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R$ 5,00 9 771413 174008 ISSN 1413 - 1749 FEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRA Ano 126 • Nº 2.146 • Janeiro 2008 D EUS , C RISTO E C ARIDADE

Revista Reformador de Janeiro de 2008

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Característicos essenciais das Revelações – Juvanir Borges de Souza Sem adiamentos – Bezerra de Menezes Preservação dos princípios doutrinários – Umberto Ferreira Conselho Federativo Nacional da FEB – Calendário das Reuniões das Comissões Regionais de 2008 Os riscos do perfeccionismo – Carlos Abranches

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R$ 5,00

9 7 7 1 4 1 3 1 7 4 0 0 8

ISSN 1413 - 1749

F E D E R A Ç Ã O E S P Í R I T A B R A S I L E I R A

Ano 126 • Nº 2.146 • Janeiro 2008D EUS , CR I S TO E CAR I D AD E

Fundada em 21 de janeiro de 1883

Fundador: Augusto Elias da Silva

Revista de Espiritismo CristãoAno 126 / Janeiro, 2008 / N o 2.146

ISSN 1413-1749Propriedade e orientação daFEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRADiretor: NESTOR JOÃO MASOTTI

Diretor-substituto e Editor: ALTIVO FERREIRA

Redatores: AFFONSO BORGES GALLEGO SOARES, ANTONIO

CESAR PERRI DE CARVALHO, EVANDRO

NOLETO BEZERRA E LAURO DE OLIVEIRA SÃO THIAGO

Secretário: PAULO DE TARSO DOS REIS LYRA

Gerente: ILCIO BIANCHI

Gerente de Produção: GILBERTO ANDRADE

Equipe de Diagramação: SARAÍ AYRES TORRES, AGADYR

TORRES E CLAUDIO CARVALHO

Equipe de Revisão: MÔNICA DOS SANTOS E WAGNA

CARVALHO

REFORMADOR: Registro de publicação no 121.P.209/73 (DCDP do Departamento de Polí-cia Federal do Ministério da Justiça),CNPJ 33.644.857/0002-84 • I. E. 81.600.503

Direção e Redação:Av. L-2 Norte • Q. 603 • Conj. F (SGAN) 70830-030 • Brasília (DF)Tel.: (61) 2101-6150FAX: (61) 3322-0523

Departamento Editorial e Gráfico:Rua Souza Valente, 17 • 20941-040Rio de Janeiro (RJ) • BrasilTel.: (21) 2187-8282 • FAX: (21) 2187-8298E-mail: [email protected]

Home page: http://www.febnet.org.brE-mail: [email protected]

Projeto gráfico da revista: JULIO MOREIRA

Capa: AGADYR TORRES PEREIRA

Editorial

Revista Espírita – 150 anos

Entrevista: Roger Perez

O papel da Revista Espírita na difusão da Doutrina Espírita

Presença de Chico Xavier

Em nome do Evangelho – Emmanuel

Esflorando o Evangelho

Esperança – Emmanuel

A FEB e o Esperanto

Zamenhof – Traços luminosos de um nobre caráter –

Affonso Soares

Conselho Federativo Nacional –

Reunião Ordinária do Conselho Federativo Nacional

Seara Espírita

Característicos essenciais das Revelações –

Juvanir Borges de Souza

Sem adiamentos – Bezerra de Menezes

Preservação dos princípios doutrinários –

Umberto Ferreira

Conselho Federativo Nacional da FEB – Calendário

das Reuniões das Comissões Regionais de 2008

Os riscos do perfeccionismo – Carlos Abranches

Caracteres da perfeição – Allan Kardec

Revista Espírita – Laboratório de Allan Kardec

– 150 anos! (Capa) – Evandro Noleto Bezerra

Seminário “Pelos Caminhos da Evangelização”

na FEB-Rio

Lições práticas de humildade para todas as idades

– Clara Lila Gonzalez de Araújo

A energia divina – Richard Simonetti

Retorno à Pátria Espiritual – Honório Onofre de Abreu

Em dia com o Espiritismo – Consciência, consciente,

autoconsciência e autoconhecimento –

Marta Antunes Moura

Cristianismo Redivivo – História da Era Apostólica –

Novas perguntas – Haroldo Dutra Dias

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SumárioExpediente

PARA O BRASILAssinatura anual RR$$ 3399,,0000Número avulso RR$$ 55,,0000

PARA O EXTERIORAssinatura anual UUSS$$ 3355,,0000

AAssssiinnaattuurraa ddee RReeffoorrmmaaddoorr:: Tel.: (21) 2187-8264 • 2187-8274

EE--mmaaiill:: [email protected]

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Editorial

4 Reformador • Janei ro 200822

m maio de 1855, o Prof. Hippolyte Léon Denizard Rivail fez seu primeirocontato com o fenômeno mediúnico das mesas girantes, na casa da Sra.Plainemaison.

Observando que o fenômeno era provocado por Espíritos de pessoas desencar-nadas, constatou – já então na residência da família Baudin –, que esses seres nãotinham noção absoluta das coisas e emitiam apenas opiniões limitadas aos seusconhecimentos. Compreendendo que no fenômeno observado poderia encontrarrespostas às suas dúvidas e soluções para muitos dos problemas da Humanidade, oProf. Rivail deu austeridade ao contato com os Espíritos. Com isto, somenteEspíritos sérios passaram a participar das reuniões, afastando os levianos.

Nos meses de abril e junho de 1856, o Prof. Rivail tomou conhecimento dosgraves compromissos por ele assumidos no sentido de descortinar para a Hu-manidade os ensinos e as lições transmitidos pelos Espíritos superiores. Convictoda tarefa assumida, aprofundou seus estudos e, utilizando o método do “Controleuniversal dos ensinos dos Espíritos”,* separou o que era opinião pessoal dos Espí-ritos comunicantes, dos princípios básicos da Doutrina. Em 18 de abril de 1857,com o pseudônimo de Allan Kardec, lançou O Livro dos Espíritos, que contém osensinos dos Espíritos superiores.

Marcada a presença do Espiritismo no mundo, em janeiro de 1858 Kardec ini-ciou a publicação da Revista Espírita – periódico mensal utilizado na difusão daDoutrina e como laboratório para suas pesquisas e observações. Contatando compessoas de outras cidades e países, comunicava, nas páginas da Revista, o resultadodo trabalho por ele realizado, e informava sobre os acontecimentos ocorridos nocampo das comunicações mediúnicas, em outras partes do mundo, até março de1869, quando desencarnou.

Ao comemorar os 150 anos de sua existência, caracterizada por um constantetrabalho de superação de inúmeros obstáculos, a Revista Espírita continuadifundindo o Espiritismo em seus princípios básicos, levando a mensagem esclare-cedora e consoladora da Doutrina Espírita, em diversas línguas, com a amplitude ea diretriz estabelecida por Allan Kardec, a todos os povos do mundo.

E

Revista Espírita � 150 anos �

*KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. “Introdução”, cap. II, Ed. FEB.

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uando o homem primiti-vo surgiu na Terra, estemundo já existia há mi-

lhões de anos, como um dos pla-netas do sistema solar.

Os conhecimentos científicosnão têm meios seguros para de-terminar, com precisão, a épocaexata em que a vida humana pas-sou a fazer parte deste mundo.

Hipóteses foram formuladas,ora pelo criacionismo ligado acrenças religiosas, ora pelo evolu-cionismo espontâneo decorrentedas leis da Natureza, doutrina fi-losófica que sustenta a mutabili-dade das espécies, como afirmamo darwinismo e o lamarckismo.

O que se sabe, com segurança, éque os vegetais e os animais,inclusive de espécies

já desaparecidas, precederam ohomem na Terra.

Assim, as origens do mundo,sua natureza, finalidade e trans-formações foram objeto das tradi-ções e das crenças das populaçõese povos, antes e depois dos perío-dos históricos e anteriores às cogi-tações científicas.

As tradições mais antigas vêmdos povos orientais, especialmenteda Índia e da China, mas tambémda Mesopotâmia e da Pérsia, doEgito, da Grécia e do povo judeu.

Nos escritos sagrados desses po-vos há revelações simbólicas sobrea origem do mundo e do homem,que ainda permanecem nos diasatuais como crenças arraigadas.

De todas essas antigas idéias, so-bre o problema das origens, per-maneceram concepções opostas:

a primeira, de natureza religiosa, quenão admite contestações, considera--se verdadeira e definitiva; a segun-da, que tem caráter científico, ba-seia-se em hipóteses ainda não com-provadas por pesquisas que tenhamchegado a conclusões definitivas.

O que ocorre a respeito de de-terminadas idéias é que a Huma-nidade, de forma geral, ainda nãopercebeu sua verdadeira condi-ção, constituída por individualida-des espirituais atrasadas e imper-feitas, que ainda estão longe deconhecer inúmeras realidades domundo em que viveram e, commais razão, do Universo infinito eeterno criado por Deus.

O problema das ori-gens é uma das ques-tões, entre muitas ou-tras, que os habitantes

QJU VA N I R B O RG E S D E SO U Z A

Característicosessenciais

das Revelações

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deste mundo, de “expiações e pro-vas”, ainda não têm condições deresolver satisfatoriamente, peloconhecimento dos fatos.

Daí a formulação de hipóteses,de caráter religioso ou científico,que não resistem a análises apro-fundadas, baseadas na razão es-clarecida e no confronto com rea-lidades já comprovadas.

O niilismo, o materialismo demúltiplas faces, a incredulidadesistematizada são decorrências,em muitos casos, do inconformis-mo de milhões de seres humanoscom as explicações tradicionaisdas crenças religiosas e tambémcientíficas, que não correspon-dem às realidades e à verdade.

São erros e enganos, oriundosda ignorância humana, sobre as-suntos que estão além da capacida-de de entendimento dos habitantesdeste orbe, a gerar outros equívo-cos de perniciosas conseqüênciaspara inúmeras outras criaturas.

Entretanto, se observarmos,com o devido cuidado, os aconte-cimentos e as idéias surgidos nocurso de toda a história humana,chegamos à conclusão de que aProvidência Divina jamais deixouo homem indefinidamente entre-gue aos próprios erros e enganos,sem nenhum auxílio.

Pelo contrário, jamais faltou àscoletividades, nações, ou civiliza-ções a assistência superior, atravésde enviados especiais do Governa-dor espiritual da Terra, incumbi-dos de esclarecer e ajudar as coleti-vidades em que renasceram, ou emque atuaram, não para desviá-lascompletamente de suas convicções

e formas de vivência, mas paraajudá-las à melhor compreensãoda vida e na busca de aspectos daverdade, sempre dentro dos limitese possibilidades das criaturas e semprejuízo do livre-arbítrio com queforam criados todos os Espíritos.

Por isso, as revelações superiores,que estão presentes em todas as épo-cas da história humana, não abran-gem toda a verdade, mas se ajustamà inteligência e às possibilidadesde entendimento dos seus benefi-ciários, auxiliando-os para que nãose afastem, cada vez mais, das rea-lidades e do entendimento da vida.

As revelações são, assim, auxí-lios superiores aos que procuramevoluir, seguir à frente, mas que seencontram em dificuldades decor-rentes das idéias, convencimentose crenças que adotaram, as quaisnão se ajustam à verdade e à vida.

Desta forma, ao mesmo tempoque esclarecem melhor as cons-ciências, com novas percepções,não forçam determinados limitesde seres incapazes de dar grandessaltos evolutivos.

Jesus, o Mestre Incomparável,sabia e sabe das dificuldades comque se deparam os seres espiri-tuais da retaguarda para seguiremà frente, de acordo com a divinalei do progresso.

Por isso utilizou métodos indi-retos para transmitir seus ensinos,servindo-se muitas vezes de figu-rações, símbolos e especialmentede exemplos, em muitas de suaslições inesquecíveis.

Podemos, assim, melhor enten-der a advertência do Mestre, quan-do afirmou não ter vindo ao mun-

do para “destruir a lei, mas paradar-lhe cumprimento”, acrescen-tando, em outra oportunidade, es-sa síntese maravilhosa de sua mis-são excepcional:

“Eu sou o Caminho, e a Verda-de e a Vida”.

A revelação vinda através deMoisés não é definitiva, nem re-presenta toda a verdade. Atendeua uma fase evolutiva de um povoque teve o mérito de mostrar àHumanidade a existência de umDeus único, contrapondo-se àcrença, generalizada e equivocada,em muitos deuses, que prevaleceupor muitos milênios.

Jesus, entretanto, após a Reve-lação Mosaica, reafirma a verdadeda existência de um só Deus, oCriador de todo o Universo, masretifica o entendimento e as inter-pretações que as sucessivas gera-ções judaicas deram a outros ensi-nos recebidos do Alto.

O Mestre Incomparável deixouclaro que suas lições e exemplosnão abrangiam toda a Verdade, devez que os homens não haviamatingido ainda a plena capacidadede entendimento de todas as reali-dades, especialmente no que diz res-peito à vida em outros planos espi-rituais, prometendo, por isso, pedirao Pai o envio de outro Consolador,para ficar no mundo para sempre.

Ele cumpriu sua promessa, naépoca e na hora apropriadas, en-viando a Doutrina Consoladora pa-ra ficar com a Humanidade e pre-parar-lhe uma nova era de enten-dimento e de progresso espiritual.

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Todos os fenômenos preparató-rios ocorridos a partir da primei-ra metade do século XIX, nos Es-tados Unidos (Hydesville) e na Eu-ropa (mesas girantes), seguidos dasobservações cuidadosas e segurasdo missionário Allan Kardec, foramacontecimentos destinados a trazeraos homens uma Terceira Revela-ção, que complementa as anteriores.

Os livros básicos da Doutrina,escritos pelo Codificador, sob aorientação dos Espíritos superio-res, à frente o Espírito de Verdade,obras que posteriormente se des-dobraram em milhares de outras,de autoria de diversas entidades es-pirituais e dos próprios homens,expressam, ampliam e expandema última Revelação, como previuo Espírito de Verdade:

As grandes vozes do Céu res-

soam como sons de trombetas, e

os cânticos dos anjos se lhes asso-

ciam. Nós vos convidamos, a vós

homens, para o divino concerto.

[...] (“Prefácio” de O Evangelho

segundo o Espiritismo, Ed. FEB.)

A Nova Revelação destina-seespecialmente a retificar entendi-mentos distorcidos das anteriores,relembrar os ensinos do Cristo, tra-zer conhecimentos novos aos queaspiram progredir sempre, e des-vendar a existência de esferas oumundos espirituais, que estão emcontínuos relacionamentos com onosso, habitados por seres espiri-tuais de diferentes condições mo-rais e intelectuais.

Ao retificar as idéias niilistas,materialistas e os desvios espiritua-

listas, como a absorção do Espíritono todo universal, com o fim da suaindividualidade, o Consolador jáestá preparando uma Nova Era, pa-ra a regeneração do mundo atual.

O reconhecimento dessas re-giões espirituais, que abrigam todaa população dos que denominamosmortos, demonstra que, na realida-de, não existe a morte do ser eterno,o Espírito, mas somente a desagre-gação da parte material – o corpofísico – de que se utiliza o ser imor-tal em sucessivas reencarnações.

Todas essas noções, de grandeinteresse para os habitantes de ummundo material como a Terra,não são aceitas por grande partede sua população, até mesmo pe-los cientistas.

Pouco a pouco, entretanto, to-dos aqueles que procuram, since-ramente, a realidade, vão se con-vencendo da verdade demonstra-da pelos fatos, pelas manifesta-ções dos próprios Espíritos e peloconhecimento das leis eternas,justas e perfeitas do Criador, acausa primária de todas as coisas.

O Espiritismo, como uma No-va Revelação, tem caráter científi-co, ao tratar do espírito como ooutro elemento do Universo, aolado da matéria. Nesse caso, semdúvida, está contribuindo paraque a verdadeira Ciência não seomita ao negar a existência daparte imaterial do Universo.

Compreendeu Allan Kardec oposicionamento materialista dasciências, ao explicar que a pesqui-sa das leis naturais, em um mun-

do material, como o nosso, só po-deria iniciar-se no plano físico, jáque a realidade da matéria é a queimpressiona, em primeiro lugar,os nossos sentidos físicos.

Somente com a ampliação daspercepções, para além do planomaterial, iniciar-se-iam as investi-gações da realidade espiritual.

Foi o que ocorreu.Por isso o plano espiritual ini-

ciou a Nova Revelação com a fe-nomenologia espírita, chamandoa atenção para o desconhecido.

Quanto à tendência das ciên-cias e dos cientistas para o mate-rialismo, sua modificação é umaquestão de tempo.

