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Revista Geografar www.ser.ufpr.br/geografar Curitiba, v.3, n.2, p.86-116, jul./dez. 2008 ISSN: 1981-089X
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A ESTRUTURA GEOECOLÓGICA DA PAISAGEM COMO SUBSÍDIO A ANÁLISE
GEOAMBIENTAL NO MUNICÍPIO DE APUCARANA-PR
FERNANDO CÉSAR MANOSSO1
MARIA TERESA DE NÓBREGA2
RESUMO: O conhecimento da estrutura geoecológica da paisagem e o seu funcionamento fornece importantes
subsídios para a análise ambiental e o planejamento das atividades socioeconômicas de forma mais sustentável.
Este trabalho apresenta as diferentes unidades de paisagens que compõem o território municipal de Apucarana.
Foram identificadas sete unidades de paisagem, definidas a partir da análise integrada dos elementos relevo,
litologia, solos e aspectos socioeconômicos. As vertentes típicas em cada unidade foram tomadas como
referência para a definição da estrutura geoecológica (vertical e horizontal), formas de uso e ocupação atual e
funcionamento. Foram identificadas sete unidades de paisagem representadas em um quadro e um mapa síntese
que permitem uma visão mais ampla e integrada entre elas.
Palavras-Chave: Estrutura Geoecológica, Paisagem, Vertentes e Apucarana.
ABSTRACT: The knowledge of the landscape geoecological structure and its functioning provides important
data for the environmental analysis and the planning of socioeconomic activities in a more sustainable way. This
work presents the different landscape units that make up the municipal territory of Apucarana. It was identified
seven landscape units, defined from the integrated analysis of the factors: relief, lithology, soils and
socioeconomic aspects. The typical strands in each unit were taken as reference for defining the geoecological
structure (vertical and horizontal), forms of current use and occupation and operation. It was identified seven
landscape units represented in a table and a summary map that allow a broader and integrated view of them.
Key-Words: Landscape, Structure Geoecological, Strands and Apucarana.
INTRODUÇÃO
Nas ultimas décadas, preocupações de ordem mundial têm sido direcionadas para alguns
problemas ambientais como, por exemplo, o aquecimento global, as agressões à camada de
ozônio e a crescente escassez de água potável. No entanto, além destes, existem outros que
necessitam intervenções, ações e pesquisas em nível local, e que representam um grande
passo na garantia da exploração e aproveitamento racional dos recursos.
1 Doutorando em Geografia do Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Estadual de
Maringá-PR – Bolsista CAPES. 2 Professora Dra. do Departamento de Geografia da Universidade Estadual de Maringá-PR.
Contato: [email protected]
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As ações e pesquisas em escalas locais são mais passíveis de aplicação, por este motivo
foi selecionado o recorte político do município de Apucarana, situado na região Norte do
estado do Paraná, cujo território é composto por vários compartimentos distintos de paisagem,
dotados de um agrupamento de atributos próprios e um funcionamento particular que
merecem melhor entendimento.
No município, observam-se paisagens reorganizadas em função das atuais condições
político-sociais e econômicas, enquanto outras guardam vestígios de condições passadas,
através de uma aparente resistência do setor rural frente ao modelo de exploração agrícola
atual. Em alguns casos percebe-se que por trás dessa situação divergente estão associados
fatos e fenômenos que geram potencialidades e limitações distintas, tornando certas áreas
mais aptas ou menos aptas aos modelos de exploração atuais.
Os estudos integrados de paisagem, no âmbito da geografia física, contemplam esses
aspectos, sobretudo aqueles que inserem as dinâmicas socioeconômicas sobre um plano de
atributos e elementos físicos que, por sua vez, são dotados de funcionalidade própria no
espaço e no tempo.
Frades (1994) interpreta o potencial ecológico das paisagens, representado pelas
condições climáticas e características edáficas, como integrante do processo produtivo agrário
e por isso também responsável pela organização das paisagens. O que vai ao encontro às
afirmativas de Bolós (1992) quando indica a diversidade das paisagens rurais como fruto da
forma de ocupação e exploração do território e em definitivo, do tratamento concedido aos
recursos naturais. E que a diversidade espacial da paisagem rural se baseia igualmente nas
diferentes formas de uso e exploração própria de cada cultura e nas características naturais
climáticas e físicas das paisagens. Essa autora situa, a partir de uma concepção geossistêmica,
o sistema agrário como uma interface entre os sistemas abiótico, biótico e sócio econômico.
Diversos trabalhos acadêmicos como os de Frades (1994), Rodriguez et al (1995),
Espino (1995), Sheibe (1997), Ferreira (1997), Rodrigues (1998), Pellerin e Hellvin (1998),
Santos et al (2000), Rossi e Queiroz Neto (2001), Pedrotti e Martinelli (2001), Carvalho e
Braga (2001), Ruhoff (2002), Cavalheiro et al (2002), Ribeiro et al (2002), Buche (2003),
Dias (2003), Freitas et al (2003), Marçal et al (2003), Valaski e Nucci (2007), Kröker (2007),
Dias e Santos (2007), Deschamps (2004), Oliveira (2003), Peccioli Filho (2005) dentre outros
buscam compreender e classificar as paisagens de forma integrada no intuito de identificar
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suas potencialidades, limitações e inclusive avaliar a estrutura geoecológica como suporte
para atividades socioeconômicas, ambiental e socialmente responsáveis.
Como decorrência, através do diagnóstico da paisagem, onde são reconhecidos os seus
elementos principais, sua estrutura e seu funcionamento, pode-se criar mecanismos mais
hábeis para subsidiar o planejamento e as ações dos sistemas socioeconômicos que exploram
o potencial ecológico dessa paisagem. A utilização do potencial ecológico carece muitas
vezes de informação sobre o real comportamento do ambiente físico, o que geralmente se
reverte em maiores custos na reprodução do capital e na maior degradação do ambiente.
A preocupação mais expressiva é delimitar as unidades sob uma ótica das suas
qualidades físicas, como morfologia, estrutura, funcionamento, comportamento e evolução,
além da ótica socioeconômica, que é determinada pelas decisões sócio-políticas,
institucionais, organizacionais, econômicas, etc, formando, assim, um conjunto de atributos
síntese pertinentes à classificação e delimitação das unidades.
No que se refere à delimitação, este é um processo muito abstrato, de difícil precisão e
que se deve preocupar com as escalas de grandeza da interpretação, pois como menciona Ross
(1991), não existe modificações bruscas de uma condição ambiental para outra, existindo
sempre uma faixa de transição.
As unidades de paisagem também se organizam sobre o território em função de uma
série de atributos temporais e espaciais que na maioria das vezes são de difícil delimitação e
por isso, o método de abordagem integrada ou sistêmica procura associar o máximo possível
de informações quantitativas e qualitativas do ambiente para, desta forma, poder sintetizar a
organização das unidades homogêneas, dotadas de um comportamento e uma estrutura
própria.
