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Revista Business Portugal | Suplemento Aeronáutica 2015

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3REVISTA BUSINESS PORTUGAL

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A REVISTA BUSINESS PORTUGAL NAS REDES SOCIAS

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Gratuita na Revista Business Portugal

Dec. Regulamentar 8/99-9/6 Artº 12º nº. ID

Depósito Legal: 374969/14

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AERONÁUTICA PORTUGUESAUM SETOR COM FUTUROO setor aeronáutico, pelas características que possui, nomeadamente pelos efeitos multiplicadores que gera nas estruturas económicas dos países, é considerado, mundialmente, de elevado interesse estratégico. A indústria aeronáutica é, para além de um setor de interesse estratégico para a segurança das nações, um setor com um grande nível de integração tecnológica e que produz bens e serviços de elevado valor acrescentado, que leva à criação de empregos qualificados, induzindo, simultaneamente, a melhoria do nível de qualidade global do tecido industrial através da disseminação de procedimentos corretos, eficientes e tecnológicos a outros setores. Por integrar produtos e processos que representam a vanguarda tecnológica de diversas áreas, a aeronáutica é também alvo de forte investimento em Investigação e Desenvolvimento aplicada, favorecendo a interação entre a indústria e o sistema científico e tecnológico nacional.Com esta premissa, a economia portuguesa beneficia, em larga escala, com a criação de um cluster aeronáutico, quer na vertente da internacionalização, quer pelas mais-valias tecnológicas, ou ainda pela significativa alteração de cultura industrial que o desenvolvimento de uma indústria aeronáutica potencia.O facto de Portugal desenvolver um cluster aeronáutico permite que, cada vez mais, empresas portuguesas integrem, de forma competitiva, projetos de elevado valor acrescentado, com maior incorporação tecnológica.O setor aeronáutico foi identificado como um dos mais interessantes no desenvolvimento e disseminação de tecnologia, sendo considerado pela OCDE como setor de elevada intensidade tecnológica e valor acrescentado. A indústria aeronáutica é reconhecida como sendo de alto nível tecnológico e de inovação, gerando ainda tecnologias úteis para outros setores (vulgo spinoff). A indústria aeronáutica constitui um fator para o desenvolvimento económico dos países e, associada à política de defesa dos Estados, beneficia de incentivos que permitem que este se desenvolve e que possa assumir-se como uma indústria de ponta no setor tecnológico de elevado valor acrescentado e como vetor de inovação, estimulando e valorizando o investimento em inovação e desenvolvimento. Para além disso, a indústria aeronáutica contribui positivamente para a balança comercial nacional, desde sempre assumindo, com benefícios transversais para a economia, um papel preponderante e eficaz na transformação do investimento em inovação, na criação de redes de empresas de base tecnológica, na disseminação horizontal de tecnologias para outros setores, na promoção do emprego qualificado e na promoção das exportações.

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5REVISTA BUSINESS PORTUGAL

aicepglobal parques

O BlueBiz tem capacidade para receber todo o tipo de empresas.

Esta foi a mensagem principal transmitida por Francisco Mendes

Palma, presidente da Comissão Executiva da aicep Global Parques

que, em entrevista abordou a estratégia para reforçar a promoção

e divulgação do parque em Portugal e Espanha, relevando a sua

localização estratégica e a capacidade excecional para receber

novas empresas dos mais variados setores de atividade.

A aicep Global Parques é especialista em gestão de parques e em soluções

de localização empresarial. O seu focus é garantir condições de captação e

acompanhamento da instalação de projetos de investimento nacional e internacional,

procurando ser reconhecida como a empresa/parceira nacional de referência, no

BlueBiz: o local certo para investir

apoio a estratégias e ações de localização empresarial.

Assente na missão de oferecer soluções globais de localização empresarial, a aicep

Global Parques apresenta três soluções de excelência no país: o BlueBiz Global

Parques, em Setúbal; a Zils Global Parques, em Sines; e o Albiz Global Parques, em

Sintra.

Em entrevista à Revista Business Portugal, Francisco Mendes Palma, Presidente

da Comissão Executiva da aicep Global Parques, focou a sua atenção no BlueBiz,

apresentando fatores de atratividade para o investimento de players nacionais e

internacionais.

Situado no Vale da Rosa, na Península de Setúbal, o BlueBiz é uma área privilegiada

para a localização empresarial, tanto pelas condições infraestruturais proporcionadas,

francisco mendes palmaPresidente da Comissão Executiva

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aicep

CLUSTER DA AERONÁUTICA

como pelas suas características geográficas, modeladas pela sua riqueza patrimonial,

ambiental e cultural. O BlueBiz ocupa uma área de 56 hectares totalmente

infraestruturada e integra amplos espaços verdes dotados de arruamentos internos,

dispondo de uma área comercializável de cerca de 23 hectares.

Sob propriedade e gestão da aicep Global Parques, o BlueBiz está pronto a acolher,

em condições de investimento atrativas, empresas que procurem potenciar o seu

investimento e aumentar as sinergias do seu negócio. Está vocacionado para a

instalação de indústria ligeira, tais como automóvel, aeronáutica, eletromecânica,

assemblagem final, distribuição e logística, e serviços.

De acordo com Francisco Mendes Palma, o BlueBiz pretende afirmar-se como um

parque empresarial que promove a competitividade das empresas, salientando a sua

localização estratégica e a oferta única que disponibiliza. Os espaços para indústria

ou logística, equipados com todas as utilities necessárias, como sejam eletricidade,

água industrial e doméstica, estação de tratamento de águas residuais, comunicações

de voz e dados, mas também mais de três mil metros quadrados de escritórios e

salas de reunião, para todo o tipo de empresas de serviços. O parque oferece ainda

a manutenção das áreas comuns e um serviço de vigilância 24 horas por dia. “Há

uma preocupação em manter tudo, para que a vivência das empresas seja agradável

e funcional”, sublinha Francisco Mendes Palma acrescentando que, paralelamente, o

parque disponibiliza ainda infraestruturas de apoio como salas para conferências e

formação adequadas a todas as necessidades empresariais.

