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REVISTA PARQUE DA LAGOA AZUL, EM SÃO DESIDÉRIO: UM SANTUÁRIO HISTÓRICO, CIENTÍFICO E ECOLÓGICO um lugar JOAQUIM NETO, professor da Uneb “Sou a favor das cotas sociais. Acho que nem deveria ter vestibular” POR DENTRO DA MOLDURA BARRA: 23,6% DA POPULAÇÃO COM MAIS DE 15 ANOS É ANALFABETA NA CIDADE TIDA COMO O BERÇO DA EDUCAÇÃO DO OESTE. A MÉDIA NACIONAL É DE 9,7% CONHEÇA O QUE PENSAM OS PRÉ-CANDIDATOS SOBRE O MUNICÍPIO COM ÍNDICE DE 44,2% DE EXTREMA POBREZA ANO II - Nº 10 - OESTE DA BAHIA - MAI/2012 R$ 9,99 OUZA EDITORA Léia aprendeu a arte da pintura com a mãe, Noemia, e já expôs até no Museu do Louvre, em Paris. Agora, em seu atelier e escola de artes em Luís Eduardo Magalhães, se prepara para participar de uma exposição coletiva que vai circular o mundo ELEIÇÕES 2012

Revista A ed. 10

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A revista do Oeste mais lida no interior da Bahia

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R E V I S T AR E V I S T A

PARQUE DA LAGOA AZUL, EM SÃO DESIDÉRIO: UM SANTUÁRIO HISTÓRICO,

CIENTÍFICO E ECOLÓGICO

um lugar

JOAQUIM NETO, professor da UnebJOAQUIM NETO, professor da Uneb

“Sou a favor das cotas sociais.Acho que nem deveria ter vestibular”

POR DENTRODA MOLDURA

BARRA:23,6% DA POPULAÇÃO COM MAIS DE 15 ANOS É

ANALFABETA NA CIDADE TIDA COMO O BERÇO DA EDUCAÇÃO DO OESTE. A MÉDIA NACIONAL É DE 9,7%

CONHEÇA O QUE PENSAM OSPRÉ-CANDIDATOS SOBRE O MUNICÍPIO COM

ÍNDICE DE 44,2% DE EXTREMA POBREZA

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Léia aprendeu a arte da pintura com a mãe, Noemia, e já expôs até no Museu do Louvre, em Paris. Agora, em seu atelier e escola de artes em Luís Eduardo Magalhães,

se prepara para participar de uma exposição coletiva que vai circular o mundo

ELEIÇÕES 2012

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MAI/2012 5

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Número10 de Pelé

EDITORIAL

Aos 21 anos, Pelé já era o maior jogador de fu-tebol do mundo e principal estrela da Seleção Brasileira que disputaria a Copa do Mundo do Chile em 1962. Na estreia contra o México, em 30 de maio daquele ano, depois de um primei-

ro tempo sem gols, o Brasil, então campeão do mundo, tirou o zero do placar com um gol de peixinho de Zagallo aos nove minutos da etapa fi nal e confi rmou o favoritismo aos 28, com um gol de seu grande craque.

Depois de dividir com o primeiro marcador mexicano, Pelé provou que não precisava de catimba, nem de cavadinhas para ser o gênio que era. Manteve o equilibro após trombar com o beque que o aguardava na sobra e quase sentado meteu a canhota na bola. No canto esquerdo do goleiro Carbajal, sem dar chances para defesa. A vitória abriu caminho para o bi campeonato mundial da equipe canarinho. Embora Pelé tenha participado apenas do jogo de estreia, aquela quarta-feira, de 40 anos atrás, ajudou a construir o mito que circunda a camisa 10. O número se tornou referência. Sinônimo de qualidade técnica. Foi Pelé, Puskas, Zico, Platini, Maradona, Zidane e Messi. Agora é r.A.

Nesta edição, vestimos com orgulho a camisa que já serviu esses craques, afi nal, chegamos a nossa décima edição. Claro que não com a maestria de Pelé, quando desfi lava seu talento vestido com a 10 do Santos ou da Seleção, mas cientes que o trabalho que a revista se propôs a desenvolver desde seu primeiro número em dezembro de 2010 se tornou referência para as cidades que compõem a região Oeste e o Médio São Francisco.

Para confi rmar o compromisso de oferecer a você, leitor, um produto de qualidade e conteúdo diversifi cado, publicamos a segunda reportagem da série Eleições, desta feita abrangen-do o município de Barra. Na entrevista, o professor Joaquim Neto da Uneb, negro tal qual o maior jogador de futebol de todos os tempos defende as cotas raciais; na matéria de capa a mãe e a fi lha que têm o dom da pintura no DNA e ainda uma crônica especial em homenagem aos 121 anos de Barreiras. Gol de placa, digno do número 10.

Boa leitura!

Do editor

DIRETOR DE REDAÇÃO E DE ARTE Cícero Félix (DRT-PB 2725/99)

(77) 9131.2243 e [email protected]

DIRETORA COMERCIALAnne Stella(77) 9123.3307

[email protected]

DIRETORIA DE MARKETING Jakeline Bergamo

(77) 8802.0721 e 8111.4019

EDITORAnton Roos(77) 9971.7341

[email protected]

REDAÇÃO Jackeline Bispo, Luciana Roque, Thiara Reges e Cátia Andreia Dörr

EDITORAÇÃO ELETRÔNICA Leilson Castro

ILUSTRAÇÃOJúlio César

EDIÇÃO DE ARTE Klécio Chaves

CONSULTORIA DE MODA Karine Magalhães

REVISÃORônei Rocha e Aderlan Messias

IMPRESSÃO Coronário Editora e Gráfi ca

TIRAGEM 4 mil exemplares

ASSINATURAS/CONTATOS COMERCIAISBarreiras

(77) 3612.4074 / 3612.3330 / 3021.3149 / 9906.4554 / 9131.2243 / 9123.3307Barra

Helena: (74) 3662.3621Bom Jesus da Lapa

Rosa Tunes: (77) 9804.6408 / 9161.3797Luís Eduardo Magalhães

Tizziana: (77) 9199.5585 / Anton: (77) 9971.7341 / Ana Paola: (77) 9191.9400Santa Maria da Vitória

Marco Athayde: (77) 3483.1134 / 9118.1120 / 9939.1224Rosa Tunes: (77) 9804.6408 / 9161.3797

Ouza Editora Ltda.Av. Clériston Andrade, 1.111 - Sala 16

Tel.: (77) 3612.4074 - Centro - Barreiras (BA)

R E V I S T A

[email protected]

ANO II - Nº 10 MAI/2012

ao leitor

ediToriaL

ter um fi lho ou fi lha formada em medicina sem-pre foi um orgulho para a família. Se a deci-são coubesse única e exclusivamente aos pais teríamos mais médico que população no Brasil. Não lembro em minha infância se havia mui-

tos consultórios. Na minha cidade, a 54km de Campina Grande (PB), só havia atendimento de dentista, de oculista (assim era chamado o oftalmologista) e de clínico geral. E tem mais: eles atendiam geralmente no dia de feira, pois vinham de outras cidades. Quando se precisava de atendi-mento fora daquele dia, só indo a outras cidades. Não lem-bro das pessoas reclamando muito da saúde naquela época, tampouco se adoeciam como adoecem nos dias atuais. A quantidade de médico formado no Brasil, se não é o ideal, tem aumentado consideravelmente. O problema maior tal-vez seja a desigual distribuição desses profi ssionais que se concentram nas capitais e metrópoles, como esclarece Dr. Paulo Henrique, especializado em urologia e delegado do Conselho Regional de Medicina no Oeste, personagem de nossa matéria de capa.

O modelo de medicina armada de equipamentos impor-tados dos Estados Unidos acabou mercantilizando a área da saúde, adverte o médico, que defende um atendimento mais humano e reclama da fragmentação da medicina em especialidades. “Isso foi um péssimo negócio! É preciso en-tender a pessoa humana como um todo”, declara. Dr. Paulo tem um humor contagiante e lembra os médicos românti-cos da década de 1930 citados pelo mineiro e também mé-dico Pedro Nava em suas memórias. Ser médico é se doar em nome do bem-estar do outro, é espelhar-se no paciente que chora, rir e se apaixona. Caso contrário, a prescrição toma caminhos equivocados. De acordo com a literatura médica, 60% das pessoas que vão ao consultório não têm causa orgânica. Portanto, é preciso considerar outros fatores na hora de avaliar um paciente, fatores que máquinas, ape-sar da imensurável contribuição para o desenvolvimento da medicina, não conseguem observar.

A emocionante história do lutador de jiu-jítsu Clécio Ro-drigues, que surpreendeu os médicos ao combater e vencer um câncer que já estava em estado avançado; o início da série “Jovens empreendedores”, que vai destacar a perspicá-cia dos jovens na administração e condução de negócios no Oeste são outros ingredientes desta edição que, somados a outros conteúdos, quer levar a você, leitor, uma informação com qualidade em um produto que a cada número orgulha toda a região. Boa leitura!

Cícero Félix, editor e diretor de redação

EDITOR/DIRETOR DE REDAÇÃO Cícero Félix (DRT-PB 2725/99)

(77) 9131.2243 e [email protected]

DIRETORA COMERCIALAnne Stella(77) 9123.3307

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DIRETORIA DE MARKETING Jakeline Bergamo

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EDITOR DE FOTOGRAFIA Jorge Barbosa

(77) 9150.9636

REDAÇÃO Luciana Roque e Jorge Barbosa

CONSULTORIA DE MODA Karine Magalhães

REVISÃO Aderlan Messias e Rônei Rocha

IMPRESSÃO Coronário Editora e Gráfi ca

TIRAGEM 4 mil exemplares

R E V i S T a

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Centro - Barreiras (BA)

ed.04 jul-aGo/2011

Revista A, consciente das questões ambientaise sociais, utiliza papéis com certificação (Forest

Stewardship Council) na impressão deste material.A certificação FSC garante que a matéria-prima é proveniente de florestas manejadas de forma

ecologicamente correta, socialmente justa e economicamente viável, e outras fontes controladas. Impresso na Gráfica Coronário - Certificada na

Cadeia de Custódia - FSC.

A r.A já obedece a Nova Ortografi a da Língua Portuguesa e não se responsabiliza pelos conceitos emitidos nas

colunas assinadas.

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8 MAI/2012

21 . A MISCELLANEAMaskavo: Liberdade aos ouvidos Homenagem: Dia do Choro em BarreirasEsporte: Minotouro vem à competição de MMA no OesteDesenrola a língua: Lusocídio, não!, por Aderlan MessiasExclamação: Street Style, por Karine Magalhães trends and news: Doce Café: mais irresistível Exclusive: Design revisited

38 . MODA MULHERdress: Brilho meu

44. JOVEM EMPREENDEDORMaurício e Juliana SantiagoSucessão familiar na teoria e na prática

Luís Henrique RafflerAtendimento diferenciado: qualidade e melhor prazo de entrega

48 . ENTREVISTAJoaquim Pedro Soares Neto“Sou a favor das cotas sociais”

60. ESPORTEXadrezMais de 4 mil alunos praticam nas escolas barreirenses

64. ELEIÇÃO 2012: BARRAReferência histórica na educação do Oeste tem alto índice de analfabetismo

72 . A CULTBarreiras, de 1970 a 1980: Crônica de uma cidade em crescimentoManos de fé: O hip hop em Luís Eduardo Magalhães

82 . A UM LUGARParque da Lagoa Azul: Santuário ecológico, histórico e científico

90. SOCIAL: GELO, LIMÃO E AÇÚCARpor Tizziane Oliveira

94 . A SOCIETYO registro social da região

ÍNDICE

53. CAPA

POR DENTRO DA MOLDURAMãe e filha que têm obras espalhadas pela Europa, EUA e Japão sonham em expandir suas artes e unir os artistas da região

C.FÉLIX

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12 MAI/2012

abordo

BARREIRAS

SANTA RITADE CÁSSIA

LUÍS EDUARDO MAGALHÃES

SÃO DESIDÉRIO

ANGICAL

COTEGIPE

BARRA

IBOTIRAMA

PARATINGA

SANTA MARIA DA VITÓRIA

CORRENTINA BOM JESUS DA LAPA

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MAI/2012 13

A viagem para conhecer a exuberância dos brejões de Barra foi abortada - a qualidade da estrada desanimou e o dia já baixava suas cortinas sobre o sol, cujos raios vazavam das densas nuvens no horizonte. Era um extenso “algodão doce” borrando o céu impassível. Imagem insuperável do álbum de bordo.

AlgodãoDOCE

C.FÉLIX

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issuu.com/cicero_felix

VERSÃO DIGITALE EDIÇÕES ANTERIORES

Eu acho r.A de grande qualidade, não só para o comércio, mas para a comunidade em geral. Não vemos só moda, está tudo incluso na revista (meio ambiente, saúde...). Estou aqui [em Bom Jesus da Lapa] há dois anos. Meu primeiro contato com a r.A foi no salão de beleza. Sentei, li, e depois passei a adquirí-la frequentemente pra ver como funcionava o Oeste da Bahia. Eu não conheço Barreiras ainda, só Bom Jesus. A qualidade da revista é sensacional!Márcio Nobre

A r.A é de suma importância, não só para Bom Jesus da Lapa, mas para toda a nossa região. Nós precisávamos, na verdade, de um veículo de comunicação escrita que tivesse essa interação. Temos veículos localizados em uma cidade e outra, mas que não interage na região inteira. A r.A traz notícias interessantes, perfis de personalidades e pessoas que, até então, são desconhecidas da coletividade, como artistas de Santa Maria, Bom Jesus da Lapa e das demais cidades da região.Tomara Deus que a revista se fortaleça, cresça e possa atender ao maior número de municípios possível.Alex Ramos

A r.A é perfeita. O pessoal é bastante inteligente, sabe os pontos que devem tocar.Clodomir de Moraes

@leitor

Sobre DesafiosParabéns ao jornalista Cícero Félix e toda equipe da r.A pelo estudo completo sobre a situação de Santa Maria da Vitória, com dados ignorados por aqueles que deveriam ter a solução desses problemas como prioridade de governo. Tive o prazer de ser entrevistado e de deixar nossa mensagem ao povo de Santa Maria. A leitura da revista é mais do que recomendada a todo santamariense. Maurizan Cruz

Ficou padrão A. Parabéns, pessoal!Marcio Live

A revista tá show, linda mesmo! Adorei a reportagem sobre as eleições. Os gráficos ficaram perfeitos.Jorge Barbosa

Realmente, cada nova edição vocês se superam, tenho o maior prazer em anunciar na r.A.Rodrigo Rocha Sampaio

Muito bem acabada, com boas pautas. A r.A integra uma região difícil, ampla, e ao mesmo tempo, muito pobre e muito rica, e contribui para o desenvolvimento através do espaço jornalístico. Não apresenta apenas os fatos, discute ideias, discute os problemas dessa vasta região para que possamos nos destravar desse marasmo. Acredito que tem muita riqueza na região, muita oferta hídrica, mas ainda estamos rastejando no que diz respeito a saúde, educação. A revista contribue muito para que as pessoas se informem melhor.Sócrates Rocha

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ERRATAcNa Agenda da r.A 9 dissemos que o cantor Bob Dylan é britânico, mas ele é americano.

Gostei muito do conteúdo da r.A, acho que Santa Maria passa a ter hoje mais divulgação. A revista veio somar, levar nossas riquezas para outras regiões.Lero de Santa Maria

[email protected] Ouza Editora

Os editoriais de moda da r.A estão cada vez mais profi ssionais. Parabéns a Ouza Editora pelo trabalho e a Lara Novaes , elegantemente sofi sticada por natureza.Vandré Vilela

Pequeno na estatura, gigante por dentro! Parabéns r.A!Michael Ribeiro

Grande Homem!!!!!!!!!Maria Augusta Silveira Passos

O patriarca da família Vieira é mesmo fantástico! Pequeno, grande homem. Romênia Beatriz Silveira Mariani

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automático. Seu apelo visual, aliado ao dinamismo e conforto, é um convite para viver novas sensações

nos mais variados terrenos. Venha conhecer seu SUV SSangYong Korando na GTS Motors, em Barreiras.

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18 MAI/2012

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MAI/2012 19

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20 MAI/2012

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MAI/2012 21

miscellanea> COMUNICAÇÃO, CURIOSIDADES, DESIGN, EVENTOS, NEGÓCIO, POSTCARD, TECNOLOGIA, TENDÊNCIA, ETC... <

No dia 14 de abril, o reggae ditou o ritmo em Luís Eduardo Magalhães com o show da banda brasiliense Maska-vo, que empolgou o público com sucessos de sua carreira e versões avassaladoras do pai do estilo, o jamaicano Bob Marley. Depois do show, o vocalista Marceleza falou a r.A sobre as quase duas décadas de estrada, o novo disco que sai em julho, a dificuldade enfrentada pela nova geração do reggae no país e o apoio a divulgação da música de maneira gratuita.

Se contarmos o tempo que a banda se chamava Maskavo Roots, ano que vem serão 20 anos de estrada.

O que isso representa pra vocês?Isso representa o sucesso de uma empreitada que começou lá na década de noventa e continua até hoje. De-

pois de várias formações a banda continua firme e forte e com planos maiores pra tentar difundir uma mensa-gem de amor e paz através de nossa música.

A partir do ano 2000, quando a banda passou a se chamar apenas Maskavo, houve uma guinada na car-

reira de vocês, e desde então são 5 discos lançados, clipes na MTV e reconhecimento do público. Quanto essa mudança foi importante pra história da banda?

Primeiro, foi a reviravolta na mudança de vocalista; a banda tinha um disco que já estava em fase de finaliza-ção e o Marcelo Vourakis, vocalista da época tinha outros planos em mente e, por isso, decidiu deixar a banda. Quando fui chamado pelo antigo baterista e co-fundador da banda, Quim, para fazer testes, fui efetivado e logo seguimos ao Rio de Janeiro pra gravação do disco pela antiga Abril Music. Com “Anjo do céu” as portas se abriram e continuamos seguindo a linha reggae romântico, o que nos possibilitou tocar por vários lugares do

TEXTOS ANTON ROOS, THIARA REGES, LUCIANA ROQUE E C.FÉLIX

MASKAVO

AOS OUVIDOStexto ANTON ROOS

DIV

ULG

ÃO

Quase vinte anos de estrada. Marceleza (vocal), Prata (guitarra) e Bruno Prieto (baixo) preparam novo disco ainda para o primeiro semestre

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22 MAI/2012

miscellanea

Brasil. A mudança do nome e do vocalista foram decisivos para o sucesso que seguiria. Tiramos o Roots do nome, aquele momento representava um recomeço, uma nova história, que até hoje vem dando ótimos resultados.

Vocês estão para lançar um novo trabalho. Já tem título, data

de lançamento?O título ainda não está definido, estamos conversando a respeito.

O lançamento deve ser por volta de julho. Esse disco vem bem diferente dos passados pelo fato de a banda ter amadurecido tan-to sonoramente como na idade também... Vem com letras mais expressivas que trazem ao público sentimentos já acontecidos em suas vidas... O público pode esperar músicas cheias de boas vibra-ções e com um conteúdo mais sério.

