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Junho / 2012 - Edição 57
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UIVO TAMAR
ENTREVISTA | SÉRGIO GABRIELLI
O doutor em Economia e atual secretário de Planejamento do Estado da Bahia, Sérgio Gabrielli, discorre nesta entrevista sobre al-‐
Conferência das Nações Unidas so-‐bre Desenvolvimento Sustentável.
é a chave para a inclusão social e o crescimento seguro da economia mundial.
Bahia Norte – Secretário, para início de conversa, qual a sua percepção de sus-‐tentabilidade e desenvolvimento?Sérgio Gabrielli – O mundo está vivendo um processo de desenvolvimento puxado pelos países emergentes; Isso tem ocor-‐
-‐
evidente. O crescimento mundial depende hoje de países como a China, Índia, Brasil,
e Japão que estão com a economia estag-‐nada. Há uma mudança no crescimento mundial. O problema agora tem outra
emergentes: existem graus diferentes no processo de inclusão social de populações marginalizadas, pobres, seja do ponto de vista espacial e social. O Brasil é um exem-‐plo disso com milhões de pessoas saídas
do espaço de crescimento, com inclusão maior da população de baixa renda, o que
‘Sem energia não tem crescimento’
coloca no centro das discussões a questão
um aumento no consumo de energia, per capita dos que entram na economia mais urbanizada. Por outro lado, a questão
sustentabilidade do planeta. Combinar uso mais intensivo de energia com a ne-‐cessidade de diminuir emissão de gases e
desse novo momento.BN – Qual o ponto básico de discussões nesse momento de Rio+20, então?SG – relação ao que fazer com o resíduo, a po-‐
mais fortemente ambiental, verde, sobre -‐
ia dominante na época do estado mínimo.
responsável pela regulamentação. Nesse contexto, coloca-‐se em confronto países
emergentes de um lado e os responsáveis pelo estoque de gases de efeito estufa e produção de carbono. Hoje, o principal debate é o do crescimento econômico
-‐clusão social.BN – Há uma mudança de paradigma com relação ao lucro?SG – Não, o grande paradigma do mo-‐mento é que empresas e agentes sociais não podem se preocupar apenas com o lucro, mas analisar que não tem como funcionar sem responsabilidade corpora-‐
com meio ambiente, trabalhadores, for-‐necedores, clientes. Consequentemente, essa realidade exige das empresas e dos governos uma nova postura, consciência e sustentabilidade maiores. A economia
-‐cia, economia verde, crédito de carbono, lucro com sustentabilidade.
...‘o grande
paradigma do
momento é que
empresas e
agentes sociais
não podem
se preocupar
apenas com o
lucro’...
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UIVO ASCOM
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PUBLICAÇÃO DE PROPRIEDADE DA RELEASE PRODUÇÕES
Lauro de Freitas | Bahia
ADMINISTRATIVOMaria Saavedra
COMERCIAL71 3288-‐2101 | 71 8874-‐090971 8799-‐9890 | 71 8264-‐8107
EDITOR RESPONSÁVEL Raimundo Rocha -‐ DRT 1089
DIRETOR DE ARTEManoel Ramos
PRODUÇÃOHugo Rocha
ENTREVISTA | SÉRGIO GABRIELLI
BN – E como manter o desenvolvimento e
SG – Resíduo limpo é outro problema. Se pensarmos a inclusão social que ac-‐
da escuridão, mesmo com a aceleração do consumo. São pessoas que agora têm
-‐dade trouxe uma transformação radical na vida dessa gente; provocou a compra
rádios, 1 milhão de ferros de passar. É uma demanda extraordinária. Isso é inclusão social com geração de renda. O aumento
planejamento urbano, teríamos menos engarrafamentos. O problema é o uso dos recursos.BN – A limpeza da produção deixa de ser
SG – A discussão hoje é em torno da
tempo nos engarrafamentos, reduz o con-‐
se usar pneu adequado calibrado, cai
construção civil, torna menos necessários condicionadores de ar. Tudo passa hoje
BN – O efeito estufa e outras ações do homem danosas ao meio ambiente já não estão mais no centro dos debates?SG – sistemas são perdidos em vazamentos nos países desenvolvidos. Por que temos esse problema? Há uma desestruturação nos sistemas de fornecimento de água. Nos
e o volume de perda é gigantesco. O con-‐
responsabilidade, mas o maior problema de desperdício acontece antes de a água
BN – E quais discussões devem polarizar a Rio+20?SG – -‐
duzida no mundo hoje, mais solar, ge-‐otermal e ondas não representam juntas
dizer, não vão resolver imediatamente o problema de energia, portanto, deve-‐se
BN – Então, esse é o novo paradigma?
SG – é gerada pela queima de lenha. Em todo
renováveis. A lenha também é renovável, mas esse é outro problema. A Bahia tem
onde os ventos são estáveis. A geração -‐
mento como , fábrica de pás, aerogera-‐dores, etc . Outro elemento importante
de sustentabilidade. Devem ser pensadas
-‐vas de indústrias que vão contribuir para diminuição do efeito estufa, como o plás-‐
do cacau.BN – A energia vai ser elemento priori-‐tário da economia verde no estado?
SG – Sem energia não tem crescimento. No caso da economia verde, tomando
brasileira que pressupõe licitação e vol-‐ume mínimo de capital.BN – O que o ex-‐presidente da Petrobras traz de mais importante para o Plane-‐jamento da Bahia?SG – Tive a experiência de gestão em 9 anos na direção da Petrobras e a proposta é fazer as coisas acontecerem sem muita mágica. Temos que viabilizar o crescimento. Não mudei ninguém, estou tocando projetos, e a proposta é fazer as interfaces necessárias para a máquina funcionar. O Governo precisa se planejar, mas também precisa de respostas ime-‐diatas, como para o problema da seca. Outros pontos são estruturantes, como as propostas para o setor viário em salvador, porto sul, Hidrovia São Francisco e a ponte Salvador-‐Itaparica.BN – Salvador é a terceira cidade do país
SG – A Seplan tem papel importante para
a responsabilidade sobre a construção. Não existe possibilidade hoje de funciona-‐mento antes da Copa do Mundo.BN – E como a cidade vai se preparar?SG – -‐
como uma gravidez, não dá para antecipar o tempo necessário para que a segunda
BN – Tem como estimular o setor da economia verde?SG – Economia verde é conceito compli-‐cado. Se considerar baixa produção de carbono, ela vai ocorrer se você alterar a composição dos produtos e mudar proces-‐
-‐tadas, levam em conta lucro e um conjunto
‘Não existe
possibilidade
hoje de
funcionamento
antes da Copa
do Mundo...
