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Desastre anunciado Desastre anunciado Tragédia que matou cinco pessoas no Rio Comprido poderia ser evitada. Tragédia que matou cinco pessoas no Rio Comprido poderia ser evitada. Desde 2005, população nas áreas de risco aumentou seis vezes em São José Desde 2005, população nas áreas de risco aumentou seis vezes em São José Fevereiro 2011 • Ano 1 • Número 11 R$ 7,80

Revista valeparaibano - Fevereiro 2011

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Edicao de fervereiro de 2011

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Page 1: Revista valeparaibano - Fevereiro 2011

Desastre anunciadoDesastre anunciadoTragédia que matou cinco pessoas no Rio Comprido poderia ser evitada. Tragédia que matou cinco pessoas no Rio Comprido poderia ser evitada.

Desde 2005, população nas áreas de risco aumentou seis vezes em São JoséDesde 2005, população nas áreas de risco aumentou seis vezes em São José

Fevereiro 2011 • Ano 1 • Número 11

R$ 7,80

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4 Opinião

Vamos fazera diferença?

Há anos lidamos com os problemas das enchentes e deslizamentos de terra no Vale do Paraíba. E em 2011 não foi diferente. Desta vez, São José dos Campos foi a protagonista do drama que

afeta milhares de famílias em nossa região. As fortes chu-vas do início do ano ceifaram a vida de cinco moradores do Rio Comprido, na região sul da cidade.

Foi a tragédia anunciada. Em 2005, quando a prefeitura concluiu um levantamento que apontava quantas famílias moravam em áreas sujeitas a inundações e queda de en-costas, o Rio Comprido contava com 40 moradias em situ-ação de risco. Hoje, são mais de 200. A falta de fi scalização da administração municipal para evitar novas ocupações agravou o problema.

E a situação piorou em toda a cidade. De 2005, ano do pri-meiro mandato do prefeito Eduardo Cury, para cá, o nú-mero de casas em áreas de risco foi multiplicado por seis: passou de 242 para 1.500. O cenário seria pior se o governo não tivesse transferido 950 famílias para áreas regulariza-das no último ano e meio. Mas porque demorou tanto para que as ações fossem colocadas em prática?

Falta prevenção e sobram justifi cativas. Precisamos de soluções, chega de postergar decisões. Não podemos ser soterrados pelo descaso e pela intolerância. A questão não é distribuir casas populares, mas salvar vidas. Nos últimos seis anos, o governo Cury investiu R$ 30 milhões em obras incluídas no ‘Plano Antienchente’. Não foi sufi ciente.

A solução defi nitiva seria remover as 1.500 famílias e fi s-calizar as áreas para impedir a formação de novos núcleos habitacionais próximos aos cursos d’água e encostas. O investimento será alto? Sim. Será fácil? Não. Mas vamos fazer a diferença e romper esse círculo vicioso de desas-tres. Afi nal, quanto vale uma vida?

Marcelo Clareteditor-chefe

Palavrado editor

A tiragem é auditada pela BDO

DIRETOR RESPONSÁVEL Ferdinando Salerno

DIRETORA ADMINISTRATIVA Sandra Nunes

EDITOR-CHEFE Marcelo [email protected]

EDITOR-ASSISTENTE Adriano [email protected]

EDITOR DE FOTOGRAFIA Flávio Pereirafl [email protected]

REPÓRTERES Yann Walter ([email protected]), Hernane Lélis ([email protected]),

Elaine Santos ([email protected])

DIAGRAMAÇÃO Daniel [email protected]

COLABORADORESCristina Bedendo, Franthiesco Ballerini,

Rafael Persan e Xandu Alves

COLUNISTAS Alice Lobo, Carlos Carrasco, Fabíola de Oliveira, Marco Antonio Vitti, Marcos Meirelles, Ozires Silva e Roberto Wagner de Almeida

CARTAS À REDAÇÃ[email protected]

As cartas devem ser encaminhadas com assinatura, endereço e telefone do remetente. O valeparaibano reserva-se ao direito de selecioná-las e resumi-las.

DEPARTAMENTO DE PUBLICIDADE REGIONAL Tatiana Musto e Vanessa Carvalho

[email protected] (12) 3202 4000

RIO DE JANEIRO, BRASÍLIA E SÃO PAULOEssencial Mídia

Carla Amaral, Claudia Amaral e Cristiano Correâ(11) 3834 0349

[email protected]

A revista valeparaibano é uma publicação mensal da empresa Jornal O Valeparaibano Ltda. Av. São João, 1.925, Jardim Esplanada, São José dos Campos (SP) CEP: 12242-840 Tel.: (12) 3202 4000

ASSINATURA E VENDA AVULSA Carina Montoro0800 728 1919

Segunda a sexta-feira, das 8h às 18hFAX: (12) 3909 4605

[email protected]

PARA FALAR COM A REDAÇÃO: (12) 3909 4600

EDIÇÕES ANTERIORES: 0800 728 1919

IMPRESSÃO GRÁFICA OCEANO

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5

MODAVALE EXPORTABELEZA PARA O MUNDO P62

Ensaio Fotográfi co p42Curtas p66Perfi l p74Viva a Vida p82

“O Discurso do Rei” recebeu 12 indicações, mas a “A Rede So-cial” continua sendo o favorito para ganhar os prêmios

Quem leva as estatuetas? P68

O Rio de Janeiro continua lindo P50

Geração cadeiacadeiaPresídios estão Presídios estão cada vez mais cada vez mais lotados de jovens lotados de jovens criminososcriminosos P28

ESPECIAL CHUVAS

Defesa Civil já se prepara para uma possível enchente durante o Carnaval

Previsão é de chuva forte em São Luís P16

MUNDO LIBERDADE CULTURA CINEMA

TURISMO CIDADE MARAVILHOSA

No ano passado, 53 jornalistas foram mortos no exercício profi ssional em mais de 20 países, segundo a Unesco

ProfissãoPerigo P36

ECONOMIA SALÁRIO

Segundo o Dieese, o salário mínimo para atender o básico deveria ser de R$2.227,53

Aumento com pouca representação P20

ENTREVISTA BIENAL

João Estrella, o

ex-trafi cante da

classe média P24

Desabamentos que causaram a morte de cinco pessoas no Rio Comprido, em São José, poderiam ser evitados; população em áreas de risco cresceu seis vezes desde 2005

POLÍTICA

Tragédia anunciada

CRIME

Sumário

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6

Palavradoleitor

Av. São João, 1925Jd. Esplanada, CEP 12242-840

[email protected]

www.fl ickr.com/revistavaleparaibanowww.facebook.com/revistavaleparaibano

@revistavale

DESAPARECIDOSA cada dois dias, três pessoas

somem em São José, deixando famílias desesperadas por notícias

Janeiro 2011 • Ano 1 • Número 10

R$ 7,80

A revista valeparaibano publicou repor-tagem de capa na edição anterior sobre as pessoas desaparecidas. Em São José, a cada dois dias, três pes-soas somem

ENQUETEComo você avalia a qualidade da saúde pública em São José dos Campos?

Enquetewww.valeparaibano.com.br

Foram computados 633 votosentre os dias 3 e 25 de janeiro

AMY WINEHOUSEA volta aos palcosFui um daqueles que não esperava gran-des apresentações por parte da cantora, mas que não resistiu e foi assistir. Num show de 1 hora, Amy participou 40 mi-nutos. O show valeu porque no futuro, quem esteve presente poderá dizer: “eu assisti a Amy Winehouse”, já que não se espera uma trajetória de vida muito longa por parte da cantora. Mas como fãs da boa música ainda esperamos daqui há alguns anos por um grande retorno, com uma carreira madura e novas músicas .

Rogério CostaProdutor gráfi co e músico

www.valeparaibano.com.br/soltaopause www.valeparaibano.com.br/vidanagringawww.valeparaibano.com.br/tpfwww.valeparaibano.com.br/jogorapidowww.valeparaibano.com.br/deadline www.valeparaibano.com.br/mesadoeditor

BoaRegular Ruim

COMPLETA

ParabénsFico feliz que nossa região tenha uma revista tão completa e direcionada como a valeparaibano. Há tempos merecíamos uma publicação dessa em nossa cidade. Parabéns!

Geraldo MagelaComentário via Facebook

DESAPARECIDOSObjetivaÓtima a reportagem sobre desapare-cidos. A revista é muito interessante, com linguagem objetiva, matérias com estatísticas, grande quantidade de fontes e diagramação leve.

Letícia Franco LimondreComentário via Facebook

EMOÇÃO

Merece atençãoQuero parabenizar a revista valepa-raibano pela reportagem de capa so-bre pessoas desaparecidas. Confesso que fi quei emocionada, pois o meu trabalho de conclusão de curso foi um vídeo reportagem sobre este tema. É uma triste realidade da nossa socie-dade e merece atenção da mídia.

Anne Elise SilvaJornalista

CORREÇÃOSeu cão a peso de ouroDiferentemente do publicado na edi-ção anterior, a proprietária da Dog Bakery é a empresária Camila Milani

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8 Política

A tragédia do subdesenvolvimento

Dois Pontos

OBrasil tem hoje, ofi cial-mente, 300 áreas sujeitas a inundações e 500 áreas com risco de deslizamen-tos, onde moram cinco milhões de pessoas. Nas

últimas cinco décadas, a ocupação desorde-nada das cidades deixou em situação vulne-rável uma população superior à do Uruguai.

São números que ajudam a explicar a tragédia da serra fl uminense. E a maior parcela de culpa cabe às prefeituras, responsáveis por discipli-nar a expansão urbana e impedir as invasões.

A tragédia em Nova Friburgo, Teresópolis e Petrópolis desfaz a ilusão de que estamos pres-tes a ingressar no primeiro mundo. As mais de 700 vidas destruídas por lama e água simboli-zam, da maneira mais triste possível, nossa in-capacidade de planejar cidades que valorizem o respeito ao meio ambiente e à moradia digna.

TRAGÉDIA O cenário de destruição na serra fl uminense, onde as chuvas provocaram mais de 700 mortes

Marcos MeirellesJornalista

BRANCO &PRETOAs chuvas e os políticosComo eles encaram a ação do Poder Público

“Não fi nanciamos habita-

ção em zona de risco. Não

usamos nenhum recurso

do governo federal para

incentivar as pessoas a

fazerem ocupação”

Dilma Rousseff Após visita à serra fl uminesne

“Há um conceito de per-

missividade de ocupação

de encostas. Se houvesse

um padrão rígido de ocu-

pação, teríamos vítimas

sim, mas não tantas”

Sérgio CabralVoltando de férias

“Olhamos a cidade como

um todo. Removemos 950

famílias. Infelizmente, não

temos casas sufi cientes

para remover todas as fa-

mílias das áreas de risco”

Eduardo CuryApós visitar o Rio Comprido

Quantas mortes ainda serão causadas pela omissão ou pelo estímulo à ocupação das áreas de risco?

E a morte de cinco pessoas no Rio Comprido, em São José, demonstra que este não é um problema exclusivo do Rio de Janeiro.