Que avaliação vocês fazem do reggae praticado no país?As bandas de reggae do Brasil são de ótima qualidade, mas

ainda vivemos em um cenário desfavorável devido principalmente a grande explosão de músicas populares e até sem sentido. A cena ficou no escuro. A mídia favorece esses gêneros. Quem se propõe a fazer boa música com letras inteligentes e com conteúdo, nor-malmente, fica no anonimato.

O público que consome música hoje em dia é diferente da-

quele de 10 ou 15 anos atrás, por exemplo?Com toda certeza é diferente de 15 anos atrás. Naquele tempo,

o reggae tinha força no mercado e na mídia, como aconteceu quando da explosão do reggae no sul do Brasil, entre 2000 e 2005. Apareceram novas bandas e o cenário era forte. A crítica social é uma das bandeiras do reggae, além do amor e respeito ao próximo. Desde sua criação, o reggae sempre teve uma forte ligação com o gospel, embora o público goste quando as letras têm cunho social, principalmente esse poder que a música tem em contestar irregu-laridades sociais contra governos, violência, abusos e, ao mesmo tempo, também passar mensagens de paz e otimismo.

Em 1993, ainda se vendiam discos em vinil, em 2000 vivía-

mos o boom do CD. Atualmente, o mercado fonográfico vive uma crise e as pessoas de modo geral se acostumaram a baixar

discos. Como conviver com esse cenário? A aposta fica mesmo para os shows?

O grande lance dos downloads é a liberdade que você tem pra baixar o que gosta. CDs e vinis são mídias falidas. Nós, músicos, ganhamos com nossos shows, mesmo na época que se vendiam CDs a grana ficava com as gravadoras e era repassado um valor medíocre para os artistas. Eu acredito que música é cultura e, por isso deve ser repassada gratuitamente ao público. A internet virou uma poderosa ferramenta para bandas novas e as já consagradas para divulgação de seus trabalhos. A tendência é isso, se solidificar cada vez mais.

O que significa Bob Marley pra vocês?Ele deixou uma rica herança para o povo. Músicas de cunho

social, românticas e otimistas. Para nós da banda é uma fonte de inspiração e um mestre a ser seguido, pois sua obra ficará para a eternidade. Bob representa tudo o que acreditamos: amor, respei-to e boa vontade com o próximo.

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RE

PR

OD

ÃO

Bob Marley o grande ícone da nação regueira e referência na música do grupo brasiliense

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MAI/2012 23

TOQUEDE QUALIDADE

Quem passou pela praça Castro Alves na noite do dia 21 de abril foi surpre-endido com a apresentação do grupo Toque de Choro e convidados (Renan do Sax, Edson Flautista, Fábio Trompete e Dona Jadir do Bandolim). Por iniciativa da r.A, do próprio grupo e da Zoah Comunicação, foi realizada uma merecida homenagem ao Dia Nacional do Choro. Com um repertório variando de Pixinguinha, grande mestre do estilo, a Beatles, com uma versão inspiradíssima de “Something”, os “chorões” do Oeste não só encantaram ao público como provaram que há espaço e público para eventos culturais de outros estilos musicais, diferente do sertanejo, pagode e axé.

Emerson Cardoso, coordenador regional do Sebrae, acredita que a iniciativa ajuda a valorizar um pouco da cultura do país e a criar um vínculo cultural com Barreiras. “Este evento deveria ser feito todos os meses para que as novas gerações venham ter acesso a música de qualidade”, argumentou.

“As autoridades deveriam olhar com mais atenção para esse tipo de evento. Pode ter certeza que o público que compareceu aqui saiu satisfeito”, disse Cordeiro, empresário do ramo de publicidade visual de Barreiras. Para Ricardo Barata, presidente da Associação dos Criadores de Gado da região e músico, é um equívoco achar que o povo de Barreiras não gosta de música de qualida-de. “Gostamos de música popular, mas também gostamos de músicas mais refinadas. Eu acho que a prova disso é a praça lotada de famílias, todo mundo ouvindo, prestando atenção e respeitando a música que está sendo tocada”.

Dada a boa receptividade do evento, a r.A e a Zoah Comunicação estudam uma maneira de criar um “fundo cultural” com entidades e empresários para, através da iniciativa privada, realizar eventos dessa natureza periodicamente. Isso deve preencher um pouco essa lacuna de opções para entretenimento na cidade de Barreiras.

Dia do Choro, realização:

C.FÉLIX

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24 MAI/2012

miscellanea

A casa de espetáculos Magnum, na BR 242, em Barreiras, recebeu a competição esportiva que mais ganhou espaço e adeptos em 2012. O primeiro Grande Combate de MMA de Barreiras, realizado pela Academia Falcão Negro, ocor-reu no dia 28 de abril. Reuniu um público bem eclético, desde lutadores e atletas de artes marciais, à pessoas que se apaixonaram pelo esporte assistindo pela TV as lutas ou ao reality show The Ultimate Fighter Brasil - Em Busca de Campeões, que estreou no Brasil em março, com trans-missão pela Rede Globo. Subiram no octógono, atletas da região Oeste e de Salvador, que levantaram o público com disputas equilibradas e cheias de técnica. Prestigia-ram o evento a lutadora barreirense Ana Maria, a Índia, e o medalhista de ouro e de bronze de boxe em jogos Sul e Pan Americanos de 2006 e 2007, o baiano Rogério Mino-touro. “Temos que aproveitar nossos atletas. Esses eventos no país servem de base. Mais de 50 atletas estão comigo no Team Nogueira, na academia do Rio de Janeiro. Temos viajado pelo Brasil e observado talentos que acabamos convidando para fazer parte de nossa equipe, a exemplo de Índia, que é de Barreiras. Estamos franqueando a Team Nogueira pelo país para conseguirmos cada vez mais ex-pandir o esporte e incluir mais atletas nossos em campeo-natos internacionais”, destacou Minoturo.

A cidade de São Felix do Coribe, a 222km de Barreiras (BA), festejou no mês de maio seu 23º aniversário de emancipação política. As comemorações começaram dia 11 e foram marcadas por atividades esportivas e de lazer como o 3º Aberto de Futsal de São Félix do Coribe, e no dia seguinte com Velocross e Supercross durante o dia, e muita música na Micareta durante a noite. Localizada à margem direita do Rio Corrente, com simpáticas ruas de paralelepípedos, comércio forte, os sãofelenses aguardam agora os festejos de 4 de outubro em homenagem ao padroeiro São Francisco.

Esporte no 23º aniversário de São Félix

FESTA DE EMANCIPAÇÃO

O barreirense Luiz Razia venceu a segunda corrida da temporada na GP2, no domingo, 13 de maio. O piloto baiano já havia vencido o grande prêmio de abertura da temporada no Bahreim. Com a vitória, o piloto nascido em Barreiras se mantém firme na vice-liderança, 25 pontos atrás do líder, o italiano Davide Valsecchi. A próxima etapa da temporada acontece no principado de Mônaco, no final de semana de 25 e 26 de junho. GP2 é a principal categoria de acesso para a Fórmula 1. Dos últimos sete pilotos que foram campeões na categoria, seis compõem atualmente o grid da F-1.

Razia vence segunda no ano e é vice na GP2

AUTOMOBILISMO

GOLPE ARTES MARCIAIS

certeiro

MARCO ATHAYDE

C.FÉLIX

MINOTOURO:“É preciso expandir o esporte e incluir mais atletas em

campeonatos internacionais”

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MAI/2012 25

DESENROLAA LÍNGUApor ADERLAN MESSIAS

Lusocídio, não!!!Problemas gerais da norma culta

[email protected]

Queridos leitores, a partir de agora falaremos dos os problemas gerais que rodeiam a norma culta da língua escrita, visto que cada vez mais torna-se comum vermos, sobretudo nas redes sociais, a agressão impiedosa a ela. É preciso que tenhamos em mente que a escrita se difere, e muito, da fala, o que não dá o direito de escrevermos de qualquer forma.

Tenho passado por chato em alguns momentos, pois vivo detonando e corrigindo os gritantes erros existentes nas redes sociais. Já dizia Olavo Bilac que o nosso idioma é doloroso. Mais doloroso ainda é se deparar com o assassinato do português: daí o lusocídio. Claro que estou me referindo aos problemas de norma culta escrita e não a língua falada, o que é rica, variável, mutável.

Alguém já recebeu uma mensagem via e-mail e/ou no face-book desta forma? “Agente vai fazer um churrasco este fi m de semana.” Só se for o agente do FBI! (hehe) Tudo bem que no decorrer da história da língua portuguesa algumas palavras foram perdendo a noção de composição e hoje são grafadas juntas, a exemplo de “devagar”, “depressa”, “girassol”. Para isso, é neces-sário que estejamos antenados no que foi consagrado pelo uso da língua, o que não nos dá o direito de escrevermos “conzerteza [com certeza]”, “apartir [a partir]”, “com tudo [contudo]”, e tan-tos outros lusocídios que abordaremos no decorrer das edições da r.A.

Bom, se analisarmos atentamente a palavra “devagar”, pode-mos encontrá-la também escrita “de vagar”. A questão é ver o contexto em que ela se encontra. Se eu digo: “Ande devagar para não cair”. A ideia aqui é de advérbio (andar lentamente, sem pressa). “Maria gosta de vagar à noite”. Percebam que neste enunciado o sentido é de andar sem destino.

Mas voltando ao termo “agente”, leitor, vale esclarecer que ele se refere a pessoa que exerce determinada atividade: agente de viagem; agente do FBI. “A gente” [separado] tem a ideia de plu-ral, mas a palavra é singular! O que muitos fazem é a concordân-cia ideológica, ou seja, com a ideia de plural, como no exemplo “A gente fi zemos o trabalho”. É da mesma forma que dizer “O povo foram às ruas.” Concordância ideológica, não!!! “A gente fez o trabalho; O povo foi às ruas.” Combinado assim?!?

Além do termo ‘a gente’, outro calcanhar de Aquiles é ver o bendito afi m junto, quando na verdade deveria ser separado

[a fi m], visto que a ideia é indicar fi nalidade. Outro dia, na faculdade, na condição de aluno, resolvi passar um traço separando o bendito ‘afi m’ do meu professor em uma prova, fi cando assim [a/fi m] e nada mais. Meu professor escreveu o seguinte: “Vá corrigir seus alunos! Dá próxima vez te dou zero!” (kkkkk) Nossa, ri demais! [demais junto] Sei que ele vai rir também quando ler esta coluna, pois fazia questão de vê-lo brigando comigo. Sempre tivemos uma relação saudável: professor versus aluno.

A regrinha é a seguinte: a fi m [separado] surge na condição de locução a fi m de, que signifi ca “para” indicando ideia de fi nalidade, objetivo. Veja o exemplo: “João tentou mostrar-se capaz a fi m de nos enganar”. Afi m [junto] é um adjetivo que signifi ca “igual”, “semelhante”. Passa a ideia de afi nidade. Ob-serve: “O professor e o aluno tiveram comportamentos afi ns durante a realização do congresso”. Fácil, não!

Na próxima edição falarei de outros lusocídios. Aguardem! Sugestões, escrevam para o e-mail [email protected].

ADERLAN MESSIAS Bacharel em Direito (FASB), Licenciado em Letras Vernáculas

(UNEB), Especialista em Psicopedagogia (FASB). Atualmente é professor universitário da FASB, FAAHF e UNEB/Plataforma Freire.

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26 MAI/2012

miscellanea

Religiosidade e aventura. Esses são os pilares que movem os muladeiros há 10 anos. A proposta é conhecer os pontos turísticos religiosos do Brasil, montados no lombo de mulas. No dia 4 de maio, a Comitiva Kalunga, de Planaltina, Dis-trito Federal, chegou ao município de Bom Jesus da Lapa, a capital baiana da fé.

A viagem começou no dia 28 de abril e passou por diversas fazendas da zona rural de Santana, dentre elas, a de Tyago Queiroz, que recebeu a comitiva com uma missa improvisada, mas nem por isso sem fé. Para ele, a experiên-cia foi singular, principalmente pelas amizades que foram construídas.

Uma grande estrutura foi montada pensando no conforto de muladeiros e animais. A cada hora de trajeto a comitiva para por 15 minutos para garantir a resistência do animal. Além disso, três caminhões acompanham todo trajeto, carregado de bagagens e transporte dos animais para trechos de asfalto. Valdson Gontijo, vice-presidente da Comiti-va Kalunga, ressalta que além de promover uma grande confraternização, o grupo mantém o objetivo de preservar o catolicismo, sempre evangelizando.

Sr. Vicente Cesário é o mais velho dentre os 34 mula-deiros da Kalunga. Ele conserva o respeito ao padroeiro da comitiva, São José, e também à Nossa Senhora Aparecida, lembrança que ganhou dos baianos. “Foi um presente do Oeste da Bahia que agora levaremos por onde formos nesse imenso Brasil”.

FÉ NA ESTRADA

Muladeiros do Distrito Federal fazem peregrinação religiosa com destino a Bom Jesus da Lapa

FOTOS: DIVULGAÇÃO

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MAI/2012 27

NOS ÓRGÃOS PÚBLICOS

As camisetas pretas e os cabelos compridos tomaram conta da noite de 5 de maio em Santa Maria da Vitória com a realização da segunda edição do festival Rock dos Afonsos. O cast das bandas que se apresentaram viajou do Punk Rock tradicional das bandas Vômitos e Monalisa Overdriver, ambas de Barreiras, o hardcore da Head Stock, o heavy clássico da Road Warriors e o death black metal da Hellraises, as três de Santa Maria. Durante todos os shows os headbangers deram um show a parte, cantando as músicas apresentadas e curtindo o evento na mais perfeita paz e harmonia.

Festival em Santa Maria vai do Punk Rock ao Heavy Metal

MÚSICA

Garantir aos cidadãos brasileiros acesso aos dados oficiais do Executivo, Legislativo e Judiciário, é o objetivo da Lei de Acesso à Informação que entrou em vigor no dia 16 de maio. Com a lei, o cidadão pode solicitar a informação sem necessidade de justificativa. De acordo com a CGU, são estabelecidas regras claras e procedimentos para a gestão das informações. Cada órgão público terá um Serviço de Informação ao Cidadão (SIC) para garantir a transparência dos dados públicos.

Com isso, o Brasil passa a compor, com outros 91 países, o grupo de nações que reconhecem que as informações guardadas pelo Estado são um bem público. Além dos gastos financeiros e de contratos, a lei garante o acompanhamento de dados gerais de programas, ações, projetos e obras. Os links nas páginas do governo federal que dão ao cidadão pleno acesso às informações são identificados por um selo em forma de balão amarelo de quadrinhos, com a letra “i” em verde.

Além de órgãos e entidades públicas dos três níveis de governo, as autarquias, fundações, empresas públicas e enti-dades privadas sem fins lucrativos que recebem recursos pú-blicos devem colocar as informações à disposição do cidadão de forma gratuita. Antigamente, o cidadão só podia solicitar informações que lhe diziam respeito. Cabia à chefia dos órgãos decidir sobre a liberação dos dados. Segundo a cartilha da Controladoria-Geral da União (CGU), feita para informar aos servidores sobre a nova lei, na chamada “cultura do segre-do”, a informação era muitas vezes retida ou até perdida.

O servidor público que se recusar a fornecer informação requerida, a fornecê-la intencionalmente de forma incorreta, incompleta ou imprecisa e impor sigilo à informação para obter proveito pessoal ou de terceiro, poderá ser responsabili-zado civil, penal ou administrativamente.

AGORA É LEI: todo cidadão pode acessar informações ‘oficiais’

Bacia do Rio Corrente cria Academia de Letras e Artes

INAUGURAÇÃO

Os eventos de cunho cultural a cada dia conquistam novos espaços e reconhecimento na região Oeste. No dia 27 de abril, na sede da Filarmônica 6 de Outubro, em Santa Maria da Vitória, foi realizada a solenidade de inauguração da Academia de Letras e Artes do Território da Bacia do Rio Corrente, a ALA, que abrange 11 municípios do Oeste baiano. O evento foi presidido pelo Prefeito de Santa Maria da Vitória e conduzido pelo sociólogo e escritor Clodomir Morais que, aos 20 anos de idade, em 1949, ingressava na Academia de Letras da cidade de São Paulo. Dentre os patronos podemos destacar Raymundo Sales, de Correntina, fundador do quinzenário Jornal Batuta, em 1926; o musicista Lauro Sobral, regente da Filarmônica 6 de Outubro e do Jazz Bagaceira; o alfaiate Antonio Carvalho, “príncipe” das confecções masculina da região de Santa Maria da Vitória; e o artesão Francisco Biquiba de Lafuente Guarany, reconhecido nacional e internacionalmente pela criação das imponentes carrancas. A proposta é que através da ALA seja possível emplacar projetos de valorização e resgate cultural, pesquisas socioeconômicas e exploração consciente do turismo.

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MARCO ATHAYDE

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28 MAI/2012 Av. Paraíba, Qd 23, Lt 13 - Centro - Luís Eduardo Magalhães (BA)

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MAI/2012 29

miscellanea

por KARINE MAGALHÃES

EXCLAMAÇÃO KARINE MAGALHÃESé consultora de moda, trabalhou na renomada

Maison Ana Paula e nas lojas Rabo de Saia, Chocolate, Mary Zide (todas em Brasília) e também

em cerimoniais com Cristina Gomes. Atualmente faz consultoria de moda para r.A e Uaumais.

@ituau_Karine

Casaco virou acessório

Usar o casaco sobre os ombros é uma das fortes

tendências da temporada de Inverno, dando um toque no

visual por cima da produção.

Santa Lolla

FOTOS: REPRODUÇÃO

A CALÇADA É A NOVA PASSARELA

Street Style

Sneaker virei fã! Quer montar um look cool e descolado, aposte nessa ideia!

A volta do Scarpin Inspirados nas décadas de50 os scarpins surgem com detalhes inusitados deixandoo visual elegante e classudo.

karine.beniciomagalhaes

www.uaumais.com.br/ituau

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30 MAI/2012

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miscellanea

Ilustrador da r.A é destaque em revista sobre jornalismo

Catálogo reúne discursos do ex-governador da BA

Barreiras recebeu nos dias 9,10 e 11 de maio a décima edição do Congresso de Iniciação Científi ca, o CIC, com tema “Ética, Ciência e Produção”. Promovido pela FASB, o evento contou com mais de 60 atividades, entre palestras e minicursos. As atividades mais esperadas foram as palestras de Roberto Martins Figueiredo, o “Dr. Bactéria”, Biomédico famoso por seus quadros em programas da Rede Globo e Record, e a palestra de encer-ramento com o Ministro do Tribunal Superior do Trabalho, Horácio Raymundo de Senna Pires.

Congresso promove integração entre sociedade e acadêmicos

FACULDADE

O jornalista paraibano Júlio Cesar Gomes de Oliveira, responsável pelas ilustrações da r.A, inclusive as publicadas na capa da edição passada, é um dos destaques da Revista Imprensa deste mês. Na seção Portfólio, o artista apresenta

sua habilidade em cartuns, charges, edição e manipulação digital de

fotografi a e infografi a. Hoje, além de oferecer uma nova “paleta de cores” e humor a algumas páginas da r.A, ele faz frilas. Na entrevista, ele relembra: “Minha mãe conta que eu não podia ver um lápis e uma

folha de papel. Quando não estava com um pedaço de telha

ou gesso desenhando no quintal”. Júlio César trabalha profi ssional com

ilustração e humor gráfi co desde 1994.

