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Revista Expansão Acadêmica. Ano 1, n. 1, jul./dez. 2015 · Giovana Cristine Castro Amorim Lins Sarah Patricia Alves dos Santos Renata Mirella Galdencio De Almeida Thaisla Samy Da

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Revista Expansão Acadêmica. Ano 1, n. 1, jul./dez. 2015

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REVISTA ACADÊMICA ELETRÔNICA

ISSN: 2447-455X

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Revista Expansão Acadêmica. Ano 1, n. 1, jul./dez. 2015

2

FACULDADE SÃO FRANCISCO DE JUAZEIRO

Diretor acadêmico/administrativo: Richard Douglas

COLEGIADO DE COMUNICAÇÃO – PUBLICIDADE E PROPAGANDA

Coordenadora: Teresa Leonel

COLEGIADO DE FISIOTERAPIA

Coordenadora: Bruna Angela Antonelli

COLEGIADO DE ADMINISTRAÇÃO

Coordenadora: Giovanna Aléxia Meireles

COLEGIADO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS

Coordenador: Wellington Dantas de Sousa

NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO, PESQUISA E EXTENSÃO – NUPPEX

Coordenadora: Késia Araújo

Supervisor de projetos: Pablo Michel Magalhães

Design gráfico

Ruy de Carvalho Rocha Júnior

Layout para internet

Adão Roniedson Santos Silva

Luécito de Sousa Filho

OBJETIVO DA REVISTA

A revista Expansão Acadêmica possui como objetivo o ideal de fomento à pesquisa acadêmica,

integrando professores e alunos da Faculdade São Francisco de Juazeiro neste processo

científico, divulgando por meio de suas edições os saberes produzidos nesta instituição, bem

como as colaborações advindas dos mais variados espaços acadêmicos do país, oferecendo à

comunidade científica e à sociedade em geral contribuições através dos debates aqui

promovidos.

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Revista Expansão Acadêmica. Ano 1, n. 1, jul./dez. 2015

3

Conselho Editorial

Administração - Ciências Contábeis

Prof. Fabio Feitosa da Silva - Especialista

Prof. Hesler Piedade Caffé Filho - Mestrando

Prof. José Adelson Gonçalves de Almeida - Especialista

Prof. Mario Cleone de Souza Junior - Mestre

Prof. Wellington Dantas de Sousa - Mestrando

Prof.ª Erika Jamir - Mestrando

Prof.ª Gabriela Gonçalves - Mestre

Prof. Augusto Jorge - Mestre

Fisioterapia

Prof.ª Bruna Angela Antonelli - Mestre

Prof.ª Caroline Dieder Dalmas de Andrade - Mestre

Prof. Carlos Dornels Freire de Souza - Mestre

Prof.ª Daniela C. Gomes Goncalves e silva - Mestre

Prof. Denilson José de Oliveira - Especialista (Mestrando)

Prof.ª Valéria Mayaly Alves de Oliveira - Mestranda

Prof.ª Roberta Machado – Mestre (Doutoranda)

Prof.ª Paula Telles Vasconcelos - Mestre

Prof. Fabricio Olinda - Mestre

Comunicação

Prof.ª Aline Francisca dos Santos Benevides - Mestranda

Prof. Cecilio Ricardo de Carvalho Bastos - Mestrando

Prof.ª Késia Araújo - Especialista

Prof.ª Teresa Leonel Costa - Mestre

Prof.ª Vera Medeiros - Mestre

Áreas convergentes

Prof.ª Eliene Matos e Silva - Doutora

Prof.ª Jordânia de Cassia de Araújo Costa - Mestre

Prof. Jorge Messias Leal do Nascimento – Mestre (Doutorando)

Prof.ª Maria Aline Rodrigues de Moura – Mestre

Prof.ª Maria da Conceição Araújo Carneiro – Mestre (Doutoranda)

Prof. Pablo Michel Cândido Alves de Magalhães – Mestre

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Revista Expansão Acadêmica. Ano 1, n. 1, jul./dez. 2015

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SUMÁRIO

Editorial........................................................................................................................................ 8

DOSSIÊ TEMÁTICO – MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE

COLETA SELETIVA DE RESÍDUOS SÓLIDOS NO MUNICÍPIO DE JUAZEIRO DA

BAHIA: IDENTIFICAÇÃO DO PERFIL DOS CATADORES DE MATERIAL

RECICLÁVEL COM A EDUCAÇÃO E CULTURA DO SEMIÁRIDO NORDESTINO.

..................................................................................................................................................... 10

José Adelson Gonçalves de Almeida

O PERFIL SÓCIO-ECONÔMICO DAS EMPREENDEDORAS DA CIDADE DE

JUAZEIRO- BAHIA ................................................................................................................ 23

Helga Carolina de O dos Santos

Micaelle Eugênia Santos Pinheiro

Wellington Dantas de Sousa

A SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA E OS IMPACTOS AMBIENTAIS – UMA

ANÁLISE A PARTIR DA DIMENSÃO SOCIAL DOS IMPACTOS AMBIENTAIS

..................................................................................................................................................... 44

Ronilson Barboza De Sousa

AS MÍDIAS DIGITAIS E OS SEUS REFLEXOS EM CAMPANHAS DE

CONSCIENTIZAÇÃO EM TEMPOS DE COMPARTILHAMENTO. ........................... 55

Késia Araújo

Pablo Michel Cândido Alves de Magalhães

DESENVOLVIMENTO DE SORGO SACARINO (SORGHUM BICOLOR L.

MOENCH) IRRIGADO COM EFLUENTE SINTÉTICO DE ESTAÇÕES DE

TRATAMENTO DE ESGOTO DOMÉSTICO DE PETROLINA-PE ............................... 66

Kellison Lima Cavalcante

Magnus Dall'Igna Deon

Hélida Karla Philippini da Silva

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5

O USO DE EFLUENTES DE ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE ESGOTO NA

AGRICULTURA IRRIGADA COMO PRÁTICA MITIGADORA DE IMPACTOS

AMBIENTAIS .......................................................................................................................... 78

Kellison Lima Cavalcante

Rafael Santana Alves

RESUMOS DOS PÔSTERES DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA – CONINTA

SALVE SALVE SÃO FRANCISCO - #UTILIZE #RECICLE #COMPARTILHE .......... 90

Lucas Paulo

Robson Rocha

CAMPANHA SALVE O FUTURO DO VELHO CHICO ................................................... 90

Samuel de Souza Moraes

Oséas Júnior Vieira Gonçalves

Luan Emmanuel Tupiná

#LUTANDOPELOVALE: UMA CAMPANHA EM PROL DO VELHO CHICO ........... 91

Humberto Gessinger

Bianca Brito

Beatriz Costa

Vinícius Rafael

APARELHOS DE FISIOTERAPIA PRODUZIDOS COM MATERIAIS RECICLADO 91

Tamildes Oliveira Mendes de Souza

CAMPANHA: SOMOS O VELHO CHICO ......................................................................... 92

Itala Maiane Lourenço de Souza Andrade

Manoel Alexandre dos Santos Oliveira

Iasmim Batista Lourenço de Souza

ETICA AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE ................................................................ 92

Alisson Soares de Oliveira

João Paulo Soares de Oliveira

João Batista Bento Lopes

OPARA AINDA VIVE ............................................................................................................. 93

Esthon Gomes Feitoza Junior

Ana Paula Andrade Lins Ribeiro

Rayssa Buonaduce

Bruna Cristina Siqueira dos Reis

Stephannie Bispo Buonaduce

Sabrina Souza de Pinho

Brenda Thuany dos Santos Lacerda

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6

A SUSTENTABILIDADE COMO UM MEIO DE PROMOVER A SAÚDE .................... 93

Amanda de Oliveira Paixão

Brena Thais dos passos ribeiro

Jessica Leticia Rodrigues Medrado

Josiane de Sousa Jordão

REVELANDO O VELHO CHICO ........................................................................................ 94

Lara Simone Rosa Fernandes

Larissa Vanessa Dias da Costa

Mikaely Karla Teixeira Monteiro

Gabriel Moura Moraes

Ana D'Avila Evangelista dos Santos Oliveira

Valéria Barbosa Lima

PRESERVAÇÃO – VENDA ESTA IDEIA ........................................................................... 95

Amanda Romana Silva Caldas

Andreia Delmondes De Alencar

Viviane Leal Clemente

A SIMBOLOGIA DO ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE NO OLHAR

DOS INTERNOS DO CENTRO DE ACOLHIMENTO SOCIOEDUCATIVO (CASE) . 95

Helga Carolina de O dos Santos

Micaelle Eugênia Santos Pinheiro

OS MEIOS DE COLETA SELETIVA NO AMBIENTE HOSPITALAR .......................... 96

Jessica Pinheiro dos Santos

Aryane Vallesca Mendonca de Sousa

Wandreya Tainá Freire Gondim

Bruna Tatiane do nascimento pereira

Leonardo Lopes Ramos Marques

Pamella Wanessa de Souza Mangabeira

SER SUSTENTÁVEL É SER SAUDÁVEL ........................................................................... 96

Mariana Coelho Sento-Sé

Slayra Enels Silva Tranquilli

DEGRADAÇÃO AMBIENTAL EM ÁREA URBANA DO MUNICÍPIO DE JUAZEIRO-

BA: REGISTRO FOTOGRÁFICO. ....................................................................................... 97

Cínthia Roxanne Ferreira Silva

CONFECÇÃO DE EQUIPAMENTOS FISIOTERAPÊUTICOS A PARTIR DA

UTILIZAÇÃO DE MATERIAIS RECICLÁVEIS. .............................................................. 97

Cínthia Roxanne Ferreira Silva

OS DESAFIOS DE PROMOVER A SUSTENTABILIDADE NO AMBIENTE DA

SAÚDE, PRIORIZANDO OS ASPECTOS AMBIENTAIS. ............................................... 98

Ádria Caroline De Souza

Ana Caroline Batista Maia

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Jamilly Carvalho Santos

Bruno Eugênio de Oliveira Ferreira

A UTILIZAÇÃO DE MATERIAIS RECICLÁVEIS NAS AULAS PRÁTICAS DE

ANATOMIA HUMANA COM O INTUITO DE AJUDAR NO APRENDIZADO E

PRESERVAÇÃO DO MEIO AMBIENTE. ........................................................................... 99

Lorena Brito Macedo Borges

Caroline Dieder Dalmas de Andrade

Lívia Cristina Alves Paiva

Bárbara Araujo Roriz

Suzana de Sousa Santana

A UTILIZAÇÃO DE MATERIAIS RECICLAVEIS NA CONFECÇÃO DA

ARTICULAÇÃO DO OMBRO PARA AS AULAS DE ANATOMIA HUMANA ............ 99

Yure Santos Castro Alves

Giovana Cristine Castro Amorim Lins

Sarah Patricia Alves dos Santos

Renata Mirella Galdencio De Almeida

Thaisla Samy Da Cruz Nascimento Castro

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8

Editorial

Há não muito tempo (três anos, para ser mais exato) foi lançado no meio

acadêmico o livro Flora das caatingas do Rio São Francisco: História natural e

conservação. A empreitada, capitaneada pelo professor José Alves Siqueira da

Universidade Federal do Vale do São Francisco e lançada em versão impressa pela

Andrea Jakobsson Estúdio Editorial em Recife/PE, apresenta em suas quase 600

páginas um retrato completo sobre a caatinga, bioma que é exclusivamente brasileiro.

Auxiliado por cem especialistas que também se debruçaram sobre a problemática,

Siqueira afirma nesta obra que a ação do homem provocou mudanças profundas no

Velho Chico e na vegetação que o circunda, sendo este processo não de duas ou três

décadas atrás, mas uma ação que perdurou os últimos dois séculos. Ao utilizar o recurso

histórico, e nos apresentar ilustrações desenvolvidas pelos naturalistas do século XIX, o

professor sabiamente oferece aos seus leitores a possibilidade de conhecer a caatinga e o

São Francisco com toda a sua potencialidade, antes do processo predatório da ação

humana.

A obra como um todo é mais que obrigatória para todos que, como este que vos

escreve, vivem nesta bela e árida terra. Porém, atento aqui (mais que oportunamente) ao

primeiro capítulo dos 13 que compõem o livro do professor Siqueira: “A extinção

inexorável do Rio São Francisco”. Oportuno, porque tratamos aqui da publicação da

primeira edição da Revista Expansão Acadêmica, com artigos e resumos de

apresentação de iniciação científica com temática voltada ao meio ambiente e

sustentabilidade; e, principalmente, porque vamos apresentar o resultado científico do I

Congresso de Integração Acadêmica, realizado na Faculdade São Francisco de Juazeiro

– FASJ, evento esse que provocou a todos, inclusive àquele que vos escreve estas

linhas, uma série de reflexões e reconstruções de conceitos sobre o meio em que

vivemos (as belas e adustas terras à beira do Velho Chico).

Desta forma, abriremos esta edição com o artigo Coleta seletiva de resíduos

sólidos no município de Juazeiro da Bahia: identificação do perfil dos catadores de

material reciclável com a educação e cultura do Semiárido Nordestino, de autoria do

economista prof. José Adelson Gonçalves de Almeida, que nos presenteia com uma

aguçada análise sobre as potencialidades da coleta seletiva e a perspectiva educacional e

cultural na região são franciscana através desta atividade. Os resultados desta análise

fornecem uma concreta perspectiva diante daquilo que consideramos ser o “lixo”, aquilo

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que não mais queremos. Na esteira das reflexões relacionadas à economia, os autores

Helga Carolina de O dos Santos, Micaelle Eugênia Santos Pinheiro e Wellington Dantas

de Sousa apresentam o trabalho O perfil sócio-econômico das empreendedoras da

cidade de Juazeiro- Bahia, onde desenvolvem pesquisa exploratória junto às mulheres

empreendedoras da cidade supracitada e refletem sobre o estilo de administração que

estas imprimem em seus pequenos negócios.

É com o prof. Ronilson Barboza de Sousa que iremos, através do artigo A

sociedade contemporânea e os impactos ambientais – uma análise a partir da dimensão

social dos impactos ambientais, compreender como o processo de degradação ambiental

possui uma dimensão muito maior, englobando consequências sociais quase que

irreversíveis na sociedade contemporânea. Consequências estas que também atingem as

mídias digitais, uma vez que esta é a sociedade conectada 24 horas por dia. Sobre mais

este aspecto da questão ambiental, a prof. Késia Araújo, em conjunto com este que vos

escreve, contribui com o artigo As mídias digitais e os seus reflexos em campanhas de

conscientização em tempos de compartilhamento, experiência docente que buscou

utilizar o discurso publicitário na criação de campanhas de preservação do meio

ambiente com alunos do curso de Comunicação Social – Publicidade e Propaganda da

FASJ.

Contamos também com dois artigos voltados para uma análise biológica aplicada,

no tocante à preservação ambiental, fornecendo uma alternativa à questão do esgoto e

seu tratamento, reduzindo os impactos por ele causados. São eles Desenvolvimento de

sorgo sacarino (sorghum bicolor l. Moench) irrigado com efluente sintético de estações

de tratamento de esgoto doméstico de Petrolina-PE, dos autores Kellison Lima

Cavalcante, Magnus Dall'Igna Deon e Hélida Karla Philippini da Silva; e O uso de

efluentes de estações de tratamento de esgoto na agricultura irrigada como prática

mitigadora de impactos ambientais, parceria dos pesquisadores Kellison Lima

Cavalcante e Rafael Santana Alves.

Assim, sem mais prolongamentos, convido você caro(a) leitor(a), em nome da

equipe de edição da Revista Expansão Acadêmica, a percorrer as páginas desta nossa

primeira edição, pensada, trabalhada e apresentada com bastante esmero e muita

determinação.

Boa leitura,

Prof. Ms. Pablo Michel Magalhães

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Coleta seletiva de resíduos sólidos no município de Juazeiro da Bahia:

identificação do perfil dos catadores de material reciclável com a educação

e cultura do semiárido Nordestino

José Adelson Gonçalves de Almeida 1

Resumo

Os movimentos produtivos de bens e serviços no Brasil após a urbanização e o crescimento

econômico exercem um papel extremamente positivo para a economia de mercado. Contudo,

a inovação tecnológica, força motriz do capitalismo, reduz o tempo da utilidade dos bens

produzidos, “lei dos rendimentos decrescentes” e, institui, por conseguinte aumento do

consumo e dos resíduos advindos deste. Este artigo mostra a coleta seletiva de resíduos

sólidos no município de Juazeiro-BA. Apresenta a casta da sociedade brasileira que busca a

sobrevivência na coleta de lixo. Procura identificar e traçar o perfil dos catadores de material

reciclável, com a educação e cultura estatizada no semiárido nordestino. A pesquisa

caracteriza-se como bibliográfica, quantitativa, descritiva, exploratória, e estudo de caso,

realizada no referido município que tem, atualmente, 216 mil habitantes. Colaboraram com o

trabalho de forma voluntária, 18 (dezoito) catadores de material reciclável de uma cooperativa

local, que atuam nas ruas da cidade. As informações foram coletadas através de questionários

que identificam as condições sociodemográficas dos catadores. O resultado deste artigo pode

induzir os gestores públicos a reflexões e ações sobre a projeção desses trabalhadores para a

sustentabilidade ambiental, e humanização de suas condições de trabalho.

Palavras-chave: Coleta de resíduos; Catadores; Educação e cultura.

Abstract

The productive movements of goods and services in Brazil after the urbanization and

economic growth play a very positive role to the market economy. However, technological

innovation, driving force of capitalism, reduces the usefulness of the goods produced, "law of

diminishing returns" and establishes, therefore increased consumption and waste from this.

This article shows the selective collection of solid waste in the municipality of Juazeiro-BA.

Presents the variety of Brazilian society that seeks survival in garbage collection. Attempts to

identify and trace the profile of the collectors of recyclable material, with State-controlled

education and culture in the semi-arid Northeast. The research is characterized as quantitative,

descriptive, bibliographical, exploratory, and case study, held in that city that has, currently,

216 thousand inhabitants. Collaborated with the work on a voluntary basis, 18 (eighteen)

collectors of recyclable material of a cooperative, that operate on city streets. The information

was collected through questionnaires that identify socio-demographic conditions of

scavengers. The result of this article can induce public managers to reflections and actions

1 1. José Adelson Gonçalves de Almeida: Economista graduado pela Faculdade de Ciências Aplicadas e Sociais

de Petrolina – FACAPE, Especialista em Gestão de RH pela Universidade de Pernambuco – UPE. Professor da

Faculdade São Francisco de Juazeiro – FASJ. Presidente da Comissão Própria de Avaliação – CPA/FASJ.

[email protected].

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11

about the projection of these workers for environmental sustainability, and humanization of

their working conditions.

Key words: waste collection; Scavengers; Education and culture.

Introdução

O crescimento da produção de bens e serviços, congregado ao aumento demográfico e

urbanização desordenada compõem uma conjuntura, que inseri o Brasil em uma grande crise

socioambiental. A relação produto, consumo cria na economia de mercado uma competição

globalizada, que além de aumentar o uso dos recursos da natureza, favorece o acréscimo da

geração de resíduos sólidos. Segundo (ABRELPE, 2013, p.41), “no Brasil, cada pessoa gera em

média: 1,04 Kg. de resíduos sólidos por dia”. Mesmo com a sanção da Lei Federal 12.305/2010,

que entre outras providencias, prever a redução na geração de resíduos sólidos, a média

produzida em 2013 foi superior ao crescimento da população no mesmo período.

Simultaneamente, cresceu o número de catadores envolvidos com a coleta dos materiais que

podem ser reciclados, principalmente na atividade informal, que representa para o Brasil um

desafio de natureza socioeconômica, pelo considerado numero de trabalhadores excluídos do

mercado de trabalho formal.

Segundo (CONCEIÇÃO, 2003, p.191) “provocada pelo próprio sistema capitalista, a

exclusão social em que se encontram milhões de seres humanos, tem levado à formação, em

todo mundo, de um exercito de pessoas que trabalham e vivem dos recursos provenientes dos

resíduos urbanos”.

A coleta de material reciclável realizada na informalidade expõe os catadores a

extremos riscos para a saúde no exercício laboral, trabalham sem equipamentos de segurança

e dividem os espaços dos lixões com animais, insetos, gases, fumaça, além do mau cheiro.

Atividade que, segundo (CACCIAMALI, 2000, p.153) “Tem a marca transparente da

precarização, pois são vulneráveis, possuem incertezas de renda e de perspectivas futuras”.

Em Juazeiro, após a fundação da Cooperativa de Catadores de Materiais Recicláveis

de Juazeiro – COOPERFITZ, os catadores associados, não mais realizam as coletas em lixões,

entretanto as condições de trabalho ainda são precárias: níveis de escolaridade insuficientes,

para gerar possibilidades de acesso ao mercado de trabalho formal, ausência de apoio mais

efetivo da sociedade e do poder público, carência de equipamentos de proteção individual,

entre outras necessidades. Os resultados da pesquisa de campo realizada através de entrevistas

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12

com os catadores da COOPERFITZ mostra também, externalidades positivas, já que, não há

presença de crianças envolvidas com a coleta de resíduos sólidos entre os cooperados.

Este trabalho procurou avaliar através das entrevistas, os recursos escolares utilizados

na educação dos catadores de material reciclável, com a finalidade de comparar a partir dos

saberes escolares adquiridos, os motivos que os levaram à exclusão do mercado de trabalho

formal e, a relação destes, com a educação e cultura estatizada no semiárido nordestino.

Resíduos Sólidos Urbanos (RSU): definição e classificação.

O termo “sólido” é bem mais abrangente do que a própria expressão sugere, uma vez

que, apesar de fazer uma referência à palavra “sólidos” os resíduos podem estar nos estados

sólido, liquido e em estado gasoso desde que esteja contido em algum recipiente.

A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) no Art. 3º Inciso XVI

define resíduos sólidos como: material, substância, objeto ou bem

resultante de atividades humanas em sociedade, a cuja destinação final

se procede, se propõe proceder ou se está obrigado a proceder, nos

estados sólido ou semissólido, bem como gases contidos em recipientes

e líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na

rede pública de esgotos ou em corpos d’água, ou exijam para isso

soluções técnicas ou economicamente inviáveis em face da melhor

tecnologia disponível. (Lei Federal 12.305/2010).

A classificação oficial dos resíduos sólidos no Brasil se dá através da mesma Lei

12.305/2010 no seu artigo 13°.

Resíduos sólidos urbanos acumulam: resíduos domiciliares, originários de atividades

domésticas em residências urbanas; resíduos de limpeza urbana, oriundos da varrição, limpeza

de logradouros e vias públicas e outros serviços de limpeza urbana; resíduos de

estabelecimentos comerciais e prestadores de serviços, procedentes das atividades de limpeza

urbana: resíduos dos serviços públicos de saneamento básico; resíduos de serviços de saúde;

resíduos da construção civil: os gerados nas construções, reformas, reparos e demolições de

obras de construção civil, incluídos os resultantes da preparação e escavação de terrenos para

obras civis; resíduos de serviços de transportes: os provenientes de portos, aeroportos,

terminais alfandegários, rodoviários e ferroviários e passagens de fronteira; resíduos

industriais: vindos dos processos produtivos e instalações industriais; resíduos de mineração:

os gerados na atividade de pesquisa, extração ou beneficiamento de minérios.

Gráfico 1 – Participação dos principais materiais no total de RSU

coletados no Brasil em 2012.

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13

Fonte: ABRELPE 2013.

Geração e coleta dos resíduos sólidos urbanos no Brasil, no Nordeste, na Bahia e no

Município de Juazeiro.

Segundo (IBGE¹ e ABRELPE², 2013, p.28), a geração total de resíduos sólidos

urbanos em 2013 no Brasil foi de 76.387.200 toneladas. Representa um aumento de 4,1%,

índice superior ao crescimento populacional no mesmo período, que foi de 3,7%. Nesse estudo

o IBGE mostra que, entre as quantidades de resíduo sólidos geradas e coletadas, deixaram de

ser recolhidas diariamente mais de 20.000 toneladas no país. A região Nordeste gerou no

período 53.465 toneladas por dia: 22,1% dos resíduos sólidos urbanos produzidos no Brasil

ficou atrás apenas da Região Sudeste com 52,4%. De acordo com a tabela 1, a Bahia apresenta

um percentual significativo da geração de resíduos sólidos urbanos no Nordeste.

Tabela 1 – Geração e coleta de resíduo sólidos urbanos no Estado da Bahia

Resíduos Sólidos Urbanos Coletados

População (Kg/hab./dia) (t/dia/coletada) RSU Gerado (t/dia)

2012 2013 2012 2013 2012 2013 2012 2013

14.175.341 15.044.137 0,759 0,765 10.754 11.506 13.620 14.235

NE 0,958 42,772 53.465

Bahia - 20,1% 26,6%

Fontes: Pesquisa ABRELPE e IBGE 2013.

Nota: Os índices por habitante referentes a 2012 e 2013 foram calculados com base na população total dos

municípios.