Sendo a Ciência o conhecimen-to da realidade das coisas, a verda-de em todos os sentidos, é eviden-te que a realidade da vida espiritualapresentada pelo Espiritismo nãopode ficar ignorada, indefinida-mente, pelos negativistas.

Se a generalidade dos cultoresdas diversas ciências não aceitou aDoutrina Espírita em seus pri-mórdios, na atualidade a situaçãoalterou-se muito, emboranão totalmente.

O bom senso nosmostra que os cientis-tas, por coerência comseus conhecimentoscorretos, não pode-rão negar a realidadedos fatos e das leisque os regem.

O homem nuncaesteve sozinho emnenhuma época da

Humanidade

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Filhos da alma:Que Jesus nos abençoe!

queles dias, assinaladospelo ódio e pela traição,pelo desbordar das pai-

xões asselvajadas pelo crime e ahediondez, eram as bases sobre asquais as forças conjugadas do Maliam erigir o seu quartel de des-truição do Bem.

Veio Jesus e gerou uma novaera centrada no amor.

Dezenove séculos depois, apre-sentavam-se as criaturas em con-dições quase equivalentes. É cer-to que, nesse ínterim, houve umgrande desenvolvimento tecno-lógico e científico, e o progressocolocou fronteiras que se abriampara o futuro, mas as lutas eramtirânicas entre o materialismo eo espiritualismo.

Então veio Allan Kardec e, coma caridade exaltando o amor do

Mestre, proporcionou à Ciênciainvestigar em profundida-

de o ser humano, identi-ficando-lhe a imorta-lidade, a comunica-bilidade, a reencar-

nação do Espírito, que éindestrutível.

Cento e cinqüenta anos de-pois, as paisagens terrestres en-

contram-se sombreadas por cri-mes equivalentes aos referidos,

que não ficaram apenas no passa-do, e o monstro da guerra espreitasorrateiro nos pontos cardeais doPlaneta, aguardando o momentopara apresentar-se destruidor, co-mo se capaz fosse de eliminar oBem, de destruir a Vida.

Neste momento, a Doutrina

Espírita, sintetizando o pensa-mento de Cristo nas informaçõesda sua grandiosa filosofia cen-trada na experiência dos fatos,apresenta a Era da Paz, propor-cionando a visão otimista do fu-turo e oferecendo a alegria deviver a serviço do Bem.

Vivemos os momentos difíceisda grande transição terrestre.

As dificuldades multiplicam-see a cizânia homizia-se nos cora-ções, procurando gerar divisionis-mos e partidos que entrem emconflagração com caráter destrui-dor. O ódio, disfarçado na indu-mentária da hipocrisia, assenho-reia-se das vidas, enquanto a in-sensatez estimula os instintos nãosuperados, para que atirem a cria-tura humana no charco das pai-xões dissolventes onde pretendemafogá-la. Mas é neste momentograve que as luzes soberanas daverdade brilham no velador dasconsciências, conclamando-nos atodos, desencarnados e encarna-dos, a porfiar no bem até o fim.

Não são fáceis as batalhas tra-vadas no íntimo, mas Jesus nãonos prometeu facilidades. Refe-riu-se mesmo à espada que deve-ria separar o bem do mal, destruira iniqüidade para salvar o iníquo.

A

Sem adiamentos

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Os desafios que se multipli-cam constituem a grande provaatravés da qual nos recuperamosdos delitos graves contra nósmesmos, o nosso próximo, a so-ciedade, quando pervertemos amensagem de amor inspiradospelos interesses vis a que nosafeiçoávamos.

Agora é o grande instante dadecisão. Não há mais lugar paratitubeios, para postergarmos arealização do ideal.

Já compreendemos, juntos,que os denominados dois mun-dos são apenas um mundo emduas vibrações diferentes. Estãoperfeitamente integrados no ob-jetivo de construir um outromundo melhor e fazer feliz acriatura humana.

Demo-nos as mãos, unidos, pa-ra que demonstremos que as nos-sas pequenas diferenças de opi-nião são insuficientes para supe-rar a identificação dos nossos pro-pósitos nos paradigmas doutriná-rios em que firmamos os ideais.

Demo-nos as mãos, para en-frentarmos a onda de homicídioslegais nos disfarces do aborto, daeutanásia, do suicídio, da penade morte que sempre buscam alegitimação, porque jamais serãomorais.

Empenhemo-nos por viverconforme as diretrizes austeras

exaradas no Evangelho e atuali-zadas pelo Espiritismo.

Jesus, meus filhos, encontra-seconduzindo a nau terrestre e alevará ao porto seguro que lheestá destinado.

Disputemos a honra de fazerparte da sua tripulação, na con-dição de humildes colaborado-res. Que o sejamos, porém, fiéisao comando da Sua dúlcida voz.

Não revidar mal por mal, nãodesperdiçar o tempo nas dis-cussões infrutíferas das vaida-des humanas, utilizar esse pa-trimônio na edificação do reinode Deus em nós mesmos, são as antigas-novas diretrizes que nosconduzirão ao destino que bus-camos.

Estes são dias tumultuosos!Se, de uma forma, viveis as

alegrias dos avanços do conheci-mento científico e tecnológico,desfrutais das comodidades queproporcionam ao lado de cente-nas de milhões de Espíritos so-fridos e anatematizados pela en-fermidade, pela fome, pela dor,quase esquecidos, também sãoos dias de acender a luz do amorem vossos corações, para que oamor distenda as vossas mãos nadireção deles, os filhos do calvá-rio. Mas não apenas deles, comotambém dos filhos do calvário nopróprio lar, na Casa Espírita, na

oficina de dignificação pelo tra-balho, no grupo social...

Em toda parte Jesus necessitade vós, para falar pela vossa bo-ca, caminhar pelos vossos pés eagir através das vossas mãos.

Exultai, se incompreendidos.Alegrai-vos, se acusados. Buscaisorrir, se caluniados ou esqueci-dos dos aplausos terrestres.

As vossas condecorações serãoas feridas cicatrizadas na alma queconstituirão o passaporte divinopara, depois da grave travessia,entrardes no grande lar em paz.

Ide, pois, de retorno às vossaslides e amai.

Levai Jesus convosco e vivei-O.Ensinai a todos a doutrina de

libertação e dela fazei a vossabússola.

Na ampulheta das horas otempo continua inexoravelmen-te sem tempo para adiamentos.

Vigiai orando e amai servindo.Que o Senhor de bênçãos nos

abençoe, filhos da alma, é a sú-plica que faz o servidor humíli-mo e paternal de sempre,

Bezerra

(Mensagem psicofônica recebida pelo

médium Divaldo Pereira Franco ao final

da Reunião do Conselho Federativo Na-

cional da FEB, no dia 11 de novembro

de 2007, em Brasília, DF.)

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10 Reformador • Janei ro 2008 88 Reformador • Janei ro 2008

m seu livro História Ecle-siástica, os primeiros qua-tro séculos da Igreja Cristã,

Eusébio de Cesaréia – que viveude 260 a 340 d.C. – relata que,desde o seu início, o Cristianismocorreu o risco de sofrer distorçõesna sua prática, devido às heresiasque foram surgindo. Algumas pro-vocaram prolongadas polêmicas;outras, verdadeiras cisões em al-guns núcleos cristãos.

A partir do ano 325, quandopassou a ser a religião oficial doImpério Romano, o Cristianismonão conseguiu manter a sua pure-za original e acabou sofrendo sig-nificativos desvios na interpreta-ção dos ensinamentos e na prática.A situação agravou-se a partir doano 553 – Concílio de Constanti-nopla II –, quando a tese da pre-existência da alma, de Orígenes, foicondenada. Isso significou a exclu-são do princípio da reencarnação.

Na nova roupagem, o Cristia-nismo não conseguiu mais expli-car as desigualdes de oportunida-des entre os seres humanos, a lei decausa e efeito, a compatibilizaçãoentre a lei de justiça e a misericór-dia divina. Em conseqüência, per-deu a sua força como doutrina que

foi legada aos homens para escla-recê-los, promover a sua transfor-mação moral e trazer-lhes a espe-rança por uma vida melhor.

O Espiritismo completa 150anos. É muito jovem ainda. Sur-giu numa época bastante favorá-vel, com a Humanidade bem maisdesenvolvida. Os seus ensinamen-tos não são apresentados sob for-ma alegórica, são claros, podem serentendidos tanto pelas pessoas maiscultas, quanto pelas menos letra-das. Além disso, há grande númerode livros de autoria dos Espíritos ede escritores encarnados que expli-cava os seus princípios; assim, pra-ticamente não ficam dúvidas.

Enquanto a redação definitivados evangelhos só foi feita mais dedoze anos depois da volta de Jesusà Pátria Espiritual – manuscrita,em papiro –, os ensinamentos es-píritas já foram lançados em li-vros, escritos e revisados por Kar-dec, sob a supervisão dos Espíri-tos superiores; por isso o Espiri-tismo corre risco bem menor deser alterado no conteúdo doutri-nário, especialmente o que estáexposto nas obras básicas. O mes-mo não se pode dizer com relaçãoà prática: nesta há certo risco.

Os desvios podem ocorrer pelaintrodução de práticas estranhas àDoutrina, por priorizarem o fenô-meno mediúnico, ou por iniciá-lase mantê-las sem o conhecimentoseguro da teoria; ou ainda pelapresunção de pessoas ou gruposde terem competência para refor-mar a base doutrinária, ou mes-mo de elaborar outra teoria. Emtodos esses casos, costuma haver aparticipação de Espíritos, adversá-rios do Espiritismo, que agemorientando grupos crédulos, ouinsuflando idéias em desacordocom os princípios espíritas e cris-tãos a pessoas dominadas pelo or-gulho, pela presunção.

Para evitar que isso aconteça, éfundamental preservar-se os prin-cípios doutrinários tanto na teo-ria como na prática. Para se atin-gir esse objetivo, são indispensá-veis: estudo contínuo, para se terorientação adequada e segurançanas atividades, e humildade, paranunca se afastar desse caminhoseguro.

Assim, o Espiritismo – que res-taura o Cristianismo na sua pure-za – não sofrerá alterações, nemdesvios; será preservado em todaa sua integridade.

Preservação dosprincípios doutrinários

EUM B E RTO FE R R E I R A

reformador Janeiro 2008 - a.qxp 23/1/2008 14:27 Page 10

RO G E R PE R E ZEntrevista

Reformador: Como avalia a im-portância da Revue Spirite no pe-ríodo de Kardec (1858-1869)?Roger: Foi sob a iniciativa solitá-ria de Allan Kardec que, a partir de1858, foi publicada a Revue Spirite.É a revista espírita mais antiga e aque mais contribuiu à divulgaçãoda Doutrina Espírita. A publicaçãomagistral da Revue Spirite, notada-mente durante o primeiro período(1858-1869), deve ser consideradapor todos os espíritas como a pedraangular para se compreender seulongo alcance moral. Período noqual Allan Kardec já estava cons-ciente da força renovadora do Es-piritismo e da necessidade de avan-çar seus trabalhos a despeito da-

queles que buscavam destruir-lhea missão (comunicação recebidaem 24 de janeiro de 1860). Ele ti-nha a certeza de que o Espiritismoseria chamado a desempenhar umaintensa tarefa para a evolução denosso planeta, trazendo a verdadesobre a missão de Jesus, extin-guindo o ateísmo e o materialismo.

Reformador: Como foram os apoiose dificuldades enfrentados porKardec?Roger: É importante lembrar quedesde o começo a idéia de publi-car a Revue Spirite recebeu domundo espiritual absoluta apro-vação. Neste sentido, Allan Kardecrecebeu dos Espíritos magistral res-posta: “Age com ou sem o seuconcurso [Sr. Tiedeman]; não teconsumas por sua causa. Podesprescindir dele”. Allan Kardec nosdiz em Obras Póstumas: “Apressei--me a redigir o primeiro númeroe fi-lo circular a 1o de janeiro de

1858, sem haver dito nada a quemquer que fosse. [...] Publiquei-o cor-rendo eu, exclusivamente, todos osriscos e não tive de que me arrepen-der, porquanto o resultado ultra-passou a minha expectativa. [...]”.Tudo isso apesar do Auto-de-fé emBarcelona, de 21 de outubro de

O papel da RevistaEspírita na difusão

da Doutrina EspíritaRoger Perez, presidente da Union Spirite Française et Francophone(União Espírita Francesa e Francofônica), analisa a importância daRevue Spirite* desde o seu lançamento por Allan Kardec até os

desdobramentos na atualidade

*N. da R.: Atualmente é intitulada La RevueSpirite. O artigo “La” só foi preposto ao no-me da Revue Spirite a partir de 1913. (WAN-TUIL, Zêus; THIESEN, Francisco. AllanKardec: pesquisa biobibliográfica e ensaiosde interpretação. v. III. 4. ed. Rio de Janeiro:FEB, 1998. “La Revue Spirite”, p. 47, nota 7.)

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1861, onde foram queimados OLivro dos Espíritos, O Livro dos Mé-diuns, e coleções da Revue Spirite,ou seja, um total de 300 livros ediversos volumes de outras obrasespíritas. Este fato teve como reper-cussão um resultado estrondoso,mas muito positivo, que deu umaimpulsão fazendo progredir o Es-piritismo na Espanha e no mundo.(Revue Spirite, novembro de 1861.)

Uma série de comunicaçõesemanadas do mundo espiritual, re-cebidas por Allan Kardec em 1867(16 de agosto e 9 de setembro) e em1868 (23 de fevereiro e 1o de julho),podem ser assim resumidas. “Tem--te, pois, pronto para tudo [...]. Oano próximo começará em breve;é preciso, pois, que, pelos finsdeste, dês a última demão à pri-meira parte da obra espírita [...]”.Assim se constituiu o “Projeto de1868”: sobre a necessidade de umabase sólida e de uma unidade dou-trinária positiva e organizada do Es-piritismo. Allan Kardec insistia quea ausência de unidade poderia en-travar a propagação da DoutrinaEspírita. É interessante situar numcontexto histórico, e na sua atmos-fera social, o projeto de estrutura-ção do Movimento Espírita pre-conizado por Allan Kardec, bemcomo seus propósitos sobre o ca-ráter reformador e universal doEspiritismo. Ele sublinha judicio-samente o caráter progressista doEspiritismo em assimilando todasas idéias reconhecidamente justas,sabendo-se que cedo ou tarde obem suplanta o mal e o verdadeiroprima sempre sobre o falso. Aí estáa única luta em que ele se engajou.

Que os homens se contentem deser assistidos e protegidos pelos bonsEspíritos, mas que não procuremse isentar da responsabilidade quelhes incumbe como encarnados.

Reformador: E o apoio mais recentedo Conselho Espírita Internacional?Roger: Lembrando nosso venera-do Léon Denis, os espíritas fran-ceses, como os espíritas do mundo,congregados no Conselho EspíritaInternacional, encontram-se dian-te de um compromisso em que amarcha dos acontecimentos per-manece proporcional aos seus co-nhecimentos das leis morais e daconsciência de suas responsabili-dades. Eles devem antes de tudo serdignos, nos seus pensamentos e atosde todos os instantes, dos grandesprincípios que constituem a Dou-trina dos Espíritos, à qual é necessá-rio suscitar uma adesão voluntária.

Hubert Forestier, que foi dire-tor de publicação da Revista, diziaque a “Revue Spirite é filha do pen-samento de Allan Kardec”. Hoje,em cooperação estreita com oConselho Espírita Internacional, aRevue Spirite imprime a presençaespírita na França e no mundo,em vários idiomas; ela é impressano Brasil, que sempre estendeu amão fraterna à USFF.

No alvorecer do Espiritismo, co-mo doutrina codificada, Paul Bo-dier, ilustre espírita francês do sé-culo retrasado, dizia: “Formulamoso voto sincero para que a publica-da Revue Spirite seja divulgada nãosomente na França, mas no mundoterrestre, para que sob mil formas,o invisível penetre os sensitivos e se

imponha de maneira que eles pos-sam seguir com facilidade o nobrecaminho traçado pelos nossos ilus-tres antepassados que já retorna-ram ao mundo dos Espíritos”.

