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Revista Outdoor 8

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Já está disponível o número 8 da Revista Outdoor

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Page 1: Revista Outdoor 8

DiretrizesEDITORIAL 05

GRANDE REPORTAGEM

AventurA extremA em Portuguecircs por Aureacutelio Faria 06

EM FAMIacuteLIA

evento mdash Porto City race 12

AtIvIDADe mdash rota da Aacutegua 16

vIAgem mdash Propostas Fim de Ano 18

AvENTuRA

ProJeto mdash Iceland Luso expedition 20

DesAFIo mdash monte Branco por Luiacutesa tomeacute 26

ENTREvIsTA

Diogo miguel mdash orientaccedilatildeo 34

POR TERRA

AtIvIDADe mdash orientaccedilatildeo 40

DesAFIo mdash Brasil ride 2012 46

POR AacuteGuA

CrOacutenICA mdash Lost na Fronteira 50

AventurA mdash 10 Perguntas a miguel Lacerda 58

FOTOGRAFIA

PortFoLIo Do mecircs mdash Jorge Braacutes 66

Foto-rePortAgem mdash madeira 72

sOsFogo agrave chuva 80

DEsCOBRIR

LIvro AventurA mdash Homem solas de vento 83

regIatildeo Do gerecircs 84

CorPorAte mdash team-Building 94

ProJeto mdash De Cabo a Cabo 98

onDe estIvemos mdash madeira 104

kIDs

CAmPos FEacuterIAs nAtAL 112

ATIvIDADEs OuTDOOR 114

DEsPORTO ADAPTADO

sArA DuArte mdash uma Cavaleira por paixatildeo 118

EsPACcedilO APECATE

Carta aberta aos operadores mariacutetimo turiacutesticos 122

EquIPAMENTO 124

EquIPA-TE PARA A NEvE 126

vOuChERs 128

A FEChAR 132

A aventura eacute uma constante na vida de mi-guel Lacerda o mergulhador portuguecircs aceitou conversar com a outdoor sobre al-gumas das suas experiecircncias e noacutes conta-mos-lhe tudo

venha descobrir oito pequenas rotas para explorar a peacute num dos locais mais belos de Portugal a serra do gerecircs

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Os textos e imagens presentes na Revista Outdoor satildeo da responsabilidade dos seus autores Natildeo eacute permitido editar reproduzir duplicar copiar vender ou revender qualquer informaccedilatildeo presente na revista

nordm8 Novembro_Dezembro2012

Descubra a aventura de dois aventureiros por-tugueses que em diferentes palcos de aven-tura marcaram a histoacuteria com os seus feitos Do submarino aacute vila de escalada grau 6 esta reportagem de Aureacutelio Faria vai surpreender

CHTGSBADY THT

Advanced Dynamics eacute a tecnologia com que criaacutemos a bicicleta de trail mais eficiente do mercado Uma maacutequina que te faraacute subir mais aacutegil do que nunca e te daraacute o maacuteximo controlo para fazeres faiacutesca em qualquer descida Nova Orbea Occam onde eficiecircncia e controlo se juntam

OCCAM

wwworbeacom

Onde eficiecircncia e cOntrOlO se juntam

Apesar do frio jaacute se fazer sentir e as manhatildes estarem geladas noacutes conti-nuamos cheios de vontade de par-tir agrave descoberta de novos desafios e aventurashellip na sua companhia

De nuacutemero para nuacutemero a certeza de que so-mos realmente um paiacutes de aventureiros e explo-radores aumenta Eacute fascinante o que conseguimos fazerhellip e somos realmente incriacuteveis nos feitos que conseguimos atingir

Comeccedilamos a ediccedilatildeo de novembro com desafios inusitados Jaacute ou-viu falar de aventura extrema Temos duas para vos apresentar nos palcos do Mediterracircneo e Gredos Continuando com grandes proje-tos de portugueses natildeo podem perder o relato de quem participou no Brasil Raide a breve entrevista a Miguel Lacerda a propoacutesito da sua aventura gelada na Antaacutertida e o resumo por etapas do projeto Iceland Luso Expedition

O desporto em destaque eacute a Orientaccedilatildeo e na entrevista ficamos a co-nhecer Diogo Miguel uma referecircncia na modalidade com apenas 23 anos Na fotografia mais um nome portuguecircs Jorge Braacutes Traz-nos um conjunto de imagens fantaacutesticas de atividades outdoor

Em territoacuterio nacional convidamo-lo a explorar a regiatildeo do Gerecircs e contamos-lhe como foi a nossa experiecircncia na Madeirahellip natildeo perca a foto reportagem sobre a Madeira World Games um evento fantaacutes-tico para os amantes de desporto aventura e natureza

Descubra nas nossas paacuteginas as melhores sugestotildees de atividades para miuacutedos e grauacutedos um especial team building a entrevista agrave atleta paraoliacutempica Sara Duarte sugestotildees de equipamentos para o Natal e teacutecnicas de sobrevivecircncia

Boas leituras e continue a acompanhar todas as novidades do mun-do outdoor no Portal Aventuras

Ateacute janeiro e Feliz Natal ) Nuno Neves

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Editorial Ficha teacutecnica

chegou onuacutemero 8

Ediccedilatildeo Nordm8

WPG ndash Web Portals lDa

NPC 509630472

CaPital soCial 1000000

rua Melvin Jones Nordm5 bc ndash 2610-297 alfragide

telefone 214702971

site internet wwwrevistaoutdoorpt

e-mail inforevistaoutdoorpt

reGisto erC Nordm 126085

Editor E dirEtorNuNo Neves | nunonevesportalaventuraspt

MarkEtiNg CoMuNiCaccedilatildeo E EvENtosisa HeleNa | isahelenaportalaventuraspt

sofia CarvalHo | sofiacarvalhoportalaventuraspt

bebiaNa CruZ | bebianacruzportalaventuraspt

rEvisatildeo ClaacuteuDia CaetaNo

ColaboraraM NEstE NuacuteMEroaNa barbosa aureacutelio faria DioGo MiGuel

ferNaNDo Costa filoMeNa GoMes JoaquiM

MarGariDo JorGe braacutes luiacutesa toMeacute Mateus

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PeDro alves riCarDo MeNDes sara Duarte

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dEsigN EditorialiNecircs rosaDo

FotograFia dE CapaJorGe braacutes

dEsENvolviMENtoAcircNGelo saNtos

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GREDOs E MEDITERRAcircNEO PALCOs DE AvENTuRA EXTREMA

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Grande Reportagem

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arMando no u-455

A 120 metros de profundidade os olhos esbuga-lhados do peixe de-Satildeo-Pedro talvez surpreen-dido pela inesperada presenccedila humana fize-ram Armando Ribeiro esboccedilar um sorriso sob a maacutescara e pensar como valera jaacute a pena ter apostado na descida ao U-455 laquo Fui o primeiro portuguecircs a mergulhar neste submarino-misteacute-rio desaparecido no Mediterracircneo em finais da Segunda Guerra Mundial e ateacute haacute 6 anos um dos destroccedilos de guerra nazis mais procurados do mundoraquo recorda um dos mais ativos mergu-lhadores nacionais de expediccedilatildeo da atualidade e que integra a elite mundial do mergulho teacutecnico com rebreathersPara ser o primeiro portuguecircs a visitar o sub-marino Armando integrou uma expediccedilatildeo mul-tinacional com partida da costa da Liguacuteria em Itaacutelia Eacute aliaacutes ao largo de Portofino um dos locais de feacuterias mais exclusivos da Europa que se encontra o submarino desaparecido a 6 de abril de 1944 com 51 homens a bordo e soacute lo-calizado por um mergulhador italiano em 2005 laquoEstaacute em bom estado a torre tem ainda todos os aparelhos o periscoacutepio de ataque e o periscoacute-pio de observaccedilatildeo aeacuterea ao lado dos canhotildeesraquo mas natildeo eacute um mergulho faacutecil explica Armando laquoa visibilidade as correntes e as redes e fios de nylon presos que envolvem parte do submarino sobretudo na parte mais funda em que a visibi-lidade eacute mais reduzida tornam a apro-ximaccedilatildeo extremamente perigosa Um colega nosso ficou preso na rede tivemos de desemba-raccedilaacute-lo com as facas Agravequela profundidade a tarefa natildeo foi nada faacutecilraquo

Para ultrapassar a cota dos 100 metros e alcanccedilar pro-fundidades atingidas por poucos mergulhadores Ar-mando utiliza um rebreather e realiza um tipo de mergulho teacutec-nico com equipamento de circuito fe-chado Por oposiccedilatildeo ao mergulho com gar-rafas de ar e tal como num ventilador ou num aviatildeo reaproveita o gaacutes respirado laquoRespiremos devagar ou depressa o volume de consumo eacute sempre constante podemos fazer um mergu-lho de 10 horas Traz grandes vantagens para mergulhos mais profundos e mais longos e tem ainda outra vantagem faz otimizaccedilatildeo de gases que respiramos permite-nos fazer patamares de descompressatildeo mais curtos e eficientes por-que estamos a respirar mistura mais apropriada para as profundidades a que estamosraquo

Para ser o primeiro

portuguecircs a visitar o submarino Armando integrou uma expediccedilatildeo multinacional com par-

tida da costa da Li-guacuteria em Itaacutelia

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Na ida ao U-455 Armando voltou a repetir os procedimentos de anteriores expediccedilotildees ao rei-no do silecircncio e da escuridatildeo O regresso agrave superfiacutecie vindo dos 100 metros de profundidade demorou mais de 2 horas O graacutefico do mergulho registado no computador mostra uma descida raacutepida e pouco mais de 15 minutos no fundo para uma subida muita lenta que permitiu a descompressatildeo adequada

Habitualmente Armando mergulha com Joseacute Marques com quem formou a equipa In-silen-ce para explorar naufraacutegios profundos na costa portuguesa e participar em expediccedilotildees inter-nacionais de mergulho Entre as experiecircncias contadas no site da dupla e em reportagens anteriores estaacute a exploraccedilatildeo do miacutetico paquete italiano Andrea Doria naufragado no Atlacircnti-co Norte nos anos 60 Ou a descida aos 115 metros de profundidade aos destroccedilos do Vimi-nale torpedeado no estreito de Messina na Se-gunda Guerra Mundial De outros naufraacutegios do mesmo periacuteodo histoacuterico ambos arriscaram tudo o que sabiam num mergulho agraves aacuteguas frias da Noruega (5 graus) e aos destroccedilos da bata-

lha de Narvik uma das maiores batalhas navais do seacuteculo XX laquoAleacutem da profundidade recordo a escuridatildeo A visibilidade maacutexima eacute de 10 a 15 metros haacute sempre suspensatildeo e a aacutegua eacute leitosa e nunca totalmente clara parece que anda sem-pre uma poeira no ar eacute como se estiveacutessemos no nevoeiroraquo

O mergulho a norte do Ciacuterculo Polar Aacutertico ain-da hoje traz viacutevidas recordaccedilotildees aos 2 portugue-sesEm Portugal ficaram conhecidos pela descober-ta do cargueiro grego Agios Nikolaos ao largo de Peniche e pela localizaccedilatildeo recente do aviatildeo suiacuteccedilo que se despenhou haacute 34 anos na costa sul da Madeira

Do Mediterracircneo e do mergulho mais recente Armando recorda a primeira visatildeo do U-455 um dos 2 submarinos atualmente fundados na verti-cal nos mares do planeta e que se teraacute afundado depois de embater numa mina laquoO vulto do des-troccedilo com os flaps ainda intactos parecia uma baleia adormecida no fundoraquo

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Grande Reportagem

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toZEacute via MaMMut 150

Do Torreacuteon dos Galayos ex--liacutebris da escalada em rocha da Serra de Gredos e da Peniacutensula Ibeacuterica a vista sempre pano-racircmica parece desta vez ainda mais espetacular para Tozeacute O escalador portuguecircs acaba de abrir com os amigos espanhoacuteis uma nova via de grau 6 - na escala alpina significa ascen-satildeo extremamente severa e com passagens difiacuteceis

Para quem vive fora do mundo da escalada ibeacuterica passaram praticamente despercebidas as ascensotildees realizadas no uacutel-timo fim de semana de junho Muitos menos teratildeo ainda co-nhecimento que o feito tornou tambeacutem Antoacutenio Coelho- Tozeacute para os amigos- o uacutenico portu-guecircs a participar num projeto ineacutedito da Mamut Na iniciativa destinada a celebrar 150 anos de existecircncia a marca suiacuteccedila outdoor lanccedilou o Peak Project e selecionou 150 projetos de 150 equipas em todo o mundo unidas em mostrar o melhor que haacute na aventura ao alto

Na Peniacutensula Ibeacuterica e infeliz-mente Portugal ficou fora da iniciativa que animou as cor-dilheiras e serras do planeta incluindo Himalaias e Andes o liacuteder foi Raul Lora escala-dor de renome e que coordena atualmente a Escola Alpina de Gredos laquoO Raul eacute meu amigo e companheiro de outras es-caladas Logo que a Mammut aprovou o projeto reunimos a equipa e iniciaacutemos a escaladaraquo No parque natural de Gredos conhecido de muitos monta-nhistas e escaladores portu-gueses a escolha da equipa espanhola onde se integrou Tozeacute foi o Torreacuteon Sem ser o cume alto dos Galayos que atinge 2100m o prisma gigan-te de granito permite efetuar uma seacuterie de passagens teacutec-nicas e passos difiacuteceis que satildeo

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sempre um desafio para qualquer es-calador laquoPrimeiro abrimos uma via numa zona pouco frequentada do Torreacuteon que se chama de Cer-ro Peluca e batizamo-la natu-ralmente de 150ordm Aniversaacuterio Mammutraquo Eacute com modeacutestia que Tozeacute descreve a abertura da nova via

Aleacutem da nova via Tozeacute e os companheiros espanhoacuteis esco-lheram a Via Lucas ao Torreacuteon laquoEacute a que tem melhor visibilidade des-de o cume sobre os outros escalado-resraquo resume o escalador de Barcelos que no projeto Mammut enriqueceu o curriacuteculo longo de montanhista que incluiu a participaccedilatildeo nas primeiras expediccedilotildees portuguesas a cumes de 7 mil metros nos Himalaias ndash Pumori (2003) e Ama Dablam (2004) e a tentativa de ascensatildeo de um pico de 8000m o Kangchenjunga (2005)

Em Gredos no reino da rocha onde muito haacute por explorar e se sente como peixe na aacutegua o portuguecircs tem jaacute outro projeto ineacutedito com os amigos espanhoacuteis laquoSaberatildeo na altura certaraquo oslash

Aureacutelio FariaJornalista

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Grande Reportagem

Aleacutem da nova via Tozeacute

e os companheiros espanhoacuteis escolheram a Via Lucas ao Torreacuteon laquoEacute a que tem melhor visibi-

lidade desde o cume sobre os outros es-

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Em Famiacutelia

PORTO CITy RACE

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A segunda ediccedilatildeo do Porto City Race eacute um evento de Orienta-ccedilatildeo pedestre urba-no organizado pelo

Grupo Desportivo dos Quatro Caminhos em parceria com a Cacircmara Municipal do Porto atraveacutes da Porto Lazer

O evento faz parte do Circuito Nacional urbano da Federa-ccedilatildeo Portuguesa de Orientaccedilatildeo (CiNU) e eacute aberto a pessoas de qualquer idade podendo parti-cipar individualmente ou em grupo

Mesmo que nunca tenha visto um mapa ou uma buacutessola tem possibilidade de se juntar agrave fes-ta porque a organizaccedilatildeo faraacute acompanhamento e ensino com monitores

Traga a famiacutelia e venha conhe-cer os locais mais emblemaacuteti-cos do Porto e aprenda Orien-taccedilatildeo

Os participantes do evento te-ratildeo a possibilidade de competir no dia anterior no Justlog Park Race no Monte da Srordf da Assun-ccedilatildeo nos arredores do Porto

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Em FamiacuteliaoriEntaccedilatildeo o dEsporto da FaMiacuteLiaPelas suas caracteriacutesticas a Orientaccedilatildeo tem a possibilidade de ser realizada em famiacutelia No iniacutecio satildeo os pais que ensinam os filhos a des-mistificar o slogan de que a floresta eacute o ldquoterri-toacuterio do lobo maurdquo depois ter um mapa e um percurso satildeo momentos de partilha de busca de superaccedilatildeo de transmissatildeo de conhecimen-tos e de preparaccedilatildeo para a vida O facto de exis-tirem percursos adaptados a todas as idades e niacuteveis teacutecnicos permite que no mesmo espaccedilo todos possam executar o seu percurso mesmo que natildeo seja em conjunto

Na proacutexima ediccedilatildeo do Porto City Race a organi-zaccedilatildeo vai criar um percurso turiacutestico vocaciona-do para a famiacutelia em que os pontos de controlo seratildeo monumentos e em que a entrada nos mes-mos seja facilitada Assim aleacutem de cumprirem um percurso de Orientaccedilatildeo poderatildeo tambeacutem conhecer melhor a cidade e a sua histoacuteria oslash

Fernando Costa

11 dE Maio dE 2013 Justlog Park Race - Monte da Srordf da Assunccedilatildeo

12 dE Maio dE 2013 Porto City Race - Centro Histoacuterico do Porto (Patrimoacutenio Mundial)

doMingo 12 dE Maio 2013- porto City raCE

08h30 - Abertura do secretariado no local da prova (A confirmar)

10h00 - Partida dos primeiros atletas

13h00 - Encerramento

Mais inForMaccedilotildeEs EMwwwgd4caminhoscomportocityrace2013

PROGRAMA

OUTDOOR setembro_outubro 2011 15

16 Janeiro_Fevereiro 2012 OUTDOOR

Em Famiacutelia

A ROTA DA AacuteGuAPOR LIsBOA

Atividade

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omo proposta para um passeio em famiacutelia e adequado desde os mais novos ateacute aos mais grauacutedos suge-rimos uma visita guiada ao Palaacutecio Marquecircs da Fronteira e o passeio

pedestre Rota da Aacutegua no Parque Florestal de Monsanto em Lisboa

Quem jaacute olhou e passou por debaixo do aquedu-to das Aacuteguas Livres em Lisboa e pensouhellipquem me dera poder subir e saber todos os seus recan-tos histoacuterias e lendas

Neste passeio vai ter acesso a um percurso de 8 km com direito a perguntas e respostas sobre este monumento que nos envolve com a sua grandiosidade e beleza

Porque eacute cedo que comeccedila o dia a hora de en-contro eacute pelas 9h30 no estacionamento em fren-te ao Palaacutecio Marquecircs e Fronteira no largo Satildeo Domingos de Benfica em Lisboa

O palaacutecio foi construiacutedo em 1640 para o pri-meiro Marquecircs de Fronteira D Joatildeo de Mas-carenhas heroacutei da Guerra da Restauraccedilatildeo Este bonito Palaacutecio situa-se agrave beira do Parque Flores-tal de Monsanto no Largo de Satildeo Domingos de Benfica

O Palaacutecio foi ampliado no seacuteculo XVIII em estilo laquorocailleraquo e continua a ser atualmente residecircn-cia dos 12ordm Marquecircs de Fronteira sendo contudo possiacutevel visitar algumas das salas a biblioteca e o jardimO interior eacute igualmente rico destacando-se a Sala das Batalhas que contem belos paineacuteis e azulejos com cenas da Guerra da Restauraccedilatildeo trecircs grandes janelas que se abrem sobre o Jar-dim de Veacutenus e a Sala da Jantar adornada com frescos de retratos da nobreza portuguesaA Capela de finais do seacuteculo XVI conta no seu interior com um preseacutepio cuja autoria eacute atribuiacute-da a Machado de Castro As visitas aos sumptuosos Jardins ldquoagrave italianardquo comeccedilam no terraccedilo da capela com destaque para o Jardim de Veacutenus e o Jardim Formal do seacuteculo XVII onde pontifica a Galeria dos ReisPara completar o passeio iremos conhecer a Rota da AacuteguahellipA Rota da Aacutegua tem 8 km e atravessa uma seacuterie de espaccedilos recreativos e de lazer entre eles o Parque Recreativo do Alto da Serafina o Espa-ccedilo Monsanto Parque da Pedra Parque do Ca-lhau e Mata S Domingos de Benfica O traccedilado do Aqueduto das Aacuteguas Livres acompanha uma parte da rota

O programa comeccedila com uma visita guiada ao Palaacutecio Marquecircs da Fronteira aacutes 10h O passeio pedestre teraacute iniacutecio por volta das 11h30mNatildeo percam este passeio de grande interesse natural histoacuterico-cultural e fotograacutefico oslash

Local de encontro No estacionamento em frente ao Palaacutecio Marquecircs e Fronteira Hora de encontro 9h30m Hora de iniacutecio do pro-grama 10h Percurso Circular Distacircncia 8 km Grau de dificuldade FaacutecilHora prevista do final do programa 14h30m (inclui paragem para descanso e comer) Ponto de encontro Morada Largo de S Domingos de Benfica 1 - 1500-554 Lisboa GPS N 38ordm 44 2503 W 9ordm 10 496 Em alternativa o local de encontro pode ser no Lu-miar em frente ao supermercado Europa agraves9h GPS 38773763-9160421 Ou em Sete Rios agraves 9h15m em frente ao ZOO Haacute possibilidade de boleia para quem necessitar Quem tiver boleia para oferecer agradeccedilo que me avise e indique local de partida Preccedilo do programa 10 euroA atividade estaacute coberta por seguroRecomendaccedilotildees - Uso de calccedilado confortaacutevel e com boa aderecircncia aos solos proacuteprio para caminhadas - Uso de vestuaacute-rio adequado ao tempo - Alimentaccedilatildeo trazer farnel e aacutegua - Trazer chapeacuteu e protetor solar - Natildeo se afastar do grupo - Deixar o lixo nos locais apropriados - Respeitar a vida selvagem e natildeo perturbar a tran-quilidade local - Respeitar a propriedade privada e os campos cul-tivados

Um programa Caminhos com Carisma lda

ContactosE-mail caminhoscomcarismagmailcom Telefone 914 907 446 967 055 233

ficha teacutecnica

Em Famiacutelia

vIAGENsEsPECIAL FIM DE ANO

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Tipo Expediccedilatildeo no DesertoGrau de dificuldade Moderado 1012km diaacuterios aproximadamente 4 horas de caminhadaCaracteriacutesticas8 dias 7 noites6 dias de expediccedilatildeoPuacuteblico-alvo Adequado a crianccedilas gt 8 anos(transporte em dromedaacuterio)Proacuteximas datas 26 de dezembro de 2012 a 2 janeiro de 2013Programa previstoDia 1 Viagem para Marrakech e transfer para riad no centro Noite em RiadDia 2 Viagem de Marrakech para Zagora em viatura exclusiva para o grupoDia 3 Dunas Bougayoirn -gt Dunas Tridi Dia 4 Tridi -gt erg (duna) EssahelDia 5 Erg Essahel -gt Dunas de LanithieDia 6 Dunas de Lanithie -gt Ouled DrissDia 7 Dunas de Lanithie -gt Ouled DrissDia 8 Marrakech e regresso

Equipamento obrigatoacuterioMochila pequena cantil (ou similar)Saco de viagem (maacutex 60Lt e 10kg) para transportar no dromedaacuterioSaco camaFrontal ou lanternaOacuteculos escuros chapeacuteu e protetor solarRoupas confortaacuteveis para caminhadaImpermeaacutevelAgasalho noturnoBaacutesicos de higiene (incluir toalha pequena e ligeira e produtos biodegradaacuteveis papel higieacutenico e saco chinelos)1ordms socorros pessoais que devem incluir anti mosqui-to e anti diarreicoPara as Senhoras ndash calccedilas compridas para atravessar algumas aldeias

Equipamento RecomendadoMaacutequina Fotograacutefica Sticks de Caminhada Calccedilado confortaacutevel e desportivo (uso recomendado)

Nuacutemero miacutenimo 6 pessoas (preccedilo sob consulta para grupos de nuacutemero inferior)

Preccedilo Desde 799euro | + 50euro (suplemento single em Marrakech)

Mais informaccedilotildees aquiUm Programa Caminhos da Natureza oslash

DEsERToDUNas E oaacutesis

Tipo de percurso NaturezaTrekkingGrau de dificuldade MeacutedioAltoCaracteriacutesticas8 dias 7 noitesProacuteximas datas 26 de dezembro de 2012 a 2 janeiro de 2013

Marrocos eacute um paiacutes lindiacutessimo que por estar tatildeo perto e ser tatildeo exoacutetico merece uma visitaNesta viagem propomos mais que uma visita sugeri-mos uma aventura de vaacuterios dias a peacute a acompanhar uma caravana de camelos Iraacute atravessar planaltos e desertos descansar agrave som-bra de oaacutesis e dormir sobre as estrelas beber chaacute na companhia de Berberes e ouvir as suas histoacuterias Per-correremos caminhos antigos de caravanserais que acompanham rios e dunas Para no fim saborearmos um merecido descanso na magia do deserto Aproveite este fim de ano para comemorar em boa companhia e num cenaacuterio exoacutetico e inesqueciacutevel a entrada do novo ano e para conhecer ou regressar a este maravilhoso paiacutes

Programa previstoDia 1 Voo cidade de origem - MarrakechDia 2 Marrakech - ZagoraDia 3 Beni Ali - Oaacutesis de Foum TaqquatDia 4 Oaacutesis de Foum Taggat ndash Dunas de Nesrate ndash Ksar Ait IsfoulDia 5 Oaacutesis e dunas de Nesrate ndash Zaouiat Sidi Saleh ndash Duna de TidiriDia 6 Dunas de Tidiri ndash Oaacutesis e dunas de Ragabi ndash Dunas Erg LihoudiDia 7 Viagem para MarrakechDia 8 Voo Marrakech - cidade de origem

Preccedilo 580euro (Preccedilo Terra) | Desde 350euro (Preccedilo voo) + Suplemento ind Marrakech 50 euro

Mais informaccedilotildees aquiUm Programa Papa-Leacuteguas oslash

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dia 1 - 28ago12 keflavik- selfoss ndash 112 kmNoacutes movemo-nos como este vento que corre li-vremente por este paiacutes gelado Tatildeo a sul quanto eacute possiacutevel nesta latitude percorremos a estrada da costa expostos a um inquietante e impressio-nante vento que nos derrubou por diversas ve-zes Ele natildeo deixa saudades apenas ficam mar-cas e recordaccedilotildees Por momentos sentimo-nos transportados para o outro extremo do mundo na Patagoacutenia onde os 8 meses que separam es-tas 2 aventuras natildeo chegam para tirar do corpo o desconforto que nos provocou

Por todo o lado nota-se a natureza intocada com pouca vegetaccedilatildeo os tons escuros dos solos vulcacircnicos e muitas rochas de lava cobertas de musgo O momento do dia foi junto da Blue La-goonl um dos pontos mais turiacutesticos da Islacircndia

Pedalar por um sonho agraves portas do Ciacuterculo Polar Aacutertico

Para os sonhos serem realizados eacute preciso al-gueacutem que acredite A nossa viagem agrave Islacircndia foi alimentada pela vontade de ajudar 2 crianccedilas a concretizar 2 sonhos em conjunto com a Ins-tituiccedilatildeo terra dos sonhos porque um sorriso vale tudo

Durante 3 semanas pedalaacutemos no nosso mundo de sonhos e a cada pedalada recebemos sorri-sos em troca

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Aventura

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Para muita gente

viajar significa ir ao encontro daquilo

que procuram Noacutes que viajamos com a bicicleta e em autonomia sabemos

que o destino estaacute traccedilado mas eacute

incerto

dia 2 - 29ago12 selfoss-selfoss Atraacutes das montanhas em busca do Circulo de Ouro 95 km Hoje o dia foi programado para viajarmos sem bagagem Era uma volta circular que nos leva-va para laacute das montanhas ateacute agrave fenda onde a Islacircn-dia se equilibra

No parque nacional de Thingvellir vivemos alguns dos mais conhecidos fenoacutemenos naturais desta ilha Aqui eacute o local onde se separam as placas tectoacute-nicas americana e euroasiaacutetica criando uma fenda que se afasta 2cm por ano

dia 3 - 30ago12 selfoss-Laugarvatn-gey-sir-gullfoss-Fludir-Aacuternes 140 kmPercebemos agora porque chamam ciacuterculo de Ouro ao Geysir e agrave cascata Gullfoss O turismo mais va-lioso chega em inuacutemeros autocarros e viaturas 4X4 equipadas com rodas ldquoextra sizerdquo

Natildeo eacute preciso chegar a este local para sentir os cheiros que os vapores emanam do subsolo Em povoaccedilotildees com pouco mais de 4 casas eacute possiacutevel ver-se a terra em plena atividade diante dos nossos olhos e sentir-mo-nos convidados a ocupar todo o espaccedilo aquecido

Laugarvatn Fludir ou Aacuternes todas estatildeo num terri-toacuterio maacutegico onde o tamanho natildeo conta e os limites que existem satildeo impostos pela nossa imaginaccedilatildeoEstas aldeias natildeo brilham mas valem ouro Ainda estamos a 20 quiloacutemetros do destino mas jaacute passa-ram mais de 10h desde que saiacutemos Eacute tarde e natildeo vamos ter tempo para recuperar e enfrentar 4 dias de total isolamento por uma estrada de montanha que atravessa 2 glaciares

A ementa para tantos dias corre velozmente na mi-nha mente Compramos tudo o que julgamos vir a precisar mas antes percorro corredores vasculho prateleiras tenho hesitaccedilotildeeshellipCalamos o medo e pegamos na bicicleta

dia 4 - 01 set12 Aacuternes ndash highland center 70kmDamos hoje a primeira pedalada de aproximada-mente 300 quiloacutemetros em direccedilatildeo ao centro da Terra as highlands

Para muita gente viajar significa ir ao encontro da-quilo que procuram Noacutes que viajamos com a bici-cleta e em autonomia sabemos que o destino estaacute traccedilado mas eacute incerto O encontro com o inesperado eacute muitas vezes algo que acontece com frequecircnciaFoi uma noite mal dormida devido agrave ansiedade e ao risco do que nos propunhamos fazer Sabemos que a cada quiloacutemetro que andamos comeccedila uma nova aventura

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Natildeo podiacuteamos esperar mais Saiacute-mos do Youth hostel debaixo de chuva tendo como esperanccedila al-guma falha nas previsotildees meteo-roacutegicas para as horas seguintes Insiacutepidos e molhados desde cedo buscamos abrigo no highland center

dia 4 - 02set12 highland center ndash nyidalur hut 110km Toda a ilha eacute uma zona livre de stress Quando percorremos a fantasmagoacuterica Sprengisadur route (F26) percebemos que es-tamos livres de tudo ateacute do nosso juiacutezo A nossa ambiccedilatildeo quando tracaacutemos esta rota era atraves-saacutermos o paiacutes de sul para norte e passarmos entre os glaciares Holsjokul e VatnajokullA natureza pode ser simulta-neamente dura delicada e cruel como foi ontem mas foi genero-sa connosco hoje ao permitir-nos ver a paisagem de cascalho solto nua sempre do mesmo tom cas-tanho escuro

O silecircncio ganhou espaccedilo ateacute ao momento em que conseguimos chegar ao abrigo de montanha (hut)

dia 5 - 03set12 - nyida-lur hut ndash rest dayNem pensar em cruzar a precio-sa porta do abrigo Laacute fora estaacute tudo muito branco e diferente daquilo a que estamos habitua-dos e por isso mantivemo-nos no hut de Nyidalur (na base do vulcatildeo Tungnfell) durante 2 noi-tes por seguranccedila O fogatildeo estaacute sempre aceso e tem uma enorme panela com aacutegua pronta a aque-cer quem chegue

Para que possamos variar do esparguete e noodles (jaacute natildeo haacute muito) vamos tentar fazer patildeo O resultado da nossa experiecircncia a juntar ingredientes com nomes impronunciaacuteveis em que iacuteamos provando para perceber o que era deu num cruzamento entre o patildeo e o rissol O duo de motards que dividiam o hut connosco re-petiram Significa que inventaacute-mos mais um pastel falta soacute dar um nomehellipO Ranger do Parque Nacional acaba de chegar ao hut e veio confirmar que somos mesmo malucos por estarmos nas high-lands nesta eacutepoca Aleacutem disso avisou que vai haver tempestade para esta noite e amanhatilde

dia 6 - 04set12 - nyidalur hut- rest dayLaacute fora estatildeo 0ordmC e as bicicletas encostadas imoacuteveis sujeitas a mais um teste de resistecircncia O nosso passatempo eacute assar ba-tatas ver quem passa e a forma como transpotildeem o rio A nossa vez de partir vai chegar ainda natildeo sabemos eacute quando Para jaacute passa a 3ordf noitehellip

dia 7 - 05set12 - nyidalur hut ndash Laugar 129kmO som do vento acorda-nos mui-to cedo e era semelhante ao do dia anterior Se a direccedilatildeo se man-tivesse de norte significava mais um dia perdido Inquieto dirijo--me ateacute agrave janela para observar o uacutenico ponto de referecircncia no ex-terior uma bandeira chicoteada pelo vento vindo de sulEstava dado o sinal de partida para mais do que uma maratona nas highlands Ao longo do ca-minho a neve mantinha-se por vastas aacutereas e o vento empur-rava-nos ao mesmo tempo que nos congelava as extremidades e queimava a pele

Foi uma benccedilatildeo a ajuda do Ran-ger para transpormos 2 rios em

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seguranccedila sem nunca nos molharmos A aacutegua que noacutes e os islandeses bebem vem de rios como estes sem qualquer tipo de tratamento

DIA 8 - 06set12 Laugar ndash Lago Myvatn- Lau-gar 85 kmFoi tanta a privaccedilatildeo nos dias anteriores que hoje sonhaacutemos com o pequeno almoccedilo que teriacuteamos pela manhatilde antes de nos deslocarmos para o Lago Myvatn Este lago imenso e a aacuterea envolvente satildeo um dos grandes tesouros europeus Durante a nossa volta circular toda a paisagem eacute surreal Lava fumo a sair da terra crateras aacutegua e montanhas vulcacircnicas

Haacute muitos dias que transportamos os fatos de ba-nho na pequena mochila que vai agraves costas na es-peranccedila de um banho quente em qualquer charco inesperado Hoje tivemos o nosso primeiro hot pot Eles satildeo um must nesta regiatildeo (eacute como estar num jacuzzi no meio da rua com um cenaacuterio deslum-brante)

DIA 9 - 07set12 Laugar ndash Akureyri 67kmIsto de pedalar com vento natildeo tem graccedila nenhu-ma especialmente porque natildeo se consegue ter mo-

mentos de contemplaccedilatildeo parados Em dias assim eu sou a ponta da flecha que abre uma fissura no vento e permite que a Filomena possa andar na roda Acabar eacute uma vitoacuteria mas natildeo existe gloacuteria quando se chega ao fimAkureyri eacute a capital do norte e a 2ordf cidade maior do paiacutes com 18000 habitantes civilizaccedilatildeo situada num fiorde rodeado de cumes nevados uma escolha acertada para ficar um dia a descansar

DIA 10 - 09set12 Akureyri- Varmahliacuteo 95 kmMesmo a pedalar sobre a Route 1 os grandes hori-zontes continuam a fazer parte desta viagem An-damos pelos vales e seguimos os cursos dos rios alimentados pelas aacuteguas que escorrem incessante-mente das arribas que nos flanqueiamPodia afirmar que estou eufoacuterico diante das infini-tas possibilidades que tenho pela frente mas natildeo estou Novo aviso de tempestade acompanhada de ventos fortes (23 ms) natildeo convida a grandes aven-turas

Por hoje natildeo precisamos de nos preocupar esta-mos bem abrigados numa quinta na aldeia de Var-mahliacuteeth com 130 pessoas

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DIA 11 -10set12 Varmahliacuteo ndash Rest dayParece que o inverno veio todo num soacute dia e pintou tudo de branco O supermercado estaacute a 300 metros mas eacute como se fosse uma miragem Temos mais um dia de paragem forccediladaO nevatildeo ganha cada vez mais terreno agrave medida que as horas avanccedilam A estrada estaacute interdita agrave maio-ria dos veiacuteculos e por precauccedilatildeo as pessoas satildeo aconselhadas a procurar alojamentoEm pouco tempo a senhora Inda de 81 anos que haacute poucas horas parecia ter uma vida pacata a co-chilar no seu sofaacute mostrou-nos como eacute uma ver-dadeira mulher do norte Enquanto nos convidava para um lanche com bolos caseiros mostrava or-gulhosamente os aacutelbuns de famiacutelia recebia os tu-ristas que iam chegando e quando a lotaccedilatildeo esgo-tou pegou no seu jeep e conduzia estrada fora para os ir alojar

DIA 12- 1set12 Varmahliacuteo ndash Saeberg (hostel) 15kmEsta aventura jaacute foi longe demais Temos metade da quilometragem que planeaacutemos centenas de peripeacutecias e riscos incalculados e soacute nos apetece chegar agrave capital Laacute fora tudo continua branco e a abanar no entanto existe a necessidade de arran-car Estamos confiantes nas previsotildees para o dia de hoje mesmo quando aquilo que vemos natildeo inspira confianccedila

Comeccedila a nevar comeccedila a montanhahellipVaacuterios car-ros estatildeo soterrados nas bermas os flocos voam magoam as faces e a subida ainda vai no iniacutecio Me-tro a metro vamos quebrando o gelo Quem passa tira fotografias e fica increacutedulo Noacutes tambeacutem Natildeo sabemos como equilibrar as 2 rodas perante esta manifestaccedilatildeo da natureza As equipas de emergecircn-cia patrulham a aacuterea e noacutes fazemos ldquolikerdquo sem nos apercebermos que as descidas se tornariam autecircn-ticos escorregasPedimos ajuda e somos resgatados ateacute ao nosso destino Estaacute um sol maravilhoso e as vistas satildeo lindas A vida eacute tatildeo bela porque seraacute que ando de bicicleta em siacutetios tatildeo difiacuteceisPronto Depois de 1h dentro do hot pot percebe-mos porque natildeo ficamos em casa Casa eacute onde estaacute o nosso coraccedilatildeo

DIA 13 - 12 e 13 set12 Saeberg ndash Borgarnes ndash Reykjavik 226kmsEstamos a oeste mas o nosso sentido eacute cada vez seguir para mais perto do nosso ponto inicial O isolamento e a ausecircncia da matildeo humana con-tinuam a ser uma das grandes referecircncias deste paiacutes Os horizontes ateacute Borgarnes perdem a cor e parecem-se com tantos outros que jaacute vimos noutros lugaresReykjavik natildeo estaacute isolada natildeo estaacute no topo de uma

montanha e nem sequer haacute nada de extremo nesta cidade

DIA 14 - 14 set12 Reykjavik ndash Rest dayA capital natildeo nos cativa eacute exageradamente cara e parece viver soacute de noite

DIA 15 - 15 set12 Reykjavik ndash Keflavik 49kmFelizmente que as imagens que estamos a ver e que satildeo iguais ao primeiro dia representam ape-nas uma pequena amostra deste paiacutes Natildeo haacute aacutervo-res natildeo haacute rios natildeo haacute vales apenas uma rugosa paisagem lunar fruto da forte atividade vulcacircnica nesta peniacutensula

Ateacute ao aeroporto jaacute natildeo contamos observar nada daquilo que enche as brochuras e panfletos que se podem encontrar e consultar espalhados por qual-quer parte desta linda ilha Resta-nos pedalar

EPIacuteLOGO Natildeo satildeo os nuacutemeros que fazem uma via-gem de SONHO Os quiloacutemetros ambicionados os desniacuteveis previstos os dias programados ficaram aqueacutem do planeado Mas as expectativas planeadas foram largamente ultrapassadas pois tivemos expe-riecircncias uacutenicas em cenaacuterios de Sonho com amiza-des imprevistas

Nesta ilha todos os sentidos experimentaram a na-tureza em estado puro A esta latitude tudo se torna impreviacutesivel os 6 dias que ficaacutemos retidos e os 1400 quiloacutemetros percorridos hoje parecem pouco vistos agrave distacircncia num lugar seguro

AGRADECIMENTO Aos nossos apoiantes ndash Terra dos Sonhos Cofides Competiccedilatildeo Movefree Bike performance Center D-Maker Ortik Bike Magazi-ne Bivaque Extramedia Portal Aventuras

Um agradecimento muito especial agrave missatildeo da For-ccedila Aeacuterea Portuguesa ndash Iceland Air Policing que nos recebeu e transportou as nossas bagagens no re-gresso a Portugal Bem hajam oslash

Ricardo Mendes e Filomena Gomes

MAIS PORMENORES E FOTOS

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Aventura- Tsiiii tsiiii ndash o meu olhar desviou-se do hori-zonte que observava tentando encontrar por perto de onde vinha o som daquele assobio

- Satildeo as marmotas Estatildeo a avisar as outras que noacutes estamos por perto eacute assim que comunicam principalmente se sentem algum perigo - o Heacutel-der ria do meu ar confuso Ia jurar que o assobio vinha de um ser humano Foi a primeira vez que avistei este simpaacutetico mamiacutefero Imagino esta marmota no meio dos peluches do quarto das minhas filhas Satildeo sem duacutevida um animal sim-paacutetico estes excelentes escavadores que vivem em altitudes desde os 900m aos 3200m Nove meses do ano passam-no a hibernar Estamos em pleno veratildeo nos Alpes e as marmotas estatildeo em grande atividade armazenando energias para o inverno Conseguimos avistar os outros elementos da coloacutenia ldquode peacuterdquo alerta Foi um bom motivo para uma merecida pausa tirar a mochila hidratar comer uma barra energeacutetica

Jaacute haviacuteamos percorrido grande parte do trilho que nos levaria ao Refuacutegio Albert I Eacute aqui que pernoitaremos para iniciar a nossa aclimataccedilatildeo Saiacutemos da pequena vila de Le Tour de onde partem os telefeacutericos usados no inverno para aceder agraves pistas de esqui No veratildeo continuam em atividade facilitando o percurso aos trekkers que natildeo queiram palmilhar o desniacutevel de cerca de

700m que os separa do Col de Balme- Estamos a aclimatar e tambeacutem a treinar nem pensar em usar meios mecacircnicos ndash Helder sor-ria a dizer esta frase Foi quanto bastou para perceber que a manhatilde ia ser longa Depois de vencermos grande parte do desniacutevel chegamos a um local de onde se pode avistar a cordilheira do monte Branco la Verte os Drus as Aiguil-les de Chamonix e o Monte Branco com os seus 4810m Mas que local magniacutefico para aclimatar pensei Para subir em altitude temos que permi-tir ao nosso organismo que se habitue gradual-mente agrave falta de oxigeacutenio a que vai ser exposto Para isso vamos fazendo caminhadas subindo gradualmente para que ao fim de alguns dias jaacute estejamos mais aptos a entrar numa zona em que a pressatildeo atmosfeacuterica eacute menor e o oxigeacutenio do ar mais rarefeito

Ao chegar agrave moreia do glaciar do Tour resta-nos uns 200 m para o nosso objetivo A 30 de agosto de 1930 o rei Alberto I da Beacutelgica inaugurou o primeiro refuacutegio que tem o seu nome Em 1935 o refuacutegio foi ampliado no entanto natildeo foi sufi-

ciente e o atual precariamente empoleirado num penhasco a uma altitude de 2706

inaugurado a 12 de julho de 1959 foi construiacutedo perto do primeiro

edifiacutecio Natildeo posso deixar de me impressionar ao avistaacute-lo e quando chego sento-me na varanda feliz por poder apre-

Esta-mos em pleno

veratildeo nos Alpes e as marmotas estatildeo em grande ativida-de armazenando energias para o

inverno

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ciar vistas tatildeo magniacuteficas ehellip por poder tirar as botas Natildeo tinha botas de alta montanha mas um amigo comprou umas plaacutesticas em segun-da matildeo em Chamonix e sorte das sortes eram o meu nuacutemero Fiz este trekking com elas para me habituar resultou Mas os meus peacutes supli-cavam por ar fresco Soacute conseguimos dar o de-vido valor ao momento de descanso conversa contemplaccedilatildeo numa varanda dum refuacutegio se jaacute tivermos percorrido umas boas horas por trilhos de montanha Saboreei ao maacuteximo este tempi-nho sabia que a tarde era guardada para treino no glaciar como andar em cordada e escalada no gelo Eacute sempre bom relembrar as bases um acidente pode acontecer quando descuramos as regras mais simples e esta tarde foi fundamental para isso Um sol magniacutefico vistas deslumbran-tes ambiente descontraiacutedo Natildeo deixar a corda a tocar o chatildeo nunca a pisar nem a ter dema-siado em tensatildeo Esta sintonia entre elementos de cordada trabalha-se e soacute com o treino a con-seguimos obter Amanhatilde vamos sair ao nascer do dia em direccedilatildeo agrave Aiguille du Tour Esta for-maccedilatildeo com 3540m eacute muito popular entre as pes-soas que tentam a ascensatildeo ao Monte Branco Eacute relativamente faacutecil a sua subida pela face leste

A meteorologia na manhatilde da nossa subida esta-va perfeita Adoro toda a logiacutestica de preparaccedilatildeo de saiacuteda do refuacutegio O acordar ainda de noite os ruiacutedos leves e abafados dos mais madrugadores na camarata o som dos passos ainda lentos no chatildeo de madeira Tento concentrar-me para natildeo me escapar nada ter todo o material colocado e sentir-me confortaacutevel Saio do refuacutegio e o ar

fresco da montanha acorda os meus sentidos Comeccedilamos a subir o glaciar frontais ligados muacutesculos a aquecer A inclinaccedilatildeo eacute moderada e rapidamente chegamos ao colo superior do Tour que marca a fronteira da Franccedila com a Suiacuteccedila ndash Trouxeram o passaporte Vamos pas-sar no posto fronteiriccedilo ndash pergunta o Heacutelder a sorrir Atravessamos agora o glaciar de Trient o sol aquece-nos e as vistas satildeo surpreendentes Ao chegar agrave base da aguille do Tour fazemos o nosso merecido descanso comer beber aacutegua apreciar a beleza que nos circunda Vem agora a parte divertida para quem gosta de escalar em rocha Iniciamos calmamente a nossa subida vamos ouvindo algumas orientaccedilotildees progredin-do e fazendo manobras para passar nas zonas mais expostas ateacute chegarmos ao topo Emocio-no-me com a beleza agrave minha volta O meu pen-samento liga-se a algueacutem muito querido que haacute bem pouco tempo deixou a vida terrena sinto a sua proximidade Um abraccedilo forte da minha amiga de escalada traz-me novamente agrave terra E ali agrave nossa frente majestoso quase como que a chamar-nos o Monte Branco

Foi nesse mesmo dia que regressamos a Chamo-nix Uma longa descida animada pela conversa descontraiacuteda sobre os Alpes - Haacute sempre tanto que contar desta cordilheira travessias espeta-culares que se podem fazer ndash ouvia atenta as histoacuterias que me contavam era a minha primei-ra vez nos Alpes e jaacute estava cativada Cativada ateacute pela proacutepria cidade de Chamonix Eacute um lo-cal onde se respira ar livre Da varanda do nos-so apartamento para onde quer que olhe vejo

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Aventuraatividades outdoor Ouccedilo os risos alegres dum grupo que desce o rio fazendo rafting observo o ceacuteu colorido pelos parapentes as pessoas pas-sam na rua equipadas com roupa de montanha Cheguei a Chamonix haacute dois dias de comboio Quando deambulava pelas suas ruelas cho-quei com uma curiosa estaacutetua onde um homem aponta a outro o cume do Monte Branco

- Eacute Jacques Balmat que estaacute a apontar para o cume ele foi o primeiro homem a subir esta montanha a 8 de agosto de 1786 acompanha-do do meacutedico Michel Paccard Saiacuteram de Cha-monix acamparam no cume da Montagne de la cote a 2630m agraves 4 da manhatilde partiram e chega-ram ao cume por volta das 6h da tarde Balmat nasceu neste vale era um caccedilador de cristais tinha uma vontade de ferro e um instinto para as montanhas Paccard era meacutedico em Chamonix e um excelente alpinista adorava botacircnica e mi-nerais Tambeacutem lhe erigiram aqui uma estaacutetua

Foi ele que conheceu Horace-Beacute-neacutedict de Saussure que ini-

ciou a corrida do primeiro homem a subir ao Monte Branco ndash disse-me Joatildeo

- E esse Saussure tam-beacutem era alpinista ndash perguntei curiosa

- O seu interesse pela botacircnica trouxe-o ateacute aos

Alpes e percorreu grande parte desta cordilheira co-

meccedilando a trabalhar no sentido de esclarecer a topografia da parte ne-

vada dos Alpes nessa eacutepoca praticamente des-conhecida Foi em 1760 que veio aqui pela pri-meira vez e ofereceu uma recompensa a quem escalasse o Monte Branco Ele tentou fazecirc-lo sem sucesso- Entatildeo nunca chegou a subir

- Sim conseguiu mas soacute em 1787 jaacute tinha 47 anos e levou 18 guias com ele Relembro as palavras que li do fotoacutegrafo de montanha C Douglas Milner ldquoA subida em si foi magniacutefica uma incriacutevel faccedilanha de coragem grande resistecircncia realizada por estes dois ho-mens apenas sem corda e sem piolets muito sobrecarregados com equipamentos cientiacuteficos e com longos bastotildees com pontas de ferro O bom tempo e uma lua luminosa garantiram o seu regresso com vidardquo

O dia seguinte foi passado a descansar visitar o Museu da Montanha e espreitar a meteoro-

Foi em 1760 que veio aqui

pela primeira vez e ofereceu uma recom-

pensa a quem escalas-se o Monte Branco Ele tentou fazecirc-lo

sem sucesso

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Um dos pontos al-tos eacute ir agrave roulotte

dos waffles delei-tarmo-nos com este

delicioso doce No fi-nal do dia ainda pude-

mos assistir a um espetaacute-culo de muacutesica e danccedila celta

na praccedila central O ambiente eacute descontraiacutedo a praccedila estaacute cheia de gente e a muacutesica faz sempre bem agrave alma Joatildeo recebe um telefonema

- Estaacutes nos Alpes Natildeo vatildeo poder subir amanhatilde aproxima-se uma tempestade Mas tenho boas notiacutecias tens uma janela de bom tempo no dia seguinte se quiserem aproveitar - Disse Viacutetor Baiacutea sempre bem informado sobre os fenoacuteme-nos meteoroloacutegicos

O dia em que vai haver ldquouma abertardquo para subir eacute o mesmo dia em que temos voo para Lisboa

desde Genebra Ficamos um pouco a pensar no que decidir e claro temos que arriscar Na mon-tanha eacute assim tem que haver flexibilidade es-tamos dependentes das condiccedilotildees climateacutericas e aproveitar quando nos eacute proporcionado bom tempo

A rota que vamos seguir natildeo eacute a mais utilizada eacute chamada rota dos trecircs cumes Esta rota eacute mais exigente fiacutesica e tecnicamente do que a rota do Goucircter No entanto com faacutecil acesso a partir do telefeacuterico da Aiguille du Midi este percurso tor-nou-se a segunda rota mais popular para esca-lar o Monte Branco O percurso inicia-se na Ai-guille du Midi seguindo pelo Col du Midi antes de subir o Monte Branco atraveacutes do Mont-Blanc du Tacul (4248m) e Maudit Mont (4465m) Esta rota requer condiccedilotildees estaacuteveis na neve do Mont Blanc du Tacul e Mont Maudit e tem uma eleva-ccedilatildeo acumulada de 1425m O refuacutegio Cosmiques estava lotado a nossa uacuteni-

- Es-taacutes nos Alpes

Natildeo vatildeo poder subir amanhatilde aproxi-ma-se uma tempestade

Mas tenho boas notiacutecias tens uma janela de bom tempo no dia seguinte

se quiserem apro-veitar

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estaccedilatildeo do telefeacuterico da Aiguille du Midi Este telefeacuterico foi construiacutedo em 1955 e manteve o tiacutetulo de ser o mais alto do mundo durante duas deacutecadas Ele ainda deteacutem o recorde como o te-lefeacuterico com a ascensatildeo vertical mais alta no mundo de 1035 m para 3842 m Haacute duas se-ccedilotildees de Chamonix para o Plano de lAiguille a 2317 m e depois diretamente sem qualquer pi-lar de apoio para a estaccedilatildeo superior a 3777 m Apanhamos o uacuteltimo telefeacuterico do dia cerca de 20 minutos depois estaacutevamos no terraccedilo a tentar admirar as lindiacutessimas vistas que se tem deste local No entanto o mau tempo previsto estava certo e a visibilidade natildeo era mais de 20 m agrave nossa frente Estava desanimadiacutessima

- Como eacute possiacutevel daqui a poucas horas termos bom tempo para subir ndash Perguntei increacutedula- Estamos na montanha Luiacutesa a meteorologia muda rapidamente Temos que aguardar ndash Afir-mou Joatildeo calmo e confiante

Fomos procurar um local onde pudeacutessemos descansar ateacute agrave meia-noite hora marcada para a nossa partida O percurso eacute longo com bas-tante desniacutevel e na realidade o voo para Lisboa eacute amanhatilde Quando acordei o som dos ventos fortes que se faziam ouvir misteriosamente desaparece-ram Depois de comer e fazer a confirmaccedilatildeo do equipamento dirigimo-nos para a aresta que nos levaraacute ao Valleacute Blanche Foi com extrema curiosidade que me dirigi agrave saiacuteda Como esta-raacute o tempo A calma e tranquilidade que senti ao sair para o exterior foi-me trazida pela ma-ravilhosa paisagem que tinha agrave minha frente Afinal depois da tempestade vem a bonanccedila e a visatildeo deste vale imaculado sob um ceacuteu estre-lado sem ningueacutem sem pegadas sem luzes de frontais foi brutal Ao comeccedilar a descer a ares-ta conseguimos ver o refuacutegio Cosmiques ainda adormecido Fomos mesmo os primeiros a sair o que representa um privileacutegio por um lado e

No entanto o mau tempo pre-

visto estava certo e a visibilidade natildeo era mais de 20m agrave nossa frente Estava desa-

nimadiacutessima

Ainda foi longa a nossa caminhada sempre a encontrar forccedilas e energia onde quer que elas estivessem escondidas Paraacutevamos de vez em quando agrave espera da outra cordada de amigos e por fim cerca das 10h da manhatilde atingimos o cume Tento tirar fotos mas a maacutequina fotograacute-fica natildeo ajudou fiquei sem bateria Natildeo faltam maacutequinas para o fazer e depois de um breve descanso temos que iniciar a descida pela mes-ma rota Eacute uma descida que acaba por ter al-gumas subidas sendo por isso mais demorada Mas a alegria de ter cumprido o objetivo o dia tatildeo calmo e luminoso a companhia dos amigos supera qualquer tipo de cansaccedilo

Tive um sentimento de saudade ao chegar nova-mente ao Valleacute Blanche e olhar para traacutes para o trilho percorrido olhar aquele vale agora agrave luz do dia atravessado por tantas pegadas Olho de relance para a uacuteltima subida que nos falta fazer a aresta que nos levaraacute ao telefeacuterico na Aguille du Midi Faccedilo esta subida confiante como se ti-vesse deixado para traacutes todo o esforccedilo e cansaccedilo extremo desta maravilhosa aventura

Com grande pena natildeo pude comemorar em Chamonix nessa noite mas comemorei com imensa alegria ao reencontrar-me com a mi-nha famiacutelia orgulhosa de mim afinal estive no mesmo dia no cume do Monte Branco de manhatilde e agrave noite na minha cama quente e confortaacutevel em Lisboa oslash

Luiacutesa Tomeacute

Papa-Leacuteguaswwwpapa-leguascom

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um esforccedilo acrescido por outro Relembro a tra-vessia do glaciar do Tacul a ldquofazer trilhordquo o som dos campons na neve ecoava num ritmo proacute-prio pousava a minha bota no local exato onde o Joatildeo tinha feito a pegada como que num jogo em que quando falhava acrescia o esforccedilo que teria que fazer O som de passos intensifica-se temos mais madrugadores connosco Deixamo--los passar jaacute vimos a fazer trilho haacute bastante tempo eacute a vez de outros agora

Quando chegamos agrave ldquoparederdquo do Mont Blanc du Tacul jaacute temos algumas pessoas agrave espera para subir O sol ainda natildeo subiu para nos aquecer esperamos junto agraves cordas a nossa vez os peacutes comeccedilam a dar sinal de frio Iniciamos a subida os piolets e os crampons cravam-se certeiros no gelo a corda ajuda na subida Comeccedilo a ficar cansada e a hesitar paro por uns momentos sinto a boca seca o coraccedilatildeo a bater forte olho para cima jaacute natildeo falta muito - Piolet numa matildeo corda na outra sobe Luiacutesa ndash a voz do Heacutelder trouxe-me lucidez A energia que me faltava regressou Concentro-me e con-tinuo a subida pedaccedilos de gelo passam por noacutes arrancados aquela parede cheia de gente dese-josa de ultrapassar possivelmente o obstaacuteculo mais duro desta rota

O trilho continua pelo beliacutessimo Mont-Maudit apesar do seu nome O sol jaacute vai alto comeccedila a aquecer haacute que comeccedilar a tirar camadas Natildeo podemos desidratar Col de la Brenva um chaacute quente e uma bolacha Apetece ficar jaacute aqui as vistas satildeo surpreendentes Mas natildeo eacute este o nos-so objetivo vamos continuar a subir

Entrevista Diogo Miguel - (Oti-Estarreja)

ldquoO DEsPORTO EM PORTuGAL eacute uM EsPELhO DA sOCIEDADErdquo

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Entrevista

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Sabe acima de tudo as con-

diccedilotildees que temos e consegue olhar para o

resultado como sen-do bastante meri-

toacuterio

OutdOOr COmO eacute pOssiacutevel algueacutem COm-patibilizar a preparaccedilatildeO enquantO atleta de OrientaccedilatildeO de elite COm as exigecircnCias dum 6ordm anO dO CursO de medi-Cina

diOgO miguel O segredo reside sobretudo na motivaccedilatildeo Toda a gente consegue tirar um curso e fazer desporto e inclusivamente se gos-tar consegue treinar todos os dias Mas se esti-ver motivado o suficiente consegue levantar-se cedo para correr agraves seis da manhatilde estar na Fa-culdade agraves oito e meia sair agraves quatro da tarde e ir treinar outra vez estudar ateacute agraves dez da noite e dormir porque amanhatilde eacute outro dia Eacute preci-so estar-se motivado para abraccedilar esta vida durante o ano inteiro

Haacute quantO tempO eacute que as COisas satildeO levadas assimQuando comecei a fazer Orien-taccedilatildeo natildeo tinha grandes preo-cupaccedilotildees com o treino Durante os anos de faculdade jaacute treinava bastante a seacuterio mas foi haacute dois ou trecircs anos quando comecei a ser treinado pelo Professor Bruno Nazaacuterio que aumentei a carga de trei-no para o bi-diaacuterio A partir daiacute passei a ter o meu tempo totalmente ocupado Satildeo os estaacutegios do Curso o tempo de deslocaccedilatildeo para Hospitais da periferia uma tese para defender Este ano seraacute bastante mais exigente que os anteriores se calhar natildeo vou poder fazer treino bi-diaacuterio todos os dias como gostaria mas ainda assim vou pro-curar treinar duma forma o mais seacuteria possiacutevel e se natildeo puder fazecirc-lo na quantidade desejaacutevel pelo menos na qualidade espero consegui-lo

em 2007 COnquistOu a primeira grande medalHa da OrientaccedilatildeO pOrtuguesa aO sagrar-se CampeatildeO da eurOpa de JOvens

Chama-se Diogo Miguel e eacute aos 23 anos uma das referecircncias da Orientaccedilatildeo Pedestre nacio-nal Campeatildeo Europeu de Jovens em 2007 e Campeatildeo Nacional de Distacircncia Longa em 2009 e 2011 Diogo Miguel reparte o tempo entre a modalidade do seu coraccedilatildeo e as exigecircncias do curso de Medicina que abraccedilou haacute seis anos E foi precisamente por aiacute que a nossa conversa comeccedilou uma conversa onde passado presen-te e futuro se misturam e confundem numa teia de opccedilotildees direccedilotildees desafios e decisotildees Na Orientaccedilatildeo como na Vida

Por Joaquim Margarido

de sprint em eger na Hungria que me-moacuterias guarda dessa JOrnada Haacute CinCO anOs atraacutesGuardo sobretudo as memoacuterias e os amigos Na altura pensaacutemos que a visibilidade que este re-sultado poderia dar agrave Orientaccedilatildeo catapultasse a modalidade e possibilitasse a obtenccedilatildeo de mais apoios mas isso natildeo se veio a verificar pelo me-nos na medida daquilo que seria de esperar

esteve este anO nOs mundiais de lausan-ne COnseguindO O 33ordm lugar na Final a de distacircnCia lOnga que valOr atribui a este seu resultadOAtribuo-lhe um valor elevado ateacute porque foi a primeira vez em dez anos que um portuguecircs foi a uma final A de Distacircncia Longa Cheguei ao fim com a certeza de ter feito o meu melhor e se natildeo tivesse quebrado fisicamente teria fei-to melhor ainda Ou seja com outras condiccedilotildees de treino teria facilmente ficado entre os vinte e cinco primeiros Mas falta bastante cultura des-portiva agrave sociedade portuguesa em geral e se disser a algueacutem que natildeo estaacute familiarizado com a Orientaccedilatildeo que terminei em 33ordm num Campeo-nato do Mundo essa pessoa iraacute pensar ldquoesque-ce eacutes mau natildeo prestasrdquo Mas quem sabe como estas coisas funcionam sabe os sacrifiacutecios que temos que fazer Sabe acima de tudo as condi-ccedilotildees que temos e consegue olhar para o resulta-

do como sendo bastante meritoacuterio

temOs em pOrtugal O apOiO que deviacuteamOs Ou que mereCiacuteamOs

Natildeo Eacute bastante revoltante olhar para outros desportos como eacute o caso do Futebol e termos um Presidente que termina o man-dato agrave frente da Federaccedilatildeo e que se sente orgulhoso por ter deixa-

do um balanccedilo positivo nas contas de muitos milhotildees de euros Mas

satildeo estes precisamente que ainda assim continuam a receber milhotildees e

milhotildees do Instituto Portuguecircs do Desporto e Juventude enquanto outras modalidades lutam pela sobrevivecircncia Acho que somos claramen-te sub-apoiados O desporto em Portugal eacute um espelho da Sociedade Haacute os muito ricos e haacute os muito pobres Os ricos satildeo cada vez mais ricos e os pobres satildeo cada vez mais pobres Eacute a mesma coisa com o desporto

quandO OlHa para Os nOssOs JOvens que pOtenCialidades vecirc neles para COn-seguirem CHegar aOs lugares CimeirOs da OrientaccedilatildeO eurOpeia e mundialTemos alguns jovens com bastante valor prin-

OUTDOOR novembro_Dezembro 2012 37

cipalmente o Luiacutes Silva Trata-se dum atleta que tem um futuro brutal e acho que vai ser sem sombra de duacutevidas o melhor atleta portuguecircs dentro de muito pouco tempo Olhando de for-ma mais aprofundada para estes atletas eacute uma realidade que eles tecircm hoje melhores condiccedilotildees em relaccedilatildeo agravequilo que noacutes tiacutenhamos na altura Basta ver que os atletas jaacute se deslocam com al-guma frequecircncia ao terreno antes das grandes competiccedilotildees coisa que natildeo havia ateacute haacute muito pouco tempo atraacutes E depois haacute os estaacutegios de Seleccedilatildeo Mas deve reconhecer-se que lhes falta o treino fora da competiccedilatildeo Acho que falta al-gum espiacuterito de sacrifiacutecio no treino em casa que eacute o mais importante

o CLubE dE oriEntaccedilatildeo dE EstarrEJa Eacute dEsdE sEMprE o sEu CLubE quE signiFiCa-do tEM para si EstE EMbLEMa E Esta CaMi-soLa quE EnvErgaComecei na Orientaccedilatildeo aos 8 anos e a minha primeira experiecircncia foi no Desporto Escolar na minha terra Canelas uma pequena aldeia do Concelho de Estarreja A essa primeira pro-va seguiu-se uma ldquoQuinzena da Orientaccedilatildeordquo no veratildeo e nunca mais parei Haacute quinze anos que estou ligado a este clube e ele faz parte de mim Poderia dividir a minha vida em dois por um lado a parte profissional da Faculdade e por outro a Orientaccedilatildeo Por estranho que possa pa-recer a parte desportiva natildeo se encontra num plano inferior relativamente agrave parte profissio-nal Ambas as partes se complementam uma agrave outra Portanto a minha ligaccedilatildeo a este clube eacute muito grande satildeo muitos anos satildeo muitas pes-soas e ajudou-me a crescer

aos Miuacutedos quE agora datildeo os priMEiros passos quE ConsELhos dariaO conselho natildeo o daria aos miuacutedos se calhar da-va-o antes aos pais Tanto a escola como o des-porto andam muito ligados Se temos disciplina num acabamos por ter disciplina no outro Natildeo eacute por acaso se olharmos para os atletas de topo a niacutevel nacional todos eles satildeo excelentes es-tudantes e tecircm um futuro profissional bastante promissor Tudo parte de quem educa Eu tenho a sorte de ter uns pais que sempre me educaram bem e que sempre me deram o apoio necessaacuterio para conseguir fazer as duas coisas

E deixaria ainda um conselho mais aos pais o de virem fazer uma prova de Orientaccedilatildeo com os seus filhos Uma das grandes vantagens da Orientaccedilatildeo eacute ser para aleacutem do ldquodesporto da flo-restardquo o ldquodesporto da famiacuteliardquo

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EntrevistaConsidEra quE Esta EacutepoCa CorrEu dE aCordo CoM as suas ExpECtativasNa verdade digamos que a eacutepoca estaacute quase agrave beira de comeccedilar Depois do Campeonato do Mundo tirei mais tempo do que era habitual para descansar e tenho estado a fazer pratica-mente soacute manutenccedilatildeo A eacutepoca teve alguns per-calccedilos comecei a treinar na Repuacuteblica Checa e apesar de ter feito muito treino com mapa devi-do agraves questotildees climateacutericas e agraves poucas horas de luz acabei por ter uma carga de treino aqueacutem do desejaacutevel Depois de regressar a Portugal estava a treinar bem mas tive um percalccedilo e lesionei--me num peacute o que me obrigou a uma paragem de um mecircs Isso fez-me perder muito da minha boa forma e acredito que se natildeo fosse isso po-

deria ter chegado muito melhor ao Campeonato do Mundo e aiacute o resultado poderia ter sido outro Apesar de tudo os resultados acabaram por ser bem melhores do que estaria agrave espera

o obJEtivo a Curto praZo passa pELo tiacute-tuLo naCionaL absoLutoPor acaso esse eacute um tiacutetulo que nunca alcancei Vou comeccedilar a treinar a seacuterio para chegar nas melhores condiccedilotildees ao Campeonato Nacional Absoluto e esse vai ser um bom teste O objetivo eacute estar laacute para ganhar

Quanto agrave proacutexima eacutepoca espero apresentar-me agraves provas em melhor forma do que este ano e que os bons resultados possam aparecer oslash

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ofereccedila um garmin DeSemBruLHara caixa Seraacute Soacute o princiacutepio

este natal ofereccedila emoccedilotildees aventuras para quem viaja ou para os que correm para os que navegam no mar ou escalam montanhas Para os nadadores ou golfistas este natal ofereccedila um garmin

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ORIENTACcedilatildeOhellip DEsPORTO NA NATuREzA

Parque nacional torres del Paine Chile

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Cinco satildeo os sentidos estaacute nos manuais neles reside a possi-bilidade de um maior ou menor contacto da pessoa com aquilo que a rodeia Haacute ainda o sexto sentido aquela perceccedilatildeo extra--sensorial que parece ser mais propriedade das mulheres do que dos homens e que nas con-ceccedilotildees ocultistas estaraacute tam-beacutem sedeado num oacutergatildeo do nosso corpo Figurada ou ob-jetivamente eacute bom que todos eles ndash sem exceccedilatildeo - estejam suficientemente desenvolvi-dos sem isso natildeo haacute sentido de orientaccedilatildeo que aguente

A Orientaccedilatildeo eacute um Desporto recente em Portugal mas tem jaacute mais de 100 anos de existecircncia

enquanto desporto organi-zado Com efeito teraacute sido em Bergen - Noruega no ano de 1897 que se organizou a pri-meira atividade desportiva de Orientaccedilatildeo Os paiacuteses noacuterdicos satildeo ainda hoje aqueles onde a modalidade tem maior implan-taccedilatildeo mobilizando um nuacutemero de praticantes que coloca a

Orientaccedilatildeo entre os cinco des-portos com mais adeptos na Escandinaacutevia A maior prova do mundo realiza-se anual-mente na Sueacutecia os 5 dias da Sueacutecia com um nuacutemero de participantes que jaacute atingiu os 25000

Durante o seacutec XX a modali-dade foi evoluindo ateacute agrave criaccedilatildeo da Federaccedilatildeo Internacional de Orientaccedilatildeo (IOF) que fes-tejou em 2012 o 51ordm aniversaacuterio e veio normalizar mundial-mente as regras competitivas as normas para elaboraccedilatildeo dos mapas e as sinaleacuteticas a usar A Orientaccedilatildeo eacute praticada em quatro disciplinas diferentes Orientaccedilatildeo Pedestre Orien-taccedilatildeo em BTT Orientaccedilatildeo em Ski e Orientaccedilatildeo de Precisatildeo (Orientaccedilatildeo prioritariamente para deficientes motores)

Portugal tem marcado pontos na Orientaccedilatildeo para o desporto adaptado lanccedilando em 2012 a Taccedila de Portugal de Orientaccedilatildeo de Precisatildeo e criando um cir-cuito de Orientaccedilatildeo adaptada vocacionado prioritariamente para a deficiecircncia intelectual e

crianccedilas em idade preacute-escolar que eacute uacutenico no Mundo e que estaacute a ser jaacute implementado pela Espanha

o quE EacutePodemos dizer que a Orien-taccedilatildeo eacute um desporto completo Haacute o aspeto fiacutesico o treino no campo que se aproxima do treino dum atleta de fundo E haacute o aspeto mental que de-sempenha um papel funda-mental a leitura dos mapas o contra-reloacutegiohellip Eacute tambeacutem o desporto de natureza por exce-lecircncia Os orientistas saem dos trilhos balizados para pene-trarem no coraccedilatildeo da floresta Cada dia eacute uma nova aven-tura Daquele que se inicia na Orientaccedilatildeo ao mais consagrado dos praticantes haacute todo um mesmo espiacuterito de liberdade de fazer a sua proacutepria escolha do melhor itineraacuterio No Atle-tismo por exemplo a volta agrave pista teraacute sempre 400 metros quer seja aqui ou no Japatildeo Na Orientaccedilatildeo esta noccedilatildeo de dis-tacircncia tem muito pouco signi-ficado Tanto se pode fazer 10 quiloacutemetros numa hora e meia como em quarenta minutos E

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depois nunca existem duas florestas iguais Eacute o eterno recomeccedilo Na Austraacutelia ou na Suiacuteccedila no Japatildeo ou na Escandinaacutevia eacute necessaacuterio uma adaptaccedilatildeo a cada local natildeo haacute lugar a repeti-ccedilotildeeshellip

Cada corredor possui uma buacutessola e um mapa que contrariamente a um mapa normal conteacutem uma enorme diversidade de detalhes acerca dos seus elementos caracteriacutesticos (relevo do ter-reno vegetaccedilatildeo caminhos elementos rochosos construccedilotildees e muito mais) Os mapas satildeo rea-lizados segundo as normas especiacuteficas da Fede-raccedilatildeo Internacional de Orientaccedilatildeo que tem sede na Finlacircndia Aleacutem da legenda sobre os siacutembolos nele representados existe ainda uma sinaleacutetica

proacutepria que tem a ver com o percurso que o praticante vai realizar nesse evento e que eacute uma linguagem uni-versal

A partir do momento em que se potildee em marcha o cronoacutemetro o orientista deve efe-tuar o seu percurso que eacute marcado no mapa e que eacute cons-tituiacutedo por uma par-tida (representada por um triacircngulo) uma seacuterie de pontos de

passagem obrigatoacuterios (representados por ciacuter-culos) e a chegada (representada no mapa por dois ciacuterculos concecircntricos) Estes pontos satildeo materializados no terreno sob a forma de um prisma triangular denominado por baliza e a passagem deve ser validada por um sistema de ldquopicotagemrdquo manual ou eletroacutenica O objetivo consiste em fazer o percurso na sequecircncia in-dicada o mais rapidamente possiacutevel Mas entre cada ponto de passagem a escolha do itineraacuterio fica ao criteacuterio de cada um

O percurso em linha reta evidentemente nem sempre eacute o mais raacutepido Eacute necessaacuterio jogar com as inflexotildees do terreno os lagos os muros e outros acidenteshellip O tempo gasto a percorrer o traccedilado da corrida depende sobretudo do meio sobre o qual a mesma se desenrola Em terrenos como na Escandinaacutevia onde o relevo eacute mais duro numa mesma distacircncia poderemos gastar quase o dobro do tempo que gastariacuteamos num terreno plano e sem o mesmo tipo de obs-taacuteculos

Por Terra

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O conhecimento do relevo eacute a parte mais difiacutecil Eacute neces-saacuterio aprender a imaginar um terreno a trecircs dimensotildees sobre o mapa Claro que natildeo eacute apenas isto Para quem tem mais dificuldade em possuir a visatildeo a trecircs dimensotildees esta in-suficiecircncia pode ser compensada com outras qualidades nomeada-mente a atenccedilatildeo Mas nem todos pos-suem igualmente esta capacidade mental Como na generalidade dos desportos eacute neces-saacuteria uma longa aprendizagem onde o treino teacutecnico a vivecircncia de situaccedilotildees mais variadas e o nuacutemero de florestas ldquovisitadasrdquo desempe-nham um papel fundamental Eacute agrave medida que o tempo passa que o orientista aprende a adaptar o seu comportamento a reagir cada vez mais rapidamente e a encontrar as melhores opccedilotildeesO desporto natildeo eacute muito mediatizado e o espiacute-rito da Orientaccedilatildeo eacute o de permanecer livre Eacute um desporto ainda preservado de certas po-leacutemicas ldquodopingrdquo e outros malabarismos daiacute que muitos orientistas digam que natildeo seja mau de todo que ele permaneccedila ldquoconfidencialrdquo

Grandes Competiccedilotildees em 2013

Em 2013 as grandes competiccedilotildees internacio-nais onde Portugal vai querer estar presente

satildeo as seguintes

- Campeonato do Mundo de Juacuteniores ndash Repuacuteblica Checa (29jun-06 de julho) wwwjwoc2013cz

- Campeonato do Mundo Elite ndash Finlacircndia (07-14 jul)

wwwwoc2013fi- Campeonato do Mundo ve-

teranos ndash Itaacutelia (02-10 ago) wwwwmoc2013it

- Campeonato da Europa de Jovens ndash Israel (03 de novembro) wwweyoc2013org

portuGal na alta roda Mas Portugal vai ter brevemente grandes desa-fios pela frente- Em 2013 organiza uma etapa da Taccedila do Mundo de seacuteniores e o Campeonato do Mundo de Vete-ranos de Orientaccedilatildeo em BTT - Costa Alentejana entre 09 e 13 de outubro- Em 2014 organiza em Palmela de 9-14 de abril e em paralelo o Campeonato da Europa de Orientaccedilatildeo Pedestre e o Campeonato da Eu-ropa de Orientaccedilatildeo de Precisatildeo wwweoc2014fpopt

Carnaval o ponto alto Desde 1996 que Portugal realiza a sua prova ra-inha que atrai os melhores especialistas a Por-

Eacute um desporto ainda

preservado de certas poleacutemicas ldquodopingrdquo e outros malabarismos

daiacute que muitos orientistas digam que natildeo seja mau de todo que ele perma-

neccedila ldquoconfiden-cialrdquo

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Por Terratugal Eacute O Portugal Orsquo Meeting que desde 2000 se realiza no Carnaval com a duraccedilatildeo de 4 dias e pontuaacutevel para a liga Mundial de orientaccedilatildeo pedestre nos percursos de Elite Em 2013 Por-tugal vai receber pela primeira vez trecircs eventos pontuaacuteveis para a Liga Mundial02 e 03 de fevereiro ndash Norte Alentejano Orsquo Mee-ting ndash Nisa (wwwnaompt)09ndash12 de fevereiro ndash Portugal Orsquo Meeting ndash Idanha-a-nova (wwwpompt)16 e 17 de fevereiro ndash XIV Meeting de Orien-taccedilatildeo do Centro ndash Pombal (wwwcocpteventos16fev2013)

OrientaccedilatildeO muitO mais dO que um despOr-tOOlhando para a modalidade de uma forma mais transversal podemos enquadraacute-la aleacutem de mo-dalidade desportiva com aacutereas como o Ambien-te a Educaccedilatildeo e as Novas Tecnologias As qua-tro vertentes atraacutes enunciadas reunidas numa soacute tem a ver tambeacutem com solidariedade

Ambiente porque a Orientaccedilatildeo eacute o ldquoDesporto da Florestardquo fazendo de cada praticante um guardiatildeo e um amigo de tatildeo valioso patrimoacutenio Educaccedilatildeo porque eacute uma modalidade onde se aglutinam mateacuterias tatildeo nucleares como a Ma-temaacutetica ou a Geografia e se desenvolvem com-petecircncias como a capacidade de interpretaccedilatildeo ou o poder de decisatildeo por isso ser considerada prioritaacuteria para o Desporto Escolar Novas Tec-nologias porque eacute das modalidades que mais depende dos Meios Informaacuteticos a todos os niacute-veis do controlo de tempos agrave cartografia mais desenvolvida que existe Desporto porque pro-move a atividade fiacutesica e a Sauacutede dirigindo-se de igual forma agravequeles que individualmente a praticam ao niacutevel da alta competiccedilatildeo como agraves crianccedilas ou agraves famiacutelias que vecircm nela uma forma

de promover o seu bem estar fiacutesico e reforccedilar os laccedilos de amizade e convivialidade

E solidariedade porque vive da forccedila que projeta nos seus praticantes

trabalhando desinteressadamente em prol da modalidade em prol do paiacutes

Porque a Orientaccedilatildeo eacute Ambiente eacute Educaccedilatildeo satildeo Novas Tecnolo-gias eacute Desporto Porque a Orien-

taccedilatildeo gera Riqueza e gera Sauacutede Porque a Orientaccedilatildeo eacute de todos e

para todos Interessa a todos Inte-ressa ao Paiacutes Daiacute que eacute urgente que

todos venham experimentar e que descu-bram as belezas deste Paiacutes de mapa na matildeo oslash

Fernando Costa e Joaquim margarido

Olhando para a modali-

dade de uma forma mais transversal po-

demos enquadraacute-la aleacutem de modalidade desportiva

com aacutereas como o Am-biente a Educaccedilatildeo e

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OUTDOOR Setembro_Outubro 2011 139

Page 2: Revista Outdoor 8

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Advanced Dynamics eacute a tecnologia com que criaacutemos a bicicleta de trail mais eficiente do mercado Uma maacutequina que te faraacute subir mais aacutegil do que nunca e te daraacute o maacuteximo controlo para fazeres faiacutesca em qualquer descida Nova Orbea Occam onde eficiecircncia e controlo se juntam

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Onde eficiecircncia e cOntrOlO se juntam

Apesar do frio jaacute se fazer sentir e as manhatildes estarem geladas noacutes conti-nuamos cheios de vontade de par-tir agrave descoberta de novos desafios e aventurashellip na sua companhia

De nuacutemero para nuacutemero a certeza de que so-mos realmente um paiacutes de aventureiros e explo-radores aumenta Eacute fascinante o que conseguimos fazerhellip e somos realmente incriacuteveis nos feitos que conseguimos atingir

Comeccedilamos a ediccedilatildeo de novembro com desafios inusitados Jaacute ou-viu falar de aventura extrema Temos duas para vos apresentar nos palcos do Mediterracircneo e Gredos Continuando com grandes proje-tos de portugueses natildeo podem perder o relato de quem participou no Brasil Raide a breve entrevista a Miguel Lacerda a propoacutesito da sua aventura gelada na Antaacutertida e o resumo por etapas do projeto Iceland Luso Expedition

O desporto em destaque eacute a Orientaccedilatildeo e na entrevista ficamos a co-nhecer Diogo Miguel uma referecircncia na modalidade com apenas 23 anos Na fotografia mais um nome portuguecircs Jorge Braacutes Traz-nos um conjunto de imagens fantaacutesticas de atividades outdoor

Em territoacuterio nacional convidamo-lo a explorar a regiatildeo do Gerecircs e contamos-lhe como foi a nossa experiecircncia na Madeirahellip natildeo perca a foto reportagem sobre a Madeira World Games um evento fantaacutes-tico para os amantes de desporto aventura e natureza

Descubra nas nossas paacuteginas as melhores sugestotildees de atividades para miuacutedos e grauacutedos um especial team building a entrevista agrave atleta paraoliacutempica Sara Duarte sugestotildees de equipamentos para o Natal e teacutecnicas de sobrevivecircncia

Boas leituras e continue a acompanhar todas as novidades do mun-do outdoor no Portal Aventuras

Ateacute janeiro e Feliz Natal ) Nuno Neves

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arMando no u-455

A 120 metros de profundidade os olhos esbuga-lhados do peixe de-Satildeo-Pedro talvez surpreen-dido pela inesperada presenccedila humana fize-ram Armando Ribeiro esboccedilar um sorriso sob a maacutescara e pensar como valera jaacute a pena ter apostado na descida ao U-455 laquo Fui o primeiro portuguecircs a mergulhar neste submarino-misteacute-rio desaparecido no Mediterracircneo em finais da Segunda Guerra Mundial e ateacute haacute 6 anos um dos destroccedilos de guerra nazis mais procurados do mundoraquo recorda um dos mais ativos mergu-lhadores nacionais de expediccedilatildeo da atualidade e que integra a elite mundial do mergulho teacutecnico com rebreathersPara ser o primeiro portuguecircs a visitar o sub-marino Armando integrou uma expediccedilatildeo mul-tinacional com partida da costa da Liguacuteria em Itaacutelia Eacute aliaacutes ao largo de Portofino um dos locais de feacuterias mais exclusivos da Europa que se encontra o submarino desaparecido a 6 de abril de 1944 com 51 homens a bordo e soacute lo-calizado por um mergulhador italiano em 2005 laquoEstaacute em bom estado a torre tem ainda todos os aparelhos o periscoacutepio de ataque e o periscoacute-pio de observaccedilatildeo aeacuterea ao lado dos canhotildeesraquo mas natildeo eacute um mergulho faacutecil explica Armando laquoa visibilidade as correntes e as redes e fios de nylon presos que envolvem parte do submarino sobretudo na parte mais funda em que a visibi-lidade eacute mais reduzida tornam a apro-ximaccedilatildeo extremamente perigosa Um colega nosso ficou preso na rede tivemos de desemba-raccedilaacute-lo com as facas Agravequela profundidade a tarefa natildeo foi nada faacutecilraquo

Para ultrapassar a cota dos 100 metros e alcanccedilar pro-fundidades atingidas por poucos mergulhadores Ar-mando utiliza um rebreather e realiza um tipo de mergulho teacutec-nico com equipamento de circuito fe-chado Por oposiccedilatildeo ao mergulho com gar-rafas de ar e tal como num ventilador ou num aviatildeo reaproveita o gaacutes respirado laquoRespiremos devagar ou depressa o volume de consumo eacute sempre constante podemos fazer um mergu-lho de 10 horas Traz grandes vantagens para mergulhos mais profundos e mais longos e tem ainda outra vantagem faz otimizaccedilatildeo de gases que respiramos permite-nos fazer patamares de descompressatildeo mais curtos e eficientes por-que estamos a respirar mistura mais apropriada para as profundidades a que estamosraquo

Para ser o primeiro

portuguecircs a visitar o submarino Armando integrou uma expediccedilatildeo multinacional com par-

tida da costa da Li-guacuteria em Itaacutelia

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Na ida ao U-455 Armando voltou a repetir os procedimentos de anteriores expediccedilotildees ao rei-no do silecircncio e da escuridatildeo O regresso agrave superfiacutecie vindo dos 100 metros de profundidade demorou mais de 2 horas O graacutefico do mergulho registado no computador mostra uma descida raacutepida e pouco mais de 15 minutos no fundo para uma subida muita lenta que permitiu a descompressatildeo adequada

Habitualmente Armando mergulha com Joseacute Marques com quem formou a equipa In-silen-ce para explorar naufraacutegios profundos na costa portuguesa e participar em expediccedilotildees inter-nacionais de mergulho Entre as experiecircncias contadas no site da dupla e em reportagens anteriores estaacute a exploraccedilatildeo do miacutetico paquete italiano Andrea Doria naufragado no Atlacircnti-co Norte nos anos 60 Ou a descida aos 115 metros de profundidade aos destroccedilos do Vimi-nale torpedeado no estreito de Messina na Se-gunda Guerra Mundial De outros naufraacutegios do mesmo periacuteodo histoacuterico ambos arriscaram tudo o que sabiam num mergulho agraves aacuteguas frias da Noruega (5 graus) e aos destroccedilos da bata-

lha de Narvik uma das maiores batalhas navais do seacuteculo XX laquoAleacutem da profundidade recordo a escuridatildeo A visibilidade maacutexima eacute de 10 a 15 metros haacute sempre suspensatildeo e a aacutegua eacute leitosa e nunca totalmente clara parece que anda sem-pre uma poeira no ar eacute como se estiveacutessemos no nevoeiroraquo

O mergulho a norte do Ciacuterculo Polar Aacutertico ain-da hoje traz viacutevidas recordaccedilotildees aos 2 portugue-sesEm Portugal ficaram conhecidos pela descober-ta do cargueiro grego Agios Nikolaos ao largo de Peniche e pela localizaccedilatildeo recente do aviatildeo suiacuteccedilo que se despenhou haacute 34 anos na costa sul da Madeira

Do Mediterracircneo e do mergulho mais recente Armando recorda a primeira visatildeo do U-455 um dos 2 submarinos atualmente fundados na verti-cal nos mares do planeta e que se teraacute afundado depois de embater numa mina laquoO vulto do des-troccedilo com os flaps ainda intactos parecia uma baleia adormecida no fundoraquo

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Do Torreacuteon dos Galayos ex--liacutebris da escalada em rocha da Serra de Gredos e da Peniacutensula Ibeacuterica a vista sempre pano-racircmica parece desta vez ainda mais espetacular para Tozeacute O escalador portuguecircs acaba de abrir com os amigos espanhoacuteis uma nova via de grau 6 - na escala alpina significa ascen-satildeo extremamente severa e com passagens difiacuteceis

Para quem vive fora do mundo da escalada ibeacuterica passaram praticamente despercebidas as ascensotildees realizadas no uacutel-timo fim de semana de junho Muitos menos teratildeo ainda co-nhecimento que o feito tornou tambeacutem Antoacutenio Coelho- Tozeacute para os amigos- o uacutenico portu-guecircs a participar num projeto ineacutedito da Mamut Na iniciativa destinada a celebrar 150 anos de existecircncia a marca suiacuteccedila outdoor lanccedilou o Peak Project e selecionou 150 projetos de 150 equipas em todo o mundo unidas em mostrar o melhor que haacute na aventura ao alto

Na Peniacutensula Ibeacuterica e infeliz-mente Portugal ficou fora da iniciativa que animou as cor-dilheiras e serras do planeta incluindo Himalaias e Andes o liacuteder foi Raul Lora escala-dor de renome e que coordena atualmente a Escola Alpina de Gredos laquoO Raul eacute meu amigo e companheiro de outras es-caladas Logo que a Mammut aprovou o projeto reunimos a equipa e iniciaacutemos a escaladaraquo No parque natural de Gredos conhecido de muitos monta-nhistas e escaladores portu-gueses a escolha da equipa espanhola onde se integrou Tozeacute foi o Torreacuteon Sem ser o cume alto dos Galayos que atinge 2100m o prisma gigan-te de granito permite efetuar uma seacuterie de passagens teacutec-nicas e passos difiacuteceis que satildeo

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sempre um desafio para qualquer es-calador laquoPrimeiro abrimos uma via numa zona pouco frequentada do Torreacuteon que se chama de Cer-ro Peluca e batizamo-la natu-ralmente de 150ordm Aniversaacuterio Mammutraquo Eacute com modeacutestia que Tozeacute descreve a abertura da nova via

Aleacutem da nova via Tozeacute e os companheiros espanhoacuteis esco-lheram a Via Lucas ao Torreacuteon laquoEacute a que tem melhor visibilidade des-de o cume sobre os outros escalado-resraquo resume o escalador de Barcelos que no projeto Mammut enriqueceu o curriacuteculo longo de montanhista que incluiu a participaccedilatildeo nas primeiras expediccedilotildees portuguesas a cumes de 7 mil metros nos Himalaias ndash Pumori (2003) e Ama Dablam (2004) e a tentativa de ascensatildeo de um pico de 8000m o Kangchenjunga (2005)

Em Gredos no reino da rocha onde muito haacute por explorar e se sente como peixe na aacutegua o portuguecircs tem jaacute outro projeto ineacutedito com os amigos espanhoacuteis laquoSaberatildeo na altura certaraquo oslash

Aureacutelio FariaJornalista

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Grande Reportagem

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e os companheiros espanhoacuteis escolheram a Via Lucas ao Torreacuteon laquoEacute a que tem melhor visibi-

lidade desde o cume sobre os outros es-

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A segunda ediccedilatildeo do Porto City Race eacute um evento de Orienta-ccedilatildeo pedestre urba-no organizado pelo

Grupo Desportivo dos Quatro Caminhos em parceria com a Cacircmara Municipal do Porto atraveacutes da Porto Lazer

O evento faz parte do Circuito Nacional urbano da Federa-ccedilatildeo Portuguesa de Orientaccedilatildeo (CiNU) e eacute aberto a pessoas de qualquer idade podendo parti-cipar individualmente ou em grupo

Mesmo que nunca tenha visto um mapa ou uma buacutessola tem possibilidade de se juntar agrave fes-ta porque a organizaccedilatildeo faraacute acompanhamento e ensino com monitores

Traga a famiacutelia e venha conhe-cer os locais mais emblemaacuteti-cos do Porto e aprenda Orien-taccedilatildeo

Os participantes do evento te-ratildeo a possibilidade de competir no dia anterior no Justlog Park Race no Monte da Srordf da Assun-ccedilatildeo nos arredores do Porto

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Em FamiacuteliaoriEntaccedilatildeo o dEsporto da FaMiacuteLiaPelas suas caracteriacutesticas a Orientaccedilatildeo tem a possibilidade de ser realizada em famiacutelia No iniacutecio satildeo os pais que ensinam os filhos a des-mistificar o slogan de que a floresta eacute o ldquoterri-toacuterio do lobo maurdquo depois ter um mapa e um percurso satildeo momentos de partilha de busca de superaccedilatildeo de transmissatildeo de conhecimen-tos e de preparaccedilatildeo para a vida O facto de exis-tirem percursos adaptados a todas as idades e niacuteveis teacutecnicos permite que no mesmo espaccedilo todos possam executar o seu percurso mesmo que natildeo seja em conjunto

Na proacutexima ediccedilatildeo do Porto City Race a organi-zaccedilatildeo vai criar um percurso turiacutestico vocaciona-do para a famiacutelia em que os pontos de controlo seratildeo monumentos e em que a entrada nos mes-mos seja facilitada Assim aleacutem de cumprirem um percurso de Orientaccedilatildeo poderatildeo tambeacutem conhecer melhor a cidade e a sua histoacuteria oslash

Fernando Costa

11 dE Maio dE 2013 Justlog Park Race - Monte da Srordf da Assunccedilatildeo

12 dE Maio dE 2013 Porto City Race - Centro Histoacuterico do Porto (Patrimoacutenio Mundial)

doMingo 12 dE Maio 2013- porto City raCE

08h30 - Abertura do secretariado no local da prova (A confirmar)

10h00 - Partida dos primeiros atletas

13h00 - Encerramento

Mais inForMaccedilotildeEs EMwwwgd4caminhoscomportocityrace2013

PROGRAMA

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16 Janeiro_Fevereiro 2012 OUTDOOR

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A ROTA DA AacuteGuAPOR LIsBOA

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omo proposta para um passeio em famiacutelia e adequado desde os mais novos ateacute aos mais grauacutedos suge-rimos uma visita guiada ao Palaacutecio Marquecircs da Fronteira e o passeio

pedestre Rota da Aacutegua no Parque Florestal de Monsanto em Lisboa

Quem jaacute olhou e passou por debaixo do aquedu-to das Aacuteguas Livres em Lisboa e pensouhellipquem me dera poder subir e saber todos os seus recan-tos histoacuterias e lendas

Neste passeio vai ter acesso a um percurso de 8 km com direito a perguntas e respostas sobre este monumento que nos envolve com a sua grandiosidade e beleza

Porque eacute cedo que comeccedila o dia a hora de en-contro eacute pelas 9h30 no estacionamento em fren-te ao Palaacutecio Marquecircs e Fronteira no largo Satildeo Domingos de Benfica em Lisboa

O palaacutecio foi construiacutedo em 1640 para o pri-meiro Marquecircs de Fronteira D Joatildeo de Mas-carenhas heroacutei da Guerra da Restauraccedilatildeo Este bonito Palaacutecio situa-se agrave beira do Parque Flores-tal de Monsanto no Largo de Satildeo Domingos de Benfica

O Palaacutecio foi ampliado no seacuteculo XVIII em estilo laquorocailleraquo e continua a ser atualmente residecircn-cia dos 12ordm Marquecircs de Fronteira sendo contudo possiacutevel visitar algumas das salas a biblioteca e o jardimO interior eacute igualmente rico destacando-se a Sala das Batalhas que contem belos paineacuteis e azulejos com cenas da Guerra da Restauraccedilatildeo trecircs grandes janelas que se abrem sobre o Jar-dim de Veacutenus e a Sala da Jantar adornada com frescos de retratos da nobreza portuguesaA Capela de finais do seacuteculo XVI conta no seu interior com um preseacutepio cuja autoria eacute atribuiacute-da a Machado de Castro As visitas aos sumptuosos Jardins ldquoagrave italianardquo comeccedilam no terraccedilo da capela com destaque para o Jardim de Veacutenus e o Jardim Formal do seacuteculo XVII onde pontifica a Galeria dos ReisPara completar o passeio iremos conhecer a Rota da AacuteguahellipA Rota da Aacutegua tem 8 km e atravessa uma seacuterie de espaccedilos recreativos e de lazer entre eles o Parque Recreativo do Alto da Serafina o Espa-ccedilo Monsanto Parque da Pedra Parque do Ca-lhau e Mata S Domingos de Benfica O traccedilado do Aqueduto das Aacuteguas Livres acompanha uma parte da rota

O programa comeccedila com uma visita guiada ao Palaacutecio Marquecircs da Fronteira aacutes 10h O passeio pedestre teraacute iniacutecio por volta das 11h30mNatildeo percam este passeio de grande interesse natural histoacuterico-cultural e fotograacutefico oslash

Local de encontro No estacionamento em frente ao Palaacutecio Marquecircs e Fronteira Hora de encontro 9h30m Hora de iniacutecio do pro-grama 10h Percurso Circular Distacircncia 8 km Grau de dificuldade FaacutecilHora prevista do final do programa 14h30m (inclui paragem para descanso e comer) Ponto de encontro Morada Largo de S Domingos de Benfica 1 - 1500-554 Lisboa GPS N 38ordm 44 2503 W 9ordm 10 496 Em alternativa o local de encontro pode ser no Lu-miar em frente ao supermercado Europa agraves9h GPS 38773763-9160421 Ou em Sete Rios agraves 9h15m em frente ao ZOO Haacute possibilidade de boleia para quem necessitar Quem tiver boleia para oferecer agradeccedilo que me avise e indique local de partida Preccedilo do programa 10 euroA atividade estaacute coberta por seguroRecomendaccedilotildees - Uso de calccedilado confortaacutevel e com boa aderecircncia aos solos proacuteprio para caminhadas - Uso de vestuaacute-rio adequado ao tempo - Alimentaccedilatildeo trazer farnel e aacutegua - Trazer chapeacuteu e protetor solar - Natildeo se afastar do grupo - Deixar o lixo nos locais apropriados - Respeitar a vida selvagem e natildeo perturbar a tran-quilidade local - Respeitar a propriedade privada e os campos cul-tivados

Um programa Caminhos com Carisma lda

ContactosE-mail caminhoscomcarismagmailcom Telefone 914 907 446 967 055 233

ficha teacutecnica

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Tipo Expediccedilatildeo no DesertoGrau de dificuldade Moderado 1012km diaacuterios aproximadamente 4 horas de caminhadaCaracteriacutesticas8 dias 7 noites6 dias de expediccedilatildeoPuacuteblico-alvo Adequado a crianccedilas gt 8 anos(transporte em dromedaacuterio)Proacuteximas datas 26 de dezembro de 2012 a 2 janeiro de 2013Programa previstoDia 1 Viagem para Marrakech e transfer para riad no centro Noite em RiadDia 2 Viagem de Marrakech para Zagora em viatura exclusiva para o grupoDia 3 Dunas Bougayoirn -gt Dunas Tridi Dia 4 Tridi -gt erg (duna) EssahelDia 5 Erg Essahel -gt Dunas de LanithieDia 6 Dunas de Lanithie -gt Ouled DrissDia 7 Dunas de Lanithie -gt Ouled DrissDia 8 Marrakech e regresso

Equipamento obrigatoacuterioMochila pequena cantil (ou similar)Saco de viagem (maacutex 60Lt e 10kg) para transportar no dromedaacuterioSaco camaFrontal ou lanternaOacuteculos escuros chapeacuteu e protetor solarRoupas confortaacuteveis para caminhadaImpermeaacutevelAgasalho noturnoBaacutesicos de higiene (incluir toalha pequena e ligeira e produtos biodegradaacuteveis papel higieacutenico e saco chinelos)1ordms socorros pessoais que devem incluir anti mosqui-to e anti diarreicoPara as Senhoras ndash calccedilas compridas para atravessar algumas aldeias

Equipamento RecomendadoMaacutequina Fotograacutefica Sticks de Caminhada Calccedilado confortaacutevel e desportivo (uso recomendado)

Nuacutemero miacutenimo 6 pessoas (preccedilo sob consulta para grupos de nuacutemero inferior)

Preccedilo Desde 799euro | + 50euro (suplemento single em Marrakech)

Mais informaccedilotildees aquiUm Programa Caminhos da Natureza oslash

DEsERToDUNas E oaacutesis

Tipo de percurso NaturezaTrekkingGrau de dificuldade MeacutedioAltoCaracteriacutesticas8 dias 7 noitesProacuteximas datas 26 de dezembro de 2012 a 2 janeiro de 2013

Marrocos eacute um paiacutes lindiacutessimo que por estar tatildeo perto e ser tatildeo exoacutetico merece uma visitaNesta viagem propomos mais que uma visita sugeri-mos uma aventura de vaacuterios dias a peacute a acompanhar uma caravana de camelos Iraacute atravessar planaltos e desertos descansar agrave som-bra de oaacutesis e dormir sobre as estrelas beber chaacute na companhia de Berberes e ouvir as suas histoacuterias Per-correremos caminhos antigos de caravanserais que acompanham rios e dunas Para no fim saborearmos um merecido descanso na magia do deserto Aproveite este fim de ano para comemorar em boa companhia e num cenaacuterio exoacutetico e inesqueciacutevel a entrada do novo ano e para conhecer ou regressar a este maravilhoso paiacutes

Programa previstoDia 1 Voo cidade de origem - MarrakechDia 2 Marrakech - ZagoraDia 3 Beni Ali - Oaacutesis de Foum TaqquatDia 4 Oaacutesis de Foum Taggat ndash Dunas de Nesrate ndash Ksar Ait IsfoulDia 5 Oaacutesis e dunas de Nesrate ndash Zaouiat Sidi Saleh ndash Duna de TidiriDia 6 Dunas de Tidiri ndash Oaacutesis e dunas de Ragabi ndash Dunas Erg LihoudiDia 7 Viagem para MarrakechDia 8 Voo Marrakech - cidade de origem

Preccedilo 580euro (Preccedilo Terra) | Desde 350euro (Preccedilo voo) + Suplemento ind Marrakech 50 euro

Mais informaccedilotildees aquiUm Programa Papa-Leacuteguas oslash

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dia 1 - 28ago12 keflavik- selfoss ndash 112 kmNoacutes movemo-nos como este vento que corre li-vremente por este paiacutes gelado Tatildeo a sul quanto eacute possiacutevel nesta latitude percorremos a estrada da costa expostos a um inquietante e impressio-nante vento que nos derrubou por diversas ve-zes Ele natildeo deixa saudades apenas ficam mar-cas e recordaccedilotildees Por momentos sentimo-nos transportados para o outro extremo do mundo na Patagoacutenia onde os 8 meses que separam es-tas 2 aventuras natildeo chegam para tirar do corpo o desconforto que nos provocou

Por todo o lado nota-se a natureza intocada com pouca vegetaccedilatildeo os tons escuros dos solos vulcacircnicos e muitas rochas de lava cobertas de musgo O momento do dia foi junto da Blue La-goonl um dos pontos mais turiacutesticos da Islacircndia

Pedalar por um sonho agraves portas do Ciacuterculo Polar Aacutertico

Para os sonhos serem realizados eacute preciso al-gueacutem que acredite A nossa viagem agrave Islacircndia foi alimentada pela vontade de ajudar 2 crianccedilas a concretizar 2 sonhos em conjunto com a Ins-tituiccedilatildeo terra dos sonhos porque um sorriso vale tudo

Durante 3 semanas pedalaacutemos no nosso mundo de sonhos e a cada pedalada recebemos sorri-sos em troca

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Para muita gente

viajar significa ir ao encontro daquilo

que procuram Noacutes que viajamos com a bicicleta e em autonomia sabemos

que o destino estaacute traccedilado mas eacute

incerto

dia 2 - 29ago12 selfoss-selfoss Atraacutes das montanhas em busca do Circulo de Ouro 95 km Hoje o dia foi programado para viajarmos sem bagagem Era uma volta circular que nos leva-va para laacute das montanhas ateacute agrave fenda onde a Islacircn-dia se equilibra

No parque nacional de Thingvellir vivemos alguns dos mais conhecidos fenoacutemenos naturais desta ilha Aqui eacute o local onde se separam as placas tectoacute-nicas americana e euroasiaacutetica criando uma fenda que se afasta 2cm por ano

dia 3 - 30ago12 selfoss-Laugarvatn-gey-sir-gullfoss-Fludir-Aacuternes 140 kmPercebemos agora porque chamam ciacuterculo de Ouro ao Geysir e agrave cascata Gullfoss O turismo mais va-lioso chega em inuacutemeros autocarros e viaturas 4X4 equipadas com rodas ldquoextra sizerdquo

Natildeo eacute preciso chegar a este local para sentir os cheiros que os vapores emanam do subsolo Em povoaccedilotildees com pouco mais de 4 casas eacute possiacutevel ver-se a terra em plena atividade diante dos nossos olhos e sentir-mo-nos convidados a ocupar todo o espaccedilo aquecido

Laugarvatn Fludir ou Aacuternes todas estatildeo num terri-toacuterio maacutegico onde o tamanho natildeo conta e os limites que existem satildeo impostos pela nossa imaginaccedilatildeoEstas aldeias natildeo brilham mas valem ouro Ainda estamos a 20 quiloacutemetros do destino mas jaacute passa-ram mais de 10h desde que saiacutemos Eacute tarde e natildeo vamos ter tempo para recuperar e enfrentar 4 dias de total isolamento por uma estrada de montanha que atravessa 2 glaciares

A ementa para tantos dias corre velozmente na mi-nha mente Compramos tudo o que julgamos vir a precisar mas antes percorro corredores vasculho prateleiras tenho hesitaccedilotildeeshellipCalamos o medo e pegamos na bicicleta

dia 4 - 01 set12 Aacuternes ndash highland center 70kmDamos hoje a primeira pedalada de aproximada-mente 300 quiloacutemetros em direccedilatildeo ao centro da Terra as highlands

Para muita gente viajar significa ir ao encontro da-quilo que procuram Noacutes que viajamos com a bici-cleta e em autonomia sabemos que o destino estaacute traccedilado mas eacute incerto O encontro com o inesperado eacute muitas vezes algo que acontece com frequecircnciaFoi uma noite mal dormida devido agrave ansiedade e ao risco do que nos propunhamos fazer Sabemos que a cada quiloacutemetro que andamos comeccedila uma nova aventura

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Natildeo podiacuteamos esperar mais Saiacute-mos do Youth hostel debaixo de chuva tendo como esperanccedila al-guma falha nas previsotildees meteo-roacutegicas para as horas seguintes Insiacutepidos e molhados desde cedo buscamos abrigo no highland center

dia 4 - 02set12 highland center ndash nyidalur hut 110km Toda a ilha eacute uma zona livre de stress Quando percorremos a fantasmagoacuterica Sprengisadur route (F26) percebemos que es-tamos livres de tudo ateacute do nosso juiacutezo A nossa ambiccedilatildeo quando tracaacutemos esta rota era atraves-saacutermos o paiacutes de sul para norte e passarmos entre os glaciares Holsjokul e VatnajokullA natureza pode ser simulta-neamente dura delicada e cruel como foi ontem mas foi genero-sa connosco hoje ao permitir-nos ver a paisagem de cascalho solto nua sempre do mesmo tom cas-tanho escuro

O silecircncio ganhou espaccedilo ateacute ao momento em que conseguimos chegar ao abrigo de montanha (hut)

dia 5 - 03set12 - nyida-lur hut ndash rest dayNem pensar em cruzar a precio-sa porta do abrigo Laacute fora estaacute tudo muito branco e diferente daquilo a que estamos habitua-dos e por isso mantivemo-nos no hut de Nyidalur (na base do vulcatildeo Tungnfell) durante 2 noi-tes por seguranccedila O fogatildeo estaacute sempre aceso e tem uma enorme panela com aacutegua pronta a aque-cer quem chegue

Para que possamos variar do esparguete e noodles (jaacute natildeo haacute muito) vamos tentar fazer patildeo O resultado da nossa experiecircncia a juntar ingredientes com nomes impronunciaacuteveis em que iacuteamos provando para perceber o que era deu num cruzamento entre o patildeo e o rissol O duo de motards que dividiam o hut connosco re-petiram Significa que inventaacute-mos mais um pastel falta soacute dar um nomehellipO Ranger do Parque Nacional acaba de chegar ao hut e veio confirmar que somos mesmo malucos por estarmos nas high-lands nesta eacutepoca Aleacutem disso avisou que vai haver tempestade para esta noite e amanhatilde

dia 6 - 04set12 - nyidalur hut- rest dayLaacute fora estatildeo 0ordmC e as bicicletas encostadas imoacuteveis sujeitas a mais um teste de resistecircncia O nosso passatempo eacute assar ba-tatas ver quem passa e a forma como transpotildeem o rio A nossa vez de partir vai chegar ainda natildeo sabemos eacute quando Para jaacute passa a 3ordf noitehellip

dia 7 - 05set12 - nyidalur hut ndash Laugar 129kmO som do vento acorda-nos mui-to cedo e era semelhante ao do dia anterior Se a direccedilatildeo se man-tivesse de norte significava mais um dia perdido Inquieto dirijo--me ateacute agrave janela para observar o uacutenico ponto de referecircncia no ex-terior uma bandeira chicoteada pelo vento vindo de sulEstava dado o sinal de partida para mais do que uma maratona nas highlands Ao longo do ca-minho a neve mantinha-se por vastas aacutereas e o vento empur-rava-nos ao mesmo tempo que nos congelava as extremidades e queimava a pele

Foi uma benccedilatildeo a ajuda do Ran-ger para transpormos 2 rios em

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seguranccedila sem nunca nos molharmos A aacutegua que noacutes e os islandeses bebem vem de rios como estes sem qualquer tipo de tratamento

DIA 8 - 06set12 Laugar ndash Lago Myvatn- Lau-gar 85 kmFoi tanta a privaccedilatildeo nos dias anteriores que hoje sonhaacutemos com o pequeno almoccedilo que teriacuteamos pela manhatilde antes de nos deslocarmos para o Lago Myvatn Este lago imenso e a aacuterea envolvente satildeo um dos grandes tesouros europeus Durante a nossa volta circular toda a paisagem eacute surreal Lava fumo a sair da terra crateras aacutegua e montanhas vulcacircnicas

Haacute muitos dias que transportamos os fatos de ba-nho na pequena mochila que vai agraves costas na es-peranccedila de um banho quente em qualquer charco inesperado Hoje tivemos o nosso primeiro hot pot Eles satildeo um must nesta regiatildeo (eacute como estar num jacuzzi no meio da rua com um cenaacuterio deslum-brante)

DIA 9 - 07set12 Laugar ndash Akureyri 67kmIsto de pedalar com vento natildeo tem graccedila nenhu-ma especialmente porque natildeo se consegue ter mo-

mentos de contemplaccedilatildeo parados Em dias assim eu sou a ponta da flecha que abre uma fissura no vento e permite que a Filomena possa andar na roda Acabar eacute uma vitoacuteria mas natildeo existe gloacuteria quando se chega ao fimAkureyri eacute a capital do norte e a 2ordf cidade maior do paiacutes com 18000 habitantes civilizaccedilatildeo situada num fiorde rodeado de cumes nevados uma escolha acertada para ficar um dia a descansar

DIA 10 - 09set12 Akureyri- Varmahliacuteo 95 kmMesmo a pedalar sobre a Route 1 os grandes hori-zontes continuam a fazer parte desta viagem An-damos pelos vales e seguimos os cursos dos rios alimentados pelas aacuteguas que escorrem incessante-mente das arribas que nos flanqueiamPodia afirmar que estou eufoacuterico diante das infini-tas possibilidades que tenho pela frente mas natildeo estou Novo aviso de tempestade acompanhada de ventos fortes (23 ms) natildeo convida a grandes aven-turas

Por hoje natildeo precisamos de nos preocupar esta-mos bem abrigados numa quinta na aldeia de Var-mahliacuteeth com 130 pessoas

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DIA 11 -10set12 Varmahliacuteo ndash Rest dayParece que o inverno veio todo num soacute dia e pintou tudo de branco O supermercado estaacute a 300 metros mas eacute como se fosse uma miragem Temos mais um dia de paragem forccediladaO nevatildeo ganha cada vez mais terreno agrave medida que as horas avanccedilam A estrada estaacute interdita agrave maio-ria dos veiacuteculos e por precauccedilatildeo as pessoas satildeo aconselhadas a procurar alojamentoEm pouco tempo a senhora Inda de 81 anos que haacute poucas horas parecia ter uma vida pacata a co-chilar no seu sofaacute mostrou-nos como eacute uma ver-dadeira mulher do norte Enquanto nos convidava para um lanche com bolos caseiros mostrava or-gulhosamente os aacutelbuns de famiacutelia recebia os tu-ristas que iam chegando e quando a lotaccedilatildeo esgo-tou pegou no seu jeep e conduzia estrada fora para os ir alojar

DIA 12- 1set12 Varmahliacuteo ndash Saeberg (hostel) 15kmEsta aventura jaacute foi longe demais Temos metade da quilometragem que planeaacutemos centenas de peripeacutecias e riscos incalculados e soacute nos apetece chegar agrave capital Laacute fora tudo continua branco e a abanar no entanto existe a necessidade de arran-car Estamos confiantes nas previsotildees para o dia de hoje mesmo quando aquilo que vemos natildeo inspira confianccedila

Comeccedila a nevar comeccedila a montanhahellipVaacuterios car-ros estatildeo soterrados nas bermas os flocos voam magoam as faces e a subida ainda vai no iniacutecio Me-tro a metro vamos quebrando o gelo Quem passa tira fotografias e fica increacutedulo Noacutes tambeacutem Natildeo sabemos como equilibrar as 2 rodas perante esta manifestaccedilatildeo da natureza As equipas de emergecircn-cia patrulham a aacuterea e noacutes fazemos ldquolikerdquo sem nos apercebermos que as descidas se tornariam autecircn-ticos escorregasPedimos ajuda e somos resgatados ateacute ao nosso destino Estaacute um sol maravilhoso e as vistas satildeo lindas A vida eacute tatildeo bela porque seraacute que ando de bicicleta em siacutetios tatildeo difiacuteceisPronto Depois de 1h dentro do hot pot percebe-mos porque natildeo ficamos em casa Casa eacute onde estaacute o nosso coraccedilatildeo

DIA 13 - 12 e 13 set12 Saeberg ndash Borgarnes ndash Reykjavik 226kmsEstamos a oeste mas o nosso sentido eacute cada vez seguir para mais perto do nosso ponto inicial O isolamento e a ausecircncia da matildeo humana con-tinuam a ser uma das grandes referecircncias deste paiacutes Os horizontes ateacute Borgarnes perdem a cor e parecem-se com tantos outros que jaacute vimos noutros lugaresReykjavik natildeo estaacute isolada natildeo estaacute no topo de uma

montanha e nem sequer haacute nada de extremo nesta cidade

DIA 14 - 14 set12 Reykjavik ndash Rest dayA capital natildeo nos cativa eacute exageradamente cara e parece viver soacute de noite

DIA 15 - 15 set12 Reykjavik ndash Keflavik 49kmFelizmente que as imagens que estamos a ver e que satildeo iguais ao primeiro dia representam ape-nas uma pequena amostra deste paiacutes Natildeo haacute aacutervo-res natildeo haacute rios natildeo haacute vales apenas uma rugosa paisagem lunar fruto da forte atividade vulcacircnica nesta peniacutensula

Ateacute ao aeroporto jaacute natildeo contamos observar nada daquilo que enche as brochuras e panfletos que se podem encontrar e consultar espalhados por qual-quer parte desta linda ilha Resta-nos pedalar

EPIacuteLOGO Natildeo satildeo os nuacutemeros que fazem uma via-gem de SONHO Os quiloacutemetros ambicionados os desniacuteveis previstos os dias programados ficaram aqueacutem do planeado Mas as expectativas planeadas foram largamente ultrapassadas pois tivemos expe-riecircncias uacutenicas em cenaacuterios de Sonho com amiza-des imprevistas

Nesta ilha todos os sentidos experimentaram a na-tureza em estado puro A esta latitude tudo se torna impreviacutesivel os 6 dias que ficaacutemos retidos e os 1400 quiloacutemetros percorridos hoje parecem pouco vistos agrave distacircncia num lugar seguro

AGRADECIMENTO Aos nossos apoiantes ndash Terra dos Sonhos Cofides Competiccedilatildeo Movefree Bike performance Center D-Maker Ortik Bike Magazi-ne Bivaque Extramedia Portal Aventuras

Um agradecimento muito especial agrave missatildeo da For-ccedila Aeacuterea Portuguesa ndash Iceland Air Policing que nos recebeu e transportou as nossas bagagens no re-gresso a Portugal Bem hajam oslash

Ricardo Mendes e Filomena Gomes

MAIS PORMENORES E FOTOS

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Aventura- Tsiiii tsiiii ndash o meu olhar desviou-se do hori-zonte que observava tentando encontrar por perto de onde vinha o som daquele assobio

- Satildeo as marmotas Estatildeo a avisar as outras que noacutes estamos por perto eacute assim que comunicam principalmente se sentem algum perigo - o Heacutel-der ria do meu ar confuso Ia jurar que o assobio vinha de um ser humano Foi a primeira vez que avistei este simpaacutetico mamiacutefero Imagino esta marmota no meio dos peluches do quarto das minhas filhas Satildeo sem duacutevida um animal sim-paacutetico estes excelentes escavadores que vivem em altitudes desde os 900m aos 3200m Nove meses do ano passam-no a hibernar Estamos em pleno veratildeo nos Alpes e as marmotas estatildeo em grande atividade armazenando energias para o inverno Conseguimos avistar os outros elementos da coloacutenia ldquode peacuterdquo alerta Foi um bom motivo para uma merecida pausa tirar a mochila hidratar comer uma barra energeacutetica

Jaacute haviacuteamos percorrido grande parte do trilho que nos levaria ao Refuacutegio Albert I Eacute aqui que pernoitaremos para iniciar a nossa aclimataccedilatildeo Saiacutemos da pequena vila de Le Tour de onde partem os telefeacutericos usados no inverno para aceder agraves pistas de esqui No veratildeo continuam em atividade facilitando o percurso aos trekkers que natildeo queiram palmilhar o desniacutevel de cerca de

700m que os separa do Col de Balme- Estamos a aclimatar e tambeacutem a treinar nem pensar em usar meios mecacircnicos ndash Helder sor-ria a dizer esta frase Foi quanto bastou para perceber que a manhatilde ia ser longa Depois de vencermos grande parte do desniacutevel chegamos a um local de onde se pode avistar a cordilheira do monte Branco la Verte os Drus as Aiguil-les de Chamonix e o Monte Branco com os seus 4810m Mas que local magniacutefico para aclimatar pensei Para subir em altitude temos que permi-tir ao nosso organismo que se habitue gradual-mente agrave falta de oxigeacutenio a que vai ser exposto Para isso vamos fazendo caminhadas subindo gradualmente para que ao fim de alguns dias jaacute estejamos mais aptos a entrar numa zona em que a pressatildeo atmosfeacuterica eacute menor e o oxigeacutenio do ar mais rarefeito

Ao chegar agrave moreia do glaciar do Tour resta-nos uns 200 m para o nosso objetivo A 30 de agosto de 1930 o rei Alberto I da Beacutelgica inaugurou o primeiro refuacutegio que tem o seu nome Em 1935 o refuacutegio foi ampliado no entanto natildeo foi sufi-

ciente e o atual precariamente empoleirado num penhasco a uma altitude de 2706

inaugurado a 12 de julho de 1959 foi construiacutedo perto do primeiro

edifiacutecio Natildeo posso deixar de me impressionar ao avistaacute-lo e quando chego sento-me na varanda feliz por poder apre-

Esta-mos em pleno

veratildeo nos Alpes e as marmotas estatildeo em grande ativida-de armazenando energias para o

inverno

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ciar vistas tatildeo magniacuteficas ehellip por poder tirar as botas Natildeo tinha botas de alta montanha mas um amigo comprou umas plaacutesticas em segun-da matildeo em Chamonix e sorte das sortes eram o meu nuacutemero Fiz este trekking com elas para me habituar resultou Mas os meus peacutes supli-cavam por ar fresco Soacute conseguimos dar o de-vido valor ao momento de descanso conversa contemplaccedilatildeo numa varanda dum refuacutegio se jaacute tivermos percorrido umas boas horas por trilhos de montanha Saboreei ao maacuteximo este tempi-nho sabia que a tarde era guardada para treino no glaciar como andar em cordada e escalada no gelo Eacute sempre bom relembrar as bases um acidente pode acontecer quando descuramos as regras mais simples e esta tarde foi fundamental para isso Um sol magniacutefico vistas deslumbran-tes ambiente descontraiacutedo Natildeo deixar a corda a tocar o chatildeo nunca a pisar nem a ter dema-siado em tensatildeo Esta sintonia entre elementos de cordada trabalha-se e soacute com o treino a con-seguimos obter Amanhatilde vamos sair ao nascer do dia em direccedilatildeo agrave Aiguille du Tour Esta for-maccedilatildeo com 3540m eacute muito popular entre as pes-soas que tentam a ascensatildeo ao Monte Branco Eacute relativamente faacutecil a sua subida pela face leste

A meteorologia na manhatilde da nossa subida esta-va perfeita Adoro toda a logiacutestica de preparaccedilatildeo de saiacuteda do refuacutegio O acordar ainda de noite os ruiacutedos leves e abafados dos mais madrugadores na camarata o som dos passos ainda lentos no chatildeo de madeira Tento concentrar-me para natildeo me escapar nada ter todo o material colocado e sentir-me confortaacutevel Saio do refuacutegio e o ar

fresco da montanha acorda os meus sentidos Comeccedilamos a subir o glaciar frontais ligados muacutesculos a aquecer A inclinaccedilatildeo eacute moderada e rapidamente chegamos ao colo superior do Tour que marca a fronteira da Franccedila com a Suiacuteccedila ndash Trouxeram o passaporte Vamos pas-sar no posto fronteiriccedilo ndash pergunta o Heacutelder a sorrir Atravessamos agora o glaciar de Trient o sol aquece-nos e as vistas satildeo surpreendentes Ao chegar agrave base da aguille do Tour fazemos o nosso merecido descanso comer beber aacutegua apreciar a beleza que nos circunda Vem agora a parte divertida para quem gosta de escalar em rocha Iniciamos calmamente a nossa subida vamos ouvindo algumas orientaccedilotildees progredin-do e fazendo manobras para passar nas zonas mais expostas ateacute chegarmos ao topo Emocio-no-me com a beleza agrave minha volta O meu pen-samento liga-se a algueacutem muito querido que haacute bem pouco tempo deixou a vida terrena sinto a sua proximidade Um abraccedilo forte da minha amiga de escalada traz-me novamente agrave terra E ali agrave nossa frente majestoso quase como que a chamar-nos o Monte Branco

Foi nesse mesmo dia que regressamos a Chamo-nix Uma longa descida animada pela conversa descontraiacuteda sobre os Alpes - Haacute sempre tanto que contar desta cordilheira travessias espeta-culares que se podem fazer ndash ouvia atenta as histoacuterias que me contavam era a minha primei-ra vez nos Alpes e jaacute estava cativada Cativada ateacute pela proacutepria cidade de Chamonix Eacute um lo-cal onde se respira ar livre Da varanda do nos-so apartamento para onde quer que olhe vejo

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Aventuraatividades outdoor Ouccedilo os risos alegres dum grupo que desce o rio fazendo rafting observo o ceacuteu colorido pelos parapentes as pessoas pas-sam na rua equipadas com roupa de montanha Cheguei a Chamonix haacute dois dias de comboio Quando deambulava pelas suas ruelas cho-quei com uma curiosa estaacutetua onde um homem aponta a outro o cume do Monte Branco

- Eacute Jacques Balmat que estaacute a apontar para o cume ele foi o primeiro homem a subir esta montanha a 8 de agosto de 1786 acompanha-do do meacutedico Michel Paccard Saiacuteram de Cha-monix acamparam no cume da Montagne de la cote a 2630m agraves 4 da manhatilde partiram e chega-ram ao cume por volta das 6h da tarde Balmat nasceu neste vale era um caccedilador de cristais tinha uma vontade de ferro e um instinto para as montanhas Paccard era meacutedico em Chamonix e um excelente alpinista adorava botacircnica e mi-nerais Tambeacutem lhe erigiram aqui uma estaacutetua

Foi ele que conheceu Horace-Beacute-neacutedict de Saussure que ini-

ciou a corrida do primeiro homem a subir ao Monte Branco ndash disse-me Joatildeo

- E esse Saussure tam-beacutem era alpinista ndash perguntei curiosa

- O seu interesse pela botacircnica trouxe-o ateacute aos

Alpes e percorreu grande parte desta cordilheira co-

meccedilando a trabalhar no sentido de esclarecer a topografia da parte ne-

vada dos Alpes nessa eacutepoca praticamente des-conhecida Foi em 1760 que veio aqui pela pri-meira vez e ofereceu uma recompensa a quem escalasse o Monte Branco Ele tentou fazecirc-lo sem sucesso- Entatildeo nunca chegou a subir

- Sim conseguiu mas soacute em 1787 jaacute tinha 47 anos e levou 18 guias com ele Relembro as palavras que li do fotoacutegrafo de montanha C Douglas Milner ldquoA subida em si foi magniacutefica uma incriacutevel faccedilanha de coragem grande resistecircncia realizada por estes dois ho-mens apenas sem corda e sem piolets muito sobrecarregados com equipamentos cientiacuteficos e com longos bastotildees com pontas de ferro O bom tempo e uma lua luminosa garantiram o seu regresso com vidardquo

O dia seguinte foi passado a descansar visitar o Museu da Montanha e espreitar a meteoro-

Foi em 1760 que veio aqui

pela primeira vez e ofereceu uma recom-

pensa a quem escalas-se o Monte Branco Ele tentou fazecirc-lo

sem sucesso

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Um dos pontos al-tos eacute ir agrave roulotte

dos waffles delei-tarmo-nos com este

delicioso doce No fi-nal do dia ainda pude-

mos assistir a um espetaacute-culo de muacutesica e danccedila celta

na praccedila central O ambiente eacute descontraiacutedo a praccedila estaacute cheia de gente e a muacutesica faz sempre bem agrave alma Joatildeo recebe um telefonema

- Estaacutes nos Alpes Natildeo vatildeo poder subir amanhatilde aproxima-se uma tempestade Mas tenho boas notiacutecias tens uma janela de bom tempo no dia seguinte se quiserem aproveitar - Disse Viacutetor Baiacutea sempre bem informado sobre os fenoacuteme-nos meteoroloacutegicos

O dia em que vai haver ldquouma abertardquo para subir eacute o mesmo dia em que temos voo para Lisboa

desde Genebra Ficamos um pouco a pensar no que decidir e claro temos que arriscar Na mon-tanha eacute assim tem que haver flexibilidade es-tamos dependentes das condiccedilotildees climateacutericas e aproveitar quando nos eacute proporcionado bom tempo

A rota que vamos seguir natildeo eacute a mais utilizada eacute chamada rota dos trecircs cumes Esta rota eacute mais exigente fiacutesica e tecnicamente do que a rota do Goucircter No entanto com faacutecil acesso a partir do telefeacuterico da Aiguille du Midi este percurso tor-nou-se a segunda rota mais popular para esca-lar o Monte Branco O percurso inicia-se na Ai-guille du Midi seguindo pelo Col du Midi antes de subir o Monte Branco atraveacutes do Mont-Blanc du Tacul (4248m) e Maudit Mont (4465m) Esta rota requer condiccedilotildees estaacuteveis na neve do Mont Blanc du Tacul e Mont Maudit e tem uma eleva-ccedilatildeo acumulada de 1425m O refuacutegio Cosmiques estava lotado a nossa uacuteni-

- Es-taacutes nos Alpes

Natildeo vatildeo poder subir amanhatilde aproxi-ma-se uma tempestade

Mas tenho boas notiacutecias tens uma janela de bom tempo no dia seguinte

se quiserem apro-veitar

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Aventura

estaccedilatildeo do telefeacuterico da Aiguille du Midi Este telefeacuterico foi construiacutedo em 1955 e manteve o tiacutetulo de ser o mais alto do mundo durante duas deacutecadas Ele ainda deteacutem o recorde como o te-lefeacuterico com a ascensatildeo vertical mais alta no mundo de 1035 m para 3842 m Haacute duas se-ccedilotildees de Chamonix para o Plano de lAiguille a 2317 m e depois diretamente sem qualquer pi-lar de apoio para a estaccedilatildeo superior a 3777 m Apanhamos o uacuteltimo telefeacuterico do dia cerca de 20 minutos depois estaacutevamos no terraccedilo a tentar admirar as lindiacutessimas vistas que se tem deste local No entanto o mau tempo previsto estava certo e a visibilidade natildeo era mais de 20 m agrave nossa frente Estava desanimadiacutessima

- Como eacute possiacutevel daqui a poucas horas termos bom tempo para subir ndash Perguntei increacutedula- Estamos na montanha Luiacutesa a meteorologia muda rapidamente Temos que aguardar ndash Afir-mou Joatildeo calmo e confiante

Fomos procurar um local onde pudeacutessemos descansar ateacute agrave meia-noite hora marcada para a nossa partida O percurso eacute longo com bas-tante desniacutevel e na realidade o voo para Lisboa eacute amanhatilde Quando acordei o som dos ventos fortes que se faziam ouvir misteriosamente desaparece-ram Depois de comer e fazer a confirmaccedilatildeo do equipamento dirigimo-nos para a aresta que nos levaraacute ao Valleacute Blanche Foi com extrema curiosidade que me dirigi agrave saiacuteda Como esta-raacute o tempo A calma e tranquilidade que senti ao sair para o exterior foi-me trazida pela ma-ravilhosa paisagem que tinha agrave minha frente Afinal depois da tempestade vem a bonanccedila e a visatildeo deste vale imaculado sob um ceacuteu estre-lado sem ningueacutem sem pegadas sem luzes de frontais foi brutal Ao comeccedilar a descer a ares-ta conseguimos ver o refuacutegio Cosmiques ainda adormecido Fomos mesmo os primeiros a sair o que representa um privileacutegio por um lado e

No entanto o mau tempo pre-

visto estava certo e a visibilidade natildeo era mais de 20m agrave nossa frente Estava desa-

nimadiacutessima

Ainda foi longa a nossa caminhada sempre a encontrar forccedilas e energia onde quer que elas estivessem escondidas Paraacutevamos de vez em quando agrave espera da outra cordada de amigos e por fim cerca das 10h da manhatilde atingimos o cume Tento tirar fotos mas a maacutequina fotograacute-fica natildeo ajudou fiquei sem bateria Natildeo faltam maacutequinas para o fazer e depois de um breve descanso temos que iniciar a descida pela mes-ma rota Eacute uma descida que acaba por ter al-gumas subidas sendo por isso mais demorada Mas a alegria de ter cumprido o objetivo o dia tatildeo calmo e luminoso a companhia dos amigos supera qualquer tipo de cansaccedilo

Tive um sentimento de saudade ao chegar nova-mente ao Valleacute Blanche e olhar para traacutes para o trilho percorrido olhar aquele vale agora agrave luz do dia atravessado por tantas pegadas Olho de relance para a uacuteltima subida que nos falta fazer a aresta que nos levaraacute ao telefeacuterico na Aguille du Midi Faccedilo esta subida confiante como se ti-vesse deixado para traacutes todo o esforccedilo e cansaccedilo extremo desta maravilhosa aventura

Com grande pena natildeo pude comemorar em Chamonix nessa noite mas comemorei com imensa alegria ao reencontrar-me com a mi-nha famiacutelia orgulhosa de mim afinal estive no mesmo dia no cume do Monte Branco de manhatilde e agrave noite na minha cama quente e confortaacutevel em Lisboa oslash

Luiacutesa Tomeacute

Papa-Leacuteguaswwwpapa-leguascom

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Aventu

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um esforccedilo acrescido por outro Relembro a tra-vessia do glaciar do Tacul a ldquofazer trilhordquo o som dos campons na neve ecoava num ritmo proacute-prio pousava a minha bota no local exato onde o Joatildeo tinha feito a pegada como que num jogo em que quando falhava acrescia o esforccedilo que teria que fazer O som de passos intensifica-se temos mais madrugadores connosco Deixamo--los passar jaacute vimos a fazer trilho haacute bastante tempo eacute a vez de outros agora

Quando chegamos agrave ldquoparederdquo do Mont Blanc du Tacul jaacute temos algumas pessoas agrave espera para subir O sol ainda natildeo subiu para nos aquecer esperamos junto agraves cordas a nossa vez os peacutes comeccedilam a dar sinal de frio Iniciamos a subida os piolets e os crampons cravam-se certeiros no gelo a corda ajuda na subida Comeccedilo a ficar cansada e a hesitar paro por uns momentos sinto a boca seca o coraccedilatildeo a bater forte olho para cima jaacute natildeo falta muito - Piolet numa matildeo corda na outra sobe Luiacutesa ndash a voz do Heacutelder trouxe-me lucidez A energia que me faltava regressou Concentro-me e con-tinuo a subida pedaccedilos de gelo passam por noacutes arrancados aquela parede cheia de gente dese-josa de ultrapassar possivelmente o obstaacuteculo mais duro desta rota

O trilho continua pelo beliacutessimo Mont-Maudit apesar do seu nome O sol jaacute vai alto comeccedila a aquecer haacute que comeccedilar a tirar camadas Natildeo podemos desidratar Col de la Brenva um chaacute quente e uma bolacha Apetece ficar jaacute aqui as vistas satildeo surpreendentes Mas natildeo eacute este o nos-so objetivo vamos continuar a subir

Entrevista Diogo Miguel - (Oti-Estarreja)

ldquoO DEsPORTO EM PORTuGAL eacute uM EsPELhO DA sOCIEDADErdquo

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Entrevista

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Sabe acima de tudo as con-

diccedilotildees que temos e consegue olhar para o

resultado como sen-do bastante meri-

toacuterio

OutdOOr COmO eacute pOssiacutevel algueacutem COm-patibilizar a preparaccedilatildeO enquantO atleta de OrientaccedilatildeO de elite COm as exigecircnCias dum 6ordm anO dO CursO de medi-Cina

diOgO miguel O segredo reside sobretudo na motivaccedilatildeo Toda a gente consegue tirar um curso e fazer desporto e inclusivamente se gos-tar consegue treinar todos os dias Mas se esti-ver motivado o suficiente consegue levantar-se cedo para correr agraves seis da manhatilde estar na Fa-culdade agraves oito e meia sair agraves quatro da tarde e ir treinar outra vez estudar ateacute agraves dez da noite e dormir porque amanhatilde eacute outro dia Eacute preci-so estar-se motivado para abraccedilar esta vida durante o ano inteiro

Haacute quantO tempO eacute que as COisas satildeO levadas assimQuando comecei a fazer Orien-taccedilatildeo natildeo tinha grandes preo-cupaccedilotildees com o treino Durante os anos de faculdade jaacute treinava bastante a seacuterio mas foi haacute dois ou trecircs anos quando comecei a ser treinado pelo Professor Bruno Nazaacuterio que aumentei a carga de trei-no para o bi-diaacuterio A partir daiacute passei a ter o meu tempo totalmente ocupado Satildeo os estaacutegios do Curso o tempo de deslocaccedilatildeo para Hospitais da periferia uma tese para defender Este ano seraacute bastante mais exigente que os anteriores se calhar natildeo vou poder fazer treino bi-diaacuterio todos os dias como gostaria mas ainda assim vou pro-curar treinar duma forma o mais seacuteria possiacutevel e se natildeo puder fazecirc-lo na quantidade desejaacutevel pelo menos na qualidade espero consegui-lo

em 2007 COnquistOu a primeira grande medalHa da OrientaccedilatildeO pOrtuguesa aO sagrar-se CampeatildeO da eurOpa de JOvens

Chama-se Diogo Miguel e eacute aos 23 anos uma das referecircncias da Orientaccedilatildeo Pedestre nacio-nal Campeatildeo Europeu de Jovens em 2007 e Campeatildeo Nacional de Distacircncia Longa em 2009 e 2011 Diogo Miguel reparte o tempo entre a modalidade do seu coraccedilatildeo e as exigecircncias do curso de Medicina que abraccedilou haacute seis anos E foi precisamente por aiacute que a nossa conversa comeccedilou uma conversa onde passado presen-te e futuro se misturam e confundem numa teia de opccedilotildees direccedilotildees desafios e decisotildees Na Orientaccedilatildeo como na Vida

Por Joaquim Margarido

de sprint em eger na Hungria que me-moacuterias guarda dessa JOrnada Haacute CinCO anOs atraacutesGuardo sobretudo as memoacuterias e os amigos Na altura pensaacutemos que a visibilidade que este re-sultado poderia dar agrave Orientaccedilatildeo catapultasse a modalidade e possibilitasse a obtenccedilatildeo de mais apoios mas isso natildeo se veio a verificar pelo me-nos na medida daquilo que seria de esperar

esteve este anO nOs mundiais de lausan-ne COnseguindO O 33ordm lugar na Final a de distacircnCia lOnga que valOr atribui a este seu resultadOAtribuo-lhe um valor elevado ateacute porque foi a primeira vez em dez anos que um portuguecircs foi a uma final A de Distacircncia Longa Cheguei ao fim com a certeza de ter feito o meu melhor e se natildeo tivesse quebrado fisicamente teria fei-to melhor ainda Ou seja com outras condiccedilotildees de treino teria facilmente ficado entre os vinte e cinco primeiros Mas falta bastante cultura des-portiva agrave sociedade portuguesa em geral e se disser a algueacutem que natildeo estaacute familiarizado com a Orientaccedilatildeo que terminei em 33ordm num Campeo-nato do Mundo essa pessoa iraacute pensar ldquoesque-ce eacutes mau natildeo prestasrdquo Mas quem sabe como estas coisas funcionam sabe os sacrifiacutecios que temos que fazer Sabe acima de tudo as condi-ccedilotildees que temos e consegue olhar para o resulta-

do como sendo bastante meritoacuterio

temOs em pOrtugal O apOiO que deviacuteamOs Ou que mereCiacuteamOs

Natildeo Eacute bastante revoltante olhar para outros desportos como eacute o caso do Futebol e termos um Presidente que termina o man-dato agrave frente da Federaccedilatildeo e que se sente orgulhoso por ter deixa-

do um balanccedilo positivo nas contas de muitos milhotildees de euros Mas

satildeo estes precisamente que ainda assim continuam a receber milhotildees e

milhotildees do Instituto Portuguecircs do Desporto e Juventude enquanto outras modalidades lutam pela sobrevivecircncia Acho que somos claramen-te sub-apoiados O desporto em Portugal eacute um espelho da Sociedade Haacute os muito ricos e haacute os muito pobres Os ricos satildeo cada vez mais ricos e os pobres satildeo cada vez mais pobres Eacute a mesma coisa com o desporto

quandO OlHa para Os nOssOs JOvens que pOtenCialidades vecirc neles para COn-seguirem CHegar aOs lugares CimeirOs da OrientaccedilatildeO eurOpeia e mundialTemos alguns jovens com bastante valor prin-

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cipalmente o Luiacutes Silva Trata-se dum atleta que tem um futuro brutal e acho que vai ser sem sombra de duacutevidas o melhor atleta portuguecircs dentro de muito pouco tempo Olhando de for-ma mais aprofundada para estes atletas eacute uma realidade que eles tecircm hoje melhores condiccedilotildees em relaccedilatildeo agravequilo que noacutes tiacutenhamos na altura Basta ver que os atletas jaacute se deslocam com al-guma frequecircncia ao terreno antes das grandes competiccedilotildees coisa que natildeo havia ateacute haacute muito pouco tempo atraacutes E depois haacute os estaacutegios de Seleccedilatildeo Mas deve reconhecer-se que lhes falta o treino fora da competiccedilatildeo Acho que falta al-gum espiacuterito de sacrifiacutecio no treino em casa que eacute o mais importante

o CLubE dE oriEntaccedilatildeo dE EstarrEJa Eacute dEsdE sEMprE o sEu CLubE quE signiFiCa-do tEM para si EstE EMbLEMa E Esta CaMi-soLa quE EnvErgaComecei na Orientaccedilatildeo aos 8 anos e a minha primeira experiecircncia foi no Desporto Escolar na minha terra Canelas uma pequena aldeia do Concelho de Estarreja A essa primeira pro-va seguiu-se uma ldquoQuinzena da Orientaccedilatildeordquo no veratildeo e nunca mais parei Haacute quinze anos que estou ligado a este clube e ele faz parte de mim Poderia dividir a minha vida em dois por um lado a parte profissional da Faculdade e por outro a Orientaccedilatildeo Por estranho que possa pa-recer a parte desportiva natildeo se encontra num plano inferior relativamente agrave parte profissio-nal Ambas as partes se complementam uma agrave outra Portanto a minha ligaccedilatildeo a este clube eacute muito grande satildeo muitos anos satildeo muitas pes-soas e ajudou-me a crescer

aos Miuacutedos quE agora datildeo os priMEiros passos quE ConsELhos dariaO conselho natildeo o daria aos miuacutedos se calhar da-va-o antes aos pais Tanto a escola como o des-porto andam muito ligados Se temos disciplina num acabamos por ter disciplina no outro Natildeo eacute por acaso se olharmos para os atletas de topo a niacutevel nacional todos eles satildeo excelentes es-tudantes e tecircm um futuro profissional bastante promissor Tudo parte de quem educa Eu tenho a sorte de ter uns pais que sempre me educaram bem e que sempre me deram o apoio necessaacuterio para conseguir fazer as duas coisas

E deixaria ainda um conselho mais aos pais o de virem fazer uma prova de Orientaccedilatildeo com os seus filhos Uma das grandes vantagens da Orientaccedilatildeo eacute ser para aleacutem do ldquodesporto da flo-restardquo o ldquodesporto da famiacuteliardquo

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EntrevistaConsidEra quE Esta EacutepoCa CorrEu dE aCordo CoM as suas ExpECtativasNa verdade digamos que a eacutepoca estaacute quase agrave beira de comeccedilar Depois do Campeonato do Mundo tirei mais tempo do que era habitual para descansar e tenho estado a fazer pratica-mente soacute manutenccedilatildeo A eacutepoca teve alguns per-calccedilos comecei a treinar na Repuacuteblica Checa e apesar de ter feito muito treino com mapa devi-do agraves questotildees climateacutericas e agraves poucas horas de luz acabei por ter uma carga de treino aqueacutem do desejaacutevel Depois de regressar a Portugal estava a treinar bem mas tive um percalccedilo e lesionei--me num peacute o que me obrigou a uma paragem de um mecircs Isso fez-me perder muito da minha boa forma e acredito que se natildeo fosse isso po-

deria ter chegado muito melhor ao Campeonato do Mundo e aiacute o resultado poderia ter sido outro Apesar de tudo os resultados acabaram por ser bem melhores do que estaria agrave espera

o obJEtivo a Curto praZo passa pELo tiacute-tuLo naCionaL absoLutoPor acaso esse eacute um tiacutetulo que nunca alcancei Vou comeccedilar a treinar a seacuterio para chegar nas melhores condiccedilotildees ao Campeonato Nacional Absoluto e esse vai ser um bom teste O objetivo eacute estar laacute para ganhar

Quanto agrave proacutexima eacutepoca espero apresentar-me agraves provas em melhor forma do que este ano e que os bons resultados possam aparecer oslash

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wwwgarminpt

ofereccedila um garmin DeSemBruLHara caixa Seraacute Soacute o princiacutepio

este natal ofereccedila emoccedilotildees aventuras para quem viaja ou para os que correm para os que navegam no mar ou escalam montanhas Para os nadadores ou golfistas este natal ofereccedila um garmin

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Por Terra

ORIENTACcedilatildeOhellip DEsPORTO NA NATuREzA

Parque nacional torres del Paine Chile

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Cinco satildeo os sentidos estaacute nos manuais neles reside a possi-bilidade de um maior ou menor contacto da pessoa com aquilo que a rodeia Haacute ainda o sexto sentido aquela perceccedilatildeo extra--sensorial que parece ser mais propriedade das mulheres do que dos homens e que nas con-ceccedilotildees ocultistas estaraacute tam-beacutem sedeado num oacutergatildeo do nosso corpo Figurada ou ob-jetivamente eacute bom que todos eles ndash sem exceccedilatildeo - estejam suficientemente desenvolvi-dos sem isso natildeo haacute sentido de orientaccedilatildeo que aguente

A Orientaccedilatildeo eacute um Desporto recente em Portugal mas tem jaacute mais de 100 anos de existecircncia

enquanto desporto organi-zado Com efeito teraacute sido em Bergen - Noruega no ano de 1897 que se organizou a pri-meira atividade desportiva de Orientaccedilatildeo Os paiacuteses noacuterdicos satildeo ainda hoje aqueles onde a modalidade tem maior implan-taccedilatildeo mobilizando um nuacutemero de praticantes que coloca a

Orientaccedilatildeo entre os cinco des-portos com mais adeptos na Escandinaacutevia A maior prova do mundo realiza-se anual-mente na Sueacutecia os 5 dias da Sueacutecia com um nuacutemero de participantes que jaacute atingiu os 25000

Durante o seacutec XX a modali-dade foi evoluindo ateacute agrave criaccedilatildeo da Federaccedilatildeo Internacional de Orientaccedilatildeo (IOF) que fes-tejou em 2012 o 51ordm aniversaacuterio e veio normalizar mundial-mente as regras competitivas as normas para elaboraccedilatildeo dos mapas e as sinaleacuteticas a usar A Orientaccedilatildeo eacute praticada em quatro disciplinas diferentes Orientaccedilatildeo Pedestre Orien-taccedilatildeo em BTT Orientaccedilatildeo em Ski e Orientaccedilatildeo de Precisatildeo (Orientaccedilatildeo prioritariamente para deficientes motores)

Portugal tem marcado pontos na Orientaccedilatildeo para o desporto adaptado lanccedilando em 2012 a Taccedila de Portugal de Orientaccedilatildeo de Precisatildeo e criando um cir-cuito de Orientaccedilatildeo adaptada vocacionado prioritariamente para a deficiecircncia intelectual e

crianccedilas em idade preacute-escolar que eacute uacutenico no Mundo e que estaacute a ser jaacute implementado pela Espanha

o quE EacutePodemos dizer que a Orien-taccedilatildeo eacute um desporto completo Haacute o aspeto fiacutesico o treino no campo que se aproxima do treino dum atleta de fundo E haacute o aspeto mental que de-sempenha um papel funda-mental a leitura dos mapas o contra-reloacutegiohellip Eacute tambeacutem o desporto de natureza por exce-lecircncia Os orientistas saem dos trilhos balizados para pene-trarem no coraccedilatildeo da floresta Cada dia eacute uma nova aven-tura Daquele que se inicia na Orientaccedilatildeo ao mais consagrado dos praticantes haacute todo um mesmo espiacuterito de liberdade de fazer a sua proacutepria escolha do melhor itineraacuterio No Atle-tismo por exemplo a volta agrave pista teraacute sempre 400 metros quer seja aqui ou no Japatildeo Na Orientaccedilatildeo esta noccedilatildeo de dis-tacircncia tem muito pouco signi-ficado Tanto se pode fazer 10 quiloacutemetros numa hora e meia como em quarenta minutos E

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depois nunca existem duas florestas iguais Eacute o eterno recomeccedilo Na Austraacutelia ou na Suiacuteccedila no Japatildeo ou na Escandinaacutevia eacute necessaacuterio uma adaptaccedilatildeo a cada local natildeo haacute lugar a repeti-ccedilotildeeshellip

Cada corredor possui uma buacutessola e um mapa que contrariamente a um mapa normal conteacutem uma enorme diversidade de detalhes acerca dos seus elementos caracteriacutesticos (relevo do ter-reno vegetaccedilatildeo caminhos elementos rochosos construccedilotildees e muito mais) Os mapas satildeo rea-lizados segundo as normas especiacuteficas da Fede-raccedilatildeo Internacional de Orientaccedilatildeo que tem sede na Finlacircndia Aleacutem da legenda sobre os siacutembolos nele representados existe ainda uma sinaleacutetica

proacutepria que tem a ver com o percurso que o praticante vai realizar nesse evento e que eacute uma linguagem uni-versal

A partir do momento em que se potildee em marcha o cronoacutemetro o orientista deve efe-tuar o seu percurso que eacute marcado no mapa e que eacute cons-tituiacutedo por uma par-tida (representada por um triacircngulo) uma seacuterie de pontos de

passagem obrigatoacuterios (representados por ciacuter-culos) e a chegada (representada no mapa por dois ciacuterculos concecircntricos) Estes pontos satildeo materializados no terreno sob a forma de um prisma triangular denominado por baliza e a passagem deve ser validada por um sistema de ldquopicotagemrdquo manual ou eletroacutenica O objetivo consiste em fazer o percurso na sequecircncia in-dicada o mais rapidamente possiacutevel Mas entre cada ponto de passagem a escolha do itineraacuterio fica ao criteacuterio de cada um

O percurso em linha reta evidentemente nem sempre eacute o mais raacutepido Eacute necessaacuterio jogar com as inflexotildees do terreno os lagos os muros e outros acidenteshellip O tempo gasto a percorrer o traccedilado da corrida depende sobretudo do meio sobre o qual a mesma se desenrola Em terrenos como na Escandinaacutevia onde o relevo eacute mais duro numa mesma distacircncia poderemos gastar quase o dobro do tempo que gastariacuteamos num terreno plano e sem o mesmo tipo de obs-taacuteculos

Por Terra

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O conhecimento do relevo eacute a parte mais difiacutecil Eacute neces-saacuterio aprender a imaginar um terreno a trecircs dimensotildees sobre o mapa Claro que natildeo eacute apenas isto Para quem tem mais dificuldade em possuir a visatildeo a trecircs dimensotildees esta in-suficiecircncia pode ser compensada com outras qualidades nomeada-mente a atenccedilatildeo Mas nem todos pos-suem igualmente esta capacidade mental Como na generalidade dos desportos eacute neces-saacuteria uma longa aprendizagem onde o treino teacutecnico a vivecircncia de situaccedilotildees mais variadas e o nuacutemero de florestas ldquovisitadasrdquo desempe-nham um papel fundamental Eacute agrave medida que o tempo passa que o orientista aprende a adaptar o seu comportamento a reagir cada vez mais rapidamente e a encontrar as melhores opccedilotildeesO desporto natildeo eacute muito mediatizado e o espiacute-rito da Orientaccedilatildeo eacute o de permanecer livre Eacute um desporto ainda preservado de certas po-leacutemicas ldquodopingrdquo e outros malabarismos daiacute que muitos orientistas digam que natildeo seja mau de todo que ele permaneccedila ldquoconfidencialrdquo

Grandes Competiccedilotildees em 2013

Em 2013 as grandes competiccedilotildees internacio-nais onde Portugal vai querer estar presente

satildeo as seguintes

- Campeonato do Mundo de Juacuteniores ndash Repuacuteblica Checa (29jun-06 de julho) wwwjwoc2013cz

- Campeonato do Mundo Elite ndash Finlacircndia (07-14 jul)

wwwwoc2013fi- Campeonato do Mundo ve-

teranos ndash Itaacutelia (02-10 ago) wwwwmoc2013it

- Campeonato da Europa de Jovens ndash Israel (03 de novembro) wwweyoc2013org

portuGal na alta roda Mas Portugal vai ter brevemente grandes desa-fios pela frente- Em 2013 organiza uma etapa da Taccedila do Mundo de seacuteniores e o Campeonato do Mundo de Vete-ranos de Orientaccedilatildeo em BTT - Costa Alentejana entre 09 e 13 de outubro- Em 2014 organiza em Palmela de 9-14 de abril e em paralelo o Campeonato da Europa de Orientaccedilatildeo Pedestre e o Campeonato da Eu-ropa de Orientaccedilatildeo de Precisatildeo wwweoc2014fpopt

Carnaval o ponto alto Desde 1996 que Portugal realiza a sua prova ra-inha que atrai os melhores especialistas a Por-

Eacute um desporto ainda

preservado de certas poleacutemicas ldquodopingrdquo e outros malabarismos

daiacute que muitos orientistas digam que natildeo seja mau de todo que ele perma-

neccedila ldquoconfiden-cialrdquo

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Por Terratugal Eacute O Portugal Orsquo Meeting que desde 2000 se realiza no Carnaval com a duraccedilatildeo de 4 dias e pontuaacutevel para a liga Mundial de orientaccedilatildeo pedestre nos percursos de Elite Em 2013 Por-tugal vai receber pela primeira vez trecircs eventos pontuaacuteveis para a Liga Mundial02 e 03 de fevereiro ndash Norte Alentejano Orsquo Mee-ting ndash Nisa (wwwnaompt)09ndash12 de fevereiro ndash Portugal Orsquo Meeting ndash Idanha-a-nova (wwwpompt)16 e 17 de fevereiro ndash XIV Meeting de Orien-taccedilatildeo do Centro ndash Pombal (wwwcocpteventos16fev2013)

OrientaccedilatildeO muitO mais dO que um despOr-tOOlhando para a modalidade de uma forma mais transversal podemos enquadraacute-la aleacutem de mo-dalidade desportiva com aacutereas como o Ambien-te a Educaccedilatildeo e as Novas Tecnologias As qua-tro vertentes atraacutes enunciadas reunidas numa soacute tem a ver tambeacutem com solidariedade

Ambiente porque a Orientaccedilatildeo eacute o ldquoDesporto da Florestardquo fazendo de cada praticante um guardiatildeo e um amigo de tatildeo valioso patrimoacutenio Educaccedilatildeo porque eacute uma modalidade onde se aglutinam mateacuterias tatildeo nucleares como a Ma-temaacutetica ou a Geografia e se desenvolvem com-petecircncias como a capacidade de interpretaccedilatildeo ou o poder de decisatildeo por isso ser considerada prioritaacuteria para o Desporto Escolar Novas Tec-nologias porque eacute das modalidades que mais depende dos Meios Informaacuteticos a todos os niacute-veis do controlo de tempos agrave cartografia mais desenvolvida que existe Desporto porque pro-move a atividade fiacutesica e a Sauacutede dirigindo-se de igual forma agravequeles que individualmente a praticam ao niacutevel da alta competiccedilatildeo como agraves crianccedilas ou agraves famiacutelias que vecircm nela uma forma

de promover o seu bem estar fiacutesico e reforccedilar os laccedilos de amizade e convivialidade

E solidariedade porque vive da forccedila que projeta nos seus praticantes

trabalhando desinteressadamente em prol da modalidade em prol do paiacutes

Porque a Orientaccedilatildeo eacute Ambiente eacute Educaccedilatildeo satildeo Novas Tecnolo-gias eacute Desporto Porque a Orien-

taccedilatildeo gera Riqueza e gera Sauacutede Porque a Orientaccedilatildeo eacute de todos e

para todos Interessa a todos Inte-ressa ao Paiacutes Daiacute que eacute urgente que

todos venham experimentar e que descu-bram as belezas deste Paiacutes de mapa na matildeo oslash

Fernando Costa e Joaquim margarido

Olhando para a modali-

dade de uma forma mais transversal po-

demos enquadraacute-la aleacutem de modalidade desportiva

com aacutereas como o Am-biente a Educaccedilatildeo e

as Novas Tecnolo-gias

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Setembro_Outubro 2011 OUTDOOR138

A fechar

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WWWREVISTAOUTDOORPT8

OUTDOOR Setembro_Outubro 2011 139

Page 3: Revista Outdoor 8

Apesar do frio jaacute se fazer sentir e as manhatildes estarem geladas noacutes conti-nuamos cheios de vontade de par-tir agrave descoberta de novos desafios e aventurashellip na sua companhia

De nuacutemero para nuacutemero a certeza de que so-mos realmente um paiacutes de aventureiros e explo-radores aumenta Eacute fascinante o que conseguimos fazerhellip e somos realmente incriacuteveis nos feitos que conseguimos atingir

Comeccedilamos a ediccedilatildeo de novembro com desafios inusitados Jaacute ou-viu falar de aventura extrema Temos duas para vos apresentar nos palcos do Mediterracircneo e Gredos Continuando com grandes proje-tos de portugueses natildeo podem perder o relato de quem participou no Brasil Raide a breve entrevista a Miguel Lacerda a propoacutesito da sua aventura gelada na Antaacutertida e o resumo por etapas do projeto Iceland Luso Expedition

O desporto em destaque eacute a Orientaccedilatildeo e na entrevista ficamos a co-nhecer Diogo Miguel uma referecircncia na modalidade com apenas 23 anos Na fotografia mais um nome portuguecircs Jorge Braacutes Traz-nos um conjunto de imagens fantaacutesticas de atividades outdoor

Em territoacuterio nacional convidamo-lo a explorar a regiatildeo do Gerecircs e contamos-lhe como foi a nossa experiecircncia na Madeirahellip natildeo perca a foto reportagem sobre a Madeira World Games um evento fantaacutes-tico para os amantes de desporto aventura e natureza

Descubra nas nossas paacuteginas as melhores sugestotildees de atividades para miuacutedos e grauacutedos um especial team building a entrevista agrave atleta paraoliacutempica Sara Duarte sugestotildees de equipamentos para o Natal e teacutecnicas de sobrevivecircncia

Boas leituras e continue a acompanhar todas as novidades do mun-do outdoor no Portal Aventuras

Ateacute janeiro e Feliz Natal ) Nuno Neves

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Editorial Ficha teacutecnica

chegou onuacutemero 8

Ediccedilatildeo Nordm8

WPG ndash Web Portals lDa

NPC 509630472

CaPital soCial 1000000

rua Melvin Jones Nordm5 bc ndash 2610-297 alfragide

telefone 214702971

site internet wwwrevistaoutdoorpt

e-mail inforevistaoutdoorpt

reGisto erC Nordm 126085

Editor E dirEtorNuNo Neves | nunonevesportalaventuraspt

MarkEtiNg CoMuNiCaccedilatildeo E EvENtosisa HeleNa | isahelenaportalaventuraspt

sofia CarvalHo | sofiacarvalhoportalaventuraspt

bebiaNa CruZ | bebianacruzportalaventuraspt

rEvisatildeo ClaacuteuDia CaetaNo

ColaboraraM NEstE NuacuteMEroaNa barbosa aureacutelio faria DioGo MiGuel

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MarGariDo JorGe braacutes luiacutesa toMeacute Mateus

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GREDOs E MEDITERRAcircNEO PALCOs DE AvENTuRA EXTREMA

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arMando no u-455

A 120 metros de profundidade os olhos esbuga-lhados do peixe de-Satildeo-Pedro talvez surpreen-dido pela inesperada presenccedila humana fize-ram Armando Ribeiro esboccedilar um sorriso sob a maacutescara e pensar como valera jaacute a pena ter apostado na descida ao U-455 laquo Fui o primeiro portuguecircs a mergulhar neste submarino-misteacute-rio desaparecido no Mediterracircneo em finais da Segunda Guerra Mundial e ateacute haacute 6 anos um dos destroccedilos de guerra nazis mais procurados do mundoraquo recorda um dos mais ativos mergu-lhadores nacionais de expediccedilatildeo da atualidade e que integra a elite mundial do mergulho teacutecnico com rebreathersPara ser o primeiro portuguecircs a visitar o sub-marino Armando integrou uma expediccedilatildeo mul-tinacional com partida da costa da Liguacuteria em Itaacutelia Eacute aliaacutes ao largo de Portofino um dos locais de feacuterias mais exclusivos da Europa que se encontra o submarino desaparecido a 6 de abril de 1944 com 51 homens a bordo e soacute lo-calizado por um mergulhador italiano em 2005 laquoEstaacute em bom estado a torre tem ainda todos os aparelhos o periscoacutepio de ataque e o periscoacute-pio de observaccedilatildeo aeacuterea ao lado dos canhotildeesraquo mas natildeo eacute um mergulho faacutecil explica Armando laquoa visibilidade as correntes e as redes e fios de nylon presos que envolvem parte do submarino sobretudo na parte mais funda em que a visibi-lidade eacute mais reduzida tornam a apro-ximaccedilatildeo extremamente perigosa Um colega nosso ficou preso na rede tivemos de desemba-raccedilaacute-lo com as facas Agravequela profundidade a tarefa natildeo foi nada faacutecilraquo

Para ultrapassar a cota dos 100 metros e alcanccedilar pro-fundidades atingidas por poucos mergulhadores Ar-mando utiliza um rebreather e realiza um tipo de mergulho teacutec-nico com equipamento de circuito fe-chado Por oposiccedilatildeo ao mergulho com gar-rafas de ar e tal como num ventilador ou num aviatildeo reaproveita o gaacutes respirado laquoRespiremos devagar ou depressa o volume de consumo eacute sempre constante podemos fazer um mergu-lho de 10 horas Traz grandes vantagens para mergulhos mais profundos e mais longos e tem ainda outra vantagem faz otimizaccedilatildeo de gases que respiramos permite-nos fazer patamares de descompressatildeo mais curtos e eficientes por-que estamos a respirar mistura mais apropriada para as profundidades a que estamosraquo

Para ser o primeiro

portuguecircs a visitar o submarino Armando integrou uma expediccedilatildeo multinacional com par-

tida da costa da Li-guacuteria em Itaacutelia

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Na ida ao U-455 Armando voltou a repetir os procedimentos de anteriores expediccedilotildees ao rei-no do silecircncio e da escuridatildeo O regresso agrave superfiacutecie vindo dos 100 metros de profundidade demorou mais de 2 horas O graacutefico do mergulho registado no computador mostra uma descida raacutepida e pouco mais de 15 minutos no fundo para uma subida muita lenta que permitiu a descompressatildeo adequada

Habitualmente Armando mergulha com Joseacute Marques com quem formou a equipa In-silen-ce para explorar naufraacutegios profundos na costa portuguesa e participar em expediccedilotildees inter-nacionais de mergulho Entre as experiecircncias contadas no site da dupla e em reportagens anteriores estaacute a exploraccedilatildeo do miacutetico paquete italiano Andrea Doria naufragado no Atlacircnti-co Norte nos anos 60 Ou a descida aos 115 metros de profundidade aos destroccedilos do Vimi-nale torpedeado no estreito de Messina na Se-gunda Guerra Mundial De outros naufraacutegios do mesmo periacuteodo histoacuterico ambos arriscaram tudo o que sabiam num mergulho agraves aacuteguas frias da Noruega (5 graus) e aos destroccedilos da bata-

lha de Narvik uma das maiores batalhas navais do seacuteculo XX laquoAleacutem da profundidade recordo a escuridatildeo A visibilidade maacutexima eacute de 10 a 15 metros haacute sempre suspensatildeo e a aacutegua eacute leitosa e nunca totalmente clara parece que anda sem-pre uma poeira no ar eacute como se estiveacutessemos no nevoeiroraquo

O mergulho a norte do Ciacuterculo Polar Aacutertico ain-da hoje traz viacutevidas recordaccedilotildees aos 2 portugue-sesEm Portugal ficaram conhecidos pela descober-ta do cargueiro grego Agios Nikolaos ao largo de Peniche e pela localizaccedilatildeo recente do aviatildeo suiacuteccedilo que se despenhou haacute 34 anos na costa sul da Madeira

Do Mediterracircneo e do mergulho mais recente Armando recorda a primeira visatildeo do U-455 um dos 2 submarinos atualmente fundados na verti-cal nos mares do planeta e que se teraacute afundado depois de embater numa mina laquoO vulto do des-troccedilo com os flaps ainda intactos parecia uma baleia adormecida no fundoraquo

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Do Torreacuteon dos Galayos ex--liacutebris da escalada em rocha da Serra de Gredos e da Peniacutensula Ibeacuterica a vista sempre pano-racircmica parece desta vez ainda mais espetacular para Tozeacute O escalador portuguecircs acaba de abrir com os amigos espanhoacuteis uma nova via de grau 6 - na escala alpina significa ascen-satildeo extremamente severa e com passagens difiacuteceis

Para quem vive fora do mundo da escalada ibeacuterica passaram praticamente despercebidas as ascensotildees realizadas no uacutel-timo fim de semana de junho Muitos menos teratildeo ainda co-nhecimento que o feito tornou tambeacutem Antoacutenio Coelho- Tozeacute para os amigos- o uacutenico portu-guecircs a participar num projeto ineacutedito da Mamut Na iniciativa destinada a celebrar 150 anos de existecircncia a marca suiacuteccedila outdoor lanccedilou o Peak Project e selecionou 150 projetos de 150 equipas em todo o mundo unidas em mostrar o melhor que haacute na aventura ao alto

Na Peniacutensula Ibeacuterica e infeliz-mente Portugal ficou fora da iniciativa que animou as cor-dilheiras e serras do planeta incluindo Himalaias e Andes o liacuteder foi Raul Lora escala-dor de renome e que coordena atualmente a Escola Alpina de Gredos laquoO Raul eacute meu amigo e companheiro de outras es-caladas Logo que a Mammut aprovou o projeto reunimos a equipa e iniciaacutemos a escaladaraquo No parque natural de Gredos conhecido de muitos monta-nhistas e escaladores portu-gueses a escolha da equipa espanhola onde se integrou Tozeacute foi o Torreacuteon Sem ser o cume alto dos Galayos que atinge 2100m o prisma gigan-te de granito permite efetuar uma seacuterie de passagens teacutec-nicas e passos difiacuteceis que satildeo

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sempre um desafio para qualquer es-calador laquoPrimeiro abrimos uma via numa zona pouco frequentada do Torreacuteon que se chama de Cer-ro Peluca e batizamo-la natu-ralmente de 150ordm Aniversaacuterio Mammutraquo Eacute com modeacutestia que Tozeacute descreve a abertura da nova via

Aleacutem da nova via Tozeacute e os companheiros espanhoacuteis esco-lheram a Via Lucas ao Torreacuteon laquoEacute a que tem melhor visibilidade des-de o cume sobre os outros escalado-resraquo resume o escalador de Barcelos que no projeto Mammut enriqueceu o curriacuteculo longo de montanhista que incluiu a participaccedilatildeo nas primeiras expediccedilotildees portuguesas a cumes de 7 mil metros nos Himalaias ndash Pumori (2003) e Ama Dablam (2004) e a tentativa de ascensatildeo de um pico de 8000m o Kangchenjunga (2005)

Em Gredos no reino da rocha onde muito haacute por explorar e se sente como peixe na aacutegua o portuguecircs tem jaacute outro projeto ineacutedito com os amigos espanhoacuteis laquoSaberatildeo na altura certaraquo oslash

Aureacutelio FariaJornalista

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Aleacutem da nova via Tozeacute

e os companheiros espanhoacuteis escolheram a Via Lucas ao Torreacuteon laquoEacute a que tem melhor visibi-

lidade desde o cume sobre os outros es-

caladoresraquo

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Em Famiacutelia

PORTO CITy RACE

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A segunda ediccedilatildeo do Porto City Race eacute um evento de Orienta-ccedilatildeo pedestre urba-no organizado pelo

Grupo Desportivo dos Quatro Caminhos em parceria com a Cacircmara Municipal do Porto atraveacutes da Porto Lazer

O evento faz parte do Circuito Nacional urbano da Federa-ccedilatildeo Portuguesa de Orientaccedilatildeo (CiNU) e eacute aberto a pessoas de qualquer idade podendo parti-cipar individualmente ou em grupo

Mesmo que nunca tenha visto um mapa ou uma buacutessola tem possibilidade de se juntar agrave fes-ta porque a organizaccedilatildeo faraacute acompanhamento e ensino com monitores

Traga a famiacutelia e venha conhe-cer os locais mais emblemaacuteti-cos do Porto e aprenda Orien-taccedilatildeo

Os participantes do evento te-ratildeo a possibilidade de competir no dia anterior no Justlog Park Race no Monte da Srordf da Assun-ccedilatildeo nos arredores do Porto

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Em FamiacuteliaoriEntaccedilatildeo o dEsporto da FaMiacuteLiaPelas suas caracteriacutesticas a Orientaccedilatildeo tem a possibilidade de ser realizada em famiacutelia No iniacutecio satildeo os pais que ensinam os filhos a des-mistificar o slogan de que a floresta eacute o ldquoterri-toacuterio do lobo maurdquo depois ter um mapa e um percurso satildeo momentos de partilha de busca de superaccedilatildeo de transmissatildeo de conhecimen-tos e de preparaccedilatildeo para a vida O facto de exis-tirem percursos adaptados a todas as idades e niacuteveis teacutecnicos permite que no mesmo espaccedilo todos possam executar o seu percurso mesmo que natildeo seja em conjunto

Na proacutexima ediccedilatildeo do Porto City Race a organi-zaccedilatildeo vai criar um percurso turiacutestico vocaciona-do para a famiacutelia em que os pontos de controlo seratildeo monumentos e em que a entrada nos mes-mos seja facilitada Assim aleacutem de cumprirem um percurso de Orientaccedilatildeo poderatildeo tambeacutem conhecer melhor a cidade e a sua histoacuteria oslash

Fernando Costa

11 dE Maio dE 2013 Justlog Park Race - Monte da Srordf da Assunccedilatildeo

12 dE Maio dE 2013 Porto City Race - Centro Histoacuterico do Porto (Patrimoacutenio Mundial)

doMingo 12 dE Maio 2013- porto City raCE

08h30 - Abertura do secretariado no local da prova (A confirmar)

10h00 - Partida dos primeiros atletas

13h00 - Encerramento

Mais inForMaccedilotildeEs EMwwwgd4caminhoscomportocityrace2013

PROGRAMA

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16 Janeiro_Fevereiro 2012 OUTDOOR

Em Famiacutelia

A ROTA DA AacuteGuAPOR LIsBOA

Atividade

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omo proposta para um passeio em famiacutelia e adequado desde os mais novos ateacute aos mais grauacutedos suge-rimos uma visita guiada ao Palaacutecio Marquecircs da Fronteira e o passeio

pedestre Rota da Aacutegua no Parque Florestal de Monsanto em Lisboa

Quem jaacute olhou e passou por debaixo do aquedu-to das Aacuteguas Livres em Lisboa e pensouhellipquem me dera poder subir e saber todos os seus recan-tos histoacuterias e lendas

Neste passeio vai ter acesso a um percurso de 8 km com direito a perguntas e respostas sobre este monumento que nos envolve com a sua grandiosidade e beleza

Porque eacute cedo que comeccedila o dia a hora de en-contro eacute pelas 9h30 no estacionamento em fren-te ao Palaacutecio Marquecircs e Fronteira no largo Satildeo Domingos de Benfica em Lisboa

O palaacutecio foi construiacutedo em 1640 para o pri-meiro Marquecircs de Fronteira D Joatildeo de Mas-carenhas heroacutei da Guerra da Restauraccedilatildeo Este bonito Palaacutecio situa-se agrave beira do Parque Flores-tal de Monsanto no Largo de Satildeo Domingos de Benfica

O Palaacutecio foi ampliado no seacuteculo XVIII em estilo laquorocailleraquo e continua a ser atualmente residecircn-cia dos 12ordm Marquecircs de Fronteira sendo contudo possiacutevel visitar algumas das salas a biblioteca e o jardimO interior eacute igualmente rico destacando-se a Sala das Batalhas que contem belos paineacuteis e azulejos com cenas da Guerra da Restauraccedilatildeo trecircs grandes janelas que se abrem sobre o Jar-dim de Veacutenus e a Sala da Jantar adornada com frescos de retratos da nobreza portuguesaA Capela de finais do seacuteculo XVI conta no seu interior com um preseacutepio cuja autoria eacute atribuiacute-da a Machado de Castro As visitas aos sumptuosos Jardins ldquoagrave italianardquo comeccedilam no terraccedilo da capela com destaque para o Jardim de Veacutenus e o Jardim Formal do seacuteculo XVII onde pontifica a Galeria dos ReisPara completar o passeio iremos conhecer a Rota da AacuteguahellipA Rota da Aacutegua tem 8 km e atravessa uma seacuterie de espaccedilos recreativos e de lazer entre eles o Parque Recreativo do Alto da Serafina o Espa-ccedilo Monsanto Parque da Pedra Parque do Ca-lhau e Mata S Domingos de Benfica O traccedilado do Aqueduto das Aacuteguas Livres acompanha uma parte da rota

O programa comeccedila com uma visita guiada ao Palaacutecio Marquecircs da Fronteira aacutes 10h O passeio pedestre teraacute iniacutecio por volta das 11h30mNatildeo percam este passeio de grande interesse natural histoacuterico-cultural e fotograacutefico oslash

Local de encontro No estacionamento em frente ao Palaacutecio Marquecircs e Fronteira Hora de encontro 9h30m Hora de iniacutecio do pro-grama 10h Percurso Circular Distacircncia 8 km Grau de dificuldade FaacutecilHora prevista do final do programa 14h30m (inclui paragem para descanso e comer) Ponto de encontro Morada Largo de S Domingos de Benfica 1 - 1500-554 Lisboa GPS N 38ordm 44 2503 W 9ordm 10 496 Em alternativa o local de encontro pode ser no Lu-miar em frente ao supermercado Europa agraves9h GPS 38773763-9160421 Ou em Sete Rios agraves 9h15m em frente ao ZOO Haacute possibilidade de boleia para quem necessitar Quem tiver boleia para oferecer agradeccedilo que me avise e indique local de partida Preccedilo do programa 10 euroA atividade estaacute coberta por seguroRecomendaccedilotildees - Uso de calccedilado confortaacutevel e com boa aderecircncia aos solos proacuteprio para caminhadas - Uso de vestuaacute-rio adequado ao tempo - Alimentaccedilatildeo trazer farnel e aacutegua - Trazer chapeacuteu e protetor solar - Natildeo se afastar do grupo - Deixar o lixo nos locais apropriados - Respeitar a vida selvagem e natildeo perturbar a tran-quilidade local - Respeitar a propriedade privada e os campos cul-tivados

Um programa Caminhos com Carisma lda

ContactosE-mail caminhoscomcarismagmailcom Telefone 914 907 446 967 055 233

ficha teacutecnica

Em Famiacutelia

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Tipo Expediccedilatildeo no DesertoGrau de dificuldade Moderado 1012km diaacuterios aproximadamente 4 horas de caminhadaCaracteriacutesticas8 dias 7 noites6 dias de expediccedilatildeoPuacuteblico-alvo Adequado a crianccedilas gt 8 anos(transporte em dromedaacuterio)Proacuteximas datas 26 de dezembro de 2012 a 2 janeiro de 2013Programa previstoDia 1 Viagem para Marrakech e transfer para riad no centro Noite em RiadDia 2 Viagem de Marrakech para Zagora em viatura exclusiva para o grupoDia 3 Dunas Bougayoirn -gt Dunas Tridi Dia 4 Tridi -gt erg (duna) EssahelDia 5 Erg Essahel -gt Dunas de LanithieDia 6 Dunas de Lanithie -gt Ouled DrissDia 7 Dunas de Lanithie -gt Ouled DrissDia 8 Marrakech e regresso

Equipamento obrigatoacuterioMochila pequena cantil (ou similar)Saco de viagem (maacutex 60Lt e 10kg) para transportar no dromedaacuterioSaco camaFrontal ou lanternaOacuteculos escuros chapeacuteu e protetor solarRoupas confortaacuteveis para caminhadaImpermeaacutevelAgasalho noturnoBaacutesicos de higiene (incluir toalha pequena e ligeira e produtos biodegradaacuteveis papel higieacutenico e saco chinelos)1ordms socorros pessoais que devem incluir anti mosqui-to e anti diarreicoPara as Senhoras ndash calccedilas compridas para atravessar algumas aldeias

Equipamento RecomendadoMaacutequina Fotograacutefica Sticks de Caminhada Calccedilado confortaacutevel e desportivo (uso recomendado)

Nuacutemero miacutenimo 6 pessoas (preccedilo sob consulta para grupos de nuacutemero inferior)

Preccedilo Desde 799euro | + 50euro (suplemento single em Marrakech)

Mais informaccedilotildees aquiUm Programa Caminhos da Natureza oslash

DEsERToDUNas E oaacutesis

Tipo de percurso NaturezaTrekkingGrau de dificuldade MeacutedioAltoCaracteriacutesticas8 dias 7 noitesProacuteximas datas 26 de dezembro de 2012 a 2 janeiro de 2013

Marrocos eacute um paiacutes lindiacutessimo que por estar tatildeo perto e ser tatildeo exoacutetico merece uma visitaNesta viagem propomos mais que uma visita sugeri-mos uma aventura de vaacuterios dias a peacute a acompanhar uma caravana de camelos Iraacute atravessar planaltos e desertos descansar agrave som-bra de oaacutesis e dormir sobre as estrelas beber chaacute na companhia de Berberes e ouvir as suas histoacuterias Per-correremos caminhos antigos de caravanserais que acompanham rios e dunas Para no fim saborearmos um merecido descanso na magia do deserto Aproveite este fim de ano para comemorar em boa companhia e num cenaacuterio exoacutetico e inesqueciacutevel a entrada do novo ano e para conhecer ou regressar a este maravilhoso paiacutes

Programa previstoDia 1 Voo cidade de origem - MarrakechDia 2 Marrakech - ZagoraDia 3 Beni Ali - Oaacutesis de Foum TaqquatDia 4 Oaacutesis de Foum Taggat ndash Dunas de Nesrate ndash Ksar Ait IsfoulDia 5 Oaacutesis e dunas de Nesrate ndash Zaouiat Sidi Saleh ndash Duna de TidiriDia 6 Dunas de Tidiri ndash Oaacutesis e dunas de Ragabi ndash Dunas Erg LihoudiDia 7 Viagem para MarrakechDia 8 Voo Marrakech - cidade de origem

Preccedilo 580euro (Preccedilo Terra) | Desde 350euro (Preccedilo voo) + Suplemento ind Marrakech 50 euro

Mais informaccedilotildees aquiUm Programa Papa-Leacuteguas oslash

TREkkiNG No DEsERTo

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dia 1 - 28ago12 keflavik- selfoss ndash 112 kmNoacutes movemo-nos como este vento que corre li-vremente por este paiacutes gelado Tatildeo a sul quanto eacute possiacutevel nesta latitude percorremos a estrada da costa expostos a um inquietante e impressio-nante vento que nos derrubou por diversas ve-zes Ele natildeo deixa saudades apenas ficam mar-cas e recordaccedilotildees Por momentos sentimo-nos transportados para o outro extremo do mundo na Patagoacutenia onde os 8 meses que separam es-tas 2 aventuras natildeo chegam para tirar do corpo o desconforto que nos provocou

Por todo o lado nota-se a natureza intocada com pouca vegetaccedilatildeo os tons escuros dos solos vulcacircnicos e muitas rochas de lava cobertas de musgo O momento do dia foi junto da Blue La-goonl um dos pontos mais turiacutesticos da Islacircndia

Pedalar por um sonho agraves portas do Ciacuterculo Polar Aacutertico

Para os sonhos serem realizados eacute preciso al-gueacutem que acredite A nossa viagem agrave Islacircndia foi alimentada pela vontade de ajudar 2 crianccedilas a concretizar 2 sonhos em conjunto com a Ins-tituiccedilatildeo terra dos sonhos porque um sorriso vale tudo

Durante 3 semanas pedalaacutemos no nosso mundo de sonhos e a cada pedalada recebemos sorri-sos em troca

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Aventura

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Para muita gente

viajar significa ir ao encontro daquilo

que procuram Noacutes que viajamos com a bicicleta e em autonomia sabemos

que o destino estaacute traccedilado mas eacute

incerto

dia 2 - 29ago12 selfoss-selfoss Atraacutes das montanhas em busca do Circulo de Ouro 95 km Hoje o dia foi programado para viajarmos sem bagagem Era uma volta circular que nos leva-va para laacute das montanhas ateacute agrave fenda onde a Islacircn-dia se equilibra

No parque nacional de Thingvellir vivemos alguns dos mais conhecidos fenoacutemenos naturais desta ilha Aqui eacute o local onde se separam as placas tectoacute-nicas americana e euroasiaacutetica criando uma fenda que se afasta 2cm por ano

dia 3 - 30ago12 selfoss-Laugarvatn-gey-sir-gullfoss-Fludir-Aacuternes 140 kmPercebemos agora porque chamam ciacuterculo de Ouro ao Geysir e agrave cascata Gullfoss O turismo mais va-lioso chega em inuacutemeros autocarros e viaturas 4X4 equipadas com rodas ldquoextra sizerdquo

Natildeo eacute preciso chegar a este local para sentir os cheiros que os vapores emanam do subsolo Em povoaccedilotildees com pouco mais de 4 casas eacute possiacutevel ver-se a terra em plena atividade diante dos nossos olhos e sentir-mo-nos convidados a ocupar todo o espaccedilo aquecido

Laugarvatn Fludir ou Aacuternes todas estatildeo num terri-toacuterio maacutegico onde o tamanho natildeo conta e os limites que existem satildeo impostos pela nossa imaginaccedilatildeoEstas aldeias natildeo brilham mas valem ouro Ainda estamos a 20 quiloacutemetros do destino mas jaacute passa-ram mais de 10h desde que saiacutemos Eacute tarde e natildeo vamos ter tempo para recuperar e enfrentar 4 dias de total isolamento por uma estrada de montanha que atravessa 2 glaciares

A ementa para tantos dias corre velozmente na mi-nha mente Compramos tudo o que julgamos vir a precisar mas antes percorro corredores vasculho prateleiras tenho hesitaccedilotildeeshellipCalamos o medo e pegamos na bicicleta

dia 4 - 01 set12 Aacuternes ndash highland center 70kmDamos hoje a primeira pedalada de aproximada-mente 300 quiloacutemetros em direccedilatildeo ao centro da Terra as highlands

Para muita gente viajar significa ir ao encontro da-quilo que procuram Noacutes que viajamos com a bici-cleta e em autonomia sabemos que o destino estaacute traccedilado mas eacute incerto O encontro com o inesperado eacute muitas vezes algo que acontece com frequecircnciaFoi uma noite mal dormida devido agrave ansiedade e ao risco do que nos propunhamos fazer Sabemos que a cada quiloacutemetro que andamos comeccedila uma nova aventura

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Natildeo podiacuteamos esperar mais Saiacute-mos do Youth hostel debaixo de chuva tendo como esperanccedila al-guma falha nas previsotildees meteo-roacutegicas para as horas seguintes Insiacutepidos e molhados desde cedo buscamos abrigo no highland center

dia 4 - 02set12 highland center ndash nyidalur hut 110km Toda a ilha eacute uma zona livre de stress Quando percorremos a fantasmagoacuterica Sprengisadur route (F26) percebemos que es-tamos livres de tudo ateacute do nosso juiacutezo A nossa ambiccedilatildeo quando tracaacutemos esta rota era atraves-saacutermos o paiacutes de sul para norte e passarmos entre os glaciares Holsjokul e VatnajokullA natureza pode ser simulta-neamente dura delicada e cruel como foi ontem mas foi genero-sa connosco hoje ao permitir-nos ver a paisagem de cascalho solto nua sempre do mesmo tom cas-tanho escuro

O silecircncio ganhou espaccedilo ateacute ao momento em que conseguimos chegar ao abrigo de montanha (hut)

dia 5 - 03set12 - nyida-lur hut ndash rest dayNem pensar em cruzar a precio-sa porta do abrigo Laacute fora estaacute tudo muito branco e diferente daquilo a que estamos habitua-dos e por isso mantivemo-nos no hut de Nyidalur (na base do vulcatildeo Tungnfell) durante 2 noi-tes por seguranccedila O fogatildeo estaacute sempre aceso e tem uma enorme panela com aacutegua pronta a aque-cer quem chegue

Para que possamos variar do esparguete e noodles (jaacute natildeo haacute muito) vamos tentar fazer patildeo O resultado da nossa experiecircncia a juntar ingredientes com nomes impronunciaacuteveis em que iacuteamos provando para perceber o que era deu num cruzamento entre o patildeo e o rissol O duo de motards que dividiam o hut connosco re-petiram Significa que inventaacute-mos mais um pastel falta soacute dar um nomehellipO Ranger do Parque Nacional acaba de chegar ao hut e veio confirmar que somos mesmo malucos por estarmos nas high-lands nesta eacutepoca Aleacutem disso avisou que vai haver tempestade para esta noite e amanhatilde

dia 6 - 04set12 - nyidalur hut- rest dayLaacute fora estatildeo 0ordmC e as bicicletas encostadas imoacuteveis sujeitas a mais um teste de resistecircncia O nosso passatempo eacute assar ba-tatas ver quem passa e a forma como transpotildeem o rio A nossa vez de partir vai chegar ainda natildeo sabemos eacute quando Para jaacute passa a 3ordf noitehellip

dia 7 - 05set12 - nyidalur hut ndash Laugar 129kmO som do vento acorda-nos mui-to cedo e era semelhante ao do dia anterior Se a direccedilatildeo se man-tivesse de norte significava mais um dia perdido Inquieto dirijo--me ateacute agrave janela para observar o uacutenico ponto de referecircncia no ex-terior uma bandeira chicoteada pelo vento vindo de sulEstava dado o sinal de partida para mais do que uma maratona nas highlands Ao longo do ca-minho a neve mantinha-se por vastas aacutereas e o vento empur-rava-nos ao mesmo tempo que nos congelava as extremidades e queimava a pele

Foi uma benccedilatildeo a ajuda do Ran-ger para transpormos 2 rios em

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seguranccedila sem nunca nos molharmos A aacutegua que noacutes e os islandeses bebem vem de rios como estes sem qualquer tipo de tratamento

DIA 8 - 06set12 Laugar ndash Lago Myvatn- Lau-gar 85 kmFoi tanta a privaccedilatildeo nos dias anteriores que hoje sonhaacutemos com o pequeno almoccedilo que teriacuteamos pela manhatilde antes de nos deslocarmos para o Lago Myvatn Este lago imenso e a aacuterea envolvente satildeo um dos grandes tesouros europeus Durante a nossa volta circular toda a paisagem eacute surreal Lava fumo a sair da terra crateras aacutegua e montanhas vulcacircnicas

Haacute muitos dias que transportamos os fatos de ba-nho na pequena mochila que vai agraves costas na es-peranccedila de um banho quente em qualquer charco inesperado Hoje tivemos o nosso primeiro hot pot Eles satildeo um must nesta regiatildeo (eacute como estar num jacuzzi no meio da rua com um cenaacuterio deslum-brante)

DIA 9 - 07set12 Laugar ndash Akureyri 67kmIsto de pedalar com vento natildeo tem graccedila nenhu-ma especialmente porque natildeo se consegue ter mo-

mentos de contemplaccedilatildeo parados Em dias assim eu sou a ponta da flecha que abre uma fissura no vento e permite que a Filomena possa andar na roda Acabar eacute uma vitoacuteria mas natildeo existe gloacuteria quando se chega ao fimAkureyri eacute a capital do norte e a 2ordf cidade maior do paiacutes com 18000 habitantes civilizaccedilatildeo situada num fiorde rodeado de cumes nevados uma escolha acertada para ficar um dia a descansar

DIA 10 - 09set12 Akureyri- Varmahliacuteo 95 kmMesmo a pedalar sobre a Route 1 os grandes hori-zontes continuam a fazer parte desta viagem An-damos pelos vales e seguimos os cursos dos rios alimentados pelas aacuteguas que escorrem incessante-mente das arribas que nos flanqueiamPodia afirmar que estou eufoacuterico diante das infini-tas possibilidades que tenho pela frente mas natildeo estou Novo aviso de tempestade acompanhada de ventos fortes (23 ms) natildeo convida a grandes aven-turas

Por hoje natildeo precisamos de nos preocupar esta-mos bem abrigados numa quinta na aldeia de Var-mahliacuteeth com 130 pessoas

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DIA 11 -10set12 Varmahliacuteo ndash Rest dayParece que o inverno veio todo num soacute dia e pintou tudo de branco O supermercado estaacute a 300 metros mas eacute como se fosse uma miragem Temos mais um dia de paragem forccediladaO nevatildeo ganha cada vez mais terreno agrave medida que as horas avanccedilam A estrada estaacute interdita agrave maio-ria dos veiacuteculos e por precauccedilatildeo as pessoas satildeo aconselhadas a procurar alojamentoEm pouco tempo a senhora Inda de 81 anos que haacute poucas horas parecia ter uma vida pacata a co-chilar no seu sofaacute mostrou-nos como eacute uma ver-dadeira mulher do norte Enquanto nos convidava para um lanche com bolos caseiros mostrava or-gulhosamente os aacutelbuns de famiacutelia recebia os tu-ristas que iam chegando e quando a lotaccedilatildeo esgo-tou pegou no seu jeep e conduzia estrada fora para os ir alojar

DIA 12- 1set12 Varmahliacuteo ndash Saeberg (hostel) 15kmEsta aventura jaacute foi longe demais Temos metade da quilometragem que planeaacutemos centenas de peripeacutecias e riscos incalculados e soacute nos apetece chegar agrave capital Laacute fora tudo continua branco e a abanar no entanto existe a necessidade de arran-car Estamos confiantes nas previsotildees para o dia de hoje mesmo quando aquilo que vemos natildeo inspira confianccedila

Comeccedila a nevar comeccedila a montanhahellipVaacuterios car-ros estatildeo soterrados nas bermas os flocos voam magoam as faces e a subida ainda vai no iniacutecio Me-tro a metro vamos quebrando o gelo Quem passa tira fotografias e fica increacutedulo Noacutes tambeacutem Natildeo sabemos como equilibrar as 2 rodas perante esta manifestaccedilatildeo da natureza As equipas de emergecircn-cia patrulham a aacuterea e noacutes fazemos ldquolikerdquo sem nos apercebermos que as descidas se tornariam autecircn-ticos escorregasPedimos ajuda e somos resgatados ateacute ao nosso destino Estaacute um sol maravilhoso e as vistas satildeo lindas A vida eacute tatildeo bela porque seraacute que ando de bicicleta em siacutetios tatildeo difiacuteceisPronto Depois de 1h dentro do hot pot percebe-mos porque natildeo ficamos em casa Casa eacute onde estaacute o nosso coraccedilatildeo

DIA 13 - 12 e 13 set12 Saeberg ndash Borgarnes ndash Reykjavik 226kmsEstamos a oeste mas o nosso sentido eacute cada vez seguir para mais perto do nosso ponto inicial O isolamento e a ausecircncia da matildeo humana con-tinuam a ser uma das grandes referecircncias deste paiacutes Os horizontes ateacute Borgarnes perdem a cor e parecem-se com tantos outros que jaacute vimos noutros lugaresReykjavik natildeo estaacute isolada natildeo estaacute no topo de uma

montanha e nem sequer haacute nada de extremo nesta cidade

DIA 14 - 14 set12 Reykjavik ndash Rest dayA capital natildeo nos cativa eacute exageradamente cara e parece viver soacute de noite

DIA 15 - 15 set12 Reykjavik ndash Keflavik 49kmFelizmente que as imagens que estamos a ver e que satildeo iguais ao primeiro dia representam ape-nas uma pequena amostra deste paiacutes Natildeo haacute aacutervo-res natildeo haacute rios natildeo haacute vales apenas uma rugosa paisagem lunar fruto da forte atividade vulcacircnica nesta peniacutensula

Ateacute ao aeroporto jaacute natildeo contamos observar nada daquilo que enche as brochuras e panfletos que se podem encontrar e consultar espalhados por qual-quer parte desta linda ilha Resta-nos pedalar

EPIacuteLOGO Natildeo satildeo os nuacutemeros que fazem uma via-gem de SONHO Os quiloacutemetros ambicionados os desniacuteveis previstos os dias programados ficaram aqueacutem do planeado Mas as expectativas planeadas foram largamente ultrapassadas pois tivemos expe-riecircncias uacutenicas em cenaacuterios de Sonho com amiza-des imprevistas

Nesta ilha todos os sentidos experimentaram a na-tureza em estado puro A esta latitude tudo se torna impreviacutesivel os 6 dias que ficaacutemos retidos e os 1400 quiloacutemetros percorridos hoje parecem pouco vistos agrave distacircncia num lugar seguro

AGRADECIMENTO Aos nossos apoiantes ndash Terra dos Sonhos Cofides Competiccedilatildeo Movefree Bike performance Center D-Maker Ortik Bike Magazi-ne Bivaque Extramedia Portal Aventuras

Um agradecimento muito especial agrave missatildeo da For-ccedila Aeacuterea Portuguesa ndash Iceland Air Policing que nos recebeu e transportou as nossas bagagens no re-gresso a Portugal Bem hajam oslash

Ricardo Mendes e Filomena Gomes

MAIS PORMENORES E FOTOS

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Aventura- Tsiiii tsiiii ndash o meu olhar desviou-se do hori-zonte que observava tentando encontrar por perto de onde vinha o som daquele assobio

- Satildeo as marmotas Estatildeo a avisar as outras que noacutes estamos por perto eacute assim que comunicam principalmente se sentem algum perigo - o Heacutel-der ria do meu ar confuso Ia jurar que o assobio vinha de um ser humano Foi a primeira vez que avistei este simpaacutetico mamiacutefero Imagino esta marmota no meio dos peluches do quarto das minhas filhas Satildeo sem duacutevida um animal sim-paacutetico estes excelentes escavadores que vivem em altitudes desde os 900m aos 3200m Nove meses do ano passam-no a hibernar Estamos em pleno veratildeo nos Alpes e as marmotas estatildeo em grande atividade armazenando energias para o inverno Conseguimos avistar os outros elementos da coloacutenia ldquode peacuterdquo alerta Foi um bom motivo para uma merecida pausa tirar a mochila hidratar comer uma barra energeacutetica

Jaacute haviacuteamos percorrido grande parte do trilho que nos levaria ao Refuacutegio Albert I Eacute aqui que pernoitaremos para iniciar a nossa aclimataccedilatildeo Saiacutemos da pequena vila de Le Tour de onde partem os telefeacutericos usados no inverno para aceder agraves pistas de esqui No veratildeo continuam em atividade facilitando o percurso aos trekkers que natildeo queiram palmilhar o desniacutevel de cerca de

700m que os separa do Col de Balme- Estamos a aclimatar e tambeacutem a treinar nem pensar em usar meios mecacircnicos ndash Helder sor-ria a dizer esta frase Foi quanto bastou para perceber que a manhatilde ia ser longa Depois de vencermos grande parte do desniacutevel chegamos a um local de onde se pode avistar a cordilheira do monte Branco la Verte os Drus as Aiguil-les de Chamonix e o Monte Branco com os seus 4810m Mas que local magniacutefico para aclimatar pensei Para subir em altitude temos que permi-tir ao nosso organismo que se habitue gradual-mente agrave falta de oxigeacutenio a que vai ser exposto Para isso vamos fazendo caminhadas subindo gradualmente para que ao fim de alguns dias jaacute estejamos mais aptos a entrar numa zona em que a pressatildeo atmosfeacuterica eacute menor e o oxigeacutenio do ar mais rarefeito

Ao chegar agrave moreia do glaciar do Tour resta-nos uns 200 m para o nosso objetivo A 30 de agosto de 1930 o rei Alberto I da Beacutelgica inaugurou o primeiro refuacutegio que tem o seu nome Em 1935 o refuacutegio foi ampliado no entanto natildeo foi sufi-

ciente e o atual precariamente empoleirado num penhasco a uma altitude de 2706

inaugurado a 12 de julho de 1959 foi construiacutedo perto do primeiro

edifiacutecio Natildeo posso deixar de me impressionar ao avistaacute-lo e quando chego sento-me na varanda feliz por poder apre-

Esta-mos em pleno

veratildeo nos Alpes e as marmotas estatildeo em grande ativida-de armazenando energias para o

inverno

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ciar vistas tatildeo magniacuteficas ehellip por poder tirar as botas Natildeo tinha botas de alta montanha mas um amigo comprou umas plaacutesticas em segun-da matildeo em Chamonix e sorte das sortes eram o meu nuacutemero Fiz este trekking com elas para me habituar resultou Mas os meus peacutes supli-cavam por ar fresco Soacute conseguimos dar o de-vido valor ao momento de descanso conversa contemplaccedilatildeo numa varanda dum refuacutegio se jaacute tivermos percorrido umas boas horas por trilhos de montanha Saboreei ao maacuteximo este tempi-nho sabia que a tarde era guardada para treino no glaciar como andar em cordada e escalada no gelo Eacute sempre bom relembrar as bases um acidente pode acontecer quando descuramos as regras mais simples e esta tarde foi fundamental para isso Um sol magniacutefico vistas deslumbran-tes ambiente descontraiacutedo Natildeo deixar a corda a tocar o chatildeo nunca a pisar nem a ter dema-siado em tensatildeo Esta sintonia entre elementos de cordada trabalha-se e soacute com o treino a con-seguimos obter Amanhatilde vamos sair ao nascer do dia em direccedilatildeo agrave Aiguille du Tour Esta for-maccedilatildeo com 3540m eacute muito popular entre as pes-soas que tentam a ascensatildeo ao Monte Branco Eacute relativamente faacutecil a sua subida pela face leste

A meteorologia na manhatilde da nossa subida esta-va perfeita Adoro toda a logiacutestica de preparaccedilatildeo de saiacuteda do refuacutegio O acordar ainda de noite os ruiacutedos leves e abafados dos mais madrugadores na camarata o som dos passos ainda lentos no chatildeo de madeira Tento concentrar-me para natildeo me escapar nada ter todo o material colocado e sentir-me confortaacutevel Saio do refuacutegio e o ar

fresco da montanha acorda os meus sentidos Comeccedilamos a subir o glaciar frontais ligados muacutesculos a aquecer A inclinaccedilatildeo eacute moderada e rapidamente chegamos ao colo superior do Tour que marca a fronteira da Franccedila com a Suiacuteccedila ndash Trouxeram o passaporte Vamos pas-sar no posto fronteiriccedilo ndash pergunta o Heacutelder a sorrir Atravessamos agora o glaciar de Trient o sol aquece-nos e as vistas satildeo surpreendentes Ao chegar agrave base da aguille do Tour fazemos o nosso merecido descanso comer beber aacutegua apreciar a beleza que nos circunda Vem agora a parte divertida para quem gosta de escalar em rocha Iniciamos calmamente a nossa subida vamos ouvindo algumas orientaccedilotildees progredin-do e fazendo manobras para passar nas zonas mais expostas ateacute chegarmos ao topo Emocio-no-me com a beleza agrave minha volta O meu pen-samento liga-se a algueacutem muito querido que haacute bem pouco tempo deixou a vida terrena sinto a sua proximidade Um abraccedilo forte da minha amiga de escalada traz-me novamente agrave terra E ali agrave nossa frente majestoso quase como que a chamar-nos o Monte Branco

Foi nesse mesmo dia que regressamos a Chamo-nix Uma longa descida animada pela conversa descontraiacuteda sobre os Alpes - Haacute sempre tanto que contar desta cordilheira travessias espeta-culares que se podem fazer ndash ouvia atenta as histoacuterias que me contavam era a minha primei-ra vez nos Alpes e jaacute estava cativada Cativada ateacute pela proacutepria cidade de Chamonix Eacute um lo-cal onde se respira ar livre Da varanda do nos-so apartamento para onde quer que olhe vejo

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Aventuraatividades outdoor Ouccedilo os risos alegres dum grupo que desce o rio fazendo rafting observo o ceacuteu colorido pelos parapentes as pessoas pas-sam na rua equipadas com roupa de montanha Cheguei a Chamonix haacute dois dias de comboio Quando deambulava pelas suas ruelas cho-quei com uma curiosa estaacutetua onde um homem aponta a outro o cume do Monte Branco

- Eacute Jacques Balmat que estaacute a apontar para o cume ele foi o primeiro homem a subir esta montanha a 8 de agosto de 1786 acompanha-do do meacutedico Michel Paccard Saiacuteram de Cha-monix acamparam no cume da Montagne de la cote a 2630m agraves 4 da manhatilde partiram e chega-ram ao cume por volta das 6h da tarde Balmat nasceu neste vale era um caccedilador de cristais tinha uma vontade de ferro e um instinto para as montanhas Paccard era meacutedico em Chamonix e um excelente alpinista adorava botacircnica e mi-nerais Tambeacutem lhe erigiram aqui uma estaacutetua

Foi ele que conheceu Horace-Beacute-neacutedict de Saussure que ini-

ciou a corrida do primeiro homem a subir ao Monte Branco ndash disse-me Joatildeo

- E esse Saussure tam-beacutem era alpinista ndash perguntei curiosa

- O seu interesse pela botacircnica trouxe-o ateacute aos

Alpes e percorreu grande parte desta cordilheira co-

meccedilando a trabalhar no sentido de esclarecer a topografia da parte ne-

vada dos Alpes nessa eacutepoca praticamente des-conhecida Foi em 1760 que veio aqui pela pri-meira vez e ofereceu uma recompensa a quem escalasse o Monte Branco Ele tentou fazecirc-lo sem sucesso- Entatildeo nunca chegou a subir

- Sim conseguiu mas soacute em 1787 jaacute tinha 47 anos e levou 18 guias com ele Relembro as palavras que li do fotoacutegrafo de montanha C Douglas Milner ldquoA subida em si foi magniacutefica uma incriacutevel faccedilanha de coragem grande resistecircncia realizada por estes dois ho-mens apenas sem corda e sem piolets muito sobrecarregados com equipamentos cientiacuteficos e com longos bastotildees com pontas de ferro O bom tempo e uma lua luminosa garantiram o seu regresso com vidardquo

O dia seguinte foi passado a descansar visitar o Museu da Montanha e espreitar a meteoro-

Foi em 1760 que veio aqui

pela primeira vez e ofereceu uma recom-

pensa a quem escalas-se o Monte Branco Ele tentou fazecirc-lo

sem sucesso

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Um dos pontos al-tos eacute ir agrave roulotte

dos waffles delei-tarmo-nos com este

delicioso doce No fi-nal do dia ainda pude-

mos assistir a um espetaacute-culo de muacutesica e danccedila celta

na praccedila central O ambiente eacute descontraiacutedo a praccedila estaacute cheia de gente e a muacutesica faz sempre bem agrave alma Joatildeo recebe um telefonema

- Estaacutes nos Alpes Natildeo vatildeo poder subir amanhatilde aproxima-se uma tempestade Mas tenho boas notiacutecias tens uma janela de bom tempo no dia seguinte se quiserem aproveitar - Disse Viacutetor Baiacutea sempre bem informado sobre os fenoacuteme-nos meteoroloacutegicos

O dia em que vai haver ldquouma abertardquo para subir eacute o mesmo dia em que temos voo para Lisboa

desde Genebra Ficamos um pouco a pensar no que decidir e claro temos que arriscar Na mon-tanha eacute assim tem que haver flexibilidade es-tamos dependentes das condiccedilotildees climateacutericas e aproveitar quando nos eacute proporcionado bom tempo

A rota que vamos seguir natildeo eacute a mais utilizada eacute chamada rota dos trecircs cumes Esta rota eacute mais exigente fiacutesica e tecnicamente do que a rota do Goucircter No entanto com faacutecil acesso a partir do telefeacuterico da Aiguille du Midi este percurso tor-nou-se a segunda rota mais popular para esca-lar o Monte Branco O percurso inicia-se na Ai-guille du Midi seguindo pelo Col du Midi antes de subir o Monte Branco atraveacutes do Mont-Blanc du Tacul (4248m) e Maudit Mont (4465m) Esta rota requer condiccedilotildees estaacuteveis na neve do Mont Blanc du Tacul e Mont Maudit e tem uma eleva-ccedilatildeo acumulada de 1425m O refuacutegio Cosmiques estava lotado a nossa uacuteni-

- Es-taacutes nos Alpes

Natildeo vatildeo poder subir amanhatilde aproxi-ma-se uma tempestade

Mas tenho boas notiacutecias tens uma janela de bom tempo no dia seguinte

se quiserem apro-veitar

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estaccedilatildeo do telefeacuterico da Aiguille du Midi Este telefeacuterico foi construiacutedo em 1955 e manteve o tiacutetulo de ser o mais alto do mundo durante duas deacutecadas Ele ainda deteacutem o recorde como o te-lefeacuterico com a ascensatildeo vertical mais alta no mundo de 1035 m para 3842 m Haacute duas se-ccedilotildees de Chamonix para o Plano de lAiguille a 2317 m e depois diretamente sem qualquer pi-lar de apoio para a estaccedilatildeo superior a 3777 m Apanhamos o uacuteltimo telefeacuterico do dia cerca de 20 minutos depois estaacutevamos no terraccedilo a tentar admirar as lindiacutessimas vistas que se tem deste local No entanto o mau tempo previsto estava certo e a visibilidade natildeo era mais de 20 m agrave nossa frente Estava desanimadiacutessima

- Como eacute possiacutevel daqui a poucas horas termos bom tempo para subir ndash Perguntei increacutedula- Estamos na montanha Luiacutesa a meteorologia muda rapidamente Temos que aguardar ndash Afir-mou Joatildeo calmo e confiante

Fomos procurar um local onde pudeacutessemos descansar ateacute agrave meia-noite hora marcada para a nossa partida O percurso eacute longo com bas-tante desniacutevel e na realidade o voo para Lisboa eacute amanhatilde Quando acordei o som dos ventos fortes que se faziam ouvir misteriosamente desaparece-ram Depois de comer e fazer a confirmaccedilatildeo do equipamento dirigimo-nos para a aresta que nos levaraacute ao Valleacute Blanche Foi com extrema curiosidade que me dirigi agrave saiacuteda Como esta-raacute o tempo A calma e tranquilidade que senti ao sair para o exterior foi-me trazida pela ma-ravilhosa paisagem que tinha agrave minha frente Afinal depois da tempestade vem a bonanccedila e a visatildeo deste vale imaculado sob um ceacuteu estre-lado sem ningueacutem sem pegadas sem luzes de frontais foi brutal Ao comeccedilar a descer a ares-ta conseguimos ver o refuacutegio Cosmiques ainda adormecido Fomos mesmo os primeiros a sair o que representa um privileacutegio por um lado e

No entanto o mau tempo pre-

visto estava certo e a visibilidade natildeo era mais de 20m agrave nossa frente Estava desa-

nimadiacutessima

Ainda foi longa a nossa caminhada sempre a encontrar forccedilas e energia onde quer que elas estivessem escondidas Paraacutevamos de vez em quando agrave espera da outra cordada de amigos e por fim cerca das 10h da manhatilde atingimos o cume Tento tirar fotos mas a maacutequina fotograacute-fica natildeo ajudou fiquei sem bateria Natildeo faltam maacutequinas para o fazer e depois de um breve descanso temos que iniciar a descida pela mes-ma rota Eacute uma descida que acaba por ter al-gumas subidas sendo por isso mais demorada Mas a alegria de ter cumprido o objetivo o dia tatildeo calmo e luminoso a companhia dos amigos supera qualquer tipo de cansaccedilo

Tive um sentimento de saudade ao chegar nova-mente ao Valleacute Blanche e olhar para traacutes para o trilho percorrido olhar aquele vale agora agrave luz do dia atravessado por tantas pegadas Olho de relance para a uacuteltima subida que nos falta fazer a aresta que nos levaraacute ao telefeacuterico na Aguille du Midi Faccedilo esta subida confiante como se ti-vesse deixado para traacutes todo o esforccedilo e cansaccedilo extremo desta maravilhosa aventura

Com grande pena natildeo pude comemorar em Chamonix nessa noite mas comemorei com imensa alegria ao reencontrar-me com a mi-nha famiacutelia orgulhosa de mim afinal estive no mesmo dia no cume do Monte Branco de manhatilde e agrave noite na minha cama quente e confortaacutevel em Lisboa oslash

Luiacutesa Tomeacute

Papa-Leacuteguaswwwpapa-leguascom

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um esforccedilo acrescido por outro Relembro a tra-vessia do glaciar do Tacul a ldquofazer trilhordquo o som dos campons na neve ecoava num ritmo proacute-prio pousava a minha bota no local exato onde o Joatildeo tinha feito a pegada como que num jogo em que quando falhava acrescia o esforccedilo que teria que fazer O som de passos intensifica-se temos mais madrugadores connosco Deixamo--los passar jaacute vimos a fazer trilho haacute bastante tempo eacute a vez de outros agora

Quando chegamos agrave ldquoparederdquo do Mont Blanc du Tacul jaacute temos algumas pessoas agrave espera para subir O sol ainda natildeo subiu para nos aquecer esperamos junto agraves cordas a nossa vez os peacutes comeccedilam a dar sinal de frio Iniciamos a subida os piolets e os crampons cravam-se certeiros no gelo a corda ajuda na subida Comeccedilo a ficar cansada e a hesitar paro por uns momentos sinto a boca seca o coraccedilatildeo a bater forte olho para cima jaacute natildeo falta muito - Piolet numa matildeo corda na outra sobe Luiacutesa ndash a voz do Heacutelder trouxe-me lucidez A energia que me faltava regressou Concentro-me e con-tinuo a subida pedaccedilos de gelo passam por noacutes arrancados aquela parede cheia de gente dese-josa de ultrapassar possivelmente o obstaacuteculo mais duro desta rota

O trilho continua pelo beliacutessimo Mont-Maudit apesar do seu nome O sol jaacute vai alto comeccedila a aquecer haacute que comeccedilar a tirar camadas Natildeo podemos desidratar Col de la Brenva um chaacute quente e uma bolacha Apetece ficar jaacute aqui as vistas satildeo surpreendentes Mas natildeo eacute este o nos-so objetivo vamos continuar a subir

Entrevista Diogo Miguel - (Oti-Estarreja)

ldquoO DEsPORTO EM PORTuGAL eacute uM EsPELhO DA sOCIEDADErdquo

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Entrevista

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Sabe acima de tudo as con-

diccedilotildees que temos e consegue olhar para o

resultado como sen-do bastante meri-

toacuterio

OutdOOr COmO eacute pOssiacutevel algueacutem COm-patibilizar a preparaccedilatildeO enquantO atleta de OrientaccedilatildeO de elite COm as exigecircnCias dum 6ordm anO dO CursO de medi-Cina

diOgO miguel O segredo reside sobretudo na motivaccedilatildeo Toda a gente consegue tirar um curso e fazer desporto e inclusivamente se gos-tar consegue treinar todos os dias Mas se esti-ver motivado o suficiente consegue levantar-se cedo para correr agraves seis da manhatilde estar na Fa-culdade agraves oito e meia sair agraves quatro da tarde e ir treinar outra vez estudar ateacute agraves dez da noite e dormir porque amanhatilde eacute outro dia Eacute preci-so estar-se motivado para abraccedilar esta vida durante o ano inteiro

Haacute quantO tempO eacute que as COisas satildeO levadas assimQuando comecei a fazer Orien-taccedilatildeo natildeo tinha grandes preo-cupaccedilotildees com o treino Durante os anos de faculdade jaacute treinava bastante a seacuterio mas foi haacute dois ou trecircs anos quando comecei a ser treinado pelo Professor Bruno Nazaacuterio que aumentei a carga de trei-no para o bi-diaacuterio A partir daiacute passei a ter o meu tempo totalmente ocupado Satildeo os estaacutegios do Curso o tempo de deslocaccedilatildeo para Hospitais da periferia uma tese para defender Este ano seraacute bastante mais exigente que os anteriores se calhar natildeo vou poder fazer treino bi-diaacuterio todos os dias como gostaria mas ainda assim vou pro-curar treinar duma forma o mais seacuteria possiacutevel e se natildeo puder fazecirc-lo na quantidade desejaacutevel pelo menos na qualidade espero consegui-lo

em 2007 COnquistOu a primeira grande medalHa da OrientaccedilatildeO pOrtuguesa aO sagrar-se CampeatildeO da eurOpa de JOvens

Chama-se Diogo Miguel e eacute aos 23 anos uma das referecircncias da Orientaccedilatildeo Pedestre nacio-nal Campeatildeo Europeu de Jovens em 2007 e Campeatildeo Nacional de Distacircncia Longa em 2009 e 2011 Diogo Miguel reparte o tempo entre a modalidade do seu coraccedilatildeo e as exigecircncias do curso de Medicina que abraccedilou haacute seis anos E foi precisamente por aiacute que a nossa conversa comeccedilou uma conversa onde passado presen-te e futuro se misturam e confundem numa teia de opccedilotildees direccedilotildees desafios e decisotildees Na Orientaccedilatildeo como na Vida

Por Joaquim Margarido

de sprint em eger na Hungria que me-moacuterias guarda dessa JOrnada Haacute CinCO anOs atraacutesGuardo sobretudo as memoacuterias e os amigos Na altura pensaacutemos que a visibilidade que este re-sultado poderia dar agrave Orientaccedilatildeo catapultasse a modalidade e possibilitasse a obtenccedilatildeo de mais apoios mas isso natildeo se veio a verificar pelo me-nos na medida daquilo que seria de esperar

esteve este anO nOs mundiais de lausan-ne COnseguindO O 33ordm lugar na Final a de distacircnCia lOnga que valOr atribui a este seu resultadOAtribuo-lhe um valor elevado ateacute porque foi a primeira vez em dez anos que um portuguecircs foi a uma final A de Distacircncia Longa Cheguei ao fim com a certeza de ter feito o meu melhor e se natildeo tivesse quebrado fisicamente teria fei-to melhor ainda Ou seja com outras condiccedilotildees de treino teria facilmente ficado entre os vinte e cinco primeiros Mas falta bastante cultura des-portiva agrave sociedade portuguesa em geral e se disser a algueacutem que natildeo estaacute familiarizado com a Orientaccedilatildeo que terminei em 33ordm num Campeo-nato do Mundo essa pessoa iraacute pensar ldquoesque-ce eacutes mau natildeo prestasrdquo Mas quem sabe como estas coisas funcionam sabe os sacrifiacutecios que temos que fazer Sabe acima de tudo as condi-ccedilotildees que temos e consegue olhar para o resulta-

do como sendo bastante meritoacuterio

temOs em pOrtugal O apOiO que deviacuteamOs Ou que mereCiacuteamOs

Natildeo Eacute bastante revoltante olhar para outros desportos como eacute o caso do Futebol e termos um Presidente que termina o man-dato agrave frente da Federaccedilatildeo e que se sente orgulhoso por ter deixa-

do um balanccedilo positivo nas contas de muitos milhotildees de euros Mas

satildeo estes precisamente que ainda assim continuam a receber milhotildees e

milhotildees do Instituto Portuguecircs do Desporto e Juventude enquanto outras modalidades lutam pela sobrevivecircncia Acho que somos claramen-te sub-apoiados O desporto em Portugal eacute um espelho da Sociedade Haacute os muito ricos e haacute os muito pobres Os ricos satildeo cada vez mais ricos e os pobres satildeo cada vez mais pobres Eacute a mesma coisa com o desporto

quandO OlHa para Os nOssOs JOvens que pOtenCialidades vecirc neles para COn-seguirem CHegar aOs lugares CimeirOs da OrientaccedilatildeO eurOpeia e mundialTemos alguns jovens com bastante valor prin-

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cipalmente o Luiacutes Silva Trata-se dum atleta que tem um futuro brutal e acho que vai ser sem sombra de duacutevidas o melhor atleta portuguecircs dentro de muito pouco tempo Olhando de for-ma mais aprofundada para estes atletas eacute uma realidade que eles tecircm hoje melhores condiccedilotildees em relaccedilatildeo agravequilo que noacutes tiacutenhamos na altura Basta ver que os atletas jaacute se deslocam com al-guma frequecircncia ao terreno antes das grandes competiccedilotildees coisa que natildeo havia ateacute haacute muito pouco tempo atraacutes E depois haacute os estaacutegios de Seleccedilatildeo Mas deve reconhecer-se que lhes falta o treino fora da competiccedilatildeo Acho que falta al-gum espiacuterito de sacrifiacutecio no treino em casa que eacute o mais importante

o CLubE dE oriEntaccedilatildeo dE EstarrEJa Eacute dEsdE sEMprE o sEu CLubE quE signiFiCa-do tEM para si EstE EMbLEMa E Esta CaMi-soLa quE EnvErgaComecei na Orientaccedilatildeo aos 8 anos e a minha primeira experiecircncia foi no Desporto Escolar na minha terra Canelas uma pequena aldeia do Concelho de Estarreja A essa primeira pro-va seguiu-se uma ldquoQuinzena da Orientaccedilatildeordquo no veratildeo e nunca mais parei Haacute quinze anos que estou ligado a este clube e ele faz parte de mim Poderia dividir a minha vida em dois por um lado a parte profissional da Faculdade e por outro a Orientaccedilatildeo Por estranho que possa pa-recer a parte desportiva natildeo se encontra num plano inferior relativamente agrave parte profissio-nal Ambas as partes se complementam uma agrave outra Portanto a minha ligaccedilatildeo a este clube eacute muito grande satildeo muitos anos satildeo muitas pes-soas e ajudou-me a crescer

aos Miuacutedos quE agora datildeo os priMEiros passos quE ConsELhos dariaO conselho natildeo o daria aos miuacutedos se calhar da-va-o antes aos pais Tanto a escola como o des-porto andam muito ligados Se temos disciplina num acabamos por ter disciplina no outro Natildeo eacute por acaso se olharmos para os atletas de topo a niacutevel nacional todos eles satildeo excelentes es-tudantes e tecircm um futuro profissional bastante promissor Tudo parte de quem educa Eu tenho a sorte de ter uns pais que sempre me educaram bem e que sempre me deram o apoio necessaacuterio para conseguir fazer as duas coisas

E deixaria ainda um conselho mais aos pais o de virem fazer uma prova de Orientaccedilatildeo com os seus filhos Uma das grandes vantagens da Orientaccedilatildeo eacute ser para aleacutem do ldquodesporto da flo-restardquo o ldquodesporto da famiacuteliardquo

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EntrevistaConsidEra quE Esta EacutepoCa CorrEu dE aCordo CoM as suas ExpECtativasNa verdade digamos que a eacutepoca estaacute quase agrave beira de comeccedilar Depois do Campeonato do Mundo tirei mais tempo do que era habitual para descansar e tenho estado a fazer pratica-mente soacute manutenccedilatildeo A eacutepoca teve alguns per-calccedilos comecei a treinar na Repuacuteblica Checa e apesar de ter feito muito treino com mapa devi-do agraves questotildees climateacutericas e agraves poucas horas de luz acabei por ter uma carga de treino aqueacutem do desejaacutevel Depois de regressar a Portugal estava a treinar bem mas tive um percalccedilo e lesionei--me num peacute o que me obrigou a uma paragem de um mecircs Isso fez-me perder muito da minha boa forma e acredito que se natildeo fosse isso po-

deria ter chegado muito melhor ao Campeonato do Mundo e aiacute o resultado poderia ter sido outro Apesar de tudo os resultados acabaram por ser bem melhores do que estaria agrave espera

o obJEtivo a Curto praZo passa pELo tiacute-tuLo naCionaL absoLutoPor acaso esse eacute um tiacutetulo que nunca alcancei Vou comeccedilar a treinar a seacuterio para chegar nas melhores condiccedilotildees ao Campeonato Nacional Absoluto e esse vai ser um bom teste O objetivo eacute estar laacute para ganhar

Quanto agrave proacutexima eacutepoca espero apresentar-me agraves provas em melhor forma do que este ano e que os bons resultados possam aparecer oslash

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ofereccedila um garmin DeSemBruLHara caixa Seraacute Soacute o princiacutepio

este natal ofereccedila emoccedilotildees aventuras para quem viaja ou para os que correm para os que navegam no mar ou escalam montanhas Para os nadadores ou golfistas este natal ofereccedila um garmin

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ORIENTACcedilatildeOhellip DEsPORTO NA NATuREzA

Parque nacional torres del Paine Chile

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Cinco satildeo os sentidos estaacute nos manuais neles reside a possi-bilidade de um maior ou menor contacto da pessoa com aquilo que a rodeia Haacute ainda o sexto sentido aquela perceccedilatildeo extra--sensorial que parece ser mais propriedade das mulheres do que dos homens e que nas con-ceccedilotildees ocultistas estaraacute tam-beacutem sedeado num oacutergatildeo do nosso corpo Figurada ou ob-jetivamente eacute bom que todos eles ndash sem exceccedilatildeo - estejam suficientemente desenvolvi-dos sem isso natildeo haacute sentido de orientaccedilatildeo que aguente

A Orientaccedilatildeo eacute um Desporto recente em Portugal mas tem jaacute mais de 100 anos de existecircncia

enquanto desporto organi-zado Com efeito teraacute sido em Bergen - Noruega no ano de 1897 que se organizou a pri-meira atividade desportiva de Orientaccedilatildeo Os paiacuteses noacuterdicos satildeo ainda hoje aqueles onde a modalidade tem maior implan-taccedilatildeo mobilizando um nuacutemero de praticantes que coloca a

Orientaccedilatildeo entre os cinco des-portos com mais adeptos na Escandinaacutevia A maior prova do mundo realiza-se anual-mente na Sueacutecia os 5 dias da Sueacutecia com um nuacutemero de participantes que jaacute atingiu os 25000

Durante o seacutec XX a modali-dade foi evoluindo ateacute agrave criaccedilatildeo da Federaccedilatildeo Internacional de Orientaccedilatildeo (IOF) que fes-tejou em 2012 o 51ordm aniversaacuterio e veio normalizar mundial-mente as regras competitivas as normas para elaboraccedilatildeo dos mapas e as sinaleacuteticas a usar A Orientaccedilatildeo eacute praticada em quatro disciplinas diferentes Orientaccedilatildeo Pedestre Orien-taccedilatildeo em BTT Orientaccedilatildeo em Ski e Orientaccedilatildeo de Precisatildeo (Orientaccedilatildeo prioritariamente para deficientes motores)

Portugal tem marcado pontos na Orientaccedilatildeo para o desporto adaptado lanccedilando em 2012 a Taccedila de Portugal de Orientaccedilatildeo de Precisatildeo e criando um cir-cuito de Orientaccedilatildeo adaptada vocacionado prioritariamente para a deficiecircncia intelectual e

crianccedilas em idade preacute-escolar que eacute uacutenico no Mundo e que estaacute a ser jaacute implementado pela Espanha

o quE EacutePodemos dizer que a Orien-taccedilatildeo eacute um desporto completo Haacute o aspeto fiacutesico o treino no campo que se aproxima do treino dum atleta de fundo E haacute o aspeto mental que de-sempenha um papel funda-mental a leitura dos mapas o contra-reloacutegiohellip Eacute tambeacutem o desporto de natureza por exce-lecircncia Os orientistas saem dos trilhos balizados para pene-trarem no coraccedilatildeo da floresta Cada dia eacute uma nova aven-tura Daquele que se inicia na Orientaccedilatildeo ao mais consagrado dos praticantes haacute todo um mesmo espiacuterito de liberdade de fazer a sua proacutepria escolha do melhor itineraacuterio No Atle-tismo por exemplo a volta agrave pista teraacute sempre 400 metros quer seja aqui ou no Japatildeo Na Orientaccedilatildeo esta noccedilatildeo de dis-tacircncia tem muito pouco signi-ficado Tanto se pode fazer 10 quiloacutemetros numa hora e meia como em quarenta minutos E

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depois nunca existem duas florestas iguais Eacute o eterno recomeccedilo Na Austraacutelia ou na Suiacuteccedila no Japatildeo ou na Escandinaacutevia eacute necessaacuterio uma adaptaccedilatildeo a cada local natildeo haacute lugar a repeti-ccedilotildeeshellip

Cada corredor possui uma buacutessola e um mapa que contrariamente a um mapa normal conteacutem uma enorme diversidade de detalhes acerca dos seus elementos caracteriacutesticos (relevo do ter-reno vegetaccedilatildeo caminhos elementos rochosos construccedilotildees e muito mais) Os mapas satildeo rea-lizados segundo as normas especiacuteficas da Fede-raccedilatildeo Internacional de Orientaccedilatildeo que tem sede na Finlacircndia Aleacutem da legenda sobre os siacutembolos nele representados existe ainda uma sinaleacutetica

proacutepria que tem a ver com o percurso que o praticante vai realizar nesse evento e que eacute uma linguagem uni-versal

A partir do momento em que se potildee em marcha o cronoacutemetro o orientista deve efe-tuar o seu percurso que eacute marcado no mapa e que eacute cons-tituiacutedo por uma par-tida (representada por um triacircngulo) uma seacuterie de pontos de

passagem obrigatoacuterios (representados por ciacuter-culos) e a chegada (representada no mapa por dois ciacuterculos concecircntricos) Estes pontos satildeo materializados no terreno sob a forma de um prisma triangular denominado por baliza e a passagem deve ser validada por um sistema de ldquopicotagemrdquo manual ou eletroacutenica O objetivo consiste em fazer o percurso na sequecircncia in-dicada o mais rapidamente possiacutevel Mas entre cada ponto de passagem a escolha do itineraacuterio fica ao criteacuterio de cada um

O percurso em linha reta evidentemente nem sempre eacute o mais raacutepido Eacute necessaacuterio jogar com as inflexotildees do terreno os lagos os muros e outros acidenteshellip O tempo gasto a percorrer o traccedilado da corrida depende sobretudo do meio sobre o qual a mesma se desenrola Em terrenos como na Escandinaacutevia onde o relevo eacute mais duro numa mesma distacircncia poderemos gastar quase o dobro do tempo que gastariacuteamos num terreno plano e sem o mesmo tipo de obs-taacuteculos

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O conhecimento do relevo eacute a parte mais difiacutecil Eacute neces-saacuterio aprender a imaginar um terreno a trecircs dimensotildees sobre o mapa Claro que natildeo eacute apenas isto Para quem tem mais dificuldade em possuir a visatildeo a trecircs dimensotildees esta in-suficiecircncia pode ser compensada com outras qualidades nomeada-mente a atenccedilatildeo Mas nem todos pos-suem igualmente esta capacidade mental Como na generalidade dos desportos eacute neces-saacuteria uma longa aprendizagem onde o treino teacutecnico a vivecircncia de situaccedilotildees mais variadas e o nuacutemero de florestas ldquovisitadasrdquo desempe-nham um papel fundamental Eacute agrave medida que o tempo passa que o orientista aprende a adaptar o seu comportamento a reagir cada vez mais rapidamente e a encontrar as melhores opccedilotildeesO desporto natildeo eacute muito mediatizado e o espiacute-rito da Orientaccedilatildeo eacute o de permanecer livre Eacute um desporto ainda preservado de certas po-leacutemicas ldquodopingrdquo e outros malabarismos daiacute que muitos orientistas digam que natildeo seja mau de todo que ele permaneccedila ldquoconfidencialrdquo

Grandes Competiccedilotildees em 2013

Em 2013 as grandes competiccedilotildees internacio-nais onde Portugal vai querer estar presente

satildeo as seguintes

- Campeonato do Mundo de Juacuteniores ndash Repuacuteblica Checa (29jun-06 de julho) wwwjwoc2013cz

- Campeonato do Mundo Elite ndash Finlacircndia (07-14 jul)

wwwwoc2013fi- Campeonato do Mundo ve-

teranos ndash Itaacutelia (02-10 ago) wwwwmoc2013it

- Campeonato da Europa de Jovens ndash Israel (03 de novembro) wwweyoc2013org

portuGal na alta roda Mas Portugal vai ter brevemente grandes desa-fios pela frente- Em 2013 organiza uma etapa da Taccedila do Mundo de seacuteniores e o Campeonato do Mundo de Vete-ranos de Orientaccedilatildeo em BTT - Costa Alentejana entre 09 e 13 de outubro- Em 2014 organiza em Palmela de 9-14 de abril e em paralelo o Campeonato da Europa de Orientaccedilatildeo Pedestre e o Campeonato da Eu-ropa de Orientaccedilatildeo de Precisatildeo wwweoc2014fpopt

Carnaval o ponto alto Desde 1996 que Portugal realiza a sua prova ra-inha que atrai os melhores especialistas a Por-

Eacute um desporto ainda

preservado de certas poleacutemicas ldquodopingrdquo e outros malabarismos

daiacute que muitos orientistas digam que natildeo seja mau de todo que ele perma-

neccedila ldquoconfiden-cialrdquo

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Por Terratugal Eacute O Portugal Orsquo Meeting que desde 2000 se realiza no Carnaval com a duraccedilatildeo de 4 dias e pontuaacutevel para a liga Mundial de orientaccedilatildeo pedestre nos percursos de Elite Em 2013 Por-tugal vai receber pela primeira vez trecircs eventos pontuaacuteveis para a Liga Mundial02 e 03 de fevereiro ndash Norte Alentejano Orsquo Mee-ting ndash Nisa (wwwnaompt)09ndash12 de fevereiro ndash Portugal Orsquo Meeting ndash Idanha-a-nova (wwwpompt)16 e 17 de fevereiro ndash XIV Meeting de Orien-taccedilatildeo do Centro ndash Pombal (wwwcocpteventos16fev2013)

OrientaccedilatildeO muitO mais dO que um despOr-tOOlhando para a modalidade de uma forma mais transversal podemos enquadraacute-la aleacutem de mo-dalidade desportiva com aacutereas como o Ambien-te a Educaccedilatildeo e as Novas Tecnologias As qua-tro vertentes atraacutes enunciadas reunidas numa soacute tem a ver tambeacutem com solidariedade

Ambiente porque a Orientaccedilatildeo eacute o ldquoDesporto da Florestardquo fazendo de cada praticante um guardiatildeo e um amigo de tatildeo valioso patrimoacutenio Educaccedilatildeo porque eacute uma modalidade onde se aglutinam mateacuterias tatildeo nucleares como a Ma-temaacutetica ou a Geografia e se desenvolvem com-petecircncias como a capacidade de interpretaccedilatildeo ou o poder de decisatildeo por isso ser considerada prioritaacuteria para o Desporto Escolar Novas Tec-nologias porque eacute das modalidades que mais depende dos Meios Informaacuteticos a todos os niacute-veis do controlo de tempos agrave cartografia mais desenvolvida que existe Desporto porque pro-move a atividade fiacutesica e a Sauacutede dirigindo-se de igual forma agravequeles que individualmente a praticam ao niacutevel da alta competiccedilatildeo como agraves crianccedilas ou agraves famiacutelias que vecircm nela uma forma

de promover o seu bem estar fiacutesico e reforccedilar os laccedilos de amizade e convivialidade

E solidariedade porque vive da forccedila que projeta nos seus praticantes

trabalhando desinteressadamente em prol da modalidade em prol do paiacutes

Porque a Orientaccedilatildeo eacute Ambiente eacute Educaccedilatildeo satildeo Novas Tecnolo-gias eacute Desporto Porque a Orien-

taccedilatildeo gera Riqueza e gera Sauacutede Porque a Orientaccedilatildeo eacute de todos e

para todos Interessa a todos Inte-ressa ao Paiacutes Daiacute que eacute urgente que

todos venham experimentar e que descu-bram as belezas deste Paiacutes de mapa na matildeo oslash

Fernando Costa e Joaquim margarido

Olhando para a modali-

dade de uma forma mais transversal po-

demos enquadraacute-la aleacutem de modalidade desportiva

com aacutereas como o Am-biente a Educaccedilatildeo e

as Novas Tecnolo-gias

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GREDOs E MEDITERRAcircNEO PALCOs DE AvENTuRA EXTREMA

