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Crianças Desaparecidas Como é o trabalho da polícia e instituições para acabar com a dor de muitas mães. Eutanásia: morte por compaixão? Diferença de Idade: ajuda ou atrapalha?

Revista Comunik

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Terceira edição da Revista Comunik, desenvolvida pelos alunos de jornalismo do Centro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio - CEUNSP

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Page 1: Revista Comunik

Crianças Desaparecidas

Como é o trabalho da polícia e instituições para acabar com a dor de muitas mães.

Eutanásia: morte por compaixão? Diferença de Idade: ajuda ou atrapalha?

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íNDICE

A nova realidade dos Games ............... 5

Diferença de Idade:ajuda ou atrapalha? .............................. 6

Meu pai: um ciumentosempre alerta ....................................... 8

Crianças Desaparecidas ....................... 9

Tímido ou Desinibido? ...................... 14

Eutanásia ........................................... 16

Depressão .......................................... 20

CoNvErsa Com o EDItor

Enfim a terceira edição da Comu-niK. A revista que começou com um trabalho de sala de aula, agora ganhou, nessa edição, um clima um tanto mais sério e curioso.

A matéria de capa, “Crianças De-saparecidas”, foi uma ótima pauta sugerida por um dos repórteres de nossa equipe, pois, com a intenção de lançar a revista no mês de outu-bro, as pessoas poderiam ver que mesmo no mês em que se comemo-ra o dia das crianças, muitas mães sentem falta por não comemorarem tal dia com seus filhos.

Além disso, a reportagem “Eutaná-sia” traz à tona uma polêmica que atinge pessoas, governos e religiões do mundo inteiro e que aqui no Bra-sil, não é muito discutida.

Apeesar desse assuntos, o leitor po-derá desfrutar de pautas mais leves como as de comportamento como a que fala sobre timidez e outra que fala do ciúme por parte dos pais, que segundo a pesquisa de nossa jorna-lista, pode afetar a estrutura de toda a família.

É isso. Com um pouco de atraso, a revista chegou. Espero que gostem, aproveitem e se instruam, afinal de contas, conhecimento nunca é demais.

Page 5: Revista Comunik

A nova realidade dos GAMES

Ficar segurando um controle com fio já era. Esse tipo de diversão, que há dez anos foi a mais alta tecnologia, hoje está ultrapas-sada. Agora, os controles mais modernos não têm fio e, na pior das hipóteses, não proporcionam grandes movimentos ao jogador.

Desde os lançamentos da tercei-ra geração de games em 2007, no qual os fios foram banidos dos consoles, fica evidente o uso de tecnologias que possibilitam uma maior interação dos jogadores com os personagens do jogo, isso se você não for o personagem (já é possível escanear corpo e rosto para entrar no mundo dos games).

Com o Nintendo Wii, console fa-bricado pela empresa japonesa Nintendo, você controla o perso-nagem com seus próprios movi-mentos. Por exemplo, em um jogo de tênis, o controle é usado como se fosse uma raquete e o movimen-to é feito com o balanço do braço.

Um pouco antes do Nintendo Wii, o Xbox 360, lançado pela Micro-

soft, desenvolveu um controle sem fio, mas sem nenhuma outra par-ticularidade como o Wii. Similar. O controle do PlayStation 3, de-senvolvido pela Sony, é sem fio mas sem nenhum outro recurso.

Mas desde que perceberam que os sensores de movimentos iriam cair no gosto do público (o Wii é líder de vendas), Microsoft e Sony se empenharam em fazer com que essa fosse a nova maneira de jogar videogame. A Microsoft lançou recentemente o Kinect, que é um aparelho que reconhece movimen-tos, imagem e voz do jogador para “transporta-lo” para dentro do jogo.

Percebendo que seus concor-rentes estavam se distanciando no mercado, a Sony resolveu se movimentar e planeja para o se-gundo semestre de 2010 o lan-çamento do Move, que tem esti-lo semelhante ao do Wii. Resta saber se fará o mesmo sucesso.

Sem dúvida, essa parece ser a nova realidade do jogos ele-trônicos, mas até que pon-to os jogadores gostam disso? Vitor Gabriel, 16 anos, jogador de videogame desde os 8, é mais tradicional, prefere o bom e velho console, pois lhe proporciona mais praticidade. “É muito mais fácil ficar sentado, apenas mexendo os dedos do que se movimentar”. Nem mesmo os volantes, utilizados nos jogos de corrida agradam Vitor. “É

mais fácil no controle. Depois que se acostuma com um é difícil pe-gar o jeito usando outro aparelho”.Porém há aqueles que gostam do novo estilo de jogar videogame. Guilherme Ferreira gosta de se mo-vimentar, seja com os novos con-troles ou com os equipamentos. “É muito mais divertido jogar utilizan-do a guitarra (no jogo Guitar Hero) do que com o controle. Parece que você está tocando de verdade”. Em outros jogos, a experiência é pou-ca, mas também agrada Guilher-me. “Joguei poucas vezes no (Nin-tendo) Wii. A única vez que joguei, foi um jogo de tênis. Foi difícil, mas depois que acostuma, é legal”.

Állan Guimarães é outro que é adep-to aos novos controles. Ele acha que o controle do Wii é legal para se mo-vimentar, “mas os controles tradi-cionais são mais fáceis para jogar”.

Enfim, por enquanto há opi-niões diversas sobre os novos controles, mas é bom que nos acostumemos com eles, pois os mesmos tendem a ser parte de qua-se todos os jogos de videogames.

Por Caio Dellagiustina

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Os relacionamentos inter-pessoais existem para que as pessoas aprendam a conviver, construir e partilhar experiên-cias. Segundo especialistas, as implicações acerca das diferen-ças de idade nos relacionamen-tos estão muito mais ligadas a fatores como maturidade pes-soal e emocional, do que neces-sariamente a idade biológica e cronológica dos indivíduos.

Relações Amorosas – Na so-ciedade atual, os valores mo-rais, culturais e sociais estão bem flexíveis. É comum ver casais assumindo um relacio-namento em que a diferença de idade entre os parceiros é grande. De acordo com a psi-cóloga Shana Emanuelle Soa-res, essa mudança de postura nos relacionamentos ainda é bastante carregada de precon-ceito, fruto de uma transição

social e cultural ao longo de nossa história e de nossa cultura.

A assistente social, Fernanda Lazarinni, tem um relaciona-mento com um homem nove anos mais jovem e diz que a idade não interfere no dia-a-dia, pois acredita que o importante é o grau de amadurecimento do ser, na forma como as experi-ências de vida são encaradas e absorvidas. Segundo a psicólo-ga, a diferença de idade entre os parceiros pode ser positiva para o relacionamento, uma vez que a idade biológica de um deter-minado indivíduo nem sempre corresponde a sua idade mental.

“Os casais necessitam da tro-ca e do compartilhamento mú-tuo de vivências e experiências para viverem harmonicamente. Essa troca está muito mais li-gada ao amadurecimento pes-

que se refere ao ambiente de tra-balho a diferença de idade pode ser uma oportunidade única de aprendizado e desenvolvimento. Para Pedro Alves Silveira Júnior, chefe de gabinete da prefeitura de Pereiras, o jovem promissor é o que tem uma boa formação e vontade de enfrentar os desa-fios do mercado de trabalho. “O administrador tem que ‘achar’ o que de bom o jovem tem a ofe-recer, otimizar isso, transformar-se em ‘conselheiro’ e transmitir confiança. Assim, e sob orienta-ção, se obtém um profissional competente e motivado”, diz. A psicóloga conta que o jovem aspirante, quando inicia a carrei-ra, necessita de um acolhimento, que o faça sentir seguro e confian-te no desenvolvimento de seus talentos, potencialidade e conhe-cimentos. “Ao se incentivar e mo-tivar esse jovem, oferecendo-lhe

bases firmes e sólidas para seu desenvolvimento, bem como lapidando nesse jovem seus pontos fortes e positivos, contri-bui-se de forma absoluta para a formação de um profissional ex-tremamente seguro, capaz, mo-tivado e competente”, finaliza.

Aceitar, respeitar, lidar e convi-ver com as diferenças advindas da diversidade geracional é uma maneira de se criar laços mais sólidos e viver relacionamentos mais positivos e construtivos, compartilhando experiências e vivencias, tornando a troca e o convívio humano uma experiên-cia extremamente gratificante.

benéfica quando parte do pres-suposto de uma troca mútua de bagagens pessoais, experiên-cias e vivências. “Aquele que é mais velho pode oferecer ao mais jovem visões experientes de vida, bem como aquele que é mais jovem pode proporcionar ao mais velho a oportunidade de rever conceitos, se adaptar e se inteirar dos novos valores juve-nis da sociedade atual”, explica.

Relacionamento familiar - Dentro do contexto familiar as implica-ções das diferenças de idade po-dem aparecer de forma bastante clara através de conflitos geracio-nais em que pais e filhos entram constantemente em atrito por con-ta de valores contrários advindos de gerações diferenciadas. Mas esse não é o caso do jovem Renan de Paula, que tem um excelente re-lacionamento com a família, mes-mo sendo o caçula de seis irmãos (cinco homens e uma mulher). A diferença entre Renan e o irmão mais velho é de 25 anos, mas, segundo ele, não existe nenhuma dificuldade de relacionamento.

“Reginaldo tem idade pra ser meu pai, tanto que o filho dele tem 20 anos como eu. Tenho mais três sobrinhos da mesma idade”, comenta Renan. Ainda segundo ele, ter irmãos mais velhos pro-porciona muito conhecimento, pois cada um tem uma profissão diferente. “Devido toda essa dife-rença eu acabo tendo muitos con-selhos e diversas visões, assim acabo acolhendo o que mais me interessa e vejo que todos que-rem cuidar do caçula”, conclui.

Relacionamento Profissional – No

soal do que necessariamente a idade cronológica dos parcei-ros. O que importa em um re-lacionamento não é a idade, mas sim o nível de intimidade, afinidade e sincronicidade exis-tente entre eles”, explica Shana.

Convivência escolar - A con-vivência entre diferentes ida-des não se restringe apenas aos relacionamentos. No dia a dia é comum o ser humano ter que se adaptar a diferença, como é o caso do estudante de jornalis-mo Luiz Carlos Pesseudônimo, que tem 42 anos e que convive com pessoas vinte anos mais jo-vens em sala de aula. No inicio, sua maior dificuldade foi ter fi-cado bastante tempo longe dos estudos, gerando problemas para acompanhar essa “nova geração”.

“Procuro estar sempre atualizado e seguindo o ritmo da garotada”, diz Luiz. Ter um filho de 19 anos ajudou o estudante a se integrar com os companheiros mais jo-vens. “O Bruno é muito meu amigo e sempre me da umas di-cas de como me comportar com a galera. Meus principais amigos são bem mais jovens do que eu”, ressalta. Ele ainda afirma que não existe preconceito devido a sua idade e que aos colegas de sala não o tratam como velho. “Eu tenho mais de quarenta, mas me sinto como um garoto de vin-te ou trinta. O corpo envelhece, mas o espírito nunca, por isso que na minha casa e no meu tra-balho também é a mesma coisa.”