Reformador: Como conseguiu rea-ver a Revue Spirite após as detur-pações que ela sofreu entre os anos1970-1980?Roger: A USFF retomou seus legí-timos direitos em 1985, com a rea-parição da Revue Spirite depois dedoze anos de interrupção de sua pu-blicação. Louis Serré e eu condu-zimos um duro combate sempresustentado por comunicações ema-nadas de uma entidade espiritualque se identificava como “O irmãodo trabalho”, a qual nos revelou cer-tos pontos administrativos frágeisque agiram em nosso favor, desde ocomeço do processo legal, para rea-ver a Revue Spirite. Este Espíritonos pediu para nada revelar de suaidentidade. O único detalhe queposso relatar é que se trata de umapersonalidade que foi um grandenome da Igreja Católica. Com asua permissão, eu gostaria de acres-centar que sua conversão às idéiasespíritas se realizou após a desen-carnação, pelo que, ainda quandonão o possamos sequer imaginar,conversões também se realizam noMundo Maior. Lembrando Sha-kespeare quando dizia: “A verdadetem um coração tranqüilo”.

Reformador: Quais foram os esforçosda USFF para manter a Revue Spirite? Roger: Apesar do grande devota-mento de nossos irmãos do Cen-tre de Doctrine et d’Initiation Spirite

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Christiques de Tours, defrontamoscom problemas técnicos e financei-ros para a edição da Revue Spirite,o que era para essa pequena equi-pe um dever sagrado a cumprir.Essa angústia permanente de nãosaber se podíamos manter a edi-ção da Revue Spirite foi acalmadaa partir de um acontecimento ines-perado, que nos foi informadoatravés de comunicações mediú-nicas. Mas não sabíamos o queseria nem quando ocorreria. Talacontecimento se deu em 1o de no-vembro de 1990, quando da visitaa Tours de nossos estimados ir-mãos Nestor João Masotti e PauloRoberto Pereira da Costa. Assim,a primeira ajuda para a ampliaçãoe a permanência de uma ediçãosólida da Revue Spirite nos veio daFederação Espírita Brasileira, bemantes da criação do Conselho Es-pírita Internacional, em 1992.

Reformador: Desde 2000 há umaparceria da USFF com o CEI para aedição da Revue Spirite. Como ava-lia sua expansão em outros idiomas?Roger: A parceria existe sob umaforma tácita, baseada nos princí-pios de honra e de fraternidade,sob as asas protetoras do mundoespiritual. Tal é o meu sentimen-to, profundo e inabalável. Comoprova deste legado tem-se, hoje, aextensão da Revista em váriosidiomas. Há alguns anos, quandoda reaparição da Revue Spirite em1985, quem poderia imaginar talacontecimento, senão o mundo es-piritual e os seres encarnados deboa vontade, fundadores do Con-selho Espírita Internacional?

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Conselho FederativoNacional da FEB

Nordeste1. Comissão Regional Nordeste

1.1 Cidade-sede: Natal (RN).1.2 Período: de 11 a 13 de abril.1.3 Reunião dos Dirigentes: Assunto – “Gestão Federativa”.

Sul2. Comissão Regional Sul

2.1 Cidade-sede: Porto Alegre (RS).2.2 Período: de 25 a 27 de abril.2.3 Reunião dos Dirigentes: Assunto – “Reflexões éticas sobre a in-

fluência das atividades de entidades não federadas e a qualidadedas produções espíritas”.

Norte3. Comissão Regional Norte

3.1 Cidade-sede: Manaus (AM).3.2 Período: de 22 a 25 de maio.3.3 Reunião dos Dirigentes: Assunto – “O papel do dirigente como

multiplicador na Casa Espírita”.

Centro4. Comissão Regional Centro

4.1 Cidade-sede: Belo Horizonte (MG).4.2 Período: de 20 a 22 de junho.4.3 Reunião dos Dirigentes: Assunto – “Principais necessidades e difi-

culdades para a estruturação e implantação do ‘Plano deTrabalho’ pelas Federativas”.

Áreas EspecíficasSerão realizadas, concomitantemente com a Reunião dos Dirigentes,

e, com temas próprios escolhidos em 2007, as reuniões das Áreas Espe-cíficas de Atendimento Espiritual no Centro Espírita, Atividade Me-diúnica, Comunicação Social Espírita, Estudo Sistematizado da Dou-trina Espírita, Infância e Juventude, Serviço de Assistência e PromoçãoSocial Espírita.

Calendário das Reuniõesdas Comissões Regionais de 2008

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eunindo-se aos discípulos, empreendeu Jesus arenovação do mundo.

Congregando-se com cegos e paralíticos,restituiu-lhes a visão e o movimento.

Misturando-se com a turba extenuada, multipli-cou os pães para que lhe não faltasse alimento.

Ombreando-se com os pobres e os simples, ensi-nou-lhes as bem-aventuranças celestes.

Banqueteando-se com pecadores confessos, ensi-nou-lhes o retorno ao caminho de elevação.

Partilhando a fraternidade do cenáculo, preparacompanheiros na direção dos testemunhos de fé viva.

Compelido a oferecer-se em espetáculo na cruz,junto à multidão, despede-se da massa, abençoandoe amando, perdoando e servindo.

Compreendendo a responsabilidade da grande as-sembléia de colaboradores do espiritismo brasileiro,formulamos votos ardentes para que orientem noEvangelho quaisquer princípios de unificação, emtorno dos quais entrelaçam esperanças.

Cremos que a experiência científica e a discussãofilosófica representam preparação e adubo no campodoutrinário, porque a semente viva do progresso real,com o aperfeiçoamento do homem interior, perma-nece nos alicerces divinos da Nova Revelação.

Cultivar o espiritismo, sem esforço espiritualizan-te, é trocar notícias entre dois planos diferentes, semsignificado substancial na redenção humana.

Lidar com assuntos do céu, sem vasos adequadosà recepção da essência celestial, é ameaçar a obrasalvacionista.

Aceitar a verdade, sem o desejo de irradiá-la,através do propósito individual de serviço aos seme-lhantes, é vaguear sem rumo.

O laboratório é respeitável.A academia é nobre.O templo é santo.A ciência convence.A filosofia estuda.A fé converte o homem ao Bem Infinito.Cérebro rico, sem diretrizes santificantes pode

conduzir à discórdia.Verbo primoroso, sem fundamentos de sublima-

ção, não alivia, nem salva.Sentimento educado e iluminado, contudo, me-

lhora sempre.Reunidos, assim, em grande conclave de fraterni-

dade, que os irmãos do Brasil se compenetrem, cadavez mais, do espírito de serviço e renunciação, de so-lidariedade e bondade pura que Jesus nos legou.

O mundo conturbado pede, efetivamente, açãotransformadora. Conscientes, porém, de que se fazimpraticável a redenção do Todo, sem o burilamen-to das partes, unamo-nos no mesmo roteiro deamor, trabalho, auxílio, educação, solidariedade, va-lor e sacrifício que caracterizou a atitude do Cristoem comunhão com os homens, servindo e espe-rando o futuro, em seu exemplo de abnegação, paraque todos sejamos um, em sintonia sublime com osdesígnios do Supremo Senhor.

(Mensagem recebida em 14 de setembro de 1948, pelo médium

Francisco Cândido Xavier, em Pedro Leopoldo, Minas, destinada

aos irmãos do Primeiro Congresso Nacional Espírita em São

Paulo.)

Fonte: Anais do I Congresso Brasileiro de Unificação, realizado

em São Paulo (SP), no período de 31 de outubro a 5 de novem-

bro de 1948, p. 39-41.

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R

Presença de Chico Xavier

Em nome do Evangelho“Para que todos sejam um” – Jesus. (João, 17:22.)

Pelo Espírito Emmanuel

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erá que Jesus determinouuma sentença impossívelpara seus irmãos, ao pro-

por que fôssemos perfeitos, assimcomo é perfeito o Pai que está nosCéus?

A compreensão profunda doque o Mestre quis dizer está dire-tamente relacionada ao que se en-tende por perfeição. Se ela for assi-milada como algo sem mácula, umconjunto de atitudes absolutamen-te corretas, talvez tenhamos deenfrentar muitas dificuldades paraalcançar o que o Cristo nos pede.

Falta ainda uma larga caminha-da até o ser humano atingir essenível de excelência. Por isso, seriainteressante se, ao invés de se falarem perfeição, tratássemos de to-das as possibilidades de melhoriaprogressiva a nosso alcance.

É preciso admitir as própriasimperfeições. Que somos ainda “fa-zedores de erros”. Que a perfeiçãoabsoluta não existe, e sim o alcancede uma condição evolutiva em quepassamos a compreender com am-plitude a perfectibilidade de Deus,

conforme apregoam os Espíritos--autores de O Livro dos Espíritos.

Quando a criatura não conse-gue conviver em paz com os pró-prios limites, corre o risco de seperder em torno de problemas defundo psicológico. Um deles é aconduta obsessivo-compulsiva.

O obsessivo é aquele que pensae repensa constantemente sobresua obsessão, seja ela qual for. Ocompulsivo sai do campo do pen-samento e entra no da prática. Elenão somente faz, mas repete aação de forma constante, como,por exemplo, lavar as mãosvinte vezes ao dia.

Esse tipo de pessoa costu-ma acreditar que se não va-ler alguma coisa, não valenada. Se não é perfeito, é umfracasso. Dentre outras possí-veis causas, isso pode tambémser o resultado de uma pro-gramação feita na infância,com base na convivênciacom pais muito exigen-tes, que planejaram osfilhos para serem per-feitos e sem manchas.

O problema é que

o resultado final do perfeccionis-mo nunca é bom. É difícil encon-trar alguém com esse perfil que sesinta satisfeito com o resultado fi-nal de algo que fez. Para ele, o fei-to poderia sempre ter ficado me-lhor, e essa consciência não o dei-xa ser integralmente feliz.

Para mexer na estrutura psí-quica do perfeccionista, é preciso

Os riscos doperfeccionismo

S

“Sede perfeitos [...].” – Jesus. (Mateus, 5:48.)

CA R LO S AB R A N C H E S

A pessoaperfeccionistatorna-seobsessiva

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mudar uma crença básica dele, ade que seu valor é medido por seudesempenho e que os erros quecomete diminuem a admiraçãoque os outros têm por ele.

No fundo, a autocobrança pelaeficácia absoluta é tão feroz que elese torna concorrente severo de simesmo, e quando chega nesse es-tágio, fica difícil que não mergulhena incapacidade de ser tranqüilo ede se desculpar pelos deslizes na-turais de pessoa imperfeita, que é.

Não há outra saída, senão a pes-soa tornar-se consciente dos efeitosperversos do cativeiro em que se en-volveu. Vulnerabilidade e experiên-cias de aprendizado, em que erraré permitido, fazem parte de qual-quer conquista e amadurecimento.

De acordo com a opinião deEmmanuel, “Deus permitiu queas quedas d’água existissem paraque percebêssemos quanta força erenovação podemos extrair denossas próprias quedas”. (Compa-nheiro. 23. ed. IDE, cap. 12.)

Felicidade é o resultado de umarelação sincera da pessoa com seus

talentos e possibilidades de mu-dança. Cada um dá o que pode,com os recursos que tem à dispo-sição no momento. O mais podevir por acréscimo, se for da von-tade superior, desde que os em-penhos da criatura favoreçam oseu e o crescimento da comuni-dade a que pertence.

Todo erro faz parte do pro-cesso de aprendizagem. O únicofracasso integral é aquele com oqual nada se aprende. Por isso, ossábios costumam dizer que o ca-minho se faz ao caminhar, e queser feliz é resultado de um cresci-mento gradual, seguro e progres-sivo, bem diferente da perfeiçãoinstantânea, em que alguns acre-ditam, mas que nunca conse-guem atingir.

16 Reformador • Janei ro 2008 1144

Felicidade é o resultado de uma relaçãosincera da pessoa com seus talentos

ois que Deus possui a perfeição infinita em todas as coisas, estaproposição: “Sede perfeitos, como perfeito é o vosso Pai celes-

tial”, tomada ao pé da letra, pressuporia a possibilidade de atingir--se a perfeição absoluta. Se à criatura fosse dado ser tão perfeitaquanto o Criador, tornar-se-ia ela igual a este, o que é inadmissível.Mas, os homens a quem Jesus falava não compreenderiam essanuança, pelo que ele se limitou a lhes apresentar um modelo e adizer-lhes que se esforçassem pelo alcançar.

Aquelas palavras, portanto, devem entender-se no sentido daperfeição relativa, a de que a Humanidade é suscetível e que mais aaproxima da Divindade. Em que consiste essa perfeição? Jesus o diz:“Em amarmos os nossos inimigos, em fazermos o bem aos que nosodeiam, em orarmos pelos que nos perseguem”. Mostra ele dessemodo que a essência da perfeição é a caridade na sua mais amplaacepção, porque implica a prática de todas as outras virtudes.

Caracteres da perfeição

Allan Kardec

Fonte: O evangelho segundo o espiritismo. 127. ed. Rio de Janeir0:FEB, 2007. Cap. XVII, item 2.

P

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grande sucesso de O Livrodos Espíritos, lançado emParis no dia 18 de abril de

1857, tirou do anonimato o mis-sionário encarregado pela Provi-dência Divina de materializar en-tre os homens a promessa de Jesusde ficar eternamente conosco.

É possível que o próprio AllanKardec se tivesse surpreendidocom a extraordinária repercussãocausada por aquele livrinho de ape-nas 176 páginas, cujo texto, distri-buído em duas colunas e divididoem 24 capítulos, continha 501 per-guntas e respostas, acrescidas dasnotas com que o Codificador as en-riqueceu. As razões do sucesso? ofato de que “[...] todas as grandesquestões de metafísica e de moralali estão elucidadas da maneira maissatisfatória; todos os grandes pro-blemas ali são resolvidos, mesmoaqueles que os mais ilustres filóso-fos não puderam resolver [...]”.1

É natural, portanto, que oêxito suscitado pela divulgaçãodas idéias novas provocasse umaenxurrada de cartas dirigidas aKardec, a maioria interrogando oCodificador sobre este ou aqueleponto de doutrina, embora algu-mas lhe relatassem os insólitosfenômenos espíritas que despon-tavam em toda parte, exigindoa sua explicação. E, como senão bastasse, o fluxo crescentede visitantes que acorriam àsua casa, inclusive da nobrezalocal e estrangeira, ansiandopor esclarecimentos mais subs-tanciais.

A princípio reticentes, osjornais parisienses começa-ram a veicular artigos furi-bundos, verdadeiras diatri-bes contra a doutrina nas-cente, não poupando sequera honra e a vida privada doCodificador, demonstran-do, em sua maior parte,

completa ignorância dos postula-dos espíritas contra os quais serebelavam. É que vislumbravamuma nova ordem de coisas, capaz,quem sabe, de fazer desmoronar opedestal em que se entronizavam.Como Jesus, o Espiritismo vinhaproclamar uma doutrina que so-lapava pela base os abusos de que

Revista EspíritaLaboratório de Allan Kardec

– 150 anos!* –

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OEVA N D RO NO L E TO BE Z E R R A

*Com ligeiras modificações, este artigo foipublicado originalmente na revista AReencarnação, órgão oficial da FERGs.Ano LXXI, n. 428, 2o semestre de 2004.

Fronstispício da primeiraedição da Revista Espírita

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viviam os fariseus, os escribas e ossacerdotes de seu tempo. Assim,importava silenciá-lo o quantoantes no seu nascedouro, antesque se propagasse e conquistasse apreferência da população, já can-sada das religiões dogmáticas.

Naquela época, a Europa sódispunha de um único jornal de-dicado à divulgação do Espiritis-mo, e mesmo assim em Genebra,longe do burburinho de Paris epraticamente fora do alcance dosleitores da Cidade Luz, contra-riamente ao que ocorria nos Es-tados Unidos, favorecidos comdezessete jornais consagrados aoEspiritualismo.