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arMando no u-455

A 120 metros de profundidade os olhos esbuga-lhados do peixe de-Satildeo-Pedro talvez surpreen-dido pela inesperada presenccedila humana fize-ram Armando Ribeiro esboccedilar um sorriso sob a maacutescara e pensar como valera jaacute a pena ter apostado na descida ao U-455 laquo Fui o primeiro portuguecircs a mergulhar neste submarino-misteacute-rio desaparecido no Mediterracircneo em finais da Segunda Guerra Mundial e ateacute haacute 6 anos um dos destroccedilos de guerra nazis mais procurados do mundoraquo recorda um dos mais ativos mergu-lhadores nacionais de expediccedilatildeo da atualidade e que integra a elite mundial do mergulho teacutecnico com rebreathersPara ser o primeiro portuguecircs a visitar o sub-marino Armando integrou uma expediccedilatildeo mul-tinacional com partida da costa da Liguacuteria em Itaacutelia Eacute aliaacutes ao largo de Portofino um dos locais de feacuterias mais exclusivos da Europa que se encontra o submarino desaparecido a 6 de abril de 1944 com 51 homens a bordo e soacute lo-calizado por um mergulhador italiano em 2005 laquoEstaacute em bom estado a torre tem ainda todos os aparelhos o periscoacutepio de ataque e o periscoacute-pio de observaccedilatildeo aeacuterea ao lado dos canhotildeesraquo mas natildeo eacute um mergulho faacutecil explica Armando laquoa visibilidade as correntes e as redes e fios de nylon presos que envolvem parte do submarino sobretudo na parte mais funda em que a visibi-lidade eacute mais reduzida tornam a apro-ximaccedilatildeo extremamente perigosa Um colega nosso ficou preso na rede tivemos de desemba-raccedilaacute-lo com as facas Agravequela profundidade a tarefa natildeo foi nada faacutecilraquo

Para ultrapassar a cota dos 100 metros e alcanccedilar pro-fundidades atingidas por poucos mergulhadores Ar-mando utiliza um rebreather e realiza um tipo de mergulho teacutec-nico com equipamento de circuito fe-chado Por oposiccedilatildeo ao mergulho com gar-rafas de ar e tal como num ventilador ou num aviatildeo reaproveita o gaacutes respirado laquoRespiremos devagar ou depressa o volume de consumo eacute sempre constante podemos fazer um mergu-lho de 10 horas Traz grandes vantagens para mergulhos mais profundos e mais longos e tem ainda outra vantagem faz otimizaccedilatildeo de gases que respiramos permite-nos fazer patamares de descompressatildeo mais curtos e eficientes por-que estamos a respirar mistura mais apropriada para as profundidades a que estamosraquo

Para ser o primeiro

portuguecircs a visitar o submarino Armando integrou uma expediccedilatildeo multinacional com par-

tida da costa da Li-guacuteria em Itaacutelia

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Na ida ao U-455 Armando voltou a repetir os procedimentos de anteriores expediccedilotildees ao rei-no do silecircncio e da escuridatildeo O regresso agrave superfiacutecie vindo dos 100 metros de profundidade demorou mais de 2 horas O graacutefico do mergulho registado no computador mostra uma descida raacutepida e pouco mais de 15 minutos no fundo para uma subida muita lenta que permitiu a descompressatildeo adequada

Habitualmente Armando mergulha com Joseacute Marques com quem formou a equipa In-silen-ce para explorar naufraacutegios profundos na costa portuguesa e participar em expediccedilotildees inter-nacionais de mergulho Entre as experiecircncias contadas no site da dupla e em reportagens anteriores estaacute a exploraccedilatildeo do miacutetico paquete italiano Andrea Doria naufragado no Atlacircnti-co Norte nos anos 60 Ou a descida aos 115 metros de profundidade aos destroccedilos do Vimi-nale torpedeado no estreito de Messina na Se-gunda Guerra Mundial De outros naufraacutegios do mesmo periacuteodo histoacuterico ambos arriscaram tudo o que sabiam num mergulho agraves aacuteguas frias da Noruega (5 graus) e aos destroccedilos da bata-

lha de Narvik uma das maiores batalhas navais do seacuteculo XX laquoAleacutem da profundidade recordo a escuridatildeo A visibilidade maacutexima eacute de 10 a 15 metros haacute sempre suspensatildeo e a aacutegua eacute leitosa e nunca totalmente clara parece que anda sem-pre uma poeira no ar eacute como se estiveacutessemos no nevoeiroraquo

O mergulho a norte do Ciacuterculo Polar Aacutertico ain-da hoje traz viacutevidas recordaccedilotildees aos 2 portugue-sesEm Portugal ficaram conhecidos pela descober-ta do cargueiro grego Agios Nikolaos ao largo de Peniche e pela localizaccedilatildeo recente do aviatildeo suiacuteccedilo que se despenhou haacute 34 anos na costa sul da Madeira

Do Mediterracircneo e do mergulho mais recente Armando recorda a primeira visatildeo do U-455 um dos 2 submarinos atualmente fundados na verti-cal nos mares do planeta e que se teraacute afundado depois de embater numa mina laquoO vulto do des-troccedilo com os flaps ainda intactos parecia uma baleia adormecida no fundoraquo

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Do Torreacuteon dos Galayos ex--liacutebris da escalada em rocha da Serra de Gredos e da Peniacutensula Ibeacuterica a vista sempre pano-racircmica parece desta vez ainda mais espetacular para Tozeacute O escalador portuguecircs acaba de abrir com os amigos espanhoacuteis uma nova via de grau 6 - na escala alpina significa ascen-satildeo extremamente severa e com passagens difiacuteceis

Para quem vive fora do mundo da escalada ibeacuterica passaram praticamente despercebidas as ascensotildees realizadas no uacutel-timo fim de semana de junho Muitos menos teratildeo ainda co-nhecimento que o feito tornou tambeacutem Antoacutenio Coelho- Tozeacute para os amigos- o uacutenico portu-guecircs a participar num projeto ineacutedito da Mamut Na iniciativa destinada a celebrar 150 anos de existecircncia a marca suiacuteccedila outdoor lanccedilou o Peak Project e selecionou 150 projetos de 150 equipas em todo o mundo unidas em mostrar o melhor que haacute na aventura ao alto

Na Peniacutensula Ibeacuterica e infeliz-mente Portugal ficou fora da iniciativa que animou as cor-dilheiras e serras do planeta incluindo Himalaias e Andes o liacuteder foi Raul Lora escala-dor de renome e que coordena atualmente a Escola Alpina de Gredos laquoO Raul eacute meu amigo e companheiro de outras es-caladas Logo que a Mammut aprovou o projeto reunimos a equipa e iniciaacutemos a escaladaraquo No parque natural de Gredos conhecido de muitos monta-nhistas e escaladores portu-gueses a escolha da equipa espanhola onde se integrou Tozeacute foi o Torreacuteon Sem ser o cume alto dos Galayos que atinge 2100m o prisma gigan-te de granito permite efetuar uma seacuterie de passagens teacutec-nicas e passos difiacuteceis que satildeo

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sempre um desafio para qualquer es-calador laquoPrimeiro abrimos uma via numa zona pouco frequentada do Torreacuteon que se chama de Cer-ro Peluca e batizamo-la natu-ralmente de 150ordm Aniversaacuterio Mammutraquo Eacute com modeacutestia que Tozeacute descreve a abertura da nova via

Aleacutem da nova via Tozeacute e os companheiros espanhoacuteis esco-lheram a Via Lucas ao Torreacuteon laquoEacute a que tem melhor visibilidade des-de o cume sobre os outros escalado-resraquo resume o escalador de Barcelos que no projeto Mammut enriqueceu o curriacuteculo longo de montanhista que incluiu a participaccedilatildeo nas primeiras expediccedilotildees portuguesas a cumes de 7 mil metros nos Himalaias ndash Pumori (2003) e Ama Dablam (2004) e a tentativa de ascensatildeo de um pico de 8000m o Kangchenjunga (2005)

Em Gredos no reino da rocha onde muito haacute por explorar e se sente como peixe na aacutegua o portuguecircs tem jaacute outro projeto ineacutedito com os amigos espanhoacuteis laquoSaberatildeo na altura certaraquo oslash

Aureacutelio FariaJornalista

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Aleacutem da nova via Tozeacute

e os companheiros espanhoacuteis escolheram a Via Lucas ao Torreacuteon laquoEacute a que tem melhor visibi-

lidade desde o cume sobre os outros es-

caladoresraquo

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Em Famiacutelia

PORTO CITy RACE

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A segunda ediccedilatildeo do Porto City Race eacute um evento de Orienta-ccedilatildeo pedestre urba-no organizado pelo

Grupo Desportivo dos Quatro Caminhos em parceria com a Cacircmara Municipal do Porto atraveacutes da Porto Lazer

O evento faz parte do Circuito Nacional urbano da Federa-ccedilatildeo Portuguesa de Orientaccedilatildeo (CiNU) e eacute aberto a pessoas de qualquer idade podendo parti-cipar individualmente ou em grupo

Mesmo que nunca tenha visto um mapa ou uma buacutessola tem possibilidade de se juntar agrave fes-ta porque a organizaccedilatildeo faraacute acompanhamento e ensino com monitores

Traga a famiacutelia e venha conhe-cer os locais mais emblemaacuteti-cos do Porto e aprenda Orien-taccedilatildeo

Os participantes do evento te-ratildeo a possibilidade de competir no dia anterior no Justlog Park Race no Monte da Srordf da Assun-ccedilatildeo nos arredores do Porto

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Em FamiacuteliaoriEntaccedilatildeo o dEsporto da FaMiacuteLiaPelas suas caracteriacutesticas a Orientaccedilatildeo tem a possibilidade de ser realizada em famiacutelia No iniacutecio satildeo os pais que ensinam os filhos a des-mistificar o slogan de que a floresta eacute o ldquoterri-toacuterio do lobo maurdquo depois ter um mapa e um percurso satildeo momentos de partilha de busca de superaccedilatildeo de transmissatildeo de conhecimen-tos e de preparaccedilatildeo para a vida O facto de exis-tirem percursos adaptados a todas as idades e niacuteveis teacutecnicos permite que no mesmo espaccedilo todos possam executar o seu percurso mesmo que natildeo seja em conjunto

Na proacutexima ediccedilatildeo do Porto City Race a organi-zaccedilatildeo vai criar um percurso turiacutestico vocaciona-do para a famiacutelia em que os pontos de controlo seratildeo monumentos e em que a entrada nos mes-mos seja facilitada Assim aleacutem de cumprirem um percurso de Orientaccedilatildeo poderatildeo tambeacutem conhecer melhor a cidade e a sua histoacuteria oslash

Fernando Costa

11 dE Maio dE 2013 Justlog Park Race - Monte da Srordf da Assunccedilatildeo

12 dE Maio dE 2013 Porto City Race - Centro Histoacuterico do Porto (Patrimoacutenio Mundial)

doMingo 12 dE Maio 2013- porto City raCE

08h30 - Abertura do secretariado no local da prova (A confirmar)

10h00 - Partida dos primeiros atletas

13h00 - Encerramento

Mais inForMaccedilotildeEs EMwwwgd4caminhoscomportocityrace2013

PROGRAMA

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A ROTA DA AacuteGuAPOR LIsBOA

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omo proposta para um passeio em famiacutelia e adequado desde os mais novos ateacute aos mais grauacutedos suge-rimos uma visita guiada ao Palaacutecio Marquecircs da Fronteira e o passeio

pedestre Rota da Aacutegua no Parque Florestal de Monsanto em Lisboa

Quem jaacute olhou e passou por debaixo do aquedu-to das Aacuteguas Livres em Lisboa e pensouhellipquem me dera poder subir e saber todos os seus recan-tos histoacuterias e lendas

Neste passeio vai ter acesso a um percurso de 8 km com direito a perguntas e respostas sobre este monumento que nos envolve com a sua grandiosidade e beleza

Porque eacute cedo que comeccedila o dia a hora de en-contro eacute pelas 9h30 no estacionamento em fren-te ao Palaacutecio Marquecircs e Fronteira no largo Satildeo Domingos de Benfica em Lisboa

O palaacutecio foi construiacutedo em 1640 para o pri-meiro Marquecircs de Fronteira D Joatildeo de Mas-carenhas heroacutei da Guerra da Restauraccedilatildeo Este bonito Palaacutecio situa-se agrave beira do Parque Flores-tal de Monsanto no Largo de Satildeo Domingos de Benfica

O Palaacutecio foi ampliado no seacuteculo XVIII em estilo laquorocailleraquo e continua a ser atualmente residecircn-cia dos 12ordm Marquecircs de Fronteira sendo contudo possiacutevel visitar algumas das salas a biblioteca e o jardimO interior eacute igualmente rico destacando-se a Sala das Batalhas que contem belos paineacuteis e azulejos com cenas da Guerra da Restauraccedilatildeo trecircs grandes janelas que se abrem sobre o Jar-dim de Veacutenus e a Sala da Jantar adornada com frescos de retratos da nobreza portuguesaA Capela de finais do seacuteculo XVI conta no seu interior com um preseacutepio cuja autoria eacute atribuiacute-da a Machado de Castro As visitas aos sumptuosos Jardins ldquoagrave italianardquo comeccedilam no terraccedilo da capela com destaque para o Jardim de Veacutenus e o Jardim Formal do seacuteculo XVII onde pontifica a Galeria dos ReisPara completar o passeio iremos conhecer a Rota da AacuteguahellipA Rota da Aacutegua tem 8 km e atravessa uma seacuterie de espaccedilos recreativos e de lazer entre eles o Parque Recreativo do Alto da Serafina o Espa-ccedilo Monsanto Parque da Pedra Parque do Ca-lhau e Mata S Domingos de Benfica O traccedilado do Aqueduto das Aacuteguas Livres acompanha uma parte da rota

O programa comeccedila com uma visita guiada ao Palaacutecio Marquecircs da Fronteira aacutes 10h O passeio pedestre teraacute iniacutecio por volta das 11h30mNatildeo percam este passeio de grande interesse natural histoacuterico-cultural e fotograacutefico oslash

Local de encontro No estacionamento em frente ao Palaacutecio Marquecircs e Fronteira Hora de encontro 9h30m Hora de iniacutecio do pro-grama 10h Percurso Circular Distacircncia 8 km Grau de dificuldade FaacutecilHora prevista do final do programa 14h30m (inclui paragem para descanso e comer) Ponto de encontro Morada Largo de S Domingos de Benfica 1 - 1500-554 Lisboa GPS N 38ordm 44 2503 W 9ordm 10 496 Em alternativa o local de encontro pode ser no Lu-miar em frente ao supermercado Europa agraves9h GPS 38773763-9160421 Ou em Sete Rios agraves 9h15m em frente ao ZOO Haacute possibilidade de boleia para quem necessitar Quem tiver boleia para oferecer agradeccedilo que me avise e indique local de partida Preccedilo do programa 10 euroA atividade estaacute coberta por seguroRecomendaccedilotildees - Uso de calccedilado confortaacutevel e com boa aderecircncia aos solos proacuteprio para caminhadas - Uso de vestuaacute-rio adequado ao tempo - Alimentaccedilatildeo trazer farnel e aacutegua - Trazer chapeacuteu e protetor solar - Natildeo se afastar do grupo - Deixar o lixo nos locais apropriados - Respeitar a vida selvagem e natildeo perturbar a tran-quilidade local - Respeitar a propriedade privada e os campos cul-tivados

Um programa Caminhos com Carisma lda

ContactosE-mail caminhoscomcarismagmailcom Telefone 914 907 446 967 055 233

ficha teacutecnica

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vIAGENsEsPECIAL FIM DE ANO

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Tipo Expediccedilatildeo no DesertoGrau de dificuldade Moderado 1012km diaacuterios aproximadamente 4 horas de caminhadaCaracteriacutesticas8 dias 7 noites6 dias de expediccedilatildeoPuacuteblico-alvo Adequado a crianccedilas gt 8 anos(transporte em dromedaacuterio)Proacuteximas datas 26 de dezembro de 2012 a 2 janeiro de 2013Programa previstoDia 1 Viagem para Marrakech e transfer para riad no centro Noite em RiadDia 2 Viagem de Marrakech para Zagora em viatura exclusiva para o grupoDia 3 Dunas Bougayoirn -gt Dunas Tridi Dia 4 Tridi -gt erg (duna) EssahelDia 5 Erg Essahel -gt Dunas de LanithieDia 6 Dunas de Lanithie -gt Ouled DrissDia 7 Dunas de Lanithie -gt Ouled DrissDia 8 Marrakech e regresso

Equipamento obrigatoacuterioMochila pequena cantil (ou similar)Saco de viagem (maacutex 60Lt e 10kg) para transportar no dromedaacuterioSaco camaFrontal ou lanternaOacuteculos escuros chapeacuteu e protetor solarRoupas confortaacuteveis para caminhadaImpermeaacutevelAgasalho noturnoBaacutesicos de higiene (incluir toalha pequena e ligeira e produtos biodegradaacuteveis papel higieacutenico e saco chinelos)1ordms socorros pessoais que devem incluir anti mosqui-to e anti diarreicoPara as Senhoras ndash calccedilas compridas para atravessar algumas aldeias

Equipamento RecomendadoMaacutequina Fotograacutefica Sticks de Caminhada Calccedilado confortaacutevel e desportivo (uso recomendado)

Nuacutemero miacutenimo 6 pessoas (preccedilo sob consulta para grupos de nuacutemero inferior)

Preccedilo Desde 799euro | + 50euro (suplemento single em Marrakech)

Mais informaccedilotildees aquiUm Programa Caminhos da Natureza oslash

DEsERToDUNas E oaacutesis

Tipo de percurso NaturezaTrekkingGrau de dificuldade MeacutedioAltoCaracteriacutesticas8 dias 7 noitesProacuteximas datas 26 de dezembro de 2012 a 2 janeiro de 2013

Marrocos eacute um paiacutes lindiacutessimo que por estar tatildeo perto e ser tatildeo exoacutetico merece uma visitaNesta viagem propomos mais que uma visita sugeri-mos uma aventura de vaacuterios dias a peacute a acompanhar uma caravana de camelos Iraacute atravessar planaltos e desertos descansar agrave som-bra de oaacutesis e dormir sobre as estrelas beber chaacute na companhia de Berberes e ouvir as suas histoacuterias Per-correremos caminhos antigos de caravanserais que acompanham rios e dunas Para no fim saborearmos um merecido descanso na magia do deserto Aproveite este fim de ano para comemorar em boa companhia e num cenaacuterio exoacutetico e inesqueciacutevel a entrada do novo ano e para conhecer ou regressar a este maravilhoso paiacutes

Programa previstoDia 1 Voo cidade de origem - MarrakechDia 2 Marrakech - ZagoraDia 3 Beni Ali - Oaacutesis de Foum TaqquatDia 4 Oaacutesis de Foum Taggat ndash Dunas de Nesrate ndash Ksar Ait IsfoulDia 5 Oaacutesis e dunas de Nesrate ndash Zaouiat Sidi Saleh ndash Duna de TidiriDia 6 Dunas de Tidiri ndash Oaacutesis e dunas de Ragabi ndash Dunas Erg LihoudiDia 7 Viagem para MarrakechDia 8 Voo Marrakech - cidade de origem

Preccedilo 580euro (Preccedilo Terra) | Desde 350euro (Preccedilo voo) + Suplemento ind Marrakech 50 euro

Mais informaccedilotildees aquiUm Programa Papa-Leacuteguas oslash

TREkkiNG No DEsERTo

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dia 1 - 28ago12 keflavik- selfoss ndash 112 kmNoacutes movemo-nos como este vento que corre li-vremente por este paiacutes gelado Tatildeo a sul quanto eacute possiacutevel nesta latitude percorremos a estrada da costa expostos a um inquietante e impressio-nante vento que nos derrubou por diversas ve-zes Ele natildeo deixa saudades apenas ficam mar-cas e recordaccedilotildees Por momentos sentimo-nos transportados para o outro extremo do mundo na Patagoacutenia onde os 8 meses que separam es-tas 2 aventuras natildeo chegam para tirar do corpo o desconforto que nos provocou

Por todo o lado nota-se a natureza intocada com pouca vegetaccedilatildeo os tons escuros dos solos vulcacircnicos e muitas rochas de lava cobertas de musgo O momento do dia foi junto da Blue La-goonl um dos pontos mais turiacutesticos da Islacircndia

Pedalar por um sonho agraves portas do Ciacuterculo Polar Aacutertico

Para os sonhos serem realizados eacute preciso al-gueacutem que acredite A nossa viagem agrave Islacircndia foi alimentada pela vontade de ajudar 2 crianccedilas a concretizar 2 sonhos em conjunto com a Ins-tituiccedilatildeo terra dos sonhos porque um sorriso vale tudo

Durante 3 semanas pedalaacutemos no nosso mundo de sonhos e a cada pedalada recebemos sorri-sos em troca

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Para muita gente

viajar significa ir ao encontro daquilo

que procuram Noacutes que viajamos com a bicicleta e em autonomia sabemos

que o destino estaacute traccedilado mas eacute

incerto

dia 2 - 29ago12 selfoss-selfoss Atraacutes das montanhas em busca do Circulo de Ouro 95 km Hoje o dia foi programado para viajarmos sem bagagem Era uma volta circular que nos leva-va para laacute das montanhas ateacute agrave fenda onde a Islacircn-dia se equilibra

No parque nacional de Thingvellir vivemos alguns dos mais conhecidos fenoacutemenos naturais desta ilha Aqui eacute o local onde se separam as placas tectoacute-nicas americana e euroasiaacutetica criando uma fenda que se afasta 2cm por ano

dia 3 - 30ago12 selfoss-Laugarvatn-gey-sir-gullfoss-Fludir-Aacuternes 140 kmPercebemos agora porque chamam ciacuterculo de Ouro ao Geysir e agrave cascata Gullfoss O turismo mais va-lioso chega em inuacutemeros autocarros e viaturas 4X4 equipadas com rodas ldquoextra sizerdquo

Natildeo eacute preciso chegar a este local para sentir os cheiros que os vapores emanam do subsolo Em povoaccedilotildees com pouco mais de 4 casas eacute possiacutevel ver-se a terra em plena atividade diante dos nossos olhos e sentir-mo-nos convidados a ocupar todo o espaccedilo aquecido

Laugarvatn Fludir ou Aacuternes todas estatildeo num terri-toacuterio maacutegico onde o tamanho natildeo conta e os limites que existem satildeo impostos pela nossa imaginaccedilatildeoEstas aldeias natildeo brilham mas valem ouro Ainda estamos a 20 quiloacutemetros do destino mas jaacute passa-ram mais de 10h desde que saiacutemos Eacute tarde e natildeo vamos ter tempo para recuperar e enfrentar 4 dias de total isolamento por uma estrada de montanha que atravessa 2 glaciares

A ementa para tantos dias corre velozmente na mi-nha mente Compramos tudo o que julgamos vir a precisar mas antes percorro corredores vasculho prateleiras tenho hesitaccedilotildeeshellipCalamos o medo e pegamos na bicicleta

dia 4 - 01 set12 Aacuternes ndash highland center 70kmDamos hoje a primeira pedalada de aproximada-mente 300 quiloacutemetros em direccedilatildeo ao centro da Terra as highlands

Para muita gente viajar significa ir ao encontro da-quilo que procuram Noacutes que viajamos com a bici-cleta e em autonomia sabemos que o destino estaacute traccedilado mas eacute incerto O encontro com o inesperado eacute muitas vezes algo que acontece com frequecircnciaFoi uma noite mal dormida devido agrave ansiedade e ao risco do que nos propunhamos fazer Sabemos que a cada quiloacutemetro que andamos comeccedila uma nova aventura

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Natildeo podiacuteamos esperar mais Saiacute-mos do Youth hostel debaixo de chuva tendo como esperanccedila al-guma falha nas previsotildees meteo-roacutegicas para as horas seguintes Insiacutepidos e molhados desde cedo buscamos abrigo no highland center

dia 4 - 02set12 highland center ndash nyidalur hut 110km Toda a ilha eacute uma zona livre de stress Quando percorremos a fantasmagoacuterica Sprengisadur route (F26) percebemos que es-tamos livres de tudo ateacute do nosso juiacutezo A nossa ambiccedilatildeo quando tracaacutemos esta rota era atraves-saacutermos o paiacutes de sul para norte e passarmos entre os glaciares Holsjokul e VatnajokullA natureza pode ser simulta-neamente dura delicada e cruel como foi ontem mas foi genero-sa connosco hoje ao permitir-nos ver a paisagem de cascalho solto nua sempre do mesmo tom cas-tanho escuro

O silecircncio ganhou espaccedilo ateacute ao momento em que conseguimos chegar ao abrigo de montanha (hut)

dia 5 - 03set12 - nyida-lur hut ndash rest dayNem pensar em cruzar a precio-sa porta do abrigo Laacute fora estaacute tudo muito branco e diferente daquilo a que estamos habitua-dos e por isso mantivemo-nos no hut de Nyidalur (na base do vulcatildeo Tungnfell) durante 2 noi-tes por seguranccedila O fogatildeo estaacute sempre aceso e tem uma enorme panela com aacutegua pronta a aque-cer quem chegue

Para que possamos variar do esparguete e noodles (jaacute natildeo haacute muito) vamos tentar fazer patildeo O resultado da nossa experiecircncia a juntar ingredientes com nomes impronunciaacuteveis em que iacuteamos provando para perceber o que era deu num cruzamento entre o patildeo e o rissol O duo de motards que dividiam o hut connosco re-petiram Significa que inventaacute-mos mais um pastel falta soacute dar um nomehellipO Ranger do Parque Nacional acaba de chegar ao hut e veio confirmar que somos mesmo malucos por estarmos nas high-lands nesta eacutepoca Aleacutem disso avisou que vai haver tempestade para esta noite e amanhatilde

dia 6 - 04set12 - nyidalur hut- rest dayLaacute fora estatildeo 0ordmC e as bicicletas encostadas imoacuteveis sujeitas a mais um teste de resistecircncia O nosso passatempo eacute assar ba-tatas ver quem passa e a forma como transpotildeem o rio A nossa vez de partir vai chegar ainda natildeo sabemos eacute quando Para jaacute passa a 3ordf noitehellip

dia 7 - 05set12 - nyidalur hut ndash Laugar 129kmO som do vento acorda-nos mui-to cedo e era semelhante ao do dia anterior Se a direccedilatildeo se man-tivesse de norte significava mais um dia perdido Inquieto dirijo--me ateacute agrave janela para observar o uacutenico ponto de referecircncia no ex-terior uma bandeira chicoteada pelo vento vindo de sulEstava dado o sinal de partida para mais do que uma maratona nas highlands Ao longo do ca-minho a neve mantinha-se por vastas aacutereas e o vento empur-rava-nos ao mesmo tempo que nos congelava as extremidades e queimava a pele

Foi uma benccedilatildeo a ajuda do Ran-ger para transpormos 2 rios em

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seguranccedila sem nunca nos molharmos A aacutegua que noacutes e os islandeses bebem vem de rios como estes sem qualquer tipo de tratamento

DIA 8 - 06set12 Laugar ndash Lago Myvatn- Lau-gar 85 kmFoi tanta a privaccedilatildeo nos dias anteriores que hoje sonhaacutemos com o pequeno almoccedilo que teriacuteamos pela manhatilde antes de nos deslocarmos para o Lago Myvatn Este lago imenso e a aacuterea envolvente satildeo um dos grandes tesouros europeus Durante a nossa volta circular toda a paisagem eacute surreal Lava fumo a sair da terra crateras aacutegua e montanhas vulcacircnicas

Haacute muitos dias que transportamos os fatos de ba-nho na pequena mochila que vai agraves costas na es-peranccedila de um banho quente em qualquer charco inesperado Hoje tivemos o nosso primeiro hot pot Eles satildeo um must nesta regiatildeo (eacute como estar num jacuzzi no meio da rua com um cenaacuterio deslum-brante)

DIA 9 - 07set12 Laugar ndash Akureyri 67kmIsto de pedalar com vento natildeo tem graccedila nenhu-ma especialmente porque natildeo se consegue ter mo-

mentos de contemplaccedilatildeo parados Em dias assim eu sou a ponta da flecha que abre uma fissura no vento e permite que a Filomena possa andar na roda Acabar eacute uma vitoacuteria mas natildeo existe gloacuteria quando se chega ao fimAkureyri eacute a capital do norte e a 2ordf cidade maior do paiacutes com 18000 habitantes civilizaccedilatildeo situada num fiorde rodeado de cumes nevados uma escolha acertada para ficar um dia a descansar

DIA 10 - 09set12 Akureyri- Varmahliacuteo 95 kmMesmo a pedalar sobre a Route 1 os grandes hori-zontes continuam a fazer parte desta viagem An-damos pelos vales e seguimos os cursos dos rios alimentados pelas aacuteguas que escorrem incessante-mente das arribas que nos flanqueiamPodia afirmar que estou eufoacuterico diante das infini-tas possibilidades que tenho pela frente mas natildeo estou Novo aviso de tempestade acompanhada de ventos fortes (23 ms) natildeo convida a grandes aven-turas

Por hoje natildeo precisamos de nos preocupar esta-mos bem abrigados numa quinta na aldeia de Var-mahliacuteeth com 130 pessoas

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DIA 11 -10set12 Varmahliacuteo ndash Rest dayParece que o inverno veio todo num soacute dia e pintou tudo de branco O supermercado estaacute a 300 metros mas eacute como se fosse uma miragem Temos mais um dia de paragem forccediladaO nevatildeo ganha cada vez mais terreno agrave medida que as horas avanccedilam A estrada estaacute interdita agrave maio-ria dos veiacuteculos e por precauccedilatildeo as pessoas satildeo aconselhadas a procurar alojamentoEm pouco tempo a senhora Inda de 81 anos que haacute poucas horas parecia ter uma vida pacata a co-chilar no seu sofaacute mostrou-nos como eacute uma ver-dadeira mulher do norte Enquanto nos convidava para um lanche com bolos caseiros mostrava or-gulhosamente os aacutelbuns de famiacutelia recebia os tu-ristas que iam chegando e quando a lotaccedilatildeo esgo-tou pegou no seu jeep e conduzia estrada fora para os ir alojar

DIA 12- 1set12 Varmahliacuteo ndash Saeberg (hostel) 15kmEsta aventura jaacute foi longe demais Temos metade da quilometragem que planeaacutemos centenas de peripeacutecias e riscos incalculados e soacute nos apetece chegar agrave capital Laacute fora tudo continua branco e a abanar no entanto existe a necessidade de arran-car Estamos confiantes nas previsotildees para o dia de hoje mesmo quando aquilo que vemos natildeo inspira confianccedila

Comeccedila a nevar comeccedila a montanhahellipVaacuterios car-ros estatildeo soterrados nas bermas os flocos voam magoam as faces e a subida ainda vai no iniacutecio Me-tro a metro vamos quebrando o gelo Quem passa tira fotografias e fica increacutedulo Noacutes tambeacutem Natildeo sabemos como equilibrar as 2 rodas perante esta manifestaccedilatildeo da natureza As equipas de emergecircn-cia patrulham a aacuterea e noacutes fazemos ldquolikerdquo sem nos apercebermos que as descidas se tornariam autecircn-ticos escorregasPedimos ajuda e somos resgatados ateacute ao nosso destino Estaacute um sol maravilhoso e as vistas satildeo lindas A vida eacute tatildeo bela porque seraacute que ando de bicicleta em siacutetios tatildeo difiacuteceisPronto Depois de 1h dentro do hot pot percebe-mos porque natildeo ficamos em casa Casa eacute onde estaacute o nosso coraccedilatildeo

DIA 13 - 12 e 13 set12 Saeberg ndash Borgarnes ndash Reykjavik 226kmsEstamos a oeste mas o nosso sentido eacute cada vez seguir para mais perto do nosso ponto inicial O isolamento e a ausecircncia da matildeo humana con-tinuam a ser uma das grandes referecircncias deste paiacutes Os horizontes ateacute Borgarnes perdem a cor e parecem-se com tantos outros que jaacute vimos noutros lugaresReykjavik natildeo estaacute isolada natildeo estaacute no topo de uma

montanha e nem sequer haacute nada de extremo nesta cidade

DIA 14 - 14 set12 Reykjavik ndash Rest dayA capital natildeo nos cativa eacute exageradamente cara e parece viver soacute de noite

DIA 15 - 15 set12 Reykjavik ndash Keflavik 49kmFelizmente que as imagens que estamos a ver e que satildeo iguais ao primeiro dia representam ape-nas uma pequena amostra deste paiacutes Natildeo haacute aacutervo-res natildeo haacute rios natildeo haacute vales apenas uma rugosa paisagem lunar fruto da forte atividade vulcacircnica nesta peniacutensula

Ateacute ao aeroporto jaacute natildeo contamos observar nada daquilo que enche as brochuras e panfletos que se podem encontrar e consultar espalhados por qual-quer parte desta linda ilha Resta-nos pedalar

EPIacuteLOGO Natildeo satildeo os nuacutemeros que fazem uma via-gem de SONHO Os quiloacutemetros ambicionados os desniacuteveis previstos os dias programados ficaram aqueacutem do planeado Mas as expectativas planeadas foram largamente ultrapassadas pois tivemos expe-riecircncias uacutenicas em cenaacuterios de Sonho com amiza-des imprevistas

Nesta ilha todos os sentidos experimentaram a na-tureza em estado puro A esta latitude tudo se torna impreviacutesivel os 6 dias que ficaacutemos retidos e os 1400 quiloacutemetros percorridos hoje parecem pouco vistos agrave distacircncia num lugar seguro

AGRADECIMENTO Aos nossos apoiantes ndash Terra dos Sonhos Cofides Competiccedilatildeo Movefree Bike performance Center D-Maker Ortik Bike Magazi-ne Bivaque Extramedia Portal Aventuras

Um agradecimento muito especial agrave missatildeo da For-ccedila Aeacuterea Portuguesa ndash Iceland Air Policing que nos recebeu e transportou as nossas bagagens no re-gresso a Portugal Bem hajam oslash

Ricardo Mendes e Filomena Gomes

MAIS PORMENORES E FOTOS

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Aventura- Tsiiii tsiiii ndash o meu olhar desviou-se do hori-zonte que observava tentando encontrar por perto de onde vinha o som daquele assobio

- Satildeo as marmotas Estatildeo a avisar as outras que noacutes estamos por perto eacute assim que comunicam principalmente se sentem algum perigo - o Heacutel-der ria do meu ar confuso Ia jurar que o assobio vinha de um ser humano Foi a primeira vez que avistei este simpaacutetico mamiacutefero Imagino esta marmota no meio dos peluches do quarto das minhas filhas Satildeo sem duacutevida um animal sim-paacutetico estes excelentes escavadores que vivem em altitudes desde os 900m aos 3200m Nove meses do ano passam-no a hibernar Estamos em pleno veratildeo nos Alpes e as marmotas estatildeo em grande atividade armazenando energias para o inverno Conseguimos avistar os outros elementos da coloacutenia ldquode peacuterdquo alerta Foi um bom motivo para uma merecida pausa tirar a mochila hidratar comer uma barra energeacutetica

Jaacute haviacuteamos percorrido grande parte do trilho que nos levaria ao Refuacutegio Albert I Eacute aqui que pernoitaremos para iniciar a nossa aclimataccedilatildeo Saiacutemos da pequena vila de Le Tour de onde partem os telefeacutericos usados no inverno para aceder agraves pistas de esqui No veratildeo continuam em atividade facilitando o percurso aos trekkers que natildeo queiram palmilhar o desniacutevel de cerca de

700m que os separa do Col de Balme- Estamos a aclimatar e tambeacutem a treinar nem pensar em usar meios mecacircnicos ndash Helder sor-ria a dizer esta frase Foi quanto bastou para perceber que a manhatilde ia ser longa Depois de vencermos grande parte do desniacutevel chegamos a um local de onde se pode avistar a cordilheira do monte Branco la Verte os Drus as Aiguil-les de Chamonix e o Monte Branco com os seus 4810m Mas que local magniacutefico para aclimatar pensei Para subir em altitude temos que permi-tir ao nosso organismo que se habitue gradual-mente agrave falta de oxigeacutenio a que vai ser exposto Para isso vamos fazendo caminhadas subindo gradualmente para que ao fim de alguns dias jaacute estejamos mais aptos a entrar numa zona em que a pressatildeo atmosfeacuterica eacute menor e o oxigeacutenio do ar mais rarefeito

Ao chegar agrave moreia do glaciar do Tour resta-nos uns 200 m para o nosso objetivo A 30 de agosto de 1930 o rei Alberto I da Beacutelgica inaugurou o primeiro refuacutegio que tem o seu nome Em 1935 o refuacutegio foi ampliado no entanto natildeo foi sufi-

ciente e o atual precariamente empoleirado num penhasco a uma altitude de 2706

inaugurado a 12 de julho de 1959 foi construiacutedo perto do primeiro

edifiacutecio Natildeo posso deixar de me impressionar ao avistaacute-lo e quando chego sento-me na varanda feliz por poder apre-

Esta-mos em pleno

veratildeo nos Alpes e as marmotas estatildeo em grande ativida-de armazenando energias para o

inverno

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ciar vistas tatildeo magniacuteficas ehellip por poder tirar as botas Natildeo tinha botas de alta montanha mas um amigo comprou umas plaacutesticas em segun-da matildeo em Chamonix e sorte das sortes eram o meu nuacutemero Fiz este trekking com elas para me habituar resultou Mas os meus peacutes supli-cavam por ar fresco Soacute conseguimos dar o de-vido valor ao momento de descanso conversa contemplaccedilatildeo numa varanda dum refuacutegio se jaacute tivermos percorrido umas boas horas por trilhos de montanha Saboreei ao maacuteximo este tempi-nho sabia que a tarde era guardada para treino no glaciar como andar em cordada e escalada no gelo Eacute sempre bom relembrar as bases um acidente pode acontecer quando descuramos as regras mais simples e esta tarde foi fundamental para isso Um sol magniacutefico vistas deslumbran-tes ambiente descontraiacutedo Natildeo deixar a corda a tocar o chatildeo nunca a pisar nem a ter dema-siado em tensatildeo Esta sintonia entre elementos de cordada trabalha-se e soacute com o treino a con-seguimos obter Amanhatilde vamos sair ao nascer do dia em direccedilatildeo agrave Aiguille du Tour Esta for-maccedilatildeo com 3540m eacute muito popular entre as pes-soas que tentam a ascensatildeo ao Monte Branco Eacute relativamente faacutecil a sua subida pela face leste

A meteorologia na manhatilde da nossa subida esta-va perfeita Adoro toda a logiacutestica de preparaccedilatildeo de saiacuteda do refuacutegio O acordar ainda de noite os ruiacutedos leves e abafados dos mais madrugadores na camarata o som dos passos ainda lentos no chatildeo de madeira Tento concentrar-me para natildeo me escapar nada ter todo o material colocado e sentir-me confortaacutevel Saio do refuacutegio e o ar

fresco da montanha acorda os meus sentidos Comeccedilamos a subir o glaciar frontais ligados muacutesculos a aquecer A inclinaccedilatildeo eacute moderada e rapidamente chegamos ao colo superior do Tour que marca a fronteira da Franccedila com a Suiacuteccedila ndash Trouxeram o passaporte Vamos pas-sar no posto fronteiriccedilo ndash pergunta o Heacutelder a sorrir Atravessamos agora o glaciar de Trient o sol aquece-nos e as vistas satildeo surpreendentes Ao chegar agrave base da aguille do Tour fazemos o nosso merecido descanso comer beber aacutegua apreciar a beleza que nos circunda Vem agora a parte divertida para quem gosta de escalar em rocha Iniciamos calmamente a nossa subida vamos ouvindo algumas orientaccedilotildees progredin-do e fazendo manobras para passar nas zonas mais expostas ateacute chegarmos ao topo Emocio-no-me com a beleza agrave minha volta O meu pen-samento liga-se a algueacutem muito querido que haacute bem pouco tempo deixou a vida terrena sinto a sua proximidade Um abraccedilo forte da minha amiga de escalada traz-me novamente agrave terra E ali agrave nossa frente majestoso quase como que a chamar-nos o Monte Branco

Foi nesse mesmo dia que regressamos a Chamo-nix Uma longa descida animada pela conversa descontraiacuteda sobre os Alpes - Haacute sempre tanto que contar desta cordilheira travessias espeta-culares que se podem fazer ndash ouvia atenta as histoacuterias que me contavam era a minha primei-ra vez nos Alpes e jaacute estava cativada Cativada ateacute pela proacutepria cidade de Chamonix Eacute um lo-cal onde se respira ar livre Da varanda do nos-so apartamento para onde quer que olhe vejo

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Aventuraatividades outdoor Ouccedilo os risos alegres dum grupo que desce o rio fazendo rafting observo o ceacuteu colorido pelos parapentes as pessoas pas-sam na rua equipadas com roupa de montanha Cheguei a Chamonix haacute dois dias de comboio Quando deambulava pelas suas ruelas cho-quei com uma curiosa estaacutetua onde um homem aponta a outro o cume do Monte Branco

- Eacute Jacques Balmat que estaacute a apontar para o cume ele foi o primeiro homem a subir esta montanha a 8 de agosto de 1786 acompanha-do do meacutedico Michel Paccard Saiacuteram de Cha-monix acamparam no cume da Montagne de la cote a 2630m agraves 4 da manhatilde partiram e chega-ram ao cume por volta das 6h da tarde Balmat nasceu neste vale era um caccedilador de cristais tinha uma vontade de ferro e um instinto para as montanhas Paccard era meacutedico em Chamonix e um excelente alpinista adorava botacircnica e mi-nerais Tambeacutem lhe erigiram aqui uma estaacutetua

Foi ele que conheceu Horace-Beacute-neacutedict de Saussure que ini-

ciou a corrida do primeiro homem a subir ao Monte Branco ndash disse-me Joatildeo

- E esse Saussure tam-beacutem era alpinista ndash perguntei curiosa

- O seu interesse pela botacircnica trouxe-o ateacute aos

Alpes e percorreu grande parte desta cordilheira co-

meccedilando a trabalhar no sentido de esclarecer a topografia da parte ne-

vada dos Alpes nessa eacutepoca praticamente des-conhecida Foi em 1760 que veio aqui pela pri-meira vez e ofereceu uma recompensa a quem escalasse o Monte Branco Ele tentou fazecirc-lo sem sucesso- Entatildeo nunca chegou a subir

- Sim conseguiu mas soacute em 1787 jaacute tinha 47 anos e levou 18 guias com ele Relembro as palavras que li do fotoacutegrafo de montanha C Douglas Milner ldquoA subida em si foi magniacutefica uma incriacutevel faccedilanha de coragem grande resistecircncia realizada por estes dois ho-mens apenas sem corda e sem piolets muito sobrecarregados com equipamentos cientiacuteficos e com longos bastotildees com pontas de ferro O bom tempo e uma lua luminosa garantiram o seu regresso com vidardquo

O dia seguinte foi passado a descansar visitar o Museu da Montanha e espreitar a meteoro-

Foi em 1760 que veio aqui

pela primeira vez e ofereceu uma recom-

pensa a quem escalas-se o Monte Branco Ele tentou fazecirc-lo

sem sucesso

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Um dos pontos al-tos eacute ir agrave roulotte

dos waffles delei-tarmo-nos com este

delicioso doce No fi-nal do dia ainda pude-

mos assistir a um espetaacute-culo de muacutesica e danccedila celta

na praccedila central O ambiente eacute descontraiacutedo a praccedila estaacute cheia de gente e a muacutesica faz sempre bem agrave alma Joatildeo recebe um telefonema

- Estaacutes nos Alpes Natildeo vatildeo poder subir amanhatilde aproxima-se uma tempestade Mas tenho boas notiacutecias tens uma janela de bom tempo no dia seguinte se quiserem aproveitar - Disse Viacutetor Baiacutea sempre bem informado sobre os fenoacuteme-nos meteoroloacutegicos

O dia em que vai haver ldquouma abertardquo para subir eacute o mesmo dia em que temos voo para Lisboa

desde Genebra Ficamos um pouco a pensar no que decidir e claro temos que arriscar Na mon-tanha eacute assim tem que haver flexibilidade es-tamos dependentes das condiccedilotildees climateacutericas e aproveitar quando nos eacute proporcionado bom tempo

A rota que vamos seguir natildeo eacute a mais utilizada eacute chamada rota dos trecircs cumes Esta rota eacute mais exigente fiacutesica e tecnicamente do que a rota do Goucircter No entanto com faacutecil acesso a partir do telefeacuterico da Aiguille du Midi este percurso tor-nou-se a segunda rota mais popular para esca-lar o Monte Branco O percurso inicia-se na Ai-guille du Midi seguindo pelo Col du Midi antes de subir o Monte Branco atraveacutes do Mont-Blanc du Tacul (4248m) e Maudit Mont (4465m) Esta rota requer condiccedilotildees estaacuteveis na neve do Mont Blanc du Tacul e Mont Maudit e tem uma eleva-ccedilatildeo acumulada de 1425m O refuacutegio Cosmiques estava lotado a nossa uacuteni-

- Es-taacutes nos Alpes

Natildeo vatildeo poder subir amanhatilde aproxi-ma-se uma tempestade

Mas tenho boas notiacutecias tens uma janela de bom tempo no dia seguinte

se quiserem apro-veitar

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Aventura

estaccedilatildeo do telefeacuterico da Aiguille du Midi Este telefeacuterico foi construiacutedo em 1955 e manteve o tiacutetulo de ser o mais alto do mundo durante duas deacutecadas Ele ainda deteacutem o recorde como o te-lefeacuterico com a ascensatildeo vertical mais alta no mundo de 1035 m para 3842 m Haacute duas se-ccedilotildees de Chamonix para o Plano de lAiguille a 2317 m e depois diretamente sem qualquer pi-lar de apoio para a estaccedilatildeo superior a 3777 m Apanhamos o uacuteltimo telefeacuterico do dia cerca de 20 minutos depois estaacutevamos no terraccedilo a tentar admirar as lindiacutessimas vistas que se tem deste local No entanto o mau tempo previsto estava certo e a visibilidade natildeo era mais de 20 m agrave nossa frente Estava desanimadiacutessima

- Como eacute possiacutevel daqui a poucas horas termos bom tempo para subir ndash Perguntei increacutedula- Estamos na montanha Luiacutesa a meteorologia muda rapidamente Temos que aguardar ndash Afir-mou Joatildeo calmo e confiante

Fomos procurar um local onde pudeacutessemos descansar ateacute agrave meia-noite hora marcada para a nossa partida O percurso eacute longo com bas-tante desniacutevel e na realidade o voo para Lisboa eacute amanhatilde Quando acordei o som dos ventos fortes que se faziam ouvir misteriosamente desaparece-ram Depois de comer e fazer a confirmaccedilatildeo do equipamento dirigimo-nos para a aresta que nos levaraacute ao Valleacute Blanche Foi com extrema curiosidade que me dirigi agrave saiacuteda Como esta-raacute o tempo A calma e tranquilidade que senti ao sair para o exterior foi-me trazida pela ma-ravilhosa paisagem que tinha agrave minha frente Afinal depois da tempestade vem a bonanccedila e a visatildeo deste vale imaculado sob um ceacuteu estre-lado sem ningueacutem sem pegadas sem luzes de frontais foi brutal Ao comeccedilar a descer a ares-ta conseguimos ver o refuacutegio Cosmiques ainda adormecido Fomos mesmo os primeiros a sair o que representa um privileacutegio por um lado e

No entanto o mau tempo pre-

visto estava certo e a visibilidade natildeo era mais de 20m agrave nossa frente Estava desa-

nimadiacutessima

Ainda foi longa a nossa caminhada sempre a encontrar forccedilas e energia onde quer que elas estivessem escondidas Paraacutevamos de vez em quando agrave espera da outra cordada de amigos e por fim cerca das 10h da manhatilde atingimos o cume Tento tirar fotos mas a maacutequina fotograacute-fica natildeo ajudou fiquei sem bateria Natildeo faltam maacutequinas para o fazer e depois de um breve descanso temos que iniciar a descida pela mes-ma rota Eacute uma descida que acaba por ter al-gumas subidas sendo por isso mais demorada Mas a alegria de ter cumprido o objetivo o dia tatildeo calmo e luminoso a companhia dos amigos supera qualquer tipo de cansaccedilo

Tive um sentimento de saudade ao chegar nova-mente ao Valleacute Blanche e olhar para traacutes para o trilho percorrido olhar aquele vale agora agrave luz do dia atravessado por tantas pegadas Olho de relance para a uacuteltima subida que nos falta fazer a aresta que nos levaraacute ao telefeacuterico na Aguille du Midi Faccedilo esta subida confiante como se ti-vesse deixado para traacutes todo o esforccedilo e cansaccedilo extremo desta maravilhosa aventura

Com grande pena natildeo pude comemorar em Chamonix nessa noite mas comemorei com imensa alegria ao reencontrar-me com a mi-nha famiacutelia orgulhosa de mim afinal estive no mesmo dia no cume do Monte Branco de manhatilde e agrave noite na minha cama quente e confortaacutevel em Lisboa oslash

Luiacutesa Tomeacute

Papa-Leacuteguaswwwpapa-leguascom

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um esforccedilo acrescido por outro Relembro a tra-vessia do glaciar do Tacul a ldquofazer trilhordquo o som dos campons na neve ecoava num ritmo proacute-prio pousava a minha bota no local exato onde o Joatildeo tinha feito a pegada como que num jogo em que quando falhava acrescia o esforccedilo que teria que fazer O som de passos intensifica-se temos mais madrugadores connosco Deixamo--los passar jaacute vimos a fazer trilho haacute bastante tempo eacute a vez de outros agora

Quando chegamos agrave ldquoparederdquo do Mont Blanc du Tacul jaacute temos algumas pessoas agrave espera para subir O sol ainda natildeo subiu para nos aquecer esperamos junto agraves cordas a nossa vez os peacutes comeccedilam a dar sinal de frio Iniciamos a subida os piolets e os crampons cravam-se certeiros no gelo a corda ajuda na subida Comeccedilo a ficar cansada e a hesitar paro por uns momentos sinto a boca seca o coraccedilatildeo a bater forte olho para cima jaacute natildeo falta muito - Piolet numa matildeo corda na outra sobe Luiacutesa ndash a voz do Heacutelder trouxe-me lucidez A energia que me faltava regressou Concentro-me e con-tinuo a subida pedaccedilos de gelo passam por noacutes arrancados aquela parede cheia de gente dese-josa de ultrapassar possivelmente o obstaacuteculo mais duro desta rota

O trilho continua pelo beliacutessimo Mont-Maudit apesar do seu nome O sol jaacute vai alto comeccedila a aquecer haacute que comeccedilar a tirar camadas Natildeo podemos desidratar Col de la Brenva um chaacute quente e uma bolacha Apetece ficar jaacute aqui as vistas satildeo surpreendentes Mas natildeo eacute este o nos-so objetivo vamos continuar a subir

Entrevista Diogo Miguel - (Oti-Estarreja)

ldquoO DEsPORTO EM PORTuGAL eacute uM EsPELhO DA sOCIEDADErdquo

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Entrevista

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Sabe acima de tudo as con-

diccedilotildees que temos e consegue olhar para o

resultado como sen-do bastante meri-

toacuterio

OutdOOr COmO eacute pOssiacutevel algueacutem COm-patibilizar a preparaccedilatildeO enquantO atleta de OrientaccedilatildeO de elite COm as exigecircnCias dum 6ordm anO dO CursO de medi-Cina

diOgO miguel O segredo reside sobretudo na motivaccedilatildeo Toda a gente consegue tirar um curso e fazer desporto e inclusivamente se gos-tar consegue treinar todos os dias Mas se esti-ver motivado o suficiente consegue levantar-se cedo para correr agraves seis da manhatilde estar na Fa-culdade agraves oito e meia sair agraves quatro da tarde e ir treinar outra vez estudar ateacute agraves dez da noite e dormir porque amanhatilde eacute outro dia Eacute preci-so estar-se motivado para abraccedilar esta vida durante o ano inteiro

Haacute quantO tempO eacute que as COisas satildeO levadas assimQuando comecei a fazer Orien-taccedilatildeo natildeo tinha grandes preo-cupaccedilotildees com o treino Durante os anos de faculdade jaacute treinava bastante a seacuterio mas foi haacute dois ou trecircs anos quando comecei a ser treinado pelo Professor Bruno Nazaacuterio que aumentei a carga de trei-no para o bi-diaacuterio A partir daiacute passei a ter o meu tempo totalmente ocupado Satildeo os estaacutegios do Curso o tempo de deslocaccedilatildeo para Hospitais da periferia uma tese para defender Este ano seraacute bastante mais exigente que os anteriores se calhar natildeo vou poder fazer treino bi-diaacuterio todos os dias como gostaria mas ainda assim vou pro-curar treinar duma forma o mais seacuteria possiacutevel e se natildeo puder fazecirc-lo na quantidade desejaacutevel pelo menos na qualidade espero consegui-lo

em 2007 COnquistOu a primeira grande medalHa da OrientaccedilatildeO pOrtuguesa aO sagrar-se CampeatildeO da eurOpa de JOvens

Chama-se Diogo Miguel e eacute aos 23 anos uma das referecircncias da Orientaccedilatildeo Pedestre nacio-nal Campeatildeo Europeu de Jovens em 2007 e Campeatildeo Nacional de Distacircncia Longa em 2009 e 2011 Diogo Miguel reparte o tempo entre a modalidade do seu coraccedilatildeo e as exigecircncias do curso de Medicina que abraccedilou haacute seis anos E foi precisamente por aiacute que a nossa conversa comeccedilou uma conversa onde passado presen-te e futuro se misturam e confundem numa teia de opccedilotildees direccedilotildees desafios e decisotildees Na Orientaccedilatildeo como na Vida

Por Joaquim Margarido

de sprint em eger na Hungria que me-moacuterias guarda dessa JOrnada Haacute CinCO anOs atraacutesGuardo sobretudo as memoacuterias e os amigos Na altura pensaacutemos que a visibilidade que este re-sultado poderia dar agrave Orientaccedilatildeo catapultasse a modalidade e possibilitasse a obtenccedilatildeo de mais apoios mas isso natildeo se veio a verificar pelo me-nos na medida daquilo que seria de esperar

esteve este anO nOs mundiais de lausan-ne COnseguindO O 33ordm lugar na Final a de distacircnCia lOnga que valOr atribui a este seu resultadOAtribuo-lhe um valor elevado ateacute porque foi a primeira vez em dez anos que um portuguecircs foi a uma final A de Distacircncia Longa Cheguei ao fim com a certeza de ter feito o meu melhor e se natildeo tivesse quebrado fisicamente teria fei-to melhor ainda Ou seja com outras condiccedilotildees de treino teria facilmente ficado entre os vinte e cinco primeiros Mas falta bastante cultura des-portiva agrave sociedade portuguesa em geral e se disser a algueacutem que natildeo estaacute familiarizado com a Orientaccedilatildeo que terminei em 33ordm num Campeo-nato do Mundo essa pessoa iraacute pensar ldquoesque-ce eacutes mau natildeo prestasrdquo Mas quem sabe como estas coisas funcionam sabe os sacrifiacutecios que temos que fazer Sabe acima de tudo as condi-ccedilotildees que temos e consegue olhar para o resulta-

do como sendo bastante meritoacuterio

temOs em pOrtugal O apOiO que deviacuteamOs Ou que mereCiacuteamOs

Natildeo Eacute bastante revoltante olhar para outros desportos como eacute o caso do Futebol e termos um Presidente que termina o man-dato agrave frente da Federaccedilatildeo e que se sente orgulhoso por ter deixa-

do um balanccedilo positivo nas contas de muitos milhotildees de euros Mas

satildeo estes precisamente que ainda assim continuam a receber milhotildees e

milhotildees do Instituto Portuguecircs do Desporto e Juventude enquanto outras modalidades lutam pela sobrevivecircncia Acho que somos claramen-te sub-apoiados O desporto em Portugal eacute um espelho da Sociedade Haacute os muito ricos e haacute os muito pobres Os ricos satildeo cada vez mais ricos e os pobres satildeo cada vez mais pobres Eacute a mesma coisa com o desporto

quandO OlHa para Os nOssOs JOvens que pOtenCialidades vecirc neles para COn-seguirem CHegar aOs lugares CimeirOs da OrientaccedilatildeO eurOpeia e mundialTemos alguns jovens com bastante valor prin-

OUTDOOR novembro_Dezembro 2012 37

cipalmente o Luiacutes Silva Trata-se dum atleta que tem um futuro brutal e acho que vai ser sem sombra de duacutevidas o melhor atleta portuguecircs dentro de muito pouco tempo Olhando de for-ma mais aprofundada para estes atletas eacute uma realidade que eles tecircm hoje melhores condiccedilotildees em relaccedilatildeo agravequilo que noacutes tiacutenhamos na altura Basta ver que os atletas jaacute se deslocam com al-guma frequecircncia ao terreno antes das grandes competiccedilotildees coisa que natildeo havia ateacute haacute muito pouco tempo atraacutes E depois haacute os estaacutegios de Seleccedilatildeo Mas deve reconhecer-se que lhes falta o treino fora da competiccedilatildeo Acho que falta al-gum espiacuterito de sacrifiacutecio no treino em casa que eacute o mais importante

o CLubE dE oriEntaccedilatildeo dE EstarrEJa Eacute dEsdE sEMprE o sEu CLubE quE signiFiCa-do tEM para si EstE EMbLEMa E Esta CaMi-soLa quE EnvErgaComecei na Orientaccedilatildeo aos 8 anos e a minha primeira experiecircncia foi no Desporto Escolar na minha terra Canelas uma pequena aldeia do Concelho de Estarreja A essa primeira pro-va seguiu-se uma ldquoQuinzena da Orientaccedilatildeordquo no veratildeo e nunca mais parei Haacute quinze anos que estou ligado a este clube e ele faz parte de mim Poderia dividir a minha vida em dois por um lado a parte profissional da Faculdade e por outro a Orientaccedilatildeo Por estranho que possa pa-recer a parte desportiva natildeo se encontra num plano inferior relativamente agrave parte profissio-nal Ambas as partes se complementam uma agrave outra Portanto a minha ligaccedilatildeo a este clube eacute muito grande satildeo muitos anos satildeo muitas pes-soas e ajudou-me a crescer

aos Miuacutedos quE agora datildeo os priMEiros passos quE ConsELhos dariaO conselho natildeo o daria aos miuacutedos se calhar da-va-o antes aos pais Tanto a escola como o des-porto andam muito ligados Se temos disciplina num acabamos por ter disciplina no outro Natildeo eacute por acaso se olharmos para os atletas de topo a niacutevel nacional todos eles satildeo excelentes es-tudantes e tecircm um futuro profissional bastante promissor Tudo parte de quem educa Eu tenho a sorte de ter uns pais que sempre me educaram bem e que sempre me deram o apoio necessaacuterio para conseguir fazer as duas coisas

E deixaria ainda um conselho mais aos pais o de virem fazer uma prova de Orientaccedilatildeo com os seus filhos Uma das grandes vantagens da Orientaccedilatildeo eacute ser para aleacutem do ldquodesporto da flo-restardquo o ldquodesporto da famiacuteliardquo

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EntrevistaConsidEra quE Esta EacutepoCa CorrEu dE aCordo CoM as suas ExpECtativasNa verdade digamos que a eacutepoca estaacute quase agrave beira de comeccedilar Depois do Campeonato do Mundo tirei mais tempo do que era habitual para descansar e tenho estado a fazer pratica-mente soacute manutenccedilatildeo A eacutepoca teve alguns per-calccedilos comecei a treinar na Repuacuteblica Checa e apesar de ter feito muito treino com mapa devi-do agraves questotildees climateacutericas e agraves poucas horas de luz acabei por ter uma carga de treino aqueacutem do desejaacutevel Depois de regressar a Portugal estava a treinar bem mas tive um percalccedilo e lesionei--me num peacute o que me obrigou a uma paragem de um mecircs Isso fez-me perder muito da minha boa forma e acredito que se natildeo fosse isso po-

deria ter chegado muito melhor ao Campeonato do Mundo e aiacute o resultado poderia ter sido outro Apesar de tudo os resultados acabaram por ser bem melhores do que estaria agrave espera

o obJEtivo a Curto praZo passa pELo tiacute-tuLo naCionaL absoLutoPor acaso esse eacute um tiacutetulo que nunca alcancei Vou comeccedilar a treinar a seacuterio para chegar nas melhores condiccedilotildees ao Campeonato Nacional Absoluto e esse vai ser um bom teste O objetivo eacute estar laacute para ganhar

Quanto agrave proacutexima eacutepoca espero apresentar-me agraves provas em melhor forma do que este ano e que os bons resultados possam aparecer oslash

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ofereccedila um garmin DeSemBruLHara caixa Seraacute Soacute o princiacutepio

este natal ofereccedila emoccedilotildees aventuras para quem viaja ou para os que correm para os que navegam no mar ou escalam montanhas Para os nadadores ou golfistas este natal ofereccedila um garmin

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Por Terra

ORIENTACcedilatildeOhellip DEsPORTO NA NATuREzA

Parque nacional torres del Paine Chile

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Cinco satildeo os sentidos estaacute nos manuais neles reside a possi-bilidade de um maior ou menor contacto da pessoa com aquilo que a rodeia Haacute ainda o sexto sentido aquela perceccedilatildeo extra--sensorial que parece ser mais propriedade das mulheres do que dos homens e que nas con-ceccedilotildees ocultistas estaraacute tam-beacutem sedeado num oacutergatildeo do nosso corpo Figurada ou ob-jetivamente eacute bom que todos eles ndash sem exceccedilatildeo - estejam suficientemente desenvolvi-dos sem isso natildeo haacute sentido de orientaccedilatildeo que aguente

A Orientaccedilatildeo eacute um Desporto recente em Portugal mas tem jaacute mais de 100 anos de existecircncia

enquanto desporto organi-zado Com efeito teraacute sido em Bergen - Noruega no ano de 1897 que se organizou a pri-meira atividade desportiva de Orientaccedilatildeo Os paiacuteses noacuterdicos satildeo ainda hoje aqueles onde a modalidade tem maior implan-taccedilatildeo mobilizando um nuacutemero de praticantes que coloca a

Orientaccedilatildeo entre os cinco des-portos com mais adeptos na Escandinaacutevia A maior prova do mundo realiza-se anual-mente na Sueacutecia os 5 dias da Sueacutecia com um nuacutemero de participantes que jaacute atingiu os 25000

Durante o seacutec XX a modali-dade foi evoluindo ateacute agrave criaccedilatildeo da Federaccedilatildeo Internacional de Orientaccedilatildeo (IOF) que fes-tejou em 2012 o 51ordm aniversaacuterio e veio normalizar mundial-mente as regras competitivas as normas para elaboraccedilatildeo dos mapas e as sinaleacuteticas a usar A Orientaccedilatildeo eacute praticada em quatro disciplinas diferentes Orientaccedilatildeo Pedestre Orien-taccedilatildeo em BTT Orientaccedilatildeo em Ski e Orientaccedilatildeo de Precisatildeo (Orientaccedilatildeo prioritariamente para deficientes motores)

Portugal tem marcado pontos na Orientaccedilatildeo para o desporto adaptado lanccedilando em 2012 a Taccedila de Portugal de Orientaccedilatildeo de Precisatildeo e criando um cir-cuito de Orientaccedilatildeo adaptada vocacionado prioritariamente para a deficiecircncia intelectual e

crianccedilas em idade preacute-escolar que eacute uacutenico no Mundo e que estaacute a ser jaacute implementado pela Espanha

o quE EacutePodemos dizer que a Orien-taccedilatildeo eacute um desporto completo Haacute o aspeto fiacutesico o treino no campo que se aproxima do treino dum atleta de fundo E haacute o aspeto mental que de-sempenha um papel funda-mental a leitura dos mapas o contra-reloacutegiohellip Eacute tambeacutem o desporto de natureza por exce-lecircncia Os orientistas saem dos trilhos balizados para pene-trarem no coraccedilatildeo da floresta Cada dia eacute uma nova aven-tura Daquele que se inicia na Orientaccedilatildeo ao mais consagrado dos praticantes haacute todo um mesmo espiacuterito de liberdade de fazer a sua proacutepria escolha do melhor itineraacuterio No Atle-tismo por exemplo a volta agrave pista teraacute sempre 400 metros quer seja aqui ou no Japatildeo Na Orientaccedilatildeo esta noccedilatildeo de dis-tacircncia tem muito pouco signi-ficado Tanto se pode fazer 10 quiloacutemetros numa hora e meia como em quarenta minutos E

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depois nunca existem duas florestas iguais Eacute o eterno recomeccedilo Na Austraacutelia ou na Suiacuteccedila no Japatildeo ou na Escandinaacutevia eacute necessaacuterio uma adaptaccedilatildeo a cada local natildeo haacute lugar a repeti-ccedilotildeeshellip

Cada corredor possui uma buacutessola e um mapa que contrariamente a um mapa normal conteacutem uma enorme diversidade de detalhes acerca dos seus elementos caracteriacutesticos (relevo do ter-reno vegetaccedilatildeo caminhos elementos rochosos construccedilotildees e muito mais) Os mapas satildeo rea-lizados segundo as normas especiacuteficas da Fede-raccedilatildeo Internacional de Orientaccedilatildeo que tem sede na Finlacircndia Aleacutem da legenda sobre os siacutembolos nele representados existe ainda uma sinaleacutetica

proacutepria que tem a ver com o percurso que o praticante vai realizar nesse evento e que eacute uma linguagem uni-versal

A partir do momento em que se potildee em marcha o cronoacutemetro o orientista deve efe-tuar o seu percurso que eacute marcado no mapa e que eacute cons-tituiacutedo por uma par-tida (representada por um triacircngulo) uma seacuterie de pontos de

passagem obrigatoacuterios (representados por ciacuter-culos) e a chegada (representada no mapa por dois ciacuterculos concecircntricos) Estes pontos satildeo materializados no terreno sob a forma de um prisma triangular denominado por baliza e a passagem deve ser validada por um sistema de ldquopicotagemrdquo manual ou eletroacutenica O objetivo consiste em fazer o percurso na sequecircncia in-dicada o mais rapidamente possiacutevel Mas entre cada ponto de passagem a escolha do itineraacuterio fica ao criteacuterio de cada um

O percurso em linha reta evidentemente nem sempre eacute o mais raacutepido Eacute necessaacuterio jogar com as inflexotildees do terreno os lagos os muros e outros acidenteshellip O tempo gasto a percorrer o traccedilado da corrida depende sobretudo do meio sobre o qual a mesma se desenrola Em terrenos como na Escandinaacutevia onde o relevo eacute mais duro numa mesma distacircncia poderemos gastar quase o dobro do tempo que gastariacuteamos num terreno plano e sem o mesmo tipo de obs-taacuteculos

Por Terra

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O conhecimento do relevo eacute a parte mais difiacutecil Eacute neces-saacuterio aprender a imaginar um terreno a trecircs dimensotildees sobre o mapa Claro que natildeo eacute apenas isto Para quem tem mais dificuldade em possuir a visatildeo a trecircs dimensotildees esta in-suficiecircncia pode ser compensada com outras qualidades nomeada-mente a atenccedilatildeo Mas nem todos pos-suem igualmente esta capacidade mental Como na generalidade dos desportos eacute neces-saacuteria uma longa aprendizagem onde o treino teacutecnico a vivecircncia de situaccedilotildees mais variadas e o nuacutemero de florestas ldquovisitadasrdquo desempe-nham um papel fundamental Eacute agrave medida que o tempo passa que o orientista aprende a adaptar o seu comportamento a reagir cada vez mais rapidamente e a encontrar as melhores opccedilotildeesO desporto natildeo eacute muito mediatizado e o espiacute-rito da Orientaccedilatildeo eacute o de permanecer livre Eacute um desporto ainda preservado de certas po-leacutemicas ldquodopingrdquo e outros malabarismos daiacute que muitos orientistas digam que natildeo seja mau de todo que ele permaneccedila ldquoconfidencialrdquo

Grandes Competiccedilotildees em 2013

Em 2013 as grandes competiccedilotildees internacio-nais onde Portugal vai querer estar presente

satildeo as seguintes

- Campeonato do Mundo de Juacuteniores ndash Repuacuteblica Checa (29jun-06 de julho) wwwjwoc2013cz

- Campeonato do Mundo Elite ndash Finlacircndia (07-14 jul)

wwwwoc2013fi- Campeonato do Mundo ve-

teranos ndash Itaacutelia (02-10 ago) wwwwmoc2013it

- Campeonato da Europa de Jovens ndash Israel (03 de novembro) wwweyoc2013org

portuGal na alta roda Mas Portugal vai ter brevemente grandes desa-fios pela frente- Em 2013 organiza uma etapa da Taccedila do Mundo de seacuteniores e o Campeonato do Mundo de Vete-ranos de Orientaccedilatildeo em BTT - Costa Alentejana entre 09 e 13 de outubro- Em 2014 organiza em Palmela de 9-14 de abril e em paralelo o Campeonato da Europa de Orientaccedilatildeo Pedestre e o Campeonato da Eu-ropa de Orientaccedilatildeo de Precisatildeo wwweoc2014fpopt

Carnaval o ponto alto Desde 1996 que Portugal realiza a sua prova ra-inha que atrai os melhores especialistas a Por-

Eacute um desporto ainda

preservado de certas poleacutemicas ldquodopingrdquo e outros malabarismos

daiacute que muitos orientistas digam que natildeo seja mau de todo que ele perma-

neccedila ldquoconfiden-cialrdquo

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Por Terratugal Eacute O Portugal Orsquo Meeting que desde 2000 se realiza no Carnaval com a duraccedilatildeo de 4 dias e pontuaacutevel para a liga Mundial de orientaccedilatildeo pedestre nos percursos de Elite Em 2013 Por-tugal vai receber pela primeira vez trecircs eventos pontuaacuteveis para a Liga Mundial02 e 03 de fevereiro ndash Norte Alentejano Orsquo Mee-ting ndash Nisa (wwwnaompt)09ndash12 de fevereiro ndash Portugal Orsquo Meeting ndash Idanha-a-nova (wwwpompt)16 e 17 de fevereiro ndash XIV Meeting de Orien-taccedilatildeo do Centro ndash Pombal (wwwcocpteventos16fev2013)

OrientaccedilatildeO muitO mais dO que um despOr-tOOlhando para a modalidade de uma forma mais transversal podemos enquadraacute-la aleacutem de mo-dalidade desportiva com aacutereas como o Ambien-te a Educaccedilatildeo e as Novas Tecnologias As qua-tro vertentes atraacutes enunciadas reunidas numa soacute tem a ver tambeacutem com solidariedade

Ambiente porque a Orientaccedilatildeo eacute o ldquoDesporto da Florestardquo fazendo de cada praticante um guardiatildeo e um amigo de tatildeo valioso patrimoacutenio Educaccedilatildeo porque eacute uma modalidade onde se aglutinam mateacuterias tatildeo nucleares como a Ma-temaacutetica ou a Geografia e se desenvolvem com-petecircncias como a capacidade de interpretaccedilatildeo ou o poder de decisatildeo por isso ser considerada prioritaacuteria para o Desporto Escolar Novas Tec-nologias porque eacute das modalidades que mais depende dos Meios Informaacuteticos a todos os niacute-veis do controlo de tempos agrave cartografia mais desenvolvida que existe Desporto porque pro-move a atividade fiacutesica e a Sauacutede dirigindo-se de igual forma agravequeles que individualmente a praticam ao niacutevel da alta competiccedilatildeo como agraves crianccedilas ou agraves famiacutelias que vecircm nela uma forma

de promover o seu bem estar fiacutesico e reforccedilar os laccedilos de amizade e convivialidade

E solidariedade porque vive da forccedila que projeta nos seus praticantes

trabalhando desinteressadamente em prol da modalidade em prol do paiacutes

Porque a Orientaccedilatildeo eacute Ambiente eacute Educaccedilatildeo satildeo Novas Tecnolo-gias eacute Desporto Porque a Orien-

taccedilatildeo gera Riqueza e gera Sauacutede Porque a Orientaccedilatildeo eacute de todos e

para todos Interessa a todos Inte-ressa ao Paiacutes Daiacute que eacute urgente que

todos venham experimentar e que descu-bram as belezas deste Paiacutes de mapa na matildeo oslash

Fernando Costa e Joaquim margarido

Olhando para a modali-

dade de uma forma mais transversal po-

demos enquadraacute-la aleacutem de modalidade desportiva

com aacutereas como o Am-biente a Educaccedilatildeo e

as Novas Tecnolo-gias

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arMando no u-455

A 120 metros de profundidade os olhos esbuga-lhados do peixe de-Satildeo-Pedro talvez surpreen-dido pela inesperada presenccedila humana fize-ram Armando Ribeiro esboccedilar um sorriso sob a maacutescara e pensar como valera jaacute a pena ter apostado na descida ao U-455 laquo Fui o primeiro portuguecircs a mergulhar neste submarino-misteacute-rio desaparecido no Mediterracircneo em finais da Segunda Guerra Mundial e ateacute haacute 6 anos um dos destroccedilos de guerra nazis mais procurados do mundoraquo recorda um dos mais ativos mergu-lhadores nacionais de expediccedilatildeo da atualidade e que integra a elite mundial do mergulho teacutecnico com rebreathersPara ser o primeiro portuguecircs a visitar o sub-marino Armando integrou uma expediccedilatildeo mul-tinacional com partida da costa da Liguacuteria em Itaacutelia Eacute aliaacutes ao largo de Portofino um dos locais de feacuterias mais exclusivos da Europa que se encontra o submarino desaparecido a 6 de abril de 1944 com 51 homens a bordo e soacute lo-calizado por um mergulhador italiano em 2005 laquoEstaacute em bom estado a torre tem ainda todos os aparelhos o periscoacutepio de ataque e o periscoacute-pio de observaccedilatildeo aeacuterea ao lado dos canhotildeesraquo mas natildeo eacute um mergulho faacutecil explica Armando laquoa visibilidade as correntes e as redes e fios de nylon presos que envolvem parte do submarino sobretudo na parte mais funda em que a visibi-lidade eacute mais reduzida tornam a apro-ximaccedilatildeo extremamente perigosa Um colega nosso ficou preso na rede tivemos de desemba-raccedilaacute-lo com as facas Agravequela profundidade a tarefa natildeo foi nada faacutecilraquo

Para ultrapassar a cota dos 100 metros e alcanccedilar pro-fundidades atingidas por poucos mergulhadores Ar-mando utiliza um rebreather e realiza um tipo de mergulho teacutec-nico com equipamento de circuito fe-chado Por oposiccedilatildeo ao mergulho com gar-rafas de ar e tal como num ventilador ou num aviatildeo reaproveita o gaacutes respirado laquoRespiremos devagar ou depressa o volume de consumo eacute sempre constante podemos fazer um mergu-lho de 10 horas Traz grandes vantagens para mergulhos mais profundos e mais longos e tem ainda outra vantagem faz otimizaccedilatildeo de gases que respiramos permite-nos fazer patamares de descompressatildeo mais curtos e eficientes por-que estamos a respirar mistura mais apropriada para as profundidades a que estamosraquo

Para ser o primeiro

portuguecircs a visitar o submarino Armando integrou uma expediccedilatildeo multinacional com par-

tida da costa da Li-guacuteria em Itaacutelia

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Na ida ao U-455 Armando voltou a repetir os procedimentos de anteriores expediccedilotildees ao rei-no do silecircncio e da escuridatildeo O regresso agrave superfiacutecie vindo dos 100 metros de profundidade demorou mais de 2 horas O graacutefico do mergulho registado no computador mostra uma descida raacutepida e pouco mais de 15 minutos no fundo para uma subida muita lenta que permitiu a descompressatildeo adequada

Habitualmente Armando mergulha com Joseacute Marques com quem formou a equipa In-silen-ce para explorar naufraacutegios profundos na costa portuguesa e participar em expediccedilotildees inter-nacionais de mergulho Entre as experiecircncias contadas no site da dupla e em reportagens anteriores estaacute a exploraccedilatildeo do miacutetico paquete italiano Andrea Doria naufragado no Atlacircnti-co Norte nos anos 60 Ou a descida aos 115 metros de profundidade aos destroccedilos do Vimi-nale torpedeado no estreito de Messina na Se-gunda Guerra Mundial De outros naufraacutegios do mesmo periacuteodo histoacuterico ambos arriscaram tudo o que sabiam num mergulho agraves aacuteguas frias da Noruega (5 graus) e aos destroccedilos da bata-

lha de Narvik uma das maiores batalhas navais do seacuteculo XX laquoAleacutem da profundidade recordo a escuridatildeo A visibilidade maacutexima eacute de 10 a 15 metros haacute sempre suspensatildeo e a aacutegua eacute leitosa e nunca totalmente clara parece que anda sem-pre uma poeira no ar eacute como se estiveacutessemos no nevoeiroraquo

O mergulho a norte do Ciacuterculo Polar Aacutertico ain-da hoje traz viacutevidas recordaccedilotildees aos 2 portugue-sesEm Portugal ficaram conhecidos pela descober-ta do cargueiro grego Agios Nikolaos ao largo de Peniche e pela localizaccedilatildeo recente do aviatildeo suiacuteccedilo que se despenhou haacute 34 anos na costa sul da Madeira

Do Mediterracircneo e do mergulho mais recente Armando recorda a primeira visatildeo do U-455 um dos 2 submarinos atualmente fundados na verti-cal nos mares do planeta e que se teraacute afundado depois de embater numa mina laquoO vulto do des-troccedilo com os flaps ainda intactos parecia uma baleia adormecida no fundoraquo

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toZEacute via MaMMut 150

Do Torreacuteon dos Galayos ex--liacutebris da escalada em rocha da Serra de Gredos e da Peniacutensula Ibeacuterica a vista sempre pano-racircmica parece desta vez ainda mais espetacular para Tozeacute O escalador portuguecircs acaba de abrir com os amigos espanhoacuteis uma nova via de grau 6 - na escala alpina significa ascen-satildeo extremamente severa e com passagens difiacuteceis

Para quem vive fora do mundo da escalada ibeacuterica passaram praticamente despercebidas as ascensotildees realizadas no uacutel-timo fim de semana de junho Muitos menos teratildeo ainda co-nhecimento que o feito tornou tambeacutem Antoacutenio Coelho- Tozeacute para os amigos- o uacutenico portu-guecircs a participar num projeto ineacutedito da Mamut Na iniciativa destinada a celebrar 150 anos de existecircncia a marca suiacuteccedila outdoor lanccedilou o Peak Project e selecionou 150 projetos de 150 equipas em todo o mundo unidas em mostrar o melhor que haacute na aventura ao alto

Na Peniacutensula Ibeacuterica e infeliz-mente Portugal ficou fora da iniciativa que animou as cor-dilheiras e serras do planeta incluindo Himalaias e Andes o liacuteder foi Raul Lora escala-dor de renome e que coordena atualmente a Escola Alpina de Gredos laquoO Raul eacute meu amigo e companheiro de outras es-caladas Logo que a Mammut aprovou o projeto reunimos a equipa e iniciaacutemos a escaladaraquo No parque natural de Gredos conhecido de muitos monta-nhistas e escaladores portu-gueses a escolha da equipa espanhola onde se integrou Tozeacute foi o Torreacuteon Sem ser o cume alto dos Galayos que atinge 2100m o prisma gigan-te de granito permite efetuar uma seacuterie de passagens teacutec-nicas e passos difiacuteceis que satildeo

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sempre um desafio para qualquer es-calador laquoPrimeiro abrimos uma via numa zona pouco frequentada do Torreacuteon que se chama de Cer-ro Peluca e batizamo-la natu-ralmente de 150ordm Aniversaacuterio Mammutraquo Eacute com modeacutestia que Tozeacute descreve a abertura da nova via

Aleacutem da nova via Tozeacute e os companheiros espanhoacuteis esco-lheram a Via Lucas ao Torreacuteon laquoEacute a que tem melhor visibilidade des-de o cume sobre os outros escalado-resraquo resume o escalador de Barcelos que no projeto Mammut enriqueceu o curriacuteculo longo de montanhista que incluiu a participaccedilatildeo nas primeiras expediccedilotildees portuguesas a cumes de 7 mil metros nos Himalaias ndash Pumori (2003) e Ama Dablam (2004) e a tentativa de ascensatildeo de um pico de 8000m o Kangchenjunga (2005)

Em Gredos no reino da rocha onde muito haacute por explorar e se sente como peixe na aacutegua o portuguecircs tem jaacute outro projeto ineacutedito com os amigos espanhoacuteis laquoSaberatildeo na altura certaraquo oslash

Aureacutelio FariaJornalista

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-em-1944-no-mediterraneo

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Grande Reportagem

Aleacutem da nova via Tozeacute

e os companheiros espanhoacuteis escolheram a Via Lucas ao Torreacuteon laquoEacute a que tem melhor visibi-

lidade desde o cume sobre os outros es-

caladoresraquo

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Em Famiacutelia

PORTO CITy RACE

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A segunda ediccedilatildeo do Porto City Race eacute um evento de Orienta-ccedilatildeo pedestre urba-no organizado pelo

Grupo Desportivo dos Quatro Caminhos em parceria com a Cacircmara Municipal do Porto atraveacutes da Porto Lazer

O evento faz parte do Circuito Nacional urbano da Federa-ccedilatildeo Portuguesa de Orientaccedilatildeo (CiNU) e eacute aberto a pessoas de qualquer idade podendo parti-cipar individualmente ou em grupo

Mesmo que nunca tenha visto um mapa ou uma buacutessola tem possibilidade de se juntar agrave fes-ta porque a organizaccedilatildeo faraacute acompanhamento e ensino com monitores

Traga a famiacutelia e venha conhe-cer os locais mais emblemaacuteti-cos do Porto e aprenda Orien-taccedilatildeo

Os participantes do evento te-ratildeo a possibilidade de competir no dia anterior no Justlog Park Race no Monte da Srordf da Assun-ccedilatildeo nos arredores do Porto

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Em FamiacuteliaoriEntaccedilatildeo o dEsporto da FaMiacuteLiaPelas suas caracteriacutesticas a Orientaccedilatildeo tem a possibilidade de ser realizada em famiacutelia No iniacutecio satildeo os pais que ensinam os filhos a des-mistificar o slogan de que a floresta eacute o ldquoterri-toacuterio do lobo maurdquo depois ter um mapa e um percurso satildeo momentos de partilha de busca de superaccedilatildeo de transmissatildeo de conhecimen-tos e de preparaccedilatildeo para a vida O facto de exis-tirem percursos adaptados a todas as idades e niacuteveis teacutecnicos permite que no mesmo espaccedilo todos possam executar o seu percurso mesmo que natildeo seja em conjunto

Na proacutexima ediccedilatildeo do Porto City Race a organi-zaccedilatildeo vai criar um percurso turiacutestico vocaciona-do para a famiacutelia em que os pontos de controlo seratildeo monumentos e em que a entrada nos mes-mos seja facilitada Assim aleacutem de cumprirem um percurso de Orientaccedilatildeo poderatildeo tambeacutem conhecer melhor a cidade e a sua histoacuteria oslash

Fernando Costa

11 dE Maio dE 2013 Justlog Park Race - Monte da Srordf da Assunccedilatildeo

12 dE Maio dE 2013 Porto City Race - Centro Histoacuterico do Porto (Patrimoacutenio Mundial)

doMingo 12 dE Maio 2013- porto City raCE

08h30 - Abertura do secretariado no local da prova (A confirmar)

10h00 - Partida dos primeiros atletas

13h00 - Encerramento

Mais inForMaccedilotildeEs EMwwwgd4caminhoscomportocityrace2013

PROGRAMA

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Em Famiacutelia

A ROTA DA AacuteGuAPOR LIsBOA

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omo proposta para um passeio em famiacutelia e adequado desde os mais novos ateacute aos mais grauacutedos suge-rimos uma visita guiada ao Palaacutecio Marquecircs da Fronteira e o passeio

pedestre Rota da Aacutegua no Parque Florestal de Monsanto em Lisboa

Quem jaacute olhou e passou por debaixo do aquedu-to das Aacuteguas Livres em Lisboa e pensouhellipquem me dera poder subir e saber todos os seus recan-tos histoacuterias e lendas

Neste passeio vai ter acesso a um percurso de 8 km com direito a perguntas e respostas sobre este monumento que nos envolve com a sua grandiosidade e beleza

Porque eacute cedo que comeccedila o dia a hora de en-contro eacute pelas 9h30 no estacionamento em fren-te ao Palaacutecio Marquecircs e Fronteira no largo Satildeo Domingos de Benfica em Lisboa

O palaacutecio foi construiacutedo em 1640 para o pri-meiro Marquecircs de Fronteira D Joatildeo de Mas-carenhas heroacutei da Guerra da Restauraccedilatildeo Este bonito Palaacutecio situa-se agrave beira do Parque Flores-tal de Monsanto no Largo de Satildeo Domingos de Benfica

O Palaacutecio foi ampliado no seacuteculo XVIII em estilo laquorocailleraquo e continua a ser atualmente residecircn-cia dos 12ordm Marquecircs de Fronteira sendo contudo possiacutevel visitar algumas das salas a biblioteca e o jardimO interior eacute igualmente rico destacando-se a Sala das Batalhas que contem belos paineacuteis e azulejos com cenas da Guerra da Restauraccedilatildeo trecircs grandes janelas que se abrem sobre o Jar-dim de Veacutenus e a Sala da Jantar adornada com frescos de retratos da nobreza portuguesaA Capela de finais do seacuteculo XVI conta no seu interior com um preseacutepio cuja autoria eacute atribuiacute-da a Machado de Castro As visitas aos sumptuosos Jardins ldquoagrave italianardquo comeccedilam no terraccedilo da capela com destaque para o Jardim de Veacutenus e o Jardim Formal do seacuteculo XVII onde pontifica a Galeria dos ReisPara completar o passeio iremos conhecer a Rota da AacuteguahellipA Rota da Aacutegua tem 8 km e atravessa uma seacuterie de espaccedilos recreativos e de lazer entre eles o Parque Recreativo do Alto da Serafina o Espa-ccedilo Monsanto Parque da Pedra Parque do Ca-lhau e Mata S Domingos de Benfica O traccedilado do Aqueduto das Aacuteguas Livres acompanha uma parte da rota

O programa comeccedila com uma visita guiada ao Palaacutecio Marquecircs da Fronteira aacutes 10h O passeio pedestre teraacute iniacutecio por volta das 11h30mNatildeo percam este passeio de grande interesse natural histoacuterico-cultural e fotograacutefico oslash

Local de encontro No estacionamento em frente ao Palaacutecio Marquecircs e Fronteira Hora de encontro 9h30m Hora de iniacutecio do pro-grama 10h Percurso Circular Distacircncia 8 km Grau de dificuldade FaacutecilHora prevista do final do programa 14h30m (inclui paragem para descanso e comer) Ponto de encontro Morada Largo de S Domingos de Benfica 1 - 1500-554 Lisboa GPS N 38ordm 44 2503 W 9ordm 10 496 Em alternativa o local de encontro pode ser no Lu-miar em frente ao supermercado Europa agraves9h GPS 38773763-9160421 Ou em Sete Rios agraves 9h15m em frente ao ZOO Haacute possibilidade de boleia para quem necessitar Quem tiver boleia para oferecer agradeccedilo que me avise e indique local de partida Preccedilo do programa 10 euroA atividade estaacute coberta por seguroRecomendaccedilotildees - Uso de calccedilado confortaacutevel e com boa aderecircncia aos solos proacuteprio para caminhadas - Uso de vestuaacute-rio adequado ao tempo - Alimentaccedilatildeo trazer farnel e aacutegua - Trazer chapeacuteu e protetor solar - Natildeo se afastar do grupo - Deixar o lixo nos locais apropriados - Respeitar a vida selvagem e natildeo perturbar a tran-quilidade local - Respeitar a propriedade privada e os campos cul-tivados

Um programa Caminhos com Carisma lda

ContactosE-mail caminhoscomcarismagmailcom Telefone 914 907 446 967 055 233

ficha teacutecnica

Em Famiacutelia

vIAGENsEsPECIAL FIM DE ANO

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Tipo Expediccedilatildeo no DesertoGrau de dificuldade Moderado 1012km diaacuterios aproximadamente 4 horas de caminhadaCaracteriacutesticas8 dias 7 noites6 dias de expediccedilatildeoPuacuteblico-alvo Adequado a crianccedilas gt 8 anos(transporte em dromedaacuterio)Proacuteximas datas 26 de dezembro de 2012 a 2 janeiro de 2013Programa previstoDia 1 Viagem para Marrakech e transfer para riad no centro Noite em RiadDia 2 Viagem de Marrakech para Zagora em viatura exclusiva para o grupoDia 3 Dunas Bougayoirn -gt Dunas Tridi Dia 4 Tridi -gt erg (duna) EssahelDia 5 Erg Essahel -gt Dunas de LanithieDia 6 Dunas de Lanithie -gt Ouled DrissDia 7 Dunas de Lanithie -gt Ouled DrissDia 8 Marrakech e regresso

Equipamento obrigatoacuterioMochila pequena cantil (ou similar)Saco de viagem (maacutex 60Lt e 10kg) para transportar no dromedaacuterioSaco camaFrontal ou lanternaOacuteculos escuros chapeacuteu e protetor solarRoupas confortaacuteveis para caminhadaImpermeaacutevelAgasalho noturnoBaacutesicos de higiene (incluir toalha pequena e ligeira e produtos biodegradaacuteveis papel higieacutenico e saco chinelos)1ordms socorros pessoais que devem incluir anti mosqui-to e anti diarreicoPara as Senhoras ndash calccedilas compridas para atravessar algumas aldeias

Equipamento RecomendadoMaacutequina Fotograacutefica Sticks de Caminhada Calccedilado confortaacutevel e desportivo (uso recomendado)

Nuacutemero miacutenimo 6 pessoas (preccedilo sob consulta para grupos de nuacutemero inferior)

Preccedilo Desde 799euro | + 50euro (suplemento single em Marrakech)

Mais informaccedilotildees aquiUm Programa Caminhos da Natureza oslash

DEsERToDUNas E oaacutesis

Tipo de percurso NaturezaTrekkingGrau de dificuldade MeacutedioAltoCaracteriacutesticas8 dias 7 noitesProacuteximas datas 26 de dezembro de 2012 a 2 janeiro de 2013

Marrocos eacute um paiacutes lindiacutessimo que por estar tatildeo perto e ser tatildeo exoacutetico merece uma visitaNesta viagem propomos mais que uma visita sugeri-mos uma aventura de vaacuterios dias a peacute a acompanhar uma caravana de camelos Iraacute atravessar planaltos e desertos descansar agrave som-bra de oaacutesis e dormir sobre as estrelas beber chaacute na companhia de Berberes e ouvir as suas histoacuterias Per-correremos caminhos antigos de caravanserais que acompanham rios e dunas Para no fim saborearmos um merecido descanso na magia do deserto Aproveite este fim de ano para comemorar em boa companhia e num cenaacuterio exoacutetico e inesqueciacutevel a entrada do novo ano e para conhecer ou regressar a este maravilhoso paiacutes

Programa previstoDia 1 Voo cidade de origem - MarrakechDia 2 Marrakech - ZagoraDia 3 Beni Ali - Oaacutesis de Foum TaqquatDia 4 Oaacutesis de Foum Taggat ndash Dunas de Nesrate ndash Ksar Ait IsfoulDia 5 Oaacutesis e dunas de Nesrate ndash Zaouiat Sidi Saleh ndash Duna de TidiriDia 6 Dunas de Tidiri ndash Oaacutesis e dunas de Ragabi ndash Dunas Erg LihoudiDia 7 Viagem para MarrakechDia 8 Voo Marrakech - cidade de origem

Preccedilo 580euro (Preccedilo Terra) | Desde 350euro (Preccedilo voo) + Suplemento ind Marrakech 50 euro

Mais informaccedilotildees aquiUm Programa Papa-Leacuteguas oslash

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dia 1 - 28ago12 keflavik- selfoss ndash 112 kmNoacutes movemo-nos como este vento que corre li-vremente por este paiacutes gelado Tatildeo a sul quanto eacute possiacutevel nesta latitude percorremos a estrada da costa expostos a um inquietante e impressio-nante vento que nos derrubou por diversas ve-zes Ele natildeo deixa saudades apenas ficam mar-cas e recordaccedilotildees Por momentos sentimo-nos transportados para o outro extremo do mundo na Patagoacutenia onde os 8 meses que separam es-tas 2 aventuras natildeo chegam para tirar do corpo o desconforto que nos provocou

Por todo o lado nota-se a natureza intocada com pouca vegetaccedilatildeo os tons escuros dos solos vulcacircnicos e muitas rochas de lava cobertas de musgo O momento do dia foi junto da Blue La-goonl um dos pontos mais turiacutesticos da Islacircndia

Pedalar por um sonho agraves portas do Ciacuterculo Polar Aacutertico

Para os sonhos serem realizados eacute preciso al-gueacutem que acredite A nossa viagem agrave Islacircndia foi alimentada pela vontade de ajudar 2 crianccedilas a concretizar 2 sonhos em conjunto com a Ins-tituiccedilatildeo terra dos sonhos porque um sorriso vale tudo

Durante 3 semanas pedalaacutemos no nosso mundo de sonhos e a cada pedalada recebemos sorri-sos em troca

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Para muita gente

viajar significa ir ao encontro daquilo

que procuram Noacutes que viajamos com a bicicleta e em autonomia sabemos

que o destino estaacute traccedilado mas eacute

incerto

dia 2 - 29ago12 selfoss-selfoss Atraacutes das montanhas em busca do Circulo de Ouro 95 km Hoje o dia foi programado para viajarmos sem bagagem Era uma volta circular que nos leva-va para laacute das montanhas ateacute agrave fenda onde a Islacircn-dia se equilibra

No parque nacional de Thingvellir vivemos alguns dos mais conhecidos fenoacutemenos naturais desta ilha Aqui eacute o local onde se separam as placas tectoacute-nicas americana e euroasiaacutetica criando uma fenda que se afasta 2cm por ano

dia 3 - 30ago12 selfoss-Laugarvatn-gey-sir-gullfoss-Fludir-Aacuternes 140 kmPercebemos agora porque chamam ciacuterculo de Ouro ao Geysir e agrave cascata Gullfoss O turismo mais va-lioso chega em inuacutemeros autocarros e viaturas 4X4 equipadas com rodas ldquoextra sizerdquo

Natildeo eacute preciso chegar a este local para sentir os cheiros que os vapores emanam do subsolo Em povoaccedilotildees com pouco mais de 4 casas eacute possiacutevel ver-se a terra em plena atividade diante dos nossos olhos e sentir-mo-nos convidados a ocupar todo o espaccedilo aquecido

Laugarvatn Fludir ou Aacuternes todas estatildeo num terri-toacuterio maacutegico onde o tamanho natildeo conta e os limites que existem satildeo impostos pela nossa imaginaccedilatildeoEstas aldeias natildeo brilham mas valem ouro Ainda estamos a 20 quiloacutemetros do destino mas jaacute passa-ram mais de 10h desde que saiacutemos Eacute tarde e natildeo vamos ter tempo para recuperar e enfrentar 4 dias de total isolamento por uma estrada de montanha que atravessa 2 glaciares

A ementa para tantos dias corre velozmente na mi-nha mente Compramos tudo o que julgamos vir a precisar mas antes percorro corredores vasculho prateleiras tenho hesitaccedilotildeeshellipCalamos o medo e pegamos na bicicleta

dia 4 - 01 set12 Aacuternes ndash highland center 70kmDamos hoje a primeira pedalada de aproximada-mente 300 quiloacutemetros em direccedilatildeo ao centro da Terra as highlands

Para muita gente viajar significa ir ao encontro da-quilo que procuram Noacutes que viajamos com a bici-cleta e em autonomia sabemos que o destino estaacute traccedilado mas eacute incerto O encontro com o inesperado eacute muitas vezes algo que acontece com frequecircnciaFoi uma noite mal dormida devido agrave ansiedade e ao risco do que nos propunhamos fazer Sabemos que a cada quiloacutemetro que andamos comeccedila uma nova aventura

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Natildeo podiacuteamos esperar mais Saiacute-mos do Youth hostel debaixo de chuva tendo como esperanccedila al-guma falha nas previsotildees meteo-roacutegicas para as horas seguintes Insiacutepidos e molhados desde cedo buscamos abrigo no highland center

dia 4 - 02set12 highland center ndash nyidalur hut 110km Toda a ilha eacute uma zona livre de stress Quando percorremos a fantasmagoacuterica Sprengisadur route (F26) percebemos que es-tamos livres de tudo ateacute do nosso juiacutezo A nossa ambiccedilatildeo quando tracaacutemos esta rota era atraves-saacutermos o paiacutes de sul para norte e passarmos entre os glaciares Holsjokul e VatnajokullA natureza pode ser simulta-neamente dura delicada e cruel como foi ontem mas foi genero-sa connosco hoje ao permitir-nos ver a paisagem de cascalho solto nua sempre do mesmo tom cas-tanho escuro

O silecircncio ganhou espaccedilo ateacute ao momento em que conseguimos chegar ao abrigo de montanha (hut)

dia 5 - 03set12 - nyida-lur hut ndash rest dayNem pensar em cruzar a precio-sa porta do abrigo Laacute fora estaacute tudo muito branco e diferente daquilo a que estamos habitua-dos e por isso mantivemo-nos no hut de Nyidalur (na base do vulcatildeo Tungnfell) durante 2 noi-tes por seguranccedila O fogatildeo estaacute sempre aceso e tem uma enorme panela com aacutegua pronta a aque-cer quem chegue

Para que possamos variar do esparguete e noodles (jaacute natildeo haacute muito) vamos tentar fazer patildeo O resultado da nossa experiecircncia a juntar ingredientes com nomes impronunciaacuteveis em que iacuteamos provando para perceber o que era deu num cruzamento entre o patildeo e o rissol O duo de motards que dividiam o hut connosco re-petiram Significa que inventaacute-mos mais um pastel falta soacute dar um nomehellipO Ranger do Parque Nacional acaba de chegar ao hut e veio confirmar que somos mesmo malucos por estarmos nas high-lands nesta eacutepoca Aleacutem disso avisou que vai haver tempestade para esta noite e amanhatilde

dia 6 - 04set12 - nyidalur hut- rest dayLaacute fora estatildeo 0ordmC e as bicicletas encostadas imoacuteveis sujeitas a mais um teste de resistecircncia O nosso passatempo eacute assar ba-tatas ver quem passa e a forma como transpotildeem o rio A nossa vez de partir vai chegar ainda natildeo sabemos eacute quando Para jaacute passa a 3ordf noitehellip

dia 7 - 05set12 - nyidalur hut ndash Laugar 129kmO som do vento acorda-nos mui-to cedo e era semelhante ao do dia anterior Se a direccedilatildeo se man-tivesse de norte significava mais um dia perdido Inquieto dirijo--me ateacute agrave janela para observar o uacutenico ponto de referecircncia no ex-terior uma bandeira chicoteada pelo vento vindo de sulEstava dado o sinal de partida para mais do que uma maratona nas highlands Ao longo do ca-minho a neve mantinha-se por vastas aacutereas e o vento empur-rava-nos ao mesmo tempo que nos congelava as extremidades e queimava a pele

Foi uma benccedilatildeo a ajuda do Ran-ger para transpormos 2 rios em

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seguranccedila sem nunca nos molharmos A aacutegua que noacutes e os islandeses bebem vem de rios como estes sem qualquer tipo de tratamento

DIA 8 - 06set12 Laugar ndash Lago Myvatn- Lau-gar 85 kmFoi tanta a privaccedilatildeo nos dias anteriores que hoje sonhaacutemos com o pequeno almoccedilo que teriacuteamos pela manhatilde antes de nos deslocarmos para o Lago Myvatn Este lago imenso e a aacuterea envolvente satildeo um dos grandes tesouros europeus Durante a nossa volta circular toda a paisagem eacute surreal Lava fumo a sair da terra crateras aacutegua e montanhas vulcacircnicas

Haacute muitos dias que transportamos os fatos de ba-nho na pequena mochila que vai agraves costas na es-peranccedila de um banho quente em qualquer charco inesperado Hoje tivemos o nosso primeiro hot pot Eles satildeo um must nesta regiatildeo (eacute como estar num jacuzzi no meio da rua com um cenaacuterio deslum-brante)

DIA 9 - 07set12 Laugar ndash Akureyri 67kmIsto de pedalar com vento natildeo tem graccedila nenhu-ma especialmente porque natildeo se consegue ter mo-

mentos de contemplaccedilatildeo parados Em dias assim eu sou a ponta da flecha que abre uma fissura no vento e permite que a Filomena possa andar na roda Acabar eacute uma vitoacuteria mas natildeo existe gloacuteria quando se chega ao fimAkureyri eacute a capital do norte e a 2ordf cidade maior do paiacutes com 18000 habitantes civilizaccedilatildeo situada num fiorde rodeado de cumes nevados uma escolha acertada para ficar um dia a descansar

DIA 10 - 09set12 Akureyri- Varmahliacuteo 95 kmMesmo a pedalar sobre a Route 1 os grandes hori-zontes continuam a fazer parte desta viagem An-damos pelos vales e seguimos os cursos dos rios alimentados pelas aacuteguas que escorrem incessante-mente das arribas que nos flanqueiamPodia afirmar que estou eufoacuterico diante das infini-tas possibilidades que tenho pela frente mas natildeo estou Novo aviso de tempestade acompanhada de ventos fortes (23 ms) natildeo convida a grandes aven-turas

Por hoje natildeo precisamos de nos preocupar esta-mos bem abrigados numa quinta na aldeia de Var-mahliacuteeth com 130 pessoas

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DIA 11 -10set12 Varmahliacuteo ndash Rest dayParece que o inverno veio todo num soacute dia e pintou tudo de branco O supermercado estaacute a 300 metros mas eacute como se fosse uma miragem Temos mais um dia de paragem forccediladaO nevatildeo ganha cada vez mais terreno agrave medida que as horas avanccedilam A estrada estaacute interdita agrave maio-ria dos veiacuteculos e por precauccedilatildeo as pessoas satildeo aconselhadas a procurar alojamentoEm pouco tempo a senhora Inda de 81 anos que haacute poucas horas parecia ter uma vida pacata a co-chilar no seu sofaacute mostrou-nos como eacute uma ver-dadeira mulher do norte Enquanto nos convidava para um lanche com bolos caseiros mostrava or-gulhosamente os aacutelbuns de famiacutelia recebia os tu-ristas que iam chegando e quando a lotaccedilatildeo esgo-tou pegou no seu jeep e conduzia estrada fora para os ir alojar

DIA 12- 1set12 Varmahliacuteo ndash Saeberg (hostel) 15kmEsta aventura jaacute foi longe demais Temos metade da quilometragem que planeaacutemos centenas de peripeacutecias e riscos incalculados e soacute nos apetece chegar agrave capital Laacute fora tudo continua branco e a abanar no entanto existe a necessidade de arran-car Estamos confiantes nas previsotildees para o dia de hoje mesmo quando aquilo que vemos natildeo inspira confianccedila

Comeccedila a nevar comeccedila a montanhahellipVaacuterios car-ros estatildeo soterrados nas bermas os flocos voam magoam as faces e a subida ainda vai no iniacutecio Me-tro a metro vamos quebrando o gelo Quem passa tira fotografias e fica increacutedulo Noacutes tambeacutem Natildeo sabemos como equilibrar as 2 rodas perante esta manifestaccedilatildeo da natureza As equipas de emergecircn-cia patrulham a aacuterea e noacutes fazemos ldquolikerdquo sem nos apercebermos que as descidas se tornariam autecircn-ticos escorregasPedimos ajuda e somos resgatados ateacute ao nosso destino Estaacute um sol maravilhoso e as vistas satildeo lindas A vida eacute tatildeo bela porque seraacute que ando de bicicleta em siacutetios tatildeo difiacuteceisPronto Depois de 1h dentro do hot pot percebe-mos porque natildeo ficamos em casa Casa eacute onde estaacute o nosso coraccedilatildeo

DIA 13 - 12 e 13 set12 Saeberg ndash Borgarnes ndash Reykjavik 226kmsEstamos a oeste mas o nosso sentido eacute cada vez seguir para mais perto do nosso ponto inicial O isolamento e a ausecircncia da matildeo humana con-tinuam a ser uma das grandes referecircncias deste paiacutes Os horizontes ateacute Borgarnes perdem a cor e parecem-se com tantos outros que jaacute vimos noutros lugaresReykjavik natildeo estaacute isolada natildeo estaacute no topo de uma

montanha e nem sequer haacute nada de extremo nesta cidade

DIA 14 - 14 set12 Reykjavik ndash Rest dayA capital natildeo nos cativa eacute exageradamente cara e parece viver soacute de noite

DIA 15 - 15 set12 Reykjavik ndash Keflavik 49kmFelizmente que as imagens que estamos a ver e que satildeo iguais ao primeiro dia representam ape-nas uma pequena amostra deste paiacutes Natildeo haacute aacutervo-res natildeo haacute rios natildeo haacute vales apenas uma rugosa paisagem lunar fruto da forte atividade vulcacircnica nesta peniacutensula

Ateacute ao aeroporto jaacute natildeo contamos observar nada daquilo que enche as brochuras e panfletos que se podem encontrar e consultar espalhados por qual-quer parte desta linda ilha Resta-nos pedalar

EPIacuteLOGO Natildeo satildeo os nuacutemeros que fazem uma via-gem de SONHO Os quiloacutemetros ambicionados os desniacuteveis previstos os dias programados ficaram aqueacutem do planeado Mas as expectativas planeadas foram largamente ultrapassadas pois tivemos expe-riecircncias uacutenicas em cenaacuterios de Sonho com amiza-des imprevistas

Nesta ilha todos os sentidos experimentaram a na-tureza em estado puro A esta latitude tudo se torna impreviacutesivel os 6 dias que ficaacutemos retidos e os 1400 quiloacutemetros percorridos hoje parecem pouco vistos agrave distacircncia num lugar seguro

AGRADECIMENTO Aos nossos apoiantes ndash Terra dos Sonhos Cofides Competiccedilatildeo Movefree Bike performance Center D-Maker Ortik Bike Magazi-ne Bivaque Extramedia Portal Aventuras

Um agradecimento muito especial agrave missatildeo da For-ccedila Aeacuterea Portuguesa ndash Iceland Air Policing que nos recebeu e transportou as nossas bagagens no re-gresso a Portugal Bem hajam oslash

Ricardo Mendes e Filomena Gomes

MAIS PORMENORES E FOTOS

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Luiacutesa Tomeacute

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Aventura- Tsiiii tsiiii ndash o meu olhar desviou-se do hori-zonte que observava tentando encontrar por perto de onde vinha o som daquele assobio

- Satildeo as marmotas Estatildeo a avisar as outras que noacutes estamos por perto eacute assim que comunicam principalmente se sentem algum perigo - o Heacutel-der ria do meu ar confuso Ia jurar que o assobio vinha de um ser humano Foi a primeira vez que avistei este simpaacutetico mamiacutefero Imagino esta marmota no meio dos peluches do quarto das minhas filhas Satildeo sem duacutevida um animal sim-paacutetico estes excelentes escavadores que vivem em altitudes desde os 900m aos 3200m Nove meses do ano passam-no a hibernar Estamos em pleno veratildeo nos Alpes e as marmotas estatildeo em grande atividade armazenando energias para o inverno Conseguimos avistar os outros elementos da coloacutenia ldquode peacuterdquo alerta Foi um bom motivo para uma merecida pausa tirar a mochila hidratar comer uma barra energeacutetica

Jaacute haviacuteamos percorrido grande parte do trilho que nos levaria ao Refuacutegio Albert I Eacute aqui que pernoitaremos para iniciar a nossa aclimataccedilatildeo Saiacutemos da pequena vila de Le Tour de onde partem os telefeacutericos usados no inverno para aceder agraves pistas de esqui No veratildeo continuam em atividade facilitando o percurso aos trekkers que natildeo queiram palmilhar o desniacutevel de cerca de

700m que os separa do Col de Balme- Estamos a aclimatar e tambeacutem a treinar nem pensar em usar meios mecacircnicos ndash Helder sor-ria a dizer esta frase Foi quanto bastou para perceber que a manhatilde ia ser longa Depois de vencermos grande parte do desniacutevel chegamos a um local de onde se pode avistar a cordilheira do monte Branco la Verte os Drus as Aiguil-les de Chamonix e o Monte Branco com os seus 4810m Mas que local magniacutefico para aclimatar pensei Para subir em altitude temos que permi-tir ao nosso organismo que se habitue gradual-mente agrave falta de oxigeacutenio a que vai ser exposto Para isso vamos fazendo caminhadas subindo gradualmente para que ao fim de alguns dias jaacute estejamos mais aptos a entrar numa zona em que a pressatildeo atmosfeacuterica eacute menor e o oxigeacutenio do ar mais rarefeito

Ao chegar agrave moreia do glaciar do Tour resta-nos uns 200 m para o nosso objetivo A 30 de agosto de 1930 o rei Alberto I da Beacutelgica inaugurou o primeiro refuacutegio que tem o seu nome Em 1935 o refuacutegio foi ampliado no entanto natildeo foi sufi-

ciente e o atual precariamente empoleirado num penhasco a uma altitude de 2706

inaugurado a 12 de julho de 1959 foi construiacutedo perto do primeiro

edifiacutecio Natildeo posso deixar de me impressionar ao avistaacute-lo e quando chego sento-me na varanda feliz por poder apre-

Esta-mos em pleno

veratildeo nos Alpes e as marmotas estatildeo em grande ativida-de armazenando energias para o

inverno

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ciar vistas tatildeo magniacuteficas ehellip por poder tirar as botas Natildeo tinha botas de alta montanha mas um amigo comprou umas plaacutesticas em segun-da matildeo em Chamonix e sorte das sortes eram o meu nuacutemero Fiz este trekking com elas para me habituar resultou Mas os meus peacutes supli-cavam por ar fresco Soacute conseguimos dar o de-vido valor ao momento de descanso conversa contemplaccedilatildeo numa varanda dum refuacutegio se jaacute tivermos percorrido umas boas horas por trilhos de montanha Saboreei ao maacuteximo este tempi-nho sabia que a tarde era guardada para treino no glaciar como andar em cordada e escalada no gelo Eacute sempre bom relembrar as bases um acidente pode acontecer quando descuramos as regras mais simples e esta tarde foi fundamental para isso Um sol magniacutefico vistas deslumbran-tes ambiente descontraiacutedo Natildeo deixar a corda a tocar o chatildeo nunca a pisar nem a ter dema-siado em tensatildeo Esta sintonia entre elementos de cordada trabalha-se e soacute com o treino a con-seguimos obter Amanhatilde vamos sair ao nascer do dia em direccedilatildeo agrave Aiguille du Tour Esta for-maccedilatildeo com 3540m eacute muito popular entre as pes-soas que tentam a ascensatildeo ao Monte Branco Eacute relativamente faacutecil a sua subida pela face leste

A meteorologia na manhatilde da nossa subida esta-va perfeita Adoro toda a logiacutestica de preparaccedilatildeo de saiacuteda do refuacutegio O acordar ainda de noite os ruiacutedos leves e abafados dos mais madrugadores na camarata o som dos passos ainda lentos no chatildeo de madeira Tento concentrar-me para natildeo me escapar nada ter todo o material colocado e sentir-me confortaacutevel Saio do refuacutegio e o ar

fresco da montanha acorda os meus sentidos Comeccedilamos a subir o glaciar frontais ligados muacutesculos a aquecer A inclinaccedilatildeo eacute moderada e rapidamente chegamos ao colo superior do Tour que marca a fronteira da Franccedila com a Suiacuteccedila ndash Trouxeram o passaporte Vamos pas-sar no posto fronteiriccedilo ndash pergunta o Heacutelder a sorrir Atravessamos agora o glaciar de Trient o sol aquece-nos e as vistas satildeo surpreendentes Ao chegar agrave base da aguille do Tour fazemos o nosso merecido descanso comer beber aacutegua apreciar a beleza que nos circunda Vem agora a parte divertida para quem gosta de escalar em rocha Iniciamos calmamente a nossa subida vamos ouvindo algumas orientaccedilotildees progredin-do e fazendo manobras para passar nas zonas mais expostas ateacute chegarmos ao topo Emocio-no-me com a beleza agrave minha volta O meu pen-samento liga-se a algueacutem muito querido que haacute bem pouco tempo deixou a vida terrena sinto a sua proximidade Um abraccedilo forte da minha amiga de escalada traz-me novamente agrave terra E ali agrave nossa frente majestoso quase como que a chamar-nos o Monte Branco

Foi nesse mesmo dia que regressamos a Chamo-nix Uma longa descida animada pela conversa descontraiacuteda sobre os Alpes - Haacute sempre tanto que contar desta cordilheira travessias espeta-culares que se podem fazer ndash ouvia atenta as histoacuterias que me contavam era a minha primei-ra vez nos Alpes e jaacute estava cativada Cativada ateacute pela proacutepria cidade de Chamonix Eacute um lo-cal onde se respira ar livre Da varanda do nos-so apartamento para onde quer que olhe vejo

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Aventuraatividades outdoor Ouccedilo os risos alegres dum grupo que desce o rio fazendo rafting observo o ceacuteu colorido pelos parapentes as pessoas pas-sam na rua equipadas com roupa de montanha Cheguei a Chamonix haacute dois dias de comboio Quando deambulava pelas suas ruelas cho-quei com uma curiosa estaacutetua onde um homem aponta a outro o cume do Monte Branco

- Eacute Jacques Balmat que estaacute a apontar para o cume ele foi o primeiro homem a subir esta montanha a 8 de agosto de 1786 acompanha-do do meacutedico Michel Paccard Saiacuteram de Cha-monix acamparam no cume da Montagne de la cote a 2630m agraves 4 da manhatilde partiram e chega-ram ao cume por volta das 6h da tarde Balmat nasceu neste vale era um caccedilador de cristais tinha uma vontade de ferro e um instinto para as montanhas Paccard era meacutedico em Chamonix e um excelente alpinista adorava botacircnica e mi-nerais Tambeacutem lhe erigiram aqui uma estaacutetua

Foi ele que conheceu Horace-Beacute-neacutedict de Saussure que ini-

ciou a corrida do primeiro homem a subir ao Monte Branco ndash disse-me Joatildeo

- E esse Saussure tam-beacutem era alpinista ndash perguntei curiosa

- O seu interesse pela botacircnica trouxe-o ateacute aos

Alpes e percorreu grande parte desta cordilheira co-

meccedilando a trabalhar no sentido de esclarecer a topografia da parte ne-

vada dos Alpes nessa eacutepoca praticamente des-conhecida Foi em 1760 que veio aqui pela pri-meira vez e ofereceu uma recompensa a quem escalasse o Monte Branco Ele tentou fazecirc-lo sem sucesso- Entatildeo nunca chegou a subir

- Sim conseguiu mas soacute em 1787 jaacute tinha 47 anos e levou 18 guias com ele Relembro as palavras que li do fotoacutegrafo de montanha C Douglas Milner ldquoA subida em si foi magniacutefica uma incriacutevel faccedilanha de coragem grande resistecircncia realizada por estes dois ho-mens apenas sem corda e sem piolets muito sobrecarregados com equipamentos cientiacuteficos e com longos bastotildees com pontas de ferro O bom tempo e uma lua luminosa garantiram o seu regresso com vidardquo

O dia seguinte foi passado a descansar visitar o Museu da Montanha e espreitar a meteoro-

Foi em 1760 que veio aqui

pela primeira vez e ofereceu uma recom-

pensa a quem escalas-se o Monte Branco Ele tentou fazecirc-lo

sem sucesso

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Um dos pontos al-tos eacute ir agrave roulotte

dos waffles delei-tarmo-nos com este

delicioso doce No fi-nal do dia ainda pude-

mos assistir a um espetaacute-culo de muacutesica e danccedila celta

na praccedila central O ambiente eacute descontraiacutedo a praccedila estaacute cheia de gente e a muacutesica faz sempre bem agrave alma Joatildeo recebe um telefonema

- Estaacutes nos Alpes Natildeo vatildeo poder subir amanhatilde aproxima-se uma tempestade Mas tenho boas notiacutecias tens uma janela de bom tempo no dia seguinte se quiserem aproveitar - Disse Viacutetor Baiacutea sempre bem informado sobre os fenoacuteme-nos meteoroloacutegicos

O dia em que vai haver ldquouma abertardquo para subir eacute o mesmo dia em que temos voo para Lisboa

desde Genebra Ficamos um pouco a pensar no que decidir e claro temos que arriscar Na mon-tanha eacute assim tem que haver flexibilidade es-tamos dependentes das condiccedilotildees climateacutericas e aproveitar quando nos eacute proporcionado bom tempo

A rota que vamos seguir natildeo eacute a mais utilizada eacute chamada rota dos trecircs cumes Esta rota eacute mais exigente fiacutesica e tecnicamente do que a rota do Goucircter No entanto com faacutecil acesso a partir do telefeacuterico da Aiguille du Midi este percurso tor-nou-se a segunda rota mais popular para esca-lar o Monte Branco O percurso inicia-se na Ai-guille du Midi seguindo pelo Col du Midi antes de subir o Monte Branco atraveacutes do Mont-Blanc du Tacul (4248m) e Maudit Mont (4465m) Esta rota requer condiccedilotildees estaacuteveis na neve do Mont Blanc du Tacul e Mont Maudit e tem uma eleva-ccedilatildeo acumulada de 1425m O refuacutegio Cosmiques estava lotado a nossa uacuteni-

- Es-taacutes nos Alpes

Natildeo vatildeo poder subir amanhatilde aproxi-ma-se uma tempestade

Mas tenho boas notiacutecias tens uma janela de bom tempo no dia seguinte

se quiserem apro-veitar

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estaccedilatildeo do telefeacuterico da Aiguille du Midi Este telefeacuterico foi construiacutedo em 1955 e manteve o tiacutetulo de ser o mais alto do mundo durante duas deacutecadas Ele ainda deteacutem o recorde como o te-lefeacuterico com a ascensatildeo vertical mais alta no mundo de 1035 m para 3842 m Haacute duas se-ccedilotildees de Chamonix para o Plano de lAiguille a 2317 m e depois diretamente sem qualquer pi-lar de apoio para a estaccedilatildeo superior a 3777 m Apanhamos o uacuteltimo telefeacuterico do dia cerca de 20 minutos depois estaacutevamos no terraccedilo a tentar admirar as lindiacutessimas vistas que se tem deste local No entanto o mau tempo previsto estava certo e a visibilidade natildeo era mais de 20 m agrave nossa frente Estava desanimadiacutessima

- Como eacute possiacutevel daqui a poucas horas termos bom tempo para subir ndash Perguntei increacutedula- Estamos na montanha Luiacutesa a meteorologia muda rapidamente Temos que aguardar ndash Afir-mou Joatildeo calmo e confiante

Fomos procurar um local onde pudeacutessemos descansar ateacute agrave meia-noite hora marcada para a nossa partida O percurso eacute longo com bas-tante desniacutevel e na realidade o voo para Lisboa eacute amanhatilde Quando acordei o som dos ventos fortes que se faziam ouvir misteriosamente desaparece-ram Depois de comer e fazer a confirmaccedilatildeo do equipamento dirigimo-nos para a aresta que nos levaraacute ao Valleacute Blanche Foi com extrema curiosidade que me dirigi agrave saiacuteda Como esta-raacute o tempo A calma e tranquilidade que senti ao sair para o exterior foi-me trazida pela ma-ravilhosa paisagem que tinha agrave minha frente Afinal depois da tempestade vem a bonanccedila e a visatildeo deste vale imaculado sob um ceacuteu estre-lado sem ningueacutem sem pegadas sem luzes de frontais foi brutal Ao comeccedilar a descer a ares-ta conseguimos ver o refuacutegio Cosmiques ainda adormecido Fomos mesmo os primeiros a sair o que representa um privileacutegio por um lado e

No entanto o mau tempo pre-

visto estava certo e a visibilidade natildeo era mais de 20m agrave nossa frente Estava desa-

nimadiacutessima

Ainda foi longa a nossa caminhada sempre a encontrar forccedilas e energia onde quer que elas estivessem escondidas Paraacutevamos de vez em quando agrave espera da outra cordada de amigos e por fim cerca das 10h da manhatilde atingimos o cume Tento tirar fotos mas a maacutequina fotograacute-fica natildeo ajudou fiquei sem bateria Natildeo faltam maacutequinas para o fazer e depois de um breve descanso temos que iniciar a descida pela mes-ma rota Eacute uma descida que acaba por ter al-gumas subidas sendo por isso mais demorada Mas a alegria de ter cumprido o objetivo o dia tatildeo calmo e luminoso a companhia dos amigos supera qualquer tipo de cansaccedilo

Tive um sentimento de saudade ao chegar nova-mente ao Valleacute Blanche e olhar para traacutes para o trilho percorrido olhar aquele vale agora agrave luz do dia atravessado por tantas pegadas Olho de relance para a uacuteltima subida que nos falta fazer a aresta que nos levaraacute ao telefeacuterico na Aguille du Midi Faccedilo esta subida confiante como se ti-vesse deixado para traacutes todo o esforccedilo e cansaccedilo extremo desta maravilhosa aventura

Com grande pena natildeo pude comemorar em Chamonix nessa noite mas comemorei com imensa alegria ao reencontrar-me com a mi-nha famiacutelia orgulhosa de mim afinal estive no mesmo dia no cume do Monte Branco de manhatilde e agrave noite na minha cama quente e confortaacutevel em Lisboa oslash

Luiacutesa Tomeacute

Papa-Leacuteguaswwwpapa-leguascom

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um esforccedilo acrescido por outro Relembro a tra-vessia do glaciar do Tacul a ldquofazer trilhordquo o som dos campons na neve ecoava num ritmo proacute-prio pousava a minha bota no local exato onde o Joatildeo tinha feito a pegada como que num jogo em que quando falhava acrescia o esforccedilo que teria que fazer O som de passos intensifica-se temos mais madrugadores connosco Deixamo--los passar jaacute vimos a fazer trilho haacute bastante tempo eacute a vez de outros agora

Quando chegamos agrave ldquoparederdquo do Mont Blanc du Tacul jaacute temos algumas pessoas agrave espera para subir O sol ainda natildeo subiu para nos aquecer esperamos junto agraves cordas a nossa vez os peacutes comeccedilam a dar sinal de frio Iniciamos a subida os piolets e os crampons cravam-se certeiros no gelo a corda ajuda na subida Comeccedilo a ficar cansada e a hesitar paro por uns momentos sinto a boca seca o coraccedilatildeo a bater forte olho para cima jaacute natildeo falta muito - Piolet numa matildeo corda na outra sobe Luiacutesa ndash a voz do Heacutelder trouxe-me lucidez A energia que me faltava regressou Concentro-me e con-tinuo a subida pedaccedilos de gelo passam por noacutes arrancados aquela parede cheia de gente dese-josa de ultrapassar possivelmente o obstaacuteculo mais duro desta rota

O trilho continua pelo beliacutessimo Mont-Maudit apesar do seu nome O sol jaacute vai alto comeccedila a aquecer haacute que comeccedilar a tirar camadas Natildeo podemos desidratar Col de la Brenva um chaacute quente e uma bolacha Apetece ficar jaacute aqui as vistas satildeo surpreendentes Mas natildeo eacute este o nos-so objetivo vamos continuar a subir

Entrevista Diogo Miguel - (Oti-Estarreja)

ldquoO DEsPORTO EM PORTuGAL eacute uM EsPELhO DA sOCIEDADErdquo

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Entrevista

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Sabe acima de tudo as con-

diccedilotildees que temos e consegue olhar para o

resultado como sen-do bastante meri-

toacuterio

OutdOOr COmO eacute pOssiacutevel algueacutem COm-patibilizar a preparaccedilatildeO enquantO atleta de OrientaccedilatildeO de elite COm as exigecircnCias dum 6ordm anO dO CursO de medi-Cina

diOgO miguel O segredo reside sobretudo na motivaccedilatildeo Toda a gente consegue tirar um curso e fazer desporto e inclusivamente se gos-tar consegue treinar todos os dias Mas se esti-ver motivado o suficiente consegue levantar-se cedo para correr agraves seis da manhatilde estar na Fa-culdade agraves oito e meia sair agraves quatro da tarde e ir treinar outra vez estudar ateacute agraves dez da noite e dormir porque amanhatilde eacute outro dia Eacute preci-so estar-se motivado para abraccedilar esta vida durante o ano inteiro

Haacute quantO tempO eacute que as COisas satildeO levadas assimQuando comecei a fazer Orien-taccedilatildeo natildeo tinha grandes preo-cupaccedilotildees com o treino Durante os anos de faculdade jaacute treinava bastante a seacuterio mas foi haacute dois ou trecircs anos quando comecei a ser treinado pelo Professor Bruno Nazaacuterio que aumentei a carga de trei-no para o bi-diaacuterio A partir daiacute passei a ter o meu tempo totalmente ocupado Satildeo os estaacutegios do Curso o tempo de deslocaccedilatildeo para Hospitais da periferia uma tese para defender Este ano seraacute bastante mais exigente que os anteriores se calhar natildeo vou poder fazer treino bi-diaacuterio todos os dias como gostaria mas ainda assim vou pro-curar treinar duma forma o mais seacuteria possiacutevel e se natildeo puder fazecirc-lo na quantidade desejaacutevel pelo menos na qualidade espero consegui-lo

em 2007 COnquistOu a primeira grande medalHa da OrientaccedilatildeO pOrtuguesa aO sagrar-se CampeatildeO da eurOpa de JOvens

Chama-se Diogo Miguel e eacute aos 23 anos uma das referecircncias da Orientaccedilatildeo Pedestre nacio-nal Campeatildeo Europeu de Jovens em 2007 e Campeatildeo Nacional de Distacircncia Longa em 2009 e 2011 Diogo Miguel reparte o tempo entre a modalidade do seu coraccedilatildeo e as exigecircncias do curso de Medicina que abraccedilou haacute seis anos E foi precisamente por aiacute que a nossa conversa comeccedilou uma conversa onde passado presen-te e futuro se misturam e confundem numa teia de opccedilotildees direccedilotildees desafios e decisotildees Na Orientaccedilatildeo como na Vida

Por Joaquim Margarido

de sprint em eger na Hungria que me-moacuterias guarda dessa JOrnada Haacute CinCO anOs atraacutesGuardo sobretudo as memoacuterias e os amigos Na altura pensaacutemos que a visibilidade que este re-sultado poderia dar agrave Orientaccedilatildeo catapultasse a modalidade e possibilitasse a obtenccedilatildeo de mais apoios mas isso natildeo se veio a verificar pelo me-nos na medida daquilo que seria de esperar

esteve este anO nOs mundiais de lausan-ne COnseguindO O 33ordm lugar na Final a de distacircnCia lOnga que valOr atribui a este seu resultadOAtribuo-lhe um valor elevado ateacute porque foi a primeira vez em dez anos que um portuguecircs foi a uma final A de Distacircncia Longa Cheguei ao fim com a certeza de ter feito o meu melhor e se natildeo tivesse quebrado fisicamente teria fei-to melhor ainda Ou seja com outras condiccedilotildees de treino teria facilmente ficado entre os vinte e cinco primeiros Mas falta bastante cultura des-portiva agrave sociedade portuguesa em geral e se disser a algueacutem que natildeo estaacute familiarizado com a Orientaccedilatildeo que terminei em 33ordm num Campeo-nato do Mundo essa pessoa iraacute pensar ldquoesque-ce eacutes mau natildeo prestasrdquo Mas quem sabe como estas coisas funcionam sabe os sacrifiacutecios que temos que fazer Sabe acima de tudo as condi-ccedilotildees que temos e consegue olhar para o resulta-

do como sendo bastante meritoacuterio

temOs em pOrtugal O apOiO que deviacuteamOs Ou que mereCiacuteamOs

Natildeo Eacute bastante revoltante olhar para outros desportos como eacute o caso do Futebol e termos um Presidente que termina o man-dato agrave frente da Federaccedilatildeo e que se sente orgulhoso por ter deixa-

do um balanccedilo positivo nas contas de muitos milhotildees de euros Mas

satildeo estes precisamente que ainda assim continuam a receber milhotildees e

milhotildees do Instituto Portuguecircs do Desporto e Juventude enquanto outras modalidades lutam pela sobrevivecircncia Acho que somos claramen-te sub-apoiados O desporto em Portugal eacute um espelho da Sociedade Haacute os muito ricos e haacute os muito pobres Os ricos satildeo cada vez mais ricos e os pobres satildeo cada vez mais pobres Eacute a mesma coisa com o desporto

quandO OlHa para Os nOssOs JOvens que pOtenCialidades vecirc neles para COn-seguirem CHegar aOs lugares CimeirOs da OrientaccedilatildeO eurOpeia e mundialTemos alguns jovens com bastante valor prin-

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cipalmente o Luiacutes Silva Trata-se dum atleta que tem um futuro brutal e acho que vai ser sem sombra de duacutevidas o melhor atleta portuguecircs dentro de muito pouco tempo Olhando de for-ma mais aprofundada para estes atletas eacute uma realidade que eles tecircm hoje melhores condiccedilotildees em relaccedilatildeo agravequilo que noacutes tiacutenhamos na altura Basta ver que os atletas jaacute se deslocam com al-guma frequecircncia ao terreno antes das grandes competiccedilotildees coisa que natildeo havia ateacute haacute muito pouco tempo atraacutes E depois haacute os estaacutegios de Seleccedilatildeo Mas deve reconhecer-se que lhes falta o treino fora da competiccedilatildeo Acho que falta al-gum espiacuterito de sacrifiacutecio no treino em casa que eacute o mais importante

o CLubE dE oriEntaccedilatildeo dE EstarrEJa Eacute dEsdE sEMprE o sEu CLubE quE signiFiCa-do tEM para si EstE EMbLEMa E Esta CaMi-soLa quE EnvErgaComecei na Orientaccedilatildeo aos 8 anos e a minha primeira experiecircncia foi no Desporto Escolar na minha terra Canelas uma pequena aldeia do Concelho de Estarreja A essa primeira pro-va seguiu-se uma ldquoQuinzena da Orientaccedilatildeordquo no veratildeo e nunca mais parei Haacute quinze anos que estou ligado a este clube e ele faz parte de mim Poderia dividir a minha vida em dois por um lado a parte profissional da Faculdade e por outro a Orientaccedilatildeo Por estranho que possa pa-recer a parte desportiva natildeo se encontra num plano inferior relativamente agrave parte profissio-nal Ambas as partes se complementam uma agrave outra Portanto a minha ligaccedilatildeo a este clube eacute muito grande satildeo muitos anos satildeo muitas pes-soas e ajudou-me a crescer

aos Miuacutedos quE agora datildeo os priMEiros passos quE ConsELhos dariaO conselho natildeo o daria aos miuacutedos se calhar da-va-o antes aos pais Tanto a escola como o des-porto andam muito ligados Se temos disciplina num acabamos por ter disciplina no outro Natildeo eacute por acaso se olharmos para os atletas de topo a niacutevel nacional todos eles satildeo excelentes es-tudantes e tecircm um futuro profissional bastante promissor Tudo parte de quem educa Eu tenho a sorte de ter uns pais que sempre me educaram bem e que sempre me deram o apoio necessaacuterio para conseguir fazer as duas coisas

E deixaria ainda um conselho mais aos pais o de virem fazer uma prova de Orientaccedilatildeo com os seus filhos Uma das grandes vantagens da Orientaccedilatildeo eacute ser para aleacutem do ldquodesporto da flo-restardquo o ldquodesporto da famiacuteliardquo

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EntrevistaConsidEra quE Esta EacutepoCa CorrEu dE aCordo CoM as suas ExpECtativasNa verdade digamos que a eacutepoca estaacute quase agrave beira de comeccedilar Depois do Campeonato do Mundo tirei mais tempo do que era habitual para descansar e tenho estado a fazer pratica-mente soacute manutenccedilatildeo A eacutepoca teve alguns per-calccedilos comecei a treinar na Repuacuteblica Checa e apesar de ter feito muito treino com mapa devi-do agraves questotildees climateacutericas e agraves poucas horas de luz acabei por ter uma carga de treino aqueacutem do desejaacutevel Depois de regressar a Portugal estava a treinar bem mas tive um percalccedilo e lesionei--me num peacute o que me obrigou a uma paragem de um mecircs Isso fez-me perder muito da minha boa forma e acredito que se natildeo fosse isso po-

deria ter chegado muito melhor ao Campeonato do Mundo e aiacute o resultado poderia ter sido outro Apesar de tudo os resultados acabaram por ser bem melhores do que estaria agrave espera

o obJEtivo a Curto praZo passa pELo tiacute-tuLo naCionaL absoLutoPor acaso esse eacute um tiacutetulo que nunca alcancei Vou comeccedilar a treinar a seacuterio para chegar nas melhores condiccedilotildees ao Campeonato Nacional Absoluto e esse vai ser um bom teste O objetivo eacute estar laacute para ganhar

Quanto agrave proacutexima eacutepoca espero apresentar-me agraves provas em melhor forma do que este ano e que os bons resultados possam aparecer oslash

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wwwgarminpt

ofereccedila um garmin DeSemBruLHara caixa Seraacute Soacute o princiacutepio

este natal ofereccedila emoccedilotildees aventuras para quem viaja ou para os que correm para os que navegam no mar ou escalam montanhas Para os nadadores ou golfistas este natal ofereccedila um garmin

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Por Terra

ORIENTACcedilatildeOhellip DEsPORTO NA NATuREzA

Parque nacional torres del Paine Chile

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Cinco satildeo os sentidos estaacute nos manuais neles reside a possi-bilidade de um maior ou menor contacto da pessoa com aquilo que a rodeia Haacute ainda o sexto sentido aquela perceccedilatildeo extra--sensorial que parece ser mais propriedade das mulheres do que dos homens e que nas con-ceccedilotildees ocultistas estaraacute tam-beacutem sedeado num oacutergatildeo do nosso corpo Figurada ou ob-jetivamente eacute bom que todos eles ndash sem exceccedilatildeo - estejam suficientemente desenvolvi-dos sem isso natildeo haacute sentido de orientaccedilatildeo que aguente

A Orientaccedilatildeo eacute um Desporto recente em Portugal mas tem jaacute mais de 100 anos de existecircncia

enquanto desporto organi-zado Com efeito teraacute sido em Bergen - Noruega no ano de 1897 que se organizou a pri-meira atividade desportiva de Orientaccedilatildeo Os paiacuteses noacuterdicos satildeo ainda hoje aqueles onde a modalidade tem maior implan-taccedilatildeo mobilizando um nuacutemero de praticantes que coloca a

Orientaccedilatildeo entre os cinco des-portos com mais adeptos na Escandinaacutevia A maior prova do mundo realiza-se anual-mente na Sueacutecia os 5 dias da Sueacutecia com um nuacutemero de participantes que jaacute atingiu os 25000

Durante o seacutec XX a modali-dade foi evoluindo ateacute agrave criaccedilatildeo da Federaccedilatildeo Internacional de Orientaccedilatildeo (IOF) que fes-tejou em 2012 o 51ordm aniversaacuterio e veio normalizar mundial-mente as regras competitivas as normas para elaboraccedilatildeo dos mapas e as sinaleacuteticas a usar A Orientaccedilatildeo eacute praticada em quatro disciplinas diferentes Orientaccedilatildeo Pedestre Orien-taccedilatildeo em BTT Orientaccedilatildeo em Ski e Orientaccedilatildeo de Precisatildeo (Orientaccedilatildeo prioritariamente para deficientes motores)

Portugal tem marcado pontos na Orientaccedilatildeo para o desporto adaptado lanccedilando em 2012 a Taccedila de Portugal de Orientaccedilatildeo de Precisatildeo e criando um cir-cuito de Orientaccedilatildeo adaptada vocacionado prioritariamente para a deficiecircncia intelectual e

crianccedilas em idade preacute-escolar que eacute uacutenico no Mundo e que estaacute a ser jaacute implementado pela Espanha

o quE EacutePodemos dizer que a Orien-taccedilatildeo eacute um desporto completo Haacute o aspeto fiacutesico o treino no campo que se aproxima do treino dum atleta de fundo E haacute o aspeto mental que de-sempenha um papel funda-mental a leitura dos mapas o contra-reloacutegiohellip Eacute tambeacutem o desporto de natureza por exce-lecircncia Os orientistas saem dos trilhos balizados para pene-trarem no coraccedilatildeo da floresta Cada dia eacute uma nova aven-tura Daquele que se inicia na Orientaccedilatildeo ao mais consagrado dos praticantes haacute todo um mesmo espiacuterito de liberdade de fazer a sua proacutepria escolha do melhor itineraacuterio No Atle-tismo por exemplo a volta agrave pista teraacute sempre 400 metros quer seja aqui ou no Japatildeo Na Orientaccedilatildeo esta noccedilatildeo de dis-tacircncia tem muito pouco signi-ficado Tanto se pode fazer 10 quiloacutemetros numa hora e meia como em quarenta minutos E

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depois nunca existem duas florestas iguais Eacute o eterno recomeccedilo Na Austraacutelia ou na Suiacuteccedila no Japatildeo ou na Escandinaacutevia eacute necessaacuterio uma adaptaccedilatildeo a cada local natildeo haacute lugar a repeti-ccedilotildeeshellip

Cada corredor possui uma buacutessola e um mapa que contrariamente a um mapa normal conteacutem uma enorme diversidade de detalhes acerca dos seus elementos caracteriacutesticos (relevo do ter-reno vegetaccedilatildeo caminhos elementos rochosos construccedilotildees e muito mais) Os mapas satildeo rea-lizados segundo as normas especiacuteficas da Fede-raccedilatildeo Internacional de Orientaccedilatildeo que tem sede na Finlacircndia Aleacutem da legenda sobre os siacutembolos nele representados existe ainda uma sinaleacutetica

proacutepria que tem a ver com o percurso que o praticante vai realizar nesse evento e que eacute uma linguagem uni-versal

A partir do momento em que se potildee em marcha o cronoacutemetro o orientista deve efe-tuar o seu percurso que eacute marcado no mapa e que eacute cons-tituiacutedo por uma par-tida (representada por um triacircngulo) uma seacuterie de pontos de

passagem obrigatoacuterios (representados por ciacuter-culos) e a chegada (representada no mapa por dois ciacuterculos concecircntricos) Estes pontos satildeo materializados no terreno sob a forma de um prisma triangular denominado por baliza e a passagem deve ser validada por um sistema de ldquopicotagemrdquo manual ou eletroacutenica O objetivo consiste em fazer o percurso na sequecircncia in-dicada o mais rapidamente possiacutevel Mas entre cada ponto de passagem a escolha do itineraacuterio fica ao criteacuterio de cada um

O percurso em linha reta evidentemente nem sempre eacute o mais raacutepido Eacute necessaacuterio jogar com as inflexotildees do terreno os lagos os muros e outros acidenteshellip O tempo gasto a percorrer o traccedilado da corrida depende sobretudo do meio sobre o qual a mesma se desenrola Em terrenos como na Escandinaacutevia onde o relevo eacute mais duro numa mesma distacircncia poderemos gastar quase o dobro do tempo que gastariacuteamos num terreno plano e sem o mesmo tipo de obs-taacuteculos

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O conhecimento do relevo eacute a parte mais difiacutecil Eacute neces-saacuterio aprender a imaginar um terreno a trecircs dimensotildees sobre o mapa Claro que natildeo eacute apenas isto Para quem tem mais dificuldade em possuir a visatildeo a trecircs dimensotildees esta in-suficiecircncia pode ser compensada com outras qualidades nomeada-mente a atenccedilatildeo Mas nem todos pos-suem igualmente esta capacidade mental Como na generalidade dos desportos eacute neces-saacuteria uma longa aprendizagem onde o treino teacutecnico a vivecircncia de situaccedilotildees mais variadas e o nuacutemero de florestas ldquovisitadasrdquo desempe-nham um papel fundamental Eacute agrave medida que o tempo passa que o orientista aprende a adaptar o seu comportamento a reagir cada vez mais rapidamente e a encontrar as melhores opccedilotildeesO desporto natildeo eacute muito mediatizado e o espiacute-rito da Orientaccedilatildeo eacute o de permanecer livre Eacute um desporto ainda preservado de certas po-leacutemicas ldquodopingrdquo e outros malabarismos daiacute que muitos orientistas digam que natildeo seja mau de todo que ele permaneccedila ldquoconfidencialrdquo

Grandes Competiccedilotildees em 2013

Em 2013 as grandes competiccedilotildees internacio-nais onde Portugal vai querer estar presente

satildeo as seguintes

- Campeonato do Mundo de Juacuteniores ndash Repuacuteblica Checa (29jun-06 de julho) wwwjwoc2013cz

- Campeonato do Mundo Elite ndash Finlacircndia (07-14 jul)

wwwwoc2013fi- Campeonato do Mundo ve-

teranos ndash Itaacutelia (02-10 ago) wwwwmoc2013it

- Campeonato da Europa de Jovens ndash Israel (03 de novembro) wwweyoc2013org

portuGal na alta roda Mas Portugal vai ter brevemente grandes desa-fios pela frente- Em 2013 organiza uma etapa da Taccedila do Mundo de seacuteniores e o Campeonato do Mundo de Vete-ranos de Orientaccedilatildeo em BTT - Costa Alentejana entre 09 e 13 de outubro- Em 2014 organiza em Palmela de 9-14 de abril e em paralelo o Campeonato da Europa de Orientaccedilatildeo Pedestre e o Campeonato da Eu-ropa de Orientaccedilatildeo de Precisatildeo wwweoc2014fpopt

Carnaval o ponto alto Desde 1996 que Portugal realiza a sua prova ra-inha que atrai os melhores especialistas a Por-

Eacute um desporto ainda

preservado de certas poleacutemicas ldquodopingrdquo e outros malabarismos

daiacute que muitos orientistas digam que natildeo seja mau de todo que ele perma-

neccedila ldquoconfiden-cialrdquo

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Por Terratugal Eacute O Portugal Orsquo Meeting que desde 2000 se realiza no Carnaval com a duraccedilatildeo de 4 dias e pontuaacutevel para a liga Mundial de orientaccedilatildeo pedestre nos percursos de Elite Em 2013 Por-tugal vai receber pela primeira vez trecircs eventos pontuaacuteveis para a Liga Mundial02 e 03 de fevereiro ndash Norte Alentejano Orsquo Mee-ting ndash Nisa (wwwnaompt)09ndash12 de fevereiro ndash Portugal Orsquo Meeting ndash Idanha-a-nova (wwwpompt)16 e 17 de fevereiro ndash XIV Meeting de Orien-taccedilatildeo do Centro ndash Pombal (wwwcocpteventos16fev2013)

OrientaccedilatildeO muitO mais dO que um despOr-tOOlhando para a modalidade de uma forma mais transversal podemos enquadraacute-la aleacutem de mo-dalidade desportiva com aacutereas como o Ambien-te a Educaccedilatildeo e as Novas Tecnologias As qua-tro vertentes atraacutes enunciadas reunidas numa soacute tem a ver tambeacutem com solidariedade

Ambiente porque a Orientaccedilatildeo eacute o ldquoDesporto da Florestardquo fazendo de cada praticante um guardiatildeo e um amigo de tatildeo valioso patrimoacutenio Educaccedilatildeo porque eacute uma modalidade onde se aglutinam mateacuterias tatildeo nucleares como a Ma-temaacutetica ou a Geografia e se desenvolvem com-petecircncias como a capacidade de interpretaccedilatildeo ou o poder de decisatildeo por isso ser considerada prioritaacuteria para o Desporto Escolar Novas Tec-nologias porque eacute das modalidades que mais depende dos Meios Informaacuteticos a todos os niacute-veis do controlo de tempos agrave cartografia mais desenvolvida que existe Desporto porque pro-move a atividade fiacutesica e a Sauacutede dirigindo-se de igual forma agravequeles que individualmente a praticam ao niacutevel da alta competiccedilatildeo como agraves crianccedilas ou agraves famiacutelias que vecircm nela uma forma

de promover o seu bem estar fiacutesico e reforccedilar os laccedilos de amizade e convivialidade

E solidariedade porque vive da forccedila que projeta nos seus praticantes

trabalhando desinteressadamente em prol da modalidade em prol do paiacutes

Porque a Orientaccedilatildeo eacute Ambiente eacute Educaccedilatildeo satildeo Novas Tecnolo-gias eacute Desporto Porque a Orien-

taccedilatildeo gera Riqueza e gera Sauacutede Porque a Orientaccedilatildeo eacute de todos e

para todos Interessa a todos Inte-ressa ao Paiacutes Daiacute que eacute urgente que

todos venham experimentar e que descu-bram as belezas deste Paiacutes de mapa na matildeo oslash

Fernando Costa e Joaquim margarido

Olhando para a modali-

dade de uma forma mais transversal po-

demos enquadraacute-la aleacutem de modalidade desportiva

com aacutereas como o Am-biente a Educaccedilatildeo e

as Novas Tecnolo-gias

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OUTDOOR Setembro_Outubro 2011 139

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Na ida ao U-455 Armando voltou a repetir os procedimentos de anteriores expediccedilotildees ao rei-no do silecircncio e da escuridatildeo O regresso agrave superfiacutecie vindo dos 100 metros de profundidade demorou mais de 2 horas O graacutefico do mergulho registado no computador mostra uma descida raacutepida e pouco mais de 15 minutos no fundo para uma subida muita lenta que permitiu a descompressatildeo adequada

Habitualmente Armando mergulha com Joseacute Marques com quem formou a equipa In-silen-ce para explorar naufraacutegios profundos na costa portuguesa e participar em expediccedilotildees inter-nacionais de mergulho Entre as experiecircncias contadas no site da dupla e em reportagens anteriores estaacute a exploraccedilatildeo do miacutetico paquete italiano Andrea Doria naufragado no Atlacircnti-co Norte nos anos 60 Ou a descida aos 115 metros de profundidade aos destroccedilos do Vimi-nale torpedeado no estreito de Messina na Se-gunda Guerra Mundial De outros naufraacutegios do mesmo periacuteodo histoacuterico ambos arriscaram tudo o que sabiam num mergulho agraves aacuteguas frias da Noruega (5 graus) e aos destroccedilos da bata-

lha de Narvik uma das maiores batalhas navais do seacuteculo XX laquoAleacutem da profundidade recordo a escuridatildeo A visibilidade maacutexima eacute de 10 a 15 metros haacute sempre suspensatildeo e a aacutegua eacute leitosa e nunca totalmente clara parece que anda sem-pre uma poeira no ar eacute como se estiveacutessemos no nevoeiroraquo

O mergulho a norte do Ciacuterculo Polar Aacutertico ain-da hoje traz viacutevidas recordaccedilotildees aos 2 portugue-sesEm Portugal ficaram conhecidos pela descober-ta do cargueiro grego Agios Nikolaos ao largo de Peniche e pela localizaccedilatildeo recente do aviatildeo suiacuteccedilo que se despenhou haacute 34 anos na costa sul da Madeira

Do Mediterracircneo e do mergulho mais recente Armando recorda a primeira visatildeo do U-455 um dos 2 submarinos atualmente fundados na verti-cal nos mares do planeta e que se teraacute afundado depois de embater numa mina laquoO vulto do des-troccedilo com os flaps ainda intactos parecia uma baleia adormecida no fundoraquo

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Grande Reportagem

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Do Torreacuteon dos Galayos ex--liacutebris da escalada em rocha da Serra de Gredos e da Peniacutensula Ibeacuterica a vista sempre pano-racircmica parece desta vez ainda mais espetacular para Tozeacute O escalador portuguecircs acaba de abrir com os amigos espanhoacuteis uma nova via de grau 6 - na escala alpina significa ascen-satildeo extremamente severa e com passagens difiacuteceis

Para quem vive fora do mundo da escalada ibeacuterica passaram praticamente despercebidas as ascensotildees realizadas no uacutel-timo fim de semana de junho Muitos menos teratildeo ainda co-nhecimento que o feito tornou tambeacutem Antoacutenio Coelho- Tozeacute para os amigos- o uacutenico portu-guecircs a participar num projeto ineacutedito da Mamut Na iniciativa destinada a celebrar 150 anos de existecircncia a marca suiacuteccedila outdoor lanccedilou o Peak Project e selecionou 150 projetos de 150 equipas em todo o mundo unidas em mostrar o melhor que haacute na aventura ao alto

Na Peniacutensula Ibeacuterica e infeliz-mente Portugal ficou fora da iniciativa que animou as cor-dilheiras e serras do planeta incluindo Himalaias e Andes o liacuteder foi Raul Lora escala-dor de renome e que coordena atualmente a Escola Alpina de Gredos laquoO Raul eacute meu amigo e companheiro de outras es-caladas Logo que a Mammut aprovou o projeto reunimos a equipa e iniciaacutemos a escaladaraquo No parque natural de Gredos conhecido de muitos monta-nhistas e escaladores portu-gueses a escolha da equipa espanhola onde se integrou Tozeacute foi o Torreacuteon Sem ser o cume alto dos Galayos que atinge 2100m o prisma gigan-te de granito permite efetuar uma seacuterie de passagens teacutec-nicas e passos difiacuteceis que satildeo

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sempre um desafio para qualquer es-calador laquoPrimeiro abrimos uma via numa zona pouco frequentada do Torreacuteon que se chama de Cer-ro Peluca e batizamo-la natu-ralmente de 150ordm Aniversaacuterio Mammutraquo Eacute com modeacutestia que Tozeacute descreve a abertura da nova via

Aleacutem da nova via Tozeacute e os companheiros espanhoacuteis esco-lheram a Via Lucas ao Torreacuteon laquoEacute a que tem melhor visibilidade des-de o cume sobre os outros escalado-resraquo resume o escalador de Barcelos que no projeto Mammut enriqueceu o curriacuteculo longo de montanhista que incluiu a participaccedilatildeo nas primeiras expediccedilotildees portuguesas a cumes de 7 mil metros nos Himalaias ndash Pumori (2003) e Ama Dablam (2004) e a tentativa de ascensatildeo de um pico de 8000m o Kangchenjunga (2005)

Em Gredos no reino da rocha onde muito haacute por explorar e se sente como peixe na aacutegua o portuguecircs tem jaacute outro projeto ineacutedito com os amigos espanhoacuteis laquoSaberatildeo na altura certaraquo oslash

Aureacutelio FariaJornalista

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Aleacutem da nova via Tozeacute

e os companheiros espanhoacuteis escolheram a Via Lucas ao Torreacuteon laquoEacute a que tem melhor visibi-

lidade desde o cume sobre os outros es-

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Em Famiacutelia

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A segunda ediccedilatildeo do Porto City Race eacute um evento de Orienta-ccedilatildeo pedestre urba-no organizado pelo

Grupo Desportivo dos Quatro Caminhos em parceria com a Cacircmara Municipal do Porto atraveacutes da Porto Lazer

O evento faz parte do Circuito Nacional urbano da Federa-ccedilatildeo Portuguesa de Orientaccedilatildeo (CiNU) e eacute aberto a pessoas de qualquer idade podendo parti-cipar individualmente ou em grupo

Mesmo que nunca tenha visto um mapa ou uma buacutessola tem possibilidade de se juntar agrave fes-ta porque a organizaccedilatildeo faraacute acompanhamento e ensino com monitores

Traga a famiacutelia e venha conhe-cer os locais mais emblemaacuteti-cos do Porto e aprenda Orien-taccedilatildeo

Os participantes do evento te-ratildeo a possibilidade de competir no dia anterior no Justlog Park Race no Monte da Srordf da Assun-ccedilatildeo nos arredores do Porto

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Em FamiacuteliaoriEntaccedilatildeo o dEsporto da FaMiacuteLiaPelas suas caracteriacutesticas a Orientaccedilatildeo tem a possibilidade de ser realizada em famiacutelia No iniacutecio satildeo os pais que ensinam os filhos a des-mistificar o slogan de que a floresta eacute o ldquoterri-toacuterio do lobo maurdquo depois ter um mapa e um percurso satildeo momentos de partilha de busca de superaccedilatildeo de transmissatildeo de conhecimen-tos e de preparaccedilatildeo para a vida O facto de exis-tirem percursos adaptados a todas as idades e niacuteveis teacutecnicos permite que no mesmo espaccedilo todos possam executar o seu percurso mesmo que natildeo seja em conjunto

Na proacutexima ediccedilatildeo do Porto City Race a organi-zaccedilatildeo vai criar um percurso turiacutestico vocaciona-do para a famiacutelia em que os pontos de controlo seratildeo monumentos e em que a entrada nos mes-mos seja facilitada Assim aleacutem de cumprirem um percurso de Orientaccedilatildeo poderatildeo tambeacutem conhecer melhor a cidade e a sua histoacuteria oslash

Fernando Costa

11 dE Maio dE 2013 Justlog Park Race - Monte da Srordf da Assunccedilatildeo

12 dE Maio dE 2013 Porto City Race - Centro Histoacuterico do Porto (Patrimoacutenio Mundial)

doMingo 12 dE Maio 2013- porto City raCE

08h30 - Abertura do secretariado no local da prova (A confirmar)

10h00 - Partida dos primeiros atletas

13h00 - Encerramento

Mais inForMaccedilotildeEs EMwwwgd4caminhoscomportocityrace2013

PROGRAMA

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16 Janeiro_Fevereiro 2012 OUTDOOR

Em Famiacutelia

A ROTA DA AacuteGuAPOR LIsBOA

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omo proposta para um passeio em famiacutelia e adequado desde os mais novos ateacute aos mais grauacutedos suge-rimos uma visita guiada ao Palaacutecio Marquecircs da Fronteira e o passeio

pedestre Rota da Aacutegua no Parque Florestal de Monsanto em Lisboa

Quem jaacute olhou e passou por debaixo do aquedu-to das Aacuteguas Livres em Lisboa e pensouhellipquem me dera poder subir e saber todos os seus recan-tos histoacuterias e lendas

Neste passeio vai ter acesso a um percurso de 8 km com direito a perguntas e respostas sobre este monumento que nos envolve com a sua grandiosidade e beleza

Porque eacute cedo que comeccedila o dia a hora de en-contro eacute pelas 9h30 no estacionamento em fren-te ao Palaacutecio Marquecircs e Fronteira no largo Satildeo Domingos de Benfica em Lisboa

O palaacutecio foi construiacutedo em 1640 para o pri-meiro Marquecircs de Fronteira D Joatildeo de Mas-carenhas heroacutei da Guerra da Restauraccedilatildeo Este bonito Palaacutecio situa-se agrave beira do Parque Flores-tal de Monsanto no Largo de Satildeo Domingos de Benfica

O Palaacutecio foi ampliado no seacuteculo XVIII em estilo laquorocailleraquo e continua a ser atualmente residecircn-cia dos 12ordm Marquecircs de Fronteira sendo contudo possiacutevel visitar algumas das salas a biblioteca e o jardimO interior eacute igualmente rico destacando-se a Sala das Batalhas que contem belos paineacuteis e azulejos com cenas da Guerra da Restauraccedilatildeo trecircs grandes janelas que se abrem sobre o Jar-dim de Veacutenus e a Sala da Jantar adornada com frescos de retratos da nobreza portuguesaA Capela de finais do seacuteculo XVI conta no seu interior com um preseacutepio cuja autoria eacute atribuiacute-da a Machado de Castro As visitas aos sumptuosos Jardins ldquoagrave italianardquo comeccedilam no terraccedilo da capela com destaque para o Jardim de Veacutenus e o Jardim Formal do seacuteculo XVII onde pontifica a Galeria dos ReisPara completar o passeio iremos conhecer a Rota da AacuteguahellipA Rota da Aacutegua tem 8 km e atravessa uma seacuterie de espaccedilos recreativos e de lazer entre eles o Parque Recreativo do Alto da Serafina o Espa-ccedilo Monsanto Parque da Pedra Parque do Ca-lhau e Mata S Domingos de Benfica O traccedilado do Aqueduto das Aacuteguas Livres acompanha uma parte da rota

O programa comeccedila com uma visita guiada ao Palaacutecio Marquecircs da Fronteira aacutes 10h O passeio pedestre teraacute iniacutecio por volta das 11h30mNatildeo percam este passeio de grande interesse natural histoacuterico-cultural e fotograacutefico oslash

Local de encontro No estacionamento em frente ao Palaacutecio Marquecircs e Fronteira Hora de encontro 9h30m Hora de iniacutecio do pro-grama 10h Percurso Circular Distacircncia 8 km Grau de dificuldade FaacutecilHora prevista do final do programa 14h30m (inclui paragem para descanso e comer) Ponto de encontro Morada Largo de S Domingos de Benfica 1 - 1500-554 Lisboa GPS N 38ordm 44 2503 W 9ordm 10 496 Em alternativa o local de encontro pode ser no Lu-miar em frente ao supermercado Europa agraves9h GPS 38773763-9160421 Ou em Sete Rios agraves 9h15m em frente ao ZOO Haacute possibilidade de boleia para quem necessitar Quem tiver boleia para oferecer agradeccedilo que me avise e indique local de partida Preccedilo do programa 10 euroA atividade estaacute coberta por seguroRecomendaccedilotildees - Uso de calccedilado confortaacutevel e com boa aderecircncia aos solos proacuteprio para caminhadas - Uso de vestuaacute-rio adequado ao tempo - Alimentaccedilatildeo trazer farnel e aacutegua - Trazer chapeacuteu e protetor solar - Natildeo se afastar do grupo - Deixar o lixo nos locais apropriados - Respeitar a vida selvagem e natildeo perturbar a tran-quilidade local - Respeitar a propriedade privada e os campos cul-tivados

Um programa Caminhos com Carisma lda

ContactosE-mail caminhoscomcarismagmailcom Telefone 914 907 446 967 055 233

ficha teacutecnica

Em Famiacutelia

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Tipo Expediccedilatildeo no DesertoGrau de dificuldade Moderado 1012km diaacuterios aproximadamente 4 horas de caminhadaCaracteriacutesticas8 dias 7 noites6 dias de expediccedilatildeoPuacuteblico-alvo Adequado a crianccedilas gt 8 anos(transporte em dromedaacuterio)Proacuteximas datas 26 de dezembro de 2012 a 2 janeiro de 2013Programa previstoDia 1 Viagem para Marrakech e transfer para riad no centro Noite em RiadDia 2 Viagem de Marrakech para Zagora em viatura exclusiva para o grupoDia 3 Dunas Bougayoirn -gt Dunas Tridi Dia 4 Tridi -gt erg (duna) EssahelDia 5 Erg Essahel -gt Dunas de LanithieDia 6 Dunas de Lanithie -gt Ouled DrissDia 7 Dunas de Lanithie -gt Ouled DrissDia 8 Marrakech e regresso

Equipamento obrigatoacuterioMochila pequena cantil (ou similar)Saco de viagem (maacutex 60Lt e 10kg) para transportar no dromedaacuterioSaco camaFrontal ou lanternaOacuteculos escuros chapeacuteu e protetor solarRoupas confortaacuteveis para caminhadaImpermeaacutevelAgasalho noturnoBaacutesicos de higiene (incluir toalha pequena e ligeira e produtos biodegradaacuteveis papel higieacutenico e saco chinelos)1ordms socorros pessoais que devem incluir anti mosqui-to e anti diarreicoPara as Senhoras ndash calccedilas compridas para atravessar algumas aldeias

Equipamento RecomendadoMaacutequina Fotograacutefica Sticks de Caminhada Calccedilado confortaacutevel e desportivo (uso recomendado)

Nuacutemero miacutenimo 6 pessoas (preccedilo sob consulta para grupos de nuacutemero inferior)

Preccedilo Desde 799euro | + 50euro (suplemento single em Marrakech)

Mais informaccedilotildees aquiUm Programa Caminhos da Natureza oslash

DEsERToDUNas E oaacutesis

Tipo de percurso NaturezaTrekkingGrau de dificuldade MeacutedioAltoCaracteriacutesticas8 dias 7 noitesProacuteximas datas 26 de dezembro de 2012 a 2 janeiro de 2013

Marrocos eacute um paiacutes lindiacutessimo que por estar tatildeo perto e ser tatildeo exoacutetico merece uma visitaNesta viagem propomos mais que uma visita sugeri-mos uma aventura de vaacuterios dias a peacute a acompanhar uma caravana de camelos Iraacute atravessar planaltos e desertos descansar agrave som-bra de oaacutesis e dormir sobre as estrelas beber chaacute na companhia de Berberes e ouvir as suas histoacuterias Per-correremos caminhos antigos de caravanserais que acompanham rios e dunas Para no fim saborearmos um merecido descanso na magia do deserto Aproveite este fim de ano para comemorar em boa companhia e num cenaacuterio exoacutetico e inesqueciacutevel a entrada do novo ano e para conhecer ou regressar a este maravilhoso paiacutes

Programa previstoDia 1 Voo cidade de origem - MarrakechDia 2 Marrakech - ZagoraDia 3 Beni Ali - Oaacutesis de Foum TaqquatDia 4 Oaacutesis de Foum Taggat ndash Dunas de Nesrate ndash Ksar Ait IsfoulDia 5 Oaacutesis e dunas de Nesrate ndash Zaouiat Sidi Saleh ndash Duna de TidiriDia 6 Dunas de Tidiri ndash Oaacutesis e dunas de Ragabi ndash Dunas Erg LihoudiDia 7 Viagem para MarrakechDia 8 Voo Marrakech - cidade de origem

Preccedilo 580euro (Preccedilo Terra) | Desde 350euro (Preccedilo voo) + Suplemento ind Marrakech 50 euro

Mais informaccedilotildees aquiUm Programa Papa-Leacuteguas oslash

TREkkiNG No DEsERTo

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dia 1 - 28ago12 keflavik- selfoss ndash 112 kmNoacutes movemo-nos como este vento que corre li-vremente por este paiacutes gelado Tatildeo a sul quanto eacute possiacutevel nesta latitude percorremos a estrada da costa expostos a um inquietante e impressio-nante vento que nos derrubou por diversas ve-zes Ele natildeo deixa saudades apenas ficam mar-cas e recordaccedilotildees Por momentos sentimo-nos transportados para o outro extremo do mundo na Patagoacutenia onde os 8 meses que separam es-tas 2 aventuras natildeo chegam para tirar do corpo o desconforto que nos provocou

Por todo o lado nota-se a natureza intocada com pouca vegetaccedilatildeo os tons escuros dos solos vulcacircnicos e muitas rochas de lava cobertas de musgo O momento do dia foi junto da Blue La-goonl um dos pontos mais turiacutesticos da Islacircndia

Pedalar por um sonho agraves portas do Ciacuterculo Polar Aacutertico

Para os sonhos serem realizados eacute preciso al-gueacutem que acredite A nossa viagem agrave Islacircndia foi alimentada pela vontade de ajudar 2 crianccedilas a concretizar 2 sonhos em conjunto com a Ins-tituiccedilatildeo terra dos sonhos porque um sorriso vale tudo

Durante 3 semanas pedalaacutemos no nosso mundo de sonhos e a cada pedalada recebemos sorri-sos em troca

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Para muita gente

viajar significa ir ao encontro daquilo

que procuram Noacutes que viajamos com a bicicleta e em autonomia sabemos

que o destino estaacute traccedilado mas eacute

incerto

dia 2 - 29ago12 selfoss-selfoss Atraacutes das montanhas em busca do Circulo de Ouro 95 km Hoje o dia foi programado para viajarmos sem bagagem Era uma volta circular que nos leva-va para laacute das montanhas ateacute agrave fenda onde a Islacircn-dia se equilibra

No parque nacional de Thingvellir vivemos alguns dos mais conhecidos fenoacutemenos naturais desta ilha Aqui eacute o local onde se separam as placas tectoacute-nicas americana e euroasiaacutetica criando uma fenda que se afasta 2cm por ano

dia 3 - 30ago12 selfoss-Laugarvatn-gey-sir-gullfoss-Fludir-Aacuternes 140 kmPercebemos agora porque chamam ciacuterculo de Ouro ao Geysir e agrave cascata Gullfoss O turismo mais va-lioso chega em inuacutemeros autocarros e viaturas 4X4 equipadas com rodas ldquoextra sizerdquo

Natildeo eacute preciso chegar a este local para sentir os cheiros que os vapores emanam do subsolo Em povoaccedilotildees com pouco mais de 4 casas eacute possiacutevel ver-se a terra em plena atividade diante dos nossos olhos e sentir-mo-nos convidados a ocupar todo o espaccedilo aquecido

Laugarvatn Fludir ou Aacuternes todas estatildeo num terri-toacuterio maacutegico onde o tamanho natildeo conta e os limites que existem satildeo impostos pela nossa imaginaccedilatildeoEstas aldeias natildeo brilham mas valem ouro Ainda estamos a 20 quiloacutemetros do destino mas jaacute passa-ram mais de 10h desde que saiacutemos Eacute tarde e natildeo vamos ter tempo para recuperar e enfrentar 4 dias de total isolamento por uma estrada de montanha que atravessa 2 glaciares

A ementa para tantos dias corre velozmente na mi-nha mente Compramos tudo o que julgamos vir a precisar mas antes percorro corredores vasculho prateleiras tenho hesitaccedilotildeeshellipCalamos o medo e pegamos na bicicleta

dia 4 - 01 set12 Aacuternes ndash highland center 70kmDamos hoje a primeira pedalada de aproximada-mente 300 quiloacutemetros em direccedilatildeo ao centro da Terra as highlands

Para muita gente viajar significa ir ao encontro da-quilo que procuram Noacutes que viajamos com a bici-cleta e em autonomia sabemos que o destino estaacute traccedilado mas eacute incerto O encontro com o inesperado eacute muitas vezes algo que acontece com frequecircnciaFoi uma noite mal dormida devido agrave ansiedade e ao risco do que nos propunhamos fazer Sabemos que a cada quiloacutemetro que andamos comeccedila uma nova aventura

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Natildeo podiacuteamos esperar mais Saiacute-mos do Youth hostel debaixo de chuva tendo como esperanccedila al-guma falha nas previsotildees meteo-roacutegicas para as horas seguintes Insiacutepidos e molhados desde cedo buscamos abrigo no highland center

dia 4 - 02set12 highland center ndash nyidalur hut 110km Toda a ilha eacute uma zona livre de stress Quando percorremos a fantasmagoacuterica Sprengisadur route (F26) percebemos que es-tamos livres de tudo ateacute do nosso juiacutezo A nossa ambiccedilatildeo quando tracaacutemos esta rota era atraves-saacutermos o paiacutes de sul para norte e passarmos entre os glaciares Holsjokul e VatnajokullA natureza pode ser simulta-neamente dura delicada e cruel como foi ontem mas foi genero-sa connosco hoje ao permitir-nos ver a paisagem de cascalho solto nua sempre do mesmo tom cas-tanho escuro

O silecircncio ganhou espaccedilo ateacute ao momento em que conseguimos chegar ao abrigo de montanha (hut)

dia 5 - 03set12 - nyida-lur hut ndash rest dayNem pensar em cruzar a precio-sa porta do abrigo Laacute fora estaacute tudo muito branco e diferente daquilo a que estamos habitua-dos e por isso mantivemo-nos no hut de Nyidalur (na base do vulcatildeo Tungnfell) durante 2 noi-tes por seguranccedila O fogatildeo estaacute sempre aceso e tem uma enorme panela com aacutegua pronta a aque-cer quem chegue

Para que possamos variar do esparguete e noodles (jaacute natildeo haacute muito) vamos tentar fazer patildeo O resultado da nossa experiecircncia a juntar ingredientes com nomes impronunciaacuteveis em que iacuteamos provando para perceber o que era deu num cruzamento entre o patildeo e o rissol O duo de motards que dividiam o hut connosco re-petiram Significa que inventaacute-mos mais um pastel falta soacute dar um nomehellipO Ranger do Parque Nacional acaba de chegar ao hut e veio confirmar que somos mesmo malucos por estarmos nas high-lands nesta eacutepoca Aleacutem disso avisou que vai haver tempestade para esta noite e amanhatilde

dia 6 - 04set12 - nyidalur hut- rest dayLaacute fora estatildeo 0ordmC e as bicicletas encostadas imoacuteveis sujeitas a mais um teste de resistecircncia O nosso passatempo eacute assar ba-tatas ver quem passa e a forma como transpotildeem o rio A nossa vez de partir vai chegar ainda natildeo sabemos eacute quando Para jaacute passa a 3ordf noitehellip

dia 7 - 05set12 - nyidalur hut ndash Laugar 129kmO som do vento acorda-nos mui-to cedo e era semelhante ao do dia anterior Se a direccedilatildeo se man-tivesse de norte significava mais um dia perdido Inquieto dirijo--me ateacute agrave janela para observar o uacutenico ponto de referecircncia no ex-terior uma bandeira chicoteada pelo vento vindo de sulEstava dado o sinal de partida para mais do que uma maratona nas highlands Ao longo do ca-minho a neve mantinha-se por vastas aacutereas e o vento empur-rava-nos ao mesmo tempo que nos congelava as extremidades e queimava a pele

Foi uma benccedilatildeo a ajuda do Ran-ger para transpormos 2 rios em

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seguranccedila sem nunca nos molharmos A aacutegua que noacutes e os islandeses bebem vem de rios como estes sem qualquer tipo de tratamento

DIA 8 - 06set12 Laugar ndash Lago Myvatn- Lau-gar 85 kmFoi tanta a privaccedilatildeo nos dias anteriores que hoje sonhaacutemos com o pequeno almoccedilo que teriacuteamos pela manhatilde antes de nos deslocarmos para o Lago Myvatn Este lago imenso e a aacuterea envolvente satildeo um dos grandes tesouros europeus Durante a nossa volta circular toda a paisagem eacute surreal Lava fumo a sair da terra crateras aacutegua e montanhas vulcacircnicas

Haacute muitos dias que transportamos os fatos de ba-nho na pequena mochila que vai agraves costas na es-peranccedila de um banho quente em qualquer charco inesperado Hoje tivemos o nosso primeiro hot pot Eles satildeo um must nesta regiatildeo (eacute como estar num jacuzzi no meio da rua com um cenaacuterio deslum-brante)

DIA 9 - 07set12 Laugar ndash Akureyri 67kmIsto de pedalar com vento natildeo tem graccedila nenhu-ma especialmente porque natildeo se consegue ter mo-

mentos de contemplaccedilatildeo parados Em dias assim eu sou a ponta da flecha que abre uma fissura no vento e permite que a Filomena possa andar na roda Acabar eacute uma vitoacuteria mas natildeo existe gloacuteria quando se chega ao fimAkureyri eacute a capital do norte e a 2ordf cidade maior do paiacutes com 18000 habitantes civilizaccedilatildeo situada num fiorde rodeado de cumes nevados uma escolha acertada para ficar um dia a descansar

DIA 10 - 09set12 Akureyri- Varmahliacuteo 95 kmMesmo a pedalar sobre a Route 1 os grandes hori-zontes continuam a fazer parte desta viagem An-damos pelos vales e seguimos os cursos dos rios alimentados pelas aacuteguas que escorrem incessante-mente das arribas que nos flanqueiamPodia afirmar que estou eufoacuterico diante das infini-tas possibilidades que tenho pela frente mas natildeo estou Novo aviso de tempestade acompanhada de ventos fortes (23 ms) natildeo convida a grandes aven-turas

Por hoje natildeo precisamos de nos preocupar esta-mos bem abrigados numa quinta na aldeia de Var-mahliacuteeth com 130 pessoas

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DIA 11 -10set12 Varmahliacuteo ndash Rest dayParece que o inverno veio todo num soacute dia e pintou tudo de branco O supermercado estaacute a 300 metros mas eacute como se fosse uma miragem Temos mais um dia de paragem forccediladaO nevatildeo ganha cada vez mais terreno agrave medida que as horas avanccedilam A estrada estaacute interdita agrave maio-ria dos veiacuteculos e por precauccedilatildeo as pessoas satildeo aconselhadas a procurar alojamentoEm pouco tempo a senhora Inda de 81 anos que haacute poucas horas parecia ter uma vida pacata a co-chilar no seu sofaacute mostrou-nos como eacute uma ver-dadeira mulher do norte Enquanto nos convidava para um lanche com bolos caseiros mostrava or-gulhosamente os aacutelbuns de famiacutelia recebia os tu-ristas que iam chegando e quando a lotaccedilatildeo esgo-tou pegou no seu jeep e conduzia estrada fora para os ir alojar

DIA 12- 1set12 Varmahliacuteo ndash Saeberg (hostel) 15kmEsta aventura jaacute foi longe demais Temos metade da quilometragem que planeaacutemos centenas de peripeacutecias e riscos incalculados e soacute nos apetece chegar agrave capital Laacute fora tudo continua branco e a abanar no entanto existe a necessidade de arran-car Estamos confiantes nas previsotildees para o dia de hoje mesmo quando aquilo que vemos natildeo inspira confianccedila

Comeccedila a nevar comeccedila a montanhahellipVaacuterios car-ros estatildeo soterrados nas bermas os flocos voam magoam as faces e a subida ainda vai no iniacutecio Me-tro a metro vamos quebrando o gelo Quem passa tira fotografias e fica increacutedulo Noacutes tambeacutem Natildeo sabemos como equilibrar as 2 rodas perante esta manifestaccedilatildeo da natureza As equipas de emergecircn-cia patrulham a aacuterea e noacutes fazemos ldquolikerdquo sem nos apercebermos que as descidas se tornariam autecircn-ticos escorregasPedimos ajuda e somos resgatados ateacute ao nosso destino Estaacute um sol maravilhoso e as vistas satildeo lindas A vida eacute tatildeo bela porque seraacute que ando de bicicleta em siacutetios tatildeo difiacuteceisPronto Depois de 1h dentro do hot pot percebe-mos porque natildeo ficamos em casa Casa eacute onde estaacute o nosso coraccedilatildeo

DIA 13 - 12 e 13 set12 Saeberg ndash Borgarnes ndash Reykjavik 226kmsEstamos a oeste mas o nosso sentido eacute cada vez seguir para mais perto do nosso ponto inicial O isolamento e a ausecircncia da matildeo humana con-tinuam a ser uma das grandes referecircncias deste paiacutes Os horizontes ateacute Borgarnes perdem a cor e parecem-se com tantos outros que jaacute vimos noutros lugaresReykjavik natildeo estaacute isolada natildeo estaacute no topo de uma

montanha e nem sequer haacute nada de extremo nesta cidade

DIA 14 - 14 set12 Reykjavik ndash Rest dayA capital natildeo nos cativa eacute exageradamente cara e parece viver soacute de noite

DIA 15 - 15 set12 Reykjavik ndash Keflavik 49kmFelizmente que as imagens que estamos a ver e que satildeo iguais ao primeiro dia representam ape-nas uma pequena amostra deste paiacutes Natildeo haacute aacutervo-res natildeo haacute rios natildeo haacute vales apenas uma rugosa paisagem lunar fruto da forte atividade vulcacircnica nesta peniacutensula

Ateacute ao aeroporto jaacute natildeo contamos observar nada daquilo que enche as brochuras e panfletos que se podem encontrar e consultar espalhados por qual-quer parte desta linda ilha Resta-nos pedalar

EPIacuteLOGO Natildeo satildeo os nuacutemeros que fazem uma via-gem de SONHO Os quiloacutemetros ambicionados os desniacuteveis previstos os dias programados ficaram aqueacutem do planeado Mas as expectativas planeadas foram largamente ultrapassadas pois tivemos expe-riecircncias uacutenicas em cenaacuterios de Sonho com amiza-des imprevistas

Nesta ilha todos os sentidos experimentaram a na-tureza em estado puro A esta latitude tudo se torna impreviacutesivel os 6 dias que ficaacutemos retidos e os 1400 quiloacutemetros percorridos hoje parecem pouco vistos agrave distacircncia num lugar seguro

AGRADECIMENTO Aos nossos apoiantes ndash Terra dos Sonhos Cofides Competiccedilatildeo Movefree Bike performance Center D-Maker Ortik Bike Magazi-ne Bivaque Extramedia Portal Aventuras

Um agradecimento muito especial agrave missatildeo da For-ccedila Aeacuterea Portuguesa ndash Iceland Air Policing que nos recebeu e transportou as nossas bagagens no re-gresso a Portugal Bem hajam oslash

Ricardo Mendes e Filomena Gomes

MAIS PORMENORES E FOTOS

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Aventura- Tsiiii tsiiii ndash o meu olhar desviou-se do hori-zonte que observava tentando encontrar por perto de onde vinha o som daquele assobio

- Satildeo as marmotas Estatildeo a avisar as outras que noacutes estamos por perto eacute assim que comunicam principalmente se sentem algum perigo - o Heacutel-der ria do meu ar confuso Ia jurar que o assobio vinha de um ser humano Foi a primeira vez que avistei este simpaacutetico mamiacutefero Imagino esta marmota no meio dos peluches do quarto das minhas filhas Satildeo sem duacutevida um animal sim-paacutetico estes excelentes escavadores que vivem em altitudes desde os 900m aos 3200m Nove meses do ano passam-no a hibernar Estamos em pleno veratildeo nos Alpes e as marmotas estatildeo em grande atividade armazenando energias para o inverno Conseguimos avistar os outros elementos da coloacutenia ldquode peacuterdquo alerta Foi um bom motivo para uma merecida pausa tirar a mochila hidratar comer uma barra energeacutetica

Jaacute haviacuteamos percorrido grande parte do trilho que nos levaria ao Refuacutegio Albert I Eacute aqui que pernoitaremos para iniciar a nossa aclimataccedilatildeo Saiacutemos da pequena vila de Le Tour de onde partem os telefeacutericos usados no inverno para aceder agraves pistas de esqui No veratildeo continuam em atividade facilitando o percurso aos trekkers que natildeo queiram palmilhar o desniacutevel de cerca de

700m que os separa do Col de Balme- Estamos a aclimatar e tambeacutem a treinar nem pensar em usar meios mecacircnicos ndash Helder sor-ria a dizer esta frase Foi quanto bastou para perceber que a manhatilde ia ser longa Depois de vencermos grande parte do desniacutevel chegamos a um local de onde se pode avistar a cordilheira do monte Branco la Verte os Drus as Aiguil-les de Chamonix e o Monte Branco com os seus 4810m Mas que local magniacutefico para aclimatar pensei Para subir em altitude temos que permi-tir ao nosso organismo que se habitue gradual-mente agrave falta de oxigeacutenio a que vai ser exposto Para isso vamos fazendo caminhadas subindo gradualmente para que ao fim de alguns dias jaacute estejamos mais aptos a entrar numa zona em que a pressatildeo atmosfeacuterica eacute menor e o oxigeacutenio do ar mais rarefeito

Ao chegar agrave moreia do glaciar do Tour resta-nos uns 200 m para o nosso objetivo A 30 de agosto de 1930 o rei Alberto I da Beacutelgica inaugurou o primeiro refuacutegio que tem o seu nome Em 1935 o refuacutegio foi ampliado no entanto natildeo foi sufi-

ciente e o atual precariamente empoleirado num penhasco a uma altitude de 2706

inaugurado a 12 de julho de 1959 foi construiacutedo perto do primeiro

edifiacutecio Natildeo posso deixar de me impressionar ao avistaacute-lo e quando chego sento-me na varanda feliz por poder apre-

Esta-mos em pleno

veratildeo nos Alpes e as marmotas estatildeo em grande ativida-de armazenando energias para o

inverno

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ciar vistas tatildeo magniacuteficas ehellip por poder tirar as botas Natildeo tinha botas de alta montanha mas um amigo comprou umas plaacutesticas em segun-da matildeo em Chamonix e sorte das sortes eram o meu nuacutemero Fiz este trekking com elas para me habituar resultou Mas os meus peacutes supli-cavam por ar fresco Soacute conseguimos dar o de-vido valor ao momento de descanso conversa contemplaccedilatildeo numa varanda dum refuacutegio se jaacute tivermos percorrido umas boas horas por trilhos de montanha Saboreei ao maacuteximo este tempi-nho sabia que a tarde era guardada para treino no glaciar como andar em cordada e escalada no gelo Eacute sempre bom relembrar as bases um acidente pode acontecer quando descuramos as regras mais simples e esta tarde foi fundamental para isso Um sol magniacutefico vistas deslumbran-tes ambiente descontraiacutedo Natildeo deixar a corda a tocar o chatildeo nunca a pisar nem a ter dema-siado em tensatildeo Esta sintonia entre elementos de cordada trabalha-se e soacute com o treino a con-seguimos obter Amanhatilde vamos sair ao nascer do dia em direccedilatildeo agrave Aiguille du Tour Esta for-maccedilatildeo com 3540m eacute muito popular entre as pes-soas que tentam a ascensatildeo ao Monte Branco Eacute relativamente faacutecil a sua subida pela face leste

A meteorologia na manhatilde da nossa subida esta-va perfeita Adoro toda a logiacutestica de preparaccedilatildeo de saiacuteda do refuacutegio O acordar ainda de noite os ruiacutedos leves e abafados dos mais madrugadores na camarata o som dos passos ainda lentos no chatildeo de madeira Tento concentrar-me para natildeo me escapar nada ter todo o material colocado e sentir-me confortaacutevel Saio do refuacutegio e o ar

fresco da montanha acorda os meus sentidos Comeccedilamos a subir o glaciar frontais ligados muacutesculos a aquecer A inclinaccedilatildeo eacute moderada e rapidamente chegamos ao colo superior do Tour que marca a fronteira da Franccedila com a Suiacuteccedila ndash Trouxeram o passaporte Vamos pas-sar no posto fronteiriccedilo ndash pergunta o Heacutelder a sorrir Atravessamos agora o glaciar de Trient o sol aquece-nos e as vistas satildeo surpreendentes Ao chegar agrave base da aguille do Tour fazemos o nosso merecido descanso comer beber aacutegua apreciar a beleza que nos circunda Vem agora a parte divertida para quem gosta de escalar em rocha Iniciamos calmamente a nossa subida vamos ouvindo algumas orientaccedilotildees progredin-do e fazendo manobras para passar nas zonas mais expostas ateacute chegarmos ao topo Emocio-no-me com a beleza agrave minha volta O meu pen-samento liga-se a algueacutem muito querido que haacute bem pouco tempo deixou a vida terrena sinto a sua proximidade Um abraccedilo forte da minha amiga de escalada traz-me novamente agrave terra E ali agrave nossa frente majestoso quase como que a chamar-nos o Monte Branco

Foi nesse mesmo dia que regressamos a Chamo-nix Uma longa descida animada pela conversa descontraiacuteda sobre os Alpes - Haacute sempre tanto que contar desta cordilheira travessias espeta-culares que se podem fazer ndash ouvia atenta as histoacuterias que me contavam era a minha primei-ra vez nos Alpes e jaacute estava cativada Cativada ateacute pela proacutepria cidade de Chamonix Eacute um lo-cal onde se respira ar livre Da varanda do nos-so apartamento para onde quer que olhe vejo

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Aventuraatividades outdoor Ouccedilo os risos alegres dum grupo que desce o rio fazendo rafting observo o ceacuteu colorido pelos parapentes as pessoas pas-sam na rua equipadas com roupa de montanha Cheguei a Chamonix haacute dois dias de comboio Quando deambulava pelas suas ruelas cho-quei com uma curiosa estaacutetua onde um homem aponta a outro o cume do Monte Branco

- Eacute Jacques Balmat que estaacute a apontar para o cume ele foi o primeiro homem a subir esta montanha a 8 de agosto de 1786 acompanha-do do meacutedico Michel Paccard Saiacuteram de Cha-monix acamparam no cume da Montagne de la cote a 2630m agraves 4 da manhatilde partiram e chega-ram ao cume por volta das 6h da tarde Balmat nasceu neste vale era um caccedilador de cristais tinha uma vontade de ferro e um instinto para as montanhas Paccard era meacutedico em Chamonix e um excelente alpinista adorava botacircnica e mi-nerais Tambeacutem lhe erigiram aqui uma estaacutetua

Foi ele que conheceu Horace-Beacute-neacutedict de Saussure que ini-

ciou a corrida do primeiro homem a subir ao Monte Branco ndash disse-me Joatildeo

- E esse Saussure tam-beacutem era alpinista ndash perguntei curiosa

- O seu interesse pela botacircnica trouxe-o ateacute aos

Alpes e percorreu grande parte desta cordilheira co-

meccedilando a trabalhar no sentido de esclarecer a topografia da parte ne-

vada dos Alpes nessa eacutepoca praticamente des-conhecida Foi em 1760 que veio aqui pela pri-meira vez e ofereceu uma recompensa a quem escalasse o Monte Branco Ele tentou fazecirc-lo sem sucesso- Entatildeo nunca chegou a subir

- Sim conseguiu mas soacute em 1787 jaacute tinha 47 anos e levou 18 guias com ele Relembro as palavras que li do fotoacutegrafo de montanha C Douglas Milner ldquoA subida em si foi magniacutefica uma incriacutevel faccedilanha de coragem grande resistecircncia realizada por estes dois ho-mens apenas sem corda e sem piolets muito sobrecarregados com equipamentos cientiacuteficos e com longos bastotildees com pontas de ferro O bom tempo e uma lua luminosa garantiram o seu regresso com vidardquo

O dia seguinte foi passado a descansar visitar o Museu da Montanha e espreitar a meteoro-

Foi em 1760 que veio aqui

pela primeira vez e ofereceu uma recom-

pensa a quem escalas-se o Monte Branco Ele tentou fazecirc-lo

sem sucesso

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Um dos pontos al-tos eacute ir agrave roulotte

dos waffles delei-tarmo-nos com este

delicioso doce No fi-nal do dia ainda pude-

mos assistir a um espetaacute-culo de muacutesica e danccedila celta

na praccedila central O ambiente eacute descontraiacutedo a praccedila estaacute cheia de gente e a muacutesica faz sempre bem agrave alma Joatildeo recebe um telefonema

- Estaacutes nos Alpes Natildeo vatildeo poder subir amanhatilde aproxima-se uma tempestade Mas tenho boas notiacutecias tens uma janela de bom tempo no dia seguinte se quiserem aproveitar - Disse Viacutetor Baiacutea sempre bem informado sobre os fenoacuteme-nos meteoroloacutegicos

O dia em que vai haver ldquouma abertardquo para subir eacute o mesmo dia em que temos voo para Lisboa

desde Genebra Ficamos um pouco a pensar no que decidir e claro temos que arriscar Na mon-tanha eacute assim tem que haver flexibilidade es-tamos dependentes das condiccedilotildees climateacutericas e aproveitar quando nos eacute proporcionado bom tempo

A rota que vamos seguir natildeo eacute a mais utilizada eacute chamada rota dos trecircs cumes Esta rota eacute mais exigente fiacutesica e tecnicamente do que a rota do Goucircter No entanto com faacutecil acesso a partir do telefeacuterico da Aiguille du Midi este percurso tor-nou-se a segunda rota mais popular para esca-lar o Monte Branco O percurso inicia-se na Ai-guille du Midi seguindo pelo Col du Midi antes de subir o Monte Branco atraveacutes do Mont-Blanc du Tacul (4248m) e Maudit Mont (4465m) Esta rota requer condiccedilotildees estaacuteveis na neve do Mont Blanc du Tacul e Mont Maudit e tem uma eleva-ccedilatildeo acumulada de 1425m O refuacutegio Cosmiques estava lotado a nossa uacuteni-

- Es-taacutes nos Alpes

Natildeo vatildeo poder subir amanhatilde aproxi-ma-se uma tempestade

Mas tenho boas notiacutecias tens uma janela de bom tempo no dia seguinte

se quiserem apro-veitar

Novembro_Dezembro 2012 OUTDOOR32

Aventura

estaccedilatildeo do telefeacuterico da Aiguille du Midi Este telefeacuterico foi construiacutedo em 1955 e manteve o tiacutetulo de ser o mais alto do mundo durante duas deacutecadas Ele ainda deteacutem o recorde como o te-lefeacuterico com a ascensatildeo vertical mais alta no mundo de 1035 m para 3842 m Haacute duas se-ccedilotildees de Chamonix para o Plano de lAiguille a 2317 m e depois diretamente sem qualquer pi-lar de apoio para a estaccedilatildeo superior a 3777 m Apanhamos o uacuteltimo telefeacuterico do dia cerca de 20 minutos depois estaacutevamos no terraccedilo a tentar admirar as lindiacutessimas vistas que se tem deste local No entanto o mau tempo previsto estava certo e a visibilidade natildeo era mais de 20 m agrave nossa frente Estava desanimadiacutessima

- Como eacute possiacutevel daqui a poucas horas termos bom tempo para subir ndash Perguntei increacutedula- Estamos na montanha Luiacutesa a meteorologia muda rapidamente Temos que aguardar ndash Afir-mou Joatildeo calmo e confiante

Fomos procurar um local onde pudeacutessemos descansar ateacute agrave meia-noite hora marcada para a nossa partida O percurso eacute longo com bas-tante desniacutevel e na realidade o voo para Lisboa eacute amanhatilde Quando acordei o som dos ventos fortes que se faziam ouvir misteriosamente desaparece-ram Depois de comer e fazer a confirmaccedilatildeo do equipamento dirigimo-nos para a aresta que nos levaraacute ao Valleacute Blanche Foi com extrema curiosidade que me dirigi agrave saiacuteda Como esta-raacute o tempo A calma e tranquilidade que senti ao sair para o exterior foi-me trazida pela ma-ravilhosa paisagem que tinha agrave minha frente Afinal depois da tempestade vem a bonanccedila e a visatildeo deste vale imaculado sob um ceacuteu estre-lado sem ningueacutem sem pegadas sem luzes de frontais foi brutal Ao comeccedilar a descer a ares-ta conseguimos ver o refuacutegio Cosmiques ainda adormecido Fomos mesmo os primeiros a sair o que representa um privileacutegio por um lado e

No entanto o mau tempo pre-

visto estava certo e a visibilidade natildeo era mais de 20m agrave nossa frente Estava desa-

nimadiacutessima

Ainda foi longa a nossa caminhada sempre a encontrar forccedilas e energia onde quer que elas estivessem escondidas Paraacutevamos de vez em quando agrave espera da outra cordada de amigos e por fim cerca das 10h da manhatilde atingimos o cume Tento tirar fotos mas a maacutequina fotograacute-fica natildeo ajudou fiquei sem bateria Natildeo faltam maacutequinas para o fazer e depois de um breve descanso temos que iniciar a descida pela mes-ma rota Eacute uma descida que acaba por ter al-gumas subidas sendo por isso mais demorada Mas a alegria de ter cumprido o objetivo o dia tatildeo calmo e luminoso a companhia dos amigos supera qualquer tipo de cansaccedilo

Tive um sentimento de saudade ao chegar nova-mente ao Valleacute Blanche e olhar para traacutes para o trilho percorrido olhar aquele vale agora agrave luz do dia atravessado por tantas pegadas Olho de relance para a uacuteltima subida que nos falta fazer a aresta que nos levaraacute ao telefeacuterico na Aguille du Midi Faccedilo esta subida confiante como se ti-vesse deixado para traacutes todo o esforccedilo e cansaccedilo extremo desta maravilhosa aventura

Com grande pena natildeo pude comemorar em Chamonix nessa noite mas comemorei com imensa alegria ao reencontrar-me com a mi-nha famiacutelia orgulhosa de mim afinal estive no mesmo dia no cume do Monte Branco de manhatilde e agrave noite na minha cama quente e confortaacutevel em Lisboa oslash

Luiacutesa Tomeacute

Papa-Leacuteguaswwwpapa-leguascom

OUTDOOR Julho_Agosto 2011 33

Aventu

ra

um esforccedilo acrescido por outro Relembro a tra-vessia do glaciar do Tacul a ldquofazer trilhordquo o som dos campons na neve ecoava num ritmo proacute-prio pousava a minha bota no local exato onde o Joatildeo tinha feito a pegada como que num jogo em que quando falhava acrescia o esforccedilo que teria que fazer O som de passos intensifica-se temos mais madrugadores connosco Deixamo--los passar jaacute vimos a fazer trilho haacute bastante tempo eacute a vez de outros agora

Quando chegamos agrave ldquoparederdquo do Mont Blanc du Tacul jaacute temos algumas pessoas agrave espera para subir O sol ainda natildeo subiu para nos aquecer esperamos junto agraves cordas a nossa vez os peacutes comeccedilam a dar sinal de frio Iniciamos a subida os piolets e os crampons cravam-se certeiros no gelo a corda ajuda na subida Comeccedilo a ficar cansada e a hesitar paro por uns momentos sinto a boca seca o coraccedilatildeo a bater forte olho para cima jaacute natildeo falta muito - Piolet numa matildeo corda na outra sobe Luiacutesa ndash a voz do Heacutelder trouxe-me lucidez A energia que me faltava regressou Concentro-me e con-tinuo a subida pedaccedilos de gelo passam por noacutes arrancados aquela parede cheia de gente dese-josa de ultrapassar possivelmente o obstaacuteculo mais duro desta rota

O trilho continua pelo beliacutessimo Mont-Maudit apesar do seu nome O sol jaacute vai alto comeccedila a aquecer haacute que comeccedilar a tirar camadas Natildeo podemos desidratar Col de la Brenva um chaacute quente e uma bolacha Apetece ficar jaacute aqui as vistas satildeo surpreendentes Mas natildeo eacute este o nos-so objetivo vamos continuar a subir

Entrevista Diogo Miguel - (Oti-Estarreja)

ldquoO DEsPORTO EM PORTuGAL eacute uM EsPELhO DA sOCIEDADErdquo

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Entrevista

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Sabe acima de tudo as con-

diccedilotildees que temos e consegue olhar para o

resultado como sen-do bastante meri-

toacuterio

OutdOOr COmO eacute pOssiacutevel algueacutem COm-patibilizar a preparaccedilatildeO enquantO atleta de OrientaccedilatildeO de elite COm as exigecircnCias dum 6ordm anO dO CursO de medi-Cina

diOgO miguel O segredo reside sobretudo na motivaccedilatildeo Toda a gente consegue tirar um curso e fazer desporto e inclusivamente se gos-tar consegue treinar todos os dias Mas se esti-ver motivado o suficiente consegue levantar-se cedo para correr agraves seis da manhatilde estar na Fa-culdade agraves oito e meia sair agraves quatro da tarde e ir treinar outra vez estudar ateacute agraves dez da noite e dormir porque amanhatilde eacute outro dia Eacute preci-so estar-se motivado para abraccedilar esta vida durante o ano inteiro

Haacute quantO tempO eacute que as COisas satildeO levadas assimQuando comecei a fazer Orien-taccedilatildeo natildeo tinha grandes preo-cupaccedilotildees com o treino Durante os anos de faculdade jaacute treinava bastante a seacuterio mas foi haacute dois ou trecircs anos quando comecei a ser treinado pelo Professor Bruno Nazaacuterio que aumentei a carga de trei-no para o bi-diaacuterio A partir daiacute passei a ter o meu tempo totalmente ocupado Satildeo os estaacutegios do Curso o tempo de deslocaccedilatildeo para Hospitais da periferia uma tese para defender Este ano seraacute bastante mais exigente que os anteriores se calhar natildeo vou poder fazer treino bi-diaacuterio todos os dias como gostaria mas ainda assim vou pro-curar treinar duma forma o mais seacuteria possiacutevel e se natildeo puder fazecirc-lo na quantidade desejaacutevel pelo menos na qualidade espero consegui-lo

em 2007 COnquistOu a primeira grande medalHa da OrientaccedilatildeO pOrtuguesa aO sagrar-se CampeatildeO da eurOpa de JOvens

Chama-se Diogo Miguel e eacute aos 23 anos uma das referecircncias da Orientaccedilatildeo Pedestre nacio-nal Campeatildeo Europeu de Jovens em 2007 e Campeatildeo Nacional de Distacircncia Longa em 2009 e 2011 Diogo Miguel reparte o tempo entre a modalidade do seu coraccedilatildeo e as exigecircncias do curso de Medicina que abraccedilou haacute seis anos E foi precisamente por aiacute que a nossa conversa comeccedilou uma conversa onde passado presen-te e futuro se misturam e confundem numa teia de opccedilotildees direccedilotildees desafios e decisotildees Na Orientaccedilatildeo como na Vida

Por Joaquim Margarido

de sprint em eger na Hungria que me-moacuterias guarda dessa JOrnada Haacute CinCO anOs atraacutesGuardo sobretudo as memoacuterias e os amigos Na altura pensaacutemos que a visibilidade que este re-sultado poderia dar agrave Orientaccedilatildeo catapultasse a modalidade e possibilitasse a obtenccedilatildeo de mais apoios mas isso natildeo se veio a verificar pelo me-nos na medida daquilo que seria de esperar

esteve este anO nOs mundiais de lausan-ne COnseguindO O 33ordm lugar na Final a de distacircnCia lOnga que valOr atribui a este seu resultadOAtribuo-lhe um valor elevado ateacute porque foi a primeira vez em dez anos que um portuguecircs foi a uma final A de Distacircncia Longa Cheguei ao fim com a certeza de ter feito o meu melhor e se natildeo tivesse quebrado fisicamente teria fei-to melhor ainda Ou seja com outras condiccedilotildees de treino teria facilmente ficado entre os vinte e cinco primeiros Mas falta bastante cultura des-portiva agrave sociedade portuguesa em geral e se disser a algueacutem que natildeo estaacute familiarizado com a Orientaccedilatildeo que terminei em 33ordm num Campeo-nato do Mundo essa pessoa iraacute pensar ldquoesque-ce eacutes mau natildeo prestasrdquo Mas quem sabe como estas coisas funcionam sabe os sacrifiacutecios que temos que fazer Sabe acima de tudo as condi-ccedilotildees que temos e consegue olhar para o resulta-

do como sendo bastante meritoacuterio

temOs em pOrtugal O apOiO que deviacuteamOs Ou que mereCiacuteamOs

Natildeo Eacute bastante revoltante olhar para outros desportos como eacute o caso do Futebol e termos um Presidente que termina o man-dato agrave frente da Federaccedilatildeo e que se sente orgulhoso por ter deixa-

do um balanccedilo positivo nas contas de muitos milhotildees de euros Mas

satildeo estes precisamente que ainda assim continuam a receber milhotildees e

milhotildees do Instituto Portuguecircs do Desporto e Juventude enquanto outras modalidades lutam pela sobrevivecircncia Acho que somos claramen-te sub-apoiados O desporto em Portugal eacute um espelho da Sociedade Haacute os muito ricos e haacute os muito pobres Os ricos satildeo cada vez mais ricos e os pobres satildeo cada vez mais pobres Eacute a mesma coisa com o desporto

quandO OlHa para Os nOssOs JOvens que pOtenCialidades vecirc neles para COn-seguirem CHegar aOs lugares CimeirOs da OrientaccedilatildeO eurOpeia e mundialTemos alguns jovens com bastante valor prin-

OUTDOOR novembro_Dezembro 2012 37

cipalmente o Luiacutes Silva Trata-se dum atleta que tem um futuro brutal e acho que vai ser sem sombra de duacutevidas o melhor atleta portuguecircs dentro de muito pouco tempo Olhando de for-ma mais aprofundada para estes atletas eacute uma realidade que eles tecircm hoje melhores condiccedilotildees em relaccedilatildeo agravequilo que noacutes tiacutenhamos na altura Basta ver que os atletas jaacute se deslocam com al-guma frequecircncia ao terreno antes das grandes competiccedilotildees coisa que natildeo havia ateacute haacute muito pouco tempo atraacutes E depois haacute os estaacutegios de Seleccedilatildeo Mas deve reconhecer-se que lhes falta o treino fora da competiccedilatildeo Acho que falta al-gum espiacuterito de sacrifiacutecio no treino em casa que eacute o mais importante

o CLubE dE oriEntaccedilatildeo dE EstarrEJa Eacute dEsdE sEMprE o sEu CLubE quE signiFiCa-do tEM para si EstE EMbLEMa E Esta CaMi-soLa quE EnvErgaComecei na Orientaccedilatildeo aos 8 anos e a minha primeira experiecircncia foi no Desporto Escolar na minha terra Canelas uma pequena aldeia do Concelho de Estarreja A essa primeira pro-va seguiu-se uma ldquoQuinzena da Orientaccedilatildeordquo no veratildeo e nunca mais parei Haacute quinze anos que estou ligado a este clube e ele faz parte de mim Poderia dividir a minha vida em dois por um lado a parte profissional da Faculdade e por outro a Orientaccedilatildeo Por estranho que possa pa-recer a parte desportiva natildeo se encontra num plano inferior relativamente agrave parte profissio-nal Ambas as partes se complementam uma agrave outra Portanto a minha ligaccedilatildeo a este clube eacute muito grande satildeo muitos anos satildeo muitas pes-soas e ajudou-me a crescer

aos Miuacutedos quE agora datildeo os priMEiros passos quE ConsELhos dariaO conselho natildeo o daria aos miuacutedos se calhar da-va-o antes aos pais Tanto a escola como o des-porto andam muito ligados Se temos disciplina num acabamos por ter disciplina no outro Natildeo eacute por acaso se olharmos para os atletas de topo a niacutevel nacional todos eles satildeo excelentes es-tudantes e tecircm um futuro profissional bastante promissor Tudo parte de quem educa Eu tenho a sorte de ter uns pais que sempre me educaram bem e que sempre me deram o apoio necessaacuterio para conseguir fazer as duas coisas

E deixaria ainda um conselho mais aos pais o de virem fazer uma prova de Orientaccedilatildeo com os seus filhos Uma das grandes vantagens da Orientaccedilatildeo eacute ser para aleacutem do ldquodesporto da flo-restardquo o ldquodesporto da famiacuteliardquo

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EntrevistaConsidEra quE Esta EacutepoCa CorrEu dE aCordo CoM as suas ExpECtativasNa verdade digamos que a eacutepoca estaacute quase agrave beira de comeccedilar Depois do Campeonato do Mundo tirei mais tempo do que era habitual para descansar e tenho estado a fazer pratica-mente soacute manutenccedilatildeo A eacutepoca teve alguns per-calccedilos comecei a treinar na Repuacuteblica Checa e apesar de ter feito muito treino com mapa devi-do agraves questotildees climateacutericas e agraves poucas horas de luz acabei por ter uma carga de treino aqueacutem do desejaacutevel Depois de regressar a Portugal estava a treinar bem mas tive um percalccedilo e lesionei--me num peacute o que me obrigou a uma paragem de um mecircs Isso fez-me perder muito da minha boa forma e acredito que se natildeo fosse isso po-

deria ter chegado muito melhor ao Campeonato do Mundo e aiacute o resultado poderia ter sido outro Apesar de tudo os resultados acabaram por ser bem melhores do que estaria agrave espera

o obJEtivo a Curto praZo passa pELo tiacute-tuLo naCionaL absoLutoPor acaso esse eacute um tiacutetulo que nunca alcancei Vou comeccedilar a treinar a seacuterio para chegar nas melhores condiccedilotildees ao Campeonato Nacional Absoluto e esse vai ser um bom teste O objetivo eacute estar laacute para ganhar

Quanto agrave proacutexima eacutepoca espero apresentar-me agraves provas em melhor forma do que este ano e que os bons resultados possam aparecer oslash

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ofereccedila um garmin DeSemBruLHara caixa Seraacute Soacute o princiacutepio

este natal ofereccedila emoccedilotildees aventuras para quem viaja ou para os que correm para os que navegam no mar ou escalam montanhas Para os nadadores ou golfistas este natal ofereccedila um garmin

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Por Terra

ORIENTACcedilatildeOhellip DEsPORTO NA NATuREzA

Parque nacional torres del Paine Chile

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Cinco satildeo os sentidos estaacute nos manuais neles reside a possi-bilidade de um maior ou menor contacto da pessoa com aquilo que a rodeia Haacute ainda o sexto sentido aquela perceccedilatildeo extra--sensorial que parece ser mais propriedade das mulheres do que dos homens e que nas con-ceccedilotildees ocultistas estaraacute tam-beacutem sedeado num oacutergatildeo do nosso corpo Figurada ou ob-jetivamente eacute bom que todos eles ndash sem exceccedilatildeo - estejam suficientemente desenvolvi-dos sem isso natildeo haacute sentido de orientaccedilatildeo que aguente

A Orientaccedilatildeo eacute um Desporto recente em Portugal mas tem jaacute mais de 100 anos de existecircncia

enquanto desporto organi-zado Com efeito teraacute sido em Bergen - Noruega no ano de 1897 que se organizou a pri-meira atividade desportiva de Orientaccedilatildeo Os paiacuteses noacuterdicos satildeo ainda hoje aqueles onde a modalidade tem maior implan-taccedilatildeo mobilizando um nuacutemero de praticantes que coloca a

Orientaccedilatildeo entre os cinco des-portos com mais adeptos na Escandinaacutevia A maior prova do mundo realiza-se anual-mente na Sueacutecia os 5 dias da Sueacutecia com um nuacutemero de participantes que jaacute atingiu os 25000

Durante o seacutec XX a modali-dade foi evoluindo ateacute agrave criaccedilatildeo da Federaccedilatildeo Internacional de Orientaccedilatildeo (IOF) que fes-tejou em 2012 o 51ordm aniversaacuterio e veio normalizar mundial-mente as regras competitivas as normas para elaboraccedilatildeo dos mapas e as sinaleacuteticas a usar A Orientaccedilatildeo eacute praticada em quatro disciplinas diferentes Orientaccedilatildeo Pedestre Orien-taccedilatildeo em BTT Orientaccedilatildeo em Ski e Orientaccedilatildeo de Precisatildeo (Orientaccedilatildeo prioritariamente para deficientes motores)

Portugal tem marcado pontos na Orientaccedilatildeo para o desporto adaptado lanccedilando em 2012 a Taccedila de Portugal de Orientaccedilatildeo de Precisatildeo e criando um cir-cuito de Orientaccedilatildeo adaptada vocacionado prioritariamente para a deficiecircncia intelectual e

crianccedilas em idade preacute-escolar que eacute uacutenico no Mundo e que estaacute a ser jaacute implementado pela Espanha

o quE EacutePodemos dizer que a Orien-taccedilatildeo eacute um desporto completo Haacute o aspeto fiacutesico o treino no campo que se aproxima do treino dum atleta de fundo E haacute o aspeto mental que de-sempenha um papel funda-mental a leitura dos mapas o contra-reloacutegiohellip Eacute tambeacutem o desporto de natureza por exce-lecircncia Os orientistas saem dos trilhos balizados para pene-trarem no coraccedilatildeo da floresta Cada dia eacute uma nova aven-tura Daquele que se inicia na Orientaccedilatildeo ao mais consagrado dos praticantes haacute todo um mesmo espiacuterito de liberdade de fazer a sua proacutepria escolha do melhor itineraacuterio No Atle-tismo por exemplo a volta agrave pista teraacute sempre 400 metros quer seja aqui ou no Japatildeo Na Orientaccedilatildeo esta noccedilatildeo de dis-tacircncia tem muito pouco signi-ficado Tanto se pode fazer 10 quiloacutemetros numa hora e meia como em quarenta minutos E

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depois nunca existem duas florestas iguais Eacute o eterno recomeccedilo Na Austraacutelia ou na Suiacuteccedila no Japatildeo ou na Escandinaacutevia eacute necessaacuterio uma adaptaccedilatildeo a cada local natildeo haacute lugar a repeti-ccedilotildeeshellip

Cada corredor possui uma buacutessola e um mapa que contrariamente a um mapa normal conteacutem uma enorme diversidade de detalhes acerca dos seus elementos caracteriacutesticos (relevo do ter-reno vegetaccedilatildeo caminhos elementos rochosos construccedilotildees e muito mais) Os mapas satildeo rea-lizados segundo as normas especiacuteficas da Fede-raccedilatildeo Internacional de Orientaccedilatildeo que tem sede na Finlacircndia Aleacutem da legenda sobre os siacutembolos nele representados existe ainda uma sinaleacutetica

proacutepria que tem a ver com o percurso que o praticante vai realizar nesse evento e que eacute uma linguagem uni-versal

A partir do momento em que se potildee em marcha o cronoacutemetro o orientista deve efe-tuar o seu percurso que eacute marcado no mapa e que eacute cons-tituiacutedo por uma par-tida (representada por um triacircngulo) uma seacuterie de pontos de

passagem obrigatoacuterios (representados por ciacuter-culos) e a chegada (representada no mapa por dois ciacuterculos concecircntricos) Estes pontos satildeo materializados no terreno sob a forma de um prisma triangular denominado por baliza e a passagem deve ser validada por um sistema de ldquopicotagemrdquo manual ou eletroacutenica O objetivo consiste em fazer o percurso na sequecircncia in-dicada o mais rapidamente possiacutevel Mas entre cada ponto de passagem a escolha do itineraacuterio fica ao criteacuterio de cada um

O percurso em linha reta evidentemente nem sempre eacute o mais raacutepido Eacute necessaacuterio jogar com as inflexotildees do terreno os lagos os muros e outros acidenteshellip O tempo gasto a percorrer o traccedilado da corrida depende sobretudo do meio sobre o qual a mesma se desenrola Em terrenos como na Escandinaacutevia onde o relevo eacute mais duro numa mesma distacircncia poderemos gastar quase o dobro do tempo que gastariacuteamos num terreno plano e sem o mesmo tipo de obs-taacuteculos

Por Terra

OUTDOOR Novembro_Dezembro 2012 43

O conhecimento do relevo eacute a parte mais difiacutecil Eacute neces-saacuterio aprender a imaginar um terreno a trecircs dimensotildees sobre o mapa Claro que natildeo eacute apenas isto Para quem tem mais dificuldade em possuir a visatildeo a trecircs dimensotildees esta in-suficiecircncia pode ser compensada com outras qualidades nomeada-mente a atenccedilatildeo Mas nem todos pos-suem igualmente esta capacidade mental Como na generalidade dos desportos eacute neces-saacuteria uma longa aprendizagem onde o treino teacutecnico a vivecircncia de situaccedilotildees mais variadas e o nuacutemero de florestas ldquovisitadasrdquo desempe-nham um papel fundamental Eacute agrave medida que o tempo passa que o orientista aprende a adaptar o seu comportamento a reagir cada vez mais rapidamente e a encontrar as melhores opccedilotildeesO desporto natildeo eacute muito mediatizado e o espiacute-rito da Orientaccedilatildeo eacute o de permanecer livre Eacute um desporto ainda preservado de certas po-leacutemicas ldquodopingrdquo e outros malabarismos daiacute que muitos orientistas digam que natildeo seja mau de todo que ele permaneccedila ldquoconfidencialrdquo

Grandes Competiccedilotildees em 2013

Em 2013 as grandes competiccedilotildees internacio-nais onde Portugal vai querer estar presente

satildeo as seguintes

- Campeonato do Mundo de Juacuteniores ndash Repuacuteblica Checa (29jun-06 de julho) wwwjwoc2013cz

- Campeonato do Mundo Elite ndash Finlacircndia (07-14 jul)

wwwwoc2013fi- Campeonato do Mundo ve-

teranos ndash Itaacutelia (02-10 ago) wwwwmoc2013it

- Campeonato da Europa de Jovens ndash Israel (03 de novembro) wwweyoc2013org

portuGal na alta roda Mas Portugal vai ter brevemente grandes desa-fios pela frente- Em 2013 organiza uma etapa da Taccedila do Mundo de seacuteniores e o Campeonato do Mundo de Vete-ranos de Orientaccedilatildeo em BTT - Costa Alentejana entre 09 e 13 de outubro- Em 2014 organiza em Palmela de 9-14 de abril e em paralelo o Campeonato da Europa de Orientaccedilatildeo Pedestre e o Campeonato da Eu-ropa de Orientaccedilatildeo de Precisatildeo wwweoc2014fpopt

Carnaval o ponto alto Desde 1996 que Portugal realiza a sua prova ra-inha que atrai os melhores especialistas a Por-

Eacute um desporto ainda

preservado de certas poleacutemicas ldquodopingrdquo e outros malabarismos

daiacute que muitos orientistas digam que natildeo seja mau de todo que ele perma-

neccedila ldquoconfiden-cialrdquo

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Por Terratugal Eacute O Portugal Orsquo Meeting que desde 2000 se realiza no Carnaval com a duraccedilatildeo de 4 dias e pontuaacutevel para a liga Mundial de orientaccedilatildeo pedestre nos percursos de Elite Em 2013 Por-tugal vai receber pela primeira vez trecircs eventos pontuaacuteveis para a Liga Mundial02 e 03 de fevereiro ndash Norte Alentejano Orsquo Mee-ting ndash Nisa (wwwnaompt)09ndash12 de fevereiro ndash Portugal Orsquo Meeting ndash Idanha-a-nova (wwwpompt)16 e 17 de fevereiro ndash XIV Meeting de Orien-taccedilatildeo do Centro ndash Pombal (wwwcocpteventos16fev2013)

OrientaccedilatildeO muitO mais dO que um despOr-tOOlhando para a modalidade de uma forma mais transversal podemos enquadraacute-la aleacutem de mo-dalidade desportiva com aacutereas como o Ambien-te a Educaccedilatildeo e as Novas Tecnologias As qua-tro vertentes atraacutes enunciadas reunidas numa soacute tem a ver tambeacutem com solidariedade

Ambiente porque a Orientaccedilatildeo eacute o ldquoDesporto da Florestardquo fazendo de cada praticante um guardiatildeo e um amigo de tatildeo valioso patrimoacutenio Educaccedilatildeo porque eacute uma modalidade onde se aglutinam mateacuterias tatildeo nucleares como a Ma-temaacutetica ou a Geografia e se desenvolvem com-petecircncias como a capacidade de interpretaccedilatildeo ou o poder de decisatildeo por isso ser considerada prioritaacuteria para o Desporto Escolar Novas Tec-nologias porque eacute das modalidades que mais depende dos Meios Informaacuteticos a todos os niacute-veis do controlo de tempos agrave cartografia mais desenvolvida que existe Desporto porque pro-move a atividade fiacutesica e a Sauacutede dirigindo-se de igual forma agravequeles que individualmente a praticam ao niacutevel da alta competiccedilatildeo como agraves crianccedilas ou agraves famiacutelias que vecircm nela uma forma

de promover o seu bem estar fiacutesico e reforccedilar os laccedilos de amizade e convivialidade

E solidariedade porque vive da forccedila que projeta nos seus praticantes

trabalhando desinteressadamente em prol da modalidade em prol do paiacutes

Porque a Orientaccedilatildeo eacute Ambiente eacute Educaccedilatildeo satildeo Novas Tecnolo-gias eacute Desporto Porque a Orien-

taccedilatildeo gera Riqueza e gera Sauacutede Porque a Orientaccedilatildeo eacute de todos e

para todos Interessa a todos Inte-ressa ao Paiacutes Daiacute que eacute urgente que

todos venham experimentar e que descu-bram as belezas deste Paiacutes de mapa na matildeo oslash

Fernando Costa e Joaquim margarido

Olhando para a modali-

dade de uma forma mais transversal po-

demos enquadraacute-la aleacutem de modalidade desportiva

com aacutereas como o Am-biente a Educaccedilatildeo e

as Novas Tecnolo-gias

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Setembro_Outubro 2011 OUTDOOR138

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OUTDOOR Setembro_Outubro 2011 139

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OUTDOOR novembro_Dezembro 2012 9

Report

agem

toZEacute via MaMMut 150

Do Torreacuteon dos Galayos ex--liacutebris da escalada em rocha da Serra de Gredos e da Peniacutensula Ibeacuterica a vista sempre pano-racircmica parece desta vez ainda mais espetacular para Tozeacute O escalador portuguecircs acaba de abrir com os amigos espanhoacuteis uma nova via de grau 6 - na escala alpina significa ascen-satildeo extremamente severa e com passagens difiacuteceis

Para quem vive fora do mundo da escalada ibeacuterica passaram praticamente despercebidas as ascensotildees realizadas no uacutel-timo fim de semana de junho Muitos menos teratildeo ainda co-nhecimento que o feito tornou tambeacutem Antoacutenio Coelho- Tozeacute para os amigos- o uacutenico portu-guecircs a participar num projeto ineacutedito da Mamut Na iniciativa destinada a celebrar 150 anos de existecircncia a marca suiacuteccedila outdoor lanccedilou o Peak Project e selecionou 150 projetos de 150 equipas em todo o mundo unidas em mostrar o melhor que haacute na aventura ao alto

Na Peniacutensula Ibeacuterica e infeliz-mente Portugal ficou fora da iniciativa que animou as cor-dilheiras e serras do planeta incluindo Himalaias e Andes o liacuteder foi Raul Lora escala-dor de renome e que coordena atualmente a Escola Alpina de Gredos laquoO Raul eacute meu amigo e companheiro de outras es-caladas Logo que a Mammut aprovou o projeto reunimos a equipa e iniciaacutemos a escaladaraquo No parque natural de Gredos conhecido de muitos monta-nhistas e escaladores portu-gueses a escolha da equipa espanhola onde se integrou Tozeacute foi o Torreacuteon Sem ser o cume alto dos Galayos que atinge 2100m o prisma gigan-te de granito permite efetuar uma seacuterie de passagens teacutec-nicas e passos difiacuteceis que satildeo

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sempre um desafio para qualquer es-calador laquoPrimeiro abrimos uma via numa zona pouco frequentada do Torreacuteon que se chama de Cer-ro Peluca e batizamo-la natu-ralmente de 150ordm Aniversaacuterio Mammutraquo Eacute com modeacutestia que Tozeacute descreve a abertura da nova via

Aleacutem da nova via Tozeacute e os companheiros espanhoacuteis esco-lheram a Via Lucas ao Torreacuteon laquoEacute a que tem melhor visibilidade des-de o cume sobre os outros escalado-resraquo resume o escalador de Barcelos que no projeto Mammut enriqueceu o curriacuteculo longo de montanhista que incluiu a participaccedilatildeo nas primeiras expediccedilotildees portuguesas a cumes de 7 mil metros nos Himalaias ndash Pumori (2003) e Ama Dablam (2004) e a tentativa de ascensatildeo de um pico de 8000m o Kangchenjunga (2005)

Em Gredos no reino da rocha onde muito haacute por explorar e se sente como peixe na aacutegua o portuguecircs tem jaacute outro projeto ineacutedito com os amigos espanhoacuteis laquoSaberatildeo na altura certaraquo oslash

Aureacutelio FariaJornalista

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Grande Reportagem

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e os companheiros espanhoacuteis escolheram a Via Lucas ao Torreacuteon laquoEacute a que tem melhor visibi-

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A segunda ediccedilatildeo do Porto City Race eacute um evento de Orienta-ccedilatildeo pedestre urba-no organizado pelo

Grupo Desportivo dos Quatro Caminhos em parceria com a Cacircmara Municipal do Porto atraveacutes da Porto Lazer

O evento faz parte do Circuito Nacional urbano da Federa-ccedilatildeo Portuguesa de Orientaccedilatildeo (CiNU) e eacute aberto a pessoas de qualquer idade podendo parti-cipar individualmente ou em grupo

Mesmo que nunca tenha visto um mapa ou uma buacutessola tem possibilidade de se juntar agrave fes-ta porque a organizaccedilatildeo faraacute acompanhamento e ensino com monitores

Traga a famiacutelia e venha conhe-cer os locais mais emblemaacuteti-cos do Porto e aprenda Orien-taccedilatildeo

Os participantes do evento te-ratildeo a possibilidade de competir no dia anterior no Justlog Park Race no Monte da Srordf da Assun-ccedilatildeo nos arredores do Porto

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Em FamiacuteliaoriEntaccedilatildeo o dEsporto da FaMiacuteLiaPelas suas caracteriacutesticas a Orientaccedilatildeo tem a possibilidade de ser realizada em famiacutelia No iniacutecio satildeo os pais que ensinam os filhos a des-mistificar o slogan de que a floresta eacute o ldquoterri-toacuterio do lobo maurdquo depois ter um mapa e um percurso satildeo momentos de partilha de busca de superaccedilatildeo de transmissatildeo de conhecimen-tos e de preparaccedilatildeo para a vida O facto de exis-tirem percursos adaptados a todas as idades e niacuteveis teacutecnicos permite que no mesmo espaccedilo todos possam executar o seu percurso mesmo que natildeo seja em conjunto

Na proacutexima ediccedilatildeo do Porto City Race a organi-zaccedilatildeo vai criar um percurso turiacutestico vocaciona-do para a famiacutelia em que os pontos de controlo seratildeo monumentos e em que a entrada nos mes-mos seja facilitada Assim aleacutem de cumprirem um percurso de Orientaccedilatildeo poderatildeo tambeacutem conhecer melhor a cidade e a sua histoacuteria oslash

Fernando Costa

11 dE Maio dE 2013 Justlog Park Race - Monte da Srordf da Assunccedilatildeo

12 dE Maio dE 2013 Porto City Race - Centro Histoacuterico do Porto (Patrimoacutenio Mundial)

doMingo 12 dE Maio 2013- porto City raCE

08h30 - Abertura do secretariado no local da prova (A confirmar)

10h00 - Partida dos primeiros atletas

13h00 - Encerramento

Mais inForMaccedilotildeEs EMwwwgd4caminhoscomportocityrace2013

PROGRAMA

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A ROTA DA AacuteGuAPOR LIsBOA

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omo proposta para um passeio em famiacutelia e adequado desde os mais novos ateacute aos mais grauacutedos suge-rimos uma visita guiada ao Palaacutecio Marquecircs da Fronteira e o passeio

pedestre Rota da Aacutegua no Parque Florestal de Monsanto em Lisboa

Quem jaacute olhou e passou por debaixo do aquedu-to das Aacuteguas Livres em Lisboa e pensouhellipquem me dera poder subir e saber todos os seus recan-tos histoacuterias e lendas

Neste passeio vai ter acesso a um percurso de 8 km com direito a perguntas e respostas sobre este monumento que nos envolve com a sua grandiosidade e beleza

Porque eacute cedo que comeccedila o dia a hora de en-contro eacute pelas 9h30 no estacionamento em fren-te ao Palaacutecio Marquecircs e Fronteira no largo Satildeo Domingos de Benfica em Lisboa

O palaacutecio foi construiacutedo em 1640 para o pri-meiro Marquecircs de Fronteira D Joatildeo de Mas-carenhas heroacutei da Guerra da Restauraccedilatildeo Este bonito Palaacutecio situa-se agrave beira do Parque Flores-tal de Monsanto no Largo de Satildeo Domingos de Benfica

O Palaacutecio foi ampliado no seacuteculo XVIII em estilo laquorocailleraquo e continua a ser atualmente residecircn-cia dos 12ordm Marquecircs de Fronteira sendo contudo possiacutevel visitar algumas das salas a biblioteca e o jardimO interior eacute igualmente rico destacando-se a Sala das Batalhas que contem belos paineacuteis e azulejos com cenas da Guerra da Restauraccedilatildeo trecircs grandes janelas que se abrem sobre o Jar-dim de Veacutenus e a Sala da Jantar adornada com frescos de retratos da nobreza portuguesaA Capela de finais do seacuteculo XVI conta no seu interior com um preseacutepio cuja autoria eacute atribuiacute-da a Machado de Castro As visitas aos sumptuosos Jardins ldquoagrave italianardquo comeccedilam no terraccedilo da capela com destaque para o Jardim de Veacutenus e o Jardim Formal do seacuteculo XVII onde pontifica a Galeria dos ReisPara completar o passeio iremos conhecer a Rota da AacuteguahellipA Rota da Aacutegua tem 8 km e atravessa uma seacuterie de espaccedilos recreativos e de lazer entre eles o Parque Recreativo do Alto da Serafina o Espa-ccedilo Monsanto Parque da Pedra Parque do Ca-lhau e Mata S Domingos de Benfica O traccedilado do Aqueduto das Aacuteguas Livres acompanha uma parte da rota

O programa comeccedila com uma visita guiada ao Palaacutecio Marquecircs da Fronteira aacutes 10h O passeio pedestre teraacute iniacutecio por volta das 11h30mNatildeo percam este passeio de grande interesse natural histoacuterico-cultural e fotograacutefico oslash

Local de encontro No estacionamento em frente ao Palaacutecio Marquecircs e Fronteira Hora de encontro 9h30m Hora de iniacutecio do pro-grama 10h Percurso Circular Distacircncia 8 km Grau de dificuldade FaacutecilHora prevista do final do programa 14h30m (inclui paragem para descanso e comer) Ponto de encontro Morada Largo de S Domingos de Benfica 1 - 1500-554 Lisboa GPS N 38ordm 44 2503 W 9ordm 10 496 Em alternativa o local de encontro pode ser no Lu-miar em frente ao supermercado Europa agraves9h GPS 38773763-9160421 Ou em Sete Rios agraves 9h15m em frente ao ZOO Haacute possibilidade de boleia para quem necessitar Quem tiver boleia para oferecer agradeccedilo que me avise e indique local de partida Preccedilo do programa 10 euroA atividade estaacute coberta por seguroRecomendaccedilotildees - Uso de calccedilado confortaacutevel e com boa aderecircncia aos solos proacuteprio para caminhadas - Uso de vestuaacute-rio adequado ao tempo - Alimentaccedilatildeo trazer farnel e aacutegua - Trazer chapeacuteu e protetor solar - Natildeo se afastar do grupo - Deixar o lixo nos locais apropriados - Respeitar a vida selvagem e natildeo perturbar a tran-quilidade local - Respeitar a propriedade privada e os campos cul-tivados

Um programa Caminhos com Carisma lda

ContactosE-mail caminhoscomcarismagmailcom Telefone 914 907 446 967 055 233

ficha teacutecnica

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Tipo Expediccedilatildeo no DesertoGrau de dificuldade Moderado 1012km diaacuterios aproximadamente 4 horas de caminhadaCaracteriacutesticas8 dias 7 noites6 dias de expediccedilatildeoPuacuteblico-alvo Adequado a crianccedilas gt 8 anos(transporte em dromedaacuterio)Proacuteximas datas 26 de dezembro de 2012 a 2 janeiro de 2013Programa previstoDia 1 Viagem para Marrakech e transfer para riad no centro Noite em RiadDia 2 Viagem de Marrakech para Zagora em viatura exclusiva para o grupoDia 3 Dunas Bougayoirn -gt Dunas Tridi Dia 4 Tridi -gt erg (duna) EssahelDia 5 Erg Essahel -gt Dunas de LanithieDia 6 Dunas de Lanithie -gt Ouled DrissDia 7 Dunas de Lanithie -gt Ouled DrissDia 8 Marrakech e regresso

Equipamento obrigatoacuterioMochila pequena cantil (ou similar)Saco de viagem (maacutex 60Lt e 10kg) para transportar no dromedaacuterioSaco camaFrontal ou lanternaOacuteculos escuros chapeacuteu e protetor solarRoupas confortaacuteveis para caminhadaImpermeaacutevelAgasalho noturnoBaacutesicos de higiene (incluir toalha pequena e ligeira e produtos biodegradaacuteveis papel higieacutenico e saco chinelos)1ordms socorros pessoais que devem incluir anti mosqui-to e anti diarreicoPara as Senhoras ndash calccedilas compridas para atravessar algumas aldeias

Equipamento RecomendadoMaacutequina Fotograacutefica Sticks de Caminhada Calccedilado confortaacutevel e desportivo (uso recomendado)

Nuacutemero miacutenimo 6 pessoas (preccedilo sob consulta para grupos de nuacutemero inferior)

Preccedilo Desde 799euro | + 50euro (suplemento single em Marrakech)

Mais informaccedilotildees aquiUm Programa Caminhos da Natureza oslash

DEsERToDUNas E oaacutesis

Tipo de percurso NaturezaTrekkingGrau de dificuldade MeacutedioAltoCaracteriacutesticas8 dias 7 noitesProacuteximas datas 26 de dezembro de 2012 a 2 janeiro de 2013

Marrocos eacute um paiacutes lindiacutessimo que por estar tatildeo perto e ser tatildeo exoacutetico merece uma visitaNesta viagem propomos mais que uma visita sugeri-mos uma aventura de vaacuterios dias a peacute a acompanhar uma caravana de camelos Iraacute atravessar planaltos e desertos descansar agrave som-bra de oaacutesis e dormir sobre as estrelas beber chaacute na companhia de Berberes e ouvir as suas histoacuterias Per-correremos caminhos antigos de caravanserais que acompanham rios e dunas Para no fim saborearmos um merecido descanso na magia do deserto Aproveite este fim de ano para comemorar em boa companhia e num cenaacuterio exoacutetico e inesqueciacutevel a entrada do novo ano e para conhecer ou regressar a este maravilhoso paiacutes

Programa previstoDia 1 Voo cidade de origem - MarrakechDia 2 Marrakech - ZagoraDia 3 Beni Ali - Oaacutesis de Foum TaqquatDia 4 Oaacutesis de Foum Taggat ndash Dunas de Nesrate ndash Ksar Ait IsfoulDia 5 Oaacutesis e dunas de Nesrate ndash Zaouiat Sidi Saleh ndash Duna de TidiriDia 6 Dunas de Tidiri ndash Oaacutesis e dunas de Ragabi ndash Dunas Erg LihoudiDia 7 Viagem para MarrakechDia 8 Voo Marrakech - cidade de origem

Preccedilo 580euro (Preccedilo Terra) | Desde 350euro (Preccedilo voo) + Suplemento ind Marrakech 50 euro

