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C NT TRANSPORTE ATUAL LEIA ENTREVISTA COM CLÉSIO ANDRADE , PRESIDENTE DA CNT ANO XIII ESPECIAL EDIÇÃO INFORMATIVA DO SEST/SENAT

Revista CNT Transporte Atual - Jul/2007

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A CNT está lançando o Programa Despoluir, que tem entre suas principais metas reduzir as emissões de gases que provocam o aquecimento global e incentivar a consciência e a gestão ambiental no setor transportador.

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CNTT R A N S P O R T E A T U A L

LEIA ENTREVISTA COM CLÉSIO ANDRADE, PRESIDENTE DA CNT

ANO XIII ESPECIAL

EDIÇÃO INFORMATIVADO SEST/SENAT

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[ AS IMAGENS DA NATUREZA BRASILEIRA QUE ILUSTRAM AS ABERTURAS DE MATÉRIAS DA

CNTCONFEDERAÇÃO NACIONAL DO TRANSPORTE

PRESIDENTEClésio Soares de Andrade

PRESIDENTE DE HONRA DA CNTThiers Fattori Costa

VICE-PRESIDENTES DA CNTTRANSPORTE DE CARGAS

Newton Jerônimo Gibson Duarte RodriguesTRANSPORTE AQUAVIÁRIO, FERROVIÁRIO E AÉREO

Meton Soares JúniorTRANSPORTE DE PASSAGEIROS

Marco Antonio GulinTRANSPORTADORES AUTÔNOMOS, DE PESSOAS E DE BENS

José Fioravanti

PRESIDENTES DE SEÇÃO E VICE-PRESIDENTES DE SEÇÃOTRANSPORTE DE PASSAGEIROS

Otávio Vieira da Cunha Filho Ilso Pedro Menta TRANSPORTE DE CARGAS

Flávio BenattiAntônio Pereira de SiqueiraTRANSPORTADORES AUTÔNOMOS, DE PESSOAS E DE BENS

José da Fonseca Lopes Mariano Costa TRANSPORTE AQUAVIÁRIO

Glen Gordon FindlayHernani Goulart FortunaTRANSPORTE FERROVIÁRIO

Rodrigo VilaçaNélio Celso Carneiro TavaresTRANSPORTE AÉREO

Wolner José Pereira de Aguiar José Afonso Assumpção

CONSELHO FISCAL (TITULARES)David Lopes de OliveiraÉder Dal’lagoLuiz Maldonado Marthos José Hélio Fernandes

CONSELHO FISCAL (SUPLENTES)Waldemar AraújoAndré Luiz Zanin de OliveiraJosé Veronez

DIRETORIATRANSPORTE RODOVIÁRIO DE CARGAS

Luiz Anselmo TrombiniEduardo Ferreira RebuzziPaulo BrondaniIrani Bertolini

Pedro José de Oliveira LopesOswaldo Dias de CastroDaniel Luís CarvalhoAugosto Emílio DalçóquioGeraldo Aguiar Brito VianaAugusto Dalçóquio NetoEuclides HaissPaulo Vicente CaleffiFrancisco Pelúcio

TRANSPORTE DE PASSAGEIROS

Luiz Wagner ChieppeAlfredo José Bezerra LeiteJacob Barata FilhoJosé Augusto PinheiroMarcus Vinícius GravinaTarcísio Schettino RibeiroJosé Severiano ChavesEudo Laranjeiras CostaAntônio Carlos Melgaço KnitellAbrão Abdo IzaccFrancisco Saldanha BezerraJerson Antonio PicoliJosé Nolar SchedlerMário Martins

TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS, DE PESSOAS E DE BENS

Edgar Ferreira de SousaJosé Alexandrino Ferreira NetoJosé Percides RodriguesLuiz Maldonado MarthosSandoval Geraldino dos SantosDirceu Efigenio ReisÉder Dal’ LagoAndré Luiz CostaMariano CostaJosé da Fonseca LopesClaudinei Natal PelegriniGetúlio Vargas de Moura BraatzNilton Noel da RochaNeirman Moreira da Silva

TRANSPORTE AQUAVIÁRIO, FERROVIÁRIO E AÉREO

Luiz Rebelo NetoPaulo Duarte AlecrimAndré Luiz Zanin de OliveiraMoacyr BonelliJosé Carlos Ribeiro GomesPaulo Sergio de Mello Cotta Marcelino José Lobato NascimentoRonaldo Mattos de Oliveira LimaJosé Eduardo LopesFernando Ferreira BeckerPedro Henrique Garcia de JesusJorge Afonso Quagliani PereiraClaudio Roberto Fernandes DecourtPedro Lopes de Oliveira

CONSELHO EDITORIAL

Almerindo Camilo

Aristides França Neto

Bernardino Rios Pim

Etevaldo Dias

Virgílio Coelho

REDAÇÃO

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EDITORES-EXECUTIVOS

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FALE COM A REDAÇÃO(31) 3411-7007 • [email protected] Rua Eduardo Lopes, 591 • Santo André CEP 31230-200 • Belo Horizonte (MG)ASSINATURAS 0800-7282891 ESTA REVISTA PODE SER ACESSADA VIA INTERNET:www.cnt.org.brATUALIZAÇÃO DE ENDEREÇO: [email protected]

PUBLICIDADERemar (11) 3451-0012 REPRESENTANTES

Celso Marino - cel/rádio (11) 9141-2938

Publicação do Sest/Senat, registrada no Cartório do 1º Ofício de Registro Civil das Pessoas Jurídicas do Distrito Federal sob o número 053. Editada sob responsabilidade da AC&S Assessoria em Comunicação e Serviços Ltda.Tiragem 40 mil exemplares

Os conceitos emitidos nos artigos assinados não refletem necessariamente a opinião da CCNNTT TTrraannssppoorrttee AAttuuaall

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CNTT R A N S P O R T E A T U A L

EDIÇÃO FORAM CEDIDAS PELA CONSERVAÇÃO INTERNACIONAL BRASIL] FOTO CAPA ISTOCKPHOTO

ANO XIII | EDIÇÃO ESPECIAL

PROGRAMA DESPOLUIRA CNT está lançando o Programa Despoluir, que tem entre suas principaismetas reduzir as emissões de gases que provocam o aquecimento global e incentivar a consciência e a gestão ambiental no setor transportador.

ENTREVISTA CLÉSIO ANDRADEO presidente da CNT fala sobre oPrograma Despoluir e o papel do setor na conservação ambiental.

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O PRESIDENTE DA CNT FALA SOBRE O PROGRAMA DESPOLUIR E COMO O SETOR TRANSPORTADOR PODE

AJUDAR A COMBATER O AQUECIMENTO GLOBAL

ENTREVISTA

CLÉSIO ANDRADE

O que é o Programa Despoluir?

CLÉSIO ANDRADE - O Despoluir é o pro-grama de mobilização ambiental dotransporte. Ele se propõe a ser prioritari-amente um programa de conscientizaçãoe de mobilização. Queremos despoluirmentes; oferecer às pessoas uma culturado ecologicamente correta, da respons-abilidade para com o meio ambiente. Evamos começar com os transportadores

e seus colaboradores, ou seja, com onosso público interno.

Como nasceu o programa?

Já há alguns anos os transportadoresbrasileiros vinham demonstrando preo-cupações com a questão ambiental.Assim, em 1996 a CNT lançou, em parceiracom a Petrobras, um projeto que foi pre-cursor do Despoluir. O projeto inicial aju-

PLANETAEFETIVAPARACONTRIBUIÇÃO

O

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9CNT TRANSPORTE ATUAL

FOTOS JÚLIO FERNANDES/CNT/DIVULGAÇÃO

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10 CNT TRANSPORTE ATUAL

dou o transportador a econo-mizar combustível e a aumentar,assim, sua competitividade nomercado. Evidentemente, o usoracional do combustível implicana diminuição da emissão depoluentes na atmosfera.Conseguimos evitar a emissãode mais de 300 mil toneladas deCO2 só em 2006. Vimos, então, anecessidade de nos associarmosaos demais segmentos dasociedade na luta contra o aque-cimento global. Nossa propostavisa, prioritariamente, inserir otransportador brasileiro nessaluta que, na verdade, é de todos,indistintamente. Podemos dizer,então, que o Despoluir é a con-tribuição efetiva e imediata dotransportador para a melhoriada qualidade do ar e da conser-vação do meio ambiente. Nossameta é conseguir uma grandemobilização do sistema detransporte em torno da questãoambiental. Para tanto, conta-mos com o apoio indispensáveldas federações de transportedos 27 Estados brasileiros. Emtodas elas, o ProgramaDespoluir pretende contar comum comitê gestor regional, quevai ajudar a multiplicar, nosEstados, as iniciativas que a CNT

estará coordenando em âmbitonacional.

De que maneira o transporta-dor pode ajudar no combate aoaquecimento global?

Os meios de transporte respon-dem por grande parte da emis-são de gases no meio ambiente,uma vez que utilizam em, suaatividade, combustíveis fósseis.Os dados de que dispomos mos-tram que no Brasil o transporteresponde por cerca de 9% daemissão de CO2, um dos princi-pais gases causadores do efeitoestufa. Por isso resolvemos lan-çar o Despoluir, que está sendoinstituído como um programa per-manente da CNT e que abrange140 mil empresas de transportede carga e de passageiros e 733mil transportadores autônomosem todo o país. É uma forma dea CNT dar sua parcela de con-tribuição neste esforço contra oaquecimento global.

Que estrutura a CNT vai ofere-cer para ajudar o transporta-dor no esforço pela redução daemissão de poluentes?

Adquirimos veículos que serão

equipados com opacímetros edemais equipamentos, que setransformarão em unidadesmóveis de inspeção. Essa frotaserá gerenciada pelas feder-ações regionais, que atenderãoàs empresas a elas ligadas emsua área de atuação. Tambémcriaremos postos fixos paraatender caminhoneiros autô-nomos e taxistas. Esses postosserão instalados em unidadesoperacionais do Sest/Senat eem locais de grande concen-tração de caminhoneiros, comoportos, pólos industriais, incen-tivando a regulagem da frota deveículos movidos a com-bustíveis de origens fósseis emtodo o país.

O ProgramaDespoluir

é a contribuiçãoimediata do

setor detransporte

para a conservação

do meioambiente

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11CNT TRANSPORTE ATUAL

Como serão as ações de afe-rição?

Com o auxílio das federações, pre-tendemos realizar aferições deveículos, que irão ajudar otransportador a contribuir, cadavez mais, com o esforço mundialem favor do meio ambiente. ACNT estará disseminando a cul-tura de princípios e valores am-bientais para a conscientizaçãoe comprometimento dos trans-portadores brasileiros pela cau-sa. Nosso programa ambientalserá dinâmico e vai se adaptaràs novas necessidades que porventura surjam ao longo dotempo em que for se desenvol-vendo. Estamos falando de um

programa que visa resultadosobjetivos, que serão mensura-dos ao longo de sua execução.

Está prevista a realização deparcerias?

Nossos esforços na área ambi-ental sempre contaram com aparticipação de parceiros im-portantes, não só as federaçõesregionais, como também órgãosgovernamentais. Temos certezade que agora não será diferente.Temos a expectativa de que es-sas parcerias serão intensifica-das. Vamos incentivar o estabe-lecimento de parcerias com ór-gãos ambientais com vistas a es-tabelecer transparência e a for-

talecer a credibilidade das açõespromovidas sob a chancela doPrograma Despoluir.

Como as atividades do Des-poluir vão ajudar a conscienti-zar os agentes envolvidos naatividade de transporte?

Nossa meta com o Despoluir é,acima de tudo, criar consciênciaambiental. Primeiramente juntoao nosso público interno — ostransportadores, caminhonei-ros, taxistas, autônomos e ostrabalhadores de empresas de

transporte. É claro que váriasações que serão implementadaspelo Programa Despoluir vãocontribuir para a redução daemissão de poluentes. Vemosisso com muito bons olhos. Mas,acima de tudo, vemos algunsdos agentes do setor trans-portador como potenciais multi-plicadores da nova consciênciaambiental que, acreditamos, irásensibilizar toda a sociedade. Éuma tendência irreversível paraa qual o homem parece estardespertando: a consciência deque se ele não mudar a forma dese relacionar com o ambientenão teremos planeta para legara nossos filhos e netos.

Como um caminhoneiro ou umtaxista pode ajudar a criar umanova consciência ambiental nasociedade brasileira?

Se considerarmos que o cami-nhoneiro é na realidade econô-mica e social do Brasil atual umagente de integração nacional,na medida em que percorre umpaís de dimensões continentaistodos os dias, você passará a vernesse profissional mais que umsimples trabalhador. Ele é umaverdadeira fonte natural de inte-

Se nãomudarmos

nossa relaçãocom o meio

ambiente nãoteremos

planeta paralegar para

nossos filhose netos

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gração e difusão de idéias e cos-tumes. É nessa função que es-peramos que o caminhoneiro par-ticipe do esforço mundial contrao aquecimento global. Estudosbrasileiros mostram que os des-matamentos e as queimadas con-tribuem mais para o aquecimen-to do planeta do que a emissãode poluentes, e poucas pessoastêm mais condições de ajudar acombater os desmatamentos ile-gais e as queimadas criminosasdo que os motoristas de cami-nhão, exatamente porque cor-tam nossas estradas dia e noitee podem ajudar, avisando as au-toridades tão logo identifiquemuma ação de queimada ou des-matamento ilegal, por exemplo.

E os taxistas?

Todos sabem que os taxistas sãograndes formadores de opiniãoem nossas cidades. São pessoasque se relacionam com os cida-dãos de todos os níveis de umasociedade urbana. Eles têm, por-tanto, condições de disseminaridéias positivas de combate àpoluição e conservação do meioambiente. Partimos do princípiode que cada um de nós tem con-tribuições a dar para conservar

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o meio ambiente. Por isso, o Pro-grama Despoluir prevê a criaçãode cursos de capacitação do queestamos chamando “Caminho-neiro Amigo do Meio Ambiente”e “Taxista Amigo do Meio Am-biente”. Eles serão agentes decampanhas especiais a seremdesenvolvidas pela CNT atravésdo nosso programa ambientalpermanente, participando deações que ajudarão a despertarneles a consciência de que têmmuito a contribuir no esforço con-tra o aquecimento do planeta.

Já existem casos concretos deautoridades se engajando nes-se esforço?

Creio que isso de certa forma jáestá acontecendo. Vemos mui-tos casos de autoridades públi-cas desenvolvendo atividadesque vão contribuir. A essepropósito merece elogios a ini-ciativa do prefeito de São Paulo,Gilberto Kassab, que elegeu aquestão da poluição veicularcomo prioridade de sua admin-istração. Iniciativas como essavêm ao encontro do que ostransportadores pretendem aoempreender o Programa Des-poluir.

Há, no Despoluir, alguma pro-posta voltada para a qualida-de dos combustíveis conven-cionais atualmente consumi-dos no Brasil?

Pretendemos estabelecer parce-rias com entidades do mundoacadêmico para o desenvolvi-mento de ferramentas que per-mitam aferir a qualidade docombustível vendido no Brasil.Acreditamos que há muito quemelhorar nesse item, e a melho-ra será benéfica para todos,inclusive as distribuidoras e refi-narias. Também deverão se be-neficiar de uma eventual melho-ria da qualidade dos combustí-veis de petróleo as montadoras,os fabricantes de autopeças e osconsumidores de uma maneirageral.