O metrô só
estará na fase
SUSTENTABILIDADE | TAMAR
-‐sentantes de quase todos os países do mundo decidiam quais medidas tomar para diminuir a degradação ambiental e garantir a existência de outras gera-‐ções. O Tamar acompanhou o encontro
que reuniu mais chefes de Estado em torno de um tema ambiental. Um stand com informações sobre mais de dez anos de estudos e ações de proteção
áreas de desova do Brasil abrigou, nos
do Projeto.A coordenadora técnica nacional,
Tamar, já que a proteção de ninhos e fême-‐
as estava garantida nas áreas prioritárias e mantidas as rotinas de campo. Naquela época, as iniciativas de conservação e es-‐tudos na água eram praticamente nulas, ou oportunistas. O grande desafio era ir para o mar, onde as tartarugas marinhas passam a maior parte do seu complexo ciclo de vida.
Introduzia-‐se no mundo o conceito de desenvolvimento sustentável, modelo de crescimento econômico mais adequado
-‐mista, quando o Tamar criava suas bases
importantes áreas de alimentação para as tartarugas marinhas, onde o registro de captura incidental por pescarias costeiras era alto.
No princípio era o verbo -‐ Foi pedindo informações para saber se existiam tarta-‐rugas marinhas nas localidades, no come-‐
entre os pesquisadores e os membros das comunidades nas três primeiras bases do Tamar instaladas em áreas prioritárias de
que das sete espécies existentes no mun-‐do, cinco ocorriam no Brasil: Cabeçuda
-‐
Conhecidas pela grande capacidade
duração, as tartarugas ainda hoje são um mistério para pesquisadores do mundo
Tamar + 30 anos pela
conservação das tartarugas
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SUSTENTABILIDADE | TAMAR
inteiro. Por meio de convênios e protoco-‐los de cooperação técnico-‐científicos com universidades brasileiras e estrangeiras, o Tamar desenvolve programas prioritá-‐rios para conhecer melhor a vida desses
uma plataforma de dados padronizados e atualizados constantemente que integra diferentes bases do Projeto, facilita-‐se a análise para avaliação das rotinas de conservação adotadas pelo Tamar.
Estudos na terra e no mar -‐ Nas áreas de reprodução, as praias de desova são monitoradas todas as noites durante os meses de setembro a março, no continen-‐te, e de janeiro a junho, nas ilhas oceâni-‐cas, por pescadores contratados pelo Ta-‐mar, os tartarugueiros, além de estagiários e executores das bases. O patrulhamento noturno é realizado para encontrar fême-‐as em ato de postura, observar o com-‐portamento do animal durante a desova, registrar dados morfométricos e coletar
genética. Os pesquisadores monitoram
transferem alguns, encontrados em áreas de risco, para locais mais seguros na mes-‐ma praia ou para cercados de incubação, nas bases.
A cada temporada, são protegidos, em
filhotes. Com a continuidade dos esforços de educação ambiental e o envolvimento comunitário, a disponibilidade de recursos e o monitoramento efetivo das praias,
dos ninhos no local original. Apenas são transferidos aqueles que correm risco de predação humana ou animal, ação da maré, ou foram construídos em áreas urbanizadas.
Nas áreas de alimentação, o monito-‐ramento é quase todo realizado no mar,
-‐ras, com os pesquisadores embarcados. Nas ilhas oceânicas, como em Fernando
-‐zado o programa de captura, marcação e recaptura, através de mergulho livre ou
Nacional para Redução da Captura Inci-‐dental das Tartarugas Marinhas na Pesca com o objetivo de diminuir a incidência
Pesquisa Aplicada
e períodos de retornos e remigrações nas temporadas reprodutivas
desses animais capturados e mortos pelas atividades pesqueiras. Os pescadores são orientados a salvar as tartarugas que ficam presas nas redes de emalhe ou de espera, cercos, currais e outras modalidades de pesca. A partir de estudos focados nas diferentes pescarias que interagem com as tartarugas, várias medidas mitigadoras já estão sendo implantadas para minimizar a mortalidade dos animais.
A pesquisa aplicada nas áreas de de-‐sova e de alimentação amplia o conheci-‐mento sobre as populações de tartarugas marinhas. Os estudos são apresentados em congressos nacionais e internacionais,
-‐ficos e artigos são publicados no Brasil e no exterior.
Guy e Neca
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As comunidades e a consolidação do ciclo
sócio-‐produtivoOs pesquisadores do Tamar compreen-‐
deram, desde a época dos levantamentos de áreas de desova, que para proteger as tartarugas marinhas e seu habitat, era necessário primeiro cuidar das pessoas, beneficiando-‐as com ações de inserção social para reduzir a pressão humana sobre os ecossistemas e as espécies. Por isso, a conciliação entre conservação e geração de alternativas econômicas sus-‐tentáveis é uma das principais marcas do Projeto. As ações promovem a melhoria do padrão de vida por meio de programas de capacitação profissional e geração de emprego e renda. Atualmente, a maioria das pessoas que trabalham diretamente no Tamar é de pescadores e moradores dos vilarejos.