Para a psicóloga, a diferença de idade entre colegas de classe pode ser extremamente rica e

Diferença de idade... Ajuda ou atrapalha?

Por Bruna Lagreca

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Os relacionamentos inter-pessoais existem para que as pessoas aprendam a conviver, construir e partilhar experiên-cias. Segundo especialistas, as implicações acerca das diferen-ças de idade nos relacionamen-tos estão muito mais ligadas a fatores como maturidade pes-soal e emocional, do que neces-sariamente a idade biológica e cronológica dos indivíduos.

Relações Amorosas – Na so-ciedade atual, os valores mo-rais, culturais e sociais estão bem flexíveis. É comum ver casais assumindo um relacio-namento em que a diferença de idade entre os parceiros é grande. De acordo com a psi-cóloga Shana Emanuelle Soa-res, essa mudança de postura nos relacionamentos ainda é bastante carregada de precon-ceito, fruto de uma transição

social e cultural ao longo de nossa história e de nossa cultura.

A assistente social, Fernanda Lazarinni, tem um relaciona-mento com um homem nove anos mais jovem e diz que a idade não interfere no dia-a-dia, pois acredita que o importante é o grau de amadurecimento do ser, na forma como as experi-ências de vida são encaradas e absorvidas. Segundo a psicólo-ga, a diferença de idade entre os parceiros pode ser positiva para o relacionamento, uma vez que a idade biológica de um deter-minado indivíduo nem sempre corresponde a sua idade mental.

“Os casais necessitam da tro-ca e do compartilhamento mú-tuo de vivências e experiências para viverem harmonicamente. Essa troca está muito mais li-gada ao amadurecimento pes-

que se refere ao ambiente de tra-balho a diferença de idade pode ser uma oportunidade única de aprendizado e desenvolvimento. Para Pedro Alves Silveira Júnior, chefe de gabinete da prefeitura de Pereiras, o jovem promissor é o que tem uma boa formação e vontade de enfrentar os desa-fios do mercado de trabalho. “O administrador tem que ‘achar’ o que de bom o jovem tem a ofe-recer, otimizar isso, transformar-se em ‘conselheiro’ e transmitir confiança. Assim, e sob orienta-ção, se obtém um profissional competente e motivado”, diz. A psicóloga conta que o jovem aspirante, quando inicia a carrei-ra, necessita de um acolhimento, que o faça sentir seguro e confian-te no desenvolvimento de seus talentos, potencialidade e conhe-cimentos. “Ao se incentivar e mo-tivar esse jovem, oferecendo-lhe

bases firmes e sólidas para seu desenvolvimento, bem como lapidando nesse jovem seus pontos fortes e positivos, contri-bui-se de forma absoluta para a formação de um profissional ex-tremamente seguro, capaz, mo-tivado e competente”, finaliza.

Aceitar, respeitar, lidar e convi-ver com as diferenças advindas da diversidade geracional é uma maneira de se criar laços mais sólidos e viver relacionamentos mais positivos e construtivos, compartilhando experiências e vivencias, tornando a troca e o convívio humano uma experiên-cia extremamente gratificante.

benéfica quando parte do pres-suposto de uma troca mútua de bagagens pessoais, experiên-cias e vivências. “Aquele que é mais velho pode oferecer ao mais jovem visões experientes de vida, bem como aquele que é mais jovem pode proporcionar ao mais velho a oportunidade de rever conceitos, se adaptar e se inteirar dos novos valores juve-nis da sociedade atual”, explica.

Relacionamento familiar - Dentro do contexto familiar as implica-ções das diferenças de idade po-dem aparecer de forma bastante clara através de conflitos geracio-nais em que pais e filhos entram constantemente em atrito por con-ta de valores contrários advindos de gerações diferenciadas. Mas esse não é o caso do jovem Renan de Paula, que tem um excelente re-lacionamento com a família, mes-mo sendo o caçula de seis irmãos (cinco homens e uma mulher). A diferença entre Renan e o irmão mais velho é de 25 anos, mas, segundo ele, não existe nenhuma dificuldade de relacionamento.

“Reginaldo tem idade pra ser meu pai, tanto que o filho dele tem 20 anos como eu. Tenho mais três sobrinhos da mesma idade”, comenta Renan. Ainda segundo ele, ter irmãos mais velhos pro-porciona muito conhecimento, pois cada um tem uma profissão diferente. “Devido toda essa dife-rença eu acabo tendo muitos con-selhos e diversas visões, assim acabo acolhendo o que mais me interessa e vejo que todos que-rem cuidar do caçula”, conclui.

Relacionamento Profissional – No

soal do que necessariamente a idade cronológica dos parcei-ros. O que importa em um re-lacionamento não é a idade, mas sim o nível de intimidade, afinidade e sincronicidade exis-tente entre eles”, explica Shana.

Convivência escolar - A con-vivência entre diferentes ida-des não se restringe apenas aos relacionamentos. No dia a dia é comum o ser humano ter que se adaptar a diferença, como é o caso do estudante de jornalis-mo Luiz Carlos Pesseudônimo, que tem 42 anos e que convive com pessoas vinte anos mais jo-vens em sala de aula. No inicio, sua maior dificuldade foi ter fi-cado bastante tempo longe dos estudos, gerando problemas para acompanhar essa “nova geração”.

“Procuro estar sempre atualizado e seguindo o ritmo da garotada”, diz Luiz. Ter um filho de 19 anos ajudou o estudante a se integrar com os companheiros mais jo-vens. “O Bruno é muito meu amigo e sempre me da umas di-cas de como me comportar com a galera. Meus principais amigos são bem mais jovens do que eu”, ressalta. Ele ainda afirma que não existe preconceito devido a sua idade e que aos colegas de sala não o tratam como velho. “Eu tenho mais de quarenta, mas me sinto como um garoto de vin-te ou trinta. O corpo envelhece, mas o espírito nunca, por isso que na minha casa e no meu tra-balho também é a mesma coisa.”

Para a psicóloga, a diferença de idade entre colegas de classe pode ser extremamente rica e

Diferença de idade... Ajuda ou atrapalha?

Por Bruna Lagreca

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Meu pai: um ciumento sempre alerta

O primeiro homem da vida de uma mulher, muitas vezes, é aquele que ela conhece logo quando nasce e é por meio dele que ela começa a estabelecer laços e reconhecer modelos masculinos de comportamen-to que podem influenciar na vida amorosa e profissional.

O pai precisa estar próximo e presente na vida das filhas, tanto quanto a mãe, em busca de uma relação participativa e construí-da com cumplicidade e respei-to, pois cabe a ele não apenas a tarefa de prover a segurança material, mas também educar e mostrar caminhos - ainda que, com acertos, erros e até um pou-co de proteção. Afinal, qual pai nunca sentiu ciúme da filha?

“O ciúmes é um sentimento nor-mal, natural e significa cuidado e proteção. Desde a infância, o pai dá todo carinho e atenção, mas a filha cresce e chega à adolescên-cia com o primeiro namorado, e é nesse momento que ele percebe que o tempo passou. Para muitos pais, isso tudo é muito doloroso e difícil de aceitar”, explica a psicóloga Aparecida da Silva

A psicóloga alerta que o ciúme exagerado deixa de ser saudá-vel e se transforma em um sen-timento de posse, afetando toda

a vida familiar. “Quando o ciúme do pai é exacerbado, ele começa a impedir as amizades da filha, vi-gia o celular e proibi os passeios”, explica. “Então, muitas vezes, a garota começa a sair escondido, mente que vai à casa da amiga, quando na verdade está com um rapaz ou engravida para sair de casa em busca de liberdade. A fal-ta de estrutura familiar pode levar, ainda, ao uso de drogas e bebidas alcoólicas”, conclui Aparecida.

Segundo a psicóloga, o casal preci-sa manter o diálogo e as divergên-cias devem ser conversadas para que não exista dualidade nas deci-sões sobre a educação das crianças. A filha também precisa demonstrar seus sentimentos e contar ao pai aquilo que ela deseja para sua a vida, como namorar, passear e sair com seus amigos. “Quando a ga-rota fala de seu amor para o pai, ele consegue superar o ciúme com facilidade. Isso, com certeza, gera um resultado muito bom para to-dos. Mais confiante, o pai não pre-cisa fazer marcação serrada, vigiar ou espionar. Afinal, amar significa partilhar”, garante a psicóloga.

De acordo com Aparecida, são grandes as mudanças na estrutura familiar onde pais e mães vivem para os filhos, esquecendo-se da relação a dois que precisa ser pre-servada. “Em uma união que o casal se completa, o amor do pai

é como uma rocha. Uma estru-tura estável e segura que prepa-ra a filha a para a realidade com força e coragem. Já o da mãe é como uma brisa, que acolhe, acalenta e a faz voar em busca de novas conquistas”, compara.

Enfim, a aprovação e os elogios paternos permitem também a me-nina desenvolver autoconfiança e auto-estima. Um pai carinhoso é capaz de impor limites e pas-sa à filha uma imagem realista e positiva. Essa perspectiva será preciosa para a construção de sua vida, desejos e responsabili-dades. “O pai precisa dar educa-ção e orientação, mas saber viver cabe a própria filha. Ele não pre-cisa tratá-la como ‘menininha do papai’”, aconselha. “Essa ideia de posse não traz crescimento. O controle excessivo pode, ainda, fazê-la infeliz no futuro. Entre-tanto não é preciso se preocupar, os pais podem sentir ciúmes das filhas desde que sem excessos e que não atrapalhe o convívio familiar”, conclui a psicóloga.

Saudável até certo ponto, a proteção excessiva pode se tornar um problema quando passa dos limites

Por Beatriz Silva

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Crianças Desaparecidas

Quando os caminhos de casa se perdem entre os caminhos da vida.

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Page 10: Revista Comunik

Imagine um palco, onde uma peça de teatro está sendo re-presentada e de repente um personagem sai de cena e você não sabe se ele voltará. Saindo da dramaturgia, essa história ganha novas versões. Já não são apenas personagens, são pes-soas reais. A única semelhança é que elas também somem, sem a certeza de que irão voltar. No Brasil não existem dados oficiais que determinem a quantidade de crianças e adoles-centes desaparecidos anualmente. Dos casos registrados, um percentual de 10 a 15% permanecem sem solução por um longo período de tempo, e, às vezes, jamais são resolvidos.

