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CULT SP O futuro dos Livros. Conheça a tecnologia dos E-books O sucesso global pop Black Eyed Peas vem para o Brasil em 2010 A Broadway está verde e amarelo. Divirta, com o musical Hairspray em São Paulo A indústria do CINEMA Pirateada nas ondas da INTERNET

Revista Sp Cult

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Revista de cunho acadêmico, elaborada em grupo para fechamento do 3º semestre pela Universidade Paulista (UNIP). Link para portifólio: http:www.renatora.co.cc

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Page 1: Revista Sp Cult

CultSP

O futuro dos Livros. Conheça a tecnologia dos E-books

O sucesso global pop Black Eyed Peas vem para o Brasil em 2010

A Broadway está verde e amarelo. Divirta, com o musical Hairspray em São Paulo

A indústria do CinEmA Pirateada nas ondas da intErnEt

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Hairspray, o musical da Broadway ven-cedor de diversos prêmios nos EUA,

agora em versão brasileira.

Conheça um pouco mais do Museu da Língua Portuguesa primeiro desse

gênero no Brasil e segundo no mundo.

Produção fotográfica e editorial lado a lado na exposição da fotógrafa Maureen

Bisilliat.

Piratas cibernéticos contra defensores da propriedade intelectual. Veja os danos e

providencias sendo tomadas.

Black Eyed Peas vem em 2010 para o Brasil. Confira um pouco de como a

banda atingiu o sucesso global.

O maior festival de animação da America Latina chega a sua maioridade! Você não

pode perder.

Do jogo ao filme. Veja o que se pode esperar de Príncipe da Pérsia: As areias

do Tempo.

O futuro do livro colocado em pauta com a chegada dos e-books. E agora?

Como será?

Sumário

TEATRO

FOTOGRAFIA

MÚSICA

4

10

8

6

MATÉRIA DE CAPA

14

MUSEU

ANIMA MUNDI

CINEMA

LITERATURA

16

18

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SP Cult

É uma publicação dos alunos do curso de Design gráfico da Universidade Paulista

Produção e Editoração:

Carlos Eric Fonseca CruzKaytleen Alves Rosa

Patrícia Silva BotelhoRenato Ribeiro Araújo

Sabrina Junko Nakata

Circulação:

Projeto de uso acadêmico

Atendimento ao leitor

E-mail: [email protected]

Tel: (11) 5672-7577

impressão e Acabamento:

InprimaTel: (11) 5182-3479Site: www.inprima.com.br

Publicação:

Junho 2010

Observações importantes:

Toda e qualquer reprodução deste projeto deverão ser

solicitados por escrito pelo requerinte e autorizados por todos os membros do grupo

de produção.As matérias e ilustrações deste projeto são de uso

acadêmicos, caso seja co-mercializado deverão respei-

tar a lei de autoria.

Editorial

A revista SP CULT é fruto do Projeto Integrado Multidisciplinar dos alunos do 3° semestre de Design Gráfico da Universidade Paulista UNIP.

Como ocorre em todos os semestres, nos é dado um de-safio que deve ser solucionado ao final de um prazo estipu-lado. Nesta edição, nosso desafio era montar uma revista. Escolhemos então o seguimento da indústria da cultura e do entretenimento, também decidimos que a revista seria de circulação na cidade de São Paulo e que, seria escrita para pessoas de bom gosto, cultas e bem informadas sobre os assuntos relacionados à cultura.

Os desafios foram grandes, pesquisar, tratar imagens e textos, discutir as pautas, buscar o que está acontecendo no cenário cultural da cidade de São Paulo, compreender um pouco melhor a gigantesca, caótica e impressionante indústria de entretenimento da cidade, montar e escolher uma capa, produzir um infográfico, enfim, muitos desafios, muito trabalho, muitas horas em frente ao computador para nascer a SP CULT.

Caros leitores, é com grande satisfação que apresen-tamos nossa revista, buscamos o que á de melhor acon-tecendo na cidade para vocês. Cinema, Música, Teatro, Literatura, estes são alguns dos assuntos abordados na SP CULT, não deixem, também, de ler a matéria especial sobre os desafios da indústria cinematográfica contra a pirataria.

A todos uma ótima leitura!

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MUSEU

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O Surpreendente Museu da Língua Portuguesa

Como não sou paulista nem moro na locomo-tiva do Estado, como

estive na capital como turista daqueles que olha mapas e tira fotografias, acho que posso dar um depoimento bastan-te pessoal sobre uma recente conquista da cidade, o Museu da Língua Portuguesa.

Primeiro museu do gê-nero no Brasil e segundo no mundo – o primeiro fica na África do Sul –, o Museu da Língua Portuguesa foi inau-gurado em 20 de Março de 2006 com mais de quatro mil m² em três pisos. No primei-ro piso temos uma exposição temporária (inaugurou com Guimarães Rosa, quando fui estava Clarice Lispector), no segundo piso há o acervo permanente e, no terceiro, um auditório para surpreendente espetáculo audiovisual.

Confesso que quase não fui ao Museu, pois da primeira vez que estive na Estação da Luz acabei indo na Pinacoteca e de lá não saí tão cedo, imer-so nas centenas de quadros e esculturas. Mas quase por

dever profissional enfrentei o trânsito paulistano e lá estava no dia seguinte para um ad-mirável mergulho no univer-so da língua.

Chamar o Museu de museu é apenas uma convenção, uma tradição: trata-se de um espa-ço multimídia, interativo, com instalações surpreendentes mas de extremo bom gosto. A palavra é a protagonista, sem-pre, mas o tratamento é visual e os artistas plásticos dão vida nova à obra dos grandes auto-res da Língua Portuguesa. No caso da exposição de Clarice, havia imensos painéis com fotos e frases suas, um vídeo com sua derradeira entrevista e uma impressionante instala-ção onde milhares de gavetas escondiam originais, fotogra-fias, romances, recortes de jornal ou revista, cartas: era como se entrássemos na inti-midade de Clarice.

O acervo permanente é mais informativo e foi feliz ao escolher o léxico, a história da formação e a variação dos falares da língua como mote, mostrando ao grande público

que a literatura é, sim, a arte da palavra, mas a língua é também estrutura, forma. Já na entrada o visitante se de-para com um enorme painel de vídeo onde são projetadas imagens da cultura e artes vi-suais, como a imperdível pas-sagem do metrô. No centro, temos oito totens multimídia interativos, cada um represen-tando uma Língua que formou e/ou influenciou o português brasileiro. Pela quantidade de informações que cada totem carrega, poder-se-ia passar horas e horas apenas consul-tando nosso variado e rico lé-xico. Um painel na outra pa-rede traz a linha do tempo da nossa língua, passando pelo latim, pelo latim vulgar, pelas conquistas portuguesas e che-gando à influência da mídia e da televisão, com direito a um televisor transmitindo imagens de sua formação, nos anos 50. Por fim, há uma instalação que parece um joguinho de flipera-ma, onde o visitante clica em um estado do Brasil e ouve os diferentes falares daquela re-gião, com os sotaques, gírias,

POr: MARCELO SPALDING

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MUSEU

4 SP CULT 5SP CULT

expressões, tudo de forma na-tural e nada forçada. A gente realmente se reconhece naque-las falas, tchê.