Ações de Inserção Social
socioambientais-‐
ças e jovens
educação ambiental-‐
nalização para mulheres e jovens
popular de cada região
As primeiras camisetas com a tartaru-‐ga marinha como tema foram criadas e
e distribuídas como brinde de fim de ano
continuam sendo uma das suas principais
promover capacitação, profissionalização e geração de emprego para as comunida-‐des, especialmente para mulheres e filhas de pescadores, melhorando a renda das
Desafios para o futuro
tartaruga marinha leva para atingir a idade adulta, o Tamar venceu a batalha inicial ao proteger a primeira geração nascida sob seus cuidados. Esse período representa apenas uma geração; todas as espécies que ocor-‐rem no Brasil continuam ameaçadas de extinção, mesmo em diferentes estágios de risco. Os desafios para os
das gerações seguintes, que terão que adequar o trabalho de conserva-‐
ameaçado.
famílias. Mais tarde, tornaram-‐se também fonte de recursos para a sustentação das atividades de conservação. As duas envol-‐vem, diretamente, moradores das comu-‐
em malha de algodão, além das coleções anuais de moda masculina, feminina, in-‐
Os resíduos de tecidos são distribuídos a grupos produtivos de mulheres das comu-‐nidades, artesãs de objetos com motivos
-‐-‐produtivo se estabeleceu:
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SUSTENTABILIDADE | TAMAR
-‐dutivo, como Petrobras, Bradesco e OAS Empreendimentos. Conta também com os convênios e apoios regionais de governos estaduais e prefeituras, empresas e agências financiadoras nacionais e internacionais.
O projeto mantém ainda um programa de autossustentação, cuja meta é buscar os recursos necessários para aprimorar cada vez mais o trabalho de conservação das tartarugas marinhas. Com esse intuito, gera receita por meio da venda de ingressos, produtos e serviços, nos Centros de Visitantes e lojas. Conta com a participação e o apoio da sociedade civil, que compra ingressos, camisetas e produtos que ajudam a gerar recursos e oportunidades de trabalho para as comunidades, e além de tudo, colabora com a divulgação da mensagem conservacionista.
Como explica a coordenadora técnica nacional do Projeto, o compromisso de assegurar a sustentabilidade do ambiente marinho e costeiro é essencial para a per-‐petuação das tartarugas. Segundo Neca Marcovaldi, é preciso proteger o mar com ações efetivas e medidas a longo prazo. “É necessário manter o que funciona e priorizar ainda mais o que é fundamental: criar novas unidades de conservação e for-‐talecer as que já existem, adotar medidas concretas para a ocupação ordenada do litoral brasileiro, aprovar e aplicar efetiva-‐mente leis e mecanismos de fiscalização para o uso sustentável dos recursos ma-‐rinhos”, acredita.
a Conservação das Tartarugas Marinhas aprovado pelo Instituto Chico Mendes para a Conservação da Biodiversidade
-‐
Plano de Ação Nacional – Metas
pescaria que interagem com as tartaru-‐gas marinhas;
mortalidade de tartarugas marinhas nas atividades pesqueiras;
gestão e ordenamento pesqueiro, na-‐cionais e internacionais, do tema captu-‐ras incidentais pelas principais pescarias que interagem com as tartarugas;
reprodução;-‐
to das principais áreas de alimentação;
causados pela atividade humana nas principais áreas de ocorrência das tar-‐tarugas marinhas;
poluição.
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MEIO AMBIENTE | PRESERVAÇÃO
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As pegadas do homem sobre a face do planeta, numa busca frenética pela con-‐
semelhantes, já não podem ser apagadas pelas forças da natureza. Pelo menos não em curto prazo, tendo o tempo da huma-‐nidade como referência. A sobrevivência da espécie, e de tantas outras, depende da mudança profunda da ideologia de produção e no conceito de desenvolvi-‐mento humano. Dentre tantos problemas ambientais, talvez o mais sentido seja o da escassez da água doce em condições adequadas para a vida. Enquanto países
-‐res na recuperação de rios, o Brasil ainda continua destruindo os seus mananciais.
superfície do planeta, nos aquíferos,
nos seres vivos. Sem ela, a vida não exis-‐tiria. Metade das doenças nos países em desenvolvimento é causada pela falta ou
e a demanda mundial pela água doce se
As artérias da terraComo anda a saúde dos nossos rios?
consome, a agricultura deve crescer entre
deverá ultrapassar 8 bilhões de pessoas -‐
to precisa beber apenas 4 litros por dia,
para produzir seu alimento. De acordo com o International Water Management
-‐lação mundial ou 1,8 bilhão de pessoas viverão em absoluta falta de água no ano
milhões de exilados.O brasileiro, talvez por viver no país
que desfruta da maior reserva de água
com o desperdício. Calcula-‐se que, em média, cada habitante gaste cinco vezes mais água do que o volume indicado como suficiente pela Organização Mundial da
lado, o nordestino vive a maior seca em quase meio século, que já destruiu mais
da Bahia, matou criações e expulsou os
pequenos produtores das suas terras. Os retirantes aventuram-‐se nas cidades gran-‐des, movidos pelo resto da esperança que não desbotou. Os subúrbios inflam em bolsões de miséria. Assim, mesmo sem a devida percepção, a falta d´água do sertão ajuda a desenhar as feições mais sombrias da cidade grande.
Biologicamente, os rios funcionam como as artérias da terra. Sua morte re-‐presentará o fim de ecossistemas inteiros e até o comprometimento de abasteci-‐mento de cidades. Por ser a fonte mais importante para a manutenção da vida nos continentes, a Revista Bahia Norte desbravou os principais rios do Litoral Norte da Bahia para conhecer in loco a
Mangue Seco, em Jandaíra, até a divisa de Lauro de Freitas com Salvador. Na região, desembocam as bacias hidrográficas dos
Pojuca, Imbassaí, Sauípe, Subaúma, Ita-‐picuru, Real e Inhambupe.
Dentre os principais rios, destacam-‐se
o longo de um ano a Revista Bahia Norte
desbravou os rios da região para saber o
estado de preservação dos mesmos...
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MEIO AMBIENTE | PRESERVAÇÃO
o Joanes, pela importância econômica, já que é responsável pela maior parte do abastecimento da Região Metropolitana de Salvador; o Jacuípe e o Pojuca, pelo potencial turístico e por gozar ainda de boas condições; e o Sauípe, pela contra-‐dição de ser uma manancial que, apesar de estar ao lado do complexo hoteleiro da Costa do Sauípe, se encontra em processo avançado de degradação. Juntos, eles traduzem as condições da maioria dos rios brasileiros.