Apesar do desaparecimento de uma pessoa não ser enquadra-do como crime, existem relatos de crianças e adolescentes de-saparecidos ligados ao tráfico de órgãos, pessoas e de drogas, além da adoção ilegal e à explo-ração e turismo sexual. Pesqui-sas recentes afirmam que entre as principais causas que estão por trás desses desaparecimen-tos, as três mais freqüentes são: fugas, que geralmente ocorrem entre crianças que vivem em situação de risco (violência do-méstica, abandono e desenten-dimentos familiares); crianças que acabam sendo levadas ou se perdendo nas ruas de gran-

des cidades; e fugas de pessoas portadoras de deficiência mental. As circunstâncias em que ocorre o desaparecimento são semelhantes na maioria dos casos e merecem atenção. Crianças e adolescentes geralmente desaparecem no cami-nho de ida ou volta da escola, ou simplesmente enquanto brincam na porta de casa. Quem acompa-nha a situação de longe pode não imaginar a gravidade da situação, mas quem vivencia, além da in-dignação, ainda resta o sofrimen-to de ter que aprender a conviver com ausência de alguém que se foi sem motivos, explicações e sem nenhuma certeza de um possível reencontro.

nal aos mais de 5.000 casos de pessoas desaparecidas ins-critos em seus cadastros. “Tí-nhamos um sonho que era o de criar uma entidade que tivesse o reconhecimento do poder pú-blico e de toda a sociedade ci-vil. Graças ao nosso trabalho, estamos transformando esse sonho em realidade e, de certa forma, amenizando a dor que sentimos em nossos corações", conclui Ivanise.

Projeto de Lei - Um projeto de lei de autoria da deputada pe-tista, Maria Lúcia Prandi, vem facilitando o trabalho das au-toridades policiais na busca a desaparecidos. Desde 1999,

hospitais, prontos-socorros e hos-pitais psiquiátricos são obrigados a comunicar o DHPP ou as dele-gacias de polícia mais próximas sobre a entrada de pessoas em es-tado inconsciente, de perturbação mental ou impossibilitadas de se comunicar. A mesma obrigatorie-dade é aplicada ao IML (Institu-to Médico Legal). Estes devem submeter cadáveres não identifi-cados a fotografias e à identifica-ção datiloscópica (digitais).

Como age a polícia - Quando che-ga às delegacias de polícia uma nova queixa de desaparecimen-to de pessoas, antes de saírem a campo, os investigadores reali-zam um trabalho interno. Nos

dias seguintes ao registro é fei-ta uma consulta telefônica aos familiares do desaparecido. O objetivo, segundo o delegado assistente da Divisão de Prote-ção à Pessoa (DHPP), Roberto Bononi, é complementar os da-dos colhidos no dia do registro da ocorrência. "Uma simples conversa informal quase sem-pre pode dar pistas importantes para iniciar a busca e entender as causas do desaparecimento", avalia o delegado.

Após a conversa com os fa-miliares, o trabalho interno continua com uma pesquisa no sistema, para verificar se a pessoa desaparecida consta em cadastros de hospitais, IMLs ou até mesmo de outras dele-gacias. Depois do confronto de dados, após no máximo uma semana, é emitida uma ordem de serviço e os investigadores saem a campo em busca do de-saparecido. O modo de atuação varia de caso para caso. Mui-tas famílias, após encontrar seu ente desaparecido, não avisam a polícia. “Ficamos sem saber e o caso permanece aberto. Por conta disso não é possível che-gar a um número exato", finali-za Roberto.

CASOS OU ACASOS?

CASO 1 - A diarista Iraci Mendes de Souza, moradora do Jardim Aracati, nunca mais fez o fran-go xadrez, prato preferido de seu filho IV. Ele tinha 15 anos, em 2003, quando desapareceu. "Disse que ia 'dar um rolê', como sempre fazia, com um amigo. Sempre que demorava, ele ligava. Mas, naquele dia,

A Praça da Sé, no centro de São Paulo, vai além de um lugar bonito para se visitar. As escadarias da Catedral guardam histórias de vidas sofridas, momentos jamais esquecidos e grandes objeti-vos. Em 31 de março de 1996 duas mulheres decidiram lu-tar na busca de soluções de um problema que faz parte de milhares de famílias no país e no mundo: o desaparecimento de crianças. Mães de crianças desaparecidas, Ivanice Espe-ridião da Silva e Vera Lúcia Gonçalves tomaram a inicia-tiva de fundar a Associação de Busca e Defesa a Crianças Desaparecidas (ABCD), po-pularmente conhecida como Mães da Sé. Ivanise conta que a idéia surgiu logo após uma participação que fizeram na novela Explode Coração, que levou para o horário no-bre da Rede Globo o drama das famílias de pessoas desa-parecidas.Pouco meses depois de criada, a ABCD começou a ganhar visibilidade na mídia e o apoio de algumas empresas que, impulsionadas pela no-vela, passaram a apoiar a cau-sa da associação.

A ABCD é uma entidade sem fins lucrativos, e atualmen-te trabalha com familiares e amigos de pessoas desapa-recidas, atuando ao lado de autoridades na busca do pa-radeiro, ou de informações, que possam levá-los até essas pessoas. Também faz parte do trabalho oferecer apoio jurídi-co, psicológico e assistência da opinião pública, visando dar peso político e institucio-

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Imagine um palco, onde uma peça de teatro está sendo re-presentada e de repente um personagem sai de cena e você não sabe se ele voltará. Saindo da dramaturgia, essa história ganha novas versões. Já não são apenas personagens, são pes-soas reais. A única semelhança é que elas também somem, sem a certeza de que irão voltar. No Brasil não existem dados oficiais que determinem a quantidade de crianças e adoles-centes desaparecidos anualmente. Dos casos registrados, um percentual de 10 a 15% permanecem sem solução por um longo período de tempo, e, às vezes, jamais são resolvidos.

Apesar do desaparecimento de uma pessoa não ser enquadra-do como crime, existem relatos de crianças e adolescentes de-saparecidos ligados ao tráfico de órgãos, pessoas e de drogas, além da adoção ilegal e à explo-ração e turismo sexual. Pesqui-sas recentes afirmam que entre as principais causas que estão por trás desses desaparecimen-tos, as três mais freqüentes são: fugas, que geralmente ocorrem entre crianças que vivem em situação de risco (violência do-méstica, abandono e desenten-dimentos familiares); crianças que acabam sendo levadas ou se perdendo nas ruas de gran-

des cidades; e fugas de pessoas portadoras de deficiência mental. As circunstâncias em que ocorre o desaparecimento são semelhantes na maioria dos casos e merecem atenção. Crianças e adolescentes geralmente desaparecem no cami-nho de ida ou volta da escola, ou simplesmente enquanto brincam na porta de casa. Quem acompa-nha a situação de longe pode não imaginar a gravidade da situação, mas quem vivencia, além da in-dignação, ainda resta o sofrimen-to de ter que aprender a conviver com ausência de alguém que se foi sem motivos, explicações e sem nenhuma certeza de um possível reencontro.

nal aos mais de 5.000 casos de pessoas desaparecidas ins-critos em seus cadastros. “Tí-nhamos um sonho que era o de criar uma entidade que tivesse o reconhecimento do poder pú-blico e de toda a sociedade ci-vil. Graças ao nosso trabalho, estamos transformando esse sonho em realidade e, de certa forma, amenizando a dor que sentimos em nossos corações", conclui Ivanise.

Projeto de Lei - Um projeto de lei de autoria da deputada pe-tista, Maria Lúcia Prandi, vem facilitando o trabalho das au-toridades policiais na busca a desaparecidos. Desde 1999,

hospitais, prontos-socorros e hos-pitais psiquiátricos são obrigados a comunicar o DHPP ou as dele-gacias de polícia mais próximas sobre a entrada de pessoas em es-tado inconsciente, de perturbação mental ou impossibilitadas de se comunicar. A mesma obrigatorie-dade é aplicada ao IML (Institu-to Médico Legal). Estes devem submeter cadáveres não identifi-cados a fotografias e à identifica-ção datiloscópica (digitais).

Como age a polícia - Quando che-ga às delegacias de polícia uma nova queixa de desaparecimen-to de pessoas, antes de saírem a campo, os investigadores reali-zam um trabalho interno. Nos

dias seguintes ao registro é fei-ta uma consulta telefônica aos familiares do desaparecido. O objetivo, segundo o delegado assistente da Divisão de Prote-ção à Pessoa (DHPP), Roberto Bononi, é complementar os da-dos colhidos no dia do registro da ocorrência. "Uma simples conversa informal quase sem-pre pode dar pistas importantes para iniciar a busca e entender as causas do desaparecimento", avalia o delegado.

Após a conversa com os fa-miliares, o trabalho interno continua com uma pesquisa no sistema, para verificar se a pessoa desaparecida consta em cadastros de hospitais, IMLs ou até mesmo de outras dele-gacias. Depois do confronto de dados, após no máximo uma semana, é emitida uma ordem de serviço e os investigadores saem a campo em busca do de-saparecido. O modo de atuação varia de caso para caso. Mui-tas famílias, após encontrar seu ente desaparecido, não avisam a polícia. “Ficamos sem saber e o caso permanece aberto. Por conta disso não é possível che-gar a um número exato", finali-za Roberto.

CASOS OU ACASOS?

CASO 1 - A diarista Iraci Mendes de Souza, moradora do Jardim Aracati, nunca mais fez o fran-go xadrez, prato preferido de seu filho IV. Ele tinha 15 anos, em 2003, quando desapareceu. "Disse que ia 'dar um rolê', como sempre fazia, com um amigo. Sempre que demorava, ele ligava. Mas, naquele dia,

A Praça da Sé, no centro de São Paulo, vai além de um lugar bonito para se visitar. As escadarias da Catedral guardam histórias de vidas sofridas, momentos jamais esquecidos e grandes objeti-vos. Em 31 de março de 1996 duas mulheres decidiram lu-tar na busca de soluções de um problema que faz parte de milhares de famílias no país e no mundo: o desaparecimento de crianças. Mães de crianças desaparecidas, Ivanice Espe-ridião da Silva e Vera Lúcia Gonçalves tomaram a inicia-tiva de fundar a Associação de Busca e Defesa a Crianças Desaparecidas (ABCD), po-pularmente conhecida como Mães da Sé. Ivanise conta que a idéia surgiu logo após uma participação que fizeram na novela Explode Coração, que levou para o horário no-bre da Rede Globo o drama das famílias de pessoas desa-parecidas.Pouco meses depois de criada, a ABCD começou a ganhar visibilidade na mídia e o apoio de algumas empresas que, impulsionadas pela no-vela, passaram a apoiar a cau-sa da associação.

A ABCD é uma entidade sem fins lucrativos, e atualmen-te trabalha com familiares e amigos de pessoas desapa-recidas, atuando ao lado de autoridades na busca do pa-radeiro, ou de informações, que possam levá-los até essas pessoas. Também faz parte do trabalho oferecer apoio jurídi-co, psicológico e assistência da opinião pública, visando dar peso político e institucio-

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não ligou e nem voltou para casa", diz a mãe. Mas o que te-ria ocorrido naquela noite? Iraci conta que o amigo de seu filho também desapareceu no mesmo dia que ele, e que ela percorreu os caminhos que ele fazia para tentar entender, po-rém jamais conseguiu algum fundamento que a levasse a uma conclusão. “Não dá para saber o que houve, mas depois que ele desapareceu minha vida foi dedicada somente na luta para encontrá-lo”, desa-bafa Iraci. Ela diz que muitas vezes as pessoas disseram que viam seu filho nas ruas de São Paulo, olhavam as fotos e afir-mavam com convicção que ele estava na cidade. “Muitas ve-zes segui as pistas das pesso-as, muita gente dizia que tinha

visto meu filho, mas eu nunca o vi”, argumenta. A dona de casa fala do quanto sofreu para criar seus outros filhos com o medo de que pudesse perdê-los também. Ela diz que ficou muito doente, entrou em depressão, mas que em nenhum momento deixou de freqüentar o grupo Mães da Sé na esperança de encontrar seu filho e auxiliar as outras mães.

