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A IECLB É A MINHA IGREJA Joel Pavan

Revista IECLB - HPB - JOEL PAVAN

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Page 1: Revista IECLB - HPB - JOEL PAVAN

A IECLBA IECLBÉ A MINHA IGREJA

Joel Pavan

Page 2: Revista IECLB - HPB - JOEL PAVAN

OS CAMINHOS DAIGREJA DA PALAVRA

Ao apresentar suas 95

teses, Martinho Lutero

certamente nem sonhava

com o impacto de suas ideias

na história do cristianismo.

A doutrina da justificação

pela fé, o acesso do povo às

Escrituras, as reformas no

culto e as críticas ao sistema

clerical corrompido dividi-

ram a igreja e o protestantis-

mo ganhou força à medida

em que recebeu apoio da

nobreza européia.

Apesar de encontrarmos

relatos das ideias luteranas

ecoarem em solo brasileiro

ainda no século XVI, é no

século XIX que a maciça

imigração alemã e suíça irá

configurar o surgimento da

igreja protestante no Brasil.

Em 1824, as cidades de Novo

Hamburgo/RS e Fraibur-

go/SC recebem colonos

alemães evangélicos e a

partir daí surgem as comu-

nidades luteranas. Durante

muito tempo os luteranos

vivem sua religiosidade de

forma clandestina, acuados

pelo catolicismo oficial do

império.

Não podendo construir

locais de culto com aspecto de

igreja, as comunidades cons-

truíram escolas, usando-as

também como capelas para os

cultos. A falta de pastores fez

com que as comunidades

escolhessem entre os seus

membros pessoas com melhor

formação para exercer o

magistério e o ministério

pastoral. Tinham neste

aspecto uma profunda vincu-

lação ao sacerdócio geral de

todos os crentes.

As comunidades luteranas

pioneiras não contavam com

uma homogeneidade doutri-

Através da história, a mão de Deus tem conduzido o seu povo. A IECLB tem provado a providência divina e celebra seu amor e sua justiça em comunhão fraternal

A história da vida de Martinho Lutero se insere dentro do

contexto de busca pelas origens evangélicas.

2 A IECLB E A MINHA HISTÓRIA

Page 3: Revista IECLB - HPB - JOEL PAVAN

Igreja evangélica luterana em Erechim, início do século XX

nária e teológica. Pelo contrá-

rio, coexistiam evangélicos de

tradição luterana, unida e

reformada. Tal pluralidade se

consolidará como uma carac-

terística da igreja e também

trará alguns desafios, na

medida em que se estruturam

as comunidades e a organiza-

ção se verticaliza na busca de

uma unidade denominacional.

A partir da segunda metade

do século XIX observa-se a

chegada de pastores da

Alemanha. Eles são enviados

pela Igreja Evangélica da

Prússia, pela Sociedade

Missionária de Basiléia (Suíça)

e pela Sociedade Evangélica

para os Alemães Protestantes

na América, de Barmen

(Alemanha). Até o início do

século XX, já existem diversas

comunidades espalhadas nos

Estados do Rio Grande do Sul,

Santa Catarina, Paraná, São

Paulo, Rio de Janeiro, Minas

Gerais e Espírito Santo.

Constata- se a necessidade de

uma maior articulação entre

Durante vários anos, houve

debates e estudos sobre uma

estrutura mais funcional da

IECLB. Considerava-se dema-

siado grande a distância entre

as comunidades e a Direção,

motivo pelo qual acabou

prevalecendo a proposta de

substituir os níveis de Distrito

e Região por novas unidades:

os 18 Sínodos. A nova Consti-

tuição e o Regimento Interno

foram adotados a partir de

as comunidades, que passam a

organizar-se em núcleos

regionais denominados

Sínodos, que tinham autono-

mia jurídico-administrativa e

funcionavam como uma igreja

mais ou menos independente.

A primeira organização

sinodal tem vida curta, talvez

pela disputa entre os pastores-

-colonos formados na prática e

os recém chegados com sua

bagagem acadêmica. Porém,

em 20 de maio de 1886, em

São Leopoldo/RS, sob a presi-

dência do Pastor Dr. Wilhelm

Rotermund, foi fundado o

Sínodo Rio-Grandense. Nos

próximos anos, mais três

sínodos seriam fundados e

serviriam como base à Federe-

ção Sinodal, constituída em

1949. Já em 1950 acontece a

filiação da federação ao

Conselho Mundial de Igrejas e,

em 1952, à Federação Lutera-

na Mundial.

