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Saber Revista Revista laboratório dos alunos de Jornalismo da FPM / Ano I - Nº 2 TCC Três letrinhas que causam furor (ou pavor) em muitos universitários. Saiba como lidar com o Projeto de Conclusão de Curso sem estresse e se sair bem. Afinal, todo o universitário passa por isso!

Revista Saber - Edição 2, Ano I

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Revista laboratório dos alunos de Jornalismo da Faculdade Prudente de Moraes (www.fpm.edu.br)

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SaberRevista

Revista laboratório dos alunos de Jornalismo da FPM / Ano I - Nº 2

TCCTrês letrinhas que causam furor (ou pavor) em muitos universitários. Saiba como lidar com o Projeto de Conclusão de Curso sem estresse e se sair bem. Afinal, todo o universitário passa por isso!

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editorial

Esta é a segunda edição da Revista Saber, elaborada pelos alunos do 4º ano de Jornalismo da Faculdade Prudente de Moraes.A matéria de capa trata de um tema muito importante para os universitários, o TCC – Trabalho de Conclusão de Curso. Com o TCC o estudante pode demonstrar tudo o que aprendeu no decorrer dos anos na faculdade. Ter um bom preparo, dedicação e muito ‘fôlego’ são necessários para um trabalho bem sucedido.Esta edição traz também a reportagem sobre a visita dos alunos de jornalismo da FPM para a redação da revista Carta Capital. Lá eles puderam conhecer os bastidores de uma revista tão conceitu-ada no país.Um assunto bastante atual é sobre o Novo Código de Ética Mé-dica, que trata dos diversos temas de interesse à população, como letra ilegível dos médicos, o aborto, manipulação genética, entre outros.Você vai encontrar nesta edição uma matéria sobre o ensino à distância, que é útil para quem quer ter formação e não tem dispo-nibilidade de tempo. Há também uma reportagem, sobre os jovens estudantes driblam o tempo e que conseguem conciliar a faculda-de com a paixão pela arte.O ator Jorge Julião, que fez a travesti Lilica do polêmico filme Pixote, da década de 80 fala sobre a repercussão do filme na época e sobre o destino trágico do jovem que interpretou Pixote. O que leva pessoas, até mesmo muito jovens, a abandonar planos de carreira, faculdade, trabalho, casamento, para dedicar a vida pelo próximo, em especial aos pobres de rua? A matéria sobre a Fraternidade Toca de Assis mostra jovens que deixaram tudo para seguir a vocação. Todas as reportagens desta edição foram desenvolvidas com muito empenho, para que você, leitor, possa estar interado nos mais diversos assuntos relacionados à Educação universitária.Tenha uma ótima leitura!

Cristiane Oliveira

Revista Saber2ª edição

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Expediente

Revista SaberRevista laboratório dos alunosdo 4º ano do curso de Jornalismo da FPM

Editor: Paulo StucchiEditor assistente: Cristiane Oliveira

JornalistasCristiane OliveiraÉrica PassiFelipe BoniGeiza GracianoJosé Fernando OliveiraRafael BortoletoTatiana SaggionTatiane Dias

ArticulistasFelipe Boni, Geiza Graciano, Tatiana Saggion e Tatiane Dias

Revista SaberAno I - Edição 2

Matérias

TCC: E agora?A distância que aproximaPixote: 30 anosNovo código de ética médicaPor dentro da notícia: visita à Carta CapitalUma missão pelos pobresDe gole em gole

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SESSÃO

TCCRafael Bortoleto

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E AGORA?Passaram-se os quatro anos de curso e, cedo ou tarde, todos os universitários de deparam com três letrinhas que, muitas vezes, causam pavor: o TCC, ou Trabalho de Conclusão de Curso.

TCCO Trabalho de Conclusão de Curso

(TCC), pré-requisito à obtenção da ti-tulação de Licenciatura ou Bacharelado,

é um trabalho acadêmico de sistematização do conhecimento sobre um objeto de estudo rela-cionado a temas afins ao curso de graduação es-colhido. Este que pode ser realizado durante ou ao final do processo de formação acadêmica. Fernanda Romanezi, professora de Téc-nica de Projeto Experimental da Faculdade Pru-dente de Moraes (FPM), explica que, por meio do TCC, pode-se avaliar a bagagem conceitual adquirida pelo aluno durante os longos anos de aprendizado no curso universitário, uma vez que o ensino superior visa formar profissionais que, além do conhecimento específico, possam apre-sentar autonomia, senso investigativo, capacidade de identificação e resolução de problemas, dentre outras qualidades. Mas, se o TCC é algo corriqueiro na vida do estudante universitário (mais uma avaliação entre outras a que este é submetido durante os anos de faculdade), por que causa tanto pavor? É comum se ouvir histórias de estudan-tes que perdem horas e horas de sono atrás de sua escrivaninha lendo, fichando e escrevendo seu trabalho; outros, em casos mais extremos, são submetidos ao pânico e, muitas vezes, acabam abandonando seu projeto - e dando as costas à possibilidade de se diplomar. Ana Carolina Estevam da Silva, 20 anos, estudante do 3º Semestre de jornalismo, comen-ta, por exemplo, que tem medo de não passar na banca final do TCC porque já ouviu histórias de pessoas que foram reprovadas. Ela pensa em algo

relacionado à TV ou rádio para seu projeto. Ao ser perguntada sobre tema, ela diz que participa do Grupo Escoteiro Utu-Guaçu desde os seis anos de idade e, como tem essa identificação, pensa em algo fazer algo relacionado ao Grupo em seu TCC. “Não sei ainda o que, mas quero fazer algo voltado para o Grupo”, disse. Mônica Seixas, 23 anos, trabalha como jornalista no jornal Periscópio de Itu. Ela escolheu fazer seu TCC com um tema social. Mas sua his-tória é semelhante àquelas que a Ana escutou, ou seja, de pessoas que não conseguiram fazer o TCC. No caso, ela não conseguiu entregar seu TCC e conta que o problema foi a escolha do meio utilizado, ou proposto - no caso, um livro reportagem. Mônica explica como se sentiu ao não conseguir concluir seu trabalho. “Eu estava num momento emocional muito ruim devido um problema pessoal e, pior ainda, foi minha escolha querer fazer tudo sozinha. Acredito que esse foi o meu principal erro”, disse. Ela fala da sensação de fracasso que teve quando foi à faculdade para trancar sua matrí-cula. “O pior é chegar na faculdade e pedir para trancar a matrícula e depois disso contar para os meus pais.” Hoje, Mônica é aluna bolsista, conta com o PROUNI (Programa Universidade para Todos). Ela veio de família pobre e o sonho de se formar não era somente dela, e sim de toda a sua família. A jovem não desistiu e vai tentar fazer seu TCC neste ano. Mas, agora, com um grupo de cinco colegas e o veículo escolhido foi a TV. “Agora o produto final vai ficar show, eu acredito”, declara

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tcc: e agora?

com muito entusiasmo.

Trabalho exigente

O TCC exige do estudante a compe-tência de empregar os saberes assimilados ao longo de seu curso apontando uma contribuição efetiva no avanço científico referente ao curso ou carreira que escolheu. A elaboração do TCC não se trata ape-nas do cumprimento de uma norma burocráti-ca, mas deve ser encara-da com muita dedicação, autonomia e responsa-bilidade. Bons TCCs podem impulsionar uma carreira acadêmica, dan-do origem a futuros mes-trados e doutorados. Marilha Mon-teiro, 20 anos, estudan-te de Jornalismo, já está pensando no seu TCC, apesar de não se formar este ano. Ela quer fazer algo sobre Fotojornalis-mo; gostaria, inclusive, de fazer um curso de Fotografia. A princípio, deseja fazer o TCC sozinha. Mas há aluno que não gosta de sofrer por antecipação. Esse é o caso da estudante de Jornalismo Jaqueline Sevilha, 19 anos. “O TCC não causa nada em mim. Afinal, tenho mais dois anos e meio para decidir isso”, fala. Marisa Telo, professora na Área de Co-municação e Produção de Texto, explica. “O TCC começa quando você assiste à primeira aula. Você já tem que começar a pensar no tema, sempre direcionado ao que mais se identifica.” Ela conta o caso do seu marido, que fez um curso para se formar um tecnólogo com du-ração de dois anos. No caso, foi necessário de-senvolver um PCC (Projeto de Conclusão de Curso) e o resultado foi uma possibilidade no mercado de trabalho. Ele montou sua empresa embasado no seu Projeto de Conclusão de Cur-so (PCC) e trabalha nisso até hoje.

Portas abertas

Assim como o TCC é uma grande chance de aumentar seu network (Rede de Re-lacionamentos), é também uma chance de al-cançar um emprego melhor. O TCC precisa deixar de ser visto como uma atividade acadêmica, mas, sim como um projeto de vida, uma coisa prática, para a vida profissional. A seleção do tema é o núcleo do sucesso

da escrita de um TCC e deve ser tratada de acor-do com sua importân-cia. É, provavelmente, o principal elemento do trabalho, já que funcio-na como base fundadora para todo o restante. Sem um tema, não é possível selecionar bibliografias, nem qualquer outra fase da escrita. Você deve considerar o tema para uma mo-nografia que fornecerá a oportunidade de sinteti-

zar suas experiências e características pessoais de modo coerente.

Acertei na escolha do TCC?

Algumas perguntas podem ser feitas para verificar se você fez uma boa escolha do tema como, por exemplo, se existe bibliografia suficiente para a realização do trabalho. Outro questionamento é se você está certo de que pode responder à pergunta e pro-blema central de seu TCC e se conseguirá pren-der o interesse dos leitores em seu trabalho. Além disso, a afinidade e identificação com o tema e a escolha de um bom orientador é fundamental para o sucesso do projeto final. Já imaginou trabalhar fazendo o que não gosta e ainda ter um chefe com o qual você não tem a menor empatia? O resultado não será positivo.

A elaboração do TCC não se trata apenas do cumprimento de uma

norma burocrática, mas deve ser encarada com

muita dedicação, autonomia e

responsabilidade.

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Como fazer um TCC?