O que o Despoluir proporá emrelação ao uso de combustí-veis alternativos?

Temos a intenção de estabelecerparcerias para a avaliação daprodução e distribuição e incen-tivo do uso de biocombustível,gás natural e outros combustí-veis renováveis, visando ampliara rede de fornecimento ao longo

Estudosmostram que os

desmates equeimadascontribuemmais para oaquecimentodo planetado que a

emissão depoluentes

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das principais rodovias e nos cen-tros urbanos. Queremos mostraras vantagens econômicas, sociais,ambientais e operacionais douso de energia limpa no trans-porte.

A gestão das empresas tam-bém deve acompanhar essa no-va consciência ambiental?

Certamente que sim. Hoje, qual-quer empresário bem sucedidosabe que, além de técnicas deadministração financeira e detalentos humanos eficientes, épreciso ter foco também na va-riável ambiental para assegurarmais competitividade para asempresas. Antigamente, a maio-ria das empresas mantinha umdepartamento de ferro-velho, on-de eram jogadas as peças dani-ficadas retiradas dos veículos.Hoje, a maioria transformou es-se setor em departamentos dematerial reciclável. Não se tratade uma simples mudança denome. Trata-se, na verdade, deum reflexo da mudança de cons-ciência que permeia o setortransportador já há algum tem-po. Nosso programa pretendeincentivar a adoção de sistemasde gestão ambiental pelas em-

O caminhoneiro e o taxista são fontes naturais de difusão de idéias. É assim que esperamos que participem da luta contra o aquecimento global

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presas transportadoras, bem co-mo apresentar recomendaçõesno que diz respeito à gestão deresíduos, como pneus e óleosautomotivos lubrificantes, emterminais e garagens.

A CNT vai desenvolver açõesde educação ambiental?

Sim. Aliás, a questão educativa éum dos esteios do programa. Nóspretendemos promover ativida-des para capacitar profissionaise divulgar intensamente asações ambientais de transporta-dores que estejam sendo em-preendidas com sucesso. Vamoselaborar um manual técnico es-pecífico para a execução doPrograma, estabelecendo roti-nas para consolidarmos o con-ceito de empresas ambiental-mente corretas, empresas quese empenhem em realizar siste-maticamente a inspeção de seusveículos visando ao atendimen-to das normas e padrões exigi-dos no que se refere à emissãode poluentes. Paralelamente, aEscola do Transporte, do IDT (Ins-tituto de Desenvolvimento doTransporte), órgão da CNT, vaidesenvolver cursos adaptadosàs necessidades dos empresá-

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rios, em conformidade com arealidade de cada região. Tam-bém estará a cargo do IDT o su-porte necessário no que dizrespeito a recursos educativos,tais como cartilhas, cartazes,folders etc. Essas peças, aliás,serão também fartamente utili-zadas como apoio às campa-nhas de mobilização do nosso pú-blico interno, ou seja, os mo-toristas, funcionários de trans-portadores, fornecedores, par-ceiros e todos os demais agen-tes envolvidos na atividade trans-portadora.

Qual o papel do sistema Sest/Senat no Despoluir?

A CNT criou o Sest (Serviço So-cial do Transporte) e o Senat(Serviço Nacional de Aprendi-zagem do Transporte) para aten-der os transportadores autôno-mos e trabalhadores do setor detransporte. O Sest/Senat tem odesafio de construir um setor detransporte qualificado, produtivoe eficaz, com constante evo-lução e busca de resultados prá-ticos, visando à melhoria do bem-estar de seus trabalhadores, as-sim como dos serviços prestadosà sociedade. A instituição é parte

integrante da mudança queocorre no segmento de trans-porte, participando da melhoriana qualidade de vida dos trabal-hadores. Há 124 unidades espal-hadas por todo o territórionacional para o desenvolvimentode suas atividades. As questõesambientais irão se incorporarnaturalmente à busca de me-lhores índices de qualidade devida e à temática da qualificaçãoprofissional dos agentes do setor.

Por que o transportador deve-ria participar do Despoluir?

Porque o Despoluir é um progra-ma social e ambientalmente res-ponsável. É um programa que,ao realizar ações no setor detransporte para a melhoria domeio ambiente e ao incentivar aresponsabilidade ambiental decada um e da sociedade, influen-cia diretamente na qualidade devida de todo cidadão. O maisimportante para nós, homens doséculo 21, é a certeza de que de-vemos legar à posteridade umplaneta melhor do que recebe-mos de nossos antepassados.Essa deve ser a maior preocupa-ção de todos, e não apenas dostransportadores. ●

O ProgramaDespoluir

vai incentivara adoção

de sistemas de gestão

ambiental porparte das

empresas detransporte

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DESPOLUIR

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Oque parece um desafio para o Brasil,na visão de muitos especialistas, co-meça a mobilizar um setor econômicoresponsável pela geração de renda

correspondente a 6,5% do Produto Interno Bru-to. A Confederação Nacional do Transporte estálançando o Programa Despoluir, que tem entresuas principais metas reduzir as emissões degases que provocam o aquecimento global e in-centivar a consciência e a gestão ambiental nosetor transportador.

O Despoluir tem a participação de 31 federaçõesregionais vinculadas ao Sistema CNT. Uma estrutu-

PROJETO DESPOLUIR, O PROGRAMA DE REDUÇÃO DE EMISSÃO DE GASES DA CNT,

MOBILIZA TODO O SETOR NO PAÍS

ra que compreende 70 mil empresas de transportee 700 mil caminhoneiros e taxistas autônomos oucerca de 2,5 milhões de trabalhadores, que, ao ladodas empresas, serão os motores do programa.

A responsabilidade ambiental do transporteestá ancorada no incentivo à redução das emissõesveiculares. Muitos filiados da CNT têm história desucesso na área e são referência em proteção am-biental na comunidade onde atuam. Por isso, umadas etapas do programa é identificar e estimularações que já vêm sendo aplicadas com êxito.

A presidente do conselho de administraçãoda TAM Linhas Aéreas, Maria Cláudia Amaro, as-

EXEMPLOTRANSPORTEDÁOO

POR RICARDO RODRIGUES

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A floresta Amazônica representaum terço das florestas tropicaisdo mundo e abriga cerca de 50%da biodiversidade do planeta. Detalhe: Gafanhoto (Orthoptera)

AMAZÔNIA

HAROLDO CASTRO/CI E ADRIANO JEROZOLIMSKI/CI-BRASIL

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20 CNT TRANSPORTE ATUAL

sinou recentemente uma carta deintenções com a WWF, organiza-ção não-governamental presenteem mais de cem países, para im-plementar um programa de com-pensação de emissões de gasesdo efeito estufa e conscientizaçãosobre mudanças climáticas. Porum valor estimado entre R$ 4 e R$5 a mais para comprar créditos decarbono, o passageiro poderá, vo-luntariamente, contribuir paracompensar as emissões de seuvôo e neutralizar a emissão deCO2 na totalidade das operaçõesda empresa, a maior do setor detransporte aéreo no país.

Mas, quando se trata de prote-ção ambiental, tamanho não é do-cumento. Em Paulínia (SP), a Trans-celestial Transportes adota medi-das para a destinação final de resí-duos poluentes e obteve, em 2005,a certificação no programa dequalidade SSASMAQ (segurança,saúde, meio ambiente e qualida-de). Pneus, lâmpadas, óleos e bate-rias são encaminhados para reci-clagem sem contaminar a nature-za. A Transcelestial implantou emantém, dentro dos terrenos daempresa, uma área verde inteira-mente reflorestada.

No Rio de Janeiro, a Fetransporpretende compensar o equivalentea 24% das emissões totais de CO2,

ou seja, 4.300 ônibus de uma frotade 18.300 passarão a ter emissãozero. “Trata-se de uma tomada deposição em defesa do meio ambien-te, de um compromisso com a socie-dade e de uma filosofia desse seg-mento empresarial, que tem cons-ciência de que ainda é impossíveltransportar por meios rodoviárioscom ausência total de poluentes,por mais que a tecnologia tenhapermitido grandes reduções nessesíndices”, afirma o presidente execu-tivo da Fetranspor, Lélis Marcos Tei-xeira. Segundo ele, o transporte co-letivo de passageiros quer ser reco-nhecido como aquele que mais tra-

balha pela compensação ambientaldessas emissões.

GESTÃO AMBIENTAL

Apesar de muito importante,reduzir emissões é apenas umadas metas do Despoluir. O progra-ma vai também apoiar as pesqui-sas, o desenvolvimento e a im-plantação de tecnologias e mode-los de gestão voltados à utiliza-ção racional de recursos naturaise que visem minimizar os impac-tos adversos ao ar, ao solo e àágua, advindos das atividades dosetor transportador. Além disso,

vai fomentar a conscientizaçãoambiental em toda a cadeia dotransporte, do trabalhador e suafamília aos fornecedores, parcei-ros comerciais e usuários.

São metas ambiciosas que vi-sam estimular ações de gestão am-biental a serem empreendidas pelasempresas, que vão da identificaçãodos impactos ambientais decorren-tes de suas instalações, processos,produtos e serviços até a adoção deações preventivas para eliminar ouminimizar esses impactos, atravésdo fomento às atividades de educa-ção e capacitação ambiental. Não setrata apenas de economizar com-

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21CNT TRANSPORTE ATUAL

volvimento que sejam verdadei-ramente sustentáveis”, afirma.

De acordo com Isabela San-tos, a CNT tem enorme capaci-dade de mobilização e atuaçãopropositiva para o combate afatores sérios, como a poluiçãoemitida por veículos ou o atro-pelamento de animais silves-tres por excesso de velocidadenas rodovias. “O programa Des-poluir parece-me um excelenteaporte rumo à sensibilização demotoristas e população em ge-ral sobre os impactos do aque-cimento global e, o mais impor-tante, sobre que tipo de contri-buição pró-ativa cada cidadão

pode ter para somar-se a esseesforço que é de toda a socie-dade”, ressalta.

Projetos de gestão ambien-tal podem também representarbenefícios econômicos para oempresariado. “Hoje já existemmetodologias para a área detransporte, mas faltam os pro-jetos. O setor carece de atuaçãomais efetiva no mercado de cré-ditos de carbono”, afirma o bió-logo Pablo Fernandez de Melloe Souza, gerente de implemen-tação de projetos de MDL (me-canismo de desenvolvimentolimpo) na EcoSecurities, maiorempresa internacional especia-lizada em negócios com certifi-cados de carbono, gerenciandoum portfólio de mais de 50 pro-jetos no país. “No setor de trans-porte há apenas um projeto nomundo, na Colômbia, empreen-dido por uma empresa pública emBogotá”, diz. Segundo Fernandez,o desafio do setor está em ela-borar projetos em grande esca-la, reunindo um número expres-sivo de empresas ou de veículos,pois a questão é sempre de ta-manho. “É preciso grandes fro-tas para monitorar a redução de50 mil a 100 mil toneladas degases, numa proporção de 100toneladas/ano por ônibus”. ●

bustível: as empresas precisamadotar ações que promovam a ges-tão ambiental de forma ampla. O va-lor ambiental deve ser disseminadoentre todos os profissionais, tornan-do-os vigilantes do meio ambiente,dentro e fora das empresas.

BENEFÍCIOS

Para a CNT, os maiores be-nefícios do programa reverte-rão para a comunidade, sobre-tudo aquela que vive em gran-des centros urbanos, que sen-tirá, mais diretamente, os efei-tos da melhoria do meio am-

biente e da qualidade do ar. O programa é fundamenta-

do na missão, na visão e nosobjetivos da CNT e na políticade meio ambiente já estabele-cida para o setor de transpor-te. Traduz uma posição clara etransparente, que reflete a ne-cessidade do setor de partici-par do compartilhamento glo-bal da responsabilidade para amelhoria da qualidade ambien-tal. A busca do desenvolvimen-to sustentável exige a partici-pação do setor de transporte,fortalecendo a imagem pró-ativa do empresariado na ques-tão ambiental.

Para Isabela Santos, diretorade comunicação no Brasil daONG Conservação Internacional,uma das mais importantes domundo na área ambiental, é va-lioso que uma entidade do por-te da CNT lidere essa campanha.“Isso prova que a sociedade es-tá mais consciente dos sériosproblemas que nos afetam eque atores sociais importantes,como os empresários, estão semobilizando para propor o de-bate, ações e soluções viáveis eao seu alcance para contribuirefetivamente para a melhoriada qualidade de vida do plane-ta, através de formas de desen-

Os maiores benefícios do

programa reverterão para a comunidade,

que sentirá os efeitos da

melhoria do meio ambiente

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24 CNT TRANSPORTE ATUAL

EMISSÃO DE POLUENTES

Embaladas pela ondaverde, as ações para apreservação do planetasão cada vez mais con-

sistentes no Brasil, o país doetanol. Governo, empresas esociedade trabalham em buscade um modelo de desenvolvimen-to sustentável que agrida me-nos o ambiente, no qual o setortransportador tem grande rele-

vância. Desde a implantação doProconve (Programa de Con-trole da Poluição do Ar porVeículos Automotores), há 20anos, as emissões de gases po-luentes foram reduzidas em94%, segundo balanço divulga-do no final de 2006. Além daevolução tecnológica e melhormanutenção preventiva nosveículos, também contribuíram

para a redução a melhora daqualidade do combustível ven-dido no país, a redução do nívelde enxofre e a adição do álcoolà gasolina. No entanto, espe-cialistas e autoridades sãounânimes em afirmar que aindahá muito por fazer.

O coordenador da Campanhade Clima do Greenpeace noBrasil, Carlos Rittl, lembra que,

POR ALINE RESKALLA

AÇÕES PARA A PRESERVAÇÃO DO PLANETA AINDA SÃO INSUFICIENTES PARA REDUZIR EFEITOS DO AQUECIMENTO

CAMINHOLONGO

PERCORRER

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Além do papel importante para a história brasileira, é considerado um dos mais ameaçados ecossistemas do mundo. No detalhe: o tucano

MATA ATLÂNTICA

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26 CNT TRANSPORTE ATUAL 26 CNT TRANSPORTE ATUAL

mente", diz. Aqui, o biodieseldeve entrar como iniciativa desucesso.

Para Carvalho, a indústrianão encontrará grandes dificul-dades de se adaptar às novasregras, pois as matrizes dasmontadoras presentes no Brasiljá possuem know-how e adotama tecnologia na Europa e nosEstados Unidos.

Se depender das montado-ras, o carro do futuro deve ser"verde", como mostrou o Salãodo Automóvel de Detroit 2007,nos EUA, em janeiro. Os visi-

Veículos da Cetesb, empresa decontrole ambiental de São Pau-lo, diz que o maior desafioagora é reduzir a presença dematerial particulado, emitidopelos motores a diesel, na at-mosfera. "Houve uma sensívelmelhora na qualidade dos com-bustíveis, mas o óleo pode sermenos poluente. A equação ésimples: se tivermos diesel me-lhor, o ar também será melhor.Uma opção viável é o uso dodiesel com 50 ppm, ou seja, comdez vezes menos partículaspoluentes do que temos atual-

no país, o setor de transportescontinua sendo a segunda maiorfonte de geração de gases deefeito estufa (aquecimento arti-ficial da Terra). "O dióxido decarbono é o principal gás res-ponsável pelo aquecimento glo-bal, o que ameaça a saúde e avida de pessoas em todo o plane-ta", afirma. No caso do gás car-bônico (CO2), o automóvel bra-sileiro emite em média 15 g/km,enquanto o ônibus, cerca de 17g/km.

