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Fundação Educacional Unificada Campograndense - FEUC, Rio de Janeiro - RJ http://www.feuc.br/revista
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Revi
sta
em focoAno 4 • Nº 13 • junho de 2013 • www.feuc.br/revista
CAELCursos técnicos em sintonia com mercado de trabalho aquecido
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Artigo
Quem conhece a FEUC sabe que não é de hoje (na verdade, há mais de cinquenta anos) que ela se destaca na formação de
profissionais bem sucedidos em todos os cursos que oferece. Nas áreas da Matemática, da Histó-ria, das Ciências Sociais, da Pedagogia, da Geogra-fia, da Licenciatura e do Bacharelado em Sistemas de Informação, e nas Letras — Português/Inglês, Português/Espanhol e Português/Literaturas —, as Faculdades Integradas Campo-Grandenses têm consegui-do cada vez mais êxito como for-madora de pro-fissionais de alto gabarito.
As “Semanas acadêmicas” e os eventos institu-cionais (Semana de Estágio e Mer-cado de Trabalho, Jornada de Edu-cação, Fórum de Educação, Ciência e Cultura, Dia Nacional da Responsabilidade Social e Semana da Pós-Graduação) abrem espaço para o Teatro (artistas convidados e performances teatrais encenadas pelos próprios alunos), a Poesia, a Literatura, Exposições de Artes Plásticas e Arte-sanato, Apresentações Musicais (nossos alunos e alguns professores têm agregado seu talento à atividade didática durante esses eventos). Es-sas atividades ocorrem em todos os espaços da Instituição e são abertas à comunidade.
Devem ser lembrados, ainda, os inúmeros trabalhos de campo e passeios culturais desen-volvidos por professores de todas as turmas de graduação e pela Coordenação de Pós-Gradu-ação das FIC. Os discentes são organizados em grupos e ocorrem saídas para idas a museus, es-petáculos de teatro, concertos musicais, Centros Culturais nas mais diversas exposições e progra-mações, cidades e lugares históricos, a própria cidade do Rio de Janeiro e seus pontos turísticos,
visitas à Universi-dade Rural, UFRJ, UFF, UERJ, à Bie-nal Internacio-nal do Livro, ao Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo — para citar apenas al-gumas das ativi-dades que fazem parte dos traba-lhos desenvolvi-
dos por coordenadores e professores das FIC.Espera-se oferecer aos nossos alunos e cons-
truir com eles um acervo de conhecimento em-pírico e também o despertar e/ou o amadureci-mento das potencialidades discentes, quem sabe para a prática de talentos relacionados à arte e buscar desenvolvê-los no que concerne à ludicida-de e à sensibilidade que devem existir em todos os indivíduos. Afinal de contas, faz parte da história da FEUC promover a Arte, a Educação, a Cultura e valorizar o sucesso profissional de seus alunos. ■
Erivelto ReisMestrando em Literatura Portuguesa Contemporânea
(UFRJ) e professor de Língua Portuguesa e Literaturas das FIC
FEUC: Uma história cultural de sucesso
“Espera-se oferecer aos nossos
alunos e construir com eles
um acervo de conhecimento
empírico e também o despertar
e/ou amadurecimento das
potencialidades discentes”
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Quantas vezes nos últimos tempos você leu em algum lugar ou ouviu alguém fa-
lar sobre a importância do Ensino Técnico para ajudar no crescimento sustentável do país? Da presidente da República aos pais de candida-tos a uma vaga nas escolas técni-cas, não há quem não reconheça que a capacitação profissional dos jovens, aliada a uma boa educação geral, é fundamental para melhorar o panorama do trabalho e do em-prego no Brasil. E nossa matéria de capa mostra que o CAEL, com seus 12 cursos técnicos, está cumprindo com louvor a tarefa de educar para a vida e para o mercado de trabalho.
Nesta edição trazemos também alguns desdobramentos de eventos recentes, como uma entrevista com o jornalista Geneton Moraes Neto, concedida no dia em que ele veio apresentar seu documentário “Can-ções do Exílio”; o detalhamento dos projetos do Programa de Iniciação Científica, anunciados durante a Jornada de Educação; um apanha-do das manifestações culturais da Semana de Letras; as contribuições dos debatedores do Encontro de Ciências Sociais para o Tema em Questão sobre juventude.
Inauguramos a seção Memória FEUC, na qual sempre iremos re-lembrar alguns detalhes da nossa origem e falar de pessoas que foram importantes para a consolidação da FEUC como uma instituição de ensino comprometida com a co-munidade – começando pela pro-fessora Leda Corrêa de Noronha, hoje à frente da Unatic. Desejamos que você faça uma boa leitura e interaja conosco no site da revista (http://www.feuc.br/revista). ■
FEUC em FOCO é uma publicação impressa e online da Fundação Educacional Unificada
Campograndense. Presidente: Wilson Choeri; Diretor Administrativo: Hélio Rosa de Araujo;
Diretora de Ensino: Arlene da Fonseca Figueira; Diretor Superintendente: Durval Neves da Silva;
Periodicidade: trimestral; Tiragem: 5.000 exemplares; Site: www.revistadigital.feuc.br.
Edição: Tania Neves; Estagiário: Gian Cornachini; Marketing: Bruno Rivéro;
Considerações e opiniões emitidas nos artigos assinados são de inteira responsabilidade
de seus autores, não refletindo, necessariamente, a posição da FEUC.
CapaCursos técnicos em altacom os alunos e o mercado
Turmas de Letras visitamendereços ‘literários’ do Rio
Seriam os jovens de hojeuma geração alienada?
CAPA: Da esquerda para a direita, os estudantes Fabrício Rehem, Gabriel Monsores Barreto e Juan Victor Paz em
laboratório do curso de Automação Industrial do CAEL. (Foto: Gian Cornachini)
Como é que os professorespreparam as suas aulas?
Conheça a história de algunsde nossos fundadores
Passeio Cultural
Tema em Questão
O Aluno Pergunta
Memória FEUC
Autor de ‘Canções do Exílio’apresenta filme na FEUC
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Cinema e Debate
EditorialÍndice
Tania NevesEditora
Foto: Gian CornachiniFoto: Gian Cornachini
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MUNDO
Alunas de Pedagogia em
domingo de Ação Social
Aconteceu durante a XI Jornada de Educação, em 20 de abril. No palco do auditório, quatro professoras extraor-dinárias — Aparecida Tiradentes, Ga-briela Barbosa, Daniela Patti e Célia Neves — abordavam o papel da ética e da ciência na formação dos docen-tes. Em suas falas, todas ressaltaram o compromisso que o educador deve ter com a formação humana de seus alunos, lembrando que muitas dessas crianças o terão como modelo, verba-lizando a famosa frase “quando cres-cer, quero ser como você”.
Encerrado o debate, o calouro de Licenciatura em História das FIC Alan Felipe Santana Fernandes, de 18 anos, aproximou-se para cumprimentar as palestrantes e fez questão de dar seu depoimento: “Decidi ser professor por causa dela”, disse, abraçando a profes-
Convidada a participar do Dia de Ação Social do Projeto Amanda — cujo foco é a prevenção do câncer de mama — a professora Janice Souza levou um pouquinho da FEUC no dia 19 de maio para a Escola Municipal Rosária Trot-ta, onde voluntários do Rotary Club de Campo Grande, Bangu e Itaguaí, além de representantes do Exército, Polícia Militar e Corpo de Bombeiros prestaram serviços à comunidade.
Janice e as alunas do 7º período de Pedagogia Eliza Rosa, Ester Silva, Giselle Arantes, Jesielly da Conceição e Mariana Moreira contribuíram com a parte edu-cativa e cultural: criaram um cantinho
Foto: Tania Neves
Foto: Divulgação
Da série ‘Por isso vale a pena ser professor’
O calouro de História Alan Felipe abraça a professora Célia
sora Célia Neves, que lhe deu aulas de Geografia na Escola Municipal Teo-doro Sampaio. “E confirmei a escolha depois de me tornar aluno dela”, com-
pletou Alan, apontando para Vivian Zampa, coordenadora de História.
Afago maior no ego das duas pro-fessoras não poderia haver... ■
aconchegante na quadra da escola, de-corado com tapetes coloridos, as famo-sas colchas literárias, muitos livros e ma-terial de desenho e pintura para receber as crianças que chegavam com seus pais.
A sessão de contação de histórias, que trabalhou o tema “Educação em Direitos Humanos”, encantou o público. “É um modo de abordar valores importantes, de uma forma lúdica”, avaliou Janice. ■
Janice (de camiseta roxa) com suas alunas e as crianças na atividade
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Curso de Geografia promove VIII Ciclo de Monografias
A 8ª edição do Ciclo de Monografias em Geografia aconteceu dia 25 de abril, e teve na etapa matinal a presença da pro-fessora Andrea Xavier, que apresentou sua monografia “Viaduto de Madureira: de território flexível a espaço multicultu-
ral”. À noite, o professor Isaac Rosa falou sobre as etapas de elaboração de uma monografia, e a professora Rosilaine de Sousa relatou sua experiência como ex--aluna. Participaram do evento alunos de Geografia, Pedagogia e Ciências Sociais. ■
As frases acima são das mais ouvidas por Ricardo Nielsen nos corredores da FEUC. Formado em Licenciatura da Com-putação nas FIC, onde já cursa a segunda especialização, o fotógrafo amador co-meçou a registrar os eventos acadêmicos da instituição meio por acaso, em 2009: uma amiga, que ia apresentar trabalho na Semana de Pedagogia, pediu que ele a clicasse. Ricardo atendeu à convocação. Depois veio a Semana de Letras e a pro-fessora Arlene fez o mesmo pedido. O aluno repetiu a dose, e não parou mais:
VAI ACONTECER
■ A Banda Sinfônica e o coro Ecos Sonoros promovem, dia 29 de junho na FEUC, a partir das 18h, uma Festa da Roça em estilo clássico, com coro, orquestra, solistas e bailarinas, além de muitas guloseimas. O objetivo é angariar fundos para ajudar na viagem do grupo à Itália, em dezembro, para o VII Festival Internacional de Coros.
■ Dia 16 de julho acontece a festa de encerramento do primeiro semestre da Unatic. A jornada contará com apresentações de dança, teatro, coral, demonstrações de ginástica e o tradicional lanche de confraternização do grupo.
