36
1 Cada vez mais engajados na própria formação, licenciandos das FIC reescrevem seu futuro em foco Revista Ano 6 Nº 22 setembro de 2015 www.feuc.br/revista MUDANÇA DE QUADRO

Revista FEUC em Foco - Edição 22 (setembro/2015)

Embed Size (px)

DESCRIPTION

MUDANÇA DE QUADRO: Cada vez mais engajados na própria formação, licenciandos das FIC reescrevem seu futuro | Fundação Educacional Unificada Campograndense - FEUC, Rio de Janeiro - RJ http://www.feuc.br/revista

Citation preview

  • 1Cada vez mais engajadosna prpria formao,licenciandos das FIC

    reescrevem seu futuro

    em focoRe

    vist

    aAno 6 N 22 setembro de 2015 www.feuc.br/revista

    MUDANA DE QUADRO

  • 2H hoje no mundo uma forte crise poltica, econmica, religiosa... E claro que tudo isso, quando

    chega ao Brasil, acaba atingindo todos os setores e contaminando expectativas e perspectivas que

    antes se mostravam outras. Entretanto, mesmo diante de um cenrio como este, no podemos de

    forma alguma nos encolher e achar que as dificuldades por que passamos hoje no sero vencidas nos

    dias que viro. Nossa capacidade de resilincia imensa, e a Histria da FEUC nesses 55 anos muito

    bem comprova isso. Reconheo que no est fcil para ningum, e me desculpo sinceramente por

    todos os problemas que cada membro da Famlia FEUC est enfrentando neste momento devido aos

    reflexos que esta crise nos traz. Estamos trabalhando arduamente para transformar este panorama,

    procurando evitar ao mximo os danos que as crises habitualmente trazem consigo. Acredito que o

    outubro vindouro ser um ms muito especial para todos ns, apesar das dificuldades que teremos.

    Vamos festejar com orgulho o Dia do Professor e do Funcionrio Administrativo da Educao,

    em 15 de outubro, na certeza de que dias melhores esto por vir. Parabns a todos.

    Institucional

    Mensagem aos Funcionrios

    Durval Neves da SilvaPresidente da FEUC

  • 3Os ndices oficiais mostram que, aps um perodo de subida, nos ltimos anos vem diminuindo no Brasil o nmero de universitrios que optam pelos cursos de forma-o de professores. O que afasta os candidatos do magistrio, todos sabemos, tem a ver com salrios ruins, condies precrias nas es-colas pblicas e a queda de prest-gio social de um grupo profissional que j esteve entre os mais valo-rizados no passado. Entretanto, o que os atrai para a carreira docente so valores que nunca sairo com-pletamente de moda, por pior que estejam as coisas: fazer a diferena na vida de algum, compartilhar conhecimento, contribuir para melhorar a sociedade etc. Quando a esses ideais se somam oportuni-dades abertas por mais concursos pblicos e planos de carreira que comeam a ser implantados por prefeituras, e um programa de in-centivo docncia como o Pibid, o quadro comear a mudar. Aqui na FEUC, pelo menos, parece estar mudando, como demonstram de-poimentos e histrias que colhe-mos para nossa matria de capa.

    Esta edio derrama ainda um olhar carinhoso sobre Luciana, No-mia e Helosa, aqueles trs anjos que distribuem sorrisos e bom hu-mor enquanto servem o itinerante cafezinho da tarde por a. E mais: a animao das Olimpadas do CAEL, em junho passado; o sucesso do bazar solidrio da Unatil; e outro artigo assinado por aluno: na l-tima pgina, Fabrcio Medeiros d uma palinha do que ser seu TCC, sobre imprensa e poltica. E tem mais, muito mais.

    Comece a folhear, e boa leitura!

    FEUC em Foco uma publicao impressa e online da Fundao Educacional Unificada Campograndense.

    Presidente: Durval Neves da Silva; Diretor Administrativo: Hlio Rosa de Araujo; Diretora de Ensino:

    Arlene da Fonseca Figueira; Diretora Superintendente: Mnica Cristina de Arajo Torres; Equipe: Tania

    Neves (Edio e texto), Gian Cornachini (Texto, foto e diagramao), Pollyana Lopes (estagiria); Periodicidade:

    trimestral; Tiragem: 5.000 exemplares; Site: www.feuc.br/revista; E-mail para contato: [email protected]

    Consideraes e opinies emitidas nos artigos assinados so de inteira responsabilidade

    de seus autores, no refletindo, necessariamente, a posio da FEUC.

    CAPA: Luciana Silva de Souza, prestes a se formar em Cincias Sociais, vai ser professora! Foto: Gian Cornachini

    Editorial

    Tania NevesEditora

    CapaCom muito mais fno magistrio

    Professora de espanhol fazCaf Literrio no CAEL

    Espao aberto para Roda de Conversa e Pr-Conferncia

    Mulheres de Pedra fazemarte e economia solidria

    Passeio cultural pelosbairros do Rio 450 Anos

    Aqui ao lado, Rural temopes para seguir na ps

    Aluno escreve sobre imprensae poltica, tema de seu TCC

    Uma aula informal

    FEUC no feminino

    Trabalho colaborativo

    Olimpadas CAEL

    Mestrado e doutorado

    Artigo

    Elas servem cafezinho comsorrisos para adoar a tarde

    18

    06

    16

    32

    26

    08

    28

    34

    A hora da alegria

    ndiceFoto: Gian CornachiniIlustrao: Gian Cornachini

  • 4MUNDO

    Doutora em Histria Poltica pela UERJ e habituada a desenvolver pes-quisas sobre Histria Poltica e His-tria das Mentalidades, a professora Vivian Zampa acaba de estrear em nova rea: ela participou de pesquisa voltada realizao do document-rio Tecnologias da Informao e da Comunicao nos 450 anos da cida-de do Rio de Janeiro: dos anos 1960 atualidade, sobre o desenvolvi-mento da informtica por aqui. Co-ordenado por Newton Meyer Fleury e financiado pela Faperj, o projeto consiste na estruturao de um re-positrio de conhecimentos sobre a evoluo das tecnologias e a mem-ria de personagens e dos movimen-tos acadmicos e sociais ligados ao tema. Vivian curtiu a experincia: O mais importante perceber, na

    prtica, que o historiador requisi-tado a trabalhar em diferentes linhas de pesquisa e reas, j que todas as temticas, no fundo, podem ser in-seridas em uma pesquisa histrica,

    tendo em vista que so realizadas por indivduos e se inscrevem em um determinado tempo, diz a professo-ra. O trabalho foi lanado durante a RioInfo 2015, em So Conrado.

    Tire j da gaveta aquela poesia incrvel!

    Anote a: dia 10 de outubro a data limite para se inscrever na edio 2015 do Prmio FEUC de Literatura, que mais uma vez premiar trs poemas em cada uma de suas duas modali-dades: Aluno da FEUC (para os matri-culados nas FIC, CAEL, Colgio Magali

    ou UNATIL) e mbito Nacional, para todos os demais concorrentes, de qualquer estado do Brasil. O regula-mento est disponvel em www.feuc.br, e os alunos podem se inscrever di-retamente na Tesouraria, aps pagar a taxa de R$ 10, mas os participantes ex-ternos devem consultar no site os da-dos bancrios para fazer o depsito do valor e depois enviar os poemas pelos correios (valer a data de postagem somente at 10 de outubro). Os pri-meiros colocados em cada categoria recebero os prmios de R$ 500 (1 lu-gar), R$ 350 (2 lugar) e R$ 250 (3 lu-gar), alm dos certificados. A lista dos poemas selecionados na primeira fase ser divulgada na segunda quinzena de novembro, e o resultado final sair na segunda quinzena de dezembro.

    Da poltica aos computadores, a Histria est em tudo

    Vivian, coordenadora de Histria, fez pesquisa sobre informtica

    Foto: Gian Cornachini

    Foto: Gian Cornachini

    Acesse o regulamento do concurso em www.feuc.br e se inscreva

  • 5O time do CAEL ficou em 3 lugar na Taa Campo Grande de Futsal, mas o ttulo de melhor goleiro nos-so. E, neste quesito, somos tricam-pees! Gustavo Ribeiro foi eleito o melhor camisa 1 do campeonato pelo terceiro ano consecutivo. O estudan-te do 3 ano tcnico em Qumica des-tacou-se na posio entre os colegas das outras 57 escolas do bairro e da regio. Sempre acompanhado pela famlia nos jogos, ele compartilha a alegria das conquistas com seu f-clube particular. muito gratifican-

    te, porque o reconhecimento do meu esforo. Eu fico feliz, a minha famlia fica muito feliz, os colegas, o meu professor, conta Gustavo.

    Por falar nele, Miguel Louro, o pro-fessor responsvel pelos times de futsal no esconde a satisfao de ver o su-cesso da equipe e do goleiro nas com-peties. Entretanto, ele refora o ca-rter educativo dos esportes do CAEL: Ns no formamos atletas. Ningum quer perder, e ganhar muito bom. Mas o nosso papel ensinar. Sou um educador e no um treinador.

    Gustavo: as mos seguras do futsal do CAEL

    O aluno e seus trofus das Taas Campo Grande e Zona Oeste

    Foto: Pollyana Lopes

    VAI ACONTECER

    Estudantes do 5, do 8 e do 9 ano do Ensino Fundamental que almejam ingressar no Colgio de Aplicao Emmanuel Leontsinis com um desconto especial na mensalidade podem comear a se preparar, pois a prova do Bolso CAEL est marcada para o dia 14 de novembro. Os que obtiverem as melhores colocaes no exame recebero bolsas de valores variados, entre 100% e 25%. Entre os cursos tcnicos, esto includos no bolso Qumica, Edificaes e Publicidade. A inscrio deve ser feita no setor de Cursos Livres e custa R$ 20, mas se o estudante compartilhar a imagem de divulgao no Facebook ela sai por R$ 10.

    Ser entre os dias 5 e 8 de outubro a prxima Octobermtica. A XXII edio da Semana de Matemtica ter como tema este ano Matemtica e os Jogos, e vai contar com palestras, oficinas e muitas outras atividades, sempre nos turnos da manh e da noite.

    A dobradinha que deu muito certo em 2014 se repetir este ano: FEUCTEC e Expo X novamente sero realizadas em parceria. A XV edio da semana acadmica dos cursos de Bacharelado em Sistemas de Informao e Licenciatura em Computao e a feira cientfica de trabalhos dos alunos do CAEL vo invadir todos os espaos da FEUC entre os dias 26 e 30 de outubro, trazendo muito debate, inovao e diverso com sua variada programao. Marque na agenda!

