. Após descanso de 24 h, foram

realizadas as medições das variáveis pH e Condutividade

Elétrica (C.E.) nas pasta de saturação.

Os dados foram submetidos à análise de variância por

intermédio do teste F a 5% de probabilidade e teste de

média de Tukey.

RESULTADOS E DISCUSSÃO- Não se observou

diferença significativa entre os valores de pH dos solos

em estudo (Figura 1). Apesar da alta saturação por bases

dos Vertissolos Háplicos, as características climáticas da

região, com índice pluviométrico acima de 1600 mm.ano-

1, lixivia boa parte dos elementos em solução do solo,

disponibilizando íons H+. Em se tratando do Latossolo

Vermelho, o mais antigo pedogenéticamente, a

predominância de minerais cauliníticos e oxídicos resulta

em argilas de atividade baixa. Como consequência, a

baixa CTC reflete em um acúmulo de íons H+ em solução.

São solos com baixo pH, de fortemente a extremamente

ácidos, como observado no estudo. Esse fator é agravado

pelas características da mata nativa local, como observado

por Valladares et al. (2011) que, através dos valores de

pH em água e em CaCl2, verificou diferença entre os usos

das terras, sendo os valores mais elevados para as culturas

perenes quando comparados à vegetação nativa.

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- I Simpósio de Ciência do Solo da Amazônia Ocidental 11 a 15 de Junho- - Resumo Expandido -

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Os maiores valores de C.E. foram observados no

Vertissolo Háplico. Esses solos são constituídos de

minerais do tipo 2:1, como esmectitas, vermiculitas e

montmorilonitas. Essas argilas aumentam a CTC dos

solos consideravelmente. Por isso, são solos eutróficos (V

> 50%). Apesar de ser solos férteis, os íons ficam

fortemente adsorvidos às partículas de argila, não sendo

representados diretamente pela C.E.

O Argissolo Vermelho-Amarelo e o Plintossolo

Pétrico tiveram os menores valores para C.E. A textura

arenosa de ambos reflete na sua CTC. Com poucos

elementos adsorvidos às partículas, a C.E tende a

diminuir.

O Latossolo Vermelho estudado tem textura argilosa

do tipo 1:1. Por conseguinte, são solos com maior CTC

que o Argissolo Vermelho-Amarelo e Plintossolo Pétrico

e menor que o Vertissolo Háplico, ficando com C.E.

intermediária.

Montenegro et al. (2001) constaram que a C.E. é

influenciada pelas características pedológicas do solo, isto

é, a região de maior concentração iônica coincide com a

área em que a textura do solo é mais fina, reduzindo a

lavagem de sais.

CONCLUSÕES- Não há diferenças significativas no pH

entre as classe de solos estudadas do estado de Roraima.

Os maiores valores de C.E. foram encontrados no

Vertissolo e os menores, no Argissolo Vermelho-Amarelo

e Plintossolo Pétrico.

REFERÊNCIAS

ALVES, A.J.O.; RIBEIRO, M.R.. Caracterização e

gênese dos solos de uma topossequência na microrregião

da mata seca de pernambuco. revista brasileira de ciência

do solo, v.19, n.2, p.297-305, 1995.

BRANDÃO, S. L.; LIMA, S. do C.. pH e condutividade

elétrica em solução do solo em áreas de pinus e cerrado

na Chapada em Uberlândia, Minas Gerais. Caminhos de

Geografia, jun. 2002.

MONTENEGRO, A. A. A.; MONTENEGRO, S. M. G. L.

Variabilidade espacial de classes de textura, salinidade e

condutividade hidráulica de solos em planície aluvial. Revista

Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, v.10, p.30-

37, 2006.

RITTER, L.; MARTINS, P.; COOPER, M.; GRIMALDI, C..

Variação e possibilidade de uso de solo sobre rochas cristalinas

na Amazônia Oriental. Novos Cadernos, v. 12, n. 1, p. 225-246.

VALLADARES, G. S.; BATISTELLA, M.; PEREIRA, M. G..

Bragantia, Campinas, v.70, n.3, p. 631-637.

Figura 1 - pH em diferentes solos do estado de Roraima.

Figura 2 - Condutividade Elétrica em diferentes solos do estado de Roraima.