E então chegamos ao tercei-ro andar. O mais emocionante. O que me fez escrever este ar-tigo, na verdade uma intima-ção, para que você, morador ou visitante de São Paulo, desça na Estação da Luz e conhe-ça o Museu. No terceiro andar temos um auditório para quase 200 pessoas onde é exibido um vídeo de 10 minutos sobre a língua, vídeo este que não vi porque cheguei atrasado à sessão (imerso nas gavetas de Clarice). Mas depois do vídeo, o telão se levanta e os espec-tadores entram no palco, sen-tando-se ao redor do mesmo, que volta a fechar e fica tudo escuro. Então num espetáculo lindo de som e luz são decla-madas algumas das mais fa-mosas e mais intrigantes poe-sias da Língua Portuguesa, com direito a Drummond, Pessoa, João Cabral, Guimarães Rosa, Oswald e Mário de Andrade, até uma intrigante versão em rap de poesia de Gregório de Matos.

Particularmente o espetáculo foi me envolvendo aos poucos e me emocionou de fato quan-do ouvi “Amor é fogo que arde sem se ver”, o imortal soneto de Camões coroando nossa lín-gua, nos dando uma inegável sensação de acolhida.

Nem preciso dizer que todo profissional da língua, jorna-lista, professor, escritor, de-veria conhecer o Museu, e de certo se emocionarão com ele. Também os estudantes, todos, os pequenos e grandes, terão de passar pelos três andares do belo museu. Não vou aqui fazer demagogia sobre o aces-so, pois o valor é de apenas R$ 3,00 para entrar com 50% de desconto para estudantes, mas fico com dó de pensar na quan-tidade de professores que não terão como ir a São Paulo, que jamais estarão em São Paulo, para conhecer o Museu. Tomara os organizadores tenham pen-sado em museus itinerantes, que levassem parte do acervo permanente e o espetacular vídeo de poemas. Afinal, a lín-gua é viva e o Museu também não pode parar.

A exposição Menas: o certo do errado, o errado do certo começa com uma instalação feita com um jogo de espe-lhos, em que palavras coloridas estão soltas e embaralhadas.

O visitante é convidado a olhar por bu-raquinhos, semelhantes a lentes de ócu-los, e descobrir quais frases se formam daquele emaranhado de palavras. As frases reforçam idéias sobre a discus-são do que é certo ou errado em língua portuguesa. Uma delas diz: “O erro de hoje pode ser o acerto de amanhã”.

A segunda parte da exposição é um grande painel com cem erros de portu-guês que cometemos no dia a dia. Cada erro segue com um texto explica-tivo e Um dos textos é bastante comum na língua falada: “Isto é para mim fa-zer”. Na escrita culta, o certo é: “Isto é para eu fazer”.

Duração: De 16 De março a 27 De junho - horário: De terça-feira a Domingo, Das 10h às 17h (bilheteria) - ingresso: r$ 6,00 (pagamento somente em Dinheiro) estuDantes pagam meia-entraDa;

museu Da língua: computaDores e recursos auDiovisuais compõem acervo permanente

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ExPOSIçãO MENAS: O CERTO DO ERRADO, O ERRADO DO CERTO

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TEATRO

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Elenco:• Edson Celulari é Edna Turnblad• Simone Gutierrez é Tracy Turnblad• Arlete Salles é Velma von Tuslle• Danielle Winits é Amber von Tuslle• Jonatas Faro é Link Larkin• Frederico Reuter é Corny Collins• Heloisa de Palma é Penny Pingleton• Edgar Bustamante é Wilbur Turnblad• Graça Cunha é Motormouth Maybelle• Ivana Domenico é Prudy Pingleton, Professora de ginástica e a Carcereira• Tiago Abravanel é Sr, Spritzer, Sr.Pinky eo Guarda da Penitenciária feminina• Jeniffer Nascimento é Pequena Ines• Corina Sabbas, Karin Hils e Maria Bia Martins são as Dinamites

Sessões:Quinta, 21h00Sexta 21h30Sábado 17h00 e 21h30Domingo 18h00

Duração: 160’ com intervalo de 15’

Preços: de R$ 25,00 a R$ 170,00

Local:Teatro Bradesco no Bourbon Shopping São Paulo, Rua Turiassu, 2100, piso Perdizes (3º andar), tel. 11.3670.4141.Site: www.ingressorapido.com.brtel.: 11.4003.1212).

POR: LuíS FRANCISCO WASILEWSKI, ESPECIAL PARA O APLAUSO BRASIL

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TEATRO

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Um dos maiores sucessos do teatro ca-rioca em 2009, chegou em São Paulo em fevereiro. Trata-se do musical da

Broadway Hairspray que ganhou no Brasil a ver-são assinada pelo talentoso Miguel Falabella. A es-tréia será no recém inaugurado Teatro Bradesco, no dia 19 de fevereiro.

A superprodução conta com um elenco for-mado por 31 atores, 12 músicos e é um dos mais premiados espetáculos norte-americanos. Nos Estados Unidos foi vencedor de 8 Tony Awards, incluindo melhor musical, melhor tri-lha sonora original, melhor direção e melhor figurino. Arrebatou ainda 7 prêmios Drama Desk, 3 Prêmios Outer Critics Circle, foi vence-dor do Drama League e Grammy Awards e foi considerado o melhor musical, segundo o New York Drama Critics Award.

Baseado no filme da New Line Cinema, escrito e dirigido pelo cultuado cineasta John Waters, a versão brasileira traduzida e dirigida por Miguel Falabella é estrelada por Edson Celulari, Danielle Winits, Arlete Salles, Jonatas Faro apresentando Simone Gutierrez no papel de Tracy Turnblad.

Edson Celulari protagoniza musicalFalabella com Hairspray dá continuidade ao

seu trabalho como tradutor e adaptador de musi-cais, que já teve um grande acerto na montagem de Os Produtores, em 2007.

Sobre o enredo:Hairspray se passa no ano de 1962 e conta

a história de Tracy Turnblad, uma grande garota com um enorme penteado que tem duas pai-xões na vida: a dança e o Corny Collins Show, um programa musical da televisão que é a sen-sação do momento.

Mesmo sendo um tanto gordinha para os pa-drões estéticos da época, ela prova o seu talento e conquista uma vaga fixa de dançarina no pro-grama. Tracy torna-se uma celebridade instan-tânea. A identificação do público com a garota é imediata e ela começa a ameaçar a hegemonia de Amber von Tussle, a estrela e filha da produtora do show. A rivalidade entre as duas fica ainda mais acirrada quando elas decidem disputar o mesmo garoto.

Os números da encenação brasileira:São mais de 40 trocas de cenários, 35 to-

neladas de equipamentos, 350 mudanças de luzes, efeitos especiais, um painel com mais de 8.000 leds distribuídos em 550 lâmpadas que dão um colorido especial ao cenário compondo

PrEPArEm O LAquê

uma atmosfera encantadora da década de 60, com mais de 350 figurinos e 100 perucas.

O espetáculo é composto por 31 atores, canto-res e bailarinos selecionados entre mais de 2.000 candidatos de diversas localidades do Brasil e uma equipe que envolve diariamente o trabalho de mais de 100 profissionais. Entre os nomes envolvidos na montagem brasileira estão os consagrados Marcelo Pies e Maneco Quinderé responsáveis, respectiva-mente, pelos figurinos e iluminação.