A tabela acima mostra que a participação da Bahia na geração de resíduos sólidos

urbanos em 2013 foi de 14.235 toneladas/dia, 26,6% do total produzido no Nordeste. Mesmo

com a maior produção de lixo urbano entre os Estados do Nordeste, a Bahia gera por

habitante / dia apenas 0,765 Kg. 20,1% abaixo da média da Região Nordeste.

Tabela 2 – Geração e coleta de resíduo sólidos urbanos no Município de Juazeiro-BA.

Resíduos Sólidos Urbanos Coletados

51,4%

16,2% 13,5% 13,1%

2,9% 2,9%

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

Matéria

orgânica

Outros Plástico Papel,

papelão e

tetra park

Metais Vidro

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14

População (Kg/hab./dia) (t/dia/coletada) RSU Gerado (t/dia)

2013 2014 2013 2014 2013 2014 2013 2014

214.748 216.588 0,601 0,600 126 128 129 130

Bahia 11.506 14.235

Juazeiro 1,09% 0,91%

Fontes: Pesquisa ABRELPE e IBGE 2013. Pesquisa de campo SESP 2015.

Nota: Os índices por habitante referentes a 2013 e 2014 foram calculados com base na população total do

Município de Juazeiro-BA.

¹ IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. ² ABRELPE - Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais.

A tabela 2 mostra que os resíduos sólidos urbanos gerados no Município de Juazeiro

em 2013, consoantes à pesquisa, foram de 129 toneladas/dia, porquanto a produção de RSU foi

de 47.085 toneladas no período. Na Bahia no mesmo tempo, o somatório do RSU alcançou:

5.195.775 toneladas, assim sendo, a geração de RSU em Juazeiro comparada com o Estado é

de: 0,91%. A pesquisa mostra que, em Juazeiro a geração de RSU (Kg./hab./dia) é inferior a do

Estado do Maranhão: 0,611 Kg./hab./dia, que é a menor média entre os Estados da Região

Nordeste, externalidades ambientalmente positivas.

Coleta seletiva e destinação final de Resíduos Sólidos Urbanos.

A coleta seletiva de resíduos sólidos urbano nos municípios do Brasil em 2013, ainda é

muito tímida. Segundo pesquisa do (ABRELPE, 2013, p.43) apenas nos municípios das

regiões sudeste e sul, houve um significativo acréscimo das ações direcionadas a coleta

seletiva de RSU. A pesquisa mostra que as iniciativas atingiram: 82,6% e 81,9%

respectivamente nos municípios dessas regiões. A região centro oeste apresenta o pior índice

com apenas 33,8% dos municípios com alguma atividade direcionada a coleta seletiva de RSU,

seguida da região nordeste com 40,4% e região norte com 49,5%. Na média nacional 62,1% dos

municípios brasileiros movimentam-se, em torno da implantação da coleta seletiva.

Tabela 3 – Municípios com iniciativas de coleta seletiva de resíduos sólidos urbanos

Região Norte Nordeste Centro-Oeste Sudeste Sul Brasil

2012 2013 2012 2013 2012 2013 2012 2013 2012 2013 2012 2013

Sim 113 223 678 725 148 158 1.342 1.378 945 975 3.326 3.459

Não 326 227 1.116 1.069 318 309 326 290 243 216 2.239 2.111

Total 450 1.794 467 1.668 1.191 5.570

Fontes: Pesquisa ABRELPE e IBGE 2013.

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A destinação final dos RSU coletados no Brasil. Em 2012, apenas 57,98% dos RSU

apresentaram destinação final adequada, enquanto 42,02% tiveram como destino final, os

lixões e/ou aterros controlados. Em 2013, 58,26% e 41,74% respectivamente. Os dados

mostram que a destinação final dos RSU em aterros sanitários cresceu apenas 0,483%, quando

comparado com o crescimento populacional 3,7% no mesmo período os resultados são

negativos.

Na Bahia, as 5.195.775 toneladas de RSU produzidas em 2013, tiveram como

destinação final: 1.589.907 aterros sanitários, 1.870.479 aterros controlados, destas 47.085

Produzidas no Município de Juazeiro. Para os lixões baianos foram destinadas 1.735.389

Toneladas de RSU no período.

Tabela 4 – Quantidade de Municípios por tipo de destinação adotada – 2013

Destinação final Norte Nordeste Centro-Oeste Sudeste Sul Brasil

Aterro sanitário 92 463 161 817 703 2.226

Aterro controlado 111 504 148 645 367 1.775

Lixão 247 837 158 206 121 1.569

Brasil 450 1.794 467 1.668 1.191 5.570

Fontes: Pesquisa ABRELPE e IBGE 2013.

Empregos diretos gerados na coleta de RSU e no setor de limpeza Urbana – Município

de Juazeiro, Regiões e Brasil.

Segundo a (ABRELPE, 2013, p.32), os empregos gerados na coleta de RSU, incluídos

os serviços de limpeza pública no Brasil em 2013 superou os 332 mil empregos diretos. No

Nordeste foram gerados 86.314 empregos diretos, crescimento em relação a 2012 de 2,93%. O

mercado de limpeza urbana, que sempre movimentou considerável volume de recursos, em

2013 novamente exibiu a sua importância no cenário econômico brasileiro, ultrapassou os 24

bilhões de reais, aumento superior a 6,5% em relação ao período anterior.

Segundo a gerência da coleta de RSU da Secretaria de Serviços Públicos de Juazeiro –

SESP, o Município conta com uma equipe de (86) colaboradores que trabalham na coleta de

RSU e na varrição, limpeza de logradouros e vias públicas, ainda utilizam (08) caminhões

compactadores, que atendem de acordo com o calendário de coleta de RSU, a sede e o interior

do Município. O custo total admitido é: 407.500 reais mensais.

A sobrevivência na coleta de lixo

O mercado de limpeza urbana, segundo as estatísticas mencionadas neste artigo

configura um cenário positivo na geração de emprego e renda, haja vista que o montante gasto

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nesse mercado ficou muito próximo de todas as transferências efetivadas para os beneficiários

do “bolsa família” no ano de 2013: 24,5 bilhões de reais. Entretanto faz-se necessário

encontrar explicações, para as distorções que existe entre, este mercado e a atividade informal

dos catadores de RSU. Os catadores agem como agentes ambientais e fazem um trabalho de

utilidade pública, desobstruindo os espaços públicos das cidades, através da coleta de material

reciclável que são descartados, e poderiam ocupar mais espaços nos aterros sanitários, aterros

controlados ou lixões. Esses materiais são coletados, transportados, separados e vendidos

para a indústria de reciclagem, fazendo “logística reversa” exigida de outros agentes da cadeia

produtiva, pelo Programa Nacional de Resíduos Sólidos – PNRS.

Segundo (BENVINDO, 2010, p. 71) “os catadores, por meio de sua atividade cotidiana,

transformam o lixo (algo considerado inútil a princípio) em mercadoria outra vez (algo útil,

dotado de valor de uso e de valor de troca)”. Essa atividade promove externalidades positivas

reduz o uso dos recursos naturais exauríveis, além de gerar renda para essas famílias.

Entretanto, esses catadores trabalham na informalidade, expostos a riscos e afastados da

inclusão social, haja vista, que não se trata como excluídos, os que nunca foram incluídos.

Os catadores ocupam uma posição marginal na sociedade, com poucas ofertas de

trabalho formal, ancorada a falta de formação escolar, sofrem preconceitos por trabalhar com

lixo, mas, por necessidade adotam à atividade de coleta como oportunidade de trabalho e

garantia de sobrevivência. Mesmo com todos estes entraves, os catadores de materiais

recicláveis vêm procurando se articular coletivamente, com base em diversos modelos

organizacionais a exemplo do cooperativismo. De acordo com estimativa do (IPEA, 2010),

“com base em relatos de gestores públicos e das próprias organizações de catadores, o

percentual de trabalhadores ligados a cooperativas e associações nesse setor está em torno de

apenas 10%.”

O quadro abaixo mostra os caminhos percorridos para a efetivação da logística reversa.

Quadro – 1 Procedimento da logística reversa

Fonte: LEITE, 2012. Elaboração, Autor.

Matéria

prima

Indústria

Centro

distribuidor

Varejo

Consumidor

Pós-venda

Consumidor

Coleta

Consolidação

Retorno

Mercado original

Mercado secund.

Matéria

prima

Desmanche

reciclagem Componentes

secundários

s

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A responsabilidade compartilhada pelo ciclo do produto e a logística reversa são os

pontos de partida para o PNRS atribuir responsabilidades a todos participantes da cadeia

produtiva, o fabricante, os importadores, distribuidores, comerciantes, consumidores e o poder

público responsável pelos serviços de limpeza pública.

O perfil dos catadores de material reciclável, com a educação e cultura estatizada no

semiárido nordestino.

A Cooperativa de Catadores de Materiais Recicláveis de Juazeiro – COOPERFITZ, fundada

em 2012, funcionou inicialmente num galpão no bairro Piranga, imóvel de propriedade da

DIOCESE de Juazeiro. No segundo semestre de 2014 passou a funcionar em um galpão com

100m² cedido pela Secretaria de Serviços Públicos de Juazeiro – SESP, Localizado no Distrito

Industrial, espaço adequado para a separação dos resíduos sólidos recicláveis. A partir da

fundação da cooperativa, os catadores de material reciclável passaram a exercer suas coletas

de maneira organizada, e mais humana. Antes, a coleta era exercida no antigo lixão da cidade,

ambiente inadequado para qualquer atividade laboral.

A pesquisa de campo foi realizada com a finalidade de conhecer o perfil dos catadores

de material reciclável, e mensurar a relação desta atividade com a herança da educação e

cultura estatizada no semiárido nordestino.

Análise dos dados

As variáveis sociodemográficas dos associados da COOPERFITZ foram analisadas

com o objetivo de compreender o perfil dos catadores da cooperativa, a partir de uma relação

entre tópicos mensurados.

Tabela 5 - Principal motivo que levou os entrevistados a trabalhar como catadores

segundo dados sociodemográficos pesquisados na COOPERFITZ - 2015:

Motivo de ser catador

Dados sociodemográficos Necessidade Desempregado Única Outro Total

sem qualificação oportunidade

n (%) n (%) n (%) n (%) n (%)

Gênero Feminino 1 (5,56) -- -- 2 (11,11) -- -- 3 (16,67)

N=18 Masculino 5 (27,77) 3 (16,67) 6 (33,33) 1 (5,56) 15 (83,33)

Cursou Apenas alfabetiz. 5 (27,78) -- -- -- -- -- -- 5 (27,77)

N=18 Fund. Incompleto -- -- 3 (16,67) -- -- -- -- 3 (16,67)

Fund. Completo -- -- -- -- 1 (5,56) 1 (5,56) 2 (11,11)

Médio incompleto 1 (5,56) 1 (5,56) -- -- 1 (5,56) 3 (16,67)

Médio completo -- -- 1 (5,56) -- -- 1 (5,56) 2 (11,11)

Não alfabetizado 2 (11,11) -- -- 1 (5,56) -- -- 3 (16,67)

Idade 19 I--- 35 1 (5,56) 1 (5,56) -- -- 1 (5,56) 3 (16,67)

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36 I--- 45 2 (11,11) 1 (5,56) 2 (11,11) -- -- 5 (27,77)

46 ou mais 3 (16,67) 3 (16,67) 1 (5,56) 3 (16,67) 10 (55,56)

Moradia Própria 2 (11,11) -- -- -- -- 2 (11,11) 4 (22,22)

N=18 Alugada 4 (44,44) 1 (5,56) 1 (5,56) 2 (11,11) 8 (44,44) Outros 3 (16,67) 2 (11,11) 1 (5,56) -- -- 6 (33,34)

Tempo de atuação na coleta

(anos) 0 I--- 3 1 (5,56) 1 (5,56) 2 (11,11) 1 (5,56) 5 (27,77)

N=18 10 ou mais 6 (33,34) 3 (16,67) 1 (5,56) 3 (16,67) 13 (72,23)

Fonte: Pesquisa de campo, 2015. Elaboração, Autor.

O primeiro item da tabela, que identificou o motivo de ser catador mostra que o

percentual de homens associados à COOPERFITZ: 83,3% é bem superior ao das mulheres. A

presença de homens que trabalham com a coleta de resíduos é superior em todo Brasil. As

mulheres representam 31,1% de brasileiros que declararam ao (IBGE, 2013) que são

catadores de resíduos recicláveis, esse percentual oscila muito entre os Estados. No Rio

grande do Norte o percentual chega a apenas 15%, seguido de Roraima com 17%. O Estado

com maior participação percentual de mulheres na coleta é o Amazonas com 40%. Conforme

o resultado da pesquisa na COOPERFITZ a participação das mulheres na coleta em Juazeiro é

de 16,7%.

No quesito escolaridade os dados da pesquisa mostrou um somatório de 44,44% entre

apenas alfabetizados e não alfabetizados, 27,77 e 16,67 respectivamente, ocorrência frequente

no associativismo relacionado às cooperativas de catadores, com maior incidência nos

Estados do Nordeste 34%. A pesquisa revela ainda, que 16,67% tem ensino fundamental

incompleto, 11,11% fundamental completo, apresenta para o ensino médio incompleto e

completo, percentuais idênticos aos do ensino fundamental 16,67% e 11,11% respectivamente.

Segundo (IBGE, 2013) “no Brasil 20,5% dos catadores se declararam analfabetos. Ou seja, são

aqueles que não sabem escrever sequer o próprio nome”. A região Sudeste apresentou o

menor índice de analfabetismo entre os catadores, 13,4%.

Os entrevistados da COOPERFITZ declararam que 55,56% têm 46 anos ou mais de

idade, o fato que chama a atenção nesse item é a relação com a escolaridade, pois 33,34%

destes declararam que foram motivados a trabalhar na coleta de lixo por necessidade, e,

estiveram desempregados graças à falta de qualificação.

Quando se avaliou a situação de moradia, os catadores afirmaram que 77,78% não

possuem casa própria e dentre este 72,23% estão entre os catadores de maior faixa etária e

com maior tempo na atividade da coleta de material reciclável.

Tabela 6 – Resultados econômicos das Atividades da COOPERFITZ:

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Resíduos Sólidos Urbanos Papelão Papel Alumínio Sacolas Metais Vidro Pet

RSU mais coletados 5 ton. 31 ton. 0,038 ton. 0,38 ton. - - 0,013 ton.

RSU mais vendidos 13,68% 84,82% 0,10% 1,04%

Onde são coletados residência 50% comércio 50% indústria 0% outros 0%

Frequência da venda uma vez por mês

Peso do material coletado em Kg 5 ton. 31 ton. 0,038 ton. 0,38 ton. - - 0,013 ton.

Horas de trabalho por dia 10 horas por dia: segunda a sábado

Valor recebido por Kg. em R$ 0,20 0,16 3,00 1,20 10,00 7,50 0,50

Nº de pessoas q. vive da renda 1 a 2 - 50% 3 a 4 - 20% 5 a 6 - 20% mais – 0%

Valor recebido RSU R$ 1.000,00 4.960,00 114,00 456,00 - - 65,00

É suficiente para o sustento da família sim 0% insuficiente 16,7% é pouco 83,3%

Renda média mensal por cooperado R$ 366,39

Fonte: Pesquisa de campo, 2015. Elaboração, Autor.

Os resultados econômicos das atividades dos catadores da COOPERFITZ mostram

que a coleta de material reciclável: 0,94% , ainda é muito tímida diante do quantitativo de

resíduos gerados no município de Juazeiro da Bahia. De acordo com os entrevistados todo

material reciclável é coletado em condomínios residenciais e no comércio da cidade, e

vendido no final de cada mês. Os valores pagos aos cooperados da COOPERFITZ são

inferiores aos pagos pela indústria de reciclagem, pois entre a cooperativa e a indústria

existem os atravessadores que compra dos cooperados e repassam para a indústria.

A renda média dos cooperados e de pouco mais de trezentos e sessenta reais por mês,

valores que os mesmos declaram: 83,3% que é insuficiente, e 16,7% que é pouco para manter

o sustento da sua família.

Considerações finais

Segundo (KRUGMAN; WELLS, 2007, p.477), “o crescimento econômico de longo

prazo é fundamental para muitas das questões econômicas mais urgentes de hoje. Em

particular o crescimento de longo prazo percapita”. Dessa forma as intenções do crescimento

mantido no produto agregado por trabalhador, constituem melhores condições para gerar

maiores salários e mais qualidade de vida. Contudo algumas regiões e países, não crescem

economicamente, permanecem estagnados. Destarte aparecem os entraves que interferem no

crescimento econômico, criam diferenças e impedem o desenvolvimento e prosperidade social

nesses países ou regiões. Porquanto se torna importante mensurar as causas que sancionam

essas desigualdades.

Os catadores de material reciclável, atores envolvidos nesse estudo, representam

nitidamente essas diferenças, e permitiu mostrar nesse artigo, o cenário que trás aspecto

significativo do crescimento econômico desordenado, que prioriza o aumento da produção e

descarta os interesses das castas menos favorecidas, contribuindo para a ampliação do

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exército de trabalhadores de reserva. Entretanto, as dificuldades não se resumem nas ações

capitalistas, haja vista, que outras variáveis legitimam e intervêm diretamente para a redução

da inclusão social. Os resultados da pesquisa efetivada na COOPERFITZ identificam a

necessidade de criar uma relação intrínseca entre as variáveis: educação, cultura, qualificação

profissional e tecnologia, conjuntura que possibilita avaliar: o emprego, a renda, as causas e

fragilidades do fator trabalho. Nesse contexto, a prática educacional deve produzir os saberes

necessários, para a inserção do trabalhador no mercado formal de produção. No Brasil, a Lei

de Diretrizes e Bases da Educação “prevê que a educação básica precisa dar condições de o

cidadão progredir no trabalho (Lei n. 9.394, 1996)”, entretanto, não existe sincronia

curricular, num contexto regional, entre: o setor produtivo globalizado e a qualificação da

mão de obra, adequada para cada região do país demandada pelas empresas.

A educação oferecida no Brasil não ocorre de forma contextualizada para formar

trabalhadores capacitados para o mercado de trabalho, que representem a força motriz para o

crescimento e consequente desenvolvimento econômico. Segundo (MARTINS, 2006), “a

contextualização é antes de tudo um problema de descolonização”. Para ele no processo

educativo vigente o currículo se alberga nas ideias preconceituosas baseadas na cultura

europeia capitalista. (MARTINS, 2006, P. 45) “pontua que contextualizar não significa isolar

os conhecimentos e saberes, reduzir a abordagem, nem fixar-se apenas ao local, à sala de aula

etc. Ao contrário, é incluir, ampliar”. Portanto contextualizar, não compreende a educação e a

capacitação profissional num currículo padronizado, para todas as regiões brasileiras, e sim

multidisciplinaridade entre os conhecimentos e saberes.

De acordo com (LIMA, 2006, p.39), “os conhecimentos não podem ser construídos

isolados de outras relações que o sujeito faz em seu mundo”. Nesse sentido os conhecimentos

e saberes devem ser contextualizados multiplicando as possibilidades de adequação a regiões

e costumes distintos, proporcionando livre escolha da atividade laboral.

Por fim, os problemas com a sustentabilidade ambiental, trás na sua conjuntura

soluções pragmáticas, haja vista, que os resíduos sólidos podem ser reciclados e reutilizados

na indústria de transformação, sendo assim, reduz o uso de recursos da natureza, gera renda

para as famílias envolvidas e podem custear os projetos de intervenções necessárias para

manter o equilíbrio ambiental. Para tanto se faz necessário à prática legal que concerne o

Plano Nacional de Resíduos Sólidos - PNRS.

REFERENCIAS:

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O PERFIL SÓCIO-ECONÔMICO DAS EMPREENDEDORAS DA CIDADE DE

JUAZEIRO- BAHIA

Helga Carolina de O. dos Santos1

Micaelle Eugenia Santos Pinheiro2

Wellington Dantas de Sousa3

RESUMO

O Brasil é um país de mulheres empreendedoras, ao empreender a mulher torna-se

agente de mudança cultural e comportamental. O tema empreendedorismo feminino

com foco em empreendedoras que criam e dirigem seu próprio negócio, foi o escolhido

para ser foco desse trabalho, pois representa a oportunidade de discutir e refletir sobre a

importância da mulher empreendedora no desenvolvimento social e econômico da

cidade de Juazeiro, estado da Bahia. Assim, o artigo apresenta como objetivo analisar o

perfil das mulheres empreendedoras do município Juazeiro- BA e sua influência no

sucesso dos micros e pequenas empresas criadas e administradas por elas. O presente

trabalho foi desenvolvido por meio de uma pesquisa exploratória junto às

empreendedoras da cidade de Juazeiro- BA. Como base teve uma amostra de 30

empreendedoras as quais responderam um questionário contendo 10 questões de

multiplica escolha, fundamentadas por pesquisa bibliográfica e coletados por meio de

um estudo de campo. Os principias achados da pesquisa evidenciaram que as mulheres

não apenas são responsáveis pela administração de seus negócios, como empreende na

busca de alternativa de renda, pois ficou evidente através da pesquisa citada que a

mulher baiana responde por uma significante parcela da renda familiar independente de

sua escolaridade.

Palavras - chaves: Empreendedorismo. Mulher. Desenvolvimento.

1. INTRODUÇÃO

Em ascensão no Brasil, o empreendedorismo feminino é visto como um fator de

mudança cultural e comportamental, tornando-se importante para o crescimento

econômico inclusivo. Considerando sua importância não apenas para o Brasil, como

1 Helga Carolina de Oliveira dos Santos (Graduando em Ciências Contábeis na Faculdade São Francisco

de Juazeiro (FASJ), e-mail: [email protected]); 2 Micaelle Eugênia Santos Pinheiro (Graduando em Ciências Contábeis na Faculdade São Francisco de

Juazeiro (FASJ), e-mail: [email protected]); 3 Wellington Dantas de Sousa (Especialista em Docência do Ensino Superior, Coordenador do curso de

Administração e Ciências Contábeis da Faculdade São Francisco de Juazeiro (FASJ), e-mail:

[email protected]).

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também para outros países, que tiveram suas economias afetadas pela concorrência

gerada pela abertura de mercado, levando as empresas a competirem em padrões

internacionais, obrigando-as a se adaptarem e buscarem tecnologias de ponta e

reformulação das estruturas organizacionais, exigindo mão de obra altamente

qualificada e acabando com milhares de vagas de trabalhos.

A nova ordem econômica e de trabalho levou desemprego a uma parcela da

população, que viu nesse novo cenário econômico a oportunidade de empreender. Esse

fenômeno foi inspiração para o presente trabalho, que é fruto do conhecimento

construído durante o período na graduação em Administração de Empresa, sempre

associado os conceitos da teoria vivencia profissional, tendo como objetivo verificar,

por meio de estudo de caso, as características no processo de empreender realizados

pelas mulheres da cidade de Juazeiro- Bahia, analisando suas principais dificuldades e

os benefícios sociais e econômicos gerados.

Segundo pesquisa SEBRAE (2004), a capacidade empreendedora, é formada por

atributos como criatividade, perseverança e coragem de assumir riscos no negócio,

tornando-se condição fundamental de sucesso para empresários e seus negócios. No

entanto, essa mesma pesquisa apresenta como pontos dificultadores para a manutenção

do empreendimento, fatores internos aos negócios, como falta de capacidade

empresarial, falta de capital de giro e a logística operacional, e causas externas, como a

conjuntura econômica do país e políticas públicas, como, a falta de crédito bancário.

Este trabalho tem como referencial teórico a pesquisa Global Entrepreneurship

Monitor (GEM), Idealizada pela London Busines Schol, e pelo Bobson College,

realizada em mais de 30 países, sobre o perfil da atividade empreendedora no mundo. A

pesquisa se baseia em dados de amostra de 197 mil adultos (entre 18 a 64 anos) e mais

de 3 mil especialistas de 70 economias, incluindo o Brasil, o que representa 75% da

população e 90% do PIB mundial.

Concluindo que a ambiência voltada para o desenvolvimento do

empreendedorismo depende de apoio financeiro, políticos governamentais, educação e

treinamento, pesquisa e desenvolvimento (transferência de tecnologia), infra-instrutora

comercial e profissional, abertura de mercado, acesso a infra-estrutura física, normas

culturais e sociais, capacidade para empreender, clima econômico, característica da

força de trabalho, composição da população, contexto político, institucional e social.

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Segundo pesquisa GEM, o Brasil tem ostentado altas taxas de atividades

empreendedoras e, com isso, se posiciona entre os países mais empreendedores no

universo pesquisado.

Isso leva a refletir sobre o papel da mulher baiana empreendedora em sua família

e os reflexos de sua atividade na economia da cidade de Juazeiro, analisando os motivos

que as levaram a abrir seus negócios. Diante desse contexto, questiona-se: qual o perfil

socioeconômico das empreendedoras da cidade de Juazeiro-BA. Desse modo, o objetivo

do presente trabalho é desenvolver um estudo para evidenciar o papel das

empreendedoras baianas frente às famílias e sociedade.