Joanes -‐ Quando Glauber Rocha filmou seu primeiro longa-‐metragem, Barlavento, em 1961, na praia de Bura-‐quinho, o rio Joanes refletia frondosas árvores em suas águas cristalinas. A vegetação era densa em quase todo seu entorno, protegendo-‐o do assoreamento. As comunidades ribeirinhas viviam com fartura de peixes e mariscos e desfrutavam de paradisíacas praias de água doce. O pescador mais velho de Portão, Teodoro
fartura. “Tinha muito camarão, canivete, sururu, peguari, linguarudo, lambreta, ca-‐ranguejo. Buraquinho era um viveiro. Era cada um peixe! Ganhamum, eu escolhia o que eu ia pegar. Enchíamos um, dois
os graúdos”.As principais nascentes do rio Joanes
estão situadas em São Francisco do Conde e em São Sebastião do Passé. Atravessa
também os municípios de Candeias, Dias D´Ávila, Simões Filho, desaguando no Oceano Atlântico entre Camaçari e Lauro
de extensão linear. A bacia do Joanes tem duas represas. A captação em “Joanes I” leva água, através de duas adutoras para
do parque da Bolandeira, na Boca do Rio. A captação da barragem de “Joanes II”
e a ETA principal, localizada em Candeias,
de Salvador e Região Metropolitana. A barragem “Joanes II” também contribui como reforço para aumento do volume de água da “Joanes I“.
Para o presidente da Colônia de Pescadores de Buraquinho, Jonas Tomaz dos Santos, mais conhecido como Touro, sem o tratamento dos afluentes o rio Joanes não terá salvação. De acordo com o engenheiro sanitarista técnico da Se-‐cretaria de Meio Ambiente de Lauro de
que afeta Lauro de Freitas provêm do rio Ipitanga, “e apenas dois por cento tem suas origens nas margens ribeirinhas do Joanes, incluindo sítios e fazendas”. Percebe-‐se, porém, que por quase toda sua extensão, há tubulações apontando para o rio, algumas lançando dejetos ininterruptamente, mesmo em tempo de estio. O esgoto comum das residências muitas vezes é ligado clandestinamente ao sistema de escoamento pluvial, indo inevitavelmente parar no rio.
Segundo Touro, a água hoje escura e lamacenta era azul-‐cristalina. “Tinha lugar que, com seis metros de profundidade,
confirma: “De cima do barco você via os peixes, os siris. Hoje quando dá uma chuva a praia fica cheia de peixes mortos”. Mui-‐tas comunidades ribeirinhas ainda depen-‐dem dos frutos que o Joanes oferece para sobreviver. O pescador George dos Santos,
da Via Parafuso para vender o que pesca no rio: “Tilápia, traíra, tucunaré, pescada branca”. Segundo ele, em Prainha, mes-‐
limpa, “não tem poluição nenhuma”. A comunidade fica localizada entre as duas barragens do rio Joanes.
O Sistema de Esgotamento Sanitário
beneficiará, segundo o estudo da prefei-‐
de condomínios, síndicos, empresários, pescadores e representantes do poder público dos municípios de Camaçari e Lauro de Freitas, estão se mobilizando para salvar o rio Joanes. Sob o lema “uma corrente para salvar o Joanes”, a
a preocupação coletiva com a condição crítica em que o rio chegou.
Jacuípe -‐ O encontro do rio Jacuípe com o mar, apesar de todas as alterações provocadas pela especulação imobiliária na região, ainda forma um dos cená-‐rios mais belos do litoral norte baiano. Volumoso e manso, é “cobiçado” pelos praticantes de diversos esportes aquáti-‐
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se contentam com o banho tranquilo, normalmente em família, e com a paz
O rio Jacuípe nasce em Conceição de Jacuípe e atravessa os municípios de Amélia Rodrigues, Terra Nova, São Se-‐
rastejando por 141 quilômetros até en-‐contrar o mar. Seus principais afluentes são: Capivara Grande, Capivara Pequeno, Jacumirim, Imbassaí, Camaçari, Samburá, das Pedras e Bebedouro. Sua vazão média
Em seu estuário, a margem esquerda é a mais movimentada, com seus bares e barracas de praia. Na outra, que pertence
e o mar, apenas a natureza. Ângelo Paulo do Nascimento, mais conhecido como “Lizu da Canoa“, ou simplesmente Seu
viagem com apenas um remo e a força
no Jacuípe e, ainda hoje, não passa um dia longe das águas que conhece com bastante profundidade.
Como todo pescador antigo do Litoral Norte, Ângelo do Nascimento conheceu a
fartura. “A gente escolhia o que ia pegar. Era tanto siri que a gente não tinha onde pisar, e era tanto peixe que não se tinha como vender. Precisávamos sair para vender em Mata de São João, Dias Dávi-‐la”. Na foz do Jacuípe havia um mangue
jacarés, capivaras e lontras. Além dos peixes como robalo, mero e curimã, havia caranguejo, siri, camarão, guaiamu: tudo em abundância. A praia era igualmente dadivosa.
Apesar do crescimento urbano, que inclui grandes condomínios, a quantidade de visitantes diminuiu progressivamente. “De primeiro eram três canoas para a travessia, e mesmo assim fazia fila”. Até
-‐ranistas de localidades como Guarajuba, Arembepe, Aldeia do Jacuípe e Canto do Sol trocarem eventualmente suas praias pelo sossego das margens do Jacuípe. “As pessoas procuram lugares que não tenham poluição” -‐ explica Lizu.
Segundo ele, que acompanhou as mu-‐
é o mesmo de praticamente todos os mananciais: a poluição. As causas também não são incomuns: dejetos lançados sem nenhum tratamento; afluentes contami-‐
nados; lixos abandonados por banhistas.
responsável por grande mortandade de
matou tantos peixes aqui que a gente nem
da Cetrel”.Toda a área do estuário estende-‐se por
relevo baixo, ampliando a ação do mar continente adentro. O volume da água salgada no contínuo ritmo das marés aju-‐da a diluir parte da poluição que é jogada ao rio. Foram poucos os momentos, em
onde se presenciou a ação danosa do ser humano. Na localidade de Barra do Jacuípe há uma concentração de píeres, casas e muros na margem esquerda do rio. Pouco acima, porém, o mangue se fecha novamente. Com as margens protegidas, o rio se aprofunda.