O BlueBiz, continuando a estimular a base e herança industrial, é uma localização

privilegiada para a instalação de atividades de todos os setores económicos, ou seja,

também para os serviços e a logística. “É privilegiada pelas suas características técnicas

e os serviços prestados, privilegiada pelo permanente trabalho da Global Parques com

diversas entidades relevantes: internacionais, nacionais e locais”, revela Francisco

Mendes Palma, destacando, como bons exemplos de parcerias estabelecidas, a

Câmara Municipal de Setúbal, o Instituto Superior Politécnico de Setúbal, o Instituto

do Emprego e da Formação Profissional, a Administração dos Portos de Setúbal e

Sesimbra, a ENA e a AISET.

Outra das vantagens apresentadas pelo BlueBiz é o modelo de negócio, assente na

“utilização do espaço mediante o pagamento de uma renda, usufruindo dos serviços do

parque, em vez da aquisição de imóveis, que permite a concentração do investimento

no desenvolvimento da atividade na fase de arranque do negócio”, entende.

Na ótica de Francisco Mendes Palma, a Península de Setúbal tem, e pode ter ainda

mais, um papel significativo na dinâmica nacional e europeia de re-industrialização da

economia, assentando no desenvolvimento de indústrias de produtos diferenciadores e

sustentáveis, preferencialmente de bens transacionáveis, para que Portugal e a Europa

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7REVISTA BUSINESS PORTUGAL

participem mais no comércio internacional, beneficiando de todos os efeitos positivos

desta política, nomeadamente da criação de emprego.

Cluster da aeronáutica

No BlueBiz, um dos clusters que tem vindo a ser desenvolvido é o da aeronáutica,

refere Francisco Mendes Palma, dando como exemplo empresas como a Lauak

Portugal e a Mecachrome, vocacionadas para a metalomecânica de precisão

aeronáutica, e a Mectop vocacionada na metalomecânica de precisão para todo o

tipo de peças e ferramentas. “Estarem aqui empresas que atuam no mesmo setor é

importante, até porque registamos com agrado o facto de cooperarem entre si e em

algumas circunstâncias até partilharem custos logísticos, o que melhora igualmente a

competitividade de cada uma delas”, entende.

Com uma tradição marcadamente industrial, uma vez que o parque está situado

nas antigas instalações da Renault, a metalomecânica sempre foi uma atividade

bastante desenvolvida na região, que beneficiou com a oferta de formação qualificada.

“Aqui há que ressalvar os papéis cruciais do Centro de Formação Profissional de

Setúbal e do Instituto Politécnico de Setúbal, parceiros que estão completamente

disponíveis para perceber as necessidades das empresas e ir ao encontro dessas

necessidades. Disponibilizam boa formação e têm vindo, constantemente, a adaptar-

se às necessidades efetivas da região”, salienta, acrescentando: “Naturalmente,

desejamos captar mais empresas ligadas à metalomecânica de precisão, pois isso

reforçará a capacidade do parque, mas igualmente a sua visibilidade, enquanto espaço

de referência neste setor”, remata.

Objetivos estratégicos

A liderar a Comissão Executiva da aicep Global Parques há cerca de oito meses,

Francisco Mendes Palma traça um balanço positivo, sublinhando a empresa tem

excelentes ativos que necessitam de ser divulgados e promovidos, de forma

segmentada. É esse trabalho que tem vindo a ser desenvolvido, revela, sublinhando

estarem previstos várias iniciativas de contacto com empresas, como por exemplo

junto de empresas de logística automóvel, em Portugal e Espanha, de forma a mostrar

o potencial e as mais-valias do BlueBiz para acolher empresas desse setor.

“Existe uma estratégia, no sentido de captar empresas na área da logística automóvel

e, no futuro, acontecerão muitos mais. Gostaria também de referir que esses contactos

serão desenvolvidos sempre em conjunto com o Porto de Setúbal, pois a competitividade

do BlueBiz, no que respeita à oferta para a indústria automóvel, conjugar-se-á sempre

com a existência da infraestrutura portuária ligada à movimentação de viaturas”,

refere Francisco Mendes Palma. E sublinha que, conjugadamente com a capacidade

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CLUSTER DA AERONÁUTICA

de movimento ro-ro no Porto de Setúbal, o BlueBiz possui uma grande capacidade

para colher todas essas empresas que necessitam de espaço para parqueamento de

automóveis, bem como para a localização de estruturas dirigidas à modificação de

componentes das viaturas.

Em termos de futuro, Francisco Mendes Palma revela que o grande desiderato

passa pelo aumento da taxa de ocupação do parque empresarial, e neste contexto,

a notoriedade é uma peça-chave, daí que pretenda continuar a desenvolver ações

“cirúrgicas e segmentadas” de divulgação e promoção do BlueBiz, à semelhança do

que aconteceu recentemente no 18º Congresso da APLOG - Associação Portuguesa

de Logística, dedicado ao tema ‘Logística, Inovação e Sustentabilidade’.

Política de responsabilidade social

Do ponto de vista da política de responsabilidade, esta nova administração reformulou

um pouco a sua forma de estar, no sentido de apresentar a mesma com três pilares:

ambiente, capital humano e proteção/segurança.

Esta filosofia leva a uma interação com players muito diferenciados. No âmbito da

proteção/segurança, os bombeiros, a GNR e a Protecção Civil.

Em questões de capital humano, foi promovido um envolvimento com as escolas,

nomeadamente, as tecnológicas e o ensino politécnico, como o Instituto Politécnico

de Setúbal, provedores de formação de recursos humanos qualificados. “Procuramos

promover a sua empregabilidade nas empresas que estão nos nossos parques”, refere

Francisco Mendes Palma.

No contexto ambiental, existe uma ligação com as autarquias e as associações locais,

no sentido de desenvolver ações de preservação e educação ambiental.

Global Find

Para o ajudar a escolher a melhor localização para o seu negócio, a aicep Global

Parques criou e desenvolveu o Global Find, um motor de busca de localização para

projetos empresariais em Portugal Continental.

No Global Find encontra informação agregada, sobre áreas de localização, orientada

para o seu negócio. Permite-lhe descobrir a melhor localização para o seu investimento

com base no resultado de uma busca que cruza critérios relevantes como: tipologia

do espaço, áreas, rodovias, portos, aeroportos, plataformas logísticas, atividades

económicas existentes, centros empresariais e de saber.

