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No. 5 Outubro de 2012 Revista das crianças

Revista Sem Terrinha #5

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Revista Sem Terrinha #5

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Page 1: Revista Sem Terrinha #5

No. 5

Outubro de 2012

Revista das crianças

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Olá, crianças Sem Terrinha de todo o Brasil!

Finalmente ficou pronta nossa Revista número 5, hein? A gente não aguentava mais esperar, né? Mas valeu a pena! Ela veio recheada de muita coisa legal,

que nem as outras, mas também com um assunto especial. Já sabem o que é?

Claro, todo mundo já sabe que estamos num período super importante para o nosso Movimento, para a Reforma Agrária e para a sociedade: está chegando a hora de mais um Congresso Nacional do MST!

E daí?! Como assim?!

Junto com a turma do assentamento – o João, a Aline, o Antônio e a Sara – vamos descobrir o que afinal a gente tem a ver com isso.

É que eles fizeram uma investigação e, no meio do caminho, descobriram histórias, brincadeiras, adivinhas, receitas, músicas e muito mais! Só lendo mesmo pra saber.

Mas não termina aí, não! A gente não vive dizendo que a nossa luta é internacional? Pois vamos conhecer

também a Layla e o Samir, companheirinhos que vivem lá longe na Palestina. Vamos acompanhá-los em suas aventuras para conseguir libertar seu país.

Aí, como sempre, depois de ler as histórias e experimentar as dicas de coisas diferentes pra fazer, não esqueçam de escrever pra gente contando como foi! Pode ser por carta ou pela internet, pode também entregar na mão dos adultos para que eles façam chegar aqui.

Sabem por quê? Porque sozinho, ninguém consegue fazer nada. A força da gente junta é sempre mais forte, e as idéias de muitos e muitas Sem Terrinha misturadas ficam muito melhores... Duvida? Então abre pra conferir!

Um abração pra quem é grandão, um abracinho pra quem é pequenininho.

Boa leitura!

EditorialMST

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Pg. 2

BRINCADEIRAS

Música

Pg. 16Receita Pg. 17

Pg. 19Bandeira do MST Pg. 18

Pg. 20Pg. 25

ÍndiceÍndiceA reunião das crianças

História dos Congressos do MST contada pelo Seu Pedro

Layla e Samir: o sonho de duas crianças na Palestina

Uma breve história sobre a Palestina

Pg. 14

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João: Eu tô achando que nós precisamos criar alguma coisa diferente para brincar.

Alice: Eu também acho... poderíamos ir para minha casa, tenho alguns jogos bem legais!

João:Na verdade, eu tava pensando em algo bem diferente disso, algo que não durasse somente um momento, mas que tivéssemos mais desafi os...

Antônio (13 anos): Eu tenho uma ideia! Que tal a gente construir um grupo para irmos ao Congresso do MST em Brasília?

Sara (10 anos): Mas isso o assentamento já está discutindo! Estão estudando e fazendo um monte de reunião para organizar tudo.

A reunião das criançasE as histórias são assim algo que já aconteceu... e algo que está acontecendo!

E esta história que você vai ler não acontece se você não entrar nela. Aliás... eu acho que você já está nela!

E de repente, João (12 anos) reclama em meio a uma brincadeira no parquinho do assentamento onde estavam brincando!

João (muito pensativo): Mas as cri-anças não estão participando... Taí, gostei da ideia! A gente poderia fazer as nossas reuniões, como se a gente fosse a coordenação, entendem? Mas ninguém precisa saber, daí será mais divertido!

Eu tô achando que nós precisamos criar alguma coisa diferente para brincar. Eu tô achando que nós precisamos criar alguma coisa diferente para brincar.

Eu também acho... poderíamos ir para minha casa, tenho alguns jogos bem

E de repente, João (12 anos) reclama em meio a E de repente, João (12 anos) reclama em meio a uma brincadeira no parquinho do assentamento uma brincadeira no parquinho do assentamento

Se você quer saber de que as crianças estavam brincando naquele momento no parquinho, você pode ir para página 16 dentro da � gu-ra de um camaleão você poderá ver o que era e quem sabe até aproveite para brincar também, que tal?

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Page 5: Revista Sem Terrinha #5

Alice: Nossa! Adorei a ideia! Esta semana vão ter as reuniões dos núcleos de base e depois da coordenação. Eu sei porque meu pai é um dos coordenadores, a mãe da Sara também é da coordenação...

João: Então combinado! Vamos organizar nossas tarefas! À tarde vamos fazer a reunião! Onde poderia ser?

