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Revista Domingo 27 de Dezembro de 2009

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Revista Domingo 27 de Dezembro de 2009

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2 Jornal de Fato Domingo, 27 de dezembro de 2009

• EdiçãoC&S Assessoria de Comunicação

• Editor-geralWilliam Robson

• Editor/RedatorIzaíra Thalita

• DiagramaçãoRick Waekmann

• Projeto GráficoAugusto Paiva• ImpressãoGráfica De Fato• RevisãoStella Samia e Gilcileno Amorim• FotosFred Veras, Carlos Costa e Marcos Garcia• InfográficosNeto Silva

Redação, publicidade e correspondência

Av. Rio Branco, 2203 – Mossoró (RN)Fones: (0xx84) 3315-2307/2308Site: www.defato.com/domingoE-mail: [email protected]

DOMINGO é uma publicação semanal do Jornal de Fato. Não pode ser vendida separadamente.

AO L E I TO R

Proteja sua pele

Arte Neto Silva

É bem provável que você, aproveitando esteferiadão do Natal, esteja agora sentado à beirada praia, lendo esta edição da revista DOMINGO.Esta semana, que marcou oficialmente o iníciodo Verão, também significa que os mossoroensesse mudarão de mala e cuia para a praia e por ládeverão permanecer pelas próximas semanas. Éo comportamento do mossoroense. E por isso,hoje, Tibau deve estar lotada de pessoas quequerem aproveitar o sol forte.

Por essa razão, a revista começa a retratar asreportagens em que o tema praia-verão é sempreenfatizado. A capa de hoje traz uma ilustraçãode Neto Silva para a matéria sobre protetor solarda jornalista Izaíra Thalita. Os cuidados naexposição ao sol são necessários, não apenaspara evitar doenças de pele, mas porque isso serefletirá no futuro. Principalmente no caso dascrianças. No caso daquelas pessoas que buscamum bronze, a reportagem traz dicas interessantessobre o tempo de exposição, os melhoresprotetores - que evitam agressões do sol à pele -e os horários mais apropriados.

DOMINGO também traz um assunto muitointeressante, de um fenômeno que está previstopara acontecer na passagem do Ano-Novo. A Lua,que tende a ficar cheia, poderá ser vista num tomavermelhado em alguns locais do mundo. Osestudiosos, entre eles membros da AssociaçãoNorte-rio-grandense de Astronomia, vão pararpara acompanhar a mudança de tonalidade dosatélite. Esse fenômeno é causado por umaespécie de eclipse.

E, por fim, uma entrevista com o presidenteda Federação das CDLs, Marcelo Rosado. Ele fazum balanço sobre o desempenho do comércioneste ano, afirmando que houve um crescimentode 10% a 12%, mesmo com o abalo da crisemundial. E está ainda mais otimista para opróximo ano. 2010 promete ser o ano de maiorcrescimento do país e o comércio deveacompanhar esse progresso.

Um abraço,William RobsonEditor-chefe

3 CONTOJosé Nicodemos

4 ENTREVISTA Com o presidente da Federação das CDLs no RN, Marcelo Rosado

6 NO CÉU No Ano-Novo a Lua estará cor desangue, confirmam astrônomos

8 VERÃOSol, mar e pele sensível: uma combinação perigosa

10 ANIMAISVeterinária explica por que não se devedar sobra de comida para seu cão

15 CULINÁRIA Aproveite o fim de semana parapreparar deliciosos pratos

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Tomou um gole no uísque, forçan-do a natureza. Não gostava de bebi-da nenhuma, bebera uma vez, e quefoi a primeira, na festa de casamen-to de um amigo, martini, pode tomar,rapaz, é bebida de moça, não pas-sou de cinco ou seis doses, acordoude madrugada com uma dor de ca-beça feito um martelo nos miolos euma taquicardia que pensou que iamorrer.

Não se diga que não acompanha-va os amigos em mesa de bar, achavabonito aquilo, mas que seu organis-mo não tolerava o álcool, fosse quebebida fosse. Dor de cabeça e taqui-cardia, não tinha remédio preventi-vo que desse jeito. Mas naquela noi-te, queria embriagar-se à mesa de umbar, e sem a companhia de quem querque fosse. Absolutamente só.

C O N T O / J O S É N I C O D E M O S

LUSTRESPARTIDOS

Não se sentia mais ele, o mundoem redor como que deixara de exis-tir, os risos altos nas meses vizinhaseram como se fossem alucinações defantasmas enlouquecidos. Sorvera asprimeiras doses com repugnância or-gânica, quase vomita, mas as seguin-tes já desciam redondo, como avisaa publicidade da Skol. A cabeça já àroda, inventou de fumar, pediu ummaço de cigarros, qualquer um. Que-ria era sair de si.

Tossiu muito às primeiras traga-das, ficou mais tonto, e era o quebuscava, na agonia que lhe trancavao peito, a respiração alta, sofrida, pa-recia em crise aguda de asma. Passa-va-lhe diante dos olhos, e se os fe-chava, mais nítida ainda, aquela ce-na em plena festa do seu casamento,naquela noite: Neusinha, ainda ves-tida de noiva, a flertar, às claras, como rapaz que lhe fora o primeiro na-morado, recém-chegado de São Pau-lo, em visita aos pais. Estava maisbonito, mais fino.

A festa era no clube da mais fina

sociedade local. Martinho, sóbrio, co-mo sempre, não tardou em perceberas intenções dos olhares de Neusi-nha para o dito rapaz, não era coisade ciúme que a bebida pudesse fan-tasiar com visões além da realidade.Não ficaria bem a um rapaz do seugrau de educação e de posição na so-ciedade, fugir dali sem satisfação ne-nhuma, pelo menos aos mais íntimos,mas era que não tinha força, a maismínima, para suportar aquilo. E fu-giu, sem ser notado, quase em esta-do de desespero. Nos seus olhos, lam-pejos brutais de lustres partidos.

Acordou pela madrugada, no seuquarto de solteiro, na casa dos pais,pontadas como de pontas de ferrona cabeça, o coração como saindo-lhepela boca, vômito em golfadas aze-das, as paredes rodando, o mundoacabado. Mais tarde, que foi pelomeio-dia, na beira da cama o caldoda mamãe, você não quis ouvir a seupai e a mim, meu filho. Neusinha,confessadamente, nunca esqueceuaquele rapaz..

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DOMINGO - Para o comércio doRio Grande do Norte, na sua opinião,como você avalia esse ano de 2009?

