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Revista Do Biologo

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Revista do Biólogo é uma publicação doConselho Regional de Biologia 3ª Região –CRBio3 – RS / SC

Ano XV Nº 39 - Revista Nº5Abril / Maio 2008

SedeAv. Taquara, 596/502Petrópolis - Porto Alegre - RSCEP 90460-210(51) [email protected]://www.crbio3.org.brDelegacia de Santa CatarinaRua Tenente Silveira, 482/204Centro – Florianópolis - SCCEP 88010-301(48) [email protected]

Presidente Clarice LuzVice-presidente Magda Creidy Satt ArioliSecretário Jorge Pereira Ferreira da SilvaTesoureiro Adriano Ferreira da Silva SalvaterraDelegado de Santa CatarinaDaniel de Araújo CostaComissão de Divulgação e PublicaçõesAdriano Ferreira da Silva SalvaterraAna Elizabeth Carara (Coordenadora do RS)Clarice LuzElke BrombergIngrid Tremel Barbato (Coordenadora de SC)Produção, execução e comercializaçãoOn Mídia Comunicação Integrada Ltda.Av. Lucas de Oliveira, 149/103Moinhos de Vento - Porto Alegre - RSCEP 90440-011(51) 3331.7941Redação: (51) [email protected]: (51) [email protected] editorial, redação, reportageme ediçãoGelcira Teles, DRT/RS 6790Projeto gráficoLuciano MontanhaDiagramaçãoHeron AguiarColaboradores desta ediçãoClarice Luz, Ingrid Tremel Barbato, JorgeFerigolo, Maria Mercedes Bendati, MauroBorges Loch, Paula Brügger, Vivian LeyserFotos da capaAdriano BeckerEdu AndradeMarilia Dammski BorgesPeriodicidade quadrimestralDistribuição gratuita aos biólogos eempresas registradas no CRBio3Tiragem 6,5 mil exemplaresImpressão Gráfica Dolika

Artigos assinados são deresponsabilidade de seus autores.

Eugênio NevesHUMOR

Espaço dos Leitores

Mercado de TrabalhoHonorários e contribuição sindical A Tabela de Honorários do Biólogo ea Contribuição Sindical, para o períodode 1º de novembro de 2007 a 31 deoutubro 2008, foram fixadas emAssembléia Geral Ordinária doSindicato dos Biólogos do Rio Grandedo Sul (Sindibio/RS), realizada em 30novembro de 2007. A tabela completa de honorários estáno banner de acesso rápido da páginado CRBio3 na internet:www.crbio3.org.br.

Contribuição Sindical 2008 A Contribuição Sindical referente aoano de 2008 é de R$ 70,00 (setentareais). O depósito poderá ser feito naconta do Sindibio/RS Nº. 00000848.1,Caixa Econômica Federal, banco 104,

agência 0447. No campo da guia dedepósito, onde há espaço parainformação, escrever: ContribuiçãoSindical 2007, código sindical012.000-89550. Quem preferir, podefazer o pagamento pela internet, pormeio de DOC/TED. Neste caso, deveráser informado, além dos dados daconta do Sindibio/RS, o CNPJ87.058.327/0001-00. Em ambos oscasos, a guia de depósito ou aimpressão do recibo são oscomprovantes de pagamento.Informações: (51) 3381.7855, (51)9961.6181, [email protected],[email protected]

Fonte: Diretoria Sindibio/RS, Gestão2005/2008

Veja as oportunidades parabolsas, estágios, concursos eoutras vagas para biólogos nolink Mercado de Trabalho denossa página na internet:www.crbio3.org.br.

Vagas

Elogio as mudanças no site doCRBio. Ficou excelente o sistema denotícias diárias, com informações sobreacontecimentos do dia-a-dia que nemsempre podemos acompanhar pelosmeios de comunicação. Ficouinteressante o link Mercado de Trabalho,demonstrando o interesse do Conselhoem oferecer oportunidades para o sócio.

Errata Diferente do que foi publicado naRevistaBio3, edição de setembro de2006, o nome do autor da foto dacachoeira que consta na capa dapublicação é Vicente Wolff, não aRPPN Mira-Serra.

Visite a página do CRBio3 na internet: www.crbio3.org.br. Envie suasopiniões e sugestões sobre o site e a revista para: [email protected].

A revista ainda não chegou ao meuendereço, mas já li tudo na internet.Parabenizo novamente a editora e apresidência do CRBio3 pela qualidadeda edição. Adorei a entrevista e as fotostambém estão muito boas! Estouesperando a revista chegar em minhacasa para mostrar aos meus filhos e netos.

Cecília Volkmer RibeiroManuela Gazzoni dos Passos

Diretoria 2007-2011

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SumárioEDITORIALFoto: Divulgação CFBio

ENSINO & PESQUISAAnima nobili X Anima ViliPaula Brügger

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ENSINO & PESQUISACurrículos em mudançaVivian Leyser

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ENTREVISTAClarice Luz, presidente do CRBio3,em entrevista exclusiva

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ATUAÇÃO PROFISSIONALO biólogo no combate à dengueMaria Mercedes Bendati

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ATUAÇÃO PROFISSIONALA atuação do biólogo em laboratório de genéticaIngrid Tremel Barbato

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ESPECIALPainel sobre UHE Pai Querê debate diversidadebiológica e responsabilidade ética do biólogo

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CFBIO DIVULGAToma posse nova diretoria do CFBioExercício de análises clínicas

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13 BIO3 COMUNICAPorto Alegre sedia encontro de CRBiosBiólogos comemoram seu dia8° Encontro de Biólogos da Região Sul

LEGISLAÇÃO & FISCALIZAÇÃOAção garante inscrição de biólogo em curso de especializaçãoAções da fiscalização

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BIO3 NA SOCIEDADECRBio3 presente em universidades do RS e SCRevista do CRBio3 conquista Prêmio Vega Ambiental

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DESTAQUEPlantio de mudas na Lagoa do Peri marcaDia da Mata Atlântica em SC

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BICHO DA VEZCoruja buraqueira

DICASLivros e links interessantes

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AGENDA19

POLÊMICACuidado com os dinossauros!Jorge Ferigolo

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Neste primeiro ano de trabalho, foram muitosos desafios enfrentados pela chapa “Biólogosem Ação”, empossada em junho de 2007.Sabíamos a responsabilidade que tínhamospela frente: defender uma categoria emconstante disputa pelo mercado de trabalho.Neste sentido, realizamos várias ações visandoalterações e retificações em editais deconcursos para garantir a inserção de biólogos.Algumas destas ações compartilhamos comvocês nas matérias da página 14.

Nas palestras e aulas inaugurais realizadas nasfaculdades do RS e SC, também buscamosdespertar o lado empreendedor dos biólogos,informando as novas perspectivas deatuação profissional.

Melhorias como reestruturação interna,atualização do banco de dados, padronização deprocedimentos e treinamento dos funcionários,efetuados na sede e na delegacia, tiveramcomo objetivo qualificar o atendimento aosnossos profissionais.

Participamos ativamente no Sistema CFBio/CRBios, onde o CRBio3 tem levado suaspropostas para inserção e legalização de novasáreas de atuação para os biólogos;modificação da Lei do Biólogo; revisão doscurrículos dos Cursos de Biologia, entre outras.

Temos trabalhado ainda para fortalecer orelacionamento do CRBio3 com os profissionais,levando regularmente informações eoportunidades através da nossa newslettersemanal. Enquanto a divulgação sistemáticadas datas alusivas à Biologia, através de e-cards e spots de rádio, tem contribuído paratrazer mais visibilidade à imagem do biólogo nasociedade como um todo.

A publicação que agora chega às mãos detodos os biólogos e empresas registradas do RSe SC, de forma gratuita, traz algumasnovidades. A principal delas é a conquista doPrêmio Especial Vega Ambiental de Jornalismo,na categoria revista, entre 109 concorrentesda Região Sul. Para dignificar esta premiação,o CRBio3 alterou o nome da publicação paraRevista do Biólogo, que também representauma homenagem à profissão. A diversidade deassuntos e a qualidade gráfica que sempremarcaram o perfil editorial da revistacontinuam nesta edição, premiando osbiólogos com notícias e artigos sobre diversasáreas de atuação profissional.

Boa leitura!

Um ano de açõese desafiosClarice LuzConselheira-Presidente do CRBio3CRBio3 Nº 478-03D

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ENTREVISTA

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Biólogos em Ação

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Revista do Biólogo – Como recebeu a indicaçãopara concorrer na Chapa “Biólogos em Ação” doCRBio3?