■ 27 de junho – Culminância do projeto “Juventude: prevenção é cidadania”, que vem mobilizando as turmas na discussão de temas como sexualidade, drogas, família, segurança no trânsito. Haverá palestras e apresentações culturais, abertas apenas aos alunos.
■ 6 de julho – Festa Cultural, aberta também aos familiares. A tarde será dedicada a apresentações de dança, desfile de vestimentas e outras manifestações da diversidade cultural brasileira.
■ 8 a 12 de julho – Olimpíadas do CAEL, abertas à torcida dos familiares. Do Maternal ao Ensino Médio, os alunos participam de competições esportivas na quadra ao longo da semana.
O CAEL terá intensa programação educativa, cultural e esportiva nas próximas semanas:
‘E aí, Ricardo, tem aquela foto? E o vídeo?’
Foto: Tania Neves
“Sempre fui da área tecnológica. Quando você só lida com computador, fica meio antissocial. Esse trabalho aqui é gratifi-cante. Quando me chamam e estou li-vre, venho com prazer”, diz Ricardo, que disponibiliza em seu site na internet (vai.la/33Mc), em links-diversos, as fotos que faz, para quem quiser baixar. O pagamen-to que ele recebe? Sessões de terapia: “A interação com o pessoal da área de Hu-manas me mudou muito, melhorei como pessoa e até como professor. Hoje eu vejo meu aluno com outro olhar”, revela. ■
Ricardo fotografa debate no XV Encontro de Ciências Sociais
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Passeio Cultural
Nos passos das letras e artesCurso de Letras levou alunos para conhecer
lugares históricos e culturais do Centro do Rio
A Cidade Maravilhosa hospeda muitos centros culturais e de memória da história brasileira.
No Rio de Janeiro, nasceram pessoas que se tornaram grandes nomes da música e da literatura nacional. No en-tanto, os lugares em que essas pessoas viveram e as inspiraram a compor suas obras são, principalmente para quem mora na Zona Oeste do Rio, distantes e, muitas vezes, desconhecidos.
O curso de Letras das Faculdades Integradas Campo-Grandenses (FIC/FEUC) reconhece que muitos estudan-tes da graduação não tiveram oportu-nidade de visitar exposições, teatros, museus e conhecer, de perto, cenários muito presentes na história do país. Por isso, a cada semestre, o curso re-aliza um passeio cultural para levar os alunos a conhecerem tais lugares.
O passeio cultural não é apenas uma excursão, mas uma atividade de cam-po. Todo o conteúdo dado em sala de aula, especialmente sobre literatura, faz mais sentido ao estudante quando
ele passa a conhecer os locais presentes em narrativas literárias, como explica o coordenador do projeto, o professor Erivelto Reis: “Aquilo que a gente estu-da em sala de aula acaba ganhando cor-po. A teoria sai do papel e ganha vida, porque o aluno tem a oportunidade de ver, vivenciar, de entender e tirar suas próprias conclusões de maneira mais aprofundada”, explica o professor, en-tusiasmado com o projeto.
No dia 27 de abril, aconteceu a se-gunda edição do passeio cultural. Os estudantes puderam fazer um percur-so pelo Centro do Rio e conhecer es-paços presentes na vida e na obra do autor Machado de Assis, como a rua do Ouvidor e a Confeitaria Colombo; um dos endereços em que a cantora Carmen Miranda morou, na Travessa do Comércio; a exposição permanente da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj); o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB); e a feira de an-tiguidades da Praça XV de Novembro.
O ônibus — que levou os estudantes das disciplinas de arte literária, cultura literária brasileira e poesia portugue-
(1) Grupo em frente à Alerj; (2) Erivelto na feira de antiguidades da Praça XV; (3) Grupo na Travessa do Comércio; (4) Alunos folheiam livros usados da feira
Fotos: Gian Cornachini
Por Gian Cornachini
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Angela Lopes posa em frente à Confeitaria Colombo e opina sobre o passeio: “Ma-ra-vi-lho-so!”
Foto: Gian Cornachini
Foto: Gian Cornachini
sa — saiu da FEUC logo pela manhã, às 8h, e só retornou às 16h. O motorista, Ernandes Mário Abreu da Silva, pron-tificou-se a desejar um bom passeio aos estudantes: “É um prazer colaborar com quem trabalha com a educação do nosso país”, valorizou Ernandes.
Em meio aos quase 50 participan-tes da atividade, foi possível encontrar estudantes que nunca visitaram um museu ou, até mesmo, jamais haviam feito um passeio pelo Centro da cida-de. Carla Aguiar tem 26 anos, está no 2º período de Inglês e mora em Campo Grande. A estudante estava animada com a atividade de campo: “Nunca vi-sitei esses lugares. Eu estudava à noite em escola pública e trabalhava de dia. Sinto que faltava incentivo na escola para este tipo de coisa. Tenho muita vontade de conhecê-los!”, disse.
Outro caso é o da estudante Angela Lopes, de 33 anos, do 5º período de Lite-raturas. Ela contou que sua ida ao Centro era sempre burocrática: “Só vou resolver problemas, fazer entrevista de emprego ou comprar alguma coisa. Quando pas-sava na frente dos museus, sentia uma vontade de entrar. Agora, vou poder co-nhecê-los”, afirmou Angela.
Ao fim do passeio, Carla ficou sur-presa com o novo olhar que teve sobre os espaços conhecidos: “A gente anda na correria do dia a dia e não presta atenção nesses lugares. Quando a gen-te vai com outro olhar, conhece his-tórias que nem imaginava existirem”, analisou a estudante.
Angela também aproveitou a ativida-de de campo. Questionada sobre o que achou do passeio, pausadamente ela respondeu: “Ma-ra-vi-lho-so!”. E com-pletou: “Gostei de ter essa ótima expe-riência para minha vida. Vou até trazer meu filho de 11 anos para visitar os lu-gares aos quais eu fui. Não vou deixá-lo ficar mais velho para que tenha esse conhecimento. Agora que eu aprendi bastante, vou explicar tudo para ele”. ■
Os estudantes Carla Aguiar e Roberto Lincoln observam exposição da Confeitaria Colombo em primeira visita da aluna a locais históricos
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Semana de Letras
Pela valorização de artistas da Zona Oeste do RioFlávio no violão e Umberto no vocal: dupla foi a atração da noite
A tradicional Semana de Letras chegou em sua 22ª edição e se deu a mais
um objetivo: promover a cultura de Campo Grande e região
Entre 13 e 15 de maio, o curso de Le-tras das FIC promoveu a XXII Sema-na de Letras. Durante as manhãs e
noites daqueles três dias, o público in-terno e externo pôde participar de pa-lestras, minicursos, mesas-redondas e oficinas, em sua maioria voltadas para o tema desta edição da Semana: “O papel da língua e da literatura na formação do indivíduo: uma questão de direitos humanos”. A extensa programação ofe-recida — foram 55 atividades e 68 pales-trantes diferentes — atraiu um número de participantes que chegou a quase 350 pessoas, sem contar os visitantes.
No primeiro dia do evento mais im-portante do curso, a coordenadora, professora Arlene da Fonseca Figueira, disse a seguinte frase: “Não faz sentido separar a universidade dos artistas de nossa região”. Arlene se referia, princi-palmente, ao poeta Primitivo Paes, que faleceu em janeiro deste ano. O poeta pernambucano era morador do bairro de Campo Grande há mais de 30 anos e frequentava, nos últimos tempos, to-das as atividades do curso, declamava seus poemas e fazia até apresentações teatrais. A XXII Semana de Letras home-nageou o poeta em sua abertura e reno-meou o Núcleo de Estudos em Lingua-gem (NEL) para “Núcleo de Estudos em
Linguagem poeta Primitivo Paes”.O poeta foi uma das personalidades
que a FEUC acolheu, abrindo espaço para que ele, até então pouco conheci-do em Campo Grande, pudesse levar o seu trabalho a um público mais amplo, principalmente no ambiente acadêmi-co. E uma atividade do último dia da Semana de Letras deu uma boa recei-ta de como começar a abrir as portas da FEUC para que a arte trafegue com mais naturalidade e se potencialize em um espaço de disseminação de conhe-cimento. O sarau poético-musical “Vi-nícius: a vida que me desculpe, mas a arte é fundamental”, fez uma homena-gem ao compositor brasileiro Vinícius
Foto: Gian Cornachini
Por Gian Cornachini
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Pela valorização de artistas da Zona Oeste do RioErivelto Reis, professor do curso de Letras, declamou poesias
Cícero Batista analisou poemas de homenagem a Vinícus de Moraes
de Moraes por meio de apresentações musicais, análises e declamação de poemas. Os artistas da noite foram os quatro professores que conduziram a atividade: Cícero Batista, Flávio Pimen-tel e Erivelto Reis, do curso de Letras, e Umberto Eller, do curso de Ciências So-ciais. Umberto e Flávio foram a atração do evento: poucos conheciam o lado musical de Eller como cantor e de Pi-mentel como violonista.
O professor Umberto acredita que os artistas desconhecidos não são visi-bilizados, de certa maneira, por culpa da mídia: “Por mais que [a FEUC] seja um espaço em que as pessoas estejam ficando esclarecidas, é inegável a in-fluência da mídia ditando aquilo que é bom. As pessoas acham que só há coisas boas naquilo que a mídia pas-sa”, supõe Umberto. Cícero também fez uma crítica à desvalorização da arte regional: “Atualmente, há uma preo-
cupação com a quantificação de tudo, infelizmente. Cultura é flor que demo-ra a pegar. É como uma flor: às vezes pega, às vezes não. Mas em Campo Grande coisas belas podem muito bem florir e merecem ser vistas por um pú-
blico bem mais amplo”, avalia Cícero.Para o professor Flávio, abrir espaço
para os desconhecidos reforça o papel da instituição na Zona Oeste: “Ela [a FEUC] pode servir de elo e de divulgação. Isso faz as ideias se ventilarem, realizando
uma das funções de uma universidade, que é dar voz e acesso à cultura e discuti- -la”, aponta o professor.
Em sua 22ª edição, a Semana de Letras plantou mais uma semente da valoriza-ção de artistas. O próximo passo é regá--la: “Essa abertura para artistas aconte-ce dentro de uma semana de um curso, mas deve se expandir para toda a ins-tituição e acontecer com mais frequên- cia”, sugere o professor Umberto.