Estrutura esta que possui um funcionamento e uma variação horizontal e vertical, os
quais deve-se interpretar de modo integrado.
A paisagem, de acordo com uma escala de grandeza, possui uma distribuição
heterogênea ao longo da superfície, e por isso, considera-se que horizontalmente, a paisagem
sofre diversas modificações de ordem morfológica, estrutural, litológica, pedológica,
climática e geomorfológica, além da cobertura vegetal natural ou não e dos vários usos
urbanos e agrários.
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A estrutura vertical da paisagem é definida pelos seus diversos elementos (a atmosfera,
passando pela superfície edáfica, incidindo sobre a cobertura vegetal, as águas superficiais e
sub-superficiais, chegando até a rocha mãe), que interagindo uns sobre os outros, em um dado
local, são os responsáveis pela dinâmica natural da paisagem. A variação horizontal, por outro
lado, é identificada e classificada através dos geofácies, que é, em termos gerais, resultante da
reprodução espacial de uma dada estrutura vertical (BEROUCHACHVILI e BERTRAND,
1978).
São sobre estas estruturas geoecológicas superficiais verticais e horizontais que inferem
as atividades antrópicas, influenciando fortemente pela produção social atuante o
funcionamento das paisagens como um todo.
Nesse trabalho objetiva-se, portanto, apresentar a síntese do mosaico de paisagens
identificadas ao longo do território do município de Apucarana, assim como a sua
caracterização e dinâmica, tomando-se as vertentes típicas em cada unidade para, a partir
delas, apresentar a sua estrutura geoecológica (vertical e horizontal), formas de uso e
ocupação atual e funcionamento.
MATERIAIS E MÉTODOS
Caracterização geral da área de estudo
O município de Apucarana está localizado na região norte do estado do Paraná (Figura
1). A cidade foi instalada em 1944, por intermédio das ações da Companhia de Terras Norte
do Paraná, desenvolvendo-se no contexto da expansão da agricultura cafeeira, proveniente do
interior do estado de São Paulo, e na produção, beneficiamento e transporte deste produto.
Situado no Terceiro Planalto Paranaense, sobre um grande divisor de águas entre as
bacias hidrográficas dos rios Tibagi a Leste, Ivaí ao Sul e Paranapanema ao Norte, o
município de Apucarana apresenta altitudes compreendidas entre 750 e 860 metros ao longo
deste interflúvio principal, até cotas inferiores a 500 metros, nas extremidades Leste, Oeste e
Sul do município. O substrato geológico em toda a extensão é constituído por uma sucessão
de derrames vulcânicos (rochas basálticas e andesi-basálticas, predominantemente), da
Formação Serra Geral, Grupo São Bento.
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FIGURA 1. LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO
O clima é do tipo úmido mesotérmico, com pluviometria anual acumulada entre 1.500 e
1.700 mm e uma temperatura média anual de 20º C (Simepar, série de dados 1968 – 2002).
Esta configuração física reflete uma paisagem bastante diversificada, que possui como
produtos agrícolas principais o milho, a soja, o trigo, o café, além da atividade pecuária,
dentre outros cultivos de menor extensão como frutíferas (uva, caqui, abacate, etc).
Metodologia
Para alcançar os documentos síntese que aqui são apresentados, passou-se por diversas
etapas, com aplicação e adaptação de vários métodos, além da própria revisão bibliográfica
sobre o tema e sobre a área em estudo, conforme o Quadro 1.
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QUADRO 1. ETAPAS DA PESQUISA
ETAPA OBJETIVOS
- Adaptações Metodológicas
(Richard, 1975; 1989),
(Bertrand, 1872; 1978) e
(Monteiro, 1995; 2000)
- Análise da Paisagem (Fundamentação teórico-metodológica)
- Construção dos Perfis Geoecológicos
- Levantamento de Dados
- Reconhecimento de Campo
- Dados socioeconômicos (economia, população, agricultura e
territoriais)
- Registro fotográfico
- Construção da Base Cartográfica (Clima, Solos, Hidrografia,
Hipsometria, Declividade, Uso do Solo, Imageamento por satélite e
Fotografias aéreas)
- Entrevistas
- Análise integrada da paisagem
e Tabulação de Dados
- Agricultura e Pecuária; Economia; Sócio-espacialidade;
Representação Cartográfica.
- Controle de Campo
- Classificação e Delimitação das Unidades de Paisagem
- Caracterização e detalhamento das unidades
- Estrutura Geoecológica (Vertical e Horizontal)
- Diagnóstico e Prognóstico - Documentos finais (quadro síntese e mapa síntese)
- Cruzamento e Sobreposição temática
Materiais utilizados
Documentos Cartográficos
- Mapa de Solos do Estado do Paraná (Ministério da Agricultura, Escala 1:300 000) -
1971
- Folha Topográfica Escala 1:250 000 S-F-22-Y-D (1977)
- Imagem Landsat ETM+ (2000);
- Atlas do Estado do Paraná (1987)
- Fotografias Aéreas (COPEL, 1980) Escala 1:25 000
- Fotografias Aéreas (PARANACIDADE, 1996) Escala 1: 10 000
Dados socioeconômicos
- Dados Municipais (EMATER-PR, SEAB, DERAL, PREFEITURA e IBGE)
- Censos Demográficos e Agropecuários (IBGE)
- Entrevistas junto a pioneiros da cidade
Procedimentos
De modo a alcançar as unidades de paisagem apresentadas a seguir, adotou-se o critério
de cruzamento dos materiais cartográficos, junto a aferições de campo para se chegar à
compartimentação das áreas definidas como unidades de paisagem do município de
Apucarana.
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Os dados socioeconômicos, apesar de não possibilitar sua espacialização cartográfica, a
classificação supervisionada pelo método MAXVER (Spring – INPE) apoiou a análise da
distribuição do uso do solo e a comparação do mesmo, principalmente com os tipos de solo e
declividades, assim como os dados adquiridos junto a órgãos especializados e entrevistas
apoiaram o entendimento temporal da organização do espaço no município.
Após a definição da compartimentação das unidades de paisagem, diretamente no
campo elegeu-se uma vertente típica de cada compartimento para detalhamento in locu, com
levantamento planialtimétrico, algumas sondagens e aferições referentes ao uso, afloramentos
rochosos, blocos, etc (Figuras 3 até 9).
RESULTADOS
A compartimentação da paisagem
A digitalização da base cartográfica em um banco de dados, somado as observações e
controle de campo possibilitou sobrepor informações sobre as diferentes áreas e com isso a
classificação das unidades de paisagens, conforme a Figura 2.