RECONHECIMENTO

Abril de 2012, marca o início das comemorações do centenário de nascimento do ex-Governador da Bahia, Antônio Balbino de Carvalho Filho. No dia 23 de abril, aconteceu uma sessão solene, com apoio do Centro de Memória dos Governadores, Fundação Pedro Calmon e Instituto Geográfi co e Histórico da Bahia, que contou com a participação de representantes públicos, OAB, imprensa, família e amigos. Através das falas do ex-governador Waldir Pires, Professor Ubiratan Castro, Professora Ana Maria Assumpção e do neto Antônio Balbino, os presentes puderam conhecer algumas particularidades deste homem que dedicou 40 anos de sua vida ao serviço público.

Quem quiser conhecer mais da história de Balbino pode, por exemplo, ler o discurso que fez ao assu-mir o cargo de Ministro da Educação, em 1953. Um Catálogo Comemorativo, organizado pela

neta Tsylla Balbino e a jornalista Thiara Reges, destaca os momentos marcantes da vida de Balbino através de fotos, telegramas, corres-pondências, recortes de jornal e discursos.

“É uma obra de livre interpretação. Organizado em ordem cronológica, reunindo textos e imagens, cada pes-soa pode fazer uma livre interpretação

de quem foi o homem Antônio Balbino. São 40 anos dedicados à política, educação e ao so-

cial. Acredito realmente se tratar de uma rica fonte de inspi-ração aos políticos que hoje, infelizmente, tão pouco demonstram ter a oferecer”, destaca Thiara Reges. O Catálogo Comemorativo está disponível para consulta na Biblioteca Antônio Balbino, na Faculdade São Francisco de Barreiras – FASB.

LANÇAMENTO

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32 MAI/2012

miscellaneatrends and news

O que já era bom fi cou ainda melhor. No dia 10 de maio, o Doce Café inaugurou seu novo ambiente, mais amplo e com maior comodidade para seus clientes. O novo espaço possui uma confortável área externa projetada especialmente para quem quer apreciar um delicioso café na companhia de um (a) amigo (a) ou na-morado (a), ou ainda degustar algumas das guloseimas que fazem parte do seu cardápio.

Inaugurada em 2007, o Doce Café se tornou referên-cia em bom atendimento e uma excelente opção para quem tem bom gosto em Luís Eduardo Magalhães. Após quatro anos atendendo em um espaço limitado, era che-gada a hora de uma mudança para uma área maior. “O espaço fi cou pequeno, precisávamos criar uma alternati-va para nossa clientela. Muitos clientes já nos cobravam um local maior e com mais conforto”, comenta Anna Paula Bueno, sócia-proprietária..

Quem visitar as novas instalações do Doce Café não vai se arrepender. “Foram meses cuidando de cada detalhe para que tudo desse certo e pudéssemos oferecer o melhor para nosso cliente. Esse é o resultado de muito esforço e carinho”, explicam os sócios Inacio Mayer Bueno e Roseney Bueno.

REINAUGURAÇÃO

MAIS IRRESISTÍVELDoce Café,

!De segunda a sexta: 13h30 às 20h30Sábados: 14h às 20h30Feriados: 15h30 às 20h30

Funcionamento

ANTON ROOS

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INFORMAÇÕES DOCE CAFÉ Rua Rui Barbosa, 1641 (esquina com a rua Rondônia)

Centro - Luís Eduardo Magalhães (BA) (077) 3628.4714

texto ANTON ROOS fotos DIVULGAÇÃO

TIZZIANA OLIVEIRA

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34 MAI/2012

miscellaneatrends and news

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3333333333Reconhecida no mercado por seu completo mix de luminárias com design sofi sticados e modernos, atendendo aos mais diver-sos e exigentes projetos de iluminação, a Exclusive amplia sua linha de produtos e traz objetos de decoração e pequenos móveis garimpados com todo o cuidado para dar um toque de requinte e bom gosto aos ambientes. Repleta de objetos de desejo nacionais e internacionais, a Exclusive é um ponto de encontro para clientes e profi ssionais que apostam numa decoração inovadora e única.

DECORAÇÃO

revisited

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DECORAÇÃO1 Tulipas permanentes; 2 Telefone retrô com acabamento em aço escovado; 3 Luminária escultural indoor; 4 Aparador clássico com tampo em madeira de demolição; 5 Quadro São Francisco em madeira com entalhes manuais...

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6 Espadas decorativas; 7 Relógio pêndulo cromado; 8 Gotas assimétricas douradas com espelhos bisotê; 9 Vaso em madeira e minitroncos fi letados; 10 Esculturas andarilhos; 11 Barco a velas...

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36 MAI/2012

miscellanea trends and news»

INFORMAÇÕESEXCLUSIVE

Praça Coronel Antônio Balbino, 118 - Centro - Barreiras (BA) (077) 3611.3311

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ILUMINAÇÃO12 Pendente lanterna em aço cromado; 13 Lustre Belle Epoque ouro velho com

cristais; 14 Pendente Umbrella em acrílico e interior plisset; 15 Pende space com

vidro opalino e cabos vermelhos;16 Pendente ninho

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38 MAI/2012

dressO brilho neste inverno surpreendeu como tendência para todas as ocasiões e

entra em perfeita harmonia com jacquard, couro e com os pelos, que também

são peças chaves da estação. O prata se mistura ao ouro e os tons sóbrios aos

metalizados. A leveza e fl uidez casam perfeitamente com as texturas pesadas

mostrando com racionalidade o estilo working woman. A multimarcas dress

apresenta essa máxima da moda em um ensaio ímpar, realizado

na graciosa Fazenda Água Doce (Barreiras, Bahia).

moda mulher: Dress

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consultoria de moda KARINE MAGALHÃES fotos C.FÉLIX

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moda homem: Dress

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DRESS Rua Dr. Abílio Farias, 195 - Centro - Barreiras (BA)

(77) 3613.2609

INFORMAÇÕES

Ficha técnicaLOJA: DRESS // STYLING: KARINE MAGALHÃES // MAKEUP HAIR:

WELBER MAIA // BIJOUX: MAISON CAROLINE // ÓCULOS: ÓTICAS DINIZ // SAPATO E CLUTCH: SANTA LOLLA // ASSISTENTES: ANNE

STELLA E THIARA REGES // MODELO: LARA NOVAES // DIREÇÃO e FOTOGRAFIA: C.FÉLIX // LOCAÇÃO: FAZENDA ÁGUA DOCE // AGRADECIMENTOS: SERTANEJA EMPRESA AGROPASTORIL S/A

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Padrão emqualidade de vida

LOTEAMENTO CIDADE UNIVERSITÁRIA II

PLANTÃO DE VENDAS: (77) 9118.3173 ou 9124.1524LUÍS EDUARDO MAGALHÃES (BA)

Ruas largas e uma ampla área verde e de lazer. Assim será o loteamento Cidade Universitária II, extensão

do bairro criado em 2005 e que se tornou referência em qualidade de vida para a população de Luís Edu-

ardo Magalhães. Planejado nos mínimos detalhes, a extensão do loteamento está dividida em 25 quadras,

sendo 16 residenciais, duas para equipamentos públicos e espaços comunitários e sete reservadas a área

verde. No total, são 813 lotes, sendo 202 multi-residênciais, 410 uni familiar, e 201 mistos. Os lotes serão

a partir de 200m².

“O processo demorou um ano e envolveu estudo, pesquisa e muito trabalho. O loteamento foi projetado

pensando na circulação das pessoas, na qualidade de vida, com ruas largas de 15 metros, sendo 9 de

rolamento e 3 de calçadas de cada lado”, disse Rodrigo Ferreira, um dos sócios.

Uma preocupação dos responsáveis pelo loteamento é evitar que os veículos transitem pelas ruas em alta

velocidade. Segundo Ferreira, o Cidade Universitária II é um excelente lugar para morar e seus moradores

vão poder transitar com toda tranquilidade. “Tomamos todas as precauções para que os carros não trafe-

guem em alta velocidade”, acrescenta.

Assim como o Cidade Universitária I, sua extensão trabalha com o mesmo padrão de qualidade, com uma

infraestrutura capaz de proporcionar as famílias um local agradável para se morar e criar seus fi lhos. O

nome do bairro é uma referência a proximidade da Faculdade Arnaldo Horácio Ferreira.

Victor Ricardo, parceiro

José Walter, diretor

Rodrigo Ferreira, parceiro

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segurança

Proteção. Há oito anos no mercado, empresa especializada em segurança patrimonial tem nova sede e abre fi lial em Luís Eduardo Magalhães

Segurança. Tema cada vez mais frequente na Bahia ganha destaque sobretudo em ano de eleições. Dados da Secretaria de Segurança Pú-blica do Estado apontam uma queda de 19,2% nos roubos em residência (no comparativo en-

tre 2009 e 2010), o que não representa qualquer calmaria. Em janeiro de 2012, durante a greve da PM, foram registra-dos 115 assassinatos, mais que o dobro da média habitual do Estado.

Com intuito de prevenir, a população investe em sistemas de proteção patrimonial. Há 8 anos no mercado, Ricardo dos Santos Nascimento, sócio-administrador da Proteção, destaca que a empresa é muito procurada por proprietários de empresas e de residências, para implantação dos sistemas de alarme. “Temos uma equipe trabalhando 24 horas. No caso de um sinistro, o alarme é acionado. Imediatamente, enviamos uma equipe tática que se dirige ao local, agindo com precisão. Havendo a necessidade, a polícia civil e/ou militar é comunicada”, ressalta Ricardo.

A novidade da empresa é o Protesat, um sistema de ras-treador e localizador veicular. “Nos últimos anos, investimos em tecnologia, adquirindo novos equipamentos e implan-tando o rastreador via satélite. Dispomos de uma qualifi cada equipe de colaboradores com suporte de duas viaturas e 10 motocicletas. Nossa proposta é a proteção, mas caso aconteça um sinistro temos que estar preparados para garantir que as providências sejam tomadas de forma mais cômoda para o cliente”, afi rma o administrador.

O sócio-administrador Ricardo dos Santos destaca que a empresa tem investido em equipamentos sofi sticados e treinamento de pessoal para atender melhor o cliente

texto THIARA REGES fotos C.FÉLIX

PREVENIRÉ melhor

PROTEÇÃO Rua 26 de março, 241 - Centro - Barreiras (BA) (077) 3612.0202 / 3611.6935 Rua Paraná, s/n - Centro - Luís Eduardo Magalhães (BA) (077) 3628.2858

[email protected]

INFORMAÇÕES

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Esta seção foi criada pela r.A para mostrar um pouco do perfi l dos jovens empreendedores que mudaram a cara e o estilo dos negócios no Oeste da Bahia.

JOVEMEMPREENDEDOR

SUCESSÃO FAMILIARna teoria e na prática

NOME MAURICIO RAMOS SANTIAGOIDADE22 anosFORMAÇÃO ACADÊMICAADMINISTRAÇÃO DE EMPRESASEMPRESAGRUPO JUSAMACARGOSócio proprietário

NOME JULIANA RAMOS SANTIAGOIDADE26 anosFORMAÇÃO ACADÊMICAMESTRE EM ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESASEMPRESAGRUPO JUSAMA CARGOSócio proprietário

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MENOS COLABORADORES E MAIS REMUNERAÇÃO: O RESULTADO É MAIOR EFICIÊNCIA, COM DESTAQUE PARA A QUALIDADE E NÃO A QUANTIDADE”

texto LUCIANA ROQUE foto C. FÉLIX

A composição do nome da empresa JUSAMA já in-dica que a família foi o alicerce do empreendimen-to: JU de Juliana, SA de Samara e MA de Maurício.

Esses são os três filhos de Deusdete e da Maria Aparecida que se profissionalizaram e, agora, tocam o negócio familiar com dedi-cação incondicional.

Desde muito jovens, Maurício e suas irmãs começaram a tra-balhar com os pais, realizando atividades que não envolvessem grandes responsabilidades, mas despertando o apego ao traba-lho, o que os ensinou a valorizar cada conquista da família.

Maurício concluiu a graduação no curso de Administração e, Juliana, em Economia, com mestrado em Administração. Am-bos pela Universidade Federal da Bahia, em Salvador. Agora, a empresa, que há 26 anos atua no comércio de Barreiras e há 16 em Luís Eduardo Magalhães, se prepara para a sucessão familiar e expansão. “Os primeiros meses foram de avaliação e análise do processo da empresa. A partir dos conhecimentos adquiridos na faculdade identifiquei onde poderia realizar algumas mudanças, no sentido de otimizar a administração. O resultado tem sido positivo”, destaca Maurício Ramos Santiago.

A Jusama adota a política de promoções para que o funcioná-rio cresça e permaneça na empresa. A maioria dos funcionários inicia as atividades na expedição, recebimento e entrega de mer-cadorias, assim eles conhecem a linha de produtos, têm contato com os clientes, se identificam com a empresa e conquistam novas ocupações, como é o caso de vendedores com mais de 15 anos de empresa. “Valorizamos cada funcionário e ele conquista seu espaço, alinhando o que ele quer e o que a empresa pode oferecer. Menos colaboradores e mais remuneração: o resulta-do é maior eficiência, com destaque para a qualidade e não a quantidade”, esclarece Juliana, ressaltando que, com um quadro de funcionários menor - antes 50 e agora 22 - é possível maior remuneração para cada colaborador.

Os irmãos destacam a educação como um dos ingredientes para o sucesso nos negócios, sem esquecer tudo que aprenderam com seus pais. “Formação acadêmica é muito importante, mas é necessário também saber um pouco de tudo, tratar bem o cliente, o funcionário, ter um bom relacionamento. Saber lidar com os problemas e propor soluções, aliar teoria com a prática, compre-ender os limites, o tempo de cada coisa”, finaliza Maurício.

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JOVEMEMPREENDEDOR

texto / foto CÁTIA ANDREIA DÖRR

Cento e cinquenta reais. Esse era o caixa quando Luis Henrique Raffl er decidiu abrir sua empresa de peças agrícolas, em março de 2009. O so-

nho de ter seu próprio negócio surgiu cedo e ganhou força durante os anos de experiência, como funcionário. O pri-meiro emprego como garçom em uma lanchonete da cidade não envergonha Luis, hoje gerente de um grande empreen-dimento. “A melhor base para o sucesso está em começar pequeno. É como a fundação de um prédio, primeiro uma base forte para depois a construção”, comenta o jovem que iniciou o negócio de vendas de peças agrícolas no quintal da casa dos pais. “Foram três meses trabalhando em um espaço menor que dez metros quadrados até alugarmos um ponto comercial”, lembra.

Após três anos de atuação no mercado de Luís Eduardo Magalhães, a LH Peças Agrícolas atualmente emprega qua-tro funcionários, entre administrativo e mecânicos. Com o apoio do pai Décio e da irmã Maria Carolina, no fi nanceiro,

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ATENDIMENTO

DIFERENCIADO

qualidade e menor prazo de entrega

NOME LUIS HENRIQUE RAFFLERIDADE26 anosFORMAÇÃO ACADÊMICA2º GRAU COMPLETOEMPRESALH PEÇAS AGRÍCOLASCARGOGerente Comercial

A MELHOR BASE PARA O SUCESSO ESTÁEM COMEÇAR PEQUENO. É COMO A FUNDAÇÃO DE UM PRÉDIO, PRIMEIRO UMA BASE FORTE PARA DEPOIS A CONSTRUÇÃO”

a empresa tem entre seus principais clientes o maior grupo pro-dutor de algodão do Oeste baiano. “O primeiro ano de negócio não foi nada fácil, tínhamos pouco material para pronta entrega, mas, aos poucos, conquistamos e fi delizamos nossos clientes”, comenta Luis.

A clientela, formada de grandes empresários do agronegócio, e a parceria com marcas consagradas só animam o gerente comer-cial, que está aumentando para seis o quadro de funcionários. Projeta, ainda, em um curto prazo, a construção da sede própria da empresa. “Hoje, não me vejo fazendo outra coisa, a não ser vendendo peças agrícolas”, aposta Luis.

A lealdade comercial adquirida em três anos, segundo ele, está em atender o cliente com agilidade. “Nem sempre o melhor pre-ço da cidade oferece a garantia de entrega imediata. O nosso foco é justamente este: atender com qualidade em menor tempo possível”, conclui.

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48 MAI/2012

No dia 26 de abril, o Supremo Tribunal Federal aprovou o sistema de cotas raciais nas universidades públicas. Três dias depois o médico psicanalista Heverton Campos Menezes fugiu após deferir xingamentos racistas contra a atendente do cinema que o repreendeu por furar a fi la. Um passo à frente e outro atrás? Estaríamos andando em círculos na busca pelo equilíbrio social? Joaquim Pedro Soares Neto, 57 anos, engenheiro agrícola pela UFPB, professor, negro. Às vésperas de encerrar seu mandato de Diretor no Campus IX da Universidade Estadual da Bahia, o professor Neto defende a legitimidade da adoção de cotas para negros, mas completa: “não são só os negros que precisam de ajuda”.texto/foto C. FÉLIX

JOAQUIM PEDRO SOARES NETO

COTAS SOCIAIS”Sou a favor das“

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deveria ter direito a cotas. Antigamente, nas universidades públicas, a maioria era de pessoas com boa condição finan-ceira, o vestibular muito difícil e poucas vagas. Neste caso, precisava ter seleção mesmo, já que não tinha vaga pra todo mundo. Eu acho que nem deveria ter vestibular, de-veria ser pela massificação: você terminou o ensino médio e a universidade está disponível para continuar os estudos. Seja pública ou particular. O governo faz um sistema atra-vés de empréstimo ou bolsa, e estuda quem quer estudar.

O Enem vislumbra isso?Acho que sim. O Enem procura onde tiver vaga e dire-

ciona o aluno. As universidades têm problemas de vagas ociosas. O candidato se matricula e onde tiver vaga ele pode ir e isso é bom, pois preenche essas vagas ociosas em todo o país.

As cotas precisam ser permanentes?Não precisa que isso seja permanente, deve durar pelo

menos uns 30 anos. O país vai crescer, vai levar todo mun-do pra uma condição melhor de vida, as escolas públicas devem melhorar. Assim que igualar o ensino da escola pública com o ensino da escola privada não vai ter necessi-dade de sistema de cotas, todo mundo vai estar na mesma condição.

A expansão da interiorização do ensino superior no país vai contribuir de que forma para o desenvolvimento regional?

Foi uma das melhores coisas que aconteceu no país ul-timamente. Pode-se observar quantas cidades cresceram graças a implantação das universidades, como Viçosa, Campinas. Nossa terra [Campina Grande, Paraíba] é hoje é um centro tecnológico do país. Cheguei em Barreiras no ano de 1987, e nos últimos quatro anos estive à frente da Uneb, participando do crescimento dessa região. Estimo que haja 10 institutos de ensino superior aqui e isso é um número relevante, dá uma agitação na economia, imóveis alugados, setor de serviços e alimentação, além do pró-prio investimento que as universidades fazem. Nos últi-mos quatro anos foi feito investimento de R$ 4 milhões na Uneb. É pouco? É, mas foi gasto aqui dentro de Barreiras: é mão de obra, empregos; a Fasb investiu, a Ufba, o Ifba. Tudo isso movimenta a economia da cidade. Os políticos devem olhar as universidades não só como parte da educa-

♥♥A adoção de cotas nas universidades é mais uma dívi-da histórica que o Brasil está tentando pagar?