Clarice Luz – Fui convidada para participar de umareunião com alguns profissionais no intuito decontribuir para a indicação de colegas para acomposição de uma chapa para concorrer às eleiçõesdo CRBio3. E foi com muita surpresa que recebi oconvite, pois pretendia apenas contribuir, mas nãoconcorrer para o pleito.

Revista do Biólogo – Quais foram os principaisdesafios a vencer ao ser escolhida pelo plenáriocomo presidente do CRBio3?

Clarice Luz – Os desafios foram muitos.Primeiramente, sabia que vinha pela frente muitotrabalho e que não seria nada fácil estar à frente deuma categoria que vem sendo constantementebombardeada por outros profissionais na disputa pelomercado de trabalho. Um segundo e grande desafioé trabalhar para resgatar a auto-estima de nossosprofissionais, pois percebia, com freqüência, quemuitos já haviam perdido o brilho dos olhos pelaprofissão escolhida. E, por último, mas não menosimportante, é despertar o lado empreendedor dosbiólogos.

Revista do Biólogo – Com formação na área dasaúde e sua atuação em Análises Clínicas, área queestá crescendo a cada dia no mercado de trabalhodo profissional biólogo, como encara a oportunidadede falar a profissionais e acadêmicos, maisacostumados a trabalhar com educação e meioambiente?

Clarice Luz – Na verdade, com tranqüilidade,porque a atuação em Conselho é exercida por todosconselheiros e não exclusivamente pelo presidente.Nossos conselheiros são todos profissionaisrenomados, competentes e experientes, oriundos devárias áreas de atuação. Logo, independentementese Saúde, Biotecnologia, Educação ou MeioAmbiente, em todas as questões sempre tereipessoas com competência para auxiliar, e sei que,juntos, faremos um bom trabalho.

Clarice ficou surpresa com o convite para o pleito

A eleição para o Conselho Regional de Biologia 3ª Região (CRBio3 – RS/SC) foirealizada em maio de 2007. A chapa vencedora, com 1445 votos válidos, foi a “Biólogosem Ação”, empossada em 11 de junho de 2007. Reunido no mesmo dia, o plenário elegeua bióloga Clarice Luz como presidente, cuja entrevista exclusiva está a seguir.

Revista do Biólogo – Quais as ações implantadasnestes primeiros meses de trabalho?

Clarice Luz – Inicialmente, nossas ações foram maisvoltadas para uma reestruturação interna, melhoramentoe atualização do banco de dados, padronização deprocedimentos, treinamento e qualificação dosfuncionários e melhorias na sede e na delegacia.Paralelamente, temos trabalhado intensivamente nasvisitas de fiscalização no Rio Grande do Sul (RS) e SantaCatarina (SC).Além disso, durante este período o CRBio3 se fezpresente em várias faculdades de Biologia, fazendopalestras, conferências, aulas inaugurais, sendo queaté o momento foram mais de 2500 pessoas queouviram e interagiram com o Conselho no RS e SC.O CRBio3 também participou ativamente junto aoSistema CFBio/CRBios, levando nossas propostas parainserção e legalização de novas áreas de atuaçãopara os biólogos; para modificação da Lei do Biólogo;novas Resoluções; revisão dos currículos dos Cursos deBiologia, entre outros assuntos relevantes.Muitas de nossas ações foram direcionadas ainda paraalterações e retificações em editais de concursosfederais, estaduais e municipais para garantia deinserção de biólogos. Sobre a revisão da lei nº 6.684/79,temos como coordenador deste Grupo de Trabalho doCFBio o secretário do CRBio3, Jorge Pereira Ferreira daSilva. A solicitação de sugestões dos biólogos está emnosso site: http://www.crbio3.org.br.

Foto: Arquivo Rotary Club de Porto Alegre - Navegantes

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ENTREVISTA

Revista do Biólogo – E os planos da atual gestãopara fortalecer o relacionamento do CRBio3 com seusregistrados e divulgar a imagem do biólogo?

Clarice Luz – Acredito que a melhor forma defortalecer o relacionamento dos biólogos com o seuConselho é proporcionando aos mesmos serviços comqualidade e que atendam as suas necessidades. Comeste intuito, posso dizer que tudo o que fizemos atéagora é justamente para melhor atender asdemandas de nossos profissionais, as quais sãoconstantes e muito variadas. Queremos estar sempreatentos a estas necessidades e voltados a atendê-lasda melhor maneira possível, tendo sempre em vista avalorização dos nossos profissionais.Para a divulgação da imagem do biólogo, o CRBio3vem trabalhado na elaboração de campanhaspublicitárias que dêem maior visibilidade para osbiólogos nas suas áreas de atuação, ressaltando aimportância do papel do profissional nos diferentes

segmentos profissionais.Além disso, como muitos já devem ter notado, temostrabalhado para o estreitamento dos laços doConselho com seus profissionais, levandoregularmente noticias, informações e oportunidadesatravés da nossa newsletter semanal. Temos aindadivulgado regularmente as datas alusivas à Biologia,através de e-cards e spots de rádio, sempremencionado a importância do trabalho do biólogopara sociedade em geral. Afinal, quem não é vistonão é lembrado.

Plenário 2007/2011

Conselheiros EfetivosAdriano Ferreira da Silva Salvaterra, Bartira E.

Pinheiro da Costa, Clarice Luz, Denise Monique Dubetda Silva Mouga, João de Deus Medeiros, Jorge PereiraFerreira da Silva, José Roberto Goldim, Magda CreidySatt Arioli, Sérgio Luis Althorf, Walter Rudolf Koch.

Conselheiros SuplentesCecília Volkmer Ribeiro, Cristina Barazetti Barbieri,

Daniel de Araújo Costa, Danilo da Silva Funke, EdnaMaria de Oliveira Ferronato, Eliane RomanatoSantarém, Elke Bromberg, Ingrid Tremel Barbato,Maria da Graça Ortolan, Rosângela Uhrig Salvatori.

Foto: Caio Preto

Clarice Luz, CRBio3 Nº 478-03D, é formada em Ciências Biologicas pelaPUCRS, especialista em Análises Clínicas e Imunologia e doutora emGerontologia Biomédica. Atuou em diversas instituições públicas eprivadas, como o Fundação Universitária de Endocrinologia e Fertilidade,Hospital São Lucas da PUCRS e Santa Casa de Misericórdia de PortoAlegre. Interage como pesquisadora e colaboradora em váriasuniversidades como a PUCRS, UFCSPA, UFRGS,ULBRA, Unijuí, entre outras.Tem inúmeros trabalhos científicos publicados no Brasil e exterior e járecebeu diversos prêmios regionais e nacionais na área biomédica.Atualmente, é diretora do Laboratório Vitrus- Análises e Pesquisas Clínicas

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ENSINO & PESQUISA

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Vivian Leyser

Trabalhar em consultoria ambiental? Ou abrirum laboratório para tornar-se referência naárea de testes genéticos? Virar umespecialista em mamíferos aquáticos? Ou emfungos de interesse econômico? Fazermestrado e doutorado para seguir na carreirade docente universitário? Ou investir emcursos sobre biotecnologias de ponta? Ou...?

Currículos em mudançaAuxiliando o aluno a conhecer a profissão

Foto: Adriana Mohr

Alunos nas trilhas do Parque Estadual da Serra do Tabuleiro (Palhoça, SC)

úvidas desse tipo povoam o imaginário damaioria dos recém ingressos nos mais de mil cursosde Ciências Biológicas que hoje existem no Brasil.Indecisões sobre o futuro profissional são normais eesperadas em alunos calouros de qualquer curso, masnos de Biologia elas se acentuam pelo fato das áreasde atividades dos biólogos serem amplamentediversificadas e em constante atualização.

Para auxiliar os calouros da Universidade Federalde Santa Catarina (UFSC), em Florianópolis, a seorientarem já no início do curso quanto às múltiplaspossibilidades de futura atuação profissional, o novocurrículo, em implantação a partir de 2006, incluiunos dois primeiros semestres duas disciplinasobrigatórias denominadas de “Ciências Biológicas:ciência e profissão” I e II.

No primeiro semestre, o aluno é orientadoquanto à vida acadêmica, assistindo palestrasministradas por representantes dos vários setores dauniversidade, bem como dos programas de pós-graduação e também do CRBio3.

No segundo semestre, a disciplina informa efamiliariza o aluno com as áreas de pesquisa,ensino e extensão do curso que oferecempossibilidades de atuação discente, bem comocom os campos de futura atuação profissional.Isto é feito de várias formas: através de visitas adepartamentos, laboratórios e outros órgãos queoferecem possibilidades de estágio, dentro e forada universidade; de debates sobre linhas depesquisa e extensão existentes no curso; depalestras de profissionais, tanto egressos da UFSCcomo de outras instituições; de discussões comprofessores e pesquisadores, da UFSC e de

outras universidades.Os professores ministrantes dessas disciplinas

(dois em cada uma) são de diferentes departamentosdo curso, em regime de revezamento, de modo quea programação pode variar a cada semestre,contemplando, na medida do possível, o leque deoportunidades e contatos que o curso oferece.