Rio acima, o mangue segue exuberan-‐te nas duas margens. Surgem as árvores
grande porte, como patos e gaviões, completam a paisagem. O pescador Ezequiel Dias Soares, 69 anos, morador de Barra do Jacuípe, prefere subir o rio
-‐dade de Tocobira para encontrar os siris do seu sustento. Para ele, o rio mudou, mas ainda encontra-‐se preservado: “Não tá igual, mas não tá de todo fracassado”. Os dias de fartura, segundo ele, vão muito
Atualmente, Soares pesca para subsistên-‐cia. “Se sobrar uma, duas cordas, a gente já faz um trocado”.
Já para o morador do Monte Gordo que se identificou apenas como Paulo e
o rio encontra-‐se num processo avançado de degradação. De acordo com ele, a prin-‐cipal causa é a barragem de Santa Helena,
em 1999. “Esse rio aqui antigamente era rico de tudo: peixe, pitu, siri, camarão. Mas de um tempo pra cá enfraqueceu. Tem lugar aí que tá quase aterrado. Depois que fechou ficou ruim. O marisco ficou todo lá”. Ao redor do lago de Santa Helena,
há desmatamento, extração de areia e lançamento de esgoto.
Entre as principais queixas dos pes-‐cadores do Jacuípe está a questão dos veículos. “Antigamente era melhor porque não tinha esse movimento, essas lanchas” -‐ criticou Ezequiel Soares. Seu Lizu foi ví-‐
minha canoa e quase matou meus dois filhos. Um caiu na água desmaiado”. Ele se queixa da falta de respeito e de fiscali-‐zação: “Se falar eles vêm pra cima. Acho uma coisa por demais. Não posso nem ter minha canoa. Se eu pudesse sair daqui... Mas pra onde eu vou depois de velho?”.
Pojuca -‐ Rasga seu denso leito em pedras rijas, desenhando, em traços impressionistas, cascatas fervilhantes. As águas ligeiras, sublimando-‐se em es-‐
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pumas, refletem o sol, brilhando como o verde perene das copas luminosas. Depois se recompõe e segue serenamente. Inun-‐da-‐se das sombras de frondosas árvores e ganha corpo mais adiante. Aos poucos, a penumbra se dissipa e as entranhas do mangue vão lapidando suas margens. En-‐fim alcança o mar, muito mais corpulento e com a serenidade de quem cumpre seu caminho.
Subindo a colina de Tatuapara, em
Casa da Torre: castelo cujas ruínas re-‐presentam a sede do que já foi o maior latifúndio de todos os tempos. Em sua margem, foi implantado um estaleiro e uma das mais antigas fábricas do Brasil. Construída pelos Ávilas, tinha a função
degradação parecem não ter afetado o rio.
Estrada do Coco, o cenário era de perfeita harmonia. A natureza recomposta impe-‐rava soberana. Faziam falta no cenário os índios. Assim como eles, muitas espécies endêmicas desapareceram por completo. Mas o que se apresentava era, pratica-‐mente, o mesmo cenário encontrado pelo
Tatuapara. A mata atlântica encorpou-‐se, esquecida.
Condomínios de luxo contrastam com a fragilidade
das margens do rio Joanes. Os esgotos são
jogados diretamente no rio, absurdo...
A comunidade de Barra do Pojuca se manteve durante décadas com o extrativis-‐mo de subsistência do rio, principalmente na região do mangue. A mudança na vida dos moradores representou também a
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RAIM
UNDO ROCH
A
RAIM
UNDO ROCH
A
RAIM
UINDO ROCH
A
mudança do rio Pojuca. Com a chegada dos veranistas, a pesca deixou de ser de subsis-‐tência para ser uma exploração de cunho capitalista. Naquele mundo de farturas, poucos se preocupavam em preservar os peixes, os caranguejos, os siris. Não existia, obviamente, o medo da fome. Em época da “andada”, centenas de guaiamuns e caran-‐guejos entravam pelas casas, tomavam as veredas. Até as cobras, grandes como as sucuiús, eram sinônimos de comida.
Um dos mais velhos pescadores, Floro
com saudade os velhos tempos da far-‐tura. “Peixe ninguém vendia, se dava”. E lamenta a condição atual: “O Rio Pojuca era maravilhoso, hoje não é mais. Nem eu tomo banho nele”. Ele apontou a exis-‐tência de esgoto como um dos principais problemas. No início das mudanças, os moradores sonhavam com dias melhores. A construção da estrada, a chegada da modernidade com todo seu aparato de conforto. Mas, refletindo sobre as con-‐sequências desta euforia, Floro lamenta: ”antigamente faltava emprego, mas não havia movimento, e por isso a região era melhor para se viver. Quando se pescava,
casa, hoje dois quilos é fartura”. Atualmen-‐
“pra não ficar sem fazer nada”. Dono de um pequeno restaurante na
beira do rio, Werther Farias se revolta com a condição do mangue. “Quando eu che-‐
em casa. Hoje não se vê mais”. Ele apontou
da extinção de várias espécies, entre elas o caranguejo e vários tipos de siri. Assim como Floro, o pescador Antônio José Batista, 38 anos, acredita que o principal problema do rio é a poluição dos esgotos: “Tem dia que é uma fedentina que nin-‐guém aguenta” – protestou.
As belezas preservadas garantem que este é o rio menos agredido da região da Es-‐trada do Coco. Pescadores da região utilizam
para pescar. Não é um trabalho simples alcançar as embarcações. Elas são amar-‐radas no labirinto do mangue, sob folhas e troncos retorcidos. Uma vara, usada por um pescador que guia de pé, é o instrumento de propulsão. As margens do rio vestem-‐se de uma natureza nua. Parece intocada. Mas a degradação já vem de longe e a preservação depende da revitalização das suas margens, desde sua nascente.