Primeiro, precisamos analisar os números: se você ob-servar que um país tem metade da população negra e nas universidades o retrato é de cerca 90% de brancos e 10% de negros, tem alguma coisa errada. Eu considero as cotas importantes por isso. A Uneb foi uma das primeiras a ado-tar as cotas raciais, isso em 1996. Se dermos uma olhada na história, recentemente pessoas que foram torturadas na ditadura e entraram com ação na justiça foram indeniza-das. Teve uma raça no país que foi massacrada, perseguida, escravizada, por que não ter uma compensação? Eu acho que é justo, mas sem segregação. Deveria ter também cotas para brancos pobres, não custa nada.

Isso não coloca em dúvida o próprio sistema do vesti-bular?

Não, porque mesmo que o candidato entre por uma pontuação mínima, que pode não ser, pois concorreu com seus iguais. Na Uneb, para entrar pelo sistema de cotas, tem que ser negro e estudar em escola pública. Nós temos um trabalho de pesquisa na universidade que revela que as notas dos cotistas são iguais e até superiores às notas dos não-cotistas. Portanto, quando ele entra na universidade, ele se agarra na oportunidade às vezes com mais vontade de aprender e chegar ao final que o não-cotista.

Como lidar com a situação do candidato não cotista, que não entrou na universidade mesmo tendo melhor pontuação que um candidato inscrito pelo sistema de co-tas?

Isso é complicado pra explicar; ele não é cotista, pois teoricamente estudou numa escola melhor, então ele con-corre com os candidatos que estudaram também em es-colas melhores, não com aqueles que estudaram em es-colas públicas. Não estou afirmando que escola pública é sempre ruim, mas o ensino da escola pública é duvidoso. Não é culpa do professor; falta estrutura, salários baixos. Uma série de coisas que faz com que o ensino não seja de qualidade. Se o candidato não cotista ficar chateado, deve ficar com ele mesmo, pois concorreu com pessoas que es-tudaram em boas escolas, assim como ele.

E no caso de candidatos brancos, mas que estudaram em escola pública, não deveriam concorrer como cotis-tas? Não seria mais justo cotas sociais nas universidades?

Interessante. É um ponto questionável. As cotas para negros são justas, mas existe o branco pobre que está lá na periferia, que precisa de uma ascensão. Se ele tem um parente negro ele é da raça negra. A cota para negro é au-todeclarada. O candidato branco, que se declarar negro, e alcançar o resultado no vestibular, será aceito desde que tenha estudado em escola pública. Sou a favor de cotas so-ciais. O aluno que estudou a vida inteira em escola pública

O SISTEMA DE COTAS PARA NEGROS NÃO PRECISA SER PERMANENTE, DEVE DURAR PELO MENOS UNS 30 ANOS. O PAÍS VAI CRESCER, VAI LEVAR TODO MUNDO PRA UMA CONDIÇÃO MELHOR DE VIDA, AS ESCOLAS PÚBLICAS DEVEM MELHORAR.

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ção, mas também pelo lado econômico. Você vai ver o que Barreiras vai ser daqui a 20 anos.

Há uma contradição: tem grande número de alunos, um bom número de universidades, mas tem pouca mão de obra disponível. Em quanto tempo dá pra resolver essa questão?

Isso não é um trabalho de dois ou três dias. A Uneb está na região há 30 anos. O foco é na área educacional para resolver esse problema e já conseguimos grandes avanços. Com a chegada da Ufba, trabalhando fortemente a parte tecnológica, e agora também a Fasb e a Uneb, daqui a uns 10 ou 15 anos nós teremos aqui uma mão de obra quali-fi cada. Temos que lembrar que com o término do científi -co, dos cursos técnicos em contabilidade e agrícola, houve uma regressão. O ensino médio regrediu. Hoje, o próprio Estado está percebendo a importância de incentivar cursos técnicos, pois o aluno sai mais preparado pra trabalhar, já sai da escola com uma profi ssão. O que é até uma forma de tornar a escola mais convidativa. O aluno estuda de manhã e tem um estágio remunerado de tarde.

Você acha que o brasileiro é racista? O que é pior, o racismo evidente ou o velado?

É. É um racismo diferenciado do racismo americano. O americano é bem claro. O brasileiro é racista sem demons-trar. Faz o racismo subterfugiadamente. As duas formas de racismo são péssimas. Às vezes, a pessoa vê um cara negro na rua de madrugada, e fi ca preocupado, acha que todo marginal é negro. O caso do doutor Heverton Campos Me-nezes é lamentável. Talvez até estudou em escola pública, paga com nosso dinheiro, e agride uma pessoa que está trabalhando. O Brasil vem crescendo, melhorando seus índices e, mesmo assim, ainda aparece uma pessoa apa-rentemente, de boa condição intelectual, preconceituosa.

O negro atualmente representa que papel na economia do Brasil?

No meu tempo de criança era muito mais difícil chegar numa repartição pública e encontrar um funcionário ne-gro. No meu colégio não tinha nenhum professor negro e eu estudava em escola pública. Hoje, tem diretor negro.Isso é uma evolução muito grande. Com as cotas, talvez daqui a uns 20 anos, o negro consiga ocupar muito mais espaço. Mas, ele sempre teve importância no desenvolvi-mento do país. Até na própria escravatura, quem traba-lhou mesmo foi o negro, pra nós podermos hoje usufruir das riquezas do país. Hoje, nós compartilhamos o traba-lho nesse país. Como eu disse anteriormente, já se avan-çou e vamos avançar muito mais com o sistema de cotas que vai levar a nossa raça a uma evidência maior. Não tenho números, mas temos dado uma contribuição muito grande na economia, na ciência, cultura desse país.

JOAQUIM PEDRO SOARES NETO

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Noemia e Léia sonham em ter suas pinturas catalogadas e reproduzidas em gravuras para que mais pessoas tenham acesso a sua arte

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NODNAA mãe é autodidata e não gosta da obra do holandês Vincent Van Gogh. A filha, uma entusiasta da pintura, seja em tela ou tecido. Ambas moram em Luís Eduardo Magalhães e já tiveram suas pinturas expostas no exterior, inclusive no famoso Museu do Louvre, em Paris, além de possuírem obras espalhadas por países como EUA, Portugal e Japão. Em conversa descontraída numa ensolarada tarde de segunda-feira, Noemia Schimitt e Léia Puton falaram da estreita relação que possuem com a arte, do sonho de catalogar suas telas para que mais pessoas tenham acesso e da falta de incentivo que ainda existe na região quando se trata da valorização dos artistas da terra

texto ANTON ROOS fotos C.FÉLIX

Em 1947, Tapera (RS) ainda não havia se emancipado. Era praticamente uma colô-nia formada em sua maioria por imigran-tes e descendentes de alemães e italianos, que tinham como principal atividade

a agricultura. À época, era comum as meninas irem para o internato tão logo completassem a idade de 10 anos. Naquele ano, o retorno da irmã, então com 16, teve um significado especial na vida da pequena Noe-mia Maria. As novidades que a irmã mais velha trou-xe na bagagem inquietaram a caçula. No internato, a irmã aprendera a arte da pintura e com ela trouxe um punhado de tintas, pincéis e algumas das suas pe-ças. Era um mundo fascinante. Sem que os pais e os outros irmãos percebessem, Noemia, então com nove anos, pegou alguns tubos de tinta, pincéis e uma tela de madeira da irmã e se escondeu no último cômodo da casa. A primeira pintura foi uma paisagem. »

“Parece que eu estou vendo hoje aquela paisagem, acho que vou ter de pintar ela de novo”, relembra, 65 anos de-pois, na casa da filha Léia em Luís Eduardo Magalhães. A pintura era uma reprodução do cenário de sua infância. Tinha a plantação de eucaliptos do pai, o potreiro dos bi-chos e o céu azul. “Achei muito bonito, os patos ficaram gordos”, continua bem humorada, embora confesse que a primeira das suas pinturas tenha se perdido com o tempo.

Quando chegou a vez de Noemia ir para o internato ,o horário destinado as aulas de pintura tinha se tornado escasso. Mísera 1h por semana. “Quando pensava em co-meçar a pintar, tocava a sineta e era hora de parar”, lembra. Não fosse pela interferência da mãe, Otília, talvez a peque-na não tivesse estreitado o laço de intimidade com as artes e feito disso uma de suas grandes paixões. “Minha mãe pe-

A arte cubista da pintura de Léia foi exposta na França, no famoso Museu do Louvre em 2010

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diu pras irmãs do orfanato me deixar pintar”, conta. Com mais tempo para se dedicar a pintura, não demorou para as freiras perceberem seu talento e começarem a encomendar pinturas, inclusive para presentear os padres.

Noemia ficou quatro anos no internato das freiras. Quando estava em casa, sem ter onde pintar, ela e a irmã improvisavam. “Como eu e minha irmã não tínhamos tela pra pintar, pegávamos o fundo de umas caixas de veneno da época e usávamos como tela. Era uma espécie de papelão, a gente sofria pra pintar, mas ficava bem pintado”, relembra.

Até o primeiro curso verdadeiramente de pintura que participou passa-ram-se 30 anos. Em 1977, as duas filhas mulheres, Léia e Caren, haviam recém-entrado na adolescência. As três foram para a sala de aula. Caren, a mais nova, para o curso de pintura em tecido, enquanto Noemia e Léia para a pintura em tela. Aquela altura, já com 40 anos, Noemia sonhava em po-der também dar aulas de pintura e ensinar o que aprendera nas três déca-das anteriores e sem ajuda de uma profissional. A professora foi a primeira a incentivar. Com um certificado na parede e uma dose de boa vontade, logo Noemia fechava sua primeira turma, com 15 alunas. “Eu lembro que a mãe muitas vezes ia dar aula e levava nós duas”, interfere Léia, hoje proprietária de um atelier de pintura em tela, tecido, gesso, MDF e arte francesa, monta-do em um anexo da casa onde mora com o marido e os dois filhos homens.

Por pouco Noemia não enlouqueceu. Ela passou a respirar pintura. Em pouco tempo, a primeira turma com 15 alunas, passou para dez turmas com sete ou oito alunas cada. Em uma semana Noemia ministrava 300 horas de aula. “Não sei como estou viva hoje ainda”, brinca. Nem tempo para almoçar direito, às vezes, ela tinha. “Na mesa no horário de meio dia, eu olhava o relógio e sabia quando era hora de pegar a estrada. Uma vez no Opala eu botei 160. Quando cheguei, pensei: nossa que louca”, lembra, provocando risos na filha.

A facilidade que tinha para aprender era tanta que algumas técnicas sur-giram ao natural ou nos momentos mais inusitados. Certa vez, enquan-to lavava roupa, teve o insight para reproduzir pequenas peças em telas maiores. “Eu tinha a gravura de um cachorro perdigueiro que tinha muita vontade em reproduzir em uma tela. O problema é que não fazia ideia de como fazer. Tinha visto algumas pessoas fazer uns quadrinhos, mas não sabia como aumentar. Eu lembro que estava lavando roupa quando me veio na mente aquele estalo: acho que é assim. Parei de lavar e corri pra cozinha. Fiz os quadrados em um papel celofane e marquei com números pra não esquecer. Voltei pro tanque e no outro dia pintei o cachorro. Ficou coisa mais linda”, recorda.

***Os quadros pintados por Léia e Noemia estão em todos os lugares da

casa. Na cozinha, no corredor, nos quartos e na sala. O cafezinho passado na hora é servido em um bule de porcelana, também fruto da arte da mãe e filha. Aos 48 anos, Léia se prepara para participar da mesma exposição que em 2010 viajou o mundo com as vacas pintadas por artistas dos quatro cantos do globo. Esse ano será a vez do melhor amigo do homem ser o

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protagonista. A artista luiseduardense conta que vai participar com dois cachorros: um buldogue e um dobermann. “As peças ainda não chegaram. A exposição atrasou um pouco, era pra ter acontecido nesse primeiro semestre”, relata. “Quero trabalhar algo voltado à sustentabilidade, estou pensando em usar algo com coadores de café em uma das peças. Na outra acho que vou retratar algo relacionado a nossa região”.

A relação de Léia com a pintura sempre teve influência da mãe e da avó, que embora não pintasse, foi costureira por mais de 40 anos e era uma exímia desenhista. Com 10 anos foi para o mesmo internato que a tia e a mãe estudaram. Porém, quan-do chegou sua vez, as aulas de pintura não mais existiam e no ano seguinte o internato fechou as portas. Do primeiro quadro que pintou aos 13, a lembrança não é das melhores. “Minha primeira pintura foram umas margaridas em tinta acrílica, acho que era mais difícil que com tinta a óleo, que você consegue sombrear sem a tinta secar, o acrílico não, em questão de duas horas tá seco, tu tens de ser muito rápida pra não perder o ma-terial”, conta. “Foi traumatizante, tanto que hoje quando as alu-nas pedem pra fazer margaridas eu hesito e até brinco se não poderíamos fazer outra coisa”, diz aos risos.

Antes de chegar à Bahia, Léia morou no Mato Grosso. Lá aproveitou os anos de experiência cuidando do restaurante do pai, trabalhou como auxiliar na cozinha da fazenda e aprovei-tou para dar aula de português para as crianças dos trabalhado-res rurais. O pouco tempo que tinha para se dedicar à pintura ainda estava relegada a falta de material, já que a fazenda ficava cerca de 250 km da cidade mais próxima. “Um dia eu queria fazer um quadro espatulado e não tinha espátula. Peguei uma faca para fazer a pintura, tudo na base do improviso”, recorda.

A vinda para a Bahia se deu três anos mais tarde, em 1988. Grávida da filha mais velha, Elisa, Léia e o marido Moacir Pu-ton fixaram residência na comunidade de Bela Vista, distante 60 km da sede de onde anos mais tarde se formaria o municí-pio de Luís Eduardo Magalhães. Em junho daquele ano Noe-mia e Léia realizaram a primeira exposição em solo baiano, du-rante a exposição agropecuária de Barreiras. “Eu tava com um barrigão, passei mal até, aproveitava o dia para descansar atrás do estande”, conta. Na época, Dona Noemia ainda morava no sul. Ela e o marido Arceli vieram com o velho Opala lotado de pinturas em tela e em tecido para vender durante a feira.

Depois disso, Léia continuou morando em Bela Vista. Foram 15 anos lá, até que Elisa estivesse em idade para fazer o se-gundo grau. Nesse meio tempo vieram Guilherme e Henrique, os outros dois filhos. Na Bahia, voltou a lecionar português na Escola Fábio Joner e até um jornal criou com ajuda dos alunos. “Aprendi muito dando aula, acabei gostando, a parte grama-tical era a que mais gostava. Eu era muito rígida”, lembra. A vontade de voltar a pintar, no entanto, a fez desistir das aulas de português na escola de Bela Vista. Nem mesmo os frequentes convites para ser professora na sede do município a convence-ram. O que Léia queria mesmo era pintar. “Ser professora me consumia muito. Queria trazer de volta o que eu tinha de berço que era a pintura”.

A escola de artes nasceu acanhada, em uma sala construída especialmente para este fim na esquina do terreno da casa, mas que logo ficou pequena para o número de peças e de alunas que procuravam os cursos ali oferecidos. Abrir um negócio voltado para a arte, lembra Léia, era um sonho da mãe. “Eu »

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sentia que a mãe queria mostrar mais o trabalho dela para as pessoas”, resume. A loja logo ganhou novo espaço. Dois cômodos, um para o material de pintura e afins e outro para as aulas práticas. “Já tá ficando apertado, logo vou ter de esticar a construção para o terreno ao lado. Meu sonho é ter várias salas para poder dar aulas, ter espaço para as alunas e para a loja”, pontua Léia.

***Era manhã quando o avião sobrevoou o rio Hudson, em Manhattan, Nova Iorque, após 12 horas de voo desde São

Paulo. Léia e Noemia faziam sua primeira viagem para o exterior para expor suas telas. O ano era 2008. No roteiro, uma rápida passagem de um dia por Nova Iorque, onde uma semana antes algumas pinturas de ambas foram expos-tas e seis dias em Las Vegas, onde participaram do segundo Artexpo Las Vegas, no hotel Mandalay Bay. “Tudo o que eu penso que eu gostaria de fazer um dia, acontece. Eu sempre pensei em como seria bom se pudesse ir pra Nova Iorque fazer umas pinturas lá”, conta Noemia, que garante não ter sentido dificuldade em se adaptar a nova cultura e ao idioma. “Ah, eu me comunicava com todo mundo”, diz. “Falava em alemão e fazia gestos, todos me entendiam”, continua sorridente.

A experiência fora do país abriu portas e gerou novas oportunidades. Atualmente, somando o currículo das duas são mais de 15 exposições dentro e fora do país e obras espalhadas pelos EUA, Portugal, Japão, França e Itália. Em 2010, Léia foi convidada a expor no Louvre em Paris, berço de alguns dos principais nomes da pintura, como Claude Monet e Pierre Auguste Renoir. “Pelo fato da gente não ter feito faculdade e estudado a fundo a história da arte, muitas vezes, a vida e obra desses artistas acabam não nos chamando tanto a atenção”, comenta, reforçando que para ela mais importante que o conhecimento sobre a vida e obra desses artistas é poder expressar na tela a realidade e aquilo que veem e sentem hoje, no dia a dia.

“Eu fui pra Paris com mais duas artistas de São Paulo. Elas têm cursos de especialização em Artes Plásticas e se dedicavam a observar a fundo a arte desses artistas. Elas avaliavam e conversavam entre elas sobre as obras. Elas co-mentaram que quando você vai fazer o curso de artes, fazem os quadros por etapas. Elas não pintam tudo de uma vez. O céu, eles fazem uma camada, deixam secar. No outro dia fazer outra camada. A gente não faz assim, a gente começa

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um quadro e já termina”, explica. Mesmo que não tenham estudado

Artes Plásticas, tanto a mãe quanto a fi-lha falam com propriedade sobre o tra-balho que desenvolvem. A experiência adquirida com as exposições e o contato com outros artistas abriram um novo le-que de possibilidades para ambas. Léia revela ser uma curiosa, está sempre pro-curando aprender novas técnicas, seja in loco, quando vai a Brasília ou quando está online navegando pela internet. Ela acredita inclusive que o brasileiro esteja dando mais valor à pintura. “O que é preciso trabalhar mais é que muitas ve-zes as pessoas valorizam mais um sofá, uma estante, e não valorizam uma tela. Um sofá tu compras numa loja e é fa-bricado em série, é difícil encontrar um móvel artesanalmente. Se tu fores ava-liar por preço, uma obra de arte deveria valer mais que um sofá ou uma estante”, opina.

A mãe complementa o pensamento da filha: “As pessoas que são criadas no interior não dão valor, compram uma estampa e ainda acham caro. Põe o vi-dro, uma moldurinha e pronto”. Léia aproveita o gancho e conclui o raciocínio. “Quantos anos dura uma estampa, um sofá, uma estante? As pessoas trocam um sofá a cada três ou quatro anos. Um quadro pintado dura até 100 anos. Dá pra ver pelos quadros de Monet, Re-noir, esses artistas famosos”.