O estudo aborda como metodologia a pesquisa bibliográfica e de campo, com

aplicação de questionários de múltipla escolha. A pesquisa bibliográfica é desenvolvida

com suporte de publicações cientificas já existentes (GIL, 2002). A pesquisa de campo

procura o aproveitamento de uma realidade específica pela qual serão coletados os

dados.

Justifica-se a pesquisa em um momento em que a mulher tem ocupado cada vez

mais seu espaço econômico e social no ambiente em que está inserida, além disso, o

pujante desenvolvimento econômico nos últimos anos no município de Juazeiro-Bahia.

A pesquisa está dividida em seções, inicia-se com está introdução, seguida da

fundamentação teórica, da metodologia utilizada no estudo, da descrição e da análise

dos dados, por fim, são postas as considerações finais.

2. DESENVOLVIMENTO DO TEMA

2.1 CONTEXTOS DO EMPREENDEDORISMO

O mundo tem passado por varias transformações proporcionado por invenções

que mudaram o estilo de vida das pessoas. Por trás destas invenções estão pessoas

visionárias, que questionam, arriscam, apaixonadas pelo que fazem, fazendo acontecer e

empreendendo (Dornelas, 2008). Os empreendedores estão revolucionando o mundo

com uma velocidade nunca vista e para manter ritmo é necessário que a economia e os

meios de produção se sofistiquem, de forma que hoje existe a necessidade de se

formalizarem conhecimentos, que eram apenas obtidos empiricamente no passado.

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A ênfase em empreendedorismo surge muito mais como

conseqüência das mudanças tecnológicas e sua rapidez, e não

apenas um modismo. A competição na economia também força

novos empresários a adotar paradigmas diferentes. Por isso o

momento atual pode ser chamado de a era do empreendedorismo,

pois são os empreendedores que estão eliminando barreiras

comerciais e culturais, encurtando distancia, globalizando e

renovando os conceitos econômicos, criando novas relações de

trabalho e novos empregos, quebrando paradigmas diferentes

(DORNELAS, 2008, p. 6).

O quadro abaixo demonstra algumas criações que revolucionaram o mundo e o

modo de vida. O empreendedor é capaz de mudar a ordem no mundo com suas

invenções, transformando economia e tornando necessário formalizar conhecimento.

Quadro 1 Algumas invenções e conquistas do século XX

1930 Avião motorizado

1915 Teoria geral da relatividade de Einstein

1923 Aparelho televisor

1928 Penicilina

1937 Náilon

1943 Computador

1945 Bomba atônica

Fonte: DORNELAS, José Carlos Assis. Empreendedorismo: transformando idéias em

negócios. Rio de Janeiro: Campus, 2008.p.6

Como demonstra o quadro acima o momento atual pode ser chamado de era do

empreendedorismo. Dornelas, 2008 afirma que são os empreendedores que estão

eliminando as barreiras comerciais e culturais, encurtando distancias, globalizando e

renovam os conceitos econômicos, criando novas relações de trabalho e novos

1947 Descoberta da estrutura do DNA abre caminho para a engenharia

genética

1957 Sputnik, o primeiro satélite

1958 Laser

1961 O homem vai ao espaço

1967 Transplante de coração

1969 O homem chega á Lua; início da Internet, Boeing 747

1970 Microprocessador

1989 World Wide Web

1993 Clonagem de embriões humanos

1997 Primeiro animal clonado: a ovelha Dolly

2000 Seqüencia do genoma humano

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empregos, quebrando paradigmas e gerando riquezas para a sociedade com suas

criações.

Os empreendedores inovam não apenas pela identificação de

formas de usar as invenções, mas também pela introdução de novos

meios de produção, novos produtos e novas formas de organização.

Essas inovações precisam de tanta ousadia e habilidade como o

processo de invenção. O empreendedor promove a “distribuição

criativa”, tornando obsoletos os recursos existentes e necessários a

sua renovação. A questão não é a forma como o capitalismo

administra as estruturas existentes, mas como as cria e as destrói. A

“distribuição criativa” é a causa do programa e do contínuo

aprimoramento do padrão de vida coletividade (SCHUMPETER,

1961, p.15).

Diante da referência do Professor Bolson (2003), observa-se que o empreendedor

é responsável por grandes mudanças da historia do progresso da humanidade, então

segundo o mesmo o empreendedor é o revolucionário, é aquele que detecta uma

oportunidade e cria um negócio para capitalizar sobre ela, assumindo riscos calculados.

Nos estudos sobre o empreendedorismo do professor encontram-se os seguintes

aspectos referentes ao empreendedor:

1. Tem iniciativa de criar um novo negócio e paixão pelo que faz.

2. Utiliza os recursos disponíveis de forma criativa, transformando o ambiente

social e econômico onde vive.

3. Aceita assumir os riscos calculados e a possibilidade de fracassar.

2.2 CONCEITOS E DEFINIÇÕES

Empreendedor é uma palavra que vem do latim imprendere, que dignifica

“decidir, realizar tarefas difícil e laboriosa” (Dicionário Houaiss da língua portuguesa),

“colocar em execução” (Dicionário Aurélio). A palavra empreendedorismo é de origem

francesa “entrepreneur” que em sua conotação prática, leva a onde implica atitudes e

idéias, sendo associada a pessoas que tem visão, realizadoras, que mobilizam recursos e

correm risco para iniciar seu próprio negócio, transformando o ambiente que atuam. De

acordo com Joseph Schumpeter (1961, p.20) importante estudioso do

empreendedorismo:

O empreendedor é aquele que destrói a ordem econômica existente

pela introdução de novos produtos e serviços, pela criação de novas

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formas de organização ou pela exploração de novos recursos e

materiais.

O empreendedor é aquele que cria um equilíbrio, encontrado uma posição clara

e positiva em um ambiente de caos e turbulento, ou seja, identifica oportunidade na

ordem presente. (Kiezner, 1973)

Porém são enfáticos em afirmar que o empreendedor é um exímio identificador

de oportunidades, sendo um individuo curioso e atento as informações, pois sabe que

suas chances melhoram quando seu conhecimento aumenta.

O estudo de Kirzner (1973) assegura que o empreendedor é uma pessoa com

criatividade e capaz de fazer sucesso com inovações, pois ele é um indivíduo inovador

que decide colocar em prática novas combinações dos fatores de produção, abrindo

novos mercados e revolucionando os métodos de produção.

Buscando entender o comportamento empreendedor, Peter Drucker (1973),

conclui que o empreendedor cria um equilíbrio, encontrando uma posição clara e

positiva em um ambiente de caos e turbulência, ou seja, identifica oportunidades na

ordem presente.

Afirmando que o empreendedor é aquele que detecta uma oportunidade e cria

um negócio, assumido riscos calculados, sendo responsável pelo processo de criação ou

adaptação das empresas, sempre atendo ao mercado e inovando, tornando-se agente de

transformação econômico e social.

Ainda segundo Drucker (1973), o comportamento empreendedor e o

envolvimento das pessoas no processo de criação de algo novo, de valor, com

comprometimento de tempo e esforço necessário para a criação e desenvolvimento da

empresa, é possuidor do chamado espírito empreendedor.

Segundo Maximiano (2006), grande estudioso do empreendedorismo atual, a

idéia de um espírito empreendedor está de fato associada a pessoas realizadoras, que

mobilizam recursos e correm riscos para iniciar organizações de negócios, o autor

afirmando que:

Mesmo que o empreendedorismo tenha merecido maior destaque

somente nos últimos vinte anos, o espírito empreendedor sempre

esteve presente na historia da humanidade, fazendo com que a

cultura empreendedora, cada vez mais, se enraizasse na civilização.

No atual contexto de desafios e incertezas o desenvolvimento das

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organizações e, até mesmo, sua sobrevivência depende, em grande

parte, de indivíduos que conseguem identificar novas

oportunidades de negócios através de um processo visionário.

Depende, também de que estes indivíduos saibam combinar

recursos e habilidades de forma inovadora, para a concretização de

idéia e conduzir, de forma eficaz, o empreendimento, objetivando o

relacionamento amistoso entre empresa, seus membros e os

mercados (MAXIMIANO, 2006.p.40).

Diante dos conceitos dos autores citados, pode-se deduzir que ser empreendedor

é ser criativo e ao mesmo tempo prático, característica essencial para um gestor que visa

o nascimento, crescimento e sobrevivência de uma empresa, independente do ramo de

atuação em um mercado cada dia mais competitivo, pois a presença do espírito

empreendedor é condição comum para a criação e desenvolvimento de novos negócios.

Neste sentido, os autores tem se dedicado ao estudo sobre o empreendedorismo,

verifica-se a presença do empreendedor, como agente de transformação desde a

revolução industrial, no final do século XVIII, motivando estudiosos sociais a

desenvolverem teorias e conceitos que possa definir o empreendedor e o ato de

empreender, como ressalta Shumpeter,1949;Fiion 1991; Albagli Neto, 1998; Bolso

2003; Chiavenato, 2007; Doenelas, 2008, como pode ser visto no quadro abaixo.

Quadro 2 - Conceitos e entendimentos sobre empreendedor:

AUTOR CONCEITO/ DEFINIÇÃO

Joseph Alois

Schumpeter

(1949)

O empreendedor é aquele que destrói a ordem econômica

existente pela introdução de novos produtos e serviços, pela

criação de novas formas de organizações ou pela exploração de

novos recursos e materiais.

Louis Jacques Filion

(1991)

O empreendedor e aquele que cria um equilíbrio, encontra uma

posição clara e positiva em um ambiente de caos e turbulência,

ou seja, identifica oportunidade na ordem presente, é um

exímio identificador de oportunidades, sendo um individuo

curioso e atento ás informações, pois sabe suas chances

melhoram quando seu conhecimento aumenta.

Isaac Albagli Neto

(1998)

O empreendedor é quem e namora com a idéia dá o primeiro

empurrão no negócio, implementa-o e acompanha -o até

adquirir vida própria. Ele identifica-se emocionalmente e de

modo umbilical com a empresa, concentrando mais a sua

atenção durante as fases de nascimento e pré-infância.

Eder Luiz Bolso

(2003)

O conceito de empreendedor não serve apenas para pessoas que

quebram paradigmas, inovam ou revolucionam. Ele se aplica

também a qualquer pessoa que assume riscos e tenta adicionar

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valor a um negócio.

Idalberto Chiavenato

(2007)

O empreendedor é a pessoa que consegue fazer as coisas

acontecerem, pois é dotado de sensibilidade financeira e

capacidade de identificar oportunidades para o negócio, tino

José Carlos Assis Dornelas

(2008)

O empreendedor é a pessoas que possui tem iniciativa para

criar um novo negócio, tendo paixão pelo o que faz, utilizando

recursos disponíveis de forma criativa,transformando o

ambiente social e econômico onde vive, aceitando assumir

riscos calculados e a possibilidade de fracassar.

FONTE: Elaboração Própria (2014)

2.3 EMPREENDEDORISMOS NO BRASIL

O surgimento dos primeiros empreendedores no Brasil foi devido a uma abertura

maior da economia na década de 90. Porém esses novos empreendedores não detinham

de conhecimentos suficientes para administrar seus negócios (SEBRAE, 2005.p 28).

Fernando Dolabela em seu livro Oficina do Empreendedor (2008), conclui

No Brasil, pode-se dizer que o empreendedorismo está apenas começando, mas

o resultado já alcançado no ensino indica que estamos no inicio de uma revolução

silenciosa, uma vez que o empreendedorismo é um fenômeno cultural (DOLABELA,

2008, p10).

A compreensão do empreendedorismo no contexto brasileiro depende da

referência à cultura educacional brasileira. Teorizar sobre o empreendedorismo no

contexto brasileiro implica o empenho por formular um saber situado, uma vez que os

empreendedores não agem e reagem de maneira idêntica em todos os lugares (SOUZA

NETO, 2003, p.18).

O movimento do empreendedorismo no Brasil começou a tomar

forma na década de 1990, quando entidades como SEBRAE

(Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) e

Softex (Sociedade Brasileira para Exportação de Software) foram

criadas. Antes disso, praticamente não se falava em

empreendedorismo e em criação de pequenas empresas

(DORNELAS, 2008, p.26).

Foi com base na criação de entidades como o SEBRAE e Softex citadas acima,

que o Brasil teve a real noção da importância das micros e pequenas empresas para a

geração de empregos e desenvolvimento da economia.

Quando 3- evolução do ensino do empreendedorismo no Brasil:

1981 Introdução da disciplina “Novos Negócios” no curso de

Especialização em Administração de Empresa - FGV.

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1984 Introdução da disciplina “Criação de Novos Negócios” no curso de

Graduação em Administração de Empresa - FGV.

1984 Introdução da disciplina empreendedorismo no curso de mestrado,

doutorado e MBA - FGV.

1984 Introdução da disciplina “Criação de Empresa” no curso de

graduação em Administração e Contabilidade - FEA/USP.

1984 Introdução da disciplina “Ensino de Criação de Empresa’’ no curso

de bacharelado em Ciências da Computação - UFRS.

Fonte: Elaboração Própria (2014)

O quadro acima demonstra a evolução do ensino do empreendedorismo no

Brasil segundo Dornelas. Todos os autores estudados são unânimes em afirma que o

sucesso dos negócios está intimamente ligado ao aprimoramento das técnicas de ensino

e programas de desenvolvimento do empreendedorismo aprimorados a partir de 1981,

com a introdução da disciplina “Novos Negócios” no curso de Administração da

Fundação Getulio Vargas e que hoje é uma trilha obrigatória percorrida pelos alunos de

graduação.

Através dos estudos dos grandes mestres citados conclui-se que não basta que

exista motivação para empreender, e necessário que o empreendedor esteja preparado

para isto, ou seja, que conheça formas de análise dos negócios, do mercado e de si

mesmo para conseguir o sucesso com passos firmes e saber colocar a sorte ao seu favor.

1990 Criação do GEPE (Grupo de Estudo da Pequena Empresa) - UFMG

1992 Oferecimento de Worcksshops ministrado pelo professor Louis

Jacques Filion,o qual se transformaram em núcleo de propagação de

seguidores da área - GEPE.

1992 Criação do ENE (Escola de Novos Empreendedores) - UFSC.

1992 Criação do CESAR (Centro de Estudos e Sistemas Avançado do

Recife) - UFPE.

1993 Desenvolvimento de metodologia de ensino de empreendedorismo -

UFMG.

1995 Criação do GEFEI (Centro Empresarial de Formação

Empreendedora de Itajubá) - EFEI.

1995 Criação da Escola de Empreendedores - UNB

1996 Programa Softex- Softtart oferece em mais de 24 estados brasileiro a

disciplina “O Empreendedor de Informática” - UFMG

1997 Projeto Gênese, incubadora universitária

1997 Programa Reune - Rede de Ensino Universitário de

Empreendedorismo no Estado de Minas Gerais.

1998 Programa Reune Brasil - Rede de Ensino universitário de

Empreendedorismo no Brasil.

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2.4 CARACTERISTICAS DO EMPREENDEDOR DE SUCESSO

Muitos estudos e pesquisas já foram feitos na tentativa de identificar as

características e personalidade típicas dos empreendedores de sucesso. Em 1960, David

Meclelland, psicólogo da universidade de Harvard, identificou nos empreendedores bem

sucedidos características e habilidades em comum, também denominada por ele como

motivação realizadora.

O individuo portador das condições para empreender saberá

apreender o que for necessário para crias, desenvolver e realizar

sua visão. No empreendedorismo o ser é mais importante do que o

saber: este será conseqüência das características pessoais que

determinam a metodologia de aprendizagem do candidato a

empreendedor (DOLABELA, 1991, p.71)

A seguir estão relacionadas e descritas as principais características e habilidades

em comum em empreendedores de sucesso segundo Bolson Eder, 2003.

Quadro 4 - As principais características do empreendedor de sucesso

Características

Especificações

Necessidades

Aprovação

Independência

Desenvolvimento pessoal

Segurança

Auto-realização

Vinculo

Corre risco calculado

Conhecimento

Aspectos técnicos relacionados

com o negocio

Experiência na área comercial

Escolaridade

Experiência em empresas

Formação complementar

Vivencias em situações novas

Habilidade

Identificação de novas

oportunidades

Valoração de oportunidades e

passamentos criativos

Comunicação persuasiva

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Negociação

Aquisição de informação

Resolução de problemas

Alcançar metas

Motivação e obsessão

Valores

Existência

Estéticos

Intelectual

Morais

Religiosos

Qualidade

Fonte: Principais características do empreendedor. URIARTE, Luiz Ricardo (2000).

Dolabela afirma que o empreendedor tem necessidade que influenciam seu

comportamento. No entanto existem outros traços que variam de acordo com aspecto da

personalidade dos indivíduos e pode vim a ajudar ou não seu empreendimento.

2.5 EMPREENDEDORISMOS FEMININOS

Segundo dados do SEBRAE/ 2014 em cada 100 empreendedor individual 45

são mulheres, formando um batalhão de 45 mil empreendedoras, que se destacam na

área do comercio e serviço, ajudando o Brasil a criar emprego e renda em um mercado

competitivo e exigente, além de ajudar na mudança cultural.

A participação crescente de mulheres brasileiras no mercado de

trabalho é uma mudança social muito notável no país desde os

anos 60. Padrões e uma mudança social mais notável no papel

social da mulher têm passado por mudanças, ou seja,

reformulações de conceitos e atribuições tradicionalmente

instituídos pela sociedade. O trabalho feminino permite que a

mulher possa alcançar sua independência econômica, além de

contribui para o orçamento familiar, complementando a renda

familiar e aumentando suas expectativas de consumo (ROSSINI,

2002).

Ainda segundo o autor o empreendedorismo feminino tem crescido em todo o

mundo nas ultimas décadas. Toda essa evolução certamente está ligada ao aumento do

número de mulheres que investem na educação profissional.

A pesquisa GEM de 2013 demonstra que a mulher é metade dos

empreendedores brasileiros. Em 2012 o IBGE constatou que 51,3% da população

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brasileira é constituídas por mulheres. Em um total de 196,9 milhões de pessoas, ou

seja, existem 5,2 milhões a mais de mulheres do que homens no Brasil.

A presença de a mulher estar evoluindo nos pequenos negócios, nas empresas

em segmentos diversificados, o empreendedorismo tem sido uma alternativa para a

presença marcante das mulheres no mercado. Enfrentando desafios as mulheres

ousaram quebrar o paradigma historicamente machista ao assumir uma postura

empreendedora. (ANDREIOLI e BORGES, 2007, p.2).

Segundo Tom Peters (2004), a nova economia vem demandando atributos

femininos, como a capacidade de relacionamento e aprendizado, bem como a intuição

Wever (2003) complementa que a capacidade de realizar múltiplas tarefas e

funções, cuidando de vários assuntos ao mesmo tempo, e ainda, a habilidade de em

desempenhar diferentes papéis nas organizações.

De acordo com esses autores, as mulheres conquistaram seu lugar no mercado de

trabalho e cresceram em diversos segmentos, conseguindo conciliares as atividades

profissionais com as familiares.

3. PROCEDIMENTOS METOLÓGICOS

3.1 TIPOS DE PESQUISA

O presente estudo teve como foco mulheres que conduzem o seu próprio

negócio na cidade de Juazeiro - Bahia. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica, pois

respaldados na literatura pertinente, buscou-se alguns conceitos sobre o tema em foco, o

perfil sócio - econômico das empreendedoras da cidade de Juazeiro - Bahia.

Para Santos (2001), a pesquisa bibliográfica é um levantamento das

características conhecidas, componentes do fato, fenômeno, problema. E normalmente

feita na forma de levantamento ou observação sistemática do fato, fenômeno ou

problemática escolhida.

A pesquisa bibliográfica tem como objetivo primordial a

descrição da característica de uma determinada população ou

fenômeno, e uma das suas características mais significativa está

na utilização de técnicas padronizadas de coletas de dados,

através da observação sistemática (GIL,2002).

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Quanto ao procedimento, são os que se referem á maneira pela qual se conduz o

estudo e, portanto, se obtêm os dados. (BEUREN, 2008). Nesse sentido, Gil (1999)

contribui informando que o elemento primordial para identificar é a coleta de dados.

Neste sentido, o procedimento adotado é o estudo de campo com apoio da

pesquisa bibliográfica, a qual é desenvolvida como base em dados já existente, ou seja,

em artigos e publicações, como exemplos de livros, revistas, teses, sites especializados

da internet.

3.2 INSTRUMENTOS DE PESQUISA

A pesquisa de campo foi realizada junto a 30(trinta) mulheres empreendedoras

que estão a frente de seus negócios localizados no centro da cidade de Juazeiro/BA. A

escolha foi realizada pela atuação enquanto responsável pela criação e gerenciamento de

suas empresas.

3.3 CARACTERIZAÇÃO DO OBJETO DE ESTUDO

Para realizar a pesquisa, população base de estudo foi às mulheres

empreendedoras da cidade de Juazeiro/BA, município situado no norte da Bahia, com

população estimada em 216.588 mil habitantes (IBGE, 2014).

No primeiro momento, o contato realizado in loco, através de visitas, teve por

objeto esclarecer a intenção da pesquisa e que não havia necessidade da empreendedora

se identificar.

O questionário foi formado por 30 (trinta) perguntas de múltipla escolha,

respondido imediato a visita. Para as proprietárias que não quiseram participar da

pesquisa ou não estavam presentes no momento da visita, a reposição foi feita de forma

aleatória simples até atingir a quantidade de questionários para amostra.

3.4 MÉTODOS DE COLETA DE DADOS

Para a coleta de dados, foi aplicado as empreendedoras um questionário

contendo 10 (dez) questões de múltipla escolha. As questões foram formuladas de

forma sistemáticas e lógicas, fazendo com que o pesquisador obtenha respostas precisas,

o que possibilita a tabulação dos dados que fomentam a condição de um raciocínio

lógico.

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4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

O gráfico 1 a seguir evidencia que a maioria as empreendedoras baianas está na

faixa etária de 30 a 33anos, ou seja, 30% das mulheres da amostra possui idade média

de 31,5 anos. Seguindo pelas empreendedoras que estão na faixa etária de 34 a 37 anos

que representa 23,33% da amostra, logo após vem as empreendedoras de faixa etária de

22 a 25 anos, 26 a 29 anos e de 38 anos ou mais, todas representando 10% da amostra.

Com menos representatividade, apenas 6,67% da amostra estão as mulheres de 18 a

21anos.

Pode-se comparar o resultado obtido com a pesquisa realizada pelo SEBRAE

2013 onde se verificou que as idades médias das empreendedoras individuem no Brasil

é de 42,5 anos, ou seja, no estado baiano as empreendedoras são mais jovens do que no

resto do país.

Fonte: dados da pesquisa (2014)

Podem-se classificar as empreendedoras de acordo com o seu nível de

escolaridade, contata-se no gráfico abaixo que 50% das entrevistadas possuem nível

médio completo ou incompleto e apenas 2% possuem o nível superior completo ou

mais.

7% 10%

10%

30% 23%

20%

Qual a sua faixa etária?

18 anos-21 anos

22 anos-25 anos

26 anos-29 anos

30 anos-33 anos

34 anos-37 anos

38 anos - mais

13%

13%

50%

17%

7%

Qual a sua escolaridade? Ensino FundamentalIncompletoEnsino FundamentalCompletoEnsino Médio Incompletoou CompletoEnsino SuperiorIncompleto

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Fonte: dados da pesquisa (2014)

Quanto ao motivo que as levaram a abrir seu próprio negócio o gráfico 3 mostra

que 53,33% possuía experiência anterior e apenas 20% identificaram oportunidade de

negócio, pois a oportunidade e gerada pala identificação de uma chance de negócio pela

empreendedora as quais a levam a decidem empreender, mesmo possuindo alternativas

de emprego e renda.

Pode-se comparar com a pesquisa GEM 2013 realizada na região Centro- Oeste

e possível verificar uma expressiva diferença no número de empreendedores por

oportunidade, ou seja, 66% dos empreendedores da região Centro - Oeste são por

oportunidade, destes 52,2% são mulheres que empreender por oportunidade e não por

necessidade.

Fonte: dados da pesquisa (2014)

Dentro da amostra de representatividade com relação ao ramo de seu negócio,

composta por 30 mulheres, 10 destas empreendedoras, equivalente a 33,33% da

amostra, possui seus negócios no ramo de serviço; 12 mulheres que representam 40%

da amostra possuem seus negócios no ramo de comercio, 20% indústria e 6,67%

agrícola, nenhuma entrevistada tem negócio no ramo da construção, representada por

0% das respostas.

20%

54%

13%

13% 0%

Que Motivo a levaram a abrir seu próprio negócio? Identificação de uma oportunidade de

negócioExperiência anterior

Desemprego

Insatisfação com a empresa em quetrabalhava

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Revista Expansão Acadêmica. Ano 1, n. 1, jul./dez. 2015

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Fonte: dados da pesquisa (2014)

Dentro da amostra da amostragem de respondente com relação ao tempo de atividade de

seu negócio, composta por 30 empreendedoras, 10 dessas mulheres, equivalente á

33,33% da amostra, abriram seus negócios entre 1 e 2 anos; 20% abriram suas empresas

entre 3 e 4 anos e 30% a mais de 5 anos; a minoria da amostra; 5 mulheres que

representam 16,67% estão a menos de 1 ano no mercado.