O mapa da compartimentação da área de estudo (Figura 2) objetiva delimitar as
unidades de paisagem, caracterizadas por uma estrutura vertical e lateral particular. Essas
unidades foram definidas a partir de análise integrada dos elementos relevo, litologia, solos e
aspectos socioeconômicos, preferencialmente, tendo em vista o reconhecimento do potencial
ecológico dos compartimentos e sua forma de utilização.
Estrutura geoecológica dos compartimentos (unidades de paisagem)
Compartimento 1 – “Interflúvio Principal”
O compartimento 1 compreende o topo do interflúvio principal e parte dos topos dos
esporões secundários, com cotas altimétricas acima de 800 metros, e que correspondem,
grosso modo, à porção central do município. Seus solos predominantes distribuem-se entre os
LATOSSOLOS VERMELHOS Distroférricos e/ou Eutroférricos associados a um relevo de
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colinas amplas, vertentes convexas, onde domina uma agricultura mecanizada, de lavouras
temporárias e os cafeeiros, que se concentram sobre as médias colinas nas margens da rodovia
BR 376 (saída para Maringá) e nas vertentes de face norte.
FIGURA 2. COMPARTIMENTAÇÃO DO MUNICÍPIO E APUCARANA. C1-INTERFLÚVIO PRINCIPAL;
C2- CABECEIRAS DO RIO PIRAPÓ; C2.A- PLATÔS EMBUTIDOS; C3- FOZ DO RIBEIRÃO
DOURADOS; C4- COLINAS DO RIO BOM; C5- VALES DO SETOR SUL; C6- VALES DO SETOR LESTE;
C7- COLINAS DO RIO DO CERNE.
Esta área do interflúvio abriga as cabeceiras de drenagem dos pequenos cursos de água
que se direcionam a outras partes do município. Como o núcleo urbano de Apucarana, assim
como trechos das rodovias BR 369 e BR 376 se localizam nesta unidade, as condições
hídricas dessas cabeceiras e dos cursos d’água estão sendo bastante afetadas pelo escoamento
superficial de água, aumentado e concentrado pela urbanização, a montante.
Esta unidade é a mais elevada, passando lateralmente para unidades mais baixas
produzidas pelo entalhe da drenagem e que se apresentam como áreas de vales encaixados
(C2, C5 e C6). Essa passagem é marcada por vertentes com declividades acentuadas, rupturas
freqüentes, afloramentos de rocha ou exposição de blocos. Essas condições físicas impõem
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barreiras para a expansão das frentes de ocupação urbana e industrial que se encontram no
compartimento de topo.
No entanto, nos últimos anos a ocupação destas áreas tem sido intensa, o que têm
propiciado uma série de problemas ambientais.
Geralmente ocorre a distribuição do LATOSSOLO VERMELHO Distroférrico sobre o
topo estendendo-se até a média vertente e o NITOSSOLO VERMELHO Eutroférrico a partir
da média vertente até o sopé, na área maior declive.
No caso desta unidade onde as vertentes não apresentam rupturas de declive acentuadas
ou declividades muito elevadas, o nível do lençol freático (livre) geralmente acompanha a
camada de alteração no período úmido e pode estar entre as fraturas da rocha em períodos de
estiagem, como julho ou agosto.
Ocupadas em sua maior parte por cultivos temporários, as vertentes convexas do
Compartimento 1 favorecem aos sistemas agrários mecanizados voltados para produtos como
o trigo, milho e soja (Figura 3).
FIGURA 3. 1- ROCHAS VULCÂNICAS ANDESI-BASÁLTICAS (PERÍODO JURO-CRETÁCEO –
FORMAÇÃO SERRA GERAL, GRUPO SÃO BENTO); 2- LATOSSOLO VERMELHO DISTROFÉRRICO;
3- NITOSSOLO VERMELHO EUTROFÉRRICO; 4- NÍVEL DE ALTERAÇÃO (ALTERITA); 5- NÍVEL DE
BASE LOCAL; 6- CULTURAS TEMPORÁRIAS (TRIGO EM ESTÁGIO INICIAL); 7- SUPERFÍCIE
PIEZOMÉTRICA; 8- VEGETAÇÃO CILIAR.
Org. MANOSSO, F. C. (2004)
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Compartimento 2 – “Cabeceiras do Rio Pirapó”
Esta unidade engloba uma pequena porção da região noroeste do município,
representada pela cabeceira do rio Pirapó e está subdividido em compartimento 2.a e 2.b que
possuem declividades elevadas no alto curso de seus tributários, vales encaixados, com
vertentes que se desdobram em “patamares”, delineados pelas rupturas convexas, côncavas, e
setores retilíneos de vertentes. Ao longo dessas vertentes predomina o NITOSSOLO
VERMELHO Eutroférrico ocorrendo, também, o NEOSSOLO LITÓLICO em alguns setores,
associados freqüentemente às rupturas marcadas do relevo.
Na passagem do compartimento 1 para o compartimento 2, o entalhe dos pequenos
cursos d’água formadores do rio Pirapó, próximo às suas cabeceiras, modelam um conjunto
de pequenas colinas convexas embutidas em reentrâncias do interflúvio principal (C1).
Os usos estabelecidos nesta área estão divididos entre uma concentração de cafeeiros na
área de colinas embutidas, na face Norte do interflúvio, onde as geadas são menos freqüentes
(SILVEIRA, 1996), e em direção a jusante da unidade predominam as pastagens, entremeadas
por algumas culturas temporárias pouco mecanizadas.
Esse compartimento abriga um conjunto de pequenas propriedades rurais produtoras de
café que ainda resistem, perante aos novos modelos atuais de exploração rural. E este fato
pode estar relacionado a duas importantes variáveis, a primeira que por a área possuir face
Norte se torna menos propícia a ocorrência de geadas e em segundo, que os proprietários neste
e em outros vários setores do município, são em sua maioria de idade avançada, o que lhes
resguardam uma característica conservadora e pouco empresarial, sem perspectivas de
inovação.
No topo predomina a presença do LATOSSOLO VERMELHO Distroférrico que
avança até alguma ruptura de relevo ou quando esta não existe, até a média alta vertente, onde
já se inicia a formação do NITOSSOLO VERMELHO Eutroférrico.
Nos sopés é possível encontrar NEOSSOLOS LITÓLICOS Eutróficos com exposição
de blocos e/ou afloramentos rochosos, quando as declividades aumentam até a margem do rio
ou na ausência do aumento da declividade, o NITOSSOLO VERMELHO avança até as
margens dos cursos d’água, podendo inclusive apresentar alguns setores com hidromorfismo
(Figura 4).