Global Force

O Global Force é um produto de prestação de serviços de consultadoria de apoio

ao investimento e à instalação de empresas. Tem como clientes-alvo empresas e

entidades gestoras de parques empresariais existentes ou que pretendam iniciar a sua

atividade. A oferta de serviços de consultadoria divide-se em módulos: procurement de

espaços empresariais; planeamento e ordenamento do espaço; apoio à instalação de

empresas: e apoio à gestão e promoção de parques empresariais

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9REVISTA BUSINESS PORTUGAL

proespaço

A PROESPAÇO foi criada em 2003, após a adesão de Portugal à

Agência Espacial Europeia (ESA), assumindo um papel integrador

da indústria nacional, defendendo os seus interesses, através

de uma atividade intensa junto da Administração Pública e do

Governo, bem como das entidades internacionais. Participa, como

‘player’ fundamental, na elaboração da estratégia nacional para

o Espaço e define a estratégia de desenvolvimento industrial do

sector.

Em 2011, no início da crise financeira que afetou o nosso país, os políticos portugueses

foram chamados a uma reunião interministerial da Agência Espacial Europeia, para

fazer opções estratégicas, cujas consequências, seriam decisivas para o futuro da

indústria espacial no nosso país, porque a saída de Portugal da Agência Espacial

Europeia estava a ser equacionada.

No entanto, depois de mais de um ano de iniciativas de sensibilização preconizadas pela

PROESPAÇO, os decisores políticos tomaram consciência da importância estratégica

da participação de Portugal na ESA e da necessidade de investir, subscrevendo os

programas opcionais, por forma a assegurar o desenvolvimento de uma indústria,

que apesar de ser ainda desconhecida junto dos cidadãos comuns, tem uma grande

influência na melhoria da sua qualidade de vida.

António Neto da Silva está na liderança da PROESPAÇO, uma associação que, nas

suas palavras, defende os interesses do setor do Espaço, “avaliado pelo somatório dos

interesses de cada uma das empresas e do interesse do país em estar num setor que

tem um elevado efeito multiplicador, em que um euro investido produz um retorno de

quatro euros”, referiu, salientando que o valor acrescentado por trabalhador é também

quatro vezes a média nacional.

“O Espaço é uma das seis indústrias mais tecnológicas do mundo”, e tem Portugal

como líder global em determinados nichos, sendo um setor 100 por cento exportador.

“O Espaço é uma das seis indústrias mais tecnológicas do mundo”

António Neto da Silva sublinhou ainda que este é o único setor em Portugal, no qual

as empresas de pequena dimensão detentoras de core knowlegde subcontratam as

grandes empresas. Por outro lado, revelou que a Agência Espacial Europeia quando

lança um programa e faz concursos às empresas estipula logo o preço e, neste contexto,

a concorrência faz-se via capacidade tecnológica e não em função do valor. Em termos

de força das empresas, o presidente da PROESPAÇO considerou a cooperação um

elemento essencial. “As nossas empresas concorrem juntas aos concursos, isto porque

muitas vezes são complementares em termos de conhecimento”, avaliou.

De acordo com António Neto da Silva, o setor do espaço tem uma elasticidade

rendimento bastante elevada, ou seja, “à medida que o PIB dos países cresce, o valor

acrescentado deste setor cresce ainda mais”, destacou, acrescentando que se trata

igualmente de um setor que mantém em Portugal muita massa cinzenta.

António Neto da Silva entende que este setor é decisivo e estratégico para o

desenvolvimento e modernização tecnológica do nosso país.

AED – Aeronáutica, Espaço e Defesa

Para António Neto da Silva, a união dos setores AED aumenta significativamente a

capacidade de interlocução com as entidades decisoras.

Importa referir que a AED Portugal representa as indústrias portuguesas destes três

setores com o objetivo crucial de promover e fomentar o seu desenvolvimento. A AED

totaliza mais de 68 associados, no conjunto, estas entidades representam cerca de 1.8

mil milhões de euros de faturação (cerca de um por cento do PIB).

Pela sua natureza tecnológica e de elevada especialização, os setores A-E-D têm um

efeito de propagação de conhecimento e alavancagem da inovação muito elevado. Por

outro lado, estes são setores que necessitam de profissionais altamente qualificados,

que valorizam fortemente a qualidade da oferta de recursos humanos do panorama

nacional.

antónio neto da silvaPresidente

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CLUSTER DA AERONÁUTICA

pemas/aedportugalAlavancar a inovação e a competitividade

Os setores da Aeronáutica, do Espaço e da Defesa são hoje

fundamentais para a economia das nações, catalisando o

desenvolvimento tecnológico e a inovação. Em entrevista à

Revista Business Portugal, Rui Marcelino e Sérgio Oliveira,

respetivamente, presidente do Conselho de Administração e

Diretor Executivo da PEMAS e da AED, refletem sobre a dinâmica

das duas associações, desafios atuais e a visão estratégia em

termos de futuro. A PEMAS - Associação Nacional da Indústria Aeronáutica surge após

um período de cinco anos de cooperação informal entre as empresas fundadoras.

O objetivo inicial era o de potenciar a oferta nacional para o setor aeronáutico

apresentando as valências existentes de forma agregada. Em 2006, e face aos bons

resultados alcançados, foi formalizada a associação PEMAS com propósitos mais

alargados, que persistem até aos dias de hoje.

A AED nasceu em 2014, fruto de quase dez anos de trabalho conjunto entre as

associações nacionais do Setor Aeronáutico (PEMAS), Espaço (Proespaço) e Defesa

(Danotec), porque os seus associados entenderam a importância do trabalho conjunto

para reforçar o acesso das empresas portuguesas às oportunidades destes setores a

nível global, em particular tendo em conta a enorme sinergia entre as três áreas. “Não

é por acaso que vários dos membros da AED fazem parte das três associações que

a constituem. Um exemplo raro de convergência e colaboração trans-setorial”, reflete

Rui Marcelino, presidente do Conselho de Administração da PEMAS e da AED.

Os valores e pressupostos das duas entidades são em tudo semelhantes, sendo

que a PEMAS está focada sobre o setor aeronáutico enquanto a AED agrega o

foco da PEMAS aos dois outros setores, Espaço e Defesa. Os valores assentam

essencialmente na agregação de esforços em setores tecnologicamente paralelos

com o desenvolvimento de sinergias entre os setores A-E-D, até porque Rui Marcelino

acredita que são mais produtivos e catalisadores de inovação os clusters transversais,

do que os clusters monosectoriais.