MARCELO ROSADO - Consideroum ano positivo, principalmente porquese você consultar os dados dos maiores eco-nomistas e formadores de opinião, elesinformaram antes que 2009 seria um anode recessão, desemprego, e nós estávamospreocupados com a falta de recursos paracrédito, mas a gente conseguiu reverter to-do esse processo. O comércio varejista foi

muito importante nesse trabalho de re-versão porque enquanto a Indústria entrouo ano de 2009 demitindo, dando fériascoletivas e os bancos recuaram, não que-riam emprestar recursos financeiros e ti-nha dificuldade para se obter recursos pa-ra se ter crédito e oferecer parcelamentos.O comércio, por sua vez, começou o anofazendo promoções em todos os setores,seja de eletrodomésticos, confecções, su-permercados, mostrando com isso que ti-nham pessoas que queriam comprar e queelas buscavam oportunidades. Assim, a gen-te começou a ter crescimento.

QUANTO foi esse crescimento emtermos percentuais?

ESTAMOS terminando o ano com cres-cimento médio de 10% a 12%, superiorao do ano passado e em alguns setores hou-ve crescimento de até 20%, como é o casodo setor dos supermercados. No ramo deautomóveis, também houve crescimentode vendas. Enquanto as indústrias de au-tomóvel no mundo todo no começo doano queriam desempregar e fechar, as lo-jas venderam muito com a redução do IPIsobre os carros novos. Em todos os setoresconseguimos ter bom desempenho. Ago-ra, nós estamos com expectativas excelen-tes para 2010. A gente também tem umainformação importante: fazendo um com-parativo da primeira quinzena de dezem-

bro de 2008 com a primeira quin-zena de dezembro de 2009, tan-

to as vendas a prazo houvecrescimento esse ano, como

também nas vendas à vis-ta, de aproximadamente8%. Isso mostra que o

setor está conseguindo se mover e ter for-ça para enfrentar as adversidades. No RioGrande do Norte, especificamente, tam-bém tivemos um bom desempenho no co-mércio, inclusive cobrindo um déficit dedesemprego que o setor da fruticultura de2008 para 2009 deixou, devido à recessãomundial que atingiu os países que nos com-pravam frutas, além da queda do dólar ede uma série de mudanças que atingiu nos-sa fruticultura, esta decidiu demitir maisde 6 mil pessoas e só o setor do comércioconseguiu absorver mais do que isso.

VOCÊ falou que o setor dos super-mercados foi um dos que mais apresen-tou crescimento. Em Mossoró isso ficoumuito nítido. A Federação confirma queesse crescimento foi maior no interior?

CERTAMENTE. Há uns quatro anos agente vem percebendo a emergência, o cres-cimento do poder aquisitivo das camadasC e D. Se você for fazer o cálculo do cresci-mento aquisitivo da camada de A e B já nãoconseguirá ver tanto impacto porque essaspessoas já estão com seu apartamento, comseu carro novo, com seu aparelho de TV.Mas, as classes C e D não tinham isso. Nãotinham sua casa própria, nem seu veículo eaqueles que não tinham emprego consegui-ram, os que estavam com emprego pude-ram receber melhor. As pessoas que esta-vam no campo conseguiram melhorar a ren-da com os programas sociais como o BolsaFamília, que fez com que surgisse uma eco-nomia nova na região e é justamente no in-terior do Nordeste que essa melhora ficoumais evidente, ou seja, quanto mais no in-terior, mais conseguiu se ver essa mudança.Os supermercados conseguiram um desem-

E N T R E V I S T A / M A R C E L O R O S A D O

‘2010 será ainda melhor para o comércio no RN’

O presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Rio Grande do Norte (FCDL-RN), Marcelo Rosado, encerra o ano de 2009 satisfeito com os bons números alcançados pelocomércio no Estado, anunciando que o crescimento neste ano foi maior que em 2008 em médiade 10% a 12%, apesar da crise anunciada ainda no ano passado. Marcelo Rosado explica que ocomércio sustentou e abriu novos empregos e alguns setores fizeram investimentos fortes no in-terior como o de supermercados. Para 2010, Marcelo anuncia melhorias nos serviços ofertadosàs CDLs e aos lojistas associados e aposta num crescimento maior. Confira:

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penho melhor que outros setoresporque a primeira coisa para essaspessoas que melhoraram sua rendaé consumir alimentos, encher a bar-riga. Pessoas que só comiam feijão earroz, agora podem gastar compran-do um catchup, queijos, iorgute eprodutos industrializados que an-tes elas não consumiam e os super-mercados oferecem.

AS AÇÕES realizadas pela Fe-deração neste ano também ino-varam em muitos aspectos, comoo fato de ter se ampliado para asCâmaras de Dirigentes Lojistasa realização do Liquida de manei-ra integrada. Que outras ações vo-cês destaca neste ano?

A FEDERAÇÃO vem fazendoalém do trabalho institucional, que as CDLsoferecem ao comerciante, que é a parte doSPC, liberação de crédito de forma mais se-gura, a gente conseguiu em 2009 e em 2010todas as CDLs vão disponibilizar para ocomerciante outros serviços. Essa é uma in-formação importante: Iremos fornecer tam-bém garantia de cheques, cadastros positi-vos onde o cliente poderá ser avaliado deuma forma mais completa que a gente jáfaz de maneira operacional, mas no anoque vem a gente vai ofertar pro comercian-te. Com relação ao cartão de crédito, tam-bém será um avanço porque hoje o comer-ciante tem de alugar três, quatro máquinaspara poder receber o cartão de crédito combandeiras diferentes e cada máquina custade 200 a 300 reais. No ano que vem, ele sóvai precisar de uma máquina só, que rece-berá todos os cartões e isso vai diminuir ocusto pro comerciante. Imagine uma loji-nha onde se pagava 600 reais de aluguel, ti-rando três máquinas, se ganha quase o alu-guel da loja. Outra vantagem será a redu-ção da taxa de administração cobrada pelooperador do cartão, em torno de 5% e ho-je reduzimos e em 2010 vai baixar para 2,5%em média. Isso vai fazer com que o comer-ciante seja mais competitivo, que ofereça umproduto mais barato na ponta. Outro tra-balho importante, porém diferente dessesde crescimento de vendas, é o de qualifica-ção de mão-de-obra. Nesses últimos doisanos, a Federação já treinou mais de duasmil pessoas com programas que variam de60 horas até 350 horas de treinamento. Es-tamos entrando agora com o FCDL digi-tal, onde a gente oferece 80 tipos de cursosde ensino à distância. A pessoa entra, se ca-dastra, escolhe seu curso, faz a inscrição eatravés da CDL recebe uma senha e a pes-soa faz seu curso - que varia de 20 até 60 ho-ras - e ainda recebe um certificado pela fe-deração. Há cursos de liderança, de gestão,de comportamento, de informática básica,avançada, entre outros, todos gratuitos.