Quem conhece as cidades da serra fl umi-nense sabe que a ocupação desordenada das áreas de risco não se resume a um processo de favelização. Os barracos e moradias precárias estão lá, nas encostas e morros, efetivamente. Mas os mesmos prefeitos que trataram com indulgência os invasores estimularam a cons-trução de mansões e casas de campo de luxo. Este era o cenário do Vale do Cuiabá, umas das mais belas paisagens de Itaipava, até que a natureza reclamasse o seu espaço.

A presidente Dilma Rousseff (PT) observou-que a ocupação das encostas e várzeas virou regra e não, exceção. Mas até quando governo e Judiciário vão assistir passivamente a este processo, sem responsabilizar criminalmente prefeitos omissos ou que estimulam ocupa-ções? Esta é a conta do subdesenvolvimento.

Valter Campanato/ABr

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9Domingo 6Fevereiro de 2011

Marco Maia (PT-RS), presidente da Câmara,sobre o novo Có-digo Florestal

“Vamos discutir em fevereiro e votar em março, e todos os te-mas relacionados virão para o debate. Em março vamos votá-lo, para o bem ou para o mal. Mas vai ser só para o bem, né? ”

PINGUE &PONGUE

O ex-governador José Serra defende uma atuação mais vigorosa do PSDB na bancada de oposição no Congresso. Como o sr. vê esta proposta?Com certeza, precisa ser assim. Temos que construir nosso futuro e fazer esse contraponto neces-sário ao governo Dilma. Temos várias questões para acompanhar, como o trem-bala, a crise nos ae-roportos. Estamos aguardando qual vai ser a atitude da presi-dente. Até agora, vimos mais pro-paganda do que ação. O governo já enfrenta difi culdades iniciais, com o contigenciamento de ver-bas. E precisa fazer isso para que a bomba não estoure nas mãos da Dilma. Agora, sim, vamos conhe-cer o que o Lula deixou. É a crise dos aeroportos, o caso Battisti. A oposição tem que ser fi rme.

Como sr. vê a decisão da pre-sidente Dilma de postergar o debate das reformas no Con-gresso Nacional?Isso mostra que o governo Dilma está começando mal. Na campa-nha eleitoral, o discurso era outro, ouvimos a Dilma dizer que o Bra-sil precisava de ajustes, que iria fazer a reforma tributária. Ganha a eleição e muda o discurso. Esse lenga-lenga é do DNA do PT. A gente esperava uma atitude mais positiva da presidente Dilma.

Vanderlei Macris deputado federal pelo PSDB-SP

Dilma ganha tempo com o F-X2

Adecisão da presidente Dilma Rousseff de rea-valiar toda a etapa fi nal da licitação do F-X2 é uma tentativa de desfa-zer a percepção de um

jogo de cartas marcadas, alimentada pelo ex-presidente Lula durante visita de Nico-las Sarkozy ao Brasil.

O favoritismo da Dassault não mudou. Mesmo entre os autoridades da Aeronáu-tica mais céticas em relação ao Rafale, a opção pelo caça francês parece agora mais razoável do que refazer toda a logística da concorrência internacional, que se arrasta desde o governo do ex-presidente FHC.

A Dassault tem acordos de parceria com a Embraer e com a Prefeitura de São Ber-nardo do Campo, administrada por um dos mais fi éis aliados de Lula, o ex-ministro

Luiz Marinho. O Rafale ganhou a preferên-cia de outros países em disputas simulares ao F-X2, enquanto o projeto do caça da Saab continua dependendo do marketing subsidiado pelo governo sueco. A Boeing não consegue superar as restrições legais para a transferência de tecnologia ao Brasil.

Dilma promete reavaliar o F-X2 para ga-nhar tempo e convencer a opinião pública de que a melhor opção para o país é o Ra-fale. É um jogo sutil, longe do perfi l histri-ônico do ex-presidente Lula. No fi nal das contas, no entanto, a Aeronáutica terá que administrar as vantagens e desvantagens do supersônico francês.

Para a região, as oportunidades não mu-dam, apesar de um certo discurso provin-ciano que estimula uma disputa fantasiosa entre os municípios e Estados pelos inves-timentos do F-X2. São José é o maior polo aeronáutico do país e não fi cará de fora do aporte de recursos da concorrência da FAB.

O governo francês diz que Dilma deve decidir sobre os jatos em um prazo de três meses. O cronograma parece bem adequado aos interesses do novo governo.

Um jogo perigoso para Emanuel

O secretário Emanuel Fernandes (PSDB) comanda o comitê que tem a obrigação de organizar a Copa de 2014, em São Paulo. O ex-prefeito de São José terá menos de quatro anos para viabilizar um estádio para abertura da Copa e investimentos em infraestrutura para que o Estado não faça feio no maior evento esportivo do planeta. É brincar com fogo.

Passada a fase de lua de mel com o governo Alckmin, as cobranças serão enormes. Cada passo em falso, cada atraso serão tratados como falhas inadmissíveis. As obras para a Copa exigirão mais do que cálculos de enge-nharia ou projeção de gastos: Emanuel terá que demonstrar habilidade política para adminis-trar os interesses contraditórios do Ministério

dos Esportes, fi xar metas para as demais secre-tarias e conviver com os objetivos nem sempre lícitos daqueles que comandam a Fifa e a CBF.

No mundo dos cartolas, o que vale é a lingua-gem do dinheiro. Quando o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, sai de um encontro com Ge-raldo Alckmin (PSDB) sinalizando que São Paulo tem, enfi m, uma condução política po-sitiva em relação à Copa, siginifi ca dizer que o Estado se dispôs a investir –e isto parece cada vez mais inevitável em relação ao novo estádio projetado para a abertura da competição.

Emanuel difi cilmente colherá os louros de uma boa organização para a Copa do Mundo. Se tudo der certo, estádio, estrutura de trans-portes, hotéis e segurança pública, os méritos serão atribuídos a Alckmin. Se alguma coisa der errado, o chefe do comitê paulista estará entre os primeiros a serem cobrados.

De um lado, a confi ança irrestrita do governa-dor. De outro, uma prova de fi delidade política. No meio do caminho, uma pedreira enorme.

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1010

Razões de de uma tragédiauma tragédia

ERA DAS ÁGUASERA DAS ÁGUAS

PolíticaPolítica

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1111Domingo 6 Fevereiro de 2011

de uma tragédia

ÁREA DE RISCOCasas são destruídas em deslizamento de

terra no Rio Comprido, onde cinco pessoas

morreram em janeiro

Yann WalterSão José dos Campos

População em áreas de risco aumentou seis vezes em São José desde 2005; falta de fi scalização da prefeitura contribui para crescimento da ocupação em núcleos irregulares

A tragédia ocorrida mês pas-sado no Rio Comprido, na zona sul de São José dos Campos, onde cinco pes-soas morreram soterradas por um deslizamento de

encosta provocado pelas fortes chuvas, poderá se repetir em proporções muito maiores se nada for feito para conter o crescimento da população nos bairros clan-destinos localizados em áreas de risco. De 2005, ano do primeiro mandato do prefeito Eduardo Cury, para cá, o total de famílias em situação de risco foi multiplicado por mais de seis: passou de 242 para 1.500.

O número de núcleos habitacionais ir-regulares fi cou estável, apesar de a admi-nistração municipal ter esvaziado, total ou parcialmente, oito favelas nos últimos anos: eram 17 em 2005, contra 16 neste ano. Ou seja, ao passo em que as famílias eram removidas das áreas críticas, outros núcleos se formaram aproveitando-se, principalmente, da falta de fi scalização, uma falha admitida pela própria prefei-tura. Cabe frisar que a situação estaria pior se o governo Cury não tivesse transferido 950 famílias no último ano e meio.

Em novembro de 2005, quando foi publi-cado o levantamento das 242 casas em situa-ção de risco em São José, a Secretaria de Habi-tação anunciou a intenção de contratar uma empresa para elaborar o Plano Municipal de Redução de Áreas de Risco, que consistia no mapeamento e congelamento das áreas de risco para posterior remoção dos moradores.

Fotos: Flávio Pereira

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12 Política12

O projeto também previa a realização de pe-quenas obras para eliminar ou reduzir os ris-cos. À época, a prefeitura garantiu que o plano daria uma solução defi nitiva ao problema das moradias em áreas de risco.

No entanto, a enxurrada de lama que ceifou cinco vidas na madrugada de 11 de janeiro demonstrou que mais de cinco anos depois, a solução definitiva ainda não foi encontrada. Em 2005, havia 40 casas em situação de risco no Rio Com-prido. Hoje, segundo a própria prefeitura, são mais de 200. Já apontados como áreas de risco em 2005, os bairros clandestinos de Águas do Canindú, Chácaras do Ha-vaí, Chácara das Oliveiras, Buquirinha 2, Taquari e Travessa Jaguari, não foram es-vaziados até hoje, muito pelo contrário: o número de moradores em situação de risco só aumentou.

“No Buquirinha já interditamos 83 casas, 75 das quais foram demolidas. No fi m do ano passado, retiramos as 124 últimas fa-mílias do Martins Guimarães, que vai ser transformado em área de recuperação ambiental. Antes disso, realocamos 130 famílias da Orla do Paraíba”, enumerou Irene Maria Marttinen, atual secretária de Habitação de São José.

No total, a prefeitura transferiu 950 famí-lias desde 2009, entre elas, 10 do Rio Com-prido, seguindo as orientações do estudo de mapeamento de áreas de risco entregue às autoridades em 2008. Naquele estudo, o Rio Comprido aparecia apenas na nona posição do ranking dos bairros em maior situação de risco do município.

“O bairro do Rio Comprido não havia sido apontado como uma prioridade. Em uma ação pontual, interditamos 10 casas do bairro que apresentavam sérios riscos de desabamento, mas priorizamos ou-tras áreas onde o risco era, supostamente, maior, como Vila Cristina, Vila Abel, Mi-rante do Buquirinha e Matarazzo”, explicou Felício Ramuth, assessor de Planejamento e Comunicação da Prefeitura de São José.

De acordo com José Benedito da Silva, coordenador da Defesa Civil de São José, a meta para este ano é retirar mil famílias das áreas de risco. “No entanto, nossa prioridade imediata é a transferência das 200 famílias do Rio Comprido”, ressaltou. Segundo a secretária de Habitação, estas pessoas serão realocadas no Parque In-terlagos. “Mais de 520 casas estão sendo construídas, e metade delas está reser-vada para os moradores do Rio Comprido.

DESTRUIÇÃO Estragos do deslizamento no Rio Comprido; abaixo, Defesa

Civil interdita imóvel no bairro; Geraldo Luiz de Freitas, vizinho

das vítimas do soterramento

A transferência deve ser fi nalizada no fi m de março”, afi rmou. Das 16 áreas de risco em São José, a maioria fi ca na zona norte.