Mais informaccedilotildees aquiUm Programa Papa-Leacuteguas oslash

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dia 1 - 28ago12 keflavik- selfoss ndash 112 kmNoacutes movemo-nos como este vento que corre li-vremente por este paiacutes gelado Tatildeo a sul quanto eacute possiacutevel nesta latitude percorremos a estrada da costa expostos a um inquietante e impressio-nante vento que nos derrubou por diversas ve-zes Ele natildeo deixa saudades apenas ficam mar-cas e recordaccedilotildees Por momentos sentimo-nos transportados para o outro extremo do mundo na Patagoacutenia onde os 8 meses que separam es-tas 2 aventuras natildeo chegam para tirar do corpo o desconforto que nos provocou

Por todo o lado nota-se a natureza intocada com pouca vegetaccedilatildeo os tons escuros dos solos vulcacircnicos e muitas rochas de lava cobertas de musgo O momento do dia foi junto da Blue La-goonl um dos pontos mais turiacutesticos da Islacircndia

Pedalar por um sonho agraves portas do Ciacuterculo Polar Aacutertico

Para os sonhos serem realizados eacute preciso al-gueacutem que acredite A nossa viagem agrave Islacircndia foi alimentada pela vontade de ajudar 2 crianccedilas a concretizar 2 sonhos em conjunto com a Ins-tituiccedilatildeo terra dos sonhos porque um sorriso vale tudo

Durante 3 semanas pedalaacutemos no nosso mundo de sonhos e a cada pedalada recebemos sorri-sos em troca

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Para muita gente

viajar significa ir ao encontro daquilo

que procuram Noacutes que viajamos com a bicicleta e em autonomia sabemos

que o destino estaacute traccedilado mas eacute

incerto

dia 2 - 29ago12 selfoss-selfoss Atraacutes das montanhas em busca do Circulo de Ouro 95 km Hoje o dia foi programado para viajarmos sem bagagem Era uma volta circular que nos leva-va para laacute das montanhas ateacute agrave fenda onde a Islacircn-dia se equilibra

No parque nacional de Thingvellir vivemos alguns dos mais conhecidos fenoacutemenos naturais desta ilha Aqui eacute o local onde se separam as placas tectoacute-nicas americana e euroasiaacutetica criando uma fenda que se afasta 2cm por ano

dia 3 - 30ago12 selfoss-Laugarvatn-gey-sir-gullfoss-Fludir-Aacuternes 140 kmPercebemos agora porque chamam ciacuterculo de Ouro ao Geysir e agrave cascata Gullfoss O turismo mais va-lioso chega em inuacutemeros autocarros e viaturas 4X4 equipadas com rodas ldquoextra sizerdquo

Natildeo eacute preciso chegar a este local para sentir os cheiros que os vapores emanam do subsolo Em povoaccedilotildees com pouco mais de 4 casas eacute possiacutevel ver-se a terra em plena atividade diante dos nossos olhos e sentir-mo-nos convidados a ocupar todo o espaccedilo aquecido

Laugarvatn Fludir ou Aacuternes todas estatildeo num terri-toacuterio maacutegico onde o tamanho natildeo conta e os limites que existem satildeo impostos pela nossa imaginaccedilatildeoEstas aldeias natildeo brilham mas valem ouro Ainda estamos a 20 quiloacutemetros do destino mas jaacute passa-ram mais de 10h desde que saiacutemos Eacute tarde e natildeo vamos ter tempo para recuperar e enfrentar 4 dias de total isolamento por uma estrada de montanha que atravessa 2 glaciares

A ementa para tantos dias corre velozmente na mi-nha mente Compramos tudo o que julgamos vir a precisar mas antes percorro corredores vasculho prateleiras tenho hesitaccedilotildeeshellipCalamos o medo e pegamos na bicicleta

dia 4 - 01 set12 Aacuternes ndash highland center 70kmDamos hoje a primeira pedalada de aproximada-mente 300 quiloacutemetros em direccedilatildeo ao centro da Terra as highlands

Para muita gente viajar significa ir ao encontro da-quilo que procuram Noacutes que viajamos com a bici-cleta e em autonomia sabemos que o destino estaacute traccedilado mas eacute incerto O encontro com o inesperado eacute muitas vezes algo que acontece com frequecircnciaFoi uma noite mal dormida devido agrave ansiedade e ao risco do que nos propunhamos fazer Sabemos que a cada quiloacutemetro que andamos comeccedila uma nova aventura

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Natildeo podiacuteamos esperar mais Saiacute-mos do Youth hostel debaixo de chuva tendo como esperanccedila al-guma falha nas previsotildees meteo-roacutegicas para as horas seguintes Insiacutepidos e molhados desde cedo buscamos abrigo no highland center

dia 4 - 02set12 highland center ndash nyidalur hut 110km Toda a ilha eacute uma zona livre de stress Quando percorremos a fantasmagoacuterica Sprengisadur route (F26) percebemos que es-tamos livres de tudo ateacute do nosso juiacutezo A nossa ambiccedilatildeo quando tracaacutemos esta rota era atraves-saacutermos o paiacutes de sul para norte e passarmos entre os glaciares Holsjokul e VatnajokullA natureza pode ser simulta-neamente dura delicada e cruel como foi ontem mas foi genero-sa connosco hoje ao permitir-nos ver a paisagem de cascalho solto nua sempre do mesmo tom cas-tanho escuro

O silecircncio ganhou espaccedilo ateacute ao momento em que conseguimos chegar ao abrigo de montanha (hut)

dia 5 - 03set12 - nyida-lur hut ndash rest dayNem pensar em cruzar a precio-sa porta do abrigo Laacute fora estaacute tudo muito branco e diferente daquilo a que estamos habitua-dos e por isso mantivemo-nos no hut de Nyidalur (na base do vulcatildeo Tungnfell) durante 2 noi-tes por seguranccedila O fogatildeo estaacute sempre aceso e tem uma enorme panela com aacutegua pronta a aque-cer quem chegue

Para que possamos variar do esparguete e noodles (jaacute natildeo haacute muito) vamos tentar fazer patildeo O resultado da nossa experiecircncia a juntar ingredientes com nomes impronunciaacuteveis em que iacuteamos provando para perceber o que era deu num cruzamento entre o patildeo e o rissol O duo de motards que dividiam o hut connosco re-petiram Significa que inventaacute-mos mais um pastel falta soacute dar um nomehellipO Ranger do Parque Nacional acaba de chegar ao hut e veio confirmar que somos mesmo malucos por estarmos nas high-lands nesta eacutepoca Aleacutem disso avisou que vai haver tempestade para esta noite e amanhatilde

dia 6 - 04set12 - nyidalur hut- rest dayLaacute fora estatildeo 0ordmC e as bicicletas encostadas imoacuteveis sujeitas a mais um teste de resistecircncia O nosso passatempo eacute assar ba-tatas ver quem passa e a forma como transpotildeem o rio A nossa vez de partir vai chegar ainda natildeo sabemos eacute quando Para jaacute passa a 3ordf noitehellip

dia 7 - 05set12 - nyidalur hut ndash Laugar 129kmO som do vento acorda-nos mui-to cedo e era semelhante ao do dia anterior Se a direccedilatildeo se man-tivesse de norte significava mais um dia perdido Inquieto dirijo--me ateacute agrave janela para observar o uacutenico ponto de referecircncia no ex-terior uma bandeira chicoteada pelo vento vindo de sulEstava dado o sinal de partida para mais do que uma maratona nas highlands Ao longo do ca-minho a neve mantinha-se por vastas aacutereas e o vento empur-rava-nos ao mesmo tempo que nos congelava as extremidades e queimava a pele

Foi uma benccedilatildeo a ajuda do Ran-ger para transpormos 2 rios em

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seguranccedila sem nunca nos molharmos A aacutegua que noacutes e os islandeses bebem vem de rios como estes sem qualquer tipo de tratamento

DIA 8 - 06set12 Laugar ndash Lago Myvatn- Lau-gar 85 kmFoi tanta a privaccedilatildeo nos dias anteriores que hoje sonhaacutemos com o pequeno almoccedilo que teriacuteamos pela manhatilde antes de nos deslocarmos para o Lago Myvatn Este lago imenso e a aacuterea envolvente satildeo um dos grandes tesouros europeus Durante a nossa volta circular toda a paisagem eacute surreal Lava fumo a sair da terra crateras aacutegua e montanhas vulcacircnicas

Haacute muitos dias que transportamos os fatos de ba-nho na pequena mochila que vai agraves costas na es-peranccedila de um banho quente em qualquer charco inesperado Hoje tivemos o nosso primeiro hot pot Eles satildeo um must nesta regiatildeo (eacute como estar num jacuzzi no meio da rua com um cenaacuterio deslum-brante)

DIA 9 - 07set12 Laugar ndash Akureyri 67kmIsto de pedalar com vento natildeo tem graccedila nenhu-ma especialmente porque natildeo se consegue ter mo-

mentos de contemplaccedilatildeo parados Em dias assim eu sou a ponta da flecha que abre uma fissura no vento e permite que a Filomena possa andar na roda Acabar eacute uma vitoacuteria mas natildeo existe gloacuteria quando se chega ao fimAkureyri eacute a capital do norte e a 2ordf cidade maior do paiacutes com 18000 habitantes civilizaccedilatildeo situada num fiorde rodeado de cumes nevados uma escolha acertada para ficar um dia a descansar

DIA 10 - 09set12 Akureyri- Varmahliacuteo 95 kmMesmo a pedalar sobre a Route 1 os grandes hori-zontes continuam a fazer parte desta viagem An-damos pelos vales e seguimos os cursos dos rios alimentados pelas aacuteguas que escorrem incessante-mente das arribas que nos flanqueiamPodia afirmar que estou eufoacuterico diante das infini-tas possibilidades que tenho pela frente mas natildeo estou Novo aviso de tempestade acompanhada de ventos fortes (23 ms) natildeo convida a grandes aven-turas

Por hoje natildeo precisamos de nos preocupar esta-mos bem abrigados numa quinta na aldeia de Var-mahliacuteeth com 130 pessoas

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DIA 11 -10set12 Varmahliacuteo ndash Rest dayParece que o inverno veio todo num soacute dia e pintou tudo de branco O supermercado estaacute a 300 metros mas eacute como se fosse uma miragem Temos mais um dia de paragem forccediladaO nevatildeo ganha cada vez mais terreno agrave medida que as horas avanccedilam A estrada estaacute interdita agrave maio-ria dos veiacuteculos e por precauccedilatildeo as pessoas satildeo aconselhadas a procurar alojamentoEm pouco tempo a senhora Inda de 81 anos que haacute poucas horas parecia ter uma vida pacata a co-chilar no seu sofaacute mostrou-nos como eacute uma ver-dadeira mulher do norte Enquanto nos convidava para um lanche com bolos caseiros mostrava or-gulhosamente os aacutelbuns de famiacutelia recebia os tu-ristas que iam chegando e quando a lotaccedilatildeo esgo-tou pegou no seu jeep e conduzia estrada fora para os ir alojar

DIA 12- 1set12 Varmahliacuteo ndash Saeberg (hostel) 15kmEsta aventura jaacute foi longe demais Temos metade da quilometragem que planeaacutemos centenas de peripeacutecias e riscos incalculados e soacute nos apetece chegar agrave capital Laacute fora tudo continua branco e a abanar no entanto existe a necessidade de arran-car Estamos confiantes nas previsotildees para o dia de hoje mesmo quando aquilo que vemos natildeo inspira confianccedila

Comeccedila a nevar comeccedila a montanhahellipVaacuterios car-ros estatildeo soterrados nas bermas os flocos voam magoam as faces e a subida ainda vai no iniacutecio Me-tro a metro vamos quebrando o gelo Quem passa tira fotografias e fica increacutedulo Noacutes tambeacutem Natildeo sabemos como equilibrar as 2 rodas perante esta manifestaccedilatildeo da natureza As equipas de emergecircn-cia patrulham a aacuterea e noacutes fazemos ldquolikerdquo sem nos apercebermos que as descidas se tornariam autecircn-ticos escorregasPedimos ajuda e somos resgatados ateacute ao nosso destino Estaacute um sol maravilhoso e as vistas satildeo lindas A vida eacute tatildeo bela porque seraacute que ando de bicicleta em siacutetios tatildeo difiacuteceisPronto Depois de 1h dentro do hot pot percebe-mos porque natildeo ficamos em casa Casa eacute onde estaacute o nosso coraccedilatildeo

DIA 13 - 12 e 13 set12 Saeberg ndash Borgarnes ndash Reykjavik 226kmsEstamos a oeste mas o nosso sentido eacute cada vez seguir para mais perto do nosso ponto inicial O isolamento e a ausecircncia da matildeo humana con-tinuam a ser uma das grandes referecircncias deste paiacutes Os horizontes ateacute Borgarnes perdem a cor e parecem-se com tantos outros que jaacute vimos noutros lugaresReykjavik natildeo estaacute isolada natildeo estaacute no topo de uma

montanha e nem sequer haacute nada de extremo nesta cidade

DIA 14 - 14 set12 Reykjavik ndash Rest dayA capital natildeo nos cativa eacute exageradamente cara e parece viver soacute de noite

DIA 15 - 15 set12 Reykjavik ndash Keflavik 49kmFelizmente que as imagens que estamos a ver e que satildeo iguais ao primeiro dia representam ape-nas uma pequena amostra deste paiacutes Natildeo haacute aacutervo-res natildeo haacute rios natildeo haacute vales apenas uma rugosa paisagem lunar fruto da forte atividade vulcacircnica nesta peniacutensula

Ateacute ao aeroporto jaacute natildeo contamos observar nada daquilo que enche as brochuras e panfletos que se podem encontrar e consultar espalhados por qual-quer parte desta linda ilha Resta-nos pedalar

EPIacuteLOGO Natildeo satildeo os nuacutemeros que fazem uma via-gem de SONHO Os quiloacutemetros ambicionados os desniacuteveis previstos os dias programados ficaram aqueacutem do planeado Mas as expectativas planeadas foram largamente ultrapassadas pois tivemos expe-riecircncias uacutenicas em cenaacuterios de Sonho com amiza-des imprevistas

Nesta ilha todos os sentidos experimentaram a na-tureza em estado puro A esta latitude tudo se torna impreviacutesivel os 6 dias que ficaacutemos retidos e os 1400 quiloacutemetros percorridos hoje parecem pouco vistos agrave distacircncia num lugar seguro

AGRADECIMENTO Aos nossos apoiantes ndash Terra dos Sonhos Cofides Competiccedilatildeo Movefree Bike performance Center D-Maker Ortik Bike Magazi-ne Bivaque Extramedia Portal Aventuras

Um agradecimento muito especial agrave missatildeo da For-ccedila Aeacuterea Portuguesa ndash Iceland Air Policing que nos recebeu e transportou as nossas bagagens no re-gresso a Portugal Bem hajam oslash

Ricardo Mendes e Filomena Gomes

MAIS PORMENORES E FOTOS

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Aventura- Tsiiii tsiiii ndash o meu olhar desviou-se do hori-zonte que observava tentando encontrar por perto de onde vinha o som daquele assobio

- Satildeo as marmotas Estatildeo a avisar as outras que noacutes estamos por perto eacute assim que comunicam principalmente se sentem algum perigo - o Heacutel-der ria do meu ar confuso Ia jurar que o assobio vinha de um ser humano Foi a primeira vez que avistei este simpaacutetico mamiacutefero Imagino esta marmota no meio dos peluches do quarto das minhas filhas Satildeo sem duacutevida um animal sim-paacutetico estes excelentes escavadores que vivem em altitudes desde os 900m aos 3200m Nove meses do ano passam-no a hibernar Estamos em pleno veratildeo nos Alpes e as marmotas estatildeo em grande atividade armazenando energias para o inverno Conseguimos avistar os outros elementos da coloacutenia ldquode peacuterdquo alerta Foi um bom motivo para uma merecida pausa tirar a mochila hidratar comer uma barra energeacutetica

Jaacute haviacuteamos percorrido grande parte do trilho que nos levaria ao Refuacutegio Albert I Eacute aqui que pernoitaremos para iniciar a nossa aclimataccedilatildeo Saiacutemos da pequena vila de Le Tour de onde partem os telefeacutericos usados no inverno para aceder agraves pistas de esqui No veratildeo continuam em atividade facilitando o percurso aos trekkers que natildeo queiram palmilhar o desniacutevel de cerca de

700m que os separa do Col de Balme- Estamos a aclimatar e tambeacutem a treinar nem pensar em usar meios mecacircnicos ndash Helder sor-ria a dizer esta frase Foi quanto bastou para perceber que a manhatilde ia ser longa Depois de vencermos grande parte do desniacutevel chegamos a um local de onde se pode avistar a cordilheira do monte Branco la Verte os Drus as Aiguil-les de Chamonix e o Monte Branco com os seus 4810m Mas que local magniacutefico para aclimatar pensei Para subir em altitude temos que permi-tir ao nosso organismo que se habitue gradual-mente agrave falta de oxigeacutenio a que vai ser exposto Para isso vamos fazendo caminhadas subindo gradualmente para que ao fim de alguns dias jaacute estejamos mais aptos a entrar numa zona em que a pressatildeo atmosfeacuterica eacute menor e o oxigeacutenio do ar mais rarefeito

Ao chegar agrave moreia do glaciar do Tour resta-nos uns 200 m para o nosso objetivo A 30 de agosto de 1930 o rei Alberto I da Beacutelgica inaugurou o primeiro refuacutegio que tem o seu nome Em 1935 o refuacutegio foi ampliado no entanto natildeo foi sufi-

ciente e o atual precariamente empoleirado num penhasco a uma altitude de 2706

inaugurado a 12 de julho de 1959 foi construiacutedo perto do primeiro

edifiacutecio Natildeo posso deixar de me impressionar ao avistaacute-lo e quando chego sento-me na varanda feliz por poder apre-

Esta-mos em pleno

veratildeo nos Alpes e as marmotas estatildeo em grande ativida-de armazenando energias para o

inverno

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ciar vistas tatildeo magniacuteficas ehellip por poder tirar as botas Natildeo tinha botas de alta montanha mas um amigo comprou umas plaacutesticas em segun-da matildeo em Chamonix e sorte das sortes eram o meu nuacutemero Fiz este trekking com elas para me habituar resultou Mas os meus peacutes supli-cavam por ar fresco Soacute conseguimos dar o de-vido valor ao momento de descanso conversa contemplaccedilatildeo numa varanda dum refuacutegio se jaacute tivermos percorrido umas boas horas por trilhos de montanha Saboreei ao maacuteximo este tempi-nho sabia que a tarde era guardada para treino no glaciar como andar em cordada e escalada no gelo Eacute sempre bom relembrar as bases um acidente pode acontecer quando descuramos as regras mais simples e esta tarde foi fundamental para isso Um sol magniacutefico vistas deslumbran-tes ambiente descontraiacutedo Natildeo deixar a corda a tocar o chatildeo nunca a pisar nem a ter dema-siado em tensatildeo Esta sintonia entre elementos de cordada trabalha-se e soacute com o treino a con-seguimos obter Amanhatilde vamos sair ao nascer do dia em direccedilatildeo agrave Aiguille du Tour Esta for-maccedilatildeo com 3540m eacute muito popular entre as pes-soas que tentam a ascensatildeo ao Monte Branco Eacute relativamente faacutecil a sua subida pela face leste

A meteorologia na manhatilde da nossa subida esta-va perfeita Adoro toda a logiacutestica de preparaccedilatildeo de saiacuteda do refuacutegio O acordar ainda de noite os ruiacutedos leves e abafados dos mais madrugadores na camarata o som dos passos ainda lentos no chatildeo de madeira Tento concentrar-me para natildeo me escapar nada ter todo o material colocado e sentir-me confortaacutevel Saio do refuacutegio e o ar

fresco da montanha acorda os meus sentidos Comeccedilamos a subir o glaciar frontais ligados muacutesculos a aquecer A inclinaccedilatildeo eacute moderada e rapidamente chegamos ao colo superior do Tour que marca a fronteira da Franccedila com a Suiacuteccedila ndash Trouxeram o passaporte Vamos pas-sar no posto fronteiriccedilo ndash pergunta o Heacutelder a sorrir Atravessamos agora o glaciar de Trient o sol aquece-nos e as vistas satildeo surpreendentes Ao chegar agrave base da aguille do Tour fazemos o nosso merecido descanso comer beber aacutegua apreciar a beleza que nos circunda Vem agora a parte divertida para quem gosta de escalar em rocha Iniciamos calmamente a nossa subida vamos ouvindo algumas orientaccedilotildees progredin-do e fazendo manobras para passar nas zonas mais expostas ateacute chegarmos ao topo Emocio-no-me com a beleza agrave minha volta O meu pen-samento liga-se a algueacutem muito querido que haacute bem pouco tempo deixou a vida terrena sinto a sua proximidade Um abraccedilo forte da minha amiga de escalada traz-me novamente agrave terra E ali agrave nossa frente majestoso quase como que a chamar-nos o Monte Branco

Foi nesse mesmo dia que regressamos a Chamo-nix Uma longa descida animada pela conversa descontraiacuteda sobre os Alpes - Haacute sempre tanto que contar desta cordilheira travessias espeta-culares que se podem fazer ndash ouvia atenta as histoacuterias que me contavam era a minha primei-ra vez nos Alpes e jaacute estava cativada Cativada ateacute pela proacutepria cidade de Chamonix Eacute um lo-cal onde se respira ar livre Da varanda do nos-so apartamento para onde quer que olhe vejo

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Aventuraatividades outdoor Ouccedilo os risos alegres dum grupo que desce o rio fazendo rafting observo o ceacuteu colorido pelos parapentes as pessoas pas-sam na rua equipadas com roupa de montanha Cheguei a Chamonix haacute dois dias de comboio Quando deambulava pelas suas ruelas cho-quei com uma curiosa estaacutetua onde um homem aponta a outro o cume do Monte Branco

- Eacute Jacques Balmat que estaacute a apontar para o cume ele foi o primeiro homem a subir esta montanha a 8 de agosto de 1786 acompanha-do do meacutedico Michel Paccard Saiacuteram de Cha-monix acamparam no cume da Montagne de la cote a 2630m agraves 4 da manhatilde partiram e chega-ram ao cume por volta das 6h da tarde Balmat nasceu neste vale era um caccedilador de cristais tinha uma vontade de ferro e um instinto para as montanhas Paccard era meacutedico em Chamonix e um excelente alpinista adorava botacircnica e mi-nerais Tambeacutem lhe erigiram aqui uma estaacutetua

Foi ele que conheceu Horace-Beacute-neacutedict de Saussure que ini-

ciou a corrida do primeiro homem a subir ao Monte Branco ndash disse-me Joatildeo

- E esse Saussure tam-beacutem era alpinista ndash perguntei curiosa

- O seu interesse pela botacircnica trouxe-o ateacute aos

Alpes e percorreu grande parte desta cordilheira co-

meccedilando a trabalhar no sentido de esclarecer a topografia da parte ne-

vada dos Alpes nessa eacutepoca praticamente des-conhecida Foi em 1760 que veio aqui pela pri-meira vez e ofereceu uma recompensa a quem escalasse o Monte Branco Ele tentou fazecirc-lo sem sucesso- Entatildeo nunca chegou a subir

- Sim conseguiu mas soacute em 1787 jaacute tinha 47 anos e levou 18 guias com ele Relembro as palavras que li do fotoacutegrafo de montanha C Douglas Milner ldquoA subida em si foi magniacutefica uma incriacutevel faccedilanha de coragem grande resistecircncia realizada por estes dois ho-mens apenas sem corda e sem piolets muito sobrecarregados com equipamentos cientiacuteficos e com longos bastotildees com pontas de ferro O bom tempo e uma lua luminosa garantiram o seu regresso com vidardquo

O dia seguinte foi passado a descansar visitar o Museu da Montanha e espreitar a meteoro-

Foi em 1760 que veio aqui

pela primeira vez e ofereceu uma recom-

pensa a quem escalas-se o Monte Branco Ele tentou fazecirc-lo

sem sucesso

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Um dos pontos al-tos eacute ir agrave roulotte

dos waffles delei-tarmo-nos com este

delicioso doce No fi-nal do dia ainda pude-

mos assistir a um espetaacute-culo de muacutesica e danccedila celta

na praccedila central O ambiente eacute descontraiacutedo a praccedila estaacute cheia de gente e a muacutesica faz sempre bem agrave alma Joatildeo recebe um telefonema

- Estaacutes nos Alpes Natildeo vatildeo poder subir amanhatilde aproxima-se uma tempestade Mas tenho boas notiacutecias tens uma janela de bom tempo no dia seguinte se quiserem aproveitar - Disse Viacutetor Baiacutea sempre bem informado sobre os fenoacuteme-nos meteoroloacutegicos

O dia em que vai haver ldquouma abertardquo para subir eacute o mesmo dia em que temos voo para Lisboa

desde Genebra Ficamos um pouco a pensar no que decidir e claro temos que arriscar Na mon-tanha eacute assim tem que haver flexibilidade es-tamos dependentes das condiccedilotildees climateacutericas e aproveitar quando nos eacute proporcionado bom tempo

A rota que vamos seguir natildeo eacute a mais utilizada eacute chamada rota dos trecircs cumes Esta rota eacute mais exigente fiacutesica e tecnicamente do que a rota do Goucircter No entanto com faacutecil acesso a partir do telefeacuterico da Aiguille du Midi este percurso tor-nou-se a segunda rota mais popular para esca-lar o Monte Branco O percurso inicia-se na Ai-guille du Midi seguindo pelo Col du Midi antes de subir o Monte Branco atraveacutes do Mont-Blanc du Tacul (4248m) e Maudit Mont (4465m) Esta rota requer condiccedilotildees estaacuteveis na neve do Mont Blanc du Tacul e Mont Maudit e tem uma eleva-ccedilatildeo acumulada de 1425m O refuacutegio Cosmiques estava lotado a nossa uacuteni-

- Es-taacutes nos Alpes

Natildeo vatildeo poder subir amanhatilde aproxi-ma-se uma tempestade

Mas tenho boas notiacutecias tens uma janela de bom tempo no dia seguinte

se quiserem apro-veitar

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Aventura

estaccedilatildeo do telefeacuterico da Aiguille du Midi Este telefeacuterico foi construiacutedo em 1955 e manteve o tiacutetulo de ser o mais alto do mundo durante duas deacutecadas Ele ainda deteacutem o recorde como o te-lefeacuterico com a ascensatildeo vertical mais alta no mundo de 1035 m para 3842 m Haacute duas se-ccedilotildees de Chamonix para o Plano de lAiguille a 2317 m e depois diretamente sem qualquer pi-lar de apoio para a estaccedilatildeo superior a 3777 m Apanhamos o uacuteltimo telefeacuterico do dia cerca de 20 minutos depois estaacutevamos no terraccedilo a tentar admirar as lindiacutessimas vistas que se tem deste local No entanto o mau tempo previsto estava certo e a visibilidade natildeo era mais de 20 m agrave nossa frente Estava desanimadiacutessima

- Como eacute possiacutevel daqui a poucas horas termos bom tempo para subir ndash Perguntei increacutedula- Estamos na montanha Luiacutesa a meteorologia muda rapidamente Temos que aguardar ndash Afir-mou Joatildeo calmo e confiante

Fomos procurar um local onde pudeacutessemos descansar ateacute agrave meia-noite hora marcada para a nossa partida O percurso eacute longo com bas-tante desniacutevel e na realidade o voo para Lisboa eacute amanhatilde Quando acordei o som dos ventos fortes que se faziam ouvir misteriosamente desaparece-ram Depois de comer e fazer a confirmaccedilatildeo do equipamento dirigimo-nos para a aresta que nos levaraacute ao Valleacute Blanche Foi com extrema curiosidade que me dirigi agrave saiacuteda Como esta-raacute o tempo A calma e tranquilidade que senti ao sair para o exterior foi-me trazida pela ma-ravilhosa paisagem que tinha agrave minha frente Afinal depois da tempestade vem a bonanccedila e a visatildeo deste vale imaculado sob um ceacuteu estre-lado sem ningueacutem sem pegadas sem luzes de frontais foi brutal Ao comeccedilar a descer a ares-ta conseguimos ver o refuacutegio Cosmiques ainda adormecido Fomos mesmo os primeiros a sair o que representa um privileacutegio por um lado e

No entanto o mau tempo pre-

visto estava certo e a visibilidade natildeo era mais de 20m agrave nossa frente Estava desa-

nimadiacutessima

Ainda foi longa a nossa caminhada sempre a encontrar forccedilas e energia onde quer que elas estivessem escondidas Paraacutevamos de vez em quando agrave espera da outra cordada de amigos e por fim cerca das 10h da manhatilde atingimos o cume Tento tirar fotos mas a maacutequina fotograacute-fica natildeo ajudou fiquei sem bateria Natildeo faltam maacutequinas para o fazer e depois de um breve descanso temos que iniciar a descida pela mes-ma rota Eacute uma descida que acaba por ter al-gumas subidas sendo por isso mais demorada Mas a alegria de ter cumprido o objetivo o dia tatildeo calmo e luminoso a companhia dos amigos supera qualquer tipo de cansaccedilo

Tive um sentimento de saudade ao chegar nova-mente ao Valleacute Blanche e olhar para traacutes para o trilho percorrido olhar aquele vale agora agrave luz do dia atravessado por tantas pegadas Olho de relance para a uacuteltima subida que nos falta fazer a aresta que nos levaraacute ao telefeacuterico na Aguille du Midi Faccedilo esta subida confiante como se ti-vesse deixado para traacutes todo o esforccedilo e cansaccedilo extremo desta maravilhosa aventura

Com grande pena natildeo pude comemorar em Chamonix nessa noite mas comemorei com imensa alegria ao reencontrar-me com a mi-nha famiacutelia orgulhosa de mim afinal estive no mesmo dia no cume do Monte Branco de manhatilde e agrave noite na minha cama quente e confortaacutevel em Lisboa oslash

Luiacutesa Tomeacute

Papa-Leacuteguaswwwpapa-leguascom

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Aventu

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um esforccedilo acrescido por outro Relembro a tra-vessia do glaciar do Tacul a ldquofazer trilhordquo o som dos campons na neve ecoava num ritmo proacute-prio pousava a minha bota no local exato onde o Joatildeo tinha feito a pegada como que num jogo em que quando falhava acrescia o esforccedilo que teria que fazer O som de passos intensifica-se temos mais madrugadores connosco Deixamo--los passar jaacute vimos a fazer trilho haacute bastante tempo eacute a vez de outros agora

Quando chegamos agrave ldquoparederdquo do Mont Blanc du Tacul jaacute temos algumas pessoas agrave espera para subir O sol ainda natildeo subiu para nos aquecer esperamos junto agraves cordas a nossa vez os peacutes comeccedilam a dar sinal de frio Iniciamos a subida os piolets e os crampons cravam-se certeiros no gelo a corda ajuda na subida Comeccedilo a ficar cansada e a hesitar paro por uns momentos sinto a boca seca o coraccedilatildeo a bater forte olho para cima jaacute natildeo falta muito - Piolet numa matildeo corda na outra sobe Luiacutesa ndash a voz do Heacutelder trouxe-me lucidez A energia que me faltava regressou Concentro-me e con-tinuo a subida pedaccedilos de gelo passam por noacutes arrancados aquela parede cheia de gente dese-josa de ultrapassar possivelmente o obstaacuteculo mais duro desta rota

O trilho continua pelo beliacutessimo Mont-Maudit apesar do seu nome O sol jaacute vai alto comeccedila a aquecer haacute que comeccedilar a tirar camadas Natildeo podemos desidratar Col de la Brenva um chaacute quente e uma bolacha Apetece ficar jaacute aqui as vistas satildeo surpreendentes Mas natildeo eacute este o nos-so objetivo vamos continuar a subir

Entrevista Diogo Miguel - (Oti-Estarreja)

ldquoO DEsPORTO EM PORTuGAL eacute uM EsPELhO DA sOCIEDADErdquo

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Entrevista

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Sabe acima de tudo as con-

diccedilotildees que temos e consegue olhar para o

resultado como sen-do bastante meri-

toacuterio

OutdOOr COmO eacute pOssiacutevel algueacutem COm-patibilizar a preparaccedilatildeO enquantO atleta de OrientaccedilatildeO de elite COm as exigecircnCias dum 6ordm anO dO CursO de medi-Cina

diOgO miguel O segredo reside sobretudo na motivaccedilatildeo Toda a gente consegue tirar um curso e fazer desporto e inclusivamente se gos-tar consegue treinar todos os dias Mas se esti-ver motivado o suficiente consegue levantar-se cedo para correr agraves seis da manhatilde estar na Fa-culdade agraves oito e meia sair agraves quatro da tarde e ir treinar outra vez estudar ateacute agraves dez da noite e dormir porque amanhatilde eacute outro dia Eacute preci-so estar-se motivado para abraccedilar esta vida durante o ano inteiro

Haacute quantO tempO eacute que as COisas satildeO levadas assimQuando comecei a fazer Orien-taccedilatildeo natildeo tinha grandes preo-cupaccedilotildees com o treino Durante os anos de faculdade jaacute treinava bastante a seacuterio mas foi haacute dois ou trecircs anos quando comecei a ser treinado pelo Professor Bruno Nazaacuterio que aumentei a carga de trei-no para o bi-diaacuterio A partir daiacute passei a ter o meu tempo totalmente ocupado Satildeo os estaacutegios do Curso o tempo de deslocaccedilatildeo para Hospitais da periferia uma tese para defender Este ano seraacute bastante mais exigente que os anteriores se calhar natildeo vou poder fazer treino bi-diaacuterio todos os dias como gostaria mas ainda assim vou pro-curar treinar duma forma o mais seacuteria possiacutevel e se natildeo puder fazecirc-lo na quantidade desejaacutevel pelo menos na qualidade espero consegui-lo

em 2007 COnquistOu a primeira grande medalHa da OrientaccedilatildeO pOrtuguesa aO sagrar-se CampeatildeO da eurOpa de JOvens

Chama-se Diogo Miguel e eacute aos 23 anos uma das referecircncias da Orientaccedilatildeo Pedestre nacio-nal Campeatildeo Europeu de Jovens em 2007 e Campeatildeo Nacional de Distacircncia Longa em 2009 e 2011 Diogo Miguel reparte o tempo entre a modalidade do seu coraccedilatildeo e as exigecircncias do curso de Medicina que abraccedilou haacute seis anos E foi precisamente por aiacute que a nossa conversa comeccedilou uma conversa onde passado presen-te e futuro se misturam e confundem numa teia de opccedilotildees direccedilotildees desafios e decisotildees Na Orientaccedilatildeo como na Vida

Por Joaquim Margarido

de sprint em eger na Hungria que me-moacuterias guarda dessa JOrnada Haacute CinCO anOs atraacutesGuardo sobretudo as memoacuterias e os amigos Na altura pensaacutemos que a visibilidade que este re-sultado poderia dar agrave Orientaccedilatildeo catapultasse a modalidade e possibilitasse a obtenccedilatildeo de mais apoios mas isso natildeo se veio a verificar pelo me-nos na medida daquilo que seria de esperar

esteve este anO nOs mundiais de lausan-ne COnseguindO O 33ordm lugar na Final a de distacircnCia lOnga que valOr atribui a este seu resultadOAtribuo-lhe um valor elevado ateacute porque foi a primeira vez em dez anos que um portuguecircs foi a uma final A de Distacircncia Longa Cheguei ao fim com a certeza de ter feito o meu melhor e se natildeo tivesse quebrado fisicamente teria fei-to melhor ainda Ou seja com outras condiccedilotildees de treino teria facilmente ficado entre os vinte e cinco primeiros Mas falta bastante cultura des-portiva agrave sociedade portuguesa em geral e se disser a algueacutem que natildeo estaacute familiarizado com a Orientaccedilatildeo que terminei em 33ordm num Campeo-nato do Mundo essa pessoa iraacute pensar ldquoesque-ce eacutes mau natildeo prestasrdquo Mas quem sabe como estas coisas funcionam sabe os sacrifiacutecios que temos que fazer Sabe acima de tudo as condi-ccedilotildees que temos e consegue olhar para o resulta-

do como sendo bastante meritoacuterio

temOs em pOrtugal O apOiO que deviacuteamOs Ou que mereCiacuteamOs

Natildeo Eacute bastante revoltante olhar para outros desportos como eacute o caso do Futebol e termos um Presidente que termina o man-dato agrave frente da Federaccedilatildeo e que se sente orgulhoso por ter deixa-

do um balanccedilo positivo nas contas de muitos milhotildees de euros Mas

satildeo estes precisamente que ainda assim continuam a receber milhotildees e

milhotildees do Instituto Portuguecircs do Desporto e Juventude enquanto outras modalidades lutam pela sobrevivecircncia Acho que somos claramen-te sub-apoiados O desporto em Portugal eacute um espelho da Sociedade Haacute os muito ricos e haacute os muito pobres Os ricos satildeo cada vez mais ricos e os pobres satildeo cada vez mais pobres Eacute a mesma coisa com o desporto

quandO OlHa para Os nOssOs JOvens que pOtenCialidades vecirc neles para COn-seguirem CHegar aOs lugares CimeirOs da OrientaccedilatildeO eurOpeia e mundialTemos alguns jovens com bastante valor prin-

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cipalmente o Luiacutes Silva Trata-se dum atleta que tem um futuro brutal e acho que vai ser sem sombra de duacutevidas o melhor atleta portuguecircs dentro de muito pouco tempo Olhando de for-ma mais aprofundada para estes atletas eacute uma realidade que eles tecircm hoje melhores condiccedilotildees em relaccedilatildeo agravequilo que noacutes tiacutenhamos na altura Basta ver que os atletas jaacute se deslocam com al-guma frequecircncia ao terreno antes das grandes competiccedilotildees coisa que natildeo havia ateacute haacute muito pouco tempo atraacutes E depois haacute os estaacutegios de Seleccedilatildeo Mas deve reconhecer-se que lhes falta o treino fora da competiccedilatildeo Acho que falta al-gum espiacuterito de sacrifiacutecio no treino em casa que eacute o mais importante

o CLubE dE oriEntaccedilatildeo dE EstarrEJa Eacute dEsdE sEMprE o sEu CLubE quE signiFiCa-do tEM para si EstE EMbLEMa E Esta CaMi-soLa quE EnvErgaComecei na Orientaccedilatildeo aos 8 anos e a minha primeira experiecircncia foi no Desporto Escolar na minha terra Canelas uma pequena aldeia do Concelho de Estarreja A essa primeira pro-va seguiu-se uma ldquoQuinzena da Orientaccedilatildeordquo no veratildeo e nunca mais parei Haacute quinze anos que estou ligado a este clube e ele faz parte de mim Poderia dividir a minha vida em dois por um lado a parte profissional da Faculdade e por outro a Orientaccedilatildeo Por estranho que possa pa-recer a parte desportiva natildeo se encontra num plano inferior relativamente agrave parte profissio-nal Ambas as partes se complementam uma agrave outra Portanto a minha ligaccedilatildeo a este clube eacute muito grande satildeo muitos anos satildeo muitas pes-soas e ajudou-me a crescer

aos Miuacutedos quE agora datildeo os priMEiros passos quE ConsELhos dariaO conselho natildeo o daria aos miuacutedos se calhar da-va-o antes aos pais Tanto a escola como o des-porto andam muito ligados Se temos disciplina num acabamos por ter disciplina no outro Natildeo eacute por acaso se olharmos para os atletas de topo a niacutevel nacional todos eles satildeo excelentes es-tudantes e tecircm um futuro profissional bastante promissor Tudo parte de quem educa Eu tenho a sorte de ter uns pais que sempre me educaram bem e que sempre me deram o apoio necessaacuterio para conseguir fazer as duas coisas

E deixaria ainda um conselho mais aos pais o de virem fazer uma prova de Orientaccedilatildeo com os seus filhos Uma das grandes vantagens da Orientaccedilatildeo eacute ser para aleacutem do ldquodesporto da flo-restardquo o ldquodesporto da famiacuteliardquo

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EntrevistaConsidEra quE Esta EacutepoCa CorrEu dE aCordo CoM as suas ExpECtativasNa verdade digamos que a eacutepoca estaacute quase agrave beira de comeccedilar Depois do Campeonato do Mundo tirei mais tempo do que era habitual para descansar e tenho estado a fazer pratica-mente soacute manutenccedilatildeo A eacutepoca teve alguns per-calccedilos comecei a treinar na Repuacuteblica Checa e apesar de ter feito muito treino com mapa devi-do agraves questotildees climateacutericas e agraves poucas horas de luz acabei por ter uma carga de treino aqueacutem do desejaacutevel Depois de regressar a Portugal estava a treinar bem mas tive um percalccedilo e lesionei--me num peacute o que me obrigou a uma paragem de um mecircs Isso fez-me perder muito da minha boa forma e acredito que se natildeo fosse isso po-

deria ter chegado muito melhor ao Campeonato do Mundo e aiacute o resultado poderia ter sido outro Apesar de tudo os resultados acabaram por ser bem melhores do que estaria agrave espera

o obJEtivo a Curto praZo passa pELo tiacute-tuLo naCionaL absoLutoPor acaso esse eacute um tiacutetulo que nunca alcancei Vou comeccedilar a treinar a seacuterio para chegar nas melhores condiccedilotildees ao Campeonato Nacional Absoluto e esse vai ser um bom teste O objetivo eacute estar laacute para ganhar

Quanto agrave proacutexima eacutepoca espero apresentar-me agraves provas em melhor forma do que este ano e que os bons resultados possam aparecer oslash

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wwwgarminpt

ofereccedila um garmin DeSemBruLHara caixa Seraacute Soacute o princiacutepio

este natal ofereccedila emoccedilotildees aventuras para quem viaja ou para os que correm para os que navegam no mar ou escalam montanhas Para os nadadores ou golfistas este natal ofereccedila um garmin

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Por Terra

ORIENTACcedilatildeOhellip DEsPORTO NA NATuREzA

Parque nacional torres del Paine Chile

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Cinco satildeo os sentidos estaacute nos manuais neles reside a possi-bilidade de um maior ou menor contacto da pessoa com aquilo que a rodeia Haacute ainda o sexto sentido aquela perceccedilatildeo extra--sensorial que parece ser mais propriedade das mulheres do que dos homens e que nas con-ceccedilotildees ocultistas estaraacute tam-beacutem sedeado num oacutergatildeo do nosso corpo Figurada ou ob-jetivamente eacute bom que todos eles ndash sem exceccedilatildeo - estejam suficientemente desenvolvi-dos sem isso natildeo haacute sentido de orientaccedilatildeo que aguente

A Orientaccedilatildeo eacute um Desporto recente em Portugal mas tem jaacute mais de 100 anos de existecircncia

enquanto desporto organi-zado Com efeito teraacute sido em Bergen - Noruega no ano de 1897 que se organizou a pri-meira atividade desportiva de Orientaccedilatildeo Os paiacuteses noacuterdicos satildeo ainda hoje aqueles onde a modalidade tem maior implan-taccedilatildeo mobilizando um nuacutemero de praticantes que coloca a

Orientaccedilatildeo entre os cinco des-portos com mais adeptos na Escandinaacutevia A maior prova do mundo realiza-se anual-mente na Sueacutecia os 5 dias da Sueacutecia com um nuacutemero de participantes que jaacute atingiu os 25000

Durante o seacutec XX a modali-dade foi evoluindo ateacute agrave criaccedilatildeo da Federaccedilatildeo Internacional de Orientaccedilatildeo (IOF) que fes-tejou em 2012 o 51ordm aniversaacuterio e veio normalizar mundial-mente as regras competitivas as normas para elaboraccedilatildeo dos mapas e as sinaleacuteticas a usar A Orientaccedilatildeo eacute praticada em quatro disciplinas diferentes Orientaccedilatildeo Pedestre Orien-taccedilatildeo em BTT Orientaccedilatildeo em Ski e Orientaccedilatildeo de Precisatildeo (Orientaccedilatildeo prioritariamente para deficientes motores)

Portugal tem marcado pontos na Orientaccedilatildeo para o desporto adaptado lanccedilando em 2012 a Taccedila de Portugal de Orientaccedilatildeo de Precisatildeo e criando um cir-cuito de Orientaccedilatildeo adaptada vocacionado prioritariamente para a deficiecircncia intelectual e

crianccedilas em idade preacute-escolar que eacute uacutenico no Mundo e que estaacute a ser jaacute implementado pela Espanha

o quE EacutePodemos dizer que a Orien-taccedilatildeo eacute um desporto completo Haacute o aspeto fiacutesico o treino no campo que se aproxima do treino dum atleta de fundo E haacute o aspeto mental que de-sempenha um papel funda-mental a leitura dos mapas o contra-reloacutegiohellip Eacute tambeacutem o desporto de natureza por exce-lecircncia Os orientistas saem dos trilhos balizados para pene-trarem no coraccedilatildeo da floresta Cada dia eacute uma nova aven-tura Daquele que se inicia na Orientaccedilatildeo ao mais consagrado dos praticantes haacute todo um mesmo espiacuterito de liberdade de fazer a sua proacutepria escolha do melhor itineraacuterio No Atle-tismo por exemplo a volta agrave pista teraacute sempre 400 metros quer seja aqui ou no Japatildeo Na Orientaccedilatildeo esta noccedilatildeo de dis-tacircncia tem muito pouco signi-ficado Tanto se pode fazer 10 quiloacutemetros numa hora e meia como em quarenta minutos E

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depois nunca existem duas florestas iguais Eacute o eterno recomeccedilo Na Austraacutelia ou na Suiacuteccedila no Japatildeo ou na Escandinaacutevia eacute necessaacuterio uma adaptaccedilatildeo a cada local natildeo haacute lugar a repeti-ccedilotildeeshellip

Cada corredor possui uma buacutessola e um mapa que contrariamente a um mapa normal conteacutem uma enorme diversidade de detalhes acerca dos seus elementos caracteriacutesticos (relevo do ter-reno vegetaccedilatildeo caminhos elementos rochosos construccedilotildees e muito mais) Os mapas satildeo rea-lizados segundo as normas especiacuteficas da Fede-raccedilatildeo Internacional de Orientaccedilatildeo que tem sede na Finlacircndia Aleacutem da legenda sobre os siacutembolos nele representados existe ainda uma sinaleacutetica

proacutepria que tem a ver com o percurso que o praticante vai realizar nesse evento e que eacute uma linguagem uni-versal

A partir do momento em que se potildee em marcha o cronoacutemetro o orientista deve efe-tuar o seu percurso que eacute marcado no mapa e que eacute cons-tituiacutedo por uma par-tida (representada por um triacircngulo) uma seacuterie de pontos de

passagem obrigatoacuterios (representados por ciacuter-culos) e a chegada (representada no mapa por dois ciacuterculos concecircntricos) Estes pontos satildeo materializados no terreno sob a forma de um prisma triangular denominado por baliza e a passagem deve ser validada por um sistema de ldquopicotagemrdquo manual ou eletroacutenica O objetivo consiste em fazer o percurso na sequecircncia in-dicada o mais rapidamente possiacutevel Mas entre cada ponto de passagem a escolha do itineraacuterio fica ao criteacuterio de cada um

O percurso em linha reta evidentemente nem sempre eacute o mais raacutepido Eacute necessaacuterio jogar com as inflexotildees do terreno os lagos os muros e outros acidenteshellip O tempo gasto a percorrer o traccedilado da corrida depende sobretudo do meio sobre o qual a mesma se desenrola Em terrenos como na Escandinaacutevia onde o relevo eacute mais duro numa mesma distacircncia poderemos gastar quase o dobro do tempo que gastariacuteamos num terreno plano e sem o mesmo tipo de obs-taacuteculos

Por Terra

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O conhecimento do relevo eacute a parte mais difiacutecil Eacute neces-saacuterio aprender a imaginar um terreno a trecircs dimensotildees sobre o mapa Claro que natildeo eacute apenas isto Para quem tem mais dificuldade em possuir a visatildeo a trecircs dimensotildees esta in-suficiecircncia pode ser compensada com outras qualidades nomeada-mente a atenccedilatildeo Mas nem todos pos-suem igualmente esta capacidade mental Como na generalidade dos desportos eacute neces-saacuteria uma longa aprendizagem onde o treino teacutecnico a vivecircncia de situaccedilotildees mais variadas e o nuacutemero de florestas ldquovisitadasrdquo desempe-nham um papel fundamental Eacute agrave medida que o tempo passa que o orientista aprende a adaptar o seu comportamento a reagir cada vez mais rapidamente e a encontrar as melhores opccedilotildeesO desporto natildeo eacute muito mediatizado e o espiacute-rito da Orientaccedilatildeo eacute o de permanecer livre Eacute um desporto ainda preservado de certas po-leacutemicas ldquodopingrdquo e outros malabarismos daiacute que muitos orientistas digam que natildeo seja mau de todo que ele permaneccedila ldquoconfidencialrdquo

Grandes Competiccedilotildees em 2013

Em 2013 as grandes competiccedilotildees internacio-nais onde Portugal vai querer estar presente

satildeo as seguintes

- Campeonato do Mundo de Juacuteniores ndash Repuacuteblica Checa (29jun-06 de julho) wwwjwoc2013cz

- Campeonato do Mundo Elite ndash Finlacircndia (07-14 jul)

wwwwoc2013fi- Campeonato do Mundo ve-

teranos ndash Itaacutelia (02-10 ago) wwwwmoc2013it

- Campeonato da Europa de Jovens ndash Israel (03 de novembro) wwweyoc2013org

portuGal na alta roda Mas Portugal vai ter brevemente grandes desa-fios pela frente- Em 2013 organiza uma etapa da Taccedila do Mundo de seacuteniores e o Campeonato do Mundo de Vete-ranos de Orientaccedilatildeo em BTT - Costa Alentejana entre 09 e 13 de outubro- Em 2014 organiza em Palmela de 9-14 de abril e em paralelo o Campeonato da Europa de Orientaccedilatildeo Pedestre e o Campeonato da Eu-ropa de Orientaccedilatildeo de Precisatildeo wwweoc2014fpopt

Carnaval o ponto alto Desde 1996 que Portugal realiza a sua prova ra-inha que atrai os melhores especialistas a Por-

Eacute um desporto ainda

preservado de certas poleacutemicas ldquodopingrdquo e outros malabarismos

daiacute que muitos orientistas digam que natildeo seja mau de todo que ele perma-

neccedila ldquoconfiden-cialrdquo

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Novembro_Dezembro 2012 OUTDOOR44

Por Terratugal Eacute O Portugal Orsquo Meeting que desde 2000 se realiza no Carnaval com a duraccedilatildeo de 4 dias e pontuaacutevel para a liga Mundial de orientaccedilatildeo pedestre nos percursos de Elite Em 2013 Por-tugal vai receber pela primeira vez trecircs eventos pontuaacuteveis para a Liga Mundial02 e 03 de fevereiro ndash Norte Alentejano Orsquo Mee-ting ndash Nisa (wwwnaompt)09ndash12 de fevereiro ndash Portugal Orsquo Meeting ndash Idanha-a-nova (wwwpompt)16 e 17 de fevereiro ndash XIV Meeting de Orien-taccedilatildeo do Centro ndash Pombal (wwwcocpteventos16fev2013)

OrientaccedilatildeO muitO mais dO que um despOr-tOOlhando para a modalidade de uma forma mais transversal podemos enquadraacute-la aleacutem de mo-dalidade desportiva com aacutereas como o Ambien-te a Educaccedilatildeo e as Novas Tecnologias As qua-tro vertentes atraacutes enunciadas reunidas numa soacute tem a ver tambeacutem com solidariedade

Ambiente porque a Orientaccedilatildeo eacute o ldquoDesporto da Florestardquo fazendo de cada praticante um guardiatildeo e um amigo de tatildeo valioso patrimoacutenio Educaccedilatildeo porque eacute uma modalidade onde se aglutinam mateacuterias tatildeo nucleares como a Ma-temaacutetica ou a Geografia e se desenvolvem com-petecircncias como a capacidade de interpretaccedilatildeo ou o poder de decisatildeo por isso ser considerada prioritaacuteria para o Desporto Escolar Novas Tec-nologias porque eacute das modalidades que mais depende dos Meios Informaacuteticos a todos os niacute-veis do controlo de tempos agrave cartografia mais desenvolvida que existe Desporto porque pro-move a atividade fiacutesica e a Sauacutede dirigindo-se de igual forma agravequeles que individualmente a praticam ao niacutevel da alta competiccedilatildeo como agraves crianccedilas ou agraves famiacutelias que vecircm nela uma forma

de promover o seu bem estar fiacutesico e reforccedilar os laccedilos de amizade e convivialidade

E solidariedade porque vive da forccedila que projeta nos seus praticantes

trabalhando desinteressadamente em prol da modalidade em prol do paiacutes

Porque a Orientaccedilatildeo eacute Ambiente eacute Educaccedilatildeo satildeo Novas Tecnolo-gias eacute Desporto Porque a Orien-

taccedilatildeo gera Riqueza e gera Sauacutede Porque a Orientaccedilatildeo eacute de todos e

para todos Interessa a todos Inte-ressa ao Paiacutes Daiacute que eacute urgente que

todos venham experimentar e que descu-bram as belezas deste Paiacutes de mapa na matildeo oslash

Fernando Costa e Joaquim margarido

Olhando para a modali-

dade de uma forma mais transversal po-

demos enquadraacute-la aleacutem de modalidade desportiva

com aacutereas como o Am-biente a Educaccedilatildeo e

as Novas Tecnolo-gias

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A fechar

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WWWREVISTAOUTDOORPT8

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Page 8: Revista Outdoor 8

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sempre um desafio para qualquer es-calador laquoPrimeiro abrimos uma via numa zona pouco frequentada do Torreacuteon que se chama de Cer-ro Peluca e batizamo-la natu-ralmente de 150ordm Aniversaacuterio Mammutraquo Eacute com modeacutestia que Tozeacute descreve a abertura da nova via

Aleacutem da nova via Tozeacute e os companheiros espanhoacuteis esco-lheram a Via Lucas ao Torreacuteon laquoEacute a que tem melhor visibilidade des-de o cume sobre os outros escalado-resraquo resume o escalador de Barcelos que no projeto Mammut enriqueceu o curriacuteculo longo de montanhista que incluiu a participaccedilatildeo nas primeiras expediccedilotildees portuguesas a cumes de 7 mil metros nos Himalaias ndash Pumori (2003) e Ama Dablam (2004) e a tentativa de ascensatildeo de um pico de 8000m o Kangchenjunga (2005)

Em Gredos no reino da rocha onde muito haacute por explorar e se sente como peixe na aacutegua o portuguecircs tem jaacute outro projeto ineacutedito com os amigos espanhoacuteis laquoSaberatildeo na altura certaraquo oslash

Aureacutelio FariaJornalista

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Grande Reportagem

Aleacutem da nova via Tozeacute

e os companheiros espanhoacuteis escolheram a Via Lucas ao Torreacuteon laquoEacute a que tem melhor visibi-

lidade desde o cume sobre os outros es-

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Em Famiacutelia

PORTO CITy RACE

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A segunda ediccedilatildeo do Porto City Race eacute um evento de Orienta-ccedilatildeo pedestre urba-no organizado pelo

Grupo Desportivo dos Quatro Caminhos em parceria com a Cacircmara Municipal do Porto atraveacutes da Porto Lazer

O evento faz parte do Circuito Nacional urbano da Federa-ccedilatildeo Portuguesa de Orientaccedilatildeo (CiNU) e eacute aberto a pessoas de qualquer idade podendo parti-cipar individualmente ou em grupo

Mesmo que nunca tenha visto um mapa ou uma buacutessola tem possibilidade de se juntar agrave fes-ta porque a organizaccedilatildeo faraacute acompanhamento e ensino com monitores

Traga a famiacutelia e venha conhe-cer os locais mais emblemaacuteti-cos do Porto e aprenda Orien-taccedilatildeo

Os participantes do evento te-ratildeo a possibilidade de competir no dia anterior no Justlog Park Race no Monte da Srordf da Assun-ccedilatildeo nos arredores do Porto

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Em FamiacuteliaoriEntaccedilatildeo o dEsporto da FaMiacuteLiaPelas suas caracteriacutesticas a Orientaccedilatildeo tem a possibilidade de ser realizada em famiacutelia No iniacutecio satildeo os pais que ensinam os filhos a des-mistificar o slogan de que a floresta eacute o ldquoterri-toacuterio do lobo maurdquo depois ter um mapa e um percurso satildeo momentos de partilha de busca de superaccedilatildeo de transmissatildeo de conhecimen-tos e de preparaccedilatildeo para a vida O facto de exis-tirem percursos adaptados a todas as idades e niacuteveis teacutecnicos permite que no mesmo espaccedilo todos possam executar o seu percurso mesmo que natildeo seja em conjunto

Na proacutexima ediccedilatildeo do Porto City Race a organi-zaccedilatildeo vai criar um percurso turiacutestico vocaciona-do para a famiacutelia em que os pontos de controlo seratildeo monumentos e em que a entrada nos mes-mos seja facilitada Assim aleacutem de cumprirem um percurso de Orientaccedilatildeo poderatildeo tambeacutem conhecer melhor a cidade e a sua histoacuteria oslash

Fernando Costa

11 dE Maio dE 2013 Justlog Park Race - Monte da Srordf da Assunccedilatildeo

12 dE Maio dE 2013 Porto City Race - Centro Histoacuterico do Porto (Patrimoacutenio Mundial)

doMingo 12 dE Maio 2013- porto City raCE

08h30 - Abertura do secretariado no local da prova (A confirmar)

10h00 - Partida dos primeiros atletas

13h00 - Encerramento

Mais inForMaccedilotildeEs EMwwwgd4caminhoscomportocityrace2013

PROGRAMA

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16 Janeiro_Fevereiro 2012 OUTDOOR

Em Famiacutelia

A ROTA DA AacuteGuAPOR LIsBOA

Atividade

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omo proposta para um passeio em famiacutelia e adequado desde os mais novos ateacute aos mais grauacutedos suge-rimos uma visita guiada ao Palaacutecio Marquecircs da Fronteira e o passeio

pedestre Rota da Aacutegua no Parque Florestal de Monsanto em Lisboa

Quem jaacute olhou e passou por debaixo do aquedu-to das Aacuteguas Livres em Lisboa e pensouhellipquem me dera poder subir e saber todos os seus recan-tos histoacuterias e lendas

Neste passeio vai ter acesso a um percurso de 8 km com direito a perguntas e respostas sobre este monumento que nos envolve com a sua grandiosidade e beleza

Porque eacute cedo que comeccedila o dia a hora de en-contro eacute pelas 9h30 no estacionamento em fren-te ao Palaacutecio Marquecircs e Fronteira no largo Satildeo Domingos de Benfica em Lisboa

O palaacutecio foi construiacutedo em 1640 para o pri-meiro Marquecircs de Fronteira D Joatildeo de Mas-carenhas heroacutei da Guerra da Restauraccedilatildeo Este bonito Palaacutecio situa-se agrave beira do Parque Flores-tal de Monsanto no Largo de Satildeo Domingos de Benfica

O Palaacutecio foi ampliado no seacuteculo XVIII em estilo laquorocailleraquo e continua a ser atualmente residecircn-cia dos 12ordm Marquecircs de Fronteira sendo contudo possiacutevel visitar algumas das salas a biblioteca e o jardimO interior eacute igualmente rico destacando-se a Sala das Batalhas que contem belos paineacuteis e azulejos com cenas da Guerra da Restauraccedilatildeo trecircs grandes janelas que se abrem sobre o Jar-dim de Veacutenus e a Sala da Jantar adornada com frescos de retratos da nobreza portuguesaA Capela de finais do seacuteculo XVI conta no seu interior com um preseacutepio cuja autoria eacute atribuiacute-da a Machado de Castro As visitas aos sumptuosos Jardins ldquoagrave italianardquo comeccedilam no terraccedilo da capela com destaque para o Jardim de Veacutenus e o Jardim Formal do seacuteculo XVII onde pontifica a Galeria dos ReisPara completar o passeio iremos conhecer a Rota da AacuteguahellipA Rota da Aacutegua tem 8 km e atravessa uma seacuterie de espaccedilos recreativos e de lazer entre eles o Parque Recreativo do Alto da Serafina o Espa-ccedilo Monsanto Parque da Pedra Parque do Ca-lhau e Mata S Domingos de Benfica O traccedilado do Aqueduto das Aacuteguas Livres acompanha uma parte da rota

O programa comeccedila com uma visita guiada ao Palaacutecio Marquecircs da Fronteira aacutes 10h O passeio pedestre teraacute iniacutecio por volta das 11h30mNatildeo percam este passeio de grande interesse natural histoacuterico-cultural e fotograacutefico oslash

Local de encontro No estacionamento em frente ao Palaacutecio Marquecircs e Fronteira Hora de encontro 9h30m Hora de iniacutecio do pro-grama 10h Percurso Circular Distacircncia 8 km Grau de dificuldade FaacutecilHora prevista do final do programa 14h30m (inclui paragem para descanso e comer) Ponto de encontro Morada Largo de S Domingos de Benfica 1 - 1500-554 Lisboa GPS N 38ordm 44 2503 W 9ordm 10 496 Em alternativa o local de encontro pode ser no Lu-miar em frente ao supermercado Europa agraves9h GPS 38773763-9160421 Ou em Sete Rios agraves 9h15m em frente ao ZOO Haacute possibilidade de boleia para quem necessitar Quem tiver boleia para oferecer agradeccedilo que me avise e indique local de partida Preccedilo do programa 10 euroA atividade estaacute coberta por seguroRecomendaccedilotildees - Uso de calccedilado confortaacutevel e com boa aderecircncia aos solos proacuteprio para caminhadas - Uso de vestuaacute-rio adequado ao tempo - Alimentaccedilatildeo trazer farnel e aacutegua - Trazer chapeacuteu e protetor solar - Natildeo se afastar do grupo - Deixar o lixo nos locais apropriados - Respeitar a vida selvagem e natildeo perturbar a tran-quilidade local - Respeitar a propriedade privada e os campos cul-tivados

Um programa Caminhos com Carisma lda

ContactosE-mail caminhoscomcarismagmailcom Telefone 914 907 446 967 055 233

ficha teacutecnica

Em Famiacutelia

vIAGENsEsPECIAL FIM DE ANO

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Tipo Expediccedilatildeo no DesertoGrau de dificuldade Moderado 1012km diaacuterios aproximadamente 4 horas de caminhadaCaracteriacutesticas8 dias 7 noites6 dias de expediccedilatildeoPuacuteblico-alvo Adequado a crianccedilas gt 8 anos(transporte em dromedaacuterio)Proacuteximas datas 26 de dezembro de 2012 a 2 janeiro de 2013Programa previstoDia 1 Viagem para Marrakech e transfer para riad no centro Noite em RiadDia 2 Viagem de Marrakech para Zagora em viatura exclusiva para o grupoDia 3 Dunas Bougayoirn -gt Dunas Tridi Dia 4 Tridi -gt erg (duna) EssahelDia 5 Erg Essahel -gt Dunas de LanithieDia 6 Dunas de Lanithie -gt Ouled DrissDia 7 Dunas de Lanithie -gt Ouled DrissDia 8 Marrakech e regresso

Equipamento obrigatoacuterioMochila pequena cantil (ou similar)Saco de viagem (maacutex 60Lt e 10kg) para transportar no dromedaacuterioSaco camaFrontal ou lanternaOacuteculos escuros chapeacuteu e protetor solarRoupas confortaacuteveis para caminhadaImpermeaacutevelAgasalho noturnoBaacutesicos de higiene (incluir toalha pequena e ligeira e produtos biodegradaacuteveis papel higieacutenico e saco chinelos)1ordms socorros pessoais que devem incluir anti mosqui-to e anti diarreicoPara as Senhoras ndash calccedilas compridas para atravessar algumas aldeias

Equipamento RecomendadoMaacutequina Fotograacutefica Sticks de Caminhada Calccedilado confortaacutevel e desportivo (uso recomendado)

Nuacutemero miacutenimo 6 pessoas (preccedilo sob consulta para grupos de nuacutemero inferior)

Preccedilo Desde 799euro | + 50euro (suplemento single em Marrakech)

Mais informaccedilotildees aquiUm Programa Caminhos da Natureza oslash

DEsERToDUNas E oaacutesis

Tipo de percurso NaturezaTrekkingGrau de dificuldade MeacutedioAltoCaracteriacutesticas8 dias 7 noitesProacuteximas datas 26 de dezembro de 2012 a 2 janeiro de 2013

Marrocos eacute um paiacutes lindiacutessimo que por estar tatildeo perto e ser tatildeo exoacutetico merece uma visitaNesta viagem propomos mais que uma visita sugeri-mos uma aventura de vaacuterios dias a peacute a acompanhar uma caravana de camelos Iraacute atravessar planaltos e desertos descansar agrave som-bra de oaacutesis e dormir sobre as estrelas beber chaacute na companhia de Berberes e ouvir as suas histoacuterias Per-correremos caminhos antigos de caravanserais que acompanham rios e dunas Para no fim saborearmos um merecido descanso na magia do deserto Aproveite este fim de ano para comemorar em boa companhia e num cenaacuterio exoacutetico e inesqueciacutevel a entrada do novo ano e para conhecer ou regressar a este maravilhoso paiacutes

Programa previstoDia 1 Voo cidade de origem - MarrakechDia 2 Marrakech - ZagoraDia 3 Beni Ali - Oaacutesis de Foum TaqquatDia 4 Oaacutesis de Foum Taggat ndash Dunas de Nesrate ndash Ksar Ait IsfoulDia 5 Oaacutesis e dunas de Nesrate ndash Zaouiat Sidi Saleh ndash Duna de TidiriDia 6 Dunas de Tidiri ndash Oaacutesis e dunas de Ragabi ndash Dunas Erg LihoudiDia 7 Viagem para MarrakechDia 8 Voo Marrakech - cidade de origem

Preccedilo 580euro (Preccedilo Terra) | Desde 350euro (Preccedilo voo) + Suplemento ind Marrakech 50 euro

Mais informaccedilotildees aquiUm Programa Papa-Leacuteguas oslash

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dia 1 - 28ago12 keflavik- selfoss ndash 112 kmNoacutes movemo-nos como este vento que corre li-vremente por este paiacutes gelado Tatildeo a sul quanto eacute possiacutevel nesta latitude percorremos a estrada da costa expostos a um inquietante e impressio-nante vento que nos derrubou por diversas ve-zes Ele natildeo deixa saudades apenas ficam mar-cas e recordaccedilotildees Por momentos sentimo-nos transportados para o outro extremo do mundo na Patagoacutenia onde os 8 meses que separam es-tas 2 aventuras natildeo chegam para tirar do corpo o desconforto que nos provocou

Por todo o lado nota-se a natureza intocada com pouca vegetaccedilatildeo os tons escuros dos solos vulcacircnicos e muitas rochas de lava cobertas de musgo O momento do dia foi junto da Blue La-goonl um dos pontos mais turiacutesticos da Islacircndia

Pedalar por um sonho agraves portas do Ciacuterculo Polar Aacutertico

Para os sonhos serem realizados eacute preciso al-gueacutem que acredite A nossa viagem agrave Islacircndia foi alimentada pela vontade de ajudar 2 crianccedilas a concretizar 2 sonhos em conjunto com a Ins-tituiccedilatildeo terra dos sonhos porque um sorriso vale tudo

Durante 3 semanas pedalaacutemos no nosso mundo de sonhos e a cada pedalada recebemos sorri-sos em troca

ICELANDLusO EXPEDITION

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Para muita gente

viajar significa ir ao encontro daquilo

que procuram Noacutes que viajamos com a bicicleta e em autonomia sabemos

que o destino estaacute traccedilado mas eacute

incerto

dia 2 - 29ago12 selfoss-selfoss Atraacutes das montanhas em busca do Circulo de Ouro 95 km Hoje o dia foi programado para viajarmos sem bagagem Era uma volta circular que nos leva-va para laacute das montanhas ateacute agrave fenda onde a Islacircn-dia se equilibra

No parque nacional de Thingvellir vivemos alguns dos mais conhecidos fenoacutemenos naturais desta ilha Aqui eacute o local onde se separam as placas tectoacute-nicas americana e euroasiaacutetica criando uma fenda que se afasta 2cm por ano

dia 3 - 30ago12 selfoss-Laugarvatn-gey-sir-gullfoss-Fludir-Aacuternes 140 kmPercebemos agora porque chamam ciacuterculo de Ouro ao Geysir e agrave cascata Gullfoss O turismo mais va-lioso chega em inuacutemeros autocarros e viaturas 4X4 equipadas com rodas ldquoextra sizerdquo

Natildeo eacute preciso chegar a este local para sentir os cheiros que os vapores emanam do subsolo Em povoaccedilotildees com pouco mais de 4 casas eacute possiacutevel ver-se a terra em plena atividade diante dos nossos olhos e sentir-mo-nos convidados a ocupar todo o espaccedilo aquecido

Laugarvatn Fludir ou Aacuternes todas estatildeo num terri-toacuterio maacutegico onde o tamanho natildeo conta e os limites que existem satildeo impostos pela nossa imaginaccedilatildeoEstas aldeias natildeo brilham mas valem ouro Ainda estamos a 20 quiloacutemetros do destino mas jaacute passa-ram mais de 10h desde que saiacutemos Eacute tarde e natildeo vamos ter tempo para recuperar e enfrentar 4 dias de total isolamento por uma estrada de montanha que atravessa 2 glaciares

A ementa para tantos dias corre velozmente na mi-nha mente Compramos tudo o que julgamos vir a precisar mas antes percorro corredores vasculho prateleiras tenho hesitaccedilotildeeshellipCalamos o medo e pegamos na bicicleta

dia 4 - 01 set12 Aacuternes ndash highland center 70kmDamos hoje a primeira pedalada de aproximada-mente 300 quiloacutemetros em direccedilatildeo ao centro da Terra as highlands

Para muita gente viajar significa ir ao encontro da-quilo que procuram Noacutes que viajamos com a bici-cleta e em autonomia sabemos que o destino estaacute traccedilado mas eacute incerto O encontro com o inesperado eacute muitas vezes algo que acontece com frequecircnciaFoi uma noite mal dormida devido agrave ansiedade e ao risco do que nos propunhamos fazer Sabemos que a cada quiloacutemetro que andamos comeccedila uma nova aventura

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Natildeo podiacuteamos esperar mais Saiacute-mos do Youth hostel debaixo de chuva tendo como esperanccedila al-guma falha nas previsotildees meteo-roacutegicas para as horas seguintes Insiacutepidos e molhados desde cedo buscamos abrigo no highland center

dia 4 - 02set12 highland center ndash nyidalur hut 110km Toda a ilha eacute uma zona livre de stress Quando percorremos a fantasmagoacuterica Sprengisadur route (F26) percebemos que es-tamos livres de tudo ateacute do nosso juiacutezo A nossa ambiccedilatildeo quando tracaacutemos esta rota era atraves-saacutermos o paiacutes de sul para norte e passarmos entre os glaciares Holsjokul e VatnajokullA natureza pode ser simulta-neamente dura delicada e cruel como foi ontem mas foi genero-sa connosco hoje ao permitir-nos ver a paisagem de cascalho solto nua sempre do mesmo tom cas-tanho escuro

O silecircncio ganhou espaccedilo ateacute ao momento em que conseguimos chegar ao abrigo de montanha (hut)

dia 5 - 03set12 - nyida-lur hut ndash rest dayNem pensar em cruzar a precio-sa porta do abrigo Laacute fora estaacute tudo muito branco e diferente daquilo a que estamos habitua-dos e por isso mantivemo-nos no hut de Nyidalur (na base do vulcatildeo Tungnfell) durante 2 noi-tes por seguranccedila O fogatildeo estaacute sempre aceso e tem uma enorme panela com aacutegua pronta a aque-cer quem chegue

Para que possamos variar do esparguete e noodles (jaacute natildeo haacute muito) vamos tentar fazer patildeo O resultado da nossa experiecircncia a juntar ingredientes com nomes impronunciaacuteveis em que iacuteamos provando para perceber o que era deu num cruzamento entre o patildeo e o rissol O duo de motards que dividiam o hut connosco re-petiram Significa que inventaacute-mos mais um pastel falta soacute dar um nomehellipO Ranger do Parque Nacional acaba de chegar ao hut e veio confirmar que somos mesmo malucos por estarmos nas high-lands nesta eacutepoca Aleacutem disso avisou que vai haver tempestade para esta noite e amanhatilde

dia 6 - 04set12 - nyidalur hut- rest dayLaacute fora estatildeo 0ordmC e as bicicletas encostadas imoacuteveis sujeitas a mais um teste de resistecircncia O nosso passatempo eacute assar ba-tatas ver quem passa e a forma como transpotildeem o rio A nossa vez de partir vai chegar ainda natildeo sabemos eacute quando Para jaacute passa a 3ordf noitehellip

dia 7 - 05set12 - nyidalur hut ndash Laugar 129kmO som do vento acorda-nos mui-to cedo e era semelhante ao do dia anterior Se a direccedilatildeo se man-tivesse de norte significava mais um dia perdido Inquieto dirijo--me ateacute agrave janela para observar o uacutenico ponto de referecircncia no ex-terior uma bandeira chicoteada pelo vento vindo de sulEstava dado o sinal de partida para mais do que uma maratona nas highlands Ao longo do ca-minho a neve mantinha-se por vastas aacutereas e o vento empur-rava-nos ao mesmo tempo que nos congelava as extremidades e queimava a pele

Foi uma benccedilatildeo a ajuda do Ran-ger para transpormos 2 rios em

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seguranccedila sem nunca nos molharmos A aacutegua que noacutes e os islandeses bebem vem de rios como estes sem qualquer tipo de tratamento

DIA 8 - 06set12 Laugar ndash Lago Myvatn- Lau-gar 85 kmFoi tanta a privaccedilatildeo nos dias anteriores que hoje sonhaacutemos com o pequeno almoccedilo que teriacuteamos pela manhatilde antes de nos deslocarmos para o Lago Myvatn Este lago imenso e a aacuterea envolvente satildeo um dos grandes tesouros europeus Durante a nossa volta circular toda a paisagem eacute surreal Lava fumo a sair da terra crateras aacutegua e montanhas vulcacircnicas

Haacute muitos dias que transportamos os fatos de ba-nho na pequena mochila que vai agraves costas na es-peranccedila de um banho quente em qualquer charco inesperado Hoje tivemos o nosso primeiro hot pot Eles satildeo um must nesta regiatildeo (eacute como estar num jacuzzi no meio da rua com um cenaacuterio deslum-brante)

DIA 9 - 07set12 Laugar ndash Akureyri 67kmIsto de pedalar com vento natildeo tem graccedila nenhu-ma especialmente porque natildeo se consegue ter mo-

mentos de contemplaccedilatildeo parados Em dias assim eu sou a ponta da flecha que abre uma fissura no vento e permite que a Filomena possa andar na roda Acabar eacute uma vitoacuteria mas natildeo existe gloacuteria quando se chega ao fimAkureyri eacute a capital do norte e a 2ordf cidade maior do paiacutes com 18000 habitantes civilizaccedilatildeo situada num fiorde rodeado de cumes nevados uma escolha acertada para ficar um dia a descansar

DIA 10 - 09set12 Akureyri- Varmahliacuteo 95 kmMesmo a pedalar sobre a Route 1 os grandes hori-zontes continuam a fazer parte desta viagem An-damos pelos vales e seguimos os cursos dos rios alimentados pelas aacuteguas que escorrem incessante-mente das arribas que nos flanqueiamPodia afirmar que estou eufoacuterico diante das infini-tas possibilidades que tenho pela frente mas natildeo estou Novo aviso de tempestade acompanhada de ventos fortes (23 ms) natildeo convida a grandes aven-turas

Por hoje natildeo precisamos de nos preocupar esta-mos bem abrigados numa quinta na aldeia de Var-mahliacuteeth com 130 pessoas

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DIA 11 -10set12 Varmahliacuteo ndash Rest dayParece que o inverno veio todo num soacute dia e pintou tudo de branco O supermercado estaacute a 300 metros mas eacute como se fosse uma miragem Temos mais um dia de paragem forccediladaO nevatildeo ganha cada vez mais terreno agrave medida que as horas avanccedilam A estrada estaacute interdita agrave maio-ria dos veiacuteculos e por precauccedilatildeo as pessoas satildeo aconselhadas a procurar alojamentoEm pouco tempo a senhora Inda de 81 anos que haacute poucas horas parecia ter uma vida pacata a co-chilar no seu sofaacute mostrou-nos como eacute uma ver-dadeira mulher do norte Enquanto nos convidava para um lanche com bolos caseiros mostrava or-gulhosamente os aacutelbuns de famiacutelia recebia os tu-ristas que iam chegando e quando a lotaccedilatildeo esgo-tou pegou no seu jeep e conduzia estrada fora para os ir alojar

DIA 12- 1set12 Varmahliacuteo ndash Saeberg (hostel) 15kmEsta aventura jaacute foi longe demais Temos metade da quilometragem que planeaacutemos centenas de peripeacutecias e riscos incalculados e soacute nos apetece chegar agrave capital Laacute fora tudo continua branco e a abanar no entanto existe a necessidade de arran-car Estamos confiantes nas previsotildees para o dia de hoje mesmo quando aquilo que vemos natildeo inspira confianccedila

Comeccedila a nevar comeccedila a montanhahellipVaacuterios car-ros estatildeo soterrados nas bermas os flocos voam magoam as faces e a subida ainda vai no iniacutecio Me-tro a metro vamos quebrando o gelo Quem passa tira fotografias e fica increacutedulo Noacutes tambeacutem Natildeo sabemos como equilibrar as 2 rodas perante esta manifestaccedilatildeo da natureza As equipas de emergecircn-cia patrulham a aacuterea e noacutes fazemos ldquolikerdquo sem nos apercebermos que as descidas se tornariam autecircn-ticos escorregasPedimos ajuda e somos resgatados ateacute ao nosso destino Estaacute um sol maravilhoso e as vistas satildeo lindas A vida eacute tatildeo bela porque seraacute que ando de bicicleta em siacutetios tatildeo difiacuteceisPronto Depois de 1h dentro do hot pot percebe-mos porque natildeo ficamos em casa Casa eacute onde estaacute o nosso coraccedilatildeo

DIA 13 - 12 e 13 set12 Saeberg ndash Borgarnes ndash Reykjavik 226kmsEstamos a oeste mas o nosso sentido eacute cada vez seguir para mais perto do nosso ponto inicial O isolamento e a ausecircncia da matildeo humana con-tinuam a ser uma das grandes referecircncias deste paiacutes Os horizontes ateacute Borgarnes perdem a cor e parecem-se com tantos outros que jaacute vimos noutros lugaresReykjavik natildeo estaacute isolada natildeo estaacute no topo de uma

montanha e nem sequer haacute nada de extremo nesta cidade

DIA 14 - 14 set12 Reykjavik ndash Rest dayA capital natildeo nos cativa eacute exageradamente cara e parece viver soacute de noite

DIA 15 - 15 set12 Reykjavik ndash Keflavik 49kmFelizmente que as imagens que estamos a ver e que satildeo iguais ao primeiro dia representam ape-nas uma pequena amostra deste paiacutes Natildeo haacute aacutervo-res natildeo haacute rios natildeo haacute vales apenas uma rugosa paisagem lunar fruto da forte atividade vulcacircnica nesta peniacutensula

Ateacute ao aeroporto jaacute natildeo contamos observar nada daquilo que enche as brochuras e panfletos que se podem encontrar e consultar espalhados por qual-quer parte desta linda ilha Resta-nos pedalar

EPIacuteLOGO Natildeo satildeo os nuacutemeros que fazem uma via-gem de SONHO Os quiloacutemetros ambicionados os desniacuteveis previstos os dias programados ficaram aqueacutem do planeado Mas as expectativas planeadas foram largamente ultrapassadas pois tivemos expe-riecircncias uacutenicas em cenaacuterios de Sonho com amiza-des imprevistas

Nesta ilha todos os sentidos experimentaram a na-tureza em estado puro A esta latitude tudo se torna impreviacutesivel os 6 dias que ficaacutemos retidos e os 1400 quiloacutemetros percorridos hoje parecem pouco vistos agrave distacircncia num lugar seguro

AGRADECIMENTO Aos nossos apoiantes ndash Terra dos Sonhos Cofides Competiccedilatildeo Movefree Bike performance Center D-Maker Ortik Bike Magazi-ne Bivaque Extramedia Portal Aventuras

Um agradecimento muito especial agrave missatildeo da For-ccedila Aeacuterea Portuguesa ndash Iceland Air Policing que nos recebeu e transportou as nossas bagagens no re-gresso a Portugal Bem hajam oslash

Ricardo Mendes e Filomena Gomes

MAIS PORMENORES E FOTOS

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monte branco

Aventura

Luiacutesa Tomeacute

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Aventura- Tsiiii tsiiii ndash o meu olhar desviou-se do hori-zonte que observava tentando encontrar por perto de onde vinha o som daquele assobio

- Satildeo as marmotas Estatildeo a avisar as outras que noacutes estamos por perto eacute assim que comunicam principalmente se sentem algum perigo - o Heacutel-der ria do meu ar confuso Ia jurar que o assobio vinha de um ser humano Foi a primeira vez que avistei este simpaacutetico mamiacutefero Imagino esta marmota no meio dos peluches do quarto das minhas filhas Satildeo sem duacutevida um animal sim-paacutetico estes excelentes escavadores que vivem em altitudes desde os 900m aos 3200m Nove meses do ano passam-no a hibernar Estamos em pleno veratildeo nos Alpes e as marmotas estatildeo em grande atividade armazenando energias para o inverno Conseguimos avistar os outros elementos da coloacutenia ldquode peacuterdquo alerta Foi um bom motivo para uma merecida pausa tirar a mochila hidratar comer uma barra energeacutetica

Jaacute haviacuteamos percorrido grande parte do trilho que nos levaria ao Refuacutegio Albert I Eacute aqui que pernoitaremos para iniciar a nossa aclimataccedilatildeo Saiacutemos da pequena vila de Le Tour de onde partem os telefeacutericos usados no inverno para aceder agraves pistas de esqui No veratildeo continuam em atividade facilitando o percurso aos trekkers que natildeo queiram palmilhar o desniacutevel de cerca de

700m que os separa do Col de Balme- Estamos a aclimatar e tambeacutem a treinar nem pensar em usar meios mecacircnicos ndash Helder sor-ria a dizer esta frase Foi quanto bastou para perceber que a manhatilde ia ser longa Depois de vencermos grande parte do desniacutevel chegamos a um local de onde se pode avistar a cordilheira do monte Branco la Verte os Drus as Aiguil-les de Chamonix e o Monte Branco com os seus 4810m Mas que local magniacutefico para aclimatar pensei Para subir em altitude temos que permi-tir ao nosso organismo que se habitue gradual-mente agrave falta de oxigeacutenio a que vai ser exposto Para isso vamos fazendo caminhadas subindo gradualmente para que ao fim de alguns dias jaacute estejamos mais aptos a entrar numa zona em que a pressatildeo atmosfeacuterica eacute menor e o oxigeacutenio do ar mais rarefeito

Ao chegar agrave moreia do glaciar do Tour resta-nos uns 200 m para o nosso objetivo A 30 de agosto de 1930 o rei Alberto I da Beacutelgica inaugurou o primeiro refuacutegio que tem o seu nome Em 1935 o refuacutegio foi ampliado no entanto natildeo foi sufi-

ciente e o atual precariamente empoleirado num penhasco a uma altitude de 2706

inaugurado a 12 de julho de 1959 foi construiacutedo perto do primeiro

edifiacutecio Natildeo posso deixar de me impressionar ao avistaacute-lo e quando chego sento-me na varanda feliz por poder apre-

Esta-mos em pleno

veratildeo nos Alpes e as marmotas estatildeo em grande ativida-de armazenando energias para o

inverno

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ciar vistas tatildeo magniacuteficas ehellip por poder tirar as botas Natildeo tinha botas de alta montanha mas um amigo comprou umas plaacutesticas em segun-da matildeo em Chamonix e sorte das sortes eram o meu nuacutemero Fiz este trekking com elas para me habituar resultou Mas os meus peacutes supli-cavam por ar fresco Soacute conseguimos dar o de-vido valor ao momento de descanso conversa contemplaccedilatildeo numa varanda dum refuacutegio se jaacute tivermos percorrido umas boas horas por trilhos de montanha Saboreei ao maacuteximo este tempi-nho sabia que a tarde era guardada para treino no glaciar como andar em cordada e escalada no gelo Eacute sempre bom relembrar as bases um acidente pode acontecer quando descuramos as regras mais simples e esta tarde foi fundamental para isso Um sol magniacutefico vistas deslumbran-tes ambiente descontraiacutedo Natildeo deixar a corda a tocar o chatildeo nunca a pisar nem a ter dema-siado em tensatildeo Esta sintonia entre elementos de cordada trabalha-se e soacute com o treino a con-seguimos obter Amanhatilde vamos sair ao nascer do dia em direccedilatildeo agrave Aiguille du Tour Esta for-maccedilatildeo com 3540m eacute muito popular entre as pes-soas que tentam a ascensatildeo ao Monte Branco Eacute relativamente faacutecil a sua subida pela face leste

A meteorologia na manhatilde da nossa subida esta-va perfeita Adoro toda a logiacutestica de preparaccedilatildeo de saiacuteda do refuacutegio O acordar ainda de noite os ruiacutedos leves e abafados dos mais madrugadores na camarata o som dos passos ainda lentos no chatildeo de madeira Tento concentrar-me para natildeo me escapar nada ter todo o material colocado e sentir-me confortaacutevel Saio do refuacutegio e o ar

fresco da montanha acorda os meus sentidos Comeccedilamos a subir o glaciar frontais ligados muacutesculos a aquecer A inclinaccedilatildeo eacute moderada e rapidamente chegamos ao colo superior do Tour que marca a fronteira da Franccedila com a Suiacuteccedila ndash Trouxeram o passaporte Vamos pas-sar no posto fronteiriccedilo ndash pergunta o Heacutelder a sorrir Atravessamos agora o glaciar de Trient o sol aquece-nos e as vistas satildeo surpreendentes Ao chegar agrave base da aguille do Tour fazemos o nosso merecido descanso comer beber aacutegua apreciar a beleza que nos circunda Vem agora a parte divertida para quem gosta de escalar em rocha Iniciamos calmamente a nossa subida vamos ouvindo algumas orientaccedilotildees progredin-do e fazendo manobras para passar nas zonas mais expostas ateacute chegarmos ao topo Emocio-no-me com a beleza agrave minha volta O meu pen-samento liga-se a algueacutem muito querido que haacute bem pouco tempo deixou a vida terrena sinto a sua proximidade Um abraccedilo forte da minha amiga de escalada traz-me novamente agrave terra E ali agrave nossa frente majestoso quase como que a chamar-nos o Monte Branco

Foi nesse mesmo dia que regressamos a Chamo-nix Uma longa descida animada pela conversa descontraiacuteda sobre os Alpes - Haacute sempre tanto que contar desta cordilheira travessias espeta-culares que se podem fazer ndash ouvia atenta as histoacuterias que me contavam era a minha primei-ra vez nos Alpes e jaacute estava cativada Cativada ateacute pela proacutepria cidade de Chamonix Eacute um lo-cal onde se respira ar livre Da varanda do nos-so apartamento para onde quer que olhe vejo

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Aventuraatividades outdoor Ouccedilo os risos alegres dum grupo que desce o rio fazendo rafting observo o ceacuteu colorido pelos parapentes as pessoas pas-sam na rua equipadas com roupa de montanha Cheguei a Chamonix haacute dois dias de comboio Quando deambulava pelas suas ruelas cho-quei com uma curiosa estaacutetua onde um homem aponta a outro o cume do Monte Branco

- Eacute Jacques Balmat que estaacute a apontar para o cume ele foi o primeiro homem a subir esta montanha a 8 de agosto de 1786 acompanha-do do meacutedico Michel Paccard Saiacuteram de Cha-monix acamparam no cume da Montagne de la cote a 2630m agraves 4 da manhatilde partiram e chega-ram ao cume por volta das 6h da tarde Balmat nasceu neste vale era um caccedilador de cristais tinha uma vontade de ferro e um instinto para as montanhas Paccard era meacutedico em Chamonix e um excelente alpinista adorava botacircnica e mi-nerais Tambeacutem lhe erigiram aqui uma estaacutetua

Foi ele que conheceu Horace-Beacute-neacutedict de Saussure que ini-

ciou a corrida do primeiro homem a subir ao Monte Branco ndash disse-me Joatildeo

- E esse Saussure tam-beacutem era alpinista ndash perguntei curiosa

- O seu interesse pela botacircnica trouxe-o ateacute aos

Alpes e percorreu grande parte desta cordilheira co-

meccedilando a trabalhar no sentido de esclarecer a topografia da parte ne-

vada dos Alpes nessa eacutepoca praticamente des-conhecida Foi em 1760 que veio aqui pela pri-meira vez e ofereceu uma recompensa a quem escalasse o Monte Branco Ele tentou fazecirc-lo sem sucesso- Entatildeo nunca chegou a subir

- Sim conseguiu mas soacute em 1787 jaacute tinha 47 anos e levou 18 guias com ele Relembro as palavras que li do fotoacutegrafo de montanha C Douglas Milner ldquoA subida em si foi magniacutefica uma incriacutevel faccedilanha de coragem grande resistecircncia realizada por estes dois ho-mens apenas sem corda e sem piolets muito sobrecarregados com equipamentos cientiacuteficos e com longos bastotildees com pontas de ferro O bom tempo e uma lua luminosa garantiram o seu regresso com vidardquo

O dia seguinte foi passado a descansar visitar o Museu da Montanha e espreitar a meteoro-

Foi em 1760 que veio aqui

pela primeira vez e ofereceu uma recom-

pensa a quem escalas-se o Monte Branco Ele tentou fazecirc-lo

sem sucesso

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Um dos pontos al-tos eacute ir agrave roulotte

dos waffles delei-tarmo-nos com este

delicioso doce No fi-nal do dia ainda pude-

mos assistir a um espetaacute-culo de muacutesica e danccedila celta

na praccedila central O ambiente eacute descontraiacutedo a praccedila estaacute cheia de gente e a muacutesica faz sempre bem agrave alma Joatildeo recebe um telefonema

- Estaacutes nos Alpes Natildeo vatildeo poder subir amanhatilde aproxima-se uma tempestade Mas tenho boas notiacutecias tens uma janela de bom tempo no dia seguinte se quiserem aproveitar - Disse Viacutetor Baiacutea sempre bem informado sobre os fenoacuteme-nos meteoroloacutegicos

O dia em que vai haver ldquouma abertardquo para subir eacute o mesmo dia em que temos voo para Lisboa

desde Genebra Ficamos um pouco a pensar no que decidir e claro temos que arriscar Na mon-tanha eacute assim tem que haver flexibilidade es-tamos dependentes das condiccedilotildees climateacutericas e aproveitar quando nos eacute proporcionado bom tempo

A rota que vamos seguir natildeo eacute a mais utilizada eacute chamada rota dos trecircs cumes Esta rota eacute mais exigente fiacutesica e tecnicamente do que a rota do Goucircter No entanto com faacutecil acesso a partir do telefeacuterico da Aiguille du Midi este percurso tor-nou-se a segunda rota mais popular para esca-lar o Monte Branco O percurso inicia-se na Ai-guille du Midi seguindo pelo Col du Midi antes de subir o Monte Branco atraveacutes do Mont-Blanc du Tacul (4248m) e Maudit Mont (4465m) Esta rota requer condiccedilotildees estaacuteveis na neve do Mont Blanc du Tacul e Mont Maudit e tem uma eleva-ccedilatildeo acumulada de 1425m O refuacutegio Cosmiques estava lotado a nossa uacuteni-

- Es-taacutes nos Alpes

Natildeo vatildeo poder subir amanhatilde aproxi-ma-se uma tempestade

Mas tenho boas notiacutecias tens uma janela de bom tempo no dia seguinte

se quiserem apro-veitar

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Aventura

estaccedilatildeo do telefeacuterico da Aiguille du Midi Este telefeacuterico foi construiacutedo em 1955 e manteve o tiacutetulo de ser o mais alto do mundo durante duas deacutecadas Ele ainda deteacutem o recorde como o te-lefeacuterico com a ascensatildeo vertical mais alta no mundo de 1035 m para 3842 m Haacute duas se-ccedilotildees de Chamonix para o Plano de lAiguille a 2317 m e depois diretamente sem qualquer pi-lar de apoio para a estaccedilatildeo superior a 3777 m Apanhamos o uacuteltimo telefeacuterico do dia cerca de 20 minutos depois estaacutevamos no terraccedilo a tentar admirar as lindiacutessimas vistas que se tem deste local No entanto o mau tempo previsto estava certo e a visibilidade natildeo era mais de 20 m agrave nossa frente Estava desanimadiacutessima

- Como eacute possiacutevel daqui a poucas horas termos bom tempo para subir ndash Perguntei increacutedula- Estamos na montanha Luiacutesa a meteorologia muda rapidamente Temos que aguardar ndash Afir-mou Joatildeo calmo e confiante

Fomos procurar um local onde pudeacutessemos descansar ateacute agrave meia-noite hora marcada para a nossa partida O percurso eacute longo com bas-tante desniacutevel e na realidade o voo para Lisboa eacute amanhatilde Quando acordei o som dos ventos fortes que se faziam ouvir misteriosamente desaparece-ram Depois de comer e fazer a confirmaccedilatildeo do equipamento dirigimo-nos para a aresta que nos levaraacute ao Valleacute Blanche Foi com extrema curiosidade que me dirigi agrave saiacuteda Como esta-raacute o tempo A calma e tranquilidade que senti ao sair para o exterior foi-me trazida pela ma-ravilhosa paisagem que tinha agrave minha frente Afinal depois da tempestade vem a bonanccedila e a visatildeo deste vale imaculado sob um ceacuteu estre-lado sem ningueacutem sem pegadas sem luzes de frontais foi brutal Ao comeccedilar a descer a ares-ta conseguimos ver o refuacutegio Cosmiques ainda adormecido Fomos mesmo os primeiros a sair o que representa um privileacutegio por um lado e

No entanto o mau tempo pre-

visto estava certo e a visibilidade natildeo era mais de 20m agrave nossa frente Estava desa-

nimadiacutessima

Ainda foi longa a nossa caminhada sempre a encontrar forccedilas e energia onde quer que elas estivessem escondidas Paraacutevamos de vez em quando agrave espera da outra cordada de amigos e por fim cerca das 10h da manhatilde atingimos o cume Tento tirar fotos mas a maacutequina fotograacute-fica natildeo ajudou fiquei sem bateria Natildeo faltam maacutequinas para o fazer e depois de um breve descanso temos que iniciar a descida pela mes-ma rota Eacute uma descida que acaba por ter al-gumas subidas sendo por isso mais demorada Mas a alegria de ter cumprido o objetivo o dia tatildeo calmo e luminoso a companhia dos amigos supera qualquer tipo de cansaccedilo

Tive um sentimento de saudade ao chegar nova-mente ao Valleacute Blanche e olhar para traacutes para o trilho percorrido olhar aquele vale agora agrave luz do dia atravessado por tantas pegadas Olho de relance para a uacuteltima subida que nos falta fazer a aresta que nos levaraacute ao telefeacuterico na Aguille du Midi Faccedilo esta subida confiante como se ti-vesse deixado para traacutes todo o esforccedilo e cansaccedilo extremo desta maravilhosa aventura

Com grande pena natildeo pude comemorar em Chamonix nessa noite mas comemorei com imensa alegria ao reencontrar-me com a mi-nha famiacutelia orgulhosa de mim afinal estive no mesmo dia no cume do Monte Branco de manhatilde e agrave noite na minha cama quente e confortaacutevel em Lisboa oslash

Luiacutesa Tomeacute

Papa-Leacuteguaswwwpapa-leguascom

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um esforccedilo acrescido por outro Relembro a tra-vessia do glaciar do Tacul a ldquofazer trilhordquo o som dos campons na neve ecoava num ritmo proacute-prio pousava a minha bota no local exato onde o Joatildeo tinha feito a pegada como que num jogo em que quando falhava acrescia o esforccedilo que teria que fazer O som de passos intensifica-se temos mais madrugadores connosco Deixamo--los passar jaacute vimos a fazer trilho haacute bastante tempo eacute a vez de outros agora

Quando chegamos agrave ldquoparederdquo do Mont Blanc du Tacul jaacute temos algumas pessoas agrave espera para subir O sol ainda natildeo subiu para nos aquecer esperamos junto agraves cordas a nossa vez os peacutes comeccedilam a dar sinal de frio Iniciamos a subida os piolets e os crampons cravam-se certeiros no gelo a corda ajuda na subida Comeccedilo a ficar cansada e a hesitar paro por uns momentos sinto a boca seca o coraccedilatildeo a bater forte olho para cima jaacute natildeo falta muito - Piolet numa matildeo corda na outra sobe Luiacutesa ndash a voz do Heacutelder trouxe-me lucidez A energia que me faltava regressou Concentro-me e con-tinuo a subida pedaccedilos de gelo passam por noacutes arrancados aquela parede cheia de gente dese-josa de ultrapassar possivelmente o obstaacuteculo mais duro desta rota

O trilho continua pelo beliacutessimo Mont-Maudit apesar do seu nome O sol jaacute vai alto comeccedila a aquecer haacute que comeccedilar a tirar camadas Natildeo podemos desidratar Col de la Brenva um chaacute quente e uma bolacha Apetece ficar jaacute aqui as vistas satildeo surpreendentes Mas natildeo eacute este o nos-so objetivo vamos continuar a subir

Entrevista Diogo Miguel - (Oti-Estarreja)

ldquoO DEsPORTO EM PORTuGAL eacute uM EsPELhO DA sOCIEDADErdquo

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Entrevista

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Sabe acima de tudo as con-

diccedilotildees que temos e consegue olhar para o

resultado como sen-do bastante meri-

toacuterio

OutdOOr COmO eacute pOssiacutevel algueacutem COm-patibilizar a preparaccedilatildeO enquantO atleta de OrientaccedilatildeO de elite COm as exigecircnCias dum 6ordm anO dO CursO de medi-Cina

diOgO miguel O segredo reside sobretudo na motivaccedilatildeo Toda a gente consegue tirar um curso e fazer desporto e inclusivamente se gos-tar consegue treinar todos os dias Mas se esti-ver motivado o suficiente consegue levantar-se cedo para correr agraves seis da manhatilde estar na Fa-culdade agraves oito e meia sair agraves quatro da tarde e ir treinar outra vez estudar ateacute agraves dez da noite e dormir porque amanhatilde eacute outro dia Eacute preci-so estar-se motivado para abraccedilar esta vida durante o ano inteiro

Haacute quantO tempO eacute que as COisas satildeO levadas assimQuando comecei a fazer Orien-taccedilatildeo natildeo tinha grandes preo-cupaccedilotildees com o treino Durante os anos de faculdade jaacute treinava bastante a seacuterio mas foi haacute dois ou trecircs anos quando comecei a ser treinado pelo Professor Bruno Nazaacuterio que aumentei a carga de trei-no para o bi-diaacuterio A partir daiacute passei a ter o meu tempo totalmente ocupado Satildeo os estaacutegios do Curso o tempo de deslocaccedilatildeo para Hospitais da periferia uma tese para defender Este ano seraacute bastante mais exigente que os anteriores se calhar natildeo vou poder fazer treino bi-diaacuterio todos os dias como gostaria mas ainda assim vou pro-curar treinar duma forma o mais seacuteria possiacutevel e se natildeo puder fazecirc-lo na quantidade desejaacutevel pelo menos na qualidade espero consegui-lo

em 2007 COnquistOu a primeira grande medalHa da OrientaccedilatildeO pOrtuguesa aO sagrar-se CampeatildeO da eurOpa de JOvens

Chama-se Diogo Miguel e eacute aos 23 anos uma das referecircncias da Orientaccedilatildeo Pedestre nacio-nal Campeatildeo Europeu de Jovens em 2007 e Campeatildeo Nacional de Distacircncia Longa em 2009 e 2011 Diogo Miguel reparte o tempo entre a modalidade do seu coraccedilatildeo e as exigecircncias do curso de Medicina que abraccedilou haacute seis anos E foi precisamente por aiacute que a nossa conversa comeccedilou uma conversa onde passado presen-te e futuro se misturam e confundem numa teia de opccedilotildees direccedilotildees desafios e decisotildees Na Orientaccedilatildeo como na Vida

Por Joaquim Margarido

de sprint em eger na Hungria que me-moacuterias guarda dessa JOrnada Haacute CinCO anOs atraacutesGuardo sobretudo as memoacuterias e os amigos Na altura pensaacutemos que a visibilidade que este re-sultado poderia dar agrave Orientaccedilatildeo catapultasse a modalidade e possibilitasse a obtenccedilatildeo de mais apoios mas isso natildeo se veio a verificar pelo me-nos na medida daquilo que seria de esperar

esteve este anO nOs mundiais de lausan-ne COnseguindO O 33ordm lugar na Final a de distacircnCia lOnga que valOr atribui a este seu resultadOAtribuo-lhe um valor elevado ateacute porque foi a primeira vez em dez anos que um portuguecircs foi a uma final A de Distacircncia Longa Cheguei ao fim com a certeza de ter feito o meu melhor e se natildeo tivesse quebrado fisicamente teria fei-to melhor ainda Ou seja com outras condiccedilotildees de treino teria facilmente ficado entre os vinte e cinco primeiros Mas falta bastante cultura des-portiva agrave sociedade portuguesa em geral e se disser a algueacutem que natildeo estaacute familiarizado com a Orientaccedilatildeo que terminei em 33ordm num Campeo-nato do Mundo essa pessoa iraacute pensar ldquoesque-ce eacutes mau natildeo prestasrdquo Mas quem sabe como estas coisas funcionam sabe os sacrifiacutecios que temos que fazer Sabe acima de tudo as condi-ccedilotildees que temos e consegue olhar para o resulta-

do como sendo bastante meritoacuterio

temOs em pOrtugal O apOiO que deviacuteamOs Ou que mereCiacuteamOs

Natildeo Eacute bastante revoltante olhar para outros desportos como eacute o caso do Futebol e termos um Presidente que termina o man-dato agrave frente da Federaccedilatildeo e que se sente orgulhoso por ter deixa-

do um balanccedilo positivo nas contas de muitos milhotildees de euros Mas

satildeo estes precisamente que ainda assim continuam a receber milhotildees e

milhotildees do Instituto Portuguecircs do Desporto e Juventude enquanto outras modalidades lutam pela sobrevivecircncia Acho que somos claramen-te sub-apoiados O desporto em Portugal eacute um espelho da Sociedade Haacute os muito ricos e haacute os muito pobres Os ricos satildeo cada vez mais ricos e os pobres satildeo cada vez mais pobres Eacute a mesma coisa com o desporto

quandO OlHa para Os nOssOs JOvens que pOtenCialidades vecirc neles para COn-seguirem CHegar aOs lugares CimeirOs da OrientaccedilatildeO eurOpeia e mundialTemos alguns jovens com bastante valor prin-

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cipalmente o Luiacutes Silva Trata-se dum atleta que tem um futuro brutal e acho que vai ser sem sombra de duacutevidas o melhor atleta portuguecircs dentro de muito pouco tempo Olhando de for-ma mais aprofundada para estes atletas eacute uma realidade que eles tecircm hoje melhores condiccedilotildees em relaccedilatildeo agravequilo que noacutes tiacutenhamos na altura Basta ver que os atletas jaacute se deslocam com al-guma frequecircncia ao terreno antes das grandes competiccedilotildees coisa que natildeo havia ateacute haacute muito pouco tempo atraacutes E depois haacute os estaacutegios de Seleccedilatildeo Mas deve reconhecer-se que lhes falta o treino fora da competiccedilatildeo Acho que falta al-gum espiacuterito de sacrifiacutecio no treino em casa que eacute o mais importante

o CLubE dE oriEntaccedilatildeo dE EstarrEJa Eacute dEsdE sEMprE o sEu CLubE quE signiFiCa-do tEM para si EstE EMbLEMa E Esta CaMi-soLa quE EnvErgaComecei na Orientaccedilatildeo aos 8 anos e a minha primeira experiecircncia foi no Desporto Escolar na minha terra Canelas uma pequena aldeia do Concelho de Estarreja A essa primeira pro-va seguiu-se uma ldquoQuinzena da Orientaccedilatildeordquo no veratildeo e nunca mais parei Haacute quinze anos que estou ligado a este clube e ele faz parte de mim Poderia dividir a minha vida em dois por um lado a parte profissional da Faculdade e por outro a Orientaccedilatildeo Por estranho que possa pa-recer a parte desportiva natildeo se encontra num plano inferior relativamente agrave parte profissio-nal Ambas as partes se complementam uma agrave outra Portanto a minha ligaccedilatildeo a este clube eacute muito grande satildeo muitos anos satildeo muitas pes-soas e ajudou-me a crescer

aos Miuacutedos quE agora datildeo os priMEiros passos quE ConsELhos dariaO conselho natildeo o daria aos miuacutedos se calhar da-va-o antes aos pais Tanto a escola como o des-porto andam muito ligados Se temos disciplina num acabamos por ter disciplina no outro Natildeo eacute por acaso se olharmos para os atletas de topo a niacutevel nacional todos eles satildeo excelentes es-tudantes e tecircm um futuro profissional bastante promissor Tudo parte de quem educa Eu tenho a sorte de ter uns pais que sempre me educaram bem e que sempre me deram o apoio necessaacuterio para conseguir fazer as duas coisas

E deixaria ainda um conselho mais aos pais o de virem fazer uma prova de Orientaccedilatildeo com os seus filhos Uma das grandes vantagens da Orientaccedilatildeo eacute ser para aleacutem do ldquodesporto da flo-restardquo o ldquodesporto da famiacuteliardquo

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EntrevistaConsidEra quE Esta EacutepoCa CorrEu dE aCordo CoM as suas ExpECtativasNa verdade digamos que a eacutepoca estaacute quase agrave beira de comeccedilar Depois do Campeonato do Mundo tirei mais tempo do que era habitual para descansar e tenho estado a fazer pratica-mente soacute manutenccedilatildeo A eacutepoca teve alguns per-calccedilos comecei a treinar na Repuacuteblica Checa e apesar de ter feito muito treino com mapa devi-do agraves questotildees climateacutericas e agraves poucas horas de luz acabei por ter uma carga de treino aqueacutem do desejaacutevel Depois de regressar a Portugal estava a treinar bem mas tive um percalccedilo e lesionei--me num peacute o que me obrigou a uma paragem de um mecircs Isso fez-me perder muito da minha boa forma e acredito que se natildeo fosse isso po-

deria ter chegado muito melhor ao Campeonato do Mundo e aiacute o resultado poderia ter sido outro Apesar de tudo os resultados acabaram por ser bem melhores do que estaria agrave espera

o obJEtivo a Curto praZo passa pELo tiacute-tuLo naCionaL absoLutoPor acaso esse eacute um tiacutetulo que nunca alcancei Vou comeccedilar a treinar a seacuterio para chegar nas melhores condiccedilotildees ao Campeonato Nacional Absoluto e esse vai ser um bom teste O objetivo eacute estar laacute para ganhar

Quanto agrave proacutexima eacutepoca espero apresentar-me agraves provas em melhor forma do que este ano e que os bons resultados possam aparecer oslash

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ofereccedila um garmin DeSemBruLHara caixa Seraacute Soacute o princiacutepio

este natal ofereccedila emoccedilotildees aventuras para quem viaja ou para os que correm para os que navegam no mar ou escalam montanhas Para os nadadores ou golfistas este natal ofereccedila um garmin

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Por Terra

ORIENTACcedilatildeOhellip DEsPORTO NA NATuREzA

Parque nacional torres del Paine Chile

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Cinco satildeo os sentidos estaacute nos manuais neles reside a possi-bilidade de um maior ou menor contacto da pessoa com aquilo que a rodeia Haacute ainda o sexto sentido aquela perceccedilatildeo extra--sensorial que parece ser mais propriedade das mulheres do que dos homens e que nas con-ceccedilotildees ocultistas estaraacute tam-beacutem sedeado num oacutergatildeo do nosso corpo Figurada ou ob-jetivamente eacute bom que todos eles ndash sem exceccedilatildeo - estejam suficientemente desenvolvi-dos sem isso natildeo haacute sentido de orientaccedilatildeo que aguente

A Orientaccedilatildeo eacute um Desporto recente em Portugal mas tem jaacute mais de 100 anos de existecircncia

enquanto desporto organi-zado Com efeito teraacute sido em Bergen - Noruega no ano de 1897 que se organizou a pri-meira atividade desportiva de Orientaccedilatildeo Os paiacuteses noacuterdicos satildeo ainda hoje aqueles onde a modalidade tem maior implan-taccedilatildeo mobilizando um nuacutemero de praticantes que coloca a

Orientaccedilatildeo entre os cinco des-portos com mais adeptos na Escandinaacutevia A maior prova do mundo realiza-se anual-mente na Sueacutecia os 5 dias da Sueacutecia com um nuacutemero de participantes que jaacute atingiu os 25000

Durante o seacutec XX a modali-dade foi evoluindo ateacute agrave criaccedilatildeo da Federaccedilatildeo Internacional de Orientaccedilatildeo (IOF) que fes-tejou em 2012 o 51ordm aniversaacuterio e veio normalizar mundial-mente as regras competitivas as normas para elaboraccedilatildeo dos mapas e as sinaleacuteticas a usar A Orientaccedilatildeo eacute praticada em quatro disciplinas diferentes Orientaccedilatildeo Pedestre Orien-taccedilatildeo em BTT Orientaccedilatildeo em Ski e Orientaccedilatildeo de Precisatildeo (Orientaccedilatildeo prioritariamente para deficientes motores)

Portugal tem marcado pontos na Orientaccedilatildeo para o desporto adaptado lanccedilando em 2012 a Taccedila de Portugal de Orientaccedilatildeo de Precisatildeo e criando um cir-cuito de Orientaccedilatildeo adaptada vocacionado prioritariamente para a deficiecircncia intelectual e

crianccedilas em idade preacute-escolar que eacute uacutenico no Mundo e que estaacute a ser jaacute implementado pela Espanha

o quE EacutePodemos dizer que a Orien-taccedilatildeo eacute um desporto completo Haacute o aspeto fiacutesico o treino no campo que se aproxima do treino dum atleta de fundo E haacute o aspeto mental que de-sempenha um papel funda-mental a leitura dos mapas o contra-reloacutegiohellip Eacute tambeacutem o desporto de natureza por exce-lecircncia Os orientistas saem dos trilhos balizados para pene-trarem no coraccedilatildeo da floresta Cada dia eacute uma nova aven-tura Daquele que se inicia na Orientaccedilatildeo ao mais consagrado dos praticantes haacute todo um mesmo espiacuterito de liberdade de fazer a sua proacutepria escolha do melhor itineraacuterio No Atle-tismo por exemplo a volta agrave pista teraacute sempre 400 metros quer seja aqui ou no Japatildeo Na Orientaccedilatildeo esta noccedilatildeo de dis-tacircncia tem muito pouco signi-ficado Tanto se pode fazer 10 quiloacutemetros numa hora e meia como em quarenta minutos E

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Luz

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depois nunca existem duas florestas iguais Eacute o eterno recomeccedilo Na Austraacutelia ou na Suiacuteccedila no Japatildeo ou na Escandinaacutevia eacute necessaacuterio uma adaptaccedilatildeo a cada local natildeo haacute lugar a repeti-ccedilotildeeshellip

Cada corredor possui uma buacutessola e um mapa que contrariamente a um mapa normal conteacutem uma enorme diversidade de detalhes acerca dos seus elementos caracteriacutesticos (relevo do ter-reno vegetaccedilatildeo caminhos elementos rochosos construccedilotildees e muito mais) Os mapas satildeo rea-lizados segundo as normas especiacuteficas da Fede-raccedilatildeo Internacional de Orientaccedilatildeo que tem sede na Finlacircndia Aleacutem da legenda sobre os siacutembolos nele representados existe ainda uma sinaleacutetica

proacutepria que tem a ver com o percurso que o praticante vai realizar nesse evento e que eacute uma linguagem uni-versal

A partir do momento em que se potildee em marcha o cronoacutemetro o orientista deve efe-tuar o seu percurso que eacute marcado no mapa e que eacute cons-tituiacutedo por uma par-tida (representada por um triacircngulo) uma seacuterie de pontos de

passagem obrigatoacuterios (representados por ciacuter-culos) e a chegada (representada no mapa por dois ciacuterculos concecircntricos) Estes pontos satildeo materializados no terreno sob a forma de um prisma triangular denominado por baliza e a passagem deve ser validada por um sistema de ldquopicotagemrdquo manual ou eletroacutenica O objetivo consiste em fazer o percurso na sequecircncia in-dicada o mais rapidamente possiacutevel Mas entre cada ponto de passagem a escolha do itineraacuterio fica ao criteacuterio de cada um

O percurso em linha reta evidentemente nem sempre eacute o mais raacutepido Eacute necessaacuterio jogar com as inflexotildees do terreno os lagos os muros e outros acidenteshellip O tempo gasto a percorrer o traccedilado da corrida depende sobretudo do meio sobre o qual a mesma se desenrola Em terrenos como na Escandinaacutevia onde o relevo eacute mais duro numa mesma distacircncia poderemos gastar quase o dobro do tempo que gastariacuteamos num terreno plano e sem o mesmo tipo de obs-taacuteculos

Por Terra

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O conhecimento do relevo eacute a parte mais difiacutecil Eacute neces-saacuterio aprender a imaginar um terreno a trecircs dimensotildees sobre o mapa Claro que natildeo eacute apenas isto Para quem tem mais dificuldade em possuir a visatildeo a trecircs dimensotildees esta in-suficiecircncia pode ser compensada com outras qualidades nomeada-mente a atenccedilatildeo Mas nem todos pos-suem igualmente esta capacidade mental Como na generalidade dos desportos eacute neces-saacuteria uma longa aprendizagem onde o treino teacutecnico a vivecircncia de situaccedilotildees mais variadas e o nuacutemero de florestas ldquovisitadasrdquo desempe-nham um papel fundamental Eacute agrave medida que o tempo passa que o orientista aprende a adaptar o seu comportamento a reagir cada vez mais rapidamente e a encontrar as melhores opccedilotildeesO desporto natildeo eacute muito mediatizado e o espiacute-rito da Orientaccedilatildeo eacute o de permanecer livre Eacute um desporto ainda preservado de certas po-leacutemicas ldquodopingrdquo e outros malabarismos daiacute que muitos orientistas digam que natildeo seja mau de todo que ele permaneccedila ldquoconfidencialrdquo

Grandes Competiccedilotildees em 2013

Em 2013 as grandes competiccedilotildees internacio-nais onde Portugal vai querer estar presente

satildeo as seguintes

- Campeonato do Mundo de Juacuteniores ndash Repuacuteblica Checa (29jun-06 de julho) wwwjwoc2013cz

- Campeonato do Mundo Elite ndash Finlacircndia (07-14 jul)

wwwwoc2013fi- Campeonato do Mundo ve-

teranos ndash Itaacutelia (02-10 ago) wwwwmoc2013it

- Campeonato da Europa de Jovens ndash Israel (03 de novembro) wwweyoc2013org

portuGal na alta roda Mas Portugal vai ter brevemente grandes desa-fios pela frente- Em 2013 organiza uma etapa da Taccedila do Mundo de seacuteniores e o Campeonato do Mundo de Vete-ranos de Orientaccedilatildeo em BTT - Costa Alentejana entre 09 e 13 de outubro- Em 2014 organiza em Palmela de 9-14 de abril e em paralelo o Campeonato da Europa de Orientaccedilatildeo Pedestre e o Campeonato da Eu-ropa de Orientaccedilatildeo de Precisatildeo wwweoc2014fpopt

Carnaval o ponto alto Desde 1996 que Portugal realiza a sua prova ra-inha que atrai os melhores especialistas a Por-

Eacute um desporto ainda

preservado de certas poleacutemicas ldquodopingrdquo e outros malabarismos

daiacute que muitos orientistas digam que natildeo seja mau de todo que ele perma-

neccedila ldquoconfiden-cialrdquo

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Por Terratugal Eacute O Portugal Orsquo Meeting que desde 2000 se realiza no Carnaval com a duraccedilatildeo de 4 dias e pontuaacutevel para a liga Mundial de orientaccedilatildeo pedestre nos percursos de Elite Em 2013 Por-tugal vai receber pela primeira vez trecircs eventos pontuaacuteveis para a Liga Mundial02 e 03 de fevereiro ndash Norte Alentejano Orsquo Mee-ting ndash Nisa (wwwnaompt)09ndash12 de fevereiro ndash Portugal Orsquo Meeting ndash Idanha-a-nova (wwwpompt)16 e 17 de fevereiro ndash XIV Meeting de Orien-taccedilatildeo do Centro ndash Pombal (wwwcocpteventos16fev2013)

OrientaccedilatildeO muitO mais dO que um despOr-tOOlhando para a modalidade de uma forma mais transversal podemos enquadraacute-la aleacutem de mo-dalidade desportiva com aacutereas como o Ambien-te a Educaccedilatildeo e as Novas Tecnologias As qua-tro vertentes atraacutes enunciadas reunidas numa soacute tem a ver tambeacutem com solidariedade

Ambiente porque a Orientaccedilatildeo eacute o ldquoDesporto da Florestardquo fazendo de cada praticante um guardiatildeo e um amigo de tatildeo valioso patrimoacutenio Educaccedilatildeo porque eacute uma modalidade onde se aglutinam mateacuterias tatildeo nucleares como a Ma-temaacutetica ou a Geografia e se desenvolvem com-petecircncias como a capacidade de interpretaccedilatildeo ou o poder de decisatildeo por isso ser considerada prioritaacuteria para o Desporto Escolar Novas Tec-nologias porque eacute das modalidades que mais depende dos Meios Informaacuteticos a todos os niacute-veis do controlo de tempos agrave cartografia mais desenvolvida que existe Desporto porque pro-move a atividade fiacutesica e a Sauacutede dirigindo-se de igual forma agravequeles que individualmente a praticam ao niacutevel da alta competiccedilatildeo como agraves crianccedilas ou agraves famiacutelias que vecircm nela uma forma

de promover o seu bem estar fiacutesico e reforccedilar os laccedilos de amizade e convivialidade

E solidariedade porque vive da forccedila que projeta nos seus praticantes

trabalhando desinteressadamente em prol da modalidade em prol do paiacutes

Porque a Orientaccedilatildeo eacute Ambiente eacute Educaccedilatildeo satildeo Novas Tecnolo-gias eacute Desporto Porque a Orien-

taccedilatildeo gera Riqueza e gera Sauacutede Porque a Orientaccedilatildeo eacute de todos e

para todos Interessa a todos Inte-ressa ao Paiacutes Daiacute que eacute urgente que

todos venham experimentar e que descu-bram as belezas deste Paiacutes de mapa na matildeo oslash

Fernando Costa e Joaquim margarido

Olhando para a modali-

dade de uma forma mais transversal po-

demos enquadraacute-la aleacutem de modalidade desportiva

com aacutereas como o Am-biente a Educaccedilatildeo e

as Novas Tecnolo-gias

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Setembro_Outubro 2011 OUTDOOR138

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Em Famiacutelia

PORTO CITy RACE

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A segunda ediccedilatildeo do Porto City Race eacute um evento de Orienta-ccedilatildeo pedestre urba-no organizado pelo

Grupo Desportivo dos Quatro Caminhos em parceria com a Cacircmara Municipal do Porto atraveacutes da Porto Lazer

O evento faz parte do Circuito Nacional urbano da Federa-ccedilatildeo Portuguesa de Orientaccedilatildeo (CiNU) e eacute aberto a pessoas de qualquer idade podendo parti-cipar individualmente ou em grupo

Mesmo que nunca tenha visto um mapa ou uma buacutessola tem possibilidade de se juntar agrave fes-ta porque a organizaccedilatildeo faraacute acompanhamento e ensino com monitores

Traga a famiacutelia e venha conhe-cer os locais mais emblemaacuteti-cos do Porto e aprenda Orien-taccedilatildeo

Os participantes do evento te-ratildeo a possibilidade de competir no dia anterior no Justlog Park Race no Monte da Srordf da Assun-ccedilatildeo nos arredores do Porto

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Em FamiacuteliaoriEntaccedilatildeo o dEsporto da FaMiacuteLiaPelas suas caracteriacutesticas a Orientaccedilatildeo tem a possibilidade de ser realizada em famiacutelia No iniacutecio satildeo os pais que ensinam os filhos a des-mistificar o slogan de que a floresta eacute o ldquoterri-toacuterio do lobo maurdquo depois ter um mapa e um percurso satildeo momentos de partilha de busca de superaccedilatildeo de transmissatildeo de conhecimen-tos e de preparaccedilatildeo para a vida O facto de exis-tirem percursos adaptados a todas as idades e niacuteveis teacutecnicos permite que no mesmo espaccedilo todos possam executar o seu percurso mesmo que natildeo seja em conjunto

Na proacutexima ediccedilatildeo do Porto City Race a organi-zaccedilatildeo vai criar um percurso turiacutestico vocaciona-do para a famiacutelia em que os pontos de controlo seratildeo monumentos e em que a entrada nos mes-mos seja facilitada Assim aleacutem de cumprirem um percurso de Orientaccedilatildeo poderatildeo tambeacutem conhecer melhor a cidade e a sua histoacuteria oslash

Fernando Costa

11 dE Maio dE 2013 Justlog Park Race - Monte da Srordf da Assunccedilatildeo

12 dE Maio dE 2013 Porto City Race - Centro Histoacuterico do Porto (Patrimoacutenio Mundial)

doMingo 12 dE Maio 2013- porto City raCE

08h30 - Abertura do secretariado no local da prova (A confirmar)

10h00 - Partida dos primeiros atletas

13h00 - Encerramento

Mais inForMaccedilotildeEs EMwwwgd4caminhoscomportocityrace2013

PROGRAMA

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16 Janeiro_Fevereiro 2012 OUTDOOR

Em Famiacutelia

A ROTA DA AacuteGuAPOR LIsBOA

Atividade

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omo proposta para um passeio em famiacutelia e adequado desde os mais novos ateacute aos mais grauacutedos suge-rimos uma visita guiada ao Palaacutecio Marquecircs da Fronteira e o passeio

pedestre Rota da Aacutegua no Parque Florestal de Monsanto em Lisboa

Quem jaacute olhou e passou por debaixo do aquedu-to das Aacuteguas Livres em Lisboa e pensouhellipquem me dera poder subir e saber todos os seus recan-tos histoacuterias e lendas

Neste passeio vai ter acesso a um percurso de 8 km com direito a perguntas e respostas sobre este monumento que nos envolve com a sua grandiosidade e beleza

Porque eacute cedo que comeccedila o dia a hora de en-contro eacute pelas 9h30 no estacionamento em fren-te ao Palaacutecio Marquecircs e Fronteira no largo Satildeo Domingos de Benfica em Lisboa

O palaacutecio foi construiacutedo em 1640 para o pri-meiro Marquecircs de Fronteira D Joatildeo de Mas-carenhas heroacutei da Guerra da Restauraccedilatildeo Este bonito Palaacutecio situa-se agrave beira do Parque Flores-tal de Monsanto no Largo de Satildeo Domingos de Benfica

O Palaacutecio foi ampliado no seacuteculo XVIII em estilo laquorocailleraquo e continua a ser atualmente residecircn-cia dos 12ordm Marquecircs de Fronteira sendo contudo possiacutevel visitar algumas das salas a biblioteca e o jardimO interior eacute igualmente rico destacando-se a Sala das Batalhas que contem belos paineacuteis e azulejos com cenas da Guerra da Restauraccedilatildeo trecircs grandes janelas que se abrem sobre o Jar-dim de Veacutenus e a Sala da Jantar adornada com frescos de retratos da nobreza portuguesaA Capela de finais do seacuteculo XVI conta no seu interior com um preseacutepio cuja autoria eacute atribuiacute-da a Machado de Castro As visitas aos sumptuosos Jardins ldquoagrave italianardquo comeccedilam no terraccedilo da capela com destaque para o Jardim de Veacutenus e o Jardim Formal do seacuteculo XVII onde pontifica a Galeria dos ReisPara completar o passeio iremos conhecer a Rota da AacuteguahellipA Rota da Aacutegua tem 8 km e atravessa uma seacuterie de espaccedilos recreativos e de lazer entre eles o Parque Recreativo do Alto da Serafina o Espa-ccedilo Monsanto Parque da Pedra Parque do Ca-lhau e Mata S Domingos de Benfica O traccedilado do Aqueduto das Aacuteguas Livres acompanha uma parte da rota

O programa comeccedila com uma visita guiada ao Palaacutecio Marquecircs da Fronteira aacutes 10h O passeio pedestre teraacute iniacutecio por volta das 11h30mNatildeo percam este passeio de grande interesse natural histoacuterico-cultural e fotograacutefico oslash

Local de encontro No estacionamento em frente ao Palaacutecio Marquecircs e Fronteira Hora de encontro 9h30m Hora de iniacutecio do pro-grama 10h Percurso Circular Distacircncia 8 km Grau de dificuldade FaacutecilHora prevista do final do programa 14h30m (inclui paragem para descanso e comer) Ponto de encontro Morada Largo de S Domingos de Benfica 1 - 1500-554 Lisboa GPS N 38ordm 44 2503 W 9ordm 10 496 Em alternativa o local de encontro pode ser no Lu-miar em frente ao supermercado Europa agraves9h GPS 38773763-9160421 Ou em Sete Rios agraves 9h15m em frente ao ZOO Haacute possibilidade de boleia para quem necessitar Quem tiver boleia para oferecer agradeccedilo que me avise e indique local de partida Preccedilo do programa 10 euroA atividade estaacute coberta por seguroRecomendaccedilotildees - Uso de calccedilado confortaacutevel e com boa aderecircncia aos solos proacuteprio para caminhadas - Uso de vestuaacute-rio adequado ao tempo - Alimentaccedilatildeo trazer farnel e aacutegua - Trazer chapeacuteu e protetor solar - Natildeo se afastar do grupo - Deixar o lixo nos locais apropriados - Respeitar a vida selvagem e natildeo perturbar a tran-quilidade local - Respeitar a propriedade privada e os campos cul-tivados

Um programa Caminhos com Carisma lda

ContactosE-mail caminhoscomcarismagmailcom Telefone 914 907 446 967 055 233

ficha teacutecnica

Em Famiacutelia

vIAGENsEsPECIAL FIM DE ANO

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Tipo Expediccedilatildeo no DesertoGrau de dificuldade Moderado 1012km diaacuterios aproximadamente 4 horas de caminhadaCaracteriacutesticas8 dias 7 noites6 dias de expediccedilatildeoPuacuteblico-alvo Adequado a crianccedilas gt 8 anos(transporte em dromedaacuterio)Proacuteximas datas 26 de dezembro de 2012 a 2 janeiro de 2013Programa previstoDia 1 Viagem para Marrakech e transfer para riad no centro Noite em RiadDia 2 Viagem de Marrakech para Zagora em viatura exclusiva para o grupoDia 3 Dunas Bougayoirn -gt Dunas Tridi Dia 4 Tridi -gt erg (duna) EssahelDia 5 Erg Essahel -gt Dunas de LanithieDia 6 Dunas de Lanithie -gt Ouled DrissDia 7 Dunas de Lanithie -gt Ouled DrissDia 8 Marrakech e regresso

Equipamento obrigatoacuterioMochila pequena cantil (ou similar)Saco de viagem (maacutex 60Lt e 10kg) para transportar no dromedaacuterioSaco camaFrontal ou lanternaOacuteculos escuros chapeacuteu e protetor solarRoupas confortaacuteveis para caminhadaImpermeaacutevelAgasalho noturnoBaacutesicos de higiene (incluir toalha pequena e ligeira e produtos biodegradaacuteveis papel higieacutenico e saco chinelos)1ordms socorros pessoais que devem incluir anti mosqui-to e anti diarreicoPara as Senhoras ndash calccedilas compridas para atravessar algumas aldeias

Equipamento RecomendadoMaacutequina Fotograacutefica Sticks de Caminhada Calccedilado confortaacutevel e desportivo (uso recomendado)

Nuacutemero miacutenimo 6 pessoas (preccedilo sob consulta para grupos de nuacutemero inferior)

Preccedilo Desde 799euro | + 50euro (suplemento single em Marrakech)

Mais informaccedilotildees aquiUm Programa Caminhos da Natureza oslash

DEsERToDUNas E oaacutesis

Tipo de percurso NaturezaTrekkingGrau de dificuldade MeacutedioAltoCaracteriacutesticas8 dias 7 noitesProacuteximas datas 26 de dezembro de 2012 a 2 janeiro de 2013

Marrocos eacute um paiacutes lindiacutessimo que por estar tatildeo perto e ser tatildeo exoacutetico merece uma visitaNesta viagem propomos mais que uma visita sugeri-mos uma aventura de vaacuterios dias a peacute a acompanhar uma caravana de camelos Iraacute atravessar planaltos e desertos descansar agrave som-bra de oaacutesis e dormir sobre as estrelas beber chaacute na companhia de Berberes e ouvir as suas histoacuterias Per-correremos caminhos antigos de caravanserais que acompanham rios e dunas Para no fim saborearmos um merecido descanso na magia do deserto Aproveite este fim de ano para comemorar em boa companhia e num cenaacuterio exoacutetico e inesqueciacutevel a entrada do novo ano e para conhecer ou regressar a este maravilhoso paiacutes

Programa previstoDia 1 Voo cidade de origem - MarrakechDia 2 Marrakech - ZagoraDia 3 Beni Ali - Oaacutesis de Foum TaqquatDia 4 Oaacutesis de Foum Taggat ndash Dunas de Nesrate ndash Ksar Ait IsfoulDia 5 Oaacutesis e dunas de Nesrate ndash Zaouiat Sidi Saleh ndash Duna de TidiriDia 6 Dunas de Tidiri ndash Oaacutesis e dunas de Ragabi ndash Dunas Erg LihoudiDia 7 Viagem para MarrakechDia 8 Voo Marrakech - cidade de origem

Preccedilo 580euro (Preccedilo Terra) | Desde 350euro (Preccedilo voo) + Suplemento ind Marrakech 50 euro

Mais informaccedilotildees aquiUm Programa Papa-Leacuteguas oslash

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dia 1 - 28ago12 keflavik- selfoss ndash 112 kmNoacutes movemo-nos como este vento que corre li-vremente por este paiacutes gelado Tatildeo a sul quanto eacute possiacutevel nesta latitude percorremos a estrada da costa expostos a um inquietante e impressio-nante vento que nos derrubou por diversas ve-zes Ele natildeo deixa saudades apenas ficam mar-cas e recordaccedilotildees Por momentos sentimo-nos transportados para o outro extremo do mundo na Patagoacutenia onde os 8 meses que separam es-tas 2 aventuras natildeo chegam para tirar do corpo o desconforto que nos provocou

Por todo o lado nota-se a natureza intocada com pouca vegetaccedilatildeo os tons escuros dos solos vulcacircnicos e muitas rochas de lava cobertas de musgo O momento do dia foi junto da Blue La-goonl um dos pontos mais turiacutesticos da Islacircndia

Pedalar por um sonho agraves portas do Ciacuterculo Polar Aacutertico

Para os sonhos serem realizados eacute preciso al-gueacutem que acredite A nossa viagem agrave Islacircndia foi alimentada pela vontade de ajudar 2 crianccedilas a concretizar 2 sonhos em conjunto com a Ins-tituiccedilatildeo terra dos sonhos porque um sorriso vale tudo

Durante 3 semanas pedalaacutemos no nosso mundo de sonhos e a cada pedalada recebemos sorri-sos em troca

ICELANDLusO EXPEDITION

Aventura

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Para muita gente

viajar significa ir ao encontro daquilo

que procuram Noacutes que viajamos com a bicicleta e em autonomia sabemos

que o destino estaacute traccedilado mas eacute

incerto

dia 2 - 29ago12 selfoss-selfoss Atraacutes das montanhas em busca do Circulo de Ouro 95 km Hoje o dia foi programado para viajarmos sem bagagem Era uma volta circular que nos leva-va para laacute das montanhas ateacute agrave fenda onde a Islacircn-dia se equilibra

No parque nacional de Thingvellir vivemos alguns dos mais conhecidos fenoacutemenos naturais desta ilha Aqui eacute o local onde se separam as placas tectoacute-nicas americana e euroasiaacutetica criando uma fenda que se afasta 2cm por ano

dia 3 - 30ago12 selfoss-Laugarvatn-gey-sir-gullfoss-Fludir-Aacuternes 140 kmPercebemos agora porque chamam ciacuterculo de Ouro ao Geysir e agrave cascata Gullfoss O turismo mais va-lioso chega em inuacutemeros autocarros e viaturas 4X4 equipadas com rodas ldquoextra sizerdquo

Natildeo eacute preciso chegar a este local para sentir os cheiros que os vapores emanam do subsolo Em povoaccedilotildees com pouco mais de 4 casas eacute possiacutevel ver-se a terra em plena atividade diante dos nossos olhos e sentir-mo-nos convidados a ocupar todo o espaccedilo aquecido

Laugarvatn Fludir ou Aacuternes todas estatildeo num terri-toacuterio maacutegico onde o tamanho natildeo conta e os limites que existem satildeo impostos pela nossa imaginaccedilatildeoEstas aldeias natildeo brilham mas valem ouro Ainda estamos a 20 quiloacutemetros do destino mas jaacute passa-ram mais de 10h desde que saiacutemos Eacute tarde e natildeo vamos ter tempo para recuperar e enfrentar 4 dias de total isolamento por uma estrada de montanha que atravessa 2 glaciares

A ementa para tantos dias corre velozmente na mi-nha mente Compramos tudo o que julgamos vir a precisar mas antes percorro corredores vasculho prateleiras tenho hesitaccedilotildeeshellipCalamos o medo e pegamos na bicicleta

dia 4 - 01 set12 Aacuternes ndash highland center 70kmDamos hoje a primeira pedalada de aproximada-mente 300 quiloacutemetros em direccedilatildeo ao centro da Terra as highlands

Para muita gente viajar significa ir ao encontro da-quilo que procuram Noacutes que viajamos com a bici-cleta e em autonomia sabemos que o destino estaacute traccedilado mas eacute incerto O encontro com o inesperado eacute muitas vezes algo que acontece com frequecircnciaFoi uma noite mal dormida devido agrave ansiedade e ao risco do que nos propunhamos fazer Sabemos que a cada quiloacutemetro que andamos comeccedila uma nova aventura

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Natildeo podiacuteamos esperar mais Saiacute-mos do Youth hostel debaixo de chuva tendo como esperanccedila al-guma falha nas previsotildees meteo-roacutegicas para as horas seguintes Insiacutepidos e molhados desde cedo buscamos abrigo no highland center

dia 4 - 02set12 highland center ndash nyidalur hut 110km Toda a ilha eacute uma zona livre de stress Quando percorremos a fantasmagoacuterica Sprengisadur route (F26) percebemos que es-tamos livres de tudo ateacute do nosso juiacutezo A nossa ambiccedilatildeo quando tracaacutemos esta rota era atraves-saacutermos o paiacutes de sul para norte e passarmos entre os glaciares Holsjokul e VatnajokullA natureza pode ser simulta-neamente dura delicada e cruel como foi ontem mas foi genero-sa connosco hoje ao permitir-nos ver a paisagem de cascalho solto nua sempre do mesmo tom cas-tanho escuro

O silecircncio ganhou espaccedilo ateacute ao momento em que conseguimos chegar ao abrigo de montanha (hut)

dia 5 - 03set12 - nyida-lur hut ndash rest dayNem pensar em cruzar a precio-sa porta do abrigo Laacute fora estaacute tudo muito branco e diferente daquilo a que estamos habitua-dos e por isso mantivemo-nos no hut de Nyidalur (na base do vulcatildeo Tungnfell) durante 2 noi-tes por seguranccedila O fogatildeo estaacute sempre aceso e tem uma enorme panela com aacutegua pronta a aque-cer quem chegue

Para que possamos variar do esparguete e noodles (jaacute natildeo haacute muito) vamos tentar fazer patildeo O resultado da nossa experiecircncia a juntar ingredientes com nomes impronunciaacuteveis em que iacuteamos provando para perceber o que era deu num cruzamento entre o patildeo e o rissol O duo de motards que dividiam o hut connosco re-petiram Significa que inventaacute-mos mais um pastel falta soacute dar um nomehellipO Ranger do Parque Nacional acaba de chegar ao hut e veio confirmar que somos mesmo malucos por estarmos nas high-lands nesta eacutepoca Aleacutem disso avisou que vai haver tempestade para esta noite e amanhatilde

dia 6 - 04set12 - nyidalur hut- rest dayLaacute fora estatildeo 0ordmC e as bicicletas encostadas imoacuteveis sujeitas a mais um teste de resistecircncia O nosso passatempo eacute assar ba-tatas ver quem passa e a forma como transpotildeem o rio A nossa vez de partir vai chegar ainda natildeo sabemos eacute quando Para jaacute passa a 3ordf noitehellip

dia 7 - 05set12 - nyidalur hut ndash Laugar 129kmO som do vento acorda-nos mui-to cedo e era semelhante ao do dia anterior Se a direccedilatildeo se man-tivesse de norte significava mais um dia perdido Inquieto dirijo--me ateacute agrave janela para observar o uacutenico ponto de referecircncia no ex-terior uma bandeira chicoteada pelo vento vindo de sulEstava dado o sinal de partida para mais do que uma maratona nas highlands Ao longo do ca-minho a neve mantinha-se por vastas aacutereas e o vento empur-rava-nos ao mesmo tempo que nos congelava as extremidades e queimava a pele

Foi uma benccedilatildeo a ajuda do Ran-ger para transpormos 2 rios em

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seguranccedila sem nunca nos molharmos A aacutegua que noacutes e os islandeses bebem vem de rios como estes sem qualquer tipo de tratamento

DIA 8 - 06set12 Laugar ndash Lago Myvatn- Lau-gar 85 kmFoi tanta a privaccedilatildeo nos dias anteriores que hoje sonhaacutemos com o pequeno almoccedilo que teriacuteamos pela manhatilde antes de nos deslocarmos para o Lago Myvatn Este lago imenso e a aacuterea envolvente satildeo um dos grandes tesouros europeus Durante a nossa volta circular toda a paisagem eacute surreal Lava fumo a sair da terra crateras aacutegua e montanhas vulcacircnicas

Haacute muitos dias que transportamos os fatos de ba-nho na pequena mochila que vai agraves costas na es-peranccedila de um banho quente em qualquer charco inesperado Hoje tivemos o nosso primeiro hot pot Eles satildeo um must nesta regiatildeo (eacute como estar num jacuzzi no meio da rua com um cenaacuterio deslum-brante)

DIA 9 - 07set12 Laugar ndash Akureyri 67kmIsto de pedalar com vento natildeo tem graccedila nenhu-ma especialmente porque natildeo se consegue ter mo-

mentos de contemplaccedilatildeo parados Em dias assim eu sou a ponta da flecha que abre uma fissura no vento e permite que a Filomena possa andar na roda Acabar eacute uma vitoacuteria mas natildeo existe gloacuteria quando se chega ao fimAkureyri eacute a capital do norte e a 2ordf cidade maior do paiacutes com 18000 habitantes civilizaccedilatildeo situada num fiorde rodeado de cumes nevados uma escolha acertada para ficar um dia a descansar

DIA 10 - 09set12 Akureyri- Varmahliacuteo 95 kmMesmo a pedalar sobre a Route 1 os grandes hori-zontes continuam a fazer parte desta viagem An-damos pelos vales e seguimos os cursos dos rios alimentados pelas aacuteguas que escorrem incessante-mente das arribas que nos flanqueiamPodia afirmar que estou eufoacuterico diante das infini-tas possibilidades que tenho pela frente mas natildeo estou Novo aviso de tempestade acompanhada de ventos fortes (23 ms) natildeo convida a grandes aven-turas

Por hoje natildeo precisamos de nos preocupar esta-mos bem abrigados numa quinta na aldeia de Var-mahliacuteeth com 130 pessoas

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DIA 11 -10set12 Varmahliacuteo ndash Rest dayParece que o inverno veio todo num soacute dia e pintou tudo de branco O supermercado estaacute a 300 metros mas eacute como se fosse uma miragem Temos mais um dia de paragem forccediladaO nevatildeo ganha cada vez mais terreno agrave medida que as horas avanccedilam A estrada estaacute interdita agrave maio-ria dos veiacuteculos e por precauccedilatildeo as pessoas satildeo aconselhadas a procurar alojamentoEm pouco tempo a senhora Inda de 81 anos que haacute poucas horas parecia ter uma vida pacata a co-chilar no seu sofaacute mostrou-nos como eacute uma ver-dadeira mulher do norte Enquanto nos convidava para um lanche com bolos caseiros mostrava or-gulhosamente os aacutelbuns de famiacutelia recebia os tu-ristas que iam chegando e quando a lotaccedilatildeo esgo-tou pegou no seu jeep e conduzia estrada fora para os ir alojar

DIA 12- 1set12 Varmahliacuteo ndash Saeberg (hostel) 15kmEsta aventura jaacute foi longe demais Temos metade da quilometragem que planeaacutemos centenas de peripeacutecias e riscos incalculados e soacute nos apetece chegar agrave capital Laacute fora tudo continua branco e a abanar no entanto existe a necessidade de arran-car Estamos confiantes nas previsotildees para o dia de hoje mesmo quando aquilo que vemos natildeo inspira confianccedila

Comeccedila a nevar comeccedila a montanhahellipVaacuterios car-ros estatildeo soterrados nas bermas os flocos voam magoam as faces e a subida ainda vai no iniacutecio Me-tro a metro vamos quebrando o gelo Quem passa tira fotografias e fica increacutedulo Noacutes tambeacutem Natildeo sabemos como equilibrar as 2 rodas perante esta manifestaccedilatildeo da natureza As equipas de emergecircn-cia patrulham a aacuterea e noacutes fazemos ldquolikerdquo sem nos apercebermos que as descidas se tornariam autecircn-ticos escorregasPedimos ajuda e somos resgatados ateacute ao nosso destino Estaacute um sol maravilhoso e as vistas satildeo lindas A vida eacute tatildeo bela porque seraacute que ando de bicicleta em siacutetios tatildeo difiacuteceisPronto Depois de 1h dentro do hot pot percebe-mos porque natildeo ficamos em casa Casa eacute onde estaacute o nosso coraccedilatildeo

DIA 13 - 12 e 13 set12 Saeberg ndash Borgarnes ndash Reykjavik 226kmsEstamos a oeste mas o nosso sentido eacute cada vez seguir para mais perto do nosso ponto inicial O isolamento e a ausecircncia da matildeo humana con-tinuam a ser uma das grandes referecircncias deste paiacutes Os horizontes ateacute Borgarnes perdem a cor e parecem-se com tantos outros que jaacute vimos noutros lugaresReykjavik natildeo estaacute isolada natildeo estaacute no topo de uma

montanha e nem sequer haacute nada de extremo nesta cidade

DIA 14 - 14 set12 Reykjavik ndash Rest dayA capital natildeo nos cativa eacute exageradamente cara e parece viver soacute de noite

DIA 15 - 15 set12 Reykjavik ndash Keflavik 49kmFelizmente que as imagens que estamos a ver e que satildeo iguais ao primeiro dia representam ape-nas uma pequena amostra deste paiacutes Natildeo haacute aacutervo-res natildeo haacute rios natildeo haacute vales apenas uma rugosa paisagem lunar fruto da forte atividade vulcacircnica nesta peniacutensula

Ateacute ao aeroporto jaacute natildeo contamos observar nada daquilo que enche as brochuras e panfletos que se podem encontrar e consultar espalhados por qual-quer parte desta linda ilha Resta-nos pedalar

EPIacuteLOGO Natildeo satildeo os nuacutemeros que fazem uma via-gem de SONHO Os quiloacutemetros ambicionados os desniacuteveis previstos os dias programados ficaram aqueacutem do planeado Mas as expectativas planeadas foram largamente ultrapassadas pois tivemos expe-riecircncias uacutenicas em cenaacuterios de Sonho com amiza-des imprevistas

Nesta ilha todos os sentidos experimentaram a na-tureza em estado puro A esta latitude tudo se torna impreviacutesivel os 6 dias que ficaacutemos retidos e os 1400 quiloacutemetros percorridos hoje parecem pouco vistos agrave distacircncia num lugar seguro

AGRADECIMENTO Aos nossos apoiantes ndash Terra dos Sonhos Cofides Competiccedilatildeo Movefree Bike performance Center D-Maker Ortik Bike Magazi-ne Bivaque Extramedia Portal Aventuras

Um agradecimento muito especial agrave missatildeo da For-ccedila Aeacuterea Portuguesa ndash Iceland Air Policing que nos recebeu e transportou as nossas bagagens no re-gresso a Portugal Bem hajam oslash

Ricardo Mendes e Filomena Gomes

MAIS PORMENORES E FOTOS

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Aventura- Tsiiii tsiiii ndash o meu olhar desviou-se do hori-zonte que observava tentando encontrar por perto de onde vinha o som daquele assobio

- Satildeo as marmotas Estatildeo a avisar as outras que noacutes estamos por perto eacute assim que comunicam principalmente se sentem algum perigo - o Heacutel-der ria do meu ar confuso Ia jurar que o assobio vinha de um ser humano Foi a primeira vez que avistei este simpaacutetico mamiacutefero Imagino esta marmota no meio dos peluches do quarto das minhas filhas Satildeo sem duacutevida um animal sim-paacutetico estes excelentes escavadores que vivem em altitudes desde os 900m aos 3200m Nove meses do ano passam-no a hibernar Estamos em pleno veratildeo nos Alpes e as marmotas estatildeo em grande atividade armazenando energias para o inverno Conseguimos avistar os outros elementos da coloacutenia ldquode peacuterdquo alerta Foi um bom motivo para uma merecida pausa tirar a mochila hidratar comer uma barra energeacutetica

Jaacute haviacuteamos percorrido grande parte do trilho que nos levaria ao Refuacutegio Albert I Eacute aqui que pernoitaremos para iniciar a nossa aclimataccedilatildeo Saiacutemos da pequena vila de Le Tour de onde partem os telefeacutericos usados no inverno para aceder agraves pistas de esqui No veratildeo continuam em atividade facilitando o percurso aos trekkers que natildeo queiram palmilhar o desniacutevel de cerca de

700m que os separa do Col de Balme- Estamos a aclimatar e tambeacutem a treinar nem pensar em usar meios mecacircnicos ndash Helder sor-ria a dizer esta frase Foi quanto bastou para perceber que a manhatilde ia ser longa Depois de vencermos grande parte do desniacutevel chegamos a um local de onde se pode avistar a cordilheira do monte Branco la Verte os Drus as Aiguil-les de Chamonix e o Monte Branco com os seus 4810m Mas que local magniacutefico para aclimatar pensei Para subir em altitude temos que permi-tir ao nosso organismo que se habitue gradual-mente agrave falta de oxigeacutenio a que vai ser exposto Para isso vamos fazendo caminhadas subindo gradualmente para que ao fim de alguns dias jaacute estejamos mais aptos a entrar numa zona em que a pressatildeo atmosfeacuterica eacute menor e o oxigeacutenio do ar mais rarefeito

Ao chegar agrave moreia do glaciar do Tour resta-nos uns 200 m para o nosso objetivo A 30 de agosto de 1930 o rei Alberto I da Beacutelgica inaugurou o primeiro refuacutegio que tem o seu nome Em 1935 o refuacutegio foi ampliado no entanto natildeo foi sufi-

ciente e o atual precariamente empoleirado num penhasco a uma altitude de 2706

inaugurado a 12 de julho de 1959 foi construiacutedo perto do primeiro

edifiacutecio Natildeo posso deixar de me impressionar ao avistaacute-lo e quando chego sento-me na varanda feliz por poder apre-

Esta-mos em pleno

veratildeo nos Alpes e as marmotas estatildeo em grande ativida-de armazenando energias para o

inverno

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ciar vistas tatildeo magniacuteficas ehellip por poder tirar as botas Natildeo tinha botas de alta montanha mas um amigo comprou umas plaacutesticas em segun-da matildeo em Chamonix e sorte das sortes eram o meu nuacutemero Fiz este trekking com elas para me habituar resultou Mas os meus peacutes supli-cavam por ar fresco Soacute conseguimos dar o de-vido valor ao momento de descanso conversa contemplaccedilatildeo numa varanda dum refuacutegio se jaacute tivermos percorrido umas boas horas por trilhos de montanha Saboreei ao maacuteximo este tempi-nho sabia que a tarde era guardada para treino no glaciar como andar em cordada e escalada no gelo Eacute sempre bom relembrar as bases um acidente pode acontecer quando descuramos as regras mais simples e esta tarde foi fundamental para isso Um sol magniacutefico vistas deslumbran-tes ambiente descontraiacutedo Natildeo deixar a corda a tocar o chatildeo nunca a pisar nem a ter dema-siado em tensatildeo Esta sintonia entre elementos de cordada trabalha-se e soacute com o treino a con-seguimos obter Amanhatilde vamos sair ao nascer do dia em direccedilatildeo agrave Aiguille du Tour Esta for-maccedilatildeo com 3540m eacute muito popular entre as pes-soas que tentam a ascensatildeo ao Monte Branco Eacute relativamente faacutecil a sua subida pela face leste

A meteorologia na manhatilde da nossa subida esta-va perfeita Adoro toda a logiacutestica de preparaccedilatildeo de saiacuteda do refuacutegio O acordar ainda de noite os ruiacutedos leves e abafados dos mais madrugadores na camarata o som dos passos ainda lentos no chatildeo de madeira Tento concentrar-me para natildeo me escapar nada ter todo o material colocado e sentir-me confortaacutevel Saio do refuacutegio e o ar

fresco da montanha acorda os meus sentidos Comeccedilamos a subir o glaciar frontais ligados muacutesculos a aquecer A inclinaccedilatildeo eacute moderada e rapidamente chegamos ao colo superior do Tour que marca a fronteira da Franccedila com a Suiacuteccedila ndash Trouxeram o passaporte Vamos pas-sar no posto fronteiriccedilo ndash pergunta o Heacutelder a sorrir Atravessamos agora o glaciar de Trient o sol aquece-nos e as vistas satildeo surpreendentes Ao chegar agrave base da aguille do Tour fazemos o nosso merecido descanso comer beber aacutegua apreciar a beleza que nos circunda Vem agora a parte divertida para quem gosta de escalar em rocha Iniciamos calmamente a nossa subida vamos ouvindo algumas orientaccedilotildees progredin-do e fazendo manobras para passar nas zonas mais expostas ateacute chegarmos ao topo Emocio-no-me com a beleza agrave minha volta O meu pen-samento liga-se a algueacutem muito querido que haacute bem pouco tempo deixou a vida terrena sinto a sua proximidade Um abraccedilo forte da minha amiga de escalada traz-me novamente agrave terra E ali agrave nossa frente majestoso quase como que a chamar-nos o Monte Branco

Foi nesse mesmo dia que regressamos a Chamo-nix Uma longa descida animada pela conversa descontraiacuteda sobre os Alpes - Haacute sempre tanto que contar desta cordilheira travessias espeta-culares que se podem fazer ndash ouvia atenta as histoacuterias que me contavam era a minha primei-ra vez nos Alpes e jaacute estava cativada Cativada ateacute pela proacutepria cidade de Chamonix Eacute um lo-cal onde se respira ar livre Da varanda do nos-so apartamento para onde quer que olhe vejo

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Aventuraatividades outdoor Ouccedilo os risos alegres dum grupo que desce o rio fazendo rafting observo o ceacuteu colorido pelos parapentes as pessoas pas-sam na rua equipadas com roupa de montanha Cheguei a Chamonix haacute dois dias de comboio Quando deambulava pelas suas ruelas cho-quei com uma curiosa estaacutetua onde um homem aponta a outro o cume do Monte Branco

- Eacute Jacques Balmat que estaacute a apontar para o cume ele foi o primeiro homem a subir esta montanha a 8 de agosto de 1786 acompanha-do do meacutedico Michel Paccard Saiacuteram de Cha-monix acamparam no cume da Montagne de la cote a 2630m agraves 4 da manhatilde partiram e chega-ram ao cume por volta das 6h da tarde Balmat nasceu neste vale era um caccedilador de cristais tinha uma vontade de ferro e um instinto para as montanhas Paccard era meacutedico em Chamonix e um excelente alpinista adorava botacircnica e mi-nerais Tambeacutem lhe erigiram aqui uma estaacutetua

Foi ele que conheceu Horace-Beacute-neacutedict de Saussure que ini-

ciou a corrida do primeiro homem a subir ao Monte Branco ndash disse-me Joatildeo

- E esse Saussure tam-beacutem era alpinista ndash perguntei curiosa

- O seu interesse pela botacircnica trouxe-o ateacute aos

Alpes e percorreu grande parte desta cordilheira co-

meccedilando a trabalhar no sentido de esclarecer a topografia da parte ne-

vada dos Alpes nessa eacutepoca praticamente des-conhecida Foi em 1760 que veio aqui pela pri-meira vez e ofereceu uma recompensa a quem escalasse o Monte Branco Ele tentou fazecirc-lo sem sucesso- Entatildeo nunca chegou a subir

- Sim conseguiu mas soacute em 1787 jaacute tinha 47 anos e levou 18 guias com ele Relembro as palavras que li do fotoacutegrafo de montanha C Douglas Milner ldquoA subida em si foi magniacutefica uma incriacutevel faccedilanha de coragem grande resistecircncia realizada por estes dois ho-mens apenas sem corda e sem piolets muito sobrecarregados com equipamentos cientiacuteficos e com longos bastotildees com pontas de ferro O bom tempo e uma lua luminosa garantiram o seu regresso com vidardquo

O dia seguinte foi passado a descansar visitar o Museu da Montanha e espreitar a meteoro-

Foi em 1760 que veio aqui

pela primeira vez e ofereceu uma recom-

pensa a quem escalas-se o Monte Branco Ele tentou fazecirc-lo

sem sucesso

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Um dos pontos al-tos eacute ir agrave roulotte

dos waffles delei-tarmo-nos com este

delicioso doce No fi-nal do dia ainda pude-

mos assistir a um espetaacute-culo de muacutesica e danccedila celta

na praccedila central O ambiente eacute descontraiacutedo a praccedila estaacute cheia de gente e a muacutesica faz sempre bem agrave alma Joatildeo recebe um telefonema

- Estaacutes nos Alpes Natildeo vatildeo poder subir amanhatilde aproxima-se uma tempestade Mas tenho boas notiacutecias tens uma janela de bom tempo no dia seguinte se quiserem aproveitar - Disse Viacutetor Baiacutea sempre bem informado sobre os fenoacuteme-nos meteoroloacutegicos

O dia em que vai haver ldquouma abertardquo para subir eacute o mesmo dia em que temos voo para Lisboa

desde Genebra Ficamos um pouco a pensar no que decidir e claro temos que arriscar Na mon-tanha eacute assim tem que haver flexibilidade es-tamos dependentes das condiccedilotildees climateacutericas e aproveitar quando nos eacute proporcionado bom tempo

A rota que vamos seguir natildeo eacute a mais utilizada eacute chamada rota dos trecircs cumes Esta rota eacute mais exigente fiacutesica e tecnicamente do que a rota do Goucircter No entanto com faacutecil acesso a partir do telefeacuterico da Aiguille du Midi este percurso tor-nou-se a segunda rota mais popular para esca-lar o Monte Branco O percurso inicia-se na Ai-guille du Midi seguindo pelo Col du Midi antes de subir o Monte Branco atraveacutes do Mont-Blanc du Tacul (4248m) e Maudit Mont (4465m) Esta rota requer condiccedilotildees estaacuteveis na neve do Mont Blanc du Tacul e Mont Maudit e tem uma eleva-ccedilatildeo acumulada de 1425m O refuacutegio Cosmiques estava lotado a nossa uacuteni-

- Es-taacutes nos Alpes

Natildeo vatildeo poder subir amanhatilde aproxi-ma-se uma tempestade

Mas tenho boas notiacutecias tens uma janela de bom tempo no dia seguinte

se quiserem apro-veitar

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Aventura

estaccedilatildeo do telefeacuterico da Aiguille du Midi Este telefeacuterico foi construiacutedo em 1955 e manteve o tiacutetulo de ser o mais alto do mundo durante duas deacutecadas Ele ainda deteacutem o recorde como o te-lefeacuterico com a ascensatildeo vertical mais alta no mundo de 1035 m para 3842 m Haacute duas se-ccedilotildees de Chamonix para o Plano de lAiguille a 2317 m e depois diretamente sem qualquer pi-lar de apoio para a estaccedilatildeo superior a 3777 m Apanhamos o uacuteltimo telefeacuterico do dia cerca de 20 minutos depois estaacutevamos no terraccedilo a tentar admirar as lindiacutessimas vistas que se tem deste local No entanto o mau tempo previsto estava certo e a visibilidade natildeo era mais de 20 m agrave nossa frente Estava desanimadiacutessima

- Como eacute possiacutevel daqui a poucas horas termos bom tempo para subir ndash Perguntei increacutedula- Estamos na montanha Luiacutesa a meteorologia muda rapidamente Temos que aguardar ndash Afir-mou Joatildeo calmo e confiante

Fomos procurar um local onde pudeacutessemos descansar ateacute agrave meia-noite hora marcada para a nossa partida O percurso eacute longo com bas-tante desniacutevel e na realidade o voo para Lisboa eacute amanhatilde Quando acordei o som dos ventos fortes que se faziam ouvir misteriosamente desaparece-ram Depois de comer e fazer a confirmaccedilatildeo do equipamento dirigimo-nos para a aresta que nos levaraacute ao Valleacute Blanche Foi com extrema curiosidade que me dirigi agrave saiacuteda Como esta-raacute o tempo A calma e tranquilidade que senti ao sair para o exterior foi-me trazida pela ma-ravilhosa paisagem que tinha agrave minha frente Afinal depois da tempestade vem a bonanccedila e a visatildeo deste vale imaculado sob um ceacuteu estre-lado sem ningueacutem sem pegadas sem luzes de frontais foi brutal Ao comeccedilar a descer a ares-ta conseguimos ver o refuacutegio Cosmiques ainda adormecido Fomos mesmo os primeiros a sair o que representa um privileacutegio por um lado e

No entanto o mau tempo pre-

visto estava certo e a visibilidade natildeo era mais de 20m agrave nossa frente Estava desa-

nimadiacutessima

Ainda foi longa a nossa caminhada sempre a encontrar forccedilas e energia onde quer que elas estivessem escondidas Paraacutevamos de vez em quando agrave espera da outra cordada de amigos e por fim cerca das 10h da manhatilde atingimos o cume Tento tirar fotos mas a maacutequina fotograacute-fica natildeo ajudou fiquei sem bateria Natildeo faltam maacutequinas para o fazer e depois de um breve descanso temos que iniciar a descida pela mes-ma rota Eacute uma descida que acaba por ter al-gumas subidas sendo por isso mais demorada Mas a alegria de ter cumprido o objetivo o dia tatildeo calmo e luminoso a companhia dos amigos supera qualquer tipo de cansaccedilo

Tive um sentimento de saudade ao chegar nova-mente ao Valleacute Blanche e olhar para traacutes para o trilho percorrido olhar aquele vale agora agrave luz do dia atravessado por tantas pegadas Olho de relance para a uacuteltima subida que nos falta fazer a aresta que nos levaraacute ao telefeacuterico na Aguille du Midi Faccedilo esta subida confiante como se ti-vesse deixado para traacutes todo o esforccedilo e cansaccedilo extremo desta maravilhosa aventura

Com grande pena natildeo pude comemorar em Chamonix nessa noite mas comemorei com imensa alegria ao reencontrar-me com a mi-nha famiacutelia orgulhosa de mim afinal estive no mesmo dia no cume do Monte Branco de manhatilde e agrave noite na minha cama quente e confortaacutevel em Lisboa oslash

Luiacutesa Tomeacute

Papa-Leacuteguaswwwpapa-leguascom

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um esforccedilo acrescido por outro Relembro a tra-vessia do glaciar do Tacul a ldquofazer trilhordquo o som dos campons na neve ecoava num ritmo proacute-prio pousava a minha bota no local exato onde o Joatildeo tinha feito a pegada como que num jogo em que quando falhava acrescia o esforccedilo que teria que fazer O som de passos intensifica-se temos mais madrugadores connosco Deixamo--los passar jaacute vimos a fazer trilho haacute bastante tempo eacute a vez de outros agora

Quando chegamos agrave ldquoparederdquo do Mont Blanc du Tacul jaacute temos algumas pessoas agrave espera para subir O sol ainda natildeo subiu para nos aquecer esperamos junto agraves cordas a nossa vez os peacutes comeccedilam a dar sinal de frio Iniciamos a subida os piolets e os crampons cravam-se certeiros no gelo a corda ajuda na subida Comeccedilo a ficar cansada e a hesitar paro por uns momentos sinto a boca seca o coraccedilatildeo a bater forte olho para cima jaacute natildeo falta muito - Piolet numa matildeo corda na outra sobe Luiacutesa ndash a voz do Heacutelder trouxe-me lucidez A energia que me faltava regressou Concentro-me e con-tinuo a subida pedaccedilos de gelo passam por noacutes arrancados aquela parede cheia de gente dese-josa de ultrapassar possivelmente o obstaacuteculo mais duro desta rota

O trilho continua pelo beliacutessimo Mont-Maudit apesar do seu nome O sol jaacute vai alto comeccedila a aquecer haacute que comeccedilar a tirar camadas Natildeo podemos desidratar Col de la Brenva um chaacute quente e uma bolacha Apetece ficar jaacute aqui as vistas satildeo surpreendentes Mas natildeo eacute este o nos-so objetivo vamos continuar a subir

Entrevista Diogo Miguel - (Oti-Estarreja)

ldquoO DEsPORTO EM PORTuGAL eacute uM EsPELhO DA sOCIEDADErdquo

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Sabe acima de tudo as con-

diccedilotildees que temos e consegue olhar para o

resultado como sen-do bastante meri-

toacuterio

OutdOOr COmO eacute pOssiacutevel algueacutem COm-patibilizar a preparaccedilatildeO enquantO atleta de OrientaccedilatildeO de elite COm as exigecircnCias dum 6ordm anO dO CursO de medi-Cina

diOgO miguel O segredo reside sobretudo na motivaccedilatildeo Toda a gente consegue tirar um curso e fazer desporto e inclusivamente se gos-tar consegue treinar todos os dias Mas se esti-ver motivado o suficiente consegue levantar-se cedo para correr agraves seis da manhatilde estar na Fa-culdade agraves oito e meia sair agraves quatro da tarde e ir treinar outra vez estudar ateacute agraves dez da noite e dormir porque amanhatilde eacute outro dia Eacute preci-so estar-se motivado para abraccedilar esta vida durante o ano inteiro

Haacute quantO tempO eacute que as COisas satildeO levadas assimQuando comecei a fazer Orien-taccedilatildeo natildeo tinha grandes preo-cupaccedilotildees com o treino Durante os anos de faculdade jaacute treinava bastante a seacuterio mas foi haacute dois ou trecircs anos quando comecei a ser treinado pelo Professor Bruno Nazaacuterio que aumentei a carga de trei-no para o bi-diaacuterio A partir daiacute passei a ter o meu tempo totalmente ocupado Satildeo os estaacutegios do Curso o tempo de deslocaccedilatildeo para Hospitais da periferia uma tese para defender Este ano seraacute bastante mais exigente que os anteriores se calhar natildeo vou poder fazer treino bi-diaacuterio todos os dias como gostaria mas ainda assim vou pro-curar treinar duma forma o mais seacuteria possiacutevel e se natildeo puder fazecirc-lo na quantidade desejaacutevel pelo menos na qualidade espero consegui-lo

em 2007 COnquistOu a primeira grande medalHa da OrientaccedilatildeO pOrtuguesa aO sagrar-se CampeatildeO da eurOpa de JOvens

Chama-se Diogo Miguel e eacute aos 23 anos uma das referecircncias da Orientaccedilatildeo Pedestre nacio-nal Campeatildeo Europeu de Jovens em 2007 e Campeatildeo Nacional de Distacircncia Longa em 2009 e 2011 Diogo Miguel reparte o tempo entre a modalidade do seu coraccedilatildeo e as exigecircncias do curso de Medicina que abraccedilou haacute seis anos E foi precisamente por aiacute que a nossa conversa comeccedilou uma conversa onde passado presen-te e futuro se misturam e confundem numa teia de opccedilotildees direccedilotildees desafios e decisotildees Na Orientaccedilatildeo como na Vida

Por Joaquim Margarido

de sprint em eger na Hungria que me-moacuterias guarda dessa JOrnada Haacute CinCO anOs atraacutesGuardo sobretudo as memoacuterias e os amigos Na altura pensaacutemos que a visibilidade que este re-sultado poderia dar agrave Orientaccedilatildeo catapultasse a modalidade e possibilitasse a obtenccedilatildeo de mais apoios mas isso natildeo se veio a verificar pelo me-nos na medida daquilo que seria de esperar

esteve este anO nOs mundiais de lausan-ne COnseguindO O 33ordm lugar na Final a de distacircnCia lOnga que valOr atribui a este seu resultadOAtribuo-lhe um valor elevado ateacute porque foi a primeira vez em dez anos que um portuguecircs foi a uma final A de Distacircncia Longa Cheguei ao fim com a certeza de ter feito o meu melhor e se natildeo tivesse quebrado fisicamente teria fei-to melhor ainda Ou seja com outras condiccedilotildees de treino teria facilmente ficado entre os vinte e cinco primeiros Mas falta bastante cultura des-portiva agrave sociedade portuguesa em geral e se disser a algueacutem que natildeo estaacute familiarizado com a Orientaccedilatildeo que terminei em 33ordm num Campeo-nato do Mundo essa pessoa iraacute pensar ldquoesque-ce eacutes mau natildeo prestasrdquo Mas quem sabe como estas coisas funcionam sabe os sacrifiacutecios que temos que fazer Sabe acima de tudo as condi-ccedilotildees que temos e consegue olhar para o resulta-

do como sendo bastante meritoacuterio

temOs em pOrtugal O apOiO que deviacuteamOs Ou que mereCiacuteamOs

Natildeo Eacute bastante revoltante olhar para outros desportos como eacute o caso do Futebol e termos um Presidente que termina o man-dato agrave frente da Federaccedilatildeo e que se sente orgulhoso por ter deixa-

do um balanccedilo positivo nas contas de muitos milhotildees de euros Mas

satildeo estes precisamente que ainda assim continuam a receber milhotildees e

milhotildees do Instituto Portuguecircs do Desporto e Juventude enquanto outras modalidades lutam pela sobrevivecircncia Acho que somos claramen-te sub-apoiados O desporto em Portugal eacute um espelho da Sociedade Haacute os muito ricos e haacute os muito pobres Os ricos satildeo cada vez mais ricos e os pobres satildeo cada vez mais pobres Eacute a mesma coisa com o desporto

quandO OlHa para Os nOssOs JOvens que pOtenCialidades vecirc neles para COn-seguirem CHegar aOs lugares CimeirOs da OrientaccedilatildeO eurOpeia e mundialTemos alguns jovens com bastante valor prin-

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cipalmente o Luiacutes Silva Trata-se dum atleta que tem um futuro brutal e acho que vai ser sem sombra de duacutevidas o melhor atleta portuguecircs dentro de muito pouco tempo Olhando de for-ma mais aprofundada para estes atletas eacute uma realidade que eles tecircm hoje melhores condiccedilotildees em relaccedilatildeo agravequilo que noacutes tiacutenhamos na altura Basta ver que os atletas jaacute se deslocam com al-guma frequecircncia ao terreno antes das grandes competiccedilotildees coisa que natildeo havia ateacute haacute muito pouco tempo atraacutes E depois haacute os estaacutegios de Seleccedilatildeo Mas deve reconhecer-se que lhes falta o treino fora da competiccedilatildeo Acho que falta al-gum espiacuterito de sacrifiacutecio no treino em casa que eacute o mais importante

o CLubE dE oriEntaccedilatildeo dE EstarrEJa Eacute dEsdE sEMprE o sEu CLubE quE signiFiCa-do tEM para si EstE EMbLEMa E Esta CaMi-soLa quE EnvErgaComecei na Orientaccedilatildeo aos 8 anos e a minha primeira experiecircncia foi no Desporto Escolar na minha terra Canelas uma pequena aldeia do Concelho de Estarreja A essa primeira pro-va seguiu-se uma ldquoQuinzena da Orientaccedilatildeordquo no veratildeo e nunca mais parei Haacute quinze anos que estou ligado a este clube e ele faz parte de mim Poderia dividir a minha vida em dois por um lado a parte profissional da Faculdade e por outro a Orientaccedilatildeo Por estranho que possa pa-recer a parte desportiva natildeo se encontra num plano inferior relativamente agrave parte profissio-nal Ambas as partes se complementam uma agrave outra Portanto a minha ligaccedilatildeo a este clube eacute muito grande satildeo muitos anos satildeo muitas pes-soas e ajudou-me a crescer

aos Miuacutedos quE agora datildeo os priMEiros passos quE ConsELhos dariaO conselho natildeo o daria aos miuacutedos se calhar da-va-o antes aos pais Tanto a escola como o des-porto andam muito ligados Se temos disciplina num acabamos por ter disciplina no outro Natildeo eacute por acaso se olharmos para os atletas de topo a niacutevel nacional todos eles satildeo excelentes es-tudantes e tecircm um futuro profissional bastante promissor Tudo parte de quem educa Eu tenho a sorte de ter uns pais que sempre me educaram bem e que sempre me deram o apoio necessaacuterio para conseguir fazer as duas coisas

E deixaria ainda um conselho mais aos pais o de virem fazer uma prova de Orientaccedilatildeo com os seus filhos Uma das grandes vantagens da Orientaccedilatildeo eacute ser para aleacutem do ldquodesporto da flo-restardquo o ldquodesporto da famiacuteliardquo

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EntrevistaConsidEra quE Esta EacutepoCa CorrEu dE aCordo CoM as suas ExpECtativasNa verdade digamos que a eacutepoca estaacute quase agrave beira de comeccedilar Depois do Campeonato do Mundo tirei mais tempo do que era habitual para descansar e tenho estado a fazer pratica-mente soacute manutenccedilatildeo A eacutepoca teve alguns per-calccedilos comecei a treinar na Repuacuteblica Checa e apesar de ter feito muito treino com mapa devi-do agraves questotildees climateacutericas e agraves poucas horas de luz acabei por ter uma carga de treino aqueacutem do desejaacutevel Depois de regressar a Portugal estava a treinar bem mas tive um percalccedilo e lesionei--me num peacute o que me obrigou a uma paragem de um mecircs Isso fez-me perder muito da minha boa forma e acredito que se natildeo fosse isso po-

deria ter chegado muito melhor ao Campeonato do Mundo e aiacute o resultado poderia ter sido outro Apesar de tudo os resultados acabaram por ser bem melhores do que estaria agrave espera

o obJEtivo a Curto praZo passa pELo tiacute-tuLo naCionaL absoLutoPor acaso esse eacute um tiacutetulo que nunca alcancei Vou comeccedilar a treinar a seacuterio para chegar nas melhores condiccedilotildees ao Campeonato Nacional Absoluto e esse vai ser um bom teste O objetivo eacute estar laacute para ganhar

Quanto agrave proacutexima eacutepoca espero apresentar-me agraves provas em melhor forma do que este ano e que os bons resultados possam aparecer oslash

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wwwgarminpt

ofereccedila um garmin DeSemBruLHara caixa Seraacute Soacute o princiacutepio

este natal ofereccedila emoccedilotildees aventuras para quem viaja ou para os que correm para os que navegam no mar ou escalam montanhas Para os nadadores ou golfistas este natal ofereccedila um garmin

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Por Terra

ORIENTACcedilatildeOhellip DEsPORTO NA NATuREzA

Parque nacional torres del Paine Chile

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Cinco satildeo os sentidos estaacute nos manuais neles reside a possi-bilidade de um maior ou menor contacto da pessoa com aquilo que a rodeia Haacute ainda o sexto sentido aquela perceccedilatildeo extra--sensorial que parece ser mais propriedade das mulheres do que dos homens e que nas con-ceccedilotildees ocultistas estaraacute tam-beacutem sedeado num oacutergatildeo do nosso corpo Figurada ou ob-jetivamente eacute bom que todos eles ndash sem exceccedilatildeo - estejam suficientemente desenvolvi-dos sem isso natildeo haacute sentido de orientaccedilatildeo que aguente

A Orientaccedilatildeo eacute um Desporto recente em Portugal mas tem jaacute mais de 100 anos de existecircncia

enquanto desporto organi-zado Com efeito teraacute sido em Bergen - Noruega no ano de 1897 que se organizou a pri-meira atividade desportiva de Orientaccedilatildeo Os paiacuteses noacuterdicos satildeo ainda hoje aqueles onde a modalidade tem maior implan-taccedilatildeo mobilizando um nuacutemero de praticantes que coloca a

Orientaccedilatildeo entre os cinco des-portos com mais adeptos na Escandinaacutevia A maior prova do mundo realiza-se anual-mente na Sueacutecia os 5 dias da Sueacutecia com um nuacutemero de participantes que jaacute atingiu os 25000

Durante o seacutec XX a modali-dade foi evoluindo ateacute agrave criaccedilatildeo da Federaccedilatildeo Internacional de Orientaccedilatildeo (IOF) que fes-tejou em 2012 o 51ordm aniversaacuterio e veio normalizar mundial-mente as regras competitivas as normas para elaboraccedilatildeo dos mapas e as sinaleacuteticas a usar A Orientaccedilatildeo eacute praticada em quatro disciplinas diferentes Orientaccedilatildeo Pedestre Orien-taccedilatildeo em BTT Orientaccedilatildeo em Ski e Orientaccedilatildeo de Precisatildeo (Orientaccedilatildeo prioritariamente para deficientes motores)

Portugal tem marcado pontos na Orientaccedilatildeo para o desporto adaptado lanccedilando em 2012 a Taccedila de Portugal de Orientaccedilatildeo de Precisatildeo e criando um cir-cuito de Orientaccedilatildeo adaptada vocacionado prioritariamente para a deficiecircncia intelectual e

crianccedilas em idade preacute-escolar que eacute uacutenico no Mundo e que estaacute a ser jaacute implementado pela Espanha

o quE EacutePodemos dizer que a Orien-taccedilatildeo eacute um desporto completo Haacute o aspeto fiacutesico o treino no campo que se aproxima do treino dum atleta de fundo E haacute o aspeto mental que de-sempenha um papel funda-mental a leitura dos mapas o contra-reloacutegiohellip Eacute tambeacutem o desporto de natureza por exce-lecircncia Os orientistas saem dos trilhos balizados para pene-trarem no coraccedilatildeo da floresta Cada dia eacute uma nova aven-tura Daquele que se inicia na Orientaccedilatildeo ao mais consagrado dos praticantes haacute todo um mesmo espiacuterito de liberdade de fazer a sua proacutepria escolha do melhor itineraacuterio No Atle-tismo por exemplo a volta agrave pista teraacute sempre 400 metros quer seja aqui ou no Japatildeo Na Orientaccedilatildeo esta noccedilatildeo de dis-tacircncia tem muito pouco signi-ficado Tanto se pode fazer 10 quiloacutemetros numa hora e meia como em quarenta minutos E

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depois nunca existem duas florestas iguais Eacute o eterno recomeccedilo Na Austraacutelia ou na Suiacuteccedila no Japatildeo ou na Escandinaacutevia eacute necessaacuterio uma adaptaccedilatildeo a cada local natildeo haacute lugar a repeti-ccedilotildeeshellip

Cada corredor possui uma buacutessola e um mapa que contrariamente a um mapa normal conteacutem uma enorme diversidade de detalhes acerca dos seus elementos caracteriacutesticos (relevo do ter-reno vegetaccedilatildeo caminhos elementos rochosos construccedilotildees e muito mais) Os mapas satildeo rea-lizados segundo as normas especiacuteficas da Fede-raccedilatildeo Internacional de Orientaccedilatildeo que tem sede na Finlacircndia Aleacutem da legenda sobre os siacutembolos nele representados existe ainda uma sinaleacutetica

proacutepria que tem a ver com o percurso que o praticante vai realizar nesse evento e que eacute uma linguagem uni-versal

A partir do momento em que se potildee em marcha o cronoacutemetro o orientista deve efe-tuar o seu percurso que eacute marcado no mapa e que eacute cons-tituiacutedo por uma par-tida (representada por um triacircngulo) uma seacuterie de pontos de

passagem obrigatoacuterios (representados por ciacuter-culos) e a chegada (representada no mapa por dois ciacuterculos concecircntricos) Estes pontos satildeo materializados no terreno sob a forma de um prisma triangular denominado por baliza e a passagem deve ser validada por um sistema de ldquopicotagemrdquo manual ou eletroacutenica O objetivo consiste em fazer o percurso na sequecircncia in-dicada o mais rapidamente possiacutevel Mas entre cada ponto de passagem a escolha do itineraacuterio fica ao criteacuterio de cada um

O percurso em linha reta evidentemente nem sempre eacute o mais raacutepido Eacute necessaacuterio jogar com as inflexotildees do terreno os lagos os muros e outros acidenteshellip O tempo gasto a percorrer o traccedilado da corrida depende sobretudo do meio sobre o qual a mesma se desenrola Em terrenos como na Escandinaacutevia onde o relevo eacute mais duro numa mesma distacircncia poderemos gastar quase o dobro do tempo que gastariacuteamos num terreno plano e sem o mesmo tipo de obs-taacuteculos

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O conhecimento do relevo eacute a parte mais difiacutecil Eacute neces-saacuterio aprender a imaginar um terreno a trecircs dimensotildees sobre o mapa Claro que natildeo eacute apenas isto Para quem tem mais dificuldade em possuir a visatildeo a trecircs dimensotildees esta in-suficiecircncia pode ser compensada com outras qualidades nomeada-mente a atenccedilatildeo Mas nem todos pos-suem igualmente esta capacidade mental Como na generalidade dos desportos eacute neces-saacuteria uma longa aprendizagem onde o treino teacutecnico a vivecircncia de situaccedilotildees mais variadas e o nuacutemero de florestas ldquovisitadasrdquo desempe-nham um papel fundamental Eacute agrave medida que o tempo passa que o orientista aprende a adaptar o seu comportamento a reagir cada vez mais rapidamente e a encontrar as melhores opccedilotildeesO desporto natildeo eacute muito mediatizado e o espiacute-rito da Orientaccedilatildeo eacute o de permanecer livre Eacute um desporto ainda preservado de certas po-leacutemicas ldquodopingrdquo e outros malabarismos daiacute que muitos orientistas digam que natildeo seja mau de todo que ele permaneccedila ldquoconfidencialrdquo

Grandes Competiccedilotildees em 2013

Em 2013 as grandes competiccedilotildees internacio-nais onde Portugal vai querer estar presente

satildeo as seguintes

- Campeonato do Mundo de Juacuteniores ndash Repuacuteblica Checa (29jun-06 de julho) wwwjwoc2013cz

- Campeonato do Mundo Elite ndash Finlacircndia (07-14 jul)

wwwwoc2013fi- Campeonato do Mundo ve-

teranos ndash Itaacutelia (02-10 ago) wwwwmoc2013it

- Campeonato da Europa de Jovens ndash Israel (03 de novembro) wwweyoc2013org

portuGal na alta roda Mas Portugal vai ter brevemente grandes desa-fios pela frente- Em 2013 organiza uma etapa da Taccedila do Mundo de seacuteniores e o Campeonato do Mundo de Vete-ranos de Orientaccedilatildeo em BTT - Costa Alentejana entre 09 e 13 de outubro- Em 2014 organiza em Palmela de 9-14 de abril e em paralelo o Campeonato da Europa de Orientaccedilatildeo Pedestre e o Campeonato da Eu-ropa de Orientaccedilatildeo de Precisatildeo wwweoc2014fpopt

Carnaval o ponto alto Desde 1996 que Portugal realiza a sua prova ra-inha que atrai os melhores especialistas a Por-

Eacute um desporto ainda

preservado de certas poleacutemicas ldquodopingrdquo e outros malabarismos

daiacute que muitos orientistas digam que natildeo seja mau de todo que ele perma-

neccedila ldquoconfiden-cialrdquo

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Por Terratugal Eacute O Portugal Orsquo Meeting que desde 2000 se realiza no Carnaval com a duraccedilatildeo de 4 dias e pontuaacutevel para a liga Mundial de orientaccedilatildeo pedestre nos percursos de Elite Em 2013 Por-tugal vai receber pela primeira vez trecircs eventos pontuaacuteveis para a Liga Mundial02 e 03 de fevereiro ndash Norte Alentejano Orsquo Mee-ting ndash Nisa (wwwnaompt)09ndash12 de fevereiro ndash Portugal Orsquo Meeting ndash Idanha-a-nova (wwwpompt)16 e 17 de fevereiro ndash XIV Meeting de Orien-taccedilatildeo do Centro ndash Pombal (wwwcocpteventos16fev2013)

OrientaccedilatildeO muitO mais dO que um despOr-tOOlhando para a modalidade de uma forma mais transversal podemos enquadraacute-la aleacutem de mo-dalidade desportiva com aacutereas como o Ambien-te a Educaccedilatildeo e as Novas Tecnologias As qua-tro vertentes atraacutes enunciadas reunidas numa soacute tem a ver tambeacutem com solidariedade

Ambiente porque a Orientaccedilatildeo eacute o ldquoDesporto da Florestardquo fazendo de cada praticante um guardiatildeo e um amigo de tatildeo valioso patrimoacutenio Educaccedilatildeo porque eacute uma modalidade onde se aglutinam mateacuterias tatildeo nucleares como a Ma-temaacutetica ou a Geografia e se desenvolvem com-petecircncias como a capacidade de interpretaccedilatildeo ou o poder de decisatildeo por isso ser considerada prioritaacuteria para o Desporto Escolar Novas Tec-nologias porque eacute das modalidades que mais depende dos Meios Informaacuteticos a todos os niacute-veis do controlo de tempos agrave cartografia mais desenvolvida que existe Desporto porque pro-move a atividade fiacutesica e a Sauacutede dirigindo-se de igual forma agravequeles que individualmente a praticam ao niacutevel da alta competiccedilatildeo como agraves crianccedilas ou agraves famiacutelias que vecircm nela uma forma

de promover o seu bem estar fiacutesico e reforccedilar os laccedilos de amizade e convivialidade

E solidariedade porque vive da forccedila que projeta nos seus praticantes

trabalhando desinteressadamente em prol da modalidade em prol do paiacutes

Porque a Orientaccedilatildeo eacute Ambiente eacute Educaccedilatildeo satildeo Novas Tecnolo-gias eacute Desporto Porque a Orien-

taccedilatildeo gera Riqueza e gera Sauacutede Porque a Orientaccedilatildeo eacute de todos e

para todos Interessa a todos Inte-ressa ao Paiacutes Daiacute que eacute urgente que

todos venham experimentar e que descu-bram as belezas deste Paiacutes de mapa na matildeo oslash

Fernando Costa e Joaquim margarido

Olhando para a modali-

dade de uma forma mais transversal po-

demos enquadraacute-la aleacutem de modalidade desportiva

com aacutereas como o Am-biente a Educaccedilatildeo e

as Novas Tecnolo-gias

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OUTDOOR Setembro_Outubro 2011 139

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Em Famiacutelia

PORTO CITy RACE

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A segunda ediccedilatildeo do Porto City Race eacute um evento de Orienta-ccedilatildeo pedestre urba-no organizado pelo

Grupo Desportivo dos Quatro Caminhos em parceria com a Cacircmara Municipal do Porto atraveacutes da Porto Lazer

O evento faz parte do Circuito Nacional urbano da Federa-ccedilatildeo Portuguesa de Orientaccedilatildeo (CiNU) e eacute aberto a pessoas de qualquer idade podendo parti-cipar individualmente ou em grupo

Mesmo que nunca tenha visto um mapa ou uma buacutessola tem possibilidade de se juntar agrave fes-ta porque a organizaccedilatildeo faraacute acompanhamento e ensino com monitores

Traga a famiacutelia e venha conhe-cer os locais mais emblemaacuteti-cos do Porto e aprenda Orien-taccedilatildeo

Os participantes do evento te-ratildeo a possibilidade de competir no dia anterior no Justlog Park Race no Monte da Srordf da Assun-ccedilatildeo nos arredores do Porto

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Em FamiacuteliaoriEntaccedilatildeo o dEsporto da FaMiacuteLiaPelas suas caracteriacutesticas a Orientaccedilatildeo tem a possibilidade de ser realizada em famiacutelia No iniacutecio satildeo os pais que ensinam os filhos a des-mistificar o slogan de que a floresta eacute o ldquoterri-toacuterio do lobo maurdquo depois ter um mapa e um percurso satildeo momentos de partilha de busca de superaccedilatildeo de transmissatildeo de conhecimen-tos e de preparaccedilatildeo para a vida O facto de exis-tirem percursos adaptados a todas as idades e niacuteveis teacutecnicos permite que no mesmo espaccedilo todos possam executar o seu percurso mesmo que natildeo seja em conjunto

Na proacutexima ediccedilatildeo do Porto City Race a organi-zaccedilatildeo vai criar um percurso turiacutestico vocaciona-do para a famiacutelia em que os pontos de controlo seratildeo monumentos e em que a entrada nos mes-mos seja facilitada Assim aleacutem de cumprirem um percurso de Orientaccedilatildeo poderatildeo tambeacutem conhecer melhor a cidade e a sua histoacuteria oslash

Fernando Costa

11 dE Maio dE 2013 Justlog Park Race - Monte da Srordf da Assunccedilatildeo

12 dE Maio dE 2013 Porto City Race - Centro Histoacuterico do Porto (Patrimoacutenio Mundial)

doMingo 12 dE Maio 2013- porto City raCE

08h30 - Abertura do secretariado no local da prova (A confirmar)

10h00 - Partida dos primeiros atletas

13h00 - Encerramento

Mais inForMaccedilotildeEs EMwwwgd4caminhoscomportocityrace2013

PROGRAMA

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A ROTA DA AacuteGuAPOR LIsBOA

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omo proposta para um passeio em famiacutelia e adequado desde os mais novos ateacute aos mais grauacutedos suge-rimos uma visita guiada ao Palaacutecio Marquecircs da Fronteira e o passeio

pedestre Rota da Aacutegua no Parque Florestal de Monsanto em Lisboa

Quem jaacute olhou e passou por debaixo do aquedu-to das Aacuteguas Livres em Lisboa e pensouhellipquem me dera poder subir e saber todos os seus recan-tos histoacuterias e lendas

Neste passeio vai ter acesso a um percurso de 8 km com direito a perguntas e respostas sobre este monumento que nos envolve com a sua grandiosidade e beleza

Porque eacute cedo que comeccedila o dia a hora de en-contro eacute pelas 9h30 no estacionamento em fren-te ao Palaacutecio Marquecircs e Fronteira no largo Satildeo Domingos de Benfica em Lisboa

O palaacutecio foi construiacutedo em 1640 para o pri-meiro Marquecircs de Fronteira D Joatildeo de Mas-carenhas heroacutei da Guerra da Restauraccedilatildeo Este bonito Palaacutecio situa-se agrave beira do Parque Flores-tal de Monsanto no Largo de Satildeo Domingos de Benfica

O Palaacutecio foi ampliado no seacuteculo XVIII em estilo laquorocailleraquo e continua a ser atualmente residecircn-cia dos 12ordm Marquecircs de Fronteira sendo contudo possiacutevel visitar algumas das salas a biblioteca e o jardimO interior eacute igualmente rico destacando-se a Sala das Batalhas que contem belos paineacuteis e azulejos com cenas da Guerra da Restauraccedilatildeo trecircs grandes janelas que se abrem sobre o Jar-dim de Veacutenus e a Sala da Jantar adornada com frescos de retratos da nobreza portuguesaA Capela de finais do seacuteculo XVI conta no seu interior com um preseacutepio cuja autoria eacute atribuiacute-da a Machado de Castro As visitas aos sumptuosos Jardins ldquoagrave italianardquo comeccedilam no terraccedilo da capela com destaque para o Jardim de Veacutenus e o Jardim Formal do seacuteculo XVII onde pontifica a Galeria dos ReisPara completar o passeio iremos conhecer a Rota da AacuteguahellipA Rota da Aacutegua tem 8 km e atravessa uma seacuterie de espaccedilos recreativos e de lazer entre eles o Parque Recreativo do Alto da Serafina o Espa-ccedilo Monsanto Parque da Pedra Parque do Ca-lhau e Mata S Domingos de Benfica O traccedilado do Aqueduto das Aacuteguas Livres acompanha uma parte da rota

O programa comeccedila com uma visita guiada ao Palaacutecio Marquecircs da Fronteira aacutes 10h O passeio pedestre teraacute iniacutecio por volta das 11h30mNatildeo percam este passeio de grande interesse natural histoacuterico-cultural e fotograacutefico oslash

Local de encontro No estacionamento em frente ao Palaacutecio Marquecircs e Fronteira Hora de encontro 9h30m Hora de iniacutecio do pro-grama 10h Percurso Circular Distacircncia 8 km Grau de dificuldade FaacutecilHora prevista do final do programa 14h30m (inclui paragem para descanso e comer) Ponto de encontro Morada Largo de S Domingos de Benfica 1 - 1500-554 Lisboa GPS N 38ordm 44 2503 W 9ordm 10 496 Em alternativa o local de encontro pode ser no Lu-miar em frente ao supermercado Europa agraves9h GPS 38773763-9160421 Ou em Sete Rios agraves 9h15m em frente ao ZOO Haacute possibilidade de boleia para quem necessitar Quem tiver boleia para oferecer agradeccedilo que me avise e indique local de partida Preccedilo do programa 10 euroA atividade estaacute coberta por seguroRecomendaccedilotildees - Uso de calccedilado confortaacutevel e com boa aderecircncia aos solos proacuteprio para caminhadas - Uso de vestuaacute-rio adequado ao tempo - Alimentaccedilatildeo trazer farnel e aacutegua - Trazer chapeacuteu e protetor solar - Natildeo se afastar do grupo - Deixar o lixo nos locais apropriados - Respeitar a vida selvagem e natildeo perturbar a tran-quilidade local - Respeitar a propriedade privada e os campos cul-tivados

Um programa Caminhos com Carisma lda

ContactosE-mail caminhoscomcarismagmailcom Telefone 914 907 446 967 055 233

ficha teacutecnica

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vIAGENsEsPECIAL FIM DE ANO

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Tipo Expediccedilatildeo no DesertoGrau de dificuldade Moderado 1012km diaacuterios aproximadamente 4 horas de caminhadaCaracteriacutesticas8 dias 7 noites6 dias de expediccedilatildeoPuacuteblico-alvo Adequado a crianccedilas gt 8 anos(transporte em dromedaacuterio)Proacuteximas datas 26 de dezembro de 2012 a 2 janeiro de 2013Programa previstoDia 1 Viagem para Marrakech e transfer para riad no centro Noite em RiadDia 2 Viagem de Marrakech para Zagora em viatura exclusiva para o grupoDia 3 Dunas Bougayoirn -gt Dunas Tridi Dia 4 Tridi -gt erg (duna) EssahelDia 5 Erg Essahel -gt Dunas de LanithieDia 6 Dunas de Lanithie -gt Ouled DrissDia 7 Dunas de Lanithie -gt Ouled DrissDia 8 Marrakech e regresso

Equipamento obrigatoacuterioMochila pequena cantil (ou similar)Saco de viagem (maacutex 60Lt e 10kg) para transportar no dromedaacuterioSaco camaFrontal ou lanternaOacuteculos escuros chapeacuteu e protetor solarRoupas confortaacuteveis para caminhadaImpermeaacutevelAgasalho noturnoBaacutesicos de higiene (incluir toalha pequena e ligeira e produtos biodegradaacuteveis papel higieacutenico e saco chinelos)1ordms socorros pessoais que devem incluir anti mosqui-to e anti diarreicoPara as Senhoras ndash calccedilas compridas para atravessar algumas aldeias

Equipamento RecomendadoMaacutequina Fotograacutefica Sticks de Caminhada Calccedilado confortaacutevel e desportivo (uso recomendado)

Nuacutemero miacutenimo 6 pessoas (preccedilo sob consulta para grupos de nuacutemero inferior)

Preccedilo Desde 799euro | + 50euro (suplemento single em Marrakech)

Mais informaccedilotildees aquiUm Programa Caminhos da Natureza oslash

DEsERToDUNas E oaacutesis

Tipo de percurso NaturezaTrekkingGrau de dificuldade MeacutedioAltoCaracteriacutesticas8 dias 7 noitesProacuteximas datas 26 de dezembro de 2012 a 2 janeiro de 2013

Marrocos eacute um paiacutes lindiacutessimo que por estar tatildeo perto e ser tatildeo exoacutetico merece uma visitaNesta viagem propomos mais que uma visita sugeri-mos uma aventura de vaacuterios dias a peacute a acompanhar uma caravana de camelos Iraacute atravessar planaltos e desertos descansar agrave som-bra de oaacutesis e dormir sobre as estrelas beber chaacute na companhia de Berberes e ouvir as suas histoacuterias Per-correremos caminhos antigos de caravanserais que acompanham rios e dunas Para no fim saborearmos um merecido descanso na magia do deserto Aproveite este fim de ano para comemorar em boa companhia e num cenaacuterio exoacutetico e inesqueciacutevel a entrada do novo ano e para conhecer ou regressar a este maravilhoso paiacutes

Programa previstoDia 1 Voo cidade de origem - MarrakechDia 2 Marrakech - ZagoraDia 3 Beni Ali - Oaacutesis de Foum TaqquatDia 4 Oaacutesis de Foum Taggat ndash Dunas de Nesrate ndash Ksar Ait IsfoulDia 5 Oaacutesis e dunas de Nesrate ndash Zaouiat Sidi Saleh ndash Duna de TidiriDia 6 Dunas de Tidiri ndash Oaacutesis e dunas de Ragabi ndash Dunas Erg LihoudiDia 7 Viagem para MarrakechDia 8 Voo Marrakech - cidade de origem

Preccedilo 580euro (Preccedilo Terra) | Desde 350euro (Preccedilo voo) + Suplemento ind Marrakech 50 euro

Mais informaccedilotildees aquiUm Programa Papa-Leacuteguas oslash

TREkkiNG No DEsERTo

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dia 1 - 28ago12 keflavik- selfoss ndash 112 kmNoacutes movemo-nos como este vento que corre li-vremente por este paiacutes gelado Tatildeo a sul quanto eacute possiacutevel nesta latitude percorremos a estrada da costa expostos a um inquietante e impressio-nante vento que nos derrubou por diversas ve-zes Ele natildeo deixa saudades apenas ficam mar-cas e recordaccedilotildees Por momentos sentimo-nos transportados para o outro extremo do mundo na Patagoacutenia onde os 8 meses que separam es-tas 2 aventuras natildeo chegam para tirar do corpo o desconforto que nos provocou

Por todo o lado nota-se a natureza intocada com pouca vegetaccedilatildeo os tons escuros dos solos vulcacircnicos e muitas rochas de lava cobertas de musgo O momento do dia foi junto da Blue La-goonl um dos pontos mais turiacutesticos da Islacircndia

Pedalar por um sonho agraves portas do Ciacuterculo Polar Aacutertico

Para os sonhos serem realizados eacute preciso al-gueacutem que acredite A nossa viagem agrave Islacircndia foi alimentada pela vontade de ajudar 2 crianccedilas a concretizar 2 sonhos em conjunto com a Ins-tituiccedilatildeo terra dos sonhos porque um sorriso vale tudo

Durante 3 semanas pedalaacutemos no nosso mundo de sonhos e a cada pedalada recebemos sorri-sos em troca

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Para muita gente

viajar significa ir ao encontro daquilo

que procuram Noacutes que viajamos com a bicicleta e em autonomia sabemos

que o destino estaacute traccedilado mas eacute

incerto

dia 2 - 29ago12 selfoss-selfoss Atraacutes das montanhas em busca do Circulo de Ouro 95 km Hoje o dia foi programado para viajarmos sem bagagem Era uma volta circular que nos leva-va para laacute das montanhas ateacute agrave fenda onde a Islacircn-dia se equilibra

No parque nacional de Thingvellir vivemos alguns dos mais conhecidos fenoacutemenos naturais desta ilha Aqui eacute o local onde se separam as placas tectoacute-nicas americana e euroasiaacutetica criando uma fenda que se afasta 2cm por ano

dia 3 - 30ago12 selfoss-Laugarvatn-gey-sir-gullfoss-Fludir-Aacuternes 140 kmPercebemos agora porque chamam ciacuterculo de Ouro ao Geysir e agrave cascata Gullfoss O turismo mais va-lioso chega em inuacutemeros autocarros e viaturas 4X4 equipadas com rodas ldquoextra sizerdquo

Natildeo eacute preciso chegar a este local para sentir os cheiros que os vapores emanam do subsolo Em povoaccedilotildees com pouco mais de 4 casas eacute possiacutevel ver-se a terra em plena atividade diante dos nossos olhos e sentir-mo-nos convidados a ocupar todo o espaccedilo aquecido

Laugarvatn Fludir ou Aacuternes todas estatildeo num terri-toacuterio maacutegico onde o tamanho natildeo conta e os limites que existem satildeo impostos pela nossa imaginaccedilatildeoEstas aldeias natildeo brilham mas valem ouro Ainda estamos a 20 quiloacutemetros do destino mas jaacute passa-ram mais de 10h desde que saiacutemos Eacute tarde e natildeo vamos ter tempo para recuperar e enfrentar 4 dias de total isolamento por uma estrada de montanha que atravessa 2 glaciares

A ementa para tantos dias corre velozmente na mi-nha mente Compramos tudo o que julgamos vir a precisar mas antes percorro corredores vasculho prateleiras tenho hesitaccedilotildeeshellipCalamos o medo e pegamos na bicicleta

dia 4 - 01 set12 Aacuternes ndash highland center 70kmDamos hoje a primeira pedalada de aproximada-mente 300 quiloacutemetros em direccedilatildeo ao centro da Terra as highlands

Para muita gente viajar significa ir ao encontro da-quilo que procuram Noacutes que viajamos com a bici-cleta e em autonomia sabemos que o destino estaacute traccedilado mas eacute incerto O encontro com o inesperado eacute muitas vezes algo que acontece com frequecircnciaFoi uma noite mal dormida devido agrave ansiedade e ao risco do que nos propunhamos fazer Sabemos que a cada quiloacutemetro que andamos comeccedila uma nova aventura

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Natildeo podiacuteamos esperar mais Saiacute-mos do Youth hostel debaixo de chuva tendo como esperanccedila al-guma falha nas previsotildees meteo-roacutegicas para as horas seguintes Insiacutepidos e molhados desde cedo buscamos abrigo no highland center

dia 4 - 02set12 highland center ndash nyidalur hut 110km Toda a ilha eacute uma zona livre de stress Quando percorremos a fantasmagoacuterica Sprengisadur route (F26) percebemos que es-tamos livres de tudo ateacute do nosso juiacutezo A nossa ambiccedilatildeo quando tracaacutemos esta rota era atraves-saacutermos o paiacutes de sul para norte e passarmos entre os glaciares Holsjokul e VatnajokullA natureza pode ser simulta-neamente dura delicada e cruel como foi ontem mas foi genero-sa connosco hoje ao permitir-nos ver a paisagem de cascalho solto nua sempre do mesmo tom cas-tanho escuro

O silecircncio ganhou espaccedilo ateacute ao momento em que conseguimos chegar ao abrigo de montanha (hut)

dia 5 - 03set12 - nyida-lur hut ndash rest dayNem pensar em cruzar a precio-sa porta do abrigo Laacute fora estaacute tudo muito branco e diferente daquilo a que estamos habitua-dos e por isso mantivemo-nos no hut de Nyidalur (na base do vulcatildeo Tungnfell) durante 2 noi-tes por seguranccedila O fogatildeo estaacute sempre aceso e tem uma enorme panela com aacutegua pronta a aque-cer quem chegue

Para que possamos variar do esparguete e noodles (jaacute natildeo haacute muito) vamos tentar fazer patildeo O resultado da nossa experiecircncia a juntar ingredientes com nomes impronunciaacuteveis em que iacuteamos provando para perceber o que era deu num cruzamento entre o patildeo e o rissol O duo de motards que dividiam o hut connosco re-petiram Significa que inventaacute-mos mais um pastel falta soacute dar um nomehellipO Ranger do Parque Nacional acaba de chegar ao hut e veio confirmar que somos mesmo malucos por estarmos nas high-lands nesta eacutepoca Aleacutem disso avisou que vai haver tempestade para esta noite e amanhatilde

dia 6 - 04set12 - nyidalur hut- rest dayLaacute fora estatildeo 0ordmC e as bicicletas encostadas imoacuteveis sujeitas a mais um teste de resistecircncia O nosso passatempo eacute assar ba-tatas ver quem passa e a forma como transpotildeem o rio A nossa vez de partir vai chegar ainda natildeo sabemos eacute quando Para jaacute passa a 3ordf noitehellip

dia 7 - 05set12 - nyidalur hut ndash Laugar 129kmO som do vento acorda-nos mui-to cedo e era semelhante ao do dia anterior Se a direccedilatildeo se man-tivesse de norte significava mais um dia perdido Inquieto dirijo--me ateacute agrave janela para observar o uacutenico ponto de referecircncia no ex-terior uma bandeira chicoteada pelo vento vindo de sulEstava dado o sinal de partida para mais do que uma maratona nas highlands Ao longo do ca-minho a neve mantinha-se por vastas aacutereas e o vento empur-rava-nos ao mesmo tempo que nos congelava as extremidades e queimava a pele

Foi uma benccedilatildeo a ajuda do Ran-ger para transpormos 2 rios em

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seguranccedila sem nunca nos molharmos A aacutegua que noacutes e os islandeses bebem vem de rios como estes sem qualquer tipo de tratamento

DIA 8 - 06set12 Laugar ndash Lago Myvatn- Lau-gar 85 kmFoi tanta a privaccedilatildeo nos dias anteriores que hoje sonhaacutemos com o pequeno almoccedilo que teriacuteamos pela manhatilde antes de nos deslocarmos para o Lago Myvatn Este lago imenso e a aacuterea envolvente satildeo um dos grandes tesouros europeus Durante a nossa volta circular toda a paisagem eacute surreal Lava fumo a sair da terra crateras aacutegua e montanhas vulcacircnicas

Haacute muitos dias que transportamos os fatos de ba-nho na pequena mochila que vai agraves costas na es-peranccedila de um banho quente em qualquer charco inesperado Hoje tivemos o nosso primeiro hot pot Eles satildeo um must nesta regiatildeo (eacute como estar num jacuzzi no meio da rua com um cenaacuterio deslum-brante)

DIA 9 - 07set12 Laugar ndash Akureyri 67kmIsto de pedalar com vento natildeo tem graccedila nenhu-ma especialmente porque natildeo se consegue ter mo-

mentos de contemplaccedilatildeo parados Em dias assim eu sou a ponta da flecha que abre uma fissura no vento e permite que a Filomena possa andar na roda Acabar eacute uma vitoacuteria mas natildeo existe gloacuteria quando se chega ao fimAkureyri eacute a capital do norte e a 2ordf cidade maior do paiacutes com 18000 habitantes civilizaccedilatildeo situada num fiorde rodeado de cumes nevados uma escolha acertada para ficar um dia a descansar

DIA 10 - 09set12 Akureyri- Varmahliacuteo 95 kmMesmo a pedalar sobre a Route 1 os grandes hori-zontes continuam a fazer parte desta viagem An-damos pelos vales e seguimos os cursos dos rios alimentados pelas aacuteguas que escorrem incessante-mente das arribas que nos flanqueiamPodia afirmar que estou eufoacuterico diante das infini-tas possibilidades que tenho pela frente mas natildeo estou Novo aviso de tempestade acompanhada de ventos fortes (23 ms) natildeo convida a grandes aven-turas

Por hoje natildeo precisamos de nos preocupar esta-mos bem abrigados numa quinta na aldeia de Var-mahliacuteeth com 130 pessoas

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DIA 11 -10set12 Varmahliacuteo ndash Rest dayParece que o inverno veio todo num soacute dia e pintou tudo de branco O supermercado estaacute a 300 metros mas eacute como se fosse uma miragem Temos mais um dia de paragem forccediladaO nevatildeo ganha cada vez mais terreno agrave medida que as horas avanccedilam A estrada estaacute interdita agrave maio-ria dos veiacuteculos e por precauccedilatildeo as pessoas satildeo aconselhadas a procurar alojamentoEm pouco tempo a senhora Inda de 81 anos que haacute poucas horas parecia ter uma vida pacata a co-chilar no seu sofaacute mostrou-nos como eacute uma ver-dadeira mulher do norte Enquanto nos convidava para um lanche com bolos caseiros mostrava or-gulhosamente os aacutelbuns de famiacutelia recebia os tu-ristas que iam chegando e quando a lotaccedilatildeo esgo-tou pegou no seu jeep e conduzia estrada fora para os ir alojar

DIA 12- 1set12 Varmahliacuteo ndash Saeberg (hostel) 15kmEsta aventura jaacute foi longe demais Temos metade da quilometragem que planeaacutemos centenas de peripeacutecias e riscos incalculados e soacute nos apetece chegar agrave capital Laacute fora tudo continua branco e a abanar no entanto existe a necessidade de arran-car Estamos confiantes nas previsotildees para o dia de hoje mesmo quando aquilo que vemos natildeo inspira confianccedila

Comeccedila a nevar comeccedila a montanhahellipVaacuterios car-ros estatildeo soterrados nas bermas os flocos voam magoam as faces e a subida ainda vai no iniacutecio Me-tro a metro vamos quebrando o gelo Quem passa tira fotografias e fica increacutedulo Noacutes tambeacutem Natildeo sabemos como equilibrar as 2 rodas perante esta manifestaccedilatildeo da natureza As equipas de emergecircn-cia patrulham a aacuterea e noacutes fazemos ldquolikerdquo sem nos apercebermos que as descidas se tornariam autecircn-ticos escorregasPedimos ajuda e somos resgatados ateacute ao nosso destino Estaacute um sol maravilhoso e as vistas satildeo lindas A vida eacute tatildeo bela porque seraacute que ando de bicicleta em siacutetios tatildeo difiacuteceisPronto Depois de 1h dentro do hot pot percebe-mos porque natildeo ficamos em casa Casa eacute onde estaacute o nosso coraccedilatildeo

DIA 13 - 12 e 13 set12 Saeberg ndash Borgarnes ndash Reykjavik 226kmsEstamos a oeste mas o nosso sentido eacute cada vez seguir para mais perto do nosso ponto inicial O isolamento e a ausecircncia da matildeo humana con-tinuam a ser uma das grandes referecircncias deste paiacutes Os horizontes ateacute Borgarnes perdem a cor e parecem-se com tantos outros que jaacute vimos noutros lugaresReykjavik natildeo estaacute isolada natildeo estaacute no topo de uma

montanha e nem sequer haacute nada de extremo nesta cidade

DIA 14 - 14 set12 Reykjavik ndash Rest dayA capital natildeo nos cativa eacute exageradamente cara e parece viver soacute de noite

DIA 15 - 15 set12 Reykjavik ndash Keflavik 49kmFelizmente que as imagens que estamos a ver e que satildeo iguais ao primeiro dia representam ape-nas uma pequena amostra deste paiacutes Natildeo haacute aacutervo-res natildeo haacute rios natildeo haacute vales apenas uma rugosa paisagem lunar fruto da forte atividade vulcacircnica nesta peniacutensula

Ateacute ao aeroporto jaacute natildeo contamos observar nada daquilo que enche as brochuras e panfletos que se podem encontrar e consultar espalhados por qual-quer parte desta linda ilha Resta-nos pedalar

EPIacuteLOGO Natildeo satildeo os nuacutemeros que fazem uma via-gem de SONHO Os quiloacutemetros ambicionados os desniacuteveis previstos os dias programados ficaram aqueacutem do planeado Mas as expectativas planeadas foram largamente ultrapassadas pois tivemos expe-riecircncias uacutenicas em cenaacuterios de Sonho com amiza-des imprevistas

Nesta ilha todos os sentidos experimentaram a na-tureza em estado puro A esta latitude tudo se torna impreviacutesivel os 6 dias que ficaacutemos retidos e os 1400 quiloacutemetros percorridos hoje parecem pouco vistos agrave distacircncia num lugar seguro

AGRADECIMENTO Aos nossos apoiantes ndash Terra dos Sonhos Cofides Competiccedilatildeo Movefree Bike performance Center D-Maker Ortik Bike Magazi-ne Bivaque Extramedia Portal Aventuras

Um agradecimento muito especial agrave missatildeo da For-ccedila Aeacuterea Portuguesa ndash Iceland Air Policing que nos recebeu e transportou as nossas bagagens no re-gresso a Portugal Bem hajam oslash

Ricardo Mendes e Filomena Gomes

MAIS PORMENORES E FOTOS

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Luiacutesa Tomeacute

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Aventura- Tsiiii tsiiii ndash o meu olhar desviou-se do hori-zonte que observava tentando encontrar por perto de onde vinha o som daquele assobio

- Satildeo as marmotas Estatildeo a avisar as outras que noacutes estamos por perto eacute assim que comunicam principalmente se sentem algum perigo - o Heacutel-der ria do meu ar confuso Ia jurar que o assobio vinha de um ser humano Foi a primeira vez que avistei este simpaacutetico mamiacutefero Imagino esta marmota no meio dos peluches do quarto das minhas filhas Satildeo sem duacutevida um animal sim-paacutetico estes excelentes escavadores que vivem em altitudes desde os 900m aos 3200m Nove meses do ano passam-no a hibernar Estamos em pleno veratildeo nos Alpes e as marmotas estatildeo em grande atividade armazenando energias para o inverno Conseguimos avistar os outros elementos da coloacutenia ldquode peacuterdquo alerta Foi um bom motivo para uma merecida pausa tirar a mochila hidratar comer uma barra energeacutetica

Jaacute haviacuteamos percorrido grande parte do trilho que nos levaria ao Refuacutegio Albert I Eacute aqui que pernoitaremos para iniciar a nossa aclimataccedilatildeo Saiacutemos da pequena vila de Le Tour de onde partem os telefeacutericos usados no inverno para aceder agraves pistas de esqui No veratildeo continuam em atividade facilitando o percurso aos trekkers que natildeo queiram palmilhar o desniacutevel de cerca de

700m que os separa do Col de Balme- Estamos a aclimatar e tambeacutem a treinar nem pensar em usar meios mecacircnicos ndash Helder sor-ria a dizer esta frase Foi quanto bastou para perceber que a manhatilde ia ser longa Depois de vencermos grande parte do desniacutevel chegamos a um local de onde se pode avistar a cordilheira do monte Branco la Verte os Drus as Aiguil-les de Chamonix e o Monte Branco com os seus 4810m Mas que local magniacutefico para aclimatar pensei Para subir em altitude temos que permi-tir ao nosso organismo que se habitue gradual-mente agrave falta de oxigeacutenio a que vai ser exposto Para isso vamos fazendo caminhadas subindo gradualmente para que ao fim de alguns dias jaacute estejamos mais aptos a entrar numa zona em que a pressatildeo atmosfeacuterica eacute menor e o oxigeacutenio do ar mais rarefeito

Ao chegar agrave moreia do glaciar do Tour resta-nos uns 200 m para o nosso objetivo A 30 de agosto de 1930 o rei Alberto I da Beacutelgica inaugurou o primeiro refuacutegio que tem o seu nome Em 1935 o refuacutegio foi ampliado no entanto natildeo foi sufi-

ciente e o atual precariamente empoleirado num penhasco a uma altitude de 2706

inaugurado a 12 de julho de 1959 foi construiacutedo perto do primeiro

edifiacutecio Natildeo posso deixar de me impressionar ao avistaacute-lo e quando chego sento-me na varanda feliz por poder apre-

Esta-mos em pleno

veratildeo nos Alpes e as marmotas estatildeo em grande ativida-de armazenando energias para o

inverno

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ciar vistas tatildeo magniacuteficas ehellip por poder tirar as botas Natildeo tinha botas de alta montanha mas um amigo comprou umas plaacutesticas em segun-da matildeo em Chamonix e sorte das sortes eram o meu nuacutemero Fiz este trekking com elas para me habituar resultou Mas os meus peacutes supli-cavam por ar fresco Soacute conseguimos dar o de-vido valor ao momento de descanso conversa contemplaccedilatildeo numa varanda dum refuacutegio se jaacute tivermos percorrido umas boas horas por trilhos de montanha Saboreei ao maacuteximo este tempi-nho sabia que a tarde era guardada para treino no glaciar como andar em cordada e escalada no gelo Eacute sempre bom relembrar as bases um acidente pode acontecer quando descuramos as regras mais simples e esta tarde foi fundamental para isso Um sol magniacutefico vistas deslumbran-tes ambiente descontraiacutedo Natildeo deixar a corda a tocar o chatildeo nunca a pisar nem a ter dema-siado em tensatildeo Esta sintonia entre elementos de cordada trabalha-se e soacute com o treino a con-seguimos obter Amanhatilde vamos sair ao nascer do dia em direccedilatildeo agrave Aiguille du Tour Esta for-maccedilatildeo com 3540m eacute muito popular entre as pes-soas que tentam a ascensatildeo ao Monte Branco Eacute relativamente faacutecil a sua subida pela face leste

A meteorologia na manhatilde da nossa subida esta-va perfeita Adoro toda a logiacutestica de preparaccedilatildeo de saiacuteda do refuacutegio O acordar ainda de noite os ruiacutedos leves e abafados dos mais madrugadores na camarata o som dos passos ainda lentos no chatildeo de madeira Tento concentrar-me para natildeo me escapar nada ter todo o material colocado e sentir-me confortaacutevel Saio do refuacutegio e o ar

fresco da montanha acorda os meus sentidos Comeccedilamos a subir o glaciar frontais ligados muacutesculos a aquecer A inclinaccedilatildeo eacute moderada e rapidamente chegamos ao colo superior do Tour que marca a fronteira da Franccedila com a Suiacuteccedila ndash Trouxeram o passaporte Vamos pas-sar no posto fronteiriccedilo ndash pergunta o Heacutelder a sorrir Atravessamos agora o glaciar de Trient o sol aquece-nos e as vistas satildeo surpreendentes Ao chegar agrave base da aguille do Tour fazemos o nosso merecido descanso comer beber aacutegua apreciar a beleza que nos circunda Vem agora a parte divertida para quem gosta de escalar em rocha Iniciamos calmamente a nossa subida vamos ouvindo algumas orientaccedilotildees progredin-do e fazendo manobras para passar nas zonas mais expostas ateacute chegarmos ao topo Emocio-no-me com a beleza agrave minha volta O meu pen-samento liga-se a algueacutem muito querido que haacute bem pouco tempo deixou a vida terrena sinto a sua proximidade Um abraccedilo forte da minha amiga de escalada traz-me novamente agrave terra E ali agrave nossa frente majestoso quase como que a chamar-nos o Monte Branco

Foi nesse mesmo dia que regressamos a Chamo-nix Uma longa descida animada pela conversa descontraiacuteda sobre os Alpes - Haacute sempre tanto que contar desta cordilheira travessias espeta-culares que se podem fazer ndash ouvia atenta as histoacuterias que me contavam era a minha primei-ra vez nos Alpes e jaacute estava cativada Cativada ateacute pela proacutepria cidade de Chamonix Eacute um lo-cal onde se respira ar livre Da varanda do nos-so apartamento para onde quer que olhe vejo

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Aventuraatividades outdoor Ouccedilo os risos alegres dum grupo que desce o rio fazendo rafting observo o ceacuteu colorido pelos parapentes as pessoas pas-sam na rua equipadas com roupa de montanha Cheguei a Chamonix haacute dois dias de comboio Quando deambulava pelas suas ruelas cho-quei com uma curiosa estaacutetua onde um homem aponta a outro o cume do Monte Branco

- Eacute Jacques Balmat que estaacute a apontar para o cume ele foi o primeiro homem a subir esta montanha a 8 de agosto de 1786 acompanha-do do meacutedico Michel Paccard Saiacuteram de Cha-monix acamparam no cume da Montagne de la cote a 2630m agraves 4 da manhatilde partiram e chega-ram ao cume por volta das 6h da tarde Balmat nasceu neste vale era um caccedilador de cristais tinha uma vontade de ferro e um instinto para as montanhas Paccard era meacutedico em Chamonix e um excelente alpinista adorava botacircnica e mi-nerais Tambeacutem lhe erigiram aqui uma estaacutetua

Foi ele que conheceu Horace-Beacute-neacutedict de Saussure que ini-

ciou a corrida do primeiro homem a subir ao Monte Branco ndash disse-me Joatildeo

- E esse Saussure tam-beacutem era alpinista ndash perguntei curiosa

- O seu interesse pela botacircnica trouxe-o ateacute aos

Alpes e percorreu grande parte desta cordilheira co-

meccedilando a trabalhar no sentido de esclarecer a topografia da parte ne-

vada dos Alpes nessa eacutepoca praticamente des-conhecida Foi em 1760 que veio aqui pela pri-meira vez e ofereceu uma recompensa a quem escalasse o Monte Branco Ele tentou fazecirc-lo sem sucesso- Entatildeo nunca chegou a subir

- Sim conseguiu mas soacute em 1787 jaacute tinha 47 anos e levou 18 guias com ele Relembro as palavras que li do fotoacutegrafo de montanha C Douglas Milner ldquoA subida em si foi magniacutefica uma incriacutevel faccedilanha de coragem grande resistecircncia realizada por estes dois ho-mens apenas sem corda e sem piolets muito sobrecarregados com equipamentos cientiacuteficos e com longos bastotildees com pontas de ferro O bom tempo e uma lua luminosa garantiram o seu regresso com vidardquo

O dia seguinte foi passado a descansar visitar o Museu da Montanha e espreitar a meteoro-

Foi em 1760 que veio aqui

pela primeira vez e ofereceu uma recom-

pensa a quem escalas-se o Monte Branco Ele tentou fazecirc-lo

sem sucesso

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Um dos pontos al-tos eacute ir agrave roulotte

dos waffles delei-tarmo-nos com este

delicioso doce No fi-nal do dia ainda pude-

mos assistir a um espetaacute-culo de muacutesica e danccedila celta

na praccedila central O ambiente eacute descontraiacutedo a praccedila estaacute cheia de gente e a muacutesica faz sempre bem agrave alma Joatildeo recebe um telefonema

- Estaacutes nos Alpes Natildeo vatildeo poder subir amanhatilde aproxima-se uma tempestade Mas tenho boas notiacutecias tens uma janela de bom tempo no dia seguinte se quiserem aproveitar - Disse Viacutetor Baiacutea sempre bem informado sobre os fenoacuteme-nos meteoroloacutegicos

O dia em que vai haver ldquouma abertardquo para subir eacute o mesmo dia em que temos voo para Lisboa

desde Genebra Ficamos um pouco a pensar no que decidir e claro temos que arriscar Na mon-tanha eacute assim tem que haver flexibilidade es-tamos dependentes das condiccedilotildees climateacutericas e aproveitar quando nos eacute proporcionado bom tempo

A rota que vamos seguir natildeo eacute a mais utilizada eacute chamada rota dos trecircs cumes Esta rota eacute mais exigente fiacutesica e tecnicamente do que a rota do Goucircter No entanto com faacutecil acesso a partir do telefeacuterico da Aiguille du Midi este percurso tor-nou-se a segunda rota mais popular para esca-lar o Monte Branco O percurso inicia-se na Ai-guille du Midi seguindo pelo Col du Midi antes de subir o Monte Branco atraveacutes do Mont-Blanc du Tacul (4248m) e Maudit Mont (4465m) Esta rota requer condiccedilotildees estaacuteveis na neve do Mont Blanc du Tacul e Mont Maudit e tem uma eleva-ccedilatildeo acumulada de 1425m O refuacutegio Cosmiques estava lotado a nossa uacuteni-

- Es-taacutes nos Alpes

Natildeo vatildeo poder subir amanhatilde aproxi-ma-se uma tempestade

Mas tenho boas notiacutecias tens uma janela de bom tempo no dia seguinte

se quiserem apro-veitar

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estaccedilatildeo do telefeacuterico da Aiguille du Midi Este telefeacuterico foi construiacutedo em 1955 e manteve o tiacutetulo de ser o mais alto do mundo durante duas deacutecadas Ele ainda deteacutem o recorde como o te-lefeacuterico com a ascensatildeo vertical mais alta no mundo de 1035 m para 3842 m Haacute duas se-ccedilotildees de Chamonix para o Plano de lAiguille a 2317 m e depois diretamente sem qualquer pi-lar de apoio para a estaccedilatildeo superior a 3777 m Apanhamos o uacuteltimo telefeacuterico do dia cerca de 20 minutos depois estaacutevamos no terraccedilo a tentar admirar as lindiacutessimas vistas que se tem deste local No entanto o mau tempo previsto estava certo e a visibilidade natildeo era mais de 20 m agrave nossa frente Estava desanimadiacutessima

- Como eacute possiacutevel daqui a poucas horas termos bom tempo para subir ndash Perguntei increacutedula- Estamos na montanha Luiacutesa a meteorologia muda rapidamente Temos que aguardar ndash Afir-mou Joatildeo calmo e confiante

Fomos procurar um local onde pudeacutessemos descansar ateacute agrave meia-noite hora marcada para a nossa partida O percurso eacute longo com bas-tante desniacutevel e na realidade o voo para Lisboa eacute amanhatilde Quando acordei o som dos ventos fortes que se faziam ouvir misteriosamente desaparece-ram Depois de comer e fazer a confirmaccedilatildeo do equipamento dirigimo-nos para a aresta que nos levaraacute ao Valleacute Blanche Foi com extrema curiosidade que me dirigi agrave saiacuteda Como esta-raacute o tempo A calma e tranquilidade que senti ao sair para o exterior foi-me trazida pela ma-ravilhosa paisagem que tinha agrave minha frente Afinal depois da tempestade vem a bonanccedila e a visatildeo deste vale imaculado sob um ceacuteu estre-lado sem ningueacutem sem pegadas sem luzes de frontais foi brutal Ao comeccedilar a descer a ares-ta conseguimos ver o refuacutegio Cosmiques ainda adormecido Fomos mesmo os primeiros a sair o que representa um privileacutegio por um lado e

No entanto o mau tempo pre-

visto estava certo e a visibilidade natildeo era mais de 20m agrave nossa frente Estava desa-

nimadiacutessima

Ainda foi longa a nossa caminhada sempre a encontrar forccedilas e energia onde quer que elas estivessem escondidas Paraacutevamos de vez em quando agrave espera da outra cordada de amigos e por fim cerca das 10h da manhatilde atingimos o cume Tento tirar fotos mas a maacutequina fotograacute-fica natildeo ajudou fiquei sem bateria Natildeo faltam maacutequinas para o fazer e depois de um breve descanso temos que iniciar a descida pela mes-ma rota Eacute uma descida que acaba por ter al-gumas subidas sendo por isso mais demorada Mas a alegria de ter cumprido o objetivo o dia tatildeo calmo e luminoso a companhia dos amigos supera qualquer tipo de cansaccedilo

Tive um sentimento de saudade ao chegar nova-mente ao Valleacute Blanche e olhar para traacutes para o trilho percorrido olhar aquele vale agora agrave luz do dia atravessado por tantas pegadas Olho de relance para a uacuteltima subida que nos falta fazer a aresta que nos levaraacute ao telefeacuterico na Aguille du Midi Faccedilo esta subida confiante como se ti-vesse deixado para traacutes todo o esforccedilo e cansaccedilo extremo desta maravilhosa aventura

Com grande pena natildeo pude comemorar em Chamonix nessa noite mas comemorei com imensa alegria ao reencontrar-me com a mi-nha famiacutelia orgulhosa de mim afinal estive no mesmo dia no cume do Monte Branco de manhatilde e agrave noite na minha cama quente e confortaacutevel em Lisboa oslash

Luiacutesa Tomeacute

Papa-Leacuteguaswwwpapa-leguascom

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um esforccedilo acrescido por outro Relembro a tra-vessia do glaciar do Tacul a ldquofazer trilhordquo o som dos campons na neve ecoava num ritmo proacute-prio pousava a minha bota no local exato onde o Joatildeo tinha feito a pegada como que num jogo em que quando falhava acrescia o esforccedilo que teria que fazer O som de passos intensifica-se temos mais madrugadores connosco Deixamo--los passar jaacute vimos a fazer trilho haacute bastante tempo eacute a vez de outros agora

Quando chegamos agrave ldquoparederdquo do Mont Blanc du Tacul jaacute temos algumas pessoas agrave espera para subir O sol ainda natildeo subiu para nos aquecer esperamos junto agraves cordas a nossa vez os peacutes comeccedilam a dar sinal de frio Iniciamos a subida os piolets e os crampons cravam-se certeiros no gelo a corda ajuda na subida Comeccedilo a ficar cansada e a hesitar paro por uns momentos sinto a boca seca o coraccedilatildeo a bater forte olho para cima jaacute natildeo falta muito - Piolet numa matildeo corda na outra sobe Luiacutesa ndash a voz do Heacutelder trouxe-me lucidez A energia que me faltava regressou Concentro-me e con-tinuo a subida pedaccedilos de gelo passam por noacutes arrancados aquela parede cheia de gente dese-josa de ultrapassar possivelmente o obstaacuteculo mais duro desta rota

O trilho continua pelo beliacutessimo Mont-Maudit apesar do seu nome O sol jaacute vai alto comeccedila a aquecer haacute que comeccedilar a tirar camadas Natildeo podemos desidratar Col de la Brenva um chaacute quente e uma bolacha Apetece ficar jaacute aqui as vistas satildeo surpreendentes Mas natildeo eacute este o nos-so objetivo vamos continuar a subir

Entrevista Diogo Miguel - (Oti-Estarreja)

ldquoO DEsPORTO EM PORTuGAL eacute uM EsPELhO DA sOCIEDADErdquo

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Entrevista

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Sabe acima de tudo as con-

diccedilotildees que temos e consegue olhar para o

resultado como sen-do bastante meri-

toacuterio

OutdOOr COmO eacute pOssiacutevel algueacutem COm-patibilizar a preparaccedilatildeO enquantO atleta de OrientaccedilatildeO de elite COm as exigecircnCias dum 6ordm anO dO CursO de medi-Cina

diOgO miguel O segredo reside sobretudo na motivaccedilatildeo Toda a gente consegue tirar um curso e fazer desporto e inclusivamente se gos-tar consegue treinar todos os dias Mas se esti-ver motivado o suficiente consegue levantar-se cedo para correr agraves seis da manhatilde estar na Fa-culdade agraves oito e meia sair agraves quatro da tarde e ir treinar outra vez estudar ateacute agraves dez da noite e dormir porque amanhatilde eacute outro dia Eacute preci-so estar-se motivado para abraccedilar esta vida durante o ano inteiro

Haacute quantO tempO eacute que as COisas satildeO levadas assimQuando comecei a fazer Orien-taccedilatildeo natildeo tinha grandes preo-cupaccedilotildees com o treino Durante os anos de faculdade jaacute treinava bastante a seacuterio mas foi haacute dois ou trecircs anos quando comecei a ser treinado pelo Professor Bruno Nazaacuterio que aumentei a carga de trei-no para o bi-diaacuterio A partir daiacute passei a ter o meu tempo totalmente ocupado Satildeo os estaacutegios do Curso o tempo de deslocaccedilatildeo para Hospitais da periferia uma tese para defender Este ano seraacute bastante mais exigente que os anteriores se calhar natildeo vou poder fazer treino bi-diaacuterio todos os dias como gostaria mas ainda assim vou pro-curar treinar duma forma o mais seacuteria possiacutevel e se natildeo puder fazecirc-lo na quantidade desejaacutevel pelo menos na qualidade espero consegui-lo

em 2007 COnquistOu a primeira grande medalHa da OrientaccedilatildeO pOrtuguesa aO sagrar-se CampeatildeO da eurOpa de JOvens

Chama-se Diogo Miguel e eacute aos 23 anos uma das referecircncias da Orientaccedilatildeo Pedestre nacio-nal Campeatildeo Europeu de Jovens em 2007 e Campeatildeo Nacional de Distacircncia Longa em 2009 e 2011 Diogo Miguel reparte o tempo entre a modalidade do seu coraccedilatildeo e as exigecircncias do curso de Medicina que abraccedilou haacute seis anos E foi precisamente por aiacute que a nossa conversa comeccedilou uma conversa onde passado presen-te e futuro se misturam e confundem numa teia de opccedilotildees direccedilotildees desafios e decisotildees Na Orientaccedilatildeo como na Vida