  • 6MUNDO

    I Semana de Administrao: incio de uma tradioQuem conferiu em maio a XXVI

    Semana de Pedagogia ou a XXIV Semana de Letras viu bem o que significa tradio. E como toda tra-dio nasce de um primeiro even-to, pode-se dizer que a tradio da Semana de Administrao come-ou em 8 de setembro, quando alu-nos, docente e convidados abriram o primeiro encontro acadmico anual do curso que ainda d seus primeiros passos. O tema, Empre-endedorismo e a Administrao, teve seu aspecto motivacional destacado pelo professor Mrcio Monteiro: O empreendedorismo um sonho para todos ns. No somente uma questo de vonta-de, ou uma atitude, algo que voc queira trabalhar para voc mesmo, para se livrar de chefes. Est mui-to atrelado a sonhos, e tudo o que

    envolve sonhos me desperta o in-teresse. A ideia mostrar ao aluno que possvel, porque quando ele sonha com alguma coisa ele tem condies de ir atrs do sonho e tornar realidade. Clodoaldo Nasci-mento, presidente do Yes! Idiomas, foi o palestrante da primeira noite: No existe frmula mgica para o

    sucesso de uma empresa, mas exis-tem atitudes comuns como foco nos objetivos, motivar e valorizar a equipe e pensar grande, ensi-nou. Nos dias seguintes, o evento recebeu Thereza Christina Copelli da Silva, da Flowserve do Brasil, e Raphael Monteiro, do Conselho Regional de Administrao.

    Clodoaldo: Sempre penso grande e trabalho com carinho

    Foto: Pollyana Lopes

  • 7Trajetria

    Uma nova perspectiva de vida a partir da Educao

    At o dia em que iniciou o curso de Letras nas FIC, em 2011, a vida de Marcus Petini j lhe tinha dado mostras suficientes de que nada seria moleza: sobreviveu a um cncer violento aos 5 anos de idade e chegou ao fim do Ensino Mdio aos trancos e barrancos, sempre enfrentando longas caminhadas at a escola, em Mangaratiba, e a recorrente falta de professores. O desestmulo o fez mergulhar um ano inteiro na vaga-bundagem como ele mesmo definiu que s foi in-terrompida quando o pai insistiu para que fizesse uma faculdade, e ele aportou na FEUC.

    E continuou sendo dureza, pois Marcus acordava s 3h30m da madrugada em Mangaratiba para se aprontar, pedalava dois quilmetros e meio at o ponto de nibus e embarcava rumo a Campo Grande para trabalhar das 7h s 16h. Da vinha para a FEUC, ficava um tempo no ptio lendo ou descansando, depois assistia s aulas at 21h50m e novamente pegava o nibus para Mangarati-ba, onde mais uma vez iria se exercitar na bicicleta at chegar em casa para finalmente tomar um banho, co-mer e dormir j depois de meia-noite.

    Essa batida pesada durou mais de um ano e serviu para me fazer valorizar tudo o que tenho hoje, diz o estudante, que est cumprindo a ltima disciplina para finalmente ter seu diploma do curso superior. E ele j comea a colher os frutos, pois abriu este ano em sua ci-dade o seu prprio curso de lnguas, o Explica Show, em que leciona ingls e tambm portugus e redao para concursos, realizando assim dois antigos sonhos: ter o prprio negcio e dar oportunidade s pessoas de me-nor poder aquisitivo que no conseguem pagar o nico outro curso de ingls da cidade.

    Marcus comeou em abril com 4 alunos e agora j tem 15. Consigo oferecer um custo menor porque uso uma sala emprestada e eu mesmo preparo o material di-dtico, diz o jovem, que tambm leciona em uma escola particular da cidade. Fui o primeiro da minha famlia a fazer faculdade, e estudar aqui realmente mudou minha vida. Tive to bons professores na FEUC que tomei como meta um dia ser um professor assim, finaliza.

    s vsperas de se formar em Letras,

    estudante j tem seu prprio

    curso de ingls e preparatrio para

    concursos em Mangaratiba

    Foto: Gian Cornachini

    Marcus no ptio da FEUC: estudar aqui mudou minha vida

    Por Tania Neves

  • 8Caf Literrio

    Pes, livros, msicas e conhecimentoProfessora de espanhol do CAEL aposta em cafs literrios para incentivar os alunos a aprenderem de forma ldica

    Com apenas um tempo por sema-na, as aulas de espanhol so reple-tas de contedo. Para escapar um pouquinho da rotina das aulas formais e se aproximar mais dos alunos, porm, a professora Natlia Coelho introduziu em suas turmas uma novidade: o caf liter-rio, realizado ao final de cada bimestre. A ideia que os alunos cantem, leiam poesias, dancem msicas em espanhol e interajam entre si e com a maestrina. Alm, claro, de saborearem diferentes tipos de pes, bolos e salgados.

    Natlia, que estudou nas FIC, conta que conheceu essa metodologia com o pro-fessor Adriano Oliveira Santos, que fazia cafs literrios depois das provas. Ele foi

    meu orientador na graduao e na ps. Um grande amigo e um professor per-feito. Eu me espelho nele para trabalhar e sempre d certo, conta. Ela tambm ex-plica suas motivaes para tocar a inicia-tiva: Como eu s tenho um tempinho de aula por semana, decidi fazer este projeto para termos um momento de aprendiza-gem diferenciado do formal. Neste caf, alm de todas as informaes transmiti-das, batemos papo, tiramos fotos e uma forma para eu me aproximar dos meus alunos e eles de mim. D super certo! Co-meamos um bimestre mais relaxados e dispostos para aprender melhor, fora que uma delcia!, empolga-se.

    Os estudantes, apesar de nem sem-pre prepararem algo para apresentar no evento, aprovam a iniciativa. Paola

    Maia, do 1 ano do tcnico em Infor-mtica, comenta o caf: legal, d tempo de conversar e a gente sai da rotina de pegar apostila, ficar quieto e assistir a aula. A ltima vez foi melhor porque teve dana e duas pessoas can-taram. E tambm d mais intimidade com a professora. Ela abre espao para a gente conversar com ela, diz.

    Apesar de ter gostado da edio do evento que teve mais apresentaes, Paola se justifica da mesma manei-ra que a maioria dos colegas quando questionada sobre o porqu de no ter preparado nenhuma apresentao. S lembrei ontem noite e tinha que fazer outro trabalho, por isso no deu tempo de preparar nada, alega.

    Mesmo assim, isso no desculpa

    Por Pollyana Lopes

    Alunos do 2 ano de Administrao improvisaram com apresentao stand up e cantando Rebelde

  • 9Pes, livros, msicas e conhecimentoProfessora de espanhol do CAEL aposta em cafs literrios para incentivar os alunos a aprenderem de forma ldica

    para cancelar a atividade. Os alunos improvisam, danam Macarena, can-tam msicas da novela para adolescen-tes Rebelde e apresentam os times espanhis. E, mesmo no improviso, alguns se destacam.

    Aluno do 2 ano do tcnico em Admi-nistrao, Joo Pedro Consoli foi instiga-do pela turma a ler uma de suas poesias. Esquivando-se do espanhol e da exposi-o de seus escritos prprios, ele entoou um rap crtico e ritmado chamado O que separa os homens dos meninos, do rapper Sant: minha vida e o beat em cima / , imagina. Eu j passei por cada coisa, mano / Explica o que divrcio pra uma criana de 3 anos / Sem rumo e sem plano / Minha famlia minha co-roa, se tu entende o que eu t falando.

    O jovem do rap elogia a iniciativa do sarau e apresenta outra explicao para a tmida adeso dos colegas: Eu acho que vergonha. Eu mesmo, a maioria das coisas que eu escrevo, s o meu irmo l, revela.

    Mas a professora insiste em promo-ver a literatura e o conhecimento em ambientes menos formais. Quando um estudante questiona se literrio, cad o livro?, enftica, ela esclarece: Desde quando a literatura se prende em papel? Ela no se prende apenas no papel ou em um momento da his-tria. Literatura no s papel, e aula no s cuspe e giz. com esse esp-rito que Natlia continua organizando os cafs literrios, para que os alunos aprendam, s vezes, sem perceber.

    Fotos: Pollyana Lopes

    Refrigerantes, misto quente, sucos de caixinha, pes e bolos esto no cardpio dos cafs

  • 10

    UNATIL

    Alegria e entusiasmo para festejar e ajudar o prximo

    A Universidade Aberta Terceira Idade Leda Noro-nha recebe, com frequncia, doaes de diversos tipos. Para encaminhar os donativos de modo a contribuir com pessoas necessitadas, as roupas recebi-das tm dupla funo: algumas peas so diretamente doadas para abrigos e outras so consertadas ou re-formadas para serem vendidas no recm-criado Bazar Solidrio. Com o dinheiro arrecadado, as integrantes da UNATIL que dominam a arte da costura produzem rou-pas que tambm so oferecidas aos asilos.

    Aproveitando as comemoraes de Dia dos Pais e o aniversrio de 21 anos do grupo, foi inaugurada uma se-o de bijuterias, que passaram pela mesma triagem de escolha e reparo antes de serem expostas para venda. A festa, que aconteceu no dia 4 de agosto, contou com mostras de carimb, teatro das gatinhas, de Maria Bo-nita e msicas cantadas em solo ou em coro. Entre uma apresentao e outra, o instrutor de canto, Lus Antnio Peixoto, destacou a animao dos integrantes: A FEUC exemplo para qualquer lugar que tenha grupos de ter-ceira idade, porque essa alegria, essa animao daqui, no tem em qualquer lugar, exaltou.

    A animao para festejar proporcional dedicao a ajudar o prximo, como conta Patrcia Cristina de Olivei-ra, secretria da UNATIL: A gente tem todo um cuidado em separar as peas. Ns sabemos quantos homens e quantas mulheres tem em cada abrigo e qual o tamanho de cada um. Ela ressalta tambm que o zelo para com outros idosos por empatia: Eles gostam de ajudar por-que sabem que podem precisar no futuro. No asilo tem pessoas que foram abandonadas pelas famlias. Eles sa-bem que isso pode acontecer com eles, e fazem porque gostariam que fizessem com eles, explica.

    As doaes vo para os abrigos Ao Crist Vicente Moretti e para o Abrigo de Idosos Lar de Otvio. Os va-lores das roupas, dos calados e das bijuterias no Bazar Solidrio variam entre R$ 1 e R$ 20. O brech acontece das 16h s 18h, de segunda a sexta-feira. Para saber em qual sala ele est acontecendo, s se informar com a Patrcia, na secretaria da UNATIL.

    Bazar Solidrio vende roupas, calados

    e bijuterias a preos acessveis. Grupo

    tambm organizou festa de Dia dos

    Pais para integrar os componentes.

    Fotos: Pollyana Lopes

    Neuza da Silva Veloso avalia as peas venda no brech

    Encenao de casamento de Maria Bonita animou pblico

    Por Pollyana Lopes

  • 11

    Olimpadas do CAEL trazem conhecimento sobre o Rio de Janeiro e muita diverso

    Eu vou citar quatro palavras: respeito, gentileza, tole-rncia e solidariedade. Se ns carregarmos conosco o significado dessas quatro palavras, tudo vai ser dez, vai ser mil. Porque o CAEL tem tolerncia zero com violncia, e esta semana vai ser especial porque voc vai respeitar, vai ser gentil, tolerante e solidrio. Regina Slia Ipeter, diretora do Colgio, resumiu um pouquinho o papel das Olimpadas do CAEL durante a abertura do evento, em junho passado. Mas quatro palavras no bastam. Esporte. Estudo. Dana. Pes-quisa. Cultura. Arte. Integrao. A lista do que as Olimpadas do CAEL promovem todos os anos imensa, grande como a energia dos alunos em cada edio, comprometidos a dar o

    melhor de si nos jogos e abusar da criatividade na mostra de trabalhos. Durante uma semana inteira, a escola virou de pon-ta-cabea: no se viam estudantes com caderno na mo pre-ocupados com as provas, mas alunos se divertindo, jogando futebol, vlei, queimada, torcendo. A importncia do evento a gente trabalhar valores, o autocontrole, aprender a lidar com as diferenas, incentivar a solidariedade. Buscar sempre o seu melhor e se divertir tambm, explicou o professor Luis Claudio Bastos, um dos coordenadores das Olimpadas.