Curiosidades sobre Hairspray:- Hairspray é baseado no filme homônimo

de sucesso de John Waters, lançado em 1988. uma refilmagem foi lançada em 2007, trazendo no elenco John Travolta, Michelle Pfeiffer, Zac Effron e Christopher Walken;

- O musical estreou na Broadway em agosto de 2002, somando até novembro de 2008, cerca de 2.500 apresentações;

- Hairspray já se apresentou em teatros de Toronto, Londres, Helsinki, Tóquio, Osaka e também Joanesburgo;

- Thomas Maehan, um dos autores de Hairspray, já ganhou 3 prêmios Tony, o Oscar do teatro ame-ricano; escreve humor para a revista The New Yorker e ganhou diversos Emmys com seus seria-dos para a televisão.

* Humor – imPrOVÁVELO que é? Criado, produzido e encenado pela Cia. Barbi-xas de Humor, o espetáculo “Improvável” é um projeto de humor baseado em improvisações no qual a platéia tem fundamental importância para criação das cenas. O espe-táculo tem muita influência do programa “Whose Line is it Anyway?” (Inglaterra e EUA).

Dia: Toda quinta-feiraHorário: 21h30, duração: 70 minutosPreço: R$50,00. Classif. 14 anos.Local: Teatro TUCA, Rua Monte Alegre, 1024, Perdizes, site: www.improvavel.com.br* Drama – ABrACADABrA

Com direção de Luiz Paetow, que também atua como ator, o espetáculo aposta no elemento surpresa como ferramen-ta da experiência cênica. O título corresponde à renovação teatral presente no projeto criado por Päetow, com o intui-to de oferecer um outro caminho na dramaturgia e prin-cipalmente uma outra experiência cênica, questionando o limite do que é entendido por teatro e arte.

Dia: 01/06 a 27/06 – Sábados e Domingos Horário: Sábado, às 18h; Domingo, às 15h Preço: R$20,00.Local: Teatro Eva Herz, Avenida Paulista, 2073, Consolação, Fone: 3170-4059

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FOTOGRAFIA

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Maureen BisilliatPOR: MACÁRIO CAMPOS

Sempre que vejo ou leio referências a Jorge Amado, me

vem esta música à cabeça, feita pelo Caetano para a mini série “Tenda dos Milagres” de 1985, e esta exposição é aberta com uma série de fotos feitas na Bahia, com personagens que poderiam ter saído de seus livros.

Esta é mais uma belíssima mostra de fotos do Acervo do Instituto Moreira Sales, que hoje detém as mais impor-tantes coleções de fotografia do Brasil, proporcionada pela Fiesp/SESI, na Galeria Ruth Cardoso, na avenida Paulista.

Maureen Bisilliat é uma ir-landesa, que como muitos ou-tros artista se encantou com o nosso país e escolheu aqui viver e produzir a maior parte de seu trabalho.

SESi-SP E inStitutO mOrEirA SALLES APrESEntAm EXPOSiÇÃO DE MAUREEN BISILLIAT

Realizada pelo SESI-SP e IMS, a mostra fotográfica será aberta à visitação pública gra-tuita a partir de 2 de março.

Entre 2 de março e 4 de julho, um acervo com cerca de 200 imagens - editadas pela fotó-grafa inglesa Maureen Bisilliat com a colaboração dos curado-res do Instituto Moreira Salles (IMS) - estará exposto, gratui-tamente, na Galeria de Arte do SESI-SP. No dia 4 de março, às 18h, Maureen Bisilliat fará uma visita guia-da com os visitantes da exposição. A mos-tra Maureen Bisilliat: fotografias, com fotos do acervo Instituto Moreira Salles, ficou em cartaz no IMS-RJ até 17 de janeiro e agora chega a São Paulo mais extensa e com novidades.

Alguns ensaios ganharam novas imagens, como Pele Preta, composto por fotografias feitas quando Maureen, ainda estudante, frequentava ateliês de modelo vivo. Também ga-nhou volume a série dedi-cada aos romeiros. O público paulistano poderá conferir en-saios inéditos. Chorinho Doce, por exemplo, tem fotografias feitas em grande parte no Vale do Jequitinhonha e inspiradas nos poemas de Adélia Prado. Outros capítulos que compõem

esta exposição também tiveram começo nas obras de um autor. Ao longo de sua profissão, Maureen Bisilliat produziu equi-valências fotográficas sobre os universos de Guimarães Rosa, Jorge Amado, João Cabral de

Melo Neto, Ariano Suassuna e Euclides da Cunha. Além das referências literárias, a mostra sintetiza si-tuações vividas ao longo da carreira de Maureen, seja nas

viagens ao Japão, África e Bolívia, seja durante os anos de glória no fotojornalismo, com os ensaios Caranguejeiras, Mangueira e China.

Na série dedicada ao xingu, os visitantes da mostra pode-rão ver uma canoa, com seis metros de comprimento, pro-duzida de acordo com a tra-dição indígena. Além disso, durante toda a mostra, have-rá a projeção de xingu/Terra, documentário feito na década de 1980 por Maureen Bisilliat e Lúcio Kodato, rodado na aldeia mehinaku, no Alto do xingu.

O objetivo da exposição, que tem curadoria de Sergio Burgi, é realizar uma leitura simultânea entre a produção

Maureen Bisilliat é uma profissional da fotografia que transforma fotos d o c u m e n t a i s em obra de arte.

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FOTOGRAFIA

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fotográfica e a produção editorial de Maureen Bisilliat, revelando tanto a fotógrafa como a editora de imagens e textos reunidos nas diversas publicações que produ-ziu. Por isso, haverá na mostra um espaço dedicado ao processo gráfico e de concepção intelectual de Maureen, reunindo, além das suas publicações, grande parte do material que serviu de base para sua criação: correspondên-cias com Jorge Amado, con-versas com Guimarães Rosa, recortes de jornais, provas de gráfica e fotografias.

Também será inédita a sala voltada à variada produção artís-tica da fotógrafa, marcada princi-palmente após a década de 1970, com referências à extinta galeria O Bode, dedicada à divulgação da arte popular brasileira; ao seu trabalho como curadora no Pavilhão da Criatividade, no Memorial da América Latina; e à sua atuação em projetos sociais ligados à produção au-diovisual, em parceria com a filha Sophia Bisilliat.

Sobre a fotógrafa

Sheila Maureen Bisilliat nas-ceu em Englefieldgreen, Surrey, Inglaterra, em 1931. Estudou pintura com André Lothe em Paris (1955) e no Art Students League em Nova York (1957) antes de se fixar definitivamente no Brasil em 1957, na cidade de São Paulo. Trabalhou para a Editora Abril

entre 1964 e 1972, fotografando para várias publicações, das quais destaca-se a revista Realidade.

É autora de livros de fotogra-fia inspirados em obras de gran-des escritores brasileiros, como A João Guimarães Rosa, em 1966; Sertões – Luz e trevas, de 1983, baseado no clássico de Euclides da Cunha (1866-1909); O cão sem plumas, de 1984, referencia-do no poema de mesmo título de João Cabral de Melo Neto (1920-1999), e Bahia amada amado, de 1996, com seleção de textos de Jorge Amado (1912-2001).

Em 1985, expõe em sala espe-cial na 18ª Bienal Internacional de São Paulo um ensaio fotográfico inspirado no livro O turista apren-diz, de Mário de Andrade (1893-1945). Ela produziu, ainda, xingu – Território tribal (1979) e Terras do rio São Francisco (1985). A partir da década de 1980, dedi-cou-se ao trabalho em vídeo, com destaque para Xingu/terra, docu-mentário de longa-metragem ro-dado com Lúcio Kodato na aldeia mehinaku, no Alto xingu.