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FIGURA 4. 1- ROCHAS VULCÂNICAS ANDESI-BASÁLTICAS (PERÍODO JURO-CRETÁCEO –
FORMAÇÃO SERRA GERAL, GRUPO SÃO BENTO); 2- NEOSSOLO LITÓLICO EUTRÓFICO; 3-
NITOSSOLO VERMELHO EUTROFÉRRICO; 4- LATOSSOLO VERMELHO DISTROFÉRRICO; 5- NÍVEL
DE ALTERAÇÃO (ALTERITA); 6- SUPERFÍCIE PIEZOMÉTRICA; 7- PASTAGENS; 8- BLOCOS
EXPOSTOS; 9- NÍVEL DE BASE LOCAL; 10- ABACATEIROS; 11- CAFEEIROS.
Org. MANOSSO, F. C. (2004)
A ocupação agrícola deste compartimento é definida principalmente pelos cafeeiros,
que se situam desde os topos das vertentes até o início do terço inferior, onde o risco de
geadas é maior no inverno e por isso o destino destas áreas são na maior parte para pastagens.
É comum entre os cafeeiros, sobretudo sobre as curvas de nível, o consórcio de plantio
com arroz ou frutíferas como abacateiros, caquis e laranja, além da seqüência de grevíleas ao
longo das estradas que descem perpendicularmente a vertente para prevenirem os efeitos
eólicos sobre os cafeeiros e os solos.
Visto a proximidade da cidade, esta área ainda apresenta elevada população rural
residente e um traço tradicional que remete épocas passadas.
Compartimento 3 – “Foz do Ribeirão Dourados”
Unidade de extensão restrita, mas com algumas particularidades em relação aos outros
compartimentos. Apresenta-se como um conjunto de morros com vertentes convexas de
declividades elevadas, recobertas por solos rasos (NEOSSOLOS LITÓLICOS) com
afloramentos de blocos rochosos (matacões). Este compartimento é quase totalmente ocupado
por pastagens, excetuando-se alguns setores de encostas com menor declividade, onde os
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solos são um pouco mais espessos (CHERNOSSOLO RÊNDZICO Lítico), sendo possível aí
encontrar cultivos temporários de mecanização baixa e/ou inexistente.
É comum nestas áreas de predomínio de pastagens, como em outros setores do
município (parte do C5 e C6) a baixa concentração de população rural, pois estas áreas são
distantes da cidade, não apresentam infra-estrutura, como atendimento de saúde, escolas e
comércio, além de que os acessos nem sempre são eficientes e práticos.
As vertentes são em geral convexo-retilínea no topo, seguida de uma pequena ruptura
côncava, outro segmento retilíneo interrompido por um afloramento de rocha tendendo a
côncavo na base.
Estas formas, que mostram influências estruturais, ligadas à níveis maciços mais
espessos, alternados com níveis vesiculares e/ou amigdaloidais dos derrames vulcânicos,
condicionam uma distribuição pedológica caracterizada pelo NEOSSOLO LITÓLICO
Eutrófico no topo até o terço inferior da vertente e pelo CHERNOSSOLO RÊNDZICO Lítico
pouco espesso no sopé e que muitas vezes sofre hidromorfismo em períodos úmidos.
Estes solos são sobrepostos a uma estreita faixa de alteração de rocha, que em alguns
pontos aflora em superfície. Esta camada abriga a superfície piezométrica que pode oscilar
bruscamente entre períodos sazonais diferentes, condicionando assim potenciais distintos ao
longo da vertente, principalmente nas rupturas côncavas, onde o lençol pode apresentar-se de
forma suspensa e propiciar erosões concentradas quando não há manejos corretos (Figura 5).
Com difícil mecanização agrícola devido as altas declividades e a grande exposição de
blocos, este setor é predominantemente ocupado por pastagens, que abriga a criação de gado
leiteiro e de corte.
Compartimento 4 – “Colinas do Rio Bom”
Localizada no extremo Sul do município e de pequena extensão, esta unidade se
compõe de algumas colinas de topos aplainados, vertentes convexo-côncavo-retilíneas, em
geral de declividades baixas. A declividade só se acentua em alguns setores de encostas, na
baixa vertente, que estão relacionadas aos cursos d’água de primeira ordem.
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FIGURA 5. 1- ROCHAS VULCÂNICAS ANDESI-BASÁLTICAS (PERÍODO JURO-CRETÁCEO –
FORMAÇÃO SERRA GERAL, GRUPO SÃO BENTO); 2- NEOSSOLO LITÓLICO EUTRÓFICO; 3-
CHERNOSSOLO RÊNDZICO LÍTICO; 4- HIDROMORFISMO (GLEYS E PSEUDOGLEYS); 5- NÍVEL DE
ALTERAÇÃO (ALTERITA); 6- SUPERFÍCIE PIEZOMÉTRICA; 7- PASTAGENS; 8- BLOCOS EXPOSTOS;
9- NÍVEL DE BASE LOCAL.
Org. MANOSSO, F. C. (2004)
Usos predominantemente com culturas temporárias, mecanizadas, trinômio soja, milho
e trigo, configuram a paisagem, além de resquícios de vegetação original alterada, alguns
reflorestamentos e pastagens, sobretudo sobre os solos rasos dos setores de encostas de maior
declividade.
No topo do divisor principal entre o córrego do Ouro, ribeirão Cambira e o rio Bom é
possível encontrar os LATOSSOLOS VERMELHOS Eutroférricos e nos conjuntos de
encostas convexo-côncavo-retilíneas aparecem associações de NITOSSOLO VERMELHO
Eutroférrico chernossólico mais os CHERNOSSOLOS ARGILÚVICOS.
A fisionomia padrão das vertentes do Compártimento 4 está composta por um setor
convexo no topo e de declividade mais elevada que caracteriza os platôs embutidos. Nestas
áreas ocorre solo raso como o NEOSSOLO LITÓLICO Eutrófico, com exposição de
pequenos blocos rochosos e seguindo em direção ao sopé passa-se por um segmento
levemente côncavo, com declividades fracas, onde existe o NITOSSOLO VERMELHO
Eutroférrico que pode avançar até a margem do rio ou dar lugar ao aparecimento de
CHERNOSSOLOS RÊNDZICO Lítico, que podem aparecer com frequência devido as
condições de clima, topografia e interferência das oscilações freqüentes do nível piezométrico
regulado pelo Rio Bom.
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Nos topos mais acidentados e com exposição de pequenos blocos rochosos aparece as
pastagens e no restante da vertente, sobretudo devido as excelentes qualidades pedológicas é
normal o predomínio de culturas temporárias mecanizadas, identificadas basicamente pelo
milho, trigo e soja.
As oscilações do nível piezométrico também podem ocorrer com mais freqüência na
ruptura existente entre a passagem dos solos rasos no topo para os solos mais espessos como o
NITOSSOLO, onde a vertente pode apresentar setores côncavos, condicionando o
aparecimento de olhos d’água no período chuvoso. E isso revela que estas áreas são instáveis
e merece atenção no que se refere a instalação de processos erosivos (Figura 6).