Por outro lado, estas entidades apostam na criação de pontes entre o Sistema Científico

e Tecnológico Nacional e a indústria, estimulando o desenvolvimento de atividades

de promoção conjuntas. “Na PEMAS, temos a preocupação de ter no Conselho de

Administração as representantes dos dois sistemas, porque de facto sem geração

de conhecimento e sem pesquisa não há produtos inovadores, e sem inovação e

internacionalização é mais difícil financiar a investigação”, sublinha Rui Marcelino,

acrescentando que outros dos pressupostos essenciais passa pela participação

ativa na definição de políticas públicas, assumindo uma voz única e facilitadora das

necessidades dos setores. Ao nível da representatividade, tanto a PEMAS como a AED

são reconhecidas como um ponto de contacto dos setores para a indústria e entidades

públicas, bem como um ‘pivot’ para projetos nacionais e europeus.

O aumento da competitividade nacional é outro dos desideratos assumidos, bem como

o papel facilitador e aglutinador dos associados nas áreas de procurement, business

development e de formação.

Uma protagonista incontornável

Rui Marcelino traçou um balanço muito positivo do percurso da PEMAS, sustentando

que, em dez anos de atividade, esta assumiu uma contribuição inequívoca para

aumentar a internacionalização das empresas portuguesas e aumentar a participação

destas em atividades de I&D a nível mundial. “Percorremos um caminho significativo,

desde logo, com a presença do cluster aeronáutico português nas maiores feiras do

sector, nos últimos oito anos consecutivos – Farnborough International Airshow e Salón

de L’Aeronautique et Espace – Paris, Le Bourget”.

A PEMAS sempre defendeu que a representatividade conjunta tem muito mais força

do que a representatividade individual, em termos internacionais, daí a organização

de missões conjuntas a OEM’s e países parceiros como a Espanha, Alemanha, Reino

Unido ou Brasil. Outro aspeto significativo prende-se com a participação ativa em

grupos de trabalho da aeronáutica internacional como a EACP - European Aerospace

Cluster Partnership, uma organização que agrega 36 clusters europeus. Sérgio Oliveira,

diretor executivo da PEMAS, entende que a EACP é o mais importante grupo de

clusters do setor aeroespacial da Europa: “Atualmente a PEMAS é líder do working

group Strategy que define as estratégias de todos os clusters para nos posicionarmos

em relação às políticas europeias”, diz salientando a projeção alcançada.

No percurso da PEMAS figura ainda a dinamização da participação dos associados em

mais de 14 projetos conjuntos, como os projetos de eficiência coletiva de Sistema de

Incentivos a Ações Coletivas e os projetos QREN e H2020: LIFE - projeto de interiores

para a aviação executiva participado por cinco associados da PEMAS, premiado com

o Crystal Cabin Award em 2012; PAIC - consórcio de empresas centrado em torno

de um projeto de UAVs (unmaned aerial vehicle) para aplicação civil, no âmbito de um

processo de contrapartidas do Estado português, com a participação de 14 empresas,

dinamizado pela PEMAS e PASSARO - projeto conjunto dinamizado pela PEMAS para

a participação de 12 empresas, no âmbito do programa europeu CleanSky II e que deu

origem ao grupo Aerocluster Portugal, entre outros.

Outra das funções assumidas foi o fortalecimento do contacto entre as empresas

e as entidades que definem as políticas públicas como AICEP, Ministério da Defesa

Nacional, Ministério da Economia, Fundação para a Ciência e a Tecnologia e IAPMEI.

Cooperação como vetor estratégico

Rui Marcelino entende que o mercado interno é limitado e as empresas/organizações

precisam de considerar vetores nas suas estratégias como exportar e vender para fora

Page 11: Revista Business Portugal | Suplemento Aeronáutica 2015

11REVISTA BUSINESS PORTUGAL

rui marcelino e sérgio oliveira

Presidente do Conselho de Administração e Diretor Executivo da PEMAS e da AED

da aeronáutica. Na sua opinião, a participação das empresas em redes de eficiência

coletiva e networking, como a PEMAS e a AED, aumentam a visibilidade das empresas,

e potenciam as oportunidades de diversificação e fertilização cruzada que alavancam

a inovação e competitividade. Outro elemento preponderante é o da cooperação

internacional, sendo que a PEMAS tem catalisado oportunidades conjuntas tanto

para as empresas como para a própria associação, de forma a ter um maior impacto

internacional, ou o encaminhamento de empresas para oportunidades de projetos que

nascem do networking internacional da PEMAS.

Um sector em ebulição

A indústria aeronáutica nacional cresceu muito nos últimos dez anos, quem o diz é

Rui Marcelino, salientando que este crescimento não é apenas ao nível do número

de empresas envolvidas nesta atividade - a PEMAS tem atualmente mais de 30

associados e a AED, totaliza mais de 60 - como do volume de faturação associado

– isto porque no conjunto, as entidades presentes na AED representam cerca de 1.8

mil milhões de euros de faturação (cerca de um por cento do PIB). “Um dos fatores

de aceleração da robustez do setor tem a ver com a vinda da Embraer para Portugal,

com duas fábricas em Évora, com a participação na OGMA, com a criação de centros

de engenharia e com a colaboração com o IEFP no centro de ensaios de Castelo

Branco”, defende, acrescentando que pela sua natureza tecnológica e de elevada

especialização, os setores A-E-D têm um efeito de disseminação de conhecimento

e alavancagem da inovação muito elevado, não só para as entidades diretamente

relacionadas com esta atividade, mas também para os seus parceiros e para as

outras áreas de diversificação. Por outro lado, estes são setores que necessitam de

profissionais altamente qualificados – a rede AED emprega mais de 18.500 postos

de trabalho especializados que valorizam fortemente a qualidade da oferta de recursos

humanos do panorama nacional.

Visão estratégica

Para o futuro da AED Portugal, o plano passa por manter o trabalho em curso e

maximizar o valor acrescentado para os seus membros, nas áreas de negócio em que

já trabalham no segmento de Aeronáutica, Espaço e Defesa/Segurança, apoiando-

os contudo a explorar outras oportunidades de reforço das suas capacidades e de

procura de oportunidades de negócio em áreas em que o conhecimento residente

apoie o crescimento e desenvolvimento da atividade de cada um.