Fonte: dados da pesquisa (2014)

Neste gráfico (6) questiona-se a origem do capital utilizado para a abertura do

negócio e dentre um universo de 30 questionários respondidos, 15, ou seja, 50% da

amostra confirmaram que o investimento inicial para a abertura do seu negócio foi

próprio; 4 questionário que representam 13,33% da amostra recorreram a sócios e 20%

a empréstimos com parentes; apenas 16,67%, representados por 5 questionário puderam

contar com o financiamentos de bancos ou financeiras.

36%

43%

21%

Qual o ramo de sua empresa?

Serviço

Comércio

Industria

17%

33% 20%

30%

Seu negócio tem quanto tempo de atividade?

Menos de 1 ano

1 ano - 2 anos

3 anos - 4 anos

mais de 5 anos

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Fonte: dados da pesquisa (2014)

Quando questionada as empreendedoras qual sua responsabilidade na renda

familiar descobriu-se que 46,67% da amostra são responsáveis por 50% a 60% da renda

total da família e 33,33% da amostra são responsável por 90% a 100% do sustento do

lar. Demonstrando a importância do empreendedorismo feminino para o crescimento

socioeconômico das famílias baianas. Segue gráfico a baixo:

Fonte: dados da pesquisa (2014)

Neste gráfico (10), buscaram-se descobrir quais são as características

reconhecidas como sendo do comportamento de cada entrevistada. 100% das

entrevistadas identificaram todas as características listadas em seu comportamento.

Algo descrito na literatura como comportamento empreendedor.

Fonte: dados da pesquisa (2014)

Segundo pesquisa realizada pelo Sebrae do Rio de Janeiro no ano de 2013, há

um total de 5 milhões de empreendedores no Brasil Metropolitano, que empregam, ou

seja, geram empregos diretos com seus negócios, dos quais 37,7% são mulheres que

40%

33%

20%

7%

Quantos empregados sua empresa possui?

Apenas eu trabalho

1 - 2 empregados

3-4 empregados

mais de 5 empregados

0% 0% 0%

47%

20%

33%

Nenhuma10% - 20% da renda familiar30% - 40% da renda familiar50% - 60% da renda familiar70% - 80% da renda familiar

100%

Busca de oportunidade e iniciativa

Comprometimento

Correr risco calculados

Busca de informação

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criam e administram seus próprios negócio. A proporção de mulheres empreendedoras

que empregam em comparação ao total de empreendedores na região Metropolitana do

Rio de Janeiro é de 38,1% é muito próxima a média do Brasil Metropolitano que é de

40%.

Em comparação com a pesquisa realizada na cidade de Juazeiro da Bahia com as

empreendedoras da região Metropolitanas verifica-se que 60% das empreendedoras

baianas possuem empregados, sendo responsável pela geração de empregos diretos,

enquanto apenas 40% as mulheres que empreende na região Metropolitana do Brasil são

responsável pela geração de emprego.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ser empreendedora significa realizar coisas novas, pôr em prática ideias, assumir

riscos e estar presente nas atividades do negócio, não se cansando de observar a

empresa na constante procura de novas oportunidades, sendo importante além do

conhecimento técnico sobre o produto que pretende oferecer o estudo do mercado no

qual pretende atuar.

Tudo isso propicia a formação estratégias que com o apoio das ferramentas de

planejamento e controle possibilita a visão sobre a viabilidade ou não do seu

empreendimento.

O empreendedorismo está associado, também, á capacidade de produção de

riqueza. A riqueza de uma nação é medida por sua capacidade de produzir em

quantidade suficiente os bens e serviços necessários para o bem estar da população.

Por outro lado, o melhor recurso para solucionar problemas socioeconômicos é a

liberdade de criatividade dos empreendedores, por meio da livre iniciativa, para

produção de produtos e serviços.

Esse estudo conclui que a liberdade criativa unida com a necessidade,

conhecimento e habilidades leva a mulher baiana a empreender na busca não apenas da

sua independência financeira ou do sustento da sua família, mais também do

reconhecimento pessoal e profissional.

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O fator condicionante de sucesso para as micros e pequenas empresas criadas e

administrada por mulheres na cidade de Juazeiro-Ba é a criatividade, seguida pelo

aproveitamento da oportunidade de negócio, unida com características pessoais como

liderança, iniciativa, proatividade além do desejo de realização e mudança.

Tudo isso reforça ainda mais o resultado obtido por esta pesquisa, pois reforça

os resultados demonstrados nos gráfico de 1 a 10, estabelecendo uma ligação entre

empreendedorismo feminino e desenvolvimento socioeconômico da cidade de Juazeiro-

Ba.

As mulheres empreendedoras da cidade de Juazeiro transformaram não apenas

suas vidas mais geram emprego e representam uma parcela importante da economia.

Barreiras de preconceitos estão sendo quebradas, as mulheres são responsáveis

por empresas de sucesso, buscam o aprimoramento de suas habilidades e características

empreendedoras e transforma através do empreendedorismo a realidade de muitas

famílias.

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A SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA E OS IMPACTOS AMBIENTAIS – UMA

ANÁLISE A PARTIR DA DIMENSÃO SOCIAL DOS IMPACTOS AMBIENTAIS

Ronilson Barboza de Sousa1

INTRODUÇÃO

O atual estágio de degradação ambiental, principalmente pela gravidade dos

problemas que tem apresentado, pelo risco de destruição da natureza e do próprio ser humano,

tem chamado a atenção e influenciado a mobilização de grupos e organizações,

impulsionando muitas reflexões sobre essa questão.

Há, inegavelmente, uma crise ambiental mundial. De acordo com Lesbaupin (2009), o

uso irracional e desenfreado dos recursos naturais impulsionaram, fortemente, as mudanças

climáticas, aumentando o aquecimento global e acelerando a destruição dos elementos mais

essenciais: a água (pela poluição e desperdício), a terra (pela erosão e pelo envenenamento),

as florestas (pelo desmatamento). Baseou-se na produção de energia de origem fóssil

(petróleo), não renovável e altamente poluente. E não investiu no aproveitamento das energias

renováveis (solar, eólica, sobretudo). Ainda de acordo com o autor, investiu-se na produção

de alimentos carregados de agrotóxicos e transgênicos prejudiciais à saúde humana, ao

ambiente e à agricultura orgânica.

Todavia, apesar dessa dramática realidade, grande parte das reflexões, desenvolvidas

sobre a questão ambiental, são tratadas de forma desconectada do modo de produção

capitalista. Nesse sentido, o objetivo do presente artigo é entrar nesse debate, analisando a

dimensão social dos impactos ambientais, especificamente a relação que se estabelece entre os

impactos socioambientais e o atual estágio de desenvolvimento modo de produção capitalista,

especificamente no campo.

A DIMENSÃO SOCIAL DA QUESTÃO AMBIENTAL: BREVE ANÁLISE DA

RELAÇÃO DE PRODUÇÃO DOMINANTE

Para compreender a ligação que se estabelece entre os impactos socioambientais e o

modo de produção capitalista, avalia-se que é preciso iniciar essa análise pela própria

1 Professor da Faculdade São Francisco de Juazeiro (FASJ). Mestre em Geografia pela Universidade Federal de

Sergipe (UFS) e membro do Grupo de Pesquisa Estado, Capital, Trabalho e as Políticas de Reordenamentos

Territoriais/CNPQ. E-mail: [email protected]

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condição de existência desse modo de produção. Nesse processo, o trabalho ocupa uma

posição central, sobretudo a partir de dois aspectos fundamentais: I) para sobreviver, criar e

renovar as condições de sua reprodução, o homem precisa transformar, constantemente, a

natureza pelo trabalho, pelo uso das capacidades físicas e mentais. E, nesse movimento, ao

passo em que transformam a natureza, transformam a si mesmo e a sociedade; II) porque ele é

indispensável à reprodução do capital.

Assim, tendo como base o primeiro aspecto destacado, compreende-se o trabalho, a

partir da análise de Antunes (2009), como “expressão de uma relação metabólica entre o ser

social e a natureza” (p. 139). Todavia - apesar de o trabalho possuir tamanha importância, de

assumir ao mesmo tempo a condição de necessidade vital, produtor, sobretudo, de toda

riqueza social –, a partir do segundo aspecto, observa-se que o contínuo avanço do capital tem

produzido uma enorme massa de trabalhadores expropriados dos meios fundamentais de sua

reprodução, em detrimento da acumulação e da exploração do trabalho. Isso ocorre porque,

Segundo Marx (2005), “o sistema capitalista pressupõe a dissociação entre trabalhadores e a

propriedade dos meios pelos quais realizam trabalho.” (p. 828).

O processo que cria o sistema capitalista consiste apenas no processo que

retira ao trabalhador a propriedade de seus meios de trabalho, um processo

que transforma em capital os meios sociais de subsistência e os de produção

e converte em assalariados os produtores diretos (MARX, 2005, p. 828).

Ao analisar a formação dessa relação, a chamada acumulação primitiva2, Marx (2005)

considera que essa é a condição básica e necessária da existência da produção capitalista. Isto

é, os dois polos do mercado, que têm de confrontar-se: o proprietário de dinheiro, de meios de

produção, empenhado em aumentar a soma de valores que possui, comprando a força de

trabalho alheia; e os “trabalhadores livres”, vendedores da própria força de trabalho.

Só aparece o capital quando o possuidor de meios de produção e de

subsistência encontra o trabalhador livre no mercado vendendo sua força de

trabalho, e esta única condição histórica determina um período da História

da humanidade. O capital anuncia, desde o início, uma nova época no

processo de produção social (MARX, 2011, p. 200).

Os trabalhadores precisam ser “livres”, no sentido de não serem parte direta dos meios

de produção, como o escravo e o servo, e por não serem donos dos meios de produção, como

2 Processo histórico que dissocia o trabalhador dos meios de produção. Considerado primitivo porque

constitui o ponto de partida da acumulação capitalista, a pré-história do capital e do modo de produção

capitalista (MARX, 2005).

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o camponês autônomo (MARX, 2005). Os camponeses precisam ser expropriados das

condições fundamentais de sua reprodução (a terra e/ou a autonomia do trabalho) para se

proletarizarem na cidade ou no próprio campo, pois os trabalhadores expropriados dos meios

sociais de subsistência e de produção, para continuarem vivendo, são obrigados a vender a sua

força de trabalho ao capitalista, que agora é quem detém a propriedade desses meios. Marx

(2005, p. 828) ressalta que, “quando a produção capitalista se torna independente, não se

limita a manter essa dissociação, mas a reproduz em escala cada vez maior”.

O capitalista compra a força de trabalho porque ela é a única dentre as mercadorias,

envolvidas no processo de produção, que pode criar mais valor do que a que ela contém, pois

só o trabalho cria valor, cria riqueza, que se mede pelo tempo de trabalho socialmente

necessário à produção de uma determinada mercadoria. Assim, estabelece-se o valor da

mercadoria (MARTINS, 1981).

No entanto, o capitalista paga ao trabalhador, sob a forma de salário, em dinheiro,

apenas o necessário para ele (o trabalhador) se reproduzir na condição de vendedor de sua

força de trabalho, de tal modo que o salário do trabalhador é limitado pelo valor da

mercadoria, mas o valor da mercadoria não é limitado pelo salário do trabalhador (MARX,

2004).

De acordo com Marx (2011), o valor da força de trabalho é determinado, como o de

qualquer outra mercadoria, pelo tempo de trabalho necessário à sua produção e reprodução.

Isto é, para manter-se, o trabalhador necessita de certa soma de meios de subsistência, de tal

modo que, em linhas gerais, o valor da força de trabalho reduz-se ao valor de uma soma de

meios de subsistência necessários a sua produção, a sua manutenção e a sua reprodução sob a

exploração do capital.

O excedente, o trabalho que o capitalista deixa de pagar é a mais-valia, que se realiza

plenamente na circulação/comercialização da mercadoria, sob a forma de lucro para o

capitalista. E o capital, desse modo, é essa relação social de produção, “na qual o proprietário

do meio de produção, ao comprar força de trabalho, extrai mais valia e acumula privadamente

a riqueza socialmente produzida” (IASI, 2012). Marx (2005) explica que o capital não é uma

coisa, mas uma relação social entre pessoas, efetivada por meio de coisas. É uma relação

social de produção.

“Não constituem capital os meios de produção e de subsistência, de propriedade do

produtor direto. Só se tornam capital em condições nas quais sirvam também de meios para

explorar e dominar o trabalhador” (MARX, 2005, p. 882).

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Para Marx (2004), essa troca entre o capital e o trabalho é que serve de base à

produção capitalista, ou ao sistema de trabalho assalariado e tem de conduzir, sem cessar, à

constante reprodução do operário como operário e do capitalista como capitalista. Essa é a

condição fundamental do sistema capitalista: transformar os meios sociais de produção em

capital e a força de trabalho em mercadoria para serem envolvidos na relação de troca e

reproduzir em escala crescente a relação capitalista.

A relação capitalista de produção, centrada na propriedade privada dos meios sociais

de produção e no assalariamento da força de trabalho, além de produzirem desigualdades

sociais e a precarização do trabalho, propiciam a alienação dos seres humanos.

Dentro desse contexto, Iasi (2007) explica que, ao viver o trabalho alienado, o ser

humano aliena-se da sua própria relação com a natureza - pois é, por meio do trabalho, que o

ser humano se relaciona com ela, a humaniza e assim pode compreendê-la. “Vivendo relações

em que ele próprio se coisifica, onde o produto de seu trabalho é algo estranho e que não lhe

pertence, a natureza se distancia e se fetichiza.” (p.21).

Assim, segundo o autor, o ser humano aliena-se da própria atividade humana. Pois o

trabalho transforma-se, deixa de ser a ação própria da vida, para se converter num meio de

vida. “Ele trabalha para o outro, contrafeito, o trabalho não gera prazer, é a atividade imposta

que gera sofrimento e aflição. Alienando-se da própria atividade que o humaniza, o ser

humano se aliena de si próprio (auto alienação)” (IASI, 2007, p. 21-22).

Isso nos leva ao terceiro aspecto. Alienando-se de si próprio como ser

humano, tornando-se coisa (o trabalho não me torna um ser humano, mas é

algo que eu vendo para viver), o individuo afasta-se do vínculo que o une à

espécie. Em vez de o trabalho tornar-se o elo do indivíduo com a

humanidade, a produção social da vida, metamorfoseia-se num meio

individual de garantir a própria sobrevivência particular (IASI, 2007, p. 22).

Em linhas gerais, de acordo com Lessa e Tonet (2008), com o desenvolvimento do

capitalismo, a conexão indivíduo-sociedade é rompido (contraditoriamente, em um momento

em que, nos dias atuais, a humanidade está efetivamente integrada numa vida social comum).

A vida social passa a ser marcada pela propriedade privada, e a razão da existência pessoal

deixa de ser a articulação com a vida coletiva, para ser o mero enriquecimento privado. O

dinheiro passa a ser a medida e o critério de avaliação de todos os aspectos da vida humana.

Isto é, de modo geral, ganhar dinheiro se tornou a razão central da vida dos seres humanos, e a

dimensão coletiva, genérica, das suas vidas foi massacrada pelo individualismo que

caracteriza a sociedade capitalista.

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O sistema capitalista originou seres humanos que perderam a noção da real dimensão

genérica, social, das suas existências, ficando presos ao horizonte da acumulação do capital. O

objetivo do capital é o lucro, é acumular capital, a qualquer custo. Essa é a razão de ser desse

metabolismo social. A compreensão desse processo é fundamental para entender a dimensão

social da questão ambiental e, nesse sentido, refletir sobre as alternativas apresentadas.

A CRISE E AS ALTERNATIVAS MAIS DIVULGADAS

Há, reconhecidamente, uma crise ambiental mundial, revelada, entre outros fatores,

pela crescente escassez de água e outros recursos naturais, a aceleração do processo de perda

de biodiversidade, mudanças climáticas, entre muitos outros exemplos são claros sinais de

crise (SERRA, 2012). Esses impactos ambientais evidenciados no Brasil e no Mundo

impulsionam, fortemente, reflexões e a apresentação de muitas alternativas para a questão.

A crise que vivenciamos é mais do que uma crise meramente econômica, é uma crise

de sociabilidade, uma crise ecológica. Segundo Mészáros (2009, p. 32) “a questão é que o

capitalismo enfrenta hoje uma profunda crise, impossível de ser negada por mais tempo,

mesmo por seus porta-vozes e beneficiários”. Não se trata, apenas, de uma crise cíclica

convencional, que alguns até tentam explicar como uma “onda longa”. Essa crise supera os

limites historicamente conhecidos das crises cíclicas. Na análise de Mészáros (2003), a crise

estrutural, que se inicia nos anos de 1970, com a mundialização do capital, evidencia os

limites estruturais do sistema do capital e manifesta-se, entre outros aspectos, por meio da

produção destrutiva (com a diminuição da vida útil das mercadorias, a obsolescência

programada, para forçar o consumo de novas mercadorias, potencializando ainda mais o

consumo de matérias primas e energia) e da destruição produtiva, como a prática de guerra,

que é inerente ao imperialismo, abrindo a possibilidade para a reconstrução em condições de

lucratividade em patamares aceitáveis para o capital e no estabelecimento de um complexo

industrial-militar, cujas mercadorias precisam ser substituídas, seja ou não utilizadas; no

desemprego crônico ou desemprego estrutural; na insuficiência crônica da ajuda externa,

referente à intervenção do Estado na economia capitalista, apesar da grande ajuda oferecida;

na destruição ecológica generalizada, observada por toda parte.

De acordo com Serra (2012, p. 139):

A visão de que o futuro poderia estar realmente comprometido

fortaleceu-se a partir da divulgação do “Relatório Nosso Futuro

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49

Comum” da Comissão das Nações Unidas para o Meio Ambiente

(relatório Brundtland), em 1987 (ONU). Esse documento lançou o

conceito de desenvolvimento sustentável, definido como a garantia da

satisfação das necessidades das gerações presentes sem se colocar em

risco a possibilidade de satisfação das necessidades das gerações

futuras. Mesmo sendo ainda um conceito em construção e impreciso,

sua utilização consagra a constatação da necessidade de se prover um

tipo de desenvolvimento que possa resultar na satisfação das

necessidades da humanidade sem colocar em risco a continuidade da

vida na Terra e vem recebendo, desde então, amplo reconhecimento

por parte de entidades da sociedade civil e de governos.

Conforme analisada pelo próprio autor, a maioria das análises que propõe um

desenvolvimento sustentável não leva em consideração o modo de produção dominante, seus

imperativos e o seu atual estágio (destrutivo) de desenvolvimento. Ao contrário, busca uma

solução dentro da ordem do capital, uma harmonização entre a busca incessante de lucro com

a sustentabilidade (conceito formulado em analogia com a ecologia).

Serra (2012) analisa outras soluções são apontadas como alternativas para os

problemas ambientais, como a “educação ambiental”, a “economia verde” e a

“responsabilidade ambiental das empresas”, que são formulações cada vez mais divulgadas e

aceitas socialmente.

A educação ambiental e a responsabilidade ambiental das empresas estão

apoiadas pela concepção de que uma economia verde é possível nos marcos

da produção capitalista. Ambas criam e refletem os discursos que hoje

hegemonizam a sociedade, tanto na percepção dos problemas quando na

escala de abrangência das soluções propostas, em sua grande maioria de

pequeno porte, gerando pouco impacto efetivo. A maior parte das iniciativas

e proposições geradas pelos autores, grupos e entidades – como as ONGs –

que atuam no campo da economia verde, da educação ambiental e da

responsabilidade social das empresas aponta para a possibilidade de se

alcançar a sustentabilidade sem que se altere o modo de produção capitalista,

sem apresentar, em geral, qualquer reflexão ou crítica de fundo aos efeitos

provocados pelo capitalismo ou às relações sociais que o sustentam. Ao

atribuírem ao individuo e suas “escolhas” a responsabilidade pela questão

ambiental, criam uma “falsa consciência”, uma luz que lança trevas sobre a

causa de fundo do problema (SERRA, 2012, p. 142-143).

Em sua maioria, essas propostas são voltadas para a denúncia da degradação e dos

riscos presentes ao ambiente e para a conscientização em favor da sustentabilidade. Suas

posições enfatizam a necessidade de que as escolhas dos consumidores sejam feitas de forma

mais conscientes em relação aos impactos ambientais decorrentes do uso dos produtos, de

ações voluntárias que permitam o enfrentamento do problema ambiental e a divulgação de

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informações sobre o tema. São, em geral, proposições em escala reduzida, que partem do

princípio de possível resolver os impactos sócioambientais a partir de pequenas ações, como a

redução do consumo doméstico de água, a opção por produtos recicláveis e outras ações.

A SITUAÇÃO NO CAMPO BRASILEIRO

No caso do campo, especificamente no brasileiro, no período da ditadura (de 1964-

1985), de acordo com a análise de Delgado (2003), houve um aprofundamento das relações

técnicas da agricultura com a indústria e de ambos com o capital internacional. Um processo

de modernização conservadora, isto é: um pacto agrário tecnicamente modernizante e

socialmente conservador, que, simultâneo à integração técnica da indústria com a agricultura,

trouxe ainda para o seu abrigo as oligarquias rurais ligadas à grande propriedade. Esse

processo é caracterizado, de um lado, pela mudança na base técnica de meios de produção

utilizados pela agricultura, materializada na presença crescente de insumos industriais

(fertilizantes, defensivos, corretivos do solo, sementes melhorada e combustíveis líquidos,

etc.), e de máquinas industriais (tratores, colhedeiras, implementos, equipamentos de

irrigação, etc.). De outro lado, ocorre uma integração de grau variável entre a produção

primária de alimentos e matérias-primas e vários ramos industriais (oleaginosos, moinhos,

indústrias de cana e álcool, papel e papelão, fumo, têxtil, bebidas, etc.). Estes blocos de

capital irão constituir mais adiante a chamada estratégia do agronegócio, que vem

crescentemente dominando a política agrícola do Estado.

Como analisa Delgado (2003), o agronegócio, na acepção brasileira do termo, é uma

associação do grande capital com a grande propriedade fundiária. Essa associação realiza uma

estratégia econômica de capital financeiro, perseguindo o lucro e a renda da terra sob

patrocínio de políticas de Estado. Isto é, o agronegócio é uma associação do grande capital

com a grande propriedade fundiária, sob a mediação do Estado, junto ao comércio

internacional.

Também para Campos (2011), o agronegócio deve ser compreendido como uma

complexa articulação de capitais direta e indiretamente vinculados aos processos produtivos

agropecuários, que se consolida no contexto neoliberal sob a hegemonia de grupos

multinacionais e que, em aliança com o latifúndio e o Estado, tem transformado o interior do

país em um locus privilegiado de acumulação capitalista, produzindo e intensificando

desigualdades sociais. O agronegócio envolve uma ampla articulação de capitais, sob o

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controle de grupos econômicos multinacionais e cuja maximização de lucros é viabilizada, de

um lado, por se inserir em um contexto de mundialização do capital em forma “neoliberal”,

em que os capitais têm ampla liberdade de circulação, em que ocorre uma rápida difusão de

informações, técnicas e tecnologias e, simultaneamente, uma intensa precarização do trabalho

em todos os países capitalistas. Por outro lado, o agronegócio se viabiliza por meio da

apropriação dos espaços nos Estados para garantir recursos e condições políticas e jurídicas

favoráveis às suas atividades.

Nesse contexto, investiu-se na produção de alimentos carregados de agrotóxicos e

transgênicos, altamente prejudiciais à saúde humana, ao ambiente e à agricultura orgânica.

Portanto, o fato de que parte da humanidade, em pleno século XXI, não tem acesso aos

alimentos necessários é uma denúncia do sistema capitalista: há meios suficientes para

produzir e distribuir alimentos para todos, mas eles estão submetidos à lógica do lucro de

modo que o controle da produção é feito por um pequeno número de grandes empresas

transnacionais e multinacionais, e o preço dos alimentos é objeto de jogo na bolsa. (E a

desinformação sobre os impactos negativos na saúde humana revela a falta de liberdade de

informação, que caracteriza o sistema capitalista, supostamente defensor da liberdade: os

trabalhadores não podem saber que estão sendo envenenados, para não prejudicar os

negócios, para não interromper o consumo, para que a produção continue a gerar lucros)

(LESBAUPIN, 2009).

De acordo com Stédile (2010), o próprio sindicato das empresas de defensivos

agrícolas anunciou exultante que, na safra de 2009, utilizou-se, no campo brasileiro, 1 bilhão

de litros de agrotóxicos (cinco litros por habitante). Somos o maior consumidor mundial de

venenos. Isso degrada o solo, afeta o lençol freático, contamina até as chuvas, além dos

alimentos. A ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e o Instituto Nacional do

Câncer têm alertado que o aumento de câncer está ligado ao crescente uso de agrotóxicos. Os

ricos e a classe média alta compram produtos orgânicos, mais caros. No entanto, a maioria da

população está à mercê desses produtos.