Por Joaquim Margarido

de sprint em eger na Hungria que me-moacuterias guarda dessa JOrnada Haacute CinCO anOs atraacutesGuardo sobretudo as memoacuterias e os amigos Na altura pensaacutemos que a visibilidade que este re-sultado poderia dar agrave Orientaccedilatildeo catapultasse a modalidade e possibilitasse a obtenccedilatildeo de mais apoios mas isso natildeo se veio a verificar pelo me-nos na medida daquilo que seria de esperar

esteve este anO nOs mundiais de lausan-ne COnseguindO O 33ordm lugar na Final a de distacircnCia lOnga que valOr atribui a este seu resultadOAtribuo-lhe um valor elevado ateacute porque foi a primeira vez em dez anos que um portuguecircs foi a uma final A de Distacircncia Longa Cheguei ao fim com a certeza de ter feito o meu melhor e se natildeo tivesse quebrado fisicamente teria fei-to melhor ainda Ou seja com outras condiccedilotildees de treino teria facilmente ficado entre os vinte e cinco primeiros Mas falta bastante cultura des-portiva agrave sociedade portuguesa em geral e se disser a algueacutem que natildeo estaacute familiarizado com a Orientaccedilatildeo que terminei em 33ordm num Campeo-nato do Mundo essa pessoa iraacute pensar ldquoesque-ce eacutes mau natildeo prestasrdquo Mas quem sabe como estas coisas funcionam sabe os sacrifiacutecios que temos que fazer Sabe acima de tudo as condi-ccedilotildees que temos e consegue olhar para o resulta-

do como sendo bastante meritoacuterio

temOs em pOrtugal O apOiO que deviacuteamOs Ou que mereCiacuteamOs

Natildeo Eacute bastante revoltante olhar para outros desportos como eacute o caso do Futebol e termos um Presidente que termina o man-dato agrave frente da Federaccedilatildeo e que se sente orgulhoso por ter deixa-

do um balanccedilo positivo nas contas de muitos milhotildees de euros Mas

satildeo estes precisamente que ainda assim continuam a receber milhotildees e

milhotildees do Instituto Portuguecircs do Desporto e Juventude enquanto outras modalidades lutam pela sobrevivecircncia Acho que somos claramen-te sub-apoiados O desporto em Portugal eacute um espelho da Sociedade Haacute os muito ricos e haacute os muito pobres Os ricos satildeo cada vez mais ricos e os pobres satildeo cada vez mais pobres Eacute a mesma coisa com o desporto

quandO OlHa para Os nOssOs JOvens que pOtenCialidades vecirc neles para COn-seguirem CHegar aOs lugares CimeirOs da OrientaccedilatildeO eurOpeia e mundialTemos alguns jovens com bastante valor prin-

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cipalmente o Luiacutes Silva Trata-se dum atleta que tem um futuro brutal e acho que vai ser sem sombra de duacutevidas o melhor atleta portuguecircs dentro de muito pouco tempo Olhando de for-ma mais aprofundada para estes atletas eacute uma realidade que eles tecircm hoje melhores condiccedilotildees em relaccedilatildeo agravequilo que noacutes tiacutenhamos na altura Basta ver que os atletas jaacute se deslocam com al-guma frequecircncia ao terreno antes das grandes competiccedilotildees coisa que natildeo havia ateacute haacute muito pouco tempo atraacutes E depois haacute os estaacutegios de Seleccedilatildeo Mas deve reconhecer-se que lhes falta o treino fora da competiccedilatildeo Acho que falta al-gum espiacuterito de sacrifiacutecio no treino em casa que eacute o mais importante

o CLubE dE oriEntaccedilatildeo dE EstarrEJa Eacute dEsdE sEMprE o sEu CLubE quE signiFiCa-do tEM para si EstE EMbLEMa E Esta CaMi-soLa quE EnvErgaComecei na Orientaccedilatildeo aos 8 anos e a minha primeira experiecircncia foi no Desporto Escolar na minha terra Canelas uma pequena aldeia do Concelho de Estarreja A essa primeira pro-va seguiu-se uma ldquoQuinzena da Orientaccedilatildeordquo no veratildeo e nunca mais parei Haacute quinze anos que estou ligado a este clube e ele faz parte de mim Poderia dividir a minha vida em dois por um lado a parte profissional da Faculdade e por outro a Orientaccedilatildeo Por estranho que possa pa-recer a parte desportiva natildeo se encontra num plano inferior relativamente agrave parte profissio-nal Ambas as partes se complementam uma agrave outra Portanto a minha ligaccedilatildeo a este clube eacute muito grande satildeo muitos anos satildeo muitas pes-soas e ajudou-me a crescer

aos Miuacutedos quE agora datildeo os priMEiros passos quE ConsELhos dariaO conselho natildeo o daria aos miuacutedos se calhar da-va-o antes aos pais Tanto a escola como o des-porto andam muito ligados Se temos disciplina num acabamos por ter disciplina no outro Natildeo eacute por acaso se olharmos para os atletas de topo a niacutevel nacional todos eles satildeo excelentes es-tudantes e tecircm um futuro profissional bastante promissor Tudo parte de quem educa Eu tenho a sorte de ter uns pais que sempre me educaram bem e que sempre me deram o apoio necessaacuterio para conseguir fazer as duas coisas

E deixaria ainda um conselho mais aos pais o de virem fazer uma prova de Orientaccedilatildeo com os seus filhos Uma das grandes vantagens da Orientaccedilatildeo eacute ser para aleacutem do ldquodesporto da flo-restardquo o ldquodesporto da famiacuteliardquo

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EntrevistaConsidEra quE Esta EacutepoCa CorrEu dE aCordo CoM as suas ExpECtativasNa verdade digamos que a eacutepoca estaacute quase agrave beira de comeccedilar Depois do Campeonato do Mundo tirei mais tempo do que era habitual para descansar e tenho estado a fazer pratica-mente soacute manutenccedilatildeo A eacutepoca teve alguns per-calccedilos comecei a treinar na Repuacuteblica Checa e apesar de ter feito muito treino com mapa devi-do agraves questotildees climateacutericas e agraves poucas horas de luz acabei por ter uma carga de treino aqueacutem do desejaacutevel Depois de regressar a Portugal estava a treinar bem mas tive um percalccedilo e lesionei--me num peacute o que me obrigou a uma paragem de um mecircs Isso fez-me perder muito da minha boa forma e acredito que se natildeo fosse isso po-

deria ter chegado muito melhor ao Campeonato do Mundo e aiacute o resultado poderia ter sido outro Apesar de tudo os resultados acabaram por ser bem melhores do que estaria agrave espera

o obJEtivo a Curto praZo passa pELo tiacute-tuLo naCionaL absoLutoPor acaso esse eacute um tiacutetulo que nunca alcancei Vou comeccedilar a treinar a seacuterio para chegar nas melhores condiccedilotildees ao Campeonato Nacional Absoluto e esse vai ser um bom teste O objetivo eacute estar laacute para ganhar

Quanto agrave proacutexima eacutepoca espero apresentar-me agraves provas em melhor forma do que este ano e que os bons resultados possam aparecer oslash

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wwwgarminpt

ofereccedila um garmin DeSemBruLHara caixa Seraacute Soacute o princiacutepio

este natal ofereccedila emoccedilotildees aventuras para quem viaja ou para os que correm para os que navegam no mar ou escalam montanhas Para os nadadores ou golfistas este natal ofereccedila um garmin

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Por Terra

ORIENTACcedilatildeOhellip DEsPORTO NA NATuREzA

Parque nacional torres del Paine Chile

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Cinco satildeo os sentidos estaacute nos manuais neles reside a possi-bilidade de um maior ou menor contacto da pessoa com aquilo que a rodeia Haacute ainda o sexto sentido aquela perceccedilatildeo extra--sensorial que parece ser mais propriedade das mulheres do que dos homens e que nas con-ceccedilotildees ocultistas estaraacute tam-beacutem sedeado num oacutergatildeo do nosso corpo Figurada ou ob-jetivamente eacute bom que todos eles ndash sem exceccedilatildeo - estejam suficientemente desenvolvi-dos sem isso natildeo haacute sentido de orientaccedilatildeo que aguente

A Orientaccedilatildeo eacute um Desporto recente em Portugal mas tem jaacute mais de 100 anos de existecircncia

enquanto desporto organi-zado Com efeito teraacute sido em Bergen - Noruega no ano de 1897 que se organizou a pri-meira atividade desportiva de Orientaccedilatildeo Os paiacuteses noacuterdicos satildeo ainda hoje aqueles onde a modalidade tem maior implan-taccedilatildeo mobilizando um nuacutemero de praticantes que coloca a

Orientaccedilatildeo entre os cinco des-portos com mais adeptos na Escandinaacutevia A maior prova do mundo realiza-se anual-mente na Sueacutecia os 5 dias da Sueacutecia com um nuacutemero de participantes que jaacute atingiu os 25000

Durante o seacutec XX a modali-dade foi evoluindo ateacute agrave criaccedilatildeo da Federaccedilatildeo Internacional de Orientaccedilatildeo (IOF) que fes-tejou em 2012 o 51ordm aniversaacuterio e veio normalizar mundial-mente as regras competitivas as normas para elaboraccedilatildeo dos mapas e as sinaleacuteticas a usar A Orientaccedilatildeo eacute praticada em quatro disciplinas diferentes Orientaccedilatildeo Pedestre Orien-taccedilatildeo em BTT Orientaccedilatildeo em Ski e Orientaccedilatildeo de Precisatildeo (Orientaccedilatildeo prioritariamente para deficientes motores)

Portugal tem marcado pontos na Orientaccedilatildeo para o desporto adaptado lanccedilando em 2012 a Taccedila de Portugal de Orientaccedilatildeo de Precisatildeo e criando um cir-cuito de Orientaccedilatildeo adaptada vocacionado prioritariamente para a deficiecircncia intelectual e

crianccedilas em idade preacute-escolar que eacute uacutenico no Mundo e que estaacute a ser jaacute implementado pela Espanha

o quE EacutePodemos dizer que a Orien-taccedilatildeo eacute um desporto completo Haacute o aspeto fiacutesico o treino no campo que se aproxima do treino dum atleta de fundo E haacute o aspeto mental que de-sempenha um papel funda-mental a leitura dos mapas o contra-reloacutegiohellip Eacute tambeacutem o desporto de natureza por exce-lecircncia Os orientistas saem dos trilhos balizados para pene-trarem no coraccedilatildeo da floresta Cada dia eacute uma nova aven-tura Daquele que se inicia na Orientaccedilatildeo ao mais consagrado dos praticantes haacute todo um mesmo espiacuterito de liberdade de fazer a sua proacutepria escolha do melhor itineraacuterio No Atle-tismo por exemplo a volta agrave pista teraacute sempre 400 metros quer seja aqui ou no Japatildeo Na Orientaccedilatildeo esta noccedilatildeo de dis-tacircncia tem muito pouco signi-ficado Tanto se pode fazer 10 quiloacutemetros numa hora e meia como em quarenta minutos E

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depois nunca existem duas florestas iguais Eacute o eterno recomeccedilo Na Austraacutelia ou na Suiacuteccedila no Japatildeo ou na Escandinaacutevia eacute necessaacuterio uma adaptaccedilatildeo a cada local natildeo haacute lugar a repeti-ccedilotildeeshellip

Cada corredor possui uma buacutessola e um mapa que contrariamente a um mapa normal conteacutem uma enorme diversidade de detalhes acerca dos seus elementos caracteriacutesticos (relevo do ter-reno vegetaccedilatildeo caminhos elementos rochosos construccedilotildees e muito mais) Os mapas satildeo rea-lizados segundo as normas especiacuteficas da Fede-raccedilatildeo Internacional de Orientaccedilatildeo que tem sede na Finlacircndia Aleacutem da legenda sobre os siacutembolos nele representados existe ainda uma sinaleacutetica

proacutepria que tem a ver com o percurso que o praticante vai realizar nesse evento e que eacute uma linguagem uni-versal

A partir do momento em que se potildee em marcha o cronoacutemetro o orientista deve efe-tuar o seu percurso que eacute marcado no mapa e que eacute cons-tituiacutedo por uma par-tida (representada por um triacircngulo) uma seacuterie de pontos de

passagem obrigatoacuterios (representados por ciacuter-culos) e a chegada (representada no mapa por dois ciacuterculos concecircntricos) Estes pontos satildeo materializados no terreno sob a forma de um prisma triangular denominado por baliza e a passagem deve ser validada por um sistema de ldquopicotagemrdquo manual ou eletroacutenica O objetivo consiste em fazer o percurso na sequecircncia in-dicada o mais rapidamente possiacutevel Mas entre cada ponto de passagem a escolha do itineraacuterio fica ao criteacuterio de cada um

O percurso em linha reta evidentemente nem sempre eacute o mais raacutepido Eacute necessaacuterio jogar com as inflexotildees do terreno os lagos os muros e outros acidenteshellip O tempo gasto a percorrer o traccedilado da corrida depende sobretudo do meio sobre o qual a mesma se desenrola Em terrenos como na Escandinaacutevia onde o relevo eacute mais duro numa mesma distacircncia poderemos gastar quase o dobro do tempo que gastariacuteamos num terreno plano e sem o mesmo tipo de obs-taacuteculos

Por Terra

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O conhecimento do relevo eacute a parte mais difiacutecil Eacute neces-saacuterio aprender a imaginar um terreno a trecircs dimensotildees sobre o mapa Claro que natildeo eacute apenas isto Para quem tem mais dificuldade em possuir a visatildeo a trecircs dimensotildees esta in-suficiecircncia pode ser compensada com outras qualidades nomeada-mente a atenccedilatildeo Mas nem todos pos-suem igualmente esta capacidade mental Como na generalidade dos desportos eacute neces-saacuteria uma longa aprendizagem onde o treino teacutecnico a vivecircncia de situaccedilotildees mais variadas e o nuacutemero de florestas ldquovisitadasrdquo desempe-nham um papel fundamental Eacute agrave medida que o tempo passa que o orientista aprende a adaptar o seu comportamento a reagir cada vez mais rapidamente e a encontrar as melhores opccedilotildeesO desporto natildeo eacute muito mediatizado e o espiacute-rito da Orientaccedilatildeo eacute o de permanecer livre Eacute um desporto ainda preservado de certas po-leacutemicas ldquodopingrdquo e outros malabarismos daiacute que muitos orientistas digam que natildeo seja mau de todo que ele permaneccedila ldquoconfidencialrdquo

Grandes Competiccedilotildees em 2013

Em 2013 as grandes competiccedilotildees internacio-nais onde Portugal vai querer estar presente

satildeo as seguintes

- Campeonato do Mundo de Juacuteniores ndash Repuacuteblica Checa (29jun-06 de julho) wwwjwoc2013cz

- Campeonato do Mundo Elite ndash Finlacircndia (07-14 jul)

wwwwoc2013fi- Campeonato do Mundo ve-

teranos ndash Itaacutelia (02-10 ago) wwwwmoc2013it

- Campeonato da Europa de Jovens ndash Israel (03 de novembro) wwweyoc2013org

portuGal na alta roda Mas Portugal vai ter brevemente grandes desa-fios pela frente- Em 2013 organiza uma etapa da Taccedila do Mundo de seacuteniores e o Campeonato do Mundo de Vete-ranos de Orientaccedilatildeo em BTT - Costa Alentejana entre 09 e 13 de outubro- Em 2014 organiza em Palmela de 9-14 de abril e em paralelo o Campeonato da Europa de Orientaccedilatildeo Pedestre e o Campeonato da Eu-ropa de Orientaccedilatildeo de Precisatildeo wwweoc2014fpopt

Carnaval o ponto alto Desde 1996 que Portugal realiza a sua prova ra-inha que atrai os melhores especialistas a Por-

Eacute um desporto ainda

preservado de certas poleacutemicas ldquodopingrdquo e outros malabarismos

daiacute que muitos orientistas digam que natildeo seja mau de todo que ele perma-

neccedila ldquoconfiden-cialrdquo

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Por Terratugal Eacute O Portugal Orsquo Meeting que desde 2000 se realiza no Carnaval com a duraccedilatildeo de 4 dias e pontuaacutevel para a liga Mundial de orientaccedilatildeo pedestre nos percursos de Elite Em 2013 Por-tugal vai receber pela primeira vez trecircs eventos pontuaacuteveis para a Liga Mundial02 e 03 de fevereiro ndash Norte Alentejano Orsquo Mee-ting ndash Nisa (wwwnaompt)09ndash12 de fevereiro ndash Portugal Orsquo Meeting ndash Idanha-a-nova (wwwpompt)16 e 17 de fevereiro ndash XIV Meeting de Orien-taccedilatildeo do Centro ndash Pombal (wwwcocpteventos16fev2013)

OrientaccedilatildeO muitO mais dO que um despOr-tOOlhando para a modalidade de uma forma mais transversal podemos enquadraacute-la aleacutem de mo-dalidade desportiva com aacutereas como o Ambien-te a Educaccedilatildeo e as Novas Tecnologias As qua-tro vertentes atraacutes enunciadas reunidas numa soacute tem a ver tambeacutem com solidariedade

Ambiente porque a Orientaccedilatildeo eacute o ldquoDesporto da Florestardquo fazendo de cada praticante um guardiatildeo e um amigo de tatildeo valioso patrimoacutenio Educaccedilatildeo porque eacute uma modalidade onde se aglutinam mateacuterias tatildeo nucleares como a Ma-temaacutetica ou a Geografia e se desenvolvem com-petecircncias como a capacidade de interpretaccedilatildeo ou o poder de decisatildeo por isso ser considerada prioritaacuteria para o Desporto Escolar Novas Tec-nologias porque eacute das modalidades que mais depende dos Meios Informaacuteticos a todos os niacute-veis do controlo de tempos agrave cartografia mais desenvolvida que existe Desporto porque pro-move a atividade fiacutesica e a Sauacutede dirigindo-se de igual forma agravequeles que individualmente a praticam ao niacutevel da alta competiccedilatildeo como agraves crianccedilas ou agraves famiacutelias que vecircm nela uma forma

de promover o seu bem estar fiacutesico e reforccedilar os laccedilos de amizade e convivialidade

E solidariedade porque vive da forccedila que projeta nos seus praticantes

trabalhando desinteressadamente em prol da modalidade em prol do paiacutes

Porque a Orientaccedilatildeo eacute Ambiente eacute Educaccedilatildeo satildeo Novas Tecnolo-gias eacute Desporto Porque a Orien-

taccedilatildeo gera Riqueza e gera Sauacutede Porque a Orientaccedilatildeo eacute de todos e

para todos Interessa a todos Inte-ressa ao Paiacutes Daiacute que eacute urgente que

todos venham experimentar e que descu-bram as belezas deste Paiacutes de mapa na matildeo oslash

Fernando Costa e Joaquim margarido

Olhando para a modali-

dade de uma forma mais transversal po-

demos enquadraacute-la aleacutem de modalidade desportiva

com aacutereas como o Am-biente a Educaccedilatildeo e

as Novas Tecnolo-gias

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Setembro_Outubro 2011 OUTDOOR138

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OUTDOOR Setembro_Outubro 2011 139

Page 11: Revista Outdoor 8

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A segunda ediccedilatildeo do Porto City Race eacute um evento de Orienta-ccedilatildeo pedestre urba-no organizado pelo

Grupo Desportivo dos Quatro Caminhos em parceria com a Cacircmara Municipal do Porto atraveacutes da Porto Lazer

O evento faz parte do Circuito Nacional urbano da Federa-ccedilatildeo Portuguesa de Orientaccedilatildeo (CiNU) e eacute aberto a pessoas de qualquer idade podendo parti-cipar individualmente ou em grupo

Mesmo que nunca tenha visto um mapa ou uma buacutessola tem possibilidade de se juntar agrave fes-ta porque a organizaccedilatildeo faraacute acompanhamento e ensino com monitores

Traga a famiacutelia e venha conhe-cer os locais mais emblemaacuteti-cos do Porto e aprenda Orien-taccedilatildeo

Os participantes do evento te-ratildeo a possibilidade de competir no dia anterior no Justlog Park Race no Monte da Srordf da Assun-ccedilatildeo nos arredores do Porto

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Em FamiacuteliaoriEntaccedilatildeo o dEsporto da FaMiacuteLiaPelas suas caracteriacutesticas a Orientaccedilatildeo tem a possibilidade de ser realizada em famiacutelia No iniacutecio satildeo os pais que ensinam os filhos a des-mistificar o slogan de que a floresta eacute o ldquoterri-toacuterio do lobo maurdquo depois ter um mapa e um percurso satildeo momentos de partilha de busca de superaccedilatildeo de transmissatildeo de conhecimen-tos e de preparaccedilatildeo para a vida O facto de exis-tirem percursos adaptados a todas as idades e niacuteveis teacutecnicos permite que no mesmo espaccedilo todos possam executar o seu percurso mesmo que natildeo seja em conjunto

Na proacutexima ediccedilatildeo do Porto City Race a organi-zaccedilatildeo vai criar um percurso turiacutestico vocaciona-do para a famiacutelia em que os pontos de controlo seratildeo monumentos e em que a entrada nos mes-mos seja facilitada Assim aleacutem de cumprirem um percurso de Orientaccedilatildeo poderatildeo tambeacutem conhecer melhor a cidade e a sua histoacuteria oslash

Fernando Costa

11 dE Maio dE 2013 Justlog Park Race - Monte da Srordf da Assunccedilatildeo

12 dE Maio dE 2013 Porto City Race - Centro Histoacuterico do Porto (Patrimoacutenio Mundial)

doMingo 12 dE Maio 2013- porto City raCE

08h30 - Abertura do secretariado no local da prova (A confirmar)

10h00 - Partida dos primeiros atletas

13h00 - Encerramento

Mais inForMaccedilotildeEs EMwwwgd4caminhoscomportocityrace2013

PROGRAMA

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Em Famiacutelia

A ROTA DA AacuteGuAPOR LIsBOA

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omo proposta para um passeio em famiacutelia e adequado desde os mais novos ateacute aos mais grauacutedos suge-rimos uma visita guiada ao Palaacutecio Marquecircs da Fronteira e o passeio

pedestre Rota da Aacutegua no Parque Florestal de Monsanto em Lisboa

Quem jaacute olhou e passou por debaixo do aquedu-to das Aacuteguas Livres em Lisboa e pensouhellipquem me dera poder subir e saber todos os seus recan-tos histoacuterias e lendas

Neste passeio vai ter acesso a um percurso de 8 km com direito a perguntas e respostas sobre este monumento que nos envolve com a sua grandiosidade e beleza

Porque eacute cedo que comeccedila o dia a hora de en-contro eacute pelas 9h30 no estacionamento em fren-te ao Palaacutecio Marquecircs e Fronteira no largo Satildeo Domingos de Benfica em Lisboa

O palaacutecio foi construiacutedo em 1640 para o pri-meiro Marquecircs de Fronteira D Joatildeo de Mas-carenhas heroacutei da Guerra da Restauraccedilatildeo Este bonito Palaacutecio situa-se agrave beira do Parque Flores-tal de Monsanto no Largo de Satildeo Domingos de Benfica

O Palaacutecio foi ampliado no seacuteculo XVIII em estilo laquorocailleraquo e continua a ser atualmente residecircn-cia dos 12ordm Marquecircs de Fronteira sendo contudo possiacutevel visitar algumas das salas a biblioteca e o jardimO interior eacute igualmente rico destacando-se a Sala das Batalhas que contem belos paineacuteis e azulejos com cenas da Guerra da Restauraccedilatildeo trecircs grandes janelas que se abrem sobre o Jar-dim de Veacutenus e a Sala da Jantar adornada com frescos de retratos da nobreza portuguesaA Capela de finais do seacuteculo XVI conta no seu interior com um preseacutepio cuja autoria eacute atribuiacute-da a Machado de Castro As visitas aos sumptuosos Jardins ldquoagrave italianardquo comeccedilam no terraccedilo da capela com destaque para o Jardim de Veacutenus e o Jardim Formal do seacuteculo XVII onde pontifica a Galeria dos ReisPara completar o passeio iremos conhecer a Rota da AacuteguahellipA Rota da Aacutegua tem 8 km e atravessa uma seacuterie de espaccedilos recreativos e de lazer entre eles o Parque Recreativo do Alto da Serafina o Espa-ccedilo Monsanto Parque da Pedra Parque do Ca-lhau e Mata S Domingos de Benfica O traccedilado do Aqueduto das Aacuteguas Livres acompanha uma parte da rota

O programa comeccedila com uma visita guiada ao Palaacutecio Marquecircs da Fronteira aacutes 10h O passeio pedestre teraacute iniacutecio por volta das 11h30mNatildeo percam este passeio de grande interesse natural histoacuterico-cultural e fotograacutefico oslash

Local de encontro No estacionamento em frente ao Palaacutecio Marquecircs e Fronteira Hora de encontro 9h30m Hora de iniacutecio do pro-grama 10h Percurso Circular Distacircncia 8 km Grau de dificuldade FaacutecilHora prevista do final do programa 14h30m (inclui paragem para descanso e comer) Ponto de encontro Morada Largo de S Domingos de Benfica 1 - 1500-554 Lisboa GPS N 38ordm 44 2503 W 9ordm 10 496 Em alternativa o local de encontro pode ser no Lu-miar em frente ao supermercado Europa agraves9h GPS 38773763-9160421 Ou em Sete Rios agraves 9h15m em frente ao ZOO Haacute possibilidade de boleia para quem necessitar Quem tiver boleia para oferecer agradeccedilo que me avise e indique local de partida Preccedilo do programa 10 euroA atividade estaacute coberta por seguroRecomendaccedilotildees - Uso de calccedilado confortaacutevel e com boa aderecircncia aos solos proacuteprio para caminhadas - Uso de vestuaacute-rio adequado ao tempo - Alimentaccedilatildeo trazer farnel e aacutegua - Trazer chapeacuteu e protetor solar - Natildeo se afastar do grupo - Deixar o lixo nos locais apropriados - Respeitar a vida selvagem e natildeo perturbar a tran-quilidade local - Respeitar a propriedade privada e os campos cul-tivados

Um programa Caminhos com Carisma lda

ContactosE-mail caminhoscomcarismagmailcom Telefone 914 907 446 967 055 233

ficha teacutecnica

Em Famiacutelia

vIAGENsEsPECIAL FIM DE ANO

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Tipo Expediccedilatildeo no DesertoGrau de dificuldade Moderado 1012km diaacuterios aproximadamente 4 horas de caminhadaCaracteriacutesticas8 dias 7 noites6 dias de expediccedilatildeoPuacuteblico-alvo Adequado a crianccedilas gt 8 anos(transporte em dromedaacuterio)Proacuteximas datas 26 de dezembro de 2012 a 2 janeiro de 2013Programa previstoDia 1 Viagem para Marrakech e transfer para riad no centro Noite em RiadDia 2 Viagem de Marrakech para Zagora em viatura exclusiva para o grupoDia 3 Dunas Bougayoirn -gt Dunas Tridi Dia 4 Tridi -gt erg (duna) EssahelDia 5 Erg Essahel -gt Dunas de LanithieDia 6 Dunas de Lanithie -gt Ouled DrissDia 7 Dunas de Lanithie -gt Ouled DrissDia 8 Marrakech e regresso

Equipamento obrigatoacuterioMochila pequena cantil (ou similar)Saco de viagem (maacutex 60Lt e 10kg) para transportar no dromedaacuterioSaco camaFrontal ou lanternaOacuteculos escuros chapeacuteu e protetor solarRoupas confortaacuteveis para caminhadaImpermeaacutevelAgasalho noturnoBaacutesicos de higiene (incluir toalha pequena e ligeira e produtos biodegradaacuteveis papel higieacutenico e saco chinelos)1ordms socorros pessoais que devem incluir anti mosqui-to e anti diarreicoPara as Senhoras ndash calccedilas compridas para atravessar algumas aldeias

Equipamento RecomendadoMaacutequina Fotograacutefica Sticks de Caminhada Calccedilado confortaacutevel e desportivo (uso recomendado)

Nuacutemero miacutenimo 6 pessoas (preccedilo sob consulta para grupos de nuacutemero inferior)

Preccedilo Desde 799euro | + 50euro (suplemento single em Marrakech)

Mais informaccedilotildees aquiUm Programa Caminhos da Natureza oslash

DEsERToDUNas E oaacutesis

Tipo de percurso NaturezaTrekkingGrau de dificuldade MeacutedioAltoCaracteriacutesticas8 dias 7 noitesProacuteximas datas 26 de dezembro de 2012 a 2 janeiro de 2013

Marrocos eacute um paiacutes lindiacutessimo que por estar tatildeo perto e ser tatildeo exoacutetico merece uma visitaNesta viagem propomos mais que uma visita sugeri-mos uma aventura de vaacuterios dias a peacute a acompanhar uma caravana de camelos Iraacute atravessar planaltos e desertos descansar agrave som-bra de oaacutesis e dormir sobre as estrelas beber chaacute na companhia de Berberes e ouvir as suas histoacuterias Per-correremos caminhos antigos de caravanserais que acompanham rios e dunas Para no fim saborearmos um merecido descanso na magia do deserto Aproveite este fim de ano para comemorar em boa companhia e num cenaacuterio exoacutetico e inesqueciacutevel a entrada do novo ano e para conhecer ou regressar a este maravilhoso paiacutes

Programa previstoDia 1 Voo cidade de origem - MarrakechDia 2 Marrakech - ZagoraDia 3 Beni Ali - Oaacutesis de Foum TaqquatDia 4 Oaacutesis de Foum Taggat ndash Dunas de Nesrate ndash Ksar Ait IsfoulDia 5 Oaacutesis e dunas de Nesrate ndash Zaouiat Sidi Saleh ndash Duna de TidiriDia 6 Dunas de Tidiri ndash Oaacutesis e dunas de Ragabi ndash Dunas Erg LihoudiDia 7 Viagem para MarrakechDia 8 Voo Marrakech - cidade de origem

Preccedilo 580euro (Preccedilo Terra) | Desde 350euro (Preccedilo voo) + Suplemento ind Marrakech 50 euro

Mais informaccedilotildees aquiUm Programa Papa-Leacuteguas oslash

TREkkiNG No DEsERTo

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dia 1 - 28ago12 keflavik- selfoss ndash 112 kmNoacutes movemo-nos como este vento que corre li-vremente por este paiacutes gelado Tatildeo a sul quanto eacute possiacutevel nesta latitude percorremos a estrada da costa expostos a um inquietante e impressio-nante vento que nos derrubou por diversas ve-zes Ele natildeo deixa saudades apenas ficam mar-cas e recordaccedilotildees Por momentos sentimo-nos transportados para o outro extremo do mundo na Patagoacutenia onde os 8 meses que separam es-tas 2 aventuras natildeo chegam para tirar do corpo o desconforto que nos provocou

Por todo o lado nota-se a natureza intocada com pouca vegetaccedilatildeo os tons escuros dos solos vulcacircnicos e muitas rochas de lava cobertas de musgo O momento do dia foi junto da Blue La-goonl um dos pontos mais turiacutesticos da Islacircndia

Pedalar por um sonho agraves portas do Ciacuterculo Polar Aacutertico

Para os sonhos serem realizados eacute preciso al-gueacutem que acredite A nossa viagem agrave Islacircndia foi alimentada pela vontade de ajudar 2 crianccedilas a concretizar 2 sonhos em conjunto com a Ins-tituiccedilatildeo terra dos sonhos porque um sorriso vale tudo

Durante 3 semanas pedalaacutemos no nosso mundo de sonhos e a cada pedalada recebemos sorri-sos em troca

ICELANDLusO EXPEDITION

Aventura

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Para muita gente

viajar significa ir ao encontro daquilo

que procuram Noacutes que viajamos com a bicicleta e em autonomia sabemos

que o destino estaacute traccedilado mas eacute

incerto

dia 2 - 29ago12 selfoss-selfoss Atraacutes das montanhas em busca do Circulo de Ouro 95 km Hoje o dia foi programado para viajarmos sem bagagem Era uma volta circular que nos leva-va para laacute das montanhas ateacute agrave fenda onde a Islacircn-dia se equilibra

No parque nacional de Thingvellir vivemos alguns dos mais conhecidos fenoacutemenos naturais desta ilha Aqui eacute o local onde se separam as placas tectoacute-nicas americana e euroasiaacutetica criando uma fenda que se afasta 2cm por ano

dia 3 - 30ago12 selfoss-Laugarvatn-gey-sir-gullfoss-Fludir-Aacuternes 140 kmPercebemos agora porque chamam ciacuterculo de Ouro ao Geysir e agrave cascata Gullfoss O turismo mais va-lioso chega em inuacutemeros autocarros e viaturas 4X4 equipadas com rodas ldquoextra sizerdquo

Natildeo eacute preciso chegar a este local para sentir os cheiros que os vapores emanam do subsolo Em povoaccedilotildees com pouco mais de 4 casas eacute possiacutevel ver-se a terra em plena atividade diante dos nossos olhos e sentir-mo-nos convidados a ocupar todo o espaccedilo aquecido

Laugarvatn Fludir ou Aacuternes todas estatildeo num terri-toacuterio maacutegico onde o tamanho natildeo conta e os limites que existem satildeo impostos pela nossa imaginaccedilatildeoEstas aldeias natildeo brilham mas valem ouro Ainda estamos a 20 quiloacutemetros do destino mas jaacute passa-ram mais de 10h desde que saiacutemos Eacute tarde e natildeo vamos ter tempo para recuperar e enfrentar 4 dias de total isolamento por uma estrada de montanha que atravessa 2 glaciares

A ementa para tantos dias corre velozmente na mi-nha mente Compramos tudo o que julgamos vir a precisar mas antes percorro corredores vasculho prateleiras tenho hesitaccedilotildeeshellipCalamos o medo e pegamos na bicicleta

dia 4 - 01 set12 Aacuternes ndash highland center 70kmDamos hoje a primeira pedalada de aproximada-mente 300 quiloacutemetros em direccedilatildeo ao centro da Terra as highlands

Para muita gente viajar significa ir ao encontro da-quilo que procuram Noacutes que viajamos com a bici-cleta e em autonomia sabemos que o destino estaacute traccedilado mas eacute incerto O encontro com o inesperado eacute muitas vezes algo que acontece com frequecircnciaFoi uma noite mal dormida devido agrave ansiedade e ao risco do que nos propunhamos fazer Sabemos que a cada quiloacutemetro que andamos comeccedila uma nova aventura

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Natildeo podiacuteamos esperar mais Saiacute-mos do Youth hostel debaixo de chuva tendo como esperanccedila al-guma falha nas previsotildees meteo-roacutegicas para as horas seguintes Insiacutepidos e molhados desde cedo buscamos abrigo no highland center

dia 4 - 02set12 highland center ndash nyidalur hut 110km Toda a ilha eacute uma zona livre de stress Quando percorremos a fantasmagoacuterica Sprengisadur route (F26) percebemos que es-tamos livres de tudo ateacute do nosso juiacutezo A nossa ambiccedilatildeo quando tracaacutemos esta rota era atraves-saacutermos o paiacutes de sul para norte e passarmos entre os glaciares Holsjokul e VatnajokullA natureza pode ser simulta-neamente dura delicada e cruel como foi ontem mas foi genero-sa connosco hoje ao permitir-nos ver a paisagem de cascalho solto nua sempre do mesmo tom cas-tanho escuro

O silecircncio ganhou espaccedilo ateacute ao momento em que conseguimos chegar ao abrigo de montanha (hut)

dia 5 - 03set12 - nyida-lur hut ndash rest dayNem pensar em cruzar a precio-sa porta do abrigo Laacute fora estaacute tudo muito branco e diferente daquilo a que estamos habitua-dos e por isso mantivemo-nos no hut de Nyidalur (na base do vulcatildeo Tungnfell) durante 2 noi-tes por seguranccedila O fogatildeo estaacute sempre aceso e tem uma enorme panela com aacutegua pronta a aque-cer quem chegue

Para que possamos variar do esparguete e noodles (jaacute natildeo haacute muito) vamos tentar fazer patildeo O resultado da nossa experiecircncia a juntar ingredientes com nomes impronunciaacuteveis em que iacuteamos provando para perceber o que era deu num cruzamento entre o patildeo e o rissol O duo de motards que dividiam o hut connosco re-petiram Significa que inventaacute-mos mais um pastel falta soacute dar um nomehellipO Ranger do Parque Nacional acaba de chegar ao hut e veio confirmar que somos mesmo malucos por estarmos nas high-lands nesta eacutepoca Aleacutem disso avisou que vai haver tempestade para esta noite e amanhatilde

dia 6 - 04set12 - nyidalur hut- rest dayLaacute fora estatildeo 0ordmC e as bicicletas encostadas imoacuteveis sujeitas a mais um teste de resistecircncia O nosso passatempo eacute assar ba-tatas ver quem passa e a forma como transpotildeem o rio A nossa vez de partir vai chegar ainda natildeo sabemos eacute quando Para jaacute passa a 3ordf noitehellip

dia 7 - 05set12 - nyidalur hut ndash Laugar 129kmO som do vento acorda-nos mui-to cedo e era semelhante ao do dia anterior Se a direccedilatildeo se man-tivesse de norte significava mais um dia perdido Inquieto dirijo--me ateacute agrave janela para observar o uacutenico ponto de referecircncia no ex-terior uma bandeira chicoteada pelo vento vindo de sulEstava dado o sinal de partida para mais do que uma maratona nas highlands Ao longo do ca-minho a neve mantinha-se por vastas aacutereas e o vento empur-rava-nos ao mesmo tempo que nos congelava as extremidades e queimava a pele

Foi uma benccedilatildeo a ajuda do Ran-ger para transpormos 2 rios em

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seguranccedila sem nunca nos molharmos A aacutegua que noacutes e os islandeses bebem vem de rios como estes sem qualquer tipo de tratamento

DIA 8 - 06set12 Laugar ndash Lago Myvatn- Lau-gar 85 kmFoi tanta a privaccedilatildeo nos dias anteriores que hoje sonhaacutemos com o pequeno almoccedilo que teriacuteamos pela manhatilde antes de nos deslocarmos para o Lago Myvatn Este lago imenso e a aacuterea envolvente satildeo um dos grandes tesouros europeus Durante a nossa volta circular toda a paisagem eacute surreal Lava fumo a sair da terra crateras aacutegua e montanhas vulcacircnicas

Haacute muitos dias que transportamos os fatos de ba-nho na pequena mochila que vai agraves costas na es-peranccedila de um banho quente em qualquer charco inesperado Hoje tivemos o nosso primeiro hot pot Eles satildeo um must nesta regiatildeo (eacute como estar num jacuzzi no meio da rua com um cenaacuterio deslum-brante)

DIA 9 - 07set12 Laugar ndash Akureyri 67kmIsto de pedalar com vento natildeo tem graccedila nenhu-ma especialmente porque natildeo se consegue ter mo-

mentos de contemplaccedilatildeo parados Em dias assim eu sou a ponta da flecha que abre uma fissura no vento e permite que a Filomena possa andar na roda Acabar eacute uma vitoacuteria mas natildeo existe gloacuteria quando se chega ao fimAkureyri eacute a capital do norte e a 2ordf cidade maior do paiacutes com 18000 habitantes civilizaccedilatildeo situada num fiorde rodeado de cumes nevados uma escolha acertada para ficar um dia a descansar

DIA 10 - 09set12 Akureyri- Varmahliacuteo 95 kmMesmo a pedalar sobre a Route 1 os grandes hori-zontes continuam a fazer parte desta viagem An-damos pelos vales e seguimos os cursos dos rios alimentados pelas aacuteguas que escorrem incessante-mente das arribas que nos flanqueiamPodia afirmar que estou eufoacuterico diante das infini-tas possibilidades que tenho pela frente mas natildeo estou Novo aviso de tempestade acompanhada de ventos fortes (23 ms) natildeo convida a grandes aven-turas

Por hoje natildeo precisamos de nos preocupar esta-mos bem abrigados numa quinta na aldeia de Var-mahliacuteeth com 130 pessoas

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DIA 11 -10set12 Varmahliacuteo ndash Rest dayParece que o inverno veio todo num soacute dia e pintou tudo de branco O supermercado estaacute a 300 metros mas eacute como se fosse uma miragem Temos mais um dia de paragem forccediladaO nevatildeo ganha cada vez mais terreno agrave medida que as horas avanccedilam A estrada estaacute interdita agrave maio-ria dos veiacuteculos e por precauccedilatildeo as pessoas satildeo aconselhadas a procurar alojamentoEm pouco tempo a senhora Inda de 81 anos que haacute poucas horas parecia ter uma vida pacata a co-chilar no seu sofaacute mostrou-nos como eacute uma ver-dadeira mulher do norte Enquanto nos convidava para um lanche com bolos caseiros mostrava or-gulhosamente os aacutelbuns de famiacutelia recebia os tu-ristas que iam chegando e quando a lotaccedilatildeo esgo-tou pegou no seu jeep e conduzia estrada fora para os ir alojar

DIA 12- 1set12 Varmahliacuteo ndash Saeberg (hostel) 15kmEsta aventura jaacute foi longe demais Temos metade da quilometragem que planeaacutemos centenas de peripeacutecias e riscos incalculados e soacute nos apetece chegar agrave capital Laacute fora tudo continua branco e a abanar no entanto existe a necessidade de arran-car Estamos confiantes nas previsotildees para o dia de hoje mesmo quando aquilo que vemos natildeo inspira confianccedila

Comeccedila a nevar comeccedila a montanhahellipVaacuterios car-ros estatildeo soterrados nas bermas os flocos voam magoam as faces e a subida ainda vai no iniacutecio Me-tro a metro vamos quebrando o gelo Quem passa tira fotografias e fica increacutedulo Noacutes tambeacutem Natildeo sabemos como equilibrar as 2 rodas perante esta manifestaccedilatildeo da natureza As equipas de emergecircn-cia patrulham a aacuterea e noacutes fazemos ldquolikerdquo sem nos apercebermos que as descidas se tornariam autecircn-ticos escorregasPedimos ajuda e somos resgatados ateacute ao nosso destino Estaacute um sol maravilhoso e as vistas satildeo lindas A vida eacute tatildeo bela porque seraacute que ando de bicicleta em siacutetios tatildeo difiacuteceisPronto Depois de 1h dentro do hot pot percebe-mos porque natildeo ficamos em casa Casa eacute onde estaacute o nosso coraccedilatildeo

DIA 13 - 12 e 13 set12 Saeberg ndash Borgarnes ndash Reykjavik 226kmsEstamos a oeste mas o nosso sentido eacute cada vez seguir para mais perto do nosso ponto inicial O isolamento e a ausecircncia da matildeo humana con-tinuam a ser uma das grandes referecircncias deste paiacutes Os horizontes ateacute Borgarnes perdem a cor e parecem-se com tantos outros que jaacute vimos noutros lugaresReykjavik natildeo estaacute isolada natildeo estaacute no topo de uma

montanha e nem sequer haacute nada de extremo nesta cidade

DIA 14 - 14 set12 Reykjavik ndash Rest dayA capital natildeo nos cativa eacute exageradamente cara e parece viver soacute de noite

DIA 15 - 15 set12 Reykjavik ndash Keflavik 49kmFelizmente que as imagens que estamos a ver e que satildeo iguais ao primeiro dia representam ape-nas uma pequena amostra deste paiacutes Natildeo haacute aacutervo-res natildeo haacute rios natildeo haacute vales apenas uma rugosa paisagem lunar fruto da forte atividade vulcacircnica nesta peniacutensula

Ateacute ao aeroporto jaacute natildeo contamos observar nada daquilo que enche as brochuras e panfletos que se podem encontrar e consultar espalhados por qual-quer parte desta linda ilha Resta-nos pedalar

EPIacuteLOGO Natildeo satildeo os nuacutemeros que fazem uma via-gem de SONHO Os quiloacutemetros ambicionados os desniacuteveis previstos os dias programados ficaram aqueacutem do planeado Mas as expectativas planeadas foram largamente ultrapassadas pois tivemos expe-riecircncias uacutenicas em cenaacuterios de Sonho com amiza-des imprevistas

Nesta ilha todos os sentidos experimentaram a na-tureza em estado puro A esta latitude tudo se torna impreviacutesivel os 6 dias que ficaacutemos retidos e os 1400 quiloacutemetros percorridos hoje parecem pouco vistos agrave distacircncia num lugar seguro

AGRADECIMENTO Aos nossos apoiantes ndash Terra dos Sonhos Cofides Competiccedilatildeo Movefree Bike performance Center D-Maker Ortik Bike Magazi-ne Bivaque Extramedia Portal Aventuras

Um agradecimento muito especial agrave missatildeo da For-ccedila Aeacuterea Portuguesa ndash Iceland Air Policing que nos recebeu e transportou as nossas bagagens no re-gresso a Portugal Bem hajam oslash

Ricardo Mendes e Filomena Gomes

MAIS PORMENORES E FOTOS

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Aventura- Tsiiii tsiiii ndash o meu olhar desviou-se do hori-zonte que observava tentando encontrar por perto de onde vinha o som daquele assobio

- Satildeo as marmotas Estatildeo a avisar as outras que noacutes estamos por perto eacute assim que comunicam principalmente se sentem algum perigo - o Heacutel-der ria do meu ar confuso Ia jurar que o assobio vinha de um ser humano Foi a primeira vez que avistei este simpaacutetico mamiacutefero Imagino esta marmota no meio dos peluches do quarto das minhas filhas Satildeo sem duacutevida um animal sim-paacutetico estes excelentes escavadores que vivem em altitudes desde os 900m aos 3200m Nove meses do ano passam-no a hibernar Estamos em pleno veratildeo nos Alpes e as marmotas estatildeo em grande atividade armazenando energias para o inverno Conseguimos avistar os outros elementos da coloacutenia ldquode peacuterdquo alerta Foi um bom motivo para uma merecida pausa tirar a mochila hidratar comer uma barra energeacutetica

Jaacute haviacuteamos percorrido grande parte do trilho que nos levaria ao Refuacutegio Albert I Eacute aqui que pernoitaremos para iniciar a nossa aclimataccedilatildeo Saiacutemos da pequena vila de Le Tour de onde partem os telefeacutericos usados no inverno para aceder agraves pistas de esqui No veratildeo continuam em atividade facilitando o percurso aos trekkers que natildeo queiram palmilhar o desniacutevel de cerca de

700m que os separa do Col de Balme- Estamos a aclimatar e tambeacutem a treinar nem pensar em usar meios mecacircnicos ndash Helder sor-ria a dizer esta frase Foi quanto bastou para perceber que a manhatilde ia ser longa Depois de vencermos grande parte do desniacutevel chegamos a um local de onde se pode avistar a cordilheira do monte Branco la Verte os Drus as Aiguil-les de Chamonix e o Monte Branco com os seus 4810m Mas que local magniacutefico para aclimatar pensei Para subir em altitude temos que permi-tir ao nosso organismo que se habitue gradual-mente agrave falta de oxigeacutenio a que vai ser exposto Para isso vamos fazendo caminhadas subindo gradualmente para que ao fim de alguns dias jaacute estejamos mais aptos a entrar numa zona em que a pressatildeo atmosfeacuterica eacute menor e o oxigeacutenio do ar mais rarefeito

Ao chegar agrave moreia do glaciar do Tour resta-nos uns 200 m para o nosso objetivo A 30 de agosto de 1930 o rei Alberto I da Beacutelgica inaugurou o primeiro refuacutegio que tem o seu nome Em 1935 o refuacutegio foi ampliado no entanto natildeo foi sufi-

ciente e o atual precariamente empoleirado num penhasco a uma altitude de 2706

inaugurado a 12 de julho de 1959 foi construiacutedo perto do primeiro

edifiacutecio Natildeo posso deixar de me impressionar ao avistaacute-lo e quando chego sento-me na varanda feliz por poder apre-

Esta-mos em pleno

veratildeo nos Alpes e as marmotas estatildeo em grande ativida-de armazenando energias para o

inverno

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ciar vistas tatildeo magniacuteficas ehellip por poder tirar as botas Natildeo tinha botas de alta montanha mas um amigo comprou umas plaacutesticas em segun-da matildeo em Chamonix e sorte das sortes eram o meu nuacutemero Fiz este trekking com elas para me habituar resultou Mas os meus peacutes supli-cavam por ar fresco Soacute conseguimos dar o de-vido valor ao momento de descanso conversa contemplaccedilatildeo numa varanda dum refuacutegio se jaacute tivermos percorrido umas boas horas por trilhos de montanha Saboreei ao maacuteximo este tempi-nho sabia que a tarde era guardada para treino no glaciar como andar em cordada e escalada no gelo Eacute sempre bom relembrar as bases um acidente pode acontecer quando descuramos as regras mais simples e esta tarde foi fundamental para isso Um sol magniacutefico vistas deslumbran-tes ambiente descontraiacutedo Natildeo deixar a corda a tocar o chatildeo nunca a pisar nem a ter dema-siado em tensatildeo Esta sintonia entre elementos de cordada trabalha-se e soacute com o treino a con-seguimos obter Amanhatilde vamos sair ao nascer do dia em direccedilatildeo agrave Aiguille du Tour Esta for-maccedilatildeo com 3540m eacute muito popular entre as pes-soas que tentam a ascensatildeo ao Monte Branco Eacute relativamente faacutecil a sua subida pela face leste

A meteorologia na manhatilde da nossa subida esta-va perfeita Adoro toda a logiacutestica de preparaccedilatildeo de saiacuteda do refuacutegio O acordar ainda de noite os ruiacutedos leves e abafados dos mais madrugadores na camarata o som dos passos ainda lentos no chatildeo de madeira Tento concentrar-me para natildeo me escapar nada ter todo o material colocado e sentir-me confortaacutevel Saio do refuacutegio e o ar

fresco da montanha acorda os meus sentidos Comeccedilamos a subir o glaciar frontais ligados muacutesculos a aquecer A inclinaccedilatildeo eacute moderada e rapidamente chegamos ao colo superior do Tour que marca a fronteira da Franccedila com a Suiacuteccedila ndash Trouxeram o passaporte Vamos pas-sar no posto fronteiriccedilo ndash pergunta o Heacutelder a sorrir Atravessamos agora o glaciar de Trient o sol aquece-nos e as vistas satildeo surpreendentes Ao chegar agrave base da aguille do Tour fazemos o nosso merecido descanso comer beber aacutegua apreciar a beleza que nos circunda Vem agora a parte divertida para quem gosta de escalar em rocha Iniciamos calmamente a nossa subida vamos ouvindo algumas orientaccedilotildees progredin-do e fazendo manobras para passar nas zonas mais expostas ateacute chegarmos ao topo Emocio-no-me com a beleza agrave minha volta O meu pen-samento liga-se a algueacutem muito querido que haacute bem pouco tempo deixou a vida terrena sinto a sua proximidade Um abraccedilo forte da minha amiga de escalada traz-me novamente agrave terra E ali agrave nossa frente majestoso quase como que a chamar-nos o Monte Branco

Foi nesse mesmo dia que regressamos a Chamo-nix Uma longa descida animada pela conversa descontraiacuteda sobre os Alpes - Haacute sempre tanto que contar desta cordilheira travessias espeta-culares que se podem fazer ndash ouvia atenta as histoacuterias que me contavam era a minha primei-ra vez nos Alpes e jaacute estava cativada Cativada ateacute pela proacutepria cidade de Chamonix Eacute um lo-cal onde se respira ar livre Da varanda do nos-so apartamento para onde quer que olhe vejo

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Aventuraatividades outdoor Ouccedilo os risos alegres dum grupo que desce o rio fazendo rafting observo o ceacuteu colorido pelos parapentes as pessoas pas-sam na rua equipadas com roupa de montanha Cheguei a Chamonix haacute dois dias de comboio Quando deambulava pelas suas ruelas cho-quei com uma curiosa estaacutetua onde um homem aponta a outro o cume do Monte Branco

- Eacute Jacques Balmat que estaacute a apontar para o cume ele foi o primeiro homem a subir esta montanha a 8 de agosto de 1786 acompanha-do do meacutedico Michel Paccard Saiacuteram de Cha-monix acamparam no cume da Montagne de la cote a 2630m agraves 4 da manhatilde partiram e chega-ram ao cume por volta das 6h da tarde Balmat nasceu neste vale era um caccedilador de cristais tinha uma vontade de ferro e um instinto para as montanhas Paccard era meacutedico em Chamonix e um excelente alpinista adorava botacircnica e mi-nerais Tambeacutem lhe erigiram aqui uma estaacutetua

Foi ele que conheceu Horace-Beacute-neacutedict de Saussure que ini-

ciou a corrida do primeiro homem a subir ao Monte Branco ndash disse-me Joatildeo

- E esse Saussure tam-beacutem era alpinista ndash perguntei curiosa

- O seu interesse pela botacircnica trouxe-o ateacute aos

Alpes e percorreu grande parte desta cordilheira co-

meccedilando a trabalhar no sentido de esclarecer a topografia da parte ne-

vada dos Alpes nessa eacutepoca praticamente des-conhecida Foi em 1760 que veio aqui pela pri-meira vez e ofereceu uma recompensa a quem escalasse o Monte Branco Ele tentou fazecirc-lo sem sucesso- Entatildeo nunca chegou a subir

- Sim conseguiu mas soacute em 1787 jaacute tinha 47 anos e levou 18 guias com ele Relembro as palavras que li do fotoacutegrafo de montanha C Douglas Milner ldquoA subida em si foi magniacutefica uma incriacutevel faccedilanha de coragem grande resistecircncia realizada por estes dois ho-mens apenas sem corda e sem piolets muito sobrecarregados com equipamentos cientiacuteficos e com longos bastotildees com pontas de ferro O bom tempo e uma lua luminosa garantiram o seu regresso com vidardquo

O dia seguinte foi passado a descansar visitar o Museu da Montanha e espreitar a meteoro-

Foi em 1760 que veio aqui

pela primeira vez e ofereceu uma recom-

pensa a quem escalas-se o Monte Branco Ele tentou fazecirc-lo

sem sucesso

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Um dos pontos al-tos eacute ir agrave roulotte

dos waffles delei-tarmo-nos com este

delicioso doce No fi-nal do dia ainda pude-

mos assistir a um espetaacute-culo de muacutesica e danccedila celta

na praccedila central O ambiente eacute descontraiacutedo a praccedila estaacute cheia de gente e a muacutesica faz sempre bem agrave alma Joatildeo recebe um telefonema

- Estaacutes nos Alpes Natildeo vatildeo poder subir amanhatilde aproxima-se uma tempestade Mas tenho boas notiacutecias tens uma janela de bom tempo no dia seguinte se quiserem aproveitar - Disse Viacutetor Baiacutea sempre bem informado sobre os fenoacuteme-nos meteoroloacutegicos

O dia em que vai haver ldquouma abertardquo para subir eacute o mesmo dia em que temos voo para Lisboa

desde Genebra Ficamos um pouco a pensar no que decidir e claro temos que arriscar Na mon-tanha eacute assim tem que haver flexibilidade es-tamos dependentes das condiccedilotildees climateacutericas e aproveitar quando nos eacute proporcionado bom tempo

A rota que vamos seguir natildeo eacute a mais utilizada eacute chamada rota dos trecircs cumes Esta rota eacute mais exigente fiacutesica e tecnicamente do que a rota do Goucircter No entanto com faacutecil acesso a partir do telefeacuterico da Aiguille du Midi este percurso tor-nou-se a segunda rota mais popular para esca-lar o Monte Branco O percurso inicia-se na Ai-guille du Midi seguindo pelo Col du Midi antes de subir o Monte Branco atraveacutes do Mont-Blanc du Tacul (4248m) e Maudit Mont (4465m) Esta rota requer condiccedilotildees estaacuteveis na neve do Mont Blanc du Tacul e Mont Maudit e tem uma eleva-ccedilatildeo acumulada de 1425m O refuacutegio Cosmiques estava lotado a nossa uacuteni-

- Es-taacutes nos Alpes

Natildeo vatildeo poder subir amanhatilde aproxi-ma-se uma tempestade

Mas tenho boas notiacutecias tens uma janela de bom tempo no dia seguinte

se quiserem apro-veitar

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estaccedilatildeo do telefeacuterico da Aiguille du Midi Este telefeacuterico foi construiacutedo em 1955 e manteve o tiacutetulo de ser o mais alto do mundo durante duas deacutecadas Ele ainda deteacutem o recorde como o te-lefeacuterico com a ascensatildeo vertical mais alta no mundo de 1035 m para 3842 m Haacute duas se-ccedilotildees de Chamonix para o Plano de lAiguille a 2317 m e depois diretamente sem qualquer pi-lar de apoio para a estaccedilatildeo superior a 3777 m Apanhamos o uacuteltimo telefeacuterico do dia cerca de 20 minutos depois estaacutevamos no terraccedilo a tentar admirar as lindiacutessimas vistas que se tem deste local No entanto o mau tempo previsto estava certo e a visibilidade natildeo era mais de 20 m agrave nossa frente Estava desanimadiacutessima

- Como eacute possiacutevel daqui a poucas horas termos bom tempo para subir ndash Perguntei increacutedula- Estamos na montanha Luiacutesa a meteorologia muda rapidamente Temos que aguardar ndash Afir-mou Joatildeo calmo e confiante

Fomos procurar um local onde pudeacutessemos descansar ateacute agrave meia-noite hora marcada para a nossa partida O percurso eacute longo com bas-tante desniacutevel e na realidade o voo para Lisboa eacute amanhatilde Quando acordei o som dos ventos fortes que se faziam ouvir misteriosamente desaparece-ram Depois de comer e fazer a confirmaccedilatildeo do equipamento dirigimo-nos para a aresta que nos levaraacute ao Valleacute Blanche Foi com extrema curiosidade que me dirigi agrave saiacuteda Como esta-raacute o tempo A calma e tranquilidade que senti ao sair para o exterior foi-me trazida pela ma-ravilhosa paisagem que tinha agrave minha frente Afinal depois da tempestade vem a bonanccedila e a visatildeo deste vale imaculado sob um ceacuteu estre-lado sem ningueacutem sem pegadas sem luzes de frontais foi brutal Ao comeccedilar a descer a ares-ta conseguimos ver o refuacutegio Cosmiques ainda adormecido Fomos mesmo os primeiros a sair o que representa um privileacutegio por um lado e

No entanto o mau tempo pre-

visto estava certo e a visibilidade natildeo era mais de 20m agrave nossa frente Estava desa-

nimadiacutessima

Ainda foi longa a nossa caminhada sempre a encontrar forccedilas e energia onde quer que elas estivessem escondidas Paraacutevamos de vez em quando agrave espera da outra cordada de amigos e por fim cerca das 10h da manhatilde atingimos o cume Tento tirar fotos mas a maacutequina fotograacute-fica natildeo ajudou fiquei sem bateria Natildeo faltam maacutequinas para o fazer e depois de um breve descanso temos que iniciar a descida pela mes-ma rota Eacute uma descida que acaba por ter al-gumas subidas sendo por isso mais demorada Mas a alegria de ter cumprido o objetivo o dia tatildeo calmo e luminoso a companhia dos amigos supera qualquer tipo de cansaccedilo

Tive um sentimento de saudade ao chegar nova-mente ao Valleacute Blanche e olhar para traacutes para o trilho percorrido olhar aquele vale agora agrave luz do dia atravessado por tantas pegadas Olho de relance para a uacuteltima subida que nos falta fazer a aresta que nos levaraacute ao telefeacuterico na Aguille du Midi Faccedilo esta subida confiante como se ti-vesse deixado para traacutes todo o esforccedilo e cansaccedilo extremo desta maravilhosa aventura

Com grande pena natildeo pude comemorar em Chamonix nessa noite mas comemorei com imensa alegria ao reencontrar-me com a mi-nha famiacutelia orgulhosa de mim afinal estive no mesmo dia no cume do Monte Branco de manhatilde e agrave noite na minha cama quente e confortaacutevel em Lisboa oslash

Luiacutesa Tomeacute

Papa-Leacuteguaswwwpapa-leguascom

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um esforccedilo acrescido por outro Relembro a tra-vessia do glaciar do Tacul a ldquofazer trilhordquo o som dos campons na neve ecoava num ritmo proacute-prio pousava a minha bota no local exato onde o Joatildeo tinha feito a pegada como que num jogo em que quando falhava acrescia o esforccedilo que teria que fazer O som de passos intensifica-se temos mais madrugadores connosco Deixamo--los passar jaacute vimos a fazer trilho haacute bastante tempo eacute a vez de outros agora

Quando chegamos agrave ldquoparederdquo do Mont Blanc du Tacul jaacute temos algumas pessoas agrave espera para subir O sol ainda natildeo subiu para nos aquecer esperamos junto agraves cordas a nossa vez os peacutes comeccedilam a dar sinal de frio Iniciamos a subida os piolets e os crampons cravam-se certeiros no gelo a corda ajuda na subida Comeccedilo a ficar cansada e a hesitar paro por uns momentos sinto a boca seca o coraccedilatildeo a bater forte olho para cima jaacute natildeo falta muito - Piolet numa matildeo corda na outra sobe Luiacutesa ndash a voz do Heacutelder trouxe-me lucidez A energia que me faltava regressou Concentro-me e con-tinuo a subida pedaccedilos de gelo passam por noacutes arrancados aquela parede cheia de gente dese-josa de ultrapassar possivelmente o obstaacuteculo mais duro desta rota

O trilho continua pelo beliacutessimo Mont-Maudit apesar do seu nome O sol jaacute vai alto comeccedila a aquecer haacute que comeccedilar a tirar camadas Natildeo podemos desidratar Col de la Brenva um chaacute quente e uma bolacha Apetece ficar jaacute aqui as vistas satildeo surpreendentes Mas natildeo eacute este o nos-so objetivo vamos continuar a subir

Entrevista Diogo Miguel - (Oti-Estarreja)

ldquoO DEsPORTO EM PORTuGAL eacute uM EsPELhO DA sOCIEDADErdquo

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Entrevista

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Sabe acima de tudo as con-

diccedilotildees que temos e consegue olhar para o

resultado como sen-do bastante meri-

toacuterio

OutdOOr COmO eacute pOssiacutevel algueacutem COm-patibilizar a preparaccedilatildeO enquantO atleta de OrientaccedilatildeO de elite COm as exigecircnCias dum 6ordm anO dO CursO de medi-Cina

diOgO miguel O segredo reside sobretudo na motivaccedilatildeo Toda a gente consegue tirar um curso e fazer desporto e inclusivamente se gos-tar consegue treinar todos os dias Mas se esti-ver motivado o suficiente consegue levantar-se cedo para correr agraves seis da manhatilde estar na Fa-culdade agraves oito e meia sair agraves quatro da tarde e ir treinar outra vez estudar ateacute agraves dez da noite e dormir porque amanhatilde eacute outro dia Eacute preci-so estar-se motivado para abraccedilar esta vida durante o ano inteiro

Haacute quantO tempO eacute que as COisas satildeO levadas assimQuando comecei a fazer Orien-taccedilatildeo natildeo tinha grandes preo-cupaccedilotildees com o treino Durante os anos de faculdade jaacute treinava bastante a seacuterio mas foi haacute dois ou trecircs anos quando comecei a ser treinado pelo Professor Bruno Nazaacuterio que aumentei a carga de trei-no para o bi-diaacuterio A partir daiacute passei a ter o meu tempo totalmente ocupado Satildeo os estaacutegios do Curso o tempo de deslocaccedilatildeo para Hospitais da periferia uma tese para defender Este ano seraacute bastante mais exigente que os anteriores se calhar natildeo vou poder fazer treino bi-diaacuterio todos os dias como gostaria mas ainda assim vou pro-curar treinar duma forma o mais seacuteria possiacutevel e se natildeo puder fazecirc-lo na quantidade desejaacutevel pelo menos na qualidade espero consegui-lo

em 2007 COnquistOu a primeira grande medalHa da OrientaccedilatildeO pOrtuguesa aO sagrar-se CampeatildeO da eurOpa de JOvens

Chama-se Diogo Miguel e eacute aos 23 anos uma das referecircncias da Orientaccedilatildeo Pedestre nacio-nal Campeatildeo Europeu de Jovens em 2007 e Campeatildeo Nacional de Distacircncia Longa em 2009 e 2011 Diogo Miguel reparte o tempo entre a modalidade do seu coraccedilatildeo e as exigecircncias do curso de Medicina que abraccedilou haacute seis anos E foi precisamente por aiacute que a nossa conversa comeccedilou uma conversa onde passado presen-te e futuro se misturam e confundem numa teia de opccedilotildees direccedilotildees desafios e decisotildees Na Orientaccedilatildeo como na Vida

Por Joaquim Margarido

de sprint em eger na Hungria que me-moacuterias guarda dessa JOrnada Haacute CinCO anOs atraacutesGuardo sobretudo as memoacuterias e os amigos Na altura pensaacutemos que a visibilidade que este re-sultado poderia dar agrave Orientaccedilatildeo catapultasse a modalidade e possibilitasse a obtenccedilatildeo de mais apoios mas isso natildeo se veio a verificar pelo me-nos na medida daquilo que seria de esperar

esteve este anO nOs mundiais de lausan-ne COnseguindO O 33ordm lugar na Final a de distacircnCia lOnga que valOr atribui a este seu resultadOAtribuo-lhe um valor elevado ateacute porque foi a primeira vez em dez anos que um portuguecircs foi a uma final A de Distacircncia Longa Cheguei ao fim com a certeza de ter feito o meu melhor e se natildeo tivesse quebrado fisicamente teria fei-to melhor ainda Ou seja com outras condiccedilotildees de treino teria facilmente ficado entre os vinte e cinco primeiros Mas falta bastante cultura des-portiva agrave sociedade portuguesa em geral e se disser a algueacutem que natildeo estaacute familiarizado com a Orientaccedilatildeo que terminei em 33ordm num Campeo-nato do Mundo essa pessoa iraacute pensar ldquoesque-ce eacutes mau natildeo prestasrdquo Mas quem sabe como estas coisas funcionam sabe os sacrifiacutecios que temos que fazer Sabe acima de tudo as condi-ccedilotildees que temos e consegue olhar para o resulta-

do como sendo bastante meritoacuterio

temOs em pOrtugal O apOiO que deviacuteamOs Ou que mereCiacuteamOs

Natildeo Eacute bastante revoltante olhar para outros desportos como eacute o caso do Futebol e termos um Presidente que termina o man-dato agrave frente da Federaccedilatildeo e que se sente orgulhoso por ter deixa-

do um balanccedilo positivo nas contas de muitos milhotildees de euros Mas

satildeo estes precisamente que ainda assim continuam a receber milhotildees e

milhotildees do Instituto Portuguecircs do Desporto e Juventude enquanto outras modalidades lutam pela sobrevivecircncia Acho que somos claramen-te sub-apoiados O desporto em Portugal eacute um espelho da Sociedade Haacute os muito ricos e haacute os muito pobres Os ricos satildeo cada vez mais ricos e os pobres satildeo cada vez mais pobres Eacute a mesma coisa com o desporto

quandO OlHa para Os nOssOs JOvens que pOtenCialidades vecirc neles para COn-seguirem CHegar aOs lugares CimeirOs da OrientaccedilatildeO eurOpeia e mundialTemos alguns jovens com bastante valor prin-

OUTDOOR novembro_Dezembro 2012 37

cipalmente o Luiacutes Silva Trata-se dum atleta que tem um futuro brutal e acho que vai ser sem sombra de duacutevidas o melhor atleta portuguecircs dentro de muito pouco tempo Olhando de for-ma mais aprofundada para estes atletas eacute uma realidade que eles tecircm hoje melhores condiccedilotildees em relaccedilatildeo agravequilo que noacutes tiacutenhamos na altura Basta ver que os atletas jaacute se deslocam com al-guma frequecircncia ao terreno antes das grandes competiccedilotildees coisa que natildeo havia ateacute haacute muito pouco tempo atraacutes E depois haacute os estaacutegios de Seleccedilatildeo Mas deve reconhecer-se que lhes falta o treino fora da competiccedilatildeo Acho que falta al-gum espiacuterito de sacrifiacutecio no treino em casa que eacute o mais importante

o CLubE dE oriEntaccedilatildeo dE EstarrEJa Eacute dEsdE sEMprE o sEu CLubE quE signiFiCa-do tEM para si EstE EMbLEMa E Esta CaMi-soLa quE EnvErgaComecei na Orientaccedilatildeo aos 8 anos e a minha primeira experiecircncia foi no Desporto Escolar na minha terra Canelas uma pequena aldeia do Concelho de Estarreja A essa primeira pro-va seguiu-se uma ldquoQuinzena da Orientaccedilatildeordquo no veratildeo e nunca mais parei Haacute quinze anos que estou ligado a este clube e ele faz parte de mim Poderia dividir a minha vida em dois por um lado a parte profissional da Faculdade e por outro a Orientaccedilatildeo Por estranho que possa pa-recer a parte desportiva natildeo se encontra num plano inferior relativamente agrave parte profissio-nal Ambas as partes se complementam uma agrave outra Portanto a minha ligaccedilatildeo a este clube eacute muito grande satildeo muitos anos satildeo muitas pes-soas e ajudou-me a crescer

aos Miuacutedos quE agora datildeo os priMEiros passos quE ConsELhos dariaO conselho natildeo o daria aos miuacutedos se calhar da-va-o antes aos pais Tanto a escola como o des-porto andam muito ligados Se temos disciplina num acabamos por ter disciplina no outro Natildeo eacute por acaso se olharmos para os atletas de topo a niacutevel nacional todos eles satildeo excelentes es-tudantes e tecircm um futuro profissional bastante promissor Tudo parte de quem educa Eu tenho a sorte de ter uns pais que sempre me educaram bem e que sempre me deram o apoio necessaacuterio para conseguir fazer as duas coisas

E deixaria ainda um conselho mais aos pais o de virem fazer uma prova de Orientaccedilatildeo com os seus filhos Uma das grandes vantagens da Orientaccedilatildeo eacute ser para aleacutem do ldquodesporto da flo-restardquo o ldquodesporto da famiacuteliardquo

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EntrevistaConsidEra quE Esta EacutepoCa CorrEu dE aCordo CoM as suas ExpECtativasNa verdade digamos que a eacutepoca estaacute quase agrave beira de comeccedilar Depois do Campeonato do Mundo tirei mais tempo do que era habitual para descansar e tenho estado a fazer pratica-mente soacute manutenccedilatildeo A eacutepoca teve alguns per-calccedilos comecei a treinar na Repuacuteblica Checa e apesar de ter feito muito treino com mapa devi-do agraves questotildees climateacutericas e agraves poucas horas de luz acabei por ter uma carga de treino aqueacutem do desejaacutevel Depois de regressar a Portugal estava a treinar bem mas tive um percalccedilo e lesionei--me num peacute o que me obrigou a uma paragem de um mecircs Isso fez-me perder muito da minha boa forma e acredito que se natildeo fosse isso po-

deria ter chegado muito melhor ao Campeonato do Mundo e aiacute o resultado poderia ter sido outro Apesar de tudo os resultados acabaram por ser bem melhores do que estaria agrave espera

o obJEtivo a Curto praZo passa pELo tiacute-tuLo naCionaL absoLutoPor acaso esse eacute um tiacutetulo que nunca alcancei Vou comeccedilar a treinar a seacuterio para chegar nas melhores condiccedilotildees ao Campeonato Nacional Absoluto e esse vai ser um bom teste O objetivo eacute estar laacute para ganhar

Quanto agrave proacutexima eacutepoca espero apresentar-me agraves provas em melhor forma do que este ano e que os bons resultados possam aparecer oslash

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ofereccedila um garmin DeSemBruLHara caixa Seraacute Soacute o princiacutepio

este natal ofereccedila emoccedilotildees aventuras para quem viaja ou para os que correm para os que navegam no mar ou escalam montanhas Para os nadadores ou golfistas este natal ofereccedila um garmin

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Por Terra

ORIENTACcedilatildeOhellip DEsPORTO NA NATuREzA

Parque nacional torres del Paine Chile

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Cinco satildeo os sentidos estaacute nos manuais neles reside a possi-bilidade de um maior ou menor contacto da pessoa com aquilo que a rodeia Haacute ainda o sexto sentido aquela perceccedilatildeo extra--sensorial que parece ser mais propriedade das mulheres do que dos homens e que nas con-ceccedilotildees ocultistas estaraacute tam-beacutem sedeado num oacutergatildeo do nosso corpo Figurada ou ob-jetivamente eacute bom que todos eles ndash sem exceccedilatildeo - estejam suficientemente desenvolvi-dos sem isso natildeo haacute sentido de orientaccedilatildeo que aguente

A Orientaccedilatildeo eacute um Desporto recente em Portugal mas tem jaacute mais de 100 anos de existecircncia

enquanto desporto organi-zado Com efeito teraacute sido em Bergen - Noruega no ano de 1897 que se organizou a pri-meira atividade desportiva de Orientaccedilatildeo Os paiacuteses noacuterdicos satildeo ainda hoje aqueles onde a modalidade tem maior implan-taccedilatildeo mobilizando um nuacutemero de praticantes que coloca a

Orientaccedilatildeo entre os cinco des-portos com mais adeptos na Escandinaacutevia A maior prova do mundo realiza-se anual-mente na Sueacutecia os 5 dias da Sueacutecia com um nuacutemero de participantes que jaacute atingiu os 25000

Durante o seacutec XX a modali-dade foi evoluindo ateacute agrave criaccedilatildeo da Federaccedilatildeo Internacional de Orientaccedilatildeo (IOF) que fes-tejou em 2012 o 51ordm aniversaacuterio e veio normalizar mundial-mente as regras competitivas as normas para elaboraccedilatildeo dos mapas e as sinaleacuteticas a usar A Orientaccedilatildeo eacute praticada em quatro disciplinas diferentes Orientaccedilatildeo Pedestre Orien-taccedilatildeo em BTT Orientaccedilatildeo em Ski e Orientaccedilatildeo de Precisatildeo (Orientaccedilatildeo prioritariamente para deficientes motores)

Portugal tem marcado pontos na Orientaccedilatildeo para o desporto adaptado lanccedilando em 2012 a Taccedila de Portugal de Orientaccedilatildeo de Precisatildeo e criando um cir-cuito de Orientaccedilatildeo adaptada vocacionado prioritariamente para a deficiecircncia intelectual e

crianccedilas em idade preacute-escolar que eacute uacutenico no Mundo e que estaacute a ser jaacute implementado pela Espanha

o quE EacutePodemos dizer que a Orien-taccedilatildeo eacute um desporto completo Haacute o aspeto fiacutesico o treino no campo que se aproxima do treino dum atleta de fundo E haacute o aspeto mental que de-sempenha um papel funda-mental a leitura dos mapas o contra-reloacutegiohellip Eacute tambeacutem o desporto de natureza por exce-lecircncia Os orientistas saem dos trilhos balizados para pene-trarem no coraccedilatildeo da floresta Cada dia eacute uma nova aven-tura Daquele que se inicia na Orientaccedilatildeo ao mais consagrado dos praticantes haacute todo um mesmo espiacuterito de liberdade de fazer a sua proacutepria escolha do melhor itineraacuterio No Atle-tismo por exemplo a volta agrave pista teraacute sempre 400 metros quer seja aqui ou no Japatildeo Na Orientaccedilatildeo esta noccedilatildeo de dis-tacircncia tem muito pouco signi-ficado Tanto se pode fazer 10 quiloacutemetros numa hora e meia como em quarenta minutos E

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depois nunca existem duas florestas iguais Eacute o eterno recomeccedilo Na Austraacutelia ou na Suiacuteccedila no Japatildeo ou na Escandinaacutevia eacute necessaacuterio uma adaptaccedilatildeo a cada local natildeo haacute lugar a repeti-ccedilotildeeshellip

Cada corredor possui uma buacutessola e um mapa que contrariamente a um mapa normal conteacutem uma enorme diversidade de detalhes acerca dos seus elementos caracteriacutesticos (relevo do ter-reno vegetaccedilatildeo caminhos elementos rochosos construccedilotildees e muito mais) Os mapas satildeo rea-lizados segundo as normas especiacuteficas da Fede-raccedilatildeo Internacional de Orientaccedilatildeo que tem sede na Finlacircndia Aleacutem da legenda sobre os siacutembolos nele representados existe ainda uma sinaleacutetica

proacutepria que tem a ver com o percurso que o praticante vai realizar nesse evento e que eacute uma linguagem uni-versal

A partir do momento em que se potildee em marcha o cronoacutemetro o orientista deve efe-tuar o seu percurso que eacute marcado no mapa e que eacute cons-tituiacutedo por uma par-tida (representada por um triacircngulo) uma seacuterie de pontos de

passagem obrigatoacuterios (representados por ciacuter-culos) e a chegada (representada no mapa por dois ciacuterculos concecircntricos) Estes pontos satildeo materializados no terreno sob a forma de um prisma triangular denominado por baliza e a passagem deve ser validada por um sistema de ldquopicotagemrdquo manual ou eletroacutenica O objetivo consiste em fazer o percurso na sequecircncia in-dicada o mais rapidamente possiacutevel Mas entre cada ponto de passagem a escolha do itineraacuterio fica ao criteacuterio de cada um

O percurso em linha reta evidentemente nem sempre eacute o mais raacutepido Eacute necessaacuterio jogar com as inflexotildees do terreno os lagos os muros e outros acidenteshellip O tempo gasto a percorrer o traccedilado da corrida depende sobretudo do meio sobre o qual a mesma se desenrola Em terrenos como na Escandinaacutevia onde o relevo eacute mais duro numa mesma distacircncia poderemos gastar quase o dobro do tempo que gastariacuteamos num terreno plano e sem o mesmo tipo de obs-taacuteculos

Por Terra

OUTDOOR Novembro_Dezembro 2012 43

O conhecimento do relevo eacute a parte mais difiacutecil Eacute neces-saacuterio aprender a imaginar um terreno a trecircs dimensotildees sobre o mapa Claro que natildeo eacute apenas isto Para quem tem mais dificuldade em possuir a visatildeo a trecircs dimensotildees esta in-suficiecircncia pode ser compensada com outras qualidades nomeada-mente a atenccedilatildeo Mas nem todos pos-suem igualmente esta capacidade mental Como na generalidade dos desportos eacute neces-saacuteria uma longa aprendizagem onde o treino teacutecnico a vivecircncia de situaccedilotildees mais variadas e o nuacutemero de florestas ldquovisitadasrdquo desempe-nham um papel fundamental Eacute agrave medida que o tempo passa que o orientista aprende a adaptar o seu comportamento a reagir cada vez mais rapidamente e a encontrar as melhores opccedilotildeesO desporto natildeo eacute muito mediatizado e o espiacute-rito da Orientaccedilatildeo eacute o de permanecer livre Eacute um desporto ainda preservado de certas po-leacutemicas ldquodopingrdquo e outros malabarismos daiacute que muitos orientistas digam que natildeo seja mau de todo que ele permaneccedila ldquoconfidencialrdquo

Grandes Competiccedilotildees em 2013

Em 2013 as grandes competiccedilotildees internacio-nais onde Portugal vai querer estar presente

satildeo as seguintes

- Campeonato do Mundo de Juacuteniores ndash Repuacuteblica Checa (29jun-06 de julho) wwwjwoc2013cz

- Campeonato do Mundo Elite ndash Finlacircndia (07-14 jul)

wwwwoc2013fi- Campeonato do Mundo ve-

teranos ndash Itaacutelia (02-10 ago) wwwwmoc2013it

- Campeonato da Europa de Jovens ndash Israel (03 de novembro) wwweyoc2013org

portuGal na alta roda Mas Portugal vai ter brevemente grandes desa-fios pela frente- Em 2013 organiza uma etapa da Taccedila do Mundo de seacuteniores e o Campeonato do Mundo de Vete-ranos de Orientaccedilatildeo em BTT - Costa Alentejana entre 09 e 13 de outubro- Em 2014 organiza em Palmela de 9-14 de abril e em paralelo o Campeonato da Europa de Orientaccedilatildeo Pedestre e o Campeonato da Eu-ropa de Orientaccedilatildeo de Precisatildeo wwweoc2014fpopt

Carnaval o ponto alto Desde 1996 que Portugal realiza a sua prova ra-inha que atrai os melhores especialistas a Por-

Eacute um desporto ainda

preservado de certas poleacutemicas ldquodopingrdquo e outros malabarismos

daiacute que muitos orientistas digam que natildeo seja mau de todo que ele perma-

neccedila ldquoconfiden-cialrdquo

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Por Terratugal Eacute O Portugal Orsquo Meeting que desde 2000 se realiza no Carnaval com a duraccedilatildeo de 4 dias e pontuaacutevel para a liga Mundial de orientaccedilatildeo pedestre nos percursos de Elite Em 2013 Por-tugal vai receber pela primeira vez trecircs eventos pontuaacuteveis para a Liga Mundial02 e 03 de fevereiro ndash Norte Alentejano Orsquo Mee-ting ndash Nisa (wwwnaompt)09ndash12 de fevereiro ndash Portugal Orsquo Meeting ndash Idanha-a-nova (wwwpompt)16 e 17 de fevereiro ndash XIV Meeting de Orien-taccedilatildeo do Centro ndash Pombal (wwwcocpteventos16fev2013)

OrientaccedilatildeO muitO mais dO que um despOr-tOOlhando para a modalidade de uma forma mais transversal podemos enquadraacute-la aleacutem de mo-dalidade desportiva com aacutereas como o Ambien-te a Educaccedilatildeo e as Novas Tecnologias As qua-tro vertentes atraacutes enunciadas reunidas numa soacute tem a ver tambeacutem com solidariedade

Ambiente porque a Orientaccedilatildeo eacute o ldquoDesporto da Florestardquo fazendo de cada praticante um guardiatildeo e um amigo de tatildeo valioso patrimoacutenio Educaccedilatildeo porque eacute uma modalidade onde se aglutinam mateacuterias tatildeo nucleares como a Ma-temaacutetica ou a Geografia e se desenvolvem com-petecircncias como a capacidade de interpretaccedilatildeo ou o poder de decisatildeo por isso ser considerada prioritaacuteria para o Desporto Escolar Novas Tec-nologias porque eacute das modalidades que mais depende dos Meios Informaacuteticos a todos os niacute-veis do controlo de tempos agrave cartografia mais desenvolvida que existe Desporto porque pro-move a atividade fiacutesica e a Sauacutede dirigindo-se de igual forma agravequeles que individualmente a praticam ao niacutevel da alta competiccedilatildeo como agraves crianccedilas ou agraves famiacutelias que vecircm nela uma forma

de promover o seu bem estar fiacutesico e reforccedilar os laccedilos de amizade e convivialidade

E solidariedade porque vive da forccedila que projeta nos seus praticantes

trabalhando desinteressadamente em prol da modalidade em prol do paiacutes

Porque a Orientaccedilatildeo eacute Ambiente eacute Educaccedilatildeo satildeo Novas Tecnolo-gias eacute Desporto Porque a Orien-

taccedilatildeo gera Riqueza e gera Sauacutede Porque a Orientaccedilatildeo eacute de todos e

para todos Interessa a todos Inte-ressa ao Paiacutes Daiacute que eacute urgente que

todos venham experimentar e que descu-bram as belezas deste Paiacutes de mapa na matildeo oslash

Fernando Costa e Joaquim margarido

Olhando para a modali-

dade de uma forma mais transversal po-

demos enquadraacute-la aleacutem de modalidade desportiva

com aacutereas como o Am-biente a Educaccedilatildeo e

as Novas Tecnolo-gias

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OUTDOOR Setembro_Outubro 2011 139

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Em FamiacuteliaoriEntaccedilatildeo o dEsporto da FaMiacuteLiaPelas suas caracteriacutesticas a Orientaccedilatildeo tem a possibilidade de ser realizada em famiacutelia No iniacutecio satildeo os pais que ensinam os filhos a des-mistificar o slogan de que a floresta eacute o ldquoterri-toacuterio do lobo maurdquo depois ter um mapa e um percurso satildeo momentos de partilha de busca de superaccedilatildeo de transmissatildeo de conhecimen-tos e de preparaccedilatildeo para a vida O facto de exis-tirem percursos adaptados a todas as idades e niacuteveis teacutecnicos permite que no mesmo espaccedilo todos possam executar o seu percurso mesmo que natildeo seja em conjunto

Na proacutexima ediccedilatildeo do Porto City Race a organi-zaccedilatildeo vai criar um percurso turiacutestico vocaciona-do para a famiacutelia em que os pontos de controlo seratildeo monumentos e em que a entrada nos mes-mos seja facilitada Assim aleacutem de cumprirem um percurso de Orientaccedilatildeo poderatildeo tambeacutem conhecer melhor a cidade e a sua histoacuteria oslash

Fernando Costa

11 dE Maio dE 2013 Justlog Park Race - Monte da Srordf da Assunccedilatildeo

12 dE Maio dE 2013 Porto City Race - Centro Histoacuterico do Porto (Patrimoacutenio Mundial)

doMingo 12 dE Maio 2013- porto City raCE

08h30 - Abertura do secretariado no local da prova (A confirmar)

10h00 - Partida dos primeiros atletas

13h00 - Encerramento

Mais inForMaccedilotildeEs EMwwwgd4caminhoscomportocityrace2013

PROGRAMA

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Em Famiacutelia

A ROTA DA AacuteGuAPOR LIsBOA

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omo proposta para um passeio em famiacutelia e adequado desde os mais novos ateacute aos mais grauacutedos suge-rimos uma visita guiada ao Palaacutecio Marquecircs da Fronteira e o passeio

pedestre Rota da Aacutegua no Parque Florestal de Monsanto em Lisboa

Quem jaacute olhou e passou por debaixo do aquedu-to das Aacuteguas Livres em Lisboa e pensouhellipquem me dera poder subir e saber todos os seus recan-tos histoacuterias e lendas

Neste passeio vai ter acesso a um percurso de 8 km com direito a perguntas e respostas sobre este monumento que nos envolve com a sua grandiosidade e beleza

Porque eacute cedo que comeccedila o dia a hora de en-contro eacute pelas 9h30 no estacionamento em fren-te ao Palaacutecio Marquecircs e Fronteira no largo Satildeo Domingos de Benfica em Lisboa

O palaacutecio foi construiacutedo em 1640 para o pri-meiro Marquecircs de Fronteira D Joatildeo de Mas-carenhas heroacutei da Guerra da Restauraccedilatildeo Este bonito Palaacutecio situa-se agrave beira do Parque Flores-tal de Monsanto no Largo de Satildeo Domingos de Benfica

O Palaacutecio foi ampliado no seacuteculo XVIII em estilo laquorocailleraquo e continua a ser atualmente residecircn-cia dos 12ordm Marquecircs de Fronteira sendo contudo possiacutevel visitar algumas das salas a biblioteca e o jardimO interior eacute igualmente rico destacando-se a Sala das Batalhas que contem belos paineacuteis e azulejos com cenas da Guerra da Restauraccedilatildeo trecircs grandes janelas que se abrem sobre o Jar-dim de Veacutenus e a Sala da Jantar adornada com frescos de retratos da nobreza portuguesaA Capela de finais do seacuteculo XVI conta no seu interior com um preseacutepio cuja autoria eacute atribuiacute-da a Machado de Castro As visitas aos sumptuosos Jardins ldquoagrave italianardquo comeccedilam no terraccedilo da capela com destaque para o Jardim de Veacutenus e o Jardim Formal do seacuteculo XVII onde pontifica a Galeria dos ReisPara completar o passeio iremos conhecer a Rota da AacuteguahellipA Rota da Aacutegua tem 8 km e atravessa uma seacuterie de espaccedilos recreativos e de lazer entre eles o Parque Recreativo do Alto da Serafina o Espa-ccedilo Monsanto Parque da Pedra Parque do Ca-lhau e Mata S Domingos de Benfica O traccedilado do Aqueduto das Aacuteguas Livres acompanha uma parte da rota

O programa comeccedila com uma visita guiada ao Palaacutecio Marquecircs da Fronteira aacutes 10h O passeio pedestre teraacute iniacutecio por volta das 11h30mNatildeo percam este passeio de grande interesse natural histoacuterico-cultural e fotograacutefico oslash

Local de encontro No estacionamento em frente ao Palaacutecio Marquecircs e Fronteira Hora de encontro 9h30m Hora de iniacutecio do pro-grama 10h Percurso Circular Distacircncia 8 km Grau de dificuldade FaacutecilHora prevista do final do programa 14h30m (inclui paragem para descanso e comer) Ponto de encontro Morada Largo de S Domingos de Benfica 1 - 1500-554 Lisboa GPS N 38ordm 44 2503 W 9ordm 10 496 Em alternativa o local de encontro pode ser no Lu-miar em frente ao supermercado Europa agraves9h GPS 38773763-9160421 Ou em Sete Rios agraves 9h15m em frente ao ZOO Haacute possibilidade de boleia para quem necessitar Quem tiver boleia para oferecer agradeccedilo que me avise e indique local de partida Preccedilo do programa 10 euroA atividade estaacute coberta por seguroRecomendaccedilotildees - Uso de calccedilado confortaacutevel e com boa aderecircncia aos solos proacuteprio para caminhadas - Uso de vestuaacute-rio adequado ao tempo - Alimentaccedilatildeo trazer farnel e aacutegua - Trazer chapeacuteu e protetor solar - Natildeo se afastar do grupo - Deixar o lixo nos locais apropriados - Respeitar a vida selvagem e natildeo perturbar a tran-quilidade local - Respeitar a propriedade privada e os campos cul-tivados

Um programa Caminhos com Carisma lda

ContactosE-mail caminhoscomcarismagmailcom Telefone 914 907 446 967 055 233

ficha teacutecnica

Em Famiacutelia

vIAGENsEsPECIAL FIM DE ANO

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Tipo Expediccedilatildeo no DesertoGrau de dificuldade Moderado 1012km diaacuterios aproximadamente 4 horas de caminhadaCaracteriacutesticas8 dias 7 noites6 dias de expediccedilatildeoPuacuteblico-alvo Adequado a crianccedilas gt 8 anos(transporte em dromedaacuterio)Proacuteximas datas 26 de dezembro de 2012 a 2 janeiro de 2013Programa previstoDia 1 Viagem para Marrakech e transfer para riad no centro Noite em RiadDia 2 Viagem de Marrakech para Zagora em viatura exclusiva para o grupoDia 3 Dunas Bougayoirn -gt Dunas Tridi Dia 4 Tridi -gt erg (duna) EssahelDia 5 Erg Essahel -gt Dunas de LanithieDia 6 Dunas de Lanithie -gt Ouled DrissDia 7 Dunas de Lanithie -gt Ouled DrissDia 8 Marrakech e regresso

Equipamento obrigatoacuterioMochila pequena cantil (ou similar)Saco de viagem (maacutex 60Lt e 10kg) para transportar no dromedaacuterioSaco camaFrontal ou lanternaOacuteculos escuros chapeacuteu e protetor solarRoupas confortaacuteveis para caminhadaImpermeaacutevelAgasalho noturnoBaacutesicos de higiene (incluir toalha pequena e ligeira e produtos biodegradaacuteveis papel higieacutenico e saco chinelos)1ordms socorros pessoais que devem incluir anti mosqui-to e anti diarreicoPara as Senhoras ndash calccedilas compridas para atravessar algumas aldeias

Equipamento RecomendadoMaacutequina Fotograacutefica Sticks de Caminhada Calccedilado confortaacutevel e desportivo (uso recomendado)

Nuacutemero miacutenimo 6 pessoas (preccedilo sob consulta para grupos de nuacutemero inferior)

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Mais informaccedilotildees aquiUm Programa Caminhos da Natureza oslash

DEsERToDUNas E oaacutesis

Tipo de percurso NaturezaTrekkingGrau de dificuldade MeacutedioAltoCaracteriacutesticas8 dias 7 noitesProacuteximas datas 26 de dezembro de 2012 a 2 janeiro de 2013

Marrocos eacute um paiacutes lindiacutessimo que por estar tatildeo perto e ser tatildeo exoacutetico merece uma visitaNesta viagem propomos mais que uma visita sugeri-mos uma aventura de vaacuterios dias a peacute a acompanhar uma caravana de camelos Iraacute atravessar planaltos e desertos descansar agrave som-bra de oaacutesis e dormir sobre as estrelas beber chaacute na companhia de Berberes e ouvir as suas histoacuterias Per-correremos caminhos antigos de caravanserais que acompanham rios e dunas Para no fim saborearmos um merecido descanso na magia do deserto Aproveite este fim de ano para comemorar em boa companhia e num cenaacuterio exoacutetico e inesqueciacutevel a entrada do novo ano e para conhecer ou regressar a este maravilhoso paiacutes

Programa previstoDia 1 Voo cidade de origem - MarrakechDia 2 Marrakech - ZagoraDia 3 Beni Ali - Oaacutesis de Foum TaqquatDia 4 Oaacutesis de Foum Taggat ndash Dunas de Nesrate ndash Ksar Ait IsfoulDia 5 Oaacutesis e dunas de Nesrate ndash Zaouiat Sidi Saleh ndash Duna de TidiriDia 6 Dunas de Tidiri ndash Oaacutesis e dunas de Ragabi ndash Dunas Erg LihoudiDia 7 Viagem para MarrakechDia 8 Voo Marrakech - cidade de origem

Preccedilo 580euro (Preccedilo Terra) | Desde 350euro (Preccedilo voo) + Suplemento ind Marrakech 50 euro

Mais informaccedilotildees aquiUm Programa Papa-Leacuteguas oslash

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dia 1 - 28ago12 keflavik- selfoss ndash 112 kmNoacutes movemo-nos como este vento que corre li-vremente por este paiacutes gelado Tatildeo a sul quanto eacute possiacutevel nesta latitude percorremos a estrada da costa expostos a um inquietante e impressio-nante vento que nos derrubou por diversas ve-zes Ele natildeo deixa saudades apenas ficam mar-cas e recordaccedilotildees Por momentos sentimo-nos transportados para o outro extremo do mundo na Patagoacutenia onde os 8 meses que separam es-tas 2 aventuras natildeo chegam para tirar do corpo o desconforto que nos provocou

Por todo o lado nota-se a natureza intocada com pouca vegetaccedilatildeo os tons escuros dos solos vulcacircnicos e muitas rochas de lava cobertas de musgo O momento do dia foi junto da Blue La-goonl um dos pontos mais turiacutesticos da Islacircndia

Pedalar por um sonho agraves portas do Ciacuterculo Polar Aacutertico

Para os sonhos serem realizados eacute preciso al-gueacutem que acredite A nossa viagem agrave Islacircndia foi alimentada pela vontade de ajudar 2 crianccedilas a concretizar 2 sonhos em conjunto com a Ins-tituiccedilatildeo terra dos sonhos porque um sorriso vale tudo

Durante 3 semanas pedalaacutemos no nosso mundo de sonhos e a cada pedalada recebemos sorri-sos em troca

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Para muita gente

viajar significa ir ao encontro daquilo

que procuram Noacutes que viajamos com a bicicleta e em autonomia sabemos

que o destino estaacute traccedilado mas eacute

incerto

dia 2 - 29ago12 selfoss-selfoss Atraacutes das montanhas em busca do Circulo de Ouro 95 km Hoje o dia foi programado para viajarmos sem bagagem Era uma volta circular que nos leva-va para laacute das montanhas ateacute agrave fenda onde a Islacircn-dia se equilibra

No parque nacional de Thingvellir vivemos alguns dos mais conhecidos fenoacutemenos naturais desta ilha Aqui eacute o local onde se separam as placas tectoacute-nicas americana e euroasiaacutetica criando uma fenda que se afasta 2cm por ano

dia 3 - 30ago12 selfoss-Laugarvatn-gey-sir-gullfoss-Fludir-Aacuternes 140 kmPercebemos agora porque chamam ciacuterculo de Ouro ao Geysir e agrave cascata Gullfoss O turismo mais va-lioso chega em inuacutemeros autocarros e viaturas 4X4 equipadas com rodas ldquoextra sizerdquo

Natildeo eacute preciso chegar a este local para sentir os cheiros que os vapores emanam do subsolo Em povoaccedilotildees com pouco mais de 4 casas eacute possiacutevel ver-se a terra em plena atividade diante dos nossos olhos e sentir-mo-nos convidados a ocupar todo o espaccedilo aquecido

Laugarvatn Fludir ou Aacuternes todas estatildeo num terri-toacuterio maacutegico onde o tamanho natildeo conta e os limites que existem satildeo impostos pela nossa imaginaccedilatildeoEstas aldeias natildeo brilham mas valem ouro Ainda estamos a 20 quiloacutemetros do destino mas jaacute passa-ram mais de 10h desde que saiacutemos Eacute tarde e natildeo vamos ter tempo para recuperar e enfrentar 4 dias de total isolamento por uma estrada de montanha que atravessa 2 glaciares

A ementa para tantos dias corre velozmente na mi-nha mente Compramos tudo o que julgamos vir a precisar mas antes percorro corredores vasculho prateleiras tenho hesitaccedilotildeeshellipCalamos o medo e pegamos na bicicleta

dia 4 - 01 set12 Aacuternes ndash highland center 70kmDamos hoje a primeira pedalada de aproximada-mente 300 quiloacutemetros em direccedilatildeo ao centro da Terra as highlands

Para muita gente viajar significa ir ao encontro da-quilo que procuram Noacutes que viajamos com a bici-cleta e em autonomia sabemos que o destino estaacute traccedilado mas eacute incerto O encontro com o inesperado eacute muitas vezes algo que acontece com frequecircnciaFoi uma noite mal dormida devido agrave ansiedade e ao risco do que nos propunhamos fazer Sabemos que a cada quiloacutemetro que andamos comeccedila uma nova aventura

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Natildeo podiacuteamos esperar mais Saiacute-mos do Youth hostel debaixo de chuva tendo como esperanccedila al-guma falha nas previsotildees meteo-roacutegicas para as horas seguintes Insiacutepidos e molhados desde cedo buscamos abrigo no highland center

dia 4 - 02set12 highland center ndash nyidalur hut 110km Toda a ilha eacute uma zona livre de stress Quando percorremos a fantasmagoacuterica Sprengisadur route (F26) percebemos que es-tamos livres de tudo ateacute do nosso juiacutezo A nossa ambiccedilatildeo quando tracaacutemos esta rota era atraves-saacutermos o paiacutes de sul para norte e passarmos entre os glaciares Holsjokul e VatnajokullA natureza pode ser simulta-neamente dura delicada e cruel como foi ontem mas foi genero-sa connosco hoje ao permitir-nos ver a paisagem de cascalho solto nua sempre do mesmo tom cas-tanho escuro

O silecircncio ganhou espaccedilo ateacute ao momento em que conseguimos chegar ao abrigo de montanha (hut)

dia 5 - 03set12 - nyida-lur hut ndash rest dayNem pensar em cruzar a precio-sa porta do abrigo Laacute fora estaacute tudo muito branco e diferente daquilo a que estamos habitua-dos e por isso mantivemo-nos no hut de Nyidalur (na base do vulcatildeo Tungnfell) durante 2 noi-tes por seguranccedila O fogatildeo estaacute sempre aceso e tem uma enorme panela com aacutegua pronta a aque-cer quem chegue

Para que possamos variar do esparguete e noodles (jaacute natildeo haacute muito) vamos tentar fazer patildeo O resultado da nossa experiecircncia a juntar ingredientes com nomes impronunciaacuteveis em que iacuteamos provando para perceber o que era deu num cruzamento entre o patildeo e o rissol O duo de motards que dividiam o hut connosco re-petiram Significa que inventaacute-mos mais um pastel falta soacute dar um nomehellipO Ranger do Parque Nacional acaba de chegar ao hut e veio confirmar que somos mesmo malucos por estarmos nas high-lands nesta eacutepoca Aleacutem disso avisou que vai haver tempestade para esta noite e amanhatilde

dia 6 - 04set12 - nyidalur hut- rest dayLaacute fora estatildeo 0ordmC e as bicicletas encostadas imoacuteveis sujeitas a mais um teste de resistecircncia O nosso passatempo eacute assar ba-tatas ver quem passa e a forma como transpotildeem o rio A nossa vez de partir vai chegar ainda natildeo sabemos eacute quando Para jaacute passa a 3ordf noitehellip

dia 7 - 05set12 - nyidalur hut ndash Laugar 129kmO som do vento acorda-nos mui-to cedo e era semelhante ao do dia anterior Se a direccedilatildeo se man-tivesse de norte significava mais um dia perdido Inquieto dirijo--me ateacute agrave janela para observar o uacutenico ponto de referecircncia no ex-terior uma bandeira chicoteada pelo vento vindo de sulEstava dado o sinal de partida para mais do que uma maratona nas highlands Ao longo do ca-minho a neve mantinha-se por vastas aacutereas e o vento empur-rava-nos ao mesmo tempo que nos congelava as extremidades e queimava a pele

Foi uma benccedilatildeo a ajuda do Ran-ger para transpormos 2 rios em

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seguranccedila sem nunca nos molharmos A aacutegua que noacutes e os islandeses bebem vem de rios como estes sem qualquer tipo de tratamento

DIA 8 - 06set12 Laugar ndash Lago Myvatn- Lau-gar 85 kmFoi tanta a privaccedilatildeo nos dias anteriores que hoje sonhaacutemos com o pequeno almoccedilo que teriacuteamos pela manhatilde antes de nos deslocarmos para o Lago Myvatn Este lago imenso e a aacuterea envolvente satildeo um dos grandes tesouros europeus Durante a nossa volta circular toda a paisagem eacute surreal Lava fumo a sair da terra crateras aacutegua e montanhas vulcacircnicas

Haacute muitos dias que transportamos os fatos de ba-nho na pequena mochila que vai agraves costas na es-peranccedila de um banho quente em qualquer charco inesperado Hoje tivemos o nosso primeiro hot pot Eles satildeo um must nesta regiatildeo (eacute como estar num jacuzzi no meio da rua com um cenaacuterio deslum-brante)

DIA 9 - 07set12 Laugar ndash Akureyri 67kmIsto de pedalar com vento natildeo tem graccedila nenhu-ma especialmente porque natildeo se consegue ter mo-

mentos de contemplaccedilatildeo parados Em dias assim eu sou a ponta da flecha que abre uma fissura no vento e permite que a Filomena possa andar na roda Acabar eacute uma vitoacuteria mas natildeo existe gloacuteria quando se chega ao fimAkureyri eacute a capital do norte e a 2ordf cidade maior do paiacutes com 18000 habitantes civilizaccedilatildeo situada num fiorde rodeado de cumes nevados uma escolha acertada para ficar um dia a descansar

DIA 10 - 09set12 Akureyri- Varmahliacuteo 95 kmMesmo a pedalar sobre a Route 1 os grandes hori-zontes continuam a fazer parte desta viagem An-damos pelos vales e seguimos os cursos dos rios alimentados pelas aacuteguas que escorrem incessante-mente das arribas que nos flanqueiamPodia afirmar que estou eufoacuterico diante das infini-tas possibilidades que tenho pela frente mas natildeo estou Novo aviso de tempestade acompanhada de ventos fortes (23 ms) natildeo convida a grandes aven-turas

Por hoje natildeo precisamos de nos preocupar esta-mos bem abrigados numa quinta na aldeia de Var-mahliacuteeth com 130 pessoas

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DIA 11 -10set12 Varmahliacuteo ndash Rest dayParece que o inverno veio todo num soacute dia e pintou tudo de branco O supermercado estaacute a 300 metros mas eacute como se fosse uma miragem Temos mais um dia de paragem forccediladaO nevatildeo ganha cada vez mais terreno agrave medida que as horas avanccedilam A estrada estaacute interdita agrave maio-ria dos veiacuteculos e por precauccedilatildeo as pessoas satildeo aconselhadas a procurar alojamentoEm pouco tempo a senhora Inda de 81 anos que haacute poucas horas parecia ter uma vida pacata a co-chilar no seu sofaacute mostrou-nos como eacute uma ver-dadeira mulher do norte Enquanto nos convidava para um lanche com bolos caseiros mostrava or-gulhosamente os aacutelbuns de famiacutelia recebia os tu-ristas que iam chegando e quando a lotaccedilatildeo esgo-tou pegou no seu jeep e conduzia estrada fora para os ir alojar

DIA 12- 1set12 Varmahliacuteo ndash Saeberg (hostel) 15kmEsta aventura jaacute foi longe demais Temos metade da quilometragem que planeaacutemos centenas de peripeacutecias e riscos incalculados e soacute nos apetece chegar agrave capital Laacute fora tudo continua branco e a abanar no entanto existe a necessidade de arran-car Estamos confiantes nas previsotildees para o dia de hoje mesmo quando aquilo que vemos natildeo inspira confianccedila

Comeccedila a nevar comeccedila a montanhahellipVaacuterios car-ros estatildeo soterrados nas bermas os flocos voam magoam as faces e a subida ainda vai no iniacutecio Me-tro a metro vamos quebrando o gelo Quem passa tira fotografias e fica increacutedulo Noacutes tambeacutem Natildeo sabemos como equilibrar as 2 rodas perante esta manifestaccedilatildeo da natureza As equipas de emergecircn-cia patrulham a aacuterea e noacutes fazemos ldquolikerdquo sem nos apercebermos que as descidas se tornariam autecircn-ticos escorregasPedimos ajuda e somos resgatados ateacute ao nosso destino Estaacute um sol maravilhoso e as vistas satildeo lindas A vida eacute tatildeo bela porque seraacute que ando de bicicleta em siacutetios tatildeo difiacuteceisPronto Depois de 1h dentro do hot pot percebe-mos porque natildeo ficamos em casa Casa eacute onde estaacute o nosso coraccedilatildeo

DIA 13 - 12 e 13 set12 Saeberg ndash Borgarnes ndash Reykjavik 226kmsEstamos a oeste mas o nosso sentido eacute cada vez seguir para mais perto do nosso ponto inicial O isolamento e a ausecircncia da matildeo humana con-tinuam a ser uma das grandes referecircncias deste paiacutes Os horizontes ateacute Borgarnes perdem a cor e parecem-se com tantos outros que jaacute vimos noutros lugaresReykjavik natildeo estaacute isolada natildeo estaacute no topo de uma

montanha e nem sequer haacute nada de extremo nesta cidade

DIA 14 - 14 set12 Reykjavik ndash Rest dayA capital natildeo nos cativa eacute exageradamente cara e parece viver soacute de noite

DIA 15 - 15 set12 Reykjavik ndash Keflavik 49kmFelizmente que as imagens que estamos a ver e que satildeo iguais ao primeiro dia representam ape-nas uma pequena amostra deste paiacutes Natildeo haacute aacutervo-res natildeo haacute rios natildeo haacute vales apenas uma rugosa paisagem lunar fruto da forte atividade vulcacircnica nesta peniacutensula

Ateacute ao aeroporto jaacute natildeo contamos observar nada daquilo que enche as brochuras e panfletos que se podem encontrar e consultar espalhados por qual-quer parte desta linda ilha Resta-nos pedalar

EPIacuteLOGO Natildeo satildeo os nuacutemeros que fazem uma via-gem de SONHO Os quiloacutemetros ambicionados os desniacuteveis previstos os dias programados ficaram aqueacutem do planeado Mas as expectativas planeadas foram largamente ultrapassadas pois tivemos expe-riecircncias uacutenicas em cenaacuterios de Sonho com amiza-des imprevistas

Nesta ilha todos os sentidos experimentaram a na-tureza em estado puro A esta latitude tudo se torna impreviacutesivel os 6 dias que ficaacutemos retidos e os 1400 quiloacutemetros percorridos hoje parecem pouco vistos agrave distacircncia num lugar seguro

AGRADECIMENTO Aos nossos apoiantes ndash Terra dos Sonhos Cofides Competiccedilatildeo Movefree Bike performance Center D-Maker Ortik Bike Magazi-ne Bivaque Extramedia Portal Aventuras

Um agradecimento muito especial agrave missatildeo da For-ccedila Aeacuterea Portuguesa ndash Iceland Air Policing que nos recebeu e transportou as nossas bagagens no re-gresso a Portugal Bem hajam oslash

Ricardo Mendes e Filomena Gomes

MAIS PORMENORES E FOTOS

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Luiacutesa Tomeacute

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Aventura- Tsiiii tsiiii ndash o meu olhar desviou-se do hori-zonte que observava tentando encontrar por perto de onde vinha o som daquele assobio

- Satildeo as marmotas Estatildeo a avisar as outras que noacutes estamos por perto eacute assim que comunicam principalmente se sentem algum perigo - o Heacutel-der ria do meu ar confuso Ia jurar que o assobio vinha de um ser humano Foi a primeira vez que avistei este simpaacutetico mamiacutefero Imagino esta marmota no meio dos peluches do quarto das minhas filhas Satildeo sem duacutevida um animal sim-paacutetico estes excelentes escavadores que vivem em altitudes desde os 900m aos 3200m Nove meses do ano passam-no a hibernar Estamos em pleno veratildeo nos Alpes e as marmotas estatildeo em grande atividade armazenando energias para o inverno Conseguimos avistar os outros elementos da coloacutenia ldquode peacuterdquo alerta Foi um bom motivo para uma merecida pausa tirar a mochila hidratar comer uma barra energeacutetica

Jaacute haviacuteamos percorrido grande parte do trilho que nos levaria ao Refuacutegio Albert I Eacute aqui que pernoitaremos para iniciar a nossa aclimataccedilatildeo Saiacutemos da pequena vila de Le Tour de onde partem os telefeacutericos usados no inverno para aceder agraves pistas de esqui No veratildeo continuam em atividade facilitando o percurso aos trekkers que natildeo queiram palmilhar o desniacutevel de cerca de

700m que os separa do Col de Balme- Estamos a aclimatar e tambeacutem a treinar nem pensar em usar meios mecacircnicos ndash Helder sor-ria a dizer esta frase Foi quanto bastou para perceber que a manhatilde ia ser longa Depois de vencermos grande parte do desniacutevel chegamos a um local de onde se pode avistar a cordilheira do monte Branco la Verte os Drus as Aiguil-les de Chamonix e o Monte Branco com os seus 4810m Mas que local magniacutefico para aclimatar pensei Para subir em altitude temos que permi-tir ao nosso organismo que se habitue gradual-mente agrave falta de oxigeacutenio a que vai ser exposto Para isso vamos fazendo caminhadas subindo gradualmente para que ao fim de alguns dias jaacute estejamos mais aptos a entrar numa zona em que a pressatildeo atmosfeacuterica eacute menor e o oxigeacutenio do ar mais rarefeito

Ao chegar agrave moreia do glaciar do Tour resta-nos uns 200 m para o nosso objetivo A 30 de agosto de 1930 o rei Alberto I da Beacutelgica inaugurou o primeiro refuacutegio que tem o seu nome Em 1935 o refuacutegio foi ampliado no entanto natildeo foi sufi-

ciente e o atual precariamente empoleirado num penhasco a uma altitude de 2706

inaugurado a 12 de julho de 1959 foi construiacutedo perto do primeiro

edifiacutecio Natildeo posso deixar de me impressionar ao avistaacute-lo e quando chego sento-me na varanda feliz por poder apre-

Esta-mos em pleno

veratildeo nos Alpes e as marmotas estatildeo em grande ativida-de armazenando energias para o

inverno

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ciar vistas tatildeo magniacuteficas ehellip por poder tirar as botas Natildeo tinha botas de alta montanha mas um amigo comprou umas plaacutesticas em segun-da matildeo em Chamonix e sorte das sortes eram o meu nuacutemero Fiz este trekking com elas para me habituar resultou Mas os meus peacutes supli-cavam por ar fresco Soacute conseguimos dar o de-vido valor ao momento de descanso conversa contemplaccedilatildeo numa varanda dum refuacutegio se jaacute tivermos percorrido umas boas horas por trilhos de montanha Saboreei ao maacuteximo este tempi-nho sabia que a tarde era guardada para treino no glaciar como andar em cordada e escalada no gelo Eacute sempre bom relembrar as bases um acidente pode acontecer quando descuramos as regras mais simples e esta tarde foi fundamental para isso Um sol magniacutefico vistas deslumbran-tes ambiente descontraiacutedo Natildeo deixar a corda a tocar o chatildeo nunca a pisar nem a ter dema-siado em tensatildeo Esta sintonia entre elementos de cordada trabalha-se e soacute com o treino a con-seguimos obter Amanhatilde vamos sair ao nascer do dia em direccedilatildeo agrave Aiguille du Tour Esta for-maccedilatildeo com 3540m eacute muito popular entre as pes-soas que tentam a ascensatildeo ao Monte Branco Eacute relativamente faacutecil a sua subida pela face leste

A meteorologia na manhatilde da nossa subida esta-va perfeita Adoro toda a logiacutestica de preparaccedilatildeo de saiacuteda do refuacutegio O acordar ainda de noite os ruiacutedos leves e abafados dos mais madrugadores na camarata o som dos passos ainda lentos no chatildeo de madeira Tento concentrar-me para natildeo me escapar nada ter todo o material colocado e sentir-me confortaacutevel Saio do refuacutegio e o ar

fresco da montanha acorda os meus sentidos Comeccedilamos a subir o glaciar frontais ligados muacutesculos a aquecer A inclinaccedilatildeo eacute moderada e rapidamente chegamos ao colo superior do Tour que marca a fronteira da Franccedila com a Suiacuteccedila ndash Trouxeram o passaporte Vamos pas-sar no posto fronteiriccedilo ndash pergunta o Heacutelder a sorrir Atravessamos agora o glaciar de Trient o sol aquece-nos e as vistas satildeo surpreendentes Ao chegar agrave base da aguille do Tour fazemos o nosso merecido descanso comer beber aacutegua apreciar a beleza que nos circunda Vem agora a parte divertida para quem gosta de escalar em rocha Iniciamos calmamente a nossa subida vamos ouvindo algumas orientaccedilotildees progredin-do e fazendo manobras para passar nas zonas mais expostas ateacute chegarmos ao topo Emocio-no-me com a beleza agrave minha volta O meu pen-samento liga-se a algueacutem muito querido que haacute bem pouco tempo deixou a vida terrena sinto a sua proximidade Um abraccedilo forte da minha amiga de escalada traz-me novamente agrave terra E ali agrave nossa frente majestoso quase como que a chamar-nos o Monte Branco

Foi nesse mesmo dia que regressamos a Chamo-nix Uma longa descida animada pela conversa descontraiacuteda sobre os Alpes - Haacute sempre tanto que contar desta cordilheira travessias espeta-culares que se podem fazer ndash ouvia atenta as histoacuterias que me contavam era a minha primei-ra vez nos Alpes e jaacute estava cativada Cativada ateacute pela proacutepria cidade de Chamonix Eacute um lo-cal onde se respira ar livre Da varanda do nos-so apartamento para onde quer que olhe vejo

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Aventuraatividades outdoor Ouccedilo os risos alegres dum grupo que desce o rio fazendo rafting observo o ceacuteu colorido pelos parapentes as pessoas pas-sam na rua equipadas com roupa de montanha Cheguei a Chamonix haacute dois dias de comboio Quando deambulava pelas suas ruelas cho-quei com uma curiosa estaacutetua onde um homem aponta a outro o cume do Monte Branco

- Eacute Jacques Balmat que estaacute a apontar para o cume ele foi o primeiro homem a subir esta montanha a 8 de agosto de 1786 acompanha-do do meacutedico Michel Paccard Saiacuteram de Cha-monix acamparam no cume da Montagne de la cote a 2630m agraves 4 da manhatilde partiram e chega-ram ao cume por volta das 6h da tarde Balmat nasceu neste vale era um caccedilador de cristais tinha uma vontade de ferro e um instinto para as montanhas Paccard era meacutedico em Chamonix e um excelente alpinista adorava botacircnica e mi-nerais Tambeacutem lhe erigiram aqui uma estaacutetua

Foi ele que conheceu Horace-Beacute-neacutedict de Saussure que ini-

ciou a corrida do primeiro homem a subir ao Monte Branco ndash disse-me Joatildeo

- E esse Saussure tam-beacutem era alpinista ndash perguntei curiosa

- O seu interesse pela botacircnica trouxe-o ateacute aos

Alpes e percorreu grande parte desta cordilheira co-

meccedilando a trabalhar no sentido de esclarecer a topografia da parte ne-

vada dos Alpes nessa eacutepoca praticamente des-conhecida Foi em 1760 que veio aqui pela pri-meira vez e ofereceu uma recompensa a quem escalasse o Monte Branco Ele tentou fazecirc-lo sem sucesso- Entatildeo nunca chegou a subir

- Sim conseguiu mas soacute em 1787 jaacute tinha 47 anos e levou 18 guias com ele Relembro as palavras que li do fotoacutegrafo de montanha C Douglas Milner ldquoA subida em si foi magniacutefica uma incriacutevel faccedilanha de coragem grande resistecircncia realizada por estes dois ho-mens apenas sem corda e sem piolets muito sobrecarregados com equipamentos cientiacuteficos e com longos bastotildees com pontas de ferro O bom tempo e uma lua luminosa garantiram o seu regresso com vidardquo

O dia seguinte foi passado a descansar visitar o Museu da Montanha e espreitar a meteoro-

Foi em 1760 que veio aqui

pela primeira vez e ofereceu uma recom-

pensa a quem escalas-se o Monte Branco Ele tentou fazecirc-lo

sem sucesso

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Um dos pontos al-tos eacute ir agrave roulotte

dos waffles delei-tarmo-nos com este

delicioso doce No fi-nal do dia ainda pude-

mos assistir a um espetaacute-culo de muacutesica e danccedila celta

na praccedila central O ambiente eacute descontraiacutedo a praccedila estaacute cheia de gente e a muacutesica faz sempre bem agrave alma Joatildeo recebe um telefonema

- Estaacutes nos Alpes Natildeo vatildeo poder subir amanhatilde aproxima-se uma tempestade Mas tenho boas notiacutecias tens uma janela de bom tempo no dia seguinte se quiserem aproveitar - Disse Viacutetor Baiacutea sempre bem informado sobre os fenoacuteme-nos meteoroloacutegicos

O dia em que vai haver ldquouma abertardquo para subir eacute o mesmo dia em que temos voo para Lisboa

desde Genebra Ficamos um pouco a pensar no que decidir e claro temos que arriscar Na mon-tanha eacute assim tem que haver flexibilidade es-tamos dependentes das condiccedilotildees climateacutericas e aproveitar quando nos eacute proporcionado bom tempo

A rota que vamos seguir natildeo eacute a mais utilizada eacute chamada rota dos trecircs cumes Esta rota eacute mais exigente fiacutesica e tecnicamente do que a rota do Goucircter No entanto com faacutecil acesso a partir do telefeacuterico da Aiguille du Midi este percurso tor-nou-se a segunda rota mais popular para esca-lar o Monte Branco O percurso inicia-se na Ai-guille du Midi seguindo pelo Col du Midi antes de subir o Monte Branco atraveacutes do Mont-Blanc du Tacul (4248m) e Maudit Mont (4465m) Esta rota requer condiccedilotildees estaacuteveis na neve do Mont Blanc du Tacul e Mont Maudit e tem uma eleva-ccedilatildeo acumulada de 1425m O refuacutegio Cosmiques estava lotado a nossa uacuteni-

- Es-taacutes nos Alpes

Natildeo vatildeo poder subir amanhatilde aproxi-ma-se uma tempestade

Mas tenho boas notiacutecias tens uma janela de bom tempo no dia seguinte

se quiserem apro-veitar

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estaccedilatildeo do telefeacuterico da Aiguille du Midi Este telefeacuterico foi construiacutedo em 1955 e manteve o tiacutetulo de ser o mais alto do mundo durante duas deacutecadas Ele ainda deteacutem o recorde como o te-lefeacuterico com a ascensatildeo vertical mais alta no mundo de 1035 m para 3842 m Haacute duas se-ccedilotildees de Chamonix para o Plano de lAiguille a 2317 m e depois diretamente sem qualquer pi-lar de apoio para a estaccedilatildeo superior a 3777 m Apanhamos o uacuteltimo telefeacuterico do dia cerca de 20 minutos depois estaacutevamos no terraccedilo a tentar admirar as lindiacutessimas vistas que se tem deste local No entanto o mau tempo previsto estava certo e a visibilidade natildeo era mais de 20 m agrave nossa frente Estava desanimadiacutessima

- Como eacute possiacutevel daqui a poucas horas termos bom tempo para subir ndash Perguntei increacutedula- Estamos na montanha Luiacutesa a meteorologia muda rapidamente Temos que aguardar ndash Afir-mou Joatildeo calmo e confiante

Fomos procurar um local onde pudeacutessemos descansar ateacute agrave meia-noite hora marcada para a nossa partida O percurso eacute longo com bas-tante desniacutevel e na realidade o voo para Lisboa eacute amanhatilde Quando acordei o som dos ventos fortes que se faziam ouvir misteriosamente desaparece-ram Depois de comer e fazer a confirmaccedilatildeo do equipamento dirigimo-nos para a aresta que nos levaraacute ao Valleacute Blanche Foi com extrema curiosidade que me dirigi agrave saiacuteda Como esta-raacute o tempo A calma e tranquilidade que senti ao sair para o exterior foi-me trazida pela ma-ravilhosa paisagem que tinha agrave minha frente Afinal depois da tempestade vem a bonanccedila e a visatildeo deste vale imaculado sob um ceacuteu estre-lado sem ningueacutem sem pegadas sem luzes de frontais foi brutal Ao comeccedilar a descer a ares-ta conseguimos ver o refuacutegio Cosmiques ainda adormecido Fomos mesmo os primeiros a sair o que representa um privileacutegio por um lado e

No entanto o mau tempo pre-

visto estava certo e a visibilidade natildeo era mais de 20m agrave nossa frente Estava desa-

nimadiacutessima

Ainda foi longa a nossa caminhada sempre a encontrar forccedilas e energia onde quer que elas estivessem escondidas Paraacutevamos de vez em quando agrave espera da outra cordada de amigos e por fim cerca das 10h da manhatilde atingimos o cume Tento tirar fotos mas a maacutequina fotograacute-fica natildeo ajudou fiquei sem bateria Natildeo faltam maacutequinas para o fazer e depois de um breve descanso temos que iniciar a descida pela mes-ma rota Eacute uma descida que acaba por ter al-gumas subidas sendo por isso mais demorada Mas a alegria de ter cumprido o objetivo o dia tatildeo calmo e luminoso a companhia dos amigos supera qualquer tipo de cansaccedilo

Tive um sentimento de saudade ao chegar nova-mente ao Valleacute Blanche e olhar para traacutes para o trilho percorrido olhar aquele vale agora agrave luz do dia atravessado por tantas pegadas Olho de relance para a uacuteltima subida que nos falta fazer a aresta que nos levaraacute ao telefeacuterico na Aguille du Midi Faccedilo esta subida confiante como se ti-vesse deixado para traacutes todo o esforccedilo e cansaccedilo extremo desta maravilhosa aventura

Com grande pena natildeo pude comemorar em Chamonix nessa noite mas comemorei com imensa alegria ao reencontrar-me com a mi-nha famiacutelia orgulhosa de mim afinal estive no mesmo dia no cume do Monte Branco de manhatilde e agrave noite na minha cama quente e confortaacutevel em Lisboa oslash

Luiacutesa Tomeacute

Papa-Leacuteguaswwwpapa-leguascom

OUTDOOR Julho_Agosto 2011 33

Aventu

ra

um esforccedilo acrescido por outro Relembro a tra-vessia do glaciar do Tacul a ldquofazer trilhordquo o som dos campons na neve ecoava num ritmo proacute-prio pousava a minha bota no local exato onde o Joatildeo tinha feito a pegada como que num jogo em que quando falhava acrescia o esforccedilo que teria que fazer O som de passos intensifica-se temos mais madrugadores connosco Deixamo--los passar jaacute vimos a fazer trilho haacute bastante tempo eacute a vez de outros agora

Quando chegamos agrave ldquoparederdquo do Mont Blanc du Tacul jaacute temos algumas pessoas agrave espera para subir O sol ainda natildeo subiu para nos aquecer esperamos junto agraves cordas a nossa vez os peacutes comeccedilam a dar sinal de frio Iniciamos a subida os piolets e os crampons cravam-se certeiros no gelo a corda ajuda na subida Comeccedilo a ficar cansada e a hesitar paro por uns momentos sinto a boca seca o coraccedilatildeo a bater forte olho para cima jaacute natildeo falta muito - Piolet numa matildeo corda na outra sobe Luiacutesa ndash a voz do Heacutelder trouxe-me lucidez A energia que me faltava regressou Concentro-me e con-tinuo a subida pedaccedilos de gelo passam por noacutes arrancados aquela parede cheia de gente dese-josa de ultrapassar possivelmente o obstaacuteculo mais duro desta rota

O trilho continua pelo beliacutessimo Mont-Maudit apesar do seu nome O sol jaacute vai alto comeccedila a aquecer haacute que comeccedilar a tirar camadas Natildeo podemos desidratar Col de la Brenva um chaacute quente e uma bolacha Apetece ficar jaacute aqui as vistas satildeo surpreendentes Mas natildeo eacute este o nos-so objetivo vamos continuar a subir

Entrevista Diogo Miguel - (Oti-Estarreja)

ldquoO DEsPORTO EM PORTuGAL eacute uM EsPELhO DA sOCIEDADErdquo

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Entrevista

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Sabe acima de tudo as con-

diccedilotildees que temos e consegue olhar para o

resultado como sen-do bastante meri-

toacuterio

OutdOOr COmO eacute pOssiacutevel algueacutem COm-patibilizar a preparaccedilatildeO enquantO atleta de OrientaccedilatildeO de elite COm as exigecircnCias dum 6ordm anO dO CursO de medi-Cina

diOgO miguel O segredo reside sobretudo na motivaccedilatildeo Toda a gente consegue tirar um curso e fazer desporto e inclusivamente se gos-tar consegue treinar todos os dias Mas se esti-ver motivado o suficiente consegue levantar-se cedo para correr agraves seis da manhatilde estar na Fa-culdade agraves oito e meia sair agraves quatro da tarde e ir treinar outra vez estudar ateacute agraves dez da noite e dormir porque amanhatilde eacute outro dia Eacute preci-so estar-se motivado para abraccedilar esta vida durante o ano inteiro

Haacute quantO tempO eacute que as COisas satildeO levadas assimQuando comecei a fazer Orien-taccedilatildeo natildeo tinha grandes preo-cupaccedilotildees com o treino Durante os anos de faculdade jaacute treinava bastante a seacuterio mas foi haacute dois ou trecircs anos quando comecei a ser treinado pelo Professor Bruno Nazaacuterio que aumentei a carga de trei-no para o bi-diaacuterio A partir daiacute passei a ter o meu tempo totalmente ocupado Satildeo os estaacutegios do Curso o tempo de deslocaccedilatildeo para Hospitais da periferia uma tese para defender Este ano seraacute bastante mais exigente que os anteriores se calhar natildeo vou poder fazer treino bi-diaacuterio todos os dias como gostaria mas ainda assim vou pro-curar treinar duma forma o mais seacuteria possiacutevel e se natildeo puder fazecirc-lo na quantidade desejaacutevel pelo menos na qualidade espero consegui-lo

em 2007 COnquistOu a primeira grande medalHa da OrientaccedilatildeO pOrtuguesa aO sagrar-se CampeatildeO da eurOpa de JOvens

Chama-se Diogo Miguel e eacute aos 23 anos uma das referecircncias da Orientaccedilatildeo Pedestre nacio-nal Campeatildeo Europeu de Jovens em 2007 e Campeatildeo Nacional de Distacircncia Longa em 2009 e 2011 Diogo Miguel reparte o tempo entre a modalidade do seu coraccedilatildeo e as exigecircncias do curso de Medicina que abraccedilou haacute seis anos E foi precisamente por aiacute que a nossa conversa comeccedilou uma conversa onde passado presen-te e futuro se misturam e confundem numa teia de opccedilotildees direccedilotildees desafios e decisotildees Na Orientaccedilatildeo como na Vida

Por Joaquim Margarido

de sprint em eger na Hungria que me-moacuterias guarda dessa JOrnada Haacute CinCO anOs atraacutesGuardo sobretudo as memoacuterias e os amigos Na altura pensaacutemos que a visibilidade que este re-sultado poderia dar agrave Orientaccedilatildeo catapultasse a modalidade e possibilitasse a obtenccedilatildeo de mais apoios mas isso natildeo se veio a verificar pelo me-nos na medida daquilo que seria de esperar

esteve este anO nOs mundiais de lausan-ne COnseguindO O 33ordm lugar na Final a de distacircnCia lOnga que valOr atribui a este seu resultadOAtribuo-lhe um valor elevado ateacute porque foi a primeira vez em dez anos que um portuguecircs foi a uma final A de Distacircncia Longa Cheguei ao fim com a certeza de ter feito o meu melhor e se natildeo tivesse quebrado fisicamente teria fei-to melhor ainda Ou seja com outras condiccedilotildees de treino teria facilmente ficado entre os vinte e cinco primeiros Mas falta bastante cultura des-portiva agrave sociedade portuguesa em geral e se disser a algueacutem que natildeo estaacute familiarizado com a Orientaccedilatildeo que terminei em 33ordm num Campeo-nato do Mundo essa pessoa iraacute pensar ldquoesque-ce eacutes mau natildeo prestasrdquo Mas quem sabe como estas coisas funcionam sabe os sacrifiacutecios que temos que fazer Sabe acima de tudo as condi-ccedilotildees que temos e consegue olhar para o resulta-

do como sendo bastante meritoacuterio

temOs em pOrtugal O apOiO que deviacuteamOs Ou que mereCiacuteamOs

Natildeo Eacute bastante revoltante olhar para outros desportos como eacute o caso do Futebol e termos um Presidente que termina o man-dato agrave frente da Federaccedilatildeo e que se sente orgulhoso por ter deixa-

do um balanccedilo positivo nas contas de muitos milhotildees de euros Mas

satildeo estes precisamente que ainda assim continuam a receber milhotildees e

milhotildees do Instituto Portuguecircs do Desporto e Juventude enquanto outras modalidades lutam pela sobrevivecircncia Acho que somos claramen-te sub-apoiados O desporto em Portugal eacute um espelho da Sociedade Haacute os muito ricos e haacute os muito pobres Os ricos satildeo cada vez mais ricos e os pobres satildeo cada vez mais pobres Eacute a mesma coisa com o desporto

quandO OlHa para Os nOssOs JOvens que pOtenCialidades vecirc neles para COn-seguirem CHegar aOs lugares CimeirOs da OrientaccedilatildeO eurOpeia e mundialTemos alguns jovens com bastante valor prin-

OUTDOOR novembro_Dezembro 2012 37

cipalmente o Luiacutes Silva Trata-se dum atleta que tem um futuro brutal e acho que vai ser sem sombra de duacutevidas o melhor atleta portuguecircs dentro de muito pouco tempo Olhando de for-ma mais aprofundada para estes atletas eacute uma realidade que eles tecircm hoje melhores condiccedilotildees em relaccedilatildeo agravequilo que noacutes tiacutenhamos na altura Basta ver que os atletas jaacute se deslocam com al-guma frequecircncia ao terreno antes das grandes competiccedilotildees coisa que natildeo havia ateacute haacute muito pouco tempo atraacutes E depois haacute os estaacutegios de Seleccedilatildeo Mas deve reconhecer-se que lhes falta o treino fora da competiccedilatildeo Acho que falta al-gum espiacuterito de sacrifiacutecio no treino em casa que eacute o mais importante

o CLubE dE oriEntaccedilatildeo dE EstarrEJa Eacute dEsdE sEMprE o sEu CLubE quE signiFiCa-do tEM para si EstE EMbLEMa E Esta CaMi-soLa quE EnvErgaComecei na Orientaccedilatildeo aos 8 anos e a minha primeira experiecircncia foi no Desporto Escolar na minha terra Canelas uma pequena aldeia do Concelho de Estarreja A essa primeira pro-va seguiu-se uma ldquoQuinzena da Orientaccedilatildeordquo no veratildeo e nunca mais parei Haacute quinze anos que estou ligado a este clube e ele faz parte de mim Poderia dividir a minha vida em dois por um lado a parte profissional da Faculdade e por outro a Orientaccedilatildeo Por estranho que possa pa-recer a parte desportiva natildeo se encontra num plano inferior relativamente agrave parte profissio-nal Ambas as partes se complementam uma agrave outra Portanto a minha ligaccedilatildeo a este clube eacute muito grande satildeo muitos anos satildeo muitas pes-soas e ajudou-me a crescer

aos Miuacutedos quE agora datildeo os priMEiros passos quE ConsELhos dariaO conselho natildeo o daria aos miuacutedos se calhar da-va-o antes aos pais Tanto a escola como o des-porto andam muito ligados Se temos disciplina num acabamos por ter disciplina no outro Natildeo eacute por acaso se olharmos para os atletas de topo a niacutevel nacional todos eles satildeo excelentes es-tudantes e tecircm um futuro profissional bastante promissor Tudo parte de quem educa Eu tenho a sorte de ter uns pais que sempre me educaram bem e que sempre me deram o apoio necessaacuterio para conseguir fazer as duas coisas

E deixaria ainda um conselho mais aos pais o de virem fazer uma prova de Orientaccedilatildeo com os seus filhos Uma das grandes vantagens da Orientaccedilatildeo eacute ser para aleacutem do ldquodesporto da flo-restardquo o ldquodesporto da famiacuteliardquo

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EntrevistaConsidEra quE Esta EacutepoCa CorrEu dE aCordo CoM as suas ExpECtativasNa verdade digamos que a eacutepoca estaacute quase agrave beira de comeccedilar Depois do Campeonato do Mundo tirei mais tempo do que era habitual para descansar e tenho estado a fazer pratica-mente soacute manutenccedilatildeo A eacutepoca teve alguns per-calccedilos comecei a treinar na Repuacuteblica Checa e apesar de ter feito muito treino com mapa devi-do agraves questotildees climateacutericas e agraves poucas horas de luz acabei por ter uma carga de treino aqueacutem do desejaacutevel Depois de regressar a Portugal estava a treinar bem mas tive um percalccedilo e lesionei--me num peacute o que me obrigou a uma paragem de um mecircs Isso fez-me perder muito da minha boa forma e acredito que se natildeo fosse isso po-

deria ter chegado muito melhor ao Campeonato do Mundo e aiacute o resultado poderia ter sido outro Apesar de tudo os resultados acabaram por ser bem melhores do que estaria agrave espera

o obJEtivo a Curto praZo passa pELo tiacute-tuLo naCionaL absoLutoPor acaso esse eacute um tiacutetulo que nunca alcancei Vou comeccedilar a treinar a seacuterio para chegar nas melhores condiccedilotildees ao Campeonato Nacional Absoluto e esse vai ser um bom teste O objetivo eacute estar laacute para ganhar

Quanto agrave proacutexima eacutepoca espero apresentar-me agraves provas em melhor forma do que este ano e que os bons resultados possam aparecer oslash

novembro_Dezembro 2012 OUTDOOR38

wwwgarminpt

ofereccedila um garmin DeSemBruLHara caixa Seraacute Soacute o princiacutepio

este natal ofereccedila emoccedilotildees aventuras para quem viaja ou para os que correm para os que navegam no mar ou escalam montanhas Para os nadadores ou golfistas este natal ofereccedila um garmin

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Por Terra

ORIENTACcedilatildeOhellip DEsPORTO NA NATuREzA

Parque nacional torres del Paine Chile

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Cinco satildeo os sentidos estaacute nos manuais neles reside a possi-bilidade de um maior ou menor contacto da pessoa com aquilo que a rodeia Haacute ainda o sexto sentido aquela perceccedilatildeo extra--sensorial que parece ser mais propriedade das mulheres do que dos homens e que nas con-ceccedilotildees ocultistas estaraacute tam-beacutem sedeado num oacutergatildeo do nosso corpo Figurada ou ob-jetivamente eacute bom que todos eles ndash sem exceccedilatildeo - estejam suficientemente desenvolvi-dos sem isso natildeo haacute sentido de orientaccedilatildeo que aguente

A Orientaccedilatildeo eacute um Desporto recente em Portugal mas tem jaacute mais de 100 anos de existecircncia

enquanto desporto organi-zado Com efeito teraacute sido em Bergen - Noruega no ano de 1897 que se organizou a pri-meira atividade desportiva de Orientaccedilatildeo Os paiacuteses noacuterdicos satildeo ainda hoje aqueles onde a modalidade tem maior implan-taccedilatildeo mobilizando um nuacutemero de praticantes que coloca a

Orientaccedilatildeo entre os cinco des-portos com mais adeptos na Escandinaacutevia A maior prova do mundo realiza-se anual-mente na Sueacutecia os 5 dias da Sueacutecia com um nuacutemero de participantes que jaacute atingiu os 25000

Durante o seacutec XX a modali-dade foi evoluindo ateacute agrave criaccedilatildeo da Federaccedilatildeo Internacional de Orientaccedilatildeo (IOF) que fes-tejou em 2012 o 51ordm aniversaacuterio e veio normalizar mundial-mente as regras competitivas as normas para elaboraccedilatildeo dos mapas e as sinaleacuteticas a usar A Orientaccedilatildeo eacute praticada em quatro disciplinas diferentes Orientaccedilatildeo Pedestre Orien-taccedilatildeo em BTT Orientaccedilatildeo em Ski e Orientaccedilatildeo de Precisatildeo (Orientaccedilatildeo prioritariamente para deficientes motores)

Portugal tem marcado pontos na Orientaccedilatildeo para o desporto adaptado lanccedilando em 2012 a Taccedila de Portugal de Orientaccedilatildeo de Precisatildeo e criando um cir-cuito de Orientaccedilatildeo adaptada vocacionado prioritariamente para a deficiecircncia intelectual e

crianccedilas em idade preacute-escolar que eacute uacutenico no Mundo e que estaacute a ser jaacute implementado pela Espanha

o quE EacutePodemos dizer que a Orien-taccedilatildeo eacute um desporto completo Haacute o aspeto fiacutesico o treino no campo que se aproxima do treino dum atleta de fundo E haacute o aspeto mental que de-sempenha um papel funda-mental a leitura dos mapas o contra-reloacutegiohellip Eacute tambeacutem o desporto de natureza por exce-lecircncia Os orientistas saem dos trilhos balizados para pene-trarem no coraccedilatildeo da floresta Cada dia eacute uma nova aven-tura Daquele que se inicia na Orientaccedilatildeo ao mais consagrado dos praticantes haacute todo um mesmo espiacuterito de liberdade de fazer a sua proacutepria escolha do melhor itineraacuterio No Atle-tismo por exemplo a volta agrave pista teraacute sempre 400 metros quer seja aqui ou no Japatildeo Na Orientaccedilatildeo esta noccedilatildeo de dis-tacircncia tem muito pouco signi-ficado Tanto se pode fazer 10 quiloacutemetros numa hora e meia como em quarenta minutos E

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depois nunca existem duas florestas iguais Eacute o eterno recomeccedilo Na Austraacutelia ou na Suiacuteccedila no Japatildeo ou na Escandinaacutevia eacute necessaacuterio uma adaptaccedilatildeo a cada local natildeo haacute lugar a repeti-ccedilotildeeshellip

Cada corredor possui uma buacutessola e um mapa que contrariamente a um mapa normal conteacutem uma enorme diversidade de detalhes acerca dos seus elementos caracteriacutesticos (relevo do ter-reno vegetaccedilatildeo caminhos elementos rochosos construccedilotildees e muito mais) Os mapas satildeo rea-lizados segundo as normas especiacuteficas da Fede-raccedilatildeo Internacional de Orientaccedilatildeo que tem sede na Finlacircndia Aleacutem da legenda sobre os siacutembolos nele representados existe ainda uma sinaleacutetica

proacutepria que tem a ver com o percurso que o praticante vai realizar nesse evento e que eacute uma linguagem uni-versal

A partir do momento em que se potildee em marcha o cronoacutemetro o orientista deve efe-tuar o seu percurso que eacute marcado no mapa e que eacute cons-tituiacutedo por uma par-tida (representada por um triacircngulo) uma seacuterie de pontos de

passagem obrigatoacuterios (representados por ciacuter-culos) e a chegada (representada no mapa por dois ciacuterculos concecircntricos) Estes pontos satildeo materializados no terreno sob a forma de um prisma triangular denominado por baliza e a passagem deve ser validada por um sistema de ldquopicotagemrdquo manual ou eletroacutenica O objetivo consiste em fazer o percurso na sequecircncia in-dicada o mais rapidamente possiacutevel Mas entre cada ponto de passagem a escolha do itineraacuterio fica ao criteacuterio de cada um

O percurso em linha reta evidentemente nem sempre eacute o mais raacutepido Eacute necessaacuterio jogar com as inflexotildees do terreno os lagos os muros e outros acidenteshellip O tempo gasto a percorrer o traccedilado da corrida depende sobretudo do meio sobre o qual a mesma se desenrola Em terrenos como na Escandinaacutevia onde o relevo eacute mais duro numa mesma distacircncia poderemos gastar quase o dobro do tempo que gastariacuteamos num terreno plano e sem o mesmo tipo de obs-taacuteculos

Por Terra

OUTDOOR Novembro_Dezembro 2012 43

O conhecimento do relevo eacute a parte mais difiacutecil Eacute neces-saacuterio aprender a imaginar um terreno a trecircs dimensotildees sobre o mapa Claro que natildeo eacute apenas isto Para quem tem mais dificuldade em possuir a visatildeo a trecircs dimensotildees esta in-suficiecircncia pode ser compensada com outras qualidades nomeada-mente a atenccedilatildeo Mas nem todos pos-suem igualmente esta capacidade mental Como na generalidade dos desportos eacute neces-saacuteria uma longa aprendizagem onde o treino teacutecnico a vivecircncia de situaccedilotildees mais variadas e o nuacutemero de florestas ldquovisitadasrdquo desempe-nham um papel fundamental Eacute agrave medida que o tempo passa que o orientista aprende a adaptar o seu comportamento a reagir cada vez mais rapidamente e a encontrar as melhores opccedilotildeesO desporto natildeo eacute muito mediatizado e o espiacute-rito da Orientaccedilatildeo eacute o de permanecer livre Eacute um desporto ainda preservado de certas po-leacutemicas ldquodopingrdquo e outros malabarismos daiacute que muitos orientistas digam que natildeo seja mau de todo que ele permaneccedila ldquoconfidencialrdquo

Grandes Competiccedilotildees em 2013

Em 2013 as grandes competiccedilotildees internacio-nais onde Portugal vai querer estar presente

satildeo as seguintes

- Campeonato do Mundo de Juacuteniores ndash Repuacuteblica Checa (29jun-06 de julho) wwwjwoc2013cz

- Campeonato do Mundo Elite ndash Finlacircndia (07-14 jul)

wwwwoc2013fi- Campeonato do Mundo ve-

teranos ndash Itaacutelia (02-10 ago) wwwwmoc2013it

- Campeonato da Europa de Jovens ndash Israel (03 de novembro) wwweyoc2013org

portuGal na alta roda Mas Portugal vai ter brevemente grandes desa-fios pela frente- Em 2013 organiza uma etapa da Taccedila do Mundo de seacuteniores e o Campeonato do Mundo de Vete-ranos de Orientaccedilatildeo em BTT - Costa Alentejana entre 09 e 13 de outubro- Em 2014 organiza em Palmela de 9-14 de abril e em paralelo o Campeonato da Europa de Orientaccedilatildeo Pedestre e o Campeonato da Eu-ropa de Orientaccedilatildeo de Precisatildeo wwweoc2014fpopt

Carnaval o ponto alto Desde 1996 que Portugal realiza a sua prova ra-inha que atrai os melhores especialistas a Por-

Eacute um desporto ainda

preservado de certas poleacutemicas ldquodopingrdquo e outros malabarismos

daiacute que muitos orientistas digam que natildeo seja mau de todo que ele perma-

neccedila ldquoconfiden-cialrdquo

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Por Terratugal Eacute O Portugal Orsquo Meeting que desde 2000 se realiza no Carnaval com a duraccedilatildeo de 4 dias e pontuaacutevel para a liga Mundial de orientaccedilatildeo pedestre nos percursos de Elite Em 2013 Por-tugal vai receber pela primeira vez trecircs eventos pontuaacuteveis para a Liga Mundial02 e 03 de fevereiro ndash Norte Alentejano Orsquo Mee-ting ndash Nisa (wwwnaompt)09ndash12 de fevereiro ndash Portugal Orsquo Meeting ndash Idanha-a-nova (wwwpompt)16 e 17 de fevereiro ndash XIV Meeting de Orien-taccedilatildeo do Centro ndash Pombal (wwwcocpteventos16fev2013)

OrientaccedilatildeO muitO mais dO que um despOr-tOOlhando para a modalidade de uma forma mais transversal podemos enquadraacute-la aleacutem de mo-dalidade desportiva com aacutereas como o Ambien-te a Educaccedilatildeo e as Novas Tecnologias As qua-tro vertentes atraacutes enunciadas reunidas numa soacute tem a ver tambeacutem com solidariedade

Ambiente porque a Orientaccedilatildeo eacute o ldquoDesporto da Florestardquo fazendo de cada praticante um guardiatildeo e um amigo de tatildeo valioso patrimoacutenio Educaccedilatildeo porque eacute uma modalidade onde se aglutinam mateacuterias tatildeo nucleares como a Ma-temaacutetica ou a Geografia e se desenvolvem com-petecircncias como a capacidade de interpretaccedilatildeo ou o poder de decisatildeo por isso ser considerada prioritaacuteria para o Desporto Escolar Novas Tec-nologias porque eacute das modalidades que mais depende dos Meios Informaacuteticos a todos os niacute-veis do controlo de tempos agrave cartografia mais desenvolvida que existe Desporto porque pro-move a atividade fiacutesica e a Sauacutede dirigindo-se de igual forma agravequeles que individualmente a praticam ao niacutevel da alta competiccedilatildeo como agraves crianccedilas ou agraves famiacutelias que vecircm nela uma forma

de promover o seu bem estar fiacutesico e reforccedilar os laccedilos de amizade e convivialidade

E solidariedade porque vive da forccedila que projeta nos seus praticantes

trabalhando desinteressadamente em prol da modalidade em prol do paiacutes

Porque a Orientaccedilatildeo eacute Ambiente eacute Educaccedilatildeo satildeo Novas Tecnolo-gias eacute Desporto Porque a Orien-

taccedilatildeo gera Riqueza e gera Sauacutede Porque a Orientaccedilatildeo eacute de todos e

para todos Interessa a todos Inte-ressa ao Paiacutes Daiacute que eacute urgente que

todos venham experimentar e que descu-bram as belezas deste Paiacutes de mapa na matildeo oslash

Fernando Costa e Joaquim margarido

Olhando para a modali-

dade de uma forma mais transversal po-

demos enquadraacute-la aleacutem de modalidade desportiva

com aacutereas como o Am-biente a Educaccedilatildeo e

as Novas Tecnolo-gias

APLICACcedilAtildeO GRATUITA BREVEMENTE DISPONIacuteVEL

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OUTDOOR Setembro_Outubro 2011 139

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16 Janeiro_Fevereiro 2012 OUTDOOR

Em Famiacutelia

A ROTA DA AacuteGuAPOR LIsBOA

Atividade

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omo proposta para um passeio em famiacutelia e adequado desde os mais novos ateacute aos mais grauacutedos suge-rimos uma visita guiada ao Palaacutecio Marquecircs da Fronteira e o passeio

pedestre Rota da Aacutegua no Parque Florestal de Monsanto em Lisboa

Quem jaacute olhou e passou por debaixo do aquedu-to das Aacuteguas Livres em Lisboa e pensouhellipquem me dera poder subir e saber todos os seus recan-tos histoacuterias e lendas

Neste passeio vai ter acesso a um percurso de 8 km com direito a perguntas e respostas sobre este monumento que nos envolve com a sua grandiosidade e beleza

Porque eacute cedo que comeccedila o dia a hora de en-contro eacute pelas 9h30 no estacionamento em fren-te ao Palaacutecio Marquecircs e Fronteira no largo Satildeo Domingos de Benfica em Lisboa

O palaacutecio foi construiacutedo em 1640 para o pri-meiro Marquecircs de Fronteira D Joatildeo de Mas-carenhas heroacutei da Guerra da Restauraccedilatildeo Este bonito Palaacutecio situa-se agrave beira do Parque Flores-tal de Monsanto no Largo de Satildeo Domingos de Benfica

O Palaacutecio foi ampliado no seacuteculo XVIII em estilo laquorocailleraquo e continua a ser atualmente residecircn-cia dos 12ordm Marquecircs de Fronteira sendo contudo possiacutevel visitar algumas das salas a biblioteca e o jardimO interior eacute igualmente rico destacando-se a Sala das Batalhas que contem belos paineacuteis e azulejos com cenas da Guerra da Restauraccedilatildeo trecircs grandes janelas que se abrem sobre o Jar-dim de Veacutenus e a Sala da Jantar adornada com frescos de retratos da nobreza portuguesaA Capela de finais do seacuteculo XVI conta no seu interior com um preseacutepio cuja autoria eacute atribuiacute-da a Machado de Castro As visitas aos sumptuosos Jardins ldquoagrave italianardquo comeccedilam no terraccedilo da capela com destaque para o Jardim de Veacutenus e o Jardim Formal do seacuteculo XVII onde pontifica a Galeria dos ReisPara completar o passeio iremos conhecer a Rota da AacuteguahellipA Rota da Aacutegua tem 8 km e atravessa uma seacuterie de espaccedilos recreativos e de lazer entre eles o Parque Recreativo do Alto da Serafina o Espa-ccedilo Monsanto Parque da Pedra Parque do Ca-lhau e Mata S Domingos de Benfica O traccedilado do Aqueduto das Aacuteguas Livres acompanha uma parte da rota

O programa comeccedila com uma visita guiada ao Palaacutecio Marquecircs da Fronteira aacutes 10h O passeio pedestre teraacute iniacutecio por volta das 11h30mNatildeo percam este passeio de grande interesse natural histoacuterico-cultural e fotograacutefico oslash

Local de encontro No estacionamento em frente ao Palaacutecio Marquecircs e Fronteira Hora de encontro 9h30m Hora de iniacutecio do pro-grama 10h Percurso Circular Distacircncia 8 km Grau de dificuldade FaacutecilHora prevista do final do programa 14h30m (inclui paragem para descanso e comer) Ponto de encontro Morada Largo de S Domingos de Benfica 1 - 1500-554 Lisboa GPS N 38ordm 44 2503 W 9ordm 10 496 Em alternativa o local de encontro pode ser no Lu-miar em frente ao supermercado Europa agraves9h GPS 38773763-9160421 Ou em Sete Rios agraves 9h15m em frente ao ZOO Haacute possibilidade de boleia para quem necessitar Quem tiver boleia para oferecer agradeccedilo que me avise e indique local de partida Preccedilo do programa 10 euroA atividade estaacute coberta por seguroRecomendaccedilotildees - Uso de calccedilado confortaacutevel e com boa aderecircncia aos solos proacuteprio para caminhadas - Uso de vestuaacute-rio adequado ao tempo - Alimentaccedilatildeo trazer farnel e aacutegua - Trazer chapeacuteu e protetor solar - Natildeo se afastar do grupo - Deixar o lixo nos locais apropriados - Respeitar a vida selvagem e natildeo perturbar a tran-quilidade local - Respeitar a propriedade privada e os campos cul-tivados

Um programa Caminhos com Carisma lda

ContactosE-mail caminhoscomcarismagmailcom Telefone 914 907 446 967 055 233

ficha teacutecnica

Em Famiacutelia

vIAGENsEsPECIAL FIM DE ANO

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Tipo Expediccedilatildeo no DesertoGrau de dificuldade Moderado 1012km diaacuterios aproximadamente 4 horas de caminhadaCaracteriacutesticas8 dias 7 noites6 dias de expediccedilatildeoPuacuteblico-alvo Adequado a crianccedilas gt 8 anos(transporte em dromedaacuterio)Proacuteximas datas 26 de dezembro de 2012 a 2 janeiro de 2013Programa previstoDia 1 Viagem para Marrakech e transfer para riad no centro Noite em RiadDia 2 Viagem de Marrakech para Zagora em viatura exclusiva para o grupoDia 3 Dunas Bougayoirn -gt Dunas Tridi Dia 4 Tridi -gt erg (duna) EssahelDia 5 Erg Essahel -gt Dunas de LanithieDia 6 Dunas de Lanithie -gt Ouled DrissDia 7 Dunas de Lanithie -gt Ouled DrissDia 8 Marrakech e regresso

Equipamento obrigatoacuterioMochila pequena cantil (ou similar)Saco de viagem (maacutex 60Lt e 10kg) para transportar no dromedaacuterioSaco camaFrontal ou lanternaOacuteculos escuros chapeacuteu e protetor solarRoupas confortaacuteveis para caminhadaImpermeaacutevelAgasalho noturnoBaacutesicos de higiene (incluir toalha pequena e ligeira e produtos biodegradaacuteveis papel higieacutenico e saco chinelos)1ordms socorros pessoais que devem incluir anti mosqui-to e anti diarreicoPara as Senhoras ndash calccedilas compridas para atravessar algumas aldeias

Equipamento RecomendadoMaacutequina Fotograacutefica Sticks de Caminhada Calccedilado confortaacutevel e desportivo (uso recomendado)

Nuacutemero miacutenimo 6 pessoas (preccedilo sob consulta para grupos de nuacutemero inferior)

Preccedilo Desde 799euro | + 50euro (suplemento single em Marrakech)

Mais informaccedilotildees aquiUm Programa Caminhos da Natureza oslash

DEsERToDUNas E oaacutesis

Tipo de percurso NaturezaTrekkingGrau de dificuldade MeacutedioAltoCaracteriacutesticas8 dias 7 noitesProacuteximas datas 26 de dezembro de 2012 a 2 janeiro de 2013

Marrocos eacute um paiacutes lindiacutessimo que por estar tatildeo perto e ser tatildeo exoacutetico merece uma visitaNesta viagem propomos mais que uma visita sugeri-mos uma aventura de vaacuterios dias a peacute a acompanhar uma caravana de camelos Iraacute atravessar planaltos e desertos descansar agrave som-bra de oaacutesis e dormir sobre as estrelas beber chaacute na companhia de Berberes e ouvir as suas histoacuterias Per-correremos caminhos antigos de caravanserais que acompanham rios e dunas Para no fim saborearmos um merecido descanso na magia do deserto Aproveite este fim de ano para comemorar em boa companhia e num cenaacuterio exoacutetico e inesqueciacutevel a entrada do novo ano e para conhecer ou regressar a este maravilhoso paiacutes

Programa previstoDia 1 Voo cidade de origem - MarrakechDia 2 Marrakech - ZagoraDia 3 Beni Ali - Oaacutesis de Foum TaqquatDia 4 Oaacutesis de Foum Taggat ndash Dunas de Nesrate ndash Ksar Ait IsfoulDia 5 Oaacutesis e dunas de Nesrate ndash Zaouiat Sidi Saleh ndash Duna de TidiriDia 6 Dunas de Tidiri ndash Oaacutesis e dunas de Ragabi ndash Dunas Erg LihoudiDia 7 Viagem para MarrakechDia 8 Voo Marrakech - cidade de origem

Preccedilo 580euro (Preccedilo Terra) | Desde 350euro (Preccedilo voo) + Suplemento ind Marrakech 50 euro

Mais informaccedilotildees aquiUm Programa Papa-Leacuteguas oslash

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dia 1 - 28ago12 keflavik- selfoss ndash 112 kmNoacutes movemo-nos como este vento que corre li-vremente por este paiacutes gelado Tatildeo a sul quanto eacute possiacutevel nesta latitude percorremos a estrada da costa expostos a um inquietante e impressio-nante vento que nos derrubou por diversas ve-zes Ele natildeo deixa saudades apenas ficam mar-cas e recordaccedilotildees Por momentos sentimo-nos transportados para o outro extremo do mundo na Patagoacutenia onde os 8 meses que separam es-tas 2 aventuras natildeo chegam para tirar do corpo o desconforto que nos provocou

Por todo o lado nota-se a natureza intocada com pouca vegetaccedilatildeo os tons escuros dos solos vulcacircnicos e muitas rochas de lava cobertas de musgo O momento do dia foi junto da Blue La-goonl um dos pontos mais turiacutesticos da Islacircndia

Pedalar por um sonho agraves portas do Ciacuterculo Polar Aacutertico

Para os sonhos serem realizados eacute preciso al-gueacutem que acredite A nossa viagem agrave Islacircndia foi alimentada pela vontade de ajudar 2 crianccedilas a concretizar 2 sonhos em conjunto com a Ins-tituiccedilatildeo terra dos sonhos porque um sorriso vale tudo

Durante 3 semanas pedalaacutemos no nosso mundo de sonhos e a cada pedalada recebemos sorri-sos em troca

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Para muita gente

viajar significa ir ao encontro daquilo

que procuram Noacutes que viajamos com a bicicleta e em autonomia sabemos

que o destino estaacute traccedilado mas eacute

incerto

dia 2 - 29ago12 selfoss-selfoss Atraacutes das montanhas em busca do Circulo de Ouro 95 km Hoje o dia foi programado para viajarmos sem bagagem Era uma volta circular que nos leva-va para laacute das montanhas ateacute agrave fenda onde a Islacircn-dia se equilibra

No parque nacional de Thingvellir vivemos alguns dos mais conhecidos fenoacutemenos naturais desta ilha Aqui eacute o local onde se separam as placas tectoacute-nicas americana e euroasiaacutetica criando uma fenda que se afasta 2cm por ano

dia 3 - 30ago12 selfoss-Laugarvatn-gey-sir-gullfoss-Fludir-Aacuternes 140 kmPercebemos agora porque chamam ciacuterculo de Ouro ao Geysir e agrave cascata Gullfoss O turismo mais va-lioso chega em inuacutemeros autocarros e viaturas 4X4 equipadas com rodas ldquoextra sizerdquo

Natildeo eacute preciso chegar a este local para sentir os cheiros que os vapores emanam do subsolo Em povoaccedilotildees com pouco mais de 4 casas eacute possiacutevel ver-se a terra em plena atividade diante dos nossos olhos e sentir-mo-nos convidados a ocupar todo o espaccedilo aquecido

Laugarvatn Fludir ou Aacuternes todas estatildeo num terri-toacuterio maacutegico onde o tamanho natildeo conta e os limites que existem satildeo impostos pela nossa imaginaccedilatildeoEstas aldeias natildeo brilham mas valem ouro Ainda estamos a 20 quiloacutemetros do destino mas jaacute passa-ram mais de 10h desde que saiacutemos Eacute tarde e natildeo vamos ter tempo para recuperar e enfrentar 4 dias de total isolamento por uma estrada de montanha que atravessa 2 glaciares

A ementa para tantos dias corre velozmente na mi-nha mente Compramos tudo o que julgamos vir a precisar mas antes percorro corredores vasculho prateleiras tenho hesitaccedilotildeeshellipCalamos o medo e pegamos na bicicleta

dia 4 - 01 set12 Aacuternes ndash highland center 70kmDamos hoje a primeira pedalada de aproximada-mente 300 quiloacutemetros em direccedilatildeo ao centro da Terra as highlands

Para muita gente viajar significa ir ao encontro da-quilo que procuram Noacutes que viajamos com a bici-cleta e em autonomia sabemos que o destino estaacute traccedilado mas eacute incerto O encontro com o inesperado eacute muitas vezes algo que acontece com frequecircnciaFoi uma noite mal dormida devido agrave ansiedade e ao risco do que nos propunhamos fazer Sabemos que a cada quiloacutemetro que andamos comeccedila uma nova aventura

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Natildeo podiacuteamos esperar mais Saiacute-mos do Youth hostel debaixo de chuva tendo como esperanccedila al-guma falha nas previsotildees meteo-roacutegicas para as horas seguintes Insiacutepidos e molhados desde cedo buscamos abrigo no highland center

dia 4 - 02set12 highland center ndash nyidalur hut 110km Toda a ilha eacute uma zona livre de stress Quando percorremos a fantasmagoacuterica Sprengisadur route (F26) percebemos que es-tamos livres de tudo ateacute do nosso juiacutezo A nossa ambiccedilatildeo quando tracaacutemos esta rota era atraves-saacutermos o paiacutes de sul para norte e passarmos entre os glaciares Holsjokul e VatnajokullA natureza pode ser simulta-neamente dura delicada e cruel como foi ontem mas foi genero-sa connosco hoje ao permitir-nos ver a paisagem de cascalho solto nua sempre do mesmo tom cas-tanho escuro

O silecircncio ganhou espaccedilo ateacute ao momento em que conseguimos chegar ao abrigo de montanha (hut)

dia 5 - 03set12 - nyida-lur hut ndash rest dayNem pensar em cruzar a precio-sa porta do abrigo Laacute fora estaacute tudo muito branco e diferente daquilo a que estamos habitua-dos e por isso mantivemo-nos no hut de Nyidalur (na base do vulcatildeo Tungnfell) durante 2 noi-tes por seguranccedila O fogatildeo estaacute sempre aceso e tem uma enorme panela com aacutegua pronta a aque-cer quem chegue

Para que possamos variar do esparguete e noodles (jaacute natildeo haacute muito) vamos tentar fazer patildeo O resultado da nossa experiecircncia a juntar ingredientes com nomes impronunciaacuteveis em que iacuteamos provando para perceber o que era deu num cruzamento entre o patildeo e o rissol O duo de motards que dividiam o hut connosco re-petiram Significa que inventaacute-mos mais um pastel falta soacute dar um nomehellipO Ranger do Parque Nacional acaba de chegar ao hut e veio confirmar que somos mesmo malucos por estarmos nas high-lands nesta eacutepoca Aleacutem disso avisou que vai haver tempestade para esta noite e amanhatilde

dia 6 - 04set12 - nyidalur hut- rest dayLaacute fora estatildeo 0ordmC e as bicicletas encostadas imoacuteveis sujeitas a mais um teste de resistecircncia O nosso passatempo eacute assar ba-tatas ver quem passa e a forma como transpotildeem o rio A nossa vez de partir vai chegar ainda natildeo sabemos eacute quando Para jaacute passa a 3ordf noitehellip

dia 7 - 05set12 - nyidalur hut ndash Laugar 129kmO som do vento acorda-nos mui-to cedo e era semelhante ao do dia anterior Se a direccedilatildeo se man-tivesse de norte significava mais um dia perdido Inquieto dirijo--me ateacute agrave janela para observar o uacutenico ponto de referecircncia no ex-terior uma bandeira chicoteada pelo vento vindo de sulEstava dado o sinal de partida para mais do que uma maratona nas highlands Ao longo do ca-minho a neve mantinha-se por vastas aacutereas e o vento empur-rava-nos ao mesmo tempo que nos congelava as extremidades e queimava a pele

Foi uma benccedilatildeo a ajuda do Ran-ger para transpormos 2 rios em

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seguranccedila sem nunca nos molharmos A aacutegua que noacutes e os islandeses bebem vem de rios como estes sem qualquer tipo de tratamento

DIA 8 - 06set12 Laugar ndash Lago Myvatn- Lau-gar 85 kmFoi tanta a privaccedilatildeo nos dias anteriores que hoje sonhaacutemos com o pequeno almoccedilo que teriacuteamos pela manhatilde antes de nos deslocarmos para o Lago Myvatn Este lago imenso e a aacuterea envolvente satildeo um dos grandes tesouros europeus Durante a nossa volta circular toda a paisagem eacute surreal Lava fumo a sair da terra crateras aacutegua e montanhas vulcacircnicas

Haacute muitos dias que transportamos os fatos de ba-nho na pequena mochila que vai agraves costas na es-peranccedila de um banho quente em qualquer charco inesperado Hoje tivemos o nosso primeiro hot pot Eles satildeo um must nesta regiatildeo (eacute como estar num jacuzzi no meio da rua com um cenaacuterio deslum-brante)

DIA 9 - 07set12 Laugar ndash Akureyri 67kmIsto de pedalar com vento natildeo tem graccedila nenhu-ma especialmente porque natildeo se consegue ter mo-

mentos de contemplaccedilatildeo parados Em dias assim eu sou a ponta da flecha que abre uma fissura no vento e permite que a Filomena possa andar na roda Acabar eacute uma vitoacuteria mas natildeo existe gloacuteria quando se chega ao fimAkureyri eacute a capital do norte e a 2ordf cidade maior do paiacutes com 18000 habitantes civilizaccedilatildeo situada num fiorde rodeado de cumes nevados uma escolha acertada para ficar um dia a descansar

DIA 10 - 09set12 Akureyri- Varmahliacuteo 95 kmMesmo a pedalar sobre a Route 1 os grandes hori-zontes continuam a fazer parte desta viagem An-damos pelos vales e seguimos os cursos dos rios alimentados pelas aacuteguas que escorrem incessante-mente das arribas que nos flanqueiamPodia afirmar que estou eufoacuterico diante das infini-tas possibilidades que tenho pela frente mas natildeo estou Novo aviso de tempestade acompanhada de ventos fortes (23 ms) natildeo convida a grandes aven-turas

Por hoje natildeo precisamos de nos preocupar esta-mos bem abrigados numa quinta na aldeia de Var-mahliacuteeth com 130 pessoas

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DIA 11 -10set12 Varmahliacuteo ndash Rest dayParece que o inverno veio todo num soacute dia e pintou tudo de branco O supermercado estaacute a 300 metros mas eacute como se fosse uma miragem Temos mais um dia de paragem forccediladaO nevatildeo ganha cada vez mais terreno agrave medida que as horas avanccedilam A estrada estaacute interdita agrave maio-ria dos veiacuteculos e por precauccedilatildeo as pessoas satildeo aconselhadas a procurar alojamentoEm pouco tempo a senhora Inda de 81 anos que haacute poucas horas parecia ter uma vida pacata a co-chilar no seu sofaacute mostrou-nos como eacute uma ver-dadeira mulher do norte Enquanto nos convidava para um lanche com bolos caseiros mostrava or-gulhosamente os aacutelbuns de famiacutelia recebia os tu-ristas que iam chegando e quando a lotaccedilatildeo esgo-tou pegou no seu jeep e conduzia estrada fora para os ir alojar

DIA 12- 1set12 Varmahliacuteo ndash Saeberg (hostel) 15kmEsta aventura jaacute foi longe demais Temos metade da quilometragem que planeaacutemos centenas de peripeacutecias e riscos incalculados e soacute nos apetece chegar agrave capital Laacute fora tudo continua branco e a abanar no entanto existe a necessidade de arran-car Estamos confiantes nas previsotildees para o dia de hoje mesmo quando aquilo que vemos natildeo inspira confianccedila

Comeccedila a nevar comeccedila a montanhahellipVaacuterios car-ros estatildeo soterrados nas bermas os flocos voam magoam as faces e a subida ainda vai no iniacutecio Me-tro a metro vamos quebrando o gelo Quem passa tira fotografias e fica increacutedulo Noacutes tambeacutem Natildeo sabemos como equilibrar as 2 rodas perante esta manifestaccedilatildeo da natureza As equipas de emergecircn-cia patrulham a aacuterea e noacutes fazemos ldquolikerdquo sem nos apercebermos que as descidas se tornariam autecircn-ticos escorregasPedimos ajuda e somos resgatados ateacute ao nosso destino Estaacute um sol maravilhoso e as vistas satildeo lindas A vida eacute tatildeo bela porque seraacute que ando de bicicleta em siacutetios tatildeo difiacuteceisPronto Depois de 1h dentro do hot pot percebe-mos porque natildeo ficamos em casa Casa eacute onde estaacute o nosso coraccedilatildeo

DIA 13 - 12 e 13 set12 Saeberg ndash Borgarnes ndash Reykjavik 226kmsEstamos a oeste mas o nosso sentido eacute cada vez seguir para mais perto do nosso ponto inicial O isolamento e a ausecircncia da matildeo humana con-tinuam a ser uma das grandes referecircncias deste paiacutes Os horizontes ateacute Borgarnes perdem a cor e parecem-se com tantos outros que jaacute vimos noutros lugaresReykjavik natildeo estaacute isolada natildeo estaacute no topo de uma

montanha e nem sequer haacute nada de extremo nesta cidade

DIA 14 - 14 set12 Reykjavik ndash Rest dayA capital natildeo nos cativa eacute exageradamente cara e parece viver soacute de noite

DIA 15 - 15 set12 Reykjavik ndash Keflavik 49kmFelizmente que as imagens que estamos a ver e que satildeo iguais ao primeiro dia representam ape-nas uma pequena amostra deste paiacutes Natildeo haacute aacutervo-res natildeo haacute rios natildeo haacute vales apenas uma rugosa paisagem lunar fruto da forte atividade vulcacircnica nesta peniacutensula

Ateacute ao aeroporto jaacute natildeo contamos observar nada daquilo que enche as brochuras e panfletos que se podem encontrar e consultar espalhados por qual-quer parte desta linda ilha Resta-nos pedalar

EPIacuteLOGO Natildeo satildeo os nuacutemeros que fazem uma via-gem de SONHO Os quiloacutemetros ambicionados os desniacuteveis previstos os dias programados ficaram aqueacutem do planeado Mas as expectativas planeadas foram largamente ultrapassadas pois tivemos expe-riecircncias uacutenicas em cenaacuterios de Sonho com amiza-des imprevistas

Nesta ilha todos os sentidos experimentaram a na-tureza em estado puro A esta latitude tudo se torna impreviacutesivel os 6 dias que ficaacutemos retidos e os 1400 quiloacutemetros percorridos hoje parecem pouco vistos agrave distacircncia num lugar seguro

AGRADECIMENTO Aos nossos apoiantes ndash Terra dos Sonhos Cofides Competiccedilatildeo Movefree Bike performance Center D-Maker Ortik Bike Magazi-ne Bivaque Extramedia Portal Aventuras

Um agradecimento muito especial agrave missatildeo da For-ccedila Aeacuterea Portuguesa ndash Iceland Air Policing que nos recebeu e transportou as nossas bagagens no re-gresso a Portugal Bem hajam oslash

Ricardo Mendes e Filomena Gomes

MAIS PORMENORES E FOTOS

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monte branco

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Aventura- Tsiiii tsiiii ndash o meu olhar desviou-se do hori-zonte que observava tentando encontrar por perto de onde vinha o som daquele assobio

- Satildeo as marmotas Estatildeo a avisar as outras que noacutes estamos por perto eacute assim que comunicam principalmente se sentem algum perigo - o Heacutel-der ria do meu ar confuso Ia jurar que o assobio vinha de um ser humano Foi a primeira vez que avistei este simpaacutetico mamiacutefero Imagino esta marmota no meio dos peluches do quarto das minhas filhas Satildeo sem duacutevida um animal sim-paacutetico estes excelentes escavadores que vivem em altitudes desde os 900m aos 3200m Nove meses do ano passam-no a hibernar Estamos em pleno veratildeo nos Alpes e as marmotas estatildeo em grande atividade armazenando energias para o inverno Conseguimos avistar os outros elementos da coloacutenia ldquode peacuterdquo alerta Foi um bom motivo para uma merecida pausa tirar a mochila hidratar comer uma barra energeacutetica

Jaacute haviacuteamos percorrido grande parte do trilho que nos levaria ao Refuacutegio Albert I Eacute aqui que pernoitaremos para iniciar a nossa aclimataccedilatildeo Saiacutemos da pequena vila de Le Tour de onde partem os telefeacutericos usados no inverno para aceder agraves pistas de esqui No veratildeo continuam em atividade facilitando o percurso aos trekkers que natildeo queiram palmilhar o desniacutevel de cerca de

700m que os separa do Col de Balme- Estamos a aclimatar e tambeacutem a treinar nem pensar em usar meios mecacircnicos ndash Helder sor-ria a dizer esta frase Foi quanto bastou para perceber que a manhatilde ia ser longa Depois de vencermos grande parte do desniacutevel chegamos a um local de onde se pode avistar a cordilheira do monte Branco la Verte os Drus as Aiguil-les de Chamonix e o Monte Branco com os seus 4810m Mas que local magniacutefico para aclimatar pensei Para subir em altitude temos que permi-tir ao nosso organismo que se habitue gradual-mente agrave falta de oxigeacutenio a que vai ser exposto Para isso vamos fazendo caminhadas subindo gradualmente para que ao fim de alguns dias jaacute estejamos mais aptos a entrar numa zona em que a pressatildeo atmosfeacuterica eacute menor e o oxigeacutenio do ar mais rarefeito

Ao chegar agrave moreia do glaciar do Tour resta-nos uns 200 m para o nosso objetivo A 30 de agosto de 1930 o rei Alberto I da Beacutelgica inaugurou o primeiro refuacutegio que tem o seu nome Em 1935 o refuacutegio foi ampliado no entanto natildeo foi sufi-

ciente e o atual precariamente empoleirado num penhasco a uma altitude de 2706

inaugurado a 12 de julho de 1959 foi construiacutedo perto do primeiro

edifiacutecio Natildeo posso deixar de me impressionar ao avistaacute-lo e quando chego sento-me na varanda feliz por poder apre-

Esta-mos em pleno

veratildeo nos Alpes e as marmotas estatildeo em grande ativida-de armazenando energias para o

inverno

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ciar vistas tatildeo magniacuteficas ehellip por poder tirar as botas Natildeo tinha botas de alta montanha mas um amigo comprou umas plaacutesticas em segun-da matildeo em Chamonix e sorte das sortes eram o meu nuacutemero Fiz este trekking com elas para me habituar resultou Mas os meus peacutes supli-cavam por ar fresco Soacute conseguimos dar o de-vido valor ao momento de descanso conversa contemplaccedilatildeo numa varanda dum refuacutegio se jaacute tivermos percorrido umas boas horas por trilhos de montanha Saboreei ao maacuteximo este tempi-nho sabia que a tarde era guardada para treino no glaciar como andar em cordada e escalada no gelo Eacute sempre bom relembrar as bases um acidente pode acontecer quando descuramos as regras mais simples e esta tarde foi fundamental para isso Um sol magniacutefico vistas deslumbran-tes ambiente descontraiacutedo Natildeo deixar a corda a tocar o chatildeo nunca a pisar nem a ter dema-siado em tensatildeo Esta sintonia entre elementos de cordada trabalha-se e soacute com o treino a con-seguimos obter Amanhatilde vamos sair ao nascer do dia em direccedilatildeo agrave Aiguille du Tour Esta for-maccedilatildeo com 3540m eacute muito popular entre as pes-soas que tentam a ascensatildeo ao Monte Branco Eacute relativamente faacutecil a sua subida pela face leste

A meteorologia na manhatilde da nossa subida esta-va perfeita Adoro toda a logiacutestica de preparaccedilatildeo de saiacuteda do refuacutegio O acordar ainda de noite os ruiacutedos leves e abafados dos mais madrugadores na camarata o som dos passos ainda lentos no chatildeo de madeira Tento concentrar-me para natildeo me escapar nada ter todo o material colocado e sentir-me confortaacutevel Saio do refuacutegio e o ar

fresco da montanha acorda os meus sentidos Comeccedilamos a subir o glaciar frontais ligados muacutesculos a aquecer A inclinaccedilatildeo eacute moderada e rapidamente chegamos ao colo superior do Tour que marca a fronteira da Franccedila com a Suiacuteccedila ndash Trouxeram o passaporte Vamos pas-sar no posto fronteiriccedilo ndash pergunta o Heacutelder a sorrir Atravessamos agora o glaciar de Trient o sol aquece-nos e as vistas satildeo surpreendentes Ao chegar agrave base da aguille do Tour fazemos o nosso merecido descanso comer beber aacutegua apreciar a beleza que nos circunda Vem agora a parte divertida para quem gosta de escalar em rocha Iniciamos calmamente a nossa subida vamos ouvindo algumas orientaccedilotildees progredin-do e fazendo manobras para passar nas zonas mais expostas ateacute chegarmos ao topo Emocio-no-me com a beleza agrave minha volta O meu pen-samento liga-se a algueacutem muito querido que haacute bem pouco tempo deixou a vida terrena sinto a sua proximidade Um abraccedilo forte da minha amiga de escalada traz-me novamente agrave terra E ali agrave nossa frente majestoso quase como que a chamar-nos o Monte Branco

Foi nesse mesmo dia que regressamos a Chamo-nix Uma longa descida animada pela conversa descontraiacuteda sobre os Alpes - Haacute sempre tanto que contar desta cordilheira travessias espeta-culares que se podem fazer ndash ouvia atenta as histoacuterias que me contavam era a minha primei-ra vez nos Alpes e jaacute estava cativada Cativada ateacute pela proacutepria cidade de Chamonix Eacute um lo-cal onde se respira ar livre Da varanda do nos-so apartamento para onde quer que olhe vejo

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Aventuraatividades outdoor Ouccedilo os risos alegres dum grupo que desce o rio fazendo rafting observo o ceacuteu colorido pelos parapentes as pessoas pas-sam na rua equipadas com roupa de montanha Cheguei a Chamonix haacute dois dias de comboio Quando deambulava pelas suas ruelas cho-quei com uma curiosa estaacutetua onde um homem aponta a outro o cume do Monte Branco

- Eacute Jacques Balmat que estaacute a apontar para o cume ele foi o primeiro homem a subir esta montanha a 8 de agosto de 1786 acompanha-do do meacutedico Michel Paccard Saiacuteram de Cha-monix acamparam no cume da Montagne de la cote a 2630m agraves 4 da manhatilde partiram e chega-ram ao cume por volta das 6h da tarde Balmat nasceu neste vale era um caccedilador de cristais tinha uma vontade de ferro e um instinto para as montanhas Paccard era meacutedico em Chamonix e um excelente alpinista adorava botacircnica e mi-nerais Tambeacutem lhe erigiram aqui uma estaacutetua

Foi ele que conheceu Horace-Beacute-neacutedict de Saussure que ini-

ciou a corrida do primeiro homem a subir ao Monte Branco ndash disse-me Joatildeo

- E esse Saussure tam-beacutem era alpinista ndash perguntei curiosa

- O seu interesse pela botacircnica trouxe-o ateacute aos

Alpes e percorreu grande parte desta cordilheira co-

meccedilando a trabalhar no sentido de esclarecer a topografia da parte ne-

vada dos Alpes nessa eacutepoca praticamente des-conhecida Foi em 1760 que veio aqui pela pri-meira vez e ofereceu uma recompensa a quem escalasse o Monte Branco Ele tentou fazecirc-lo sem sucesso- Entatildeo nunca chegou a subir

- Sim conseguiu mas soacute em 1787 jaacute tinha 47 anos e levou 18 guias com ele Relembro as palavras que li do fotoacutegrafo de montanha C Douglas Milner ldquoA subida em si foi magniacutefica uma incriacutevel faccedilanha de coragem grande resistecircncia realizada por estes dois ho-mens apenas sem corda e sem piolets muito sobrecarregados com equipamentos cientiacuteficos e com longos bastotildees com pontas de ferro O bom tempo e uma lua luminosa garantiram o seu regresso com vidardquo

O dia seguinte foi passado a descansar visitar o Museu da Montanha e espreitar a meteoro-

Foi em 1760 que veio aqui

pela primeira vez e ofereceu uma recom-

pensa a quem escalas-se o Monte Branco Ele tentou fazecirc-lo

sem sucesso

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Um dos pontos al-tos eacute ir agrave roulotte

dos waffles delei-tarmo-nos com este

delicioso doce No fi-nal do dia ainda pude-

mos assistir a um espetaacute-culo de muacutesica e danccedila celta

na praccedila central O ambiente eacute descontraiacutedo a praccedila estaacute cheia de gente e a muacutesica faz sempre bem agrave alma Joatildeo recebe um telefonema

- Estaacutes nos Alpes Natildeo vatildeo poder subir amanhatilde aproxima-se uma tempestade Mas tenho boas notiacutecias tens uma janela de bom tempo no dia seguinte se quiserem aproveitar - Disse Viacutetor Baiacutea sempre bem informado sobre os fenoacuteme-nos meteoroloacutegicos

O dia em que vai haver ldquouma abertardquo para subir eacute o mesmo dia em que temos voo para Lisboa

desde Genebra Ficamos um pouco a pensar no que decidir e claro temos que arriscar Na mon-tanha eacute assim tem que haver flexibilidade es-tamos dependentes das condiccedilotildees climateacutericas e aproveitar quando nos eacute proporcionado bom tempo

A rota que vamos seguir natildeo eacute a mais utilizada eacute chamada rota dos trecircs cumes Esta rota eacute mais exigente fiacutesica e tecnicamente do que a rota do Goucircter No entanto com faacutecil acesso a partir do telefeacuterico da Aiguille du Midi este percurso tor-nou-se a segunda rota mais popular para esca-lar o Monte Branco O percurso inicia-se na Ai-guille du Midi seguindo pelo Col du Midi antes de subir o Monte Branco atraveacutes do Mont-Blanc du Tacul (4248m) e Maudit Mont (4465m) Esta rota requer condiccedilotildees estaacuteveis na neve do Mont Blanc du Tacul e Mont Maudit e tem uma eleva-ccedilatildeo acumulada de 1425m O refuacutegio Cosmiques estava lotado a nossa uacuteni-

- Es-taacutes nos Alpes

Natildeo vatildeo poder subir amanhatilde aproxi-ma-se uma tempestade

Mas tenho boas notiacutecias tens uma janela de bom tempo no dia seguinte

se quiserem apro-veitar

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Aventura

estaccedilatildeo do telefeacuterico da Aiguille du Midi Este telefeacuterico foi construiacutedo em 1955 e manteve o tiacutetulo de ser o mais alto do mundo durante duas deacutecadas Ele ainda deteacutem o recorde como o te-lefeacuterico com a ascensatildeo vertical mais alta no mundo de 1035 m para 3842 m Haacute duas se-ccedilotildees de Chamonix para o Plano de lAiguille a 2317 m e depois diretamente sem qualquer pi-lar de apoio para a estaccedilatildeo superior a 3777 m Apanhamos o uacuteltimo telefeacuterico do dia cerca de 20 minutos depois estaacutevamos no terraccedilo a tentar admirar as lindiacutessimas vistas que se tem deste local No entanto o mau tempo previsto estava certo e a visibilidade natildeo era mais de 20 m agrave nossa frente Estava desanimadiacutessima

- Como eacute possiacutevel daqui a poucas horas termos bom tempo para subir ndash Perguntei increacutedula- Estamos na montanha Luiacutesa a meteorologia muda rapidamente Temos que aguardar ndash Afir-mou Joatildeo calmo e confiante

Fomos procurar um local onde pudeacutessemos descansar ateacute agrave meia-noite hora marcada para a nossa partida O percurso eacute longo com bas-tante desniacutevel e na realidade o voo para Lisboa eacute amanhatilde Quando acordei o som dos ventos fortes que se faziam ouvir misteriosamente desaparece-ram Depois de comer e fazer a confirmaccedilatildeo do equipamento dirigimo-nos para a aresta que nos levaraacute ao Valleacute Blanche Foi com extrema curiosidade que me dirigi agrave saiacuteda Como esta-raacute o tempo A calma e tranquilidade que senti ao sair para o exterior foi-me trazida pela ma-ravilhosa paisagem que tinha agrave minha frente Afinal depois da tempestade vem a bonanccedila e a visatildeo deste vale imaculado sob um ceacuteu estre-lado sem ningueacutem sem pegadas sem luzes de frontais foi brutal Ao comeccedilar a descer a ares-ta conseguimos ver o refuacutegio Cosmiques ainda adormecido Fomos mesmo os primeiros a sair o que representa um privileacutegio por um lado e

No entanto o mau tempo pre-

visto estava certo e a visibilidade natildeo era mais de 20m agrave nossa frente Estava desa-

nimadiacutessima

Ainda foi longa a nossa caminhada sempre a encontrar forccedilas e energia onde quer que elas estivessem escondidas Paraacutevamos de vez em quando agrave espera da outra cordada de amigos e por fim cerca das 10h da manhatilde atingimos o cume Tento tirar fotos mas a maacutequina fotograacute-fica natildeo ajudou fiquei sem bateria Natildeo faltam maacutequinas para o fazer e depois de um breve descanso temos que iniciar a descida pela mes-ma rota Eacute uma descida que acaba por ter al-gumas subidas sendo por isso mais demorada Mas a alegria de ter cumprido o objetivo o dia tatildeo calmo e luminoso a companhia dos amigos supera qualquer tipo de cansaccedilo

Tive um sentimento de saudade ao chegar nova-mente ao Valleacute Blanche e olhar para traacutes para o trilho percorrido olhar aquele vale agora agrave luz do dia atravessado por tantas pegadas Olho de relance para a uacuteltima subida que nos falta fazer a aresta que nos levaraacute ao telefeacuterico na Aguille du Midi Faccedilo esta subida confiante como se ti-vesse deixado para traacutes todo o esforccedilo e cansaccedilo extremo desta maravilhosa aventura

Com grande pena natildeo pude comemorar em Chamonix nessa noite mas comemorei com imensa alegria ao reencontrar-me com a mi-nha famiacutelia orgulhosa de mim afinal estive no mesmo dia no cume do Monte Branco de manhatilde e agrave noite na minha cama quente e confortaacutevel em Lisboa oslash

Luiacutesa Tomeacute

Papa-Leacuteguaswwwpapa-leguascom

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Aventu

ra

um esforccedilo acrescido por outro Relembro a tra-vessia do glaciar do Tacul a ldquofazer trilhordquo o som dos campons na neve ecoava num ritmo proacute-prio pousava a minha bota no local exato onde o Joatildeo tinha feito a pegada como que num jogo em que quando falhava acrescia o esforccedilo que teria que fazer O som de passos intensifica-se temos mais madrugadores connosco Deixamo--los passar jaacute vimos a fazer trilho haacute bastante tempo eacute a vez de outros agora

Quando chegamos agrave ldquoparederdquo do Mont Blanc du Tacul jaacute temos algumas pessoas agrave espera para subir O sol ainda natildeo subiu para nos aquecer esperamos junto agraves cordas a nossa vez os peacutes comeccedilam a dar sinal de frio Iniciamos a subida os piolets e os crampons cravam-se certeiros no gelo a corda ajuda na subida Comeccedilo a ficar cansada e a hesitar paro por uns momentos sinto a boca seca o coraccedilatildeo a bater forte olho para cima jaacute natildeo falta muito - Piolet numa matildeo corda na outra sobe Luiacutesa ndash a voz do Heacutelder trouxe-me lucidez A energia que me faltava regressou Concentro-me e con-tinuo a subida pedaccedilos de gelo passam por noacutes arrancados aquela parede cheia de gente dese-josa de ultrapassar possivelmente o obstaacuteculo mais duro desta rota

O trilho continua pelo beliacutessimo Mont-Maudit apesar do seu nome O sol jaacute vai alto comeccedila a aquecer haacute que comeccedilar a tirar camadas Natildeo podemos desidratar Col de la Brenva um chaacute quente e uma bolacha Apetece ficar jaacute aqui as vistas satildeo surpreendentes Mas natildeo eacute este o nos-so objetivo vamos continuar a subir

Entrevista Diogo Miguel - (Oti-Estarreja)

ldquoO DEsPORTO EM PORTuGAL eacute uM EsPELhO DA sOCIEDADErdquo

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Entrevista

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Sabe acima de tudo as con-

diccedilotildees que temos e consegue olhar para o

resultado como sen-do bastante meri-

toacuterio

OutdOOr COmO eacute pOssiacutevel algueacutem COm-patibilizar a preparaccedilatildeO enquantO atleta de OrientaccedilatildeO de elite COm as exigecircnCias dum 6ordm anO dO CursO de medi-Cina

diOgO miguel O segredo reside sobretudo na motivaccedilatildeo Toda a gente consegue tirar um curso e fazer desporto e inclusivamente se gos-tar consegue treinar todos os dias Mas se esti-ver motivado o suficiente consegue levantar-se cedo para correr agraves seis da manhatilde estar na Fa-culdade agraves oito e meia sair agraves quatro da tarde e ir treinar outra vez estudar ateacute agraves dez da noite e dormir porque amanhatilde eacute outro dia Eacute preci-so estar-se motivado para abraccedilar esta vida durante o ano inteiro

Haacute quantO tempO eacute que as COisas satildeO levadas assimQuando comecei a fazer Orien-taccedilatildeo natildeo tinha grandes preo-cupaccedilotildees com o treino Durante os anos de faculdade jaacute treinava bastante a seacuterio mas foi haacute dois ou trecircs anos quando comecei a ser treinado pelo Professor Bruno Nazaacuterio que aumentei a carga de trei-no para o bi-diaacuterio A partir daiacute passei a ter o meu tempo totalmente ocupado Satildeo os estaacutegios do Curso o tempo de deslocaccedilatildeo para Hospitais da periferia uma tese para defender Este ano seraacute bastante mais exigente que os anteriores se calhar natildeo vou poder fazer treino bi-diaacuterio todos os dias como gostaria mas ainda assim vou pro-curar treinar duma forma o mais seacuteria possiacutevel e se natildeo puder fazecirc-lo na quantidade desejaacutevel pelo menos na qualidade espero consegui-lo

em 2007 COnquistOu a primeira grande medalHa da OrientaccedilatildeO pOrtuguesa aO sagrar-se CampeatildeO da eurOpa de JOvens

Chama-se Diogo Miguel e eacute aos 23 anos uma das referecircncias da Orientaccedilatildeo Pedestre nacio-nal Campeatildeo Europeu de Jovens em 2007 e Campeatildeo Nacional de Distacircncia Longa em 2009 e 2011 Diogo Miguel reparte o tempo entre a modalidade do seu coraccedilatildeo e as exigecircncias do curso de Medicina que abraccedilou haacute seis anos E foi precisamente por aiacute que a nossa conversa comeccedilou uma conversa onde passado presen-te e futuro se misturam e confundem numa teia de opccedilotildees direccedilotildees desafios e decisotildees Na Orientaccedilatildeo como na Vida

Por Joaquim Margarido

de sprint em eger na Hungria que me-moacuterias guarda dessa JOrnada Haacute CinCO anOs atraacutesGuardo sobretudo as memoacuterias e os amigos Na altura pensaacutemos que a visibilidade que este re-sultado poderia dar agrave Orientaccedilatildeo catapultasse a modalidade e possibilitasse a obtenccedilatildeo de mais apoios mas isso natildeo se veio a verificar pelo me-nos na medida daquilo que seria de esperar

esteve este anO nOs mundiais de lausan-ne COnseguindO O 33ordm lugar na Final a de distacircnCia lOnga que valOr atribui a este seu resultadOAtribuo-lhe um valor elevado ateacute porque foi a primeira vez em dez anos que um portuguecircs foi a uma final A de Distacircncia Longa Cheguei ao fim com a certeza de ter feito o meu melhor e se natildeo tivesse quebrado fisicamente teria fei-to melhor ainda Ou seja com outras condiccedilotildees de treino teria facilmente ficado entre os vinte e cinco primeiros Mas falta bastante cultura des-portiva agrave sociedade portuguesa em geral e se disser a algueacutem que natildeo estaacute familiarizado com a Orientaccedilatildeo que terminei em 33ordm num Campeo-nato do Mundo essa pessoa iraacute pensar ldquoesque-ce eacutes mau natildeo prestasrdquo Mas quem sabe como estas coisas funcionam sabe os sacrifiacutecios que temos que fazer Sabe acima de tudo as condi-ccedilotildees que temos e consegue olhar para o resulta-

do como sendo bastante meritoacuterio

temOs em pOrtugal O apOiO que deviacuteamOs Ou que mereCiacuteamOs

Natildeo Eacute bastante revoltante olhar para outros desportos como eacute o caso do Futebol e termos um Presidente que termina o man-dato agrave frente da Federaccedilatildeo e que se sente orgulhoso por ter deixa-

do um balanccedilo positivo nas contas de muitos milhotildees de euros Mas

satildeo estes precisamente que ainda assim continuam a receber milhotildees e

milhotildees do Instituto Portuguecircs do Desporto e Juventude enquanto outras modalidades lutam pela sobrevivecircncia Acho que somos claramen-te sub-apoiados O desporto em Portugal eacute um espelho da Sociedade Haacute os muito ricos e haacute os muito pobres Os ricos satildeo cada vez mais ricos e os pobres satildeo cada vez mais pobres Eacute a mesma coisa com o desporto

quandO OlHa para Os nOssOs JOvens que pOtenCialidades vecirc neles para COn-seguirem CHegar aOs lugares CimeirOs da OrientaccedilatildeO eurOpeia e mundialTemos alguns jovens com bastante valor prin-

OUTDOOR novembro_Dezembro 2012 37

cipalmente o Luiacutes Silva Trata-se dum atleta que tem um futuro brutal e acho que vai ser sem sombra de duacutevidas o melhor atleta portuguecircs dentro de muito pouco tempo Olhando de for-ma mais aprofundada para estes atletas eacute uma realidade que eles tecircm hoje melhores condiccedilotildees em relaccedilatildeo agravequilo que noacutes tiacutenhamos na altura Basta ver que os atletas jaacute se deslocam com al-guma frequecircncia ao terreno antes das grandes competiccedilotildees coisa que natildeo havia ateacute haacute muito pouco tempo atraacutes E depois haacute os estaacutegios de Seleccedilatildeo Mas deve reconhecer-se que lhes falta o treino fora da competiccedilatildeo Acho que falta al-gum espiacuterito de sacrifiacutecio no treino em casa que eacute o mais importante

o CLubE dE oriEntaccedilatildeo dE EstarrEJa Eacute dEsdE sEMprE o sEu CLubE quE signiFiCa-do tEM para si EstE EMbLEMa E Esta CaMi-soLa quE EnvErgaComecei na Orientaccedilatildeo aos 8 anos e a minha primeira experiecircncia foi no Desporto Escolar na minha terra Canelas uma pequena aldeia do Concelho de Estarreja A essa primeira pro-va seguiu-se uma ldquoQuinzena da Orientaccedilatildeordquo no veratildeo e nunca mais parei Haacute quinze anos que estou ligado a este clube e ele faz parte de mim Poderia dividir a minha vida em dois por um lado a parte profissional da Faculdade e por outro a Orientaccedilatildeo Por estranho que possa pa-recer a parte desportiva natildeo se encontra num plano inferior relativamente agrave parte profissio-nal Ambas as partes se complementam uma agrave outra Portanto a minha ligaccedilatildeo a este clube eacute muito grande satildeo muitos anos satildeo muitas pes-soas e ajudou-me a crescer

aos Miuacutedos quE agora datildeo os priMEiros passos quE ConsELhos dariaO conselho natildeo o daria aos miuacutedos se calhar da-va-o antes aos pais Tanto a escola como o des-porto andam muito ligados Se temos disciplina num acabamos por ter disciplina no outro Natildeo eacute por acaso se olharmos para os atletas de topo a niacutevel nacional todos eles satildeo excelentes es-tudantes e tecircm um futuro profissional bastante promissor Tudo parte de quem educa Eu tenho a sorte de ter uns pais que sempre me educaram bem e que sempre me deram o apoio necessaacuterio para conseguir fazer as duas coisas

E deixaria ainda um conselho mais aos pais o de virem fazer uma prova de Orientaccedilatildeo com os seus filhos Uma das grandes vantagens da Orientaccedilatildeo eacute ser para aleacutem do ldquodesporto da flo-restardquo o ldquodesporto da famiacuteliardquo

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EntrevistaConsidEra quE Esta EacutepoCa CorrEu dE aCordo CoM as suas ExpECtativasNa verdade digamos que a eacutepoca estaacute quase agrave beira de comeccedilar Depois do Campeonato do Mundo tirei mais tempo do que era habitual para descansar e tenho estado a fazer pratica-mente soacute manutenccedilatildeo A eacutepoca teve alguns per-calccedilos comecei a treinar na Repuacuteblica Checa e apesar de ter feito muito treino com mapa devi-do agraves questotildees climateacutericas e agraves poucas horas de luz acabei por ter uma carga de treino aqueacutem do desejaacutevel Depois de regressar a Portugal estava a treinar bem mas tive um percalccedilo e lesionei--me num peacute o que me obrigou a uma paragem de um mecircs Isso fez-me perder muito da minha boa forma e acredito que se natildeo fosse isso po-

deria ter chegado muito melhor ao Campeonato do Mundo e aiacute o resultado poderia ter sido outro Apesar de tudo os resultados acabaram por ser bem melhores do que estaria agrave espera

o obJEtivo a Curto praZo passa pELo tiacute-tuLo naCionaL absoLutoPor acaso esse eacute um tiacutetulo que nunca alcancei Vou comeccedilar a treinar a seacuterio para chegar nas melhores condiccedilotildees ao Campeonato Nacional Absoluto e esse vai ser um bom teste O objetivo eacute estar laacute para ganhar

Quanto agrave proacutexima eacutepoca espero apresentar-me agraves provas em melhor forma do que este ano e que os bons resultados possam aparecer oslash

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ofereccedila um garmin DeSemBruLHara caixa Seraacute Soacute o princiacutepio

este natal ofereccedila emoccedilotildees aventuras para quem viaja ou para os que correm para os que navegam no mar ou escalam montanhas Para os nadadores ou golfistas este natal ofereccedila um garmin

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ORIENTACcedilatildeOhellip DEsPORTO NA NATuREzA

Parque nacional torres del Paine Chile

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Cinco satildeo os sentidos estaacute nos manuais neles reside a possi-bilidade de um maior ou menor contacto da pessoa com aquilo que a rodeia Haacute ainda o sexto sentido aquela perceccedilatildeo extra--sensorial que parece ser mais propriedade das mulheres do que dos homens e que nas con-ceccedilotildees ocultistas estaraacute tam-beacutem sedeado num oacutergatildeo do nosso corpo Figurada ou ob-jetivamente eacute bom que todos eles ndash sem exceccedilatildeo - estejam suficientemente desenvolvi-dos sem isso natildeo haacute sentido de orientaccedilatildeo que aguente

A Orientaccedilatildeo eacute um Desporto recente em Portugal mas tem jaacute mais de 100 anos de existecircncia

enquanto desporto organi-zado Com efeito teraacute sido em Bergen - Noruega no ano de 1897 que se organizou a pri-meira atividade desportiva de Orientaccedilatildeo Os paiacuteses noacuterdicos satildeo ainda hoje aqueles onde a modalidade tem maior implan-taccedilatildeo mobilizando um nuacutemero de praticantes que coloca a

Orientaccedilatildeo entre os cinco des-portos com mais adeptos na Escandinaacutevia A maior prova do mundo realiza-se anual-mente na Sueacutecia os 5 dias da Sueacutecia com um nuacutemero de participantes que jaacute atingiu os 25000

Durante o seacutec XX a modali-dade foi evoluindo ateacute agrave criaccedilatildeo da Federaccedilatildeo Internacional de Orientaccedilatildeo (IOF) que fes-tejou em 2012 o 51ordm aniversaacuterio e veio normalizar mundial-mente as regras competitivas as normas para elaboraccedilatildeo dos mapas e as sinaleacuteticas a usar A Orientaccedilatildeo eacute praticada em quatro disciplinas diferentes Orientaccedilatildeo Pedestre Orien-taccedilatildeo em BTT Orientaccedilatildeo em Ski e Orientaccedilatildeo de Precisatildeo (Orientaccedilatildeo prioritariamente para deficientes motores)

Portugal tem marcado pontos na Orientaccedilatildeo para o desporto adaptado lanccedilando em 2012 a Taccedila de Portugal de Orientaccedilatildeo de Precisatildeo e criando um cir-cuito de Orientaccedilatildeo adaptada vocacionado prioritariamente para a deficiecircncia intelectual e

crianccedilas em idade preacute-escolar que eacute uacutenico no Mundo e que estaacute a ser jaacute implementado pela Espanha

o quE EacutePodemos dizer que a Orien-taccedilatildeo eacute um desporto completo Haacute o aspeto fiacutesico o treino no campo que se aproxima do treino dum atleta de fundo E haacute o aspeto mental que de-sempenha um papel funda-mental a leitura dos mapas o contra-reloacutegiohellip Eacute tambeacutem o desporto de natureza por exce-lecircncia Os orientistas saem dos trilhos balizados para pene-trarem no coraccedilatildeo da floresta Cada dia eacute uma nova aven-tura Daquele que se inicia na Orientaccedilatildeo ao mais consagrado dos praticantes haacute todo um mesmo espiacuterito de liberdade de fazer a sua proacutepria escolha do melhor itineraacuterio No Atle-tismo por exemplo a volta agrave pista teraacute sempre 400 metros quer seja aqui ou no Japatildeo Na Orientaccedilatildeo esta noccedilatildeo de dis-tacircncia tem muito pouco signi-ficado Tanto se pode fazer 10 quiloacutemetros numa hora e meia como em quarenta minutos E

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depois nunca existem duas florestas iguais Eacute o eterno recomeccedilo Na Austraacutelia ou na Suiacuteccedila no Japatildeo ou na Escandinaacutevia eacute necessaacuterio uma adaptaccedilatildeo a cada local natildeo haacute lugar a repeti-ccedilotildeeshellip

Cada corredor possui uma buacutessola e um mapa que contrariamente a um mapa normal conteacutem uma enorme diversidade de detalhes acerca dos seus elementos caracteriacutesticos (relevo do ter-reno vegetaccedilatildeo caminhos elementos rochosos construccedilotildees e muito mais) Os mapas satildeo rea-lizados segundo as normas especiacuteficas da Fede-raccedilatildeo Internacional de Orientaccedilatildeo que tem sede na Finlacircndia Aleacutem da legenda sobre os siacutembolos nele representados existe ainda uma sinaleacutetica

proacutepria que tem a ver com o percurso que o praticante vai realizar nesse evento e que eacute uma linguagem uni-versal

A partir do momento em que se potildee em marcha o cronoacutemetro o orientista deve efe-tuar o seu percurso que eacute marcado no mapa e que eacute cons-tituiacutedo por uma par-tida (representada por um triacircngulo) uma seacuterie de pontos de

passagem obrigatoacuterios (representados por ciacuter-culos) e a chegada (representada no mapa por dois ciacuterculos concecircntricos) Estes pontos satildeo materializados no terreno sob a forma de um prisma triangular denominado por baliza e a passagem deve ser validada por um sistema de ldquopicotagemrdquo manual ou eletroacutenica O objetivo consiste em fazer o percurso na sequecircncia in-dicada o mais rapidamente possiacutevel Mas entre cada ponto de passagem a escolha do itineraacuterio fica ao criteacuterio de cada um

O percurso em linha reta evidentemente nem sempre eacute o mais raacutepido Eacute necessaacuterio jogar com as inflexotildees do terreno os lagos os muros e outros acidenteshellip O tempo gasto a percorrer o traccedilado da corrida depende sobretudo do meio sobre o qual a mesma se desenrola Em terrenos como na Escandinaacutevia onde o relevo eacute mais duro numa mesma distacircncia poderemos gastar quase o dobro do tempo que gastariacuteamos num terreno plano e sem o mesmo tipo de obs-taacuteculos

Por Terra

OUTDOOR Novembro_Dezembro 2012 43

O conhecimento do relevo eacute a parte mais difiacutecil Eacute neces-saacuterio aprender a imaginar um terreno a trecircs dimensotildees sobre o mapa Claro que natildeo eacute apenas isto Para quem tem mais dificuldade em possuir a visatildeo a trecircs dimensotildees esta in-suficiecircncia pode ser compensada com outras qualidades nomeada-mente a atenccedilatildeo Mas nem todos pos-suem igualmente esta capacidade mental Como na generalidade dos desportos eacute neces-saacuteria uma longa aprendizagem onde o treino teacutecnico a vivecircncia de situaccedilotildees mais variadas e o nuacutemero de florestas ldquovisitadasrdquo desempe-nham um papel fundamental Eacute agrave medida que o tempo passa que o orientista aprende a adaptar o seu comportamento a reagir cada vez mais rapidamente e a encontrar as melhores opccedilotildeesO desporto natildeo eacute muito mediatizado e o espiacute-rito da Orientaccedilatildeo eacute o de permanecer livre Eacute um desporto ainda preservado de certas po-leacutemicas ldquodopingrdquo e outros malabarismos daiacute que muitos orientistas digam que natildeo seja mau de todo que ele permaneccedila ldquoconfidencialrdquo

Grandes Competiccedilotildees em 2013

Em 2013 as grandes competiccedilotildees internacio-nais onde Portugal vai querer estar presente

satildeo as seguintes

- Campeonato do Mundo de Juacuteniores ndash Repuacuteblica Checa (29jun-06 de julho) wwwjwoc2013cz

- Campeonato do Mundo Elite ndash Finlacircndia (07-14 jul)

wwwwoc2013fi- Campeonato do Mundo ve-

teranos ndash Itaacutelia (02-10 ago) wwwwmoc2013it

- Campeonato da Europa de Jovens ndash Israel (03 de novembro) wwweyoc2013org

portuGal na alta roda Mas Portugal vai ter brevemente grandes desa-fios pela frente- Em 2013 organiza uma etapa da Taccedila do Mundo de seacuteniores e o Campeonato do Mundo de Vete-ranos de Orientaccedilatildeo em BTT - Costa Alentejana entre 09 e 13 de outubro- Em 2014 organiza em Palmela de 9-14 de abril e em paralelo o Campeonato da Europa de Orientaccedilatildeo Pedestre e o Campeonato da Eu-ropa de Orientaccedilatildeo de Precisatildeo wwweoc2014fpopt

Carnaval o ponto alto Desde 1996 que Portugal realiza a sua prova ra-inha que atrai os melhores especialistas a Por-

Eacute um desporto ainda

preservado de certas poleacutemicas ldquodopingrdquo e outros malabarismos

daiacute que muitos orientistas digam que natildeo seja mau de todo que ele perma-

neccedila ldquoconfiden-cialrdquo

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Por Terratugal Eacute O Portugal Orsquo Meeting que desde 2000 se realiza no Carnaval com a duraccedilatildeo de 4 dias e pontuaacutevel para a liga Mundial de orientaccedilatildeo pedestre nos percursos de Elite Em 2013 Por-tugal vai receber pela primeira vez trecircs eventos pontuaacuteveis para a Liga Mundial02 e 03 de fevereiro ndash Norte Alentejano Orsquo Mee-ting ndash Nisa (wwwnaompt)09ndash12 de fevereiro ndash Portugal Orsquo Meeting ndash Idanha-a-nova (wwwpompt)16 e 17 de fevereiro ndash XIV Meeting de Orien-taccedilatildeo do Centro ndash Pombal (wwwcocpteventos16fev2013)

OrientaccedilatildeO muitO mais dO que um despOr-tOOlhando para a modalidade de uma forma mais transversal podemos enquadraacute-la aleacutem de mo-dalidade desportiva com aacutereas como o Ambien-te a Educaccedilatildeo e as Novas Tecnologias As qua-tro vertentes atraacutes enunciadas reunidas numa soacute tem a ver tambeacutem com solidariedade

Ambiente porque a Orientaccedilatildeo eacute o ldquoDesporto da Florestardquo fazendo de cada praticante um guardiatildeo e um amigo de tatildeo valioso patrimoacutenio Educaccedilatildeo porque eacute uma modalidade onde se aglutinam mateacuterias tatildeo nucleares como a Ma-temaacutetica ou a Geografia e se desenvolvem com-petecircncias como a capacidade de interpretaccedilatildeo ou o poder de decisatildeo por isso ser considerada prioritaacuteria para o Desporto Escolar Novas Tec-nologias porque eacute das modalidades que mais depende dos Meios Informaacuteticos a todos os niacute-veis do controlo de tempos agrave cartografia mais desenvolvida que existe Desporto porque pro-move a atividade fiacutesica e a Sauacutede dirigindo-se de igual forma agravequeles que individualmente a praticam ao niacutevel da alta competiccedilatildeo como agraves crianccedilas ou agraves famiacutelias que vecircm nela uma forma

de promover o seu bem estar fiacutesico e reforccedilar os laccedilos de amizade e convivialidade

E solidariedade porque vive da forccedila que projeta nos seus praticantes

trabalhando desinteressadamente em prol da modalidade em prol do paiacutes

Porque a Orientaccedilatildeo eacute Ambiente eacute Educaccedilatildeo satildeo Novas Tecnolo-gias eacute Desporto Porque a Orien-

taccedilatildeo gera Riqueza e gera Sauacutede Porque a Orientaccedilatildeo eacute de todos e

para todos Interessa a todos Inte-ressa ao Paiacutes Daiacute que eacute urgente que

todos venham experimentar e que descu-bram as belezas deste Paiacutes de mapa na matildeo oslash

Fernando Costa e Joaquim margarido

Olhando para a modali-

dade de uma forma mais transversal po-

demos enquadraacute-la aleacutem de modalidade desportiva

com aacutereas como o Am-biente a Educaccedilatildeo e

as Novas Tecnolo-gias

APLICACcedilAtildeO GRATUITA BREVEMENTE DISPONIacuteVEL

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Setembro_Outubro 2011 OUTDOOR138

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16 Janeiro_Fevereiro 2012 OUTDOOR

Em Famiacutelia

A ROTA DA AacuteGuAPOR LIsBOA

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Ati

vida

deEm

Fam

iacuteliaC

omo proposta para um passeio em famiacutelia e adequado desde os mais novos ateacute aos mais grauacutedos suge-rimos uma visita guiada ao Palaacutecio Marquecircs da Fronteira e o passeio

pedestre Rota da Aacutegua no Parque Florestal de Monsanto em Lisboa

Quem jaacute olhou e passou por debaixo do aquedu-to das Aacuteguas Livres em Lisboa e pensouhellipquem me dera poder subir e saber todos os seus recan-tos histoacuterias e lendas

Neste passeio vai ter acesso a um percurso de 8 km com direito a perguntas e respostas sobre este monumento que nos envolve com a sua grandiosidade e beleza

Porque eacute cedo que comeccedila o dia a hora de en-contro eacute pelas 9h30 no estacionamento em fren-te ao Palaacutecio Marquecircs e Fronteira no largo Satildeo Domingos de Benfica em Lisboa

O palaacutecio foi construiacutedo em 1640 para o pri-meiro Marquecircs de Fronteira D Joatildeo de Mas-carenhas heroacutei da Guerra da Restauraccedilatildeo Este bonito Palaacutecio situa-se agrave beira do Parque Flores-tal de Monsanto no Largo de Satildeo Domingos de Benfica

O Palaacutecio foi ampliado no seacuteculo XVIII em estilo laquorocailleraquo e continua a ser atualmente residecircn-cia dos 12ordm Marquecircs de Fronteira sendo contudo possiacutevel visitar algumas das salas a biblioteca e o jardimO interior eacute igualmente rico destacando-se a Sala das Batalhas que contem belos paineacuteis e azulejos com cenas da Guerra da Restauraccedilatildeo trecircs grandes janelas que se abrem sobre o Jar-dim de Veacutenus e a Sala da Jantar adornada com frescos de retratos da nobreza portuguesaA Capela de finais do seacuteculo XVI conta no seu interior com um preseacutepio cuja autoria eacute atribuiacute-da a Machado de Castro As visitas aos sumptuosos Jardins ldquoagrave italianardquo comeccedilam no terraccedilo da capela com destaque para o Jardim de Veacutenus e o Jardim Formal do seacuteculo XVII onde pontifica a Galeria dos ReisPara completar o passeio iremos conhecer a Rota da AacuteguahellipA Rota da Aacutegua tem 8 km e atravessa uma seacuterie de espaccedilos recreativos e de lazer entre eles o Parque Recreativo do Alto da Serafina o Espa-ccedilo Monsanto Parque da Pedra Parque do Ca-lhau e Mata S Domingos de Benfica O traccedilado do Aqueduto das Aacuteguas Livres acompanha uma parte da rota

O programa comeccedila com uma visita guiada ao Palaacutecio Marquecircs da Fronteira aacutes 10h O passeio pedestre teraacute iniacutecio por volta das 11h30mNatildeo percam este passeio de grande interesse natural histoacuterico-cultural e fotograacutefico oslash

Local de encontro No estacionamento em frente ao Palaacutecio Marquecircs e Fronteira Hora de encontro 9h30m Hora de iniacutecio do pro-grama 10h Percurso Circular Distacircncia 8 km Grau de dificuldade FaacutecilHora prevista do final do programa 14h30m (inclui paragem para descanso e comer) Ponto de encontro Morada Largo de S Domingos de Benfica 1 - 1500-554 Lisboa GPS N 38ordm 44 2503 W 9ordm 10 496 Em alternativa o local de encontro pode ser no Lu-miar em frente ao supermercado Europa agraves9h GPS 38773763-9160421 Ou em Sete Rios agraves 9h15m em frente ao ZOO Haacute possibilidade de boleia para quem necessitar Quem tiver boleia para oferecer agradeccedilo que me avise e indique local de partida Preccedilo do programa 10 euroA atividade estaacute coberta por seguroRecomendaccedilotildees - Uso de calccedilado confortaacutevel e com boa aderecircncia aos solos proacuteprio para caminhadas - Uso de vestuaacute-rio adequado ao tempo - Alimentaccedilatildeo trazer farnel e aacutegua - Trazer chapeacuteu e protetor solar - Natildeo se afastar do grupo - Deixar o lixo nos locais apropriados - Respeitar a vida selvagem e natildeo perturbar a tran-quilidade local - Respeitar a propriedade privada e os campos cul-tivados

Um programa Caminhos com Carisma lda

ContactosE-mail caminhoscomcarismagmailcom Telefone 914 907 446 967 055 233

ficha teacutecnica

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Tipo Expediccedilatildeo no DesertoGrau de dificuldade Moderado 1012km diaacuterios aproximadamente 4 horas de caminhadaCaracteriacutesticas8 dias 7 noites6 dias de expediccedilatildeoPuacuteblico-alvo Adequado a crianccedilas gt 8 anos(transporte em dromedaacuterio)Proacuteximas datas 26 de dezembro de 2012 a 2 janeiro de 2013Programa previstoDia 1 Viagem para Marrakech e transfer para riad no centro Noite em RiadDia 2 Viagem de Marrakech para Zagora em viatura exclusiva para o grupoDia 3 Dunas Bougayoirn -gt Dunas Tridi Dia 4 Tridi -gt erg (duna) EssahelDia 5 Erg Essahel -gt Dunas de LanithieDia 6 Dunas de Lanithie -gt Ouled DrissDia 7 Dunas de Lanithie -gt Ouled DrissDia 8 Marrakech e regresso

Equipamento obrigatoacuterioMochila pequena cantil (ou similar)Saco de viagem (maacutex 60Lt e 10kg) para transportar no dromedaacuterioSaco camaFrontal ou lanternaOacuteculos escuros chapeacuteu e protetor solarRoupas confortaacuteveis para caminhadaImpermeaacutevelAgasalho noturnoBaacutesicos de higiene (incluir toalha pequena e ligeira e produtos biodegradaacuteveis papel higieacutenico e saco chinelos)1ordms socorros pessoais que devem incluir anti mosqui-to e anti diarreicoPara as Senhoras ndash calccedilas compridas para atravessar algumas aldeias

Equipamento RecomendadoMaacutequina Fotograacutefica Sticks de Caminhada Calccedilado confortaacutevel e desportivo (uso recomendado)

Nuacutemero miacutenimo 6 pessoas (preccedilo sob consulta para grupos de nuacutemero inferior)

Preccedilo Desde 799euro | + 50euro (suplemento single em Marrakech)

Mais informaccedilotildees aquiUm Programa Caminhos da Natureza oslash

DEsERToDUNas E oaacutesis

Tipo de percurso NaturezaTrekkingGrau de dificuldade MeacutedioAltoCaracteriacutesticas8 dias 7 noitesProacuteximas datas 26 de dezembro de 2012 a 2 janeiro de 2013

Marrocos eacute um paiacutes lindiacutessimo que por estar tatildeo perto e ser tatildeo exoacutetico merece uma visitaNesta viagem propomos mais que uma visita sugeri-mos uma aventura de vaacuterios dias a peacute a acompanhar uma caravana de camelos Iraacute atravessar planaltos e desertos descansar agrave som-bra de oaacutesis e dormir sobre as estrelas beber chaacute na companhia de Berberes e ouvir as suas histoacuterias Per-correremos caminhos antigos de caravanserais que acompanham rios e dunas Para no fim saborearmos um merecido descanso na magia do deserto Aproveite este fim de ano para comemorar em boa companhia e num cenaacuterio exoacutetico e inesqueciacutevel a entrada do novo ano e para conhecer ou regressar a este maravilhoso paiacutes

Programa previstoDia 1 Voo cidade de origem - MarrakechDia 2 Marrakech - ZagoraDia 3 Beni Ali - Oaacutesis de Foum TaqquatDia 4 Oaacutesis de Foum Taggat ndash Dunas de Nesrate ndash Ksar Ait IsfoulDia 5 Oaacutesis e dunas de Nesrate ndash Zaouiat Sidi Saleh ndash Duna de TidiriDia 6 Dunas de Tidiri ndash Oaacutesis e dunas de Ragabi ndash Dunas Erg LihoudiDia 7 Viagem para MarrakechDia 8 Voo Marrakech - cidade de origem

Preccedilo 580euro (Preccedilo Terra) | Desde 350euro (Preccedilo voo) + Suplemento ind Marrakech 50 euro

Mais informaccedilotildees aquiUm Programa Papa-Leacuteguas oslash

TREkkiNG No DEsERTo

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dia 1 - 28ago12 keflavik- selfoss ndash 112 kmNoacutes movemo-nos como este vento que corre li-vremente por este paiacutes gelado Tatildeo a sul quanto eacute possiacutevel nesta latitude percorremos a estrada da costa expostos a um inquietante e impressio-nante vento que nos derrubou por diversas ve-zes Ele natildeo deixa saudades apenas ficam mar-cas e recordaccedilotildees Por momentos sentimo-nos transportados para o outro extremo do mundo na Patagoacutenia onde os 8 meses que separam es-tas 2 aventuras natildeo chegam para tirar do corpo o desconforto que nos provocou

Por todo o lado nota-se a natureza intocada com pouca vegetaccedilatildeo os tons escuros dos solos vulcacircnicos e muitas rochas de lava cobertas de musgo O momento do dia foi junto da Blue La-goonl um dos pontos mais turiacutesticos da Islacircndia

Pedalar por um sonho agraves portas do Ciacuterculo Polar Aacutertico

Para os sonhos serem realizados eacute preciso al-gueacutem que acredite A nossa viagem agrave Islacircndia foi alimentada pela vontade de ajudar 2 crianccedilas a concretizar 2 sonhos em conjunto com a Ins-tituiccedilatildeo terra dos sonhos porque um sorriso vale tudo

Durante 3 semanas pedalaacutemos no nosso mundo de sonhos e a cada pedalada recebemos sorri-sos em troca

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Para muita gente

viajar significa ir ao encontro daquilo

que procuram Noacutes que viajamos com a bicicleta e em autonomia sabemos

que o destino estaacute traccedilado mas eacute

incerto

dia 2 - 29ago12 selfoss-selfoss Atraacutes das montanhas em busca do Circulo de Ouro 95 km Hoje o dia foi programado para viajarmos sem bagagem Era uma volta circular que nos leva-va para laacute das montanhas ateacute agrave fenda onde a Islacircn-dia se equilibra

No parque nacional de Thingvellir vivemos alguns dos mais conhecidos fenoacutemenos naturais desta ilha Aqui eacute o local onde se separam as placas tectoacute-nicas americana e euroasiaacutetica criando uma fenda que se afasta 2cm por ano

dia 3 - 30ago12 selfoss-Laugarvatn-gey-sir-gullfoss-Fludir-Aacuternes 140 kmPercebemos agora porque chamam ciacuterculo de Ouro ao Geysir e agrave cascata Gullfoss O turismo mais va-lioso chega em inuacutemeros autocarros e viaturas 4X4 equipadas com rodas ldquoextra sizerdquo

Natildeo eacute preciso chegar a este local para sentir os cheiros que os vapores emanam do subsolo Em povoaccedilotildees com pouco mais de 4 casas eacute possiacutevel ver-se a terra em plena atividade diante dos nossos olhos e sentir-mo-nos convidados a ocupar todo o espaccedilo aquecido

Laugarvatn Fludir ou Aacuternes todas estatildeo num terri-toacuterio maacutegico onde o tamanho natildeo conta e os limites que existem satildeo impostos pela nossa imaginaccedilatildeoEstas aldeias natildeo brilham mas valem ouro Ainda estamos a 20 quiloacutemetros do destino mas jaacute passa-ram mais de 10h desde que saiacutemos Eacute tarde e natildeo vamos ter tempo para recuperar e enfrentar 4 dias de total isolamento por uma estrada de montanha que atravessa 2 glaciares

A ementa para tantos dias corre velozmente na mi-nha mente Compramos tudo o que julgamos vir a precisar mas antes percorro corredores vasculho prateleiras tenho hesitaccedilotildeeshellipCalamos o medo e pegamos na bicicleta

dia 4 - 01 set12 Aacuternes ndash highland center 70kmDamos hoje a primeira pedalada de aproximada-mente 300 quiloacutemetros em direccedilatildeo ao centro da Terra as highlands

Para muita gente viajar significa ir ao encontro da-quilo que procuram Noacutes que viajamos com a bici-cleta e em autonomia sabemos que o destino estaacute traccedilado mas eacute incerto O encontro com o inesperado eacute muitas vezes algo que acontece com frequecircnciaFoi uma noite mal dormida devido agrave ansiedade e ao risco do que nos propunhamos fazer Sabemos que a cada quiloacutemetro que andamos comeccedila uma nova aventura

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Natildeo podiacuteamos esperar mais Saiacute-mos do Youth hostel debaixo de chuva tendo como esperanccedila al-guma falha nas previsotildees meteo-roacutegicas para as horas seguintes Insiacutepidos e molhados desde cedo buscamos abrigo no highland center

dia 4 - 02set12 highland center ndash nyidalur hut 110km Toda a ilha eacute uma zona livre de stress Quando percorremos a fantasmagoacuterica Sprengisadur route (F26) percebemos que es-tamos livres de tudo ateacute do nosso juiacutezo A nossa ambiccedilatildeo quando tracaacutemos esta rota era atraves-saacutermos o paiacutes de sul para norte e passarmos entre os glaciares Holsjokul e VatnajokullA natureza pode ser simulta-neamente dura delicada e cruel como foi ontem mas foi genero-sa connosco hoje ao permitir-nos ver a paisagem de cascalho solto nua sempre do mesmo tom cas-tanho escuro

O silecircncio ganhou espaccedilo ateacute ao momento em que conseguimos chegar ao abrigo de montanha (hut)

dia 5 - 03set12 - nyida-lur hut ndash rest dayNem pensar em cruzar a precio-sa porta do abrigo Laacute fora estaacute tudo muito branco e diferente daquilo a que estamos habitua-dos e por isso mantivemo-nos no hut de Nyidalur (na base do vulcatildeo Tungnfell) durante 2 noi-tes por seguranccedila O fogatildeo estaacute sempre aceso e tem uma enorme panela com aacutegua pronta a aque-cer quem chegue

Para que possamos variar do esparguete e noodles (jaacute natildeo haacute muito) vamos tentar fazer patildeo O resultado da nossa experiecircncia a juntar ingredientes com nomes impronunciaacuteveis em que iacuteamos provando para perceber o que era deu num cruzamento entre o patildeo e o rissol O duo de motards que dividiam o hut connosco re-petiram Significa que inventaacute-mos mais um pastel falta soacute dar um nomehellipO Ranger do Parque Nacional acaba de chegar ao hut e veio confirmar que somos mesmo malucos por estarmos nas high-lands nesta eacutepoca Aleacutem disso avisou que vai haver tempestade para esta noite e amanhatilde

dia 6 - 04set12 - nyidalur hut- rest dayLaacute fora estatildeo 0ordmC e as bicicletas encostadas imoacuteveis sujeitas a mais um teste de resistecircncia O nosso passatempo eacute assar ba-tatas ver quem passa e a forma como transpotildeem o rio A nossa vez de partir vai chegar ainda natildeo sabemos eacute quando Para jaacute passa a 3ordf noitehellip

dia 7 - 05set12 - nyidalur hut ndash Laugar 129kmO som do vento acorda-nos mui-to cedo e era semelhante ao do dia anterior Se a direccedilatildeo se man-tivesse de norte significava mais um dia perdido Inquieto dirijo--me ateacute agrave janela para observar o uacutenico ponto de referecircncia no ex-terior uma bandeira chicoteada pelo vento vindo de sulEstava dado o sinal de partida para mais do que uma maratona nas highlands Ao longo do ca-minho a neve mantinha-se por vastas aacutereas e o vento empur-rava-nos ao mesmo tempo que nos congelava as extremidades e queimava a pele

Foi uma benccedilatildeo a ajuda do Ran-ger para transpormos 2 rios em

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seguranccedila sem nunca nos molharmos A aacutegua que noacutes e os islandeses bebem vem de rios como estes sem qualquer tipo de tratamento

DIA 8 - 06set12 Laugar ndash Lago Myvatn- Lau-gar 85 kmFoi tanta a privaccedilatildeo nos dias anteriores que hoje sonhaacutemos com o pequeno almoccedilo que teriacuteamos pela manhatilde antes de nos deslocarmos para o Lago Myvatn Este lago imenso e a aacuterea envolvente satildeo um dos grandes tesouros europeus Durante a nossa volta circular toda a paisagem eacute surreal Lava fumo a sair da terra crateras aacutegua e montanhas vulcacircnicas

Haacute muitos dias que transportamos os fatos de ba-nho na pequena mochila que vai agraves costas na es-peranccedila de um banho quente em qualquer charco inesperado Hoje tivemos o nosso primeiro hot pot Eles satildeo um must nesta regiatildeo (eacute como estar num jacuzzi no meio da rua com um cenaacuterio deslum-brante)

DIA 9 - 07set12 Laugar ndash Akureyri 67kmIsto de pedalar com vento natildeo tem graccedila nenhu-ma especialmente porque natildeo se consegue ter mo-

mentos de contemplaccedilatildeo parados Em dias assim eu sou a ponta da flecha que abre uma fissura no vento e permite que a Filomena possa andar na roda Acabar eacute uma vitoacuteria mas natildeo existe gloacuteria quando se chega ao fimAkureyri eacute a capital do norte e a 2ordf cidade maior do paiacutes com 18000 habitantes civilizaccedilatildeo situada num fiorde rodeado de cumes nevados uma escolha acertada para ficar um dia a descansar

DIA 10 - 09set12 Akureyri- Varmahliacuteo 95 kmMesmo a pedalar sobre a Route 1 os grandes hori-zontes continuam a fazer parte desta viagem An-damos pelos vales e seguimos os cursos dos rios alimentados pelas aacuteguas que escorrem incessante-mente das arribas que nos flanqueiamPodia afirmar que estou eufoacuterico diante das infini-tas possibilidades que tenho pela frente mas natildeo estou Novo aviso de tempestade acompanhada de ventos fortes (23 ms) natildeo convida a grandes aven-turas

Por hoje natildeo precisamos de nos preocupar esta-mos bem abrigados numa quinta na aldeia de Var-mahliacuteeth com 130 pessoas

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DIA 11 -10set12 Varmahliacuteo ndash Rest dayParece que o inverno veio todo num soacute dia e pintou tudo de branco O supermercado estaacute a 300 metros mas eacute como se fosse uma miragem Temos mais um dia de paragem forccediladaO nevatildeo ganha cada vez mais terreno agrave medida que as horas avanccedilam A estrada estaacute interdita agrave maio-ria dos veiacuteculos e por precauccedilatildeo as pessoas satildeo aconselhadas a procurar alojamentoEm pouco tempo a senhora Inda de 81 anos que haacute poucas horas parecia ter uma vida pacata a co-chilar no seu sofaacute mostrou-nos como eacute uma ver-dadeira mulher do norte Enquanto nos convidava para um lanche com bolos caseiros mostrava or-gulhosamente os aacutelbuns de famiacutelia recebia os tu-ristas que iam chegando e quando a lotaccedilatildeo esgo-tou pegou no seu jeep e conduzia estrada fora para os ir alojar

DIA 12- 1set12 Varmahliacuteo ndash Saeberg (hostel) 15kmEsta aventura jaacute foi longe demais Temos metade da quilometragem que planeaacutemos centenas de peripeacutecias e riscos incalculados e soacute nos apetece chegar agrave capital Laacute fora tudo continua branco e a abanar no entanto existe a necessidade de arran-car Estamos confiantes nas previsotildees para o dia de hoje mesmo quando aquilo que vemos natildeo inspira confianccedila

Comeccedila a nevar comeccedila a montanhahellipVaacuterios car-ros estatildeo soterrados nas bermas os flocos voam magoam as faces e a subida ainda vai no iniacutecio Me-tro a metro vamos quebrando o gelo Quem passa tira fotografias e fica increacutedulo Noacutes tambeacutem Natildeo sabemos como equilibrar as 2 rodas perante esta manifestaccedilatildeo da natureza As equipas de emergecircn-cia patrulham a aacuterea e noacutes fazemos ldquolikerdquo sem nos apercebermos que as descidas se tornariam autecircn-ticos escorregasPedimos ajuda e somos resgatados ateacute ao nosso destino Estaacute um sol maravilhoso e as vistas satildeo lindas A vida eacute tatildeo bela porque seraacute que ando de bicicleta em siacutetios tatildeo difiacuteceisPronto Depois de 1h dentro do hot pot percebe-mos porque natildeo ficamos em casa Casa eacute onde estaacute o nosso coraccedilatildeo

DIA 13 - 12 e 13 set12 Saeberg ndash Borgarnes ndash Reykjavik 226kmsEstamos a oeste mas o nosso sentido eacute cada vez seguir para mais perto do nosso ponto inicial O isolamento e a ausecircncia da matildeo humana con-tinuam a ser uma das grandes referecircncias deste paiacutes Os horizontes ateacute Borgarnes perdem a cor e parecem-se com tantos outros que jaacute vimos noutros lugaresReykjavik natildeo estaacute isolada natildeo estaacute no topo de uma

montanha e nem sequer haacute nada de extremo nesta cidade

DIA 14 - 14 set12 Reykjavik ndash Rest dayA capital natildeo nos cativa eacute exageradamente cara e parece viver soacute de noite

DIA 15 - 15 set12 Reykjavik ndash Keflavik 49kmFelizmente que as imagens que estamos a ver e que satildeo iguais ao primeiro dia representam ape-nas uma pequena amostra deste paiacutes Natildeo haacute aacutervo-res natildeo haacute rios natildeo haacute vales apenas uma rugosa paisagem lunar fruto da forte atividade vulcacircnica nesta peniacutensula

Ateacute ao aeroporto jaacute natildeo contamos observar nada daquilo que enche as brochuras e panfletos que se podem encontrar e consultar espalhados por qual-quer parte desta linda ilha Resta-nos pedalar