Estimativas de especialistasem meio ambiente indicam quesão despejadas na atmosferaanualmente cerca de 7 bilhões detoneladas de gases causadoresdo efeito estufa, principalmenteo gás carbônico (CO2), um dosmais nocivos ao meio ambiente.

O ano de 2007, porém, devemarcar um avanço importanteno Brasil. Entraram em vigor no-vos limites para emissão de polu-entes, que incluem também veí-culos automotores de passa-geiros e comerciais leves de até1,7 tonelada. Desde janeiro, to-dos os veículos novos vendidosno Brasil devem sair de fábricaatendendo a limites sujeitos àfiscalização pelos Estados (verquadro ao lado).

Homero Carvalho, gerente deEngenharia e Fiscalização de

tantes tiveram a oportunidadede conferir o novo protótipo docarro movido a células de com-bustível da General Motors.Também chamou a atenção dopúblico o Volt, da mesma GM,que permite que um motor car-regue baterias feitas com íon delítio, material usado também emtelefones celulares. De acordocom a fabricante norte-america-

SÃO DESPEJADAS

NA ATMOSFERAANUALMENTE

CERCA DE

7 BILHÕESDE TONELADAS

DE GASES CAUSADORES

DO EFEITO ESTUFA

LIMITES PARA EMISSÃO DE POLUENTES (EM G/KM)

Monóxido de carbono (CO) 2,00

Hidrocarbonetos totais (para veículos a gás natural) 0,30

Hidrocarbonetos não metano 0,16

Óxidos de nitrogênio (NO) para motores ciclo Otto 0,25

Óxidos de nitrogênio (NO) para motores ciclo Diesel 0,60

Aldeídos do álcool (HCO) para motores ciclo Otto 0,03

Material particulado (MP) para motores ciclo Diesel 0,05

O teor de monóxido de carbono em marcha lenta, para motores cicloOtto, não pode exceder 0,50% vol.

Houve uma sensível melhora na qualidade dos combustíveis, mas odiesel pode ser menos poluente

HOMERO CARVALHO, GERENTE DE ENGENHARIAE FISCALIZAÇÃO DE VEÍCULOS DA CETESB/SP

❛❛

Page 27: Revista CNT Transporte Atual - Jul/2007

27CNT TRANSPORTE ATUAL

BBRRAASSPPRREESSSS

O grupo Braspress é pioneiro no uso de biodiesel. Toda a frota da empresa, de 780 camin-hões, começou a ser abastecida com B2 (mistura de 2% de biodiesel ao diesel) há um ano. Os resultados são “excepcionais”, segun-do o presidente do grupo, Urubatan Helou. O ganho ambiental não acarretou redução nodesempenho dos caminhões, nem elevação nocusto do combustível ou da manutenção dosveículos. “Nós, transportadores de carga e pas-sageiros, precisamos nos adequar. Exige-se agoraum compromisso muito sério das empresas coma questão ambiental”, diz Helou. “É precisomudar a matriz energética mundial e o Brasil saina frente nesse processo, ao trocar o óleo preto pelo óleo verde.” O grupo templanos de investir em culturas de oleaginosas eproduzir biodiesel para consumo da frota.

na, a expectativa é começar aproduzir automóveis híbridosaté 2010. Já a japonesa Toyotaaproveitou o Salão para lançarseu automóvel elétrico, que tam-bém funciona a gasolina. Mas oconsumidor terá que esperaraté 2009 para encontrá-lo nomercado.

Uma pesquisa da Universi-dade de São Paulo mostra que asubstituição da atual frota na-cional de veículos leves por veí-culos híbridos reduziria a po-luição veicular em até 80%,gerando economia de mais deR$ 450 bilhões por ano aoscofres públicos nacionais. Oshíbridos utilizam duas fontes deenergia para se movimentar e,geralmente, adotam o motorelétrico como alternativa.

Se a troca ocorresse ape-nas na Grande São Paulo, ou

seja, em 7,4 milhões de veícu-los, representaria uma econo-mia anual de R$ 132,5 bilhões.A idéia foi defendida pela en-genheira Juliana de FreitasQueiroz, no projeto “Introdu-ção do Veículo Híbrido no Bra-sil: Avanço Tecnológico aliadoà Qualidade de Vida”, desen-volvido na Escola Politécnicada USP, sob a orientação do pro-fessor Marcelo Massarani.

Segundo Juliana, cada veícu-lo convencional substituído pelatecnologia híbrida representaeconomia de R$ 18 mil por uni-dade durante sua vida útil. Essevalor leva em conta o consumomenor de combustível, econo-mia nos créditos de carbono doProtocolo de Kyoto e gastos comdoenças respiratórias pelo sis-tema de saúde pública. "Recei-ta que, devidamente aplicada em

DESPOLUINDOBRASPRESS/DIVULGAÇÃO

Page 28: Revista CNT Transporte Atual - Jul/2007

28 CNT TRANSPORTE ATUAL

programas sociais, pode con-tribuir para melhorar a qualidadede vida do brasileiro", diz a en-genheira.

No estudo, Juliana trata asemissões como um problemasocial que se alastra mundial-mente. De acordo com pesqui-sas internacionais, os veícu-los híbridos chegam a gerarde 50% a 80% menos polu-entes que os convencionais. Aengenheira sugere, ainda, in-centivos governamentais pa-ra motivar a indústria e a po-pulação a utilizá-los.

O dióxido de carbono, é também

uma ameaçaà saúde e à vida

das pessoasem todo o planetaCARLOS RITTL, COORDENADOR

DA CAMPANHA DE CLIMADO GREENPEACE NO BRASIL

HHAAMMBBUURRGGSSUUDD//AALLIIAANNÇÇAA

A HamburgSud/Aliança Logística, empresaespecializada em transporte marítimo de cargas, investe desde 1997 em iniciativas dequalidade, segurança e proteção ambiental. Além de um plano de gerenciamento para aoperação de troca de água de lastro em seusnavios, a empresa adota procedimentos sis-tematizados para a coleta seletiva de lixo,limpeza permanente de resíduos de óleo nasembarcações e o controle do teor de enxofreno óleo combustível.

DESPOLUINDOHAMBURGSUD/ALIANÇA/DIVULGAÇÃO

Page 29: Revista CNT Transporte Atual - Jul/2007

29CNT TRANSPORTE ATUAL

Um outro estudo, da UFRJ(Universidade Federal do Rio deJaneiro), sustenta que o Brasiltem potencial para expandir aeconomia e, paralelamente, re-duzir a taxa de crescimento dasemissões de CO2 na área ener-gética. O país poderia chegar a2020 com emissões 29% me-nores com o investimento emalternativas ao petróleo no se-tor energético.

Para Emílio La Rovere, doPrograma de Planejamento Ener-gético da Coordenação do Coo-pe/UFRJ (Programas de Pós-graduação de Engenharia), ma-trizes como o álcool e o bio-diesel permitiram que as emis-sões de CO2 no setor energéti-co fossem 14% menores do queseriam em 2020, caso elas nãoexistissem.

Segundo Rovere, o Coppedispõe de projeções demons-trando que o aumento do inves-timento em novos programasde fontes alternativas de ener-gia e eficiência energética podelevar a outros 15% de reduçãona taxa de crescimento dasemissões em 2020. ●

Montadora tem experiências bem-sucedidasA INDÚSTRIA TAMBÉM FAZ SUA PARTE

Medidas adotadas pelafábrica da Volkswagen emTaubaté (SP) permitiram aredução de 13,4% na emis-são de gás carbônico (CO2)pela unidade nos últimoscinco anos. Em termos abso-lutos, as mudanças repre-sentam 2.700 toneladas amenos de CO2 lançadas no ar.O gerente de Engenharia eManutenção da fábrica, Car-los Henrique dos Santos, dizque a redução ocorreu gra-ças à substituição do óleodiesel pelo gás natural comocombustível alimentador dascaldeiras e estufas. E, tam-bém, pela conscientização

dos empregados da área deenergia sobre a necessidadede combate ao desperdício.Durante o verão, a unidadede Taubaté atrasa em trêshoras o acionamento dascaldeiras, para aproveitarmelhor o calor natural doambiente.

As mudanças, que consu-miram R$ 22 milhões em in-vestimentos nos últimos se-te anos, passam também pe-lo departamento de pintura,onde houve redução de 33%na geração de material par-ticulado. Santos explica queisso foi possível com a subs-tituição das pistolas conven-

cionais de pintura por mode-los eletrostáticos importa-dos dos Estados Unidos, queusam menos 22% de sol-ventes e outros insumos, co-mo o verniz. O consumo me-nor de solvente reduz em 25%a emissão de compostosorgânicos voláteis. Apenasno ano passado, mais de 44toneladas de gases destetipo deixaram de ser gera-das. Segundo a Volkswagen,o capital investido na comprado equipamento e no trei-namento dos pintores, alémdos benefícios para o meioambiente, foi amortizado emmenos de três meses.

A substituição da frota de veículos leves por veículos híbridos reduziria a poluição veicular em até 80%

❛❛JULIANA QUEIROZ, ENGENHEIRAE PESQUISADORA DA POLI/USP

VOLKSWAGEN/DIVULGAÇÃO

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30 CNT TRANSPORTE ATUAL

Uma empresa atuante nosetor ferroviário e que sedestaca por adotar proce-dimentos para a redução

da emissão de dióxido de carbonona atmosfera é a Companhia Vale doRio Doce (CVRD). Desde janeiro, an-tecipando-se à lei nº 11.907/2005(que torna obrigatória a adição de2% de biodiesel ao diesel), a empre-sa já utiliza o combustível, chamadode B2, em locomotivas, caminhões egeradores de energia elétrica.

Em maio, a Vale avançou mais nosentido da preservação ambientalao anunciar a utilização do B20 (die-sel com adição de 20% de biodiesel)na Estrada de Ferro Vitória a Minas ena Estrada de Ferro Carajás. Trata-sede uma ação pioneira que nasceu deparceria entre a Vale e a Petrobras.Com a iniciativa, a CVRD, além deentrar no ranking das maiores con-sumidoras de biodiesel do mundo,passa a deixar de emitir, apenas es-te ano, 224 mil toneladas de partícu-las de CO2 na atmosfera, de acordocom estimativas da empresa.

A Vale submeteu o projeto àavaliação da ANP (Agência Nacionaldo Petróleo, Gás Natural e Biocom-bustíveis), que autorizou a adição de20% de biodiesel ao combustível.Segundo a agência, esse percentualé o maior já autorizado para umafrota cativa no país. Nos postos decombustível, a ANP permite apenas

TRILHOSVERDESVALE DO RIO DOCE USA COMBUSTÍVEL COM 20%

DE BIODIESEL NA VITÓRIA A MINAS E EM CARAJÁS

POR SANDRA CARVALHO

a comercialização do B2. A Valeplaneja estender o uso do B20 àFerrovia Centro-Atlântica em 2008.

O volume de partículas não emi-tido, segundo a empresa, equivale àemissão anual de dióxido de car-bono de uma cidade com 27 milhabitantes. De acordo com levanta-mentos realizados pela Vale, paraque essa quantidade de gás car-bônico fosse ser absorvida com re-florestamento, seria necessárioplantar anualmente uma área equi-

valente a 369 estádios do Maracanãde mata nativa ou a um sexto daFloresta da Tijuca, no Rio de Janeiro.

Segundo o diretor-executivo delogística da CVRD, Eduardo Barto-lomeu, o problema ambiental foi oprincipal motivo para a utilização doB20 pela companhia. Depois dediversos testes feitos no ano passa-do sob a orientação de empresasespecializadas em análise do trans-porte, estrutura logística e emissãode CO2, a Vale constatou que o de-

PIONEIRISMO

O B20 confirma o amplo comprometimentodas duas empresascom o programanacional de uso

do biodieselGRAÇA FOSTER,

PRESIDENTE DA PETROBRAS DISTRIBUIDORA

❛❛Depois de vários testes, a Vale constatou que o desempenho das ferrovias não será prejudicado com a utilização do B20

GRAÇA FOSTER, PRESIDENTE DA PETROBRAS DISTRIBUIDORA

EDUARDO BARTOLOMEUDIRETOR-EXECUTIVO DE LOGÍSTICA DA CVRD

Page 31: Revista CNT Transporte Atual - Jul/2007

31CNT TRANSPORTE ATUAL

sempenho das linhas Vitória a Minase Carajás não será alterado pela uti-lização do combustível alternativo.

O acordo com a BR Distribuidoraprevê fornecimento, a partir doprimeiro mês de contrato, de 1,7 mi-lhão de litros de B20 para atender àsduas ferrovias da Vale — até o finaldo ano, o fornecimento da misturadeverá chegar a 33 milhões delitros/mês para as duas estradas deferro. O volume é equivalente a 67%

• Cada tonelada con-sumida evita a emis-são de 3,5 toneladasde CO2 na atmosfera

• As ferrovias emitem16 vezes menos CO2

do que os caminhões

• Até o final do ano,mais de 247 mil to-neladas de CO2 dei-xarão de ser lança-das no ar. Esse vo-lume é igual à emis-são anual de CO2 deuma cidade com 27 mil habitantes ou a 15 mil estádiosdo Maracanã de áreareflorestada comeucaliptos por ano

• A utilização de B20 e B2 gera empregospara até 80,5 milfamílias/ano nocampo, em uma cultura de mamona

OS IMPACTOS DO B20 NA VALE

do combustível utilizado em todasas ferrovias da Vale mensalmente,incluindo a Centro-Atlântica.

Para receber, armazenar e dis-tribuir o grande volume de B20 paraa CVRD, os terminais da BRDistribuidora em Betim (MG), Duquede Caxias (RJ), São Luís (MA) eVitória (ES), além das bases deAçailândia (MA), Marabá (PA) eEbiruçu (MG), estão passando porreformas estruturais.

A BR considera o acordo com aVale uma referência internacionalpara o consumo e produção debiodiesel. “Nossa parceria com aVale é um marco. O abastecimentodas locomotivas com B20 vem ape-nas confirmar o amplo comprometi-mento das duas empresas com oPrograma Nacional de Produção eUso do Biodiesel do governo fede-ral”, afirma Graça Foster, presidenteda Petrobras Distribuidora.

CVRD/DIVULGAÇÃO

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BRASILDO

ENERGIA LIMPA

32 CNT TRANSPORTE ATUAL

nhecimento popular da iniciativa.Lenhardt é um elo exemplar liga-do à corrente da nova agendaambiental, que está gradualmentese transformando em grande ne-gócio planetário.

Estima-se que no ano passadoos investimentos em energia lim-pa alcançaram US$ 63 bilhões emtodo o planeta. O Brasil é protago-nista importante do novo ciclo dedesenvolvimento e o perfil da ma-triz energética nacional já começaa ser redesenhado. Dados do Mi-nistério de Minas e Energia indi-cam que na conta do setor de trans-porte pesam atualmente 52% doconsumo de todo o diesel do paíse o débito ambiental de 25% dasemissões de gás carbônico.

Enquanto isso, a corrida globalrumo ao biodiesel vai se consoli-dando com aportes de grandesconglomerados e fundos de inves-timento, e o Brasil parece dispostoa assumir a proa desse movimen-to. As projeções do governo fede-ral dão conta de que, com o incre-mento da produção de biodiesel,já em 2010 será possível adicionar5% de óleo vegetal (B5) ao diesel,meta que deveria ser alcançadaapenas em 2013.