Foi quando Allan Kardec se deu“[...] conta da imperiosa necessi-dade de criar uma folha que pe-riodicamente pusesse os estudio-sos dos fenômenos espíritas a pardo que se passava no mundo e osinstruísse de modo ordenado so-bre as mais variadas questõesdoutrinárias [...] a despeito de lhefaltar o tempo necessário para se-melhante empreendimento, con-siderando-se os seus afazeres pes-soais, inclusive os voltados para aprópria subsistência”.2

A tarefa não era fácil e implica-va gastos de certa gravidade. Aprincípio Kardec procurou al-guém que pudesse patrocinar aobra, colaborando financeira-mente para que ela viesse à luz,mas razões providenciais fizeramcom que não lograsse o êxito de-sejado. Mesmo assim, diz ele:

Apressei-me a redigir o pri-

meiro número e fi-lo circular a

1o de janeiro de 1858, sem ha-

ver dito nada a quem quer que

fosse. Não tinha um único as-

sinante e nenhum fornecedor

de fundos. Publiquei-o corren-

do eu, exclusivamente, todos

os riscos e não tive de que me

arrepender, porquanto o resul-

tado ultrapassou a minha ex-

pectativa. A partir daquela da-

ta, os números se sucederam

sem interrupção e [...] esse jor-

nal se tornou um poderoso

auxiliar meu [...].3

Logo na “Introdução” do pri-meiro fascículo da Revista Espíri-ta, Allan Kardec estabeleceu clara-mente as diretrizes que nortea-riam sua atuação à frente daqueleperiódico:

[...] como nosso fim é chegar à

verdade, acolheremos todas as

observações que nos forem diri-

gidas e tentaremos, tanto quan-

to no-lo permita o estado dos

conhecimentos adquiridos, di-

rimir as dúvidas e esclarecer os

pontos ainda obscuros. Nossa

Revista será, assim, uma tribu-

na livre, em que a discussão ja-

mais se afastará das normas da

mais estrita conveniência. Nu-

ma palavra: discutiremos, mas

não disputaremos. As inconve-

niências de linguagem nunca

foram boas razões aos olhos das

pessoas sensatas [...].4

Do ponto de vista da apresen-tação, a Revista Espírita “manteveas características das publicaçõescientíficas; circulava entre subs-critores e a venda pública, seme-lhante a seus colegas do séculoXIX, era facultativa dos livreiros edos escritórios postais. Impressaem papel-jornal, contava com 32páginas, caderninhos de duas co-lunas em oitava; seu tamanho erade 23,5x15cm, com peso estimadoem trinta gramas. As páginas esta-vam compostas por quarenta li-nhas impressas em corpo doze;sua apresentação era rústica, comcapas de papel”.5

No final de cada ano os fascí-culos correspondentes eram reu-nidos, formando uma coleção deexemplares encadernados, comcapa especial e índice alfabético.É da responsabilidade direta deAllan Kardec a publicação de to-dos os fascículos, desde o pri-meiro, que circulou em 1o de ja-neiro de 1858, até o que foi dado

a lume em abril de 1869, umavez que já se achava

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composto quando da desencar-nação do mestre, ocorrida no mêsanterior. Isto não significa que atenha redigido sozinho, pois “[...]a Revista contou com a colabora-ção de centenas de participantes,encarnados e desencarnados, fran-ceses e de outras nações, dentreos quais cientistas, literatos, filó-sofos, religiosos e homens do po-vo, cada qual ajudando a lançar,na sua respectiva esfera de ação,os alicerces sobre os quais seergueria o portentoso edifício doEspiritismo”.6

Quando lançou a Revista Espí-rita, em 1858, Allan Kardec ain-da tinha pela frente a publicaçãode O que é o Espiritismo (1859),O Livro dos Médiuns (1861), OEvangelho segundo o Espiritismo(1864), O Céu e o Inferno (1865) eA Gênese (1868). Ainda estariampor ser publicados alguns opús-culos: O Espiritismo na sua ex-pressão mais simples (1862), Via-gem Espírita em 1862 (1862), Re-sumo da lei dos fenômenos espíritas(1864), Caracteres da RevelaçãoEspírita (1868), sem falar da Ins-trução prática das manifestaçõesespíritas (1858), livro de maiorporte, substituído três anos maistarde por O Livro dos Médiuns,muito mais abrangente e metó-dico. Era todo um campo a pes-quisar, idéias a desenvolver e a

amadurecer, conceitos a seremvalidados pelo critério infalívelda concordância e da universali-dade do ensino dos Espíritos, an-tes de serem incorporados ao pa-trimônio da Doutrina Espírita.Havia, pois, necessidade de umlaboratório experimental, onde tu-do isto pudesse ser testado comsegurança, sem açodamento.

Ora, a Revista Espírita foi esselaboratório inestimável, espéciede tribuna livre, utilizada porAllan Kardec para sondar a reaçãodos homens e a impressão dos Es-píritos acerca de determinados as-suntos, ainda hipotéticos ou mal-compreendidos, enquanto lhesaguardava a confirmação. E tantoisto é verdade que a maioria dasidéias desenvolvidas nas obras daCodificação foram esboçadas pre-viamente na Revista Espírita e, atémesmo, transcritas literalmente,sobretudo em O Céu e o Inferno eem A Gênese.

É importante que se tenha emmente que a Revista Espírita éuma obra subsidiária, comple-mentar da Doutrina Espírita e,como tal, deve ser lida com espíri-to crítico, especialmente no queconcerne a certas teorias científi-cas e a algumas opiniões isoladas,de caráter filosófico. Sua moral éinatacável, pois, baseando-se na doCristo, não suscita dupla interpre-

tação, por ser “[...] terreno ondetodos os cultos podem reunir-se,estandarte sob o qual podem to-dos colocar-se, quaisquer que se-jam suas crenças, porquanto ja-mais ele constituiu matéria dasdisputas religiosas, que sempre epor toda a parte se originaram dasquestões dogmáticas [...]”.7

Pelas próprias característicascom que se apresentava – Jornalde Estudos Psicológicos –, pelosassuntos abordados, riquíssimosem fatos da fenomenologia me-diúnica, e pela possibilidade dasréplicas e tréplicas a que seus ar-tigos davam margem, o estilo daRevista Espírita é, necessariamen-te, leve e agradável, vazado em lin-guagem simples e acessível aosnão iniciados, apresentando asmatérias de forma clara e objetiva,sem tergiversações de qualquernatureza. Enfim, aquele mesmoestilo que tanto apreciamos nasobras básicas da Codificação Es-pírita, capaz de agradar a todasas camadas da sociedade, desde agente humilde, que trabalhavanas oficinas suburbanas, até osintelectuais mais exigentes daaristocracia parisiense.

A bem da verdade, a RevistaEspírita não tinha um padrãoeditorial claramente definido.Em outras palavras, suas seçõeseram muito variadas e por vezessofriam solução de continuida-de. Entretanto, não é difícil per-ceber certa uniformidade natemática abordada nos diferentesfascículos, notadamente os rela-cionados com os ditados mediú-nicos, as conversas familiares de

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além-túmulo, as dissertações es-píritas, as evocações particularese as notas bibliográficas, prati-camente comuns a todos eles. Aspoesias mediúnicas também me-receram generosa acolhida naRevista, não tanto pelo seu valordoutrinário, mas como prova deque os médiuns, mesmo os me-nos instruídos, eram capazes dereceber, de um jacto, produçõesde grande fôlego, com perfeita ob-servância das regras da versifica-ção, as quais em nada desmere-ciam as ilustres personagens queas assinaram.

Como se tratava de um perió-dico mensal, muitas vezes AllanKardec transcrevia artigos e notí-cias de jornais, nacionais e estran-geiros, sobre os mais variados as-suntos, desenvolvendo-os e corre-lacionando-os com os postuladosespíritas. Isto emprestava à Revis-ta um caráter de perene atualida-de, identificando-a com os pro-blemas e as preocupações da Parisdo Segundo Império. Suicídio,epidemias, pena de morte, duelos,assassinatos, nada escapou à argú-cia do Codificador, que deles seaproveitava para edificar os leito-res, por meio de comentários ju-diciosos e oportunos. QuantosEspíritos desencarnados foramevocados a partir de referênciasextraídas dos jornais, brindandoos leitores da Revista Espírita como testemunho da sua própriaexperiência! Muitos detalhes detoda ordem, até então inimaginá-veis sobre a vida de além-túmulo– ainda não dispúnhamos dasobras de André Luiz – foram reve-

lados inopinadamente por essesrepórteres do mundo espiritual eestampados no Jornal de EstudosPsicológicos de Allan Kardec.

A Revista Espírita põe a nu aintimidade do Codificador do Es-piritismo, no-lo revelando tal qualse mostrava em sua vida priva-da, real, verdadeira, autêntica,sem laivos de santidade e sem seafastar do comum dos mortais.Pois jamais se disse ou se impôscomo missionário, como predes-tinado de uma Revelação que, semele, não chegaria aos deserdadosda Terra; sabia que os desígniosdivinos não se assentam na ca-beça de um homem; estava, en-fim, convicto de que a DoutrinaEspírita não era dele, mas dosEspíritos, essas grandes vozes dosCéus que, nos tempos preditos,vinham restabelecer todas as coi-sas, “[...] dissipar as trevas, con-fundir os orgulhosos e glorificaros justos”.8

No ano do sesquicentenáriodo lançamento da Revista Espírita,nada mais justo do que conhecera alma de Allan Kardec, gozar desua intimidade, acompanhar pas-so a passo a marcha do Espiritis-mo nascente, as dificuldades nasua implantação, as lutas que tevede vencer a fim de fincar as bali-zas de uma Nova Era para a rege-neração da Humanidade. E essaepopéia sem par, essa trajetóriaadmirável, escrita em caracteresirrecusáveis, está toda inteira naspáginas da Revista Espírita, nessacoletânea de doze volumes, pa-trimônio inalienável dos espíri-tas do mundo inteiro, que mere-

ce ser lida, meditada e amada,como tudo que saiu da pena da-quele que renasceu na França“[...] aos 3 de outubro de 1804,com a sagrada missão de abrircaminho ao Espiritismo, a gran-de voz do Consolador prometidoao mundo pela misericórdia deJesus-Cristo”.9

Referências:1WANTUIL, Zêus; THIESEN, Francisco.

Allan Kardec: pesquisa biobibliográfica e

ensaios de interpretação. v. II. 4. ed. Rio

de Janeiro: FEB, 1996. Cap. 1, item 7,

p. 81 e 83.2KARDEC, Allan. Revista espírita: jornal

de estudos psicológicos. Ano I (1858). 4.

ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. “Apresen-

tação da FEB”, p. 13.3______. Obras póstumas. 40. ed. Rio de

Janeiro: FEB, 2007. Segunda parte, “A mi-

nha primeira iniciação no Espiritismo”,

p. 326.4______. Revista espírita: jornal de estu-

dos psicológicos. Ano I. Janeiro de 1858.

4. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. “Intro-

dução”, p. 23-24.5BARRERA, Florentino. Prontuário crítico

das obras de Allan Kardec. Tradução de

David Caparelli. São Paulo: Madras Edito-

ra, 2003. p. 147.6KARDEC, Allan. Revista espírita: jornal

de estudos psicológicos. Ano I (1858). 4.

ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. “Apresen-

tação da FEB”, p. 15.7______. O evangelho segundo o espiri-

tismo. 127. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007.

“Introdução”, item I, p. 23.8Idem, ibidem. “Prefácio”, p. 21.9XAVIER, Francisco C. A caminho da luz.

Pelo Espírito Emmanuel. 36. ed. Rio de

Janeiro: FEB, 2007. Cap. XXII, item “Allan

Kardec”, p. 194.

20 Reformador • Janei ro 2008 1188

Capa

reformador Janeiro 2008 - a.qxp 23/1/2008 14:29 Page 20

Esperança

21Janei ro 2008 • Reformador 1199

Esf lorando o EvangelhoPelo Espírito Emmanuel

esperança é a luz do cristão.

Nem todos conseguem, por enquanto, o vôo sublime da fé, mas a força

da esperança é tesouro comum.

Nem todos podem oferecer, quando querem, o pão do corpo e a lição espiritual,

mas ninguém na Terra está impedido de espalhar os benefícios da esperança.

A dor costuma agitar os que se encontram no “vale da sombra e da morte”, onde

o medo estabelece atritos e onde a aflição percebe o “ranger de dentes”, nas “trevas

exteriores”, mas existe a luz interior que é a esperança.

A negação humana declara falências, lavra atestados de impossibilidade, traça

inextricáveis labirintos, no entanto, a esperança vem de cima, à maneira do Sol que

ilumina do alto e alimenta as sementeiras novas, desperta propósitos diferentes,

cria modificações redentoras e descerra visões mais altas.

A noite espera o dia, a flor o fruto, o verme o porvir... O homem, ainda mesmo

que se mergulhe na descrença ou na dúvida, na lágrima ou na dilaceração, será

socorrido por Deus com a indicação do futuro.

Jesus, na condição de Mestre Divino, sabe que os aprendizes nem sempre pode-

rão acertar inteiramente, que os erros são próprios da escola evolutiva e, por isto

mesmo, a esperança é um dos cânticos sublimes do seu Evangelho de Amor.

Imensas têm sido, até hoje, as nossas quedas, mas a confiança do Cristo é sem-

pre maior. Não nos percamos em lamentações. Todo momento é instante de ouvir

Aquele que pronunciou o “Vinde a mim...”

Levantemo-nos e prossigamos, convictos de que o Senhor nos ofereceu a luz da

esperança, a fim de acendermos em nós mesmos a luz da santificação espiritual.

A

Fonte: XAVIER, Francisco C. Vinha de luz. Ed. especial. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Cap. 75, p. 165-166.

“Porque tudo que dantes foi escrito, para nosso ensino foi escrito, para

que pela paciência e consolação das Escrituras tenhamos esperança.”

– PAULO. (ROMANOS, 15:4.)

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A Casa de Ismael, no Rio de Ja-neiro, acolheu, em 20 de outubro,cerca de 300 adeptos, que ali acor-reram para o seminário a cargo deCecília Rocha, vice-presidente daFederação Espírita Brasileira (FEB),em torno do tema “Pelos Cami-nhos da Evangelização”, compondoainda a Mesa dos trabalhos os con-frades Aloísio Ghiggino e Darcy Ne-ves Moreira, diretores respectiva-mente da Área de Unificação e daÁrea de Educação Espírita do Con-selho Espírita do Estado do Rio deJaneiro (CEERJ).

Apoiada em sua longa e fecundaatividade no campo da evangeliza-ção da infância e da juventude, Ce-

cília Rocha conduziu a todos, comsimplicidade e profundidade, peloscaminhos que levam a alma humanaa uma de suas mais belas conquistas:a educação nos princípios do Evan-gelho à luz da Doutrina Espírita.

Assuntos como: Bases filosófi-co-doutrinárias da EvangelizaçãoEspírita; Importância da reencar-nação no processo educativo; Basesdo programa de Evangelização Es-pírita; Currículo de Ensino; e Evan-gelização Espírita na preparação daSociedade do Mundo de Regenera-ção, trouxeram, na palavra fluentee agradável de Cecília Rocha, liçõesoportunas principalmente a um

grande número de evangelizadorespresentes, dando, por conseqüên-cia, ensejo a diversas questões que,formuladas à expositora, resulta-ram em sólidos esclarecimentos.

Além dos objetivos específicos,definidos para o seminário, visou-se,com o encontro, estimular a urgentetarefa de evangelização de crianças ejovens como objeto primordial naprogramação de atividades de todasas casas espíritas, tanto no Estadodo Rio de Janeiro como no País.

Foi, sem dúvida alguma, maisum belo fruto da feliz parceria en-tre a FEB e o CEERJ, que se vemdesenvolvendo ao longo do cor-rente ano, quando se homenageiao Sesquicentenário da publicaçãode O Livro dos Espíritos.

Seminário“Pelos Caminhos da

Evangelização” na FEB-Rio

Cecília Rocha falaao público

Aspecto parcial do público na Sede Seccional da Av. Passos

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capítulo VII, de O Evan-gelho segundo o Espiritis-mo, fala-nos da necessi-

dade de sermos simples de coraçãoe humildes de espírito, sendo pre-ferível o ignorante, possuidor des-sas qualidades, ao sábio que maiscrê em si do que em Deus.1

São orientações valiosas e quebuscam nos sensibilizar para algofundamental: o de que não deve-mos ter nenhuma pretensão à su-perioridade ou à infalibilidade. Apropósito, explica Allan Kardecque Jesus “toma uma criança co-mo tipo da simplicidade de cora-ção”,2 afirmando aos seus discípu-los que “será maior no reino doscéus aquele que se humilhar e sefizer pequeno como uma criança”.2

Difícil, porém, é a compreensãodesses preceitos de como nos tor-nar pobres de espírito, para vencer-mos o homem orgulhoso que aindasomos. De que maneira aplicar, nocotidiano, esses ensinamentos quenos possibilitam a conquista de va-

lores espirituais, mesmo que te-nhamos, na presente encarnação,poucas condições para isso?

A par desse problema os Benfei-tores espirituais buscam esclarecer--nos, servindo-se de argumentos es-pecialmente utilizados na interpre-tação de situações, reais e imaginá-rias, a partir de exemplos ricos e va-riados, que permitem, facilmente, àcriança, ao jovem e ao adulto, a assi-milação de conceitos, teóricos e prá-ticos, que tenham o mesmo sentido.