Os resultados favoráveis dessa iniciativa curricularjá podem ser percebidos. Ao ouvirem os relatos dealguns palestrantes, que contam sobre suas própriasdúvidas e incertezas quando ingressaram nos seuscursos, os alunos percebem o valor de se engajaremem estágios o mais cedo possível durante o curso.Desta forma, poderão conhecer melhor os várioscampos da Biologia e, eventualmente, até definirqual a área na qual pretendem se aprofundar. Ouentão descobrir que aquela idéia que tinham daBiologia não corresponde aos seus anseios e procuraroutras oportunidades, seja em atividades de pesquisaou de extensão. Também é proveitoso o contatocom profissionais que atuam em empresas, ONGs,laboratórios e outros setores, não só nauniversidade, como forma do aluno perceber queo mundo da Biologia não se restringe à academia,e que há muitas oportunidades para biólogosatuarem como profissionais liberais, consultores,empresários etc.

Mais informações sobre o novo currículo doCurso de Ciências Biológicas da UFSC, incluindo asdisciplinas citadas, estão disponíveis na URL:www.cienciasbiologicas.ufsc.br

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Vivian Leyser, CRBio Nº 08065-03 , é licenciada em Ciências Biológicas pela UFRGS, mestreem Genética pela UFRGS e doutora em Educação (Ensino de Ciências) pela UFSC. Desde 2005, écoordenadora do Curso de Graduação em Ciências Biológicas da UFSC .

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ENSINO & PESQUISA

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Anima nobili x Anima ViliPaula Brüger

Diversos autores têm demonstrado como são problemáticos os dados provenientes da vivissecção.Eticamente falando, é ainda mais insustentável, embora seus praticantes insistam em defendê-la se valendode argumentos improcedentes. O mais comum deles é: - se não testarmos em animais, testaremos empessoas (como se não existissem alternativas e os seres humanos não fizessem parte da pesquisa, entreoutras questões)?

rgumenta-se também que não há problemaem usar animais em pesquisas, desde que tenhamsido criados em biotérios. Ora, se a questão fosseproduzir a vida, poderíamos ter biotérios para criarseres humanos para o mesmo fim. O que osvivisseccionistas querem dizer com isso é que nãoestão levando nenhuma espécie à extinção, o quedesvela mais uma vez a racionalidade instrumentale o antropocentrismo que dominam suas mentes:não está em jogo o valor da vida de tais seressencientes, mas o quanto a saúde da biosfera - paraproveito dos humanos – poderá ser afetada ou não.

Outro argumento, aparentemente mais refinado,refere-se à necessidade de estudar “sistemasintactos”, o que só é possível em organismos vivos.Nesse caso, é curioso que um argumento decunho sistêmico (“precisamos da visão do todo”)supostamente dê sustentação a uma práticamecanicista e reducionista: os erros advindos daextrapolação de dados obtidos em sistemasintactos totalmente inadequados – os animais –não compensam um suposto ganho em “visãodo todo”.

In anima nobili?Mas a maior das “pérolas” do pró-

vivisseccionismo é a menção das expressões inanima nobili e in anima vili para se referir aosexperimentos em humanos e não-humanos,respectivamente. É incrível que membros dacomunidade científica façam uso de tal dicotomiaantediluviana e não-científica, baseada num dogmacriacionista. Tais expressões corporificam uma velhaordem há muito ultrapassada por diversos estudosem etologia e outras ciências e se constituem numaforma muito nociva de especismo, alicerçada numaorientação fundamentalista, baseada em pré-noções e preconceitos que refletem a crença nasupremacia do Homo sapiens sobre o “resto dacriação” (sic).

Quem é o animal vil?Nunca foi tão difícil responder à pergunta do

filósofo Jeremy Bentham: “o que mais deveriatraçar a linha insuperável (entre nós e os animais)?”Como podem os que se dizem cientistas se valerde um expediente tão dicotômico e contrário às

recentes evidências de que é tênue a linha que nossepara do “resto” do reino animal? Visões estreitaspor parte dos pesquisadores, fruto dafragmentação do conhecimento e do diálogopobre entre diferentes tradições de pesquisa? Comcerteza essa é uma das causas. Tendência em seapegar ao que está sob seu domínio, por medodo desconhecido? É possível. Mas a experimentaçãoanimal alimenta cadeias produtivas muito lucrativasque envolvem a construção e instalação deestruturas laboratoriais, fabricantes de aparelhosde contenção e gaiolas, fornecedores de animais,fundações de pesquisa que gerenciam fundos etc.E há a bilionária indústria farmacêutica que colocanovos medicamentos a todo instante no mercado,a despeito dos males que possam causar e de suareal necessidade (veja “Os vendedores dedoenças”: http://diplo.uol.com.br/2006-05, a1302 - Le Monde Diplomatique).

Os experimentos com animais rendem aindaoutros frutos. Jean e Ray Greek comentam que háum ditado cínico, mas verdadeiro, que diz que “umrato é um animal que, quando injetado, produzum artigo”.

Em causa própriaSeja por motivos de ordem pessoal, ou de

natureza pretensamente altruísta (como a criaçãoda maior parte dos novos fármacos), cientistas quesão a favor da vivissecção estão advogando em causaprópria porque estão sendo, no mínimo, especistas.Enquanto são envidados esforços gigantescos, paraencontrar alternativas ao uso de células-troncoembrionárias (a vida humana é “sagrada”, mesmoque se resuma a um punhado de células), permite-se que seres como cães, gatos, macacos etc. soframtoda sorte de abusos em laboratórios parasupostamente beneficiar os humanos. E tudoporque são rotulados como anima vili. Artigoc o m p l e t o : h t t p : / / w w w. s e n t i e n s . n e t / t o p /PA_ENS_paulabrugger_09_top.html.

Paula Brügger é bióloga, especialista em Hidroecologia, mestra em Educaçãoe doutora em Ciências Humanas. Atualmente, é professora do Departamentode Ecologia e Zoologia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) ecoordenadora do Departamento de Meio Ambiente da Sociedade VegetarianaBrasileira (SVB). É autora dos livros “Educação ou adestramento ambiental?”e “Amigo Animal – reflexões interdisciplinares sobre educação e meioambiente: animais, ética, dieta, saúde, paradigmas”.

A

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ATUAÇÃO PROFISSIONAL

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O biólogo no combateà Dengue

A recente epidemia de dengue no Rio deJaneiro trouxe para as manchetesnacionais o grande impacto destadoença na saúde pública. E, também, asgrandes dificuldades que existem para oseu enfrentamento, já que a transmissãoda doença tem como vetor um mosquito(Aedes aegypti), altamente adaptado aosambientes urbanos e já presente emtodos os estados brasileiros. É nessecontexto que os biólogos têm umimportante e cada vez mais relevantepapel no combate à doença.

Edu Andrade - PMPA

Biólogos atuam na Vigilância Entomológica

Maria Mercedes Bendati

onforme as diretrizes do Programa Nacionalde Combate à Dengue, estabelecido pelo Ministérioda Saúde em 2002, os municípios brasileiros,especialmente aqueles em que já foi detectada apresença do mosquito vetor, devem desenvolver umasérie de ações de prevenção à doença. Em PortoAlegre, desde 2001 foi identificada a infestação peloAedes aegypti, mas até o momento não se teve acirculação do vírus da dengue, o que tem mantidoa cidade sem casos autóctones da doença.

E qual o papel dos biólogos nesse processo? Cabelembrar que o combate à dengue é uma atividadeligada à Vigilância em Saúde, usualmente da áreade controle de zoonoses. Nesse setor, a presença debiólogos tem sido ainda incipiente, mas a demandadeve ampliar a necessidade de profissionais comoservidores municipais nessa área. No Programa deCombate à Dengue, os biólogos atuam na VigilânciaEntomológica, acompanhando os níveis deinfestação do mosquito vetor, com uso dearmadilhas (no caso de áreas não infestadas) ouavaliando a densidade de mosquitos, nos municípiosinfestados. São responsáveis pelo planejamento ecoordenação das ações do Programa da Dengue esupervisão em campo dos Agentes de Controle deEndemias, que realizam as atividades de visitadomiciliar para o controle do vetor.