Algumas transportadoras jáestão abastecendo suas frotascom diesel misturado a 2% debiodiesel (B2), composto cujo uso

para testar a Pasteleira, como elemesmo apelidou a Chevrolet S10,modelo 2001, movida a óleo de fri-tura reprocessado.

O que no começo parecia extra-vagância de um cinqüentão, ecó-logo antes de a ecologia virar mo-da, se tornou coisa séria e res-peitada. Ele já rodou 100 mil qui-lômetros com a Pasteleira e ga-rante que o kit adaptado ao motorda camionete, que ele própriodesenvolveu, é um sucesso. Dizque o segredo é simples: bastaaquecer o óleo em pré-combustão

Depois de estrelar umareportagem do “GloboRepórter”, o gaúchoPaulo Lenhardt tornou-

se celebridade. Passou a sercumprimentado em toda parte,graças a uma façanha ecológica. ATransporte Atual o encontrou naestrada, via telefone celular, quan-do ele deixava São José do Rio Pre-to (SP) e seguia para Maringá (PR),de volta para casa em Montene-gro, cidade a 70 km de Porto Ale-gre. Ele e equipe encerravam maisuma viagem de quase 4.000 km

entre 85ºC e 90ºC. O projeto deLenhardt é financiado por umafundação suíça e apoiado pelo go-verno federal. Depois de reunir-seem Brasília com autoridades doPrograma Nacional do Biodiesel, eleespera que o experimento seja ci-entificamente avaliado por uma uni-versidade ou centro tecnológico.

“Quando jogado no esgoto, oóleo de fritura vai parar no rio. Eum litro de óleo na água equivale,mais ou menos, a um milhão delitros de água contaminada”, oque explicaria em parte o reco-

INICIATIVAS COMO A CAMIONETE “PASTELEIRA”, MOVIDA A ÓLEO DE FRITURA REPROCESSADO, MOSTRAM QUE O PAÍS É

PIONEIRO EM DESENVOLVER TECNOLOGIAS AMBIENTAIS

POR ANTONIO SIUVES

CONTRIBUIÇÕESAS

PANTANALUma das maiores planícies inundáveis do mundo, abriga grande concentração de vida silvestre. No detalhe: o tuiuiú

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33CNT TRANSPORTE ATUAL

tam às metas do programa fede-ral. Um projeto da maior trans-portadora de veículos da AméricaLatina, o Grupo Sada, através daSada Bioenergia, envolve a plan-tação de 11 mil hectares de cana e5.000 hectares de pinhão-mansoem Jaíba (MG), o que permitirá abas-tecer integralmente sua frota de2.000 caminhões até 2010. A maior

se tornará compulsório a partir dejaneiro de 2008. A mistura do die-sel vegetal em maiores propor-ções, ou mesmo o uso puro do bio-diesel, o B100, está em testes emprogramas pioneiros de cidadescomo Curitiba, São Paulo e Rio deJaneiro.

Grandes transportadoras já sealinham com o futuro e se adian-

criado entre a BR Distribuidora, aFetranspor (Federação das Empre-sas de Transporte de Passageirosdo Estado do Rio de Janeiro) ealguns fabricantes de motores. Jána primeira fase da iniciativa, pre-vista para terminar em setembro,3.000 ônibus serão abastecidoscom a mistura de 5% de biodieselao diesel, antecipando em seis

parte do álcool destilado será em-pregada na produção de biodieselpuro, o B100, pelo processo etílico,uma tecnologia ecologicamente re-comendada.

Nos Jogos Pan-Americanos, de-verá ser lançado no Rio de Janeiroo mais abrangente projeto de usodo biodiesel no transporte coleti-vo brasileiro, através de convênio

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34 CNT TRANSPORTE ATUAL

anos a previsão do Plano Nacionalde Biocombustíveis para o B5. De-pois de avaliados os resultados, to-da a frota de 18 mil coletivos filia-dos à entidade no Estado deverá ro-dar com a mistura. “Testes estãosendo feitos pelas montadoras hádois anos e meio e são todos favo-ráveis. Não há perda de desem-penho nem de eficiência com o B5”,diz o engenheiro Guilherme Wil-son, diretor da Fetranspor.

Wilson é otimista com o futurodo diesel vegetal e prevê que vaiseguir a mesma trajetória doálcool, que disputou mercado coma gasolina. “É um combustível com-petitivo com o diesel de petróleo.Com o aumento da produção, ospreços vão baixar.”

Desde outubro do ano passado,1.880 dos 7.000 ônibus da empresaItaim Paulista estão rodando emSão Paulo com um composto de-senvolvido pelo Instituto Nacionalde Tecnologia. O combustível, decor laranja, agrega 30% de bio-diesel de soja, 8% de álcool e 62%de diesel comum. A B100, empresado Grupo VIP fabricante de bio-diesel, e a BR Distribuidora partici-pam do projeto. “Os resultados ini-ciais são muito bons”, diz o enge-nheiro químico Maurício Henriques,chefe da divisão de energia do INT.Os primeiros testes indicaram

Créditos de carbono sãouma espécie de moeda ambi-ental, criada com o Protocolode Kyoto, em 1988, para tentarregular as emissões de polu-entes causadoras do efeito es-tufa. O mecanismo funcionaem âmbito global. A comprade créditos de carbono autori-za o direito de poluir. Se umaempresa ou instituição re-cebe um desses créditos, sig-nifica que deixou de despejarna atmosfera 1 tonelada deC02. Quem pagou pelo crédito,que é negociado em bolsa,geralmente uma indústriainstalada em país desenvolvi-do, adquiriu o direito depoluir na mesma proporção.No ano passado, o mercadode créditos de carbono movi-mentou US$ 24 milhões.

Agências de proteçãoambiental reguladoras emi-tem os certificados que legali-zam, por assim dizer, a po-luição. O princípio estabeleci-do pela ONU - o chamado MDL(Mecanismo de Desenvolvi-

mento Limpo) — destina-se aobrigar as indústrias dospaíses ricos a reduzirem osníveis de suas emissões. Aobrigação de comprar crédi-tos de carbono se relacionaao descumprimento das me-tas, estabelecidas por lei, deredução gradativa do proces-so de agressão ambiental.

Na outra ponta estão asempresas estabelecidas empaíses em desenvolvimento,como o Brasil, que adotam oMDL, ou seja, desenvolvemboas práticas ambientais co-mo o emprego de energiaslimpas, projetos de recicla-gem de lixo e reflorestamen-to. Com isso, se credenciam areceber os créditos.

Segundo o ministério daCiência e Tecnologia, Brasil éo terceiro país em desenvolvi-mento em número de proje-tos (226 ao todo) que reivin-dicam créditos de carbono.Vem logo depois da Índia,com 673 projetos e da China,com 547.

Medida estimula energia limpa CRÉDITOS DE CARBONO

redução de até 60% de emissõesde fumaça preta e de três polui-dores: óxidos de enxofre, monóxi-do de carbono e hidrocarbonetospesados. Uma pequena elevaçãonos níveis de óxidos de nitrogêniotambém foi observada.

O governo do Paraná, atra-vés do seu instituto de tecno-logia, o Tecpar, mantém linhasde pesquisa com o biodiesel, docultivo de sementes aos proces-sos mecânicos de prensagemdo óleo vegetal. Com recursosdo Fundo de Tecnologia doEstado, foi investido R$ 1 milhão

❛❛ O biodiesel já é competitivo. Com o aumento da produção,os preços vão baixar.

GUILHERME WILSONDIRETOR DA FETRANSPOR

Page 35: Revista CNT Transporte Atual - Jul/2007

35CNT TRANSPORTE ATUAL

mantém entendimentos com aPetrobras e montadoras de ônibuspara avaliar o uso do biodiesel pu-ro no transporte coletivo. “Nos pri-meiros 18 meses”, diz Élcio Karas,gerente da URBS, “30 ônibus arti-culados que circulam na capitalserão abastecidos com B100 e B70.Conforme as avaliações mecâni-cas e ambientais, o programa po-derá ser estendido a toda a frotade ônibus da metrópole.”

GÁS NATURAL

O Rio é também pioneiro emexperimentos com gás naturalveicular em ônibus. Atualmenteduas tecnologias são testadas. Aprimeira, conhecida como gásdedicado, teve o veículo montadona fábrica para ser abastecidocom o combustível. Na segunda, oônibus utiliza o processo dual-fuel, em que o motor a diesel éconvertido para queimar GNV. Asavaliações ainda não são conclusi-vas.

Experiências com gás naturalveicular em ônibus, como as doRio de Janeiro, ou com veículoshíbridos movidos a gás e eletrici-dade são raras ou foram abando-nadas diante de resultados aindapouco promissores. Entretanto, ouso de GNV em utilitários e táxis é

numa unidade piloto que vaiproduzir, a partir de junho, atémil litros de combustível por diaextraídos de diferentes matri-zes. “O óleo apurado será cedi-do a agricultores ou poderá serutilizado em veículos do gover-no estadual”, diz Bill JorgeCosta, diretor de tecnologia doTecpar.

A URBS, empresa da prefeituraque gerencia o transporte na re-gião metropolitana de Curitiba,desde 1998 analisa o rendimentode misturas de álcool e diesel emdiferentes proporções. Agora,

SSAANNTTAA EEDDWWIIGGEESS

A Viação Santa Edwiges converteu sua frotapara a utilização de B2 (diesel com adição de 2% de biodiesel). Para isso, a empresaestabeleceu parceria com a Regap (Refinaria Gabriel Passos), da Petrobras, para o abastecimento diário de seus ônibus.Criada há 50 anos, a Santa Edwiges é aprimeira empresa do setor a utilizar com-bustível derivado de fontes renováveis emtoda a frota, composta por 479 ônibus.

DESPOLUINDOSANTA EDWIGES/DIVULGAÇÃO

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36 CNT TRANSPORTE ATUAL

uma realidade. No país, 1,3 milhãode veículos são movidos a gás, oque torna o Brasil o segundomaior consumidor mundial doproduto em transporte, logo atrásda Argentina, que optou pelamatriz energética há dez anos.

Em São Paulo, por exemplo,cerca de 70% dos 37 mil táxis emcirculação utilizam o GNV, e orestante mantém motores movi-dos a álcool. “Entre os taxistas,cresce a preocupação com a ne-cessidade de se mudar o padrãode emissões que produzem efeitoestufa: não é só uma questão depreço”, diz Ricardo Auriema, presi-dente da Associação dos Táxis deFrota de São Paulo.

TAM

Desde 2005, a TAM desenvolve ações e investeem projetos ligados à preservação do meioambiente, como o plantio e manutenção deviveiros de árvores e o tratamento de águasresiduais. Recentemente, a empresa anunciou a adoção de um projeto inovador no mercadode créditos de carbono, baseado na doação voluntária de passageiros na compra de tickets aéreos. A TAM patrocina também o projetoPatrulha Ecológica em Caravelas (BA), quereúne jovens em ações de conscientização paraa preservação do meio ambiente e o monitora-mento das praias e mangues da região (foto).

DESPOLUINDO

Segundo a Gasmig, empresamineira subsidiária da Cemig comparticipação da Petrobras, metadedos cerca de 6.500 táxis da regiãometropolitana de Belo Horizonte éabastecida com GNV. Para o Sinca-vir (Sindicato Intermunicipal dosCondutores Autônomos de Veí-culos Rodoviários, Taxistas e Trans-portadores Rodoviários Autôno-mos de Bens de Minas Gerais) onúmero atualmente não passa deum quarto da frota. “O GNV aindaé mais vantajoso”, diz DirceuEfigênio Reis, presidente do Sin-cavir.

O consumo de GNV por taxistasna região metropolitana de BeloHorizonte é estimado pela Gasmig

TAM/DIVULGAÇÃO

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37CNT TRANSPORTE ATUAL

O primeiro avião aálcool brasileiro voa háquase três anos e dominao mercado em sua catego-ria. O Ipanema, produzidopela Indústria AeronáuticaNeiva, subsidiária da Em-braer, é utilizado em pul-verizações agrícolas. Jáforam vendidas 1.029 uni-dades, do seu lançamento,em outubro de 2004, atéeste semestre. A Neivatambém oferece um con-junto de peças para con-versão de modelos a ga-solina para o álcool, comboa demanda, segundoAlmir Borges, diretor indus-trial da Embraer em Bo-tucatu (SP). Só no ano pas-sado foram comercializa-dos 143 desses kits.

O desempenho técnicodo motor a álcool é supe-rior ao convencional ecusta menos abastecê-lo.O Ipanema a etanol apre-senta um ganho de potên-cia em torno de 5%, o quemelhora o desempenho

do avião com a reduçãoda distância de deco-lagem, aumento da razãode subida, velocidade ealtitude máximas. Segun-do a Embraer, o álcoolpermite ampliar em até80% o ciclo de manu-tenção do motor. Emborao motor a álcool consuma40% a mais, o custo ope-racional da gasolina deaviação é três vezesmaior. “O ganho de produ-tividade chega a 10%”, dizBorges.

O álcool, combustívelproduzido com cana deaçúcar, uma fonte reno-vável, não agrava o efeitoestufa. O Ipanema tambémé avião ecologicamente cor-reto porque suas emissõessão menos prejudiciais àsaúde que as da gasolinade aviação. O álcool com-bustível não possui chum-bo tetraetila, composto deefeito comprovadamentetóxico para o organismohumano.

Ipanema conquista o mercado

AVIÃO A ALCÓOL

em 1 milhão de metros cúbicos pormês. Em todo o Estado de MinasGerais, com 60 mil veículos abas-tecidos com GNV, o consumo mé-dio é de 7,5 milhões de metroscúbicos de gás por mês. José GóisJúnior, gerente de captação declientes da Gasmig, diz que, numprazo de 12 meses, começarão aser instalados postos de gás aolongo de toda a rodovia FernãoDias e a BR-040, no sentido Bra-sília.

HIDROGÊNIO

A Unicamp (Universidade Esta-dual de Campinas) estuda o hidro-gênio, a mais limpa das energiaslimpas que, aos poucos — prevêemos cientistas —, permitirá ao mun-do mudar de vez a matriz ener-gética e abandonar o petróleo. Oprofessor Ennio Peres da Silva,coordenador do Nipe (Núcleo In-terdisciplinar de Planejamento Es-tratégico) e do Laboratório deHidrogênio da universidade, afir-ma que o hidrogênio vive seus diasde Proálcool.

Na Unicamp, são desenvolvidasduas linhas de pesquisa com o hi-drogênio. Em uma delas se utilizao chamado hidrano, mistura dohidrogênio com metano (principalcomponente do gás natural). Osmotores alimentados com o com-posto apresentam várias vantagens

técnicas, melhor combustão e ren-dimento. A mistura poderá serusada em veículos convencionaisconvertidos para GNV.

Em outra linha, a tecnologiaempregada é denominada célulade hidrogênio. Nesse dispositivo, ogás é convertido em energia elé-trica e a eletricidade aciona omotor. O desempenho do motor éduas vezes melhor que com com-bustível convencional. Com quan-tidade de hidrogênio equivalenteà de gasolina, um veículo faz odobro de quilometragem. E nãopolui, nem faz barulho.

Peres da Silva considera pro-missoras ambas as tecnologias.No curto prazo, a célula de com-bustível é mais viável. Os postosde abastecimento poderão forne-cer hidrogênio obtido através dehidrólise da água ou pelo proces-so conhecido como reforma, umareação química entre álcool eágua, que gera hidrogênio e gáscarbônico.