No aguardoGeraldo Luiz de Freitas, 58 anos, no Rio Comprido há dez, está aguardando a deci-são da prefeitura. A casa dele fi ca bem ao lado das duas que desabaram. Ele conhecia todas as vítimas. “Naquela noite, ouvi um estrondo. Acordei minha mulher e saí cor-rendo para a varanda. Vi uma montanha de terra descendo morro abaixo e derrubando tudo que havia na frente. Nunca tinha visto nada igual”, relembrou o homem, cuja casa foi interditada pela Defesa Civil. Por enquanto, a moradia está em observação. Ainda não foi marcada para ser demolida.

Enquanto sua situação não é defi nida, Ge-raldo mora na casa de um vizinho. “Já me cadastrei para receber o auxílio-moradia. Mas não quero sair daqui. Estou no Rio

Raio-X

2005

242 casas 17 áreas de risco

2011

1500 casas 16 áreas de risco

Bairros em situação

de risco em 2011:

Águas de Canindu, Chácaras do Havaí, Altos de Santana, Buquirinha, Taquari,

Chácara das Oliveiras 1, Chácara das Oliveiras 2, Costinha, Morro dos Maca-cos, Travessa Jaguari, Vila Paiva, Vila

Sinhá, Rio Comprido, Matarazzo 1, Matarazzo 2 e Matarazzo 3

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1313Domingo 6 Fevereiro de 2011

PREJUÍZOSMulher olha casa

demolida pela Defesa Civil em área de risco na Travessa Jaguari,

zona norte de São José

Comprido há dez anos. Tenho uma ven-dinha, que dá algum dinheiro. Moro numa casa boa. Pago apenas R$ 250 de aluguel. Nunca vou encontrar condições iguais em outro lugar”, lamentou.

Remover os moradores das áreas de risco é uma das maiores difi culdades da prefei-tura. Além do custo da operação, as au-toridades têm de lidar com o fato de que muitas pessoas não querem sair do lugar onde moram, apesar dos riscos. A dona de casa Izilda Sonia da Silva, que mora com outras cinco pessoas em uma casa de dois andares na Travessa Jaguari, na zona norte da cidade, é uma delas.

“A prefeitura me ofereceu uma casa de dois quartos no bairro de Boavista. Somos seis pessoas aqui dentro, mais três cachor-ros. Disse que iria se me dessem duas casas, mas eles negaram porque somos só uma família. Eles só dão duas casas para duas famílias, ou então para uma de no mínimo 10 pessoas. Então, recusei”, explicou Izilda, apontando para a moradia ao lado.

“Esta aqui já está sendo demolida pela De-fesa Civil. Minha cunhada e minha sogra, que moravam ali com suas famílias, ganha-ram duas casas em Boavista. Mas as duas famílias têm seis pessoas no total”, recla-mou. A Travessa Jaguari, que tinha apenas cinco casas em situação de risco em 2005, aparecia na sétima posição da relação dos bairros mais perigosos do município entre-gue à prefeitura em 2008.

E quando os moradores não querem sair, a única opção é acionar a Justiça. De acordo com Felício Ramuth, as autorizações para demolir as casas levam anos para serem aprovadas. Um caso emblemático é o da Vila Corintinha, na região central, onde uma senhora de 85 anos morreu afogada em sua casa quando o córrego Cambuí trans-bordou, em janeiro de 2008. Desde então, apesar da tragédia, todos os moradores ainda não foram transferidos. “Muitas fa-mílias não quiseram sair. Os processos es-tão correndo na Justiça”, disse a secretária de Habitação. Depois da morte da idosa, o município investiu pouco mais de R$ 25 mil na construção de uma galeria de águas plu-viais na Vila Corintinha.

ObrasEntre 2005 e 2010, segundo levantamento da prefeitura, pouco menos de R$ 30 mi-lhões foram investidos em diversas obras incluídas no ‘Plano Antienchente’ de São José. Só em 2009, foram mais de R$ 11,5 mi-

Hoje, não é possível determinar com pre-cisão o bairro que será atingido por um temporal, ou a quantidade de chuva que vai cair. De acordo com Marcelo Seluchi, pesquisador do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), a ciência mete-orológica atual não permite a emissão de alertas com este grau de precisão. “O Inpe enviou um primeiro alerta à Defesa Civil no dia 7 (quatro dias antes da tragédia) mencionando a possibilidade de chuvas intensas na região serrana do Rio de Janeiro, em algumas áreas de São Paulo e no sul de Minas. Não é possível emitir alertas específi cos para

“As previsões nunca serão 100% confi áveis”

cada bairro. Além disso, também temos difi culdades para medir a quantidade de chuva que vai cair”, explicou, ressaltando que se trata de uma limitação mundial. A tendência, porém, é que as previsões fi -quem cada vez mais precisas, graças prin-cipalmente ao novo supercomputador do Inpe, um Tupã capaz de fazer 258 trilhões de cálculos por segundo e que começou a funcionar no início do ano em Cachoeira Paulista. A máquina, que custou 50 mi-lhões de reais e é uma das cinco mais rá-pidas do mundo, permitirá reduzir de 20 km2 para 5 km2 o raio de detalhamento das regiões analisadas. Entretanto, como lembrou Seluchi, as previsões meteoro-lógicas nunca serão 100% confi áveis. “É uma área que comporta uma grande parte de imprevisibilidade”, frisou.

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14 Política14

LIMPEZA Servidor remove lama em rua na Vila Corintinha, inundada em 2008

lhões. Além disso, uma obra de contenção do Rio Paraíba do Sul junto aos bairros de Vila Cristina e Jardim Ouro Preto de um valor superior a R$ 7 milhões será fi nan-ciada pelo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). “Esta foi a única obra do nosso plano antienchente aprovada pelo PAC”, destacou Ramuth.

Para salvar parte do Rio Comprido, teria sido necessário investir R$ 1,8 milhão. “En-viamos uma solicitação para o PAC neste sentido em agosto passado, mas ela foi rejeitada”, afi rmou. “No entanto, mesmo com a obra, 31 casas teriam sido interdita-das. Além disso, mesmo que nosso pedido tivesse sido aprovado, a obra não teria sido fi nalizada antes da tragédia”.

A prefeitura não faz grandes obras de in-fraestrutura em bairros clandestinos de-vido justamente ao caráter irregular dos nú-cleos, mas também por outro motivo. “Há lugares em que o único caminho possível é a remoção dos moradores. Mesmo com investimentos altíssimos, bairros como Chácaras Havaí, Buquirinha ou Chácara

das Oliveira nunca vão deixar de ser classi-fi cados como áreas de risco”, disse Ramuth.

No ano passado, a Secretaria de Obras iniciou uma obra de contenção de encosta e prolongamento de galeria de águas plu-viais de mais de R$ 1,3 milhão no Morro do Regaço, um bairro de ocupação irregular esvaziado pela prefeitura em 2007 e 2008. Segundo o assessor, a obra era necessá-ria para proteger uma dezena de casas do bairro do Ronda que corriam risco de de-sabamento, mas também duas torres de transmissão de energia, cuja queda teria afetado o abastecimento de toda a região do Vale do Paraíba.

FiscalizaçãoA remoção de pessoas é um processo caro, complicado e demorado. Para evitar este procedimento, seria preciso aumentar a fi scalização nos bairros clandestinos e im-pedir a construção de novas casas, o que cla-ramente não foi feito nestes últimos anos. Como admitiu Felício Ramuth, a fi scali-zação nestas comunidades não foi tratada

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como prioridade pela prefeitura. “Acaba-mos priorizando outras coisas”, reconhe-ceu. “Faltou efi ciência na fi scalização ao longo destes anos. Mas já estamos tomando providências. Em outubro passado, contra-tamos 50 fi scais, que estão agora em fase de treinamento. Neste momento, eles estão visitando as áreas de risco. Estes fi scais vão patrulhar diariamente nas comunidades em situação de risco para verifi car se novas casas estão sendo construídas”, anunciou.

Ramuth destacou que, além da demora da Justiça em providenciar as autorizações para demolir as moradias irregulares, ou-tros fatores incentivam a ocupação. Ele ci-tou, por exemplo, o fornecimento de água e luz aos bairros clandestinos, bem como a instalação de canalizações de esgoto. Por meio de sua assessoria de imprensa, a Sa-besp respondeu que é legalmente impedida de operar em loteamentos irregulares e que a execução de quaisquer obras localizadas em loteamentos não-regularizados, em vias não-ofi ciais ou em núcleos de favelas, so-mente é autorizada em caráter excepcional,

após o parecer jurídico da municipalidade e a aprovação do gabinete do Executivo.

Por sua vez, a EDP Bandeirante, respon-sável pelo fornecimento de energia elétrica, ressaltou que a instalação em áreas de pre-servação ambiental só é possível com a auto-rização do órgão ambiental competente. No entanto, o morador de uma área não classifi -cada como tal pode solicitar a instalação de energia, mesmo que seja em um bairro irre-gular. Basta para isso apresentar RG, CPF e a relação da carga dos equipamentos.

A fi scalização das autoridades é necessária, mas é preciso que haja também uma cons-cientização da população. Construir sua casa em encosta de morro é o mesmo que dormir abraçado com uma bomba-relógio. A tragédia é certa, só não se sabe exatamente quando ela vai ocorrer. Os deslizamentos que assolaram a região serrana do Rio de Ja-neiro no mês passado, deixando mais de 800 mortos e milhares de desabrigados, consti-tuem mais um aviso de que os edifícios er-guidos pelo homem não representam nada diante da fúria da natureza. •

CHEIA Crianças em rua alagada no bairro Buquirinha após cheia em fevereiro de 2009

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16 Política

Risco mensurado

Elaine SantosSão Luís do Paraitinga

Previsão de forte chuva em fevereiro deixa São Luís em alerta contra enchente capaz de atingir metade das casas em áreas de inundação e parte do centro histórico; prefeitura muda endereço do Carnaval

(Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos), estima-se para todo o mês de fe-vereiro 250 milímetros de chuva –30 a menos que o registrado no início do ano passado. Essa quantidade de água seria sufi ciente para elevar em até quatro metros o nível do Paraitinga.

Tal previsão meteorológica gerou mudan-ças na cidade. A prefeitura decidiu mudar o local da comemoração do Carnaval, quando 15 mil turistas são esperados por dia. Pela primeira vez, em 30 anos, a festa deixa o centro histórico e passa para uma área de 12 mil metros quadrados, próxima à rodoviá-ria –o ponto mais alto próximo do centro.

Em São Luís, há 500 casas em área con-

ERA DAS ÁGUAS

siderada de risco –os bairros Alto do Cru-zeiro e Benfi ca, sujeitos a deslizamentos de terra, e centro histórico e Vargem do Passarinho, com chances de inundações. A Defesa Civil já começou a avisar os mo-radores sobre a previsão de chuva intensa.

“Estamos monitorando esses imóveis sema-nalmente. As obras de assoreamento estão em andamento, mas não estarão prontas até o Carnaval. Essa é uma grande preocupação. Mas a população será informada com, ao menos, três dias de antecedência da possível enchente”, afi rmou o coordenador da Defesa Civil de São Luís, José Carlos Luiza Rodrigues.