Elias Aparecido Libanio, 30 anos, e Ivan Fernando de Moura Scaravelli, 20 anos, estudan-tes de Administração de Empresas do 7º semes-tre da FPM contam como está sendo a experiên-cia de desenvolver o TCC. Os dois fazem parte de um grupo que hoje conta com quatro colegas: Elias Libanio, Ivan Scaravelli, João Benedeti e Paulo Campos. No início, o grupo contava com mais dois co-legas - Rodrigo Henrique de Oliveira que, por motivos pessoais, precisou trancar a matrícula, e Eliane Rabelo, que escolheu ir para outro grupo. Elias conta que, para ele, o TCC é “uma realização, ou melhor, a conclusão de um proces-so de aprendizado”. Ivan fala que o trabalho de conclusão deles é sobre como desenvolver um projeto que auxilia uma empresa não-governa-mental. No caso, a empresa escolhida foi a Rede de Supermercados Alvorada porque eles estudaram com um dos donos, Thiaguinho, como eles o cha-mam, e isso facilitou o contato. “Assim, a ideia é fazer algo voltado para a questão ambiental. Por exemplo, na cidade de Indaiatuba, interior de São Paulo, existe um mercado da rede Pão de Açúcar que é 100% am-bientalmente responsável”, continua Ivan. “No começo, tudo é complicado, mas com esforço e dedicação, as coisas ficam mais fáceis.” Sinergia, conhecimento, talento indivi-dual; tudo isso tem que ser levado em conta na

hora da escolha do grupo. “No grupo cada um sabe o que faz”, diz Ivan. Dentro de um cronograma ideal, os alu-nos devem desenvolver, no primeiro semestre, o planejamento; já no segundo, dedicar-se à exe-cução. O produto, no caso do grupo de Ivan, é a proposta. Elias comenta: “Tudo começa com você tendo sua equipe. Veja pelo nosso grupo; os caras seguram a barra, é a equipe.” Em uma sala que contava com aproxi-madamente 80 pessoas, o grupo foi formado já no primeiro ano. Elias define o primeiro ano de faculdade como “o ano da confirmação, no qual duvidas surgem a todo momento e muitos dei-xam o curso, vão para outras áreas; outros vão para outras faculdades”. E continua: “No começo a palavra TCC dá um medo sim, mas a preocu-pação não faz sentido, porque a faculdade vai lhe proporcionar conhecimentos para você desenvol-ver o conteúdo do trabalho. Hoje, no quarto ano, vejo que o projeto se desenvolve tranquilamente, sem medo de errar. Claro, com a orientação dos professores.”

O TCC pode dar certo?

Paula Bordini Micai, professora de Mar-keting e Mídia da FPM, enxerga o TCC como uma oportunidade de desenvolver de for-ma acadêmica um trabalho que pode se tornar sua profissão. Esse é o seu caso de quem, já na faculdade, almeja montar sua própria agência de publicidade, realidade que ela mesma, cinco anos após ter se formado na FPM, concretizou mon-tando a Comunic. Seu TCC foi uma campanha publicitária para a empresa Padovani, cliente da sua agência hoje. Outro exemplo, agora na área do Jor-nalismo, é Emerson Neves, 28 anos, analista de Comunicação Corporativa do Grupo Petrópolis. Ele é graduado em Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo pela FPM, e pós-graduado em Gestão da Comunicação Empresa-rial pelo Instituto Prudente de Moraes, e expõe sua opinião sobre o TCC. “Já passei duas vezes pela experiência de desenvolver um trabalho de conclusão de curso. A primeira foi na graduação

Elias Libiano: projeto com objetivo de aplicação prática

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tcc: e agora?

de Jornalismo e a segunda na pós-graduação de Comunicação Empresarial”. Emerson conta que, em ambos TCCs, procurou escolher um tema que fosse útil para a situação profissional que es-tava vivendo na época pois, além de aprofundar melhor na área, é uma oportunidade de aplicar conhecimentos do estudo no dia a dia. Emerson conta ainda como sempre foi apaixonado por comunicação interna, apesar de na época ter trabalhado somente em jornais im-pressos - no caso, em 2003 (graduação). Ele es-colheu junto com outras duas colegas de classe desenvolver uma nova ferramenta para a Cerve-jaria Petrópolis. Na ocasião, produziram um jor-nal interno, cujo nome era O Cervejeiro. Durante a realização desse trabalho teve a certeza de que a Comunicação Empresarial era uma área em que deveria se aprofundar e buscar oportunidades no mercado de trabalho. Passados alguns anos, trabalhou com alguns “freelas” em assessoria e conseguiu uma vaga na comunicação interna da cervejaria. Lá, ele constatou que o jornal ainda existia e pôde desenvolver novas ferramentas para a área. Emerson conta ainda que a sua outra ex-periência com o TCC também foi muito válida. Apesar de conviver com a realidade da empresa, ele nunca havia mensurado a importância dos jornais murais que desenvolvia. Assim, Emerson aproveitou essa questão para realizar o trabalho de conclusão da sua pós. “O resultado foi mui-to positivo, pois consegui atingir os objetivos esperados pelos professores que me avaliaram e ainda pude otimizar os murais, que hoje atingem os funcionários com muito mais eficácia do que antes”, explica. Mas Emerson confessa que, num pri-meiro momento, o TCC sempre deixa os alunos de cabelos em pé, pois exige muita leitura, pes-quisa e tempo, que é o maior problema para os jovens que trabalham o dia todo a fim de custear a faculdade. “Porém, ao escolher o tema e definir uma estrutura, o trabalho começa a ganhar forma e a fluir naturalmente”, disse. O jornalista deixa um conselho: “O que não se pode fazer é transformar o TCC em seu inimigo e deixá-lo esquecido na gaveta, uma vez que não será finalizado sozinho”. E conclui: “Só

Ivan: grupo montado no primeiro ano de ADM e confiança no TCC

depende de você.” Outro aspecto levantado por Emerson, para a realização de um bom TCC é frequen-tar assiduamente as reuniões com o orientador e aproveitar esse momento para “sugar” todo o conhecimento do mesmo e a sua experiência na área estudada. Ele lembra que o trabalho não é do orientador, e, portanto, não está certo esperar ser cobrado e sim ir atrás do professor e aprovei-tar esse tempo oferecido para a construção de um bom trabalho. Emerson finaliza: “o TCC não deve ser visto como um problema e sim como um desa-fio, tanto para nossa vida acadêmica como para a profissional.” Agora, boa sorte! Bom TCC!

“No começo a palavra TCC dá um medo sim, mas a pre-ocupação não faz sentido, porque a faculdade vai lhe

proporcionar conhecimentos para você desenvolver o con-teúdo do trabalho. Hoje, no

quarto ano, vejo que o projeto se desenvolve tranquilamen-

te, sem medo de errar. Claro, com a orientação dos

professores”.

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Em 20 de agosto do ano passado foi aprovado pelo

presidente Lula o pro-jeto de Lei nº 11.769, que altera o artigo 26 da Lei de Diretrizes e Bas-es da Educação (LDB) nº 9.394/96 e torna

obrigatório, mas não exclusivo, o ensino de música na educação básica, que engloba o ensino infantil, funda-mental e médio. Na LDB anterior, constava apenas o ensino geral de artes, sem deter-minar o conteúdo, que podia ser dança, música, teatro ou artes visuais. Agora, a música é o úni-co conteúdo obrigatório, mas sem excluir as de-mais artes. O prazo para os sistemas educacionais se adaptarem à regra vai até 2011, mas não especifica como esse con-teúdo será aplicado. E, é aí que mora o peri-go. Afinal, como a música deve ser ensinada e quem deve ensinar música? Educação Musical não é cantar uma música com os alunos nas datas comemora-tivas ou cantar diariamente o Hino Nacional. Tampouco é acrescentar doses homeopáticas à disciplina de Educação Artística somente para cumprir a LDB. Ensinar música vai muito além. Se ensinada de forma lúdica e com entusi-asmo, a música estimula áreas do cérebro, aguça a percepção, desenvolve o raciocínio, a coordenação motora, a concentração, a

memória, a socialização, a disciplina interior, a humanização, o respeito, a sensibilidade, entre outras habilidades, conforme compro-vam as pesquisas de especialistas de diversas áreas sobre os benefícios que a música pos-sui. E se, no Brasil, o ensino musical será obrigatório é porque esta arte tem grande potencial educativo para contribuir na for-mação integral de crianças e adolescentes neste país.

Sendo a música uma disciplina complexa, que abrange teoria e prática de execução, deve ser ensinada unicamente por pes-soas qualificadas para isso, caso contrário, o conteúdo tende a ficar superficial. E, é uma ilusão considerar que o professor de artes em geral seja igual-

mente eficiente em todas as disciplinas. Para tanto, o educador musical tem que ter ouvidos abertos, sensibilidade aguça-da e criatividade para fazer e vivenciar músi-ca com seus alunos. Somente assim a imple-mentação da educação musical alcançará 100% de eficácia nos resultados formativos e trará sua melhor contribuição para a educa-ção no Brasil.

* Felipe Boni é formado em Música pelo Con-servatório Dramático e Musical “Dr. Carlos de Campos” de Tatuí/SP e estudante de Comunica-ção Social - Jornalismo da FPM.

O rinoceronte na sala de aulaPor Felipe Boni*

artigo

Educação Musical não é cantar uma música com os

alunos nas datas comemora-tivas ou cantar diariamente o Hino Nacional. Tampouco

é acrescentar doses ho-meopáticas à disciplina de

Educação Artística somente para cumprir a LDB.

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A distância que aproxima

Quem nasceu em meados de 80 prova-velmente se lembra do famoso jingle “O Instituto Universal vai até você”

exibido na televisão e também das fotonovelas que vinham na revista de divulgação dos cursos do Instituto que é um dos pioneiros em ensino à distância no país. Desde 1960, atuam com cursos supletivos, téc-nicos e profis-s iona l izantes como corte e costura, mestre de obras, ele-trônica de rádio e TV, entre ou-tros, por meio de material im-presso distribu-ído via correio. O aluno estuda pelas apostilas e quando se sente preparado soli-cita a realização das provas nos centros de ensino do Instituto e se obtiver um bom desempenho, recebe o certifica-do em casa. Mesmo com a expansão da Internet, o método de ensino continua sendo exclusiva-mente por impressos, sendo a Web reservada ao contato, divulgação e discussão através do site, do fórum, do twitter e do blog. Um outro ensino muito conhecido e amplamente difundido no Brasil é o Telecurso que, como o nome já remete, utiliza os recursos televisivos na instrução de 1º e 2º graus - hoje chamado de Ensino Fundamental e Médio. Cria-do em janeiro de 1978 pela Fundação Roberto Marinho em parceria com a Fundação Padre Anchieta, mantenedora da TV Cultura de São

Paulo. Consecutivamente vieram parcerias com a Federação das Indústrias do Estado de São Pau-lo, Fiesp, Sesi e Senai. Além da grade curricular básica do Ensino Fundamental e Médio, esse en-sino, voltado a jovens e adultos, trabalha também com temas como sexualidade e saúde, segurança alimentar, empreendedorismo, entre outros.