Figura 6. 1- Rochas vulcânicas andesi-basálticas (Período Juro-Cretáceo – Formação Serra Geral, Grupo São
Bento); 2- NEOSSOLO LITÓLICO Eutrófico; 3- NITOSSOLO VERMELHO Eutroférrico; 4-
CHERNOSSOLO RÊNDZICO Lítico; 5- Nível de Alteração (Alterita); 6- Superfície Piezométrica; 7-
Pastagens; 8- Blocos expostos; 9- Nível de Base Local; 10- Culturas Temporárias (trigo em estágio inicial).
Org. MANOSSO, F. C. (2004)
Compartimento 5 – “Vales do Setor Sul”
Limítrofe com o compartimento 1, esta unidade representa uma continuidade dos vales
dos cursos d’água que nascem nos bordos do platô principal (C1). Trata-se de uma unidade de
paisagem constituída por vales encaixados, apresentando encostas com rupturas de
declividades convexas acentuadas na alta vertente, marcadas muitas vezes por afloramentos
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de rocha, e rupturas côncavas na média a baixa vertente, desenvolvendo a jusante setores
retilíneos curtos.
As vertentes apresentam declividades elevadas próximo às cabeceiras de drenagem dos
ribeirões Cambira, Barra Nova e Biguaçu, e na área de confluência do ribeirão Biguaçu com o
Barra Nova.
Relacionada a essa morfologia ocorre uma cobertura pedológica composta por uma área
restrita de LATOSSOLOS VERMELHOS nos topos e uma grande extensão de NEOSSOLOS
LITÓLICOS Eutróficos, da alta até a média vertente, que passam aos CHERNOSSOLOS
RÊNDZICOS Líticos nos setores retilíneos da média e baixa encosta.
Essa área aparece ocupada predominantemente por pastagens, com algumas culturas
permanentes, como frutíferas e cafeeiros, e raras culturas sazonais mecanizadas, estas últimas,
aproveitando os setores de menor declividade e de maior espessura de solo.
As vertentes no Compartimento 5 estão condicionadas ao aparecimento de um pequeno
setor com LATOSSOLO VERMELHO Distroférrico no topo, no entanto pouco espesso,
podendo ser ocupado por lavouras temporárias ou cafeeiros. Enquanto que a passagem do
topo para a alta vertente caracteriza-se por uma ruptura de elevada declividade com exposição
de pequenos e médios blocos rochosos. Para jusante domina o NEOSSOLO LITÓLICO
Eutrófico e os usos são preferencialmente constituídos por pastagens.
O terço inferior, muitas vezes é identificado por concavidades que condicionam a
presença do CHERNOSSOLO RÊNDZICO Lítico, que ora está ocupado por pastagens, ora
por pequenos setores de culturas temporárias de baixa mecanização agrícola (Figura 7).
É interessante salientar um fato verificado no campo, após uma seqüência de dias
chuvosos que os últimos 40 metros no sentido montante para a jusante da vertente, o solo
estava encharcado de água, ou seja, o nível piezométrico encontrava-se aflorando na
superfície.
Estas condições representam uma série de limitações frente aos modos de exploração
econômica destas áreas e isso deve ser verificado, como é o caso destas rupturas e destes
afloramentos esporádicos de lençol freático que podem apresentar problemas de ordem
estrutural caso sejam ocupados de forma errônea.
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FIGURA 7. 1- ROCHAS VULCÂNICAS ANDESI-BASÁLTICAS (PERÍODO JURO-CRETÁCEO –
FORMAÇÃO SERRA GERAL, GRUPO SÃO BENTO); 2- NEOSSOLO LITÓLICO EUTRÓFICO; 3-
LATOSSOLO VERMELHO DISTROFÉRRICO; 4- CHERNOSSOLO RÊNDZICO LÍTICO; 5-
HIDROMORFISMO (GLEYS E PSEUDOGLEYS); 6- SUPERFÍCIE PIEZOMÉTRICA; 7- NÍVEL DE
ALTERAÇÃO (ALTERITA); 8- PASTAGENS; 9- BLOCOS EXPOSTOS; 10- DIREÇÃO DO ESCOAMENTO
HÍDRICO SUPERFICIAL; 11- CULTURAS TEMPORÁRIAS (TRIGO EM ESTÁGIO INICIAL); 12-
CAFEEIROS.
Org. MANOSSO, F. C. (2004)
Compartimento 6 – “Vales do Setor Leste”
Da mesma forma que o compartimento 5, com cotas altimétricas muito próximas e uma
situação geomorfológica similar, mas situado a leste do compartimento 1, esta unidade de
paisagem corresponde à continuidade dos esporões que partem do platô principal, aqui
rebaixados e estreitos.
Ao contrário do que se observa nas outras unidades de paisagem nos limites com o
compartimento 1, as declividades são menos acentuadas, tornando, desta forma, a transição do
C1 para o C6 menos abrupta o que implica, também, em maior dificuldade para a sua
delimitação. As declividades mais acentuadas (> 20%), nesta unidade, aparecem em setores
mais a jusante das bacias de drenagem.
As culturas temporárias (trigo, soja, milho), pouco mecanizadas, ocorrem
preferencialmente em setores retilíneos na média e baixa vertente, sobre uma associação de
CHERNOSSOLOS ARGILÚVICOS e/ou NITOSSOLOS VERMELHOS Eutroférricos. Nas
áreas de topos estreitos recobertos pelo Latossolo Vermelho aparecem também algumas
culturas temporárias ao lado de culturas permanentes (café). Os setores de alta a média
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vertente, onde ocorrem NEOSSOLOS LITÓLICOS preferencialmente, estão em geral
ocupados por pastagem (Figura 8).
As vertentes do Compartimento 6 estão organizadas da seguinte forma: os topos dos
interflúvios são bastante estreitos e planos, os solos são rasos (NEOSSOLO LITÓLICO
Eutrófico). Apresentam rupturas marcadas na passagem para a alta vertente, seguidos de um
segmento retilíneo com declividades fortes, onde há exposição de blocos e/ou afloramentos
rochosos e a cobertura pedológica organiza-se com a ocorrência do NEOSSOLO LITÓLICO.
A base desse segmento é caracterizada pelo setor retilíneo, após uma ruptura côncava
que se estende até o sopé, os solos variam entre o NITOSSOLO VERMELHO Eutroférrico e
o CHERNOSSOLO RÊNDZICO Lítico / Argilúvico (Figura 8).
FIGURA 8. 1-ROCHAS VULCÂNICAS ANDESI-BASÁLTICAS (PERÍODO JURO-CRETÁCEO –
FORMAÇÃO SERRA GERAL, GRUPO SÃO BENTO); 2- NEOSSOLO LITÓLICO EUTRÓFICO; 3-
CHERNOSSOLO RÊNDZICO LÍTICO; 4- HIDROMORFISMO (GLEYS E PSEUDOGLEYS); 5- NITOSSOLO
VERMELHO EUTROFÉRRICO; 6- NÍVEL DE ALTERAÇÃO (ALTERITA); 7- SUPERFÍCIE
PIEZOMÉTRICA; 8- PASTAGENS; 9- BLOCOS EXPOSTOS; 10- NÍVEL DE BASE LOCAL; 11- MATA
CILIAR.