Recebeu bolsa da John Simon Guggenheim Foundation, Estados Unidos (1970), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (1981 /1987), da Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo (1984/1987) e da Japan Foundation (1987). Formou o acervo de arte popular do Pavilhão da Criatividade do Memorial da América Latina, São Paulo,

o qual dirige desde 1988. Ela ob-teve o prêmio de Melhor Fotógrafo da Associação dos Críticos de Arte de São Paulo (1987).

Em dezembro de 2003, sua obra fotográfica comple- ta, composta por cerca de 16 mil imagens - fotografias, ne-gativos preto e branco e cro-mos coloridos, nos formatos 35 mm e 6 x 6 cm - foi incor-porada ao acervo fotográfico do Instituto Moreira Salles.

EXPOSiÇÃO MAUREEN BISILLIAT: fOtOgrAfiAS

Vernissage: dia 1º de março de 2010, às 19h –

fechada para convidados

Local: Galeria de Arte do SESI-SP - Av. Paulista, 1313 – metrô Trianon-Masp

Exposição: de 2 de março a 4 de julho de 2010

Horários de visitação: segunda-feira, das 11h às 20h; de terça-feira a sábado, das 10h às 20h; e domingo, das 10h às 19h.

informações: (11) 3146-7405 / 3146-7406 / www.sesisp.org.br/centrocultural Entrada: franca

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CAPA

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OS nÚmErOS DA inDÚStriA

No primeiro semestre de 2010 a indús-tria cinematográfica viveu uma experiência ímpar, o longa-metragem Avatar, do cineas-ta James Cameron, tornou-se o filme mais bem sucedido da história do cinema, arre-cadando, segundo informações do site R7, cerca de R$ 4,7 bilhões.

Porém nem só de altas vive o cinema, nos últimos anos a pirataria tornou-se um obstácu-lo a ser superado. Segunda matéria publicada na revista Super Interessante, edição de junho de 2008, o número de espectadores que vão as salas de cinema teve grande retração.

A produção de Avatar não bateu somente o recorde de bilheteria, também foi o filme mais pirateado na internet, até o momen-to. Estima-se que 980 mil pessoas tenham baixado o longa-metragem via torrents em pouco mais de uma semana.

Em aspectos gerais a indústria do cine-ma se mantém sob bases econômicas que

A INDÚSTRIACINEMATOGRÁFICA

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A pirataria na internet configura-se como um preocupante problema

para a indústria cinematográfica. Os estúdios de cinema calcu-

lam em milhões os prejuízos causados pela pirataria de filmes na internet e por cópias de DVDs falsificados. Casos como o vazamento de longa-metragens para a rede mundial de computadores, antes mesmo da estréia dos filmes nas salas de cinemas, tornam-se cada vez mais recorrentes. Em um contexto de intensas transformações e evolução constante das tecnologias de comunicação, as grandes produtoras cinematográficas têm buscado alternativas de combate a pirataria.

Cena do filme Avatar

POR CARLOS ERIC FONSECA CRUZ

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Page 11: Revista Sp Cult

CAPA

10 SP CULT 11SP CULT

envolvem a produção de filmes, sua distribui-ção e comercialização de produtos atrelados a marca dos filmes, incluindo-se vendas de DVDs, CDs de trilha sonora e muito mais.

Com a pirataria dos filmes, tanto na rede mundial de computadores quanto na venda de DVDs falsos, os estúdios e produtoras deixam de arrecadar o lucro estimado de vendas, em alguns casos chegando a ter prejuízos com as produções. Esta diminuição dos lucros, atrela-da a pirataria, é responsável desde a redução do valor dos cachês pagos aos atores, até a di-minuição na contratação de novos profissionais e a geração de emprego.

Para se ter uma idéia do peso da pirataria na internet, em 2003 a AT&T, empresa da área de te-lecomunicações, desenvolveu um estudo concluin-do que 95% dos longa-metragens produzidos por Hollywood, no período, já estavam nos cabos da rede mundial de computadores, prontos para serem gravados em DVDs e comercializados por ambulan-tes, muitos dos filmes, pirateados antes mesmo de suas estréias nas telonas.

A PirAtAriA nA intErnEt – tOrrEntS E A ViOLAÇÃO DOS DirEitOS AutOrAiS.

A quem defenda os benefícios que os down- loads através de torrents trazem para os usu-ários. Para alguns, este meio proporciona eco-nomia no uso de banda larga, para outros, possibilita disponibilizar grandes arquivos sem congestionamento de servidores.

Ocorre que muitos usuários acabam usando os torrentes para compartilhar material sem autorização, por exemplo, um filme que vazou para a internet pode ser compartilhado em poucos minutos, isso se dá por que os arquivos são disponibilizados em comunidades acessadas por milhões de internautas em todo o mundo.

Na ponta deste problema as empresas que trabalham com a tecnologia de torrents se defendem responsabilizando os usuários pelo material compartilhado. Há diversos “Clientes”, como são conhecidos os sites de comparti-lhamento, entre eles, BitTorrent , o µTorrent, o BitComet e o Azureus.

um exemplo recente de pirataria de filmes na internet é caso do filme X-Men Origens: Wolverine, do cineasta Gavin Hood, segundo in-formações do site de notícias G1, o longa-metra-gem estaria disponível para download, através de compartilhamento de arquivos em diversos sites. Especula-se que o filme tenha sido baixado por mais de 75 mil internautas.

A LEi DE PrOPriEDADE intELECtuAL

A Organização Mundial de Propriedade Intelectual - OMPI é uma organização consti-tuida por 180 países membros. É responsável pela proteção da propriedade intelectual, bem como, pela administração dos diversos acordos multilaterais que tratam sobre assuntos legais e administrativos da propriedade intelectual.

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Cena do filme X-Men Origens: Wolverine

Produto pirata pronto para venda

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CAPA

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A OMPI é uma organização internacional conhecida e tem como objetivo principal, proteger os direitos dos criadores e titulares da propriedade intelectual em âmbito global e, conseqüentemente, contribuir para que se reconheça e recompense o talento dos in-ventores, autores e artistas.

Na constituição brasileira, o direito a propriedade intelectual é regida pelas leis 9.279/96 (Marcas e Patentes), 9.456/97 (Cultivares), 9.609/98 (Software) e 9.610/98 (Direitos Autorais), bem como, por tratados internacionais, tais como a Convenções de Berna, sobre Direitos Autorais, e de Paris, sobre Propriedade Industrial, entre outros.

OS nÚmErOS DA PirAtAriAnA intErnEt

Segundo a ASSOCIAçãO ANTIPIRATARIA CINEMA MÚSICA – APCM, “Pirataria é a apro-priação, reprodução e utilização de obras (es-critas, musicais ou audiovisuais) protegidas por direitos autorais, sem devida autorização. Ela pode acontecer de diferentes formas, desde a compra de CDs e DVDs falsificados, até o do-wnload de arquivos pela internet. Independente

dos meios, a pirataria é qualificada como crime, e é punida como tal.”

Registros diários da APCM dão cabo de que foram retirados do comércio ilegal no Brasil 45.538.802 de CDs, DVDs piratas e virgens durante o ano de 2009, 10,66% a mais com-parados aos dados coletados no mesmo perío-do do ano anterior.

Até 2009 foram realizadas 3.371 ações, com o apoio da APCM, em combate à pirataria. Foi observado o aumento de apreensões de DVDs de filmes, número que ultrapassa 13 milhões de unidades, 48,08% a mais que o ano ante-rior quando foram retirados do mercado clan-destino 8.808.936 mídias.