Definição de Ensino à Dis-tância Segun-do a Associa-ção Brasileira de Ensino à Distância, Abed, muitas são as defini-ções possíveis e apresentadas, mas há um consenso mí-nimo em torno da ideia de que EAD [Ensino

à Distância] é a modalidade de educação em que as atividades de ensino-aprendizagem são desen-volvidas majoritariamente (e em bom número de casos, exclusivamente) sem que alunos e profes-sores estejam presentes no mesmo lugar, na mes-ma hora. De acordo com o decreto nº 5.622, de 19 de dezembro de 2005, no capítulo 1 Art. 1o, “... caracteriza-se a educação a distância como modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, com estudantes e professores desenvolvendo ativida-des educativas em lugares ou tempos diversos”.

A distância que aproximaO ensino à distância é uma das alternativas para quem quer prosseguir nos estudos e não tem muito tempo disponível.

Tatiane Dias

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Um exemplo de ensino superior à dis-tância na região é a parceria da Faculdade Pru-dente de Moraes com a Universidade do Norte do Paraná, Unopar Virtual. A secretária do pólo de Itu, Ana Carolina, diz que desde dezembro de 2005 a FPM realiza essa parceria com a Uno-par com a finalidade de ofertar cursos de gradu-ação e pós-graduação. Os cursos oferecidos são Tecnologia em Processos Gerenciais, em Gestão de Recursos Humanos, em Gestão Ambiental, em Gestão Hospitalar, em Gestão da Produção Industrial, Tecnologia em Marketing, em Even-tos, Letras, Pedagogia, Bacharelado em Ciências Contábeis, em Serviço Social e História e tem duração mínima de dois anos e meio à quatro anos. “Atualmente, o pólo de Itu da Unopar pos-sui aproximadamente 400 alunos cujo perfil é composto por pessoas que não possuem tempo disponível para frequentar as aulas durante to-dos os dias da semana e buscam uma formação de qualidade por um preço acessível com intuito de melhorar profissionalmente. A faixa etária dos alunos do pólo é de 25 a 35 anos. Os cursos mais procurados são Pedagogia e Tecnologia em Pro-cessos Gerenciais”, conta a secretária. Ana Carolina explica também que as aulas presenciais ocorrem no pólo uma vez por semana. Os alunos assistem às teleaulas em tem-po real e contam com a participação de um tu-tor de sala, pós-graduado e com experiência na área, para realizar atividades em sala e tirar suas dúvidas. Além das aulas presenciais os alunos re-alizam leituras, trabalhos e atividades através da internet e podem contar com o apoio do tutor eletrônico para tirar suas dúvidas. Liliana Pereira de Oliveira, 24 anos, au-xiliar de compra e planejamento cursa o 5º se-mestre de Processos Gerenciais pela Unopar. Ela frequenta a FPM duas vezes por semana, nas segundas e nas quartas-feiras, e dedica quatro horas por dia aos estudos pela Internet. A estu-dante utiliza Internet, videoaula, livros e também a biblioteca digital - a biblioteca do pólo FPM. Liliana disse que ficou sabendo do cur-so à distância exatamente pelo mesmo meio que utiliza nos métodos de ensino: a Internet. “Escolhi fazer o curso à distância pelo horário das aulas. Não tenho que ir todos os dias

e é mais barato o curso. O curso em si tem a mes-ma matéria de um curso presencial. A diferença é que eu tenho que ler mais. Quando tenho dúvi-das, tenho que acessar a Internet, perguntar para o tutor e esperar as respostas dele. Nem sempre a resposta chega na hora que eu quero, daí tenho que pesquisar para sanar minhas dúvidas. Tenho provas semestrais como em um curso normal. As provas são presenciais e online, assim como as aulas. Temos também trabalhos feitos sema-nalmente e que precisam ser mandado no pra-zo estabelecido. Caso contrário, não se consegue mandá-los mais”, conta Liliana.

Pontos positivos

Liliana considera que os pontos positi-vos do ensino à distância são a desobrigação de ir à faculdade todos os dias, ter horas livres para fazer outros cursos e reconhecimento pelo MEC. “No final do curso você pode tirar o CRA de ad-ministrador”, diz. Para ela, porém, nem tudo é vantagem nos cursos à distância. “Não ter o professor à sua disposição para sanar as dúvidas é um problema às vezes. Há muito mais trabalhos do que uma faculdade normal; você tem que ler, pesquisar e desenvolver o texto e a pesquisa tem ser mais profunda”, finaliza. Já Elizabete Marques de Souza, 40 anos, gerente de tesouraria, formou-se em processos gerenciais em 2009 e ficou sabendo do curso através de um comentário de um colega de tra-balho. Optou pelo curso à distância devido a sua condição de vida. “Na fase atual de vida, casada com dois filhos pequenos, trabalhando fora o dia todo, preciso de que tudo em minha vida seja o mais flexível possível”, conta Elizabete. A gerente atribui sua promoção profis-sional ao estudo que pôde realizar. “O curso me ajudou a ter embasamento teórico para diversos trabalhos que, na prática, já realizava, a melhorar procedimentos, criar meios para gerenciar melhor o departamento em que trabalho, inclusive as pessoas. Assim que me formei, recebi o cargo de gerente, e acredito que, sem essa formação superior, isso não teria sido possível”, afirma.

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Pixote: 30 anos

No ano de 1980, a sétima arte brasi-leira produzia um

dos filmes mais polêmicos e premiados do país. Pixote – a Lei do Mais Fraco, lança-do em 1981, o filme recebeu indicações como melhor fil-me estrangeiro para o Glo-bo de Ouro (1982) e ganhou três prêmios internacionais: melhor direção (Festival de Locarno, na Suíça), e me-lhor filme estrangeiro (Prê-mio New York Film Critics Circle Awards, nos Estados Unidos) e no Festival de San Sebastian na Espanha, todos em 1981. A obra mostra a realidade da classe paupér-rima e marginalizada da so-ciedade brasileira. Ambientado nas ruas de São Paulo, o drama exibe a rotina de jovens que vi-vem no meio do crime, violência e prostituição. Fernando Ramos da Silva, que interpretaria o protagonista Pixote, de 12 anos, era uma criança que vivia na miséria. Após fazer o filme, recebeu o status de estrela de primeira grandeza, não conseguiu se manter na mídia, voltou à pobreza, envolveu-se com o crime e foi morto aos 20 anos por policiais.

Trinta anos depois

O elenco do filme era formado por ar-tistas renomados, como Marília Pêra, Toni Tor-nado, Elke Maravilha e Beatriz Segall. Porém nenhum teve tanto destaque quanto Pixote e sua

Pixote: 30 anosFilme ‘Pixote’ faz 30 anos de polêmica e sucesso

José Fernando Oliveira

trupe. Em 2010, o filme completa 30 anos de pro-dução e, para falar sobre essa película, a reportagem da Revista Saber foi atrás do ator Jorge Julião (51), que deu vida à jovem tra-vesti, Lilica, de 17 anos. No filme, ela fugiria do reformatório com Pixote e outros. Julião conquistou sua personagem ao realizar vários testes e só depois de três meses que conseguiu inserir Lilica em seu cur-rículo profissional. “Tinha 19 anos e adorei o desafio. Foi uma experi-ência fantástica conviver diariamente com a per-sonagem. Todos os atores tiravam a roupa e iam para

casa, mas eu continuava todo depilado, cabelos vermelhos e unhas pintadas. Isso não era fácil em 1980, pois ainda não tinham grupos punks e nem emos andando pelas ruas”, relembra. Os jo-vens intérpretes tiveram preparações artísticas e psicológicas antes do início das filmagens com a preparadora de elenco Fátima Toledo, que tam-bém trabalhou na recente produção “Tropa de Elite”. A cooperação dos atores veteranos tam-bém ajudou nas filmagens. “Todos tinham experiência, menos Fer-nando, o Pixote, é claro. Sabiam que seria im-portante estabelecer uma ponte com os garotos. Fazíamos exercícios juntos, brincadeiras e muita diversão. Assim, o clima ficava mais relaxado e com mais confiança”. Julião diz ainda ter contato com os meninos que participaram do filme e que

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sempre fazem reuniões para falar da vida artística e de planos profissionais. Pixote – A Lei do Mais Fraco possui uma galeria de cenas fortes e chocantes, como a de crianças que em vez de brincarem de super-heróis, encenam assaltos a bancos. Mas para o entrevistado, a cena da morte de um garoto, que, na verdade, seria o namorado de Lilica, foi a mais árdua de ser registrada. Quanto à receptividade do filme, o ator afirma que foi uma surpresa. “Ninguém esperava o sucesso. Sabíamos que estávamos fazendo algo importante, alguma denúncia social, mas o sucesso nos pegou de sur-presa”.

Vida imita a arte

Jorge Julião estava trabalhando ao saber da morte de Fernando Ramos da Silva, em 1987. Conta que ficou emocionado e viu as dificul-dades de fazer arte em um país como o Brasil. “Fernando não foi preparado para o depois. Sinto que a sua condição familiar era muito ruim e não contribuíram para o menino continuar desenvol-vendo seu talento. A sua situação em ser famoso gerava muita inveja local em torno do menino”, opina. Em 1996 foi lançado o filme “Quem Matou Pixote?” que narra a história de Fernan-do Ramos da Silva que, após a fama volátil, não consegue mais trabalhar como ator e começa a

cometer crimes. A reportagem repassa a pergun-ta-título para Julião, que declara não saber a res-posta. “Não sei responder quem matou Pixote. A situação estava ruim, ele desempregado, uma família para criar e com os sonhos no chão”. Há quatro anos, o documentário “Pixote In Memorian” participou de festivais de cinema no Brasil e exibiu relatos de atores, familiares e produtores do filme de 1980. Entre eles, está novamente Jorge Julião, que hoje, é psicólogo, dá aulas para grupos da “melhor idade” e de teatro. Também é escritor de várias peças montadas e encenadas em São Paulo e Rio de Janeiro.