    Mas o evento no se encerrou com as vitrias em cada mo-dalidade esportiva. Em vez de acordar tarde no sbado sem aula, a escola toda voltou para a FEUC, com o objetivo de fazer jus semana inteira especial que Regina Slia havia previsto. s 10h do dia 20 de junho, com os grupos de alunos devida-

    Por Gian Cornachini

    CAEL

    Cultura de mos dadas com o esporte e a alegria

    Foto: Gian Cornachini

    11

  • 12

    CAELFotos: Pollyana Lopes e Gian Cornachini

  • 13

    mente divididos e prontos para exibir seus belssimos estan-des, a diretora adjunta Jane Innocencio da Silva Teixeira deu a largada do projeto cultural CAEL passeando pela histria dos 450 anos do Rio de Janeiro, valorizando o empenho das equi-pes: Parabns aos alunos do CAEL, que sabem apresentar os melhores trabalhos do mundo, especialmente em um sba-do de manh, quando poderiam estar dormindo, encorajou Jane. Os elogios no eram para menos. Isso porque, alm de brilharem na parte esportiva das Olimpadas, agora os estu-dantes tambm esto tendo que trabalhar toda a criatividade com a misso de aprender e compartilhar conhecimento e cultura com a escola e visitantes.

    O aniversrio do Rio de Janeiro foi inspirao para os alunos cumprirem a misso de trazer para a quadra e p-tio da FEUC caractersticas, destaques e particularidades de 32 bairros da cida-de. Escolhemos falar dos bairros por-que foi um ano tpico de falar do Rio de Janeiro. A gente fez um sorteio entre as diversas localidades, incluindo no s os bairros tursticos, mas os da Zona Oeste tambm, e aproveitamos para falar de Campo Gran-de, da histria da FEUC e do CAEL, conta Jaqueline Cossatis, supervisora do Ensino Mdio e idealizadora do projeto. De acordo com Jaqueline, alm da troca de conhecimento, um dos principais objetivos do projeto fortalecer a formao do aluno: O projeto envolve todas as disciplinas. Pega a par-te histrica, a geografia, e faz ele pensar o espao urbano. O aluno faz pesquisas, conhece a origem da sua cidade e do prprio lugar onde vive, destaca Jaqueline.

    A estudante Giulia Vianna, do 3 ano do tcnico em Meio Ambiente, foi sorteada com seu grupo para abordar o bairro de Jacarepagu. Alm de toda a parte histrica, Giulia mon-

    tou com as amigas uma pequena banca de doao de livros, onde qualquer pessoa poderia levar um exemplar. Em Jaca-repagu tem o Macio da Pedra Branca, a Cidade de Deus, mas tambm tem a Bienal do Livro. Ento a gente decidiu doar livros, porque hoje em dia as pessoas parecem ler me-nos. A gente trouxe fico e at livro religioso para quem se interessar. para estimular a leitura mesmo, contou Giulia.

    Quem gostou da ideia foi a professora aposentada Cec-lia Rocha, av da estudante Ana Gabriele, do 1 ano de Meio Ambiente. Ceclia foi exposio para conferir a mostra de trabalhos dos alunos, acabou levando um livro para a casa

    e ainda deu algumas dicas para as me-ninas: Achei tima essa ideia. E posso dar uma sugesto? Esse cartaz poderia estar mais no alto, porque est muito escondidinho, ento as pessoas podem no saber que vocs esto distribuindo livros, recomendou ela. Essa troca de ideias faz valer a proposta de mudar para o sbado o projeto cultural, que dar oportunidade para estudantes, pro-fessores, visitantes e familiares tambm

    participarem da constante construo do conhecimento.Fantasiados ou preparando um prato tpico, o fato que

    a criatividade rolou solta. No improvisado calado de Co-pacabana, os vendedores de DVDs. Diretamente da Urca, as antigas noites cariocas, com visita especial de Carmem Mi-randa (veja foto ao lado). No estande de Guaratiba, o cheiro de peixe grelhado. De Padre Miguel, o samba. E samba ao vivo com a participao de integrantes da escola mirim Es-trelinha da Mocidade! Alis, os convidados surpresa foram ponto alto do evento, levando muita animao escola, as-sim como fez o funkeiro Mc Bob Rum, representando o bair-ro de Santa Cruz. J estamos ansiosos pelo prximo ano!

    Fantasiados ou

    preparando um

    prato tpico, o fato

    que a criatividade

    rolou solta

  • 14

    Direto do mercado

    Empreendedorismo com gente que faz

    Evento dos cursos de computao rene profissionais

    criativos e determinados a crescer por meio de boas ideias

    A poucos dias do recesso de julho, estudan-tes dos cursos de Sistemas de Informao e Licenciatura em Computao se encontra-ram na manh do dia 27 de junho um sbado para uma maratona de palestras com empre-endedores da rea da tecnologia da informao. Era o II Encontro de Inovao e Empreendedoris-mo, que nesta edio trouxe uma figura bastante

    requisitada em eventos sobre a temtica: o ex-ca-mel e, agora milionrio, David Portes.

    Conhecido como o guru do marketing nacio-nal, David era cortador de cana em Campos dos Goytacazes (RJ) e se mudou para o Rio de Janeiro, ainda no final dos anos 1980, na expectativa de ter um emprego melhor, uma casa e condies bsicas para dar uma vida digna esposa. Aqui, trabalhou como motorista e morava de aluguel na favela da Rocinha. Por um problema de sade, precisou se

    Por Gian Cornachini

    David Portes: Ex-camel j morou na rua e agora investidor

    Foto: Facebook/David Portes

  • 15

    afastar do emprego, mas acabou sendo demitido. Sem dinheiro para o aluguel, foi despejado e pas-sou a morar na rua. Eis que um momento de deses-pero lhe trouxe uma oportunidade: com a esposa grvida precisando de remdios, David pediu R$ 12 emprestados a um porteiro de um prdio no Cen-tro do Rio e, no caminho farmcia, decidiu com-prar doces para revender na rua. Com isso, conse-guiu multiplicar o dinheiro emprestado, comprar o remdio para a esposa e, com o passar do tempo, transformar os R$ 12 em R$ 120 mil mensais gra-as criatividade. Sua banca de doces parecia com uma loja de departamentos, dividida entre setores como Refrigerantes e Mezanino EngorDiet, e os clientes fiis ainda ganhavam uma limpeza dent-ria ou uma dentadura quando completassem as cartelas de compra. A jogada de marketing cha-mou a ateno da mdia e de empresas interessa-das nas ideias de David, que chegou at a sortear passagens de ida e volta para Miami em parceria com uma companhia area. O ex-camel logo inaugurou seu prprio depsito de doces e, hoje, coordena as empresas Talk About (de palestras para o setor corporativo), a agncia D!Marketing e a Investcomm (aceleradora de startups).

    Durante toda a sua palestra, David no econo-mizou nas dicas: O grande preceito do marketing a honestidade. O marketing negativo avassala-dor, apontou ele. Nunca tenha medo de come-ter erro, porque o pior erro o medo de no ten-tar, completou. Com bastante sorriso no rosto e sempre de bom humor, David revelou o segredo do seu sucesso: Eu gosto de trabalhar com ale-gria, porque flui mais.

    Outros jovens empreendedores tambm apre-sentaram trabalhos aos quais vm se dedicando para se destacar no mercado. O administrador Maurcio Calazans encontrou no desespero semes-tral de gestores escolares uma oportunidade para ajud-los a montar a grade de aulas: Escola um bicho muito mal gerido. Fazer um quadro de hor-rios muito difcil. Uma escola de 10 turmas tem mais de um bilho de combinaes diferentes de quadro de horrio. Em parceria com um especia-lista em otimizao de dados, Maurcio desenvol-veu o GridClass um software capaz de resolver o problema das combinaes de horrios em segun-dos e com pouco esforo. Quando a escola utiliza, ela consegue reduzir ao mximo as janelas de es-pera, reduzindo o custo de ter que pagar professor para aulas vagas. Diversas instituies de ensino, inclusive de outros estados, abraaram a ideia de Maurcio e j esto utilizando a ferramenta.

    Para quem quer comear a empreender, Pedro

    Pisa, fundador da Kendoo empresa de desen-volvimento de software e infraestrutura de nu-vem listou alguns passos e dicas:

    Resolva uma dor real. No adianta criar algo novo que no tem mercado consumidor;

    Ideias so grtis, mas a execuo no tem preo. O que vai determinar o sucesso como voc consegue fazer aquilo se tornar real;

    Entenda como os negcios so feitos no lugar onde voc quer fazer. O Rio de Janeiro dife-rente de So Paulo, que diferente dos EUA. Entenda bem quem so os seus clientes e como eles interagem para fazer seus negcios;

    Coloque logo a ideia no mercado. Desen-volver por muito tempo sem validao pode dar em prejuzo;

    Falhe rpido e adapte-se rpido. Falhar no ruim, e mais fcil de voc aprender.

    Pedro Pisa, da Kendoo, listou dicas para quem quer empreender

    Maurcio Calazans criou software para gesto escolar

    Fotos: Gian Cornachini

  • 16

    Comunidade

    No ms em que a lei Maria da Pe-nha completou 9 anos em vigor, a FEUC esteve presente nos im-portantes debates pela consolidao e ampliao das polticas pblicas volta-das para as mulheres, promovendo em parceria com a Defensoria Pblica do Rio de Janeiro uma roda de conversa sobre o tema e acolhendo em suas de-pendncias a pr-conferncia da AP-5, preparatria para a IV Conferncia Mu-nicipal de Polticas para as Mulheres do Rio, que aconteceu em setembro.

    A roda de conversa Lei Maria da Pe-nha e a Violncia de Gnero, realizada no dia 25 de agosto, recebeu as convida-das Arlanza Rebello, defensora pblica e coordenadora do Ncleo de Defesa dos Direitos da Mulher (Nudem), e Rita An-dra, sociloga e assessora especial da Secretaria de Polticas para Mulheres (SPM-Rio). Mediadora da conversa, a coordenadora do curso de Cincias So-ciais, Clia Neves, lembrou que a FEUC, conhecida como a Casa do Professor, cada vez mais se firma como a Casa da Professora, diante da crescente busca das mulheres pelo ensino superior uma forma, tambm, de empoderamento.

    Rita Andra fez um apanhado geral sobre a evoluo jurdica e poltica de alguns temas relacionados mulher, desde as primeiras legislaes at a Lei Maria da Penha, ressaltando o tanto que os movimentos feministas contri-

    buram para a conquista de leis menos discriminatrias e polticas sociais para o combate violncia de gnero. Che-gou a arrancar um ohhh do auditrio ao lembrar que at 2002 o Cdigo Civil permitia ao homem pedir anulao de casamento se descobrisse que a mu-lher no era virgem ao se casar.