Outro dado de grande importância é o au-mento no número de pessoas condenadas por violação de direito autoral, crime disposto no art. 184 e parágrafos do Código Penal Brasileiro, em 2009 foram registradas 254 condenações em todo o País, 30% aumento de 30% comparado ao mesmo período do ano anterior.

As ações da APCM de combate a pirataria na internet mostram que em 2009, foram so-licitadas as retiradas de mais de 1.262.710 links de filmes e músicas, 169,03% a mais que 2008. Através do monitoramento de sites de compartilhamento e de denúncias, foram retirados pelos provedores 55.384 conteú-dos ilegais disponibilizados por meio de sites de torrents (P2P), 382.216 blogs, 15.865 postagens em fóruns de redes sociais, todos disponibilizando conteúdos ilegais disponí-vel para download.

O ministério de Justiça do Brasil também está engajado nesta luta, através da secretaria de combate a pirataria, mantém constante diá-logo como setor audiovisual brasileiro, o objeti-vo é coibir a pirataria e incentivar o crescimento do setor cinematográfico no país. O Ministério da Justiça planeja diversas ações envolvendo o governo federal e a classe cinematográfica, tais como, campanhas educativas e operações de confiscação de material pirateado.

Em reunião de 28 de setembro de 2009, entre o presidente do Conselho Nacional de Combate à Pirataria (CNCP), Luiz Paulo Barreto e cineas-tas e produtores na sede da Agência Nacional de Cinema (Ancine), no Rio de Janeiro, foi levantada a questão da pirataria no Brasil e as intenções são de adotar procedimentos preventivos desde o início da produção do filme por parte das pro-dutoras, como o controle do acesso às cópias. Segundo a produtora cinematográfica Paula Barreto, filha do cineasta Luís Carlos Barreto, “as vendas de filmes nacionais chegavam a 500

Acervo de conteúdo livre da Wikimedia Foundation que pode ser utilizado por outros projetos.

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CAPA

13SP CULT12 SP CULT

mil DVDs anteriormente. Com a pirataria, o número teria caído para 25 mil”.

nOVAS tECnOLOgiAS

Na busca por alternativa contra a pirataria está o Blurey, espécie de DVD com maior capa-cidade de armazenamento de dados, tem esse nome por utilizar raio laser azul. Por ser uma tecnologia nova não sofre com a pirataria.

Outro caminho percorrido pelas produto-ras de filmes é tornar popular a compra dos filmes pela internet, Sony, Paramount, Fox, Warner, universal e Disney mantém acordo com a Apple, o objetivo é que os lançamentos dos estúdios estejam prontos para download no iTunes, no mesmo dia que o DVD for lan- çado comercialmente.

Também a tecnologia 3D, reconhecida como a mais recente revolução no cinema, contribui

no combate a pirataria dos filmes. Segundo o diretor James Cameron “Você pode piratear um filme 3D, mas não pode piratear em 3D. Você não pode engarrafar a experiência”

A tecnologia 3D ainda não pode ser pirate-ada, mesmo que um espectador entre na sala de cinema e grave o filme, quando chegar em casa e ver a gravação só vai enxergar borrões. A produção de um filme com esta tecnologia é muito cara, isso justifica a elevação dos preços médios de entrada no cinema.

Mesmo com especulações sobro o futuro do ci-nema, é muito provável que a sétima arte, como é conhecida, continue a se consolidar como uma das indústrias mais lucrativas do mundo. As cons-tantes pesquisas tecnológicas, o investimento massiço em campanhas educacionais e apreensão de produtos falsificados são ações que impedem o avanço da pirataria e possibilitam conquistar e reconquistar os espectadores.

Dados referentes ao ano de 2009 pela Federação do Comércio- RJ

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OS nÚmErOS DA PirAtAriA nA intErnEt

7% Do mercado mundial é movido pela Pirataria

90% Dos produtos piratas na web são oferecidos em sites que não tem endereço ou registro no país

46% Dos brasileiros admitem ter comprado produtos falsos em 2009

É só o que fiscais apreendem dos ítens pirateados em São Paulo

Dos brasileiros afirmam que o preço é decisivo na hora da compra pirata

94%

0,2%

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MÚSICA

14 SP CULT 15SP CULT

Black Eyed PeasMuitos anos atrás, um

americano dividiu um sonho que um

dia nossas crianças iriam se sentar na mesa da fraternida-de, que a justiça e a liberdade poderiam tocar a terra, e que um cara negro de 35 anos de calças de couro e botas com glitter poderia levar 73 mil texanos a cantar em uma só voz: “Whatcha gonna do with all that junk – all the junk in-side your trunk?”

De fato, sua visão é tão macro que ele é diferente de praticamente qualquer músico que o precede. Para Will.i.am, músicas não são trabalhos dis-cretos da arte mas aplicações multi-uso – hit singles, jingles promocionais, trailers de fil-mes – tudo servindo a um pro-pósito maior do que o consu-mo de música. Criativamente, ele não faz qualquer distinção entre escrever rimas e planos de negócios, agitando arenas e PowerPoint, produzir álbuns e as plataformas de mídia, todos esses pertencentes às exigên-cias de uma missão de unir o maior número possível de pes-soas sobre a mais ampla gama imaginável. É uma missão ele se comunicar com a combina-ção do zelo Pentecostal e os jargões do Vale do Silício, su-gerindo um híbrido de Stevie Wonder e Steve Jobs.

Na conversa, ele tem uma tendência de queda de pronun-ciamento conciso que, como

Will.i.am e a ciência da dominação POP global POR CHRIS NORRIS

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Integrantes - acima: William, Fergie e Taboo e abaixo: Apl

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MÚSICA

14 SP CULT 15SP CULT

mais difícil? Alegria. Isso porque alegria é complicada. É sombria, triste, feliz, coração partido, es-perançosa – todas essas emo-ções em uma só. O que você escuta em “I Gotta Feeling”? Pra mim aquilo é prazer. Você está mal, mas essa noite vai ser uma ótima noite. Você não consegue se sentir feliz se teve uma pés-sima semana, então você vai di-reto ao prazer.”

Ele lembra de um conselho que ele ouviu do Bono. “Bono disse, ‘Nossa música aproxima as pessoas de um jeito que você nunca pode estar: Você esta nas orelhas deles, eles nós colocam nas cabeças deles.’ Isso mudou o meu ponto de vista. Alguém conscientemente coloca você no cérebro dele. Isso é sério.”

via: PortalBEP.comObs: Recentemente, con-

vidaram grupo para tocar na Abertura da Copa do Mundo de 2010 na África do Sul.

Show em São Paulo no Estádio do Morumbi. Previsto entre Agosto e Novembro 2010.

eu sou um doutor e você fala, ‘eu só quero dançar’ eu pres-crevo isto.” Portanto, faixas ani-madas, a luz na matéria cinzen-ta e pesada. Dos críticos que impugnam sua simplicidade, o Peas dizem que essas pessoas não estão usando ‘The E.N.D.’, conforme indicado: “É como se fosse um escape” diz Fergie. “Nós queríamos que as pessoas esquecessem sobre seus proble-mas financeiros, perda de em-prego, perda de suas casas.”

Para Will.i.am, músicas são fluidos, de livre flutuação de en-tidades que funcionam em fre-quências diferentes. Em muitas dessas freqüências – como fre-quentemente o anúncio de pro-pagandas – essa função tende a trazer dinheiro. Muito mesmo. Por quase uma década os Peas foram aperfeiçoando um estilo de música que funciona perfei-tamente em comerciais.