De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), órgão

responsável por liberar tais produtos no país, o mercado brasileiro de

agrotóxicos cresceu 190% nos últimos 10 anos, um ritmo muito mais

acentuado do que o do mercado mundial, que foi de 93% no mesmo período.

Desde 2008, o Brasil é campeão global no uso de agrotóxicos e atualmente

concentra cerca de 20% do uso mundial (ABREU, 2014).

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No que se refere aos transgênicos, que foram liberados (inicialmente o caso da soja)

no Brasil, por meio da MP 131, durante o governo Lula, ainda em 2003, que garante a

monopolização das sementes por parte de empresas, a exemplo da multinacional Monsanto, a

cobrança de royalties pelo uso, gerando uma maior subordinação as grandes empresas,

ameaçando a saúde humana e ao ambiente (TV ADIA, 2015).

A Monsanto, depois de investir bilhões na aquisição de outras empresas do ramos de

produção de sementes, principalmente na década de 1990, tornou-se a maior empresa do setor

de sementes transgênicas e também a maior produtora de herbicidas do mundo. No Brasil,

após a aprovação da lei de Cultivares, que instituiu o monopólio privado das variedades de

vegetais no país, a Monsanto adquiriu outras empresas consolidando a monopolização desse

setor no Brasil e, atualmente, reivindica a patente mundial do gene terminator. Caso isso seja

aprovado, ela pode se tornar a única fornecedora de sementes no mundo (TV ADIA, 2015).

Este gene (terminator) torna estéril a segunda geração de sementes utilizadas na agricultura,

ele impede, geneticamente, a germinação de uma semente, impedindo o potencial reprodutivo

de uma determinada planta, isto é que um grão ou um fruto de uma variedade se torne uma

semente, tornando os agricultores e a humanidade reféns da empresa. Esta técnica já

demonstrou ser eficaz no caso do algodão e do fumo, agora, entre as culturas prioritárias estão

o arroz, o trigo e a soja.

Esse modelo agrícola e de “desenvolvimento”, baseado na produção de alimentos

transgênicos e carregados de agrotóxicos, além de tornar a humanidade refém das empresas,

destrói vidas para ampliar lucros.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Apesar da dramática realidade dos impactos socioambientais, grande parte das

reflexões e das alternativas apontadas é tratada de forma que não estabelecem conexão com o

metabolismo social do sistema do capital. Em sua grande maioria, as alternativas apontadas

para enfrentar os impactos socioambientais enfatizam a necessidade de que as escolhas feitas

pelos consumidores sejam de forma mais consciente; ações voluntárias; divulgação de

informações sobre o tema. Em linhas gerais, atribuem aos indivíduos a possibilidade de

mudar essa realidade, com proposições em escala reduzida, que devem ser enfrentadas com

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pequenas ações, como a redução do consumo doméstico de água, energia, a opção por

produtos recicláveis. Não propõe alteração profunda na estrutura da produção.

Todavia, o modo de produção capitalista originou seres humanos que perderam a

dimensão social das suas existências, ficando presos ao horizonte da acumulação do capital.

No caso do campo, em que o atual modelo agrícola dominante, o agronegócio, apoia-se na

produção de alimentos carregados de agrotóxicos e transgênicos, altamente prejudiciais a

saúde humana e ao ambiente, de modo geral, torna a humanidade refém de um número

reduzido de grandes empresas transnacionais.

Nesse sentido, a reflexão desenvolvida, no presente artigo, aponta para a necessidade

do estabelecimento de um projeto de sociedade, que tenha como objetivo o atendimento das

necessidades humanas, a construção de uma sociedade fundamentada em uma relação

respeitosa com a natureza, onde a força de trabalho humana e os elementos essenciais, que

garantem a existência coletiva da humanidade, não sejam apropriados privadamente,

assumindo o caráter de uma mercadoria.

REFERÊNCIAS

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agrotóxicos. Disponível em: <http://seculodiario.com.br/19234/10/dissertacao-de-mestrado-

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AS MÍDIAS DIGITAIS E OS SEUS REFLEXOS EM CAMPANHAS DE

CONSCIENTIZAÇÃO EM TEMPOS DE COMPARTILHAMENTO

Prof.ª Esp. Késia Araújo1

Prof. Ms. Pablo Michel Magalhães2

Resumo: O presente artigo propõe desenvolver abordagem sobre uma questão primordial na

contemporaneidade: os reflexos da cultura de compartilhamento e a velocidade das informações

veiculadas nas mídias sociais nas vidas dos indivíduos em sociedade. Através da problematização

deste processo, propomos aqui refletir, à luz dos teóricos, de que modo estas ferramentas digitais

podem, dentro de um contexto de conscientização em prol da sustentabilidade ambiental, atuar como

vetores transformadores de práticas e costumes diante do meio ambiente e seus recursos naturais. Ao

final, buscamos realizar um entrecruzamento destes aportes teóricos com projeto desenvolvido em sala

de aula, realizado com alunos do 1º e 2º semestres do curso de Comunicação Social – Publicidade e

Propaganda da Faculdade São Francisco de Juazeiro, no semestre 2015.1, que visou à construção de

campanha publicitária com linguagem voltada à preservação do Rio São Francisco.

Palavras-chave: Compartilhamento; Sustentabilidade; Sociedade.

INTRODUÇÃO

Como as mídias digitais afetam a rotina dos jovens em tempos de compartilhamento?

É inegável que a tecnologia é uma invenção irreversível que definitivamente redesenhou

e transformou a forma de relacionamento das pessoas. Tudo é dinâmico, instantâneo,

simultâneo, nossas vidas são facilitadas e não há viver sem os benefícios da tecnologia, ou

seja, o mundo contemporâneo é totalmente dependente dela.

As mídias digitais são um canal de comunicação que aproximou pessoas ao redor do

mundo, que democratizou ideias, que integrou sentimentos, o direito de expressão se tornou

uma conquista coletiva, se tornou de fato uma ferramenta poderosa para criar laços e estreitar

relações.

1 Coordenador do Núcleo de Pós Graduação e extensão da Faculdade São Francisco de Juazeiro/Fasj. Professor

efetivo da Fasj do curso de Publicidade e Propaganda. Professor tutor presencial da Faculdade Anahguera no curso de letras e consultor empresarial pela Marka Consultoria. Especialista em Gestão de Administração e Marketing pela Escola Superior aberta do Brasil/Esab, também licenciado em Letras pela Universidade de Pernambuco/UPE, bacharel em Secretariado Executivo Bilingue pela Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas de Petrolina/ FACAPE. Email: [email protected] 2 Professor efetivo da Faculdade São Francisco de Juazeiro/FASJ. Mestre em História pela Universidade Estadual

de Feira de Santana/UEFS, também licenciado em História pela Universidade de Pernambuco/UPE e especialista em Docência da Filosofia pela Universidade Cândido Mendes/UCAM. Desenvolve pesquisas sobre Identidade, Memória e Práticas Sociais. Email: [email protected].

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Para agrupar o social, a colaboração de todos é necessária. ao mercado.

(LATOUR,1999, p. 58)

Estudos apontam que as mídias digitais chegaram para ficar. O Facebook conta com

mais de 800 milhões de usuários ao redor do mundo, enquanto o Twitter atrai mais de 200

milhões de pessoas. Não podemos esquecer também das outras redes, como Youtube,

MySpace e até mesmo os blogs. Não há dúvidas quanto ao envolvimento dos alunos com

todas essas ferramentas online, porém, quais os efeitos disso?

Um estudo holandês vinculou o uso de redes sociais como o Facebook a um

desempenho acadêmico inferior. O efeito seria consequência da forma como sites de redes

sociais são usados: o usuário fica permanentemente conectado ou faz várias visitas diárias ao

site enquanto realiza, simultaneamente, outras atividades. A análise dos dados revelou que

usuários do Facebook apresentaram, em uma escala de um a quatro, uma nota média de 3,06.

Os que não usavam a rede social tiveram desempenho 20% melhor, alcançando em média

3,82 pontos. O estudo também concluiu que usuários do Facebook estudaram menos horas:

entre uma e cinco horas por semana, em comparação com não usuários, que disseram estudar

entre 11 e 15 horas por semana3.

É sabido que os alunos e os professores de hoje, estão deixando de ser a única fonte de

conhecimento. Ao chegar ao ambiente escolar o aluno traz consigo informações sobre o

mundo e estão aptos a compartilhar ideias e influenciar seus grupos sociais.

Uma vez que finquem seus pés numa escola ou numa comunidade, seja física ou

eletrônica, os sites de ‘rede social’ se espalham à velocidade de uma 1infecção’

virulenta ao extremo. (BAUMAN, 2007, p.08)

Em relação à incorporação de novas mídias, no caso do professor, o grande desafio não

é apenas aprender um novo jeito de ensinar. O maior desafio será abdicar de comportamentos

já cristalizados e inventar um novo papel, menos autoritário (e não menos importante) de

orientar e motivar a aprendizagem. Essa transformação não será fruto de um trabalho

individual, mas de um movimento de mudança da própria sociedade, que irá acontecer

conforme forem aparecendo e confrontando-se demandas, resistências e pressões culturais,

econômicas e políticas.

3 Disponível em: http://g1.globo.com/tecnologia/noticia/2010/09/estudo-vincula-uso-de-redes-sociais-a-

desempenho-academico-inferior.html. Acesso em: 12/09/2014.

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O fenômeno do consumo tem raízes tão antigas quanto os seres vivos – e com toda

certeza é parte permanente e integral de todas as formas de vida conhecidas a partir

das narrativas históricas e relatos etnográficos. (BAUMAN, 2007, p. 37)

O ESPETÁCULO DA “SELFIE”: A CULTURA DE COMPARTILHAMENTO NA

SOCIEDADE DE CONSUMIDORES

A compreensão da cultura de compartilhamento, práxis máxima do século XXI e,

especificamente, da década de 2010, requer conhecimento do processo social que possibilitou

sua criação, a saber, a passagem da sociedade de produtores para a sociedade de

consumidores, fenômeno histórico, econômico e social pelo qual o século XX foi permeado,

principalmente no período pós Segunda Grande Guerra. Essa metamorfose, acompanhada por

uma série de transformações na própria concepção da finalidade da produção, da interação

dos demais extratos sociais historicamente exclusos da atividade de aquisição de bens, e o

novo fôlego mundial do capitalismo, reorganizou o ideal de por que e para quem produzir.

Obviamente que todos estes elementos fazem parte de um processo ainda maior: as duas

guerras mundiais levaram ao extremo a civilização do planeta, expondo feridas bastante

profundas. É neste contexto que vemos a ascensão e queda dos fascismos, a exploração

extrema do corpo humano no sistema industrial, a guerra total incluindo as populações

(mulheres, crianças, idosos) em áreas consideradas, antes, como de paz, e, com mais

premência, a tomada de consciência de que os próprios recursos humanos e naturais possuíam

um limite (eis porque a bomba atômica em Hiroshima e Nagasaki refletem, não apenas, um

simples ataque norte-americano a seu rival, o Japão; é, antes de tudo, uma prova

estadunidense de que este limite havia sido alcançado, da forma mais dura possível). O pior

da humanidade pôde ser conhecido através desse período de conflito. Não à toa, Eric

Hobsbawm (1995) classifica este breve, porém tumultuado, século XX como a era dos

extremos.

A economia mundial desse período é, também, espaço de disputas e de extremos:

capitalismo e comunismo disputam a primazia em um mundo dividido politicamente pela

Guerra Fria, polarizado pelos EUA e pela URSS. A década de 1980 exprime, contudo, o

colapso do ideal de totalidade e autossuficiência que cada lado arrogava para si.

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O fracasso do modelo soviético confirmou aos defensores do capitalismo sua

convicção de que nenhuma economia sem Bolsa de valores podia funcionar; o

fracasso do modelo ultraliberal confirmou aos socialistas a crença mais justificada

em que os assuntos humanos, incluindo a economia, eram demasiado importantes

para ser deixados ao mercado. (HOBSBAWM, 1995, p. 542-543)

É neste contexto que a construção de um ideal de tempo livre no ambiente industrial,

locus de trabalho das grandes massas nos séculos XIX e XX, contribuiu para um princípio de

tempo de consumo, ao mesmo tempo descanso e lazer, e cada vez mais este lazer associado à

atividade de adquirir produtos, muitos deles fabricados por estes novos consumidores. A

partir da década de 1960, por exemplo, França e Estados Unidos reduzem a carga semanal de

trabalho em quase 50% (MORIN, 1997), fazendo com que, eventualmente, um dia

suplementar de lazer seja disponibilizado aos domingos.

Seguindo os argumentos de Edgar Morin (1997), este novo tempo de lazer potencializa

uma valorização do bem-estar do produtor, permitindo a criação de um tempo de consumo e

de uma nova vida privada. Deste modo, há a abertura da possibilidade de se ter uma vida

consumidora (vendas a crédito, compras de bens industriais, eletrodomésticos, dentre uma

infinidade mais de possibilidades de aquisição).

Bom para os patrões, melhor ainda para a nascente cultura de massa, cada vez mais

potencializada pelos meios de comunicação que, por meio dos processos de homogeneização

e sincretismo, fomentam a construção de uma identidade de consumo e de um perfil de

homem médio apto a consumir tudo o que lhe é oferecido, de forma material ou simplesmente

enquanto observador.

Assim,

procurando o público universal a cultura de massa se dirige também ao anthropos

comum, ao tronco mental universal que é em parte, o homem, arcaico que chama o

neo-arcaísmo dos filmes, dos jogos, da música. A essas determinações é preciso

acrescentar uma outra: a cultura industrial se dirige também ao homem novo das

sociedades evoluídas, mas esse homem do trabalho parcelar e burocratizado,

enclausurado no meio técnico, na maquinaria monótona das grandes cidades sente

necessidades de evasão, e sua evasão procura tanto a selva, a savana, a floresta

virgem quanto os ritmos e as presenças da cultura arcaica (MORIN, 1997, 65).

Consumir será, para este indivíduo, fugir da sua vida comum, ordinária, levando-o a

paragens muito mais atrativas e prodigiosas. O cinema fornece-lhe esta possibilidade através

das grandes produções; os atores e atrizes, bem como os ícones da música, representarão um

arquétipo a ser seguido, copiado, desde o estilo de roupas, cabelo, maquiagem, até o modo de

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viver. O estímulo ao consumo, dado a estes produtores com tempo livre para adquirir

produtos pela mídia de massa, utiliza estes super-homens e supermulheres, tal qual deuses

olímpicos, como exemplos máximos daquilo que o homem médio deverá buscar a todo custo.

Dentro das considerações que propõe Edgar Morin, são estes olimpianos que dão forma

aos anseios da sociedade, eles “propõem o modelo ideal da vida de lazer, sua suprema

aspiração. Vivem segundo a ética da felicidade e do prazer, do jogo e do espetáculo. Essa

exaltação simultânea da vida privada, do espetáculo, do jogo é aquela mesma do lazer, e

aquela mesma da cultura de massa” (MORIN, 1997, p. 75). A juventude, ideal máximo

construído por esta cultura contemporânea, é o alvo a ser atingido por meio do consumo (o

efeito colateral, ou mesmo incidental, disso, por exemplo, são as plásticas cada vez mais

comuns em pessoas que buscam a beleza juvenil eterna).

Para Bauman, a sociedade de consumidores “representa o tipo de sociedade que

promove, encoraja ou reforça a escolha de um estilo de vida e uma estratégia existencial

consumista, e rejeita todas as opções culturais alternativas” (2008, p. 71), implicando,

principalmente, a inserção ou exclusão de determinada pessoa do convívio social que não

comungue com o ideal aceito pela comunidade de consumidores.

Retornando a Morin (1997), concordamos com ele quando afirma que a cultura de

massa mantém um tipo de espectador puro, isto é, destacado fisicamente do espetáculo,

reduzido a um estado passivo (voyeur). Tudo se desenrola diante de seus olhos, mas ele não

pode aderir corporalmente àquilo que contempla, e sua satisfação está justamente aí, no

observar.

Ora, tais conceitos podem ser observados em evidência por meio das interações

interpessoais promovidas através das redes sociais4 de compartilhamento. Os olimpianos de

Morin estão lá, disseminando a todo momento o ideal de beleza e juventude por meio de suas

“selfies” em espaços geográficos desejados por todos (a praia, o badalado restaurante, a

academia, locus de poder e prestígio). A quantidade de likes define, neste cenário, o

termômetro de aceitação social que indicará se os voyeurs on-line estarão consumindo o estilo

de vida destas pessoas. No âmbito das relações de amizade e amor, compartilhar configura-se

como um contrato firmado entre aquele que posta e aquele que replica; revela o ideal de

consumo cada vez mais desejado pela sociedade de consumidores: se você compartilha, quer

dizer que consome/deseja/quer a pessoa compartilhada.

4 Termo utilizado por Bauman em seu livro Vida para Consumo e que, dentro das observações e análises deste

artigo, se encaixam com maior acuidade aos argumentos ora construídos.

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Para Bauman (2008) as pessoas se transformam em mercadorias como se quisessem “se

vender”, uma espécie de autopromoção por meio do consumo que as torna atraentes e

desejadas. Desta forma, ao mesmo tempo em que promovem as mercadorias, também são

promovidas por elas.

O limiar do desenvolvimento de uma cultura de compartilhamento acompanha a

evolução desta sociedade de consumidores em seu estágio máximo: o consumir não é apenas

ir a uma loja e comprar um produto desejado. O consumir é, também, a atividade máxima

através da qual o ser humano existe e define a si mesmo enquanto agente social; é o ato que

integra o indivíduo à sociedade e o faz ser bem aceito; é, também, o meio pelo qual o homem

médio relaciona-se com os demais amigos on-line, consumindo enquanto voyeur seus estilos

de vida e sendo consumido por estes indivíduos.

À máxima de Descartes, uma nova se sobrepõe: consumo, logo, existo.

UMA NOVA ERA

Os tempos de compartilhamento são marcados por uma infinidade de informações que

são repassadas de forma instantânea, onde os indivíduos se identificam com causas comuns

sendo representados através de vídeos, frases, textos, imagens, áudios etc.

Os autores Viktor Mayer – Shchonberger e Kenneth Cukier (2013) definem bem esta

nova era com uma abordagem clara sobre o advento do Big data, onde enfatizam o poder do

cruzamento de dados e a importância dos mesmos para nos conduzir nas descobertas sobre

soluções plausíveis para problemas que assolam a humanidade. Para os autores, esta nova era

desafia a maneira como vivemos e interagimos com o mundo. Segundo estes estudiosos, este

novo tempo marca o início de uma importante transformação aliada às novas tecnologias. A

revolução da informação passa por um processo de crescimento desenfreado, onde,

diariamente, aumentam assustadoramente os números de dados no mundo.

O facebook, empresa que não existia há uma década, recebe mais de 10 milhões de

fotos a cada hora. Os usuários do facebook clicam no botão “curtir” ou deixam

comentário cerca de três bilhões de vezes por dia, criando uma trilha digital que a

empresa pode usar para descobrir mais sobre as preferências dos usuários.

(MAYER; CUKIER, 2013, p.05)

Além de estes dados contribuírem para análises empresariais na busca para fidelização

de clientes e atendimento personalizado, também poderão influenciar atitudes positivas de

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conscientização através de grupos sociais. O compartilhamento é capaz de desenvolver novos

hábitos de consumo.

Enquanto isso, 800 milhões de usuários mensais do youtube, da google, enviam de

uma hora de vídeo por segundo. A quantidade de mensagens no twitter cresce a uma

taxa de 200% ao ano e, em 2012, excedeu 400 milhões de twitters por dia. Da

ciência à saúde, das finanças à internet, os setores podem ser diferentes, mas juntos

contam uma história semelhante: a quantidade de dados no mundo cresce

rapidamente e supera não apenas nossas máquinas como nossa imaginação.

(MAYER; CUKIER, 2013, p. 05)

Analisando este novo contexto em que estamos inseridos, retomamos a análise de

Geertz (2008), onde este autor simplifica que toda e qualquer ação só poderá ser avaliada

mediante a sua ocorrência. Em relação ao comportamento humano, ele ultrapassa barreiras

quando o assunto beneficia aos anseios sociais de um determinado grupo.

Compartilhar ideias é um fenômeno histórico, inserido no processo cultural e social das

civilizações humanas. Muito antes do advento da internet e dos sites de compartilhamento,

trocar ideias, informações, práticas, estilos de viver, dentre várias outras coisas, era atividade

constante entre os povos. Logicamente, este processo serviu tanto para o bem quanto para o

mal: a Alemanha Nazista foi um Estado fundamentado no pensamento fascista de Hitler,

compartilhado de forma massiva pelo seu partido e, por conseguinte, de grande parte dos

alemães simpatizantes da causa; por outro lado, o movimento internacional dos direitos

humanos no pós Segunda Guerra foi o resultado de uma série de ideias em torno da dignidade

humana e do respeito às diversidades em todo o globo. O que devemos ressaltar é que este

compartilhar possui uma grande potencialidade, sendo fruto de uma cultura que, segundo

Geertz (2008), constrói os indivíduos puramente à sua imagem. Utilizar esta ferramenta com

sobriedade e responsabilidade é o grande desafio a todos aqueles que lidam com a

comunicação interpessoal.

No contexto escolar, a interdisciplinaridade surge propondo um novo jeito de agir e

pensar, onde o conhecimento é compreendido como um processo de ensino-aprendizagem,

mediado pelas tecnologias e suas implicações sugerindo assim, uma integração de conteúdos

onde o aluno deverá ser capaz de fazer diversas leituras através das mais variadas linguagens

do universo tecnológico e informacional em que ele está inserido.

O sujeito pensante não pode pensar sozinho; não pode pensar sem a coparticipação

de outros sujeitos no ato de pensar o objeto. Não há um ‘penso’ e não o contrário.

(FREIRE, 2006, p.66)

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Revista Expansão Acadêmica. Ano 1, n. 1, jul./dez. 2015

62

A proposta para este novo pensar pedagógico, é promover trocas em prol da unidade

humana, onde o pensar e o agir caminhem juntos na intensificação do diálogo entre a

metodologia e o conceito, integrando-os simultaneamente nos diferentes campos do saber

enquanto ser social, sujeito e objeto do conhecimento.

Diante de todas as possibilidades advindas pela tecnologia e das novas mídias, o

trabalho interdisciplinar a seguir foi pautado como um movimento articulador no processo

ensino-aprendizagem sobre o contexto da sustentabilidade entre o ser social e sua

responsabilidade enquanto profissional da comunicação e publicidade, estabelecendo entre si

as relações sociais na estruturação da sociedade moderna.

EXPERIÊNCIA DIDÁTICA: UMA LINGUAGEM VERDE NAS MÍDIAS SOCIAIS

Ao longo do semestre 2015.1, tendo em mente todas estas reflexões aqui apresentadas e

problematizadas, desenvolvemos junto aos alunos do 1º e 2º semestres do curso de

Comunicação Social – Publicidade e propaganda, da Faculdade São Francisco de Juazeiro,

um projeto institucional com enfoque à criação de uma linguagem publicitária voltada para a

conscientização da comunidade local no tocante à preservação do meio ambiente, em especial

o rio São Francisco, fonte natural que sustenta as cidades ribeirinhas e alimenta-lhes a

agricultura, o comércio, a vida urbana, dentre outros vários aspectos do cotidiano local.

Por meio de debates e leituras programadas através das disciplinas de Sociologia e

Introdução a Publicidade e Propaganda, os alunos puderam problematizar uma série de

questões pertinentes às redes sociais e sua utilização enquanto ferramenta instantânea de

compartilhamento, bem como a relação entre sociedade e vida on-line na contemporaneidade

e a urgência na construção de um discurso de sustentabilidade e reuso dos recursos naturais no

Vale do submédio São Francisco. Deste modo, a construção de campanhas de fomento às

ideias sustentáveis configurou-se como ponto central dos trabalhos do alunado, tendo como

principal plataforma de difusão das peças publicitárias os sites de compartilhamento

Facebook e Instagram, ferramentas comuns ao dia-a-dia da população jovem frequentemente

conectada de forma quase ininterrupta e que as utilizam de modo massivo a todo tempo.

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Revista Expansão Acadêmica. Ano 1, n. 1, jul./dez. 2015

63

Procurando desenvolver um projeto contínuo e conduzido de forma seriada, os grupos

de alunos tiveram, ao longo de 4 meses, algumas etapas a serem seguidas, sendo avaliadas

através dos professores/orientadores por meio de relatórios, fotografias e a versão final,

apresentada em datas pré-estabelecidas. Desta forma, após uma primeira etapa, caracterizada

pelos debates em sala através das disciplinas já citadas, os alunos, já com uma carga teórica

bem fundamentada, partiram para a segunda etapa, com a criação de um projeto onde

traçaram as metas, delinearam suas abordagens e construíram uma linguagem em torno da

promoção do ideal de sustentabilidade por meio de uma marca publicitária. No terceiro

momento, já tendo recebido a devida orientação dos professores/orientadores, os grupos

foram a campo, coletaram informações por meio de pesquisas bibliográficas, entrevistas com

órgãos públicos voltados para a relação com o meio ambiente, e também moradores locais,

construíram material multimídia para postagem nas redes sociais através de perfis próprios de

cada campanha idealizada. O quarto e último passo deste projeto, consistiu na utilização dos

sites de compartilhamento para propagação das campanhas dos alunos, onde todos os

materiais construídos foram divulgados.