Org. MANOSSO, F. C. (2004)
Nos setores de solos rasos predomina a utilização por pastagens enquanto que sobre os
solos mais espessos, onde as declividades são menores ocorre em maior quantidade as
culturas temporárias, sendo que quando estes setores são pouco extensos a mecanização é
baixa ou quase inexistente.
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Na ruptura côncava que marca a passagem para a “rampa” de menor declividade
geralmente ocorre o afloramento do nível piezométrico em alguns períodos, o que favorece a
instalação de processos erosivos.
Compartimento 7 – “Colinas do rio do Cerne”
O compartimento 7 (C7) apresenta-se com características morfológicas e pedológicas
semelhantes àquelas do compartimento 4 (C4). Corresponde aos setores inferiores das bacias
de drenagem, junto às suas confluências com o rio do Cerne. Nesta área a morfologia
predominante é de colinas mais baixas (500 – 650m de altitude), médias a amplas, com topos
arredondados e vertentes convexas de fracas declividades e com raras rupturas.
Seus usos predominantes são as culturas temporárias mecanizadas, como a soja, milho e
trigo, algumas permanentes como o café e frutíferas, que se desenvolvem sobre as vertentes
tipicamente convexas recobertas pelos CHERNOSSOLOS ARGILÚVICOS e os
NITOSSOLOS VERMELHOS Eutróficos.
As vertentes do Compartimento 7 se caracterizam por declividades fracas a médias,
presença de solos espessos, como o LATOSSOLO VERMELHO Distroférrico e o
NITOSSOLO VERMELHO Eutroférrico que ocupam o topo e a média e baixa vertente
respectivamente.
Estes solos propiciam um predomínio de uma exploração agrícola direcionada aos
cultivos temporários, mecanizados e que se dividem entre a soja, o milho e o trigo
principalmente.
Nestas vertentes convexo-retilíneas, que caracterizam as colinas médias, feições de
rupturas de relevo ou setores de declividades mais acentuada, bem como a exposição de
blocos ou afloramentos são muito raros, o que condiciona uma homogeneidade na dinâmica
hídrica estabelecida pelo nível piezométrico que dificilmente atinge a superfície (Figura 9).
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FIGURA 9. 1- ROCHAS VULCÂNICAS ANDESI-BASÁLTICAS (PERÍODO JURO-CRETÁCEO –
FORMAÇÃO SERRA GERAL, GRUPO SÃO BENTO); 2- LATOSSOLO VERMELHO DISTROFÉRRICO;
3- NITOSSOLO VERMELHO EUTROFÉRRICO; 4- NÍVEL DE ALTERAÇÃO (ALTERITA); 5- SUPERFÍCIE
PIEZOMÉTRICA; 6- CULTURAS TEMPORÁRIAS (TRIGO EM ESTÁGIO INICIAL); 7- NÍVEL DE BASE
LOCAL.
Org. MANOSSO, F. C. (2004)
Síntese
No intuito de sintetizar ou integrar as observações realizadas no campo e as informações
coletadas junto aos órgãos especializados através de entrevistas e coleta de dados mais a
ampla revisão bibliográfica, foi elaborado, a título de ilustração didática e final sobre a
compartimentação da paisagem em questão, um mapa síntese (Figura 10).
Neste mapa (Figura 10) preocupou-se em mostrar a divisão dos compartimentos, indicar
algumas relações que o município possui com o espaço regional em termos de fluxos, além
das várias indicações localizadas através de simbologias, dos principais eventos e fenômenos
que foram considerados significativos, em consequência da análise integrada realizada, de
forma a refletir as principais diferenças de estrutura e funcionamento entre as unidades de
paisagem identificadas no território municipal de Apucarana.
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105
FIGURA 10. SÍNTESE DAS UNIDADES DE PAISAGEM E PRINCIPAIS PROCESSOS DA
ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO.
Em seguida, por meio de um quadro síntese (Quadro 2), é possível distinguir as
principais características da variação horizontal e vertical da estrutura da paisagem, expressas
pelas unidades de paisagem.
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Quadro 2. Quadro Síntese - As relações entre a estrutura geoecológica e a organização do espaço.
UNIDADES
E L E M E N T O S D A P A I S A G E M
Geologia
Clima
Pedologia Relevo Drenagem
Sistema Socioeconômico
Temperatura Precipitaçã
o População Exploração
Pressões
Antropogênicas
C 1
(Interflúvio
Principal)
Derrames
vulcânicos
(basaltos). Linhas
de afloramentos na
passagem do C1
para o C5 e C6.
Médias anuais
entre 19 e 20
ºC. Amplitude
térmica pouco
acentuada
(SILVEIRA,
1987) Setor
mais elevado
exposto a
maior
freqüência de
ventos.
Zona de
transição
(SILVEIRA,
1987).
Médias de
acumulação
anual entre
1500 e 1700
mm.
LATOTOSSO
LO
VERMELHO
Distroférrico
nos topos e alta
vertente ao
longo do
interflúvio
principal.
NITOSSOLO
VERMELHO
Eutroférrico
sobre as médias
vertentes.
Cotas acima de
800 metros
associadas ao
interflúvio
principal, onde
predominam
vertentes
convexas
retilíneas de
declividades entre
0 a 15 %.
Área de
interflúvio que
abrange algumas
cabeceiras de
drenagem de
primeira ordem na
passagem para os
outros
compartimentos.
Compartimento que
abriga toda
população urbana,
exceto de um
distrito e boa parte
da população rural
que reside em sua
maioria nas
cercanias da zona
urbana em chácaras
e pequenas
propriedades.
Abriga o uso
urbano (comercial,
residencial,
industrial e eixos
rodoviários)
Expansão
horizontal em
direção aos C5,
C6 e C2.
Setor agrícola
mecanizado (soja,
milho e trigo). E
cafeeiros sobre o
C2 e sobre o
próprio interflúvio
principal ao longo
da BR 376.
Área Urbana
Impermeabilização do
solo urbano;
Soterramento das
cabeceiras de
drenagem; Perda de
solo por erosões
concentradas; poluição
dos mananciais por
ligações clandestinas
de esgoto com a rede
de galerias pluviais;
Ravinamentos ao
longo dos eixos
rodoviários.
Área Rural
Mecanização
intensiva; Ausência da
vegetação original ao
longo dos rios; Uso de
agrotóxicos; Erosão
difusa.
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107
C
2
C 2.a
(Platôs
embutid
os)
Derrames
vulcânicos
(basaltos).