“Na promoção comercial, vamos dar seguimento ao trabalho que temos feito com

entidades como a AICEP, apoiando o objetivo de manter Portugal no mapa da

aeronáutica a nível mundial”, revela, sublinhando que na investigação, os projetos do

Horizonte 2020 devem manter-se como um instrumento para a aproximação aos

principais OEM’s, fornecedores de primeira linha (TIER 1) e principais centros de I&D,

complementado por iniciativas nacionais como o Portugal 2020, “que reforcem a

capacidade das organizações nacionais e que as ajude a criar rotinas de relacionamento

e busca de oportunidades com maior integração e valor acrescentado”, defende Rui

Marcelino.

Networking entre empresas nacionais e estrangeiras

AED DAYS 2015 é um evento organizado pela Associação Português de Espaço e

Indústria de Defesa (AED) e a Câmara de Indústria e Comércio Português-Francês

em colaboração com a AICEP Portugal Global, E.P.E., Agência para o Investimento

e Comércio Externo de Portugal . “Queremos que estes eventos nacionais passem a

estar, cada vez mais, no road map de eventos internacionais, como forma de juntar as

entidades do setor A-E-D nacionais, mas principalmente para trazer regularmente os

players internacionais a conhecerem a nossa realidade”.

Trata-se de uma oportunidade única de divulgação e networking – em que as

empresas se conhecem, mostram as suas competências e novos projetos, procurando

novos parceiros e clientes.

Page 12: Revista Business Portugal | Suplemento Aeronáutica 2015

CLUSTER DA AERONÁUTICA

couro azul

Fundada em 1989, a Couro Azul é a mais moderna unidade industrial

de curtumes em Portugal. Concretizando a estratégia de diversificação

do Grupo Carvalhos, a Couro Azul está essencialmente vocacionada

para os setores automóvel, aeronáutico e ferroviário.

A Couro Azul faz parte do Grupo Carvalhos, que há várias gerações

se dedica à atividade de curtumes. António Nunes de Carvalho

lançou a empresa de curtumes em 1939, aproveitando a experiência

profissional adquirida durante duas décadas. Há 75 anos no mercado, esta organização

é composta pela unidade António Nunes Carvalho que se dedica à produção de couro

bovino destinado ao setor do calçado, marroquinaria e mobiliário, e a Couro Azul que

nasceu em 1989, sendo hoje a maior empresa do Grupo Carvalhos.

A génese da Couro Azul prende-se com a necessidade que o grupo empresarial

sentiu de diversificar a sua atividade, dados os constrangimentos sentidos no sector

do calçado e a deslocalização das grandes multinacionais para a China, Vietname

e Tailândia. Era necessário reagir, por isso nasceu a Couro Azul para se dedicar ao

setor automóvel, o que volvidos 26 anos, Pedro Carvalho, administrador da empresa,

considera ter sido uma boa aposta.

“Continua a fazer sentido apostar no setor automóvel, aeronáutico e ferroviário, porque

são setores com especificações de produtos muito exigentes, e porque é na Europa

que estão os grandes players”, entendeu.

A Couro Azul aliou a tradição e o know-how adquirido, ao longo de várias gerações, à

modernização tecnológica nestes três setores que se apresentam muito exigentes em

termos de desenvolvimento do produto. “A ação da empresa passa por várias fases:

a área do design, na qual temos que apresentar produtos inovadores em termos de

cores, texturas, acabamentos, nos departamentos de design, seja nos construtores, seja

junto das companhias aéreas, com produtos diferenciadores”, revelou, acrescentando

que seguidamente há a ter em conta a engenharia do produto e o cumprimento de

especificações técnicas e, por último a área comercial.

Qualidade e inovaçãoUm player europeu

A Couro Azul está entre os maiores produtores de couro para volantes, um segmento

em que a empresa decidiu especializar-se, a partir dos anos 90, altura em que ganhou

os primeiros grandes projetos, que lhe permitiu começar a entrar no segmento dos

bancos, tabliers e painéis de porta. “Neste momento, estamos a fornecer na área dos

bancos, a Porshe e nos tabliers e painéis de porta, a Volvo”, revelou Pedro Carvalho,

salientando: “A nossa estratégia é ter uma presença, cada vez maior, no segmento

dos bancos”.

Na área da aeronáutica, a Couro Azul esteve envolvida no Projeto LIFE, que Pedro

Carvalho considerou ter sido desafiante, bem como um bom exemplo de união de

esforços de um grupo de empresas nacionais. “Foi uma experiência interessante

e enriquecedora. A crise que se sentiu no setor automóvel veio alertar-nos para

intensificar os nossos esforços para outros setores e segmentos como o ferroviário,

rodoviário e aeronáutico”, sublinhou.

“Agora que estamos numa fase de consolidação do crescimento alcançado, estamos

novamente a focar-nos no setor aeronáutico e ferroviário. Fizemos entretanto vários

projetos para a companhia aérea polaca e para companhias de jatos particulares”,

disse, acrescentando que a empresa está a reforçar a sua equipa comercial,

aproveitando a sua rede de representantes no Reino Unido, Suécia, França, Alemanha,

China e Estados Unidos da América para desenvolver outros segmentos para além do

automóvel.

Em 2014, a empresa cresceu cerca de 50 por cento assente no esforço de penetração

em novos segmentos e este ano, prevê-se que o crescimento seja na ordem dos 15

por cento. “Após um investimento de seis milhões de euros, existe agora o projeto

de ampliação do departamento de acabamentos e criação de uma nova unidade de

cortes”, disse, salientando que a empresa tem tido imensas dificuldades em termos

de licenciamento, por isso está a considerar fazer esse investimento fora de Portugal,

designadamente em Marrocos, que considera ser uma localização estratégica.

Pedro carvalhoAdministrador

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CLUSTER DA AERONÁUTICA

lauak portugal

A Lauak Portugal é uma empresa com raízes francesas, que está

na vanguarda do seu segmento, sempre com os olhos postos na

máxima qualidade dos seus produtos e serviços. Apostando no

mercado nacional, esta pequena grande empresa é um caso de

sucesso internacional e alvo da confiança dos mais importantes e

mediáticos nomes do setor aeronáutico. Em entrevista à Revista

Business Portugal, o engenheiro e diretor geral, Armando Gomes

contextualiza a empresa, os desafios atuais e a visão para o futuro.