Um outro lado dessa história, apon-tado pelo professor Erivelto, é a troca que há entre cultura e ciência: “A FEUC tem interesse em dialogar com a comu-nidade, não só para dar voz a ela, mas para ampliar também o conteúdo cien-tífico que é produzido aqui”, diz o pro-fessor. “Nosso espaço acadêmico é um local dinâmico e pulsante para os de-bates e discussões que vão até a comu-nidade externa e promovem mudança social”, reforça o professor. ■
Evento ‘planta
semente’ na FEUC
para florescer um
espaço ainda maior
para a cultura local
Foto: Gian CornachiniFoto: Gian Cornachini
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“A gente saiu da ditadura para a di-tamole”, disse um bem-humo-rado Jards Macalé ao comparar
a violência explícita dos tempos do regime militar com a violência escamoteada dos dias de hoje. “Quem está nos movimen-tos sociais, na resistência ao capitalismo predatório, sente na pele que a repres-são tem sido extremamente violenta”, afirmou a historiadora Regina Mesquita,
referindo-se à ação da polícia contra co-munidades que denunciam remoções nas áreas das grandes obras para Copa e Olimpíadas. “Por isso é importante dis-cutir o passado, para que essas coisas não voltem a acontecer”, completou o aluno de História Carlos Eduardo Moreira.
A conversa aconteceu dia 4 de maio nos bastidores do evento “Canções do Exílio”, organizado por Moreira junto com o NEHPS. A exibição do documentário do jornalista Geneton Moraes Neto — do
qual Macalé é um dos personagens, ao lado de Caetano Veloso, Gilberto Gil e Jor-ge Mautner — foi seguida de debate com alunos e visitantes que lotaram o auditó-rio da FEUC. A mesa-redonda contou com Macalé, Geneton e Regina, e teve media-ção da professora Vivian Zampa, coorde-nadora do curso de História (cobertura completa em http://migre.me/eIL1u).
Na ocasião, Geneton concedeu uma entrevista à FEUC em Foco, que você acompanha nas próximas páginas.
Cinema e Debate
‘Canções do Exílio’ em sessão especial na FEUCExibição teve a presença do diretor do documentário, o jornalista Geneton
Moraes Neto, que sonha ressuscitar o circuito universitário dos anos 70
Foto: Gian Cornachini
Jards Macalé, Geneton Moraes Neto, Vivian Zampa e Regina
Mesquita na mesa de debates
Por Gian Cornachini e Tania Neves
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‘O jornalismo é o primeiro rascunho da História’FEUC em Foco: Você tem levado seu documentário a plateias bem distintas. Quem considera que reage com mais entusiasmo, a geração que viveu aque-la época ou os jovens, que pouco ou-vem falar desses temas na escola?
Geneton Moraes Neto: A gente está tentando ressuscitar, com esse documen-tário, uma coisa que saiu de moda, que é o circuito universitário, uma coisa que existia nos anos 70. Eu me lembro dessa época, quando eu era estudante. De vez em quando tinha shows nas universidades, exibição de filmes, debates... Infelizmen-te, se perdeu um pouco, porque naquele tempo também havia uma militância mais acentuada do que hoje. Já se fizeram muitos documentários com militantes, ex-guerrilheiros, há muitos depoimentos das pessoas que se engajaram na luta polí-tica naquele tempo. O diferencial do “Can-ções do Exílio” é que você pode ver como o AI-5 e aquela época mais dura da ditadu-ra militar afetaram a vida e a carreira de grandes artistas brasileiros como, no caso, Gilberto Gil e Caetano Veloso. Aí a geração mais nova se surpreende porque a maioria não sabe nem que Caetano e Gil foram pre-sos, tiveram os cabelos cortados na prisão. E há também umas cenas no documentá-rio, as histórias que eles contam, que são, eu diria, até meio típicas do temperamento brasileiro: o fato de um sargento ter leva-do um violão para Gilberto Gil na prisão é uma coisa que talvez não acontecesse na Alemanha, mas aqui no Brasil...
FF: O documentário fala de artistas populares, acha que isso pode ser um atrativo para que os jovens, a partir daí, se interessem por saber o que aconte-ceu naquela época a outras pessoas que não os artistas?
GMN: Eu acho. Apesar de se chamar “Canções do Exílio”, o documentário qua-se não trata de música especificamente, e
quando trata de música é justamente mú-sica feita naquelas circunstâncias, contra a ditadura, como foi o caso de “Cálice”. Gilberto Gil descreve ali como compôs a música com Chico Buarque. A intenção não foi a de usar Gilberto Gil e Caetano
Veloso como chamariz para despertar atenção sobre aquela época, mas tem esse efeito, especialmente sobre os mais jovens.
FF: Já te ouvimos dizer que uma das poucas coisas boas que o jornalismo pode fazer é produzir memória. Que tipo de memória o jornalismo da mídia hegemônica legará às gerações futuras sobre os dias de hoje?
GMN: Em qualquer profissão você pre-cisa ter uma bandeira. É bom ter uma bandeira que você use para se motivar. No meu caso, escolhi a bandeira de que fazer jornalismo é produzir memória. Isso eu faço, independentemente de onde eu esteja trabalhando. A gente tem que tomar partido dessa democracia absolu-ta da internet, que é uma revolução su-per bem-vinda. [A internet] está virando tudo de cabeça para baixo. Acho saudá-vel, pois dessacralizou a figura do jorna-lista, que antigamente tinha aquela pre-tensão de ser o único intermediário entre o mundo e o público, e hoje isso mudou totalmente. Independentemente de eu es-tar na Globo News ou não estar, ter um blog ou não ter, eu guio meu trabalho por isso. E o “Canções do Exílio” foi feito as-sim, no esquema quase de guerrilha. Um amigo meu tem uma produtora micro, e a gente fez e exibiu no Canal Brasil, de-pois passou na Globo News também. É o exemplo de que se pode fazer. Aliás, isso eu sempre falo para os mais jovens: em vez de ficar se lamentando, faça. Tinha muito essa cultura da lamentação na minha geração, do tipo “ah, não dá para fazer porque é caro, e não sei o quê...”. Realmente, antes era difícil de você ter acesso a uma câmera de 35mm, mas hoje qualquer estudante secundarista tem um celular com qualidade digital. En-tão, não tem mais lugar para a lamen-tação. E é a hora de fazer: pega a câmera e faz, em vez de ficar reclamando que o mundo não liga para você (risos).
Cinema e Debate
Foto: Gian Cornachini
“Escolhi a bandeira
de que fazer
jornalismo é
produzir memória.
Isso eu faço”
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FF: Estamos aqui em uma instituição basicamente de formação de professo-res. Do ponto de vista do uso do conteú-do jornalístico, o que você recomenda a esses graduandos que, em breve, estarão nas salas de aula. Que conteúdo jorna-lístico esses futuros professores devem buscar, já que hoje a oferta é imensa?
GMN: Como estava dizendo, essa revo-lução [da internet] está mexendo com as estruturas do jornalismo. A única boa no-tícia para a grande mídia é que o valor da credibilidade nunca antes teve tanta im-portância. Aconteceu já comigo, eu conto sempre essa história: casualmente, era um sábado à noite e eu vi no Twitter alguém dizendo “O Obama vai falar daqui a pouco e parece que vai anunciar a morte de Bin Laden”. Aí eu fiquei pensando: será que é verdade isso? Quando você tem uma notí-cia dessas, o que você faz? Vai para o site do The New York Times para ver se é verdade (risos). Foi o que eu fiz, e era verdade. Ti-nha esse boato de que o Obama iria anun-ciar e realmente logo depois ele anunciou. Então você tem que pensar: “Onde é que a informação é processada com credibi-lidade, com qualidade?” É, ainda, nesses grandes meios. Então, independentemente de qualquer coisa, é claro que o professor,
se for usar o jornalismo como fonte, tem que saber que ele é apenas o primeiro ras-cunho da História. Parece uma frase de efeito, mas é verdade: o jornalismo é o pri-meiro rascunho da História. Essa é uma bela função do jornalismo, apesar de que há distorções, claro. Mas se o jornalismo se esforçar para oferecer essa matéria pri-ma para os professores, os historiadores, terá cumprido um belo papel.
FF: Aí depois é com os professores bus-carem as contextualizações...
GMN: Ah, sim. Depois que eles confron-tem e façam... porque no jornalismo, às vezes, não dá tempo de você fazer, a gente trabalha às vezes em horas, né? Não é meu caso hoje. Eu faço os programas com mais tempo de preparo. Mas frequentemen-te você está lá, você tem duas horas para
fazer uma matéria, não dá tempo de você ficar confrontando tudo, ficar botando as opiniões. Isso é o papel do historiador e do professor. Eu diria que nem é essa a fun-ção maior do jornalismo.
FF: Já tem algum novo documentário em vista?
GMN: Depois desse aí, eu fiz sobre o Joel Silveira, um correspondente de guerra. Vai passar no Canal Brasil agora em ju-nho. E estou tentando reunir uma coisa sobre a Copa de 50. Não sou jornalista esportivo, mas, como 99% dos brasilei-ros, eu me interesso por futebol, ama-doristicamente. E eu fiz em 86 uma en-trevista com o Barbosa, que foi o goleiro do Brasil em 50, e fiquei impressionado como aquilo ainda mexia com ele. En-tão, a partir daí, procurei os outros joga-dores, eles estavam todos vivos na época. E entrevistei os 11 que jogaram contra o Uruguai na Copa de 50. Fiz um livro na época chamado “Dossiê 50”, e agora estou pensando em reunir esse material e fazer um documentário que deve ser exibido na Globo News no segundo semestre. Por enquanto não tem nada além das entre-vistas com os jogadores, não tem nada feito ainda. É um projeto. ■
Geneton Moraes Neto concedeu entrevista à revista FEUC em Foco
“Pega a câmera e
faz, em vez de ficar
reclamando que
o mundo não liga
para você”
Foto: Gian Cornachini
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Jornada de Educação
Ética e ciência na formação docente
Mesa-redonda discutiu temas que servem como reflexão aos alunos que
se engajarão nos primeiros projetos de Iniciação Científica da instituição
A XI Jornada de Educação da FEUC, em abril passado, trouxe para o debate o tema “Ensino, pesquisa e ex-tensão: o papel da ética e da ciência na formação
docente”, com uma mesa-redonda reunindo as professo-ras Gabriela Barbosa (coordenadora da Pós-Graduação), Célia Neves (coordenadora de Ciências Sociais) e as con-vidadas Aparecida Tiradentes (pesquisadora da Fiocruz) e Daniela Patti do Amaral (coordenadora pedagógica dos cursos de licenciatura da UFRJ), seguida da apresentação do Programa de Iniciação Científica das FIC (veja a cober-tura do evento em http://migre.me/ePbV5).