A reserva Sapiranga é responsável
pela proteção de uma das suas margens, mas nada pode fazer contra os esgotos lançados sob a ponte da Estrada do Coco e nem se envolve com o que acontece na outra margem. O aspecto geral é de beleza sublime. Nada parece perturbar aquele ambiente. Pássaros de todas as cores surgem e somem nas mata. Sons das corredeiras, árvores escoradas em outras num rangido acolhedor, denso leito mar-‐chando volumoso. Diversos tipos de flores colorem aquela aquarela da vida. Apenas a catraia, que segue lentamente e tímida, foge sutilmente daquela harmonia. Um pouso mais acima, veem-‐se as águas fervi-‐lhando. Começam as belas corredeiras de onde a água salobra não passa. O terreno plano do estuário esbarra nas pedras que iniciam a subida continente adentro.
Entre as margens do estuário, que se
onde todo espaço é preenchido pelo forte verde da mata atlântica, exibe-‐se o grande potencial da região: o ecoturismo. É pos-‐sível a prática de rafting, pesca esportiva, canoagem e tirolesa. A reserva Sapiranga oferece estrutura com trilhas, centro com informações e guias.
Sauípe -‐ O rio Sauípe nasce ao sul da cidade de Entre Rios e percorre apro-‐
se encontrar com o mar, na localidade de
obras do Costa do Sauípe, os moradores de Vila Sauípe, no município de Mata de São João, passaram a evitar o uso da água e até tomar banho no leito que ou-‐trora fora cristalino. Paradoxalmente, é a
instalada em Vila Sauípe e que teria a finalidade de evitar a poluição do rio, que assusta os moradores.
Renildo de Paula Santos, residente da localidade e pescador, conta que o Sauípe era ponto de lazer: “nesse rio aqui todo mundo tomava banho, vinha gente de todo lugar”.
Na época da instalação da ETE, os mo-‐radores protestaram e acusaram o projeto
lagoas e contaminar o rio com vazamento de esgoto. O projeto original do Costa do Sauípe previa um sistema de tratamento em cada hotel, mas o Governo do Esta-‐do resolveu investir R$ 11,8 milhões na
comunidades de Canoas, Porto de Sauípe,
MEIO AMBIENTE | PRESERVAÇÃO
Vila Sauípe e Curralinho, sem, contudo, contentar. A poucos quilômetros da foz, uma enorme máquina retira incansavel-‐mente a água do rio. A mini “usina” per-‐
bomba que suga o rio e leva a água para os campos de golfe do empreendimento.
Em longos trechos, árvores erguem-‐se sombreando o rio e protegendo suas mar-‐
-‐-‐pescador ornamentam as paisagens. O proprietário da empresa de ecoturismo
noite, já vira ali duas espécies de jacaré: o papo-‐amarelo e o jacaretinga. O pescador Cosme Pires, com sua tarrafa, colhe no rio o sustento da família. Pesca como bom pescador, ele garante que ainda é possível
-‐los”. Mais a frente, dona Madalena Borges dos Santos Alves, artesã da piaçava, es-‐perava serenamente pelo puxão na vara: “peixe tem, mas não estão mordendo”.
Sauípe, o rio se abre em dois, formando uma ilha e revelando duas situações bas-‐tante distintas. O lado sul apresenta um rio corpulento, mais largo e mais profundo,
com água corrente e mangue aparente-‐mente preservado. Ao lado norte, passa um braço estreito, com casas que substi-‐tuem a vegetação do mangue e miram os
marisqueiras, já não é possível catar ostras no local, apelidado de Cocolândia, uma vez que muitas são encontradas “podres embaixo da lama”.
No artigo “Caracterização Fitossocio-‐
Entre Rios, Bahia” da mestre em ciências com ênfase em desenvolvimento e agri-‐cultura, Lídice Almeida Arlego Paraguassu
Michele Nascimento da Silva, o mangue-‐zal do Sauípe aparece como antigo, “por apresentar bosques com pouca densidade de árvores com grandes classes diamétri-‐cas”. E adverte: “O manguezal de Porto do Sauípe, por ser antigo, pode desaparecer
-‐cos observados”. Apesar disto, a maior parte do rio resiste resguardada. Sua foz representa uma das mais belas paisagens do Litoral Norte. A praia em que desem-‐boca é protegida por muralha de recifes, formando cenário único e deslumbrante.
COMUNIDADE | IMBASSAÍ
Imbassaí. Entre as atrações estão Mi-‐
Garota Safada. A programação inclui ainda, os desfiles dos blocos juninos, que já tradição no município.
Na Sede, no Espaço da Alegria, será montada uma super estrutura, com dois palcos, barracas de comidas e bebidas típicas, estacionamento e segurança. Em Praia do Forte o arraiá
ritmo do tradicional pé-‐de-‐serra. Os sons da sanfona, triângulo e zabumba vão dar o tom da festa na charmosa Praça da Música, em Imbassaí.
Saiba mais:www.matadesaojoao.ba.gov.br
Imbassaí tem
arrasta-pé do bom
16 | BAHIA NORTE
MODA | TENDÊNCIA
Lara Guedes
propostas sustentáveis, que estão cada vez mais comuns nas passarelas do mundo e do Brasil. Entre as marcas, podemos destacar a Natural Cotton Color, que há alguns anos já vem se preocupando com uma produção sustentável, as designers Elisa Paiva, Silvia Blumberg, Márcia Mor, a ONNG e os calçados Comparoni.
Este ano a Natural Cotton Color, além de usar os famosos algodões que já nas-‐cem naturalmente coloridos, evitando a poluição com processos de tintura, investiu em peças que não precisam ser passadas, diminuindo o gasto de energia.
Blumberg, lançou duas coleções, uma feita com resíduos de sucos de morango e ma-‐racujá, e outra com restos de caneta Bic.
As micro lâmpadas encontradas em -‐
gentes e colares da designer Elisa Paiva.
quais a matéria-‐prima usada era a concha
Sustentabilidadefashion
do escargot. Os calçados Comparoni, da Paraíba, apresentaram sapatos feitos com
A ONNG, do Mato Grosso, estreou nas passarelas com uma coleção de camisetas feitas a partir de garrafas PET. Foi um ver-‐
que estão cada vez mais viáveis e em alta em todo o mundo, se essa moda pega, o meio ambiente agradece.