Imagem 1: Apresentação de fotografias em praça pública na cidade de Juazeiro/BA

(Foto: Mikael Breno)

É interessante observar que, diante de todo o processo acadêmico de construção deste

projeto, os alunos puderam amplificar os conhecimentos obtidos dos conteúdos em sala de

aula, aplicando-os nesta atividade. Suas campanhas, que angariaram bom número de

seguidores no Facebook e Instagram, alcançaram um êxito bastante significativo, tendo

algumas de suas postagens números de visualização acima do esperado pelos próprios alunos

durante a concepção do projeto.

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64

Ao final dos trabalhos, cada grupo pôde apresentar os resultados dos seus respectivos

projetos para os demais colegas de classe e os professores/orientadores, proporcionando a

socialização das experiências adquiridas durante o processo descrito acima.

Imagem 2: Apresentação de projeto de reciclagem de lixo eletrônico no pátio da FASJ.

(Foto: Késia Araújo)

CONCLUSÃO

De fato, a cultura de compartilhamento é uma prática constante em nossa sociedade,

potencializada através da internet e dos sites de relacionamento. A juventude está, a todo o

momento, conectada, e cada vez mais aquilo que se faz nestas mídias sociais torna-se tão

importante quanto as atitudes tomadas no meio físico. Através do projeto em sala de aula,

pudemos observar que esta prática de compartilhar informações, ferramenta das mais

influentes em nossa comunidade, tem grande potencial em promover um ideal. No caso

específico aqui relatado, a construção de uma linguagem voltada à sustentabilidade ambiental

teve seus resultados amplificados através das plataformas online (Facebook e Instagram).

Assim, ressaltamos que o projeto explicita a importância da comunicação mediada pela

tecnologia da informação e os seus principais efeitos no processo de conscientização sobre o

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65

meio ambiente e a sustentabilidade. O principal objetivo do trabalho foi promover o diálogo e

as discussões entre alunos e sociedade sobre as atitudes sustentáveis que os grupos sociais

puderam propor e disseminar através das ferramentas tecnológicas e compartilhamentos nas

mídias digitais.

O projeto desenvolvido não é estático e poderá ser aplicado no dia a dia dos alunos,

professores e sociedade em geral através do planejamento das ações sustentáveis e do convite

para a adoção de atitudes sustentáveis.

BIBLIOGRAFIA

BAUMAN, Zygmunt. Vida para consumo. Rio de Janeiro: Ed. Zahar, 2008.

________________. Identidade – Tradução: Carlos Alberto Medeiros. Rio de janeiro: Ed.

CIP, 2007.

HOBSBAWM, Eric J. Era dos extremos: o breve século XX – 1914-1991. São Paulo:

Companhia das Letras, 2009.

LATOUR, Bruno. Reagregando o Social. São Paulo: EDUSC, 2012.

MORIN, Edgar. Cultura de Massas no Século XX: neurose. Rio de Janeiro: Forense

Universitária, 1997.

MAYER, Victor; CUKIER, Schonberger Kenneth. Big Data: Como extrair volume,

variedade, velocidade e valor da avalanche de informação cotidiana. Rio de janeiro:

Campus, 2013.

GEERTZ, Clifford. A Interpretação das Culturas. Rio de janeiro: LTC, 2008.

FREIRE, Paulo. Extensão ou Comunicação?. São Paulo: Paz e terra, 2006.

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DESENVOLVIMENTO DE SORGO SACARINO (Sorghum bicolor L. Moench)

IRRIGADO COM EFLUENTE SINTÉTICO DE ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE

ESGOTO DOMÉSTICO DE PETROLINA-PE1

Kellison Lima Cavalcante2

Magnus Dall’Igna Deon3

Hélida Karla Philippini da Silva4

RESUMO: O reuso de água constitui uma alternativa potencial de racionalização na

agricultura, assim, este trabalho objetivou discutir a técnica como instrumento de gestão

ambiental e sustentabilidade na irrigação, a partir do desempenho produtivo do sorgo sacarino

irrigado com efluente sintético similar ao Efluente das Estações de Tratamento de Esgoto

(EETE) de Petrolina-PE. Em experimento em ambiente protegido de casa de vegetação foram

analisadas as variáveis morfológicas de altura da planta, diâmetro e comprimento dos colmos,

quantidade de folhas e perfilhamentos. O reuso de água na agricultura consiste em um

instrumento ambientalmente viável que possibilita o aumento da produtividade,

racionalização da água e minimização de impactos ambientais. Os EETE são fontes de

nutrientes e água que garantiram produtividade satisfatória do sorgo sacarino. O tratamento

irrigado com solução similar a média dos EETE estudados proporcionou a produtividade

máxima nas condições do experimento, de acordo com as características vegetativas

estudadas e em comparação com os demais tratamentos. Foi observado que o

desenvolvimento vegetativo da cultura não foi afetado com a irrigação com efluente sintético,

proporcionando características satisfatórias. Assim, a irrigação de culturas com efluentes de

estações de tratamento de esgoto doméstico tem se apresentado como uma solução promissora

e sustentável, eliminando riscos de possíveis impactos ambientais nos recursos hídricos.

PALAVRAS-CHAVE: Reuso de água, efluentes, agricultura irrigada.

INTRODUÇÃO

A água é um recurso natural essencial como componente e meio de vida de várias

espécies vegetais e animais ou como valor econômico para produção de bens de consumo e

nas atividades agrícolas em larga escala. Porém, a água doce disponível para uso constitui

uma fração mínima do total de água existente na Terra, observando-se que este é um recurso

1 Trabalho extraído da Dissertação de Mestrado do primeiro autor;

2 Tecnólogo em Irrigação e Drenagem, Mestre em Tecnologia Ambiental – Técnico Administrativo do IF Sertão-

PE, Petrolina-PE, (87) 2101-4300, [email protected]; 3 Doutor em Agronomia, Embrapa Semiárido, [email protected];

4 Doutora em Oceanografia, Instituto Senai de Tecnologias, [email protected].

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67

cada vez mais escasso, seja pelos processos de urbanização, com aumento da demanda, seja

pela redução da oferta de água de boa qualidade, condicionada pela poluição dos mananciais.

O crescente processo de urbanização, o aumento populacional e as mudanças de

hábitos que ocasionam principalmente as mudanças climáticas contradizem o princípio que a

disponibilidade hídrica é ilimitada e de fácil acessibilidade. Nesse contexto, a água é um

recurso natural finito e essencial à vida que, segundo Mainier, Correia Neto e Monteiro (2011,

p. 169) tornar-se-á, ao longo do século XXI, tão importante e disputado do ponto de vista

econômico, social, ambiental e político, quanto foi o carvão e o petróleo para a economia

mundial ao longo dos últimos 150 anos.

Sob o reflexo da evolução da humanidade, a água representa elemento significativo

de valores sociais e culturais, como fator determinante na produção e desenvolvimento das

atividades agrícolas. A agricultura é reconhecidamente a atividade humana que mais consome

água, em média 70% de todo o volume captado, destacando-se a irrigação como atividade de

maior demanda (CHRISTOFODIS, 2001, p. 8). De acordo com Bassoi e Guazelli (2004, p.

63), o consumo e a necessidade de água exigida para atender o desenvolvimento da

agricultura têm aumentado nos últimos anos, sobretudo com as práticas da irrigação, tornando

o setor agrícola como o maior consumidor da totalidade de água.

Conforme Mantovani, Bernardo e Palaretti (2009, p. 33), é preciso saber o

significado atual da água e a sua importância no futuro da agricultura irrigada, destacando a

produtividade e a rentabilidade, com eficiência no uso da água, da energia e dos insumos e

com respeito ao meio ambiente. O equilíbrio ocorre quando se implementam estratégias de

uso racional da água na agricultura irrigada, que permitam sustentabilidade (MANTOVANI;

BERNARDO; PALARETTI, 2009, p. 48).

Para Monte e Albuquerque (2010, p. 340) é importante uma gestão sustentável dos

recursos hídricos, na qual a reutilização de águas residuais tratadas representa um componente

estrategicamente importante. Assim, é preciso equacionar a distribuição de água necessária

que atenda a demanda humana e suas atividades de desenvolvimento.

Como alternativa a irrigação de culturas com efluentes de estações de tratamento de

esgoto doméstico tem se apresentado como uma solução promissora em várias partes do

mundo, entre estes, Israel utiliza 70% dessas águas na irrigação de 19.000 ha (FOLEGATTI;

DUARTE; GONÇALVES, 2005, p. 153). Além da preservação dos recursos hídricos, a

aplicação de águas residuárias provenientes de Estações de Tratamento de Efluentes (ETE) na

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agricultura apresenta-se como fonte de água e nutrientes às culturas. Estudos têm revelado

benefícios na produtividade das culturas irrigadas com efluente de ETE (FONSECA et al.,

2007, p. 195; LEAL, 2007, p. 65; AZEVEDO; OLIVEIRA, 2005, p. 254) e redução de até

50% na dose de fertilizante nitrogenado com reposição de 100% da evapotranspiração da

cultura (GOMES et. al., 2009, p. 20).

Como instrumento efetivo na gestão dos recursos hídricos, Nobre et al. (2010, p.

749) destacam que o uso de água residuária na produção agrícola visa promover a

sustentabilidade da agricultura irrigada, economizando águas superficiais não poluídas,

mantendo a qualidade ambiental e servindo como fonte nutritiva às plantas. Tornando

essenciais as reflexões sobre a qualidade desse recurso cada vez mais importante no âmbito da

gestão ambiental. Entretanto, não é uma prática isenta de riscos, principalmente devido à

presença de determinados constituintes no pós-tratamento do efluente e organismos

patogênicos, que podem ser prejudiciais ao desenvolvimento da cultura, à contaminação do

solo e consequentemente às águas superficiais através da lixiviação desses contaminantes.

Nobre et al. (2010, p. 748) destacam que o uso de efluentes de estações de tratamento

de esgoto na produção agrícola visa promover a sustentabilidade da agricultura irrigada,

economizando águas superficiais não poluídas, mantendo a qualidade ambiental e servindo

como fonte nutritiva às plantas. Nesse sentido, as reflexões sobre a qualidade desse recurso

tornam-se essenciais e cada vez mais importantes no âmbito da gestão ambiental. Entretanto,

não é uma prática isenta de riscos, principalmente devido à presença de determinados

constituintes no pós-tratamento do efluente e organismos patogênicos, que podem ser

prejudiciais ao desenvolvimento da cultura, à contaminação do solo e consequentemente às

águas superficiais através da lixiviação desses contaminantes.

Os nutrientes contidos nos efluentes de estações de tratamento de esgoto têm valor

potencial para produções agrícolas. Verifica-se que com a utilização de corpos d’água,

contendo esgoto sanitário, poderá não haver falta de nutrientes, possibilitando boa

produtividade agrícola, sem gastos com fertilizantes (TELLES, 2011, p. 520). Um dos

nutrientes encontrados em efluentes tratados é o nitrogênio, que de acordo com Fageria, Stone

e Santos (1999, p. 53), desempenha papel importante no crescimento da planta, aumenta o

número e o peso de grãos, aumenta o uso eficiente da água na planta e melhora a qualidade

dos grãos pelo aumento do teor de proteínas. Para a maioria das culturas, o nitrogênio é o

nutriente absorvido em maiores quantidades, daí sua exigência (RAIJ et al., 1996, p. 152).

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Conforme Santos et al. (2006, p. 20), o tratamento de esgoto e a posterior utilização

do efluente tratado na agricultura são medidas que se apresentam como forma de combate à

poluição e incentivo à produção agrícola. Incentivar a agricultura é fundamental para a

atualidade, principalmente, quando associado à fertirrigação com nutrientes advindos do

próprio esgoto. Com isso, o desenvolvimento de pesquisas e tecnologias que visem promover

o aumento da produtividade agrícola, consiste em uma alternativa que favorece o

desenvolvimento local sustentável.

Dessa forma, este trabalho teve como objetivo discutir a técnica do reuso de água

como um instrumento de gestão ambiental na agricultura através do desempenho produtivo de

experimento com sorgo sacarino irrigado com efluente sintético similar ao Efluente das

Estações de Tratamento de Esgoto (EETE) de Petrolina-PE.

MATERIAL E MÉTODOS

A pesquisa foi desenvolvida em ambiente protegido de casa de vegetação na

Embrapa Semiárido, no município de Petrolina-PE (Latitude 09° 23' 55" Sul e Longitude 40°

30' 03" Oeste) com sorgo sacarino irrigado (Sorghum bicolor L. Moench) com efluente

sintético baseado na composição média dos Efluentes das Estações de Tratamento de Esgoto

(EETE). As plantas foram dispostas em vasos sobre bancadas, contendo solo coletado no

horizonte superficial de um Argissolo Amarelo, textura argilosa, proveniente do Campo

Experimental de Bebedouro.

O experimento foi arranjado em esquema fatorial (4 x 4) + 1, constituindo 16

tratamentos e 1 testemunha, com 3 repetições, totalizando 51 unidades experimentais.

Distribuídos em 4 níveis de salinidade (CE – dS.m-1

) e 4 concentrações de nitrogênio

produzidos pela alteração do efluente sintético e uma testemunha (T) com água de

abastecimento. Foram utilizadas as Condutividades Elétricas (CE) da solução iguais a 50,

100, 150 e 200% da encontrada nos efluentes e concentrações de nitrogênio iguais a 50, 100,

150 e 200% da encontrada nos efluentes.

O efluente sintético teve sua composição orgânica obtida a partir da concentração de

4,8 g de preparado industrializado de caldo de carne, 1 g de amido solúvel (C6H10O5), 0,56 g

de cloreto de amônio (NH4Cl), 0,1 mL de ácido fosfórico (H3PO4) e 0,3 mL de detergente

líquido e dissolvido em 100 mL de água destilada previamente aquecida a 100°C. Em

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seguida, foi utilizado 3,3 mL.L-1

de efluente para obter-se uma DQO média de 80 mg de O2.L-

1. A DQO foi analisada através da oxidação com K2Cr2O7 (refluxo fechado) e leitura em

espectrofotômetro de absorção molecular. A composição química foi obtida a partir de

soluções estoque de KH2PO4 (1,0 mol.L-1

), NaH2PO4 (1,0 mol.L-1

), NH4H2PO4 (1,0 mol.L-1

),

MgSO4 (1,0 mol.L-1

), CaSO4 (0,01 mol.L-1

), (NH4)2SO4 (1,0 mol.L-1

), NH4NO3 (1,0 mol.L-1

),

KCl (1,0 mol.L-1

), CaCl2 (1,0 mol.L-1

), NaCl (1,0 mol.L-1

) e MgCl2 (1,0 mol.L-1

) conforme os

tratamentos na Tabela 1.

Tabela 1 – Composição química do efluente sintético

TR

AT

AM

EN

TO

S SOLUÇÃO ESTOQUE (mL/L)

KH

2P

O4

NaH

2P

O4

NH

4H

2P

O4

Mg

SO

4

CaS

O4

(NH

4) 2

SO

4

NH

4N

O3

KC

l

CaC

l 2

NaC

l

Mg

Cl 2

S1N1 1,16 4,06 2,51 1,80 1,47 0,72 - - - - -

S1N2 1,16 4,06 2,51 1,80 1,47 0,72 1,98 - - - -

S1N3 1,16 4,06 2,51 1,80 1,47 0,72 3,96 - - - -

S1N4 1,16 4,06 2,51 1,80 1,47 0,72 5,93 - - - -

S2N1 1,16 4,06 2,51 1,80 1,47 0,72 - 1,16 1,47 4,06 1,80

S2N2 1,16 4,06 2,51 1,80 1,47 0,72 1,98 1,16 1,47 4,06 1,80

S2N3 1,16 4,06 2,51 1,80 1,47 0,72 3,96 1,16 1,47 4,06 1,80

S2N4 1,16 4,06 2,51 1,80 1,47 0,72 5,93 1,16 1,47 4,06 1,80

S3N1 1,16 4,06 2,51 1,80 1,47 0,72 - 2,32 2,94 8,11 3,59

S3N2 1,16 4,06 2,51 1,80 1,47 0,72 1,98 2,32 2,94 8,11 3,59

S3N3 1,16 4,06 2,51 1,80 1,47 0,72 3,96 2,32 2,94 8,11 3,59

S3N4 1,16 4,06 2,51 1,80 1,47 0,72 5,93 2,32 2,94 8,11 3,59

S4N1 1,16 4,06 2,51 1,80 1,47 0,72 - 3,48 4,41 12,17 5,39

S4N2 1,16 4,06 2,51 1,80 1,47 0,72 1,98 3,48 4,41 12,17 5,39

S4N3 1,16 4,06 2,51 1,80 1,47 0,72 3,96 3,48 4,41 12,17 5,39

S4N4 1,16 4,06 2,51 1,80 1,47 0,72 5,93 3,48 4,41 12,17 5,39

Fonte: elaborada pelo autor.

As variáveis morfológicas de altura, diâmetro e comprimento dos colmos, número de

folhas e de perfilhamentos foram analisadas no final do estádio da maturidade fisiológica (80

dias após a emergência), ou seja, quando estava iniciando o ponto de colheita de acordo com

as descrições de Fornasieri Filho e Fornasieri (2009, p. 110), atingindo o ponto máximo de

desenvolvimento vegetativo. A altura das plantas foi determinada do solo até o final da

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panícula com o uso de uma trena graduada em milímetros, bem como para o comprimento dos

colmos, que foi do solo ao início da inflorescência da panícula. O diâmetro dos colmos foi

obtido com um paquímetro digital, 30 cm acima do solo, de acordo com recomendações de

Raij et al. (1996, p. 35). A contagem do número de folhas considerou apenas as folhas ativas,

bem como o número dos perfilhos.

Os testes estatísticos foram realizados através do software estatístico SPSS for

Windows Evaluation Edition – 14.0 (SPSS. INC., 2005), considerando a probabilidade de

erro (p) menor ou igual (≤) a 5 %.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O Sorgo Sacarino vem despontando como uma alternativa técnica para as diversas

regiões do Brasil, principalmente devido a sua tolerância a períodos de estiagem durante seu

ciclo e a produção de biomassa economicamente compensadora, com destaque nos sistemas

de rotação de culturas com a cana-de-açúcar. Nesse sentido, devido ao seu aumento de cultivo

na região Semiárida brasileira, estratégias para aumentar sua produção juntamente com a

conservação dos recursos hídricos existentes são necessárias, como a técnica de reuso de

água. Assim, é de fundamental importância o conhecimento do desenvolvimento de suas

características morfológicas, que são fatores determinantes no seu rendimento produtivo.

As características morfológicas das cultivares de sorgo sacarino são fatores de estudo

para o desenvolvimento vegetativo quando se utiliza essa cultura na produção de etanol.

Dessa forma, a produtividade de etanol das cultivares de sorgo sacarino está associada ao

desenvolvimento das suas características. No entanto, as principais características

apresentadas na Tabela 2, foram mensuradas para avaliar o desenvolvimento das plantas com

aplicação de efluente das estações de tratamento de esgoto.

O sorgo sacarino é uma planta de grande porte e sistema radicular bastante

desenvolvido, e que a restrição de espaço para o desenvolvimento do sistema radicular, como

o plantio em vasos na pesquisa, pode limitar o crescimento da cultura. Porém, não afeta a

obtenção de resultados satisfatórios, como defendem Moreira et al. (2010, 2012), que

estudaram as características de diâmetro do colmo e altura da planta com plantio em vasos

com diferentes níveis de água no solo.

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Tabela 2 – Características morfológicas do desenvolvimento das cultivares de sorgo sacarino

TRATA-

MENTOS

COLMO

ALTURA DA

PLANTA (cm)

QUANTIDADE

DE FOLHAS

(und)

PERFILHOS / PLANTA

DIÂMETRO

(mm)

COMPRI-

MENTO

(cm)

QUANTIDADE

(und)

ALTURA

(cm)

T 9,08 d 117,33 a 140,33 a 7 a 0 0

S1N1 10,64 d 122,33 a 145,33 a 8 a 3 49,67

S1N2 12,07 c 114,33 a 137,33 a 8 a 4 44,33

S1N3 12,04 c 114,00 a 137,00 a 8 a 3 64,67

S1N4 12,31 c 99,33 b 122,33 b 8 a 3 77,00

S2N1 12,29 c 112,00 a 135,00 a 8 a 2 67,00

S2N2 11,88 d 113,67 a 136,67 a 8 a 2 66,00

S2N3 13,99 c 115,33 a 138,33 a 8 a 3 72,33

S2N4 12,52 c 114,00 a 137,00 a 8 a 3 64,33

S3N1 11,16 d 118,33 a 141,33 a 8 a 2 45,33

S3N2 11,80 d 118,33 a 141,33 a 8 a 2 37,67

S3N3 12,39 c 113,67 a 136,67 a 8 a 2 29,67

S3N4 10,46 d 118,33 a 141,33 a 9 a 2 23,33

S4N1 15,11 b 113,67 a 136,67 a 8 a 0 0

S4N2 12,61 c 120,67 a 143,67 a 8 a 2 18,33

S4N3 15,33 b 116,33 a 139,33 a 8 a 2 21,67

S4N4 17,01 a 104,3 ab 127,33 a 8 a 2 25,33

DP

(±) 1,35 3,67 3,67 0,11 0,69 20,77

CV

(%) 10,0306 4,8383 4,0280 6,3834 18,5754 22,4921

TESTE F 18,75** 2,61** 2,73** 0,009** - -

Médias seguidas pela mesma letra nas colunas não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey.

*; **: significativo a 5% e 1% de probabilidade respectivamente.

Fonte: dados da pesquisa.

O desenvolvimento dos colmos é uma das principais características, quando

processados resultam no bagaço que vai gerar a produção de etanol em destilaria. Dessa

forma, o desenvolvimento dos colmos acompanhou o aumento do nível de salinidade e dos

teores de nitrogênio dos efluentes, como observamos na superfície de resposta da Figura 1. As

plantas submetidas aos maiores níveis de salinidade apresentaram colmos mais desenvolvidos

e o mesmo pode ser observado com os maiores teores de nitrogênio. Os valores de diâmetro

foram parecidos com os encontrados por Moreira et al. (2010, p. 121), que foram de 8,3; 14,0;

16,1 e 19,1 mm para os níveis de 20, 40, 60 e 80% da capacidade de campo.

Figura 1 – Interação dos níveis de salinidade e teores de nitrogênio para as características dos

colmos: (a) diâmetro (mm) e (b) altura (cm)

T = Testemunha. DP = Desvio padrão; CV = Coeficiente de variação.

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73

15

14

14

13

13

13

13

12

12

12

12

12

12

11

11

Nitrogênio (mg L-1

)

60 80 100 120 140 160 180 200 220

Sa

linid

ad

e (

dS

m-1

)

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

1,6

Diâmetro de colmo (mm)

110

110108

106

112

112

112

112

114

114

114

114

116

116

116

116

116

118

118

118

118

118

116

Nitrogênio (mg L-1

)

60 80 100 120 140 160 180 200 220

Sa

linid

ad

e (

dS

m-1

)

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

1,6

Altura de colmos (cm)

Fonte: dados da pesquisa.

A altura das plantas apresentou variância de 2,73 no Teste F, com significância a

<0,001 em relação as diferenças dos tratamentos aplicados. A quantidade de folhas ativas não

sofreu variância nos diferentes tratamentos, apenas com acréscimo de uma folha em relação a

testemunha, irrigada apenas com água de abastecimento. Dessa forma, a altura das plantas e a

quantidade de folhas, não foram afetadas com a irrigação com efluente sintético, como

demonstrado na Figura 2. No entanto, Moreira et al. (2010, p. 125) em seu trabalho com

diferentes níveis de água no solo em vasos, observaram plantas mais baixas na maturidade

fisiológica, apresentando a mais alta com 109,3 cm de altura e encontrou quantidade média

superior de folhas por planta (12,83), podendo ter explicação nos nutrientes absorvidos.

No estudo da capacidade de perfilhamento das plantas, apenas as plantas irrigadas com

água de abastecimento e o tratamento com elevado nível de salinidade (200%) e baixo teor de

N (50%) não apresentaram perfilhos, sem alterações significativas nos demais tratamentos

aplicados por planta, observando-se apenas decrescimento no número e nas suas alturas nos

tratamentos com maiores níveis de salinidade, como demonstrado na Figura 3. Moreira et al.