A aposta do grupo francês na instalação da Lauak Portugal deveu-se essencialmente

à necessidade de um reposicionamento estratégico. “O nosso país foi escolhido por

várias razões, entre elas, a posição geográfica, organização cultural e uma certa cultura

aeronáutica que já se fazia sentir, para além de que Portugal estava na iminência da

nova era da modernização tecnológica”, adianta Armando Gomes, um dos pioneiros

desta nova vaga da indústria aeronáutica no nosso país.

Criada em 2003, a partir do grupo francês presidido por Jean Marc Charritton, a Lauak

Portugal mostra índices de crescimento com base na continuidade de um negócio

em prosperidade de mercado. Trata-se de uma empresa especializada na produção

e montagem de componentes aeronáuticos, incluindo a gestão do programa, a

industrialização, produção, qualificação e logística. Após 12 anos, a Lauak Portugal

adquiriu várias competências que são amplamente reconhecidas pela Airbus, Dassault

Aviation, Embraer, Latécoère, OGMA, Daher Socata, Aernnova, Sikorsky, Ratier Figeac.

A importância da formação especializada

A Lauak Portugal contribuiu para o desenvolvimento do setor aeronáutico, não apenas

com a sua presença em terras lusas, mas também com um permanente empenho e

compromisso na criação de formação especializada, resultando numa nova geração

da indústria aérea nacional. A empresa investiu tempo e serviços, disponibilizando

metodologia, espaço e material para esta vertente de estudo. “Participámos ativamente

no desenvolvimento e na formação de pessoal qualificado para trabalhar no setor,

através de um trabalho de partilha com o IEFP local. Sabíamos que era preciso e

Um protagonista na valorização da indústria aeronáutica

que traria um retorno positivo para a empresa”, consubstancia Armando Gomes,

acrescentando que esta parceria permitiu a transferência dos alunos para o mercado

de trabalho, através dos estágios profissionais.

Numa altura em que não havia quadros técnicos intermédios nesta área de conhecimento

em Portugal, a Lauak apresentou soluções e mexeu com o setor aeronáutico nacional.

“Inicialmente foi complicado, porque na verdade não existia um sistema de formação

em Portugal, capaz de nos fornecer os recursos humanos qualificados, daí um

forte investimento em formação interna. Hoje, temos dois centros de formação, em

Évora e em Setúbal, que dão uma resposta capaz às nossas necessidades”, refere

o diretor geral, acrescentando ainda que a Lauak Portugal é associada da AISET

(Associação da Indústria da Península de Setúbal), que tem como objetivo a promoção

e dinamização da indústria da Península de Setúbal, fomentando a densificação do seu

tecido industrial. Importa referir ainda a abertura na Escola Superior de Tecnologia de

Setúbal de um Curso Técnico Superior Profissional (CTeSP) de Produção Aeronáutica,

uma formação de ensino superior de dois anos letivos, em contexto de trabalho, que

permite o acesso a uma profissão atual, de futuro e desafiante, até porque a indústria

aeronáutica é considerada de ponta e está em forte crescimento em Portugal.

Crescimento e evolução

De acordo com Armando Gomes, a aviação tem crescido bastante, nos últimos anos,

mas a tendência é continuar a crescer, até porque cada vez mais é “obrigatório andar

de avião”, tendo em conta a sua rapidez e custo.

Por outro lado, há muitos países que estão a abrir os seus horizontes para este

mercado, que na sua ótica, indubitavelmente vai mudar a face dos países à escala

global. “Estima-se que na Europa haja um crescimento anual na ordem dos quatro por

cento, no mercado aeronáutico, mas noutras partes do globo pode chegar aos dez por

cento”, entende o nosso entrevistado.

Atualmente, a Lauak Portugal já tem o seu mercado bem definido, possuindo em

carteira alguns dos maiores nomes do setor aeronáutico, para os quais realiza uma

série de serviços que muito têm orgulhado Armando Gomes e permitido o crescimento

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REVISTA BUSINESS PORTUGAL 15

significativo da empresa.

Com o intuito de responder às necessidades do setor a nível internacional, esta PME

Excelência tem vindo a aumentar o quadro de funcionários, que atualmente ronda as

370 pessoas, por forma a potenciar a produção e responder às exigências dos seus

maiores clientes.

Armando Gomes entende que o setor aeronáutico exige um investimento forte e

permanente, até porque a empresa tem um compromisso assumido com os seus

clientes, que se assumem igualmente como parceiros. E exemplifica: “Se temos

que fabricar 50 aviões A320 por mês, temos que estar preparados para qualquer

eventualidade, para que se houver um problema, as linhas de montagem não sejam

interrompidas. Portanto, para cada máquina e para cada processo, temos que ter uma

análise de risco e ter sempre um plano alternativo”, refere o diretor geral, acrescentando

que, hoje em dia, há uma grande preocupação dos clientes em verificar as capacidades

de produção, daí a necessidade de estar sempre a crescer, para conseguir progredir.

Visão estratégica

Com os olhos postos no futuro, Armando Gomes entende que o crescimento da

empresa passará pelos contratos que estão assinados para os próximos dez anos.

“Atualmente, na Airbus, estamos a fazer um A350 por mês, temos que passar a fazer

14 por mês. Por conseguinte, não há contratos novos, simplesmente as cadências

aumentam. Aumentam os contratos do A320 Neo, o A320 modificado, e o A350 que

saiu dos protótipos e está à venda agora.

Temos outros aviões, cujas cadências também aumentam como por exemplo o KC

da Embraer, o Legacy, entre outros. Os aviões estão vendidos por isso é necessário

fabricá-los”, revela o diretor geral da Lauak Portugal.

O desafio é fabricar mais aviões chegando aos mil aviões por ano, para isso são

necessárias mudanças ao nível da estrutura, forma de trabalhar e investimento.

“Temos que crescer, mas de forma estrutural, sempre com uma análise de risco para

salvaguardar a nossa consolidação, continuando o investimento em automatização das

máquinas e nos recursos humanos”.

Armando Gomes revela que a empresa identificou o ciclo médio de fabrico das suas

peças, e tem estado a analisar todo o circuito, para perceber o tempo que se traduz em

valor acrescentado e a repercussão dos tempos mortos. O objetivo é, de uma forma

inovadora e realista, ajustar os processos, tendo em conta o binómio custo/benefício.

“Temos que inovar em tudo, por automatização das máquinas, por investimento,

formação e organização, que no fundo é uma peça chave”, remata.