    Arlanza voltou-se mais para explicar o alcance da Lei Maria da Penha e sa-lientar a complexidade da violncia do-mstica, lembrando que muitas outras aes violentas costumam preceder as agresses fsicas, como xingamentos, desqualificao da mulher (voc no serve pra nada), isolamento dos ami-gos e at da famlia, ameaas (se for polcia, te mato), entre outras: pre-ciso que a mulher procure ajuda antes de chegar nesse ponto. Neste sentido, a

    Lei Maria da Penha vem mais para dar possibilidades de defesa mulher, com os centros de referncia e as medidas protetivas, por exemplo, do que para criminalizar o agressor, pois as condu-tas agressivas j esto todas enquadra-das em tipos penais existentes, explica.

    O momento seguinte, de debate, foi dos mais intensos e participativos, no apenas com intervenes das mu-lheres da plateia, relatando situaes vividas e contribuindo com questiona-mentos importantes, mas sobretudo pelas falas de alguns homens, apoian-do o empoderamento das mulheres e o combate violncia de gnero.

    Tambm o quinto encontro prepara-trio para a IV Conferncia Municipal de Polticas para as Mulheres do Rio, no dia 29, teve recorde de pblico: mais

    Por Pollyana Lopes e Tania Neves

    Na Casa das Professoras, espao livre para debater empoderamento

    Arlanza, Clia e Rita Andra: debate intenso com participao

    de mulheres e homens

    Foto: Gian Cornachini

  • 17

    de 200 mulheres dos bairros de Bangu, Campo Grande, Realengo, Santa Cruz e Guaratiba debateram os desafios e propuseram polticas para superar as dificuldades encontradas pela mulher na sociedade. O objetivo dessas prvias, promovidas pela Secretaria Municipal de Polticas para as Mulheres (SPM-Rio), era ouvir e recolher demandas da populao em diferentes pontos da cidade para serem discutidas e encami-nhadas, em forma de propostas de po-lticas pblicas, IV Conferncia.

    A mesa de abertura foi composta por representantes do poder pblico e mo-radoras da regio engajadas nos mo-vimentos que atuam em questes de gnero. Coordenadora da mesa, a secre-tria da SPM-Rio, Ana Rocha, foi direto ao ponto: As mulheres esto em toda parte, so 52% do eleitorado, trabalham, do um duro danado, mas nos espaos

    de poder elas so sub-representadas, e isso um dficit democrtico. No exis-te democracia sem a participao das mulheres nos espaos de poder.

    Representante da FEUC na mesa, a coordenadora de Extenso, Ps-Gradu-

    ao e Pesquisa das FIC, professora Ga-briela Barbosa, lembrou que a institui-o tem como prtica abrir seus espaos para esse tipo de debate. Eu quero di-zer, em nome da FEUC, mas tambm

    em meu nome, mulher, nascida e criada na Zona Oeste, que uma honra ter a oportunidade de sediar esse encontro. A instituio, ao longo dos seus 55 anos, sempre participou desse debate, seja cedendo o espao fsico, seja nos am-bientes de formao, nos seus cursos de graduao e ps-graduao, salientou.

    Aps a mesa de abertura e uma apresentao cultural, as participantes se dividiram em grupos para debater diferentes temas, e listaram no encer-ramento as propostas a serem levadas IV Conferncia. Destacaram-se su-gestes de maior divulgao do papel e funcionamento do recm-criado Con-selho Municipal de Direito da Mulher, a reativao do SOS Mulher, a ampliao dos servios de atendimento sade da mulher e o aumento do percentual de participao feminina nas candidaturas eleitorais, entre outras.

    Na Casa das Professoras, espao livre para debater empoderamento

    No existe

    democracia sem

    a participao

    das mulheres nos

    espaos de poder

    Roda de conversa sobre violncia de gnero e

    evento preparatrio para Conferncia de Polticas

    para Mulheres mobilizaram grandes plateias na

    FEUC em torno de temas como avanos nas lutas

    femininas e desafios ainda a enfrentar

    Participantes da pr-conferncia discutem temas a serem levados para o evento municipal

    Foto: Pollyana Lopes

  • 18

    Prontos parafazer a diferena

    Capa

    Alguns dos muitos aprovados em concursos: amor e expectativa para entrar em sala

    18

    Foto

    : G

    ian

    Co

    rnac

    hin

    i

  • 19

    O recado est dado: certos da escolha pela licenciatura, nossos alunos

    querem ser professores e transformar a educao

    A carreira do magistrio est em baixa? A julgar pelos nmeros do Ministrio da Educao, que mostram sempre menos ingressantes nos cursos de licenciatura com relao aos anos anteriores, pode-se dizer que sim. Uma das explicaes seria o investimento do Governo em cursos de engenharia e tecnologia, que tm atrado mais estudantes devido demanda do mercado. Tal fenmeno semelhante na FEUC (menos ingressantes nas licenciaturas), e aqui tam-bm temos a particularidade de ter aberto, nos ltimos anos, novos cursos nas modalidades de bacharelado e tecnlogo. Entretanto, professores e alunos das licenciaturas relatam um maior entusiasmo com relao carreira, e isso pode ser atri-budo ao gs trazido pelo Programa Institucional de Bolsas de Iniciao Docncia (Pibid) e s repetidas aprovaes que muitos vm obtendo em concursos pblicos, confirmando a profisso como de grande potencial de empregabilidade.

    De acordo com o Censo de Educao Superior de 2013, o nmero de concluintes das licenciaturas em todo o Brasil vinha crescendo timidamente at 2011 (apenas 2,1%, se com-parado a 2010), mas teve queda: foram 4% menos formados em 2012, em contraposio a 10,3% mais bacharis e 16,2% mais tecnlogos. Isso significa menos professores aptos a

    Encontro de histrias e conquistasRamayana Del Secchi Linhares cursou formao de

    professores no ensino mdio e, por isso, pde assumir o car-go de Professor 2 quando passou em seu primeiro concurso, ainda estando no 2 perodo da graduao. J em prtica, ela reconhece as dificuldades da rede pblica: um desa-fio imenso. E voc tem que estar muito bem preparado, ter uma estrutura muito boa para fazer a diferena na vida do seu aluno, independente de a escola ter estrutura ou no. Literata, Ramayana pretende fazer ps-graduao em Es-tudos Literrios na FEUC quando se formar, e cita Fernan-do Pessoa para mostrar seu empenho na carreira docente, Tudo vale a pena quando a alma no pequena.

    Da metalurgia na CSA para o magistrio. Esse foi o cami-nho do recm-formado em Geografia Ricardo Ferreira da Cunha, que escolheu a educao pblica como uma rea mais segura e tranquila para trabalhar: Falam sobre o trabalho do professor, que no tem uma estrutura boa. Em parte verdade, mas nada que voc no possa encarar. E na indstria eu passa-va uma rotina muito ruim. Eu vi na educao uma maneira de sair daquilo, de ter mais estabilidade. E no estou arrependido. Foi a melhor coisa que eu j fiz na vida, revela, com orgulho.

    Ricardo j trabalha em escola. inspetor de alunos no CIEP 311 Deputado Bocayuva Cunha, em Pacincia, desde o incio da graduao. Mas a vontade mesmo era de estar nas

    ingressar no mercado, anualmente. Alm disso, o estudo do MEC PNE e os desafios da Meta 15, abordado em setem-bro pelo jornal O Globo, aponta que 40% dos professores do ensino mdio podero se aposentar nos prximos seis anos, revelando uma possvel abertura de vagas ainda maior para quem realmente quer ser professor.

    Arlene Figueira, diretora de ensino da FEUC, explica que a desqualificao da carreira docente um dos motivos de desinteresse na rea: So salas lotadas, baixos salrios e fal-ta de plano de carreira, mas preciso mudar isso, observa ela, que leciona na rede municipal h 23 anos. Segundo Arle-ne, j se vislumbra um movimento pela melhora do ensino e do trabalho do professor, mas necessrio que todos lu-tem por isso: A educao foi massacrada por muito tempo, desde a ditadura militar. Mas a presso tem feito diversas prefeituras desenvolverem, agora, um plano de carreira melhor. O prprio Pibid um desses movimentos de ten-tar qualificar. Dou aula h mais de vinte anos e nunca tinha visto no magistrio pessoas ganhando bolsas para melhorar a docncia. E a Ptria Educadora s ir existir mesmo com propostas de uma educao que transforme, porque a gente s muda de poltica e de comportamento com a educao.

    E a repetimos a pergunta: a carreira do magistrio est em baixa? Na FEUC, pode ser que no.

    Por Gian Cornachini e Pollyana Lopes

    19

  • 20

    Capa

    salas de aula. Ele j passou em seis concursos, e atualmente aguarda os resultados oficiais de vagas para o ensino mu-nicipal e estadual em Angra dos Reis, onde pretende traba-lhar integralmente. Eu j lido com adolescente no Colgio, assim no vou ser pego de surpresa, apesar de em sala de aula ser diferente, claro. Mas no vou correr. Estou ansioso, quero dar aula, virar professor!, afirma ele.

    Descobrir qual carreira seguir nem sempre fcil. Pedro Pimenta Pieroni precisou ser pressionado pelo chefe a in-gressar na universidade para obter uma promoo, e s assim se encontrou profissionalmente. Mudei a minha vida toda quando vim fazer Cincias Sociais. Desisti daquela ideia de estudar para ganhar dinheiro. Comecei a fazer faculdade de Administrao porque o meu antigo chefe me mandou fazer uma faculdade para ser promovido. Eu fiz supletivo e no tive sociologia na escola. Fui ter o primeiro contato com a socio-logia na faculdade de Administrao. A eu juntei um dinhei-rinho, pedi demisso para estudar e estou aqui at hoje com o objetivo de dar aula, dar aula no ensino pblico, completa.

    H tambm quem descubra a vocao para o magistrio s na segunda graduao, em rea totalmente diferente. Alex Rosa da Silva ainda cursava Relaes Pblicas quando sua professora de antropologia observou seu talento em dia-logar de maneira didtica. Alguns anos depois de formado ele resolveu seguir o conselho de fazer uma licenciatura e in-gressou no curso de Cincias Sociais. Formou-se no primeiro semestre deste ano e tambm passou no concurso do esta-do do ano passado. Questionado sobre a certeza de ser pro-fessor, ele afirma, enftico: Absoluta! Eu j sou professor, inclusive dou aulas no CAEL. E acredito que posso fazer a diferena no ensino pblico porque no quero ser mais um na educao. Pegar toda a educao p-blica e dizer que ruim, o que o capi-tal quer, opina.

    Para alguns, realizar o sonho de es-tudar e se tornar professor pode vir um

    pouco mais tarde. Luciana Silva de Souza, que estampa a capa desta edio da revista FEUC em Foco, era dona de casa e se ocupava com a rotina dos filhos e em fazer tapetes. Mas eu era uma dona de casa meio estranha, que lia Marx, Dostoi-vski. Eu gosto de poltica, de economia, conta. Com os filhos independentes, o interesse por esses assuntos a levou, final-mente, a iniciar uma graduao. E ela no teve dvidas quanto ao curso: Escolhi fazer Cincias Sociais para compreender as relaes sociais, para me descobrir. Por exemplo: por que as mulheres so tratadas de forma diferente dos homens? Para descobrir, por exemplo, sobre o racismo, sobre a homofobia. Para compreender as polticas pblicas, principalmente, o por-qu de algumas serem destinadas mais para alguns setores e no para outros a educao, por exemplo.