“Como prevenção, estamos pedindo para

S ão Luís do Paraitinga está em alerta contra uma nova enchente capaz de atingir metade das casas em área de risco e parte do centro histó-rico, que concentra 450 casa-

rões do século 19 já castigados pela cheia do rio Paraitinga em janeiro de 2010, quando metade da população fi cou desalojada, casas e prédios foram destruídos e uma pessoa morreu.

Segundo a Somar Meteorologia e o Cptec

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que as casas à beira do Rio Paraitinga não sejam ocupadas nessa data [Carnaval]. Orientamos o turista para que antes de alugar um imóvel na cidade procure a Defesa Civil. Só assim podere-mos identifi car se o imóvel está ou não em área de risco, evitando maiores transtornos”, disse.

Rodrigues afi rmou que a previsão de cheia está baseada em estudos de medição mensal dos índices pluviométricos no Paraitinga, ti-rados dos aparelhos instalados na cabeceira do rio. São dois pluviômetros em Cunha e um em Lagoinha. “De acordo com as medições, é possível que tenhamos em fevereiro uma cheia de 3 a 4 metros do Paraitinga acima no nível normal.” A enchente atingiria 282 casas localizadas nas imediações do rio.

Eduardo Gonçalves, meteorologista da Somar Meteorologia, afi rma que a previsão de 250 milímetros de chuvas para fevereiro em São Luís tem 80% de probabilidade de acerto. “Não posso anunciar que a cidade sofrerá ou não uma nova enchente. Isso depende do quanto a De-fesa Civil e a prefeitura estão preparados para receber esse índice de chuvas”, disse.

De acordo o Cptec, a climatologia para feve-reiro indica variação de 250 a 300 milímetros de chuva. “É preciso estar atento à diferença entre climatologia e previsão. Climatologia é o que se observa nos últimos 30 anos. No caso, a climatologia para fevereiro foi baseada em dados de 1961 a 1990, esses dados são do

Inmet. Isso quer dizer que é um comporta-mento esperado dentro do período, mas que pode mudar”, disse a meteorologista Ariane Frassoni dos Santos de Mattos.

Segundo o Inpe, em janeiro de 2010 choveu de 50 a 100 milímetros acima do normal para a região. À ocasião, o nível do Rio Paraitinga au-mentou dez metros. Para este mês, a previsão de 250 milímetros de chuva é 130 milímetros maior que a registrada em fevereiro de 2010.

“Esses dados nós não podemos afi rmar que vão acontecer. Enquanto não existe um estudo fi nal, vamos trabalhar com o preventivo. Esta-mos monitorando intensamente o rio e toda área de risco da cidade. Não só as áreas propí-cias a alagamento, mas as áreas de possíveis deslizamentos”, disse a prefeita de São Luís do Paraitinga, Ana Lúcia Bilard Ficherle.

Como medida preventiva, já no início de janeiro, seis famílias que se encontravam em área de risco iminente foram transferi-das. Elas estão recebendo auxílio moradia de R$ 300, previsto em projeto de lei do Executivo. “Temos condições de deslocar todas as famílias que ainda se encontram em área de risco. Temos tempo. Estamos preparados para isso”, disse a prefeita.

São Luís tem 11 mil habitantes em 3.005 moradias. Na cheia do Paraitinga, em janeiro de 2010, 5.050 moradores fi caram desaloja-dos. Ao todo, 97 construções foram destru-

ídas pela força das águas, entre elas, a Igreja Matriz. Outras 38 casas e comércios foram atingidos, necessitando de reformas. Até hoje governo do Estado investiu R$ 180 mi-lhões em obras de recuperação e a prefeitura gastou R$ 14 milhões em prevenção.

Carnaval

Pela primeira vez em três décadas, o Carnaval de Rua de São Luís não será realizado no centro histórico. “Todo o Carnaval será isolado na área onde fica a rodoviária. Escolhemos esse local por estar fora da área de risco e ser a área mais alta próxima do centro histórico”, disse o Secre-tário de Turismo, Eduardo de Oliveira Coelho.

“O objetivo é ter um Carnaval sustentável, solidário, que respeite a nossa cultura. Além da parte cultural, estamos preocupados em também realizar o desenvolvimento econô-mico da cidade através do seu comércio, que depende do Carnaval”, disse a prefeita.

O Carnaval de São Luís vinha em uma cres-cente demanda de novos turistas. Em 2009, a cidade contabilizou 45 mil foliões por dia. Para este ano, a previsão é que esse número caia para 15 mil por dia. Para evitar congestionamento, a Secretaria de Turismo limitou a entrada de veículos até o preenchimento das 1.000 vagas da Zona Azul. Serão cobrados R$ 50 por dia de cada veículo. Os moradores vão receber um selo de identifi cação para a isenção da taxa. •

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18 Política

Ozires Silva

Ozires SilvaEngenheiro

[email protected]

Mensagem para um mundo novo repleto de oportunidades em 2011

Comparando com o que está acontecendo, nos chama-dos países emergentes, como China e Coréia do

Sul, temos de identificar diferenças entre eles e o Brasil. Chama a aten-ção, em face dos êxitos que a nova Ásia vem conseguindo, que nosso país, na América Latina, que não consegue trilhar os mesmos cami-nhos de progresso e de presença nos mercados mundiais. Tudo isso que esses países conseguiram foi fruto de planejamentos cuidado-sos e de execução dedicada. Assim, parece que cada um de nós deveria tomar um pouco do nosso tempo para refletir e imaginar alternati-vas para o nosso desenvolvimento econômico e social de forma muito mais ampla do que se conseguiu materializar até o presente.

Embora muitas notícias e comentários recentes tenham tentado nos transmi-tir que estaríamos avançando, o que, de forma limitada possa ser verdade, mas nas últimas décadas o fosso cres-ceu entre o chamado primeiro mundo e os demais países com severa punição à qualidade e às condições de sobre-vivência dos segmentos mais pobres. E, mais grave, a distância continua se ampliando. Não é o caso de construir culpas e explicações, mas o importante seria perguntarmos o que precisamos fazer. Precisamos considerar como nossa obrigação avançar, com criati-vidade, coragem e espírito inovador e contribuir para o bem comum.

Nossas vidas podem ser marcadas como sucessões de obrigações, de ações, sempre sujeitas a mudanças e a interrupções. Sofremos tropeços mais ou menos difíceis na nossa sociedade e constatamos que, infelizmente, não há fórmulas mágicas. Ao invés de desistir de tentar nos impor limites sobre o que podemos fazer, é possível transformar cada momento, principalmente aqueles que podem alterar o curso dos aconte-cimentos, em ferramentas sólidas para melhorar o nosso desempenho.

A partir do nascimento, não se tem alternativa senão envelhecer. Podemos escolher simplesmente viver ou lutar, buscando construir, criar, conviver e dis-tribuir riquezas e alegrias como produ-tos de trabalhos profícuos e dedicados.

Nós não paramos porque ficamos ve-lhos, ao contrário, nos tornamos velhos porque paramos. Há tantas pessoas ca-minhando por aí que estão mortas e nem desconfiam! Há uma grande diferença entre envelhecer e crescer. Não importa a sua idade. Parado ou não, em qualquer fase de sua vida, a cada período de 365 dias, ficamos um ano mais velho. Não se exige talento para aquele que decidiu pa-rar. Nós somos os únicos que podemos revolucionar nossas vidas e também

somos os que podemos ajudar a nós mesmo, e ao próximo.

Afinal, passar pela vida com amigos de verdade é uma experiência das mais fascinantes. No entanto, homens e mulheres podem viver ou morrer en-tre estranhos, sozinhos, sem terem tido a felicidade de experimentar uma amizade real. Em geral, cuidamos e guardamos com segurança aquilo que amamos, no entanto, por vezes e por tolices, não guardamos preciosas ami-zades, perdendo muito do que elas po-dem nos oferecer.

Após mais um ano de trabalho, fin-dado há pouco, é o momento de pen-sarmos no futuro e de como vamos moldá-lo. Devemos participar de um mutirão para a moldagem de melhores dias. Juntos, poderemos fazer muito mais do que se nos isolarmos na for-taleza da solidão. Vamos nos associar a todos os que nos acompanham e ter um grande 2011.

E que, nos horizontes sob os quais vivemos, possamos criar um mundo novo, cheio de oportunidades, sempre acreditando que o realizado com su-cesso continua a ser o que mais pode nos trazer satisfação e a sensação do dever cumprido. •

DESTINO“A partir do nascimento, não se temalternativa senão envelhecer. Podemosescolher simplesmente viver ou lutar”

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2020

Hernane LélisSão José dos Campos

SALÁRIO

Mínimonecessário

Quando perdeu o marido, vítima de pro-blemas cardíacos em 1985, a senhora, de passos curtos e mãos tremulas, recebia o equivalente a R$ 711,20 –31% a mais que o novo valor do salário mínimo. A quantia, se-gundo ela, dava para suprir as necessidades básicas da família mesmo em meio à infl a-ção da época. “Esperava um aumento maior dessa vez. Quanto mais idosa a pessoa fi ca, maiores sãos as necessidades, principal-mente com médico, transporte, remédios. É difícil viver assim”, disse.

O atual salário mínimo corresponde hoje a menos da metade do que valia na data da sua criação, em 1º de maio de 1940, segundo cálculo do Dieese (Departamento Intersin-dical de Estatística e Estudos Socioeconô-micos). Naquela época, o decreto do então presidente Getúlio Vargas instituiu 240 mil réis como o ganho mínimo, que convertido em Reais equivale a R$ 1.125 –maior até mesmo do que o piso de alguns profi ssio-nais de nível superior em início de carreira.

De lá para cá, o benefício sofreu uma série de oscilações negativas causadas principal-mente a partir de 1964, devido ao regime mi-litar que usava o salário como instrumento

I nês Ribeiro dos Santos, 76 anos, mora em uma casa simples no bairro Vila Nair, zona norte de São José dos Campos. Viúva e mãe de qua-tro fi lhos, sobrevive com uma renda mensal de um salário mínimo como

pensionista do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social). No próximo dia 7, o benefi -cio será depositado em sua conta bancária com um acréscimo de R$ 30, referente aos 5,88% de reajuste concedido pelo governo federal em dezembro do ano passado.

Os R$ 540 que vai receber serão usados para fazer a compra do mês, pagar as contas de água, luz e telefone e, se sobrar, comprará os seis remédios que toma diariamente para combater a diabetes, osteoporose e uma hérnia de disco. “Desde que o meu marido morreu, há 25 anos, vivo apenas com um salário mínimo. Agora, o valor não dá nem para comprar todos os remédios, o mais barato custa R$ 35. Dependo de ajuda para viver”, explica Inês.