Antônio: Pode ser ao lado do campo de futebol debaixo daquela árvore que tem uns bancos, hoje lá é bem tranquilo.

João: Pode ser lá! Então combinado, ninguém falta, hein?

Sara: Mas agora vamos para casa almoçar. Hum... e hoje minha fez uma comida muito boa!

A reunião das crianças

Pode ser lá! Então combinado, ninguém falta, hein?

Mas agora vamos para casa almoçar. comida muito boa!

Mas agora vamos para casa almoçar. comida muito boa!

Mas agora vamos para casa almoçar.

O que será que a mãe da Sara fez para comer? Hum, na página 17, dentro da panela tem uma receita muito gostosa! Vamos lá para ver o que é?

O que será que a mãe da

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À tarde todos chegaram para reunião.

João, o mais interessado, antes de sair de casa, fez um monte de perguntas para os seus pais sobre a preparação do Congresso.

Seus pais não entenderam muito bem todo esse interesse, mas ele se saiu muito bem, disse que era um trabalho da escola e de forma alguma revelou a aventura que estavam preparando. Todos mantiveram o segredo e disseram em casa que iriam aproveitar a tarde para brincar.

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No início da reunião, decidiram que o João e a Aline coordenariam o grupo. João colocou o que tinha conseguido de informação sobre o Congresso.

João: Hoje consegui saber o que o assentamento está fazendo para se preparar para o Congresso... e não é nada fácil! Eles estão estudando várias coisas que fazem parte da história do movimento, porque o Congresso vai pensar sobre o que o Movimento já fez, o que precisa continuar fazendo e o que precisa mudar daqui para frente.

Antônio: Mas eu ainda não sei o que é o Congresso direito... só sei que é um grande encontro... Eu quando era menor participei da ciranda do Congresso, lembro que tinha um monte de coisas para gente fazer.

Alice:É, também tô cheia de dúvidas... acho que a gente precisa investigar sobre o que ainda não sabemos, mas lembrem: ninguém pode saber o que estamos fazendo (risos). Sara: Já sei! Vou perguntar para o Seu Pedro o que é o Congresso. Dia desses ele disse que tava com muita expectativa para ir, pois ele já tinha ido em três Congressos. Então ele deve entender bem o que é, né?

Antônio: Mas e sobre estas outras perguntas aí, o que deve ou não mudar?

Alice: Eu acho que a gente tem que perguntar para muitas pessoas, daí levantamos as propostas e podemos ver o que fazer com elas... o que acham?Antônio: Legal! Eu posso fazer estas perguntas para algumas pessoas, a minha avó mesmo, ela é do movimento há muito tempo.

João: Eu acho que é por aí. Vamos fazer as perguntas como quem não quer nada e daqui há dois dias nos encontraremos aqui neste mesmo lugar, pode ser?

Alice: Mas ainda é cedo, vamos brincar de outra coisa agora?

Todos (disseram gritando): Vamos!

Já sei! Vou perguntar para o Seu Pedro

Congressos.

daqui há dois dias nos encontraremos aqui neste mesmo lugar, pode ser?

brincar de outra coisa agora?

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O que será que as pes- soas do seu assentamento e acampamento responde-riam sobre o que deve ou não mudar no Movimento? Que tal você também investigar?

Quer brincar também? Vamos juntos para a página 16.

Quer brincar também? Vamos juntos para a

Para saber o que o Seu Pedro contou sobre a história dos Congressos do MST. você vai ter que ir para a página 14.

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João, Alice, Antônio e Sara passaram os dois dias tentando descobrindo coisas muito interessantes. O mais divertido era que ninguém sabia que eles tinham um plano coletivo de participar do processo de preparação ao Congresso de uma ma-neira bem diferente.

E não é que a brincadeira deu certo?! A pesquisa revelou coisas incríveis, até histórias que eles não imaginavam sobre a vida de pessoas que eles conheciam.

No dia da reunião, no mesmo lugar de sempre, todos estavam muito agitados, pois queriam muito contar uns aos outros o que tinham conseguido descobrir. Todos começaram a falar ao mesmo tempo, mas aí, a Alice organizou a reunião.

Alice: Pessoal, vamos contar o resultado de nossa pesquisa um de cada vez. Você pode começar Sara?