Aparecida saudou com entusiasmo o anúncio do PIC, lembrando que a Iniciação Científica ajuda muito o alu-no a perder o medo de adentrar o universo acadêmico, impor-se e expor duas ideias diante dos pares, e assim ir cultivando sua vocação. “É emblemático que a FEUC, não sendo ainda um centro universitário — portanto, não ten-
do obrigação frente ao MEC de criar um programa de ini-ciação científica — tenha feito isso por opção. É mais uma contribuição para elevar a qualidade do ensino”, afirmou.
Gabriela Barbosa ressaltou que não se deve confundir um projeto de pesquisa com um mero trabalho de disci-plina: “Um projeto de pesquisa tem que ter uma questão clara a ser investigada, emergir de um problema que o in-divíduo observa naquela realidade que ele vive ou sobre a qual ele está se debruçando, e que aquele problema o instigue a formular uma questão bem clara e traçar uma metodologia também apropriada para estar dentro do que é uma proposta de pesquisa”, explica a coordenado-ra, ensinando ainda que o pesquisador deve se perguntar qual contribuição sua pesquisa trará para a sociedade e a serviço de que interesses ela estará.
Edital, regulamento e ficha de inscrição para o PIC podem ser acessados no portal da FEUC na internet (www.feuc.br). ■
Plano de Trabalho bem definido é ponto de partida para a pesquisa
Foto: Gian Cornachini
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Projeto: Relações de poder no bairro de Campo Grande, na Zona Oeste do município do Rio de Janeiro: práticas clientelistas e dominação política / Curso: Licenciatura em Ciências Sociais / Objetivo: Conhecer, entender e analisar as características políticas da região / Orientador: Mauro Lopes / Bolsista: ainda sem inscritos no projeto
Projeto: O ethos e o fantástico: uma abordagem linguístico-literária de obras da literatura universal / Curso: Licenciatura em Letras / Objetivo: Pensar o discurso literário como discurso para a construção das características e representatividade de personagens da literatura fantástica, além de obser-var os tipos de representação social que alimentam determinados estereóti-pos / Orientadores: Valmir Miranda de Oliviera e Adriano de Oliveira San-tos / Bolsistas: Larissa Ramos Rocha Melo (5º período de Espanhol/noite) e Carlos Alberto de Castro e Silva Junior (3º período de Literaturas/noite)
Projeto: Onde anda você, professor? / Curso: Pedagogia / Objetivo: Saber onde é que estão os professores das licenciaturas formados pelas FIC nos anos de 2010 a 2012 e levantar suas atuações no magistério público, particular ou em outras áreas / Orientadores: Maria Licia Torres e Luiza Alves de Oliveira / Bolsistas: Andressa Monteiro dos Santos (6º período/manhã) e Mônica Teixeira Pinheiro de Oliveira (6º período/manhã)
Projeto: A leitura no processo de formação do pedagogo: desafios, perspec-tivas e práticas / Curso: Pedagogia / Objetivo: Realizar um estudo científico das práticas de leitura desenvolvidas pelos alunos do curso de Pedagogia durante sua formação, analisando aspectos como espaços, tempos, formas, frequências, suportes e outros elementos integrantes do processo de ler / Orientadores: Maria Licia Torres e Luiza Alves de Oliveira / Bolsistas: Myla Clara Alves Pacheco (3º período/manhã) e Nayara Martins de Oliveira Carvalho (3º período/manhã)
Projeto: Desbloqueando / Curso: Licenciatura em Matemática / Ob-jetivo: Reforçar o aprendizado da matemática ensinada nas escolas de Ensino Fundamental e de Médio, auxiliando esses estudantes em suas di-ficuldades apresentadas no estudo da disciplina e, posteriormente, gerar um material de apoio à educação matemática com os principais proble-mas encontrados nesse processo / Orientador: Alzir Fourny Marinhos / Bolsistas: Tatiana Conceição Torres Caruso (5ºperíodo/manhã) e Lean-dro de Sousa Martins (2º período/manhã)
Projeto: Métodos, contextos e atividades para inserção transversal da Educação Ambiental no Ensino Superior em TI / Curso: Bacharelado em Sistemas de Informação / Objetivo: Nortear o trabalho dos professores do curso e da instituição para que seja aprimorada a forma como os temas transversais (de foco ambiental) podem ser trabalhados nas suas disciplinas / Orientador: Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos / Bolsista: Welton de Azevedo Oliveira (6º período/noite)
Projeto: Implementação de indicadores de qualidade para apoio à avalia-ção de fóruns temáticos / Curso: Bacharelado em Sistemas de Informação / Objetivo: Implementar uma ferramenta para apoiar os estudos sobre a avaliação de mensageiros em fóruns temáticos educacionais, baseando-se em indicadores de qualidade, de forma a refletir a evolução do aprendizado dos alunos em torno de um tema proposto pelo professor / Orientador: Bruno Santos do Nascimento / Bolsista: Ronaldo Motta da Silva (5º período/noite)
Projeto: Desenvolvimento de um ambiente para captura de dados de re-des sociais / Curso: Bacharelado em Sistemas de Informação / Objetivo: Realizar um estudo que possibilite a captação de posts de internautas através de ferramentas computacionais. A proposta visa a armazenar os dados captu-rados em um banco de dados com o intuito de desenvolver futuras análises / Orientador: Bruno Santos do Nascimento / Bolsista: Alex Sandro Costa dos Santos (5º período/ noite)
Projeto: Adequação do processo ensino-aprendizagem no uso da tecno-logia para a população de idade não convencional de aprendizagem, com objetivo da verdadeira inclusão digital / Curso: Licenciatura em Compu-tação / Objetivo: Estudar base bibliográfica pedagógica necessária para elaborar um planejamento completo e lecionar para uma turma piloto, em modo presencial, os recursos da informática / Orientador: Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos / Bolsista: Ney Coimbra (6º período/noite)
Projeto: A construção e o desenvolvimento de conceitos pertencentes ao campo multiplicativo por meio de atividades lúdicas / Curso: Licenciatura em Matemática / Objetivo: Criação e análise de uma sequência de ativi-dades lúdicas que favoreçam a construção e o desenvolvimento de conceitos pertencentes ao campo da multiplicação e divisão de números naturais./ Orientador: Gabriela dos Santos Barbosa / Bolsistas: (Angélica Prata (5º período/noite) e Elisangela Ferreira Teixeira (5ºperíodo/noite)
Projeto: Fontes para o estudo da história de Campo Grande no período co-lonial / Curso: Licenciatura em História / Objetivo: Apresentar um pano-rama qualitativo e quantitativo dos múltiplos aspectos relacionados à admi-nistração da Freguesia de Nossa Senhora do Desterro de Campo Grande, do século XVII ao início do século XIX, no tocante à documentação do Conselho Ultramarino / Orientadores: Márcia Vasconcellos, Beatriz Oliveira, Nívia Pombo e Vivian Zampa. Participa, também, como orientador o egresso José Américo de Oliveira / Bolsistas: Fabrício Ferreira de Medeiros (2º período/manhã), Luis Henrique Rodrigues (3º período/noite), Camila Reis Aguiar (5º período/manhã) e Thaís Martins Bias (5º período/manhã)
Projeto: Introdução à Análise Real para interessados em realizar pós-gradu-ação em matemática / Curso: Licenciatura em Matemática / Objetivo: Pre-parar alunos, na disciplina “Introdução à Análise Real”, para ingresso em cursos de extensão, especialização e mestrado em Matemática e Matemática Aplicada em universidades que os oferecem / Orientador: Ana Lúcia Carlos Reis / Bolsistas: Dayane Cristine Santos da Silva (6º período/manhã), Avenito dos Santos (6º período/manhã) e Alexandre Hermogenes (6º período/manhã)
Confira a lista de projetos de Iniciação Científica da FEUC
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Tema em Questão
Jovem de hoje: alienado ou muito pelo contrário?
Marina Ribeiro, egressa do curso de Ci-ências Sociais das FIC e pesquisadora do Ibase, acredita que o jovem reflete o
mesmo comportamento da sociedade. Portanto, se convive com grupos desinteressados das ques-tões políticas e sociais, será tão apático quanto, mas dizer que uma geração como um todo é mais ou menos alienada do que as anteriores, não faz qualquer sentido, segundo ela. “Não se pode com-parar gerações, é preciso contextualizar o que era a vida em cada época para entender os dilemas que cada geração de jovens viveu ou vive”, afirma a pesquisadora. Marina lembra que, se em outros tempos o movimento juvenil era associado ape-nas ao movimento estudantil, hoje os jovens estão envolvidos nas mais diversas causas: política, mo-vimentos sociais, movimento negro, causa LGBT, feminismo, mercado de trabalho, manifestações culturais... “E tem também os que não fazem nada disso, que refletem a parte alienada da sociedade”.
Carolina Dias, integrante do Levante Popular da Juventude, vê na atual configuração da sociedade elementos mais do que suficientes para empurrar para baixo os jovens menos resistentes, ou aque-les que não chegam a se questionar sobre que pa-drão está ditando o seu comportamento: “Acre-dito que o jovem de hoje é fruto de um tempo em que ele é constantemente bombardeado pela
mídia, a sociedade de consumo foca nesse jovem. E a gente também tem que estudar, trabalhar, ga-nhar dinheiro e não sei o quê. Para uma pessoa parar e ser alguém pensante no meio disso tudo é difícil. Não é um problema individual. É um pro-blema da sociedade que impõe dificuldades para esse jovem”, opina a militante, mas sem qualquer pessimismo: “Ao mesmo tempo vemos que têm acontecido mobilizações no mundo todo, que eu acredito que é um processo que só vai aumentar. Enfim, os jovens estão se mobilizando, procuran-do outros meios para ter voz”, diz.
