Revista 16_0

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  • ANO 5 - N 16 - Setembro/Dezembro - 2009

  • Neste numero da revista Coffea destacamos a pesquisa, com trabalhos escolhidos entre aqueles apresentados no 35 CBPC, recentemente realizado, assunto de nossa reportagem. Na seo de recomendao tratamos da escolha das reas onde plantar caf e da necessidade de adubao equilibrada. As anlises efetuadas mostram os tipos de atuao dos profissionais de agronomia e a importncia da irrigao em ca feza i s . Na r epo r t agem mostramos o que aconteceu no 35 CBPC e contamos um pouco da histria deste tradicional Congresso. Nos produtos e equipamentos destacamos 2 novos inseticidas, o uso acoplado de esqueletadeira e decotadeira, a nova sacaria e o equipamento moto-mexedor de caf no terreiro.Graas aos recursos do convenio MAPA/ Fundao Procaf, foi possvel editar este numero. Agradecemos Secretaria de Produo e Agroenergia e ao DCAF do Ministrio pelo apoio.Neste final de ano desejamos a todos nossos leitores boas festas e um ano de 2010 cheio de paz e realizaes na cafeicultura, esperando que Papai Noel traga preos e renda melhores para o caf.

    Capa: Florao abundante em cafeeiro conillon, oriundo de mudas de semente, em rea de altitude elevada, a 790 m, em So Domingos das Dores-MG. Plantio em dez;07, espa. 3x1 m, florada em set;09. Foto do Eng. Agr. Mrcio L. Carvalho.

    REVISTA BRASILEIRA DETECNOLOGIA CAFEEIRA

    FUNDAO PROCAFCONVNIO MAPA/FUNPROCAF/UFLA

    NOTA DO EDITOR

    REPORTAGEM

    PESQUISANDO

    RECOMENDANDO

    PANORAMA

    ANLISE

    SRIE CLIMTICA

    ENTREVISTA

    PRODUTOS E EQUIPAMENTOS

    Congresso de pesquisas de caf fez 35 anos 03

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    Eficincia da aplicao de Flutriafol via piv-lepa, no controle da ferrugem e efeito tnico em cafzalEfeito do gesso em cobertura na formao da lavoura associada ou no a cobertura morta como irrigao branca do cafeeiroDesenvolvimento de bandeja semeadora para semeio de cafProteo com sombra, no ps-plantio, favorecendo o desenvolvimento inicial de cafeeiros conillon em zona de altitude elevada, no Sul de MinasAtaque severo de phoma/ascochyta em cafeeiros conillon e resistncia no robusta apoat, em zona de mdia altitude no Espirito SantoIcatu IAC/Procaf 618 - tuiuiu, cultivar com boas caractersticas produtivas e resistncia ferrugem, com potencial de plantio comercialManejo simplificado no despolpamento e secagem do caf ps-colheita, na Zona da Mata de MinasProdutividade do cafeeiro irrigado sob aplicao de diferentes doses de gua residuria de suinoculturaEfeito da nutrirrigao por pulsos e convencional na produtividade do cafeeiro, no Sul de Minas GeraisQuantificao do processo de reciclagem de folhas em cafezais

    Onde plantar caf?A adubao da lavoura cafeeira deve ser racional e equilibrada

    Programa Globo Reprter levanta a moral do caf e da cadeia cafeeiraNovas publicaes sobre manejo na lavoura cafeeiraCatucai vermelho 19/8 cv 380 - Japi, vai bem na zona montanhosa do Espirito SantoPlantio direto de sementes e de mudas de raiz nua formam bem a lavoura de caf irrigada

    Importncia da irrigao em cafzais Sou agrnomo ou Engenheiro Agrnomo?

    Chuva de inverno provoca perdas de qualidade dos cafs da safra 2009 e menor e desigual florao para a safra de 2010

    Oswaldo Henrique mostra sua viso sobre o apoio governamental cafeicultura

    Moto virador de caf no terreiro Nova sacaria para acondicionar o cafDois novos inseticidas, em desenvolvimento e lanamento, para controle do bicho-mineiro do cafeeiro.Esqueletadeira e decotadeira acopladas numa s operao, na poda de cafzais

    RESPONDE

    Neste nmero:ANO 5 - N 16 - Setembro/Dezembro - 2009

  • CARTA AO CAFEICULTOR

    MINISTRIO DA AGRICULTURA, PECURIA E ABASTECIMENTOMinistro da Agricultura, Pecuria e Abastecimento: Reinhold StephanesSecretrio-Executivo do MAPA: Jos Gerardo FontelesSecretrio de Produo e Agroenergia (SPAE/MAPA): Manoel Vicente Fernandes BertoneDiretor do Departamento do Caf (DCAF/SPAE): Lucas Tadeu FerreiraSecretrio de Desenvolvimento Agropecurio e Cooperativismo (SDC/MAPA): Mrcio Antnio PortocarreroSuperintendente Federal de Agricultura de MG (SFA/MG): Antonio do Valle Ramos

    Fundao Procaf Presidente da Fundao Procaf: Jos Edgard Pinto Paiva

    UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRASReitor da UFLA: Antnio Nazareno Guimares Mendes

    REVISTA DE TECNOLOGIA CAFEEIRAAno 5: n 16 - SETEMBRO/DEZEMBRO - 2009.

    Conselho Editorial: Jos Braz Matiello (Editor Executivo); Rubens Jos Guimares (Coordenador UFLA); Saulo Roque de Almeida, Leonardo Bscaro Japiass, Rodrigo Naves Paiva e Antnio Wander Rafael Garcia, Andr L. Garcia e A. V. Fagundes - MAPA/Fundao Procaf, Carlos Henrique Siqueira de Carvalho - Embrapa Caf. Diagramao e Impresso: Grfica Santo Antnio Ltda. - (35) 3265-1717 - Trs Pontas-MGComposio: Rosiana de Oliveira Pederiva, Cludia Sgarboza e Thais N. Braga.Tiragem: 2000 exemplares.Endereos: Alameda do Caf, 1000 - Bairro Jardim Andere

    37026-400 - Varginha/MG 35. [email protected]

    e Av. Rodrigues Alves, 129 - 6 andar - Centro20081-250 - Rio de Janeiro/RJ21. [email protected]

    permitida a reproduo, desde que citada a fonte e autores.

    www.fundacaoprocafe.com.br

    AGUARDAR PARA VER COMO QUE FICANo ano de 2009, que estamos encerrando, foi difcil para a cafeicultura. Viemos de um custo de

    produo elevado, em funo da alta dos insumos. Em muitas regies foi um ano de safra baixa. Mesmo assim, em funo da crise e da queda do dlar, especialmente nestes ltimos meses do ano, os preos do caf no se elevaram, e, at caram para os cafs de pior bebida e para o conillon.

    Tivemos, agravando a situao, chuvas de inverno, que depreciaram a qualidade do caf e tendem a prejudicar a produtividade e a qualidade da safra tambm de 2010, pela desuniformidade da florada (ver matria da Srie Climtica, neste nmero). De qualquer modo teremos, por efeito do ciclo bienal, uma safra maior ano que vem. Agora os preos dos insumos baixaram, porem as perspectivas de preos futuros do caf no so nada animadoras.

    Tem havido muitas podas, abandonos e desnimo no setor produtivo do caf. O Governo est tentando ajudar com prorrogaes, crditos, opes etc (ver entrevista neste nmero). Devemos aguardar mais um pouco e ver como evolui a economia cafeira neste prximo ano. Se nada de novo e bom ocorrer, ser, ento, preciso adotar medidas mais arrojadas, com preos de garantia remuneradores, reduo de oferta de caf, via compra pelo governo, e outras solues heterodoxas, pois do jeito que vai, l na prente no sobreviveremos.

    Ao produtor, assim, cabe trabalhar bem e aguardar mais um pouco para tomar a deciso mais correta sobre o que fazer com suas lavouras, se reduzir ou aumentar os tratos e suas reas de caf.

  • 03REPORTAGEM

    Depois do primeiro vieram mais 34 edies e chegou-se a uma marca de muitos anos, do tradicional Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras, neste ano acontecendo em Arax, de 27-30 de outubro de 2009.

    Apesar desse longo perodo de trabalho, em prol do desenvolvimento tecnolgico da cafeicultura, o Congresso se renova, a cada ano, e o nimo que os Tcnicos demonstraram, ao apresentarem os seus trabalhos, parece embalado pela prpria bebida o caf - que como se sabe estimulante e revigorante. Mesmo os mais experientes no querem falar em aposentadoria.

    Em Arax estiveram reunidos, para apresentar e discutir as ltimas novidades tecnolgicas, as Equipes de pesquisadores ligadas s diferentes Instituies, das diversas regies do pais. No mesmo frum participaram os difusores de tecnologia, aqueles que fazem parte da rede de assistncia aos cafeicultores, e, ainda, os produtores lideres e as autoridades ligadas ao setor. Mais de 700 participantes estiveram no congresso, a elite tcnica da cultura cafeeira.

    Na abertura Abertura do congresso Na abertura do Congresso, autoridades

    importantes compareceram, como o Deputado Silas Brasileiro, o Secretrio de Agricultura de MG Gilman Viana, representando o governador do estado, o Superintendente do MAPA em Minas, Antonio do Valle, o presidente da Caccer Francisco Assis.e o Secretrio da agricultura de Arax representando o prefeito municipal, o Dr Aguinaldo de Lima, presidente das cmaras setoriais de caf do Mapa, o Secretrio executivo da Fundao Pricaf, Osvaldo H. Paiva, o Diretor geral do Cecaf,

    Guilherme Braga e o Presidente da Capal, Alberto Valle Junior Na solenidade de abertura foi promovido um debate sobre a poltica para o desenvolvimento da cafeicultura brasileira.

    Do programa de abertura constaram, ainda, o lanamento de um livro sobre irrigao em cafezais, o lanamento da campanha caf seguro e o dia-de-campo na Fazenda Experimental da CAPAL.

    A organizao do evento tambm prestou homenagens a pessoas que tem feito muitos trabalhos em prol do desenvolvimento da cafeicultura dos cerrados, sendo agraciados o Deputado Silas Brasileiro, o Dt. Aguinaldo J. de Lima, e os Agrnomos Roberto Santinato e Jos Edgard P. Paiva.

    Trabalhos com qualidade Mais de 300 trabalhos de pesquisa foram

    apresentados, sendo includos no livro dos anais, os quais, alem de ser discutidos, serviro como fonte de consulta posteriormente ao evento. Foi, ainda, editado um CD, este com os trabalhos do 35 e tambm das 2 edies anteriores do Congresso, o 33 e o 34, os quais eram os nicos que ainda no se dispunha em CDs.

    Os trabalhos trataram dos diferentes setores da cultura cafeeira, iniciando pelas doenas e pragas, pelos sistemas de plantio, nutrio, tratos culturais, fisiologia, colheita, preparo e qualidade do caf, alem de estudos scio-econmicos, agricultura de preciso e certificao. Cento e dois trabalhos foram apresentados oralmente durante os 3 dias de sesso em plenrio

    Os seminrios, realizados no fim da tarde, todos os dias, discutiram temas mais aplicveis cafeicultura regional. O primeiro tratou da Moderna

    Congresso de pesquisas de caf fez 35 anos

    Mesa diretora dos trabalhos na abertura do Congresso. Da direita para a esquerda, Guilherme, Aguinaldo, Junior, Antonio do Valle, Gilman, Silas, Oswaldo Henrique, Francisco Srgio e A. Wander.

    Mesa diretora dos trabalhos na abertura do Congresso. Da direita para a esquerda, Guilherme, Aguinaldo, Junior, Antonio do Valle, Gilman, Silas, Oswaldo Henrique, Francisco Srgio e A. Wander.

    Alberto Valle Junior, presidente da CAPAL, recebe de OsWaldo Henrique, Diretor da Fundao Procaf a homenagem como a Colaboradora da pesquisa do ano de 2009, pela manuteno do campo experimental em Arax.

    Alberto Valle Junior, presidente da CAPAL, recebe de OsWaldo Henrique, Diretor da Fundao Procaf a homenagem como a Colaboradora da pesquisa do ano de 2009, pela manuteno do campo experimental em Arax.

  • 04 REPORTAGEM

    cafeicultura dos cerrados nele atuando Dr Antonio Nazareno M. Guimares, Reitor da UFLA. como coordenador e como palestrantes Francisco de Assis, da CACCER, fazendo um diagnstico e Roberto Santinato e Andr Fernandes que falaram sobre nutrio e irrigao racionais para as lavouras do cerrado..