Sara: Gente, fui conversar com o Seu Pedro. Ele não tava entendendo muito bem minha curiosidade, mas eu consegui disfarçar e ele acabou contando tantas histórias que passei a tarde toda por lá (risos). Entendi que o congresso é como fosse a assembleia de nosso assentamento, onde tomamos as decisões discutidas pelos núcleos de base, assim o Congresso, é um grande encontro com representação de todos os estados em que o Movi-mento está organizado e lá tomamos decisões que já foram discutidas por todos.

No dia da reunião, no mesmo lugar de sempre, todos estavam muito agitados, pois queriam muito contar uns aos outros o que tinham conseguido descobrir. Todos começaram a falar ao mesmo tempo, mas

fosse a assembleia de nosso assentamento, onde tomamos as decisões discutidas pelos

MST

núcleos de base, assim o Congresso, núcleos de base, assim o Congresso, é um grande encontro com é um grande encontro com representação de todos os estados em que o Movi-os estados em que o Movi-mento está organizado mento está organizado e lá tomamos decisões e lá tomamos decisões que já foram discutidas que já foram discutidas

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Antônio: Eu não tinha ideia que era um momento tão importante, mas fi quei na maior dúvida de como juntar tanta opinião diferente.

João: Eu também estou com algumas dúvidas... é engraçado, as pessoas lembraram muitas coisas legais da nossa história, mas ao mesmo tempo em alguns momentos se mostraram desanimadas com muitas coisas como:

- que no acampamento as pessoas participavam mais e que tinham muitas esperanças no assentamento e que isso mudou;

- que o governo não tem dado incentivo para os trabalhadores rurais e, sim, somente para o agronegócio;

- que a sociedade antes dava mais apoio à Reforma Agrária e hoje não é bem assim.

Sara: É verdade, eu também ouvi isso do Seu Pedro. Ele coloca que hoje vivemos um momento diferente do início da luta do MST, que as coisas para nós não estão nada fáceis...

Alice: Gente, mas aí é que está! Temos que descobrir o que realmente podemos fazer para tomar as melhores decisões neste Congresso.

Antônio: E agora, bora brincar?

Todos: Bora!!

A criançada estava tão empenhada em encontrar resposta para tantas questões que resolveu brincar de advinhas lá na página 16!

A criançada estava tão empenhada em encontrar resposta para tantas questões que resolveu brincar de advinhas lá na

Vamos aproveitar e discutir quais são as di� culdades que temos na organização do nosso assen-tamento ou do nosso acampa-mento? E nas nossa escola, o que pode melhorar?

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“Com tantas coisas na cabeça”, realmente brincar era uma opção muito boa. Afi nal, a pesquisa também era uma brincadeira.

Esta aventura durou alguns dias... Sara, Antônio, João e Alice, de um jeito muito diferente, se perceberam em meio a um grande desafi o e, sem querer, se sentiram responsáveis em resolver questões que antes não era tão importantes para eles.

Quando começaram a pesquisa não imaginavam que era tão difícil confrontar as opiniões, entender o que fazer com elas e tomar decisões do que fazer com uma organização em que todos participam e que, por isso, todo mundo junto deve de-cidir.

Deram-se conta que viver no coletivo é ter uma vida junto, uma história contada por cada um de uma maneira diferente. É um percurso, uma espécie de viagem onde todos estão no mesmo ônibus, mas que cada um conta a história de seu ponto de vista, sendo o ponto fi nal do ônibus o mesmo lugar de chegada.

O “tal do congresso” é o destino do ônibus. Já a preparação é a viagem... Assim, entenderam que o momento anterior ao congresso é muito importante e é isso que faz o congresso ter um bom resultado.

Mas também compreenderam que o Congresso e esta preparação são tão importantes porque, na verdade, são parte de algo que não se encerra e, sim, continua, pois, afi nal, o Congresso é a tomada de decisões do coletivo sobre o que vai acontecer no próximo período.

Ufa! Pelo jeito esta turminha terá muitas aventuras para viver nesse grande Movimento.

MST

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Na outra reunião...

João: Gente, eu pensei muito sobre estas coisas que conversarmos e acho que devemos contar para a coordenação do assentamento o que fi zemos.

Sara: Mas, por quê?

João: É que nossa brincadeira tem mais sentido se contarmos nossas descobertas para os outros.

Antônio: Mas e aquela ideia da gente ir para o Congresso e contar pessoal-mente?

Alice: Eu acho que a nossa maior descoberta é que o Congresso só vai dar certo se o debate for feito em nossos assentamentos e acampamentos, porque só assim quem for vai representar as nossas decisões. Isso é o mais importante!

Sara: É verdade! Se a gente não for, não tem problema, porque mesmo assim participamos das decisões.