Nessas tarefas, além dos conhecimentos técnicosespecíficos, são importantes as habilidades de gestão

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Maria Mercedes Bendati, CRBio N° 02973-03, é bióloga. Atualmente,atua no Núcleo de Vigilância de Roedores e Vetores, Coordenadoria Geralde Vigilância em Saúde, Secretaria Municipal de Saúde, PrefeituraMunicipal de Porto Alegre. No Programa Municipal de Prevenção àDengue, trabalha juntamente com os biólogos Maria Angélica Weber,Maria Inês Bello, Getúlio Dornelles Souza, Rosa Maris Rosado, GiseleDavid Silva, Cristiane Cruz Veiga e Luiz Carlos Daudt.

de pessoas, trabalho em equipe, visão estratégica ecompetências administrativas. Além dessa atividade,também temos biólogos entomólogos que atuamna identificação de mosquitos adultos e larvas,permitindo o monitoramento e avaliação dasdensidades do vetor e seus principais criadouros.Como o grande desafio do controle do mosquitoenvolve novos padrões comportamentais, a educaçãoambiental é também um eixo importante noPrograma da Dengue.

ResponsabilidadesNessa área, o biólogo também atua, sendo

responsável por ações tanto de educação ambientalformal, na capacitação de professores e comunidadeescolar das redes públicas e privada de ensino, comopela área não-formal e informal. Diversas ações demobilização da comunidade, envolvendo instituiçõespúblicas, não-governamentais e empresas, assimcomo a comunicação social, têm tido a participaçãode biólogos na sua concepção, com o objetivo deinformar e conscientizar a população para evitar oscriadouros de mosquitos no ambiente urbano.

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ATUAÇÃO PROFISSIONAL

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A atuação do biólogoem laboratório de genéticaA atuação do biólogo em laboratório tem importânciavital pelo fato de trabalhar com material biológico vivo.O momento brasileiro coloca o biólogo na vitrine, hajavista a manipulação de células, tecidos, a importânciadas células-tronco, os diagnósticos por DNA etc. Éimperativo ressaltar que na sua formação o biólogoparticipa em muitas áreas de interação para adquirirconhecimentos de bioquímica, farmacologia, genética,imunohistoquímica, entre outros. Por seusconhecimentos de formação, o biólogo deve fazerparte da equipe multilaboratorial da qual participammédicos patologistas e bioquímicos.

omo bióloga, com formação em CiênciasBiológicas, Citogenética Geral e Humana e mestradoem Engenharia Química, na área de tratamento apartir de aminoácidos da Síndrome do X Frágil, souproprietária e responsável técnica pelo LaboratórioNeurogene (www.neurogene.com.br).

O Laboratório Neurogene é um nicho debiólogos voltados ao trabalho de diagnósticogenético humano. Desde sua criação, em 1995,realiza testes de cariótipo em vários tecidos(sangue, medula, restos ovulares), citogenéticamolecular (F ISH) para microdeleções doscromossomos e para determinar doençasgenéticas c láss icas, e ainda com BiologiaMolecular, abrangendo muitos testes com amesma tecnologia internacional como Metilação,PCR, entre outras.

Sempre buscando novos conhecimentos técnico-científicos, o Laboratório Neurogene oferece aomercado preços competitivos, contribuindo na redede saúde do Estado de Santa Catarina, trabalhandoem parceria com o Sistema Único de Saúde (SUS) ecom outros convênios importantes como a Unimed.

Quebra de paradigma

C

A participação e o empreendedorismo do biólogoem laboratório genético quebram de vez o paradigmaque o biólogo é apenas voltado para atuar na área deambiente, ou na zoologia, botânica e oceanografia, maspreparado para trabalhar na área humana.

A sensação de contribuir com a comunidadedeixa claro que o biólogo possui ainda uma extensaárea para desbravar, sem nenhum caráter de invasãoem outras áreas, tornando-o um profissional da

saúde tanto quanto os de outras áreas afins.Não se pode pensar em saúde, cr iando

“feudos prof i s s iona i s” , res t r ing indo ouproibindo este ou aquele profissional de seaperfe içoar na área que sua formação opermite. Trata-se s implesmente de somarconhecimentos para o bem da humanidade.

DesafiosÉ realmente um desafio gerenciar um laboratório

de qualidade, com responsabilidade ética, além deentender as nuances e as mudanças do mercadoem que se atua.

As novas doenças genéticas vêm se mostrandoatravés de novos genes, e o biólogo terá que crescerde acordo com o mercado para não ser engolidopelos grandes laboratórios (nacionais einternacionais). Da mesma forma, o investimentoem tecnologia é desafiador, já que quando se aplicaem um equipamento de ponta, em menos de umano o aparelho fica obsoleto.

Também constitui um desafio e uma meta a seratingida a cada nova análise, ser reconhecido porseu trabalho, através do esforço pessoal e de umaequipe técnica bem preparada, crescendo junto coma empresa, e ainda ser respeitado profissionalmentepor seus maiores clientes, que são os médicos.

Ingrid Tremel Barbato

Ingrid Tremel Barbato, CRBIO N° 8102-03, é bióloga, mestre emEngenharia Química, fundadora da Associação Catarinense da Síndromedo X Frágil e professora de Genética da Pós- Graduação de Hematogia da Unisul e do Curso de Especialização em Ortodontia da UFSC. Ingridparticipa desde 2003 do Comitê de Ética para Seres Humanos do Centrode Pesquisas Oncológicas (Cepon) e é conselheira do CRBio3.

Biólogo em laboratório trabalha com material biológico vivo

Foto: Michele da Rocha

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ESPECIAL

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Painel UHE Pai Querêdebate diversidade biológica eresponsabilidade ética do biólogo

O questionamento pautou o “Painel: Licenciamento Ambiental de Hidrelétricas e o Papel do Profissional Biólogo -O Caso UHE Pai Querê”, realizado pelo CRBio3, em parceria com o Instituto de Biociências da UniversidadeFederal do Rio Grande do Sul (UFRGS), no dia 25 de abril, no Salão de Atos II da UFRGS. Cerca de 120 pessoas,entre acadêmicos, profissionais, técnicos e representantes de órgãos ambientais e ONGs.

Gelcira Teles

Foto: Adriano Becker

m debate, a relevância da biodiversidade noprojeto da Usina Hidrelétrica de Pai Querê, a serimplantada no rio Pelotas, entre Santa Catarina e oRio Grande do Sul. Prevista no Programa deAceleração de Crescimento (PAC, a obra já causoumuita polêmica entre ambientalistas e órgãoslicenciadores. Conforme o projeto, a barragem teriaum muro de 150 metros de altura e capacidade deprodução de 290 MW, o equivalente ao parqueeólico de Osório (RS). O lago da usina teria superfíciede 6.120 hectares, com área equivalente a 75% daatingida pela usina de Barra Grande. Mais de 200famílias seriam desalojadas.

EIA/Rima em chequeMediado pela vice-presidente do CRBio3, Magda

Creidy Satt Arioli, o painel iniciou com o tema “AZona Núcleo da Reserva da Biosfera da MataAtlântica e os riscos das hidrelétricas sobre avegetação remanescente da bacia do rio Pelotas”.Paulo Brack, professor do Departamento deBotânica do Instituto de Biociências da UFRGS,afirmou que o papel do biólogo na questão dabiodiversidade não é considerado no licenciamentode hidrelétricas. "O interesse da produçãoenergética e econômica desconsidera a amplitude ea complexidade da manutenção dos processosecológicos em empreendimentos que causamgrandes impactos socioambientais", explicou. Oprofessor criticou a credibilidade dos laudos deEstudos de Impacto Ambiental e Relatório deImpacto Ambiental (EIA/Rima) da empresa Engevix.“Os biólogos nem tinham Anotação deResponsabilidade Técnica (ART) e as irregularidadesdo EIA/Rima de Barra Grande resultaram numamulta de R$ 10 milhões contra a empresa”,denunciou. Sendo a Engevix a mesma empresaresponsável pelo licenciamento da UHE BarraGrande, Brack lamentou que não tenha sido

considerado o impacto já gerado e revelou: “choreiao visitar Barra Grande e ver quanta vida estava indoembora.” Conforme o professor, a usina fariaperecer 3.940 hectares de florestas, o queequivaleria à morte de cerca de 3 milhões deárvores, sendo pelo menos 180 mil araucárias.Outras centenas de espécies da flora e faunatambém seriam afetadas.