Economia

Enquanto discussão diverge em dezenas de Reais, Dieese aponta que valor deveria ser de R$ 2.227,53; poder de compra dos R$ 540 corresponde a menosda metade do que valia há 70 anos, quando foi criado

Fotos Flávio Pereira

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Em 1957, salário mínimo equivalia a R$ 1.364,78, tendo o maior poder de compra em 70 anos de existência, de acordo comestudo feito pelo Dieese

1940 - R$ 1.125,00

1941 - R$ 988,11

1942 - R$ 911,51

1943 - R$ 783,90

1944 - R$ 947,84

1945 - R$ 751,61

1946 - R$ 658,95

1947 - R$ 492,10

1948 - R$ 455,95

1949 - R$ 460,32

1950 - R$ 440,30

1951 - R$ 410,26

1952 - R$ 1.094,71

1953 - R$ 904,73

1954 - R$ 774,70

1955 - R$ 1.246,75

1956 - R$ 1.041,78

1957 - R$ 1.364,78

1958 - R$ 1.214,72

1959 - R$ 1.349,92

1960 - R$ 1.040,39

1961 - R$ 1.185,22

1962 - R$ 1.087,05

1963 - R$ 978,98

1964 - R$ 1.118,27

1965 - R$ 1.001,29

1966 - R$ 810,62

1967 - R$ 784,97

1968 - R$ 775,67

1969 - R$ 745,60

1970 - R$ 767,73

1971 - R$ 729,47

1972 - R$ 730,88

1973 - R$ 657,24

1974 - R$ 587,74

1975 - R$ 662,45

1976 - R$ 661,38

1977 - R$ 676,23

1978 - R$ 725,02

1979 - R$ 731,54

1980 - R$ 732,37

1981 - R$ 728,87

1982 - R$ 760,24

1983 - R$ 712,32

1984 - R$ 637,36

1985 - R$ 711,20

1986 - R$ 562,74

1987 - R$ 369,80

1988 - R$ 387,85

1989 - R$ 391,95

1990 - R$ 264,96

1991 - R$ 344,57

1992 - R$ 366,58

1993 - R$ 363,37

1994 - R$ 285,10

1995 - R$ 285,39

1996 - R$ 266,96

1997 - R$ 266,92

1998 - R$ 275,61

1999 - R$ 280,96

2000 - R$ 293,81

2001 - R$ 327,43

2002 - R$ 328,98

2003 - R$ 328,06

2004 - R$ 339,75

2005 - R$ 364,46

2006 - R$ 422,48

2007 - R$ 438,87

2008 - R$ 448,92

2009 - R$ 478,96

2010 - R$ 510,00

2011 - R$ 540,00

A evolução do salário mínimo convertido em R$

de combate à infl ação. Tal período deixou famosa a expressão “arrocho salarial”. Hoje, a recomposição é feita com base na infl ação, mais o índice de crescimento do PIB (Pro-duto Interno Bruto) de dois anos anteriores.

“Infelizmente o atual valor não consegue suprir tudo o que a pessoa precisa. Para se ter uma ideia, em 1959, uma cesta básica com-prometia apenas 27% do salário mínimo, ou seja, dava para comprar até quatro cestas bá-sicas. Agora, em algumas capitais, é possível comprar quase duas”, disse José Maurício Soares, técnico e economista do Dieese.

O reajuste das aposentadorias e pensões do INSS vai injetar neste mês R$ 5,07 mi-lhões na economia de São José dos Cam-pos. O montante é comemorado entre os comerciantes, já que fevereiro costuma ser um mês fraco para as vendas. No entanto, quem depende do benefício reclama do reajuste percentual porque ao longo dos anos seus ganhos foram reduzidos devido aos baixos valores aplicados.

No maior município do Vale do Paraíba, 37.380 pessoas recebem até um salário mí-nimo de aposentadoria ou pensão. O grupo respondia antes do reajuste pela movimen-tação de R$ 14,3 milhões na economia de São José. Agora o montante subiu para R$ 15,1 milhões. Os mesmos benefícios serão pagos a 45.661 pessoas, que recebem valo-res superiores ao mínimo, totalizando um montante de R$ 70,7 milhões, acrescido os 6,41% de reajuste do governo.

Idalina Rodrigues de Oliveira, 72 anos, moradora da Vila Tesouro, zona leste da cidade, trabalhou durante anos como faxi-neira ganhando apenas um salário mínimo. Ela lembra que seu primeiro emprego foi em 1958, quando o rendimento mínimo pago a um trabalhador era o equivalente a R$ 1.214 –R$ 674 a mais que o ganho de hoje. Já em 1971, quando teve seu primeiro emprego com registro em carteira, o salário Fo

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PENSIONISTAIdalina Rodrigues de Oliveira, 72 anos, recebe R$ 728,87 de benefício do INSS

correspondia a R$ 729,47. Após a morte do marido, há 29 anos, teve

que abandonar o emprego para cuidar de uma filha com problemas mentais, tor-nando-se pensionista do INSS recebendo como benefício R$ 728,87. “Parei de traba-lhar para cuidar da minha fi lha, que também recebe uma pensão do INSS. Mas o dinheiro dela fi ca todo com ela, é gasto com ela. O meu vai para as despesas da casa. Não consigo en-tender porque foi caindo o valor já que tudo está fi cando mais caro”, disse Idalina.

Valor idealPelos cálculos do Dieese, o salário mínimo pago no Brasil deveria ser de R$ 2.227,53. Este valor, que leva em consideração o custo mé-dio da cesta básica calculada em dezembro de 2010, é o mínimo para atender as consi-derações presentes na Constituição no que se refere à alimentação, moradia, saúde, edu-cação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência, de acordo com o estudo coorde-nado por José Maurício Soares.

“Sabemos que não dá para chegar de uma

hora para outra. É uma estimativa apenas, mas possível de um dia acontecer. Depende do crescimento da economia, emprego, en-tre outros fatores. É difícil prever quando poderia acontecer devido à infl ação e ao PIB, nunca sabemos como fi carão ao longo dos anos”, explicou o economista.

Novo CálculoA oposição à presidente Dilma Rousseff pre-tende lançar mais um elemento no debate sobre o novo salário mínimo, defendendo o aumento para R$ 600. O valor tem dividido até a base governista, que estuda reajuste de até R$ 580. O deputado Eduardo Cunha (PMDB) pretende apresentar emenda com o valor de R$ 560, enquanto o líder do PDT e presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, vai sugerir R$ 580. A Medida Provi-sória sobre o mínimo deve ser votada logo no início da nova legislatura, neste mês. “Todo o mundo sabe que R$ 540 é um valor político a ser negociado. Se vai ser R$ 545, R$ 580 ou R$ 600 ninguém sabe. O Congresso é soberano e vai decidir”, afi rmou Cunha. •

Economia

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2323Domingo 6Fevereiro de 2011

Meio ambiente e defesa podem nortear a agência espacial no novo governo

Foi recebida com grande apoio de cientistas e po-líticos da região e de todo o país a nomeação do ma-

temático Marco Antonio Raupp para comandar a AEB (Agência Espacial Brasileira), sob a batuta do Ministério da Ciência e Tecno-logia e de seu novo ministro, Aloi-zio Mercadante. Não é por pouca coisa. Raupp tem trajetória aca-dêmica e experiência em direção de instituições científi cas como raros no Brasil. Atualmente é presidente da Sociedade Brasi-leira para o Progresso da Ciência e dirige o Parque Tecnológico de São José dos Campos, funções das quais terá que se afastar para assumir o novo desafi o.

Coordenar o programa espacial bra-sileiro por meio da AEB pode mesmo vir a ser um grande desafi o, o que apa-rentemente não o foi até o momento. Criada em fevereiro de 1994, a agência tem mostrado pouca força política e de articulação das instituições envol-vidas com o espaço, como o Inpe, o CTA e a indústria aeroespacial. Como em outros países mais avançados na área, seria função da AEB coordenar e defi nir as políticas e os programas es-paciais, no entanto os dirigentes ante-riores não demonstraram habilidade sufi ciente para tal empreendimento.

Um dos principais motivadores para a criação da agência foi de-monstrar ao mundo desenvolvido, sobretudo aos países com assento

no Conselho de Segurança da ONU, a intenção brasileira de não-militari-zação das atividades espaciais. Tanto que no mesmo ano o país aderiu ao Regime de Controle de Tecnologia de Mísseis (MTCR, na sigla em inglês). No entanto, vivemos tempos em que o desenvolvimento e o uso de satélites, assim como a capacidade de lançá-los ao espaço (foguetes), são largamente utilizados nos países que detêm essas tecnologias para garantir a segurança e a defesa de seus territórios.

A defesa do território, sobretudo em um país continental como o nosso,

pressupõe o controle de nossas ri-quezas naturais, o que é possível com o uso da tecnologia espacial. Portanto, meio ambiente e defesa po-dem justifi car largamente o fortaleci-mento da Agência Espacial Brasileira e consequentemente das instituições e da indústria aeroespacial.

O novo diretor da AEB, pelo per-fi l empreendedor e visão arrojada que já demonstrou em várias opor-tunidades, poderá elevar a agência a exercer esse papel fundamental para o desenvolvimento do pro-grama espacial brasileiro. •

Fabíola de Oliveira

AVANÇO“ Coordenar o programa espacial brasileiro por meio da AEB pode mesmo vir a ser um grande desafi o, o que aparentemente não o foi até o momento”

Fabíola de OliveiraJornalista

[email protected]

Ciência & Tecnologia

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LCZ

Entrevista>João Guilherme Estrella, considerado o maior trafi cante da zona sul do Rio de Janeiro nos anos 90, teve sua vida biografada no cinema com o fi lme “Meu nome não é Johnny”

participar em abril da retomada da Bienal do Livro, em São José dos Campos.Também conhecido como “Trafi cante do As-falto”, Estrella costumava transformar o lu-cro das drogas em viagens para Europa, onde também distribuía cocaína, e em noitadas com os amigos. Mas a farra acabou no dia 25 de outubro de 1995, quando agentes da Polí-cia Federal invadiram seu apartamento e en-contraram quase seis gramas de cocaína. No mesmo dia os telejornais noticiaram: “O po-deroso trafi cante Johnny foi preso hoje pela Polícia Federal”. A manchete incomodava, já que aquele não era seu verdadeiro nome.

Afi nal, quem é Johnny?< Johnny está quase virando um personagem. Não é um Bonnie e Clyde porque não era ladrão, mas saiu da minha esfera pessoal. Três pessoas me chamavam assim, duas eram amigas e a ou-tra não. É um nome estranho. Tinha um forne-cedor, que me chamava de Johnny, que a polícia prendeu e ele deve ter me denunciado. A polícia tinha escutas telefônicas de conversas entre a gente. Meus amigos todos não me chamavam assim, por isso estranhei quando vi no jornal dessa maneira. Em certo momento de depoi-mento ao Guilherme Fiuza, meu primo, para ele escrever o livro, comentei sobre esse assunto. Pegou como título provisório, só para constar mesmo, mas a editora gostou e até hoje está aí.

Acredita que existem muitos João Es-trella, o Jonnny, vendendo cocaína para alta sociedade ainda hoje?