EPIacuteLOGO Natildeo satildeo os nuacutemeros que fazem uma via-gem de SONHO Os quiloacutemetros ambicionados os desniacuteveis previstos os dias programados ficaram aqueacutem do planeado Mas as expectativas planeadas foram largamente ultrapassadas pois tivemos expe-riecircncias uacutenicas em cenaacuterios de Sonho com amiza-des imprevistas

Nesta ilha todos os sentidos experimentaram a na-tureza em estado puro A esta latitude tudo se torna impreviacutesivel os 6 dias que ficaacutemos retidos e os 1400 quiloacutemetros percorridos hoje parecem pouco vistos agrave distacircncia num lugar seguro

AGRADECIMENTO Aos nossos apoiantes ndash Terra dos Sonhos Cofides Competiccedilatildeo Movefree Bike performance Center D-Maker Ortik Bike Magazi-ne Bivaque Extramedia Portal Aventuras

Um agradecimento muito especial agrave missatildeo da For-ccedila Aeacuterea Portuguesa ndash Iceland Air Policing que nos recebeu e transportou as nossas bagagens no re-gresso a Portugal Bem hajam oslash

Ricardo Mendes e Filomena Gomes

MAIS PORMENORES E FOTOS

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Aventura- Tsiiii tsiiii ndash o meu olhar desviou-se do hori-zonte que observava tentando encontrar por perto de onde vinha o som daquele assobio

- Satildeo as marmotas Estatildeo a avisar as outras que noacutes estamos por perto eacute assim que comunicam principalmente se sentem algum perigo - o Heacutel-der ria do meu ar confuso Ia jurar que o assobio vinha de um ser humano Foi a primeira vez que avistei este simpaacutetico mamiacutefero Imagino esta marmota no meio dos peluches do quarto das minhas filhas Satildeo sem duacutevida um animal sim-paacutetico estes excelentes escavadores que vivem em altitudes desde os 900m aos 3200m Nove meses do ano passam-no a hibernar Estamos em pleno veratildeo nos Alpes e as marmotas estatildeo em grande atividade armazenando energias para o inverno Conseguimos avistar os outros elementos da coloacutenia ldquode peacuterdquo alerta Foi um bom motivo para uma merecida pausa tirar a mochila hidratar comer uma barra energeacutetica

Jaacute haviacuteamos percorrido grande parte do trilho que nos levaria ao Refuacutegio Albert I Eacute aqui que pernoitaremos para iniciar a nossa aclimataccedilatildeo Saiacutemos da pequena vila de Le Tour de onde partem os telefeacutericos usados no inverno para aceder agraves pistas de esqui No veratildeo continuam em atividade facilitando o percurso aos trekkers que natildeo queiram palmilhar o desniacutevel de cerca de

700m que os separa do Col de Balme- Estamos a aclimatar e tambeacutem a treinar nem pensar em usar meios mecacircnicos ndash Helder sor-ria a dizer esta frase Foi quanto bastou para perceber que a manhatilde ia ser longa Depois de vencermos grande parte do desniacutevel chegamos a um local de onde se pode avistar a cordilheira do monte Branco la Verte os Drus as Aiguil-les de Chamonix e o Monte Branco com os seus 4810m Mas que local magniacutefico para aclimatar pensei Para subir em altitude temos que permi-tir ao nosso organismo que se habitue gradual-mente agrave falta de oxigeacutenio a que vai ser exposto Para isso vamos fazendo caminhadas subindo gradualmente para que ao fim de alguns dias jaacute estejamos mais aptos a entrar numa zona em que a pressatildeo atmosfeacuterica eacute menor e o oxigeacutenio do ar mais rarefeito

Ao chegar agrave moreia do glaciar do Tour resta-nos uns 200 m para o nosso objetivo A 30 de agosto de 1930 o rei Alberto I da Beacutelgica inaugurou o primeiro refuacutegio que tem o seu nome Em 1935 o refuacutegio foi ampliado no entanto natildeo foi sufi-

ciente e o atual precariamente empoleirado num penhasco a uma altitude de 2706

inaugurado a 12 de julho de 1959 foi construiacutedo perto do primeiro

edifiacutecio Natildeo posso deixar de me impressionar ao avistaacute-lo e quando chego sento-me na varanda feliz por poder apre-

Esta-mos em pleno

veratildeo nos Alpes e as marmotas estatildeo em grande ativida-de armazenando energias para o

inverno

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ciar vistas tatildeo magniacuteficas ehellip por poder tirar as botas Natildeo tinha botas de alta montanha mas um amigo comprou umas plaacutesticas em segun-da matildeo em Chamonix e sorte das sortes eram o meu nuacutemero Fiz este trekking com elas para me habituar resultou Mas os meus peacutes supli-cavam por ar fresco Soacute conseguimos dar o de-vido valor ao momento de descanso conversa contemplaccedilatildeo numa varanda dum refuacutegio se jaacute tivermos percorrido umas boas horas por trilhos de montanha Saboreei ao maacuteximo este tempi-nho sabia que a tarde era guardada para treino no glaciar como andar em cordada e escalada no gelo Eacute sempre bom relembrar as bases um acidente pode acontecer quando descuramos as regras mais simples e esta tarde foi fundamental para isso Um sol magniacutefico vistas deslumbran-tes ambiente descontraiacutedo Natildeo deixar a corda a tocar o chatildeo nunca a pisar nem a ter dema-siado em tensatildeo Esta sintonia entre elementos de cordada trabalha-se e soacute com o treino a con-seguimos obter Amanhatilde vamos sair ao nascer do dia em direccedilatildeo agrave Aiguille du Tour Esta for-maccedilatildeo com 3540m eacute muito popular entre as pes-soas que tentam a ascensatildeo ao Monte Branco Eacute relativamente faacutecil a sua subida pela face leste

A meteorologia na manhatilde da nossa subida esta-va perfeita Adoro toda a logiacutestica de preparaccedilatildeo de saiacuteda do refuacutegio O acordar ainda de noite os ruiacutedos leves e abafados dos mais madrugadores na camarata o som dos passos ainda lentos no chatildeo de madeira Tento concentrar-me para natildeo me escapar nada ter todo o material colocado e sentir-me confortaacutevel Saio do refuacutegio e o ar

fresco da montanha acorda os meus sentidos Comeccedilamos a subir o glaciar frontais ligados muacutesculos a aquecer A inclinaccedilatildeo eacute moderada e rapidamente chegamos ao colo superior do Tour que marca a fronteira da Franccedila com a Suiacuteccedila ndash Trouxeram o passaporte Vamos pas-sar no posto fronteiriccedilo ndash pergunta o Heacutelder a sorrir Atravessamos agora o glaciar de Trient o sol aquece-nos e as vistas satildeo surpreendentes Ao chegar agrave base da aguille do Tour fazemos o nosso merecido descanso comer beber aacutegua apreciar a beleza que nos circunda Vem agora a parte divertida para quem gosta de escalar em rocha Iniciamos calmamente a nossa subida vamos ouvindo algumas orientaccedilotildees progredin-do e fazendo manobras para passar nas zonas mais expostas ateacute chegarmos ao topo Emocio-no-me com a beleza agrave minha volta O meu pen-samento liga-se a algueacutem muito querido que haacute bem pouco tempo deixou a vida terrena sinto a sua proximidade Um abraccedilo forte da minha amiga de escalada traz-me novamente agrave terra E ali agrave nossa frente majestoso quase como que a chamar-nos o Monte Branco

Foi nesse mesmo dia que regressamos a Chamo-nix Uma longa descida animada pela conversa descontraiacuteda sobre os Alpes - Haacute sempre tanto que contar desta cordilheira travessias espeta-culares que se podem fazer ndash ouvia atenta as histoacuterias que me contavam era a minha primei-ra vez nos Alpes e jaacute estava cativada Cativada ateacute pela proacutepria cidade de Chamonix Eacute um lo-cal onde se respira ar livre Da varanda do nos-so apartamento para onde quer que olhe vejo

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Aventuraatividades outdoor Ouccedilo os risos alegres dum grupo que desce o rio fazendo rafting observo o ceacuteu colorido pelos parapentes as pessoas pas-sam na rua equipadas com roupa de montanha Cheguei a Chamonix haacute dois dias de comboio Quando deambulava pelas suas ruelas cho-quei com uma curiosa estaacutetua onde um homem aponta a outro o cume do Monte Branco

- Eacute Jacques Balmat que estaacute a apontar para o cume ele foi o primeiro homem a subir esta montanha a 8 de agosto de 1786 acompanha-do do meacutedico Michel Paccard Saiacuteram de Cha-monix acamparam no cume da Montagne de la cote a 2630m agraves 4 da manhatilde partiram e chega-ram ao cume por volta das 6h da tarde Balmat nasceu neste vale era um caccedilador de cristais tinha uma vontade de ferro e um instinto para as montanhas Paccard era meacutedico em Chamonix e um excelente alpinista adorava botacircnica e mi-nerais Tambeacutem lhe erigiram aqui uma estaacutetua

Foi ele que conheceu Horace-Beacute-neacutedict de Saussure que ini-

ciou a corrida do primeiro homem a subir ao Monte Branco ndash disse-me Joatildeo

- E esse Saussure tam-beacutem era alpinista ndash perguntei curiosa

- O seu interesse pela botacircnica trouxe-o ateacute aos

Alpes e percorreu grande parte desta cordilheira co-

meccedilando a trabalhar no sentido de esclarecer a topografia da parte ne-

vada dos Alpes nessa eacutepoca praticamente des-conhecida Foi em 1760 que veio aqui pela pri-meira vez e ofereceu uma recompensa a quem escalasse o Monte Branco Ele tentou fazecirc-lo sem sucesso- Entatildeo nunca chegou a subir

- Sim conseguiu mas soacute em 1787 jaacute tinha 47 anos e levou 18 guias com ele Relembro as palavras que li do fotoacutegrafo de montanha C Douglas Milner ldquoA subida em si foi magniacutefica uma incriacutevel faccedilanha de coragem grande resistecircncia realizada por estes dois ho-mens apenas sem corda e sem piolets muito sobrecarregados com equipamentos cientiacuteficos e com longos bastotildees com pontas de ferro O bom tempo e uma lua luminosa garantiram o seu regresso com vidardquo

O dia seguinte foi passado a descansar visitar o Museu da Montanha e espreitar a meteoro-

Foi em 1760 que veio aqui

pela primeira vez e ofereceu uma recom-

pensa a quem escalas-se o Monte Branco Ele tentou fazecirc-lo

sem sucesso

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Um dos pontos al-tos eacute ir agrave roulotte

dos waffles delei-tarmo-nos com este

delicioso doce No fi-nal do dia ainda pude-

mos assistir a um espetaacute-culo de muacutesica e danccedila celta

na praccedila central O ambiente eacute descontraiacutedo a praccedila estaacute cheia de gente e a muacutesica faz sempre bem agrave alma Joatildeo recebe um telefonema

- Estaacutes nos Alpes Natildeo vatildeo poder subir amanhatilde aproxima-se uma tempestade Mas tenho boas notiacutecias tens uma janela de bom tempo no dia seguinte se quiserem aproveitar - Disse Viacutetor Baiacutea sempre bem informado sobre os fenoacuteme-nos meteoroloacutegicos

O dia em que vai haver ldquouma abertardquo para subir eacute o mesmo dia em que temos voo para Lisboa

desde Genebra Ficamos um pouco a pensar no que decidir e claro temos que arriscar Na mon-tanha eacute assim tem que haver flexibilidade es-tamos dependentes das condiccedilotildees climateacutericas e aproveitar quando nos eacute proporcionado bom tempo

A rota que vamos seguir natildeo eacute a mais utilizada eacute chamada rota dos trecircs cumes Esta rota eacute mais exigente fiacutesica e tecnicamente do que a rota do Goucircter No entanto com faacutecil acesso a partir do telefeacuterico da Aiguille du Midi este percurso tor-nou-se a segunda rota mais popular para esca-lar o Monte Branco O percurso inicia-se na Ai-guille du Midi seguindo pelo Col du Midi antes de subir o Monte Branco atraveacutes do Mont-Blanc du Tacul (4248m) e Maudit Mont (4465m) Esta rota requer condiccedilotildees estaacuteveis na neve do Mont Blanc du Tacul e Mont Maudit e tem uma eleva-ccedilatildeo acumulada de 1425m O refuacutegio Cosmiques estava lotado a nossa uacuteni-

- Es-taacutes nos Alpes

Natildeo vatildeo poder subir amanhatilde aproxi-ma-se uma tempestade

Mas tenho boas notiacutecias tens uma janela de bom tempo no dia seguinte

se quiserem apro-veitar

Novembro_Dezembro 2012 OUTDOOR32

Aventura

estaccedilatildeo do telefeacuterico da Aiguille du Midi Este telefeacuterico foi construiacutedo em 1955 e manteve o tiacutetulo de ser o mais alto do mundo durante duas deacutecadas Ele ainda deteacutem o recorde como o te-lefeacuterico com a ascensatildeo vertical mais alta no mundo de 1035 m para 3842 m Haacute duas se-ccedilotildees de Chamonix para o Plano de lAiguille a 2317 m e depois diretamente sem qualquer pi-lar de apoio para a estaccedilatildeo superior a 3777 m Apanhamos o uacuteltimo telefeacuterico do dia cerca de 20 minutos depois estaacutevamos no terraccedilo a tentar admirar as lindiacutessimas vistas que se tem deste local No entanto o mau tempo previsto estava certo e a visibilidade natildeo era mais de 20 m agrave nossa frente Estava desanimadiacutessima

- Como eacute possiacutevel daqui a poucas horas termos bom tempo para subir ndash Perguntei increacutedula- Estamos na montanha Luiacutesa a meteorologia muda rapidamente Temos que aguardar ndash Afir-mou Joatildeo calmo e confiante

Fomos procurar um local onde pudeacutessemos descansar ateacute agrave meia-noite hora marcada para a nossa partida O percurso eacute longo com bas-tante desniacutevel e na realidade o voo para Lisboa eacute amanhatilde Quando acordei o som dos ventos fortes que se faziam ouvir misteriosamente desaparece-ram Depois de comer e fazer a confirmaccedilatildeo do equipamento dirigimo-nos para a aresta que nos levaraacute ao Valleacute Blanche Foi com extrema curiosidade que me dirigi agrave saiacuteda Como esta-raacute o tempo A calma e tranquilidade que senti ao sair para o exterior foi-me trazida pela ma-ravilhosa paisagem que tinha agrave minha frente Afinal depois da tempestade vem a bonanccedila e a visatildeo deste vale imaculado sob um ceacuteu estre-lado sem ningueacutem sem pegadas sem luzes de frontais foi brutal Ao comeccedilar a descer a ares-ta conseguimos ver o refuacutegio Cosmiques ainda adormecido Fomos mesmo os primeiros a sair o que representa um privileacutegio por um lado e

No entanto o mau tempo pre-

visto estava certo e a visibilidade natildeo era mais de 20m agrave nossa frente Estava desa-

nimadiacutessima

Ainda foi longa a nossa caminhada sempre a encontrar forccedilas e energia onde quer que elas estivessem escondidas Paraacutevamos de vez em quando agrave espera da outra cordada de amigos e por fim cerca das 10h da manhatilde atingimos o cume Tento tirar fotos mas a maacutequina fotograacute-fica natildeo ajudou fiquei sem bateria Natildeo faltam maacutequinas para o fazer e depois de um breve descanso temos que iniciar a descida pela mes-ma rota Eacute uma descida que acaba por ter al-gumas subidas sendo por isso mais demorada Mas a alegria de ter cumprido o objetivo o dia tatildeo calmo e luminoso a companhia dos amigos supera qualquer tipo de cansaccedilo

Tive um sentimento de saudade ao chegar nova-mente ao Valleacute Blanche e olhar para traacutes para o trilho percorrido olhar aquele vale agora agrave luz do dia atravessado por tantas pegadas Olho de relance para a uacuteltima subida que nos falta fazer a aresta que nos levaraacute ao telefeacuterico na Aguille du Midi Faccedilo esta subida confiante como se ti-vesse deixado para traacutes todo o esforccedilo e cansaccedilo extremo desta maravilhosa aventura

Com grande pena natildeo pude comemorar em Chamonix nessa noite mas comemorei com imensa alegria ao reencontrar-me com a mi-nha famiacutelia orgulhosa de mim afinal estive no mesmo dia no cume do Monte Branco de manhatilde e agrave noite na minha cama quente e confortaacutevel em Lisboa oslash

Luiacutesa Tomeacute

Papa-Leacuteguaswwwpapa-leguascom

OUTDOOR Julho_Agosto 2011 33

Aventu

ra

um esforccedilo acrescido por outro Relembro a tra-vessia do glaciar do Tacul a ldquofazer trilhordquo o som dos campons na neve ecoava num ritmo proacute-prio pousava a minha bota no local exato onde o Joatildeo tinha feito a pegada como que num jogo em que quando falhava acrescia o esforccedilo que teria que fazer O som de passos intensifica-se temos mais madrugadores connosco Deixamo--los passar jaacute vimos a fazer trilho haacute bastante tempo eacute a vez de outros agora

Quando chegamos agrave ldquoparederdquo do Mont Blanc du Tacul jaacute temos algumas pessoas agrave espera para subir O sol ainda natildeo subiu para nos aquecer esperamos junto agraves cordas a nossa vez os peacutes comeccedilam a dar sinal de frio Iniciamos a subida os piolets e os crampons cravam-se certeiros no gelo a corda ajuda na subida Comeccedilo a ficar cansada e a hesitar paro por uns momentos sinto a boca seca o coraccedilatildeo a bater forte olho para cima jaacute natildeo falta muito - Piolet numa matildeo corda na outra sobe Luiacutesa ndash a voz do Heacutelder trouxe-me lucidez A energia que me faltava regressou Concentro-me e con-tinuo a subida pedaccedilos de gelo passam por noacutes arrancados aquela parede cheia de gente dese-josa de ultrapassar possivelmente o obstaacuteculo mais duro desta rota

O trilho continua pelo beliacutessimo Mont-Maudit apesar do seu nome O sol jaacute vai alto comeccedila a aquecer haacute que comeccedilar a tirar camadas Natildeo podemos desidratar Col de la Brenva um chaacute quente e uma bolacha Apetece ficar jaacute aqui as vistas satildeo surpreendentes Mas natildeo eacute este o nos-so objetivo vamos continuar a subir

Entrevista Diogo Miguel - (Oti-Estarreja)

ldquoO DEsPORTO EM PORTuGAL eacute uM EsPELhO DA sOCIEDADErdquo

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Entrevista

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Sabe acima de tudo as con-

diccedilotildees que temos e consegue olhar para o

resultado como sen-do bastante meri-

toacuterio

OutdOOr COmO eacute pOssiacutevel algueacutem COm-patibilizar a preparaccedilatildeO enquantO atleta de OrientaccedilatildeO de elite COm as exigecircnCias dum 6ordm anO dO CursO de medi-Cina

diOgO miguel O segredo reside sobretudo na motivaccedilatildeo Toda a gente consegue tirar um curso e fazer desporto e inclusivamente se gos-tar consegue treinar todos os dias Mas se esti-ver motivado o suficiente consegue levantar-se cedo para correr agraves seis da manhatilde estar na Fa-culdade agraves oito e meia sair agraves quatro da tarde e ir treinar outra vez estudar ateacute agraves dez da noite e dormir porque amanhatilde eacute outro dia Eacute preci-so estar-se motivado para abraccedilar esta vida durante o ano inteiro

Haacute quantO tempO eacute que as COisas satildeO levadas assimQuando comecei a fazer Orien-taccedilatildeo natildeo tinha grandes preo-cupaccedilotildees com o treino Durante os anos de faculdade jaacute treinava bastante a seacuterio mas foi haacute dois ou trecircs anos quando comecei a ser treinado pelo Professor Bruno Nazaacuterio que aumentei a carga de trei-no para o bi-diaacuterio A partir daiacute passei a ter o meu tempo totalmente ocupado Satildeo os estaacutegios do Curso o tempo de deslocaccedilatildeo para Hospitais da periferia uma tese para defender Este ano seraacute bastante mais exigente que os anteriores se calhar natildeo vou poder fazer treino bi-diaacuterio todos os dias como gostaria mas ainda assim vou pro-curar treinar duma forma o mais seacuteria possiacutevel e se natildeo puder fazecirc-lo na quantidade desejaacutevel pelo menos na qualidade espero consegui-lo

em 2007 COnquistOu a primeira grande medalHa da OrientaccedilatildeO pOrtuguesa aO sagrar-se CampeatildeO da eurOpa de JOvens

Chama-se Diogo Miguel e eacute aos 23 anos uma das referecircncias da Orientaccedilatildeo Pedestre nacio-nal Campeatildeo Europeu de Jovens em 2007 e Campeatildeo Nacional de Distacircncia Longa em 2009 e 2011 Diogo Miguel reparte o tempo entre a modalidade do seu coraccedilatildeo e as exigecircncias do curso de Medicina que abraccedilou haacute seis anos E foi precisamente por aiacute que a nossa conversa comeccedilou uma conversa onde passado presen-te e futuro se misturam e confundem numa teia de opccedilotildees direccedilotildees desafios e decisotildees Na Orientaccedilatildeo como na Vida

Por Joaquim Margarido

de sprint em eger na Hungria que me-moacuterias guarda dessa JOrnada Haacute CinCO anOs atraacutesGuardo sobretudo as memoacuterias e os amigos Na altura pensaacutemos que a visibilidade que este re-sultado poderia dar agrave Orientaccedilatildeo catapultasse a modalidade e possibilitasse a obtenccedilatildeo de mais apoios mas isso natildeo se veio a verificar pelo me-nos na medida daquilo que seria de esperar

esteve este anO nOs mundiais de lausan-ne COnseguindO O 33ordm lugar na Final a de distacircnCia lOnga que valOr atribui a este seu resultadOAtribuo-lhe um valor elevado ateacute porque foi a primeira vez em dez anos que um portuguecircs foi a uma final A de Distacircncia Longa Cheguei ao fim com a certeza de ter feito o meu melhor e se natildeo tivesse quebrado fisicamente teria fei-to melhor ainda Ou seja com outras condiccedilotildees de treino teria facilmente ficado entre os vinte e cinco primeiros Mas falta bastante cultura des-portiva agrave sociedade portuguesa em geral e se disser a algueacutem que natildeo estaacute familiarizado com a Orientaccedilatildeo que terminei em 33ordm num Campeo-nato do Mundo essa pessoa iraacute pensar ldquoesque-ce eacutes mau natildeo prestasrdquo Mas quem sabe como estas coisas funcionam sabe os sacrifiacutecios que temos que fazer Sabe acima de tudo as condi-ccedilotildees que temos e consegue olhar para o resulta-

do como sendo bastante meritoacuterio

temOs em pOrtugal O apOiO que deviacuteamOs Ou que mereCiacuteamOs

Natildeo Eacute bastante revoltante olhar para outros desportos como eacute o caso do Futebol e termos um Presidente que termina o man-dato agrave frente da Federaccedilatildeo e que se sente orgulhoso por ter deixa-

do um balanccedilo positivo nas contas de muitos milhotildees de euros Mas

satildeo estes precisamente que ainda assim continuam a receber milhotildees e

milhotildees do Instituto Portuguecircs do Desporto e Juventude enquanto outras modalidades lutam pela sobrevivecircncia Acho que somos claramen-te sub-apoiados O desporto em Portugal eacute um espelho da Sociedade Haacute os muito ricos e haacute os muito pobres Os ricos satildeo cada vez mais ricos e os pobres satildeo cada vez mais pobres Eacute a mesma coisa com o desporto

quandO OlHa para Os nOssOs JOvens que pOtenCialidades vecirc neles para COn-seguirem CHegar aOs lugares CimeirOs da OrientaccedilatildeO eurOpeia e mundialTemos alguns jovens com bastante valor prin-

OUTDOOR novembro_Dezembro 2012 37

cipalmente o Luiacutes Silva Trata-se dum atleta que tem um futuro brutal e acho que vai ser sem sombra de duacutevidas o melhor atleta portuguecircs dentro de muito pouco tempo Olhando de for-ma mais aprofundada para estes atletas eacute uma realidade que eles tecircm hoje melhores condiccedilotildees em relaccedilatildeo agravequilo que noacutes tiacutenhamos na altura Basta ver que os atletas jaacute se deslocam com al-guma frequecircncia ao terreno antes das grandes competiccedilotildees coisa que natildeo havia ateacute haacute muito pouco tempo atraacutes E depois haacute os estaacutegios de Seleccedilatildeo Mas deve reconhecer-se que lhes falta o treino fora da competiccedilatildeo Acho que falta al-gum espiacuterito de sacrifiacutecio no treino em casa que eacute o mais importante

o CLubE dE oriEntaccedilatildeo dE EstarrEJa Eacute dEsdE sEMprE o sEu CLubE quE signiFiCa-do tEM para si EstE EMbLEMa E Esta CaMi-soLa quE EnvErgaComecei na Orientaccedilatildeo aos 8 anos e a minha primeira experiecircncia foi no Desporto Escolar na minha terra Canelas uma pequena aldeia do Concelho de Estarreja A essa primeira pro-va seguiu-se uma ldquoQuinzena da Orientaccedilatildeordquo no veratildeo e nunca mais parei Haacute quinze anos que estou ligado a este clube e ele faz parte de mim Poderia dividir a minha vida em dois por um lado a parte profissional da Faculdade e por outro a Orientaccedilatildeo Por estranho que possa pa-recer a parte desportiva natildeo se encontra num plano inferior relativamente agrave parte profissio-nal Ambas as partes se complementam uma agrave outra Portanto a minha ligaccedilatildeo a este clube eacute muito grande satildeo muitos anos satildeo muitas pes-soas e ajudou-me a crescer

aos Miuacutedos quE agora datildeo os priMEiros passos quE ConsELhos dariaO conselho natildeo o daria aos miuacutedos se calhar da-va-o antes aos pais Tanto a escola como o des-porto andam muito ligados Se temos disciplina num acabamos por ter disciplina no outro Natildeo eacute por acaso se olharmos para os atletas de topo a niacutevel nacional todos eles satildeo excelentes es-tudantes e tecircm um futuro profissional bastante promissor Tudo parte de quem educa Eu tenho a sorte de ter uns pais que sempre me educaram bem e que sempre me deram o apoio necessaacuterio para conseguir fazer as duas coisas

E deixaria ainda um conselho mais aos pais o de virem fazer uma prova de Orientaccedilatildeo com os seus filhos Uma das grandes vantagens da Orientaccedilatildeo eacute ser para aleacutem do ldquodesporto da flo-restardquo o ldquodesporto da famiacuteliardquo

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EntrevistaConsidEra quE Esta EacutepoCa CorrEu dE aCordo CoM as suas ExpECtativasNa verdade digamos que a eacutepoca estaacute quase agrave beira de comeccedilar Depois do Campeonato do Mundo tirei mais tempo do que era habitual para descansar e tenho estado a fazer pratica-mente soacute manutenccedilatildeo A eacutepoca teve alguns per-calccedilos comecei a treinar na Repuacuteblica Checa e apesar de ter feito muito treino com mapa devi-do agraves questotildees climateacutericas e agraves poucas horas de luz acabei por ter uma carga de treino aqueacutem do desejaacutevel Depois de regressar a Portugal estava a treinar bem mas tive um percalccedilo e lesionei--me num peacute o que me obrigou a uma paragem de um mecircs Isso fez-me perder muito da minha boa forma e acredito que se natildeo fosse isso po-

deria ter chegado muito melhor ao Campeonato do Mundo e aiacute o resultado poderia ter sido outro Apesar de tudo os resultados acabaram por ser bem melhores do que estaria agrave espera

o obJEtivo a Curto praZo passa pELo tiacute-tuLo naCionaL absoLutoPor acaso esse eacute um tiacutetulo que nunca alcancei Vou comeccedilar a treinar a seacuterio para chegar nas melhores condiccedilotildees ao Campeonato Nacional Absoluto e esse vai ser um bom teste O objetivo eacute estar laacute para ganhar

Quanto agrave proacutexima eacutepoca espero apresentar-me agraves provas em melhor forma do que este ano e que os bons resultados possam aparecer oslash

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ofereccedila um garmin DeSemBruLHara caixa Seraacute Soacute o princiacutepio

este natal ofereccedila emoccedilotildees aventuras para quem viaja ou para os que correm para os que navegam no mar ou escalam montanhas Para os nadadores ou golfistas este natal ofereccedila um garmin

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Por Terra

ORIENTACcedilatildeOhellip DEsPORTO NA NATuREzA

Parque nacional torres del Paine Chile

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Cinco satildeo os sentidos estaacute nos manuais neles reside a possi-bilidade de um maior ou menor contacto da pessoa com aquilo que a rodeia Haacute ainda o sexto sentido aquela perceccedilatildeo extra--sensorial que parece ser mais propriedade das mulheres do que dos homens e que nas con-ceccedilotildees ocultistas estaraacute tam-beacutem sedeado num oacutergatildeo do nosso corpo Figurada ou ob-jetivamente eacute bom que todos eles ndash sem exceccedilatildeo - estejam suficientemente desenvolvi-dos sem isso natildeo haacute sentido de orientaccedilatildeo que aguente

A Orientaccedilatildeo eacute um Desporto recente em Portugal mas tem jaacute mais de 100 anos de existecircncia

enquanto desporto organi-zado Com efeito teraacute sido em Bergen - Noruega no ano de 1897 que se organizou a pri-meira atividade desportiva de Orientaccedilatildeo Os paiacuteses noacuterdicos satildeo ainda hoje aqueles onde a modalidade tem maior implan-taccedilatildeo mobilizando um nuacutemero de praticantes que coloca a

Orientaccedilatildeo entre os cinco des-portos com mais adeptos na Escandinaacutevia A maior prova do mundo realiza-se anual-mente na Sueacutecia os 5 dias da Sueacutecia com um nuacutemero de participantes que jaacute atingiu os 25000

Durante o seacutec XX a modali-dade foi evoluindo ateacute agrave criaccedilatildeo da Federaccedilatildeo Internacional de Orientaccedilatildeo (IOF) que fes-tejou em 2012 o 51ordm aniversaacuterio e veio normalizar mundial-mente as regras competitivas as normas para elaboraccedilatildeo dos mapas e as sinaleacuteticas a usar A Orientaccedilatildeo eacute praticada em quatro disciplinas diferentes Orientaccedilatildeo Pedestre Orien-taccedilatildeo em BTT Orientaccedilatildeo em Ski e Orientaccedilatildeo de Precisatildeo (Orientaccedilatildeo prioritariamente para deficientes motores)

Portugal tem marcado pontos na Orientaccedilatildeo para o desporto adaptado lanccedilando em 2012 a Taccedila de Portugal de Orientaccedilatildeo de Precisatildeo e criando um cir-cuito de Orientaccedilatildeo adaptada vocacionado prioritariamente para a deficiecircncia intelectual e

crianccedilas em idade preacute-escolar que eacute uacutenico no Mundo e que estaacute a ser jaacute implementado pela Espanha

o quE EacutePodemos dizer que a Orien-taccedilatildeo eacute um desporto completo Haacute o aspeto fiacutesico o treino no campo que se aproxima do treino dum atleta de fundo E haacute o aspeto mental que de-sempenha um papel funda-mental a leitura dos mapas o contra-reloacutegiohellip Eacute tambeacutem o desporto de natureza por exce-lecircncia Os orientistas saem dos trilhos balizados para pene-trarem no coraccedilatildeo da floresta Cada dia eacute uma nova aven-tura Daquele que se inicia na Orientaccedilatildeo ao mais consagrado dos praticantes haacute todo um mesmo espiacuterito de liberdade de fazer a sua proacutepria escolha do melhor itineraacuterio No Atle-tismo por exemplo a volta agrave pista teraacute sempre 400 metros quer seja aqui ou no Japatildeo Na Orientaccedilatildeo esta noccedilatildeo de dis-tacircncia tem muito pouco signi-ficado Tanto se pode fazer 10 quiloacutemetros numa hora e meia como em quarenta minutos E

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depois nunca existem duas florestas iguais Eacute o eterno recomeccedilo Na Austraacutelia ou na Suiacuteccedila no Japatildeo ou na Escandinaacutevia eacute necessaacuterio uma adaptaccedilatildeo a cada local natildeo haacute lugar a repeti-ccedilotildeeshellip

Cada corredor possui uma buacutessola e um mapa que contrariamente a um mapa normal conteacutem uma enorme diversidade de detalhes acerca dos seus elementos caracteriacutesticos (relevo do ter-reno vegetaccedilatildeo caminhos elementos rochosos construccedilotildees e muito mais) Os mapas satildeo rea-lizados segundo as normas especiacuteficas da Fede-raccedilatildeo Internacional de Orientaccedilatildeo que tem sede na Finlacircndia Aleacutem da legenda sobre os siacutembolos nele representados existe ainda uma sinaleacutetica

proacutepria que tem a ver com o percurso que o praticante vai realizar nesse evento e que eacute uma linguagem uni-versal

A partir do momento em que se potildee em marcha o cronoacutemetro o orientista deve efe-tuar o seu percurso que eacute marcado no mapa e que eacute cons-tituiacutedo por uma par-tida (representada por um triacircngulo) uma seacuterie de pontos de

passagem obrigatoacuterios (representados por ciacuter-culos) e a chegada (representada no mapa por dois ciacuterculos concecircntricos) Estes pontos satildeo materializados no terreno sob a forma de um prisma triangular denominado por baliza e a passagem deve ser validada por um sistema de ldquopicotagemrdquo manual ou eletroacutenica O objetivo consiste em fazer o percurso na sequecircncia in-dicada o mais rapidamente possiacutevel Mas entre cada ponto de passagem a escolha do itineraacuterio fica ao criteacuterio de cada um

O percurso em linha reta evidentemente nem sempre eacute o mais raacutepido Eacute necessaacuterio jogar com as inflexotildees do terreno os lagos os muros e outros acidenteshellip O tempo gasto a percorrer o traccedilado da corrida depende sobretudo do meio sobre o qual a mesma se desenrola Em terrenos como na Escandinaacutevia onde o relevo eacute mais duro numa mesma distacircncia poderemos gastar quase o dobro do tempo que gastariacuteamos num terreno plano e sem o mesmo tipo de obs-taacuteculos

Por Terra

OUTDOOR Novembro_Dezembro 2012 43

O conhecimento do relevo eacute a parte mais difiacutecil Eacute neces-saacuterio aprender a imaginar um terreno a trecircs dimensotildees sobre o mapa Claro que natildeo eacute apenas isto Para quem tem mais dificuldade em possuir a visatildeo a trecircs dimensotildees esta in-suficiecircncia pode ser compensada com outras qualidades nomeada-mente a atenccedilatildeo Mas nem todos pos-suem igualmente esta capacidade mental Como na generalidade dos desportos eacute neces-saacuteria uma longa aprendizagem onde o treino teacutecnico a vivecircncia de situaccedilotildees mais variadas e o nuacutemero de florestas ldquovisitadasrdquo desempe-nham um papel fundamental Eacute agrave medida que o tempo passa que o orientista aprende a adaptar o seu comportamento a reagir cada vez mais rapidamente e a encontrar as melhores opccedilotildeesO desporto natildeo eacute muito mediatizado e o espiacute-rito da Orientaccedilatildeo eacute o de permanecer livre Eacute um desporto ainda preservado de certas po-leacutemicas ldquodopingrdquo e outros malabarismos daiacute que muitos orientistas digam que natildeo seja mau de todo que ele permaneccedila ldquoconfidencialrdquo

Grandes Competiccedilotildees em 2013

Em 2013 as grandes competiccedilotildees internacio-nais onde Portugal vai querer estar presente

satildeo as seguintes

- Campeonato do Mundo de Juacuteniores ndash Repuacuteblica Checa (29jun-06 de julho) wwwjwoc2013cz

- Campeonato do Mundo Elite ndash Finlacircndia (07-14 jul)

wwwwoc2013fi- Campeonato do Mundo ve-

teranos ndash Itaacutelia (02-10 ago) wwwwmoc2013it

- Campeonato da Europa de Jovens ndash Israel (03 de novembro) wwweyoc2013org

portuGal na alta roda Mas Portugal vai ter brevemente grandes desa-fios pela frente- Em 2013 organiza uma etapa da Taccedila do Mundo de seacuteniores e o Campeonato do Mundo de Vete-ranos de Orientaccedilatildeo em BTT - Costa Alentejana entre 09 e 13 de outubro- Em 2014 organiza em Palmela de 9-14 de abril e em paralelo o Campeonato da Europa de Orientaccedilatildeo Pedestre e o Campeonato da Eu-ropa de Orientaccedilatildeo de Precisatildeo wwweoc2014fpopt

Carnaval o ponto alto Desde 1996 que Portugal realiza a sua prova ra-inha que atrai os melhores especialistas a Por-

Eacute um desporto ainda

preservado de certas poleacutemicas ldquodopingrdquo e outros malabarismos

daiacute que muitos orientistas digam que natildeo seja mau de todo que ele perma-

neccedila ldquoconfiden-cialrdquo

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Por Terratugal Eacute O Portugal Orsquo Meeting que desde 2000 se realiza no Carnaval com a duraccedilatildeo de 4 dias e pontuaacutevel para a liga Mundial de orientaccedilatildeo pedestre nos percursos de Elite Em 2013 Por-tugal vai receber pela primeira vez trecircs eventos pontuaacuteveis para a Liga Mundial02 e 03 de fevereiro ndash Norte Alentejano Orsquo Mee-ting ndash Nisa (wwwnaompt)09ndash12 de fevereiro ndash Portugal Orsquo Meeting ndash Idanha-a-nova (wwwpompt)16 e 17 de fevereiro ndash XIV Meeting de Orien-taccedilatildeo do Centro ndash Pombal (wwwcocpteventos16fev2013)

OrientaccedilatildeO muitO mais dO que um despOr-tOOlhando para a modalidade de uma forma mais transversal podemos enquadraacute-la aleacutem de mo-dalidade desportiva com aacutereas como o Ambien-te a Educaccedilatildeo e as Novas Tecnologias As qua-tro vertentes atraacutes enunciadas reunidas numa soacute tem a ver tambeacutem com solidariedade

Ambiente porque a Orientaccedilatildeo eacute o ldquoDesporto da Florestardquo fazendo de cada praticante um guardiatildeo e um amigo de tatildeo valioso patrimoacutenio Educaccedilatildeo porque eacute uma modalidade onde se aglutinam mateacuterias tatildeo nucleares como a Ma-temaacutetica ou a Geografia e se desenvolvem com-petecircncias como a capacidade de interpretaccedilatildeo ou o poder de decisatildeo por isso ser considerada prioritaacuteria para o Desporto Escolar Novas Tec-nologias porque eacute das modalidades que mais depende dos Meios Informaacuteticos a todos os niacute-veis do controlo de tempos agrave cartografia mais desenvolvida que existe Desporto porque pro-move a atividade fiacutesica e a Sauacutede dirigindo-se de igual forma agravequeles que individualmente a praticam ao niacutevel da alta competiccedilatildeo como agraves crianccedilas ou agraves famiacutelias que vecircm nela uma forma

de promover o seu bem estar fiacutesico e reforccedilar os laccedilos de amizade e convivialidade

E solidariedade porque vive da forccedila que projeta nos seus praticantes

trabalhando desinteressadamente em prol da modalidade em prol do paiacutes

Porque a Orientaccedilatildeo eacute Ambiente eacute Educaccedilatildeo satildeo Novas Tecnolo-gias eacute Desporto Porque a Orien-

taccedilatildeo gera Riqueza e gera Sauacutede Porque a Orientaccedilatildeo eacute de todos e

para todos Interessa a todos Inte-ressa ao Paiacutes Daiacute que eacute urgente que

todos venham experimentar e que descu-bram as belezas deste Paiacutes de mapa na matildeo oslash

Fernando Costa e Joaquim margarido

Olhando para a modali-

dade de uma forma mais transversal po-

demos enquadraacute-la aleacutem de modalidade desportiva

com aacutereas como o Am-biente a Educaccedilatildeo e

as Novas Tecnolo-gias

APLICACcedilAtildeO GRATUITA BREVEMENTE DISPONIacuteVEL

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Setembro_Outubro 2011 OUTDOOR138

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OUTDOOR Novembro_Dezembro 2012 17

Ati

vida

deEm

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iacuteliaC

omo proposta para um passeio em famiacutelia e adequado desde os mais novos ateacute aos mais grauacutedos suge-rimos uma visita guiada ao Palaacutecio Marquecircs da Fronteira e o passeio

pedestre Rota da Aacutegua no Parque Florestal de Monsanto em Lisboa

Quem jaacute olhou e passou por debaixo do aquedu-to das Aacuteguas Livres em Lisboa e pensouhellipquem me dera poder subir e saber todos os seus recan-tos histoacuterias e lendas

Neste passeio vai ter acesso a um percurso de 8 km com direito a perguntas e respostas sobre este monumento que nos envolve com a sua grandiosidade e beleza

Porque eacute cedo que comeccedila o dia a hora de en-contro eacute pelas 9h30 no estacionamento em fren-te ao Palaacutecio Marquecircs e Fronteira no largo Satildeo Domingos de Benfica em Lisboa

O palaacutecio foi construiacutedo em 1640 para o pri-meiro Marquecircs de Fronteira D Joatildeo de Mas-carenhas heroacutei da Guerra da Restauraccedilatildeo Este bonito Palaacutecio situa-se agrave beira do Parque Flores-tal de Monsanto no Largo de Satildeo Domingos de Benfica

O Palaacutecio foi ampliado no seacuteculo XVIII em estilo laquorocailleraquo e continua a ser atualmente residecircn-cia dos 12ordm Marquecircs de Fronteira sendo contudo possiacutevel visitar algumas das salas a biblioteca e o jardimO interior eacute igualmente rico destacando-se a Sala das Batalhas que contem belos paineacuteis e azulejos com cenas da Guerra da Restauraccedilatildeo trecircs grandes janelas que se abrem sobre o Jar-dim de Veacutenus e a Sala da Jantar adornada com frescos de retratos da nobreza portuguesaA Capela de finais do seacuteculo XVI conta no seu interior com um preseacutepio cuja autoria eacute atribuiacute-da a Machado de Castro As visitas aos sumptuosos Jardins ldquoagrave italianardquo comeccedilam no terraccedilo da capela com destaque para o Jardim de Veacutenus e o Jardim Formal do seacuteculo XVII onde pontifica a Galeria dos ReisPara completar o passeio iremos conhecer a Rota da AacuteguahellipA Rota da Aacutegua tem 8 km e atravessa uma seacuterie de espaccedilos recreativos e de lazer entre eles o Parque Recreativo do Alto da Serafina o Espa-ccedilo Monsanto Parque da Pedra Parque do Ca-lhau e Mata S Domingos de Benfica O traccedilado do Aqueduto das Aacuteguas Livres acompanha uma parte da rota

O programa comeccedila com uma visita guiada ao Palaacutecio Marquecircs da Fronteira aacutes 10h O passeio pedestre teraacute iniacutecio por volta das 11h30mNatildeo percam este passeio de grande interesse natural histoacuterico-cultural e fotograacutefico oslash

Local de encontro No estacionamento em frente ao Palaacutecio Marquecircs e Fronteira Hora de encontro 9h30m Hora de iniacutecio do pro-grama 10h Percurso Circular Distacircncia 8 km Grau de dificuldade FaacutecilHora prevista do final do programa 14h30m (inclui paragem para descanso e comer) Ponto de encontro Morada Largo de S Domingos de Benfica 1 - 1500-554 Lisboa GPS N 38ordm 44 2503 W 9ordm 10 496 Em alternativa o local de encontro pode ser no Lu-miar em frente ao supermercado Europa agraves9h GPS 38773763-9160421 Ou em Sete Rios agraves 9h15m em frente ao ZOO Haacute possibilidade de boleia para quem necessitar Quem tiver boleia para oferecer agradeccedilo que me avise e indique local de partida Preccedilo do programa 10 euroA atividade estaacute coberta por seguroRecomendaccedilotildees - Uso de calccedilado confortaacutevel e com boa aderecircncia aos solos proacuteprio para caminhadas - Uso de vestuaacute-rio adequado ao tempo - Alimentaccedilatildeo trazer farnel e aacutegua - Trazer chapeacuteu e protetor solar - Natildeo se afastar do grupo - Deixar o lixo nos locais apropriados - Respeitar a vida selvagem e natildeo perturbar a tran-quilidade local - Respeitar a propriedade privada e os campos cul-tivados

Um programa Caminhos com Carisma lda

ContactosE-mail caminhoscomcarismagmailcom Telefone 914 907 446 967 055 233

ficha teacutecnica

Em Famiacutelia

vIAGENsEsPECIAL FIM DE ANO

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Tipo Expediccedilatildeo no DesertoGrau de dificuldade Moderado 1012km diaacuterios aproximadamente 4 horas de caminhadaCaracteriacutesticas8 dias 7 noites6 dias de expediccedilatildeoPuacuteblico-alvo Adequado a crianccedilas gt 8 anos(transporte em dromedaacuterio)Proacuteximas datas 26 de dezembro de 2012 a 2 janeiro de 2013Programa previstoDia 1 Viagem para Marrakech e transfer para riad no centro Noite em RiadDia 2 Viagem de Marrakech para Zagora em viatura exclusiva para o grupoDia 3 Dunas Bougayoirn -gt Dunas Tridi Dia 4 Tridi -gt erg (duna) EssahelDia 5 Erg Essahel -gt Dunas de LanithieDia 6 Dunas de Lanithie -gt Ouled DrissDia 7 Dunas de Lanithie -gt Ouled DrissDia 8 Marrakech e regresso

Equipamento obrigatoacuterioMochila pequena cantil (ou similar)Saco de viagem (maacutex 60Lt e 10kg) para transportar no dromedaacuterioSaco camaFrontal ou lanternaOacuteculos escuros chapeacuteu e protetor solarRoupas confortaacuteveis para caminhadaImpermeaacutevelAgasalho noturnoBaacutesicos de higiene (incluir toalha pequena e ligeira e produtos biodegradaacuteveis papel higieacutenico e saco chinelos)1ordms socorros pessoais que devem incluir anti mosqui-to e anti diarreicoPara as Senhoras ndash calccedilas compridas para atravessar algumas aldeias

Equipamento RecomendadoMaacutequina Fotograacutefica Sticks de Caminhada Calccedilado confortaacutevel e desportivo (uso recomendado)

Nuacutemero miacutenimo 6 pessoas (preccedilo sob consulta para grupos de nuacutemero inferior)

Preccedilo Desde 799euro | + 50euro (suplemento single em Marrakech)

Mais informaccedilotildees aquiUm Programa Caminhos da Natureza oslash

DEsERToDUNas E oaacutesis

Tipo de percurso NaturezaTrekkingGrau de dificuldade MeacutedioAltoCaracteriacutesticas8 dias 7 noitesProacuteximas datas 26 de dezembro de 2012 a 2 janeiro de 2013

Marrocos eacute um paiacutes lindiacutessimo que por estar tatildeo perto e ser tatildeo exoacutetico merece uma visitaNesta viagem propomos mais que uma visita sugeri-mos uma aventura de vaacuterios dias a peacute a acompanhar uma caravana de camelos Iraacute atravessar planaltos e desertos descansar agrave som-bra de oaacutesis e dormir sobre as estrelas beber chaacute na companhia de Berberes e ouvir as suas histoacuterias Per-correremos caminhos antigos de caravanserais que acompanham rios e dunas Para no fim saborearmos um merecido descanso na magia do deserto Aproveite este fim de ano para comemorar em boa companhia e num cenaacuterio exoacutetico e inesqueciacutevel a entrada do novo ano e para conhecer ou regressar a este maravilhoso paiacutes

Programa previstoDia 1 Voo cidade de origem - MarrakechDia 2 Marrakech - ZagoraDia 3 Beni Ali - Oaacutesis de Foum TaqquatDia 4 Oaacutesis de Foum Taggat ndash Dunas de Nesrate ndash Ksar Ait IsfoulDia 5 Oaacutesis e dunas de Nesrate ndash Zaouiat Sidi Saleh ndash Duna de TidiriDia 6 Dunas de Tidiri ndash Oaacutesis e dunas de Ragabi ndash Dunas Erg LihoudiDia 7 Viagem para MarrakechDia 8 Voo Marrakech - cidade de origem

Preccedilo 580euro (Preccedilo Terra) | Desde 350euro (Preccedilo voo) + Suplemento ind Marrakech 50 euro

Mais informaccedilotildees aquiUm Programa Papa-Leacuteguas oslash

TREkkiNG No DEsERTo

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dia 1 - 28ago12 keflavik- selfoss ndash 112 kmNoacutes movemo-nos como este vento que corre li-vremente por este paiacutes gelado Tatildeo a sul quanto eacute possiacutevel nesta latitude percorremos a estrada da costa expostos a um inquietante e impressio-nante vento que nos derrubou por diversas ve-zes Ele natildeo deixa saudades apenas ficam mar-cas e recordaccedilotildees Por momentos sentimo-nos transportados para o outro extremo do mundo na Patagoacutenia onde os 8 meses que separam es-tas 2 aventuras natildeo chegam para tirar do corpo o desconforto que nos provocou

Por todo o lado nota-se a natureza intocada com pouca vegetaccedilatildeo os tons escuros dos solos vulcacircnicos e muitas rochas de lava cobertas de musgo O momento do dia foi junto da Blue La-goonl um dos pontos mais turiacutesticos da Islacircndia

Pedalar por um sonho agraves portas do Ciacuterculo Polar Aacutertico

Para os sonhos serem realizados eacute preciso al-gueacutem que acredite A nossa viagem agrave Islacircndia foi alimentada pela vontade de ajudar 2 crianccedilas a concretizar 2 sonhos em conjunto com a Ins-tituiccedilatildeo terra dos sonhos porque um sorriso vale tudo

Durante 3 semanas pedalaacutemos no nosso mundo de sonhos e a cada pedalada recebemos sorri-sos em troca

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Para muita gente

viajar significa ir ao encontro daquilo

que procuram Noacutes que viajamos com a bicicleta e em autonomia sabemos

que o destino estaacute traccedilado mas eacute

incerto

dia 2 - 29ago12 selfoss-selfoss Atraacutes das montanhas em busca do Circulo de Ouro 95 km Hoje o dia foi programado para viajarmos sem bagagem Era uma volta circular que nos leva-va para laacute das montanhas ateacute agrave fenda onde a Islacircn-dia se equilibra

No parque nacional de Thingvellir vivemos alguns dos mais conhecidos fenoacutemenos naturais desta ilha Aqui eacute o local onde se separam as placas tectoacute-nicas americana e euroasiaacutetica criando uma fenda que se afasta 2cm por ano

dia 3 - 30ago12 selfoss-Laugarvatn-gey-sir-gullfoss-Fludir-Aacuternes 140 kmPercebemos agora porque chamam ciacuterculo de Ouro ao Geysir e agrave cascata Gullfoss O turismo mais va-lioso chega em inuacutemeros autocarros e viaturas 4X4 equipadas com rodas ldquoextra sizerdquo

Natildeo eacute preciso chegar a este local para sentir os cheiros que os vapores emanam do subsolo Em povoaccedilotildees com pouco mais de 4 casas eacute possiacutevel ver-se a terra em plena atividade diante dos nossos olhos e sentir-mo-nos convidados a ocupar todo o espaccedilo aquecido

Laugarvatn Fludir ou Aacuternes todas estatildeo num terri-toacuterio maacutegico onde o tamanho natildeo conta e os limites que existem satildeo impostos pela nossa imaginaccedilatildeoEstas aldeias natildeo brilham mas valem ouro Ainda estamos a 20 quiloacutemetros do destino mas jaacute passa-ram mais de 10h desde que saiacutemos Eacute tarde e natildeo vamos ter tempo para recuperar e enfrentar 4 dias de total isolamento por uma estrada de montanha que atravessa 2 glaciares

A ementa para tantos dias corre velozmente na mi-nha mente Compramos tudo o que julgamos vir a precisar mas antes percorro corredores vasculho prateleiras tenho hesitaccedilotildeeshellipCalamos o medo e pegamos na bicicleta

dia 4 - 01 set12 Aacuternes ndash highland center 70kmDamos hoje a primeira pedalada de aproximada-mente 300 quiloacutemetros em direccedilatildeo ao centro da Terra as highlands

Para muita gente viajar significa ir ao encontro da-quilo que procuram Noacutes que viajamos com a bici-cleta e em autonomia sabemos que o destino estaacute traccedilado mas eacute incerto O encontro com o inesperado eacute muitas vezes algo que acontece com frequecircnciaFoi uma noite mal dormida devido agrave ansiedade e ao risco do que nos propunhamos fazer Sabemos que a cada quiloacutemetro que andamos comeccedila uma nova aventura

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Natildeo podiacuteamos esperar mais Saiacute-mos do Youth hostel debaixo de chuva tendo como esperanccedila al-guma falha nas previsotildees meteo-roacutegicas para as horas seguintes Insiacutepidos e molhados desde cedo buscamos abrigo no highland center

dia 4 - 02set12 highland center ndash nyidalur hut 110km Toda a ilha eacute uma zona livre de stress Quando percorremos a fantasmagoacuterica Sprengisadur route (F26) percebemos que es-tamos livres de tudo ateacute do nosso juiacutezo A nossa ambiccedilatildeo quando tracaacutemos esta rota era atraves-saacutermos o paiacutes de sul para norte e passarmos entre os glaciares Holsjokul e VatnajokullA natureza pode ser simulta-neamente dura delicada e cruel como foi ontem mas foi genero-sa connosco hoje ao permitir-nos ver a paisagem de cascalho solto nua sempre do mesmo tom cas-tanho escuro

O silecircncio ganhou espaccedilo ateacute ao momento em que conseguimos chegar ao abrigo de montanha (hut)

dia 5 - 03set12 - nyida-lur hut ndash rest dayNem pensar em cruzar a precio-sa porta do abrigo Laacute fora estaacute tudo muito branco e diferente daquilo a que estamos habitua-dos e por isso mantivemo-nos no hut de Nyidalur (na base do vulcatildeo Tungnfell) durante 2 noi-tes por seguranccedila O fogatildeo estaacute sempre aceso e tem uma enorme panela com aacutegua pronta a aque-cer quem chegue

Para que possamos variar do esparguete e noodles (jaacute natildeo haacute muito) vamos tentar fazer patildeo O resultado da nossa experiecircncia a juntar ingredientes com nomes impronunciaacuteveis em que iacuteamos provando para perceber o que era deu num cruzamento entre o patildeo e o rissol O duo de motards que dividiam o hut connosco re-petiram Significa que inventaacute-mos mais um pastel falta soacute dar um nomehellipO Ranger do Parque Nacional acaba de chegar ao hut e veio confirmar que somos mesmo malucos por estarmos nas high-lands nesta eacutepoca Aleacutem disso avisou que vai haver tempestade para esta noite e amanhatilde

dia 6 - 04set12 - nyidalur hut- rest dayLaacute fora estatildeo 0ordmC e as bicicletas encostadas imoacuteveis sujeitas a mais um teste de resistecircncia O nosso passatempo eacute assar ba-tatas ver quem passa e a forma como transpotildeem o rio A nossa vez de partir vai chegar ainda natildeo sabemos eacute quando Para jaacute passa a 3ordf noitehellip

dia 7 - 05set12 - nyidalur hut ndash Laugar 129kmO som do vento acorda-nos mui-to cedo e era semelhante ao do dia anterior Se a direccedilatildeo se man-tivesse de norte significava mais um dia perdido Inquieto dirijo--me ateacute agrave janela para observar o uacutenico ponto de referecircncia no ex-terior uma bandeira chicoteada pelo vento vindo de sulEstava dado o sinal de partida para mais do que uma maratona nas highlands Ao longo do ca-minho a neve mantinha-se por vastas aacutereas e o vento empur-rava-nos ao mesmo tempo que nos congelava as extremidades e queimava a pele

Foi uma benccedilatildeo a ajuda do Ran-ger para transpormos 2 rios em

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seguranccedila sem nunca nos molharmos A aacutegua que noacutes e os islandeses bebem vem de rios como estes sem qualquer tipo de tratamento

DIA 8 - 06set12 Laugar ndash Lago Myvatn- Lau-gar 85 kmFoi tanta a privaccedilatildeo nos dias anteriores que hoje sonhaacutemos com o pequeno almoccedilo que teriacuteamos pela manhatilde antes de nos deslocarmos para o Lago Myvatn Este lago imenso e a aacuterea envolvente satildeo um dos grandes tesouros europeus Durante a nossa volta circular toda a paisagem eacute surreal Lava fumo a sair da terra crateras aacutegua e montanhas vulcacircnicas

Haacute muitos dias que transportamos os fatos de ba-nho na pequena mochila que vai agraves costas na es-peranccedila de um banho quente em qualquer charco inesperado Hoje tivemos o nosso primeiro hot pot Eles satildeo um must nesta regiatildeo (eacute como estar num jacuzzi no meio da rua com um cenaacuterio deslum-brante)

DIA 9 - 07set12 Laugar ndash Akureyri 67kmIsto de pedalar com vento natildeo tem graccedila nenhu-ma especialmente porque natildeo se consegue ter mo-

mentos de contemplaccedilatildeo parados Em dias assim eu sou a ponta da flecha que abre uma fissura no vento e permite que a Filomena possa andar na roda Acabar eacute uma vitoacuteria mas natildeo existe gloacuteria quando se chega ao fimAkureyri eacute a capital do norte e a 2ordf cidade maior do paiacutes com 18000 habitantes civilizaccedilatildeo situada num fiorde rodeado de cumes nevados uma escolha acertada para ficar um dia a descansar

DIA 10 - 09set12 Akureyri- Varmahliacuteo 95 kmMesmo a pedalar sobre a Route 1 os grandes hori-zontes continuam a fazer parte desta viagem An-damos pelos vales e seguimos os cursos dos rios alimentados pelas aacuteguas que escorrem incessante-mente das arribas que nos flanqueiamPodia afirmar que estou eufoacuterico diante das infini-tas possibilidades que tenho pela frente mas natildeo estou Novo aviso de tempestade acompanhada de ventos fortes (23 ms) natildeo convida a grandes aven-turas

Por hoje natildeo precisamos de nos preocupar esta-mos bem abrigados numa quinta na aldeia de Var-mahliacuteeth com 130 pessoas

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DIA 11 -10set12 Varmahliacuteo ndash Rest dayParece que o inverno veio todo num soacute dia e pintou tudo de branco O supermercado estaacute a 300 metros mas eacute como se fosse uma miragem Temos mais um dia de paragem forccediladaO nevatildeo ganha cada vez mais terreno agrave medida que as horas avanccedilam A estrada estaacute interdita agrave maio-ria dos veiacuteculos e por precauccedilatildeo as pessoas satildeo aconselhadas a procurar alojamentoEm pouco tempo a senhora Inda de 81 anos que haacute poucas horas parecia ter uma vida pacata a co-chilar no seu sofaacute mostrou-nos como eacute uma ver-dadeira mulher do norte Enquanto nos convidava para um lanche com bolos caseiros mostrava or-gulhosamente os aacutelbuns de famiacutelia recebia os tu-ristas que iam chegando e quando a lotaccedilatildeo esgo-tou pegou no seu jeep e conduzia estrada fora para os ir alojar

DIA 12- 1set12 Varmahliacuteo ndash Saeberg (hostel) 15kmEsta aventura jaacute foi longe demais Temos metade da quilometragem que planeaacutemos centenas de peripeacutecias e riscos incalculados e soacute nos apetece chegar agrave capital Laacute fora tudo continua branco e a abanar no entanto existe a necessidade de arran-car Estamos confiantes nas previsotildees para o dia de hoje mesmo quando aquilo que vemos natildeo inspira confianccedila

Comeccedila a nevar comeccedila a montanhahellipVaacuterios car-ros estatildeo soterrados nas bermas os flocos voam magoam as faces e a subida ainda vai no iniacutecio Me-tro a metro vamos quebrando o gelo Quem passa tira fotografias e fica increacutedulo Noacutes tambeacutem Natildeo sabemos como equilibrar as 2 rodas perante esta manifestaccedilatildeo da natureza As equipas de emergecircn-cia patrulham a aacuterea e noacutes fazemos ldquolikerdquo sem nos apercebermos que as descidas se tornariam autecircn-ticos escorregasPedimos ajuda e somos resgatados ateacute ao nosso destino Estaacute um sol maravilhoso e as vistas satildeo lindas A vida eacute tatildeo bela porque seraacute que ando de bicicleta em siacutetios tatildeo difiacuteceisPronto Depois de 1h dentro do hot pot percebe-mos porque natildeo ficamos em casa Casa eacute onde estaacute o nosso coraccedilatildeo

DIA 13 - 12 e 13 set12 Saeberg ndash Borgarnes ndash Reykjavik 226kmsEstamos a oeste mas o nosso sentido eacute cada vez seguir para mais perto do nosso ponto inicial O isolamento e a ausecircncia da matildeo humana con-tinuam a ser uma das grandes referecircncias deste paiacutes Os horizontes ateacute Borgarnes perdem a cor e parecem-se com tantos outros que jaacute vimos noutros lugaresReykjavik natildeo estaacute isolada natildeo estaacute no topo de uma

montanha e nem sequer haacute nada de extremo nesta cidade

DIA 14 - 14 set12 Reykjavik ndash Rest dayA capital natildeo nos cativa eacute exageradamente cara e parece viver soacute de noite

DIA 15 - 15 set12 Reykjavik ndash Keflavik 49kmFelizmente que as imagens que estamos a ver e que satildeo iguais ao primeiro dia representam ape-nas uma pequena amostra deste paiacutes Natildeo haacute aacutervo-res natildeo haacute rios natildeo haacute vales apenas uma rugosa paisagem lunar fruto da forte atividade vulcacircnica nesta peniacutensula

Ateacute ao aeroporto jaacute natildeo contamos observar nada daquilo que enche as brochuras e panfletos que se podem encontrar e consultar espalhados por qual-quer parte desta linda ilha Resta-nos pedalar

EPIacuteLOGO Natildeo satildeo os nuacutemeros que fazem uma via-gem de SONHO Os quiloacutemetros ambicionados os desniacuteveis previstos os dias programados ficaram aqueacutem do planeado Mas as expectativas planeadas foram largamente ultrapassadas pois tivemos expe-riecircncias uacutenicas em cenaacuterios de Sonho com amiza-des imprevistas

Nesta ilha todos os sentidos experimentaram a na-tureza em estado puro A esta latitude tudo se torna impreviacutesivel os 6 dias que ficaacutemos retidos e os 1400 quiloacutemetros percorridos hoje parecem pouco vistos agrave distacircncia num lugar seguro

AGRADECIMENTO Aos nossos apoiantes ndash Terra dos Sonhos Cofides Competiccedilatildeo Movefree Bike performance Center D-Maker Ortik Bike Magazi-ne Bivaque Extramedia Portal Aventuras

Um agradecimento muito especial agrave missatildeo da For-ccedila Aeacuterea Portuguesa ndash Iceland Air Policing que nos recebeu e transportou as nossas bagagens no re-gresso a Portugal Bem hajam oslash

Ricardo Mendes e Filomena Gomes

MAIS PORMENORES E FOTOS

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Aventura- Tsiiii tsiiii ndash o meu olhar desviou-se do hori-zonte que observava tentando encontrar por perto de onde vinha o som daquele assobio

- Satildeo as marmotas Estatildeo a avisar as outras que noacutes estamos por perto eacute assim que comunicam principalmente se sentem algum perigo - o Heacutel-der ria do meu ar confuso Ia jurar que o assobio vinha de um ser humano Foi a primeira vez que avistei este simpaacutetico mamiacutefero Imagino esta marmota no meio dos peluches do quarto das minhas filhas Satildeo sem duacutevida um animal sim-paacutetico estes excelentes escavadores que vivem em altitudes desde os 900m aos 3200m Nove meses do ano passam-no a hibernar Estamos em pleno veratildeo nos Alpes e as marmotas estatildeo em grande atividade armazenando energias para o inverno Conseguimos avistar os outros elementos da coloacutenia ldquode peacuterdquo alerta Foi um bom motivo para uma merecida pausa tirar a mochila hidratar comer uma barra energeacutetica

Jaacute haviacuteamos percorrido grande parte do trilho que nos levaria ao Refuacutegio Albert I Eacute aqui que pernoitaremos para iniciar a nossa aclimataccedilatildeo Saiacutemos da pequena vila de Le Tour de onde partem os telefeacutericos usados no inverno para aceder agraves pistas de esqui No veratildeo continuam em atividade facilitando o percurso aos trekkers que natildeo queiram palmilhar o desniacutevel de cerca de

700m que os separa do Col de Balme- Estamos a aclimatar e tambeacutem a treinar nem pensar em usar meios mecacircnicos ndash Helder sor-ria a dizer esta frase Foi quanto bastou para perceber que a manhatilde ia ser longa Depois de vencermos grande parte do desniacutevel chegamos a um local de onde se pode avistar a cordilheira do monte Branco la Verte os Drus as Aiguil-les de Chamonix e o Monte Branco com os seus 4810m Mas que local magniacutefico para aclimatar pensei Para subir em altitude temos que permi-tir ao nosso organismo que se habitue gradual-mente agrave falta de oxigeacutenio a que vai ser exposto Para isso vamos fazendo caminhadas subindo gradualmente para que ao fim de alguns dias jaacute estejamos mais aptos a entrar numa zona em que a pressatildeo atmosfeacuterica eacute menor e o oxigeacutenio do ar mais rarefeito

Ao chegar agrave moreia do glaciar do Tour resta-nos uns 200 m para o nosso objetivo A 30 de agosto de 1930 o rei Alberto I da Beacutelgica inaugurou o primeiro refuacutegio que tem o seu nome Em 1935 o refuacutegio foi ampliado no entanto natildeo foi sufi-

ciente e o atual precariamente empoleirado num penhasco a uma altitude de 2706

inaugurado a 12 de julho de 1959 foi construiacutedo perto do primeiro

edifiacutecio Natildeo posso deixar de me impressionar ao avistaacute-lo e quando chego sento-me na varanda feliz por poder apre-

Esta-mos em pleno

veratildeo nos Alpes e as marmotas estatildeo em grande ativida-de armazenando energias para o

inverno

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ciar vistas tatildeo magniacuteficas ehellip por poder tirar as botas Natildeo tinha botas de alta montanha mas um amigo comprou umas plaacutesticas em segun-da matildeo em Chamonix e sorte das sortes eram o meu nuacutemero Fiz este trekking com elas para me habituar resultou Mas os meus peacutes supli-cavam por ar fresco Soacute conseguimos dar o de-vido valor ao momento de descanso conversa contemplaccedilatildeo numa varanda dum refuacutegio se jaacute tivermos percorrido umas boas horas por trilhos de montanha Saboreei ao maacuteximo este tempi-nho sabia que a tarde era guardada para treino no glaciar como andar em cordada e escalada no gelo Eacute sempre bom relembrar as bases um acidente pode acontecer quando descuramos as regras mais simples e esta tarde foi fundamental para isso Um sol magniacutefico vistas deslumbran-tes ambiente descontraiacutedo Natildeo deixar a corda a tocar o chatildeo nunca a pisar nem a ter dema-siado em tensatildeo Esta sintonia entre elementos de cordada trabalha-se e soacute com o treino a con-seguimos obter Amanhatilde vamos sair ao nascer do dia em direccedilatildeo agrave Aiguille du Tour Esta for-maccedilatildeo com 3540m eacute muito popular entre as pes-soas que tentam a ascensatildeo ao Monte Branco Eacute relativamente faacutecil a sua subida pela face leste

A meteorologia na manhatilde da nossa subida esta-va perfeita Adoro toda a logiacutestica de preparaccedilatildeo de saiacuteda do refuacutegio O acordar ainda de noite os ruiacutedos leves e abafados dos mais madrugadores na camarata o som dos passos ainda lentos no chatildeo de madeira Tento concentrar-me para natildeo me escapar nada ter todo o material colocado e sentir-me confortaacutevel Saio do refuacutegio e o ar

fresco da montanha acorda os meus sentidos Comeccedilamos a subir o glaciar frontais ligados muacutesculos a aquecer A inclinaccedilatildeo eacute moderada e rapidamente chegamos ao colo superior do Tour que marca a fronteira da Franccedila com a Suiacuteccedila ndash Trouxeram o passaporte Vamos pas-sar no posto fronteiriccedilo ndash pergunta o Heacutelder a sorrir Atravessamos agora o glaciar de Trient o sol aquece-nos e as vistas satildeo surpreendentes Ao chegar agrave base da aguille do Tour fazemos o nosso merecido descanso comer beber aacutegua apreciar a beleza que nos circunda Vem agora a parte divertida para quem gosta de escalar em rocha Iniciamos calmamente a nossa subida vamos ouvindo algumas orientaccedilotildees progredin-do e fazendo manobras para passar nas zonas mais expostas ateacute chegarmos ao topo Emocio-no-me com a beleza agrave minha volta O meu pen-samento liga-se a algueacutem muito querido que haacute bem pouco tempo deixou a vida terrena sinto a sua proximidade Um abraccedilo forte da minha amiga de escalada traz-me novamente agrave terra E ali agrave nossa frente majestoso quase como que a chamar-nos o Monte Branco

Foi nesse mesmo dia que regressamos a Chamo-nix Uma longa descida animada pela conversa descontraiacuteda sobre os Alpes - Haacute sempre tanto que contar desta cordilheira travessias espeta-culares que se podem fazer ndash ouvia atenta as histoacuterias que me contavam era a minha primei-ra vez nos Alpes e jaacute estava cativada Cativada ateacute pela proacutepria cidade de Chamonix Eacute um lo-cal onde se respira ar livre Da varanda do nos-so apartamento para onde quer que olhe vejo

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Aventuraatividades outdoor Ouccedilo os risos alegres dum grupo que desce o rio fazendo rafting observo o ceacuteu colorido pelos parapentes as pessoas pas-sam na rua equipadas com roupa de montanha Cheguei a Chamonix haacute dois dias de comboio Quando deambulava pelas suas ruelas cho-quei com uma curiosa estaacutetua onde um homem aponta a outro o cume do Monte Branco

- Eacute Jacques Balmat que estaacute a apontar para o cume ele foi o primeiro homem a subir esta montanha a 8 de agosto de 1786 acompanha-do do meacutedico Michel Paccard Saiacuteram de Cha-monix acamparam no cume da Montagne de la cote a 2630m agraves 4 da manhatilde partiram e chega-ram ao cume por volta das 6h da tarde Balmat nasceu neste vale era um caccedilador de cristais tinha uma vontade de ferro e um instinto para as montanhas Paccard era meacutedico em Chamonix e um excelente alpinista adorava botacircnica e mi-nerais Tambeacutem lhe erigiram aqui uma estaacutetua

Foi ele que conheceu Horace-Beacute-neacutedict de Saussure que ini-

ciou a corrida do primeiro homem a subir ao Monte Branco ndash disse-me Joatildeo

- E esse Saussure tam-beacutem era alpinista ndash perguntei curiosa

- O seu interesse pela botacircnica trouxe-o ateacute aos

Alpes e percorreu grande parte desta cordilheira co-

meccedilando a trabalhar no sentido de esclarecer a topografia da parte ne-

vada dos Alpes nessa eacutepoca praticamente des-conhecida Foi em 1760 que veio aqui pela pri-meira vez e ofereceu uma recompensa a quem escalasse o Monte Branco Ele tentou fazecirc-lo sem sucesso- Entatildeo nunca chegou a subir

- Sim conseguiu mas soacute em 1787 jaacute tinha 47 anos e levou 18 guias com ele Relembro as palavras que li do fotoacutegrafo de montanha C Douglas Milner ldquoA subida em si foi magniacutefica uma incriacutevel faccedilanha de coragem grande resistecircncia realizada por estes dois ho-mens apenas sem corda e sem piolets muito sobrecarregados com equipamentos cientiacuteficos e com longos bastotildees com pontas de ferro O bom tempo e uma lua luminosa garantiram o seu regresso com vidardquo

O dia seguinte foi passado a descansar visitar o Museu da Montanha e espreitar a meteoro-

Foi em 1760 que veio aqui

pela primeira vez e ofereceu uma recom-

pensa a quem escalas-se o Monte Branco Ele tentou fazecirc-lo

sem sucesso

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Mom

te b

ranc

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ventu

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Um dos pontos al-tos eacute ir agrave roulotte

dos waffles delei-tarmo-nos com este

delicioso doce No fi-nal do dia ainda pude-

mos assistir a um espetaacute-culo de muacutesica e danccedila celta

na praccedila central O ambiente eacute descontraiacutedo a praccedila estaacute cheia de gente e a muacutesica faz sempre bem agrave alma Joatildeo recebe um telefonema

- Estaacutes nos Alpes Natildeo vatildeo poder subir amanhatilde aproxima-se uma tempestade Mas tenho boas notiacutecias tens uma janela de bom tempo no dia seguinte se quiserem aproveitar - Disse Viacutetor Baiacutea sempre bem informado sobre os fenoacuteme-nos meteoroloacutegicos

O dia em que vai haver ldquouma abertardquo para subir eacute o mesmo dia em que temos voo para Lisboa

desde Genebra Ficamos um pouco a pensar no que decidir e claro temos que arriscar Na mon-tanha eacute assim tem que haver flexibilidade es-tamos dependentes das condiccedilotildees climateacutericas e aproveitar quando nos eacute proporcionado bom tempo

A rota que vamos seguir natildeo eacute a mais utilizada eacute chamada rota dos trecircs cumes Esta rota eacute mais exigente fiacutesica e tecnicamente do que a rota do Goucircter No entanto com faacutecil acesso a partir do telefeacuterico da Aiguille du Midi este percurso tor-nou-se a segunda rota mais popular para esca-lar o Monte Branco O percurso inicia-se na Ai-guille du Midi seguindo pelo Col du Midi antes de subir o Monte Branco atraveacutes do Mont-Blanc du Tacul (4248m) e Maudit Mont (4465m) Esta rota requer condiccedilotildees estaacuteveis na neve do Mont Blanc du Tacul e Mont Maudit e tem uma eleva-ccedilatildeo acumulada de 1425m O refuacutegio Cosmiques estava lotado a nossa uacuteni-

- Es-taacutes nos Alpes

Natildeo vatildeo poder subir amanhatilde aproxi-ma-se uma tempestade

Mas tenho boas notiacutecias tens uma janela de bom tempo no dia seguinte

se quiserem apro-veitar

Novembro_Dezembro 2012 OUTDOOR32

Aventura

estaccedilatildeo do telefeacuterico da Aiguille du Midi Este telefeacuterico foi construiacutedo em 1955 e manteve o tiacutetulo de ser o mais alto do mundo durante duas deacutecadas Ele ainda deteacutem o recorde como o te-lefeacuterico com a ascensatildeo vertical mais alta no mundo de 1035 m para 3842 m Haacute duas se-ccedilotildees de Chamonix para o Plano de lAiguille a 2317 m e depois diretamente sem qualquer pi-lar de apoio para a estaccedilatildeo superior a 3777 m Apanhamos o uacuteltimo telefeacuterico do dia cerca de 20 minutos depois estaacutevamos no terraccedilo a tentar admirar as lindiacutessimas vistas que se tem deste local No entanto o mau tempo previsto estava certo e a visibilidade natildeo era mais de 20 m agrave nossa frente Estava desanimadiacutessima

- Como eacute possiacutevel daqui a poucas horas termos bom tempo para subir ndash Perguntei increacutedula- Estamos na montanha Luiacutesa a meteorologia muda rapidamente Temos que aguardar ndash Afir-mou Joatildeo calmo e confiante

Fomos procurar um local onde pudeacutessemos descansar ateacute agrave meia-noite hora marcada para a nossa partida O percurso eacute longo com bas-tante desniacutevel e na realidade o voo para Lisboa eacute amanhatilde Quando acordei o som dos ventos fortes que se faziam ouvir misteriosamente desaparece-ram Depois de comer e fazer a confirmaccedilatildeo do equipamento dirigimo-nos para a aresta que nos levaraacute ao Valleacute Blanche Foi com extrema curiosidade que me dirigi agrave saiacuteda Como esta-raacute o tempo A calma e tranquilidade que senti ao sair para o exterior foi-me trazida pela ma-ravilhosa paisagem que tinha agrave minha frente Afinal depois da tempestade vem a bonanccedila e a visatildeo deste vale imaculado sob um ceacuteu estre-lado sem ningueacutem sem pegadas sem luzes de frontais foi brutal Ao comeccedilar a descer a ares-ta conseguimos ver o refuacutegio Cosmiques ainda adormecido Fomos mesmo os primeiros a sair o que representa um privileacutegio por um lado e

No entanto o mau tempo pre-

visto estava certo e a visibilidade natildeo era mais de 20m agrave nossa frente Estava desa-

nimadiacutessima

Ainda foi longa a nossa caminhada sempre a encontrar forccedilas e energia onde quer que elas estivessem escondidas Paraacutevamos de vez em quando agrave espera da outra cordada de amigos e por fim cerca das 10h da manhatilde atingimos o cume Tento tirar fotos mas a maacutequina fotograacute-fica natildeo ajudou fiquei sem bateria Natildeo faltam maacutequinas para o fazer e depois de um breve descanso temos que iniciar a descida pela mes-ma rota Eacute uma descida que acaba por ter al-gumas subidas sendo por isso mais demorada Mas a alegria de ter cumprido o objetivo o dia tatildeo calmo e luminoso a companhia dos amigos supera qualquer tipo de cansaccedilo

Tive um sentimento de saudade ao chegar nova-mente ao Valleacute Blanche e olhar para traacutes para o trilho percorrido olhar aquele vale agora agrave luz do dia atravessado por tantas pegadas Olho de relance para a uacuteltima subida que nos falta fazer a aresta que nos levaraacute ao telefeacuterico na Aguille du Midi Faccedilo esta subida confiante como se ti-vesse deixado para traacutes todo o esforccedilo e cansaccedilo extremo desta maravilhosa aventura

Com grande pena natildeo pude comemorar em Chamonix nessa noite mas comemorei com imensa alegria ao reencontrar-me com a mi-nha famiacutelia orgulhosa de mim afinal estive no mesmo dia no cume do Monte Branco de manhatilde e agrave noite na minha cama quente e confortaacutevel em Lisboa oslash

Luiacutesa Tomeacute

Papa-Leacuteguaswwwpapa-leguascom

OUTDOOR Julho_Agosto 2011 33

Aventu

ra

um esforccedilo acrescido por outro Relembro a tra-vessia do glaciar do Tacul a ldquofazer trilhordquo o som dos campons na neve ecoava num ritmo proacute-prio pousava a minha bota no local exato onde o Joatildeo tinha feito a pegada como que num jogo em que quando falhava acrescia o esforccedilo que teria que fazer O som de passos intensifica-se temos mais madrugadores connosco Deixamo--los passar jaacute vimos a fazer trilho haacute bastante tempo eacute a vez de outros agora

Quando chegamos agrave ldquoparederdquo do Mont Blanc du Tacul jaacute temos algumas pessoas agrave espera para subir O sol ainda natildeo subiu para nos aquecer esperamos junto agraves cordas a nossa vez os peacutes comeccedilam a dar sinal de frio Iniciamos a subida os piolets e os crampons cravam-se certeiros no gelo a corda ajuda na subida Comeccedilo a ficar cansada e a hesitar paro por uns momentos sinto a boca seca o coraccedilatildeo a bater forte olho para cima jaacute natildeo falta muito - Piolet numa matildeo corda na outra sobe Luiacutesa ndash a voz do Heacutelder trouxe-me lucidez A energia que me faltava regressou Concentro-me e con-tinuo a subida pedaccedilos de gelo passam por noacutes arrancados aquela parede cheia de gente dese-josa de ultrapassar possivelmente o obstaacuteculo mais duro desta rota

O trilho continua pelo beliacutessimo Mont-Maudit apesar do seu nome O sol jaacute vai alto comeccedila a aquecer haacute que comeccedilar a tirar camadas Natildeo podemos desidratar Col de la Brenva um chaacute quente e uma bolacha Apetece ficar jaacute aqui as vistas satildeo surpreendentes Mas natildeo eacute este o nos-so objetivo vamos continuar a subir

Entrevista Diogo Miguel - (Oti-Estarreja)

ldquoO DEsPORTO EM PORTuGAL eacute uM EsPELhO DA sOCIEDADErdquo

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Entrevista

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Sabe acima de tudo as con-

diccedilotildees que temos e consegue olhar para o

resultado como sen-do bastante meri-

toacuterio

OutdOOr COmO eacute pOssiacutevel algueacutem COm-patibilizar a preparaccedilatildeO enquantO atleta de OrientaccedilatildeO de elite COm as exigecircnCias dum 6ordm anO dO CursO de medi-Cina

diOgO miguel O segredo reside sobretudo na motivaccedilatildeo Toda a gente consegue tirar um curso e fazer desporto e inclusivamente se gos-tar consegue treinar todos os dias Mas se esti-ver motivado o suficiente consegue levantar-se cedo para correr agraves seis da manhatilde estar na Fa-culdade agraves oito e meia sair agraves quatro da tarde e ir treinar outra vez estudar ateacute agraves dez da noite e dormir porque amanhatilde eacute outro dia Eacute preci-so estar-se motivado para abraccedilar esta vida durante o ano inteiro

Haacute quantO tempO eacute que as COisas satildeO levadas assimQuando comecei a fazer Orien-taccedilatildeo natildeo tinha grandes preo-cupaccedilotildees com o treino Durante os anos de faculdade jaacute treinava bastante a seacuterio mas foi haacute dois ou trecircs anos quando comecei a ser treinado pelo Professor Bruno Nazaacuterio que aumentei a carga de trei-no para o bi-diaacuterio A partir daiacute passei a ter o meu tempo totalmente ocupado Satildeo os estaacutegios do Curso o tempo de deslocaccedilatildeo para Hospitais da periferia uma tese para defender Este ano seraacute bastante mais exigente que os anteriores se calhar natildeo vou poder fazer treino bi-diaacuterio todos os dias como gostaria mas ainda assim vou pro-curar treinar duma forma o mais seacuteria possiacutevel e se natildeo puder fazecirc-lo na quantidade desejaacutevel pelo menos na qualidade espero consegui-lo

em 2007 COnquistOu a primeira grande medalHa da OrientaccedilatildeO pOrtuguesa aO sagrar-se CampeatildeO da eurOpa de JOvens

Chama-se Diogo Miguel e eacute aos 23 anos uma das referecircncias da Orientaccedilatildeo Pedestre nacio-nal Campeatildeo Europeu de Jovens em 2007 e Campeatildeo Nacional de Distacircncia Longa em 2009 e 2011 Diogo Miguel reparte o tempo entre a modalidade do seu coraccedilatildeo e as exigecircncias do curso de Medicina que abraccedilou haacute seis anos E foi precisamente por aiacute que a nossa conversa comeccedilou uma conversa onde passado presen-te e futuro se misturam e confundem numa teia de opccedilotildees direccedilotildees desafios e decisotildees Na Orientaccedilatildeo como na Vida

Por Joaquim Margarido

de sprint em eger na Hungria que me-moacuterias guarda dessa JOrnada Haacute CinCO anOs atraacutesGuardo sobretudo as memoacuterias e os amigos Na altura pensaacutemos que a visibilidade que este re-sultado poderia dar agrave Orientaccedilatildeo catapultasse a modalidade e possibilitasse a obtenccedilatildeo de mais apoios mas isso natildeo se veio a verificar pelo me-nos na medida daquilo que seria de esperar

esteve este anO nOs mundiais de lausan-ne COnseguindO O 33ordm lugar na Final a de distacircnCia lOnga que valOr atribui a este seu resultadOAtribuo-lhe um valor elevado ateacute porque foi a primeira vez em dez anos que um portuguecircs foi a uma final A de Distacircncia Longa Cheguei ao fim com a certeza de ter feito o meu melhor e se natildeo tivesse quebrado fisicamente teria fei-to melhor ainda Ou seja com outras condiccedilotildees de treino teria facilmente ficado entre os vinte e cinco primeiros Mas falta bastante cultura des-portiva agrave sociedade portuguesa em geral e se disser a algueacutem que natildeo estaacute familiarizado com a Orientaccedilatildeo que terminei em 33ordm num Campeo-nato do Mundo essa pessoa iraacute pensar ldquoesque-ce eacutes mau natildeo prestasrdquo Mas quem sabe como estas coisas funcionam sabe os sacrifiacutecios que temos que fazer Sabe acima de tudo as condi-ccedilotildees que temos e consegue olhar para o resulta-

do como sendo bastante meritoacuterio

temOs em pOrtugal O apOiO que deviacuteamOs Ou que mereCiacuteamOs

Natildeo Eacute bastante revoltante olhar para outros desportos como eacute o caso do Futebol e termos um Presidente que termina o man-dato agrave frente da Federaccedilatildeo e que se sente orgulhoso por ter deixa-

do um balanccedilo positivo nas contas de muitos milhotildees de euros Mas

satildeo estes precisamente que ainda assim continuam a receber milhotildees e

milhotildees do Instituto Portuguecircs do Desporto e Juventude enquanto outras modalidades lutam pela sobrevivecircncia Acho que somos claramen-te sub-apoiados O desporto em Portugal eacute um espelho da Sociedade Haacute os muito ricos e haacute os muito pobres Os ricos satildeo cada vez mais ricos e os pobres satildeo cada vez mais pobres Eacute a mesma coisa com o desporto

quandO OlHa para Os nOssOs JOvens que pOtenCialidades vecirc neles para COn-seguirem CHegar aOs lugares CimeirOs da OrientaccedilatildeO eurOpeia e mundialTemos alguns jovens com bastante valor prin-

OUTDOOR novembro_Dezembro 2012 37

cipalmente o Luiacutes Silva Trata-se dum atleta que tem um futuro brutal e acho que vai ser sem sombra de duacutevidas o melhor atleta portuguecircs dentro de muito pouco tempo Olhando de for-ma mais aprofundada para estes atletas eacute uma realidade que eles tecircm hoje melhores condiccedilotildees em relaccedilatildeo agravequilo que noacutes tiacutenhamos na altura Basta ver que os atletas jaacute se deslocam com al-guma frequecircncia ao terreno antes das grandes competiccedilotildees coisa que natildeo havia ateacute haacute muito pouco tempo atraacutes E depois haacute os estaacutegios de Seleccedilatildeo Mas deve reconhecer-se que lhes falta o treino fora da competiccedilatildeo Acho que falta al-gum espiacuterito de sacrifiacutecio no treino em casa que eacute o mais importante

o CLubE dE oriEntaccedilatildeo dE EstarrEJa Eacute dEsdE sEMprE o sEu CLubE quE signiFiCa-do tEM para si EstE EMbLEMa E Esta CaMi-soLa quE EnvErgaComecei na Orientaccedilatildeo aos 8 anos e a minha primeira experiecircncia foi no Desporto Escolar na minha terra Canelas uma pequena aldeia do Concelho de Estarreja A essa primeira pro-va seguiu-se uma ldquoQuinzena da Orientaccedilatildeordquo no veratildeo e nunca mais parei Haacute quinze anos que estou ligado a este clube e ele faz parte de mim Poderia dividir a minha vida em dois por um lado a parte profissional da Faculdade e por outro a Orientaccedilatildeo Por estranho que possa pa-recer a parte desportiva natildeo se encontra num plano inferior relativamente agrave parte profissio-nal Ambas as partes se complementam uma agrave outra Portanto a minha ligaccedilatildeo a este clube eacute muito grande satildeo muitos anos satildeo muitas pes-soas e ajudou-me a crescer

aos Miuacutedos quE agora datildeo os priMEiros passos quE ConsELhos dariaO conselho natildeo o daria aos miuacutedos se calhar da-va-o antes aos pais Tanto a escola como o des-porto andam muito ligados Se temos disciplina num acabamos por ter disciplina no outro Natildeo eacute por acaso se olharmos para os atletas de topo a niacutevel nacional todos eles satildeo excelentes es-tudantes e tecircm um futuro profissional bastante promissor Tudo parte de quem educa Eu tenho a sorte de ter uns pais que sempre me educaram bem e que sempre me deram o apoio necessaacuterio para conseguir fazer as duas coisas

E deixaria ainda um conselho mais aos pais o de virem fazer uma prova de Orientaccedilatildeo com os seus filhos Uma das grandes vantagens da Orientaccedilatildeo eacute ser para aleacutem do ldquodesporto da flo-restardquo o ldquodesporto da famiacuteliardquo

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EntrevistaConsidEra quE Esta EacutepoCa CorrEu dE aCordo CoM as suas ExpECtativasNa verdade digamos que a eacutepoca estaacute quase agrave beira de comeccedilar Depois do Campeonato do Mundo tirei mais tempo do que era habitual para descansar e tenho estado a fazer pratica-mente soacute manutenccedilatildeo A eacutepoca teve alguns per-calccedilos comecei a treinar na Repuacuteblica Checa e apesar de ter feito muito treino com mapa devi-do agraves questotildees climateacutericas e agraves poucas horas de luz acabei por ter uma carga de treino aqueacutem do desejaacutevel Depois de regressar a Portugal estava a treinar bem mas tive um percalccedilo e lesionei--me num peacute o que me obrigou a uma paragem de um mecircs Isso fez-me perder muito da minha boa forma e acredito que se natildeo fosse isso po-

deria ter chegado muito melhor ao Campeonato do Mundo e aiacute o resultado poderia ter sido outro Apesar de tudo os resultados acabaram por ser bem melhores do que estaria agrave espera

o obJEtivo a Curto praZo passa pELo tiacute-tuLo naCionaL absoLutoPor acaso esse eacute um tiacutetulo que nunca alcancei Vou comeccedilar a treinar a seacuterio para chegar nas melhores condiccedilotildees ao Campeonato Nacional Absoluto e esse vai ser um bom teste O objetivo eacute estar laacute para ganhar

Quanto agrave proacutexima eacutepoca espero apresentar-me agraves provas em melhor forma do que este ano e que os bons resultados possam aparecer oslash

novembro_Dezembro 2012 OUTDOOR38

wwwgarminpt

ofereccedila um garmin DeSemBruLHara caixa Seraacute Soacute o princiacutepio

este natal ofereccedila emoccedilotildees aventuras para quem viaja ou para os que correm para os que navegam no mar ou escalam montanhas Para os nadadores ou golfistas este natal ofereccedila um garmin

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Por Terra

ORIENTACcedilatildeOhellip DEsPORTO NA NATuREzA

Parque nacional torres del Paine Chile

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Cinco satildeo os sentidos estaacute nos manuais neles reside a possi-bilidade de um maior ou menor contacto da pessoa com aquilo que a rodeia Haacute ainda o sexto sentido aquela perceccedilatildeo extra--sensorial que parece ser mais propriedade das mulheres do que dos homens e que nas con-ceccedilotildees ocultistas estaraacute tam-beacutem sedeado num oacutergatildeo do nosso corpo Figurada ou ob-jetivamente eacute bom que todos eles ndash sem exceccedilatildeo - estejam suficientemente desenvolvi-dos sem isso natildeo haacute sentido de orientaccedilatildeo que aguente

A Orientaccedilatildeo eacute um Desporto recente em Portugal mas tem jaacute mais de 100 anos de existecircncia

enquanto desporto organi-zado Com efeito teraacute sido em Bergen - Noruega no ano de 1897 que se organizou a pri-meira atividade desportiva de Orientaccedilatildeo Os paiacuteses noacuterdicos satildeo ainda hoje aqueles onde a modalidade tem maior implan-taccedilatildeo mobilizando um nuacutemero de praticantes que coloca a

Orientaccedilatildeo entre os cinco des-portos com mais adeptos na Escandinaacutevia A maior prova do mundo realiza-se anual-mente na Sueacutecia os 5 dias da Sueacutecia com um nuacutemero de participantes que jaacute atingiu os 25000

Durante o seacutec XX a modali-dade foi evoluindo ateacute agrave criaccedilatildeo da Federaccedilatildeo Internacional de Orientaccedilatildeo (IOF) que fes-tejou em 2012 o 51ordm aniversaacuterio e veio normalizar mundial-mente as regras competitivas as normas para elaboraccedilatildeo dos mapas e as sinaleacuteticas a usar A Orientaccedilatildeo eacute praticada em quatro disciplinas diferentes Orientaccedilatildeo Pedestre Orien-taccedilatildeo em BTT Orientaccedilatildeo em Ski e Orientaccedilatildeo de Precisatildeo (Orientaccedilatildeo prioritariamente para deficientes motores)

Portugal tem marcado pontos na Orientaccedilatildeo para o desporto adaptado lanccedilando em 2012 a Taccedila de Portugal de Orientaccedilatildeo de Precisatildeo e criando um cir-cuito de Orientaccedilatildeo adaptada vocacionado prioritariamente para a deficiecircncia intelectual e

crianccedilas em idade preacute-escolar que eacute uacutenico no Mundo e que estaacute a ser jaacute implementado pela Espanha

o quE EacutePodemos dizer que a Orien-taccedilatildeo eacute um desporto completo Haacute o aspeto fiacutesico o treino no campo que se aproxima do treino dum atleta de fundo E haacute o aspeto mental que de-sempenha um papel funda-mental a leitura dos mapas o contra-reloacutegiohellip Eacute tambeacutem o desporto de natureza por exce-lecircncia Os orientistas saem dos trilhos balizados para pene-trarem no coraccedilatildeo da floresta Cada dia eacute uma nova aven-tura Daquele que se inicia na Orientaccedilatildeo ao mais consagrado dos praticantes haacute todo um mesmo espiacuterito de liberdade de fazer a sua proacutepria escolha do melhor itineraacuterio No Atle-tismo por exemplo a volta agrave pista teraacute sempre 400 metros quer seja aqui ou no Japatildeo Na Orientaccedilatildeo esta noccedilatildeo de dis-tacircncia tem muito pouco signi-ficado Tanto se pode fazer 10 quiloacutemetros numa hora e meia como em quarenta minutos E

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depois nunca existem duas florestas iguais Eacute o eterno recomeccedilo Na Austraacutelia ou na Suiacuteccedila no Japatildeo ou na Escandinaacutevia eacute necessaacuterio uma adaptaccedilatildeo a cada local natildeo haacute lugar a repeti-ccedilotildeeshellip

Cada corredor possui uma buacutessola e um mapa que contrariamente a um mapa normal conteacutem uma enorme diversidade de detalhes acerca dos seus elementos caracteriacutesticos (relevo do ter-reno vegetaccedilatildeo caminhos elementos rochosos construccedilotildees e muito mais) Os mapas satildeo rea-lizados segundo as normas especiacuteficas da Fede-raccedilatildeo Internacional de Orientaccedilatildeo que tem sede na Finlacircndia Aleacutem da legenda sobre os siacutembolos nele representados existe ainda uma sinaleacutetica

proacutepria que tem a ver com o percurso que o praticante vai realizar nesse evento e que eacute uma linguagem uni-versal

A partir do momento em que se potildee em marcha o cronoacutemetro o orientista deve efe-tuar o seu percurso que eacute marcado no mapa e que eacute cons-tituiacutedo por uma par-tida (representada por um triacircngulo) uma seacuterie de pontos de

passagem obrigatoacuterios (representados por ciacuter-culos) e a chegada (representada no mapa por dois ciacuterculos concecircntricos) Estes pontos satildeo materializados no terreno sob a forma de um prisma triangular denominado por baliza e a passagem deve ser validada por um sistema de ldquopicotagemrdquo manual ou eletroacutenica O objetivo consiste em fazer o percurso na sequecircncia in-dicada o mais rapidamente possiacutevel Mas entre cada ponto de passagem a escolha do itineraacuterio fica ao criteacuterio de cada um

O percurso em linha reta evidentemente nem sempre eacute o mais raacutepido Eacute necessaacuterio jogar com as inflexotildees do terreno os lagos os muros e outros acidenteshellip O tempo gasto a percorrer o traccedilado da corrida depende sobretudo do meio sobre o qual a mesma se desenrola Em terrenos como na Escandinaacutevia onde o relevo eacute mais duro numa mesma distacircncia poderemos gastar quase o dobro do tempo que gastariacuteamos num terreno plano e sem o mesmo tipo de obs-taacuteculos

Por Terra

OUTDOOR Novembro_Dezembro 2012 43

O conhecimento do relevo eacute a parte mais difiacutecil Eacute neces-saacuterio aprender a imaginar um terreno a trecircs dimensotildees sobre o mapa Claro que natildeo eacute apenas isto Para quem tem mais dificuldade em possuir a visatildeo a trecircs dimensotildees esta in-suficiecircncia pode ser compensada com outras qualidades nomeada-mente a atenccedilatildeo Mas nem todos pos-suem igualmente esta capacidade mental Como na generalidade dos desportos eacute neces-saacuteria uma longa aprendizagem onde o treino teacutecnico a vivecircncia de situaccedilotildees mais variadas e o nuacutemero de florestas ldquovisitadasrdquo desempe-nham um papel fundamental Eacute agrave medida que o tempo passa que o orientista aprende a adaptar o seu comportamento a reagir cada vez mais rapidamente e a encontrar as melhores opccedilotildeesO desporto natildeo eacute muito mediatizado e o espiacute-rito da Orientaccedilatildeo eacute o de permanecer livre Eacute um desporto ainda preservado de certas po-leacutemicas ldquodopingrdquo e outros malabarismos daiacute que muitos orientistas digam que natildeo seja mau de todo que ele permaneccedila ldquoconfidencialrdquo

Grandes Competiccedilotildees em 2013

Em 2013 as grandes competiccedilotildees internacio-nais onde Portugal vai querer estar presente

satildeo as seguintes

- Campeonato do Mundo de Juacuteniores ndash Repuacuteblica Checa (29jun-06 de julho) wwwjwoc2013cz

- Campeonato do Mundo Elite ndash Finlacircndia (07-14 jul)

wwwwoc2013fi- Campeonato do Mundo ve-

teranos ndash Itaacutelia (02-10 ago) wwwwmoc2013it

- Campeonato da Europa de Jovens ndash Israel (03 de novembro) wwweyoc2013org

portuGal na alta roda Mas Portugal vai ter brevemente grandes desa-fios pela frente- Em 2013 organiza uma etapa da Taccedila do Mundo de seacuteniores e o Campeonato do Mundo de Vete-ranos de Orientaccedilatildeo em BTT - Costa Alentejana entre 09 e 13 de outubro- Em 2014 organiza em Palmela de 9-14 de abril e em paralelo o Campeonato da Europa de Orientaccedilatildeo Pedestre e o Campeonato da Eu-ropa de Orientaccedilatildeo de Precisatildeo wwweoc2014fpopt

Carnaval o ponto alto Desde 1996 que Portugal realiza a sua prova ra-inha que atrai os melhores especialistas a Por-

Eacute um desporto ainda

preservado de certas poleacutemicas ldquodopingrdquo e outros malabarismos

daiacute que muitos orientistas digam que natildeo seja mau de todo que ele perma-

neccedila ldquoconfiden-cialrdquo

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Por Terratugal Eacute O Portugal Orsquo Meeting que desde 2000 se realiza no Carnaval com a duraccedilatildeo de 4 dias e pontuaacutevel para a liga Mundial de orientaccedilatildeo pedestre nos percursos de Elite Em 2013 Por-tugal vai receber pela primeira vez trecircs eventos pontuaacuteveis para a Liga Mundial02 e 03 de fevereiro ndash Norte Alentejano Orsquo Mee-ting ndash Nisa (wwwnaompt)09ndash12 de fevereiro ndash Portugal Orsquo Meeting ndash Idanha-a-nova (wwwpompt)16 e 17 de fevereiro ndash XIV Meeting de Orien-taccedilatildeo do Centro ndash Pombal (wwwcocpteventos16fev2013)

OrientaccedilatildeO muitO mais dO que um despOr-tOOlhando para a modalidade de uma forma mais transversal podemos enquadraacute-la aleacutem de mo-dalidade desportiva com aacutereas como o Ambien-te a Educaccedilatildeo e as Novas Tecnologias As qua-tro vertentes atraacutes enunciadas reunidas numa soacute tem a ver tambeacutem com solidariedade

Ambiente porque a Orientaccedilatildeo eacute o ldquoDesporto da Florestardquo fazendo de cada praticante um guardiatildeo e um amigo de tatildeo valioso patrimoacutenio Educaccedilatildeo porque eacute uma modalidade onde se aglutinam mateacuterias tatildeo nucleares como a Ma-temaacutetica ou a Geografia e se desenvolvem com-petecircncias como a capacidade de interpretaccedilatildeo ou o poder de decisatildeo por isso ser considerada prioritaacuteria para o Desporto Escolar Novas Tec-nologias porque eacute das modalidades que mais depende dos Meios Informaacuteticos a todos os niacute-veis do controlo de tempos agrave cartografia mais desenvolvida que existe Desporto porque pro-move a atividade fiacutesica e a Sauacutede dirigindo-se de igual forma agravequeles que individualmente a praticam ao niacutevel da alta competiccedilatildeo como agraves crianccedilas ou agraves famiacutelias que vecircm nela uma forma

de promover o seu bem estar fiacutesico e reforccedilar os laccedilos de amizade e convivialidade

E solidariedade porque vive da forccedila que projeta nos seus praticantes

trabalhando desinteressadamente em prol da modalidade em prol do paiacutes

Porque a Orientaccedilatildeo eacute Ambiente eacute Educaccedilatildeo satildeo Novas Tecnolo-gias eacute Desporto Porque a Orien-

taccedilatildeo gera Riqueza e gera Sauacutede Porque a Orientaccedilatildeo eacute de todos e

para todos Interessa a todos Inte-ressa ao Paiacutes Daiacute que eacute urgente que

todos venham experimentar e que descu-bram as belezas deste Paiacutes de mapa na matildeo oslash

Fernando Costa e Joaquim margarido

Olhando para a modali-

dade de uma forma mais transversal po-

demos enquadraacute-la aleacutem de modalidade desportiva

com aacutereas como o Am-biente a Educaccedilatildeo e

as Novas Tecnolo-gias

APLICACcedilAtildeO GRATUITA BREVEMENTE DISPONIacuteVEL

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Setembro_Outubro 2011 OUTDOOR138

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OUTDOOR Setembro_Outubro 2011 139

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Em Famiacutelia

vIAGENsEsPECIAL FIM DE ANO

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Fim

Ano

Tipo Expediccedilatildeo no DesertoGrau de dificuldade Moderado 1012km diaacuterios aproximadamente 4 horas de caminhadaCaracteriacutesticas8 dias 7 noites6 dias de expediccedilatildeoPuacuteblico-alvo Adequado a crianccedilas gt 8 anos(transporte em dromedaacuterio)Proacuteximas datas 26 de dezembro de 2012 a 2 janeiro de 2013Programa previstoDia 1 Viagem para Marrakech e transfer para riad no centro Noite em RiadDia 2 Viagem de Marrakech para Zagora em viatura exclusiva para o grupoDia 3 Dunas Bougayoirn -gt Dunas Tridi Dia 4 Tridi -gt erg (duna) EssahelDia 5 Erg Essahel -gt Dunas de LanithieDia 6 Dunas de Lanithie -gt Ouled DrissDia 7 Dunas de Lanithie -gt Ouled DrissDia 8 Marrakech e regresso

Equipamento obrigatoacuterioMochila pequena cantil (ou similar)Saco de viagem (maacutex 60Lt e 10kg) para transportar no dromedaacuterioSaco camaFrontal ou lanternaOacuteculos escuros chapeacuteu e protetor solarRoupas confortaacuteveis para caminhadaImpermeaacutevelAgasalho noturnoBaacutesicos de higiene (incluir toalha pequena e ligeira e produtos biodegradaacuteveis papel higieacutenico e saco chinelos)1ordms socorros pessoais que devem incluir anti mosqui-to e anti diarreicoPara as Senhoras ndash calccedilas compridas para atravessar algumas aldeias

Equipamento RecomendadoMaacutequina Fotograacutefica Sticks de Caminhada Calccedilado confortaacutevel e desportivo (uso recomendado)

Nuacutemero miacutenimo 6 pessoas (preccedilo sob consulta para grupos de nuacutemero inferior)

Preccedilo Desde 799euro | + 50euro (suplemento single em Marrakech)

Mais informaccedilotildees aquiUm Programa Caminhos da Natureza oslash

DEsERToDUNas E oaacutesis

Tipo de percurso NaturezaTrekkingGrau de dificuldade MeacutedioAltoCaracteriacutesticas8 dias 7 noitesProacuteximas datas 26 de dezembro de 2012 a 2 janeiro de 2013

Marrocos eacute um paiacutes lindiacutessimo que por estar tatildeo perto e ser tatildeo exoacutetico merece uma visitaNesta viagem propomos mais que uma visita sugeri-mos uma aventura de vaacuterios dias a peacute a acompanhar uma caravana de camelos Iraacute atravessar planaltos e desertos descansar agrave som-bra de oaacutesis e dormir sobre as estrelas beber chaacute na companhia de Berberes e ouvir as suas histoacuterias Per-correremos caminhos antigos de caravanserais que acompanham rios e dunas Para no fim saborearmos um merecido descanso na magia do deserto Aproveite este fim de ano para comemorar em boa companhia e num cenaacuterio exoacutetico e inesqueciacutevel a entrada do novo ano e para conhecer ou regressar a este maravilhoso paiacutes

Programa previstoDia 1 Voo cidade de origem - MarrakechDia 2 Marrakech - ZagoraDia 3 Beni Ali - Oaacutesis de Foum TaqquatDia 4 Oaacutesis de Foum Taggat ndash Dunas de Nesrate ndash Ksar Ait IsfoulDia 5 Oaacutesis e dunas de Nesrate ndash Zaouiat Sidi Saleh ndash Duna de TidiriDia 6 Dunas de Tidiri ndash Oaacutesis e dunas de Ragabi ndash Dunas Erg LihoudiDia 7 Viagem para MarrakechDia 8 Voo Marrakech - cidade de origem

Preccedilo 580euro (Preccedilo Terra) | Desde 350euro (Preccedilo voo) + Suplemento ind Marrakech 50 euro

Mais informaccedilotildees aquiUm Programa Papa-Leacuteguas oslash

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dia 1 - 28ago12 keflavik- selfoss ndash 112 kmNoacutes movemo-nos como este vento que corre li-vremente por este paiacutes gelado Tatildeo a sul quanto eacute possiacutevel nesta latitude percorremos a estrada da costa expostos a um inquietante e impressio-nante vento que nos derrubou por diversas ve-zes Ele natildeo deixa saudades apenas ficam mar-cas e recordaccedilotildees Por momentos sentimo-nos transportados para o outro extremo do mundo na Patagoacutenia onde os 8 meses que separam es-tas 2 aventuras natildeo chegam para tirar do corpo o desconforto que nos provocou

Por todo o lado nota-se a natureza intocada com pouca vegetaccedilatildeo os tons escuros dos solos vulcacircnicos e muitas rochas de lava cobertas de musgo O momento do dia foi junto da Blue La-goonl um dos pontos mais turiacutesticos da Islacircndia

Pedalar por um sonho agraves portas do Ciacuterculo Polar Aacutertico

Para os sonhos serem realizados eacute preciso al-gueacutem que acredite A nossa viagem agrave Islacircndia foi alimentada pela vontade de ajudar 2 crianccedilas a concretizar 2 sonhos em conjunto com a Ins-tituiccedilatildeo terra dos sonhos porque um sorriso vale tudo

Durante 3 semanas pedalaacutemos no nosso mundo de sonhos e a cada pedalada recebemos sorri-sos em troca

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Para muita gente

viajar significa ir ao encontro daquilo

que procuram Noacutes que viajamos com a bicicleta e em autonomia sabemos

que o destino estaacute traccedilado mas eacute

incerto

dia 2 - 29ago12 selfoss-selfoss Atraacutes das montanhas em busca do Circulo de Ouro 95 km Hoje o dia foi programado para viajarmos sem bagagem Era uma volta circular que nos leva-va para laacute das montanhas ateacute agrave fenda onde a Islacircn-dia se equilibra

No parque nacional de Thingvellir vivemos alguns dos mais conhecidos fenoacutemenos naturais desta ilha Aqui eacute o local onde se separam as placas tectoacute-nicas americana e euroasiaacutetica criando uma fenda que se afasta 2cm por ano

dia 3 - 30ago12 selfoss-Laugarvatn-gey-sir-gullfoss-Fludir-Aacuternes 140 kmPercebemos agora porque chamam ciacuterculo de Ouro ao Geysir e agrave cascata Gullfoss O turismo mais va-lioso chega em inuacutemeros autocarros e viaturas 4X4 equipadas com rodas ldquoextra sizerdquo

Natildeo eacute preciso chegar a este local para sentir os cheiros que os vapores emanam do subsolo Em povoaccedilotildees com pouco mais de 4 casas eacute possiacutevel ver-se a terra em plena atividade diante dos nossos olhos e sentir-mo-nos convidados a ocupar todo o espaccedilo aquecido

Laugarvatn Fludir ou Aacuternes todas estatildeo num terri-toacuterio maacutegico onde o tamanho natildeo conta e os limites que existem satildeo impostos pela nossa imaginaccedilatildeoEstas aldeias natildeo brilham mas valem ouro Ainda estamos a 20 quiloacutemetros do destino mas jaacute passa-ram mais de 10h desde que saiacutemos Eacute tarde e natildeo vamos ter tempo para recuperar e enfrentar 4 dias de total isolamento por uma estrada de montanha que atravessa 2 glaciares

A ementa para tantos dias corre velozmente na mi-nha mente Compramos tudo o que julgamos vir a precisar mas antes percorro corredores vasculho prateleiras tenho hesitaccedilotildeeshellipCalamos o medo e pegamos na bicicleta

dia 4 - 01 set12 Aacuternes ndash highland center 70kmDamos hoje a primeira pedalada de aproximada-mente 300 quiloacutemetros em direccedilatildeo ao centro da Terra as highlands

Para muita gente viajar significa ir ao encontro da-quilo que procuram Noacutes que viajamos com a bici-cleta e em autonomia sabemos que o destino estaacute traccedilado mas eacute incerto O encontro com o inesperado eacute muitas vezes algo que acontece com frequecircnciaFoi uma noite mal dormida devido agrave ansiedade e ao risco do que nos propunhamos fazer Sabemos que a cada quiloacutemetro que andamos comeccedila uma nova aventura

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Natildeo podiacuteamos esperar mais Saiacute-mos do Youth hostel debaixo de chuva tendo como esperanccedila al-guma falha nas previsotildees meteo-roacutegicas para as horas seguintes Insiacutepidos e molhados desde cedo buscamos abrigo no highland center

dia 4 - 02set12 highland center ndash nyidalur hut 110km Toda a ilha eacute uma zona livre de stress Quando percorremos a fantasmagoacuterica Sprengisadur route (F26) percebemos que es-tamos livres de tudo ateacute do nosso juiacutezo A nossa ambiccedilatildeo quando tracaacutemos esta rota era atraves-saacutermos o paiacutes de sul para norte e passarmos entre os glaciares Holsjokul e VatnajokullA natureza pode ser simulta-neamente dura delicada e cruel como foi ontem mas foi genero-sa connosco hoje ao permitir-nos ver a paisagem de cascalho solto nua sempre do mesmo tom cas-tanho escuro

O silecircncio ganhou espaccedilo ateacute ao momento em que conseguimos chegar ao abrigo de montanha (hut)

dia 5 - 03set12 - nyida-lur hut ndash rest dayNem pensar em cruzar a precio-sa porta do abrigo Laacute fora estaacute tudo muito branco e diferente daquilo a que estamos habitua-dos e por isso mantivemo-nos no hut de Nyidalur (na base do vulcatildeo Tungnfell) durante 2 noi-tes por seguranccedila O fogatildeo estaacute sempre aceso e tem uma enorme panela com aacutegua pronta a aque-cer quem chegue

Para que possamos variar do esparguete e noodles (jaacute natildeo haacute muito) vamos tentar fazer patildeo O resultado da nossa experiecircncia a juntar ingredientes com nomes impronunciaacuteveis em que iacuteamos provando para perceber o que era deu num cruzamento entre o patildeo e o rissol O duo de motards que dividiam o hut connosco re-petiram Significa que inventaacute-mos mais um pastel falta soacute dar um nomehellipO Ranger do Parque Nacional acaba de chegar ao hut e veio confirmar que somos mesmo malucos por estarmos nas high-lands nesta eacutepoca Aleacutem disso avisou que vai haver tempestade para esta noite e amanhatilde

dia 6 - 04set12 - nyidalur hut- rest dayLaacute fora estatildeo 0ordmC e as bicicletas encostadas imoacuteveis sujeitas a mais um teste de resistecircncia O nosso passatempo eacute assar ba-tatas ver quem passa e a forma como transpotildeem o rio A nossa vez de partir vai chegar ainda natildeo sabemos eacute quando Para jaacute passa a 3ordf noitehellip

dia 7 - 05set12 - nyidalur hut ndash Laugar 129kmO som do vento acorda-nos mui-to cedo e era semelhante ao do dia anterior Se a direccedilatildeo se man-tivesse de norte significava mais um dia perdido Inquieto dirijo--me ateacute agrave janela para observar o uacutenico ponto de referecircncia no ex-terior uma bandeira chicoteada pelo vento vindo de sulEstava dado o sinal de partida para mais do que uma maratona nas highlands Ao longo do ca-minho a neve mantinha-se por vastas aacutereas e o vento empur-rava-nos ao mesmo tempo que nos congelava as extremidades e queimava a pele

Foi uma benccedilatildeo a ajuda do Ran-ger para transpormos 2 rios em

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seguranccedila sem nunca nos molharmos A aacutegua que noacutes e os islandeses bebem vem de rios como estes sem qualquer tipo de tratamento

DIA 8 - 06set12 Laugar ndash Lago Myvatn- Lau-gar 85 kmFoi tanta a privaccedilatildeo nos dias anteriores que hoje sonhaacutemos com o pequeno almoccedilo que teriacuteamos pela manhatilde antes de nos deslocarmos para o Lago Myvatn Este lago imenso e a aacuterea envolvente satildeo um dos grandes tesouros europeus Durante a nossa volta circular toda a paisagem eacute surreal Lava fumo a sair da terra crateras aacutegua e montanhas vulcacircnicas

Haacute muitos dias que transportamos os fatos de ba-nho na pequena mochila que vai agraves costas na es-peranccedila de um banho quente em qualquer charco inesperado Hoje tivemos o nosso primeiro hot pot Eles satildeo um must nesta regiatildeo (eacute como estar num jacuzzi no meio da rua com um cenaacuterio deslum-brante)

DIA 9 - 07set12 Laugar ndash Akureyri 67kmIsto de pedalar com vento natildeo tem graccedila nenhu-ma especialmente porque natildeo se consegue ter mo-

mentos de contemplaccedilatildeo parados Em dias assim eu sou a ponta da flecha que abre uma fissura no vento e permite que a Filomena possa andar na roda Acabar eacute uma vitoacuteria mas natildeo existe gloacuteria quando se chega ao fimAkureyri eacute a capital do norte e a 2ordf cidade maior do paiacutes com 18000 habitantes civilizaccedilatildeo situada num fiorde rodeado de cumes nevados uma escolha acertada para ficar um dia a descansar

DIA 10 - 09set12 Akureyri- Varmahliacuteo 95 kmMesmo a pedalar sobre a Route 1 os grandes hori-zontes continuam a fazer parte desta viagem An-damos pelos vales e seguimos os cursos dos rios alimentados pelas aacuteguas que escorrem incessante-mente das arribas que nos flanqueiamPodia afirmar que estou eufoacuterico diante das infini-tas possibilidades que tenho pela frente mas natildeo estou Novo aviso de tempestade acompanhada de ventos fortes (23 ms) natildeo convida a grandes aven-turas

Por hoje natildeo precisamos de nos preocupar esta-mos bem abrigados numa quinta na aldeia de Var-mahliacuteeth com 130 pessoas

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DIA 11 -10set12 Varmahliacuteo ndash Rest dayParece que o inverno veio todo num soacute dia e pintou tudo de branco O supermercado estaacute a 300 metros mas eacute como se fosse uma miragem Temos mais um dia de paragem forccediladaO nevatildeo ganha cada vez mais terreno agrave medida que as horas avanccedilam A estrada estaacute interdita agrave maio-ria dos veiacuteculos e por precauccedilatildeo as pessoas satildeo aconselhadas a procurar alojamentoEm pouco tempo a senhora Inda de 81 anos que haacute poucas horas parecia ter uma vida pacata a co-chilar no seu sofaacute mostrou-nos como eacute uma ver-dadeira mulher do norte Enquanto nos convidava para um lanche com bolos caseiros mostrava or-gulhosamente os aacutelbuns de famiacutelia recebia os tu-ristas que iam chegando e quando a lotaccedilatildeo esgo-tou pegou no seu jeep e conduzia estrada fora para os ir alojar

DIA 12- 1set12 Varmahliacuteo ndash Saeberg (hostel) 15kmEsta aventura jaacute foi longe demais Temos metade da quilometragem que planeaacutemos centenas de peripeacutecias e riscos incalculados e soacute nos apetece chegar agrave capital Laacute fora tudo continua branco e a abanar no entanto existe a necessidade de arran-car Estamos confiantes nas previsotildees para o dia de hoje mesmo quando aquilo que vemos natildeo inspira confianccedila

Comeccedila a nevar comeccedila a montanhahellipVaacuterios car-ros estatildeo soterrados nas bermas os flocos voam magoam as faces e a subida ainda vai no iniacutecio Me-tro a metro vamos quebrando o gelo Quem passa tira fotografias e fica increacutedulo Noacutes tambeacutem Natildeo sabemos como equilibrar as 2 rodas perante esta manifestaccedilatildeo da natureza As equipas de emergecircn-cia patrulham a aacuterea e noacutes fazemos ldquolikerdquo sem nos apercebermos que as descidas se tornariam autecircn-ticos escorregasPedimos ajuda e somos resgatados ateacute ao nosso destino Estaacute um sol maravilhoso e as vistas satildeo lindas A vida eacute tatildeo bela porque seraacute que ando de bicicleta em siacutetios tatildeo difiacuteceisPronto Depois de 1h dentro do hot pot percebe-mos porque natildeo ficamos em casa Casa eacute onde estaacute o nosso coraccedilatildeo

DIA 13 - 12 e 13 set12 Saeberg ndash Borgarnes ndash Reykjavik 226kmsEstamos a oeste mas o nosso sentido eacute cada vez seguir para mais perto do nosso ponto inicial O isolamento e a ausecircncia da matildeo humana con-tinuam a ser uma das grandes referecircncias deste paiacutes Os horizontes ateacute Borgarnes perdem a cor e parecem-se com tantos outros que jaacute vimos noutros lugaresReykjavik natildeo estaacute isolada natildeo estaacute no topo de uma

montanha e nem sequer haacute nada de extremo nesta cidade

DIA 14 - 14 set12 Reykjavik ndash Rest dayA capital natildeo nos cativa eacute exageradamente cara e parece viver soacute de noite

DIA 15 - 15 set12 Reykjavik ndash Keflavik 49kmFelizmente que as imagens que estamos a ver e que satildeo iguais ao primeiro dia representam ape-nas uma pequena amostra deste paiacutes Natildeo haacute aacutervo-res natildeo haacute rios natildeo haacute vales apenas uma rugosa paisagem lunar fruto da forte atividade vulcacircnica nesta peniacutensula

Ateacute ao aeroporto jaacute natildeo contamos observar nada daquilo que enche as brochuras e panfletos que se podem encontrar e consultar espalhados por qual-quer parte desta linda ilha Resta-nos pedalar

EPIacuteLOGO Natildeo satildeo os nuacutemeros que fazem uma via-gem de SONHO Os quiloacutemetros ambicionados os desniacuteveis previstos os dias programados ficaram aqueacutem do planeado Mas as expectativas planeadas foram largamente ultrapassadas pois tivemos expe-riecircncias uacutenicas em cenaacuterios de Sonho com amiza-des imprevistas

Nesta ilha todos os sentidos experimentaram a na-tureza em estado puro A esta latitude tudo se torna impreviacutesivel os 6 dias que ficaacutemos retidos e os 1400 quiloacutemetros percorridos hoje parecem pouco vistos agrave distacircncia num lugar seguro

AGRADECIMENTO Aos nossos apoiantes ndash Terra dos Sonhos Cofides Competiccedilatildeo Movefree Bike performance Center D-Maker Ortik Bike Magazi-ne Bivaque Extramedia Portal Aventuras

Um agradecimento muito especial agrave missatildeo da For-ccedila Aeacuterea Portuguesa ndash Iceland Air Policing que nos recebeu e transportou as nossas bagagens no re-gresso a Portugal Bem hajam oslash

Ricardo Mendes e Filomena Gomes

MAIS PORMENORES E FOTOS

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monte branco

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Aventura- Tsiiii tsiiii ndash o meu olhar desviou-se do hori-zonte que observava tentando encontrar por perto de onde vinha o som daquele assobio

- Satildeo as marmotas Estatildeo a avisar as outras que noacutes estamos por perto eacute assim que comunicam principalmente se sentem algum perigo - o Heacutel-der ria do meu ar confuso Ia jurar que o assobio vinha de um ser humano Foi a primeira vez que avistei este simpaacutetico mamiacutefero Imagino esta marmota no meio dos peluches do quarto das minhas filhas Satildeo sem duacutevida um animal sim-paacutetico estes excelentes escavadores que vivem em altitudes desde os 900m aos 3200m Nove meses do ano passam-no a hibernar Estamos em pleno veratildeo nos Alpes e as marmotas estatildeo em grande atividade armazenando energias para o inverno Conseguimos avistar os outros elementos da coloacutenia ldquode peacuterdquo alerta Foi um bom motivo para uma merecida pausa tirar a mochila hidratar comer uma barra energeacutetica

Jaacute haviacuteamos percorrido grande parte do trilho que nos levaria ao Refuacutegio Albert I Eacute aqui que pernoitaremos para iniciar a nossa aclimataccedilatildeo Saiacutemos da pequena vila de Le Tour de onde partem os telefeacutericos usados no inverno para aceder agraves pistas de esqui No veratildeo continuam em atividade facilitando o percurso aos trekkers que natildeo queiram palmilhar o desniacutevel de cerca de

700m que os separa do Col de Balme- Estamos a aclimatar e tambeacutem a treinar nem pensar em usar meios mecacircnicos ndash Helder sor-ria a dizer esta frase Foi quanto bastou para perceber que a manhatilde ia ser longa Depois de vencermos grande parte do desniacutevel chegamos a um local de onde se pode avistar a cordilheira do monte Branco la Verte os Drus as Aiguil-les de Chamonix e o Monte Branco com os seus 4810m Mas que local magniacutefico para aclimatar pensei Para subir em altitude temos que permi-tir ao nosso organismo que se habitue gradual-mente agrave falta de oxigeacutenio a que vai ser exposto Para isso vamos fazendo caminhadas subindo gradualmente para que ao fim de alguns dias jaacute estejamos mais aptos a entrar numa zona em que a pressatildeo atmosfeacuterica eacute menor e o oxigeacutenio do ar mais rarefeito

Ao chegar agrave moreia do glaciar do Tour resta-nos uns 200 m para o nosso objetivo A 30 de agosto de 1930 o rei Alberto I da Beacutelgica inaugurou o primeiro refuacutegio que tem o seu nome Em 1935 o refuacutegio foi ampliado no entanto natildeo foi sufi-

ciente e o atual precariamente empoleirado num penhasco a uma altitude de 2706

inaugurado a 12 de julho de 1959 foi construiacutedo perto do primeiro

edifiacutecio Natildeo posso deixar de me impressionar ao avistaacute-lo e quando chego sento-me na varanda feliz por poder apre-

Esta-mos em pleno

veratildeo nos Alpes e as marmotas estatildeo em grande ativida-de armazenando energias para o

inverno

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ciar vistas tatildeo magniacuteficas ehellip por poder tirar as botas Natildeo tinha botas de alta montanha mas um amigo comprou umas plaacutesticas em segun-da matildeo em Chamonix e sorte das sortes eram o meu nuacutemero Fiz este trekking com elas para me habituar resultou Mas os meus peacutes supli-cavam por ar fresco Soacute conseguimos dar o de-vido valor ao momento de descanso conversa contemplaccedilatildeo numa varanda dum refuacutegio se jaacute tivermos percorrido umas boas horas por trilhos de montanha Saboreei ao maacuteximo este tempi-nho sabia que a tarde era guardada para treino no glaciar como andar em cordada e escalada no gelo Eacute sempre bom relembrar as bases um acidente pode acontecer quando descuramos as regras mais simples e esta tarde foi fundamental para isso Um sol magniacutefico vistas deslumbran-tes ambiente descontraiacutedo Natildeo deixar a corda a tocar o chatildeo nunca a pisar nem a ter dema-siado em tensatildeo Esta sintonia entre elementos de cordada trabalha-se e soacute com o treino a con-seguimos obter Amanhatilde vamos sair ao nascer do dia em direccedilatildeo agrave Aiguille du Tour Esta for-maccedilatildeo com 3540m eacute muito popular entre as pes-soas que tentam a ascensatildeo ao Monte Branco Eacute relativamente faacutecil a sua subida pela face leste

A meteorologia na manhatilde da nossa subida esta-va perfeita Adoro toda a logiacutestica de preparaccedilatildeo de saiacuteda do refuacutegio O acordar ainda de noite os ruiacutedos leves e abafados dos mais madrugadores na camarata o som dos passos ainda lentos no chatildeo de madeira Tento concentrar-me para natildeo me escapar nada ter todo o material colocado e sentir-me confortaacutevel Saio do refuacutegio e o ar

fresco da montanha acorda os meus sentidos Comeccedilamos a subir o glaciar frontais ligados muacutesculos a aquecer A inclinaccedilatildeo eacute moderada e rapidamente chegamos ao colo superior do Tour que marca a fronteira da Franccedila com a Suiacuteccedila ndash Trouxeram o passaporte Vamos pas-sar no posto fronteiriccedilo ndash pergunta o Heacutelder a sorrir Atravessamos agora o glaciar de Trient o sol aquece-nos e as vistas satildeo surpreendentes Ao chegar agrave base da aguille do Tour fazemos o nosso merecido descanso comer beber aacutegua apreciar a beleza que nos circunda Vem agora a parte divertida para quem gosta de escalar em rocha Iniciamos calmamente a nossa subida vamos ouvindo algumas orientaccedilotildees progredin-do e fazendo manobras para passar nas zonas mais expostas ateacute chegarmos ao topo Emocio-no-me com a beleza agrave minha volta O meu pen-samento liga-se a algueacutem muito querido que haacute bem pouco tempo deixou a vida terrena sinto a sua proximidade Um abraccedilo forte da minha amiga de escalada traz-me novamente agrave terra E ali agrave nossa frente majestoso quase como que a chamar-nos o Monte Branco

Foi nesse mesmo dia que regressamos a Chamo-nix Uma longa descida animada pela conversa descontraiacuteda sobre os Alpes - Haacute sempre tanto que contar desta cordilheira travessias espeta-culares que se podem fazer ndash ouvia atenta as histoacuterias que me contavam era a minha primei-ra vez nos Alpes e jaacute estava cativada Cativada ateacute pela proacutepria cidade de Chamonix Eacute um lo-cal onde se respira ar livre Da varanda do nos-so apartamento para onde quer que olhe vejo

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Aventuraatividades outdoor Ouccedilo os risos alegres dum grupo que desce o rio fazendo rafting observo o ceacuteu colorido pelos parapentes as pessoas pas-sam na rua equipadas com roupa de montanha Cheguei a Chamonix haacute dois dias de comboio Quando deambulava pelas suas ruelas cho-quei com uma curiosa estaacutetua onde um homem aponta a outro o cume do Monte Branco

- Eacute Jacques Balmat que estaacute a apontar para o cume ele foi o primeiro homem a subir esta montanha a 8 de agosto de 1786 acompanha-do do meacutedico Michel Paccard Saiacuteram de Cha-monix acamparam no cume da Montagne de la cote a 2630m agraves 4 da manhatilde partiram e chega-ram ao cume por volta das 6h da tarde Balmat nasceu neste vale era um caccedilador de cristais tinha uma vontade de ferro e um instinto para as montanhas Paccard era meacutedico em Chamonix e um excelente alpinista adorava botacircnica e mi-nerais Tambeacutem lhe erigiram aqui uma estaacutetua

Foi ele que conheceu Horace-Beacute-neacutedict de Saussure que ini-

ciou a corrida do primeiro homem a subir ao Monte Branco ndash disse-me Joatildeo

- E esse Saussure tam-beacutem era alpinista ndash perguntei curiosa

- O seu interesse pela botacircnica trouxe-o ateacute aos

Alpes e percorreu grande parte desta cordilheira co-

meccedilando a trabalhar no sentido de esclarecer a topografia da parte ne-

vada dos Alpes nessa eacutepoca praticamente des-conhecida Foi em 1760 que veio aqui pela pri-meira vez e ofereceu uma recompensa a quem escalasse o Monte Branco Ele tentou fazecirc-lo sem sucesso- Entatildeo nunca chegou a subir

- Sim conseguiu mas soacute em 1787 jaacute tinha 47 anos e levou 18 guias com ele Relembro as palavras que li do fotoacutegrafo de montanha C Douglas Milner ldquoA subida em si foi magniacutefica uma incriacutevel faccedilanha de coragem grande resistecircncia realizada por estes dois ho-mens apenas sem corda e sem piolets muito sobrecarregados com equipamentos cientiacuteficos e com longos bastotildees com pontas de ferro O bom tempo e uma lua luminosa garantiram o seu regresso com vidardquo

O dia seguinte foi passado a descansar visitar o Museu da Montanha e espreitar a meteoro-

Foi em 1760 que veio aqui

pela primeira vez e ofereceu uma recom-

pensa a quem escalas-se o Monte Branco Ele tentou fazecirc-lo

sem sucesso

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Um dos pontos al-tos eacute ir agrave roulotte

dos waffles delei-tarmo-nos com este

delicioso doce No fi-nal do dia ainda pude-

mos assistir a um espetaacute-culo de muacutesica e danccedila celta

na praccedila central O ambiente eacute descontraiacutedo a praccedila estaacute cheia de gente e a muacutesica faz sempre bem agrave alma Joatildeo recebe um telefonema

- Estaacutes nos Alpes Natildeo vatildeo poder subir amanhatilde aproxima-se uma tempestade Mas tenho boas notiacutecias tens uma janela de bom tempo no dia seguinte se quiserem aproveitar - Disse Viacutetor Baiacutea sempre bem informado sobre os fenoacuteme-nos meteoroloacutegicos

O dia em que vai haver ldquouma abertardquo para subir eacute o mesmo dia em que temos voo para Lisboa

desde Genebra Ficamos um pouco a pensar no que decidir e claro temos que arriscar Na mon-tanha eacute assim tem que haver flexibilidade es-tamos dependentes das condiccedilotildees climateacutericas e aproveitar quando nos eacute proporcionado bom tempo

A rota que vamos seguir natildeo eacute a mais utilizada eacute chamada rota dos trecircs cumes Esta rota eacute mais exigente fiacutesica e tecnicamente do que a rota do Goucircter No entanto com faacutecil acesso a partir do telefeacuterico da Aiguille du Midi este percurso tor-nou-se a segunda rota mais popular para esca-lar o Monte Branco O percurso inicia-se na Ai-guille du Midi seguindo pelo Col du Midi antes de subir o Monte Branco atraveacutes do Mont-Blanc du Tacul (4248m) e Maudit Mont (4465m) Esta rota requer condiccedilotildees estaacuteveis na neve do Mont Blanc du Tacul e Mont Maudit e tem uma eleva-ccedilatildeo acumulada de 1425m O refuacutegio Cosmiques estava lotado a nossa uacuteni-

- Es-taacutes nos Alpes

Natildeo vatildeo poder subir amanhatilde aproxi-ma-se uma tempestade

Mas tenho boas notiacutecias tens uma janela de bom tempo no dia seguinte

se quiserem apro-veitar

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Aventura

estaccedilatildeo do telefeacuterico da Aiguille du Midi Este telefeacuterico foi construiacutedo em 1955 e manteve o tiacutetulo de ser o mais alto do mundo durante duas deacutecadas Ele ainda deteacutem o recorde como o te-lefeacuterico com a ascensatildeo vertical mais alta no mundo de 1035 m para 3842 m Haacute duas se-ccedilotildees de Chamonix para o Plano de lAiguille a 2317 m e depois diretamente sem qualquer pi-lar de apoio para a estaccedilatildeo superior a 3777 m Apanhamos o uacuteltimo telefeacuterico do dia cerca de 20 minutos depois estaacutevamos no terraccedilo a tentar admirar as lindiacutessimas vistas que se tem deste local No entanto o mau tempo previsto estava certo e a visibilidade natildeo era mais de 20 m agrave nossa frente Estava desanimadiacutessima

- Como eacute possiacutevel daqui a poucas horas termos bom tempo para subir ndash Perguntei increacutedula- Estamos na montanha Luiacutesa a meteorologia muda rapidamente Temos que aguardar ndash Afir-mou Joatildeo calmo e confiante

Fomos procurar um local onde pudeacutessemos descansar ateacute agrave meia-noite hora marcada para a nossa partida O percurso eacute longo com bas-tante desniacutevel e na realidade o voo para Lisboa eacute amanhatilde Quando acordei o som dos ventos fortes que se faziam ouvir misteriosamente desaparece-ram Depois de comer e fazer a confirmaccedilatildeo do equipamento dirigimo-nos para a aresta que nos levaraacute ao Valleacute Blanche Foi com extrema curiosidade que me dirigi agrave saiacuteda Como esta-raacute o tempo A calma e tranquilidade que senti ao sair para o exterior foi-me trazida pela ma-ravilhosa paisagem que tinha agrave minha frente Afinal depois da tempestade vem a bonanccedila e a visatildeo deste vale imaculado sob um ceacuteu estre-lado sem ningueacutem sem pegadas sem luzes de frontais foi brutal Ao comeccedilar a descer a ares-ta conseguimos ver o refuacutegio Cosmiques ainda adormecido Fomos mesmo os primeiros a sair o que representa um privileacutegio por um lado e

No entanto o mau tempo pre-

visto estava certo e a visibilidade natildeo era mais de 20m agrave nossa frente Estava desa-

nimadiacutessima

Ainda foi longa a nossa caminhada sempre a encontrar forccedilas e energia onde quer que elas estivessem escondidas Paraacutevamos de vez em quando agrave espera da outra cordada de amigos e por fim cerca das 10h da manhatilde atingimos o cume Tento tirar fotos mas a maacutequina fotograacute-fica natildeo ajudou fiquei sem bateria Natildeo faltam maacutequinas para o fazer e depois de um breve descanso temos que iniciar a descida pela mes-ma rota Eacute uma descida que acaba por ter al-gumas subidas sendo por isso mais demorada Mas a alegria de ter cumprido o objetivo o dia tatildeo calmo e luminoso a companhia dos amigos supera qualquer tipo de cansaccedilo

Tive um sentimento de saudade ao chegar nova-mente ao Valleacute Blanche e olhar para traacutes para o trilho percorrido olhar aquele vale agora agrave luz do dia atravessado por tantas pegadas Olho de relance para a uacuteltima subida que nos falta fazer a aresta que nos levaraacute ao telefeacuterico na Aguille du Midi Faccedilo esta subida confiante como se ti-vesse deixado para traacutes todo o esforccedilo e cansaccedilo extremo desta maravilhosa aventura

Com grande pena natildeo pude comemorar em Chamonix nessa noite mas comemorei com imensa alegria ao reencontrar-me com a mi-nha famiacutelia orgulhosa de mim afinal estive no mesmo dia no cume do Monte Branco de manhatilde e agrave noite na minha cama quente e confortaacutevel em Lisboa oslash

Luiacutesa Tomeacute

Papa-Leacuteguaswwwpapa-leguascom

OUTDOOR Julho_Agosto 2011 33

Aventu

ra

um esforccedilo acrescido por outro Relembro a tra-vessia do glaciar do Tacul a ldquofazer trilhordquo o som dos campons na neve ecoava num ritmo proacute-prio pousava a minha bota no local exato onde o Joatildeo tinha feito a pegada como que num jogo em que quando falhava acrescia o esforccedilo que teria que fazer O som de passos intensifica-se temos mais madrugadores connosco Deixamo--los passar jaacute vimos a fazer trilho haacute bastante tempo eacute a vez de outros agora

Quando chegamos agrave ldquoparederdquo do Mont Blanc du Tacul jaacute temos algumas pessoas agrave espera para subir O sol ainda natildeo subiu para nos aquecer esperamos junto agraves cordas a nossa vez os peacutes comeccedilam a dar sinal de frio Iniciamos a subida os piolets e os crampons cravam-se certeiros no gelo a corda ajuda na subida Comeccedilo a ficar cansada e a hesitar paro por uns momentos sinto a boca seca o coraccedilatildeo a bater forte olho para cima jaacute natildeo falta muito - Piolet numa matildeo corda na outra sobe Luiacutesa ndash a voz do Heacutelder trouxe-me lucidez A energia que me faltava regressou Concentro-me e con-tinuo a subida pedaccedilos de gelo passam por noacutes arrancados aquela parede cheia de gente dese-josa de ultrapassar possivelmente o obstaacuteculo mais duro desta rota

O trilho continua pelo beliacutessimo Mont-Maudit apesar do seu nome O sol jaacute vai alto comeccedila a aquecer haacute que comeccedilar a tirar camadas Natildeo podemos desidratar Col de la Brenva um chaacute quente e uma bolacha Apetece ficar jaacute aqui as vistas satildeo surpreendentes Mas natildeo eacute este o nos-so objetivo vamos continuar a subir

Entrevista Diogo Miguel - (Oti-Estarreja)

ldquoO DEsPORTO EM PORTuGAL eacute uM EsPELhO DA sOCIEDADErdquo

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Entrevista

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Sabe acima de tudo as con-

diccedilotildees que temos e consegue olhar para o

resultado como sen-do bastante meri-

toacuterio

OutdOOr COmO eacute pOssiacutevel algueacutem COm-patibilizar a preparaccedilatildeO enquantO atleta de OrientaccedilatildeO de elite COm as exigecircnCias dum 6ordm anO dO CursO de medi-Cina

diOgO miguel O segredo reside sobretudo na motivaccedilatildeo Toda a gente consegue tirar um curso e fazer desporto e inclusivamente se gos-tar consegue treinar todos os dias Mas se esti-ver motivado o suficiente consegue levantar-se cedo para correr agraves seis da manhatilde estar na Fa-culdade agraves oito e meia sair agraves quatro da tarde e ir treinar outra vez estudar ateacute agraves dez da noite e dormir porque amanhatilde eacute outro dia Eacute preci-so estar-se motivado para abraccedilar esta vida durante o ano inteiro

Haacute quantO tempO eacute que as COisas satildeO levadas assimQuando comecei a fazer Orien-taccedilatildeo natildeo tinha grandes preo-cupaccedilotildees com o treino Durante os anos de faculdade jaacute treinava bastante a seacuterio mas foi haacute dois ou trecircs anos quando comecei a ser treinado pelo Professor Bruno Nazaacuterio que aumentei a carga de trei-no para o bi-diaacuterio A partir daiacute passei a ter o meu tempo totalmente ocupado Satildeo os estaacutegios do Curso o tempo de deslocaccedilatildeo para Hospitais da periferia uma tese para defender Este ano seraacute bastante mais exigente que os anteriores se calhar natildeo vou poder fazer treino bi-diaacuterio todos os dias como gostaria mas ainda assim vou pro-curar treinar duma forma o mais seacuteria possiacutevel e se natildeo puder fazecirc-lo na quantidade desejaacutevel pelo menos na qualidade espero consegui-lo

em 2007 COnquistOu a primeira grande medalHa da OrientaccedilatildeO pOrtuguesa aO sagrar-se CampeatildeO da eurOpa de JOvens

Chama-se Diogo Miguel e eacute aos 23 anos uma das referecircncias da Orientaccedilatildeo Pedestre nacio-nal Campeatildeo Europeu de Jovens em 2007 e Campeatildeo Nacional de Distacircncia Longa em 2009 e 2011 Diogo Miguel reparte o tempo entre a modalidade do seu coraccedilatildeo e as exigecircncias do curso de Medicina que abraccedilou haacute seis anos E foi precisamente por aiacute que a nossa conversa comeccedilou uma conversa onde passado presen-te e futuro se misturam e confundem numa teia de opccedilotildees direccedilotildees desafios e decisotildees Na Orientaccedilatildeo como na Vida

Por Joaquim Margarido

de sprint em eger na Hungria que me-moacuterias guarda dessa JOrnada Haacute CinCO anOs atraacutesGuardo sobretudo as memoacuterias e os amigos Na altura pensaacutemos que a visibilidade que este re-sultado poderia dar agrave Orientaccedilatildeo catapultasse a modalidade e possibilitasse a obtenccedilatildeo de mais apoios mas isso natildeo se veio a verificar pelo me-nos na medida daquilo que seria de esperar

esteve este anO nOs mundiais de lausan-ne COnseguindO O 33ordm lugar na Final a de distacircnCia lOnga que valOr atribui a este seu resultadOAtribuo-lhe um valor elevado ateacute porque foi a primeira vez em dez anos que um portuguecircs foi a uma final A de Distacircncia Longa Cheguei ao fim com a certeza de ter feito o meu melhor e se natildeo tivesse quebrado fisicamente teria fei-to melhor ainda Ou seja com outras condiccedilotildees de treino teria facilmente ficado entre os vinte e cinco primeiros Mas falta bastante cultura des-portiva agrave sociedade portuguesa em geral e se disser a algueacutem que natildeo estaacute familiarizado com a Orientaccedilatildeo que terminei em 33ordm num Campeo-nato do Mundo essa pessoa iraacute pensar ldquoesque-ce eacutes mau natildeo prestasrdquo Mas quem sabe como estas coisas funcionam sabe os sacrifiacutecios que temos que fazer Sabe acima de tudo as condi-ccedilotildees que temos e consegue olhar para o resulta-

do como sendo bastante meritoacuterio

temOs em pOrtugal O apOiO que deviacuteamOs Ou que mereCiacuteamOs

Natildeo Eacute bastante revoltante olhar para outros desportos como eacute o caso do Futebol e termos um Presidente que termina o man-dato agrave frente da Federaccedilatildeo e que se sente orgulhoso por ter deixa-

do um balanccedilo positivo nas contas de muitos milhotildees de euros Mas

satildeo estes precisamente que ainda assim continuam a receber milhotildees e

milhotildees do Instituto Portuguecircs do Desporto e Juventude enquanto outras modalidades lutam pela sobrevivecircncia Acho que somos claramen-te sub-apoiados O desporto em Portugal eacute um espelho da Sociedade Haacute os muito ricos e haacute os muito pobres Os ricos satildeo cada vez mais ricos e os pobres satildeo cada vez mais pobres Eacute a mesma coisa com o desporto

quandO OlHa para Os nOssOs JOvens que pOtenCialidades vecirc neles para COn-seguirem CHegar aOs lugares CimeirOs da OrientaccedilatildeO eurOpeia e mundialTemos alguns jovens com bastante valor prin-

OUTDOOR novembro_Dezembro 2012 37

cipalmente o Luiacutes Silva Trata-se dum atleta que tem um futuro brutal e acho que vai ser sem sombra de duacutevidas o melhor atleta portuguecircs dentro de muito pouco tempo Olhando de for-ma mais aprofundada para estes atletas eacute uma realidade que eles tecircm hoje melhores condiccedilotildees em relaccedilatildeo agravequilo que noacutes tiacutenhamos na altura Basta ver que os atletas jaacute se deslocam com al-guma frequecircncia ao terreno antes das grandes competiccedilotildees coisa que natildeo havia ateacute haacute muito pouco tempo atraacutes E depois haacute os estaacutegios de Seleccedilatildeo Mas deve reconhecer-se que lhes falta o treino fora da competiccedilatildeo Acho que falta al-gum espiacuterito de sacrifiacutecio no treino em casa que eacute o mais importante

o CLubE dE oriEntaccedilatildeo dE EstarrEJa Eacute dEsdE sEMprE o sEu CLubE quE signiFiCa-do tEM para si EstE EMbLEMa E Esta CaMi-soLa quE EnvErgaComecei na Orientaccedilatildeo aos 8 anos e a minha primeira experiecircncia foi no Desporto Escolar na minha terra Canelas uma pequena aldeia do Concelho de Estarreja A essa primeira pro-va seguiu-se uma ldquoQuinzena da Orientaccedilatildeordquo no veratildeo e nunca mais parei Haacute quinze anos que estou ligado a este clube e ele faz parte de mim Poderia dividir a minha vida em dois por um lado a parte profissional da Faculdade e por outro a Orientaccedilatildeo Por estranho que possa pa-recer a parte desportiva natildeo se encontra num plano inferior relativamente agrave parte profissio-nal Ambas as partes se complementam uma agrave outra Portanto a minha ligaccedilatildeo a este clube eacute muito grande satildeo muitos anos satildeo muitas pes-soas e ajudou-me a crescer

aos Miuacutedos quE agora datildeo os priMEiros passos quE ConsELhos dariaO conselho natildeo o daria aos miuacutedos se calhar da-va-o antes aos pais Tanto a escola como o des-porto andam muito ligados Se temos disciplina num acabamos por ter disciplina no outro Natildeo eacute por acaso se olharmos para os atletas de topo a niacutevel nacional todos eles satildeo excelentes es-tudantes e tecircm um futuro profissional bastante promissor Tudo parte de quem educa Eu tenho a sorte de ter uns pais que sempre me educaram bem e que sempre me deram o apoio necessaacuterio para conseguir fazer as duas coisas

E deixaria ainda um conselho mais aos pais o de virem fazer uma prova de Orientaccedilatildeo com os seus filhos Uma das grandes vantagens da Orientaccedilatildeo eacute ser para aleacutem do ldquodesporto da flo-restardquo o ldquodesporto da famiacuteliardquo

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EntrevistaConsidEra quE Esta EacutepoCa CorrEu dE aCordo CoM as suas ExpECtativasNa verdade digamos que a eacutepoca estaacute quase agrave beira de comeccedilar Depois do Campeonato do Mundo tirei mais tempo do que era habitual para descansar e tenho estado a fazer pratica-mente soacute manutenccedilatildeo A eacutepoca teve alguns per-calccedilos comecei a treinar na Repuacuteblica Checa e apesar de ter feito muito treino com mapa devi-do agraves questotildees climateacutericas e agraves poucas horas de luz acabei por ter uma carga de treino aqueacutem do desejaacutevel Depois de regressar a Portugal estava a treinar bem mas tive um percalccedilo e lesionei--me num peacute o que me obrigou a uma paragem de um mecircs Isso fez-me perder muito da minha boa forma e acredito que se natildeo fosse isso po-

deria ter chegado muito melhor ao Campeonato do Mundo e aiacute o resultado poderia ter sido outro Apesar de tudo os resultados acabaram por ser bem melhores do que estaria agrave espera

o obJEtivo a Curto praZo passa pELo tiacute-tuLo naCionaL absoLutoPor acaso esse eacute um tiacutetulo que nunca alcancei Vou comeccedilar a treinar a seacuterio para chegar nas melhores condiccedilotildees ao Campeonato Nacional Absoluto e esse vai ser um bom teste O objetivo eacute estar laacute para ganhar

Quanto agrave proacutexima eacutepoca espero apresentar-me agraves provas em melhor forma do que este ano e que os bons resultados possam aparecer oslash

novembro_Dezembro 2012 OUTDOOR38

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ofereccedila um garmin DeSemBruLHara caixa Seraacute Soacute o princiacutepio

este natal ofereccedila emoccedilotildees aventuras para quem viaja ou para os que correm para os que navegam no mar ou escalam montanhas Para os nadadores ou golfistas este natal ofereccedila um garmin

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Por Terra

ORIENTACcedilatildeOhellip DEsPORTO NA NATuREzA

Parque nacional torres del Paine Chile

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Cinco satildeo os sentidos estaacute nos manuais neles reside a possi-bilidade de um maior ou menor contacto da pessoa com aquilo que a rodeia Haacute ainda o sexto sentido aquela perceccedilatildeo extra--sensorial que parece ser mais propriedade das mulheres do que dos homens e que nas con-ceccedilotildees ocultistas estaraacute tam-beacutem sedeado num oacutergatildeo do nosso corpo Figurada ou ob-jetivamente eacute bom que todos eles ndash sem exceccedilatildeo - estejam suficientemente desenvolvi-dos sem isso natildeo haacute sentido de orientaccedilatildeo que aguente

A Orientaccedilatildeo eacute um Desporto recente em Portugal mas tem jaacute mais de 100 anos de existecircncia

enquanto desporto organi-zado Com efeito teraacute sido em Bergen - Noruega no ano de 1897 que se organizou a pri-meira atividade desportiva de Orientaccedilatildeo Os paiacuteses noacuterdicos satildeo ainda hoje aqueles onde a modalidade tem maior implan-taccedilatildeo mobilizando um nuacutemero de praticantes que coloca a

Orientaccedilatildeo entre os cinco des-portos com mais adeptos na Escandinaacutevia A maior prova do mundo realiza-se anual-mente na Sueacutecia os 5 dias da Sueacutecia com um nuacutemero de participantes que jaacute atingiu os 25000

Durante o seacutec XX a modali-dade foi evoluindo ateacute agrave criaccedilatildeo da Federaccedilatildeo Internacional de Orientaccedilatildeo (IOF) que fes-tejou em 2012 o 51ordm aniversaacuterio e veio normalizar mundial-mente as regras competitivas as normas para elaboraccedilatildeo dos mapas e as sinaleacuteticas a usar A Orientaccedilatildeo eacute praticada em quatro disciplinas diferentes Orientaccedilatildeo Pedestre Orien-taccedilatildeo em BTT Orientaccedilatildeo em Ski e Orientaccedilatildeo de Precisatildeo (Orientaccedilatildeo prioritariamente para deficientes motores)

Portugal tem marcado pontos na Orientaccedilatildeo para o desporto adaptado lanccedilando em 2012 a Taccedila de Portugal de Orientaccedilatildeo de Precisatildeo e criando um cir-cuito de Orientaccedilatildeo adaptada vocacionado prioritariamente para a deficiecircncia intelectual e

crianccedilas em idade preacute-escolar que eacute uacutenico no Mundo e que estaacute a ser jaacute implementado pela Espanha

o quE EacutePodemos dizer que a Orien-taccedilatildeo eacute um desporto completo Haacute o aspeto fiacutesico o treino no campo que se aproxima do treino dum atleta de fundo E haacute o aspeto mental que de-sempenha um papel funda-mental a leitura dos mapas o contra-reloacutegiohellip Eacute tambeacutem o desporto de natureza por exce-lecircncia Os orientistas saem dos trilhos balizados para pene-trarem no coraccedilatildeo da floresta Cada dia eacute uma nova aven-tura Daquele que se inicia na Orientaccedilatildeo ao mais consagrado dos praticantes haacute todo um mesmo espiacuterito de liberdade de fazer a sua proacutepria escolha do melhor itineraacuterio No Atle-tismo por exemplo a volta agrave pista teraacute sempre 400 metros quer seja aqui ou no Japatildeo Na Orientaccedilatildeo esta noccedilatildeo de dis-tacircncia tem muito pouco signi-ficado Tanto se pode fazer 10 quiloacutemetros numa hora e meia como em quarenta minutos E

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depois nunca existem duas florestas iguais Eacute o eterno recomeccedilo Na Austraacutelia ou na Suiacuteccedila no Japatildeo ou na Escandinaacutevia eacute necessaacuterio uma adaptaccedilatildeo a cada local natildeo haacute lugar a repeti-ccedilotildeeshellip

Cada corredor possui uma buacutessola e um mapa que contrariamente a um mapa normal conteacutem uma enorme diversidade de detalhes acerca dos seus elementos caracteriacutesticos (relevo do ter-reno vegetaccedilatildeo caminhos elementos rochosos construccedilotildees e muito mais) Os mapas satildeo rea-lizados segundo as normas especiacuteficas da Fede-raccedilatildeo Internacional de Orientaccedilatildeo que tem sede na Finlacircndia Aleacutem da legenda sobre os siacutembolos nele representados existe ainda uma sinaleacutetica

proacutepria que tem a ver com o percurso que o praticante vai realizar nesse evento e que eacute uma linguagem uni-versal

A partir do momento em que se potildee em marcha o cronoacutemetro o orientista deve efe-tuar o seu percurso que eacute marcado no mapa e que eacute cons-tituiacutedo por uma par-tida (representada por um triacircngulo) uma seacuterie de pontos de

passagem obrigatoacuterios (representados por ciacuter-culos) e a chegada (representada no mapa por dois ciacuterculos concecircntricos) Estes pontos satildeo materializados no terreno sob a forma de um prisma triangular denominado por baliza e a passagem deve ser validada por um sistema de ldquopicotagemrdquo manual ou eletroacutenica O objetivo consiste em fazer o percurso na sequecircncia in-dicada o mais rapidamente possiacutevel Mas entre cada ponto de passagem a escolha do itineraacuterio fica ao criteacuterio de cada um

O percurso em linha reta evidentemente nem sempre eacute o mais raacutepido Eacute necessaacuterio jogar com as inflexotildees do terreno os lagos os muros e outros acidenteshellip O tempo gasto a percorrer o traccedilado da corrida depende sobretudo do meio sobre o qual a mesma se desenrola Em terrenos como na Escandinaacutevia onde o relevo eacute mais duro numa mesma distacircncia poderemos gastar quase o dobro do tempo que gastariacuteamos num terreno plano e sem o mesmo tipo de obs-taacuteculos

Por Terra

OUTDOOR Novembro_Dezembro 2012 43

O conhecimento do relevo eacute a parte mais difiacutecil Eacute neces-saacuterio aprender a imaginar um terreno a trecircs dimensotildees sobre o mapa Claro que natildeo eacute apenas isto Para quem tem mais dificuldade em possuir a visatildeo a trecircs dimensotildees esta in-suficiecircncia pode ser compensada com outras qualidades nomeada-mente a atenccedilatildeo Mas nem todos pos-suem igualmente esta capacidade mental Como na generalidade dos desportos eacute neces-saacuteria uma longa aprendizagem onde o treino teacutecnico a vivecircncia de situaccedilotildees mais variadas e o nuacutemero de florestas ldquovisitadasrdquo desempe-nham um papel fundamental Eacute agrave medida que o tempo passa que o orientista aprende a adaptar o seu comportamento a reagir cada vez mais rapidamente e a encontrar as melhores opccedilotildeesO desporto natildeo eacute muito mediatizado e o espiacute-rito da Orientaccedilatildeo eacute o de permanecer livre Eacute um desporto ainda preservado de certas po-leacutemicas ldquodopingrdquo e outros malabarismos daiacute que muitos orientistas digam que natildeo seja mau de todo que ele permaneccedila ldquoconfidencialrdquo

Grandes Competiccedilotildees em 2013

Em 2013 as grandes competiccedilotildees internacio-nais onde Portugal vai querer estar presente

satildeo as seguintes

- Campeonato do Mundo de Juacuteniores ndash Repuacuteblica Checa (29jun-06 de julho) wwwjwoc2013cz

- Campeonato do Mundo Elite ndash Finlacircndia (07-14 jul)

wwwwoc2013fi- Campeonato do Mundo ve-

teranos ndash Itaacutelia (02-10 ago) wwwwmoc2013it

- Campeonato da Europa de Jovens ndash Israel (03 de novembro) wwweyoc2013org

portuGal na alta roda Mas Portugal vai ter brevemente grandes desa-fios pela frente- Em 2013 organiza uma etapa da Taccedila do Mundo de seacuteniores e o Campeonato do Mundo de Vete-ranos de Orientaccedilatildeo em BTT - Costa Alentejana entre 09 e 13 de outubro- Em 2014 organiza em Palmela de 9-14 de abril e em paralelo o Campeonato da Europa de Orientaccedilatildeo Pedestre e o Campeonato da Eu-ropa de Orientaccedilatildeo de Precisatildeo wwweoc2014fpopt

Carnaval o ponto alto Desde 1996 que Portugal realiza a sua prova ra-inha que atrai os melhores especialistas a Por-

Eacute um desporto ainda

preservado de certas poleacutemicas ldquodopingrdquo e outros malabarismos

daiacute que muitos orientistas digam que natildeo seja mau de todo que ele perma-

neccedila ldquoconfiden-cialrdquo

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Por Terratugal Eacute O Portugal Orsquo Meeting que desde 2000 se realiza no Carnaval com a duraccedilatildeo de 4 dias e pontuaacutevel para a liga Mundial de orientaccedilatildeo pedestre nos percursos de Elite Em 2013 Por-tugal vai receber pela primeira vez trecircs eventos pontuaacuteveis para a Liga Mundial02 e 03 de fevereiro ndash Norte Alentejano Orsquo Mee-ting ndash Nisa (wwwnaompt)09ndash12 de fevereiro ndash Portugal Orsquo Meeting ndash Idanha-a-nova (wwwpompt)16 e 17 de fevereiro ndash XIV Meeting de Orien-taccedilatildeo do Centro ndash Pombal (wwwcocpteventos16fev2013)

OrientaccedilatildeO muitO mais dO que um despOr-tOOlhando para a modalidade de uma forma mais transversal podemos enquadraacute-la aleacutem de mo-dalidade desportiva com aacutereas como o Ambien-te a Educaccedilatildeo e as Novas Tecnologias As qua-tro vertentes atraacutes enunciadas reunidas numa soacute tem a ver tambeacutem com solidariedade

Ambiente porque a Orientaccedilatildeo eacute o ldquoDesporto da Florestardquo fazendo de cada praticante um guardiatildeo e um amigo de tatildeo valioso patrimoacutenio Educaccedilatildeo porque eacute uma modalidade onde se aglutinam mateacuterias tatildeo nucleares como a Ma-temaacutetica ou a Geografia e se desenvolvem com-petecircncias como a capacidade de interpretaccedilatildeo ou o poder de decisatildeo por isso ser considerada prioritaacuteria para o Desporto Escolar Novas Tec-nologias porque eacute das modalidades que mais depende dos Meios Informaacuteticos a todos os niacute-veis do controlo de tempos agrave cartografia mais desenvolvida que existe Desporto porque pro-move a atividade fiacutesica e a Sauacutede dirigindo-se de igual forma agravequeles que individualmente a praticam ao niacutevel da alta competiccedilatildeo como agraves crianccedilas ou agraves famiacutelias que vecircm nela uma forma

de promover o seu bem estar fiacutesico e reforccedilar os laccedilos de amizade e convivialidade

E solidariedade porque vive da forccedila que projeta nos seus praticantes

trabalhando desinteressadamente em prol da modalidade em prol do paiacutes

Porque a Orientaccedilatildeo eacute Ambiente eacute Educaccedilatildeo satildeo Novas Tecnolo-gias eacute Desporto Porque a Orien-

taccedilatildeo gera Riqueza e gera Sauacutede Porque a Orientaccedilatildeo eacute de todos e

para todos Interessa a todos Inte-ressa ao Paiacutes Daiacute que eacute urgente que

todos venham experimentar e que descu-bram as belezas deste Paiacutes de mapa na matildeo oslash

Fernando Costa e Joaquim margarido

Olhando para a modali-

dade de uma forma mais transversal po-

demos enquadraacute-la aleacutem de modalidade desportiva

com aacutereas como o Am-biente a Educaccedilatildeo e

as Novas Tecnolo-gias

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Setembro_Outubro 2011 OUTDOOR138

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Tipo Expediccedilatildeo no DesertoGrau de dificuldade Moderado 1012km diaacuterios aproximadamente 4 horas de caminhadaCaracteriacutesticas8 dias 7 noites6 dias de expediccedilatildeoPuacuteblico-alvo Adequado a crianccedilas gt 8 anos(transporte em dromedaacuterio)Proacuteximas datas 26 de dezembro de 2012 a 2 janeiro de 2013Programa previstoDia 1 Viagem para Marrakech e transfer para riad no centro Noite em RiadDia 2 Viagem de Marrakech para Zagora em viatura exclusiva para o grupoDia 3 Dunas Bougayoirn -gt Dunas Tridi Dia 4 Tridi -gt erg (duna) EssahelDia 5 Erg Essahel -gt Dunas de LanithieDia 6 Dunas de Lanithie -gt Ouled DrissDia 7 Dunas de Lanithie -gt Ouled DrissDia 8 Marrakech e regresso

Equipamento obrigatoacuterioMochila pequena cantil (ou similar)Saco de viagem (maacutex 60Lt e 10kg) para transportar no dromedaacuterioSaco camaFrontal ou lanternaOacuteculos escuros chapeacuteu e protetor solarRoupas confortaacuteveis para caminhadaImpermeaacutevelAgasalho noturnoBaacutesicos de higiene (incluir toalha pequena e ligeira e produtos biodegradaacuteveis papel higieacutenico e saco chinelos)1ordms socorros pessoais que devem incluir anti mosqui-to e anti diarreicoPara as Senhoras ndash calccedilas compridas para atravessar algumas aldeias

Equipamento RecomendadoMaacutequina Fotograacutefica Sticks de Caminhada Calccedilado confortaacutevel e desportivo (uso recomendado)

Nuacutemero miacutenimo 6 pessoas (preccedilo sob consulta para grupos de nuacutemero inferior)

Preccedilo Desde 799euro | + 50euro (suplemento single em Marrakech)

Mais informaccedilotildees aquiUm Programa Caminhos da Natureza oslash

DEsERToDUNas E oaacutesis

Tipo de percurso NaturezaTrekkingGrau de dificuldade MeacutedioAltoCaracteriacutesticas8 dias 7 noitesProacuteximas datas 26 de dezembro de 2012 a 2 janeiro de 2013

Marrocos eacute um paiacutes lindiacutessimo que por estar tatildeo perto e ser tatildeo exoacutetico merece uma visitaNesta viagem propomos mais que uma visita sugeri-mos uma aventura de vaacuterios dias a peacute a acompanhar uma caravana de camelos Iraacute atravessar planaltos e desertos descansar agrave som-bra de oaacutesis e dormir sobre as estrelas beber chaacute na companhia de Berberes e ouvir as suas histoacuterias Per-correremos caminhos antigos de caravanserais que acompanham rios e dunas Para no fim saborearmos um merecido descanso na magia do deserto Aproveite este fim de ano para comemorar em boa companhia e num cenaacuterio exoacutetico e inesqueciacutevel a entrada do novo ano e para conhecer ou regressar a este maravilhoso paiacutes

Programa previstoDia 1 Voo cidade de origem - MarrakechDia 2 Marrakech - ZagoraDia 3 Beni Ali - Oaacutesis de Foum TaqquatDia 4 Oaacutesis de Foum Taggat ndash Dunas de Nesrate ndash Ksar Ait IsfoulDia 5 Oaacutesis e dunas de Nesrate ndash Zaouiat Sidi Saleh ndash Duna de TidiriDia 6 Dunas de Tidiri ndash Oaacutesis e dunas de Ragabi ndash Dunas Erg LihoudiDia 7 Viagem para MarrakechDia 8 Voo Marrakech - cidade de origem

Preccedilo 580euro (Preccedilo Terra) | Desde 350euro (Preccedilo voo) + Suplemento ind Marrakech 50 euro

Mais informaccedilotildees aquiUm Programa Papa-Leacuteguas oslash

TREkkiNG No DEsERTo

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dia 1 - 28ago12 keflavik- selfoss ndash 112 kmNoacutes movemo-nos como este vento que corre li-vremente por este paiacutes gelado Tatildeo a sul quanto eacute possiacutevel nesta latitude percorremos a estrada da costa expostos a um inquietante e impressio-nante vento que nos derrubou por diversas ve-zes Ele natildeo deixa saudades apenas ficam mar-cas e recordaccedilotildees Por momentos sentimo-nos transportados para o outro extremo do mundo na Patagoacutenia onde os 8 meses que separam es-tas 2 aventuras natildeo chegam para tirar do corpo o desconforto que nos provocou

Por todo o lado nota-se a natureza intocada com pouca vegetaccedilatildeo os tons escuros dos solos vulcacircnicos e muitas rochas de lava cobertas de musgo O momento do dia foi junto da Blue La-goonl um dos pontos mais turiacutesticos da Islacircndia

Pedalar por um sonho agraves portas do Ciacuterculo Polar Aacutertico

Para os sonhos serem realizados eacute preciso al-gueacutem que acredite A nossa viagem agrave Islacircndia foi alimentada pela vontade de ajudar 2 crianccedilas a concretizar 2 sonhos em conjunto com a Ins-tituiccedilatildeo terra dos sonhos porque um sorriso vale tudo

Durante 3 semanas pedalaacutemos no nosso mundo de sonhos e a cada pedalada recebemos sorri-sos em troca

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Para muita gente

viajar significa ir ao encontro daquilo

que procuram Noacutes que viajamos com a bicicleta e em autonomia sabemos

que o destino estaacute traccedilado mas eacute

incerto

dia 2 - 29ago12 selfoss-selfoss Atraacutes das montanhas em busca do Circulo de Ouro 95 km Hoje o dia foi programado para viajarmos sem bagagem Era uma volta circular que nos leva-va para laacute das montanhas ateacute agrave fenda onde a Islacircn-dia se equilibra

No parque nacional de Thingvellir vivemos alguns dos mais conhecidos fenoacutemenos naturais desta ilha Aqui eacute o local onde se separam as placas tectoacute-nicas americana e euroasiaacutetica criando uma fenda que se afasta 2cm por ano

dia 3 - 30ago12 selfoss-Laugarvatn-gey-sir-gullfoss-Fludir-Aacuternes 140 kmPercebemos agora porque chamam ciacuterculo de Ouro ao Geysir e agrave cascata Gullfoss O turismo mais va-lioso chega em inuacutemeros autocarros e viaturas 4X4 equipadas com rodas ldquoextra sizerdquo

Natildeo eacute preciso chegar a este local para sentir os cheiros que os vapores emanam do subsolo Em povoaccedilotildees com pouco mais de 4 casas eacute possiacutevel ver-se a terra em plena atividade diante dos nossos olhos e sentir-mo-nos convidados a ocupar todo o espaccedilo aquecido

Laugarvatn Fludir ou Aacuternes todas estatildeo num terri-toacuterio maacutegico onde o tamanho natildeo conta e os limites que existem satildeo impostos pela nossa imaginaccedilatildeoEstas aldeias natildeo brilham mas valem ouro Ainda estamos a 20 quiloacutemetros do destino mas jaacute passa-ram mais de 10h desde que saiacutemos Eacute tarde e natildeo vamos ter tempo para recuperar e enfrentar 4 dias de total isolamento por uma estrada de montanha que atravessa 2 glaciares

A ementa para tantos dias corre velozmente na mi-nha mente Compramos tudo o que julgamos vir a precisar mas antes percorro corredores vasculho prateleiras tenho hesitaccedilotildeeshellipCalamos o medo e pegamos na bicicleta

dia 4 - 01 set12 Aacuternes ndash highland center 70kmDamos hoje a primeira pedalada de aproximada-mente 300 quiloacutemetros em direccedilatildeo ao centro da Terra as highlands

Para muita gente viajar significa ir ao encontro da-quilo que procuram Noacutes que viajamos com a bici-cleta e em autonomia sabemos que o destino estaacute traccedilado mas eacute incerto O encontro com o inesperado eacute muitas vezes algo que acontece com frequecircnciaFoi uma noite mal dormida devido agrave ansiedade e ao risco do que nos propunhamos fazer Sabemos que a cada quiloacutemetro que andamos comeccedila uma nova aventura

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Natildeo podiacuteamos esperar mais Saiacute-mos do Youth hostel debaixo de chuva tendo como esperanccedila al-guma falha nas previsotildees meteo-roacutegicas para as horas seguintes Insiacutepidos e molhados desde cedo buscamos abrigo no highland center

dia 4 - 02set12 highland center ndash nyidalur hut 110km Toda a ilha eacute uma zona livre de stress Quando percorremos a fantasmagoacuterica Sprengisadur route (F26) percebemos que es-tamos livres de tudo ateacute do nosso juiacutezo A nossa ambiccedilatildeo quando tracaacutemos esta rota era atraves-saacutermos o paiacutes de sul para norte e passarmos entre os glaciares Holsjokul e VatnajokullA natureza pode ser simulta-neamente dura delicada e cruel como foi ontem mas foi genero-sa connosco hoje ao permitir-nos ver a paisagem de cascalho solto nua sempre do mesmo tom cas-tanho escuro

O silecircncio ganhou espaccedilo ateacute ao momento em que conseguimos chegar ao abrigo de montanha (hut)

dia 5 - 03set12 - nyida-lur hut ndash rest dayNem pensar em cruzar a precio-sa porta do abrigo Laacute fora estaacute tudo muito branco e diferente daquilo a que estamos habitua-dos e por isso mantivemo-nos no hut de Nyidalur (na base do vulcatildeo Tungnfell) durante 2 noi-tes por seguranccedila O fogatildeo estaacute sempre aceso e tem uma enorme panela com aacutegua pronta a aque-cer quem chegue

Para que possamos variar do esparguete e noodles (jaacute natildeo haacute muito) vamos tentar fazer patildeo O resultado da nossa experiecircncia a juntar ingredientes com nomes impronunciaacuteveis em que iacuteamos provando para perceber o que era deu num cruzamento entre o patildeo e o rissol O duo de motards que dividiam o hut connosco re-petiram Significa que inventaacute-mos mais um pastel falta soacute dar um nomehellipO Ranger do Parque Nacional acaba de chegar ao hut e veio confirmar que somos mesmo malucos por estarmos nas high-lands nesta eacutepoca Aleacutem disso avisou que vai haver tempestade para esta noite e amanhatilde

dia 6 - 04set12 - nyidalur hut- rest dayLaacute fora estatildeo 0ordmC e as bicicletas encostadas imoacuteveis sujeitas a mais um teste de resistecircncia O nosso passatempo eacute assar ba-tatas ver quem passa e a forma como transpotildeem o rio A nossa vez de partir vai chegar ainda natildeo sabemos eacute quando Para jaacute passa a 3ordf noitehellip

dia 7 - 05set12 - nyidalur hut ndash Laugar 129kmO som do vento acorda-nos mui-to cedo e era semelhante ao do dia anterior Se a direccedilatildeo se man-tivesse de norte significava mais um dia perdido Inquieto dirijo--me ateacute agrave janela para observar o uacutenico ponto de referecircncia no ex-terior uma bandeira chicoteada pelo vento vindo de sulEstava dado o sinal de partida para mais do que uma maratona nas highlands Ao longo do ca-minho a neve mantinha-se por vastas aacutereas e o vento empur-rava-nos ao mesmo tempo que nos congelava as extremidades e queimava a pele

Foi uma benccedilatildeo a ajuda do Ran-ger para transpormos 2 rios em

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seguranccedila sem nunca nos molharmos A aacutegua que noacutes e os islandeses bebem vem de rios como estes sem qualquer tipo de tratamento

DIA 8 - 06set12 Laugar ndash Lago Myvatn- Lau-gar 85 kmFoi tanta a privaccedilatildeo nos dias anteriores que hoje sonhaacutemos com o pequeno almoccedilo que teriacuteamos pela manhatilde antes de nos deslocarmos para o Lago Myvatn Este lago imenso e a aacuterea envolvente satildeo um dos grandes tesouros europeus Durante a nossa volta circular toda a paisagem eacute surreal Lava fumo a sair da terra crateras aacutegua e montanhas vulcacircnicas

Haacute muitos dias que transportamos os fatos de ba-nho na pequena mochila que vai agraves costas na es-peranccedila de um banho quente em qualquer charco inesperado Hoje tivemos o nosso primeiro hot pot Eles satildeo um must nesta regiatildeo (eacute como estar num jacuzzi no meio da rua com um cenaacuterio deslum-brante)

DIA 9 - 07set12 Laugar ndash Akureyri 67kmIsto de pedalar com vento natildeo tem graccedila nenhu-ma especialmente porque natildeo se consegue ter mo-

mentos de contemplaccedilatildeo parados Em dias assim eu sou a ponta da flecha que abre uma fissura no vento e permite que a Filomena possa andar na roda Acabar eacute uma vitoacuteria mas natildeo existe gloacuteria quando se chega ao fimAkureyri eacute a capital do norte e a 2ordf cidade maior do paiacutes com 18000 habitantes civilizaccedilatildeo situada num fiorde rodeado de cumes nevados uma escolha acertada para ficar um dia a descansar

DIA 10 - 09set12 Akureyri- Varmahliacuteo 95 kmMesmo a pedalar sobre a Route 1 os grandes hori-zontes continuam a fazer parte desta viagem An-damos pelos vales e seguimos os cursos dos rios alimentados pelas aacuteguas que escorrem incessante-mente das arribas que nos flanqueiamPodia afirmar que estou eufoacuterico diante das infini-tas possibilidades que tenho pela frente mas natildeo estou Novo aviso de tempestade acompanhada de ventos fortes (23 ms) natildeo convida a grandes aven-turas

Por hoje natildeo precisamos de nos preocupar esta-mos bem abrigados numa quinta na aldeia de Var-mahliacuteeth com 130 pessoas

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DIA 11 -10set12 Varmahliacuteo ndash Rest dayParece que o inverno veio todo num soacute dia e pintou tudo de branco O supermercado estaacute a 300 metros mas eacute como se fosse uma miragem Temos mais um dia de paragem forccediladaO nevatildeo ganha cada vez mais terreno agrave medida que as horas avanccedilam A estrada estaacute interdita agrave maio-ria dos veiacuteculos e por precauccedilatildeo as pessoas satildeo aconselhadas a procurar alojamentoEm pouco tempo a senhora Inda de 81 anos que haacute poucas horas parecia ter uma vida pacata a co-chilar no seu sofaacute mostrou-nos como eacute uma ver-dadeira mulher do norte Enquanto nos convidava para um lanche com bolos caseiros mostrava or-gulhosamente os aacutelbuns de famiacutelia recebia os tu-ristas que iam chegando e quando a lotaccedilatildeo esgo-tou pegou no seu jeep e conduzia estrada fora para os ir alojar

DIA 12- 1set12 Varmahliacuteo ndash Saeberg (hostel) 15kmEsta aventura jaacute foi longe demais Temos metade da quilometragem que planeaacutemos centenas de peripeacutecias e riscos incalculados e soacute nos apetece chegar agrave capital Laacute fora tudo continua branco e a abanar no entanto existe a necessidade de arran-car Estamos confiantes nas previsotildees para o dia de hoje mesmo quando aquilo que vemos natildeo inspira confianccedila

Comeccedila a nevar comeccedila a montanhahellipVaacuterios car-ros estatildeo soterrados nas bermas os flocos voam magoam as faces e a subida ainda vai no iniacutecio Me-tro a metro vamos quebrando o gelo Quem passa tira fotografias e fica increacutedulo Noacutes tambeacutem Natildeo sabemos como equilibrar as 2 rodas perante esta manifestaccedilatildeo da natureza As equipas de emergecircn-cia patrulham a aacuterea e noacutes fazemos ldquolikerdquo sem nos apercebermos que as descidas se tornariam autecircn-ticos escorregasPedimos ajuda e somos resgatados ateacute ao nosso destino Estaacute um sol maravilhoso e as vistas satildeo lindas A vida eacute tatildeo bela porque seraacute que ando de bicicleta em siacutetios tatildeo difiacuteceisPronto Depois de 1h dentro do hot pot percebe-mos porque natildeo ficamos em casa Casa eacute onde estaacute o nosso coraccedilatildeo

DIA 13 - 12 e 13 set12 Saeberg ndash Borgarnes ndash Reykjavik 226kmsEstamos a oeste mas o nosso sentido eacute cada vez seguir para mais perto do nosso ponto inicial O isolamento e a ausecircncia da matildeo humana con-tinuam a ser uma das grandes referecircncias deste paiacutes Os horizontes ateacute Borgarnes perdem a cor e parecem-se com tantos outros que jaacute vimos noutros lugaresReykjavik natildeo estaacute isolada natildeo estaacute no topo de uma

montanha e nem sequer haacute nada de extremo nesta cidade

DIA 14 - 14 set12 Reykjavik ndash Rest dayA capital natildeo nos cativa eacute exageradamente cara e parece viver soacute de noite

DIA 15 - 15 set12 Reykjavik ndash Keflavik 49kmFelizmente que as imagens que estamos a ver e que satildeo iguais ao primeiro dia representam ape-nas uma pequena amostra deste paiacutes Natildeo haacute aacutervo-res natildeo haacute rios natildeo haacute vales apenas uma rugosa paisagem lunar fruto da forte atividade vulcacircnica nesta peniacutensula

Ateacute ao aeroporto jaacute natildeo contamos observar nada daquilo que enche as brochuras e panfletos que se podem encontrar e consultar espalhados por qual-quer parte desta linda ilha Resta-nos pedalar

EPIacuteLOGO Natildeo satildeo os nuacutemeros que fazem uma via-gem de SONHO Os quiloacutemetros ambicionados os desniacuteveis previstos os dias programados ficaram aqueacutem do planeado Mas as expectativas planeadas foram largamente ultrapassadas pois tivemos expe-riecircncias uacutenicas em cenaacuterios de Sonho com amiza-des imprevistas

Nesta ilha todos os sentidos experimentaram a na-tureza em estado puro A esta latitude tudo se torna impreviacutesivel os 6 dias que ficaacutemos retidos e os 1400 quiloacutemetros percorridos hoje parecem pouco vistos agrave distacircncia num lugar seguro

AGRADECIMENTO Aos nossos apoiantes ndash Terra dos Sonhos Cofides Competiccedilatildeo Movefree Bike performance Center D-Maker Ortik Bike Magazi-ne Bivaque Extramedia Portal Aventuras

Um agradecimento muito especial agrave missatildeo da For-ccedila Aeacuterea Portuguesa ndash Iceland Air Policing que nos recebeu e transportou as nossas bagagens no re-gresso a Portugal Bem hajam oslash

Ricardo Mendes e Filomena Gomes

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Aventura- Tsiiii tsiiii ndash o meu olhar desviou-se do hori-zonte que observava tentando encontrar por perto de onde vinha o som daquele assobio

- Satildeo as marmotas Estatildeo a avisar as outras que noacutes estamos por perto eacute assim que comunicam principalmente se sentem algum perigo - o Heacutel-der ria do meu ar confuso Ia jurar que o assobio vinha de um ser humano Foi a primeira vez que avistei este simpaacutetico mamiacutefero Imagino esta marmota no meio dos peluches do quarto das minhas filhas Satildeo sem duacutevida um animal sim-paacutetico estes excelentes escavadores que vivem em altitudes desde os 900m aos 3200m Nove meses do ano passam-no a hibernar Estamos em pleno veratildeo nos Alpes e as marmotas estatildeo em grande atividade armazenando energias para o inverno Conseguimos avistar os outros elementos da coloacutenia ldquode peacuterdquo alerta Foi um bom motivo para uma merecida pausa tirar a mochila hidratar comer uma barra energeacutetica

Jaacute haviacuteamos percorrido grande parte do trilho que nos levaria ao Refuacutegio Albert I Eacute aqui que pernoitaremos para iniciar a nossa aclimataccedilatildeo Saiacutemos da pequena vila de Le Tour de onde partem os telefeacutericos usados no inverno para aceder agraves pistas de esqui No veratildeo continuam em atividade facilitando o percurso aos trekkers que natildeo queiram palmilhar o desniacutevel de cerca de

700m que os separa do Col de Balme- Estamos a aclimatar e tambeacutem a treinar nem pensar em usar meios mecacircnicos ndash Helder sor-ria a dizer esta frase Foi quanto bastou para perceber que a manhatilde ia ser longa Depois de vencermos grande parte do desniacutevel chegamos a um local de onde se pode avistar a cordilheira do monte Branco la Verte os Drus as Aiguil-les de Chamonix e o Monte Branco com os seus 4810m Mas que local magniacutefico para aclimatar pensei Para subir em altitude temos que permi-tir ao nosso organismo que se habitue gradual-mente agrave falta de oxigeacutenio a que vai ser exposto Para isso vamos fazendo caminhadas subindo gradualmente para que ao fim de alguns dias jaacute estejamos mais aptos a entrar numa zona em que a pressatildeo atmosfeacuterica eacute menor e o oxigeacutenio do ar mais rarefeito

Ao chegar agrave moreia do glaciar do Tour resta-nos uns 200 m para o nosso objetivo A 30 de agosto de 1930 o rei Alberto I da Beacutelgica inaugurou o primeiro refuacutegio que tem o seu nome Em 1935 o refuacutegio foi ampliado no entanto natildeo foi sufi-

ciente e o atual precariamente empoleirado num penhasco a uma altitude de 2706

inaugurado a 12 de julho de 1959 foi construiacutedo perto do primeiro

edifiacutecio Natildeo posso deixar de me impressionar ao avistaacute-lo e quando chego sento-me na varanda feliz por poder apre-

Esta-mos em pleno

veratildeo nos Alpes e as marmotas estatildeo em grande ativida-de armazenando energias para o

inverno

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ciar vistas tatildeo magniacuteficas ehellip por poder tirar as botas Natildeo tinha botas de alta montanha mas um amigo comprou umas plaacutesticas em segun-da matildeo em Chamonix e sorte das sortes eram o meu nuacutemero Fiz este trekking com elas para me habituar resultou Mas os meus peacutes supli-cavam por ar fresco Soacute conseguimos dar o de-vido valor ao momento de descanso conversa contemplaccedilatildeo numa varanda dum refuacutegio se jaacute tivermos percorrido umas boas horas por trilhos de montanha Saboreei ao maacuteximo este tempi-nho sabia que a tarde era guardada para treino no glaciar como andar em cordada e escalada no gelo Eacute sempre bom relembrar as bases um acidente pode acontecer quando descuramos as regras mais simples e esta tarde foi fundamental para isso Um sol magniacutefico vistas deslumbran-tes ambiente descontraiacutedo Natildeo deixar a corda a tocar o chatildeo nunca a pisar nem a ter dema-siado em tensatildeo Esta sintonia entre elementos de cordada trabalha-se e soacute com o treino a con-seguimos obter Amanhatilde vamos sair ao nascer do dia em direccedilatildeo agrave Aiguille du Tour Esta for-maccedilatildeo com 3540m eacute muito popular entre as pes-soas que tentam a ascensatildeo ao Monte Branco Eacute relativamente faacutecil a sua subida pela face leste

A meteorologia na manhatilde da nossa subida esta-va perfeita Adoro toda a logiacutestica de preparaccedilatildeo de saiacuteda do refuacutegio O acordar ainda de noite os ruiacutedos leves e abafados dos mais madrugadores na camarata o som dos passos ainda lentos no chatildeo de madeira Tento concentrar-me para natildeo me escapar nada ter todo o material colocado e sentir-me confortaacutevel Saio do refuacutegio e o ar

fresco da montanha acorda os meus sentidos Comeccedilamos a subir o glaciar frontais ligados muacutesculos a aquecer A inclinaccedilatildeo eacute moderada e rapidamente chegamos ao colo superior do Tour que marca a fronteira da Franccedila com a Suiacuteccedila ndash Trouxeram o passaporte Vamos pas-sar no posto fronteiriccedilo ndash pergunta o Heacutelder a sorrir Atravessamos agora o glaciar de Trient o sol aquece-nos e as vistas satildeo surpreendentes Ao chegar agrave base da aguille do Tour fazemos o nosso merecido descanso comer beber aacutegua apreciar a beleza que nos circunda Vem agora a parte divertida para quem gosta de escalar em rocha Iniciamos calmamente a nossa subida vamos ouvindo algumas orientaccedilotildees progredin-do e fazendo manobras para passar nas zonas mais expostas ateacute chegarmos ao topo Emocio-no-me com a beleza agrave minha volta O meu pen-samento liga-se a algueacutem muito querido que haacute bem pouco tempo deixou a vida terrena sinto a sua proximidade Um abraccedilo forte da minha amiga de escalada traz-me novamente agrave terra E ali agrave nossa frente majestoso quase como que a chamar-nos o Monte Branco

Foi nesse mesmo dia que regressamos a Chamo-nix Uma longa descida animada pela conversa descontraiacuteda sobre os Alpes - Haacute sempre tanto que contar desta cordilheira travessias espeta-culares que se podem fazer ndash ouvia atenta as histoacuterias que me contavam era a minha primei-ra vez nos Alpes e jaacute estava cativada Cativada ateacute pela proacutepria cidade de Chamonix Eacute um lo-cal onde se respira ar livre Da varanda do nos-so apartamento para onde quer que olhe vejo

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Aventuraatividades outdoor Ouccedilo os risos alegres dum grupo que desce o rio fazendo rafting observo o ceacuteu colorido pelos parapentes as pessoas pas-sam na rua equipadas com roupa de montanha Cheguei a Chamonix haacute dois dias de comboio Quando deambulava pelas suas ruelas cho-quei com uma curiosa estaacutetua onde um homem aponta a outro o cume do Monte Branco

- Eacute Jacques Balmat que estaacute a apontar para o cume ele foi o primeiro homem a subir esta montanha a 8 de agosto de 1786 acompanha-do do meacutedico Michel Paccard Saiacuteram de Cha-monix acamparam no cume da Montagne de la cote a 2630m agraves 4 da manhatilde partiram e chega-ram ao cume por volta das 6h da tarde Balmat nasceu neste vale era um caccedilador de cristais tinha uma vontade de ferro e um instinto para as montanhas Paccard era meacutedico em Chamonix e um excelente alpinista adorava botacircnica e mi-nerais Tambeacutem lhe erigiram aqui uma estaacutetua

Foi ele que conheceu Horace-Beacute-neacutedict de Saussure que ini-

ciou a corrida do primeiro homem a subir ao Monte Branco ndash disse-me Joatildeo

- E esse Saussure tam-beacutem era alpinista ndash perguntei curiosa

- O seu interesse pela botacircnica trouxe-o ateacute aos

Alpes e percorreu grande parte desta cordilheira co-

meccedilando a trabalhar no sentido de esclarecer a topografia da parte ne-

vada dos Alpes nessa eacutepoca praticamente des-conhecida Foi em 1760 que veio aqui pela pri-meira vez e ofereceu uma recompensa a quem escalasse o Monte Branco Ele tentou fazecirc-lo sem sucesso- Entatildeo nunca chegou a subir

- Sim conseguiu mas soacute em 1787 jaacute tinha 47 anos e levou 18 guias com ele Relembro as palavras que li do fotoacutegrafo de montanha C Douglas Milner ldquoA subida em si foi magniacutefica uma incriacutevel faccedilanha de coragem grande resistecircncia realizada por estes dois ho-mens apenas sem corda e sem piolets muito sobrecarregados com equipamentos cientiacuteficos e com longos bastotildees com pontas de ferro O bom tempo e uma lua luminosa garantiram o seu regresso com vidardquo

O dia seguinte foi passado a descansar visitar o Museu da Montanha e espreitar a meteoro-

Foi em 1760 que veio aqui

pela primeira vez e ofereceu uma recom-

pensa a quem escalas-se o Monte Branco Ele tentou fazecirc-lo

sem sucesso

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Um dos pontos al-tos eacute ir agrave roulotte

dos waffles delei-tarmo-nos com este

delicioso doce No fi-nal do dia ainda pude-

mos assistir a um espetaacute-culo de muacutesica e danccedila celta

na praccedila central O ambiente eacute descontraiacutedo a praccedila estaacute cheia de gente e a muacutesica faz sempre bem agrave alma Joatildeo recebe um telefonema

- Estaacutes nos Alpes Natildeo vatildeo poder subir amanhatilde aproxima-se uma tempestade Mas tenho boas notiacutecias tens uma janela de bom tempo no dia seguinte se quiserem aproveitar - Disse Viacutetor Baiacutea sempre bem informado sobre os fenoacuteme-nos meteoroloacutegicos

O dia em que vai haver ldquouma abertardquo para subir eacute o mesmo dia em que temos voo para Lisboa

desde Genebra Ficamos um pouco a pensar no que decidir e claro temos que arriscar Na mon-tanha eacute assim tem que haver flexibilidade es-tamos dependentes das condiccedilotildees climateacutericas e aproveitar quando nos eacute proporcionado bom tempo

A rota que vamos seguir natildeo eacute a mais utilizada eacute chamada rota dos trecircs cumes Esta rota eacute mais exigente fiacutesica e tecnicamente do que a rota do Goucircter No entanto com faacutecil acesso a partir do telefeacuterico da Aiguille du Midi este percurso tor-nou-se a segunda rota mais popular para esca-lar o Monte Branco O percurso inicia-se na Ai-guille du Midi seguindo pelo Col du Midi antes de subir o Monte Branco atraveacutes do Mont-Blanc du Tacul (4248m) e Maudit Mont (4465m) Esta rota requer condiccedilotildees estaacuteveis na neve do Mont Blanc du Tacul e Mont Maudit e tem uma eleva-ccedilatildeo acumulada de 1425m O refuacutegio Cosmiques estava lotado a nossa uacuteni-

- Es-taacutes nos Alpes

Natildeo vatildeo poder subir amanhatilde aproxi-ma-se uma tempestade

Mas tenho boas notiacutecias tens uma janela de bom tempo no dia seguinte

se quiserem apro-veitar

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estaccedilatildeo do telefeacuterico da Aiguille du Midi Este telefeacuterico foi construiacutedo em 1955 e manteve o tiacutetulo de ser o mais alto do mundo durante duas deacutecadas Ele ainda deteacutem o recorde como o te-lefeacuterico com a ascensatildeo vertical mais alta no mundo de 1035 m para 3842 m Haacute duas se-ccedilotildees de Chamonix para o Plano de lAiguille a 2317 m e depois diretamente sem qualquer pi-lar de apoio para a estaccedilatildeo superior a 3777 m Apanhamos o uacuteltimo telefeacuterico do dia cerca de 20 minutos depois estaacutevamos no terraccedilo a tentar admirar as lindiacutessimas vistas que se tem deste local No entanto o mau tempo previsto estava certo e a visibilidade natildeo era mais de 20 m agrave nossa frente Estava desanimadiacutessima

- Como eacute possiacutevel daqui a poucas horas termos bom tempo para subir ndash Perguntei increacutedula- Estamos na montanha Luiacutesa a meteorologia muda rapidamente Temos que aguardar ndash Afir-mou Joatildeo calmo e confiante

Fomos procurar um local onde pudeacutessemos descansar ateacute agrave meia-noite hora marcada para a nossa partida O percurso eacute longo com bas-tante desniacutevel e na realidade o voo para Lisboa eacute amanhatilde Quando acordei o som dos ventos fortes que se faziam ouvir misteriosamente desaparece-ram Depois de comer e fazer a confirmaccedilatildeo do equipamento dirigimo-nos para a aresta que nos levaraacute ao Valleacute Blanche Foi com extrema curiosidade que me dirigi agrave saiacuteda Como esta-raacute o tempo A calma e tranquilidade que senti ao sair para o exterior foi-me trazida pela ma-ravilhosa paisagem que tinha agrave minha frente Afinal depois da tempestade vem a bonanccedila e a visatildeo deste vale imaculado sob um ceacuteu estre-lado sem ningueacutem sem pegadas sem luzes de frontais foi brutal Ao comeccedilar a descer a ares-ta conseguimos ver o refuacutegio Cosmiques ainda adormecido Fomos mesmo os primeiros a sair o que representa um privileacutegio por um lado e

No entanto o mau tempo pre-

visto estava certo e a visibilidade natildeo era mais de 20m agrave nossa frente Estava desa-

nimadiacutessima

Ainda foi longa a nossa caminhada sempre a encontrar forccedilas e energia onde quer que elas estivessem escondidas Paraacutevamos de vez em quando agrave espera da outra cordada de amigos e por fim cerca das 10h da manhatilde atingimos o cume Tento tirar fotos mas a maacutequina fotograacute-fica natildeo ajudou fiquei sem bateria Natildeo faltam maacutequinas para o fazer e depois de um breve descanso temos que iniciar a descida pela mes-ma rota Eacute uma descida que acaba por ter al-gumas subidas sendo por isso mais demorada Mas a alegria de ter cumprido o objetivo o dia tatildeo calmo e luminoso a companhia dos amigos supera qualquer tipo de cansaccedilo

Tive um sentimento de saudade ao chegar nova-mente ao Valleacute Blanche e olhar para traacutes para o trilho percorrido olhar aquele vale agora agrave luz do dia atravessado por tantas pegadas Olho de relance para a uacuteltima subida que nos falta fazer a aresta que nos levaraacute ao telefeacuterico na Aguille du Midi Faccedilo esta subida confiante como se ti-vesse deixado para traacutes todo o esforccedilo e cansaccedilo extremo desta maravilhosa aventura

Com grande pena natildeo pude comemorar em Chamonix nessa noite mas comemorei com imensa alegria ao reencontrar-me com a mi-nha famiacutelia orgulhosa de mim afinal estive no mesmo dia no cume do Monte Branco de manhatilde e agrave noite na minha cama quente e confortaacutevel em Lisboa oslash

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um esforccedilo acrescido por outro Relembro a tra-vessia do glaciar do Tacul a ldquofazer trilhordquo o som dos campons na neve ecoava num ritmo proacute-prio pousava a minha bota no local exato onde o Joatildeo tinha feito a pegada como que num jogo em que quando falhava acrescia o esforccedilo que teria que fazer O som de passos intensifica-se temos mais madrugadores connosco Deixamo--los passar jaacute vimos a fazer trilho haacute bastante tempo eacute a vez de outros agora

Quando chegamos agrave ldquoparederdquo do Mont Blanc du Tacul jaacute temos algumas pessoas agrave espera para subir O sol ainda natildeo subiu para nos aquecer esperamos junto agraves cordas a nossa vez os peacutes comeccedilam a dar sinal de frio Iniciamos a subida os piolets e os crampons cravam-se certeiros no gelo a corda ajuda na subida Comeccedilo a ficar cansada e a hesitar paro por uns momentos sinto a boca seca o coraccedilatildeo a bater forte olho para cima jaacute natildeo falta muito - Piolet numa matildeo corda na outra sobe Luiacutesa ndash a voz do Heacutelder trouxe-me lucidez A energia que me faltava regressou Concentro-me e con-tinuo a subida pedaccedilos de gelo passam por noacutes arrancados aquela parede cheia de gente dese-josa de ultrapassar possivelmente o obstaacuteculo mais duro desta rota

O trilho continua pelo beliacutessimo Mont-Maudit apesar do seu nome O sol jaacute vai alto comeccedila a aquecer haacute que comeccedilar a tirar camadas Natildeo podemos desidratar Col de la Brenva um chaacute quente e uma bolacha Apetece ficar jaacute aqui as vistas satildeo surpreendentes Mas natildeo eacute este o nos-so objetivo vamos continuar a subir

Entrevista Diogo Miguel - (Oti-Estarreja)

ldquoO DEsPORTO EM PORTuGAL eacute uM EsPELhO DA sOCIEDADErdquo

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Entrevista

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Sabe acima de tudo as con-

diccedilotildees que temos e consegue olhar para o

resultado como sen-do bastante meri-

toacuterio

OutdOOr COmO eacute pOssiacutevel algueacutem COm-patibilizar a preparaccedilatildeO enquantO atleta de OrientaccedilatildeO de elite COm as exigecircnCias dum 6ordm anO dO CursO de medi-Cina

diOgO miguel O segredo reside sobretudo na motivaccedilatildeo Toda a gente consegue tirar um curso e fazer desporto e inclusivamente se gos-tar consegue treinar todos os dias Mas se esti-ver motivado o suficiente consegue levantar-se cedo para correr agraves seis da manhatilde estar na Fa-culdade agraves oito e meia sair agraves quatro da tarde e ir treinar outra vez estudar ateacute agraves dez da noite e dormir porque amanhatilde eacute outro dia Eacute preci-so estar-se motivado para abraccedilar esta vida durante o ano inteiro

Haacute quantO tempO eacute que as COisas satildeO levadas assimQuando comecei a fazer Orien-taccedilatildeo natildeo tinha grandes preo-cupaccedilotildees com o treino Durante os anos de faculdade jaacute treinava bastante a seacuterio mas foi haacute dois ou trecircs anos quando comecei a ser treinado pelo Professor Bruno Nazaacuterio que aumentei a carga de trei-no para o bi-diaacuterio A partir daiacute passei a ter o meu tempo totalmente ocupado Satildeo os estaacutegios do Curso o tempo de deslocaccedilatildeo para Hospitais da periferia uma tese para defender Este ano seraacute bastante mais exigente que os anteriores se calhar natildeo vou poder fazer treino bi-diaacuterio todos os dias como gostaria mas ainda assim vou pro-curar treinar duma forma o mais seacuteria possiacutevel e se natildeo puder fazecirc-lo na quantidade desejaacutevel pelo menos na qualidade espero consegui-lo

em 2007 COnquistOu a primeira grande medalHa da OrientaccedilatildeO pOrtuguesa aO sagrar-se CampeatildeO da eurOpa de JOvens

Chama-se Diogo Miguel e eacute aos 23 anos uma das referecircncias da Orientaccedilatildeo Pedestre nacio-nal Campeatildeo Europeu de Jovens em 2007 e Campeatildeo Nacional de Distacircncia Longa em 2009 e 2011 Diogo Miguel reparte o tempo entre a modalidade do seu coraccedilatildeo e as exigecircncias do curso de Medicina que abraccedilou haacute seis anos E foi precisamente por aiacute que a nossa conversa comeccedilou uma conversa onde passado presen-te e futuro se misturam e confundem numa teia de opccedilotildees direccedilotildees desafios e decisotildees Na Orientaccedilatildeo como na Vida

Por Joaquim Margarido

de sprint em eger na Hungria que me-moacuterias guarda dessa JOrnada Haacute CinCO anOs atraacutesGuardo sobretudo as memoacuterias e os amigos Na altura pensaacutemos que a visibilidade que este re-sultado poderia dar agrave Orientaccedilatildeo catapultasse a modalidade e possibilitasse a obtenccedilatildeo de mais apoios mas isso natildeo se veio a verificar pelo me-nos na medida daquilo que seria de esperar

esteve este anO nOs mundiais de lausan-ne COnseguindO O 33ordm lugar na Final a de distacircnCia lOnga que valOr atribui a este seu resultadOAtribuo-lhe um valor elevado ateacute porque foi a primeira vez em dez anos que um portuguecircs foi a uma final A de Distacircncia Longa Cheguei ao fim com a certeza de ter feito o meu melhor e se natildeo tivesse quebrado fisicamente teria fei-to melhor ainda Ou seja com outras condiccedilotildees de treino teria facilmente ficado entre os vinte e cinco primeiros Mas falta bastante cultura des-portiva agrave sociedade portuguesa em geral e se disser a algueacutem que natildeo estaacute familiarizado com a Orientaccedilatildeo que terminei em 33ordm num Campeo-nato do Mundo essa pessoa iraacute pensar ldquoesque-ce eacutes mau natildeo prestasrdquo Mas quem sabe como estas coisas funcionam sabe os sacrifiacutecios que temos que fazer Sabe acima de tudo as condi-ccedilotildees que temos e consegue olhar para o resulta-

do como sendo bastante meritoacuterio

temOs em pOrtugal O apOiO que deviacuteamOs Ou que mereCiacuteamOs

Natildeo Eacute bastante revoltante olhar para outros desportos como eacute o caso do Futebol e termos um Presidente que termina o man-dato agrave frente da Federaccedilatildeo e que se sente orgulhoso por ter deixa-

do um balanccedilo positivo nas contas de muitos milhotildees de euros Mas

satildeo estes precisamente que ainda assim continuam a receber milhotildees e

milhotildees do Instituto Portuguecircs do Desporto e Juventude enquanto outras modalidades lutam pela sobrevivecircncia Acho que somos claramen-te sub-apoiados O desporto em Portugal eacute um espelho da Sociedade Haacute os muito ricos e haacute os muito pobres Os ricos satildeo cada vez mais ricos e os pobres satildeo cada vez mais pobres Eacute a mesma coisa com o desporto

quandO OlHa para Os nOssOs JOvens que pOtenCialidades vecirc neles para COn-seguirem CHegar aOs lugares CimeirOs da OrientaccedilatildeO eurOpeia e mundialTemos alguns jovens com bastante valor prin-

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cipalmente o Luiacutes Silva Trata-se dum atleta que tem um futuro brutal e acho que vai ser sem sombra de duacutevidas o melhor atleta portuguecircs dentro de muito pouco tempo Olhando de for-ma mais aprofundada para estes atletas eacute uma realidade que eles tecircm hoje melhores condiccedilotildees em relaccedilatildeo agravequilo que noacutes tiacutenhamos na altura Basta ver que os atletas jaacute se deslocam com al-guma frequecircncia ao terreno antes das grandes competiccedilotildees coisa que natildeo havia ateacute haacute muito pouco tempo atraacutes E depois haacute os estaacutegios de Seleccedilatildeo Mas deve reconhecer-se que lhes falta o treino fora da competiccedilatildeo Acho que falta al-gum espiacuterito de sacrifiacutecio no treino em casa que eacute o mais importante

o CLubE dE oriEntaccedilatildeo dE EstarrEJa Eacute dEsdE sEMprE o sEu CLubE quE signiFiCa-do tEM para si EstE EMbLEMa E Esta CaMi-soLa quE EnvErgaComecei na Orientaccedilatildeo aos 8 anos e a minha primeira experiecircncia foi no Desporto Escolar na minha terra Canelas uma pequena aldeia do Concelho de Estarreja A essa primeira pro-va seguiu-se uma ldquoQuinzena da Orientaccedilatildeordquo no veratildeo e nunca mais parei Haacute quinze anos que estou ligado a este clube e ele faz parte de mim Poderia dividir a minha vida em dois por um lado a parte profissional da Faculdade e por outro a Orientaccedilatildeo Por estranho que possa pa-recer a parte desportiva natildeo se encontra num plano inferior relativamente agrave parte profissio-nal Ambas as partes se complementam uma agrave outra Portanto a minha ligaccedilatildeo a este clube eacute muito grande satildeo muitos anos satildeo muitas pes-soas e ajudou-me a crescer

aos Miuacutedos quE agora datildeo os priMEiros passos quE ConsELhos dariaO conselho natildeo o daria aos miuacutedos se calhar da-va-o antes aos pais Tanto a escola como o des-porto andam muito ligados Se temos disciplina num acabamos por ter disciplina no outro Natildeo eacute por acaso se olharmos para os atletas de topo a niacutevel nacional todos eles satildeo excelentes es-tudantes e tecircm um futuro profissional bastante promissor Tudo parte de quem educa Eu tenho a sorte de ter uns pais que sempre me educaram bem e que sempre me deram o apoio necessaacuterio para conseguir fazer as duas coisas

E deixaria ainda um conselho mais aos pais o de virem fazer uma prova de Orientaccedilatildeo com os seus filhos Uma das grandes vantagens da Orientaccedilatildeo eacute ser para aleacutem do ldquodesporto da flo-restardquo o ldquodesporto da famiacuteliardquo

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EntrevistaConsidEra quE Esta EacutepoCa CorrEu dE aCordo CoM as suas ExpECtativasNa verdade digamos que a eacutepoca estaacute quase agrave beira de comeccedilar Depois do Campeonato do Mundo tirei mais tempo do que era habitual para descansar e tenho estado a fazer pratica-mente soacute manutenccedilatildeo A eacutepoca teve alguns per-calccedilos comecei a treinar na Repuacuteblica Checa e apesar de ter feito muito treino com mapa devi-do agraves questotildees climateacutericas e agraves poucas horas de luz acabei por ter uma carga de treino aqueacutem do desejaacutevel Depois de regressar a Portugal estava a treinar bem mas tive um percalccedilo e lesionei--me num peacute o que me obrigou a uma paragem de um mecircs Isso fez-me perder muito da minha boa forma e acredito que se natildeo fosse isso po-

deria ter chegado muito melhor ao Campeonato do Mundo e aiacute o resultado poderia ter sido outro Apesar de tudo os resultados acabaram por ser bem melhores do que estaria agrave espera

o obJEtivo a Curto praZo passa pELo tiacute-tuLo naCionaL absoLutoPor acaso esse eacute um tiacutetulo que nunca alcancei Vou comeccedilar a treinar a seacuterio para chegar nas melhores condiccedilotildees ao Campeonato Nacional Absoluto e esse vai ser um bom teste O objetivo eacute estar laacute para ganhar

Quanto agrave proacutexima eacutepoca espero apresentar-me agraves provas em melhor forma do que este ano e que os bons resultados possam aparecer oslash

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ofereccedila um garmin DeSemBruLHara caixa Seraacute Soacute o princiacutepio

este natal ofereccedila emoccedilotildees aventuras para quem viaja ou para os que correm para os que navegam no mar ou escalam montanhas Para os nadadores ou golfistas este natal ofereccedila um garmin

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ORIENTACcedilatildeOhellip DEsPORTO NA NATuREzA

Parque nacional torres del Paine Chile

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Cinco satildeo os sentidos estaacute nos manuais neles reside a possi-bilidade de um maior ou menor contacto da pessoa com aquilo que a rodeia Haacute ainda o sexto sentido aquela perceccedilatildeo extra--sensorial que parece ser mais propriedade das mulheres do que dos homens e que nas con-ceccedilotildees ocultistas estaraacute tam-beacutem sedeado num oacutergatildeo do nosso corpo Figurada ou ob-jetivamente eacute bom que todos eles ndash sem exceccedilatildeo - estejam suficientemente desenvolvi-dos sem isso natildeo haacute sentido de orientaccedilatildeo que aguente

A Orientaccedilatildeo eacute um Desporto recente em Portugal mas tem jaacute mais de 100 anos de existecircncia

enquanto desporto organi-zado Com efeito teraacute sido em Bergen - Noruega no ano de 1897 que se organizou a pri-meira atividade desportiva de Orientaccedilatildeo Os paiacuteses noacuterdicos satildeo ainda hoje aqueles onde a modalidade tem maior implan-taccedilatildeo mobilizando um nuacutemero de praticantes que coloca a

Orientaccedilatildeo entre os cinco des-portos com mais adeptos na Escandinaacutevia A maior prova do mundo realiza-se anual-mente na Sueacutecia os 5 dias da Sueacutecia com um nuacutemero de participantes que jaacute atingiu os 25000

Durante o seacutec XX a modali-dade foi evoluindo ateacute agrave criaccedilatildeo da Federaccedilatildeo Internacional de Orientaccedilatildeo (IOF) que fes-tejou em 2012 o 51ordm aniversaacuterio e veio normalizar mundial-mente as regras competitivas as normas para elaboraccedilatildeo dos mapas e as sinaleacuteticas a usar A Orientaccedilatildeo eacute praticada em quatro disciplinas diferentes Orientaccedilatildeo Pedestre Orien-taccedilatildeo em BTT Orientaccedilatildeo em Ski e Orientaccedilatildeo de Precisatildeo (Orientaccedilatildeo prioritariamente para deficientes motores)

Portugal tem marcado pontos na Orientaccedilatildeo para o desporto adaptado lanccedilando em 2012 a Taccedila de Portugal de Orientaccedilatildeo de Precisatildeo e criando um cir-cuito de Orientaccedilatildeo adaptada vocacionado prioritariamente para a deficiecircncia intelectual e

crianccedilas em idade preacute-escolar que eacute uacutenico no Mundo e que estaacute a ser jaacute implementado pela Espanha

o quE EacutePodemos dizer que a Orien-taccedilatildeo eacute um desporto completo Haacute o aspeto fiacutesico o treino no campo que se aproxima do treino dum atleta de fundo E haacute o aspeto mental que de-sempenha um papel funda-mental a leitura dos mapas o contra-reloacutegiohellip Eacute tambeacutem o desporto de natureza por exce-lecircncia Os orientistas saem dos trilhos balizados para pene-trarem no coraccedilatildeo da floresta Cada dia eacute uma nova aven-tura Daquele que se inicia na Orientaccedilatildeo ao mais consagrado dos praticantes haacute todo um mesmo espiacuterito de liberdade de fazer a sua proacutepria escolha do melhor itineraacuterio No Atle-tismo por exemplo a volta agrave pista teraacute sempre 400 metros quer seja aqui ou no Japatildeo Na Orientaccedilatildeo esta noccedilatildeo de dis-tacircncia tem muito pouco signi-ficado Tanto se pode fazer 10 quiloacutemetros numa hora e meia como em quarenta minutos E

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depois nunca existem duas florestas iguais Eacute o eterno recomeccedilo Na Austraacutelia ou na Suiacuteccedila no Japatildeo ou na Escandinaacutevia eacute necessaacuterio uma adaptaccedilatildeo a cada local natildeo haacute lugar a repeti-ccedilotildeeshellip

Cada corredor possui uma buacutessola e um mapa que contrariamente a um mapa normal conteacutem uma enorme diversidade de detalhes acerca dos seus elementos caracteriacutesticos (relevo do ter-reno vegetaccedilatildeo caminhos elementos rochosos construccedilotildees e muito mais) Os mapas satildeo rea-lizados segundo as normas especiacuteficas da Fede-raccedilatildeo Internacional de Orientaccedilatildeo que tem sede na Finlacircndia Aleacutem da legenda sobre os siacutembolos nele representados existe ainda uma sinaleacutetica

proacutepria que tem a ver com o percurso que o praticante vai realizar nesse evento e que eacute uma linguagem uni-versal

A partir do momento em que se potildee em marcha o cronoacutemetro o orientista deve efe-tuar o seu percurso que eacute marcado no mapa e que eacute cons-tituiacutedo por uma par-tida (representada por um triacircngulo) uma seacuterie de pontos de

passagem obrigatoacuterios (representados por ciacuter-culos) e a chegada (representada no mapa por dois ciacuterculos concecircntricos) Estes pontos satildeo materializados no terreno sob a forma de um prisma triangular denominado por baliza e a passagem deve ser validada por um sistema de ldquopicotagemrdquo manual ou eletroacutenica O objetivo consiste em fazer o percurso na sequecircncia in-dicada o mais rapidamente possiacutevel Mas entre cada ponto de passagem a escolha do itineraacuterio fica ao criteacuterio de cada um

O percurso em linha reta evidentemente nem sempre eacute o mais raacutepido Eacute necessaacuterio jogar com as inflexotildees do terreno os lagos os muros e outros acidenteshellip O tempo gasto a percorrer o traccedilado da corrida depende sobretudo do meio sobre o qual a mesma se desenrola Em terrenos como na Escandinaacutevia onde o relevo eacute mais duro numa mesma distacircncia poderemos gastar quase o dobro do tempo que gastariacuteamos num terreno plano e sem o mesmo tipo de obs-taacuteculos

Por Terra

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O conhecimento do relevo eacute a parte mais difiacutecil Eacute neces-saacuterio aprender a imaginar um terreno a trecircs dimensotildees sobre o mapa Claro que natildeo eacute apenas isto Para quem tem mais dificuldade em possuir a visatildeo a trecircs dimensotildees esta in-suficiecircncia pode ser compensada com outras qualidades nomeada-mente a atenccedilatildeo Mas nem todos pos-suem igualmente esta capacidade mental Como na generalidade dos desportos eacute neces-saacuteria uma longa aprendizagem onde o treino teacutecnico a vivecircncia de situaccedilotildees mais variadas e o nuacutemero de florestas ldquovisitadasrdquo desempe-nham um papel fundamental Eacute agrave medida que o tempo passa que o orientista aprende a adaptar o seu comportamento a reagir cada vez mais rapidamente e a encontrar as melhores opccedilotildeesO desporto natildeo eacute muito mediatizado e o espiacute-rito da Orientaccedilatildeo eacute o de permanecer livre Eacute um desporto ainda preservado de certas po-leacutemicas ldquodopingrdquo e outros malabarismos daiacute que muitos orientistas digam que natildeo seja mau de todo que ele permaneccedila ldquoconfidencialrdquo

Grandes Competiccedilotildees em 2013

Em 2013 as grandes competiccedilotildees internacio-nais onde Portugal vai querer estar presente

satildeo as seguintes

- Campeonato do Mundo de Juacuteniores ndash Repuacuteblica Checa (29jun-06 de julho) wwwjwoc2013cz

- Campeonato do Mundo Elite ndash Finlacircndia (07-14 jul)

wwwwoc2013fi- Campeonato do Mundo ve-

teranos ndash Itaacutelia (02-10 ago) wwwwmoc2013it

- Campeonato da Europa de Jovens ndash Israel (03 de novembro) wwweyoc2013org

portuGal na alta roda Mas Portugal vai ter brevemente grandes desa-fios pela frente- Em 2013 organiza uma etapa da Taccedila do Mundo de seacuteniores e o Campeonato do Mundo de Vete-ranos de Orientaccedilatildeo em BTT - Costa Alentejana entre 09 e 13 de outubro- Em 2014 organiza em Palmela de 9-14 de abril e em paralelo o Campeonato da Europa de Orientaccedilatildeo Pedestre e o Campeonato da Eu-ropa de Orientaccedilatildeo de Precisatildeo wwweoc2014fpopt

Carnaval o ponto alto Desde 1996 que Portugal realiza a sua prova ra-inha que atrai os melhores especialistas a Por-

Eacute um desporto ainda

preservado de certas poleacutemicas ldquodopingrdquo e outros malabarismos

daiacute que muitos orientistas digam que natildeo seja mau de todo que ele perma-

neccedila ldquoconfiden-cialrdquo

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Por Terratugal Eacute O Portugal Orsquo Meeting que desde 2000 se realiza no Carnaval com a duraccedilatildeo de 4 dias e pontuaacutevel para a liga Mundial de orientaccedilatildeo pedestre nos percursos de Elite Em 2013 Por-tugal vai receber pela primeira vez trecircs eventos pontuaacuteveis para a Liga Mundial02 e 03 de fevereiro ndash Norte Alentejano Orsquo Mee-ting ndash Nisa (wwwnaompt)09ndash12 de fevereiro ndash Portugal Orsquo Meeting ndash Idanha-a-nova (wwwpompt)16 e 17 de fevereiro ndash XIV Meeting de Orien-taccedilatildeo do Centro ndash Pombal (wwwcocpteventos16fev2013)

OrientaccedilatildeO muitO mais dO que um despOr-tOOlhando para a modalidade de uma forma mais transversal podemos enquadraacute-la aleacutem de mo-dalidade desportiva com aacutereas como o Ambien-te a Educaccedilatildeo e as Novas Tecnologias As qua-tro vertentes atraacutes enunciadas reunidas numa soacute tem a ver tambeacutem com solidariedade

Ambiente porque a Orientaccedilatildeo eacute o ldquoDesporto da Florestardquo fazendo de cada praticante um guardiatildeo e um amigo de tatildeo valioso patrimoacutenio Educaccedilatildeo porque eacute uma modalidade onde se aglutinam mateacuterias tatildeo nucleares como a Ma-temaacutetica ou a Geografia e se desenvolvem com-petecircncias como a capacidade de interpretaccedilatildeo ou o poder de decisatildeo por isso ser considerada prioritaacuteria para o Desporto Escolar Novas Tec-nologias porque eacute das modalidades que mais depende dos Meios Informaacuteticos a todos os niacute-veis do controlo de tempos agrave cartografia mais desenvolvida que existe Desporto porque pro-move a atividade fiacutesica e a Sauacutede dirigindo-se de igual forma agravequeles que individualmente a praticam ao niacutevel da alta competiccedilatildeo como agraves crianccedilas ou agraves famiacutelias que vecircm nela uma forma

de promover o seu bem estar fiacutesico e reforccedilar os laccedilos de amizade e convivialidade

E solidariedade porque vive da forccedila que projeta nos seus praticantes

trabalhando desinteressadamente em prol da modalidade em prol do paiacutes

Porque a Orientaccedilatildeo eacute Ambiente eacute Educaccedilatildeo satildeo Novas Tecnolo-gias eacute Desporto Porque a Orien-

taccedilatildeo gera Riqueza e gera Sauacutede Porque a Orientaccedilatildeo eacute de todos e

para todos Interessa a todos Inte-ressa ao Paiacutes Daiacute que eacute urgente que

todos venham experimentar e que descu-bram as belezas deste Paiacutes de mapa na matildeo oslash

Fernando Costa e Joaquim margarido

Olhando para a modali-

dade de uma forma mais transversal po-

demos enquadraacute-la aleacutem de modalidade desportiva

com aacutereas como o Am-biente a Educaccedilatildeo e

as Novas Tecnolo-gias

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OUTDOOR Setembro_Outubro 2011 139

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dia 1 - 28ago12 keflavik- selfoss ndash 112 kmNoacutes movemo-nos como este vento que corre li-vremente por este paiacutes gelado Tatildeo a sul quanto eacute possiacutevel nesta latitude percorremos a estrada da costa expostos a um inquietante e impressio-nante vento que nos derrubou por diversas ve-zes Ele natildeo deixa saudades apenas ficam mar-cas e recordaccedilotildees Por momentos sentimo-nos transportados para o outro extremo do mundo na Patagoacutenia onde os 8 meses que separam es-tas 2 aventuras natildeo chegam para tirar do corpo o desconforto que nos provocou

Por todo o lado nota-se a natureza intocada com pouca vegetaccedilatildeo os tons escuros dos solos vulcacircnicos e muitas rochas de lava cobertas de musgo O momento do dia foi junto da Blue La-goonl um dos pontos mais turiacutesticos da Islacircndia

Pedalar por um sonho agraves portas do Ciacuterculo Polar Aacutertico

Para os sonhos serem realizados eacute preciso al-gueacutem que acredite A nossa viagem agrave Islacircndia foi alimentada pela vontade de ajudar 2 crianccedilas a concretizar 2 sonhos em conjunto com a Ins-tituiccedilatildeo terra dos sonhos porque um sorriso vale tudo

Durante 3 semanas pedalaacutemos no nosso mundo de sonhos e a cada pedalada recebemos sorri-sos em troca

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Para muita gente

viajar significa ir ao encontro daquilo

que procuram Noacutes que viajamos com a bicicleta e em autonomia sabemos

que o destino estaacute traccedilado mas eacute

incerto

dia 2 - 29ago12 selfoss-selfoss Atraacutes das montanhas em busca do Circulo de Ouro 95 km Hoje o dia foi programado para viajarmos sem bagagem Era uma volta circular que nos leva-va para laacute das montanhas ateacute agrave fenda onde a Islacircn-dia se equilibra

No parque nacional de Thingvellir vivemos alguns dos mais conhecidos fenoacutemenos naturais desta ilha Aqui eacute o local onde se separam as placas tectoacute-nicas americana e euroasiaacutetica criando uma fenda que se afasta 2cm por ano

dia 3 - 30ago12 selfoss-Laugarvatn-gey-sir-gullfoss-Fludir-Aacuternes 140 kmPercebemos agora porque chamam ciacuterculo de Ouro ao Geysir e agrave cascata Gullfoss O turismo mais va-lioso chega em inuacutemeros autocarros e viaturas 4X4 equipadas com rodas ldquoextra sizerdquo

Natildeo eacute preciso chegar a este local para sentir os cheiros que os vapores emanam do subsolo Em povoaccedilotildees com pouco mais de 4 casas eacute possiacutevel ver-se a terra em plena atividade diante dos nossos olhos e sentir-mo-nos convidados a ocupar todo o espaccedilo aquecido

Laugarvatn Fludir ou Aacuternes todas estatildeo num terri-toacuterio maacutegico onde o tamanho natildeo conta e os limites que existem satildeo impostos pela nossa imaginaccedilatildeoEstas aldeias natildeo brilham mas valem ouro Ainda estamos a 20 quiloacutemetros do destino mas jaacute passa-ram mais de 10h desde que saiacutemos Eacute tarde e natildeo vamos ter tempo para recuperar e enfrentar 4 dias de total isolamento por uma estrada de montanha que atravessa 2 glaciares

A ementa para tantos dias corre velozmente na mi-nha mente Compramos tudo o que julgamos vir a precisar mas antes percorro corredores vasculho prateleiras tenho hesitaccedilotildeeshellipCalamos o medo e pegamos na bicicleta

dia 4 - 01 set12 Aacuternes ndash highland center 70kmDamos hoje a primeira pedalada de aproximada-mente 300 quiloacutemetros em direccedilatildeo ao centro da Terra as highlands

Para muita gente viajar significa ir ao encontro da-quilo que procuram Noacutes que viajamos com a bici-cleta e em autonomia sabemos que o destino estaacute traccedilado mas eacute incerto O encontro com o inesperado eacute muitas vezes algo que acontece com frequecircnciaFoi uma noite mal dormida devido agrave ansiedade e ao risco do que nos propunhamos fazer Sabemos que a cada quiloacutemetro que andamos comeccedila uma nova aventura

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Natildeo podiacuteamos esperar mais Saiacute-mos do Youth hostel debaixo de chuva tendo como esperanccedila al-guma falha nas previsotildees meteo-roacutegicas para as horas seguintes Insiacutepidos e molhados desde cedo buscamos abrigo no highland center

dia 4 - 02set12 highland center ndash nyidalur hut 110km Toda a ilha eacute uma zona livre de stress Quando percorremos a fantasmagoacuterica Sprengisadur route (F26) percebemos que es-tamos livres de tudo ateacute do nosso juiacutezo A nossa ambiccedilatildeo quando tracaacutemos esta rota era atraves-saacutermos o paiacutes de sul para norte e passarmos entre os glaciares Holsjokul e VatnajokullA natureza pode ser simulta-neamente dura delicada e cruel como foi ontem mas foi genero-sa connosco hoje ao permitir-nos ver a paisagem de cascalho solto nua sempre do mesmo tom cas-tanho escuro

O silecircncio ganhou espaccedilo ateacute ao momento em que conseguimos chegar ao abrigo de montanha (hut)

dia 5 - 03set12 - nyida-lur hut ndash rest dayNem pensar em cruzar a precio-sa porta do abrigo Laacute fora estaacute tudo muito branco e diferente daquilo a que estamos habitua-dos e por isso mantivemo-nos no hut de Nyidalur (na base do vulcatildeo Tungnfell) durante 2 noi-tes por seguranccedila O fogatildeo estaacute sempre aceso e tem uma enorme panela com aacutegua pronta a aque-cer quem chegue

Para que possamos variar do esparguete e noodles (jaacute natildeo haacute muito) vamos tentar fazer patildeo O resultado da nossa experiecircncia a juntar ingredientes com nomes impronunciaacuteveis em que iacuteamos provando para perceber o que era deu num cruzamento entre o patildeo e o rissol O duo de motards que dividiam o hut connosco re-petiram Significa que inventaacute-mos mais um pastel falta soacute dar um nomehellipO Ranger do Parque Nacional acaba de chegar ao hut e veio confirmar que somos mesmo malucos por estarmos nas high-lands nesta eacutepoca Aleacutem disso avisou que vai haver tempestade para esta noite e amanhatilde

dia 6 - 04set12 - nyidalur hut- rest dayLaacute fora estatildeo 0ordmC e as bicicletas encostadas imoacuteveis sujeitas a mais um teste de resistecircncia O nosso passatempo eacute assar ba-tatas ver quem passa e a forma como transpotildeem o rio A nossa vez de partir vai chegar ainda natildeo sabemos eacute quando Para jaacute passa a 3ordf noitehellip

dia 7 - 05set12 - nyidalur hut ndash Laugar 129kmO som do vento acorda-nos mui-to cedo e era semelhante ao do dia anterior Se a direccedilatildeo se man-tivesse de norte significava mais um dia perdido Inquieto dirijo--me ateacute agrave janela para observar o uacutenico ponto de referecircncia no ex-terior uma bandeira chicoteada pelo vento vindo de sulEstava dado o sinal de partida para mais do que uma maratona nas highlands Ao longo do ca-minho a neve mantinha-se por vastas aacutereas e o vento empur-rava-nos ao mesmo tempo que nos congelava as extremidades e queimava a pele

Foi uma benccedilatildeo a ajuda do Ran-ger para transpormos 2 rios em

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seguranccedila sem nunca nos molharmos A aacutegua que noacutes e os islandeses bebem vem de rios como estes sem qualquer tipo de tratamento

DIA 8 - 06set12 Laugar ndash Lago Myvatn- Lau-gar 85 kmFoi tanta a privaccedilatildeo nos dias anteriores que hoje sonhaacutemos com o pequeno almoccedilo que teriacuteamos pela manhatilde antes de nos deslocarmos para o Lago Myvatn Este lago imenso e a aacuterea envolvente satildeo um dos grandes tesouros europeus Durante a nossa volta circular toda a paisagem eacute surreal Lava fumo a sair da terra crateras aacutegua e montanhas vulcacircnicas

Haacute muitos dias que transportamos os fatos de ba-nho na pequena mochila que vai agraves costas na es-peranccedila de um banho quente em qualquer charco inesperado Hoje tivemos o nosso primeiro hot pot Eles satildeo um must nesta regiatildeo (eacute como estar num jacuzzi no meio da rua com um cenaacuterio deslum-brante)

DIA 9 - 07set12 Laugar ndash Akureyri 67kmIsto de pedalar com vento natildeo tem graccedila nenhu-ma especialmente porque natildeo se consegue ter mo-

mentos de contemplaccedilatildeo parados Em dias assim eu sou a ponta da flecha que abre uma fissura no vento e permite que a Filomena possa andar na roda Acabar eacute uma vitoacuteria mas natildeo existe gloacuteria quando se chega ao fimAkureyri eacute a capital do norte e a 2ordf cidade maior do paiacutes com 18000 habitantes civilizaccedilatildeo situada num fiorde rodeado de cumes nevados uma escolha acertada para ficar um dia a descansar

DIA 10 - 09set12 Akureyri- Varmahliacuteo 95 kmMesmo a pedalar sobre a Route 1 os grandes hori-zontes continuam a fazer parte desta viagem An-damos pelos vales e seguimos os cursos dos rios alimentados pelas aacuteguas que escorrem incessante-mente das arribas que nos flanqueiamPodia afirmar que estou eufoacuterico diante das infini-tas possibilidades que tenho pela frente mas natildeo estou Novo aviso de tempestade acompanhada de ventos fortes (23 ms) natildeo convida a grandes aven-turas

Por hoje natildeo precisamos de nos preocupar esta-mos bem abrigados numa quinta na aldeia de Var-mahliacuteeth com 130 pessoas

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DIA 11 -10set12 Varmahliacuteo ndash Rest dayParece que o inverno veio todo num soacute dia e pintou tudo de branco O supermercado estaacute a 300 metros mas eacute como se fosse uma miragem Temos mais um dia de paragem forccediladaO nevatildeo ganha cada vez mais terreno agrave medida que as horas avanccedilam A estrada estaacute interdita agrave maio-ria dos veiacuteculos e por precauccedilatildeo as pessoas satildeo aconselhadas a procurar alojamentoEm pouco tempo a senhora Inda de 81 anos que haacute poucas horas parecia ter uma vida pacata a co-chilar no seu sofaacute mostrou-nos como eacute uma ver-dadeira mulher do norte Enquanto nos convidava para um lanche com bolos caseiros mostrava or-gulhosamente os aacutelbuns de famiacutelia recebia os tu-ristas que iam chegando e quando a lotaccedilatildeo esgo-tou pegou no seu jeep e conduzia estrada fora para os ir alojar

DIA 12- 1set12 Varmahliacuteo ndash Saeberg (hostel) 15kmEsta aventura jaacute foi longe demais Temos metade da quilometragem que planeaacutemos centenas de peripeacutecias e riscos incalculados e soacute nos apetece chegar agrave capital Laacute fora tudo continua branco e a abanar no entanto existe a necessidade de arran-car Estamos confiantes nas previsotildees para o dia de hoje mesmo quando aquilo que vemos natildeo inspira confianccedila

Comeccedila a nevar comeccedila a montanhahellipVaacuterios car-ros estatildeo soterrados nas bermas os flocos voam magoam as faces e a subida ainda vai no iniacutecio Me-tro a metro vamos quebrando o gelo Quem passa tira fotografias e fica increacutedulo Noacutes tambeacutem Natildeo sabemos como equilibrar as 2 rodas perante esta manifestaccedilatildeo da natureza As equipas de emergecircn-cia patrulham a aacuterea e noacutes fazemos ldquolikerdquo sem nos apercebermos que as descidas se tornariam autecircn-ticos escorregasPedimos ajuda e somos resgatados ateacute ao nosso destino Estaacute um sol maravilhoso e as vistas satildeo lindas A vida eacute tatildeo bela porque seraacute que ando de bicicleta em siacutetios tatildeo difiacuteceisPronto Depois de 1h dentro do hot pot percebe-mos porque natildeo ficamos em casa Casa eacute onde estaacute o nosso coraccedilatildeo

DIA 13 - 12 e 13 set12 Saeberg ndash Borgarnes ndash Reykjavik 226kmsEstamos a oeste mas o nosso sentido eacute cada vez seguir para mais perto do nosso ponto inicial O isolamento e a ausecircncia da matildeo humana con-tinuam a ser uma das grandes referecircncias deste paiacutes Os horizontes ateacute Borgarnes perdem a cor e parecem-se com tantos outros que jaacute vimos noutros lugaresReykjavik natildeo estaacute isolada natildeo estaacute no topo de uma

montanha e nem sequer haacute nada de extremo nesta cidade

DIA 14 - 14 set12 Reykjavik ndash Rest dayA capital natildeo nos cativa eacute exageradamente cara e parece viver soacute de noite

DIA 15 - 15 set12 Reykjavik ndash Keflavik 49kmFelizmente que as imagens que estamos a ver e que satildeo iguais ao primeiro dia representam ape-nas uma pequena amostra deste paiacutes Natildeo haacute aacutervo-res natildeo haacute rios natildeo haacute vales apenas uma rugosa paisagem lunar fruto da forte atividade vulcacircnica nesta peniacutensula