O filósofo Chaïm Perelman(1912-1984) utiliza a retórica aris-totélica para fundamentar certastécnicas discursivas e propõe a Teo-ria da Argumentação como arte depersuadir as pessoas para que pos-sam compreender o que está sen-do transmitido. Identifica esta no-va retórica como a teoria geral dodiscurso persuasivo, que visa ga-nhar a adesão, tanto intelectualcomo emotiva, de uma ou váriaspessoas. Em seus estudos destacaque a utilização de um certo núme-

ro de exemplos, da mesma nature-za, não pode deixar dúvida algumano espírito do leitor e lhe permiteter idéia clara e mais abrangentede como interpretar, na prática, asorientações conceituais e teóricasde certos conhecimentos.3

Da mesma forma, graças a esseartifício de linguagem, pareceráabsolutamente natural, aos auto-res espirituais, servirem-se de mo-delos e metáforas que forneçamexemplos valiosos e que ilustremvivências, a partir da descrição decasos interessantes, que estejamrelacionados entre si e que facili-tem nosso entendimento de comoagir no exercício diário para aqui-sição de qualidades morais quedemoramos em adquirir.

Sobre a prática da humildade,destacamos, especialmente, duashistórias elaboradas de forma re-tórica simples, de onde se conse-gue extrair excelentes efeitos mo-rais das mensagens que salien-tam sobre o papel essencial dessa

Lições práticas

todas as idadesde humildade para

O

“Bem-aventurados os pobres de espírito, pois que deles é o reino dos céus.”(Mateus, 5:3.)

CL A R A LI L A GO N Z A L E Z D E AR A Ú J O

23Janei ro 2008 • Reformador 2211

reformador janeiro 2008 - b.qxp 23/1/2008 14:30 Page 23

virtude ou em nossas vidas. Apre-sentamo-las,resumidamente,a seguir.

A primeira delas é do EspíritoIrmão X e tem como título “Oburro manco”.4 A história, do esti-mado escritor espiritual, passa-seem um Centro Espírita. Em res-posta às indagações de alguns tra-balhadores de atividades mediú-nicas, dada por um dos Mentoresespirituais da Casa, Irmão Gusta-vo, é narrado o seguinte episódio:

Certo médico, do interior de SãoPaulo, da cidade de Ribeirão Preto,no início do século XX, necessitoufazer uma viagem para a cidadevizinha, de São Joaquim da Barra,pois lá estava uma senhora, suapaciente, prestes a dar à luz. “Nes-se tempo [conta o narrador], as via-gens de carro eram muito raras eo animal de selaera o nosso me-lhor veículo”. Infe-lizmente, aovisitar outropac iente ,em um sí-tio distan-

te da cidade onde residia, seu ca-valo adoeceu e o médico apressou--se em procurar outro animal quelhe permitisse socorrer a senhora.Dirigiu-se à procura de um pro-prietário de excelentes animais, aquem conhecia. Entretanto, o ami-go informou-o de que só possuíacavalos árabes, de imenso valor, enão podia concordar em colocá--los na estrada com a obrigação deservir a cavaleiros. Recorre, então,o médico, a outro amigo, que tam-bém alegou possuir manga-largasde puro sangue e alto preço, e nãopoderia prejudicá-los colocando-osna estrada. O médico, já desanima-do, lembrou-se de um de seus pa-cientes, de nome Tonico Jenipapo,homem simples, que possuía pe-quena propriedade, e foi procurá--lo em sua humilde casa. Toniconão teve dúvida e trouxe do quin-tal um asno arrepiado e o apresen-tou ao Doutor: “[...] este burro émanco e lerdo, mas, se ele serve...”Sem mais conversa, o animal foiarreado e, “agüentando espora etaca, tropeçando e manquitolan-do”, o burro colocou o médico nasruas de São Joaquim, para o de-

sempenho do seu dever, a queatendeu com absoluto êxito.

A história reflete a preocupa-ção de Irmão X em mostrar aoleitor a necessidade de recor-rermos às coisas mais simples,geralmente não valorizadas,que muitas vezes permitemencontrar as soluções mais efi-cazes. A lição, transmitida pe-la narrativa, leva-nos a pensarsobre a nossa própria conduta:o burrico, nesse caso, torna-se

símbolo de humildade, obediênciae disciplina, e contribui para a rea-lização de tarefa tão nobre, como ade levar o médico ao seu destinoa fim de socorrer sua paciente. Aoenaltecer o limitado animal, o au-tor destaca a importância do tra-balho feito por ele, comparando-oaos outros animais de montaria,considerados saudáveis, garbosos ecaros, mas petulantes e enfatuados,sem nada fazerem de benéfico. Issodemonstra que o orgulho não sóoblitera certas inteligências como asimpossibilita de praticar o bem.

A segunda história, em livro in-fantil, é contada pelo Espírito NeioLúcio (2007), e seu título, O Burrode Carga,5 tem relação com a pri-meira narrativa, assemelhando-seos dois contos em diversos pontos.Narra, o citado Espírito, que notempo em que não havia automó-veis, na cocheira de um palácio realum burro de carga, de pêlo mal-tratado e com fundas cicatrizes nolombo, de olhar tristonho e hu-milde, sentia imensa amargurapela forma como era tratado porseus companheiros de moradia.Era humilhado pelos demais eqüi-nos, que incessantemente o mal-tratavam com zombarias e chaco-tas. Ali havia cavalos admiradospor toda gente, especialmente paraas corridas, e até um jumento es-panhol que geralmente não reco-nhecia o burro como um parentepróximo, chamando-o de fraco einútil. O infortunado asno recebiaos sarcasmos resignadamente.

Certo dia, o rei solicitou ao che-fe das cavalariças: “Preciso de umanimal para uma tarefa de grande

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reformador janeiro 2008 - b.qxp 23/1/2008 14:31 Page 24

responsabilidade. Quero queele seja dócil e educado, que me-reça minha absoluta confiança”.O cavalariço, em resposta ao so-berano, apressou-se em selecionarum bom animal e ofereceu-lhe: ocavalo de raça árabe; o potro delinhagem inglesa; o cavalo húnga-ro; e o jumento bem tratado. O reia todos rechaçou, avaliando-os co-mo insubmissos, irrequietos, bra-vios, manhosos, sem educação, enão serviriam para levar, em nomedele, uma carga preciosa que seriaenviada em longa viagem. O burrode carga, então, foi trazido a pedi-do do soberano, que mandou ajae-zá-lo com as armas de sua CasaReal e confiou-lhe, carinhosamen-te, o filho, ainda criança, para sercarregado pelo humilde animal.

Na opinião de Neio Lúcio “[...]somente nos prestam serviços deutilidade real aqueles que já apren-deram a suportar, servir e sofrer,sem cogitar de si mesmos”.6

As duas histórias são parecidas,em certos aspectos, e destacam, es-pecialmente, os exemplos transmi-tidos pelos pobres animais, comoa nos orientar para a necessidade deadquirirmos humildade qual fru-to de uma perseverante conquista ede certo estado de elevação da alma:aqueles que agem humildementesão despidos de orgulho e vaida-de, reconhecem que tudo devem aDeus e, nada possuindo de si mes-mos, carregam seus fardos em meioàs injúrias e perseguições, confian-do, porém, na Providência Divina.

Infelizmente, para muita gente,a moral cristã não passa da esferado entendimento, da região pura-

mente mental; jamais atinge osentimento, a zona do coração.

Diz o Espírito Vinícius (1979)que:

O orgulho, sob seus aspectos

multiformes, é a grande pedra

de tropeço da Humanidade.

[...] Daí a origem de todos os

atritos, dissídios e odiosidades

que mantêm os homens em ati-

tude de mútuas hostilidades.7

Jesus deu-nos os maiores e maissignificativos exemplos de humilda-de, ensinando-nos que não é pos-sível evoluir sem possuir humilda-de de espírito. Em uma de suas pas-sagens, registradas pelos evangelis-tas Mateus (21:1-11); Marcos (11:1--11) e Lucas (19:28-44), o mansoNazareno entra em Jerusalém mon-tado em um jumentinho, repre-sentando a cena o enaltecimentoda santa humildade que abranda epurifica os corações, desarma os po-derosos e fortalece os que suportamas inevitáveis provas e expiações aserem vividas em suas experiên-cias reencarnatórias.

Nossos Mentores espirituais,por meio de simples narrativas, ex-pressam, de forma talentosa, paratodas as idades, as delicadas liçõesde amor que iluminam nossasmentes e nos abrem os caminhosdas virtudes, os quais só podemser perlustrados pelos verdadeira-mente humildes.

Referências:1 e 2KARDEC, Allan. O evangelho segundo

o espiritismo. 24. ed. de bolso. Rio de Ja-

neiro: FEB, 2007. Cap. VII, itens 2 e 6.3PERELMAN, Chaïm. O império retórico.

Porto (Portugal): Edições Asa, 1993. p. 5-

-11; 119-126.4XAVIER, Francisco C. Estante da vida.

Pelo Espírito Irmão X. 6. ed. Rio de Janei-

ro: FEB, 2006. Cap. 24, p. 112.5 ______. O burro de carga. Coleção: A

Vida Fala. Pelo Espírito Neio Lúcio. Orga-

nizado por Rute Vieira Ribeiro. Rio de Ja-

neiro: FEB, 2007.6______. Alvorada cristã. Pelo Espírito

Neio Lúcio. 14. ed. Rio de Janeiro: FEB,

2007. Cap. 10, p. 51.7VINÍCIUS. Em torno do mestre. 4. ed. Rio

de Janeiro: FEB, 1979. “Humildes de espí-

rito”, p. 150.

Capas dos livroscitados pela autora

25Janei ro 2008 • Reformador 2233

reformador janeiro 2008 - b.qxp 23/1/2008 14:31 Page 25

português João de Brito, ouSão João de Brito (1647--1693), venerável vulto do

Cristianismo, seguiu os caminhosde Paulo de Tarso. Foi grande di-vulgador da mensagem cristã naÁsia. Converteu multidões comsua bondade e dedicação aos valo-res do Evangelho.

Morreu decapitado na cidadede Urgur, na Índia, onde pregavao Evangelho. Quando lhe comu-nicaram a execução, alegrou-se,porque iria morrer a serviço deJesus. Expirou tranqüilamente,rendendo graças a Deus pela hon-ra de testemunhar sua crença.

É consagrado como o patronodos pioneiros, aqueles que des-bravam horizontes, que enfren-tam o desconhecido em favor doprogresso humano.

No livro Falando à Terra, porEspíritos diversos, psicografia deFrancisco Cândido Xavier, ediçãoFEB, há uma mensagem dele, quetranscrevo, uma surpreendente enotável dissertação a respeito doAmor:

O Amor, sublime impulso de Deus,é a energia que move os mundos:

Tudo cria, tudo transforma, tu-do eleva.

Palpita em todas as criaturas.Alimenta todas as ações.O ódio é o Amor que se envenena.A paixão é o Amor que se in-

cendeia.

O egoísmo é o Amor que se con-centra em si mesmo.

O ciúme é o Amor que se dilacera.A revolta é o Amor que se transvia.O orgulho é o Amor que enlou-

quece.A discórdia é o Amor que divide.

A vaidade é o Amor que se ilude.A avareza é o Amor que se

encarcera.O vício é o Amor que se

embrutece.A crueldade é o Amor que tiraniza.O fanatismo é o Amor que

petrifica.A fraternidade é o Amor que se

expande.A bondade é o Amor que se

desenvolve.O carinho é o Amor que se enflora.A dedicação é o Amor que se

estende.O trabalho digno é o Amor que

se aprimora.A experiência é o Amor que

amadurece.A renúncia é o Amor que se

ilumina.O sacrifício é o Amor que se

santifica.O Amor é o clima do Universo.É a religião da vida, a base do

estímulo e a força da Criação.Ao seu influxo, as vidas se

agrupam, sublimando-se para a imortalidade.

Nesse ou naquele recanto isola-do, quando se lhe retire a influên-cia, reina sempre o caos.

A energiadivina

ORI C H A R D SI M O N E T T I

Capa do livro Falando à Terra,editado pela FEB

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reformador janeiro 2008 - b.qxp 23/1/2008 14:31 Page 26

Com ele, tudo se aclara.Longe dele, a sombra se coagula

e prevalece.Em suma, o bem é o Amor que se

desdobra, em busca da Perfeição noInfinito, segundo os Propósitos Di-vinos; e o mal é, simplesmente, oAmor fora da Lei.

Imaginemos o Amor comosendo a eletricidade do Universo,a mover os mundos e sustentar osseres.

Podemos utilizá-la para o Bemou para o Mal, dependendo decomo a transformamos, moldan-do-a, de conformidade com nos-sas tendências e impulsos.

Se a represamos ou mal utiliza-mos, comprometemos nossa estabi-lidade e nos habilitamos a dolorosasexperiências, como uma casa ondeum curto-circuito na instalação elé-trica provoca incêndio devastador.

É de se ver se nossos males, nos-sas angústias, não serão a meraconseqüência do Amor transviado.

Quando analisamos esse mara-vilhoso texto, entendemos porque Jesus proclamou (Mateus,22:34-40) que a Lei e os Profetas,tudo o que está no Velho Testa-mento pode ser resumido emduas atitudes fundamentais:

O Amor a Deus acima de todasas coisas e ao próximo como a nósmesmos.

No desdobramento de seu apos-tolado, nos seus sacrifícios, na sua

renúncia, nos seus exemplos, oMestre foi todo Amor.

Por Amor deixou as regiõescelestes e mergulhou na matériadensa.

Por Amor, podendo nascer empalácio, preferiu uma estrebaria, afim de estar mais perto dos sofre-dores de todos os matizes.

Por Amor curou multidões demales do corpo e da alma.

Por Amor ensinou e reiterou,incansavelmente, suas lições, mos-trando os caminhos para Deus.

Por Amor compadeceu-se dospecadores de todos os matizes,ensinando que ninguém tem o di-reito de atirar a primeira pedra,porque não há ninguém sem pe-cado na Terra.

Por Amor relevou as vacilaçõesdos próprios discípulos e não dei-xou de ampará-los, mesmo de-pois de ser abandonado por eles.

Por Amor, na cruz,cercado pela multi-dão inconseqüente

que o agredia com impropérios,pediu a Deus que a todos per-doasse, porquanto não sabiam oque estavam fazendo.

Por isso o Mentor espiritualque assistia Kardec, na preparaçãode O Livro dos Espíritos, proclama,na questão 625, que Jesus é a maiorfigura da Humanidade.

Em O Evangelho segundo o Es-piritismo, capítulo VI, item 5, dizo Espírito de Verdade:

Espíritas, amai-vos, este o pri-meiro ensinamento; instruí-vos, es-te o segundo.

Espíritos superiores, como Joãode Brito, já conquistaram o Amorem plenitude. A capacidade de ca-nalizá-lo para o Bem lhes é inata.Nós outros, iniciantes no assunto,

27Janei ro 2008 • Reformador 2255

O amor a Deusacima de todasas coisas e aopróximo como anós mesmos

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lidamos muito mal com ele e aca-bamos nos comprometendo.

Daí a necessidade de buscarinstrução. É com o conhecimen-to que iremos aprendendo a ca-nalizar a energia do Amor paraas realizações mais nobres, semdesvios.

O texto de João de Brito bri-lharia em qualquer manual debem viver.

Destaque especial para a afir-mativa:

A fraternidade é o Amor que seexpande.

Diríamos o Amor que conta-gia, que sensibiliza, que transfor-ma, que converte.

Uma das experiências huma-nas mais belas e comoventes quetive a felicidade de ver, na tele-visão, estava vinculada a umamensagem institucional sobre afraternidade.

Trata-se da história de um ado-lescente rebelde que passou porvárias instituições correcionais,sempre dando muito trabalho.

Uma senhora dispôs-se a aco-lhê-lo em seu lar, oferecendo-lhe aoportunidade de uma vida nova,decente e digna.

Ele logo aprontou. Abriu todasas torneiras da casa quando ela seausentou, provocando pequenainundação.

Extravasava, irracionalmente,as perturbações que o desorien-tavam, sem sequer cogitar deque seria remetido de volta auma daquelas instituições queodiava.

Para sua surpresa, ao tomar co-nhecimento dos estragos produzi-dos, a senhora apenas o abraçoucom carinho, dizendo:

– Ah! Meu filho, quanto mallhe fizeram!

A partir dali ele foi outra pes-soa. Hoje é conceituado professorque cuida de adolescentes rebel-des, empregando o mesmo recur-so que a senhora usou com ele – oabençoado Amor que se expandena fraternidade, capaz de com-preender e ajudar.

Há muito a aprender, habili-tando-nos a jamais represar ou

mal utilizar a energia divina nosdesvios do egoísmo.