    O segundo seminrio abordou A poda no manejo de cafezais, sendo coordenador Roberto Thomazielo e palestrantes, J.B. Matiello, que falou das finalidades das podas no manejo e Alisson Villela e Andr Garcia, que discutiram a poca e modo de podar e o uso da poda para safra zero.

    No terceiro seminrio o tema foi Novas variedades de caf, sob coordenao de Carlos H. Carvalho e participao de S. R. Almeida, L.C. Fazuoli e Antonio A. Pereira, cada um apresentando as variedades novas desenvolvidas pelas suas Instituies e Equipes de trabalho.

    Dia-de-campo serve de demonstraoO dia de Campo ocorreu na manh do dia 30,

    com demonstraes, nos campos experimentais, de irrigao, espaamentos, adubao e variedades. Foram realizadas 5 estaes de campo, a cargo doe Tcnicos, J.B. Matiello e S.R. Almeida, que mostraram as novas variedades; R. Santinato, sobre adubao orgnica; Rodrigo Ticle, sobre espaamentos; Andr Fernandes, sobre irrigao; e A.W. Garcia, sobre uso de gesso e silcio.

    O dia de campo na Estao Experimental da CAPAL/Convnio com a Fundao Procaf foi um timo instrumento para os participantes observarem, ao vivo, os resultados das pesquisas. A propsito, a CAPAL recebeu, da organizao do Congresso, uma homenagem como a colaboradora da pesquisa cafeeira do ano de 2009..

    Outras atividades e patrocinioDurante o evento foi possvel, ainda,

    conhecer as novidades sobre produtos e equipamentos, nos stands de empresas ligadas ao setor cafeeiro e apreciar a exposio de pinturas caf com arte da artista Valria Vidigal.

    O Congresso teve o patrocnio do Ministrio da Agricultura, da Fundao Procaf, da Embrapa-caf, da UFLA, UNIUBE, e Secretaria de agricultura de MG, com a parceria local da CAPAL e da CACCER. Colaboram e apoiaram o evento as Cooperativas e Associaes de cafeicultores, as Empresas de pesquisa e Universidades, o CNC, a ABIC, ABICS, o SEBRAE, o CECAFE. E Empresas produtoras de insumos e maquinrio para a lavoura

    cafeeiraA programao completa do Congresso pode

    ser verificada no site: www.maiscafe.com.br ou www.fundacaoprocafe.com.br.

    Durante o evento os trabalhos e as palestras foram transmitidas ao vivo pela internet. O colega Srgio Parreira d a dica para aqueles que no puderam acompanhar. Basta acessar: O Cardpio de Palestras est disponvel em: http://www.peabirus.com.br/redes/form/post?topico_id=20498&pag=1Coloquei tambm um link (banner) na pagina principal do MANEJO: http://www.peabirus.com.br/redes/form/comunidade?id=218.

    Foi uma surpresa agradvel a mensagem que recebi do Eng. Agr. e Pesquisador da Colmbia, Jairo Leguizamon, que acompanhou o congresso pela internet. Veja na mensagem original por ele enviada, o que el diz: Apreciado Jos B Matiello: Los felicito por la calidad del congreso de gran importancia para la Caficultura Brasilea y mundial. Tuvimos la oportunidad de seguir sus presentaciones va Internet, con eficiente calidad.

    CONGRATULACIONES y esperamos que el prximo congreso tenga las mismas facilidades.

    A histria dos congressosPara aqueles que acompanharam todos ou a

    maioria dos Congressos de Pesquisas Cafeeiras vale a pena recordar, por onde passaram, ou quais estados e cidades onde ele foi realizado. Para os novos tcnicos bom conhecer a histria e saber que muito trabalho foi feito, tendo eles a obrigao da continuidade.

    Em 1973 foi o primeiro, em Vitria-ES, tendo o Estado recebido 4 edies do Congresso, sendo 3 em Guarapari, a 5, em 1977, a 20, em 1994 e a 31, em 2005.

    O segundo Congresso ocorreu em Poos de Caldas-MG, em 1974, tendo o estado de Minas Gerais, pela sua localizao centralizada na regio cafeeira, recebido a grande maioria das edies do evento, ao todo 21, sendo: :em Caxambu o 4 - 1976, o 12, em 1985, o 21, 1995, o 28, 2002 e o 34, em 2008. Em Arax ocorreram o 7, em 1979, o 18, em 1992, o 29, em 2003 e o 35, em 2009. Poos de Caldas recebeu mais 3 edies: a 10, em 1983, a 24, em 1998, e a 32, em 2006. Ainda em Minas, So Loureno recebeu o 9, em 1989, o 13, em 1983 e o 30, em 2004. As cidades em Minas que receberam uma edio do Congresso em cada foram: Varginha,

  • REPORTAGEM 05

    o 17, em 1991, Trs Pontas, o 19, em 1993, Manhuau, o 23, em 1997, Uberaba, o 27, em 2001 e Lavras., o 33, em 2007.

    O estado do Paran recebeu 3 eventos, o 3 em 1975, em Curitiba, e 11, em 1984 e o 15, em 1989, em Londrina e Maring..

    O estado de So Paulo teve 7 edies do Congresso: o 6, em 1978, em Ribeiro Preto, o 8, em 1980, em Campos do Jordo, o 14, em 1987, em Campinas, o 16, em 1990, em E. S. Pinhal, o 22, em 1996, em guas de Lindia, o 25, em 1999, em Franca e o 26, em 2000, em Marilia.

    O comeo, os mritos e as lembranasA grande motivadora do Congresso foi a

    ferrugem do cafeeiro, que gerou a execuo de um extenso programa de pesquisas para seu controle e, em seguida, a renovao de cafezais, programas nascidos no mbito do IBC-GERCA, a partir de 1970. Tanto assim, que o primeiro congresso chamava-se de Congresso Brasileiro de Pragas e Doenas do Cafeeiro. A partir do segundo o nome mudou para pesquisas cafeeiras, pois o problema da ferrugem passou a ser tratado no todo da cultura cafeeira, com a necessidade de adaptao da tecnologia na conduo de cafezais, para convivncia com a temida doena.

    A idia do Congresso partiu do Eng. Agr. J.B. Matiello, com o imediato apoio do ento Secretrio Executivo do Gerca, grande incentivador da Equipe, o tambm Eng. Agr. Jos Maria Jorge Sebastio.

    Muitas edies depois, sentimos saudades de alguns ilustres colegas que sempre participaram e que j se foram, podendo-se lembrar de Alcides Carvalho, ngelo Paes de Camargo, Coaracy Franco, Adolpho Chebabe, Euripedes Malavolta, Kepler Arajo Netto, Joo da Cruz, Roberto Abreu, J. C. Zattar, sem falar de Paula Motta, que dirigiu o setor da produo cafeeira do IBC, que dirigia as atividades do congresso, por longos anos.

    Alguns de ns, mesmo antigos, ainda continuamos, com a graa de Deus e, saibam, com bastante esforo. Os mtodos mudaram, natural. No inicio era o preparo dos trabalhos em mquinas de escrever, muitas ainda manuais. A apresentao se dava no retro projetor e nos projetores de slides. Agora s no computador, pen drive e data show. Tivemos que evoluir junto com essas modernidades, que facilitam.

    No entanto, o maior valor do pesquisador est nele mesmo, nas suas idias, sua criatividade e muito no seu trabalho. Por isso, a ele dedicamos estas 35 edies do Congresso.

    Os homenageados pelo trabalho em prol da cafeicultura, em especial a dos cerrados, R. Santinato, Aguinaldo Lima e Silas Brasileiro, ao centro o Secretrio Gilman Viana e {a esquerda o Diretor Oswaldo Henrique

    Os homenageados pelo trabalho em prol da cafeicultura, em especial a dos cerrados, R. Santinato, Aguinaldo Lima e Silas Brasileiro, ao centro o Secretrio Gilman Viana e {a esquerda o Diretor Oswaldo Henrique

    O movimento de inscrio na Secretaria do EventoO movimento de inscrio na Secretaria do Evento

    Durante o Seminrio sobre variedades de caf, vendo-se o Coordenador Carlos em p e na mesa os palestrantes Antonio Pereira, Fazuoli e Saulo Almeida

    Durante o Seminrio sobre variedades de caf, vendo-se o Coordenador Carlos em p e na mesa os palestrantes Antonio Pereira, Fazuoli e Saulo Almeida

    Na barraca de recepo do dia de campo na Fda Experimental os visitantes chegam e enquanto esperam vo logo tomar o cafezinho e aproveitar os quitutes ali oferecidos.

    Na barraca de recepo do dia de campo na Fda Experimental os visitantes chegam e enquanto esperam vo logo tomar o cafezinho e aproveitar os quitutes ali oferecidos.

  • 06 PESQUISANDOEFICINCIA DA APLICAO DE FLUTRIAFOL

    VIA PIV-LEPA, NO CONTROLE DA FERRUGEM E EFEITO TNICO EM CAFZAL

    J.B. Matiello, Eng. Agr. Mapa/Procaf e V. Josino, E. C. Aguiar e R.A. Arajo, Tecs. Agrop. So Thom

    Os fungicidas do grupo dos Triazis apresentam boa eficincia no controle da ferrugem do cafeeiro, sendo, aqueles de melhor absoro/translocao, eficientes tambm quando aplicados via solo, para absoro pelo sistema radicular.

    O Flutriafol tem comprovada eficincia contra a ferrugem do cafeeiro, sendo especialmente indicado para uso via solo.

    O sistema normalmente usado na aplicao via solo utiliza equipamento, manual ou tratorizado, que aplica, sobre o solo, um esguicho ou filete lquido com a calda fungicida, na linha junto aos troncos do cafeeiro, conhecido como sistema drench.

    Em grandes plantaes de cafezais, como aquelas que vem sendo feitas na regio de Pirapora-MG, com irrigao em Piv-Lepa, em plantios circulares, o sistema de aplicao em esguicho encontra dificuldades pelo menor rendimento operacional ( 7-10 ha/dia) e pode ter eficincia reduzida, pelo menor volume de gua/calda veiculada (20-50 ml/pl), sobre grande quantidade de resduos orgnicos sob os cafeeiros.

    No sistema de plantio circular de caf e com a irrigao em piv-lepa, a aplicao da gua coincide sobre a linha de cafeeiros, caindo ao solo sob a copa das plantas. Essa aplicao facilita a ferti-irrigao, sendo uma opo para outros produtos via gua., sendo que a quimigao, visando o uso de inseticidas, fungicidas e outros defensivos via irrigaoainda pouco estudada e utilizada.

    No presente trabalho objetivou-se testar a

    eficincia da aplicao de Flutriafol em um piv-Lepa no controle da ferrugem em cafezal e avaliar o efeito tnico do produto.

    O teste foi conduzido no ciclo 2008/09, em um piv de 80 ha, com cafezal Catuai/144, com 4,5 anos, espaamento 3,6 x 0,5 m, e produtividade de 95 scs/ha em 2009. Foi aplicada a dose de 5 litros/ha do produto Impact (Flutriafol 125 SC), com o piv rodando a 100%, aplicando 8mm dgua. A aplicao nica do Impact ocorreu em 20/11/08. O tratamento foi completado por uma aplicao foliar de Epoxiconazole a 0,6 l/ha em 27/fev/09 mais duas foliares anteriores, em dez/jan, com cobre mais micro-nutrientes. Duas linhas (pequenas) de cafeeiros no centro do piv no receberam o Impact via solo (sendo fechadas as lepas durante a aplicao) , s recebendo o tratamento normal, foliar, com 2 aplicaes de Epoxiconazole e 2 linhas ficaram sem qualquer tratamento.As avaliaes da doena foram efetuadas em junho, no pico da doena tomando-se amostragens de folhas ao acaso, 10 de cada planta, em seu tero mdio, em 30 plantas ao acaso por tratamento. Aps a colheita, em julho/09 avaliou-se a desfolha em 4 ramos ao acaso /planta, nas mesmas plantas.

    Resultados e concluses:Os resultados das amostragens de infeco e

    desfolha nos cafeeiros do campo esto colocados no quadro 1.

    Quadro 1- Infeco e desfolha em cafeeiros sob tratamentos com fungicida Flutriafol, via piv-Lepa, Pirapora-MG,2009.