Ateacute ao aeroporto jaacute natildeo contamos observar nada daquilo que enche as brochuras e panfletos que se podem encontrar e consultar espalhados por qual-quer parte desta linda ilha Resta-nos pedalar

EPIacuteLOGO Natildeo satildeo os nuacutemeros que fazem uma via-gem de SONHO Os quiloacutemetros ambicionados os desniacuteveis previstos os dias programados ficaram aqueacutem do planeado Mas as expectativas planeadas foram largamente ultrapassadas pois tivemos expe-riecircncias uacutenicas em cenaacuterios de Sonho com amiza-des imprevistas

Nesta ilha todos os sentidos experimentaram a na-tureza em estado puro A esta latitude tudo se torna impreviacutesivel os 6 dias que ficaacutemos retidos e os 1400 quiloacutemetros percorridos hoje parecem pouco vistos agrave distacircncia num lugar seguro

AGRADECIMENTO Aos nossos apoiantes ndash Terra dos Sonhos Cofides Competiccedilatildeo Movefree Bike performance Center D-Maker Ortik Bike Magazi-ne Bivaque Extramedia Portal Aventuras

Um agradecimento muito especial agrave missatildeo da For-ccedila Aeacuterea Portuguesa ndash Iceland Air Policing que nos recebeu e transportou as nossas bagagens no re-gresso a Portugal Bem hajam oslash

Ricardo Mendes e Filomena Gomes

MAIS PORMENORES E FOTOS

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Aventura- Tsiiii tsiiii ndash o meu olhar desviou-se do hori-zonte que observava tentando encontrar por perto de onde vinha o som daquele assobio

- Satildeo as marmotas Estatildeo a avisar as outras que noacutes estamos por perto eacute assim que comunicam principalmente se sentem algum perigo - o Heacutel-der ria do meu ar confuso Ia jurar que o assobio vinha de um ser humano Foi a primeira vez que avistei este simpaacutetico mamiacutefero Imagino esta marmota no meio dos peluches do quarto das minhas filhas Satildeo sem duacutevida um animal sim-paacutetico estes excelentes escavadores que vivem em altitudes desde os 900m aos 3200m Nove meses do ano passam-no a hibernar Estamos em pleno veratildeo nos Alpes e as marmotas estatildeo em grande atividade armazenando energias para o inverno Conseguimos avistar os outros elementos da coloacutenia ldquode peacuterdquo alerta Foi um bom motivo para uma merecida pausa tirar a mochila hidratar comer uma barra energeacutetica

Jaacute haviacuteamos percorrido grande parte do trilho que nos levaria ao Refuacutegio Albert I Eacute aqui que pernoitaremos para iniciar a nossa aclimataccedilatildeo Saiacutemos da pequena vila de Le Tour de onde partem os telefeacutericos usados no inverno para aceder agraves pistas de esqui No veratildeo continuam em atividade facilitando o percurso aos trekkers que natildeo queiram palmilhar o desniacutevel de cerca de

700m que os separa do Col de Balme- Estamos a aclimatar e tambeacutem a treinar nem pensar em usar meios mecacircnicos ndash Helder sor-ria a dizer esta frase Foi quanto bastou para perceber que a manhatilde ia ser longa Depois de vencermos grande parte do desniacutevel chegamos a um local de onde se pode avistar a cordilheira do monte Branco la Verte os Drus as Aiguil-les de Chamonix e o Monte Branco com os seus 4810m Mas que local magniacutefico para aclimatar pensei Para subir em altitude temos que permi-tir ao nosso organismo que se habitue gradual-mente agrave falta de oxigeacutenio a que vai ser exposto Para isso vamos fazendo caminhadas subindo gradualmente para que ao fim de alguns dias jaacute estejamos mais aptos a entrar numa zona em que a pressatildeo atmosfeacuterica eacute menor e o oxigeacutenio do ar mais rarefeito

Ao chegar agrave moreia do glaciar do Tour resta-nos uns 200 m para o nosso objetivo A 30 de agosto de 1930 o rei Alberto I da Beacutelgica inaugurou o primeiro refuacutegio que tem o seu nome Em 1935 o refuacutegio foi ampliado no entanto natildeo foi sufi-

ciente e o atual precariamente empoleirado num penhasco a uma altitude de 2706

inaugurado a 12 de julho de 1959 foi construiacutedo perto do primeiro

edifiacutecio Natildeo posso deixar de me impressionar ao avistaacute-lo e quando chego sento-me na varanda feliz por poder apre-

Esta-mos em pleno

veratildeo nos Alpes e as marmotas estatildeo em grande ativida-de armazenando energias para o

inverno

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ciar vistas tatildeo magniacuteficas ehellip por poder tirar as botas Natildeo tinha botas de alta montanha mas um amigo comprou umas plaacutesticas em segun-da matildeo em Chamonix e sorte das sortes eram o meu nuacutemero Fiz este trekking com elas para me habituar resultou Mas os meus peacutes supli-cavam por ar fresco Soacute conseguimos dar o de-vido valor ao momento de descanso conversa contemplaccedilatildeo numa varanda dum refuacutegio se jaacute tivermos percorrido umas boas horas por trilhos de montanha Saboreei ao maacuteximo este tempi-nho sabia que a tarde era guardada para treino no glaciar como andar em cordada e escalada no gelo Eacute sempre bom relembrar as bases um acidente pode acontecer quando descuramos as regras mais simples e esta tarde foi fundamental para isso Um sol magniacutefico vistas deslumbran-tes ambiente descontraiacutedo Natildeo deixar a corda a tocar o chatildeo nunca a pisar nem a ter dema-siado em tensatildeo Esta sintonia entre elementos de cordada trabalha-se e soacute com o treino a con-seguimos obter Amanhatilde vamos sair ao nascer do dia em direccedilatildeo agrave Aiguille du Tour Esta for-maccedilatildeo com 3540m eacute muito popular entre as pes-soas que tentam a ascensatildeo ao Monte Branco Eacute relativamente faacutecil a sua subida pela face leste

A meteorologia na manhatilde da nossa subida esta-va perfeita Adoro toda a logiacutestica de preparaccedilatildeo de saiacuteda do refuacutegio O acordar ainda de noite os ruiacutedos leves e abafados dos mais madrugadores na camarata o som dos passos ainda lentos no chatildeo de madeira Tento concentrar-me para natildeo me escapar nada ter todo o material colocado e sentir-me confortaacutevel Saio do refuacutegio e o ar

fresco da montanha acorda os meus sentidos Comeccedilamos a subir o glaciar frontais ligados muacutesculos a aquecer A inclinaccedilatildeo eacute moderada e rapidamente chegamos ao colo superior do Tour que marca a fronteira da Franccedila com a Suiacuteccedila ndash Trouxeram o passaporte Vamos pas-sar no posto fronteiriccedilo ndash pergunta o Heacutelder a sorrir Atravessamos agora o glaciar de Trient o sol aquece-nos e as vistas satildeo surpreendentes Ao chegar agrave base da aguille do Tour fazemos o nosso merecido descanso comer beber aacutegua apreciar a beleza que nos circunda Vem agora a parte divertida para quem gosta de escalar em rocha Iniciamos calmamente a nossa subida vamos ouvindo algumas orientaccedilotildees progredin-do e fazendo manobras para passar nas zonas mais expostas ateacute chegarmos ao topo Emocio-no-me com a beleza agrave minha volta O meu pen-samento liga-se a algueacutem muito querido que haacute bem pouco tempo deixou a vida terrena sinto a sua proximidade Um abraccedilo forte da minha amiga de escalada traz-me novamente agrave terra E ali agrave nossa frente majestoso quase como que a chamar-nos o Monte Branco

Foi nesse mesmo dia que regressamos a Chamo-nix Uma longa descida animada pela conversa descontraiacuteda sobre os Alpes - Haacute sempre tanto que contar desta cordilheira travessias espeta-culares que se podem fazer ndash ouvia atenta as histoacuterias que me contavam era a minha primei-ra vez nos Alpes e jaacute estava cativada Cativada ateacute pela proacutepria cidade de Chamonix Eacute um lo-cal onde se respira ar livre Da varanda do nos-so apartamento para onde quer que olhe vejo

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Aventuraatividades outdoor Ouccedilo os risos alegres dum grupo que desce o rio fazendo rafting observo o ceacuteu colorido pelos parapentes as pessoas pas-sam na rua equipadas com roupa de montanha Cheguei a Chamonix haacute dois dias de comboio Quando deambulava pelas suas ruelas cho-quei com uma curiosa estaacutetua onde um homem aponta a outro o cume do Monte Branco

- Eacute Jacques Balmat que estaacute a apontar para o cume ele foi o primeiro homem a subir esta montanha a 8 de agosto de 1786 acompanha-do do meacutedico Michel Paccard Saiacuteram de Cha-monix acamparam no cume da Montagne de la cote a 2630m agraves 4 da manhatilde partiram e chega-ram ao cume por volta das 6h da tarde Balmat nasceu neste vale era um caccedilador de cristais tinha uma vontade de ferro e um instinto para as montanhas Paccard era meacutedico em Chamonix e um excelente alpinista adorava botacircnica e mi-nerais Tambeacutem lhe erigiram aqui uma estaacutetua

Foi ele que conheceu Horace-Beacute-neacutedict de Saussure que ini-

ciou a corrida do primeiro homem a subir ao Monte Branco ndash disse-me Joatildeo

- E esse Saussure tam-beacutem era alpinista ndash perguntei curiosa

- O seu interesse pela botacircnica trouxe-o ateacute aos

Alpes e percorreu grande parte desta cordilheira co-

meccedilando a trabalhar no sentido de esclarecer a topografia da parte ne-

vada dos Alpes nessa eacutepoca praticamente des-conhecida Foi em 1760 que veio aqui pela pri-meira vez e ofereceu uma recompensa a quem escalasse o Monte Branco Ele tentou fazecirc-lo sem sucesso- Entatildeo nunca chegou a subir

- Sim conseguiu mas soacute em 1787 jaacute tinha 47 anos e levou 18 guias com ele Relembro as palavras que li do fotoacutegrafo de montanha C Douglas Milner ldquoA subida em si foi magniacutefica uma incriacutevel faccedilanha de coragem grande resistecircncia realizada por estes dois ho-mens apenas sem corda e sem piolets muito sobrecarregados com equipamentos cientiacuteficos e com longos bastotildees com pontas de ferro O bom tempo e uma lua luminosa garantiram o seu regresso com vidardquo

O dia seguinte foi passado a descansar visitar o Museu da Montanha e espreitar a meteoro-

Foi em 1760 que veio aqui

pela primeira vez e ofereceu uma recom-

pensa a quem escalas-se o Monte Branco Ele tentou fazecirc-lo

sem sucesso

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Um dos pontos al-tos eacute ir agrave roulotte

dos waffles delei-tarmo-nos com este

delicioso doce No fi-nal do dia ainda pude-

mos assistir a um espetaacute-culo de muacutesica e danccedila celta

na praccedila central O ambiente eacute descontraiacutedo a praccedila estaacute cheia de gente e a muacutesica faz sempre bem agrave alma Joatildeo recebe um telefonema

- Estaacutes nos Alpes Natildeo vatildeo poder subir amanhatilde aproxima-se uma tempestade Mas tenho boas notiacutecias tens uma janela de bom tempo no dia seguinte se quiserem aproveitar - Disse Viacutetor Baiacutea sempre bem informado sobre os fenoacuteme-nos meteoroloacutegicos

O dia em que vai haver ldquouma abertardquo para subir eacute o mesmo dia em que temos voo para Lisboa

desde Genebra Ficamos um pouco a pensar no que decidir e claro temos que arriscar Na mon-tanha eacute assim tem que haver flexibilidade es-tamos dependentes das condiccedilotildees climateacutericas e aproveitar quando nos eacute proporcionado bom tempo

A rota que vamos seguir natildeo eacute a mais utilizada eacute chamada rota dos trecircs cumes Esta rota eacute mais exigente fiacutesica e tecnicamente do que a rota do Goucircter No entanto com faacutecil acesso a partir do telefeacuterico da Aiguille du Midi este percurso tor-nou-se a segunda rota mais popular para esca-lar o Monte Branco O percurso inicia-se na Ai-guille du Midi seguindo pelo Col du Midi antes de subir o Monte Branco atraveacutes do Mont-Blanc du Tacul (4248m) e Maudit Mont (4465m) Esta rota requer condiccedilotildees estaacuteveis na neve do Mont Blanc du Tacul e Mont Maudit e tem uma eleva-ccedilatildeo acumulada de 1425m O refuacutegio Cosmiques estava lotado a nossa uacuteni-

- Es-taacutes nos Alpes

Natildeo vatildeo poder subir amanhatilde aproxi-ma-se uma tempestade

Mas tenho boas notiacutecias tens uma janela de bom tempo no dia seguinte

se quiserem apro-veitar

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Aventura

estaccedilatildeo do telefeacuterico da Aiguille du Midi Este telefeacuterico foi construiacutedo em 1955 e manteve o tiacutetulo de ser o mais alto do mundo durante duas deacutecadas Ele ainda deteacutem o recorde como o te-lefeacuterico com a ascensatildeo vertical mais alta no mundo de 1035 m para 3842 m Haacute duas se-ccedilotildees de Chamonix para o Plano de lAiguille a 2317 m e depois diretamente sem qualquer pi-lar de apoio para a estaccedilatildeo superior a 3777 m Apanhamos o uacuteltimo telefeacuterico do dia cerca de 20 minutos depois estaacutevamos no terraccedilo a tentar admirar as lindiacutessimas vistas que se tem deste local No entanto o mau tempo previsto estava certo e a visibilidade natildeo era mais de 20 m agrave nossa frente Estava desanimadiacutessima

- Como eacute possiacutevel daqui a poucas horas termos bom tempo para subir ndash Perguntei increacutedula- Estamos na montanha Luiacutesa a meteorologia muda rapidamente Temos que aguardar ndash Afir-mou Joatildeo calmo e confiante

Fomos procurar um local onde pudeacutessemos descansar ateacute agrave meia-noite hora marcada para a nossa partida O percurso eacute longo com bas-tante desniacutevel e na realidade o voo para Lisboa eacute amanhatilde Quando acordei o som dos ventos fortes que se faziam ouvir misteriosamente desaparece-ram Depois de comer e fazer a confirmaccedilatildeo do equipamento dirigimo-nos para a aresta que nos levaraacute ao Valleacute Blanche Foi com extrema curiosidade que me dirigi agrave saiacuteda Como esta-raacute o tempo A calma e tranquilidade que senti ao sair para o exterior foi-me trazida pela ma-ravilhosa paisagem que tinha agrave minha frente Afinal depois da tempestade vem a bonanccedila e a visatildeo deste vale imaculado sob um ceacuteu estre-lado sem ningueacutem sem pegadas sem luzes de frontais foi brutal Ao comeccedilar a descer a ares-ta conseguimos ver o refuacutegio Cosmiques ainda adormecido Fomos mesmo os primeiros a sair o que representa um privileacutegio por um lado e

No entanto o mau tempo pre-

visto estava certo e a visibilidade natildeo era mais de 20m agrave nossa frente Estava desa-

nimadiacutessima

Ainda foi longa a nossa caminhada sempre a encontrar forccedilas e energia onde quer que elas estivessem escondidas Paraacutevamos de vez em quando agrave espera da outra cordada de amigos e por fim cerca das 10h da manhatilde atingimos o cume Tento tirar fotos mas a maacutequina fotograacute-fica natildeo ajudou fiquei sem bateria Natildeo faltam maacutequinas para o fazer e depois de um breve descanso temos que iniciar a descida pela mes-ma rota Eacute uma descida que acaba por ter al-gumas subidas sendo por isso mais demorada Mas a alegria de ter cumprido o objetivo o dia tatildeo calmo e luminoso a companhia dos amigos supera qualquer tipo de cansaccedilo

Tive um sentimento de saudade ao chegar nova-mente ao Valleacute Blanche e olhar para traacutes para o trilho percorrido olhar aquele vale agora agrave luz do dia atravessado por tantas pegadas Olho de relance para a uacuteltima subida que nos falta fazer a aresta que nos levaraacute ao telefeacuterico na Aguille du Midi Faccedilo esta subida confiante como se ti-vesse deixado para traacutes todo o esforccedilo e cansaccedilo extremo desta maravilhosa aventura

Com grande pena natildeo pude comemorar em Chamonix nessa noite mas comemorei com imensa alegria ao reencontrar-me com a mi-nha famiacutelia orgulhosa de mim afinal estive no mesmo dia no cume do Monte Branco de manhatilde e agrave noite na minha cama quente e confortaacutevel em Lisboa oslash

Luiacutesa Tomeacute

Papa-Leacuteguaswwwpapa-leguascom

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um esforccedilo acrescido por outro Relembro a tra-vessia do glaciar do Tacul a ldquofazer trilhordquo o som dos campons na neve ecoava num ritmo proacute-prio pousava a minha bota no local exato onde o Joatildeo tinha feito a pegada como que num jogo em que quando falhava acrescia o esforccedilo que teria que fazer O som de passos intensifica-se temos mais madrugadores connosco Deixamo--los passar jaacute vimos a fazer trilho haacute bastante tempo eacute a vez de outros agora

Quando chegamos agrave ldquoparederdquo do Mont Blanc du Tacul jaacute temos algumas pessoas agrave espera para subir O sol ainda natildeo subiu para nos aquecer esperamos junto agraves cordas a nossa vez os peacutes comeccedilam a dar sinal de frio Iniciamos a subida os piolets e os crampons cravam-se certeiros no gelo a corda ajuda na subida Comeccedilo a ficar cansada e a hesitar paro por uns momentos sinto a boca seca o coraccedilatildeo a bater forte olho para cima jaacute natildeo falta muito - Piolet numa matildeo corda na outra sobe Luiacutesa ndash a voz do Heacutelder trouxe-me lucidez A energia que me faltava regressou Concentro-me e con-tinuo a subida pedaccedilos de gelo passam por noacutes arrancados aquela parede cheia de gente dese-josa de ultrapassar possivelmente o obstaacuteculo mais duro desta rota

O trilho continua pelo beliacutessimo Mont-Maudit apesar do seu nome O sol jaacute vai alto comeccedila a aquecer haacute que comeccedilar a tirar camadas Natildeo podemos desidratar Col de la Brenva um chaacute quente e uma bolacha Apetece ficar jaacute aqui as vistas satildeo surpreendentes Mas natildeo eacute este o nos-so objetivo vamos continuar a subir

Entrevista Diogo Miguel - (Oti-Estarreja)

ldquoO DEsPORTO EM PORTuGAL eacute uM EsPELhO DA sOCIEDADErdquo

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Entrevista

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Sabe acima de tudo as con-

diccedilotildees que temos e consegue olhar para o

resultado como sen-do bastante meri-

toacuterio

OutdOOr COmO eacute pOssiacutevel algueacutem COm-patibilizar a preparaccedilatildeO enquantO atleta de OrientaccedilatildeO de elite COm as exigecircnCias dum 6ordm anO dO CursO de medi-Cina

diOgO miguel O segredo reside sobretudo na motivaccedilatildeo Toda a gente consegue tirar um curso e fazer desporto e inclusivamente se gos-tar consegue treinar todos os dias Mas se esti-ver motivado o suficiente consegue levantar-se cedo para correr agraves seis da manhatilde estar na Fa-culdade agraves oito e meia sair agraves quatro da tarde e ir treinar outra vez estudar ateacute agraves dez da noite e dormir porque amanhatilde eacute outro dia Eacute preci-so estar-se motivado para abraccedilar esta vida durante o ano inteiro

Haacute quantO tempO eacute que as COisas satildeO levadas assimQuando comecei a fazer Orien-taccedilatildeo natildeo tinha grandes preo-cupaccedilotildees com o treino Durante os anos de faculdade jaacute treinava bastante a seacuterio mas foi haacute dois ou trecircs anos quando comecei a ser treinado pelo Professor Bruno Nazaacuterio que aumentei a carga de trei-no para o bi-diaacuterio A partir daiacute passei a ter o meu tempo totalmente ocupado Satildeo os estaacutegios do Curso o tempo de deslocaccedilatildeo para Hospitais da periferia uma tese para defender Este ano seraacute bastante mais exigente que os anteriores se calhar natildeo vou poder fazer treino bi-diaacuterio todos os dias como gostaria mas ainda assim vou pro-curar treinar duma forma o mais seacuteria possiacutevel e se natildeo puder fazecirc-lo na quantidade desejaacutevel pelo menos na qualidade espero consegui-lo

em 2007 COnquistOu a primeira grande medalHa da OrientaccedilatildeO pOrtuguesa aO sagrar-se CampeatildeO da eurOpa de JOvens

Chama-se Diogo Miguel e eacute aos 23 anos uma das referecircncias da Orientaccedilatildeo Pedestre nacio-nal Campeatildeo Europeu de Jovens em 2007 e Campeatildeo Nacional de Distacircncia Longa em 2009 e 2011 Diogo Miguel reparte o tempo entre a modalidade do seu coraccedilatildeo e as exigecircncias do curso de Medicina que abraccedilou haacute seis anos E foi precisamente por aiacute que a nossa conversa comeccedilou uma conversa onde passado presen-te e futuro se misturam e confundem numa teia de opccedilotildees direccedilotildees desafios e decisotildees Na Orientaccedilatildeo como na Vida

Por Joaquim Margarido

de sprint em eger na Hungria que me-moacuterias guarda dessa JOrnada Haacute CinCO anOs atraacutesGuardo sobretudo as memoacuterias e os amigos Na altura pensaacutemos que a visibilidade que este re-sultado poderia dar agrave Orientaccedilatildeo catapultasse a modalidade e possibilitasse a obtenccedilatildeo de mais apoios mas isso natildeo se veio a verificar pelo me-nos na medida daquilo que seria de esperar

esteve este anO nOs mundiais de lausan-ne COnseguindO O 33ordm lugar na Final a de distacircnCia lOnga que valOr atribui a este seu resultadOAtribuo-lhe um valor elevado ateacute porque foi a primeira vez em dez anos que um portuguecircs foi a uma final A de Distacircncia Longa Cheguei ao fim com a certeza de ter feito o meu melhor e se natildeo tivesse quebrado fisicamente teria fei-to melhor ainda Ou seja com outras condiccedilotildees de treino teria facilmente ficado entre os vinte e cinco primeiros Mas falta bastante cultura des-portiva agrave sociedade portuguesa em geral e se disser a algueacutem que natildeo estaacute familiarizado com a Orientaccedilatildeo que terminei em 33ordm num Campeo-nato do Mundo essa pessoa iraacute pensar ldquoesque-ce eacutes mau natildeo prestasrdquo Mas quem sabe como estas coisas funcionam sabe os sacrifiacutecios que temos que fazer Sabe acima de tudo as condi-ccedilotildees que temos e consegue olhar para o resulta-

do como sendo bastante meritoacuterio

temOs em pOrtugal O apOiO que deviacuteamOs Ou que mereCiacuteamOs

Natildeo Eacute bastante revoltante olhar para outros desportos como eacute o caso do Futebol e termos um Presidente que termina o man-dato agrave frente da Federaccedilatildeo e que se sente orgulhoso por ter deixa-

do um balanccedilo positivo nas contas de muitos milhotildees de euros Mas

satildeo estes precisamente que ainda assim continuam a receber milhotildees e

milhotildees do Instituto Portuguecircs do Desporto e Juventude enquanto outras modalidades lutam pela sobrevivecircncia Acho que somos claramen-te sub-apoiados O desporto em Portugal eacute um espelho da Sociedade Haacute os muito ricos e haacute os muito pobres Os ricos satildeo cada vez mais ricos e os pobres satildeo cada vez mais pobres Eacute a mesma coisa com o desporto

quandO OlHa para Os nOssOs JOvens que pOtenCialidades vecirc neles para COn-seguirem CHegar aOs lugares CimeirOs da OrientaccedilatildeO eurOpeia e mundialTemos alguns jovens com bastante valor prin-

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cipalmente o Luiacutes Silva Trata-se dum atleta que tem um futuro brutal e acho que vai ser sem sombra de duacutevidas o melhor atleta portuguecircs dentro de muito pouco tempo Olhando de for-ma mais aprofundada para estes atletas eacute uma realidade que eles tecircm hoje melhores condiccedilotildees em relaccedilatildeo agravequilo que noacutes tiacutenhamos na altura Basta ver que os atletas jaacute se deslocam com al-guma frequecircncia ao terreno antes das grandes competiccedilotildees coisa que natildeo havia ateacute haacute muito pouco tempo atraacutes E depois haacute os estaacutegios de Seleccedilatildeo Mas deve reconhecer-se que lhes falta o treino fora da competiccedilatildeo Acho que falta al-gum espiacuterito de sacrifiacutecio no treino em casa que eacute o mais importante

o CLubE dE oriEntaccedilatildeo dE EstarrEJa Eacute dEsdE sEMprE o sEu CLubE quE signiFiCa-do tEM para si EstE EMbLEMa E Esta CaMi-soLa quE EnvErgaComecei na Orientaccedilatildeo aos 8 anos e a minha primeira experiecircncia foi no Desporto Escolar na minha terra Canelas uma pequena aldeia do Concelho de Estarreja A essa primeira pro-va seguiu-se uma ldquoQuinzena da Orientaccedilatildeordquo no veratildeo e nunca mais parei Haacute quinze anos que estou ligado a este clube e ele faz parte de mim Poderia dividir a minha vida em dois por um lado a parte profissional da Faculdade e por outro a Orientaccedilatildeo Por estranho que possa pa-recer a parte desportiva natildeo se encontra num plano inferior relativamente agrave parte profissio-nal Ambas as partes se complementam uma agrave outra Portanto a minha ligaccedilatildeo a este clube eacute muito grande satildeo muitos anos satildeo muitas pes-soas e ajudou-me a crescer

aos Miuacutedos quE agora datildeo os priMEiros passos quE ConsELhos dariaO conselho natildeo o daria aos miuacutedos se calhar da-va-o antes aos pais Tanto a escola como o des-porto andam muito ligados Se temos disciplina num acabamos por ter disciplina no outro Natildeo eacute por acaso se olharmos para os atletas de topo a niacutevel nacional todos eles satildeo excelentes es-tudantes e tecircm um futuro profissional bastante promissor Tudo parte de quem educa Eu tenho a sorte de ter uns pais que sempre me educaram bem e que sempre me deram o apoio necessaacuterio para conseguir fazer as duas coisas

E deixaria ainda um conselho mais aos pais o de virem fazer uma prova de Orientaccedilatildeo com os seus filhos Uma das grandes vantagens da Orientaccedilatildeo eacute ser para aleacutem do ldquodesporto da flo-restardquo o ldquodesporto da famiacuteliardquo

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EntrevistaConsidEra quE Esta EacutepoCa CorrEu dE aCordo CoM as suas ExpECtativasNa verdade digamos que a eacutepoca estaacute quase agrave beira de comeccedilar Depois do Campeonato do Mundo tirei mais tempo do que era habitual para descansar e tenho estado a fazer pratica-mente soacute manutenccedilatildeo A eacutepoca teve alguns per-calccedilos comecei a treinar na Repuacuteblica Checa e apesar de ter feito muito treino com mapa devi-do agraves questotildees climateacutericas e agraves poucas horas de luz acabei por ter uma carga de treino aqueacutem do desejaacutevel Depois de regressar a Portugal estava a treinar bem mas tive um percalccedilo e lesionei--me num peacute o que me obrigou a uma paragem de um mecircs Isso fez-me perder muito da minha boa forma e acredito que se natildeo fosse isso po-

deria ter chegado muito melhor ao Campeonato do Mundo e aiacute o resultado poderia ter sido outro Apesar de tudo os resultados acabaram por ser bem melhores do que estaria agrave espera

o obJEtivo a Curto praZo passa pELo tiacute-tuLo naCionaL absoLutoPor acaso esse eacute um tiacutetulo que nunca alcancei Vou comeccedilar a treinar a seacuterio para chegar nas melhores condiccedilotildees ao Campeonato Nacional Absoluto e esse vai ser um bom teste O objetivo eacute estar laacute para ganhar

Quanto agrave proacutexima eacutepoca espero apresentar-me agraves provas em melhor forma do que este ano e que os bons resultados possam aparecer oslash

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wwwgarminpt

ofereccedila um garmin DeSemBruLHara caixa Seraacute Soacute o princiacutepio

este natal ofereccedila emoccedilotildees aventuras para quem viaja ou para os que correm para os que navegam no mar ou escalam montanhas Para os nadadores ou golfistas este natal ofereccedila um garmin

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ORIENTACcedilatildeOhellip DEsPORTO NA NATuREzA

Parque nacional torres del Paine Chile

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Cinco satildeo os sentidos estaacute nos manuais neles reside a possi-bilidade de um maior ou menor contacto da pessoa com aquilo que a rodeia Haacute ainda o sexto sentido aquela perceccedilatildeo extra--sensorial que parece ser mais propriedade das mulheres do que dos homens e que nas con-ceccedilotildees ocultistas estaraacute tam-beacutem sedeado num oacutergatildeo do nosso corpo Figurada ou ob-jetivamente eacute bom que todos eles ndash sem exceccedilatildeo - estejam suficientemente desenvolvi-dos sem isso natildeo haacute sentido de orientaccedilatildeo que aguente

A Orientaccedilatildeo eacute um Desporto recente em Portugal mas tem jaacute mais de 100 anos de existecircncia

enquanto desporto organi-zado Com efeito teraacute sido em Bergen - Noruega no ano de 1897 que se organizou a pri-meira atividade desportiva de Orientaccedilatildeo Os paiacuteses noacuterdicos satildeo ainda hoje aqueles onde a modalidade tem maior implan-taccedilatildeo mobilizando um nuacutemero de praticantes que coloca a

Orientaccedilatildeo entre os cinco des-portos com mais adeptos na Escandinaacutevia A maior prova do mundo realiza-se anual-mente na Sueacutecia os 5 dias da Sueacutecia com um nuacutemero de participantes que jaacute atingiu os 25000

Durante o seacutec XX a modali-dade foi evoluindo ateacute agrave criaccedilatildeo da Federaccedilatildeo Internacional de Orientaccedilatildeo (IOF) que fes-tejou em 2012 o 51ordm aniversaacuterio e veio normalizar mundial-mente as regras competitivas as normas para elaboraccedilatildeo dos mapas e as sinaleacuteticas a usar A Orientaccedilatildeo eacute praticada em quatro disciplinas diferentes Orientaccedilatildeo Pedestre Orien-taccedilatildeo em BTT Orientaccedilatildeo em Ski e Orientaccedilatildeo de Precisatildeo (Orientaccedilatildeo prioritariamente para deficientes motores)

Portugal tem marcado pontos na Orientaccedilatildeo para o desporto adaptado lanccedilando em 2012 a Taccedila de Portugal de Orientaccedilatildeo de Precisatildeo e criando um cir-cuito de Orientaccedilatildeo adaptada vocacionado prioritariamente para a deficiecircncia intelectual e

crianccedilas em idade preacute-escolar que eacute uacutenico no Mundo e que estaacute a ser jaacute implementado pela Espanha

o quE EacutePodemos dizer que a Orien-taccedilatildeo eacute um desporto completo Haacute o aspeto fiacutesico o treino no campo que se aproxima do treino dum atleta de fundo E haacute o aspeto mental que de-sempenha um papel funda-mental a leitura dos mapas o contra-reloacutegiohellip Eacute tambeacutem o desporto de natureza por exce-lecircncia Os orientistas saem dos trilhos balizados para pene-trarem no coraccedilatildeo da floresta Cada dia eacute uma nova aven-tura Daquele que se inicia na Orientaccedilatildeo ao mais consagrado dos praticantes haacute todo um mesmo espiacuterito de liberdade de fazer a sua proacutepria escolha do melhor itineraacuterio No Atle-tismo por exemplo a volta agrave pista teraacute sempre 400 metros quer seja aqui ou no Japatildeo Na Orientaccedilatildeo esta noccedilatildeo de dis-tacircncia tem muito pouco signi-ficado Tanto se pode fazer 10 quiloacutemetros numa hora e meia como em quarenta minutos E

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depois nunca existem duas florestas iguais Eacute o eterno recomeccedilo Na Austraacutelia ou na Suiacuteccedila no Japatildeo ou na Escandinaacutevia eacute necessaacuterio uma adaptaccedilatildeo a cada local natildeo haacute lugar a repeti-ccedilotildeeshellip

Cada corredor possui uma buacutessola e um mapa que contrariamente a um mapa normal conteacutem uma enorme diversidade de detalhes acerca dos seus elementos caracteriacutesticos (relevo do ter-reno vegetaccedilatildeo caminhos elementos rochosos construccedilotildees e muito mais) Os mapas satildeo rea-lizados segundo as normas especiacuteficas da Fede-raccedilatildeo Internacional de Orientaccedilatildeo que tem sede na Finlacircndia Aleacutem da legenda sobre os siacutembolos nele representados existe ainda uma sinaleacutetica

proacutepria que tem a ver com o percurso que o praticante vai realizar nesse evento e que eacute uma linguagem uni-versal

A partir do momento em que se potildee em marcha o cronoacutemetro o orientista deve efe-tuar o seu percurso que eacute marcado no mapa e que eacute cons-tituiacutedo por uma par-tida (representada por um triacircngulo) uma seacuterie de pontos de

passagem obrigatoacuterios (representados por ciacuter-culos) e a chegada (representada no mapa por dois ciacuterculos concecircntricos) Estes pontos satildeo materializados no terreno sob a forma de um prisma triangular denominado por baliza e a passagem deve ser validada por um sistema de ldquopicotagemrdquo manual ou eletroacutenica O objetivo consiste em fazer o percurso na sequecircncia in-dicada o mais rapidamente possiacutevel Mas entre cada ponto de passagem a escolha do itineraacuterio fica ao criteacuterio de cada um

O percurso em linha reta evidentemente nem sempre eacute o mais raacutepido Eacute necessaacuterio jogar com as inflexotildees do terreno os lagos os muros e outros acidenteshellip O tempo gasto a percorrer o traccedilado da corrida depende sobretudo do meio sobre o qual a mesma se desenrola Em terrenos como na Escandinaacutevia onde o relevo eacute mais duro numa mesma distacircncia poderemos gastar quase o dobro do tempo que gastariacuteamos num terreno plano e sem o mesmo tipo de obs-taacuteculos

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O conhecimento do relevo eacute a parte mais difiacutecil Eacute neces-saacuterio aprender a imaginar um terreno a trecircs dimensotildees sobre o mapa Claro que natildeo eacute apenas isto Para quem tem mais dificuldade em possuir a visatildeo a trecircs dimensotildees esta in-suficiecircncia pode ser compensada com outras qualidades nomeada-mente a atenccedilatildeo Mas nem todos pos-suem igualmente esta capacidade mental Como na generalidade dos desportos eacute neces-saacuteria uma longa aprendizagem onde o treino teacutecnico a vivecircncia de situaccedilotildees mais variadas e o nuacutemero de florestas ldquovisitadasrdquo desempe-nham um papel fundamental Eacute agrave medida que o tempo passa que o orientista aprende a adaptar o seu comportamento a reagir cada vez mais rapidamente e a encontrar as melhores opccedilotildeesO desporto natildeo eacute muito mediatizado e o espiacute-rito da Orientaccedilatildeo eacute o de permanecer livre Eacute um desporto ainda preservado de certas po-leacutemicas ldquodopingrdquo e outros malabarismos daiacute que muitos orientistas digam que natildeo seja mau de todo que ele permaneccedila ldquoconfidencialrdquo

Grandes Competiccedilotildees em 2013

Em 2013 as grandes competiccedilotildees internacio-nais onde Portugal vai querer estar presente

satildeo as seguintes

- Campeonato do Mundo de Juacuteniores ndash Repuacuteblica Checa (29jun-06 de julho) wwwjwoc2013cz

- Campeonato do Mundo Elite ndash Finlacircndia (07-14 jul)

wwwwoc2013fi- Campeonato do Mundo ve-

teranos ndash Itaacutelia (02-10 ago) wwwwmoc2013it

- Campeonato da Europa de Jovens ndash Israel (03 de novembro) wwweyoc2013org

portuGal na alta roda Mas Portugal vai ter brevemente grandes desa-fios pela frente- Em 2013 organiza uma etapa da Taccedila do Mundo de seacuteniores e o Campeonato do Mundo de Vete-ranos de Orientaccedilatildeo em BTT - Costa Alentejana entre 09 e 13 de outubro- Em 2014 organiza em Palmela de 9-14 de abril e em paralelo o Campeonato da Europa de Orientaccedilatildeo Pedestre e o Campeonato da Eu-ropa de Orientaccedilatildeo de Precisatildeo wwweoc2014fpopt

Carnaval o ponto alto Desde 1996 que Portugal realiza a sua prova ra-inha que atrai os melhores especialistas a Por-

Eacute um desporto ainda

preservado de certas poleacutemicas ldquodopingrdquo e outros malabarismos

daiacute que muitos orientistas digam que natildeo seja mau de todo que ele perma-

neccedila ldquoconfiden-cialrdquo

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Por Terratugal Eacute O Portugal Orsquo Meeting que desde 2000 se realiza no Carnaval com a duraccedilatildeo de 4 dias e pontuaacutevel para a liga Mundial de orientaccedilatildeo pedestre nos percursos de Elite Em 2013 Por-tugal vai receber pela primeira vez trecircs eventos pontuaacuteveis para a Liga Mundial02 e 03 de fevereiro ndash Norte Alentejano Orsquo Mee-ting ndash Nisa (wwwnaompt)09ndash12 de fevereiro ndash Portugal Orsquo Meeting ndash Idanha-a-nova (wwwpompt)16 e 17 de fevereiro ndash XIV Meeting de Orien-taccedilatildeo do Centro ndash Pombal (wwwcocpteventos16fev2013)

OrientaccedilatildeO muitO mais dO que um despOr-tOOlhando para a modalidade de uma forma mais transversal podemos enquadraacute-la aleacutem de mo-dalidade desportiva com aacutereas como o Ambien-te a Educaccedilatildeo e as Novas Tecnologias As qua-tro vertentes atraacutes enunciadas reunidas numa soacute tem a ver tambeacutem com solidariedade

Ambiente porque a Orientaccedilatildeo eacute o ldquoDesporto da Florestardquo fazendo de cada praticante um guardiatildeo e um amigo de tatildeo valioso patrimoacutenio Educaccedilatildeo porque eacute uma modalidade onde se aglutinam mateacuterias tatildeo nucleares como a Ma-temaacutetica ou a Geografia e se desenvolvem com-petecircncias como a capacidade de interpretaccedilatildeo ou o poder de decisatildeo por isso ser considerada prioritaacuteria para o Desporto Escolar Novas Tec-nologias porque eacute das modalidades que mais depende dos Meios Informaacuteticos a todos os niacute-veis do controlo de tempos agrave cartografia mais desenvolvida que existe Desporto porque pro-move a atividade fiacutesica e a Sauacutede dirigindo-se de igual forma agravequeles que individualmente a praticam ao niacutevel da alta competiccedilatildeo como agraves crianccedilas ou agraves famiacutelias que vecircm nela uma forma

de promover o seu bem estar fiacutesico e reforccedilar os laccedilos de amizade e convivialidade

E solidariedade porque vive da forccedila que projeta nos seus praticantes

trabalhando desinteressadamente em prol da modalidade em prol do paiacutes

Porque a Orientaccedilatildeo eacute Ambiente eacute Educaccedilatildeo satildeo Novas Tecnolo-gias eacute Desporto Porque a Orien-

taccedilatildeo gera Riqueza e gera Sauacutede Porque a Orientaccedilatildeo eacute de todos e

para todos Interessa a todos Inte-ressa ao Paiacutes Daiacute que eacute urgente que

todos venham experimentar e que descu-bram as belezas deste Paiacutes de mapa na matildeo oslash

Fernando Costa e Joaquim margarido

Olhando para a modali-

dade de uma forma mais transversal po-

demos enquadraacute-la aleacutem de modalidade desportiva

com aacutereas como o Am-biente a Educaccedilatildeo e

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Para muita gente

viajar significa ir ao encontro daquilo

que procuram Noacutes que viajamos com a bicicleta e em autonomia sabemos

que o destino estaacute traccedilado mas eacute

incerto

dia 2 - 29ago12 selfoss-selfoss Atraacutes das montanhas em busca do Circulo de Ouro 95 km Hoje o dia foi programado para viajarmos sem bagagem Era uma volta circular que nos leva-va para laacute das montanhas ateacute agrave fenda onde a Islacircn-dia se equilibra

No parque nacional de Thingvellir vivemos alguns dos mais conhecidos fenoacutemenos naturais desta ilha Aqui eacute o local onde se separam as placas tectoacute-nicas americana e euroasiaacutetica criando uma fenda que se afasta 2cm por ano

dia 3 - 30ago12 selfoss-Laugarvatn-gey-sir-gullfoss-Fludir-Aacuternes 140 kmPercebemos agora porque chamam ciacuterculo de Ouro ao Geysir e agrave cascata Gullfoss O turismo mais va-lioso chega em inuacutemeros autocarros e viaturas 4X4 equipadas com rodas ldquoextra sizerdquo

Natildeo eacute preciso chegar a este local para sentir os cheiros que os vapores emanam do subsolo Em povoaccedilotildees com pouco mais de 4 casas eacute possiacutevel ver-se a terra em plena atividade diante dos nossos olhos e sentir-mo-nos convidados a ocupar todo o espaccedilo aquecido

Laugarvatn Fludir ou Aacuternes todas estatildeo num terri-toacuterio maacutegico onde o tamanho natildeo conta e os limites que existem satildeo impostos pela nossa imaginaccedilatildeoEstas aldeias natildeo brilham mas valem ouro Ainda estamos a 20 quiloacutemetros do destino mas jaacute passa-ram mais de 10h desde que saiacutemos Eacute tarde e natildeo vamos ter tempo para recuperar e enfrentar 4 dias de total isolamento por uma estrada de montanha que atravessa 2 glaciares

A ementa para tantos dias corre velozmente na mi-nha mente Compramos tudo o que julgamos vir a precisar mas antes percorro corredores vasculho prateleiras tenho hesitaccedilotildeeshellipCalamos o medo e pegamos na bicicleta

dia 4 - 01 set12 Aacuternes ndash highland center 70kmDamos hoje a primeira pedalada de aproximada-mente 300 quiloacutemetros em direccedilatildeo ao centro da Terra as highlands

Para muita gente viajar significa ir ao encontro da-quilo que procuram Noacutes que viajamos com a bici-cleta e em autonomia sabemos que o destino estaacute traccedilado mas eacute incerto O encontro com o inesperado eacute muitas vezes algo que acontece com frequecircnciaFoi uma noite mal dormida devido agrave ansiedade e ao risco do que nos propunhamos fazer Sabemos que a cada quiloacutemetro que andamos comeccedila uma nova aventura

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Natildeo podiacuteamos esperar mais Saiacute-mos do Youth hostel debaixo de chuva tendo como esperanccedila al-guma falha nas previsotildees meteo-roacutegicas para as horas seguintes Insiacutepidos e molhados desde cedo buscamos abrigo no highland center

dia 4 - 02set12 highland center ndash nyidalur hut 110km Toda a ilha eacute uma zona livre de stress Quando percorremos a fantasmagoacuterica Sprengisadur route (F26) percebemos que es-tamos livres de tudo ateacute do nosso juiacutezo A nossa ambiccedilatildeo quando tracaacutemos esta rota era atraves-saacutermos o paiacutes de sul para norte e passarmos entre os glaciares Holsjokul e VatnajokullA natureza pode ser simulta-neamente dura delicada e cruel como foi ontem mas foi genero-sa connosco hoje ao permitir-nos ver a paisagem de cascalho solto nua sempre do mesmo tom cas-tanho escuro

O silecircncio ganhou espaccedilo ateacute ao momento em que conseguimos chegar ao abrigo de montanha (hut)

dia 5 - 03set12 - nyida-lur hut ndash rest dayNem pensar em cruzar a precio-sa porta do abrigo Laacute fora estaacute tudo muito branco e diferente daquilo a que estamos habitua-dos e por isso mantivemo-nos no hut de Nyidalur (na base do vulcatildeo Tungnfell) durante 2 noi-tes por seguranccedila O fogatildeo estaacute sempre aceso e tem uma enorme panela com aacutegua pronta a aque-cer quem chegue

Para que possamos variar do esparguete e noodles (jaacute natildeo haacute muito) vamos tentar fazer patildeo O resultado da nossa experiecircncia a juntar ingredientes com nomes impronunciaacuteveis em que iacuteamos provando para perceber o que era deu num cruzamento entre o patildeo e o rissol O duo de motards que dividiam o hut connosco re-petiram Significa que inventaacute-mos mais um pastel falta soacute dar um nomehellipO Ranger do Parque Nacional acaba de chegar ao hut e veio confirmar que somos mesmo malucos por estarmos nas high-lands nesta eacutepoca Aleacutem disso avisou que vai haver tempestade para esta noite e amanhatilde

dia 6 - 04set12 - nyidalur hut- rest dayLaacute fora estatildeo 0ordmC e as bicicletas encostadas imoacuteveis sujeitas a mais um teste de resistecircncia O nosso passatempo eacute assar ba-tatas ver quem passa e a forma como transpotildeem o rio A nossa vez de partir vai chegar ainda natildeo sabemos eacute quando Para jaacute passa a 3ordf noitehellip

dia 7 - 05set12 - nyidalur hut ndash Laugar 129kmO som do vento acorda-nos mui-to cedo e era semelhante ao do dia anterior Se a direccedilatildeo se man-tivesse de norte significava mais um dia perdido Inquieto dirijo--me ateacute agrave janela para observar o uacutenico ponto de referecircncia no ex-terior uma bandeira chicoteada pelo vento vindo de sulEstava dado o sinal de partida para mais do que uma maratona nas highlands Ao longo do ca-minho a neve mantinha-se por vastas aacutereas e o vento empur-rava-nos ao mesmo tempo que nos congelava as extremidades e queimava a pele

Foi uma benccedilatildeo a ajuda do Ran-ger para transpormos 2 rios em

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seguranccedila sem nunca nos molharmos A aacutegua que noacutes e os islandeses bebem vem de rios como estes sem qualquer tipo de tratamento

DIA 8 - 06set12 Laugar ndash Lago Myvatn- Lau-gar 85 kmFoi tanta a privaccedilatildeo nos dias anteriores que hoje sonhaacutemos com o pequeno almoccedilo que teriacuteamos pela manhatilde antes de nos deslocarmos para o Lago Myvatn Este lago imenso e a aacuterea envolvente satildeo um dos grandes tesouros europeus Durante a nossa volta circular toda a paisagem eacute surreal Lava fumo a sair da terra crateras aacutegua e montanhas vulcacircnicas

Haacute muitos dias que transportamos os fatos de ba-nho na pequena mochila que vai agraves costas na es-peranccedila de um banho quente em qualquer charco inesperado Hoje tivemos o nosso primeiro hot pot Eles satildeo um must nesta regiatildeo (eacute como estar num jacuzzi no meio da rua com um cenaacuterio deslum-brante)

DIA 9 - 07set12 Laugar ndash Akureyri 67kmIsto de pedalar com vento natildeo tem graccedila nenhu-ma especialmente porque natildeo se consegue ter mo-

mentos de contemplaccedilatildeo parados Em dias assim eu sou a ponta da flecha que abre uma fissura no vento e permite que a Filomena possa andar na roda Acabar eacute uma vitoacuteria mas natildeo existe gloacuteria quando se chega ao fimAkureyri eacute a capital do norte e a 2ordf cidade maior do paiacutes com 18000 habitantes civilizaccedilatildeo situada num fiorde rodeado de cumes nevados uma escolha acertada para ficar um dia a descansar

DIA 10 - 09set12 Akureyri- Varmahliacuteo 95 kmMesmo a pedalar sobre a Route 1 os grandes hori-zontes continuam a fazer parte desta viagem An-damos pelos vales e seguimos os cursos dos rios alimentados pelas aacuteguas que escorrem incessante-mente das arribas que nos flanqueiamPodia afirmar que estou eufoacuterico diante das infini-tas possibilidades que tenho pela frente mas natildeo estou Novo aviso de tempestade acompanhada de ventos fortes (23 ms) natildeo convida a grandes aven-turas

Por hoje natildeo precisamos de nos preocupar esta-mos bem abrigados numa quinta na aldeia de Var-mahliacuteeth com 130 pessoas

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DIA 11 -10set12 Varmahliacuteo ndash Rest dayParece que o inverno veio todo num soacute dia e pintou tudo de branco O supermercado estaacute a 300 metros mas eacute como se fosse uma miragem Temos mais um dia de paragem forccediladaO nevatildeo ganha cada vez mais terreno agrave medida que as horas avanccedilam A estrada estaacute interdita agrave maio-ria dos veiacuteculos e por precauccedilatildeo as pessoas satildeo aconselhadas a procurar alojamentoEm pouco tempo a senhora Inda de 81 anos que haacute poucas horas parecia ter uma vida pacata a co-chilar no seu sofaacute mostrou-nos como eacute uma ver-dadeira mulher do norte Enquanto nos convidava para um lanche com bolos caseiros mostrava or-gulhosamente os aacutelbuns de famiacutelia recebia os tu-ristas que iam chegando e quando a lotaccedilatildeo esgo-tou pegou no seu jeep e conduzia estrada fora para os ir alojar

DIA 12- 1set12 Varmahliacuteo ndash Saeberg (hostel) 15kmEsta aventura jaacute foi longe demais Temos metade da quilometragem que planeaacutemos centenas de peripeacutecias e riscos incalculados e soacute nos apetece chegar agrave capital Laacute fora tudo continua branco e a abanar no entanto existe a necessidade de arran-car Estamos confiantes nas previsotildees para o dia de hoje mesmo quando aquilo que vemos natildeo inspira confianccedila

Comeccedila a nevar comeccedila a montanhahellipVaacuterios car-ros estatildeo soterrados nas bermas os flocos voam magoam as faces e a subida ainda vai no iniacutecio Me-tro a metro vamos quebrando o gelo Quem passa tira fotografias e fica increacutedulo Noacutes tambeacutem Natildeo sabemos como equilibrar as 2 rodas perante esta manifestaccedilatildeo da natureza As equipas de emergecircn-cia patrulham a aacuterea e noacutes fazemos ldquolikerdquo sem nos apercebermos que as descidas se tornariam autecircn-ticos escorregasPedimos ajuda e somos resgatados ateacute ao nosso destino Estaacute um sol maravilhoso e as vistas satildeo lindas A vida eacute tatildeo bela porque seraacute que ando de bicicleta em siacutetios tatildeo difiacuteceisPronto Depois de 1h dentro do hot pot percebe-mos porque natildeo ficamos em casa Casa eacute onde estaacute o nosso coraccedilatildeo

DIA 13 - 12 e 13 set12 Saeberg ndash Borgarnes ndash Reykjavik 226kmsEstamos a oeste mas o nosso sentido eacute cada vez seguir para mais perto do nosso ponto inicial O isolamento e a ausecircncia da matildeo humana con-tinuam a ser uma das grandes referecircncias deste paiacutes Os horizontes ateacute Borgarnes perdem a cor e parecem-se com tantos outros que jaacute vimos noutros lugaresReykjavik natildeo estaacute isolada natildeo estaacute no topo de uma

montanha e nem sequer haacute nada de extremo nesta cidade

DIA 14 - 14 set12 Reykjavik ndash Rest dayA capital natildeo nos cativa eacute exageradamente cara e parece viver soacute de noite

DIA 15 - 15 set12 Reykjavik ndash Keflavik 49kmFelizmente que as imagens que estamos a ver e que satildeo iguais ao primeiro dia representam ape-nas uma pequena amostra deste paiacutes Natildeo haacute aacutervo-res natildeo haacute rios natildeo haacute vales apenas uma rugosa paisagem lunar fruto da forte atividade vulcacircnica nesta peniacutensula

Ateacute ao aeroporto jaacute natildeo contamos observar nada daquilo que enche as brochuras e panfletos que se podem encontrar e consultar espalhados por qual-quer parte desta linda ilha Resta-nos pedalar

EPIacuteLOGO Natildeo satildeo os nuacutemeros que fazem uma via-gem de SONHO Os quiloacutemetros ambicionados os desniacuteveis previstos os dias programados ficaram aqueacutem do planeado Mas as expectativas planeadas foram largamente ultrapassadas pois tivemos expe-riecircncias uacutenicas em cenaacuterios de Sonho com amiza-des imprevistas

Nesta ilha todos os sentidos experimentaram a na-tureza em estado puro A esta latitude tudo se torna impreviacutesivel os 6 dias que ficaacutemos retidos e os 1400 quiloacutemetros percorridos hoje parecem pouco vistos agrave distacircncia num lugar seguro

AGRADECIMENTO Aos nossos apoiantes ndash Terra dos Sonhos Cofides Competiccedilatildeo Movefree Bike performance Center D-Maker Ortik Bike Magazi-ne Bivaque Extramedia Portal Aventuras

Um agradecimento muito especial agrave missatildeo da For-ccedila Aeacuterea Portuguesa ndash Iceland Air Policing que nos recebeu e transportou as nossas bagagens no re-gresso a Portugal Bem hajam oslash

Ricardo Mendes e Filomena Gomes

MAIS PORMENORES E FOTOS

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Aventura

Luiacutesa Tomeacute

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Aventura- Tsiiii tsiiii ndash o meu olhar desviou-se do hori-zonte que observava tentando encontrar por perto de onde vinha o som daquele assobio

- Satildeo as marmotas Estatildeo a avisar as outras que noacutes estamos por perto eacute assim que comunicam principalmente se sentem algum perigo - o Heacutel-der ria do meu ar confuso Ia jurar que o assobio vinha de um ser humano Foi a primeira vez que avistei este simpaacutetico mamiacutefero Imagino esta marmota no meio dos peluches do quarto das minhas filhas Satildeo sem duacutevida um animal sim-paacutetico estes excelentes escavadores que vivem em altitudes desde os 900m aos 3200m Nove meses do ano passam-no a hibernar Estamos em pleno veratildeo nos Alpes e as marmotas estatildeo em grande atividade armazenando energias para o inverno Conseguimos avistar os outros elementos da coloacutenia ldquode peacuterdquo alerta Foi um bom motivo para uma merecida pausa tirar a mochila hidratar comer uma barra energeacutetica

Jaacute haviacuteamos percorrido grande parte do trilho que nos levaria ao Refuacutegio Albert I Eacute aqui que pernoitaremos para iniciar a nossa aclimataccedilatildeo Saiacutemos da pequena vila de Le Tour de onde partem os telefeacutericos usados no inverno para aceder agraves pistas de esqui No veratildeo continuam em atividade facilitando o percurso aos trekkers que natildeo queiram palmilhar o desniacutevel de cerca de

700m que os separa do Col de Balme- Estamos a aclimatar e tambeacutem a treinar nem pensar em usar meios mecacircnicos ndash Helder sor-ria a dizer esta frase Foi quanto bastou para perceber que a manhatilde ia ser longa Depois de vencermos grande parte do desniacutevel chegamos a um local de onde se pode avistar a cordilheira do monte Branco la Verte os Drus as Aiguil-les de Chamonix e o Monte Branco com os seus 4810m Mas que local magniacutefico para aclimatar pensei Para subir em altitude temos que permi-tir ao nosso organismo que se habitue gradual-mente agrave falta de oxigeacutenio a que vai ser exposto Para isso vamos fazendo caminhadas subindo gradualmente para que ao fim de alguns dias jaacute estejamos mais aptos a entrar numa zona em que a pressatildeo atmosfeacuterica eacute menor e o oxigeacutenio do ar mais rarefeito

Ao chegar agrave moreia do glaciar do Tour resta-nos uns 200 m para o nosso objetivo A 30 de agosto de 1930 o rei Alberto I da Beacutelgica inaugurou o primeiro refuacutegio que tem o seu nome Em 1935 o refuacutegio foi ampliado no entanto natildeo foi sufi-

ciente e o atual precariamente empoleirado num penhasco a uma altitude de 2706

inaugurado a 12 de julho de 1959 foi construiacutedo perto do primeiro

edifiacutecio Natildeo posso deixar de me impressionar ao avistaacute-lo e quando chego sento-me na varanda feliz por poder apre-

Esta-mos em pleno

veratildeo nos Alpes e as marmotas estatildeo em grande ativida-de armazenando energias para o

inverno

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ciar vistas tatildeo magniacuteficas ehellip por poder tirar as botas Natildeo tinha botas de alta montanha mas um amigo comprou umas plaacutesticas em segun-da matildeo em Chamonix e sorte das sortes eram o meu nuacutemero Fiz este trekking com elas para me habituar resultou Mas os meus peacutes supli-cavam por ar fresco Soacute conseguimos dar o de-vido valor ao momento de descanso conversa contemplaccedilatildeo numa varanda dum refuacutegio se jaacute tivermos percorrido umas boas horas por trilhos de montanha Saboreei ao maacuteximo este tempi-nho sabia que a tarde era guardada para treino no glaciar como andar em cordada e escalada no gelo Eacute sempre bom relembrar as bases um acidente pode acontecer quando descuramos as regras mais simples e esta tarde foi fundamental para isso Um sol magniacutefico vistas deslumbran-tes ambiente descontraiacutedo Natildeo deixar a corda a tocar o chatildeo nunca a pisar nem a ter dema-siado em tensatildeo Esta sintonia entre elementos de cordada trabalha-se e soacute com o treino a con-seguimos obter Amanhatilde vamos sair ao nascer do dia em direccedilatildeo agrave Aiguille du Tour Esta for-maccedilatildeo com 3540m eacute muito popular entre as pes-soas que tentam a ascensatildeo ao Monte Branco Eacute relativamente faacutecil a sua subida pela face leste

A meteorologia na manhatilde da nossa subida esta-va perfeita Adoro toda a logiacutestica de preparaccedilatildeo de saiacuteda do refuacutegio O acordar ainda de noite os ruiacutedos leves e abafados dos mais madrugadores na camarata o som dos passos ainda lentos no chatildeo de madeira Tento concentrar-me para natildeo me escapar nada ter todo o material colocado e sentir-me confortaacutevel Saio do refuacutegio e o ar

fresco da montanha acorda os meus sentidos Comeccedilamos a subir o glaciar frontais ligados muacutesculos a aquecer A inclinaccedilatildeo eacute moderada e rapidamente chegamos ao colo superior do Tour que marca a fronteira da Franccedila com a Suiacuteccedila ndash Trouxeram o passaporte Vamos pas-sar no posto fronteiriccedilo ndash pergunta o Heacutelder a sorrir Atravessamos agora o glaciar de Trient o sol aquece-nos e as vistas satildeo surpreendentes Ao chegar agrave base da aguille do Tour fazemos o nosso merecido descanso comer beber aacutegua apreciar a beleza que nos circunda Vem agora a parte divertida para quem gosta de escalar em rocha Iniciamos calmamente a nossa subida vamos ouvindo algumas orientaccedilotildees progredin-do e fazendo manobras para passar nas zonas mais expostas ateacute chegarmos ao topo Emocio-no-me com a beleza agrave minha volta O meu pen-samento liga-se a algueacutem muito querido que haacute bem pouco tempo deixou a vida terrena sinto a sua proximidade Um abraccedilo forte da minha amiga de escalada traz-me novamente agrave terra E ali agrave nossa frente majestoso quase como que a chamar-nos o Monte Branco

Foi nesse mesmo dia que regressamos a Chamo-nix Uma longa descida animada pela conversa descontraiacuteda sobre os Alpes - Haacute sempre tanto que contar desta cordilheira travessias espeta-culares que se podem fazer ndash ouvia atenta as histoacuterias que me contavam era a minha primei-ra vez nos Alpes e jaacute estava cativada Cativada ateacute pela proacutepria cidade de Chamonix Eacute um lo-cal onde se respira ar livre Da varanda do nos-so apartamento para onde quer que olhe vejo

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Aventuraatividades outdoor Ouccedilo os risos alegres dum grupo que desce o rio fazendo rafting observo o ceacuteu colorido pelos parapentes as pessoas pas-sam na rua equipadas com roupa de montanha Cheguei a Chamonix haacute dois dias de comboio Quando deambulava pelas suas ruelas cho-quei com uma curiosa estaacutetua onde um homem aponta a outro o cume do Monte Branco

- Eacute Jacques Balmat que estaacute a apontar para o cume ele foi o primeiro homem a subir esta montanha a 8 de agosto de 1786 acompanha-do do meacutedico Michel Paccard Saiacuteram de Cha-monix acamparam no cume da Montagne de la cote a 2630m agraves 4 da manhatilde partiram e chega-ram ao cume por volta das 6h da tarde Balmat nasceu neste vale era um caccedilador de cristais tinha uma vontade de ferro e um instinto para as montanhas Paccard era meacutedico em Chamonix e um excelente alpinista adorava botacircnica e mi-nerais Tambeacutem lhe erigiram aqui uma estaacutetua

Foi ele que conheceu Horace-Beacute-neacutedict de Saussure que ini-

ciou a corrida do primeiro homem a subir ao Monte Branco ndash disse-me Joatildeo

- E esse Saussure tam-beacutem era alpinista ndash perguntei curiosa

- O seu interesse pela botacircnica trouxe-o ateacute aos

Alpes e percorreu grande parte desta cordilheira co-

meccedilando a trabalhar no sentido de esclarecer a topografia da parte ne-

vada dos Alpes nessa eacutepoca praticamente des-conhecida Foi em 1760 que veio aqui pela pri-meira vez e ofereceu uma recompensa a quem escalasse o Monte Branco Ele tentou fazecirc-lo sem sucesso- Entatildeo nunca chegou a subir

- Sim conseguiu mas soacute em 1787 jaacute tinha 47 anos e levou 18 guias com ele Relembro as palavras que li do fotoacutegrafo de montanha C Douglas Milner ldquoA subida em si foi magniacutefica uma incriacutevel faccedilanha de coragem grande resistecircncia realizada por estes dois ho-mens apenas sem corda e sem piolets muito sobrecarregados com equipamentos cientiacuteficos e com longos bastotildees com pontas de ferro O bom tempo e uma lua luminosa garantiram o seu regresso com vidardquo

O dia seguinte foi passado a descansar visitar o Museu da Montanha e espreitar a meteoro-

Foi em 1760 que veio aqui

pela primeira vez e ofereceu uma recom-

pensa a quem escalas-se o Monte Branco Ele tentou fazecirc-lo

sem sucesso

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Um dos pontos al-tos eacute ir agrave roulotte

dos waffles delei-tarmo-nos com este

delicioso doce No fi-nal do dia ainda pude-

mos assistir a um espetaacute-culo de muacutesica e danccedila celta

na praccedila central O ambiente eacute descontraiacutedo a praccedila estaacute cheia de gente e a muacutesica faz sempre bem agrave alma Joatildeo recebe um telefonema

- Estaacutes nos Alpes Natildeo vatildeo poder subir amanhatilde aproxima-se uma tempestade Mas tenho boas notiacutecias tens uma janela de bom tempo no dia seguinte se quiserem aproveitar - Disse Viacutetor Baiacutea sempre bem informado sobre os fenoacuteme-nos meteoroloacutegicos

O dia em que vai haver ldquouma abertardquo para subir eacute o mesmo dia em que temos voo para Lisboa

desde Genebra Ficamos um pouco a pensar no que decidir e claro temos que arriscar Na mon-tanha eacute assim tem que haver flexibilidade es-tamos dependentes das condiccedilotildees climateacutericas e aproveitar quando nos eacute proporcionado bom tempo

A rota que vamos seguir natildeo eacute a mais utilizada eacute chamada rota dos trecircs cumes Esta rota eacute mais exigente fiacutesica e tecnicamente do que a rota do Goucircter No entanto com faacutecil acesso a partir do telefeacuterico da Aiguille du Midi este percurso tor-nou-se a segunda rota mais popular para esca-lar o Monte Branco O percurso inicia-se na Ai-guille du Midi seguindo pelo Col du Midi antes de subir o Monte Branco atraveacutes do Mont-Blanc du Tacul (4248m) e Maudit Mont (4465m) Esta rota requer condiccedilotildees estaacuteveis na neve do Mont Blanc du Tacul e Mont Maudit e tem uma eleva-ccedilatildeo acumulada de 1425m O refuacutegio Cosmiques estava lotado a nossa uacuteni-

- Es-taacutes nos Alpes

Natildeo vatildeo poder subir amanhatilde aproxi-ma-se uma tempestade

Mas tenho boas notiacutecias tens uma janela de bom tempo no dia seguinte

se quiserem apro-veitar

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Aventura

estaccedilatildeo do telefeacuterico da Aiguille du Midi Este telefeacuterico foi construiacutedo em 1955 e manteve o tiacutetulo de ser o mais alto do mundo durante duas deacutecadas Ele ainda deteacutem o recorde como o te-lefeacuterico com a ascensatildeo vertical mais alta no mundo de 1035 m para 3842 m Haacute duas se-ccedilotildees de Chamonix para o Plano de lAiguille a 2317 m e depois diretamente sem qualquer pi-lar de apoio para a estaccedilatildeo superior a 3777 m Apanhamos o uacuteltimo telefeacuterico do dia cerca de 20 minutos depois estaacutevamos no terraccedilo a tentar admirar as lindiacutessimas vistas que se tem deste local No entanto o mau tempo previsto estava certo e a visibilidade natildeo era mais de 20 m agrave nossa frente Estava desanimadiacutessima

- Como eacute possiacutevel daqui a poucas horas termos bom tempo para subir ndash Perguntei increacutedula- Estamos na montanha Luiacutesa a meteorologia muda rapidamente Temos que aguardar ndash Afir-mou Joatildeo calmo e confiante

Fomos procurar um local onde pudeacutessemos descansar ateacute agrave meia-noite hora marcada para a nossa partida O percurso eacute longo com bas-tante desniacutevel e na realidade o voo para Lisboa eacute amanhatilde Quando acordei o som dos ventos fortes que se faziam ouvir misteriosamente desaparece-ram Depois de comer e fazer a confirmaccedilatildeo do equipamento dirigimo-nos para a aresta que nos levaraacute ao Valleacute Blanche Foi com extrema curiosidade que me dirigi agrave saiacuteda Como esta-raacute o tempo A calma e tranquilidade que senti ao sair para o exterior foi-me trazida pela ma-ravilhosa paisagem que tinha agrave minha frente Afinal depois da tempestade vem a bonanccedila e a visatildeo deste vale imaculado sob um ceacuteu estre-lado sem ningueacutem sem pegadas sem luzes de frontais foi brutal Ao comeccedilar a descer a ares-ta conseguimos ver o refuacutegio Cosmiques ainda adormecido Fomos mesmo os primeiros a sair o que representa um privileacutegio por um lado e

No entanto o mau tempo pre-

visto estava certo e a visibilidade natildeo era mais de 20m agrave nossa frente Estava desa-

nimadiacutessima

Ainda foi longa a nossa caminhada sempre a encontrar forccedilas e energia onde quer que elas estivessem escondidas Paraacutevamos de vez em quando agrave espera da outra cordada de amigos e por fim cerca das 10h da manhatilde atingimos o cume Tento tirar fotos mas a maacutequina fotograacute-fica natildeo ajudou fiquei sem bateria Natildeo faltam maacutequinas para o fazer e depois de um breve descanso temos que iniciar a descida pela mes-ma rota Eacute uma descida que acaba por ter al-gumas subidas sendo por isso mais demorada Mas a alegria de ter cumprido o objetivo o dia tatildeo calmo e luminoso a companhia dos amigos supera qualquer tipo de cansaccedilo

Tive um sentimento de saudade ao chegar nova-mente ao Valleacute Blanche e olhar para traacutes para o trilho percorrido olhar aquele vale agora agrave luz do dia atravessado por tantas pegadas Olho de relance para a uacuteltima subida que nos falta fazer a aresta que nos levaraacute ao telefeacuterico na Aguille du Midi Faccedilo esta subida confiante como se ti-vesse deixado para traacutes todo o esforccedilo e cansaccedilo extremo desta maravilhosa aventura

Com grande pena natildeo pude comemorar em Chamonix nessa noite mas comemorei com imensa alegria ao reencontrar-me com a mi-nha famiacutelia orgulhosa de mim afinal estive no mesmo dia no cume do Monte Branco de manhatilde e agrave noite na minha cama quente e confortaacutevel em Lisboa oslash

Luiacutesa Tomeacute

Papa-Leacuteguaswwwpapa-leguascom

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um esforccedilo acrescido por outro Relembro a tra-vessia do glaciar do Tacul a ldquofazer trilhordquo o som dos campons na neve ecoava num ritmo proacute-prio pousava a minha bota no local exato onde o Joatildeo tinha feito a pegada como que num jogo em que quando falhava acrescia o esforccedilo que teria que fazer O som de passos intensifica-se temos mais madrugadores connosco Deixamo--los passar jaacute vimos a fazer trilho haacute bastante tempo eacute a vez de outros agora

Quando chegamos agrave ldquoparederdquo do Mont Blanc du Tacul jaacute temos algumas pessoas agrave espera para subir O sol ainda natildeo subiu para nos aquecer esperamos junto agraves cordas a nossa vez os peacutes comeccedilam a dar sinal de frio Iniciamos a subida os piolets e os crampons cravam-se certeiros no gelo a corda ajuda na subida Comeccedilo a ficar cansada e a hesitar paro por uns momentos sinto a boca seca o coraccedilatildeo a bater forte olho para cima jaacute natildeo falta muito - Piolet numa matildeo corda na outra sobe Luiacutesa ndash a voz do Heacutelder trouxe-me lucidez A energia que me faltava regressou Concentro-me e con-tinuo a subida pedaccedilos de gelo passam por noacutes arrancados aquela parede cheia de gente dese-josa de ultrapassar possivelmente o obstaacuteculo mais duro desta rota

O trilho continua pelo beliacutessimo Mont-Maudit apesar do seu nome O sol jaacute vai alto comeccedila a aquecer haacute que comeccedilar a tirar camadas Natildeo podemos desidratar Col de la Brenva um chaacute quente e uma bolacha Apetece ficar jaacute aqui as vistas satildeo surpreendentes Mas natildeo eacute este o nos-so objetivo vamos continuar a subir

Entrevista Diogo Miguel - (Oti-Estarreja)

ldquoO DEsPORTO EM PORTuGAL eacute uM EsPELhO DA sOCIEDADErdquo

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Entrevista

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Sabe acima de tudo as con-

diccedilotildees que temos e consegue olhar para o

resultado como sen-do bastante meri-

toacuterio

OutdOOr COmO eacute pOssiacutevel algueacutem COm-patibilizar a preparaccedilatildeO enquantO atleta de OrientaccedilatildeO de elite COm as exigecircnCias dum 6ordm anO dO CursO de medi-Cina

diOgO miguel O segredo reside sobretudo na motivaccedilatildeo Toda a gente consegue tirar um curso e fazer desporto e inclusivamente se gos-tar consegue treinar todos os dias Mas se esti-ver motivado o suficiente consegue levantar-se cedo para correr agraves seis da manhatilde estar na Fa-culdade agraves oito e meia sair agraves quatro da tarde e ir treinar outra vez estudar ateacute agraves dez da noite e dormir porque amanhatilde eacute outro dia Eacute preci-so estar-se motivado para abraccedilar esta vida durante o ano inteiro

Haacute quantO tempO eacute que as COisas satildeO levadas assimQuando comecei a fazer Orien-taccedilatildeo natildeo tinha grandes preo-cupaccedilotildees com o treino Durante os anos de faculdade jaacute treinava bastante a seacuterio mas foi haacute dois ou trecircs anos quando comecei a ser treinado pelo Professor Bruno Nazaacuterio que aumentei a carga de trei-no para o bi-diaacuterio A partir daiacute passei a ter o meu tempo totalmente ocupado Satildeo os estaacutegios do Curso o tempo de deslocaccedilatildeo para Hospitais da periferia uma tese para defender Este ano seraacute bastante mais exigente que os anteriores se calhar natildeo vou poder fazer treino bi-diaacuterio todos os dias como gostaria mas ainda assim vou pro-curar treinar duma forma o mais seacuteria possiacutevel e se natildeo puder fazecirc-lo na quantidade desejaacutevel pelo menos na qualidade espero consegui-lo

em 2007 COnquistOu a primeira grande medalHa da OrientaccedilatildeO pOrtuguesa aO sagrar-se CampeatildeO da eurOpa de JOvens

Chama-se Diogo Miguel e eacute aos 23 anos uma das referecircncias da Orientaccedilatildeo Pedestre nacio-nal Campeatildeo Europeu de Jovens em 2007 e Campeatildeo Nacional de Distacircncia Longa em 2009 e 2011 Diogo Miguel reparte o tempo entre a modalidade do seu coraccedilatildeo e as exigecircncias do curso de Medicina que abraccedilou haacute seis anos E foi precisamente por aiacute que a nossa conversa comeccedilou uma conversa onde passado presen-te e futuro se misturam e confundem numa teia de opccedilotildees direccedilotildees desafios e decisotildees Na Orientaccedilatildeo como na Vida

Por Joaquim Margarido

de sprint em eger na Hungria que me-moacuterias guarda dessa JOrnada Haacute CinCO anOs atraacutesGuardo sobretudo as memoacuterias e os amigos Na altura pensaacutemos que a visibilidade que este re-sultado poderia dar agrave Orientaccedilatildeo catapultasse a modalidade e possibilitasse a obtenccedilatildeo de mais apoios mas isso natildeo se veio a verificar pelo me-nos na medida daquilo que seria de esperar

esteve este anO nOs mundiais de lausan-ne COnseguindO O 33ordm lugar na Final a de distacircnCia lOnga que valOr atribui a este seu resultadOAtribuo-lhe um valor elevado ateacute porque foi a primeira vez em dez anos que um portuguecircs foi a uma final A de Distacircncia Longa Cheguei ao fim com a certeza de ter feito o meu melhor e se natildeo tivesse quebrado fisicamente teria fei-to melhor ainda Ou seja com outras condiccedilotildees de treino teria facilmente ficado entre os vinte e cinco primeiros Mas falta bastante cultura des-portiva agrave sociedade portuguesa em geral e se disser a algueacutem que natildeo estaacute familiarizado com a Orientaccedilatildeo que terminei em 33ordm num Campeo-nato do Mundo essa pessoa iraacute pensar ldquoesque-ce eacutes mau natildeo prestasrdquo Mas quem sabe como estas coisas funcionam sabe os sacrifiacutecios que temos que fazer Sabe acima de tudo as condi-ccedilotildees que temos e consegue olhar para o resulta-

do como sendo bastante meritoacuterio

temOs em pOrtugal O apOiO que deviacuteamOs Ou que mereCiacuteamOs

Natildeo Eacute bastante revoltante olhar para outros desportos como eacute o caso do Futebol e termos um Presidente que termina o man-dato agrave frente da Federaccedilatildeo e que se sente orgulhoso por ter deixa-

do um balanccedilo positivo nas contas de muitos milhotildees de euros Mas

satildeo estes precisamente que ainda assim continuam a receber milhotildees e

milhotildees do Instituto Portuguecircs do Desporto e Juventude enquanto outras modalidades lutam pela sobrevivecircncia Acho que somos claramen-te sub-apoiados O desporto em Portugal eacute um espelho da Sociedade Haacute os muito ricos e haacute os muito pobres Os ricos satildeo cada vez mais ricos e os pobres satildeo cada vez mais pobres Eacute a mesma coisa com o desporto

quandO OlHa para Os nOssOs JOvens que pOtenCialidades vecirc neles para COn-seguirem CHegar aOs lugares CimeirOs da OrientaccedilatildeO eurOpeia e mundialTemos alguns jovens com bastante valor prin-

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cipalmente o Luiacutes Silva Trata-se dum atleta que tem um futuro brutal e acho que vai ser sem sombra de duacutevidas o melhor atleta portuguecircs dentro de muito pouco tempo Olhando de for-ma mais aprofundada para estes atletas eacute uma realidade que eles tecircm hoje melhores condiccedilotildees em relaccedilatildeo agravequilo que noacutes tiacutenhamos na altura Basta ver que os atletas jaacute se deslocam com al-guma frequecircncia ao terreno antes das grandes competiccedilotildees coisa que natildeo havia ateacute haacute muito pouco tempo atraacutes E depois haacute os estaacutegios de Seleccedilatildeo Mas deve reconhecer-se que lhes falta o treino fora da competiccedilatildeo Acho que falta al-gum espiacuterito de sacrifiacutecio no treino em casa que eacute o mais importante

o CLubE dE oriEntaccedilatildeo dE EstarrEJa Eacute dEsdE sEMprE o sEu CLubE quE signiFiCa-do tEM para si EstE EMbLEMa E Esta CaMi-soLa quE EnvErgaComecei na Orientaccedilatildeo aos 8 anos e a minha primeira experiecircncia foi no Desporto Escolar na minha terra Canelas uma pequena aldeia do Concelho de Estarreja A essa primeira pro-va seguiu-se uma ldquoQuinzena da Orientaccedilatildeordquo no veratildeo e nunca mais parei Haacute quinze anos que estou ligado a este clube e ele faz parte de mim Poderia dividir a minha vida em dois por um lado a parte profissional da Faculdade e por outro a Orientaccedilatildeo Por estranho que possa pa-recer a parte desportiva natildeo se encontra num plano inferior relativamente agrave parte profissio-nal Ambas as partes se complementam uma agrave outra Portanto a minha ligaccedilatildeo a este clube eacute muito grande satildeo muitos anos satildeo muitas pes-soas e ajudou-me a crescer

aos Miuacutedos quE agora datildeo os priMEiros passos quE ConsELhos dariaO conselho natildeo o daria aos miuacutedos se calhar da-va-o antes aos pais Tanto a escola como o des-porto andam muito ligados Se temos disciplina num acabamos por ter disciplina no outro Natildeo eacute por acaso se olharmos para os atletas de topo a niacutevel nacional todos eles satildeo excelentes es-tudantes e tecircm um futuro profissional bastante promissor Tudo parte de quem educa Eu tenho a sorte de ter uns pais que sempre me educaram bem e que sempre me deram o apoio necessaacuterio para conseguir fazer as duas coisas

E deixaria ainda um conselho mais aos pais o de virem fazer uma prova de Orientaccedilatildeo com os seus filhos Uma das grandes vantagens da Orientaccedilatildeo eacute ser para aleacutem do ldquodesporto da flo-restardquo o ldquodesporto da famiacuteliardquo

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EntrevistaConsidEra quE Esta EacutepoCa CorrEu dE aCordo CoM as suas ExpECtativasNa verdade digamos que a eacutepoca estaacute quase agrave beira de comeccedilar Depois do Campeonato do Mundo tirei mais tempo do que era habitual para descansar e tenho estado a fazer pratica-mente soacute manutenccedilatildeo A eacutepoca teve alguns per-calccedilos comecei a treinar na Repuacuteblica Checa e apesar de ter feito muito treino com mapa devi-do agraves questotildees climateacutericas e agraves poucas horas de luz acabei por ter uma carga de treino aqueacutem do desejaacutevel Depois de regressar a Portugal estava a treinar bem mas tive um percalccedilo e lesionei--me num peacute o que me obrigou a uma paragem de um mecircs Isso fez-me perder muito da minha boa forma e acredito que se natildeo fosse isso po-

deria ter chegado muito melhor ao Campeonato do Mundo e aiacute o resultado poderia ter sido outro Apesar de tudo os resultados acabaram por ser bem melhores do que estaria agrave espera

o obJEtivo a Curto praZo passa pELo tiacute-tuLo naCionaL absoLutoPor acaso esse eacute um tiacutetulo que nunca alcancei Vou comeccedilar a treinar a seacuterio para chegar nas melhores condiccedilotildees ao Campeonato Nacional Absoluto e esse vai ser um bom teste O objetivo eacute estar laacute para ganhar

Quanto agrave proacutexima eacutepoca espero apresentar-me agraves provas em melhor forma do que este ano e que os bons resultados possam aparecer oslash

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ofereccedila um garmin DeSemBruLHara caixa Seraacute Soacute o princiacutepio

este natal ofereccedila emoccedilotildees aventuras para quem viaja ou para os que correm para os que navegam no mar ou escalam montanhas Para os nadadores ou golfistas este natal ofereccedila um garmin

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Por Terra

ORIENTACcedilatildeOhellip DEsPORTO NA NATuREzA

Parque nacional torres del Paine Chile

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Cinco satildeo os sentidos estaacute nos manuais neles reside a possi-bilidade de um maior ou menor contacto da pessoa com aquilo que a rodeia Haacute ainda o sexto sentido aquela perceccedilatildeo extra--sensorial que parece ser mais propriedade das mulheres do que dos homens e que nas con-ceccedilotildees ocultistas estaraacute tam-beacutem sedeado num oacutergatildeo do nosso corpo Figurada ou ob-jetivamente eacute bom que todos eles ndash sem exceccedilatildeo - estejam suficientemente desenvolvi-dos sem isso natildeo haacute sentido de orientaccedilatildeo que aguente

A Orientaccedilatildeo eacute um Desporto recente em Portugal mas tem jaacute mais de 100 anos de existecircncia

enquanto desporto organi-zado Com efeito teraacute sido em Bergen - Noruega no ano de 1897 que se organizou a pri-meira atividade desportiva de Orientaccedilatildeo Os paiacuteses noacuterdicos satildeo ainda hoje aqueles onde a modalidade tem maior implan-taccedilatildeo mobilizando um nuacutemero de praticantes que coloca a

Orientaccedilatildeo entre os cinco des-portos com mais adeptos na Escandinaacutevia A maior prova do mundo realiza-se anual-mente na Sueacutecia os 5 dias da Sueacutecia com um nuacutemero de participantes que jaacute atingiu os 25000

Durante o seacutec XX a modali-dade foi evoluindo ateacute agrave criaccedilatildeo da Federaccedilatildeo Internacional de Orientaccedilatildeo (IOF) que fes-tejou em 2012 o 51ordm aniversaacuterio e veio normalizar mundial-mente as regras competitivas as normas para elaboraccedilatildeo dos mapas e as sinaleacuteticas a usar A Orientaccedilatildeo eacute praticada em quatro disciplinas diferentes Orientaccedilatildeo Pedestre Orien-taccedilatildeo em BTT Orientaccedilatildeo em Ski e Orientaccedilatildeo de Precisatildeo (Orientaccedilatildeo prioritariamente para deficientes motores)

Portugal tem marcado pontos na Orientaccedilatildeo para o desporto adaptado lanccedilando em 2012 a Taccedila de Portugal de Orientaccedilatildeo de Precisatildeo e criando um cir-cuito de Orientaccedilatildeo adaptada vocacionado prioritariamente para a deficiecircncia intelectual e

crianccedilas em idade preacute-escolar que eacute uacutenico no Mundo e que estaacute a ser jaacute implementado pela Espanha

o quE EacutePodemos dizer que a Orien-taccedilatildeo eacute um desporto completo Haacute o aspeto fiacutesico o treino no campo que se aproxima do treino dum atleta de fundo E haacute o aspeto mental que de-sempenha um papel funda-mental a leitura dos mapas o contra-reloacutegiohellip Eacute tambeacutem o desporto de natureza por exce-lecircncia Os orientistas saem dos trilhos balizados para pene-trarem no coraccedilatildeo da floresta Cada dia eacute uma nova aven-tura Daquele que se inicia na Orientaccedilatildeo ao mais consagrado dos praticantes haacute todo um mesmo espiacuterito de liberdade de fazer a sua proacutepria escolha do melhor itineraacuterio No Atle-tismo por exemplo a volta agrave pista teraacute sempre 400 metros quer seja aqui ou no Japatildeo Na Orientaccedilatildeo esta noccedilatildeo de dis-tacircncia tem muito pouco signi-ficado Tanto se pode fazer 10 quiloacutemetros numa hora e meia como em quarenta minutos E

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depois nunca existem duas florestas iguais Eacute o eterno recomeccedilo Na Austraacutelia ou na Suiacuteccedila no Japatildeo ou na Escandinaacutevia eacute necessaacuterio uma adaptaccedilatildeo a cada local natildeo haacute lugar a repeti-ccedilotildeeshellip

Cada corredor possui uma buacutessola e um mapa que contrariamente a um mapa normal conteacutem uma enorme diversidade de detalhes acerca dos seus elementos caracteriacutesticos (relevo do ter-reno vegetaccedilatildeo caminhos elementos rochosos construccedilotildees e muito mais) Os mapas satildeo rea-lizados segundo as normas especiacuteficas da Fede-raccedilatildeo Internacional de Orientaccedilatildeo que tem sede na Finlacircndia Aleacutem da legenda sobre os siacutembolos nele representados existe ainda uma sinaleacutetica

proacutepria que tem a ver com o percurso que o praticante vai realizar nesse evento e que eacute uma linguagem uni-versal

A partir do momento em que se potildee em marcha o cronoacutemetro o orientista deve efe-tuar o seu percurso que eacute marcado no mapa e que eacute cons-tituiacutedo por uma par-tida (representada por um triacircngulo) uma seacuterie de pontos de

passagem obrigatoacuterios (representados por ciacuter-culos) e a chegada (representada no mapa por dois ciacuterculos concecircntricos) Estes pontos satildeo materializados no terreno sob a forma de um prisma triangular denominado por baliza e a passagem deve ser validada por um sistema de ldquopicotagemrdquo manual ou eletroacutenica O objetivo consiste em fazer o percurso na sequecircncia in-dicada o mais rapidamente possiacutevel Mas entre cada ponto de passagem a escolha do itineraacuterio fica ao criteacuterio de cada um

O percurso em linha reta evidentemente nem sempre eacute o mais raacutepido Eacute necessaacuterio jogar com as inflexotildees do terreno os lagos os muros e outros acidenteshellip O tempo gasto a percorrer o traccedilado da corrida depende sobretudo do meio sobre o qual a mesma se desenrola Em terrenos como na Escandinaacutevia onde o relevo eacute mais duro numa mesma distacircncia poderemos gastar quase o dobro do tempo que gastariacuteamos num terreno plano e sem o mesmo tipo de obs-taacuteculos

Por Terra

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O conhecimento do relevo eacute a parte mais difiacutecil Eacute neces-saacuterio aprender a imaginar um terreno a trecircs dimensotildees sobre o mapa Claro que natildeo eacute apenas isto Para quem tem mais dificuldade em possuir a visatildeo a trecircs dimensotildees esta in-suficiecircncia pode ser compensada com outras qualidades nomeada-mente a atenccedilatildeo Mas nem todos pos-suem igualmente esta capacidade mental Como na generalidade dos desportos eacute neces-saacuteria uma longa aprendizagem onde o treino teacutecnico a vivecircncia de situaccedilotildees mais variadas e o nuacutemero de florestas ldquovisitadasrdquo desempe-nham um papel fundamental Eacute agrave medida que o tempo passa que o orientista aprende a adaptar o seu comportamento a reagir cada vez mais rapidamente e a encontrar as melhores opccedilotildeesO desporto natildeo eacute muito mediatizado e o espiacute-rito da Orientaccedilatildeo eacute o de permanecer livre Eacute um desporto ainda preservado de certas po-leacutemicas ldquodopingrdquo e outros malabarismos daiacute que muitos orientistas digam que natildeo seja mau de todo que ele permaneccedila ldquoconfidencialrdquo

Grandes Competiccedilotildees em 2013

Em 2013 as grandes competiccedilotildees internacio-nais onde Portugal vai querer estar presente

satildeo as seguintes

- Campeonato do Mundo de Juacuteniores ndash Repuacuteblica Checa (29jun-06 de julho) wwwjwoc2013cz

- Campeonato do Mundo Elite ndash Finlacircndia (07-14 jul)

wwwwoc2013fi- Campeonato do Mundo ve-

teranos ndash Itaacutelia (02-10 ago) wwwwmoc2013it

- Campeonato da Europa de Jovens ndash Israel (03 de novembro) wwweyoc2013org

portuGal na alta roda Mas Portugal vai ter brevemente grandes desa-fios pela frente- Em 2013 organiza uma etapa da Taccedila do Mundo de seacuteniores e o Campeonato do Mundo de Vete-ranos de Orientaccedilatildeo em BTT - Costa Alentejana entre 09 e 13 de outubro- Em 2014 organiza em Palmela de 9-14 de abril e em paralelo o Campeonato da Europa de Orientaccedilatildeo Pedestre e o Campeonato da Eu-ropa de Orientaccedilatildeo de Precisatildeo wwweoc2014fpopt

Carnaval o ponto alto Desde 1996 que Portugal realiza a sua prova ra-inha que atrai os melhores especialistas a Por-

Eacute um desporto ainda

preservado de certas poleacutemicas ldquodopingrdquo e outros malabarismos

daiacute que muitos orientistas digam que natildeo seja mau de todo que ele perma-

neccedila ldquoconfiden-cialrdquo

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Por Terratugal Eacute O Portugal Orsquo Meeting que desde 2000 se realiza no Carnaval com a duraccedilatildeo de 4 dias e pontuaacutevel para a liga Mundial de orientaccedilatildeo pedestre nos percursos de Elite Em 2013 Por-tugal vai receber pela primeira vez trecircs eventos pontuaacuteveis para a Liga Mundial02 e 03 de fevereiro ndash Norte Alentejano Orsquo Mee-ting ndash Nisa (wwwnaompt)09ndash12 de fevereiro ndash Portugal Orsquo Meeting ndash Idanha-a-nova (wwwpompt)16 e 17 de fevereiro ndash XIV Meeting de Orien-taccedilatildeo do Centro ndash Pombal (wwwcocpteventos16fev2013)

OrientaccedilatildeO muitO mais dO que um despOr-tOOlhando para a modalidade de uma forma mais transversal podemos enquadraacute-la aleacutem de mo-dalidade desportiva com aacutereas como o Ambien-te a Educaccedilatildeo e as Novas Tecnologias As qua-tro vertentes atraacutes enunciadas reunidas numa soacute tem a ver tambeacutem com solidariedade

Ambiente porque a Orientaccedilatildeo eacute o ldquoDesporto da Florestardquo fazendo de cada praticante um guardiatildeo e um amigo de tatildeo valioso patrimoacutenio Educaccedilatildeo porque eacute uma modalidade onde se aglutinam mateacuterias tatildeo nucleares como a Ma-temaacutetica ou a Geografia e se desenvolvem com-petecircncias como a capacidade de interpretaccedilatildeo ou o poder de decisatildeo por isso ser considerada prioritaacuteria para o Desporto Escolar Novas Tec-nologias porque eacute das modalidades que mais depende dos Meios Informaacuteticos a todos os niacute-veis do controlo de tempos agrave cartografia mais desenvolvida que existe Desporto porque pro-move a atividade fiacutesica e a Sauacutede dirigindo-se de igual forma agravequeles que individualmente a praticam ao niacutevel da alta competiccedilatildeo como agraves crianccedilas ou agraves famiacutelias que vecircm nela uma forma

de promover o seu bem estar fiacutesico e reforccedilar os laccedilos de amizade e convivialidade

E solidariedade porque vive da forccedila que projeta nos seus praticantes

trabalhando desinteressadamente em prol da modalidade em prol do paiacutes

Porque a Orientaccedilatildeo eacute Ambiente eacute Educaccedilatildeo satildeo Novas Tecnolo-gias eacute Desporto Porque a Orien-

taccedilatildeo gera Riqueza e gera Sauacutede Porque a Orientaccedilatildeo eacute de todos e

para todos Interessa a todos Inte-ressa ao Paiacutes Daiacute que eacute urgente que

todos venham experimentar e que descu-bram as belezas deste Paiacutes de mapa na matildeo oslash

Fernando Costa e Joaquim margarido

Olhando para a modali-

dade de uma forma mais transversal po-

demos enquadraacute-la aleacutem de modalidade desportiva

com aacutereas como o Am-biente a Educaccedilatildeo e

as Novas Tecnolo-gias

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Para muita gente

viajar significa ir ao encontro daquilo

que procuram Noacutes que viajamos com a bicicleta e em autonomia sabemos

que o destino estaacute traccedilado mas eacute

incerto

dia 2 - 29ago12 selfoss-selfoss Atraacutes das montanhas em busca do Circulo de Ouro 95 km Hoje o dia foi programado para viajarmos sem bagagem Era uma volta circular que nos leva-va para laacute das montanhas ateacute agrave fenda onde a Islacircn-dia se equilibra

No parque nacional de Thingvellir vivemos alguns dos mais conhecidos fenoacutemenos naturais desta ilha Aqui eacute o local onde se separam as placas tectoacute-nicas americana e euroasiaacutetica criando uma fenda que se afasta 2cm por ano

dia 3 - 30ago12 selfoss-Laugarvatn-gey-sir-gullfoss-Fludir-Aacuternes 140 kmPercebemos agora porque chamam ciacuterculo de Ouro ao Geysir e agrave cascata Gullfoss O turismo mais va-lioso chega em inuacutemeros autocarros e viaturas 4X4 equipadas com rodas ldquoextra sizerdquo

Natildeo eacute preciso chegar a este local para sentir os cheiros que os vapores emanam do subsolo Em povoaccedilotildees com pouco mais de 4 casas eacute possiacutevel ver-se a terra em plena atividade diante dos nossos olhos e sentir-mo-nos convidados a ocupar todo o espaccedilo aquecido

Laugarvatn Fludir ou Aacuternes todas estatildeo num terri-toacuterio maacutegico onde o tamanho natildeo conta e os limites que existem satildeo impostos pela nossa imaginaccedilatildeoEstas aldeias natildeo brilham mas valem ouro Ainda estamos a 20 quiloacutemetros do destino mas jaacute passa-ram mais de 10h desde que saiacutemos Eacute tarde e natildeo vamos ter tempo para recuperar e enfrentar 4 dias de total isolamento por uma estrada de montanha que atravessa 2 glaciares

A ementa para tantos dias corre velozmente na mi-nha mente Compramos tudo o que julgamos vir a precisar mas antes percorro corredores vasculho prateleiras tenho hesitaccedilotildeeshellipCalamos o medo e pegamos na bicicleta

dia 4 - 01 set12 Aacuternes ndash highland center 70kmDamos hoje a primeira pedalada de aproximada-mente 300 quiloacutemetros em direccedilatildeo ao centro da Terra as highlands

Para muita gente viajar significa ir ao encontro da-quilo que procuram Noacutes que viajamos com a bici-cleta e em autonomia sabemos que o destino estaacute traccedilado mas eacute incerto O encontro com o inesperado eacute muitas vezes algo que acontece com frequecircnciaFoi uma noite mal dormida devido agrave ansiedade e ao risco do que nos propunhamos fazer Sabemos que a cada quiloacutemetro que andamos comeccedila uma nova aventura

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Natildeo podiacuteamos esperar mais Saiacute-mos do Youth hostel debaixo de chuva tendo como esperanccedila al-guma falha nas previsotildees meteo-roacutegicas para as horas seguintes Insiacutepidos e molhados desde cedo buscamos abrigo no highland center

dia 4 - 02set12 highland center ndash nyidalur hut 110km Toda a ilha eacute uma zona livre de stress Quando percorremos a fantasmagoacuterica Sprengisadur route (F26) percebemos que es-tamos livres de tudo ateacute do nosso juiacutezo A nossa ambiccedilatildeo quando tracaacutemos esta rota era atraves-saacutermos o paiacutes de sul para norte e passarmos entre os glaciares Holsjokul e VatnajokullA natureza pode ser simulta-neamente dura delicada e cruel como foi ontem mas foi genero-sa connosco hoje ao permitir-nos ver a paisagem de cascalho solto nua sempre do mesmo tom cas-tanho escuro

O silecircncio ganhou espaccedilo ateacute ao momento em que conseguimos chegar ao abrigo de montanha (hut)

dia 5 - 03set12 - nyida-lur hut ndash rest dayNem pensar em cruzar a precio-sa porta do abrigo Laacute fora estaacute tudo muito branco e diferente daquilo a que estamos habitua-dos e por isso mantivemo-nos no hut de Nyidalur (na base do vulcatildeo Tungnfell) durante 2 noi-tes por seguranccedila O fogatildeo estaacute sempre aceso e tem uma enorme panela com aacutegua pronta a aque-cer quem chegue

Para que possamos variar do esparguete e noodles (jaacute natildeo haacute muito) vamos tentar fazer patildeo O resultado da nossa experiecircncia a juntar ingredientes com nomes impronunciaacuteveis em que iacuteamos provando para perceber o que era deu num cruzamento entre o patildeo e o rissol O duo de motards que dividiam o hut connosco re-petiram Significa que inventaacute-mos mais um pastel falta soacute dar um nomehellipO Ranger do Parque Nacional acaba de chegar ao hut e veio confirmar que somos mesmo malucos por estarmos nas high-lands nesta eacutepoca Aleacutem disso avisou que vai haver tempestade para esta noite e amanhatilde

dia 6 - 04set12 - nyidalur hut- rest dayLaacute fora estatildeo 0ordmC e as bicicletas encostadas imoacuteveis sujeitas a mais um teste de resistecircncia O nosso passatempo eacute assar ba-tatas ver quem passa e a forma como transpotildeem o rio A nossa vez de partir vai chegar ainda natildeo sabemos eacute quando Para jaacute passa a 3ordf noitehellip

dia 7 - 05set12 - nyidalur hut ndash Laugar 129kmO som do vento acorda-nos mui-to cedo e era semelhante ao do dia anterior Se a direccedilatildeo se man-tivesse de norte significava mais um dia perdido Inquieto dirijo--me ateacute agrave janela para observar o uacutenico ponto de referecircncia no ex-terior uma bandeira chicoteada pelo vento vindo de sulEstava dado o sinal de partida para mais do que uma maratona nas highlands Ao longo do ca-minho a neve mantinha-se por vastas aacutereas e o vento empur-rava-nos ao mesmo tempo que nos congelava as extremidades e queimava a pele

Foi uma benccedilatildeo a ajuda do Ran-ger para transpormos 2 rios em

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seguranccedila sem nunca nos molharmos A aacutegua que noacutes e os islandeses bebem vem de rios como estes sem qualquer tipo de tratamento

DIA 8 - 06set12 Laugar ndash Lago Myvatn- Lau-gar 85 kmFoi tanta a privaccedilatildeo nos dias anteriores que hoje sonhaacutemos com o pequeno almoccedilo que teriacuteamos pela manhatilde antes de nos deslocarmos para o Lago Myvatn Este lago imenso e a aacuterea envolvente satildeo um dos grandes tesouros europeus Durante a nossa volta circular toda a paisagem eacute surreal Lava fumo a sair da terra crateras aacutegua e montanhas vulcacircnicas

Haacute muitos dias que transportamos os fatos de ba-nho na pequena mochila que vai agraves costas na es-peranccedila de um banho quente em qualquer charco inesperado Hoje tivemos o nosso primeiro hot pot Eles satildeo um must nesta regiatildeo (eacute como estar num jacuzzi no meio da rua com um cenaacuterio deslum-brante)

DIA 9 - 07set12 Laugar ndash Akureyri 67kmIsto de pedalar com vento natildeo tem graccedila nenhu-ma especialmente porque natildeo se consegue ter mo-

mentos de contemplaccedilatildeo parados Em dias assim eu sou a ponta da flecha que abre uma fissura no vento e permite que a Filomena possa andar na roda Acabar eacute uma vitoacuteria mas natildeo existe gloacuteria quando se chega ao fimAkureyri eacute a capital do norte e a 2ordf cidade maior do paiacutes com 18000 habitantes civilizaccedilatildeo situada num fiorde rodeado de cumes nevados uma escolha acertada para ficar um dia a descansar

DIA 10 - 09set12 Akureyri- Varmahliacuteo 95 kmMesmo a pedalar sobre a Route 1 os grandes hori-zontes continuam a fazer parte desta viagem An-damos pelos vales e seguimos os cursos dos rios alimentados pelas aacuteguas que escorrem incessante-mente das arribas que nos flanqueiamPodia afirmar que estou eufoacuterico diante das infini-tas possibilidades que tenho pela frente mas natildeo estou Novo aviso de tempestade acompanhada de ventos fortes (23 ms) natildeo convida a grandes aven-turas

Por hoje natildeo precisamos de nos preocupar esta-mos bem abrigados numa quinta na aldeia de Var-mahliacuteeth com 130 pessoas

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DIA 11 -10set12 Varmahliacuteo ndash Rest dayParece que o inverno veio todo num soacute dia e pintou tudo de branco O supermercado estaacute a 300 metros mas eacute como se fosse uma miragem Temos mais um dia de paragem forccediladaO nevatildeo ganha cada vez mais terreno agrave medida que as horas avanccedilam A estrada estaacute interdita agrave maio-ria dos veiacuteculos e por precauccedilatildeo as pessoas satildeo aconselhadas a procurar alojamentoEm pouco tempo a senhora Inda de 81 anos que haacute poucas horas parecia ter uma vida pacata a co-chilar no seu sofaacute mostrou-nos como eacute uma ver-dadeira mulher do norte Enquanto nos convidava para um lanche com bolos caseiros mostrava or-gulhosamente os aacutelbuns de famiacutelia recebia os tu-ristas que iam chegando e quando a lotaccedilatildeo esgo-tou pegou no seu jeep e conduzia estrada fora para os ir alojar

DIA 12- 1set12 Varmahliacuteo ndash Saeberg (hostel) 15kmEsta aventura jaacute foi longe demais Temos metade da quilometragem que planeaacutemos centenas de peripeacutecias e riscos incalculados e soacute nos apetece chegar agrave capital Laacute fora tudo continua branco e a abanar no entanto existe a necessidade de arran-car Estamos confiantes nas previsotildees para o dia de hoje mesmo quando aquilo que vemos natildeo inspira confianccedila

Comeccedila a nevar comeccedila a montanhahellipVaacuterios car-ros estatildeo soterrados nas bermas os flocos voam magoam as faces e a subida ainda vai no iniacutecio Me-tro a metro vamos quebrando o gelo Quem passa tira fotografias e fica increacutedulo Noacutes tambeacutem Natildeo sabemos como equilibrar as 2 rodas perante esta manifestaccedilatildeo da natureza As equipas de emergecircn-cia patrulham a aacuterea e noacutes fazemos ldquolikerdquo sem nos apercebermos que as descidas se tornariam autecircn-ticos escorregasPedimos ajuda e somos resgatados ateacute ao nosso destino Estaacute um sol maravilhoso e as vistas satildeo lindas A vida eacute tatildeo bela porque seraacute que ando de bicicleta em siacutetios tatildeo difiacuteceisPronto Depois de 1h dentro do hot pot percebe-mos porque natildeo ficamos em casa Casa eacute onde estaacute o nosso coraccedilatildeo

DIA 13 - 12 e 13 set12 Saeberg ndash Borgarnes ndash Reykjavik 226kmsEstamos a oeste mas o nosso sentido eacute cada vez seguir para mais perto do nosso ponto inicial O isolamento e a ausecircncia da matildeo humana con-tinuam a ser uma das grandes referecircncias deste paiacutes Os horizontes ateacute Borgarnes perdem a cor e parecem-se com tantos outros que jaacute vimos noutros lugaresReykjavik natildeo estaacute isolada natildeo estaacute no topo de uma

montanha e nem sequer haacute nada de extremo nesta cidade

DIA 14 - 14 set12 Reykjavik ndash Rest dayA capital natildeo nos cativa eacute exageradamente cara e parece viver soacute de noite

DIA 15 - 15 set12 Reykjavik ndash Keflavik 49kmFelizmente que as imagens que estamos a ver e que satildeo iguais ao primeiro dia representam ape-nas uma pequena amostra deste paiacutes Natildeo haacute aacutervo-res natildeo haacute rios natildeo haacute vales apenas uma rugosa paisagem lunar fruto da forte atividade vulcacircnica nesta peniacutensula

Ateacute ao aeroporto jaacute natildeo contamos observar nada daquilo que enche as brochuras e panfletos que se podem encontrar e consultar espalhados por qual-quer parte desta linda ilha Resta-nos pedalar

EPIacuteLOGO Natildeo satildeo os nuacutemeros que fazem uma via-gem de SONHO Os quiloacutemetros ambicionados os desniacuteveis previstos os dias programados ficaram aqueacutem do planeado Mas as expectativas planeadas foram largamente ultrapassadas pois tivemos expe-riecircncias uacutenicas em cenaacuterios de Sonho com amiza-des imprevistas

Nesta ilha todos os sentidos experimentaram a na-tureza em estado puro A esta latitude tudo se torna impreviacutesivel os 6 dias que ficaacutemos retidos e os 1400 quiloacutemetros percorridos hoje parecem pouco vistos agrave distacircncia num lugar seguro

AGRADECIMENTO Aos nossos apoiantes ndash Terra dos Sonhos Cofides Competiccedilatildeo Movefree Bike performance Center D-Maker Ortik Bike Magazi-ne Bivaque Extramedia Portal Aventuras

Um agradecimento muito especial agrave missatildeo da For-ccedila Aeacuterea Portuguesa ndash Iceland Air Policing que nos recebeu e transportou as nossas bagagens no re-gresso a Portugal Bem hajam oslash

Ricardo Mendes e Filomena Gomes

MAIS PORMENORES E FOTOS

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monte branco

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Luiacutesa Tomeacute

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Aventura- Tsiiii tsiiii ndash o meu olhar desviou-se do hori-zonte que observava tentando encontrar por perto de onde vinha o som daquele assobio

- Satildeo as marmotas Estatildeo a avisar as outras que noacutes estamos por perto eacute assim que comunicam principalmente se sentem algum perigo - o Heacutel-der ria do meu ar confuso Ia jurar que o assobio vinha de um ser humano Foi a primeira vez que avistei este simpaacutetico mamiacutefero Imagino esta marmota no meio dos peluches do quarto das minhas filhas Satildeo sem duacutevida um animal sim-paacutetico estes excelentes escavadores que vivem em altitudes desde os 900m aos 3200m Nove meses do ano passam-no a hibernar Estamos em pleno veratildeo nos Alpes e as marmotas estatildeo em grande atividade armazenando energias para o inverno Conseguimos avistar os outros elementos da coloacutenia ldquode peacuterdquo alerta Foi um bom motivo para uma merecida pausa tirar a mochila hidratar comer uma barra energeacutetica

Jaacute haviacuteamos percorrido grande parte do trilho que nos levaria ao Refuacutegio Albert I Eacute aqui que pernoitaremos para iniciar a nossa aclimataccedilatildeo Saiacutemos da pequena vila de Le Tour de onde partem os telefeacutericos usados no inverno para aceder agraves pistas de esqui No veratildeo continuam em atividade facilitando o percurso aos trekkers que natildeo queiram palmilhar o desniacutevel de cerca de

700m que os separa do Col de Balme- Estamos a aclimatar e tambeacutem a treinar nem pensar em usar meios mecacircnicos ndash Helder sor-ria a dizer esta frase Foi quanto bastou para perceber que a manhatilde ia ser longa Depois de vencermos grande parte do desniacutevel chegamos a um local de onde se pode avistar a cordilheira do monte Branco la Verte os Drus as Aiguil-les de Chamonix e o Monte Branco com os seus 4810m Mas que local magniacutefico para aclimatar pensei Para subir em altitude temos que permi-tir ao nosso organismo que se habitue gradual-mente agrave falta de oxigeacutenio a que vai ser exposto Para isso vamos fazendo caminhadas subindo gradualmente para que ao fim de alguns dias jaacute estejamos mais aptos a entrar numa zona em que a pressatildeo atmosfeacuterica eacute menor e o oxigeacutenio do ar mais rarefeito

Ao chegar agrave moreia do glaciar do Tour resta-nos uns 200 m para o nosso objetivo A 30 de agosto de 1930 o rei Alberto I da Beacutelgica inaugurou o primeiro refuacutegio que tem o seu nome Em 1935 o refuacutegio foi ampliado no entanto natildeo foi sufi-

ciente e o atual precariamente empoleirado num penhasco a uma altitude de 2706

inaugurado a 12 de julho de 1959 foi construiacutedo perto do primeiro

edifiacutecio Natildeo posso deixar de me impressionar ao avistaacute-lo e quando chego sento-me na varanda feliz por poder apre-

Esta-mos em pleno

veratildeo nos Alpes e as marmotas estatildeo em grande ativida-de armazenando energias para o

inverno

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ciar vistas tatildeo magniacuteficas ehellip por poder tirar as botas Natildeo tinha botas de alta montanha mas um amigo comprou umas plaacutesticas em segun-da matildeo em Chamonix e sorte das sortes eram o meu nuacutemero Fiz este trekking com elas para me habituar resultou Mas os meus peacutes supli-cavam por ar fresco Soacute conseguimos dar o de-vido valor ao momento de descanso conversa contemplaccedilatildeo numa varanda dum refuacutegio se jaacute tivermos percorrido umas boas horas por trilhos de montanha Saboreei ao maacuteximo este tempi-nho sabia que a tarde era guardada para treino no glaciar como andar em cordada e escalada no gelo Eacute sempre bom relembrar as bases um acidente pode acontecer quando descuramos as regras mais simples e esta tarde foi fundamental para isso Um sol magniacutefico vistas deslumbran-tes ambiente descontraiacutedo Natildeo deixar a corda a tocar o chatildeo nunca a pisar nem a ter dema-siado em tensatildeo Esta sintonia entre elementos de cordada trabalha-se e soacute com o treino a con-seguimos obter Amanhatilde vamos sair ao nascer do dia em direccedilatildeo agrave Aiguille du Tour Esta for-maccedilatildeo com 3540m eacute muito popular entre as pes-soas que tentam a ascensatildeo ao Monte Branco Eacute relativamente faacutecil a sua subida pela face leste

A meteorologia na manhatilde da nossa subida esta-va perfeita Adoro toda a logiacutestica de preparaccedilatildeo de saiacuteda do refuacutegio O acordar ainda de noite os ruiacutedos leves e abafados dos mais madrugadores na camarata o som dos passos ainda lentos no chatildeo de madeira Tento concentrar-me para natildeo me escapar nada ter todo o material colocado e sentir-me confortaacutevel Saio do refuacutegio e o ar

fresco da montanha acorda os meus sentidos Comeccedilamos a subir o glaciar frontais ligados muacutesculos a aquecer A inclinaccedilatildeo eacute moderada e rapidamente chegamos ao colo superior do Tour que marca a fronteira da Franccedila com a Suiacuteccedila ndash Trouxeram o passaporte Vamos pas-sar no posto fronteiriccedilo ndash pergunta o Heacutelder a sorrir Atravessamos agora o glaciar de Trient o sol aquece-nos e as vistas satildeo surpreendentes Ao chegar agrave base da aguille do Tour fazemos o nosso merecido descanso comer beber aacutegua apreciar a beleza que nos circunda Vem agora a parte divertida para quem gosta de escalar em rocha Iniciamos calmamente a nossa subida vamos ouvindo algumas orientaccedilotildees progredin-do e fazendo manobras para passar nas zonas mais expostas ateacute chegarmos ao topo Emocio-no-me com a beleza agrave minha volta O meu pen-samento liga-se a algueacutem muito querido que haacute bem pouco tempo deixou a vida terrena sinto a sua proximidade Um abraccedilo forte da minha amiga de escalada traz-me novamente agrave terra E ali agrave nossa frente majestoso quase como que a chamar-nos o Monte Branco

Foi nesse mesmo dia que regressamos a Chamo-nix Uma longa descida animada pela conversa descontraiacuteda sobre os Alpes - Haacute sempre tanto que contar desta cordilheira travessias espeta-culares que se podem fazer ndash ouvia atenta as histoacuterias que me contavam era a minha primei-ra vez nos Alpes e jaacute estava cativada Cativada ateacute pela proacutepria cidade de Chamonix Eacute um lo-cal onde se respira ar livre Da varanda do nos-so apartamento para onde quer que olhe vejo

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Aventuraatividades outdoor Ouccedilo os risos alegres dum grupo que desce o rio fazendo rafting observo o ceacuteu colorido pelos parapentes as pessoas pas-sam na rua equipadas com roupa de montanha Cheguei a Chamonix haacute dois dias de comboio Quando deambulava pelas suas ruelas cho-quei com uma curiosa estaacutetua onde um homem aponta a outro o cume do Monte Branco

- Eacute Jacques Balmat que estaacute a apontar para o cume ele foi o primeiro homem a subir esta montanha a 8 de agosto de 1786 acompanha-do do meacutedico Michel Paccard Saiacuteram de Cha-monix acamparam no cume da Montagne de la cote a 2630m agraves 4 da manhatilde partiram e chega-ram ao cume por volta das 6h da tarde Balmat nasceu neste vale era um caccedilador de cristais tinha uma vontade de ferro e um instinto para as montanhas Paccard era meacutedico em Chamonix e um excelente alpinista adorava botacircnica e mi-nerais Tambeacutem lhe erigiram aqui uma estaacutetua

Foi ele que conheceu Horace-Beacute-neacutedict de Saussure que ini-

ciou a corrida do primeiro homem a subir ao Monte Branco ndash disse-me Joatildeo

- E esse Saussure tam-beacutem era alpinista ndash perguntei curiosa

- O seu interesse pela botacircnica trouxe-o ateacute aos

Alpes e percorreu grande parte desta cordilheira co-

meccedilando a trabalhar no sentido de esclarecer a topografia da parte ne-

vada dos Alpes nessa eacutepoca praticamente des-conhecida Foi em 1760 que veio aqui pela pri-meira vez e ofereceu uma recompensa a quem escalasse o Monte Branco Ele tentou fazecirc-lo sem sucesso- Entatildeo nunca chegou a subir

- Sim conseguiu mas soacute em 1787 jaacute tinha 47 anos e levou 18 guias com ele Relembro as palavras que li do fotoacutegrafo de montanha C Douglas Milner ldquoA subida em si foi magniacutefica uma incriacutevel faccedilanha de coragem grande resistecircncia realizada por estes dois ho-mens apenas sem corda e sem piolets muito sobrecarregados com equipamentos cientiacuteficos e com longos bastotildees com pontas de ferro O bom tempo e uma lua luminosa garantiram o seu regresso com vidardquo

O dia seguinte foi passado a descansar visitar o Museu da Montanha e espreitar a meteoro-

Foi em 1760 que veio aqui

pela primeira vez e ofereceu uma recom-

pensa a quem escalas-se o Monte Branco Ele tentou fazecirc-lo

sem sucesso

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Um dos pontos al-tos eacute ir agrave roulotte

dos waffles delei-tarmo-nos com este

delicioso doce No fi-nal do dia ainda pude-

mos assistir a um espetaacute-culo de muacutesica e danccedila celta

na praccedila central O ambiente eacute descontraiacutedo a praccedila estaacute cheia de gente e a muacutesica faz sempre bem agrave alma Joatildeo recebe um telefonema

- Estaacutes nos Alpes Natildeo vatildeo poder subir amanhatilde aproxima-se uma tempestade Mas tenho boas notiacutecias tens uma janela de bom tempo no dia seguinte se quiserem aproveitar - Disse Viacutetor Baiacutea sempre bem informado sobre os fenoacuteme-nos meteoroloacutegicos

O dia em que vai haver ldquouma abertardquo para subir eacute o mesmo dia em que temos voo para Lisboa

desde Genebra Ficamos um pouco a pensar no que decidir e claro temos que arriscar Na mon-tanha eacute assim tem que haver flexibilidade es-tamos dependentes das condiccedilotildees climateacutericas e aproveitar quando nos eacute proporcionado bom tempo

A rota que vamos seguir natildeo eacute a mais utilizada eacute chamada rota dos trecircs cumes Esta rota eacute mais exigente fiacutesica e tecnicamente do que a rota do Goucircter No entanto com faacutecil acesso a partir do telefeacuterico da Aiguille du Midi este percurso tor-nou-se a segunda rota mais popular para esca-lar o Monte Branco O percurso inicia-se na Ai-guille du Midi seguindo pelo Col du Midi antes de subir o Monte Branco atraveacutes do Mont-Blanc du Tacul (4248m) e Maudit Mont (4465m) Esta rota requer condiccedilotildees estaacuteveis na neve do Mont Blanc du Tacul e Mont Maudit e tem uma eleva-ccedilatildeo acumulada de 1425m O refuacutegio Cosmiques estava lotado a nossa uacuteni-

- Es-taacutes nos Alpes

Natildeo vatildeo poder subir amanhatilde aproxi-ma-se uma tempestade

Mas tenho boas notiacutecias tens uma janela de bom tempo no dia seguinte

se quiserem apro-veitar

Novembro_Dezembro 2012 OUTDOOR32

Aventura

estaccedilatildeo do telefeacuterico da Aiguille du Midi Este telefeacuterico foi construiacutedo em 1955 e manteve o tiacutetulo de ser o mais alto do mundo durante duas deacutecadas Ele ainda deteacutem o recorde como o te-lefeacuterico com a ascensatildeo vertical mais alta no mundo de 1035 m para 3842 m Haacute duas se-ccedilotildees de Chamonix para o Plano de lAiguille a 2317 m e depois diretamente sem qualquer pi-lar de apoio para a estaccedilatildeo superior a 3777 m Apanhamos o uacuteltimo telefeacuterico do dia cerca de 20 minutos depois estaacutevamos no terraccedilo a tentar admirar as lindiacutessimas vistas que se tem deste local No entanto o mau tempo previsto estava certo e a visibilidade natildeo era mais de 20 m agrave nossa frente Estava desanimadiacutessima

- Como eacute possiacutevel daqui a poucas horas termos bom tempo para subir ndash Perguntei increacutedula- Estamos na montanha Luiacutesa a meteorologia muda rapidamente Temos que aguardar ndash Afir-mou Joatildeo calmo e confiante

Fomos procurar um local onde pudeacutessemos descansar ateacute agrave meia-noite hora marcada para a nossa partida O percurso eacute longo com bas-tante desniacutevel e na realidade o voo para Lisboa eacute amanhatilde Quando acordei o som dos ventos fortes que se faziam ouvir misteriosamente desaparece-ram Depois de comer e fazer a confirmaccedilatildeo do equipamento dirigimo-nos para a aresta que nos levaraacute ao Valleacute Blanche Foi com extrema curiosidade que me dirigi agrave saiacuteda Como esta-raacute o tempo A calma e tranquilidade que senti ao sair para o exterior foi-me trazida pela ma-ravilhosa paisagem que tinha agrave minha frente Afinal depois da tempestade vem a bonanccedila e a visatildeo deste vale imaculado sob um ceacuteu estre-lado sem ningueacutem sem pegadas sem luzes de frontais foi brutal Ao comeccedilar a descer a ares-ta conseguimos ver o refuacutegio Cosmiques ainda adormecido Fomos mesmo os primeiros a sair o que representa um privileacutegio por um lado e

No entanto o mau tempo pre-

visto estava certo e a visibilidade natildeo era mais de 20m agrave nossa frente Estava desa-

nimadiacutessima

Ainda foi longa a nossa caminhada sempre a encontrar forccedilas e energia onde quer que elas estivessem escondidas Paraacutevamos de vez em quando agrave espera da outra cordada de amigos e por fim cerca das 10h da manhatilde atingimos o cume Tento tirar fotos mas a maacutequina fotograacute-fica natildeo ajudou fiquei sem bateria Natildeo faltam maacutequinas para o fazer e depois de um breve descanso temos que iniciar a descida pela mes-ma rota Eacute uma descida que acaba por ter al-gumas subidas sendo por isso mais demorada Mas a alegria de ter cumprido o objetivo o dia tatildeo calmo e luminoso a companhia dos amigos supera qualquer tipo de cansaccedilo

Tive um sentimento de saudade ao chegar nova-mente ao Valleacute Blanche e olhar para traacutes para o trilho percorrido olhar aquele vale agora agrave luz do dia atravessado por tantas pegadas Olho de relance para a uacuteltima subida que nos falta fazer a aresta que nos levaraacute ao telefeacuterico na Aguille du Midi Faccedilo esta subida confiante como se ti-vesse deixado para traacutes todo o esforccedilo e cansaccedilo extremo desta maravilhosa aventura

Com grande pena natildeo pude comemorar em Chamonix nessa noite mas comemorei com imensa alegria ao reencontrar-me com a mi-nha famiacutelia orgulhosa de mim afinal estive no mesmo dia no cume do Monte Branco de manhatilde e agrave noite na minha cama quente e confortaacutevel em Lisboa oslash

Luiacutesa Tomeacute

Papa-Leacuteguaswwwpapa-leguascom

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Aventu

ra

um esforccedilo acrescido por outro Relembro a tra-vessia do glaciar do Tacul a ldquofazer trilhordquo o som dos campons na neve ecoava num ritmo proacute-prio pousava a minha bota no local exato onde o Joatildeo tinha feito a pegada como que num jogo em que quando falhava acrescia o esforccedilo que teria que fazer O som de passos intensifica-se temos mais madrugadores connosco Deixamo--los passar jaacute vimos a fazer trilho haacute bastante tempo eacute a vez de outros agora

Quando chegamos agrave ldquoparederdquo do Mont Blanc du Tacul jaacute temos algumas pessoas agrave espera para subir O sol ainda natildeo subiu para nos aquecer esperamos junto agraves cordas a nossa vez os peacutes comeccedilam a dar sinal de frio Iniciamos a subida os piolets e os crampons cravam-se certeiros no gelo a corda ajuda na subida Comeccedilo a ficar cansada e a hesitar paro por uns momentos sinto a boca seca o coraccedilatildeo a bater forte olho para cima jaacute natildeo falta muito - Piolet numa matildeo corda na outra sobe Luiacutesa ndash a voz do Heacutelder trouxe-me lucidez A energia que me faltava regressou Concentro-me e con-tinuo a subida pedaccedilos de gelo passam por noacutes arrancados aquela parede cheia de gente dese-josa de ultrapassar possivelmente o obstaacuteculo mais duro desta rota

O trilho continua pelo beliacutessimo Mont-Maudit apesar do seu nome O sol jaacute vai alto comeccedila a aquecer haacute que comeccedilar a tirar camadas Natildeo podemos desidratar Col de la Brenva um chaacute quente e uma bolacha Apetece ficar jaacute aqui as vistas satildeo surpreendentes Mas natildeo eacute este o nos-so objetivo vamos continuar a subir

Entrevista Diogo Miguel - (Oti-Estarreja)

ldquoO DEsPORTO EM PORTuGAL eacute uM EsPELhO DA sOCIEDADErdquo

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Entrevista

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Sabe acima de tudo as con-

diccedilotildees que temos e consegue olhar para o

resultado como sen-do bastante meri-

toacuterio

OutdOOr COmO eacute pOssiacutevel algueacutem COm-patibilizar a preparaccedilatildeO enquantO atleta de OrientaccedilatildeO de elite COm as exigecircnCias dum 6ordm anO dO CursO de medi-Cina

diOgO miguel O segredo reside sobretudo na motivaccedilatildeo Toda a gente consegue tirar um curso e fazer desporto e inclusivamente se gos-tar consegue treinar todos os dias Mas se esti-ver motivado o suficiente consegue levantar-se cedo para correr agraves seis da manhatilde estar na Fa-culdade agraves oito e meia sair agraves quatro da tarde e ir treinar outra vez estudar ateacute agraves dez da noite e dormir porque amanhatilde eacute outro dia Eacute preci-so estar-se motivado para abraccedilar esta vida durante o ano inteiro

Haacute quantO tempO eacute que as COisas satildeO levadas assimQuando comecei a fazer Orien-taccedilatildeo natildeo tinha grandes preo-cupaccedilotildees com o treino Durante os anos de faculdade jaacute treinava bastante a seacuterio mas foi haacute dois ou trecircs anos quando comecei a ser treinado pelo Professor Bruno Nazaacuterio que aumentei a carga de trei-no para o bi-diaacuterio A partir daiacute passei a ter o meu tempo totalmente ocupado Satildeo os estaacutegios do Curso o tempo de deslocaccedilatildeo para Hospitais da periferia uma tese para defender Este ano seraacute bastante mais exigente que os anteriores se calhar natildeo vou poder fazer treino bi-diaacuterio todos os dias como gostaria mas ainda assim vou pro-curar treinar duma forma o mais seacuteria possiacutevel e se natildeo puder fazecirc-lo na quantidade desejaacutevel pelo menos na qualidade espero consegui-lo

em 2007 COnquistOu a primeira grande medalHa da OrientaccedilatildeO pOrtuguesa aO sagrar-se CampeatildeO da eurOpa de JOvens

Chama-se Diogo Miguel e eacute aos 23 anos uma das referecircncias da Orientaccedilatildeo Pedestre nacio-nal Campeatildeo Europeu de Jovens em 2007 e Campeatildeo Nacional de Distacircncia Longa em 2009 e 2011 Diogo Miguel reparte o tempo entre a modalidade do seu coraccedilatildeo e as exigecircncias do curso de Medicina que abraccedilou haacute seis anos E foi precisamente por aiacute que a nossa conversa comeccedilou uma conversa onde passado presen-te e futuro se misturam e confundem numa teia de opccedilotildees direccedilotildees desafios e decisotildees Na Orientaccedilatildeo como na Vida

Por Joaquim Margarido

de sprint em eger na Hungria que me-moacuterias guarda dessa JOrnada Haacute CinCO anOs atraacutesGuardo sobretudo as memoacuterias e os amigos Na altura pensaacutemos que a visibilidade que este re-sultado poderia dar agrave Orientaccedilatildeo catapultasse a modalidade e possibilitasse a obtenccedilatildeo de mais apoios mas isso natildeo se veio a verificar pelo me-nos na medida daquilo que seria de esperar

esteve este anO nOs mundiais de lausan-ne COnseguindO O 33ordm lugar na Final a de distacircnCia lOnga que valOr atribui a este seu resultadOAtribuo-lhe um valor elevado ateacute porque foi a primeira vez em dez anos que um portuguecircs foi a uma final A de Distacircncia Longa Cheguei ao fim com a certeza de ter feito o meu melhor e se natildeo tivesse quebrado fisicamente teria fei-to melhor ainda Ou seja com outras condiccedilotildees de treino teria facilmente ficado entre os vinte e cinco primeiros Mas falta bastante cultura des-portiva agrave sociedade portuguesa em geral e se disser a algueacutem que natildeo estaacute familiarizado com a Orientaccedilatildeo que terminei em 33ordm num Campeo-nato do Mundo essa pessoa iraacute pensar ldquoesque-ce eacutes mau natildeo prestasrdquo Mas quem sabe como estas coisas funcionam sabe os sacrifiacutecios que temos que fazer Sabe acima de tudo as condi-ccedilotildees que temos e consegue olhar para o resulta-

do como sendo bastante meritoacuterio

temOs em pOrtugal O apOiO que deviacuteamOs Ou que mereCiacuteamOs

Natildeo Eacute bastante revoltante olhar para outros desportos como eacute o caso do Futebol e termos um Presidente que termina o man-dato agrave frente da Federaccedilatildeo e que se sente orgulhoso por ter deixa-

do um balanccedilo positivo nas contas de muitos milhotildees de euros Mas

satildeo estes precisamente que ainda assim continuam a receber milhotildees e

milhotildees do Instituto Portuguecircs do Desporto e Juventude enquanto outras modalidades lutam pela sobrevivecircncia Acho que somos claramen-te sub-apoiados O desporto em Portugal eacute um espelho da Sociedade Haacute os muito ricos e haacute os muito pobres Os ricos satildeo cada vez mais ricos e os pobres satildeo cada vez mais pobres Eacute a mesma coisa com o desporto

quandO OlHa para Os nOssOs JOvens que pOtenCialidades vecirc neles para COn-seguirem CHegar aOs lugares CimeirOs da OrientaccedilatildeO eurOpeia e mundialTemos alguns jovens com bastante valor prin-

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cipalmente o Luiacutes Silva Trata-se dum atleta que tem um futuro brutal e acho que vai ser sem sombra de duacutevidas o melhor atleta portuguecircs dentro de muito pouco tempo Olhando de for-ma mais aprofundada para estes atletas eacute uma realidade que eles tecircm hoje melhores condiccedilotildees em relaccedilatildeo agravequilo que noacutes tiacutenhamos na altura Basta ver que os atletas jaacute se deslocam com al-guma frequecircncia ao terreno antes das grandes competiccedilotildees coisa que natildeo havia ateacute haacute muito pouco tempo atraacutes E depois haacute os estaacutegios de Seleccedilatildeo Mas deve reconhecer-se que lhes falta o treino fora da competiccedilatildeo Acho que falta al-gum espiacuterito de sacrifiacutecio no treino em casa que eacute o mais importante

o CLubE dE oriEntaccedilatildeo dE EstarrEJa Eacute dEsdE sEMprE o sEu CLubE quE signiFiCa-do tEM para si EstE EMbLEMa E Esta CaMi-soLa quE EnvErgaComecei na Orientaccedilatildeo aos 8 anos e a minha primeira experiecircncia foi no Desporto Escolar na minha terra Canelas uma pequena aldeia do Concelho de Estarreja A essa primeira pro-va seguiu-se uma ldquoQuinzena da Orientaccedilatildeordquo no veratildeo e nunca mais parei Haacute quinze anos que estou ligado a este clube e ele faz parte de mim Poderia dividir a minha vida em dois por um lado a parte profissional da Faculdade e por outro a Orientaccedilatildeo Por estranho que possa pa-recer a parte desportiva natildeo se encontra num plano inferior relativamente agrave parte profissio-nal Ambas as partes se complementam uma agrave outra Portanto a minha ligaccedilatildeo a este clube eacute muito grande satildeo muitos anos satildeo muitas pes-soas e ajudou-me a crescer

aos Miuacutedos quE agora datildeo os priMEiros passos quE ConsELhos dariaO conselho natildeo o daria aos miuacutedos se calhar da-va-o antes aos pais Tanto a escola como o des-porto andam muito ligados Se temos disciplina num acabamos por ter disciplina no outro Natildeo eacute por acaso se olharmos para os atletas de topo a niacutevel nacional todos eles satildeo excelentes es-tudantes e tecircm um futuro profissional bastante promissor Tudo parte de quem educa Eu tenho a sorte de ter uns pais que sempre me educaram bem e que sempre me deram o apoio necessaacuterio para conseguir fazer as duas coisas

E deixaria ainda um conselho mais aos pais o de virem fazer uma prova de Orientaccedilatildeo com os seus filhos Uma das grandes vantagens da Orientaccedilatildeo eacute ser para aleacutem do ldquodesporto da flo-restardquo o ldquodesporto da famiacuteliardquo

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EntrevistaConsidEra quE Esta EacutepoCa CorrEu dE aCordo CoM as suas ExpECtativasNa verdade digamos que a eacutepoca estaacute quase agrave beira de comeccedilar Depois do Campeonato do Mundo tirei mais tempo do que era habitual para descansar e tenho estado a fazer pratica-mente soacute manutenccedilatildeo A eacutepoca teve alguns per-calccedilos comecei a treinar na Repuacuteblica Checa e apesar de ter feito muito treino com mapa devi-do agraves questotildees climateacutericas e agraves poucas horas de luz acabei por ter uma carga de treino aqueacutem do desejaacutevel Depois de regressar a Portugal estava a treinar bem mas tive um percalccedilo e lesionei--me num peacute o que me obrigou a uma paragem de um mecircs Isso fez-me perder muito da minha boa forma e acredito que se natildeo fosse isso po-

deria ter chegado muito melhor ao Campeonato do Mundo e aiacute o resultado poderia ter sido outro Apesar de tudo os resultados acabaram por ser bem melhores do que estaria agrave espera

o obJEtivo a Curto praZo passa pELo tiacute-tuLo naCionaL absoLutoPor acaso esse eacute um tiacutetulo que nunca alcancei Vou comeccedilar a treinar a seacuterio para chegar nas melhores condiccedilotildees ao Campeonato Nacional Absoluto e esse vai ser um bom teste O objetivo eacute estar laacute para ganhar

Quanto agrave proacutexima eacutepoca espero apresentar-me agraves provas em melhor forma do que este ano e que os bons resultados possam aparecer oslash

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ofereccedila um garmin DeSemBruLHara caixa Seraacute Soacute o princiacutepio

este natal ofereccedila emoccedilotildees aventuras para quem viaja ou para os que correm para os que navegam no mar ou escalam montanhas Para os nadadores ou golfistas este natal ofereccedila um garmin

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Por Terra

ORIENTACcedilatildeOhellip DEsPORTO NA NATuREzA

Parque nacional torres del Paine Chile

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Cinco satildeo os sentidos estaacute nos manuais neles reside a possi-bilidade de um maior ou menor contacto da pessoa com aquilo que a rodeia Haacute ainda o sexto sentido aquela perceccedilatildeo extra--sensorial que parece ser mais propriedade das mulheres do que dos homens e que nas con-ceccedilotildees ocultistas estaraacute tam-beacutem sedeado num oacutergatildeo do nosso corpo Figurada ou ob-jetivamente eacute bom que todos eles ndash sem exceccedilatildeo - estejam suficientemente desenvolvi-dos sem isso natildeo haacute sentido de orientaccedilatildeo que aguente

A Orientaccedilatildeo eacute um Desporto recente em Portugal mas tem jaacute mais de 100 anos de existecircncia

enquanto desporto organi-zado Com efeito teraacute sido em Bergen - Noruega no ano de 1897 que se organizou a pri-meira atividade desportiva de Orientaccedilatildeo Os paiacuteses noacuterdicos satildeo ainda hoje aqueles onde a modalidade tem maior implan-taccedilatildeo mobilizando um nuacutemero de praticantes que coloca a

Orientaccedilatildeo entre os cinco des-portos com mais adeptos na Escandinaacutevia A maior prova do mundo realiza-se anual-mente na Sueacutecia os 5 dias da Sueacutecia com um nuacutemero de participantes que jaacute atingiu os 25000

Durante o seacutec XX a modali-dade foi evoluindo ateacute agrave criaccedilatildeo da Federaccedilatildeo Internacional de Orientaccedilatildeo (IOF) que fes-tejou em 2012 o 51ordm aniversaacuterio e veio normalizar mundial-mente as regras competitivas as normas para elaboraccedilatildeo dos mapas e as sinaleacuteticas a usar A Orientaccedilatildeo eacute praticada em quatro disciplinas diferentes Orientaccedilatildeo Pedestre Orien-taccedilatildeo em BTT Orientaccedilatildeo em Ski e Orientaccedilatildeo de Precisatildeo (Orientaccedilatildeo prioritariamente para deficientes motores)

Portugal tem marcado pontos na Orientaccedilatildeo para o desporto adaptado lanccedilando em 2012 a Taccedila de Portugal de Orientaccedilatildeo de Precisatildeo e criando um cir-cuito de Orientaccedilatildeo adaptada vocacionado prioritariamente para a deficiecircncia intelectual e

crianccedilas em idade preacute-escolar que eacute uacutenico no Mundo e que estaacute a ser jaacute implementado pela Espanha

o quE EacutePodemos dizer que a Orien-taccedilatildeo eacute um desporto completo Haacute o aspeto fiacutesico o treino no campo que se aproxima do treino dum atleta de fundo E haacute o aspeto mental que de-sempenha um papel funda-mental a leitura dos mapas o contra-reloacutegiohellip Eacute tambeacutem o desporto de natureza por exce-lecircncia Os orientistas saem dos trilhos balizados para pene-trarem no coraccedilatildeo da floresta Cada dia eacute uma nova aven-tura Daquele que se inicia na Orientaccedilatildeo ao mais consagrado dos praticantes haacute todo um mesmo espiacuterito de liberdade de fazer a sua proacutepria escolha do melhor itineraacuterio No Atle-tismo por exemplo a volta agrave pista teraacute sempre 400 metros quer seja aqui ou no Japatildeo Na Orientaccedilatildeo esta noccedilatildeo de dis-tacircncia tem muito pouco signi-ficado Tanto se pode fazer 10 quiloacutemetros numa hora e meia como em quarenta minutos E

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depois nunca existem duas florestas iguais Eacute o eterno recomeccedilo Na Austraacutelia ou na Suiacuteccedila no Japatildeo ou na Escandinaacutevia eacute necessaacuterio uma adaptaccedilatildeo a cada local natildeo haacute lugar a repeti-ccedilotildeeshellip

Cada corredor possui uma buacutessola e um mapa que contrariamente a um mapa normal conteacutem uma enorme diversidade de detalhes acerca dos seus elementos caracteriacutesticos (relevo do ter-reno vegetaccedilatildeo caminhos elementos rochosos construccedilotildees e muito mais) Os mapas satildeo rea-lizados segundo as normas especiacuteficas da Fede-raccedilatildeo Internacional de Orientaccedilatildeo que tem sede na Finlacircndia Aleacutem da legenda sobre os siacutembolos nele representados existe ainda uma sinaleacutetica

proacutepria que tem a ver com o percurso que o praticante vai realizar nesse evento e que eacute uma linguagem uni-versal

A partir do momento em que se potildee em marcha o cronoacutemetro o orientista deve efe-tuar o seu percurso que eacute marcado no mapa e que eacute cons-tituiacutedo por uma par-tida (representada por um triacircngulo) uma seacuterie de pontos de

passagem obrigatoacuterios (representados por ciacuter-culos) e a chegada (representada no mapa por dois ciacuterculos concecircntricos) Estes pontos satildeo materializados no terreno sob a forma de um prisma triangular denominado por baliza e a passagem deve ser validada por um sistema de ldquopicotagemrdquo manual ou eletroacutenica O objetivo consiste em fazer o percurso na sequecircncia in-dicada o mais rapidamente possiacutevel Mas entre cada ponto de passagem a escolha do itineraacuterio fica ao criteacuterio de cada um

O percurso em linha reta evidentemente nem sempre eacute o mais raacutepido Eacute necessaacuterio jogar com as inflexotildees do terreno os lagos os muros e outros acidenteshellip O tempo gasto a percorrer o traccedilado da corrida depende sobretudo do meio sobre o qual a mesma se desenrola Em terrenos como na Escandinaacutevia onde o relevo eacute mais duro numa mesma distacircncia poderemos gastar quase o dobro do tempo que gastariacuteamos num terreno plano e sem o mesmo tipo de obs-taacuteculos

Por Terra

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O conhecimento do relevo eacute a parte mais difiacutecil Eacute neces-saacuterio aprender a imaginar um terreno a trecircs dimensotildees sobre o mapa Claro que natildeo eacute apenas isto Para quem tem mais dificuldade em possuir a visatildeo a trecircs dimensotildees esta in-suficiecircncia pode ser compensada com outras qualidades nomeada-mente a atenccedilatildeo Mas nem todos pos-suem igualmente esta capacidade mental Como na generalidade dos desportos eacute neces-saacuteria uma longa aprendizagem onde o treino teacutecnico a vivecircncia de situaccedilotildees mais variadas e o nuacutemero de florestas ldquovisitadasrdquo desempe-nham um papel fundamental Eacute agrave medida que o tempo passa que o orientista aprende a adaptar o seu comportamento a reagir cada vez mais rapidamente e a encontrar as melhores opccedilotildeesO desporto natildeo eacute muito mediatizado e o espiacute-rito da Orientaccedilatildeo eacute o de permanecer livre Eacute um desporto ainda preservado de certas po-leacutemicas ldquodopingrdquo e outros malabarismos daiacute que muitos orientistas digam que natildeo seja mau de todo que ele permaneccedila ldquoconfidencialrdquo

Grandes Competiccedilotildees em 2013

Em 2013 as grandes competiccedilotildees internacio-nais onde Portugal vai querer estar presente

satildeo as seguintes

- Campeonato do Mundo de Juacuteniores ndash Repuacuteblica Checa (29jun-06 de julho) wwwjwoc2013cz

- Campeonato do Mundo Elite ndash Finlacircndia (07-14 jul)

wwwwoc2013fi- Campeonato do Mundo ve-

teranos ndash Itaacutelia (02-10 ago) wwwwmoc2013it

- Campeonato da Europa de Jovens ndash Israel (03 de novembro) wwweyoc2013org

portuGal na alta roda Mas Portugal vai ter brevemente grandes desa-fios pela frente- Em 2013 organiza uma etapa da Taccedila do Mundo de seacuteniores e o Campeonato do Mundo de Vete-ranos de Orientaccedilatildeo em BTT - Costa Alentejana entre 09 e 13 de outubro- Em 2014 organiza em Palmela de 9-14 de abril e em paralelo o Campeonato da Europa de Orientaccedilatildeo Pedestre e o Campeonato da Eu-ropa de Orientaccedilatildeo de Precisatildeo wwweoc2014fpopt

Carnaval o ponto alto Desde 1996 que Portugal realiza a sua prova ra-inha que atrai os melhores especialistas a Por-

Eacute um desporto ainda

preservado de certas poleacutemicas ldquodopingrdquo e outros malabarismos

daiacute que muitos orientistas digam que natildeo seja mau de todo que ele perma-

neccedila ldquoconfiden-cialrdquo

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Por Terratugal Eacute O Portugal Orsquo Meeting que desde 2000 se realiza no Carnaval com a duraccedilatildeo de 4 dias e pontuaacutevel para a liga Mundial de orientaccedilatildeo pedestre nos percursos de Elite Em 2013 Por-tugal vai receber pela primeira vez trecircs eventos pontuaacuteveis para a Liga Mundial02 e 03 de fevereiro ndash Norte Alentejano Orsquo Mee-ting ndash Nisa (wwwnaompt)09ndash12 de fevereiro ndash Portugal Orsquo Meeting ndash Idanha-a-nova (wwwpompt)16 e 17 de fevereiro ndash XIV Meeting de Orien-taccedilatildeo do Centro ndash Pombal (wwwcocpteventos16fev2013)

OrientaccedilatildeO muitO mais dO que um despOr-tOOlhando para a modalidade de uma forma mais transversal podemos enquadraacute-la aleacutem de mo-dalidade desportiva com aacutereas como o Ambien-te a Educaccedilatildeo e as Novas Tecnologias As qua-tro vertentes atraacutes enunciadas reunidas numa soacute tem a ver tambeacutem com solidariedade

Ambiente porque a Orientaccedilatildeo eacute o ldquoDesporto da Florestardquo fazendo de cada praticante um guardiatildeo e um amigo de tatildeo valioso patrimoacutenio Educaccedilatildeo porque eacute uma modalidade onde se aglutinam mateacuterias tatildeo nucleares como a Ma-temaacutetica ou a Geografia e se desenvolvem com-petecircncias como a capacidade de interpretaccedilatildeo ou o poder de decisatildeo por isso ser considerada prioritaacuteria para o Desporto Escolar Novas Tec-nologias porque eacute das modalidades que mais depende dos Meios Informaacuteticos a todos os niacute-veis do controlo de tempos agrave cartografia mais desenvolvida que existe Desporto porque pro-move a atividade fiacutesica e a Sauacutede dirigindo-se de igual forma agravequeles que individualmente a praticam ao niacutevel da alta competiccedilatildeo como agraves crianccedilas ou agraves famiacutelias que vecircm nela uma forma

de promover o seu bem estar fiacutesico e reforccedilar os laccedilos de amizade e convivialidade

E solidariedade porque vive da forccedila que projeta nos seus praticantes

trabalhando desinteressadamente em prol da modalidade em prol do paiacutes

Porque a Orientaccedilatildeo eacute Ambiente eacute Educaccedilatildeo satildeo Novas Tecnolo-gias eacute Desporto Porque a Orien-

taccedilatildeo gera Riqueza e gera Sauacutede Porque a Orientaccedilatildeo eacute de todos e

para todos Interessa a todos Inte-ressa ao Paiacutes Daiacute que eacute urgente que

todos venham experimentar e que descu-bram as belezas deste Paiacutes de mapa na matildeo oslash

Fernando Costa e Joaquim margarido

Olhando para a modali-

dade de uma forma mais transversal po-

demos enquadraacute-la aleacutem de modalidade desportiva

com aacutereas como o Am-biente a Educaccedilatildeo e

as Novas Tecnolo-gias

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Natildeo podiacuteamos esperar mais Saiacute-mos do Youth hostel debaixo de chuva tendo como esperanccedila al-guma falha nas previsotildees meteo-roacutegicas para as horas seguintes Insiacutepidos e molhados desde cedo buscamos abrigo no highland center

dia 4 - 02set12 highland center ndash nyidalur hut 110km Toda a ilha eacute uma zona livre de stress Quando percorremos a fantasmagoacuterica Sprengisadur route (F26) percebemos que es-tamos livres de tudo ateacute do nosso juiacutezo A nossa ambiccedilatildeo quando tracaacutemos esta rota era atraves-saacutermos o paiacutes de sul para norte e passarmos entre os glaciares Holsjokul e VatnajokullA natureza pode ser simulta-neamente dura delicada e cruel como foi ontem mas foi genero-sa connosco hoje ao permitir-nos ver a paisagem de cascalho solto nua sempre do mesmo tom cas-tanho escuro

O silecircncio ganhou espaccedilo ateacute ao momento em que conseguimos chegar ao abrigo de montanha (hut)

dia 5 - 03set12 - nyida-lur hut ndash rest dayNem pensar em cruzar a precio-sa porta do abrigo Laacute fora estaacute tudo muito branco e diferente daquilo a que estamos habitua-dos e por isso mantivemo-nos no hut de Nyidalur (na base do vulcatildeo Tungnfell) durante 2 noi-tes por seguranccedila O fogatildeo estaacute sempre aceso e tem uma enorme panela com aacutegua pronta a aque-cer quem chegue

Para que possamos variar do esparguete e noodles (jaacute natildeo haacute muito) vamos tentar fazer patildeo O resultado da nossa experiecircncia a juntar ingredientes com nomes impronunciaacuteveis em que iacuteamos provando para perceber o que era deu num cruzamento entre o patildeo e o rissol O duo de motards que dividiam o hut connosco re-petiram Significa que inventaacute-mos mais um pastel falta soacute dar um nomehellipO Ranger do Parque Nacional acaba de chegar ao hut e veio confirmar que somos mesmo malucos por estarmos nas high-lands nesta eacutepoca Aleacutem disso avisou que vai haver tempestade para esta noite e amanhatilde

dia 6 - 04set12 - nyidalur hut- rest dayLaacute fora estatildeo 0ordmC e as bicicletas encostadas imoacuteveis sujeitas a mais um teste de resistecircncia O nosso passatempo eacute assar ba-tatas ver quem passa e a forma como transpotildeem o rio A nossa vez de partir vai chegar ainda natildeo sabemos eacute quando Para jaacute passa a 3ordf noitehellip

dia 7 - 05set12 - nyidalur hut ndash Laugar 129kmO som do vento acorda-nos mui-to cedo e era semelhante ao do dia anterior Se a direccedilatildeo se man-tivesse de norte significava mais um dia perdido Inquieto dirijo--me ateacute agrave janela para observar o uacutenico ponto de referecircncia no ex-terior uma bandeira chicoteada pelo vento vindo de sulEstava dado o sinal de partida para mais do que uma maratona nas highlands Ao longo do ca-minho a neve mantinha-se por vastas aacutereas e o vento empur-rava-nos ao mesmo tempo que nos congelava as extremidades e queimava a pele

Foi uma benccedilatildeo a ajuda do Ran-ger para transpormos 2 rios em

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seguranccedila sem nunca nos molharmos A aacutegua que noacutes e os islandeses bebem vem de rios como estes sem qualquer tipo de tratamento

DIA 8 - 06set12 Laugar ndash Lago Myvatn- Lau-gar 85 kmFoi tanta a privaccedilatildeo nos dias anteriores que hoje sonhaacutemos com o pequeno almoccedilo que teriacuteamos pela manhatilde antes de nos deslocarmos para o Lago Myvatn Este lago imenso e a aacuterea envolvente satildeo um dos grandes tesouros europeus Durante a nossa volta circular toda a paisagem eacute surreal Lava fumo a sair da terra crateras aacutegua e montanhas vulcacircnicas

Haacute muitos dias que transportamos os fatos de ba-nho na pequena mochila que vai agraves costas na es-peranccedila de um banho quente em qualquer charco inesperado Hoje tivemos o nosso primeiro hot pot Eles satildeo um must nesta regiatildeo (eacute como estar num jacuzzi no meio da rua com um cenaacuterio deslum-brante)

DIA 9 - 07set12 Laugar ndash Akureyri 67kmIsto de pedalar com vento natildeo tem graccedila nenhu-ma especialmente porque natildeo se consegue ter mo-

mentos de contemplaccedilatildeo parados Em dias assim eu sou a ponta da flecha que abre uma fissura no vento e permite que a Filomena possa andar na roda Acabar eacute uma vitoacuteria mas natildeo existe gloacuteria quando se chega ao fimAkureyri eacute a capital do norte e a 2ordf cidade maior do paiacutes com 18000 habitantes civilizaccedilatildeo situada num fiorde rodeado de cumes nevados uma escolha acertada para ficar um dia a descansar

DIA 10 - 09set12 Akureyri- Varmahliacuteo 95 kmMesmo a pedalar sobre a Route 1 os grandes hori-zontes continuam a fazer parte desta viagem An-damos pelos vales e seguimos os cursos dos rios alimentados pelas aacuteguas que escorrem incessante-mente das arribas que nos flanqueiamPodia afirmar que estou eufoacuterico diante das infini-tas possibilidades que tenho pela frente mas natildeo estou Novo aviso de tempestade acompanhada de ventos fortes (23 ms) natildeo convida a grandes aven-turas

Por hoje natildeo precisamos de nos preocupar esta-mos bem abrigados numa quinta na aldeia de Var-mahliacuteeth com 130 pessoas

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DIA 11 -10set12 Varmahliacuteo ndash Rest dayParece que o inverno veio todo num soacute dia e pintou tudo de branco O supermercado estaacute a 300 metros mas eacute como se fosse uma miragem Temos mais um dia de paragem forccediladaO nevatildeo ganha cada vez mais terreno agrave medida que as horas avanccedilam A estrada estaacute interdita agrave maio-ria dos veiacuteculos e por precauccedilatildeo as pessoas satildeo aconselhadas a procurar alojamentoEm pouco tempo a senhora Inda de 81 anos que haacute poucas horas parecia ter uma vida pacata a co-chilar no seu sofaacute mostrou-nos como eacute uma ver-dadeira mulher do norte Enquanto nos convidava para um lanche com bolos caseiros mostrava or-gulhosamente os aacutelbuns de famiacutelia recebia os tu-ristas que iam chegando e quando a lotaccedilatildeo esgo-tou pegou no seu jeep e conduzia estrada fora para os ir alojar

DIA 12- 1set12 Varmahliacuteo ndash Saeberg (hostel) 15kmEsta aventura jaacute foi longe demais Temos metade da quilometragem que planeaacutemos centenas de peripeacutecias e riscos incalculados e soacute nos apetece chegar agrave capital Laacute fora tudo continua branco e a abanar no entanto existe a necessidade de arran-car Estamos confiantes nas previsotildees para o dia de hoje mesmo quando aquilo que vemos natildeo inspira confianccedila

Comeccedila a nevar comeccedila a montanhahellipVaacuterios car-ros estatildeo soterrados nas bermas os flocos voam magoam as faces e a subida ainda vai no iniacutecio Me-tro a metro vamos quebrando o gelo Quem passa tira fotografias e fica increacutedulo Noacutes tambeacutem Natildeo sabemos como equilibrar as 2 rodas perante esta manifestaccedilatildeo da natureza As equipas de emergecircn-cia patrulham a aacuterea e noacutes fazemos ldquolikerdquo sem nos apercebermos que as descidas se tornariam autecircn-ticos escorregasPedimos ajuda e somos resgatados ateacute ao nosso destino Estaacute um sol maravilhoso e as vistas satildeo lindas A vida eacute tatildeo bela porque seraacute que ando de bicicleta em siacutetios tatildeo difiacuteceisPronto Depois de 1h dentro do hot pot percebe-mos porque natildeo ficamos em casa Casa eacute onde estaacute o nosso coraccedilatildeo

DIA 13 - 12 e 13 set12 Saeberg ndash Borgarnes ndash Reykjavik 226kmsEstamos a oeste mas o nosso sentido eacute cada vez seguir para mais perto do nosso ponto inicial O isolamento e a ausecircncia da matildeo humana con-tinuam a ser uma das grandes referecircncias deste paiacutes Os horizontes ateacute Borgarnes perdem a cor e parecem-se com tantos outros que jaacute vimos noutros lugaresReykjavik natildeo estaacute isolada natildeo estaacute no topo de uma

montanha e nem sequer haacute nada de extremo nesta cidade

DIA 14 - 14 set12 Reykjavik ndash Rest dayA capital natildeo nos cativa eacute exageradamente cara e parece viver soacute de noite

DIA 15 - 15 set12 Reykjavik ndash Keflavik 49kmFelizmente que as imagens que estamos a ver e que satildeo iguais ao primeiro dia representam ape-nas uma pequena amostra deste paiacutes Natildeo haacute aacutervo-res natildeo haacute rios natildeo haacute vales apenas uma rugosa paisagem lunar fruto da forte atividade vulcacircnica nesta peniacutensula

Ateacute ao aeroporto jaacute natildeo contamos observar nada daquilo que enche as brochuras e panfletos que se podem encontrar e consultar espalhados por qual-quer parte desta linda ilha Resta-nos pedalar

EPIacuteLOGO Natildeo satildeo os nuacutemeros que fazem uma via-gem de SONHO Os quiloacutemetros ambicionados os desniacuteveis previstos os dias programados ficaram aqueacutem do planeado Mas as expectativas planeadas foram largamente ultrapassadas pois tivemos expe-riecircncias uacutenicas em cenaacuterios de Sonho com amiza-des imprevistas

Nesta ilha todos os sentidos experimentaram a na-tureza em estado puro A esta latitude tudo se torna impreviacutesivel os 6 dias que ficaacutemos retidos e os 1400 quiloacutemetros percorridos hoje parecem pouco vistos agrave distacircncia num lugar seguro

AGRADECIMENTO Aos nossos apoiantes ndash Terra dos Sonhos Cofides Competiccedilatildeo Movefree Bike performance Center D-Maker Ortik Bike Magazi-ne Bivaque Extramedia Portal Aventuras

Um agradecimento muito especial agrave missatildeo da For-ccedila Aeacuterea Portuguesa ndash Iceland Air Policing que nos recebeu e transportou as nossas bagagens no re-gresso a Portugal Bem hajam oslash

Ricardo Mendes e Filomena Gomes

MAIS PORMENORES E FOTOS

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Luiacutesa Tomeacute

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Aventura- Tsiiii tsiiii ndash o meu olhar desviou-se do hori-zonte que observava tentando encontrar por perto de onde vinha o som daquele assobio

- Satildeo as marmotas Estatildeo a avisar as outras que noacutes estamos por perto eacute assim que comunicam principalmente se sentem algum perigo - o Heacutel-der ria do meu ar confuso Ia jurar que o assobio vinha de um ser humano Foi a primeira vez que avistei este simpaacutetico mamiacutefero Imagino esta marmota no meio dos peluches do quarto das minhas filhas Satildeo sem duacutevida um animal sim-paacutetico estes excelentes escavadores que vivem em altitudes desde os 900m aos 3200m Nove meses do ano passam-no a hibernar Estamos em pleno veratildeo nos Alpes e as marmotas estatildeo em grande atividade armazenando energias para o inverno Conseguimos avistar os outros elementos da coloacutenia ldquode peacuterdquo alerta Foi um bom motivo para uma merecida pausa tirar a mochila hidratar comer uma barra energeacutetica

Jaacute haviacuteamos percorrido grande parte do trilho que nos levaria ao Refuacutegio Albert I Eacute aqui que pernoitaremos para iniciar a nossa aclimataccedilatildeo Saiacutemos da pequena vila de Le Tour de onde partem os telefeacutericos usados no inverno para aceder agraves pistas de esqui No veratildeo continuam em atividade facilitando o percurso aos trekkers que natildeo queiram palmilhar o desniacutevel de cerca de

700m que os separa do Col de Balme- Estamos a aclimatar e tambeacutem a treinar nem pensar em usar meios mecacircnicos ndash Helder sor-ria a dizer esta frase Foi quanto bastou para perceber que a manhatilde ia ser longa Depois de vencermos grande parte do desniacutevel chegamos a um local de onde se pode avistar a cordilheira do monte Branco la Verte os Drus as Aiguil-les de Chamonix e o Monte Branco com os seus 4810m Mas que local magniacutefico para aclimatar pensei Para subir em altitude temos que permi-tir ao nosso organismo que se habitue gradual-mente agrave falta de oxigeacutenio a que vai ser exposto Para isso vamos fazendo caminhadas subindo gradualmente para que ao fim de alguns dias jaacute estejamos mais aptos a entrar numa zona em que a pressatildeo atmosfeacuterica eacute menor e o oxigeacutenio do ar mais rarefeito

Ao chegar agrave moreia do glaciar do Tour resta-nos uns 200 m para o nosso objetivo A 30 de agosto de 1930 o rei Alberto I da Beacutelgica inaugurou o primeiro refuacutegio que tem o seu nome Em 1935 o refuacutegio foi ampliado no entanto natildeo foi sufi-

ciente e o atual precariamente empoleirado num penhasco a uma altitude de 2706

inaugurado a 12 de julho de 1959 foi construiacutedo perto do primeiro

edifiacutecio Natildeo posso deixar de me impressionar ao avistaacute-lo e quando chego sento-me na varanda feliz por poder apre-

Esta-mos em pleno

veratildeo nos Alpes e as marmotas estatildeo em grande ativida-de armazenando energias para o

inverno

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ciar vistas tatildeo magniacuteficas ehellip por poder tirar as botas Natildeo tinha botas de alta montanha mas um amigo comprou umas plaacutesticas em segun-da matildeo em Chamonix e sorte das sortes eram o meu nuacutemero Fiz este trekking com elas para me habituar resultou Mas os meus peacutes supli-cavam por ar fresco Soacute conseguimos dar o de-vido valor ao momento de descanso conversa contemplaccedilatildeo numa varanda dum refuacutegio se jaacute tivermos percorrido umas boas horas por trilhos de montanha Saboreei ao maacuteximo este tempi-nho sabia que a tarde era guardada para treino no glaciar como andar em cordada e escalada no gelo Eacute sempre bom relembrar as bases um acidente pode acontecer quando descuramos as regras mais simples e esta tarde foi fundamental para isso Um sol magniacutefico vistas deslumbran-tes ambiente descontraiacutedo Natildeo deixar a corda a tocar o chatildeo nunca a pisar nem a ter dema-siado em tensatildeo Esta sintonia entre elementos de cordada trabalha-se e soacute com o treino a con-seguimos obter Amanhatilde vamos sair ao nascer do dia em direccedilatildeo agrave Aiguille du Tour Esta for-maccedilatildeo com 3540m eacute muito popular entre as pes-soas que tentam a ascensatildeo ao Monte Branco Eacute relativamente faacutecil a sua subida pela face leste

A meteorologia na manhatilde da nossa subida esta-va perfeita Adoro toda a logiacutestica de preparaccedilatildeo de saiacuteda do refuacutegio O acordar ainda de noite os ruiacutedos leves e abafados dos mais madrugadores na camarata o som dos passos ainda lentos no chatildeo de madeira Tento concentrar-me para natildeo me escapar nada ter todo o material colocado e sentir-me confortaacutevel Saio do refuacutegio e o ar

fresco da montanha acorda os meus sentidos Comeccedilamos a subir o glaciar frontais ligados muacutesculos a aquecer A inclinaccedilatildeo eacute moderada e rapidamente chegamos ao colo superior do Tour que marca a fronteira da Franccedila com a Suiacuteccedila ndash Trouxeram o passaporte Vamos pas-sar no posto fronteiriccedilo ndash pergunta o Heacutelder a sorrir Atravessamos agora o glaciar de Trient o sol aquece-nos e as vistas satildeo surpreendentes Ao chegar agrave base da aguille do Tour fazemos o nosso merecido descanso comer beber aacutegua apreciar a beleza que nos circunda Vem agora a parte divertida para quem gosta de escalar em rocha Iniciamos calmamente a nossa subida vamos ouvindo algumas orientaccedilotildees progredin-do e fazendo manobras para passar nas zonas mais expostas ateacute chegarmos ao topo Emocio-no-me com a beleza agrave minha volta O meu pen-samento liga-se a algueacutem muito querido que haacute bem pouco tempo deixou a vida terrena sinto a sua proximidade Um abraccedilo forte da minha amiga de escalada traz-me novamente agrave terra E ali agrave nossa frente majestoso quase como que a chamar-nos o Monte Branco

Foi nesse mesmo dia que regressamos a Chamo-nix Uma longa descida animada pela conversa descontraiacuteda sobre os Alpes - Haacute sempre tanto que contar desta cordilheira travessias espeta-culares que se podem fazer ndash ouvia atenta as histoacuterias que me contavam era a minha primei-ra vez nos Alpes e jaacute estava cativada Cativada ateacute pela proacutepria cidade de Chamonix Eacute um lo-cal onde se respira ar livre Da varanda do nos-so apartamento para onde quer que olhe vejo

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Aventuraatividades outdoor Ouccedilo os risos alegres dum grupo que desce o rio fazendo rafting observo o ceacuteu colorido pelos parapentes as pessoas pas-sam na rua equipadas com roupa de montanha Cheguei a Chamonix haacute dois dias de comboio Quando deambulava pelas suas ruelas cho-quei com uma curiosa estaacutetua onde um homem aponta a outro o cume do Monte Branco

- Eacute Jacques Balmat que estaacute a apontar para o cume ele foi o primeiro homem a subir esta montanha a 8 de agosto de 1786 acompanha-do do meacutedico Michel Paccard Saiacuteram de Cha-monix acamparam no cume da Montagne de la cote a 2630m agraves 4 da manhatilde partiram e chega-ram ao cume por volta das 6h da tarde Balmat nasceu neste vale era um caccedilador de cristais tinha uma vontade de ferro e um instinto para as montanhas Paccard era meacutedico em Chamonix e um excelente alpinista adorava botacircnica e mi-nerais Tambeacutem lhe erigiram aqui uma estaacutetua

Foi ele que conheceu Horace-Beacute-neacutedict de Saussure que ini-

ciou a corrida do primeiro homem a subir ao Monte Branco ndash disse-me Joatildeo

- E esse Saussure tam-beacutem era alpinista ndash perguntei curiosa

- O seu interesse pela botacircnica trouxe-o ateacute aos

Alpes e percorreu grande parte desta cordilheira co-

meccedilando a trabalhar no sentido de esclarecer a topografia da parte ne-

vada dos Alpes nessa eacutepoca praticamente des-conhecida Foi em 1760 que veio aqui pela pri-meira vez e ofereceu uma recompensa a quem escalasse o Monte Branco Ele tentou fazecirc-lo sem sucesso- Entatildeo nunca chegou a subir

- Sim conseguiu mas soacute em 1787 jaacute tinha 47 anos e levou 18 guias com ele Relembro as palavras que li do fotoacutegrafo de montanha C Douglas Milner ldquoA subida em si foi magniacutefica uma incriacutevel faccedilanha de coragem grande resistecircncia realizada por estes dois ho-mens apenas sem corda e sem piolets muito sobrecarregados com equipamentos cientiacuteficos e com longos bastotildees com pontas de ferro O bom tempo e uma lua luminosa garantiram o seu regresso com vidardquo

O dia seguinte foi passado a descansar visitar o Museu da Montanha e espreitar a meteoro-

Foi em 1760 que veio aqui

pela primeira vez e ofereceu uma recom-

pensa a quem escalas-se o Monte Branco Ele tentou fazecirc-lo

sem sucesso

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Um dos pontos al-tos eacute ir agrave roulotte

dos waffles delei-tarmo-nos com este

delicioso doce No fi-nal do dia ainda pude-

mos assistir a um espetaacute-culo de muacutesica e danccedila celta

na praccedila central O ambiente eacute descontraiacutedo a praccedila estaacute cheia de gente e a muacutesica faz sempre bem agrave alma Joatildeo recebe um telefonema

- Estaacutes nos Alpes Natildeo vatildeo poder subir amanhatilde aproxima-se uma tempestade Mas tenho boas notiacutecias tens uma janela de bom tempo no dia seguinte se quiserem aproveitar - Disse Viacutetor Baiacutea sempre bem informado sobre os fenoacuteme-nos meteoroloacutegicos

O dia em que vai haver ldquouma abertardquo para subir eacute o mesmo dia em que temos voo para Lisboa

desde Genebra Ficamos um pouco a pensar no que decidir e claro temos que arriscar Na mon-tanha eacute assim tem que haver flexibilidade es-tamos dependentes das condiccedilotildees climateacutericas e aproveitar quando nos eacute proporcionado bom tempo

A rota que vamos seguir natildeo eacute a mais utilizada eacute chamada rota dos trecircs cumes Esta rota eacute mais exigente fiacutesica e tecnicamente do que a rota do Goucircter No entanto com faacutecil acesso a partir do telefeacuterico da Aiguille du Midi este percurso tor-nou-se a segunda rota mais popular para esca-lar o Monte Branco O percurso inicia-se na Ai-guille du Midi seguindo pelo Col du Midi antes de subir o Monte Branco atraveacutes do Mont-Blanc du Tacul (4248m) e Maudit Mont (4465m) Esta rota requer condiccedilotildees estaacuteveis na neve do Mont Blanc du Tacul e Mont Maudit e tem uma eleva-ccedilatildeo acumulada de 1425m O refuacutegio Cosmiques estava lotado a nossa uacuteni-

- Es-taacutes nos Alpes

Natildeo vatildeo poder subir amanhatilde aproxi-ma-se uma tempestade

Mas tenho boas notiacutecias tens uma janela de bom tempo no dia seguinte

se quiserem apro-veitar

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Aventura

estaccedilatildeo do telefeacuterico da Aiguille du Midi Este telefeacuterico foi construiacutedo em 1955 e manteve o tiacutetulo de ser o mais alto do mundo durante duas deacutecadas Ele ainda deteacutem o recorde como o te-lefeacuterico com a ascensatildeo vertical mais alta no mundo de 1035 m para 3842 m Haacute duas se-ccedilotildees de Chamonix para o Plano de lAiguille a 2317 m e depois diretamente sem qualquer pi-lar de apoio para a estaccedilatildeo superior a 3777 m Apanhamos o uacuteltimo telefeacuterico do dia cerca de 20 minutos depois estaacutevamos no terraccedilo a tentar admirar as lindiacutessimas vistas que se tem deste local No entanto o mau tempo previsto estava certo e a visibilidade natildeo era mais de 20 m agrave nossa frente Estava desanimadiacutessima

- Como eacute possiacutevel daqui a poucas horas termos bom tempo para subir ndash Perguntei increacutedula- Estamos na montanha Luiacutesa a meteorologia muda rapidamente Temos que aguardar ndash Afir-mou Joatildeo calmo e confiante

Fomos procurar um local onde pudeacutessemos descansar ateacute agrave meia-noite hora marcada para a nossa partida O percurso eacute longo com bas-tante desniacutevel e na realidade o voo para Lisboa eacute amanhatilde Quando acordei o som dos ventos fortes que se faziam ouvir misteriosamente desaparece-ram Depois de comer e fazer a confirmaccedilatildeo do equipamento dirigimo-nos para a aresta que nos levaraacute ao Valleacute Blanche Foi com extrema curiosidade que me dirigi agrave saiacuteda Como esta-raacute o tempo A calma e tranquilidade que senti ao sair para o exterior foi-me trazida pela ma-ravilhosa paisagem que tinha agrave minha frente Afinal depois da tempestade vem a bonanccedila e a visatildeo deste vale imaculado sob um ceacuteu estre-lado sem ningueacutem sem pegadas sem luzes de frontais foi brutal Ao comeccedilar a descer a ares-ta conseguimos ver o refuacutegio Cosmiques ainda adormecido Fomos mesmo os primeiros a sair o que representa um privileacutegio por um lado e

No entanto o mau tempo pre-

visto estava certo e a visibilidade natildeo era mais de 20m agrave nossa frente Estava desa-

nimadiacutessima

Ainda foi longa a nossa caminhada sempre a encontrar forccedilas e energia onde quer que elas estivessem escondidas Paraacutevamos de vez em quando agrave espera da outra cordada de amigos e por fim cerca das 10h da manhatilde atingimos o cume Tento tirar fotos mas a maacutequina fotograacute-fica natildeo ajudou fiquei sem bateria Natildeo faltam maacutequinas para o fazer e depois de um breve descanso temos que iniciar a descida pela mes-ma rota Eacute uma descida que acaba por ter al-gumas subidas sendo por isso mais demorada Mas a alegria de ter cumprido o objetivo o dia tatildeo calmo e luminoso a companhia dos amigos supera qualquer tipo de cansaccedilo

Tive um sentimento de saudade ao chegar nova-mente ao Valleacute Blanche e olhar para traacutes para o trilho percorrido olhar aquele vale agora agrave luz do dia atravessado por tantas pegadas Olho de relance para a uacuteltima subida que nos falta fazer a aresta que nos levaraacute ao telefeacuterico na Aguille du Midi Faccedilo esta subida confiante como se ti-vesse deixado para traacutes todo o esforccedilo e cansaccedilo extremo desta maravilhosa aventura

Com grande pena natildeo pude comemorar em Chamonix nessa noite mas comemorei com imensa alegria ao reencontrar-me com a mi-nha famiacutelia orgulhosa de mim afinal estive no mesmo dia no cume do Monte Branco de manhatilde e agrave noite na minha cama quente e confortaacutevel em Lisboa oslash

Luiacutesa Tomeacute

Papa-Leacuteguaswwwpapa-leguascom

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um esforccedilo acrescido por outro Relembro a tra-vessia do glaciar do Tacul a ldquofazer trilhordquo o som dos campons na neve ecoava num ritmo proacute-prio pousava a minha bota no local exato onde o Joatildeo tinha feito a pegada como que num jogo em que quando falhava acrescia o esforccedilo que teria que fazer O som de passos intensifica-se temos mais madrugadores connosco Deixamo--los passar jaacute vimos a fazer trilho haacute bastante tempo eacute a vez de outros agora

Quando chegamos agrave ldquoparederdquo do Mont Blanc du Tacul jaacute temos algumas pessoas agrave espera para subir O sol ainda natildeo subiu para nos aquecer esperamos junto agraves cordas a nossa vez os peacutes comeccedilam a dar sinal de frio Iniciamos a subida os piolets e os crampons cravam-se certeiros no gelo a corda ajuda na subida Comeccedilo a ficar cansada e a hesitar paro por uns momentos sinto a boca seca o coraccedilatildeo a bater forte olho para cima jaacute natildeo falta muito - Piolet numa matildeo corda na outra sobe Luiacutesa ndash a voz do Heacutelder trouxe-me lucidez A energia que me faltava regressou Concentro-me e con-tinuo a subida pedaccedilos de gelo passam por noacutes arrancados aquela parede cheia de gente dese-josa de ultrapassar possivelmente o obstaacuteculo mais duro desta rota

O trilho continua pelo beliacutessimo Mont-Maudit apesar do seu nome O sol jaacute vai alto comeccedila a aquecer haacute que comeccedilar a tirar camadas Natildeo podemos desidratar Col de la Brenva um chaacute quente e uma bolacha Apetece ficar jaacute aqui as vistas satildeo surpreendentes Mas natildeo eacute este o nos-so objetivo vamos continuar a subir

Entrevista Diogo Miguel - (Oti-Estarreja)

ldquoO DEsPORTO EM PORTuGAL eacute uM EsPELhO DA sOCIEDADErdquo

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Entrevista

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Sabe acima de tudo as con-

diccedilotildees que temos e consegue olhar para o

resultado como sen-do bastante meri-

toacuterio

OutdOOr COmO eacute pOssiacutevel algueacutem COm-patibilizar a preparaccedilatildeO enquantO atleta de OrientaccedilatildeO de elite COm as exigecircnCias dum 6ordm anO dO CursO de medi-Cina

diOgO miguel O segredo reside sobretudo na motivaccedilatildeo Toda a gente consegue tirar um curso e fazer desporto e inclusivamente se gos-tar consegue treinar todos os dias Mas se esti-ver motivado o suficiente consegue levantar-se cedo para correr agraves seis da manhatilde estar na Fa-culdade agraves oito e meia sair agraves quatro da tarde e ir treinar outra vez estudar ateacute agraves dez da noite e dormir porque amanhatilde eacute outro dia Eacute preci-so estar-se motivado para abraccedilar esta vida durante o ano inteiro

Haacute quantO tempO eacute que as COisas satildeO levadas assimQuando comecei a fazer Orien-taccedilatildeo natildeo tinha grandes preo-cupaccedilotildees com o treino Durante os anos de faculdade jaacute treinava bastante a seacuterio mas foi haacute dois ou trecircs anos quando comecei a ser treinado pelo Professor Bruno Nazaacuterio que aumentei a carga de trei-no para o bi-diaacuterio A partir daiacute passei a ter o meu tempo totalmente ocupado Satildeo os estaacutegios do Curso o tempo de deslocaccedilatildeo para Hospitais da periferia uma tese para defender Este ano seraacute bastante mais exigente que os anteriores se calhar natildeo vou poder fazer treino bi-diaacuterio todos os dias como gostaria mas ainda assim vou pro-curar treinar duma forma o mais seacuteria possiacutevel e se natildeo puder fazecirc-lo na quantidade desejaacutevel pelo menos na qualidade espero consegui-lo

em 2007 COnquistOu a primeira grande medalHa da OrientaccedilatildeO pOrtuguesa aO sagrar-se CampeatildeO da eurOpa de JOvens

Chama-se Diogo Miguel e eacute aos 23 anos uma das referecircncias da Orientaccedilatildeo Pedestre nacio-nal Campeatildeo Europeu de Jovens em 2007 e Campeatildeo Nacional de Distacircncia Longa em 2009 e 2011 Diogo Miguel reparte o tempo entre a modalidade do seu coraccedilatildeo e as exigecircncias do curso de Medicina que abraccedilou haacute seis anos E foi precisamente por aiacute que a nossa conversa comeccedilou uma conversa onde passado presen-te e futuro se misturam e confundem numa teia de opccedilotildees direccedilotildees desafios e decisotildees Na Orientaccedilatildeo como na Vida

Por Joaquim Margarido

de sprint em eger na Hungria que me-moacuterias guarda dessa JOrnada Haacute CinCO anOs atraacutesGuardo sobretudo as memoacuterias e os amigos Na altura pensaacutemos que a visibilidade que este re-sultado poderia dar agrave Orientaccedilatildeo catapultasse a modalidade e possibilitasse a obtenccedilatildeo de mais apoios mas isso natildeo se veio a verificar pelo me-nos na medida daquilo que seria de esperar

esteve este anO nOs mundiais de lausan-ne COnseguindO O 33ordm lugar na Final a de distacircnCia lOnga que valOr atribui a este seu resultadOAtribuo-lhe um valor elevado ateacute porque foi a primeira vez em dez anos que um portuguecircs foi a uma final A de Distacircncia Longa Cheguei ao fim com a certeza de ter feito o meu melhor e se natildeo tivesse quebrado fisicamente teria fei-to melhor ainda Ou seja com outras condiccedilotildees de treino teria facilmente ficado entre os vinte e cinco primeiros Mas falta bastante cultura des-portiva agrave sociedade portuguesa em geral e se disser a algueacutem que natildeo estaacute familiarizado com a Orientaccedilatildeo que terminei em 33ordm num Campeo-nato do Mundo essa pessoa iraacute pensar ldquoesque-ce eacutes mau natildeo prestasrdquo Mas quem sabe como estas coisas funcionam sabe os sacrifiacutecios que temos que fazer Sabe acima de tudo as condi-ccedilotildees que temos e consegue olhar para o resulta-

do como sendo bastante meritoacuterio

temOs em pOrtugal O apOiO que deviacuteamOs Ou que mereCiacuteamOs

Natildeo Eacute bastante revoltante olhar para outros desportos como eacute o caso do Futebol e termos um Presidente que termina o man-dato agrave frente da Federaccedilatildeo e que se sente orgulhoso por ter deixa-

do um balanccedilo positivo nas contas de muitos milhotildees de euros Mas

satildeo estes precisamente que ainda assim continuam a receber milhotildees e

milhotildees do Instituto Portuguecircs do Desporto e Juventude enquanto outras modalidades lutam pela sobrevivecircncia Acho que somos claramen-te sub-apoiados O desporto em Portugal eacute um espelho da Sociedade Haacute os muito ricos e haacute os muito pobres Os ricos satildeo cada vez mais ricos e os pobres satildeo cada vez mais pobres Eacute a mesma coisa com o desporto

quandO OlHa para Os nOssOs JOvens que pOtenCialidades vecirc neles para COn-seguirem CHegar aOs lugares CimeirOs da OrientaccedilatildeO eurOpeia e mundialTemos alguns jovens com bastante valor prin-

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cipalmente o Luiacutes Silva Trata-se dum atleta que tem um futuro brutal e acho que vai ser sem sombra de duacutevidas o melhor atleta portuguecircs dentro de muito pouco tempo Olhando de for-ma mais aprofundada para estes atletas eacute uma realidade que eles tecircm hoje melhores condiccedilotildees em relaccedilatildeo agravequilo que noacutes tiacutenhamos na altura Basta ver que os atletas jaacute se deslocam com al-guma frequecircncia ao terreno antes das grandes competiccedilotildees coisa que natildeo havia ateacute haacute muito pouco tempo atraacutes E depois haacute os estaacutegios de Seleccedilatildeo Mas deve reconhecer-se que lhes falta o treino fora da competiccedilatildeo Acho que falta al-gum espiacuterito de sacrifiacutecio no treino em casa que eacute o mais importante

o CLubE dE oriEntaccedilatildeo dE EstarrEJa Eacute dEsdE sEMprE o sEu CLubE quE signiFiCa-do tEM para si EstE EMbLEMa E Esta CaMi-soLa quE EnvErgaComecei na Orientaccedilatildeo aos 8 anos e a minha primeira experiecircncia foi no Desporto Escolar na minha terra Canelas uma pequena aldeia do Concelho de Estarreja A essa primeira pro-va seguiu-se uma ldquoQuinzena da Orientaccedilatildeordquo no veratildeo e nunca mais parei Haacute quinze anos que estou ligado a este clube e ele faz parte de mim Poderia dividir a minha vida em dois por um lado a parte profissional da Faculdade e por outro a Orientaccedilatildeo Por estranho que possa pa-recer a parte desportiva natildeo se encontra num plano inferior relativamente agrave parte profissio-nal Ambas as partes se complementam uma agrave outra Portanto a minha ligaccedilatildeo a este clube eacute muito grande satildeo muitos anos satildeo muitas pes-soas e ajudou-me a crescer

aos Miuacutedos quE agora datildeo os priMEiros passos quE ConsELhos dariaO conselho natildeo o daria aos miuacutedos se calhar da-va-o antes aos pais Tanto a escola como o des-porto andam muito ligados Se temos disciplina num acabamos por ter disciplina no outro Natildeo eacute por acaso se olharmos para os atletas de topo a niacutevel nacional todos eles satildeo excelentes es-tudantes e tecircm um futuro profissional bastante promissor Tudo parte de quem educa Eu tenho a sorte de ter uns pais que sempre me educaram bem e que sempre me deram o apoio necessaacuterio para conseguir fazer as duas coisas

E deixaria ainda um conselho mais aos pais o de virem fazer uma prova de Orientaccedilatildeo com os seus filhos Uma das grandes vantagens da Orientaccedilatildeo eacute ser para aleacutem do ldquodesporto da flo-restardquo o ldquodesporto da famiacuteliardquo

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EntrevistaConsidEra quE Esta EacutepoCa CorrEu dE aCordo CoM as suas ExpECtativasNa verdade digamos que a eacutepoca estaacute quase agrave beira de comeccedilar Depois do Campeonato do Mundo tirei mais tempo do que era habitual para descansar e tenho estado a fazer pratica-mente soacute manutenccedilatildeo A eacutepoca teve alguns per-calccedilos comecei a treinar na Repuacuteblica Checa e apesar de ter feito muito treino com mapa devi-do agraves questotildees climateacutericas e agraves poucas horas de luz acabei por ter uma carga de treino aqueacutem do desejaacutevel Depois de regressar a Portugal estava a treinar bem mas tive um percalccedilo e lesionei--me num peacute o que me obrigou a uma paragem de um mecircs Isso fez-me perder muito da minha boa forma e acredito que se natildeo fosse isso po-

deria ter chegado muito melhor ao Campeonato do Mundo e aiacute o resultado poderia ter sido outro Apesar de tudo os resultados acabaram por ser bem melhores do que estaria agrave espera

o obJEtivo a Curto praZo passa pELo tiacute-tuLo naCionaL absoLutoPor acaso esse eacute um tiacutetulo que nunca alcancei Vou comeccedilar a treinar a seacuterio para chegar nas melhores condiccedilotildees ao Campeonato Nacional Absoluto e esse vai ser um bom teste O objetivo eacute estar laacute para ganhar

Quanto agrave proacutexima eacutepoca espero apresentar-me agraves provas em melhor forma do que este ano e que os bons resultados possam aparecer oslash

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ofereccedila um garmin DeSemBruLHara caixa Seraacute Soacute o princiacutepio

este natal ofereccedila emoccedilotildees aventuras para quem viaja ou para os que correm para os que navegam no mar ou escalam montanhas Para os nadadores ou golfistas este natal ofereccedila um garmin

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ORIENTACcedilatildeOhellip DEsPORTO NA NATuREzA

Parque nacional torres del Paine Chile

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Cinco satildeo os sentidos estaacute nos manuais neles reside a possi-bilidade de um maior ou menor contacto da pessoa com aquilo que a rodeia Haacute ainda o sexto sentido aquela perceccedilatildeo extra--sensorial que parece ser mais propriedade das mulheres do que dos homens e que nas con-ceccedilotildees ocultistas estaraacute tam-beacutem sedeado num oacutergatildeo do nosso corpo Figurada ou ob-jetivamente eacute bom que todos eles ndash sem exceccedilatildeo - estejam suficientemente desenvolvi-dos sem isso natildeo haacute sentido de orientaccedilatildeo que aguente

A Orientaccedilatildeo eacute um Desporto recente em Portugal mas tem jaacute mais de 100 anos de existecircncia

enquanto desporto organi-zado Com efeito teraacute sido em Bergen - Noruega no ano de 1897 que se organizou a pri-meira atividade desportiva de Orientaccedilatildeo Os paiacuteses noacuterdicos satildeo ainda hoje aqueles onde a modalidade tem maior implan-taccedilatildeo mobilizando um nuacutemero de praticantes que coloca a

Orientaccedilatildeo entre os cinco des-portos com mais adeptos na Escandinaacutevia A maior prova do mundo realiza-se anual-mente na Sueacutecia os 5 dias da Sueacutecia com um nuacutemero de participantes que jaacute atingiu os 25000

Durante o seacutec XX a modali-dade foi evoluindo ateacute agrave criaccedilatildeo da Federaccedilatildeo Internacional de Orientaccedilatildeo (IOF) que fes-tejou em 2012 o 51ordm aniversaacuterio e veio normalizar mundial-mente as regras competitivas as normas para elaboraccedilatildeo dos mapas e as sinaleacuteticas a usar A Orientaccedilatildeo eacute praticada em quatro disciplinas diferentes Orientaccedilatildeo Pedestre Orien-taccedilatildeo em BTT Orientaccedilatildeo em Ski e Orientaccedilatildeo de Precisatildeo (Orientaccedilatildeo prioritariamente para deficientes motores)

Portugal tem marcado pontos na Orientaccedilatildeo para o desporto adaptado lanccedilando em 2012 a Taccedila de Portugal de Orientaccedilatildeo de Precisatildeo e criando um cir-cuito de Orientaccedilatildeo adaptada vocacionado prioritariamente para a deficiecircncia intelectual e

crianccedilas em idade preacute-escolar que eacute uacutenico no Mundo e que estaacute a ser jaacute implementado pela Espanha

o quE EacutePodemos dizer que a Orien-taccedilatildeo eacute um desporto completo Haacute o aspeto fiacutesico o treino no campo que se aproxima do treino dum atleta de fundo E haacute o aspeto mental que de-sempenha um papel funda-mental a leitura dos mapas o contra-reloacutegiohellip Eacute tambeacutem o desporto de natureza por exce-lecircncia Os orientistas saem dos trilhos balizados para pene-trarem no coraccedilatildeo da floresta Cada dia eacute uma nova aven-tura Daquele que se inicia na Orientaccedilatildeo ao mais consagrado dos praticantes haacute todo um mesmo espiacuterito de liberdade de fazer a sua proacutepria escolha do melhor itineraacuterio No Atle-tismo por exemplo a volta agrave pista teraacute sempre 400 metros quer seja aqui ou no Japatildeo Na Orientaccedilatildeo esta noccedilatildeo de dis-tacircncia tem muito pouco signi-ficado Tanto se pode fazer 10 quiloacutemetros numa hora e meia como em quarenta minutos E

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depois nunca existem duas florestas iguais Eacute o eterno recomeccedilo Na Austraacutelia ou na Suiacuteccedila no Japatildeo ou na Escandinaacutevia eacute necessaacuterio uma adaptaccedilatildeo a cada local natildeo haacute lugar a repeti-ccedilotildeeshellip

Cada corredor possui uma buacutessola e um mapa que contrariamente a um mapa normal conteacutem uma enorme diversidade de detalhes acerca dos seus elementos caracteriacutesticos (relevo do ter-reno vegetaccedilatildeo caminhos elementos rochosos construccedilotildees e muito mais) Os mapas satildeo rea-lizados segundo as normas especiacuteficas da Fede-raccedilatildeo Internacional de Orientaccedilatildeo que tem sede na Finlacircndia Aleacutem da legenda sobre os siacutembolos nele representados existe ainda uma sinaleacutetica

proacutepria que tem a ver com o percurso que o praticante vai realizar nesse evento e que eacute uma linguagem uni-versal

A partir do momento em que se potildee em marcha o cronoacutemetro o orientista deve efe-tuar o seu percurso que eacute marcado no mapa e que eacute cons-tituiacutedo por uma par-tida (representada por um triacircngulo) uma seacuterie de pontos de

passagem obrigatoacuterios (representados por ciacuter-culos) e a chegada (representada no mapa por dois ciacuterculos concecircntricos) Estes pontos satildeo materializados no terreno sob a forma de um prisma triangular denominado por baliza e a passagem deve ser validada por um sistema de ldquopicotagemrdquo manual ou eletroacutenica O objetivo consiste em fazer o percurso na sequecircncia in-dicada o mais rapidamente possiacutevel Mas entre cada ponto de passagem a escolha do itineraacuterio fica ao criteacuterio de cada um

O percurso em linha reta evidentemente nem sempre eacute o mais raacutepido Eacute necessaacuterio jogar com as inflexotildees do terreno os lagos os muros e outros acidenteshellip O tempo gasto a percorrer o traccedilado da corrida depende sobretudo do meio sobre o qual a mesma se desenrola Em terrenos como na Escandinaacutevia onde o relevo eacute mais duro numa mesma distacircncia poderemos gastar quase o dobro do tempo que gastariacuteamos num terreno plano e sem o mesmo tipo de obs-taacuteculos

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O conhecimento do relevo eacute a parte mais difiacutecil Eacute neces-saacuterio aprender a imaginar um terreno a trecircs dimensotildees sobre o mapa Claro que natildeo eacute apenas isto Para quem tem mais dificuldade em possuir a visatildeo a trecircs dimensotildees esta in-suficiecircncia pode ser compensada com outras qualidades nomeada-mente a atenccedilatildeo Mas nem todos pos-suem igualmente esta capacidade mental Como na generalidade dos desportos eacute neces-saacuteria uma longa aprendizagem onde o treino teacutecnico a vivecircncia de situaccedilotildees mais variadas e o nuacutemero de florestas ldquovisitadasrdquo desempe-nham um papel fundamental Eacute agrave medida que o tempo passa que o orientista aprende a adaptar o seu comportamento a reagir cada vez mais rapidamente e a encontrar as melhores opccedilotildeesO desporto natildeo eacute muito mediatizado e o espiacute-rito da Orientaccedilatildeo eacute o de permanecer livre Eacute um desporto ainda preservado de certas po-leacutemicas ldquodopingrdquo e outros malabarismos daiacute que muitos orientistas digam que natildeo seja mau de todo que ele permaneccedila ldquoconfidencialrdquo

Grandes Competiccedilotildees em 2013

Em 2013 as grandes competiccedilotildees internacio-nais onde Portugal vai querer estar presente

satildeo as seguintes

- Campeonato do Mundo de Juacuteniores ndash Repuacuteblica Checa (29jun-06 de julho) wwwjwoc2013cz

- Campeonato do Mundo Elite ndash Finlacircndia (07-14 jul)

wwwwoc2013fi- Campeonato do Mundo ve-

teranos ndash Itaacutelia (02-10 ago) wwwwmoc2013it

- Campeonato da Europa de Jovens ndash Israel (03 de novembro) wwweyoc2013org

portuGal na alta roda Mas Portugal vai ter brevemente grandes desa-fios pela frente- Em 2013 organiza uma etapa da Taccedila do Mundo de seacuteniores e o Campeonato do Mundo de Vete-ranos de Orientaccedilatildeo em BTT - Costa Alentejana entre 09 e 13 de outubro- Em 2014 organiza em Palmela de 9-14 de abril e em paralelo o Campeonato da Europa de Orientaccedilatildeo Pedestre e o Campeonato da Eu-ropa de Orientaccedilatildeo de Precisatildeo wwweoc2014fpopt

Carnaval o ponto alto Desde 1996 que Portugal realiza a sua prova ra-inha que atrai os melhores especialistas a Por-

Eacute um desporto ainda

preservado de certas poleacutemicas ldquodopingrdquo e outros malabarismos

daiacute que muitos orientistas digam que natildeo seja mau de todo que ele perma-

neccedila ldquoconfiden-cialrdquo

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Por Terratugal Eacute O Portugal Orsquo Meeting que desde 2000 se realiza no Carnaval com a duraccedilatildeo de 4 dias e pontuaacutevel para a liga Mundial de orientaccedilatildeo pedestre nos percursos de Elite Em 2013 Por-tugal vai receber pela primeira vez trecircs eventos pontuaacuteveis para a Liga Mundial02 e 03 de fevereiro ndash Norte Alentejano Orsquo Mee-ting ndash Nisa (wwwnaompt)09ndash12 de fevereiro ndash Portugal Orsquo Meeting ndash Idanha-a-nova (wwwpompt)16 e 17 de fevereiro ndash XIV Meeting de Orien-taccedilatildeo do Centro ndash Pombal (wwwcocpteventos16fev2013)

OrientaccedilatildeO muitO mais dO que um despOr-tOOlhando para a modalidade de uma forma mais transversal podemos enquadraacute-la aleacutem de mo-dalidade desportiva com aacutereas como o Ambien-te a Educaccedilatildeo e as Novas Tecnologias As qua-tro vertentes atraacutes enunciadas reunidas numa soacute tem a ver tambeacutem com solidariedade

Ambiente porque a Orientaccedilatildeo eacute o ldquoDesporto da Florestardquo fazendo de cada praticante um guardiatildeo e um amigo de tatildeo valioso patrimoacutenio Educaccedilatildeo porque eacute uma modalidade onde se aglutinam mateacuterias tatildeo nucleares como a Ma-temaacutetica ou a Geografia e se desenvolvem com-petecircncias como a capacidade de interpretaccedilatildeo ou o poder de decisatildeo por isso ser considerada prioritaacuteria para o Desporto Escolar Novas Tec-nologias porque eacute das modalidades que mais depende dos Meios Informaacuteticos a todos os niacute-veis do controlo de tempos agrave cartografia mais desenvolvida que existe Desporto porque pro-move a atividade fiacutesica e a Sauacutede dirigindo-se de igual forma agravequeles que individualmente a praticam ao niacutevel da alta competiccedilatildeo como agraves crianccedilas ou agraves famiacutelias que vecircm nela uma forma

de promover o seu bem estar fiacutesico e reforccedilar os laccedilos de amizade e convivialidade

E solidariedade porque vive da forccedila que projeta nos seus praticantes

trabalhando desinteressadamente em prol da modalidade em prol do paiacutes

Porque a Orientaccedilatildeo eacute Ambiente eacute Educaccedilatildeo satildeo Novas Tecnolo-gias eacute Desporto Porque a Orien-

taccedilatildeo gera Riqueza e gera Sauacutede Porque a Orientaccedilatildeo eacute de todos e

para todos Interessa a todos Inte-ressa ao Paiacutes Daiacute que eacute urgente que

todos venham experimentar e que descu-bram as belezas deste Paiacutes de mapa na matildeo oslash

Fernando Costa e Joaquim margarido

Olhando para a modali-

dade de uma forma mais transversal po-

demos enquadraacute-la aleacutem de modalidade desportiva

com aacutereas como o Am-biente a Educaccedilatildeo e

as Novas Tecnolo-gias

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seguranccedila sem nunca nos molharmos A aacutegua que noacutes e os islandeses bebem vem de rios como estes sem qualquer tipo de tratamento

DIA 8 - 06set12 Laugar ndash Lago Myvatn- Lau-gar 85 kmFoi tanta a privaccedilatildeo nos dias anteriores que hoje sonhaacutemos com o pequeno almoccedilo que teriacuteamos pela manhatilde antes de nos deslocarmos para o Lago Myvatn Este lago imenso e a aacuterea envolvente satildeo um dos grandes tesouros europeus Durante a nossa volta circular toda a paisagem eacute surreal Lava fumo a sair da terra crateras aacutegua e montanhas vulcacircnicas

Haacute muitos dias que transportamos os fatos de ba-nho na pequena mochila que vai agraves costas na es-peranccedila de um banho quente em qualquer charco inesperado Hoje tivemos o nosso primeiro hot pot Eles satildeo um must nesta regiatildeo (eacute como estar num jacuzzi no meio da rua com um cenaacuterio deslum-brante)

DIA 9 - 07set12 Laugar ndash Akureyri 67kmIsto de pedalar com vento natildeo tem graccedila nenhu-ma especialmente porque natildeo se consegue ter mo-

mentos de contemplaccedilatildeo parados Em dias assim eu sou a ponta da flecha que abre uma fissura no vento e permite que a Filomena possa andar na roda Acabar eacute uma vitoacuteria mas natildeo existe gloacuteria quando se chega ao fimAkureyri eacute a capital do norte e a 2ordf cidade maior do paiacutes com 18000 habitantes civilizaccedilatildeo situada num fiorde rodeado de cumes nevados uma escolha acertada para ficar um dia a descansar

DIA 10 - 09set12 Akureyri- Varmahliacuteo 95 kmMesmo a pedalar sobre a Route 1 os grandes hori-zontes continuam a fazer parte desta viagem An-damos pelos vales e seguimos os cursos dos rios alimentados pelas aacuteguas que escorrem incessante-mente das arribas que nos flanqueiamPodia afirmar que estou eufoacuterico diante das infini-tas possibilidades que tenho pela frente mas natildeo estou Novo aviso de tempestade acompanhada de ventos fortes (23 ms) natildeo convida a grandes aven-turas

Por hoje natildeo precisamos de nos preocupar esta-mos bem abrigados numa quinta na aldeia de Var-mahliacuteeth com 130 pessoas

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DIA 11 -10set12 Varmahliacuteo ndash Rest dayParece que o inverno veio todo num soacute dia e pintou tudo de branco O supermercado estaacute a 300 metros mas eacute como se fosse uma miragem Temos mais um dia de paragem forccediladaO nevatildeo ganha cada vez mais terreno agrave medida que as horas avanccedilam A estrada estaacute interdita agrave maio-ria dos veiacuteculos e por precauccedilatildeo as pessoas satildeo aconselhadas a procurar alojamentoEm pouco tempo a senhora Inda de 81 anos que haacute poucas horas parecia ter uma vida pacata a co-chilar no seu sofaacute mostrou-nos como eacute uma ver-dadeira mulher do norte Enquanto nos convidava para um lanche com bolos caseiros mostrava or-gulhosamente os aacutelbuns de famiacutelia recebia os tu-ristas que iam chegando e quando a lotaccedilatildeo esgo-tou pegou no seu jeep e conduzia estrada fora para os ir alojar

DIA 12- 1set12 Varmahliacuteo ndash Saeberg (hostel) 15kmEsta aventura jaacute foi longe demais Temos metade da quilometragem que planeaacutemos centenas de peripeacutecias e riscos incalculados e soacute nos apetece chegar agrave capital Laacute fora tudo continua branco e a abanar no entanto existe a necessidade de arran-car Estamos confiantes nas previsotildees para o dia de hoje mesmo quando aquilo que vemos natildeo inspira confianccedila

Comeccedila a nevar comeccedila a montanhahellipVaacuterios car-ros estatildeo soterrados nas bermas os flocos voam magoam as faces e a subida ainda vai no iniacutecio Me-tro a metro vamos quebrando o gelo Quem passa tira fotografias e fica increacutedulo Noacutes tambeacutem Natildeo sabemos como equilibrar as 2 rodas perante esta manifestaccedilatildeo da natureza As equipas de emergecircn-cia patrulham a aacuterea e noacutes fazemos ldquolikerdquo sem nos apercebermos que as descidas se tornariam autecircn-ticos escorregasPedimos ajuda e somos resgatados ateacute ao nosso destino Estaacute um sol maravilhoso e as vistas satildeo lindas A vida eacute tatildeo bela porque seraacute que ando de bicicleta em siacutetios tatildeo difiacuteceisPronto Depois de 1h dentro do hot pot percebe-mos porque natildeo ficamos em casa Casa eacute onde estaacute o nosso coraccedilatildeo

DIA 13 - 12 e 13 set12 Saeberg ndash Borgarnes ndash Reykjavik 226kmsEstamos a oeste mas o nosso sentido eacute cada vez seguir para mais perto do nosso ponto inicial O isolamento e a ausecircncia da matildeo humana con-tinuam a ser uma das grandes referecircncias deste paiacutes Os horizontes ateacute Borgarnes perdem a cor e parecem-se com tantos outros que jaacute vimos noutros lugaresReykjavik natildeo estaacute isolada natildeo estaacute no topo de uma

montanha e nem sequer haacute nada de extremo nesta cidade

DIA 14 - 14 set12 Reykjavik ndash Rest dayA capital natildeo nos cativa eacute exageradamente cara e parece viver soacute de noite

DIA 15 - 15 set12 Reykjavik ndash Keflavik 49kmFelizmente que as imagens que estamos a ver e que satildeo iguais ao primeiro dia representam ape-nas uma pequena amostra deste paiacutes Natildeo haacute aacutervo-res natildeo haacute rios natildeo haacute vales apenas uma rugosa paisagem lunar fruto da forte atividade vulcacircnica nesta peniacutensula

Ateacute ao aeroporto jaacute natildeo contamos observar nada daquilo que enche as brochuras e panfletos que se podem encontrar e consultar espalhados por qual-quer parte desta linda ilha Resta-nos pedalar

EPIacuteLOGO Natildeo satildeo os nuacutemeros que fazem uma via-gem de SONHO Os quiloacutemetros ambicionados os desniacuteveis previstos os dias programados ficaram aqueacutem do planeado Mas as expectativas planeadas foram largamente ultrapassadas pois tivemos expe-riecircncias uacutenicas em cenaacuterios de Sonho com amiza-des imprevistas

Nesta ilha todos os sentidos experimentaram a na-tureza em estado puro A esta latitude tudo se torna impreviacutesivel os 6 dias que ficaacutemos retidos e os 1400 quiloacutemetros percorridos hoje parecem pouco vistos agrave distacircncia num lugar seguro

AGRADECIMENTO Aos nossos apoiantes ndash Terra dos Sonhos Cofides Competiccedilatildeo Movefree Bike performance Center D-Maker Ortik Bike Magazi-ne Bivaque Extramedia Portal Aventuras

Um agradecimento muito especial agrave missatildeo da For-ccedila Aeacuterea Portuguesa ndash Iceland Air Policing que nos recebeu e transportou as nossas bagagens no re-gresso a Portugal Bem hajam oslash

Ricardo Mendes e Filomena Gomes

MAIS PORMENORES E FOTOS

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Aventura- Tsiiii tsiiii ndash o meu olhar desviou-se do hori-zonte que observava tentando encontrar por perto de onde vinha o som daquele assobio

- Satildeo as marmotas Estatildeo a avisar as outras que noacutes estamos por perto eacute assim que comunicam principalmente se sentem algum perigo - o Heacutel-der ria do meu ar confuso Ia jurar que o assobio vinha de um ser humano Foi a primeira vez que avistei este simpaacutetico mamiacutefero Imagino esta marmota no meio dos peluches do quarto das minhas filhas Satildeo sem duacutevida um animal sim-paacutetico estes excelentes escavadores que vivem em altitudes desde os 900m aos 3200m Nove meses do ano passam-no a hibernar Estamos em pleno veratildeo nos Alpes e as marmotas estatildeo em grande atividade armazenando energias para o inverno Conseguimos avistar os outros elementos da coloacutenia ldquode peacuterdquo alerta Foi um bom motivo para uma merecida pausa tirar a mochila hidratar comer uma barra energeacutetica

Jaacute haviacuteamos percorrido grande parte do trilho que nos levaria ao Refuacutegio Albert I Eacute aqui que pernoitaremos para iniciar a nossa aclimataccedilatildeo Saiacutemos da pequena vila de Le Tour de onde partem os telefeacutericos usados no inverno para aceder agraves pistas de esqui No veratildeo continuam em atividade facilitando o percurso aos trekkers que natildeo queiram palmilhar o desniacutevel de cerca de

700m que os separa do Col de Balme- Estamos a aclimatar e tambeacutem a treinar nem pensar em usar meios mecacircnicos ndash Helder sor-ria a dizer esta frase Foi quanto bastou para perceber que a manhatilde ia ser longa Depois de vencermos grande parte do desniacutevel chegamos a um local de onde se pode avistar a cordilheira do monte Branco la Verte os Drus as Aiguil-les de Chamonix e o Monte Branco com os seus 4810m Mas que local magniacutefico para aclimatar pensei Para subir em altitude temos que permi-tir ao nosso organismo que se habitue gradual-mente agrave falta de oxigeacutenio a que vai ser exposto Para isso vamos fazendo caminhadas subindo gradualmente para que ao fim de alguns dias jaacute estejamos mais aptos a entrar numa zona em que a pressatildeo atmosfeacuterica eacute menor e o oxigeacutenio do ar mais rarefeito

Ao chegar agrave moreia do glaciar do Tour resta-nos uns 200 m para o nosso objetivo A 30 de agosto de 1930 o rei Alberto I da Beacutelgica inaugurou o primeiro refuacutegio que tem o seu nome Em 1935 o refuacutegio foi ampliado no entanto natildeo foi sufi-

ciente e o atual precariamente empoleirado num penhasco a uma altitude de 2706

inaugurado a 12 de julho de 1959 foi construiacutedo perto do primeiro

edifiacutecio Natildeo posso deixar de me impressionar ao avistaacute-lo e quando chego sento-me na varanda feliz por poder apre-

Esta-mos em pleno

veratildeo nos Alpes e as marmotas estatildeo em grande ativida-de armazenando energias para o

inverno

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ciar vistas tatildeo magniacuteficas ehellip por poder tirar as botas Natildeo tinha botas de alta montanha mas um amigo comprou umas plaacutesticas em segun-da matildeo em Chamonix e sorte das sortes eram o meu nuacutemero Fiz este trekking com elas para me habituar resultou Mas os meus peacutes supli-cavam por ar fresco Soacute conseguimos dar o de-vido valor ao momento de descanso conversa contemplaccedilatildeo numa varanda dum refuacutegio se jaacute tivermos percorrido umas boas horas por trilhos de montanha Saboreei ao maacuteximo este tempi-nho sabia que a tarde era guardada para treino no glaciar como andar em cordada e escalada no gelo Eacute sempre bom relembrar as bases um acidente pode acontecer quando descuramos as regras mais simples e esta tarde foi fundamental para isso Um sol magniacutefico vistas deslumbran-tes ambiente descontraiacutedo Natildeo deixar a corda a tocar o chatildeo nunca a pisar nem a ter dema-siado em tensatildeo Esta sintonia entre elementos de cordada trabalha-se e soacute com o treino a con-seguimos obter Amanhatilde vamos sair ao nascer do dia em direccedilatildeo agrave Aiguille du Tour Esta for-maccedilatildeo com 3540m eacute muito popular entre as pes-soas que tentam a ascensatildeo ao Monte Branco Eacute relativamente faacutecil a sua subida pela face leste

A meteorologia na manhatilde da nossa subida esta-va perfeita Adoro toda a logiacutestica de preparaccedilatildeo de saiacuteda do refuacutegio O acordar ainda de noite os ruiacutedos leves e abafados dos mais madrugadores na camarata o som dos passos ainda lentos no chatildeo de madeira Tento concentrar-me para natildeo me escapar nada ter todo o material colocado e sentir-me confortaacutevel Saio do refuacutegio e o ar

fresco da montanha acorda os meus sentidos Comeccedilamos a subir o glaciar frontais ligados muacutesculos a aquecer A inclinaccedilatildeo eacute moderada e rapidamente chegamos ao colo superior do Tour que marca a fronteira da Franccedila com a Suiacuteccedila ndash Trouxeram o passaporte Vamos pas-sar no posto fronteiriccedilo ndash pergunta o Heacutelder a sorrir Atravessamos agora o glaciar de Trient o sol aquece-nos e as vistas satildeo surpreendentes Ao chegar agrave base da aguille do Tour fazemos o nosso merecido descanso comer beber aacutegua apreciar a beleza que nos circunda Vem agora a parte divertida para quem gosta de escalar em rocha Iniciamos calmamente a nossa subida vamos ouvindo algumas orientaccedilotildees progredin-do e fazendo manobras para passar nas zonas mais expostas ateacute chegarmos ao topo Emocio-no-me com a beleza agrave minha volta O meu pen-samento liga-se a algueacutem muito querido que haacute bem pouco tempo deixou a vida terrena sinto a sua proximidade Um abraccedilo forte da minha amiga de escalada traz-me novamente agrave terra E ali agrave nossa frente majestoso quase como que a chamar-nos o Monte Branco

Foi nesse mesmo dia que regressamos a Chamo-nix Uma longa descida animada pela conversa descontraiacuteda sobre os Alpes - Haacute sempre tanto que contar desta cordilheira travessias espeta-culares que se podem fazer ndash ouvia atenta as histoacuterias que me contavam era a minha primei-ra vez nos Alpes e jaacute estava cativada Cativada ateacute pela proacutepria cidade de Chamonix Eacute um lo-cal onde se respira ar livre Da varanda do nos-so apartamento para onde quer que olhe vejo

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Aventuraatividades outdoor Ouccedilo os risos alegres dum grupo que desce o rio fazendo rafting observo o ceacuteu colorido pelos parapentes as pessoas pas-sam na rua equipadas com roupa de montanha Cheguei a Chamonix haacute dois dias de comboio Quando deambulava pelas suas ruelas cho-quei com uma curiosa estaacutetua onde um homem aponta a outro o cume do Monte Branco

- Eacute Jacques Balmat que estaacute a apontar para o cume ele foi o primeiro homem a subir esta montanha a 8 de agosto de 1786 acompanha-do do meacutedico Michel Paccard Saiacuteram de Cha-monix acamparam no cume da Montagne de la cote a 2630m agraves 4 da manhatilde partiram e chega-ram ao cume por volta das 6h da tarde Balmat nasceu neste vale era um caccedilador de cristais tinha uma vontade de ferro e um instinto para as montanhas Paccard era meacutedico em Chamonix e um excelente alpinista adorava botacircnica e mi-nerais Tambeacutem lhe erigiram aqui uma estaacutetua

Foi ele que conheceu Horace-Beacute-neacutedict de Saussure que ini-

ciou a corrida do primeiro homem a subir ao Monte Branco ndash disse-me Joatildeo

- E esse Saussure tam-beacutem era alpinista ndash perguntei curiosa

- O seu interesse pela botacircnica trouxe-o ateacute aos

Alpes e percorreu grande parte desta cordilheira co-

meccedilando a trabalhar no sentido de esclarecer a topografia da parte ne-

vada dos Alpes nessa eacutepoca praticamente des-conhecida Foi em 1760 que veio aqui pela pri-meira vez e ofereceu uma recompensa a quem escalasse o Monte Branco Ele tentou fazecirc-lo sem sucesso- Entatildeo nunca chegou a subir

- Sim conseguiu mas soacute em 1787 jaacute tinha 47 anos e levou 18 guias com ele Relembro as palavras que li do fotoacutegrafo de montanha C Douglas Milner ldquoA subida em si foi magniacutefica uma incriacutevel faccedilanha de coragem grande resistecircncia realizada por estes dois ho-mens apenas sem corda e sem piolets muito sobrecarregados com equipamentos cientiacuteficos e com longos bastotildees com pontas de ferro O bom tempo e uma lua luminosa garantiram o seu regresso com vidardquo

O dia seguinte foi passado a descansar visitar o Museu da Montanha e espreitar a meteoro-

Foi em 1760 que veio aqui

pela primeira vez e ofereceu uma recom-

pensa a quem escalas-se o Monte Branco Ele tentou fazecirc-lo

sem sucesso

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Mom

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Um dos pontos al-tos eacute ir agrave roulotte

dos waffles delei-tarmo-nos com este

delicioso doce No fi-nal do dia ainda pude-

mos assistir a um espetaacute-culo de muacutesica e danccedila celta

na praccedila central O ambiente eacute descontraiacutedo a praccedila estaacute cheia de gente e a muacutesica faz sempre bem agrave alma Joatildeo recebe um telefonema

- Estaacutes nos Alpes Natildeo vatildeo poder subir amanhatilde aproxima-se uma tempestade Mas tenho boas notiacutecias tens uma janela de bom tempo no dia seguinte se quiserem aproveitar - Disse Viacutetor Baiacutea sempre bem informado sobre os fenoacuteme-nos meteoroloacutegicos

O dia em que vai haver ldquouma abertardquo para subir eacute o mesmo dia em que temos voo para Lisboa

desde Genebra Ficamos um pouco a pensar no que decidir e claro temos que arriscar Na mon-tanha eacute assim tem que haver flexibilidade es-tamos dependentes das condiccedilotildees climateacutericas e aproveitar quando nos eacute proporcionado bom tempo

A rota que vamos seguir natildeo eacute a mais utilizada eacute chamada rota dos trecircs cumes Esta rota eacute mais exigente fiacutesica e tecnicamente do que a rota do Goucircter No entanto com faacutecil acesso a partir do telefeacuterico da Aiguille du Midi este percurso tor-nou-se a segunda rota mais popular para esca-lar o Monte Branco O percurso inicia-se na Ai-guille du Midi seguindo pelo Col du Midi antes de subir o Monte Branco atraveacutes do Mont-Blanc du Tacul (4248m) e Maudit Mont (4465m) Esta rota requer condiccedilotildees estaacuteveis na neve do Mont Blanc du Tacul e Mont Maudit e tem uma eleva-ccedilatildeo acumulada de 1425m O refuacutegio Cosmiques estava lotado a nossa uacuteni-

- Es-taacutes nos Alpes

Natildeo vatildeo poder subir amanhatilde aproxi-ma-se uma tempestade

Mas tenho boas notiacutecias tens uma janela de bom tempo no dia seguinte

se quiserem apro-veitar

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Aventura

estaccedilatildeo do telefeacuterico da Aiguille du Midi Este telefeacuterico foi construiacutedo em 1955 e manteve o tiacutetulo de ser o mais alto do mundo durante duas deacutecadas Ele ainda deteacutem o recorde como o te-lefeacuterico com a ascensatildeo vertical mais alta no mundo de 1035 m para 3842 m Haacute duas se-ccedilotildees de Chamonix para o Plano de lAiguille a 2317 m e depois diretamente sem qualquer pi-lar de apoio para a estaccedilatildeo superior a 3777 m Apanhamos o uacuteltimo telefeacuterico do dia cerca de 20 minutos depois estaacutevamos no terraccedilo a tentar admirar as lindiacutessimas vistas que se tem deste local No entanto o mau tempo previsto estava certo e a visibilidade natildeo era mais de 20 m agrave nossa frente Estava desanimadiacutessima

- Como eacute possiacutevel daqui a poucas horas termos bom tempo para subir ndash Perguntei increacutedula- Estamos na montanha Luiacutesa a meteorologia muda rapidamente Temos que aguardar ndash Afir-mou Joatildeo calmo e confiante

Fomos procurar um local onde pudeacutessemos descansar ateacute agrave meia-noite hora marcada para a nossa partida O percurso eacute longo com bas-tante desniacutevel e na realidade o voo para Lisboa eacute amanhatilde Quando acordei o som dos ventos fortes que se faziam ouvir misteriosamente desaparece-ram Depois de comer e fazer a confirmaccedilatildeo do equipamento dirigimo-nos para a aresta que nos levaraacute ao Valleacute Blanche Foi com extrema curiosidade que me dirigi agrave saiacuteda Como esta-raacute o tempo A calma e tranquilidade que senti ao sair para o exterior foi-me trazida pela ma-ravilhosa paisagem que tinha agrave minha frente Afinal depois da tempestade vem a bonanccedila e a visatildeo deste vale imaculado sob um ceacuteu estre-lado sem ningueacutem sem pegadas sem luzes de frontais foi brutal Ao comeccedilar a descer a ares-ta conseguimos ver o refuacutegio Cosmiques ainda adormecido Fomos mesmo os primeiros a sair o que representa um privileacutegio por um lado e

No entanto o mau tempo pre-

visto estava certo e a visibilidade natildeo era mais de 20m agrave nossa frente Estava desa-

nimadiacutessima

Ainda foi longa a nossa caminhada sempre a encontrar forccedilas e energia onde quer que elas estivessem escondidas Paraacutevamos de vez em quando agrave espera da outra cordada de amigos e por fim cerca das 10h da manhatilde atingimos o cume Tento tirar fotos mas a maacutequina fotograacute-fica natildeo ajudou fiquei sem bateria Natildeo faltam maacutequinas para o fazer e depois de um breve descanso temos que iniciar a descida pela mes-ma rota Eacute uma descida que acaba por ter al-gumas subidas sendo por isso mais demorada Mas a alegria de ter cumprido o objetivo o dia tatildeo calmo e luminoso a companhia dos amigos supera qualquer tipo de cansaccedilo

Tive um sentimento de saudade ao chegar nova-mente ao Valleacute Blanche e olhar para traacutes para o trilho percorrido olhar aquele vale agora agrave luz do dia atravessado por tantas pegadas Olho de relance para a uacuteltima subida que nos falta fazer a aresta que nos levaraacute ao telefeacuterico na Aguille du Midi Faccedilo esta subida confiante como se ti-vesse deixado para traacutes todo o esforccedilo e cansaccedilo extremo desta maravilhosa aventura

Com grande pena natildeo pude comemorar em Chamonix nessa noite mas comemorei com imensa alegria ao reencontrar-me com a mi-nha famiacutelia orgulhosa de mim afinal estive no mesmo dia no cume do Monte Branco de manhatilde e agrave noite na minha cama quente e confortaacutevel em Lisboa oslash

Luiacutesa Tomeacute

Papa-Leacuteguaswwwpapa-leguascom

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Aventu

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um esforccedilo acrescido por outro Relembro a tra-vessia do glaciar do Tacul a ldquofazer trilhordquo o som dos campons na neve ecoava num ritmo proacute-prio pousava a minha bota no local exato onde o Joatildeo tinha feito a pegada como que num jogo em que quando falhava acrescia o esforccedilo que teria que fazer O som de passos intensifica-se temos mais madrugadores connosco Deixamo--los passar jaacute vimos a fazer trilho haacute bastante tempo eacute a vez de outros agora

Quando chegamos agrave ldquoparederdquo do Mont Blanc du Tacul jaacute temos algumas pessoas agrave espera para subir O sol ainda natildeo subiu para nos aquecer esperamos junto agraves cordas a nossa vez os peacutes comeccedilam a dar sinal de frio Iniciamos a subida os piolets e os crampons cravam-se certeiros no gelo a corda ajuda na subida Comeccedilo a ficar cansada e a hesitar paro por uns momentos sinto a boca seca o coraccedilatildeo a bater forte olho para cima jaacute natildeo falta muito - Piolet numa matildeo corda na outra sobe Luiacutesa ndash a voz do Heacutelder trouxe-me lucidez A energia que me faltava regressou Concentro-me e con-tinuo a subida pedaccedilos de gelo passam por noacutes arrancados aquela parede cheia de gente dese-josa de ultrapassar possivelmente o obstaacuteculo mais duro desta rota

O trilho continua pelo beliacutessimo Mont-Maudit apesar do seu nome O sol jaacute vai alto comeccedila a aquecer haacute que comeccedilar a tirar camadas Natildeo podemos desidratar Col de la Brenva um chaacute quente e uma bolacha Apetece ficar jaacute aqui as vistas satildeo surpreendentes Mas natildeo eacute este o nos-so objetivo vamos continuar a subir

Entrevista Diogo Miguel - (Oti-Estarreja)

ldquoO DEsPORTO EM PORTuGAL eacute uM EsPELhO DA sOCIEDADErdquo

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Entrevista

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Sabe acima de tudo as con-

diccedilotildees que temos e consegue olhar para o

resultado como sen-do bastante meri-

toacuterio

OutdOOr COmO eacute pOssiacutevel algueacutem COm-patibilizar a preparaccedilatildeO enquantO atleta de OrientaccedilatildeO de elite COm as exigecircnCias dum 6ordm anO dO CursO de medi-Cina

diOgO miguel O segredo reside sobretudo na motivaccedilatildeo Toda a gente consegue tirar um curso e fazer desporto e inclusivamente se gos-tar consegue treinar todos os dias Mas se esti-ver motivado o suficiente consegue levantar-se cedo para correr agraves seis da manhatilde estar na Fa-culdade agraves oito e meia sair agraves quatro da tarde e ir treinar outra vez estudar ateacute agraves dez da noite e dormir porque amanhatilde eacute outro dia Eacute preci-so estar-se motivado para abraccedilar esta vida durante o ano inteiro

Haacute quantO tempO eacute que as COisas satildeO levadas assimQuando comecei a fazer Orien-taccedilatildeo natildeo tinha grandes preo-cupaccedilotildees com o treino Durante os anos de faculdade jaacute treinava bastante a seacuterio mas foi haacute dois ou trecircs anos quando comecei a ser treinado pelo Professor Bruno Nazaacuterio que aumentei a carga de trei-no para o bi-diaacuterio A partir daiacute passei a ter o meu tempo totalmente ocupado Satildeo os estaacutegios do Curso o tempo de deslocaccedilatildeo para Hospitais da periferia uma tese para defender Este ano seraacute bastante mais exigente que os anteriores se calhar natildeo vou poder fazer treino bi-diaacuterio todos os dias como gostaria mas ainda assim vou pro-curar treinar duma forma o mais seacuteria possiacutevel e se natildeo puder fazecirc-lo na quantidade desejaacutevel pelo menos na qualidade espero consegui-lo

em 2007 COnquistOu a primeira grande medalHa da OrientaccedilatildeO pOrtuguesa aO sagrar-se CampeatildeO da eurOpa de JOvens

Chama-se Diogo Miguel e eacute aos 23 anos uma das referecircncias da Orientaccedilatildeo Pedestre nacio-nal Campeatildeo Europeu de Jovens em 2007 e Campeatildeo Nacional de Distacircncia Longa em 2009 e 2011 Diogo Miguel reparte o tempo entre a modalidade do seu coraccedilatildeo e as exigecircncias do curso de Medicina que abraccedilou haacute seis anos E foi precisamente por aiacute que a nossa conversa comeccedilou uma conversa onde passado presen-te e futuro se misturam e confundem numa teia de opccedilotildees direccedilotildees desafios e decisotildees Na Orientaccedilatildeo como na Vida

Por Joaquim Margarido

de sprint em eger na Hungria que me-moacuterias guarda dessa JOrnada Haacute CinCO anOs atraacutesGuardo sobretudo as memoacuterias e os amigos Na altura pensaacutemos que a visibilidade que este re-sultado poderia dar agrave Orientaccedilatildeo catapultasse a modalidade e possibilitasse a obtenccedilatildeo de mais apoios mas isso natildeo se veio a verificar pelo me-nos na medida daquilo que seria de esperar

esteve este anO nOs mundiais de lausan-ne COnseguindO O 33ordm lugar na Final a de distacircnCia lOnga que valOr atribui a este seu resultadOAtribuo-lhe um valor elevado ateacute porque foi a primeira vez em dez anos que um portuguecircs foi a uma final A de Distacircncia Longa Cheguei ao fim com a certeza de ter feito o meu melhor e se natildeo tivesse quebrado fisicamente teria fei-to melhor ainda Ou seja com outras condiccedilotildees de treino teria facilmente ficado entre os vinte e cinco primeiros Mas falta bastante cultura des-portiva agrave sociedade portuguesa em geral e se disser a algueacutem que natildeo estaacute familiarizado com a Orientaccedilatildeo que terminei em 33ordm num Campeo-nato do Mundo essa pessoa iraacute pensar ldquoesque-ce eacutes mau natildeo prestasrdquo Mas quem sabe como estas coisas funcionam sabe os sacrifiacutecios que temos que fazer Sabe acima de tudo as condi-ccedilotildees que temos e consegue olhar para o resulta-

do como sendo bastante meritoacuterio

temOs em pOrtugal O apOiO que deviacuteamOs Ou que mereCiacuteamOs

Natildeo Eacute bastante revoltante olhar para outros desportos como eacute o caso do Futebol e termos um Presidente que termina o man-dato agrave frente da Federaccedilatildeo e que se sente orgulhoso por ter deixa-

do um balanccedilo positivo nas contas de muitos milhotildees de euros Mas

satildeo estes precisamente que ainda assim continuam a receber milhotildees e

milhotildees do Instituto Portuguecircs do Desporto e Juventude enquanto outras modalidades lutam pela sobrevivecircncia Acho que somos claramen-te sub-apoiados O desporto em Portugal eacute um espelho da Sociedade Haacute os muito ricos e haacute os muito pobres Os ricos satildeo cada vez mais ricos e os pobres satildeo cada vez mais pobres Eacute a mesma coisa com o desporto

quandO OlHa para Os nOssOs JOvens que pOtenCialidades vecirc neles para COn-seguirem CHegar aOs lugares CimeirOs da OrientaccedilatildeO eurOpeia e mundialTemos alguns jovens com bastante valor prin-

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cipalmente o Luiacutes Silva Trata-se dum atleta que tem um futuro brutal e acho que vai ser sem sombra de duacutevidas o melhor atleta portuguecircs dentro de muito pouco tempo Olhando de for-ma mais aprofundada para estes atletas eacute uma realidade que eles tecircm hoje melhores condiccedilotildees em relaccedilatildeo agravequilo que noacutes tiacutenhamos na altura Basta ver que os atletas jaacute se deslocam com al-guma frequecircncia ao terreno antes das grandes competiccedilotildees coisa que natildeo havia ateacute haacute muito pouco tempo atraacutes E depois haacute os estaacutegios de Seleccedilatildeo Mas deve reconhecer-se que lhes falta o treino fora da competiccedilatildeo Acho que falta al-gum espiacuterito de sacrifiacutecio no treino em casa que eacute o mais importante

o CLubE dE oriEntaccedilatildeo dE EstarrEJa Eacute dEsdE sEMprE o sEu CLubE quE signiFiCa-do tEM para si EstE EMbLEMa E Esta CaMi-soLa quE EnvErgaComecei na Orientaccedilatildeo aos 8 anos e a minha primeira experiecircncia foi no Desporto Escolar na minha terra Canelas uma pequena aldeia do Concelho de Estarreja A essa primeira pro-va seguiu-se uma ldquoQuinzena da Orientaccedilatildeordquo no veratildeo e nunca mais parei Haacute quinze anos que estou ligado a este clube e ele faz parte de mim Poderia dividir a minha vida em dois por um lado a parte profissional da Faculdade e por outro a Orientaccedilatildeo Por estranho que possa pa-recer a parte desportiva natildeo se encontra num plano inferior relativamente agrave parte profissio-nal Ambas as partes se complementam uma agrave outra Portanto a minha ligaccedilatildeo a este clube eacute muito grande satildeo muitos anos satildeo muitas pes-soas e ajudou-me a crescer

aos Miuacutedos quE agora datildeo os priMEiros passos quE ConsELhos dariaO conselho natildeo o daria aos miuacutedos se calhar da-va-o antes aos pais Tanto a escola como o des-porto andam muito ligados Se temos disciplina num acabamos por ter disciplina no outro Natildeo eacute por acaso se olharmos para os atletas de topo a niacutevel nacional todos eles satildeo excelentes es-tudantes e tecircm um futuro profissional bastante promissor Tudo parte de quem educa Eu tenho a sorte de ter uns pais que sempre me educaram bem e que sempre me deram o apoio necessaacuterio para conseguir fazer as duas coisas

E deixaria ainda um conselho mais aos pais o de virem fazer uma prova de Orientaccedilatildeo com os seus filhos Uma das grandes vantagens da Orientaccedilatildeo eacute ser para aleacutem do ldquodesporto da flo-restardquo o ldquodesporto da famiacuteliardquo

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EntrevistaConsidEra quE Esta EacutepoCa CorrEu dE aCordo CoM as suas ExpECtativasNa verdade digamos que a eacutepoca estaacute quase agrave beira de comeccedilar Depois do Campeonato do Mundo tirei mais tempo do que era habitual para descansar e tenho estado a fazer pratica-mente soacute manutenccedilatildeo A eacutepoca teve alguns per-calccedilos comecei a treinar na Repuacuteblica Checa e apesar de ter feito muito treino com mapa devi-do agraves questotildees climateacutericas e agraves poucas horas de luz acabei por ter uma carga de treino aqueacutem do desejaacutevel Depois de regressar a Portugal estava a treinar bem mas tive um percalccedilo e lesionei--me num peacute o que me obrigou a uma paragem de um mecircs Isso fez-me perder muito da minha boa forma e acredito que se natildeo fosse isso po-

deria ter chegado muito melhor ao Campeonato do Mundo e aiacute o resultado poderia ter sido outro Apesar de tudo os resultados acabaram por ser bem melhores do que estaria agrave espera

o obJEtivo a Curto praZo passa pELo tiacute-tuLo naCionaL absoLutoPor acaso esse eacute um tiacutetulo que nunca alcancei Vou comeccedilar a treinar a seacuterio para chegar nas melhores condiccedilotildees ao Campeonato Nacional Absoluto e esse vai ser um bom teste O objetivo eacute estar laacute para ganhar

Quanto agrave proacutexima eacutepoca espero apresentar-me agraves provas em melhor forma do que este ano e que os bons resultados possam aparecer oslash

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wwwgarminpt

ofereccedila um garmin DeSemBruLHara caixa Seraacute Soacute o princiacutepio

este natal ofereccedila emoccedilotildees aventuras para quem viaja ou para os que correm para os que navegam no mar ou escalam montanhas Para os nadadores ou golfistas este natal ofereccedila um garmin

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Por Terra

ORIENTACcedilatildeOhellip DEsPORTO NA NATuREzA

Parque nacional torres del Paine Chile

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Cinco satildeo os sentidos estaacute nos manuais neles reside a possi-bilidade de um maior ou menor contacto da pessoa com aquilo que a rodeia Haacute ainda o sexto sentido aquela perceccedilatildeo extra--sensorial que parece ser mais propriedade das mulheres do que dos homens e que nas con-ceccedilotildees ocultistas estaraacute tam-beacutem sedeado num oacutergatildeo do nosso corpo Figurada ou ob-jetivamente eacute bom que todos eles ndash sem exceccedilatildeo - estejam suficientemente desenvolvi-dos sem isso natildeo haacute sentido de orientaccedilatildeo que aguente

A Orientaccedilatildeo eacute um Desporto recente em Portugal mas tem jaacute mais de 100 anos de existecircncia

enquanto desporto organi-zado Com efeito teraacute sido em Bergen - Noruega no ano de 1897 que se organizou a pri-meira atividade desportiva de Orientaccedilatildeo Os paiacuteses noacuterdicos satildeo ainda hoje aqueles onde a modalidade tem maior implan-taccedilatildeo mobilizando um nuacutemero de praticantes que coloca a

Orientaccedilatildeo entre os cinco des-portos com mais adeptos na Escandinaacutevia A maior prova do mundo realiza-se anual-mente na Sueacutecia os 5 dias da Sueacutecia com um nuacutemero de participantes que jaacute atingiu os 25000

Durante o seacutec XX a modali-dade foi evoluindo ateacute agrave criaccedilatildeo da Federaccedilatildeo Internacional de Orientaccedilatildeo (IOF) que fes-tejou em 2012 o 51ordm aniversaacuterio e veio normalizar mundial-mente as regras competitivas as normas para elaboraccedilatildeo dos mapas e as sinaleacuteticas a usar A Orientaccedilatildeo eacute praticada em quatro disciplinas diferentes Orientaccedilatildeo Pedestre Orien-taccedilatildeo em BTT Orientaccedilatildeo em Ski e Orientaccedilatildeo de Precisatildeo (Orientaccedilatildeo prioritariamente para deficientes motores)