Na mesma linha de pensamento de Carolina, o repper Fiell acha importante refletir sobre como chegamos a este ponto: “Os escravos, os negros, ficaram proibidos de se alfabetizar durante 300 anos. Mais de 40 anos após a ditadura militar no Brasil, a educação pública foi esfacelada. Nada disso é prática da natureza. Todas essas ações políticas são pensadas para o benefício de uma burguesia que explora, massacra os trabalhado-res. No Brasil estão funcionando várias ferra-mentas, não só de comunicação de massa, para manter a alienação. Uma criança, por exemplo, já vai para os primeiros dias de aula com 7 mil horas
de programação televi-siva. Isso é mui-
to ruim, pois a criança sabe
qual o biscoito
Inspirados nos empolgantes debates do XV Encontro de Ciências Sociais, convidamos alguns participantes do evento para ‘baterem uma bola’ aqui sobre o assunto
Por Gian Cornachini e Tania Neves
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Jovem de hoje: alienado ou muito pelo contrário?
que ela gosta, mas não sabe que teve uma escra-vidão no seu país”, argumenta Fiell.
Com o respaldo que lhe dão os seus cabelos brancos, o escritor e educador Vito Giannotti afir-ma que os velhos sempre acusam os jovens de se-rem alienados. “Isso é coisa de velho babaca”, dis-para Giannotti, que assim como Fiell identifica na hegemonia da mídia comercial a articulação para fazer dos jovens um grupo cordato e consumidor. “A sociedade que está aí quer formar pessoas que não pen-sam, que não estão nem aí. E a sociedade hoje é muito mais capaz do que em outros tempos. Então, se você disser ‘o jovem é mais alienado hoje do que antigamente’ — e eu não estou dizendo que é — não tenho dúvidas de que o investimento do capital é para deixá-lo assim”, denuncia o escritor. Segundo ele, o conteúdo que se vê na mídia brasileira é tão fora da realidade das pessoas que a muitos não res-ta outra opção senão dissociar: “A menos que o jo-vem tenha um conjunto de experiência, que viva no coletivo, ou que tenha pessoas — como professores, educadores, formadores — que o estimulem a abrir
os olhos, a ter um senso crítico e a se organizar”. A doutora em Educação Daniela Patti, coordena-
dora pedagógica dos cursos de licenciatura da UFRJ, não esteve no Encontro de Ciências Sociais, mas foi chamada a opinar porque recentemente levantou um tema interessante em outro debate na FEUC: a tramitação, no Congresso, de projetos de lei insti-tuindo no ensino básico as disciplinas de Cidadania, Moral e Ética e Ética Social e Política, numa espécie
de reedição das velhas Edu-cação Moral e Cívica e OSPB impostas pelo regime militar: “Em boa parte das ementas desses projetos de lei é recor-rente a ideia do que eu chamo de uma ‘pedagogia do resga-te’. Há, por parte do legislati-vo federal brasileiro, a inten-ção de resgatar valores que a juventude brasileira perdeu”,
diz a educadora, questionando se haveria acordo na sociedade sobre quais valores éticos seriam esses. “É possível chegar a um consenso de que esses valores que precisam ser resgatados são universais?”, per-gunta-se ela, finalizando: “Em um país tão desigual como o nosso, não se pode falar em juventude, mas em juventudes”. ■
Inspirados nos empolgantes debates do XV Encontro de Ciências Sociais, convidamos alguns participantes do evento para ‘baterem uma bola’ aqui sobre o assunto
“Em um país tão
desigual como o
nosso, não se pode
falar em juventude,
mas em juventudes”
> Esta matéria continua no site da revista (http://www.feuc.br/revista), onde você encontra a íntegra do artigo escrito pela professora Daniela Patti. Leia e participe do debate!
Arte: Eduardo Silva dos Santos
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Com 12 cursos
técnicos em
funcionamento, o
CAEL conta com
professores atuantes
no mercado de
trabalho e laboratórios
de alto nível
Ensino técnico profissionalizante cada vez melhor
Foi há três décadas e meia, quan-do já tinha 12 anos de idade, que o Colégio de Aplicação Emmanuel
Leontsinis (CAEL) inaugurou seus cur-sos técnicos profissionalizantes, come-çando com Assistente de Administra-ção, Enfermagem, Eletrônica, Química, Patologia Clínica, Edificações e Forma-ção de Professores. Com o passar do tempo, mais cursos foram sendo in-troduzidos, como Petróleo e Gás, Meio Ambiente e Automação Industrial, enquanto outros acabaram extintos. Regina Sélia Iápeter, diretora do CAEL, que ressalta o compromisso do colégio com uma formação geral de alto nível aliada ao conteúdo técnico específico, explica que a substituição de cursos se
dá por força de mudanças ocorridas também no mercado.
“Patologia Clínica foi um desses cur-sos que deixamos de ter porque a ativi-dade do setor se tornou extremamente automatizada, então o mercado enco-lheu”, explica Regina. Por outro lado, segundo a diretora, novos caminhos profissionais foram se abrindo para o nível técnico, e o colégio sempre este-ve atento para se atualizar. Automação Industrial é um exemplo dessa realida-de. Para atender à demanda de novos profissionais para a expansão da indús-tria, o CAEL abriu o curso ano passado já com um laboratório de ponta, assim como incrementou os laboratórios de cursos como Publicidade e Turismo.
Coordenadora de Eletrônica e Au-tomação, a engenheira Kattia Eugênea
Foto: Arquivo/FEUC
Por Gian Cornachini e Tania Neves
Alunos no Laboratório de Química nos anos 80: testes de medida de massa usando balança analógica
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Ensino técnico profissionalizante cada vez melhor
Noboa Cardoso Medeiros confirma que os laboratórios de seus cursos es-tão em pé de igualdade com o que há de melhor por aí. “No máximo o Senai pode ter algo superior, mas é difícil competir porque eles são bancados por empresas. Estamos melhores do que muitas federais e nenhuma escola técnica particular ganha da gente”, diz a professora, ressaltando outra quali-dade dos cursos do CAEL: em termos de conteúdo, cumprem tanto o que manda o MEC quanto o que o merca-do de trabalho exige: “Às vezes, o que o MEC pede é fora da realidade do mer-cado de trabalho, então você tem que se adequar às exigências dos dois para ter um bom curso, e nós fazemos isso”.
O curso de Publicidade, coordenado por Luciane Rezende Souza, ganhou
um estúdio fotográfico ano passado, o que permite aos alunos dominarem mais um aspecto no processo de pro-dução de uma campanha publicitária. E o de Turismo passou a contar com um laboratório de alimentos e bebidas, onde os alunos já estão sendo treinados para atuar em eventos — afinal, com a Copa e as Olimpíadas aqui, o setor vai precisar de muita gente: “Nossos alu-nos sairão totalmente aptos para isso, visto que nosso laboratório tem como finalidade desenvolver as habilidades exigidas pelas áreas de hotelaria, ali-mentos e bebidas, eventos e guia de tu-rismo”, explica Djanira Nunes Barbosa, coordenadora do curso.
Se o mercado está aquecido e absor-ve imediatamente os jovens técnicos que saem das escolas, esta facilidade
de conseguir logo uma colocação não deve ser o único critério a guiar o can-didato na hora escolher o curso, alerta o professor Carlos Vinícius Nascimento Barbosa, supervisor do Ensino Técnico: “Sempre que ouço da garotada ‘vou es-tudar isso ou aquilo porque dá dinhei-ro’, falo logo sobre o risco de fracasso. Na hora de escolher um curso, o impor-tante é pensar se você gosta e tem apti-dão para aquilo, caso contrário será um profissional medíocre e acabará sendo excluído”, opina o supervisor, que cos-tuma resumir isso aos alunos em uma frase: “Empresa não tem coração”.
Kattia Eugênea também considera o momento da escolha importante, pelas mesmas razões citadas por Car-los Vinícius, e afirma que aqueles que de fato respeitam suas vocações logo
Foto: Gian Cornachini
Em 2013, o professor Lázaro ensina medida de massa a Tamara e Pedro, agora com balanças digitais
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serão recompensados por obter uma inserção bem orientada no mercado: “Principalmente para alunos da classe média e baixa, que precisam ter essa inserção mais rápida do que os da clas-se alta — pois esta pode bancar seus fi-lhos até a faculdade — o ensino técnico significa entrar no mercado a partir de um lugar bem determinado: se eu faço uma graduação técnica, sei onde vou procurar meu emprego. É uma gradu-ação de bom custo-benefício, pois você
Regina (no centro), Jane e Carlos Vinícius: tarefa é manter cursos atualizados pedagogicamente e com o mercado de trabalho
Foto: Gian Cornachini
paga o ensino técnico e tem retorno as-sim que começa a estagiar”, defende a professora, que à época em que cursou a faculdade de engenharia já se susten-tava com o salário de técnica de eletrô-nica na Cobra Computadores.
Muitos dos professores da área técnica do CAEL ocupam hoje impor-tantes postos na indústria, o que os mantém atualizados quanto às práti-cas profissionais. Para citar apenas al-guns: Francisco Assis Barbosa, do curso
de Química, atua na indústria química Pan-Americana; Antônio José Miran-da, de Edificações, é engenheiro da CET-Rio; Marco Aurélio Pomodoro Duarte, do mesmo curso, é projetista da Mi-chelin; Lucimere Maria dos Santos, do curso de Enfermagem, é enfermeira no Inca; Luiz Carlos Moura, coordenador dos cursos de Meio Ambiente e Petró-leo e Gás, é sócio de uma conceituada empresa de consultoria ambiental; e Marta Regina Ribeiro Costa, de Edifi-cações, é conselheira do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Rio.
Há outras práticas que ajudam a garantir a excelência da formação dos cerca de 1 mil alunos matriculados hoje nos cursos técnicos do CAEL, como a realização anual de uma feira de cria-ções científicas — a Expo X — para a qual eles realizam pesquisas, desenvol-vem em grupo um projeto e depois o concretizam em experimentos de labo-ratório, e a realização periódica de visi-tas técnicas a indústrias, laboratórios, canteiros de obras e instituições liga-das às atividades desenvolvidas pelos profissionais de cada área, para que os alunos se familiarizem com seu futu-ro contexto profissional. O professor Lázaro Alves de Oliveira, coordenador do curso de Química, é um dos que apostam nesse tipo de atividade: “Dá uma vivência impressionante, porque é o mundo real diante dos alunos. Já levamos turmas desde a fábrica de Chocolates Garoto, no Espírito Santo, até a Estação de Tratamento de Esgoto da Cedae no Caju, passando por Eletro-nuclear, CSN, Casa da Moeda e alguns laboratórios”, diz o professor, que di-vide a coordenação o curso com Ladi-mir José de Carvalho, um ex-aluno do CAEL que hoje é doutor em engenharia metalúrgica e de materiais.