(2012, p. 89) observaram valores médios 2,83 e 0,67 do número de perfilhos para as cultivares

BRS 501 e BRS 506, respectivamente, submetidas a diferentes níveis de água.

Estação do Manoel dos Arroz

Estação do João de Deus

Estação do Rio Corrente

Estação da Cohab VI

Estação da Embrapa

▲ □ ■ ●

▲ ● □ ■

♦ □ ▲ ● ■

a b

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74

Figura 2 – Interação dos níveis de salinidade e teores de nitrogênio para as características das

plantas: (a) altura (cm) e (b) quantidade de folhas por planta (und)

134

134

134

132

132

130136

136

136

136

138

138

138

138140

140

140

140

140

140

Nitrogênio (mg L-1

)

60 80 100 120 140 160 180 200 220

Sa

linid

ad

e (

dS

m-1

)

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

1,6

Altura de plantas (cm)

8,2

8,2

8,2

8,2

8,0

8,0

8,0

8,0

8,0

7,8

7,8

7,8

7,6

Nitrogênio (mg L-1

)

60 80 100 120 140 160 180 200 220

Sa

linid

ad

e (

dS

m-1

)

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

1,6

Quantidade de folhas por planta

Fonte: dados da pesquisa.

Figura 3 – Interação dos níveis de salinidade e teores de nitrogênio para as características de

perfilhamento: (a) quantidade (und) e (b) altura (cm)

2,2

2,2

2,22,2

2,4

2,4 2,4

2,4

2,62,6 2,6

2,6

2,8 2,8 2,8

2,8

3,0 3,03,0

3,0

2,0

2,0

3,2

1,8

Nitrogênio (mg L-1

)

60 80 100 120 140 160 180 200 220

Salin

idade (

dS

m-1

)

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

1,6

Quantidade de perfilhos por planta

2020

3030

30

30

40

40

40 40

50

50 50

50

60

60

60

70

Nitrogênio (mg L-1

)

60 80 100 120 140 160 180 200 220

Salin

idade (

dS

m-1

)

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

1,6

Altura de perfilhos (cm)

Estação do Manoel dos Arroz

Estação do João de Deus

Estação do Rio Corrente

Estação da Cohab VI

Estação da Embrapa

Estação do Manoel dos Arroz

Estação do João de Deus

Estação do Rio Corrente

Estação da Cohab VI

Estação da Embrapa

♦ □ ▲ ● ■

■ ●

▲ □ ■ ●

▲ □ ■ ●

▲ □ ♦

● ■ □ ▲

● ■ □ ▲

b a

b a

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75

Fonte: dados da pesquisa.

A partir da avaliação das regressões apresentadas na Tabela 3, pode-se descrever a

interação das variáveis de acordo com os parâmetros dos tratamentos aplicados. A estatística

para o diâmetro do colmo teve influência significativa para as componentes linear e

quadrática da salinidade e os demais parâmetros não foram significativos, podendo afirmar

que a salinidade foi fator determinante no desenvolvimento da espessura dos colmos.

Destacando que o aumento nos níveis de salinidade intensificou o desenvolvimento dessa

característica, que confirma a tolerância do sorgo aos solos salinos sob irrigação controlada.

Tabela 3 – Superfície de resposta para a interação dos níveis de salinidade e teores de

nitrogênio

COMPONENTE

DO MODELO

CARACTERÍSTICA AVALIADA

COLMO PLANTA FOLHAS PERFILHOS

DIÂMETRO ALTURA ALTURA QUANTIDADE QUANTIDADE ALTURA

Intercepto 12,91219** 111,400** 134,400** 8,56879** 4,20917** 39,2803**

Salinidade -6,24069* 10,0193ns

10,0193ns

-1,04296ns

-2,8532** 46,7099*

Nitrogênio 0,01603ns

0,04237ns

0,04237ns

-0,00261ns

0,0011ns

0,03312ns

Salinidade2 2,68974* -6,12744

ns -6,12744

ns 0,16485

ns 0,74576

ns -25,089**

Interação 0,01418ns

0,03625ns

0,03625ns

0,00332ns

0,0024ns

-0,1846**

Nitrogênio2 -0,00007

ns -0,00046

ns -0,00046

ns 0,000009

ns -0,00001

ns 0,0006

ns

R2 0,5137 0,3500 0,3500 0,1921 0,5240 0,7515

ns, *; **: não significativo e significativo a 5% e 1% de probabilidade, respectivamente.

Fonte: dados da pesquisa.

No entanto, para a altura dos colmos, altura das plantas e quantidade de folhas, a

estatística não obteve significância para os valores encontrados nos tratamentos aplicados.

Isso indica que os tratamentos aplicados não influenciaram significativamente nos resultados

obtidos. Com a superfície de resposta é possível estimar a equação da interação das

características vegetais em função dos tratamentos aplicados na pesquisa, para compreensão e

avaliação da aplicação de solução de irrigação similar ao efluente das estações de tratamento

de Petrolina-PE.

CONCLUSÕES

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76

Foi possível observar que os EETE são fontes de nutrientes e água que garantiram

uma produtividade satisfatória do sorgo sacarino. O desenvolvimento dos colmos

acompanhou o aumento do nível de salinidade e dos teores de nitrogênio dos efluentes; já a

altura das plantas e a quantidade de folhas, submetidas a níveis variados de salinidade e de

nitrogênio não sofreu influência com a irrigação com EETE, diferentemente da característica

de perfilhamento que foi inibida pelo aumento da salinidade e redução de nitrogênio.

O reuso de água na agricultura consiste em um instrumento ambientalmente viável

que possibilita o aumento da produtividade, racionalização da água e minimização de

impactos ambientais.

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78

O USO DE EFLUENTES DE ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE ESGOTO NA

AGRICULTURA IRRIGADA COMO PRÁTICA MITIGADORA DE

IMPACTOS AMBIENTAIS

Rafael Santana Alves1

Kellison Lima Cavalcante2

RESUMO: O uso de efluentes de estações de tratamento de esgotos caracteriza o reuso

de água e consiste no aproveitamento de águas previamente utilizadas em diversas

atividades humanas, e sua destinação pode suprir as necessidades de outras atividades,

inclusive a original. Nesse sentido, este trabalho objetivou discutir a prática como

instrumento de gestão ambiental para minimização de impactos ambientais na

agricultura irrigada e suas questões pertinentes. Consiste em uma pesquisa bibliográfica

de caráter exploratório e descritivo. Observa-se que o reuso de água na agricultura

consiste em um instrumento ambientalmente viável que possibilita o aumento da

produtividade, a racionalização da água e minimização de impactos ambientais.

Considerando que o Brasil possui pouco arcabouço normativo, a principal ferramenta

legal consiste na Resolução Nº 54/2005 do Conselho Nacional de Recursos Hídricos

que estabelece modalidades, diretrizes e critérios gerais que regulamentam e estimulam

a prática de reuso direto não potável de água em todo o território nacional. Como

benefício, o reuso da água favorece a redução da demanda sobre os mananciais, pela

possibilidade de substituição da água potável por outra de qualidade inferior, que seja

compatível com o uso específico. Assim, com essa substituição de fontes, grandes

volumes de água potável podem ser poupados na agricultura irrigada, utilizando-se

águas originárias de efluentes tratados dentro do padrão de potabilidade aceitável para a

atividade.

PALAVRAS-CHAVE: água, efluentes, agricultura.

INTRODUÇÃO

A natureza desempenha o duplo papel de ofertar recursos e receber rejeitos

(SEIFFERT, 2011, p. 151). De acordo com Calderoni (2004, p. 593), o fato é que todos

os serviços que a natureza presta à sociedade humana não estão sendo valorados

adequadamente. Cabe destacar que essa valoração refere-se a importância de assegurar

um processo de formulação de políticas principalmente em relação aos recursos hídricos

1 Mestrando em Educação, Cultura e Territórios Semiáridos, Universidade do Estado da Bahia (UNEB),

[email protected]; 2 Tecnólogo em Irrigação e Drenagem, Mestre em Tecnologia Ambiental – Técnico Administrativo do IF

Sertão-PE, Petrolina-PE, (87) 2101-4300, [email protected].

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Revista Expansão Acadêmica. Ano 1, n. 1, jul./dez. 2015

79

com medidas de mitigação dos efeitos danosos do seu uso. De acordo com Fracalanza,

Jacob e Eça (2013, p. 29), é necessário conhecimento sobre os processos que envolvam

os múltiplos usos e formas de apropriação da água.

Para Monte e Albuquerque (2010, p. 342) é importante uma gestão sustentável

dos recursos hídricos, na qual se inclui a conservação da água, e onde a reutilização de

águas residuais tratadas representa um componente estrategicamente importante. Assim,

é preciso equacionar a distribuição de água necessária que atenda a demanda humana e

suas atividades de desenvolvimento.

Nesse sentido, é importante destacar que a água potável, destinada às várias

atividades humanas, é um recurso natural distribuído de maneira bastante heterogênea

no espaço e no tempo. Podendo-se observar essas variações de distribuição no

Semiárido brasileiro, onde a água é o principal fator limitante do desenvolvimento.

Segundo Leite (2003, p. 45), a demanda atual de água para o setor agrícola brasileiro

representa 70% do volume total captado, com forte tendência para chegar a 80% em

2010. Assim, a aplicação de água de reuso em áreas agricultáveis torna-se uma forma

efetiva de controle da poluição e uma alternativa viável para a disponibilidade hídrica.

Considerando que a água disponível para a manutenção da vida e suas

atividades relacionadas, como a agricultura irrigada, constitui uma fração mínima do

total de água existente na Terra, observa-se que este é um recurso cada vez mais

escasso, seja pelos processos de urbanização, com aumento da demanda, seja pela

redução da oferta de água de boa qualidade, esta condicionada especialmente pela

poluição dos reservatórios. Os esgotos tratados contêm diversos componentes, os quais

provêm da própria água e de ambientes naturais e concentrações que foram introduzidas

a partir de atividades humanas e industriais. Para uma interpretação correta da qualidade

da água para irrigação, quatro aspectos importantes devem ser considerados: salinidade,

sodicidade, toxicidade e outros (pH e HCO3) (BRITES, 2008, p. 59).

Assim, pode-se afirmar que os esgotos tratados quando aplicados ao solo para a

irrigação de culturas pode substituir totalmente a água de irrigação e parcialmente a

adubação através de alguns minerais presentes (SOUSA, 2004, p. 79). Porém, a

utilização das técnicas de reuso de água na irrigação deve ter a sua qualidade físico-

química adequada ao uso de acordo com os critérios e padrões recomendados. De

acordo com Telles e Costa (2010, p. 211), a água de reuso, tende a apresentar-se como

uma alternativa às condições de disponibilidade hídrica, inserindo-se no contexto do

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Revista Expansão Acadêmica. Ano 1, n. 1, jul./dez. 2015

80

desenvolvimento sustentável, propondo o uso dos recursos naturais de maneira

equilibrada e sem prejuízos.

Os critérios de qualidade para reuso são baseados em requisitos de usos

específicos, levando em consideração aspectos estéticos, ambientais e econômicos e na

proteção a saúde pública (SOUSA, 2004, p. 82). O reuso de água na agricultura tem o

objetivo de garantir a produtividade e a sustentabilidade das culturas irrigadas

(BENETTI, 2006, p. 173). Mas é possível, adotando-se técnicas e práticas que avaliem

possíveis impactos negativos ao sistema agrícola, bem como problemas ambientais e

riscos a saúde pública, e suas medidas mitigadoras.

Diante desse cenário, essa pesquisa discute o reuso de água como instrumento

de gestão ambiental para minimização de impactos ambientais na agricultura irrigada,

bem como o debate sobre as questões pertinentes à essa prática.

MATERIAL E MÉTODOS

De acordo com Gil (2002, p. 187), este trabalho caracteriza-se em uma

pesquisa bibliográfica qualitativa, requerendo o uso do método exploratório e descritivo

a partir da dialética referente ao assunto em questão e abordando uma análise das

definições e vantagens do reuso, além da observação sistemática para delineamento de

conceitos.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

A água é um recurso natural finito e essencial à vida que, de acordo com

Correia Neto et al. (2004, p. 58) tornar-se-á, ao longo do século XXI, tão importante e

disputado do ponto de vista econômico, social, ambiental e político, quanto foi o carvão

e o petróleo para a economia mundial ao longo dos últimos 150 anos. Nesse sentido, a

água tornou-se elemento representativo de valores sociais e culturais, além de fator

determinante na produção e desenvolvimento das atividades do agronegócio.

Com isso, o consumo e a necessidade de água exigida para atender o

desenvolvimento e a expansão da agricultura têm aumentado substancialmente nos

últimos anos, sobretudo com as práticas da irrigação. A Figura 1 mostra as tendências

de consumo de água a partir do início do século XX. Observa-se que o consumo de água

na agricultura no ano 2000 representa quase seis vezes aquele do início do século

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passado, com tendência de aumento acelerado devido às taxas de evapotranspiração

crescentes com o aumento das temperaturas no planeta e as atividades poluidoras do

homem moderno.

Figura 1 – Tendência de consumo de água no mundo.

Fonte: Benetti, 2006

Observa-se que as atividades agrícolas são as maiores consumidoras de água

no mundo, acentuada pelas práticas da agricultura irrigada, associado a ideia de que esse

volume é na sua maior parte desperdiçado, tornando-se responsável pelas perdas de

água existentes. De acordo com a Figura 2, o setor agrícola consome cerca de 70 % da

água disponível.

Figura 2 – Consumo de água por atividade.

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Fonte: Adaptado de Braga, et al., 2003

Como pode-se observar na Figura 2, o maior consumidor de água é a

agricultura, principalmente, nos países do Terceiro Mundo, que não dispõem de técnicas

suficientes. Enquanto na Europa e América do Norte, a indústria consome 55% e 48%,

respectivamente, ou seja, o consumo maior é na área industrial, na América Latina e

Caribe, Ásia e África, a agricultura consome 79%, 85 % e 88%, respectivamente, da

água disponível. A Oceania é o único continente em que 64 % do uso da água está

concentrado no setor doméstico (XAVIER, 2007, p. 32).

O reuso de água na agricultura irrigada consiste em um instrumento técnico e

ambientalmente viável que possibilita o aumento da produtividade, a racionalização da

água e minimização de impactos ambientais. Porém, de acordo com Brites (2008, p. 51)

a utilização de esgotos tratados na irrigação deve considerar a qualidade necessária para

o efluente a ser utilizado, em função dos tipos de cultura a irrigar e o tratamento a ser

aplicado ao esgoto, dependendo da qualidade desejada para o efluente. Com isso, é

possível constatar a viabilidade do reuso de água às técnicas de irrigação a serem

utilizadas com as devidas medidas de controle ambiental a serem adotadas.

Para Dantas e Sales (2009, p. 7), reuso de água seria o aproveitamento de água

previamente utilizadas, uma ou mais vezes, para suprir as necessidades de outros usos,

incluindo o original. De acordo Brites (2008, p. 132), reuso da água é o uso da água

residuária tratada para diversas finalidades, tais como irrigação e troca térmica em

indústrias. Porém a Resolução nº 54, de 28 de novembro de 2005, do Conselho

Nacional de Recursos Hídricos (CNRH), define o reuso de água como sendo apenas a

utilização de água residuária, que é definida como sendo esgoto, água descartada,

efluentes líquidos de edificações, indústrias, agroindústrias, agropecuária, tratados ou

não (BRASIL, 2005a, p. 33).

A viabilidade da prática de reuso de água necessita ser suportada por legislação

específica que defina as modalidades de reuso permitidas, estabeleça os padrões de

qualidade da água de reúso para cada uma delas e respectivos códigos de prática, defina

os critérios para licenciamento, mecanismos de controle e sistema de informações.

Atualmente, o Brasil dispõe apenas da Resolução do Conselho Nacional de Recursos

Hídricos CNRH n.º 54, de 28/11/2005, que “estabelece modalidades, diretrizes e

critérios gerais para a prática de reúso não potável de água”. Atualmente, o CNRH, está

empenhado em criar novas resoluções associadas a reúso agrícola, reúso industrial,

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reúso para fins urbanos não potáveis e reúso na aquicultura. Essa atividade vem se

desenvolvendo morosamente, sendo possível que passem muitos anos antes que se

disponha de um arcabouço legal adequado, para dar suporte à prática de reúso de água

no Brasil.

A Resolução Nº. 54, de 28 de novembro de 2005 do Conselho Nacional de

Recursos Hídricos (BRASIL, 2005a, p. 34) estabelece modalidades, diretrizes e critérios

gerais que regulamentam e estimulam a prática de reuso direto não potável de água em

todo o território nacional. Em seu art. 2º, incisos de I a VII, são adotadas as seguintes

definições:

I - água residuária: esgoto, água descartada, efluentes líquidos de

edificações, indústrias, agroindústrias e agropecuária, tratados ou não;

II - reuso de água: utilização de água residuária;

III - água de reuso: água residuária, que se encontra dentro dos

padrões exigidos para sua utilização nas modalidades pretendidas;

IV - reuso direto de água: uso planejado de água de reuso, conduzida

ao local de utilização, sem lançamento ou diluição prévia em corpos

hídricos superficiais ou subterrâneos;

V - produtor de água de reuso: pessoa física ou jurídica, de direito

público ou privado, que produz água de reuso;

VI - distribuidor de água de reuso: pessoa física ou jurídica, de direito

público ou privado, que distribui água de reuso; e

VII - usuário de água de reuso: pessoa física ou jurídica, de direito

público ou privado, que utiliza água de reuso (BRASIL, 2005a, p. 34).

Ainda de acordo com a Resolução Nº. 54 do Conselho Nacional de Recursos

Hídricos, em seu art. 3º, o reuso direto não potável de água, abrange as seguintes

modalidades:

I - reuso para fins urbanos: utilização de água de reuso para fins de

irrigação paisagística, lavagem de logradouros públicos e veículos,

desobstrução de tubulações, construção civil, edificações, combate a

incêndio, dentro da área urbana;

II - reuso para fins agrícolas e florestais: aplicação de água de reuso

para produção agrícola e cultivo de florestas plantadas;

III - reuso para fins ambientais: utilização de água de reuso para

implantação de projetos de recuperação do meio ambiente;

IV - reuso para fins industriais: utilização de água de reuso em

processos, atividades e operações industriais; e

V - reuso na aquicultura: utilização de água de reuso para a criação de

animais ou cultivo de vegetais aquáticos (BRASIL, 2005a, p. 35).

O reuso de água constitui uma alternativa potencial de racionalização desse

recurso natural, em decorrência da escassez hídrica que atinge várias regiões, associada

a má distribuição e qualidade da água. Assim, os esgotos tratados têm a vantagem de

poderem ser utilizados para diversos fins.

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De acordo com Araújo (2002, p. 58) pode-se apontar como vantagens do reuso

de águas:

Aumento da disponibilidade de água; Suprimento de água durante

todo o ano; Liberação da água disponível para utilização em usos onde

há necessidade de melhor qualidade, como o abastecimento humano;

O esgoto reutilizado não é lançado em corpos d’água, evitando-se a

poluição, principalmente de mananciais com baixas capacidades de

depuração; A irrigação com esgotos domésticos tratados proporciona a

adição de matéria orgânica e nutrientes ao solo, reduzindo o uso de

fertilizantes artificiais; Produção de alimentos, quando usado em

irrigação ou piscicultura, resultando em benefícios econômicos e

sociais (ARAÚJO, 2002, p. 58).

Assim, a aplicação de água de reuso em áreas agricultáveis torna-se uma forma

efetiva de controle da poluição e alternativa viável para a disponibilidade hídrica.

Sistemas de reuso de água para fins agrícolas, adequadamente planejados e

administrados, proporcionam melhorias ambientais e de condições de saúde, bem como

nos aspectos econômicos. O aumento de produtividade não é, entretanto, o único

benefício, uma vez que se torna possível ampliar a área irrigada e, quando as condições

climáticas permitem, efetuar colheitas múltiplas, praticamente ao longo de todo o ano.

O reuso de água constitui método que minimiza a produção de efluentes e o

consumo de água de qualidade superior - água distribuída pelas concessionárias

públicas, ou retirada diretamente dos mananciais hídricos - devido à substituição da

água potável por água que já fora previamente usada (DANTAS; SALES, 2009, p. 6).

Assim, o uso e aproveitamento dos efluentes de estação de tratamento de

esgoto na irrigação é um método recomendado (FONSECA et al., 2007; PIVELI et al.,

2008), pois garante a produtividade das culturas, em razão do fornecimento de água e

nutrientes (TELLES; COSTA, 2010, p. 230), permitindo reduzir a fertilização

nitrogenada (DEON et al., 2010), bem como melhor destinação dos resíduos líquidos e

minimização de problemas ambientais. Assim, de acordo com Nobre et al. (2010, p.

1152) o uso de água residuária na produção agrícola visa promover a sustentabilidade

da agricultura irrigada, economizando águas superficiais não poluídas, mantendo a

qualidade ambiental e servindo como fonte nutritiva às plantas.

De acordo com Telles e Costa (2010, p. 235) a aplicação do reuso na

agricultura deve ser adequadamente administrada e tecnicamente planejada, com o

intuito de otimizar seus resultados e minimizar seus riscos, com cuidados, não só no

tipo de efluente utilizado, como na técnica de irrigação aplicada, seus mecanismos,

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condição de segurança à saúde dos trabalhadores, assim como no controle de impactos e

viabilidade técnica. Entre os riscos do reuso não planejado, podem-se destacar:

Comprometimento da saúde pública; Contaminação de solo;

Contaminação de lençol freático; Acúmulo de nitratos, compostos

tóxicos, orgânicos e inorgânicos; A presença de microrganismos

patogênicos pode resultar em problemas sanitários pela contaminação

de culturas, água, solo e ar; Acúmulo de contaminantes químicos no

solo; Aumento significativo de salinidade, em camadas insaturadas

(Telles e Costa, 2010, p. 235).

Os esgotos tratados quando aplicados ao solo para a irrigação de culturas pode

substituir totalmente a água de irrigação e parcialmente a adubação através de alguns

minerais presentes. Porém, a utilização das técnicas de reuso de água na irrigação deve

ter a sua qualidade microbiológica e físico-química adequada ao uso de acordo com os

critérios e padrões recomendados. Com isso, a água de reuso, tende a apresentar-se

como uma alternativa às condições de disponibilidade hídrica.

Diante da demanda hídrica, Hespanhol (2002, p. 81; 2003, p. 418), destaca que

durante as duas últimas décadas, o uso de esgotos para irrigação de culturas aumentou

significativamente, em razão da dificuldade crescente de identificar fontes alternativas

de águas para irrigação, do custo elevado de fertilizantes, segurança de que os riscos de

saúde pública e impactos sobre o solo são mínimos, se as precauções adequadas forem

efetivamente tomadas.

No Brasil, essa prática ainda é recente, necessitando de mais informações

técnico-científicas e estudos de longo prazo (FONSECA et al., 2007a, p. 196) e também

do reconhecimento, pelos órgãos gestores de recursos hídricos, do valor intrínseco da

prática (HESPANHOL, 2002, p. 81; 2003, p. 418). Porém, estudos já realizados no país

demonstram que a utilização de efluentes tratados na agricultura irrigada é uma prática

viável (GLOAGUEN et al., 2007; FONSECA et al., 2007b; HERPIN et al. 2007).

Assim, depois desses estudos, foram criadas bases legislativas, ainda carentes de

maiores informações, que regulamentam e estabelecem critérios e parâmetros

adequados as condições ambientais. Como a Resolução nº 121, de 16 de dezembro de

2010 do CNRH (BRASIL, 2010, p. 46), estabelece diretrizes e critérios para a prática de

reuso direto não potável de água na modalidade agrícola. Dessa forma, a caracterização

e o monitoramento da qualidade da água de reuso devem ser acompanhados no que se

refere a Resolução nº 430, de 13 de maio de 2011, do Conselho Nacional do Meio

Ambiente – CONAMA (BRASIL, 2011, p. 44), que dispõe sobre as condições e

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padrões de lançamento de efluentes em corpos d’água como também altera e

complementa a Resolução nº 357, de 17 de março de 2005, do CONAMA (BRASIL,

2005b, p. 34), que dispõe sobre a classificação dos corpos d’água e sobre diretrizes

ambientais para o seu enquadramento. Essas resoluções definem padrões associados às

várias classes de água. O Art. 29 da Resolução nº 357 do CONAMA (BRASIL, 2005b,

p. 35), determina que a disposição de efluentes no solo, mesmo tratados, não poderá

causar poluição ou contaminação das águas.

Como instrumento efetivo na gestão dos recursos hídricos, Nobre et al. (2010,

p. 748) destacam que o uso de água residuária na produção agrícola visa promover a

sustentabilidade da agricultura irrigada, economizando águas superficiais não poluídas,

mantendo a qualidade ambiental e servindo como fonte nutritiva às plantas.

Os nutrientes contidos nos efluentes de estações de tratamento de esgoto têm

valor potencial para produções agrícolas. Verifica-se que com a utilização de corpos

d’água, contendo esgoto sanitário, poderá não haver falta de nutrientes, possibilitando

boa produtividade agrícola, sem gastos com fertilizantes (TELLES, 2011, p. 513).