Ao abordar “Ecologia de Paisagem e ashidrelétricas - Unidades de Paisagem, fragmentação,conectividade e conservação do rio Pelotas”, oprofessor de biologia da Unilasalle, Eduardo Forneck,disse que há muitos barramentos no rio,complementando: “o EIA/Rima tem muitosproblemas, como a falta de análise de paisagem”.Segundo o biólogo, seria obrigação do órgãolicenciador - a Fundação Estadual de ProteçãoAmbiental (Fepam) -, manter o princípio deprecaução. “Que impacto a sucessão de barragensna bacia do rio Uruguai pode causar?”, questionou.

Diversidade ameaçadaLuis Roberto Malabarba, professor do

Departamento de Zoologia do Instituto deBiociências da UFRGS palestrou sobre a “Riquezade peixes e endemismos na bacia do rio Pelotas”.O especialista destacou que existem 343 espéciesde peixes já conhecidas no RS, ou apenas 21%. “Afalta de conhecimento sobre a diversidade égrande, não só na Amazônia”, enfatizou. Aorelatar os pontos de coleta de espécies daictiofauna, o biólogo assinalou que não existempontos no rio Pelotas. “É possível que o Pelotasrevele um elevado endemismo, ainda nãoidentificado e descrito”, previu.

Na seqüência, Márcio Repenning, biólogo doSetor de Ornitologia do Museu de Ciências daPontifícia Universidade Católica do Rio Grande doSul (PUCRS), apresentou “A diversidade de aves dosCampos de Cima da Serra: desafios para a

E

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Cerca de 120 pessoas estiveram presentes no Salão de Atos II da UFRGS

Foto Martha Stefanello

conservação e ameaças frente à expansão deempreendimentos hidrelétricos”. Mencionando o“erro” de Barra Grande, Repenning citou que o valedo rio Pelotas possui uma floresta com muitasaraucárias, cuja formação integra o Bioma da MataAtlântica, com altos índices de variabilidade genética.

Jan Karel Felix Mähler Jr., doutorando doPrograma de Pós-Graduação de Ecologia da UFRGSe integrante da ONG Curicaca, abordou a“Mastofauna do vale do rio Pelotas: aumento deriscos de extinção de espécies na região emdecorrência de empreendimentos hidrelétricos”. Eleressaltou que 10% das espécies ameaçadas deextinção no Brasil são mamíferos, sendo que 32%ocorrem na Mata Atlântica. “As maiores ameaçassão o plantio de pinus e os barramentos, quetransformam rios em grandes lagos”, observou.Mähler Jr. pontuou que áreas próximas como oTurvo, Machadinho, Barra Grande e Itá já sofreramgrandes impactos ambientais, o que exigiria estudosmais sérios para implantação de outra usina no rioPelotas. “Na Mata Atlântica, ocorrem 260 espéciesde mamíferos e 50 na região de Pai Querê, como olobo guará (em situação crítica), capivara, cotia,ouriço, tamanduá mirim, bugio ruivo, macaco prego,mão pelada, quati, jaguatirica, gato do matopequeno, queixada e puma”, enumerou.

Responsabilidade ética“Estamos andando para trás. Enquanto nos

Estados Unidos estão acabando com as hidrelétricas,aqui sofremos assédio moral, descaso e imperícia dasautoridades quando falamos nisso”, denunciouRogério Both, egresso do Centro de Ecologia daUFRGS, ao discorrer sobre “Responsabilidade civil ecriminal de consultores de estudos ambientais falsose enganosos”. O tema esquentou o debate commanifestação de vários participantes. Para Both,seriam necessários: uma descrição mais abrangentedas espécies da fauna, já que o EIA/RIMA da Engevixé muito sucinto neste aspecto; atualização dosdados; aprofundamento dos programas demitigação; distintos níveis de extensão dos impactos;processo de licenciamento “mais lógico” e dentroda legislação; corredor ecológico.

Questionada sobre a atuação do CRBio3 no casodos biólogos da Engevix não possuírem registro najurisdição ou no Rio de Janeiro, nem ART, a presidentedo CRBio3, Clarice Luz, informou que abriu umprocesso ético-disciplinar e que foram enviadosofícios ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente(Ibama) e ao Conselho Regional de Biologia 2ªRegião (CRBio2), o qual respondeu que os biólogosencontram-se em endereço incerto, sendo que umdeles está foragido.

Da platéia, o biólogo Adriano Cunha, da empresaBiolaw, mencionou que já fez uma denúncia ao

CRBio3 por saber que uma bióloga já fez trêslaudos iguais. “Tem que denunciar para que oslaudos não sejam um blefe”, sugeriu. Enquantoo painelista Paulo Brack elogiou a atuação doCRBio3 na fiscalização e por debater questõespolêmicas que envolvam a ética profissional.Clarice Luz complementou: "É importante que osbiólogos estejam conscientes de seu papel diantede situações polêmicas."

AvaliaçãoA maioria dos participantes considerou o painel

e o nível dos palestrantes como “ótimo”. Ospresentes elegeram como principais temas a seremabordados em outros eventos promovidos peloCRBio3: Silvicultura e zoneamento; Fiscalização,monitoramento e licenciamento; Áreas de atuaçãodo biólogo e sombreamento com outras profissões;Pesquisa energética e energias alternativas. O últimotema escolhido é de grande relevância,considerando os impactos ambientais abordadosneste painel, e por visar o esclarecimento do tipode produção energética que teremos comoalternativa às hidrelétricas.

Foto Martha Stefanello

Participantes consideraram o painel e o nível dos palestrantes como “ótimo”.

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CFBIO DIVULGA

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Toma posse novadiretoria do CFBio

Fonte: Diretoria do CFBio/Fevereiro de 2008, com edição da Assecom doCRBio3. Mais informações podem ser obtidas em www.cfbio.org.br.

Foto: Divulgação CFBio

Comissões e GTsAtendendo ao proposto na plataforma de

campanha, foi elaborado um Programa de Ação denove itens, que está disponível na página na internetdo CFBio (www.cfbio.org.br)

Para viabilizar as metas, o CFBio criou, além dasComissões Permanentes - de Licitação (CPL), dePatrimônio (CP), de Legislação e Normas (CLN), deFormação e Aperfeiçoamento Profissional (CFAP) ede Tomada de Contas (CTC), Grupos de Trabalho(GTs) para: revisão da lei nº. 6.684/79; análise doprojeto de lei do Executivo sobre a “Coleta dematerial biológico, o acesso aos recursos genéticose seus derivados...”; avaliação de currículos doscursos de graduação em Ciências Biológicas;elaboração do Manual do Biólogo; revisão dasResoluções do CFBio; proposição de CadastroNacional de Biólogos e Anotação deResponsabilidade Técnica (ART Eletrônica);divulgação e marketing da Semana do Biólogo.As Comissões Permanentes e os GTs contam coma participação de conselheiros federais, regionais

e de biólogos convidados, de forma a tornar agestão mais part ic ipat iva, pró-at iva etransparente. Tanto as comissões, como os GTsestão trabalhando intensamente para arealização das metas desta gestão.

Exercício de Análises ClínicasAtravés de seu assessor jurídico, o CFBio continua

atento às questões judiciais em curso sobre aviabilidade e legalidade do exercício das AnálisesClínicas pelos biólogos e esclarece que o mesmo foiconfirmado por sentença de mérito do Juiz FederalSubstituto da 22ª Vara Federal da Seção Judiciáriado Distrito Federal, Enio Laércio Chappuis, publicadano Diário de Justiça, de 2/10/2007, bem como noparecer do Ministério Público Federal, peloProcurador da República, Peterson de Paula Pereira.Como não há nenhum ato contrário até a data de10/2/2008, o biólogo, a quem os CRBios conferemeste direito, está legalmente habilitado ao exercíciodas Análises Clínicas.

Em 23 de outubro de 2007, tomou posse a chapa “ValorizAÇÃO”, eleita para o Conselho Federal deBiologia (CFBio), quadriênio 2007-2011, quando também foi eleita a diretoria para o biênio 2007-2009. Anova composição é a seguinte: Conselheiros Efetivos: Maria do Carmo Brandão Teixeira (CRBio4),presidente; Inga Ludmila Veitenheimer Mendes (CRBio3), vice-presidente; Celso Luiz Marino (CRBio1),secretário; Jorge Portella Bezerra (CRBio5), tesoureiro; Ermelinda Maria De Lamonica Freire (CRBio1), ElizeuFagundes de Carvalho (CRBio2), Sidney José da Silva Grippi (CRBio2), Pedro Henrique de Barros Falcão(CRBio5), Marcelo Garcia (CRBio6) e Lídia Maria F. Marostica (CRBio7). Conselheiros Suplentes: CatarinaSatie Takahashi (CRBio1), Ulisses Rodrigues Dias (CRBio2), Alessandro Trazzi Pinto (CRBio2), Vera LúciaMaróstica Callegaro (CRBio3), Herbert Otto Roger Schubart (CRBio4), Jefferson Ribeiro da Silva (CRBio4),Lecticia Scardino Scott Faria (CRBio5), Dilma Bezerra F. de Oliveira (CRBio5), Luiz Marcelo Lima Pinheiro(CRBio6) e Yedo Alquini (CRBio7).