Ainda este ano deverá serretomado em São Paulo o projetodo Ônibus Brasileiro a Hidrogênio,iniciativa do governo federal e daEmpresa Municipal de TransportesUrbanos, com financiamento doGlobal Environment Facility (GEF).Em São Bernardo do Campo (SP)será construída pela Petrobras aprimeira estação de fornecimentode hidrogênio do país. ●

❛❛ Um litro de óleo na água equivale a um milhão de litrosde água contaminada

PAULO LENHARDT, INVENTOR DA PASTELEIRA,CAMINHONETE MOVIDA A ÓLEO DE FRITURA

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ABROLHOSParque nacional marinho que abriga a maior biodiversidade do Atlântico sul.No detalhe: a gaivota

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41CNT TRANSPORTE ATUAL

Aimportância estratégicada gestão ambiental pa-ra a competitividade dosetor de transporte em

muitas empresas brasileiras hámuito deixou de ser mera figurade retórica. Individualmente ou emparceria com entidades do Sis-tema CNT, elas se engajam noprocesso de construção de umfuturo melhor adotando medidassimples praticadas no dia-a-dia. Aeducação ambiental e o apri-moramento da gestão ambiental

voltada para o desenvolvimentosustentável são o foco de váriasdessas iniciativas. A Cepimar(Federação das Empresas deTransportes Rodoviários dosEstados do Ceará, Piauí eMaranhão) premiou em junho asempresas cearenses Santo Antô-nio, Vitória, Veja TransportesUrbanos, Viação Máxima, ViaçãoUrbana e Viação Dragão do Mar(de transporte de passageiros) eDaniel Transportes (de cargas).Os critérios para a premiação le-

EMPRESAS ADOTAM MEDIDAS NO DIA-A-DIA VOLTADAS PARA A ECONOMIA DE COMBUSTÍVEL

E A REDUÇÃO DE GASES POLUENTES

POR RICARDO RODRIGUES

SUSTENTABILIDADE

GESTÃORESPONSÁVEL

AROLDO CASTRO/CI E ISTOCKPHOTO

Page 42: Revista CNT Transporte Atual - Jul/2007

42 CNT TRANSPORTE ATUAL

varam em conta o percentualde aprovação da frota nostestes de emissão de fumaça,seu sistema de tancagem(com auditoria da armazena-gem de combustível), projetosambientais desenvolvidos pe-la empresa (como a coleta se-letiva, reutilização de sucata,tratamento de água para re-uso e coleta de água pluvial),projetos sociais e ambientaisdesenvolvidos na comunidade(como a arborização de pra-ças) e a situação da empresanos órgãos fiscalizadores domeio ambiente.

Em Pernambuco, a Fetronor

Estamos em fase de

implantação daISO 14000 e

temos que ternossa frota

100% dentro dos padrõesexigidos pelo

Conama

FFTTCC

Desde o ano passado, a FTC (Ferrovia TerezaCristina), que atua na região carbonífera deSanta Catarina, está utilizando em suas composições, em caráter experimental, ummodelo de vagão produzido com plástico reciclado. Os testes com o novo vagão fazemparte de um programa ambiental que incluiainda a realização de mutirões de limpeza aolongo da linha férrea, projetos para a reduçãode ruídos e consumo de combustível, além de parceria com empresas mineradoras para a eliminação de resíduos sólidos nascaixas de embarque de carvão mineral.

DESPOLUINDO

(Federação das Empresas deTransportes de Passageiros doNordeste) fez parceria com aCPRH (Agência estadual de MeioAmbiente e Recursos Hídricos)para fazer a medição da emis-são de fumaça preta no Estado.

A emissão de gases poluen-tes dos veículos da Cooper-transcargas (Cooperativa deTransporte de Cargas de SantaCatarina) está sendo monito-rada desde maio. A ação faz par-te de programa do Setcom (Sin-dicato das Empresas de Trans-porte do Oeste e Meio-OesteCatarinense), em parceria coma CNT.

PAULO AIRTON THOMAZ, PRESIDENTE DA COOPERTRANSCARGAS

Page 43: Revista CNT Transporte Atual - Jul/2007

Gestão ambiental na AmazôniaPIATAM

Na maior província pe-trolífera terrestre do país,localizada em plena florestaAmazônica, desenvolve-se omais importante modelo degestão ambiental do modalaquaviário brasileiro. O Pia-tam é um programa de pes-quisa sócio-ambiental, cria-do em 1999, para monitoraras atividades de produção etransporte de petróleo e gásnatural ao longo do rio Soli-mões, entre Coari e Manaus.Na região são produzidos,diariamente, 48 mil barrisde óleo, 9 milhões de metroscúbicos de gás natural e350 toneladas de gás decozinha. Como o transporteaté a refinaria é feito porvia fluvial, a área mais próxi-ma ao Solimões seria a pri-meira a ser afetada porqualquer impacto ambien-tal.

Coordenado pela Ufam(Universidade Federal doAmazonas) e pela Petro-bras, o Piatam (PotenciaisImpactos Ambientais doTransporte de Petróleo eDerivados na Zona Costeira

Amazônica) reúne pesquisa-dores das maiores institui-ções de ensino e pesquisado Brasil. Com mais de R$ 7milhões para investimentoem trabalhos e estudos ecom metas que se prolon-gam até novembro de 2008,o projeto resultará na gera-ção de mapas tão abran-gentes de sensibilidade aoderramamento de óleo emterminais de abastecimentoe unidades de conservaçãoque cobrirão até mesmoáreas costeiras bem maisdistantes como as do Pará,Amapá e Maranhão.

Quatro vezes por ano,durante as diferentes esta-ções hidrológicas do rio (en-chente, cheia, vazante eseca), um barco de pesquisapercorre cerca de 400 km enove comunidades ribeirinhasdurante dez dias. Armaze-nadas em um banco de da-dos integrado ao Sipam (Sis-tema de Proteção da Ama-zônia) produzem informa-ções importantes para agestão ambiental da Ama-zônia. Paralelamente, as pes-

quisas produzidas pelo Pia-tam vêm aprofundando oconhecimento científico so-bre a região.

Uma das vitrines doPiatam é o Robô AmbientalHíbrido, construído para mo-nitorar o futuro gasodutoCoari-Manaus. Resultado datecnologia que compõe umadas linhas de pesquisa doprojeto Cognitus (Ferramen-tas Cognitivas para Amazô-nia), tem aplicativos sofisti-cados como o painel foto-voltaico flexível que gera aenergia para sua locomo-ção, sensores que possibili-tam análise da água e cole-ta de amostras de larvas demosquitos, além de equipa-mentos que permitem oenvio de imagens e dadosem tempo real. O pesquisa-dor Ney Robinson, coorde-nador do laboratório de Ro-bótica do Cenpes-Petrobras,diz que o projeto além de pro-duzir ferramentas para pes-quisa e proteção ambiental,preocupa-se principalmenteem servir às populações ri-beirinhas da Amazônia.

Segundo dados da Petro-bras, apenas com o acompa-nhamento periódico da frota,pode-se economizar 148 milhõesde litros de óleo diesel porano, e 406 mil toneladas degás carbônico e 8.700 tonela-das de particulados deixariamde ser lançadas na atmosfera.

LOGÍSTICA VERDE

Incentivadas pelas normasISO 14000 e preocupadas coma gestão ambiental, a “logísti-ca verde”, algumas empresascomeçaram a reciclar materiaise embalagens descartáveisque passaram a ser tratados

FTC/DIVULGAÇÃO

PIATAM/DIVULGAÇÃO

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44 CNT TRANSPORTE ATUAL

como matéria-prima e nãomais como lixo. Trata-se de umdos mais poderosos instru-mentos para a implantação deações sustentáveis, tanto naprodução como no consumo.

O uso de pneus inservíveisna fabricação de pavimentoasfáltico tem pelo menos umgrande defensor: o presidenteda ABTC (Associação Brasileirados Transportadores de Car-gas), Newton Gibson, tambémvice-presidente da CNT. Para ele,a utilização desse resíduo emestradas construídas na décadade 1970 pela Sudene, em Natal eMossoró, no Piauí, com equipa-mentos e mão-de-obra doExército, comprova sua durabili-dade. “Há estradas construídascom pneus há 50 anos, que ape-nas agora estão sendo recuper-adas. Só é preciso seriedade. Aresistência e durabilidade sãoboas, roda ma-cio”, diz Gibson.

Segundo o diretor de proje-tos do Decanato de Pesquisa ePós-Graduação da UnB (Uni-versidade de Brasília), Arman-do de Azevedo Caldeira Pires,dois mercados se destacamquanto ao potencial para oconsumo significativo de pneus:a geração de energia e a incor-poração em misturas asfálti-

cas. “Os custos envolvidos nainstalação de equipamentosfavorecem o uso da borrachatriturada em obras de pavi-mentação”, afirma. Estima-seque haja potencial para o con-sumo de 10 milhões de pneuspor ano. Por outro lado, lembraGibson, o Brasil ocupa o 2ºlugar no ranking mundial dereciclagem de pneus, o que lheoferece uma posição vantajosajunto aos vários países na luta

pela conservação ambiental. Na opinião de especialistas, as

empresas precisam aprender areutilizar materiais porque oBrasil tem potencial para regis-trar altos índices de reaproveita-mento de resíduos. Para CarmoRamos, da Fetracan, o setor detransporte precisa aderir à logís-tica verde, um fator tão impor-tante que pode diferenciar ofuturo de qualquer empresa. “Ouvocê se preocupa com a questão

do meio ambiente, ou deixará deser lembrado pelo mercado.”

A preocupação com o meioambiente, a poluição e o usoresponsável dos recursos hídri-cos permitiu à Gol Linhas Aé-reas obter, em 2006, o licencia-mento ambiental para realizarde maneira responsável suasatividades de manutenção deaeronaves no Centro de Manu-tenção, ao lado do AeroportoInternacional de Confins, em

Há estradasconstruídas

com pneus há50 anos.

A resistência e a durabilidade

são boas. Não há

dificuldade para

implantar

NEWTON GIBSON, PRESIDENTE DA ABTC

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DOS TRANSPORTADORES DE CARGA

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45CNT TRANSPORTE ATUAL

Minas Gerais. A licença foi emitidapela Feam (Fundação Estadual doMeio Ambiente), com anuência doIbama. Com 17,3 mil metrosquadrados de área construída, oCentro de Manutenção é o maisavançado no país em tecnologia eproteção ao ambiente. Seu sis-tema de tratamento de efluentesquímicos reaproveita 100% daágua contaminada nos processosde lavagem de aviões e peças,bem como em serviços de manu-

tenção geral. Com esse procedi-mento, desde julho de 2006, a Goljá economizou cerca de 700 millitros de água. Os hangares, quetêm capacidade para fazer simul-taneamente manutenção em qua-tro aeronaves, liberam apenasefluentes biológicos, gerados porsanitários e pias, e efluentes plu-viais, provenientes das chuvas.Dessa maneira, o solo e o lençolfreático não correm riscos decontaminação. ●

TOTAL LINHAS AÉREAS

Na Total a coleta seletiva de lixo, o tratamento de água e a reciclagem já são consideradas atividades operacionaisauxiliares para a redução de resíduos namanutenção de aeronaves. Além disso, a empresa desenvolve ações de educaçãoambiental para seus funcionários.

DESPOLUINDOTOTAL LINHAS AEREAS/DIVULGAÇÃO

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Page 48: Revista CNT Transporte Atual - Jul/2007

48 CNT TRANSPORTE ATUAL

FOTO

S CR

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Page 49: Revista CNT Transporte Atual - Jul/2007

49CNT TRANSPORTE ATUAL

PESQUISAS

Obinômio transporte e meio ambien-te tem ocupado lugar relevante emuniversidades e centros de desen-volvimento tecnológico de norte a

sul do país. É cada vez mais intensa a de-manda por pesquisas e projetos sobre o te-ma, que podem contribuir para a tomada dedecisões no presente e que também ajudema fornecer respostas a indagações que ain-da se escondem nas incertezas do futuro.Debruçados em estudos sobre poluiçãoveicular, biocombustíveis ou reaproveita-mento de resíduos, pesquisadores não pa-recem ter dúvidas de que o mundo deve sepreparar para enfrentar o pesadelo das mu-danças climáticas.

Os cientistas estão alertas para o fato deque o país não pode mais adiar o estabeleci-mento de uma agenda própria de transpor-te sustentável, capaz de adotar medidas deeficiência energética, substituir combustí-veis e alterar os atuais padrões de consu-mo. Por enquanto, os números ainda apon-tam para o aumento no consumo de com-bustíveis fósseis, responsáveis pelas mu-danças climáticas e pelo aquecimento daTerra. Estima-se que, apenas em São Paulo,a poluição tem sido responsável pelo cres-cimento de 13% na mortalidade de criançase idosos, além de perdas da ordem de 4%do PIB com congestionamentos, acidentes epoluição causados pelos veículos.

CIENTISTAS ACELERAM

O PAÍS NÃO PODE MAIS ADIAR O ESTABELECIMENTO DE UMA AGENDA PARA O TRANSPORTE SUSTENTÁVEL

POR RICARDO RODRIGUES

NOVAS TECNOLOGIAS

CERRADOSegundo maior bioma brasileiro, ocupa uma grande área do Brasil Central. No detalhe: a iguana

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50 CNT TRANSPORTE ATUAL 50 CNT TRANSPORTE ATUAL

zação de terminais intermodais,rotas alternativas e mais econô-micas, e programação para a cir-culação de veículos.

A professora Liedi Bariani Ber-nucci, do curso de engenharia civilda Poli/USP, cita, como exemplo,as pesquisas de reuso e recicla-gem de entulho de construção oude escória da indústria siderúrgi-ca para construção de pavimentos.O departamento, com 19 profes-sores, tem desde 2005, várias dis-ciplinas voltadas à gestão ambien-tal. Os pesquisadores da Poli/USPusam recursos de sensoriamento

“Infelizmente, parte das empre-sas ainda não tem a consciêncianecessária e negligenciam a ques-tão ambiental”, afirma o professorNicolau Fares Gualda, do departa-mento de engenharia de trans-porte da Escola Politécnica da USP(Universidade de São Paulo) quetem uma frota de ônibus internamovida a gás, e investiga novosmétodos de projeção da demandade modo a compreender melhor amobilidade e os desafios impostosao transporte de carga e de pas-sageiros. Segundo ele, a logísticatem auxiliado o estudo de locali-

RYDER

A Ryder, empresa de logística integrada, im-plantou este ano, em Indaiatuba (SP), um sis-tema ambientalmente responsável para lava-gem da frota . Além do emprego de produtosbiodegradáveis, o sistema utiliza água quepassa por tratamento antes de ser escoada.Luiz Fernando Quintana, gerente da área desaúde, segurança e meio ambiente da Ryder,acredita que, a partir da adoção do novo sis-tema, são devolvidos por mês aos lençóisfreáticos da região aproximadamente 120 millitros de água reciclada e limpa.

DESPOLUINDO

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51CNT TRANSPORTE ATUAL

remoto para estudar o uso e ocu-pação do solo e monitorar a as in-terferências decorrentes de cons-trução de ruas e rodovias. “Nos-sos estudos de segurança viária eengenharia de tráfego buscamsoluções para a melhoria das ca-racterísticas das vias de modo areduzir acidentes”, diz a pesqui-sadora.