MUITOS comerciantes locais recla-mam do aumento do mínimo e o aumen-to do custo de sua folha de pagamentode funcionários como algo que vem di-ficultar o crescimento. Você acha queeles têm motivos para preocupação?

A MINHA visão é de que se a medidasó aumentasse para um comerciante ououtro seria sim algo para se preocupar, umdesafio que ele teria de enfrentar e que osconcorrentes não terão. Mas não é o casodo mínimo. O aumento do mínimo vaiter um impacto na folha de todas as lojas etodos vão repassar esse custo maior. As pes-soas também vão ganhar mais e vão poderpagar pelos produtos. Então, no primeiromomento, é uma dificuldade, porém, issoé superado rapidamente. As pessoas esta-rão com poder aquisitivo maior e vão com-prar mais. O que acontece é que uma em-presa muito pequena, para se trabalhar ofi-cializando esse salário, é o impacto dos en-cargos sociais. O problema do salário mí-nimo não é o que se paga ao funcionário,mas quando esse dinheiro não chega na pon-ta, ou seja, os encargos sociais que muitasvezes são mal geridos. Hoje se tem umacarga tributária elevada e quando se aumen-tou cem reais do mínimo, vai aumentar maisde cem nos encargos sociais, que é o di-nheiro que se paga e não volta ao mercado.

A IDEIA de redução do ICMS ou mes-mo de acabar com o pagamento anteci-pado do imposto ainda é uma propostadiscutida e incentivada pelos lojistas?

EXATO, mas não existe nenhuma in-tenção do governo de mexer nesta legis-lação que existe do imposto antecipado,do valor agregado. Não existe nenhumavontade do Estado de mexer nestas taxas.

EM RELAÇÃO ao setor imobiliá-rio também bastante aquecido em 2009,há perspectivas tão positivas ou há umacerta insegurança para 2010?

A GENTE tem uma oportunidade e

uma ameaça. Em 2008 se pregouque a atividade imobiliária entra-ria em crise, mas a gente viu quecomo o mercado interno ainda es-tava com muitos compradores, nãosofreu com essa crise. Sofreramaqueles empreendimentos imobi-liários instalados no RN, mas des-tinados a ser comercializados forado país e estes foram adiados, por-que eram grandes projetos especial-mente no litoral do nosso estado.Já os projetos destinados ao mer-cado interno, estes não sofreram,e sim continuaram. Temos entãouma perspectiva para 2010 bem me-lhor do que 2009, apesar de termi-narmos o ano bem. Se pregava quehaveria demissões na construçãocivil neste ano e na verdade a gen-

te percebe que terminamos o ano preci-sando de mão-de-obra. As empresas cons-trutoras querem contratar pedreiro, car-pinteiro, ferreiro e não estão encontran-do. Agora, melhor ainda será 2010 atépor causa do programa do governo, mi-nha Casa, minha Vida, que só agora nofinal do ano até o início de 2010, a Caixaassina os contratos para aproximadamen-te 20 mil unidades habitacionais entreapartamentos e casas. Outro impacto gran-de que teremos no Estado é ver que, se fi-zermos um cálculo onde colocamos o va-lor médio de 70 a 80 mil reais por cadaunidade dessas, nos próximos doze me-ses teremos pelo menos 20 mil vezes 70mil reais, ou seja, uma grande quantida-de de recursos novos que entrarão no nos-so estado. Sem falar nos demais empreen-dimentos que não estão relacionados aeste público do programa, que são unida-des habitacionais mais baratas ou maiscaras. Mas, há preocupações porque essasmoradias que serão iniciadas precisarãode infraestrutura, ou seja, água, energia,porque elas certamente estarão em áreasque antes não tinham esses serviços e é pre-ciso se pensar nisso. De maneira geral, éimportante lembrar que o Estado tambémconseguiu aprovar 23 projetos de energiaeólica que vão trazer investimentos de bi-lhões de dólares que entram no Estado.Então, o comércio enxerga nessa grandequantidade de recursos que entra no RN,que é mão-de-obra da base que passara areceber um salário melhor e aquele quenão recebia vai ter seu emprego, seguin-do assim, toda uma cadeia produtiva fun-cionando, onde teremos a indústria paraabastecer esse mercado, a mão-de-obra sen-do contratada, e aí todo mundo recebe seudinheiro, compra no mercado, coloca osfilhos para estudar numa escola melhor,adquire sua casa, carro e movimenta todaa economia. Nossa perspectiva é muito po-sitiva.

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A S T R O N O M I A

Lua azul,Lua corde sangue

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No momento da chegada do ano novo os astrônomosobservarão a lua, asegunda vez no mêsem que estará cheia(lua azul) e emalgumas localidadespelo mundo uma cor diferente será provocada por um eclipse

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Os astrônomos encerram o ano de2009, considerado o ano internacionalda Astronomia, de olho nos céus. E nãoé por menos: eles observarão um fenôme-no denominado "Lua azul".

Quem explica sobre isso é o professorAntônio Araújo Sobrinho, presidente daAssociação Norte-rio-grandense de Astro-nomia e ressalta que, apesar do nome, alua não ficará azul no céu.

"Nosso satélite, tal qual os planetas, nãotêm luz própria, eles refletem a luz solarque recebe do Sol. Assim, a luz que recebe-mos de cada planeta, de cada satélite, inclu-sive de nossa companheira - a Lua é indire-tamente a luz do Sol. O fenômeno da Luaazul é algo diferente: trata-se da segundaLua cheia no mês de dezembro", explica.

Ainda conforme o professor, isso ocor-re porque o período de revolução da Luaem torno da Terra é de 29 dias e meio. As-sim sendo é possível que se tivermos umalua cheia no início de mês (dias 1 e 2) te-remos uma nova lua cheia no final do mes-mo mês. "É exatamente isso que observa-remos agora no dia 31, o último dia doAno Internacional da Astronomia vai en-cerrar com a lua cheia", completa.

O professor explica também que, de acor-do com alguns historiadores, o nome "Luaazul" foi criado no século XVI, por algu-mas pessoas que ao observarem a lua, vi-am-na azulada. Outras, no entanto, a per-cebiam cinza. Muitas discussões ocorre-ram até concluir-se que era impossível a luaser azul. Esse fato criou uma espécie de ex-pressão linguística, e "Lua Azul" passou aser sinônimo de algo impossível ou difícil.

"O termo ganhou força principalmen-te nos EUA e algumas frases como 'só mecaso com você se a lua estiver azul' se po-pularizaram rapidamente. Foi com esse sig-nificado de 'nunca' ou 'raro', que o termofoi usado para designar as duas luas cheiasque ocorrem no mesmo mês, uma coisaque não acontece sempre", completa.