João: E o mais legal é que participamos brincando...

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No dia seguinte, em meio a uma reunião da coordenação do assentamento, Sara chegou com muito cuidado e sussurrou no ouvido da sua mãe que ela e seus amigos tinham algo para dizer a todos.

A mãe da Sara não entendeu muito bem, mas achou interessante e, sentindo que a coordenação seria sensível para entender uma brincadeira de um grupo de cri-anças, disse que era para eles aguardarem quietinhos, que passaria a palavra para eles falarem ao fi nal.

A reunião estava tratando de muitos pontos do dia a dia do assentamento e um deles era justamente a análise dos debates em preparação ao Congresso, que es-tava acontecendo nos núcleos. Também discutiam a organização de como seria a escolha das pessoas que iriam representar o assentamento.

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Antes de terminar a reunião Vera, a mãe de Sara, disse:

Vera: Companheiros, temos ainda hoje um grupo de crianças que quer falar algo para nós da coordenação, vamos ouvi-los?

Um outro companheiro chamado Luiz também comentou:

Luiz: Claro, vamos saber o que estão aprontando estes meninos e meninas (risos).Enquanto isso, Antônio, Sara, Aline e João estavam ouvindo, muito nervosos, afi nal eles iriam falar para toda a coordenação do assentamento.

Assim, todos entraram timidamente. Pedrinho, Aline e Sara abriram alguns cartazes e Antônio ligou um aparelho de som para colocar um CD, a música escolhida foi Ordem e Progresso.

Enquanto a música tocava, eles distribuíram um símbolo para cada um da coorde-nação. Era um pedaço de papel no formato de uma parte de um quebra cabeça, e todos tinham que colocar sua peça, que se encaixava em outra e outra e outra. No fi nal da música, a fi gura que se formou foi a bandeira do MST.

Todos fi caram encantados, pois ao som da música todos identi-fi caram a bandeira do MST construída em meio ao círculo em que estavam reunidos.

Vamos juntos saber um pouco mais sobre a bandeira do MST e entender o signi� cado de suas cores na página 18?

Vamos juntos saber um pouco mais sobre a bandeira do MST e entender o signi� cado de suas cores na página 18?

Você conhece esta música? Vamos cantar juntos na pá-gina 19?

Você conhece esta música? Vamos cantar juntos na pá-

abriram alguns cartazes e Antônio ligou um aparelho de som para colocar um CD, a música escolhida foi Ordem e Progresso.música escolhida foi Ordem e Progresso.música

Enquanto a música tocava, eles distribuíram um símbolo para cada um da coorde-nação. Era um pedaço de papel no formato de uma parte de um quebra cabeça, e todos tinham que colocar sua peça, que se encaixava em outra e outra e outra. No fi nal da música, a fi gura que se formou foi a bandeira do MST.

Todos fi caram encantados, pois ao som da música todos identi-fi caram a construída em meio ao círculo em que estavam reunidos.

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O grupo de crianças tinha construído também um texto para fazer a leitura du-rante a apresentação, o texto era uma saída para que, na hora, a timidez de falar na coordenação fosse vencida. E a leitura foi essa:

Sara (um pouco nervosa): Ficamos sabendo do Congresso e resolvemos participar!

João: Mas para isso nós queríamos viajar! Para Brasília, quem sabe, poder cantar e brincar, com as crianças de todo Brasil, agitar e se emocionar!

Antônio: Nós fi zemos reuniões escondido para ninguém saber nossos planos e hoje estamos revelando que os nossos planos mudaram.

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Aline: Nestes cartazes estão as coisas que pensamos do Movimento. Algumas boas e algumas ruins, e o que queremos do MST.

Sara: Hoje já estamos pensando que não precisamos ir ao Congresso...

João: Mas quem for vai ter que levar...

Aline: ... as coisas que aqui queremos mudar...

Antônio: ... e as coisas que queremos preservar.

Todos: Viva o SEXTO Congresso Nacional do MST!

Depois do grito, um silêncio na sala.

Um membro da coordenação quebrou o silêncio, começando a bater palmas e to-dos bateram palmas, muito emocionados com a atitude das crianças. Diziam “Que surpresa boa!”.

Neste instante, passado o momento de empolgação, o companheiro Marcos da co-ordenação disse:

Marcos: Companheiros, este exemplo que as crianças nos deram é muito impor-tante, pois mostra que a organização deve considerar o trabalho que elas fi zeram. Estes cartazes mostram que eles discutiram e que tem opiniões importantes para nosso Movimento.