Ela ainda foi além dizendo que por mais que a esperança preva-leça em seu coração, ela também se prepara para notícias ruins sobre o paradeiro de IV. "Tantos anos em busca de encontrá-lo. Tantas coisas já se passaram pela minha cabeça que chega a um ponto que já não importa como vou encontrá-lo. Enquanto não chega o fim eu não tenho paz", desabafa Iraci.

CASO 2 – Fazem 13 anos que FB, filha da Presidente da ABCD, Ivanise, desapareceu. A garo-ta tinha 13 anos e no dia 23 de dezembro de 1995 saiu para ir à casa de uma amiga, mas não voltou. "Chovia muito e achei que ela pudesse estar esperan-do a chuva passar. Mas, o tem-po é que foi passando e resolvi sair à sua procura", lembra Iva-nise. Ela conta que percorreu as ruas da região, perguntando para as pessoas, e quando che-gou à casa da amiga da filha e não a encontrou, resolveu bus-car ajuda policial onde teve que esperar 24 horas para registrar a ocorrência. Inconformada, não desistiu. Seus momentos de desespero se transformaram em semanas, dias e meses sem

uma única notícia. "Achei que fosse enlouquecer", diz.

CASO 3 - Desde 1996, Irene de Souza Santos, de 66 anos está no movimento. Ela continua na busca por seu filho, VF, então com 8 anos em 1995, ano em que desapareceu. Irene reclama das falsas informações que che-gam, causando frustrações para a família. "Acontece muito. Já fui até para Goiás em busca de uma pista, recebi fotos pelo cor-reio de pessoas 'supostamente parecidas' com meu filho, mas não era", relata desapontada.

CASO 4 - A professora Maria Benedita Thomé, faz parte da grande minoria nessa história. Ela encontrou no ano passado a filha BR que estava desapare-cida há um ano. “Estávamos de férias em Florianópolis. Minha filha, na época com seis anos, saiu para comprar o café da tar-de numa padaria próxima a casa da minha mãe e não voltou”, relata. Dos 60 quilos que pesa-va, Maria chegou aos quarenta e sete em poucas semanas. Ela conta que esperava o marido e o filho menor dormirem e então, saía pela cidade com a foto dela nas mãos pedindo ajuda a qual-quer pessoa que cruzasse seu caminho. Um ano se passou até que um abrigo para menores da cidade entrou em contato com a avó da menor. Desde então a família vive na alegria do reen-contro.

Segundo BR, agora com sete anos, ela foi levada por um ho-mem que se disse amigo de sua avó. A garota passa por acom-

panhamento psicológico e sua mãe agradece cada minuto por ter sua filha de volta. “Pensei que o pior pudesse ter acontecido. Não parece que se passou apenas um ano, sentia como se estivesse há muito tempo longe da minha menina. Eu tive que ser forte, vi-ver para isso sem fraquejar, sem desistir. Eu agradeço a cada dia por ela estar de volta", completa a professora.

Prevenção - Ivanise deu dicas a respeito da prevenção para o desaparecimento “Se você cons-cientizar o seu filho dos perigos que corre, fica mais difícil ele desaparecer. São coisas simples como ensinar o número do tele-

fone e o endereço de casa, o nome do pai e da mãe, a não dar informações para qualquer pessoa estranha e desconfiar de quem se aproxime oferecendo vantagens como bala, dinhei-ro ou brinquedo. Procure co-nhecer quem são os amigos de seus filhos e evite deixá-lo sair de casa desacompanhado e sem informar aonde vai e quando retorna", orienta Ivanise.

Por Luana Oliveira

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não ligou e nem voltou para casa", diz a mãe. Mas o que te-ria ocorrido naquela noite? Iraci conta que o amigo de seu filho também desapareceu no mesmo dia que ele, e que ela percorreu os caminhos que ele fazia para tentar entender, po-rém jamais conseguiu algum fundamento que a levasse a uma conclusão. “Não dá para saber o que houve, mas depois que ele desapareceu minha vida foi dedicada somente na luta para encontrá-lo”, desa-bafa Iraci. Ela diz que muitas vezes as pessoas disseram que viam seu filho nas ruas de São Paulo, olhavam as fotos e afir-mavam com convicção que ele estava na cidade. “Muitas ve-zes segui as pistas das pesso-as, muita gente dizia que tinha

visto meu filho, mas eu nunca o vi”, argumenta. A dona de casa fala do quanto sofreu para criar seus outros filhos com o medo de que pudesse perdê-los também. Ela diz que ficou muito doente, entrou em depressão, mas que em nenhum momento deixou de freqüentar o grupo Mães da Sé na esperança de encontrar seu filho e auxiliar as outras mães.

Ela ainda foi além dizendo que por mais que a esperança preva-leça em seu coração, ela também se prepara para notícias ruins sobre o paradeiro de IV. "Tantos anos em busca de encontrá-lo. Tantas coisas já se passaram pela minha cabeça que chega a um ponto que já não importa como vou encontrá-lo. Enquanto não chega o fim eu não tenho paz", desabafa Iraci.

CASO 2 – Fazem 13 anos que FB, filha da Presidente da ABCD, Ivanise, desapareceu. A garo-ta tinha 13 anos e no dia 23 de dezembro de 1995 saiu para ir à casa de uma amiga, mas não voltou. "Chovia muito e achei que ela pudesse estar esperan-do a chuva passar. Mas, o tem-po é que foi passando e resolvi sair à sua procura", lembra Iva-nise. Ela conta que percorreu as ruas da região, perguntando para as pessoas, e quando che-gou à casa da amiga da filha e não a encontrou, resolveu bus-car ajuda policial onde teve que esperar 24 horas para registrar a ocorrência. Inconformada, não desistiu. Seus momentos de desespero se transformaram em semanas, dias e meses sem

uma única notícia. "Achei que fosse enlouquecer", diz.

CASO 3 - Desde 1996, Irene de Souza Santos, de 66 anos está no movimento. Ela continua na busca por seu filho, VF, então com 8 anos em 1995, ano em que desapareceu. Irene reclama das falsas informações que che-gam, causando frustrações para a família. "Acontece muito. Já fui até para Goiás em busca de uma pista, recebi fotos pelo cor-reio de pessoas 'supostamente parecidas' com meu filho, mas não era", relata desapontada.

CASO 4 - A professora Maria Benedita Thomé, faz parte da grande minoria nessa história. Ela encontrou no ano passado a filha BR que estava desapare-cida há um ano. “Estávamos de férias em Florianópolis. Minha filha, na época com seis anos, saiu para comprar o café da tar-de numa padaria próxima a casa da minha mãe e não voltou”, relata. Dos 60 quilos que pesa-va, Maria chegou aos quarenta e sete em poucas semanas. Ela conta que esperava o marido e o filho menor dormirem e então, saía pela cidade com a foto dela nas mãos pedindo ajuda a qual-quer pessoa que cruzasse seu caminho. Um ano se passou até que um abrigo para menores da cidade entrou em contato com a avó da menor. Desde então a família vive na alegria do reen-contro.

Segundo BR, agora com sete anos, ela foi levada por um ho-mem que se disse amigo de sua avó. A garota passa por acom-

panhamento psicológico e sua mãe agradece cada minuto por ter sua filha de volta. “Pensei que o pior pudesse ter acontecido. Não parece que se passou apenas um ano, sentia como se estivesse há muito tempo longe da minha menina. Eu tive que ser forte, vi-ver para isso sem fraquejar, sem desistir. Eu agradeço a cada dia por ela estar de volta", completa a professora.

Prevenção - Ivanise deu dicas a respeito da prevenção para o desaparecimento “Se você cons-cientizar o seu filho dos perigos que corre, fica mais difícil ele desaparecer. São coisas simples como ensinar o número do tele-

fone e o endereço de casa, o nome do pai e da mãe, a não dar informações para qualquer pessoa estranha e desconfiar de quem se aproxime oferecendo vantagens como bala, dinhei-ro ou brinquedo. Procure co-nhecer quem são os amigos de seus filhos e evite deixá-lo sair de casa desacompanhado e sem informar aonde vai e quando retorna", orienta Ivanise.

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Tímido ou Desinibido?

O estudo do comportamento hu-mano é feito de várias maneiras, tendo ele, como as principais ca-racterísticas descobrir por que as pessoas agem diferentes umas das outras.

Desde que nascemos nos apro-priamos do modo que melhor nos encaixamos na sociedade. Alguns mais vergonhosos, outros mais agitados, mas enfim, todos com suas diferenças. Dentro das características humanas podemos dizer que a timidez é uma das que presenciamos em várias pessoas em nosso dia-a-dia, no ambiente de trabalho, na escola, nas ruas, em um grupo de amigos, enfim, vários outros lugares. Mas o que muita gente não sabe é que essas pessoas, na hora de tomarem al-guma decisão, não conseguem se expressar de uma forma correta.

Muitas vezes, por causa desses comportamentos, essas pessoas são excluídas ou deixadas de lado em alguma atividade.Segundo a Psicóloga Norma Cam-biaghi (formada pela Unorp de São José do Rio Preto/SP), essas pessoas não podem ser tratadas como um “doente”, pois diferente de qualquer outra doença, a timi-dez não pode ser elevada como um transtorno mental, pois ela não se encaixa no código de classificação internacional das doenças, “mas há duas maneiras de se explicar o que se trata”, comenta a psicóloga. A primeira, usada pelo senso-comum, é pela descrição dos sinais e sinto-mas que se destacam na pessoa. A segunda, pelo que se passa dentro da pessoa portadora de timidez. Pelo senso comum, é um padrão de comportamento em que a pessoa não exprime (ou exprime pouco)

os pensamentos e sentimentos, e não interage ativamente.De qualquer forma, seja pela vi-são do senso comum ou pela vi-são do processo interno da pes-soa, a timidez não compromete de forma significativa a reali-zação pessoal, mas exprime um empobrecimento na qualidade de vida. Isso pode ser notado atra-vés de situações sociais diversas que são:- Dificuldade de se interagir e se relacionar com as pessoas em si-tuações sociais;- Anseio de liberdade;- Presença de desacordos inter-nos, ou seja, barreiras que impe-dem a livre expressão de pensa-mentos;- Fantasia, sentimentos e emo-ções que não conseguem ser ex-pressas e são vividas nos “eu” interiores (pois na fantasia não

existem essas barreiras);- Em participar de atividades em grupo e/ou esportes coletivos;- Para falar em público ou para fazer uma pergunta em sala de aula;- Ao abordar alguém para namo-ro ou relação íntima;

Essas barreiras muitas vezes são quebradas. As pessoas que agem desta forma procuram tratamen-tos para perderem o medo de se expressar.