Conselheiros efetivos e

suplentes da Chapa

“ValorizAÇÃO” tomaram

posse no dia 23 de outubro

de 2007

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BIO3 COMUNICA

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Porto Alegre sedia encontrode CRBiosNos dias 18 e 19 janeiro de 2008, reuniram-se

em Porto Alegre os presidentes dos ConselhosRegionais de Biologia do Brasil. Recepcionados pelapresidente do CRBio3, Clarice Luz, eles participaramde quatro reuniões de debates no Hotel Corel Tower. Os dirigentes também fizeram uma visita à sededo CRBio3. Um jantar de confraternização no CTG35 marcou a recepção aos visitantes, e teve apresença das ex-presidentes do CRBio3, IngaLudmilla Mendes (atual vice-presidente do CFBio) eVera Callegaro.

Os encontros de presidentes ocorrem regularmentede forma itinerante nos regionais do Brasil. Têm comoobjetivo a discussão dos problemas administrativos ejurídicos relativos ao contexto diário dos conselhos.Busca-se através destes encontros a padronização deprocedimentos administrativos, para aperfeiçoar asinformações entre as jurisdições.

Foto: Martha Stefanello

Profissionais encontraram-se no Restaurante Grelhatus

PresençasEstiveram presentes no encontro os presidentes:

Wladimir João Tadei (CRBio1), Fátima Cristina Ináciode Araújo (CRBio2), Gladstone Correa Araújo(CRBio4), José Roberto Feitosa (CRBio5), GeniGauber (CRBio6) e Rogério Genari (CRBio7).

Tendo como tema “Atuação Profissional e NovosMercados de Trabalho”, o evento foi realizado entre23 e 25 de abril de 2007, no Hotel Canto da Ilha,em Florianópolis (SC). O Encontro abordou as quatrograndes áreas da Biologia: Educação, MeioAmbiente, Saúde e Biotecnologia. Estiverampresentes conferencistas e palestrantes de renomeem suas áreas de atuação. A programação incluiuconferências, palestras, mesas-redondas eminicursos.Também foram apresentados trabalhoscientíficos sobre experiências profissionais e realizadoum concurso fotográfico.

Foto: Jaqueline Terezinha Tochetto Sandi

Serra do Rio do Rastro (SC) foi uma das fotos inscritas no concurso

Presidentes dos CRBios de todo Brasil visitaram Porto Alegre

Foto: Martha Stefanello

No dia 3 de setembro 2007, o CRBio3 realizouum almoço comemorativo ao Dia do Biólogo, noRestaurante Grelhatus, em Porto Alegre (RS).

O evento contou com a presença dos conselheirosClarice Luz, Magda Creidy Satt Ariolli, BartiraPinheiro, Jorge Pereira Ferreira da Silva, CecíliaVolkmer Ribeiro, Walter Koch, convidados efuncionários. As ex-presidentes Inga LudmilaMendes, Vera Callegaro e Ana Elizabeth Cararatambém prestigiaram o ato festivo.

Segundo a presidente do CRBio3, Clarice Luz, oencontro foi marcado pela alegria e saudosismo.“Muitos aproveitaram para rever seus colegas dotempo de academia”, afirmou.

A comemoração do Dia do Biólogo 2008 seráno dia 2 em Santa Catarina e no dia 6 de setembro

no Rio Grande do Sul. Outras ações serãorealizadas pelo Sistema CFBio/CRBios em todo oBrasi l para comemorar os 30 anos deregulamentação da profissão.

Biólogos comemoram seu dia

8º Encontro de Biólogos da Região Sul

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Foto: Ingrid Tremel Barbato

LEGISLAÇÃO & FISCALIZAÇÃO

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Ação Civil Pública garante a inscriçãode biólogos em curso de especializaçãoem Análises Clínicas Mauro Borges Loch

Lei não veda prática de biólogos em Análises Clínicas

Ações da Fiscalização

O CRBio3 ingressou com ação civil pública,que tramita na 2ª Vara Federal de Porto Alegre,em razão de a Feevale não aceitar inscrições degraduados em Biologia para o curso deespecialização em Análises Clínicas. Foi pedidaliminar para determinar que a universidadeaceitasse as inscrições de profissionais biólogospara o referido curso.

O argumento do CRBio3 é a inexistência devedação à prática, por profissionais biólogos, deanálises clínicas, dependendo unicamente docurrículo do profissional. Também foi utilizado oargumento de que a legislação brasileira sobreensino superior permite que qualquer graduadofaça cursos de especialização, independentementeda área de graduação.

Inicialmente, a ação foi julgada improcedente,sem que a Feevale fosse ouvida, com o argumentode que o CRBio3 não poderia ingressar com açãocivil pública para pedir que os profissionais biólogospudessem se inscrever em cursos de especialização,uma vez que seria matéria afeta ao Código deDefesa do Consumidor. Tecnicamente, a expressãoé a ilegitimidade ativa do CRBio3 para o pedido.

Identificou-se que o julgamento ocorreu combase em legislação revogada, e, assim, o CRBio3ingressou com recurso de embargos de declaração,alertando para a alteração recente da legislação,que permitiria o ingresso da ação pelo CRBio3.

O recurso, dirigido à mesma Juíza Federal quesentenciou a ação, não obteve sucesso, entendendoa magistrada que a alteração legislativa não seriasuficiente para a legitimação do CRBio.

LegitimidadeIngressou-se, então, com recurso de apelação ao

Tribunal Regional Federal da 4ª Região, e, ao mesmotempo, com ação cautelar inominada, com o pedidode urgência na apreciação da legitimidade doCRBio3 e do pedido de liminar, referente àdeterminação da aceitação das inscrições deprofissionais biólogos.

A ação cautelar inominada e a liminar requeridafoi deferida para permitir a inscrição de profissionaisbiólogos no curso de especialização em AnálisesClínicas realizado pela Feevale.

A decisão não é definitiva, pois foi proferida emsede de medida liminar. Após a contestação da Feevale(que já ocorreu), haverá o julgamento do mérito, massem previsão de tempo.

A ação civil pública ainda não foi contestada, e temtramitação normal na 2ª Vara Federal de Porto Alegre,também sem previsão de tempo para seu término.Mauro Borges Loch é advogado, especialista em Finanças Internacionais epós-graduado em Direito Econômico e das Empresas. Atuou comoconsultor jurídico do Banco do Brasil e professor de Direito Romano eDireito Internacional Privado. Atualmente, é sócio da Bordas AdvogadosAssociados, assessoria jurídica do CRBio3.

Entre 2007 e 2008, a fiscalização do CRBio3realizou mais de 90 visitas a empresas e órgãospúblicos em mais de 40 municípios do Rio Grandedo Sul e Santa Catarina.

O CRBio3 interviu também em vários editaisde concursos e de licitações, obtendo sucesso nagarantia de vagas e inscrição de biólogos e deempresas registradas. Dentre estes, destacam-seos casos da Companhia Riograndense deMineração (CRM) e do Departamento Nacionalde Infra-estrutura de Transporte (Denit), cujoseditais foram re-ratificados.

Em 2007, foram emitidas 5.721 ARTs,enquanto que até maio de 2008 já somam umtotal de 3.964.

Page 15: Revista Do Biologo

BIO3 NA SOCIEDADE

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CRBio3 presente em

Platéia lotou auditório da Unesc

o período de setembro de 2007 a março de2008, cerca de 2500 pessoas, entre alunos,professores e convidados, participaram de palestras,aulas inaugurais e outros eventos em que o CRBio3se fez presente em 11 universidades do Rio Grandedo Sul e Santa Catarina.

Na aula Inaugural da UCS Bento Gonçalves, porexemplo, a apresentação da presidente do CRBio3,Clarice Luz, enfocando registro profissional,mercado de trabalho e empreendendorismo porparte dos biólogos entusiasmou os participantes. "Osalunos ficaram atentos e extasiados durante todapalestra, demonstrando encantamento pelaprofissão escolhida", declarou Clarice.

Prêmio Vega Ambiental de Jornalismo entrega do Prêmio Vega Ambiental de

Jornalismo 2007 reuniu mais de cem pessoas naFundação Ernesto Frederico Scheffel, em NovoHamburgo, em 4 março de 2008. Concorriam 109trabalhos, de jornalistas de rádio, televisão, jornal,revista, web, fotografia e acadêmicos de jornalismodo RS, SC e PR.

