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Revista Expansão Acadêmica. Ano 1, n. 1, jul./dez. 2015
1
REVISTA ACADÊMICA ELETRÔNICA
ISSN: 2447-455X
Revista Expansão Acadêmica. Ano 1, n. 1, jul./dez. 2015
2
FACULDADE SÃO FRANCISCO DE JUAZEIRO
Diretor acadêmico/administrativo: Richard Douglas
COLEGIADO DE COMUNICAÇÃO – PUBLICIDADE E PROPAGANDA
Coordenadora: Teresa Leonel
COLEGIADO DE FISIOTERAPIA
Coordenadora: Bruna Angela Antonelli
COLEGIADO DE ADMINISTRAÇÃO
Coordenadora: Giovanna Aléxia Meireles
COLEGIADO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS
Coordenador: Wellington Dantas de Sousa
NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO, PESQUISA E EXTENSÃO – NUPPEX
Coordenadora: Késia Araújo
Supervisor de projetos: Pablo Michel Magalhães
Design gráfico
Ruy de Carvalho Rocha Júnior
Layout para internet
Adão Roniedson Santos Silva
Luécito de Sousa Filho
OBJETIVO DA REVISTA
A revista Expansão Acadêmica possui como objetivo o ideal de fomento à pesquisa acadêmica,
integrando professores e alunos da Faculdade São Francisco de Juazeiro neste processo
científico, divulgando por meio de suas edições os saberes produzidos nesta instituição, bem
como as colaborações advindas dos mais variados espaços acadêmicos do país, oferecendo à
comunidade científica e à sociedade em geral contribuições através dos debates aqui
promovidos.
Revista Expansão Acadêmica. Ano 1, n. 1, jul./dez. 2015
3
Conselho Editorial
Administração - Ciências Contábeis
Prof. Fabio Feitosa da Silva - Especialista
Prof. Hesler Piedade Caffé Filho - Mestrando
Prof. José Adelson Gonçalves de Almeida - Especialista
Prof. Mario Cleone de Souza Junior - Mestre
Prof. Wellington Dantas de Sousa - Mestrando
Prof.ª Erika Jamir - Mestrando
Prof.ª Gabriela Gonçalves - Mestre
Prof. Augusto Jorge - Mestre
Fisioterapia
Prof.ª Bruna Angela Antonelli - Mestre
Prof.ª Caroline Dieder Dalmas de Andrade - Mestre
Prof. Carlos Dornels Freire de Souza - Mestre
Prof.ª Daniela C. Gomes Goncalves e silva - Mestre
Prof. Denilson José de Oliveira - Especialista (Mestrando)
Prof.ª Valéria Mayaly Alves de Oliveira - Mestranda
Prof.ª Roberta Machado – Mestre (Doutoranda)
Prof.ª Paula Telles Vasconcelos - Mestre
Prof. Fabricio Olinda - Mestre
Comunicação
Prof.ª Aline Francisca dos Santos Benevides - Mestranda
Prof. Cecilio Ricardo de Carvalho Bastos - Mestrando
Prof.ª Késia Araújo - Especialista
Prof.ª Teresa Leonel Costa - Mestre
Prof.ª Vera Medeiros - Mestre
Áreas convergentes
Prof.ª Eliene Matos e Silva - Doutora
Prof.ª Jordânia de Cassia de Araújo Costa - Mestre
Prof. Jorge Messias Leal do Nascimento – Mestre (Doutorando)
Prof.ª Maria Aline Rodrigues de Moura – Mestre
Prof.ª Maria da Conceição Araújo Carneiro – Mestre (Doutoranda)
Prof. Pablo Michel Cândido Alves de Magalhães – Mestre
Revista Expansão Acadêmica. Ano 1, n. 1, jul./dez. 2015
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SUMÁRIO
Editorial........................................................................................................................................ 8
DOSSIÊ TEMÁTICO – MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE
COLETA SELETIVA DE RESÍDUOS SÓLIDOS NO MUNICÍPIO DE JUAZEIRO DA
BAHIA: IDENTIFICAÇÃO DO PERFIL DOS CATADORES DE MATERIAL
RECICLÁVEL COM A EDUCAÇÃO E CULTURA DO SEMIÁRIDO NORDESTINO.
..................................................................................................................................................... 10
José Adelson Gonçalves de Almeida
O PERFIL SÓCIO-ECONÔMICO DAS EMPREENDEDORAS DA CIDADE DE
JUAZEIRO- BAHIA ................................................................................................................ 23
Helga Carolina de O dos Santos
Micaelle Eugênia Santos Pinheiro
Wellington Dantas de Sousa
A SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA E OS IMPACTOS AMBIENTAIS – UMA
ANÁLISE A PARTIR DA DIMENSÃO SOCIAL DOS IMPACTOS AMBIENTAIS
..................................................................................................................................................... 44
Ronilson Barboza De Sousa
AS MÍDIAS DIGITAIS E OS SEUS REFLEXOS EM CAMPANHAS DE
CONSCIENTIZAÇÃO EM TEMPOS DE COMPARTILHAMENTO. ........................... 55
Késia Araújo
Pablo Michel Cândido Alves de Magalhães
DESENVOLVIMENTO DE SORGO SACARINO (SORGHUM BICOLOR L.
MOENCH) IRRIGADO COM EFLUENTE SINTÉTICO DE ESTAÇÕES DE
TRATAMENTO DE ESGOTO DOMÉSTICO DE PETROLINA-PE ............................... 66
Kellison Lima Cavalcante
Magnus Dall'Igna Deon
Hélida Karla Philippini da Silva
Revista Expansão Acadêmica. Ano 1, n. 1, jul./dez. 2015
5
O USO DE EFLUENTES DE ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE ESGOTO NA
AGRICULTURA IRRIGADA COMO PRÁTICA MITIGADORA DE IMPACTOS
AMBIENTAIS .......................................................................................................................... 78
Kellison Lima Cavalcante
Rafael Santana Alves
RESUMOS DOS PÔSTERES DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA – CONINTA
SALVE SALVE SÃO FRANCISCO - #UTILIZE #RECICLE #COMPARTILHE .......... 90
Lucas Paulo
Robson Rocha
CAMPANHA SALVE O FUTURO DO VELHO CHICO ................................................... 90
Samuel de Souza Moraes
Oséas Júnior Vieira Gonçalves
Luan Emmanuel Tupiná
#LUTANDOPELOVALE: UMA CAMPANHA EM PROL DO VELHO CHICO ........... 91
Humberto Gessinger
Bianca Brito
Beatriz Costa
Vinícius Rafael
APARELHOS DE FISIOTERAPIA PRODUZIDOS COM MATERIAIS RECICLADO 91
Tamildes Oliveira Mendes de Souza
CAMPANHA: SOMOS O VELHO CHICO ......................................................................... 92
Itala Maiane Lourenço de Souza Andrade
Manoel Alexandre dos Santos Oliveira
Iasmim Batista Lourenço de Souza
ETICA AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE ................................................................ 92
Alisson Soares de Oliveira
João Paulo Soares de Oliveira
João Batista Bento Lopes
OPARA AINDA VIVE ............................................................................................................. 93
Esthon Gomes Feitoza Junior
Ana Paula Andrade Lins Ribeiro
Rayssa Buonaduce
Bruna Cristina Siqueira dos Reis
Stephannie Bispo Buonaduce
Sabrina Souza de Pinho
Brenda Thuany dos Santos Lacerda
Revista Expansão Acadêmica. Ano 1, n. 1, jul./dez. 2015
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A SUSTENTABILIDADE COMO UM MEIO DE PROMOVER A SAÚDE .................... 93
Amanda de Oliveira Paixão
Brena Thais dos passos ribeiro
Jessica Leticia Rodrigues Medrado
Josiane de Sousa Jordão
REVELANDO O VELHO CHICO ........................................................................................ 94
Lara Simone Rosa Fernandes
Larissa Vanessa Dias da Costa
Mikaely Karla Teixeira Monteiro
Gabriel Moura Moraes
Ana D'Avila Evangelista dos Santos Oliveira
Valéria Barbosa Lima
PRESERVAÇÃO – VENDA ESTA IDEIA ........................................................................... 95
Amanda Romana Silva Caldas
Andreia Delmondes De Alencar
Viviane Leal Clemente
A SIMBOLOGIA DO ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE NO OLHAR
DOS INTERNOS DO CENTRO DE ACOLHIMENTO SOCIOEDUCATIVO (CASE) . 95
Helga Carolina de O dos Santos
Micaelle Eugênia Santos Pinheiro
OS MEIOS DE COLETA SELETIVA NO AMBIENTE HOSPITALAR .......................... 96
Jessica Pinheiro dos Santos
Aryane Vallesca Mendonca de Sousa
Wandreya Tainá Freire Gondim
Bruna Tatiane do nascimento pereira
Leonardo Lopes Ramos Marques
Pamella Wanessa de Souza Mangabeira
SER SUSTENTÁVEL É SER SAUDÁVEL ........................................................................... 96
Mariana Coelho Sento-Sé
Slayra Enels Silva Tranquilli
DEGRADAÇÃO AMBIENTAL EM ÁREA URBANA DO MUNICÍPIO DE JUAZEIRO-
BA: REGISTRO FOTOGRÁFICO. ....................................................................................... 97
Cínthia Roxanne Ferreira Silva
CONFECÇÃO DE EQUIPAMENTOS FISIOTERAPÊUTICOS A PARTIR DA
UTILIZAÇÃO DE MATERIAIS RECICLÁVEIS. .............................................................. 97
Cínthia Roxanne Ferreira Silva
OS DESAFIOS DE PROMOVER A SUSTENTABILIDADE NO AMBIENTE DA
SAÚDE, PRIORIZANDO OS ASPECTOS AMBIENTAIS. ............................................... 98
Ádria Caroline De Souza
Ana Caroline Batista Maia
Revista Expansão Acadêmica. Ano 1, n. 1, jul./dez. 2015
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Jamilly Carvalho Santos
Bruno Eugênio de Oliveira Ferreira
A UTILIZAÇÃO DE MATERIAIS RECICLÁVEIS NAS AULAS PRÁTICAS DE
ANATOMIA HUMANA COM O INTUITO DE AJUDAR NO APRENDIZADO E
PRESERVAÇÃO DO MEIO AMBIENTE. ........................................................................... 99
Lorena Brito Macedo Borges
Caroline Dieder Dalmas de Andrade
Lívia Cristina Alves Paiva
Bárbara Araujo Roriz
Suzana de Sousa Santana
A UTILIZAÇÃO DE MATERIAIS RECICLAVEIS NA CONFECÇÃO DA
ARTICULAÇÃO DO OMBRO PARA AS AULAS DE ANATOMIA HUMANA ............ 99
Yure Santos Castro Alves
Giovana Cristine Castro Amorim Lins
Sarah Patricia Alves dos Santos
Renata Mirella Galdencio De Almeida
Thaisla Samy Da Cruz Nascimento Castro
Revista Expansão Acadêmica. Ano 1, n. 1, jul./dez. 2015
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Editorial
Há não muito tempo (três anos, para ser mais exato) foi lançado no meio
acadêmico o livro Flora das caatingas do Rio São Francisco: História natural e
conservação. A empreitada, capitaneada pelo professor José Alves Siqueira da
Universidade Federal do Vale do São Francisco e lançada em versão impressa pela
Andrea Jakobsson Estúdio Editorial em Recife/PE, apresenta em suas quase 600
páginas um retrato completo sobre a caatinga, bioma que é exclusivamente brasileiro.
Auxiliado por cem especialistas que também se debruçaram sobre a problemática,
Siqueira afirma nesta obra que a ação do homem provocou mudanças profundas no
Velho Chico e na vegetação que o circunda, sendo este processo não de duas ou três
décadas atrás, mas uma ação que perdurou os últimos dois séculos. Ao utilizar o recurso
histórico, e nos apresentar ilustrações desenvolvidas pelos naturalistas do século XIX, o
professor sabiamente oferece aos seus leitores a possibilidade de conhecer a caatinga e o
São Francisco com toda a sua potencialidade, antes do processo predatório da ação
humana.
A obra como um todo é mais que obrigatória para todos que, como este que vos
escreve, vivem nesta bela e árida terra. Porém, atento aqui (mais que oportunamente) ao
primeiro capítulo dos 13 que compõem o livro do professor Siqueira: “A extinção
inexorável do Rio São Francisco”. Oportuno, porque tratamos aqui da publicação da
primeira edição da Revista Expansão Acadêmica, com artigos e resumos de
apresentação de iniciação científica com temática voltada ao meio ambiente e
sustentabilidade; e, principalmente, porque vamos apresentar o resultado científico do I
Congresso de Integração Acadêmica, realizado na Faculdade São Francisco de Juazeiro
– FASJ, evento esse que provocou a todos, inclusive àquele que vos escreve estas
linhas, uma série de reflexões e reconstruções de conceitos sobre o meio em que
vivemos (as belas e adustas terras à beira do Velho Chico).
Desta forma, abriremos esta edição com o artigo Coleta seletiva de resíduos
sólidos no município de Juazeiro da Bahia: identificação do perfil dos catadores de
material reciclável com a educação e cultura do Semiárido Nordestino, de autoria do
economista prof. José Adelson Gonçalves de Almeida, que nos presenteia com uma
aguçada análise sobre as potencialidades da coleta seletiva e a perspectiva educacional e
cultural na região são franciscana através desta atividade. Os resultados desta análise
fornecem uma concreta perspectiva diante daquilo que consideramos ser o “lixo”, aquilo
Revista Expansão Acadêmica. Ano 1, n. 1, jul./dez. 2015
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que não mais queremos. Na esteira das reflexões relacionadas à economia, os autores
Helga Carolina de O dos Santos, Micaelle Eugênia Santos Pinheiro e Wellington Dantas
de Sousa apresentam o trabalho O perfil sócio-econômico das empreendedoras da
cidade de Juazeiro- Bahia, onde desenvolvem pesquisa exploratória junto às mulheres
empreendedoras da cidade supracitada e refletem sobre o estilo de administração que
estas imprimem em seus pequenos negócios.
É com o prof. Ronilson Barboza de Sousa que iremos, através do artigo A
sociedade contemporânea e os impactos ambientais – uma análise a partir da dimensão
social dos impactos ambientais, compreender como o processo de degradação ambiental
possui uma dimensão muito maior, englobando consequências sociais quase que
irreversíveis na sociedade contemporânea. Consequências estas que também atingem as
mídias digitais, uma vez que esta é a sociedade conectada 24 horas por dia. Sobre mais
este aspecto da questão ambiental, a prof. Késia Araújo, em conjunto com este que vos
escreve, contribui com o artigo As mídias digitais e os seus reflexos em campanhas de
conscientização em tempos de compartilhamento, experiência docente que buscou
utilizar o discurso publicitário na criação de campanhas de preservação do meio
ambiente com alunos do curso de Comunicação Social – Publicidade e Propaganda da
FASJ.
Contamos também com dois artigos voltados para uma análise biológica aplicada,
no tocante à preservação ambiental, fornecendo uma alternativa à questão do esgoto e
seu tratamento, reduzindo os impactos por ele causados. São eles Desenvolvimento de
sorgo sacarino (sorghum bicolor l. Moench) irrigado com efluente sintético de estações
de tratamento de esgoto doméstico de Petrolina-PE, dos autores Kellison Lima
Cavalcante, Magnus Dall'Igna Deon e Hélida Karla Philippini da Silva; e O uso de
efluentes de estações de tratamento de esgoto na agricultura irrigada como prática
mitigadora de impactos ambientais, parceria dos pesquisadores Kellison Lima
Cavalcante e Rafael Santana Alves.
Assim, sem mais prolongamentos, convido você caro(a) leitor(a), em nome da
equipe de edição da Revista Expansão Acadêmica, a percorrer as páginas desta nossa
primeira edição, pensada, trabalhada e apresentada com bastante esmero e muita
determinação.
Boa leitura,
Prof. Ms. Pablo Michel Magalhães
Revista Expansão Acadêmica. Ano 1, n. 1, jul./dez. 2015
10
Coleta seletiva de resíduos sólidos no município de Juazeiro da Bahia:
identificação do perfil dos catadores de material reciclável com a educação
e cultura do semiárido Nordestino
José Adelson Gonçalves de Almeida 1
Resumo
Os movimentos produtivos de bens e serviços no Brasil após a urbanização e o crescimento
econômico exercem um papel extremamente positivo para a economia de mercado. Contudo,
a inovação tecnológica, força motriz do capitalismo, reduz o tempo da utilidade dos bens
produzidos, “lei dos rendimentos decrescentes” e, institui, por conseguinte aumento do
consumo e dos resíduos advindos deste. Este artigo mostra a coleta seletiva de resíduos
sólidos no município de Juazeiro-BA. Apresenta a casta da sociedade brasileira que busca a
sobrevivência na coleta de lixo. Procura identificar e traçar o perfil dos catadores de material
reciclável, com a educação e cultura estatizada no semiárido nordestino. A pesquisa
caracteriza-se como bibliográfica, quantitativa, descritiva, exploratória, e estudo de caso,
realizada no referido município que tem, atualmente, 216 mil habitantes. Colaboraram com o
trabalho de forma voluntária, 18 (dezoito) catadores de material reciclável de uma cooperativa
local, que atuam nas ruas da cidade. As informações foram coletadas através de questionários
que identificam as condições sociodemográficas dos catadores. O resultado deste artigo pode
induzir os gestores públicos a reflexões e ações sobre a projeção desses trabalhadores para a
sustentabilidade ambiental, e humanização de suas condições de trabalho.
Palavras-chave: Coleta de resíduos; Catadores; Educação e cultura.
Abstract
The productive movements of goods and services in Brazil after the urbanization and
economic growth play a very positive role to the market economy. However, technological
innovation, driving force of capitalism, reduces the usefulness of the goods produced, "law of
diminishing returns" and establishes, therefore increased consumption and waste from this.
This article shows the selective collection of solid waste in the municipality of Juazeiro-BA.
Presents the variety of Brazilian society that seeks survival in garbage collection. Attempts to
identify and trace the profile of the collectors of recyclable material, with State-controlled
education and culture in the semi-arid Northeast. The research is characterized as quantitative,
descriptive, bibliographical, exploratory, and case study, held in that city that has, currently,
216 thousand inhabitants. Collaborated with the work on a voluntary basis, 18 (eighteen)
collectors of recyclable material of a cooperative, that operate on city streets. The information
was collected through questionnaires that identify socio-demographic conditions of
scavengers. The result of this article can induce public managers to reflections and actions
1 1. José Adelson Gonçalves de Almeida: Economista graduado pela Faculdade de Ciências Aplicadas e Sociais
de Petrolina – FACAPE, Especialista em Gestão de RH pela Universidade de Pernambuco – UPE. Professor da
Faculdade São Francisco de Juazeiro – FASJ. Presidente da Comissão Própria de Avaliação – CPA/FASJ.
Revista Expansão Acadêmica. Ano 1, n. 1, jul./dez. 2015
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about the projection of these workers for environmental sustainability, and humanization of
their working conditions.
Key words: waste collection; Scavengers; Education and culture.
Introdução
O crescimento da produção de bens e serviços, congregado ao aumento demográfico e
urbanização desordenada compõem uma conjuntura, que inseri o Brasil em uma grande crise
socioambiental. A relação produto, consumo cria na economia de mercado uma competição
globalizada, que além de aumentar o uso dos recursos da natureza, favorece o acréscimo da
geração de resíduos sólidos. Segundo (ABRELPE, 2013, p.41), “no Brasil, cada pessoa gera em
média: 1,04 Kg. de resíduos sólidos por dia”. Mesmo com a sanção da Lei Federal 12.305/2010,
que entre outras providencias, prever a redução na geração de resíduos sólidos, a média
produzida em 2013 foi superior ao crescimento da população no mesmo período.
Simultaneamente, cresceu o número de catadores envolvidos com a coleta dos materiais que
podem ser reciclados, principalmente na atividade informal, que representa para o Brasil um
desafio de natureza socioeconômica, pelo considerado numero de trabalhadores excluídos do
mercado de trabalho formal.
Segundo (CONCEIÇÃO, 2003, p.191) “provocada pelo próprio sistema capitalista, a
exclusão social em que se encontram milhões de seres humanos, tem levado à formação, em
todo mundo, de um exercito de pessoas que trabalham e vivem dos recursos provenientes dos
resíduos urbanos”.
A coleta de material reciclável realizada na informalidade expõe os catadores a
extremos riscos para a saúde no exercício laboral, trabalham sem equipamentos de segurança
e dividem os espaços dos lixões com animais, insetos, gases, fumaça, além do mau cheiro.
Atividade que, segundo (CACCIAMALI, 2000, p.153) “Tem a marca transparente da
precarização, pois são vulneráveis, possuem incertezas de renda e de perspectivas futuras”.
Em Juazeiro, após a fundação da Cooperativa de Catadores de Materiais Recicláveis
de Juazeiro – COOPERFITZ, os catadores associados, não mais realizam as coletas em lixões,
entretanto as condições de trabalho ainda são precárias: níveis de escolaridade insuficientes,
para gerar possibilidades de acesso ao mercado de trabalho formal, ausência de apoio mais
efetivo da sociedade e do poder público, carência de equipamentos de proteção individual,
entre outras necessidades. Os resultados da pesquisa de campo realizada através de entrevistas
Revista Expansão Acadêmica. Ano 1, n. 1, jul./dez. 2015
12
com os catadores da COOPERFITZ mostra também, externalidades positivas, já que, não há
presença de crianças envolvidas com a coleta de resíduos sólidos entre os cooperados.
Este trabalho procurou avaliar através das entrevistas, os recursos escolares utilizados
na educação dos catadores de material reciclável, com a finalidade de comparar a partir dos
saberes escolares adquiridos, os motivos que os levaram à exclusão do mercado de trabalho
formal e, a relação destes, com a educação e cultura estatizada no semiárido nordestino.
Resíduos Sólidos Urbanos (RSU): definição e classificação.
O termo “sólido” é bem mais abrangente do que a própria expressão sugere, uma vez
que, apesar de fazer uma referência à palavra “sólidos” os resíduos podem estar nos estados
sólido, liquido e em estado gasoso desde que esteja contido em algum recipiente.
A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) no Art. 3º Inciso XVI
define resíduos sólidos como: material, substância, objeto ou bem
resultante de atividades humanas em sociedade, a cuja destinação final
se procede, se propõe proceder ou se está obrigado a proceder, nos
estados sólido ou semissólido, bem como gases contidos em recipientes
e líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na
rede pública de esgotos ou em corpos d’água, ou exijam para isso
soluções técnicas ou economicamente inviáveis em face da melhor
tecnologia disponível. (Lei Federal 12.305/2010).
A classificação oficial dos resíduos sólidos no Brasil se dá através da mesma Lei
12.305/2010 no seu artigo 13°.
Resíduos sólidos urbanos acumulam: resíduos domiciliares, originários de atividades
domésticas em residências urbanas; resíduos de limpeza urbana, oriundos da varrição, limpeza
de logradouros e vias públicas e outros serviços de limpeza urbana; resíduos de
estabelecimentos comerciais e prestadores de serviços, procedentes das atividades de limpeza
urbana: resíduos dos serviços públicos de saneamento básico; resíduos de serviços de saúde;
resíduos da construção civil: os gerados nas construções, reformas, reparos e demolições de
obras de construção civil, incluídos os resultantes da preparação e escavação de terrenos para
obras civis; resíduos de serviços de transportes: os provenientes de portos, aeroportos,
terminais alfandegários, rodoviários e ferroviários e passagens de fronteira; resíduos
industriais: vindos dos processos produtivos e instalações industriais; resíduos de mineração:
os gerados na atividade de pesquisa, extração ou beneficiamento de minérios.
Gráfico 1 – Participação dos principais materiais no total de RSU
coletados no Brasil em 2012.
Revista Expansão Acadêmica. Ano 1, n. 1, jul./dez. 2015
13
Fonte: ABRELPE 2013.
Geração e coleta dos resíduos sólidos urbanos no Brasil, no Nordeste, na Bahia e no
Município de Juazeiro.
Segundo (IBGE¹ e ABRELPE², 2013, p.28), a geração total de resíduos sólidos
urbanos em 2013 no Brasil foi de 76.387.200 toneladas. Representa um aumento de 4,1%,
índice superior ao crescimento populacional no mesmo período, que foi de 3,7%. Nesse estudo
o IBGE mostra que, entre as quantidades de resíduo sólidos geradas e coletadas, deixaram de
ser recolhidas diariamente mais de 20.000 toneladas no país. A região Nordeste gerou no
período 53.465 toneladas por dia: 22,1% dos resíduos sólidos urbanos produzidos no Brasil
ficou atrás apenas da Região Sudeste com 52,4%. De acordo com a tabela 1, a Bahia apresenta
um percentual significativo da geração de resíduos sólidos urbanos no Nordeste.
Tabela 1 – Geração e coleta de resíduo sólidos urbanos no Estado da Bahia
Resíduos Sólidos Urbanos Coletados
População (Kg/hab./dia) (t/dia/coletada) RSU Gerado (t/dia)
2012 2013 2012 2013 2012 2013 2012 2013
14.175.341 15.044.137 0,759 0,765 10.754 11.506 13.620 14.235
NE 0,958 42,772 53.465
Bahia - 20,1% 26,6%
Fontes: Pesquisa ABRELPE e IBGE 2013.
Nota: Os índices por habitante referentes a 2012 e 2013 foram calculados com base na população total dos
municípios.