Em 1962 no IV Concílio

Eclesiástico a expressão

Federação Sinodal é suprimi-

da, permanecendo apenas

Igreja Evangélica de Confissão

Luterana no Brasil.

1998. Com a proposta da

reestruturação também foi

adotado novo sistema de

contribuição: comunida-

des/paróquias contribuem

com 10% de suas receitas para

a manutenção dos Sínodos e

da administração central da

IECLB. É significativo que a

IECLB, com essa reestrutura-

ção, voltou a ter Sínodos,

termo cuja origem no grego

implica o caminhar em

conjunto, o estar juntos no

caminho do discipulado.

Enquanto a Igreja caminha e

vai se desincumbindo de sua

tarefa, confiamos que o

Espírito Santo nos “guiará a

toda a verdade” (Jo 16.13).

ATUAL ORGANIZAÇÃO INSTITUCIONAL DA IECLB

3A IECLB E A MINHA HISTÓRIA

Page 4: Revista IECLB - HPB - JOEL PAVAN

Em que crê anossa igreja?

perdão e da salvação pode ser

recebida somente pela fé, não

por obras e sacrifícios que nos

tornassem merecedores diante

de Deus. Contudo, a fé que

recebe a graça produz frutos

de gratidão e torna a pessoa

crente livre e atuante em

obras de amor.

É claro que os credos ecumê-

nicos e as confissões luteranas

(com especial referência à

Confissão de Augsburgo, 1530,

e ao Catecismo Menor de

Lutero, 1529) não estão em pé

de igualdade com a Palavra de

Deus, mas são palavras

humanas em resposta à

Palavra de Deus, devendo

sempre ser testadas à luz das

Escrituras. Hoje, experimen-

tamos transformações cada

vez mais rápidas e assaltos à fé

bíblica que podem nos deixar

desorientados, balançados por

todo vento de doutrina (Ef

4.14). É difícil ficar imune às

influências do pluralismo

religioso, do subjetivismo, da

busca de emoções e fenôme-

nos, do querer sentir e “ver

para crer”. Mas, com o distan-

ciamento do que eventual-

mente se considera dogmatis-

mo ultrapassado, crescem as

incertezas e a solidão das

pessoas. Por isso é salutar

lembrar as verdades objetiva-

mente afirmadas e confessa-

das, experimentadas e vividas

como essenciais por pessoas

que nos precederam na fé.

Não se trata de verdades

abstratas. São bom depósito (1

Tm 6.20; 2 Tm 1.14), tradições

(1 Co 11.2; 2 Ts 2.15) e padrões

éticos comprovados ao longo

da caminhada com o Deus que

habitou entre nós por Jesus

Cristo e continua presente

pela Palavra, mediante a ação

do Espírito Santo.

Pertencemos à família luterana, que confessa e manifesta a sua fé baseada nas Sagradas Escrituras, pelos credos da Igreja Antiga e pela Confissão de Augsburgo

4 A IECLB E A MINHA HISTÓRIA

A Igreja Evangélica de Confis-

são Luterana no Brasil

(IECLB), uma das Igrejas-her-

deiras da Reforma, é Igreja da

Palavra, isto é, tem como um

de seus pilares confessionais

que somente as Escrituras são

a norma determinante do que

a Igreja proclama e ensina.

Como o povo de Deus está

num “caminho que se faz

caminhando”, de tempos em

tempos é necessário clarear o

que diz a Bíblia e reafirmar no

novo contexto o que cremos e

confessamos. Segundo Lutero,

Cristo é a mensagem central

da Bíblia, e a justificação do

pecador se realiza somente

pela graça de Deus oferecida

por Cristo. E essa graça do

As Escrituras como norma da fé evangélica

Somente Cristo, somentea fé, somente a graça

Confissões de fé

Page 5: Revista IECLB - HPB - JOEL PAVAN
Page 6: Revista IECLB - HPB - JOEL PAVAN

UNIDADE NADIVERSIDADETanto mais importante é que nos reunamos renovadamente sob o