Além daqueles que não conse-guem se expressar com facilida-de há aqueles que são mais ati-vos, brincalhões, estão sempre à frente de qualquer situação. Es-ses são os chamados desinibidos. São pessoas que, ao contrário dos tímidos, conseguem ser mais es-cancarados e “sem vergonhas”, pessoas que têm mais comunica-ção e mais habilidade em tudo o que faz, no emprego, na escola, em um relacionamento e etc.

Após algumas pesquisas com al-guns alunos do Bloco K, da Fa-culdade de Comunicação (FCA), do Ceunsp (Centro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio), da cidade de Salto, ficou com-provado que mais da metade dos estudantes não se consideram tí-midos, mas também não se con-sideram 100% desinibidos. Mas há controversas.

Ao fazer as pesquisas, a galera respondia que seria bem difícil ter alguém tímido no bloco K, afinal, esse é um bloco de comu-nicação e artes. Pensando nisso entrevistamos pessoas de dife-rentes cursos, lugares e cidades.

“Quem me conhece sabe que não sou tímido, mas quando es-tou com pessoas desconhecidas

prefiro ficar quieto, mas não por ser tímido e sim por não conhecer a pessoa e saber o que posso ou não falar para ela. A minha timi-dez não depende de mim, depende dos tipos de pessoas que estou me relacionando” – Leandro da Silva Teixeira, 18 anos – 2° semestre de Engenharia Civil (Ceunsp)

“Não sou tímido e nem desinibido. Sou meio termo.” Rafael da Silva Teixeira, 22 anos – Cozinheiro da Santa Casa de Itu.

“Considero-me uma pessoa tímida, pois às vezes não consigo me inte-grar com outras pessoas. Quando eu era mais jovem, eu era muito mais vergonhoso.” – José Eraldo Pino – 39 anos – Micro Empresá-

rio (Marmorista).

“Nunca tive vergonha para nada, me considero uma pessoa sem vergonha.” – Silvana Aparecida de Almeida Pino – 38 anos – Mi-cro Empresária (Florista).

Com essas pesquisas é possí-vel observar que a timidez é um comportamento que todo ser hu-mano tem dentro de si, mas que só liberamos quando nos senti-mos em situações constrangedo-ras ou quando não nos sentirmos a vontade para expressar.

Qual é o seu comportamento?

Por Jean Lucas

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Tímido ou Desinibido?

O estudo do comportamento hu-mano é feito de várias maneiras, tendo ele, como as principais ca-racterísticas descobrir por que as pessoas agem diferentes umas das outras.

Desde que nascemos nos apro-priamos do modo que melhor nos encaixamos na sociedade. Alguns mais vergonhosos, outros mais agitados, mas enfim, todos com suas diferenças. Dentro das características humanas podemos dizer que a timidez é uma das que presenciamos em várias pessoas em nosso dia-a-dia, no ambiente de trabalho, na escola, nas ruas, em um grupo de amigos, enfim, vários outros lugares. Mas o que muita gente não sabe é que essas pessoas, na hora de tomarem al-guma decisão, não conseguem se expressar de uma forma correta.

Muitas vezes, por causa desses comportamentos, essas pessoas são excluídas ou deixadas de lado em alguma atividade.Segundo a Psicóloga Norma Cam-biaghi (formada pela Unorp de São José do Rio Preto/SP), essas pessoas não podem ser tratadas como um “doente”, pois diferente de qualquer outra doença, a timi-dez não pode ser elevada como um transtorno mental, pois ela não se encaixa no código de classificação internacional das doenças, “mas há duas maneiras de se explicar o que se trata”, comenta a psicóloga. A primeira, usada pelo senso-comum, é pela descrição dos sinais e sinto-mas que se destacam na pessoa. A segunda, pelo que se passa dentro da pessoa portadora de timidez. Pelo senso comum, é um padrão de comportamento em que a pessoa não exprime (ou exprime pouco)

os pensamentos e sentimentos, e não interage ativamente.De qualquer forma, seja pela vi-são do senso comum ou pela vi-são do processo interno da pes-soa, a timidez não compromete de forma significativa a reali-zação pessoal, mas exprime um empobrecimento na qualidade de vida. Isso pode ser notado atra-vés de situações sociais diversas que são:- Dificuldade de se interagir e se relacionar com as pessoas em si-tuações sociais;- Anseio de liberdade;- Presença de desacordos inter-nos, ou seja, barreiras que impe-dem a livre expressão de pensa-mentos;- Fantasia, sentimentos e emo-ções que não conseguem ser ex-pressas e são vividas nos “eu” interiores (pois na fantasia não

existem essas barreiras);- Em participar de atividades em grupo e/ou esportes coletivos;- Para falar em público ou para fazer uma pergunta em sala de aula;- Ao abordar alguém para namo-ro ou relação íntima;

Essas barreiras muitas vezes são quebradas. As pessoas que agem desta forma procuram tratamen-tos para perderem o medo de se expressar.

Além daqueles que não conse-guem se expressar com facilida-de há aqueles que são mais ati-vos, brincalhões, estão sempre à frente de qualquer situação. Es-ses são os chamados desinibidos. São pessoas que, ao contrário dos tímidos, conseguem ser mais es-cancarados e “sem vergonhas”, pessoas que têm mais comunica-ção e mais habilidade em tudo o que faz, no emprego, na escola, em um relacionamento e etc.

Após algumas pesquisas com al-guns alunos do Bloco K, da Fa-culdade de Comunicação (FCA), do Ceunsp (Centro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio), da cidade de Salto, ficou com-provado que mais da metade dos estudantes não se consideram tí-midos, mas também não se con-sideram 100% desinibidos. Mas há controversas.

Ao fazer as pesquisas, a galera respondia que seria bem difícil ter alguém tímido no bloco K, afinal, esse é um bloco de comu-nicação e artes. Pensando nisso entrevistamos pessoas de dife-rentes cursos, lugares e cidades.

“Quem me conhece sabe que não sou tímido, mas quando es-tou com pessoas desconhecidas

prefiro ficar quieto, mas não por ser tímido e sim por não conhecer a pessoa e saber o que posso ou não falar para ela. A minha timi-dez não depende de mim, depende dos tipos de pessoas que estou me relacionando” – Leandro da Silva Teixeira, 18 anos – 2° semestre de Engenharia Civil (Ceunsp)

“Não sou tímido e nem desinibido. Sou meio termo.” Rafael da Silva Teixeira, 22 anos – Cozinheiro da Santa Casa de Itu.

“Considero-me uma pessoa tímida, pois às vezes não consigo me inte-grar com outras pessoas. Quando eu era mais jovem, eu era muito mais vergonhoso.” – José Eraldo Pino – 39 anos – Micro Empresá-

rio (Marmorista).

“Nunca tive vergonha para nada, me considero uma pessoa sem vergonha.” – Silvana Aparecida de Almeida Pino – 38 anos – Mi-cro Empresária (Florista).

Com essas pesquisas é possí-vel observar que a timidez é um comportamento que todo ser hu-mano tem dentro de si, mas que só liberamos quando nos senti-mos em situações constrangedo-ras ou quando não nos sentirmos a vontade para expressar.

Qual é o seu comportamento?

Por Jean Lucas

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Eutanásia

Matando pela compaixão Quem tem o direito de escolher?

Suicídio ou Homicídio?

Até onde vai a fé e a esperança de uma pessoa em estado termi-nal? E quando a família é que tem que decidir pela vida do ente querido? Essas são algumas das questões que cercam quem vive esse conflito chamado eutanásia. Segundo o dicionário, a eutanásia é o ato de proporcionar morte sem sofrimento a um doente atingido por doença incurável que produz dores intoleráveis. Ela deriva do grego “eu” que significa “bom” e “thanatos” que significa “morte”, ou seja, morte boa e sem sofri-mento. É um assunto muito polê-mico que vem sendo abordado nas grandes mídias pelo fato de haver prós e contras uma vez que inter-fere com determinados princípios éticos, religiosos e jurídicos.

Aqueles que são a favor da eutaná-sia, defendem a prática como sen-do uma “morte com dignidade” pois o paciente morreria pacifica-mente, rodeado pelos familiares e médicos. Mas há controvérsias. Após a aprovação da legalização da eutanásia no estado americano de Oregon, nos Etados Unidos, os seus apoiadores admitiram que quando são usados comprimidos para causar a morte do paciente, um saco plástico também deve ser usado para garantir que a morte de fato ocorra. Outra coisa é avisar as famílias que se reti-rem do quarto quando a morte for causada por drogas, pois poderia ser desagradável devido ao fato de injeções letais causarem fortes convulsões. Nesse caso a “mor-te digna” passa a ser uma morte cruel e sofrida. Enquanto o paciente está em es-tado terminal (consciente ou não) muitas vezes espera pelo fim. A família espera por uma solução. Por isso acabam optando pela eu-tanásia que, segundo eles é “ma-tar por misericórdia”, devolvendo

a paz tanto para o desenganado quanto para os familiares. Outro argumento a favor é o fato de a pessoa em questão ter o direito da escolha pela sua vida ou pela sua morte.

No Brasil a prática da eutanásia é ilegal e considerada como homi-cídio, com reclusão de três à seis anos de cadeia. Porém, em países como a Holanda, já se tornou legal desde abril de 2002, devido ao fato dessa ação ser muito grande por lá. Segundo o parlamento eles não conseguiam mais tolerar as diver-gências entre a moral nacional e a lei. Questões de saúde pública tam-bém entram na discussão, já que o custo de manter vivo um pacien-te sem chances de voltar à plena consciência é alto.

Tipos de eutanásia: Existem quatro tipos de eutanásia: a voluntária; a involuntária; a passiva; e a ativa. Na chamada eutanásia voluntária, o paciente coopera e ajuda na es-colha da decisão. Sua vontade é levada em consideração. Já na in-voluntária, a ação é praticada sem o conhecimento do paciente. Seja porque não lhe perguntaram ou porque recusou. Na eutanásia ati-va (seja voluntária ou involuntária) o paciente recebe uma injeção ou uma dose letal de medicamentos. Conhecida como negativa ou indi-reta, a eutanásia passiva é a suspen-são de qualquer tratamento médico que prolongue a vida. O paciente deixa de receber algo de que pre-cisa para sobreviver, levando-o as-sim, à morte. Ortotanásia e Distanásia: São o oposto da eutanásia. Ortotaná-sia vem do grego ortho (direito) e thanatos (morte) significa “morte correta e natural”. É a morte certa no tempo certo. Sem prolongamen-to da vida por meios de aparelhos ou medicamentos ou a abreviação

da morte como na eutanásia. A morte acontece naturalmente. Já a distanásia deriva do grego dys (ruim) e thanatos (morte) ou seja “morte ruim e sofrida”. Acontece quando a causa é uma doença in-curável e que evolui para a morte lentamente. Ela é causada pelo próprio médico, que usa todos os recursos de alta tecnologia, prolongando a vida do enfermo a todo custo e acaba por ser um pe-noso sofrimento para o paciente. Um famoso caso de distanásia no Brasil é a morte do ex- presiden-te da república, Tancredo Neves, que adiou sua morte por 36 dias, período em que foram usados to-dos os recursos disponíveis para que se mantivesse vivo.