< Acho que sim, sempre vai existir. É uma demanda real já que o consumo é um fato. As pessoas consomem e formam um capital de giro. Acho que não tem como fugir disso, pode mudar alguma coisa, aumentar a de-manda ou diminuir, a cocaína fi car mais fa-mosa em uma época e menos na outra, como aconteceu uma vez com o êxtase, tornando-se mais glamurizado que a cocaína. A droga sempre vai existir e pessoas se aproveitam disso para ganhar dinheiro.

Quais motivos levam um jovem de classe média, com uma família estruturada e boa educação, entrar no mundo das drogas?< Não necessariamente a família precisa estar se desmoronando ou passando por proble-mas. Mesmo em uma situação confortável em relação a esses temas, a curiosidade, as festas e amizades também podem levar a pessoa a fazer essa experiência. No meu caso foi mais essa coisa da rua, da curiosidade. Na época que comecei a experimentar minha família estava bem. Antes de começar a se desestrutu-rar eu já tinha experimentado LSD, cogume-los, maconha... O que mais? Acho que já está bom, né? A cocaína já foi mais para frente e o álcool também, eu não era de beber muito. O álcool foi lá para os 19 anos, mais para perder um pouco da timidez nos bailes de Carnaval e tal. Eu tinha bastante diálogo com a minha família, mas esse era um tema muito escon-dido, meus pais não tinham muita informa-ção sobre o assunto. Acredito que o diálogo é fundamental, eu poderia ter conversado com

“ A droga sempre vai existir e pessoas vão ganhar dinheiro”

Ele já foi um típico garoto ca-rioca, frequentou as melho-res festas da alta sociedade, conviveu com autoridades e personalidades do showbiz e, aos 28 anos, construiu um

império que lhe rendeu o título de “Barão do Pó”. O nome dele não é Johnny, é João Guilherme Estrella, maior trafi cante de drogas da zona sul do Rio de Janeiro no início dos anos 90. Hoje, a única carreira que investe é na de produtor musical, bem diferente da traçada com cartão de crédito em superfícies lisas para depois ser aspi-rada, como fazia antigamente.João Estrella começou a trafi car para fi nan-ciar o próprio vício e regar as festas que costu-mava dar em seu apartamento no Leblon com cocaína. O negócio surgiu por acaso. Foi pagar cinco gramas do pó que havia comprado de um trafi cante e saiu de lá com outras 50 gra-mas. Com os contatos que tinha na elite ca-rioca, passava a droga sem muita difi culdade, injetando em uma expressiva parcela bur-guesa a mais fi na cocaína que existia na época.“Quando os caras chegavam ao Rio de Ja-neiro com muita quantidade me ligavam. Além de distribuir eles queriam também desfazer da droga e eu fazia isso com facili-dade”, diz Estrella, que foi convidado para

Hernane LélisRio de Janeiro

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Domingo 4Abril de 2010

LEGALIZAÇÃO “ACHO QUE PODERIA USAR COCAÍNA E MA-CONHA COM REGRAS BEM DEFINIDAS, QUE RESPONSABILI-ZASSEM QUALQUER TIPO DE CONSEQUÊNCIA A TERCEIROS”

PERFIL

NOME:João Guilherme Estrella

IDADE: 49 anos

ATUAÇÃO:Produtor musical e escritor

NATURALIDADE:Rio de Janeiro- RJ

Fotos: Flávio Pereira

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MANICÔMIO “QUANDO CHEGUEI FIQUEI NUMA SALA. OS CARAS PASSAVAM E ME OLHAVAM COMO SE EU FOSSE UM PEIXE NUM AQUÁRIO”

meus pais sobre isso, mas era um dos medos. É difícil pontuar uma coisa que leva o jovem às drogas, é uma série de fatores.

Como um usuário virou o maior trafi -cante de drogas da elite do Rio de Janeiro?< Foi uma coisa muito por acaso, não houve planejamento. Nunca tinha comprado co-caína na minha vida. Nas raras vezes que usava cocaína, já que eu gostava mais de LSD, que é totalmente diferente, era quando me apresentavam. Não tinha costume de com-prar. Numa dessas vezes eu e meus amigos fazendo vaquinha, não deu certo o negócio do dinheiro e eu fi quei devendo. Quando eu fui pagar me ofereceram mais e eu falei: “Dá aí”. Fui comprar nesse dia cinco gramas e quando fui pagar peguei mais 50 gramas. De-pois passou para dois, três, cinco, seis quilos. No fi nal estava trabalhando com 15 quilos, foi o máximo que peguei.

Você tinha noção da grandiosidade do seu negócio através do volume de di-nheiro que vinha parar em suas mãos ou pela quantidade de droga?< Quinze quilos de cocaína dão um susto, você não tem lugar para guardar. Por isso, quando os caras chegavam ao Rio de Janeiro com muita quantidade me ligavam. Além de distribuir, eles queriam também desfazer da droga e eu fazia isso com facilidade. Demorei uns dois meses para vender os 15 quilos, acho que cinco quilos me renderam algo em torno de 150 mil dólares na Europa e o restante aqui. Já separadamente deu muito mais. Gastava tudo em noitada e viagens, já cheguei a faturar até US$ 1 milhão com o tráfi co.

Durante os anos em que ostentou o título de “Barão do Pó” você chegou a pensar em parar com o tráfi co?< Parar de cheirar eu parei duas vezes. Acho que fi quei seis meses sem usar. Estava pen-sando em parar antes de ser preso, ia começar a trabalhar. Não tinha reservado nenhuma grana para isso, ainda bem porque se tivesse juntado dinheiro ia ter mais tempo de cadeia, se carac-teriza uma organização maior. Parei de passar mesmo por falta de produto, pensava em parar sempre, mas não parava.

Qual foi a maior loucura que fez por causa das drogas?< Já fui da Bélgica para Holanda com quatro quilos de pó, já fui da Barra para o Leblon com 15 quilos em alta velocidade, acho que fi z vá-rias loucuras. Tomar dois ácidos e cheirar cinco

gramas de pó também é uma loucura expres-siva. Cinco não, 20 gramas.

Quando foi preso com pouco mais de cinco quilos de cocaína teve ciência de que era o fi m ou ainda acreditava que sairia tranquilamente da situação depois de um “acordo” com a polícia, como fez algumas vezes?< Pensei até em conversar, mas depois que eu vi todo o aparato que armaram para minha pri-são achei que seria impossível. Vi que eles iriam querer fazer delação premiada, uma coisa que eu não faria. Então, não ia ter jogo. O cara tava com uma arma apontada para minha cabeça enquanto eu estava deitado no chão, tentei falar alguma coisa do tipo e ele disse: “Vamos conversar sim, mas depois a gente vai ver isso”. Deu a entender o assunto delação premiada.

Comparando a corrupção policial de hoje com a que encontrou naquela época, o que mudou?< Acho que ainda existe muita corrupção. É espantoso no Rio de Janeiro, por exemplo, nego apreende de tudo, menos dinheiro, me-nos ouro. Eles invadem o Alemão e não acham um centavo, só arma e droga, nada de dinheiro. Esses caras não andam sem dinheiro não.

Como foi o período preso na cadeia e

no manicômio?< A pior lembrança é a sensação de você não poder decidir seu destino. Isso fora o calor, agressão, porradaria, ameaça de morte. Tentaram me matar três vezes e eu salvei três vidas também, parece que foi uma troca. Deus ajudou muito lá. Passei um mês e meio com um cara que cismou comigo, não me encarava, sempre com um estoque (faca improvisada nos presídios). Uma vez na galeria, vazia, sem ninguém, o cara pulou na minha frente com dois esto-ques e viu que eu também tinha um. Nessa, ele amarelou e não partiu para cima. Queria me pegar pelas costas, de frente não vinha. Achava que eu tinha pedido para transferir ele de uma cela porque roubava coisa dos outros, que eu tinha denunciado isso. Mas de qualquer forma eu não me importava, o cara era psicopata, não tinha como tirar isso da cabeça dele. Fiquei no manicômio a titulo de tratamento. Não sei se era o mais normal dos outros internos, é difícil a gente saber o que é normal. Quando eu cheguei fi quei numa sala que era meio gaiola, os ca-ras fi cavam passando e me olhando como se eu fosse um peixe dentro de um aquário. Eu guardo essas experiências com bastante carinho, pois elas são valiosas.

Tinha droga lá dentro?

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Foto divulgação

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< No manicômio rolou, mas eu não usei. Mani-cômio tinha tudo, na cadeia da Polícia Federal não tinha, era mais rígido.

É possível ressocializar alguém num am-biente prisional como existe hoje?< É difícil viu. Talvez 1% dessas pessoas, no máximo. No caso do manicômio, a galera que começa a fi car bem para sair enfrenta uma bu-rocracia tão grande que regride no tratamento. A família esquece, a Justiça esquece. Trabalhei num escritório jurídico lá dentro e conheço bem como funciona isso.

Foi justo o cumprimento de dois anos de pena depois de negociar tanta droga?< Justiça é resultado. Se o resultado deu certo, acho que está bom.

Se a pena tivesse sido maior, acredita que estaria aqui dando essa entrevista?<Não sei viu. O “se” não existe. A pena foi de quatro anos. Se eu estivesse cheirado den-tro do manicômio poderia estar lá dentro até hoje cheirando. A juíza me deu um voto de confi ança. Medida de segurança não é uma sentença exata, os dois anos que cumpri só seriam dois se eu tivesse um parecer favo-rável da perícia judicial, se não eles viram mais dois, mais dois, mais dois... Vão sendo renovado. Para conseguir perícia é uma bu-

maconha e de outras drogas ilícitas?< O que seria ideal para sociedade é a coe-rência. Se você pode tomar cachaça e existe lei para punir as consequências do consumo irresponsável, acho que poderia utilizar co-caína e maconha com regras sociais bem defi -nidas, que responsabilizasse qualquer tipo de consequência a terceiros, assim como o álcool tem. O problema é que essas leis são mal apli-cadas. Você viu o fi lho da Ciça Guimarães? Os caras saíram do túnel, atropeladores, e a polí-cia foi subornada imediatamente. Ao invés de socorrer o cara foram arrumar dinheiro. Essas coisas que precisam ter melhores defi nições. Você quer encher a cara, você pode, agora pe-gar o carro depois e sair a 150 km/h dentro de um túnel, tem que pegar 20 anos de cadeia. Ficar lá, sem esse papo de sair daqui a três anos ou ganhar liberdade provisória. O cara tem que saber que quando for tomar o porre dele, acabou. Se pegar o carro é 20 aninhos. A cocaína mata muito menos que o álcool. É legalizar, defi nir as regras, fazer com que elas sejam cumpridas. Agora, nessa corrupção é até desaconselhável sair liberando tudo.

Mantém contanto com seus antigos clientes? Como eles vivem hoje?<Olha, todo mundo que eu tive contato em relação à venda de drogas já consumiam muito antes de eu mexer com isso. Alguns pararam, alguns morreram, alguns se inter-naram, cada um tem sua história. Não me sinto responsável por nenhum deles. Fui um dos últimos a começar, nunca mexi com os jovens em relação a isso. Era uma relação dife-rente, nunca usei arma, nunca roubei, nunca negociei com menor de idade, uma situação diferente as que estamos acostumados a ver nos noticiários. A grande maioria já consumia antes de mim, me apresentava. Algumas pes-soas eu conhecia, moravam perto da minha casa, uns amigos e outros não.