PIONEIRISMO BAIANO

A interação entre transporte emeio ambiente vem sendo tam-bém pesquisada desde 2002 no

Centro de Estudos de Transportese Meio Ambiente (Cetrama), funda-do na Universidade Federal da Ba-hia pelo engenheiro e professorWellington Correia de Figueiredo,PhD em transportes pela Univer-sidade da Flórida. O Cetrama é li-gado à Escola Politécnica e aomestrado de engenharia ambien-tal urbana da UFBA. Seu labora-tório ambiental, construído comparticipação da construtora Nor-berto Odebrecht, tornou-se pontode excelência no campus da UFBA.Os projetos do laboratório utili-zam tecnologia moderna para aavaliação dos impactos ambien-tais dos sistemas de transporte,tais como simuladores, GIS (sis-temas de informações geográfi-cas) e tecnologias de geoproces-samento. “É objetivo do Cetrama aprodução de pesquisas, o desen-volvimento, geração e dissemina-ção do conhecimento em planeja-mento e operação de sistemas detransportes, sob uma ótica quecontemple a sustentabilidade am-biental”, diz Figueiredo, atual co-ordenador do Centro.

Uma das principais linhas depesquisa investiga o gerenciamen-to da mobilidade urbana, uma téc-nica de planejamento que privile-gia a demanda de transportes, emoposição às linhas tradicionais depesquisa voltadas principalmente

O adiamento de medidaspara reduzir as emissões degás de efeito estufa compro-meterá as metas para estabili-zação da temperatura globalda Terra. Quanto mais tarde,mais caro será. Medidas de mi-tigação e adaptação são de-cisões necessárias para evi-tar riscos futuros e incertos,recomendam os pesquisado-res Emílio La Rovere, RobertoSchaeffer e Suzana Kahn, daCoppe/UFRJ (Instituto Alber-to Luiz Coimbra de Pós-gra-duação e Pesquisa de Enge-nharia, da Universidade Fe-deral do Rio de Janeiro). Ostrês cientistas brasileiros sãoco-autores do 4º Relatório deAvaliação do Painel Intergo-vernamental sobre Mudançasdo Clima (IPCC) da ONU.

“O setor de transportes éum dos mais complexos parareduções significativas nasemissões de gases do efeitoestufa, dada a multiplicidadede agentes envolvidos e o ônuspolítico para implantar as mu-danças. Impossível impedirque os chineses, por exemplo,produzam e comprem cadavez mais automóveis”, afirma

Suzana Kahn. Mais incentivosao transporte público, medi-das restritivas ao uso do au-tomóvel particular através depedágios urbanos e do au-mento das taxações, estímuloao uso de veículos híbridos(gasolina/eletricidade) e bio-combustíveis e o aumento daeficiência dos motores são al-gumas das recomendações doestudo.

Uma das inovações do re-latório é a inversão da análisesobre a relação entre desen-volvimento e mudanças cli-máticas. Enquanto no passa-do recente investir em prote-ção ambiental era visto comobarreira ao desenvolvimento,hoje prevalece a opinião deque não enfrentar de frente oproblema acaba saindo bemmais caro.

Para o secretário-executi-vo do Fórum Brasileiro deMudanças Climáticas e tam-bém professor da UFRJ, LuizPinguelli Rosa, o governobrasileiro deveria adotar umplano imediato de ação demitigação e adaptação nas re-giões do país já afetadas pe-las mudanças climáticas.

CLIMA

Indecisão vai custar caro

❛❛O setor é um dos mais complexos. É impossívelimpedir que os chineses, por exemplo, produzame comprem cada vez mais automóveis

SUZANA KAHNPROFESSORA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

RYDER LOGÍSTICA/DIVULGAÇÃO

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52 CNT TRANSPORTE ATUAL 52 CNT TRANSPORTE ATUAL

➔ REGIÃO NORTE

PARÁGrupo de Pesquisa em Transporte e Meio Ambiente (Trama)Prof. Augusto BrasilUFPA - Centro Tecnológico - Departamento de Hidráulica e SaneamentoFones: (91) 3183 1959 e (91) 3201 7253e-mail: [email protected]

AMAZONASUniversidade Federal do AmazonasCoordena, ao lado da Petrobras, o projeto Piatam (Potenciais ImpactosAmbientais do Transporte de Petróleo eDerivados na Zona Costeira Amazônica) Prof. Alexandre Rivas e-mail: [email protected]

➔ REGIÃO NORDESTE

PERNAMBUCOGrupos de Pesquisa na UniversidadeFederal de PernambucoRede de Estudos de Engenharia eSocioeconômicos de Transportes

BAHIACentro de Transporte e Meio Ambiente (Cetrama)Site: www.eng.ufba.br/cetramaWellington Figueiredoe-mail: [email protected]: (71) 3283-9834

CEARÁUniversidade Federal do CearáPrograma de Pós-graduação em Engenharia de Transportes.Centro de Tecnologia - Campus do PiciBloco 703 - CEP 60455-760 Fortaleza - CEFone: (85) 3366-9488 ramal 218 e-mail: [email protected]

PARAÍBAUniversidade Federal da ParaíbaOferece cursos de mestrado e doutorado em engenharia mecânica,além de alguns grupos de pesquisaCidade Universitária João Pessoa - PB - CEP - 58051-900Fone: (83) 3216-7200

RIO GRANDE DO NORTEUniversidade Federal do Rio Grande do NortePrograma de Pós-Graduação em Ciência e Engenharia do Petróleo Campus Universitário CEP: 59078 970 - Natal (RN)l Fone: (84) 3215-3696 / 3215-3717 e-mail: [email protected]

➔ REGIÃO CENTRO-OESTE

DISTRITO FEDERALUniversidade de BrasíliaCursos de mestrado e doutorado em TransportesProf. Paulo César Marques da SilvaFone: (61) 3307 2714 e-mail: [email protected]

MATO GROSSO DO SULUniversidade Federal do Mato Grosso do SulCursos de mestrado em TecnologiasAmbientais e de especialização em Engenharia Ambiental.Cidade Universitária Caixa Postal 549 - CEP 79070-900Fone: (67) 3345-7000

GOIÁSUniversidade Federal de GoiásCursos de mestrado em Engenharia do Meio Ambiente e doutorado emCiências AmbientaisFone: (62) 521-1001 /1002

➔ REGIÃO SUDESTE

SÃO PAULOUniversidade de São Paulo (USP)• Departamento de Engenharia

de Transportes Prof. Nicolau Fares Gualda e-mail: [email protected]: (11) 3091.5731 / 5732 / 5488

• Departamento de Engenharia Mecânica da Escola PolitécnicaMestrado Profissional em Engenharia AutomotivaProf. Ronaldo SalvagniCentro de Engenharia AutomotivaFone:(11) 3817-5488

Instituto Tecnológico de AeronáuticaEspecialização, mestrado e doutoradoPraça Marechal Eduardo Gomes, 50 Vila das Acácias - CEP 12228-900 São José dos Campos - SP - BrasilFone: (12) 3947 5970 / 5920

Universidade Estadual de Campinas Especialização, mestrado e doutoradoAvenida Albert Einstein, 951 Caixa Postal 6021 - CEP 13084-971Cidade Universitária - Campinas - SPFone: (19) 3521-2314

MINAS GERAISUniversidade Federal de Minas GeraisCentro Tecnológico de Controle de Emissões VeicularesProf. Ramon Molina Valle e-mail: [email protected] Fone: (31) 3499-5140

Pontifícia Universidade Católica Prof. José Ricardo Sodré e-mail: [email protected]. Dom José Gaspar, 500 30535-610 - Belo Horizonte - MGTelefax: (31) 3319-4910 e-mail: [email protected]

RIO DE JANEIROUniversidade Federal do Rio de Janeiro • Instituto Alberto Luiz Coimbra de

Pós-graduação e Pesquisa deEngenharia (Coppe/UFRJ) Mestrado e Doutorado e Master in Transport Business

• Núcleo de Planejamento Estratégico em Transportes (Planet)

Fone: (21) 560-4697 / 560-8832 R.433 e-mail: [email protected]

Pontifícia Universidade Católica Cursos de mestrado e doutorado em engenharia mecânicaProf. Hans Ingo WeberRua Marquês de São Vicente, 225 1º andar - Gávea 22453-900 - Rio de Janeiro - RJ Fone: (21) 3527-1162 / 1164

Instituto Militar de Engenharia (IME)Praça General Tibúrcio 80Praia Vermelha - CEP 22290-270 Rio de Janeiro - RJ Fone: (21) 2546-7080

➔ REGIÃO SUL

RIO GRANDE DO SULUniversidade Federal do Rio Grande do SulPrograma de Pós-graduação em Engenharia Mecânica Rua Sarmento Leite, 425 - 3º andar CEP 90.050-170 - Porto Alegre-RS Fone: (51) 3316.3255

SANTA CATARINAUniversidade Federal de Santa CatarinaPrograma de Pós-graduação emEngenharia Mecânica Fone: (48) 3721 9339/ 9340/ 9343

NA SALA DE AULACURSOS, PROJETOS E INFRA-ESTRUTURA DE PESQUISA EM TRANSPORTE E MEIO AMBIENTE

❛❛Infelizmente, uma parte das empresas ainda não tem a consciência necessária e negligencia a questão ambiental

NICOLAU GUALDAPROFESSOR DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

Page 53: Revista CNT Transporte Atual - Jul/2007

53CNT TRANSPORTE ATUAL

para a ampliação da oferta (cons-trução de rodovias, anéis viários,viadutos e túneis) que acarretaminvestimentos maiores.

Também são desenvolvidos es-tudos sobre o impacto diretos dossistemas de transporte no ambi-ente urbano, como a poluição so-nora, a poluição do ar e a poluiçãohidrológica.

Na Universidade Federal doPará, o Trama, grupo de pesquisaem transporte e meio ambiente éresultado de uma parceria pio-neira entre a UFPA, o Instituto Su-perior Técnico e a North CarolinaState University, dos EUA. As prin-cipais linhas de investigação es-tão voltadas para o consumo decombustíveis e a emissões de po-luentes, em busca de respostasconcretas para a implantação deum sistema de transporte urbanosustentável.

PERFIL PROFISSIONAL

O mestrado profissional emengenharia automotiva da USP jáformou mais de uma centena deespecialistas. Os candidatos sãogeralmente engenheiros com boaexperiência profissional, que bus-cam aprofundar, como projetosdas disciplinas, os conhecimentosadquiridos a partir de problemasreais enfrentados nas empresasem que trabalham.

O supervisor técnico da Ford,Eude Cezar de Oliveira, aluno domestrado, desenvolveu estudossobre o uso de veículos elétricoshíbridos e comprovou ser possívelreduzir emissões de poluentes eeconomizar até 15% em combus-tível. Seu projeto obteve mençãohonrosa como melhor trabalhosobre o tema no congresso brasi-leiro da SAE (Sociedade de Enge-nheiros da Mobilidade) em 2006.Em abril, Eude participou tambémdo SAE 2007 World Congress, emDetroit, nos EUA.

A procura por engenheiros comformação ambiental já é grande,atesta o professor RonaldoSalvagni, coordenador do Centrode Engenharia Automotiva daPoli/USP. Segundo ele, a GeneralMotors do Brasil pretende abrir250 vagas este ano. “Profissionaisque acumulam diferenciais são osmais cobiçados”, diz.

Pesquisadores brasileiros queparticiparam do Grupo deTrabalho III do Painel Intergover-namental sobre Mudanças doClima da ONU, compartilham daopinião de que os governos já dis-põem hoje de tecnologias e infor-mações para adotar, no curto emédio prazos, ações eficazes parareduzir as conseqüências do im-pacto ambiental. São medidas quevão da adoção de práticas de efi-ciência energética a mudanças no

comportamento em relação aoconsumo.

Além da adoção de políticaspúblicas adequadas, é possívelagir em outras esferas para re-duzir as emissões de gases. No ca-so do setor de transporte, que res-ponde mundialmente por 23% dasemissões de CO2 e é o que maiscresce (2% ao ano), o maior pro-blema para a redução é o alto cus-to político das medidas a seremtomadas. Todas as soluções logís-ticas e tecnológicas para mitigar oproblema, no curto prazo, já exis-tem e não precisam ser reinventa-

das, sustenta um relatório coorde-nado pela professora do Programade Engenharia de Transportes daCoppe/UFRJ, Suzana Kahn Ribeiro,e pelo cientista japonês ShigekiKobayashi, ligado ao setor auto-mobilístico.

O documento alerta para anecessidade dos governos ado-tarem medidas mais rígidas, ape-sar de impopulares, em relaçãoaos veículos automotores. Exem-plos recentes em alguns paíseseuropeus demonstram como me-didas simples podem ser eficien-tes. A taxação imposta pelas au-toridades suecas para restringir oacesso de veículos ao centro dacapital, Estocolmo, reduziu em 13%as emissões de dióxido de car-bono entre 2005 e 2006. EmLondres, a adoção do pedágio ur-bano em algumas regiões dacidade fez com que, em 2005, umquinto do CO2 normalmente emiti-do deixasse de ser lançado naatmosfera.

De acordo com o relatório doIPCC, ações voltadas para tornarmais eficiente o uso da energiapodem reduzir em cerca de 30% aemissão de gases responsáveispelo efeito estufa proveniente douso de todas as formas de ener-gia. No caso do transporte, porexemplo, medidas de eficiênciaenergética podem reduzir de 5% a20% os níveis de emissão. ●

No passado,investir em proteção

ambiental eravisto como barreira ao

desenvolvimento.Hoje, se não

enfrentarmos defrente o problemavai acabar saindo

mais caro

EMILIO LA ROVEREPROFESSOR DA UNIVERSIDADEFEDERAL DO RIO DE JANEIRO

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NOVA ETAPA

56 CNT TRANSPORTE ATUAL

Oagravamento da degradação am-biental está transportando a dis-cussão sobre a conservação do pla-neta do mundo acadêmico para as

ruas e estradas do país, onde os caminhonei-ros têm papel importante no controle daemissão de poluentes e na vigilância diáriacontra os crimes ambientais.

O presidente da Fenacam (Federação In-terestadual dos Transportadores Rodoviá-rios Autônomos de Bens), Diumar Bueno, dizque a entidade está começando a tornarmais sistemática sua atuação na luta paraa conservação do meio ambiente. Buenoacredita que o caminhoneiro pode dar con-

tribuição decisiva à campanha para a con-servação do ambiente porque está na linhade frente: é comum que caminhoneiros es-tejam entre os primeiros a testemunhar aci-dentes ecológicos como queimadas, tom-bamento de cargas químicas ou o tráficode animais silvestres. “Desde que haja es-trutura e o poder público esteja preparado,é possível agilizar o atendimento a essasemergências acionando as autoridades deforma rápida”, afirma.

Bueno sabe, porém, que o alcance das des-sas ações precisa ser ampliado, porque o cami-nhoneiro tem também outros aspectos impor-tantes a observar, como manter o veículo regu-

ANTES RESTRITA ÀS SALAS DE AULAS, PREOCUPAÇÃO COM O PLANETA SE DISSEMINA

ENTRE PROFISSIONAIS DO TRANSPORTEPOR ALINE RESKALLA

PRESERVAÇÃO

❛ É na educação que vamos atuar. Ninguém emite mais fumaça porque quer

DIUMAR BUENO, PRESIDENTE DA FENACAM

GANHA AS RUAS

Page 57: Revista CNT Transporte Atual - Jul/2007

57CNT TRANSPORTE ATUAL

lado para não emitir fumaça emexcesso, não abandonar pneusvelhos ou lixo nas estradas. “É naeducação que vamos atuar. Nin-guém emite fumaça porque quer.Se o caminhão está desregulado,o próprio motorista vai gastarmais diesel. Muitas vezes são pe-quenos os ajustes que precisamser feitos, e nós, como entidade,podemos ajudar com ainda maisinformação.”