Portugal tem marcado pontos na Orientaccedilatildeo para o desporto adaptado lanccedilando em 2012 a Taccedila de Portugal de Orientaccedilatildeo de Precisatildeo e criando um cir-cuito de Orientaccedilatildeo adaptada vocacionado prioritariamente para a deficiecircncia intelectual e

crianccedilas em idade preacute-escolar que eacute uacutenico no Mundo e que estaacute a ser jaacute implementado pela Espanha

o quE EacutePodemos dizer que a Orien-taccedilatildeo eacute um desporto completo Haacute o aspeto fiacutesico o treino no campo que se aproxima do treino dum atleta de fundo E haacute o aspeto mental que de-sempenha um papel funda-mental a leitura dos mapas o contra-reloacutegiohellip Eacute tambeacutem o desporto de natureza por exce-lecircncia Os orientistas saem dos trilhos balizados para pene-trarem no coraccedilatildeo da floresta Cada dia eacute uma nova aven-tura Daquele que se inicia na Orientaccedilatildeo ao mais consagrado dos praticantes haacute todo um mesmo espiacuterito de liberdade de fazer a sua proacutepria escolha do melhor itineraacuterio No Atle-tismo por exemplo a volta agrave pista teraacute sempre 400 metros quer seja aqui ou no Japatildeo Na Orientaccedilatildeo esta noccedilatildeo de dis-tacircncia tem muito pouco signi-ficado Tanto se pode fazer 10 quiloacutemetros numa hora e meia como em quarenta minutos E

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depois nunca existem duas florestas iguais Eacute o eterno recomeccedilo Na Austraacutelia ou na Suiacuteccedila no Japatildeo ou na Escandinaacutevia eacute necessaacuterio uma adaptaccedilatildeo a cada local natildeo haacute lugar a repeti-ccedilotildeeshellip

Cada corredor possui uma buacutessola e um mapa que contrariamente a um mapa normal conteacutem uma enorme diversidade de detalhes acerca dos seus elementos caracteriacutesticos (relevo do ter-reno vegetaccedilatildeo caminhos elementos rochosos construccedilotildees e muito mais) Os mapas satildeo rea-lizados segundo as normas especiacuteficas da Fede-raccedilatildeo Internacional de Orientaccedilatildeo que tem sede na Finlacircndia Aleacutem da legenda sobre os siacutembolos nele representados existe ainda uma sinaleacutetica

proacutepria que tem a ver com o percurso que o praticante vai realizar nesse evento e que eacute uma linguagem uni-versal

A partir do momento em que se potildee em marcha o cronoacutemetro o orientista deve efe-tuar o seu percurso que eacute marcado no mapa e que eacute cons-tituiacutedo por uma par-tida (representada por um triacircngulo) uma seacuterie de pontos de

passagem obrigatoacuterios (representados por ciacuter-culos) e a chegada (representada no mapa por dois ciacuterculos concecircntricos) Estes pontos satildeo materializados no terreno sob a forma de um prisma triangular denominado por baliza e a passagem deve ser validada por um sistema de ldquopicotagemrdquo manual ou eletroacutenica O objetivo consiste em fazer o percurso na sequecircncia in-dicada o mais rapidamente possiacutevel Mas entre cada ponto de passagem a escolha do itineraacuterio fica ao criteacuterio de cada um

O percurso em linha reta evidentemente nem sempre eacute o mais raacutepido Eacute necessaacuterio jogar com as inflexotildees do terreno os lagos os muros e outros acidenteshellip O tempo gasto a percorrer o traccedilado da corrida depende sobretudo do meio sobre o qual a mesma se desenrola Em terrenos como na Escandinaacutevia onde o relevo eacute mais duro numa mesma distacircncia poderemos gastar quase o dobro do tempo que gastariacuteamos num terreno plano e sem o mesmo tipo de obs-taacuteculos

Por Terra

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O conhecimento do relevo eacute a parte mais difiacutecil Eacute neces-saacuterio aprender a imaginar um terreno a trecircs dimensotildees sobre o mapa Claro que natildeo eacute apenas isto Para quem tem mais dificuldade em possuir a visatildeo a trecircs dimensotildees esta in-suficiecircncia pode ser compensada com outras qualidades nomeada-mente a atenccedilatildeo Mas nem todos pos-suem igualmente esta capacidade mental Como na generalidade dos desportos eacute neces-saacuteria uma longa aprendizagem onde o treino teacutecnico a vivecircncia de situaccedilotildees mais variadas e o nuacutemero de florestas ldquovisitadasrdquo desempe-nham um papel fundamental Eacute agrave medida que o tempo passa que o orientista aprende a adaptar o seu comportamento a reagir cada vez mais rapidamente e a encontrar as melhores opccedilotildeesO desporto natildeo eacute muito mediatizado e o espiacute-rito da Orientaccedilatildeo eacute o de permanecer livre Eacute um desporto ainda preservado de certas po-leacutemicas ldquodopingrdquo e outros malabarismos daiacute que muitos orientistas digam que natildeo seja mau de todo que ele permaneccedila ldquoconfidencialrdquo

Grandes Competiccedilotildees em 2013

Em 2013 as grandes competiccedilotildees internacio-nais onde Portugal vai querer estar presente

satildeo as seguintes

- Campeonato do Mundo de Juacuteniores ndash Repuacuteblica Checa (29jun-06 de julho) wwwjwoc2013cz

- Campeonato do Mundo Elite ndash Finlacircndia (07-14 jul)

wwwwoc2013fi- Campeonato do Mundo ve-

teranos ndash Itaacutelia (02-10 ago) wwwwmoc2013it

- Campeonato da Europa de Jovens ndash Israel (03 de novembro) wwweyoc2013org

portuGal na alta roda Mas Portugal vai ter brevemente grandes desa-fios pela frente- Em 2013 organiza uma etapa da Taccedila do Mundo de seacuteniores e o Campeonato do Mundo de Vete-ranos de Orientaccedilatildeo em BTT - Costa Alentejana entre 09 e 13 de outubro- Em 2014 organiza em Palmela de 9-14 de abril e em paralelo o Campeonato da Europa de Orientaccedilatildeo Pedestre e o Campeonato da Eu-ropa de Orientaccedilatildeo de Precisatildeo wwweoc2014fpopt

Carnaval o ponto alto Desde 1996 que Portugal realiza a sua prova ra-inha que atrai os melhores especialistas a Por-

Eacute um desporto ainda

preservado de certas poleacutemicas ldquodopingrdquo e outros malabarismos

daiacute que muitos orientistas digam que natildeo seja mau de todo que ele perma-

neccedila ldquoconfiden-cialrdquo

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Por Terratugal Eacute O Portugal Orsquo Meeting que desde 2000 se realiza no Carnaval com a duraccedilatildeo de 4 dias e pontuaacutevel para a liga Mundial de orientaccedilatildeo pedestre nos percursos de Elite Em 2013 Por-tugal vai receber pela primeira vez trecircs eventos pontuaacuteveis para a Liga Mundial02 e 03 de fevereiro ndash Norte Alentejano Orsquo Mee-ting ndash Nisa (wwwnaompt)09ndash12 de fevereiro ndash Portugal Orsquo Meeting ndash Idanha-a-nova (wwwpompt)16 e 17 de fevereiro ndash XIV Meeting de Orien-taccedilatildeo do Centro ndash Pombal (wwwcocpteventos16fev2013)

OrientaccedilatildeO muitO mais dO que um despOr-tOOlhando para a modalidade de uma forma mais transversal podemos enquadraacute-la aleacutem de mo-dalidade desportiva com aacutereas como o Ambien-te a Educaccedilatildeo e as Novas Tecnologias As qua-tro vertentes atraacutes enunciadas reunidas numa soacute tem a ver tambeacutem com solidariedade

Ambiente porque a Orientaccedilatildeo eacute o ldquoDesporto da Florestardquo fazendo de cada praticante um guardiatildeo e um amigo de tatildeo valioso patrimoacutenio Educaccedilatildeo porque eacute uma modalidade onde se aglutinam mateacuterias tatildeo nucleares como a Ma-temaacutetica ou a Geografia e se desenvolvem com-petecircncias como a capacidade de interpretaccedilatildeo ou o poder de decisatildeo por isso ser considerada prioritaacuteria para o Desporto Escolar Novas Tec-nologias porque eacute das modalidades que mais depende dos Meios Informaacuteticos a todos os niacute-veis do controlo de tempos agrave cartografia mais desenvolvida que existe Desporto porque pro-move a atividade fiacutesica e a Sauacutede dirigindo-se de igual forma agravequeles que individualmente a praticam ao niacutevel da alta competiccedilatildeo como agraves crianccedilas ou agraves famiacutelias que vecircm nela uma forma

de promover o seu bem estar fiacutesico e reforccedilar os laccedilos de amizade e convivialidade

E solidariedade porque vive da forccedila que projeta nos seus praticantes

trabalhando desinteressadamente em prol da modalidade em prol do paiacutes

Porque a Orientaccedilatildeo eacute Ambiente eacute Educaccedilatildeo satildeo Novas Tecnolo-gias eacute Desporto Porque a Orien-

taccedilatildeo gera Riqueza e gera Sauacutede Porque a Orientaccedilatildeo eacute de todos e

para todos Interessa a todos Inte-ressa ao Paiacutes Daiacute que eacute urgente que

todos venham experimentar e que descu-bram as belezas deste Paiacutes de mapa na matildeo oslash

Fernando Costa e Joaquim margarido

Olhando para a modali-

dade de uma forma mais transversal po-

demos enquadraacute-la aleacutem de modalidade desportiva

com aacutereas como o Am-biente a Educaccedilatildeo e

as Novas Tecnolo-gias

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Page 23: Revista Outdoor 8

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DIA 11 -10set12 Varmahliacuteo ndash Rest dayParece que o inverno veio todo num soacute dia e pintou tudo de branco O supermercado estaacute a 300 metros mas eacute como se fosse uma miragem Temos mais um dia de paragem forccediladaO nevatildeo ganha cada vez mais terreno agrave medida que as horas avanccedilam A estrada estaacute interdita agrave maio-ria dos veiacuteculos e por precauccedilatildeo as pessoas satildeo aconselhadas a procurar alojamentoEm pouco tempo a senhora Inda de 81 anos que haacute poucas horas parecia ter uma vida pacata a co-chilar no seu sofaacute mostrou-nos como eacute uma ver-dadeira mulher do norte Enquanto nos convidava para um lanche com bolos caseiros mostrava or-gulhosamente os aacutelbuns de famiacutelia recebia os tu-ristas que iam chegando e quando a lotaccedilatildeo esgo-tou pegou no seu jeep e conduzia estrada fora para os ir alojar

DIA 12- 1set12 Varmahliacuteo ndash Saeberg (hostel) 15kmEsta aventura jaacute foi longe demais Temos metade da quilometragem que planeaacutemos centenas de peripeacutecias e riscos incalculados e soacute nos apetece chegar agrave capital Laacute fora tudo continua branco e a abanar no entanto existe a necessidade de arran-car Estamos confiantes nas previsotildees para o dia de hoje mesmo quando aquilo que vemos natildeo inspira confianccedila

Comeccedila a nevar comeccedila a montanhahellipVaacuterios car-ros estatildeo soterrados nas bermas os flocos voam magoam as faces e a subida ainda vai no iniacutecio Me-tro a metro vamos quebrando o gelo Quem passa tira fotografias e fica increacutedulo Noacutes tambeacutem Natildeo sabemos como equilibrar as 2 rodas perante esta manifestaccedilatildeo da natureza As equipas de emergecircn-cia patrulham a aacuterea e noacutes fazemos ldquolikerdquo sem nos apercebermos que as descidas se tornariam autecircn-ticos escorregasPedimos ajuda e somos resgatados ateacute ao nosso destino Estaacute um sol maravilhoso e as vistas satildeo lindas A vida eacute tatildeo bela porque seraacute que ando de bicicleta em siacutetios tatildeo difiacuteceisPronto Depois de 1h dentro do hot pot percebe-mos porque natildeo ficamos em casa Casa eacute onde estaacute o nosso coraccedilatildeo

DIA 13 - 12 e 13 set12 Saeberg ndash Borgarnes ndash Reykjavik 226kmsEstamos a oeste mas o nosso sentido eacute cada vez seguir para mais perto do nosso ponto inicial O isolamento e a ausecircncia da matildeo humana con-tinuam a ser uma das grandes referecircncias deste paiacutes Os horizontes ateacute Borgarnes perdem a cor e parecem-se com tantos outros que jaacute vimos noutros lugaresReykjavik natildeo estaacute isolada natildeo estaacute no topo de uma

montanha e nem sequer haacute nada de extremo nesta cidade

DIA 14 - 14 set12 Reykjavik ndash Rest dayA capital natildeo nos cativa eacute exageradamente cara e parece viver soacute de noite

DIA 15 - 15 set12 Reykjavik ndash Keflavik 49kmFelizmente que as imagens que estamos a ver e que satildeo iguais ao primeiro dia representam ape-nas uma pequena amostra deste paiacutes Natildeo haacute aacutervo-res natildeo haacute rios natildeo haacute vales apenas uma rugosa paisagem lunar fruto da forte atividade vulcacircnica nesta peniacutensula

Ateacute ao aeroporto jaacute natildeo contamos observar nada daquilo que enche as brochuras e panfletos que se podem encontrar e consultar espalhados por qual-quer parte desta linda ilha Resta-nos pedalar

EPIacuteLOGO Natildeo satildeo os nuacutemeros que fazem uma via-gem de SONHO Os quiloacutemetros ambicionados os desniacuteveis previstos os dias programados ficaram aqueacutem do planeado Mas as expectativas planeadas foram largamente ultrapassadas pois tivemos expe-riecircncias uacutenicas em cenaacuterios de Sonho com amiza-des imprevistas

Nesta ilha todos os sentidos experimentaram a na-tureza em estado puro A esta latitude tudo se torna impreviacutesivel os 6 dias que ficaacutemos retidos e os 1400 quiloacutemetros percorridos hoje parecem pouco vistos agrave distacircncia num lugar seguro

AGRADECIMENTO Aos nossos apoiantes ndash Terra dos Sonhos Cofides Competiccedilatildeo Movefree Bike performance Center D-Maker Ortik Bike Magazi-ne Bivaque Extramedia Portal Aventuras

Um agradecimento muito especial agrave missatildeo da For-ccedila Aeacuterea Portuguesa ndash Iceland Air Policing que nos recebeu e transportou as nossas bagagens no re-gresso a Portugal Bem hajam oslash

Ricardo Mendes e Filomena Gomes

MAIS PORMENORES E FOTOS

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Aventura

Luiacutesa Tomeacute

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Aventura- Tsiiii tsiiii ndash o meu olhar desviou-se do hori-zonte que observava tentando encontrar por perto de onde vinha o som daquele assobio

- Satildeo as marmotas Estatildeo a avisar as outras que noacutes estamos por perto eacute assim que comunicam principalmente se sentem algum perigo - o Heacutel-der ria do meu ar confuso Ia jurar que o assobio vinha de um ser humano Foi a primeira vez que avistei este simpaacutetico mamiacutefero Imagino esta marmota no meio dos peluches do quarto das minhas filhas Satildeo sem duacutevida um animal sim-paacutetico estes excelentes escavadores que vivem em altitudes desde os 900m aos 3200m Nove meses do ano passam-no a hibernar Estamos em pleno veratildeo nos Alpes e as marmotas estatildeo em grande atividade armazenando energias para o inverno Conseguimos avistar os outros elementos da coloacutenia ldquode peacuterdquo alerta Foi um bom motivo para uma merecida pausa tirar a mochila hidratar comer uma barra energeacutetica

Jaacute haviacuteamos percorrido grande parte do trilho que nos levaria ao Refuacutegio Albert I Eacute aqui que pernoitaremos para iniciar a nossa aclimataccedilatildeo Saiacutemos da pequena vila de Le Tour de onde partem os telefeacutericos usados no inverno para aceder agraves pistas de esqui No veratildeo continuam em atividade facilitando o percurso aos trekkers que natildeo queiram palmilhar o desniacutevel de cerca de

700m que os separa do Col de Balme- Estamos a aclimatar e tambeacutem a treinar nem pensar em usar meios mecacircnicos ndash Helder sor-ria a dizer esta frase Foi quanto bastou para perceber que a manhatilde ia ser longa Depois de vencermos grande parte do desniacutevel chegamos a um local de onde se pode avistar a cordilheira do monte Branco la Verte os Drus as Aiguil-les de Chamonix e o Monte Branco com os seus 4810m Mas que local magniacutefico para aclimatar pensei Para subir em altitude temos que permi-tir ao nosso organismo que se habitue gradual-mente agrave falta de oxigeacutenio a que vai ser exposto Para isso vamos fazendo caminhadas subindo gradualmente para que ao fim de alguns dias jaacute estejamos mais aptos a entrar numa zona em que a pressatildeo atmosfeacuterica eacute menor e o oxigeacutenio do ar mais rarefeito

Ao chegar agrave moreia do glaciar do Tour resta-nos uns 200 m para o nosso objetivo A 30 de agosto de 1930 o rei Alberto I da Beacutelgica inaugurou o primeiro refuacutegio que tem o seu nome Em 1935 o refuacutegio foi ampliado no entanto natildeo foi sufi-

ciente e o atual precariamente empoleirado num penhasco a uma altitude de 2706

inaugurado a 12 de julho de 1959 foi construiacutedo perto do primeiro

edifiacutecio Natildeo posso deixar de me impressionar ao avistaacute-lo e quando chego sento-me na varanda feliz por poder apre-

Esta-mos em pleno

veratildeo nos Alpes e as marmotas estatildeo em grande ativida-de armazenando energias para o

inverno

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ciar vistas tatildeo magniacuteficas ehellip por poder tirar as botas Natildeo tinha botas de alta montanha mas um amigo comprou umas plaacutesticas em segun-da matildeo em Chamonix e sorte das sortes eram o meu nuacutemero Fiz este trekking com elas para me habituar resultou Mas os meus peacutes supli-cavam por ar fresco Soacute conseguimos dar o de-vido valor ao momento de descanso conversa contemplaccedilatildeo numa varanda dum refuacutegio se jaacute tivermos percorrido umas boas horas por trilhos de montanha Saboreei ao maacuteximo este tempi-nho sabia que a tarde era guardada para treino no glaciar como andar em cordada e escalada no gelo Eacute sempre bom relembrar as bases um acidente pode acontecer quando descuramos as regras mais simples e esta tarde foi fundamental para isso Um sol magniacutefico vistas deslumbran-tes ambiente descontraiacutedo Natildeo deixar a corda a tocar o chatildeo nunca a pisar nem a ter dema-siado em tensatildeo Esta sintonia entre elementos de cordada trabalha-se e soacute com o treino a con-seguimos obter Amanhatilde vamos sair ao nascer do dia em direccedilatildeo agrave Aiguille du Tour Esta for-maccedilatildeo com 3540m eacute muito popular entre as pes-soas que tentam a ascensatildeo ao Monte Branco Eacute relativamente faacutecil a sua subida pela face leste

A meteorologia na manhatilde da nossa subida esta-va perfeita Adoro toda a logiacutestica de preparaccedilatildeo de saiacuteda do refuacutegio O acordar ainda de noite os ruiacutedos leves e abafados dos mais madrugadores na camarata o som dos passos ainda lentos no chatildeo de madeira Tento concentrar-me para natildeo me escapar nada ter todo o material colocado e sentir-me confortaacutevel Saio do refuacutegio e o ar

fresco da montanha acorda os meus sentidos Comeccedilamos a subir o glaciar frontais ligados muacutesculos a aquecer A inclinaccedilatildeo eacute moderada e rapidamente chegamos ao colo superior do Tour que marca a fronteira da Franccedila com a Suiacuteccedila ndash Trouxeram o passaporte Vamos pas-sar no posto fronteiriccedilo ndash pergunta o Heacutelder a sorrir Atravessamos agora o glaciar de Trient o sol aquece-nos e as vistas satildeo surpreendentes Ao chegar agrave base da aguille do Tour fazemos o nosso merecido descanso comer beber aacutegua apreciar a beleza que nos circunda Vem agora a parte divertida para quem gosta de escalar em rocha Iniciamos calmamente a nossa subida vamos ouvindo algumas orientaccedilotildees progredin-do e fazendo manobras para passar nas zonas mais expostas ateacute chegarmos ao topo Emocio-no-me com a beleza agrave minha volta O meu pen-samento liga-se a algueacutem muito querido que haacute bem pouco tempo deixou a vida terrena sinto a sua proximidade Um abraccedilo forte da minha amiga de escalada traz-me novamente agrave terra E ali agrave nossa frente majestoso quase como que a chamar-nos o Monte Branco

Foi nesse mesmo dia que regressamos a Chamo-nix Uma longa descida animada pela conversa descontraiacuteda sobre os Alpes - Haacute sempre tanto que contar desta cordilheira travessias espeta-culares que se podem fazer ndash ouvia atenta as histoacuterias que me contavam era a minha primei-ra vez nos Alpes e jaacute estava cativada Cativada ateacute pela proacutepria cidade de Chamonix Eacute um lo-cal onde se respira ar livre Da varanda do nos-so apartamento para onde quer que olhe vejo

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Aventuraatividades outdoor Ouccedilo os risos alegres dum grupo que desce o rio fazendo rafting observo o ceacuteu colorido pelos parapentes as pessoas pas-sam na rua equipadas com roupa de montanha Cheguei a Chamonix haacute dois dias de comboio Quando deambulava pelas suas ruelas cho-quei com uma curiosa estaacutetua onde um homem aponta a outro o cume do Monte Branco

- Eacute Jacques Balmat que estaacute a apontar para o cume ele foi o primeiro homem a subir esta montanha a 8 de agosto de 1786 acompanha-do do meacutedico Michel Paccard Saiacuteram de Cha-monix acamparam no cume da Montagne de la cote a 2630m agraves 4 da manhatilde partiram e chega-ram ao cume por volta das 6h da tarde Balmat nasceu neste vale era um caccedilador de cristais tinha uma vontade de ferro e um instinto para as montanhas Paccard era meacutedico em Chamonix e um excelente alpinista adorava botacircnica e mi-nerais Tambeacutem lhe erigiram aqui uma estaacutetua

Foi ele que conheceu Horace-Beacute-neacutedict de Saussure que ini-

ciou a corrida do primeiro homem a subir ao Monte Branco ndash disse-me Joatildeo

- E esse Saussure tam-beacutem era alpinista ndash perguntei curiosa

- O seu interesse pela botacircnica trouxe-o ateacute aos

Alpes e percorreu grande parte desta cordilheira co-

meccedilando a trabalhar no sentido de esclarecer a topografia da parte ne-

vada dos Alpes nessa eacutepoca praticamente des-conhecida Foi em 1760 que veio aqui pela pri-meira vez e ofereceu uma recompensa a quem escalasse o Monte Branco Ele tentou fazecirc-lo sem sucesso- Entatildeo nunca chegou a subir

- Sim conseguiu mas soacute em 1787 jaacute tinha 47 anos e levou 18 guias com ele Relembro as palavras que li do fotoacutegrafo de montanha C Douglas Milner ldquoA subida em si foi magniacutefica uma incriacutevel faccedilanha de coragem grande resistecircncia realizada por estes dois ho-mens apenas sem corda e sem piolets muito sobrecarregados com equipamentos cientiacuteficos e com longos bastotildees com pontas de ferro O bom tempo e uma lua luminosa garantiram o seu regresso com vidardquo

O dia seguinte foi passado a descansar visitar o Museu da Montanha e espreitar a meteoro-

Foi em 1760 que veio aqui

pela primeira vez e ofereceu uma recom-

pensa a quem escalas-se o Monte Branco Ele tentou fazecirc-lo

sem sucesso

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Um dos pontos al-tos eacute ir agrave roulotte

dos waffles delei-tarmo-nos com este

delicioso doce No fi-nal do dia ainda pude-

mos assistir a um espetaacute-culo de muacutesica e danccedila celta

na praccedila central O ambiente eacute descontraiacutedo a praccedila estaacute cheia de gente e a muacutesica faz sempre bem agrave alma Joatildeo recebe um telefonema

- Estaacutes nos Alpes Natildeo vatildeo poder subir amanhatilde aproxima-se uma tempestade Mas tenho boas notiacutecias tens uma janela de bom tempo no dia seguinte se quiserem aproveitar - Disse Viacutetor Baiacutea sempre bem informado sobre os fenoacuteme-nos meteoroloacutegicos

O dia em que vai haver ldquouma abertardquo para subir eacute o mesmo dia em que temos voo para Lisboa

desde Genebra Ficamos um pouco a pensar no que decidir e claro temos que arriscar Na mon-tanha eacute assim tem que haver flexibilidade es-tamos dependentes das condiccedilotildees climateacutericas e aproveitar quando nos eacute proporcionado bom tempo

A rota que vamos seguir natildeo eacute a mais utilizada eacute chamada rota dos trecircs cumes Esta rota eacute mais exigente fiacutesica e tecnicamente do que a rota do Goucircter No entanto com faacutecil acesso a partir do telefeacuterico da Aiguille du Midi este percurso tor-nou-se a segunda rota mais popular para esca-lar o Monte Branco O percurso inicia-se na Ai-guille du Midi seguindo pelo Col du Midi antes de subir o Monte Branco atraveacutes do Mont-Blanc du Tacul (4248m) e Maudit Mont (4465m) Esta rota requer condiccedilotildees estaacuteveis na neve do Mont Blanc du Tacul e Mont Maudit e tem uma eleva-ccedilatildeo acumulada de 1425m O refuacutegio Cosmiques estava lotado a nossa uacuteni-

- Es-taacutes nos Alpes

Natildeo vatildeo poder subir amanhatilde aproxi-ma-se uma tempestade

Mas tenho boas notiacutecias tens uma janela de bom tempo no dia seguinte

se quiserem apro-veitar

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Aventura

estaccedilatildeo do telefeacuterico da Aiguille du Midi Este telefeacuterico foi construiacutedo em 1955 e manteve o tiacutetulo de ser o mais alto do mundo durante duas deacutecadas Ele ainda deteacutem o recorde como o te-lefeacuterico com a ascensatildeo vertical mais alta no mundo de 1035 m para 3842 m Haacute duas se-ccedilotildees de Chamonix para o Plano de lAiguille a 2317 m e depois diretamente sem qualquer pi-lar de apoio para a estaccedilatildeo superior a 3777 m Apanhamos o uacuteltimo telefeacuterico do dia cerca de 20 minutos depois estaacutevamos no terraccedilo a tentar admirar as lindiacutessimas vistas que se tem deste local No entanto o mau tempo previsto estava certo e a visibilidade natildeo era mais de 20 m agrave nossa frente Estava desanimadiacutessima

- Como eacute possiacutevel daqui a poucas horas termos bom tempo para subir ndash Perguntei increacutedula- Estamos na montanha Luiacutesa a meteorologia muda rapidamente Temos que aguardar ndash Afir-mou Joatildeo calmo e confiante

Fomos procurar um local onde pudeacutessemos descansar ateacute agrave meia-noite hora marcada para a nossa partida O percurso eacute longo com bas-tante desniacutevel e na realidade o voo para Lisboa eacute amanhatilde Quando acordei o som dos ventos fortes que se faziam ouvir misteriosamente desaparece-ram Depois de comer e fazer a confirmaccedilatildeo do equipamento dirigimo-nos para a aresta que nos levaraacute ao Valleacute Blanche Foi com extrema curiosidade que me dirigi agrave saiacuteda Como esta-raacute o tempo A calma e tranquilidade que senti ao sair para o exterior foi-me trazida pela ma-ravilhosa paisagem que tinha agrave minha frente Afinal depois da tempestade vem a bonanccedila e a visatildeo deste vale imaculado sob um ceacuteu estre-lado sem ningueacutem sem pegadas sem luzes de frontais foi brutal Ao comeccedilar a descer a ares-ta conseguimos ver o refuacutegio Cosmiques ainda adormecido Fomos mesmo os primeiros a sair o que representa um privileacutegio por um lado e

No entanto o mau tempo pre-

visto estava certo e a visibilidade natildeo era mais de 20m agrave nossa frente Estava desa-

nimadiacutessima

Ainda foi longa a nossa caminhada sempre a encontrar forccedilas e energia onde quer que elas estivessem escondidas Paraacutevamos de vez em quando agrave espera da outra cordada de amigos e por fim cerca das 10h da manhatilde atingimos o cume Tento tirar fotos mas a maacutequina fotograacute-fica natildeo ajudou fiquei sem bateria Natildeo faltam maacutequinas para o fazer e depois de um breve descanso temos que iniciar a descida pela mes-ma rota Eacute uma descida que acaba por ter al-gumas subidas sendo por isso mais demorada Mas a alegria de ter cumprido o objetivo o dia tatildeo calmo e luminoso a companhia dos amigos supera qualquer tipo de cansaccedilo

Tive um sentimento de saudade ao chegar nova-mente ao Valleacute Blanche e olhar para traacutes para o trilho percorrido olhar aquele vale agora agrave luz do dia atravessado por tantas pegadas Olho de relance para a uacuteltima subida que nos falta fazer a aresta que nos levaraacute ao telefeacuterico na Aguille du Midi Faccedilo esta subida confiante como se ti-vesse deixado para traacutes todo o esforccedilo e cansaccedilo extremo desta maravilhosa aventura

Com grande pena natildeo pude comemorar em Chamonix nessa noite mas comemorei com imensa alegria ao reencontrar-me com a mi-nha famiacutelia orgulhosa de mim afinal estive no mesmo dia no cume do Monte Branco de manhatilde e agrave noite na minha cama quente e confortaacutevel em Lisboa oslash

Luiacutesa Tomeacute

Papa-Leacuteguaswwwpapa-leguascom

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um esforccedilo acrescido por outro Relembro a tra-vessia do glaciar do Tacul a ldquofazer trilhordquo o som dos campons na neve ecoava num ritmo proacute-prio pousava a minha bota no local exato onde o Joatildeo tinha feito a pegada como que num jogo em que quando falhava acrescia o esforccedilo que teria que fazer O som de passos intensifica-se temos mais madrugadores connosco Deixamo--los passar jaacute vimos a fazer trilho haacute bastante tempo eacute a vez de outros agora

Quando chegamos agrave ldquoparederdquo do Mont Blanc du Tacul jaacute temos algumas pessoas agrave espera para subir O sol ainda natildeo subiu para nos aquecer esperamos junto agraves cordas a nossa vez os peacutes comeccedilam a dar sinal de frio Iniciamos a subida os piolets e os crampons cravam-se certeiros no gelo a corda ajuda na subida Comeccedilo a ficar cansada e a hesitar paro por uns momentos sinto a boca seca o coraccedilatildeo a bater forte olho para cima jaacute natildeo falta muito - Piolet numa matildeo corda na outra sobe Luiacutesa ndash a voz do Heacutelder trouxe-me lucidez A energia que me faltava regressou Concentro-me e con-tinuo a subida pedaccedilos de gelo passam por noacutes arrancados aquela parede cheia de gente dese-josa de ultrapassar possivelmente o obstaacuteculo mais duro desta rota

O trilho continua pelo beliacutessimo Mont-Maudit apesar do seu nome O sol jaacute vai alto comeccedila a aquecer haacute que comeccedilar a tirar camadas Natildeo podemos desidratar Col de la Brenva um chaacute quente e uma bolacha Apetece ficar jaacute aqui as vistas satildeo surpreendentes Mas natildeo eacute este o nos-so objetivo vamos continuar a subir

Entrevista Diogo Miguel - (Oti-Estarreja)

ldquoO DEsPORTO EM PORTuGAL eacute uM EsPELhO DA sOCIEDADErdquo

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Entrevista

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Sabe acima de tudo as con-

diccedilotildees que temos e consegue olhar para o

resultado como sen-do bastante meri-

toacuterio

OutdOOr COmO eacute pOssiacutevel algueacutem COm-patibilizar a preparaccedilatildeO enquantO atleta de OrientaccedilatildeO de elite COm as exigecircnCias dum 6ordm anO dO CursO de medi-Cina

diOgO miguel O segredo reside sobretudo na motivaccedilatildeo Toda a gente consegue tirar um curso e fazer desporto e inclusivamente se gos-tar consegue treinar todos os dias Mas se esti-ver motivado o suficiente consegue levantar-se cedo para correr agraves seis da manhatilde estar na Fa-culdade agraves oito e meia sair agraves quatro da tarde e ir treinar outra vez estudar ateacute agraves dez da noite e dormir porque amanhatilde eacute outro dia Eacute preci-so estar-se motivado para abraccedilar esta vida durante o ano inteiro

Haacute quantO tempO eacute que as COisas satildeO levadas assimQuando comecei a fazer Orien-taccedilatildeo natildeo tinha grandes preo-cupaccedilotildees com o treino Durante os anos de faculdade jaacute treinava bastante a seacuterio mas foi haacute dois ou trecircs anos quando comecei a ser treinado pelo Professor Bruno Nazaacuterio que aumentei a carga de trei-no para o bi-diaacuterio A partir daiacute passei a ter o meu tempo totalmente ocupado Satildeo os estaacutegios do Curso o tempo de deslocaccedilatildeo para Hospitais da periferia uma tese para defender Este ano seraacute bastante mais exigente que os anteriores se calhar natildeo vou poder fazer treino bi-diaacuterio todos os dias como gostaria mas ainda assim vou pro-curar treinar duma forma o mais seacuteria possiacutevel e se natildeo puder fazecirc-lo na quantidade desejaacutevel pelo menos na qualidade espero consegui-lo

em 2007 COnquistOu a primeira grande medalHa da OrientaccedilatildeO pOrtuguesa aO sagrar-se CampeatildeO da eurOpa de JOvens

Chama-se Diogo Miguel e eacute aos 23 anos uma das referecircncias da Orientaccedilatildeo Pedestre nacio-nal Campeatildeo Europeu de Jovens em 2007 e Campeatildeo Nacional de Distacircncia Longa em 2009 e 2011 Diogo Miguel reparte o tempo entre a modalidade do seu coraccedilatildeo e as exigecircncias do curso de Medicina que abraccedilou haacute seis anos E foi precisamente por aiacute que a nossa conversa comeccedilou uma conversa onde passado presen-te e futuro se misturam e confundem numa teia de opccedilotildees direccedilotildees desafios e decisotildees Na Orientaccedilatildeo como na Vida

Por Joaquim Margarido

de sprint em eger na Hungria que me-moacuterias guarda dessa JOrnada Haacute CinCO anOs atraacutesGuardo sobretudo as memoacuterias e os amigos Na altura pensaacutemos que a visibilidade que este re-sultado poderia dar agrave Orientaccedilatildeo catapultasse a modalidade e possibilitasse a obtenccedilatildeo de mais apoios mas isso natildeo se veio a verificar pelo me-nos na medida daquilo que seria de esperar

esteve este anO nOs mundiais de lausan-ne COnseguindO O 33ordm lugar na Final a de distacircnCia lOnga que valOr atribui a este seu resultadOAtribuo-lhe um valor elevado ateacute porque foi a primeira vez em dez anos que um portuguecircs foi a uma final A de Distacircncia Longa Cheguei ao fim com a certeza de ter feito o meu melhor e se natildeo tivesse quebrado fisicamente teria fei-to melhor ainda Ou seja com outras condiccedilotildees de treino teria facilmente ficado entre os vinte e cinco primeiros Mas falta bastante cultura des-portiva agrave sociedade portuguesa em geral e se disser a algueacutem que natildeo estaacute familiarizado com a Orientaccedilatildeo que terminei em 33ordm num Campeo-nato do Mundo essa pessoa iraacute pensar ldquoesque-ce eacutes mau natildeo prestasrdquo Mas quem sabe como estas coisas funcionam sabe os sacrifiacutecios que temos que fazer Sabe acima de tudo as condi-ccedilotildees que temos e consegue olhar para o resulta-

do como sendo bastante meritoacuterio

temOs em pOrtugal O apOiO que deviacuteamOs Ou que mereCiacuteamOs

Natildeo Eacute bastante revoltante olhar para outros desportos como eacute o caso do Futebol e termos um Presidente que termina o man-dato agrave frente da Federaccedilatildeo e que se sente orgulhoso por ter deixa-

do um balanccedilo positivo nas contas de muitos milhotildees de euros Mas

satildeo estes precisamente que ainda assim continuam a receber milhotildees e

milhotildees do Instituto Portuguecircs do Desporto e Juventude enquanto outras modalidades lutam pela sobrevivecircncia Acho que somos claramen-te sub-apoiados O desporto em Portugal eacute um espelho da Sociedade Haacute os muito ricos e haacute os muito pobres Os ricos satildeo cada vez mais ricos e os pobres satildeo cada vez mais pobres Eacute a mesma coisa com o desporto

quandO OlHa para Os nOssOs JOvens que pOtenCialidades vecirc neles para COn-seguirem CHegar aOs lugares CimeirOs da OrientaccedilatildeO eurOpeia e mundialTemos alguns jovens com bastante valor prin-

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cipalmente o Luiacutes Silva Trata-se dum atleta que tem um futuro brutal e acho que vai ser sem sombra de duacutevidas o melhor atleta portuguecircs dentro de muito pouco tempo Olhando de for-ma mais aprofundada para estes atletas eacute uma realidade que eles tecircm hoje melhores condiccedilotildees em relaccedilatildeo agravequilo que noacutes tiacutenhamos na altura Basta ver que os atletas jaacute se deslocam com al-guma frequecircncia ao terreno antes das grandes competiccedilotildees coisa que natildeo havia ateacute haacute muito pouco tempo atraacutes E depois haacute os estaacutegios de Seleccedilatildeo Mas deve reconhecer-se que lhes falta o treino fora da competiccedilatildeo Acho que falta al-gum espiacuterito de sacrifiacutecio no treino em casa que eacute o mais importante

o CLubE dE oriEntaccedilatildeo dE EstarrEJa Eacute dEsdE sEMprE o sEu CLubE quE signiFiCa-do tEM para si EstE EMbLEMa E Esta CaMi-soLa quE EnvErgaComecei na Orientaccedilatildeo aos 8 anos e a minha primeira experiecircncia foi no Desporto Escolar na minha terra Canelas uma pequena aldeia do Concelho de Estarreja A essa primeira pro-va seguiu-se uma ldquoQuinzena da Orientaccedilatildeordquo no veratildeo e nunca mais parei Haacute quinze anos que estou ligado a este clube e ele faz parte de mim Poderia dividir a minha vida em dois por um lado a parte profissional da Faculdade e por outro a Orientaccedilatildeo Por estranho que possa pa-recer a parte desportiva natildeo se encontra num plano inferior relativamente agrave parte profissio-nal Ambas as partes se complementam uma agrave outra Portanto a minha ligaccedilatildeo a este clube eacute muito grande satildeo muitos anos satildeo muitas pes-soas e ajudou-me a crescer

aos Miuacutedos quE agora datildeo os priMEiros passos quE ConsELhos dariaO conselho natildeo o daria aos miuacutedos se calhar da-va-o antes aos pais Tanto a escola como o des-porto andam muito ligados Se temos disciplina num acabamos por ter disciplina no outro Natildeo eacute por acaso se olharmos para os atletas de topo a niacutevel nacional todos eles satildeo excelentes es-tudantes e tecircm um futuro profissional bastante promissor Tudo parte de quem educa Eu tenho a sorte de ter uns pais que sempre me educaram bem e que sempre me deram o apoio necessaacuterio para conseguir fazer as duas coisas

E deixaria ainda um conselho mais aos pais o de virem fazer uma prova de Orientaccedilatildeo com os seus filhos Uma das grandes vantagens da Orientaccedilatildeo eacute ser para aleacutem do ldquodesporto da flo-restardquo o ldquodesporto da famiacuteliardquo

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EntrevistaConsidEra quE Esta EacutepoCa CorrEu dE aCordo CoM as suas ExpECtativasNa verdade digamos que a eacutepoca estaacute quase agrave beira de comeccedilar Depois do Campeonato do Mundo tirei mais tempo do que era habitual para descansar e tenho estado a fazer pratica-mente soacute manutenccedilatildeo A eacutepoca teve alguns per-calccedilos comecei a treinar na Repuacuteblica Checa e apesar de ter feito muito treino com mapa devi-do agraves questotildees climateacutericas e agraves poucas horas de luz acabei por ter uma carga de treino aqueacutem do desejaacutevel Depois de regressar a Portugal estava a treinar bem mas tive um percalccedilo e lesionei--me num peacute o que me obrigou a uma paragem de um mecircs Isso fez-me perder muito da minha boa forma e acredito que se natildeo fosse isso po-

deria ter chegado muito melhor ao Campeonato do Mundo e aiacute o resultado poderia ter sido outro Apesar de tudo os resultados acabaram por ser bem melhores do que estaria agrave espera

o obJEtivo a Curto praZo passa pELo tiacute-tuLo naCionaL absoLutoPor acaso esse eacute um tiacutetulo que nunca alcancei Vou comeccedilar a treinar a seacuterio para chegar nas melhores condiccedilotildees ao Campeonato Nacional Absoluto e esse vai ser um bom teste O objetivo eacute estar laacute para ganhar

Quanto agrave proacutexima eacutepoca espero apresentar-me agraves provas em melhor forma do que este ano e que os bons resultados possam aparecer oslash

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ofereccedila um garmin DeSemBruLHara caixa Seraacute Soacute o princiacutepio

este natal ofereccedila emoccedilotildees aventuras para quem viaja ou para os que correm para os que navegam no mar ou escalam montanhas Para os nadadores ou golfistas este natal ofereccedila um garmin

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Por Terra

ORIENTACcedilatildeOhellip DEsPORTO NA NATuREzA

Parque nacional torres del Paine Chile

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Cinco satildeo os sentidos estaacute nos manuais neles reside a possi-bilidade de um maior ou menor contacto da pessoa com aquilo que a rodeia Haacute ainda o sexto sentido aquela perceccedilatildeo extra--sensorial que parece ser mais propriedade das mulheres do que dos homens e que nas con-ceccedilotildees ocultistas estaraacute tam-beacutem sedeado num oacutergatildeo do nosso corpo Figurada ou ob-jetivamente eacute bom que todos eles ndash sem exceccedilatildeo - estejam suficientemente desenvolvi-dos sem isso natildeo haacute sentido de orientaccedilatildeo que aguente

A Orientaccedilatildeo eacute um Desporto recente em Portugal mas tem jaacute mais de 100 anos de existecircncia

enquanto desporto organi-zado Com efeito teraacute sido em Bergen - Noruega no ano de 1897 que se organizou a pri-meira atividade desportiva de Orientaccedilatildeo Os paiacuteses noacuterdicos satildeo ainda hoje aqueles onde a modalidade tem maior implan-taccedilatildeo mobilizando um nuacutemero de praticantes que coloca a

Orientaccedilatildeo entre os cinco des-portos com mais adeptos na Escandinaacutevia A maior prova do mundo realiza-se anual-mente na Sueacutecia os 5 dias da Sueacutecia com um nuacutemero de participantes que jaacute atingiu os 25000

Durante o seacutec XX a modali-dade foi evoluindo ateacute agrave criaccedilatildeo da Federaccedilatildeo Internacional de Orientaccedilatildeo (IOF) que fes-tejou em 2012 o 51ordm aniversaacuterio e veio normalizar mundial-mente as regras competitivas as normas para elaboraccedilatildeo dos mapas e as sinaleacuteticas a usar A Orientaccedilatildeo eacute praticada em quatro disciplinas diferentes Orientaccedilatildeo Pedestre Orien-taccedilatildeo em BTT Orientaccedilatildeo em Ski e Orientaccedilatildeo de Precisatildeo (Orientaccedilatildeo prioritariamente para deficientes motores)

Portugal tem marcado pontos na Orientaccedilatildeo para o desporto adaptado lanccedilando em 2012 a Taccedila de Portugal de Orientaccedilatildeo de Precisatildeo e criando um cir-cuito de Orientaccedilatildeo adaptada vocacionado prioritariamente para a deficiecircncia intelectual e

crianccedilas em idade preacute-escolar que eacute uacutenico no Mundo e que estaacute a ser jaacute implementado pela Espanha

o quE EacutePodemos dizer que a Orien-taccedilatildeo eacute um desporto completo Haacute o aspeto fiacutesico o treino no campo que se aproxima do treino dum atleta de fundo E haacute o aspeto mental que de-sempenha um papel funda-mental a leitura dos mapas o contra-reloacutegiohellip Eacute tambeacutem o desporto de natureza por exce-lecircncia Os orientistas saem dos trilhos balizados para pene-trarem no coraccedilatildeo da floresta Cada dia eacute uma nova aven-tura Daquele que se inicia na Orientaccedilatildeo ao mais consagrado dos praticantes haacute todo um mesmo espiacuterito de liberdade de fazer a sua proacutepria escolha do melhor itineraacuterio No Atle-tismo por exemplo a volta agrave pista teraacute sempre 400 metros quer seja aqui ou no Japatildeo Na Orientaccedilatildeo esta noccedilatildeo de dis-tacircncia tem muito pouco signi-ficado Tanto se pode fazer 10 quiloacutemetros numa hora e meia como em quarenta minutos E

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depois nunca existem duas florestas iguais Eacute o eterno recomeccedilo Na Austraacutelia ou na Suiacuteccedila no Japatildeo ou na Escandinaacutevia eacute necessaacuterio uma adaptaccedilatildeo a cada local natildeo haacute lugar a repeti-ccedilotildeeshellip

Cada corredor possui uma buacutessola e um mapa que contrariamente a um mapa normal conteacutem uma enorme diversidade de detalhes acerca dos seus elementos caracteriacutesticos (relevo do ter-reno vegetaccedilatildeo caminhos elementos rochosos construccedilotildees e muito mais) Os mapas satildeo rea-lizados segundo as normas especiacuteficas da Fede-raccedilatildeo Internacional de Orientaccedilatildeo que tem sede na Finlacircndia Aleacutem da legenda sobre os siacutembolos nele representados existe ainda uma sinaleacutetica

proacutepria que tem a ver com o percurso que o praticante vai realizar nesse evento e que eacute uma linguagem uni-versal

A partir do momento em que se potildee em marcha o cronoacutemetro o orientista deve efe-tuar o seu percurso que eacute marcado no mapa e que eacute cons-tituiacutedo por uma par-tida (representada por um triacircngulo) uma seacuterie de pontos de

passagem obrigatoacuterios (representados por ciacuter-culos) e a chegada (representada no mapa por dois ciacuterculos concecircntricos) Estes pontos satildeo materializados no terreno sob a forma de um prisma triangular denominado por baliza e a passagem deve ser validada por um sistema de ldquopicotagemrdquo manual ou eletroacutenica O objetivo consiste em fazer o percurso na sequecircncia in-dicada o mais rapidamente possiacutevel Mas entre cada ponto de passagem a escolha do itineraacuterio fica ao criteacuterio de cada um

O percurso em linha reta evidentemente nem sempre eacute o mais raacutepido Eacute necessaacuterio jogar com as inflexotildees do terreno os lagos os muros e outros acidenteshellip O tempo gasto a percorrer o traccedilado da corrida depende sobretudo do meio sobre o qual a mesma se desenrola Em terrenos como na Escandinaacutevia onde o relevo eacute mais duro numa mesma distacircncia poderemos gastar quase o dobro do tempo que gastariacuteamos num terreno plano e sem o mesmo tipo de obs-taacuteculos

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O conhecimento do relevo eacute a parte mais difiacutecil Eacute neces-saacuterio aprender a imaginar um terreno a trecircs dimensotildees sobre o mapa Claro que natildeo eacute apenas isto Para quem tem mais dificuldade em possuir a visatildeo a trecircs dimensotildees esta in-suficiecircncia pode ser compensada com outras qualidades nomeada-mente a atenccedilatildeo Mas nem todos pos-suem igualmente esta capacidade mental Como na generalidade dos desportos eacute neces-saacuteria uma longa aprendizagem onde o treino teacutecnico a vivecircncia de situaccedilotildees mais variadas e o nuacutemero de florestas ldquovisitadasrdquo desempe-nham um papel fundamental Eacute agrave medida que o tempo passa que o orientista aprende a adaptar o seu comportamento a reagir cada vez mais rapidamente e a encontrar as melhores opccedilotildeesO desporto natildeo eacute muito mediatizado e o espiacute-rito da Orientaccedilatildeo eacute o de permanecer livre Eacute um desporto ainda preservado de certas po-leacutemicas ldquodopingrdquo e outros malabarismos daiacute que muitos orientistas digam que natildeo seja mau de todo que ele permaneccedila ldquoconfidencialrdquo

Grandes Competiccedilotildees em 2013

Em 2013 as grandes competiccedilotildees internacio-nais onde Portugal vai querer estar presente

satildeo as seguintes

- Campeonato do Mundo de Juacuteniores ndash Repuacuteblica Checa (29jun-06 de julho) wwwjwoc2013cz

- Campeonato do Mundo Elite ndash Finlacircndia (07-14 jul)

wwwwoc2013fi- Campeonato do Mundo ve-

teranos ndash Itaacutelia (02-10 ago) wwwwmoc2013it

- Campeonato da Europa de Jovens ndash Israel (03 de novembro) wwweyoc2013org

portuGal na alta roda Mas Portugal vai ter brevemente grandes desa-fios pela frente- Em 2013 organiza uma etapa da Taccedila do Mundo de seacuteniores e o Campeonato do Mundo de Vete-ranos de Orientaccedilatildeo em BTT - Costa Alentejana entre 09 e 13 de outubro- Em 2014 organiza em Palmela de 9-14 de abril e em paralelo o Campeonato da Europa de Orientaccedilatildeo Pedestre e o Campeonato da Eu-ropa de Orientaccedilatildeo de Precisatildeo wwweoc2014fpopt

Carnaval o ponto alto Desde 1996 que Portugal realiza a sua prova ra-inha que atrai os melhores especialistas a Por-

Eacute um desporto ainda

preservado de certas poleacutemicas ldquodopingrdquo e outros malabarismos

daiacute que muitos orientistas digam que natildeo seja mau de todo que ele perma-

neccedila ldquoconfiden-cialrdquo

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Por Terratugal Eacute O Portugal Orsquo Meeting que desde 2000 se realiza no Carnaval com a duraccedilatildeo de 4 dias e pontuaacutevel para a liga Mundial de orientaccedilatildeo pedestre nos percursos de Elite Em 2013 Por-tugal vai receber pela primeira vez trecircs eventos pontuaacuteveis para a Liga Mundial02 e 03 de fevereiro ndash Norte Alentejano Orsquo Mee-ting ndash Nisa (wwwnaompt)09ndash12 de fevereiro ndash Portugal Orsquo Meeting ndash Idanha-a-nova (wwwpompt)16 e 17 de fevereiro ndash XIV Meeting de Orien-taccedilatildeo do Centro ndash Pombal (wwwcocpteventos16fev2013)

OrientaccedilatildeO muitO mais dO que um despOr-tOOlhando para a modalidade de uma forma mais transversal podemos enquadraacute-la aleacutem de mo-dalidade desportiva com aacutereas como o Ambien-te a Educaccedilatildeo e as Novas Tecnologias As qua-tro vertentes atraacutes enunciadas reunidas numa soacute tem a ver tambeacutem com solidariedade

Ambiente porque a Orientaccedilatildeo eacute o ldquoDesporto da Florestardquo fazendo de cada praticante um guardiatildeo e um amigo de tatildeo valioso patrimoacutenio Educaccedilatildeo porque eacute uma modalidade onde se aglutinam mateacuterias tatildeo nucleares como a Ma-temaacutetica ou a Geografia e se desenvolvem com-petecircncias como a capacidade de interpretaccedilatildeo ou o poder de decisatildeo por isso ser considerada prioritaacuteria para o Desporto Escolar Novas Tec-nologias porque eacute das modalidades que mais depende dos Meios Informaacuteticos a todos os niacute-veis do controlo de tempos agrave cartografia mais desenvolvida que existe Desporto porque pro-move a atividade fiacutesica e a Sauacutede dirigindo-se de igual forma agravequeles que individualmente a praticam ao niacutevel da alta competiccedilatildeo como agraves crianccedilas ou agraves famiacutelias que vecircm nela uma forma

de promover o seu bem estar fiacutesico e reforccedilar os laccedilos de amizade e convivialidade

E solidariedade porque vive da forccedila que projeta nos seus praticantes

trabalhando desinteressadamente em prol da modalidade em prol do paiacutes

Porque a Orientaccedilatildeo eacute Ambiente eacute Educaccedilatildeo satildeo Novas Tecnolo-gias eacute Desporto Porque a Orien-

taccedilatildeo gera Riqueza e gera Sauacutede Porque a Orientaccedilatildeo eacute de todos e

para todos Interessa a todos Inte-ressa ao Paiacutes Daiacute que eacute urgente que

todos venham experimentar e que descu-bram as belezas deste Paiacutes de mapa na matildeo oslash

Fernando Costa e Joaquim margarido

Olhando para a modali-

dade de uma forma mais transversal po-

demos enquadraacute-la aleacutem de modalidade desportiva

com aacutereas como o Am-biente a Educaccedilatildeo e

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Aventura

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Aventura- Tsiiii tsiiii ndash o meu olhar desviou-se do hori-zonte que observava tentando encontrar por perto de onde vinha o som daquele assobio

- Satildeo as marmotas Estatildeo a avisar as outras que noacutes estamos por perto eacute assim que comunicam principalmente se sentem algum perigo - o Heacutel-der ria do meu ar confuso Ia jurar que o assobio vinha de um ser humano Foi a primeira vez que avistei este simpaacutetico mamiacutefero Imagino esta marmota no meio dos peluches do quarto das minhas filhas Satildeo sem duacutevida um animal sim-paacutetico estes excelentes escavadores que vivem em altitudes desde os 900m aos 3200m Nove meses do ano passam-no a hibernar Estamos em pleno veratildeo nos Alpes e as marmotas estatildeo em grande atividade armazenando energias para o inverno Conseguimos avistar os outros elementos da coloacutenia ldquode peacuterdquo alerta Foi um bom motivo para uma merecida pausa tirar a mochila hidratar comer uma barra energeacutetica

Jaacute haviacuteamos percorrido grande parte do trilho que nos levaria ao Refuacutegio Albert I Eacute aqui que pernoitaremos para iniciar a nossa aclimataccedilatildeo Saiacutemos da pequena vila de Le Tour de onde partem os telefeacutericos usados no inverno para aceder agraves pistas de esqui No veratildeo continuam em atividade facilitando o percurso aos trekkers que natildeo queiram palmilhar o desniacutevel de cerca de

700m que os separa do Col de Balme- Estamos a aclimatar e tambeacutem a treinar nem pensar em usar meios mecacircnicos ndash Helder sor-ria a dizer esta frase Foi quanto bastou para perceber que a manhatilde ia ser longa Depois de vencermos grande parte do desniacutevel chegamos a um local de onde se pode avistar a cordilheira do monte Branco la Verte os Drus as Aiguil-les de Chamonix e o Monte Branco com os seus 4810m Mas que local magniacutefico para aclimatar pensei Para subir em altitude temos que permi-tir ao nosso organismo que se habitue gradual-mente agrave falta de oxigeacutenio a que vai ser exposto Para isso vamos fazendo caminhadas subindo gradualmente para que ao fim de alguns dias jaacute estejamos mais aptos a entrar numa zona em que a pressatildeo atmosfeacuterica eacute menor e o oxigeacutenio do ar mais rarefeito

Ao chegar agrave moreia do glaciar do Tour resta-nos uns 200 m para o nosso objetivo A 30 de agosto de 1930 o rei Alberto I da Beacutelgica inaugurou o primeiro refuacutegio que tem o seu nome Em 1935 o refuacutegio foi ampliado no entanto natildeo foi sufi-

ciente e o atual precariamente empoleirado num penhasco a uma altitude de 2706

inaugurado a 12 de julho de 1959 foi construiacutedo perto do primeiro

edifiacutecio Natildeo posso deixar de me impressionar ao avistaacute-lo e quando chego sento-me na varanda feliz por poder apre-

Esta-mos em pleno

veratildeo nos Alpes e as marmotas estatildeo em grande ativida-de armazenando energias para o

inverno

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ciar vistas tatildeo magniacuteficas ehellip por poder tirar as botas Natildeo tinha botas de alta montanha mas um amigo comprou umas plaacutesticas em segun-da matildeo em Chamonix e sorte das sortes eram o meu nuacutemero Fiz este trekking com elas para me habituar resultou Mas os meus peacutes supli-cavam por ar fresco Soacute conseguimos dar o de-vido valor ao momento de descanso conversa contemplaccedilatildeo numa varanda dum refuacutegio se jaacute tivermos percorrido umas boas horas por trilhos de montanha Saboreei ao maacuteximo este tempi-nho sabia que a tarde era guardada para treino no glaciar como andar em cordada e escalada no gelo Eacute sempre bom relembrar as bases um acidente pode acontecer quando descuramos as regras mais simples e esta tarde foi fundamental para isso Um sol magniacutefico vistas deslumbran-tes ambiente descontraiacutedo Natildeo deixar a corda a tocar o chatildeo nunca a pisar nem a ter dema-siado em tensatildeo Esta sintonia entre elementos de cordada trabalha-se e soacute com o treino a con-seguimos obter Amanhatilde vamos sair ao nascer do dia em direccedilatildeo agrave Aiguille du Tour Esta for-maccedilatildeo com 3540m eacute muito popular entre as pes-soas que tentam a ascensatildeo ao Monte Branco Eacute relativamente faacutecil a sua subida pela face leste

A meteorologia na manhatilde da nossa subida esta-va perfeita Adoro toda a logiacutestica de preparaccedilatildeo de saiacuteda do refuacutegio O acordar ainda de noite os ruiacutedos leves e abafados dos mais madrugadores na camarata o som dos passos ainda lentos no chatildeo de madeira Tento concentrar-me para natildeo me escapar nada ter todo o material colocado e sentir-me confortaacutevel Saio do refuacutegio e o ar

fresco da montanha acorda os meus sentidos Comeccedilamos a subir o glaciar frontais ligados muacutesculos a aquecer A inclinaccedilatildeo eacute moderada e rapidamente chegamos ao colo superior do Tour que marca a fronteira da Franccedila com a Suiacuteccedila ndash Trouxeram o passaporte Vamos pas-sar no posto fronteiriccedilo ndash pergunta o Heacutelder a sorrir Atravessamos agora o glaciar de Trient o sol aquece-nos e as vistas satildeo surpreendentes Ao chegar agrave base da aguille do Tour fazemos o nosso merecido descanso comer beber aacutegua apreciar a beleza que nos circunda Vem agora a parte divertida para quem gosta de escalar em rocha Iniciamos calmamente a nossa subida vamos ouvindo algumas orientaccedilotildees progredin-do e fazendo manobras para passar nas zonas mais expostas ateacute chegarmos ao topo Emocio-no-me com a beleza agrave minha volta O meu pen-samento liga-se a algueacutem muito querido que haacute bem pouco tempo deixou a vida terrena sinto a sua proximidade Um abraccedilo forte da minha amiga de escalada traz-me novamente agrave terra E ali agrave nossa frente majestoso quase como que a chamar-nos o Monte Branco

Foi nesse mesmo dia que regressamos a Chamo-nix Uma longa descida animada pela conversa descontraiacuteda sobre os Alpes - Haacute sempre tanto que contar desta cordilheira travessias espeta-culares que se podem fazer ndash ouvia atenta as histoacuterias que me contavam era a minha primei-ra vez nos Alpes e jaacute estava cativada Cativada ateacute pela proacutepria cidade de Chamonix Eacute um lo-cal onde se respira ar livre Da varanda do nos-so apartamento para onde quer que olhe vejo

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Aventuraatividades outdoor Ouccedilo os risos alegres dum grupo que desce o rio fazendo rafting observo o ceacuteu colorido pelos parapentes as pessoas pas-sam na rua equipadas com roupa de montanha Cheguei a Chamonix haacute dois dias de comboio Quando deambulava pelas suas ruelas cho-quei com uma curiosa estaacutetua onde um homem aponta a outro o cume do Monte Branco

- Eacute Jacques Balmat que estaacute a apontar para o cume ele foi o primeiro homem a subir esta montanha a 8 de agosto de 1786 acompanha-do do meacutedico Michel Paccard Saiacuteram de Cha-monix acamparam no cume da Montagne de la cote a 2630m agraves 4 da manhatilde partiram e chega-ram ao cume por volta das 6h da tarde Balmat nasceu neste vale era um caccedilador de cristais tinha uma vontade de ferro e um instinto para as montanhas Paccard era meacutedico em Chamonix e um excelente alpinista adorava botacircnica e mi-nerais Tambeacutem lhe erigiram aqui uma estaacutetua

Foi ele que conheceu Horace-Beacute-neacutedict de Saussure que ini-

ciou a corrida do primeiro homem a subir ao Monte Branco ndash disse-me Joatildeo

- E esse Saussure tam-beacutem era alpinista ndash perguntei curiosa

- O seu interesse pela botacircnica trouxe-o ateacute aos

Alpes e percorreu grande parte desta cordilheira co-

meccedilando a trabalhar no sentido de esclarecer a topografia da parte ne-

vada dos Alpes nessa eacutepoca praticamente des-conhecida Foi em 1760 que veio aqui pela pri-meira vez e ofereceu uma recompensa a quem escalasse o Monte Branco Ele tentou fazecirc-lo sem sucesso- Entatildeo nunca chegou a subir

- Sim conseguiu mas soacute em 1787 jaacute tinha 47 anos e levou 18 guias com ele Relembro as palavras que li do fotoacutegrafo de montanha C Douglas Milner ldquoA subida em si foi magniacutefica uma incriacutevel faccedilanha de coragem grande resistecircncia realizada por estes dois ho-mens apenas sem corda e sem piolets muito sobrecarregados com equipamentos cientiacuteficos e com longos bastotildees com pontas de ferro O bom tempo e uma lua luminosa garantiram o seu regresso com vidardquo

O dia seguinte foi passado a descansar visitar o Museu da Montanha e espreitar a meteoro-

Foi em 1760 que veio aqui

pela primeira vez e ofereceu uma recom-

pensa a quem escalas-se o Monte Branco Ele tentou fazecirc-lo

sem sucesso

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Um dos pontos al-tos eacute ir agrave roulotte

dos waffles delei-tarmo-nos com este

delicioso doce No fi-nal do dia ainda pude-

mos assistir a um espetaacute-culo de muacutesica e danccedila celta

na praccedila central O ambiente eacute descontraiacutedo a praccedila estaacute cheia de gente e a muacutesica faz sempre bem agrave alma Joatildeo recebe um telefonema

- Estaacutes nos Alpes Natildeo vatildeo poder subir amanhatilde aproxima-se uma tempestade Mas tenho boas notiacutecias tens uma janela de bom tempo no dia seguinte se quiserem aproveitar - Disse Viacutetor Baiacutea sempre bem informado sobre os fenoacuteme-nos meteoroloacutegicos

O dia em que vai haver ldquouma abertardquo para subir eacute o mesmo dia em que temos voo para Lisboa

desde Genebra Ficamos um pouco a pensar no que decidir e claro temos que arriscar Na mon-tanha eacute assim tem que haver flexibilidade es-tamos dependentes das condiccedilotildees climateacutericas e aproveitar quando nos eacute proporcionado bom tempo

A rota que vamos seguir natildeo eacute a mais utilizada eacute chamada rota dos trecircs cumes Esta rota eacute mais exigente fiacutesica e tecnicamente do que a rota do Goucircter No entanto com faacutecil acesso a partir do telefeacuterico da Aiguille du Midi este percurso tor-nou-se a segunda rota mais popular para esca-lar o Monte Branco O percurso inicia-se na Ai-guille du Midi seguindo pelo Col du Midi antes de subir o Monte Branco atraveacutes do Mont-Blanc du Tacul (4248m) e Maudit Mont (4465m) Esta rota requer condiccedilotildees estaacuteveis na neve do Mont Blanc du Tacul e Mont Maudit e tem uma eleva-ccedilatildeo acumulada de 1425m O refuacutegio Cosmiques estava lotado a nossa uacuteni-

- Es-taacutes nos Alpes

Natildeo vatildeo poder subir amanhatilde aproxi-ma-se uma tempestade

Mas tenho boas notiacutecias tens uma janela de bom tempo no dia seguinte

se quiserem apro-veitar

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Aventura

estaccedilatildeo do telefeacuterico da Aiguille du Midi Este telefeacuterico foi construiacutedo em 1955 e manteve o tiacutetulo de ser o mais alto do mundo durante duas deacutecadas Ele ainda deteacutem o recorde como o te-lefeacuterico com a ascensatildeo vertical mais alta no mundo de 1035 m para 3842 m Haacute duas se-ccedilotildees de Chamonix para o Plano de lAiguille a 2317 m e depois diretamente sem qualquer pi-lar de apoio para a estaccedilatildeo superior a 3777 m Apanhamos o uacuteltimo telefeacuterico do dia cerca de 20 minutos depois estaacutevamos no terraccedilo a tentar admirar as lindiacutessimas vistas que se tem deste local No entanto o mau tempo previsto estava certo e a visibilidade natildeo era mais de 20 m agrave nossa frente Estava desanimadiacutessima

- Como eacute possiacutevel daqui a poucas horas termos bom tempo para subir ndash Perguntei increacutedula- Estamos na montanha Luiacutesa a meteorologia muda rapidamente Temos que aguardar ndash Afir-mou Joatildeo calmo e confiante

Fomos procurar um local onde pudeacutessemos descansar ateacute agrave meia-noite hora marcada para a nossa partida O percurso eacute longo com bas-tante desniacutevel e na realidade o voo para Lisboa eacute amanhatilde Quando acordei o som dos ventos fortes que se faziam ouvir misteriosamente desaparece-ram Depois de comer e fazer a confirmaccedilatildeo do equipamento dirigimo-nos para a aresta que nos levaraacute ao Valleacute Blanche Foi com extrema curiosidade que me dirigi agrave saiacuteda Como esta-raacute o tempo A calma e tranquilidade que senti ao sair para o exterior foi-me trazida pela ma-ravilhosa paisagem que tinha agrave minha frente Afinal depois da tempestade vem a bonanccedila e a visatildeo deste vale imaculado sob um ceacuteu estre-lado sem ningueacutem sem pegadas sem luzes de frontais foi brutal Ao comeccedilar a descer a ares-ta conseguimos ver o refuacutegio Cosmiques ainda adormecido Fomos mesmo os primeiros a sair o que representa um privileacutegio por um lado e

No entanto o mau tempo pre-

visto estava certo e a visibilidade natildeo era mais de 20m agrave nossa frente Estava desa-

nimadiacutessima

Ainda foi longa a nossa caminhada sempre a encontrar forccedilas e energia onde quer que elas estivessem escondidas Paraacutevamos de vez em quando agrave espera da outra cordada de amigos e por fim cerca das 10h da manhatilde atingimos o cume Tento tirar fotos mas a maacutequina fotograacute-fica natildeo ajudou fiquei sem bateria Natildeo faltam maacutequinas para o fazer e depois de um breve descanso temos que iniciar a descida pela mes-ma rota Eacute uma descida que acaba por ter al-gumas subidas sendo por isso mais demorada Mas a alegria de ter cumprido o objetivo o dia tatildeo calmo e luminoso a companhia dos amigos supera qualquer tipo de cansaccedilo

Tive um sentimento de saudade ao chegar nova-mente ao Valleacute Blanche e olhar para traacutes para o trilho percorrido olhar aquele vale agora agrave luz do dia atravessado por tantas pegadas Olho de relance para a uacuteltima subida que nos falta fazer a aresta que nos levaraacute ao telefeacuterico na Aguille du Midi Faccedilo esta subida confiante como se ti-vesse deixado para traacutes todo o esforccedilo e cansaccedilo extremo desta maravilhosa aventura

Com grande pena natildeo pude comemorar em Chamonix nessa noite mas comemorei com imensa alegria ao reencontrar-me com a mi-nha famiacutelia orgulhosa de mim afinal estive no mesmo dia no cume do Monte Branco de manhatilde e agrave noite na minha cama quente e confortaacutevel em Lisboa oslash

Luiacutesa Tomeacute

Papa-Leacuteguaswwwpapa-leguascom

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um esforccedilo acrescido por outro Relembro a tra-vessia do glaciar do Tacul a ldquofazer trilhordquo o som dos campons na neve ecoava num ritmo proacute-prio pousava a minha bota no local exato onde o Joatildeo tinha feito a pegada como que num jogo em que quando falhava acrescia o esforccedilo que teria que fazer O som de passos intensifica-se temos mais madrugadores connosco Deixamo--los passar jaacute vimos a fazer trilho haacute bastante tempo eacute a vez de outros agora

Quando chegamos agrave ldquoparederdquo do Mont Blanc du Tacul jaacute temos algumas pessoas agrave espera para subir O sol ainda natildeo subiu para nos aquecer esperamos junto agraves cordas a nossa vez os peacutes comeccedilam a dar sinal de frio Iniciamos a subida os piolets e os crampons cravam-se certeiros no gelo a corda ajuda na subida Comeccedilo a ficar cansada e a hesitar paro por uns momentos sinto a boca seca o coraccedilatildeo a bater forte olho para cima jaacute natildeo falta muito - Piolet numa matildeo corda na outra sobe Luiacutesa ndash a voz do Heacutelder trouxe-me lucidez A energia que me faltava regressou Concentro-me e con-tinuo a subida pedaccedilos de gelo passam por noacutes arrancados aquela parede cheia de gente dese-josa de ultrapassar possivelmente o obstaacuteculo mais duro desta rota

O trilho continua pelo beliacutessimo Mont-Maudit apesar do seu nome O sol jaacute vai alto comeccedila a aquecer haacute que comeccedilar a tirar camadas Natildeo podemos desidratar Col de la Brenva um chaacute quente e uma bolacha Apetece ficar jaacute aqui as vistas satildeo surpreendentes Mas natildeo eacute este o nos-so objetivo vamos continuar a subir

Entrevista Diogo Miguel - (Oti-Estarreja)

ldquoO DEsPORTO EM PORTuGAL eacute uM EsPELhO DA sOCIEDADErdquo

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Entrevista

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Sabe acima de tudo as con-

diccedilotildees que temos e consegue olhar para o

resultado como sen-do bastante meri-

toacuterio

OutdOOr COmO eacute pOssiacutevel algueacutem COm-patibilizar a preparaccedilatildeO enquantO atleta de OrientaccedilatildeO de elite COm as exigecircnCias dum 6ordm anO dO CursO de medi-Cina

diOgO miguel O segredo reside sobretudo na motivaccedilatildeo Toda a gente consegue tirar um curso e fazer desporto e inclusivamente se gos-tar consegue treinar todos os dias Mas se esti-ver motivado o suficiente consegue levantar-se cedo para correr agraves seis da manhatilde estar na Fa-culdade agraves oito e meia sair agraves quatro da tarde e ir treinar outra vez estudar ateacute agraves dez da noite e dormir porque amanhatilde eacute outro dia Eacute preci-so estar-se motivado para abraccedilar esta vida durante o ano inteiro

Haacute quantO tempO eacute que as COisas satildeO levadas assimQuando comecei a fazer Orien-taccedilatildeo natildeo tinha grandes preo-cupaccedilotildees com o treino Durante os anos de faculdade jaacute treinava bastante a seacuterio mas foi haacute dois ou trecircs anos quando comecei a ser treinado pelo Professor Bruno Nazaacuterio que aumentei a carga de trei-no para o bi-diaacuterio A partir daiacute passei a ter o meu tempo totalmente ocupado Satildeo os estaacutegios do Curso o tempo de deslocaccedilatildeo para Hospitais da periferia uma tese para defender Este ano seraacute bastante mais exigente que os anteriores se calhar natildeo vou poder fazer treino bi-diaacuterio todos os dias como gostaria mas ainda assim vou pro-curar treinar duma forma o mais seacuteria possiacutevel e se natildeo puder fazecirc-lo na quantidade desejaacutevel pelo menos na qualidade espero consegui-lo

em 2007 COnquistOu a primeira grande medalHa da OrientaccedilatildeO pOrtuguesa aO sagrar-se CampeatildeO da eurOpa de JOvens

Chama-se Diogo Miguel e eacute aos 23 anos uma das referecircncias da Orientaccedilatildeo Pedestre nacio-nal Campeatildeo Europeu de Jovens em 2007 e Campeatildeo Nacional de Distacircncia Longa em 2009 e 2011 Diogo Miguel reparte o tempo entre a modalidade do seu coraccedilatildeo e as exigecircncias do curso de Medicina que abraccedilou haacute seis anos E foi precisamente por aiacute que a nossa conversa comeccedilou uma conversa onde passado presen-te e futuro se misturam e confundem numa teia de opccedilotildees direccedilotildees desafios e decisotildees Na Orientaccedilatildeo como na Vida

Por Joaquim Margarido

de sprint em eger na Hungria que me-moacuterias guarda dessa JOrnada Haacute CinCO anOs atraacutesGuardo sobretudo as memoacuterias e os amigos Na altura pensaacutemos que a visibilidade que este re-sultado poderia dar agrave Orientaccedilatildeo catapultasse a modalidade e possibilitasse a obtenccedilatildeo de mais apoios mas isso natildeo se veio a verificar pelo me-nos na medida daquilo que seria de esperar

esteve este anO nOs mundiais de lausan-ne COnseguindO O 33ordm lugar na Final a de distacircnCia lOnga que valOr atribui a este seu resultadOAtribuo-lhe um valor elevado ateacute porque foi a primeira vez em dez anos que um portuguecircs foi a uma final A de Distacircncia Longa Cheguei ao fim com a certeza de ter feito o meu melhor e se natildeo tivesse quebrado fisicamente teria fei-to melhor ainda Ou seja com outras condiccedilotildees de treino teria facilmente ficado entre os vinte e cinco primeiros Mas falta bastante cultura des-portiva agrave sociedade portuguesa em geral e se disser a algueacutem que natildeo estaacute familiarizado com a Orientaccedilatildeo que terminei em 33ordm num Campeo-nato do Mundo essa pessoa iraacute pensar ldquoesque-ce eacutes mau natildeo prestasrdquo Mas quem sabe como estas coisas funcionam sabe os sacrifiacutecios que temos que fazer Sabe acima de tudo as condi-ccedilotildees que temos e consegue olhar para o resulta-

do como sendo bastante meritoacuterio

temOs em pOrtugal O apOiO que deviacuteamOs Ou que mereCiacuteamOs

Natildeo Eacute bastante revoltante olhar para outros desportos como eacute o caso do Futebol e termos um Presidente que termina o man-dato agrave frente da Federaccedilatildeo e que se sente orgulhoso por ter deixa-

do um balanccedilo positivo nas contas de muitos milhotildees de euros Mas

satildeo estes precisamente que ainda assim continuam a receber milhotildees e

milhotildees do Instituto Portuguecircs do Desporto e Juventude enquanto outras modalidades lutam pela sobrevivecircncia Acho que somos claramen-te sub-apoiados O desporto em Portugal eacute um espelho da Sociedade Haacute os muito ricos e haacute os muito pobres Os ricos satildeo cada vez mais ricos e os pobres satildeo cada vez mais pobres Eacute a mesma coisa com o desporto

quandO OlHa para Os nOssOs JOvens que pOtenCialidades vecirc neles para COn-seguirem CHegar aOs lugares CimeirOs da OrientaccedilatildeO eurOpeia e mundialTemos alguns jovens com bastante valor prin-

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cipalmente o Luiacutes Silva Trata-se dum atleta que tem um futuro brutal e acho que vai ser sem sombra de duacutevidas o melhor atleta portuguecircs dentro de muito pouco tempo Olhando de for-ma mais aprofundada para estes atletas eacute uma realidade que eles tecircm hoje melhores condiccedilotildees em relaccedilatildeo agravequilo que noacutes tiacutenhamos na altura Basta ver que os atletas jaacute se deslocam com al-guma frequecircncia ao terreno antes das grandes competiccedilotildees coisa que natildeo havia ateacute haacute muito pouco tempo atraacutes E depois haacute os estaacutegios de Seleccedilatildeo Mas deve reconhecer-se que lhes falta o treino fora da competiccedilatildeo Acho que falta al-gum espiacuterito de sacrifiacutecio no treino em casa que eacute o mais importante

o CLubE dE oriEntaccedilatildeo dE EstarrEJa Eacute dEsdE sEMprE o sEu CLubE quE signiFiCa-do tEM para si EstE EMbLEMa E Esta CaMi-soLa quE EnvErgaComecei na Orientaccedilatildeo aos 8 anos e a minha primeira experiecircncia foi no Desporto Escolar na minha terra Canelas uma pequena aldeia do Concelho de Estarreja A essa primeira pro-va seguiu-se uma ldquoQuinzena da Orientaccedilatildeordquo no veratildeo e nunca mais parei Haacute quinze anos que estou ligado a este clube e ele faz parte de mim Poderia dividir a minha vida em dois por um lado a parte profissional da Faculdade e por outro a Orientaccedilatildeo Por estranho que possa pa-recer a parte desportiva natildeo se encontra num plano inferior relativamente agrave parte profissio-nal Ambas as partes se complementam uma agrave outra Portanto a minha ligaccedilatildeo a este clube eacute muito grande satildeo muitos anos satildeo muitas pes-soas e ajudou-me a crescer

aos Miuacutedos quE agora datildeo os priMEiros passos quE ConsELhos dariaO conselho natildeo o daria aos miuacutedos se calhar da-va-o antes aos pais Tanto a escola como o des-porto andam muito ligados Se temos disciplina num acabamos por ter disciplina no outro Natildeo eacute por acaso se olharmos para os atletas de topo a niacutevel nacional todos eles satildeo excelentes es-tudantes e tecircm um futuro profissional bastante promissor Tudo parte de quem educa Eu tenho a sorte de ter uns pais que sempre me educaram bem e que sempre me deram o apoio necessaacuterio para conseguir fazer as duas coisas

E deixaria ainda um conselho mais aos pais o de virem fazer uma prova de Orientaccedilatildeo com os seus filhos Uma das grandes vantagens da Orientaccedilatildeo eacute ser para aleacutem do ldquodesporto da flo-restardquo o ldquodesporto da famiacuteliardquo

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EntrevistaConsidEra quE Esta EacutepoCa CorrEu dE aCordo CoM as suas ExpECtativasNa verdade digamos que a eacutepoca estaacute quase agrave beira de comeccedilar Depois do Campeonato do Mundo tirei mais tempo do que era habitual para descansar e tenho estado a fazer pratica-mente soacute manutenccedilatildeo A eacutepoca teve alguns per-calccedilos comecei a treinar na Repuacuteblica Checa e apesar de ter feito muito treino com mapa devi-do agraves questotildees climateacutericas e agraves poucas horas de luz acabei por ter uma carga de treino aqueacutem do desejaacutevel Depois de regressar a Portugal estava a treinar bem mas tive um percalccedilo e lesionei--me num peacute o que me obrigou a uma paragem de um mecircs Isso fez-me perder muito da minha boa forma e acredito que se natildeo fosse isso po-

deria ter chegado muito melhor ao Campeonato do Mundo e aiacute o resultado poderia ter sido outro Apesar de tudo os resultados acabaram por ser bem melhores do que estaria agrave espera

o obJEtivo a Curto praZo passa pELo tiacute-tuLo naCionaL absoLutoPor acaso esse eacute um tiacutetulo que nunca alcancei Vou comeccedilar a treinar a seacuterio para chegar nas melhores condiccedilotildees ao Campeonato Nacional Absoluto e esse vai ser um bom teste O objetivo eacute estar laacute para ganhar

Quanto agrave proacutexima eacutepoca espero apresentar-me agraves provas em melhor forma do que este ano e que os bons resultados possam aparecer oslash

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ofereccedila um garmin DeSemBruLHara caixa Seraacute Soacute o princiacutepio

este natal ofereccedila emoccedilotildees aventuras para quem viaja ou para os que correm para os que navegam no mar ou escalam montanhas Para os nadadores ou golfistas este natal ofereccedila um garmin

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Por Terra

ORIENTACcedilatildeOhellip DEsPORTO NA NATuREzA

Parque nacional torres del Paine Chile

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Cinco satildeo os sentidos estaacute nos manuais neles reside a possi-bilidade de um maior ou menor contacto da pessoa com aquilo que a rodeia Haacute ainda o sexto sentido aquela perceccedilatildeo extra--sensorial que parece ser mais propriedade das mulheres do que dos homens e que nas con-ceccedilotildees ocultistas estaraacute tam-beacutem sedeado num oacutergatildeo do nosso corpo Figurada ou ob-jetivamente eacute bom que todos eles ndash sem exceccedilatildeo - estejam suficientemente desenvolvi-dos sem isso natildeo haacute sentido de orientaccedilatildeo que aguente

A Orientaccedilatildeo eacute um Desporto recente em Portugal mas tem jaacute mais de 100 anos de existecircncia

enquanto desporto organi-zado Com efeito teraacute sido em Bergen - Noruega no ano de 1897 que se organizou a pri-meira atividade desportiva de Orientaccedilatildeo Os paiacuteses noacuterdicos satildeo ainda hoje aqueles onde a modalidade tem maior implan-taccedilatildeo mobilizando um nuacutemero de praticantes que coloca a

Orientaccedilatildeo entre os cinco des-portos com mais adeptos na Escandinaacutevia A maior prova do mundo realiza-se anual-mente na Sueacutecia os 5 dias da Sueacutecia com um nuacutemero de participantes que jaacute atingiu os 25000

Durante o seacutec XX a modali-dade foi evoluindo ateacute agrave criaccedilatildeo da Federaccedilatildeo Internacional de Orientaccedilatildeo (IOF) que fes-tejou em 2012 o 51ordm aniversaacuterio e veio normalizar mundial-mente as regras competitivas as normas para elaboraccedilatildeo dos mapas e as sinaleacuteticas a usar A Orientaccedilatildeo eacute praticada em quatro disciplinas diferentes Orientaccedilatildeo Pedestre Orien-taccedilatildeo em BTT Orientaccedilatildeo em Ski e Orientaccedilatildeo de Precisatildeo (Orientaccedilatildeo prioritariamente para deficientes motores)

Portugal tem marcado pontos na Orientaccedilatildeo para o desporto adaptado lanccedilando em 2012 a Taccedila de Portugal de Orientaccedilatildeo de Precisatildeo e criando um cir-cuito de Orientaccedilatildeo adaptada vocacionado prioritariamente para a deficiecircncia intelectual e

crianccedilas em idade preacute-escolar que eacute uacutenico no Mundo e que estaacute a ser jaacute implementado pela Espanha

o quE EacutePodemos dizer que a Orien-taccedilatildeo eacute um desporto completo Haacute o aspeto fiacutesico o treino no campo que se aproxima do treino dum atleta de fundo E haacute o aspeto mental que de-sempenha um papel funda-mental a leitura dos mapas o contra-reloacutegiohellip Eacute tambeacutem o desporto de natureza por exce-lecircncia Os orientistas saem dos trilhos balizados para pene-trarem no coraccedilatildeo da floresta Cada dia eacute uma nova aven-tura Daquele que se inicia na Orientaccedilatildeo ao mais consagrado dos praticantes haacute todo um mesmo espiacuterito de liberdade de fazer a sua proacutepria escolha do melhor itineraacuterio No Atle-tismo por exemplo a volta agrave pista teraacute sempre 400 metros quer seja aqui ou no Japatildeo Na Orientaccedilatildeo esta noccedilatildeo de dis-tacircncia tem muito pouco signi-ficado Tanto se pode fazer 10 quiloacutemetros numa hora e meia como em quarenta minutos E

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depois nunca existem duas florestas iguais Eacute o eterno recomeccedilo Na Austraacutelia ou na Suiacuteccedila no Japatildeo ou na Escandinaacutevia eacute necessaacuterio uma adaptaccedilatildeo a cada local natildeo haacute lugar a repeti-ccedilotildeeshellip

Cada corredor possui uma buacutessola e um mapa que contrariamente a um mapa normal conteacutem uma enorme diversidade de detalhes acerca dos seus elementos caracteriacutesticos (relevo do ter-reno vegetaccedilatildeo caminhos elementos rochosos construccedilotildees e muito mais) Os mapas satildeo rea-lizados segundo as normas especiacuteficas da Fede-raccedilatildeo Internacional de Orientaccedilatildeo que tem sede na Finlacircndia Aleacutem da legenda sobre os siacutembolos nele representados existe ainda uma sinaleacutetica

proacutepria que tem a ver com o percurso que o praticante vai realizar nesse evento e que eacute uma linguagem uni-versal

A partir do momento em que se potildee em marcha o cronoacutemetro o orientista deve efe-tuar o seu percurso que eacute marcado no mapa e que eacute cons-tituiacutedo por uma par-tida (representada por um triacircngulo) uma seacuterie de pontos de

passagem obrigatoacuterios (representados por ciacuter-culos) e a chegada (representada no mapa por dois ciacuterculos concecircntricos) Estes pontos satildeo materializados no terreno sob a forma de um prisma triangular denominado por baliza e a passagem deve ser validada por um sistema de ldquopicotagemrdquo manual ou eletroacutenica O objetivo consiste em fazer o percurso na sequecircncia in-dicada o mais rapidamente possiacutevel Mas entre cada ponto de passagem a escolha do itineraacuterio fica ao criteacuterio de cada um

O percurso em linha reta evidentemente nem sempre eacute o mais raacutepido Eacute necessaacuterio jogar com as inflexotildees do terreno os lagos os muros e outros acidenteshellip O tempo gasto a percorrer o traccedilado da corrida depende sobretudo do meio sobre o qual a mesma se desenrola Em terrenos como na Escandinaacutevia onde o relevo eacute mais duro numa mesma distacircncia poderemos gastar quase o dobro do tempo que gastariacuteamos num terreno plano e sem o mesmo tipo de obs-taacuteculos

Por Terra

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O conhecimento do relevo eacute a parte mais difiacutecil Eacute neces-saacuterio aprender a imaginar um terreno a trecircs dimensotildees sobre o mapa Claro que natildeo eacute apenas isto Para quem tem mais dificuldade em possuir a visatildeo a trecircs dimensotildees esta in-suficiecircncia pode ser compensada com outras qualidades nomeada-mente a atenccedilatildeo Mas nem todos pos-suem igualmente esta capacidade mental Como na generalidade dos desportos eacute neces-saacuteria uma longa aprendizagem onde o treino teacutecnico a vivecircncia de situaccedilotildees mais variadas e o nuacutemero de florestas ldquovisitadasrdquo desempe-nham um papel fundamental Eacute agrave medida que o tempo passa que o orientista aprende a adaptar o seu comportamento a reagir cada vez mais rapidamente e a encontrar as melhores opccedilotildeesO desporto natildeo eacute muito mediatizado e o espiacute-rito da Orientaccedilatildeo eacute o de permanecer livre Eacute um desporto ainda preservado de certas po-leacutemicas ldquodopingrdquo e outros malabarismos daiacute que muitos orientistas digam que natildeo seja mau de todo que ele permaneccedila ldquoconfidencialrdquo

Grandes Competiccedilotildees em 2013

Em 2013 as grandes competiccedilotildees internacio-nais onde Portugal vai querer estar presente

satildeo as seguintes

- Campeonato do Mundo de Juacuteniores ndash Repuacuteblica Checa (29jun-06 de julho) wwwjwoc2013cz

- Campeonato do Mundo Elite ndash Finlacircndia (07-14 jul)

wwwwoc2013fi- Campeonato do Mundo ve-

teranos ndash Itaacutelia (02-10 ago) wwwwmoc2013it

- Campeonato da Europa de Jovens ndash Israel (03 de novembro) wwweyoc2013org

portuGal na alta roda Mas Portugal vai ter brevemente grandes desa-fios pela frente- Em 2013 organiza uma etapa da Taccedila do Mundo de seacuteniores e o Campeonato do Mundo de Vete-ranos de Orientaccedilatildeo em BTT - Costa Alentejana entre 09 e 13 de outubro- Em 2014 organiza em Palmela de 9-14 de abril e em paralelo o Campeonato da Europa de Orientaccedilatildeo Pedestre e o Campeonato da Eu-ropa de Orientaccedilatildeo de Precisatildeo wwweoc2014fpopt

Carnaval o ponto alto Desde 1996 que Portugal realiza a sua prova ra-inha que atrai os melhores especialistas a Por-

Eacute um desporto ainda

preservado de certas poleacutemicas ldquodopingrdquo e outros malabarismos

daiacute que muitos orientistas digam que natildeo seja mau de todo que ele perma-

neccedila ldquoconfiden-cialrdquo

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Por Terratugal Eacute O Portugal Orsquo Meeting que desde 2000 se realiza no Carnaval com a duraccedilatildeo de 4 dias e pontuaacutevel para a liga Mundial de orientaccedilatildeo pedestre nos percursos de Elite Em 2013 Por-tugal vai receber pela primeira vez trecircs eventos pontuaacuteveis para a Liga Mundial02 e 03 de fevereiro ndash Norte Alentejano Orsquo Mee-ting ndash Nisa (wwwnaompt)09ndash12 de fevereiro ndash Portugal Orsquo Meeting ndash Idanha-a-nova (wwwpompt)16 e 17 de fevereiro ndash XIV Meeting de Orien-taccedilatildeo do Centro ndash Pombal (wwwcocpteventos16fev2013)

OrientaccedilatildeO muitO mais dO que um despOr-tOOlhando para a modalidade de uma forma mais transversal podemos enquadraacute-la aleacutem de mo-dalidade desportiva com aacutereas como o Ambien-te a Educaccedilatildeo e as Novas Tecnologias As qua-tro vertentes atraacutes enunciadas reunidas numa soacute tem a ver tambeacutem com solidariedade

Ambiente porque a Orientaccedilatildeo eacute o ldquoDesporto da Florestardquo fazendo de cada praticante um guardiatildeo e um amigo de tatildeo valioso patrimoacutenio Educaccedilatildeo porque eacute uma modalidade onde se aglutinam mateacuterias tatildeo nucleares como a Ma-temaacutetica ou a Geografia e se desenvolvem com-petecircncias como a capacidade de interpretaccedilatildeo ou o poder de decisatildeo por isso ser considerada prioritaacuteria para o Desporto Escolar Novas Tec-nologias porque eacute das modalidades que mais depende dos Meios Informaacuteticos a todos os niacute-veis do controlo de tempos agrave cartografia mais desenvolvida que existe Desporto porque pro-move a atividade fiacutesica e a Sauacutede dirigindo-se de igual forma agravequeles que individualmente a praticam ao niacutevel da alta competiccedilatildeo como agraves crianccedilas ou agraves famiacutelias que vecircm nela uma forma

de promover o seu bem estar fiacutesico e reforccedilar os laccedilos de amizade e convivialidade

E solidariedade porque vive da forccedila que projeta nos seus praticantes

trabalhando desinteressadamente em prol da modalidade em prol do paiacutes

Porque a Orientaccedilatildeo eacute Ambiente eacute Educaccedilatildeo satildeo Novas Tecnolo-gias eacute Desporto Porque a Orien-

taccedilatildeo gera Riqueza e gera Sauacutede Porque a Orientaccedilatildeo eacute de todos e

para todos Interessa a todos Inte-ressa ao Paiacutes Daiacute que eacute urgente que

todos venham experimentar e que descu-bram as belezas deste Paiacutes de mapa na matildeo oslash

Fernando Costa e Joaquim margarido

Olhando para a modali-

dade de uma forma mais transversal po-

demos enquadraacute-la aleacutem de modalidade desportiva

com aacutereas como o Am-biente a Educaccedilatildeo e

as Novas Tecnolo-gias

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Aventura- Tsiiii tsiiii ndash o meu olhar desviou-se do hori-zonte que observava tentando encontrar por perto de onde vinha o som daquele assobio

- Satildeo as marmotas Estatildeo a avisar as outras que noacutes estamos por perto eacute assim que comunicam principalmente se sentem algum perigo - o Heacutel-der ria do meu ar confuso Ia jurar que o assobio vinha de um ser humano Foi a primeira vez que avistei este simpaacutetico mamiacutefero Imagino esta marmota no meio dos peluches do quarto das minhas filhas Satildeo sem duacutevida um animal sim-paacutetico estes excelentes escavadores que vivem em altitudes desde os 900m aos 3200m Nove meses do ano passam-no a hibernar Estamos em pleno veratildeo nos Alpes e as marmotas estatildeo em grande atividade armazenando energias para o inverno Conseguimos avistar os outros elementos da coloacutenia ldquode peacuterdquo alerta Foi um bom motivo para uma merecida pausa tirar a mochila hidratar comer uma barra energeacutetica

Jaacute haviacuteamos percorrido grande parte do trilho que nos levaria ao Refuacutegio Albert I Eacute aqui que pernoitaremos para iniciar a nossa aclimataccedilatildeo Saiacutemos da pequena vila de Le Tour de onde partem os telefeacutericos usados no inverno para aceder agraves pistas de esqui No veratildeo continuam em atividade facilitando o percurso aos trekkers que natildeo queiram palmilhar o desniacutevel de cerca de

700m que os separa do Col de Balme- Estamos a aclimatar e tambeacutem a treinar nem pensar em usar meios mecacircnicos ndash Helder sor-ria a dizer esta frase Foi quanto bastou para perceber que a manhatilde ia ser longa Depois de vencermos grande parte do desniacutevel chegamos a um local de onde se pode avistar a cordilheira do monte Branco la Verte os Drus as Aiguil-les de Chamonix e o Monte Branco com os seus 4810m Mas que local magniacutefico para aclimatar pensei Para subir em altitude temos que permi-tir ao nosso organismo que se habitue gradual-mente agrave falta de oxigeacutenio a que vai ser exposto Para isso vamos fazendo caminhadas subindo gradualmente para que ao fim de alguns dias jaacute estejamos mais aptos a entrar numa zona em que a pressatildeo atmosfeacuterica eacute menor e o oxigeacutenio do ar mais rarefeito

Ao chegar agrave moreia do glaciar do Tour resta-nos uns 200 m para o nosso objetivo A 30 de agosto de 1930 o rei Alberto I da Beacutelgica inaugurou o primeiro refuacutegio que tem o seu nome Em 1935 o refuacutegio foi ampliado no entanto natildeo foi sufi-

ciente e o atual precariamente empoleirado num penhasco a uma altitude de 2706

inaugurado a 12 de julho de 1959 foi construiacutedo perto do primeiro

edifiacutecio Natildeo posso deixar de me impressionar ao avistaacute-lo e quando chego sento-me na varanda feliz por poder apre-

Esta-mos em pleno

veratildeo nos Alpes e as marmotas estatildeo em grande ativida-de armazenando energias para o

inverno

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ciar vistas tatildeo magniacuteficas ehellip por poder tirar as botas Natildeo tinha botas de alta montanha mas um amigo comprou umas plaacutesticas em segun-da matildeo em Chamonix e sorte das sortes eram o meu nuacutemero Fiz este trekking com elas para me habituar resultou Mas os meus peacutes supli-cavam por ar fresco Soacute conseguimos dar o de-vido valor ao momento de descanso conversa contemplaccedilatildeo numa varanda dum refuacutegio se jaacute tivermos percorrido umas boas horas por trilhos de montanha Saboreei ao maacuteximo este tempi-nho sabia que a tarde era guardada para treino no glaciar como andar em cordada e escalada no gelo Eacute sempre bom relembrar as bases um acidente pode acontecer quando descuramos as regras mais simples e esta tarde foi fundamental para isso Um sol magniacutefico vistas deslumbran-tes ambiente descontraiacutedo Natildeo deixar a corda a tocar o chatildeo nunca a pisar nem a ter dema-siado em tensatildeo Esta sintonia entre elementos de cordada trabalha-se e soacute com o treino a con-seguimos obter Amanhatilde vamos sair ao nascer do dia em direccedilatildeo agrave Aiguille du Tour Esta for-maccedilatildeo com 3540m eacute muito popular entre as pes-soas que tentam a ascensatildeo ao Monte Branco Eacute relativamente faacutecil a sua subida pela face leste

A meteorologia na manhatilde da nossa subida esta-va perfeita Adoro toda a logiacutestica de preparaccedilatildeo de saiacuteda do refuacutegio O acordar ainda de noite os ruiacutedos leves e abafados dos mais madrugadores na camarata o som dos passos ainda lentos no chatildeo de madeira Tento concentrar-me para natildeo me escapar nada ter todo o material colocado e sentir-me confortaacutevel Saio do refuacutegio e o ar

fresco da montanha acorda os meus sentidos Comeccedilamos a subir o glaciar frontais ligados muacutesculos a aquecer A inclinaccedilatildeo eacute moderada e rapidamente chegamos ao colo superior do Tour que marca a fronteira da Franccedila com a Suiacuteccedila ndash Trouxeram o passaporte Vamos pas-sar no posto fronteiriccedilo ndash pergunta o Heacutelder a sorrir Atravessamos agora o glaciar de Trient o sol aquece-nos e as vistas satildeo surpreendentes Ao chegar agrave base da aguille do Tour fazemos o nosso merecido descanso comer beber aacutegua apreciar a beleza que nos circunda Vem agora a parte divertida para quem gosta de escalar em rocha Iniciamos calmamente a nossa subida vamos ouvindo algumas orientaccedilotildees progredin-do e fazendo manobras para passar nas zonas mais expostas ateacute chegarmos ao topo Emocio-no-me com a beleza agrave minha volta O meu pen-samento liga-se a algueacutem muito querido que haacute bem pouco tempo deixou a vida terrena sinto a sua proximidade Um abraccedilo forte da minha amiga de escalada traz-me novamente agrave terra E ali agrave nossa frente majestoso quase como que a chamar-nos o Monte Branco

Foi nesse mesmo dia que regressamos a Chamo-nix Uma longa descida animada pela conversa descontraiacuteda sobre os Alpes - Haacute sempre tanto que contar desta cordilheira travessias espeta-culares que se podem fazer ndash ouvia atenta as histoacuterias que me contavam era a minha primei-ra vez nos Alpes e jaacute estava cativada Cativada ateacute pela proacutepria cidade de Chamonix Eacute um lo-cal onde se respira ar livre Da varanda do nos-so apartamento para onde quer que olhe vejo

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Aventuraatividades outdoor Ouccedilo os risos alegres dum grupo que desce o rio fazendo rafting observo o ceacuteu colorido pelos parapentes as pessoas pas-sam na rua equipadas com roupa de montanha Cheguei a Chamonix haacute dois dias de comboio Quando deambulava pelas suas ruelas cho-quei com uma curiosa estaacutetua onde um homem aponta a outro o cume do Monte Branco

- Eacute Jacques Balmat que estaacute a apontar para o cume ele foi o primeiro homem a subir esta montanha a 8 de agosto de 1786 acompanha-do do meacutedico Michel Paccard Saiacuteram de Cha-monix acamparam no cume da Montagne de la cote a 2630m agraves 4 da manhatilde partiram e chega-ram ao cume por volta das 6h da tarde Balmat nasceu neste vale era um caccedilador de cristais tinha uma vontade de ferro e um instinto para as montanhas Paccard era meacutedico em Chamonix e um excelente alpinista adorava botacircnica e mi-nerais Tambeacutem lhe erigiram aqui uma estaacutetua

Foi ele que conheceu Horace-Beacute-neacutedict de Saussure que ini-

ciou a corrida do primeiro homem a subir ao Monte Branco ndash disse-me Joatildeo

- E esse Saussure tam-beacutem era alpinista ndash perguntei curiosa

- O seu interesse pela botacircnica trouxe-o ateacute aos

Alpes e percorreu grande parte desta cordilheira co-

meccedilando a trabalhar no sentido de esclarecer a topografia da parte ne-

vada dos Alpes nessa eacutepoca praticamente des-conhecida Foi em 1760 que veio aqui pela pri-meira vez e ofereceu uma recompensa a quem escalasse o Monte Branco Ele tentou fazecirc-lo sem sucesso- Entatildeo nunca chegou a subir

- Sim conseguiu mas soacute em 1787 jaacute tinha 47 anos e levou 18 guias com ele Relembro as palavras que li do fotoacutegrafo de montanha C Douglas Milner ldquoA subida em si foi magniacutefica uma incriacutevel faccedilanha de coragem grande resistecircncia realizada por estes dois ho-mens apenas sem corda e sem piolets muito sobrecarregados com equipamentos cientiacuteficos e com longos bastotildees com pontas de ferro O bom tempo e uma lua luminosa garantiram o seu regresso com vidardquo

O dia seguinte foi passado a descansar visitar o Museu da Montanha e espreitar a meteoro-

Foi em 1760 que veio aqui

pela primeira vez e ofereceu uma recom-

pensa a quem escalas-se o Monte Branco Ele tentou fazecirc-lo

sem sucesso

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Um dos pontos al-tos eacute ir agrave roulotte

dos waffles delei-tarmo-nos com este

delicioso doce No fi-nal do dia ainda pude-

mos assistir a um espetaacute-culo de muacutesica e danccedila celta

na praccedila central O ambiente eacute descontraiacutedo a praccedila estaacute cheia de gente e a muacutesica faz sempre bem agrave alma Joatildeo recebe um telefonema

- Estaacutes nos Alpes Natildeo vatildeo poder subir amanhatilde aproxima-se uma tempestade Mas tenho boas notiacutecias tens uma janela de bom tempo no dia seguinte se quiserem aproveitar - Disse Viacutetor Baiacutea sempre bem informado sobre os fenoacuteme-nos meteoroloacutegicos

O dia em que vai haver ldquouma abertardquo para subir eacute o mesmo dia em que temos voo para Lisboa

desde Genebra Ficamos um pouco a pensar no que decidir e claro temos que arriscar Na mon-tanha eacute assim tem que haver flexibilidade es-tamos dependentes das condiccedilotildees climateacutericas e aproveitar quando nos eacute proporcionado bom tempo

A rota que vamos seguir natildeo eacute a mais utilizada eacute chamada rota dos trecircs cumes Esta rota eacute mais exigente fiacutesica e tecnicamente do que a rota do Goucircter No entanto com faacutecil acesso a partir do telefeacuterico da Aiguille du Midi este percurso tor-nou-se a segunda rota mais popular para esca-lar o Monte Branco O percurso inicia-se na Ai-guille du Midi seguindo pelo Col du Midi antes de subir o Monte Branco atraveacutes do Mont-Blanc du Tacul (4248m) e Maudit Mont (4465m) Esta rota requer condiccedilotildees estaacuteveis na neve do Mont Blanc du Tacul e Mont Maudit e tem uma eleva-ccedilatildeo acumulada de 1425m O refuacutegio Cosmiques estava lotado a nossa uacuteni-

- Es-taacutes nos Alpes

Natildeo vatildeo poder subir amanhatilde aproxi-ma-se uma tempestade

Mas tenho boas notiacutecias tens uma janela de bom tempo no dia seguinte

se quiserem apro-veitar

Novembro_Dezembro 2012 OUTDOOR32

Aventura

estaccedilatildeo do telefeacuterico da Aiguille du Midi Este telefeacuterico foi construiacutedo em 1955 e manteve o tiacutetulo de ser o mais alto do mundo durante duas deacutecadas Ele ainda deteacutem o recorde como o te-lefeacuterico com a ascensatildeo vertical mais alta no mundo de 1035 m para 3842 m Haacute duas se-ccedilotildees de Chamonix para o Plano de lAiguille a 2317 m e depois diretamente sem qualquer pi-lar de apoio para a estaccedilatildeo superior a 3777 m Apanhamos o uacuteltimo telefeacuterico do dia cerca de 20 minutos depois estaacutevamos no terraccedilo a tentar admirar as lindiacutessimas vistas que se tem deste local No entanto o mau tempo previsto estava certo e a visibilidade natildeo era mais de 20 m agrave nossa frente Estava desanimadiacutessima

- Como eacute possiacutevel daqui a poucas horas termos bom tempo para subir ndash Perguntei increacutedula- Estamos na montanha Luiacutesa a meteorologia muda rapidamente Temos que aguardar ndash Afir-mou Joatildeo calmo e confiante

Fomos procurar um local onde pudeacutessemos descansar ateacute agrave meia-noite hora marcada para a nossa partida O percurso eacute longo com bas-tante desniacutevel e na realidade o voo para Lisboa eacute amanhatilde Quando acordei o som dos ventos fortes que se faziam ouvir misteriosamente desaparece-ram Depois de comer e fazer a confirmaccedilatildeo do equipamento dirigimo-nos para a aresta que nos levaraacute ao Valleacute Blanche Foi com extrema curiosidade que me dirigi agrave saiacuteda Como esta-raacute o tempo A calma e tranquilidade que senti ao sair para o exterior foi-me trazida pela ma-ravilhosa paisagem que tinha agrave minha frente Afinal depois da tempestade vem a bonanccedila e a visatildeo deste vale imaculado sob um ceacuteu estre-lado sem ningueacutem sem pegadas sem luzes de frontais foi brutal Ao comeccedilar a descer a ares-ta conseguimos ver o refuacutegio Cosmiques ainda adormecido Fomos mesmo os primeiros a sair o que representa um privileacutegio por um lado e

No entanto o mau tempo pre-

visto estava certo e a visibilidade natildeo era mais de 20m agrave nossa frente Estava desa-

nimadiacutessima

Ainda foi longa a nossa caminhada sempre a encontrar forccedilas e energia onde quer que elas estivessem escondidas Paraacutevamos de vez em quando agrave espera da outra cordada de amigos e por fim cerca das 10h da manhatilde atingimos o cume Tento tirar fotos mas a maacutequina fotograacute-fica natildeo ajudou fiquei sem bateria Natildeo faltam maacutequinas para o fazer e depois de um breve descanso temos que iniciar a descida pela mes-ma rota Eacute uma descida que acaba por ter al-gumas subidas sendo por isso mais demorada Mas a alegria de ter cumprido o objetivo o dia tatildeo calmo e luminoso a companhia dos amigos supera qualquer tipo de cansaccedilo

Tive um sentimento de saudade ao chegar nova-mente ao Valleacute Blanche e olhar para traacutes para o trilho percorrido olhar aquele vale agora agrave luz do dia atravessado por tantas pegadas Olho de relance para a uacuteltima subida que nos falta fazer a aresta que nos levaraacute ao telefeacuterico na Aguille du Midi Faccedilo esta subida confiante como se ti-vesse deixado para traacutes todo o esforccedilo e cansaccedilo extremo desta maravilhosa aventura

Com grande pena natildeo pude comemorar em Chamonix nessa noite mas comemorei com imensa alegria ao reencontrar-me com a mi-nha famiacutelia orgulhosa de mim afinal estive no mesmo dia no cume do Monte Branco de manhatilde e agrave noite na minha cama quente e confortaacutevel em Lisboa oslash

Luiacutesa Tomeacute

Papa-Leacuteguaswwwpapa-leguascom

OUTDOOR Julho_Agosto 2011 33

Aventu

ra

um esforccedilo acrescido por outro Relembro a tra-vessia do glaciar do Tacul a ldquofazer trilhordquo o som dos campons na neve ecoava num ritmo proacute-prio pousava a minha bota no local exato onde o Joatildeo tinha feito a pegada como que num jogo em que quando falhava acrescia o esforccedilo que teria que fazer O som de passos intensifica-se temos mais madrugadores connosco Deixamo--los passar jaacute vimos a fazer trilho haacute bastante tempo eacute a vez de outros agora

Quando chegamos agrave ldquoparederdquo do Mont Blanc du Tacul jaacute temos algumas pessoas agrave espera para subir O sol ainda natildeo subiu para nos aquecer esperamos junto agraves cordas a nossa vez os peacutes comeccedilam a dar sinal de frio Iniciamos a subida os piolets e os crampons cravam-se certeiros no gelo a corda ajuda na subida Comeccedilo a ficar cansada e a hesitar paro por uns momentos sinto a boca seca o coraccedilatildeo a bater forte olho para cima jaacute natildeo falta muito - Piolet numa matildeo corda na outra sobe Luiacutesa ndash a voz do Heacutelder trouxe-me lucidez A energia que me faltava regressou Concentro-me e con-tinuo a subida pedaccedilos de gelo passam por noacutes arrancados aquela parede cheia de gente dese-josa de ultrapassar possivelmente o obstaacuteculo mais duro desta rota

O trilho continua pelo beliacutessimo Mont-Maudit apesar do seu nome O sol jaacute vai alto comeccedila a aquecer haacute que comeccedilar a tirar camadas Natildeo podemos desidratar Col de la Brenva um chaacute quente e uma bolacha Apetece ficar jaacute aqui as vistas satildeo surpreendentes Mas natildeo eacute este o nos-so objetivo vamos continuar a subir

Entrevista Diogo Miguel - (Oti-Estarreja)

ldquoO DEsPORTO EM PORTuGAL eacute uM EsPELhO DA sOCIEDADErdquo

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Entrevista

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Sabe acima de tudo as con-

diccedilotildees que temos e consegue olhar para o

resultado como sen-do bastante meri-

toacuterio

OutdOOr COmO eacute pOssiacutevel algueacutem COm-patibilizar a preparaccedilatildeO enquantO atleta de OrientaccedilatildeO de elite COm as exigecircnCias dum 6ordm anO dO CursO de medi-Cina

diOgO miguel O segredo reside sobretudo na motivaccedilatildeo Toda a gente consegue tirar um curso e fazer desporto e inclusivamente se gos-tar consegue treinar todos os dias Mas se esti-ver motivado o suficiente consegue levantar-se cedo para correr agraves seis da manhatilde estar na Fa-culdade agraves oito e meia sair agraves quatro da tarde e ir treinar outra vez estudar ateacute agraves dez da noite e dormir porque amanhatilde eacute outro dia Eacute preci-so estar-se motivado para abraccedilar esta vida durante o ano inteiro

Haacute quantO tempO eacute que as COisas satildeO levadas assimQuando comecei a fazer Orien-taccedilatildeo natildeo tinha grandes preo-cupaccedilotildees com o treino Durante os anos de faculdade jaacute treinava bastante a seacuterio mas foi haacute dois ou trecircs anos quando comecei a ser treinado pelo Professor Bruno Nazaacuterio que aumentei a carga de trei-no para o bi-diaacuterio A partir daiacute passei a ter o meu tempo totalmente ocupado Satildeo os estaacutegios do Curso o tempo de deslocaccedilatildeo para Hospitais da periferia uma tese para defender Este ano seraacute bastante mais exigente que os anteriores se calhar natildeo vou poder fazer treino bi-diaacuterio todos os dias como gostaria mas ainda assim vou pro-curar treinar duma forma o mais seacuteria possiacutevel e se natildeo puder fazecirc-lo na quantidade desejaacutevel pelo menos na qualidade espero consegui-lo

em 2007 COnquistOu a primeira grande medalHa da OrientaccedilatildeO pOrtuguesa aO sagrar-se CampeatildeO da eurOpa de JOvens

Chama-se Diogo Miguel e eacute aos 23 anos uma das referecircncias da Orientaccedilatildeo Pedestre nacio-nal Campeatildeo Europeu de Jovens em 2007 e Campeatildeo Nacional de Distacircncia Longa em 2009 e 2011 Diogo Miguel reparte o tempo entre a modalidade do seu coraccedilatildeo e as exigecircncias do curso de Medicina que abraccedilou haacute seis anos E foi precisamente por aiacute que a nossa conversa comeccedilou uma conversa onde passado presen-te e futuro se misturam e confundem numa teia de opccedilotildees direccedilotildees desafios e decisotildees Na Orientaccedilatildeo como na Vida

Por Joaquim Margarido

de sprint em eger na Hungria que me-moacuterias guarda dessa JOrnada Haacute CinCO anOs atraacutesGuardo sobretudo as memoacuterias e os amigos Na altura pensaacutemos que a visibilidade que este re-sultado poderia dar agrave Orientaccedilatildeo catapultasse a modalidade e possibilitasse a obtenccedilatildeo de mais apoios mas isso natildeo se veio a verificar pelo me-nos na medida daquilo que seria de esperar

esteve este anO nOs mundiais de lausan-ne COnseguindO O 33ordm lugar na Final a de distacircnCia lOnga que valOr atribui a este seu resultadOAtribuo-lhe um valor elevado ateacute porque foi a primeira vez em dez anos que um portuguecircs foi a uma final A de Distacircncia Longa Cheguei ao fim com a certeza de ter feito o meu melhor e se natildeo tivesse quebrado fisicamente teria fei-to melhor ainda Ou seja com outras condiccedilotildees de treino teria facilmente ficado entre os vinte e cinco primeiros Mas falta bastante cultura des-portiva agrave sociedade portuguesa em geral e se disser a algueacutem que natildeo estaacute familiarizado com a Orientaccedilatildeo que terminei em 33ordm num Campeo-nato do Mundo essa pessoa iraacute pensar ldquoesque-ce eacutes mau natildeo prestasrdquo Mas quem sabe como estas coisas funcionam sabe os sacrifiacutecios que temos que fazer Sabe acima de tudo as condi-ccedilotildees que temos e consegue olhar para o resulta-

do como sendo bastante meritoacuterio

temOs em pOrtugal O apOiO que deviacuteamOs Ou que mereCiacuteamOs

Natildeo Eacute bastante revoltante olhar para outros desportos como eacute o caso do Futebol e termos um Presidente que termina o man-dato agrave frente da Federaccedilatildeo e que se sente orgulhoso por ter deixa-

do um balanccedilo positivo nas contas de muitos milhotildees de euros Mas

satildeo estes precisamente que ainda assim continuam a receber milhotildees e

milhotildees do Instituto Portuguecircs do Desporto e Juventude enquanto outras modalidades lutam pela sobrevivecircncia Acho que somos claramen-te sub-apoiados O desporto em Portugal eacute um espelho da Sociedade Haacute os muito ricos e haacute os muito pobres Os ricos satildeo cada vez mais ricos e os pobres satildeo cada vez mais pobres Eacute a mesma coisa com o desporto

quandO OlHa para Os nOssOs JOvens que pOtenCialidades vecirc neles para COn-seguirem CHegar aOs lugares CimeirOs da OrientaccedilatildeO eurOpeia e mundialTemos alguns jovens com bastante valor prin-

OUTDOOR novembro_Dezembro 2012 37

cipalmente o Luiacutes Silva Trata-se dum atleta que tem um futuro brutal e acho que vai ser sem sombra de duacutevidas o melhor atleta portuguecircs dentro de muito pouco tempo Olhando de for-ma mais aprofundada para estes atletas eacute uma realidade que eles tecircm hoje melhores condiccedilotildees em relaccedilatildeo agravequilo que noacutes tiacutenhamos na altura Basta ver que os atletas jaacute se deslocam com al-guma frequecircncia ao terreno antes das grandes competiccedilotildees coisa que natildeo havia ateacute haacute muito pouco tempo atraacutes E depois haacute os estaacutegios de Seleccedilatildeo Mas deve reconhecer-se que lhes falta o treino fora da competiccedilatildeo Acho que falta al-gum espiacuterito de sacrifiacutecio no treino em casa que eacute o mais importante

o CLubE dE oriEntaccedilatildeo dE EstarrEJa Eacute dEsdE sEMprE o sEu CLubE quE signiFiCa-do tEM para si EstE EMbLEMa E Esta CaMi-soLa quE EnvErgaComecei na Orientaccedilatildeo aos 8 anos e a minha primeira experiecircncia foi no Desporto Escolar na minha terra Canelas uma pequena aldeia do Concelho de Estarreja A essa primeira pro-va seguiu-se uma ldquoQuinzena da Orientaccedilatildeordquo no veratildeo e nunca mais parei Haacute quinze anos que estou ligado a este clube e ele faz parte de mim Poderia dividir a minha vida em dois por um lado a parte profissional da Faculdade e por outro a Orientaccedilatildeo Por estranho que possa pa-recer a parte desportiva natildeo se encontra num plano inferior relativamente agrave parte profissio-nal Ambas as partes se complementam uma agrave outra Portanto a minha ligaccedilatildeo a este clube eacute muito grande satildeo muitos anos satildeo muitas pes-soas e ajudou-me a crescer

aos Miuacutedos quE agora datildeo os priMEiros passos quE ConsELhos dariaO conselho natildeo o daria aos miuacutedos se calhar da-va-o antes aos pais Tanto a escola como o des-porto andam muito ligados Se temos disciplina num acabamos por ter disciplina no outro Natildeo eacute por acaso se olharmos para os atletas de topo a niacutevel nacional todos eles satildeo excelentes es-tudantes e tecircm um futuro profissional bastante promissor Tudo parte de quem educa Eu tenho a sorte de ter uns pais que sempre me educaram bem e que sempre me deram o apoio necessaacuterio para conseguir fazer as duas coisas

E deixaria ainda um conselho mais aos pais o de virem fazer uma prova de Orientaccedilatildeo com os seus filhos Uma das grandes vantagens da Orientaccedilatildeo eacute ser para aleacutem do ldquodesporto da flo-restardquo o ldquodesporto da famiacuteliardquo

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EntrevistaConsidEra quE Esta EacutepoCa CorrEu dE aCordo CoM as suas ExpECtativasNa verdade digamos que a eacutepoca estaacute quase agrave beira de comeccedilar Depois do Campeonato do Mundo tirei mais tempo do que era habitual para descansar e tenho estado a fazer pratica-mente soacute manutenccedilatildeo A eacutepoca teve alguns per-calccedilos comecei a treinar na Repuacuteblica Checa e apesar de ter feito muito treino com mapa devi-do agraves questotildees climateacutericas e agraves poucas horas de luz acabei por ter uma carga de treino aqueacutem do desejaacutevel Depois de regressar a Portugal estava a treinar bem mas tive um percalccedilo e lesionei--me num peacute o que me obrigou a uma paragem de um mecircs Isso fez-me perder muito da minha boa forma e acredito que se natildeo fosse isso po-

deria ter chegado muito melhor ao Campeonato do Mundo e aiacute o resultado poderia ter sido outro Apesar de tudo os resultados acabaram por ser bem melhores do que estaria agrave espera

o obJEtivo a Curto praZo passa pELo tiacute-tuLo naCionaL absoLutoPor acaso esse eacute um tiacutetulo que nunca alcancei Vou comeccedilar a treinar a seacuterio para chegar nas melhores condiccedilotildees ao Campeonato Nacional Absoluto e esse vai ser um bom teste O objetivo eacute estar laacute para ganhar

Quanto agrave proacutexima eacutepoca espero apresentar-me agraves provas em melhor forma do que este ano e que os bons resultados possam aparecer oslash

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ofereccedila um garmin DeSemBruLHara caixa Seraacute Soacute o princiacutepio

este natal ofereccedila emoccedilotildees aventuras para quem viaja ou para os que correm para os que navegam no mar ou escalam montanhas Para os nadadores ou golfistas este natal ofereccedila um garmin

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Por Terra

ORIENTACcedilatildeOhellip DEsPORTO NA NATuREzA

Parque nacional torres del Paine Chile

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Cinco satildeo os sentidos estaacute nos manuais neles reside a possi-bilidade de um maior ou menor contacto da pessoa com aquilo que a rodeia Haacute ainda o sexto sentido aquela perceccedilatildeo extra--sensorial que parece ser mais propriedade das mulheres do que dos homens e que nas con-ceccedilotildees ocultistas estaraacute tam-beacutem sedeado num oacutergatildeo do nosso corpo Figurada ou ob-jetivamente eacute bom que todos eles ndash sem exceccedilatildeo - estejam suficientemente desenvolvi-dos sem isso natildeo haacute sentido de orientaccedilatildeo que aguente

A Orientaccedilatildeo eacute um Desporto recente em Portugal mas tem jaacute mais de 100 anos de existecircncia

enquanto desporto organi-zado Com efeito teraacute sido em Bergen - Noruega no ano de 1897 que se organizou a pri-meira atividade desportiva de Orientaccedilatildeo Os paiacuteses noacuterdicos satildeo ainda hoje aqueles onde a modalidade tem maior implan-taccedilatildeo mobilizando um nuacutemero de praticantes que coloca a

Orientaccedilatildeo entre os cinco des-portos com mais adeptos na Escandinaacutevia A maior prova do mundo realiza-se anual-mente na Sueacutecia os 5 dias da Sueacutecia com um nuacutemero de participantes que jaacute atingiu os 25000

Durante o seacutec XX a modali-dade foi evoluindo ateacute agrave criaccedilatildeo da Federaccedilatildeo Internacional de Orientaccedilatildeo (IOF) que fes-tejou em 2012 o 51ordm aniversaacuterio e veio normalizar mundial-mente as regras competitivas as normas para elaboraccedilatildeo dos mapas e as sinaleacuteticas a usar A Orientaccedilatildeo eacute praticada em quatro disciplinas diferentes Orientaccedilatildeo Pedestre Orien-taccedilatildeo em BTT Orientaccedilatildeo em Ski e Orientaccedilatildeo de Precisatildeo (Orientaccedilatildeo prioritariamente para deficientes motores)

Portugal tem marcado pontos na Orientaccedilatildeo para o desporto adaptado lanccedilando em 2012 a Taccedila de Portugal de Orientaccedilatildeo de Precisatildeo e criando um cir-cuito de Orientaccedilatildeo adaptada vocacionado prioritariamente para a deficiecircncia intelectual e

crianccedilas em idade preacute-escolar que eacute uacutenico no Mundo e que estaacute a ser jaacute implementado pela Espanha

o quE EacutePodemos dizer que a Orien-taccedilatildeo eacute um desporto completo Haacute o aspeto fiacutesico o treino no campo que se aproxima do treino dum atleta de fundo E haacute o aspeto mental que de-sempenha um papel funda-mental a leitura dos mapas o contra-reloacutegiohellip Eacute tambeacutem o desporto de natureza por exce-lecircncia Os orientistas saem dos trilhos balizados para pene-trarem no coraccedilatildeo da floresta Cada dia eacute uma nova aven-tura Daquele que se inicia na Orientaccedilatildeo ao mais consagrado dos praticantes haacute todo um mesmo espiacuterito de liberdade de fazer a sua proacutepria escolha do melhor itineraacuterio No Atle-tismo por exemplo a volta agrave pista teraacute sempre 400 metros quer seja aqui ou no Japatildeo Na Orientaccedilatildeo esta noccedilatildeo de dis-tacircncia tem muito pouco signi-ficado Tanto se pode fazer 10 quiloacutemetros numa hora e meia como em quarenta minutos E

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depois nunca existem duas florestas iguais Eacute o eterno recomeccedilo Na Austraacutelia ou na Suiacuteccedila no Japatildeo ou na Escandinaacutevia eacute necessaacuterio uma adaptaccedilatildeo a cada local natildeo haacute lugar a repeti-ccedilotildeeshellip

Cada corredor possui uma buacutessola e um mapa que contrariamente a um mapa normal conteacutem uma enorme diversidade de detalhes acerca dos seus elementos caracteriacutesticos (relevo do ter-reno vegetaccedilatildeo caminhos elementos rochosos construccedilotildees e muito mais) Os mapas satildeo rea-lizados segundo as normas especiacuteficas da Fede-raccedilatildeo Internacional de Orientaccedilatildeo que tem sede na Finlacircndia Aleacutem da legenda sobre os siacutembolos nele representados existe ainda uma sinaleacutetica

proacutepria que tem a ver com o percurso que o praticante vai realizar nesse evento e que eacute uma linguagem uni-versal

A partir do momento em que se potildee em marcha o cronoacutemetro o orientista deve efe-tuar o seu percurso que eacute marcado no mapa e que eacute cons-tituiacutedo por uma par-tida (representada por um triacircngulo) uma seacuterie de pontos de

passagem obrigatoacuterios (representados por ciacuter-culos) e a chegada (representada no mapa por dois ciacuterculos concecircntricos) Estes pontos satildeo materializados no terreno sob a forma de um prisma triangular denominado por baliza e a passagem deve ser validada por um sistema de ldquopicotagemrdquo manual ou eletroacutenica O objetivo consiste em fazer o percurso na sequecircncia in-dicada o mais rapidamente possiacutevel Mas entre cada ponto de passagem a escolha do itineraacuterio fica ao criteacuterio de cada um

O percurso em linha reta evidentemente nem sempre eacute o mais raacutepido Eacute necessaacuterio jogar com as inflexotildees do terreno os lagos os muros e outros acidenteshellip O tempo gasto a percorrer o traccedilado da corrida depende sobretudo do meio sobre o qual a mesma se desenrola Em terrenos como na Escandinaacutevia onde o relevo eacute mais duro numa mesma distacircncia poderemos gastar quase o dobro do tempo que gastariacuteamos num terreno plano e sem o mesmo tipo de obs-taacuteculos

Por Terra

OUTDOOR Novembro_Dezembro 2012 43

O conhecimento do relevo eacute a parte mais difiacutecil Eacute neces-saacuterio aprender a imaginar um terreno a trecircs dimensotildees sobre o mapa Claro que natildeo eacute apenas isto Para quem tem mais dificuldade em possuir a visatildeo a trecircs dimensotildees esta in-suficiecircncia pode ser compensada com outras qualidades nomeada-mente a atenccedilatildeo Mas nem todos pos-suem igualmente esta capacidade mental Como na generalidade dos desportos eacute neces-saacuteria uma longa aprendizagem onde o treino teacutecnico a vivecircncia de situaccedilotildees mais variadas e o nuacutemero de florestas ldquovisitadasrdquo desempe-nham um papel fundamental Eacute agrave medida que o tempo passa que o orientista aprende a adaptar o seu comportamento a reagir cada vez mais rapidamente e a encontrar as melhores opccedilotildeesO desporto natildeo eacute muito mediatizado e o espiacute-rito da Orientaccedilatildeo eacute o de permanecer livre Eacute um desporto ainda preservado de certas po-leacutemicas ldquodopingrdquo e outros malabarismos daiacute que muitos orientistas digam que natildeo seja mau de todo que ele permaneccedila ldquoconfidencialrdquo

Grandes Competiccedilotildees em 2013

Em 2013 as grandes competiccedilotildees internacio-nais onde Portugal vai querer estar presente

satildeo as seguintes

- Campeonato do Mundo de Juacuteniores ndash Repuacuteblica Checa (29jun-06 de julho) wwwjwoc2013cz

- Campeonato do Mundo Elite ndash Finlacircndia (07-14 jul)

wwwwoc2013fi- Campeonato do Mundo ve-

teranos ndash Itaacutelia (02-10 ago) wwwwmoc2013it

- Campeonato da Europa de Jovens ndash Israel (03 de novembro) wwweyoc2013org

portuGal na alta roda Mas Portugal vai ter brevemente grandes desa-fios pela frente- Em 2013 organiza uma etapa da Taccedila do Mundo de seacuteniores e o Campeonato do Mundo de Vete-ranos de Orientaccedilatildeo em BTT - Costa Alentejana entre 09 e 13 de outubro- Em 2014 organiza em Palmela de 9-14 de abril e em paralelo o Campeonato da Europa de Orientaccedilatildeo Pedestre e o Campeonato da Eu-ropa de Orientaccedilatildeo de Precisatildeo wwweoc2014fpopt

Carnaval o ponto alto Desde 1996 que Portugal realiza a sua prova ra-inha que atrai os melhores especialistas a Por-

Eacute um desporto ainda

preservado de certas poleacutemicas ldquodopingrdquo e outros malabarismos

daiacute que muitos orientistas digam que natildeo seja mau de todo que ele perma-

neccedila ldquoconfiden-cialrdquo

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Por Terratugal Eacute O Portugal Orsquo Meeting que desde 2000 se realiza no Carnaval com a duraccedilatildeo de 4 dias e pontuaacutevel para a liga Mundial de orientaccedilatildeo pedestre nos percursos de Elite Em 2013 Por-tugal vai receber pela primeira vez trecircs eventos pontuaacuteveis para a Liga Mundial02 e 03 de fevereiro ndash Norte Alentejano Orsquo Mee-ting ndash Nisa (wwwnaompt)09ndash12 de fevereiro ndash Portugal Orsquo Meeting ndash Idanha-a-nova (wwwpompt)16 e 17 de fevereiro ndash XIV Meeting de Orien-taccedilatildeo do Centro ndash Pombal (wwwcocpteventos16fev2013)

OrientaccedilatildeO muitO mais dO que um despOr-tOOlhando para a modalidade de uma forma mais transversal podemos enquadraacute-la aleacutem de mo-dalidade desportiva com aacutereas como o Ambien-te a Educaccedilatildeo e as Novas Tecnologias As qua-tro vertentes atraacutes enunciadas reunidas numa soacute tem a ver tambeacutem com solidariedade

Ambiente porque a Orientaccedilatildeo eacute o ldquoDesporto da Florestardquo fazendo de cada praticante um guardiatildeo e um amigo de tatildeo valioso patrimoacutenio Educaccedilatildeo porque eacute uma modalidade onde se aglutinam mateacuterias tatildeo nucleares como a Ma-temaacutetica ou a Geografia e se desenvolvem com-petecircncias como a capacidade de interpretaccedilatildeo ou o poder de decisatildeo por isso ser considerada prioritaacuteria para o Desporto Escolar Novas Tec-nologias porque eacute das modalidades que mais depende dos Meios Informaacuteticos a todos os niacute-veis do controlo de tempos agrave cartografia mais desenvolvida que existe Desporto porque pro-move a atividade fiacutesica e a Sauacutede dirigindo-se de igual forma agravequeles que individualmente a praticam ao niacutevel da alta competiccedilatildeo como agraves crianccedilas ou agraves famiacutelias que vecircm nela uma forma

de promover o seu bem estar fiacutesico e reforccedilar os laccedilos de amizade e convivialidade

E solidariedade porque vive da forccedila que projeta nos seus praticantes

trabalhando desinteressadamente em prol da modalidade em prol do paiacutes

Porque a Orientaccedilatildeo eacute Ambiente eacute Educaccedilatildeo satildeo Novas Tecnolo-gias eacute Desporto Porque a Orien-

taccedilatildeo gera Riqueza e gera Sauacutede Porque a Orientaccedilatildeo eacute de todos e

para todos Interessa a todos Inte-ressa ao Paiacutes Daiacute que eacute urgente que

todos venham experimentar e que descu-bram as belezas deste Paiacutes de mapa na matildeo oslash

Fernando Costa e Joaquim margarido

Olhando para a modali-

dade de uma forma mais transversal po-

demos enquadraacute-la aleacutem de modalidade desportiva

com aacutereas como o Am-biente a Educaccedilatildeo e

as Novas Tecnolo-gias

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Setembro_Outubro 2011 OUTDOOR138

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Novembro_Dezembro 2012 OUTDOOR2828

Aventura- Tsiiii tsiiii ndash o meu olhar desviou-se do hori-zonte que observava tentando encontrar por perto de onde vinha o som daquele assobio

- Satildeo as marmotas Estatildeo a avisar as outras que noacutes estamos por perto eacute assim que comunicam principalmente se sentem algum perigo - o Heacutel-der ria do meu ar confuso Ia jurar que o assobio vinha de um ser humano Foi a primeira vez que avistei este simpaacutetico mamiacutefero Imagino esta marmota no meio dos peluches do quarto das minhas filhas Satildeo sem duacutevida um animal sim-paacutetico estes excelentes escavadores que vivem em altitudes desde os 900m aos 3200m Nove meses do ano passam-no a hibernar Estamos em pleno veratildeo nos Alpes e as marmotas estatildeo em grande atividade armazenando energias para o inverno Conseguimos avistar os outros elementos da coloacutenia ldquode peacuterdquo alerta Foi um bom motivo para uma merecida pausa tirar a mochila hidratar comer uma barra energeacutetica

Jaacute haviacuteamos percorrido grande parte do trilho que nos levaria ao Refuacutegio Albert I Eacute aqui que pernoitaremos para iniciar a nossa aclimataccedilatildeo Saiacutemos da pequena vila de Le Tour de onde partem os telefeacutericos usados no inverno para aceder agraves pistas de esqui No veratildeo continuam em atividade facilitando o percurso aos trekkers que natildeo queiram palmilhar o desniacutevel de cerca de

700m que os separa do Col de Balme- Estamos a aclimatar e tambeacutem a treinar nem pensar em usar meios mecacircnicos ndash Helder sor-ria a dizer esta frase Foi quanto bastou para perceber que a manhatilde ia ser longa Depois de vencermos grande parte do desniacutevel chegamos a um local de onde se pode avistar a cordilheira do monte Branco la Verte os Drus as Aiguil-les de Chamonix e o Monte Branco com os seus 4810m Mas que local magniacutefico para aclimatar pensei Para subir em altitude temos que permi-tir ao nosso organismo que se habitue gradual-mente agrave falta de oxigeacutenio a que vai ser exposto Para isso vamos fazendo caminhadas subindo gradualmente para que ao fim de alguns dias jaacute estejamos mais aptos a entrar numa zona em que a pressatildeo atmosfeacuterica eacute menor e o oxigeacutenio do ar mais rarefeito

Ao chegar agrave moreia do glaciar do Tour resta-nos uns 200 m para o nosso objetivo A 30 de agosto de 1930 o rei Alberto I da Beacutelgica inaugurou o primeiro refuacutegio que tem o seu nome Em 1935 o refuacutegio foi ampliado no entanto natildeo foi sufi-

ciente e o atual precariamente empoleirado num penhasco a uma altitude de 2706

inaugurado a 12 de julho de 1959 foi construiacutedo perto do primeiro

edifiacutecio Natildeo posso deixar de me impressionar ao avistaacute-lo e quando chego sento-me na varanda feliz por poder apre-

Esta-mos em pleno

veratildeo nos Alpes e as marmotas estatildeo em grande ativida-de armazenando energias para o

inverno

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ciar vistas tatildeo magniacuteficas ehellip por poder tirar as botas Natildeo tinha botas de alta montanha mas um amigo comprou umas plaacutesticas em segun-da matildeo em Chamonix e sorte das sortes eram o meu nuacutemero Fiz este trekking com elas para me habituar resultou Mas os meus peacutes supli-cavam por ar fresco Soacute conseguimos dar o de-vido valor ao momento de descanso conversa contemplaccedilatildeo numa varanda dum refuacutegio se jaacute tivermos percorrido umas boas horas por trilhos de montanha Saboreei ao maacuteximo este tempi-nho sabia que a tarde era guardada para treino no glaciar como andar em cordada e escalada no gelo Eacute sempre bom relembrar as bases um acidente pode acontecer quando descuramos as regras mais simples e esta tarde foi fundamental para isso Um sol magniacutefico vistas deslumbran-tes ambiente descontraiacutedo Natildeo deixar a corda a tocar o chatildeo nunca a pisar nem a ter dema-siado em tensatildeo Esta sintonia entre elementos de cordada trabalha-se e soacute com o treino a con-seguimos obter Amanhatilde vamos sair ao nascer do dia em direccedilatildeo agrave Aiguille du Tour Esta for-maccedilatildeo com 3540m eacute muito popular entre as pes-soas que tentam a ascensatildeo ao Monte Branco Eacute relativamente faacutecil a sua subida pela face leste

A meteorologia na manhatilde da nossa subida esta-va perfeita Adoro toda a logiacutestica de preparaccedilatildeo de saiacuteda do refuacutegio O acordar ainda de noite os ruiacutedos leves e abafados dos mais madrugadores na camarata o som dos passos ainda lentos no chatildeo de madeira Tento concentrar-me para natildeo me escapar nada ter todo o material colocado e sentir-me confortaacutevel Saio do refuacutegio e o ar

fresco da montanha acorda os meus sentidos Comeccedilamos a subir o glaciar frontais ligados muacutesculos a aquecer A inclinaccedilatildeo eacute moderada e rapidamente chegamos ao colo superior do Tour que marca a fronteira da Franccedila com a Suiacuteccedila ndash Trouxeram o passaporte Vamos pas-sar no posto fronteiriccedilo ndash pergunta o Heacutelder a sorrir Atravessamos agora o glaciar de Trient o sol aquece-nos e as vistas satildeo surpreendentes Ao chegar agrave base da aguille do Tour fazemos o nosso merecido descanso comer beber aacutegua apreciar a beleza que nos circunda Vem agora a parte divertida para quem gosta de escalar em rocha Iniciamos calmamente a nossa subida vamos ouvindo algumas orientaccedilotildees progredin-do e fazendo manobras para passar nas zonas mais expostas ateacute chegarmos ao topo Emocio-no-me com a beleza agrave minha volta O meu pen-samento liga-se a algueacutem muito querido que haacute bem pouco tempo deixou a vida terrena sinto a sua proximidade Um abraccedilo forte da minha amiga de escalada traz-me novamente agrave terra E ali agrave nossa frente majestoso quase como que a chamar-nos o Monte Branco

Foi nesse mesmo dia que regressamos a Chamo-nix Uma longa descida animada pela conversa descontraiacuteda sobre os Alpes - Haacute sempre tanto que contar desta cordilheira travessias espeta-culares que se podem fazer ndash ouvia atenta as histoacuterias que me contavam era a minha primei-ra vez nos Alpes e jaacute estava cativada Cativada ateacute pela proacutepria cidade de Chamonix Eacute um lo-cal onde se respira ar livre Da varanda do nos-so apartamento para onde quer que olhe vejo

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Aventuraatividades outdoor Ouccedilo os risos alegres dum grupo que desce o rio fazendo rafting observo o ceacuteu colorido pelos parapentes as pessoas pas-sam na rua equipadas com roupa de montanha Cheguei a Chamonix haacute dois dias de comboio Quando deambulava pelas suas ruelas cho-quei com uma curiosa estaacutetua onde um homem aponta a outro o cume do Monte Branco

- Eacute Jacques Balmat que estaacute a apontar para o cume ele foi o primeiro homem a subir esta montanha a 8 de agosto de 1786 acompanha-do do meacutedico Michel Paccard Saiacuteram de Cha-monix acamparam no cume da Montagne de la cote a 2630m agraves 4 da manhatilde partiram e chega-ram ao cume por volta das 6h da tarde Balmat nasceu neste vale era um caccedilador de cristais tinha uma vontade de ferro e um instinto para as montanhas Paccard era meacutedico em Chamonix e um excelente alpinista adorava botacircnica e mi-nerais Tambeacutem lhe erigiram aqui uma estaacutetua

Foi ele que conheceu Horace-Beacute-neacutedict de Saussure que ini-

ciou a corrida do primeiro homem a subir ao Monte Branco ndash disse-me Joatildeo

- E esse Saussure tam-beacutem era alpinista ndash perguntei curiosa

- O seu interesse pela botacircnica trouxe-o ateacute aos

Alpes e percorreu grande parte desta cordilheira co-

meccedilando a trabalhar no sentido de esclarecer a topografia da parte ne-

vada dos Alpes nessa eacutepoca praticamente des-conhecida Foi em 1760 que veio aqui pela pri-meira vez e ofereceu uma recompensa a quem escalasse o Monte Branco Ele tentou fazecirc-lo sem sucesso- Entatildeo nunca chegou a subir

- Sim conseguiu mas soacute em 1787 jaacute tinha 47 anos e levou 18 guias com ele Relembro as palavras que li do fotoacutegrafo de montanha C Douglas Milner ldquoA subida em si foi magniacutefica uma incriacutevel faccedilanha de coragem grande resistecircncia realizada por estes dois ho-mens apenas sem corda e sem piolets muito sobrecarregados com equipamentos cientiacuteficos e com longos bastotildees com pontas de ferro O bom tempo e uma lua luminosa garantiram o seu regresso com vidardquo

O dia seguinte foi passado a descansar visitar o Museu da Montanha e espreitar a meteoro-

Foi em 1760 que veio aqui

pela primeira vez e ofereceu uma recom-

pensa a quem escalas-se o Monte Branco Ele tentou fazecirc-lo

sem sucesso

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Um dos pontos al-tos eacute ir agrave roulotte

dos waffles delei-tarmo-nos com este

delicioso doce No fi-nal do dia ainda pude-

mos assistir a um espetaacute-culo de muacutesica e danccedila celta

na praccedila central O ambiente eacute descontraiacutedo a praccedila estaacute cheia de gente e a muacutesica faz sempre bem agrave alma Joatildeo recebe um telefonema

- Estaacutes nos Alpes Natildeo vatildeo poder subir amanhatilde aproxima-se uma tempestade Mas tenho boas notiacutecias tens uma janela de bom tempo no dia seguinte se quiserem aproveitar - Disse Viacutetor Baiacutea sempre bem informado sobre os fenoacuteme-nos meteoroloacutegicos

O dia em que vai haver ldquouma abertardquo para subir eacute o mesmo dia em que temos voo para Lisboa

desde Genebra Ficamos um pouco a pensar no que decidir e claro temos que arriscar Na mon-tanha eacute assim tem que haver flexibilidade es-tamos dependentes das condiccedilotildees climateacutericas e aproveitar quando nos eacute proporcionado bom tempo

A rota que vamos seguir natildeo eacute a mais utilizada eacute chamada rota dos trecircs cumes Esta rota eacute mais exigente fiacutesica e tecnicamente do que a rota do Goucircter No entanto com faacutecil acesso a partir do telefeacuterico da Aiguille du Midi este percurso tor-nou-se a segunda rota mais popular para esca-lar o Monte Branco O percurso inicia-se na Ai-guille du Midi seguindo pelo Col du Midi antes de subir o Monte Branco atraveacutes do Mont-Blanc du Tacul (4248m) e Maudit Mont (4465m) Esta rota requer condiccedilotildees estaacuteveis na neve do Mont Blanc du Tacul e Mont Maudit e tem uma eleva-ccedilatildeo acumulada de 1425m O refuacutegio Cosmiques estava lotado a nossa uacuteni-

- Es-taacutes nos Alpes

Natildeo vatildeo poder subir amanhatilde aproxi-ma-se uma tempestade

Mas tenho boas notiacutecias tens uma janela de bom tempo no dia seguinte

se quiserem apro-veitar

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Aventura

estaccedilatildeo do telefeacuterico da Aiguille du Midi Este telefeacuterico foi construiacutedo em 1955 e manteve o tiacutetulo de ser o mais alto do mundo durante duas deacutecadas Ele ainda deteacutem o recorde como o te-lefeacuterico com a ascensatildeo vertical mais alta no mundo de 1035 m para 3842 m Haacute duas se-ccedilotildees de Chamonix para o Plano de lAiguille a 2317 m e depois diretamente sem qualquer pi-lar de apoio para a estaccedilatildeo superior a 3777 m Apanhamos o uacuteltimo telefeacuterico do dia cerca de 20 minutos depois estaacutevamos no terraccedilo a tentar admirar as lindiacutessimas vistas que se tem deste local No entanto o mau tempo previsto estava certo e a visibilidade natildeo era mais de 20 m agrave nossa frente Estava desanimadiacutessima

- Como eacute possiacutevel daqui a poucas horas termos bom tempo para subir ndash Perguntei increacutedula- Estamos na montanha Luiacutesa a meteorologia muda rapidamente Temos que aguardar ndash Afir-mou Joatildeo calmo e confiante

Fomos procurar um local onde pudeacutessemos descansar ateacute agrave meia-noite hora marcada para a nossa partida O percurso eacute longo com bas-tante desniacutevel e na realidade o voo para Lisboa eacute amanhatilde Quando acordei o som dos ventos fortes que se faziam ouvir misteriosamente desaparece-ram Depois de comer e fazer a confirmaccedilatildeo do equipamento dirigimo-nos para a aresta que nos levaraacute ao Valleacute Blanche Foi com extrema curiosidade que me dirigi agrave saiacuteda Como esta-raacute o tempo A calma e tranquilidade que senti ao sair para o exterior foi-me trazida pela ma-ravilhosa paisagem que tinha agrave minha frente Afinal depois da tempestade vem a bonanccedila e a visatildeo deste vale imaculado sob um ceacuteu estre-lado sem ningueacutem sem pegadas sem luzes de frontais foi brutal Ao comeccedilar a descer a ares-ta conseguimos ver o refuacutegio Cosmiques ainda adormecido Fomos mesmo os primeiros a sair o que representa um privileacutegio por um lado e

No entanto o mau tempo pre-

visto estava certo e a visibilidade natildeo era mais de 20m agrave nossa frente Estava desa-

nimadiacutessima

Ainda foi longa a nossa caminhada sempre a encontrar forccedilas e energia onde quer que elas estivessem escondidas Paraacutevamos de vez em quando agrave espera da outra cordada de amigos e por fim cerca das 10h da manhatilde atingimos o cume Tento tirar fotos mas a maacutequina fotograacute-fica natildeo ajudou fiquei sem bateria Natildeo faltam maacutequinas para o fazer e depois de um breve descanso temos que iniciar a descida pela mes-ma rota Eacute uma descida que acaba por ter al-gumas subidas sendo por isso mais demorada Mas a alegria de ter cumprido o objetivo o dia tatildeo calmo e luminoso a companhia dos amigos supera qualquer tipo de cansaccedilo

Tive um sentimento de saudade ao chegar nova-mente ao Valleacute Blanche e olhar para traacutes para o trilho percorrido olhar aquele vale agora agrave luz do dia atravessado por tantas pegadas Olho de relance para a uacuteltima subida que nos falta fazer a aresta que nos levaraacute ao telefeacuterico na Aguille du Midi Faccedilo esta subida confiante como se ti-vesse deixado para traacutes todo o esforccedilo e cansaccedilo extremo desta maravilhosa aventura

Com grande pena natildeo pude comemorar em Chamonix nessa noite mas comemorei com imensa alegria ao reencontrar-me com a mi-nha famiacutelia orgulhosa de mim afinal estive no mesmo dia no cume do Monte Branco de manhatilde e agrave noite na minha cama quente e confortaacutevel em Lisboa oslash

Luiacutesa Tomeacute

Papa-Leacuteguaswwwpapa-leguascom

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um esforccedilo acrescido por outro Relembro a tra-vessia do glaciar do Tacul a ldquofazer trilhordquo o som dos campons na neve ecoava num ritmo proacute-prio pousava a minha bota no local exato onde o Joatildeo tinha feito a pegada como que num jogo em que quando falhava acrescia o esforccedilo que teria que fazer O som de passos intensifica-se temos mais madrugadores connosco Deixamo--los passar jaacute vimos a fazer trilho haacute bastante tempo eacute a vez de outros agora

Quando chegamos agrave ldquoparederdquo do Mont Blanc du Tacul jaacute temos algumas pessoas agrave espera para subir O sol ainda natildeo subiu para nos aquecer esperamos junto agraves cordas a nossa vez os peacutes comeccedilam a dar sinal de frio Iniciamos a subida os piolets e os crampons cravam-se certeiros no gelo a corda ajuda na subida Comeccedilo a ficar cansada e a hesitar paro por uns momentos sinto a boca seca o coraccedilatildeo a bater forte olho para cima jaacute natildeo falta muito - Piolet numa matildeo corda na outra sobe Luiacutesa ndash a voz do Heacutelder trouxe-me lucidez A energia que me faltava regressou Concentro-me e con-tinuo a subida pedaccedilos de gelo passam por noacutes arrancados aquela parede cheia de gente dese-josa de ultrapassar possivelmente o obstaacuteculo mais duro desta rota

O trilho continua pelo beliacutessimo Mont-Maudit apesar do seu nome O sol jaacute vai alto comeccedila a aquecer haacute que comeccedilar a tirar camadas Natildeo podemos desidratar Col de la Brenva um chaacute quente e uma bolacha Apetece ficar jaacute aqui as vistas satildeo surpreendentes Mas natildeo eacute este o nos-so objetivo vamos continuar a subir

Entrevista Diogo Miguel - (Oti-Estarreja)

ldquoO DEsPORTO EM PORTuGAL eacute uM EsPELhO DA sOCIEDADErdquo

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Entrevista

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Sabe acima de tudo as con-

diccedilotildees que temos e consegue olhar para o

resultado como sen-do bastante meri-

toacuterio

OutdOOr COmO eacute pOssiacutevel algueacutem COm-patibilizar a preparaccedilatildeO enquantO atleta de OrientaccedilatildeO de elite COm as exigecircnCias dum 6ordm anO dO CursO de medi-Cina

diOgO miguel O segredo reside sobretudo na motivaccedilatildeo Toda a gente consegue tirar um curso e fazer desporto e inclusivamente se gos-tar consegue treinar todos os dias Mas se esti-ver motivado o suficiente consegue levantar-se cedo para correr agraves seis da manhatilde estar na Fa-culdade agraves oito e meia sair agraves quatro da tarde e ir treinar outra vez estudar ateacute agraves dez da noite e dormir porque amanhatilde eacute outro dia Eacute preci-so estar-se motivado para abraccedilar esta vida durante o ano inteiro

Haacute quantO tempO eacute que as COisas satildeO levadas assimQuando comecei a fazer Orien-taccedilatildeo natildeo tinha grandes preo-cupaccedilotildees com o treino Durante os anos de faculdade jaacute treinava bastante a seacuterio mas foi haacute dois ou trecircs anos quando comecei a ser treinado pelo Professor Bruno Nazaacuterio que aumentei a carga de trei-no para o bi-diaacuterio A partir daiacute passei a ter o meu tempo totalmente ocupado Satildeo os estaacutegios do Curso o tempo de deslocaccedilatildeo para Hospitais da periferia uma tese para defender Este ano seraacute bastante mais exigente que os anteriores se calhar natildeo vou poder fazer treino bi-diaacuterio todos os dias como gostaria mas ainda assim vou pro-curar treinar duma forma o mais seacuteria possiacutevel e se natildeo puder fazecirc-lo na quantidade desejaacutevel pelo menos na qualidade espero consegui-lo

em 2007 COnquistOu a primeira grande medalHa da OrientaccedilatildeO pOrtuguesa aO sagrar-se CampeatildeO da eurOpa de JOvens

Chama-se Diogo Miguel e eacute aos 23 anos uma das referecircncias da Orientaccedilatildeo Pedestre nacio-nal Campeatildeo Europeu de Jovens em 2007 e Campeatildeo Nacional de Distacircncia Longa em 2009 e 2011 Diogo Miguel reparte o tempo entre a modalidade do seu coraccedilatildeo e as exigecircncias do curso de Medicina que abraccedilou haacute seis anos E foi precisamente por aiacute que a nossa conversa comeccedilou uma conversa onde passado presen-te e futuro se misturam e confundem numa teia de opccedilotildees direccedilotildees desafios e decisotildees Na Orientaccedilatildeo como na Vida

Por Joaquim Margarido

de sprint em eger na Hungria que me-moacuterias guarda dessa JOrnada Haacute CinCO anOs atraacutesGuardo sobretudo as memoacuterias e os amigos Na altura pensaacutemos que a visibilidade que este re-sultado poderia dar agrave Orientaccedilatildeo catapultasse a modalidade e possibilitasse a obtenccedilatildeo de mais apoios mas isso natildeo se veio a verificar pelo me-nos na medida daquilo que seria de esperar

esteve este anO nOs mundiais de lausan-ne COnseguindO O 33ordm lugar na Final a de distacircnCia lOnga que valOr atribui a este seu resultadOAtribuo-lhe um valor elevado ateacute porque foi a primeira vez em dez anos que um portuguecircs foi a uma final A de Distacircncia Longa Cheguei ao fim com a certeza de ter feito o meu melhor e se natildeo tivesse quebrado fisicamente teria fei-to melhor ainda Ou seja com outras condiccedilotildees de treino teria facilmente ficado entre os vinte e cinco primeiros Mas falta bastante cultura des-portiva agrave sociedade portuguesa em geral e se disser a algueacutem que natildeo estaacute familiarizado com a Orientaccedilatildeo que terminei em 33ordm num Campeo-nato do Mundo essa pessoa iraacute pensar ldquoesque-ce eacutes mau natildeo prestasrdquo Mas quem sabe como estas coisas funcionam sabe os sacrifiacutecios que temos que fazer Sabe acima de tudo as condi-ccedilotildees que temos e consegue olhar para o resulta-

do como sendo bastante meritoacuterio

temOs em pOrtugal O apOiO que deviacuteamOs Ou que mereCiacuteamOs

Natildeo Eacute bastante revoltante olhar para outros desportos como eacute o caso do Futebol e termos um Presidente que termina o man-dato agrave frente da Federaccedilatildeo e que se sente orgulhoso por ter deixa-

do um balanccedilo positivo nas contas de muitos milhotildees de euros Mas

satildeo estes precisamente que ainda assim continuam a receber milhotildees e

milhotildees do Instituto Portuguecircs do Desporto e Juventude enquanto outras modalidades lutam pela sobrevivecircncia Acho que somos claramen-te sub-apoiados O desporto em Portugal eacute um espelho da Sociedade Haacute os muito ricos e haacute os muito pobres Os ricos satildeo cada vez mais ricos e os pobres satildeo cada vez mais pobres Eacute a mesma coisa com o desporto

quandO OlHa para Os nOssOs JOvens que pOtenCialidades vecirc neles para COn-seguirem CHegar aOs lugares CimeirOs da OrientaccedilatildeO eurOpeia e mundialTemos alguns jovens com bastante valor prin-

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cipalmente o Luiacutes Silva Trata-se dum atleta que tem um futuro brutal e acho que vai ser sem sombra de duacutevidas o melhor atleta portuguecircs dentro de muito pouco tempo Olhando de for-ma mais aprofundada para estes atletas eacute uma realidade que eles tecircm hoje melhores condiccedilotildees em relaccedilatildeo agravequilo que noacutes tiacutenhamos na altura Basta ver que os atletas jaacute se deslocam com al-guma frequecircncia ao terreno antes das grandes competiccedilotildees coisa que natildeo havia ateacute haacute muito pouco tempo atraacutes E depois haacute os estaacutegios de Seleccedilatildeo Mas deve reconhecer-se que lhes falta o treino fora da competiccedilatildeo Acho que falta al-gum espiacuterito de sacrifiacutecio no treino em casa que eacute o mais importante

o CLubE dE oriEntaccedilatildeo dE EstarrEJa Eacute dEsdE sEMprE o sEu CLubE quE signiFiCa-do tEM para si EstE EMbLEMa E Esta CaMi-soLa quE EnvErgaComecei na Orientaccedilatildeo aos 8 anos e a minha primeira experiecircncia foi no Desporto Escolar na minha terra Canelas uma pequena aldeia do Concelho de Estarreja A essa primeira pro-va seguiu-se uma ldquoQuinzena da Orientaccedilatildeordquo no veratildeo e nunca mais parei Haacute quinze anos que estou ligado a este clube e ele faz parte de mim Poderia dividir a minha vida em dois por um lado a parte profissional da Faculdade e por outro a Orientaccedilatildeo Por estranho que possa pa-recer a parte desportiva natildeo se encontra num plano inferior relativamente agrave parte profissio-nal Ambas as partes se complementam uma agrave outra Portanto a minha ligaccedilatildeo a este clube eacute muito grande satildeo muitos anos satildeo muitas pes-soas e ajudou-me a crescer

aos Miuacutedos quE agora datildeo os priMEiros passos quE ConsELhos dariaO conselho natildeo o daria aos miuacutedos se calhar da-va-o antes aos pais Tanto a escola como o des-porto andam muito ligados Se temos disciplina num acabamos por ter disciplina no outro Natildeo eacute por acaso se olharmos para os atletas de topo a niacutevel nacional todos eles satildeo excelentes es-tudantes e tecircm um futuro profissional bastante promissor Tudo parte de quem educa Eu tenho a sorte de ter uns pais que sempre me educaram bem e que sempre me deram o apoio necessaacuterio para conseguir fazer as duas coisas

E deixaria ainda um conselho mais aos pais o de virem fazer uma prova de Orientaccedilatildeo com os seus filhos Uma das grandes vantagens da Orientaccedilatildeo eacute ser para aleacutem do ldquodesporto da flo-restardquo o ldquodesporto da famiacuteliardquo

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EntrevistaConsidEra quE Esta EacutepoCa CorrEu dE aCordo CoM as suas ExpECtativasNa verdade digamos que a eacutepoca estaacute quase agrave beira de comeccedilar Depois do Campeonato do Mundo tirei mais tempo do que era habitual para descansar e tenho estado a fazer pratica-mente soacute manutenccedilatildeo A eacutepoca teve alguns per-calccedilos comecei a treinar na Repuacuteblica Checa e apesar de ter feito muito treino com mapa devi-do agraves questotildees climateacutericas e agraves poucas horas de luz acabei por ter uma carga de treino aqueacutem do desejaacutevel Depois de regressar a Portugal estava a treinar bem mas tive um percalccedilo e lesionei--me num peacute o que me obrigou a uma paragem de um mecircs Isso fez-me perder muito da minha boa forma e acredito que se natildeo fosse isso po-

deria ter chegado muito melhor ao Campeonato do Mundo e aiacute o resultado poderia ter sido outro Apesar de tudo os resultados acabaram por ser bem melhores do que estaria agrave espera

o obJEtivo a Curto praZo passa pELo tiacute-tuLo naCionaL absoLutoPor acaso esse eacute um tiacutetulo que nunca alcancei Vou comeccedilar a treinar a seacuterio para chegar nas melhores condiccedilotildees ao Campeonato Nacional Absoluto e esse vai ser um bom teste O objetivo eacute estar laacute para ganhar

Quanto agrave proacutexima eacutepoca espero apresentar-me agraves provas em melhor forma do que este ano e que os bons resultados possam aparecer oslash

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ofereccedila um garmin DeSemBruLHara caixa Seraacute Soacute o princiacutepio

este natal ofereccedila emoccedilotildees aventuras para quem viaja ou para os que correm para os que navegam no mar ou escalam montanhas Para os nadadores ou golfistas este natal ofereccedila um garmin

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Por Terra

ORIENTACcedilatildeOhellip DEsPORTO NA NATuREzA

Parque nacional torres del Paine Chile

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Cinco satildeo os sentidos estaacute nos manuais neles reside a possi-bilidade de um maior ou menor contacto da pessoa com aquilo que a rodeia Haacute ainda o sexto sentido aquela perceccedilatildeo extra--sensorial que parece ser mais propriedade das mulheres do que dos homens e que nas con-ceccedilotildees ocultistas estaraacute tam-beacutem sedeado num oacutergatildeo do nosso corpo Figurada ou ob-jetivamente eacute bom que todos eles ndash sem exceccedilatildeo - estejam suficientemente desenvolvi-dos sem isso natildeo haacute sentido de orientaccedilatildeo que aguente

A Orientaccedilatildeo eacute um Desporto recente em Portugal mas tem jaacute mais de 100 anos de existecircncia

enquanto desporto organi-zado Com efeito teraacute sido em Bergen - Noruega no ano de 1897 que se organizou a pri-meira atividade desportiva de Orientaccedilatildeo Os paiacuteses noacuterdicos satildeo ainda hoje aqueles onde a modalidade tem maior implan-taccedilatildeo mobilizando um nuacutemero de praticantes que coloca a

Orientaccedilatildeo entre os cinco des-portos com mais adeptos na Escandinaacutevia A maior prova do mundo realiza-se anual-mente na Sueacutecia os 5 dias da Sueacutecia com um nuacutemero de participantes que jaacute atingiu os 25000

Durante o seacutec XX a modali-dade foi evoluindo ateacute agrave criaccedilatildeo da Federaccedilatildeo Internacional de Orientaccedilatildeo (IOF) que fes-tejou em 2012 o 51ordm aniversaacuterio e veio normalizar mundial-mente as regras competitivas as normas para elaboraccedilatildeo dos mapas e as sinaleacuteticas a usar A Orientaccedilatildeo eacute praticada em quatro disciplinas diferentes Orientaccedilatildeo Pedestre Orien-taccedilatildeo em BTT Orientaccedilatildeo em Ski e Orientaccedilatildeo de Precisatildeo (Orientaccedilatildeo prioritariamente para deficientes motores)

Portugal tem marcado pontos na Orientaccedilatildeo para o desporto adaptado lanccedilando em 2012 a Taccedila de Portugal de Orientaccedilatildeo de Precisatildeo e criando um cir-cuito de Orientaccedilatildeo adaptada vocacionado prioritariamente para a deficiecircncia intelectual e

crianccedilas em idade preacute-escolar que eacute uacutenico no Mundo e que estaacute a ser jaacute implementado pela Espanha

o quE EacutePodemos dizer que a Orien-taccedilatildeo eacute um desporto completo Haacute o aspeto fiacutesico o treino no campo que se aproxima do treino dum atleta de fundo E haacute o aspeto mental que de-sempenha um papel funda-mental a leitura dos mapas o contra-reloacutegiohellip Eacute tambeacutem o desporto de natureza por exce-lecircncia Os orientistas saem dos trilhos balizados para pene-trarem no coraccedilatildeo da floresta Cada dia eacute uma nova aven-tura Daquele que se inicia na Orientaccedilatildeo ao mais consagrado dos praticantes haacute todo um mesmo espiacuterito de liberdade de fazer a sua proacutepria escolha do melhor itineraacuterio No Atle-tismo por exemplo a volta agrave pista teraacute sempre 400 metros quer seja aqui ou no Japatildeo Na Orientaccedilatildeo esta noccedilatildeo de dis-tacircncia tem muito pouco signi-ficado Tanto se pode fazer 10 quiloacutemetros numa hora e meia como em quarenta minutos E

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depois nunca existem duas florestas iguais Eacute o eterno recomeccedilo Na Austraacutelia ou na Suiacuteccedila no Japatildeo ou na Escandinaacutevia eacute necessaacuterio uma adaptaccedilatildeo a cada local natildeo haacute lugar a repeti-ccedilotildeeshellip

Cada corredor possui uma buacutessola e um mapa que contrariamente a um mapa normal conteacutem uma enorme diversidade de detalhes acerca dos seus elementos caracteriacutesticos (relevo do ter-reno vegetaccedilatildeo caminhos elementos rochosos construccedilotildees e muito mais) Os mapas satildeo rea-lizados segundo as normas especiacuteficas da Fede-raccedilatildeo Internacional de Orientaccedilatildeo que tem sede na Finlacircndia Aleacutem da legenda sobre os siacutembolos nele representados existe ainda uma sinaleacutetica

proacutepria que tem a ver com o percurso que o praticante vai realizar nesse evento e que eacute uma linguagem uni-versal

A partir do momento em que se potildee em marcha o cronoacutemetro o orientista deve efe-tuar o seu percurso que eacute marcado no mapa e que eacute cons-tituiacutedo por uma par-tida (representada por um triacircngulo) uma seacuterie de pontos de

passagem obrigatoacuterios (representados por ciacuter-culos) e a chegada (representada no mapa por dois ciacuterculos concecircntricos) Estes pontos satildeo materializados no terreno sob a forma de um prisma triangular denominado por baliza e a passagem deve ser validada por um sistema de ldquopicotagemrdquo manual ou eletroacutenica O objetivo consiste em fazer o percurso na sequecircncia in-dicada o mais rapidamente possiacutevel Mas entre cada ponto de passagem a escolha do itineraacuterio fica ao criteacuterio de cada um

O percurso em linha reta evidentemente nem sempre eacute o mais raacutepido Eacute necessaacuterio jogar com as inflexotildees do terreno os lagos os muros e outros acidenteshellip O tempo gasto a percorrer o traccedilado da corrida depende sobretudo do meio sobre o qual a mesma se desenrola Em terrenos como na Escandinaacutevia onde o relevo eacute mais duro numa mesma distacircncia poderemos gastar quase o dobro do tempo que gastariacuteamos num terreno plano e sem o mesmo tipo de obs-taacuteculos

Por Terra

OUTDOOR Novembro_Dezembro 2012 43

O conhecimento do relevo eacute a parte mais difiacutecil Eacute neces-saacuterio aprender a imaginar um terreno a trecircs dimensotildees sobre o mapa Claro que natildeo eacute apenas isto Para quem tem mais dificuldade em possuir a visatildeo a trecircs dimensotildees esta in-suficiecircncia pode ser compensada com outras qualidades nomeada-mente a atenccedilatildeo Mas nem todos pos-suem igualmente esta capacidade mental Como na generalidade dos desportos eacute neces-saacuteria uma longa aprendizagem onde o treino teacutecnico a vivecircncia de situaccedilotildees mais variadas e o nuacutemero de florestas ldquovisitadasrdquo desempe-nham um papel fundamental Eacute agrave medida que o tempo passa que o orientista aprende a adaptar o seu comportamento a reagir cada vez mais rapidamente e a encontrar as melhores opccedilotildeesO desporto natildeo eacute muito mediatizado e o espiacute-rito da Orientaccedilatildeo eacute o de permanecer livre Eacute um desporto ainda preservado de certas po-leacutemicas ldquodopingrdquo e outros malabarismos daiacute que muitos orientistas digam que natildeo seja mau de todo que ele permaneccedila ldquoconfidencialrdquo

Grandes Competiccedilotildees em 2013

Em 2013 as grandes competiccedilotildees internacio-nais onde Portugal vai querer estar presente

satildeo as seguintes

- Campeonato do Mundo de Juacuteniores ndash Repuacuteblica Checa (29jun-06 de julho) wwwjwoc2013cz

- Campeonato do Mundo Elite ndash Finlacircndia (07-14 jul)

wwwwoc2013fi- Campeonato do Mundo ve-

teranos ndash Itaacutelia (02-10 ago) wwwwmoc2013it

- Campeonato da Europa de Jovens ndash Israel (03 de novembro) wwweyoc2013org

portuGal na alta roda Mas Portugal vai ter brevemente grandes desa-fios pela frente- Em 2013 organiza uma etapa da Taccedila do Mundo de seacuteniores e o Campeonato do Mundo de Vete-ranos de Orientaccedilatildeo em BTT - Costa Alentejana entre 09 e 13 de outubro- Em 2014 organiza em Palmela de 9-14 de abril e em paralelo o Campeonato da Europa de Orientaccedilatildeo Pedestre e o Campeonato da Eu-ropa de Orientaccedilatildeo de Precisatildeo wwweoc2014fpopt

Carnaval o ponto alto Desde 1996 que Portugal realiza a sua prova ra-inha que atrai os melhores especialistas a Por-

Eacute um desporto ainda

preservado de certas poleacutemicas ldquodopingrdquo e outros malabarismos

daiacute que muitos orientistas digam que natildeo seja mau de todo que ele perma-

neccedila ldquoconfiden-cialrdquo

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Por Terratugal Eacute O Portugal Orsquo Meeting que desde 2000 se realiza no Carnaval com a duraccedilatildeo de 4 dias e pontuaacutevel para a liga Mundial de orientaccedilatildeo pedestre nos percursos de Elite Em 2013 Por-tugal vai receber pela primeira vez trecircs eventos pontuaacuteveis para a Liga Mundial02 e 03 de fevereiro ndash Norte Alentejano Orsquo Mee-ting ndash Nisa (wwwnaompt)09ndash12 de fevereiro ndash Portugal Orsquo Meeting ndash Idanha-a-nova (wwwpompt)16 e 17 de fevereiro ndash XIV Meeting de Orien-taccedilatildeo do Centro ndash Pombal (wwwcocpteventos16fev2013)

OrientaccedilatildeO muitO mais dO que um despOr-tOOlhando para a modalidade de uma forma mais transversal podemos enquadraacute-la aleacutem de mo-dalidade desportiva com aacutereas como o Ambien-te a Educaccedilatildeo e as Novas Tecnologias As qua-tro vertentes atraacutes enunciadas reunidas numa soacute tem a ver tambeacutem com solidariedade

Ambiente porque a Orientaccedilatildeo eacute o ldquoDesporto da Florestardquo fazendo de cada praticante um guardiatildeo e um amigo de tatildeo valioso patrimoacutenio Educaccedilatildeo porque eacute uma modalidade onde se aglutinam mateacuterias tatildeo nucleares como a Ma-temaacutetica ou a Geografia e se desenvolvem com-petecircncias como a capacidade de interpretaccedilatildeo ou o poder de decisatildeo por isso ser considerada prioritaacuteria para o Desporto Escolar Novas Tec-nologias porque eacute das modalidades que mais depende dos Meios Informaacuteticos a todos os niacute-veis do controlo de tempos agrave cartografia mais desenvolvida que existe Desporto porque pro-move a atividade fiacutesica e a Sauacutede dirigindo-se de igual forma agravequeles que individualmente a praticam ao niacutevel da alta competiccedilatildeo como agraves crianccedilas ou agraves famiacutelias que vecircm nela uma forma

de promover o seu bem estar fiacutesico e reforccedilar os laccedilos de amizade e convivialidade

E solidariedade porque vive da forccedila que projeta nos seus praticantes

trabalhando desinteressadamente em prol da modalidade em prol do paiacutes

Porque a Orientaccedilatildeo eacute Ambiente eacute Educaccedilatildeo satildeo Novas Tecnolo-gias eacute Desporto Porque a Orien-

taccedilatildeo gera Riqueza e gera Sauacutede Porque a Orientaccedilatildeo eacute de todos e

para todos Interessa a todos Inte-ressa ao Paiacutes Daiacute que eacute urgente que

todos venham experimentar e que descu-bram as belezas deste Paiacutes de mapa na matildeo oslash

Fernando Costa e Joaquim margarido

Olhando para a modali-

dade de uma forma mais transversal po-

demos enquadraacute-la aleacutem de modalidade desportiva

com aacutereas como o Am-biente a Educaccedilatildeo e

as Novas Tecnolo-gias

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ciar vistas tatildeo magniacuteficas ehellip por poder tirar as botas Natildeo tinha botas de alta montanha mas um amigo comprou umas plaacutesticas em segun-da matildeo em Chamonix e sorte das sortes eram o meu nuacutemero Fiz este trekking com elas para me habituar resultou Mas os meus peacutes supli-cavam por ar fresco Soacute conseguimos dar o de-vido valor ao momento de descanso conversa contemplaccedilatildeo numa varanda dum refuacutegio se jaacute tivermos percorrido umas boas horas por trilhos de montanha Saboreei ao maacuteximo este tempi-nho sabia que a tarde era guardada para treino no glaciar como andar em cordada e escalada no gelo Eacute sempre bom relembrar as bases um acidente pode acontecer quando descuramos as regras mais simples e esta tarde foi fundamental para isso Um sol magniacutefico vistas deslumbran-tes ambiente descontraiacutedo Natildeo deixar a corda a tocar o chatildeo nunca a pisar nem a ter dema-siado em tensatildeo Esta sintonia entre elementos de cordada trabalha-se e soacute com o treino a con-seguimos obter Amanhatilde vamos sair ao nascer do dia em direccedilatildeo agrave Aiguille du Tour Esta for-maccedilatildeo com 3540m eacute muito popular entre as pes-soas que tentam a ascensatildeo ao Monte Branco Eacute relativamente faacutecil a sua subida pela face leste

A meteorologia na manhatilde da nossa subida esta-va perfeita Adoro toda a logiacutestica de preparaccedilatildeo de saiacuteda do refuacutegio O acordar ainda de noite os ruiacutedos leves e abafados dos mais madrugadores na camarata o som dos passos ainda lentos no chatildeo de madeira Tento concentrar-me para natildeo me escapar nada ter todo o material colocado e sentir-me confortaacutevel Saio do refuacutegio e o ar

fresco da montanha acorda os meus sentidos Comeccedilamos a subir o glaciar frontais ligados muacutesculos a aquecer A inclinaccedilatildeo eacute moderada e rapidamente chegamos ao colo superior do Tour que marca a fronteira da Franccedila com a Suiacuteccedila ndash Trouxeram o passaporte Vamos pas-sar no posto fronteiriccedilo ndash pergunta o Heacutelder a sorrir Atravessamos agora o glaciar de Trient o sol aquece-nos e as vistas satildeo surpreendentes Ao chegar agrave base da aguille do Tour fazemos o nosso merecido descanso comer beber aacutegua apreciar a beleza que nos circunda Vem agora a parte divertida para quem gosta de escalar em rocha Iniciamos calmamente a nossa subida vamos ouvindo algumas orientaccedilotildees progredin-do e fazendo manobras para passar nas zonas mais expostas ateacute chegarmos ao topo Emocio-no-me com a beleza agrave minha volta O meu pen-samento liga-se a algueacutem muito querido que haacute bem pouco tempo deixou a vida terrena sinto a sua proximidade Um abraccedilo forte da minha amiga de escalada traz-me novamente agrave terra E ali agrave nossa frente majestoso quase como que a chamar-nos o Monte Branco

Foi nesse mesmo dia que regressamos a Chamo-nix Uma longa descida animada pela conversa descontraiacuteda sobre os Alpes - Haacute sempre tanto que contar desta cordilheira travessias espeta-culares que se podem fazer ndash ouvia atenta as histoacuterias que me contavam era a minha primei-ra vez nos Alpes e jaacute estava cativada Cativada ateacute pela proacutepria cidade de Chamonix Eacute um lo-cal onde se respira ar livre Da varanda do nos-so apartamento para onde quer que olhe vejo

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Aventuraatividades outdoor Ouccedilo os risos alegres dum grupo que desce o rio fazendo rafting observo o ceacuteu colorido pelos parapentes as pessoas pas-sam na rua equipadas com roupa de montanha Cheguei a Chamonix haacute dois dias de comboio Quando deambulava pelas suas ruelas cho-quei com uma curiosa estaacutetua onde um homem aponta a outro o cume do Monte Branco

- Eacute Jacques Balmat que estaacute a apontar para o cume ele foi o primeiro homem a subir esta montanha a 8 de agosto de 1786 acompanha-do do meacutedico Michel Paccard Saiacuteram de Cha-monix acamparam no cume da Montagne de la cote a 2630m agraves 4 da manhatilde partiram e chega-ram ao cume por volta das 6h da tarde Balmat nasceu neste vale era um caccedilador de cristais tinha uma vontade de ferro e um instinto para as montanhas Paccard era meacutedico em Chamonix e um excelente alpinista adorava botacircnica e mi-nerais Tambeacutem lhe erigiram aqui uma estaacutetua

Foi ele que conheceu Horace-Beacute-neacutedict de Saussure que ini-

ciou a corrida do primeiro homem a subir ao Monte Branco ndash disse-me Joatildeo

- E esse Saussure tam-beacutem era alpinista ndash perguntei curiosa

- O seu interesse pela botacircnica trouxe-o ateacute aos

Alpes e percorreu grande parte desta cordilheira co-

meccedilando a trabalhar no sentido de esclarecer a topografia da parte ne-

vada dos Alpes nessa eacutepoca praticamente des-conhecida Foi em 1760 que veio aqui pela pri-meira vez e ofereceu uma recompensa a quem escalasse o Monte Branco Ele tentou fazecirc-lo sem sucesso- Entatildeo nunca chegou a subir

- Sim conseguiu mas soacute em 1787 jaacute tinha 47 anos e levou 18 guias com ele Relembro as palavras que li do fotoacutegrafo de montanha C Douglas Milner ldquoA subida em si foi magniacutefica uma incriacutevel faccedilanha de coragem grande resistecircncia realizada por estes dois ho-mens apenas sem corda e sem piolets muito sobrecarregados com equipamentos cientiacuteficos e com longos bastotildees com pontas de ferro O bom tempo e uma lua luminosa garantiram o seu regresso com vidardquo

O dia seguinte foi passado a descansar visitar o Museu da Montanha e espreitar a meteoro-

Foi em 1760 que veio aqui

pela primeira vez e ofereceu uma recom-

pensa a quem escalas-se o Monte Branco Ele tentou fazecirc-lo

sem sucesso

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Um dos pontos al-tos eacute ir agrave roulotte

dos waffles delei-tarmo-nos com este

delicioso doce No fi-nal do dia ainda pude-

mos assistir a um espetaacute-culo de muacutesica e danccedila celta

na praccedila central O ambiente eacute descontraiacutedo a praccedila estaacute cheia de gente e a muacutesica faz sempre bem agrave alma Joatildeo recebe um telefonema

- Estaacutes nos Alpes Natildeo vatildeo poder subir amanhatilde aproxima-se uma tempestade Mas tenho boas notiacutecias tens uma janela de bom tempo no dia seguinte se quiserem aproveitar - Disse Viacutetor Baiacutea sempre bem informado sobre os fenoacuteme-nos meteoroloacutegicos

O dia em que vai haver ldquouma abertardquo para subir eacute o mesmo dia em que temos voo para Lisboa

desde Genebra Ficamos um pouco a pensar no que decidir e claro temos que arriscar Na mon-tanha eacute assim tem que haver flexibilidade es-tamos dependentes das condiccedilotildees climateacutericas e aproveitar quando nos eacute proporcionado bom tempo

A rota que vamos seguir natildeo eacute a mais utilizada eacute chamada rota dos trecircs cumes Esta rota eacute mais exigente fiacutesica e tecnicamente do que a rota do Goucircter No entanto com faacutecil acesso a partir do telefeacuterico da Aiguille du Midi este percurso tor-nou-se a segunda rota mais popular para esca-lar o Monte Branco O percurso inicia-se na Ai-guille du Midi seguindo pelo Col du Midi antes de subir o Monte Branco atraveacutes do Mont-Blanc du Tacul (4248m) e Maudit Mont (4465m) Esta rota requer condiccedilotildees estaacuteveis na neve do Mont Blanc du Tacul e Mont Maudit e tem uma eleva-ccedilatildeo acumulada de 1425m O refuacutegio Cosmiques estava lotado a nossa uacuteni-

- Es-taacutes nos Alpes

Natildeo vatildeo poder subir amanhatilde aproxi-ma-se uma tempestade

Mas tenho boas notiacutecias tens uma janela de bom tempo no dia seguinte

se quiserem apro-veitar

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Aventura

estaccedilatildeo do telefeacuterico da Aiguille du Midi Este telefeacuterico foi construiacutedo em 1955 e manteve o tiacutetulo de ser o mais alto do mundo durante duas deacutecadas Ele ainda deteacutem o recorde como o te-lefeacuterico com a ascensatildeo vertical mais alta no mundo de 1035 m para 3842 m Haacute duas se-ccedilotildees de Chamonix para o Plano de lAiguille a 2317 m e depois diretamente sem qualquer pi-lar de apoio para a estaccedilatildeo superior a 3777 m Apanhamos o uacuteltimo telefeacuterico do dia cerca de 20 minutos depois estaacutevamos no terraccedilo a tentar admirar as lindiacutessimas vistas que se tem deste local No entanto o mau tempo previsto estava certo e a visibilidade natildeo era mais de 20 m agrave nossa frente Estava desanimadiacutessima

- Como eacute possiacutevel daqui a poucas horas termos bom tempo para subir ndash Perguntei increacutedula- Estamos na montanha Luiacutesa a meteorologia muda rapidamente Temos que aguardar ndash Afir-mou Joatildeo calmo e confiante

Fomos procurar um local onde pudeacutessemos descansar ateacute agrave meia-noite hora marcada para a nossa partida O percurso eacute longo com bas-tante desniacutevel e na realidade o voo para Lisboa eacute amanhatilde Quando acordei o som dos ventos fortes que se faziam ouvir misteriosamente desaparece-ram Depois de comer e fazer a confirmaccedilatildeo do equipamento dirigimo-nos para a aresta que nos levaraacute ao Valleacute Blanche Foi com extrema curiosidade que me dirigi agrave saiacuteda Como esta-raacute o tempo A calma e tranquilidade que senti ao sair para o exterior foi-me trazida pela ma-ravilhosa paisagem que tinha agrave minha frente Afinal depois da tempestade vem a bonanccedila e a visatildeo deste vale imaculado sob um ceacuteu estre-lado sem ningueacutem sem pegadas sem luzes de frontais foi brutal Ao comeccedilar a descer a ares-ta conseguimos ver o refuacutegio Cosmiques ainda adormecido Fomos mesmo os primeiros a sair o que representa um privileacutegio por um lado e

No entanto o mau tempo pre-

visto estava certo e a visibilidade natildeo era mais de 20m agrave nossa frente Estava desa-

nimadiacutessima

Ainda foi longa a nossa caminhada sempre a encontrar forccedilas e energia onde quer que elas estivessem escondidas Paraacutevamos de vez em quando agrave espera da outra cordada de amigos e por fim cerca das 10h da manhatilde atingimos o cume Tento tirar fotos mas a maacutequina fotograacute-fica natildeo ajudou fiquei sem bateria Natildeo faltam maacutequinas para o fazer e depois de um breve descanso temos que iniciar a descida pela mes-ma rota Eacute uma descida que acaba por ter al-gumas subidas sendo por isso mais demorada Mas a alegria de ter cumprido o objetivo o dia tatildeo calmo e luminoso a companhia dos amigos supera qualquer tipo de cansaccedilo

Tive um sentimento de saudade ao chegar nova-mente ao Valleacute Blanche e olhar para traacutes para o trilho percorrido olhar aquele vale agora agrave luz do dia atravessado por tantas pegadas Olho de relance para a uacuteltima subida que nos falta fazer a aresta que nos levaraacute ao telefeacuterico na Aguille du Midi Faccedilo esta subida confiante como se ti-vesse deixado para traacutes todo o esforccedilo e cansaccedilo extremo desta maravilhosa aventura

Com grande pena natildeo pude comemorar em Chamonix nessa noite mas comemorei com imensa alegria ao reencontrar-me com a mi-nha famiacutelia orgulhosa de mim afinal estive no mesmo dia no cume do Monte Branco de manhatilde e agrave noite na minha cama quente e confortaacutevel em Lisboa oslash

Luiacutesa Tomeacute

Papa-Leacuteguaswwwpapa-leguascom

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Aventu

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um esforccedilo acrescido por outro Relembro a tra-vessia do glaciar do Tacul a ldquofazer trilhordquo o som dos campons na neve ecoava num ritmo proacute-prio pousava a minha bota no local exato onde o Joatildeo tinha feito a pegada como que num jogo em que quando falhava acrescia o esforccedilo que teria que fazer O som de passos intensifica-se temos mais madrugadores connosco Deixamo--los passar jaacute vimos a fazer trilho haacute bastante tempo eacute a vez de outros agora

Quando chegamos agrave ldquoparederdquo do Mont Blanc du Tacul jaacute temos algumas pessoas agrave espera para subir O sol ainda natildeo subiu para nos aquecer esperamos junto agraves cordas a nossa vez os peacutes comeccedilam a dar sinal de frio Iniciamos a subida os piolets e os crampons cravam-se certeiros no gelo a corda ajuda na subida Comeccedilo a ficar cansada e a hesitar paro por uns momentos sinto a boca seca o coraccedilatildeo a bater forte olho para cima jaacute natildeo falta muito - Piolet numa matildeo corda na outra sobe Luiacutesa ndash a voz do Heacutelder trouxe-me lucidez A energia que me faltava regressou Concentro-me e con-tinuo a subida pedaccedilos de gelo passam por noacutes arrancados aquela parede cheia de gente dese-josa de ultrapassar possivelmente o obstaacuteculo mais duro desta rota

O trilho continua pelo beliacutessimo Mont-Maudit apesar do seu nome O sol jaacute vai alto comeccedila a aquecer haacute que comeccedilar a tirar camadas Natildeo podemos desidratar Col de la Brenva um chaacute quente e uma bolacha Apetece ficar jaacute aqui as vistas satildeo surpreendentes Mas natildeo eacute este o nos-so objetivo vamos continuar a subir

Entrevista Diogo Miguel - (Oti-Estarreja)

ldquoO DEsPORTO EM PORTuGAL eacute uM EsPELhO DA sOCIEDADErdquo

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Entrevista

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Sabe acima de tudo as con-

diccedilotildees que temos e consegue olhar para o

resultado como sen-do bastante meri-

toacuterio

OutdOOr COmO eacute pOssiacutevel algueacutem COm-patibilizar a preparaccedilatildeO enquantO atleta de OrientaccedilatildeO de elite COm as exigecircnCias dum 6ordm anO dO CursO de medi-Cina

diOgO miguel O segredo reside sobretudo na motivaccedilatildeo Toda a gente consegue tirar um curso e fazer desporto e inclusivamente se gos-tar consegue treinar todos os dias Mas se esti-ver motivado o suficiente consegue levantar-se cedo para correr agraves seis da manhatilde estar na Fa-culdade agraves oito e meia sair agraves quatro da tarde e ir treinar outra vez estudar ateacute agraves dez da noite e dormir porque amanhatilde eacute outro dia Eacute preci-so estar-se motivado para abraccedilar esta vida durante o ano inteiro

Haacute quantO tempO eacute que as COisas satildeO levadas assimQuando comecei a fazer Orien-taccedilatildeo natildeo tinha grandes preo-cupaccedilotildees com o treino Durante os anos de faculdade jaacute treinava bastante a seacuterio mas foi haacute dois ou trecircs anos quando comecei a ser treinado pelo Professor Bruno Nazaacuterio que aumentei a carga de trei-no para o bi-diaacuterio A partir daiacute passei a ter o meu tempo totalmente ocupado Satildeo os estaacutegios do Curso o tempo de deslocaccedilatildeo para Hospitais da periferia uma tese para defender Este ano seraacute bastante mais exigente que os anteriores se calhar natildeo vou poder fazer treino bi-diaacuterio todos os dias como gostaria mas ainda assim vou pro-curar treinar duma forma o mais seacuteria possiacutevel e se natildeo puder fazecirc-lo na quantidade desejaacutevel pelo menos na qualidade espero consegui-lo

em 2007 COnquistOu a primeira grande medalHa da OrientaccedilatildeO pOrtuguesa aO sagrar-se CampeatildeO da eurOpa de JOvens

Chama-se Diogo Miguel e eacute aos 23 anos uma das referecircncias da Orientaccedilatildeo Pedestre nacio-nal Campeatildeo Europeu de Jovens em 2007 e Campeatildeo Nacional de Distacircncia Longa em 2009 e 2011 Diogo Miguel reparte o tempo entre a modalidade do seu coraccedilatildeo e as exigecircncias do curso de Medicina que abraccedilou haacute seis anos E foi precisamente por aiacute que a nossa conversa comeccedilou uma conversa onde passado presen-te e futuro se misturam e confundem numa teia de opccedilotildees direccedilotildees desafios e decisotildees Na Orientaccedilatildeo como na Vida

Por Joaquim Margarido

de sprint em eger na Hungria que me-moacuterias guarda dessa JOrnada Haacute CinCO anOs atraacutesGuardo sobretudo as memoacuterias e os amigos Na altura pensaacutemos que a visibilidade que este re-sultado poderia dar agrave Orientaccedilatildeo catapultasse a modalidade e possibilitasse a obtenccedilatildeo de mais apoios mas isso natildeo se veio a verificar pelo me-nos na medida daquilo que seria de esperar

esteve este anO nOs mundiais de lausan-ne COnseguindO O 33ordm lugar na Final a de distacircnCia lOnga que valOr atribui a este seu resultadOAtribuo-lhe um valor elevado ateacute porque foi a primeira vez em dez anos que um portuguecircs foi a uma final A de Distacircncia Longa Cheguei ao fim com a certeza de ter feito o meu melhor e se natildeo tivesse quebrado fisicamente teria fei-to melhor ainda Ou seja com outras condiccedilotildees de treino teria facilmente ficado entre os vinte e cinco primeiros Mas falta bastante cultura des-portiva agrave sociedade portuguesa em geral e se disser a algueacutem que natildeo estaacute familiarizado com a Orientaccedilatildeo que terminei em 33ordm num Campeo-nato do Mundo essa pessoa iraacute pensar ldquoesque-ce eacutes mau natildeo prestasrdquo Mas quem sabe como estas coisas funcionam sabe os sacrifiacutecios que temos que fazer Sabe acima de tudo as condi-ccedilotildees que temos e consegue olhar para o resulta-

do como sendo bastante meritoacuterio

temOs em pOrtugal O apOiO que deviacuteamOs Ou que mereCiacuteamOs

Natildeo Eacute bastante revoltante olhar para outros desportos como eacute o caso do Futebol e termos um Presidente que termina o man-dato agrave frente da Federaccedilatildeo e que se sente orgulhoso por ter deixa-

do um balanccedilo positivo nas contas de muitos milhotildees de euros Mas

satildeo estes precisamente que ainda assim continuam a receber milhotildees e

milhotildees do Instituto Portuguecircs do Desporto e Juventude enquanto outras modalidades lutam pela sobrevivecircncia Acho que somos claramen-te sub-apoiados O desporto em Portugal eacute um espelho da Sociedade Haacute os muito ricos e haacute os muito pobres Os ricos satildeo cada vez mais ricos e os pobres satildeo cada vez mais pobres Eacute a mesma coisa com o desporto

quandO OlHa para Os nOssOs JOvens que pOtenCialidades vecirc neles para COn-seguirem CHegar aOs lugares CimeirOs da OrientaccedilatildeO eurOpeia e mundialTemos alguns jovens com bastante valor prin-

OUTDOOR novembro_Dezembro 2012 37

cipalmente o Luiacutes Silva Trata-se dum atleta que tem um futuro brutal e acho que vai ser sem sombra de duacutevidas o melhor atleta portuguecircs dentro de muito pouco tempo Olhando de for-ma mais aprofundada para estes atletas eacute uma realidade que eles tecircm hoje melhores condiccedilotildees em relaccedilatildeo agravequilo que noacutes tiacutenhamos na altura Basta ver que os atletas jaacute se deslocam com al-guma frequecircncia ao terreno antes das grandes competiccedilotildees coisa que natildeo havia ateacute haacute muito pouco tempo atraacutes E depois haacute os estaacutegios de Seleccedilatildeo Mas deve reconhecer-se que lhes falta o treino fora da competiccedilatildeo Acho que falta al-gum espiacuterito de sacrifiacutecio no treino em casa que eacute o mais importante

o CLubE dE oriEntaccedilatildeo dE EstarrEJa Eacute dEsdE sEMprE o sEu CLubE quE signiFiCa-do tEM para si EstE EMbLEMa E Esta CaMi-soLa quE EnvErgaComecei na Orientaccedilatildeo aos 8 anos e a minha primeira experiecircncia foi no Desporto Escolar na minha terra Canelas uma pequena aldeia do Concelho de Estarreja A essa primeira pro-va seguiu-se uma ldquoQuinzena da Orientaccedilatildeordquo no veratildeo e nunca mais parei Haacute quinze anos que estou ligado a este clube e ele faz parte de mim Poderia dividir a minha vida em dois por um lado a parte profissional da Faculdade e por outro a Orientaccedilatildeo Por estranho que possa pa-recer a parte desportiva natildeo se encontra num plano inferior relativamente agrave parte profissio-nal Ambas as partes se complementam uma agrave outra Portanto a minha ligaccedilatildeo a este clube eacute muito grande satildeo muitos anos satildeo muitas pes-soas e ajudou-me a crescer

aos Miuacutedos quE agora datildeo os priMEiros passos quE ConsELhos dariaO conselho natildeo o daria aos miuacutedos se calhar da-va-o antes aos pais Tanto a escola como o des-porto andam muito ligados Se temos disciplina num acabamos por ter disciplina no outro Natildeo eacute por acaso se olharmos para os atletas de topo a niacutevel nacional todos eles satildeo excelentes es-tudantes e tecircm um futuro profissional bastante promissor Tudo parte de quem educa Eu tenho a sorte de ter uns pais que sempre me educaram bem e que sempre me deram o apoio necessaacuterio para conseguir fazer as duas coisas

E deixaria ainda um conselho mais aos pais o de virem fazer uma prova de Orientaccedilatildeo com os seus filhos Uma das grandes vantagens da Orientaccedilatildeo eacute ser para aleacutem do ldquodesporto da flo-restardquo o ldquodesporto da famiacuteliardquo

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EntrevistaConsidEra quE Esta EacutepoCa CorrEu dE aCordo CoM as suas ExpECtativasNa verdade digamos que a eacutepoca estaacute quase agrave beira de comeccedilar Depois do Campeonato do Mundo tirei mais tempo do que era habitual para descansar e tenho estado a fazer pratica-mente soacute manutenccedilatildeo A eacutepoca teve alguns per-calccedilos comecei a treinar na Repuacuteblica Checa e apesar de ter feito muito treino com mapa devi-do agraves questotildees climateacutericas e agraves poucas horas de luz acabei por ter uma carga de treino aqueacutem do desejaacutevel Depois de regressar a Portugal estava a treinar bem mas tive um percalccedilo e lesionei--me num peacute o que me obrigou a uma paragem de um mecircs Isso fez-me perder muito da minha boa forma e acredito que se natildeo fosse isso po-

deria ter chegado muito melhor ao Campeonato do Mundo e aiacute o resultado poderia ter sido outro Apesar de tudo os resultados acabaram por ser bem melhores do que estaria agrave espera

o obJEtivo a Curto praZo passa pELo tiacute-tuLo naCionaL absoLutoPor acaso esse eacute um tiacutetulo que nunca alcancei Vou comeccedilar a treinar a seacuterio para chegar nas melhores condiccedilotildees ao Campeonato Nacional Absoluto e esse vai ser um bom teste O objetivo eacute estar laacute para ganhar

Quanto agrave proacutexima eacutepoca espero apresentar-me agraves provas em melhor forma do que este ano e que os bons resultados possam aparecer oslash

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ofereccedila um garmin DeSemBruLHara caixa Seraacute Soacute o princiacutepio

este natal ofereccedila emoccedilotildees aventuras para quem viaja ou para os que correm para os que navegam no mar ou escalam montanhas Para os nadadores ou golfistas este natal ofereccedila um garmin

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ORIENTACcedilatildeOhellip DEsPORTO NA NATuREzA

Parque nacional torres del Paine Chile

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Cinco satildeo os sentidos estaacute nos manuais neles reside a possi-bilidade de um maior ou menor contacto da pessoa com aquilo que a rodeia Haacute ainda o sexto sentido aquela perceccedilatildeo extra--sensorial que parece ser mais propriedade das mulheres do que dos homens e que nas con-ceccedilotildees ocultistas estaraacute tam-beacutem sedeado num oacutergatildeo do nosso corpo Figurada ou ob-jetivamente eacute bom que todos eles ndash sem exceccedilatildeo - estejam suficientemente desenvolvi-dos sem isso natildeo haacute sentido de orientaccedilatildeo que aguente

A Orientaccedilatildeo eacute um Desporto recente em Portugal mas tem jaacute mais de 100 anos de existecircncia

enquanto desporto organi-zado Com efeito teraacute sido em Bergen - Noruega no ano de 1897 que se organizou a pri-meira atividade desportiva de Orientaccedilatildeo Os paiacuteses noacuterdicos satildeo ainda hoje aqueles onde a modalidade tem maior implan-taccedilatildeo mobilizando um nuacutemero de praticantes que coloca a

Orientaccedilatildeo entre os cinco des-portos com mais adeptos na Escandinaacutevia A maior prova do mundo realiza-se anual-mente na Sueacutecia os 5 dias da Sueacutecia com um nuacutemero de participantes que jaacute atingiu os 25000

Durante o seacutec XX a modali-dade foi evoluindo ateacute agrave criaccedilatildeo da Federaccedilatildeo Internacional de Orientaccedilatildeo (IOF) que fes-tejou em 2012 o 51ordm aniversaacuterio e veio normalizar mundial-mente as regras competitivas as normas para elaboraccedilatildeo dos mapas e as sinaleacuteticas a usar A Orientaccedilatildeo eacute praticada em quatro disciplinas diferentes Orientaccedilatildeo Pedestre Orien-taccedilatildeo em BTT Orientaccedilatildeo em Ski e Orientaccedilatildeo de Precisatildeo (Orientaccedilatildeo prioritariamente para deficientes motores)

Portugal tem marcado pontos na Orientaccedilatildeo para o desporto adaptado lanccedilando em 2012 a Taccedila de Portugal de Orientaccedilatildeo de Precisatildeo e criando um cir-cuito de Orientaccedilatildeo adaptada vocacionado prioritariamente para a deficiecircncia intelectual e

crianccedilas em idade preacute-escolar que eacute uacutenico no Mundo e que estaacute a ser jaacute implementado pela Espanha

o quE EacutePodemos dizer que a Orien-taccedilatildeo eacute um desporto completo Haacute o aspeto fiacutesico o treino no campo que se aproxima do treino dum atleta de fundo E haacute o aspeto mental que de-sempenha um papel funda-mental a leitura dos mapas o contra-reloacutegiohellip Eacute tambeacutem o desporto de natureza por exce-lecircncia Os orientistas saem dos trilhos balizados para pene-trarem no coraccedilatildeo da floresta Cada dia eacute uma nova aven-tura Daquele que se inicia na Orientaccedilatildeo ao mais consagrado dos praticantes haacute todo um mesmo espiacuterito de liberdade de fazer a sua proacutepria escolha do melhor itineraacuterio No Atle-tismo por exemplo a volta agrave pista teraacute sempre 400 metros quer seja aqui ou no Japatildeo Na Orientaccedilatildeo esta noccedilatildeo de dis-tacircncia tem muito pouco signi-ficado Tanto se pode fazer 10 quiloacutemetros numa hora e meia como em quarenta minutos E

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depois nunca existem duas florestas iguais Eacute o eterno recomeccedilo Na Austraacutelia ou na Suiacuteccedila no Japatildeo ou na Escandinaacutevia eacute necessaacuterio uma adaptaccedilatildeo a cada local natildeo haacute lugar a repeti-ccedilotildeeshellip

Cada corredor possui uma buacutessola e um mapa que contrariamente a um mapa normal conteacutem uma enorme diversidade de detalhes acerca dos seus elementos caracteriacutesticos (relevo do ter-reno vegetaccedilatildeo caminhos elementos rochosos construccedilotildees e muito mais) Os mapas satildeo rea-lizados segundo as normas especiacuteficas da Fede-raccedilatildeo Internacional de Orientaccedilatildeo que tem sede na Finlacircndia Aleacutem da legenda sobre os siacutembolos nele representados existe ainda uma sinaleacutetica

proacutepria que tem a ver com o percurso que o praticante vai realizar nesse evento e que eacute uma linguagem uni-versal

A partir do momento em que se potildee em marcha o cronoacutemetro o orientista deve efe-tuar o seu percurso que eacute marcado no mapa e que eacute cons-tituiacutedo por uma par-tida (representada por um triacircngulo) uma seacuterie de pontos de

passagem obrigatoacuterios (representados por ciacuter-culos) e a chegada (representada no mapa por dois ciacuterculos concecircntricos) Estes pontos satildeo materializados no terreno sob a forma de um prisma triangular denominado por baliza e a passagem deve ser validada por um sistema de ldquopicotagemrdquo manual ou eletroacutenica O objetivo consiste em fazer o percurso na sequecircncia in-dicada o mais rapidamente possiacutevel Mas entre cada ponto de passagem a escolha do itineraacuterio fica ao criteacuterio de cada um

O percurso em linha reta evidentemente nem sempre eacute o mais raacutepido Eacute necessaacuterio jogar com as inflexotildees do terreno os lagos os muros e outros acidenteshellip O tempo gasto a percorrer o traccedilado da corrida depende sobretudo do meio sobre o qual a mesma se desenrola Em terrenos como na Escandinaacutevia onde o relevo eacute mais duro numa mesma distacircncia poderemos gastar quase o dobro do tempo que gastariacuteamos num terreno plano e sem o mesmo tipo de obs-taacuteculos

Por Terra

OUTDOOR Novembro_Dezembro 2012 43

O conhecimento do relevo eacute a parte mais difiacutecil Eacute neces-saacuterio aprender a imaginar um terreno a trecircs dimensotildees sobre o mapa Claro que natildeo eacute apenas isto Para quem tem mais dificuldade em possuir a visatildeo a trecircs dimensotildees esta in-suficiecircncia pode ser compensada com outras qualidades nomeada-mente a atenccedilatildeo Mas nem todos pos-suem igualmente esta capacidade mental Como na generalidade dos desportos eacute neces-saacuteria uma longa aprendizagem onde o treino teacutecnico a vivecircncia de situaccedilotildees mais variadas e o nuacutemero de florestas ldquovisitadasrdquo desempe-nham um papel fundamental Eacute agrave medida que o tempo passa que o orientista aprende a adaptar o seu comportamento a reagir cada vez mais rapidamente e a encontrar as melhores opccedilotildeesO desporto natildeo eacute muito mediatizado e o espiacute-rito da Orientaccedilatildeo eacute o de permanecer livre Eacute um desporto ainda preservado de certas po-leacutemicas ldquodopingrdquo e outros malabarismos daiacute que muitos orientistas digam que natildeo seja mau de todo que ele permaneccedila ldquoconfidencialrdquo

Grandes Competiccedilotildees em 2013

Em 2013 as grandes competiccedilotildees internacio-nais onde Portugal vai querer estar presente

satildeo as seguintes

- Campeonato do Mundo de Juacuteniores ndash Repuacuteblica Checa (29jun-06 de julho) wwwjwoc2013cz

- Campeonato do Mundo Elite ndash Finlacircndia (07-14 jul)

wwwwoc2013fi- Campeonato do Mundo ve-

teranos ndash Itaacutelia (02-10 ago) wwwwmoc2013it

- Campeonato da Europa de Jovens ndash Israel (03 de novembro) wwweyoc2013org

portuGal na alta roda Mas Portugal vai ter brevemente grandes desa-fios pela frente- Em 2013 organiza uma etapa da Taccedila do Mundo de seacuteniores e o Campeonato do Mundo de Vete-ranos de Orientaccedilatildeo em BTT - Costa Alentejana entre 09 e 13 de outubro- Em 2014 organiza em Palmela de 9-14 de abril e em paralelo o Campeonato da Europa de Orientaccedilatildeo Pedestre e o Campeonato da Eu-ropa de Orientaccedilatildeo de Precisatildeo wwweoc2014fpopt

Carnaval o ponto alto Desde 1996 que Portugal realiza a sua prova ra-inha que atrai os melhores especialistas a Por-

Eacute um desporto ainda

preservado de certas poleacutemicas ldquodopingrdquo e outros malabarismos

daiacute que muitos orientistas digam que natildeo seja mau de todo que ele perma-

neccedila ldquoconfiden-cialrdquo

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Por Terratugal Eacute O Portugal Orsquo Meeting que desde 2000 se realiza no Carnaval com a duraccedilatildeo de 4 dias e pontuaacutevel para a liga Mundial de orientaccedilatildeo pedestre nos percursos de Elite Em 2013 Por-tugal vai receber pela primeira vez trecircs eventos pontuaacuteveis para a Liga Mundial02 e 03 de fevereiro ndash Norte Alentejano Orsquo Mee-ting ndash Nisa (wwwnaompt)09ndash12 de fevereiro ndash Portugal Orsquo Meeting ndash Idanha-a-nova (wwwpompt)16 e 17 de fevereiro ndash XIV Meeting de Orien-taccedilatildeo do Centro ndash Pombal (wwwcocpteventos16fev2013)

OrientaccedilatildeO muitO mais dO que um despOr-tOOlhando para a modalidade de uma forma mais transversal podemos enquadraacute-la aleacutem de mo-dalidade desportiva com aacutereas como o Ambien-te a Educaccedilatildeo e as Novas Tecnologias As qua-tro vertentes atraacutes enunciadas reunidas numa soacute tem a ver tambeacutem com solidariedade

Ambiente porque a Orientaccedilatildeo eacute o ldquoDesporto da Florestardquo fazendo de cada praticante um guardiatildeo e um amigo de tatildeo valioso patrimoacutenio Educaccedilatildeo porque eacute uma modalidade onde se aglutinam mateacuterias tatildeo nucleares como a Ma-temaacutetica ou a Geografia e se desenvolvem com-petecircncias como a capacidade de interpretaccedilatildeo ou o poder de decisatildeo por isso ser considerada prioritaacuteria para o Desporto Escolar Novas Tec-nologias porque eacute das modalidades que mais depende dos Meios Informaacuteticos a todos os niacute-veis do controlo de tempos agrave cartografia mais desenvolvida que existe Desporto porque pro-move a atividade fiacutesica e a Sauacutede dirigindo-se de igual forma agravequeles que individualmente a praticam ao niacutevel da alta competiccedilatildeo como agraves crianccedilas ou agraves famiacutelias que vecircm nela uma forma

de promover o seu bem estar fiacutesico e reforccedilar os laccedilos de amizade e convivialidade

E solidariedade porque vive da forccedila que projeta nos seus praticantes

trabalhando desinteressadamente em prol da modalidade em prol do paiacutes

Porque a Orientaccedilatildeo eacute Ambiente eacute Educaccedilatildeo satildeo Novas Tecnolo-gias eacute Desporto Porque a Orien-

taccedilatildeo gera Riqueza e gera Sauacutede Porque a Orientaccedilatildeo eacute de todos e

para todos Interessa a todos Inte-ressa ao Paiacutes Daiacute que eacute urgente que

todos venham experimentar e que descu-bram as belezas deste Paiacutes de mapa na matildeo oslash

Fernando Costa e Joaquim margarido

Olhando para a modali-

dade de uma forma mais transversal po-

demos enquadraacute-la aleacutem de modalidade desportiva

com aacutereas como o Am-biente a Educaccedilatildeo e

as Novas Tecnolo-gias

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OUTDOOR Setembro_Outubro 2011 139

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Aventuraatividades outdoor Ouccedilo os risos alegres dum grupo que desce o rio fazendo rafting observo o ceacuteu colorido pelos parapentes as pessoas pas-sam na rua equipadas com roupa de montanha Cheguei a Chamonix haacute dois dias de comboio Quando deambulava pelas suas ruelas cho-quei com uma curiosa estaacutetua onde um homem aponta a outro o cume do Monte Branco

- Eacute Jacques Balmat que estaacute a apontar para o cume ele foi o primeiro homem a subir esta montanha a 8 de agosto de 1786 acompanha-do do meacutedico Michel Paccard Saiacuteram de Cha-monix acamparam no cume da Montagne de la cote a 2630m agraves 4 da manhatilde partiram e chega-ram ao cume por volta das 6h da tarde Balmat nasceu neste vale era um caccedilador de cristais tinha uma vontade de ferro e um instinto para as montanhas Paccard era meacutedico em Chamonix e um excelente alpinista adorava botacircnica e mi-nerais Tambeacutem lhe erigiram aqui uma estaacutetua

Foi ele que conheceu Horace-Beacute-neacutedict de Saussure que ini-

ciou a corrida do primeiro homem a subir ao Monte Branco ndash disse-me Joatildeo

- E esse Saussure tam-beacutem era alpinista ndash perguntei curiosa

- O seu interesse pela botacircnica trouxe-o ateacute aos

Alpes e percorreu grande parte desta cordilheira co-

meccedilando a trabalhar no sentido de esclarecer a topografia da parte ne-

vada dos Alpes nessa eacutepoca praticamente des-conhecida Foi em 1760 que veio aqui pela pri-meira vez e ofereceu uma recompensa a quem escalasse o Monte Branco Ele tentou fazecirc-lo sem sucesso- Entatildeo nunca chegou a subir

- Sim conseguiu mas soacute em 1787 jaacute tinha 47 anos e levou 18 guias com ele Relembro as palavras que li do fotoacutegrafo de montanha C Douglas Milner ldquoA subida em si foi magniacutefica uma incriacutevel faccedilanha de coragem grande resistecircncia realizada por estes dois ho-mens apenas sem corda e sem piolets muito sobrecarregados com equipamentos cientiacuteficos e com longos bastotildees com pontas de ferro O bom tempo e uma lua luminosa garantiram o seu regresso com vidardquo

O dia seguinte foi passado a descansar visitar o Museu da Montanha e espreitar a meteoro-

Foi em 1760 que veio aqui

pela primeira vez e ofereceu uma recom-

pensa a quem escalas-se o Monte Branco Ele tentou fazecirc-lo

sem sucesso

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Mom

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Um dos pontos al-tos eacute ir agrave roulotte

dos waffles delei-tarmo-nos com este

delicioso doce No fi-nal do dia ainda pude-

mos assistir a um espetaacute-culo de muacutesica e danccedila celta

na praccedila central O ambiente eacute descontraiacutedo a praccedila estaacute cheia de gente e a muacutesica faz sempre bem agrave alma Joatildeo recebe um telefonema

- Estaacutes nos Alpes Natildeo vatildeo poder subir amanhatilde aproxima-se uma tempestade Mas tenho boas notiacutecias tens uma janela de bom tempo no dia seguinte se quiserem aproveitar - Disse Viacutetor Baiacutea sempre bem informado sobre os fenoacuteme-nos meteoroloacutegicos

O dia em que vai haver ldquouma abertardquo para subir eacute o mesmo dia em que temos voo para Lisboa

desde Genebra Ficamos um pouco a pensar no que decidir e claro temos que arriscar Na mon-tanha eacute assim tem que haver flexibilidade es-tamos dependentes das condiccedilotildees climateacutericas e aproveitar quando nos eacute proporcionado bom tempo

A rota que vamos seguir natildeo eacute a mais utilizada eacute chamada rota dos trecircs cumes Esta rota eacute mais exigente fiacutesica e tecnicamente do que a rota do Goucircter No entanto com faacutecil acesso a partir do telefeacuterico da Aiguille du Midi este percurso tor-nou-se a segunda rota mais popular para esca-lar o Monte Branco O percurso inicia-se na Ai-guille du Midi seguindo pelo Col du Midi antes de subir o Monte Branco atraveacutes do Mont-Blanc du Tacul (4248m) e Maudit Mont (4465m) Esta rota requer condiccedilotildees estaacuteveis na neve do Mont Blanc du Tacul e Mont Maudit e tem uma eleva-ccedilatildeo acumulada de 1425m O refuacutegio Cosmiques estava lotado a nossa uacuteni-

- Es-taacutes nos Alpes

Natildeo vatildeo poder subir amanhatilde aproxi-ma-se uma tempestade

Mas tenho boas notiacutecias tens uma janela de bom tempo no dia seguinte

se quiserem apro-veitar

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Aventura

estaccedilatildeo do telefeacuterico da Aiguille du Midi Este telefeacuterico foi construiacutedo em 1955 e manteve o tiacutetulo de ser o mais alto do mundo durante duas deacutecadas Ele ainda deteacutem o recorde como o te-lefeacuterico com a ascensatildeo vertical mais alta no mundo de 1035 m para 3842 m Haacute duas se-ccedilotildees de Chamonix para o Plano de lAiguille a 2317 m e depois diretamente sem qualquer pi-lar de apoio para a estaccedilatildeo superior a 3777 m Apanhamos o uacuteltimo telefeacuterico do dia cerca de 20 minutos depois estaacutevamos no terraccedilo a tentar admirar as lindiacutessimas vistas que se tem deste local No entanto o mau tempo previsto estava certo e a visibilidade natildeo era mais de 20 m agrave nossa frente Estava desanimadiacutessima

- Como eacute possiacutevel daqui a poucas horas termos bom tempo para subir ndash Perguntei increacutedula- Estamos na montanha Luiacutesa a meteorologia muda rapidamente Temos que aguardar ndash Afir-mou Joatildeo calmo e confiante

Fomos procurar um local onde pudeacutessemos descansar ateacute agrave meia-noite hora marcada para a nossa partida O percurso eacute longo com bas-tante desniacutevel e na realidade o voo para Lisboa eacute amanhatilde Quando acordei o som dos ventos fortes que se faziam ouvir misteriosamente desaparece-ram Depois de comer e fazer a confirmaccedilatildeo do equipamento dirigimo-nos para a aresta que nos levaraacute ao Valleacute Blanche Foi com extrema curiosidade que me dirigi agrave saiacuteda Como esta-raacute o tempo A calma e tranquilidade que senti ao sair para o exterior foi-me trazida pela ma-ravilhosa paisagem que tinha agrave minha frente Afinal depois da tempestade vem a bonanccedila e a visatildeo deste vale imaculado sob um ceacuteu estre-lado sem ningueacutem sem pegadas sem luzes de frontais foi brutal Ao comeccedilar a descer a ares-ta conseguimos ver o refuacutegio Cosmiques ainda adormecido Fomos mesmo os primeiros a sair o que representa um privileacutegio por um lado e

No entanto o mau tempo pre-

visto estava certo e a visibilidade natildeo era mais de 20m agrave nossa frente Estava desa-

nimadiacutessima

Ainda foi longa a nossa caminhada sempre a encontrar forccedilas e energia onde quer que elas estivessem escondidas Paraacutevamos de vez em quando agrave espera da outra cordada de amigos e por fim cerca das 10h da manhatilde atingimos o cume Tento tirar fotos mas a maacutequina fotograacute-fica natildeo ajudou fiquei sem bateria Natildeo faltam maacutequinas para o fazer e depois de um breve descanso temos que iniciar a descida pela mes-ma rota Eacute uma descida que acaba por ter al-gumas subidas sendo por isso mais demorada Mas a alegria de ter cumprido o objetivo o dia tatildeo calmo e luminoso a companhia dos amigos supera qualquer tipo de cansaccedilo

Tive um sentimento de saudade ao chegar nova-mente ao Valleacute Blanche e olhar para traacutes para o trilho percorrido olhar aquele vale agora agrave luz do dia atravessado por tantas pegadas Olho de relance para a uacuteltima subida que nos falta fazer a aresta que nos levaraacute ao telefeacuterico na Aguille du Midi Faccedilo esta subida confiante como se ti-vesse deixado para traacutes todo o esforccedilo e cansaccedilo extremo desta maravilhosa aventura

Com grande pena natildeo pude comemorar em Chamonix nessa noite mas comemorei com imensa alegria ao reencontrar-me com a mi-nha famiacutelia orgulhosa de mim afinal estive no mesmo dia no cume do Monte Branco de manhatilde e agrave noite na minha cama quente e confortaacutevel em Lisboa oslash

Luiacutesa Tomeacute

Papa-Leacuteguaswwwpapa-leguascom

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Aventu

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um esforccedilo acrescido por outro Relembro a tra-vessia do glaciar do Tacul a ldquofazer trilhordquo o som dos campons na neve ecoava num ritmo proacute-prio pousava a minha bota no local exato onde o Joatildeo tinha feito a pegada como que num jogo em que quando falhava acrescia o esforccedilo que teria que fazer O som de passos intensifica-se temos mais madrugadores connosco Deixamo--los passar jaacute vimos a fazer trilho haacute bastante tempo eacute a vez de outros agora

Quando chegamos agrave ldquoparederdquo do Mont Blanc du Tacul jaacute temos algumas pessoas agrave espera para subir O sol ainda natildeo subiu para nos aquecer esperamos junto agraves cordas a nossa vez os peacutes comeccedilam a dar sinal de frio Iniciamos a subida os piolets e os crampons cravam-se certeiros no gelo a corda ajuda na subida Comeccedilo a ficar cansada e a hesitar paro por uns momentos sinto a boca seca o coraccedilatildeo a bater forte olho para cima jaacute natildeo falta muito - Piolet numa matildeo corda na outra sobe Luiacutesa ndash a voz do Heacutelder trouxe-me lucidez A energia que me faltava regressou Concentro-me e con-tinuo a subida pedaccedilos de gelo passam por noacutes arrancados aquela parede cheia de gente dese-josa de ultrapassar possivelmente o obstaacuteculo mais duro desta rota

O trilho continua pelo beliacutessimo Mont-Maudit apesar do seu nome O sol jaacute vai alto comeccedila a aquecer haacute que comeccedilar a tirar camadas Natildeo podemos desidratar Col de la Brenva um chaacute quente e uma bolacha Apetece ficar jaacute aqui as vistas satildeo surpreendentes Mas natildeo eacute este o nos-so objetivo vamos continuar a subir

Entrevista Diogo Miguel - (Oti-Estarreja)

ldquoO DEsPORTO EM PORTuGAL eacute uM EsPELhO DA sOCIEDADErdquo

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Entrevista

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Sabe acima de tudo as con-

diccedilotildees que temos e consegue olhar para o

resultado como sen-do bastante meri-

toacuterio

OutdOOr COmO eacute pOssiacutevel algueacutem COm-patibilizar a preparaccedilatildeO enquantO atleta de OrientaccedilatildeO de elite COm as exigecircnCias dum 6ordm anO dO CursO de medi-Cina

diOgO miguel O segredo reside sobretudo na motivaccedilatildeo Toda a gente consegue tirar um curso e fazer desporto e inclusivamente se gos-tar consegue treinar todos os dias Mas se esti-ver motivado o suficiente consegue levantar-se cedo para correr agraves seis da manhatilde estar na Fa-culdade agraves oito e meia sair agraves quatro da tarde e ir treinar outra vez estudar ateacute agraves dez da noite e dormir porque amanhatilde eacute outro dia Eacute preci-so estar-se motivado para abraccedilar esta vida durante o ano inteiro

Haacute quantO tempO eacute que as COisas satildeO levadas assimQuando comecei a fazer Orien-taccedilatildeo natildeo tinha grandes preo-cupaccedilotildees com o treino Durante os anos de faculdade jaacute treinava bastante a seacuterio mas foi haacute dois ou trecircs anos quando comecei a ser treinado pelo Professor Bruno Nazaacuterio que aumentei a carga de trei-no para o bi-diaacuterio A partir daiacute passei a ter o meu tempo totalmente ocupado Satildeo os estaacutegios do Curso o tempo de deslocaccedilatildeo para Hospitais da periferia uma tese para defender Este ano seraacute bastante mais exigente que os anteriores se calhar natildeo vou poder fazer treino bi-diaacuterio todos os dias como gostaria mas ainda assim vou pro-curar treinar duma forma o mais seacuteria possiacutevel e se natildeo puder fazecirc-lo na quantidade desejaacutevel pelo menos na qualidade espero consegui-lo

em 2007 COnquistOu a primeira grande medalHa da OrientaccedilatildeO pOrtuguesa aO sagrar-se CampeatildeO da eurOpa de JOvens

Chama-se Diogo Miguel e eacute aos 23 anos uma das referecircncias da Orientaccedilatildeo Pedestre nacio-nal Campeatildeo Europeu de Jovens em 2007 e Campeatildeo Nacional de Distacircncia Longa em 2009 e 2011 Diogo Miguel reparte o tempo entre a modalidade do seu coraccedilatildeo e as exigecircncias do curso de Medicina que abraccedilou haacute seis anos E foi precisamente por aiacute que a nossa conversa comeccedilou uma conversa onde passado presen-te e futuro se misturam e confundem numa teia de opccedilotildees direccedilotildees desafios e decisotildees Na Orientaccedilatildeo como na Vida

Por Joaquim Margarido

de sprint em eger na Hungria que me-moacuterias guarda dessa JOrnada Haacute CinCO anOs atraacutesGuardo sobretudo as memoacuterias e os amigos Na altura pensaacutemos que a visibilidade que este re-sultado poderia dar agrave Orientaccedilatildeo catapultasse a modalidade e possibilitasse a obtenccedilatildeo de mais apoios mas isso natildeo se veio a verificar pelo me-nos na medida daquilo que seria de esperar

esteve este anO nOs mundiais de lausan-ne COnseguindO O 33ordm lugar na Final a de distacircnCia lOnga que valOr atribui a este seu resultadOAtribuo-lhe um valor elevado ateacute porque foi a primeira vez em dez anos que um portuguecircs foi a uma final A de Distacircncia Longa Cheguei ao fim com a certeza de ter feito o meu melhor e se natildeo tivesse quebrado fisicamente teria fei-to melhor ainda Ou seja com outras condiccedilotildees de treino teria facilmente ficado entre os vinte e cinco primeiros Mas falta bastante cultura des-portiva agrave sociedade portuguesa em geral e se disser a algueacutem que natildeo estaacute familiarizado com a Orientaccedilatildeo que terminei em 33ordm num Campeo-nato do Mundo essa pessoa iraacute pensar ldquoesque-ce eacutes mau natildeo prestasrdquo Mas quem sabe como estas coisas funcionam sabe os sacrifiacutecios que temos que fazer Sabe acima de tudo as condi-ccedilotildees que temos e consegue olhar para o resulta-

do como sendo bastante meritoacuterio

temOs em pOrtugal O apOiO que deviacuteamOs Ou que mereCiacuteamOs

Natildeo Eacute bastante revoltante olhar para outros desportos como eacute o caso do Futebol e termos um Presidente que termina o man-dato agrave frente da Federaccedilatildeo e que se sente orgulhoso por ter deixa-

do um balanccedilo positivo nas contas de muitos milhotildees de euros Mas

satildeo estes precisamente que ainda assim continuam a receber milhotildees e

milhotildees do Instituto Portuguecircs do Desporto e Juventude enquanto outras modalidades lutam pela sobrevivecircncia Acho que somos claramen-te sub-apoiados O desporto em Portugal eacute um espelho da Sociedade Haacute os muito ricos e haacute os muito pobres Os ricos satildeo cada vez mais ricos e os pobres satildeo cada vez mais pobres Eacute a mesma coisa com o desporto

quandO OlHa para Os nOssOs JOvens que pOtenCialidades vecirc neles para COn-seguirem CHegar aOs lugares CimeirOs da OrientaccedilatildeO eurOpeia e mundialTemos alguns jovens com bastante valor prin-

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cipalmente o Luiacutes Silva Trata-se dum atleta que tem um futuro brutal e acho que vai ser sem sombra de duacutevidas o melhor atleta portuguecircs dentro de muito pouco tempo Olhando de for-ma mais aprofundada para estes atletas eacute uma realidade que eles tecircm hoje melhores condiccedilotildees em relaccedilatildeo agravequilo que noacutes tiacutenhamos na altura Basta ver que os atletas jaacute se deslocam com al-guma frequecircncia ao terreno antes das grandes competiccedilotildees coisa que natildeo havia ateacute haacute muito pouco tempo atraacutes E depois haacute os estaacutegios de Seleccedilatildeo Mas deve reconhecer-se que lhes falta o treino fora da competiccedilatildeo Acho que falta al-gum espiacuterito de sacrifiacutecio no treino em casa que eacute o mais importante

o CLubE dE oriEntaccedilatildeo dE EstarrEJa Eacute dEsdE sEMprE o sEu CLubE quE signiFiCa-do tEM para si EstE EMbLEMa E Esta CaMi-soLa quE EnvErgaComecei na Orientaccedilatildeo aos 8 anos e a minha primeira experiecircncia foi no Desporto Escolar na minha terra Canelas uma pequena aldeia do Concelho de Estarreja A essa primeira pro-va seguiu-se uma ldquoQuinzena da Orientaccedilatildeordquo no veratildeo e nunca mais parei Haacute quinze anos que estou ligado a este clube e ele faz parte de mim Poderia dividir a minha vida em dois por um lado a parte profissional da Faculdade e por outro a Orientaccedilatildeo Por estranho que possa pa-recer a parte desportiva natildeo se encontra num plano inferior relativamente agrave parte profissio-nal Ambas as partes se complementam uma agrave outra Portanto a minha ligaccedilatildeo a este clube eacute muito grande satildeo muitos anos satildeo muitas pes-soas e ajudou-me a crescer

aos Miuacutedos quE agora datildeo os priMEiros passos quE ConsELhos dariaO conselho natildeo o daria aos miuacutedos se calhar da-va-o antes aos pais Tanto a escola como o des-porto andam muito ligados Se temos disciplina num acabamos por ter disciplina no outro Natildeo eacute por acaso se olharmos para os atletas de topo a niacutevel nacional todos eles satildeo excelentes es-tudantes e tecircm um futuro profissional bastante promissor Tudo parte de quem educa Eu tenho a sorte de ter uns pais que sempre me educaram bem e que sempre me deram o apoio necessaacuterio para conseguir fazer as duas coisas

E deixaria ainda um conselho mais aos pais o de virem fazer uma prova de Orientaccedilatildeo com os seus filhos Uma das grandes vantagens da Orientaccedilatildeo eacute ser para aleacutem do ldquodesporto da flo-restardquo o ldquodesporto da famiacuteliardquo

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EntrevistaConsidEra quE Esta EacutepoCa CorrEu dE aCordo CoM as suas ExpECtativasNa verdade digamos que a eacutepoca estaacute quase agrave beira de comeccedilar Depois do Campeonato do Mundo tirei mais tempo do que era habitual para descansar e tenho estado a fazer pratica-mente soacute manutenccedilatildeo A eacutepoca teve alguns per-calccedilos comecei a treinar na Repuacuteblica Checa e apesar de ter feito muito treino com mapa devi-do agraves questotildees climateacutericas e agraves poucas horas de luz acabei por ter uma carga de treino aqueacutem do desejaacutevel Depois de regressar a Portugal estava a treinar bem mas tive um percalccedilo e lesionei--me num peacute o que me obrigou a uma paragem de um mecircs Isso fez-me perder muito da minha boa forma e acredito que se natildeo fosse isso po-

deria ter chegado muito melhor ao Campeonato do Mundo e aiacute o resultado poderia ter sido outro Apesar de tudo os resultados acabaram por ser bem melhores do que estaria agrave espera

o obJEtivo a Curto praZo passa pELo tiacute-tuLo naCionaL absoLutoPor acaso esse eacute um tiacutetulo que nunca alcancei Vou comeccedilar a treinar a seacuterio para chegar nas melhores condiccedilotildees ao Campeonato Nacional Absoluto e esse vai ser um bom teste O objetivo eacute estar laacute para ganhar

Quanto agrave proacutexima eacutepoca espero apresentar-me agraves provas em melhor forma do que este ano e que os bons resultados possam aparecer oslash

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este natal ofereccedila emoccedilotildees aventuras para quem viaja ou para os que correm para os que navegam no mar ou escalam montanhas Para os nadadores ou golfistas este natal ofereccedila um garmin

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Por Terra

ORIENTACcedilatildeOhellip DEsPORTO NA NATuREzA

Parque nacional torres del Paine Chile

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Cinco satildeo os sentidos estaacute nos manuais neles reside a possi-bilidade de um maior ou menor contacto da pessoa com aquilo que a rodeia Haacute ainda o sexto sentido aquela perceccedilatildeo extra--sensorial que parece ser mais propriedade das mulheres do que dos homens e que nas con-ceccedilotildees ocultistas estaraacute tam-beacutem sedeado num oacutergatildeo do nosso corpo Figurada ou ob-jetivamente eacute bom que todos eles ndash sem exceccedilatildeo - estejam suficientemente desenvolvi-dos sem isso natildeo haacute sentido de orientaccedilatildeo que aguente

A Orientaccedilatildeo eacute um Desporto recente em Portugal mas tem jaacute mais de 100 anos de existecircncia

enquanto desporto organi-zado Com efeito teraacute sido em Bergen - Noruega no ano de 1897 que se organizou a pri-meira atividade desportiva de Orientaccedilatildeo Os paiacuteses noacuterdicos satildeo ainda hoje aqueles onde a modalidade tem maior implan-taccedilatildeo mobilizando um nuacutemero de praticantes que coloca a

Orientaccedilatildeo entre os cinco des-portos com mais adeptos na Escandinaacutevia A maior prova do mundo realiza-se anual-mente na Sueacutecia os 5 dias da Sueacutecia com um nuacutemero de participantes que jaacute atingiu os 25000

Durante o seacutec XX a modali-dade foi evoluindo ateacute agrave criaccedilatildeo da Federaccedilatildeo Internacional de Orientaccedilatildeo (IOF) que fes-tejou em 2012 o 51ordm aniversaacuterio e veio normalizar mundial-mente as regras competitivas as normas para elaboraccedilatildeo dos mapas e as sinaleacuteticas a usar A Orientaccedilatildeo eacute praticada em quatro disciplinas diferentes Orientaccedilatildeo Pedestre Orien-taccedilatildeo em BTT Orientaccedilatildeo em Ski e Orientaccedilatildeo de Precisatildeo (Orientaccedilatildeo prioritariamente para deficientes motores)

Portugal tem marcado pontos na Orientaccedilatildeo para o desporto adaptado lanccedilando em 2012 a Taccedila de Portugal de Orientaccedilatildeo de Precisatildeo e criando um cir-cuito de Orientaccedilatildeo adaptada vocacionado prioritariamente para a deficiecircncia intelectual e

crianccedilas em idade preacute-escolar que eacute uacutenico no Mundo e que estaacute a ser jaacute implementado pela Espanha

o quE EacutePodemos dizer que a Orien-taccedilatildeo eacute um desporto completo Haacute o aspeto fiacutesico o treino no campo que se aproxima do treino dum atleta de fundo E haacute o aspeto mental que de-sempenha um papel funda-mental a leitura dos mapas o contra-reloacutegiohellip Eacute tambeacutem o desporto de natureza por exce-lecircncia Os orientistas saem dos trilhos balizados para pene-trarem no coraccedilatildeo da floresta Cada dia eacute uma nova aven-tura Daquele que se inicia na Orientaccedilatildeo ao mais consagrado dos praticantes haacute todo um mesmo espiacuterito de liberdade de fazer a sua proacutepria escolha do melhor itineraacuterio No Atle-tismo por exemplo a volta agrave pista teraacute sempre 400 metros quer seja aqui ou no Japatildeo Na Orientaccedilatildeo esta noccedilatildeo de dis-tacircncia tem muito pouco signi-ficado Tanto se pode fazer 10 quiloacutemetros numa hora e meia como em quarenta minutos E

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depois nunca existem duas florestas iguais Eacute o eterno recomeccedilo Na Austraacutelia ou na Suiacuteccedila no Japatildeo ou na Escandinaacutevia eacute necessaacuterio uma adaptaccedilatildeo a cada local natildeo haacute lugar a repeti-ccedilotildeeshellip

Cada corredor possui uma buacutessola e um mapa que contrariamente a um mapa normal conteacutem uma enorme diversidade de detalhes acerca dos seus elementos caracteriacutesticos (relevo do ter-reno vegetaccedilatildeo caminhos elementos rochosos construccedilotildees e muito mais) Os mapas satildeo rea-lizados segundo as normas especiacuteficas da Fede-raccedilatildeo Internacional de Orientaccedilatildeo que tem sede na Finlacircndia Aleacutem da legenda sobre os siacutembolos nele representados existe ainda uma sinaleacutetica

proacutepria que tem a ver com o percurso que o praticante vai realizar nesse evento e que eacute uma linguagem uni-versal

A partir do momento em que se potildee em marcha o cronoacutemetro o orientista deve efe-tuar o seu percurso que eacute marcado no mapa e que eacute cons-tituiacutedo por uma par-tida (representada por um triacircngulo) uma seacuterie de pontos de

passagem obrigatoacuterios (representados por ciacuter-culos) e a chegada (representada no mapa por dois ciacuterculos concecircntricos) Estes pontos satildeo materializados no terreno sob a forma de um prisma triangular denominado por baliza e a passagem deve ser validada por um sistema de ldquopicotagemrdquo manual ou eletroacutenica O objetivo consiste em fazer o percurso na sequecircncia in-dicada o mais rapidamente possiacutevel Mas entre cada ponto de passagem a escolha do itineraacuterio fica ao criteacuterio de cada um