Jane Innocencio, vice-diretora do CAEL, lembra que as visitas são feitas por todos os cursos, e que muitas ve-zes, já durante essas visitas, surgem convites para estágios: “Seja assim, ou a partir de consultas que as empresas nos fazem, o CAEL sempre está divul-gando oportunidades de estágio para os alunos interessados”, diz.
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Alunos falam de suas relações com os estudos
Alunos de Publicidade planejam e fotografam em agência laboratorial
Juan Victor Paz, de 15 anos, do 2º ano de Automação, conta que escolheu o curso por recomendação de um tio que trabalha na área e porque sempre gos-tou de informática e robótica. Ele pla-neja seguir os estudos em Engenharia de Automação ou Elétrica, e considera que a qualidade da formação no CAEL facilitará essa trajetória: “Os professo-res são ótimos, as aulas excelentes. E o desenvolvimento de projeto para a Expo X leva a empregar na prática tudo o que você aprende durante o ano”, diz o estudante, que desenvolve em grupo um braço robótico para apresentar na feira científica do colégio.
O desejo de Caroline Bourguignon, de 17 anos, que cursa o 3º ano de Pu-blicidade, é fazer faculdade de Jornalis-mo. Buscou o curso técnico por ser da mesma área de Comunicação Social, e considera que a experiência está sendo boa: “Estou muito satisfeita com a for-mação que recebo aqui. Os trabalhos me fazem aprender a falar em público,
agora estou aprendendo a fotografar e a trabalhar em grupo, o que é impor-tante para qualquer área que eu vá se-guir, seja jornalismo ou publicidade”.
O sonho de menina — ser engenhei-ra ou arquiteta — ruiu quando Jéssica Priscila da Silva Paulucio descobriu que
precisaria ser “fera” em matemática, disciplina em que diz ser péssima. Mas a descoberta do curso de Guia de Turis-mo, no qual já cursa o 3º ano, devolveu à estudante de 17 anos o entusiasmo de planejar o futuro: “Vi que várias coisas combinavam com meu perfil, como
o gosto por viagens”, diz Jéssica, que já contabiliza como ganho inalienável a perda da timidez. Por ter que inte-ragir com o público e aprender novas línguas, ela se soltou: “Por conversar o tempo todo com as pessoas, não posso ser tímida. Nisso o curso já ajudou”, re-vela a jovem estudante.
Estagiária do Laboratório de Quími-ca do CAEL, Tamara de Albuquerque Gonçalves diz que, se pudesse, ficaria o dia inteiro por lá realizando análi-ses. “Acho muito legal”, resume a es-tudante do 3º ano de Química, que se encantou pela disciplina e planeja fa-zer faculdade de Engenharia Química. Para ela, o principal encanto da quími-ca está na capacidade de explicar coisas do dia a dia que a gente nem imagina: “Por que o detergente tira a gordura, por exemplo. Tem todo um estudo em bioquímica que a gente faz, uma ma-téria até meio complicada, mas quan-do você descobre, pensa: ‘nossa! É isso que acontece...’”, diz.
Foto: Gian Cornachini
“Por conversar o
tempo todo com as
pessoas, não posso
ser tímida. Nisso o
curso já ajudou”
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Estuda fundamentos de administração pública, contabilidade, economia e estatística, além de as-pectos sobre a gestão de áreas estratégicas como RH, marketing e informação.Atua na área de gestão dos mais diversos setores (indústria, comércio, serviços), sendo responsável por apoiar o planejamento, a execução e o controle das atividades que envolvem gerenciamento de recursos humanos, materiais, financeiros e de informação.Trabalha em instituições públicas e privadas (empresas, indústrias, órgãos públicos, lojas) e do terceiro setor (organizações sem fins lucrativos).Recebe salário médio inicial de R$ 1.000.
Estuda eletricidade e eletrônica, máquinas e equi-pamentos elétricos, iluminação e sinalização, insta-lações elétricas, geração, transmissão e distribuição de energia elétrica, desenho técnico.Atua na instalação, controle e conservação de equipamentos de geração, transmissão e distribui-ção de energia elétrica, planejamento e execução da instalação e manutenção de equipamentos, instalações e sistemas elétricos.Trabalha em concessionárias de energia elétrica, indústrias do setor de eletricidade, empresas de ser-viços, manutenção e automação, principalmente.Recebe salário médio inicial de R$ 1.800.
Estuda poluição ambiental, direito ambiental, ecoturismo, saneamento, gerenciamento de ecossis-temas, gestão de resíduos sólidos e líquidos, recupe-ração de áreas degradadas, entre outras áreas.Atua em coleta, armazenamento e interpretação de informações, dados e documentações ambien-tais; na elaboração de laudos, relatórios e estudos ambientais; organização de programas de educa-ção ambiental, de conservação e preservação.Trabalha em instituições públicas, privadas e do terceiro setor, estações de tratamento de resíduos e unidades de conservação ambiental.Recebe salário médio inicial de R$ 1.060.
O que é importante saber na hora de escolher sua área
Confira a seguir algumas informações sintetizadas sobre os 12 cursos profis-sionalizantes oferecidos atualmente pelo CAEL. Destacamos os principais te-mas estudados nas disciplinas, o tipo de atividade que o técnico irá desenvolver depois de formado e os setores onde ele poderá atuar profissionalmente, além da remuneração média que um iniciante pode obter. É importante levar em conta não apenas a existência de amplo mercado de trabalho e boa remune-ração, mas principalmente se você gosta das disciplinas que terá que estudar e das tarefas que futuramente deverá executar como profissional. Lembre-se que uma escolha errada pode significar muita frustração e tempo perdido. ■
Administração
Eletrotécnica
Meio Ambiente
Foto: Gian Cornachini
Guia de Turismo: Jéssica e Rayane aprendem a lidar com alimentos
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Estuda automação industrial, comandos eletrome-cânicos, eletricidade, eletrônica analógica, digital e industrial, instrumentação industrial, linguagem de programação, sistemas e controles.Atua em projetos, execução e instalação de siste-mas de controle e automação utilizados nos proces-sos industriais. Programa, opera e mantém sistemas automatizados, além de realizar a manutenção, medição e testes de equipamentos para automação. Trabalha em indústrias como petroquímicas, de alimentos e de energia, laboratórios de controle de qualidade, de manutenção e pesquisa, entre outros.Recebe salário médio inicial de R$ 2.000.
Estuda eletricidade, eletrônica analógica e digital, microprocessadores e microcontroladores, medidas e testes, antenas e ondas, além de técnicas de instala-ção e manutenção.Atua no auxílio de desenvolvimento de projetos; efetua instalação e manutenção de sistemas e equipamentos eletrônicos e testa o funcionamento destes; pode atuar ainda em controle de qualidade e gerir a produção de equipamentos eletrônicos.Trabalha em indústrias de eletrônicos, labora-tórios de controle de qualidade e de manutenção, empresas de informática e de telecomunicações.Recebe salário médio inicial de R$ 1.500.
Estuda mecânica dos solos, instalações prediais, materiais para concreto, orçamentos, resistência dos materiais, topografia, técnicas de operações e dese-nhos - de arquitetura, estruturas e em computador.Atua no desenvolvimento e execução de projetos de edificações conforme normas técnicas de segu-rança e legislação; orienta na assistência técnica para compra, venda e utilização de produtos e equipa-mentos especializados; elabora orçamento de obras.Trabalha em empresas públicas e privadas de construção civil, escritórios de projetos e de cons-trução civil e canteiro de obras.Recebe salário médio inicial de R$ 1.700.
Estuda fundamentos da física, introdução à ciência dos materiais, indústria do petróleo, manutenção in-dustrial, polímeros e plásticos, química (experimen-tal, inorgânica e orgânica), entre outras áreas.Atua na operação e controle de máquinas e equi-pamentos da produção de petróleo e gás natural; determinação de propriedades e grandezas dimen-sionais de rochas, fluidos e materiais para a indús-tria do petróleo e gás natural.Trabalha em empresas petrolíferas e operadoras de campos de petróleo, refinarias e plataformas de petróleo e gás e prestadoras de serviços.Recebe salário médio inicial de R$ 2.000.
Estuda anatomia e fisiologia humanas, administra-ção hospitalar, emergência, ética profissional e his-tória da enfermagem, microbiologia e parasitologia, psicologia e saúde mental, entre outras disciplinas.Atua na promoção, prevenção, recuperação e reabi-litação dos processos saúde-doença; em cuidados de enfermagem tais como: curativos, administração de medicamentos e vacinas, verificação de sinais vitais; também prepara e orienta pacientes para exames.Trabalha em hospitais, clínicas médicas, postos de saúde, ambulatórios, laboratórios de análises clínicas, empresas e home care (enfermagem domiciliar).Recebe salário médio inicial de R$ 950.
Estuda fundamentos da publicidade e propaganda, criação e redação publicitária, ética e legislação publi-citária, teoria da comunicação, marketing, promoção e merchandising, entre outras áreas.Atua nas etapas de criação, elaboração e plane-jamento de projetos de comunicação impressos e eletrônicos, voltados para a mídia, incluindo a concepção de marcas, produtos e serviços, além de coletar dados de impactos de campanhas.Trabalha em agências de publicidade e propa-ganda, setor gráfico, produtoras de áudio e vídeo, editoras, empresas públicas e privadas.Recebe salário médio inicial de R$ 1.100.
Estuda administração hoteleira, agenciamento e guiamento, alimentos e bebidas, eventos, hospeda-gem, introdução à administração, noções de direito e de mercado, psicologia social, entre outras áreas.Atua na orientação e assistência de pessoas ou grupos durante traslados, passeios, visitas e via-gens; utiliza em seu trabalho instrumentos de co-municação, localização, técnicas de condução, de interpretação ambiental e cultural ao turista.Trabalha em agências de viagens, hoteis, progra-mas e projetos na área de turismo, órgãos turísticos públicos ou privados e de forma autônoma.Recebe salário médio inicial de R$ 1.100.