Outra companheira, a Lúcia, reforçou dizendo:

Lúcia: Estes meninos e meninas devem participar do Congresso para compartilhar com os outros militantes as suas discussões.

Apesar de o grupo ter decidido que a ida para o Congresso já não era mais seu principal objetivo, a coordenação discutiu com todo assen- tamento a importância desse grupo de crianças e de outros que se soma- ram depois participarem do VI Congresso. Eba! Daqui a pouco é hora de começar a fazer as malas!

E assim aconteceu!

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Que tal você e seus amigos e amigas também fazerem cartazes sobre aquilo que pensam sobre o Movimento? Vocês também po-deriam levá-los para uma reu-nião do assentamento ou acam-pamento, ou ainda para escola e debater com o resto da turma.

Depois do grito, um silêncio na sala.

Um membro da coordenação quebrou o silêncio, começando a bater palmas e to-dos bateram palmas, muito emocionados com a atitude das crianças. Diziam “Que surpresa boa!”.

Neste instante, passado o momento de empolgação, o companheiro Marcos da co-ordenação disse:

Marcos: Companheiros, este exemplo que as crianças nos deram é muito impor-tante, pois mostra que a organização deve considerar o trabalho que elas fi zeram. Estes cartazes mostram que eles discutiram e que tem opiniões importantes para nosso Movimento.

Outra companheira, a Lúcia, reforçou dizendo:

Lúcia: compartilhar com os outros militantes as suas discussões.

Apesar de o grupo ter decidido que a ida para o Congresso já não era mais seu principal objetivo, a coordenação discutiu com todo assen- tamento a importância desse grupo de crianças e de outros que se soma- ram depois participarem do VI Congresso. Eba! Daqui a pouco é hora de começar a fazer as malas!

E assim aconteceu!

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MST

Que boas lembranças eu tenho dos Congressos... Companheirada de todo o Brasil reunida, como numa grande assembleia, debatendo os nossos avanços e desafios, construindo crítica e criativamente os caminhos do MST e as nossas ações con-cretas para a construção de uma outra sociedade, justa e igualitária. E tinha também muitas outras coisas boas: música por todo lado, panelão de comida de todos os sabores nas cozinhas dos estados, a boniteza e variedade da nossa produção nas banquinhas e muita prosa noite adentro pra conhecer um pouquinho da realidade dos Sem Terra deste país e da companheirada de outros países, que sempre está presente.

Dos cinco Congressos que já fizemos eu participei de três, mas aprendi um pou-quinho da história de cada um.

O primeiro aconteceu em 1985, em Curitiba. Foi o Congresso de fundação do movimento, que tinha 1.600 delegados, de 12 estados do Brasil, e teve como pa-lavra de ordem: “Ocupação é a única solução!”, mostrando como era impor-tante realizar a Reforma Agrária.

O segundo Congresso foi o pri-meiro que aconteceu em Brasília, daí por diante todos foram feitos lá. Neste Con-gresso, que reuniu 5.000 delegados, de 19 estados, tínhamos como palavra de ordem “Ocupar, resistir e produzir!”, mostrando a importância de cuidarmos da produção nos assentamentos conquis-tados.

No quarto Era um mundão de gente! Tinha mais de onze mil dele-gados, de 23 estados, defendendo a “Reforma Agrária: por um Brasil sem latifúndio”, num momento que o MST tinha muita força.

História dos Congressos do MST

contada pelo Seu Pedro

No terceiro Congresso, em 1996, já tinha Sem Terra de 22 estados e afirmávamos “Reforma Agrária: uma luta de todos!”, cha-mando o povo brasileiro para defen-der este nosso projeto de sociedade. Foi desse Congresso que eu partici-pei pela primeira vez, mas fiquei surpreso, quando voltei cinco anos depois pro próximo Congresso...

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No quinto Congresso, em 2007, nova surpresa: éramos 17.500 delegados só de Sem Terrinha tinha MIL na Ciranda Itinerante Paulo Freire! O momento era de afi rmar o projeto de reforma agrária popular, que promoveria uma reali-dade diferente: “Reforma Agrária: por justiça social e a soberania popular”.

Agora estamos nos preparando para o

sexto Congresso, que será novamente em Brasília, em 2013! Fico aqui matutando: qual deve ser o nosso lema? Você tem alguma ideia?