Buscando esta estratégia, Will.i.am construiu um Black Eyed Peas que distribui uma ale-gria contagiante, um super es-petáculo e uma mensagem de paz, amor e sem ofender nin-guém. Desse jeito, aquelas são as qualidades exatas que agên-cias de publicidade procuram para vender qualquer coisa – um fato que tem destruído o limite entre a música e a propaganda enquanto a fama dos Peas con-tinuava a crescer.

Na realidade fria do mercado, da internet, da divulgação a si-nergia faz um bom trabalho de fazer o medíocre popular todos os dias. O sucesso cada vez mais raro, aquele que ganha os cora-ções e mentes de verdade, tra-balha em uma alquimia que nem Will.i.am aprendeu ainda, ele conversa sem mencionar mar-cas, padrões ou BPMs. “Qual a emoção mais fácil de se atuar?” ele pergunta. “Raiva. Qual a

suas músicas, muitas vezes vão de imbecis a brilhantes depois de ouvir repetidas vezes. Uma jornada através da mente de will.i.am segue uma trilha sinuo-sa, mas se prestar bem atenção certos temas emergem.

No papel, o Black Eyed Peas parece a pior banda que você pode imaginar: um líder cere-bral, um break dancer, um ra-pper filipino que aprendeu in-glês aos 14 anos e uma rockeira ex-viciada em metanfetaminas. Como um verdadeiro visionário, Will driblou esses déficites e tor-nou-os uma dominação mundial. “Eu vou ao Brasil e pensam que eu sou brasileiro”, diz ele. “Vou ao Panamá e pensam que sou panamenho, porque falo espa-nhol. Na Suécia? Eles gostam da Fergie. Nos a colocamos na fren-te. América do Sul? Taboo, fique na frente, seja latino! Sudeste asiático? Apl, vá! Fale filipino!”

Em 2008, will.i.am encontrou a chave final do sucesso global. Ele estava na Austrália filman-do para seu papel em x-Men Origens: Wolverine como o mu-tante teleportador John Wraith quando ele teve um daqueles momentos em que se percebe que tudo está errado: depois de pedir a alguns amigos que o levassem à um clube de hip-hop, eles disseram “Ei, o hip-hop morreu, amigo. Eletrônica.” Ele voltou irado aos Estados Unidos. “Eu voltei dizendo mú-sica dance, Jimmy [Iovine, pre-sidente da Interscope], música dance! Quem desvendar a músi-ca dance, ganha.”

Will concebeu o The E.N.D. menos como um álbum e mais como um set de DJ – inclusive contratou o DJ superstar francês David Guetta para produzir o se-gundo single, “I Gotta Feeling.” “A única razão que eu vejo para fazer um álbum é para ocupar uma hora das pessoas com uma disposição, ânimo” Will diz. “Se

SHOW

Pop rock - CAPITAL INICIAL Marca a divulgação do seu novo trabalho, o disco Das Kapital. A banda foi formada na cidade de Brasília, no início dos anos 1980, atualmente é composta por Dinho Ouro Preto, Flávio Lemos, Fê Lemos e Yves Passarel. No repertório estão músicas como Primeiros Erros, Fogo, Natasha e Música Urbana.

Dia: 12/06 – SábadoHorário: 22h Preço: R$25,00 a R$ 140,00Local: Credicard Hall, Av. das

Nações Unidas, 17.955, Santo Amaro, Fone: 2846-6010

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ANIMA MUNDI

16 SP CULT 17SP CULT

anos de anima mundi

O maior festival de animação da america latina chega a sua maioridade!

O Centro Cultural Banco do Brasil aco-lheu o projeto de ANIMA MUNDI, e assim foi criado o primeiro Festival

Internacional de filmes e vídeos de animação do Brasil, inaugurado com a ativa participação do público do Rio de Janeiro.

Em um grande panora- ma a produção brasi-leira dos anos 80 e 90, a platéia redescobriu curtas premiados e já até consagrados em território nacio-

nal e internacional.Tiveram participa-

ção destacada os filmes do Canadá, Inglaterra, Estados Unidos, Rússia e Holanda com sessões

especiais para cada país. Entre alguns dos filmes preferidos do público em

geral estavam os ingleses “Creature Comforts” de

Nick Park e “The Village” de Mark Baker; os canadenses “The Big Snit” de Richard Condie.

“Two Sisters” de Caroline Leaf. “The Lump” de John Weldon. “No Problem” de Craig Welch e “Strings” de Wendy Tilby; o russo “The Hunter” de Mikhail Aldashin; os holan-deses “Oh What a Night” de Paul Driessen e “The Characters” de Evert de Beijer; e os americanos realizados em computação

gráfica “Gas Planet” de Eric Darnell e “Tin Toy” de John Lasseter.

uma atração especial foi a Mostra de filmes do departamento de Animação Experimental da CalArts, uma das pioneiras no gênero.

Foram apresentados sete filmes infantis da série “Direitos do Coração”, desenvolvida pelo National Film Board para a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito das Crianças.

Nasceram as sessões de Curtas em Vídeo. Computação Gráfica e Portifólio, com participa-ção das produtoras Maurício de Souza. Daniel Messias e Briquet, e das estrangeiras Pixar, ILM, PDI, Rhythm & Hues, xaos, Metrolight, Mr, Film, Stargate, Hanna Barbera, Warner Brothers e MTV International.

O primeiro Workshop de Animação foi ofereci-do por César Coelho. Os par-ticipantes realizaram um filme 16mm todo em preto e branco que foi exibido somente no final do festival. David Silverman dos Simpsons apareceu para dar uma canja.

O Estúdio Aberto também nasceu com o ANIMA MUNDI. Milhares de seus participantes se encantaram com toda a graça de criar movimentos

POR ANIMA MUNDI ILUSTRADO POR GUILERME FARIAS

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ANIMA MUNDI

16 SP CULT 17SP CULT

com o zootrópio ou ainda de desenhar direta-mente em uma película no hall do CCBB.

Paralelamente ao evento, houve uma exposi-ção de originais e cenários de filmes brasileiros e estrangeiros na Funarte.

O sonho estava apenas começando!...

18 AnOS

O que você fez (ou fará) aos 18 anos? Aprendeu a dirigir? Prestou vestibular? Virou “dono do próprio nariz”? Fora as mudanças roti-neiras, fazer 18 anos envolve muitos outros ritos de passagem, e alguns deles só cada um de nós pode contar. Assim também é com um festival. Em 2010, o Anima Mundi faz 18 anos e pretende dar um festão. E uma das novidades desse ano

é que todos podem participar da programação. O que podemos garantir é que vai ser animado!

DEStAquES DE 2009

Mostras especiais - Linda Simensky, além de ser um dos destaques do ANIMA FORuM, apre-sentou uma sessão especial no festival com 4 episódios de séries de animação que inovam em tecnologia de produção, conteúdo e narrativa. Simensky é diretora sênior de programação in-fantil da TV americana Public Broadcast Service. A PBS produz séries educativas com conteúdo original e significativo dirigido a crianças em idade pré-escolar e dos primeiros anos do en-sino fundamental, destacando-se no competi- tivo ambiente da programação infantil da tele-visão norte-americana.

Vem para TV - Pilotos e episódios de recém-produzidas séries de animações brasileiras para a TV, refletindo o fortalecimento da indústria de animação nacional e seus desdobramentos em parcerias internacionais.