A tabela acima mostra que a participação da Bahia na geração de resíduos sólidos
urbanos em 2013 foi de 14.235 toneladas/dia, 26,6% do total produzido no Nordeste. Mesmo
com a maior produção de lixo urbano entre os Estados do Nordeste, a Bahia gera por
habitante / dia apenas 0,765 Kg. 20,1% abaixo da média da Região Nordeste.
Tabela 2 – Geração e coleta de resíduo sólidos urbanos no Município de Juazeiro-BA.
Resíduos Sólidos Urbanos Coletados
51,4%
16,2% 13,5% 13,1%
2,9% 2,9%
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
Matéria
orgânica
Outros Plástico Papel,
papelão e
tetra park
Metais Vidro
Revista Expansão Acadêmica. Ano 1, n. 1, jul./dez. 2015
14
População (Kg/hab./dia) (t/dia/coletada) RSU Gerado (t/dia)
2013 2014 2013 2014 2013 2014 2013 2014
214.748 216.588 0,601 0,600 126 128 129 130
Bahia 11.506 14.235
Juazeiro 1,09% 0,91%
Fontes: Pesquisa ABRELPE e IBGE 2013. Pesquisa de campo SESP 2015.
Nota: Os índices por habitante referentes a 2013 e 2014 foram calculados com base na população total do
Município de Juazeiro-BA.
¹ IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. ² ABRELPE - Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais.
A tabela 2 mostra que os resíduos sólidos urbanos gerados no Município de Juazeiro
em 2013, consoantes à pesquisa, foram de 129 toneladas/dia, porquanto a produção de RSU foi
de 47.085 toneladas no período. Na Bahia no mesmo tempo, o somatório do RSU alcançou:
5.195.775 toneladas, assim sendo, a geração de RSU em Juazeiro comparada com o Estado é
de: 0,91%. A pesquisa mostra que, em Juazeiro a geração de RSU (Kg./hab./dia) é inferior a do
Estado do Maranhão: 0,611 Kg./hab./dia, que é a menor média entre os Estados da Região
Nordeste, externalidades ambientalmente positivas.
Coleta seletiva e destinação final de Resíduos Sólidos Urbanos.
A coleta seletiva de resíduos sólidos urbano nos municípios do Brasil em 2013, ainda é
muito tímida. Segundo pesquisa do (ABRELPE, 2013, p.43) apenas nos municípios das
regiões sudeste e sul, houve um significativo acréscimo das ações direcionadas a coleta
seletiva de RSU. A pesquisa mostra que as iniciativas atingiram: 82,6% e 81,9%
respectivamente nos municípios dessas regiões. A região centro oeste apresenta o pior índice
com apenas 33,8% dos municípios com alguma atividade direcionada a coleta seletiva de RSU,
seguida da região nordeste com 40,4% e região norte com 49,5%. Na média nacional 62,1% dos
municípios brasileiros movimentam-se, em torno da implantação da coleta seletiva.
Tabela 3 – Municípios com iniciativas de coleta seletiva de resíduos sólidos urbanos
Região Norte Nordeste Centro-Oeste Sudeste Sul Brasil
2012 2013 2012 2013 2012 2013 2012 2013 2012 2013 2012 2013
Sim 113 223 678 725 148 158 1.342 1.378 945 975 3.326 3.459
Não 326 227 1.116 1.069 318 309 326 290 243 216 2.239 2.111
Total 450 1.794 467 1.668 1.191 5.570
Fontes: Pesquisa ABRELPE e IBGE 2013.
Revista Expansão Acadêmica. Ano 1, n. 1, jul./dez. 2015
15
A destinação final dos RSU coletados no Brasil. Em 2012, apenas 57,98% dos RSU
apresentaram destinação final adequada, enquanto 42,02% tiveram como destino final, os
lixões e/ou aterros controlados. Em 2013, 58,26% e 41,74% respectivamente. Os dados
mostram que a destinação final dos RSU em aterros sanitários cresceu apenas 0,483%, quando
comparado com o crescimento populacional 3,7% no mesmo período os resultados são
negativos.
Na Bahia, as 5.195.775 toneladas de RSU produzidas em 2013, tiveram como
destinação final: 1.589.907 aterros sanitários, 1.870.479 aterros controlados, destas 47.085
Produzidas no Município de Juazeiro. Para os lixões baianos foram destinadas 1.735.389
Toneladas de RSU no período.
Tabela 4 – Quantidade de Municípios por tipo de destinação adotada – 2013
Destinação final Norte Nordeste Centro-Oeste Sudeste Sul Brasil
Aterro sanitário 92 463 161 817 703 2.226
Aterro controlado 111 504 148 645 367 1.775
Lixão 247 837 158 206 121 1.569
Brasil 450 1.794 467 1.668 1.191 5.570
Fontes: Pesquisa ABRELPE e IBGE 2013.
Empregos diretos gerados na coleta de RSU e no setor de limpeza Urbana – Município
de Juazeiro, Regiões e Brasil.
Segundo a (ABRELPE, 2013, p.32), os empregos gerados na coleta de RSU, incluídos
os serviços de limpeza pública no Brasil em 2013 superou os 332 mil empregos diretos. No
Nordeste foram gerados 86.314 empregos diretos, crescimento em relação a 2012 de 2,93%. O
mercado de limpeza urbana, que sempre movimentou considerável volume de recursos, em
2013 novamente exibiu a sua importância no cenário econômico brasileiro, ultrapassou os 24
bilhões de reais, aumento superior a 6,5% em relação ao período anterior.
Segundo a gerência da coleta de RSU da Secretaria de Serviços Públicos de Juazeiro –
SESP, o Município conta com uma equipe de (86) colaboradores que trabalham na coleta de
RSU e na varrição, limpeza de logradouros e vias públicas, ainda utilizam (08) caminhões
compactadores, que atendem de acordo com o calendário de coleta de RSU, a sede e o interior
do Município. O custo total admitido é: 407.500 reais mensais.
A sobrevivência na coleta de lixo
O mercado de limpeza urbana, segundo as estatísticas mencionadas neste artigo
configura um cenário positivo na geração de emprego e renda, haja vista que o montante gasto
Revista Expansão Acadêmica. Ano 1, n. 1, jul./dez. 2015
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nesse mercado ficou muito próximo de todas as transferências efetivadas para os beneficiários
do “bolsa família” no ano de 2013: 24,5 bilhões de reais. Entretanto faz-se necessário
encontrar explicações, para as distorções que existe entre, este mercado e a atividade informal
dos catadores de RSU. Os catadores agem como agentes ambientais e fazem um trabalho de
utilidade pública, desobstruindo os espaços públicos das cidades, através da coleta de material
reciclável que são descartados, e poderiam ocupar mais espaços nos aterros sanitários, aterros
controlados ou lixões. Esses materiais são coletados, transportados, separados e vendidos
para a indústria de reciclagem, fazendo “logística reversa” exigida de outros agentes da cadeia
produtiva, pelo Programa Nacional de Resíduos Sólidos – PNRS.
Segundo (BENVINDO, 2010, p. 71) “os catadores, por meio de sua atividade cotidiana,
transformam o lixo (algo considerado inútil a princípio) em mercadoria outra vez (algo útil,
dotado de valor de uso e de valor de troca)”. Essa atividade promove externalidades positivas
reduz o uso dos recursos naturais exauríveis, além de gerar renda para essas famílias.
Entretanto, esses catadores trabalham na informalidade, expostos a riscos e afastados da
inclusão social, haja vista, que não se trata como excluídos, os que nunca foram incluídos.
Os catadores ocupam uma posição marginal na sociedade, com poucas ofertas de
trabalho formal, ancorada a falta de formação escolar, sofrem preconceitos por trabalhar com
lixo, mas, por necessidade adotam à atividade de coleta como oportunidade de trabalho e
garantia de sobrevivência. Mesmo com todos estes entraves, os catadores de materiais
recicláveis vêm procurando se articular coletivamente, com base em diversos modelos
organizacionais a exemplo do cooperativismo. De acordo com estimativa do (IPEA, 2010),
“com base em relatos de gestores públicos e das próprias organizações de catadores, o
percentual de trabalhadores ligados a cooperativas e associações nesse setor está em torno de
apenas 10%.”
O quadro abaixo mostra os caminhos percorridos para a efetivação da logística reversa.
Quadro – 1 Procedimento da logística reversa
Fonte: LEITE, 2012. Elaboração, Autor.
Matéria
prima
Indústria
Centro
distribuidor
Varejo
Consumidor
Pós-venda
Consumidor
Coleta
Consolidação
Retorno
Mercado original
Mercado secund.
Matéria
prima
Desmanche
reciclagem Componentes
secundários
s
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A responsabilidade compartilhada pelo ciclo do produto e a logística reversa são os
pontos de partida para o PNRS atribuir responsabilidades a todos participantes da cadeia
produtiva, o fabricante, os importadores, distribuidores, comerciantes, consumidores e o poder
público responsável pelos serviços de limpeza pública.
O perfil dos catadores de material reciclável, com a educação e cultura estatizada no
semiárido nordestino.
A Cooperativa de Catadores de Materiais Recicláveis de Juazeiro – COOPERFITZ, fundada
em 2012, funcionou inicialmente num galpão no bairro Piranga, imóvel de propriedade da
DIOCESE de Juazeiro. No segundo semestre de 2014 passou a funcionar em um galpão com
100m² cedido pela Secretaria de Serviços Públicos de Juazeiro – SESP, Localizado no Distrito
Industrial, espaço adequado para a separação dos resíduos sólidos recicláveis. A partir da
fundação da cooperativa, os catadores de material reciclável passaram a exercer suas coletas
de maneira organizada, e mais humana. Antes, a coleta era exercida no antigo lixão da cidade,
ambiente inadequado para qualquer atividade laboral.
A pesquisa de campo foi realizada com a finalidade de conhecer o perfil dos catadores
de material reciclável, e mensurar a relação desta atividade com a herança da educação e
cultura estatizada no semiárido nordestino.
Análise dos dados
As variáveis sociodemográficas dos associados da COOPERFITZ foram analisadas
com o objetivo de compreender o perfil dos catadores da cooperativa, a partir de uma relação
entre tópicos mensurados.
Tabela 5 - Principal motivo que levou os entrevistados a trabalhar como catadores
segundo dados sociodemográficos pesquisados na COOPERFITZ - 2015:
Motivo de ser catador
Dados sociodemográficos Necessidade Desempregado Única Outro Total
sem qualificação oportunidade
n (%) n (%) n (%) n (%) n (%)
Gênero Feminino 1 (5,56) -- -- 2 (11,11) -- -- 3 (16,67)
N=18 Masculino 5 (27,77) 3 (16,67) 6 (33,33) 1 (5,56) 15 (83,33)
Cursou Apenas alfabetiz. 5 (27,78) -- -- -- -- -- -- 5 (27,77)
N=18 Fund. Incompleto -- -- 3 (16,67) -- -- -- -- 3 (16,67)
Fund. Completo -- -- -- -- 1 (5,56) 1 (5,56) 2 (11,11)
Médio incompleto 1 (5,56) 1 (5,56) -- -- 1 (5,56) 3 (16,67)
Médio completo -- -- 1 (5,56) -- -- 1 (5,56) 2 (11,11)
Não alfabetizado 2 (11,11) -- -- 1 (5,56) -- -- 3 (16,67)
Idade 19 I--- 35 1 (5,56) 1 (5,56) -- -- 1 (5,56) 3 (16,67)
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36 I--- 45 2 (11,11) 1 (5,56) 2 (11,11) -- -- 5 (27,77)
46 ou mais 3 (16,67) 3 (16,67) 1 (5,56) 3 (16,67) 10 (55,56)
Moradia Própria 2 (11,11) -- -- -- -- 2 (11,11) 4 (22,22)
N=18 Alugada 4 (44,44) 1 (5,56) 1 (5,56) 2 (11,11) 8 (44,44) Outros 3 (16,67) 2 (11,11) 1 (5,56) -- -- 6 (33,34)
Tempo de atuação na coleta
(anos) 0 I--- 3 1 (5,56) 1 (5,56) 2 (11,11) 1 (5,56) 5 (27,77)
N=18 10 ou mais 6 (33,34) 3 (16,67) 1 (5,56) 3 (16,67) 13 (72,23)
Fonte: Pesquisa de campo, 2015. Elaboração, Autor.
O primeiro item da tabela, que identificou o motivo de ser catador mostra que o
percentual de homens associados à COOPERFITZ: 83,3% é bem superior ao das mulheres. A
presença de homens que trabalham com a coleta de resíduos é superior em todo Brasil. As
mulheres representam 31,1% de brasileiros que declararam ao (IBGE, 2013) que são
catadores de resíduos recicláveis, esse percentual oscila muito entre os Estados. No Rio
grande do Norte o percentual chega a apenas 15%, seguido de Roraima com 17%. O Estado
com maior participação percentual de mulheres na coleta é o Amazonas com 40%. Conforme
o resultado da pesquisa na COOPERFITZ a participação das mulheres na coleta em Juazeiro é
de 16,7%.
No quesito escolaridade os dados da pesquisa mostrou um somatório de 44,44% entre
apenas alfabetizados e não alfabetizados, 27,77 e 16,67 respectivamente, ocorrência frequente
no associativismo relacionado às cooperativas de catadores, com maior incidência nos
Estados do Nordeste 34%. A pesquisa revela ainda, que 16,67% tem ensino fundamental
incompleto, 11,11% fundamental completo, apresenta para o ensino médio incompleto e
completo, percentuais idênticos aos do ensino fundamental 16,67% e 11,11% respectivamente.
Segundo (IBGE, 2013) “no Brasil 20,5% dos catadores se declararam analfabetos. Ou seja, são
aqueles que não sabem escrever sequer o próprio nome”. A região Sudeste apresentou o
menor índice de analfabetismo entre os catadores, 13,4%.
Os entrevistados da COOPERFITZ declararam que 55,56% têm 46 anos ou mais de
idade, o fato que chama a atenção nesse item é a relação com a escolaridade, pois 33,34%
destes declararam que foram motivados a trabalhar na coleta de lixo por necessidade, e,
estiveram desempregados graças à falta de qualificação.
Quando se avaliou a situação de moradia, os catadores afirmaram que 77,78% não
possuem casa própria e dentre este 72,23% estão entre os catadores de maior faixa etária e
com maior tempo na atividade da coleta de material reciclável.
Tabela 6 – Resultados econômicos das Atividades da COOPERFITZ:
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Resíduos Sólidos Urbanos Papelão Papel Alumínio Sacolas Metais Vidro Pet
RSU mais coletados 5 ton. 31 ton. 0,038 ton. 0,38 ton. - - 0,013 ton.
RSU mais vendidos 13,68% 84,82% 0,10% 1,04%
Onde são coletados residência 50% comércio 50% indústria 0% outros 0%
Frequência da venda uma vez por mês
Peso do material coletado em Kg 5 ton. 31 ton. 0,038 ton. 0,38 ton. - - 0,013 ton.
Horas de trabalho por dia 10 horas por dia: segunda a sábado
Valor recebido por Kg. em R$ 0,20 0,16 3,00 1,20 10,00 7,50 0,50
Nº de pessoas q. vive da renda 1 a 2 - 50% 3 a 4 - 20% 5 a 6 - 20% mais – 0%
Valor recebido RSU R$ 1.000,00 4.960,00 114,00 456,00 - - 65,00
É suficiente para o sustento da família sim 0% insuficiente 16,7% é pouco 83,3%
Renda média mensal por cooperado R$ 366,39
Fonte: Pesquisa de campo, 2015. Elaboração, Autor.
Os resultados econômicos das atividades dos catadores da COOPERFITZ mostram
que a coleta de material reciclável: 0,94% , ainda é muito tímida diante do quantitativo de
resíduos gerados no município de Juazeiro da Bahia. De acordo com os entrevistados todo
material reciclável é coletado em condomínios residenciais e no comércio da cidade, e
vendido no final de cada mês. Os valores pagos aos cooperados da COOPERFITZ são
inferiores aos pagos pela indústria de reciclagem, pois entre a cooperativa e a indústria
existem os atravessadores que compra dos cooperados e repassam para a indústria.
A renda média dos cooperados e de pouco mais de trezentos e sessenta reais por mês,
valores que os mesmos declaram: 83,3% que é insuficiente, e 16,7% que é pouco para manter
o sustento da sua família.
Considerações finais
Segundo (KRUGMAN; WELLS, 2007, p.477), “o crescimento econômico de longo
prazo é fundamental para muitas das questões econômicas mais urgentes de hoje. Em
particular o crescimento de longo prazo percapita”. Dessa forma as intenções do crescimento
mantido no produto agregado por trabalhador, constituem melhores condições para gerar
maiores salários e mais qualidade de vida. Contudo algumas regiões e países, não crescem
economicamente, permanecem estagnados. Destarte aparecem os entraves que interferem no
crescimento econômico, criam diferenças e impedem o desenvolvimento e prosperidade social
nesses países ou regiões. Porquanto se torna importante mensurar as causas que sancionam
essas desigualdades.
Os catadores de material reciclável, atores envolvidos nesse estudo, representam
nitidamente essas diferenças, e permitiu mostrar nesse artigo, o cenário que trás aspecto
significativo do crescimento econômico desordenado, que prioriza o aumento da produção e
descarta os interesses das castas menos favorecidas, contribuindo para a ampliação do
Revista Expansão Acadêmica. Ano 1, n. 1, jul./dez. 2015
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exército de trabalhadores de reserva. Entretanto, as dificuldades não se resumem nas ações
capitalistas, haja vista, que outras variáveis legitimam e intervêm diretamente para a redução
da inclusão social. Os resultados da pesquisa efetivada na COOPERFITZ identificam a
necessidade de criar uma relação intrínseca entre as variáveis: educação, cultura, qualificação
profissional e tecnologia, conjuntura que possibilita avaliar: o emprego, a renda, as causas e
fragilidades do fator trabalho. Nesse contexto, a prática educacional deve produzir os saberes
necessários, para a inserção do trabalhador no mercado formal de produção. No Brasil, a Lei
de Diretrizes e Bases da Educação “prevê que a educação básica precisa dar condições de o
cidadão progredir no trabalho (Lei n. 9.394, 1996)”, entretanto, não existe sincronia
curricular, num contexto regional, entre: o setor produtivo globalizado e a qualificação da
mão de obra, adequada para cada região do país demandada pelas empresas.
A educação oferecida no Brasil não ocorre de forma contextualizada para formar
trabalhadores capacitados para o mercado de trabalho, que representem a força motriz para o
crescimento e consequente desenvolvimento econômico. Segundo (MARTINS, 2006), “a
contextualização é antes de tudo um problema de descolonização”. Para ele no processo
educativo vigente o currículo se alberga nas ideias preconceituosas baseadas na cultura
europeia capitalista. (MARTINS, 2006, P. 45) “pontua que contextualizar não significa isolar
os conhecimentos e saberes, reduzir a abordagem, nem fixar-se apenas ao local, à sala de aula
etc. Ao contrário, é incluir, ampliar”. Portanto contextualizar, não compreende a educação e a
capacitação profissional num currículo padronizado, para todas as regiões brasileiras, e sim
multidisciplinaridade entre os conhecimentos e saberes.
De acordo com (LIMA, 2006, p.39), “os conhecimentos não podem ser construídos
isolados de outras relações que o sujeito faz em seu mundo”. Nesse sentido os conhecimentos
e saberes devem ser contextualizados multiplicando as possibilidades de adequação a regiões
e costumes distintos, proporcionando livre escolha da atividade laboral.
Por fim, os problemas com a sustentabilidade ambiental, trás na sua conjuntura
soluções pragmáticas, haja vista, que os resíduos sólidos podem ser reciclados e reutilizados
na indústria de transformação, sendo assim, reduz o uso de recursos da natureza, gera renda
para as famílias envolvidas e podem custear os projetos de intervenções necessárias para
manter o equilíbrio ambiental. Para tanto se faz necessário à prática legal que concerne o
Plano Nacional de Resíduos Sólidos - PNRS.
REFERENCIAS:
Revista Expansão Acadêmica. Ano 1, n. 1, jul./dez. 2015
21
BENVINDO, Aldo Z. A nomeação no processo de construção do catador como ator
econômico e social. 2010. Dissertação (Mestrado) – Universidade de Brasília, Brasília, 2010.
CACCIAMALI, Maria Cristina. Globalização e processo de informalidade, Economia e
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https://scholar.google.com.br, Acesso em 07 de agosto 2015.
CONCEIÇÃO, Márcio M. Os empresários do lixo: um paradoxo da modernidade: uma
análise interdisciplinar da questão das cooperativas de reciclagem de lixo. Campinas, São
Paulo, Átomo e alínea, 2003.
IBGE. Pesquisa Nacional de Saneamento Básico 2008. Manejo de Resíduos Sólidos. 2008.
2010. 2013. Disponível em: < http://www.ibge. gov.br/home/estatistica/populacao/condicao
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Consuelo; FILHO, José Valverde Machado. Política Nacional, Gestão e Gerenciamento de
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Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (1996). Estabelece as diretrizes e bases da educação
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LIMA, E. S. Educação contextualizada no semiárido: reconstruindo saberes, tecendo
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MARTINS, J. Anotações em torno do conceito de educação para a convivência com o
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O Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2013, 11ª edição do relatório anual da
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O PERFIL SÓCIO-ECONÔMICO DAS EMPREENDEDORAS DA CIDADE DE
JUAZEIRO- BAHIA
Helga Carolina de O. dos Santos1
Micaelle Eugenia Santos Pinheiro2
Wellington Dantas de Sousa3
RESUMO
O Brasil é um país de mulheres empreendedoras, ao empreender a mulher torna-se
agente de mudança cultural e comportamental. O tema empreendedorismo feminino
com foco em empreendedoras que criam e dirigem seu próprio negócio, foi o escolhido
para ser foco desse trabalho, pois representa a oportunidade de discutir e refletir sobre a
importância da mulher empreendedora no desenvolvimento social e econômico da
cidade de Juazeiro, estado da Bahia. Assim, o artigo apresenta como objetivo analisar o
perfil das mulheres empreendedoras do município Juazeiro- BA e sua influência no
sucesso dos micros e pequenas empresas criadas e administradas por elas. O presente
trabalho foi desenvolvido por meio de uma pesquisa exploratória junto às
empreendedoras da cidade de Juazeiro- BA. Como base teve uma amostra de 30
empreendedoras as quais responderam um questionário contendo 10 questões de
multiplica escolha, fundamentadas por pesquisa bibliográfica e coletados por meio de
um estudo de campo. Os principias achados da pesquisa evidenciaram que as mulheres
não apenas são responsáveis pela administração de seus negócios, como empreende na
busca de alternativa de renda, pois ficou evidente através da pesquisa citada que a
mulher baiana responde por uma significante parcela da renda familiar independente de
sua escolaridade.
Palavras - chaves: Empreendedorismo. Mulher. Desenvolvimento.
1. INTRODUÇÃO
Em ascensão no Brasil, o empreendedorismo feminino é visto como um fator de
mudança cultural e comportamental, tornando-se importante para o crescimento
econômico inclusivo. Considerando sua importância não apenas para o Brasil, como
1 Helga Carolina de Oliveira dos Santos (Graduando em Ciências Contábeis na Faculdade São Francisco
de Juazeiro (FASJ), e-mail: [email protected]); 2 Micaelle Eugênia Santos Pinheiro (Graduando em Ciências Contábeis na Faculdade São Francisco de
Juazeiro (FASJ), e-mail: [email protected]); 3 Wellington Dantas de Sousa (Especialista em Docência do Ensino Superior, Coordenador do curso de
Administração e Ciências Contábeis da Faculdade São Francisco de Juazeiro (FASJ), e-mail:
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também para outros países, que tiveram suas economias afetadas pela concorrência
gerada pela abertura de mercado, levando as empresas a competirem em padrões
internacionais, obrigando-as a se adaptarem e buscarem tecnologias de ponta e
reformulação das estruturas organizacionais, exigindo mão de obra altamente
qualificada e acabando com milhares de vagas de trabalhos.
A nova ordem econômica e de trabalho levou desemprego a uma parcela da
população, que viu nesse novo cenário econômico a oportunidade de empreender. Esse
fenômeno foi inspiração para o presente trabalho, que é fruto do conhecimento
construído durante o período na graduação em Administração de Empresa, sempre
associado os conceitos da teoria vivencia profissional, tendo como objetivo verificar,
por meio de estudo de caso, as características no processo de empreender realizados
pelas mulheres da cidade de Juazeiro- Bahia, analisando suas principais dificuldades e
os benefícios sociais e econômicos gerados.
Segundo pesquisa SEBRAE (2004), a capacidade empreendedora, é formada por
atributos como criatividade, perseverança e coragem de assumir riscos no negócio,
tornando-se condição fundamental de sucesso para empresários e seus negócios. No
entanto, essa mesma pesquisa apresenta como pontos dificultadores para a manutenção
do empreendimento, fatores internos aos negócios, como falta de capacidade
empresarial, falta de capital de giro e a logística operacional, e causas externas, como a
conjuntura econômica do país e políticas públicas, como, a falta de crédito bancário.
Este trabalho tem como referencial teórico a pesquisa Global Entrepreneurship
Monitor (GEM), Idealizada pela London Busines Schol, e pelo Bobson College,
realizada em mais de 30 países, sobre o perfil da atividade empreendedora no mundo. A
pesquisa se baseia em dados de amostra de 197 mil adultos (entre 18 a 64 anos) e mais
de 3 mil especialistas de 70 economias, incluindo o Brasil, o que representa 75% da
população e 90% do PIB mundial.
Concluindo que a ambiência voltada para o desenvolvimento do
empreendedorismo depende de apoio financeiro, políticos governamentais, educação e
treinamento, pesquisa e desenvolvimento (transferência de tecnologia), infra-instrutora
comercial e profissional, abertura de mercado, acesso a infra-estrutura física, normas
culturais e sociais, capacidade para empreender, clima econômico, característica da
força de trabalho, composição da população, contexto político, institucional e social.