Casos famosos: Um dos casos mais famosos de eutanásia acon-teceu na Flórida. Terri Schiavo, de 41 anos, ficou 15 anos em estado vegetativo considerado irreversível. Ela teve uma para-da cardíaca em 1990 causada por deficiência de potássio, que fez com que seu cérebro ficasse sem oxigênio. O caso esteve marcado por uma grande briga judicial já que o marido de Terri, Michael Schiavo, era a favor da morte da esposa alegando que ela havia dito a ele que não gostaria que sua vida fosse mantida artificialmen-te. Os pais de Terri eram contra a eutanásia. Eles acreditavam que a filha ainda mantinha um estado mínimo de consciência. Depois de oito anos, o marido conseguiu ganhar a batalha judicial. Terri morreu em uma casa de repouso em abril de 2005 depois de duas semanas sem receber água e co-mida;

A italiana Eluana Englaro é outro caso muito famoso de eutanásia. Ela sofreu um acidente de carro em 1992, aos 21 anos de idade,

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Eutanásia

Matando pela compaixão Quem tem o direito de escolher?

Suicídio ou Homicídio?

Até onde vai a fé e a esperança de uma pessoa em estado termi-nal? E quando a família é que tem que decidir pela vida do ente querido? Essas são algumas das questões que cercam quem vive esse conflito chamado eutanásia. Segundo o dicionário, a eutanásia é o ato de proporcionar morte sem sofrimento a um doente atingido por doença incurável que produz dores intoleráveis. Ela deriva do grego “eu” que significa “bom” e “thanatos” que significa “morte”, ou seja, morte boa e sem sofri-mento. É um assunto muito polê-mico que vem sendo abordado nas grandes mídias pelo fato de haver prós e contras uma vez que inter-fere com determinados princípios éticos, religiosos e jurídicos.

Aqueles que são a favor da eutaná-sia, defendem a prática como sen-do uma “morte com dignidade” pois o paciente morreria pacifica-mente, rodeado pelos familiares e médicos. Mas há controvérsias. Após a aprovação da legalização da eutanásia no estado americano de Oregon, nos Etados Unidos, os seus apoiadores admitiram que quando são usados comprimidos para causar a morte do paciente, um saco plástico também deve ser usado para garantir que a morte de fato ocorra. Outra coisa é avisar as famílias que se reti-rem do quarto quando a morte for causada por drogas, pois poderia ser desagradável devido ao fato de injeções letais causarem fortes convulsões. Nesse caso a “mor-te digna” passa a ser uma morte cruel e sofrida. Enquanto o paciente está em es-tado terminal (consciente ou não) muitas vezes espera pelo fim. A família espera por uma solução. Por isso acabam optando pela eu-tanásia que, segundo eles é “ma-tar por misericórdia”, devolvendo

a paz tanto para o desenganado quanto para os familiares. Outro argumento a favor é o fato de a pessoa em questão ter o direito da escolha pela sua vida ou pela sua morte.

No Brasil a prática da eutanásia é ilegal e considerada como homi-cídio, com reclusão de três à seis anos de cadeia. Porém, em países como a Holanda, já se tornou legal desde abril de 2002, devido ao fato dessa ação ser muito grande por lá. Segundo o parlamento eles não conseguiam mais tolerar as diver-gências entre a moral nacional e a lei. Questões de saúde pública tam-bém entram na discussão, já que o custo de manter vivo um pacien-te sem chances de voltar à plena consciência é alto.

Tipos de eutanásia: Existem quatro tipos de eutanásia: a voluntária; a involuntária; a passiva; e a ativa. Na chamada eutanásia voluntária, o paciente coopera e ajuda na es-colha da decisão. Sua vontade é levada em consideração. Já na in-voluntária, a ação é praticada sem o conhecimento do paciente. Seja porque não lhe perguntaram ou porque recusou. Na eutanásia ati-va (seja voluntária ou involuntária) o paciente recebe uma injeção ou uma dose letal de medicamentos. Conhecida como negativa ou indi-reta, a eutanásia passiva é a suspen-são de qualquer tratamento médico que prolongue a vida. O paciente deixa de receber algo de que pre-cisa para sobreviver, levando-o as-sim, à morte. Ortotanásia e Distanásia: São o oposto da eutanásia. Ortotaná-sia vem do grego ortho (direito) e thanatos (morte) significa “morte correta e natural”. É a morte certa no tempo certo. Sem prolongamen-to da vida por meios de aparelhos ou medicamentos ou a abreviação

da morte como na eutanásia. A morte acontece naturalmente. Já a distanásia deriva do grego dys (ruim) e thanatos (morte) ou seja “morte ruim e sofrida”. Acontece quando a causa é uma doença in-curável e que evolui para a morte lentamente. Ela é causada pelo próprio médico, que usa todos os recursos de alta tecnologia, prolongando a vida do enfermo a todo custo e acaba por ser um pe-noso sofrimento para o paciente. Um famoso caso de distanásia no Brasil é a morte do ex- presiden-te da república, Tancredo Neves, que adiou sua morte por 36 dias, período em que foram usados to-dos os recursos disponíveis para que se mantivesse vivo.

Casos famosos: Um dos casos mais famosos de eutanásia acon-teceu na Flórida. Terri Schiavo, de 41 anos, ficou 15 anos em estado vegetativo considerado irreversível. Ela teve uma para-da cardíaca em 1990 causada por deficiência de potássio, que fez com que seu cérebro ficasse sem oxigênio. O caso esteve marcado por uma grande briga judicial já que o marido de Terri, Michael Schiavo, era a favor da morte da esposa alegando que ela havia dito a ele que não gostaria que sua vida fosse mantida artificialmen-te. Os pais de Terri eram contra a eutanásia. Eles acreditavam que a filha ainda mantinha um estado mínimo de consciência. Depois de oito anos, o marido conseguiu ganhar a batalha judicial. Terri morreu em uma casa de repouso em abril de 2005 depois de duas semanas sem receber água e co-mida;

A italiana Eluana Englaro é outro caso muito famoso de eutanásia. Ela sofreu um acidente de carro em 1992, aos 21 anos de idade,

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e também se encontrava em esta-do vegetativo. O pai de Eluana, Beppino Englaro, lutou na justiça por 17 anos para que a filha pu-desse morrer naturalmente. Em 13 de novembro de 2008, a corte da Itália concedeu ao pai de Eluana o direito de deixar suspender a ali-mentação de sua filha. Ela morreu em 9 de fevereiro de 2009, aos 38 anos de idade;

Kelly Taylor, uma Britânica de 30 anos, vítima da síndrome de Ei-senmenger (doença incurável que afeta os pulmões e o coração) luta para conseguir o “direito de mor-rer” e descreve toda a sua batalha num site “Dignity in dying” (dig-nidade em morrer). Por causa de sua frágil saúde, ela não pode se submeter a um transplante. Kelly conta que já tentou fazer greve de fome, mas parou depois de 19 dias pois era “doloroso demais.” Em uma postagem em seu site ela diz: “Disseram-me que provavel-mente não vou viver por mais um ano. Neste tempo eu vou deterio-rar e a deterioração vai se tornar bastante indigna. Eu quero evitar

isso”. Kelly queria que sua dose de morfina fosse aumentada para que entrasse em coma. Mas a equipe médica se recusou a realizar a von-tade dela.

No Brasil: Apesar de muito polêmi-ca e bastante praticada nos países lá fora não há nenhum relato registra-do de eutanásia no Brasil. Não por falta de vontade de fazer, mas pela ilegalidade. A eutanásia não possui nenhuma menção nem no Código Penal Brasileiro, que data de 1940, nem na Constituição Federal. Por isso, legalmente falando, o Brasil não tem nenhum caso de eutanásia. Quando algo semelhante acontece, recebe o nome de homicídio ou suicídio.

A Dona de casa Maria Trindade de Queiroz, de 42 anos, sofre de leu-cemia linfocítica crônica (leucemia é o câncer das células brancas do sangue). Diagnosticada ha um ano, ela conta que faz quimioterapia e que seus cabelos cairão por causa do tratamento. “Estou magra e opa-ca. Nem me reconheço no espelho”, relata. Maria diz que tem medo de

entrar em depressão, pois não está sabendo lidar com as mudanças que sua vida teve após a doença, e conta que sua única esperança era um transplante de medula ós-sea, mas que os médicos afirmam ser arriscado no caso dela. Ela diz que enquanto estava no hos-pital chegou a pensar na eutaná-sia e até leu sobre isso, mas não teve coragem. “Eu pensei, sim, na possibilidade, afinal de contas parece que só estou à espera da minha morte mesmo. Vai chegar um dia que os remédios não vão mais adiantar. Eu só estou me acabando aos poucos.” desabafa Maria completando: “Mas ainda tenho alguma esperança. Minha família me ajuda muito. Eles são tudo para mim. Eu vou sair dessa, se Deus quiser”.

O “Doutor morte”: Assim é cha-mado o ex-medico patologista Jack Kevorkian, conhecido por ter ajudado 130 pacientes a come-terem a eutanásia. Após divulgar um vídeo dele mesmo aplicando a eutanásia em um paciente, foi in-diciado por assassinato de segun-do grau. Jack acreditava que as pessoas tinham o direito de evitar uma morte sofrida e demorada e terminar suas vidas com a ajuda de um médico que lhe asseguras-se uma morte tranquila. Ele tam-bém criou a “máquina da morte”. Um instrumento que fazia todo o processo da eutanásia por ele. O próprio paciente apertava o bo-tão fazendo com que substâncias químicas letais fossem introduzi-das no organismo dele o levando a morte. Sua primeira paciente a morrer foi Janet Adkins, que ti-nha 54 anos e sofria do mal de Alzheimer. No entanto, sua vítima mais fa-mosa foi Thomas Youk, que so-fria de Esclerose Lateral Amio-trófica (ELA). Era ele que estava no vídeo transmitido pelo progra-

ma de televisão “60 minutes” e que levou o ex-medico a prisão. “A eutanásia precisa ser legaliza-da. Eu vou trabalhar para legali-zá-la, mas com certeza não vou infringir nenhuma lei”, afirmou o “doutor morte” a um canal de TV de Detroid. Jack Kevorkian passou oito anos na prisão por assassinato no Es-tado americano do Colorado. A história foi parar até nas telas dos cinemas. Em 2005 foi lan-çado “You Don’t Know Jack” (Dr. Morte, no Brasil), no qual o papel do personagem principal é vivido por Al Pacino.