A chegada de Caren tira por instantes a atenção de Noemia que vai até a cozinha conversar com a outra filha. Enquanto isso Léia diz que no caso da mãe acha difícil ela voltar para a sala de aula, principalmen-te se for para um curso de Artes Plásticas. “Teria de ir pra São Paulo ou Brasília. Pro nosso currículo seria interessante. Quando a gente lê o currículo de outros artistas nos anuários que a gente participa per-cebe que a maioria tem cursos de nível superior de artes. Pra gente seria importante para o aperfeiçoamento. O problema é a dificuldade logística”, aponta. Mesmo assim, Léia prefere manter as portas sempre abertas para esta possibilidade. “Sempre que vou pra Brasília aproveito pra me especializar. Quando você vai ensinar, você tem de ter algo diferente pra apresentar. Não dá pra parar. Sempre surgem materiais diferentes, se você não procurar aprender sobre tudo isso, pode fechar o atelier. As pessoas querem novidade”, resume.

***Após voltar da rápida conversa com a outra filha, Dona Noemia

para por alguns segundos antes de responder o que é mais fácil: reproduzir uma peça ou pintar uma tela da própria imaginação. A resposta, quase uma declaração de amor àquilo que fez na maior parte da vida. “Eu gosto de tudo. Desde criar um desenho no tecido a reproduzir uma figura”, sintetiza. Ativa, a senhora de 74 anos (N.E: Dona Noemia completou 75 no dia 19 de maio) hoje apenas ajuda Léia com as aulas quando há muita procura ou muitas alunas. “Dar aula para muitos alunos é difícil. Às vezes, alguém pede: quero pintar uma bailarina. Ai você mostra como fazer pra começar e quando volta, esse aluno já rabiscou e aleijou a pintura”, conta, lembrando-se principalmente dos primeiros anos ensinando pintura em tecido na década de 1970, quando chegou a ter mais de 10 alunos em uma única turma. “Tu não podes deixar o aluno sair sem um acabamento”, completa.

A conversa dá brecha para um novo questionamento, aparen-temente simples:

- O que é a pintura representa pra vocês? Novamente pensativa, Dona Noemia troca um rápido olhar

com a filha antes de responder: “É um grande prazer. O tempo passa tão rápido, sabe?. Eu mesma sei minha idade pela certidão de nascimento e pelo espelho, porque não me sinto com 74 anos. Se fossem me perguntar eu diria que tenho uns 50 anos só, de tanto que eu pintei na vida”. Léia também responde. Cita a famí-lia. Tanto o marido quanto o pai nunca deixaram de incentivar as duas a pintar. “O que me faz continuar trabalhando é o apoio que tenho da minha família, acho que ficar sem pintar não faria sentido”, pontua.

O apoio que recebem da família, no entanto, não se estende para o lado de fora da casa. Falta incentivo para que os artistas da região sejam mais reconhecidos. “A nossa região tem muitos artistas de diferentes estilos, mas todos com uma grande capaci-dade. Falta um pouquinho mais de incentivo”, diz Léia, refor-çando que existem muitos órgãos governamentais e da iniciativa privada que poderiam dar mais apoio. “Gostaria de montar uma associação pra gente conseguir mais fundos, unir os artistas da região, podermos ter uma voz mais ativa na hora de conseguir recursos para exposições, por exemplo”, decreta.

“As pessoas valorizam o que é de fora. Não só nas artes. Mas acho que as pessoas poderiam valorizar mais o que é produzido aqui. Eu sei de empresários que poderiam adquirir nossas obras, mas preferem comprar de fora, e as vezes pagam até mais caro. A cidade tem condições. Às vezes, falta um pouquinho mais de interesse”, diz, referindo-se em especial à Luís Eduardo Maga-lhães, cidade que escolheu para viver e que não pretende deixar tão cedo.

Na hora de falar de outros artistas que admira, Léia cita alguns desconhecidos do grande público, mas que possuem respal-do no meio, principalmente no eixo-sul do país: Paula Soares, Alexandre Reider e Davi das Rosas. Da Bahia, o destaque é Rosi Fernandes, natural de Guanambi. Entre os renomados, Monet encabeça a lista. Já o primeiro nome que vem a cabeça de Dona Noemia é o holandês Vincent Van Gogh, que curiosamente não a agrada em nenhum aspecto. “Eu não sei como ficou tão impor-tante, pra mim ele não pintava nada”, finaliza, provocando risos gerais na sala.

FOTOS: ANTON ROOSA arte de mãe e filha em dois tempos: a Arte

Francesa, paixão de Léia e a pintura em porcelana, especialidade de Noemia

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esporte

Um grupo de crianças faz fila atrás da fita aguardando sua vez de jogar. Estão in-quietas, conversam alto e exigem que Carlos Barros Rodrigues, presidente do Clube de Xadrez de Barreiras (CXB)

fale mais alto que o normal. Integrante do clube desde sua fundação em 1997, o engenheiro mineiro anuncia o nome dos jogadores da próxima rodada de jogos do V Torneio Imprensa de Xadrez de Barreiras, disputado no dia 21 de abril, no Clube ABCD. É pre-ciso ordem e uma dose extra de força de vontade para conter o ímpeto dos pequenos enxadristas.

Um voluntário, também membro do clube, auxilia a criançada a se posicionar e começar suas partidas. Eles são maioria no torneio, 48, contra 45 da turma pré-adolescente até 15 anos e 25 na categoria livre. Para uma manhã de sábado o número de participantes é considerado bom. Em 2011, Barreiras bateu o recorde baiano em número de participantes inscritos em uma única competição. Foram 241 na VI Copa Cidade de Xadrez. A expectativa é que esse número aumente esse ano (N.E: A edição da revista fechou no dia 21 de maio, cinco dias antes da realização da VII edição do torneio, durante as comemorações pelo aniversário da cidade).

Clube criado em 1997 com participação de 15 pessoas, hoje conta com uma diretoria atuante e um calendário de torneios fixo entre abril e novembro. Desde que se tornou obrigatória nas escolas, o número de enxadristas mirins aumentou em Barreiras, em muito, devido ao projeto Pró Xadrez que hoje abrange um público de aproximadamente 4 mil alunos matriculados em instituições de ensino médio do município

XEQUEmate

texto ANTON ROOS fotos CÁTIA DÖRR

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Entre 2008 e 2010, houve um acréscimo de 201 enxadristas dis-putando os torneios organizados pelo clube. Se em 2008 foram 742 enxadristas, em 2010, esse número passou para 943. Uma das razões para esse aumento, segundo Carlos, deve-se a aprovação da Lei Mu-nicipal nº 846/2009, que instituiu nas Escolas Públicas de Barreiras, o programa Pró-Xadrez. Conforme a Lei, a prática do xadrez se torna obrigatória para os alunos da 5ª à 8ª série do ensino fundamental com carga horária mínima semanal de uma hora.

Professor de xadrez nos cursos de matemática e educação física das faculdades da cidade, o engenheiro compara a prática do esporte a tomada de decisões que precisamos ter na vida. “O interessante do xadrez é a tomada de decisão. A cada jogada o jogador precisa ana-lisar todo cenário. Não é automático ou aleatório. Uma vez tomada uma decisão, aquilo vai ter uma consequência. Se ele tocou na peça, é obrigado a jogar e vai ter de se readaptar a situação, assim como nas decisões que ele tem de tomar no dia a dia”, defende. “Para um jogador e principalmente um estudante, o ponto mais importante é a concentração. Ao mesmo tempo em que você está jogando, você desenvolve o raciocínio, uma série de conjecturas e análises antes de tomar qualquer decisão”, completa.

O primeiro contato de Carlos com o xadrez se deu na adolescência, no interior de Minas Gerais. “No clube da cidade tinha um tabuleiro armado, aquele xadrez antigo de madeira e que criança na época não podia nem encostar. Isso já despertava a curiosidade. O lance de ser proibido e tal”, lembra o enxadrista, presidente do CXB desde 2006. O aprendizado aconteceu através de um colega, embora nenhum ti-vesse noção suficiente das regras do jogo. “Meu contato mesmo foi no tempo da faculdade, nas Olimpíadas Escolares, quando representava a equipe do curso de Engenharia”, continua.

Encerrada mais uma rodada de jogos da turma Sub11, Carlos pega a prancheta e recomeça a chamada. É preciso atualizar os resultados e ajustar a tabela para os jogos da tarde. Enquanto repassa os números conta que depois que se formou permaneceu um tempo sem jogar. “Naquela época, se não tivesse duas pessoas não tinha como jogar, hoje você até no celular consegue praticar. Não precisa da presença física de um adversário. Pela internet você consegue desafiar jogado-res do mundo todo”, explica.

Outra característica do xadrez é não fazer distinção entre seus pra-ticantes. Claudione Menezes da Silva, 27 anos, é um dos inscritos

na categoria livre. Sem movimento nas pernas, mesmo na cadeira de rodas ele enfrenta seus adversários de igual pra igual. “Hoje, eu sinto que sou mais ativo e evoluído”, con-ta o enxadrista. Claudione aprendeu o xadrez há 3 anos, através de um amigo, e desde então nunca mais parou de jogar. “Antes de conhecer o xadrez eu não tinha muito o que fazer, hoje posso jogar, participar dos torneios e manter minha mente ocupada”, explica.

O amigo que ensinou o xadrez para Claudione é Rafael Souza Assis, 20 anos, que por duas vezes foi 5º colocado no Campeonato Baiano de Xadrez. “Ano passado quase fui vi-ce-campeão”, conta, ressaltando que a disputa em Salvador é difícil, a concorrência é grande e o atual campeão é um jogador complicado para ser vencido. “Ganhar dele seria como um campeonato à parte”. Embora possa ser conside-rado o principal nome do xadrez barreirense na atualidade, Rafael encara o esporte apenas como um hobby. “O xadrez é um desafio mental”, resume.

Carlos Barros Rodrigues (esquerda) foi um dos responsáveis pela Lei Municipal nº 846/2009, que incluiu o xadrez no ensino fundamental e proporcionou a Rafael

de Souza Assis, 20, participar do Campeonato Baiano de Xadrez, no qual foi duas vezes 5º colocado

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Em inúmeras ocasiões, a escritora, educa-dora e historiadora Joana Camandaroba repetiu que Barra foi o berço da educação do Oeste. “Os pais mandavam os fi lhos vir estudar aqui”, contou a nonagenária

no alpendre de sua cozinha numa manhã de setem-bro do ano passado em entrevista para r.A, quando se preparava para lançar o seu 5º livro, “Elementos Hu-manos que Fizeram a Barra no Passado”. Tempos de-pois, um AVC paralisou parte do seu corpo e silenciou sua voz, mas não sua memória, imortalizada em seus livros. Dona de uma lembrança privilegiada, Caman-daroba sempre representou a opinião histórica da ci-dade. Opinião que, aliás, é compartilhada por muitos, a exemplo do bispo Dom Luiz Cappio: “Barra tem a tradição de um povo educado, povo culto. É uma tra-dição merecida, pois foi o berço da educação em todo Oeste baiano. Agora, estamos relegados, esquecidos”.

Com 49 mil habitantes e um dos maiores municípios em extensão na Bahia – são 11.413 km2 -, Barra é uma das cidades mais antigas do Brasil. Foi elevada à condição de cidade em 1873. De lá para cá, muitas águas descidas do Rio Grande ao encontro do Velho Chico margearam a cidade. E apesar da abundância e riqueza das águas desses rios, 44,2% da população desse semiárido vive em extre-ma pobreza - no estado, são 17,2%. Das 11.525 famílias barrenses, 8.912 têm renda mensal de até R$ 140 - ou seja: 77% da população. Até março deste ano, o gover-no federal já havia transferido R$ 3,3 milhões para incre-mentar a renda de famílias cadastradas no Bolsa Família, programa condenado por Dom Luiz Cappio: “Enquanto a gente tiver essa maldita Bolsa Família que mantém o povo na escravidão, no cabresto eleitoral, não teremos desen-volvimento do cidadão”. O bispo sugere que tais recursos deveriam ser aplicados de outra maneira (ver entrevista ao lado).

REFERÊNCIA HISTÓRICA NA EDUCAÇÃO DO OESTETEM UMA DAS PIORES TAXAS DE ANALFABETISMO DAREGIÃO E 44% DA POPULAÇÃO EM EXTREMA MISÉRIA

BARRAELEIÇÕES 2012

Discussão à parte, o número de brasileiros vivendo em extre-ma miséria caiu signifi cativamente desde 1990, quando mais de 25,6% da população tinham uma renda domiciliar inferior a US$ 1,25 por dia. Em 2008, esse percentual caiu para 4,8%, mas é uma média incoerente com a realidade de municípios como Barra, cuja redução de pobreza tem outro ritmo. “Muitas coisas melhoraram, mas tem muita gente carente ainda, tem muita po-breza”, argumenta Almir Sebastião Costa Ferreira, secretário de fi nanças da Colônia de Pescadores, que tem 2,8 mil associados. Para ele, faltam alternativas efi cientes para gerar emprego e renda e reduzir a pobreza. Na época da piracema, de novembro a feve-reiro, a pesca é proibida, e o governo federal ajuda cada associado com um salário mínimo por mês. São quatro meses de um con-tingente signifi cativo parado. “Fazer o quê? A cidade não oferece emprego”, justifi ca Ferreira, argumentando que a criação de uma cooperativa de reciclagem de lixo seria uma fonte de geração de renda interessante. Sem falar que ainda contribuiria para a pre-servação do meio ambiente.

O pescador Joaquim Francisco mora em um dos bairros mais pobres da cidade, em uma área vulnerável a enchentes, mas prefere não sair de perto do rio e reclama da falta de infraestrutura do local

texto/fotos C.FÉLIX

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“Nossa política é muito atrasada”

OPINIÃO: DOM LUIZ CAPPIO

A r.A ouviu a opinião do bispo de Barra, Dom Luís Cappio sobre alguns temas importantes como desenvolvimento social, educação, infraestrutura e política. Confira os melhores momentos da conversa:

Um cinturão ignoradoA região do rio São Francisco, próximo à Chapada Diamantina, é uma região totalmente ignorada, desconhecida e à margem do processo de crescimento e desenvolvimento. Por ser uma região muito pobre, não se tem investimentos maiores e com isso então a nossa região média baiana tá sendo esquecida. Falta olhar para a nossa região com o olhar de desenvolvimento, estamos como uma salsicha no meio de dois pedaços de pão, espremida entre as duas regiões que crescem, se desenvolvem.

Para desenvolver o aspecto socialEm primeiro lugar investir em educação. Não em nível de quantidade. É muito importante que se construam prédios, mas se pense na qualidade. Eu acredito a médio e longo prazo no desenvolvimento sério se houver investimento na educação. Sem gente educada, preparada, se visar apenas o lado econômico, teremos apenas uma sociedade de dominadores, de senhores de escravos. Em segundo lugar, aproveitar as potencialidades do município. Nós temos o rio São Francisco. Enquanto todo o sertão por aí clama por água, nós somos cercados de água por todos os lados. Na frente o rio São Francisco, do lado o rio Grande e atrás as lagoas - e é uma água pouco aproveitada. Por exemplo, nós comemos frutas e legumes que vêm de fora. Toda semana chega caminhões de verduras e frutas quem vêm de regiões secas que cultivam com ajuda de poços artesianos, quando nós deveríamos ser um celeiro de frutas, verduras e legumes para toda a região.

A ponte e o desenvolvimentoSe nós tivéssemos essa ponte seria maravilhoso. A ponte é importante? É, mas antes da ponte, tem que ter um investimento na infraestrutura econômica que gere trabalho, emprego e renda pra justificar a construção da ponte, porque senão será uma ponte que vai ligar o nada ao nada.

PolíticaA nossa política é muito atrasada. A politicagem, os currais eleitorais, o processo eleitoral são feitos no esquema carrancista dos grandes

coronéis. Ano de eleição é terrível, se gasta muito com xingamento, perseguição, muita besteira. Nós precisamos evoluir politicamente. Os candidatos precisam apresentar projetos que falem daquilo que o povo quer ouvir, daquilo que nós podemos fazer pra melhorar a vida do nosso povo e não ficar naquela xingação, se ofendendo mutuamente. Vejo os comícios mais ou menos como aquelas arenas dos romanos, em que os gladiadores iam pra morrer ou matar. Isso é horrível, enquanto não evoluirmos politicamente e acabar com essa politicagem degradante, pequena, não vamos a lugar nenhum.

Bolsa FamíliaEu louvo as campanhas de ajuda às pessoas necessitadas, seja devido as grandes tragédias, enchentes, enviando dinheiro, frentes de trabalho. Acho louvável, mas o Bolsa Família é terrivelmente atrasado, pois mantém o povo na escravidão da dependência. É uma outra maneira de fazer cabresto eleitoral. Dar Bolsa Família segura o povo politicamente. Pai de família não quer esmola, o brasileiro cidadão quer trabalhar e ganhar o pão da sua família com o suor do seu rosto. Agora passar o dia inteiro numa fila pra receber Bolsa Família é degradante, isso não desenvolve ninguém. Isso mantém uma mentalidade atrasada de dependência. Enquanto a gente tiver essa maldita Bolsa Família que mantém o povo na escravidão, no cabresto eleitoral, não teremos desenvolvimento cidadão. Ajuda concreta se dá na hora da necessidade, se esse dinheiro fosse aplicado na infraestrutura, emprego e trabalho e oportunidade para nossos jovens, isso sim seria um projeto de desenvolvimento.

EducaçãoUm campus da Universidade Federal do Oeste vai ser instalado em Barra. Não se sabe precisar quando, mas desde que a notícia se espa-lhou, o sonho de um futuro melhor ganhou força. “Quando soube, foi uma alegria! Uma emoção! Eu acho que meu filho vai ter opor-tunidade”, declarou Walter Rodrigues, 37 anos, pai de seis filhos. Ele está no segundo casamento. É pescador. Aprendeu a arte com o pai, que aprendeu também com o pai. Apesar desse histórico familiar, Rodrigues preferia não confirmar o ditado “filho de peixe, peixinho é”. Queria outro futuro para os filhos. E com a vinda da universidade para Barra, então... No entanto, a cidade que ensinou o alfabeto à região Oeste não é mais a mesma. A taxa de 23,6% de analfabetismo da população com 15 anos ou mais é pelo menos duas vezes maior que a média nacional (9,7%). Felizmente os filhos de Rodrigues não

fazem parte dessa estatística, que tem 12% de jovens analfabetos entre 10 e 14 anos.

A universalização do ensino básico não chegou em Barra, ainda. A importância da educação para o desenvolvimento individual e social parece não ser unanimidade. A condicionalidade do Bolsa Família e a exigência do governo federal não têm sido suficiente para colocar crianças e jovens entre 6 e 14 anos na escola. Em 2001, 19 mil alunos se matricularam no ensino fundamental. Dez anos depois esse núme-ro caiu para 13 mil. Situação inversa aconteceu no ensino médio. Os matriculados passaram de 1.309 para 2.745. O que intriga, apesar de inúmeras e variadas explicações especializadas, é a repetição da descontinuidade do ensino nos municípios brasileiros: muitos alunos fazem o ensino fundamental e, muito pouco, o médio.