    Luciana passou no concurso do estado de 2014 para a re-gio de Queimados, mas teve que pedir fim de fila, pois ainda no havia se formado. Prestes a colar grau, ela aguarda sua vez de entrar em sala de aula como professora. Desde criana eu sempre quis ser professora, mas a vida vai levando a gente para outros caminhos. O professor guarda dentro de si um conhecimento muito grande e transformador, no de mani-pulao, mas transformador, de colocar as pessoas conscien-tes do meio e do mundo. Ele no tem s o papel de ensinar a pessoa para coloc-la no mercado de trabalho, refora.

    Com apenas 21 anos, Caroline Melo da Silva pedago-ga formada e j tem histria ligada docncia. Descobriu-se na educao por meio do sonho da me, que ela tambm abraou ao entrar em contato com a pedagogia: Minha me sempre quis que eu fosse professora. Comecei o normal,

    acabei gostando muito e resolvi seguir. Consegui uma bolsa, vim para a FEUC e a gostei mais ainda, porque aqui tive professores que me inspiraram muito, conta. Caroline passou no concurso de Duque de Caxias para dar aulas na edu-cao infantil. Ela j trabalha no setor administrativo de uma escola e no v

    "Posso fazer a diferena (...) porque no quero ser mais um na educao"

    Ramayana garantiu uma vaga para professora quando estava no 2 perodo de Letras

    Ricardo trocou a metalurgia pela licenciatura, e j passou em

    seis concursos para a educao

    Fotos: Gian Cornachini

  • 21

    a hora de entrar em sala de aula: Eu prestei concurso para Caxias e a gente tem visto a demanda, a dificuldade que as escolas esto enfrentando. Acho que agora eu tenho uma forma de ajudar com o meu conhecimento que to pouco ainda essas crianas que vo vir para mim de um lugar que eu ainda no sei qual , mas que, com certeza, tm muita necessidade, acredita.

    comum que o sonho da sala de aula venha acompanha-do da motivao em continuar estudando e se aperfeioan-do. Concursada, Mnica Silva do Nascimento comeou a trabalhar em 1987 como auxiliar na educao infantil e, ago-ra no 2 perodo de Pedagogia, busca se especializar. Para ela, o curso tem um papel diferente: A graduao melhora meu desempenho como profissional na minha rea de trabalho. Ela faz a diferena. As pessoas que trabalham comigo j nota-ram que o meu modo de agir est diferente. Eu fiz o caminho inverso, mas j est tendo bons resultados, ressalta.

    Nesse grande encontro de histrias sobre nossos futuros professores, h tambm curiosas surpresas. Alguns alunos tm relatado a aprovao nos concursos mesmo sem ter dedicado tempo extraclasse para estudar. que o contedo dado em sala de aula est to fresquinho na cabea, que no fica difcil conseguir bons resultados. Exemplo disso so as amigas Andressa do Nascimento Corra e Lucimar Kai-zer dos Santos, do 7 perodo de Pedagogia, que tentaram o mesmo concurso para Duque de Caxias. Elas aguardam, agora, a avaliao de ttulos e a classificao geral para, en-to, saber se sero chamadas. De qualquer maneira, ambas tm muito a se orgulhar, pois fizeram a prova apenas com base no que aprenderam em aula: "Com a preparao que eu tive no curso consegui passar em uma colocao legal. E eu considero que fiquei bem para quem no estudou espe-cialmente para a prova", relata Andressa.

    Lucimar tambm pensa assim, principalmente porque fez

    a prova quando estava abalada emocio-nalmente: Passei por problemas dentro de casa e no queria fazer a prova. Mas eu fiz muitas amizades aqui, e minhas colegas me incentivaram a ir. E, mesmo despreparada, eu passei!, destaca ela. Alis, motivo para se orgulhar no lhe falta. Ex-vendedora de cosmticos, Luci-mar chegou ao ensino superior aos 40

    anos. Cansada do comrcio, ela se encantou pela educao: Para mim foi um momento de superao, porque quando eu cheguei aqui eu estava h vinte e poucos anos sem estudar. Estou fazendo o meu terceiro estgio, e isso me mostrou a importncia de estar em sala de aula. Eu vi que gosto e quero ser professora mesmo, diz ela, lamentando no ter ingres-sado na licenciatura h mais tempo: Se tivesse estudando antes, eu saberia at educar meus filhos melhor. A faculdade fez uma diferena muito grande na minha vida. Voc adquire bastante experincia, at mesmo se algum quiser te enrolar, voc vai saber argumentar, ter um poder de crtica", valoriza.

    J as pedagogas Vernica Faustina Nogueira e Andres-sa Gonalves da Silva Rodrigues no deixaram passar as oportunidades. Elas fizeram o concurso de Caxias quando estavam no ltimo perodo da graduao, no incio deste ano, e ambas tm planos de ingressar na ps-graduao das FIC enquanto aguardam ser chamadas. Andressa acertou 43 das 50 questes da prova e ressalta que o seu mrito est ligado formao que teve nas aulas: A faculdade nos deu contedo prprio de concurso. No tive tempo de estudar, e eu posso afirmar que o contedo que dado na FEUC preparando os alunos para a carreira profissional e tambm para qualquer concurso pblico, destaca. E Vernica pon-dera que a licenciatura nas FIC foi um diferencial em sua vida: Foi um divisor de guas. Eu entrei de um jeito e hoje sou muito melhor. A pedagoga j d aulas no ensino pri-vado, mas pretende se realizar no ensino pblico: O sonho de todo professor, todo profissional, um trabalho pblico.

    "A faculdade fez

    uma diferena

    muito grande na

    minha vida"

    Pedro, Alex e Luciana, de Cincias Sociais, mudaram suas atribuies para lecionar

    Formada em Pedagogia, Carol quer usar seu conhecimento

    para ajudar crianas a progredir

  • 22

    Capa

    Vou me realizar porque isso que a gente busca, afirma.Isabela Marques, que tambm pedagoga, formada

    em 2012, fez concurso no ano seguinte e agora foi chamada. Ainda falta uma etapa, a prova prtica, mas ela est con-fiante de que vai passar, pois tem certeza de que o contedo aprendido na graduao foi completo: Tudo o que caiu no concurso, eu aprendi na FEUC. Fez toda a diferena, porque eu no fiz formao de professores, ressalta ela, que no v a hora de comear a dar aula e fazer a diferena: Acho que temos que colocar o ser humano acima de tudo, antes mesmo do contedo, e valorizar aquele indivduo, salienta.

    O objetivo de Sabrina Damasceno Born de Barros, ao se inscrever na prova de Duque de Caxias, era adquirir experi-ncia em concurso. Para surpresa da estudante, que na ocasio cursava o 5 perodo de Letras-Espanhol, ela passou na prova. Se j tiver colado grau quando for chamada, dar aulas em sua rea. Eu no no me preparei. Realmente passei com base nos estudos que tive aqui, revela a aluna, contando sua expectativa com o futuro emprego: Dizem que a rotina um pouco puxa-da, mas minha inteno essa: fazer a diferena, ajudar os ado-lescentes, as crianas a progredirem em suas vidas estudantis e profissional. E ajudar a sociedade a ser um pouquinho melhor.

    Apesar de facilmente encontrar casos de estudantes que passaram nos concursos apenas com o preparo que a gra-duao j oferece, rick Patrick, estudante do 6 perodo de Histria, avalia tambm ser necessrio o esforo pesso-al nos estudos. Ele, que passou no concurso do estado de 2014 e no do municpio de Caxias deste ano, debruou-se na bibliografia da prova, inclusive comprando livros que ainda no tinha: Como eu no trabalho, estudo todos os dias, de segunda a sexta, de manh e tarde.

    Esforo e muito estudo. Essa tambm foi a frmula de Leandro de Sousa Martins, recm-formado em Mate-mtica e professor do CAEL, aprovado no concurso do esta-do de 2014. Ao meu ver, os professores, pelo menos na rea de Matemtica, incentivam voc a fazer o concurso, do a base, tiram as dvidas, mas no s isso. Voc tem que ir alm para conseguir passar, recomenda. Leandro participou de uma srie de projetos extra-aula, como preparao para o Enade, Desbloqueando (que oferecia aulas de reforo para a comunidade), resoluo de questes de concurso para o You-Tube e o Pibid. Tudo isso me deu uma base para passar nesse concurso. Alm de estudar em casa, porque eu adoro estudar, aprender! E eu quero ir alm da faculdade, declara.

    Questionado sobre a realidade do ensino pblico, ele des-taca as experincias que j teve no estgio e no Pibid: A gen-te trabalhava no Pibid as operaes bsicas, que so a base para toda a matemtica, de forma ldica, divertida, aplican-do jogos para tirar o estigma de que a matemtica muito difcil. Com certeza, isso vai fazer toda a diferena, diz Lean-dro, certo de que possvel fazer uma transposio didtica do contedo cientfico e trazer para a realidade do aluno.

    Ensino bsico melhorado e superior enriquecido

    Grupo de bolsistas do Pibid de Histria durante visita Alerj: aprendizado para ser repassado

    Alunos do colgio Raja Gabaglia falam sobre maioridade penal em evento do Pibid

  • 23

    Ensino bsico melhorado e superior enriquecidoAlgo que tem ajudado os alunos das FIC a ter

    certeza de que querem mesmo o magistrio a participao no Programa Institucional de Bol-sas de Iniciao Docncia (Pibid). Alm da PUC, a FEUC a nica outra instituio particular de ensino do Rio includa no programa do Governo Federal, que concede bolsas de R$ 400 para que os licenciandos desenvolvam pesquisas e ativida-des didtico-pedaggicas em escolas pblicas da regio, em parceria com docentes desses colgios e sob superviso de professores das FIC. So cerca de 170 bolsistas atualmente, oriundos de todas as licenciaturas, menos Computao.

    Estudantes de Cincias Sociais realizam ofici-nas inspiradas na realidade do ambiente em que a escola est inserida, com a finalidade de instigar o pensamento crticos dos jovens. Os de Geogra-fia utilizam ferramentas audiovisuais para criar cur-ta-metragens como experi-mentao metodolgica. J os graduandos em Histria trabalham a anlise crtica com estudantes do ensino mdio sobre a educao e o ensino da disciplina. Quem do Pibid de Letras (Portugus-Ingls) faz pesquisas sobre os pontos fortes e fracos do trabalho desenvolvido por professores de lngua inglesa em sala de aula, enquanto os de Letras (Portugus) esto focados em identificar principais dificuldades de leitura dos estudantes. Os licenciandos em Matemtica desenvolvem materiais didticos para auxiliar no melhor desenvolvimento cognitivo dos alunos. Os futuros pedagogos trabalham o letramento de crianas por meio de contos, cantigas de roda, qua-drinhos e elementos da cultura popular. E os inte-grantes do subprojeto Interdisciplinar, que englo-ba bolsistas de todas as licenciaturas, desenvolvem aes didtico-pedaggicas a partir da utilizao de livros das literaturas africanas e afro-brasileira.