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MST

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Brincadeiras

COMO BRINCAR:- O grupo escolhe quem será o camaleão, que é o pegador da brincadeira. - Os outros participantes são os fugitivos. - O camaleão escolhe uma cor, que é revelada para o grupo. Essa será a cor do pique (área onde ninguém pode ser pego). - Por exemplo: se ele escolher verde, todos correm para encontrar um lugar ou um objeto que tenha essa cor para se salvar. - O camaleão não poderá pegar aqueles que tocarem em algo verde. - Se ele conseguir pegar alguém, o fugitivo vira o camaleão e o camaleão vira fugitivo.

ESCRAVOS DE JÓ

MATERIAL: Uma pedrinha para

cada criança ou qualquer outro

objeto pequeno.

PARTICIPANTES: No mínimo dois.

ORGANIZAÇÃO: Em círculo,

sentados no chão.

MÚSICA:Escravos de Jó

Jogavam o caxangáTira, bota,

Deixa fi car!Guerreiros com guerreiros

Fazem zigue, zigue, zá!

CAMALEÃO

Quando é que o cachorro fi ca desconfi ado?

O que dá o cruza-mento de uma girafa

com um papagaio?

A mãe de Maria tinha cinco fi l-has: Lalá, Lelé, Lili, Loló e... Qual

é o nome da quinta fi lha?

Se tiro a roupa, mostro os dentes e se tiro os dentes, mostro o corpo. Quem sou?

O que é que costuma che-gar na hora, às vezes vem de

repente, quando vive dá traba-lho, só morta fi ca contente?

1

2

3

4

5Respostas:

1) Quando fi ca com a pulga atrás da orelha.2) Um alto-falante.3) Maria.4) A fome.5) O milho.

ADVINHAS

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ReceitaQue tal aproveitar a safra de outubro para fazer junto com a família um purê colorido usando batata, batata-

doce, abóbora (ou jerimum) e espinafre?

Modo de preparo ( junto com um adulto):

Cozinhe o alimento até fi car macio e amasse com um garfo.

No caso do espinafre cozinhe no vapor e pique bem picadinho.

Sal, pimenta, salsinha e cebolinha

a gosto

Ingredientes:

Purê laranja: ½ kg de abóbora

Purê Verde: um maço de espinafres e duas batatas

Purê Bege: ½ kg de batata-doce

1 colher de sopa de óleo

1 cebola grande

1 copo de leite (ou leite de coco)

COMO BRICAR: Cada um coloca uma pedrinha

na sua frente. Enquanto canta, a criança pega a sua pedra e coloca na frente do

colega, sentado à sua direita. Nos versos “Tira, bota / Deixa

fi car!”, todas tiram a pedri-nha da frente do colega, colo-cam na sua frente e a deixam

ali por alguns segundos. Quando cantam “Guerreiros com guerreiros”, as crianças retomam os movimentos até

o “Fazem zigue, zigue, zá!” Nesse momento, os partici-

pantes seguram a pe-dra movimentando-a de lá para cá e deixando-a,

por fi m, na frente do colega.

ESCRAVOS DE JÓ

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Foi no 4º Encontro nacional de 1987, que a nossa bandeira se tornou um símbolo do MST. Ela está presente em todas as atividades que realizamos, nas nossas marchas, festas, reuniões, escolas e nos nossos assentamentos e acampamentos, representado a luta pela reforma agrária e por uma outra sociedade.

Cada cor, cada desenho escolhido para estar presente na bandeira tem um signifi cado especial. Vamos conhecê-los?

Cor vermelha: representa o sangue derramado de luta-dores e lutadoras, ou seja, o sangue de militantes que fo-ram mortos. Isso representa

nossa vontade de lutar.

Cor branca: representa a paz, que somente será

conquistada quando houver justiça social.

Cor verde: representa a nossa

esperança de vitória.

Mapa do Brasil: representa a luta nacional

dos Sem Terra e que a reforma Agrária deve acon-

tecer em todo o país.

Bandeira do MST

Cada cor, cada desenho escolhido para estar presente na bandeira tem um signifi cado especial.

Cor vermelha: representa o sangue derramado de luta-dores e lutadoras, ou seja, o sangue de militantes que fo-ram mortos. Isso representa

nossa vontade de lutar.

Cor branca:a paz, que somente será

conquistada quando houver

representa a nossa esperança de vitória.

Mapa do Brasil: representa a luta nacional

dos Sem Terra e que a reforma Agrária deve acon-

tecer em todo o país.

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Cor verde:

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Trabalhador e Trabalhadora: representa a necessidade da luta ser feita por homens e mulheres,

coletivamente.