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Barra tem 100 estabelecimentos de ensinos, dos quais, um é voltado para a educação profi ssional e dois estão na rede privada. Apenas oito escolas oferecem ensino médio; das demais, com ensino fundamental, 72 estão na zona rural, onde a taxa de analfabetismo é bem mais acen-tuada: 29% do total. Apesar de se tratarem de ambientes formadores de cidadãos, as escolas de Barra dão o pior exemplo de inclusão social no que se refere a acessibilidade e atendimento educacional especializado (AEE). Somente três escolas atendem às necessidades de alunos com defi ciência ou mobilidade reduzida. Mas nenhuma oferece AEE.

O acesso à internet e o uso de computador no ambiente escolar são muito precário ainda no interior do Brasil, explica Sávio Barreto. Cien-tista Político, Barreto, que coordenou uma pesquisa internacional com alunos do ensino médio no Brasil e Chile, aponta vários motivos para esse distanciamento da tecnologia nas escolas: falta investimento em equipamentos, internet com banda larga no interior e profi ssionais pre-parados. “Faltam disciplinas no ensino superior que abordem a didáti-ca com auxílio de tecnologia na formação de nossos professores. Salvo em algumas universidades, a grande maioria não faz essa abordagem”, explica. A questão é como qualifi car os atuais professores para essa re-alidade defi ciente. Das 100 escolas barrenses, somente nove têm labo-ratórios de informática, com um total de 150 computadores para o uso dos alunos, e apenas três oferecem acesso à internet. Isso dá em torno 107 alunos do ensino fundamental e médio por máquina.

DADOS SOCIODEMOGRÁFICOS

11.471DOMICÍLIOS

São em média 4,28 pessoas por domicílio.

53,9% dos domicílios têm coleta de lixo.

17,6% dos domicílios contam com escoamento adequado.

POPULAÇÃO

49.32551%

49%

Oeste eMédio São Francisco

BarraDistante 644 km de Salvador via BA-052 e 336 km de Barreiras pela BA-161 e BR-242.

da população com 15 anos ou mais não sabe ler e escrever

PO

PU

LAÇ

ÃO

RE

SID

EN

TE

Número de matriculados no ensino fundamental e médio, nos anos 2001 e 2011

ED

UC

ÃO

FundamentalMédio

FONTE: IBGE, CENSO DEMOGRÁFICO 2010, MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CONTROLADORIA-GERAL DA UNIÃO

2,7 mil2001

19,0 mil

1,3 mil

13,3 mil

2011

Recursos governo federal para a educação

2007 2011R$ 9

milhõesR$ 23milhões

21,0%de 15 a 24 anos

19,8%de 25 a 39 anos

15,9%de 40 a 59 anos

8,9%com 60 anos ou mais 34,5%

de 0 a 14 anos

23,6%(7.635 pessoas)

BARRAELEIÇÕES 2012

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A situação da cidade melhorou, reconhece Almir, da Colônia de Pescadores, mas ainda há muita pobreza: “A cidade não oferece emprego”

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Economia,infraestruturaO município de Barra é extenso e o acesso a certas comunidades em al-guns períodos do ano é quase impossível. Com 49 mil habitantes, o muni-cípio tem maior concentração populacional na zona rural (54,5%). Entre 2000 e 2010, Barra teve um crescimento demográfi co superior ao do país (1,18%), do estado (0,70%) e da região (1,08%): 1,24%. Contudo, o Ín-dice de Desenvolvimento Familiar (IDF-2010) não passou de 0,50 e não fi cou muito distante do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do município de 2000, que era 0,59, média inferior ao verifi cado no estado no mesmo período: 0,72.

O IDF, criado pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, avalia a vulnerabilidade social, acesso à educação e ao trabalho, renda, desenvolvimento infantil e habitação; já o IDH, surgido do Progra-ma das Nações Unidas para o Desenvolvimento, avalia a renda, educação e longevidade. Embora distintos, os dois índices usam alguns parâmetros iguais e são reveladores sobre a qualidade e condição de vida das popula-ções. Com elevada taxa de analfabetismo e grande contingente na extrema pobreza, os índices de Barra não poderiam ser diferentes. Censo de 2010 do IBGE verifi cou que a coleta de lixo atendia só 53,9% dos domicílios e que apenas 17,6% tinham esgotamento sanitário adequado, situação que favorece o desenvolvimento de doenças e eleva os gastos públicos. Em 2009, a saúde recebeu recursos na ordem de R$ 3,67 milhões do governo federal e foi responsável por 14,9% das despesas do município.

Como se fosse uma força independente, a economia de Barra parece ignorar os indicadores sociais negativos. Entre 2005 e 2009 o Produto In-terno Bruto cresceu 66,8% (de R$ 88,4 milhões passou para R$ 147,3 mi-lhões), índice superior ao do estado, que foi de 50,8%;. foram gerados 229 empregos formais (a maioria no comércio); a receita orçamentária passou de R$ 29,5 milhões para R$ 49,5 milhões (isso signifi ca uma alta de 67,8% no período ou 13,82% ao ano) e o município passou a depender menos do FPM (era 35,86% e caiu para 29,58%). No entanto, a realidade desses números não é a mesma de Joaquim Francisco da Silva Campos, 57 anos, e de outros moradores do bairro São Francisco, antigo Carnaubinha, um dos mais antigos e pobres da cidade. O bairro fi ca à margem do Rio São Francisco, sofre com a falta de infraestrutura e não tem proteção contra cheias. “A prefeitura já quis tirar a gente daqui. Se a gente mudasse ia fi car muito longe dos barcos. A perversidade hoje é grande. Preferimos fi car.

PERFIL SOCIAL E ASPECTOS ECONÔMICOS

44,2%da população barrense vive em extrema pobreza.

8.244famílias, mais da metade do contingente populacional, recebem Bolsa Família.

9.681famílias declararam renda per capita mensal familiar de até 1/2 salário mínimo (ref. nov/2011)

66,8%foi a taxa de crescimento do Produto

Interno Bruto em quatro anos.

1.308em 2004

1.476em 2010

PIB

R$ 88,4 milhões

R$ 147,3 milhões

2005 2009

Participação dos setores econômicos no PIB/2009

7,5%Agricultura

3,7%Impostos

9,8%Indústria

79%Serviços

Postos de trabalho na administração pública

"

FONTE: IBGE, CENSO DEMOGRÁFICO 2010, MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO SOCIAL E COMBATE À FOME E CONTROLADORIA-GERAL DA UNIÃO

2007 2011R$ 10,9

milhõesR$ 16,5milhões 2007 2011

R$ 22,4milhões

R$ 44,8milhões

Fundo de Participação dos Municípios (FPM) Valor total dos recursos transferidos pelo governo federal para saúde, educação,

saneamento, etc.

TRANSFERÊNCIA DE RECURSOS DA UNIÃO PARA O MUNICÍPIO

BARRAELEIÇÕES 2012

Mesmo correndo o risco das enchentes. Pelo menos a gente pode tomar conta das embarcações, colocar rede, jogar tarrafa a hora que quiser pra pegar o peixe e vender. E poder comprar o alimento dos fi lhos”, explica Santos, lembrando que neste ano umas quatro famílias tiveram que abandonar suas casas por conta de cheias do Velho Chi-co. “Eles podiam construir um cais aqui, pra água não fi car bulindo com a gente. Falta esgoto, calçamento, um ponto de lazer, uma praça, uma escola, melhoria nas casas. Que os governos olhassem mais pra gente. Só aqui tem uns 500 votos”, concluiu Campos, pescador e pai de 12 fi lhos.

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O que dizem os pré-candidatos

O que signifi ca plano de governo para um candidato?

Como reduzir a pobreza e gerar emprego e renda com os recursos naturais oferecidos pelo município?

É possível aliar desenvolvimento, qualidade de vida, sustentabilidade sem priorizar a educação?

A potência hídrica do São Francisco é aproveitada no seu limite?

Qual política social seu governo ofereceria para os jovens e idosos?

Arthur Silva Filho (PP)Perfi l: 58 anos, é engenheiro elétrico. Foi Secretário de Infraestrutura das duas gestões anteriores, foi engenheiro da COELBA, trabalhou 20 anos em Salvador, fui professor da UNEB.

É o rumo, o caminho a ser seguido pelo candidato. Em Barra temos o Plano Diretor Urbano que já dá um norte. O plano de governo é fundamental, pois é onde se encontra as propos-tas e o que você quer para o futuro da sua cidade.

Esse é o grande desafi o, geração de emprego e renda com sustentabilidade, mantendo o meio ambiente. Barra está dentro de uma APA (Área de preservação Ambiental) que é uma das maiores da Bahia, desde a Serra do Estreito até Pilão Arcado, e qualquer empreendimento depende de licenciamentos complicados por conta da APA. Nós temos projetos de grande impacto ambiental. Por exemplo: a construção de uma usina de açúcar e álcool, uma das cinco maiores do Brasil em termos de produção, com geração de energia elétrica com a queima do bagaço da cana e também uma fábrica de polpa de tomate, de 25 mil hectares irrigados, por isso deve-se ter muito cuidado com o impacto para toda região. Serão implantados numa área chamada Baixões, na fazenda Boqueirão, fora da APA, mesmo assim há preocupação com a degradação do ambiente. Por isso é um desafi o desenvolver e preservar.

A educação é o carro chefe de tudo. Na nossa administração a prioridade é a educação. Estamos trabalhando desde a criancinha recém-nascida, que é o caso da creche, até os cinco anos na pré-escola. Estamos passando de 95 crianças no início do nosso gover-no para 830 crianças na creche, em seguida o fundamental. O segundo grau, que até três anos atrás não tinha em uma única comunidade do município, que é um dos mais extensos da Bahia, hoje temos 11 comunidades da zona rural com segundo grau, além dos transportes disponíveis para os estudantes que moram em lugares de difícil acesso. Estamos implantando a Universidade Aberta do Brasil – UABE, numa parceria do MEC e o Estado. Trouxemos de volta a Universidade do Estado da Bahia – UNEB, para capacitar os profi ssionais com os cursos de Pedagogia e Letras. Teremos ainda os cursos de Educação Física e Matemática. E a chegada da Universidade Federal do Oeste, que vai ser um grande reforço na educação.

Ainda é pouco aproveitada. Temos 400 quilômetros de margem de rio navegáveis, e nesse trecho apenas dois pivôs centrais. Tem um grupo de Israel que pretende implantar o bio-diesel de mamona irrigada, desenvolvendo outras variedades com alta tecnologia. Temos projetos de piscicultura embrionários, mas estamos apenas começando. A terra é muito barata, é possível encontrar terras às margens do rio na média de R$ 400,00 a hectare, mas temos muito o que fazer ainda. Apesar da disponibilidade de água dos rios, temos um problema grave de seca no município, pois choveu muito pouco esse ano e tivemos que apelar para carro-pipa na região dos Baixões e alguns brejos secando por falta de chuva. É isso. Tem o rio de um lado e a cinco ou 10km o povo sofrendo com a seca. Esse é meu questionamento quanto a transposição do rio São Francisco. Primeiro tinha que valorizar o vale do rio São Francisco, resolver o problema de quem mora no vale.

São duas áreas importantíssimas. Para os jovens, temos algumas parcerias com ONGs da cidade desenvolvendo alguns trabalhos através do CRAS e temos avançado em relação a isso. Como já falei, a educação é prioridade. Queremos implantar a educação integral e para isso já estamos construindo escolas com refeitório, que é uma forma de tirar os jovens das ruas e está com ele inserido no processo educacional. Com relação ao idoso, criamos o Conselho da Pessoa Idosa e temos feito um grande trabalho junto com a Secre-taria de Ação Social, casado também com o programa Saúde da Família, que faz visitas domiciliares aos idosos, principalmente às pessoas acamadas, com médicos e dentistas indo nas casas. Também nas festas de São João e carnaval, sempre envolvemos o grupo de idosos nesse processo, além das viagens, como o carnaval antecipado em Ibotirama. Então, é uma linha que temos trabalhado e que precisa avançar mais.

A partir dos dados gerais levantados pela r.A, foram elaboradas cinco perguntas. Antes de cada entrevista, o pré-candidato foi informado do espaço limitado e da necessidade da objetividade nas respostas.

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O que dizem os pré-candidatos

O que significa plano de governo para um candidato?

Como reduzir a pobreza e gerar emprego e renda com os recursos naturais oferecidos pelo município?

É possível aliar desenvolvimento, qualidade de vida, sustentabilidade sem priorizar a educação?

A potência hídrica do São Francisco é aproveitada no seu limite?

Qual política social seu governo ofereceria para os jovens e idosos?

Deonísio Ferreira de Assis (PT)Perfil: 66 anos, técnico em contabilidade. Foi vice-prefeito e prefeito por dois mandatos consecutivos, de 2001 a 2008

É um documento onde o candidato expressa toda a sua vontade política, sua capacidade administrativa de mostrar para a população aquilo que pode ser feito pelo seu município dentro de uma visão socioeconômica; educação, saúde, geração de emprego e renda.

O município tem uma vocação especial para o ecoturismo, e o governo precisa despertar para essa oportunidade pela possibilidade de geração de emprego e renda. Temos tam-bém, dentre da agricultura, o destaque para a fruticultura. Inclusive já foi feito um estudo pela Embrapa sobre o assunto. Temos condições melhores que Juazeiro e Petrolina para agricultura irrigada, porém ainda não temos a infraestrutura de aeroportos e comer-cialização, mas futuramente teremos. Temos também grandes áreas no município que podem ser usadas na implantação de uma usina de açúcar e álcool, pois temos terra em abundância na margem do rio, com energia.

Não, a educação é o carro chefe de tudo. Se você não cuidar efetivamente da educação de seu povo, nada mais vai para frente. Qualquer lugar do mundo só se desenvolve através da educação, isso é prioritário, depois é partir para as outras ações. Enquanto a população for analfabeta, não temos condições para o progresso.

Não. Temos a Codevasf que atua na região e deixa de fazer pequenos projetos de irrigação para áreas de 500 ou 1000 hectares ao longo do rio, onde as comunidades têm energia, mão de obra suficiente e vai investir em programas como o Baixio Irecê, em que é preciso levar centenas de quilômetros de canais, com custo operacional alto de energia e bombea-mento para uma região muito distante, só vai colocar grandes empresários que podem bancar os custos. Enquanto temos aqui várias comunidades a serem aproveitadas, fazen-do pequenos projetos de irrigação, que manteria o homem na terra, e dando condição de emprego e renda ao cidadão.

É preciso ter um cuidado e pensar bastante na questão do jovem e do idoso. Na nossa administração formamos um grupo de idosos, pois eles não tinham nenhuma perspectiva, ficavam em casa cuidando de netos, totalmente à margem da sociedade, e esse grupo que conseguimos formar, foi um sucesso. Inserimos os idosos na sociedade, no contexto social e hoje eles têm uma vida muito mais feliz. Já para os jovens temos a perspectiva da chegada do campus da Universidade Federal do Oeste, o que irá alavancar a nossa cidade, pois existem faculdades em Barreiras, Petrolina e no sul da Bahia e aqui havia um vácuo muito grande. Os jovens que não possuem condições financeiras para estudar fora, ficavam por aqui sem muita perspectiva, mas agora o governo federal despertou para isso e graças a Deus Barra foi contemplada com um campus e a partir daí a nossa juventude não será a mesma.

A partir dos dados gerais levantados pela r.A, foram elaboradas cinco perguntas. Antes de cada entrevista, o pré-candidato foi informado do espaço limitado e da necessidade da objetividade nas respostas.

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cult música, cinema, livros, teatro, artes plásticas, cultura popular

Barreiras

1970- 1980

texto MIRIAM HERMES fotos REPRODUÇÃO

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O forasteiroE

stamos em um ano qualquer entre 1970 e 1980. A peque-na cidade de Barreiras começa a reagir, depois de um bom tempo de letargia. Vivemos um período de progresso, na era do engenheiro Geraldo Rocha (1881-1959), quando

Barreiras foi a segunda cidade da Bahia - a primeira no interior - a ter energia elétrica gerada por usina hidroelétrica (1928) e, consequente-mente, indústrias e até cineteatro.

Mas aquela fase foi há muitos anos. Agora, na década de 1970, neste momento da história, algo começa a acontecer novamente e a cidade fortalece sua vocação de polo regional, cada vez mais ligada à nova capital federal e à velha capital da Bahia através das estradas que trazem e levam os homens, as mulheres e seus sonhos...

Entre tantos, um forasteiro chega na cidade de menos de 10 mil habitantes. Com sua caminhonete passa ao lado da praça Castro Al-ves, também conhecida como Jardim das Corujas. Desce pela rua professora Guiomar Porto e chega na praça do padroeiro São João Batista. Vai descendo pela rua 24 de outubro e dobra ao lado da praça Coronel Antônio Balbino de Carvalho (Praça de Alimentação).

Quer conhecer o lugar do qual já ouvira falar como porto de nave-gação fl uvial e entreposto comercial. Desce ainda mais e chega a praça Landulfo Alves, passando na frente do Clube Dragão Social, onde barreirenses de várias gerações viveram momentos de descontração em festas memoráveis (onde está o Centro Cultural Rivelino da Silva Carvalho).

Sabe onde quer chegar e já avista as muretas do cais do rio Grande, que serpenteia caprichoso pelo seu vale, em busca de outros vales e outras águas, como dos rios Branco e Preto, até desaguar no rio São Francisco, na centenária Barra.

É início de noite e ele está cansado da viagem. Encosta a caminho-nete perto de uma periquitinha (que é como os nativos chamam uma espécie de trailer construído de madeira que são comercializadas va-riedades, de comidas a bebidas), caminha até o cais e reclina na mu-rada para melhor apreciar as últimas luzes do sol no horizonte, que pintam o céu de diversos matizes alaranjados e luminosos e colorem as águas mansas do rio Grande.

Pensa consigo: este é mesmo um momento especial. Sente-se ligei-ramente lisonjeado. Parece que a natureza se preparou para recebê-lo. A imagem deste entardecer há de fi car gravada em sua memória como um momento único e mágico.

Observa ao seu redor. Jovens casais de namorados, em sua maioria acompanhados de irmãos, primos e amigos, passeiam pela calçada. Apesar de ser uma cena cada vez mais comum ver um desconhecido circulando em caminhonetes e outros veículos, o recém-chegado é rapidamente percebido pelos grupos que passeiam joviais, às garga-lhadas, aproveitando a brisa fresca que balança as folhas, as roupas de algodão e os cabelos das meninas.

No ritmo de cidade pequena, é fato que praticamente todos se co-nhecem, ou pelo menos todos que costumeiramente passeiam por ali. Eles sabem que este deve ser mais um daqueles forasteiros que o lugar recebe de vez em quando. Indiferente aos olhares curiosos, ele continua contemplativo, sem esboçar algum sinal que busque uma »

aproximação neste momento. Observa as primeiras estrelas que aparecem cintilando na abóbada celestial.

De repente, como se acordasse de um sonho, lembra que pre-cisa encontrar um lugar para se hospedar, que quer tomar um banho e comer urgentemente. Está exausto e se apressa em pro-videnciar uma forma de satisfazer as necessidades que garantam sua disposição para os dias que virão. Tem muito o que fazer...