Grafite animado - O Grafite Animado foi cria-do por Marcio Ambrosio e Sophie Klecker, do coletivo ZZZMUTATIONS, com tecnologia e pro-gramação de André V. Perrota. Essa instalação permitiu ao público animar com grafites virtuais

em uma parede, criando dese-nhos sucessivos com um lápis de luz colorido. Cada visitante acrescentou a sua animação, criando um grande mural animado coletivo.

O quE SE PODEESPErAr Em 2010?

Durante o festival são exi-bidos vários curtas, médias e longas-metragens além de se-

riados e comerciais.O concurso internacional de animações para a

Internet com critérios específicos, o Anima Mundi Web, que é uma mostra competitiva paralela à que ocorre no Rio de Janeiro e em São Paulo, este ano o tema é 18 anos.

O Anima Mundi Celular é uma competição online para animações feitas especificamente para telefo-nes celulares, também com o tema de 18 anos.

O concurso online recebe trabalhos realizados com o programa Flash, que são exibidos no site do Anima Mundi onde os internautas podem participar da votação pela escolha da melhor animação.

O Estúdio Aberto, conjunto de oficinas livres e gratuitas que estimulam os espectadores a produzir suas próprias animações, de modo instantâneo, em sete técnicas diferentes: desenho animado (2D), zootropo, massinha, pixilation, areia, recortes e animação direta na película 35mm.

AnimA munDi 2010

Local: (ainda não definido)

Estado: São Paulo

Data: 28 julho a 1 de agosto

Mais informações no site oficial:http://www.animamundi.com.br

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CINEMA

18 SP CULT

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Príncipe da Pérsia: As Areias do Tempo

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19SP CULT

Príncipe da Pérsia:As Areias do tempo

Elenco: gemma Arterton, Jake gyllenhaal, Ben Kingsley, Alfred molina, Dave Pope, thomas DuPont

Direção: mike newell

gênero: Aventura

Distribuidora: Buena Vista

Estréia: 28/05/10

Site oficial: http://adisney.go.com/disneypictures/princeofpersia/

mas aprovou as escolhas. “Não estive diretamente envolvido na seleção do pessoal, mas adorei o elenco. O roteirista diz que Príncipe da Pérsia é um filme à moda antiga, pois é “românti-co, aventureiro e tem uma pro-dução épica que só poderia ser realizada por alguém da estatu-ra de Jerry Bruckheimer. É bem tradicional, mas é mais épico do que eu poderia imaginar”, afirma Mechner. “Adorei e espero que os jogadores (e os não-jogado-res) também adorem”.

Se você conhece um pouco de jogos, vai lembrar desse. Prince

of Persia foi um grande sucesso em meados de 1989. Para resu-mir, a idéia do game era mesclar ação com quebra-cabeças. Na história do jogo, o príncipe foi traído e jogado na masmorra. Até aí, tudo bem, O problema é que a masmorra tem 86 mil salas, 128 mil corredores, 342 mil armadilhas e aproximada-mente 1 milhão de portões que se fecham automaticamente. Essa masmorra ocupa uma área que é muito maior que qualquer cidade Persa da época, o que torna o motivo de sua constru-ção um enigma. Saíram mais duas seqüências sem muito su-cesso, até chegar a nova gera-ção de videogames. Com a che-gada de Prince of Persia: The Sands of Time, o conceito da série mudou e conseguiu captu-rar todas as mecânicas do jogo original e trouxe para a geração 3D. Devido ao grande sucesso, saiu uma seqüência chama-da de Prince of Persia: Warrior Within. Em 2005 foi lançada a ultima parte da trilogia, que foi chamada Prince of Persia: The Two Thrones. Após esse rebuliço todo, não demorou em grandes estúdios criarem interesse pela série. E quem correu e abraçou com todas as forças foi a Walt Disney. Ela comprou os direitos e já começou a produção. Com o título de Prince of Persia: The

Sands of Time, o filme conta com roteiro de Jeffrey Nachmanoff (responsável por O Dia Depois de Amanhã), baseado na obra original de Jordan Mechner.

A HiStóriA

Na história, no medieval im-pério Persa, um rei e seu filho derrotam o poderoso Maharajah e ainda seqüestram sua filha, apoderando-se de seu palácio e seus tesouros, incluindo uma ampola gigante e uma miste-riosa adaga. Prince (Charlie Clausen) não percebeu que esses dois itens podem dar ao seu dono um poder dos deu-ses, podendo controlar o pró-prio tempo. Enganado por um Vizir, que escondeu este segre-do dos outros, Prince solta as Areias do Tempo, destruindo todo o reino e transformando sua população em ferozes demônios. Apenas o Prince, o Vizir e a princesa Farah, filha seqüestra-da de Maharajah, se mantive-ram iguais. Agora cabe ao jovem Príncipe juntar todas as suas ha-bilidades e recursos e para rever-ter esta terrível situação.

SErÁ quE é BOm?

Jordan Mechner, criador do jogo e roteirista da adaptação cinematográfica Príncipe da Pérsia: As Areias do Tempo, declarou que não participou do processo de seleção do elenco,

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Cenas divulgadas do filme Príncipe da Pérsia

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LITERATURA

20 SP CULT 21SP CULT

O destino do livro impres-so está na ordem do dia. Todas as questões em

pauta - se ele vai ou não vai de-saparecer, qual a natureza das mudanças em curso, qual a futura aparência dos e-books - passam pelo território do design. Temos o privilégio (e também a angústia) de sermos a geração respon-sável pela passagem de um sistema a outro, e a magnitude cios desafios colocados é de assustar qualquer um. O histo-

riador francês Roger Chartier esteve recentemente no Brasil para

falar sobre sua especialidade, os livros. Ele diz que a revolução pela qual estamos pas-sando não é análoga à de Gutenberg, como pode parecer à primeira vista, mas à do sé-culo 2, quando o livro passou do formato de rolo para o códice - o volume de folhas do-bradas e encadernadas vigente até hoje. A rigor, Gutenberg fez uma revolução restrita ao sistema de produção do códice, imprimindo em série, com tipos móveis, os textos antes manuscritos. Essa mudança permitiu a mul-tiplicação da velocidade de produção, o bara-teamento do exemplar e, por consequência, o crescimento da difusão da cultura escrita numa escala sem precedentes. No entanto, Chartier chama a atenção para o fato de a forma do livro ter permanecido idêntica: era códice antes de Gutenberg, continuou códice depois de Gutenberg. Lá no século 2, ao con-trário, aconteceu uma mudança de suporte: do rolo de papel, caracterizado por ser uma superfície contínua, passou-se para o volume composto por folhas independentes umas das outras. Curiosamente, a rolagem de uma pá-gina na internet faz o leitor voltar a uma mo-dalidade de leitura semelhante a dos livros em rolo, com a diferença de ser vertical ao invés

O passado, o presente e o futuro do Livro

POr: CHICO HOMEM DE MELO ADG 2003

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REALIDADES AUMENTADA

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LITERATURA

20 SP CULT 21SP CULT

de horizontal. Bem, se no passado remoto o livro passou por essas mudanças, no presente temos a convivência entre o livro impresso convencional e o início da difusão do e-book. Os problemas não resolvidos pela nova tecnologia ainda são muitos, mas as possibilidades anunciadas são maiores ainda. Modalidades novas de discurso vão surgir, flutuando entre o verbal, o sonoro, o visual e o cinético. (Aliás, esse é um ponto central dessa discussão: a forma do livro implica um determi-nado modo de apre ensão de seu conteúdo. Muda a forma, muda o conteúdo, muda a relação com o leitor. Aliás, esse é um assunto que mereceria um exame à parte.)