O percurso em linha reta evidentemente nem sempre eacute o mais raacutepido Eacute necessaacuterio jogar com as inflexotildees do terreno os lagos os muros e outros acidenteshellip O tempo gasto a percorrer o traccedilado da corrida depende sobretudo do meio sobre o qual a mesma se desenrola Em terrenos como na Escandinaacutevia onde o relevo eacute mais duro numa mesma distacircncia poderemos gastar quase o dobro do tempo que gastariacuteamos num terreno plano e sem o mesmo tipo de obs-taacuteculos

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O conhecimento do relevo eacute a parte mais difiacutecil Eacute neces-saacuterio aprender a imaginar um terreno a trecircs dimensotildees sobre o mapa Claro que natildeo eacute apenas isto Para quem tem mais dificuldade em possuir a visatildeo a trecircs dimensotildees esta in-suficiecircncia pode ser compensada com outras qualidades nomeada-mente a atenccedilatildeo Mas nem todos pos-suem igualmente esta capacidade mental Como na generalidade dos desportos eacute neces-saacuteria uma longa aprendizagem onde o treino teacutecnico a vivecircncia de situaccedilotildees mais variadas e o nuacutemero de florestas ldquovisitadasrdquo desempe-nham um papel fundamental Eacute agrave medida que o tempo passa que o orientista aprende a adaptar o seu comportamento a reagir cada vez mais rapidamente e a encontrar as melhores opccedilotildeesO desporto natildeo eacute muito mediatizado e o espiacute-rito da Orientaccedilatildeo eacute o de permanecer livre Eacute um desporto ainda preservado de certas po-leacutemicas ldquodopingrdquo e outros malabarismos daiacute que muitos orientistas digam que natildeo seja mau de todo que ele permaneccedila ldquoconfidencialrdquo

Grandes Competiccedilotildees em 2013

Em 2013 as grandes competiccedilotildees internacio-nais onde Portugal vai querer estar presente

satildeo as seguintes

- Campeonato do Mundo de Juacuteniores ndash Repuacuteblica Checa (29jun-06 de julho) wwwjwoc2013cz

- Campeonato do Mundo Elite ndash Finlacircndia (07-14 jul)

wwwwoc2013fi- Campeonato do Mundo ve-

teranos ndash Itaacutelia (02-10 ago) wwwwmoc2013it

- Campeonato da Europa de Jovens ndash Israel (03 de novembro) wwweyoc2013org

portuGal na alta roda Mas Portugal vai ter brevemente grandes desa-fios pela frente- Em 2013 organiza uma etapa da Taccedila do Mundo de seacuteniores e o Campeonato do Mundo de Vete-ranos de Orientaccedilatildeo em BTT - Costa Alentejana entre 09 e 13 de outubro- Em 2014 organiza em Palmela de 9-14 de abril e em paralelo o Campeonato da Europa de Orientaccedilatildeo Pedestre e o Campeonato da Eu-ropa de Orientaccedilatildeo de Precisatildeo wwweoc2014fpopt

Carnaval o ponto alto Desde 1996 que Portugal realiza a sua prova ra-inha que atrai os melhores especialistas a Por-

Eacute um desporto ainda

preservado de certas poleacutemicas ldquodopingrdquo e outros malabarismos

daiacute que muitos orientistas digam que natildeo seja mau de todo que ele perma-

neccedila ldquoconfiden-cialrdquo

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Por Terratugal Eacute O Portugal Orsquo Meeting que desde 2000 se realiza no Carnaval com a duraccedilatildeo de 4 dias e pontuaacutevel para a liga Mundial de orientaccedilatildeo pedestre nos percursos de Elite Em 2013 Por-tugal vai receber pela primeira vez trecircs eventos pontuaacuteveis para a Liga Mundial02 e 03 de fevereiro ndash Norte Alentejano Orsquo Mee-ting ndash Nisa (wwwnaompt)09ndash12 de fevereiro ndash Portugal Orsquo Meeting ndash Idanha-a-nova (wwwpompt)16 e 17 de fevereiro ndash XIV Meeting de Orien-taccedilatildeo do Centro ndash Pombal (wwwcocpteventos16fev2013)

OrientaccedilatildeO muitO mais dO que um despOr-tOOlhando para a modalidade de uma forma mais transversal podemos enquadraacute-la aleacutem de mo-dalidade desportiva com aacutereas como o Ambien-te a Educaccedilatildeo e as Novas Tecnologias As qua-tro vertentes atraacutes enunciadas reunidas numa soacute tem a ver tambeacutem com solidariedade

Ambiente porque a Orientaccedilatildeo eacute o ldquoDesporto da Florestardquo fazendo de cada praticante um guardiatildeo e um amigo de tatildeo valioso patrimoacutenio Educaccedilatildeo porque eacute uma modalidade onde se aglutinam mateacuterias tatildeo nucleares como a Ma-temaacutetica ou a Geografia e se desenvolvem com-petecircncias como a capacidade de interpretaccedilatildeo ou o poder de decisatildeo por isso ser considerada prioritaacuteria para o Desporto Escolar Novas Tec-nologias porque eacute das modalidades que mais depende dos Meios Informaacuteticos a todos os niacute-veis do controlo de tempos agrave cartografia mais desenvolvida que existe Desporto porque pro-move a atividade fiacutesica e a Sauacutede dirigindo-se de igual forma agravequeles que individualmente a praticam ao niacutevel da alta competiccedilatildeo como agraves crianccedilas ou agraves famiacutelias que vecircm nela uma forma

de promover o seu bem estar fiacutesico e reforccedilar os laccedilos de amizade e convivialidade

E solidariedade porque vive da forccedila que projeta nos seus praticantes

trabalhando desinteressadamente em prol da modalidade em prol do paiacutes

Porque a Orientaccedilatildeo eacute Ambiente eacute Educaccedilatildeo satildeo Novas Tecnolo-gias eacute Desporto Porque a Orien-

taccedilatildeo gera Riqueza e gera Sauacutede Porque a Orientaccedilatildeo eacute de todos e

para todos Interessa a todos Inte-ressa ao Paiacutes Daiacute que eacute urgente que

todos venham experimentar e que descu-bram as belezas deste Paiacutes de mapa na matildeo oslash

Fernando Costa e Joaquim margarido

Olhando para a modali-

dade de uma forma mais transversal po-

demos enquadraacute-la aleacutem de modalidade desportiva

com aacutereas como o Am-biente a Educaccedilatildeo e

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Um dos pontos al-tos eacute ir agrave roulotte

dos waffles delei-tarmo-nos com este

delicioso doce No fi-nal do dia ainda pude-

mos assistir a um espetaacute-culo de muacutesica e danccedila celta

na praccedila central O ambiente eacute descontraiacutedo a praccedila estaacute cheia de gente e a muacutesica faz sempre bem agrave alma Joatildeo recebe um telefonema

- Estaacutes nos Alpes Natildeo vatildeo poder subir amanhatilde aproxima-se uma tempestade Mas tenho boas notiacutecias tens uma janela de bom tempo no dia seguinte se quiserem aproveitar - Disse Viacutetor Baiacutea sempre bem informado sobre os fenoacuteme-nos meteoroloacutegicos

O dia em que vai haver ldquouma abertardquo para subir eacute o mesmo dia em que temos voo para Lisboa

desde Genebra Ficamos um pouco a pensar no que decidir e claro temos que arriscar Na mon-tanha eacute assim tem que haver flexibilidade es-tamos dependentes das condiccedilotildees climateacutericas e aproveitar quando nos eacute proporcionado bom tempo

A rota que vamos seguir natildeo eacute a mais utilizada eacute chamada rota dos trecircs cumes Esta rota eacute mais exigente fiacutesica e tecnicamente do que a rota do Goucircter No entanto com faacutecil acesso a partir do telefeacuterico da Aiguille du Midi este percurso tor-nou-se a segunda rota mais popular para esca-lar o Monte Branco O percurso inicia-se na Ai-guille du Midi seguindo pelo Col du Midi antes de subir o Monte Branco atraveacutes do Mont-Blanc du Tacul (4248m) e Maudit Mont (4465m) Esta rota requer condiccedilotildees estaacuteveis na neve do Mont Blanc du Tacul e Mont Maudit e tem uma eleva-ccedilatildeo acumulada de 1425m O refuacutegio Cosmiques estava lotado a nossa uacuteni-

- Es-taacutes nos Alpes

Natildeo vatildeo poder subir amanhatilde aproxi-ma-se uma tempestade

Mas tenho boas notiacutecias tens uma janela de bom tempo no dia seguinte

se quiserem apro-veitar

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Aventura

estaccedilatildeo do telefeacuterico da Aiguille du Midi Este telefeacuterico foi construiacutedo em 1955 e manteve o tiacutetulo de ser o mais alto do mundo durante duas deacutecadas Ele ainda deteacutem o recorde como o te-lefeacuterico com a ascensatildeo vertical mais alta no mundo de 1035 m para 3842 m Haacute duas se-ccedilotildees de Chamonix para o Plano de lAiguille a 2317 m e depois diretamente sem qualquer pi-lar de apoio para a estaccedilatildeo superior a 3777 m Apanhamos o uacuteltimo telefeacuterico do dia cerca de 20 minutos depois estaacutevamos no terraccedilo a tentar admirar as lindiacutessimas vistas que se tem deste local No entanto o mau tempo previsto estava certo e a visibilidade natildeo era mais de 20 m agrave nossa frente Estava desanimadiacutessima

- Como eacute possiacutevel daqui a poucas horas termos bom tempo para subir ndash Perguntei increacutedula- Estamos na montanha Luiacutesa a meteorologia muda rapidamente Temos que aguardar ndash Afir-mou Joatildeo calmo e confiante

Fomos procurar um local onde pudeacutessemos descansar ateacute agrave meia-noite hora marcada para a nossa partida O percurso eacute longo com bas-tante desniacutevel e na realidade o voo para Lisboa eacute amanhatilde Quando acordei o som dos ventos fortes que se faziam ouvir misteriosamente desaparece-ram Depois de comer e fazer a confirmaccedilatildeo do equipamento dirigimo-nos para a aresta que nos levaraacute ao Valleacute Blanche Foi com extrema curiosidade que me dirigi agrave saiacuteda Como esta-raacute o tempo A calma e tranquilidade que senti ao sair para o exterior foi-me trazida pela ma-ravilhosa paisagem que tinha agrave minha frente Afinal depois da tempestade vem a bonanccedila e a visatildeo deste vale imaculado sob um ceacuteu estre-lado sem ningueacutem sem pegadas sem luzes de frontais foi brutal Ao comeccedilar a descer a ares-ta conseguimos ver o refuacutegio Cosmiques ainda adormecido Fomos mesmo os primeiros a sair o que representa um privileacutegio por um lado e

No entanto o mau tempo pre-

visto estava certo e a visibilidade natildeo era mais de 20m agrave nossa frente Estava desa-

nimadiacutessima

Ainda foi longa a nossa caminhada sempre a encontrar forccedilas e energia onde quer que elas estivessem escondidas Paraacutevamos de vez em quando agrave espera da outra cordada de amigos e por fim cerca das 10h da manhatilde atingimos o cume Tento tirar fotos mas a maacutequina fotograacute-fica natildeo ajudou fiquei sem bateria Natildeo faltam maacutequinas para o fazer e depois de um breve descanso temos que iniciar a descida pela mes-ma rota Eacute uma descida que acaba por ter al-gumas subidas sendo por isso mais demorada Mas a alegria de ter cumprido o objetivo o dia tatildeo calmo e luminoso a companhia dos amigos supera qualquer tipo de cansaccedilo

Tive um sentimento de saudade ao chegar nova-mente ao Valleacute Blanche e olhar para traacutes para o trilho percorrido olhar aquele vale agora agrave luz do dia atravessado por tantas pegadas Olho de relance para a uacuteltima subida que nos falta fazer a aresta que nos levaraacute ao telefeacuterico na Aguille du Midi Faccedilo esta subida confiante como se ti-vesse deixado para traacutes todo o esforccedilo e cansaccedilo extremo desta maravilhosa aventura

Com grande pena natildeo pude comemorar em Chamonix nessa noite mas comemorei com imensa alegria ao reencontrar-me com a mi-nha famiacutelia orgulhosa de mim afinal estive no mesmo dia no cume do Monte Branco de manhatilde e agrave noite na minha cama quente e confortaacutevel em Lisboa oslash

Luiacutesa Tomeacute

Papa-Leacuteguaswwwpapa-leguascom

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Aventu

ra

um esforccedilo acrescido por outro Relembro a tra-vessia do glaciar do Tacul a ldquofazer trilhordquo o som dos campons na neve ecoava num ritmo proacute-prio pousava a minha bota no local exato onde o Joatildeo tinha feito a pegada como que num jogo em que quando falhava acrescia o esforccedilo que teria que fazer O som de passos intensifica-se temos mais madrugadores connosco Deixamo--los passar jaacute vimos a fazer trilho haacute bastante tempo eacute a vez de outros agora

Quando chegamos agrave ldquoparederdquo do Mont Blanc du Tacul jaacute temos algumas pessoas agrave espera para subir O sol ainda natildeo subiu para nos aquecer esperamos junto agraves cordas a nossa vez os peacutes comeccedilam a dar sinal de frio Iniciamos a subida os piolets e os crampons cravam-se certeiros no gelo a corda ajuda na subida Comeccedilo a ficar cansada e a hesitar paro por uns momentos sinto a boca seca o coraccedilatildeo a bater forte olho para cima jaacute natildeo falta muito - Piolet numa matildeo corda na outra sobe Luiacutesa ndash a voz do Heacutelder trouxe-me lucidez A energia que me faltava regressou Concentro-me e con-tinuo a subida pedaccedilos de gelo passam por noacutes arrancados aquela parede cheia de gente dese-josa de ultrapassar possivelmente o obstaacuteculo mais duro desta rota

O trilho continua pelo beliacutessimo Mont-Maudit apesar do seu nome O sol jaacute vai alto comeccedila a aquecer haacute que comeccedilar a tirar camadas Natildeo podemos desidratar Col de la Brenva um chaacute quente e uma bolacha Apetece ficar jaacute aqui as vistas satildeo surpreendentes Mas natildeo eacute este o nos-so objetivo vamos continuar a subir

Entrevista Diogo Miguel - (Oti-Estarreja)

ldquoO DEsPORTO EM PORTuGAL eacute uM EsPELhO DA sOCIEDADErdquo

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Entrevista

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Sabe acima de tudo as con-

diccedilotildees que temos e consegue olhar para o

resultado como sen-do bastante meri-

toacuterio

OutdOOr COmO eacute pOssiacutevel algueacutem COm-patibilizar a preparaccedilatildeO enquantO atleta de OrientaccedilatildeO de elite COm as exigecircnCias dum 6ordm anO dO CursO de medi-Cina

diOgO miguel O segredo reside sobretudo na motivaccedilatildeo Toda a gente consegue tirar um curso e fazer desporto e inclusivamente se gos-tar consegue treinar todos os dias Mas se esti-ver motivado o suficiente consegue levantar-se cedo para correr agraves seis da manhatilde estar na Fa-culdade agraves oito e meia sair agraves quatro da tarde e ir treinar outra vez estudar ateacute agraves dez da noite e dormir porque amanhatilde eacute outro dia Eacute preci-so estar-se motivado para abraccedilar esta vida durante o ano inteiro

Haacute quantO tempO eacute que as COisas satildeO levadas assimQuando comecei a fazer Orien-taccedilatildeo natildeo tinha grandes preo-cupaccedilotildees com o treino Durante os anos de faculdade jaacute treinava bastante a seacuterio mas foi haacute dois ou trecircs anos quando comecei a ser treinado pelo Professor Bruno Nazaacuterio que aumentei a carga de trei-no para o bi-diaacuterio A partir daiacute passei a ter o meu tempo totalmente ocupado Satildeo os estaacutegios do Curso o tempo de deslocaccedilatildeo para Hospitais da periferia uma tese para defender Este ano seraacute bastante mais exigente que os anteriores se calhar natildeo vou poder fazer treino bi-diaacuterio todos os dias como gostaria mas ainda assim vou pro-curar treinar duma forma o mais seacuteria possiacutevel e se natildeo puder fazecirc-lo na quantidade desejaacutevel pelo menos na qualidade espero consegui-lo

em 2007 COnquistOu a primeira grande medalHa da OrientaccedilatildeO pOrtuguesa aO sagrar-se CampeatildeO da eurOpa de JOvens

Chama-se Diogo Miguel e eacute aos 23 anos uma das referecircncias da Orientaccedilatildeo Pedestre nacio-nal Campeatildeo Europeu de Jovens em 2007 e Campeatildeo Nacional de Distacircncia Longa em 2009 e 2011 Diogo Miguel reparte o tempo entre a modalidade do seu coraccedilatildeo e as exigecircncias do curso de Medicina que abraccedilou haacute seis anos E foi precisamente por aiacute que a nossa conversa comeccedilou uma conversa onde passado presen-te e futuro se misturam e confundem numa teia de opccedilotildees direccedilotildees desafios e decisotildees Na Orientaccedilatildeo como na Vida

Por Joaquim Margarido

de sprint em eger na Hungria que me-moacuterias guarda dessa JOrnada Haacute CinCO anOs atraacutesGuardo sobretudo as memoacuterias e os amigos Na altura pensaacutemos que a visibilidade que este re-sultado poderia dar agrave Orientaccedilatildeo catapultasse a modalidade e possibilitasse a obtenccedilatildeo de mais apoios mas isso natildeo se veio a verificar pelo me-nos na medida daquilo que seria de esperar

esteve este anO nOs mundiais de lausan-ne COnseguindO O 33ordm lugar na Final a de distacircnCia lOnga que valOr atribui a este seu resultadOAtribuo-lhe um valor elevado ateacute porque foi a primeira vez em dez anos que um portuguecircs foi a uma final A de Distacircncia Longa Cheguei ao fim com a certeza de ter feito o meu melhor e se natildeo tivesse quebrado fisicamente teria fei-to melhor ainda Ou seja com outras condiccedilotildees de treino teria facilmente ficado entre os vinte e cinco primeiros Mas falta bastante cultura des-portiva agrave sociedade portuguesa em geral e se disser a algueacutem que natildeo estaacute familiarizado com a Orientaccedilatildeo que terminei em 33ordm num Campeo-nato do Mundo essa pessoa iraacute pensar ldquoesque-ce eacutes mau natildeo prestasrdquo Mas quem sabe como estas coisas funcionam sabe os sacrifiacutecios que temos que fazer Sabe acima de tudo as condi-ccedilotildees que temos e consegue olhar para o resulta-

do como sendo bastante meritoacuterio

temOs em pOrtugal O apOiO que deviacuteamOs Ou que mereCiacuteamOs

Natildeo Eacute bastante revoltante olhar para outros desportos como eacute o caso do Futebol e termos um Presidente que termina o man-dato agrave frente da Federaccedilatildeo e que se sente orgulhoso por ter deixa-

do um balanccedilo positivo nas contas de muitos milhotildees de euros Mas

satildeo estes precisamente que ainda assim continuam a receber milhotildees e

milhotildees do Instituto Portuguecircs do Desporto e Juventude enquanto outras modalidades lutam pela sobrevivecircncia Acho que somos claramen-te sub-apoiados O desporto em Portugal eacute um espelho da Sociedade Haacute os muito ricos e haacute os muito pobres Os ricos satildeo cada vez mais ricos e os pobres satildeo cada vez mais pobres Eacute a mesma coisa com o desporto

quandO OlHa para Os nOssOs JOvens que pOtenCialidades vecirc neles para COn-seguirem CHegar aOs lugares CimeirOs da OrientaccedilatildeO eurOpeia e mundialTemos alguns jovens com bastante valor prin-

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cipalmente o Luiacutes Silva Trata-se dum atleta que tem um futuro brutal e acho que vai ser sem sombra de duacutevidas o melhor atleta portuguecircs dentro de muito pouco tempo Olhando de for-ma mais aprofundada para estes atletas eacute uma realidade que eles tecircm hoje melhores condiccedilotildees em relaccedilatildeo agravequilo que noacutes tiacutenhamos na altura Basta ver que os atletas jaacute se deslocam com al-guma frequecircncia ao terreno antes das grandes competiccedilotildees coisa que natildeo havia ateacute haacute muito pouco tempo atraacutes E depois haacute os estaacutegios de Seleccedilatildeo Mas deve reconhecer-se que lhes falta o treino fora da competiccedilatildeo Acho que falta al-gum espiacuterito de sacrifiacutecio no treino em casa que eacute o mais importante

o CLubE dE oriEntaccedilatildeo dE EstarrEJa Eacute dEsdE sEMprE o sEu CLubE quE signiFiCa-do tEM para si EstE EMbLEMa E Esta CaMi-soLa quE EnvErgaComecei na Orientaccedilatildeo aos 8 anos e a minha primeira experiecircncia foi no Desporto Escolar na minha terra Canelas uma pequena aldeia do Concelho de Estarreja A essa primeira pro-va seguiu-se uma ldquoQuinzena da Orientaccedilatildeordquo no veratildeo e nunca mais parei Haacute quinze anos que estou ligado a este clube e ele faz parte de mim Poderia dividir a minha vida em dois por um lado a parte profissional da Faculdade e por outro a Orientaccedilatildeo Por estranho que possa pa-recer a parte desportiva natildeo se encontra num plano inferior relativamente agrave parte profissio-nal Ambas as partes se complementam uma agrave outra Portanto a minha ligaccedilatildeo a este clube eacute muito grande satildeo muitos anos satildeo muitas pes-soas e ajudou-me a crescer

aos Miuacutedos quE agora datildeo os priMEiros passos quE ConsELhos dariaO conselho natildeo o daria aos miuacutedos se calhar da-va-o antes aos pais Tanto a escola como o des-porto andam muito ligados Se temos disciplina num acabamos por ter disciplina no outro Natildeo eacute por acaso se olharmos para os atletas de topo a niacutevel nacional todos eles satildeo excelentes es-tudantes e tecircm um futuro profissional bastante promissor Tudo parte de quem educa Eu tenho a sorte de ter uns pais que sempre me educaram bem e que sempre me deram o apoio necessaacuterio para conseguir fazer as duas coisas

E deixaria ainda um conselho mais aos pais o de virem fazer uma prova de Orientaccedilatildeo com os seus filhos Uma das grandes vantagens da Orientaccedilatildeo eacute ser para aleacutem do ldquodesporto da flo-restardquo o ldquodesporto da famiacuteliardquo

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EntrevistaConsidEra quE Esta EacutepoCa CorrEu dE aCordo CoM as suas ExpECtativasNa verdade digamos que a eacutepoca estaacute quase agrave beira de comeccedilar Depois do Campeonato do Mundo tirei mais tempo do que era habitual para descansar e tenho estado a fazer pratica-mente soacute manutenccedilatildeo A eacutepoca teve alguns per-calccedilos comecei a treinar na Repuacuteblica Checa e apesar de ter feito muito treino com mapa devi-do agraves questotildees climateacutericas e agraves poucas horas de luz acabei por ter uma carga de treino aqueacutem do desejaacutevel Depois de regressar a Portugal estava a treinar bem mas tive um percalccedilo e lesionei--me num peacute o que me obrigou a uma paragem de um mecircs Isso fez-me perder muito da minha boa forma e acredito que se natildeo fosse isso po-

deria ter chegado muito melhor ao Campeonato do Mundo e aiacute o resultado poderia ter sido outro Apesar de tudo os resultados acabaram por ser bem melhores do que estaria agrave espera

o obJEtivo a Curto praZo passa pELo tiacute-tuLo naCionaL absoLutoPor acaso esse eacute um tiacutetulo que nunca alcancei Vou comeccedilar a treinar a seacuterio para chegar nas melhores condiccedilotildees ao Campeonato Nacional Absoluto e esse vai ser um bom teste O objetivo eacute estar laacute para ganhar

Quanto agrave proacutexima eacutepoca espero apresentar-me agraves provas em melhor forma do que este ano e que os bons resultados possam aparecer oslash

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Por Terra

ORIENTACcedilatildeOhellip DEsPORTO NA NATuREzA

Parque nacional torres del Paine Chile

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Cinco satildeo os sentidos estaacute nos manuais neles reside a possi-bilidade de um maior ou menor contacto da pessoa com aquilo que a rodeia Haacute ainda o sexto sentido aquela perceccedilatildeo extra--sensorial que parece ser mais propriedade das mulheres do que dos homens e que nas con-ceccedilotildees ocultistas estaraacute tam-beacutem sedeado num oacutergatildeo do nosso corpo Figurada ou ob-jetivamente eacute bom que todos eles ndash sem exceccedilatildeo - estejam suficientemente desenvolvi-dos sem isso natildeo haacute sentido de orientaccedilatildeo que aguente

A Orientaccedilatildeo eacute um Desporto recente em Portugal mas tem jaacute mais de 100 anos de existecircncia

enquanto desporto organi-zado Com efeito teraacute sido em Bergen - Noruega no ano de 1897 que se organizou a pri-meira atividade desportiva de Orientaccedilatildeo Os paiacuteses noacuterdicos satildeo ainda hoje aqueles onde a modalidade tem maior implan-taccedilatildeo mobilizando um nuacutemero de praticantes que coloca a

Orientaccedilatildeo entre os cinco des-portos com mais adeptos na Escandinaacutevia A maior prova do mundo realiza-se anual-mente na Sueacutecia os 5 dias da Sueacutecia com um nuacutemero de participantes que jaacute atingiu os 25000

Durante o seacutec XX a modali-dade foi evoluindo ateacute agrave criaccedilatildeo da Federaccedilatildeo Internacional de Orientaccedilatildeo (IOF) que fes-tejou em 2012 o 51ordm aniversaacuterio e veio normalizar mundial-mente as regras competitivas as normas para elaboraccedilatildeo dos mapas e as sinaleacuteticas a usar A Orientaccedilatildeo eacute praticada em quatro disciplinas diferentes Orientaccedilatildeo Pedestre Orien-taccedilatildeo em BTT Orientaccedilatildeo em Ski e Orientaccedilatildeo de Precisatildeo (Orientaccedilatildeo prioritariamente para deficientes motores)

Portugal tem marcado pontos na Orientaccedilatildeo para o desporto adaptado lanccedilando em 2012 a Taccedila de Portugal de Orientaccedilatildeo de Precisatildeo e criando um cir-cuito de Orientaccedilatildeo adaptada vocacionado prioritariamente para a deficiecircncia intelectual e

crianccedilas em idade preacute-escolar que eacute uacutenico no Mundo e que estaacute a ser jaacute implementado pela Espanha

o quE EacutePodemos dizer que a Orien-taccedilatildeo eacute um desporto completo Haacute o aspeto fiacutesico o treino no campo que se aproxima do treino dum atleta de fundo E haacute o aspeto mental que de-sempenha um papel funda-mental a leitura dos mapas o contra-reloacutegiohellip Eacute tambeacutem o desporto de natureza por exce-lecircncia Os orientistas saem dos trilhos balizados para pene-trarem no coraccedilatildeo da floresta Cada dia eacute uma nova aven-tura Daquele que se inicia na Orientaccedilatildeo ao mais consagrado dos praticantes haacute todo um mesmo espiacuterito de liberdade de fazer a sua proacutepria escolha do melhor itineraacuterio No Atle-tismo por exemplo a volta agrave pista teraacute sempre 400 metros quer seja aqui ou no Japatildeo Na Orientaccedilatildeo esta noccedilatildeo de dis-tacircncia tem muito pouco signi-ficado Tanto se pode fazer 10 quiloacutemetros numa hora e meia como em quarenta minutos E

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depois nunca existem duas florestas iguais Eacute o eterno recomeccedilo Na Austraacutelia ou na Suiacuteccedila no Japatildeo ou na Escandinaacutevia eacute necessaacuterio uma adaptaccedilatildeo a cada local natildeo haacute lugar a repeti-ccedilotildeeshellip

Cada corredor possui uma buacutessola e um mapa que contrariamente a um mapa normal conteacutem uma enorme diversidade de detalhes acerca dos seus elementos caracteriacutesticos (relevo do ter-reno vegetaccedilatildeo caminhos elementos rochosos construccedilotildees e muito mais) Os mapas satildeo rea-lizados segundo as normas especiacuteficas da Fede-raccedilatildeo Internacional de Orientaccedilatildeo que tem sede na Finlacircndia Aleacutem da legenda sobre os siacutembolos nele representados existe ainda uma sinaleacutetica

proacutepria que tem a ver com o percurso que o praticante vai realizar nesse evento e que eacute uma linguagem uni-versal

A partir do momento em que se potildee em marcha o cronoacutemetro o orientista deve efe-tuar o seu percurso que eacute marcado no mapa e que eacute cons-tituiacutedo por uma par-tida (representada por um triacircngulo) uma seacuterie de pontos de

passagem obrigatoacuterios (representados por ciacuter-culos) e a chegada (representada no mapa por dois ciacuterculos concecircntricos) Estes pontos satildeo materializados no terreno sob a forma de um prisma triangular denominado por baliza e a passagem deve ser validada por um sistema de ldquopicotagemrdquo manual ou eletroacutenica O objetivo consiste em fazer o percurso na sequecircncia in-dicada o mais rapidamente possiacutevel Mas entre cada ponto de passagem a escolha do itineraacuterio fica ao criteacuterio de cada um

O percurso em linha reta evidentemente nem sempre eacute o mais raacutepido Eacute necessaacuterio jogar com as inflexotildees do terreno os lagos os muros e outros acidenteshellip O tempo gasto a percorrer o traccedilado da corrida depende sobretudo do meio sobre o qual a mesma se desenrola Em terrenos como na Escandinaacutevia onde o relevo eacute mais duro numa mesma distacircncia poderemos gastar quase o dobro do tempo que gastariacuteamos num terreno plano e sem o mesmo tipo de obs-taacuteculos

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O conhecimento do relevo eacute a parte mais difiacutecil Eacute neces-saacuterio aprender a imaginar um terreno a trecircs dimensotildees sobre o mapa Claro que natildeo eacute apenas isto Para quem tem mais dificuldade em possuir a visatildeo a trecircs dimensotildees esta in-suficiecircncia pode ser compensada com outras qualidades nomeada-mente a atenccedilatildeo Mas nem todos pos-suem igualmente esta capacidade mental Como na generalidade dos desportos eacute neces-saacuteria uma longa aprendizagem onde o treino teacutecnico a vivecircncia de situaccedilotildees mais variadas e o nuacutemero de florestas ldquovisitadasrdquo desempe-nham um papel fundamental Eacute agrave medida que o tempo passa que o orientista aprende a adaptar o seu comportamento a reagir cada vez mais rapidamente e a encontrar as melhores opccedilotildeesO desporto natildeo eacute muito mediatizado e o espiacute-rito da Orientaccedilatildeo eacute o de permanecer livre Eacute um desporto ainda preservado de certas po-leacutemicas ldquodopingrdquo e outros malabarismos daiacute que muitos orientistas digam que natildeo seja mau de todo que ele permaneccedila ldquoconfidencialrdquo

Grandes Competiccedilotildees em 2013

Em 2013 as grandes competiccedilotildees internacio-nais onde Portugal vai querer estar presente

satildeo as seguintes

- Campeonato do Mundo de Juacuteniores ndash Repuacuteblica Checa (29jun-06 de julho) wwwjwoc2013cz

- Campeonato do Mundo Elite ndash Finlacircndia (07-14 jul)

wwwwoc2013fi- Campeonato do Mundo ve-

teranos ndash Itaacutelia (02-10 ago) wwwwmoc2013it

- Campeonato da Europa de Jovens ndash Israel (03 de novembro) wwweyoc2013org

portuGal na alta roda Mas Portugal vai ter brevemente grandes desa-fios pela frente- Em 2013 organiza uma etapa da Taccedila do Mundo de seacuteniores e o Campeonato do Mundo de Vete-ranos de Orientaccedilatildeo em BTT - Costa Alentejana entre 09 e 13 de outubro- Em 2014 organiza em Palmela de 9-14 de abril e em paralelo o Campeonato da Europa de Orientaccedilatildeo Pedestre e o Campeonato da Eu-ropa de Orientaccedilatildeo de Precisatildeo wwweoc2014fpopt

Carnaval o ponto alto Desde 1996 que Portugal realiza a sua prova ra-inha que atrai os melhores especialistas a Por-

Eacute um desporto ainda

preservado de certas poleacutemicas ldquodopingrdquo e outros malabarismos

daiacute que muitos orientistas digam que natildeo seja mau de todo que ele perma-

neccedila ldquoconfiden-cialrdquo

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Por Terratugal Eacute O Portugal Orsquo Meeting que desde 2000 se realiza no Carnaval com a duraccedilatildeo de 4 dias e pontuaacutevel para a liga Mundial de orientaccedilatildeo pedestre nos percursos de Elite Em 2013 Por-tugal vai receber pela primeira vez trecircs eventos pontuaacuteveis para a Liga Mundial02 e 03 de fevereiro ndash Norte Alentejano Orsquo Mee-ting ndash Nisa (wwwnaompt)09ndash12 de fevereiro ndash Portugal Orsquo Meeting ndash Idanha-a-nova (wwwpompt)16 e 17 de fevereiro ndash XIV Meeting de Orien-taccedilatildeo do Centro ndash Pombal (wwwcocpteventos16fev2013)

OrientaccedilatildeO muitO mais dO que um despOr-tOOlhando para a modalidade de uma forma mais transversal podemos enquadraacute-la aleacutem de mo-dalidade desportiva com aacutereas como o Ambien-te a Educaccedilatildeo e as Novas Tecnologias As qua-tro vertentes atraacutes enunciadas reunidas numa soacute tem a ver tambeacutem com solidariedade

Ambiente porque a Orientaccedilatildeo eacute o ldquoDesporto da Florestardquo fazendo de cada praticante um guardiatildeo e um amigo de tatildeo valioso patrimoacutenio Educaccedilatildeo porque eacute uma modalidade onde se aglutinam mateacuterias tatildeo nucleares como a Ma-temaacutetica ou a Geografia e se desenvolvem com-petecircncias como a capacidade de interpretaccedilatildeo ou o poder de decisatildeo por isso ser considerada prioritaacuteria para o Desporto Escolar Novas Tec-nologias porque eacute das modalidades que mais depende dos Meios Informaacuteticos a todos os niacute-veis do controlo de tempos agrave cartografia mais desenvolvida que existe Desporto porque pro-move a atividade fiacutesica e a Sauacutede dirigindo-se de igual forma agravequeles que individualmente a praticam ao niacutevel da alta competiccedilatildeo como agraves crianccedilas ou agraves famiacutelias que vecircm nela uma forma

de promover o seu bem estar fiacutesico e reforccedilar os laccedilos de amizade e convivialidade

E solidariedade porque vive da forccedila que projeta nos seus praticantes

trabalhando desinteressadamente em prol da modalidade em prol do paiacutes

Porque a Orientaccedilatildeo eacute Ambiente eacute Educaccedilatildeo satildeo Novas Tecnolo-gias eacute Desporto Porque a Orien-

taccedilatildeo gera Riqueza e gera Sauacutede Porque a Orientaccedilatildeo eacute de todos e

para todos Interessa a todos Inte-ressa ao Paiacutes Daiacute que eacute urgente que

todos venham experimentar e que descu-bram as belezas deste Paiacutes de mapa na matildeo oslash

Fernando Costa e Joaquim margarido

Olhando para a modali-

dade de uma forma mais transversal po-

demos enquadraacute-la aleacutem de modalidade desportiva

com aacutereas como o Am-biente a Educaccedilatildeo e

as Novas Tecnolo-gias

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Aventura

estaccedilatildeo do telefeacuterico da Aiguille du Midi Este telefeacuterico foi construiacutedo em 1955 e manteve o tiacutetulo de ser o mais alto do mundo durante duas deacutecadas Ele ainda deteacutem o recorde como o te-lefeacuterico com a ascensatildeo vertical mais alta no mundo de 1035 m para 3842 m Haacute duas se-ccedilotildees de Chamonix para o Plano de lAiguille a 2317 m e depois diretamente sem qualquer pi-lar de apoio para a estaccedilatildeo superior a 3777 m Apanhamos o uacuteltimo telefeacuterico do dia cerca de 20 minutos depois estaacutevamos no terraccedilo a tentar admirar as lindiacutessimas vistas que se tem deste local No entanto o mau tempo previsto estava certo e a visibilidade natildeo era mais de 20 m agrave nossa frente Estava desanimadiacutessima

- Como eacute possiacutevel daqui a poucas horas termos bom tempo para subir ndash Perguntei increacutedula- Estamos na montanha Luiacutesa a meteorologia muda rapidamente Temos que aguardar ndash Afir-mou Joatildeo calmo e confiante

Fomos procurar um local onde pudeacutessemos descansar ateacute agrave meia-noite hora marcada para a nossa partida O percurso eacute longo com bas-tante desniacutevel e na realidade o voo para Lisboa eacute amanhatilde Quando acordei o som dos ventos fortes que se faziam ouvir misteriosamente desaparece-ram Depois de comer e fazer a confirmaccedilatildeo do equipamento dirigimo-nos para a aresta que nos levaraacute ao Valleacute Blanche Foi com extrema curiosidade que me dirigi agrave saiacuteda Como esta-raacute o tempo A calma e tranquilidade que senti ao sair para o exterior foi-me trazida pela ma-ravilhosa paisagem que tinha agrave minha frente Afinal depois da tempestade vem a bonanccedila e a visatildeo deste vale imaculado sob um ceacuteu estre-lado sem ningueacutem sem pegadas sem luzes de frontais foi brutal Ao comeccedilar a descer a ares-ta conseguimos ver o refuacutegio Cosmiques ainda adormecido Fomos mesmo os primeiros a sair o que representa um privileacutegio por um lado e

No entanto o mau tempo pre-

visto estava certo e a visibilidade natildeo era mais de 20m agrave nossa frente Estava desa-

nimadiacutessima

Ainda foi longa a nossa caminhada sempre a encontrar forccedilas e energia onde quer que elas estivessem escondidas Paraacutevamos de vez em quando agrave espera da outra cordada de amigos e por fim cerca das 10h da manhatilde atingimos o cume Tento tirar fotos mas a maacutequina fotograacute-fica natildeo ajudou fiquei sem bateria Natildeo faltam maacutequinas para o fazer e depois de um breve descanso temos que iniciar a descida pela mes-ma rota Eacute uma descida que acaba por ter al-gumas subidas sendo por isso mais demorada Mas a alegria de ter cumprido o objetivo o dia tatildeo calmo e luminoso a companhia dos amigos supera qualquer tipo de cansaccedilo

Tive um sentimento de saudade ao chegar nova-mente ao Valleacute Blanche e olhar para traacutes para o trilho percorrido olhar aquele vale agora agrave luz do dia atravessado por tantas pegadas Olho de relance para a uacuteltima subida que nos falta fazer a aresta que nos levaraacute ao telefeacuterico na Aguille du Midi Faccedilo esta subida confiante como se ti-vesse deixado para traacutes todo o esforccedilo e cansaccedilo extremo desta maravilhosa aventura

Com grande pena natildeo pude comemorar em Chamonix nessa noite mas comemorei com imensa alegria ao reencontrar-me com a mi-nha famiacutelia orgulhosa de mim afinal estive no mesmo dia no cume do Monte Branco de manhatilde e agrave noite na minha cama quente e confortaacutevel em Lisboa oslash

Luiacutesa Tomeacute

Papa-Leacuteguaswwwpapa-leguascom

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Aventu

ra

um esforccedilo acrescido por outro Relembro a tra-vessia do glaciar do Tacul a ldquofazer trilhordquo o som dos campons na neve ecoava num ritmo proacute-prio pousava a minha bota no local exato onde o Joatildeo tinha feito a pegada como que num jogo em que quando falhava acrescia o esforccedilo que teria que fazer O som de passos intensifica-se temos mais madrugadores connosco Deixamo--los passar jaacute vimos a fazer trilho haacute bastante tempo eacute a vez de outros agora

Quando chegamos agrave ldquoparederdquo do Mont Blanc du Tacul jaacute temos algumas pessoas agrave espera para subir O sol ainda natildeo subiu para nos aquecer esperamos junto agraves cordas a nossa vez os peacutes comeccedilam a dar sinal de frio Iniciamos a subida os piolets e os crampons cravam-se certeiros no gelo a corda ajuda na subida Comeccedilo a ficar cansada e a hesitar paro por uns momentos sinto a boca seca o coraccedilatildeo a bater forte olho para cima jaacute natildeo falta muito - Piolet numa matildeo corda na outra sobe Luiacutesa ndash a voz do Heacutelder trouxe-me lucidez A energia que me faltava regressou Concentro-me e con-tinuo a subida pedaccedilos de gelo passam por noacutes arrancados aquela parede cheia de gente dese-josa de ultrapassar possivelmente o obstaacuteculo mais duro desta rota

O trilho continua pelo beliacutessimo Mont-Maudit apesar do seu nome O sol jaacute vai alto comeccedila a aquecer haacute que comeccedilar a tirar camadas Natildeo podemos desidratar Col de la Brenva um chaacute quente e uma bolacha Apetece ficar jaacute aqui as vistas satildeo surpreendentes Mas natildeo eacute este o nos-so objetivo vamos continuar a subir

Entrevista Diogo Miguel - (Oti-Estarreja)

ldquoO DEsPORTO EM PORTuGAL eacute uM EsPELhO DA sOCIEDADErdquo

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Entrevista

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Sabe acima de tudo as con-

diccedilotildees que temos e consegue olhar para o

resultado como sen-do bastante meri-

toacuterio

OutdOOr COmO eacute pOssiacutevel algueacutem COm-patibilizar a preparaccedilatildeO enquantO atleta de OrientaccedilatildeO de elite COm as exigecircnCias dum 6ordm anO dO CursO de medi-Cina

diOgO miguel O segredo reside sobretudo na motivaccedilatildeo Toda a gente consegue tirar um curso e fazer desporto e inclusivamente se gos-tar consegue treinar todos os dias Mas se esti-ver motivado o suficiente consegue levantar-se cedo para correr agraves seis da manhatilde estar na Fa-culdade agraves oito e meia sair agraves quatro da tarde e ir treinar outra vez estudar ateacute agraves dez da noite e dormir porque amanhatilde eacute outro dia Eacute preci-so estar-se motivado para abraccedilar esta vida durante o ano inteiro

Haacute quantO tempO eacute que as COisas satildeO levadas assimQuando comecei a fazer Orien-taccedilatildeo natildeo tinha grandes preo-cupaccedilotildees com o treino Durante os anos de faculdade jaacute treinava bastante a seacuterio mas foi haacute dois ou trecircs anos quando comecei a ser treinado pelo Professor Bruno Nazaacuterio que aumentei a carga de trei-no para o bi-diaacuterio A partir daiacute passei a ter o meu tempo totalmente ocupado Satildeo os estaacutegios do Curso o tempo de deslocaccedilatildeo para Hospitais da periferia uma tese para defender Este ano seraacute bastante mais exigente que os anteriores se calhar natildeo vou poder fazer treino bi-diaacuterio todos os dias como gostaria mas ainda assim vou pro-curar treinar duma forma o mais seacuteria possiacutevel e se natildeo puder fazecirc-lo na quantidade desejaacutevel pelo menos na qualidade espero consegui-lo

em 2007 COnquistOu a primeira grande medalHa da OrientaccedilatildeO pOrtuguesa aO sagrar-se CampeatildeO da eurOpa de JOvens

Chama-se Diogo Miguel e eacute aos 23 anos uma das referecircncias da Orientaccedilatildeo Pedestre nacio-nal Campeatildeo Europeu de Jovens em 2007 e Campeatildeo Nacional de Distacircncia Longa em 2009 e 2011 Diogo Miguel reparte o tempo entre a modalidade do seu coraccedilatildeo e as exigecircncias do curso de Medicina que abraccedilou haacute seis anos E foi precisamente por aiacute que a nossa conversa comeccedilou uma conversa onde passado presen-te e futuro se misturam e confundem numa teia de opccedilotildees direccedilotildees desafios e decisotildees Na Orientaccedilatildeo como na Vida

Por Joaquim Margarido

de sprint em eger na Hungria que me-moacuterias guarda dessa JOrnada Haacute CinCO anOs atraacutesGuardo sobretudo as memoacuterias e os amigos Na altura pensaacutemos que a visibilidade que este re-sultado poderia dar agrave Orientaccedilatildeo catapultasse a modalidade e possibilitasse a obtenccedilatildeo de mais apoios mas isso natildeo se veio a verificar pelo me-nos na medida daquilo que seria de esperar

esteve este anO nOs mundiais de lausan-ne COnseguindO O 33ordm lugar na Final a de distacircnCia lOnga que valOr atribui a este seu resultadOAtribuo-lhe um valor elevado ateacute porque foi a primeira vez em dez anos que um portuguecircs foi a uma final A de Distacircncia Longa Cheguei ao fim com a certeza de ter feito o meu melhor e se natildeo tivesse quebrado fisicamente teria fei-to melhor ainda Ou seja com outras condiccedilotildees de treino teria facilmente ficado entre os vinte e cinco primeiros Mas falta bastante cultura des-portiva agrave sociedade portuguesa em geral e se disser a algueacutem que natildeo estaacute familiarizado com a Orientaccedilatildeo que terminei em 33ordm num Campeo-nato do Mundo essa pessoa iraacute pensar ldquoesque-ce eacutes mau natildeo prestasrdquo Mas quem sabe como estas coisas funcionam sabe os sacrifiacutecios que temos que fazer Sabe acima de tudo as condi-ccedilotildees que temos e consegue olhar para o resulta-

do como sendo bastante meritoacuterio

temOs em pOrtugal O apOiO que deviacuteamOs Ou que mereCiacuteamOs

Natildeo Eacute bastante revoltante olhar para outros desportos como eacute o caso do Futebol e termos um Presidente que termina o man-dato agrave frente da Federaccedilatildeo e que se sente orgulhoso por ter deixa-

do um balanccedilo positivo nas contas de muitos milhotildees de euros Mas

satildeo estes precisamente que ainda assim continuam a receber milhotildees e

milhotildees do Instituto Portuguecircs do Desporto e Juventude enquanto outras modalidades lutam pela sobrevivecircncia Acho que somos claramen-te sub-apoiados O desporto em Portugal eacute um espelho da Sociedade Haacute os muito ricos e haacute os muito pobres Os ricos satildeo cada vez mais ricos e os pobres satildeo cada vez mais pobres Eacute a mesma coisa com o desporto

quandO OlHa para Os nOssOs JOvens que pOtenCialidades vecirc neles para COn-seguirem CHegar aOs lugares CimeirOs da OrientaccedilatildeO eurOpeia e mundialTemos alguns jovens com bastante valor prin-

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cipalmente o Luiacutes Silva Trata-se dum atleta que tem um futuro brutal e acho que vai ser sem sombra de duacutevidas o melhor atleta portuguecircs dentro de muito pouco tempo Olhando de for-ma mais aprofundada para estes atletas eacute uma realidade que eles tecircm hoje melhores condiccedilotildees em relaccedilatildeo agravequilo que noacutes tiacutenhamos na altura Basta ver que os atletas jaacute se deslocam com al-guma frequecircncia ao terreno antes das grandes competiccedilotildees coisa que natildeo havia ateacute haacute muito pouco tempo atraacutes E depois haacute os estaacutegios de Seleccedilatildeo Mas deve reconhecer-se que lhes falta o treino fora da competiccedilatildeo Acho que falta al-gum espiacuterito de sacrifiacutecio no treino em casa que eacute o mais importante

o CLubE dE oriEntaccedilatildeo dE EstarrEJa Eacute dEsdE sEMprE o sEu CLubE quE signiFiCa-do tEM para si EstE EMbLEMa E Esta CaMi-soLa quE EnvErgaComecei na Orientaccedilatildeo aos 8 anos e a minha primeira experiecircncia foi no Desporto Escolar na minha terra Canelas uma pequena aldeia do Concelho de Estarreja A essa primeira pro-va seguiu-se uma ldquoQuinzena da Orientaccedilatildeordquo no veratildeo e nunca mais parei Haacute quinze anos que estou ligado a este clube e ele faz parte de mim Poderia dividir a minha vida em dois por um lado a parte profissional da Faculdade e por outro a Orientaccedilatildeo Por estranho que possa pa-recer a parte desportiva natildeo se encontra num plano inferior relativamente agrave parte profissio-nal Ambas as partes se complementam uma agrave outra Portanto a minha ligaccedilatildeo a este clube eacute muito grande satildeo muitos anos satildeo muitas pes-soas e ajudou-me a crescer

aos Miuacutedos quE agora datildeo os priMEiros passos quE ConsELhos dariaO conselho natildeo o daria aos miuacutedos se calhar da-va-o antes aos pais Tanto a escola como o des-porto andam muito ligados Se temos disciplina num acabamos por ter disciplina no outro Natildeo eacute por acaso se olharmos para os atletas de topo a niacutevel nacional todos eles satildeo excelentes es-tudantes e tecircm um futuro profissional bastante promissor Tudo parte de quem educa Eu tenho a sorte de ter uns pais que sempre me educaram bem e que sempre me deram o apoio necessaacuterio para conseguir fazer as duas coisas

E deixaria ainda um conselho mais aos pais o de virem fazer uma prova de Orientaccedilatildeo com os seus filhos Uma das grandes vantagens da Orientaccedilatildeo eacute ser para aleacutem do ldquodesporto da flo-restardquo o ldquodesporto da famiacuteliardquo

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EntrevistaConsidEra quE Esta EacutepoCa CorrEu dE aCordo CoM as suas ExpECtativasNa verdade digamos que a eacutepoca estaacute quase agrave beira de comeccedilar Depois do Campeonato do Mundo tirei mais tempo do que era habitual para descansar e tenho estado a fazer pratica-mente soacute manutenccedilatildeo A eacutepoca teve alguns per-calccedilos comecei a treinar na Repuacuteblica Checa e apesar de ter feito muito treino com mapa devi-do agraves questotildees climateacutericas e agraves poucas horas de luz acabei por ter uma carga de treino aqueacutem do desejaacutevel Depois de regressar a Portugal estava a treinar bem mas tive um percalccedilo e lesionei--me num peacute o que me obrigou a uma paragem de um mecircs Isso fez-me perder muito da minha boa forma e acredito que se natildeo fosse isso po-

deria ter chegado muito melhor ao Campeonato do Mundo e aiacute o resultado poderia ter sido outro Apesar de tudo os resultados acabaram por ser bem melhores do que estaria agrave espera

o obJEtivo a Curto praZo passa pELo tiacute-tuLo naCionaL absoLutoPor acaso esse eacute um tiacutetulo que nunca alcancei Vou comeccedilar a treinar a seacuterio para chegar nas melhores condiccedilotildees ao Campeonato Nacional Absoluto e esse vai ser um bom teste O objetivo eacute estar laacute para ganhar

Quanto agrave proacutexima eacutepoca espero apresentar-me agraves provas em melhor forma do que este ano e que os bons resultados possam aparecer oslash

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Cinco satildeo os sentidos estaacute nos manuais neles reside a possi-bilidade de um maior ou menor contacto da pessoa com aquilo que a rodeia Haacute ainda o sexto sentido aquela perceccedilatildeo extra--sensorial que parece ser mais propriedade das mulheres do que dos homens e que nas con-ceccedilotildees ocultistas estaraacute tam-beacutem sedeado num oacutergatildeo do nosso corpo Figurada ou ob-jetivamente eacute bom que todos eles ndash sem exceccedilatildeo - estejam suficientemente desenvolvi-dos sem isso natildeo haacute sentido de orientaccedilatildeo que aguente

A Orientaccedilatildeo eacute um Desporto recente em Portugal mas tem jaacute mais de 100 anos de existecircncia

enquanto desporto organi-zado Com efeito teraacute sido em Bergen - Noruega no ano de 1897 que se organizou a pri-meira atividade desportiva de Orientaccedilatildeo Os paiacuteses noacuterdicos satildeo ainda hoje aqueles onde a modalidade tem maior implan-taccedilatildeo mobilizando um nuacutemero de praticantes que coloca a

Orientaccedilatildeo entre os cinco des-portos com mais adeptos na Escandinaacutevia A maior prova do mundo realiza-se anual-mente na Sueacutecia os 5 dias da Sueacutecia com um nuacutemero de participantes que jaacute atingiu os 25000

Durante o seacutec XX a modali-dade foi evoluindo ateacute agrave criaccedilatildeo da Federaccedilatildeo Internacional de Orientaccedilatildeo (IOF) que fes-tejou em 2012 o 51ordm aniversaacuterio e veio normalizar mundial-mente as regras competitivas as normas para elaboraccedilatildeo dos mapas e as sinaleacuteticas a usar A Orientaccedilatildeo eacute praticada em quatro disciplinas diferentes Orientaccedilatildeo Pedestre Orien-taccedilatildeo em BTT Orientaccedilatildeo em Ski e Orientaccedilatildeo de Precisatildeo (Orientaccedilatildeo prioritariamente para deficientes motores)

Portugal tem marcado pontos na Orientaccedilatildeo para o desporto adaptado lanccedilando em 2012 a Taccedila de Portugal de Orientaccedilatildeo de Precisatildeo e criando um cir-cuito de Orientaccedilatildeo adaptada vocacionado prioritariamente para a deficiecircncia intelectual e

crianccedilas em idade preacute-escolar que eacute uacutenico no Mundo e que estaacute a ser jaacute implementado pela Espanha

o quE EacutePodemos dizer que a Orien-taccedilatildeo eacute um desporto completo Haacute o aspeto fiacutesico o treino no campo que se aproxima do treino dum atleta de fundo E haacute o aspeto mental que de-sempenha um papel funda-mental a leitura dos mapas o contra-reloacutegiohellip Eacute tambeacutem o desporto de natureza por exce-lecircncia Os orientistas saem dos trilhos balizados para pene-trarem no coraccedilatildeo da floresta Cada dia eacute uma nova aven-tura Daquele que se inicia na Orientaccedilatildeo ao mais consagrado dos praticantes haacute todo um mesmo espiacuterito de liberdade de fazer a sua proacutepria escolha do melhor itineraacuterio No Atle-tismo por exemplo a volta agrave pista teraacute sempre 400 metros quer seja aqui ou no Japatildeo Na Orientaccedilatildeo esta noccedilatildeo de dis-tacircncia tem muito pouco signi-ficado Tanto se pode fazer 10 quiloacutemetros numa hora e meia como em quarenta minutos E

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depois nunca existem duas florestas iguais Eacute o eterno recomeccedilo Na Austraacutelia ou na Suiacuteccedila no Japatildeo ou na Escandinaacutevia eacute necessaacuterio uma adaptaccedilatildeo a cada local natildeo haacute lugar a repeti-ccedilotildeeshellip

Cada corredor possui uma buacutessola e um mapa que contrariamente a um mapa normal conteacutem uma enorme diversidade de detalhes acerca dos seus elementos caracteriacutesticos (relevo do ter-reno vegetaccedilatildeo caminhos elementos rochosos construccedilotildees e muito mais) Os mapas satildeo rea-lizados segundo as normas especiacuteficas da Fede-raccedilatildeo Internacional de Orientaccedilatildeo que tem sede na Finlacircndia Aleacutem da legenda sobre os siacutembolos nele representados existe ainda uma sinaleacutetica

proacutepria que tem a ver com o percurso que o praticante vai realizar nesse evento e que eacute uma linguagem uni-versal

A partir do momento em que se potildee em marcha o cronoacutemetro o orientista deve efe-tuar o seu percurso que eacute marcado no mapa e que eacute cons-tituiacutedo por uma par-tida (representada por um triacircngulo) uma seacuterie de pontos de

passagem obrigatoacuterios (representados por ciacuter-culos) e a chegada (representada no mapa por dois ciacuterculos concecircntricos) Estes pontos satildeo materializados no terreno sob a forma de um prisma triangular denominado por baliza e a passagem deve ser validada por um sistema de ldquopicotagemrdquo manual ou eletroacutenica O objetivo consiste em fazer o percurso na sequecircncia in-dicada o mais rapidamente possiacutevel Mas entre cada ponto de passagem a escolha do itineraacuterio fica ao criteacuterio de cada um

O percurso em linha reta evidentemente nem sempre eacute o mais raacutepido Eacute necessaacuterio jogar com as inflexotildees do terreno os lagos os muros e outros acidenteshellip O tempo gasto a percorrer o traccedilado da corrida depende sobretudo do meio sobre o qual a mesma se desenrola Em terrenos como na Escandinaacutevia onde o relevo eacute mais duro numa mesma distacircncia poderemos gastar quase o dobro do tempo que gastariacuteamos num terreno plano e sem o mesmo tipo de obs-taacuteculos

Por Terra

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O conhecimento do relevo eacute a parte mais difiacutecil Eacute neces-saacuterio aprender a imaginar um terreno a trecircs dimensotildees sobre o mapa Claro que natildeo eacute apenas isto Para quem tem mais dificuldade em possuir a visatildeo a trecircs dimensotildees esta in-suficiecircncia pode ser compensada com outras qualidades nomeada-mente a atenccedilatildeo Mas nem todos pos-suem igualmente esta capacidade mental Como na generalidade dos desportos eacute neces-saacuteria uma longa aprendizagem onde o treino teacutecnico a vivecircncia de situaccedilotildees mais variadas e o nuacutemero de florestas ldquovisitadasrdquo desempe-nham um papel fundamental Eacute agrave medida que o tempo passa que o orientista aprende a adaptar o seu comportamento a reagir cada vez mais rapidamente e a encontrar as melhores opccedilotildeesO desporto natildeo eacute muito mediatizado e o espiacute-rito da Orientaccedilatildeo eacute o de permanecer livre Eacute um desporto ainda preservado de certas po-leacutemicas ldquodopingrdquo e outros malabarismos daiacute que muitos orientistas digam que natildeo seja mau de todo que ele permaneccedila ldquoconfidencialrdquo

Grandes Competiccedilotildees em 2013

Em 2013 as grandes competiccedilotildees internacio-nais onde Portugal vai querer estar presente

satildeo as seguintes

- Campeonato do Mundo de Juacuteniores ndash Repuacuteblica Checa (29jun-06 de julho) wwwjwoc2013cz

- Campeonato do Mundo Elite ndash Finlacircndia (07-14 jul)

wwwwoc2013fi- Campeonato do Mundo ve-

teranos ndash Itaacutelia (02-10 ago) wwwwmoc2013it

- Campeonato da Europa de Jovens ndash Israel (03 de novembro) wwweyoc2013org

portuGal na alta roda Mas Portugal vai ter brevemente grandes desa-fios pela frente- Em 2013 organiza uma etapa da Taccedila do Mundo de seacuteniores e o Campeonato do Mundo de Vete-ranos de Orientaccedilatildeo em BTT - Costa Alentejana entre 09 e 13 de outubro- Em 2014 organiza em Palmela de 9-14 de abril e em paralelo o Campeonato da Europa de Orientaccedilatildeo Pedestre e o Campeonato da Eu-ropa de Orientaccedilatildeo de Precisatildeo wwweoc2014fpopt

Carnaval o ponto alto Desde 1996 que Portugal realiza a sua prova ra-inha que atrai os melhores especialistas a Por-

Eacute um desporto ainda

preservado de certas poleacutemicas ldquodopingrdquo e outros malabarismos

daiacute que muitos orientistas digam que natildeo seja mau de todo que ele perma-

neccedila ldquoconfiden-cialrdquo

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Por Terratugal Eacute O Portugal Orsquo Meeting que desde 2000 se realiza no Carnaval com a duraccedilatildeo de 4 dias e pontuaacutevel para a liga Mundial de orientaccedilatildeo pedestre nos percursos de Elite Em 2013 Por-tugal vai receber pela primeira vez trecircs eventos pontuaacuteveis para a Liga Mundial02 e 03 de fevereiro ndash Norte Alentejano Orsquo Mee-ting ndash Nisa (wwwnaompt)09ndash12 de fevereiro ndash Portugal Orsquo Meeting ndash Idanha-a-nova (wwwpompt)16 e 17 de fevereiro ndash XIV Meeting de Orien-taccedilatildeo do Centro ndash Pombal (wwwcocpteventos16fev2013)

OrientaccedilatildeO muitO mais dO que um despOr-tOOlhando para a modalidade de uma forma mais transversal podemos enquadraacute-la aleacutem de mo-dalidade desportiva com aacutereas como o Ambien-te a Educaccedilatildeo e as Novas Tecnologias As qua-tro vertentes atraacutes enunciadas reunidas numa soacute tem a ver tambeacutem com solidariedade

Ambiente porque a Orientaccedilatildeo eacute o ldquoDesporto da Florestardquo fazendo de cada praticante um guardiatildeo e um amigo de tatildeo valioso patrimoacutenio Educaccedilatildeo porque eacute uma modalidade onde se aglutinam mateacuterias tatildeo nucleares como a Ma-temaacutetica ou a Geografia e se desenvolvem com-petecircncias como a capacidade de interpretaccedilatildeo ou o poder de decisatildeo por isso ser considerada prioritaacuteria para o Desporto Escolar Novas Tec-nologias porque eacute das modalidades que mais depende dos Meios Informaacuteticos a todos os niacute-veis do controlo de tempos agrave cartografia mais desenvolvida que existe Desporto porque pro-move a atividade fiacutesica e a Sauacutede dirigindo-se de igual forma agravequeles que individualmente a praticam ao niacutevel da alta competiccedilatildeo como agraves crianccedilas ou agraves famiacutelias que vecircm nela uma forma

de promover o seu bem estar fiacutesico e reforccedilar os laccedilos de amizade e convivialidade

E solidariedade porque vive da forccedila que projeta nos seus praticantes

trabalhando desinteressadamente em prol da modalidade em prol do paiacutes

Porque a Orientaccedilatildeo eacute Ambiente eacute Educaccedilatildeo satildeo Novas Tecnolo-gias eacute Desporto Porque a Orien-

taccedilatildeo gera Riqueza e gera Sauacutede Porque a Orientaccedilatildeo eacute de todos e

para todos Interessa a todos Inte-ressa ao Paiacutes Daiacute que eacute urgente que

todos venham experimentar e que descu-bram as belezas deste Paiacutes de mapa na matildeo oslash

Fernando Costa e Joaquim margarido

Olhando para a modali-

dade de uma forma mais transversal po-

demos enquadraacute-la aleacutem de modalidade desportiva

com aacutereas como o Am-biente a Educaccedilatildeo e

as Novas Tecnolo-gias

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Setembro_Outubro 2011 OUTDOOR138

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Page 31: Revista Outdoor 8

Ainda foi longa a nossa caminhada sempre a encontrar forccedilas e energia onde quer que elas estivessem escondidas Paraacutevamos de vez em quando agrave espera da outra cordada de amigos e por fim cerca das 10h da manhatilde atingimos o cume Tento tirar fotos mas a maacutequina fotograacute-fica natildeo ajudou fiquei sem bateria Natildeo faltam maacutequinas para o fazer e depois de um breve descanso temos que iniciar a descida pela mes-ma rota Eacute uma descida que acaba por ter al-gumas subidas sendo por isso mais demorada Mas a alegria de ter cumprido o objetivo o dia tatildeo calmo e luminoso a companhia dos amigos supera qualquer tipo de cansaccedilo

Tive um sentimento de saudade ao chegar nova-mente ao Valleacute Blanche e olhar para traacutes para o trilho percorrido olhar aquele vale agora agrave luz do dia atravessado por tantas pegadas Olho de relance para a uacuteltima subida que nos falta fazer a aresta que nos levaraacute ao telefeacuterico na Aguille du Midi Faccedilo esta subida confiante como se ti-vesse deixado para traacutes todo o esforccedilo e cansaccedilo extremo desta maravilhosa aventura

Com grande pena natildeo pude comemorar em Chamonix nessa noite mas comemorei com imensa alegria ao reencontrar-me com a mi-nha famiacutelia orgulhosa de mim afinal estive no mesmo dia no cume do Monte Branco de manhatilde e agrave noite na minha cama quente e confortaacutevel em Lisboa oslash

Luiacutesa Tomeacute

Papa-Leacuteguaswwwpapa-leguascom

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Aventu

ra

um esforccedilo acrescido por outro Relembro a tra-vessia do glaciar do Tacul a ldquofazer trilhordquo o som dos campons na neve ecoava num ritmo proacute-prio pousava a minha bota no local exato onde o Joatildeo tinha feito a pegada como que num jogo em que quando falhava acrescia o esforccedilo que teria que fazer O som de passos intensifica-se temos mais madrugadores connosco Deixamo--los passar jaacute vimos a fazer trilho haacute bastante tempo eacute a vez de outros agora

Quando chegamos agrave ldquoparederdquo do Mont Blanc du Tacul jaacute temos algumas pessoas agrave espera para subir O sol ainda natildeo subiu para nos aquecer esperamos junto agraves cordas a nossa vez os peacutes comeccedilam a dar sinal de frio Iniciamos a subida os piolets e os crampons cravam-se certeiros no gelo a corda ajuda na subida Comeccedilo a ficar cansada e a hesitar paro por uns momentos sinto a boca seca o coraccedilatildeo a bater forte olho para cima jaacute natildeo falta muito - Piolet numa matildeo corda na outra sobe Luiacutesa ndash a voz do Heacutelder trouxe-me lucidez A energia que me faltava regressou Concentro-me e con-tinuo a subida pedaccedilos de gelo passam por noacutes arrancados aquela parede cheia de gente dese-josa de ultrapassar possivelmente o obstaacuteculo mais duro desta rota

O trilho continua pelo beliacutessimo Mont-Maudit apesar do seu nome O sol jaacute vai alto comeccedila a aquecer haacute que comeccedilar a tirar camadas Natildeo podemos desidratar Col de la Brenva um chaacute quente e uma bolacha Apetece ficar jaacute aqui as vistas satildeo surpreendentes Mas natildeo eacute este o nos-so objetivo vamos continuar a subir

Entrevista Diogo Miguel - (Oti-Estarreja)

ldquoO DEsPORTO EM PORTuGAL eacute uM EsPELhO DA sOCIEDADErdquo

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Entrevista

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Sabe acima de tudo as con-

diccedilotildees que temos e consegue olhar para o

resultado como sen-do bastante meri-

toacuterio

OutdOOr COmO eacute pOssiacutevel algueacutem COm-patibilizar a preparaccedilatildeO enquantO atleta de OrientaccedilatildeO de elite COm as exigecircnCias dum 6ordm anO dO CursO de medi-Cina

diOgO miguel O segredo reside sobretudo na motivaccedilatildeo Toda a gente consegue tirar um curso e fazer desporto e inclusivamente se gos-tar consegue treinar todos os dias Mas se esti-ver motivado o suficiente consegue levantar-se cedo para correr agraves seis da manhatilde estar na Fa-culdade agraves oito e meia sair agraves quatro da tarde e ir treinar outra vez estudar ateacute agraves dez da noite e dormir porque amanhatilde eacute outro dia Eacute preci-so estar-se motivado para abraccedilar esta vida durante o ano inteiro

Haacute quantO tempO eacute que as COisas satildeO levadas assimQuando comecei a fazer Orien-taccedilatildeo natildeo tinha grandes preo-cupaccedilotildees com o treino Durante os anos de faculdade jaacute treinava bastante a seacuterio mas foi haacute dois ou trecircs anos quando comecei a ser treinado pelo Professor Bruno Nazaacuterio que aumentei a carga de trei-no para o bi-diaacuterio A partir daiacute passei a ter o meu tempo totalmente ocupado Satildeo os estaacutegios do Curso o tempo de deslocaccedilatildeo para Hospitais da periferia uma tese para defender Este ano seraacute bastante mais exigente que os anteriores se calhar natildeo vou poder fazer treino bi-diaacuterio todos os dias como gostaria mas ainda assim vou pro-curar treinar duma forma o mais seacuteria possiacutevel e se natildeo puder fazecirc-lo na quantidade desejaacutevel pelo menos na qualidade espero consegui-lo

em 2007 COnquistOu a primeira grande medalHa da OrientaccedilatildeO pOrtuguesa aO sagrar-se CampeatildeO da eurOpa de JOvens

Chama-se Diogo Miguel e eacute aos 23 anos uma das referecircncias da Orientaccedilatildeo Pedestre nacio-nal Campeatildeo Europeu de Jovens em 2007 e Campeatildeo Nacional de Distacircncia Longa em 2009 e 2011 Diogo Miguel reparte o tempo entre a modalidade do seu coraccedilatildeo e as exigecircncias do curso de Medicina que abraccedilou haacute seis anos E foi precisamente por aiacute que a nossa conversa comeccedilou uma conversa onde passado presen-te e futuro se misturam e confundem numa teia de opccedilotildees direccedilotildees desafios e decisotildees Na Orientaccedilatildeo como na Vida

Por Joaquim Margarido

de sprint em eger na Hungria que me-moacuterias guarda dessa JOrnada Haacute CinCO anOs atraacutesGuardo sobretudo as memoacuterias e os amigos Na altura pensaacutemos que a visibilidade que este re-sultado poderia dar agrave Orientaccedilatildeo catapultasse a modalidade e possibilitasse a obtenccedilatildeo de mais apoios mas isso natildeo se veio a verificar pelo me-nos na medida daquilo que seria de esperar

esteve este anO nOs mundiais de lausan-ne COnseguindO O 33ordm lugar na Final a de distacircnCia lOnga que valOr atribui a este seu resultadOAtribuo-lhe um valor elevado ateacute porque foi a primeira vez em dez anos que um portuguecircs foi a uma final A de Distacircncia Longa Cheguei ao fim com a certeza de ter feito o meu melhor e se natildeo tivesse quebrado fisicamente teria fei-to melhor ainda Ou seja com outras condiccedilotildees de treino teria facilmente ficado entre os vinte e cinco primeiros Mas falta bastante cultura des-portiva agrave sociedade portuguesa em geral e se disser a algueacutem que natildeo estaacute familiarizado com a Orientaccedilatildeo que terminei em 33ordm num Campeo-nato do Mundo essa pessoa iraacute pensar ldquoesque-ce eacutes mau natildeo prestasrdquo Mas quem sabe como estas coisas funcionam sabe os sacrifiacutecios que temos que fazer Sabe acima de tudo as condi-ccedilotildees que temos e consegue olhar para o resulta-

do como sendo bastante meritoacuterio

temOs em pOrtugal O apOiO que deviacuteamOs Ou que mereCiacuteamOs

Natildeo Eacute bastante revoltante olhar para outros desportos como eacute o caso do Futebol e termos um Presidente que termina o man-dato agrave frente da Federaccedilatildeo e que se sente orgulhoso por ter deixa-

do um balanccedilo positivo nas contas de muitos milhotildees de euros Mas

satildeo estes precisamente que ainda assim continuam a receber milhotildees e

milhotildees do Instituto Portuguecircs do Desporto e Juventude enquanto outras modalidades lutam pela sobrevivecircncia Acho que somos claramen-te sub-apoiados O desporto em Portugal eacute um espelho da Sociedade Haacute os muito ricos e haacute os muito pobres Os ricos satildeo cada vez mais ricos e os pobres satildeo cada vez mais pobres Eacute a mesma coisa com o desporto

quandO OlHa para Os nOssOs JOvens que pOtenCialidades vecirc neles para COn-seguirem CHegar aOs lugares CimeirOs da OrientaccedilatildeO eurOpeia e mundialTemos alguns jovens com bastante valor prin-

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cipalmente o Luiacutes Silva Trata-se dum atleta que tem um futuro brutal e acho que vai ser sem sombra de duacutevidas o melhor atleta portuguecircs dentro de muito pouco tempo Olhando de for-ma mais aprofundada para estes atletas eacute uma realidade que eles tecircm hoje melhores condiccedilotildees em relaccedilatildeo agravequilo que noacutes tiacutenhamos na altura Basta ver que os atletas jaacute se deslocam com al-guma frequecircncia ao terreno antes das grandes competiccedilotildees coisa que natildeo havia ateacute haacute muito pouco tempo atraacutes E depois haacute os estaacutegios de Seleccedilatildeo Mas deve reconhecer-se que lhes falta o treino fora da competiccedilatildeo Acho que falta al-gum espiacuterito de sacrifiacutecio no treino em casa que eacute o mais importante

o CLubE dE oriEntaccedilatildeo dE EstarrEJa Eacute dEsdE sEMprE o sEu CLubE quE signiFiCa-do tEM para si EstE EMbLEMa E Esta CaMi-soLa quE EnvErgaComecei na Orientaccedilatildeo aos 8 anos e a minha primeira experiecircncia foi no Desporto Escolar na minha terra Canelas uma pequena aldeia do Concelho de Estarreja A essa primeira pro-va seguiu-se uma ldquoQuinzena da Orientaccedilatildeordquo no veratildeo e nunca mais parei Haacute quinze anos que estou ligado a este clube e ele faz parte de mim Poderia dividir a minha vida em dois por um lado a parte profissional da Faculdade e por outro a Orientaccedilatildeo Por estranho que possa pa-recer a parte desportiva natildeo se encontra num plano inferior relativamente agrave parte profissio-nal Ambas as partes se complementam uma agrave outra Portanto a minha ligaccedilatildeo a este clube eacute muito grande satildeo muitos anos satildeo muitas pes-soas e ajudou-me a crescer

aos Miuacutedos quE agora datildeo os priMEiros passos quE ConsELhos dariaO conselho natildeo o daria aos miuacutedos se calhar da-va-o antes aos pais Tanto a escola como o des-porto andam muito ligados Se temos disciplina num acabamos por ter disciplina no outro Natildeo eacute por acaso se olharmos para os atletas de topo a niacutevel nacional todos eles satildeo excelentes es-tudantes e tecircm um futuro profissional bastante promissor Tudo parte de quem educa Eu tenho a sorte de ter uns pais que sempre me educaram bem e que sempre me deram o apoio necessaacuterio para conseguir fazer as duas coisas

E deixaria ainda um conselho mais aos pais o de virem fazer uma prova de Orientaccedilatildeo com os seus filhos Uma das grandes vantagens da Orientaccedilatildeo eacute ser para aleacutem do ldquodesporto da flo-restardquo o ldquodesporto da famiacuteliardquo

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EntrevistaConsidEra quE Esta EacutepoCa CorrEu dE aCordo CoM as suas ExpECtativasNa verdade digamos que a eacutepoca estaacute quase agrave beira de comeccedilar Depois do Campeonato do Mundo tirei mais tempo do que era habitual para descansar e tenho estado a fazer pratica-mente soacute manutenccedilatildeo A eacutepoca teve alguns per-calccedilos comecei a treinar na Repuacuteblica Checa e apesar de ter feito muito treino com mapa devi-do agraves questotildees climateacutericas e agraves poucas horas de luz acabei por ter uma carga de treino aqueacutem do desejaacutevel Depois de regressar a Portugal estava a treinar bem mas tive um percalccedilo e lesionei--me num peacute o que me obrigou a uma paragem de um mecircs Isso fez-me perder muito da minha boa forma e acredito que se natildeo fosse isso po-

deria ter chegado muito melhor ao Campeonato do Mundo e aiacute o resultado poderia ter sido outro Apesar de tudo os resultados acabaram por ser bem melhores do que estaria agrave espera

o obJEtivo a Curto praZo passa pELo tiacute-tuLo naCionaL absoLutoPor acaso esse eacute um tiacutetulo que nunca alcancei Vou comeccedilar a treinar a seacuterio para chegar nas melhores condiccedilotildees ao Campeonato Nacional Absoluto e esse vai ser um bom teste O objetivo eacute estar laacute para ganhar

Quanto agrave proacutexima eacutepoca espero apresentar-me agraves provas em melhor forma do que este ano e que os bons resultados possam aparecer oslash

novembro_Dezembro 2012 OUTDOOR38

wwwgarminpt

ofereccedila um garmin DeSemBruLHara caixa Seraacute Soacute o princiacutepio

este natal ofereccedila emoccedilotildees aventuras para quem viaja ou para os que correm para os que navegam no mar ou escalam montanhas Para os nadadores ou golfistas este natal ofereccedila um garmin

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Por Terra

ORIENTACcedilatildeOhellip DEsPORTO NA NATuREzA

Parque nacional torres del Paine Chile

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Cinco satildeo os sentidos estaacute nos manuais neles reside a possi-bilidade de um maior ou menor contacto da pessoa com aquilo que a rodeia Haacute ainda o sexto sentido aquela perceccedilatildeo extra--sensorial que parece ser mais propriedade das mulheres do que dos homens e que nas con-ceccedilotildees ocultistas estaraacute tam-beacutem sedeado num oacutergatildeo do nosso corpo Figurada ou ob-jetivamente eacute bom que todos eles ndash sem exceccedilatildeo - estejam suficientemente desenvolvi-dos sem isso natildeo haacute sentido de orientaccedilatildeo que aguente

A Orientaccedilatildeo eacute um Desporto recente em Portugal mas tem jaacute mais de 100 anos de existecircncia

enquanto desporto organi-zado Com efeito teraacute sido em Bergen - Noruega no ano de 1897 que se organizou a pri-meira atividade desportiva de Orientaccedilatildeo Os paiacuteses noacuterdicos satildeo ainda hoje aqueles onde a modalidade tem maior implan-taccedilatildeo mobilizando um nuacutemero de praticantes que coloca a

Orientaccedilatildeo entre os cinco des-portos com mais adeptos na Escandinaacutevia A maior prova do mundo realiza-se anual-mente na Sueacutecia os 5 dias da Sueacutecia com um nuacutemero de participantes que jaacute atingiu os 25000

Durante o seacutec XX a modali-dade foi evoluindo ateacute agrave criaccedilatildeo da Federaccedilatildeo Internacional de Orientaccedilatildeo (IOF) que fes-tejou em 2012 o 51ordm aniversaacuterio e veio normalizar mundial-mente as regras competitivas as normas para elaboraccedilatildeo dos mapas e as sinaleacuteticas a usar A Orientaccedilatildeo eacute praticada em quatro disciplinas diferentes Orientaccedilatildeo Pedestre Orien-taccedilatildeo em BTT Orientaccedilatildeo em Ski e Orientaccedilatildeo de Precisatildeo (Orientaccedilatildeo prioritariamente para deficientes motores)

Portugal tem marcado pontos na Orientaccedilatildeo para o desporto adaptado lanccedilando em 2012 a Taccedila de Portugal de Orientaccedilatildeo de Precisatildeo e criando um cir-cuito de Orientaccedilatildeo adaptada vocacionado prioritariamente para a deficiecircncia intelectual e

crianccedilas em idade preacute-escolar que eacute uacutenico no Mundo e que estaacute a ser jaacute implementado pela Espanha

o quE EacutePodemos dizer que a Orien-taccedilatildeo eacute um desporto completo Haacute o aspeto fiacutesico o treino no campo que se aproxima do treino dum atleta de fundo E haacute o aspeto mental que de-sempenha um papel funda-mental a leitura dos mapas o contra-reloacutegiohellip Eacute tambeacutem o desporto de natureza por exce-lecircncia Os orientistas saem dos trilhos balizados para pene-trarem no coraccedilatildeo da floresta Cada dia eacute uma nova aven-tura Daquele que se inicia na Orientaccedilatildeo ao mais consagrado dos praticantes haacute todo um mesmo espiacuterito de liberdade de fazer a sua proacutepria escolha do melhor itineraacuterio No Atle-tismo por exemplo a volta agrave pista teraacute sempre 400 metros quer seja aqui ou no Japatildeo Na Orientaccedilatildeo esta noccedilatildeo de dis-tacircncia tem muito pouco signi-ficado Tanto se pode fazer 10 quiloacutemetros numa hora e meia como em quarenta minutos E

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depois nunca existem duas florestas iguais Eacute o eterno recomeccedilo Na Austraacutelia ou na Suiacuteccedila no Japatildeo ou na Escandinaacutevia eacute necessaacuterio uma adaptaccedilatildeo a cada local natildeo haacute lugar a repeti-ccedilotildeeshellip

Cada corredor possui uma buacutessola e um mapa que contrariamente a um mapa normal conteacutem uma enorme diversidade de detalhes acerca dos seus elementos caracteriacutesticos (relevo do ter-reno vegetaccedilatildeo caminhos elementos rochosos construccedilotildees e muito mais) Os mapas satildeo rea-lizados segundo as normas especiacuteficas da Fede-raccedilatildeo Internacional de Orientaccedilatildeo que tem sede na Finlacircndia Aleacutem da legenda sobre os siacutembolos nele representados existe ainda uma sinaleacutetica

proacutepria que tem a ver com o percurso que o praticante vai realizar nesse evento e que eacute uma linguagem uni-versal

A partir do momento em que se potildee em marcha o cronoacutemetro o orientista deve efe-tuar o seu percurso que eacute marcado no mapa e que eacute cons-tituiacutedo por uma par-tida (representada por um triacircngulo) uma seacuterie de pontos de

passagem obrigatoacuterios (representados por ciacuter-culos) e a chegada (representada no mapa por dois ciacuterculos concecircntricos) Estes pontos satildeo materializados no terreno sob a forma de um prisma triangular denominado por baliza e a passagem deve ser validada por um sistema de ldquopicotagemrdquo manual ou eletroacutenica O objetivo consiste em fazer o percurso na sequecircncia in-dicada o mais rapidamente possiacutevel Mas entre cada ponto de passagem a escolha do itineraacuterio fica ao criteacuterio de cada um

O percurso em linha reta evidentemente nem sempre eacute o mais raacutepido Eacute necessaacuterio jogar com as inflexotildees do terreno os lagos os muros e outros acidenteshellip O tempo gasto a percorrer o traccedilado da corrida depende sobretudo do meio sobre o qual a mesma se desenrola Em terrenos como na Escandinaacutevia onde o relevo eacute mais duro numa mesma distacircncia poderemos gastar quase o dobro do tempo que gastariacuteamos num terreno plano e sem o mesmo tipo de obs-taacuteculos

Por Terra

OUTDOOR Novembro_Dezembro 2012 43

O conhecimento do relevo eacute a parte mais difiacutecil Eacute neces-saacuterio aprender a imaginar um terreno a trecircs dimensotildees sobre o mapa Claro que natildeo eacute apenas isto Para quem tem mais dificuldade em possuir a visatildeo a trecircs dimensotildees esta in-suficiecircncia pode ser compensada com outras qualidades nomeada-mente a atenccedilatildeo Mas nem todos pos-suem igualmente esta capacidade mental Como na generalidade dos desportos eacute neces-saacuteria uma longa aprendizagem onde o treino teacutecnico a vivecircncia de situaccedilotildees mais variadas e o nuacutemero de florestas ldquovisitadasrdquo desempe-nham um papel fundamental Eacute agrave medida que o tempo passa que o orientista aprende a adaptar o seu comportamento a reagir cada vez mais rapidamente e a encontrar as melhores opccedilotildeesO desporto natildeo eacute muito mediatizado e o espiacute-rito da Orientaccedilatildeo eacute o de permanecer livre Eacute um desporto ainda preservado de certas po-leacutemicas ldquodopingrdquo e outros malabarismos daiacute que muitos orientistas digam que natildeo seja mau de todo que ele permaneccedila ldquoconfidencialrdquo

Grandes Competiccedilotildees em 2013

Em 2013 as grandes competiccedilotildees internacio-nais onde Portugal vai querer estar presente

satildeo as seguintes

- Campeonato do Mundo de Juacuteniores ndash Repuacuteblica Checa (29jun-06 de julho) wwwjwoc2013cz

- Campeonato do Mundo Elite ndash Finlacircndia (07-14 jul)

wwwwoc2013fi- Campeonato do Mundo ve-

teranos ndash Itaacutelia (02-10 ago) wwwwmoc2013it

- Campeonato da Europa de Jovens ndash Israel (03 de novembro) wwweyoc2013org

portuGal na alta roda Mas Portugal vai ter brevemente grandes desa-fios pela frente- Em 2013 organiza uma etapa da Taccedila do Mundo de seacuteniores e o Campeonato do Mundo de Vete-ranos de Orientaccedilatildeo em BTT - Costa Alentejana entre 09 e 13 de outubro- Em 2014 organiza em Palmela de 9-14 de abril e em paralelo o Campeonato da Europa de Orientaccedilatildeo Pedestre e o Campeonato da Eu-ropa de Orientaccedilatildeo de Precisatildeo wwweoc2014fpopt

Carnaval o ponto alto Desde 1996 que Portugal realiza a sua prova ra-inha que atrai os melhores especialistas a Por-

Eacute um desporto ainda

preservado de certas poleacutemicas ldquodopingrdquo e outros malabarismos

daiacute que muitos orientistas digam que natildeo seja mau de todo que ele perma-

neccedila ldquoconfiden-cialrdquo

Por

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Novembro_Dezembro 2012 OUTDOOR44

Por Terratugal Eacute O Portugal Orsquo Meeting que desde 2000 se realiza no Carnaval com a duraccedilatildeo de 4 dias e pontuaacutevel para a liga Mundial de orientaccedilatildeo pedestre nos percursos de Elite Em 2013 Por-tugal vai receber pela primeira vez trecircs eventos pontuaacuteveis para a Liga Mundial02 e 03 de fevereiro ndash Norte Alentejano Orsquo Mee-ting ndash Nisa (wwwnaompt)09ndash12 de fevereiro ndash Portugal Orsquo Meeting ndash Idanha-a-nova (wwwpompt)16 e 17 de fevereiro ndash XIV Meeting de Orien-taccedilatildeo do Centro ndash Pombal (wwwcocpteventos16fev2013)

OrientaccedilatildeO muitO mais dO que um despOr-tOOlhando para a modalidade de uma forma mais transversal podemos enquadraacute-la aleacutem de mo-dalidade desportiva com aacutereas como o Ambien-te a Educaccedilatildeo e as Novas Tecnologias As qua-tro vertentes atraacutes enunciadas reunidas numa soacute tem a ver tambeacutem com solidariedade

Ambiente porque a Orientaccedilatildeo eacute o ldquoDesporto da Florestardquo fazendo de cada praticante um guardiatildeo e um amigo de tatildeo valioso patrimoacutenio Educaccedilatildeo porque eacute uma modalidade onde se aglutinam mateacuterias tatildeo nucleares como a Ma-temaacutetica ou a Geografia e se desenvolvem com-petecircncias como a capacidade de interpretaccedilatildeo ou o poder de decisatildeo por isso ser considerada prioritaacuteria para o Desporto Escolar Novas Tec-nologias porque eacute das modalidades que mais depende dos Meios Informaacuteticos a todos os niacute-veis do controlo de tempos agrave cartografia mais desenvolvida que existe Desporto porque pro-move a atividade fiacutesica e a Sauacutede dirigindo-se de igual forma agravequeles que individualmente a praticam ao niacutevel da alta competiccedilatildeo como agraves crianccedilas ou agraves famiacutelias que vecircm nela uma forma

de promover o seu bem estar fiacutesico e reforccedilar os laccedilos de amizade e convivialidade

E solidariedade porque vive da forccedila que projeta nos seus praticantes

trabalhando desinteressadamente em prol da modalidade em prol do paiacutes

Porque a Orientaccedilatildeo eacute Ambiente eacute Educaccedilatildeo satildeo Novas Tecnolo-gias eacute Desporto Porque a Orien-

taccedilatildeo gera Riqueza e gera Sauacutede Porque a Orientaccedilatildeo eacute de todos e

para todos Interessa a todos Inte-ressa ao Paiacutes Daiacute que eacute urgente que

todos venham experimentar e que descu-bram as belezas deste Paiacutes de mapa na matildeo oslash

Fernando Costa e Joaquim margarido

Olhando para a modali-

dade de uma forma mais transversal po-

demos enquadraacute-la aleacutem de modalidade desportiva

com aacutereas como o Am-biente a Educaccedilatildeo e

as Novas Tecnolo-gias

APLICACcedilAtildeO GRATUITA BREVEMENTE DISPONIacuteVEL

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Setembro_Outubro 2011 OUTDOOR138

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WWWREVISTAOUTDOORPT8

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Page 32: Revista Outdoor 8

Entrevista Diogo Miguel - (Oti-Estarreja)

ldquoO DEsPORTO EM PORTuGAL eacute uM EsPELhO DA sOCIEDADErdquo

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Entrevista

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Sabe acima de tudo as con-

diccedilotildees que temos e consegue olhar para o

resultado como sen-do bastante meri-

toacuterio

OutdOOr COmO eacute pOssiacutevel algueacutem COm-patibilizar a preparaccedilatildeO enquantO atleta de OrientaccedilatildeO de elite COm as exigecircnCias dum 6ordm anO dO CursO de medi-Cina

diOgO miguel O segredo reside sobretudo na motivaccedilatildeo Toda a gente consegue tirar um curso e fazer desporto e inclusivamente se gos-tar consegue treinar todos os dias Mas se esti-ver motivado o suficiente consegue levantar-se cedo para correr agraves seis da manhatilde estar na Fa-culdade agraves oito e meia sair agraves quatro da tarde e ir treinar outra vez estudar ateacute agraves dez da noite e dormir porque amanhatilde eacute outro dia Eacute preci-so estar-se motivado para abraccedilar esta vida durante o ano inteiro

Haacute quantO tempO eacute que as COisas satildeO levadas assimQuando comecei a fazer Orien-taccedilatildeo natildeo tinha grandes preo-cupaccedilotildees com o treino Durante os anos de faculdade jaacute treinava bastante a seacuterio mas foi haacute dois ou trecircs anos quando comecei a ser treinado pelo Professor Bruno Nazaacuterio que aumentei a carga de trei-no para o bi-diaacuterio A partir daiacute passei a ter o meu tempo totalmente ocupado Satildeo os estaacutegios do Curso o tempo de deslocaccedilatildeo para Hospitais da periferia uma tese para defender Este ano seraacute bastante mais exigente que os anteriores se calhar natildeo vou poder fazer treino bi-diaacuterio todos os dias como gostaria mas ainda assim vou pro-curar treinar duma forma o mais seacuteria possiacutevel e se natildeo puder fazecirc-lo na quantidade desejaacutevel pelo menos na qualidade espero consegui-lo

em 2007 COnquistOu a primeira grande medalHa da OrientaccedilatildeO pOrtuguesa aO sagrar-se CampeatildeO da eurOpa de JOvens

Chama-se Diogo Miguel e eacute aos 23 anos uma das referecircncias da Orientaccedilatildeo Pedestre nacio-nal Campeatildeo Europeu de Jovens em 2007 e Campeatildeo Nacional de Distacircncia Longa em 2009 e 2011 Diogo Miguel reparte o tempo entre a modalidade do seu coraccedilatildeo e as exigecircncias do curso de Medicina que abraccedilou haacute seis anos E foi precisamente por aiacute que a nossa conversa comeccedilou uma conversa onde passado presen-te e futuro se misturam e confundem numa teia de opccedilotildees direccedilotildees desafios e decisotildees Na Orientaccedilatildeo como na Vida

Por Joaquim Margarido

de sprint em eger na Hungria que me-moacuterias guarda dessa JOrnada Haacute CinCO anOs atraacutesGuardo sobretudo as memoacuterias e os amigos Na altura pensaacutemos que a visibilidade que este re-sultado poderia dar agrave Orientaccedilatildeo catapultasse a modalidade e possibilitasse a obtenccedilatildeo de mais apoios mas isso natildeo se veio a verificar pelo me-nos na medida daquilo que seria de esperar

esteve este anO nOs mundiais de lausan-ne COnseguindO O 33ordm lugar na Final a de distacircnCia lOnga que valOr atribui a este seu resultadOAtribuo-lhe um valor elevado ateacute porque foi a primeira vez em dez anos que um portuguecircs foi a uma final A de Distacircncia Longa Cheguei ao fim com a certeza de ter feito o meu melhor e se natildeo tivesse quebrado fisicamente teria fei-to melhor ainda Ou seja com outras condiccedilotildees de treino teria facilmente ficado entre os vinte e cinco primeiros Mas falta bastante cultura des-portiva agrave sociedade portuguesa em geral e se disser a algueacutem que natildeo estaacute familiarizado com a Orientaccedilatildeo que terminei em 33ordm num Campeo-nato do Mundo essa pessoa iraacute pensar ldquoesque-ce eacutes mau natildeo prestasrdquo Mas quem sabe como estas coisas funcionam sabe os sacrifiacutecios que temos que fazer Sabe acima de tudo as condi-ccedilotildees que temos e consegue olhar para o resulta-

do como sendo bastante meritoacuterio

temOs em pOrtugal O apOiO que deviacuteamOs Ou que mereCiacuteamOs

Natildeo Eacute bastante revoltante olhar para outros desportos como eacute o caso do Futebol e termos um Presidente que termina o man-dato agrave frente da Federaccedilatildeo e que se sente orgulhoso por ter deixa-

do um balanccedilo positivo nas contas de muitos milhotildees de euros Mas

satildeo estes precisamente que ainda assim continuam a receber milhotildees e

milhotildees do Instituto Portuguecircs do Desporto e Juventude enquanto outras modalidades lutam pela sobrevivecircncia Acho que somos claramen-te sub-apoiados O desporto em Portugal eacute um espelho da Sociedade Haacute os muito ricos e haacute os muito pobres Os ricos satildeo cada vez mais ricos e os pobres satildeo cada vez mais pobres Eacute a mesma coisa com o desporto

quandO OlHa para Os nOssOs JOvens que pOtenCialidades vecirc neles para COn-seguirem CHegar aOs lugares CimeirOs da OrientaccedilatildeO eurOpeia e mundialTemos alguns jovens com bastante valor prin-

OUTDOOR novembro_Dezembro 2012 37

cipalmente o Luiacutes Silva Trata-se dum atleta que tem um futuro brutal e acho que vai ser sem sombra de duacutevidas o melhor atleta portuguecircs dentro de muito pouco tempo Olhando de for-ma mais aprofundada para estes atletas eacute uma realidade que eles tecircm hoje melhores condiccedilotildees em relaccedilatildeo agravequilo que noacutes tiacutenhamos na altura Basta ver que os atletas jaacute se deslocam com al-guma frequecircncia ao terreno antes das grandes competiccedilotildees coisa que natildeo havia ateacute haacute muito pouco tempo atraacutes E depois haacute os estaacutegios de Seleccedilatildeo Mas deve reconhecer-se que lhes falta o treino fora da competiccedilatildeo Acho que falta al-gum espiacuterito de sacrifiacutecio no treino em casa que eacute o mais importante

o CLubE dE oriEntaccedilatildeo dE EstarrEJa Eacute dEsdE sEMprE o sEu CLubE quE signiFiCa-do tEM para si EstE EMbLEMa E Esta CaMi-soLa quE EnvErgaComecei na Orientaccedilatildeo aos 8 anos e a minha primeira experiecircncia foi no Desporto Escolar na minha terra Canelas uma pequena aldeia do Concelho de Estarreja A essa primeira pro-va seguiu-se uma ldquoQuinzena da Orientaccedilatildeordquo no veratildeo e nunca mais parei Haacute quinze anos que estou ligado a este clube e ele faz parte de mim Poderia dividir a minha vida em dois por um lado a parte profissional da Faculdade e por outro a Orientaccedilatildeo Por estranho que possa pa-recer a parte desportiva natildeo se encontra num plano inferior relativamente agrave parte profissio-nal Ambas as partes se complementam uma agrave outra Portanto a minha ligaccedilatildeo a este clube eacute muito grande satildeo muitos anos satildeo muitas pes-soas e ajudou-me a crescer

aos Miuacutedos quE agora datildeo os priMEiros passos quE ConsELhos dariaO conselho natildeo o daria aos miuacutedos se calhar da-va-o antes aos pais Tanto a escola como o des-porto andam muito ligados Se temos disciplina num acabamos por ter disciplina no outro Natildeo eacute por acaso se olharmos para os atletas de topo a niacutevel nacional todos eles satildeo excelentes es-tudantes e tecircm um futuro profissional bastante promissor Tudo parte de quem educa Eu tenho a sorte de ter uns pais que sempre me educaram bem e que sempre me deram o apoio necessaacuterio para conseguir fazer as duas coisas

E deixaria ainda um conselho mais aos pais o de virem fazer uma prova de Orientaccedilatildeo com os seus filhos Uma das grandes vantagens da Orientaccedilatildeo eacute ser para aleacutem do ldquodesporto da flo-restardquo o ldquodesporto da famiacuteliardquo

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EntrevistaConsidEra quE Esta EacutepoCa CorrEu dE aCordo CoM as suas ExpECtativasNa verdade digamos que a eacutepoca estaacute quase agrave beira de comeccedilar Depois do Campeonato do Mundo tirei mais tempo do que era habitual para descansar e tenho estado a fazer pratica-mente soacute manutenccedilatildeo A eacutepoca teve alguns per-calccedilos comecei a treinar na Repuacuteblica Checa e apesar de ter feito muito treino com mapa devi-do agraves questotildees climateacutericas e agraves poucas horas de luz acabei por ter uma carga de treino aqueacutem do desejaacutevel Depois de regressar a Portugal estava a treinar bem mas tive um percalccedilo e lesionei--me num peacute o que me obrigou a uma paragem de um mecircs Isso fez-me perder muito da minha boa forma e acredito que se natildeo fosse isso po-

deria ter chegado muito melhor ao Campeonato do Mundo e aiacute o resultado poderia ter sido outro Apesar de tudo os resultados acabaram por ser bem melhores do que estaria agrave espera

o obJEtivo a Curto praZo passa pELo tiacute-tuLo naCionaL absoLutoPor acaso esse eacute um tiacutetulo que nunca alcancei Vou comeccedilar a treinar a seacuterio para chegar nas melhores condiccedilotildees ao Campeonato Nacional Absoluto e esse vai ser um bom teste O objetivo eacute estar laacute para ganhar

Quanto agrave proacutexima eacutepoca espero apresentar-me agraves provas em melhor forma do que este ano e que os bons resultados possam aparecer oslash

novembro_Dezembro 2012 OUTDOOR38

wwwgarminpt

ofereccedila um garmin DeSemBruLHara caixa Seraacute Soacute o princiacutepio

este natal ofereccedila emoccedilotildees aventuras para quem viaja ou para os que correm para os que navegam no mar ou escalam montanhas Para os nadadores ou golfistas este natal ofereccedila um garmin

novembro_Dezembro 2012 OUTDOOR40

Por Terra

ORIENTACcedilatildeOhellip DEsPORTO NA NATuREzA

Parque nacional torres del Paine Chile

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Cinco satildeo os sentidos estaacute nos manuais neles reside a possi-bilidade de um maior ou menor contacto da pessoa com aquilo que a rodeia Haacute ainda o sexto sentido aquela perceccedilatildeo extra--sensorial que parece ser mais propriedade das mulheres do que dos homens e que nas con-ceccedilotildees ocultistas estaraacute tam-beacutem sedeado num oacutergatildeo do nosso corpo Figurada ou ob-jetivamente eacute bom que todos eles ndash sem exceccedilatildeo - estejam suficientemente desenvolvi-dos sem isso natildeo haacute sentido de orientaccedilatildeo que aguente

A Orientaccedilatildeo eacute um Desporto recente em Portugal mas tem jaacute mais de 100 anos de existecircncia

enquanto desporto organi-zado Com efeito teraacute sido em Bergen - Noruega no ano de 1897 que se organizou a pri-meira atividade desportiva de Orientaccedilatildeo Os paiacuteses noacuterdicos satildeo ainda hoje aqueles onde a modalidade tem maior implan-taccedilatildeo mobilizando um nuacutemero de praticantes que coloca a

Orientaccedilatildeo entre os cinco des-portos com mais adeptos na Escandinaacutevia A maior prova do mundo realiza-se anual-mente na Sueacutecia os 5 dias da Sueacutecia com um nuacutemero de participantes que jaacute atingiu os 25000

Durante o seacutec XX a modali-dade foi evoluindo ateacute agrave criaccedilatildeo da Federaccedilatildeo Internacional de Orientaccedilatildeo (IOF) que fes-tejou em 2012 o 51ordm aniversaacuterio e veio normalizar mundial-mente as regras competitivas as normas para elaboraccedilatildeo dos mapas e as sinaleacuteticas a usar A Orientaccedilatildeo eacute praticada em quatro disciplinas diferentes Orientaccedilatildeo Pedestre Orien-taccedilatildeo em BTT Orientaccedilatildeo em Ski e Orientaccedilatildeo de Precisatildeo (Orientaccedilatildeo prioritariamente para deficientes motores)

Portugal tem marcado pontos na Orientaccedilatildeo para o desporto adaptado lanccedilando em 2012 a Taccedila de Portugal de Orientaccedilatildeo de Precisatildeo e criando um cir-cuito de Orientaccedilatildeo adaptada vocacionado prioritariamente para a deficiecircncia intelectual e

crianccedilas em idade preacute-escolar que eacute uacutenico no Mundo e que estaacute a ser jaacute implementado pela Espanha

o quE EacutePodemos dizer que a Orien-taccedilatildeo eacute um desporto completo Haacute o aspeto fiacutesico o treino no campo que se aproxima do treino dum atleta de fundo E haacute o aspeto mental que de-sempenha um papel funda-mental a leitura dos mapas o contra-reloacutegiohellip Eacute tambeacutem o desporto de natureza por exce-lecircncia Os orientistas saem dos trilhos balizados para pene-trarem no coraccedilatildeo da floresta Cada dia eacute uma nova aven-tura Daquele que se inicia na Orientaccedilatildeo ao mais consagrado dos praticantes haacute todo um mesmo espiacuterito de liberdade de fazer a sua proacutepria escolha do melhor itineraacuterio No Atle-tismo por exemplo a volta agrave pista teraacute sempre 400 metros quer seja aqui ou no Japatildeo Na Orientaccedilatildeo esta noccedilatildeo de dis-tacircncia tem muito pouco signi-ficado Tanto se pode fazer 10 quiloacutemetros numa hora e meia como em quarenta minutos E

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depois nunca existem duas florestas iguais Eacute o eterno recomeccedilo Na Austraacutelia ou na Suiacuteccedila no Japatildeo ou na Escandinaacutevia eacute necessaacuterio uma adaptaccedilatildeo a cada local natildeo haacute lugar a repeti-ccedilotildeeshellip

Cada corredor possui uma buacutessola e um mapa que contrariamente a um mapa normal conteacutem uma enorme diversidade de detalhes acerca dos seus elementos caracteriacutesticos (relevo do ter-reno vegetaccedilatildeo caminhos elementos rochosos construccedilotildees e muito mais) Os mapas satildeo rea-lizados segundo as normas especiacuteficas da Fede-raccedilatildeo Internacional de Orientaccedilatildeo que tem sede na Finlacircndia Aleacutem da legenda sobre os siacutembolos nele representados existe ainda uma sinaleacutetica

proacutepria que tem a ver com o percurso que o praticante vai realizar nesse evento e que eacute uma linguagem uni-versal

A partir do momento em que se potildee em marcha o cronoacutemetro o orientista deve efe-tuar o seu percurso que eacute marcado no mapa e que eacute cons-tituiacutedo por uma par-tida (representada por um triacircngulo) uma seacuterie de pontos de

passagem obrigatoacuterios (representados por ciacuter-culos) e a chegada (representada no mapa por dois ciacuterculos concecircntricos) Estes pontos satildeo materializados no terreno sob a forma de um prisma triangular denominado por baliza e a passagem deve ser validada por um sistema de ldquopicotagemrdquo manual ou eletroacutenica O objetivo consiste em fazer o percurso na sequecircncia in-dicada o mais rapidamente possiacutevel Mas entre cada ponto de passagem a escolha do itineraacuterio fica ao criteacuterio de cada um

O percurso em linha reta evidentemente nem sempre eacute o mais raacutepido Eacute necessaacuterio jogar com as inflexotildees do terreno os lagos os muros e outros acidenteshellip O tempo gasto a percorrer o traccedilado da corrida depende sobretudo do meio sobre o qual a mesma se desenrola Em terrenos como na Escandinaacutevia onde o relevo eacute mais duro numa mesma distacircncia poderemos gastar quase o dobro do tempo que gastariacuteamos num terreno plano e sem o mesmo tipo de obs-taacuteculos

Por Terra

OUTDOOR Novembro_Dezembro 2012 43

O conhecimento do relevo eacute a parte mais difiacutecil Eacute neces-saacuterio aprender a imaginar um terreno a trecircs dimensotildees sobre o mapa Claro que natildeo eacute apenas isto Para quem tem mais dificuldade em possuir a visatildeo a trecircs dimensotildees esta in-suficiecircncia pode ser compensada com outras qualidades nomeada-mente a atenccedilatildeo Mas nem todos pos-suem igualmente esta capacidade mental Como na generalidade dos desportos eacute neces-saacuteria uma longa aprendizagem onde o treino teacutecnico a vivecircncia de situaccedilotildees mais variadas e o nuacutemero de florestas ldquovisitadasrdquo desempe-nham um papel fundamental Eacute agrave medida que o tempo passa que o orientista aprende a adaptar o seu comportamento a reagir cada vez mais rapidamente e a encontrar as melhores opccedilotildeesO desporto natildeo eacute muito mediatizado e o espiacute-rito da Orientaccedilatildeo eacute o de permanecer livre Eacute um desporto ainda preservado de certas po-leacutemicas ldquodopingrdquo e outros malabarismos daiacute que muitos orientistas digam que natildeo seja mau de todo que ele permaneccedila ldquoconfidencialrdquo

Grandes Competiccedilotildees em 2013

Em 2013 as grandes competiccedilotildees internacio-nais onde Portugal vai querer estar presente

satildeo as seguintes

- Campeonato do Mundo de Juacuteniores ndash Repuacuteblica Checa (29jun-06 de julho) wwwjwoc2013cz

- Campeonato do Mundo Elite ndash Finlacircndia (07-14 jul)

wwwwoc2013fi- Campeonato do Mundo ve-

teranos ndash Itaacutelia (02-10 ago) wwwwmoc2013it

- Campeonato da Europa de Jovens ndash Israel (03 de novembro) wwweyoc2013org

portuGal na alta roda Mas Portugal vai ter brevemente grandes desa-fios pela frente- Em 2013 organiza uma etapa da Taccedila do Mundo de seacuteniores e o Campeonato do Mundo de Vete-ranos de Orientaccedilatildeo em BTT - Costa Alentejana entre 09 e 13 de outubro- Em 2014 organiza em Palmela de 9-14 de abril e em paralelo o Campeonato da Europa de Orientaccedilatildeo Pedestre e o Campeonato da Eu-ropa de Orientaccedilatildeo de Precisatildeo wwweoc2014fpopt

Carnaval o ponto alto Desde 1996 que Portugal realiza a sua prova ra-inha que atrai os melhores especialistas a Por-

Eacute um desporto ainda

preservado de certas poleacutemicas ldquodopingrdquo e outros malabarismos

daiacute que muitos orientistas digam que natildeo seja mau de todo que ele perma-

neccedila ldquoconfiden-cialrdquo

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Por Terratugal Eacute O Portugal Orsquo Meeting que desde 2000 se realiza no Carnaval com a duraccedilatildeo de 4 dias e pontuaacutevel para a liga Mundial de orientaccedilatildeo pedestre nos percursos de Elite Em 2013 Por-tugal vai receber pela primeira vez trecircs eventos pontuaacuteveis para a Liga Mundial02 e 03 de fevereiro ndash Norte Alentejano Orsquo Mee-ting ndash Nisa (wwwnaompt)09ndash12 de fevereiro ndash Portugal Orsquo Meeting ndash Idanha-a-nova (wwwpompt)16 e 17 de fevereiro ndash XIV Meeting de Orien-taccedilatildeo do Centro ndash Pombal (wwwcocpteventos16fev2013)

OrientaccedilatildeO muitO mais dO que um despOr-tOOlhando para a modalidade de uma forma mais transversal podemos enquadraacute-la aleacutem de mo-dalidade desportiva com aacutereas como o Ambien-te a Educaccedilatildeo e as Novas Tecnologias As qua-tro vertentes atraacutes enunciadas reunidas numa soacute tem a ver tambeacutem com solidariedade

Ambiente porque a Orientaccedilatildeo eacute o ldquoDesporto da Florestardquo fazendo de cada praticante um guardiatildeo e um amigo de tatildeo valioso patrimoacutenio Educaccedilatildeo porque eacute uma modalidade onde se aglutinam mateacuterias tatildeo nucleares como a Ma-temaacutetica ou a Geografia e se desenvolvem com-petecircncias como a capacidade de interpretaccedilatildeo ou o poder de decisatildeo por isso ser considerada prioritaacuteria para o Desporto Escolar Novas Tec-nologias porque eacute das modalidades que mais depende dos Meios Informaacuteticos a todos os niacute-veis do controlo de tempos agrave cartografia mais desenvolvida que existe Desporto porque pro-move a atividade fiacutesica e a Sauacutede dirigindo-se de igual forma agravequeles que individualmente a praticam ao niacutevel da alta competiccedilatildeo como agraves crianccedilas ou agraves famiacutelias que vecircm nela uma forma

de promover o seu bem estar fiacutesico e reforccedilar os laccedilos de amizade e convivialidade

E solidariedade porque vive da forccedila que projeta nos seus praticantes

trabalhando desinteressadamente em prol da modalidade em prol do paiacutes

Porque a Orientaccedilatildeo eacute Ambiente eacute Educaccedilatildeo satildeo Novas Tecnolo-gias eacute Desporto Porque a Orien-

taccedilatildeo gera Riqueza e gera Sauacutede Porque a Orientaccedilatildeo eacute de todos e

para todos Interessa a todos Inte-ressa ao Paiacutes Daiacute que eacute urgente que

todos venham experimentar e que descu-bram as belezas deste Paiacutes de mapa na matildeo oslash

Fernando Costa e Joaquim margarido

Olhando para a modali-

dade de uma forma mais transversal po-

demos enquadraacute-la aleacutem de modalidade desportiva

com aacutereas como o Am-biente a Educaccedilatildeo e

as Novas Tecnolo-gias

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Sabe acima de tudo as con-

diccedilotildees que temos e consegue olhar para o

resultado como sen-do bastante meri-

toacuterio

OutdOOr COmO eacute pOssiacutevel algueacutem COm-patibilizar a preparaccedilatildeO enquantO atleta de OrientaccedilatildeO de elite COm as exigecircnCias dum 6ordm anO dO CursO de medi-Cina

diOgO miguel O segredo reside sobretudo na motivaccedilatildeo Toda a gente consegue tirar um curso e fazer desporto e inclusivamente se gos-tar consegue treinar todos os dias Mas se esti-ver motivado o suficiente consegue levantar-se cedo para correr agraves seis da manhatilde estar na Fa-culdade agraves oito e meia sair agraves quatro da tarde e ir treinar outra vez estudar ateacute agraves dez da noite e dormir porque amanhatilde eacute outro dia Eacute preci-so estar-se motivado para abraccedilar esta vida durante o ano inteiro

Haacute quantO tempO eacute que as COisas satildeO levadas assimQuando comecei a fazer Orien-taccedilatildeo natildeo tinha grandes preo-cupaccedilotildees com o treino Durante os anos de faculdade jaacute treinava bastante a seacuterio mas foi haacute dois ou trecircs anos quando comecei a ser treinado pelo Professor Bruno Nazaacuterio que aumentei a carga de trei-no para o bi-diaacuterio A partir daiacute passei a ter o meu tempo totalmente ocupado Satildeo os estaacutegios do Curso o tempo de deslocaccedilatildeo para Hospitais da periferia uma tese para defender Este ano seraacute bastante mais exigente que os anteriores se calhar natildeo vou poder fazer treino bi-diaacuterio todos os dias como gostaria mas ainda assim vou pro-curar treinar duma forma o mais seacuteria possiacutevel e se natildeo puder fazecirc-lo na quantidade desejaacutevel pelo menos na qualidade espero consegui-lo

em 2007 COnquistOu a primeira grande medalHa da OrientaccedilatildeO pOrtuguesa aO sagrar-se CampeatildeO da eurOpa de JOvens

Chama-se Diogo Miguel e eacute aos 23 anos uma das referecircncias da Orientaccedilatildeo Pedestre nacio-nal Campeatildeo Europeu de Jovens em 2007 e Campeatildeo Nacional de Distacircncia Longa em 2009 e 2011 Diogo Miguel reparte o tempo entre a modalidade do seu coraccedilatildeo e as exigecircncias do curso de Medicina que abraccedilou haacute seis anos E foi precisamente por aiacute que a nossa conversa comeccedilou uma conversa onde passado presen-te e futuro se misturam e confundem numa teia de opccedilotildees direccedilotildees desafios e decisotildees Na Orientaccedilatildeo como na Vida

Por Joaquim Margarido

de sprint em eger na Hungria que me-moacuterias guarda dessa JOrnada Haacute CinCO anOs atraacutesGuardo sobretudo as memoacuterias e os amigos Na altura pensaacutemos que a visibilidade que este re-sultado poderia dar agrave Orientaccedilatildeo catapultasse a modalidade e possibilitasse a obtenccedilatildeo de mais apoios mas isso natildeo se veio a verificar pelo me-nos na medida daquilo que seria de esperar

esteve este anO nOs mundiais de lausan-ne COnseguindO O 33ordm lugar na Final a de distacircnCia lOnga que valOr atribui a este seu resultadOAtribuo-lhe um valor elevado ateacute porque foi a primeira vez em dez anos que um portuguecircs foi a uma final A de Distacircncia Longa Cheguei ao fim com a certeza de ter feito o meu melhor e se natildeo tivesse quebrado fisicamente teria fei-to melhor ainda Ou seja com outras condiccedilotildees de treino teria facilmente ficado entre os vinte e cinco primeiros Mas falta bastante cultura des-portiva agrave sociedade portuguesa em geral e se disser a algueacutem que natildeo estaacute familiarizado com a Orientaccedilatildeo que terminei em 33ordm num Campeo-nato do Mundo essa pessoa iraacute pensar ldquoesque-ce eacutes mau natildeo prestasrdquo Mas quem sabe como estas coisas funcionam sabe os sacrifiacutecios que temos que fazer Sabe acima de tudo as condi-ccedilotildees que temos e consegue olhar para o resulta-

do como sendo bastante meritoacuterio

temOs em pOrtugal O apOiO que deviacuteamOs Ou que mereCiacuteamOs

Natildeo Eacute bastante revoltante olhar para outros desportos como eacute o caso do Futebol e termos um Presidente que termina o man-dato agrave frente da Federaccedilatildeo e que se sente orgulhoso por ter deixa-

do um balanccedilo positivo nas contas de muitos milhotildees de euros Mas

satildeo estes precisamente que ainda assim continuam a receber milhotildees e

milhotildees do Instituto Portuguecircs do Desporto e Juventude enquanto outras modalidades lutam pela sobrevivecircncia Acho que somos claramen-te sub-apoiados O desporto em Portugal eacute um espelho da Sociedade Haacute os muito ricos e haacute os muito pobres Os ricos satildeo cada vez mais ricos e os pobres satildeo cada vez mais pobres Eacute a mesma coisa com o desporto

quandO OlHa para Os nOssOs JOvens que pOtenCialidades vecirc neles para COn-seguirem CHegar aOs lugares CimeirOs da OrientaccedilatildeO eurOpeia e mundialTemos alguns jovens com bastante valor prin-

OUTDOOR novembro_Dezembro 2012 37

cipalmente o Luiacutes Silva Trata-se dum atleta que tem um futuro brutal e acho que vai ser sem sombra de duacutevidas o melhor atleta portuguecircs dentro de muito pouco tempo Olhando de for-ma mais aprofundada para estes atletas eacute uma realidade que eles tecircm hoje melhores condiccedilotildees em relaccedilatildeo agravequilo que noacutes tiacutenhamos na altura Basta ver que os atletas jaacute se deslocam com al-guma frequecircncia ao terreno antes das grandes competiccedilotildees coisa que natildeo havia ateacute haacute muito pouco tempo atraacutes E depois haacute os estaacutegios de Seleccedilatildeo Mas deve reconhecer-se que lhes falta o treino fora da competiccedilatildeo Acho que falta al-gum espiacuterito de sacrifiacutecio no treino em casa que eacute o mais importante

o CLubE dE oriEntaccedilatildeo dE EstarrEJa Eacute dEsdE sEMprE o sEu CLubE quE signiFiCa-do tEM para si EstE EMbLEMa E Esta CaMi-soLa quE EnvErgaComecei na Orientaccedilatildeo aos 8 anos e a minha primeira experiecircncia foi no Desporto Escolar na minha terra Canelas uma pequena aldeia do Concelho de Estarreja A essa primeira pro-va seguiu-se uma ldquoQuinzena da Orientaccedilatildeordquo no veratildeo e nunca mais parei Haacute quinze anos que estou ligado a este clube e ele faz parte de mim Poderia dividir a minha vida em dois por um lado a parte profissional da Faculdade e por outro a Orientaccedilatildeo Por estranho que possa pa-recer a parte desportiva natildeo se encontra num plano inferior relativamente agrave parte profissio-nal Ambas as partes se complementam uma agrave outra Portanto a minha ligaccedilatildeo a este clube eacute muito grande satildeo muitos anos satildeo muitas pes-soas e ajudou-me a crescer

aos Miuacutedos quE agora datildeo os priMEiros passos quE ConsELhos dariaO conselho natildeo o daria aos miuacutedos se calhar da-va-o antes aos pais Tanto a escola como o des-porto andam muito ligados Se temos disciplina num acabamos por ter disciplina no outro Natildeo eacute por acaso se olharmos para os atletas de topo a niacutevel nacional todos eles satildeo excelentes es-tudantes e tecircm um futuro profissional bastante promissor Tudo parte de quem educa Eu tenho a sorte de ter uns pais que sempre me educaram bem e que sempre me deram o apoio necessaacuterio para conseguir fazer as duas coisas

E deixaria ainda um conselho mais aos pais o de virem fazer uma prova de Orientaccedilatildeo com os seus filhos Uma das grandes vantagens da Orientaccedilatildeo eacute ser para aleacutem do ldquodesporto da flo-restardquo o ldquodesporto da famiacuteliardquo

dio

go M

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Novembro_Dezembro 2011 OUTDOOR38

EntrevistaConsidEra quE Esta EacutepoCa CorrEu dE aCordo CoM as suas ExpECtativasNa verdade digamos que a eacutepoca estaacute quase agrave beira de comeccedilar Depois do Campeonato do Mundo tirei mais tempo do que era habitual para descansar e tenho estado a fazer pratica-mente soacute manutenccedilatildeo A eacutepoca teve alguns per-calccedilos comecei a treinar na Repuacuteblica Checa e apesar de ter feito muito treino com mapa devi-do agraves questotildees climateacutericas e agraves poucas horas de luz acabei por ter uma carga de treino aqueacutem do desejaacutevel Depois de regressar a Portugal estava a treinar bem mas tive um percalccedilo e lesionei--me num peacute o que me obrigou a uma paragem de um mecircs Isso fez-me perder muito da minha boa forma e acredito que se natildeo fosse isso po-

deria ter chegado muito melhor ao Campeonato do Mundo e aiacute o resultado poderia ter sido outro Apesar de tudo os resultados acabaram por ser bem melhores do que estaria agrave espera

o obJEtivo a Curto praZo passa pELo tiacute-tuLo naCionaL absoLutoPor acaso esse eacute um tiacutetulo que nunca alcancei Vou comeccedilar a treinar a seacuterio para chegar nas melhores condiccedilotildees ao Campeonato Nacional Absoluto e esse vai ser um bom teste O objetivo eacute estar laacute para ganhar

Quanto agrave proacutexima eacutepoca espero apresentar-me agraves provas em melhor forma do que este ano e que os bons resultados possam aparecer oslash

novembro_Dezembro 2012 OUTDOOR38

wwwgarminpt

ofereccedila um garmin DeSemBruLHara caixa Seraacute Soacute o princiacutepio

este natal ofereccedila emoccedilotildees aventuras para quem viaja ou para os que correm para os que navegam no mar ou escalam montanhas Para os nadadores ou golfistas este natal ofereccedila um garmin

novembro_Dezembro 2012 OUTDOOR40

Por Terra

ORIENTACcedilatildeOhellip DEsPORTO NA NATuREzA

Parque nacional torres del Paine Chile

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Cinco satildeo os sentidos estaacute nos manuais neles reside a possi-bilidade de um maior ou menor contacto da pessoa com aquilo que a rodeia Haacute ainda o sexto sentido aquela perceccedilatildeo extra--sensorial que parece ser mais propriedade das mulheres do que dos homens e que nas con-ceccedilotildees ocultistas estaraacute tam-beacutem sedeado num oacutergatildeo do nosso corpo Figurada ou ob-jetivamente eacute bom que todos eles ndash sem exceccedilatildeo - estejam suficientemente desenvolvi-dos sem isso natildeo haacute sentido de orientaccedilatildeo que aguente

A Orientaccedilatildeo eacute um Desporto recente em Portugal mas tem jaacute mais de 100 anos de existecircncia

enquanto desporto organi-zado Com efeito teraacute sido em Bergen - Noruega no ano de 1897 que se organizou a pri-meira atividade desportiva de Orientaccedilatildeo Os paiacuteses noacuterdicos satildeo ainda hoje aqueles onde a modalidade tem maior implan-taccedilatildeo mobilizando um nuacutemero de praticantes que coloca a

Orientaccedilatildeo entre os cinco des-portos com mais adeptos na Escandinaacutevia A maior prova do mundo realiza-se anual-mente na Sueacutecia os 5 dias da Sueacutecia com um nuacutemero de participantes que jaacute atingiu os 25000

Durante o seacutec XX a modali-dade foi evoluindo ateacute agrave criaccedilatildeo da Federaccedilatildeo Internacional de Orientaccedilatildeo (IOF) que fes-tejou em 2012 o 51ordm aniversaacuterio e veio normalizar mundial-mente as regras competitivas as normas para elaboraccedilatildeo dos mapas e as sinaleacuteticas a usar A Orientaccedilatildeo eacute praticada em quatro disciplinas diferentes Orientaccedilatildeo Pedestre Orien-taccedilatildeo em BTT Orientaccedilatildeo em Ski e Orientaccedilatildeo de Precisatildeo (Orientaccedilatildeo prioritariamente para deficientes motores)

Portugal tem marcado pontos na Orientaccedilatildeo para o desporto adaptado lanccedilando em 2012 a Taccedila de Portugal de Orientaccedilatildeo de Precisatildeo e criando um cir-cuito de Orientaccedilatildeo adaptada vocacionado prioritariamente para a deficiecircncia intelectual e

crianccedilas em idade preacute-escolar que eacute uacutenico no Mundo e que estaacute a ser jaacute implementado pela Espanha

o quE EacutePodemos dizer que a Orien-taccedilatildeo eacute um desporto completo Haacute o aspeto fiacutesico o treino no campo que se aproxima do treino dum atleta de fundo E haacute o aspeto mental que de-sempenha um papel funda-mental a leitura dos mapas o contra-reloacutegiohellip Eacute tambeacutem o desporto de natureza por exce-lecircncia Os orientistas saem dos trilhos balizados para pene-trarem no coraccedilatildeo da floresta Cada dia eacute uma nova aven-tura Daquele que se inicia na Orientaccedilatildeo ao mais consagrado dos praticantes haacute todo um mesmo espiacuterito de liberdade de fazer a sua proacutepria escolha do melhor itineraacuterio No Atle-tismo por exemplo a volta agrave pista teraacute sempre 400 metros quer seja aqui ou no Japatildeo Na Orientaccedilatildeo esta noccedilatildeo de dis-tacircncia tem muito pouco signi-ficado Tanto se pode fazer 10 quiloacutemetros numa hora e meia como em quarenta minutos E

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Luz

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novembro_Dezembro 2012 OUTDOOR42

depois nunca existem duas florestas iguais Eacute o eterno recomeccedilo Na Austraacutelia ou na Suiacuteccedila no Japatildeo ou na Escandinaacutevia eacute necessaacuterio uma adaptaccedilatildeo a cada local natildeo haacute lugar a repeti-ccedilotildeeshellip

Cada corredor possui uma buacutessola e um mapa que contrariamente a um mapa normal conteacutem uma enorme diversidade de detalhes acerca dos seus elementos caracteriacutesticos (relevo do ter-reno vegetaccedilatildeo caminhos elementos rochosos construccedilotildees e muito mais) Os mapas satildeo rea-lizados segundo as normas especiacuteficas da Fede-raccedilatildeo Internacional de Orientaccedilatildeo que tem sede na Finlacircndia Aleacutem da legenda sobre os siacutembolos nele representados existe ainda uma sinaleacutetica

proacutepria que tem a ver com o percurso que o praticante vai realizar nesse evento e que eacute uma linguagem uni-versal

A partir do momento em que se potildee em marcha o cronoacutemetro o orientista deve efe-tuar o seu percurso que eacute marcado no mapa e que eacute cons-tituiacutedo por uma par-tida (representada por um triacircngulo) uma seacuterie de pontos de

passagem obrigatoacuterios (representados por ciacuter-culos) e a chegada (representada no mapa por dois ciacuterculos concecircntricos) Estes pontos satildeo materializados no terreno sob a forma de um prisma triangular denominado por baliza e a passagem deve ser validada por um sistema de ldquopicotagemrdquo manual ou eletroacutenica O objetivo consiste em fazer o percurso na sequecircncia in-dicada o mais rapidamente possiacutevel Mas entre cada ponto de passagem a escolha do itineraacuterio fica ao criteacuterio de cada um

O percurso em linha reta evidentemente nem sempre eacute o mais raacutepido Eacute necessaacuterio jogar com as inflexotildees do terreno os lagos os muros e outros acidenteshellip O tempo gasto a percorrer o traccedilado da corrida depende sobretudo do meio sobre o qual a mesma se desenrola Em terrenos como na Escandinaacutevia onde o relevo eacute mais duro numa mesma distacircncia poderemos gastar quase o dobro do tempo que gastariacuteamos num terreno plano e sem o mesmo tipo de obs-taacuteculos

Por Terra

OUTDOOR Novembro_Dezembro 2012 43

O conhecimento do relevo eacute a parte mais difiacutecil Eacute neces-saacuterio aprender a imaginar um terreno a trecircs dimensotildees sobre o mapa Claro que natildeo eacute apenas isto Para quem tem mais dificuldade em possuir a visatildeo a trecircs dimensotildees esta in-suficiecircncia pode ser compensada com outras qualidades nomeada-mente a atenccedilatildeo Mas nem todos pos-suem igualmente esta capacidade mental Como na generalidade dos desportos eacute neces-saacuteria uma longa aprendizagem onde o treino teacutecnico a vivecircncia de situaccedilotildees mais variadas e o nuacutemero de florestas ldquovisitadasrdquo desempe-nham um papel fundamental Eacute agrave medida que o tempo passa que o orientista aprende a adaptar o seu comportamento a reagir cada vez mais rapidamente e a encontrar as melhores opccedilotildeesO desporto natildeo eacute muito mediatizado e o espiacute-rito da Orientaccedilatildeo eacute o de permanecer livre Eacute um desporto ainda preservado de certas po-leacutemicas ldquodopingrdquo e outros malabarismos daiacute que muitos orientistas digam que natildeo seja mau de todo que ele permaneccedila ldquoconfidencialrdquo

Grandes Competiccedilotildees em 2013

Em 2013 as grandes competiccedilotildees internacio-nais onde Portugal vai querer estar presente

satildeo as seguintes

- Campeonato do Mundo de Juacuteniores ndash Repuacuteblica Checa (29jun-06 de julho) wwwjwoc2013cz

- Campeonato do Mundo Elite ndash Finlacircndia (07-14 jul)

wwwwoc2013fi- Campeonato do Mundo ve-

teranos ndash Itaacutelia (02-10 ago) wwwwmoc2013it

- Campeonato da Europa de Jovens ndash Israel (03 de novembro) wwweyoc2013org

portuGal na alta roda Mas Portugal vai ter brevemente grandes desa-fios pela frente- Em 2013 organiza uma etapa da Taccedila do Mundo de seacuteniores e o Campeonato do Mundo de Vete-ranos de Orientaccedilatildeo em BTT - Costa Alentejana entre 09 e 13 de outubro- Em 2014 organiza em Palmela de 9-14 de abril e em paralelo o Campeonato da Europa de Orientaccedilatildeo Pedestre e o Campeonato da Eu-ropa de Orientaccedilatildeo de Precisatildeo wwweoc2014fpopt

Carnaval o ponto alto Desde 1996 que Portugal realiza a sua prova ra-inha que atrai os melhores especialistas a Por-

Eacute um desporto ainda

preservado de certas poleacutemicas ldquodopingrdquo e outros malabarismos

daiacute que muitos orientistas digam que natildeo seja mau de todo que ele perma-

neccedila ldquoconfiden-cialrdquo

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Por Terratugal Eacute O Portugal Orsquo Meeting que desde 2000 se realiza no Carnaval com a duraccedilatildeo de 4 dias e pontuaacutevel para a liga Mundial de orientaccedilatildeo pedestre nos percursos de Elite Em 2013 Por-tugal vai receber pela primeira vez trecircs eventos pontuaacuteveis para a Liga Mundial02 e 03 de fevereiro ndash Norte Alentejano Orsquo Mee-ting ndash Nisa (wwwnaompt)09ndash12 de fevereiro ndash Portugal Orsquo Meeting ndash Idanha-a-nova (wwwpompt)16 e 17 de fevereiro ndash XIV Meeting de Orien-taccedilatildeo do Centro ndash Pombal (wwwcocpteventos16fev2013)

OrientaccedilatildeO muitO mais dO que um despOr-tOOlhando para a modalidade de uma forma mais transversal podemos enquadraacute-la aleacutem de mo-dalidade desportiva com aacutereas como o Ambien-te a Educaccedilatildeo e as Novas Tecnologias As qua-tro vertentes atraacutes enunciadas reunidas numa soacute tem a ver tambeacutem com solidariedade

Ambiente porque a Orientaccedilatildeo eacute o ldquoDesporto da Florestardquo fazendo de cada praticante um guardiatildeo e um amigo de tatildeo valioso patrimoacutenio Educaccedilatildeo porque eacute uma modalidade onde se aglutinam mateacuterias tatildeo nucleares como a Ma-temaacutetica ou a Geografia e se desenvolvem com-petecircncias como a capacidade de interpretaccedilatildeo ou o poder de decisatildeo por isso ser considerada prioritaacuteria para o Desporto Escolar Novas Tec-nologias porque eacute das modalidades que mais depende dos Meios Informaacuteticos a todos os niacute-veis do controlo de tempos agrave cartografia mais desenvolvida que existe Desporto porque pro-move a atividade fiacutesica e a Sauacutede dirigindo-se de igual forma agravequeles que individualmente a praticam ao niacutevel da alta competiccedilatildeo como agraves crianccedilas ou agraves famiacutelias que vecircm nela uma forma

de promover o seu bem estar fiacutesico e reforccedilar os laccedilos de amizade e convivialidade

E solidariedade porque vive da forccedila que projeta nos seus praticantes

trabalhando desinteressadamente em prol da modalidade em prol do paiacutes

Porque a Orientaccedilatildeo eacute Ambiente eacute Educaccedilatildeo satildeo Novas Tecnolo-gias eacute Desporto Porque a Orien-

taccedilatildeo gera Riqueza e gera Sauacutede Porque a Orientaccedilatildeo eacute de todos e

para todos Interessa a todos Inte-ressa ao Paiacutes Daiacute que eacute urgente que

todos venham experimentar e que descu-bram as belezas deste Paiacutes de mapa na matildeo oslash

Fernando Costa e Joaquim margarido

Olhando para a modali-

dade de uma forma mais transversal po-

demos enquadraacute-la aleacutem de modalidade desportiva

com aacutereas como o Am-biente a Educaccedilatildeo e

as Novas Tecnolo-gias

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Setembro_Outubro 2011 OUTDOOR138

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OUTDOOR Setembro_Outubro 2011 139

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Entrevista

Novembro_Dezembro 2012 OUTDOOR36

Sabe acima de tudo as con-

diccedilotildees que temos e consegue olhar para o

resultado como sen-do bastante meri-

toacuterio

OutdOOr COmO eacute pOssiacutevel algueacutem COm-patibilizar a preparaccedilatildeO enquantO atleta de OrientaccedilatildeO de elite COm as exigecircnCias dum 6ordm anO dO CursO de medi-Cina

diOgO miguel O segredo reside sobretudo na motivaccedilatildeo Toda a gente consegue tirar um curso e fazer desporto e inclusivamente se gos-tar consegue treinar todos os dias Mas se esti-ver motivado o suficiente consegue levantar-se cedo para correr agraves seis da manhatilde estar na Fa-culdade agraves oito e meia sair agraves quatro da tarde e ir treinar outra vez estudar ateacute agraves dez da noite e dormir porque amanhatilde eacute outro dia Eacute preci-so estar-se motivado para abraccedilar esta vida durante o ano inteiro

Haacute quantO tempO eacute que as COisas satildeO levadas assimQuando comecei a fazer Orien-taccedilatildeo natildeo tinha grandes preo-cupaccedilotildees com o treino Durante os anos de faculdade jaacute treinava bastante a seacuterio mas foi haacute dois ou trecircs anos quando comecei a ser treinado pelo Professor Bruno Nazaacuterio que aumentei a carga de trei-no para o bi-diaacuterio A partir daiacute passei a ter o meu tempo totalmente ocupado Satildeo os estaacutegios do Curso o tempo de deslocaccedilatildeo para Hospitais da periferia uma tese para defender Este ano seraacute bastante mais exigente que os anteriores se calhar natildeo vou poder fazer treino bi-diaacuterio todos os dias como gostaria mas ainda assim vou pro-curar treinar duma forma o mais seacuteria possiacutevel e se natildeo puder fazecirc-lo na quantidade desejaacutevel pelo menos na qualidade espero consegui-lo

em 2007 COnquistOu a primeira grande medalHa da OrientaccedilatildeO pOrtuguesa aO sagrar-se CampeatildeO da eurOpa de JOvens

Chama-se Diogo Miguel e eacute aos 23 anos uma das referecircncias da Orientaccedilatildeo Pedestre nacio-nal Campeatildeo Europeu de Jovens em 2007 e Campeatildeo Nacional de Distacircncia Longa em 2009 e 2011 Diogo Miguel reparte o tempo entre a modalidade do seu coraccedilatildeo e as exigecircncias do curso de Medicina que abraccedilou haacute seis anos E foi precisamente por aiacute que a nossa conversa comeccedilou uma conversa onde passado presen-te e futuro se misturam e confundem numa teia de opccedilotildees direccedilotildees desafios e decisotildees Na Orientaccedilatildeo como na Vida

Por Joaquim Margarido

de sprint em eger na Hungria que me-moacuterias guarda dessa JOrnada Haacute CinCO anOs atraacutesGuardo sobretudo as memoacuterias e os amigos Na altura pensaacutemos que a visibilidade que este re-sultado poderia dar agrave Orientaccedilatildeo catapultasse a modalidade e possibilitasse a obtenccedilatildeo de mais apoios mas isso natildeo se veio a verificar pelo me-nos na medida daquilo que seria de esperar

esteve este anO nOs mundiais de lausan-ne COnseguindO O 33ordm lugar na Final a de distacircnCia lOnga que valOr atribui a este seu resultadOAtribuo-lhe um valor elevado ateacute porque foi a primeira vez em dez anos que um portuguecircs foi a uma final A de Distacircncia Longa Cheguei ao fim com a certeza de ter feito o meu melhor e se natildeo tivesse quebrado fisicamente teria fei-to melhor ainda Ou seja com outras condiccedilotildees de treino teria facilmente ficado entre os vinte e cinco primeiros Mas falta bastante cultura des-portiva agrave sociedade portuguesa em geral e se disser a algueacutem que natildeo estaacute familiarizado com a Orientaccedilatildeo que terminei em 33ordm num Campeo-nato do Mundo essa pessoa iraacute pensar ldquoesque-ce eacutes mau natildeo prestasrdquo Mas quem sabe como estas coisas funcionam sabe os sacrifiacutecios que temos que fazer Sabe acima de tudo as condi-ccedilotildees que temos e consegue olhar para o resulta-

do como sendo bastante meritoacuterio

temOs em pOrtugal O apOiO que deviacuteamOs Ou que mereCiacuteamOs

Natildeo Eacute bastante revoltante olhar para outros desportos como eacute o caso do Futebol e termos um Presidente que termina o man-dato agrave frente da Federaccedilatildeo e que se sente orgulhoso por ter deixa-

do um balanccedilo positivo nas contas de muitos milhotildees de euros Mas

satildeo estes precisamente que ainda assim continuam a receber milhotildees e

milhotildees do Instituto Portuguecircs do Desporto e Juventude enquanto outras modalidades lutam pela sobrevivecircncia Acho que somos claramen-te sub-apoiados O desporto em Portugal eacute um espelho da Sociedade Haacute os muito ricos e haacute os muito pobres Os ricos satildeo cada vez mais ricos e os pobres satildeo cada vez mais pobres Eacute a mesma coisa com o desporto

quandO OlHa para Os nOssOs JOvens que pOtenCialidades vecirc neles para COn-seguirem CHegar aOs lugares CimeirOs da OrientaccedilatildeO eurOpeia e mundialTemos alguns jovens com bastante valor prin-

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cipalmente o Luiacutes Silva Trata-se dum atleta que tem um futuro brutal e acho que vai ser sem sombra de duacutevidas o melhor atleta portuguecircs dentro de muito pouco tempo Olhando de for-ma mais aprofundada para estes atletas eacute uma realidade que eles tecircm hoje melhores condiccedilotildees em relaccedilatildeo agravequilo que noacutes tiacutenhamos na altura Basta ver que os atletas jaacute se deslocam com al-guma frequecircncia ao terreno antes das grandes competiccedilotildees coisa que natildeo havia ateacute haacute muito pouco tempo atraacutes E depois haacute os estaacutegios de Seleccedilatildeo Mas deve reconhecer-se que lhes falta o treino fora da competiccedilatildeo Acho que falta al-gum espiacuterito de sacrifiacutecio no treino em casa que eacute o mais importante

o CLubE dE oriEntaccedilatildeo dE EstarrEJa Eacute dEsdE sEMprE o sEu CLubE quE signiFiCa-do tEM para si EstE EMbLEMa E Esta CaMi-soLa quE EnvErgaComecei na Orientaccedilatildeo aos 8 anos e a minha primeira experiecircncia foi no Desporto Escolar na minha terra Canelas uma pequena aldeia do Concelho de Estarreja A essa primeira pro-va seguiu-se uma ldquoQuinzena da Orientaccedilatildeordquo no veratildeo e nunca mais parei Haacute quinze anos que estou ligado a este clube e ele faz parte de mim Poderia dividir a minha vida em dois por um lado a parte profissional da Faculdade e por outro a Orientaccedilatildeo Por estranho que possa pa-recer a parte desportiva natildeo se encontra num plano inferior relativamente agrave parte profissio-nal Ambas as partes se complementam uma agrave outra Portanto a minha ligaccedilatildeo a este clube eacute muito grande satildeo muitos anos satildeo muitas pes-soas e ajudou-me a crescer

aos Miuacutedos quE agora datildeo os priMEiros passos quE ConsELhos dariaO conselho natildeo o daria aos miuacutedos se calhar da-va-o antes aos pais Tanto a escola como o des-porto andam muito ligados Se temos disciplina num acabamos por ter disciplina no outro Natildeo eacute por acaso se olharmos para os atletas de topo a niacutevel nacional todos eles satildeo excelentes es-tudantes e tecircm um futuro profissional bastante promissor Tudo parte de quem educa Eu tenho a sorte de ter uns pais que sempre me educaram bem e que sempre me deram o apoio necessaacuterio para conseguir fazer as duas coisas

E deixaria ainda um conselho mais aos pais o de virem fazer uma prova de Orientaccedilatildeo com os seus filhos Uma das grandes vantagens da Orientaccedilatildeo eacute ser para aleacutem do ldquodesporto da flo-restardquo o ldquodesporto da famiacuteliardquo

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EntrevistaConsidEra quE Esta EacutepoCa CorrEu dE aCordo CoM as suas ExpECtativasNa verdade digamos que a eacutepoca estaacute quase agrave beira de comeccedilar Depois do Campeonato do Mundo tirei mais tempo do que era habitual para descansar e tenho estado a fazer pratica-mente soacute manutenccedilatildeo A eacutepoca teve alguns per-calccedilos comecei a treinar na Repuacuteblica Checa e apesar de ter feito muito treino com mapa devi-do agraves questotildees climateacutericas e agraves poucas horas de luz acabei por ter uma carga de treino aqueacutem do desejaacutevel Depois de regressar a Portugal estava a treinar bem mas tive um percalccedilo e lesionei--me num peacute o que me obrigou a uma paragem de um mecircs Isso fez-me perder muito da minha boa forma e acredito que se natildeo fosse isso po-

deria ter chegado muito melhor ao Campeonato do Mundo e aiacute o resultado poderia ter sido outro Apesar de tudo os resultados acabaram por ser bem melhores do que estaria agrave espera

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Quanto agrave proacutexima eacutepoca espero apresentar-me agraves provas em melhor forma do que este ano e que os bons resultados possam aparecer oslash

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ORIENTACcedilatildeOhellip DEsPORTO NA NATuREzA

Parque nacional torres del Paine Chile

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A Orientaccedilatildeo eacute um Desporto recente em Portugal mas tem jaacute mais de 100 anos de existecircncia

enquanto desporto organi-zado Com efeito teraacute sido em Bergen - Noruega no ano de 1897 que se organizou a pri-meira atividade desportiva de Orientaccedilatildeo Os paiacuteses noacuterdicos satildeo ainda hoje aqueles onde a modalidade tem maior implan-taccedilatildeo mobilizando um nuacutemero de praticantes que coloca a

Orientaccedilatildeo entre os cinco des-portos com mais adeptos na Escandinaacutevia A maior prova do mundo realiza-se anual-mente na Sueacutecia os 5 dias da Sueacutecia com um nuacutemero de participantes que jaacute atingiu os 25000

Durante o seacutec XX a modali-dade foi evoluindo ateacute agrave criaccedilatildeo da Federaccedilatildeo Internacional de Orientaccedilatildeo (IOF) que fes-tejou em 2012 o 51ordm aniversaacuterio e veio normalizar mundial-mente as regras competitivas as normas para elaboraccedilatildeo dos mapas e as sinaleacuteticas a usar A Orientaccedilatildeo eacute praticada em quatro disciplinas diferentes Orientaccedilatildeo Pedestre Orien-taccedilatildeo em BTT Orientaccedilatildeo em Ski e Orientaccedilatildeo de Precisatildeo (Orientaccedilatildeo prioritariamente para deficientes motores)

Portugal tem marcado pontos na Orientaccedilatildeo para o desporto adaptado lanccedilando em 2012 a Taccedila de Portugal de Orientaccedilatildeo de Precisatildeo e criando um cir-cuito de Orientaccedilatildeo adaptada vocacionado prioritariamente para a deficiecircncia intelectual e

crianccedilas em idade preacute-escolar que eacute uacutenico no Mundo e que estaacute a ser jaacute implementado pela Espanha

o quE EacutePodemos dizer que a Orien-taccedilatildeo eacute um desporto completo Haacute o aspeto fiacutesico o treino no campo que se aproxima do treino dum atleta de fundo E haacute o aspeto mental que de-sempenha um papel funda-mental a leitura dos mapas o contra-reloacutegiohellip Eacute tambeacutem o desporto de natureza por exce-lecircncia Os orientistas saem dos trilhos balizados para pene-trarem no coraccedilatildeo da floresta Cada dia eacute uma nova aven-tura Daquele que se inicia na Orientaccedilatildeo ao mais consagrado dos praticantes haacute todo um mesmo espiacuterito de liberdade de fazer a sua proacutepria escolha do melhor itineraacuterio No Atle-tismo por exemplo a volta agrave pista teraacute sempre 400 metros quer seja aqui ou no Japatildeo Na Orientaccedilatildeo esta noccedilatildeo de dis-tacircncia tem muito pouco signi-ficado Tanto se pode fazer 10 quiloacutemetros numa hora e meia como em quarenta minutos E

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depois nunca existem duas florestas iguais Eacute o eterno recomeccedilo Na Austraacutelia ou na Suiacuteccedila no Japatildeo ou na Escandinaacutevia eacute necessaacuterio uma adaptaccedilatildeo a cada local natildeo haacute lugar a repeti-ccedilotildeeshellip

Cada corredor possui uma buacutessola e um mapa que contrariamente a um mapa normal conteacutem uma enorme diversidade de detalhes acerca dos seus elementos caracteriacutesticos (relevo do ter-reno vegetaccedilatildeo caminhos elementos rochosos construccedilotildees e muito mais) Os mapas satildeo rea-lizados segundo as normas especiacuteficas da Fede-raccedilatildeo Internacional de Orientaccedilatildeo que tem sede na Finlacircndia Aleacutem da legenda sobre os siacutembolos nele representados existe ainda uma sinaleacutetica

proacutepria que tem a ver com o percurso que o praticante vai realizar nesse evento e que eacute uma linguagem uni-versal

A partir do momento em que se potildee em marcha o cronoacutemetro o orientista deve efe-tuar o seu percurso que eacute marcado no mapa e que eacute cons-tituiacutedo por uma par-tida (representada por um triacircngulo) uma seacuterie de pontos de

passagem obrigatoacuterios (representados por ciacuter-culos) e a chegada (representada no mapa por dois ciacuterculos concecircntricos) Estes pontos satildeo materializados no terreno sob a forma de um prisma triangular denominado por baliza e a passagem deve ser validada por um sistema de ldquopicotagemrdquo manual ou eletroacutenica O objetivo consiste em fazer o percurso na sequecircncia in-dicada o mais rapidamente possiacutevel Mas entre cada ponto de passagem a escolha do itineraacuterio fica ao criteacuterio de cada um

O percurso em linha reta evidentemente nem sempre eacute o mais raacutepido Eacute necessaacuterio jogar com as inflexotildees do terreno os lagos os muros e outros acidenteshellip O tempo gasto a percorrer o traccedilado da corrida depende sobretudo do meio sobre o qual a mesma se desenrola Em terrenos como na Escandinaacutevia onde o relevo eacute mais duro numa mesma distacircncia poderemos gastar quase o dobro do tempo que gastariacuteamos num terreno plano e sem o mesmo tipo de obs-taacuteculos

Por Terra

OUTDOOR Novembro_Dezembro 2012 43

O conhecimento do relevo eacute a parte mais difiacutecil Eacute neces-saacuterio aprender a imaginar um terreno a trecircs dimensotildees sobre o mapa Claro que natildeo eacute apenas isto Para quem tem mais dificuldade em possuir a visatildeo a trecircs dimensotildees esta in-suficiecircncia pode ser compensada com outras qualidades nomeada-mente a atenccedilatildeo Mas nem todos pos-suem igualmente esta capacidade mental Como na generalidade dos desportos eacute neces-saacuteria uma longa aprendizagem onde o treino teacutecnico a vivecircncia de situaccedilotildees mais variadas e o nuacutemero de florestas ldquovisitadasrdquo desempe-nham um papel fundamental Eacute agrave medida que o tempo passa que o orientista aprende a adaptar o seu comportamento a reagir cada vez mais rapidamente e a encontrar as melhores opccedilotildeesO desporto natildeo eacute muito mediatizado e o espiacute-rito da Orientaccedilatildeo eacute o de permanecer livre Eacute um desporto ainda preservado de certas po-leacutemicas ldquodopingrdquo e outros malabarismos daiacute que muitos orientistas digam que natildeo seja mau de todo que ele permaneccedila ldquoconfidencialrdquo

Grandes Competiccedilotildees em 2013

Em 2013 as grandes competiccedilotildees internacio-nais onde Portugal vai querer estar presente

satildeo as seguintes

- Campeonato do Mundo de Juacuteniores ndash Repuacuteblica Checa (29jun-06 de julho) wwwjwoc2013cz

- Campeonato do Mundo Elite ndash Finlacircndia (07-14 jul)

wwwwoc2013fi- Campeonato do Mundo ve-

teranos ndash Itaacutelia (02-10 ago) wwwwmoc2013it

- Campeonato da Europa de Jovens ndash Israel (03 de novembro) wwweyoc2013org

portuGal na alta roda Mas Portugal vai ter brevemente grandes desa-fios pela frente- Em 2013 organiza uma etapa da Taccedila do Mundo de seacuteniores e o Campeonato do Mundo de Vete-ranos de Orientaccedilatildeo em BTT - Costa Alentejana entre 09 e 13 de outubro- Em 2014 organiza em Palmela de 9-14 de abril e em paralelo o Campeonato da Europa de Orientaccedilatildeo Pedestre e o Campeonato da Eu-ropa de Orientaccedilatildeo de Precisatildeo wwweoc2014fpopt

Carnaval o ponto alto Desde 1996 que Portugal realiza a sua prova ra-inha que atrai os melhores especialistas a Por-

Eacute um desporto ainda

preservado de certas poleacutemicas ldquodopingrdquo e outros malabarismos

daiacute que muitos orientistas digam que natildeo seja mau de todo que ele perma-

neccedila ldquoconfiden-cialrdquo

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Por Terratugal Eacute O Portugal Orsquo Meeting que desde 2000 se realiza no Carnaval com a duraccedilatildeo de 4 dias e pontuaacutevel para a liga Mundial de orientaccedilatildeo pedestre nos percursos de Elite Em 2013 Por-tugal vai receber pela primeira vez trecircs eventos pontuaacuteveis para a Liga Mundial02 e 03 de fevereiro ndash Norte Alentejano Orsquo Mee-ting ndash Nisa (wwwnaompt)09ndash12 de fevereiro ndash Portugal Orsquo Meeting ndash Idanha-a-nova (wwwpompt)16 e 17 de fevereiro ndash XIV Meeting de Orien-taccedilatildeo do Centro ndash Pombal (wwwcocpteventos16fev2013)

OrientaccedilatildeO muitO mais dO que um despOr-tOOlhando para a modalidade de uma forma mais transversal podemos enquadraacute-la aleacutem de mo-dalidade desportiva com aacutereas como o Ambien-te a Educaccedilatildeo e as Novas Tecnologias As qua-tro vertentes atraacutes enunciadas reunidas numa soacute tem a ver tambeacutem com solidariedade

Ambiente porque a Orientaccedilatildeo eacute o ldquoDesporto da Florestardquo fazendo de cada praticante um guardiatildeo e um amigo de tatildeo valioso patrimoacutenio Educaccedilatildeo porque eacute uma modalidade onde se aglutinam mateacuterias tatildeo nucleares como a Ma-temaacutetica ou a Geografia e se desenvolvem com-petecircncias como a capacidade de interpretaccedilatildeo ou o poder de decisatildeo por isso ser considerada prioritaacuteria para o Desporto Escolar Novas Tec-nologias porque eacute das modalidades que mais depende dos Meios Informaacuteticos a todos os niacute-veis do controlo de tempos agrave cartografia mais desenvolvida que existe Desporto porque pro-move a atividade fiacutesica e a Sauacutede dirigindo-se de igual forma agravequeles que individualmente a praticam ao niacutevel da alta competiccedilatildeo como agraves crianccedilas ou agraves famiacutelias que vecircm nela uma forma

de promover o seu bem estar fiacutesico e reforccedilar os laccedilos de amizade e convivialidade

E solidariedade porque vive da forccedila que projeta nos seus praticantes

trabalhando desinteressadamente em prol da modalidade em prol do paiacutes

Porque a Orientaccedilatildeo eacute Ambiente eacute Educaccedilatildeo satildeo Novas Tecnolo-gias eacute Desporto Porque a Orien-

taccedilatildeo gera Riqueza e gera Sauacutede Porque a Orientaccedilatildeo eacute de todos e

para todos Interessa a todos Inte-ressa ao Paiacutes Daiacute que eacute urgente que

todos venham experimentar e que descu-bram as belezas deste Paiacutes de mapa na matildeo oslash

Fernando Costa e Joaquim margarido

Olhando para a modali-

dade de uma forma mais transversal po-

demos enquadraacute-la aleacutem de modalidade desportiva

com aacutereas como o Am-biente a Educaccedilatildeo e

as Novas Tecnolo-gias

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cipalmente o Luiacutes Silva Trata-se dum atleta que tem um futuro brutal e acho que vai ser sem sombra de duacutevidas o melhor atleta portuguecircs dentro de muito pouco tempo Olhando de for-ma mais aprofundada para estes atletas eacute uma realidade que eles tecircm hoje melhores condiccedilotildees em relaccedilatildeo agravequilo que noacutes tiacutenhamos na altura Basta ver que os atletas jaacute se deslocam com al-guma frequecircncia ao terreno antes das grandes competiccedilotildees coisa que natildeo havia ateacute haacute muito pouco tempo atraacutes E depois haacute os estaacutegios de Seleccedilatildeo Mas deve reconhecer-se que lhes falta o treino fora da competiccedilatildeo Acho que falta al-gum espiacuterito de sacrifiacutecio no treino em casa que eacute o mais importante

o CLubE dE oriEntaccedilatildeo dE EstarrEJa Eacute dEsdE sEMprE o sEu CLubE quE signiFiCa-do tEM para si EstE EMbLEMa E Esta CaMi-soLa quE EnvErgaComecei na Orientaccedilatildeo aos 8 anos e a minha primeira experiecircncia foi no Desporto Escolar na minha terra Canelas uma pequena aldeia do Concelho de Estarreja A essa primeira pro-va seguiu-se uma ldquoQuinzena da Orientaccedilatildeordquo no veratildeo e nunca mais parei Haacute quinze anos que estou ligado a este clube e ele faz parte de mim Poderia dividir a minha vida em dois por um lado a parte profissional da Faculdade e por outro a Orientaccedilatildeo Por estranho que possa pa-recer a parte desportiva natildeo se encontra num plano inferior relativamente agrave parte profissio-nal Ambas as partes se complementam uma agrave outra Portanto a minha ligaccedilatildeo a este clube eacute muito grande satildeo muitos anos satildeo muitas pes-soas e ajudou-me a crescer

aos Miuacutedos quE agora datildeo os priMEiros passos quE ConsELhos dariaO conselho natildeo o daria aos miuacutedos se calhar da-va-o antes aos pais Tanto a escola como o des-porto andam muito ligados Se temos disciplina num acabamos por ter disciplina no outro Natildeo eacute por acaso se olharmos para os atletas de topo a niacutevel nacional todos eles satildeo excelentes es-tudantes e tecircm um futuro profissional bastante promissor Tudo parte de quem educa Eu tenho a sorte de ter uns pais que sempre me educaram bem e que sempre me deram o apoio necessaacuterio para conseguir fazer as duas coisas

E deixaria ainda um conselho mais aos pais o de virem fazer uma prova de Orientaccedilatildeo com os seus filhos Uma das grandes vantagens da Orientaccedilatildeo eacute ser para aleacutem do ldquodesporto da flo-restardquo o ldquodesporto da famiacuteliardquo

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EntrevistaConsidEra quE Esta EacutepoCa CorrEu dE aCordo CoM as suas ExpECtativasNa verdade digamos que a eacutepoca estaacute quase agrave beira de comeccedilar Depois do Campeonato do Mundo tirei mais tempo do que era habitual para descansar e tenho estado a fazer pratica-mente soacute manutenccedilatildeo A eacutepoca teve alguns per-calccedilos comecei a treinar na Repuacuteblica Checa e apesar de ter feito muito treino com mapa devi-do agraves questotildees climateacutericas e agraves poucas horas de luz acabei por ter uma carga de treino aqueacutem do desejaacutevel Depois de regressar a Portugal estava a treinar bem mas tive um percalccedilo e lesionei--me num peacute o que me obrigou a uma paragem de um mecircs Isso fez-me perder muito da minha boa forma e acredito que se natildeo fosse isso po-

deria ter chegado muito melhor ao Campeonato do Mundo e aiacute o resultado poderia ter sido outro Apesar de tudo os resultados acabaram por ser bem melhores do que estaria agrave espera

o obJEtivo a Curto praZo passa pELo tiacute-tuLo naCionaL absoLutoPor acaso esse eacute um tiacutetulo que nunca alcancei Vou comeccedilar a treinar a seacuterio para chegar nas melhores condiccedilotildees ao Campeonato Nacional Absoluto e esse vai ser um bom teste O objetivo eacute estar laacute para ganhar

Quanto agrave proacutexima eacutepoca espero apresentar-me agraves provas em melhor forma do que este ano e que os bons resultados possam aparecer oslash

novembro_Dezembro 2012 OUTDOOR38

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este natal ofereccedila emoccedilotildees aventuras para quem viaja ou para os que correm para os que navegam no mar ou escalam montanhas Para os nadadores ou golfistas este natal ofereccedila um garmin

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ORIENTACcedilatildeOhellip DEsPORTO NA NATuREzA

Parque nacional torres del Paine Chile

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Cinco satildeo os sentidos estaacute nos manuais neles reside a possi-bilidade de um maior ou menor contacto da pessoa com aquilo que a rodeia Haacute ainda o sexto sentido aquela perceccedilatildeo extra--sensorial que parece ser mais propriedade das mulheres do que dos homens e que nas con-ceccedilotildees ocultistas estaraacute tam-beacutem sedeado num oacutergatildeo do nosso corpo Figurada ou ob-jetivamente eacute bom que todos eles ndash sem exceccedilatildeo - estejam suficientemente desenvolvi-dos sem isso natildeo haacute sentido de orientaccedilatildeo que aguente

A Orientaccedilatildeo eacute um Desporto recente em Portugal mas tem jaacute mais de 100 anos de existecircncia

enquanto desporto organi-zado Com efeito teraacute sido em Bergen - Noruega no ano de 1897 que se organizou a pri-meira atividade desportiva de Orientaccedilatildeo Os paiacuteses noacuterdicos satildeo ainda hoje aqueles onde a modalidade tem maior implan-taccedilatildeo mobilizando um nuacutemero de praticantes que coloca a

Orientaccedilatildeo entre os cinco des-portos com mais adeptos na Escandinaacutevia A maior prova do mundo realiza-se anual-mente na Sueacutecia os 5 dias da Sueacutecia com um nuacutemero de participantes que jaacute atingiu os 25000

Durante o seacutec XX a modali-dade foi evoluindo ateacute agrave criaccedilatildeo da Federaccedilatildeo Internacional de Orientaccedilatildeo (IOF) que fes-tejou em 2012 o 51ordm aniversaacuterio e veio normalizar mundial-mente as regras competitivas as normas para elaboraccedilatildeo dos mapas e as sinaleacuteticas a usar A Orientaccedilatildeo eacute praticada em quatro disciplinas diferentes Orientaccedilatildeo Pedestre Orien-taccedilatildeo em BTT Orientaccedilatildeo em Ski e Orientaccedilatildeo de Precisatildeo (Orientaccedilatildeo prioritariamente para deficientes motores)

Portugal tem marcado pontos na Orientaccedilatildeo para o desporto adaptado lanccedilando em 2012 a Taccedila de Portugal de Orientaccedilatildeo de Precisatildeo e criando um cir-cuito de Orientaccedilatildeo adaptada vocacionado prioritariamente para a deficiecircncia intelectual e

crianccedilas em idade preacute-escolar que eacute uacutenico no Mundo e que estaacute a ser jaacute implementado pela Espanha

o quE EacutePodemos dizer que a Orien-taccedilatildeo eacute um desporto completo Haacute o aspeto fiacutesico o treino no campo que se aproxima do treino dum atleta de fundo E haacute o aspeto mental que de-sempenha um papel funda-mental a leitura dos mapas o contra-reloacutegiohellip Eacute tambeacutem o desporto de natureza por exce-lecircncia Os orientistas saem dos trilhos balizados para pene-trarem no coraccedilatildeo da floresta Cada dia eacute uma nova aven-tura Daquele que se inicia na Orientaccedilatildeo ao mais consagrado dos praticantes haacute todo um mesmo espiacuterito de liberdade de fazer a sua proacutepria escolha do melhor itineraacuterio No Atle-tismo por exemplo a volta agrave pista teraacute sempre 400 metros quer seja aqui ou no Japatildeo Na Orientaccedilatildeo esta noccedilatildeo de dis-tacircncia tem muito pouco signi-ficado Tanto se pode fazer 10 quiloacutemetros numa hora e meia como em quarenta minutos E

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depois nunca existem duas florestas iguais Eacute o eterno recomeccedilo Na Austraacutelia ou na Suiacuteccedila no Japatildeo ou na Escandinaacutevia eacute necessaacuterio uma adaptaccedilatildeo a cada local natildeo haacute lugar a repeti-ccedilotildeeshellip

Cada corredor possui uma buacutessola e um mapa que contrariamente a um mapa normal conteacutem uma enorme diversidade de detalhes acerca dos seus elementos caracteriacutesticos (relevo do ter-reno vegetaccedilatildeo caminhos elementos rochosos construccedilotildees e muito mais) Os mapas satildeo rea-lizados segundo as normas especiacuteficas da Fede-raccedilatildeo Internacional de Orientaccedilatildeo que tem sede na Finlacircndia Aleacutem da legenda sobre os siacutembolos nele representados existe ainda uma sinaleacutetica

proacutepria que tem a ver com o percurso que o praticante vai realizar nesse evento e que eacute uma linguagem uni-versal

A partir do momento em que se potildee em marcha o cronoacutemetro o orientista deve efe-tuar o seu percurso que eacute marcado no mapa e que eacute cons-tituiacutedo por uma par-tida (representada por um triacircngulo) uma seacuterie de pontos de

passagem obrigatoacuterios (representados por ciacuter-culos) e a chegada (representada no mapa por dois ciacuterculos concecircntricos) Estes pontos satildeo materializados no terreno sob a forma de um prisma triangular denominado por baliza e a passagem deve ser validada por um sistema de ldquopicotagemrdquo manual ou eletroacutenica O objetivo consiste em fazer o percurso na sequecircncia in-dicada o mais rapidamente possiacutevel Mas entre cada ponto de passagem a escolha do itineraacuterio fica ao criteacuterio de cada um

O percurso em linha reta evidentemente nem sempre eacute o mais raacutepido Eacute necessaacuterio jogar com as inflexotildees do terreno os lagos os muros e outros acidenteshellip O tempo gasto a percorrer o traccedilado da corrida depende sobretudo do meio sobre o qual a mesma se desenrola Em terrenos como na Escandinaacutevia onde o relevo eacute mais duro numa mesma distacircncia poderemos gastar quase o dobro do tempo que gastariacuteamos num terreno plano e sem o mesmo tipo de obs-taacuteculos

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O conhecimento do relevo eacute a parte mais difiacutecil Eacute neces-saacuterio aprender a imaginar um terreno a trecircs dimensotildees sobre o mapa Claro que natildeo eacute apenas isto Para quem tem mais dificuldade em possuir a visatildeo a trecircs dimensotildees esta in-suficiecircncia pode ser compensada com outras qualidades nomeada-mente a atenccedilatildeo Mas nem todos pos-suem igualmente esta capacidade mental Como na generalidade dos desportos eacute neces-saacuteria uma longa aprendizagem onde o treino teacutecnico a vivecircncia de situaccedilotildees mais variadas e o nuacutemero de florestas ldquovisitadasrdquo desempe-nham um papel fundamental Eacute agrave medida que o tempo passa que o orientista aprende a adaptar o seu comportamento a reagir cada vez mais rapidamente e a encontrar as melhores opccedilotildeesO desporto natildeo eacute muito mediatizado e o espiacute-rito da Orientaccedilatildeo eacute o de permanecer livre Eacute um desporto ainda preservado de certas po-leacutemicas ldquodopingrdquo e outros malabarismos daiacute que muitos orientistas digam que natildeo seja mau de todo que ele permaneccedila ldquoconfidencialrdquo

Grandes Competiccedilotildees em 2013

Em 2013 as grandes competiccedilotildees internacio-nais onde Portugal vai querer estar presente

satildeo as seguintes

- Campeonato do Mundo de Juacuteniores ndash Repuacuteblica Checa (29jun-06 de julho) wwwjwoc2013cz

- Campeonato do Mundo Elite ndash Finlacircndia (07-14 jul)

wwwwoc2013fi- Campeonato do Mundo ve-

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Carnaval o ponto alto Desde 1996 que Portugal realiza a sua prova ra-inha que atrai os melhores especialistas a Por-

Eacute um desporto ainda

preservado de certas poleacutemicas ldquodopingrdquo e outros malabarismos

daiacute que muitos orientistas digam que natildeo seja mau de todo que ele perma-

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Por Terratugal Eacute O Portugal Orsquo Meeting que desde 2000 se realiza no Carnaval com a duraccedilatildeo de 4 dias e pontuaacutevel para a liga Mundial de orientaccedilatildeo pedestre nos percursos de Elite Em 2013 Por-tugal vai receber pela primeira vez trecircs eventos pontuaacuteveis para a Liga Mundial02 e 03 de fevereiro ndash Norte Alentejano Orsquo Mee-ting ndash Nisa (wwwnaompt)09ndash12 de fevereiro ndash Portugal Orsquo Meeting ndash Idanha-a-nova (wwwpompt)16 e 17 de fevereiro ndash XIV Meeting de Orien-taccedilatildeo do Centro ndash Pombal (wwwcocpteventos16fev2013)

OrientaccedilatildeO muitO mais dO que um despOr-tOOlhando para a modalidade de uma forma mais transversal podemos enquadraacute-la aleacutem de mo-dalidade desportiva com aacutereas como o Ambien-te a Educaccedilatildeo e as Novas Tecnologias As qua-tro vertentes atraacutes enunciadas reunidas numa soacute tem a ver tambeacutem com solidariedade

Ambiente porque a Orientaccedilatildeo eacute o ldquoDesporto da Florestardquo fazendo de cada praticante um guardiatildeo e um amigo de tatildeo valioso patrimoacutenio Educaccedilatildeo porque eacute uma modalidade onde se aglutinam mateacuterias tatildeo nucleares como a Ma-temaacutetica ou a Geografia e se desenvolvem com-petecircncias como a capacidade de interpretaccedilatildeo ou o poder de decisatildeo por isso ser considerada prioritaacuteria para o Desporto Escolar Novas Tec-nologias porque eacute das modalidades que mais depende dos Meios Informaacuteticos a todos os niacute-veis do controlo de tempos agrave cartografia mais desenvolvida que existe Desporto porque pro-move a atividade fiacutesica e a Sauacutede dirigindo-se de igual forma agravequeles que individualmente a praticam ao niacutevel da alta competiccedilatildeo como agraves crianccedilas ou agraves famiacutelias que vecircm nela uma forma

de promover o seu bem estar fiacutesico e reforccedilar os laccedilos de amizade e convivialidade

E solidariedade porque vive da forccedila que projeta nos seus praticantes

trabalhando desinteressadamente em prol da modalidade em prol do paiacutes

Porque a Orientaccedilatildeo eacute Ambiente eacute Educaccedilatildeo satildeo Novas Tecnolo-gias eacute Desporto Porque a Orien-

taccedilatildeo gera Riqueza e gera Sauacutede Porque a Orientaccedilatildeo eacute de todos e

para todos Interessa a todos Inte-ressa ao Paiacutes Daiacute que eacute urgente que

todos venham experimentar e que descu-bram as belezas deste Paiacutes de mapa na matildeo oslash

Fernando Costa e Joaquim margarido

Olhando para a modali-

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EntrevistaConsidEra quE Esta EacutepoCa CorrEu dE aCordo CoM as suas ExpECtativasNa verdade digamos que a eacutepoca estaacute quase agrave beira de comeccedilar Depois do Campeonato do Mundo tirei mais tempo do que era habitual para descansar e tenho estado a fazer pratica-mente soacute manutenccedilatildeo A eacutepoca teve alguns per-calccedilos comecei a treinar na Repuacuteblica Checa e apesar de ter feito muito treino com mapa devi-do agraves questotildees climateacutericas e agraves poucas horas de luz acabei por ter uma carga de treino aqueacutem do desejaacutevel Depois de regressar a Portugal estava a treinar bem mas tive um percalccedilo e lesionei--me num peacute o que me obrigou a uma paragem de um mecircs Isso fez-me perder muito da minha boa forma e acredito que se natildeo fosse isso po-

deria ter chegado muito melhor ao Campeonato do Mundo e aiacute o resultado poderia ter sido outro Apesar de tudo os resultados acabaram por ser bem melhores do que estaria agrave espera

o obJEtivo a Curto praZo passa pELo tiacute-tuLo naCionaL absoLutoPor acaso esse eacute um tiacutetulo que nunca alcancei Vou comeccedilar a treinar a seacuterio para chegar nas melhores condiccedilotildees ao Campeonato Nacional Absoluto e esse vai ser um bom teste O objetivo eacute estar laacute para ganhar

Quanto agrave proacutexima eacutepoca espero apresentar-me agraves provas em melhor forma do que este ano e que os bons resultados possam aparecer oslash

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ORIENTACcedilatildeOhellip DEsPORTO NA NATuREzA

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Cinco satildeo os sentidos estaacute nos manuais neles reside a possi-bilidade de um maior ou menor contacto da pessoa com aquilo que a rodeia Haacute ainda o sexto sentido aquela perceccedilatildeo extra--sensorial que parece ser mais propriedade das mulheres do que dos homens e que nas con-ceccedilotildees ocultistas estaraacute tam-beacutem sedeado num oacutergatildeo do nosso corpo Figurada ou ob-jetivamente eacute bom que todos eles ndash sem exceccedilatildeo - estejam suficientemente desenvolvi-dos sem isso natildeo haacute sentido de orientaccedilatildeo que aguente

A Orientaccedilatildeo eacute um Desporto recente em Portugal mas tem jaacute mais de 100 anos de existecircncia

enquanto desporto organi-zado Com efeito teraacute sido em Bergen - Noruega no ano de 1897 que se organizou a pri-meira atividade desportiva de Orientaccedilatildeo Os paiacuteses noacuterdicos satildeo ainda hoje aqueles onde a modalidade tem maior implan-taccedilatildeo mobilizando um nuacutemero de praticantes que coloca a

Orientaccedilatildeo entre os cinco des-portos com mais adeptos na Escandinaacutevia A maior prova do mundo realiza-se anual-mente na Sueacutecia os 5 dias da Sueacutecia com um nuacutemero de participantes que jaacute atingiu os 25000

Durante o seacutec XX a modali-dade foi evoluindo ateacute agrave criaccedilatildeo da Federaccedilatildeo Internacional de Orientaccedilatildeo (IOF) que fes-tejou em 2012 o 51ordm aniversaacuterio e veio normalizar mundial-mente as regras competitivas as normas para elaboraccedilatildeo dos mapas e as sinaleacuteticas a usar A Orientaccedilatildeo eacute praticada em quatro disciplinas diferentes Orientaccedilatildeo Pedestre Orien-taccedilatildeo em BTT Orientaccedilatildeo em Ski e Orientaccedilatildeo de Precisatildeo (Orientaccedilatildeo prioritariamente para deficientes motores)

Portugal tem marcado pontos na Orientaccedilatildeo para o desporto adaptado lanccedilando em 2012 a Taccedila de Portugal de Orientaccedilatildeo de Precisatildeo e criando um cir-cuito de Orientaccedilatildeo adaptada vocacionado prioritariamente para a deficiecircncia intelectual e

crianccedilas em idade preacute-escolar que eacute uacutenico no Mundo e que estaacute a ser jaacute implementado pela Espanha

o quE EacutePodemos dizer que a Orien-taccedilatildeo eacute um desporto completo Haacute o aspeto fiacutesico o treino no campo que se aproxima do treino dum atleta de fundo E haacute o aspeto mental que de-sempenha um papel funda-mental a leitura dos mapas o contra-reloacutegiohellip Eacute tambeacutem o desporto de natureza por exce-lecircncia Os orientistas saem dos trilhos balizados para pene-trarem no coraccedilatildeo da floresta Cada dia eacute uma nova aven-tura Daquele que se inicia na Orientaccedilatildeo ao mais consagrado dos praticantes haacute todo um mesmo espiacuterito de liberdade de fazer a sua proacutepria escolha do melhor itineraacuterio No Atle-tismo por exemplo a volta agrave pista teraacute sempre 400 metros quer seja aqui ou no Japatildeo Na Orientaccedilatildeo esta noccedilatildeo de dis-tacircncia tem muito pouco signi-ficado Tanto se pode fazer 10 quiloacutemetros numa hora e meia como em quarenta minutos E

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depois nunca existem duas florestas iguais Eacute o eterno recomeccedilo Na Austraacutelia ou na Suiacuteccedila no Japatildeo ou na Escandinaacutevia eacute necessaacuterio uma adaptaccedilatildeo a cada local natildeo haacute lugar a repeti-ccedilotildeeshellip

Cada corredor possui uma buacutessola e um mapa que contrariamente a um mapa normal conteacutem uma enorme diversidade de detalhes acerca dos seus elementos caracteriacutesticos (relevo do ter-reno vegetaccedilatildeo caminhos elementos rochosos construccedilotildees e muito mais) Os mapas satildeo rea-lizados segundo as normas especiacuteficas da Fede-raccedilatildeo Internacional de Orientaccedilatildeo que tem sede na Finlacircndia Aleacutem da legenda sobre os siacutembolos nele representados existe ainda uma sinaleacutetica

proacutepria que tem a ver com o percurso que o praticante vai realizar nesse evento e que eacute uma linguagem uni-versal

A partir do momento em que se potildee em marcha o cronoacutemetro o orientista deve efe-tuar o seu percurso que eacute marcado no mapa e que eacute cons-tituiacutedo por uma par-tida (representada por um triacircngulo) uma seacuterie de pontos de

passagem obrigatoacuterios (representados por ciacuter-culos) e a chegada (representada no mapa por dois ciacuterculos concecircntricos) Estes pontos satildeo materializados no terreno sob a forma de um prisma triangular denominado por baliza e a passagem deve ser validada por um sistema de ldquopicotagemrdquo manual ou eletroacutenica O objetivo consiste em fazer o percurso na sequecircncia in-dicada o mais rapidamente possiacutevel Mas entre cada ponto de passagem a escolha do itineraacuterio fica ao criteacuterio de cada um

O percurso em linha reta evidentemente nem sempre eacute o mais raacutepido Eacute necessaacuterio jogar com as inflexotildees do terreno os lagos os muros e outros acidenteshellip O tempo gasto a percorrer o traccedilado da corrida depende sobretudo do meio sobre o qual a mesma se desenrola Em terrenos como na Escandinaacutevia onde o relevo eacute mais duro numa mesma distacircncia poderemos gastar quase o dobro do tempo que gastariacuteamos num terreno plano e sem o mesmo tipo de obs-taacuteculos

Por Terra

OUTDOOR Novembro_Dezembro 2012 43

O conhecimento do relevo eacute a parte mais difiacutecil Eacute neces-saacuterio aprender a imaginar um terreno a trecircs dimensotildees sobre o mapa Claro que natildeo eacute apenas isto Para quem tem mais dificuldade em possuir a visatildeo a trecircs dimensotildees esta in-suficiecircncia pode ser compensada com outras qualidades nomeada-mente a atenccedilatildeo Mas nem todos pos-suem igualmente esta capacidade mental Como na generalidade dos desportos eacute neces-saacuteria uma longa aprendizagem onde o treino teacutecnico a vivecircncia de situaccedilotildees mais variadas e o nuacutemero de florestas ldquovisitadasrdquo desempe-nham um papel fundamental Eacute agrave medida que o tempo passa que o orientista aprende a adaptar o seu comportamento a reagir cada vez mais rapidamente e a encontrar as melhores opccedilotildeesO desporto natildeo eacute muito mediatizado e o espiacute-rito da Orientaccedilatildeo eacute o de permanecer livre Eacute um desporto ainda preservado de certas po-leacutemicas ldquodopingrdquo e outros malabarismos daiacute que muitos orientistas digam que natildeo seja mau de todo que ele permaneccedila ldquoconfidencialrdquo

Grandes Competiccedilotildees em 2013

Em 2013 as grandes competiccedilotildees internacio-nais onde Portugal vai querer estar presente

satildeo as seguintes

- Campeonato do Mundo de Juacuteniores ndash Repuacuteblica Checa (29jun-06 de julho) wwwjwoc2013cz

- Campeonato do Mundo Elite ndash Finlacircndia (07-14 jul)

wwwwoc2013fi- Campeonato do Mundo ve-

teranos ndash Itaacutelia (02-10 ago) wwwwmoc2013it

- Campeonato da Europa de Jovens ndash Israel (03 de novembro) wwweyoc2013org

portuGal na alta roda Mas Portugal vai ter brevemente grandes desa-fios pela frente- Em 2013 organiza uma etapa da Taccedila do Mundo de seacuteniores e o Campeonato do Mundo de Vete-ranos de Orientaccedilatildeo em BTT - Costa Alentejana entre 09 e 13 de outubro- Em 2014 organiza em Palmela de 9-14 de abril e em paralelo o Campeonato da Europa de Orientaccedilatildeo Pedestre e o Campeonato da Eu-ropa de Orientaccedilatildeo de Precisatildeo wwweoc2014fpopt

Carnaval o ponto alto Desde 1996 que Portugal realiza a sua prova ra-inha que atrai os melhores especialistas a Por-

Eacute um desporto ainda

preservado de certas poleacutemicas ldquodopingrdquo e outros malabarismos

daiacute que muitos orientistas digam que natildeo seja mau de todo que ele perma-

neccedila ldquoconfiden-cialrdquo

Por

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Por Terratugal Eacute O Portugal Orsquo Meeting que desde 2000 se realiza no Carnaval com a duraccedilatildeo de 4 dias e pontuaacutevel para a liga Mundial de orientaccedilatildeo pedestre nos percursos de Elite Em 2013 Por-tugal vai receber pela primeira vez trecircs eventos pontuaacuteveis para a Liga Mundial02 e 03 de fevereiro ndash Norte Alentejano Orsquo Mee-ting ndash Nisa (wwwnaompt)09ndash12 de fevereiro ndash Portugal Orsquo Meeting ndash Idanha-a-nova (wwwpompt)16 e 17 de fevereiro ndash XIV Meeting de Orien-taccedilatildeo do Centro ndash Pombal (wwwcocpteventos16fev2013)

OrientaccedilatildeO muitO mais dO que um despOr-tOOlhando para a modalidade de uma forma mais transversal podemos enquadraacute-la aleacutem de mo-dalidade desportiva com aacutereas como o Ambien-te a Educaccedilatildeo e as Novas Tecnologias As qua-tro vertentes atraacutes enunciadas reunidas numa soacute tem a ver tambeacutem com solidariedade

Ambiente porque a Orientaccedilatildeo eacute o ldquoDesporto da Florestardquo fazendo de cada praticante um guardiatildeo e um amigo de tatildeo valioso patrimoacutenio Educaccedilatildeo porque eacute uma modalidade onde se aglutinam mateacuterias tatildeo nucleares como a Ma-temaacutetica ou a Geografia e se desenvolvem com-petecircncias como a capacidade de interpretaccedilatildeo ou o poder de decisatildeo por isso ser considerada prioritaacuteria para o Desporto Escolar Novas Tec-nologias porque eacute das modalidades que mais depende dos Meios Informaacuteticos a todos os niacute-veis do controlo de tempos agrave cartografia mais desenvolvida que existe Desporto porque pro-move a atividade fiacutesica e a Sauacutede dirigindo-se de igual forma agravequeles que individualmente a praticam ao niacutevel da alta competiccedilatildeo como agraves crianccedilas ou agraves famiacutelias que vecircm nela uma forma

de promover o seu bem estar fiacutesico e reforccedilar os laccedilos de amizade e convivialidade

E solidariedade porque vive da forccedila que projeta nos seus praticantes

trabalhando desinteressadamente em prol da modalidade em prol do paiacutes

Porque a Orientaccedilatildeo eacute Ambiente eacute Educaccedilatildeo satildeo Novas Tecnolo-gias eacute Desporto Porque a Orien-

taccedilatildeo gera Riqueza e gera Sauacutede Porque a Orientaccedilatildeo eacute de todos e

para todos Interessa a todos Inte-ressa ao Paiacutes Daiacute que eacute urgente que

todos venham experimentar e que descu-bram as belezas deste Paiacutes de mapa na matildeo oslash

Fernando Costa e Joaquim margarido

Olhando para a modali-

dade de uma forma mais transversal po-

demos enquadraacute-la aleacutem de modalidade desportiva

com aacutereas como o Am-biente a Educaccedilatildeo e

as Novas Tecnolo-gias

APLICACcedilAtildeO GRATUITA BREVEMENTE DISPONIacuteVEL

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Setembro_Outubro 2011 OUTDOOR138

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Page 37: Revista Outdoor 8

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ofereccedila um garmin DeSemBruLHara caixa Seraacute Soacute o princiacutepio

este natal ofereccedila emoccedilotildees aventuras para quem viaja ou para os que correm para os que navegam no mar ou escalam montanhas Para os nadadores ou golfistas este natal ofereccedila um garmin

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ORIENTACcedilatildeOhellip DEsPORTO NA NATuREzA

Parque nacional torres del Paine Chile

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Cinco satildeo os sentidos estaacute nos manuais neles reside a possi-bilidade de um maior ou menor contacto da pessoa com aquilo que a rodeia Haacute ainda o sexto sentido aquela perceccedilatildeo extra--sensorial que parece ser mais propriedade das mulheres do que dos homens e que nas con-ceccedilotildees ocultistas estaraacute tam-beacutem sedeado num oacutergatildeo do nosso corpo Figurada ou ob-jetivamente eacute bom que todos eles ndash sem exceccedilatildeo - estejam suficientemente desenvolvi-dos sem isso natildeo haacute sentido de orientaccedilatildeo que aguente

A Orientaccedilatildeo eacute um Desporto recente em Portugal mas tem jaacute mais de 100 anos de existecircncia

enquanto desporto organi-zado Com efeito teraacute sido em Bergen - Noruega no ano de 1897 que se organizou a pri-meira atividade desportiva de Orientaccedilatildeo Os paiacuteses noacuterdicos satildeo ainda hoje aqueles onde a modalidade tem maior implan-taccedilatildeo mobilizando um nuacutemero de praticantes que coloca a

Orientaccedilatildeo entre os cinco des-portos com mais adeptos na Escandinaacutevia A maior prova do mundo realiza-se anual-mente na Sueacutecia os 5 dias da Sueacutecia com um nuacutemero de participantes que jaacute atingiu os 25000

Durante o seacutec XX a modali-dade foi evoluindo ateacute agrave criaccedilatildeo da Federaccedilatildeo Internacional de Orientaccedilatildeo (IOF) que fes-tejou em 2012 o 51ordm aniversaacuterio e veio normalizar mundial-mente as regras competitivas as normas para elaboraccedilatildeo dos mapas e as sinaleacuteticas a usar A Orientaccedilatildeo eacute praticada em quatro disciplinas diferentes Orientaccedilatildeo Pedestre Orien-taccedilatildeo em BTT Orientaccedilatildeo em Ski e Orientaccedilatildeo de Precisatildeo (Orientaccedilatildeo prioritariamente para deficientes motores)

Portugal tem marcado pontos na Orientaccedilatildeo para o desporto adaptado lanccedilando em 2012 a Taccedila de Portugal de Orientaccedilatildeo de Precisatildeo e criando um cir-cuito de Orientaccedilatildeo adaptada vocacionado prioritariamente para a deficiecircncia intelectual e

crianccedilas em idade preacute-escolar que eacute uacutenico no Mundo e que estaacute a ser jaacute implementado pela Espanha

o quE EacutePodemos dizer que a Orien-taccedilatildeo eacute um desporto completo Haacute o aspeto fiacutesico o treino no campo que se aproxima do treino dum atleta de fundo E haacute o aspeto mental que de-sempenha um papel funda-mental a leitura dos mapas o contra-reloacutegiohellip Eacute tambeacutem o desporto de natureza por exce-lecircncia Os orientistas saem dos trilhos balizados para pene-trarem no coraccedilatildeo da floresta Cada dia eacute uma nova aven-tura Daquele que se inicia na Orientaccedilatildeo ao mais consagrado dos praticantes haacute todo um mesmo espiacuterito de liberdade de fazer a sua proacutepria escolha do melhor itineraacuterio No Atle-tismo por exemplo a volta agrave pista teraacute sempre 400 metros quer seja aqui ou no Japatildeo Na Orientaccedilatildeo esta noccedilatildeo de dis-tacircncia tem muito pouco signi-ficado Tanto se pode fazer 10 quiloacutemetros numa hora e meia como em quarenta minutos E

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novembro_Dezembro 2012 OUTDOOR42

depois nunca existem duas florestas iguais Eacute o eterno recomeccedilo Na Austraacutelia ou na Suiacuteccedila no Japatildeo ou na Escandinaacutevia eacute necessaacuterio uma adaptaccedilatildeo a cada local natildeo haacute lugar a repeti-ccedilotildeeshellip

Cada corredor possui uma buacutessola e um mapa que contrariamente a um mapa normal conteacutem uma enorme diversidade de detalhes acerca dos seus elementos caracteriacutesticos (relevo do ter-reno vegetaccedilatildeo caminhos elementos rochosos construccedilotildees e muito mais) Os mapas satildeo rea-lizados segundo as normas especiacuteficas da Fede-raccedilatildeo Internacional de Orientaccedilatildeo que tem sede na Finlacircndia Aleacutem da legenda sobre os siacutembolos nele representados existe ainda uma sinaleacutetica

proacutepria que tem a ver com o percurso que o praticante vai realizar nesse evento e que eacute uma linguagem uni-versal

A partir do momento em que se potildee em marcha o cronoacutemetro o orientista deve efe-tuar o seu percurso que eacute marcado no mapa e que eacute cons-tituiacutedo por uma par-tida (representada por um triacircngulo) uma seacuterie de pontos de

passagem obrigatoacuterios (representados por ciacuter-culos) e a chegada (representada no mapa por dois ciacuterculos concecircntricos) Estes pontos satildeo materializados no terreno sob a forma de um prisma triangular denominado por baliza e a passagem deve ser validada por um sistema de ldquopicotagemrdquo manual ou eletroacutenica O objetivo consiste em fazer o percurso na sequecircncia in-dicada o mais rapidamente possiacutevel Mas entre cada ponto de passagem a escolha do itineraacuterio fica ao criteacuterio de cada um

O percurso em linha reta evidentemente nem sempre eacute o mais raacutepido Eacute necessaacuterio jogar com as inflexotildees do terreno os lagos os muros e outros acidenteshellip O tempo gasto a percorrer o traccedilado da corrida depende sobretudo do meio sobre o qual a mesma se desenrola Em terrenos como na Escandinaacutevia onde o relevo eacute mais duro numa mesma distacircncia poderemos gastar quase o dobro do tempo que gastariacuteamos num terreno plano e sem o mesmo tipo de obs-taacuteculos

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O conhecimento do relevo eacute a parte mais difiacutecil Eacute neces-saacuterio aprender a imaginar um terreno a trecircs dimensotildees sobre o mapa Claro que natildeo eacute apenas isto Para quem tem mais dificuldade em possuir a visatildeo a trecircs dimensotildees esta in-suficiecircncia pode ser compensada com outras qualidades nomeada-mente a atenccedilatildeo Mas nem todos pos-suem igualmente esta capacidade mental Como na generalidade dos desportos eacute neces-saacuteria uma longa aprendizagem onde o treino teacutecnico a vivecircncia de situaccedilotildees mais variadas e o nuacutemero de florestas ldquovisitadasrdquo desempe-nham um papel fundamental Eacute agrave medida que o tempo passa que o orientista aprende a adaptar o seu comportamento a reagir cada vez mais rapidamente e a encontrar as melhores opccedilotildeesO desporto natildeo eacute muito mediatizado e o espiacute-rito da Orientaccedilatildeo eacute o de permanecer livre Eacute um desporto ainda preservado de certas po-leacutemicas ldquodopingrdquo e outros malabarismos daiacute que muitos orientistas digam que natildeo seja mau de todo que ele permaneccedila ldquoconfidencialrdquo

Grandes Competiccedilotildees em 2013

Em 2013 as grandes competiccedilotildees internacio-nais onde Portugal vai querer estar presente

satildeo as seguintes

- Campeonato do Mundo de Juacuteniores ndash Repuacuteblica Checa (29jun-06 de julho) wwwjwoc2013cz

- Campeonato do Mundo Elite ndash Finlacircndia (07-14 jul)

wwwwoc2013fi- Campeonato do Mundo ve-

teranos ndash Itaacutelia (02-10 ago) wwwwmoc2013it

- Campeonato da Europa de Jovens ndash Israel (03 de novembro) wwweyoc2013org

portuGal na alta roda Mas Portugal vai ter brevemente grandes desa-fios pela frente- Em 2013 organiza uma etapa da Taccedila do Mundo de seacuteniores e o Campeonato do Mundo de Vete-ranos de Orientaccedilatildeo em BTT - Costa Alentejana entre 09 e 13 de outubro- Em 2014 organiza em Palmela de 9-14 de abril e em paralelo o Campeonato da Europa de Orientaccedilatildeo Pedestre e o Campeonato da Eu-ropa de Orientaccedilatildeo de Precisatildeo wwweoc2014fpopt

Carnaval o ponto alto Desde 1996 que Portugal realiza a sua prova ra-inha que atrai os melhores especialistas a Por-

Eacute um desporto ainda

preservado de certas poleacutemicas ldquodopingrdquo e outros malabarismos

daiacute que muitos orientistas digam que natildeo seja mau de todo que ele perma-

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Por Terratugal Eacute O Portugal Orsquo Meeting que desde 2000 se realiza no Carnaval com a duraccedilatildeo de 4 dias e pontuaacutevel para a liga Mundial de orientaccedilatildeo pedestre nos percursos de Elite Em 2013 Por-tugal vai receber pela primeira vez trecircs eventos pontuaacuteveis para a Liga Mundial02 e 03 de fevereiro ndash Norte Alentejano Orsquo Mee-ting ndash Nisa (wwwnaompt)09ndash12 de fevereiro ndash Portugal Orsquo Meeting ndash Idanha-a-nova (wwwpompt)16 e 17 de fevereiro ndash XIV Meeting de Orien-taccedilatildeo do Centro ndash Pombal (wwwcocpteventos16fev2013)

OrientaccedilatildeO muitO mais dO que um despOr-tOOlhando para a modalidade de uma forma mais transversal podemos enquadraacute-la aleacutem de mo-dalidade desportiva com aacutereas como o Ambien-te a Educaccedilatildeo e as Novas Tecnologias As qua-tro vertentes atraacutes enunciadas reunidas numa soacute tem a ver tambeacutem com solidariedade

Ambiente porque a Orientaccedilatildeo eacute o ldquoDesporto da Florestardquo fazendo de cada praticante um guardiatildeo e um amigo de tatildeo valioso patrimoacutenio Educaccedilatildeo porque eacute uma modalidade onde se aglutinam mateacuterias tatildeo nucleares como a Ma-temaacutetica ou a Geografia e se desenvolvem com-petecircncias como a capacidade de interpretaccedilatildeo ou o poder de decisatildeo por isso ser considerada prioritaacuteria para o Desporto Escolar Novas Tec-nologias porque eacute das modalidades que mais depende dos Meios Informaacuteticos a todos os niacute-veis do controlo de tempos agrave cartografia mais desenvolvida que existe Desporto porque pro-move a atividade fiacutesica e a Sauacutede dirigindo-se de igual forma agravequeles que individualmente a praticam ao niacutevel da alta competiccedilatildeo como agraves crianccedilas ou agraves famiacutelias que vecircm nela uma forma

de promover o seu bem estar fiacutesico e reforccedilar os laccedilos de amizade e convivialidade

E solidariedade porque vive da forccedila que projeta nos seus praticantes

trabalhando desinteressadamente em prol da modalidade em prol do paiacutes

Porque a Orientaccedilatildeo eacute Ambiente eacute Educaccedilatildeo satildeo Novas Tecnolo-gias eacute Desporto Porque a Orien-

taccedilatildeo gera Riqueza e gera Sauacutede Porque a Orientaccedilatildeo eacute de todos e

para todos Interessa a todos Inte-ressa ao Paiacutes Daiacute que eacute urgente que

todos venham experimentar e que descu-bram as belezas deste Paiacutes de mapa na matildeo oslash

Fernando Costa e Joaquim margarido

Olhando para a modali-

dade de uma forma mais transversal po-

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Cinco satildeo os sentidos estaacute nos manuais neles reside a possi-bilidade de um maior ou menor contacto da pessoa com aquilo que a rodeia Haacute ainda o sexto sentido aquela perceccedilatildeo extra--sensorial que parece ser mais propriedade das mulheres do que dos homens e que nas con-ceccedilotildees ocultistas estaraacute tam-beacutem sedeado num oacutergatildeo do nosso corpo Figurada ou ob-jetivamente eacute bom que todos eles ndash sem exceccedilatildeo - estejam suficientemente desenvolvi-dos sem isso natildeo haacute sentido de orientaccedilatildeo que aguente

A Orientaccedilatildeo eacute um Desporto recente em Portugal mas tem jaacute mais de 100 anos de existecircncia

enquanto desporto organi-zado Com efeito teraacute sido em Bergen - Noruega no ano de 1897 que se organizou a pri-meira atividade desportiva de Orientaccedilatildeo Os paiacuteses noacuterdicos satildeo ainda hoje aqueles onde a modalidade tem maior implan-taccedilatildeo mobilizando um nuacutemero de praticantes que coloca a

Orientaccedilatildeo entre os cinco des-portos com mais adeptos na Escandinaacutevia A maior prova do mundo realiza-se anual-mente na Sueacutecia os 5 dias da Sueacutecia com um nuacutemero de participantes que jaacute atingiu os 25000

Durante o seacutec XX a modali-dade foi evoluindo ateacute agrave criaccedilatildeo da Federaccedilatildeo Internacional de Orientaccedilatildeo (IOF) que fes-tejou em 2012 o 51ordm aniversaacuterio e veio normalizar mundial-mente as regras competitivas as normas para elaboraccedilatildeo dos mapas e as sinaleacuteticas a usar A Orientaccedilatildeo eacute praticada em quatro disciplinas diferentes Orientaccedilatildeo Pedestre Orien-taccedilatildeo em BTT Orientaccedilatildeo em Ski e Orientaccedilatildeo de Precisatildeo (Orientaccedilatildeo prioritariamente para deficientes motores)

Portugal tem marcado pontos na Orientaccedilatildeo para o desporto adaptado lanccedilando em 2012 a Taccedila de Portugal de Orientaccedilatildeo de Precisatildeo e criando um cir-cuito de Orientaccedilatildeo adaptada vocacionado prioritariamente para a deficiecircncia intelectual e

crianccedilas em idade preacute-escolar que eacute uacutenico no Mundo e que estaacute a ser jaacute implementado pela Espanha

o quE EacutePodemos dizer que a Orien-taccedilatildeo eacute um desporto completo Haacute o aspeto fiacutesico o treino no campo que se aproxima do treino dum atleta de fundo E haacute o aspeto mental que de-sempenha um papel funda-mental a leitura dos mapas o contra-reloacutegiohellip Eacute tambeacutem o desporto de natureza por exce-lecircncia Os orientistas saem dos trilhos balizados para pene-trarem no coraccedilatildeo da floresta Cada dia eacute uma nova aven-tura Daquele que se inicia na Orientaccedilatildeo ao mais consagrado dos praticantes haacute todo um mesmo espiacuterito de liberdade de fazer a sua proacutepria escolha do melhor itineraacuterio No Atle-tismo por exemplo a volta agrave pista teraacute sempre 400 metros quer seja aqui ou no Japatildeo Na Orientaccedilatildeo esta noccedilatildeo de dis-tacircncia tem muito pouco signi-ficado Tanto se pode fazer 10 quiloacutemetros numa hora e meia como em quarenta minutos E

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depois nunca existem duas florestas iguais Eacute o eterno recomeccedilo Na Austraacutelia ou na Suiacuteccedila no Japatildeo ou na Escandinaacutevia eacute necessaacuterio uma adaptaccedilatildeo a cada local natildeo haacute lugar a repeti-ccedilotildeeshellip

Cada corredor possui uma buacutessola e um mapa que contrariamente a um mapa normal conteacutem uma enorme diversidade de detalhes acerca dos seus elementos caracteriacutesticos (relevo do ter-reno vegetaccedilatildeo caminhos elementos rochosos construccedilotildees e muito mais) Os mapas satildeo rea-lizados segundo as normas especiacuteficas da Fede-raccedilatildeo Internacional de Orientaccedilatildeo que tem sede na Finlacircndia Aleacutem da legenda sobre os siacutembolos nele representados existe ainda uma sinaleacutetica

proacutepria que tem a ver com o percurso que o praticante vai realizar nesse evento e que eacute uma linguagem uni-versal

A partir do momento em que se potildee em marcha o cronoacutemetro o orientista deve efe-tuar o seu percurso que eacute marcado no mapa e que eacute cons-tituiacutedo por uma par-tida (representada por um triacircngulo) uma seacuterie de pontos de

passagem obrigatoacuterios (representados por ciacuter-culos) e a chegada (representada no mapa por dois ciacuterculos concecircntricos) Estes pontos satildeo materializados no terreno sob a forma de um prisma triangular denominado por baliza e a passagem deve ser validada por um sistema de ldquopicotagemrdquo manual ou eletroacutenica O objetivo consiste em fazer o percurso na sequecircncia in-dicada o mais rapidamente possiacutevel Mas entre cada ponto de passagem a escolha do itineraacuterio fica ao criteacuterio de cada um

O percurso em linha reta evidentemente nem sempre eacute o mais raacutepido Eacute necessaacuterio jogar com as inflexotildees do terreno os lagos os muros e outros acidenteshellip O tempo gasto a percorrer o traccedilado da corrida depende sobretudo do meio sobre o qual a mesma se desenrola Em terrenos como na Escandinaacutevia onde o relevo eacute mais duro numa mesma distacircncia poderemos gastar quase o dobro do tempo que gastariacuteamos num terreno plano e sem o mesmo tipo de obs-taacuteculos

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O conhecimento do relevo eacute a parte mais difiacutecil Eacute neces-saacuterio aprender a imaginar um terreno a trecircs dimensotildees sobre o mapa Claro que natildeo eacute apenas isto Para quem tem mais dificuldade em possuir a visatildeo a trecircs dimensotildees esta in-suficiecircncia pode ser compensada com outras qualidades nomeada-mente a atenccedilatildeo Mas nem todos pos-suem igualmente esta capacidade mental Como na generalidade dos desportos eacute neces-saacuteria uma longa aprendizagem onde o treino teacutecnico a vivecircncia de situaccedilotildees mais variadas e o nuacutemero de florestas ldquovisitadasrdquo desempe-nham um papel fundamental Eacute agrave medida que o tempo passa que o orientista aprende a adaptar o seu comportamento a reagir cada vez mais rapidamente e a encontrar as melhores opccedilotildeesO desporto natildeo eacute muito mediatizado e o espiacute-rito da Orientaccedilatildeo eacute o de permanecer livre Eacute um desporto ainda preservado de certas po-leacutemicas ldquodopingrdquo e outros malabarismos daiacute que muitos orientistas digam que natildeo seja mau de todo que ele permaneccedila ldquoconfidencialrdquo

Grandes Competiccedilotildees em 2013

Em 2013 as grandes competiccedilotildees internacio-nais onde Portugal vai querer estar presente

satildeo as seguintes

- Campeonato do Mundo de Juacuteniores ndash Repuacuteblica Checa (29jun-06 de julho) wwwjwoc2013cz

- Campeonato do Mundo Elite ndash Finlacircndia (07-14 jul)

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Eacute um desporto ainda

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Por Terratugal Eacute O Portugal Orsquo Meeting que desde 2000 se realiza no Carnaval com a duraccedilatildeo de 4 dias e pontuaacutevel para a liga Mundial de orientaccedilatildeo pedestre nos percursos de Elite Em 2013 Por-tugal vai receber pela primeira vez trecircs eventos pontuaacuteveis para a Liga Mundial02 e 03 de fevereiro ndash Norte Alentejano Orsquo Mee-ting ndash Nisa (wwwnaompt)09ndash12 de fevereiro ndash Portugal Orsquo Meeting ndash Idanha-a-nova (wwwpompt)16 e 17 de fevereiro ndash XIV Meeting de Orien-taccedilatildeo do Centro ndash Pombal (wwwcocpteventos16fev2013)

OrientaccedilatildeO muitO mais dO que um despOr-tOOlhando para a modalidade de uma forma mais transversal podemos enquadraacute-la aleacutem de mo-dalidade desportiva com aacutereas como o Ambien-te a Educaccedilatildeo e as Novas Tecnologias As qua-tro vertentes atraacutes enunciadas reunidas numa soacute tem a ver tambeacutem com solidariedade

Ambiente porque a Orientaccedilatildeo eacute o ldquoDesporto da Florestardquo fazendo de cada praticante um guardiatildeo e um amigo de tatildeo valioso patrimoacutenio Educaccedilatildeo porque eacute uma modalidade onde se aglutinam mateacuterias tatildeo nucleares como a Ma-temaacutetica ou a Geografia e se desenvolvem com-petecircncias como a capacidade de interpretaccedilatildeo ou o poder de decisatildeo por isso ser considerada prioritaacuteria para o Desporto Escolar Novas Tec-nologias porque eacute das modalidades que mais depende dos Meios Informaacuteticos a todos os niacute-veis do controlo de tempos agrave cartografia mais desenvolvida que existe Desporto porque pro-move a atividade fiacutesica e a Sauacutede dirigindo-se de igual forma agravequeles que individualmente a praticam ao niacutevel da alta competiccedilatildeo como agraves crianccedilas ou agraves famiacutelias que vecircm nela uma forma

de promover o seu bem estar fiacutesico e reforccedilar os laccedilos de amizade e convivialidade

E solidariedade porque vive da forccedila que projeta nos seus praticantes

trabalhando desinteressadamente em prol da modalidade em prol do paiacutes

Porque a Orientaccedilatildeo eacute Ambiente eacute Educaccedilatildeo satildeo Novas Tecnolo-gias eacute Desporto Porque a Orien-

taccedilatildeo gera Riqueza e gera Sauacutede Porque a Orientaccedilatildeo eacute de todos e

para todos Interessa a todos Inte-ressa ao Paiacutes Daiacute que eacute urgente que

todos venham experimentar e que descu-bram as belezas deste Paiacutes de mapa na matildeo oslash

Fernando Costa e Joaquim margarido

Olhando para a modali-

dade de uma forma mais transversal po-

demos enquadraacute-la aleacutem de modalidade desportiva

com aacutereas como o Am-biente a Educaccedilatildeo e

as Novas Tecnolo-gias

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Cinco satildeo os sentidos estaacute nos manuais neles reside a possi-bilidade de um maior ou menor contacto da pessoa com aquilo que a rodeia Haacute ainda o sexto sentido aquela perceccedilatildeo extra--sensorial que parece ser mais propriedade das mulheres do que dos homens e que nas con-ceccedilotildees ocultistas estaraacute tam-beacutem sedeado num oacutergatildeo do nosso corpo Figurada ou ob-jetivamente eacute bom que todos eles ndash sem exceccedilatildeo - estejam suficientemente desenvolvi-dos sem isso natildeo haacute sentido de orientaccedilatildeo que aguente

A Orientaccedilatildeo eacute um Desporto recente em Portugal mas tem jaacute mais de 100 anos de existecircncia

enquanto desporto organi-zado Com efeito teraacute sido em Bergen - Noruega no ano de 1897 que se organizou a pri-meira atividade desportiva de Orientaccedilatildeo Os paiacuteses noacuterdicos satildeo ainda hoje aqueles onde a modalidade tem maior implan-taccedilatildeo mobilizando um nuacutemero de praticantes que coloca a

Orientaccedilatildeo entre os cinco des-portos com mais adeptos na Escandinaacutevia A maior prova do mundo realiza-se anual-mente na Sueacutecia os 5 dias da Sueacutecia com um nuacutemero de participantes que jaacute atingiu os 25000

Durante o seacutec XX a modali-dade foi evoluindo ateacute agrave criaccedilatildeo da Federaccedilatildeo Internacional de Orientaccedilatildeo (IOF) que fes-tejou em 2012 o 51ordm aniversaacuterio e veio normalizar mundial-mente as regras competitivas as normas para elaboraccedilatildeo dos mapas e as sinaleacuteticas a usar A Orientaccedilatildeo eacute praticada em quatro disciplinas diferentes Orientaccedilatildeo Pedestre Orien-taccedilatildeo em BTT Orientaccedilatildeo em Ski e Orientaccedilatildeo de Precisatildeo (Orientaccedilatildeo prioritariamente para deficientes motores)

Portugal tem marcado pontos na Orientaccedilatildeo para o desporto adaptado lanccedilando em 2012 a Taccedila de Portugal de Orientaccedilatildeo de Precisatildeo e criando um cir-cuito de Orientaccedilatildeo adaptada vocacionado prioritariamente para a deficiecircncia intelectual e

crianccedilas em idade preacute-escolar que eacute uacutenico no Mundo e que estaacute a ser jaacute implementado pela Espanha

o quE EacutePodemos dizer que a Orien-taccedilatildeo eacute um desporto completo Haacute o aspeto fiacutesico o treino no campo que se aproxima do treino dum atleta de fundo E haacute o aspeto mental que de-sempenha um papel funda-mental a leitura dos mapas o contra-reloacutegiohellip Eacute tambeacutem o desporto de natureza por exce-lecircncia Os orientistas saem dos trilhos balizados para pene-trarem no coraccedilatildeo da floresta Cada dia eacute uma nova aven-tura Daquele que se inicia na Orientaccedilatildeo ao mais consagrado dos praticantes haacute todo um mesmo espiacuterito de liberdade de fazer a sua proacutepria escolha do melhor itineraacuterio No Atle-tismo por exemplo a volta agrave pista teraacute sempre 400 metros quer seja aqui ou no Japatildeo Na Orientaccedilatildeo esta noccedilatildeo de dis-tacircncia tem muito pouco signi-ficado Tanto se pode fazer 10 quiloacutemetros numa hora e meia como em quarenta minutos E

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depois nunca existem duas florestas iguais Eacute o eterno recomeccedilo Na Austraacutelia ou na Suiacuteccedila no Japatildeo ou na Escandinaacutevia eacute necessaacuterio uma adaptaccedilatildeo a cada local natildeo haacute lugar a repeti-ccedilotildeeshellip

Cada corredor possui uma buacutessola e um mapa que contrariamente a um mapa normal conteacutem uma enorme diversidade de detalhes acerca dos seus elementos caracteriacutesticos (relevo do ter-reno vegetaccedilatildeo caminhos elementos rochosos construccedilotildees e muito mais) Os mapas satildeo rea-lizados segundo as normas especiacuteficas da Fede-raccedilatildeo Internacional de Orientaccedilatildeo que tem sede na Finlacircndia Aleacutem da legenda sobre os siacutembolos nele representados existe ainda uma sinaleacutetica

proacutepria que tem a ver com o percurso que o praticante vai realizar nesse evento e que eacute uma linguagem uni-versal

A partir do momento em que se potildee em marcha o cronoacutemetro o orientista deve efe-tuar o seu percurso que eacute marcado no mapa e que eacute cons-tituiacutedo por uma par-tida (representada por um triacircngulo) uma seacuterie de pontos de

passagem obrigatoacuterios (representados por ciacuter-culos) e a chegada (representada no mapa por dois ciacuterculos concecircntricos) Estes pontos satildeo materializados no terreno sob a forma de um prisma triangular denominado por baliza e a passagem deve ser validada por um sistema de ldquopicotagemrdquo manual ou eletroacutenica O objetivo consiste em fazer o percurso na sequecircncia in-dicada o mais rapidamente possiacutevel Mas entre cada ponto de passagem a escolha do itineraacuterio fica ao criteacuterio de cada um

O percurso em linha reta evidentemente nem sempre eacute o mais raacutepido Eacute necessaacuterio jogar com as inflexotildees do terreno os lagos os muros e outros acidenteshellip O tempo gasto a percorrer o traccedilado da corrida depende sobretudo do meio sobre o qual a mesma se desenrola Em terrenos como na Escandinaacutevia onde o relevo eacute mais duro numa mesma distacircncia poderemos gastar quase o dobro do tempo que gastariacuteamos num terreno plano e sem o mesmo tipo de obs-taacuteculos

Por Terra

OUTDOOR Novembro_Dezembro 2012 43

O conhecimento do relevo eacute a parte mais difiacutecil Eacute neces-saacuterio aprender a imaginar um terreno a trecircs dimensotildees sobre o mapa Claro que natildeo eacute apenas isto Para quem tem mais dificuldade em possuir a visatildeo a trecircs dimensotildees esta in-suficiecircncia pode ser compensada com outras qualidades nomeada-mente a atenccedilatildeo Mas nem todos pos-suem igualmente esta capacidade mental Como na generalidade dos desportos eacute neces-saacuteria uma longa aprendizagem onde o treino teacutecnico a vivecircncia de situaccedilotildees mais variadas e o nuacutemero de florestas ldquovisitadasrdquo desempe-nham um papel fundamental Eacute agrave medida que o tempo passa que o orientista aprende a adaptar o seu comportamento a reagir cada vez mais rapidamente e a encontrar as melhores opccedilotildeesO desporto natildeo eacute muito mediatizado e o espiacute-rito da Orientaccedilatildeo eacute o de permanecer livre Eacute um desporto ainda preservado de certas po-leacutemicas ldquodopingrdquo e outros malabarismos daiacute que muitos orientistas digam que natildeo seja mau de todo que ele permaneccedila ldquoconfidencialrdquo

Grandes Competiccedilotildees em 2013

Em 2013 as grandes competiccedilotildees internacio-nais onde Portugal vai querer estar presente

satildeo as seguintes

- Campeonato do Mundo de Juacuteniores ndash Repuacuteblica Checa (29jun-06 de julho) wwwjwoc2013cz

- Campeonato do Mundo Elite ndash Finlacircndia (07-14 jul)

wwwwoc2013fi- Campeonato do Mundo ve-

teranos ndash Itaacutelia (02-10 ago) wwwwmoc2013it

- Campeonato da Europa de Jovens ndash Israel (03 de novembro) wwweyoc2013org

portuGal na alta roda Mas Portugal vai ter brevemente grandes desa-fios pela frente- Em 2013 organiza uma etapa da Taccedila do Mundo de seacuteniores e o Campeonato do Mundo de Vete-ranos de Orientaccedilatildeo em BTT - Costa Alentejana entre 09 e 13 de outubro- Em 2014 organiza em Palmela de 9-14 de abril e em paralelo o Campeonato da Europa de Orientaccedilatildeo Pedestre e o Campeonato da Eu-ropa de Orientaccedilatildeo de Precisatildeo wwweoc2014fpopt

Carnaval o ponto alto Desde 1996 que Portugal realiza a sua prova ra-inha que atrai os melhores especialistas a Por-

Eacute um desporto ainda

preservado de certas poleacutemicas ldquodopingrdquo e outros malabarismos

daiacute que muitos orientistas digam que natildeo seja mau de todo que ele perma-

neccedila ldquoconfiden-cialrdquo

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Por Terratugal Eacute O Portugal Orsquo Meeting que desde 2000 se realiza no Carnaval com a duraccedilatildeo de 4 dias e pontuaacutevel para a liga Mundial de orientaccedilatildeo pedestre nos percursos de Elite Em 2013 Por-tugal vai receber pela primeira vez trecircs eventos pontuaacuteveis para a Liga Mundial02 e 03 de fevereiro ndash Norte Alentejano Orsquo Mee-ting ndash Nisa (wwwnaompt)09ndash12 de fevereiro ndash Portugal Orsquo Meeting ndash Idanha-a-nova (wwwpompt)16 e 17 de fevereiro ndash XIV Meeting de Orien-taccedilatildeo do Centro ndash Pombal (wwwcocpteventos16fev2013)

OrientaccedilatildeO muitO mais dO que um despOr-tOOlhando para a modalidade de uma forma mais transversal podemos enquadraacute-la aleacutem de mo-dalidade desportiva com aacutereas como o Ambien-te a Educaccedilatildeo e as Novas Tecnologias As qua-tro vertentes atraacutes enunciadas reunidas numa soacute tem a ver tambeacutem com solidariedade

Ambiente porque a Orientaccedilatildeo eacute o ldquoDesporto da Florestardquo fazendo de cada praticante um guardiatildeo e um amigo de tatildeo valioso patrimoacutenio Educaccedilatildeo porque eacute uma modalidade onde se aglutinam mateacuterias tatildeo nucleares como a Ma-temaacutetica ou a Geografia e se desenvolvem com-petecircncias como a capacidade de interpretaccedilatildeo ou o poder de decisatildeo por isso ser considerada prioritaacuteria para o Desporto Escolar Novas Tec-nologias porque eacute das modalidades que mais depende dos Meios Informaacuteticos a todos os niacute-veis do controlo de tempos agrave cartografia mais desenvolvida que existe Desporto porque pro-move a atividade fiacutesica e a Sauacutede dirigindo-se de igual forma agravequeles que individualmente a praticam ao niacutevel da alta competiccedilatildeo como agraves crianccedilas ou agraves famiacutelias que vecircm nela uma forma

de promover o seu bem estar fiacutesico e reforccedilar os laccedilos de amizade e convivialidade

E solidariedade porque vive da forccedila que projeta nos seus praticantes

trabalhando desinteressadamente em prol da modalidade em prol do paiacutes

Porque a Orientaccedilatildeo eacute Ambiente eacute Educaccedilatildeo satildeo Novas Tecnolo-gias eacute Desporto Porque a Orien-

taccedilatildeo gera Riqueza e gera Sauacutede Porque a Orientaccedilatildeo eacute de todos e

para todos Interessa a todos Inte-ressa ao Paiacutes Daiacute que eacute urgente que

todos venham experimentar e que descu-bram as belezas deste Paiacutes de mapa na matildeo oslash

Fernando Costa e Joaquim margarido

Olhando para a modali-

dade de uma forma mais transversal po-

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depois nunca existem duas florestas iguais Eacute o eterno recomeccedilo Na Austraacutelia ou na Suiacuteccedila no Japatildeo ou na Escandinaacutevia eacute necessaacuterio uma adaptaccedilatildeo a cada local natildeo haacute lugar a repeti-ccedilotildeeshellip

Cada corredor possui uma buacutessola e um mapa que contrariamente a um mapa normal conteacutem uma enorme diversidade de detalhes acerca dos seus elementos caracteriacutesticos (relevo do ter-reno vegetaccedilatildeo caminhos elementos rochosos construccedilotildees e muito mais) Os mapas satildeo rea-lizados segundo as normas especiacuteficas da Fede-raccedilatildeo Internacional de Orientaccedilatildeo que tem sede na Finlacircndia Aleacutem da legenda sobre os siacutembolos nele representados existe ainda uma sinaleacutetica

proacutepria que tem a ver com o percurso que o praticante vai realizar nesse evento e que eacute uma linguagem uni-versal

A partir do momento em que se potildee em marcha o cronoacutemetro o orientista deve efe-tuar o seu percurso que eacute marcado no mapa e que eacute cons-tituiacutedo por uma par-tida (representada por um triacircngulo) uma seacuterie de pontos de

passagem obrigatoacuterios (representados por ciacuter-culos) e a chegada (representada no mapa por dois ciacuterculos concecircntricos) Estes pontos satildeo materializados no terreno sob a forma de um prisma triangular denominado por baliza e a passagem deve ser validada por um sistema de ldquopicotagemrdquo manual ou eletroacutenica O objetivo consiste em fazer o percurso na sequecircncia in-dicada o mais rapidamente possiacutevel Mas entre cada ponto de passagem a escolha do itineraacuterio fica ao criteacuterio de cada um

O percurso em linha reta evidentemente nem sempre eacute o mais raacutepido Eacute necessaacuterio jogar com as inflexotildees do terreno os lagos os muros e outros acidenteshellip O tempo gasto a percorrer o traccedilado da corrida depende sobretudo do meio sobre o qual a mesma se desenrola Em terrenos como na Escandinaacutevia onde o relevo eacute mais duro numa mesma distacircncia poderemos gastar quase o dobro do tempo que gastariacuteamos num terreno plano e sem o mesmo tipo de obs-taacuteculos

Por Terra

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O conhecimento do relevo eacute a parte mais difiacutecil Eacute neces-saacuterio aprender a imaginar um terreno a trecircs dimensotildees sobre o mapa Claro que natildeo eacute apenas isto Para quem tem mais dificuldade em possuir a visatildeo a trecircs dimensotildees esta in-suficiecircncia pode ser compensada com outras qualidades nomeada-mente a atenccedilatildeo Mas nem todos pos-suem igualmente esta capacidade mental Como na generalidade dos desportos eacute neces-saacuteria uma longa aprendizagem onde o treino teacutecnico a vivecircncia de situaccedilotildees mais variadas e o nuacutemero de florestas ldquovisitadasrdquo desempe-nham um papel fundamental Eacute agrave medida que o tempo passa que o orientista aprende a adaptar o seu comportamento a reagir cada vez mais rapidamente e a encontrar as melhores opccedilotildeesO desporto natildeo eacute muito mediatizado e o espiacute-rito da Orientaccedilatildeo eacute o de permanecer livre Eacute um desporto ainda preservado de certas po-leacutemicas ldquodopingrdquo e outros malabarismos daiacute que muitos orientistas digam que natildeo seja mau de todo que ele permaneccedila ldquoconfidencialrdquo

Grandes Competiccedilotildees em 2013

Em 2013 as grandes competiccedilotildees internacio-nais onde Portugal vai querer estar presente

satildeo as seguintes

- Campeonato do Mundo de Juacuteniores ndash Repuacuteblica Checa (29jun-06 de julho) wwwjwoc2013cz

- Campeonato do Mundo Elite ndash Finlacircndia (07-14 jul)

wwwwoc2013fi- Campeonato do Mundo ve-

teranos ndash Itaacutelia (02-10 ago) wwwwmoc2013it

- Campeonato da Europa de Jovens ndash Israel (03 de novembro) wwweyoc2013org

portuGal na alta roda Mas Portugal vai ter brevemente grandes desa-fios pela frente- Em 2013 organiza uma etapa da Taccedila do Mundo de seacuteniores e o Campeonato do Mundo de Vete-ranos de Orientaccedilatildeo em BTT - Costa Alentejana entre 09 e 13 de outubro- Em 2014 organiza em Palmela de 9-14 de abril e em paralelo o Campeonato da Europa de Orientaccedilatildeo Pedestre e o Campeonato da Eu-ropa de Orientaccedilatildeo de Precisatildeo wwweoc2014fpopt

Carnaval o ponto alto Desde 1996 que Portugal realiza a sua prova ra-inha que atrai os melhores especialistas a Por-

Eacute um desporto ainda

preservado de certas poleacutemicas ldquodopingrdquo e outros malabarismos

daiacute que muitos orientistas digam que natildeo seja mau de todo que ele perma-

neccedila ldquoconfiden-cialrdquo

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Por Terratugal Eacute O Portugal Orsquo Meeting que desde 2000 se realiza no Carnaval com a duraccedilatildeo de 4 dias e pontuaacutevel para a liga Mundial de orientaccedilatildeo pedestre nos percursos de Elite Em 2013 Por-tugal vai receber pela primeira vez trecircs eventos pontuaacuteveis para a Liga Mundial02 e 03 de fevereiro ndash Norte Alentejano Orsquo Mee-ting ndash Nisa (wwwnaompt)09ndash12 de fevereiro ndash Portugal Orsquo Meeting ndash Idanha-a-nova (wwwpompt)16 e 17 de fevereiro ndash XIV Meeting de Orien-taccedilatildeo do Centro ndash Pombal (wwwcocpteventos16fev2013)

OrientaccedilatildeO muitO mais dO que um despOr-tOOlhando para a modalidade de uma forma mais transversal podemos enquadraacute-la aleacutem de mo-dalidade desportiva com aacutereas como o Ambien-te a Educaccedilatildeo e as Novas Tecnologias As qua-tro vertentes atraacutes enunciadas reunidas numa soacute tem a ver tambeacutem com solidariedade

Ambiente porque a Orientaccedilatildeo eacute o ldquoDesporto da Florestardquo fazendo de cada praticante um guardiatildeo e um amigo de tatildeo valioso patrimoacutenio Educaccedilatildeo porque eacute uma modalidade onde se aglutinam mateacuterias tatildeo nucleares como a Ma-temaacutetica ou a Geografia e se desenvolvem com-petecircncias como a capacidade de interpretaccedilatildeo ou o poder de decisatildeo por isso ser considerada prioritaacuteria para o Desporto Escolar Novas Tec-nologias porque eacute das modalidades que mais depende dos Meios Informaacuteticos a todos os niacute-veis do controlo de tempos agrave cartografia mais desenvolvida que existe Desporto porque pro-move a atividade fiacutesica e a Sauacutede dirigindo-se de igual forma agravequeles que individualmente a praticam ao niacutevel da alta competiccedilatildeo como agraves crianccedilas ou agraves famiacutelias que vecircm nela uma forma

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E solidariedade porque vive da forccedila que projeta nos seus praticantes

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Porque a Orientaccedilatildeo eacute Ambiente eacute Educaccedilatildeo satildeo Novas Tecnolo-gias eacute Desporto Porque a Orien-

taccedilatildeo gera Riqueza e gera Sauacutede Porque a Orientaccedilatildeo eacute de todos e

para todos Interessa a todos Inte-ressa ao Paiacutes Daiacute que eacute urgente que

todos venham experimentar e que descu-bram as belezas deste Paiacutes de mapa na matildeo oslash

Fernando Costa e Joaquim margarido

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O conhecimento do relevo eacute a parte mais difiacutecil Eacute neces-saacuterio aprender a imaginar um terreno a trecircs dimensotildees sobre o mapa Claro que natildeo eacute apenas isto Para quem tem mais dificuldade em possuir a visatildeo a trecircs dimensotildees esta in-suficiecircncia pode ser compensada com outras qualidades nomeada-mente a atenccedilatildeo Mas nem todos pos-suem igualmente esta capacidade mental Como na generalidade dos desportos eacute neces-saacuteria uma longa aprendizagem onde o treino teacutecnico a vivecircncia de situaccedilotildees mais variadas e o nuacutemero de florestas ldquovisitadasrdquo desempe-nham um papel fundamental Eacute agrave medida que o tempo passa que o orientista aprende a adaptar o seu comportamento a reagir cada vez mais rapidamente e a encontrar as melhores opccedilotildeesO desporto natildeo eacute muito mediatizado e o espiacute-rito da Orientaccedilatildeo eacute o de permanecer livre Eacute um desporto ainda preservado de certas po-leacutemicas ldquodopingrdquo e outros malabarismos daiacute que muitos orientistas digam que natildeo seja mau de todo que ele permaneccedila ldquoconfidencialrdquo

Grandes Competiccedilotildees em 2013

Em 2013 as grandes competiccedilotildees internacio-nais onde Portugal vai querer estar presente

satildeo as seguintes

- Campeonato do Mundo de Juacuteniores ndash Repuacuteblica Checa (29jun-06 de julho) wwwjwoc2013cz

- Campeonato do Mundo Elite ndash Finlacircndia (07-14 jul)

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- Campeonato da Europa de Jovens ndash Israel (03 de novembro) wwweyoc2013org

portuGal na alta roda Mas Portugal vai ter brevemente grandes desa-fios pela frente- Em 2013 organiza uma etapa da Taccedila do Mundo de seacuteniores e o Campeonato do Mundo de Vete-ranos de Orientaccedilatildeo em BTT - Costa Alentejana entre 09 e 13 de outubro- Em 2014 organiza em Palmela de 9-14 de abril e em paralelo o Campeonato da Europa de Orientaccedilatildeo Pedestre e o Campeonato da Eu-ropa de Orientaccedilatildeo de Precisatildeo wwweoc2014fpopt

Carnaval o ponto alto Desde 1996 que Portugal realiza a sua prova ra-inha que atrai os melhores especialistas a Por-

Eacute um desporto ainda

preservado de certas poleacutemicas ldquodopingrdquo e outros malabarismos

daiacute que muitos orientistas digam que natildeo seja mau de todo que ele perma-

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Por Terratugal Eacute O Portugal Orsquo Meeting que desde 2000 se realiza no Carnaval com a duraccedilatildeo de 4 dias e pontuaacutevel para a liga Mundial de orientaccedilatildeo pedestre nos percursos de Elite Em 2013 Por-tugal vai receber pela primeira vez trecircs eventos pontuaacuteveis para a Liga Mundial02 e 03 de fevereiro ndash Norte Alentejano Orsquo Mee-ting ndash Nisa (wwwnaompt)09ndash12 de fevereiro ndash Portugal Orsquo Meeting ndash Idanha-a-nova (wwwpompt)16 e 17 de fevereiro ndash XIV Meeting de Orien-taccedilatildeo do Centro ndash Pombal (wwwcocpteventos16fev2013)

OrientaccedilatildeO muitO mais dO que um despOr-tOOlhando para a modalidade de uma forma mais transversal podemos enquadraacute-la aleacutem de mo-dalidade desportiva com aacutereas como o Ambien-te a Educaccedilatildeo e as Novas Tecnologias As qua-tro vertentes atraacutes enunciadas reunidas numa soacute tem a ver tambeacutem com solidariedade

Ambiente porque a Orientaccedilatildeo eacute o ldquoDesporto da Florestardquo fazendo de cada praticante um guardiatildeo e um amigo de tatildeo valioso patrimoacutenio Educaccedilatildeo porque eacute uma modalidade onde se aglutinam mateacuterias tatildeo nucleares como a Ma-temaacutetica ou a Geografia e se desenvolvem com-petecircncias como a capacidade de interpretaccedilatildeo ou o poder de decisatildeo por isso ser considerada prioritaacuteria para o Desporto Escolar Novas Tec-nologias porque eacute das modalidades que mais depende dos Meios Informaacuteticos a todos os niacute-veis do controlo de tempos agrave cartografia mais desenvolvida que existe Desporto porque pro-move a atividade fiacutesica e a Sauacutede dirigindo-se de igual forma agravequeles que individualmente a praticam ao niacutevel da alta competiccedilatildeo como agraves crianccedilas ou agraves famiacutelias que vecircm nela uma forma

de promover o seu bem estar fiacutesico e reforccedilar os laccedilos de amizade e convivialidade

E solidariedade porque vive da forccedila que projeta nos seus praticantes

trabalhando desinteressadamente em prol da modalidade em prol do paiacutes

Porque a Orientaccedilatildeo eacute Ambiente eacute Educaccedilatildeo satildeo Novas Tecnolo-gias eacute Desporto Porque a Orien-

taccedilatildeo gera Riqueza e gera Sauacutede Porque a Orientaccedilatildeo eacute de todos e

para todos Interessa a todos Inte-ressa ao Paiacutes Daiacute que eacute urgente que

todos venham experimentar e que descu-bram as belezas deste Paiacutes de mapa na matildeo oslash

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dade de uma forma mais transversal po-

demos enquadraacute-la aleacutem de modalidade desportiva

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Por Terratugal Eacute O Portugal Orsquo Meeting que desde 2000 se realiza no Carnaval com a duraccedilatildeo de 4 dias e pontuaacutevel para a liga Mundial de orientaccedilatildeo pedestre nos percursos de Elite Em 2013 Por-tugal vai receber pela primeira vez trecircs eventos pontuaacuteveis para a Liga Mundial02 e 03 de fevereiro ndash Norte Alentejano Orsquo Mee-ting ndash Nisa (wwwnaompt)09ndash12 de fevereiro ndash Portugal Orsquo Meeting ndash Idanha-a-nova (wwwpompt)16 e 17 de fevereiro ndash XIV Meeting de Orien-taccedilatildeo do Centro ndash Pombal (wwwcocpteventos16fev2013)

OrientaccedilatildeO muitO mais dO que um despOr-tOOlhando para a modalidade de uma forma mais transversal podemos enquadraacute-la aleacutem de mo-dalidade desportiva com aacutereas como o Ambien-te a Educaccedilatildeo e as Novas Tecnologias As qua-tro vertentes atraacutes enunciadas reunidas numa soacute tem a ver tambeacutem com solidariedade

Ambiente porque a Orientaccedilatildeo eacute o ldquoDesporto da Florestardquo fazendo de cada praticante um guardiatildeo e um amigo de tatildeo valioso patrimoacutenio Educaccedilatildeo porque eacute uma modalidade onde se aglutinam mateacuterias tatildeo nucleares como a Ma-temaacutetica ou a Geografia e se desenvolvem com-petecircncias como a capacidade de interpretaccedilatildeo ou o poder de decisatildeo por isso ser considerada prioritaacuteria para o Desporto Escolar Novas Tec-nologias porque eacute das modalidades que mais depende dos Meios Informaacuteticos a todos os niacute-veis do controlo de tempos agrave cartografia mais desenvolvida que existe Desporto porque pro-move a atividade fiacutesica e a Sauacutede dirigindo-se de igual forma agravequeles que individualmente a praticam ao niacutevel da alta competiccedilatildeo como agraves crianccedilas ou agraves famiacutelias que vecircm nela uma forma

de promover o seu bem estar fiacutesico e reforccedilar os laccedilos de amizade e convivialidade

E solidariedade porque vive da forccedila que projeta nos seus praticantes

trabalhando desinteressadamente em prol da modalidade em prol do paiacutes

Porque a Orientaccedilatildeo eacute Ambiente eacute Educaccedilatildeo satildeo Novas Tecnolo-gias eacute Desporto Porque a Orien-

taccedilatildeo gera Riqueza e gera Sauacutede Porque a Orientaccedilatildeo eacute de todos e

para todos Interessa a todos Inte-ressa ao Paiacutes Daiacute que eacute urgente que

todos venham experimentar e que descu-bram as belezas deste Paiacutes de mapa na matildeo oslash

Fernando Costa e Joaquim margarido

Olhando para a modali-

dade de uma forma mais transversal po-

demos enquadraacute-la aleacutem de modalidade desportiva

com aacutereas como o Am-biente a Educaccedilatildeo e

as Novas Tecnolo-gias

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