Canalizando-a no empenhodo Bem, acenderemos luzes aonosso redor, a iluminar as pes-soas e a nós mesmos, realizando--nos como filhos verdadeiros deDeus.

Enquanto não o fizermos, esta-remos descumprindo a vontadede Deus e nos candidatando a in-cursões pelos domínios do desati-no, do vício, da irresponsabilida-de, nos desvios do mal, o Amorfora da lei, como diz sabiamenteJoão de Brito.

28 Reformador • Janei ro 2008 2266

Desencarnou em Belo Horizonte (MG), no dia 13 de novembro de

2007, o confrade Honório Onofre de Abreu, dedicado trabalhador do

Movimento Espírita mineiro. De caráter nobre e modesto, sua vida

foi pautada em divulgar e vivenciar o Evangelho de Jesus, segundo o

entendimento espírita. Ocupava o cargo de presidente da União

Espírita Mineira (UEM), em segundo mandato, onde realizou profí-

cuas atividades, e o de presidente do Conselho do Hospital Espírita

André Luiz, quando ocorreu a sua desencarnação. Dirigiu o Grupo

Espírita Emmanuel, que completou cinqüenta anos de existência em

outubro passado, no qual implantou o Estudo Interpretativo do

Evangelho à Luz da Doutrina Espírita – o trabalho de sua vida –, que

analisa a mensagem cristã, versículo a versículo. Este trabalho resul-

tou na publicação do livro Luz Imperecível, sob sua coordenação, um

foco irradiador de claridades evangélicas interpretadas sob o enfoque

do Espiritismo. Colaborou na elaboração da apostila Ensinos e Pará-

bolas de Jesus, do Curso Aprofundado da Doutrina Espírita, da

Federação Espírita Brasileira (FEB).

Ao nobre confrade Honório, em seu retorno à Pátria Espiritual,

rogamos as bênçãos de Jesus.

Retorno à Pátria Espiritual

Honório Onofre de Abreu

reformador janeiro 2008 - b.qxp 23/1/2008 14:31 Page 28

ais palavras, comuns noslivros de auto-ajuda, sãofreqüentemente citadas em

palestras e publicações espíritas,nos dias atuais. A ampla liberali-dade de uso nem sempre se re-veste dos cuidados que o corretoentendimento de cada expressãoexige, produzindo-se, em conse-qüência, equívocos de interpreta-ção dos postulados espíritas, quan-do ocorrem associações errôneas.Para se ter uma idéia da dificul-dade de relacionar tais conceitosaos ensinos espíritas, registramosque o verbete consciência, porexemplo, apresenta quinze inter-pretações diferentes no Dicioná-rio Houaiss.1

A Medicina ensina que cons-ciência2,3 é o sentido íntimo ou apercepção crítica de si mesmoquanto ao que é certo, errado, ourazoável. Dessa forma, o indiví-duo conduz a sua existência por

meio de padrões de conduta e porjuízos de valor. A palavra consciên-cia não é sinônima de consciente,cujo sentido é outro: estado men-tal ou consciente, parte ou divisãodo psiquismo que determina aatenção e a percepção imediatas,em contraposição com o subcons-ciente e o inconsciente.

Para o senso comum, consciên-cia é o recurso íntimo presente noser humano que lhe permite co-nhecer o mundo e as pessoas. AFilosofia, entretanto, apresentaconceituação diversa:

O uso filosófico desse termo

tem pouco ou nada a ver com o

significado comum [...]. O sig-

nificado que esse termo tem na

filosofia moderna e contempo-

rânea, embora pressuponha ge-

nericamente essa acepção co-

mum, é muito complexo: é o de

uma relação da alma consigo

mesma, de uma relação intrín-

seca ao homem, “interior” ou

“espiritual”, pela qual ele pode

conhecer-se de modo imediato e

privilegiado e por isso julgar-se

de forma segura e infalível. Tra-

ta-se, portanto, de uma noção

em que o aspecto moral – a pos-

sibilidade de autojulgar-se – tem

conexões estreitas com o aspec-

to teórico, a possibilidade de co-

nhecer-se de modo direto e in-

falível. [...] Portanto, o termo

Consciência [...] significa não

só qualidade de estar ciente de

seus próprios conteúdos psíqui-

cos (percepções externas ou atos

autônomos do Espírito), mas a

atitude de “retorno para si mes-

mo”, da indagação voltada para

a esfera de interioridade.4

Léon Denis considera cons-ciência não só como “[...] a facul-dade de perceber, mas também o

29Janei ro 2008 • Reformador 2277

T

Em dia com o Espiritismo

Consciência, consciente, autoconsciência eautoconhecimento

MA RTA AN T U N E S MO U R A

reformador janeiro 2008 - b.qxp 23/1/2008 14:32 Page 29

sentimento que temos de viver,agir, pensar, querer [...]”.5 Escla-rece, igualmente, que o desen-volvimento da consciência é gra-dual, segundo esta seqüência:sensações, sentimentos, capaci-dade intelectual, moralidade.5

Emmanuel entende que cons-ciência é fagulha divina, únicacapaz de desenvolver a autocons-ciência e o autoconhecimento:

Na história de todos os povos,

observa-se a tendência religiosa

da Humanidade; é que em toda

personalidade existe uma fagu-

lha divina – a consciência, que

estereotipa em cada Espírito a

grandeza e a sublimidade de sua

origem; no embrião, a princípio

rude nas suas menores manifes-

tações, a consciência se vai des-

pindo dos véus de imperfeição e

bruteza que a rodeiam, debaixo

da influência de muitas vidas do

seu ciclo evolutivo, em diferen-

tes círculos de existência, até que

atinja a plenitude do aperfei-

çoamento psíquico e o conheci-

mento integral do seu próprio

“eu”, que, então, se unirá ao cen-

tro criador do Universo, no qual

se encontram todas as causas

reunidas e de onde irradiará o

seu poema eterno de sabedoria

e amor.

É a consciência, centelha de luz

divina, que faz nascer em cada

individualidade a idéia da ver-

dade, relativamente aos proble-

mas espirituais, fazendo-lhe

sentir a realidade positiva da

vida imortal, atributo de todos

os seres da criação.6

A autoconsciência “[...] tem sig-nificado e história diferentes deconsciência. Na realidade não sig-nifica ‘consciência de si’, no senti-do de cognição [...] que o homemtenha dos seus atos ou de suasmanifestações, percepções, etc.,tampouco significando retorno àrealidade interior [...]; é a cons-ciência que tem de si um Princí-pio infinito [Espírito imortal],condição de toda a realidade”.7 Es-tudiosos do assunto informamque pela conquista da autocons-ciência o indivíduo desenvolve oautocontrole e aprende a enxergaras pessoas e os acontecimentos nocontexto do real, não do imagina-do. Explicam, igualmente, que pelaautoconsciência aprende-se a iden-tificar uma informação (fato ouidéia); entender seu real significa-do e utilizá-la de acordo com asordenações da ética e da moral.

Segundo Joanna de Ângelis hácritérios para a aquisição e o aper-feiçoamento da autoconsciência:

À medida que o ser amadurece

psicologicamente, podendo dis-

cernir o que deve e pode fazer

em relação ao que pode, mas

não deve ou deve, porém não

pode realizar, surge a autocons-

ciência que o predispõe ao cres-

cimento interior livre de confli-

tos e tribulações.

....................................................

Esse processo demanda tempo e

experiência, mediante os quais

são avaliadas as propostas do

conhecimento e as necessidades

do sentimento.

....................................................

A autoconsciência desvela re-

cursos inesgotáveis que perma-

necem adormecidos, aguardan-

do o momento hábil para mani-

festar-se. É semelhante ao agra-

dável calor que faz desabrochar

a vida, amadurecer os frutos e

alegrar os corações após inver-

nia demorada e destrutiva.8

O desenvolvimento da auto-consciência desencadeia o autoco-nhecimento, situação que promo-ve a saúde e a liberdade do Espí-rito, segundo esclarecimentos dePlatão, Spinoza e Edgar Moran,valendo-se da sentença adotada porSócrates: conhece-te a ti mesmo.Contudo, o indivíduo só inicia,efetivamente, o processo de auto-conhecimento quando adquireplena convicção de que é um Es-pírito eterno, criado por Deus,preexistente e sobrevivente à mor-te do corpo físico. Sendo assim, osmaterialistas têm dificuldade paraentender e desenvolver a auto-consciência e o autoconhecimen-to, uma vez que ignoram, desco-nhecem ou repelem a idéia daexistência e sobrevivência do Es-pírito. As suas experiências de au-toconhecimento são de superfície,principalmente se fundamentadasem métodos terapêuticos que des-consideram a imortalidade do sere a realidade espiritual.

Há uma profusão de textos espí-ritas atualmente, sobretudo na in-ternet, mas também publicados emperiódicos e livros, que, a despeitode serem impregnados por umaaura de inovação, ajuntam, na ver-dade, conceitos oriundos de diversas

30 Reformador • Janei ro 2008 2288

reformador janeiro 2008 - b.qxp 23/1/2008 14:32 Page 30

fontes do saber humano, comonuma “colcha de retalhos”: da Me-dicina (inclusive da psiquiatria eda psicanálise), da Psicologia, daFísica (física quântica), da Filosofiae da Religião. O resultado desta“salada” de idéias e conceitos, quemais confunde do que esclarece,provoca uma série de desordens edesvios doutrinário-espíritas.

Causa perplexidade essa tentati-va de colocar em vala comum pre-ceitos reducionistas, de naturezamaterialista, no mesmo nível dasorientações espíritas, de sentido dia-metralmente oposto, que explicamclaramente por que estamos aqui,de onde viemos e qual será a nossadestinação. Assim, é oportuno re-cordar este conselho de André Luiz:

[...] É preciso saber se estamos

pensando, sentindo, falando e

agindo para que o nosso regozi-

jo de agora seja também rego-

zijo depois.9

É preciso prudência e muita re-flexão para associar idéias de outrasáreas do saber às orientações espíri-tas, sem que ocorram mutilações namensagem espírita, codificada porAllan Kardec. Neste aspecto, é devere responsabilidade do espírita man-ter a pureza doutrinária do Espiri-tismo, ainda que tenhamos de car-

regar, vida afora, a carga da incom-preensão. Emmanuel aconselha co-mo agir em tal situação:

[...] E se as pessoas perseverarem

na incompreensão, cuide cada

trabalhador da sua tarefa, porque

Jesus afirmou que o trigo cresce-

ria ao lado do joio, em sua seara

santa, mas Ele, o Cultivador da

Verdade Divina, saberia escolher

o bom grão na época da ceifa.10

Referências:1HOUAISS, Antônio; VILLAR, Mauro Sal-

les; FRANCO, Francisco Manoel de Mello.

Dicionário Houaiss da língua portuguesa.

Rio de Janeiro: Objetiva, 2001. p. 806.2DAVIS, F. A. Dicionário médico enciclopé-

dico taber. Tradução Fernando Gomes do

Nascimento. 17. ed. São Paulo: Andrei,

2000. p. 391.3DICIONÁRIO MÉDICO BLAKISTON. Tradu-

ção de Benjamin Mayerovitch [et. al.] 2.

ed. São Paulo: 1987. p. 258.4ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de filoso-

fia. Coordenação de Alfredo Bosi. Tradu-

ção de Ivone Castilho Benedetti. 4.

ed. São Paulo: Martins Fontes,

2000. p. 185-186.5DENIS, Léon. O problema do

ser, do destino e da dor. 30. ed.

Rio de Janeiro: FEB, 2006.

Terceira parte, “As potências

da alma”, item XXI, p. 323.

6XAVIER, Francisco Cândido. Emmanuel.

Pelo Espírito Emmanuel. 26. ed. Rio de

Janeiro: FEB, 2006. Cap. 15, p. 86.7ABBAGNANO, Nicola. Op. cit. p. 95.8FRANCO, Divaldo Pereira. Autoconsciên-

cia. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. Men-

sagem psicografada em 14 de maio de

2001, em Düsseldorf, Alemanha. Publica-

da no Jornal Mundo Espírita de agosto de

2001. Disponível no site: http://www.espi-

rito.org.br/portal/artigos/mundo-espiri-

ta/autoconsciencia.html9XAVIER, Francisco Cândido; VIEIRA, Wal-

do. Estude e viva. Pelos Espíritos Emma-

nuel e André Luiz. 12. ed. Rio de Janeiro:

FEB, 2006. “Consciência e conveniên-

cia”, p. 31.10XAVIER, Francisco Cândido. O consolador.

Pelo Espírito Emmanuel. 27. ed. Rio de Ja-

neiro: FEB, 2007. Questão 366, p. 206.

31Janei ro 2008 • Reformador 2299

reformador janeiro 2008 - b.qxp 23/1/2008 14:32 Page 31

mbora se declarasse um judeu livre-pensador,Lázaro Luís Zamenhof, o criador do esperanto,sempre conduziu sua vida pairando por sobre

quaisquer limitações sectárias. Este, aliás, era apenasum dos traços de sua personalidade supe-rior, plenamente identificada com aquelehomem de bem descrito por AllanKardec no capítulo XVII, item3, de O Evangelho segundo o Es-piritismo.

Os frutos de sua vida e obrabem evidenciam a excelência daárvore de onde provinham.Tudo o que saía daquela almaera saturado das elevadas qua-lidades de seu caráter.

Ainda na infância, impres-sionado com os conflitos de nature-za racial, religiosa e lingüística em suacidade natal, a pequena Bialystok,sonhava Zamenhof solucioná-losde alguma forma, aí residindoa origem do que mais tarde seconcretizaria sob a forma de umaLíngua Internacional Neutra (es-peranto) e de um código de moral, igualmente neutro

(homaranismo), com que objetivava a convivênciafraterna, pacífica, entre grupos de línguas, raças ereligiões diferentes.

Em sua criação mais popular – o esperanto –,Zamenhof soprou uma alma que o distin-

gue de qualquer outra língua: que elase torne em veículo para que en-

tre os povos se estabeleçam ajustiça e a fraternidade.

E sua outra obra – o homa-ranismo –, ele a impregnou

com a pura essência da LeiMaior, definindo-lhe comoúnico princípio de caráter

religioso o direito de cada umconceber Deus como lhe dita

a consciência ao lado do deverde se fazer ao próximo apenas o

que se deseja para si.Tão nobres idéias não ficavam

encerradas em mera pregação,oral ou escrita. Eram sincera-mente vividas por Zamenhof,a começar pela própria família,

como o prova, entre tantas ou-tras suas virtudes, a devoção com que praticava oamor filial.

Seu pai, Marco Zamenhof, que sofria pela morteda esposa e a convocação de dois filhos para a

Zamenhof �

E

32 Reformador • Janei ro 2008 3300

A FEB e o Esperanto

AF F O N S O SOA R E S

Traços luminosos de umnobre caráter *

*Adaptação, resumida, de palestra proferida em 8 de dezembro de2006, na Cooperativa Cultural dos Esperantistas, Rio de Janeiro.

Lázaro Luís Zamenhof

reformador janeiro 2008 - b.qxp 23/1/2008 14:32 Page 32

guerra russo-japonesa, consolava-se num trabalhosobre provérbios em diversas línguas, de que che-garam a ser publicados os três primeiros cadernos.Um dia, Marco recebe da firma Möller & Boreluma encomenda de algumas centenas de exempla-res da obra, o que muito o alegrou, amenizandoseu sofrimento moral. Marco, porém, nunca sabe-ria em vida que a encomenda se deveu à iniciativado filho amoroso, pois foi Zamenhof quemescreveu a Möller & Borel, pedindo-lhes solicitaros livros, tudo pagando antecipadamente... O se-gredo só foi revelado em 1919, dois anos após suamorte, por Félix Zamenhof, em um esboço biográ-fico sobre o irmão.

Zamenhof se impressionava fortemente com osofrimento do próximo, deixando-se envolver namais intensa piedade. Certa vez, atendendo à súpli-ca desesperada de um pai, cuja filha se aproximavade cruel agonia, conseguiu salvá-la após horas se-guidas de incansável intervenção. Vendo, porém, amiséria reinante naquele lar, ele não somente dis-pensou o pai do pagamento de qualquer quantiapor seus serviços, como também deixou seus pou-cos recursos para a compra de medicamentos. Talprática de legítima piedade e caridade, aliás, se re-petiu muitíssimas vezes na vida do grande missio-nário. Dentre tantos episódios dessa grandeza, re-gistramos apenas mais um, revelador da superiori-dade moral do criador do esperanto: compondo,com outros colegas, uma junta para socorro a umaanciã, recusou-se terminantemente, ao contráriodos outros médicos, a receber qualquer honorário,simplesmente porque não foi possível evitar o de-senlace da cliente.