    De acordo com os dados do quadro 1 observa-se a forte evoluo da ferrugem nos cafeeiros do tratamento testemunha, atingindo 87% de infeco, funo das boas condies de umidade e calor e devido alta carga pendente na lavoura. Nessas condies favorveis doena, mesmo tratamentos eficientes como o uso das aplicaes foliares de Epoxiconazole permitiram um avano significativo da

    ferrugem e uma desfolha superior a 60%. No tratamento onde entrou o Impact no solo, via Lepa, os nveis de infeco e desfolha foram muito inferiores.

    O que chamou mais a ateno do tratamento com o Impact foi o bom enfolhamento que a lavoura apresentou no ps-colheita, mesmo aps a alta produo colhida (95 scs/ha), mostrando que alem do controle da ferrugem houve um efeito

  • PESQUISANDO 07

    EFEITO DO GESSO EM COBERTURA NA FORMAO DA LAVOURA ASSOCIADA OU NO A COBERTURA MORTA

    COMO IRRIGAO BRANCA DO CAFEEIROR. Santinato Eng. Agr. MAPA/Procaf Campinas SP, R. F. Ticle Eng. Agr.

    e A. R. Silva Tec. Agr., Capal Arax MG, V. A. Silva Eng. Agr. - Paula Souza E. S. Pinhal SP e G. D' Antonio Eng. Agr. Grupo IBRA Campinas SP

    Alguns produtores tem utilizado o gesso em cobertura do solo, em faixa, objetivando manter uma maior umidade em beneficio ao cafeeiro, sem considerar possveis implicaes qumicas do solo. Esta prtica tem recebido a denominao de Irrigao Branca pelos tcnicos/produtores adeptos a ela. Alguns trabalhos experimentais recentes, realizados em Varginha-MG, no apresentaram respostas positivas com a irrigao branca ,ficando significativamente inferior irrigao. Neste sentido, no presente trabalho objetiva-se avaliar esta prtica durante a formao da lavoura ,nas condies do cerrado de Arax-MG ,comparativamente com o caf irrigado e com o sequeiro tradicional.

    O ensaio esta instalado no Campo Experimental da Cooperativa Agropecuria de Arax Ltda. (CAPAL), em Solo LVE cerrado argiloso, 980m de altitude, declive de 4% como cultivar, utilizou-se do Catuai Vermelho IAC 144, no espaamento 4 x 0,5m (5.000

    pl/ha). A conduo dos tratos culturais, fito-sanitrios e nutricionais seguiram as recomendaes do MAPA/ Procaf para a regio.

    Os tratamentos em estudos so:1. Irrigao por gotejamento (IG);2. Sem irrigao (SI);3. Sem irrigao + gesso 5 ton/ha/ano (SI 5G);4. Sem irrigao + gesso 5 ton/ha/ano mais cobertura do mato (SI 5G+M);5. Sem irrigao + gesso 7,5 ton/ha/ano (SI 7,5G);6. Sem irrigao + gesso 7,5 ton/ha/ano cobertura do mato (SI 7,5G+M).

    O delineamento experimental de blocos ao acaso com quatro repeties e parcelas de 30m, sendo as teis as 10m centrais com bordadura comum.

    O gesso foi aplicado logo aps o plantio sobre a linha, em faixa de 50 cm e repetido nos anos subseqentes aos 18 e 24 meses totalizando 3 aplicaes.

    tnico do produto. As plantas tratadas apresentaram, no final do ciclo produtivo, um bom enfolhamento, folhas verdes escuro e sem qualquer seca de ponteiros, projetando para o prximo ano uma safra de cerca de 50 scs/ha, que seria improvvel diante do stress natural, que ocorre com os cafeeiros aps uma safra muito alta.

    Outra observao interessante efetuada no piv foi o aparecimento de uma pequena fatia de cafeeiros, tipo uma lista clara, de cafeeiros desfolhados, 5-7 por linha circular, visvel no sentido do raio do piv, do centro at a periferia, resultado da falta de aplicao do produto. Esta falha foi devida ao pequeno espao de tempo entre o inicio da rodagem do piv antes da efetiva injeo da calda fungicida junto gua de irrigao.Os resultados obtidos e as observaes de campo permitiram concluir que:- A aplicao do Flutriafol no solo, via Piv-Lepa, eficiente no controle da ferrugem do cafeeiro;- O uso do Flutriafol traz um bom efeito tnico, melhorando o enfolhamento e o potencial produtivo dos cafeeiros;- A aplicao via Piv Lepa rpida e no representa gastos operacionais adicionas.

    Cafeeiros tratados com o Impact via pivoCafeeiros tratados com o Impact via pivo

    Cafeeiros da parcela sem tratamentoCafeeiros da parcela sem tratamento

  • 08 PESQUISANDO

    A cobertura morta era precedida da roada do mato. direcionando a massa verde sob a saia dos cafeeiros. A irrigao do tratamento n 1 foi feita de acordo com o balano hdrico por gotejamento.

    Resultados e concluses:O quadro 1 demonstra os resultados da 1 e 2

    produes, onde verifica-se, na 1 produo, a superioridade significativa do tratamento com a irrigao (+19%) em relao aos sequeiro, em e consequencia do dficit hdrico elevado, de 186mm. Os tratamentos com gesso ou gesso mais cobertura morta no diferem do sequeiro sendo ligeiramente inferiores.

    Na 2 produo, no houve diferena com o tratamento irrigado, em vista do ano com dficit hdrico baixo (136 mm) so prejudicial. No grfico 1 demonstra-se a mdia das duas 1 safras (1 Binio) e a 1 e 2 safra individualizada: Nos grficos 2, 3, 4 e 5; respectivamente para Ca, Mg, K e S tem-se os valores no solo e foliar das anlises aos 42 meses.

    Verif icou-se que o Calcio aumentou significativamente no solo em todas as profundidades 0-10; 10-20 e 20-40, e a anlise foliar no apresentam correlaes com os teores do solo. O Magnsio diminuiu significativamente na presena do gesso, sem diferenciar de dose e profundidade, sugerindo que tenha sido levado para camadas mais profundas que 40 cm. Houve uma

    correlao com os teores foliares, estes deficientes de Mg, nos tratamentos com gesso; com teor mdio de 2,78 g/kg. O K praticamente no sofreu alteraes significativas, sendo ligeiramente inferior do gesso 1,6 a 2,1 contm 1,8 a 2,4 mmolc/dm. No h correlao entre teores foliares e teor do solo. O Enxofre aumentou em todas as profundidades sendo teores maiores com 7,5 ton/ha que com 5 ton/ha; estes com 100 a 190 mg/dm de S, contra 34 a 55 mg/dm das testemunhas sem gesso.

    At a 2 safra do cafeeiro (42 meses) pode-se concluir que:1. As doses de gesso (5 e 7,5 ton/ha/ano) no total de 15 ton/ha e 22,5 ton/ha no diferem do padro sequeiro, sendo inferior irrigao; no funcionando, portanto, como prtica para substituir a irrigao; mesmo com cobertura morta associada ao gesso.2. As doses de gesso elevam significativamente o clcio no solo nas 3 camadas (0-10; 10-20 e 20-40 cm), sem correlao com os nveis foliares.3. As doses de gesso reduziram os teores de K, e no houve correlao foliar.4. As doses de gesso foram reduzindo o Mg significativamente (altamente) nas camadas estudadas e mostram uma correlao foliar com nveis deficientes.5. O enxofre elevou-se significativamente com as doses de gesso,em 2 a 3 vezes, para sem correlao com os teores foliares.

    Quadro 1 - Produes iniciais de cafeeiros sob efeito do gesso como irrigao branca na formao da lavoura com ou sem abertura morta

    DESENVOLVIMENTO DE BANDEJA SEMEADORA PARA SEMEIO DE CAF

    J.B. Matiello, Eng. Agr. Mapa; Procaf e C.M. Barbosa, Tec. Agr. Caf Brasil, M.L Carvalho, Eng. Agr. e Ronaldo Werner Eng. Mecanico. Fda Realeza

    A operao de semeio de caf, mais usual sob a forma de colocao direta das sementes sobre o substrato, feita de forma manual, posicionando, individualmente, cada uma a duas sementes, no centro dos recipientes, como as sacolinhas de polietileno, cheias de terra mais esterco mais adubo qumico. Esta operao manual lenta, sendo que um trabalhador pode semear, em mdia, 3 mil sacolinhas por dia.

    Em outras culturas, onde se exige grande numero

    de plantas, como ocorre com as hortalias, o semeio feito, em sua maior parte, em sistemas automatizados, em mquinas munidas de bandejas semeadoras, muitas a vcuo. O uso de sistemas de semeio mais rpido de sementes de caf no havia, ainda, sido testado.

    O objetivo do presente trabalho foi o de desenvolver e testar uma bandeja semeadora, para facilitar o semeio de caf.

    A idia surgiu na medida em que, para plantios

  • PESQUISANDO 09

    adensados se exige grande numero de mudas e, para tal se exigia sistemas de produo de mudas mais econmicos. A primeira etapa foi a introduo da produo das mudas em bandejas plsticas, com clulas menores e de forma regular, semelhana do que se usa na produo de mudas de hortalias, de fruteiras e de essncias florestais. Essa distribuio simtrica dos recipientes com o substrato despertou a ateno para a possibilidade do uso de uma bandeja semeadora de caf.

    Foi efetuado um trabalho de desenvolvimento e testagem na Zona da Mata de Minas Gerais, em Realeza, na Fazenda Ouro Verde. A bandeja semeadora e o marcador foram desenvolvidos a partir do envio de sementes de caf e das bandejas plsticas que seriam usadas para as mudas, a fim de servir de base para a modelagem do marcador e bandeja semeadora, com o dimensionamento das clulas e das distncias entre elas. A modelagem foi feita pela Empresa Semeart, especializada na confeco de bandejas semeadoras. O modelo fabricado foi testado em viveiro, para semeio e formao de 200 mil mudas de caf na Fazenda Ouro verde, no ciclo 2008/09.

    A bandeja foi desenvolvida a partir de madeira tratada, protegida, pintada e o molde final foi feito de plstico modelado quente e prensado. Para facilitar o semeio foi feito, tambm, um marcador, semelhante a uma tbua, com protuberncias, para fazer pequenas concavidades sobre o substrato, no centro das clulas, onde ficaro as sementes. Este marcador foi feito de madeira protegida e pintada.

    A bandeja semeadora, possui depsito de sementes, onde as sementes de caf so colocadas, em pequena quantidade (cerca de 250 g). Este depsito possui, de um lado, uma separao, com concavidades distanciadas de 4,5 cm, onde as sementes, uma de cada vez, se encaixam. Ento, a bandeja semeadora colocada sobre as bandejas plsticas cheias do substrato, elas so coincididas e logo abre-se a lamina inferior, deixando cair uma semente em cada clula do substrato, semeando, de uma vez, cada bandeja, com 72 clulas e que resultaro em 72 mudas. Repete-se a operao em outra bandeja e, rapidamente, semeia-se todo o viveiro. Em seguida ao semeio peneira-se uma camada fina do substrato sobre as sementes e est pronto.

    Resultados e conclusesO rendimento observado no semeio com a

    bandeja semeadora foi o equivalente a 3.600 mudas por hora trabalhada ou em mdia 30.000 mudas por dia. Pode, eventualmente, ocorrer falhas, observadas no teste, sendo menos de 3% de falhas, podendo ser feito, rapidamente, um repasse manual complementar, para ajuste do semeio feito com a bandeja semeadora.

    No teste efetuado, aps o perodo de 5 meses as mudas semeadas tiveram uma formao uniforme, com plantas normais, sem problemas de parte area ou de sistema radicular. Com base no estudo de desenvolvimento e testagem da bandeja semeadora, em escala de viveiro comercial, concluiu-se que: a) possvel semear as sementes de caf atravs de bandejas semeadoras que permitem o semeio de vrias sementes de uma s vez.b) Com a bandeja semeadora pode-se obter alto

    rendimento na operao de semeio.c) A bandeja semeadora pode ser adaptada a qualquer tipo de recipiente de mudas, desde que sejam distribudos com boa regularidade em seu arranjo. Para tanto podendo ser encomendadas bandejas especialmente modeladas.