18 | BAHIA NORTE
GASTRONOMIA | RESTAURANTE
A melhor pizza está
em Buraquinho
Para os amantes da pizza, o local ideal para se deliciar com uma autêntica italia-‐na, é a PizzArte. Realmente, é inigualável o sabor elaborado pelos pizzaiolos Jürgen
verdadeiros artesãos da pizza. Com seis meses de intensa atividade continua mantendo o mesmo padrão de qualidade inicial. A PizzArte disponibiliza mais dois serviços para melhor atender aos seus clientes. Um número de telefone celular
sempre atualizado e com novidades deli-‐
Fica logo ali na entrada de Buraquinho,
BAHIA NORTE | 19
É fato. Estamos trabalhando mais do que precisamos, mais do que nosso corpo e nossa mente podem suportar. No corre corre do dia, mal percebemos, mas estamos envelhecendo mais rápido, fatigando nosso físico e estressando nos-‐sa mente desnecessariamente. Imagino alguns concordando, mas, tristes por não saberem como mudar o ritmo frenético de trabalho, visto que existem tantas de-‐mandas. Outros por sua vez, podem ter torcido o nariz discordando inclusive do tema do artigo, por serem dependentes
-‐lic. Esses, não conseguem imaginar sua vida sem o trabalho em tempo integral. Vivem, respiram e pensam em trabalho o tempo todo.
Seja qual for o seu caso, é bom ter um tempinho para tomar algumas decisões importantes se você quer continuar a produzir de forma criativa e progressiva.
Pesquisas estão sendo realizadas no mundo inteiro devido ao grande núme-‐ro de colaboradores que estão sendo afastados de suas funções por estresse, empresários recebem o ultimato de seus médicos para terem alguns dias de licença se quiserem evitar um infarto ou a morte. Causas por estresse, síndromes de pânico, depressão ou por doenças do coração ou das emoções estão em alta. O baixo rendimento, a falta de engajamento, de motivação, o esquecimento, e a apatia, chama a atenção de pesquisadores, psi-‐
O crescimento que o homem vem alcançando através da valorização de suas potencialidades e talentos são grandes. Vamos avançar e realizar muito mais, quando deixarmos de negligenciar o descanso. Através dele, temos nossa capacidade multiplicada. A criatividade flui, as tomadas de decisão são mais sen-‐satas, a coordenação das idéias facilitam a organização das tarefas e a resolução dos problemas. Com a mente e o corpo descansados, agimos e reagimos muito melhor.
Quem já não pode experimentar a diferença de um dia de trabalho, quan-‐
Estamos vivendo uma era de mu-‐danças profundas. O homem volta a ser o centro das atenções, ele é visto como um ser único e com potencial gigantesco,
O descanso nosso de cada dia
Gisa Viana | psicóloga
inovador que tem sede de desafios. Po-‐rém, junto a esses estímulos, a condição de resgatar o descanso, a necessidade de viver relacionamentos afetivos, de vida social, lazer, cuidado com a vida espiritual, emocional e física estão sendo fortemente incentivados porque simplesmente somos finitos como disse Steve Job em seu dis-‐
Lá no fundo, sabemos que se não tomarmos uma decisão, não teremos condições de pagar a conta pelo excesso.
O especialista em estresse no local de
Lancaster Grã Bretanha, informa que tra-‐
em geral. Os prejuízos são graves provo-‐cando danos ao funcionamento mental.
Por isso, é importante parar por um instante e avaliar como anda o nível de satisfação nas áreas que envolve sua vida. Alguns empresários, por exemplo, procuram o Coaching com a intenção de atingir objetivos que estão fora do âmbito profissional. Desejam resgatar o envolvimento com a família, outros buscam gerenciar melhor seu tempo para ter lazer, cuidar da saúde e outros
mais interessante, é que essas paradas, ou diminuição do ritmo de trabalho não prejudicam e sim facilitam a gestão de
-‐nos é mais! A partir disso, a pessoa passa a dar maior valor a sua vida como um todo, e começa a tomar decisões mais focadas e assertivas, deixando de responsabilizar outros por seu cansaço, sua fadiga e suas más escolhas.
O descanso nosso de cada dia, não é perda de tempo, também não é opcional.Ele é uma necessidade e uma preparação para se produzir mais e melhor. Caetano Veloso em sua bela música -‐ Oração ao
ARTIGO | AUTOCONHECIMENTO
tempo diz: “És um senhor tão bonito, quanto a cara do meu filho, tempo, tempo, tempo, tempo, vou te fazer um pedido, tempo, tempo, tempo, tempo....
Por mais que tentemos, não há como negociar mais tempo com o tempo. Ele
ocupado. O tempo não corre, nem anda, nunca para e sempre continua, o tempo
Sem alterações.-‐
tra de maneira divertida, sobre como não parar pode significar parar para sempre. É possível que a comédia em algum mo-‐mento deixou de ser engraçada e o riso foi interrompido, dando lugar ao silencio. Algumas pessoas, diante das cenas pude-‐
ao morrer, tem uma segunda chance de poder voltar e fazer tudo direito, trabalhar, amar, se divertir e viver!
Dê um tempo... Observe se apresenta sinais como, insônia, estresse, alteração de humor, agressividade para com seus colegas de trabalho, ou para com as pes-‐soas que mais você ama. Você já aferiu
você mesmo.
Lei de Antônio
Rosalvo obriga
reuso de águas
ARTIGO | SUSTENTABILIDADE
Todos os novos prédios residenciais e comerciais de Lauro de Freitas terão que implantar um mecanismo de captação e armazenamento de águas pluviais nas suas coberturas. É o que prevê o projeto
Municipal, já em tramitação. Um sistema de coleta e tratamento de águas servidas, de acordo com as normas vigentes, deve fazer parte do projeto.
vários outros projetos de lei destinados a promover a sustentabilidade ambiental em Lauro de Freitas, “essa providência não pode mais esperar”. O vereador sublinha que “a sustentabilidade não tem preço” e que Lauro de Freitas “precisa fazer a sua parte” no esforço de preservação dos recursos naturais. “A redução do consumo
de água potável terá reflexos positivos tam-‐bém na conta da Embasa”, lembra Rosalvo.