Um dos momentos culminantes de sua vida, todadedicada ao bem da Humanidade, foi o perdão since-ro concedido a um co-idealista francês em quem de-positava ilimitada, incondicional confiança, mas queo traiu da forma mais vil. Para essa pobre criatura,que dantes havia tido grande e positiva influência noMovimento Esperantista, Zamenhof manteve seus bra-ços sincera e permanentemente abertos até o fim desua vida, assegurando-lhe todas as possibilidades dereconsideração e retorno às fileiras do esperantismo.

Muito, muito mais se poderia dizer sobre o ge-nial iniciador do esperanto, a cujo respeito o Espí-rito Francisco Valmiro Lorenz, na mensagem “O Es-peranto como revelação”, ditada a Francisco Cân-dido Xavier em 19/1/59, Reformador de abril/1959,p. 13(81)-15(83), assim se expressou, definindo-lhea grandeza espiritual:

[...] um dos grandes missionários da Luz, consagra-

do à concórdia [...].

[...] gênio da confraternização humana [...].

[...] grande mensageiro da fraternidade.

A escassez de espaço, todavia, nos obriga a sin-tetizar os traços luminosos de seu caráter supe-rior: fé inabalável em Deus, fé no futuro, fé naalma humana, caridade, humildade sincera, com-paixão, bondade, afabilidade, tolerância, huma-nidade, indulgência, perdão, entre tantos outrosatributos, próprios de Espíritos efetivamentesuperiores.

33Janei ro 2008 • Reformador 3311

Marco Zamenhof: teve obra publicada graças aencomenda do filho, Lázaro Zamenhof

reformador janeiro 2008 - b.qxp 23/1/2008 14:32 Page 33

reinado de Guilherme II(1859-1941) assistiu, naAlemanha, ao floresci-

mento do liberalismo teológico eda pesquisa “clássica” sobre a his-tória do Cristianismo, cuja carac-terística marcante foi a explora-ção histórico-crítica das fontes li-terárias, visando a reconstruçãoda personalidade e da vida de Je-sus, ao menos na concepção dosseus expositores mais destacados.

Inaugurava-se a Terceira Fase dapesquisa histórica do Cristianis-mo sob a influência de desmedidootimismo. F. Baur defendia a pri-mazia dos sinóticos sobre o Evan-gelho de João. H. Holzmann pro-punha a teoria das duas fontes,segundo a qual Marcos e “Q”2

representavam as mais antigas econfiáveis fontes para a recons-trução do quadro biográfico doCristo.

O colapso do liberalismo teo-lógico, porém, veio mais cedo doque se imaginava, em virtude detrês fatores: a constatação do ca-ráter fragmentário dos evange-lhos, que impediria qualquer es-forço de extrair um “desenvolvi-mento” da personalidade de Je-sus a partir da seqüência narra-tiva do evangelho de Marcos; ocaráter tendencioso das fontesantigas, visto que o evangelistaprivilegiava determinada men-sagem, ainda que em detrimento

de uma suposta “precisão histó-rica”; o elemento projetivo dasbiografias sobre Jesus, uma vezque os biógrafos retratavam apersonalidade do Mestre ao sa-bor das suas preferências e con-veniências pessoais.

O ocaso da Teologia Liberalcontribuiu para o surgimento dachamada “Teologia Dialética”,herdeira da filosofia existencia-lista de Heidegger, segundo a qual“o ser humano conquista sua ‘au-tenticidade’ apenas na decisão, aqual não pode ser asseguradamediante argumentos objetivá-veis (como o conhecimento his-tórico). Para um existencialis-mo cristão a decisão é a respos-ta ao chamado de Deus no que-rigma3 da cruz e da ressurrei-ção de Cristo, que o ser humano

34 Reformador • Janei ro 2008 3322

O

Novas perguntas

Cristianismo Redivivo

“A diversidade de imagens de Jesus levanta a suspeita de que os retratos deJesus sejam na verdade auto-retratos de seus autores.”1

HA RO L D O DU T R A DI A S

História da Era Apostólica

1THEISEN, Gerd; MERZ, Annette. O Jesushistórico. São Paulo: Loyola, 2002. p. 31.

2Termo alemão que significa “fonte”.Schleiermacher foi o primeiro a propor aexistência de uma coletânea de declaraçõesde Jesus como uma das fontes dos evan-gelhos. Alguns críticos acreditam que Pa-pias faz referência a esse documento quando

3No grego, essa palavra (querigma) sig-nifica “a coisa pregada”, a pregação dosprimeiros cristãos, ou melhor, o conjuntode crenças básicas por eles defendidas edivulgadas.

menciona a existência das “Logias” deLevi. Todavia, cumpre salientar que nãohá comprovação histórica da existênciado referido documento. O trabalho dosestudiosos tem sido selecionar ditos deJesus, nos evangelhos de Mateus e Lucas,ausentes no evangelho de Marcos, pro-pondo que essa seleção aponte para asuposta fonte “Q”. Em resumo, estamosdiante de uma hipótese que deve ser ana-lisada com cautela.

reformador janeiro 2008 - b.qxp 23/1/2008 14:32 Page 34

compreende por meio de um mor-rer e viver existencial em Cristo”.4

O trabalho de R. Bultmann(1884-1976), o mais destacadoexegeta da Teologia Dialética, re-flete o ceticismo histórico que to-mou conta dos pesquisadores,após o colapso da pesquisa tradi-cional. Na sua concepção, o Cris-tianismo começa apenas com aPáscoa, razão pela qual conclui queo ensino de Jesus não é relevantepara uma Teologia Cristã. Nessaabordagem, o Jesus histórico nãoé objeto nem fundamento da pre-gação neotestamentária, que sebaseia exclusivamente no “Cristo”percebido e divulgado após o Pen-tecostes (Cristo Querigmático).5

A Quarta Fase da pesquisa, de-senvolvida no círculo dos discípu-los de Bultmann, propõe uma“nova pergunta” pelo Jesus histó-rico, buscando o elo entre a pre-gação pós-pascal dos apóstolos e apregação do próprio Jesus. En-quanto a “antiga pergunta” (Teo-logia Liberal) contrapunha Jesus àpregação da Igreja, a “nova per-gunta” procura harmonizar essesdois elementos.

No lugar da reconstrução críti-co-literária das fontes, a metodo-logia da Teologia Dialética se con-centra na comparação entre a his-tória das religiões e a história datradição evangélica. Nesse contex-to, assume papel relevante o inti-tulado “critério da diferença”,

segundo o qual, para se recons-truir um mínimo de tradiçãoautêntica sobre Jesus, torna-senecessário excluir tudo que possaser derivado tanto do Judaísmoquanto da pregação apostólica, nabusca da voz “original” do Cristo.

Na opinião dos estudiosos dotema:

[...] com o fim da escola bultma-

niana ficaram cada vez mais evi-

dentes as arbitrariedades da “no-

va pergunta” pelo Jesus históri-

co. Ela era basicamente determi-

nada pelo interesse teológico de

fundamentar a identidade cris-

tã ao distingui-la do judaísmo e

de garanti-la ao separá-la de he-

resias cristãs primitivas (como

a gnose e o entusiasmo carismá-

tico). Por isso ela deu preferência

a fontes ortodoxas e canônicas.6

Assim, o esforço para minimizaros contornos judaicos da mensa-gem cristã constitui o aspecto pro-blemático dessa abordagem, já quefavoreceu o anti-semitismo, desfi-gurando o pano de fundo históricodos evangelhos para torná-lo maispalatável aos existencialistas.

A Quinta Fase da pesquisa, tam-bém conhecida como terceira bus-

35Janei ro 2008 • Reformador 3333

4THEISEN, Gerd; MERZ, Annette. O Jesushistórico. São Paulo: Loyola, 2002. p. 31.

5O Cristo retratado na pregação dos após-tolos e dos primeiros cristãos do Século I.

6THEISEN, Gerd; MERZ, Annette. O Jesushistórico. São Paulo: Loyola, 2002. p. 28.

reformador janeiro 2008 - b.qxp 23/1/2008 14:33 Page 35

ca (Third Quest), que se desenvol-veu, sobretudo, nos países de falainglesa, procura superar essasidiossincrasias. Nela, o interessehistórico-social substitui o interes-se teológico, ao passo que a inser-ção de Jesus no Judaísmo substi-tuiu o interesse de separá-lo dassuas bases históricas e sociais. Há,também, maior abertura a fontesnão-canônicas (em parte heréti-cas), tais como os apócrifos.

Em suma, munidos dos novosinstrumentos da pesquisa hodier-na, tais como história antiga, críti-ca literária, crítica textual, filologia,papirologia, arqueologia, geogra-fia, religião comparada, os atuaispesquisadores tentam reconstruiro ambiente sociocultural de Jesus,de modo a experimentar o efeitoque as palavras do Mestre produ-ziram nos ouvintes da sua época.

Nesse esforço, procura-se evi-tar juízos preconcebidos, premis-sas rígidas, preconceitos étnicos,deixando que a mensagem se esta-beleça ainda que contrariamenteàs expectativas dos crentes atuais.No entanto, ao montar o quebra--cabeça da história do Cristianis-mo Primitivo com as escassas peçasdisponíveis, nem sempre é possí-vel ao pesquisador humano dis-pensar certa dose de imaginação.

Na avaliação de Gerd Theisen:

[...] todas as descrições de Jesus

contêm um elemento constru-

tivo que vai além dos dados con-

tidos nas fontes. A imaginação

histórica cria com suas hipóteses

uma “aura de ficcionalidade” em

torno da figura de Jesus, assim

como a imaginação religiosa do

Cristianismo primitivo. Pois tan-

to aqui como lá atua uma gran-

de força imaginativa, acesa pela

mesma figura histórica. Em am-

bos os casos, ela opera de forma

aberta: símbolos religiosos, ima-

gens e mitos permitem sempre

nova interpretação, hipóteses

históricas permitem sempre no-

va correção. Neste processo, nem

a construção religiosa, nem a re-

construção histórica da história

de Jesus procede com arbitra-

riedade, mas com base em con-

vicções axiomáticas. A imagina-

ção religiosa do cristianismo pri-

mitivo é conduzida pela sólida

crença de que por meio de Jesus

é possível fazer contato com

Deus, a realidade última. A ima-

ginação histórica é determinada

pelas convicções básicas da cons-

ciência histórica: todas as fontes

se originam de seres humanos

falíveis e devem, portanto, ser

submetidas à crítica histórica.7

O espírita-cristão, abençoadopela revelação dos Espíritos supe-riores, especialmente na produçãomediúnica de Francisco CândidoXavier, conta com um elementoprecioso, muitas vezes negligen-ciado. Os romances do BenfeitorEmmanuel constituem detalhadoprocesso de reconstrução dos trêsprimeiros séculos do Cristianismo.

Nesses romances, alguns dadosda pesquisa histórica puramentehumana são confirmados, todavia,

muitas retificações são feitas, deforma sutil. Exige-se do leitor exa-me cuidadoso, sob pena de seremdivulgadas informações espiritual-mente incorretas, apenas porquedeterminado pesquisador encar-nado as defenda em suas obras.

Nesse sentido, é valiosa a adver-tência de Emmanuel:

[...] Hipóteses incontáveis foram

aventadas, mas os sábios mate-

rialistas, no estudo das idéias re-

ligiosas, não puderam sentir que

a intuição está acima da razão

e, ainda uma vez, falharam, em

sua maioria, na exposição dos

princípios e na apresentação das

grandes figuras do Cristianismo.

[...] É que, portas a dentro do

coração, só a essência deve pre-

valecer para as almas e, em se

tratando das conquistas subli-

madas da fé, a intuição tem de

marchar à frente da razão, prelu-

diando generosos e definitivos

conhecimentos.8

Vê-se que a proposta da Espiri-tualidade superior reside na con-jugação da Razão e da Fé, razão pe-la qual, antes de iniciarmos nossoestudo da “História Apostólica”, àluz da obra Paulo e Estêvão, decidi-mos fazer um histórico da pesquisaacadêmica, a fim de evitar, ou pelomenos conhecer, as extravagânciase equívocos de seus expositores.

36 Reformador • Janei ro 2008 3344

7THEISEN, Gerd; MERZ, Annette. O Jesushistórico. São Paulo: Loyola, 2002. p. 31.

8XAVIER, Francisco Cândido. A caminhoda luz. Pelo Espírito Emmanuel. 36. ed.Rio de Janeiro: FEB, 2007. Cap. XIV, item“A redação dos textos definitivos”,p. 124-125.

reformador janeiro 2008 - b.qxp 23/1/2008 14:33 Page 36

37Janei ro 2008 • Reformador 3355

Conselho Federativo Nacional

1. Instalação, prece epalavra do presidentedo CFN

O presidente da FEB e do CFN,Nestor João Masotti, abriu a Reu-nião com uma prece e expressoua satisfação de iniciar mais umaReunião do Conselho FederativoNacional, contando com a pre-sença dos representantes das 26Entidades Federativas dos Estadose a do Distrito Federal; dos visi-tantes Milciades Lezcano Torres,Jorge Segoyia e Luis Julian Sego-via Jhannsen, integrantes do Mo-vimento Espírita do Paraguai, e

de Elsa Rossi, membro da direto-ria da União Britânica das Socie-dades Espíritas (British Union ofSpiritists Societies); e, como con-vidados, dos representantes dasEntidades Especializadas de Âm-bito Nacional, que se reuniramna véspera: Associação Brasileirade Divulgadores do Espiritismo(Abrade) – Marcelo FirminoDias e Saara Nousiainen –, Asso-ciação Médico-Espírita do Brasil(AME-Brasil) – Marlene Rossi Se-verino Nobre –, Associação Bra-sileira dos Magistrados Espíritas(Abrame) – Zalmino Zimmer-mann –, Cruzada dos Militares

Espíritas (CME) – José PlínioMonteiro e Eloy Carvalho Villela –,Instituto de Cultura Espírita doBrasil (ICEB) – Maria AméliaBraghirolli Serrano e RonaldoDias Serrano.

Em sua manifestação, o presi-dente do CFN comentou o mo-mento especial do ano de 2007,com as comemorações do Sesqui-centenário de O Livro dos Espíri-tos, incluindo as ações com vistasà implementação do “Plano deTrabalho para o Movimento Es-pírita Brasileiro (2007-2012)”, e osesforços para a difusão da Dou-trina Espírita.

A Reunião do Conselho Federativo Nacional da FEB, realizada em Brasília, de 9 a 11 de novembro de 2007, obedeceu à seguinte pauta:

Reunião Ordinária doConselho Federativo Nacional

O presidente da FEB,Nestor Masotti, fala ao CFN

reformador janeiro 2008 - b.qxp 23/1/2008 14:33 Page 37

2. Expediente

Foram aprovadas porunanimidade as Atas dasReuniões realizadas nos pe-ríodos de 10 a 12 de no-vembro de 2006 (publicadana Edição Especial de Re-formador de maio de 2007),e no dia 12 de abril de 2007(publicada na Edição Es-pecial de Reformador dejulho de 2007).

3. Ordem do Dia

3.1 Apresentação do relatóriodas atividades das Entida-des Federativas Estaduais

Todas as Entidades Federativasentregaram relatórios escritos so-bre as ações realizadas ao longodeste ano e algumas expuserampôsteres. Na Reunião, alguns re-presentantes deram destaque aeventos significativos, como os deAlagoas, Bahia, Ceará, Distrito Fe-deral, Maranhão, Mato Grosso doSul, Minas Gerais, Pará, Paraíba,Paraná, Pernambuco, Rio de Ja-neiro e São Paulo.

3.2 Atividades FederativasEste item da Pauta foi desen-

volvido em forma de dinâmica degrupo, sob a coordenação da Se-cretaria Geral do CFN. Os repre-sentantes das Entidades Federati-vas foram divididos em quatrogrupos, de conformidade com asComissões Regionais do CFN(Norte, Nordeste, Centro e Sul).Os grupos foram coordenadospelos secretários das Comissões

Regionais do CFN, escolhendo-sesecretários e relatores. Em cadagrupo houve análise sucinta dotrabalho, que vem sendo realiza-do, de implementação dos textosaprovados pelo CFN: Orientaçãoao Centro Espírita e “Plano de Tra-balho para o Movimento EspíritaBrasileiro (2007-2012)”.

Foram definidos os temas paraas Reuniões dos Dirigentes: Norte– “O papel do dirigente comomultiplicador na Casa Espírita”;Nordeste – “Gestão Federativa”;Centro – “Principais necessidadese dificuldades para a estruturaçãoe implantação do Plano de Traba-lho pelas Federativas”; Sul – “Re-flexões éticas sobre a influênciadas atividades de entidades nãofederadas e a qualidade das pro-duções espíritas”.