    Na primeira etapa da semeadura, a tbua marcadora colocada sobre a bandeja com substrato, para fazer pequenas depresses, onde ficaro as sementes

    Aps semeadura cobre-se as sementes com

    o substrato e molha-se

    Uma vez acionada a abertura, apenas uma semente depositada em cada recipienteUma vez acionada a abertura, apenas uma semente depositada em cada recipiente

    Aqui pode-se observar a bandeja semeadora com o conjunto de sementes e cada orifcio vai encaixar apenas uma semente

    Aqui pode-se observar a bandeja semeadora com o conjunto de sementes e cada orifcio vai encaixar apenas uma semente

  • 10 PESQUISANDO

    PROTEO COM SOMBRA, NO PS-PLANTIO, FAVORECENDO O DESENVOLVIMENTO INICIAL DE CAFEEIROS CONILLON

    EM ZONA DE ALTITUDE ELEVADA, NO SUL DE MINASJ.B. Matiello e S.R. Almeida, Engs. Agrs. e R. A. Ferreira, Tec. Agr. Mapa/procaf

    e Carlos Alberto M. Rabello Jr. Eng. Agr. Bolsista, Fundao Procaf

    O cafeeiro robusta, da espcie Coffea canephora tradicionalmente cultivado e adaptado em regies de baixa altitude, em condies de temperaturas mdias anuais na faixa de 22-25 C. No Brasil se cultiva a cultivar Conillon, em lavouras a pleno sol, semelhana das plantaes de arbica, porem, em paises da frica e sia, so comuns plantaes de robusta sombreadas.

    A melhor cond io de adap tao e desenvolvimento das plantas de caf em ambiente de sombra bastante conhecida para a fase de produo de mudas, em viveiros, onde ocorre maior fotossntese e crescimento sob meia-sombra.

    No ps-plantio, as mudas, ainda pequenas, tem sua folhagem bem exposta ao sol. Nas regies quentes, onde se cultiva o robusta-conillon e algumas lavouras tambm de variedades arbica, tem sido observadas respostas positivas no desenvolvimento inicial de cafeeiros sob sombra provisria. (Matiello J.B. et alli, in Anais do 14 CBPC, p. 19, 1987 e Matiello J.B. et alli, in Anais do 30 CBPC, p. 2, 2004).

    Nas regies tradicionais de cultivo de conillon, no estado do Espirito Santo, Vale do Rio Doce em Minas e Sul da Bahia, prtica indicada e muito usada a proteo inicial, no ps-plantio das mudas de conillon, com hastes de palmeira.

    Com o interesse de produtores no plantio do conillon em regies de altitude mais elevada, com temperaturas mais baixas e menor insolao, porem com mais ventos frios, torna-se necessrio estudar a prtica de proteo das mudas no p-plantio nessas novas condies ambientais.

    O objetivo do presente trabalho foi o de avaliar o efeito de diferentes tipos de proteo de mudas de conillon em regio de altitude elevada, no Sul de Minas Gerais.

    Foi conduzido, em sua primeira fase, um ensaio, na Fex da Fundao Procaf, em Varginha, a 950 m de altitude, com 4 tipos de proteo no ps plantio de mudas de conillon. O ensaio foi delineado em blocos ao acaso, com 5 tratamento, 5 repeties e 6 plantas por parcela.

    As mudas de conillon, com 6 pares de folhas, formadas em sacolinhas plsticas comuns, foram plantadas, em fev/09, no espaamento de 3,5 m x 1m, sendo aplicados os tratamentos discriminados no quadro 1, constando do plantio normal, a pleno sol; o plantio mais profundo, com a cova protegida com capim, sobre o solo;

    a proteo de sombra com 2 pequenas pores ou lascas de bambu gigante e a proteo com plantas de milho, plantadas em 2 modos, na linha, entre covas e nas ruas, em 2 fileiras laterais em relao linha dos cafeeiros.

    Os tratos foram os normais indicados no ps plantio, sem uso de irrigaes ou molhaes.

    As avaliaes, nessa primeira fase, constaram da verificao do pegamento e da altura das plantas aos 6 meses ps-plantio. Foi efetuada a anlise estatstica com a comparao pelo teste de Scott-Knott a 5%.

    Resultados e concluses:Os resultados de avaliaes do pegamento das

    plantas e do seu crescimento em altura constam do quadro 1.

    Quadro 1 - Pegamento de mudas, em numero de plantas vivas epercentagem, e altura das plantas, em Cm, no ensaio de diferentes modos de proteo de plantas de conillon no ps-plantio, Varginha-MG, 2009.

    Cafeeiro jovem plantado com proteo, sob palha de coqueiroCafeeiro jovem plantado com proteo, sob palha de coqueiro

  • 11PESQUISANDO

    De acordo com os dados do quadro 1 verificou-se que as plantas sem proteo (trat 1 e 2) apresentaram um baixo nvel de pegamento, enquanto aquelas com proteo, especialmente o tratamento 5, com proteo imediata de colmos de bambu, apresentaram um pegamento superior significativamente. Quanto altura das plantas no foram observadas diferenas s ign i f i ca t ivas , embora se ve r i f i ca me lhor desenvolvimento e melhor aspecto no tratamento 5.

    Comparando-se os tipos de proteo observa-se que o plantio fundo, com capim, no funcionou. Quanto ao plantio de milho houve boa melhoria em relao ao tratamento sem proteo, com vantagem do plantio na linha, com menor numero de plantas de milho. No plantio lateral houve um excesso de plantas de milho, que concorreram inicialmente com as plantas de caf. Tambm um desempenho ligeiramente inferior pode ser atribudo demora inicial na proteo de sombra, apesar do plantio do milho ter sido feito cerca de 1 ms antes do plantio do caf.

    As observaes de campo mostraram que as mudas sem proteo apresentaram no inicio folhas amareladas, seguindo-se rpida desfolha, ficando somente o ltimo par no topo das mudas, muitas apresentaram seca do ponteiro, emitindo grande numero de brotos na parte baixa do caule. As folhas novas saram com tamanho pequeno. As mudas protegidas mantiveram as folhas velhas, cresceram novas de tamanho grande e de cor verde escura. Pelo aspecto das plantas no campo foi possvel classificar os tratamentos em ordem decrescente, assim: 5, 3, 4, 1 e 2.

    Os resultados das avaliaes e as observaes de campo permitem concluir que mesmo em regies mais frias a proteo das mudas de conillon melhora o pegamento e desenvolvimento das plantas no ps-plantio. Para a proteo com milho deve-se cuidar para seu plantio mais antecipado e no uso de menos plantas (sementes) na base de 1 planta cada 0,5 m.

    O efeito benfico da cobertura e proteo das mudas deve estar relacionado com a reduo da perda de gua, a proteo contra o excesso de insolao e ventos e, principalmente, pelo melhor ndice fotossinttico na folhagem sombreada. Isso se depreende, pois, quando mudas amareladas e sem desenvolvimento so cobertas elas logo mudam a colorao da folhagem e crescem folhas grandes. Com o crescimento das plantas o auto-sombreamento elimina os problemas iniciais.

    ATAQUE SEVERO DE PHOMA/ASCOCHYTA EM CAFEEIROS CONILLON E RESISTNCIA NO ROBUSTA APOAT,

    EM ZONA DE MDIA ALTITUDE NO ESPIRITO SANTO

    J.B. Matiello, Eng Agr Mapa/Procaf e C.A. Krohling, Eng Agr Consultor

    O complexo de doenas que causado pelo ataque de fungos dos gneros Phoma e Ascochyta est relacionado com a ocorrncia de baixas temperaturas e alta umidade, condio presente nas regies de altitude elevada, onde se cultiva variedades de caf arbica.

    Na regio tradicional de cultivo do caf robusta-conillon, como ocorre no estado do Esprito Santo, as altitudes so baixas, inferiores a 300m, e o clima quente e seco, ai no tendo sido observados problemas de ataques de Phoma/Ascochyta.Tem havido interesse de produtores no cultivo de

    cafeeiros robusta em regies de altitudes mais elevadas, justificando estudos para observao dos problemas com doenas nessa nova condio ambiental de cultivo.

    No presente trabalho relata-se as observaes sobre a ocorrncia e resistncia a Phoma/Ascochyta em 2 regies onde se cultiva cafeeiros robusta em altitudes mais elevadas.

    As observaes foram feitas em campo de produo de sementes de Apoat em Marechal Floriano-ES, a 650 m de altitude e no CEPEC em Martins Soares a 740 m de altitude, tambm com Apoat, e numa lavoura

    A proteo com palha pode ser usada no replantio de falhas, como se observa na foto.A proteo com palha pode ser usada no replantio de falhas, como se observa na foto.

  • 12 PESQUISANDO

    comercial, de conillon, a 520 m de altitude, tambm em Marechal Floriano.

    No perodo frio do ano, de maio a agosto de 2009, foi avaliada a ocorrncia de Phoma/Ascochyta, atravs da observao dos sintomas nas folhas, ramos e nos botes florais, com verificaes em perodos ps-ocorrncia de chuvas finas e continuadas, condio que favorece o ataque. As avaliaes foram feitas sempre comparando o ataque nos cafeeiros robusta em relao a cafeeiros arbica na mesma rea.

    Resultados e concluses:As observaes de campo sobre a ocorrncia de

    Phoma/Ascochyta em cafeeiros robusta mostraram que no foram constatados sintomas da doena nos cafeeiros Apoat, em nenhuma das reas observadas, confirmando observaes anteriores dos autores sobre provvel resistncia desse material gentico a este complexo de fungos. J, para os cafeeiros conillon, verificou-se um forte ataque da doena na condio de altitude um pouco mais elevada, atacando folhas, ramos e, principalmente,

    afetando botes florais e inflorescncias, queimando-as em nvel grave. Nesse cultivar, ainda no foram observadas quaisquer plantas que apresentassem resistncia. Verificou-se, somente, algumas plantas com menor ataque dentro da plantao. Em um talho, da variedade Catuai, as plantas apresentavam ataque da doena em nveis muito inferiores, em relao ao forte ataque no Conillon, parecendo ser este cultivar robusta mais susceptvel do que o padro arbica.

    Pode-se concluir que a cultivar de robusta Apoat apresenta boa resistncia ao complexo Phoma/Ascochyta, enquanto a cultivar Conillon pode ser severamente atacada por essa doena, quando cultivada em condies de temperatura e umidade favorveis, as quais ocorrem em zonas de altitude mais elevadas.

    Deste modo, deve-se adotar cuidados de acompanhamento e controle de Phoma/Ascochyta nas lavouras de conillon em altitudes mais elevadas, devendo-se buscar, no futuro, a adoo de plantio de clones obtidos de plantas de robustas mais resistentes a estas doenas.

    ICATU IAC/PROCAF 618 - TUIUIU, CULTIVAR COM BOAS CARACTERSTICAS PRODUTIVAS E RESISTNCIA

    FERRUGEM, COM POTENCIAL DE PLANTIO COMERCIAL

    J.B. Matiello, e S.R. Almeida, Engs. Ars. Mapa/Procaf, L.C. Fazuoli, Eng. Agr. IAC, A. R. Queiroz, Eng. Agr. Mapa/Procaf e C.H.S. Carvalho, Eng. Agr. Embrapa-Caf.

    A pesquisa para combinar resistncia ferrugem e produtividade em variedades de caf foi iniciada, na Seo de Gentica do IAC, mesmo antes do aparecimento da doena no Brasil, em 1970. Uma das linhas de trabalho desenvolvida foi aquela a partir de cruzamento inter-

    especifico de arbica com o robusta, que deu origem ao material de Icatu.

    Inmeros ensaios foram conduzidos ao longo das 3 ltimas dcadas procurando avaliar a produtividade e a resistncia de diferentes selees doe Icatu. Algumas

    Rosetas de frutinhos da cultivar Apoat,sem ataque de PhomaRosetas de frutinhos da cultivar Apoat,sem ataque de Phoma

    Botes e frutinhos de conillon, a 520 m de altitude queimados por ataque de PhomaBotes e frutinhos de conillon, a 520 m de altitude queimados por ataque de Phoma

  • 13PESQUISANDO

    linhagens foram lanadas, como os Icatus Vermelhos 4040 e 4045 e os amarelos 2944 e 3282(precoce). No geral, houve pouca aceitao do Icatu, tendo em vista sua produtividade inferior aos padres Mundo Novo e Catuai, sua pequena tolerncia seca, seu porte alto, seus problemas de qualidade das sementes, com linhagens de frutos muito pequenos, como o 3282, ou com muitos conchas, como o 2944. Alem disso, a rpida perda de resistncia ferrugem foi a caracterstica que mais pesou nas dificuldades de expanso dos plantios de Icatu.