Evangelho de Cristo, conforme as bases confessionais da IECLB,

comprometendo-nos com uma prática que expresse nossa unidade

6 A IECLB E A MINHA HISTÓRIA

A pluralidade teológica,

dentro de uma concepção

de fé reformada, marca a

história da IECLB desde

suas origens. Os Sínodos

abrangiam comunidades do

Espírito Santo ao Rio

Grande do Sul, tendo cada

um suas características

confessionais próprias. A

consolidação da organiza-

ção e a identidade confes-

sional avançaram de mãos

dadas ao longo de muitos

anos. Como decorrência

desse processo, a vertente

luterana tornou-se a

expressão oficial de confes-

sionalidade na IECLB, sem,

no entanto, excluir as

demais tradições teológicas

existentes no seu universo,

mas, sim, acolhendo-as e

moldando-as nessa confes-

sionalidade, com peculiari-

dades contextuais. Prevale-

ceu nesse diálogo a lógica

evangélica da inclusão. Esse

Luteranismo, de cunho

decididamente ecumênico,

tem características próprias

da IECLB.

Esta igreja, por sua

história e por seus compro-

missos atuais, acolhe, em

seu meio, várias correntes

com perspectivas teológicas,

práticas e espiritualidades

diversificadas, em alguns

casos organizadas em

movimentos ou pastorais

específicas no interior da

Igreja, com relativa autono-

mia de organização. Todas

constituem expressões

legítimas da vitalidade da

Igreja, sempre e quando

ancoradas nas Escrituras,

identificadas com a confes-

sionalidade da Igreja e

propondo-se a observar

seus documentos normati-

vos. A confessionalidade

luterana da IECLB é, assim,

não apenas herança teológi-

ca e espiritual da Reforma,

mas também construção de

identidade desta Igreja

dentro de um contexto

específico. Tem, portanto,

uma fisionomia própria,

peculiar, oriunda de nossa

própria história e nosso

contexto. Com essa fisiono-

mia peculiar, a IECLB

insere-se na comunhão

luterana mundial e sabe-se

vinculada, em fé, a todas as

igrejas que confessam Jesus

Cristo como Senhor e

Salvador.

O trato das questões que

afetam a unidade da Igreja,

requer ambas: integridade

evangélica e sensibilidade

pastoral. Nas situações

controvertidas, torna-se

necessário alcançar um

consenso que não seja

simples decisão de maioria

nem decreto da Direção da

Igreja, mas fruto de um

processo teológico e espiri-

tual que, com paciência e

respeito às consciências,

interpretando os “sinais dos

tempos” e, simultaneamen-

te, com plena disposição

para alcançar definições

doutrinárias inequívocas,

ouve a Escritura, interpreta

a tradição confessional e

dialoga com irmãs e irmãos.

Page 7: Revista IECLB - HPB - JOEL PAVAN

A Missão Evangélica União Cristã (MEUC) se apresenta como uma entidade missio-nária evangélica que se reco-nhece na tradição da reforma e do pietismo, inserida no contexto da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB), com atividades realizadas em diversas cida-des brasileiras. A partir de uma carta, enviada por Johanna Michel em 1926, solicitando o envio de missio-nários ao Brasil, a MEUC inicia um trabalho de apoio e suporte pastoral às comuni-dades luteranas. O trabalho da MEUC é desenvolvido por meio de diversas comunidades cristãs, departamentos com foco específico, através de trabalhos sócio-missionários, e o ensino e formação teológica.

Missão Evangélica

União Cristã

MISSÃO - Ser uma entidade missionária marcada pelo amor de Deus e voltada para a vivência e a propagação do evangelho de Jesus Cristo ao ser humano, por meio da pregação, do acompanha-mento pastoral e teológico, e do resgate diacônico da

pessoa em sua integralidade e seu ambiente de vida.

VISÃO - Ser um movimento auto-sustentado de avanço missionário, acompanha-mento pastoral e diacônico e de formação de comunidades e de lideranças da igreja cristã.

VALORES - Vivência da fé no Deus triúno; Amor a Deus, ao próximo como a si mesmo, bem como à criação; Aceitação de toda a Bíblia como Palavra de Deus; Iniciativa de avanço missio-nário pioneiro e consistente. Orientação teológica na Reforma Luterana e no Pietismo; Ética cristã; Busca de formação continuada; Promoção do sacerdócio geral de todos os crentes; Abertura para o diálogo ecu-mênico cristão; Trabalho em equipe.