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Segundo pesquisa GEM, o Brasil tem ostentado altas taxas de atividades
empreendedoras e, com isso, se posiciona entre os países mais empreendedores no
universo pesquisado.
Isso leva a refletir sobre o papel da mulher baiana empreendedora em sua família
e os reflexos de sua atividade na economia da cidade de Juazeiro, analisando os motivos
que as levaram a abrir seus negócios. Diante desse contexto, questiona-se: qual o perfil
socioeconômico das empreendedoras da cidade de Juazeiro-BA. Desse modo, o objetivo
do presente trabalho é desenvolver um estudo para evidenciar o papel das
empreendedoras baianas frente às famílias e sociedade.
O estudo aborda como metodologia a pesquisa bibliográfica e de campo, com
aplicação de questionários de múltipla escolha. A pesquisa bibliográfica é desenvolvida
com suporte de publicações cientificas já existentes (GIL, 2002). A pesquisa de campo
procura o aproveitamento de uma realidade específica pela qual serão coletados os
dados.
Justifica-se a pesquisa em um momento em que a mulher tem ocupado cada vez
mais seu espaço econômico e social no ambiente em que está inserida, além disso, o
pujante desenvolvimento econômico nos últimos anos no município de Juazeiro-Bahia.
A pesquisa está dividida em seções, inicia-se com está introdução, seguida da
fundamentação teórica, da metodologia utilizada no estudo, da descrição e da análise
dos dados, por fim, são postas as considerações finais.
2. DESENVOLVIMENTO DO TEMA
2.1 CONTEXTOS DO EMPREENDEDORISMO
O mundo tem passado por varias transformações proporcionado por invenções
que mudaram o estilo de vida das pessoas. Por trás destas invenções estão pessoas
visionárias, que questionam, arriscam, apaixonadas pelo que fazem, fazendo acontecer e
empreendendo (Dornelas, 2008). Os empreendedores estão revolucionando o mundo
com uma velocidade nunca vista e para manter ritmo é necessário que a economia e os
meios de produção se sofistiquem, de forma que hoje existe a necessidade de se
formalizarem conhecimentos, que eram apenas obtidos empiricamente no passado.
Revista Expansão Acadêmica. Ano 1, n. 1, jul./dez. 2015
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A ênfase em empreendedorismo surge muito mais como
conseqüência das mudanças tecnológicas e sua rapidez, e não
apenas um modismo. A competição na economia também força
novos empresários a adotar paradigmas diferentes. Por isso o
momento atual pode ser chamado de a era do empreendedorismo,
pois são os empreendedores que estão eliminando barreiras
comerciais e culturais, encurtando distancia, globalizando e
renovando os conceitos econômicos, criando novas relações de
trabalho e novos empregos, quebrando paradigmas diferentes
(DORNELAS, 2008, p. 6).
O quadro abaixo demonstra algumas criações que revolucionaram o mundo e o
modo de vida. O empreendedor é capaz de mudar a ordem no mundo com suas
invenções, transformando economia e tornando necessário formalizar conhecimento.
Quadro 1 Algumas invenções e conquistas do século XX
1930 Avião motorizado
1915 Teoria geral da relatividade de Einstein
1923 Aparelho televisor
1928 Penicilina
1937 Náilon
1943 Computador
1945 Bomba atônica
Fonte: DORNELAS, José Carlos Assis. Empreendedorismo: transformando idéias em
negócios. Rio de Janeiro: Campus, 2008.p.6
Como demonstra o quadro acima o momento atual pode ser chamado de era do
empreendedorismo. Dornelas, 2008 afirma que são os empreendedores que estão
eliminando as barreiras comerciais e culturais, encurtando distancias, globalizando e
renovam os conceitos econômicos, criando novas relações de trabalho e novos
1947 Descoberta da estrutura do DNA abre caminho para a engenharia
genética
1957 Sputnik, o primeiro satélite
1958 Laser
1961 O homem vai ao espaço
1967 Transplante de coração
1969 O homem chega á Lua; início da Internet, Boeing 747
1970 Microprocessador
1989 World Wide Web
1993 Clonagem de embriões humanos
1997 Primeiro animal clonado: a ovelha Dolly
2000 Seqüencia do genoma humano
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empregos, quebrando paradigmas e gerando riquezas para a sociedade com suas
criações.
Os empreendedores inovam não apenas pela identificação de
formas de usar as invenções, mas também pela introdução de novos
meios de produção, novos produtos e novas formas de organização.
Essas inovações precisam de tanta ousadia e habilidade como o
processo de invenção. O empreendedor promove a “distribuição
criativa”, tornando obsoletos os recursos existentes e necessários a
sua renovação. A questão não é a forma como o capitalismo
administra as estruturas existentes, mas como as cria e as destrói. A
“distribuição criativa” é a causa do programa e do contínuo
aprimoramento do padrão de vida coletividade (SCHUMPETER,
1961, p.15).
Diante da referência do Professor Bolson (2003), observa-se que o empreendedor
é responsável por grandes mudanças da historia do progresso da humanidade, então
segundo o mesmo o empreendedor é o revolucionário, é aquele que detecta uma
oportunidade e cria um negócio para capitalizar sobre ela, assumindo riscos calculados.
Nos estudos sobre o empreendedorismo do professor encontram-se os seguintes
aspectos referentes ao empreendedor:
1. Tem iniciativa de criar um novo negócio e paixão pelo que faz.
2. Utiliza os recursos disponíveis de forma criativa, transformando o ambiente
social e econômico onde vive.
3. Aceita assumir os riscos calculados e a possibilidade de fracassar.
2.2 CONCEITOS E DEFINIÇÕES
Empreendedor é uma palavra que vem do latim imprendere, que dignifica
“decidir, realizar tarefas difícil e laboriosa” (Dicionário Houaiss da língua portuguesa),
“colocar em execução” (Dicionário Aurélio). A palavra empreendedorismo é de origem
francesa “entrepreneur” que em sua conotação prática, leva a onde implica atitudes e
idéias, sendo associada a pessoas que tem visão, realizadoras, que mobilizam recursos e
correm risco para iniciar seu próprio negócio, transformando o ambiente que atuam. De
acordo com Joseph Schumpeter (1961, p.20) importante estudioso do
empreendedorismo:
O empreendedor é aquele que destrói a ordem econômica existente
pela introdução de novos produtos e serviços, pela criação de novas
Revista Expansão Acadêmica. Ano 1, n. 1, jul./dez. 2015
28
formas de organização ou pela exploração de novos recursos e
materiais.
O empreendedor é aquele que cria um equilíbrio, encontrado uma posição clara
e positiva em um ambiente de caos e turbulento, ou seja, identifica oportunidade na
ordem presente. (Kiezner, 1973)
Porém são enfáticos em afirmar que o empreendedor é um exímio identificador
de oportunidades, sendo um individuo curioso e atento as informações, pois sabe que
suas chances melhoram quando seu conhecimento aumenta.
O estudo de Kirzner (1973) assegura que o empreendedor é uma pessoa com
criatividade e capaz de fazer sucesso com inovações, pois ele é um indivíduo inovador
que decide colocar em prática novas combinações dos fatores de produção, abrindo
novos mercados e revolucionando os métodos de produção.
Buscando entender o comportamento empreendedor, Peter Drucker (1973),
conclui que o empreendedor cria um equilíbrio, encontrando uma posição clara e
positiva em um ambiente de caos e turbulência, ou seja, identifica oportunidades na
ordem presente.
Afirmando que o empreendedor é aquele que detecta uma oportunidade e cria
um negócio, assumido riscos calculados, sendo responsável pelo processo de criação ou
adaptação das empresas, sempre atendo ao mercado e inovando, tornando-se agente de
transformação econômico e social.
Ainda segundo Drucker (1973), o comportamento empreendedor e o
envolvimento das pessoas no processo de criação de algo novo, de valor, com
comprometimento de tempo e esforço necessário para a criação e desenvolvimento da
empresa, é possuidor do chamado espírito empreendedor.
Segundo Maximiano (2006), grande estudioso do empreendedorismo atual, a
idéia de um espírito empreendedor está de fato associada a pessoas realizadoras, que
mobilizam recursos e correm riscos para iniciar organizações de negócios, o autor
afirmando que:
Mesmo que o empreendedorismo tenha merecido maior destaque
somente nos últimos vinte anos, o espírito empreendedor sempre
esteve presente na historia da humanidade, fazendo com que a
cultura empreendedora, cada vez mais, se enraizasse na civilização.
No atual contexto de desafios e incertezas o desenvolvimento das
Revista Expansão Acadêmica. Ano 1, n. 1, jul./dez. 2015
29
organizações e, até mesmo, sua sobrevivência depende, em grande
parte, de indivíduos que conseguem identificar novas
oportunidades de negócios através de um processo visionário.
Depende, também de que estes indivíduos saibam combinar
recursos e habilidades de forma inovadora, para a concretização de
idéia e conduzir, de forma eficaz, o empreendimento, objetivando o
relacionamento amistoso entre empresa, seus membros e os
mercados (MAXIMIANO, 2006.p.40).
Diante dos conceitos dos autores citados, pode-se deduzir que ser empreendedor
é ser criativo e ao mesmo tempo prático, característica essencial para um gestor que visa
o nascimento, crescimento e sobrevivência de uma empresa, independente do ramo de
atuação em um mercado cada dia mais competitivo, pois a presença do espírito
empreendedor é condição comum para a criação e desenvolvimento de novos negócios.
Neste sentido, os autores tem se dedicado ao estudo sobre o empreendedorismo,
verifica-se a presença do empreendedor, como agente de transformação desde a
revolução industrial, no final do século XVIII, motivando estudiosos sociais a
desenvolverem teorias e conceitos que possa definir o empreendedor e o ato de
empreender, como ressalta Shumpeter,1949;Fiion 1991; Albagli Neto, 1998; Bolso
2003; Chiavenato, 2007; Doenelas, 2008, como pode ser visto no quadro abaixo.
Quadro 2 - Conceitos e entendimentos sobre empreendedor:
AUTOR CONCEITO/ DEFINIÇÃO
Joseph Alois
Schumpeter
(1949)
O empreendedor é aquele que destrói a ordem econômica
existente pela introdução de novos produtos e serviços, pela
criação de novas formas de organizações ou pela exploração de
novos recursos e materiais.
Louis Jacques Filion
(1991)
O empreendedor e aquele que cria um equilíbrio, encontra uma
posição clara e positiva em um ambiente de caos e turbulência,
ou seja, identifica oportunidade na ordem presente, é um
exímio identificador de oportunidades, sendo um individuo
curioso e atento ás informações, pois sabe suas chances
melhoram quando seu conhecimento aumenta.
Isaac Albagli Neto
(1998)
O empreendedor é quem e namora com a idéia dá o primeiro
empurrão no negócio, implementa-o e acompanha -o até
adquirir vida própria. Ele identifica-se emocionalmente e de
modo umbilical com a empresa, concentrando mais a sua
atenção durante as fases de nascimento e pré-infância.
Eder Luiz Bolso
(2003)
O conceito de empreendedor não serve apenas para pessoas que
quebram paradigmas, inovam ou revolucionam. Ele se aplica
também a qualquer pessoa que assume riscos e tenta adicionar
Revista Expansão Acadêmica. Ano 1, n. 1, jul./dez. 2015
30
valor a um negócio.
Idalberto Chiavenato
(2007)
O empreendedor é a pessoa que consegue fazer as coisas
acontecerem, pois é dotado de sensibilidade financeira e
capacidade de identificar oportunidades para o negócio, tino
José Carlos Assis Dornelas
(2008)
O empreendedor é a pessoas que possui tem iniciativa para
criar um novo negócio, tendo paixão pelo o que faz, utilizando
recursos disponíveis de forma criativa,transformando o
ambiente social e econômico onde vive, aceitando assumir
riscos calculados e a possibilidade de fracassar.
FONTE: Elaboração Própria (2014)
2.3 EMPREENDEDORISMOS NO BRASIL
O surgimento dos primeiros empreendedores no Brasil foi devido a uma abertura
maior da economia na década de 90. Porém esses novos empreendedores não detinham
de conhecimentos suficientes para administrar seus negócios (SEBRAE, 2005.p 28).
Fernando Dolabela em seu livro Oficina do Empreendedor (2008), conclui
No Brasil, pode-se dizer que o empreendedorismo está apenas começando, mas
o resultado já alcançado no ensino indica que estamos no inicio de uma revolução
silenciosa, uma vez que o empreendedorismo é um fenômeno cultural (DOLABELA,
2008, p10).
A compreensão do empreendedorismo no contexto brasileiro depende da
referência à cultura educacional brasileira. Teorizar sobre o empreendedorismo no
contexto brasileiro implica o empenho por formular um saber situado, uma vez que os
empreendedores não agem e reagem de maneira idêntica em todos os lugares (SOUZA
NETO, 2003, p.18).
O movimento do empreendedorismo no Brasil começou a tomar
forma na década de 1990, quando entidades como SEBRAE
(Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) e
Softex (Sociedade Brasileira para Exportação de Software) foram
criadas. Antes disso, praticamente não se falava em
empreendedorismo e em criação de pequenas empresas
(DORNELAS, 2008, p.26).
Foi com base na criação de entidades como o SEBRAE e Softex citadas acima,
que o Brasil teve a real noção da importância das micros e pequenas empresas para a
geração de empregos e desenvolvimento da economia.
Quando 3- evolução do ensino do empreendedorismo no Brasil:
1981 Introdução da disciplina “Novos Negócios” no curso de
Especialização em Administração de Empresa - FGV.
Revista Expansão Acadêmica. Ano 1, n. 1, jul./dez. 2015
31
1984 Introdução da disciplina “Criação de Novos Negócios” no curso de
Graduação em Administração de Empresa - FGV.
1984 Introdução da disciplina empreendedorismo no curso de mestrado,
doutorado e MBA - FGV.
1984 Introdução da disciplina “Criação de Empresa” no curso de
graduação em Administração e Contabilidade - FEA/USP.
1984 Introdução da disciplina “Ensino de Criação de Empresa’’ no curso
de bacharelado em Ciências da Computação - UFRS.
Fonte: Elaboração Própria (2014)
O quadro acima demonstra a evolução do ensino do empreendedorismo no
Brasil segundo Dornelas. Todos os autores estudados são unânimes em afirma que o
sucesso dos negócios está intimamente ligado ao aprimoramento das técnicas de ensino
e programas de desenvolvimento do empreendedorismo aprimorados a partir de 1981,
com a introdução da disciplina “Novos Negócios” no curso de Administração da
Fundação Getulio Vargas e que hoje é uma trilha obrigatória percorrida pelos alunos de
graduação.
Através dos estudos dos grandes mestres citados conclui-se que não basta que
exista motivação para empreender, e necessário que o empreendedor esteja preparado
para isto, ou seja, que conheça formas de análise dos negócios, do mercado e de si
mesmo para conseguir o sucesso com passos firmes e saber colocar a sorte ao seu favor.
1990 Criação do GEPE (Grupo de Estudo da Pequena Empresa) - UFMG
1992 Oferecimento de Worcksshops ministrado pelo professor Louis
Jacques Filion,o qual se transformaram em núcleo de propagação de
seguidores da área - GEPE.
1992 Criação do ENE (Escola de Novos Empreendedores) - UFSC.
1992 Criação do CESAR (Centro de Estudos e Sistemas Avançado do
Recife) - UFPE.
1993 Desenvolvimento de metodologia de ensino de empreendedorismo -
UFMG.
1995 Criação do GEFEI (Centro Empresarial de Formação
Empreendedora de Itajubá) - EFEI.
1995 Criação da Escola de Empreendedores - UNB
1996 Programa Softex- Softtart oferece em mais de 24 estados brasileiro a
disciplina “O Empreendedor de Informática” - UFMG
1997 Projeto Gênese, incubadora universitária
1997 Programa Reune - Rede de Ensino Universitário de
Empreendedorismo no Estado de Minas Gerais.
1998 Programa Reune Brasil - Rede de Ensino universitário de
Empreendedorismo no Brasil.
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32
2.4 CARACTERISTICAS DO EMPREENDEDOR DE SUCESSO
Muitos estudos e pesquisas já foram feitos na tentativa de identificar as
características e personalidade típicas dos empreendedores de sucesso. Em 1960, David
Meclelland, psicólogo da universidade de Harvard, identificou nos empreendedores bem
sucedidos características e habilidades em comum, também denominada por ele como
motivação realizadora.
O individuo portador das condições para empreender saberá
apreender o que for necessário para crias, desenvolver e realizar
sua visão. No empreendedorismo o ser é mais importante do que o
saber: este será conseqüência das características pessoais que
determinam a metodologia de aprendizagem do candidato a
empreendedor (DOLABELA, 1991, p.71)
A seguir estão relacionadas e descritas as principais características e habilidades
em comum em empreendedores de sucesso segundo Bolson Eder, 2003.
Quadro 4 - As principais características do empreendedor de sucesso
Características
Especificações
Necessidades
Aprovação
Independência
Desenvolvimento pessoal
Segurança
Auto-realização
Vinculo
Corre risco calculado
Conhecimento
Aspectos técnicos relacionados
com o negocio
Experiência na área comercial
Escolaridade
Experiência em empresas
Formação complementar
Vivencias em situações novas
Habilidade
Identificação de novas
oportunidades
Valoração de oportunidades e
passamentos criativos
Comunicação persuasiva
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Negociação
Aquisição de informação
Resolução de problemas
Alcançar metas
Motivação e obsessão
Valores
Existência
Estéticos
Intelectual
Morais
Religiosos
Qualidade
Fonte: Principais características do empreendedor. URIARTE, Luiz Ricardo (2000).
Dolabela afirma que o empreendedor tem necessidade que influenciam seu
comportamento. No entanto existem outros traços que variam de acordo com aspecto da
personalidade dos indivíduos e pode vim a ajudar ou não seu empreendimento.
2.5 EMPREENDEDORISMOS FEMININOS
Segundo dados do SEBRAE/ 2014 em cada 100 empreendedor individual 45
são mulheres, formando um batalhão de 45 mil empreendedoras, que se destacam na
área do comercio e serviço, ajudando o Brasil a criar emprego e renda em um mercado
competitivo e exigente, além de ajudar na mudança cultural.
A participação crescente de mulheres brasileiras no mercado de
trabalho é uma mudança social muito notável no país desde os
anos 60. Padrões e uma mudança social mais notável no papel
social da mulher têm passado por mudanças, ou seja,
reformulações de conceitos e atribuições tradicionalmente
instituídos pela sociedade. O trabalho feminino permite que a
mulher possa alcançar sua independência econômica, além de
contribui para o orçamento familiar, complementando a renda
familiar e aumentando suas expectativas de consumo (ROSSINI,
2002).
Ainda segundo o autor o empreendedorismo feminino tem crescido em todo o
mundo nas ultimas décadas. Toda essa evolução certamente está ligada ao aumento do
número de mulheres que investem na educação profissional.
A pesquisa GEM de 2013 demonstra que a mulher é metade dos
empreendedores brasileiros. Em 2012 o IBGE constatou que 51,3% da população
Revista Expansão Acadêmica. Ano 1, n. 1, jul./dez. 2015
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brasileira é constituídas por mulheres. Em um total de 196,9 milhões de pessoas, ou
seja, existem 5,2 milhões a mais de mulheres do que homens no Brasil.
A presença de a mulher estar evoluindo nos pequenos negócios, nas empresas
em segmentos diversificados, o empreendedorismo tem sido uma alternativa para a
presença marcante das mulheres no mercado. Enfrentando desafios as mulheres
ousaram quebrar o paradigma historicamente machista ao assumir uma postura
empreendedora. (ANDREIOLI e BORGES, 2007, p.2).
Segundo Tom Peters (2004), a nova economia vem demandando atributos
femininos, como a capacidade de relacionamento e aprendizado, bem como a intuição
Wever (2003) complementa que a capacidade de realizar múltiplas tarefas e
funções, cuidando de vários assuntos ao mesmo tempo, e ainda, a habilidade de em
desempenhar diferentes papéis nas organizações.
De acordo com esses autores, as mulheres conquistaram seu lugar no mercado de
trabalho e cresceram em diversos segmentos, conseguindo conciliares as atividades
profissionais com as familiares.
3. PROCEDIMENTOS METOLÓGICOS
3.1 TIPOS DE PESQUISA
O presente estudo teve como foco mulheres que conduzem o seu próprio
negócio na cidade de Juazeiro - Bahia. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica, pois
respaldados na literatura pertinente, buscou-se alguns conceitos sobre o tema em foco, o
perfil sócio - econômico das empreendedoras da cidade de Juazeiro - Bahia.
Para Santos (2001), a pesquisa bibliográfica é um levantamento das
características conhecidas, componentes do fato, fenômeno, problema. E normalmente
feita na forma de levantamento ou observação sistemática do fato, fenômeno ou
problemática escolhida.
A pesquisa bibliográfica tem como objetivo primordial a
descrição da característica de uma determinada população ou
fenômeno, e uma das suas características mais significativa está
na utilização de técnicas padronizadas de coletas de dados,
através da observação sistemática (GIL,2002).
Revista Expansão Acadêmica. Ano 1, n. 1, jul./dez. 2015
35
Quanto ao procedimento, são os que se referem á maneira pela qual se conduz o
estudo e, portanto, se obtêm os dados. (BEUREN, 2008). Nesse sentido, Gil (1999)
contribui informando que o elemento primordial para identificar é a coleta de dados.
Neste sentido, o procedimento adotado é o estudo de campo com apoio da
pesquisa bibliográfica, a qual é desenvolvida como base em dados já existente, ou seja,
em artigos e publicações, como exemplos de livros, revistas, teses, sites especializados
da internet.
3.2 INSTRUMENTOS DE PESQUISA
A pesquisa de campo foi realizada junto a 30(trinta) mulheres empreendedoras
que estão a frente de seus negócios localizados no centro da cidade de Juazeiro/BA. A
escolha foi realizada pela atuação enquanto responsável pela criação e gerenciamento de
suas empresas.
3.3 CARACTERIZAÇÃO DO OBJETO DE ESTUDO
Para realizar a pesquisa, população base de estudo foi às mulheres
empreendedoras da cidade de Juazeiro/BA, município situado no norte da Bahia, com
população estimada em 216.588 mil habitantes (IBGE, 2014).
No primeiro momento, o contato realizado in loco, através de visitas, teve por
objeto esclarecer a intenção da pesquisa e que não havia necessidade da empreendedora
se identificar.
O questionário foi formado por 30 (trinta) perguntas de múltipla escolha,
respondido imediato a visita. Para as proprietárias que não quiseram participar da
pesquisa ou não estavam presentes no momento da visita, a reposição foi feita de forma
aleatória simples até atingir a quantidade de questionários para amostra.
3.4 MÉTODOS DE COLETA DE DADOS
Para a coleta de dados, foi aplicado as empreendedoras um questionário
contendo 10 (dez) questões de múltipla escolha. As questões foram formuladas de
forma sistemáticas e lógicas, fazendo com que o pesquisador obtenha respostas precisas,
o que possibilita a tabulação dos dados que fomentam a condição de um raciocínio
lógico.
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36
4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS
O gráfico 1 a seguir evidencia que a maioria as empreendedoras baianas está na
faixa etária de 30 a 33anos, ou seja, 30% das mulheres da amostra possui idade média
de 31,5 anos. Seguindo pelas empreendedoras que estão na faixa etária de 34 a 37 anos
que representa 23,33% da amostra, logo após vem as empreendedoras de faixa etária de
22 a 25 anos, 26 a 29 anos e de 38 anos ou mais, todas representando 10% da amostra.
Com menos representatividade, apenas 6,67% da amostra estão as mulheres de 18 a
21anos.
Pode-se comparar o resultado obtido com a pesquisa realizada pelo SEBRAE
2013 onde se verificou que as idades médias das empreendedoras individuem no Brasil
é de 42,5 anos, ou seja, no estado baiano as empreendedoras são mais jovens do que no
resto do país.
Fonte: dados da pesquisa (2014)
Podem-se classificar as empreendedoras de acordo com o seu nível de
escolaridade, contata-se no gráfico abaixo que 50% das entrevistadas possuem nível
médio completo ou incompleto e apenas 2% possuem o nível superior completo ou
mais.
7% 10%
10%
30% 23%
20%
Qual a sua faixa etária?
18 anos-21 anos
22 anos-25 anos
26 anos-29 anos
30 anos-33 anos
34 anos-37 anos
38 anos - mais
13%
13%
50%
17%
7%
Qual a sua escolaridade? Ensino FundamentalIncompletoEnsino FundamentalCompletoEnsino Médio Incompletoou CompletoEnsino SuperiorIncompleto
Revista Expansão Acadêmica. Ano 1, n. 1, jul./dez. 2015
37
Fonte: dados da pesquisa (2014)
Quanto ao motivo que as levaram a abrir seu próprio negócio o gráfico 3 mostra
que 53,33% possuía experiência anterior e apenas 20% identificaram oportunidade de
negócio, pois a oportunidade e gerada pala identificação de uma chance de negócio pela
empreendedora as quais a levam a decidem empreender, mesmo possuindo alternativas
de emprego e renda.
Pode-se comparar com a pesquisa GEM 2013 realizada na região Centro- Oeste
e possível verificar uma expressiva diferença no número de empreendedores por
oportunidade, ou seja, 66% dos empreendedores da região Centro - Oeste são por
oportunidade, destes 52,2% são mulheres que empreender por oportunidade e não por
necessidade.