Afloramentos
sobre os pequenos
cursos d’ água e
nas linhas de
ruptura das
vertentes
associadas a
exposição de
blocos
Médias anuais
entre 19 e 20
ºC.
Face norte.
Sofre maior
influencia da
massa tropical
continental.
Médias de
acumulação
anual entre
1500 e 1600
mm.
NITOSSOLO
VERMELHO
Eutroférrico
podendo
ocorrer
NEOSSOLOS
LITÓLICOS
em rupturas ou
próximo aos
cursos d’ água.
Esporões de topos
restritos com cotas
entre 550 e 700
metros, que se
alongam até o rio
Pirapó e formam
vertentes
convexas
retilíneas mais
restritas com
declividades entre
5 e 15%.
Pequenos
tributários de
primeira ordem,
perenes e
intermitentes que
deságuam
perpendicularment
e no rio Pirapó.
Setor dotado de
inúmeras
habitações e infra-
estruturas
desmembradas da
antiga Fazenda
Ubatuba que
abrangia toda esta
unidade mais uma
parte do C1.
Cultivos
temporários
mecanizados nos
setores retilíneos
ou convexos e
pastagens sobre as
rupturas ou topos
estreitos com
afloramentos e
exposição de
blocos soltos.
Ausência de vegetação
original ao longo dos
rios; uso de
agrotóxicos; erosão
difusa e concentrada.
C 2.b
(Cabecei
ras do
Rio
Pirapó)
Derrames
vulcânicos
(basaltos).
Afloramentos
sobre os pequenos
cursos d’ água e
nas linhas de
Ruptura das
vertentes associado
a exposição de
blocos.
Médias anuais
entre 19 e 20
ºC.
Face norte
menos
propício a
geadas
(SILVEIRA,
1987).
Médias de
acumulação
anual entre
1500 e 1600
mm.
Aumenta a
pluviosidade
em direção a
jusante
(SILVEIRA,
1987).
NITOSSOLO
VERMELHO
Eutroférrico
sobre o
conjunto de
colinas
embutidas ao
C1.
Pequenas colinas
embutidas ao C1
com cotas entre
600 e 750 metros
que configuram
um mosaico de
vertentes
convexas e de
declividades entre
15 a 20%.
Tributários
formadores do rio
Pirapó associados
a cursos
intermitentes
entremeados ao
mosaico de
vertentes
embutidas ao C1.
Pequenas
propriedades
familiares
produtoras de café
ainda sob traços
típicos do período
de colonização.
Algumas pastagens
sobre sopés mais
inclinados ou
rupturas de relevo.
Uso urbano sobre
as cabeceiras de
drenagem do rio
Pirapó.
Exploração
agrícola dominado
por pequenas
propriedades
familiares,
produtoras de café
intercaladas com a
subsistência nas
linhas de ruptura
(pastagens e
habitações).
Ausência de vegetação
original ao longo dos
rios; Ravinamentos na
passagem para o C1;
Movimentos em massa
do solo nas áreas
declivosas (linhas de
ruptura e sopés).
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C 3
(Foz do Rib.
Dourados)
Derrames
vulcânicos
(basaltos). Blocos
expostos e
afloramentos em
vários setores da
vertente.
Médias anuais
entre 20 e 21
ºC. Face norte.
Sofre maior
influencia da
massa tropical
continental.
Médias de
acumulação
anual entre
1500 e 1600
mm.
Raros
LATOSSOLOS
e/ou
NITOSOLOS
nos topos.
CHERNOSSO
LO
RÊNDZICO
lítico mais
NEOSSOLOS
LITÓLICOS
Eutróficos
sobre o
conjunto de
vertentes de
alta
declividade.
Setor dos vales
encaixados do
ribeirão Dourados
e do rio Pirapó,
sobre cotas de 450
a 600 metros,
onde prevalecem
um conjunto de
colinas com
vertentes
convexas e
declividades de 15
até maiores que 30
%,
Vales encaixados
do ribeirão dos
Dourados, do
Pirapó e do médio
e baixo ribeirão
Ubatuba.
Poucas habitações
rurais devido a
distancia da cidade.
Alguns residentes
fixos nas
propriedades de
pecuária leiteira.
Uso predominante
por pastagens
(corte e leiteiro) e
restritos cultivos
pouco
mecanizados
sobre o interflúvio
aplainado e
estreito do ribeirão
dourados com o
rio Pirapó ou
setores retilíneos
próximo aos
sopés.
Ausência de vegetação
original ao longo dos
rios; movimentos em
massa do solo nas
áreas declivosas;
Pisoteio do gado ao
longo da vertente
(terracetes) e nas
margens dos rios.
UNIDADES
E L E M E N T O S D A P A I S A G E M
Clima
Pedologia Relevo Drenagem
Sistema Socioeconômico
Geologia Temperatura Precipitaçã
o População Exploração Pressões Antrópicas
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C 4
(Colinas do
Rio Bom)
Derrames
vulcânicos
(basaltos).
Afloramentos
somente
sobre o leitos dos
cursos d’ água e
em algumas
rupturas.
Médias anuais
entre 18 e 19
ºC.
Face sul com
influencia da
massa polar –
acentuada
amplitude
térmica e mais
propício a
geadas
(SILVEIRA,
1987).
Médias de
acumulação
anual entre
1600 e 1700
mm.
Restrita área de
LATOSSOLO
VERMELHO
Distroférrico na
condição de
topo.
Associação
CHERNOSSO
LOS
ARGILÚVICO
mais
NEOSSOLOS
LITÓLICOS
Eutroficos e
NITOSSOLO
VERMELHO
Eutroférrico
chernossólico.
Vale aberto do rio
Bom sobre cotas
de 500 e 650
metros que
formam colinas
convexas de
declividades entre
0 e 10%, exceto
em algumas linhas
de ruptura onde as
declividades
ultrapassam 25 %.
Pequenos cursos
de primeira ordem
tributários do
córrego do Ouro,
ribeirão Cambira e
rio Bom.
Poucas habitações
rurais devido a
distância da cidade.
(propriedades
mecanizadas)
Exploração
agrícola
mecanizada (soja,
trigo e milho) nas
colinas suaves
intercaladas com
pastagens que
ocupam os vales
encaixados ou as
rupturas existentes
na passagem para
o C5.
Ausência de vegetação
original ao longo dos
rios; Uso de
agrotóxicos;
Deslocamentos de
massa Movimentos em
massa do solo nas
áreas declivosas
(linhas de ruptura na
passagem para o C5);
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C 5
(Vales do
setor sul)
Derrames
vulcânicos
(basaltos). Blocos
expostos mais
afloramentos em
linhas de rupturas
do
relevo que ocorrem
próximo aos sopés
e aos topos.
Médias anuais
entre 18 e 19
ºC.