Quanto ao AED DAYS 2015, Armando Gomes releva a sua importância, uma vez

que se trata de um evento internacional de networking entre empresas nacionais e

estrangeiras, institutos de Investigação e Desenvolvimento ligados aos setores de

Aeronáutica, Espaço e Defesa, que reúne os grandes players da indústria aeronáutica,

lembrando que está prevista uma visita à Lauak Portugal.

armando gomesDiretor Geral

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CLUSTER DA AERONÁUTICA

Com uma presença de oito anos no mercado, a Meditor apresenta-se já como uma referência nacional e internacional na área da aeronáutica. Em entrevista à Revista Business Portugal, Carlos Antunes, diretor-geral, revelou que a história da empresa vai ser marcada pelo lançamento do primeiro equipamento para a indústria aeronáutica com a marca Meditor. Criada em 2007, no seio do meio científico, no Instituto Superior

Politécnico de Setúbal, a Meditor é uma empresa que desenvolve soluções inovadoras de engenharia à medida das necessidades dos seus clientes. Nos primeiros anos de atividade, a empresa concentrou “as suas atenções em dois ou três projetos na área científica”, desvendou Carlos Antunes, diretor-geral da Meditor, salientando que foi através da Força Aérea Portuguesa e da Empordef, que a Meditor entrou no sector da aeronáutica. “Outros projetos se seguiram, como o desenho e construção de máquinas de teste para reconversão dos equipamentos de radar dos C-212 Aviocar para os novos aviões C295 da Airbus Militar”, adiantou o engenheiro. O percurso da Meditor continuou sempre com um core business focado na inovação e na modernização tecnológica, aproveitando as suas origens ligadas à aeronáutica e ao meio militar, de forma a potenciar o seu posicionamento estratégico, com a criação de soluções com mais-valias para o mercado. A Meditor é um distribuidor autorizado da Parker Hannifin, fabricante líder mundial de sistemas de movimento e controlo, na área de eletromecânica, o que na opinião de

meditorInovação e modernização tecnológica

Carlos Antunes é muito gratificante, uma vez que representa o reconhecimento da capacidade técnica dos profissionais da sua empresa. Neste momento, a Meditor está prestes a lançar, no espaço europeu, o primeiro equipamento para a indústria aeronáutica, com a marca Meditor. Trata-se de um banco de ensaios para o processo de revisão geral dos magnetos do motor de aviões equipados com motores alternativos. “O nosso sistema faz os testes, de acordo com os parâmetros do fabricante, e dá um resultado que pode ser quantificado, os outros sistemas existentes não fazem isso, ou seja, fazem o teste e a pessoa é que tem que avaliar se a máquina está a comportar-se de acordo com o esperado”, explicou o engenheiro. “É um virar de página na nossa empresa, porque até aqui temos apostado na investigação, desenvolvimento e criação de soluções à medida dos nossos clientes, mas nenhuma dessas soluções se transformou num produto em concreto”, referiu Carlos Antunes, dando nota de que tem como desiderato transformar soluções já desenvolvidas em produto atraentes para o mercado.

Projetos emblemáticos Quando questionado acerca dos projetos mais relevantes que constam do portfólio da Meditor, Carlos Antunes referiu, que na área da aeronáutica, foi o desenvolvimento, com o IPS, de um equipamento de análise e vibração e calibragem de hélices - o Vibrapac “A Força Aérea Portuguesa está a utilizar este equipamento, que permite fazer a calibragem das hélices dos aviões de treino para os pilotos. Atualmente, estamos a fazer a evolução para o Vibrapac 3”. Por outro lado, no contexto da reconversão dos equipamentos de radar dos novos aviões C295 da Airbus Militar, a Meditor desenvolveu duas máquinas de teste: uma de aceleração contínua e outra de teste de impulso, e ambas obtiveram resultados muito positivos. Carlos Antunes revelou ainda que, neste momento, a empresa está a desenvolver uma máquina para a Lauak Portugal, para a cravação de rótulas, que será certificada pela própria Airbus.

Visão estratégicaCom um percurso onde a inovação e know-how são palavras-chave, a Meditor pretende dar passos sustentáveis em direção à sua internacionalização, tendo o mercado espanhol como principal alvo. “Ser um player a ter em conta no desenvolvimento de soluções de engenharia inovadoras é o grande objetivo da Meditor”, rematou Carlos Antunes.

carlos antunesDiretor-Geral

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17REVISTA BUSINESS PORTUGAL

A Almadesign gera inovação através do design, desenvolvendo soluções de base tecnológica centradas no utilizador nas áreas de transportes, produto e interiores. Em entrevista à Revista Business Portugal, Rui Marcelino, design manager da Almadesign dá a conhecer a empresa, as áreas de intervenção e a filosofia adoptada que tem permitido o seu crescimento e evolução. Criada em 1997, a Almadesign é uma empresa portuguesa de

design, com competências nucleares na concepção de novos produtos e gestão do design orientadas para a inovação industrial. A empresa participa com os seus clientes e parceiros em todas as fases do ciclo de desenvolvimento de produto, desde a pesquisa e definição de conceitos até ao desenvolvimento, prototipagem, produção e promoção de produtos e serviços. Os principais ativos da empresa são a sua equipa, as metodologias de desenvolvimento de produto, e todos os produtos de sucesso que lançou no mercado com os seus clientes. A equipa da Almadesign é um elemento crucial da identidade da empresa e tem crescido de forma sustentada, mantendo sempre o foco nos desideratos nucleares da organização, designadamente, estimular a criatividade, desenvolver uma cultura de excelência e criar relações baseadas na confiança entre colaboradores, parceiros, clientes e fornecedores. De acordo com Rui Marcelino, design manager da Almadesign, a empresa trabalha essencialmente na criação de novos produtos, em que 75 por cento da sua actividade

almadesignAlmadesign atua como um “integrador conceptual”