Fonte: dados da pesquisa (2014)
Dentro da amostra de representatividade com relação ao ramo de seu negócio,
composta por 30 mulheres, 10 destas empreendedoras, equivalente a 33,33% da
amostra, possui seus negócios no ramo de serviço; 12 mulheres que representam 40%
da amostra possuem seus negócios no ramo de comercio, 20% indústria e 6,67%
agrícola, nenhuma entrevistada tem negócio no ramo da construção, representada por
0% das respostas.
20%
54%
13%
13% 0%
Que Motivo a levaram a abrir seu próprio negócio? Identificação de uma oportunidade de
negócioExperiência anterior
Desemprego
Insatisfação com a empresa em quetrabalhava
Revista Expansão Acadêmica. Ano 1, n. 1, jul./dez. 2015
38
Fonte: dados da pesquisa (2014)
Dentro da amostra da amostragem de respondente com relação ao tempo de atividade de
seu negócio, composta por 30 empreendedoras, 10 dessas mulheres, equivalente á
33,33% da amostra, abriram seus negócios entre 1 e 2 anos; 20% abriram suas empresas
entre 3 e 4 anos e 30% a mais de 5 anos; a minoria da amostra; 5 mulheres que
representam 16,67% estão a menos de 1 ano no mercado.
Fonte: dados da pesquisa (2014)
Neste gráfico (6) questiona-se a origem do capital utilizado para a abertura do
negócio e dentre um universo de 30 questionários respondidos, 15, ou seja, 50% da
amostra confirmaram que o investimento inicial para a abertura do seu negócio foi
próprio; 4 questionário que representam 13,33% da amostra recorreram a sócios e 20%
a empréstimos com parentes; apenas 16,67%, representados por 5 questionário puderam
contar com o financiamentos de bancos ou financeiras.
36%
43%
21%
Qual o ramo de sua empresa?
Serviço
Comércio
Industria
17%
33% 20%
30%
Seu negócio tem quanto tempo de atividade?
Menos de 1 ano
1 ano - 2 anos
3 anos - 4 anos
mais de 5 anos
Revista Expansão Acadêmica. Ano 1, n. 1, jul./dez. 2015
39
Fonte: dados da pesquisa (2014)
Quando questionada as empreendedoras qual sua responsabilidade na renda
familiar descobriu-se que 46,67% da amostra são responsáveis por 50% a 60% da renda
total da família e 33,33% da amostra são responsável por 90% a 100% do sustento do
lar. Demonstrando a importância do empreendedorismo feminino para o crescimento
socioeconômico das famílias baianas. Segue gráfico a baixo:
Fonte: dados da pesquisa (2014)
Neste gráfico (10), buscaram-se descobrir quais são as características
reconhecidas como sendo do comportamento de cada entrevistada. 100% das
entrevistadas identificaram todas as características listadas em seu comportamento.
Algo descrito na literatura como comportamento empreendedor.
Fonte: dados da pesquisa (2014)
Segundo pesquisa realizada pelo Sebrae do Rio de Janeiro no ano de 2013, há
um total de 5 milhões de empreendedores no Brasil Metropolitano, que empregam, ou
seja, geram empregos diretos com seus negócios, dos quais 37,7% são mulheres que
40%
33%
20%
7%
Quantos empregados sua empresa possui?
Apenas eu trabalho
1 - 2 empregados
3-4 empregados
mais de 5 empregados
0% 0% 0%
47%
20%
33%
Nenhuma10% - 20% da renda familiar30% - 40% da renda familiar50% - 60% da renda familiar70% - 80% da renda familiar
100%
Busca de oportunidade e iniciativa
Comprometimento
Correr risco calculados
Busca de informação
Revista Expansão Acadêmica. Ano 1, n. 1, jul./dez. 2015
40
criam e administram seus próprios negócio. A proporção de mulheres empreendedoras
que empregam em comparação ao total de empreendedores na região Metropolitana do
Rio de Janeiro é de 38,1% é muito próxima a média do Brasil Metropolitano que é de
40%.
Em comparação com a pesquisa realizada na cidade de Juazeiro da Bahia com as
empreendedoras da região Metropolitanas verifica-se que 60% das empreendedoras
baianas possuem empregados, sendo responsável pela geração de empregos diretos,
enquanto apenas 40% as mulheres que empreende na região Metropolitana do Brasil são
responsável pela geração de emprego.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ser empreendedora significa realizar coisas novas, pôr em prática ideias, assumir
riscos e estar presente nas atividades do negócio, não se cansando de observar a
empresa na constante procura de novas oportunidades, sendo importante além do
conhecimento técnico sobre o produto que pretende oferecer o estudo do mercado no
qual pretende atuar.
Tudo isso propicia a formação estratégias que com o apoio das ferramentas de
planejamento e controle possibilita a visão sobre a viabilidade ou não do seu
empreendimento.
O empreendedorismo está associado, também, á capacidade de produção de
riqueza. A riqueza de uma nação é medida por sua capacidade de produzir em
quantidade suficiente os bens e serviços necessários para o bem estar da população.
Por outro lado, o melhor recurso para solucionar problemas socioeconômicos é a
liberdade de criatividade dos empreendedores, por meio da livre iniciativa, para
produção de produtos e serviços.
Esse estudo conclui que a liberdade criativa unida com a necessidade,
conhecimento e habilidades leva a mulher baiana a empreender na busca não apenas da
sua independência financeira ou do sustento da sua família, mais também do
reconhecimento pessoal e profissional.
Revista Expansão Acadêmica. Ano 1, n. 1, jul./dez. 2015
41
O fator condicionante de sucesso para as micros e pequenas empresas criadas e
administrada por mulheres na cidade de Juazeiro-Ba é a criatividade, seguida pelo
aproveitamento da oportunidade de negócio, unida com características pessoais como
liderança, iniciativa, proatividade além do desejo de realização e mudança.
Tudo isso reforça ainda mais o resultado obtido por esta pesquisa, pois reforça
os resultados demonstrados nos gráfico de 1 a 10, estabelecendo uma ligação entre
empreendedorismo feminino e desenvolvimento socioeconômico da cidade de Juazeiro-
Ba.
As mulheres empreendedoras da cidade de Juazeiro transformaram não apenas
suas vidas mais geram emprego e representam uma parcela importante da economia.
Barreiras de preconceitos estão sendo quebradas, as mulheres são responsáveis
por empresas de sucesso, buscam o aprimoramento de suas habilidades e características
empreendedoras e transforma através do empreendedorismo a realidade de muitas
famílias.
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A SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA E OS IMPACTOS AMBIENTAIS – UMA
ANÁLISE A PARTIR DA DIMENSÃO SOCIAL DOS IMPACTOS AMBIENTAIS
Ronilson Barboza de Sousa1
INTRODUÇÃO
O atual estágio de degradação ambiental, principalmente pela gravidade dos
problemas que tem apresentado, pelo risco de destruição da natureza e do próprio ser humano,
tem chamado a atenção e influenciado a mobilização de grupos e organizações,
impulsionando muitas reflexões sobre essa questão.
Há, inegavelmente, uma crise ambiental mundial. De acordo com Lesbaupin (2009), o
uso irracional e desenfreado dos recursos naturais impulsionaram, fortemente, as mudanças
climáticas, aumentando o aquecimento global e acelerando a destruição dos elementos mais
essenciais: a água (pela poluição e desperdício), a terra (pela erosão e pelo envenenamento),
as florestas (pelo desmatamento). Baseou-se na produção de energia de origem fóssil
(petróleo), não renovável e altamente poluente. E não investiu no aproveitamento das energias
renováveis (solar, eólica, sobretudo). Ainda de acordo com o autor, investiu-se na produção
de alimentos carregados de agrotóxicos e transgênicos prejudiciais à saúde humana, ao
ambiente e à agricultura orgânica.
Todavia, apesar dessa dramática realidade, grande parte das reflexões, desenvolvidas
sobre a questão ambiental, são tratadas de forma desconectada do modo de produção
capitalista. Nesse sentido, o objetivo do presente artigo é entrar nesse debate, analisando a
dimensão social dos impactos ambientais, especificamente a relação que se estabelece entre os
impactos socioambientais e o atual estágio de desenvolvimento modo de produção capitalista,
especificamente no campo.
A DIMENSÃO SOCIAL DA QUESTÃO AMBIENTAL: BREVE ANÁLISE DA
RELAÇÃO DE PRODUÇÃO DOMINANTE
Para compreender a ligação que se estabelece entre os impactos socioambientais e o
modo de produção capitalista, avalia-se que é preciso iniciar essa análise pela própria
1 Professor da Faculdade São Francisco de Juazeiro (FASJ). Mestre em Geografia pela Universidade Federal de
Sergipe (UFS) e membro do Grupo de Pesquisa Estado, Capital, Trabalho e as Políticas de Reordenamentos
Territoriais/CNPQ. E-mail: [email protected]
Revista Expansão Acadêmica. Ano 1, n. 1, jul./dez. 2015
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condição de existência desse modo de produção. Nesse processo, o trabalho ocupa uma
posição central, sobretudo a partir de dois aspectos fundamentais: I) para sobreviver, criar e
renovar as condições de sua reprodução, o homem precisa transformar, constantemente, a
natureza pelo trabalho, pelo uso das capacidades físicas e mentais. E, nesse movimento, ao
passo em que transformam a natureza, transformam a si mesmo e a sociedade; II) porque ele é
indispensável à reprodução do capital.
Assim, tendo como base o primeiro aspecto destacado, compreende-se o trabalho, a
partir da análise de Antunes (2009), como “expressão de uma relação metabólica entre o ser
social e a natureza” (p. 139). Todavia - apesar de o trabalho possuir tamanha importância, de
assumir ao mesmo tempo a condição de necessidade vital, produtor, sobretudo, de toda
riqueza social –, a partir do segundo aspecto, observa-se que o contínuo avanço do capital tem
produzido uma enorme massa de trabalhadores expropriados dos meios fundamentais de sua
reprodução, em detrimento da acumulação e da exploração do trabalho. Isso ocorre porque,
Segundo Marx (2005), “o sistema capitalista pressupõe a dissociação entre trabalhadores e a
propriedade dos meios pelos quais realizam trabalho.” (p. 828).
O processo que cria o sistema capitalista consiste apenas no processo que
retira ao trabalhador a propriedade de seus meios de trabalho, um processo
que transforma em capital os meios sociais de subsistência e os de produção
e converte em assalariados os produtores diretos (MARX, 2005, p. 828).
Ao analisar a formação dessa relação, a chamada acumulação primitiva2, Marx (2005)
considera que essa é a condição básica e necessária da existência da produção capitalista. Isto
é, os dois polos do mercado, que têm de confrontar-se: o proprietário de dinheiro, de meios de
produção, empenhado em aumentar a soma de valores que possui, comprando a força de
trabalho alheia; e os “trabalhadores livres”, vendedores da própria força de trabalho.
Só aparece o capital quando o possuidor de meios de produção e de
subsistência encontra o trabalhador livre no mercado vendendo sua força de
trabalho, e esta única condição histórica determina um período da História
da humanidade. O capital anuncia, desde o início, uma nova época no
processo de produção social (MARX, 2011, p. 200).
Os trabalhadores precisam ser “livres”, no sentido de não serem parte direta dos meios
de produção, como o escravo e o servo, e por não serem donos dos meios de produção, como
2 Processo histórico que dissocia o trabalhador dos meios de produção. Considerado primitivo porque
constitui o ponto de partida da acumulação capitalista, a pré-história do capital e do modo de produção
capitalista (MARX, 2005).
Revista Expansão Acadêmica. Ano 1, n. 1, jul./dez. 2015
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o camponês autônomo (MARX, 2005). Os camponeses precisam ser expropriados das
condições fundamentais de sua reprodução (a terra e/ou a autonomia do trabalho) para se
proletarizarem na cidade ou no próprio campo, pois os trabalhadores expropriados dos meios
sociais de subsistência e de produção, para continuarem vivendo, são obrigados a vender a sua
força de trabalho ao capitalista, que agora é quem detém a propriedade desses meios. Marx
(2005, p. 828) ressalta que, “quando a produção capitalista se torna independente, não se
limita a manter essa dissociação, mas a reproduz em escala cada vez maior”.
O capitalista compra a força de trabalho porque ela é a única dentre as mercadorias,
envolvidas no processo de produção, que pode criar mais valor do que a que ela contém, pois
só o trabalho cria valor, cria riqueza, que se mede pelo tempo de trabalho socialmente
necessário à produção de uma determinada mercadoria. Assim, estabelece-se o valor da
mercadoria (MARTINS, 1981).
No entanto, o capitalista paga ao trabalhador, sob a forma de salário, em dinheiro,
apenas o necessário para ele (o trabalhador) se reproduzir na condição de vendedor de sua
força de trabalho, de tal modo que o salário do trabalhador é limitado pelo valor da
mercadoria, mas o valor da mercadoria não é limitado pelo salário do trabalhador (MARX,
2004).
De acordo com Marx (2011), o valor da força de trabalho é determinado, como o de
qualquer outra mercadoria, pelo tempo de trabalho necessário à sua produção e reprodução.
Isto é, para manter-se, o trabalhador necessita de certa soma de meios de subsistência, de tal
modo que, em linhas gerais, o valor da força de trabalho reduz-se ao valor de uma soma de
meios de subsistência necessários a sua produção, a sua manutenção e a sua reprodução sob a
exploração do capital.
O excedente, o trabalho que o capitalista deixa de pagar é a mais-valia, que se realiza
plenamente na circulação/comercialização da mercadoria, sob a forma de lucro para o
capitalista. E o capital, desse modo, é essa relação social de produção, “na qual o proprietário
do meio de produção, ao comprar força de trabalho, extrai mais valia e acumula privadamente
a riqueza socialmente produzida” (IASI, 2012). Marx (2005) explica que o capital não é uma
coisa, mas uma relação social entre pessoas, efetivada por meio de coisas. É uma relação
social de produção.
“Não constituem capital os meios de produção e de subsistência, de propriedade do
produtor direto. Só se tornam capital em condições nas quais sirvam também de meios para
explorar e dominar o trabalhador” (MARX, 2005, p. 882).
Revista Expansão Acadêmica. Ano 1, n. 1, jul./dez. 2015
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Para Marx (2004), essa troca entre o capital e o trabalho é que serve de base à
produção capitalista, ou ao sistema de trabalho assalariado e tem de conduzir, sem cessar, à
constante reprodução do operário como operário e do capitalista como capitalista. Essa é a
condição fundamental do sistema capitalista: transformar os meios sociais de produção em
capital e a força de trabalho em mercadoria para serem envolvidos na relação de troca e
reproduzir em escala crescente a relação capitalista.
A relação capitalista de produção, centrada na propriedade privada dos meios sociais
de produção e no assalariamento da força de trabalho, além de produzirem desigualdades
sociais e a precarização do trabalho, propiciam a alienação dos seres humanos.
Dentro desse contexto, Iasi (2007) explica que, ao viver o trabalho alienado, o ser
humano aliena-se da sua própria relação com a natureza - pois é, por meio do trabalho, que o
ser humano se relaciona com ela, a humaniza e assim pode compreendê-la. “Vivendo relações
em que ele próprio se coisifica, onde o produto de seu trabalho é algo estranho e que não lhe
pertence, a natureza se distancia e se fetichiza.” (p.21).
Assim, segundo o autor, o ser humano aliena-se da própria atividade humana. Pois o
trabalho transforma-se, deixa de ser a ação própria da vida, para se converter num meio de
vida. “Ele trabalha para o outro, contrafeito, o trabalho não gera prazer, é a atividade imposta
que gera sofrimento e aflição. Alienando-se da própria atividade que o humaniza, o ser
humano se aliena de si próprio (auto alienação)” (IASI, 2007, p. 21-22).
Isso nos leva ao terceiro aspecto. Alienando-se de si próprio como ser
humano, tornando-se coisa (o trabalho não me torna um ser humano, mas é
algo que eu vendo para viver), o individuo afasta-se do vínculo que o une à
espécie. Em vez de o trabalho tornar-se o elo do indivíduo com a
humanidade, a produção social da vida, metamorfoseia-se num meio
individual de garantir a própria sobrevivência particular (IASI, 2007, p. 22).
Em linhas gerais, de acordo com Lessa e Tonet (2008), com o desenvolvimento do
capitalismo, a conexão indivíduo-sociedade é rompido (contraditoriamente, em um momento
em que, nos dias atuais, a humanidade está efetivamente integrada numa vida social comum).
A vida social passa a ser marcada pela propriedade privada, e a razão da existência pessoal
deixa de ser a articulação com a vida coletiva, para ser o mero enriquecimento privado. O
dinheiro passa a ser a medida e o critério de avaliação de todos os aspectos da vida humana.
Isto é, de modo geral, ganhar dinheiro se tornou a razão central da vida dos seres humanos, e a
dimensão coletiva, genérica, das suas vidas foi massacrada pelo individualismo que
caracteriza a sociedade capitalista.
Revista Expansão Acadêmica. Ano 1, n. 1, jul./dez. 2015
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O sistema capitalista originou seres humanos que perderam a noção da real dimensão
genérica, social, das suas existências, ficando presos ao horizonte da acumulação do capital. O
objetivo do capital é o lucro, é acumular capital, a qualquer custo. Essa é a razão de ser desse
metabolismo social. A compreensão desse processo é fundamental para entender a dimensão
social da questão ambiental e, nesse sentido, refletir sobre as alternativas apresentadas.
A CRISE E AS ALTERNATIVAS MAIS DIVULGADAS
Há, reconhecidamente, uma crise ambiental mundial, revelada, entre outros fatores,
pela crescente escassez de água e outros recursos naturais, a aceleração do processo de perda
de biodiversidade, mudanças climáticas, entre muitos outros exemplos são claros sinais de
crise (SERRA, 2012). Esses impactos ambientais evidenciados no Brasil e no Mundo
impulsionam, fortemente, reflexões e a apresentação de muitas alternativas para a questão.
A crise que vivenciamos é mais do que uma crise meramente econômica, é uma crise
de sociabilidade, uma crise ecológica. Segundo Mészáros (2009, p. 32) “a questão é que o
capitalismo enfrenta hoje uma profunda crise, impossível de ser negada por mais tempo,
mesmo por seus porta-vozes e beneficiários”. Não se trata, apenas, de uma crise cíclica
convencional, que alguns até tentam explicar como uma “onda longa”. Essa crise supera os
limites historicamente conhecidos das crises cíclicas. Na análise de Mészáros (2003), a crise
estrutural, que se inicia nos anos de 1970, com a mundialização do capital, evidencia os
limites estruturais do sistema do capital e manifesta-se, entre outros aspectos, por meio da
produção destrutiva (com a diminuição da vida útil das mercadorias, a obsolescência
programada, para forçar o consumo de novas mercadorias, potencializando ainda mais o
consumo de matérias primas e energia) e da destruição produtiva, como a prática de guerra,
que é inerente ao imperialismo, abrindo a possibilidade para a reconstrução em condições de
lucratividade em patamares aceitáveis para o capital e no estabelecimento de um complexo
industrial-militar, cujas mercadorias precisam ser substituídas, seja ou não utilizadas; no
desemprego crônico ou desemprego estrutural; na insuficiência crônica da ajuda externa,
referente à intervenção do Estado na economia capitalista, apesar da grande ajuda oferecida;
na destruição ecológica generalizada, observada por toda parte.
De acordo com Serra (2012, p. 139):
A visão de que o futuro poderia estar realmente comprometido
fortaleceu-se a partir da divulgação do “Relatório Nosso Futuro
Revista Expansão Acadêmica. Ano 1, n. 1, jul./dez. 2015
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Comum” da Comissão das Nações Unidas para o Meio Ambiente
(relatório Brundtland), em 1987 (ONU). Esse documento lançou o
conceito de desenvolvimento sustentável, definido como a garantia da
satisfação das necessidades das gerações presentes sem se colocar em
risco a possibilidade de satisfação das necessidades das gerações
futuras. Mesmo sendo ainda um conceito em construção e impreciso,
sua utilização consagra a constatação da necessidade de se prover um
tipo de desenvolvimento que possa resultar na satisfação das
necessidades da humanidade sem colocar em risco a continuidade da
vida na Terra e vem recebendo, desde então, amplo reconhecimento
por parte de entidades da sociedade civil e de governos.
Conforme analisada pelo próprio autor, a maioria das análises que propõe um
desenvolvimento sustentável não leva em consideração o modo de produção dominante, seus
imperativos e o seu atual estágio (destrutivo) de desenvolvimento. Ao contrário, busca uma
solução dentro da ordem do capital, uma harmonização entre a busca incessante de lucro com
a sustentabilidade (conceito formulado em analogia com a ecologia).
Serra (2012) analisa outras soluções são apontadas como alternativas para os
problemas ambientais, como a “educação ambiental”, a “economia verde” e a
“responsabilidade ambiental das empresas”, que são formulações cada vez mais divulgadas e
aceitas socialmente.
A educação ambiental e a responsabilidade ambiental das empresas estão
apoiadas pela concepção de que uma economia verde é possível nos marcos
da produção capitalista. Ambas criam e refletem os discursos que hoje
hegemonizam a sociedade, tanto na percepção dos problemas quando na
escala de abrangência das soluções propostas, em sua grande maioria de
pequeno porte, gerando pouco impacto efetivo. A maior parte das iniciativas
e proposições geradas pelos autores, grupos e entidades – como as ONGs –
que atuam no campo da economia verde, da educação ambiental e da
responsabilidade social das empresas aponta para a possibilidade de se
alcançar a sustentabilidade sem que se altere o modo de produção capitalista,
sem apresentar, em geral, qualquer reflexão ou crítica de fundo aos efeitos
provocados pelo capitalismo ou às relações sociais que o sustentam. Ao
atribuírem ao individuo e suas “escolhas” a responsabilidade pela questão
ambiental, criam uma “falsa consciência”, uma luz que lança trevas sobre a
causa de fundo do problema (SERRA, 2012, p. 142-143).
Em sua maioria, essas propostas são voltadas para a denúncia da degradação e dos
riscos presentes ao ambiente e para a conscientização em favor da sustentabilidade. Suas
posições enfatizam a necessidade de que as escolhas dos consumidores sejam feitas de forma
mais conscientes em relação aos impactos ambientais decorrentes do uso dos produtos, de
ações voluntárias que permitam o enfrentamento do problema ambiental e a divulgação de
Revista Expansão Acadêmica. Ano 1, n. 1, jul./dez. 2015
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informações sobre o tema. São, em geral, proposições em escala reduzida, que partem do
princípio de possível resolver os impactos sócioambientais a partir de pequenas ações, como a
redução do consumo doméstico de água, a opção por produtos recicláveis e outras ações.
A SITUAÇÃO NO CAMPO BRASILEIRO
No caso do campo, especificamente no brasileiro, no período da ditadura (de 1964-
1985), de acordo com a análise de Delgado (2003), houve um aprofundamento das relações
técnicas da agricultura com a indústria e de ambos com o capital internacional. Um processo
de modernização conservadora, isto é: um pacto agrário tecnicamente modernizante e
socialmente conservador, que, simultâneo à integração técnica da indústria com a agricultura,
trouxe ainda para o seu abrigo as oligarquias rurais ligadas à grande propriedade. Esse
processo é caracterizado, de um lado, pela mudança na base técnica de meios de produção
utilizados pela agricultura, materializada na presença crescente de insumos industriais
(fertilizantes, defensivos, corretivos do solo, sementes melhorada e combustíveis líquidos,
etc.), e de máquinas industriais (tratores, colhedeiras, implementos, equipamentos de
irrigação, etc.). De outro lado, ocorre uma integração de grau variável entre a produção
primária de alimentos e matérias-primas e vários ramos industriais (oleaginosos, moinhos,
indústrias de cana e álcool, papel e papelão, fumo, têxtil, bebidas, etc.). Estes blocos de
capital irão constituir mais adiante a chamada estratégia do agronegócio, que vem
crescentemente dominando a política agrícola do Estado.
Como analisa Delgado (2003), o agronegócio, na acepção brasileira do termo, é uma
associação do grande capital com a grande propriedade fundiária. Essa associação realiza uma
estratégia econômica de capital financeiro, perseguindo o lucro e a renda da terra sob
patrocínio de políticas de Estado. Isto é, o agronegócio é uma associação do grande capital
com a grande propriedade fundiária, sob a mediação do Estado, junto ao comércio
internacional.
Também para Campos (2011), o agronegócio deve ser compreendido como uma
complexa articulação de capitais direta e indiretamente vinculados aos processos produtivos
agropecuários, que se consolida no contexto neoliberal sob a hegemonia de grupos
multinacionais e que, em aliança com o latifúndio e o Estado, tem transformado o interior do
país em um locus privilegiado de acumulação capitalista, produzindo e intensificando
desigualdades sociais. O agronegócio envolve uma ampla articulação de capitais, sob o
Revista Expansão Acadêmica. Ano 1, n. 1, jul./dez. 2015
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controle de grupos econômicos multinacionais e cuja maximização de lucros é viabilizada, de
um lado, por se inserir em um contexto de mundialização do capital em forma “neoliberal”,
em que os capitais têm ampla liberdade de circulação, em que ocorre uma rápida difusão de
informações, técnicas e tecnologias e, simultaneamente, uma intensa precarização do trabalho
em todos os países capitalistas. Por outro lado, o agronegócio se viabiliza por meio da
apropriação dos espaços nos Estados para garantir recursos e condições políticas e jurídicas
favoráveis às suas atividades.
Nesse contexto, investiu-se na produção de alimentos carregados de agrotóxicos e
transgênicos, altamente prejudiciais à saúde humana, ao ambiente e à agricultura orgânica.