No Paraná, o projeto pioneiro“Rios por onde passo” do MaterNatura - Instituto de Estudos Am-bientais, ONG com sede em Curiti-ba, está promovendo uma exposi-ção itinerante com registros doolhar dos caminhoneiros sobre apaisagem natural. Mais de 100 milprofissionais que circulam peloEstado estão sendo estimuladosa enviar fotos, desenhos, pintu-ras, casos escritos ou gravados epoesias sobre o que vêem nasviagens.

“Ao mesmo tempo em que va-lorizamos e divulgamos o conhe-cimento do caminhoneiro sobre oterritório que percorre, alerta-mos para a importância de con-servação do meio ambiente”, dizo biólogo Lélis Ribeiro, um dostécnicos do projeto. Ribeiro diz

AMAZÔNIAPôr do sol no Rio Jutaí,Reserva deDesenvolvimentoSustentável do Cujubim.No detalhe: a arara azul

ADRIANO JEROZOLIMSKI/CI/BRASIL E RUSSELL MITTERMEIER/CI

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58 CNT TRANSPORTE ATUAL

Concessionárias recolhem lixoESTRADAS

A quantidade de lixo jo-gada nas estradas é umsintoma de que a cons-ciência ecológica de moto-ristas e passageiros aindaengatinha no país. O taxis-ta José Geraldo de Castro,55 anos, paulista de Jun-diaí, fica indignado com afalta de educação. “Pes-soas que compram salga-dinhos e bebidas não hesi-tam em jogar embalagenspela janela, ignorando osriscos dessa atitude.” Omotorista relata que já en-frentou até situações peri-gosas. Durante uma via-gem pela rodovia Nova Du-tra, o passageiro de umônibus jogou uma lata derefrigerante pela janelacontra o vidro do seu car-ro. “O susto desconcentrae pode levar a um aciden-te. Isso sem falar na sujei-ra da estrada”, diz Castro.

Concessionárias comoa Renovias, obrigadas arecolher diariamente mi-lhares de toneladas de lixodas estradas, tentam re-duzir as conseqüências doproblema através de cam-panhas educativas. No iní-cio de junho, a empresadistribuiu 100 mil folhetosalertando os motoristaspara os riscos decorrentesdo lixo jogado nas estra-das, como a degradaçãoda natureza e da saúde

das pessoas ou o impactona segurança do trânsito,diz o gerente de Opera-ções de Tráfego, enge-nheiro Rogério CezarBahú. O entupimento debueiros, o assoreamento ea poluição dos rios, atransmissão de doenças eos incêndios provocadospor pontas de cigarro ace-sas são alguns dos proble-mas concretos enfrenta-dos pela Renovias, segun-do Bahú. A multa para estetipo de delito, pelo Códigode Trânsito Brasileiro, é deR$ 85, além da perda dequatro pontos na carteirade habilitação.

A Ecovias informa querecolhe, por mês, cerca de110 toneladas de lixo, oequivalente a uma monta-nha de 25 metros de altura,nas rodovias do sistemaAnchieta-Imigrantes, umdos mais movimentados deSão Paulo.

A Viaoeste, que controlaseis concessionárias no Riode Janeiro, São Paulo e Pa-raná, recolhe diariamentedois caminhões basculan-tes de lixo apenas nas rodo-vias do sistema Castelo-Ra-poso, ou 6 toneladas de de-tritos que, segundo a em-presa, entopem sistemati-camente os dispositivos dedrenagem da água das chu-vas na estrada.

METRÔ DE SP

O Metrô de São Paulo implantou em abril suaAssessoria de Gestão Ambiental e Sustentabilidadepara desenvolver e acompanhar as ações sócio-ambientais da empresa. Já começou a funcionar, naEstação Sé, o Telemedidor, sistema eletrônico quepermite a identificação imediata de vazamentos natubulação de água, para evitar desperdício. Por meio de ciclos de palestras, o Metrô tem ofere-cido aos usuários explicações, experiências erelatos de casos práticos sobre a importância dotransporte público eficiente e não poluente para odesenvolvimento sustentável das cidades.

DESPOLUINDO

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Empresas aproveitam água de chuvaBONS EXEMPLOS

Além de pioneiras no usodo biodiesel, as concessioná-rias de transporte coletivo deCampinas, em São Paulo, setornaram referência tambémnas medidas de proteção am-biental adotadas em opera-ções do dia-a-dia.

A Transportes Itajaí im-plantou um sistema queaproveita a água da chuvapara a lavar os veículos.Além de proteger o meioambiente, a Itajaí poupa re-cursos que podem ser in-vestidos em outros setores.“O único custo que temosaqui com água é para a hi-giene pessoal dos colabora-dores”, diz Maria Zélia, res-ponsável pelo Controle deManutenção da empresa. Ospneus são reciclados para afabricação de tapetes paraautomóveis e solados de sa-patos. O óleo retirado dascaixas separadoras é vendi-do às empresas refinadorase as baterias usadas retor-nam para os fabricantes.

Nas duas garagens da VB,que têm a certificação ambien-tal ISO 14001, as lâmpadas fluo-rescentes utilizadas nos escri-

tórios são descartadas paraevitar a ação poluidora do mer-cúrio, uma das substânciasmais nocivas ao meio ambien-te. “A empresa toma cuidadocom o descarte de todos os ti-pos de resíduos”, diz ValdeteAparecida de Almeida Barbosa,coordenadora de Treinamento.

Já na garagem da Pádova,que acaba de passar por refor-ma para se adequar aos pa-drões de proteção ambiental, otanque de gasolina foi suspen-so para evitar a poluição dosolo nos casos de vazamento eforam construídas canaletasque escoam a água da lavagemdos veículos para caixas de de-cantação.

A Expresso Campibus, as-sim como a VB, fazem nas ga-ragens a coleta seletiva do lixo,que é encaminhado para umacooperativa de reciclagem.

Segundo a Transurc (Asso-ciação das Empresas de Trans-porte Coletivo Urbano de Cam-pinas) além das medidas dereutilização de materiais, osmotoristas das concessionáriasda cidade passam por treina-mento para dirigir de maneiraeconômica e racional.

que a mostra será montada combase em pesquisa qualitativa rea-lizada entre os caminhoneiros,para identificar seu conhecimen-to sobre as características dosambientes, com foco nos rios. Otrabalho será complementadocom o registro fotográfico dosprincipais rios e seus entornos,além de informações técnico-científicas sobre aspectos rele-vantes da flora e da fauna. O ma-terial iconográfico da exposiçãoitinerante será também editadoem livro para os visitantes.

Para o caminhoneiro Eleo-mar José de Quadros, 38 anos, oprojeto é muito bem-vindo, es-

pecialmente diante da “falta deconsciência ecológica das pes-soas”, o que o deixa “assustadoe triste”. “Em toda a parte poronde passo, vejo covardia con-tra o meio ambiente. É lixo nasestradas, matas destruídas porqueimadas ou mesmo para ex-tração de madeira. Os pinhais,araucárias e angicos, antes tra-dicionais na região, estão cadavez mais raros. Se continuar as-sim, daqui a dez anos não vaiter mais nada”, diz Quadros. Elefaz transporte de cereais do Su-deste até Paranaguá e se diz re-voltado com a sujeira do porto.“Quando chove, vai tudo para omar. Onde isso vai parar?”

O caminhoneiro, que afirmamanter o Scania 124/2006 sem-pre regulado, acha também quese cada um fizer sua parte os re-sultados serão significativos pa-ra o meio ambiente. “É simples.Basta denunciar situações irre-gulares como queimadas, desma-tamento ou tráfico de animais, enão jogar lixo na estrada.” ●

PROJETO RIOS POR ONDE PASSO

Rua Lamenha Lins, 1080 - RebouçasCEP 80250-020 - Curitiba - PRFone/Fax: (41) 3013-7185E-mail: [email protected]

Em toda a parte por onde passo, vejo covardia contra o meio ambiente❛ ❛

ELEOMAR JOSÉ DE QUADROSCAMINHONEIRO

ARQUIVO METRÔ/DIVULGAÇÃO

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MATA ATLÂNTICAParque Nacional da Serra dos ÓrgãosNo detalhe: a bromélia

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61CNT TRANSPORTE ATUAL

Motoristas, atenção. Perigo àfrente. Não, não se trata deum buraco na pista, umacurva perigosa ou de um aci-

dente, mas de uma corrida contra otempo para salvar o planeta do aqueci-mento global. Se a educação ambientalainda é incipiente no país, pelo menos jácomeçam a pipocar pelo Brasil aforaalertas e campanhas que, mesmo isola-dos, procuram despertar nos conduto-res de veículos a consciência de queprecisam fazer algo.

No início de junho, por exemplo, mo-

toristas que passaram por Ipatinga (MG),mais precisamente na Avenida BurleMax, foram parados por uma blitz am-biental, promovida pelo município emparceria com a Polícia Militar do MeioAmbiente. Muitos receberam mudas deárvores e água mineral, além de materialeducativo com orientação sobre a im-portância de se ter cuidados com a água,o lixo e as matas. As orientações para oscondutores foram repassadas por 35alunos de uma escola municipal.

O estudante Jhonathan Rosa de Sou-za, 13 anos, participou da blitz e disse ter

ESTUDANTES E MOTORISTAS INCENTIVAMPRÁTICAS DE CONSERVAÇÃO AMBIENTAL

POR ALINE RESKALLA

BOM EXEMPLO

VIGÍLIAEDUCATIVA

FOTOS HAROLDO CASTRO/CI

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de resíduos, águas e efluentes.Os sacos oxi-biodegradáveis são

utilizados na prestação do serviçode varrição e conservação de Curiti-ba (PR) e começam a ser usadostambém no Rio. O diferencial dessematerial está no tempo que levapara ser decomposto. Enquanto ossacos tradicionais precisam de 450anos, os oxi-biodegradáveis se de-compõem em 18 meses, 1% do tem-po gasto pelo plástico comum.

Outra ação voltada para motoris-tas ocorreu no Posto-Escola Lagoa,na Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio.Condutores que passaram pelo pos-to, localizado no Parque da Cata-cumba, puderam utilizar gratuita-mente os serviços de aferição daemissão de poluentes, limpeza dos

CCPPTTMM

Há seis anos, a CPTM (Companhia Paulista de TrensUrbanos), que opera cerca de 250 km de linhas em22 municípios da Grande São Paulo, implantouvários programas de conservação ambiental.Mutirões de recolhimento de lixo e material reci-clável, sistemas de captação e reutilizaçãodas águas das chuvas e programas de treinamen-to para conscientizaçãoambiental de funcionários já fazem partedo cotidiano operacional da empresa. Estãoem fase de implantação uma Estação deTratamento de Efluentes Líquidose um projeto para destinação segura demateriais contaminados nas atividadesde manutenção dos trens.

DESPOLUINDO

gostado da experiência. Segundoele, foi uma oportunidade para re-forçar e praticar o que aprendeu so-bre o assunto. “Nós já temos umaconsciência da necessidade de pre-servação, que aprendemos na esco-la. Agora, temos a chance de repas-sá-las”. O motorista Saulo Teixeira,de Água Limpa (GO), estava em Ipa-tinga a passeio e gostou de serabordado. “É assim que a genteaprende”, disse. Teixeira garanteque planta árvores em uma proprie-dade que possui, e que, como moto-rista, tem o dever de zelar pelo meioambiente por onde passa.

Para o sargento José Carlos, daPolícia Ambiental, as blitze são uminstrumento educativo que trazemresultados importantes. Segundoele, se realizadas com certa freqüên-cia, as abordagens acabam fixandona memória das pessoas a impor-tância do assunto. “E a participaçãodos jovens é um investimento emmultiplicadores”, disse.

No Rio de Janeiro, campanhassemelhantes têm alertado os moto-ristas sobre a necessidade de nãose jogar lixo nas vias públicas. Con-dutores que passaram pela LinhaAmarela, no mês passado, recebe-ram 43 mil sacos plásticos “oxi-bio-degradáveis”, próprios para lixo deautomóveis, distribuídos pela CavoServiços e Meio Ambiente, empresaespecializada em gestão ambiental

MARCELLO LOBO

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bre a conservação ambiental. Para ocoordenador da Patrulha Ecológica,João Antonio dos Reis Granda, o pri-meiro passo é não jogar lixo nas ruase rodovias.

O presidente da Associação dasEmpresas de Táxi de São Paulo, Ri-cardo Auriemma, diz que a entidadeiniciou um projeto de orientação aosmotoristas e às empresas filiadascom objetivo de reduzir a emissãode gases poluentes. Isso significa,segundo ele, usar combustíveis con-fiáveis e sem solventes, manter ocarro sempre regulado e não jogarlixo pelas janelas. Mas a maior con-tribuição do setor ao meio ambien-te, diz Auriemma, tem sido o cresci-mento do uso de veículos flex. “Oi-tenta e cinco por cento da frota liga-da à associação, que é de 3.500 tá-xis, é movida a álcool, consideradoum combustível limpo. Ao mesmotempo em que gastamos menos,deixamos de poluir o ar”, frisa.

O economista José Cícero Ra-mos da Silva, diretor da ONGPatrulha Ecológica, diz que evita aomáximo usar o carro. Recorre a ca-rona de amigos e ao transporte pú-blico, sempre que pode. Quandoestá no volante, não joga lixo pelajanela. E vive atento ao que vê.“Qualquer irregularidade, é precisodenunciar”. Para ele, pequenasações podem fazer grande diferen-ça no final das contas. ●

bicos injetores e do reservatório decombustível. Com o motor desregu-lado, os carros emitem até 25% amais de poluentes atmosféricos. Acidade do Rio de Janeiro conta comcerca de 1,6 milhão de carros, amaioria desregulada e emitindo 130mil toneladas de gases poluentes.Destas, 32 mil toneladas/ano podemser retiradas da atmosfera com a re-gulagem dos motores.

Em Bebedouro (SP), mais blitzeducativa para conscientizar os mo-toristas sobre a importância da lim-peza de vias públicas e rodovias.Sessenta patrulheiros de 8 a 17 anosdistribuíram, em junho, panfletoseducativos e sacolas de lixo paracâmbios de carros. Um furgão da Po-lícia Ambiental transmitiu filmes so-

Motorista planta árvoresTÁXI ECOLÓGICO

Com uma boa idéia nacabeça e um carro nasmãos, o taxista João BatistaSantos, 44 anos, conquistoua fama e 2.700 clientes fiéisem São Paulo. Não, ele nãofez um filme. Na verdade,João Batista protagonizauma história real, que mos-tra a importância de cadaum no combate ao aqueci-mento global. Com a ajudade especialistas voluntários,ele desenvolveu uma tabelade emissões de gás carbôni-co (CO2) por tempo de via-gem, mostrando ao cliente oimpacto da corrida no meioambiente. Com o número namanga, o taxista ecológicosugere ao passageiro umadeterminada contribuiçãoem dinheiro para a comprade mudas de árvores que opróprio João Batista planta.Quinze minutos de percursorepresentam R$ 0,25 em ár-vores, ou dois quilos de CO2.No final do expediente, o ta-xista fotografa a muda ad-quirida e envia a foto para o“contribuinte” voluntário.