Gelcira Teles, da Revista Bio3, e os projetos ‘NHna Escola’ e ‘Repórter Mirim na Era do Rádio’, doGrupo Sinos, receberam o Prêmio Especial.

Entre os profissionais vencedores estão CarlosQueiroz (fotografia), do Jornal Diário Popular, de

Fonte: ColetivaNet, com edição da Assecom do CRBio3.

A

Premiados concorreram com 109 jornalistas da Região Sul

Pelotas; Milena Schoeller (radiojornalismo), da RádioGaúcha; equipe do Diário Popular, de Pelotas(jornalismo impresso); Rafael Geyger, do sitenovohamburgo.org (webjornalismo); DeniseSauressig, da Revista A Granja, de Porto Alegre(revista); e Simone Feltes, da TVE (telejornalismo).Foram premiados ainda cinco acadêmicos.

O concurso foi organizado pela Vega EngenhariaAmbiental – Regional Sul, e coordenado pela Pró-Ativa Comunicação. O presidente da VegaEngenharia Ambiental, Luciano Amaral, destacouque a iniciativa é uma política de sustentabilidadeda empresa e de inclusão na sociedade. “E osjornalistas são agentes importantes para divulgar onosso trabalho e a seriedade com que encaramos aquestão ambiental. O sucesso deste prêmio écomprovado pelo número de participantes,comentou Amaral.

Para a editora da revista e assessora decomunicação do CRBio3, o prêmio foi uma surpresa.“Tenho mais de 20 anos de jornalismo e atuação naárea ambiental, mas a nossa empresa é pequena.Concorremos com grandes empresas e veículos decomunicação da Região Sul. A conquista nos diz queestamos no caminho certo, divulgando instituiçõeséticas, como o CRBio3”, concluiu Gelcira Teles.

Foto: Juarez Machado

Foto: Divulgação Unesc Joaçaba

N

universidades do RS e SC

Revista do CRBio3 conquista

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POLÊMICA

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Cuidado com os dinossauros!Eles ainda dominam a terra!Um fato pouco conhecido até no meio acadêmicoé o de que as aves são dinossauros. Considera-seque hoje vivemos na Era dos Mamíferos, mas setivermos em conta que há o dobro de espécies deaves em relação às espécies de mamíferos, osdinossauros não dominaram apenas o Mesozóico,na realidade ainda vivemos numa “Era dosDinossauros”.

O

Jorge Ferigolo é formado em Medicina (UFSM, 1972), doutorado em Ciências (UFRGS,1987) e doutorando em Filosofia (Unisinos). Atualmente, é paleontólogo do Museu deCiências Naturais da FZB. E-mail: [email protected]

Ilustração: rainbow.ldeo.columbia.edu/(original de Heilmanns The Origin of Birds)

s dinossauros são a grande paixão de crianças,adultos e, é claro, dos paleontólogos. Muitos os vêemcomo animais terríveis, e é certo que algunsdinossauros devem ter sido predadores,principalmente quando caçando em bando, comose supõe para o Velociraptor. Todavia, alguns deles,incluindo o Tyrannosaurus rex, talvez tenham sidoapenas necrófagos, e não predadores. As razões dospaleontólogos são menos conhecidas, sendo a maisnotável a de que as aves são dinossauros. Aves nãosão mais consideradas um grupo independente devertebrados: elas são dinossauros típicos, e seu maisespecializado grupo. E são cientificamente“dinossauros avianos”, o que os distingue dosdemais dinossauros, os “não-avianos”, os quaisrealmente se extinguiram.

Dinossauros glorificadosA Archaeopteryx (Jurássico superior da

Alemanha) apresentava asas e cauda com penas,como uma ave atual. Na cabeça e pernas haviaescamas, e tinha ainda dentes, braços com trêsdedos em garra e uma longa cauda óssea, comonos dinossauros. Se não houvesse a impressão daspenas, ela teria sido classificada com um simplesdinossauro, porque até pouco tempo este era oprincipal caráter que distinguia aves de dinossauros.Então, na China, na década de 90, foram coletadosmuitos fósseis de dinossauros (como Caudipteryx eProtarchaeopteryx), não só com penas, também comoutros caracteres antes considerados exclusivos deaves. Como o Dr. Carlos de Paula Couto, meu saudosomestre dizia, as aves são “dinossauros glorificados”.

O fato das aves serem meros dinossauros temoutras implicações, inclusive para os dias de hoje.Em paleontologia de vertebrados, o Mesozóico éinformalmente chamado de Era dos Répteis. Nãodevido aos “répteis” em geral, mas principalmenteaos dinossauros: entre 220 e 66 milhões de anos

atrás, todo animal com mais de um metro decomprimento era um dinossauro (pelo que se dizque eles dominaram a Terra por mais de 100 milhõesde anos).

Era das avesDevido a uma catástrofe global, há cerca de 66

milhões de anos todos os “dinossauros não-avianos”já estavam extintos. Mas, um grupo de pequenosdinossauros dromeossaurídeos não se extinguiu, esim deu origem às aves. Com a extinção dos não-avianos, iniciou-se o Cenozóico, a Era dos Mamíferos,que só então sofreram uma significativadiversificação e atingiram grande porte, embora seoriginado no Triássico superior, quase ao mesmotempo que os dinossauros.

Mas não foram apenas os mamíferos que tiveramgrande sucesso. Hoje há pouco mais de 5000 espéciesde mamíferos, para mais de 10 mil espécies de aves.Isto é, há o dobro de espécies de aves viventes paracada uma de mamíferos. É simples entender por quehoje não vivemos realmente numa Era dos Mamíferos,e sim numa “era das aves”. Ou, se quiserem, aindavivemos na “era dos dinossauros”.

A ciência tem trazido mudanças radicais na nossavida. Nem todas boas. O que ninguém imaginaria éque um dia os dinossauros fossem trazidos de voltaà vida. Não é no cinema que se vê dinossauros deverdade, basta abrir a janela!

Esqueleto de Archaeopteryx, à esquerda; de pombo à direita. Observe em Archaeopteryx1) os dentes (ausentes no pombo); 2) a longa cauda óssea (ausente no pombo); 3) a longamão (em verde; muito modificada em asa, com ossos fusionados no pombo); e 4) o pequenoesterno, sem quilha (em amarelo; de ave não voadora; muito grande e com grande quilhano pombo). Todos estes caracteres de Archaeopteryx são ainda de dinossauros.

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DESTAQUE

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Plantio na Lagoa do Perimarca Dia da Mata Atlântica em SCEm 27 de maio de 2008, Dia da Mata Atlântica, oCRBio3 liderou um mutirão para o plantio de 200mudas de árvores nativas em uma área desmatadano Parque Municipal Lagoa do Peri, em Florianópolis,SC. Reuniram-se representantes de várias entidadesambientalistas, como o Grupo Pau Campeche(fornecedor das mudas), Comunidade da Armação,alunos e professores do Departamento de EcologiaVegetal da Universidade Federal de Santa Catarina(UFSC), Fundação Municipal do Meio Ambiente deFlorianópolis (Floram), que fez as covas para asmudas, entre outros participantes.

Foram plantadas 200 mudas de árvores nativas no local

conselheira Ingrid Tremel Barbato afirmouque o CRBio3 visa alertar a população sobre oproblema do desmatamento. “Queremos valorizaros projetos ambientais que estão acontecendo aquie mostrar ao biólogo sua responsabilidade social,de oportunidade de trabalho e de atitude emrelação às nossas matas”, explicou.

Segundo a bióloga, a iniciativa foi muitogratificante e teve vários objetivos. “Simbolizou anecessidade de plantarmos árvores e conscientizara comunidade, inclusive das escolas locais”, destacou.

Conhecer o Parque Lagoa do Peri, que é um dosmaiores da costa catarinense, e os projetos de ONGsambientalistas, estão entre os outros objetivos quelevaram o CRBio3 a liderar este evento.

Eloisa Neves Mendonça, bióloga e presidente doGrupo Pau Campeche, complementou: “Estamosfalando da preservação do que resta da MataAtlântica no Estado - florestas, restingas, manguezaise campos naturais”. Na opinião de Eloisa, o eventona Lagoa do Peri, uma Unidade de Conservação(UC), teve ainda como intuito chamar a atençãoda sociedade para a importância das UCs: parques,reservas, estações, entre outras, que constituem osprincipais reservatórios de biodiversidade.

Parque Lagoa do PeriLocalizado na Região Sudeste da Ilha de Santa

Catarina, está inserido em um dos últimosremanescentes de Floresta Atlântica. Com cerca de20 km², o parque abriga a maior lagoa de águadoce da costa catarinense, com área de 5 km².