João Guilherme Estrella é a prova viva de que é possível recuperar uma pessoa do mundo das drogas?<A própria pessoa tem que se recuperar. O mundo das drogas é um chavão muito usado por estadistas para gastar dinheiro e desviar a população de assuntos que ele não está con-seguindo dar conta, como saúde pública, a própria segurança, entrada de armamento no país. O Rio de Janeiro parece que está fa-zendo um trabalho razoável, mas ouvi boatos de que as armas apreendidas no Alemão já estão sendo revendidas. Não quero acreditar nisso, mas ouvi esse boato. •

rocracia enorme, tem juízes que nem sabem disso, que uma medida de segurança é isso.

O confi namento foi o principal motivo da sua mudança de vida?<Não, eu já estava com vontade de parar. Quando você tem que lutar pela sua liberdade isso se torna um assunto muito mais impor-tante, primordial que qualquer outro, qualquer cocaína, qualquer álcool, qualquer assunto que você tenha que resolver deixa de ser primeiro plano. Você está preso, não pode fazer nada. Lutar pela liberdade foi primordial.

Seu sonho de adolescente era ser músico. Hoje você trabalha como produtor musi-cal e lançou um CD próprio em 2008. Se não tivesse sido preso, acredita que esta-ria aonde agora?< Não tenho a menor ideia. Talvez tivesse pa-rado com as drogas. Não seria o homem que sou hoje, isso eu tenho certeza. Estaria incom-pleta minha estrutura. É de total importância essa minha passagem por essas instituições e conhecer esses lugares que a raça humana criou para punir a si mesma. Isso faz parte da minha maturidade, criatividade, sensibilidade no re-lacionamento com a minha família. Ser preso foi fundamental, o dinheiro não era importante.

Como você vê a questão da legalização da

TRÁFICO “GASTAVA TUDO EM NOITADA E VIAGENS. CHEGUEI A FATURAR 1 MILHÃODE DÓLARES COM O TRÁFICO DE DROGAS”

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2828 Especial

Geração cadeia

Xandu AlvesSão José dos Campos

Celas dos presídios estão cada vez mais lotadas dejovens; nas unidades prisionais do Vale do Paraíba,63% dos detentos têm menos que 29 anos de idade

“Perdi tudo por causa de um erro banal.”Hoje, aos 23 anos, cumprindo pena de cinco

anos no CRF (Centro de Ressocialização Femi-nino) de São José dos Campos, ela chora ao se lembrar da história. Lamenta ter deixado para trás os estudos universitários e a vida familiar. Diz que seus pais perderam a confiança nela, e que isso é o mais doloroso. “A lição é muito dura, a vida na cadeia é só sofrimento. É uma batalha diária pela sobrevivência e para reconquistar a confiança da família”, relata a moça, que faz ar-tesanato na penitenciária como terapia. “Quero sair daqui e recomeçar a vida do zero.”

Os presídios estão cada vez mais cheios de pessoas como Marina e Pamela: jovens, impetu-osos, inconsequentes e criminosos. O tráfico é a principal via de acesso da juventude que busca, no crime, ganhar dinheiro, status ou fugir da realidade. Por paixão ou revolta, a diversão vira ao avesso e acaba em tragédia. Outras vezes é o desespero que os leva ao mundo cão. Dados da Secretaria de Administração Penitenciária reve-lam que 63% do total de detentos nas unidades prisionais do Vale do Paraíba têm menos de 29 anos. Os jovens são 6.124 da população carce-rária de 9.722 pessoas. O índice é maior que a média estadual de 58% de presos com menos de 29 anos. Eles são 94 mil entre os 162,5 mil presos.

No Vale, as unidades mais “jovens” são a Peni-tenciária Tarcizo Leonce Pinheiro Cintra (P1 de Tremembé) e os CDPs de São José e Taubaté, com respectivamente 77,46%, 75,38% e 67,35% da população com idade inferior a 29 anos. São justamente os presídios mais lotados do Vale. Juntos, têm capacidade para abrigar 1.818 deten-tos, mas acolhem 3.804 pessoas. E é na cadeia que o jovem sente na pele a violência do mundo que entrou. “O cara chega aqui e tem que seguir as normas (da cadeia e dos presos). Ele tem que se adaptar ao meio em que vai viver”, afirma Marcelo Martins, diretor do CDP de São José.

SISTEMA PRISIONAL

Pamela* já sabe onde vai pas-sar os próximos 30 anos: na cadeia. Ela e o irmão foram presos, em 2006, pelo as-sassinato de quatro pessoas de uma mesma família, em

Embu das Artes (SP). Foram flagrados pela po-lícia tentando esconder os corpos. Agiram por ódio ou vingança? “Não tinha motivo”, confessa a moça, condenada a 76 anos de prisão, dos quais cumprirá ao menos três décadas. Ela entrou com 20 anos na cadeia e vai sair com 50. O ím-peto juvenil descontrolado selou o destino de Pamela. Aos 26 anos, cumpre pena na Peniten-ciária Feminina Santa Maria Eufrásia Pelletier, em Tremembé. “Vivo um dia de cada vez, sem pensar no futuro. Senão entro em parafuso.”

A faculdade, o trabalho na empresa do pai e a boa vida foram insuficientes para tirar Marina* do caminho das drogas. Ela não sabia que se tratava de uma estrada de mão única, que leva sempre para baixo. Aprendeu descendo a la-deira em alta velocidade. Aos 18 anos, Marina começou a usar drogas nas baladas com amigos. Mas o salário tornou-se pequeno para manter o vício. Então, ela passou a ganhar dinheiro como “mula”, transportando drogas por dinheiro, não raro escondidas no próprio corpo.

“Fiz isso uma vez por semana por mais ou menos um ano. Eram 250 gramas de drogas no meu corpo em cada transporte”, revela Ma-rina. Numa das vezes, em 2008, um minúsculo pedaço de papel alumínio num dos pacotes foi acusado pela máquina de detecção de metais do presídio. Marina foi presa por tráfico. “O mundo desabou sobre a minha cabeça”, lembra.

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Fotos: Flávio Pereira

NA PRISÃOJuliano, 20 anos, está

detido no CDP de São José por tráfi co;

jovem se envolveu com as drogas aos 12 anos e

já foi ameaçado de morte

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30 Especial

“Por mais revoltado que esteja, ou por mais di-nheiro que a família tenha, no presídio ele será igual a todos os outros.”

Ser como todos os outros é o que está ten-tando Bruno*, 19 anos, condenado a quatro anos por tráfico. Por causa do bom comportamento, ele trabalha na limpeza de alguns setores da pe-nitenciária. Fala com fluência e clareza sobre a sua vida. Admite as escolhas erradas, que o leva-ram a ser preso em 2009, e diz que quer se recu-perar. “Sempre fui uma pessoa boa e humilde. A minha ruína começou quando experimentei drogas aos 12 anos”, conta. Vendendo drogas, ele ganhava R$ 300 por dia. Dez vezes mais do que ganharia pintando paredes, seu ofício antes de entrar para o tráfico. “Criei uma ilusão. Não enxergava mais nada”, diz Bruno, acreditando que sairia ileso do mundo do crime. Ele foi preso em uma casa abandonada.

Drogas

O caminho mais curto para o crime é a droga. “A praga do mundo é a droga”, afirma Eliana Capostagno, diretora do CRF de São José. En-volver-se com entorpecentes significa chegar ao fundo do poço mais rápido do que se ima-gina. Na linguagem dos presos, a droga leva a três destinos, conhecidos como CCC: cadeia, caixão ou cadeira de rodas.

A primeira atração do adolescente é pelo con-sumo, quase sempre na escala: álcool, maconha, cocaína e crack. Os mais abastados ainda expe-rimentam LSD e ecstasy. A balada leva ao vício. O jovem precisa arrumar dinheiro para manter o consumo. Vira traficante. Como o dinheiro começa a entrar fácil e rápido, a ilusão se instala e o pseudo criminoso se sente poderoso, inde-pendente e invencível. “O aumento de jovens presos deve-se a diversas causas, como a desi-gualdade social, a falta de perspectiva de futuro, o incremento da cultura do individualismo e do consumismo”, opina Antonio Maffezoli, procurador do Estado de São Paulo e membro do grupo de trabalho de Direitos Humanos da Procuradoria Geral do Estado.

Silvana* sentiu o gosto do consumismo logo aos 16 anos, quando começou a traficar para ter acesso ao luxo. Os anos se passaram e ela acumulou dinheiro suficiente para comprar um carro e uma casa. Evoluiu na criminalidade e passou a controlar a venda de drogas para o “patrão”. Sofisticou-se a ponto de fazer tudo pelo telefone. “Ligava e mantinha as vendas sob controle. O dinheiro entrava rápido. Cheguei a ganhar R$ 2.000 por semana. Em qual emprego conseguiria o mesmo”, pergunta a moça, que foi

SEQUESTROJúlia, 24 anos, presa

em 2005 por assalto e sequestro, em São José;

jovem condenada a 17 anos cumpre pena em presídio de Tremembé

Uma mãe desesperada com o fi lho adolescente preso, acusado de as-sassinato. De um dia para o outro,

a vida de Matilde*, moradora de São José, virou pelo avesso. Em entrevista à revista valeparaibano, ela conta um pouco do drama que viveu. E faz um alerta: “Hoje eu converso com meu fi lho todos os dias. Os pais devem agir sempre assim”.

O que houve com seu fi lho?Ele tinha 15 anos e estava envolvido com uns garotos da mesma idade que não eram boas pessoas. E eles tiveram atritos com um menino também barra pesada. Tiveram a infelicidade de tentar resolver essa briga da maneira mais infantil, e acabaram matando o menino. Foi cruel o que eles fi zeram. Meu fi lho fi cou na Febem por mais de dois anos.

Como você se sentiu quando tudo isso aconteceu?

“Hoje converso com meu fi lho todo o dia”

A pior das mães. Era como se eu não tivesse chão. Fiquei muito chocada e chorei muito.

Como era a sua relação com ele?Sempre foi muito boa a nossa relação, te-mos uma família unida e nunca havia acon-tecido nenhum crime. Depois fi cou um pouco difícil, pois toda vez que eu olhava para meu fi lho, lembrava do que ele fez. Até hoje eu ainda jogo na cara dele e sem-pre vou fazer isso, pois é uma coisa que não dá pra esquecer. Mexeu muito comigo.

O que levou seu fi lho ao crime?Ele foi leviano e não pensou nas conse-quências. Eu não acredito que ele foi in-fl uenciado. Talvez tivesse faltado diálogo.

E agora, depois que ele deixou a pri-são, como está a relação de vocês?Converso com meu fi lho todos os dias e temos uma conversa aberta, sem esconder nada. Ele tem toda confi ança em mim. Acho que não fará mais nenhum tipo de crime, pois cobro muito e estou de olho.