Facão para fora do mapa do Brasil: representa que nossa

luta é internacionalista e que não será feita somente no nosso país.

Música

Trabalhador e Trabalhadora: representa a necessidade da luta ser feita por homens e mulheres,

coletivamente.

Ordem e progresso (Zé Pinto)

Este é o nosso PaísEsta é a nossa bandeira

É por amor a esta Pátria BrasilQue a gente segue em fi leira

Queremos mais felicidadeNo céu deste olhar cor de anilNo verde, esperança sem fogoBandeira que o povo assumiu

Amarelo são os campos fl oridosAs faces agora rosadas

Se o branco da paz irradia Vitória das mãos calejadas

Queremos que abrace esta terra Por ela quem sente paixão

Quem põe com carinho a sementePra alimentar a Nação

A ordem é ninguém passar fomeProgresso é o povo feliz

A Reforma Agrária é a voltaDo agricultor à raiz

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Layla e Samir são irmãos e acordam cedo para ir à escola. Hoje estão com muita pressa para chegar em casa depois da aula, pois é sexta-feira e sempre nesse dia da semana, na Palestina, centenas de jovens e crianças junto com seus pais, primos, tios, avós e amigos fazem uma caminhada en-tre as oliveiras, árvores que fornecem as azeitonas e azeite.

Layla e Samir: os sonhos de duas crianças na Palestina

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2020

Page 23: Revista Sem Terrinha #5

Na vila de Layla e Samir, as plantações de oliveiras começavam perto de suas casas e iam até onde os olhos conseguiam enxergar.

Mas quando chegaram os soldados israelenses, jogando bombas e prendendo os trabalhadores, as coisas mudaram. Trouxeram caminhões e tratores, e come-çaram a construir uma cerca, que mais tarde virou um muro de concreto com cerca de dez metros de altura.

Layla e Samir: os sonhos de duas crianças na Palestina

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Quando as crianças subiam numa colina (monte), dava para ver o outro lado do muro. E foi então que Layla e Samir viram, assim como seus pais e avós, os tra-tores destruindo todas as oliveiras. No local seriam construídas casas para pes-soas ricas e de classe média que apoiam o governo cruel de Israel.

Um dia, Layla contou na escola:

“Foi um dia muito triste. Quando as primeiras árvores foram derrubadas, e tiveram suas raízes arrancadas com toda força e violência, caíram lágrimas do rosto de meu avô, que falou que tinha plantado com as próprias mãos aquelas be-las árvores no ano de 1948, ano em que foi criado o Estado de Israel”.

Layla disse que o avô plantou aquelas árvores dizendo que nunca iria deixar aque-las terras, e que sempre iria cuidar das olivei-ras. O avô de Layla, seu Mohammad, tinha dez anos quando plantou sua primeira oliveira na vila.

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las terras, e que sempre iria cuidar das olivei-ras. O avô de Layla, seu Mohammad, tinha dez anos quando plantou sua primeira oliveira na vila.

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Esta sexta-feira é um dia especial, além de fazer a caminhada, os moradores da vila de Layla e Samir vão plantar 64 oliveiras, repre-sentando os 64 anos de ocupação ilegal e violenta das terras pales-tinas pelo Estado de Israel.

É um momento muito alegre, ouvem-se músicas e palavras que pedem “Justiça e Liberdade para a Palestina!”, “Esta terra é nossa!”, “Palestina Livre!”. Todos acreditam no sonho de um dia não ter mais soldados armados batendo em camponeses e es-tudantes que só querem viver em paz em suas terras.

Na mesquita todos ouvem atentamente as palavras do Sheik (líder religioso islâmico). Quando acaba a oração todos se concentraram do lado de fora. Chegam mais pessoas. Surgem muitas bandeiras, verme-lhas, amarelas, verdes, brancas, bandeiras da palestina (com as cores preto, branco, vermelho e verde) e cartazes com fotos pedindo a li-bertação dos presos palestinos.

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Samir está muito feliz, pois muitos de seus amigos também estão ali. É muita gente, de vários movimentos e organizações diferentes, mas todos lutam pela libertação da Palestina.

Quando estão chegando perto do muro, que separa vilas e cidades palestinas, surgem soldados, que jogam bombas de gás lacrimogêneo. Uma grande nuvem de fumaça branca toma conta das árvores. Essa fumaça faz arder os olhos e irrita muito a garganta. Mas as cores das bandeiras mostram que muitos não tem mais medo das bombas nem do exército. Alguns jovens se defendem com pedras que são atiradas com uma funda, uma espécie de estilingue, feito com corda e um pedaço de couro no meio, onde vai a pedra. A chuva de pedras faz os soldados se esconderem atrás do muro.