O objetivo da lei é garantir a captação, armazenamento e reciclagem das águas servidas para posterior utilização em atividades que não exijam o uso de água
ser licenciadas pela prefeitura se o res-‐pectivo projeto de instalações hidráulicas previr a implantação do mecanismo de captação de águas pluviais. Além disso,
que o mecanismo estiver efetivamente implantado.
A lei obrigará ainda que as águas servidas sejam direcionadas, através de
destinado a abastecer as descargas dos -‐
ção podem ser descarregadas na rede pú-‐blica de esgoto, que está em construção.
Rosalvo critica o que chamou de “acelerada expansão urbana” na faixa litorânea do município, e lembra que o brasileiro gasta muito mais água do que seria suficiente de acordo com a Organi-‐
-‐
esse excedente é puro desperdício que acaba sendo cobrado na conta de água”.
Crescimento Urbano e Educação Ambiental
ARTIGO | MEIO AMBIENTE
Nas três ultimas décadas as pequenas e médias cidades passaram por um grande crescimento populacional, que na maioria dos casos ocorreu de forma desordenada e abrupta, gerando graves consequências para o contexto socioambiental. Um dos principais fatores que contribuíram para esse evento foi a expansão da industria-‐
para as cidades vizinhas. A Região Me-‐tropolitana de Salvador se insere nesse cenário, tendo o município de Lauro de Freitas como um bom exemplo do inten-‐so desenvolvimento urbano que ocorre atualmente, estando atrelado a diversos
Um deles consiste na crescente implanta-‐ção de empreendimentos residen-‐ciais na região. Foi registrada o
-‐
alterou de forma significativa o -‐
sociado a esse fator a população
para 163.449 ha. entre os anos de
crescimento pode acarretar gra-‐ves problemas socioambientais, sobretudo quando não há uma estruturação prévia na região para que o processo ocorra de forma ordenada. Como consequências mais perceptíveis
têm-‐se o agravamento de problemas de infraestrutura como alagamentos, invia-‐bilidade no tráfego em vias principais, e também problemas socioambientais como a poluição dos rios que atravessam a região, das ruas, das praias, escassez de áreas verdes preservadas e outros.
Como instrumento para gerir o cres-‐cimento urbano e a implantação de empreendimentos, pode-‐se contar com o licenciamento ambiental, que consiste basicamente em uma série de procedi-‐mentos nos quais o poder público controla a utilização dos recursos naturais e do espaço urbano. Na maioria dos casos as permissões são dadas através de licen-‐ças, liberadas mediante o cumprimento de requisitos específicos, conhecidos como condicionantes de licenças. Den-‐
tre essas condicionantes, geralmente encontram-‐se inseridas ações que en-‐volvem a remediação ou atenuação dos impactos provenientes da implantação do empreendimento em um local. As ini-‐ciativas envolvem os diferentes âmbitos, podendo se direcionar desde o impacto
buscando abranger os problemas que afetam diretamente as comunidades no entorno do empreendimento. Para o seu desenvolvimento pode-‐se se utilizar de diversos meios de abordagem como, por exemplo, a Educação Ambiental, a qual o maior foco está nos conflitos gerados entre o empreendimento em implantação e a população afetada.
Apesar da Educação Ambiental ser considerada atualmente um importante instrumento de gestão ambiental, as ações nessa área são frequentemente desenvolvidas de maneira errônea. É comum a realização de projetos desarti-‐culados com a premissa presente na lei e nas políticas públicas, na qual enfatiza-‐se a necessidade de construir e executar ações contextualizadas com a realidade local, com a plena participação social, em
-‐dedor. O que se encontra são iniciativas onde o público envolvido se torna mero receptor das informações e resultados sem contribuir para sua construção ou
disso, algumas propostas iniciais sofrem alterações devido ao corte de custos e a falta de mão de obra especializada nes-‐sa área, pontos que podem prejudicar drasticamente o resultado final e trazer
consequências danosas para a região de implantação do empreendimento. Em Lauro de Freitas, estudos recentes mos-‐traram a escassez em ações efetivas de Educação Ambiental no licenciamento lo-‐cal, sendo constatado o desenvolvimento de iniciativas pontuais e totalmente des-‐conectadas com os impactos diretos dos empreendimentos na comunidade, e tam-‐
torna o executor e não o empreendedor responsável. Como exemplo pode-‐se citar as ações de coleta seletiva que estão em andamento na região, nessas iniciativas o empreendedor apesar de financiar o pro-‐jeto no momento do licenciamento, não participa diretamente da sua construção
e execução, tendo desta forma a desvinculação dos resultados do projeto com os impactos causa-‐dos pelos resíduos gerados pelo
conseqüência deixa de atender as demandas específicas da comuni-‐dade do entorno.
Atribui-‐se a esses fatores uma grande parcela da dificuldade na qual a população enfrenta em lidar com os problemas associados ao crescimento urbano da região, pois compreende-‐se que a falta de informação acerca das questões ambientais locais e dos impactos propriamente ditos, e a desatenção
acerca das necessidades das populações afetadas diretamente por cada empreendi-‐mento gera o agravamento dos problemas socioambientais já existentes e dos que surgem gradativamente nesse processo.
Deste modo é evidente a necessidade de que gestores e educadores locais tratem da inserção do componente educacional como um aspecto imprescindível no pro-‐cesso do licenciamento, viabilizando proje-‐tos que tratem das questões ambientais de
dos sujeitos envolvidos. À população cabe estar atenta aos impactos provenientes da implantação dos empreendimentos e cobrar a atuação do poder público como meio interlocutor entre o empreendedor e as suas necessidades específicas.
Priscila Oliveira Pita
Bióloga-‐ Educadora Ambiental
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FISIOTERAPIA E PILATES
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PIZZARIASORVETERIA
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ASSISTÊNCIA TÉCNICA
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