Face sul com
influencia da
massa polar –
mais propício
a geadas
(SILVEIRA,
1987).
Médias de
acumulação
anual entre
1600 e 1700
mm.
CHERNOSSO
LO
RÊNDZICO
lítico mais
NEOSSOLOS
LITÓLICOS
Eutróficos
sobre as áreas
de forte
declividade.
Restritos
LATOSSOLOS
VERMELHOS
Distroférricos
nos topos.
Conjunto de
esporões estreitos
que se alongam a
partir do C1 com
cotas entre 550 e
700 metros
formando
vertentes
convexas
retilíneas dotadas
de rupturas
côncavas em
posições variadas
na vertente.
Declividades entre
5 a 15 % nos
topos e suas
extensões e entre
20 a maiores que
30 % nos vales
encaixados.
Vales encaixados
dos ribeirões Barra
Nova, Cambira,
Biguaçu, Tuela e
do Ouro.
Nas propriedades
de cultivos
permanentes
associados a
plantios
temporários em
alguns setores
ainda resistem
moradias rurais, no
entanto, nas
propriedades de
predomínio de
pastagens a
população residente
é muito restrita.
Uso urbano sobre
as cabeceiras e os
anfiteatros
formadores dos
ribeirões Barra
Nova e Biguaçu
(passagem C1
para o C5).
Explorações
agrícolas
temporárias e
mecanizadas sobre
os esporões
estreitos que
avançam em
direção sul mais o
domínio das
pastagens sobre os
vales de
declividades altas.
Área Urbana
Ocupação intensiva
sobre áreas declivosas
e de cabeceiras
(poluição e
canalização de parte
dos ribeirões Barra
Nova e Biguaçu).
Área Rural
Ausência de vegetação
original ao longo dos
rios; Uso de
agrotóxicos;
Movimentos em massa
do solo nas áreas
declivosas (linhas de
ruptura);
Susceptibilidade
erosiva nas áreas de
lençóis suspensos.
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C 6
(Vales do
setor leste)
Derrames
vulcânicos
(basaltos). Blocos
expostos mais
afloramentos em
linhas de rupturas
do
relevo que ocorrem
próximo aos topos
e sopés.
Médias anuais
entre 20 e 21
ºC. Insolação
diferenciada
(bacias com
escoamento
em direção
leste). Elevada
amplitude
térmica entre
topos e sopés
(SILVEIRA,
1987)
Médias de
acumulação
anual entre
1500 e 1700
mm.
LATOSSOLOS
VERMELHOS
Distroférrico
sobre o avanço
dos esporões
estreitos e
aplainados.
Associação
CHERNOSSO
LOS
ARGILÚVICO
mais
NEOSSOLOS
LITÓLICOS
Eutroficos e
NITOSSOLO
VERMELHO
Eutroférrico
chernossólico
sobre as
declividades
altas.
NITOSSOLO
VERMELHO
eutroférrico
sobre as
declividades
médias.
Vales encaixados
entre esporões
estreitos que
avançam no
sentido leste
dotados de
vertentes
convexas
retilíneas entre
rupturas côncavas
em posições
variadas na
vertente.
Cotas entre 500 e
750 metros, onde
as declividades
variam entre 5 e
10 % nos topos
estreitos e
apresentam-se
mais acentuada
sobre os vales (20
até maiores que 30
%).
Vales encaixados
do baixo ribeirão
da Raposa, alto
ribeirão do Cerne,
ribeirão
Pinhalzinho,
Clementino e
Jacucaça.
Algumas
propriedades que
assimilam cultivos
permanentes e/ou
temporários
associados as
pastagens garantem
a residência fixa,
enquanto que
propriedades de
domínio das
pastagens não
abrigam residentes
fixos.
Áreas residenciais
recentes próximo
as nascentes dos
formadores do
ribeirões do Cerne
e da Raposa.
Restritos plantios
temporários de
pouca ou
inexistente
mecanização
sobre os platôs ou
setores retilíneos
ligado as
pastagens que
recobrem as áreas
declivosas dos
vales ou de suas
linhas de rupturas
Área Urbana
Bairros residenciais de
classe baixa (carência
de infra-estrutura,
como rede de esgoto);
Erosões concentradas
nos limites com o C1;
Área Rural
Ausência da cobertura
vegetal original;
Movimentos em massa
do solo nas áreas
declivosas (linhas de
ruptura); Uso de
agrotóxicos;
Susceptibilidade
erosiva nas áreas de
lençóis suspensos.
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112
C 7
(Colinas do
Rio do Cerne)
Derrames
vulcânicos
(basaltos).
Afloramentos
somente
sobre o leito dos
cursos d’ água.
Médias anuais
entre 20 e 21
ºC. Insolação
diferenciada.
Médias de
acumulação
anual entre
1500 e 1600
mm.
NITOSSOLO
VERMELHO
eutroférrico
sobre as
declividades
médias.
CHERNOSSO
LO
ARGILÚVICO
mais
NEOSSOLOS
LITÓLICOS
eutróficos sobre
as vertentes
declivosas.
Unidade das
colinas convexas
do vale aberto do
rio do Cerne com
cotas entre 450 e
600 metros e de
declividades entre
0 e 15 %.
Vale aberto onde
os ribeirões
Pinhalzinho,
Clementino e
Jacucaça
encontram o
ribeirão do Cerne.
Poucas habitações
rurais devido a
distância da cidade.
(propriedades
mecanizadas)
Plantios
temporários
mecanizados
(soja, milho e
trigo) sobre o
conjunto de
colinas suaves do
vale aberto do
ribeirão do Cerne.
Carência de cobertura
vegetal original nas
margens dos rios; uso
de agrotóxicos;
Deslocamentos e perda
de material nas
rupturas (passagem
para C6)
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A aplicação do método da análise integrada da paisagem sobre o território municipal de
Apucarana levou a perceber que:
- a adoção de um recorte político como o município para um estudo de paisagem
também é eficiente. Ao longo dessa unidade territorial, ficou evidente a existência de um
mosaico de paisagens diferentes, com particularidades específicas da sua estrutura
geoecológica e que desse modo, precisam ser pensadas de forma particularizada para o seu
uso, ocupação e exploração mais racional e sustentável;
- cada unidade de paisagem identificada, conforme varia a sua estrutura vertical, varia
também a sua fisionomia, refletindo horizontalmente as condições distintas para o uso do
solo. Isso fica bastante evidente nas vertentes típicas de cada compartimento, onde, sobretudo
a cobertura pedológica, exposição de rocha e profundidade do nível freático pode limitar
determinados tipos de uso;
- a integração das características físicas, econômicas e sociais desse mosaico de
paisagens, por meio do mapa e quadro síntese, permitiu visualizar que o recorte municipal é
uma unidade de funcionamento do sistema socioeconômico, o qual age sobre um sistema
físico dinâmico.
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