    Apesar dessas dificuldades os trabalhos de seleo foram continuados e no mbito do Procaf foram destacadas 2 linhagens que tem apresentado tima capacidade produtiva e resistncia ferrugem, tratando-se da Linhagem de Icatu Amarelo 2944 cv 859 cv 190, e da linhagem de Icatu Vermelho que se originou da LC 3696. A linhagem 2944-859-190 tem apresentado problemas de um ndice elevado de conchas, tem dimetro de saia muito grande e menos tolerante a stress hdrico.

    O objetivo do presente trabalho relatar os bons resultados obtidos, ao longo de 24 anos, inicialmente no IBC e depois no Procaf, em parceria com o IAC, com a seleo dentro da linhagem 3696, visando melhorar suas caractersticas, buscando seu potencial de plantio em escala comercial.

    A primeira referncia de introduo da linhagem 3696, oriunda do IAC, data de 1985, no ex-IBC, em Londrina, no Paran (Dr Kaiser). O numero de introduo foi 85009, tendo ali sido selecionada e enviada ao IBC, em Caratinga, a planta 85009-9, recebendo, ento o numero FEX 1367. Da as melhores plantas foram enviadas FEX do IBC, atualmente Procaf, em Varginha.

    Em Caratinga dispe-se de dados de ensaio de competio com vrios materiais, sendo a seleo de Icatu (FEX 1367) a segunda mais produtiva, com 27 sacas/ha, na mdia das 3 primeiras safras, perdendo apenas para a linhagem de Catuai amarelo 32, com 29 scs/ha.(Queiroz et alli, Anais do 22 CBPC, 1996).

    Em Varginha, com material enviado de Caratinga, no primeiro ensaio de competio foi obtida a produtividade no Icatu de 14 scs/ha, contra 16 sacas no Catuai vermelho 81, na mdia das 3 primeiras safras (Almeida e Carvalho, Anais do 17 CBPC, 1991). Foi a selecionada a cova 618, a qual foi colocada em outro ensaio em Varginha, produzindo 32 scs/ha, na mdia das 2 primeiras safras, contra 41 sacas/ha, no padro Catuai Vermelho 144. (Matiello et alli, Anais do 26 CBPC, 2000).

    A melhor planta do ensaio foi enviada para teste no CEPEC-Heringer, em Martins Soares, onde se dispe de dados de produtividade mdia em 7 safras, tendo o Icatu 618 sido o terceiro mais produtivo do ensaio (com mdia de 103 scs/ha), s perdendo ligeiramente para o Catucai Amarelo 24/137 (101 scs/ha) e para o Icatu 859 cv 190 (95 scs/ha).( Matiello et alli, Anais do 35 CBPC,

    2009). Neste ensaio a avaliao da infeco pela ferrugem, feita em 24 plantas da seleo do Icatu 618, no mostrou qualquer pstula de ferrugem nas plantas, enquanto nos materiais susceptveis, como o Catuai amarelo 74 e o Acai 474/19, a infeco atingiu o nvel de 95% das folhas. Outros Icatus no ensaio, como o 2945-5-5 e o 4287-788 e 108, foram igualmente susceptveis, com 91-95% de infeco (Matiello et alli, Anais do 34 CBPC, p.9, 2008).. Certamente por isso, em funo do controle da ferrugem, nos 4 ltimos anos, ter sido feito de forma protetiva, com 3 aplicaes foliares de fungicidas cpricos, o padro do ensaio, o Catuai amarelo/74 produziu, na mdia das 8 safras, 67 sacas/ha e o Acai 64 scs/ha.

    Em ensaio em Varginha, da gerao do Icatu 618, foram feitas mais 2 geraes, com a cova 403-cv581, esta resultando na produo mdia de 7,5 kg de frutos cereja/planta na mdia de 7 safras.

    Os estudos feitos nos frutos do Icatu 618 mostraram ausncia de defeitos, com favas de tamanho mdio, com peneira ligeiramente superior ao padro Catuai, com numero normal de gros chatos, com baixos ndices de chochos e conchas. A maturao dos frutos mdia, semelhante ao Mundo Novo.

    As plantas da seleo de Icatu 618 so de porte alto, porem com menor dimetro de saia em relao aos demais Icatus.

    Os resultados aqui apresentados mostram boas caractersticas produtivas e de resistncia ferrugem, da linhagem de Icatu denominada Icatu IAC/Procaf 618- Tuiuiu, podendo a mesma ser potencialmente adequada para plantios comerciais, inicialmente em pequena escala. Ela se torna especialmente indicada para aqueles produtores que tem preferncia por variedades de porte alto, em substituio ao Mundo Novo, principalmente nos sistemas de safra zero, onde o vigor das brotaes e a resistncia ferrugem so muito importantes.

    A cultivar Icatu IAC;Procaf 618, Tuiuiu, vendo-se os cafeeiros no ensaio na FEX Varginha, mais atrs o tuiui, com alto vigor e na frente cafeeiros de variedades menos vigorosas de outras variedades (ensaio Mg-3-25). Cafeeiros com 10 anos de idade.

    A cultivar Icatu IAC;Procaf 618, Tuiuiu, vendo-se os cafeeiros no ensaio na FEX Varginha, mais atrs o tuiui, com alto vigor e na frente cafeeiros de variedades menos vigorosas de outras variedades (ensaio Mg-3-25). Cafeeiros com 10 anos de idade.

  • 14 PESQUISANDO

    MANEJO SIMPLIFICADO NO DESPOLPAMENTO E SECAGEM DO CAF PS-COLHEITA, NA ZONA DA MATA DE MINAS

    J.B. Matiello, Eng. Agr. Mapa/Procaf e Ubiratan V. Barros, Eng. Agr. Central Campo

    O sistema de preparo do caf ps-colheita importante na definio da qualidade do produto, especialmente nas regies ou nos anos em que a umidade fica elevada no inverno, perodo da maturao e colheita. Com a preparao de cafs atravs do sistema cereja descascado ou do despolpamento, elimina-se boa parte da mucilagem e acelera-se a secagem, diminuindo a possibilidade de ocorrncia de fermentaes indesejveis, que poderiam conduzir formao de bebidas inferiores.

    O despolpamento exige maquinrio especial, gasta bastante gua, gera custos adicionais e resulta em lquidos que podem se tornar poluentes das fontes de gua.O objetivo do presente trabalho foi o de testar um manejo simplificado no ps-colheita do caf, visando facilitar a secagem e favorecer a qualidade de caf, a custo mais baixo, para atender ao pequeno produtor e nas condies onde a gua escassa, condies essa presentes na cafeicultura da Zona da Mata, em Minas Gerais.

    Foi conduzido um trabalho no Sitio Joo de Barro, em Reduto-MG, onde foram testados 6 tipos de preparao dos frutos colhidos, conforme detalhado no quadro 1, constando do caf da roa e do caf cereja (separado no lavador), com preparo em 3 formas, por despolpamento pelo debulhamento no terreiro e o normal com os frutos indo direto para o terreiro.

    O caf foi colhido na fazenda, em junho de 2009, tendo 60% de frutos cereja, 20% de verdes e 20% de passas/secos. Em seguida foi levado instalao de preparo, sendo ali separados ou no no lavador/separador, e utilizados os 6 tipos de preparo constantes do quadro 1. Cada tratamento constou de 900 litros de caf.

    O caf debulhado ou preparo simplificado foi obtido atravs de 2 passadas sobre os frutos, no terreiro

    cimentado, com o trator agrcola.A secagem, para todos os tipos de preparo, foi

    feita em terreiro cimentado, utilizando a proporo de 30 litros de caf por metro quadrado de superfcie de terreiro. A secagem foi considerada completa quando cada tipo de caf atingisse a umidade final de 12%, registrando-se o numero de dias gastos na secagem.

    As amostram dos 6 tratamentos foram codificadas e distribudas para 2 classificadores provadores experientes, da praa de Manhuau, os quais fizeram a determinao da bebida na forma usada no comrcio regional, provando 8 xcaras ou copos de cada amostra.

    Resultados e concluses:Os resultados do tempo de secagem dos

    diferentes tratamentos no ps-colheita e da bebida nas amostras desses caf constam no quadro 1.

    Quanto ao tempo de secagem, verificou-se uma reduo de 2-5 dias de acordo com o sistema de preparo usado. Ao se comparar o tempo em matria prima mais

    Parcela de frutos cereja secos ao naturalParcela de frutos cereja secos ao natural

    Parcela de frutos de cereja debulhados, para facilitar a secagem e melhorar a bebidaParcela de frutos de cereja debulhados, para facilitar a secagem e melhorar a bebida Parcela de frutos cereja descascadosParcela de frutos cereja descascados

  • 15PESQUISANDO

    uniforme, no caso, os frutos cereja separados, verificou-se uma reduo de 4 dias entre os frutos cereja secos ao natural ( trat 3, com 17 dias) e aqueles despolpados ou debulhados (trats. 4 e 5, com 13 dias), correspondente a uma reduo de 23,5%. Merece destacar a semelhana do tempo entre o caf despolpado e o debulhado, este ltimo as cascas permanecendo junto s sementes.

    As observaes feitas no terreiro mostraram que os frutos debulhados logo apresentam a casca inicialmente marrom depois preta, enquanto os cereja naturais permanecem vermelhos por muitos dias. A abertura/morte da casca, a expulso de parte da polpa e sua exposio ao sol favorecem a reduo no tempo de secagem.

    Com relao bebida, os provadores constataram a maioria de xcaras com bebida dura, porem, nos tratamentos 1, 3 e 6 apareceram 2-3 xicaras com bebida rio, coincidindo com os sistemas de preparo onde a seca

    foi mais lenta (maior tempo) e onde a casca dos frutos permaneceu envolvendo as sementes (trats. 1 e 3), nessa condio com maior fermentao ligada ao gosto rio.

    O despolpamento deu origem a amostras de caf com bebida dura (limpa), ficando apenas ligeiramente inferior o caf preparado pelo sistema simplificado, com 2 xicaras de duro-fermentado e, mesmo o debulhamento feito no caf da roa resultou na eliminao da bebida rio.

    Os resultados obtidos e as observaes efetuadas no trabalho permitem concluir que possvel reduzir o tempo de seca e melhorar a bebida do caf usando sistema simplificado de preparo no ps-colheita , a baixo custo.

    Quadro 1 - Tempo mdio de secagem, em dias para atingir a umidade de 12%, e bebida em amostras de caf em 6 tipos de preparao no ps colheita, Reduto-MG, 2009.

    PRODUTIVIDADE DO CAFEEIRO IRRIGADO SOB APLICAO DE DIFERENTES DOSES DE GUA RESIDURIA DE SUINOCULTURA

    ALT Fernandes Dr. Engenharia de gua e Solo, Prof. UNIUBE/FAZU ([email protected]), LCD Drumond - Professor Doutor UFV, Campus de Rio Paranaba, LFS Coelho - Acadmico Agronomia Faculdades

    Associadas de Uberaba, Bolsista CBPD Caf, EF Fraga Jnior - Acadmico Agronomia Faculdades Associadas de Uberaba, Bolsista CNPq, JPAC Pereira Acadmico Agronomia Faculdades Associadas de Uberaba, Bolsista CBPD Caf,

    OJ Barbosa Netto - Acadmico Agronomia Faculdades Associadas de Uberaba, Bolsista CBPD Caf

    Por se tratar de uma forma de explorao pecuria intensiva, a suinocultura uma atividade concentradora de dejetos, com grande quantidade de carga poluidora, e sua forma de aplicao sendo feita ambientalmente correta, estar transformando o resduo de uma atividade em insumo de outra atividade dentro da propriedade agrcola.

    Para que seja possvel recomendar a melhor forma de aplicao de dejetos lquidos e a dosagem adequada sem prejuzo do meio ambiente, torna-se necessrio se definir parmetros bsicos como: onde

    aplicar, tipo de cultura, avaliao do crescimento e produo sob diferentes doses de gua residuria de suinocultura (ARS) e possibilidade de aplicao via irrigao por asperso.