Metamorfose irreversivelQ

uando chegamos em 1971, a cidade era pacata, com jeito de uma vila de zona rural, muito aconchegante por causa do povo hospitaleiro. Depois começaram a chegar os cearenses, os pernambucanos, sulistas e pes-

soas de muitos lugares do Brasil e fora dele”, lembra Bernadete Nunes Petilo, que se mudou para Barreiras com o marido Ar-lindo Petilo (1928-2011) e a fi lha Neusa. O patriarca, Arlindo, veio transferido de Mundo Novo, sua cidade natal, como coletor fi scal.

Em entrevista concedida alguns meses antes de sua morte, em Salvador - para onde voltou com a família no fi nal da déca-da de 1990 - ele lembrou que naquele tempo em que trouxe a família para Barreiras, a cidade tinha perto de 10 mil habitantes. “Parecia esvaziada com o surgimento de Brasília, (fundada uma década antes), pois muitos barreirenses se mudaram prá lá, para estudar e trabalhar”.

Mas o ciclo migratório também acontecia ao contrário, e a ci-dade mantinha o status de centro regional, atraindo moradores de diversas cidades vizinhas, fortalecendo o intercâmbio econô-mico e cultural. Na década de 70 do século passado, Barreiras reascendeu essa vocação.

Novos projetos eram implantados, como o Distrito de Irri-gação São Desidério/Barreiras Sul que começava a dar forma aos ideais de Geraldo Rocha, de promover a agricultura poten-cialmente mais produtiva com a irrigação. No entanto, ele, que defendeu o projeto de aproveitamento dos rios e do desnível dos terrenos para distribuir a água por gravidade, como havia presenciado em diversos países, não chegou a ver seu ideal con-cretizado, pois morreu em 1959.

Outro fator que contribuiu com o crescimento da cidade foi a chegada do 4º Batalhão de Engenharia e Construção (4 BEC), transferido de Crateús (CE) a partir de 1972. Entre outras obras importantes, o exército construiu a estrada ligando Brasília a Sal-vador, que imprimiu outro ritmo a Barreiras, então uma peque-na cidade em fase de fermentação, quase no meio do caminho.

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cultmúsica, cinema, livros, teatro, artes plásticas, cultura popular

Nos 27 anos e meio que trabalhou em Barreiras, Arlindo Petilo e a família foram testemunhas desta transformação. Sua mulher, Bernadete, com uma ponta de saudade “daqueles tempos em que tudo era mais tranqüilo”, lembrou dos piqueniques que as famí-lias faziam no lugar conhecido como Três Bocas, no rio de Ondas, “com uma beleza impagável, que hoje já não tem mais aquela mes-ma paisagem exuberante”, lamentou.

É ela também que lembra das viagens que chegaram a fazer de barca entre Barreiras e Barra, pelo rio Grande. “Demoravam dois dias em média. A gente dormia na barca, ancorada em algum bar-ranco”. Falando em rio Grande, é Arlindo que se recorda daqueles primeiros tempos vividos por aqui. “Quando chegamos, não tinha supermercado. Tinha uma barca grande que ancorava de três em três meses perto da rampa (do rio Grande). Nela a gente comprava quase tudo”.

MUDANÇA DE HÁBITOS - Os dois lembram que em pouco tempo a cidade contou com esta modalidade de comércio “mais moderno” - os supermercados, que foram atendendo à demanda diferenciada dos novos habitantes do lugar, que aos poucos iam sobrecarregando a capacidade de fornecimento de energia elétrica, fornecida pela Usina Rocha.

Todos demonstram saudade “daquela cidade que não existe mais, mas que conserva pessoas maravilhosas que fazem a dife-rença”, afirma Bernadete, que se emociona ao falar das amigas que deixou em Barreiras, “algumas da época que ajudamos a fundar os Centros Espíritas Joana de Angelis e Bezerra de Menezes, dos quais fiz parte das diretorias e que com o trabalho de outras pessoas que foram chegando, continuam prestando relevantes serviços para a comunidade”.

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Nova fase da pecuariaB

altazarino Araújo Andrade era o prefeito municipal quando Romero Tavares de Amorim chegou em Bar-reiras no ano de 1973. Ele vinha de Recife (PE) a convi-te do empresário Emerson Pinheiro, sócio do também

empresário José Gomes de Moura, que juntos iniciavam dois pro-jetos pecuários nas fazendas Olinda e Candeias, através da empre-sa Bracife Engenharia e Incorporações.

“Neste tempo a aposta era a pecuária e a Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) financiou também ou-tros projetos na região, como Monte Alegre, Coinfra e Cambucá”, lembra ele, acrescentando que foi naquela época a implantação das fazendas Meire Lins & Paranhos (hoje só Paranhos) perto de Ibotirama.

Romero esteve à frente dos empreendimentos da Bracife até a che-gada do conterrâneo Reginaldo Melo da Silva, médico veterinário que assumiu as fazendas de pecuária, “e eu fiquei com a adminis-tração dos equipamentos de prestação serviços para perfuração de poços artesianos”, diz, acrescentando que pouco tempo depois dei-xou o grupo para, em 1976, abrir a Casa Grande, loja de máquinas, motores e implementos agrícolas. Esta loja atendeu a maioria dos projetos de pecuária e, já no fim daquela década, também aos agri-cultores que começavam a chegar para ocupar o Cerrado.

Sua convivência com pecuaristas e agricultores proporcionou testemunhar importantes eventos para a economia regional, como as memoráveis exposições agropecuárias no Parque Engenheiro Geraldo Rocha – inaugurado em 1976 -, e as Festas da Soja, na Fazenda Odisseia de Luiz Ricardi, no início da década de 1980.

Hoje, pai de um casal de filhos e avô de dois meninos gêmeos, Romero, que foi líder estudantil nos tempos de colégio em Recife, por aqui também se envolveu com as causas da comunidade. Não só como maçom, onde atua até hoje, mas também junto aos par-ceiros de comércio, participando da criação do Clube de Diretores Lojistas, hoje conhecida como Câmara de Dirigentes Lojistas, CDL.

Arlindo e Bernadete, 27 anos de convivência com a cidade e seu povo. Abaixo, praça do Mercado Caparrosa na década de 1970

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Eleito vice na segunda diretoria da entidade, com a renúncia do presidente Luiz Augusto Borges, coordenou a construção da atual sede da entidade. Entre outras homenagens, foi agraciado da Câmara de Vereadores com o Título de Cidadão Barreirense, em 2010.

FAZENDO HISTÓRIA - Com 27 anos de idade, o médico vete-rinário Reginaldo Melo da Silva, natural do Pernambuco, chegou no oeste baiano em janeiro de 1974, a convite do empresário José Gomes de Moura - que havia lhe ajudado na formação em Veteri-nária depois que ele ficou órfão de pai e passou a cuidar da mãe e das duas irmãs.

Naquele ano, deixou também a esposa Maria de Lourdes da Sil-va Melo e os dois filhos que tinham até então em Pernambuco e veio para Barreiras. Aqui se estabeleceu e, sem demora, trouxe toda a família. “As estradas eram péssimas em todas as direções e a comunicação mais eficiente era feita por rádio amador”, recorda Reginaldo.

“Nos comunicávamos com Recife através de rádio. Era aque-la gritaria”, afirma entre risos, dizendo que uma das pessoas que muito os ajudou aqui foi Hamilton Pamplona, com seu hobby de rádio amador, mantido até os dias de hoje.

Entre os episódios marcantes daqueles primeiros tempos em Barreiras, ele conta que com a doença de filha Andréa eles enfren-taram as precárias estradas daqui para Recife “só Deus sabe como”. O tratamento receitado pelo médico foi o consumo constante e ex-clusivo de frutas, “que não encontrávamos por aqui”, revela, acres-centando que uma cunhada mandava as caixas de frutas de Recife por via aérea. “De Salvador pra cá, vinha em um Bandeirante. Isso todas as semanas durante seis meses”.

A hospitalidade dos barreirenses faz o sexagenário se emocio-nar. “Eu e minha família fomos bem recebidos. Aqui encontramos pessoas de bem, que ajudaram sempre que precisamos. E isso é muito importante até hoje”, ressalta. Para consolidar esta partici-pação na comunidade local, ele participou da criação da CDL e da APAE, entre outros projetos filantrópicos. Participou também da vida política partidária e ainda tem papel importante dentro da Maçonaria, onde ingressou em 1977. Entre outras homenagens foi condecorado com Título de Cidadão Barreirense em 1986.

Expansao no cerradoQuando comprou uma área de terra na margem do rio das Fême-as, em São Desidério, em 1980, Helmuth Rieger era um entre mui-tos sulistas que chegavam em busca das terras baratas (comparan-do com as que ocupavam nos estados do Sul) no cerrado baiano. No início da década de 1980 ele já encontrou algumas fazendas produtivas. Mesmo assim relata as experiências vividas por ele e sua família, que poderiam se aplicar a muitos outros produtores que aportam nestas plagas.

Ainda em 80, começou plantando arroz, como fazem na maioria das fazendas dos Gerais na primeira lavoura de uma terra recém-aberta. Em seguida, teve início a produção de soja, “mas logo em 1982 tivemos frustração de safra por causa da seca. Daí pensamos na irrigação para regularizar a produção e esbarramos na falta de energia elétrica. Começamos na prática em 1984, depois de im-plantar a primeira parte da pequena usina hidroelétrica, ampliada em 1988”, relata Rieger, como quem faz uma viagem no tempo.

E, assim como na maioria das regiões exploradas no cerrado, os Rieger também fizeram pontes e estradas com recursos pró-prios para viabilizar os empreendimentos. Outra lembrança o faz rir, quando diz que por mais de um ano morou embaixo de lona. “Era uma aventura diária. A primeira estação chuvosa passamos na lona”.

Os pioneiros enfrentavam ainda dificuldades para obter finan-ciamento para as terras de cerrado baiano, pela falta de comprova-ção da sua capacidade produtiva, o que emperrou diversos proje-tos naqueles primórdios da expansão agropecuária.

CORAGEM DETERMINANTE - Lembrado pela determinação, o então gerente da agência do Banco do Brasil de Barreiras, Pedro Guedes, abriu as portas da instituição para aqueles que começa-vam a escrever uma nova página na história da região. Para isso, contrariou determinações superiores. Teve a sorte de apostar em uma atividade que só viria a se expandir, como ainda acontece nestas terras dos Gerais.

Rieger relembra que o então gerente não raras vezes aparecia nas fazendas que o banco havia financiado “ acompanhando de perto o desenvolvimento das plantas e grãos. Ele foi corajoso em financiar nossas lavouras. Acreditou, assumiu o risco e isso foi de-terminante na maioria dos projetos”, completa Helmuth Rieger.

cultmúsica, cinema, livros, teatro, artes plásticas, cultura popular

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Adelar Cappellesso, Josafá Correto, Romero Tavares de Amorim e Pedro Guedes em visita técnica à fazenda da região

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cultmúsica, cinema, livros, teatro, artes plásticas, cultura popular

A linha de frente da Tribolado: Mina Dany,Cr Black e Elmo, os três vocais da banda

Manosda Fe

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Allison e Danila se conhecem desde os seis anos de idade. Passaram boa parte da infância juntos e no início da adolescência descobriram uma paixão em comum: o hip hop e a música do subúrbio, da periferia. O visual despojado logo virou marca registrada dos dois. Boné, calça larga e corrente em volta do pescoço. A ideia em torno de um projeto musical

veio ao natural. A difi culdade no início estava na falta de estrutura e condições fi nan-ceiras para ensaiar e manter uma banda.

“Quando a gente ia tocar em algum lugar, cantava sempre em cima de uma base eletrônica”, lembra Allison que a partir de 2008 adotou o pseudônimo de Cr Black Tribolado. A sigla quer dizer Cavaleiro do Rei e o Black, segundo ele, tem haver com a forma como era chamado na infância e adolescência. “O pessoal sempre me chamava de neguinho, ai coloquei o Black depois do Cavaleiro do Rei”, explica. O Tribolado faz menção ao nome do grupo, criado em 2006.

A conotação evangélica das letras e da ideologia do grupo encontrou resistências no início. Em especial dentro da igreja. “No começo pouca gente apoiava a ideia. Ficava com o pé atrás. Demorou um pouco até as coisas realmente acontecerem”, explica Cr Black, que em 1999 (então com 9 anos) começou a tocar bateria e integrar o Ministério de Louvor da Igreja que frequenta até hoje. “Minha família sempre esteve envolvida com a música. Tive muita infl uência deles”, emenda, embora revele o pouco apreço dos pais ao hip hop, quando montou o grupo com Danila, hoje conhecida como Mina Danny. “Quando eles perceberam que a gente levava aquilo realmente a sério passaram a apoiar mais”, resume.

Com sete anos de estrada, a Tribolado lançou em 2010 de forma independente seu primeiro disco, intitulado Guerreiro. As letras falam do potencial de cada pessoa, que muitas vezes não é explorado da maneira como deveria. “Procuramos incentivar as pessoas a encontrar esse potencial, sem esquecer da importância de Deus para cada um de nós”, diz Cr Black. O CD abriu espaço para o grupo se apresentar em mais lugares e continuar trabalhando em novo material. Tanto é que dois anos depois, a banda está a caminho de Brasília para gravar o segundo disco, batizado de MyTransformation. O título em inglês, segundo Allison é apenas uma questão de estética. “Soava melhor que em português”, conta.

A Tribolado também critica a forma muitas vezes passiva das letras do rap e hip hop, que apenas descrevem a realidade, mas não apontam caminhos para a solução dos problemas que vivemos. “Acho que esse é o papel principal da música, mostrar que a mudança não vai depender só da crítica em si, mas de cada um de nós também”, justi-fi ca Allison, as vésperas de selar seu compromisso matrimonial com sua parceira desde a infância e fonte de inspiração para a fundação da banda. (PS: a entrevista foi feita na sexta-feira, 27 de abril, dia anterior ao casamento dos dois).

Além do casal de vocalistas, Cr Black e Mina Danny, completam a banda Ivan San-tana (guitarra), Asafe Santana (baixista), Aline (teclado), Dinho (violão), Elmo (vocal), Esdras (bateria) e André Lima (DJ e samplers).

A mistura da música da periferia com a temática religiosa, aos poucos, está abrindo portas para a banda de hip hop Tribolado de Luís Eduardo Magalhães. O nome do grupo faz menção à inconformidade, em não se contentar com o sistema corrupto e pecaminoso dos dias de hoje. Com sete anos de estrada, o grupo se prepara para gravar seu segundo disco em Brasília e alçar voos mais altos.

texto ANTON ROOS foto CADU ANDRADE

Ouça o trabalho da Tribolado no Palco MP3http://palcomp3.com/tribolado/#

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LITERATURA

SEMANAL

AGENDA

SEGUNDA TERÇA QUARTA QUINTA SEXTAS SÁBADOHappy Hour (Confraria) Jantar dos namorados - 12/06

(Confraria)Rodízio de massa (Confraria) Rodízio petisco (Confraria) Dia Internacional da Confraria

- Música ao vivo (Confraria)Social clube - Música ao vivo (Confraria)

Ramon - 12/06 (D.Q Chopp) Ramon - 06/06 Aender - 13/06 André - 20/06 Remanescentes - 27/ 06(D.Q Chopp)

André - 07/06Ramon e Rogério - 14/06Paulo e Valter - 21/06Aender - 28/06 (D.Q Chopp)

Rodrigo - 01/06Johny Chapada - 08/06Adauto - 15 e 29/06(D.Q Chopp)

André -02/06Ramon - 09/06Johny Chapada - 16/06Adauto - 23/06Aender - 30/06 (D.Q Chopp)

Um rigoroso inverno se aproxima de Win-terfell, um dos Sete Reinos de Weste-ros, palco onde se desenrola a trama de

Crônicas de Gelo e Fogo, do escritor americano George R. R. Martin, adaptado para televisão pelo canal HBO, sob o título de Game of Thrones (pri-meiro livro da série de um total de sete) e que, em sua segunda temporada, não só superou os ín-dices de audiência da primeira, como já garantiu renovação para a terceira, ainda sem previsão de lançamento na tevê. Só para se ter uma ideia, na noite de 29 de abril, o quinto episódio da tempo-rada foi o terceiro programa mais assistido na te-levisão a cabo dos EUA, com mais de 3,9 milhões de espectadores, atrás apenas de duas partidas de basquete da NBA. A história, repleta de in-trigas, cenas chocantes, e personagens fortes baseia-se na conquista do Trono de Ferro e não economiza em sexo e sangue, tudo em nome da guerra pelo poder, afi nal, “o inverno está chegan-do”. A segunda temporada de Game of Thro-nes é exibida aos domingos às 22h na HBO.

PARA FICARO inverno chegou...

DVDA primeira temporada da série já foi lançada

no Brasil. O box contém 5 discos e

um encarte especial com imagens dos principais

personagens da série, além de um mapa

especial de Westeros. O pacote custa R$

149, sem frete

TELEVISÃO

LIVROSFenômeno mundial com 15 milhões de exem-plares vendidos, a saga vem conquistando uma legião de fãs também no Brasil. Somente nos primeiros sete meses de lançamento, os dois livros iniciais, A Guerra dos Tronos e Fúria dos Reis - lançados pela editora Leya - venderam 70 mil exemplares. O terceiro (Tormenta de Espa-das) e o quarto (Festim de Corvos) também já estão à venda no Brasil. O quinto livro da série, A Dança dos Dragões está em pré-venda e seu lançamento está agendado pra o fi nal do mês de junho. Os livros custam em média R$ 39,00.

Se liga!FestivalSob o slogan “Quem é louco por música não precisa de drogas”, no dia 22 de junho, a Toca do Urubu (inaugurada no dia 20 de maio em Luís Eduardo Magalhães) vai receber as bandas Akza de Brasília e Minis-tério Tribolado, de Luís Eduardo Magalhães. O dinheiro arrecado com os ingressos será revertido para a gravação do segundo disco da banda de hip hop gospel local, já batizado de My Transformation.

ShowsA NB3 Produções e Eventos confi rmou para o dia 28 de julho o show do cantor e compositor Jorge Vercilo, em Barreiras. A apresentação acontecerá no espaço de eventos Bartira Fest. No mês de maio, o cantor esteve em turnê pela Europa onde realizou sete shows em Londres (três), Lisboa, Genebra, Porto e Paris.

Billy Paul, um dos maiores representantes da música soul se apresen-ta em Salvador no dia 06 de junho. No repertório, hits como “Let´s Stay Together”, “Your Song”, “Am I Black Enough For You”, além do inesquecível “Me And Mrs Jones”, música que lhe rendeu o Grammy, vendendo dois milhões de cópias do seu primeiro álbum. Billy Paul soma 23 álbuns lançados e parcerias com pesos pesados como Stevie Wonder, Miles Davis e Roberta Flack. O show será no Barra Salvador Hall e os ingressos custam entre R$100 e R$150.

A cantora e compositora Vanessa da Mata desembarca em Salvador no dia 12 de junho para apresentar seu novo show: ‘Bicicletas, bolos e outras alegrias’. No repertório, além das novas canções do CD, quinto da carreira da cantora, sucessos como “Ai Ai Ai”, “Boa Sorte”, “Amado” e “Não Me Deixe Só”.