Estuda química orgânica e inorgânica, funda-mentos de físico-química e bioquímica, química experimental, análise qualitativa e quantitativa, tecnologia química.Atua no planejamento, coordenação e execução de atividades laboratoriais envolvendo análises de natureza física, físico-química, química e microbio-lógica em fluidos, produtos químicos e efluentes, além de desenvolver produtos químicos.Trabalha em indústrias químicas, farmacêuticas e petrolíferas, laboratórios de análises, calibração e controle de qualidade e ambiental.Recebe salário médio inicial de R$ 2.000.
Estuda arquitetura de sistemas operacionais, auto-mação industrial, banco de dados, eletroeletrônica, montagem e manutenção de computadores, opera-ção de computadores, web design, entre outras áreas.Atua no desenvolvimento de programas de com-putador, sistemas, sistemas operacionais e banco de dados; na manutenção de programas de com-putadores implantados; além de projetar e executar testes e análises computacionais.Trabalha em instituições públicas, privadas e do terceiro setor que demandem sistemas computa-cionais, especialmente na área de programação.Recebe salário médio inicial de R$ 1.100.
Automação Industrial EletrônicaEdificações
Petróleo e Gás
Enfermagem
Publicidade
Guia de Turismo
Química
Informática
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Como o professor prepara uma aula?O Aluno Pergunta
Na última edição da revista, o estudante Gabriel Boti, do 9º ano do Ensino Funda-mental, deu entrevista para a matéria “Es-
tudo, Adrenalina e Diversão” (leia em http://mi-gre.me/eNFt3). Depois de vê-la impressa, sugeriu uma pauta em cima de uma dúvida sua: “Eu que-ria saber como é que um professor prepara uma aula”, questionou o jovem. A revista FEUC em Foco foi atrás de respostas para a questão.
O coordenador do curso de Matemática das FIC, professor Alzir Fourny Marinhos, sugere algu-mas etapas na preparação das aulas: “O primeiro foco é a busca por respostas: o que pretendemos ensinar? O que esperamos alcançar? Ensinar para quem? Quais as competências e habilidades que podemos construir?”, lista Alzir. Para o professor, o planejamento nasce após uma análise da tur-ma: “É necessário visualizar o conhecimento so-cial e acadêmico dos alunos, que está subordina-do a vários aspectos”, constata ele.
Essa análise é um dos pontos chaves na hora de
preparar uma aula. Quem explica isso é Lorelaine Saurina Machado, professora do curso de Letras. Ela ministra aulas de estágio orientado — uma dis-ciplina que, dentre outros objetivos, ensina o futuro professor a planejar suas aulas — e enfatiza a im-portância de o docente conhecer bem seus alunos para saber o que deve ser ensinado: “Cada turma tem a sua necessidade, suas especificidades. O pro-fessor descobre isso na prática, tomando conheci-mento das deficiências de seus alunos”, afirma.
Outro ponto é que cada escola exige que os conteúdos sejam trabalhados à sua própria ma-neira, como explica Lorelaine: “Há escolas que só passam uma referência e o professor monta sua aula a partir dela. Já outras dão uma apostila com o conteúdo de cada aula pronta e ele é obrigado a seguir esse material. Mas isso não significa que o professor não possa buscar outras leituras parale-las para complementar sua aula — que é o que eu indico que seja feito”, esclarece ela.
E um exemplo de professor que prepara bem suas aulas? A revista FEUC em Foco fez uma rodada de perguntas a estudantes do CAEL durante um
Por Gian Cornachini
Foto: Gian Cornachini
Matheus e seus colegas do 1º ano de Edificações prestam bastante atenção na aula de biologia
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Como o professor prepara uma aula? A revista FEUC em Foco
foi atrás de respostas
intervalo de aula. O nome que mais apareceu en-tre as respostas? “Cristiano da biologia”.
O professor Cristiano Santiago Ferreira dá aula de biologia no colégio e tem boa reputação entre os estudantes, como revela Matheus Marques de Souza, de 16 anos, aluno do 1º ano de Edificações: “As aulas dele são muito in-teressantes porque chamam bastante a nossa atenção. Ele usa data show, mostra imagens, vídeos; não é só aquela coisa de explicação, sabe?”, observa Matheus.
Cristiano conta como prepara as aulas que fazem dele um professor querido entre os estudantes: “Eu de-limito os objetivos que eu quero com as aulas e me preocupo em conectar as ideias abordadas para que tudo faça sentido”, explica ele. O pro-fessor faz essas conexões por meio de exemplos reais do mundo da biologia no próprio dia a dia das pessoas. Para isso, ele se utiliza de tecnologias
como internet e projetores em sala de aula para exemplificar aquilo que está ensinando. Segundo Cristiano, essa técnica de ensino faz diferença no aprendizado: “A aula deve ser dinâmica, e a inte-ração do professor com o aluno é importante. O estudante, quando estimulado, contribui para a
aula acrescentando infor-mações vivenciadas por si mesmo. Até nós, professo-res, acabamos aprendendo com eles”, revela Cristiano.
Para a professora Lore-laine, a aproximação com o estudante é outro pon-to essencial para uma aula bem preparada e executa-da: “A gente tem que se dar
a chance de ouvir o aluno para que ele diga o que realmente deseja aprender, ler, fazer, como ele quer crescer. Isso é construção coletiva de conhecimento, e todos ganham dessa maneira. O professor não fica desmotivado, nem o aluno entediado”, assegura Lorelaine. ■
Interação entre
professor e aluno
é apontada como
essencial para uma
boa aula
Foto: Gian Cornachini
Professor utiliza recursos audiovisuais para dinamizar e exemplificar as aulas de biologia
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MEMÓRIA
O que revela nossa história
Idealismo moveu projeto que é marca da educação na região
Em Educação, as verdadeiras histórias de sucesso têm em sua construção pessoas idealistas — e pessoas idealistas são aquelas que pensam mui-
to além de seu tempo e almejam bem mais do que o sucesso efêmero. Se hoje a FEUC tem uma longa his-tória de sucesso para contar, é justamente por causa de idealistas que, entre o final dos anos 50 e início dos 60, deram-se as mãos para tornar realidade o sonho de uma localidade rural de oferecer um futuro me-lhor a suas crianças: primeiro veio a Escola Normal Sarah Kubistchek, para formar os professores das es-colas primárias, pois os que vinham de longe lecionar aqui logo pediam remoção; depois chegou a Socie-dade Universitária Campograndense (SUC) — hoje FEUC — para graduar professores locais e se transfor-mar num verdadeiro celeiro da educação, atenden-do às várias escolas da Zona Rural, municípios do Sul Fluminense e da Baixada.
Os idealistas dessa nossa história foram liderados pelo então vereador Miécimo da Silva, conhecido como “Vereador das bicas”, por causa de sua obsti-nação em espalhar bicas de água em vários pontos do bairro para atender à população que ainda não contava com água encanada nas casas. Miécimo convenceu-se da importância de formar professores na região e para a região, e com esse objetivo cercou-se de importantes nomes que o ajudariam a consoli-
dar seus projetos. No caso da SUC, foram professores como Carmen Navarro Rivas, Deblangy Machado de Almeida, Waldemar Marques Pires e Leda Corrêa de Noronha, além de personalidades como o pastor Is-rael José Pinheiro e o advogado Loyola Jundiá de Mo-raes — entre muitos outros — que empenharam seu prestígio para obter aval dos órgãos oficiais à institui-ção da primeira faculdade da Zona Oeste, em 1960.
Cinco anos mais tarde, com o propósito de transformar a SUC em Fundação, juntaram-se àqueles primeiros idealistas mais alguns, com des-taque para o comerciante local Abelardo Laureano de Carvalho e tantos outros professores como José Ricardo da Silva Rosa e Wilson Choeri, hoje presi-dente da FEUC e já cumprindo seu oitavo mandato à frente da instituição.
Nesta edição, a FEUC em Foco inaugura a seção Memória FEUC para relembrar um pouco da histó-ria de alguns desses idealistas que ainda estão entre nós – a começar pela professora Leda Corrêa de Noronha, criadora e coordenadora da Universidade Aberta à Terceira Idade em Campo Grande (Una-tic), mais uma das iniciativas da FEUC que confir-mam sua vocação de servir à comunidade.
> Leia no site da Revista (http://www.feuc.br/revista) texto da pro-fessora Leda relembrando fatos da época de criação da SUC.
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Leda Corrêa de Noronha esteve forte-mente presente durante 51 dos 53 anos dessa his-tória de sucesso, tendo ficado fora apenas por dois anos, no período em que cursou mestrado nos EUA. Como lembra o professor Wilson Choeri, ela sempre defendeu a instituição contra as ações dos oportunistas e equivocados: “Leda foi peça estra-tégica quando se quis dar o status de Fundação à FEUC. Essa transformação veio a resguardá-la de ter donos ou herdeiros familiares. Tal decisão tornou a FEUC uma instituição verdadeiramente comunitá-ria e permitiu a política, presentemente adotada, de recrutar para compor os seus diversos conselhos os integrantes do magistério superior e da educa-ção básica, muitos deles nossos ex-alunos”.
Vários dos atuais docentes da FEUC foram alu-nos da professora Leda, que ministrou disciplinas no curso de Ciências Sociais. Ela também contri-buiu como diretora de Ensino por diversos manda-tos e teve atuação marcante nos Conselhos Cura-dores. O atual superintendente da FEUC, professor Durval Neves, um desses ex-alunos que se torna-ram colegas, revela um exemplo do amor de Leda pela FEUC: no momento em que se aposentou na Fundação Getúlio Vargas, onde também trabalhou, ela reverteu sua indenização em empréstimo à ins-tituição, sem juros e sem prazo, para a construção da quadra coberta que permitiu ao CAEL manter as atividades esportivas mesmo em dias de chuva. “Ela sempre zelou muito pela instituição, com um
rigor muito grande para que não houvesse desvio de condutas. E, apesar de todo esse rigor, sempre foi muito sensível com todas as pessoas, especial-mente as menos favorecidas”, ressalta o superin-tendente. “E nunca deixou de acreditar e sonhar com uma FEUC grandiosa”, completa o professor Hélio Rosa, diretor das FIC.