Portanto, o fato de que parte da humanidade, em pleno século XXI, não tem acesso aos
alimentos necessários é uma denúncia do sistema capitalista: há meios suficientes para
produzir e distribuir alimentos para todos, mas eles estão submetidos à lógica do lucro de
modo que o controle da produção é feito por um pequeno número de grandes empresas
transnacionais e multinacionais, e o preço dos alimentos é objeto de jogo na bolsa. (E a
desinformação sobre os impactos negativos na saúde humana revela a falta de liberdade de
informação, que caracteriza o sistema capitalista, supostamente defensor da liberdade: os
trabalhadores não podem saber que estão sendo envenenados, para não prejudicar os
negócios, para não interromper o consumo, para que a produção continue a gerar lucros)
(LESBAUPIN, 2009).
De acordo com Stédile (2010), o próprio sindicato das empresas de defensivos
agrícolas anunciou exultante que, na safra de 2009, utilizou-se, no campo brasileiro, 1 bilhão
de litros de agrotóxicos (cinco litros por habitante). Somos o maior consumidor mundial de
venenos. Isso degrada o solo, afeta o lençol freático, contamina até as chuvas, além dos
alimentos. A ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e o Instituto Nacional do
Câncer têm alertado que o aumento de câncer está ligado ao crescente uso de agrotóxicos. Os
ricos e a classe média alta compram produtos orgânicos, mais caros. No entanto, a maioria da
população está à mercê desses produtos.
De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), órgão
responsável por liberar tais produtos no país, o mercado brasileiro de
agrotóxicos cresceu 190% nos últimos 10 anos, um ritmo muito mais
acentuado do que o do mercado mundial, que foi de 93% no mesmo período.
Desde 2008, o Brasil é campeão global no uso de agrotóxicos e atualmente
concentra cerca de 20% do uso mundial (ABREU, 2014).
Revista Expansão Acadêmica. Ano 1, n. 1, jul./dez. 2015
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No que se refere aos transgênicos, que foram liberados (inicialmente o caso da soja)
no Brasil, por meio da MP 131, durante o governo Lula, ainda em 2003, que garante a
monopolização das sementes por parte de empresas, a exemplo da multinacional Monsanto, a
cobrança de royalties pelo uso, gerando uma maior subordinação as grandes empresas,
ameaçando a saúde humana e ao ambiente (TV ADIA, 2015).
A Monsanto, depois de investir bilhões na aquisição de outras empresas do ramos de
produção de sementes, principalmente na década de 1990, tornou-se a maior empresa do setor
de sementes transgênicas e também a maior produtora de herbicidas do mundo. No Brasil,
após a aprovação da lei de Cultivares, que instituiu o monopólio privado das variedades de
vegetais no país, a Monsanto adquiriu outras empresas consolidando a monopolização desse
setor no Brasil e, atualmente, reivindica a patente mundial do gene terminator. Caso isso seja
aprovado, ela pode se tornar a única fornecedora de sementes no mundo (TV ADIA, 2015).
Este gene (terminator) torna estéril a segunda geração de sementes utilizadas na agricultura,
ele impede, geneticamente, a germinação de uma semente, impedindo o potencial reprodutivo
de uma determinada planta, isto é que um grão ou um fruto de uma variedade se torne uma
semente, tornando os agricultores e a humanidade reféns da empresa. Esta técnica já
demonstrou ser eficaz no caso do algodão e do fumo, agora, entre as culturas prioritárias estão
o arroz, o trigo e a soja.
Esse modelo agrícola e de “desenvolvimento”, baseado na produção de alimentos
transgênicos e carregados de agrotóxicos, além de tornar a humanidade refém das empresas,
destrói vidas para ampliar lucros.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Apesar da dramática realidade dos impactos socioambientais, grande parte das
reflexões e das alternativas apontadas é tratada de forma que não estabelecem conexão com o
metabolismo social do sistema do capital. Em sua grande maioria, as alternativas apontadas
para enfrentar os impactos socioambientais enfatizam a necessidade de que as escolhas feitas
pelos consumidores sejam de forma mais consciente; ações voluntárias; divulgação de
informações sobre o tema. Em linhas gerais, atribuem aos indivíduos a possibilidade de
mudar essa realidade, com proposições em escala reduzida, que devem ser enfrentadas com
Revista Expansão Acadêmica. Ano 1, n. 1, jul./dez. 2015
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pequenas ações, como a redução do consumo doméstico de água, energia, a opção por
produtos recicláveis. Não propõe alteração profunda na estrutura da produção.
Todavia, o modo de produção capitalista originou seres humanos que perderam a
dimensão social das suas existências, ficando presos ao horizonte da acumulação do capital.
No caso do campo, em que o atual modelo agrícola dominante, o agronegócio, apoia-se na
produção de alimentos carregados de agrotóxicos e transgênicos, altamente prejudiciais a
saúde humana e ao ambiente, de modo geral, torna a humanidade refém de um número
reduzido de grandes empresas transnacionais.
Nesse sentido, a reflexão desenvolvida, no presente artigo, aponta para a necessidade
do estabelecimento de um projeto de sociedade, que tenha como objetivo o atendimento das
necessidades humanas, a construção de uma sociedade fundamentada em uma relação
respeitosa com a natureza, onde a força de trabalho humana e os elementos essenciais, que
garantem a existência coletiva da humanidade, não sejam apropriados privadamente,
assumindo o caráter de uma mercadoria.
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<https://www.youtube.com/watch?v=EZ9GI3HTstc>. Acesso em: 10 de Ago. de 2015.
Revista Expansão Acadêmica. Ano 1, n. 1, jul./dez. 2015
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AS MÍDIAS DIGITAIS E OS SEUS REFLEXOS EM CAMPANHAS DE
CONSCIENTIZAÇÃO EM TEMPOS DE COMPARTILHAMENTO
Prof.ª Esp. Késia Araújo1
Prof. Ms. Pablo Michel Magalhães2
Resumo: O presente artigo propõe desenvolver abordagem sobre uma questão primordial na
contemporaneidade: os reflexos da cultura de compartilhamento e a velocidade das informações
veiculadas nas mídias sociais nas vidas dos indivíduos em sociedade. Através da problematização
deste processo, propomos aqui refletir, à luz dos teóricos, de que modo estas ferramentas digitais
podem, dentro de um contexto de conscientização em prol da sustentabilidade ambiental, atuar como
vetores transformadores de práticas e costumes diante do meio ambiente e seus recursos naturais. Ao
final, buscamos realizar um entrecruzamento destes aportes teóricos com projeto desenvolvido em sala
de aula, realizado com alunos do 1º e 2º semestres do curso de Comunicação Social – Publicidade e
Propaganda da Faculdade São Francisco de Juazeiro, no semestre 2015.1, que visou à construção de
campanha publicitária com linguagem voltada à preservação do Rio São Francisco.
Palavras-chave: Compartilhamento; Sustentabilidade; Sociedade.
INTRODUÇÃO
Como as mídias digitais afetam a rotina dos jovens em tempos de compartilhamento?
É inegável que a tecnologia é uma invenção irreversível que definitivamente redesenhou
e transformou a forma de relacionamento das pessoas. Tudo é dinâmico, instantâneo,
simultâneo, nossas vidas são facilitadas e não há viver sem os benefícios da tecnologia, ou
seja, o mundo contemporâneo é totalmente dependente dela.
As mídias digitais são um canal de comunicação que aproximou pessoas ao redor do
mundo, que democratizou ideias, que integrou sentimentos, o direito de expressão se tornou
uma conquista coletiva, se tornou de fato uma ferramenta poderosa para criar laços e estreitar
relações.
1 Coordenador do Núcleo de Pós Graduação e extensão da Faculdade São Francisco de Juazeiro/Fasj. Professor
efetivo da Fasj do curso de Publicidade e Propaganda. Professor tutor presencial da Faculdade Anahguera no curso de letras e consultor empresarial pela Marka Consultoria. Especialista em Gestão de Administração e Marketing pela Escola Superior aberta do Brasil/Esab, também licenciado em Letras pela Universidade de Pernambuco/UPE, bacharel em Secretariado Executivo Bilingue pela Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas de Petrolina/ FACAPE. Email: [email protected] 2 Professor efetivo da Faculdade São Francisco de Juazeiro/FASJ. Mestre em História pela Universidade Estadual
de Feira de Santana/UEFS, também licenciado em História pela Universidade de Pernambuco/UPE e especialista em Docência da Filosofia pela Universidade Cândido Mendes/UCAM. Desenvolve pesquisas sobre Identidade, Memória e Práticas Sociais. Email: [email protected].
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Para agrupar o social, a colaboração de todos é necessária. ao mercado.
(LATOUR,1999, p. 58)
Estudos apontam que as mídias digitais chegaram para ficar. O Facebook conta com
mais de 800 milhões de usuários ao redor do mundo, enquanto o Twitter atrai mais de 200
milhões de pessoas. Não podemos esquecer também das outras redes, como Youtube,
MySpace e até mesmo os blogs. Não há dúvidas quanto ao envolvimento dos alunos com
todas essas ferramentas online, porém, quais os efeitos disso?
Um estudo holandês vinculou o uso de redes sociais como o Facebook a um
desempenho acadêmico inferior. O efeito seria consequência da forma como sites de redes
sociais são usados: o usuário fica permanentemente conectado ou faz várias visitas diárias ao
site enquanto realiza, simultaneamente, outras atividades. A análise dos dados revelou que
usuários do Facebook apresentaram, em uma escala de um a quatro, uma nota média de 3,06.
Os que não usavam a rede social tiveram desempenho 20% melhor, alcançando em média
3,82 pontos. O estudo também concluiu que usuários do Facebook estudaram menos horas:
entre uma e cinco horas por semana, em comparação com não usuários, que disseram estudar
entre 11 e 15 horas por semana3.
É sabido que os alunos e os professores de hoje, estão deixando de ser a única fonte de
conhecimento. Ao chegar ao ambiente escolar o aluno traz consigo informações sobre o
mundo e estão aptos a compartilhar ideias e influenciar seus grupos sociais.
Uma vez que finquem seus pés numa escola ou numa comunidade, seja física ou
eletrônica, os sites de ‘rede social’ se espalham à velocidade de uma 1infecção’
virulenta ao extremo. (BAUMAN, 2007, p.08)
Em relação à incorporação de novas mídias, no caso do professor, o grande desafio não
é apenas aprender um novo jeito de ensinar. O maior desafio será abdicar de comportamentos
já cristalizados e inventar um novo papel, menos autoritário (e não menos importante) de
orientar e motivar a aprendizagem. Essa transformação não será fruto de um trabalho
individual, mas de um movimento de mudança da própria sociedade, que irá acontecer
conforme forem aparecendo e confrontando-se demandas, resistências e pressões culturais,
econômicas e políticas.
3 Disponível em: http://g1.globo.com/tecnologia/noticia/2010/09/estudo-vincula-uso-de-redes-sociais-a-
desempenho-academico-inferior.html. Acesso em: 12/09/2014.
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O fenômeno do consumo tem raízes tão antigas quanto os seres vivos – e com toda
certeza é parte permanente e integral de todas as formas de vida conhecidas a partir
das narrativas históricas e relatos etnográficos. (BAUMAN, 2007, p. 37)
O ESPETÁCULO DA “SELFIE”: A CULTURA DE COMPARTILHAMENTO NA
SOCIEDADE DE CONSUMIDORES
A compreensão da cultura de compartilhamento, práxis máxima do século XXI e,
especificamente, da década de 2010, requer conhecimento do processo social que possibilitou
sua criação, a saber, a passagem da sociedade de produtores para a sociedade de
consumidores, fenômeno histórico, econômico e social pelo qual o século XX foi permeado,
principalmente no período pós Segunda Grande Guerra. Essa metamorfose, acompanhada por
uma série de transformações na própria concepção da finalidade da produção, da interação
dos demais extratos sociais historicamente exclusos da atividade de aquisição de bens, e o
novo fôlego mundial do capitalismo, reorganizou o ideal de por que e para quem produzir.
Obviamente que todos estes elementos fazem parte de um processo ainda maior: as duas
guerras mundiais levaram ao extremo a civilização do planeta, expondo feridas bastante
profundas. É neste contexto que vemos a ascensão e queda dos fascismos, a exploração
extrema do corpo humano no sistema industrial, a guerra total incluindo as populações
(mulheres, crianças, idosos) em áreas consideradas, antes, como de paz, e, com mais
premência, a tomada de consciência de que os próprios recursos humanos e naturais possuíam
um limite (eis porque a bomba atômica em Hiroshima e Nagasaki refletem, não apenas, um
simples ataque norte-americano a seu rival, o Japão; é, antes de tudo, uma prova
estadunidense de que este limite havia sido alcançado, da forma mais dura possível). O pior
da humanidade pôde ser conhecido através desse período de conflito. Não à toa, Eric
Hobsbawm (1995) classifica este breve, porém tumultuado, século XX como a era dos
extremos.
A economia mundial desse período é, também, espaço de disputas e de extremos:
capitalismo e comunismo disputam a primazia em um mundo dividido politicamente pela
Guerra Fria, polarizado pelos EUA e pela URSS. A década de 1980 exprime, contudo, o
colapso do ideal de totalidade e autossuficiência que cada lado arrogava para si.
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O fracasso do modelo soviético confirmou aos defensores do capitalismo sua
convicção de que nenhuma economia sem Bolsa de valores podia funcionar; o
fracasso do modelo ultraliberal confirmou aos socialistas a crença mais justificada
em que os assuntos humanos, incluindo a economia, eram demasiado importantes
para ser deixados ao mercado. (HOBSBAWM, 1995, p. 542-543)
É neste contexto que a construção de um ideal de tempo livre no ambiente industrial,
locus de trabalho das grandes massas nos séculos XIX e XX, contribuiu para um princípio de
tempo de consumo, ao mesmo tempo descanso e lazer, e cada vez mais este lazer associado à
atividade de adquirir produtos, muitos deles fabricados por estes novos consumidores. A
partir da década de 1960, por exemplo, França e Estados Unidos reduzem a carga semanal de
trabalho em quase 50% (MORIN, 1997), fazendo com que, eventualmente, um dia
suplementar de lazer seja disponibilizado aos domingos.
Seguindo os argumentos de Edgar Morin (1997), este novo tempo de lazer potencializa
uma valorização do bem-estar do produtor, permitindo a criação de um tempo de consumo e
de uma nova vida privada. Deste modo, há a abertura da possibilidade de se ter uma vida
consumidora (vendas a crédito, compras de bens industriais, eletrodomésticos, dentre uma
infinidade mais de possibilidades de aquisição).
Bom para os patrões, melhor ainda para a nascente cultura de massa, cada vez mais
potencializada pelos meios de comunicação que, por meio dos processos de homogeneização
e sincretismo, fomentam a construção de uma identidade de consumo e de um perfil de
homem médio apto a consumir tudo o que lhe é oferecido, de forma material ou simplesmente
enquanto observador.
Assim,
procurando o público universal a cultura de massa se dirige também ao anthropos
comum, ao tronco mental universal que é em parte, o homem, arcaico que chama o
neo-arcaísmo dos filmes, dos jogos, da música. A essas determinações é preciso
acrescentar uma outra: a cultura industrial se dirige também ao homem novo das
sociedades evoluídas, mas esse homem do trabalho parcelar e burocratizado,
enclausurado no meio técnico, na maquinaria monótona das grandes cidades sente
necessidades de evasão, e sua evasão procura tanto a selva, a savana, a floresta
virgem quanto os ritmos e as presenças da cultura arcaica (MORIN, 1997, 65).
Consumir será, para este indivíduo, fugir da sua vida comum, ordinária, levando-o a
paragens muito mais atrativas e prodigiosas. O cinema fornece-lhe esta possibilidade através
das grandes produções; os atores e atrizes, bem como os ícones da música, representarão um
arquétipo a ser seguido, copiado, desde o estilo de roupas, cabelo, maquiagem, até o modo de
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viver. O estímulo ao consumo, dado a estes produtores com tempo livre para adquirir
produtos pela mídia de massa, utiliza estes super-homens e supermulheres, tal qual deuses
olímpicos, como exemplos máximos daquilo que o homem médio deverá buscar a todo custo.
Dentro das considerações que propõe Edgar Morin, são estes olimpianos que dão forma
aos anseios da sociedade, eles “propõem o modelo ideal da vida de lazer, sua suprema
aspiração. Vivem segundo a ética da felicidade e do prazer, do jogo e do espetáculo. Essa
exaltação simultânea da vida privada, do espetáculo, do jogo é aquela mesma do lazer, e
aquela mesma da cultura de massa” (MORIN, 1997, p. 75). A juventude, ideal máximo
construído por esta cultura contemporânea, é o alvo a ser atingido por meio do consumo (o
efeito colateral, ou mesmo incidental, disso, por exemplo, são as plásticas cada vez mais
comuns em pessoas que buscam a beleza juvenil eterna).
Para Bauman, a sociedade de consumidores “representa o tipo de sociedade que
promove, encoraja ou reforça a escolha de um estilo de vida e uma estratégia existencial
consumista, e rejeita todas as opções culturais alternativas” (2008, p. 71), implicando,
principalmente, a inserção ou exclusão de determinada pessoa do convívio social que não
comungue com o ideal aceito pela comunidade de consumidores.
Retornando a Morin (1997), concordamos com ele quando afirma que a cultura de
massa mantém um tipo de espectador puro, isto é, destacado fisicamente do espetáculo,
reduzido a um estado passivo (voyeur). Tudo se desenrola diante de seus olhos, mas ele não
pode aderir corporalmente àquilo que contempla, e sua satisfação está justamente aí, no
observar.
Ora, tais conceitos podem ser observados em evidência por meio das interações
interpessoais promovidas através das redes sociais4 de compartilhamento. Os olimpianos de
Morin estão lá, disseminando a todo momento o ideal de beleza e juventude por meio de suas
“selfies” em espaços geográficos desejados por todos (a praia, o badalado restaurante, a
academia, locus de poder e prestígio). A quantidade de likes define, neste cenário, o
termômetro de aceitação social que indicará se os voyeurs on-line estarão consumindo o estilo
de vida destas pessoas. No âmbito das relações de amizade e amor, compartilhar configura-se
como um contrato firmado entre aquele que posta e aquele que replica; revela o ideal de
consumo cada vez mais desejado pela sociedade de consumidores: se você compartilha, quer
dizer que consome/deseja/quer a pessoa compartilhada.
4 Termo utilizado por Bauman em seu livro Vida para Consumo e que, dentro das observações e análises deste
artigo, se encaixam com maior acuidade aos argumentos ora construídos.
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Para Bauman (2008) as pessoas se transformam em mercadorias como se quisessem “se
vender”, uma espécie de autopromoção por meio do consumo que as torna atraentes e
desejadas. Desta forma, ao mesmo tempo em que promovem as mercadorias, também são
promovidas por elas.
O limiar do desenvolvimento de uma cultura de compartilhamento acompanha a
evolução desta sociedade de consumidores em seu estágio máximo: o consumir não é apenas
ir a uma loja e comprar um produto desejado. O consumir é, também, a atividade máxima
através da qual o ser humano existe e define a si mesmo enquanto agente social; é o ato que
integra o indivíduo à sociedade e o faz ser bem aceito; é, também, o meio pelo qual o homem
médio relaciona-se com os demais amigos on-line, consumindo enquanto voyeur seus estilos
de vida e sendo consumido por estes indivíduos.
À máxima de Descartes, uma nova se sobrepõe: consumo, logo, existo.
UMA NOVA ERA
Os tempos de compartilhamento são marcados por uma infinidade de informações que
são repassadas de forma instantânea, onde os indivíduos se identificam com causas comuns
sendo representados através de vídeos, frases, textos, imagens, áudios etc.
Os autores Viktor Mayer – Shchonberger e Kenneth Cukier (2013) definem bem esta
nova era com uma abordagem clara sobre o advento do Big data, onde enfatizam o poder do
cruzamento de dados e a importância dos mesmos para nos conduzir nas descobertas sobre
soluções plausíveis para problemas que assolam a humanidade. Para os autores, esta nova era
desafia a maneira como vivemos e interagimos com o mundo. Segundo estes estudiosos, este
novo tempo marca o início de uma importante transformação aliada às novas tecnologias. A
revolução da informação passa por um processo de crescimento desenfreado, onde,
diariamente, aumentam assustadoramente os números de dados no mundo.
O facebook, empresa que não existia há uma década, recebe mais de 10 milhões de
fotos a cada hora. Os usuários do facebook clicam no botão “curtir” ou deixam
comentário cerca de três bilhões de vezes por dia, criando uma trilha digital que a
empresa pode usar para descobrir mais sobre as preferências dos usuários.
(MAYER; CUKIER, 2013, p.05)
Além de estes dados contribuírem para análises empresariais na busca para fidelização
de clientes e atendimento personalizado, também poderão influenciar atitudes positivas de
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conscientização através de grupos sociais. O compartilhamento é capaz de desenvolver novos
hábitos de consumo.
Enquanto isso, 800 milhões de usuários mensais do youtube, da google, enviam de
uma hora de vídeo por segundo. A quantidade de mensagens no twitter cresce a uma
taxa de 200% ao ano e, em 2012, excedeu 400 milhões de twitters por dia. Da
ciência à saúde, das finanças à internet, os setores podem ser diferentes, mas juntos
contam uma história semelhante: a quantidade de dados no mundo cresce
rapidamente e supera não apenas nossas máquinas como nossa imaginação.
(MAYER; CUKIER, 2013, p. 05)
Analisando este novo contexto em que estamos inseridos, retomamos a análise de
Geertz (2008), onde este autor simplifica que toda e qualquer ação só poderá ser avaliada
mediante a sua ocorrência. Em relação ao comportamento humano, ele ultrapassa barreiras
quando o assunto beneficia aos anseios sociais de um determinado grupo.
Compartilhar ideias é um fenômeno histórico, inserido no processo cultural e social das
civilizações humanas. Muito antes do advento da internet e dos sites de compartilhamento,
trocar ideias, informações, práticas, estilos de viver, dentre várias outras coisas, era atividade
constante entre os povos. Logicamente, este processo serviu tanto para o bem quanto para o
mal: a Alemanha Nazista foi um Estado fundamentado no pensamento fascista de Hitler,
compartilhado de forma massiva pelo seu partido e, por conseguinte, de grande parte dos
alemães simpatizantes da causa; por outro lado, o movimento internacional dos direitos
humanos no pós Segunda Guerra foi o resultado de uma série de ideias em torno da dignidade
humana e do respeito às diversidades em todo o globo. O que devemos ressaltar é que este
compartilhar possui uma grande potencialidade, sendo fruto de uma cultura que, segundo
Geertz (2008), constrói os indivíduos puramente à sua imagem. Utilizar esta ferramenta com
sobriedade e responsabilidade é o grande desafio a todos aqueles que lidam com a
comunicação interpessoal.
No contexto escolar, a interdisciplinaridade surge propondo um novo jeito de agir e
pensar, onde o conhecimento é compreendido como um processo de ensino-aprendizagem,
mediado pelas tecnologias e suas implicações sugerindo assim, uma integração de conteúdos
onde o aluno deverá ser capaz de fazer diversas leituras através das mais variadas linguagens
do universo tecnológico e informacional em que ele está inserido.
O sujeito pensante não pode pensar sozinho; não pode pensar sem a coparticipação
de outros sujeitos no ato de pensar o objeto. Não há um ‘penso’ e não o contrário.
(FREIRE, 2006, p.66)
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A proposta para este novo pensar pedagógico, é promover trocas em prol da unidade
humana, onde o pensar e o agir caminhem juntos na intensificação do diálogo entre a
metodologia e o conceito, integrando-os simultaneamente nos diferentes campos do saber
enquanto ser social, sujeito e objeto do conhecimento.
Diante de todas as possibilidades advindas pela tecnologia e das novas mídias, o
trabalho interdisciplinar a seguir foi pautado como um movimento articulador no processo
ensino-aprendizagem sobre o contexto da sustentabilidade entre o ser social e sua
responsabilidade enquanto profissional da comunicação e publicidade, estabelecendo entre si
as relações sociais na estruturação da sociedade moderna.
EXPERIÊNCIA DIDÁTICA: UMA LINGUAGEM VERDE NAS MÍDIAS SOCIAIS
Ao longo do semestre 2015.1, tendo em mente todas estas reflexões aqui apresentadas e
problematizadas, desenvolvemos junto aos alunos do 1º e 2º semestres do curso de
Comunicação Social – Publicidade e propaganda, da Faculdade São Francisco de Juazeiro,
um projeto institucional com enfoque à criação de uma linguagem publicitária voltada para a
conscientização da comunidade local no tocante à preservação do meio ambiente, em especial
o rio São Francisco, fonte natural que sustenta as cidades ribeirinhas e alimenta-lhes a
agricultura, o comércio, a vida urbana, dentre outros vários aspectos do cotidiano local.
Por meio de debates e leituras programadas através das disciplinas de Sociologia e
Introdução a Publicidade e Propaganda, os alunos puderam problematizar uma série de
questões pertinentes às redes sociais e sua utilização enquanto ferramenta instantânea de
compartilhamento, bem como a relação entre sociedade e vida on-line na contemporaneidade
e a urgência na construção de um discurso de sustentabilidade e reuso dos recursos naturais no
Vale do submédio São Francisco. Deste modo, a construção de campanhas de fomento às
ideias sustentáveis configurou-se como ponto central dos trabalhos do alunado, tendo como
principal plataforma de difusão das peças publicitárias os sites de compartilhamento
Facebook e Instagram, ferramentas comuns ao dia-a-dia da população jovem frequentemente
conectada de forma quase ininterrupta e que as utilizam de modo massivo a todo tempo.