O reuso quando aplicado em irrigação ajuda a resolver um grande problema

das metrópoles, a destinação dos esgotos domésticos, cujo volume cresce

consideravelmente (DANTAS; SALES, 2009, p. 10). Porém, conforme Souza (2004, p.

78), essa carga de efluente bastante poluidora poderá ser transformada em recurso

econômico ambientalmente seguro, desde que seja observada política criteriosa de

reutilização de efluentes na agricultura. Dessa forma, pode-se reduzir a necessidade de

uso de fertilização mineral, aumentando a qualidade de certas culturas.

CONCLUSÕES

A água de reuso, utilizada na agricultura irrigada tende a apresentar-se como

uma alternativa para a escassez hídrica, inserindo-se no contexto do desenvolvimento

sustentável, o qual propõe o uso equilibrado dos recursos naturais sem comprometer as

futuras gerações.

O reuso da água torna-se uma alternativa potencial de racionalização dos

recursos hídricos, como técnica viável para o suprimento de água durante os períodos de

estiagem no Semiárido brasileiro para o setror agrícola, que representa

aproximadamente 70% do consumo hídrico no mundo. Assim, a técnica tende a ser um

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eficiente instrumento de gestão ambiental garantindo a sustentabilidade e o aumento da

disponibilidade de água.

Entende-se que para a efetiva implementação da prática de reuso de água na

agricultura está vinculada ao desenvolvimento de três ações básicas: vontade política,

arcabouço legal e plano diretor de reuso nas cidades que possa orientar técnicas

suficientes para a atividade.

Observa-se que o Brasil é carente de uma lei que defina plenamente o conceito

de todas as técnicas de reuso, os parâmetros a serem seguidos, e quais as restrições de

uso, existindo apenas as resoluções do Conselho Nacional do Meio Ambiente.

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RESUMOS DOS PÔSTERES DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA –

CONINTA

SALVE SALVE SÃO FRANCISCO - #UTILIZE #RECICLE #COMPARTILHE

Lucas Paulo

Robson Rocha

Resumo:

O projeto foi desenvolvido para que haja o correto descarte e reciclagem do lixo eletrônico na

região do vale do São Francisco, contribuindo para uma preservação ambiental, principalmente

a preservação do rio São Francisco. O lixo eletrônico é um problema que assola todo o mundo,

principalmente países emergentes. O Brasil está entre os países que mais produzem lixo

eletrônico, 150 mil toneladas por ano. Não há infraestrutura para reaproveitamento desse

material, tampouco medidas para reciclagem. Realidade essa também na região do Vale do São

Francisco, onde não há serviços apropriados para esse tipo de material, existindo apenas

empresas responsáveis pela reciclagem, causando graves consequências, principalmente ao rio

São Francisco, que é fonte de renda, lazer, turismo e transporte da região. Sendo assim, a

população permanece desinformada e sem uma educação correta acerca do manuseio desse tipo

de lixo. A tecnologia está presente na maioria dos lares brasileiros; aparelhos eletrônicos e

objetos que utilizam metais pesados e/ou substâncias prejudiciais ao solo e a água que são

jogados em locais inapropriados (córregos, rios, matas, por exemplo). Portanto, a empresa

Genios criou o projeto para sensibilizar as pessoas, oferecendo-lhes o meio correto para o

descarte desse lixo, informando sobre esse assunto muito pouco falado, mas de grande

importância.

PALAVRAS-CHAVE: Reciclagem; Lixo eletrônico; São Francisco.

_____________________________

CAMPANHA SALVE O FUTURO DO VELHO CHICO

Samuel de Souza Moraes

Oséas Júnior Vieira Gonçalves

Luan Emmanuel Tupiná

Resumo:

O presente estudo buscou desenvolver uma linguagem publicitária, tendo como foco a

preservação do rio São Francisco. Tendo em vista que as pessoas precisam de uma

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Revista Expansão Acadêmica. Ano 1, n. 1, jul./dez. 2015

91

conscientização maior a respeito dos problemas pelos quais o rio São Francisco vem passando,

o foco principal da campanha é o público infantil, pois essa ideia pode ser compartilhada e

fomentada com maior intensidade através das novas gerações. Trabalhou-se com peças

publicitárias desenvolvidas pelo próprio grupo no objetivo de atingir o maior número possível

de pessoas envolvidas, principalmente as crianças. O principal ponto de divulgação foram as

redes sociais.

PALAVRAS-CHAVE: Rio São Francisco; Conscientização; Preservação.

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#LUTANDOPELOVALE: UMA CAMPANHA EM PROL DO VELHO CHICO

Humberto Gessinger

Bianca Brito

Beatriz Costa

Vinícius Rafael

Resumo:

O presente trabalho contém informações, reflexões e resultados sobre a campanha

#LutandopeloVALE, desenvolvido na disciplina Filosofia do curso de Comunicação Social –

Publicidade e Propaganda, buscando mostrar ao público a importância da conscientização para a

preservação do rio São Francisco. No tocante à metodologia, utilizamos enquanto ferramenta de

irradiação as redes sociais, em especial Facebook e Instagram, compartilhando imagens e

vídeos sobre o rio, buscando chamar a atenção das pessoas que usam tais ferramentas on-line,

tendo como objetivo a reeducação ambiental da sociedade num todo por meio da campanha

publicitária.

PALAVRAS-CHAVE: Conscientização; Preservação ambiental; Sustentabilidade.

_____________________________

APARELHOS DE FISIOTERAPIA PRODUZIDOS COM MATERIAIS RECICLADOS

Tamildes Oliveira Mendes de Souza

Resumo:

Esse trabalho teve como objetivo produzir aparelhos de fisioterapia com materiais reciclados

que possuem a mesma funcionalidade dos que foram produzidos nas fabricas, utilizando

materiais de baixo custo e resistentes, visando diminuir os impactos ambientais causados pelo

processo industrial de fabricação, além de reduzir os desperdícios na utilização de materiais

reciclados. Os aparelhos produzidos foram: Tábua de Propriocepção, andador, bola lisa,

theraband e um puxa-puxa, com a utilização dos seguintes materiais: canos de PVC, tabua,

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emborrachado, farrinha de trigo, elástico, garrafas pet, barbante, bola de assopro e bobs de

cabelo. Segue abaixo uma tabela comparando os preços dos aparelhos.

PALAVRAS-CHAVE: Reciclagem; Fisioterapia; Impactos ambientais.

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CAMPANHA: SOMOS O VELHO CHICO

Itala Maiane Lourenço de Souza Andrade

Manoel Alexandre dos Santos Oliveira

Iasmim Batista Lourenço de Souza

Resumo:

Este projeto visa mostrar os resultados e procedimentos utilizados para realização do projeto

#somosvelhochico, que teve como principal objetivo plantar uma semente visando à

conscientização, mobilização e dos procedimentos para revitalização do Rio São Francisco,

através das mídias sociais. Em conjunto com a empresa Amouraria, que tem no seu slogan

“aonde nasce o amor”, se viu a necessidade de implantação de frases, textos e poesias em

paredes com a finalidade de levar as pessoas refletirem sobre a situação atual do Rio São

Francisco. A pesquisa usou como metodologia para realização deste projeto, a confecção de

desenhos nas paredes, calçadas e criação de perfis nas mídias sócias. Com o apoio da empresa

Amouraria, onde a mesma propôs a criação de bolsas com frases que terão conotações a

sustentabilidade, resgatando as origens das décadas de 60 e 70, onde se usava o bocapiu como

forma de sacola e/ou bolsa de compras e trazendo de forma atual a eco bag com intuito da

população não utilizar a sacola plástica. O projeto surgiu com base nos debates, pesquisas e

diálogos em sala. Foi utilizada a internet e as mídias sociais, sendo estas o principal meio de

informação na sociedade atual. Tivemos como base a teoria da Folkcomunicação, no qual o seu

criador Luiz Beltrão defendia a autovalorização do que é cultura do nordeste.

PALAVRAS-CHAVE: Folkcomunicação; Sustentabilidade; Meio ambiente.

_____________________________

ETICA AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE

Alisson Soares de Oliveira

João Paulo Soares de Oliveira

João Batista Bento Lopes

Resumo:

A presente pesquisa tem como intuito mostrar que a degradação constante do meio ambiente é,

sobretudo, consequência de atitudes antiéticas e negligentes do ser humano contra a natureza,

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entre elas estão as queimadas, o desmatamento, o tráfico e o comércio ilegal de animais, a

poluição veicular e industrial e a guerra. Somam-se a estes fatores os próprios desastres naturais.

Assim, por meio de revisão de literatura e análise do cotidiano urbano, propomos uma reflexão

sobre as questões éticas diante da sustentabilidade.

PALAVRAS CHAVE: Ética; Sustentabilidade; Meio Ambiente.

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OPARA AINDA VIVE

Esthon Gomes Feitoza Junior

Ana Paula Andrade Lins Ribeiro

Rayssa Buonaduce

Bruna Cristina Siqueira dos Reis

Stephannie Bispo Buonaduce

Sabrina Souza de Pinho

Brenda Thuany dos Santos Lacerda

Resumo:

O rio São Francisco tem sua realidade cada dia mais assustadora, com suas nascentes se

extinguindo e suas margens poluídas. Diante dessa realidade, foi desenvolvida a campanha

”Opara Ainda Vive”, trabalho realizado na disciplina de Filosofia do curso de Comunicação

Social - Publicidade e Propaganda. Os trabalhos de pesquisa e produção de material tiveram

como objetivo a conscientização da comunidade ribeirinha acerca da problemática em que o

Velho Chico se encontra e como poderíamos ajudar na mudança dessa situação. Foram

utilizadas como ferramentas de divulgação as mídias sociais, em especial o Facebook.

PALAVRAS-CHAVE: Conscientização; Sustentabilidade; Preservação.

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A SUSTENTABILIDADE COMO UM MEIO DE PROMOVER A SAÚDE

Amanda de Oliveira Paixão

Brena Thais dos passos ribeiro

Jessica Leticia Rodrigues Medrado

Josiane de Sousa Jordão

Resumo:

O Brasil é um dos lideres em consumo de agrotóxicos e os trabalhadores expostos são

numerosos. As intoxicações agudas são a face mais visível do impacto destes produtosna saúde.

A sustentabilidade está diretamente ligada à vida saudável e aos meios de promoção a saúde. O

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presente artigo procura correlacionar a sustentabilidade com a promoção a saúde, como um

meio de promover uma vida mais saudável. Se o ‘homem’ como vivente responsável por seus

atos e medidas tomadas quanto ao meio, optasse por medidas de precaução e de modo a

promover a sustentabilidade, é visível que a saúde e a qualidade de vida seriam outras. O

impacto da intensa carga química e o enorme contingente de trabalhadores expostos são duas

importantes razões para o desenvolvimento da pesquisa epidemiológica sobre intoxicações por

agrotóxicos, que no Brasil, ainda tem um vasto campo para se desenvolver. Investir em medidas

que previnam e não degrade o meio ambiente, consequentemente o meio e a qualidade de vida

da população seriam diferentes.

PALAVRAS-CHAVE: Agrotóxicos, Sustentabilidade; Saúde; meio-ambiente.

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REVELANDO O VELHO CHICO

Lara Simone Rosa Fernandes

Larissa Vanessa Dias da Costa

Mikaely Karla Teixeira Monteiro

Gabriel Moura Moraes

Ana D'Avila Evangelista dos Santos Oliveira

Valéria Barbosa Lima

Resumo:

A empresa ‘Expandir’ surgiu com o intuito de disponibilizar serviços que venham suprir as

maiores necessidades, detectadas em pesquisa, dos universitários da região. A mesma lançou

uma campanha em prol do rio São Francisco. Preocupados com a situação ambiental do mesmo,

vem realizando projetos de conscientização e divulgação para a população sobre a atual

realidade do rio. Ressaltando os impactos causados pela falta de consciência da população do

vale do são Francisco, tanto dos órgãos do governo responsáveis pela manutenção e tratamento

da agua, quanto das pessoas que de alguma forma venham a prejudicar o rio. A campanha foi

criada para ressaltar as belezas e utilidades do Rio São Francisco e trazer à tona o início da sua

destruição, com o intuito de aumentar o nível de preservação do mesmo, tentando assim evitar

um aumento da degradação e uma possível extinção.

PALAVRAS-CHAVE: Preservação; Rio São Francisco; Fotografia.

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PRESERVAÇÃO – VENDA ESTA IDEIA

Amanda Romana Silva Caldas

Andreia Delmondes De Alencar

Viviane Leal Clemente

Resumo:

Neste presente trabalho, tem como proposito a preservação do Rio São Francisco. Assim, foram

realizadas campanhas em uma fan page com abordagens sobre o tema e as principais causas

atuais da poluição do Rio, idas a órgãos que tratam diretamente sobre o assunto, realização de

palestra, pesquisas sobre empresas que trabalham também com a conscientização, onde os

mesmos fazem projetos sócios ambientais e a criação de um selo verde.

PALAVRAS-CHAVES: Rio; Poluição; Empresas; Selo verde.

_____________________________

A SIMBOLOGIA DO ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE NO OLHAR

DOS INTERNOS DO CENTRO DE ACOLHIMENTO SOCIOEDUCATIVO (CASE)

Helga Carolina de O. dos Santos

Micaelle Eugênia Santos Pinheiro

Resumo:

O presente estudo propõe uma abordagem simbólica do Estatuto da Criança e do Adolescente

(ECA) a partir do olhar dos jovens internos do Centro de Acolhimento Socioeducativo (CASE)

na cidade de Petrolina/PE. Neste aspecto o objetivo do estudo é apresentar a simbologia do

Estatuto da Criança e do Adolescente no olhar dos internos do Centro de Acolhimento

Socioeducativo (CASE). Por meio de pesquisas bibliográficas buscou-se analisar o ECA como

objeto e a relação do indivíduo com a representação simbólica contida nas regras de conduta

sociais estabelecidas na norma, além do poder do Estado, família e sociedade, como

responsáveis pela efetivação dos direitos das crianças e adolescentes, uma vez que a família

possui um papel fundamental na vida de todos, através dela têm-se por objeto a instrução básica

na formação e educação do indivíduo. O Estado é o maior responsável pela promoção de meios

que garantam às crianças e aos adolescentes seus direitos de cidadania, respeitando sua condição

de pessoa em desenvolvimento. E a sociedade tem a responsabilidade de prevenir ameaças

contra a violação desses direitos. No presente estudo realizou-se também uma pesquisa de

campo através de questionário de múltipla escolha com amostra de 40% dos acolhidos pela

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instituição no mês de abril do ano de 2015, traçando as principais características do grupo social

desses menores. Neste aspecto, os achados da pesquisa, de maneira geral, concluem que os

adolescentes internos do Centro de Acolhimento Socioeducativo (CASE) são oriundos de

famílias desestruturadas, sendo a maioria do sexo masculino, negros e de baixa renda o que

reflete um parâmetro nacional.

PALAVRAS – CHAVE: Simbologia. Estatuto da Criança e Adolescente. Proteção.

_____________________________

OS MEIOS DE COLETA SELETIVA NO AMBIENTE HOSPITALAR

Jessica Pinheiro dos Santos

Aryane Vallesca Mendonca de Sousa

Wandreya Tainá Freire Gondim

Bruna Tatiane do nascimento pereira

Leonardo Lopes Ramos Marques

Pamella Wanessa de Souza Mangabeira

Resumo:

Hospital, clínica e postos de saúde produzem um alto índice de resíduos biodegradáveis e

tóxicos. Em sua maioria não estabelecendo um destino aproveitável para o mesmo. A

importância do lixo, suas classes, seus efeitos, sua definição e suas coletas trazem um grande

impacto ao ambiente e na saúde dos seres viventes. O presente estudo visa pesquisar as formas

de minimizar os impactos ambientais ocasionados pelo manejo inadequado dos resíduos sólidos.

Com os problemas advindos do lixo tóxicos, foram empregadas categorias que classificam os

resíduos sólidos em: Grupo A, B, C e D; pois, com a falta de estruturas, ocasionará em um

impacto aos seres vivos. O lixo hospitalar merece uma atenção maior, pelo fato do perigo que

representa a saúde, é preciso que todos os envolvidos se comovam com essa dificuldade e

reconheçam a necessidade de um novo método a ser trabalhado.

PALAVRAS CHAVES: Lixo sólido; Coleta; Resíduo hospitalar.

_____________________________

SER SUSTENTÁVEL É SER SAUDÁVEL

Mariana Coelho Sento-Sé

Slayra Enels Silva Tranquilli

Resumo:

Este trabalho tem como objetivo analisar como o ser humano pode mudar certos aspectos em

relação ao seu hábito com o intuito de ser sustentável. Para tal foi realizada uma pesquisa

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bibliográfica em artigos científicos do Google acadêmico e Scielo os quais trouxeram como

referência a sustentabilidade e saúde na alimentação do ser humano. Conclui-se que a junção de

uma alimentação baseada em produtos que contém agrotóxico e o sedentarismo tem se tornado

fatores determinantes nas causas de doenças crônicas. Para que haja uma mudança na qualidade

de vida da população, se faz necessária a promoção e mobilização da sociedade em torno de

uma convivência harmônica, integrada e sustentável tanto para o meio ambiente, quanto para os

cidadãos.

PALAVRAS-CHAVE: Sustentabilidade; Saúde; Uso excessivo de agrotóxicos.

_____________________________

DEGRADAÇÃO AMBIENTAL EM ÁREA URBANA DO MUNICÍPIO DE JUAZEIRO-

BA: REGISTRO FOTOGRÁFICO.

Cínthia Roxanne Ferreira Silva

Resumo:

A Sustentabilidade é definida como ações e atividades humanas que visam preservar o

ecossistema, sem comprometer o futuro das próximas gerações. A sua aplicabilidade pode ser

realizada de diversas formas, como por exemplo, na confecção de instrumentos recicláveis, na

coleta seletiva e na realização de palestras em escolas e comunidades incentivando a não

jogarem lixo na rua, e sim, no local correto. Nesse projeto, realizado pela Faculdade São

Francisco de Juazeiro, na Bahia, pela disciplina de Saúde Coletiva do curso de Fisioterapia, teve

como objetivo analisar imagens de bairros e comunidades com exposição a lixo e a esgoto. A

amostra foi constituída por imagens que representam a degradação ambiental. Foi realizada

pesquisa de campo no bairro Novo Encontro e na Rua do Canal, localizados no centro da

cidade, a fim de atender ao objetivo desse presente trabalho. Portanto, de acordo com as

imagens, foi possível evidenciar a degradação ambiental. A falta de investimentos das políticas

públicas é consideravelmente perceptível, já que, saneamento básico é precário. Para o curso de

Fisioterapia, serve de alerta, principalmente para aqueles que seguirão o rumo da atenção

primária em saúde. Sendo assim, cabe aos profissionais de saúde junto à vigilância sanitária e as

políticas públicas investirem e darem mais atenção nessas áreas mais escassas.

PALAVRAS-CHAVE: Fotografia; Meio Ambiente; Degradação.

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CONFECÇÃO DE EQUIPAMENTOS FISIOTERAPÊUTICOS A PARTIR DA

UTILIZAÇÃO DE MATERIAIS RECICLÁVEIS.

Cínthia Roxanne Ferreira Silva

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A sustentabilidade é um ideal sistemático realizado por ações individuais e coletivas, no intuito

de preservação do ecossistema. Sua aplicabilidade pode ser realizada de diversas formas, a

exemplo da confecção de instrumentos recicláveis, coleta seletiva e realização de palestras em

escolas e comunidades. O objetivo do presente trabalho foi confeccionar equipamentos

fisioterapêuticos com materiais recicláveis e compreender que é possível elaborar instrumentos

úteis, com qualidade, segurança e baixo custo, ressaltando a preservação do meio ambiente.

Para isso, foram utilizados objetos como canos de PVC, vasos de plásticos, tampinhas de

garrafa PET e câmara de ar, para realização dos seguintes equipamentos: halteres, barreiras,

estimulador sensorial de pés, theraband, escada e vai-e-vem. Além disso, foi realizada uma

pesquisa de mercado para comparar o preço gasto no equipamento reciclável e o preço do

mesmo quando proveniente de estabelecimento comercial. Sendo assim, foram confeccionados

oito equipamentos e obteve-se no total um custo de sessenta e quatro reais e sessenta centavos,

um preço além de acessível, proveitoso, pois foi possível contribuir com o meio ambiente. Já

por meios comerciais, o custo foi em torno de trezentos e dezoito reais e quatro centavos, valor

relativamente alto que poderia ser investido em outros meios. Portanto, foi possível concluir,

que mesmo confeccionados com materiais recicláveis, a eficácia e segurança dos equipamentos

podem trazer utilidade tanto para a fisioterapia quanto para o meio ambiente.

PALAVRAS-CHAVE: Reciclagem; Meio Ambiente; Fisioterapia.

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OS DESAFIOS DE PROMOVER A SUSTENTABILIDADE NO AMBIENTE DA

SAÚDE, PRIORIZANDO OS ASPECTOS AMBIENTAIS.

Ádria Caroline De Souza

Ana Caroline Batista Maia

Jamilly Carvalho Santos

Bruno Eugênio de Oliveira Ferreira

Resumo:

Sabe-se que promover a sustentabilidade na sociedade e principalmente no ambiente da saúde

não é uma tarefa fácil. São necessárias políticas de conscientização sobre como implantar e

utilizar a sustentabilidade no nosso dia-a-dia como medida preventiva. O presente artigo foi

desenvolvido visando um melhor conhecimento sobre o que é ser sustentável, sobre como os

efeitos da sustentabilidade agem no meio ambiente e conhecer as ações desenvolvidas pelos

hospitais para diminuir os efeitos causados pela utilização dos seus equipamentos e produtos

químicos no meio ambiente e consequentemente na melhora da qualidade de vida da sociedade

em geral.

PALAVRAS-CHAVES: Sustentabilidade. Saúde. Meio Ambiente.

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A UTILIZAÇÃO DE MATERIAIS RECICLÁVEIS NAS AULAS PRÁTICAS DE

ANATOMIA HUMANA COM O INTUITO DE AJUDAR NO APRENDIZADO E

PRESERVAÇÃO DO MEIO AMBIENTE.

Lorena Brito Macedo Borges

Caroline Dieder Dalmas de Andrade

Lívia Cristina Alves Paiva

Bárbara Araujo Roriz

Suzana de Sousa Santana

Resumo:

Este artigo teve como objetivo desenvolver estratégias facilitadoras no processo de ensino e

aprendizagem, refletindo também na preservação do meio ambiente, a partir de um desafio

anatômico, tratando-se de uma construção da articulação do quadril com a utilização de

materiais recicláveis. A mesma teve realização nas aulas práticas de anatomia humana do curso

de Fisioterapia, onde esta experiência foi bastante positiva. Os materiais recicláveis para a

confecção foram selecionados diante da troca de sugestões e experiências existentes entre as

componentes, favorecendo assim o trabalho em grupo.

PALAVRAS-CHAVE: aprendizagem, anatomia, articulação, materiais recicláveis.

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A UTILIZAÇÃO DE MATERIAIS RECICLAVEIS NA CONFECÇÃO DA

ARTICULAÇÃO DO OMBRO PARA AS AULAS DE ANATOMIA HUMANA.

Yure Santos Castro Alves

Giovana Cristine Castro Amorim Lins

Sarah Patricia Alves dos Santos

Renata Mirella Galdencio De Almeida

Thaisla Samy Da Cruz Nascimento Castro

Resumo:

A articulação do ombro é a maior e mais complexa do corpo humano, possui características como

cavidade glenoidea rasa e pouca captação com a cabeça do úmero que a torna possível alcançar

amplitudes que nenhuma outra articulação é capaz de alcançar, uma amplitude de movimento de

180º na flexão e abdução e essa grande amplitude gera uma alta instabilidade na articulação do

ombro tornando propenso a sub-luxação e luxação, a estabilidade é garantida pelo manguito

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rotador e ligamentos glenoumerais e coracoumerais, com a liberdade de movimento sendo

auxiliada pelos músculos do cíngulo do membro superior. Nossa missão foi de retratar essa

descrição da articulação do ombro em uma obra manual artística, tipo maquete, utilizando

matérias recicláveis. Em 2015 a professora de anatomia humana do curso de fisioterapia propôs a

criação de uma atividade didática na qual fomos instruídos a confeccionar modelos anatômicos

que fossem didáticos a ponto de serem usados nas aulas, auxiliando o conteúdo da disciplina.

Desta maneira, esta experiência mostrou-se positiva e singular para o processo de ensino-

aprendizagem da anatomia no curso de fisioterapia, pois a mesma estimulou de diversas formas a

criatividade, memória e trabalho em grupo dos participantes, sobretudo sob o ponto de vista de

transmissão de conhecimento e absorção de conteúdo.

PALAVRAS-CHAVE: Modelos Anatômicos; Aprendizagem; Reciclagem.