Marília Pêra (ao fundo) e Fernando Ramos, atuando como Pixote: final trágico

Julião em dois momentos: hoje (acima, à esquerda) e interpretando a travesti Lilica no filme: “Sabíamos que estávamos fazendo algo importante, alguma denúncia social, mas o sucesso nos pegou de surpresa”

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SESSÃO

ÉTICAFelipe Boni

Novo Código de Ética Médica entra em vigor no Brasil.O documento dá nova ênfase aos direitos e deveres do médico e à relação médico-paciente

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Em seus 14 capítulos e 118 artigos, o novo Código de Ética Médica objetiva melho-rar a relação médico-paciente, apresen-

tando uma adequação às questões atuais e aos avanços da medicina. Editado depois de dois anos de consulta pública e de discussão entre os conselheiros fe-derais e regionais de medicina e representantes de entidades médicas, o novo Código de Ética insere artigos sobre reprodução humana, expe-riência genética e cuidados paliativos que visa a dar assistência a doentes em estado terminal. O antigo código de 1988 não citava nenhum destes assuntos. Colocado em vigor desde o último dia 13 de abril, o novo código estabelece mudanças também no que se refere à autonomia do pacien-te e às regras para reprodução assistida e manipu-lação genética. O código ainda determina o fim dos garranchos, pois proíbe os médicos de fazer receitas ilegíveis. O decreto passa a valer não apenas para médicos com contato direto com o paciente, mas também para aqueles em posição de gestão, pesquisa e ensino na área da saúde. Se-gundo o Conselho Federal de Medicina, o médi-co que infringir qualquer ponto do código poderá sofrer processo administrativo. A pena vai desde advertência em privado e advertência pública até o descredenciamento, sem que isso elimine even-tual processo criminal pela falta cometida.

Contribuição prática

É questionável perguntar em que o novo Código de Ética Médica vai contribuir signifi-cativamente na prática. Para a farmacêutica, He-liádine Quagliato Santinon, a questão da grafia médica é um fator positivo, se realmente, for co-locado em vigor pelos médicos. “A questão da ilegibilidade das prescri-ções e a dificuldade de encontrar o profissional médico para decifrar a letra é o que mais afeta na prática, pois gera muita insegurança ao pa-ciente, ao profissional farmacêutico e a não ade-são ao tratamento prescrito”, comenta. “O novo Código de Ética Médica dá nova ênfase a alguns tópicos já abordados no código anterior, quan-to aos direitos e deveres do médico e quanto à

relação médico-paciente, e traz novas diretrizes sobre assuntos mais modernos, que são polê-micos, e pouco regulamentados em sua prática atualmente, como por exemplo, sobre pesquisas, genética, fertilização artificial e pacientes ter-minais”, afirma a médica Dra. Silvia Zanchetta (cursando atualmente o 2º ano de residência em Pediatria). Segundo Silvia, o novo código poderá trazer contribuições positivas, na medida em que os médicos tomem conhecimento e busquem aplicá-lo em sua prática profissional, e que sejam denunciadas aos conselhos médicos as situações de descumprimento de tais normas éticas, para que sejam tomadas as providencias necessárias. O novo código ainda reforça a previsão de cuidados paliativos no tratamento do pacien-te. Estes cuidados visam dar, na medida do pos-sível, maior qualidade de vida aos pacientes, na fase terminal de suas vidas, buscando minimizar a dor física e fortalecer o apoio psicológico, prio-rizando que o paciente fique próximo de seus entes queridos e menos internado em hospitais. “O conceito de cuidado paliativo é bastante vá-lido, quando bem empregado, isto é, quando se tiver definida a condição de doença terminal de um paciente. Nos faz resgatar a consciência da condição de naturalidade da vida, de temporali-dade, e de fornecer o maior conforto, bem-estar e apoio possíveis nesta etapa final da vida, englo-bando não só o físico, mas o psíquico e o espiri-tual do paciente, caso ele tiver tal crença”, afirma a médica.

Temas polêmicos

Existem ainda muitos temas polêmicos, dentro da medicina, que estão sem resguardo do código de ética, como o aborto, por exemplo. E com o avanço da medicina e dos novos conheci-mentos tecnológicos e científicos, sempre surgi-rão novas polêmicas e a necessidade de novas e constantes discussões para o estabelecimento da ética, declara Silvia.

Saúde Pública

Em entrevista sobre o novo código de ética com o médico e Secretário de Saúde de Itu,

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código de ética na Medicina

Dr. Marcos Aurélio Bastos, ele disse que o ponto mais comenta-do entre os médicos da Secretaria de Saúde é a respeito da grafia médica e da responsabilidade pelo plantão médico. Apontou ainda que, em Itu, a Secretaria Munici-pal de Saúde não recebeu nenhum material ou orientação oficial a respeito do novo código até o mo-mento, no entanto, foi criado um Conselho de Ética Médica para análise dos casos pertinentes e discussão do novo código, declara o secretário. “Não recebi também, como médico, o novo código pelo Conselho Regional de Medicina”, conclui.

Fazer valer

Cabe a cada cidadão-paciente fiscalizar e fazer valer o novo Código de Ética Médica. “As maiores reclamações dos pa-cientes referentes aos médicos são decorrentes do mau atendimento, principalmente na rede pública”, comenta a farmacêutica Heliádine Santinon. Para tanto, tomar co-nhecimento de seus direitos como paciente e conhecer os direitos e deveres do médico, é a melhor forma de fazer valer o novo códi-go. Do contrário, é possível que nada ou quase nada irá mudar.

Saiba mais

O Novo Código de Ética Médica pode ser lido e impresso na íntegra pelo site do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo. Acesse o site e con-fira: www.cremesp.org.br/library/modulos/legislacao/versao_im-pressao.php?id=8822 .

TratamentoO Médico não pode abandonar o tratamento nem quando o pacien-te estiver em estado terminal. No código antigo, não havia nenhuma referência sobre a continuidade do atendimento e tratamento em casos terminais.

Escolhas do PacienteOs Médicos devem aceitar as escolhas do paciente. O paciente tem o direito de escolher como quer seguir o tratamento, desde que os procedimentos diagnósticos e terapêuticos sejam cientificamente re-conhecidos. No código antigo, este direito não estava definido clara-mente no código.

Relações com farmáciasO médico não pode ter relação com comércios e farmácias. No códi-go antigo, não havia nenhuma citação a respeito.

SexagemÉ proibido ao médico decidir ou permitir aos pais que decidam qual será o sexo do bebê fruto de reprodução assistida. No código antigo, não havia citação a respeito.

Letra legível É proibido ao médico receitar, atestar ou emitir laudos de forma secreta ou ilegível, sem a devida identificação de seu número de re-gistro no Conselho Regional de Medicina da sua jurisdição ou assi-nar em branco folhas de receituários, atestados, laudos ou quaisquer outros documentos médicos.

Manipulação GenéticaFica proibida a manipulação genética para criar seres humanos ge-neticamente modificados e a criação de embriões para investigação genética. No código antigo, não havia citação a respeito.

Pacientes terminaisEm paciente com doenças irreversíveis e terminais, o médico evitará a realização de diagnósticos e terapias que não resultem em cura, melhora do quadro clínico, alívio de dor ou aumento do conforto do paciente e proporcionará a ele todos os cuidados paliativos apropria-dos. No código antigo, não havia citação a respeito.

Segunda opiniãoO paciente tem direito a uma segunda opinião e a ser encaminhado a outro médico. No código antigo, este direito não estava definido claramente.

Uso de placeboÉ proibido ao médico manter vínculo de qualquer com pesquisas envolvendo seres humanos que usem placebo (remédio sem efeito) em seus experimentos, quando houver tratamento eficaz e efetivo para a doença pesquisada.

Principais mudanças no Código de Ética Médica

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Uma coisa é in-c o n t e s t á v e l . Todo mundo

tem medo de alguma coisa, algum bicho ou até mesmo de alguém. Até mesmo os super-heróis dos quadrinhos temiam algo. Superman temia a

criptonita; o Capitão Planeta, o lixo tóxico. Que diremos nós, seres humanos mortais? Mas me diga qual é o medo de um universitário que está concluindo o curso e ainda não conseguiu entrar no mercado de trabalho? Provavelmen-te medo de seu futuro profissional. O que, onde, como, por que, quando e quem pro-curar para arrumar um emprego? O famoso lead (que responde teorica-mente às quatro per-guntas básicas formu-ladas na frase anterior) estudado por quatro anos pelos estudantes de Jornalismo se torna comum a tantos ou-tros estudantes de diversos cursos. O que na verdade se sente é um mis-to de esperança e medo de que os quatro ou cinco anos de faculdade não sejam engaveta-dos como o diploma. Ao mesmo tempo em que o curso lhe abre as portas de uma nova profissão, a minha

Medo do futuro: quem não tem?Por Tatiane Dias*

experiência e minha observação me obrigam a dizer que a fecham para muitas outras. A maioria das empresas pede experiências pro-fissionais anteriores, porém, o estágio, que seria o momento de se adquirir essas expe-riências, muitas vezes é tão mal remunerado que não é capaz de pagar nem a mensalidade da faculdade. O desemprego é um fantasma que amedronta não apenas os estudantes, mas uma grande parcela da sociedade.

O sentimento de medo de fracassar, ter feito um investimento malogrado ou até mes-mo ter errado na esco-lha da profissão (o que acredito que ser muito difícil, pois afinal de contas são quatro anos para se certificar de que é isso mesmo que se quer) assola o pensa-mento do estudante. Mas para quem sabe que escolheu a pro-fissão certa, entrar no mercado de trabalho torna-se uma aventura levada muito a sério. E

que só vai acabar com a conquista do primei-ro emprego. Tatiane Dias é aluna do último ano do Curso de Jornalismo da FPM.

O que, onde, como, por que, quando e quem procurar

para arrumar um emprego? O famoso lead (que respon-de teoricamente às quatro perguntas básicas formula-das na frase anterior) estu-dado por quatro anos pelos estudantes de jornalismo se

torna comum a tantos outros estudantes de

diversos cursos.

artigo

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por dentro da notícia: visita à Carta Capital

Por dentro da notíciaAlunos de jornalismo da FPM visitam a Carta Capital. Os estudantes foram rece-bidos na revista com o propósito de ampliar seus conhecimentos práticos, e conhecer mais de perto uma redação de renome.