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ZHADOK: CruzJá tem título e capa o primeiro single do segundo disco da banda de rock cristã de Luís Eduardo Magalhães, Zhadok, que até junho deve estar disponível para download no site oficial do grupo (www.zhadok.com). O novo disco ainda sem nome tem previsão de lançamento para o mês de setembro. No momento, a banda formada por Juninho

Dias (guitarra), Fábio Rocha (teclado), Jc (baixo) Jessé Machado (bateria) e Roberto Santos (vocal) encontra-se em Uberlândia/MG, para gravação do material. Se a banda seguir a linha do primeiro trabalho, Justificado, lançado em 2009, o fã pode esperar passagens inspiradas no rock progressivo de medalhões como Dream Theater e no hard rock pomposo do Oficina G3.

RITA LEE: RezaApós anunciar a aposentadoria dos palcos, a vovó do rock brazuca Rita Lee, 64 anos, está de volta com um novo disco de inéditas. Reza é um álbum moderno, com intervenções cirúrgicas de música eletrôni-ca ao longo de suas 14 faixas e letras épicas como em Divagando: “Quanto tempo ainda tenho no mundo? / Milênios? / Milésimos

de segundo?”, ou na sugestiva Tô um lixo, em que escancara: “Parei de fumar / Parei de beber / Parei de jogar / Dinheiro tanto faz / A cabeça tá um jazz”.

FI DI LUNGA: O forró mais Rock n´Roll do mundoA mistura do estilo mais nordestino de todos e do bom e velho rock n´roll deu tão certo para a Fi di Lunga que em julho de 2011 o grupo registrou um de seus shows em DVD. Embora ainda não tenha material próprio suficiente para a gravação de um disco só com músicas autorais, a banda

está conquistando cada vez mais seu espaço na região.

ZECA BALEIRO: O disco do anoSem lançar disco de inéditas desde 2008, Zeca Baleiro tira a barriga da miséria com uma coleção de canções que não desapontará fã nenhum. Quem gosta do Zeca baladeiro e romântico vai se deliciar com “Nada Além”, coescrita com o líder do Barão Vermelho, Frejat. “Mamãe no Face” é um tango estilizado que explica o título

do álbum e faz graça com a crítica musical do país. Outro acerto bem-humorado é “Meu Amigo Enock”. Em suma, as situações patéticas do cotidiano seguem sendo o prato preferido do maranhense.

MÚSICA

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um lugar

SantuárioHISTÓRICO, CIENTÍFICO E ECOLÓGICO

texto JACKELINE BISPO foto C.FÉLIX

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d ebaixo do chapéu marrom, cabelos grisalhos marcados pelo tempo. Aos 67 anos, relembrar momentos importantes revigora e traz sauda-de para Erasmo Moreira Rocha, lavrador que sempre esteve em contato com a natureza. Um dos acontecimentos que faz questão de contar ocorreu a mais de 50 anos. À época, morava em Santana do Catão, uma pequena vila per-tencente ao município de Barreiras que rece-

beu este nome em homenagem a um morador simples e lutador, hoje chamada Catolândia. “Ele foi o primeiro delegado, fundou o primeiro campo de futebol e jogava descalço. Gostava de andar a cavalo, era uma pessoa muito boa que gostava de festejos e in-clusive foi um dos primeiros a fazer a festa do Divino na vila”, diz Erasmo. O dono destas características era Agostinho José de Lima Filho, o Catão.

Entre as comemorações que fazia, uma era especial. Todos os anos no dia 13 de julho, Catão reunia dezenas de pessoas entre parentes, amigos e visitantes convidados, e se dirigiam a uma gru-ta localizada na região. No local era possível contemplar os capri-chos da natureza, que além da caverna apresentava aos olhos dos visitantes uma imensa lagoa rodeada por paredões e um riacho no qual era possível ter um refrescante banho. “Ele ia acompanhado de muitas pessoas parecia uma cavalgada, levava farofa, batida, carne para assar, um passeio maravilhoso”, confirma Erasmo.

um lugar

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O lavrador Erasmo Moreira é um contador de histórias. Ele conheceu Catão e relata as coincidências no dia da morte do homem que deu nome à famosa gruta de São Desidério

Paisagem deslumbrante de um dos cânions do parque ecológico que dá vista para a Lagoa Azul

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E foi justamente em 13 de julho de 1957 que algumas tristes coincidências marcaram defi-nitivamente a história da gruta e das pessoas que conheciam Catão. Para reviver a data, Erasmo conta a história daquele dia. “O povo montado nos cavalos passou por um povoado chamado Tiririca, onde tinha uma igreja, um dos homens tocou o sino”. Ao descrever o momento, ressalta algumas falas de Catão.

- Ô compadre não faça isso, deixa para bater o sino na hora certa, só quando morrer alguém - dizia.

Erasmo lembra que ao chegarem à gruta, avistaram um pedaço de madeira pendurado em uma das árvores e uma pessoa do grupo brincou.

- Essa é uma boa madeira para amarrar uma rede e carregar defunto.- Fala isso não compadre, Deus não deixa isso acontecer – respondeu Catão.Mas, algumas horas depois, o inesperado aconteceu. Após tomar um banho no riacho, ao

trocar de roupa para retornar à vila, Catão teve um desmaio e faleceu. “Foram no povoado mais perto, pegaram uma rede e amarraram naquele pedaço de madeira que foi motivo de brincadeira antes e que serviu para carregar o corpo dele, quando chegaram em frente à igreja onde antes tinham batido o sino, bateram novamente, foi um dia muito sentido”.

A partir de então, o local foi chamado de Gruta do Catão e depois da emancipação de cida-des da região, as terras passaram a pertencer a São Desidério.

As belezas e o fascínio da caverna sempre chamaram a atenção e atraíram visitantes. Mas, por muitos anos, o uso desordenado e incorreto do lugar, causou danos. Pensando na preser-vação dos ecossistemas e na manutenção do espaço como um bem turístico e de educação

ambiental, em 2005 foi oficialmente criado o Parque Municipal da Lagoa Azul, uma unidade de conservação de proteção inte-gral. Com cerca de 19 hectares é formado por uma trilha ecológica de três quilômetros, a própria Lagoa Azul, o Aquário Natural, um portal composto por duas rochas de 10 metros de altura cada, e a Gruta do Catão. Placas de sinalização orientam e informam sobre as espécies nativas, porém a presen-ça de um guia de turismo é indispensável, principalmente nas três novas trilhas criadas em 2011 que possibilitam ao visitante vistas aéreas da lagoa e do cânion da gruta. “De ja-neiro a março tivemos um aumento de cerca de 30% em relação ao mesmo período do ano passado e sempre tentamos passar aos turistas informações histórico-científicas do local”, revela o guia, Juscelino Ferreira. Atu-almente, com a implantação do primeiro re-ceptivo turístico e de educação ambiental do oeste baiano, dentro do parque, o atrativo é considerado produto turístico em potencial para toda a região. O parque se tornou o mais importante cartão postal do município de São Desidério. Juscelino explica que o passeio no lugar é seguro e tranquilo, fato-res que atraem ainda mais turistas. “Esta é uma caverna de fácil acesso, muito bela com formação espeleológica diferenciada e que permite a entrada de pessoas de qualquer idade”. O parque recebe visitantes de vários »

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estados brasileiros com destaque para o Paraná, São Paulo e Brasília. Já do exterior, a maioria são pessoas vindas do Japão, França, Argentina e Estados Unidos. “Além de ser um local de preservação com um ecossistema considerado singular, este produto turístico propicia desenvolvimento socioeconômico para nós e para as comunidades envolvidas direta ou indiretamente”, conclui Juscelino.

E de fato, há muito o que se preservar. A fauna e a fl ora do ambiente são riquís-simas. Várias espécies de plantas são encontradas no parque, porém o que en-canta mais o visitante é o encontro com animais como o macaco bugio - também conhecido como barbado -, o tatu, os mocós, o veado, o gato do mato, o guaxinim e até o urubu rei, ultimamente, uma das aves menos vistas nos céus do cerrado.

Toda esta diversidade desperta o interesse de pesquisadores, no entanto, o que chamou mesmo a atenção dos professores Robson Braga Dantas e Luiz Fernan-do Almeida do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia do Campus de Barreiras foi a geologia do lugar. “A partir do momento que soubemos da necessidade de estudar a área, decidimos colaborar com as pesquisas e com o plano de manejo. Nosso trabalho durou mais de dois anos e agora será publicado pela revista da instituição em Salvador”, comenta Dantas.

No estudo, é possível constatar que, ao longo do tempo, as rochas sofrem pro-cessos de intemperismo, a exemplo da força da água que provoca fenômenos naturais como a formação de relevos e abertura de fendas. É justamente neste processo que se formam as cavernas. Parte do estudo diz que a gruta do Catão

um lugar

contempla um ecossistema cárstico escavado pe-las ações das águas meteóricas, formando uma caverna subaquática e posteriormente estabeleci-do o rio subterrâneo João Rodrigues, formando um gigantesco lago subterrâneo.

O Rio João Rodrigues interliga outros dois grandes atrativos do município, o Sumidouro, onde ocorre um fenômeno denominado ‘Sifão’, no qual o nível de água sobe e desce a cada cin-co minutos, e o Lago do Cruzeiro, maior lago subterrâneo do Brasil, localizado no Buraco do Inferno.

Estima-se que as formações rochosas que ori-ginaram as cavernas da região tenham mais de 700 milhões de anos. A magnitude e perfeição da natureza fazem de São Desidério uma terra aben-çoada que guarda mistérios e fascínios nas grutas encravadas em todo o território, são mais de 150 já catalogadas. Mas, foi a gruta do Catão que mar-cou a vida de Erasmo, aquele do início desta ma-téria, lembra? E são os passeios turísticos na gruta que o ajudam a incrementar a renda mensal. Há 30 anos morando no povoado de Sucupira, ofe-rece em sua Fazenda, aos turistas que voltam da visita à caverna, iguarias regionais como o pirão de galinha caipira. “A melhor coisa que fi zeram foi transformar aquela área em uma unidade de conservação. Lá é lindo demais. No Oeste não tem nada igual, vem muita gente de fora e nós aproveitamos para complementar o passeio com o pirão de galinha”, confi rma.

!Para conhecer o Parque da Lagoa Azul, os interessados devem procurar guias no Centro de Apoio ao Turista, em São Desidério. Informações: (77) 3623.2046

Visitação

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A hora mais gostosa do seu dia está de volta. A partir das 18h, a choperia Saint Louis espera você para tomar aquele chopp gelado, acompanhado de um cardápio de deliciosos petiscos e tira-

gostos. Além da choperia, o Saint Louis dispõe ainda de um restaurante que serve diariamente café da manhã, almoço e jantar e, aos sábados, uma tradicional feijoada com caipirinha em dobro. No cardápio, saladas, massas, aves, carnes, peixes e frutos do mar que podem ser combinados a

vinhos nacionais e importados, além de aperitivos, licores e outros acompanhamentos.Uma delícia de encher os olhos e atiçar o apetite. É importante lembrar que o restaurante e a

choperia são abertos ao público em geral.

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Happy Houré no Saint Louis!

HOTELARIA EHOTELARIA E

GASTRONOMIA

GASTRONOMIA

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HOTEL SAINT LOUIS - Rua JK, 1000, Jardim Paraíso - Luís Eduardo Magalhães (BA)Tel.: (77) 3628.7777 // www.hotelsaintlouis.com.br

Em um prédio de sete andares, o Saint Louis possui a capacidade de receber até 304 hóspedes. São 76 flats e suítes luxuosas, além de internet wireless, uma sala de

eventos, três salas de reuniões, dois elevadores panorâmicos e um amplo e estruturado auditório. Tudo isso com uma equipe composta por 52 profissionais qualificados.

Temos orgulho de ser o maior hotel da região Oeste, com a melhor estrutura e com capacidade de oferecer serviços diversos, sempre seguindo as mais importantes

exigências do segmento de hotelaria. Prezamos, em primeiro lugar, pela satisfação do nosso hóspede e dos nossos clientes que buscam os demais

serviços, como o nosso restaurante e a choperiaDIEGO LAUCK MARIANO, gerente do Saint Louis

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90 MAI/2012

Tizziana [email protected]

GELO,LIMÃOEAÇÚCAR

12 ANOS DE MASSOTERAPIA

Decoração rústica: muitos girassóis – plantados pelos noivos - e sintonia entre as

cores. Assim foi o casamento de Marceli Brites, biomédica,

e Daniel Cassiano Motta Schwengber, empresário,

que se casaram no dia 12 de maio, ao pôr do sol.

A cerimônia religiosa e a recepção foram realizadas no

campo, aproveitando bem a natureza, que exibe em cada detalhe grande romantismo.

Marceli, ousada, abusadamente linda, estava deslumbrante em

um tomara-que-caia exclusivo, confeccionado por Neiva, e o noivo vestia um terno branco.

O toque de cor “amarelo” fi cou por conta do buquê de lindas

tulipas – divino!

AMARELO PRA QUE TE QUERO!

Diretamentedo TexasO simpatissíssimo casal Suzana Schwengber Espinoza e Louie Espinoza chegou à cidade no dia 4 de maio para o casamento de Marceli e Daniel. Após o casamento eles viajaram para o Rio de Janeiro, juntamente com Maria Schwengber, mãe de Suzana, e Jane, amiga do casal, que vieram conhecer o Brasil.

No currículo mais de 10 cursos. Neli Mangini iniciou seu conhecimento em terapia corporal há 12 anos através da busca pessoal pelo autoconhecimento. Ela está na cidade há 26 anos e trabalha com massagem relaxante; emocional; drenagem linfática pré e pós-operatória; estética; limpeza de pele, entre outros. Sua primeira cliente foi Beatriz Casali. “Agradeço as pessoas que confi am no meu trabalho”, disse Neli.

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Menina mulherFilha Terezinha e Dirceu Cappellesso, mulher de Hernanee

Borges, Luana esbanja simpatia e beleza! Aos 18 anos, modelo fotográfi ca, cursa Ciências Contábeis na Faahf, e tem toda uma

carreira pela frente! “Eu me descubro todosos dias e sou apaixonada por tudo que faço.

Tenho uma genética muito boa, como de tudo.Já em relação aos cuidados com a

pele uso e abuso de cosméticos.Meu sonho é ser mãe”,

disse Luana. Ela fez o ensaiono Studio55.

Me caiu osbutiá do bolso!

A nova moda promete enlouquecer as mulheres! São as unhas polvilhadas com bolinhas decorativas. Chamadas de pérolas de “caviar”. Elas ganharam esse nome pelo efeito das pequenas esferas sobre as unhas, que realmente nos fazem lembrar o prato sofi sticado. Você pode até se espantar ou não gostar, devido a presença das bolinhas nas unhas. Mas logo se acostumará ao visual e também irá aderir às unhas caviar. Ouvi ru-mores que a loja Sephora começou a vender o kit das unhas Caviar em abril. Ciaté é a marca das “unhas caviar”. Os esmaltes estão sendo vendidos em 3 versões diferentes, o preto básico, o branco e o coloridinho que parece um monte de docinhos!

Corpo escultural, pele fi rme, sem rugas, cabelo longo e um sorriso sempre aberto. Monalesse aguça a curiosidade das mulheres, que se perguntam: “Como você consegue?”. Não existe milagre, e sim dedicação e disciplina. Monalesse Feitosa Maciel de Almeida, 35 anos, inspira-se em boa música e vive cada segundo intensamente, com personalidade forte, não vive sem uma boa massagem. “Treino de segunda a sexta, na academia Chute-box e na Copore sano. Hoje como de tudo. Meu hobby e passear com o marido e fi lho”, diz Mona.

O SEGREDO DEMONALESSE

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1 André Luis e Zezé Campos; 2 Deise e Carlinhos Pierozan; 3 Cattere Reges, Thiara Reges e Lidiane Macedo; 4 Renata Mafra, Carol Pondé e Helena Avanzo; 5 Aline, Cris e Marcela; 6 Brigida e Amarildo; 7 Danilo e Célia; 8 Erivelton e Joelita; 9 Renata Vitório e Rafael Schimidt; 10 Viviane e Taciana; 11 Ronei, Luciane e Lukas Villas-Boas; 12 Turma do curso de Comunicação Social da FASB.

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COLABORAÇÃO: TIZZIANA OLIVEIRA, ROSA TUNES E MARCOS ATHAYDE

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1 Rose, Ianê e Adriana; 2 Mariana, Gilvan,a Ianê e Vera ; 3 Fânia e Ianê; 4 Néia, Simone, Laleska, Thaís, Bia, Luciana, Claudinha e Ianê; 5 Roberta, Carla e Ianê; 6 Jeane, Marcio e Vitória; 7 Fátima, Kelly, Cíntia, Marcele, Aline, Nadin, Suzana, Mariely, Sandra e Diva; 8 Karine e Pepe; 9 Alan e Flávia; 10 Evah e Stephanie; 11 Patrycia, Thainara, Tiriago e Felipe; 12 Carol, Loiva, Gilvete e Giovana; 13 Brites e Judite; 14 Lourenço e Fátima; 15 Daniel e Maria; 16 Suelen e Cristiano; 17 Gustavo e Edilaine; 18 Adriano e Cíntia; 19 Ana Paula, Rosenei e Inácio; 20 Fanuel e Nadin; 21 João e Tânia; 22 Carolina, Emanuela, Elinir, Ariela e Aline; 23 Vanderli e Ieda; 24 Pamela, Débora, Michelle, Fábio e Fly; 25 Mariana, Paulo, Maiara e Gabriel; 26 Douglas e Ana Karolina; 27 Fausta e Marcone; 28 Pedro e Diva; 29 Martin e Mariely; 30 Luziene, Iza e Lucas; 31 Kayara; 32 Gleicya, Iza e Núbia; 33 Cássia e Marcelo; 34 Lito e Vera; 35 Fellipo e Marta.

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1 José Giongo e Rita; 2 Rodrigo Rocha e Jackeline Bispo; 3 Italo e Juliana; 4 Nildo, Dione, Lidiane, Luiz, Nete, Ludimila, Marcio, Marleide e Roge; 5 Priscila e Carla; 6 Lu e Fátima; 7 Suanny, Vanessa, Jaquelyne, Edna e Valquiria; 8 Regiane, Luciene e Carla; 9 Cordeiro; 10 Kézia, Frederico e Keila; 11 Paulo, Marisa Queiroz, Hélio Passos, Diogo, Nonato, Adailton, Cicero Félix e Luciano; 12 Érica e Ricardo Barata; 13 Adalberto, Ricardo e Zé Maria; 14 Paulo Baqueiro e Dicíola; 15 Elisangela e Dr. Renato Machado

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O estilo e a so� sticação da marca líderno mercado brasileiro em alta decoração

chegou em Luís Eduardo Magalhães.

DesignCenterMÓVEIS E DECORAÇÃO

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Luís Eduardo Magalhães (BA)Rua Rondônia, 270 - Centro

Luís Eduardo Magalhães (BA)Rua Rondônia, 270 - Centro

Luís Eduardo Magalhães (BA)

(em frente ao Marmitex Vitória)

Barreiras (BA)BR-242, Km 001- Tel.: (77) 3612.4140

(saída para salvador)