    O maior problema enfrentado por produtores e tcnicos, tem sido a dificuldade de distribuir a ARS nas reas da propriedade. Uma das formas que viabiliza a distribuio de dejetos lquidos sistema de irrigao por asperso em malha, por se tratar de um sistema de baixo custo de implantao, baixo consumo de energia e boa uniformidade de aplicao e que j bastante utilizado em

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    irrigao de caf, pastagem, cana-de-acar e capineiras.A aplicao desses dejetos na cultura de caf

    pode diminuir substancialmente o custo com a adubao, dando sustentabilidade a integrao das atividades suincolas e cafeeiras. Neste sentido, buscou-se avaliar o desenvolvimento vegetativo e a produtividade do cafeeiro, sob diferentes doses de gua residuria de suinocultura.

    O experimento foi conduzido na Fazenda Escola da Universidade de Uberaba, localizada na rodovia BR 050 Km 045, altitude 750 m, em Latossolo Vermelho Escuro fase arenosa, com caf Catua 144, plantado em dezembro do 1998 no espaamento de 4,0 x 0,5m. O sistema de irrigao utilizado no experimento o de asperso em malha. O sistema de irrigao por asperso semiporttil, isto , linhas principais e laterais fixas enterradas, com mudana apenas dos aspersores, constituindo uma rede malhada. Esse sistema j se encontra instalado na rea. O aspersor utilizado foi o NaanDan, modelo 5035, bocais 5,0 x 2,5 mm, presso de servio 280 kPa, vazo 1,874 m h-1, espaamento 16 x 18 m, ngulo de inclinao do jato igual a 23 e intensidade de precipitao 5,78 mm h-1, compostos por um

    regulador de presso FABRIMAR de 280 kPa.Para efeito de comparao, foram mantidas para

    os diferentes tratamentos as mesmas lminas de gua aplicadas no solo. As adubaes foram realizadas com base no nvel de extrao, de acordo com a demanda da cultura. Foi adotado o delineamento inteiramente casualizado (DIC) onde as doses de gua e de gua residuria de suinocultura constituiu a fonte de variao, com 5 repeties para cada tratamento, conforme descrito:Os tratamentos utilizados foram: T1 100 m ha-1 ano-1 de ARS (gua residuria de suinocultura); T2 200 m ha-1 ano-1 de ARS; T3 400 m ha-1 ano-1 de ARS; T4 Sem aplicao de ARS.

    Resultados e concluses:Na avaliao do nmero de interndios, verifica-

    se uma relao crescente entre o nmero de interndios e dose de aplicao de ARS, sempre verificando um maior nmero de interndio no tratamento com maior dose de ARS (T4), conforme a Figura 1.

    FIGURA 1 - Variao do nmero de interndios em funo de diferentes doses de ARS.

    Na primeira avaliao no verificou-se diferena significativa entre os valores observados. Na segunda e terceira avaliao o T4 destaca-se com o maior nmero de interndios. Entre os T2 e T3, respectivamente 100 e 200 m ha-1 ano-1, no foi observado diferena entre ambos. O T1, que no recebeu aplicao de ARS, sempre aparece com o menor nmero de interndios, diferenciando-se estatisticamente do T4, porm no se diferenciando das duas doses intermedirias (T2 e T3) nas duas

    ultimas avaliaes realizadas.Esta taxa crescente de interndios reflete o

    incremento imposto pela adio da ARS no solo, gerando um aumento da matria orgnica no solo, proporcionando um aumento de qualidade fsico-qumica do solo (VIEIRA, 1997).

    Na Tabela 1, constam, respectivamente, as mdias de produo por hectare em litros em cereja, quilos em cereja, quilos caf em coco e sacas beneficiadas por hectare.

  • 17PESQUISANDO

    *Mdias seguidas de mesma letra no se diferem significativamente pelo teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade.

    Tabela 1 - Produtividade litros planta, mdias Litros.ha-1, kilogramas Seco.ha-1, kilogramas Coco.ha-1 e Sacas beneficiadas.ha-1 para os diferentes tratamentos, Fazenda escola da Uniube, Uberaba-MG.

    Na condio especfica do experimento, pode-se concluir que:1 - O aumento da dose de ARS contribuiu linearmente o crescimento vegetativo do cafeeiro.2 - Nota-se que nas avaliaes: L, Kg Seco e Kg Coco ha-1 o tratamento T4 (sem aplicao de ARS) diferiu estatisticamente dos tratamentos que receberam ARS.3 - Os tratamentos T2 e T3 proporcionam as maiores produtividades em sacas beneficiadas, no diferenciando-se estatisticamente.

    EFEITO DA NUTRIRRIGAO POR PULSOS E CONVENCIONAL NA PRODUTIVIDADE DO CAFEEIRO, NO SUL DE MINAS GERAIS

    C.E.J.Sanches Engs. Agr. Netafim Brasil, R.N.Paiva e R.P.R.Junior Engs. Agrs. Fundao Procaf, R.J. Andrade e S.V. Ramos - Tcs. Agrs. Fundao Procaf

    Nas regies consideradas aptas cafeicultura, tradicionalmente produtoras, como o sul de Minas Gerais, a ocorrncia de estiagens prolongadas nas fases crticas de demanda de gua pela cultura, tem promovido uma reduo significativa na produo. Este fato, juntamente com os objetivos de se obter altas produtividades, tem provocado o interesse de tcnicos e produtores no que diz respeito irrigao de lavouras de caf no Sul de Minas. Nas lavouras irrigadas o sistema mais usado o gotejamento, devido suas caractersticas intrnsecas de eficincia e efetividade de gua, energia e quimigao.

    Para melhor avaliar o desempenho das plantas de caf, instalou-se um experimento na Fazenda Experimental de Varginha, localizada no municpio de Varginha-MG. A precipitao anual mdia de 1.500 mm, altitude mdia de 1.000 m e a temperatura mdia anual de 19,6 0C, com o objetivo de estudar a produtividade do cafeeiro submetido ao sistema de irrigao e fertirrigao por gotejamento.

    Para a realizao desse experimento foram Cafeeiros da parcela com uma linha de gotejoCafeeiros da parcela com uma linha de gotejo

  • 18 PESQUISANDO

    irrigao localizada por gotejamento atravs de pulsos intensivos (T2, T3 e T4), sendo T0: tratamento sem irrigao, T1: 1 linha de gotejadores com vazo de 1,6 L/h, espaados em 0,60 m, T2: 2 linhas de gotejadores anti-drenantes com vazo de 2,00 L/h, espaados em 0,20m, T3: 3 linhas de gotejadores anti-drenantes com vazo de 1,25 L/h, espaados em 0,20m, e finalmente T4: 4 linhas de gotejadores anti-drenantes com vazo de 1,25 L/h, espaados em 0,20 m.

    utilizadas plantas de caf da variedade Catua Vermelho IAC 144 , espaadas entre si em 3,50 x 0,70 m, e plantadas em 2006, compreendendo uma rea de 0,5 hectare. Deu-se incio ao ensaio em 01/03/2006 aps o plantio da lavoura.

    O delineamento experimental utilizado foi o de blocos casaulizados, com 5 tratamentos e 7 repeties. As plantas foram irrigadas com irrigao localizada por gotejamento convencional (T1) e por

    Figura 1 - Distribuio dos tubo gotejadores nas linhas de caf, fazenda exprimental de Varginha.

    O tratamento T1 recebeu uma lmina de gua de 270mm e 227mm anuais em 2006 e 2007 respectivamente , sendo esta estabelecida de acordo com a umidade do solo medida por tensimetros, conectados ao sistema de monitoramento em tempo real - Irriwise, instalados nas profundidades de 15, 30 e 50 cm. O limites utilizados foram de 12-18 kpa

    para determinao da faixa tima de umidade ou capacidade de campo.

    No ano agrcola de 2007/2008, os tratamentos por pulsos T2, T3 e T4 receberam lmina diria de gua , totalizando 1.600mm, 800mm e 1.200mm, respectivamente, tambm estabelecida de acordo com a umidade do solo medida por tensimetros, instalados nas profundidades de 05, 15 e 40 cm e os limites utilizados foram de 7-12 kpa para determinao da faixa tima de umidade. A distribuio da irrigao ocorreu entre o perodo das 7:00 s 17:00 horas, portanto, utilizando-se apenas pulsos de irrigaes nas horas quentes do dia, sendo esta de acordo com a curva de radiao solar.

    A partir de 2007, utilizou-se um sistema de fertirrigao avanado, com injetores do tipo venturi, onde, o tratamento T1, de uma linha de gotejo recebeu 350 e 315 Kg de nitrognio e de potssio por hectare, na forma de nitrato de amnio, e K2O na forma de cloreto de potssio branco, respectivamente, adicionados de trs aplicaes foliares com 1,0% de cobre, mais 0,5% de boro, zinco, cloreto de potssio; e em 2008/2009 foram aplicados 400 kg de N/ha e 350 kg de K2O/ha.

    Detalhe da boa frutificao e crescimento dos ramos nos cafeeiros da parcela com uma linha de gotejamento.

    Detalhe da boa frutificao e crescimento dos ramos nos cafeeiros da parcela com uma linha de gotejamento.

  • 19PESQUISANDO

    No ciclo agrcola 2008/2009 o tratamento T1 recebeu uma lmina de gua de 200mm anuais, e os tratamentos por pulsos T2, T3 e T4 receberam lmina diria de gua, totalizando 1.600mm, 658mm e 1.159mm respectivamente. O regime pluviomtrico registrado na Fazenda Experimental de Varginha neste perodo de setembro de 2008 a agosto de 2009 foi de 1.531mm anuais.

    Tambm foi feito um tratamento fito-sanitrio com a aplicao de um fungicida/inseticida de solo em novembro de 2006, 2007 e 2008, e 1 complementao por ano com um fungicida sistmico aplicado via foliar. O tratamento T5 (sequeiro), recebeu o mesmo manejo, os mesmos tratos fito-sanitrios, e as mesmas doses de adubaes do tratamento T1 (1 linha gotejo convencional), porm as adubaes de solo foram realizas em 3 etapas.

    Os tratamentos de pulsos de irrigao (T2, T3 e T4), receberam todos os nutrientes necessrios para o desenvolvimento da cultura cafeeira, de forma contnua, sendo a dosagem efetuada por concentrao na gua de irrigao. A variao dessa concentrao ao longo dos anos agrcolas de 2006 e 2007 ocorreram de acordo com as fases fenolgicas da cultura. Para os teores de nitrognio esses valores variaram de 15 a 50 ppm, os teores de fsforo entre 5 e 20 ppm e os teores de potssio entre 10 e 40 ppm, sendo para tal utilizado 1400 kg/ha de nitrato de clcio e 2500 kg/ha de Caf Rico cuja formulao apresenta 7,0; 7,0 e 12,0 % de nitrognio, fsforo e potssio, respectivamente, e micronutrientes.

    No ano agrcola de 2007/2008, somando todas as fontes de fertilizantes, os tratamentos por pulsos se basearam na aplicao aproximada de 400 kg de N/ha, 160 kg de P2O5/ha e 310 kg de K2O/ha.

    No ciclo de 2008/2009 o tratamento com pulsos T2 recebeu 457 kg de N/ha, 170 kg de P2O5/ha e 320 kg de K2O/h, o tratamento T3 recebeu 188 kg de N/ha, 70 kg de P2O5/ha e 131 kg de K2O/h e o tratamento T4 recebeu 331 kg de N/ha, 123 kg de P2O5/ha e 231 kg de K2O/h.Resultados e concluses:

    Os resultados referentes produtividade da

    safra de 2008, 2009 e mdia da lavoura de Catua Vermelho IAC 144 esto dispostos na tabela 1.

    Verifica-se que, quanto a produtividade, no ano de 2008, o tratamento T5 no irrigado (sequeiro) obteve uma produtividade mdia de 12,6 sacas por hectare, produtividade esta inferior ao tratamento de irrigao convencional T1 com uma linha de gotejadores, de 47,7 sacas por hectare que por sua vez no se diferenciou estatisticamente do tratamento T3 de pulsos com 3 linhas com 51,0 sacas por hectare.

    Observa-se tambm que no houve diferena significativa entre os tratamentos de pulsos de 2 e 4 linhas, T2 e T4 com 60,5 e 69,3 sacas por hectare, respectivamente, no entanto estes superaram a produtividade mdia de 51,0 sacas por hectare, do tratamento de 3 linhas.