LUA COR DE SANGUEMas, não será apenas a segunda lua

cheia do mês. No mesmo dia 31 de de-zembro, outro fenômeno interessanteocorrerá: um eclipse parcial.

"Trata-se de um eclipse lunar, que ocor-re quando a Terra se situa entre o sol e alua. A Terra então bloqueia a luz solarque atingiria lua e esse não será um eclip-se lunar total, ou seja, apenas parte da luaficará totalmente imersa na sombra da Ter-ra. Nesse fenômeno a parte da lua imersana sobra muda drasticamente de cor, exi-bindo uma cor avermelhada", explica oprofessor José Ronaldo Pereira, do De-partamento de Física da Universidade doEstado do Rio Grande do Norte (UERN).

José Ronaldo é mestre e doutor em Fí-sica, com área de concentração em Astro-

física, coordena e orienta os trabalhos deestudantes de graduação, em Astronomiana Universidade.

Segundo ele, o eclipse no último diado ano, 31 de dezembro, terá início às15h52, terminando às 16h52. Mas elanão será visível no Brasil.

"Infelizmente, em Mossoró, no dia 31,a lua nascerá mais ou menos às 17h40. Nes-se momento, ela estará apenas na penum-bra da sombra da Terra e a cor avermelha-da será praticamente imperceptível. So-mente as pessoas situadas na África, Ásiae Oceania verão a lua com uma parte to-talmente vermelha", ressalta.

A explicação para a mudança de cor éque a luz do Sol que atinge o outro ladoda Terra (onde é dia) espalha-se pela atmos-fera terrestre, que contém água e partícu-las sólidas provenientes da poluição.

"Os componentes da luz do Sol que pro-duzem as cores vermelha e laranja, espal-ha-se por toda atmosfera e cobrem total-mente o céu, mesmo do lado onde é noi-te. O céu fica mais ou menos como no al-vorecer e no crepúsculo, onde aparece ver-melho ou alaranjado. Com a lua cheia, to-talmente brilhante, não percebemos bemessa cor do céu, pois o brilho da Lua é mui-

to forte. Mas durante um eclipse, quandohá pouca luz incidindo sobre a lua, perce-bemos a cor avermelhada da atmosfera. Écomo se observássemos parte da lua usan-do óculos vermelhos, onde a atmosferafaz o papel das lentes", completa Ronaldo.

ECLIPSEDe acordo com os professores, em 2010

haverá dois eclipses lunares. O primeiro ocorrerá em 26 de junho

de 2010 e também não será visível em Mos-soró. Já o segundo ocorrerá em 21 de de-zembro e este sim poderá ser visto em Mos-soró a partir das 3h32.

José Ronaldo explica que os eclipsesjá foram importantes para os estudos pa-ra a pesquisa em Astronomia:

"No passado, por exemplo, os eclipsesserviram para determinar a forma da Ter-ra, visto que a sombra da Terra projetadana lua mostrava o formato redondo donosso planeta. Atualmente, os eclipsespodem dizer muito sobre a poluição at-mosférica e estudos são realizados comesse objetivo, utilizando os chamados va-lores de Danjon, uma escala de brilhos quedepende da transparência da atmosfera",completa José Ronaldo.

Professor José Ronaldo, da Uern, explica fenômenos com a lua

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V E R Ã O

O último domingo do ano de 2009 che-gou e é bem provável que a família estejana praia, numa antecipação do que será overaneio em 2010.

O período costuma ser aproveitado de-baixo de muito sol por centenas de mos-soroenses que se mudam para o litoralem busca de descanso.

A chegada do verão também anunciaa vontade que muitos têm de levantar maiscedo, engatar passeios a pé pela praia eexpor o corpo ao sol em busca de um be-lo bronzeado.

De maneira geral os cuidados com aproteção ao sol nesse período acabam emsegundo plano, quando o certo é adotar

medidas que ajudam a conquistar umbronzeado saudável, sem riscos para a pe-le e com efeito mais duradouros.

SOL: ALIADO E VILÃOO sol ao qual todos são expostos des-

de a infância vai ter consequências no fu-turo (10, 15, 20 anos depois). Se a exposi-ção aos raios solares for intensa estes se-rão responsáveis pela pele enrugada, man-chada, envelhecida, que surgirão maisadiante, sem falar no câncer de pele cujonúmero de casos aumenta 8% ao ano.

De acordo com informações da So-ciedade Brasileira de Dermatologia, o cor-po leva 72 horas para sintetizar a melani-

na. Isso significa que até o terceiro dia desol, ninguém fica bronzeado, mas sim quei-mado de sol se exposto com exagero.

O bronze rápido indica que a pele quese expôs ao sol foi agredida e para se de-fender teve que produzir mais melanina.

"Os efeitos da radiação solar podemser agudos e crônicos. Como efeitos agu-dos, pode-se citar as queimaduras, a in-dução de dermatoses e a exacerbação dedoenças preexistentes na pele. Os efeitoscrônicos são o foto-envelhecimento e ocâncer de pele", explica a dermatologistaLiliane Martins.

A especialista explica que as queima-duras solares é um dos fatores de risco

Corpo bronzeado é típicodos dias de veraneio napraia, mas, a cor deveser obtida com proteçãosobre a pele para evitardanos futuros.

Sol, praia e pele: combine semexcessoscombine semexcessos

Não se deve expor o rosto diretamente ao sol sem proteção de um bloqueador

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Jornal de Fato Domingo, 27 de dezembro de 2009 9

Fique atento aos cuidadoscom a pele no verão: O produto adequado:

para o desenvolvimento do câncer de pe-le, uma doença cada dia mais presente, ape-sar dos constantes alertas dos médicos es-pecialistas.

PROTEÇÃO FUNDAMENTALIsso não quer dizer que não seja pos-

sível tomar sol e obter um bronzeado bo-nito. Isso pode ser feito de maneira gra-dual e sem receber os raios solares que maisdanificam a pele.

Uma das dicas mais divulgadas é so-bre o horário para realizar o bronzeamen-

to. A exposição ao sol deve ser evitada nohorário das 11h às 15h30, período em queos raios UVB, prejudiciais à pele, aumen-tam os riscos de danos e de câncer de pe-le, além de problemas de queimadura edesidratação, em casos mais extremos.

A especialista reforça que é muito im-portante adotar cuidados com a pele nes-se período, principalmente o uso de pro-tetor solar. Mas que também é comum ouso de produtos que podem não estar rea-lizando o efeito desejado de proteção nes-se período, de procedência duvidosa, ou

pior, o uso de bronzeadores feitos a par-tir de receitas caseiras.