    A aluna Mariana Mendona de Oliveira, do 3 perodo de Geografia, bolsista do Pibid des-de maro e j colhe bons frutos no projeto que

    desenvolve com outros colegas no Centro Inte-rescolar Estadual Micimo da Silva, em Campo Grande. Ela orientou estudantes do 2 ano do ensino mdio e tcnico em Edificaes a produzir um documentrio sobre a valorizao da cultu-ra africana e afrodescendente no Rio de Janeiro. Esse trabalho me ajudou a conhecer mais sobre a cultura africana e a saber como orientar mais os alunos. A gente vem aqui no horrio das aulas de Geografia e ajuda eles, tem uma vivncia na sala de aula, conhece o dia a dia deles, o que eles passam e as suas necessidades, explica Mariana.

    No entanto, o benefcio de ter uma formao mais slida no se restringe apenas aos bolsis-tas do Pibid, pois o programa tem o carter de promover a troca entre a universidade e a esco-la de formao bsica, e a melhoria do ensino

    pblico o principal obje-tivo. Foi possvel notar essa transformao durante a mostra de curtas apresen-tados no final de agosto, no Micimo. A aluna do 2 ano de Edificaes Eliana Cris-tina Gomes da Silva, de 15 anos, participou da produ-o do documentrio e ava-lia o projeto como de gran-

    de importncia para desconstruir preconceitos e instigar o pensamento crtico: Agora eu acho que est sendo mais comum debater o tema da cultura negra por causa deles [pessoal do Pibid]. As pessoas usam termos racistas como se fosse normal. Exemplo: falar que a pessoa morena. Muita gente chega em mim hoje e j no fala mais isso porque sabe que eu acho totalmente errado, porque a pessoa ou branca, parda ou negra. Morena uma forma de embranquecer a pessoa, diz Eliana, com firmeza.

    Esse carter de colocar o estudante para pen-sar, sem dvida, marca do programa. Em julho, a FEUC recebeu alunos de dois colgios parceiros do Pibid e, em uma tarde de muita interao, o tema da reduo da maioridade penal esteve em discusso. Aps palestras de Renato Teixeira

    Com o Pibid,

    bolsistas vivenciam

    a sala de aula e

    contribuem com o

    ensino pblico

    Foto

    s: G

    ian

    Co

    rnac

    hin

    i

    23

  • 24

    Capa

    de Sousa, membro da Comisso de Segurana Pblica da OAB, e Tobias Faria, educador popular do IFHEP, os alunos se dividiram em grupos, sob orientao dos bolsistas do Pibid, e debateram so-bre suas opinies a respeito. Ao fim do encontro, eles apresentaram suas concluses, revelando se mudaram ou no de opinio em relao ao assun-to. Entre os que mudaram, a maioria alegou estar mal-informada sobre os motivos de quem defende a criminalizao dos jovens a partir de 16 anos. A gente bombardeado o tempo todo por muitas in-

    formaes e no sabe separar o que tem um prin-cpio verdadeiro do que no tem. Nossos pais no sabem nos passar como usar a tecnologia a nosso favor, como uma ferramenta para pesquisar. Ns s seremos melhores com mais educao, analisou a estudante Nathlia, do colgio Raja Gabaglia.

    Depoimentos como esse provam que professo-res com formao slida so capazes de fazer mais pela educao. E por isso que os integrantes do Pibid buscam, sempre que possvel, aprofundar os conhecimentos em espaos alm dos muros da

    Bolsista v programa como meio de fortalecer sua formao

    Com o desejo conhecer melhor o perfil do bol-sista Pibid/FIC e sua percepo sobre o projeto e as atividades desenvolvidas, a FEUC em Foco reali-zou uma breve pesquisa de opinio com o grupo, obtendo respostas de cerca de 70% dos integran-tes ento em atividade. Nesse universo de 106 bolsistas, constatamos que mais da metade (58%) cursa o 6 e o 7 perodo, portanto so estudan-tes prestes a se formar. Praticamente 90% deles esto em sua primeira graduao, sendo que 83% afirmam que fazem exata-mente o curso que sempre quiseram, e quase a totalida-de deles (93,4%) j ingressou na licenciatura com a inten-o clara de atuar em sala de aula. E o que um orgulho para a instituio: 100% afir-mam estar gostando muito de seus cursos.

    Quanto participao no Pibid, perguntamos se a vivncia no programa os fez mudar a per-cepo sobre a carreira de professor, e somente 2 responderam que no, e justificaram dizendo que as prticas apenas reforaram sua opo e o que j sabiam sobre a profisso. Os outros 104 revela-ram que o programa mudou, sim, sua percepo, e as justificativas variaram em tom e intensidade, mas de modo geral giraram em torno da desco-berta de que possvel mudar para melhor o que

    eles prprios experimentaram no ensino pblico.Tem me ajudado a perceber as possibilidades

    para alm das mazelas do magistrio, disse um. Antes eu achava que realmente o sistema mol-dava totalmente a forma de ensino na sala de aula, e com o Pibid percebi que o professor con-segue contextualizar suas aulas de maneira aut-noma, afirmou outro. Mudou o rumo da minha carreira e meu modo de ver a docncia, mostrou que somos exemplos, somos mais polticos do

    que imaginamos, consta-tou um terceiro. Sobretudo, as respostas demonstram o tanto que esta gerao est empenhada em parar de s reclamar dos problemas e se incluir como parte da solu-o: Aumentou o senso de responsabilidade com mi-

    nha formao para poder atender os meus futu-ros alunos com mais propriedade e excelncia.

    Por fim, quisemos saber a opinio deles sobre a relevncia deste programa no contexto da necessi-dade de melhorar a educao. De novo as respos-tas foram otimistas, e o que observamos que eles reconhecem a iniciativa do projeto de investir na melhor formao dos professores, e se mostram dispostos a fazer sua parte: Um professor que tem a oportunidade de passar pelo Pibid durante sua graduao nunca mais ser o mesmo. E, toda vez

    " Mudou o rumo da

    minha carreira e

    meu modo de ver a

    docncia"

    24

  • 25

    Bolsista v programa como meio de fortalecer sua formao

    faculdade ou das escolas. Vivian Zampa, que co-ordenou o subprojeto de Histria at o semestre passado, variava bastante as atividades com o gru-po, e em julho levou os bolsistas Praa XV de No-vembro, Alerj e exposio de Picasso, no CCBB: A ideia desse trabalho de campo pensar as aulas de histria de uma forma diferente, de observar o patrimnio histrico e social. E o Rio de Janeiro um lugar muito privilegiado para ns, historiado-res. Mas o principal objetivo foi o de mostrar que a Histria est viva, a Histria no precisa estar pre-

    sa nos livros didticos, ela no precisa estar presa ao convencional, ao cuspe e giz, explica. O bolsista Allan Felipe Santana Fernandes, do 6 pero-do de Histria, confirma a importncia da experi-ncia: Achei a atividade de campo muito boa, de suma importncia para a nossa formao docente. E a formao em Histria no s metodologia, teoria, escrita, dentro de sala. Ter o contato com o patrimnio da nossa prpria cidade de suma im-portncia, no s enquanto historiadores e profes-sores, mas enquanto cidados cariocas, reforou.

    A maioria crtica quanto qualidade da escolapblica que frequentou, por isso quer fazer parte dasoluo dos problemas e se tornar um professor melhor

    a suaprimeiragraduao?

    o curso que sempre quis fazer?

    Tem inteno de atuar como professor?

    O Pibid mudou sua percepo sobreser professor?

    que pensar em desanimar, lembrar de suas prti-cas enquanto bolsista e se reinventar a cada dia.

    E como o que se quer justamente profissio-nais mais autnomos e mais crticos, fechemos com este depoimento: Acredito que o Pibid seja importante para os alunos esquecidos pelo poder pblico, para os professores que esqueceram o motivo de terem desejado estar em sala de aula trabalhando, para as escolas que se transforma-ram em prdios de frequncia obrigatria e, prin-cipalmente, para um sistema que permitiu que tudo isso acontecesse, tratando a escola, a edu-cao, os profissionais que dela vivem como um peso, e a populao como um estorvo. Posso pa-recer agressiva, mas projetos de incentivo edu-cao deveriam ser mais comuns e de continuida-de prolongada, ao contrrio do que costumamos ver. Educao no deveria ser um luxo dos que podem pagar por ela, inclusive por ser algo em que toda a populao investe, atravs dos impos-tos. Ento, que o Pibid tenha vida longa!

    1,89%

    98,11%

    SIM

    SIM

    NO

    NO

    89,62% 83,02%

    10,38% 16,98%

    799

    Infografia: Gian CornachiniProduo: Tania Neves

    Colaborao: PollyanaLopes

    Pesquisa realizada em agosto de 2015

  • 26

    Alto Astral

    Todos os dias, quando o relgio marca 14h, comea a expectati-va... Nomia? Luciana? Helosa? Uma delas vir trazendo o cafezinho mas no s o cafezinho: Quando a Nomia, o som da gargalhada chega an-tes. Vem conversando com todo mundo pelo caminho. Corre o risco at do caf j chegar frio, brinca o professor Hlio Rosa de Araujo, diretor das FIC. Ele cliente assduo do cafezinho pelo mes-mo motivo que Ceclia Barros, supervi-sora do Atendimento: Ajuda a espantar aquela lombeira de depois do almoo, mas acho que o bom humor das moas que trazem o caf funciona muito mais para despertar a gente, opina Ceclia.

    Sim, elas so conhecidas como as moas do caf, ou as meninas do caf. E olha que Nomia da Silva dos Reis, h 5 anos na FEUC, j at av. Helosa Helena Pupo de Mendona e Luciana Laurentino esto na casa h menos tempo: completaram 3 anos no dia 3 de setembro, quando o trio posou para a foto ao lado. E j que estamos fa-lando de aniversrios, Nomia lembra que o dela neste ms de setembro, dia 21 e quer receber muitos abraos!

    Ao longo do dia, entre outras tarefas, as trs funcionrias do refeitrio pre-param pelo menos 60 garrafas do apre-ciado lquido preto para enviar a diver-sos setores da instituio. A primeira leva sai logo depois das 6h da manh, depois tem outra rodada por volta de meio-dia e mais uma entre 16h e 17h. As garrafas so abastecidas e ficam no refeitrio disposio dos funcionrios dos setores, que vo busc-las. Mas a especialidade da casa mesmo o cafe-zinho que elas servem diligentemente no incio da tarde, circulando pelos prdios com seus acolhedores sorrisos e bom humor infalvel.

    Nomia conta que, antes de vir tra-balhar na FEUC, viveu um perodo em que perdeu muitas pessoas queridas, e se tornou triste e fechada, beirando a depresso. Aqui eu revivi, o ambiente acolhedor me fez alegre de novo, por isso s tenho a agradecer, diz ela, que retribui tornando a vida de todos mais doce e animada. Luciana tambm cita a acolhida dos colegas como incentivo para o alto astral: Conheo e falo com todo mundo, muito gostoso passar servindo caf. Para Helosa, o compor-tamento to elogiado pelos fregueses do caf faz bem para ela prpria, em

    Vai um cafezinho a?

    Caf: R$ 12 o kg; acar: R$ 1,80 o kg; a alegria

    que acompanha essas trs moas quando

    servem o cafezinho da tarde... no tem preo!

    Por Tania Neves

    Foto: Gian Cornachini

  • 27

    primeiro lugar: O tempo passa mais rpido se a gente trabalha com ale-gria, diz a funcionria, que tambm aluna da instituio, cursando o 3 pe-rodo de Matemtica.