A religião e a eutanásia: A maior, e talvez uma das mais difíceis barreiras para eutanásia, seja as grandes religiões como o Bu-dismo, Judaísmo e Cristianis-mo. Talvez pelo fato da igreja representar a salvação. No caso do budismo por exemplo, embo-ra acreditem que a vida é muito preciosa, ela não é considerada divina pois não existe a crença em um ser supremo como deus. O que importa para os budistas é conceder, ou não, à pessoa, a res-ponsabilidade por sua vida e des-tino. Portanto, a eutanásia seria algo aceitável no Japão se depen-de das crenças budistas. Segundo o estudante Carlos Meireles, que pratica o budismo há sete anos, Buda não deixou nada especifi-co que falasse da eutanásia, mas deixou ensinamentos que talvez mostre qual era seu pensamento a respeito disso. “Na questão da eutanásia, do ponto de vista bu-dista, se o fato de se manter um paciente vivo por mais tempo for muito dispendioso, se não hou-ver esperança de que o paciente saia do estado de coma, a eutaná-sia pode ser possível. Mas temos de julgar caso a caso. Esse é o método geral dos budistas”, afir-ma Carlos.

Já a igreja católica afirmou publi-camente diversas vezes ser contra a prática da eutanásia em qualquer circunstancia. Segundo o papa Bento XVI, a eutanásia é uma “solução falsa para o sofrimento”, além de ser uma afronta a Deus. Para o Padre Francisco de Pau-la, do Santuário ecológico Santa Rita de Cassia, o papa está certo. Segundo ele, a vida é um dom de Deus, confiado a todos com bene-volência divina, portanto ela per-tence a Deus. E abreviar a vida é uma afronta ao doador. “O livre arbítrio não implica em eu decidir o inicio e o término da vida, mas sim em aperfeiçoá-la durante todo tempo em que vivemos”, conta o padre. Ele ainda afirma que mes-mo que não fosse um padre, ain-da assim seria contra a prática da eutanásia. “Seria contra sim, sem dúvida, pois a vida tem um valor inestimável”. Padre “Chico” (como é chamado) afirma já ter conhecido pessoas que estiveram doentes e as ajudou para que fossem felizes até o fim e com dignidade. Ele finaliza dizendo que “eutanásia é provocar o apressamento da morte por meios artificiais sendo que, muitas vezes, existe oportunidade de tratamento. Isso é assassinato, portanto conde-no”.

Segundo a psicóloga clinica Maria Rita de Azevedo, o primeiro princípio fundamental do código de ética profissional do psicólogo diz que “O Psicólogo baseará o seu trabalho no respeito à dignidade e à integridade do ser humano”. Ela conta que como profissional não poderia dizer ao paciente que deseja recorrer a eutanásia, para fazer ou para não fazer. “Esta de-cisão cabe única e exclusivamente ao paciente, no exercício pleno de sua autonomia ou à família dele em caso de impossibilidade do pacien-te”, esclarece a doutora.

Ela ainda conta que como Psicó-loga, sua função nesse caso seria acolher a família e principalmen-te o paciente e ajudá-lo a enten-der e compreender esta decisão final, resguardando ao máximo sua dignidade e sua integridade como ser humano. A psicóloga revela em sua opinião não ser a favor da eutanásia, porém segun-do ela mesma, o prolongamento da vida, de fato, nem sempre é o melhor para o indivíduo. As cir-cunstâncias podem se tornar tão difíceis que justifiquem a decisão de interromper o tratamento de maneira a não prolongar a vida. “Temos que analisar o seguinte: quando um paciente pede para morrer, o que ele está realmente pedindo? O pedido pode referir-se à necessidade de aliviar a dor que pode não ser física, mas a dor emocional, ou seja, o estresse de estar se confrontando com a pró-pria morte. o paciente pode ainda estar preocupado em tornar-se um peso financeiro”, diz a psi-cóloga. Entretanto ela conta que essas justificativas não levam ne-cessariamente a uma morte mais fácil.

Dica: Para quem quiser saber mais sobre a eutanásia, o filme espanhol “Mar a dentro” é uma ótima dica, pois conta a historia de Ramón Sampedro, um ma-rinheiro que ficou tetraplégico após um acidente de mergulho, mostrando sua luta pelo direito de acabar com a própria vida. O filme venceu o Oscar de 2005, como melhor filme estrangeiro.

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e também se encontrava em esta-do vegetativo. O pai de Eluana, Beppino Englaro, lutou na justiça por 17 anos para que a filha pu-desse morrer naturalmente. Em 13 de novembro de 2008, a corte da Itália concedeu ao pai de Eluana o direito de deixar suspender a ali-mentação de sua filha. Ela morreu em 9 de fevereiro de 2009, aos 38 anos de idade;

Kelly Taylor, uma Britânica de 30 anos, vítima da síndrome de Ei-senmenger (doença incurável que afeta os pulmões e o coração) luta para conseguir o “direito de mor-rer” e descreve toda a sua batalha num site “Dignity in dying” (dig-nidade em morrer). Por causa de sua frágil saúde, ela não pode se submeter a um transplante. Kelly conta que já tentou fazer greve de fome, mas parou depois de 19 dias pois era “doloroso demais.” Em uma postagem em seu site ela diz: “Disseram-me que provavel-mente não vou viver por mais um ano. Neste tempo eu vou deterio-rar e a deterioração vai se tornar bastante indigna. Eu quero evitar

isso”. Kelly queria que sua dose de morfina fosse aumentada para que entrasse em coma. Mas a equipe médica se recusou a realizar a von-tade dela.

No Brasil: Apesar de muito polêmi-ca e bastante praticada nos países lá fora não há nenhum relato registra-do de eutanásia no Brasil. Não por falta de vontade de fazer, mas pela ilegalidade. A eutanásia não possui nenhuma menção nem no Código Penal Brasileiro, que data de 1940, nem na Constituição Federal. Por isso, legalmente falando, o Brasil não tem nenhum caso de eutanásia. Quando algo semelhante acontece, recebe o nome de homicídio ou suicídio.

A Dona de casa Maria Trindade de Queiroz, de 42 anos, sofre de leu-cemia linfocítica crônica (leucemia é o câncer das células brancas do sangue). Diagnosticada ha um ano, ela conta que faz quimioterapia e que seus cabelos cairão por causa do tratamento. “Estou magra e opa-ca. Nem me reconheço no espelho”, relata. Maria diz que tem medo de

entrar em depressão, pois não está sabendo lidar com as mudanças que sua vida teve após a doença, e conta que sua única esperança era um transplante de medula ós-sea, mas que os médicos afirmam ser arriscado no caso dela. Ela diz que enquanto estava no hos-pital chegou a pensar na eutaná-sia e até leu sobre isso, mas não teve coragem. “Eu pensei, sim, na possibilidade, afinal de contas parece que só estou à espera da minha morte mesmo. Vai chegar um dia que os remédios não vão mais adiantar. Eu só estou me acabando aos poucos.” desabafa Maria completando: “Mas ainda tenho alguma esperança. Minha família me ajuda muito. Eles são tudo para mim. Eu vou sair dessa, se Deus quiser”.

O “Doutor morte”: Assim é cha-mado o ex-medico patologista Jack Kevorkian, conhecido por ter ajudado 130 pacientes a come-terem a eutanásia. Após divulgar um vídeo dele mesmo aplicando a eutanásia em um paciente, foi in-diciado por assassinato de segun-do grau. Jack acreditava que as pessoas tinham o direito de evitar uma morte sofrida e demorada e terminar suas vidas com a ajuda de um médico que lhe asseguras-se uma morte tranquila. Ele tam-bém criou a “máquina da morte”. Um instrumento que fazia todo o processo da eutanásia por ele. O próprio paciente apertava o bo-tão fazendo com que substâncias químicas letais fossem introduzi-das no organismo dele o levando a morte. Sua primeira paciente a morrer foi Janet Adkins, que ti-nha 54 anos e sofria do mal de Alzheimer. No entanto, sua vítima mais fa-mosa foi Thomas Youk, que so-fria de Esclerose Lateral Amio-trófica (ELA). Era ele que estava no vídeo transmitido pelo progra-

ma de televisão “60 minutes” e que levou o ex-medico a prisão. “A eutanásia precisa ser legaliza-da. Eu vou trabalhar para legali-zá-la, mas com certeza não vou infringir nenhuma lei”, afirmou o “doutor morte” a um canal de TV de Detroid. Jack Kevorkian passou oito anos na prisão por assassinato no Es-tado americano do Colorado. A história foi parar até nas telas dos cinemas. Em 2005 foi lan-çado “You Don’t Know Jack” (Dr. Morte, no Brasil), no qual o papel do personagem principal é vivido por Al Pacino.

A religião e a eutanásia: A maior, e talvez uma das mais difíceis barreiras para eutanásia, seja as grandes religiões como o Bu-dismo, Judaísmo e Cristianis-mo. Talvez pelo fato da igreja representar a salvação. No caso do budismo por exemplo, embo-ra acreditem que a vida é muito preciosa, ela não é considerada divina pois não existe a crença em um ser supremo como deus. O que importa para os budistas é conceder, ou não, à pessoa, a res-ponsabilidade por sua vida e des-tino. Portanto, a eutanásia seria algo aceitável no Japão se depen-de das crenças budistas. Segundo o estudante Carlos Meireles, que pratica o budismo há sete anos, Buda não deixou nada especifi-co que falasse da eutanásia, mas deixou ensinamentos que talvez mostre qual era seu pensamento a respeito disso. “Na questão da eutanásia, do ponto de vista bu-dista, se o fato de se manter um paciente vivo por mais tempo for muito dispendioso, se não hou-ver esperança de que o paciente saia do estado de coma, a eutaná-sia pode ser possível. Mas temos de julgar caso a caso. Esse é o método geral dos budistas”, afir-ma Carlos.

Já a igreja católica afirmou publi-camente diversas vezes ser contra a prática da eutanásia em qualquer circunstancia. Segundo o papa Bento XVI, a eutanásia é uma “solução falsa para o sofrimento”, além de ser uma afronta a Deus. Para o Padre Francisco de Pau-la, do Santuário ecológico Santa Rita de Cassia, o papa está certo. Segundo ele, a vida é um dom de Deus, confiado a todos com bene-volência divina, portanto ela per-tence a Deus. E abreviar a vida é uma afronta ao doador. “O livre arbítrio não implica em eu decidir o inicio e o término da vida, mas sim em aperfeiçoá-la durante todo tempo em que vivemos”, conta o padre. Ele ainda afirma que mes-mo que não fosse um padre, ain-da assim seria contra a prática da eutanásia. “Seria contra sim, sem dúvida, pois a vida tem um valor inestimável”. Padre “Chico” (como é chamado) afirma já ter conhecido pessoas que estiveram doentes e as ajudou para que fossem felizes até o fim e com dignidade. Ele finaliza dizendo que “eutanásia é provocar o apressamento da morte por meios artificiais sendo que, muitas vezes, existe oportunidade de tratamento. Isso é assassinato, portanto conde-no”.

Segundo a psicóloga clinica Maria Rita de Azevedo, o primeiro princípio fundamental do código de ética profissional do psicólogo diz que “O Psicólogo baseará o seu trabalho no respeito à dignidade e à integridade do ser humano”. Ela conta que como profissional não poderia dizer ao paciente que deseja recorrer a eutanásia, para fazer ou para não fazer. “Esta de-cisão cabe única e exclusivamente ao paciente, no exercício pleno de sua autonomia ou à família dele em caso de impossibilidade do pacien-te”, esclarece a doutora.