Para evitar isso é importante escolherum produto em que se possa verificar aqualidade e conferir se eles possuem a au-torização da Agência Nacional de Vigi-lância Sanitária (ANVISA). É recomenda-do ainda o uso de chapéu (aba de 8 cm) eproteção aos olhos, como óculos escuros.Com essas recomendações simples, todospodem tomar sol adequadamente e curtiro verão de uma forma prazerosa, evitan-do problemas de pele imediatos e futuros.

- Usar protetor solar que sejam específicos para otipo de pele, de preferência com o fator de pro-teção acima de 30 ou aquele que for indicado pelodermatologista.

- O protetor deve ser lembrado se a exposição aosol for maior que 15 minutos, mesmo nos horáriospermitidos. Deve ser usado em toda região expostaao sol e nos lábios, protetor labial.

- Evitar exposição solar nos horários entre as 10 e 16h.

- As crianças com menos de 6 meses não devemser expostas ao sol e as maiores devem passar oprotetor 15 minutos antes da exposição e repas-sar a cada 2 horas.

- Protetor solar mesmo em dias nublados é indis-pensável, principalmente nas crianças e adultasde pele mais clara, pois, mesmo que o sol esteja es-condido atrás das nuvens, 70% a 80% dos raios so-lares nocivos ultrapassam essa barreira.

- Evitar excesso de roupas e colocar roupas leves,folgadas e confortáveis, de preferência de algodãoque facilitam a evaporação do suor. O uso do chapéupara proteger o nariz e os lábios é fundamental, poissão as duas regiões mais sensíveis do rosto.

- Sempre hidratar a pele após o banho do chuveiro.

- Ter uma alimentação adequada rica em frutas,verduras e proteínas. Beber muito líquido para re-por as perdas pelo suor como, água pura, água decoco, sucos naturais e chás.

- A prevenção é muito importante para evitar sériosproblemas. Com essas dicas simples todos podemtomar sol adequadamente e curtir o verão de umaforma prazerosa, evitando problemas de pele ime-diatos e futuros, desidratação.

Fator de Proteção - A SBD recomenda fatorde proteção solar (FPS) 30 para os brasilei-ros, porém pessoas brancas e de fácil bron-zeamento podem usar o FPS 50 e 60; já asde peles escuras devem usar no mínimo FPS15. Abaixo veja o tipo ideal para cada pele:

Pele normal - Os produtos em spray são maisresistentes ao contato com a água e o suor.

Pele oleosa - O ideal é que sejam à base degel, pois não possuem álcool e gordura e sãoabsorvidos rapidamente pela pele.

Pele seca - Os FPS em creme já possuem subs-tâncias hidratantes nas suas fórmulas e podemauxiliar na manutenção da pele saudável.

Pele sensível - Os de gel-creme possuem óleosleves e não agridem a pele sendo uma alter-nativa para quem tem uma pele delicada.

Pele desidratada - Em loção, combinam óleo e água e podem evitar que o sol maltrate mais a pele.

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- Não deve dar comida caseira nem leite ou produtos lácteos a cães e gatos;

- A comida dos donos é condimentada e pode muitasvezes dar origem a problemas alérgicos de pele, vômitos intermitentes ou diarréias;

- Se habituar o seu animal a comer restos da sua comida elevai deixar de querer comer a ração que é a alimentação mais

adequada para ele.

- A ração estimula a dentição, melhora o pelo e as fezes dosanimais que ficam mais duras e sem cheiro. A comida humana pro-move o inverso no cão.

- Dando sobras, o dono vai encorajar o seu cão a an-dar constantemente a pedir por comida.

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Não dê restosde comida

A N I M A I S

A recomendação dosveterinários é que as sobrasde comida das festas de finalde ano não devem ser dadaspara os animais domésticos.

Nesta época do ano é comum as pes-soas abusarem na quantidade de comidas,de calorias e de alimentos gordurosos.

Algumas fazem regime o ano todo pa-ra nas ceias extrapolarem. E, infelizmen-te, o mesmo acontece com os animais do-mésticos.

Durante as comemorações, os bichosficam expostos a todo tipo de comida: setem churrasco, eles ganham a gordurinha;se tem jantar, eles ganham o final da ceia.

Os seus presentes são biscoitinhos e pe-tiscos que podem representar um terço dascalorias da dieta diária recomendada.

"Todos os nutrientes que cães e gatosprecisam já estão em suas rações, mas mui-tos donos não sabem disso, e acabam serendendo ao olhar persuasivo do bichi-nho", comenta a veterinária Zilah Braga.

Zilah explica que não é saudável paraos gatos e os cachorros saírem de suas ro-tinas alimentares e a comida "de panela"faz realmente muito mal.

"A comida não tem a quantidade denutrientes necessária para eles. Esse tipode exagero faz mal aos seres humanos etambém aos animais", explica Zilah.

A médica explica que certa vez o do-no levou um cão após uma festa natalinacom sérios problemas.

"Geralmente no Natal se come aves eum dono deu restos de peru para o cão.Um osso ficou atravessado na garganta,passou mal, o osso perfurou o esôfago docão e ele foi submetido a uma cirurgia",lembra ela.

O excesso de comidas e a alteração docardápio do animal causam sérios pro-blemas gástricos e de colesterol, especial-mente devido ao condimento usado napreparação dos pratos e que podem cau-sar também reações alérgicas.

EFEITOS COLATERAISOs sintomas são os mesmos que os

das pessoas: vômitos, diarréia e aumentodo colesterol no sangue.

O bichinho, além de ficar desidrata-do e desnutrido em curto prazo, pode terproblemas no fígado, se mostrar apático.

Uma forma de diagnosticar esse tipode problema de fígado e de colesterol érealizar um exame de sangue, buscandoanalisar os lipídios e para realizá-lo o ani-mal deve ter encaminhamento de um mé-dico veterinário.

A especialista explica e alerta que osproblemas mais graves aparecem depoisdas datas comemorativas. Por este moti-vo é bom se prevenir evitando dar ali-mentos de pessoas para os bichinhos deestimação.

"O proprietário tem de falar a verda-de durante a visita ao veterinário e pelaexperiência, alguns donos se sentem cul-

pados e podem esconder. No entanto, oprincipal histórico no exame são as per-guntas, que conduzirão a um tratamentoideal ao animal", ressalta Zilah Braga.

PRODUTOS DE PETSe os donos quiserem fazer um agra-

do, Zilah lembra que já existem muitos ali-mentos e guloseimas para cães e gatos.

"Existe no mercado até o agrado nata-lino como panetones para cães e gatos, bis-coitos e chocolates especiais. Digo espe-ciais porque o chocolate comum que nóscomemos é extremamente tóxico para cãese não podem ser dados a eles", completa.