    No ano de 2009, os tratamentos T1 irrigao convencional (70,9 sc) e o T4 pulsos com 4 linhas (69,9 sc) produziram estatsticamente iguais a testemunha (sequeiro 68,0 sc), e estes se mostraram superiores aos tratamentos T2 (38,3 sc) e T3 (40,7 sc), pulsos com 2 e 3 linhas de gotejadores.

    Na mdia das duas safras os tratamentos T1 gotejamento convencional e T4 pulsos com 4 linhas de gotejo se mostraram superiores aos tratamentos T2, T3 e ao sequeiro.

    ns - As mdias seguidas da mesma letra minscula no diferem entre si na coluna , pelo Teste Scott Knott a 5 % de probabilidade

    Tabela 1 - Avaliao da produtividade das safras de 2008, 2009 e mdia de lavoura de Catuai Vermelho IAC 144 irrigada por gotejamento no sul de Minas Gerais. Varginha - MG, 2009.

    Cafeiros do ensaio de irrigao, em primeiro plano plantas da testemunha, muito desfolhadas aps colheita e acima os cafeeiros gotejados, mais enfolhados.

    Cafeiros do ensaio de irrigao, em primeiro plano plantas da testemunha, muito desfolhadas aps colheita e acima os cafeeiros gotejados, mais enfolhados.

  • 20 PESQUISANDO

    Concluiu-se, preliminarmente, que:a) A irrigao por gotejamento convencional (59,3 sc/ha) foi eficiente, com incremento de 47% na produtividade mdia das duas safras, em relao ao tratamento sem irrigao (40,3 sc/ha).b) A irrigao por pulsos com 2 e 3 linhas de

    gotejamento foram inferiores ao gotejamento convencional e ao pulso com 4 linhas na mdia das duas safras.c) Aps estas duas safras o gotejamento convencional se assemelha ao pulso de 4 linhas no se diferenciando estatsticamente.

    QUANTIFICAO DO PROCESSO DE RECICLAGEM DE FOLHAS EM CAFEZAIS

    J.B.. Matiello e S.R. Almeida, Engs. Agrs. Mapa/Procaf e G.N. Rosa. Eng. Agr. e Sinsio Leite filho, Tec. Agr. e E, C, Aguiar, R.A. Arajo e V. Josino, Tecs. Agropecuria So Thom

    O cafeeiro uma planta de folhas perenes, diferentemente de outras plantas de folhas caducas, em que todos os anos, na mesma poca, as folhas caem totalmente.

    Sabe-se, entretanto, que nas condies normais de cultivo, as folhas de cafeeiro tem uma durao mdia de 1,5 ano, havendo desfolhas causadas por diferentes fatores de stress das plantas, como nutrio inadequada, deficincia de gua no solo, carga excessiva das plantas, ataque de pragas/doenas, operao de colheita, etc.

    Em lavouras sombreadas, a folhagem do cafeeiro permanece muito tempo, j, na condio de cafeicultura a pleno sol, como no Brasil, no perodo de ps-colheita normal a ocorrncia de desfolhas nas plantas, com queda de 30-70% das folhas e, em casos graves, de quase 100% das folhas.

    As folhas cadas, ao se decomporem, fornecem ao solo e s plantas, os nutrientes nelas contidos, servindo para o crescimento e produo na safra seguinte. Os trabalhos de pesquisa que procuraram determinar a necessidade de nutrientes para vegetao do cafeeiro, atravs de anlise de todas as partes das plantas que cresceram de um ano a outro, chegaram concluso que o total varia com a condio da lavoura, do numero de plantas e da sua produtividade. Para a condio de cafeicultura de sequeiro, com 34 scs/ha, a retirada para vegetao correspondeu a cerca de 60 kg de N, 4 kg de P2O5 e 40 kg de K20 por ha, enquanto em lavoura irrigada, com 75 sacas por ha, a retirada para vegetao correspondeu a 235 kg de N, 10 kg de P2 O5 e 160 kg de K20 Santinato et alli, Anais do 32 CBPC, 2006).

    Considerando que a reciclagem de folhas pode ser aproveitada na economia da adubao, o objetivo do presente trabalho foi o de avaliar a quantidade de folhas cadas dos cafeeiros, em diferentes situaes de lavouras e, em decorrncia, conhecer o potencial de nutrientes na sua reciclagem.

    O trabalho foi conduzido, nas safras de 2008 e 2009, em 2 reas, sendo uma lavoura comercial, irrigada, em Pirapora e outra num ensaio de espaamento, no Cepec-Heringer, na regio Norte e Zona da Mata de Minas Gerais. Em Pirapora a coleta de folhas cadas foi feita em lavoura de Catuai vermelho IAC 144, aos 7 anos de idade, espaamento de 3,6 x 0,5 m e produtividade mdia, nos 2 ltimos anos, de 72 scs/ha. No Cepec, o ensaio compreende 3 espaamentos na rua, sendo 4 m, 2 m e 1 im, e 3 distncias na linha, de 0,5m, 0,75 m e 1,0 m. sendo a variedade Catuai Vermelho IAC 44, com idade de 13 anos.

    Grande quantidade de folhas cadas, aps a colheita, ao lado da linha de cafeeiros, em lavoura mecanizada, em Pirapora-MG

    Grande quantidade de folhas cadas, aps a colheita, ao lado da linha de cafeeiros, em lavoura mecanizada, em Pirapora-MG

  • 21PESQUISANDO

    A metodologia foi simples, efetuando-se, em 2 anos seguidos, a coleta das folhas que se encontravam cadas no ps colheita, em ago/set, em uma poro de rua de cafeeiros, sendo adotadas 5 reas em cada amostragem, para compor a mdia, rastelando todas as folhas, secando-as e pesando. Em seguida os nmeros eram expandidos por hectare, observando o espaamento. No Cepec retirou-se uma alquota das folhas secas recolhidas e determinou-se, por contagem, o numero mdio de folhas presentes.

    Resultados e concluses:Na lavoura em Pirapora, na mdia dos 2 anos,

    a quantidade de matria seca das folhas coletadas correspondeu a 7,4 toneladas por hectare, que, considerados os nveis mdios comuns de NPK encontrados, de 3% de N, 1,7% de K e 0,12% de P, teramos uma disponibilidade, pela reciclagem, de 222 kg de N, 8,9 kg de P e 125 kg de K.

    Na condio dos espaamentos do ensaio do Cepec, a quantidade de folhas correspondeu a 3,3 toneladas por hectare no espaamento de 4 m de rua, 4,5 toneladas/ha no espaamento de 2 m e 7 toneladas/ha no espaamento de 1 m, mostrando que a quantidade de folhas cadas maior na medida em que aumenta o numero de plantas por rea. O mesmo clculo pode ser aplicado para conhecer os nutrientes contidos nas folhas. Apenas para exemplificar com o nitrognio, a reciclagem resultaria em 99 kg/ha no espaamento de 4 m, 135 kg/ha no de 2m e 210 kg/ha no de 1m.

    A contagem das folhas, em amostra de 100g resultou na mdia de 410 folhas secas, que expandia por hectare resulta em 13,5 milhes de folhas/ha para

    o espaamento de 4m, 18,4 milhes para 2m e 28,7 miles de folhas por hectare para 1m. um numero que resulta numa queda mdia, dos 3 espaamentos, de 2600 folhas por planta. possvel que a quantidade de qeda seja ainda maior, pois folhas que caram muito cedo no ciclo, que entraram em decomposio e outra que ainda venham a cair podem acrescentar 10-15% a mais na queda acumulada.

    Verifica-se, assim, que a queda de folhas muito significativa mesmo diante dos tratos racionais dispensados s lavouras nas 2 condies estudadas.

    Nas recomendaes mais recentes de adubao, feitas pelos Tcnicos do MAPA/Procaf, diante da conjuntura de baixos preos do caf e da alta dos adubos, indicado dispensar nos clculos, nas lavouras adultas, a quantidade de nutrientes necessria vegetao, justamente em funo da reciclagem das folhas, outros restos de ramos e do prprio mato. Os resultados do presente trabalho mostram o acerto dessa indicao, dando base segura para uma adubao mais racional e econmica.Os resultados obtidos permitem concluir que:a) Ocorre uma grande queda de folhas em cafezais, mesmo sob tratos racionais, sendo a quantidade varivel com o tipo da lavoura e espaamentos.b) A reciclagem dos nutrientes, pela decomposio das folhas cadas, leva incorporao de elevadas quantidades de nutrientes ao solo, sendo eles de origem orgnica e de bom aproveitamento pelas plantas.c) O fornecimento de nutrientes pela reciclagem pode dispensar a parcela do clculo correspondente extrao de nutrientes para vegetao, tornando a indicao da adubao mais econmica.

    Manto de folhas cadas sob os cafeeiros noensaio de espaamento adensado (2x 0,5m), no CEPEC, em M. Soares-MG

    Manto de folhas cadas sob os cafeeiros noensaio de espaamento adensado (2x 0,5m), no CEPEC, em M. Soares-MG

    No espaamento super-adensado, de 1 x0,5 m, no ensaio do CEPEC, a reciclagem de folhas muito elevada

    No espaamento super-adensado, de 1 x0,5 m, no ensaio do CEPEC, a reciclagem de folhas muito elevada

  • 22

    RESPONDEConsulte pelo E-mail:[email protected]

    Sou responsvel por um projeto de caf aqui em Minas. Estou com problemas de ataque de alguma praga que come os ramos ponteiros dos cafeeiros. Os ramos laterais tem destruda uma poro do lenho, at a medula, dobram e acabam secando. O que pode ser?

    Lzaro S. Pereira, Bocaiva-MG

    Coffea: Senhor Lzaro.

    Pelos sintomas ou, mais propriamente, pelos sinais descritos por voc, parece que o mais provvel na sua lavoura um ataque de ratos, conforme voc j desconfiava

    Em outros locais este mesmo ataque foi identificado, tratando-se de camundongos, ou pequenos ratos. Na lavoura fazem pequenos buracos no cho, sob a copa dos cafeeiros, ou, quando em reas fechadas podem fazer seus ninhos na superfcie, no meio do cisco.

    O ataque nos ramos parece a ltima sada alimentar desses ratos. Eles roem os ramos longitudinalmente, sempre aqueles superiores, mais prximos ao ponteiro, talvez mais tenros, sempre destruindo a sua parte superior, desejando atingir e se alimentar da medula do ramo. Os ramos com o lenho destrudo pendem, quebram e secam.

    A situao mais comum desses ataques o desequilbrio, ou por falta de um outro alimento,

    como milho e outros cereais na redondeza, ou pela ausncia de cobras, suas predadoras Neste caso no se sabe o que pior. Correr o risco das picadas de cobra ou ter os cafeeiros danificados pelos ratos. Brincadeira a parte, curioso o fato do ataque de ratos em cafeeiros, pela sua raridade, sendo que poucos sabem reconhecer os sinais.

    Quanto ao combate, duas alternativas podem ser adotadas: a primeira seria distribuir iscas especficas nos locais do ataque, para envenenar os ratos. A segunda, testada com sucesso na Bahia, foi a pulverizao com enxofre, que parece dar uma repelncia para ratos. Uma terceira seria colocar algumas espigas de milho como alimento alternativo, at para observar o nvel de infestao da rataiada. No mais, ainda em tom de brincadeira, e fazendo trocadilho, seria a de colocar gatos na lavoura.

    Agradecemos o envio da foto dos ramos atacados, o que vai facilitar a outras pessoas, no futuro, o reconhecimento das causas.

    Detalhe do ataque, com destruio longitudinal do lenho, at a nervura do ramo

    Detalhe do ataque, com destruio longitudinal do lenho, at a nervura do ramo

    Isca raticida, pendurada na planta atacada, para controle dos ratos

    Isca raticida, pendurada na planta atacada, para controle dos ratos

    Ramos cortados e secando junto ao ponteiro do cafeeiro por ataque de ratosRamos cortados e secando junto ao ponteiro do cafeeiro por ataque de ratos

  • 23RECOMENDANDOONDE PLANTAR CAF?

    Muito embora a situao de rentabilidade da cultura cafeeira esteja em momento critico, com custos de produo altos e preos baixos do produto, sempre tem gente querendo plantar caf.

    Os plantios de caf ocorrem, em sua maior parte, nas prprias propriedades que j possuem essa cultura, substituindo lavouras velhas ou ampliando reas. Outro movimento importante o de agricultores ou empresrios de outros setores que querem entrar na cafeicultura.