Sede da MEUC em Blumenau/SC - 1937

Trabalho com crianças no Congresso da JUMEUC em 2016

Page 8: Revista IECLB - HPB - JOEL PAVAN

8 A IECLB E A MINHA HISTÓRIA

A partir do ano de 1965 chega-

ram missionários norte-ameri-

canos que falavam de um Deus

que está perto, próximo de nós.

A proposta de evangelizar,

discipular e capacitar fez com

que o trabalho transcendesse

os limites da membresia tradi-

cional e formal da comunidade

luterana e, assim, também da

germanidade. O despertamen-

to nas comunidades passou a

agregar leigos, pastores e estu-

dantes de teologia também de

outras origens a este movi-

mento que se reunia informal

e espontaneamente.

Logo se viu a importância de

juntar as pessoas das mais

diversas localidades e comuni-

dades para celebrarem os

feitos de Deus em suas vidas e

juntos buscar por novas estra-

as a fim de que isto se espalhas-

se com maior força por todos

os rincões do nosso país. Gran-

des encontros reuniam estas

pessoas e nascia assim o Movi-

mento Encontrão, informal,

horizontal, transparente,

estando a serviço da ação de

Deus na prática da evangeliza-

ção, na vivência do discipulado

e no objetivo da edificação da

Igreja.

Os Encontrões foram multipli-

cando-se e em 1985 aconteceu

o primeiro Encontrão Nacio-

nal, que passou a se repetir a

cada quatro anos.

No final da década 1980, insa-

tisfeitos com os rumos da edu-

cação teológica convencional

na IECLB, resolveu-se investir

em um centro de formação.

Assim, no início dos anos 90

foi fundado o CPM (Centro de

Pastoral e Missão) em Curitiba-

-PR que hoje é Centro de

Pastoreio e Missão, nome da

casa do Movimento Encontrão.

Ela abriga a FATEV (Faculdade

de Teologia Evangélica em

Curitiba), a secretaria da

Missão Zero e os Ministérios. O

CPM é um braço de um movi-

mento que acontece em cada

comunidade envolvida e atra-

vés de cada pessoa que se iden-

tifica com esse chamado.

O Encontrão se apresenta

como um movimento de reno-

vação e despertamento espiri-

tual que afirma e se firma na

Palavra de Deus. Com raízes

na Igreja Evangélica de Confis-

são Luterana no Brasil (IECLB)

e vinculação inquestionável,

tem a vontade de renovação

canalizada pela evangelização,

discipulado e capacitação.

Na década de 1960-70 o Brasil

recebeu inúmeros impulsos de

avivamento e graças a Deus o

vento do Espírito Santo

também soprou sobre a IECLB.

Entre as diversas formas do

agir de Deus, alguns evangelis-

tas foram os instrumentos

para um trabalho de evangeli-

zação que mais tarde resultou

no Movimento Encontrão.

Movimento

Encontrão

Encontrão em Ituporanga/SC, 2014

Page 9: Revista IECLB - HPB - JOEL PAVAN

9A IECLB E A MINHA HISTÓRIA

Pastoral Popular Luterana, se

apresenta como uma associa-

ção civil, sem fins lucrativos,

de cunho religioso, autônoma

em relação ao Estado e aos Par-

tidos Políticos, comprometida

com o movimento social e co-

munitário, de caráter assisten-

cial, educacional e de assesso-

ria, composta por pessoas liga-

das organicamente à Igreja

Evangélica de Confissão Lute-

rana no Brasil – IECLB

Com fundamentos na teologia

luterana assim como na teolo-

gia da libertação, a PPL visa

contribuir com suas ações para

a transformação social, por

meio de uma leitura crítica das

realidades que se apresentam e

da própria fé cristã. Esta tarefa

é realizada promovendo a reu-

nião e organização de pessoas

e grupos de comunidades cris-

tãs engajadas em instituições

da sociedade civil, visando pre-

pará-las para ações transfor-

madoras na sociedade, desde

uma perspectiva eclesial, bíbli-

co-teológica e sociocultural.

A PPL também visa realizar

encontros nacionais, regionais

e locais, em forma de seminá-

rios, cursos, congressos, reti-

ros, fóruns, debates e confe-

rências, visando o aprimora-

mento pessoal e comunitário

do público alvo da PPL, a inter-

ligação de atividades, a análise

da realidade e o aprofunda-

mento bíblico-teológico.