O quE SE fALA DOS E-BOOKS

Há muitas vozes criticando os e-books. Um dos pontos negativos apontados é o fato de neles não haver o calor presente no contato com um livro impresso. Sem querer macular a aura de um belo volume enca dernado, é preciso reconhecer que usar esse argu mento para desqualificar o e-book é confundir as coisas. Comparemos com o mobili-ário. A madeira é um material com um calor aná-logo ao do livro -afinal, madeira e papel perten-cem à mesma família. A atmosfera de uma mesa de madeira deriva em parte do próprio material do qual ela é feita. No entanto, isso não nos leva à desqualificação das mesas feitas em material sintético. Móveis de madeira vão conti nuar exis-tindo, com suas características peculiares, poden-do inclusive representar o mais sofisticado design contemporâneo; no entanto, móveis de material sintético vieram para ficar. Cada um fala a uma determinada sensibilidade e é usado para produ-zir um determinado efeito. Criticar os e-books por

serem frios é cair no engano de declarar absoluta uma certa sensibilidade historicamente construí-da. Fala-se que e-books são trambolhos, pois não pode mos carregá-los debaixo do braço, levá-los no ônibus ou colocá-los no colo para ler na cama antes de dormir. Verdade provisória. Só para se ter uma idéia do futuro próximo, em abril de 2001 foi feita a apresentação em Nova York de uma “folha de papel” digitalizada - na verdade, uma lâmi-na de poucos milí metros de espessura, feita em material flexível e com as propriedades de uma tela, um produto em desenvolvimento pelo Media Lab, do MIT, nos EUA. Por essa amostra podemos adivinhar que esses atuais trambolhos poderão em breve virar objetos com uma aparência bem diferente da exibida hoje. Podemos não saber exa-tamente qual vai ser essa cara, mas não parece haver problemas intransponíveis nesse terreno.

Fala-se que os textos são lavados, não têm tratamento visual. Em outras palavras, que uma grande parcela dos textos em circulação na mídia eletrônica não têm design. Outra verdade provisó-ria. No atual estágio tecnológico, ainda há muitas situações nas quais não é possível dar aos textos o tratamento adequado, mas tudo indica que isso mudará rapidamente. O sentido geral das pesqui-sas em andamento é tornar possível a incorpora-ção crescente de recursos visuais. É forçoso lem-brar que, em vários aspectos, as mídias eletrônicas oferecerão um leque bem mais amplo de recursos quando comparadas ao livro convencional.

O quE nÃO SE fALA DOS E-BOOKS

Os reais problemas do e-book estão em outra esfera. Eles residem na natureza do suporte, ou seja, na tal passagem revolucionária de um su-porte a outro apontada por Chartier. Infelizmente, nessa esfera o cenário é bem mais preocupante. Pense mos primeiro no livro impresso. Há um certo grau de desenvolvimento tecnológico necessá-rio à sua produção, mas sua leitura é imediata, e sua guarda exige relativa mente pouca tecnologia. Quais as condições necessárias para lermos um livro? Luz, basicamente, natural ou artificial. Do ponto de vista da guarda, são necessários certos cuidados no con trole de umidade e temperatura dos ambientes, mas nada que implique em obs-táculos de grande monta. Temos livros em papel feitos há muitos e muitos séculos em bom esta-do de conservação, e acessíveis à consulta sem nenhuma dificuldade. Cada um de nós têm livros comprados há várias décadas - ou há uma déca-da, dependendo da idade do designer -, e o es-forço para consultá-los limita-se a um esticar de braço até a prateleira.

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Page 22: Revista Sp Cult

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22 SP CULT

Pensemos agora no e-book. O panorama muda por completo. Tanto a leitura quanto a guarda exigem artefatos e tecnologia bem específicos, e a coisa fica ainda mais delica-da quando consideramos a leitura após um período de guarda: até quando esse aparato tecnológico necessário para a leitura vai estar dispo nível? São questões estreitamente rela-cionadas ao cotidiano profissional do designer. O arquivamento dos nossos trabalhos é todo eletrônico. No entanto - atenção, designers e não-designers, esta pergunta ainda vai lhes causar calafrios -, por acaso sabemos quantos anos vão durar esses arquivos? Há monta nhas de documentos gerados há menos de uma déca-da aos quais não temos mais acesso. Eles não podem ser abertos, em geral por duas razões: em primeiro lugar, as mídias nas quais estão armazenados não são mais acessíveis (alguém se lembra das fitas Dat ou dos Sy-Quest?; e os computadores da Apple, que a partir do rMac sequer têm drive de disquete?); em segun-do lugar, as versões atuais dos programas não abrem arquivos feitos em versões muito anteriores desses mesmos programas. Isso é vida real: com frequência assustadora, não temos mais como recuperar trabalhos feitos há cinco anos atrás!

(Um dos mandamentos do bom designer reza que, anualmente, devemos atualizar todos os arquivos nas duas frentes citadas acima. A primeira diz respeito à mídia de armazena-gem: devemos passar todos os documentos do suporte mais antigo para o mais atual: o ano passado era Zip, este ano é CD, no próximo ano é DVD. A segunda diz respeito ao software: de-vemos abrir e re-salvar cada documento pela

versão mais recente do programa. No entanto, sejamos sinceros, quantos fazem isso?)

Voltemos à leitura, guarda e leitura pós-guarda do e-book. Que tal comprarmos um livro e, depois de cinco anos, não poder mais lê-lo, simplesmente porque o equipamento de leitura não existe mais? Muita gente já passou pela desagradável experiência de se desfa-zer de seus LPs (outros ainda os guardam em caixas, sem saber ao certo o motivo). Tudo indica não haver outra saída, a ordem do mer-cado é jogar tudo fora, e recomprar em CD. Para a indústria, esse processo é uma festa. E as nossas fitas de vídeo, vamos jogá-las todas fora, trocando-as pelos DVDs? Estamos condenados a repetir esse mesmo jogo com os e-books? A cada novo salto tecnológico - ou seja, anualmente -, joga-se tudo fora e compra-se tudo outra vez? Parece inevi tável, mas... e quanto ao que não estiver disponível para ser comprado novamente? Quem ganha e quem perde esse jogo? Esse é o problema, por exemplo, com a guarda de imagens. Fala-se em digitalização como se fosse uma pana-céia contra a umidade e o mofo dos depósitos. Mas, alguém pode dizer com segurança quan-to dura um arquivo digital? Arquivos em papel - também chamados de livros - duram 300 ou 400 anos sem grandes sofisticações de guar-da. Dá para acreditar na disponibilidade de tecnologia para abrir um CD no ano 2403? E, se houver, a imagem ainda estará lá dentro? Nessa discussão toda de passado, presente e futuro de livros impressos, e-books e arquivos eletrônicos, os designers são uma voz indis-pensável por uma razão muito simples: essas são questões de design.

Os Desafios do Designer & outros textos sobre Design Gráfico; De Chico Homem de Melo. Rosari; 97 págs., R$ 30,00.

A Questão dos Livro: Passado, presente e futuro; De Robert Dar-ton. Companhia das Letras; 232 págs., R$ 42,50.

A Ordem dos Livros (leitores, autores e bibliotecas na Europa) 2ºed.; De Roger Chartier. uNB; 232 págs., R$ 38,00.

Não contem com o Fim dos Li-vros; De umberto Eco e Jean-Claude Carrière. Record; 272 págs., R$ 39,90.

OS LiVrOS

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