Tatiana Saggion

No dia 19 de abril, após conhecer a reda-ção da Carta Capital, os futuros jornalis-tas estudantes da FPM puderam ouvir

um pouco mais sobre o que é “fazer Jornalismo” numa grande revista num bate papo com Ser-gio Lirio, redator chefe da Carta Capital. Lirio destacou trabalhar “nadando contra a maré” aos alunos do terceiro, quinto e sétimo semestres. Assumindo uma direção contrária a dos demais veículos com os quais concorre, a Carta Capital segue uma linha editorial que expõe sua visão de mundo há mais de 15 anos.

Um olhar diferente

“As pessoas não devem confundir a Carta Capital. Nós não somos, nem queremos ser uma

revista alternativa. Queremos ser uma revista de informação, disputando espaço e público com to-das as demais, só que com uma visão diferente”, foi como Lirio apresentou a Carta Capital, defi-nindo-a claramente como de centro-esquerda. Segundo Lirio, o veículo de comunicação deve expressar sua opinião, tornar clara ao leitor sua posição não importa a linha que siga. “Tem que ter honestidade. Não omitir, não manipular e não distorcer os fatos. Hoje, tem opinião ven-dida como informação e distorção sendo vendida como verdade”, explica. Fundada em 1994 pelo jornalista Mino Carta, a Carta Capital é publicada pela Editora Confiança e tem uma periodicidade semanal que traz análise com informação. Lirio ressalta que a revista procura tratar um número menor de as-

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suntos, mas oferece opinião sobre os temas com maior qualidade. Economia, Polí-tica, um pouco de Cultura e Ciência são abordados pelo veículo. Com a tiragem de 70 mil exemplares, atinge a um público limitado, po-rém qualificado, segundo o redator-chefe.

O diploma de Jornalismo

Lirio afirma ser contra a obrigatoriedade do diploma na profissão de Jor-nalista. “O diploma prendeu os comunicadores numa es-trutura que não é a ideal. A técnica é possível se estudar em, no máximo, um ano de faculdade. O importante é ser capaz de compreender determinado assunto e não ser manipulado”, defende. Para Lirio, a formação do jornalista no Brasil deveria ser mais específica, ou seja, ocorrer uma reformulação na grade curricular. “Estudar mais História para entender o que acontece a sua volta, por exemplo. Como você vai falar sobre o Oriente Médio se não conheceu sua história antes? Um curso de inglês durante a faculdade também é essencial”, explica. E ainda exemplifica que, na Alemanha, o currículo é aberto. “A pessoa monta suas aulas do jeito que quer, que lhe for mais conveniente. Faria todo sentido você mon-tar uma grade onde tivesse um básico e depois uma especialização mais focada”, disse. Nesse ponto a opinião do jornalista ge-rou discussões sobre o assunto. Para a maioria dos estudantes, futuros profissionais da área, o diploma é importante, sim. A técnica de escrita e a forma de como se expressar são fatores fun-damentais no processo de comunicação, por isso, devem ser estudada. Marília Monteiro, aluna do terceiro se-mestre, é a favor do diploma e de ter uma grade a

ser seguida. “O que concordo com Lirio é que isso não pre-cisaria ser feito durante quatro anos”, comenta. O estudante João Marcos Sar-ti, no terceiro ano de curso, concorda com o diploma, mas também acredita na importância de uma espe-cialização. Lirio compara um eco-nomista e um jornalista, ambos escrevendo sobre Economia em um veículo. Segundo Lirio, para o economista fica mais fácil aprender a técnica de re-dação e então escrever so-bre Economia do que para o jornalista que domina a técnica jornalística, mas não tem conhecimento específico da área. Para o segundo caso, a experiência

e a vivência profissional é que vão agregar conhe-cimento em determinadas áreas, por isso, deve se especializar. “Faz sentido o que Lirio disse, dá para entender. Mas sou contra a queda do diploma. Acho que para exercer a profissão deve ser obri-gatório, sim”, afirma Thalita Marchiori, do quin-to semestre. E, assim, cada um defende a sua opi-nião. Mas um fato curioso a ser observado é que, num total de dez jornalistas da revis-ta, apenas um não é formado. Ou seja, mesmo sendo debatida a questão, o diploma ainda faz a diferença. É claro que não somente o “canudo” é que importa na hora da seleção, mas sim o todo da formação do profissional. Lirio enfatiza: “Se tem um ponto A e além dele você enxerga o B, e esse B tem im-portância, isso faz a diferença. Porque você tem uma visão diferente do mundo, diferente dos demais”.

Carta Capital: orgulho assumido de ser o único título jornalístico do Brasil a ter uma postura política clara

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uma missão pelos pobres

Uma missão pelos pobres

O que tem vem à men-te quando pensa em freira, padre ou reli-

gioso? Se a sua visão ainda está identificada com o que a TV mostra, principalmente nas novelas que os represen-tam como pessoas velhas, fanáticas, frustradas e mal humoradas, então precisa conhecer uma casa da Fra-ternidade Toca de Assis, do Instituto dos Filhos e Filhas da Pobreza do Santíssimo Sacramento. A Toca de Assis é uma Fraternidade Católica, formada por religiosos - ho-mens e mulheres - que vivem os conselhos evangélicos de pobreza, obediência e casti-dade. Eles têm como carisma a adoração ao Santíssimo Sacramento e cuidado com os pobres sofredores da rua.

Irmão Moisés e Irmão Fiat com seus hábitos religiosos, no estilo de São Francisco de Assis”

Cristiane Oliveira

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Na casa feminina, o que chama a atenção são os rostinhos joviais e alegres de moças vestidas com hábitos bege e marrom, velhos e simples, al-guns até mesmo com rasgos, e com chinelos nos pés. Algumas usam véu, outras não, dependendo da etapa de formação em que estão. Têm os ca-belos curtos, rosto lavado, sem nenhuma vaidade, apenas o sorriso estampado no rosto. Na casa masculina, os religiosos também são jovens. Usam vestimenta marrom e aqueles que já possuem votos apresentam a tonsura - cor-te circular na parte mais alta da cabeça, como nas fotos de São Francisco de Assis. Mas não pense que são religiosos frustra-dos e carrancudos: a maioria é jovem e eles gostam de alegria, música, brincadeiras, mas tudo com responsabilidade.

Dedicação

A boa acolhida é algo muito presente na casa, onde todos lhe dirigem cumprimento e de-monstram estar felizes por você estar ali. O primeiro lugar da casa que o visitan-te conhece é a capela, onde fica o Santíssimo Sa-cramento e é feita grande parte das orações. Para entrar, você tem que deixar os calçados do lado de fora como sinal de respeito a um lugar sagrado. Na capela sempre há alguém em adoração e os reli-giosos se revezam de hora em hora. Cada casa da Fraternidade Toca de Assis tem uma missão específica. A casa Nossa Senho-ra das Dores, em Campinas, acolhe irmãos de rua enfermos que estão em fase terminal. Os mora-dores estão acamados, alguns têm sonda, usam fralda. A maioria não anda e nem fala, necessi-tando dos cuidados das irmãs para se alimentar, tomar banho, trocar fralda, fazer curativos, entre outras atenções especiais. São pessoas sofridas e totalmente dependentes. Mas nota-se que irmãs cuidam de todos com paciência e dedicação.

Deixar tudo pelos pobres

Carol, uma jovem postulante de 24 anos, fazia faculdade de Jornalismo em Santa Catarina antes de entrar na Toca de Assis. “Eu namorava e estudava. Mas isso não me preenchia, não era

feliz. Só quando vim para a Toca que preenchi esse vazio”, diz. O olhar de Carol transmite a serenida-de de quem está feliz com sua escolha. No dia da reportagem, ela estava responsável pelo banho dos irmãos e fazia tudo com alegria. “Não me arrepen-do de ter deixado a faculdade. Acho que se tivesse me formado não seria tão feliz como sou hoje.” Irmã Daniela Maria também tem 24 anos e está há sete anos na Toca. Ela já é consagrada e mudou de nome quando fez os votos. Antes de entrar para a fraternidade prestou vestibular para Matemática, mas, ao conhecer a Toca de Assis, sentiu que algo a impulsionava para essa vida. “Sempre tive o propósito de adorar o San-tíssimo Sacramento e cuidar dos pobres. Conheci a Toca de Assis e me identifiquei com o carisma”, afirma. Ela diz que o que a fez deixar tudo foi um profundo amor a Deus. “A gente deixa tudo por um chamado de Deus. Aí vemos que o ‘resto é palha’, como disse São Thomás.” Irmã Daniela diz que aprende muito com os pobres. “A humildade e a simplicidade dos ir-mãos têm muito a nos ensinar.” Quando perguntada sobre o que seria se não fosse da Toca, ela pediu ajuda para três irmãs consagradas. Com humor, uma brincou que ela seria piloto de fórmula 1, outra disse que ela seria motorista e outra brincou que ela poderia ser ca-minhoneira. Irmã Daniela gosta de dirigir e deu risada com as respostas. “Acho que faria algo rela-cionado com música”, disse.

Irmã Daniela, Carol e Irmã Suriele deixaram tudo por amor aos pobres

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uma missão pelos pobres

Irmão de rua com talento

Outra casa da Toca de Assis é a Aliança de São José, em que os religiosos cuidam de ir-mãos de rua que estão em condições melhores de saúde. Nessa casa não há nenhum acamado. Um dos acolhidos, o senhor Hélcio, de 77 anos, faz trabalho artesanal com revistas. Ele faz uma espé-cie de canudo com as folhas e monta cestas, vasos, cofres, bandejas, porta-jóias. O formato das peças mostra a criatividade e o talento do senhor Hélcio. Para ele, as revistas não têm apenas a finalidade de leitura e informação. “A revista Veja eu levo cerca de 40 minutos para enrolar em canudinhos. Com a revista Caras levo uma hora para fazer tudo. Dá muito trabalho!”, diz, entre risos. Em outras casas da Toca de Assis também é desenvolvido os dons dos acolhidos para que possam se reintegrar à so-ciedade.

Tenho vocação?