    Por isso, a resposta pergunta onde plantar caf compreende a anlise em 2 situaes distintas, ou seja, em 2 nveis:a) As condies tcnico-economicas ligadas escolha da regio e da propriedade;b) As caractersticas agronmicas da rea a ser destinada ao cafezal dentro da propriedade.

    1 - Condies econmicas

    A lavoura cafeeira no Brasil tem evoludo em ciclos, com fases de expanso e retrao, nos plantios e tratos, influenciados pela condio econmica do balano entre os preos do caf e os custos de produo, que afeta, a mdio prazo, o nvel das safras e da oferta de caf ao mercado.

    Nessa evoluo, ao longo dos anos, a cultura cafeeira no pais tem mostrado seu carter itinerante entre as regies. Saiu da regio Norte, do Par, onde foi introduzida, em 1727, caminhando para o Centro-Sul, no Estado do Rio de Janeiro e Vale do Paraba em So Paulo (1780-1920), depois se expandindo mais para o Sul, em So Paulo e no Paran (1930-1960) e tambm para o Esprito Santo nessa poca. Nos anos mais recentes, a partir da dcada de 1970 e, principalmente, da dcada de 1980 para c, o caf passou a ocupar as maiores reas no eixo Minas Gerais-Espirito Santo-Bahia, com ainda reas menores remanescentes e renovadas em So Paulo, Paran e, tambm, em Rondnia..

    No passado o fator econmico preponderante para a escolha de uma regio para caf era a existncia de terras de mata, com boa fertilidade.Na cafeicultura atual, as lavouras ocupam regies de solos pobres, como as regies de cerrado, ou reas empobrecidas pelo mau uso anterior, muitas com o prprio caf, no existindo mais reas frteis significativas disponveis. Assim, so exigidos maiores investimentos no uso de insumos e de tecnologias adequadas.

    Deste modo, sob os aspectos econmicos, a

    escolha das regies e das propriedades para plantar caf deve levar em conta a disponibilidade/custo dos principais fatores de produo, citando-se como mais prioritrios:a) O custo mais baixo das terras;b) Disponibilidade de reas planas, com facilidade de mecanizao, fator importante para reduzir custos de produo;c) A existncia de financiamentos e/ou incentivos fiscais na regio;d) A existncia de boa infra-estrutura regional, de estradas, fornecedores de insumos prximos, facilidade de escoamento da safra, disponibilidade de mo de obra, braal e especializada, presena de Cooperativas/e ou Empresas comercializadoras de caf etc;e) Existncia de plos cafeeiros j instalados na regio ou prximos;f) Existncia e outorga de gua para irrigao;g) Contar com consultoria/assistncia tcnica especializada.

    A disponibilidade/custo dos fatores de produo apontados deve ser analisada diante do sistema de explorao a ser adotado, se vai ser uma cafeicultura empresarial, ou de mdio produtor ou, ento, uma cafeicultura familiar, variando dentre eles a importncia de cada fator.

    2 - Aspectos climticos

    Os fatores climticos que influenciam no processo de crescimento e produo do cafeeiro so, principalmente, a temperatura e as chuvas e, em menor escala, os ventos, a umidade do ar e a luminosidade.

    A ao climtica ocorre diretamente sobre o cafeeiro e indiretamente, agindo sobre outros organismos que compem o ambiente da lavoura (pragas/doenas, organismos responsveis pelas fermentaes etc.), havendo, assim, uma interao desses efeitos, sobre o desenvolvimento e a produtividade das plantas e sobre a qualidade dos cafs produzidos.

    a) Efeito da temperaturaCom base nos conhecimentos obtidos da cafeicultura, no Brasil e no exterior, foram estabelecidos parmetros trmicos para indicar a aptido bsica para a cultura cafeeira das espcies arabica e canephora (robusta), conforme quadro em seguida, sendo esses nveis de temperatura considerados nos trabalhos de zoneamento agro-climtico efetuados para a cafeicultura brasileira.

    J.B. Matiello, A.W.R. Garcia e S.R. Almeida.

  • 24 RECOMENDANDO

    Nas regies com temperaturas mdias anuais superiores a 22-23C comum ocorrer problemas de abortamento das flores e formao de estrelinhas nos cafeeiros arbica, prejudicando sua frutificao. (Fig. 1)

    Fig. 1 - Formao de flores anormais, tipo estrelinhas, em ramo de cafeeiro catuai, em regio quente, sem stress hdrico.

    No entanto, tem-se verificado que regies com temperaturas mais altas se mostram adequadas a sistemas de cultivo de alta tecnologia, com irrigao, pois nessa condio os cafeeiros arbica respondem rapidamente aos tratos, crescem praticamente o ano todo, resultando em altos nveis de produtividade.

    Veja-se os exemplos de produtividade em cafezais conduzidos em Utinga (BA), em condies de temperatura mdia prxima a 24 C, onde se obteve 42 sacas/ha na 1 safra, 85 sacas na 2 e 80 sacas na 3, em lavoura Catua 1,8 x 0,7m, irrigada por asperso. Em Pirapora MG (24,5C) obteve-se, nas 5 primeiras safras, mdia de 74 scs/ha em lavoura 3,8 x 0,5m, irrigada sob piv.

    Da mesma forma que o caf arbica pode descer a serra, cultivado em zonas de baixa altitude, o cafeeiro Conillon, caso desejvel, pode ser cultivado em regies de altitude elevada. Experincia na Zona da Mata de Minas, comparando a produtividade do Conillon ao Catua, a 240 e 760m de altitude (t mdia de 24 e 21,5C), mostrou, nas 5 primeiras safras, mdia de 78 sacas/ha para o Conillon e 49 para o Catua, ambos no espaamento 2 x 1m. Na rea quente ou fria o Catua produziu de forma semelhante (q.1).

    Quadro 1 - Produo, nas 5 primeiras safras, em cafeeiros Catua e Conillon, em 2 pisos altitudinais - em Mutum, 240m e Martins Soares, 740m de altitude 2004.

    Fonte: Matiello et alli, Anais 30CBPC, MAPA/PROCAF, 2004, P.15.

    Em funo dos bons resultados obtidos, das novas pesquisas e das observaes em lavouras comerciais, nas regies tradicionalmente consideradas termicamente inaptas, foi possvel concluir que o abortamento floral ocorre devido aos botes florais amadurecerem rapidamente nessas regies mais quentes, e, deste modo, estariam aptos a abrirem em flores mais cedo. Ento, se no houver um diferencial hdrico adequado, o que se promove atravs de stress seguido de retomada de irrigao mais cedo, os botes abortam.

    Deste modo, sob condies de cafezais irrigados, pode-se, com segurana, cultivar variedades apropriadas de caf arbica em climas mais quentes, sendo indicado, ainda, para melhorar o micro-clima, o plantio adensado (auto-sombreamento) e a arborizao.

    Essas constataes atuais esto de acordo com o que se observava, antigamente, nas zonas baixas e quentes dos Estados do Esprito Santo e Rondnia. Na poca, com solos de mata e perodos mais chuvosos, toda a produo nessas regies era de cafs arbica. Somente o municpio de Colatina-ES, a 150m de altitude e com temperatura mdia de 23,6C, chegou a produzir 1,5 milho de sacas de caf arbica (na poca Bourbon) nas dcadas de 1950-60.

    Deve-se considerar que sob condies de temperaturas mais elevadas a evapo-transpirao aumenta e tambm a exigncia de gua na irrigao maior. preciso aumentar a dose de adubo nitrogenado na adubao, ter cuidados com a escaldadura, com bicho-mineiro, com caros e com a cercosporiose e os ciclos de poda devem ser mais curtos, a intervalos menores.

    O efeito de temperaturas altas sobre o cafeeiro foi aqui destacado, mesmo por que, com o fenmeno do aquecimento global, previsto o aumento das temperaturas e os estudos de zoneamento esto prevendo o deslocamento da cafeicultura, especialmente a de caf arbica, mais para o Sul do pais e, at, para paises vizinhos, como Argentina e Uruguai.

    No se pode esquecer, no entanto, nossa velha conhecida - a geada, que muitas vezes dizimou a cafeicultura no Paran, em So Paulo e at no Sul de Minas. Embora pouco freqentes nos ltimos anos, sabe-

  • 25RECOMENDANDO

    se que temperaturas baixas, abaixo de 2C (no abrigo), por geadas ou ventos frios, levam queima dos tecidos do cafeeiro, podendo atingir folhas, ramos e o prprio tronco do cafeeiro.

    No aspecto macro-climtico os estudos de zoneamento para a cafeicultura em cada regio, efetuados pelo convenio IAC/IBC nas dcadas de 1970-80 e, mais recentemente, os efetuados pela Embrapa, do uma idia das regies aptas, marginais e inaptas para a cafeicultura, seja para as variedades de arbica ou conillon. Ali so levados em conta: as faixas adequadas de temperatura e as chuvas e o melhor condicionamento climtico que pode ser obtido, mesmo em reas marginais, atravs da irrigao e da arborizao.

    b) Efeito das chuvas/dficit hdricoA necessidade de umidade no solo, para o

    cafeeiro, varivel de acordo com as fases do ciclo da planta. No perodo de vegetao e frutificao, que vai de outubro a maio, o cafeeiro precisa de umidade disponvel no solo. Na fase de colheita e repouso, de junho a setembro, a exigncia menor, o solo podendo ficar mais seco (at quase ao ponto de murcha), sem grandes prejuzos para a planta. Uma deficincia hdrica, nesse perodo, chega mesmo a estimular o abotoamento do cafeeiro, conduzindo, ainda, a uma florada mais uniforme, quando no reinicio das chuvas ou da irrigao. Nas regies de inverno mais quentes, as pesquisas mostram que preciso ter cuidado ao interromper as irrigaes para promover o stress.

    As regies mais secas, no perodo de colheita,

    produzem cafs de melhor qualidade (bebida dura para melhor), como ocorre nas zonas de cerrado em Minas Gerais (Sul de Minas e Tringulo Mineiro) e na Mogiana, em So Paulo e em outras regies semelhantes (Oeste Baiano, Gois etc).

    No que diz respeito s reas cafeeiras do Centro-Sul do pas, chuvas anuais acima de 1200 mm podem ser consideradas adequadas ao bom desenvolvimento da cafeicultura de caf arbica, enquanto as lavouras de robusta podem ser cultivadas em zonas com precipitaes menores, acima de 900-1000 mm anuais. Deficincias hdricas de at 150 mm, no perodo de junho a setembro, podem ser bem suportadas pelo cafeeiro arbica e, at 400 mm, de forma marginal, pelas variedades robusta (Conillon).

    Nas figuras 2 e 3 foram includos os dados de balano hdrico em duas regies tpicas de cafeicultura, uma regio onde tericamente no seria necess[ario irrigar e outra onde a irrigao imprescindvel.

    O balano hdrico da regio de Varginha (Sul de Minas) exemplifica uma regio adequada ao caf arbica. A curva do balano normal indica excedentes hdricos nos meses chuvosos, sendo que o pequeno dficit hdrico no inverno, na fase de maturao (colheita) e dormncia, favorvel, resultando em uma florada uniforme e maturao mais igualada. As curvas do balano dos anos de 2006 e 07 exemplificam a ocorrncia, nos ltimos anos, de dficits acumulados de quase 400mm anuais, resultando, nos ensaios de irrigao de cafeeiros, conduzidos na Faz. Experimental, em acrscimos de produtividade de 37% na mdia de 8 safras nas parcelas irrigadas (quadro 2).

    Quadro 2 - Nveis de deficits hdricos crticos nos anos e perda percentual de safra em cafeeiros, sem irrigao em relao aos irrigados. Varginha-MG, 2007.

    Em Araguari, no Tringulo Mineiro, ocorre deficincia hdrica excessiva no inverno e na primavera, sendo necessrias duas a trs irrigaes suplementares, uma em maio e, depois, duas a trs em agosto-setembro.

    Com relao ao fator hdrico, as observaes e as experincias efetuadas nas vrias regies cafeeiras permitiram chegar aos seguintes parmetros de aptido:

  • 26 RECOMENDANDO

    Em complementao aos aspectos do macro clima, deve-se observar, tambm, as condies de topo-clima, buscando a localizao das lavouras de acordo com a face de exposio do terreno e sua posio em relao ao declive, assim:a) Deve-se desprezar os fundos de terreno, pelo acmulo de umidade e de ar frio (nas regies sujeitas a geadas) e as baixadas, pela m drenagem no solo