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Procurando desenvolver um projeto contínuo e conduzido de forma seriada, os grupos
de alunos tiveram, ao longo de 4 meses, algumas etapas a serem seguidas, sendo avaliadas
através dos professores/orientadores por meio de relatórios, fotografias e a versão final,
apresentada em datas pré-estabelecidas. Desta forma, após uma primeira etapa, caracterizada
pelos debates em sala através das disciplinas já citadas, os alunos, já com uma carga teórica
bem fundamentada, partiram para a segunda etapa, com a criação de um projeto onde
traçaram as metas, delinearam suas abordagens e construíram uma linguagem em torno da
promoção do ideal de sustentabilidade por meio de uma marca publicitária. No terceiro
momento, já tendo recebido a devida orientação dos professores/orientadores, os grupos
foram a campo, coletaram informações por meio de pesquisas bibliográficas, entrevistas com
órgãos públicos voltados para a relação com o meio ambiente, e também moradores locais,
construíram material multimídia para postagem nas redes sociais através de perfis próprios de
cada campanha idealizada. O quarto e último passo deste projeto, consistiu na utilização dos
sites de compartilhamento para propagação das campanhas dos alunos, onde todos os
materiais construídos foram divulgados.
Imagem 1: Apresentação de fotografias em praça pública na cidade de Juazeiro/BA
(Foto: Mikael Breno)
É interessante observar que, diante de todo o processo acadêmico de construção deste
projeto, os alunos puderam amplificar os conhecimentos obtidos dos conteúdos em sala de
aula, aplicando-os nesta atividade. Suas campanhas, que angariaram bom número de
seguidores no Facebook e Instagram, alcançaram um êxito bastante significativo, tendo
algumas de suas postagens números de visualização acima do esperado pelos próprios alunos
durante a concepção do projeto.
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Ao final dos trabalhos, cada grupo pôde apresentar os resultados dos seus respectivos
projetos para os demais colegas de classe e os professores/orientadores, proporcionando a
socialização das experiências adquiridas durante o processo descrito acima.
Imagem 2: Apresentação de projeto de reciclagem de lixo eletrônico no pátio da FASJ.
(Foto: Késia Araújo)
CONCLUSÃO
De fato, a cultura de compartilhamento é uma prática constante em nossa sociedade,
potencializada através da internet e dos sites de relacionamento. A juventude está, a todo o
momento, conectada, e cada vez mais aquilo que se faz nestas mídias sociais torna-se tão
importante quanto as atitudes tomadas no meio físico. Através do projeto em sala de aula,
pudemos observar que esta prática de compartilhar informações, ferramenta das mais
influentes em nossa comunidade, tem grande potencial em promover um ideal. No caso
específico aqui relatado, a construção de uma linguagem voltada à sustentabilidade ambiental
teve seus resultados amplificados através das plataformas online (Facebook e Instagram).
Assim, ressaltamos que o projeto explicita a importância da comunicação mediada pela
tecnologia da informação e os seus principais efeitos no processo de conscientização sobre o
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meio ambiente e a sustentabilidade. O principal objetivo do trabalho foi promover o diálogo e
as discussões entre alunos e sociedade sobre as atitudes sustentáveis que os grupos sociais
puderam propor e disseminar através das ferramentas tecnológicas e compartilhamentos nas
mídias digitais.
O projeto desenvolvido não é estático e poderá ser aplicado no dia a dia dos alunos,
professores e sociedade em geral através do planejamento das ações sustentáveis e do convite
para a adoção de atitudes sustentáveis.
BIBLIOGRAFIA
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________________. Identidade – Tradução: Carlos Alberto Medeiros. Rio de janeiro: Ed.
CIP, 2007.
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MORIN, Edgar. Cultura de Massas no Século XX: neurose. Rio de Janeiro: Forense
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MAYER, Victor; CUKIER, Schonberger Kenneth. Big Data: Como extrair volume,
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GEERTZ, Clifford. A Interpretação das Culturas. Rio de janeiro: LTC, 2008.
FREIRE, Paulo. Extensão ou Comunicação?. São Paulo: Paz e terra, 2006.
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DESENVOLVIMENTO DE SORGO SACARINO (Sorghum bicolor L. Moench)
IRRIGADO COM EFLUENTE SINTÉTICO DE ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE
ESGOTO DOMÉSTICO DE PETROLINA-PE1
Kellison Lima Cavalcante2
Magnus Dall’Igna Deon3
Hélida Karla Philippini da Silva4
RESUMO: O reuso de água constitui uma alternativa potencial de racionalização na
agricultura, assim, este trabalho objetivou discutir a técnica como instrumento de gestão
ambiental e sustentabilidade na irrigação, a partir do desempenho produtivo do sorgo sacarino
irrigado com efluente sintético similar ao Efluente das Estações de Tratamento de Esgoto
(EETE) de Petrolina-PE. Em experimento em ambiente protegido de casa de vegetação foram
analisadas as variáveis morfológicas de altura da planta, diâmetro e comprimento dos colmos,
quantidade de folhas e perfilhamentos. O reuso de água na agricultura consiste em um
instrumento ambientalmente viável que possibilita o aumento da produtividade,
racionalização da água e minimização de impactos ambientais. Os EETE são fontes de
nutrientes e água que garantiram produtividade satisfatória do sorgo sacarino. O tratamento
irrigado com solução similar a média dos EETE estudados proporcionou a produtividade
máxima nas condições do experimento, de acordo com as características vegetativas
estudadas e em comparação com os demais tratamentos. Foi observado que o
desenvolvimento vegetativo da cultura não foi afetado com a irrigação com efluente sintético,
proporcionando características satisfatórias. Assim, a irrigação de culturas com efluentes de
estações de tratamento de esgoto doméstico tem se apresentado como uma solução promissora
e sustentável, eliminando riscos de possíveis impactos ambientais nos recursos hídricos.
PALAVRAS-CHAVE: Reuso de água, efluentes, agricultura irrigada.
INTRODUÇÃO
A água é um recurso natural essencial como componente e meio de vida de várias
espécies vegetais e animais ou como valor econômico para produção de bens de consumo e
nas atividades agrícolas em larga escala. Porém, a água doce disponível para uso constitui
uma fração mínima do total de água existente na Terra, observando-se que este é um recurso
1 Trabalho extraído da Dissertação de Mestrado do primeiro autor;
2 Tecnólogo em Irrigação e Drenagem, Mestre em Tecnologia Ambiental – Técnico Administrativo do IF Sertão-
PE, Petrolina-PE, (87) 2101-4300, [email protected]; 3 Doutor em Agronomia, Embrapa Semiárido, [email protected];
4 Doutora em Oceanografia, Instituto Senai de Tecnologias, [email protected].
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cada vez mais escasso, seja pelos processos de urbanização, com aumento da demanda, seja
pela redução da oferta de água de boa qualidade, condicionada pela poluição dos mananciais.
O crescente processo de urbanização, o aumento populacional e as mudanças de
hábitos que ocasionam principalmente as mudanças climáticas contradizem o princípio que a
disponibilidade hídrica é ilimitada e de fácil acessibilidade. Nesse contexto, a água é um
recurso natural finito e essencial à vida que, segundo Mainier, Correia Neto e Monteiro (2011,
p. 169) tornar-se-á, ao longo do século XXI, tão importante e disputado do ponto de vista
econômico, social, ambiental e político, quanto foi o carvão e o petróleo para a economia
mundial ao longo dos últimos 150 anos.
Sob o reflexo da evolução da humanidade, a água representa elemento significativo
de valores sociais e culturais, como fator determinante na produção e desenvolvimento das
atividades agrícolas. A agricultura é reconhecidamente a atividade humana que mais consome
água, em média 70% de todo o volume captado, destacando-se a irrigação como atividade de
maior demanda (CHRISTOFODIS, 2001, p. 8). De acordo com Bassoi e Guazelli (2004, p.
63), o consumo e a necessidade de água exigida para atender o desenvolvimento da
agricultura têm aumentado nos últimos anos, sobretudo com as práticas da irrigação, tornando
o setor agrícola como o maior consumidor da totalidade de água.
Conforme Mantovani, Bernardo e Palaretti (2009, p. 33), é preciso saber o
significado atual da água e a sua importância no futuro da agricultura irrigada, destacando a
produtividade e a rentabilidade, com eficiência no uso da água, da energia e dos insumos e
com respeito ao meio ambiente. O equilíbrio ocorre quando se implementam estratégias de
uso racional da água na agricultura irrigada, que permitam sustentabilidade (MANTOVANI;
BERNARDO; PALARETTI, 2009, p. 48).
Para Monte e Albuquerque (2010, p. 340) é importante uma gestão sustentável dos
recursos hídricos, na qual a reutilização de águas residuais tratadas representa um componente
estrategicamente importante. Assim, é preciso equacionar a distribuição de água necessária
que atenda a demanda humana e suas atividades de desenvolvimento.
Como alternativa a irrigação de culturas com efluentes de estações de tratamento de
esgoto doméstico tem se apresentado como uma solução promissora em várias partes do
mundo, entre estes, Israel utiliza 70% dessas águas na irrigação de 19.000 ha (FOLEGATTI;
DUARTE; GONÇALVES, 2005, p. 153). Além da preservação dos recursos hídricos, a
aplicação de águas residuárias provenientes de Estações de Tratamento de Efluentes (ETE) na
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agricultura apresenta-se como fonte de água e nutrientes às culturas. Estudos têm revelado
benefícios na produtividade das culturas irrigadas com efluente de ETE (FONSECA et al.,
2007, p. 195; LEAL, 2007, p. 65; AZEVEDO; OLIVEIRA, 2005, p. 254) e redução de até
50% na dose de fertilizante nitrogenado com reposição de 100% da evapotranspiração da
cultura (GOMES et. al., 2009, p. 20).
Como instrumento efetivo na gestão dos recursos hídricos, Nobre et al. (2010, p.
749) destacam que o uso de água residuária na produção agrícola visa promover a
sustentabilidade da agricultura irrigada, economizando águas superficiais não poluídas,
mantendo a qualidade ambiental e servindo como fonte nutritiva às plantas. Tornando
essenciais as reflexões sobre a qualidade desse recurso cada vez mais importante no âmbito da
gestão ambiental. Entretanto, não é uma prática isenta de riscos, principalmente devido à
presença de determinados constituintes no pós-tratamento do efluente e organismos
patogênicos, que podem ser prejudiciais ao desenvolvimento da cultura, à contaminação do
solo e consequentemente às águas superficiais através da lixiviação desses contaminantes.
Nobre et al. (2010, p. 748) destacam que o uso de efluentes de estações de tratamento
de esgoto na produção agrícola visa promover a sustentabilidade da agricultura irrigada,
economizando águas superficiais não poluídas, mantendo a qualidade ambiental e servindo
como fonte nutritiva às plantas. Nesse sentido, as reflexões sobre a qualidade desse recurso
tornam-se essenciais e cada vez mais importantes no âmbito da gestão ambiental. Entretanto,
não é uma prática isenta de riscos, principalmente devido à presença de determinados
constituintes no pós-tratamento do efluente e organismos patogênicos, que podem ser
prejudiciais ao desenvolvimento da cultura, à contaminação do solo e consequentemente às
águas superficiais através da lixiviação desses contaminantes.
Os nutrientes contidos nos efluentes de estações de tratamento de esgoto têm valor
potencial para produções agrícolas. Verifica-se que com a utilização de corpos d’água,
contendo esgoto sanitário, poderá não haver falta de nutrientes, possibilitando boa
produtividade agrícola, sem gastos com fertilizantes (TELLES, 2011, p. 520). Um dos
nutrientes encontrados em efluentes tratados é o nitrogênio, que de acordo com Fageria, Stone
e Santos (1999, p. 53), desempenha papel importante no crescimento da planta, aumenta o
número e o peso de grãos, aumenta o uso eficiente da água na planta e melhora a qualidade
dos grãos pelo aumento do teor de proteínas. Para a maioria das culturas, o nitrogênio é o
nutriente absorvido em maiores quantidades, daí sua exigência (RAIJ et al., 1996, p. 152).
Revista Expansão Acadêmica. Ano 1, n. 1, jul./dez. 2015
69
Conforme Santos et al. (2006, p. 20), o tratamento de esgoto e a posterior utilização
do efluente tratado na agricultura são medidas que se apresentam como forma de combate à
poluição e incentivo à produção agrícola. Incentivar a agricultura é fundamental para a
atualidade, principalmente, quando associado à fertirrigação com nutrientes advindos do
próprio esgoto. Com isso, o desenvolvimento de pesquisas e tecnologias que visem promover
o aumento da produtividade agrícola, consiste em uma alternativa que favorece o
desenvolvimento local sustentável.
Dessa forma, este trabalho teve como objetivo discutir a técnica do reuso de água
como um instrumento de gestão ambiental na agricultura através do desempenho produtivo de
experimento com sorgo sacarino irrigado com efluente sintético similar ao Efluente das
Estações de Tratamento de Esgoto (EETE) de Petrolina-PE.
MATERIAL E MÉTODOS
A pesquisa foi desenvolvida em ambiente protegido de casa de vegetação na
Embrapa Semiárido, no município de Petrolina-PE (Latitude 09° 23' 55" Sul e Longitude 40°
30' 03" Oeste) com sorgo sacarino irrigado (Sorghum bicolor L. Moench) com efluente
sintético baseado na composição média dos Efluentes das Estações de Tratamento de Esgoto
(EETE). As plantas foram dispostas em vasos sobre bancadas, contendo solo coletado no
horizonte superficial de um Argissolo Amarelo, textura argilosa, proveniente do Campo
Experimental de Bebedouro.
O experimento foi arranjado em esquema fatorial (4 x 4) + 1, constituindo 16
tratamentos e 1 testemunha, com 3 repetições, totalizando 51 unidades experimentais.
Distribuídos em 4 níveis de salinidade (CE – dS.m-1
) e 4 concentrações de nitrogênio
produzidos pela alteração do efluente sintético e uma testemunha (T) com água de
abastecimento. Foram utilizadas as Condutividades Elétricas (CE) da solução iguais a 50,
100, 150 e 200% da encontrada nos efluentes e concentrações de nitrogênio iguais a 50, 100,
150 e 200% da encontrada nos efluentes.
O efluente sintético teve sua composição orgânica obtida a partir da concentração de
4,8 g de preparado industrializado de caldo de carne, 1 g de amido solúvel (C6H10O5), 0,56 g
de cloreto de amônio (NH4Cl), 0,1 mL de ácido fosfórico (H3PO4) e 0,3 mL de detergente
líquido e dissolvido em 100 mL de água destilada previamente aquecida a 100°C. Em
Revista Expansão Acadêmica. Ano 1, n. 1, jul./dez. 2015
70
seguida, foi utilizado 3,3 mL.L-1
de efluente para obter-se uma DQO média de 80 mg de O2.L-
1. A DQO foi analisada através da oxidação com K2Cr2O7 (refluxo fechado) e leitura em
espectrofotômetro de absorção molecular. A composição química foi obtida a partir de
soluções estoque de KH2PO4 (1,0 mol.L-1
), NaH2PO4 (1,0 mol.L-1
), NH4H2PO4 (1,0 mol.L-1
),
MgSO4 (1,0 mol.L-1
), CaSO4 (0,01 mol.L-1
), (NH4)2SO4 (1,0 mol.L-1
), NH4NO3 (1,0 mol.L-1
),
KCl (1,0 mol.L-1
), CaCl2 (1,0 mol.L-1
), NaCl (1,0 mol.L-1
) e MgCl2 (1,0 mol.L-1
) conforme os
tratamentos na Tabela 1.
Tabela 1 – Composição química do efluente sintético
TR
AT
AM
EN
TO
S SOLUÇÃO ESTOQUE (mL/L)
KH
2P
O4
NaH
2P
O4
NH
4H
2P
O4
Mg
SO
4
CaS
O4
(NH
4) 2
SO
4
NH
4N
O3
KC
l
CaC
l 2
NaC
l
Mg
Cl 2
S1N1 1,16 4,06 2,51 1,80 1,47 0,72 - - - - -
S1N2 1,16 4,06 2,51 1,80 1,47 0,72 1,98 - - - -
S1N3 1,16 4,06 2,51 1,80 1,47 0,72 3,96 - - - -
S1N4 1,16 4,06 2,51 1,80 1,47 0,72 5,93 - - - -
S2N1 1,16 4,06 2,51 1,80 1,47 0,72 - 1,16 1,47 4,06 1,80
S2N2 1,16 4,06 2,51 1,80 1,47 0,72 1,98 1,16 1,47 4,06 1,80
S2N3 1,16 4,06 2,51 1,80 1,47 0,72 3,96 1,16 1,47 4,06 1,80
S2N4 1,16 4,06 2,51 1,80 1,47 0,72 5,93 1,16 1,47 4,06 1,80
S3N1 1,16 4,06 2,51 1,80 1,47 0,72 - 2,32 2,94 8,11 3,59
S3N2 1,16 4,06 2,51 1,80 1,47 0,72 1,98 2,32 2,94 8,11 3,59
S3N3 1,16 4,06 2,51 1,80 1,47 0,72 3,96 2,32 2,94 8,11 3,59
S3N4 1,16 4,06 2,51 1,80 1,47 0,72 5,93 2,32 2,94 8,11 3,59
S4N1 1,16 4,06 2,51 1,80 1,47 0,72 - 3,48 4,41 12,17 5,39
S4N2 1,16 4,06 2,51 1,80 1,47 0,72 1,98 3,48 4,41 12,17 5,39
S4N3 1,16 4,06 2,51 1,80 1,47 0,72 3,96 3,48 4,41 12,17 5,39
S4N4 1,16 4,06 2,51 1,80 1,47 0,72 5,93 3,48 4,41 12,17 5,39
Fonte: elaborada pelo autor.
As variáveis morfológicas de altura, diâmetro e comprimento dos colmos, número de
folhas e de perfilhamentos foram analisadas no final do estádio da maturidade fisiológica (80
dias após a emergência), ou seja, quando estava iniciando o ponto de colheita de acordo com
as descrições de Fornasieri Filho e Fornasieri (2009, p. 110), atingindo o ponto máximo de
desenvolvimento vegetativo. A altura das plantas foi determinada do solo até o final da
Revista Expansão Acadêmica. Ano 1, n. 1, jul./dez. 2015
71
panícula com o uso de uma trena graduada em milímetros, bem como para o comprimento dos
colmos, que foi do solo ao início da inflorescência da panícula. O diâmetro dos colmos foi
obtido com um paquímetro digital, 30 cm acima do solo, de acordo com recomendações de
Raij et al. (1996, p. 35). A contagem do número de folhas considerou apenas as folhas ativas,
bem como o número dos perfilhos.
Os testes estatísticos foram realizados através do software estatístico SPSS for
Windows Evaluation Edition – 14.0 (SPSS. INC., 2005), considerando a probabilidade de
erro (p) menor ou igual (≤) a 5 %.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O Sorgo Sacarino vem despontando como uma alternativa técnica para as diversas
regiões do Brasil, principalmente devido a sua tolerância a períodos de estiagem durante seu
ciclo e a produção de biomassa economicamente compensadora, com destaque nos sistemas
de rotação de culturas com a cana-de-açúcar. Nesse sentido, devido ao seu aumento de cultivo
na região Semiárida brasileira, estratégias para aumentar sua produção juntamente com a
conservação dos recursos hídricos existentes são necessárias, como a técnica de reuso de
água. Assim, é de fundamental importância o conhecimento do desenvolvimento de suas
características morfológicas, que são fatores determinantes no seu rendimento produtivo.
As características morfológicas das cultivares de sorgo sacarino são fatores de estudo
para o desenvolvimento vegetativo quando se utiliza essa cultura na produção de etanol.
Dessa forma, a produtividade de etanol das cultivares de sorgo sacarino está associada ao
desenvolvimento das suas características. No entanto, as principais características
apresentadas na Tabela 2, foram mensuradas para avaliar o desenvolvimento das plantas com
aplicação de efluente das estações de tratamento de esgoto.
O sorgo sacarino é uma planta de grande porte e sistema radicular bastante
desenvolvido, e que a restrição de espaço para o desenvolvimento do sistema radicular, como
o plantio em vasos na pesquisa, pode limitar o crescimento da cultura. Porém, não afeta a
obtenção de resultados satisfatórios, como defendem Moreira et al. (2010, 2012), que
estudaram as características de diâmetro do colmo e altura da planta com plantio em vasos
com diferentes níveis de água no solo.
Revista Expansão Acadêmica. Ano 1, n. 1, jul./dez. 2015
72
Tabela 2 – Características morfológicas do desenvolvimento das cultivares de sorgo sacarino
TRATA-
MENTOS
COLMO
ALTURA DA
PLANTA (cm)
QUANTIDADE
DE FOLHAS
(und)
PERFILHOS / PLANTA
DIÂMETRO
(mm)
COMPRI-
MENTO
(cm)
QUANTIDADE
(und)
ALTURA
(cm)
T 9,08 d 117,33 a 140,33 a 7 a 0 0
S1N1 10,64 d 122,33 a 145,33 a 8 a 3 49,67
S1N2 12,07 c 114,33 a 137,33 a 8 a 4 44,33
S1N3 12,04 c 114,00 a 137,00 a 8 a 3 64,67
S1N4 12,31 c 99,33 b 122,33 b 8 a 3 77,00
S2N1 12,29 c 112,00 a 135,00 a 8 a 2 67,00
S2N2 11,88 d 113,67 a 136,67 a 8 a 2 66,00
S2N3 13,99 c 115,33 a 138,33 a 8 a 3 72,33
S2N4 12,52 c 114,00 a 137,00 a 8 a 3 64,33
S3N1 11,16 d 118,33 a 141,33 a 8 a 2 45,33
S3N2 11,80 d 118,33 a 141,33 a 8 a 2 37,67
S3N3 12,39 c 113,67 a 136,67 a 8 a 2 29,67
S3N4 10,46 d 118,33 a 141,33 a 9 a 2 23,33
S4N1 15,11 b 113,67 a 136,67 a 8 a 0 0
S4N2 12,61 c 120,67 a 143,67 a 8 a 2 18,33
S4N3 15,33 b 116,33 a 139,33 a 8 a 2 21,67
S4N4 17,01 a 104,3 ab 127,33 a 8 a 2 25,33
DP
(±) 1,35 3,67 3,67 0,11 0,69 20,77
CV
(%) 10,0306 4,8383 4,0280 6,3834 18,5754 22,4921
TESTE F 18,75** 2,61** 2,73** 0,009** - -
Médias seguidas pela mesma letra nas colunas não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey.
*; **: significativo a 5% e 1% de probabilidade respectivamente.
Fonte: dados da pesquisa.
O desenvolvimento dos colmos é uma das principais características, quando
processados resultam no bagaço que vai gerar a produção de etanol em destilaria. Dessa
forma, o desenvolvimento dos colmos acompanhou o aumento do nível de salinidade e dos
teores de nitrogênio dos efluentes, como observamos na superfície de resposta da Figura 1. As
plantas submetidas aos maiores níveis de salinidade apresentaram colmos mais desenvolvidos
e o mesmo pode ser observado com os maiores teores de nitrogênio. Os valores de diâmetro
foram parecidos com os encontrados por Moreira et al. (2010, p. 121), que foram de 8,3; 14,0;
16,1 e 19,1 mm para os níveis de 20, 40, 60 e 80% da capacidade de campo.
Figura 1 – Interação dos níveis de salinidade e teores de nitrogênio para as características dos
colmos: (a) diâmetro (mm) e (b) altura (cm)
T = Testemunha. DP = Desvio padrão; CV = Coeficiente de variação.
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73
15
14
14
13
13
13
13
12
12
12
12
12
12
11
11
Nitrogênio (mg L-1
)
60 80 100 120 140 160 180 200 220
Sa
linid
ad
e (
dS
m-1
)
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
1,6
Diâmetro de colmo (mm)
110
110108
106
112
112
112
112
114
114
114
114
116
116
116
116
116
118
118
118
118
118
116
Nitrogênio (mg L-1
)
60 80 100 120 140 160 180 200 220
Sa
linid
ad
e (
dS
m-1
)
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
1,6
Altura de colmos (cm)
Fonte: dados da pesquisa.
A altura das plantas apresentou variância de 2,73 no Teste F, com significância a
<0,001 em relação as diferenças dos tratamentos aplicados. A quantidade de folhas ativas não
sofreu variância nos diferentes tratamentos, apenas com acréscimo de uma folha em relação a
testemunha, irrigada apenas com água de abastecimento. Dessa forma, a altura das plantas e a
quantidade de folhas, não foram afetadas com a irrigação com efluente sintético, como
demonstrado na Figura 2. No entanto, Moreira et al. (2010, p. 125) em seu trabalho com
diferentes níveis de água no solo em vasos, observaram plantas mais baixas na maturidade
fisiológica, apresentando a mais alta com 109,3 cm de altura e encontrou quantidade média
superior de folhas por planta (12,83), podendo ter explicação nos nutrientes absorvidos.
No estudo da capacidade de perfilhamento das plantas, apenas as plantas irrigadas com
água de abastecimento e o tratamento com elevado nível de salinidade (200%) e baixo teor de
N (50%) não apresentaram perfilhos, sem alterações significativas nos demais tratamentos
aplicados por planta, observando-se apenas decrescimento no número e nas suas alturas nos
tratamentos com maiores níveis de salinidade, como demonstrado na Figura 3. Moreira et al.
(2012, p. 89) observaram valores médios 2,83 e 0,67 do número de perfilhos para as cultivares
BRS 501 e BRS 506, respectivamente, submetidas a diferentes níveis de água.