Uma pastoral é essencialmente

testemunho e ação. Tem suas

raízes na mensagem bíblica.

Esse testemunho e ação moti-

vada pela mensagem bíblica

ganha enorme relevância na

atualidade por seu conteúdo e

propostas de mudança da rea-

lidade. A ação pastoral é um

agir evangélico no meio popu-

lar. A pastoral popular tem sua

origem na luta de libertação na

América Latina, onde o povo

reconhece a atuação de Deus

na história pela prática da jus-

tiça. Esta sua origem também

define o seu público e tarefa es-

pecífica que o cuidado para

com aqueles/as que se encon-

tram em situação de fragilida-

Pastoral Popular

Luterana

de devido a desigualdade social

e de todas as demais consequ-

ências de tal desigualdade. A

pastoral popular eficiente é

aquela que,conforme Jesus

fez, consegue ler e interpretar

a sociedade do seu tempo, a fim

de detectar os problemas que

fazem com que o povo sofra. E,

a partir de então, sejam de-

nunciados, tendo em seu hori-

zonte a mudança, a realização

da justiça. É por meio desta voz

profética, que não somente de-

nuncia, mas também anuncia,

e que evidentemente não se

restringe ao grupo de pessoas

ligadas à PPL, que as pessoas

podem perceber que o Reino

de Deus já se manifesta aqui

neste mundo, na prática da

justiça, na vivência do amor e

da solidariedade.

Celebração em encontro da PPL - http://pastoral.org.br/

Page 10: Revista IECLB - HPB - JOEL PAVAN

10 A IECLB E A MINHA HISTÓRIA

gélicas luteranas não abrem

mão da dimensão comunitária

da fé. Na comunidadeas pesso-

as experimentam comunhão,

perdão e solidariedade. Elas são

membros participantes da mul-

tiforme graça de Deus ( e não

meros clientes consumidores

de bens religiosos). A comuni-

dade torna-se um espaço privi-

legiado e fundamental para a

alimentação da fé e também

para o fortalecimento do teste-

munho evangélico.

A disciplina fraterna torna-se

um meio pelo qual se procura ir

e vir ao encontro da necessida-

de de chamar atenção para

falhas e erros. Por meio de

Deus acolhe todas as pessoas

por sua graça e pelo seu amor.

Pelo batismo elas são incorpo-

radas no corpo de Cristo e

fazem parte da comunhão dos

santos. A Palavra de Deus

transformadora promove

comunhão e os seus filhos e

suas filhas estabelecem novas

relações. Pelo Batismo as pesso-

as ingressam na dinâmica da

graça e da fé em Jesus Cristo. A

comunidade torna-se o espaço

de comunhão das pessoas agra-

ciadas. Elas criam comunida-

des de partilha e solidariedade.

Em meio a uma sociedade

atomizada, individualista e

concorrencial as pessoas evan-

Na comunidade é onde a igreja se torna testemunha viva do Evangelho que transforma e liberta.

VIDA EM COMUNIDADE

diálogos e admoestações exer-

cita-se a correção mútua com o

fim de evitar que o mal se alas-

tre no corpo eclesial e cause

danos à causa de Deus.

As pessoas, seguidoras de

Jesus, são chamadas luz do

mundo (Mateus 5.14). São

animadas a sinalizar a vontade

de Deus e os valores do seu

reino na sociedade e no

mundo. São desafiadas a ilumi-

nar com a luz que vem de

Cristo também as suas institui-

ções e organizações, a viven-

ciar junto com outras denomi-

nações cristãs o amor de Deus e

testemunhar a sua vontade em

seu contexto de vida.

Grupo de senhoras no Dia Mundial de Oração na Linha Jacuí/RS

Page 11: Revista IECLB - HPB - JOEL PAVAN

11A IECLB E A MINHA HISTÓRIA

DISCIPULADO No discipulado a igreja se afirma em sabedoria e comunhão cristãs

É por meio da fé que todos vocês são filhos de

Deus, em união com Jesus Cristo. Pois foram batizados em união com

Cristo, e assim se vesti-ram com a pessoa do próprio Cristo. Desse

modo não há diferença entre judeus e não

judeus, escravos e livres, homens e mulheres:

todos vocês são um só, em união com Jesus

Cristo.” (Gálatas 3.28)

Ao sermos batizados

somos integrados na

comunidade cristã. Na

comunidade aprendemos a

guardar todas as coisas

que interessam para a vida

de fé. Na comunidade

recebemos forças, ânimo e

somos amparados e

encorajados nessa difícil

travessia que é o batismo.