Entenda porque não se deve dar restos de comida aos cães e gatos:

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O Estado Novo é lembrado pelas realiza-ções governamentais como o salário míni-mo, a industrialização e a própria figura deVargas. O texto de hoje, da última coluna"um dia na história" do ano, não retrataráesses feitos, mas quem os executou, ou seja,a política varguista de censura e propagan-da implantada pelo Departamento de Im-prensa e Propaganda - DIP.

GETÚLIO VARGAS: O PODER, O SORRISO E A MORDAÇA.No início do processo revolucionário de

1930, Getúlio Vargas e a imprensa rela-cionavam-se amistosamente, boa parte dosgrandes jornais brasileiros apoiou o golpe ou(revolução?) desencadeado por Vargas e o mo-vimento dos "tenentes" na esperança de mo-ralizar o país. Esse "namoro" foi se desfa-zendo à medida que o governo não sinaliza-va a democratização do regime, cujo refle-xo foi visto na revolução paulista de 1932.A partir do Estado Novo (1937-1945) houvederradeiro golpe contra a liberdade de ex-pressão, a censura prévia fora estipulada pe-la constituição de 1937, à imprensa foi atri-buída a marca de serviço de utilidade públi-ca, obrigada, por conseguinte, a publicarcomunicados do governo devidamente en-caminhados pelo DIP.

GÊNESE E ATUAÇÃO DO DIPO DIP nasceu da experiência de outros

órgãos censores e de propaganda governamen-tais criados entre 1931 e 1938. O DIP substi-tuiu o Departamento Nacional de Propagan-da (DPC), criado em 1938. O DIP, oficializa-do pelo decreto presidencial de dezembro de1939, ficou sob responsabilidade de Louri-val Fontes. Esse novo departamento, no en-tanto, detinha funções para além da censura.

O órgão, definido para alguns historia-dores como "superministério", era respon-sável por elaborar, centralizar e orientar apropaganda interna e externa, censurar aimprensa e manifestações artístico-de-sportivas, organizar diversas formas de apa-rições cívicas e coordenar a atuação dos ór-gãos estaduais de censura e propaganda - os"Deips". Internamente, o departamento de-tinha diversos setores responsáveis pela di-

vulgação, radiodifusão, teatro, cinema, turis-mo, diversão e imprensa. Esse tipo de elabo-ração foi inspirado claramente nos regimesditatoriais nazi-fascistas, já que a propagan-da, como se sabe, "é a alma do negócio".

CENSURA E CONTROLE DA IMPRENSAO controle exercido pelo DIP não se re-

sumia a fechar jornais e prender diretoresde redação e jornalistas, a forma de censuraera bem mais elaborada. O departamentocontava com profissionais altamente quali-ficados que repassavam notícias aos jornais,caso o veículo não as reproduzisse o jornalperderia a cota de patrocíniodas empresas estatais, além damatéria-prima para sua comer-cialização, o papel, que era im-portado do Canadá e Finlân-dia pelo DIP e subvencionadoaos jornais, ou seja, o governoexercia controle hegemônicona imprensa, quem fugisse à re-gra era penalizado, como acon-teceu ao jornal "O Estado deSão Paulo", fechado e depoismantido sob intervenção doDIP enquanto seu proprietá-rio, Júlio de Mesquita Filho, ex-ilara-se.

Outra estratégia utilizada eraarregimentação financeira dejornalistas e intelectuais, algoainda comum a certos setoresda imprensa brasileira da atua-lidade. Segundo Joel Silveira,testemunha ocular do perío-do, um autor ganhara 1.500 cru-zeiros na edição de um roman-ce, caso escrevesse 40 páginas deum livro sobre Getúlio Vargaspara o DIP, o mesmo receberia5.000 cruzeiros. Outro exem-plo, a revista "Cultura Política", criada porLourival Fontes, pagava cinco mil cruzeirospara cada colaboração, enquanto o suplemen-to literário do jornal "Diário de Notícias"pagava duzentos cruzeiros. O jornalista regis-trado no DIP era isento de pagamento doimposto de renda. Difícil resistir... Muitosintelectuais, a exemplo de Graciliano Ra-mos e Carlos Drummond de Andrade, nãose submeteram às delícias de ser governista.

PROPAGANDA E DIFUSÃOO Estado entendia ser função do DIP fo-

mentar a educação popular pelos meios mas-sivos, na época o rádio e o cinema. O De-partamento monopolizava a diversão po-pular, mantinha a Rádio Nacional, que reu-nia os maiores nomes do cancioneiro po-pular, realizava concursos de músicas, gran-de sucesso na época, transmitia o programa"A hora do Brasil", hoje chamado "A voz doBrasil", porta-voz da palavra varguista aopovo. O Cinejornal, exibido antes dos fil-mes, mostrava-se eficaz na propaganda doEstado Novo. Até o samba foi "revisto" pe-lo DIP, no lugar da malandragem e boemia,o "bamba" agora era trabalhador fiel e dedi-cado, só faz samba depois do trabalho.

Lá se foram 70 anos de DIP. Que liçõesse podem tirar? Talvez a mais importantedelas seja o respeito à imprensa e à profis-são regulamentada de jornalista, condiçãofundamental ao bom funcionamento doEstado democrático. Apesar do tempo, a som-bra do DIP paira nas mentes de políticos eautoridades, interessadas, sob argumentosdiversos, calar a imprensa ou criar veículosde comunicação mancomunados com gru-pos que mascaram a veracidade dos aconte-cimentos, sem que haja, ao menos, respeitoao leitor.

UM DIA NA HISTÓRIA

C O L U N A

27 de dezembro de 1939 Criação do Departamento de Imprensa e Propaganda - DIP

Lindercy Lins - Prof. do Departamento de História - UERN - Mossoró [email protected]

Jornal de Fato Domingo, 27 de dezembro de 2009 11

O DIP e a escola, cartaz da era Vargas.

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Os ataques terroristas no mundo, a his-tória do Petróleo, a morte de personalida-des da política, a queda do muro de Berlim,os quarenta anos da conquista da Lua pelohomem: todos esses acontecimentos histó-ricos realizados em momentos diferentesforam lembrados de uma maneira muitoespecial, durante mais de cinquenta ediçõesda revista domingo ao longo deste ano, de-vido ao empenho e compromisso de um gru-po de professores do Departamento de His-tória da Universidade do Estado do Rio Gran-de do Norte (UERN).