    Quando elas entram aqui na Coor-denao uma festa, revela a professo-ra Vivian Zampa, que lamentavelmente deixou de ser freguesa do caf aban-donou o consumo de acar mas no dispensa a cortesia do alto astral. J Arlene aceita sempre um copinho: E quando a Luciana quem traz, de vez em quando eu lembro que ela me prometeu que voltaria a estudar, co-bra a professora. Embarcando no bom humor, a professora Clia conta que at j deu uma sugesto: Eu disse: meni-nas, diminuam a quantidade de acar! Vocs vo ver que o caf vai fazer mais sucesso e a instituio ainda vai ficar feliz com a economia. Mas no colou. E Helosa explica por qu: Uns consi-deram muito doce, mas tem tambm quem ache que tem pouco acar. Gos-to gosto, n? A gente tenta um meio termo para atender a maioria.

    Enfim, o cafezinho pode at no agradar a todos. J o sorriso e o bom humor de Nomia, Luciana e Helosa... isso sim unanimidade!

    Luciana, Nomia e Helosa: as moas do Caf da Alegria,

    craques em adoar o dia a dia

  • 28

    Ps-Graduao

    Que tal a carreira acadmica?

    Depois de concluir o ensino supe-rior, quem pretende continuar estudando, no Brasil, tem basi-camente duas opes: as ps-gradua-es lato sensu e stricto sensu. As primei-ras compreendem as especializaes e os MBAs, geralmente tm menor durao e atendem necessidades es-pecficas do mercado de trabalho. J os mestrados e doutorados so voltados para a carreira acadmica, pesquisa e docncia, e precisam da autorizao do governo para funcionar. Entre essas duas modalidades esto os mestrados profissionais. Ofertados por institui-es pblicas e privadas, eles seguem as regras dos mestrados tradicionais, mas tm foco na prtica, no mercado.

    Para comear a fase de especializa-o aps a graduao, os alunos tm diversas opes lato sensu aqui mes-

    mo na FEUC, que mantm cursos nas reas de Educao, Cincias Humanas, Cincias Exatas, Cincias Ambientais e Letras. E se a ideia depois for seguir para o mestrado, saiba que a Univer-sidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), a apenas 22km daqui, oferece diversos mestrados e doutorados em reas correlatas s graduaes das FIC.

    O professor Mauro Lopes um dos mestres da casa com o diploma da Ru-ral. Ele, que formado e ps-graduado em Histria pelas FIC, fez o mestrado em Cincias Sociais na UFRRJ. A mi-nha formao em histria, mas mi-nistrando aulas no curso de Cincias Sociais h alguns anos eu acabei ten-dendo para essa rea, conta.

    Mauro explica que o fator distncia foi crucial para concluir o curso. Eu es-colhi a Rural justamente por ser mais perto. Porque eu pude continuar tra-balhando e prosseguir com meus es-

    tudos. Determinado semestre eu saa da escola municipal s 14h25, tinha que estar s 15h na Rural para uma aula e s 19h eu tinha que estar aqui na FEUC. A proximidade ajuda bastante, disse.

    O pr-reitor de Pesquisa e Ps-Gradu-ao da UFRRJ, Roberto Lelis, explica o perfil do aluno de ps-graduao stricto sensu: O mestrado abre caminhos para o profissional que, a princpio, queira seguir na carreira acadmica, que quei-ra se tornar professor ou pesquisador. O aluno de mestrado aquele que quer es-tudar e que tem um diferencial. Ele tem que demonstrar esse interesse, precisa se engajar, de alguma forma, num projeto de pesquisa e tentar desenvolver alguma coisa junto da monografia.

    o que pretende fazer Ismar Rocha Peixoto, egresso das FIC que concluiu o curso de Histria no primeiro semes-tre de 2015. Ele desenvolveu o trabalho de concluso de curso sobre as prticas

    A Rural oferece mestrados edoutorados em reas correlatas

    a muitos cursos da FEUC

    Por Pollyana Lopes

    Foto: Gian Cornachini

  • 29

    PPGEduCIMATPrograma de Ps-Graduao em Educa-o em Cincias e Matemtica (Mestrado Profissional)Site: http://cursos.ufrrj.br/posgraduacao/ppgeducimat Sobre: Iniciou as atividades em 2015. Tem o En-sino e Aprendizagem de Cincias e Matemtica como rea de concentrao. Destina-se, preferen-cialmente, a professores de cincias da natureza que atuam em escolas de ensino fundamental, mdio e superior.Vagas: 20Linhas de pesquisa: Educao em Cincias e Matemtica e Or-

    ganizao Curricular; Processos de Ensino-Aprendizagem em

    Cincias e Matemtica.

    PPGCSPrograma de Ps-Graduao em Cincias SociaisSite: http://r1.ufrrj.br/wp/ppgcs/Sobre: Programa interinstitucional realizado em parceria entre os institutos de Cincias Humanas e Sociais (ICHS), em Seropdica, Multidisciplinar (IM), em Nova Iguau, e Trs Rios (ITR). Privilegia abor-dagens interdisciplinares. Oferece apenas mestrado.Vagas: 24Linhas de pesquisa: Instituies, Polticas Pblicas e Teoria Po-

    ltica; Sociabilidades, Conflito e Processos Identi-

    trios; Dinmicas Sociais, Prticas Culturais, Re-

    presentaes e Subjetividade.

    PPHRPrograma de Ps-Graduao em HistriaSite: http://cursos.ufrrj.br/posgraduacao/pphr/ Sobre: Criado em 2008, tem como rea de con-centrao Relaes de Poder e Cultura. Conta com mestrado e doutorado.Vagas: 30Linhas de pesquisa: Relaes de Poder, Linguagens e Histria

    Intelectual; Relaes de Poder, Trabalho e Prticas Culturais.

    PPGAPrograma de Ps Graduao em AdministraoSite: http://cursos.ufrrj.br/posgraduacao/ppga/Sobre: Tendo como rea de concentrao Gesto e Estratgia, o programa foi criado em 2013 e prope-se a gerar e disseminar conhecimento e reflexo na rea da Administrao. Oferece apenas mestrado.Vagas: 20.Linhas de pesquisa: Estado e Sociedade; Estratgias, Mercados e Aprendizagem.

    Que tal a carreira acadmica?de cura feitas por escravos no fim do sculo XVIII e incio do sculo XIX e pretende dar continuidade pes-quisa no mestrado de Histria da UFRRJ. A graduao foi de essen-cial importncia para que eu tivesse interesse no mestrado, porque me iniciou cientificamente no mundo da pesquisa e me apresentou uma gama de autores e fontes de pesqui-sa histrica, destacou Ismar.

    Para aqueles que no tm tanto tempo disponvel agora, ou conside-ram que ainda esto crus para o mes-trado, a professora Gabriela Barbosa, coordenadora de Ps-Graduao, Ex-tenso e Pesquisa das FIC, recomenda iniciar por um curso lato sensu: Uma das grandes vantagens de se fazer uma ps que o trabalho final j pode ser praticamente o projeto para um mestrado, e a fica sempre mais fcil se engajar em um bom programa, diz.

    Para quem mora em

    Campo Grande e

    regio e quer seguir

    estudando alm da ps

    lato sensu, a Rural fica a

    22km daqui e oferece

    vrios mestrados e

    doutorados, como

    voc pode

    conferir nos destaques

    Pr-reitor da UFRRJ, Roberto Carlos Costa Lelis afirma que o

    foco do mestrado o aluno

    Foto: Pollyana Lopes

  • 30

    PPGEPrograma de Ps-Graduao em Gesto e Es-tratgia (Mestrado Profissional)Site: http://cursos.ufrrj.br/posgraduacao/ppge/ Sobre: Mestrado Profissional em vigor desde 2000. Tem o propsito de capacitar profissionais para realizarem pesquisas no campo da gesto.Vagas: 30.Linhas de pesquisa: Processos e Tecnologias; Organizaes, Sociedade e Mercados.

    PPGGEOPrograma de Ps-Graduao em GeografiaSite: http://cursos.ufrrj.br/posgraduacao/ppggeo/Sobre: Iniciou as atividades em 2015 e tem como rea de concentrao Espao, Questes Ambientais e Formao em Geografia. Oferece apenas mestrado.Vagas: 15Linhas de pesquisa: Espao e Poltica; Dinmicas da Natureza e Questes Ambientais; Processos Formativos, Prtica e Ensino de Geografia.

    PROFMATPrograma de Ps-Graduao Mestrado Profissional em Matemtica em Rede Na-cional (semipresencial)Site: http://cursos.ufrrj.br/posgraduacao/profmat/Sobre: Oferecido por instituies de ensino su-perior de todo o pas, o programa coordenado nacionalmente pela Sociedade Brasileira de Ma-temtica. Os alunos ingressantes que comprovem o exerccio da docncia de matemtica em escolas pblicas podem solicitar uma bolsa da Coordena-o de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Su-perior (CAPES).Vagas: 15 vagas para o plo UFRRJLinhas de pesquisa: Anlise Funcional; Sistemas Dinmicos; Geometria Diferencial; Otimizao; Anlise Numrica; Ensino Bsico de Matemtica; Ensino Universitrio de Matemtica.

    PPGEAPrograma de Ps-Graduao em Educao AgrcolaSite: http://cursos.ufrrj.br/posgraduacao/ppgeaSobre: Voltado para o ensino tcnico, o programa agrega professores pesquisadores de Pedagogia, Educao Fsica, Cincias Agrcolas, Psicologia, Biologia, Letras. Oferece apenas mestrado.Vagas: 30Linhas de pesquisa: Formao Docente e Polticas para a

    Educao Agrcola; Metodologia do Ensino e da Pesquisa para a

    Educao Agrcola; Construo de Saberes na Educao

    Agrcola: Conhecimento Tcnico e Cincia; Educao Agrcola, Ambiente e Sociedade; Identidades Culturais e Representaes

    Coletivas.

    PPGEDUCPrograma de Ps-Graduao em Educa-o, Contextos Contemporneos e De-mandas PopularesSite: http://cursos.ufrrj.br/posgraduacao/ppgeduc/Sobre: Fruto de uma parceria entre o Instituto Multidisciplinar, em Nova Iguau, e o Instituto de Educao, em Seropdica, iniciou as atividades em 2008. Tem mestrado e doutorado.Vagas: o nmero definido de acordo com a disponibilidade dos professores orientadores. No edital 2015, foram abertas 33 vagas.Linhas de pesquisa: Estudos Contemporneos e Prticas Educativas; Desigualdades Sociais e Polticas Educacionais; Educao e Diversidades tnico-Raciais.

    PPGMMCPrograma de Mestrado em Modelagem Ma-temtica e ComputacionalSite: http://r1.ufrrj.br/ppgmmc/ Sobre: Iniciou as atividades em 2012. O progra-ma prope-se a articular de forma interdisciplinar trs reas de conhecimento - Matemtica, Esta-tstica e Computao - a subreas alvo em Qumi-ca, Fsica e Engenharia.Vagas: 15Linhas de pesquisa: Modelagem Matemtica e Estatstica; Inteligncia Computacional e Otimizao.