Os grupos apresentaram pro-postas para o desenvolvimentodas Reuniões das Comissões Re-gionais do CFN em 2008 e, em ple-nário, ficou definido que a meto-dologia das mesmas será efetivadade acordo com as sugestões recebi-das, mantendo-se as diferenciaçõese características de cada Região.

Em seguida, os coordenadoresde Áreas das Comissões Regionaisapresentaram algumas informa-ções relevantes em seus âmbitosde atuação: Atendimento Espiri-tual no Centro Espírita, por MariaEuny Herrera Masotti; AtividadeMediúnica, por Marta Antunes deOliveira Moura; Estudo Sistema-tizado da Doutrina Espírita, apre-sentadas em outro momento, porCecília Rocha; Infância e Juven-tude, pela assessora Miriam LúciaHerrera Masotti Dusi; Serviçode Assistência e Promoção SocialEspírita, por José Carlos da SilvaSilveira.

Ao finalizar o item sobre Ati-vidades Federativas, o secretário--geral do CFN, Antonio CesarPerri de Carvalho, teceu conside-rações gerais acerca dos resulta-dos da dinâmica de grupo, o pla-nejamento das Comissões Regio-nais para 2008 e os próximos pas-sos para implementação do “Pla-no de Trabalho para o Movi-mento Espírita Brasileiro (2007--2012)”, reiterando que a Secreta-ria Geral está à disposição paraeventuais apoios.

38 Reformador • Janei ro 2008 3366 Reformador • Janei ro 2008

Representantes da Região Sul e visitantes em dinâmicade grupo sobre o tema Comissões Regionais

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3.3 Atividades EditoriaisO vice-presidente da FEB, Ilcio

Bianchi, prestou informações so-bre as atividades do Departamen-to Editorial, incluindo a edição delivros e da revista Reformador. Re-feriu-se às novas reedições pro-gramadas, dentro do processo deatualização de composição, e dolançamento de Edição EspecialComemorativa da Revista Espírita(1858-1869). Vários representan-tes de Entidades Federativas semanifestaram com perguntas esugestões acerca da distribuiçãoe comercialização de livros.

A vice-presidente Cecília Ro-cha deu informações sobre a edi-ção e difusão de Programas deEstudos Doutrinários (Apostilas).

3.4 Sesquicentenário de O Livro dos Espíritos

3.5 Campanhas Família, Vidae Paz

As manifestações relativas aosdois itens foram feitas conjunta-mente. Quase todos os represen-tantes se inscreveram para prestar

informações relativas à progra-mação das atividades comemora-tivas do Sesquicentenário e àsCampanhas Família, Vida e Paz.

O Sesquicentenário de O Livrodos Espíritos foi assinalado, emtodos os Estados, com atividadescomemorativas através de pales-tras, seminários, semanas espíri-tas e congressos estaduais. VáriosEstados contaram com eventosem ambientes públicos e sessõessolenes em Assembléias Legislati-vas e Câmaras de Vereadores, e,também, com publicações de jor-nais especiais e de livros.

O secretário-geral do CFN,como coordenador da Comissãodesignada para programar as ati-vidades do Sesquicentenário, in-formou que foi cumprida a pro-gramação geral aprovada peloCFN: a edição do selo personali-zado e do carimbo obliterativopelos Correios; o 2o CongressoEspírita Brasileiro, realizado emBrasília, em 13 abril de 2007; Edi-ção Especial comemorativa de OLivro dos Espíritos e de Suplemen-tos e Edição Especial de Reforma-

dor; lançamento da nova edição deOrientação ao Centro Espírita e daaprovação do “Plano de Trabalhopara o Movimento Espírita Bra-sileiro (2007-2012)”; e participa-ção em Sessão Solene na Câmarados Deputados.

As Entidades Federativas de-ram continuidade ao desenvolvi-mento das Campanhas Família,Vida e Paz, neste ano, tendo ha-vido, porém, priorização para asações relacionadas com o Movi-mento “Em Defesa da Vida –Brasil Sem Aborto”. Em váriosEstados foram instalados Comitêsintegrados pela sociedade civil einter-religiosos, com intensa par-ticipação da Entidade FederativaEstadual, sendo promovidos atospúblicos. O encarte de Reforma-dor “A Vida e o Aborto na VisãoEspírita” (edição de agosto de2007) foi amplamente distribuídopelas referidas Federativas e tam-bém em alguns jornais leigos.

O presidente e o secretário--geral do CFN informaram sobrea atuação da FEB no ato públicorealizado na Praça da Sé, em São

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Aspecto do Plenário

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Paulo, em março; na Marcha Na-cional da Cidadania Em Defesa daVida – Brasil Sem Aborto, reali-zada na Esplanada dos Minis-térios, em Brasília, no dia 15 deagosto; e a respeito das publica-ções da FEB sobre a questão doaborto. O secretário-geral referiu--se à formação dos comitês esta-duais do citado Movimento, e,para colaborar com este objeti-vo, apresentou o Sr. Jaime Fer-reira Lopes, integrante do Mo-vimento Nacional Em Defesa daVida.

3.6 Movimento Espírita Internacional

O presidente Nestor João Ma-sotti, como secretário-geral doConselho Espírita Internacional,prestou algumas informações epassou a palavra para AntonioCesar Perri de Carvalho, inte-grante da Comissão Executiva doCEI. Este relacionou as princi-pais ações do CEI durante o anode 2007, como visitas, cursos, se-minários, apoios e participaçãoem congressos, comemorações doSequicentenário, edições de li-vros e da Revista Espírita em ou-tros idiomas, e o primeiro ano defuncionamento da TVCEI; fezreferência ao 5o Congresso Es-pírita Mundial e à 12a Reuniãodo CEI, realizados em Cartagena(Colômbia), em outubro do anopassado. Destacaram-se, dos re-latos feitos na referida Reunião,as seguintes informações: o Pa-namá passou a ser o 33o paísintegrado ao CEI, a União Espíri-ta Francesa e Francofônica (UEFF)

está doando ao CEI os direitosde La Revue Spirite, e o 6o Con-gresso Espírita Mundial será rea-lizado na Espanha, em outubrode 2010.

3.7 Proposta da FederaçãoEspírita do Paraná

O CFN analisou a propostaapresentada pela Federação Espí-rita do Paraná (FEP) e outra for-mulada pela FEB. Aprovou estaúltima com as emendas propostaspor uma comissão formada, nomomento, pelo CFN. Ao final, foiaprovada a seguinte redação:

“Declaração de Reconheci-mento

Considerando o trabalho quevem sendo realizado por DivaldoPereira Franco em 60 anos deatividades voltadas à difusão daDoutrina Espírita, completadasneste ano, tendo por referênciapermanente os ensinos contidosnas obras básicas de Allan Kar-dec que constituem a Codifica-ção Espírita;

Considerando que, nesse pe-ríodo, através do seu trabalho deconstante visitação a múltiplas lo-calidades de nosso mundo, o esti-mado confrade promoveu a cria-ção de inúmeros núcleos de estu-do e difusão do Espiritismo noBrasil e no Exterior;

Considerando que seu traba-lho vem proporcionando o for-talecimento da união dos espíri-tas e de entidades espíritas, taiscomo o Conselho Federativo Na-cional da Federação Espírita Bra-sileira e o Conselho Espírita In-

ternacional, na execução de suasrealizações, bem como a Unifica-ção do Movimento Espírita, den-tro dos princípios de liberdade,fraternidade, solidariedade e res-ponsabilidade que a DoutrinaEspírita preconiza;

Considerando o seu trabalhoeducacional e de promoção social,através da Mansão do Caminho,desde 1947, que já atendeu a mi-lhares de cidadãos brasileiros;

Considerando sua extensa eelucidativa produção psicográfi-ca que já ultrapassa duas cente-nas de obras, todas com direitosautorais cedidos a instituições debenemerência, com traduçõespara 14 idiomas;

Considerando, ainda, o reco-nhecimento de sua atuação nomundo, que lhe valeu o título deEmbaixador para construçãode uma cultura de Paz, pelaUNESCO,

O Conselho Federativo Nacio-nal da Federação Espírita Brasi-leira, reunindo nesta data todas asEntidades Federativas Estaduaisque o constituem, resolve mani-festar o Reconhecimento e a Soli-dariedade de todo o MovimentoEspírita brasileiro aqui represen-tado, ao nobre trabalho que conti-nua a ser desenvolvido pelo esti-mado companheiro de ideal Di-valdo Pereira Franco”.

3.8 Assuntos geraisSesquicentenários da Revis-ta Espírita e da SociedadeParisiense de Estudos Espí-ritas, e 3o Congresso Espíri-ta Brasileiro

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O CFN aprovou duas propos-tas apresentadas pela FEB:

a) Recomendação de que asEntidades Federativas Estaduaispromovam ao longo do ano de2008 comemorações alusivas aosSesquicentenários da Revista Es-pírita e da Sociedade Parisiensede Estudos Espíritas. E tambémque, ao ensejo das comemora-ções dos 150 anos de fundaçãoda Sociedade Parisiense de Estu-dos Espíritas, e considerandoque esta foi a primeira Casa Es-pírita do mundo, seja estimuladaa divulgação e a implementaçãodo Orientação ao Centro Espírita.

b) A realização do 3o Congres-so Espírita Brasileiro, no mês deabril de 2010, em Brasília; e o iní-cio de estudos com este objetivo, aserem apresentados ao CFN, emsua Reunião de novembro de 2008.

Estudos sobre a Arte EspíritaA partir de proposta da Fede-

ração Espírita Paraibana, após dis-cussões, o CFN concluiu que de-vem ser iniciados estudos sobre asações na Área da Arte Espírita no

País e formou comissão para apre-sentação dos resultados na Reuniãodo CFN de 2008. A comissão écoordenada por José Raimundo deLima (Paraíba) e integrada porCreuza Santos Lage (Bahia), Césarde Jesus Moutinho (Distrito Fede-ral), Maria Lúcia Resende DiasFaria (Espírito Santo), Saulo Gou-veia Carvalho (Mato Grosso), Aloí-sio Ghiggino (Rio de Janeiro), San-dra Maria Borba Pereira (Rio Gran-de do Norte) e Gladis Pedersen deOliveira (Rio Grande do Sul).

Informações GeraisO presidente apresentou infor-

mações acerca da decisão da Pro-curadoria Federal no Estado daBahia sobre o “Programa de Ajus-tamento de Conduta” e o “Termode Compromisso de Conduta”que as Editoras que publicam asobras de Allan Kardec deverãoatender; a manifestação da FEB,de acordo com a legislação vigen-te, quanto à preservação das tra-duções de Guillon Ribeiro; e acriação do Instituto Chico Xavier,em Uberaba (MG).

3.9 Próxima reuniãoA Reunião do CFN de 2008 se-

rá realizada nos dias 7, 8 e 9 denovembro.

4. Encerramento

Os momentos finais da Reuniãocontaram com a presença de JoséRaul Teixeira e de Divaldo PereiraFranco. Este último, psicofonica-mente, recebeu mensagem de Be-zerra de Menezes, intitulada “Semadiamentos” (publicada nesta edi-ção, p. 8 e 9). O presidente consi-derou a mensagem como uma pre-ce de encerramento, agradeceu apresença e a colaboração de todose deu por concluída a Reunião.

Participação especial

No período de Reunião doCFN ocorreram atuações espe-ciais: na noite do sábado (dia 10),palestra de José Raul Teixeira, nasdependências do Salão de Confe-rências da FEB (Cenáculo), e deDivaldo Pereira Franco, no finalda tarde de sábado (dia 10), diri-gindo-se ao CFN e na tarde de do-mingo (dia 11), proferindo confe-rência no Teatro Pedro Calmondo Quartel General do Exército,em Brasília.

41Janei ro 2008 • Reformador 3399

Palestra de José RaulTeixeira nasdependências doSalão de Conferênciasda FEB (Cenáculo)

Palestra de DivaldoPereira Franco proferidano Teatro Pedro Calmon

do Quartel General do Exército em Brasília

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42 Reformador • Janei ro 2008 4400

Roraima: Capacitação para EvangelizadoresA Federação Espírita de Roraima promoveu no dia24 de novembro de 2007 a Capacitação para Evan-gelizadores, que contou com a presença de estudan-tes da Doutrina Espírita e igualmente dos evangeli-zadores. O evento ocorreu no Centro Espírita Paulode Tarso. Informações: www.fer-roraima.org

Maranhão: Comemoração de Aniversário da Federação

A Federação Espírita do Maranhão (FEM) comemo-rou 57 anos de fundação com evento realizado nosdias 30 de novembro a 2 de dezembro de 2007,incluindo palestra pública e seminário sobre o“Plano de Trabalho para o Movimento EspíritaBrasileiro (2007-2012)”, ambos desenvolvidos porMarcos Leite e Roberto Fuina Versiani, integrantesda equipe da Secretaria Geral do CFN.

Rio de Janeiro: Teatro EspíritaEm dezembro de 2007, o Conselho Espírita do Esta-do do Rio de Janeiro (CEERJ) apresentou ao públicoespírita as peças Mais Vivo do Que Nunca e EurípedesBarsanulfo – Uma Vida de Doação. A peça Mais Vivodo Que Nunca traz reflexões acerca da problemáticados Espíritos, que inclui a dificuldade na ascensãoaos planos superiores da Espiritualidade e a igno-rância quanto às Leis que regem o Universo, como ade Amor e a de Causa e Efeito. A última aborda fatosmarcantes da vida de Eurípedes, dedicada ao Bem eà propagação do conhecimento e do Espiritismonascente. A peça é escrita e dirigida por RonaldoÓliver, cantor e diretor de teatro no Rio de Janeiro.Informações: www.ceerj.org.br

Rio Grande do Norte: Jornada Espírita Um final de semana todo dedicado à discussão da pazsob a ótica espírita, tendo como tema central: “Aminha paz vos deixo, a minha paz vos dou”. Este foio objetivo da 7a Jornada Espírita Emílio Mallet, queaconteceu de 16 a 19 de novembro de 2007, na

Sociedade Espírita Emílio Mallet, em Natal. A 7a

Jornada Espírita Emílio Mallet contou com o apoio daFederação Espírita do Rio Grande do Norte (FERN).Informações: (84) 8815-7374 e (84) 9404-1210.

Cinqüentenário do ICEBNo dia 6 de dezembro de 2007, o Instituto de Cultu-ra Espírita do Brasil (ICEB) realizou, na Sede Sec-cional da FEB no Rio de Janeiro (Av. Passos, 30, Cen-tro), a comemoração de seus 50 anos de fundação.O conferencista José Raul Teixeira fez palestra detema livre em homenagem aos precursores, pio-neiros e fundadores do ICEB e aos 100 anos doescritor e conferencista espírita Deolindo Amorim.Informações: [email protected]

São Paulo: Reunião em BauruA USE Intermunicipal Bauru (SP) promoveu, nos dias8 e 9 de dezembro de 2007, o Encontro Estadual deDirigentes Espíritas. Em sessão solene de encerramen-to das comemorações dos 150 anos de Espiritismo,o diretor da Federação Espírita Brasileira (FEB), Evan-dro Noleto Bezerra, proferiu palestra no dia 8, sobreo tema “Os desafios na Codificação Kardequiana”.

Esperanto: Anuário virtualDesde que foi lançada a versão virtual do Anuário daAssociação Universal de Esperanto, a publicação vemganhando popularidade. Cerca de 25% dos esperan-tistas de todo o Planeta buscam-no pelo computa-dor. Para ter acesso ao chamado Jarlibro, o internau-ta tem de ser sócio da entidade máxima do esperan-tismo internacional. O Brasil aparece em quarto lu-gar na lista de países que mais acessam o Anuário.Informações: www.uea.org

Casas Espíritas centenáriasSolicitamos às instituições espíritas que já tenhamcompletado 100 anos, o envio dessa informação.com dados sobre suas atividades, para divulgação emReformador.

Seara Espírita

reformador janeiro 2008 - b.qxp 23/1/2008 14:34 Page 42

O Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita – Programa Fundamental –

Tomo II aborda assuntos referentes à terceira e à quarta partes de O Livro

dos Espíritos, que tratam respectivamente das Leis Morais e das Esperanças e

Consolações. São vinte e sete roteiros, distribuídos em nove módulos, que

oferecem aos estudantes e pesquisadores da Doutrina Espírita a oportunidade de

refletir a respeito da conduta moral ante os imperativos da nossa

evolução espiritual.