Mesmo com a fumaça, as pessoas começaram a plantar as 64 novas oliveiras, para simbolizar que nunca os palestinos vão abandonar sua terra e suas árvores.

Layla, Samir e os amigos voltaram para suas casas com a certeza de que estavam lutando por uma causa justa e que um dia os soldados de Israel irão embora e as crianças palestinas poderão brincar livres numa pátria livre.

Mesmo com a fumaça, as pessoas começaram a plantar as 64 novas oliveiras, para simbolizar que nunca os palestinos vão abandonar sua terra e suas árvores.

Layla, Samir e os amigos voltaram para suas casas com a certeza de que estavam lutando por uma causa justa e que um dia os soldados de Israel irão embora e as crianças palestinas poderão brincar livres numa pátria livre.

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Por ser a terra onde nasceu Jesus (Belém), a Palestina sempre foi um lugar visitado por pessoas do mundo inteiro.

Os judeus, cristãos e muçulmanos da Palestina viviam em paz, trabalhavam na agricultura e no comércio, estudavam, realizavam festas e também se preocupavam com o que se-ria feito de seu país, pois exércitos de outros países sempre invadiram e tentaram dominar este lugar chamado de “Terra Santa”.

O Império Romano, o Império Turco-Otomano e o Império Britânico (a Inglaterra) são alguns exemplos de países e go- vernos que tentaram controlar a Palestina e impedir que seu povo fosse livre e independente.

Uma breve história sobre a Palestina

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Em 1897 um grupo de ricos comerciantes (donos de indústrias e banqueiros), que só pensavam em ganham dinheiro e ter mais poder, decidiram criar um movimen-to de colonização para invadir a Palestina e tomar as terras daquele povo.

Esse movimento, criado na Europa, foi chamado de “sionismo” (por causa do nome do Monte Sion, em Jerusalém) e procurava criar na Palestina o que eles chama-vam de “Estado Judeu”, o Estado de Israel.

Nem todos os judeus concordavam com isso, mas os sionistas recebiam cada vez mais apoio dos países ricos que sempre oprimiram os outros povos, como Estados Unidos e Inglaterra. Assim, depois da segunda guerra mun-dial, os sionistas invadiram as terras palestinas de Gaza, Haifa, Jerusalém, Cisjordânia e tantas outras cidades e vilas, colocando soldados para reprimir, prender e expulsar os palestinos.

O povo palestino lutou heroica-mente para defender suas terras e sua pátria. Mas, esses países tinham muito mais dinheiro, mais armas e mais força, e com muita violência conseguiram impedir que houvesse a independência da Pa-lestina, que até luta para ser livre.

MST

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Você sabia?Pela Palestina passaram três grandes profetas, Abraão, Jesus Cristo e Maomé (ou Mohammad).

Eles ajudaram a criar três importantes religiões: o judaísmo, o cristianismo e o islamismo (também

conhecida como a religião dos muçulmanos).

Os árabes são um povo que tem sua própria língua e sua própria cultura, e vivem em 24 países de dois continentes: a Ásia e a África. A maioria dos palestinos e de outros po-vos árabes são muçulmanos, mas também existem pessoas de outras religiões vivendo no mundo árabe.

Hoje em dia, existem cinco mil pessoas nas cadeias de Israel. São homens e mulheres palestinos que lutam por justiça, igualdade, democracia e libertação nacional. Desses presos, 192 são crianças de até 16 anos de idade. Alguns presos palestinos estão na cadeia há 27 anos.

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Pessoas do mundo inteiro apoiam a luta dos palestinos. E nós, do MST e da Via Campesina, já estivemos várias vezes na “Terra Santa”. No ano passado mesmo (2011), uma Brigada foi contribuir com os camponeses na co-lheita das azeitonas.

Solidariedade à Palestina

MST

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A Revista Sem Terrinha foi elaborada coletivamentepelos Setores de Educação, Comunicação e Cultura.

Os desenhos foram feitos por crianças Sem Terrinha e por crianças Palestinas.

Agradecemos a todas as pessoas que de alguma forma con-tribuíram com este trabalho, em especial à Ana Chã, Jade Percassi,

Lizandra Guedes, Marcelo Buzetto, Maria Cristina Vargas e ao Fábio Carvalho, pelas ilustrações, arte e diagramação.

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Outubro de 2012

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