Pois foram justamente o sonho de grandeza e a sensibilidade da professora os responsáveis pelo sucesso de sua menina dos olhos: a Universidade Aberta à Terceira Idade em Campo Grande, projeto que estruturou em 1994 e cuja festa de 20 anos ela já começa a planejar com quase um ano de ante-cedência. Na Unatic, que tem atualmente perto de uma centena de integrantes, Leda aboliu as for-malidades e as burocracias que poderiam entravar uma iniciativa assim, estimulando a presença dos alunos, mas sem cobrá-la draconianamente. As atividades têm caráter espontâneo, e os alunos só participam do que gostam. Vânia Lopes da Rocha, de 65 anos, que há 6 frequenta a Unatic, diz que permaneceu no grupo por causa do modo acolhe-dor como foi recebida por Leda: “Ela tem simpatia, sorriso nos lábios e envolvimento afetivo por cada pessoa que aqui está. Percebe quando alguém está com problema e mobiliza o grupo para ajudar”, conta. Suely Moutim, secretária da professora des-de 2001, confirma: “Nunca vi ninguém ir embora daqui por não se sentir acolhido. E ela briga com todas as armas para fazer o melhor pela Unatic”. ■
Leda com parte do grupo da Unatic,mais os professores Durval e Hélio ao fundo
Foto: Gian Cornachini
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Segurança
Sorria! Você está sendo
identificado
As catracas eletrônicas utilizam o sistema de identificação biométrica: somente quem é cadastrado consegue liberá-las
Começou com um grito. A vítima, assustada, desesperou também o homem na rua que tentava abusá
-la. Assustado, o rapaz correu para den-tro do prédio na tentativa de se esconder. Mas ele só não contava quer seria parado pelas catracas e seguranças da FEUC.
A história não é recente. Quem a con-ta é Odilon Ramalho Costa, profissional responsável pela portaria há três anos: “Se aquele homem tivesse entrado aqui, poderia, talvez, ter tentado abusar de outras pessoas”, observa.
A gerência administrativa está inves-tindo na segurança da instituição. Difi-cilmente tem acontecido casos de pes-soas não identificadas tentando entrar na FEUC. As catracas que param todas as pessoas — a fim de que sejam iden-tificadas — representam, hoje, uma das tecnologias de segurança mais impor-tantes da FEUC. E vale a pena entender como esse sistema funciona.
Todos os dias, cerca de 4 mil pessoas entram e saem da instituição. Há dias, ainda, em que são contabilizados 400 visi-tantes. Em 2008, era impossível gerenciar esse fluxo de estudantes, funcionários e da comunidade externa. A FEUC era aber-ta e qualquer um podia transitar sem re-conhecimento prévio. “A gente não tinha como controlar isso. A entrada era livre.
Muitos rostos eram decorados, mas não dava para saber, por exemplo, se o aluno com uniforme era mesmo do CAEL”, con-ta Álvaro Martins, chefe da segurança.
Em 2009, a situação começou a mu-dar. Foi realizada uma pesquisa no mer-cado para saber o que poderia ser feito para investir na segurança da FEUC. E foi aí que entraram em cena as primeiras ca-tracas instaladas na portaria. Para libe-rá-las, era necessário utilizar um cartão magnético. Todos os alunos e funcioná-rios tinham seu próprio cartão. Mas ha-via um problema nesse sistema: se uma pessoa passasse o cartão para outra, ela conseguiria liberar a catraca. “Não deu certo. Tinha, também, aluno que esque-cia seu cartão em casa e usava o do ami-go. A gente não conseguiu garantir que não entrassem estranhos”, diz Álvaro.
Uma nova pesquisa foi feita no final de 2009 para encontrar um produto que mais se adequasse à segurança que a institui-ção buscava. “Encontramos catracas que funcionavam a partir de biometria. Foi a melhor solução”, afirma Álvaro. O sistema biométrico funciona a partir da impressão digital. Cada pessoa tem um desenho di-ferente nas polpas dos dedos e, portanto, somente quem é cadastrado consegue li-berar as catracas através do escaneamento deles. No começo de 2011, esse sistema já estava implantado e, com ele, surgiu um novo problema: houve estranhamento e
Por Gian Cornachini
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A parada é obrigatória:
ninguém entra ou
sai da FEUC sem
ser identificado.
Tudo por segurança
resistência ao sistema. “Alguns alunos o achavam desnecessário. Não conse-guiam ver que oferecia mais segurança”, lembra o porteiro Odilon. “Também teve reclamação de pais de estudantes que queriam entrar sem identificação, ale-gando já serem conhecidos”, conta.
Foi questão de tempo para que a co-munidade da FEUC se acostumasse com o sistema. Os visitantes passaram a ser identificados, fornecendo RG, telefone e indicando o setor onde pretendem ir. Até mesmo os pais que pagam as mensalida-des de seus filhos precisam se identificar todas as vezes que entram na instituição. Em breve, será fornecido para todos os visitantes um cartão magnético para facilitar suas entradas, ou seja, após o cadastro, eles poderão passar pelas ca-tracas utilizando cartões com seus dados pessoais registrados. O objetivo é liberar os porteiros para que se dediquem ao atendimento ao público “Quanto menos tempo perderem administrando o por-tão de visitantes, mais eles se atentarão à entrada e saída de pessoas do local. Vai dar mais agilidade ao processo de atendi-mento ao público”, afirma Álvaro.
Flavia Martins, mãe de Miguel, do Pré II, aprova as medidas de segurança: “Sinto mais confiança em deixar meu filho aqui, pois ninguém, além de mim e do meu esposo, pode pegar meu fi-lho”, analisa ela. ■ Fo
to:
Gia
n C
orn
ach
ini
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Artigo
Destacaremos neste artigo dois erros conceituais cometidos em livros e questões de concursos,
identificando as suas causas.
Primeiro erro:
“Por que a soma das infinitas par-celas ...
161
81
41
211 +++++ dá o resultado obtido
pela fórmula S= ?1
1
qa− ?”
Veja o que Vicente Paz Fernandez e Antônio Nicolau Youssef colocaram no livro Matemática para o Segundo Grau, Curso Completo, 6a Edição, Sci-pione Editora, ano 1995, na página 189: “Observe essa progressão geométrica infini-ta em que a
1 ≠ 0 e 0<q<1: ...
161
81
41
211 +++++
Veja que, quanto mais n cresce, mais an
se aproxima de zero. Como na PG infini-ta n cresce indefinidamente, ou seja, n tende a infinito, podemos afirmar que a
n tende a zero. Podemos afirmar que
Sn= .
1110
11111
qa
qa
qaq
qaqan
−=
−−
=−−
=−− Logo: S
n= ?
11
qa− .”
Na explicação do livro, S = ?1
1
qa− é a lei
que determina a soma de ...161
81
41
211 +++++ .
Qual a causa do erro?Veja que os autores do livro partem
do somatório ...161
81
41
211 +++++ e chegam à lei
?1
1
qa− que determina um valor numérico
para a soma, pelo fato de an tender a
zero no infinito. Afirmam que se an
tende a zero no infinito, então o soma-tório é convergente para ?
11
qa− .
É verdade que a adição tem suas parcelas a
n, quando n cresce infinita-
mente, aproximando-se de zero. Ocor-re que isto não é a condição para que o
somatório esteja convergindo para ?1
1
qa− .
A ideia de que ao adicionarmos par-celas cada vez menores faça com que o somatório seja convergente é falha.Veja a adição ...
51
41
31
21
11
+++++ , onde os deno-minadores formam uma sequência dos números naturais e os numeradores sempre unitários. As parcelas a
n vão di-
minuindo e tendendo para zero no in-finito, mas o somatório não é conver-gente. A soma é infinitamente grande.
Isto não pode ser verificado fazen-do-se a adição. Somente com concei-tos de Séries (estudo em nível supe-rior) é que podemos provar que a soma é infinitamente grande. Na realidade, quando temos a
n no infinito tendendo
para zero, o somatório pode convergir (quando encontramos um número para o resultado) ou pode divergir (quando tende para infinito).
A resposta correta da pergunta: “Por que a soma das infinitas parce-las ...
161
81
41
211 +++++ dá o resultado obtido
pela fórmula S = ?1
1
qa− ? , vem da fórmula
S = 1)1(1
−−
qqa n
e de q, razão da sequência geo-métrica das parcelas, entre -1 e 1. Neste caso, q é uma fração própria k
p (p me-nor que k, podendo p ser zero).
Quando S = 1
]1)[(1
−
−
qkpa n
e n indo para o infinito, ( k
p )n tende para zero, resultando S = .
1111
qa
qa
−=
−−
Segundo erro:
Veja a questão apresentada na prova para Professor II, da Secretaria Munici-
pal de Educação do Município do Rio de Janeiro, no ano de 2011, no conteú-do específico de Matemática, questão 17: “Numa aula sobre potenciação um professor escreveu no quadro as seguintes expressões: A = 32 )2( , B =
322 . O valor de A + B é igual a: (A) 512; (B) = 320; (C) = 192; (D) = 128.”
No estudo das propriedades das operações, verificamos que a operação da potência não é associativa. Vejamos o seguinte exemplo:
322 . Quando faze-mos 32 )2( , temos 43. Quando fazemos
)32(2 , temos 28. Como 43 é diferente de 28, a operação não é associativa.
Quando uma operação é associativa, como a adição e o produto, podemos deixar de colocar parênteses para fazer a operação com três ou mais elemen-tos, pois a ordem das operações não vai alterar o resultado. Podemos escrever sem parênteses: 6 + 3 + 8; 4 x 5 x 2.
No caso da operação da potência, como não é associativa, devemos saber qual a sequência da operação. Neste caso, devemos colocar parênteses.
Em relação à questão do concurso, constou a letra (B) 320 no gabarito. A res-posta não está correta. Dá margem para operarmos a potência
322 das formas 32 )2( ou )32(2 . A questão pode ter como
resposta a letra (D), pois a operação de potência não associa e
322 foi colocada de forma incorreta, sem parênteses.
As respostas poderiam ser:A + B = 32 )2( + 32 )2( = 64 + 64 = 128 ou A + B = 32 )2( +
)32(2 = 64 + 256 =320. ■
Alzir Fourny MarinhosCoordenador do curso de Matemática das FIC
Percebendo erros conceituais de matemática
cometidos em livros didáticos e em questões de concursos
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