,,

BATISMO

PEQUENOS GRUPOS Evangelização, edificação e cuidado para uma igreja em transformação

CULTO Momento da comunidade celebrar e adorar ao Senhor em unidade

Grupo de discipulado na comunidade da IECLB em José de Freitas/PI

Reunião de célula masculina na comunidade da IECLB em Canoas/RS

Culto de Natal na comunidade da IECLB em Ijuí/RS

Page 12: Revista IECLB - HPB - JOEL PAVAN

Porquê IECLB?Dado o número de opções que o “mercado” evangélico oferece, porque desejo atuar como ministro ordenado nesta igreja?

12 A IECLB E A MINHA HISTÓRIA

Em primeiro lugar, nesta igreja

eu conheci o Evangelho da

graça e experimentei a comu-

nhão fraterna dos irmãos em

Cristo, ainda na minha adoles-

cência. Foi através do trabalho

de um pastor da IECLB chama-

do Valdemar Botke, ligado ao

Movimento Encontrão, que

tive contato com a Palavra.

Tenho, portanto, uma dívida de

gratidão e honra para com

todos aqueles que, nesta igreja,

a despeito das dificuldades que

encontram, são testemunhas de

um Evangelho vivo, verdadeiro

e transformador.

É verdade que a IECLB necessi-

ta repensar, em alguns aspectos,

sua forma de ser igreja no

contexto da pós-modernidade,

das novas linguagens e simbo-

lismos que acompanham toda

essa transformação cultural

que se impõe velozmene sobre

as novas gerações. Talvez seja

necessário reconhecer que

alguns anacronismos litúrgicos

e teológicos têm afastado o povo

dos cultos e precisam ser reade-

quados, com zelo fraternal e

respeito aos que defendem a

sua permanência. Ao mesmo

tempo, a igreja precisa reafir-

mar o caráter luterano de sua

tradição eclesiológica, especial-

mente no que diz respeito ao

seu conteúdo. Há muitos púlpi-

tos onde o Evangelho tem sido

pregado de maneira irrelevante

ou irresponsável e os sacra-

mentos têm se convertido em

hábito inconsequente! Não por

acaso existem tantas comunida-

des agonizantes, incapazes de

se renovar, de manter sua

membresia ativa e participativa

na vida da igreja.

Reconheço, portanto, os diver-

sos desafios que se apresentam

ao ministério na IECLB, mas

também percebo as oportunida-

des e as virtudes que existem

nas comunidades que conheço.

Começando pelo trato austero e

reponsável com as questões

relacionadas ao dinheiro e ao

patrimônio, até a organização

democrática e o equlíbrio de

poder entre pastor, presbitério

e sínodo. Nesse sentido, prefiro

que minha comunidade seja

conhecida pela festa do porco

no rolete do que pela BMW do

pastor.

Outros motivos que elevam

minha perspectiva em relação à

IECLB são as comunidades

onde vemos os frutos do Evan-

gelho despontarem. Tais comu-

nidades mostram que é possível

ser uma igreja viva e relevante

justamente apostando nas

características evangélicas do

luteranismo. Creio que pode-

mos aprender muito das experi-

ências positivas dos movimen-

tos de nossa igreja, como

Encontrão, MEUC e PPL, muito

embora eu não assuma nenhum

rótulo unilateralmente.

Talvez pela minha própria

trajetória de vida , que transitou

no evangelicalismo do ME, na

teologia da libertação da Pasto-

ral da Juventude e no pietismo

da FLT e da MEUC, eu me sinta

confortável para elaborar

minha própria cosmovisão a

respeito da pluralidade de posi-

ções que convivem na IECLB,

nem sempre de maneira frater-

nal. O fato é que, na prática,

cada movimento teria muito a

contribuir e também a aprender

com os outros. Mas, sobretudo,

penso que é preciso cultivar o

respeito para com quem pensa

diferente, dentro daquilo que

pertence ao Evangelho, sem,

contudo, deixar e apontar erros

e desvios da sã doutrina,

conforme a própria Bíblia

exorta.