centra-se na área dos transportes, 15 por cento na área de produtos - mobiliário urbano e de interiores, eletrónica, saúde - e os restantes dez por cento na área de interiores. “O histórico da empresa inclui as áreas de design de produto, mobiliário, ambientes, comunicação e espetáculos”, avança, contudo, o core business é mesmo o setor dos transportes, tripartido pelas áreas: aeronáutica, ferroviária e rodoviária. “Temos uma área ligada também ao setor naval, mas as restantes três são mais fortes”, revela, acrescentando que a aeronáutica tem um peso significativo para a Almadesign. Rui Marcelino explica que a empresa tem preconizado um papel de agregador de experiências, salientando que, nos últimos seis anos, foram criados diversos projectos de investigação juntando entre cinco a dez parceiros a trabalhar em conjunto para o mesmo objectivo, como por exemplo interiores ferroviários e aeronáuticos. E porquê? Porque o Design desempenha um papel poderoso na integração multidisciplinar destes projetos, muito para para além da estética , da comunicação, da ergonomia ou da funcionalidade.Rui Marcelino, entende que o design tem em consideração todas as especialidades e disciplinas para providenciar um produto adequado ao consumidor final, salientando que “o design serve de ponte de comunicação entre a tecnologia e o mercado”. Para o design manager, não é possível criar um produto com uma intensidade tecnológica elevada sem ter uma rede de parceiros, por isso releva a importância de uma equipa multidisciplinar ou parceiros multidisciplinares. “A área dos transportes é uma área multidisciplinar, por excelência. Por exemplo, não posso projetar um veículo sendo apenas especialista em moldes. Para além dos plásticos ou compósitos, tenho tecnologias associadas ao metal, espumas, revestimentos, têxteis, ou curtumes, entre tantas outras”, exemplifica.A caminhar para duas décadas de experiência e um amplo conhecimento nas áreas do design, engenharia e gestão, a Almadesign tem provado a sua qualidade e o seu pragmatismo inovador ao responder às necessidades de processos exigentes. Como Rui Marcelino consigna, a Almadesign é uma empresa multifacetada que, através do trabalho em equipa, se enquadra entre o que a tecnologia permite fazer e o que o mercado espera ter.O envolvimento da Almadesign em áreas diferentes levou a projetos rigorosos e de qualidade, não raras vezes reconhecidos com prémios de excelência em design, como o Good Design Award ou os Prémios Nacionais de Design.. Em 2012, o projeto LIFE (Lighter, Integrated, Friendly and Eco-efficient Aircraft Cabin), desenvolvido com o design da Almadesign, venceu o prémio internacional Crystal Cabin Award, considerado o “Óscar dos interiores aeronáuticos”, na categoria “Visionary Concepts”.

rui marcelinoDesign Manager

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CLUSTER DA AERONÁUTICA

A GMV surge em Espanha em 1984, como spin-off de um grupo de cientistas e engenheiros da Universidade Politécnica de Madrid. Desde o seu início, dedicou-se às áreas de Espaço e Defesa, tendo dado os seus primeiros passos em campos como a análise de missão, dinâmica de voo, centros de controlo e simulação e navegação por satélite, áreas nas quais hoje a GMV exerce uma posição de liderança internacional.

O contexto da GMV em Portugal é muito semelhante ao contexto da GMV em Espanha, no que concerne às áreas de negócio, apostando em quatro segmentos: um ligado às tecnologias de informação e cibersegurança; outro ligado à componente de transporte terrestre e marítimo; e um segmento ligado ao espaço, “não só projetos para a ESA, mas também projetos para clientes de todo o mundo, nomeadamente na Asia, Estados Unidos, onde temos uma sucursal, e Brasil, uma vez que somos número um a nível global em centros de comando e controlo de satélites de telecomunicações comerciais”, esclarece José Neves, administrador da GMV em Portugal. A quarta área de negócio é a Defesa e Segurança. A diversidade de mercados para os quais a GMV oferece soluções permite ao setor da defesa beneficiar da transferência de tecnologia e conhecimento, resultando isto numa oferta mais extensa e robusta. A atividade da GMV no âmbito da defesa e da segurança está centrada nas seguintes áreas: comando e controlo, vigilância de fronteiras, e fusão e gestão de dados para sistemas operacionais.

gmvSoluções inovadoras

De acordo com José Neves, a componente mais forte desta divisão é a aeronáutica, salientando que em 2009, foi criado o centro de excelência de Integrated Modular Avionics (IMA) do grupo GMV. Desta forma, todo o tipo de desenvolvimentos do grupo GMV relacionados com esta tecnologia são coordenados e geridos em Portugal. “Já tivemos a oportunidade de desenvolver trabalhos para a Airbus e Thales neste tipo de tecnologia, nomeadamente para as aeronaves A330 MRTT e A380”. José Neves salientou ainda que a área da aeronáutica é muito importante para a GMV e revelou que, recentemente, a empresa candidatou-se a novos projetos, tanto nacionais, como europeus, “onde pretendemos integrar os mais recentes avanços desta tecnologia em sistema aviónicos de fornecedores de primeira linha”. De acordo com o administrador, para a GMV Portugal estes projetos podem ser fundamentais para que os desenvolvimentos da GMV nesta área integrem diretamente produtos de um TIER-1 aeronáutico da máxima relevância mundial, que fornece os principais fabricantes aeronáuticos.

A GMV quer ser um player mundialO objetivo da GMV é ser um player relevante, à escala global, na área tecnológica IMA, tanto a nível de sistemas tempo-real, como de ferramentas, até porque o mercado da aeronáutica tem um grande potencial de crescimento, daí a aposta da GMV neste sector junto fornecedores e fabricantes de referência mundial. No entanto, José Neves referiu que “ao nível dos sistemas embebidos, os nossos clientes alvo são os principais fornecedores de sistemas aeronáuticos, aeroespaciais, automóvel, e de defesa”, explicou, acrescentando que a GMV aposta na componente de software mais específica e mais de nicho. “Na tecnologia IMA dominamos duas vertentes: a de sistema embebidos, onde detemos conhecimentos únicos a nível mundial. Na outra vertente, já somos hoje fornecedores de referência em ferramentas de apoio ao desenvolvimento e validação desta tecnologia. Temos produtos específicos que agilizam o desenvolvimento de soluções IMA, como por exemplo o SIMA (ferramenta de simulação), o AROT (ferramenta para redes aviónicas) e o AVT (testes de conformidade para sistemas IMA)”, consubstanciou o administrador da empresa. A finalizar, José Neves salientou que a estratégia competitiva da GMV Portugal é baseada no conhecimento aprofundado das necessidades dos seus clientes com o propósito de lhes fornecer soluções adaptadas à medida específica das suas necessidades. Esta estratégia apoia-se igualmente no profundo conhecimento das tecnologias e excelência dos seus profissionais.

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