Estação do Manoel dos Arroz
Estação do João de Deus
Estação do Rio Corrente
Estação da Cohab VI
Estação da Embrapa
♦
▲ □ ■ ●
♦
▲ ● □ ■
♦ □ ▲ ● ■
a b
Revista Expansão Acadêmica. Ano 1, n. 1, jul./dez. 2015
74
Figura 2 – Interação dos níveis de salinidade e teores de nitrogênio para as características das
plantas: (a) altura (cm) e (b) quantidade de folhas por planta (und)
134
134
134
132
132
130136
136
136
136
138
138
138
138140
140
140
140
140
140
Nitrogênio (mg L-1
)
60 80 100 120 140 160 180 200 220
Sa
linid
ad
e (
dS
m-1
)
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
1,6
Altura de plantas (cm)
8,2
8,2
8,2
8,2
8,0
8,0
8,0
8,0
8,0
7,8
7,8
7,8
7,6
Nitrogênio (mg L-1
)
60 80 100 120 140 160 180 200 220
Sa
linid
ad
e (
dS
m-1
)
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
1,6
Quantidade de folhas por planta
Fonte: dados da pesquisa.
Figura 3 – Interação dos níveis de salinidade e teores de nitrogênio para as características de
perfilhamento: (a) quantidade (und) e (b) altura (cm)
2,2
2,2
2,22,2
2,4
2,4 2,4
2,4
2,62,6 2,6
2,6
2,8 2,8 2,8
2,8
3,0 3,03,0
3,0
2,0
2,0
3,2
1,8
Nitrogênio (mg L-1
)
60 80 100 120 140 160 180 200 220
Salin
idade (
dS
m-1
)
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
1,6
Quantidade de perfilhos por planta
2020
3030
30
30
40
40
40 40
50
50 50
50
60
60
60
70
Nitrogênio (mg L-1
)
60 80 100 120 140 160 180 200 220
Salin
idade (
dS
m-1
)
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
1,6
Altura de perfilhos (cm)
Estação do Manoel dos Arroz
Estação do João de Deus
Estação do Rio Corrente
Estação da Cohab VI
Estação da Embrapa
Estação do Manoel dos Arroz
Estação do João de Deus
Estação do Rio Corrente
Estação da Cohab VI
Estação da Embrapa
♦ □ ▲ ● ■
■ ●
♦
▲ □ ■ ●
♦
▲ □ ■ ●
▲ □ ♦
● ■ □ ▲
♦
● ■ □ ▲
♦
b a
b a
Revista Expansão Acadêmica. Ano 1, n. 1, jul./dez. 2015
75
Fonte: dados da pesquisa.
A partir da avaliação das regressões apresentadas na Tabela 3, pode-se descrever a
interação das variáveis de acordo com os parâmetros dos tratamentos aplicados. A estatística
para o diâmetro do colmo teve influência significativa para as componentes linear e
quadrática da salinidade e os demais parâmetros não foram significativos, podendo afirmar
que a salinidade foi fator determinante no desenvolvimento da espessura dos colmos.
Destacando que o aumento nos níveis de salinidade intensificou o desenvolvimento dessa
característica, que confirma a tolerância do sorgo aos solos salinos sob irrigação controlada.
Tabela 3 – Superfície de resposta para a interação dos níveis de salinidade e teores de
nitrogênio
COMPONENTE
DO MODELO
CARACTERÍSTICA AVALIADA
COLMO PLANTA FOLHAS PERFILHOS
DIÂMETRO ALTURA ALTURA QUANTIDADE QUANTIDADE ALTURA
Intercepto 12,91219** 111,400** 134,400** 8,56879** 4,20917** 39,2803**
Salinidade -6,24069* 10,0193ns
10,0193ns
-1,04296ns
-2,8532** 46,7099*
Nitrogênio 0,01603ns
0,04237ns
0,04237ns
-0,00261ns
0,0011ns
0,03312ns
Salinidade2 2,68974* -6,12744
ns -6,12744
ns 0,16485
ns 0,74576
ns -25,089**
Interação 0,01418ns
0,03625ns
0,03625ns
0,00332ns
0,0024ns
-0,1846**
Nitrogênio2 -0,00007
ns -0,00046
ns -0,00046
ns 0,000009
ns -0,00001
ns 0,0006
ns
R2 0,5137 0,3500 0,3500 0,1921 0,5240 0,7515
ns, *; **: não significativo e significativo a 5% e 1% de probabilidade, respectivamente.
Fonte: dados da pesquisa.
No entanto, para a altura dos colmos, altura das plantas e quantidade de folhas, a
estatística não obteve significância para os valores encontrados nos tratamentos aplicados.
Isso indica que os tratamentos aplicados não influenciaram significativamente nos resultados
obtidos. Com a superfície de resposta é possível estimar a equação da interação das
características vegetais em função dos tratamentos aplicados na pesquisa, para compreensão e
avaliação da aplicação de solução de irrigação similar ao efluente das estações de tratamento
de Petrolina-PE.
CONCLUSÕES
Revista Expansão Acadêmica. Ano 1, n. 1, jul./dez. 2015
76
Foi possível observar que os EETE são fontes de nutrientes e água que garantiram
uma produtividade satisfatória do sorgo sacarino. O desenvolvimento dos colmos
acompanhou o aumento do nível de salinidade e dos teores de nitrogênio dos efluentes; já a
altura das plantas e a quantidade de folhas, submetidas a níveis variados de salinidade e de
nitrogênio não sofreu influência com a irrigação com EETE, diferentemente da característica
de perfilhamento que foi inibida pelo aumento da salinidade e redução de nitrogênio.
O reuso de água na agricultura consiste em um instrumento ambientalmente viável
que possibilita o aumento da produtividade, racionalização da água e minimização de
impactos ambientais.
REFERÊNCIAS
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na fertilidade do solo e na produtividade de pepino sob irrigação subsuperficial. Revista
Brasileira de Engenharia Agrícola, v.25, n.1, p.253-263, 2005.
BASSOI, L. J.; GUAZELLI, M. R. Controle Ambiental da água. In: PHILIPPI JR., A.;
ROMÉRO, M. A.; BRUNA, G. C. Curso de gestão ambiental. Barueri: Manole, 2004. p 53-
99.
CHRISTOFODIS, D. Os recursos hídricos e a prática da irrigação no Brasil e no mundo.
Revista Item, Brasília, v. 49, p. 8-13, 2001.
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78
O USO DE EFLUENTES DE ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE ESGOTO NA
AGRICULTURA IRRIGADA COMO PRÁTICA MITIGADORA DE
IMPACTOS AMBIENTAIS
Rafael Santana Alves1
Kellison Lima Cavalcante2
RESUMO: O uso de efluentes de estações de tratamento de esgotos caracteriza o reuso
de água e consiste no aproveitamento de águas previamente utilizadas em diversas
atividades humanas, e sua destinação pode suprir as necessidades de outras atividades,
inclusive a original. Nesse sentido, este trabalho objetivou discutir a prática como
instrumento de gestão ambiental para minimização de impactos ambientais na
agricultura irrigada e suas questões pertinentes. Consiste em uma pesquisa bibliográfica
de caráter exploratório e descritivo. Observa-se que o reuso de água na agricultura
consiste em um instrumento ambientalmente viável que possibilita o aumento da
produtividade, a racionalização da água e minimização de impactos ambientais.
Considerando que o Brasil possui pouco arcabouço normativo, a principal ferramenta
legal consiste na Resolução Nº 54/2005 do Conselho Nacional de Recursos Hídricos
que estabelece modalidades, diretrizes e critérios gerais que regulamentam e estimulam
a prática de reuso direto não potável de água em todo o território nacional. Como
benefício, o reuso da água favorece a redução da demanda sobre os mananciais, pela
possibilidade de substituição da água potável por outra de qualidade inferior, que seja
compatível com o uso específico. Assim, com essa substituição de fontes, grandes
volumes de água potável podem ser poupados na agricultura irrigada, utilizando-se
águas originárias de efluentes tratados dentro do padrão de potabilidade aceitável para a
atividade.
PALAVRAS-CHAVE: água, efluentes, agricultura.
INTRODUÇÃO
A natureza desempenha o duplo papel de ofertar recursos e receber rejeitos
(SEIFFERT, 2011, p. 151). De acordo com Calderoni (2004, p. 593), o fato é que todos
os serviços que a natureza presta à sociedade humana não estão sendo valorados
adequadamente. Cabe destacar que essa valoração refere-se a importância de assegurar
um processo de formulação de políticas principalmente em relação aos recursos hídricos
1 Mestrando em Educação, Cultura e Territórios Semiáridos, Universidade do Estado da Bahia (UNEB),
[email protected]; 2 Tecnólogo em Irrigação e Drenagem, Mestre em Tecnologia Ambiental – Técnico Administrativo do IF
Sertão-PE, Petrolina-PE, (87) 2101-4300, [email protected].
Revista Expansão Acadêmica. Ano 1, n. 1, jul./dez. 2015
79
com medidas de mitigação dos efeitos danosos do seu uso. De acordo com Fracalanza,
Jacob e Eça (2013, p. 29), é necessário conhecimento sobre os processos que envolvam
os múltiplos usos e formas de apropriação da água.
Para Monte e Albuquerque (2010, p. 342) é importante uma gestão sustentável
dos recursos hídricos, na qual se inclui a conservação da água, e onde a reutilização de
águas residuais tratadas representa um componente estrategicamente importante. Assim,
é preciso equacionar a distribuição de água necessária que atenda a demanda humana e
suas atividades de desenvolvimento.
Nesse sentido, é importante destacar que a água potável, destinada às várias
atividades humanas, é um recurso natural distribuído de maneira bastante heterogênea
no espaço e no tempo. Podendo-se observar essas variações de distribuição no
Semiárido brasileiro, onde a água é o principal fator limitante do desenvolvimento.
Segundo Leite (2003, p. 45), a demanda atual de água para o setor agrícola brasileiro
representa 70% do volume total captado, com forte tendência para chegar a 80% em
2010. Assim, a aplicação de água de reuso em áreas agricultáveis torna-se uma forma
efetiva de controle da poluição e uma alternativa viável para a disponibilidade hídrica.
Considerando que a água disponível para a manutenção da vida e suas
atividades relacionadas, como a agricultura irrigada, constitui uma fração mínima do
total de água existente na Terra, observa-se que este é um recurso cada vez mais
escasso, seja pelos processos de urbanização, com aumento da demanda, seja pela
redução da oferta de água de boa qualidade, esta condicionada especialmente pela
poluição dos reservatórios. Os esgotos tratados contêm diversos componentes, os quais
provêm da própria água e de ambientes naturais e concentrações que foram introduzidas
a partir de atividades humanas e industriais. Para uma interpretação correta da qualidade
da água para irrigação, quatro aspectos importantes devem ser considerados: salinidade,
sodicidade, toxicidade e outros (pH e HCO3) (BRITES, 2008, p. 59).
Assim, pode-se afirmar que os esgotos tratados quando aplicados ao solo para a
irrigação de culturas pode substituir totalmente a água de irrigação e parcialmente a
adubação através de alguns minerais presentes (SOUSA, 2004, p. 79). Porém, a
utilização das técnicas de reuso de água na irrigação deve ter a sua qualidade físico-
química adequada ao uso de acordo com os critérios e padrões recomendados. De
acordo com Telles e Costa (2010, p. 211), a água de reuso, tende a apresentar-se como
uma alternativa às condições de disponibilidade hídrica, inserindo-se no contexto do
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desenvolvimento sustentável, propondo o uso dos recursos naturais de maneira
equilibrada e sem prejuízos.
Os critérios de qualidade para reuso são baseados em requisitos de usos
específicos, levando em consideração aspectos estéticos, ambientais e econômicos e na
proteção a saúde pública (SOUSA, 2004, p. 82). O reuso de água na agricultura tem o
objetivo de garantir a produtividade e a sustentabilidade das culturas irrigadas
(BENETTI, 2006, p. 173). Mas é possível, adotando-se técnicas e práticas que avaliem
possíveis impactos negativos ao sistema agrícola, bem como problemas ambientais e
riscos a saúde pública, e suas medidas mitigadoras.
Diante desse cenário, essa pesquisa discute o reuso de água como instrumento
de gestão ambiental para minimização de impactos ambientais na agricultura irrigada,
bem como o debate sobre as questões pertinentes à essa prática.
MATERIAL E MÉTODOS
De acordo com Gil (2002, p. 187), este trabalho caracteriza-se em uma
pesquisa bibliográfica qualitativa, requerendo o uso do método exploratório e descritivo
a partir da dialética referente ao assunto em questão e abordando uma análise das
definições e vantagens do reuso, além da observação sistemática para delineamento de
conceitos.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
A água é um recurso natural finito e essencial à vida que, de acordo com
Correia Neto et al. (2004, p. 58) tornar-se-á, ao longo do século XXI, tão importante e
disputado do ponto de vista econômico, social, ambiental e político, quanto foi o carvão
e o petróleo para a economia mundial ao longo dos últimos 150 anos. Nesse sentido, a
água tornou-se elemento representativo de valores sociais e culturais, além de fator
determinante na produção e desenvolvimento das atividades do agronegócio.
Com isso, o consumo e a necessidade de água exigida para atender o
desenvolvimento e a expansão da agricultura têm aumentado substancialmente nos
últimos anos, sobretudo com as práticas da irrigação. A Figura 1 mostra as tendências
de consumo de água a partir do início do século XX. Observa-se que o consumo de água
na agricultura no ano 2000 representa quase seis vezes aquele do início do século
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passado, com tendência de aumento acelerado devido às taxas de evapotranspiração
crescentes com o aumento das temperaturas no planeta e as atividades poluidoras do
homem moderno.
Figura 1 – Tendência de consumo de água no mundo.
Fonte: Benetti, 2006
Observa-se que as atividades agrícolas são as maiores consumidoras de água
no mundo, acentuada pelas práticas da agricultura irrigada, associado a ideia de que esse
volume é na sua maior parte desperdiçado, tornando-se responsável pelas perdas de
água existentes. De acordo com a Figura 2, o setor agrícola consome cerca de 70 % da
água disponível.
Figura 2 – Consumo de água por atividade.
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Fonte: Adaptado de Braga, et al., 2003
Como pode-se observar na Figura 2, o maior consumidor de água é a
agricultura, principalmente, nos países do Terceiro Mundo, que não dispõem de técnicas
suficientes. Enquanto na Europa e América do Norte, a indústria consome 55% e 48%,
respectivamente, ou seja, o consumo maior é na área industrial, na América Latina e
Caribe, Ásia e África, a agricultura consome 79%, 85 % e 88%, respectivamente, da
água disponível. A Oceania é o único continente em que 64 % do uso da água está
concentrado no setor doméstico (XAVIER, 2007, p. 32).
O reuso de água na agricultura irrigada consiste em um instrumento técnico e
ambientalmente viável que possibilita o aumento da produtividade, a racionalização da
água e minimização de impactos ambientais. Porém, de acordo com Brites (2008, p. 51)
a utilização de esgotos tratados na irrigação deve considerar a qualidade necessária para
o efluente a ser utilizado, em função dos tipos de cultura a irrigar e o tratamento a ser
aplicado ao esgoto, dependendo da qualidade desejada para o efluente. Com isso, é
possível constatar a viabilidade do reuso de água às técnicas de irrigação a serem
utilizadas com as devidas medidas de controle ambiental a serem adotadas.
Para Dantas e Sales (2009, p. 7), reuso de água seria o aproveitamento de água
previamente utilizadas, uma ou mais vezes, para suprir as necessidades de outros usos,
incluindo o original. De acordo Brites (2008, p. 132), reuso da água é o uso da água
residuária tratada para diversas finalidades, tais como irrigação e troca térmica em
indústrias. Porém a Resolução nº 54, de 28 de novembro de 2005, do Conselho
Nacional de Recursos Hídricos (CNRH), define o reuso de água como sendo apenas a
utilização de água residuária, que é definida como sendo esgoto, água descartada,
efluentes líquidos de edificações, indústrias, agroindústrias, agropecuária, tratados ou
não (BRASIL, 2005a, p. 33).
A viabilidade da prática de reuso de água necessita ser suportada por legislação
específica que defina as modalidades de reuso permitidas, estabeleça os padrões de
qualidade da água de reúso para cada uma delas e respectivos códigos de prática, defina
os critérios para licenciamento, mecanismos de controle e sistema de informações.
Atualmente, o Brasil dispõe apenas da Resolução do Conselho Nacional de Recursos
Hídricos CNRH n.º 54, de 28/11/2005, que “estabelece modalidades, diretrizes e
critérios gerais para a prática de reúso não potável de água”. Atualmente, o CNRH, está
empenhado em criar novas resoluções associadas a reúso agrícola, reúso industrial,
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reúso para fins urbanos não potáveis e reúso na aquicultura. Essa atividade vem se
desenvolvendo morosamente, sendo possível que passem muitos anos antes que se
disponha de um arcabouço legal adequado, para dar suporte à prática de reúso de água
no Brasil.
A Resolução Nº. 54, de 28 de novembro de 2005 do Conselho Nacional de
Recursos Hídricos (BRASIL, 2005a, p. 34) estabelece modalidades, diretrizes e critérios
gerais que regulamentam e estimulam a prática de reuso direto não potável de água em
todo o território nacional. Em seu art. 2º, incisos de I a VII, são adotadas as seguintes
definições:
I - água residuária: esgoto, água descartada, efluentes líquidos de
edificações, indústrias, agroindústrias e agropecuária, tratados ou não;
II - reuso de água: utilização de água residuária;
III - água de reuso: água residuária, que se encontra dentro dos
padrões exigidos para sua utilização nas modalidades pretendidas;
IV - reuso direto de água: uso planejado de água de reuso, conduzida
ao local de utilização, sem lançamento ou diluição prévia em corpos
hídricos superficiais ou subterrâneos;
V - produtor de água de reuso: pessoa física ou jurídica, de direito
público ou privado, que produz água de reuso;
VI - distribuidor de água de reuso: pessoa física ou jurídica, de direito
público ou privado, que distribui água de reuso; e
VII - usuário de água de reuso: pessoa física ou jurídica, de direito
público ou privado, que utiliza água de reuso (BRASIL, 2005a, p. 34).
Ainda de acordo com a Resolução Nº. 54 do Conselho Nacional de Recursos
Hídricos, em seu art. 3º, o reuso direto não potável de água, abrange as seguintes
modalidades:
I - reuso para fins urbanos: utilização de água de reuso para fins de
irrigação paisagística, lavagem de logradouros públicos e veículos,
desobstrução de tubulações, construção civil, edificações, combate a
incêndio, dentro da área urbana;
II - reuso para fins agrícolas e florestais: aplicação de água de reuso
para produção agrícola e cultivo de florestas plantadas;
III - reuso para fins ambientais: utilização de água de reuso para
implantação de projetos de recuperação do meio ambiente;
IV - reuso para fins industriais: utilização de água de reuso em
processos, atividades e operações industriais; e
V - reuso na aquicultura: utilização de água de reuso para a criação de
animais ou cultivo de vegetais aquáticos (BRASIL, 2005a, p. 35).
O reuso de água constitui uma alternativa potencial de racionalização desse
recurso natural, em decorrência da escassez hídrica que atinge várias regiões, associada
a má distribuição e qualidade da água. Assim, os esgotos tratados têm a vantagem de
poderem ser utilizados para diversos fins.
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De acordo com Araújo (2002, p. 58) pode-se apontar como vantagens do reuso
de águas:
Aumento da disponibilidade de água; Suprimento de água durante
todo o ano; Liberação da água disponível para utilização em usos onde
há necessidade de melhor qualidade, como o abastecimento humano;
O esgoto reutilizado não é lançado em corpos d’água, evitando-se a
poluição, principalmente de mananciais com baixas capacidades de
depuração; A irrigação com esgotos domésticos tratados proporciona a
adição de matéria orgânica e nutrientes ao solo, reduzindo o uso de
fertilizantes artificiais; Produção de alimentos, quando usado em
irrigação ou piscicultura, resultando em benefícios econômicos e
sociais (ARAÚJO, 2002, p. 58).
Assim, a aplicação de água de reuso em áreas agricultáveis torna-se uma forma
efetiva de controle da poluição e alternativa viável para a disponibilidade hídrica.
Sistemas de reuso de água para fins agrícolas, adequadamente planejados e
administrados, proporcionam melhorias ambientais e de condições de saúde, bem como
nos aspectos econômicos. O aumento de produtividade não é, entretanto, o único
benefício, uma vez que se torna possível ampliar a área irrigada e, quando as condições
climáticas permitem, efetuar colheitas múltiplas, praticamente ao longo de todo o ano.
O reuso de água constitui método que minimiza a produção de efluentes e o
consumo de água de qualidade superior - água distribuída pelas concessionárias
públicas, ou retirada diretamente dos mananciais hídricos - devido à substituição da
água potável por água que já fora previamente usada (DANTAS; SALES, 2009, p. 6).
Assim, o uso e aproveitamento dos efluentes de estação de tratamento de
esgoto na irrigação é um método recomendado (FONSECA et al., 2007; PIVELI et al.,
2008), pois garante a produtividade das culturas, em razão do fornecimento de água e
nutrientes (TELLES; COSTA, 2010, p. 230), permitindo reduzir a fertilização
nitrogenada (DEON et al., 2010), bem como melhor destinação dos resíduos líquidos e
minimização de problemas ambientais. Assim, de acordo com Nobre et al. (2010, p.
1152) o uso de água residuária na produção agrícola visa promover a sustentabilidade
da agricultura irrigada, economizando águas superficiais não poluídas, mantendo a
qualidade ambiental e servindo como fonte nutritiva às plantas.
De acordo com Telles e Costa (2010, p. 235) a aplicação do reuso na
agricultura deve ser adequadamente administrada e tecnicamente planejada, com o
intuito de otimizar seus resultados e minimizar seus riscos, com cuidados, não só no
tipo de efluente utilizado, como na técnica de irrigação aplicada, seus mecanismos,
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condição de segurança à saúde dos trabalhadores, assim como no controle de impactos e
viabilidade técnica. Entre os riscos do reuso não planejado, podem-se destacar:
Comprometimento da saúde pública; Contaminação de solo;
Contaminação de lençol freático; Acúmulo de nitratos, compostos
tóxicos, orgânicos e inorgânicos; A presença de microrganismos
patogênicos pode resultar em problemas sanitários pela contaminação
de culturas, água, solo e ar; Acúmulo de contaminantes químicos no
solo; Aumento significativo de salinidade, em camadas insaturadas
(Telles e Costa, 2010, p. 235).
Os esgotos tratados quando aplicados ao solo para a irrigação de culturas pode
substituir totalmente a água de irrigação e parcialmente a adubação através de alguns
minerais presentes. Porém, a utilização das técnicas de reuso de água na irrigação deve
ter a sua qualidade microbiológica e físico-química adequada ao uso de acordo com os
critérios e padrões recomendados. Com isso, a água de reuso, tende a apresentar-se
como uma alternativa às condições de disponibilidade hídrica.
Diante da demanda hídrica, Hespanhol (2002, p. 81; 2003, p. 418), destaca que
durante as duas últimas décadas, o uso de esgotos para irrigação de culturas aumentou
significativamente, em razão da dificuldade crescente de identificar fontes alternativas
de águas para irrigação, do custo elevado de fertilizantes, segurança de que os riscos de
saúde pública e impactos sobre o solo são mínimos, se as precauções adequadas forem
efetivamente tomadas.
No Brasil, essa prática ainda é recente, necessitando de mais informações
técnico-científicas e estudos de longo prazo (FONSECA et al., 2007a, p. 196) e também
do reconhecimento, pelos órgãos gestores de recursos hídricos, do valor intrínseco da
prática (HESPANHOL, 2002, p. 81; 2003, p. 418). Porém, estudos já realizados no país
demonstram que a utilização de efluentes tratados na agricultura irrigada é uma prática
viável (GLOAGUEN et al., 2007; FONSECA et al., 2007b; HERPIN et al. 2007).
Assim, depois desses estudos, foram criadas bases legislativas, ainda carentes de
maiores informações, que regulamentam e estabelecem critérios e parâmetros
adequados as condições ambientais. Como a Resolução nº 121, de 16 de dezembro de
2010 do CNRH (BRASIL, 2010, p. 46), estabelece diretrizes e critérios para a prática de
reuso direto não potável de água na modalidade agrícola. Dessa forma, a caracterização
e o monitoramento da qualidade da água de reuso devem ser acompanhados no que se
refere a Resolução nº 430, de 13 de maio de 2011, do Conselho Nacional do Meio
Ambiente – CONAMA (BRASIL, 2011, p. 44), que dispõe sobre as condições e
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padrões de lançamento de efluentes em corpos d’água como também altera e
complementa a Resolução nº 357, de 17 de março de 2005, do CONAMA (BRASIL,
2005b, p. 34), que dispõe sobre a classificação dos corpos d’água e sobre diretrizes
ambientais para o seu enquadramento. Essas resoluções definem padrões associados às
várias classes de água. O Art. 29 da Resolução nº 357 do CONAMA (BRASIL, 2005b,
p. 35), determina que a disposição de efluentes no solo, mesmo tratados, não poderá
causar poluição ou contaminação das águas.
Como instrumento efetivo na gestão dos recursos hídricos, Nobre et al. (2010,
p. 748) destacam que o uso de água residuária na produção agrícola visa promover a
sustentabilidade da agricultura irrigada, economizando águas superficiais não poluídas,
mantendo a qualidade ambiental e servindo como fonte nutritiva às plantas.