Na casa Virgem de Israel mora a Irmã Maria da Consolação, que é da Pastoral Voca-cional. Ela é formada em Psicologia e trabalhou por oito anos na área antes de se tornar religiosa. É ela quem faz um acompanhamento com as jo-vens que desejam ingressar no instituto durante dois anos para que conheçam o carisma da Toca de Assis e consigam descobrir sobre a sua vocação. “Os jovens hoje em dia estão muito feridos, mui-to machucados e querem sanar essas dores, essas

inquietações. Muitas vezes se deslumbram com o carisma e acham que têm vocação. O acompa-nhamento ajuda a entender quando uma vocação é autêntica ou não, qual a motivação verdadeira dessa pessoa”, disse. Quando entra na Fraternidade a jovem passa por várias etapas até fazer a consagração com os votos perpétuos de Pobreza, Obediência e Castidade. Ao entrar, ela passa pelo Aspirantado, pelo Postulantado, Noviciado e depois à Profissão. “O mundo oferece muitas motivações. O jovem fica dividido entre responder ao chamado à voca-ção que o próprio Deus lhe faz e, ao mesmo tem-po, abdicar das coisas prazerosas, que podem até ser boas. Mas é preciso discernir, ajudar os jovens, usando sua linguagem, a encontrar um caminho”, diz a Irmã. Irmã Suriele também mora na casa Vir-gem de Israel e é responsável pela parte adminis-trativa da Toca de Assis. Ela veio do Mato Grosso do Sul e, antes de entrar na comunidade, prestou vestibular para Análise de Sistemas, Educação Fí-sica e Serviço Social. Como entrou na Toca logo depois de terminar o Ensino Médio, nem chegou a entrar na faculdade. Ela explica que a Toca de Assis vive da providência, de doações e colaboração de benfei-tores e amigos. Na casa Nossa Senhora das Do-res, por exemplo, chegam a gastar em torno de R$ 2000,00 para cada acolhido. “Aqui há muito gasto por causa dos remédios, da alimentação diferen-ciada que eles precisam. Muitas vezes, passamos apertado, tudo para cuidar bem deles.” A Fraternidade precisa de ajuda material e de trabalho voluntário, principalmente de profis-sionais da área da saúde. As pessoas também po-dem ajudar doando cobertores, roupas, alimentos, materiais de limpeza e higiene pessoal. As doações podem ser feitas nas casas da Toca de Assis ou atra-vés de depósito bancário pelo Bradesco (Agência 311-5, Conta 92225-0). Quem se interessar em conhecer mais a Fraternidade pode entrar no site www.tocadeassis.org.br para saber mais da história, do carisma e ver os endereços das casas para visita. Para fazer um acompanhamento vocacional, é só entrar em contato pelos telefones (19) 3325-4733 (para vocação masculina) e (19) 3326-6686 (voca-ção feminina).

Irmã Maria da Consolação é psicóloga e orienta as jovens na sua vocação

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A Toca de Assis é uma Fraternidade Ca-tólica que foi fundada em Campinas, cidade do interior de São Paulo no ano

de 1994 pelo padre Roberto Lettieri, então se-minarista, que vivia uma experiência de amor no encontro com Jesus no Santíssimo Sacramento e nos pobres “irmãos de rua”, como chamava os moradores de rua. Alguns jovens, movidos pelo seu teste-munho de vida, o acompanhavam, e aquele gru-po foi crescendo cada vez mais. Reuniam-se aos domingos para adorarem juntos o Santíssimo Sacramento, participarem da Santa missa e cui-dar dos pobres que ficavam na região central de Campinas. Mais tarde, viram a necessidade de ter uma casa para prepararem os alimentos e socor-rer alguns irmãos de rua mais necessitados. Logo, alguns daqueles jovens sentiram que deveriam iniciar uma experiência de consagração e vida co-munitária. Vale lembrar os primeiros, sendo eles: Irmão Alegria, Irmão Rafael e Irmão Fratelo, e entre as irmãs, Irmã Andréas e Irmã Mariana. A Toca de Assis é formada pelos religio-sos, “os Filhos e Filhas da Pobreza do Santíssimo Sacramento”, Instituto de Vida Consagrada não

Toca de Assis: o inícioclerical, pelos leigos, que não aspiram à vida re-ligiosa, mas vivem o carisma, e pelos pobres aco-lhidos nas casas. Os leigos assumem o compromisso de servir a Fraternidade, auxiliando as Casas Fra-ternas em suas necessidades vivendo juntamente com os Filhos da Pobreza do Santíssimo Sacra-mento o carisma de adoração e cuidado aos po-bres irmãos de rua.

Padre Roberto de Assis: amor por Jesus Sacramentado o levou a se doar pelos pobres

Capelas das Casas Feminia (acima) e Masculina. Na Toca de Assis, homens e mulheres possuem suas “casas”, vivem separados, mas são unidos pela fraternidade

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estudo, trabalho... e arte

Os anos passam e as responsabilidades aumentam. Trabalho e estudo tomam praticamente todo o tempo dos jovens

que buscam o seu lugar ao sol. Mas, sempre sobra um tempinho para o lazer. E não é só de bala-das que vive a juventude. A arte assume um pa-pel importante na vida de muitos universitários. “Não consigo imaginar minha vida sem o Karatê e a música. Eles me trazem esperança, alegria em viver e fizeram de mim uma pessoa bem melhor, com certeza. Eles simplesmente representam a minha identidade”. É assim que Carolina Martim define a paixão pelas duas artes. A jovem trabalha como auxiliar administrativo em uma corretora de se-guros, faz estágio no cartório, à noite se dedica à faculdade de Direito e, nos finais de semana, pratica os seus dois hobbies, - os quais, aliás, são levados muito a sério. A descoberta da música veio primeiro. No aniversário de um ano de idade, Carolina ga-nhou dois pianinhos de brinquedo que, segundo sua mãe, ela não largava. Aos quatro anos, seu pai comprou o seu primeiro teclado da marca Casio, no qual Carolina ficava treinando sem nem ao menos saber ler partitura. “Quando eu tinha oito anos minha mãe chegou para mim e perguntou: O que você gostaria de fazer? Aulas de Natação, Pintura, Violão ou Teclado? E eu sem dúvida op-tei por teclado; finalmente eu iria realizar meu

sonho. Lembro-me até hoje da minha primeira aula: dia 04 de março de 1996”, contou. Desde então, não parou mais. Até hoje, toca às nove horas da manhã na Missa na Matriz de Capivari, interior de São Paulo, cidade onde mora. Além disso, toca em casamentos, forma-turas, festas e já chegou a fazer parte de várias bandas da cidade. A música faz parte de sua vida e Carolina ainda tem o sonho de viver com sua arte. Quando terminou o Colegial, quis se esta-bilizar financeiramente e ingressou no curso de Direito. Entretanto, o objetivo de sua vida é en-trar para o Conservatório de Tatuí.

A outra paixão

Como se não bastasse dividir o seu dia a dia entre trabalho, estudo e música, Carolina ainda encontra tempo para mais uma paixão: o karatê. O hobby é levado a sério, o que possibili-tou a conquista de várias medalhas. Segundo ela, as modalidades praticadas nas competições são: Kata (apresentação individual, com execução de golpes e defesas, ou seja, uma luta imaginária) e Shiai (luta corporal entre dois participantes em que cada golpe apresenta uma pontuação). Das 30 competições de que participou, em todas re-tornou com alguma premiação, sendo as prin-cipais: campeã paulista do interior (shiai), vice-

Estudo, trabalho...E ARTE!Com o tempo cada vez mais corrido e tarefas a serem cumpridas os jovens ainda arranjam um “tempinho” para se distrair. Para muitos, a arte é levada muito sério.

Geiza Graciano

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campeã paulista (shiai), campeã e vice-campeã do Torneio da ACAK e Ccampeã da Copa Sho-rin Ryu de Karatê. Carolina explicou que as lutas são can-sativas, principalmente quando o karateca vai vencendo, pois geralmente não tem pausas entre uma luta e outra. O momento que destaca como mais difí-cil foi na Final Paulista, em São Paulo, no Canindé. “Aquele torneio contava com os campeões paulis-tas do interior, Capital e litoral, senti dificuldade, pois conforme ganhava, mais eu lutava. Quando cheguei à final estava muito cansada, com o nariz sangrando e com dois dedos “ensacados”, e como a luta terminou empatada tivemos que reiniciá-la. No final perdi por um ponto e fiquei vice, mas va-leu muito a pena, pois foi uma luta emocionante e de muito sacrifício”, relatou. Para os que desejam aprender a arte, Ca-rolina dá a lição em japonês, chamada de DOJO KUN (Lema do Dojo), que consiste em:

1- JINKAKU KANSEI NI TSUTOMURU KOTO (Esforçar-se para a formação do caráter) 2- MAKOTO NO MICHI O MAMORU KOTO (Fidelidade para com o verdadeiro cami-nho da razão). 3- DO RYOKU NO SEISHIN O YASHINAU KOTO (Cultivar o intuito do esforço).4- REIGI O OMONZURU KOTO (Respeitar

acima de tudo).5- KEKI NO YU O IMASHIMURU KOTO (Conter o espírito de agressão).

Do cotidiano ao papel

Família, amigos, cotidiano, enfim tudo o que cerca o estudante de Publicidade e Propaganda, Victor Marttins, é passado ao papel, com ajuda do grafite, em forma de mangá. A arte é um quadrinho oriental, conhecido pela expressividade e histórias ousadas. O jovem aprendeu a arte sozinho, por vol-ta dos 15 anos de idade. “Nunca fiz nenhum curso, sempre gostei de desenhar, e copiava estilos de ou-tros artistas, e com o tempo comecei a criar meu próprio estilo”, contou. Apesar da correria do dia a dia, sempre que há um tempo vago Victor dedica-se ao mangá. Além de desenhar também é fascinado pelas histó-rias em quadrinhos do gênero e indica o seu favori-to: “Love Hina de Ken Akamatsu, conta a história de um rapaz que vai morar com a avó que dirige uma pensão cheia de mulheres, onde homens são proibidos. É uma comédia romântica, ele é muito desastrado e acaba passando por situações cons-trangedoras. A arte é do jeito que eu gosto, perso-nagens simples com exagero nos detalhes”.