A Lagoa do Peri foi tombada como Patrimônio

Natural em junho de 1976, sendo o ParqueMunicipal da Lagoa do Peri criado e regulamentadoentre 1981 e 1982.

Além do fornecimento de água às comunidadesdo Sul de Florianópolis, o parque preserva espéciesraras de árvores, como peroba, alma-cega,guarapari, bicuíva, maçaranduba e espéciesameaçadas de extinção, como a canela preta. Háainda no parque cipós, palmitos, orquídeas ebromélias. Abriga-se no local variada faunacomposta por sabiás, gaviões, tucanos, tamanduás,entre outros animais silvestres.

Dia da Mata AtlânticaA Mata Atlântica foi considerada Patrimônio

Nacional pela Constituição Federal, de 1988, e pelodecreto nº. 750, de 10 de fevereiro de 1993. Outrodecreto, de 21 de setembro de 1999, instituiu 27de maio como o Dia da Mata Atlântica. A data foiescolhida por que foi em 27 de maio de 1560 queo padre Anchieta assinou a antológica "Carta deSão Vicente, onde descreveu, pela primeira vez, abiodiversidade das florestas tropicais.

Após 14 anos de tramitação no CongressoNacional, a Lei da Mata Atlântica foi sancionada pelopresidente Luís Inácio Lula da Silva. A lei nº. 11.428,de 22 de dezembro de 2006, “dispõe sobre autilização e proteção da vegetação nativa do BiomaMata Atlântica”.

Aproximadamente 70% da população brasileiravive nos remanescentes deste bioma. Santa Catarinaestá inserida na Mata Atlântica e conserva cerca de17% de sua cobertura original.

A

Gelcira Teles

Foto: Neide Koehntopp Vieira

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DICASBICHO DA VEZ

Coruja buraqueiraé manchete nacional

A corujinha foi manchete na imprensa brasileirana virada de 2007 para 2008. A Patrulha Ambiental ea população de Capão da Canoa – Litoral do RS -impediram que a prefeitura instalasse fogos deartifício (cinco toneladas!) para a comemoração doAno Novo nas dunas, a oito metros do ninho ondeum casal de corujas cuidava de seus quatro filhotes.

Com 23 cm, é a coruja mais conhecida no Brasil,por ser visível durante o dia e pousar, ereta, em locaiscomo cupinzeiros e mourões de cerca, ou no solo.

Tem coloração marrom, com uma região branca nagarganta e manchas escuras por boa parte do corpo.

Faz suas tocas no solo, em locais planos e abertos,que servem para abrigo e ninho. A qualquer sinal deperigo, emite um som estridente, que lembra o de umacascavel, espantando assim seus predadores. Os filhotes,de 2 a 6, ao escutarem o alerta, entram no ninho,enquanto os adultos atacam decididamente qualquer fontede perigo para os filhos.

Alimenta-se de vários animais e usa estratégias de caçadiversas - andando, pulando ou com vôos curtos. Para caçarpresas maiores, fica empoleirada em cercas ou cupinzeiros e“mergulha” sobre a vítima. Apesar da atividade diurna, caçainsetos, escorpiões e roedores à noite. Também é à noiteque emite os chamados de acasalamento e territorial, detom semelhante a outras corujas, graves e completamentediferentes dos silvos diurnos de alarme.

Marilia Dammski Borges

Fonte: www.aves.brasil.com.br, com edição de Gelcira Teles.

Buraqueira fica empoleirada em cercas ou cupinzeiros

> A coleção de documentos e imagens donaturalista inglês Charles Darwin (1809-1882) estáno site darwin-online.org.uk. É possível encontraraté o primeiro esboço da teoria da seleção natural,descrita no livro “A Origem das Espécies” em 1859.> A Revista Natureza & Conservação, daFundação O Boticário, foi indexada pelo HispanicAmerican Periodicals Index (HAPI), da Universidadeda Califórnia em Los Angeles (UCLA). Está na URLhttp://hapi.ucla.edu.> A nova versão do site do Instituto Hórus (http://www.institutohorus.org.br) traz uma base de dadosde espécies exóticas invasoras do Brasil.> O Climate Change in Our World tem downloadgratuito na URL: http://earth.google.co.uk/outreach.> Catálogo de Produtos e ServiçosSustentáveis: www.catalogosustentavel.com.br.

Família: StrigidaeNome científico: Athene cuniculariaNome popular: Coruja buraqueira

100 animais ameaçados deextinção no Brasil – E o quevocê pode fazer para evitarSávio Freire BuenoEdiouro - 44 páginas

Resultado de um ano e meio de pesquisas dobiólogo, pode-se dizer que esta é uma dasprimeiras obras que reúne os animais em extinçãono Brasil, apresentando atitudes que devemostomar para preservar os ambientes naturais.

Floresta com Araucárias - Umsímbolo da Mata Atlântica a sersalvo da extinçãoJoão de Deus Medeiros, MarcoAntônio Gonçalves, MiriamProchnow e Wigold SchäfferApremavi - 82 páginas

A obra traz informações sobre o ecossistema maisameaçado da Mata Atlântica. Trata do histórico dadestruição, da situação da floresta em SantaCatarina, das ameaças atuais, das oportunidades emedidas necessárias para sua preservação.Ricamente ilustrado, o livro mostra que aFloresta Ombrófila Mista está reduzida a menosde 3% de sua área original e precisa de açõesurgentes para poder sobreviver.

Baile de MáscarasCecília Volkmer RibeiroImprensa Livre - 80 páginasA bióloga trabalha neste livro as máscaras diárias detodos nós. Sentimentos secretos de amor, mágoa,felicidade, medo, tensão, orgulho, carinho, inveja edecepção, que sempre povoam nossa mente. Muitasvezes ocultos por trás de máscara, transformam arealidade em um Baile de Máscaras.

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AGENDA

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JULHO20 a 258ª Conferência Internacional de Áreas Úmidas - InternationalAssociation for Ecology (INTECOL)Informações: www.cppantanal.org.br

AGOSTO2 a 859º Congresso Nacional de Botânica, 31ª Reunião Nordestinade Botânica, 4° Congresso da Sociedade Latino-americana deCactaceae e outras Suculentas e 31° Congresso daOrganização Internacional para o Estudo das PlantasSuculentasInformações: www.botanica.org.br3III Seminário Brasil e Meio Ambiente e ResponsabilidadeSocial no Setor ElétricoInformações: www.cigre.org.br/sbmarsse6 a 8XIII Encontro Nacional de MicotoxinasInformações: www.npmmufrrj.com17 a 22V Semana de Biologia da UFBAInformações: www.sembio.ufba.br17 a 226º Congresso Mundial de HerpetologiaInformações: www.worldcongressofherpetology.org19 a 21Seminário de Saneamento AmbientalInformações: www.biosfera.org.br19/8 a 19/9Inscrições para o Prêmio Varejo Sustentável Wal-Mart BrasilInformações: www.premiovarejosustentavel.com.br

SETEMBRO9VIII Encontro Verde das Américas, o “Greenmeeting”-Conferência das Américas para o Meio Ambiente eDesenvolvimento SustentávelInformações: www.greenmeeting.org.16 a 19XX Simpósio de Plantas Medicinais do BrasilInformações:www.plantasmedicinais.unifesp.br16 a 1954º Congresso Brasileiro de GenéticaInformações: www.sbg.org.br

17 a 19II Seminário Catarinense de Biotecnologia e BionegóciosInformações: www.unoescvda.edu.br18III Congresso Brasileiro de Responsabilidade Socioambientalnas Instituições FinanceirasInformações: www.ambienteglobal.com.br28/9 a 2/1020º Congresso Internacional de Química Clínica e MedicinaLaboratorial (IFCC – Worldlab), 35º Congresso Brasileiro deAnálises Clínicas (CBAC) e 8º Congresso Brasileiro deCitologia Clínica (CBCC)Informações: www.fortaleza2008.org

OUTUBRO16 a 191º Simpósio Internacional de Microbiologia ClínicaInformações: www.sbmicrobiologia.org.br23 a 25II Congresso Sul Brasileiro do Meio Ambiente - Evolução eSustentabilidadeInformações: [email protected]/10 a 1°/11Fiema Brasil 2008Informações: www.fiema.com.br

Agende-se: Dia do Biólogo 2008A comemoração em SC será no dia 2 e no RS no dia 6 desetembro. O Sistema CFBio/CRBios está programando açõesem todo o Brasil para marcar os 30 anos de regulamentaçãoda profissão. Acompanhe em nosso site: www.crbio.org.br

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