Page 13: Revista IECLB - HPB - JOEL PAVAN

PROGRAMA DE TRABALHO

13A IECLB E A MINHA HISTÓRIA

Finalmente, entendo a comuni-

dade como a razão de ser da

IECLB. E cada comunidade

possui sua própria característi-

ca, seus desafios e perspectivas.

Não há igreja missionária sem

comunidade com visão missio-

nária. Da mesma forma, não há

igreja evangélica com comuni-

dades sem Evangelho. Todo o

meu empenho como estudante

de teologia está relacionado em

responder aos anseios e expec-

tativas da comunidade, bem

como em apresentar novos

caminhos e resgatar aqueles

que foram esquecidos ou

desprezados ao longo do tempo.

Rogo a Deus que me dê uma

comunidade disposta a arrega-

çar as mangas e trabalhar duro,

em qualquer lugar do Brasil.

Tenho certeza que o Senhor

tem abençoado diversos minis-

térios na IECLB, que se coloca-

ram debaixo da autoridade do

Evangelho. Quanto a mim,

quero servir com fidelidade ao

chamado do Senhor, na certeza

de que Ele é quem faz a obra,

através da ação do Espírito

Santo. Existe um universo de

pessoas que precisam ouvir a

Palavra de Deus. Muitas delas,

pardoxalmente, são frequenta-

doras das igrejas evangélicas.

Assim como eu fui alcançado

pelo trabalho de um homem

temente a Deus, desejo que

outras pessoas possam ser

alcançadas pelo meu ministé-

rio. A revitalização da IECLB

acontecerá somente na medida

em que suas comunidades

sejam transformadas pela

participação de pessoas com-

prometidas com o Evangelho.

CULTO DOMINGO

DE MANHÃ

CULTO DOMINGO

À NOITE

MINISTÉRIOINFANTIL

ADOLESCENTES

LITURGIATRADICIONAL

LITURGIACONTEMPORÂNEA

JOVENS

CONTATOPOSTERIOR

PRESBITÉRIO

OASE

GRUPOCASAIS

ESTUDOBÍBLICO

CÍRCULOORAÇÃO

DISCIPULADO

CURSOSDA FÉ

LÍDERES

CURSO

PEQUENOSGRUPOS

RECEPÇÃO LOUVOR

Page 14: Revista IECLB - HPB - JOEL PAVAN

Retiro juventude - 1998 - Pr. Werner Fuchs - Ijuí/RS

Ato contra a corrupção - 2003 - Porto Alegre/RS

Reencontro JEMAB - 2011 - Ijuí/RS

Encontrão de Famílias - Cruz Alta - 2014Turma de discipulado - 1996 - Ijuí/RS Retiro de jovens - 1996 - Ijuí/RS

Excursão a Dourados/MS - 1996

Grupo de Teatro - 1999 - Assis Brasil - Ijuí/RS

Passa dia no sítio - Ijuí/RS - 2014

Retiro - 1997 - Assis Brasil - Ijuí/RS

Galera do grupo de jovens - 1994 - Ijuí/RS

Dormindo na volta do Congresso - 1995 Retiro em 1994

Page 15: Revista IECLB - HPB - JOEL PAVAN

Retiro juventude - 1998 - Pr. Werner Fuchs - Ijuí/RS

Ato contra a corrupção - 2003 - Porto Alegre/RS Grupo de jovens da comunidade Assis Brasil - 2015 - Ijuí/RS

Reencontro JEMAB - 2011 - Ijuí/RS

Encontrão de Famílias - Cruz Alta - 2014 Pastoral da Juventude - 1998 - Santa Maria/RS

Com Plínio de Arruda Sampaio - CEB´S - 1999 - Santa Maria/RS

EJPM 2015 - Cruz Alta/RS

Retiro de jovens - 1996 - Ijuí/RS

Excursão a Dourados/MS - 1996

Grupo de Teatro - 1999 - Assis Brasil - Ijuí/RS

Passa dia no sítio - Ijuí/RS - 2014

Page 16: Revista IECLB - HPB - JOEL PAVAN

REFERÊNCIAS

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CÉSAR, Elben Magalhães Lenz. Conversas com Lutero. Viçosa/MG: Ultimato, 2006.

DREHER, Martin Norberto. História do Povo Luterano. São Leopoldo: Sinodal, 2005.

FACULDADE LUTERANA DE TEOLOGIAHISTÓRIA DO PROTESTANTISMO BRASILEIRO

I Semestre - 2016