Cores e sonhos “A pintura é como uma terapia, ela tran-quiliza, relaxa. É o momento em que posso me expressar, me concentrar no que quero, sem co-

Carolina ao teclado: divisão entre a paixão pelo karatê e música

Vitor: vida universitária dividida com o amor pelo mangá (HQ japonesa)

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estudo, trabalho... e arte

branças, pois não é uma obrigação e sim, meu hobby”, disse Tammy Fernandes. Aos 21 anos, cursa o 1º ano de Admi-nistração e não deixou de lado a arte que apren-deu há quatro anos: a pintura em tela. Paisagens, pessoas, animais, objetos, de-senhos, ambientes e até o abstrato são passados à tela, com um toque de criatividade, talento e muita técnica. “Para pintar em tela precisa-se de pincéis (existem vários modelos com tamanhos e funções diferentes), tinta a óleo, uma paleta para misturar as tintas, pode-se usar espátula e óleo de linhaça (usado para diluir a tinta, deixando-a mais fina, usado mais para os detalhes). Costu-ma-se iniciar a obra pelo fundo, seja paisagem ou objeto, sempre deixando os detalhes por últi-mo”, explicou Tammy. A jovem sempre teve interesse por de-senhos e pintura em papel e decidiu fazer um curso de pintura a óleo em tela. Segundo ela, no inicio encontrou a dificuldade no manuseio dos pincéis, que aprendeu com o tempo. Além da habilidade, também é necessário aprender as técnicas de sobreposições de cores, misturas e texturas.

Dedicação

Todos os finais de semana, Lauren San-tiago dedica ao Programa Escola da Família. Os papéis são seus instrumentos; enrolados e com auxílio de cola, eles tomam diversas formas. Esse é o quilling, a arte em papel. A arte é responsável pela permanência de Lauren na faculdade, já que se trata de um programa do Governo que auxilia o pagamento da graduação.

Sempre há um tempinho

É “dando um jeitinho” que a amiga de Lauren, Vanessa Claro, dedica-se às aulas de dan-

ça do ventre. “É complicado as aulas são durante os sábados, às 15h30. No meu trabalho nós reve-zamos os horários aos sábados. Um sábado até às 18h (horário que fecha a loja) e outro até às 15h. Então aproveito esse dia que saio mais cedo e vou para a dança direto”, explicou. Há seis anos, Vanessa pratica dança do ventre, mas por incompatibilidade de horários teve que parar algumas vezes. Mas afirma que, enquanto puder, irá con-tinuar, pois é com a dança que deixa o cansaço e os problemas do dia a dia de lado - além de treinar a sua concentração e memória para aperfeiçoar as suas coreografias.

Lauren (no topo) divide seu tempo com trabalho na Escola da Família. Já Vanessa gasta energia na dança do ventre. Amigas que dividem hobbies diferentes

Trabalho e estudo tomam praticamen-te todo o tempo dos jovens que bus-cam o seu lugar ao sol. Mas, sempre sobra um tempinho para o lazer.

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artigo

No Brasil o problema da Educação já virou senso comum. Afinal, todos sabem que o ensino nas escolas públicas ainda é precário e deixa muito a desejar. A população de baixa renda, sem recur-sos financeiros para cus-

tear o estudo dos filhos, não pode dar a eles uma educação de melhor qualidade. Os colégios particulares custam muito caro para a realidade da maioria dos brasileiros e a maior parte da população fica dependente das instituições de ensino oferecidas pelo go-verno ou pelo município. A criança se mantém na rede pública até por volta dos 17 anos, quando termina o Ensino Médio (isso, na melhor das hipóte-ses, coisa que nem sempre acontece no país, devido a muitos fatores que agora não serão debatidos, pois foge ao foco principal desse artigo). Em seguida, chega a hora de o aluno ingressar no Ensino Superior. Eis então que o fantasma da má qua-lidade da educação reaparece: o estudante da rede pública não possui condições de ser avaliado e aprovado numa universidade pú-blica. Ao mesmo tempo, não tem estrutura financeira para se sustentar numa faculdade privada. Assim, os jovens carentes ficam sem opções de investir no seu futuro profissional. Os famosos cursinhos que preparam os alu-nos para o vestibular, também realizados pela rede privada de ensino, estão fora do alcance dessa camada da população. Como consequência, as universidades públicas têm seu quadro de alunos formado na maioria por jovens da alta sociedade e da classe média alta, que tiveram ensino de

Falta democracia no ensino brasileiroPor Tatiana Saggion*

qualidade pago por seus pais. Estes investem muito para garantir uma vaga na educação superior pública, que nesse caso é melhor, na maioria das vezes, do que a particular. Mesmo assim, se o aluno não con-segue ingressar na primeira tentativa, tem condições financeiras para fazer um cursinho pré-vestibular e tentar de novo, ou então cur-sar uma faculdade particular. Os estudantes de escolas particulares e públicas concorrem na disputa por vagas de maneira desleal, já que os primeiros possuem um embasamento mais apurado e foram me-lhor preparados do que os segundos. É nesse contexto socioeconômico que é criado então um “tapa buracos” para que a realidade do aluno carente comece a mudar. Em 2004 o governo Lula implantou o Programa Uni-versidade para Todos, o ProUni, pela Lei nº 11.096/2005. Com a finalidade de conceder bolsas parciais (50%) e integrais (100%) para es-tudantes de baixa renda, em cursos de gra-duação e também em cursos sequenciais de formação específica, o programa insere o aluno em instituições particulares de ensino superior. As instituições que participam do programa, em troca, recebem a isenção de impostos. Dessa forma, estudantes egressos da rede pública ou que foram bolsistas in-tegrais da rede privada, podem concorrer a bolsas para cursar a tão sonhada faculdade. O programa beneficia apenas alunos com renda de até três salários mínimos por pessoa da família. Mas não são todos os jo-vens carentes que garantem a sua vaga. Eles passam por um processo de seleção, no qual a primeira etapa é fazer o Exame Nacional do Ensino Médio, o Enem. Os candidatos são avaliados pelo

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Enem (que é aplicado desde 1998 em alunos que concluiram ou estão concluindo o ensino médio, com a finalidade de avaliar o desem-penho desses alunos) e precisam atingir uma pontuação mínima para concorrer à bol-sa. Quanto maior for a nota do aluno, mais chances ele tem de conseguir uma vaga. Mais uma vez surge a dúvida: e aque-le que teve o ensino numa região do país em que o problema seja maior, onde às vezes a escola não possui nem o necessário para receber os alunos, como cartei-ras, infraestrutura? Será que recebeu tratamento igual ao que teria numa escola da cidade grande? Assim, como podemos comparar pública e pri-vada, também podemos comparar as públicas entre si; escolas de um município e de outro, de uma região mais pobre, e outra mais desenvol-vida economicamente. Refletindo so-bre o assunto, podemos perceber que o proble-ma foi remediado, e não solucionado pelo governo. Temos que admitir que um primeiro passo já foi dado quando o ProUni foi im-plantado, mas só isso não resolve toda a si-tuação pois, como já foi dito antes, não são todos os estudantes que conseguem o benefí-cio do governo. Recentemente, também apa-receram na mídia escândalos relacionados ao ProUni, com casos em que jovens mais abas-tados foram contemplados com a bolsa. O Ministério da Educação (MEC) conhece

a realidade dos estudantes brasileiros e sabe também da dimensão do problema. Na tentativa de melhorar a realida-de dos jovens, o governo deu mais um passo à frente: aprovou no dia primeiro de abril a proposta que assegura 50% das vagas nas uni-versidades públicas para alunos que saíram das escolas públicas, sendo respeitadas também as cotas para negros e indígenas, de acordo com dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geo-

grafia e Estatística).Todos esses esforços melhoram o quadro da educação no Brasil, mas são medidas para a contenção, para con-tornar os problemas e não a solução. Se es-ses projetos não forem adiante, ou seja, se um dia deixarem de existir, tudo piora, volta à esta-ca zero, se nada de mais concreto for feito. O governo teria que melhorar a Educação desde o primeiro ano de estudo da criança, investir em qualidade, em capacitação dos pro-

fessores, remunerá-los melhor; enfim, tomar iniciativas que demorem mais tempo e exijam muito mais recursos e dedicação por parte dos governantes, mas que também trariam a ver-dadeira democratização na Educação do povo brasileiro.

Tatiata Saggion é aluna no 7º semestre do curso de Jornalismo da FPM

Os estudantes de escolas particulares e públicas con-correm na disputa por vagas de maneira desleal, já que os primeiros possuem um embasamento mais apura-

do, foram melhores prepara-dos do que os segundos. É

nesse contexto socioeconô-mico que é criado então um “tapa buracos” para que a realidade do aluno carente

comece a mudar.

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de gole em gole

DE GOLE EM GOLEÉrica Passi

Além dos livros, trabalhos e estudos, a vida universitária também é feita de barzinhos e festas. Mas esse cotidiano pode esconder um sério problema: o vício e o uso de drogas lícitas e ilícitas.

Festas e rodas de amigos regadas a cerveja. Cotidiano da vida universitária pode esconder problemas como vício em álcool e drogas

Segundo a Organização Mundial da Saúde, droga é toda a substância que, introduzida em um organismo

vivo, pode modificar uma ou mais de suas funções. É entendida também como o nome ge-nérico de substâncias químicas, naturais ou sintéticas, que podem causar danos

físicos e psicológicos a seu consumidor. Seu uso constante pode levá-lo à mudan-ça de comportamento e à criação de uma dependência e um desejo compulsivo de usar a droga regularmente, ao mesmo tempo em que o usuário passa a apresen-tar problemas orgânicos decorrentes de sua falta.

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Existem as drogas licitas e ilícitas. As líci-tas são aquelas legalizadas, produzidas e comercia-lizadas livremente e que são aceitas pela sociedade; os dois principais exemplos de drogas lícitas são o cigarro e o álcool. Há também os anorexíge-nos (moderadores de apetite), benzodiazepínicos (remédios utilizados para reduzir a ansiedade) etc. Drogas ilícitas são toda e qualquer substân-cia proibida por lei. Como no caso a cocaína, a maconha, o crack, a heroína etc. São drogas cuja comercialização é proibida pela legislação e, além disso, não são aceitas pela sociedade.