Os nutrientes contidos nos efluentes de estações de tratamento de esgoto têm
valor potencial para produções agrícolas. Verifica-se que com a utilização de corpos
d’água, contendo esgoto sanitário, poderá não haver falta de nutrientes, possibilitando
boa produtividade agrícola, sem gastos com fertilizantes (TELLES, 2011, p. 513).
O reuso quando aplicado em irrigação ajuda a resolver um grande problema
das metrópoles, a destinação dos esgotos domésticos, cujo volume cresce
consideravelmente (DANTAS; SALES, 2009, p. 10). Porém, conforme Souza (2004, p.
78), essa carga de efluente bastante poluidora poderá ser transformada em recurso
econômico ambientalmente seguro, desde que seja observada política criteriosa de
reutilização de efluentes na agricultura. Dessa forma, pode-se reduzir a necessidade de
uso de fertilização mineral, aumentando a qualidade de certas culturas.
CONCLUSÕES
A água de reuso, utilizada na agricultura irrigada tende a apresentar-se como
uma alternativa para a escassez hídrica, inserindo-se no contexto do desenvolvimento
sustentável, o qual propõe o uso equilibrado dos recursos naturais sem comprometer as
futuras gerações.
O reuso da água torna-se uma alternativa potencial de racionalização dos
recursos hídricos, como técnica viável para o suprimento de água durante os períodos de
estiagem no Semiárido brasileiro para o setror agrícola, que representa
aproximadamente 70% do consumo hídrico no mundo. Assim, a técnica tende a ser um
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eficiente instrumento de gestão ambiental garantindo a sustentabilidade e o aumento da
disponibilidade de água.
Entende-se que para a efetiva implementação da prática de reuso de água na
agricultura está vinculada ao desenvolvimento de três ações básicas: vontade política,
arcabouço legal e plano diretor de reuso nas cidades que possa orientar técnicas
suficientes para a atividade.
Observa-se que o Brasil é carente de uma lei que defina plenamente o conceito
de todas as técnicas de reuso, os parâmetros a serem seguidos, e quais as restrições de
uso, existindo apenas as resoluções do Conselho Nacional do Meio Ambiente.
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90
RESUMOS DOS PÔSTERES DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA –
CONINTA
SALVE SALVE SÃO FRANCISCO - #UTILIZE #RECICLE #COMPARTILHE
Lucas Paulo
Robson Rocha
Resumo:
O projeto foi desenvolvido para que haja o correto descarte e reciclagem do lixo eletrônico na
região do vale do São Francisco, contribuindo para uma preservação ambiental, principalmente
a preservação do rio São Francisco. O lixo eletrônico é um problema que assola todo o mundo,
principalmente países emergentes. O Brasil está entre os países que mais produzem lixo
eletrônico, 150 mil toneladas por ano. Não há infraestrutura para reaproveitamento desse
material, tampouco medidas para reciclagem. Realidade essa também na região do Vale do São
Francisco, onde não há serviços apropriados para esse tipo de material, existindo apenas
empresas responsáveis pela reciclagem, causando graves consequências, principalmente ao rio
São Francisco, que é fonte de renda, lazer, turismo e transporte da região. Sendo assim, a
população permanece desinformada e sem uma educação correta acerca do manuseio desse tipo
de lixo. A tecnologia está presente na maioria dos lares brasileiros; aparelhos eletrônicos e
objetos que utilizam metais pesados e/ou substâncias prejudiciais ao solo e a água que são
jogados em locais inapropriados (córregos, rios, matas, por exemplo). Portanto, a empresa
Genios criou o projeto para sensibilizar as pessoas, oferecendo-lhes o meio correto para o
descarte desse lixo, informando sobre esse assunto muito pouco falado, mas de grande
importância.
PALAVRAS-CHAVE: Reciclagem; Lixo eletrônico; São Francisco.
_____________________________
CAMPANHA SALVE O FUTURO DO VELHO CHICO
Samuel de Souza Moraes
Oséas Júnior Vieira Gonçalves
Luan Emmanuel Tupiná
Resumo:
O presente estudo buscou desenvolver uma linguagem publicitária, tendo como foco a
preservação do rio São Francisco. Tendo em vista que as pessoas precisam de uma
Revista Expansão Acadêmica. Ano 1, n. 1, jul./dez. 2015
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conscientização maior a respeito dos problemas pelos quais o rio São Francisco vem passando,
o foco principal da campanha é o público infantil, pois essa ideia pode ser compartilhada e
fomentada com maior intensidade através das novas gerações. Trabalhou-se com peças
publicitárias desenvolvidas pelo próprio grupo no objetivo de atingir o maior número possível
de pessoas envolvidas, principalmente as crianças. O principal ponto de divulgação foram as
redes sociais.
PALAVRAS-CHAVE: Rio São Francisco; Conscientização; Preservação.
________________________________
#LUTANDOPELOVALE: UMA CAMPANHA EM PROL DO VELHO CHICO
Humberto Gessinger
Bianca Brito
Beatriz Costa
Vinícius Rafael
Resumo:
O presente trabalho contém informações, reflexões e resultados sobre a campanha
#LutandopeloVALE, desenvolvido na disciplina Filosofia do curso de Comunicação Social –
Publicidade e Propaganda, buscando mostrar ao público a importância da conscientização para a
preservação do rio São Francisco. No tocante à metodologia, utilizamos enquanto ferramenta de
irradiação as redes sociais, em especial Facebook e Instagram, compartilhando imagens e
vídeos sobre o rio, buscando chamar a atenção das pessoas que usam tais ferramentas on-line,
tendo como objetivo a reeducação ambiental da sociedade num todo por meio da campanha
publicitária.
PALAVRAS-CHAVE: Conscientização; Preservação ambiental; Sustentabilidade.
_____________________________
APARELHOS DE FISIOTERAPIA PRODUZIDOS COM MATERIAIS RECICLADOS
Tamildes Oliveira Mendes de Souza
Resumo:
Esse trabalho teve como objetivo produzir aparelhos de fisioterapia com materiais reciclados
que possuem a mesma funcionalidade dos que foram produzidos nas fabricas, utilizando
materiais de baixo custo e resistentes, visando diminuir os impactos ambientais causados pelo
processo industrial de fabricação, além de reduzir os desperdícios na utilização de materiais
reciclados. Os aparelhos produzidos foram: Tábua de Propriocepção, andador, bola lisa,
theraband e um puxa-puxa, com a utilização dos seguintes materiais: canos de PVC, tabua,
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emborrachado, farrinha de trigo, elástico, garrafas pet, barbante, bola de assopro e bobs de
cabelo. Segue abaixo uma tabela comparando os preços dos aparelhos.
PALAVRAS-CHAVE: Reciclagem; Fisioterapia; Impactos ambientais.
_____________________________
CAMPANHA: SOMOS O VELHO CHICO
Itala Maiane Lourenço de Souza Andrade
Manoel Alexandre dos Santos Oliveira
Iasmim Batista Lourenço de Souza
Resumo:
Este projeto visa mostrar os resultados e procedimentos utilizados para realização do projeto
#somosvelhochico, que teve como principal objetivo plantar uma semente visando à
conscientização, mobilização e dos procedimentos para revitalização do Rio São Francisco,
através das mídias sociais. Em conjunto com a empresa Amouraria, que tem no seu slogan
“aonde nasce o amor”, se viu a necessidade de implantação de frases, textos e poesias em
paredes com a finalidade de levar as pessoas refletirem sobre a situação atual do Rio São
Francisco. A pesquisa usou como metodologia para realização deste projeto, a confecção de
desenhos nas paredes, calçadas e criação de perfis nas mídias sócias. Com o apoio da empresa
Amouraria, onde a mesma propôs a criação de bolsas com frases que terão conotações a
sustentabilidade, resgatando as origens das décadas de 60 e 70, onde se usava o bocapiu como
forma de sacola e/ou bolsa de compras e trazendo de forma atual a eco bag com intuito da
população não utilizar a sacola plástica. O projeto surgiu com base nos debates, pesquisas e
diálogos em sala. Foi utilizada a internet e as mídias sociais, sendo estas o principal meio de
informação na sociedade atual. Tivemos como base a teoria da Folkcomunicação, no qual o seu
criador Luiz Beltrão defendia a autovalorização do que é cultura do nordeste.
PALAVRAS-CHAVE: Folkcomunicação; Sustentabilidade; Meio ambiente.
_____________________________
ETICA AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
Alisson Soares de Oliveira
João Paulo Soares de Oliveira
João Batista Bento Lopes
Resumo:
A presente pesquisa tem como intuito mostrar que a degradação constante do meio ambiente é,
sobretudo, consequência de atitudes antiéticas e negligentes do ser humano contra a natureza,
Revista Expansão Acadêmica. Ano 1, n. 1, jul./dez. 2015
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entre elas estão as queimadas, o desmatamento, o tráfico e o comércio ilegal de animais, a
poluição veicular e industrial e a guerra. Somam-se a estes fatores os próprios desastres naturais.
Assim, por meio de revisão de literatura e análise do cotidiano urbano, propomos uma reflexão
sobre as questões éticas diante da sustentabilidade.
PALAVRAS CHAVE: Ética; Sustentabilidade; Meio Ambiente.
_____________________________
OPARA AINDA VIVE
Esthon Gomes Feitoza Junior
Ana Paula Andrade Lins Ribeiro
Rayssa Buonaduce
Bruna Cristina Siqueira dos Reis
Stephannie Bispo Buonaduce
Sabrina Souza de Pinho
Brenda Thuany dos Santos Lacerda
Resumo:
O rio São Francisco tem sua realidade cada dia mais assustadora, com suas nascentes se
extinguindo e suas margens poluídas. Diante dessa realidade, foi desenvolvida a campanha
”Opara Ainda Vive”, trabalho realizado na disciplina de Filosofia do curso de Comunicação
Social - Publicidade e Propaganda. Os trabalhos de pesquisa e produção de material tiveram
como objetivo a conscientização da comunidade ribeirinha acerca da problemática em que o
Velho Chico se encontra e como poderíamos ajudar na mudança dessa situação. Foram
utilizadas como ferramentas de divulgação as mídias sociais, em especial o Facebook.
PALAVRAS-CHAVE: Conscientização; Sustentabilidade; Preservação.
_____________________________
A SUSTENTABILIDADE COMO UM MEIO DE PROMOVER A SAÚDE
Amanda de Oliveira Paixão
Brena Thais dos passos ribeiro
Jessica Leticia Rodrigues Medrado
Josiane de Sousa Jordão
Resumo:
O Brasil é um dos lideres em consumo de agrotóxicos e os trabalhadores expostos são
numerosos. As intoxicações agudas são a face mais visível do impacto destes produtosna saúde.
A sustentabilidade está diretamente ligada à vida saudável e aos meios de promoção a saúde. O
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presente artigo procura correlacionar a sustentabilidade com a promoção a saúde, como um
meio de promover uma vida mais saudável. Se o ‘homem’ como vivente responsável por seus
atos e medidas tomadas quanto ao meio, optasse por medidas de precaução e de modo a
promover a sustentabilidade, é visível que a saúde e a qualidade de vida seriam outras. O
impacto da intensa carga química e o enorme contingente de trabalhadores expostos são duas
importantes razões para o desenvolvimento da pesquisa epidemiológica sobre intoxicações por
agrotóxicos, que no Brasil, ainda tem um vasto campo para se desenvolver. Investir em medidas
que previnam e não degrade o meio ambiente, consequentemente o meio e a qualidade de vida
da população seriam diferentes.
PALAVRAS-CHAVE: Agrotóxicos, Sustentabilidade; Saúde; meio-ambiente.
_____________________________
REVELANDO O VELHO CHICO
Lara Simone Rosa Fernandes
Larissa Vanessa Dias da Costa
Mikaely Karla Teixeira Monteiro
Gabriel Moura Moraes
Ana D'Avila Evangelista dos Santos Oliveira
Valéria Barbosa Lima
Resumo:
A empresa ‘Expandir’ surgiu com o intuito de disponibilizar serviços que venham suprir as
maiores necessidades, detectadas em pesquisa, dos universitários da região. A mesma lançou
uma campanha em prol do rio São Francisco. Preocupados com a situação ambiental do mesmo,
vem realizando projetos de conscientização e divulgação para a população sobre a atual
realidade do rio. Ressaltando os impactos causados pela falta de consciência da população do
vale do são Francisco, tanto dos órgãos do governo responsáveis pela manutenção e tratamento
da agua, quanto das pessoas que de alguma forma venham a prejudicar o rio. A campanha foi
criada para ressaltar as belezas e utilidades do Rio São Francisco e trazer à tona o início da sua
destruição, com o intuito de aumentar o nível de preservação do mesmo, tentando assim evitar
um aumento da degradação e uma possível extinção.
PALAVRAS-CHAVE: Preservação; Rio São Francisco; Fotografia.
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_____________________________
PRESERVAÇÃO – VENDA ESTA IDEIA
Amanda Romana Silva Caldas
Andreia Delmondes De Alencar
Viviane Leal Clemente
Resumo:
Neste presente trabalho, tem como proposito a preservação do Rio São Francisco. Assim, foram
realizadas campanhas em uma fan page com abordagens sobre o tema e as principais causas
atuais da poluição do Rio, idas a órgãos que tratam diretamente sobre o assunto, realização de
palestra, pesquisas sobre empresas que trabalham também com a conscientização, onde os
mesmos fazem projetos sócios ambientais e a criação de um selo verde.
PALAVRAS-CHAVES: Rio; Poluição; Empresas; Selo verde.
_____________________________
A SIMBOLOGIA DO ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE NO OLHAR
DOS INTERNOS DO CENTRO DE ACOLHIMENTO SOCIOEDUCATIVO (CASE)
Helga Carolina de O. dos Santos
Micaelle Eugênia Santos Pinheiro
Resumo:
O presente estudo propõe uma abordagem simbólica do Estatuto da Criança e do Adolescente
(ECA) a partir do olhar dos jovens internos do Centro de Acolhimento Socioeducativo (CASE)
na cidade de Petrolina/PE. Neste aspecto o objetivo do estudo é apresentar a simbologia do
Estatuto da Criança e do Adolescente no olhar dos internos do Centro de Acolhimento
Socioeducativo (CASE). Por meio de pesquisas bibliográficas buscou-se analisar o ECA como
objeto e a relação do indivíduo com a representação simbólica contida nas regras de conduta
sociais estabelecidas na norma, além do poder do Estado, família e sociedade, como
responsáveis pela efetivação dos direitos das crianças e adolescentes, uma vez que a família
possui um papel fundamental na vida de todos, através dela têm-se por objeto a instrução básica
na formação e educação do indivíduo. O Estado é o maior responsável pela promoção de meios
que garantam às crianças e aos adolescentes seus direitos de cidadania, respeitando sua condição
de pessoa em desenvolvimento. E a sociedade tem a responsabilidade de prevenir ameaças
contra a violação desses direitos. No presente estudo realizou-se também uma pesquisa de
campo através de questionário de múltipla escolha com amostra de 40% dos acolhidos pela
Revista Expansão Acadêmica. Ano 1, n. 1, jul./dez. 2015
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instituição no mês de abril do ano de 2015, traçando as principais características do grupo social
desses menores. Neste aspecto, os achados da pesquisa, de maneira geral, concluem que os
adolescentes internos do Centro de Acolhimento Socioeducativo (CASE) são oriundos de
famílias desestruturadas, sendo a maioria do sexo masculino, negros e de baixa renda o que
reflete um parâmetro nacional.
PALAVRAS – CHAVE: Simbologia. Estatuto da Criança e Adolescente. Proteção.
_____________________________
OS MEIOS DE COLETA SELETIVA NO AMBIENTE HOSPITALAR
Jessica Pinheiro dos Santos
Aryane Vallesca Mendonca de Sousa
Wandreya Tainá Freire Gondim
Bruna Tatiane do nascimento pereira
Leonardo Lopes Ramos Marques
Pamella Wanessa de Souza Mangabeira
Resumo:
Hospital, clínica e postos de saúde produzem um alto índice de resíduos biodegradáveis e
tóxicos. Em sua maioria não estabelecendo um destino aproveitável para o mesmo. A
importância do lixo, suas classes, seus efeitos, sua definição e suas coletas trazem um grande
impacto ao ambiente e na saúde dos seres viventes. O presente estudo visa pesquisar as formas
de minimizar os impactos ambientais ocasionados pelo manejo inadequado dos resíduos sólidos.
Com os problemas advindos do lixo tóxicos, foram empregadas categorias que classificam os
resíduos sólidos em: Grupo A, B, C e D; pois, com a falta de estruturas, ocasionará em um
impacto aos seres vivos. O lixo hospitalar merece uma atenção maior, pelo fato do perigo que
representa a saúde, é preciso que todos os envolvidos se comovam com essa dificuldade e
reconheçam a necessidade de um novo método a ser trabalhado.
PALAVRAS CHAVES: Lixo sólido; Coleta; Resíduo hospitalar.
_____________________________
SER SUSTENTÁVEL É SER SAUDÁVEL
Mariana Coelho Sento-Sé
Slayra Enels Silva Tranquilli
Resumo:
Este trabalho tem como objetivo analisar como o ser humano pode mudar certos aspectos em
relação ao seu hábito com o intuito de ser sustentável. Para tal foi realizada uma pesquisa
Revista Expansão Acadêmica. Ano 1, n. 1, jul./dez. 2015
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bibliográfica em artigos científicos do Google acadêmico e Scielo os quais trouxeram como
referência a sustentabilidade e saúde na alimentação do ser humano. Conclui-se que a junção de
uma alimentação baseada em produtos que contém agrotóxico e o sedentarismo tem se tornado
fatores determinantes nas causas de doenças crônicas. Para que haja uma mudança na qualidade
de vida da população, se faz necessária a promoção e mobilização da sociedade em torno de
uma convivência harmônica, integrada e sustentável tanto para o meio ambiente, quanto para os
cidadãos.
PALAVRAS-CHAVE: Sustentabilidade; Saúde; Uso excessivo de agrotóxicos.
_____________________________
DEGRADAÇÃO AMBIENTAL EM ÁREA URBANA DO MUNICÍPIO DE JUAZEIRO-
BA: REGISTRO FOTOGRÁFICO.
Cínthia Roxanne Ferreira Silva
Resumo:
A Sustentabilidade é definida como ações e atividades humanas que visam preservar o
ecossistema, sem comprometer o futuro das próximas gerações. A sua aplicabilidade pode ser
realizada de diversas formas, como por exemplo, na confecção de instrumentos recicláveis, na
coleta seletiva e na realização de palestras em escolas e comunidades incentivando a não
jogarem lixo na rua, e sim, no local correto. Nesse projeto, realizado pela Faculdade São
Francisco de Juazeiro, na Bahia, pela disciplina de Saúde Coletiva do curso de Fisioterapia, teve
como objetivo analisar imagens de bairros e comunidades com exposição a lixo e a esgoto. A
amostra foi constituída por imagens que representam a degradação ambiental. Foi realizada
pesquisa de campo no bairro Novo Encontro e na Rua do Canal, localizados no centro da
cidade, a fim de atender ao objetivo desse presente trabalho. Portanto, de acordo com as
imagens, foi possível evidenciar a degradação ambiental. A falta de investimentos das políticas
públicas é consideravelmente perceptível, já que, saneamento básico é precário. Para o curso de
Fisioterapia, serve de alerta, principalmente para aqueles que seguirão o rumo da atenção
primária em saúde. Sendo assim, cabe aos profissionais de saúde junto à vigilância sanitária e as
políticas públicas investirem e darem mais atenção nessas áreas mais escassas.
PALAVRAS-CHAVE: Fotografia; Meio Ambiente; Degradação.
_____________________________
CONFECÇÃO DE EQUIPAMENTOS FISIOTERAPÊUTICOS A PARTIR DA
UTILIZAÇÃO DE MATERIAIS RECICLÁVEIS.
Cínthia Roxanne Ferreira Silva
Revista Expansão Acadêmica. Ano 1, n. 1, jul./dez. 2015
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A sustentabilidade é um ideal sistemático realizado por ações individuais e coletivas, no intuito
de preservação do ecossistema. Sua aplicabilidade pode ser realizada de diversas formas, a
exemplo da confecção de instrumentos recicláveis, coleta seletiva e realização de palestras em
escolas e comunidades. O objetivo do presente trabalho foi confeccionar equipamentos
fisioterapêuticos com materiais recicláveis e compreender que é possível elaborar instrumentos
úteis, com qualidade, segurança e baixo custo, ressaltando a preservação do meio ambiente.
Para isso, foram utilizados objetos como canos de PVC, vasos de plásticos, tampinhas de
garrafa PET e câmara de ar, para realização dos seguintes equipamentos: halteres, barreiras,
estimulador sensorial de pés, theraband, escada e vai-e-vem. Além disso, foi realizada uma
pesquisa de mercado para comparar o preço gasto no equipamento reciclável e o preço do
mesmo quando proveniente de estabelecimento comercial. Sendo assim, foram confeccionados
oito equipamentos e obteve-se no total um custo de sessenta e quatro reais e sessenta centavos,
um preço além de acessível, proveitoso, pois foi possível contribuir com o meio ambiente. Já
por meios comerciais, o custo foi em torno de trezentos e dezoito reais e quatro centavos, valor
relativamente alto que poderia ser investido em outros meios. Portanto, foi possível concluir,
que mesmo confeccionados com materiais recicláveis, a eficácia e segurança dos equipamentos
podem trazer utilidade tanto para a fisioterapia quanto para o meio ambiente.
PALAVRAS-CHAVE: Reciclagem; Meio Ambiente; Fisioterapia.
_____________________________
OS DESAFIOS DE PROMOVER A SUSTENTABILIDADE NO AMBIENTE DA
SAÚDE, PRIORIZANDO OS ASPECTOS AMBIENTAIS.
Ádria Caroline De Souza
Ana Caroline Batista Maia
Jamilly Carvalho Santos
Bruno Eugênio de Oliveira Ferreira
Resumo:
Sabe-se que promover a sustentabilidade na sociedade e principalmente no ambiente da saúde
não é uma tarefa fácil. São necessárias políticas de conscientização sobre como implantar e
utilizar a sustentabilidade no nosso dia-a-dia como medida preventiva. O presente artigo foi
desenvolvido visando um melhor conhecimento sobre o que é ser sustentável, sobre como os
efeitos da sustentabilidade agem no meio ambiente e conhecer as ações desenvolvidas pelos
hospitais para diminuir os efeitos causados pela utilização dos seus equipamentos e produtos
químicos no meio ambiente e consequentemente na melhora da qualidade de vida da sociedade
em geral.
PALAVRAS-CHAVES: Sustentabilidade. Saúde. Meio Ambiente.
Revista Expansão Acadêmica. Ano 1, n. 1, jul./dez. 2015
99
_____________________________
A UTILIZAÇÃO DE MATERIAIS RECICLÁVEIS NAS AULAS PRÁTICAS DE
ANATOMIA HUMANA COM O INTUITO DE AJUDAR NO APRENDIZADO E
PRESERVAÇÃO DO MEIO AMBIENTE.
Lorena Brito Macedo Borges
Caroline Dieder Dalmas de Andrade
Lívia Cristina Alves Paiva
Bárbara Araujo Roriz
Suzana de Sousa Santana
Resumo:
Este artigo teve como objetivo desenvolver estratégias facilitadoras no processo de ensino e
aprendizagem, refletindo também na preservação do meio ambiente, a partir de um desafio
anatômico, tratando-se de uma construção da articulação do quadril com a utilização de
materiais recicláveis. A mesma teve realização nas aulas práticas de anatomia humana do curso
de Fisioterapia, onde esta experiência foi bastante positiva. Os materiais recicláveis para a
confecção foram selecionados diante da troca de sugestões e experiências existentes entre as
componentes, favorecendo assim o trabalho em grupo.
PALAVRAS-CHAVE: aprendizagem, anatomia, articulação, materiais recicláveis.
_____________________________
A UTILIZAÇÃO DE MATERIAIS RECICLAVEIS NA CONFECÇÃO DA
ARTICULAÇÃO DO OMBRO PARA AS AULAS DE ANATOMIA HUMANA.
Yure Santos Castro Alves
Giovana Cristine Castro Amorim Lins
Sarah Patricia Alves dos Santos
Renata Mirella Galdencio De Almeida
Thaisla Samy Da Cruz Nascimento Castro
Resumo:
A articulação do ombro é a maior e mais complexa do corpo humano, possui características como
cavidade glenoidea rasa e pouca captação com a cabeça do úmero que a torna possível alcançar
amplitudes que nenhuma outra articulação é capaz de alcançar, uma amplitude de movimento de
180º na flexão e abdução e essa grande amplitude gera uma alta instabilidade na articulação do
ombro tornando propenso a sub-luxação e luxação, a estabilidade é garantida pelo manguito
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rotador e ligamentos glenoumerais e coracoumerais, com a liberdade de movimento sendo
auxiliada pelos músculos do cíngulo do membro superior. Nossa missão foi de retratar essa
descrição da articulação do ombro em uma obra manual artística, tipo maquete, utilizando
matérias recicláveis. Em 2015 a professora de anatomia humana do curso de fisioterapia propôs a
criação de uma atividade didática na qual fomos instruídos a confeccionar modelos anatômicos
que fossem didáticos a ponto de serem usados nas aulas, auxiliando o conteúdo da disciplina.
Desta maneira, esta experiência mostrou-se positiva e singular para o processo de ensino-
aprendizagem da anatomia no curso de fisioterapia, pois a mesma estimulou de diversas formas a
criatividade, memória e trabalho em grupo dos participantes, sobretudo sob o ponto de vista de
transmissão de conhecimento e absorção de conteúdo.
PALAVRAS-CHAVE: Modelos Anatômicos; Aprendizagem; Reciclagem.