“Às vezes um cliente me dáR$ 10, às vezes não dá nada”,diz ele, que já plantou dez mu-das de pau-brasil e dez de pal-mito juçara, ambas raríssimaspelo avançado processo de ex-tinção. Para se ter uma idéia,cada muda de pau-brasil, con-ta o taxista, chega a custar atéR$ 40, por ser difícil de encon-trar. “Escolhi o pau-brasil por

causa do seu simbolismo nahistória do país”, disse. As pri-meiras 20 árvores foram plan-tadas em uma praça da capitalpaulista, em maio.

A contribuição de João Ba-tista para a qualidade de vidados paulistanos não se restrin-ge ao plantio de árvores - re-curso que permite a fixação dogás carbônico na atmosfera,evitando o efeito estufa na ca-mada de ozônio. Em tempos decongestionamentos recordes,pegar o táxi ecológico de JoãoBatista significa também fazeruma pausa na correria e no es-tresse. Afinal, ele oferece águade côco e revistas para seusclientes durante a viagem. Equer mais. “Pretendo instalarum notebook com impressorano carro para que as pessoaspossam trabalhar”, garante.Por essas e outras mordomiasque o cliente precisa agendara corrida com até 24 horas deantecedência.

Mas não pense que o bió-logo e ex-corretor de imó-veis pretende se aposentarcomo taxista. Seu sonho éestudar Direito, e atuar, cla-ro, nas causas ambientais. Oalagoano saiu de casa aos 15anos para estudar, formou-se em biologia em 1998, mascomo não conseguiu umbom emprego, comprou otáxi do irmão, que ficava en-costado na garagem. Foiquando essa história de su-cesso começou.

Para arborizaruma praça em

São Paulo,escolhi o

pau-brasil porcausa do seusimbolismo nahistória do país

JOÃO BATISTA SANTOS,TAXISTA

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SEST/SENAT

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Um papel relevante noPrograma Despoluir es-tá reservado ao Sest/Senat. Uma campa-

nha educativa para os profis-sionais e usuários do trans-porte pretende transformar em-presários, trabalhadores emtransporte, caminhoneiros au-tônomos e taxistas em agen-tes de promoção de cidadaniae conscientização ambiental eecológica.

do 0800 Ambiental da CNT(0800-7282891), um serviçopronto para receber comunica-ções sobre danos ao meio am-biente. O 0800 Ambiental jácomeçou a funcionar e estádisponível 24 horas por dia, du-rante os sete dias da semana.Todas as informações recebi-das no telefone serão imedia-tamente retransmitidas paraos órgãos regionais compe-tentes.

CONSCIENTIZAÇÃO

AMBIENTALCAMPANHA EDUCATIVA E CURSOS FAZEM PARTE

DE PROJETO QUE SERÁ DESENVOLVIDO COM PROFISSIONAIS E USUÁRIOS DO TRANSPORTE

POR MAÍRA LIMA

Estão sendo desenvolvidosno Sest/Senat três projetos es-pecíficos de capacitação. O pri-meiro, destinado aos caminho-neiros, visa estimular a práti-ca da vigilância ambiental pa-ra evitar queimadas, o tráficode animais silvestres e de ma-deira ao longo das estradas,além de disseminar idéias so-bre a importância da conser-vação do meio ambiente. Paraisso, os caminhoneiros dispõem

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65CNT TRANSPORTE ATUAL

O segundo projeto é o “Ta-xista Amigo do Meio Am-biente”. Assim como para oscaminhoneiros, serão ofereci-dos aos motoristas de táxi cur-sos sobre conservação ambi-ental, com a finalidade detorná-los agentes multipli-cadores das idéias centrais doprograma.

O terceiro projeto será des-tinado aos trabalhadores daárea de transporte. Com o ob-jetivo similar ao oferecido acaminhoneiros e taxistas, oprojeto pretende promoverpor meio dos trabalhadores aconscientização sobre o usoresponsável dos recursos natu-rais entre os usuários dotransporte.

Todas as atividades terãoapoio em cartilhas, folhetos eoutras peças informativasque divulgarão as práticas decons-cientização ambiental,tanto para uso nos treina-mentos quanto para dis-tribuição aos usuários dosmeios de transporte. ●

SEST/SENAT/DIVULGAÇÃO

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68 CNT TRANSPORTE ATUAL

MAIS TRANSPORTE

O governo brasileiro avaliou comofavorável a decisão do relatóriofinal do painel da OMC(Organização Mundial doComércio) que analisou restriçõesbrasileiras à importação de pneusreformados a partir do contencioso proposto pelaComunidade Européia. A OMC permitiu que o Brasil proibisse aimportação de reformados, desdeque o país garantisse que ospneus usados tivessem sua importação barrada em definitivopelo governo do país. Uma dasjustificativas para a proibiçãobrasileira se refere ao acúmulo etransporte de resíduos de pneus.

BORRACHA

A Urubupungá, empresa de ônibus do Estado de São Paulo, participou dostestes do sistema Retrofit, desenvolvido pela empresa Johnson Mater, quevisa reduzir a emissão de poluentes dos ônibus da EMTU (Empresa Metro-politana de Transporte Urbano), em São Paulo. Esse sistema funciona comoum catalisador implantado no escapamento do veículo que retém as partí-culas poluentes. Para realizar os testes, foi exigido o uso de dois tipos dediesel, entre eles o diesel metropolitano com 500 ppm (partes por milhão)de enxofre, já utilizado pela Urubupungá. Os testes atendem às exigênciasdo Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente), que definem regras pa-ra a montagem de motores pelas indústrias automotivas.

CATALISADOR

URUBUPUNGÁ/DIVULGAÇÃO

AL GOREEx-vice-presidente dos EUA, AlGore disse que o governo Bushfalhou em não agir rápido paradeter o efeito estufa. No prefáciodo livro Earth in the balance, eleafirma que apesar de o tempo sercurto, a batalha não está perdida.O texto é anterior ao anúnciofeito por Bush de convocarreunião entre os maioresprodutores mundiais para discutircortes a longo prazo dasemissões de carbono, uma formade minar o Protocolo de Kyoto.

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69CNT TRANSPORTE ATUAL

FRANCISCO MADEIRA

biocombustíveis para o setor e para a agricultura. O programa já foi gravado emdiversas cidades do mundo eé uma iniciativa para o debate sobre as questões mais relevantes relacionadasàs matrizes energéticas.

BIOCOMBUSTÍVEIS

A Shell, em parceria com ocanal internacional de televisãoCNBC, fizeram a gravação doprograma " Questions for thefuture" no final de junho, emSão Paulo. O principal assuntofoi o futuro da indústria dotransporte e a importância dos

poluentes para ônibus. A invençãojá funciona experimentalmentehá dois anos em 60 ônibus emDiadema (SP) e retém até 70%dos poluentes gerados a partir daqueima de óleo diesel. O pó pretoque fica preso nos filtros acabouvirando matéria-prima para pneu.

POLUENTES VIRAM PNEUS

Resíduos tóxicos gerados a partirda queima de óleo diesel podemvirar pneu. A novidade foi desenvolvida pelo engenheiromecânico Sergio Sangiovani, comajuda do físico Paulo Roberto daConceição. Há oito anos, elesdesenvolvem um filtro de

JORGE LUÍS ALVES

ENTREVISTA

BR oferece programa de reparoPOR ROBERTA DUTRA

A BR Petrobras Distribuidora realiza desde o final de 2006 o ProgramaTransporte Responsável. Os veículos da empresa foram equipados comferramentas e peças de reposição para prestar eventuais serviços dereparos. Como norma, os veículos são conduzidos por técnicos habilitados em mecânica em motores a diesel e primeiros socorros.Todos esses cuidados têm a finalidade de oferecer mais uma ferramen-ta de gerenciamento de risco e aumentar a segurança do transporte de seus produtos e, conseqüentemente, prevenir acidentes. Em entre-vista à CNT Transporte Atual, o coordenador do Programa TransporteResponsável, Jorge Luís Alves, fala mais sobre o assunto.

Qual o diferencial desse programa?Para atuar no projeto, buscamos profissionais com excelente formaçãoe grande capacidade de comunicação para que, além do suporte técnico, transmitam aos motoristas orientações sobre as diretrizes de qualidade, segurança, meio ambiente e saúde adotadas pela BR. A idéia é que seja feito um trabalho educativo em relação aos motoristas e também ao público em geral, reforçando a preocupaçãosócio-ambiental da Petrobras Distribuidora.

Quais as principais melhorias observadas com aimplantação do programa?A melhoria mais significativa foi a redução de acidentes com caminhões contratados pela BR, tendo como parâmetro os Indicadores de Segurança, Meio Ambiente e Saúde no Transporte doSindicom (Sindicato das Distribuidoras de Combustíveis) edo Inar (Índice Nacional de Acidentes Rodoviários), nos quaisalcançamos níveis de excelência este ano.

A BR tem outros projetos ambientais? Por ser uma empresa que prima pela responsabilidade sócio-ambiental,a BR Petrobras Distribuidora tem vários programas ambientais como,por exemplo, o Projeto Tamar, voltado à preservação de tartarugas aolongo do litoral brasileiro.

JORGE LUÍS ALVES

“A melhoria mais significativa foi a redução de acidentescom caminhões contratados pela BR Petrobras Distribuidora”

BOA IDÉIA O pó preto dos filtros anti-poluentes viram pneu

MAURO PEDROSO

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CHAPÉU

70 CNT TRANSPORTE ATUAL 70

MAIS TRANSPORTE

São Paulo vai controlar poluição veicular

APrefeitura de São Pauloestá desenvolvendo umasérie de ações para tor-

nar a cidade menos poluída.Pelo Projeto Cidade Limpa, apartir de setembro, estarão fun-cionando os equipamentos paramedir a poluição emitida pelosveículos. Além disso serão efe-tuadas várias medidas que pre-tendem reduzir os índices de po-luição na cidade em até 30%com ações como inspeção vei-cular. Os principais pontos doprojeto serão a medição e iden-tificação dos veículos poluentes.Somente a partir do próximoano será feita a inspeção dosveículos e o proprietário teráaté 30 dias para se adequar.

Uma das novidades do pro-jeto é o moderno sistema desensoriamento remoto que iráfotografar o veículo através deraios infravermelhos e fazer amedição da fumaça que eleemite. Com o equipamento,será possível fazer a medição àdistancia de mais de 2.000 veí-culos por hora. De posse des-sas informações, será possíveltraçar um panorama dos veí-culos que trafegam na capital.

Por enquanto os motoristas nãotêm que se preocupar. Os veícu-los serão só serão inspeciona-dos a partir de maio de 2008.Para fazer a medição, aproxima-damente 52 pontos em todo mu-nicípio estarão equipados. Ini-cialmente, a medição será umaferramenta para identificar operfil dos veículos que poluemmais. O motorista, que já teveseu carro inspecionado, e não seadequar dentro do prazo, poderáser multado em até 300 Ufirs (R$ 524 85).

Uma pesquisa realizada pelaCetesb (Companhia de Tecnolo-gia de Saneamento Ambiental)em 2006 apontou que os veícu-

los são responsáveis por 98%das emissões de monóxido decarbono, 93% de hidrocarbone-tos, 96% de óxidos de nitrogê-nio, 35% de óxido de enxofre e40% de material particulado. Deacordo com um estudo realizadoem 2005 pelo laboratório de Po-luição Atmosférica Experimentalda Faculdade de Medicina da USP(Universidade de São Paulo), ogasto na rede de saúde da capi-tal com atendimento a vítimasda poluição chega a R$ 3 bilhõespor ano. A mesma pesquisa reve-lou que a exposição à poluiçãodiminui a expectativa de vidados paulistanos em dois anos.

[POR ÉRICA ALVES]

FUMAÇA A fiscalização é feita em 52 pontos da cidade

RICARDO FONSECA/SECOM

Coletânea de artigos enfatiza a necessidadede um novo desenvolvimento, baseado naabertura simultânea da economia à ecologiahumana. O autor preside o grupo Iniciativados Biocombustíveis da Unctad/ONU.De Ignacy Sachs. Ed. Cortez, 472 págs, R$ 57

Reunião de artigos e ensaios inspiradosem Fritjof Capra, do Centro deEco-Alfabetização. Os textos mostram projetosestudantis que usam a consciência ecológicana formação de crianças e adolescentesDe Fritjof Capra. Ed. Cultrix, 312 págs, R$ 45

CIDADE LIMPAO ex-vice presidente americano Al Gorerelata as palestras que fez pelo mundo sobrea crise climática, que geraram também odocumentário homônimo vencedor doOscar deste ano. De Al Gore. Ed. Manole, 328 págs, R$ 64

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TREM COREANO As novas máquinas consomem 30% a menos de energia elétrica

SUPERVIA/DIVULGAÇÃO

A Supervia, concessionária de trensurbanos do Rio de Janeiro, já colocou ematividade 15 trens coreanos. As máquinasconsomem 30% a menos de energiaelétrica do que outros modelos. Entre asnovidades, estão o ar-condicionado computadorizado, computador de bordo para fechamento das portas com três níveis de força e sistema de freios que controla a força de frenagem em função da quantidade de passageiros embarcados.

LINHA ECONÔMICA

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72 CNT TRANSPORTE ATUAL

MAIS TRANSPORTE

Transporte público efi-ciente, reciclagem delixo, grandes espaços

verdes e proteção ambientalsão alguns aspectos que dãonotoriedade a Curitiba. Parao presidente da Mater Natura– Instituto de Estudos Am-bientais, Paulo Pizzi, a reci-clagem em Curitiba é muitoadequada como educaçãoambiental. "A cidade é pio-neira e pode servir como mo-delo para outros municípios.O único ponto a aperfeiçoar éa ampliação dos projetosexistentes para atender umamaior parcela da população",diz Pizzi.

Karina de Souza Taborda,moradora da região metropo-litana de Curitiba, elogia otransporte público da capitaldo Paraná. "O deslocamentoé rápido e tem vários ônibusda mesma linha disponíveis.Com apenas uma passagem,damos volta em Curitiba in-teira", diz Karina, mencionan-do o fato de os ônibus curiti-

banos realizarem conexões.A boa fama da cidade não

fica apenas entre os morado-res da região. O "The NewYork Times", principal jornaldiário dos Estados Unidos,dedicou recentemente oitopáginas à capital paranaense."Curitiba continua sendo odestino de peregrinação deurbanistas de várias partesdo mundo, fascinados com osistema de transporte públi-co, o programa de reciclagemde lixo e a rede de parques dacidade", escreveu o autor dareportagem, Arthur Lubow.

O município foi elogiadoem relação às ações de pre-servação ambiental. A maté-ria foi publicada em 20 demaio, na mesma semana emque Curitiba ocupou espaçoem diversos veículos de co-municação norte-americanospela participação do prefeitoBeto Richa na Cúpula Mundialdas Grandes Cidades para oClima em Nova York.

[POR IONE MARIA]

URBANISMO

TRANSPORTE PÚBLICO elogiado por especialistas e usuários

Curitiba é destaque nos Estados UnidosSMCS/DIVULGAÇÃO

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JOSÉ ISRAEL ABRANTES

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BOA IMAGEM

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