Droga como um comércio atrativo

Hoje não é difícil encontrar um boteco ou barzinho nas imediações das universidades. Esses estabelecimentos atraem jovens que acabam ingerindo o álcool antes mesmo de entrar nas fa-culdades. B.S., como prefere ser chamado, é um típico estudante que, antes de entrar na faculdade, prefere dar uma paradinha no bar próximo. “De-pois de um dia desgastante gosto de tomar uma cervejinha para ficar mais tranquilo”, diz. Mas esse não é o único caso. Muitos es-tudantes saem mais cedo da faculdade para poder beber. Na sexta-feira, os bares normalmente ficam lotados de estudantes que faltam à aula ou saem mais cedo. “Sexta-feira é dia internacional da cer-veja, não tem como escapar”, diz o jovem estudan-te de Publicidade que, quando entrevistado, estava rodeado de amigos e bebidas alcoólicas. Porém, o álcool não é a única droga pre-sente na vida desses universitários. Muitos tam-bém fumam cigarro e até mesmo a maconha. Com receio de se identificar, a estudante afirma que faz uso de algumas drogas e não acha que possa ser prejudicada. “Eu bebo, fumo cigarro e às vezes maconha. Não acho que isso me preju-dique na faculdade ou na sociedade. Sei quando e onde devo usar, faço isso há muito tempo e nunca me prejudicou. Há tantas coisas mais importantes para se preocupar, como a violência. Por que uma pessoa que não faz mal a ninguém é discriminada por fumar?”, desabafa a estudante. Mas não é isso que mostra as pesquisas realizadas pelo Grupo de Estudos de Álcool e Drogas (Grea) do Hospital das Clínicas. O pen-

samento abstrato pode prejudicar o desempenho de atividades que exigem atenção e concentração, como estudar e dirigir, além de seu uso contínuo poder ainda despertar ou agravar doenças psíqui-cas, além de causar a perda da capacidade de per-cepção do espaço e da memória de curto prazo. Muitos jovens e universitários abusam das drogas, desde bebidas alcoólicas até drogas mais prejudiciais a saúde. Cleiton é estudante de Pu-blicidade e Propaganda e afirma que, entre outras drogas que já experimentou, a que mais faz uso é o ecstasy, uma droga sintética que muitos já conhecem por ser muito consumida em festas e reves. “Curto muito balada e raves, e tomo ecstasy pois com ele a sensação é bem melhor. Tenho mui-tos amigos que usam também e não vejo nenhum problema nisso”, afirma. Mas o efeito real do ecstasy passa distante da descrição de Cleiton. Entre os efeitos imedia-tos da droga estão taquicardia, aumento da pressão sanguínea, secura da boca, diminuição do apetite, dilatação das pupilas, dificuldade em caminhar, re-flexos exaltados, vontade de urinar, tremores, trans-piração, câimbras ou dores musculares.

Diga não às drogas

Apesar de campanhas e da proibição des-sas drogas, elas ainda são muitos usadas e comercia-lizadas, abrindo outra questão que reflete em toda a sociedade: a violência. As drogas prejudicam a de-senvolvimento social clínico. Os Narcóticos Anôni-mos é uma sociedade sem fins lucrativos de homens ou mulheres para quem as drogas se tornaram um problema maior. Os participantes são adictos em recuperação e reúnem-se regularmente para ajudar uns aos outros a se manter afastados das drogas. Atualmente, os Narcóticos Anônimos, ou NA, es-tão presentes em 120 países, sendo que no Brasil existem aproximadamente 800 grupos de recupe-ração.Quatro deles podem ser encontrados nos se-guintes endereços da cidade: Grupo Reviver – Rua Graciano Geribelo, 252 (1º andar) – bairro Alto; Grupo Bem Estar – Capela Santo Antonio – Padre Bento; Grupo Esperança – Praça do Carmo – ao lado da Igreja do Carmo; Grupo Um Novo Cami-nho - Igreja São Francisco de Assis, s/nº - Portal do Éden.

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o dia do desafio voltou na fpm

O Dia do desafio; um evento que exi-ge disponibilidade e participação dos alunos voltou a ser realizado

após cinco anos entre os alunos do curso de Jornalismo da FPM. O objetivo do projeto foi desenvolver uma atividade que proporcionasse aos estu-dantes a realidade do mercado de trabalho. Os alunos foram divididos em oito grupos, dois de rádio, dois de televisão, dois impresso, um de on-line e um de assessoria de impren-sa. Os trabalhos foram avaliados e receberam notas dos professores que foram responsáveis pela execução da atividade. Segundo o coor-denador do curso de jornalismo da Faculda-de, Paulo Stucchi, “o maior valor foi a total entrega dos alunos.” O evento funcionou da seguinte ma-neira: primeiro, aconteceu a palestra com o

jornalista Celso Falaschi; terminada a pales-tra, os alunos foram divididos em grupos e sobre a coordenação do professor Ricardo Bizetto, que ficou responsável pela organi-zação do evento, e puderam realizar as per-guntas ao palestrante durante uma coletiva de imprensa de 20 minutos. Na palestra, Falaschi falou sobre te-mas como a queda da obrigatoriedade do di-ploma de Jornalismo para exercer a profissão, - assunto sobre o qual mostrou-se contra - e ressaltou a necessidade de uma formação só-lida e específica para atuar como profissional no campo da informação. Citou, como exemplo, uma pesquisa feita nos Estados Unidos na qual se consta-tou que 95% dos profissionais que atuavam nos veículos de comunicação possuíam gra-duação em Jornalismo, mesmo sendo um país onde o diploma não é obrigatório para desempenhar a profissão. O palestrante convidou também os

O Dia do desafio voltou na FPMNo dia 19 de maio, na Faculdade Prudente de Moraes, o evento, que volta após cinco anos, teve a abertura com a palestra do Jornalista e Doutor em Psicologia da Criatividade, Celso Falashi.

Celso Falaschi durante palestra aos alunos de Jornalismo da FPM

Rafael Bortoleto

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alunos a refletirem sobre a qualidade dos textos jornalísticos nas últimas décadas, incentivando-os a desenvolver textos mais criativos e aprofundados, desprendendo-se da estrutura padronizada do lead. Celso pôde ainda apresentar o curso de Pós-Graduação em Jornalismo Literário que vem desenvol-vendo com o objetivo de requalificação do profissional jornalista, procurando ajudá-lo a redigir melhor por meio da técnica de texto jornalístico narrativo ou literário. Ao final da palestra, Falaschi pregou a continuidade do jornal impresso pelo me-nos ainda neste século. Disse que jornalista tem que ter o desejo de mudar o mundo e de melhorar a cultura da sociedade através de textos jornalísticos de qualidade.

Alunos no estúdio de TV: mão na massa e uma hora e meia para produzir programa

Celso Falaschi foi também Diretor do Sindicato de Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo e fiscal do MEC para cursos de Jornalismo no Brasil. Atualmente é membro da Academia Brasileira de Edu-cação e Jornalismo Literário, onde leciona como professor do curso de Pós-graduação em Jornalismo Literário. Para a aluna do 7º Semestre, Tatiana Saggion, 27, o Dia do Desafio foi ótimo, “por-que simulou um ambiente de trabalho real, ou seja, o que iremos enfrentar quando entrar-mos no mercado. Além de termos de traba-lhar com pessoas que não tínhamos contato, pois os grupos foram montados mesclando alunos de todos os semestres, também não escolhemos o veículo, aceitando o desafio. A pressão de produzir em uma única noite e em tempo real foi o mais desafiador”, disse.

Depois do roteiro, gravação do programa de rádio. Nota? Dez

Produção de press releases e matérias para on-line fizeram parte das atividades

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artigo

Diploma na mão, fim da faculda-de, um mercado

aberto para explorar, mas falta a capacidade de se expressar e ser crítico. Muita teoria é ensinada e na hora da prática, acom-panhada de muita pres-

são, competição e atualização, o profissional se perde e acaba não atendendo à expectativa da empresa. É uma situação alarmante, visto que estamos num mundo movido pela tec-nologia e os formandos nem ao menos do-minam a linguagem oral e escrita. Uma pesquisa feita com 192 executivos sêniores de 22 países da América Latina, com a maior parte das empresas localizada no Brasil e no México, revelou que 77% dos entrevistados acha que deve haver mudanças significativas na qualificação. As habilidades apontadas in-cluem pensamento crítico e liderança. Muitas vezes os recém-formados apresentam ampla bagagem cultural e sabem a teoria, mas pecam na prática. Resultado de professores que não têm uma vida corporativa ativa, atuam somen-te como acadêmicos e, portanto, não passam o dia a dia da profissão aos alunos. Essa situação só tende a piorar. Segundo a pesquisa, para os entrevistados, daqui cinco anos, as habilidades mais requesitadas serão: pensamento crítico (81%), aptidões pessoais (80%) e capacidade de solucionar problemas (78%). O que falta a eles é a forma como se portar, a sua apresentação e a capacidade de evolução. É desgastante para a empresa ter que ensinar ao profissional formado. Espera-se que ele saiba ao menos o básico. A questão prática deveria ser revista pelas universidades de jorna-lismo, por exemplo, já que a profissão deixou de

exigir o diploma. A questão é: Por que as em-presas pagariam mais por um profissional for-mado, que pouco sabem a prática, se poderiam contratar qualquer um por um salário bem me-nor? O que é mais vantajoso para a empresa? É preciso uma aproximação entre a empresa e a faculdade. Para que uma apresente à outra o perfil do profissional que necessita. Felizmente, já há alguns avanços nesse sentido. A Dell, em parceria com a PUC do Rio Gran-de do Sul, mantém um Centro de Softwares dentro da universidade. Dezenas de estagiários são contratados no processo de capacitação, sendo que muitos deles acabam se tornando funcionário efetivos da Dell. Essa atitude be-neficia ambas as partes. A instituição que passa a ser vista com outros olhos, como quem forma alunos capazes de entrar no mercado de traba-lho e a empresa que pode moldar o profissional que deseja. Entretanto, quem mais ganha é o estudante que aprende os métodos utilizados por uma grande empresa e que, se não sair da faculdade empregado da Dell, ao menos pode anexar em seu currículo a experiência que teve com o centro de Softwares. Outras atitudes podem ser tomadas, como as conhecidas atividades extracurricula-res. A Fanor (Faculdade Nordeste) apresenta um programa interessante que estimula a vi-vência do aluno no mercado de trabalho. Faz parte da grade curricular, o cumprimento de 200 horas de atividades extracurriculares, em que um aluno de Engenharia, por exemplo, pre-cisa conhecer toda a linha de produção. Existe também o PEX (Programa de Experiências), que funciona como uma tabelinha em que as atividades exercidas pelos alunos são somadas até ele atingir a meta estipulada. Além disso, nas salas de aula, os professores trabalham com estudo de casos, fictícios ou reais.

Só sei na teoriaPor Geiza Graciano*

*Geiza Graciano é aluna do 7º semestre do curso de Jornalismo da FPM

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