Os professores Fabiano Mendes, Iza Ré-gis, Lindercy Lins, Marcílio Falcão e Fran-cisco Linhares são os autores dos artigosque trataram da história de uma maneiraleve, interessante e sempre buscando umarelação do passado com o presente nas edi-ções desta Revista. Eles integram um mes-mo grupo de pesquisas em "História do Nor-deste, Sociedade e Cultura" e decidiram aca-tar um desafio de falar de diversos temas dahistória, relembrando as datas mais impor-tantes acompanhadas de uma análise destesacontecimentos. Para isso surgiu a ideia dacoluna "Um Dia na História", que come-çou a ser veiculada em uma página da Re-vista DOMINGO no dia 7 de dezembro de2008, após uma proposta feita pelos profes-sores a editoria do jornal.

"A ideia da coluna começou quandoéramos procurados sempre que a reporta-gem precisava da opinião de um professorde História para as matérias sobre datas e is-so quase sempre acabava no mesmo grupode professores. O JORNAL DE FATO temgrande participação na existência desta co-luna porque levamos a proposta e a edito-ria da revista aceitou nos dar este espaço",explica Fabiano Mendes, que coordenou aprodução de artigos.

De imediato, o grupo de professores di-vidiu o calendário de artigos permitindo umrevezamento da produção a ser publicada ea indicação das datas que tinham de serlembradas. Pode parecer fácil, mas não foi:eles tiveram desafios como ter de adequar otexto ao espaço delimitado para temas his-tóricos extensos, entregar o material emtempo hábil de fechar a edição todas as se-manas e encontrar uma linguagem que nãofosse superficial, mas, que não soasse acadê-mica, ou seja, que agradasse aos leitores.

Nenhum destes, porém tão difícil quan-to à escolha dos temas. O desafio maior foio e de selecionar datas conhecidas e tam-bém que muitas vezes não são lembradasnem pela mídia, mas que se faz importanteque as pessoas recordem.

"Fizemos isso quando lembramos doassassinato do índio Galdino, porque trazuma análise importante e as pessoas preci-sam lembrar. Também fizemos quando lem-bramos o massacre de Eldorado dos Cara-jás, o qual muitos preferem que seja esque-

12 Jornal de Fato Domingo, 27 de dezembro de 2009

C O L A B O R A D O R E S

Eles fizeram a coluna 'Um Dia na História' ao longodo ano de 2009 especialmente para DOMINGO.Agora o trabalho poderá ser transformado em livro. Saiba um pouco mais sobre esse grupo de professores que amam contar História.

Contadores de

histórias

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Jornal de Fato Domingo, 27 de dezembro de 2009 13

cido, mas que são fatos que fazem parte danossa história, além das datas que são con-sagradas e que todos já sabem. Queríamostrazer questões novas para temas não tãonovos e acredito que conseguimos isso", ex-plica a professora Iza Régis.

Além de datas históricas nacionais e mun-diais, a coluna também deu conta de datashistóricas da cidade de Mossoró e com en-foque no Nordeste. Houve também a lem-brança de datas que fazem parte da rotinados historiadores e que são completamentedesconhecidas como a primeira publicaçãosobre a História do Brasil de Frei VicenteSalvador.

DATAS E FATOSEm muitos momentos, a coluna entrou

no clima das reportagens especiais que ga-nharam destaque de capa da Revista, comoos 40 anos da conquista da Lua pelo Ho-mem. Os historiadores fizeram um relatotrazendo outros aspectos da história que nãoconsta em muitos livros e acrescentaram maisconhecimento à matéria.

LIVRO DE ARTIGOSA proposta da coluna era de um ano, mas

a ideia não se acaba por aqui."Estaremos repensando essa participa-

ção que foi ótima para nós, mas, temos umprojeto de transformar os artigos publica-dos em livro. Na nossa área, os livros sobredatas são sempre resumidos e não trazemuma análise dos acontecimentos. Acreditoque será uma publicação diferenciada", res-

bastidoresIZAÍRA THALITA

Nas aulas de história ainda no ensi-no médio aprendi que não podemos en-tender o que se passa no presente semolhar para o nosso passado. Nem todomundo vê na História essa importânciae talvez seja por esse motivo que algunsfatos da política, do comportamento e dasociedade em geral não sejam bem com-preendidos. Sabemos que o passado his-tórico também é facilmente esquecido eé importante que ele seja resgatado porvezes pela mídia, a fim de promover umareflexão sobre essa sociedade de hoje.

É impossível abarcar nas edições de umsuplemento semanal todas as datas impor-tantes da história e ainda dar a esse con-teúdo um caráter instrutivo, educativo ecrítico. Assim, a coluna Um Dia Na His-tória surgiu em meio a uma parceria com

o professor Fabiano Mendes, quearregimentou um grupo de histo-riadores comprometidos em dialo-gar com os leitores da REVISTA

DOMINGO, tão variado quanto os temasabordados numa única edição.

Ao receber a proposta do professorde colaborar semanalmente com a Revis-ta, de imediato consideramos sua viabi-lidade e importância, mas sabíamos queseria um desafio tratar de temas impor-tantes em espaço tão curto, porém ne-cessário ao perfil de quem busca umaleitura dominical.

Agora, a Revista publica a última co-luna deste ano, escrita por Lindercy Lins,pensando que será uma breve despedidae que o projeto possa voltar em 2010, ouainda comemorando a transformação des-tes artigos em livro. Afinal, queremos con-tinuar levando aos leitores material dequalidade e lembrando do passado de umamaneira agradável e reflexiva.

O passado e o presentenas páginas de DOMINGO

• Izaíra Thalita é editora da Revista Domingo

salta o professor Lindercy Lins.O grupo não descarta um retorno da

coluna. "Não nos impede porque serão ou-tras datas, com outros temas certamente mui-

to importantes", completa Fabiano. Comisso, ganham os leitores de DOMINGO, quepoderão compreender melhor o presente ob-servando a nossa própria história.

Doutorando em história so-cial pela USP; Mestre em históriapela UFC; Pesquisa e ensina teo-rias da história, história do Brasil;história da cultura; história e lin-guagens - centrando na área dehistória e literatura.

Saiba um pouco mais sobre os professores/autores da Coluna 'Um Dia na História':

QUEM SÃO ELES?

Fabiano MendesMestre em história pela

UFC; pesquisa e ensinahistória do Brasil - centrandona área de história política.

Lindercy Lins Mestre em história pela

UFC; pesquisa e ensina teo-rias e metodologias dahistória; pesquisa sobre vio-lência e controle social.

Fco. LinharesMestre em história pela

UFC; pesquisa e ensina teo-rias da história; história doBrasil; história geral con-temporânea - centrando nasáreas de história e linguagens- cinema e imprensa.

Iza Regis Mestrando em história

pela UFC; pesquisa e ensinahistória da América, históriado nordeste - centrando nasáreas de memória, oralidade ecultura popular.

Marcílio Falcão

Page 14: Revista Domingo 27 de Dezembro de 2009

superior, editora, livros e mais livros,ensino, pesquisa e extensão foram ob-jetivos alcançados pela professora Amé-rica, ladeando Vingt-un em suas incan-sáveis batalhas.