Ela ainda conta que como Psicó-loga, sua função nesse caso seria acolher a família e principalmen-te o paciente e ajudá-lo a enten-der e compreender esta decisão final, resguardando ao máximo sua dignidade e sua integridade como ser humano. A psicóloga revela em sua opinião não ser a favor da eutanásia, porém segun-do ela mesma, o prolongamento da vida, de fato, nem sempre é o melhor para o indivíduo. As cir-cunstâncias podem se tornar tão difíceis que justifiquem a decisão de interromper o tratamento de maneira a não prolongar a vida. “Temos que analisar o seguinte: quando um paciente pede para morrer, o que ele está realmente pedindo? O pedido pode referir-se à necessidade de aliviar a dor que pode não ser física, mas a dor emocional, ou seja, o estresse de estar se confrontando com a pró-pria morte. o paciente pode ainda estar preocupado em tornar-se um peso financeiro”, diz a psi-cóloga. Entretanto ela conta que essas justificativas não levam ne-cessariamente a uma morte mais fácil.

Dica: Para quem quiser saber mais sobre a eutanásia, o filme espanhol “Mar a dentro” é uma ótima dica, pois conta a historia de Ramón Sampedro, um ma-rinheiro que ficou tetraplégico após um acidente de mergulho, mostrando sua luta pelo direito de acabar com a própria vida. O filme venceu o Oscar de 2005, como melhor filme estrangeiro.

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Depressão:A DOENÇA DO PENSAMENTO

A palavra “depressão” costuma ser utilizada com freqüência como sinônimo de grande tristeza, um exemplo claro de como a busca pela felicidade provoca confusão e mal entendidos.A depressão existe desde que o mundo é mundo e suas causas são atribuídas aos mais variados fatores, desde traumas físicos e psíquicos, até alterações orgâni-cas do cérebro, passando pelas in-terpretações místicas e religiosas que apontam para a influência de espíritos e outras criaturas sobre-naturais.Ficar abatido devido à perda de alguém querido, à perda de em-prego ou por algo ter dado errado, é um estado emocional transitório e perfeitamente normal, enquanto a depressão é caracterizada quan-do esses sentimentos negativos se tornam tão fortes e constantes que incapacitam o individuo para ati-vidades cotidianas.Cientificamente falando, a doença

pode ser explicada por uma queda nos níveis de serotonina e dopa-mina no cérebro, que estão rela-cionadas ao equilíbrio emocional. Dependendo da intensidade dessa diminuição, a depressão se torna mais, ou menos, grave.J.F, estudante de 26 anos, convi-ve com a doença há sete meses: “Começou com um mal estar constante, uma tristeza sem mo-tivo e uma angustia de faltar o ar, seguido de um choro que sai doído. Não entendia o que acon-tecia comigo, o que só aumenta-va a minha angústia”, relata. “Foi piorando e eu comecei a me isolar do mundo, sempre me recusava a procurar ajuda, pois tinha um pre-conceito com depressão (achava que era frescura de quem queria chamar a atenção) e com psiquia-tra (que considerava ser médico de louco)” explica J.F. que não acreditava que tinha a doença ”até que um dia eu não agüentei mais e resolvi procurar um psiquiatra,

que me fez diversas perguntas e pediu exames médicos, chegando à conclusão que meu quadro era ansioso/depressivo, me receitan-do antidepressivos e aconselhan-do a procurar um psicólogo.”Há vários tipos de depressão e o tratamento é feito através de medicação e terapias. Segundo a psicóloga Marisa de Abreu, se o medicamento fez efeito é porque havia uma falta dessa química. Mas o interessante é que existe uma via de mão dupla aí, por-que tomando o antidepressivo, a cabeça da pessoa muda, ela não vê tudo tão negativo como antes, mas se, por conta de uma terapia, a pessoa mudar seus pensamentos, a química do seu cérebro também vai mudar. Ou seja: mudar os pen-samentos tem o poder de alterar a química do cérebro da pessoa e assim ela controla a depressão. A mente humana é ainda um mis-tério e é difícil dizer qual é a ori-gem da doença. Marisa afirma que um dos caminhos para depressão aparecer, é o desamparo aprendi-do, ou seja, a pessoa vai passando por tantas situações negativas até chegar um momento que perde a expectativa de que vá acontecer coisas melhores. Outra explicação é a ruminação (pensar muito). A depressão é uma doença do pen-samento. Vamos ver um exemplo: duas pessoas são demitidas do seu trabalho. Uma sai para se encon-trar com os amigos e falar da vida, de tudo, menos de emprego, pa-trão e demissão. No outro dia, vai jogar bola e no outro monta seu currículo e vai à luta para encon-

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trar outro trabalho. A outra fica pensando no que aconteceu, o que foi que ele fez de errado, revira tudo mil vezes, acha defeito no que fez, no que disse, no que vestiu, ou seja, ru-mina sem chegar a conclusão ne-nhuma. Adivinhem, quem vai ficar depri-mido entre os dois? O que ficou ruminando os problemas ou o que continuou a vida? Também há o quadro da busca pelo irreal, a busca da perfeição que faz a pessoa perder um tempo danado em detalhes que não vão mudar em nada o resultado final. A busca de ser a pessoa perfeita que não dá mancada e não erra nunca. Ela luta para que tudo o que ela diz ou faz seja considera-do muito interessante e importante por todo mundo, e claro que quem tem esse objetivo acaba mesmo é se fechando para o mundo, porque nada do que tem a dizer vai achar que está bom o suficiente. Há também casos como o de J.F.

“Meu quadro é decorrente de traumas vividos na infância e na adolescência e que, inconscien-temente, não parei para sofrer e por algum motivo vieram à tona agora. Resumindo, eu estou so-frendo tudo que eu não sofri na minha vida toda. Diversas pesso-as têm a mesma visão ignorante que eu tinha sobre a depressão. Principalmente no trabalho, por-

que a concentração em iniciar ou terminar tarefas diminui um pou-co Tem dias que, por mais que eu tente, não consigo produzir nada. Já a irritabilidade aumenta e para tentar não magoar as pessoas eu me isolo.”Ao contrário do que muita gen-te diz, a depressão não é um mal dos tempos modernos. Ela sem-pre existiu, mas a medicina, até há pouquíssimo tempo, não tinha conhecimento suficiente da mente humana. A psicologia, por exem-plo, é uma ciência muito nova: tem 100 anos ou um pouco mais. Antes da psicologia, o sofrimento humano era visto como coisa de maus espíritos, ou simplesmente era ignorado. Nos anos 60, não se sabia que existia depressão pós-parto, e como não se entendia, di-ziam que a mulher estava “cansa-da”, isso quando não diziam que o que ela tinha era frescura mes-mo. Esse respeito pelo sofrimento mental é coisa bem recente, mas ainda tem muito por onde cami-nhar. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a do-ença atinge cerca de 121 milhões de pessoas ao redor do mundo, 17 milhões só no Brasil e leva 850.000 pessoas ao suicídio por ano.

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Nem todos os casos são iguais:•Depressão Clássica: Os sinto-mas, que nem sempre aparecem todos juntos, são vários: tristeza, desânimo total, apatia, alterações no sono, aumento ou redução de apetite, diminuição do desejo se-xual, dificuldades de concentra-ção, irritabilidade máxima. Algu-mas pessoas se queixam de dores no corpo, envelhecimento da pele e até unhas quebradiças. •Distúrbio afetivo bipolar: A mu-dança de humor é constante. Quem tem esse tipo de depressão pode estar super agitado, eufórico e fa-lante em um período e em outro, irritado, triste e quieto. A libido geralmente aumenta. O distúrbio afetivo bipolar resulta em oscila-ções entre o bem-estar exagerado e a depressão. Os episódios des-te tipo podem durar desde vários dias até meses. Na fase depressiva o paciente demonstra morosidade (inércia), perda da auto-estima, retraimento, tristeza e risco de co-meter suicídio.•Depressão durante a gravidez e pós-parto: Além dos sintomas comuns da depressão clássica, a mulher tende a ter pensamentos pessimistas relacionados ao perío-do (coisas do tipo ‘Não serei uma boa mãe’ ou ‘Posso machucar o bebê’). Quem teve um episódio de depressão pós-parto tem maiores chances de voltar a apresentar o problema em outra gravidez. •Depressão sazonal: Descoberta há pouco tempo, é uma variante que aparece somente no inverno, quando o período de sol é mais curto. Quem sofre desta categoria de depressão tem dificuldade para acordar durante a fase do frio, sen-te muito cansaço, não consegue se concentrar e enfrenta alterações de humor da depressão clássica. Para completar, a intensidade da tensão pré-menstrual aumenta. •Distimia: É uma depressão crô-

nica ‘mais leve’, que costuma se manifestar ainda na infância. A pessoa com esse problema é comumente considerada ‘baixo-astral’, melancólica, alguém que só vê o lado negativo das coisas, no estilo ‘oh vida, oh azar’. Só que está, na verdade, doente. Em geral, quem sofre de distimia tem auto-estima baixa.

Todos têm problemas, e a forma de encará-los é que nos direciona o caminho e adéqua os pensamentos para a melhor forma de resolvê-los. Estamos todos sujeitos a ter depressão e isso não significa que a vida acaba. Encontrar apoio e respeito, principalmente de quem esta por perto é muito importante para se confirmar a certeza de que vale a pena voltar à vida.

Por Daniele Oliveira

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Adriana dos Santos Oliveira Data de nascimento 12/04/90

Data de de saparecimento 28/05/2005

Ailton Silva Couto JúniorData de nascimento 08/09/1991

Data de desaparecimento 02/06/2005

Albert Felipe Rosa SenaData de nascimento 23/11/1991

Data de desaparecimento 20/07/2006

Amanda Cristina SessoData de nascimento 18/08/1993

Data de desaparecimento 24/09/2007

Amanda de Oliveira MendesData de nascimento 03/03/1998

Data de desaparecimento 30/04/2006

Barbara Koch FlorentinoData de nascimento 30/05/1993

Data de desaparecimento 30/12/2005

Bruno Garcia dos SantosData de nascimento 07/02/1998

Data de desaparecimento 12/03/2007

Caio Vinicius de OliveiraData de nascimento 24/03/1990

Data de desaparecimento 09/10/2006

Camila Aparecida Lisboa dos SantosData de nascimento 19/03/1995

Data de desaparecimento 06/01/2006

Carolina dos Santos OliveiraData de nascimento 21/04/1996

Data de desaparecimento 14/01/2007

Caroline dos Santos PereiraData de nascimento 15/10/2004

Data de desaparecimento 28/02/2008

Danilo Souza Mendes LuzData de nascimento 12/07/1992

Data de desaparecimento 25/10/2006

Darly Katleen de SouzaData de nascimento 16/06/1992

Data de desaparecimento 10/02/2005

Emily Marina dos Santos Data de nascimento 09/02/1993

Data de desaparecimento 14/12/2007

Erick Murilo EgídioData de nascimento 07/07/1993

Data de desaparecimento 15/06/2001

Flavia Xavier dos SantosData de nascimento 07/01/1993

Data de desaparecimento 12/04/2007