    Ps-Graduao

  • 31

    Quem passa em frente entrada da Educao Infantil j deve ter percebido, no lado oposto, a presena de um estranho objeto azul cla-ro conectado coluna que canaliza as guas pluviais vindas do alto do prdio A. Trata-se do pontap ini-cial de um importante projeto que, a mdio prazo, poder levar a FEUC a reduzir consideravelmente sua conta de gua com a Cedae. um filtro que separa os resduos que vm com a chuva e lana a gua di-retamente na cisterna, a partir de onde ser reapro-veitada nas descargas de todos os banheiros daquele prdio e tambm para regar plantas e lavar cho.

    Se tudo der certo com este primeiro teste, repli-caremos o sistema nos demais prdios, o que nos permitir reduzir o consumo de gua da Cedae, uti-lizando-a apenas nas pias e terminais onde se neces-sita de gua potvel, explica o presidente da FEUC, professor Durval Neves, ele prprio o engenheiro da obra, que vem sendo tocada por trs funcionrios da casa: o bombeiro hidrulico Carlos Jorge Rocha, o serralheiro Carlos Alberto Plcido Luiz e o analista de sistemas Fbio Alves Lima, que pesquisa os temas de sustentabilidade e energia alternativa por paixo.

    Os Carlos esto animados com o projeto. Acre-ditamos que em outubro j estar tudo pronto para os primeiros testes, dependendo s de ter chuva, diz Carlos Jorge, explicando que preciso primei-ro ver se o mecanismo funcionar, fazer os ajustes necessrios e somente depois conect-lo cisterna. Funcionando, o passo seguinte colocar nos outros prdios. E ns vamos construir aqui mesmo os pr-ximos filtros, inspirados neste a que foi comprado, completa Carlos Alberto.

    Uma vez armazenada na cisterna, a gua ser

    impulsionada para a caixa dgua por meio de uma bomba movida a energia solar, outro projeto piloto para o qual Fbio tambm faz pesquisas: Esta pla-ca j est em funcionamento, e no futuro teremos muitas outras, que nos permitiro produzir parte da energia usada no prdio, diz.

    Claro que a economia importante, mas o pre-sidente refora o carter mais abrangente da inicia-tiva: Somos uma instituio de educao, e educar sobre sustentabilidade passa por essas aes, que serviro de laboratrio para nossos alunos dos cur-sos tcnicos e podero estimular nossos funcion-rios a replicarem em suas casas, na medida do poss-vel, diz o professor Durval.

    Ecoeficincia

    Tomara que chova, para encher o cofrinho!Sistema de reuso da gua de chuva, que est sendo implantado por

    funcionrios da casa, trar economia e exemplo de sustentabilidade

    Foto: Gian Cornachini

    A gua que desce do telhado passar pelo filtro e os resduos maiores (folhas, pedrinhas)

    sero descartados pelo cano da direita, enquanto a gua descer pelo outro cano

    esquerda, que ser conectado cisterna

    Por Tania Neves

  • 32

    Zona Oeste

    A velha casa da Rua Saio Lobato respira arte e cultura. H mais de 30 anos ponto de encontro de artistas locais da Pedra de Guaratiba e de forasteiros gente que, cada vez mais, vem de longe para participar do Sarau Potico, uma das vrias atividades que marcam a atuao do coletivo Mulheres de Pedra. Formado h cerca de 15 anos, na esteira da efervescncia cultural do endereo onde inicialmente morava a pedagoga Leila de Souza Netto e o artista plstico Srgio Vidal da Rocha, hoje o coletivo conta com 12 a 15 integrantes mais assduas e pelo menos duas dezenas de mulheres que vo e voltam. A famlia acabou se mudando para outro lugar, e o coletivo fincou bandeira na simptica casinha de pescador, onde nos dias de reunio e trabalho as artistas e artess se espalham em mesas e cadeiras pelos diversos cmodos e at mesmo no terreiro, sob a sombra do arvoredo.

    Leila de Souza Netto conta que o trabalho colaborativo comeou com uma visita ao ateli de Dora Romana, onde a artista plstica convidou as mulheres a expressarem sua arte em quadrados de pano, que depois seriam unidos e trans-formados numa grande colcha. Assim surgiram as colchas de retalhos ou painis temticos, pois se pautam sempre por um assunto que so a marca registrada das Mulheres

    PorTania Neves

    Coletivo feminino de artistas e

    artess de Pedra de Guaratiba

    produz encantamento e beleza

    com o que o mundo joga fora

    de Pedra. Foi uma descoberta para alm do fazer arte, o que muitas de ns j fazia. Foi sobre o que fazer com a arte, porque no s o trabalho artstico, tem principalmente o sentido da colaborao, de saber trabalhar com os outros, de se despir dos egos, define.

    Formada em Pedagogia pela FEUC em 1997, Leila traba-lhou por mais de uma dcada administrando um curso par-ticular para jovens e adultos em Campo Grande. Hoje, aos 60 anos, define-se como educadora popular. Alm de artista e ativista social, claro. E tempera todas essas atividades educao, arte, ativismo com solidariedade e sustentabi-lidade: A gente defende a economia solidria, o comrcio justo. E faz esse trabalho no s porque precisa vender, ter renda, mas para mostrar que possvel reaproveitar coisas, reciclar, deixar menos pegadas no meio ambiente.

    Quando pedi para ver alguma coisa produzida por ela, Leila apareceu com aventais feitos de tecido reaproveitado de sombrinhas, aquelas que entortam em dias de chuva de vento e os donos jogam fora nas ruas. De to lindos, no resisti e comprei um, rosinha florido, que ainda no tive coragem de sujar na cozinha... Tirar do ambiente algo que estava l poluindo e dar um uso, esse o compromisso, diz a artista. No coletivo h diversas mulheres que trabalham com peas recicladas e tambm com material novo, como o caso de Andra, conhecida pelas roupas e bijuterias de temtica afro, em que mistura o velho e o novo. Juliana, a mais nova integrante, est se iniciando no artesanato com a produo de delicados ms de geladeira: bonequinhos fei-tos com lacre de latinhas de alumnio e massa de biscuit.

    Fazer intercmbios com outros coletivos do Brasil e do mundo tem sido importante para as Mulheres de Pedra, que com isso ganharam visibilidade nacional e internacio-nal. Por exemplo, j mostraram seu trabalho no Frum So-cial Mundial (em Belm, 2009) e por quatro vezes participa-

  • 33

    ram da Semana da Solidariedade Internacional (em Paris), entre outras parcerias. Quem d detalhes Lvia, uma das filhas de Leila: J fizemos intercmbios com coletivos do Rio Grande do Sul, Bahia e outros estados. E agora estamos conversando com o Mijiba, de mulheres negras da periferia de So Paulo, para traz-lo aqui.

    E como fazer experimentaes em novas reas com elas mesmas, as Mulheres de Pedra se inscreveram este ano no Festival 72 Horas Rio, em que os concorrentes recebem uma frase em torno da qual devem produzir um filme de 6 mi-nutos em apenas 72 horas contando desde a concepo, filmagem, edio, sonorizao... tudo! Pois elas juntaram suas foras e talentos, atraram outras parceiras mulheres e deram conta do recado to bem que faturaram os pr-mios de melhor filme, melhor som e melhor fico com o belssimo Elek, que pode ser assistido no YouTube. A frase condutora do enredo? Tudo faz sentido agora.

    O que no faz mais sentido apenas continuar contando tantas coisas sobre essas guerreiras: est na hora de voc ir l conhecer pessoalmente. O Sarau Potico acontece no segundo sbado de cada ms, de 18h s 23h, sempre com apresentao de algum convidado especial, embora parti-cipaes improvisadas de visitantes sejam bem recebidas. No ltimo final de semana de setembro ter a Festa da Primavera, com a Rua Saio Lobato fechada para a monta-gem de mais de 40 barracas onde no somente as mulhe-res do coletivo, mas tambm outros artistas da regio, vo expor e vender suas peas. Paralelamente ser realizada a 1 Mostra de Arte de Rua, com apresentao de artistas da Zona Oeste. E diversos outros eventos costumam ser marcados ao longo do ano, como o Vidas (Vivncias, Inte-raes e Visibilidades de Afro-Brasileiras), exposies, ro-das de jongo e outros mais, sempre anunciados na pgina www.facebook.com/MulheresDePedra. Esse pra curtir!

    Junto ao painel gua, Leila posa com a filha Lvia e Juliana,

    a mais nova do grupo

    As colchas, ou painis temticos, renem a criao de vrias mulheres sobre um tema

    Foto: Tania Neves

    Foto: Facebook/Mulheres de Pedra

  • 34

    Artigo

    Fabrcio Ferreira de MedeirosGraduando do 7 perodo de Histria e bolsista PIBID/FIC

    A Imprensa um dos personagens mais pre-sentes em nosso cotidiano. Atravs de jornais, revistas etc., apreendemos acontecimentos que fogem nossa experincia pessoal. Por sua vez, os rgos de comunicao costumam atribuir grande importncia a seus servios prestados sociedade, enquanto agentes de mediao entre o poder poltico (agentes e instituies pblicas) e o povo. Apresentam-se na condio de fiscaliza-dores do poder pblico. Contudo, a Imprensa no se define apenas por informar o cidado.

    Como observou Nelson Werneck Sodr, a histria da imprensa a prpria histria do de-senvolvimento da sociedade capitalista. A partir do momento em que o jornal deixa de ser pro-duzido artesanalmente, no decorrer do sculo XIX, e se torna um produto industrial, seu car-ter sofre alteraes. O jornal, aponta Francisco Surian, continua a apresentar-se como legtimo guardio da liberdade de imprensa, porm pas-sa a ser instrumento de novos interesses. Na qualidade de empresa, preocupa-se mais com as necessidades da empresa, insere-se no jogo do mercado, necessita gerar lucro e afasta-se da defesa da cidadania e dos direitos do cidado. Ainda assim, os grandes jornais de hoje (Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, O Globo etc.) se

    consideram fiis intrpretes da opinio pblica. Consta nos Princpios Editoriais do Grupo Glo-

    bo, por exemplo, que s se divulga informao relevante. Obviamente, a atividade jornalstica limitada e seletiva, sendo impossvel noticiar tudo o que acontece na sociedade. Ento, cabe a per-gunta: ser que os interesses de uma empresa mi-ditica, como o Grupo Globo, que fatura bilhes de reais por ano, so os mesmos do trabalhador assalariado? Dificilmente.

    Portanto, os jornais tendem a se afastar do papel de simples fiscalizadores do poder pbli-co, na medida em que tm como objetivo maior o lucro. Alm disso, a Imprensa no s informa, como tambm busca influenciar o pblico leitor/telespectador, enfatizando determinados prin-cpios de viso e diviso do mundo social em detrimento de outros, diria Pierre Bourdieu. Ao dizer conflito em vez de massacre, noticiando a relao estabelecida entre uma determinada categoria profissional (professores, garis etc.) e as foras policiais, em meio a um ato de reivindica-o de direitos trabalhistas, o jornal interpreta o acontecimento de acordo com os interesses e va-lores de seu grupo diretor. Em suma, h uma dis-tncia enorme entre a autoimagem da Imprensa e seus noticirios que precisa ser questionada.

    Imprensa e Poltica: fiscalizao do poder pblico ou autopromoo?*

    *Este artigo parte de pesquisa (em andamento) para o Trabalho deConcluso de Curso, sob orientao da professora Nathalia Faria, em que

    analisado o posicionamento poltico e ideolgico do jornal O Globonas eleies presidenciais de 1994 e 1998.

  • 35

  • 36