Cientista social, possuidora de in-vulgar sensibilidade para as causas hu-manas, a professora América dedicouextraordinários esforços em prol daedificação de uma sociedade menos in-flexível e mais letrada.

A ênfase ao processo ensino-apren-dizagem na então Escola Superior deAgricultura de Mossoró fez da profes-sora América grande referência na con-cretização do sonho de Graff, efetiva-do por Vingt-un e Dix-huit, entre ou-tros participantes da épica batalha pe-la criação da escola superior em Mos-soró destinada ao estudo da agricul-tura, com destaque significativo a dosemiárido.

Professora América, notável inte-lectual, integrante de institutos e aca-demias, escreveu diversos livros, bemcomo organizou ou co-organizou di-versos outros, deixa marca indelével

impressa em múltiplas áreas do conhe-cimento. Era interessada, a exemplo deVingt-un, em inúmeros setores cientí-fico-culturais.

Os livros das secas, organizados porAmérica, Vingt-un e Isaura Ester, en-tre outros, tornaram-se referência quan-do se trata de estudo sobre as condi-ções climáticas do semiárido, com des-taque ao problema das estiagens.

O "País de Mossoró" despede-se deoutro anjo de luz, pois mulher guer-reira que simboliza a luta das mulhe-res pela ênfase à construção humanade grande e indiscutível valor mate-rial e espiritual, professora América es-tá entronizada de forma magistral namitologia que agrega importantes fi-guras que fizeram e contribuem paraa solidificação da história de um po-vo heróico.

José Romero Araújo Cardoso égeógrafo e professor do Departamento deGeografia da UERN.

A geografia humana da nação nor-destina fica bem mais pobre com a par-tida da professora América Rosado Ma-ia, pois a história de lutas plantada naterra de Santa Luzia transformou-aem importante mito das plagas herói-cas onde outrora perlustrou valente tri-bo monxoró.

Viúva do professor Vingt-un Rosa-do, coincidentemente encantado em21 de dezembro, há exatos quatro anos,América adotou Mossoró no final dadécada de quarenta do século passa-do, quando desposou o caçula do far-macêutico Jerônimo Rosado.

Protagonizou momentos sublimesda história mossoroense, sobretudo re-ferente à luta pelo triunfo da educa-ção e cultura.

Bibliotecas, instituições de ensino

14 Jornal de Fato Domingo, 27 de dezembro de 2009

CRÔNICA/JOSÉ ROMERO

PROFESSORAAMÉRICA

Page 15: Revista Domingo 27 de Dezembro de 2009

Jornal de Fato Domingo, 27 de dezembro de 2009 15

C U L I N Á R I A

INGREDIENTES

4 ossobucos médios com 3-4 cm de espessura (cercade 1 kg no total)4 colheres (sopa) de farinha de trigo 4 colheres (sopa) de óleo 1 cebola média em pedaços pequenos3 tomates médios sem pele e sem sementes empedaços pequenos1 ramo de tomilho fresco 4 folhas de louro 1.200 ml de cerveja clarasal e pimenta-do-reino a gosto

MODO DE PREPARO

Lave os ossobucos e amarre um barbante de cozinha emvolta de cada um deles. Polvilhe a superfície com a farinhade trigo peneirada com 2 colheres (chá) de sal e reserve.

Coloque o óleo numa panela grande o suficiente para caberos 4 ossobucos e leve ao fogo por 2 minutos. Disponhaos ossobucos e frite por 10 minutos, ou até dourar. Distribuaa cebola, o tomate, o tomilho, o louro, o sal e a pimenta-do-reino. Regue com a cerveja, tampe a panela e cozinheem fogo baixo, sem mexer, por 2 horas, ou até a carneficar macia. No final do cozi¬mento deixe a paneladestampada. Acerte o sal e retire do fogo. Coloque osossobucos nos pratos e cubra com um pouco do molhoda panela. Se preferir, decore com folhas de louro.

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Ossobuco cozido na cerveja

RatatouilleINGREDIENTES

1 pimentão vermelho médio; 1 pimentão verde médio 1 abobrinha italiana média ; 1 cenoura média; 2 tomates médios ; 1berinjela pequena; 1 cebola média; 1/2 xícara (chá) de azeite deoliva ; 1/2 xícara (chá) de ervas frescas picadas (manjericão ecoentro); 100 g de azeitonas verdes; 100 g de azeitonas pretasmédias; sal e pimenta-do-reino moída grosseiramente a gosto

MODO DE PREPARO

Lave os pimentões, parta-os ao meio, elimine as sementes e os filamentosinternos brancos e pique-os em cubos regulares. Corte a abobrinha emcubos médios (semelhante ao tamanho dos pimentões). Raspe a cascada cenoura e corte-a em cubos. Lave os tomates e pique-os em pedaçosmédios. Pique a berinjela e a cebola em pedaços regulares. Coloque aabobrinha, o pimentão, a cenoura e a berinjela numa panela com 2 litrosde água fervente e sal. Deixe no fogo por 4 minutos, ou até ferver novamente.Retire do fogo, escorra a água e passe os legumes por água fria. Reserve.Em outra panela, aqueça o azeite de oliva, junte os vegetais e refogue,salteando de vez em quando, por 5 minutos, ou até ficarem ''al dente''.Adicione as ervas, as azeitonas, o sal e a pimenta-do-reino. Misture comcuidado e retire do fogo. Sirva com massas, feijão-branco ou torradas.

Bolo com doce de leite e chocolateINGREDIENTES

4 ovos 10 colheres (sopa) de açúcar 10 colheres (sopa) de farinha de trigo peneirada 1 colher (sopa) de manteiga 200 g de chocolate meio amargo picado1/2 xícara (chá) de doce de leite cremoso1/2 xícara (chá) de nozes picadas3 colheres (sopa) de calda de chocolate

MODO DE PREPARO

Preaqueça o forno à temperatura média (180ºC). Bata os ovos por 4minutos numa batedeira. Sem parar de bater, junte o açúcar, colher acolher. Misture a farinha de trigo as poucos com delicadeza. Despejenuma assadeira de 20 cm x 30 cm, untada com a manteiga e enfarinhe.Leve ao forno por 15 minutos, ou até a massa ficar firme, mas não deixedourar. Retire o bolo do forno e deixe amornar. Derreta o chocolate embanho-maria. Retire do fogo e misture o doce de leite e as nozes. Corteo bolo em pedaços (se preferir, use um aro), coloque nos pratos edisponha o doce de leite com o chocolate. Regue com calda dechocolate, decore a gosto e sirva em seguida.