* nome fi ctício

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presa pela Polícia Civil, que grampeou o telefone dela. Agora, diz que precisa se acostumar com o “luxo” da cadeia: sandália e sabonete. “A gente se apega a Deus quando o sofrimento bate. Não sei o dia de amanhã, quero viver o hoje”, admite.

Ameaça de morte

Foi a promessa de ganhar R$ 5.000 que conven-ceu Juliano*, 20 anos, a ser preso. Ele precisava do dinheiro para cobrir dívidas com trafican-tes. Consumia drogas desde os 12 anos e estava ameaçado de morte. Tentou simular uma ten-tativa de furto, o que lhe daria uma pena leve e garantiria a saída rápida do cárcere, mas a ação deu errada e ele acabou preso por assalto a mão armada em novembro do ano passado.

Após ser detido, sua missão era levar para dentro do CDP de São José três celulares. Os aparelhos foram colocados em um preservativo e introduzidos no corpo do rapaz. A prisão de Ju-liano virou conversa de botequim na cadeia. As tatuagens pelo corpo são as marcas que a vida tem deixado no jovem. “Tive uma infância do-lorosa. Meu pai batia em todos na minha casa”, conta, assumindo o risco que corre. “Posso ser morto a qualquer instante.”

Problemas sociais misturam-se à desestrutu-ração familiar e culminam na ebulição da vida dos adolescentes. Fase de conflitos e questio-namentos, a adolescência é próspera em criar falsas expectativas nos jovens desacostumados ao convívio equilibrado e amoroso. Faltam-lhes limites. Exageram na paixão juvenil. A psicóloga Patrícia Matta, ex-professora de Psicologia Jurí-dica da Unisal (Centro Universitário Salesiano), em Lorena, propõe um debate sobre a parcela de culpa da sociedade na influência negativa que os jovens recebem desde muito cedo.

“Também a sociedade, que é cada vez mais individualista, de consumo e imediatista, tem sua parcela de influência. O que vale a pena é a conquista do prazer, a busca pelo gozo total”, aponta a especialista. Patrícia percebe contra-dição nos limites, que também são conflitantes. Ao mesmo tempo em que se impõem restrições ao jovem, ele vê na mídia que o importante é sempre romper os limites e buscar o que se quer a todo custo. “Isso é perigoso.”

Foi a paixão por um jovem desconhecido que levou Carol* do céu ao inferno em 20 dias. Sepa-rada e com duas filhas, ela se enamorou de um rapaz que conhecera em Taubaté, onde morava com os pais. Mesmo a contragosto da mãe, en-gataram um rápido namoro. Para comemorar três semanas de relacionamento, o jovem reu-niu dois amigos e uma amiga e convidou Carol

CRIMEMeire, 24 anos, foi criada no mundo das drogas: os pais consumiam e trafi cavam; quando a mãe foi morta, ela recorreu ao tráfi co para se manter e acabou na prisão

NO ESTADO DE SÃO PAULO

162,5 milPopulação carcerária

(com menos de 29 anos): 94 milÍndice: 58%

P1 DE TREMEMBÉ

Capacidade: 538 - População: 1.292

Acréscimo: 754 - Variação: +140,14%

CDP DE TAUBATÉ

Capacidade: 768 - População: 1.620

Acréscimo: 852 - Variação: +110,93%

CDP DE SÃO JOSÉ

Capacidade: 512 - População: 892

Acréscimo: 380 - Variação: +74,21%

Presídios no Vale: 10

Capacidade: 5.695

População: 9.722

Acréscimo: 4.027

Variação: +70,71%

RAIO-X

P1 de Tremembé - Presos: 1.278

(com menos de 29 anos): 990

Índice: 77,46%

CDP de São José - Presos: 853

(com menos de 29 anos): 643Índice: 75,38%

CDP Taubaté - Presos: 1.602

(com menos de 29 anos): 1.079

Índice: 67,35%

PRESÍDIO MAIS VELHO

P2 de Tremembé - Presos: 387

(com menos de 29 anos: 98

Índice: 25,32%

NO VALE DO PARAÍBA

9.722População carcerária

(com menos de 29 anos): 6.124Índice: 63%

UNIDADES SUPERLOTADAS

POPULAÇÃO CARCERÁRIA

(24 a 26 anos): 1.736 - Índice: 17,85%

(27 a 29 anos): 1.669 - Índice: 17,16%(18 a 20 anos): 1.009 - Índice: 10,37%

(21 a 23 anos): 1.710 - Índice: 17,58%

PRESÍDIOS MAIS JOVENS

POPULAÇÃO CARCERÁRIA EM 2010

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32 Especial

para uma noite de baladas, que terminou com um taxista baleado na cabeça, roubo do carro e outro homem morto a tiros.

Carol e os demais suspeitos foram presos no dia seguinte, em outubro de 2003. Ela levava na bolsa um cheque de R$ 150 de uma das vítimas, principal prova da ligação dela com os crimes. Olhando em retrospectiva, a moça de cabelos compridos pintados de preto ainda chora de tristeza por não ter ouvido os pais e se deixado levar pela paixão desmedida. Ela tenta há seis anos apelar à Justiça para reduzir a condenação de 40 anos por duplo homicídio. Não deu certo. Hoje, aos 30 anos, Carol espera numa das celas da penitenciária de Tremembé o dia em que ganhará a liberdade, só depois de 2017. “Quero acompanhar a juventude das minhas filhas, porque a infância eu perdi”, lamenta, tentando evitar confusão. “A cadeia é um lugar agressivo.”

“Acho que a imaturidade faz os jovens comete-rem erros que os levam à prisão”, afirma Elisane Piovam, diretora substituta da penitenciária de Tremembé. “Falta de emprego, de oportuni-dade e de estrutura familiar e a sensação de ga-nhar dinheiro fácil também influenciam.”

Trabalho, oração e esperança. Essas são as “armas” de Tatiana*, 23 anos, para superar o cárcere. Ela acabou presa por causa de um amor. Casou-se aos 16 anos e descobriu, da pior maneira possível, que marido vendia drogas quando a polícia invadiu a casa e levou os dois presos, em 2008. O amor acabou naquela hora. “Ninguém está preparado para a prisão. É um impacto forte”, diz Tatiana, condenada a cinco anos. “A lição foi dura demais para mim. Meu objetivo é sair daqui e retomar a minha vida.”

“A paixão é um sentimento desgovernado, impulsivo e que não mede regras”, explica a psicóloga Maria de Fátima Ferreira, doutora em Psicologia Clínica e professora da Unitau (Uni-versidade de Taubaté). “É preciso chegar antes que uma criança se torne um prontuário mé-dico, um boletim policial, um processo judicial, um dossiê psicossocial, uma notícia de jornal ou um corpo no necrotério”, escreveu em sua tese.

Crime em família

Meire*, 24 anos, foi criada no mundo das drogas. Os pais consumiam e traficavam. A mãe foi as-sassinada. Aos 14 anos, a menina teve que cuidar do irmão menor. Onde foram buscar dinheiro? No tráfico e no roubo. Ambos foram presos e passaram pela Fundação Casa, a extinta Febem. De volta às ruas, Meire engravidou aos 19 anos e voltou ao tráfico para sobreviver. O irmão fez o mesmo. A revolta os unia. Ambos foram presos e

DROGASSilvana se envolveu com o tráfi co aos 16

anos de idade e chegou a controlar a venda

de drogas até que foi presa em São José

”Quando a família acompanha os detentos, eles têm a auto-estima mais elevada e fica mais fácil evi-tar que caiam no crime de novo”Do padre Valdir Silveira, coordenador

da Pastoral Carcerária no Estado

Especial

cumprem pena em São José. Ela tem cinco anos para tirar por tráfico. “O que me fortalece é o sofrimento. Não tenho nada. Só eu e Deus”, diz Meire, que planeja voltar a viver com a filha, que nasceu no cárcere, e com o irmão. “Ainda tenho esperança, mas sei que vai exigir muito esforço.”

De história oposta, Antônio*, 20 anos, foi preso no final de novembro vendendo drogas na região central de São José. Não tinha casa, nem parentes, nem amigos. Estava só no mundo. “Vendia droga para conseguir comer”, diz o jovem, ainda trêmulo pela crise de abstinência do crack. Os olhos injetados e o jeito de criança espantam quem conversa com ele. A primeira impressão é de desilusão com a incapacidade da sociedade em cuidar dos mais carentes. Eles estão por aí, perambulando pelas calçadas da vida. Antônio mostra-se confuso e nem sabe ao certo quando e como foi preso. Ex-morador de várias favelas, diz que sua mãe morreu na rua. Já

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passou pela Fundação Casa e agora caiu no sis-tema prisional. Fato de que ele agradece: “Um cara do meu lado morreu baleado. Eu estou vivo e preso, graças a Deus.”

Muitos especialistas consideram a prisão o lugar inadequado para a recuperação dos jovens. Eles defendem penas alternativas e de restrição de liberdade, combinadas com tratamento de saúde, psicológico e educacional, para prepará-los e motivá-los a voltar ao convívio social. Presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) de São Paulo, o advogado criminalista Luiz Flávio Borges D’Urso é uma das vozes mais críticas ao sistema prisional. “A pena de prisão é um mecanismo que faliu no mundo inteiro.”

Segundo ele, a questão dos jovens presos é um drama mundial. “Os que estão no mundo do crime não vivem muito”, aponta D’Urso, acres-centando que as causas da criminalidade juvenil são difíceis de classificar. Ele lista impunidade, drogas, pobreza e ausência de oportunidades como fatores que potencializam o crime.

Padre Valdir João Silveira, coordenador da Pastoral Carcerária do Estado de São Paulo, afirma que o afastamento da família é um dos principais motivos que levam o jovem ao crime. Quando estão presos, a família também é o elo mais forte na recuperação deles. “Eles têm a auto-estima mais elevada e é mais fácil evitar que caiam no crime de novo.”

Recair na criminalidade é o que mais ame-dronta os jovens condenados. Eles temem não ter forças para encarar a realidade das ruas quando estiverem fora da penitenciária. Aos 19 anos, presa desde o ano passado, Carolina* ainda se horroriza com a paisagem geométrica da penitenciária. As barras de ferro, os corredo-res e o pátio se tornaram o mundo dela desde que começou a se envolver com drogas. “Fumei maconha aos 11 anos. Com 14 anos, fui presa e mandada para a Febem”, lembra.

O tráfico a chamou de volta e ela obedeceu. Nesse meio tempo, engravidou de um homem de 30 anos. Foi presa levando drogas para ele na prisão. “A gente passa por humilhação. Me cha-mavam de ‘ovo recheado’. Não tem dinheiro que pague essa vida no crime.”

Parecendo uma adolescente de filmes juvenis, Gláucia*, 21 anos, casou aos 14 anos e perdeu o marido com 16. Ele foi preso. A jovem acolheu em casa uma mulher também casada com pre-sidiário. A polícia invadiu e as duas acabaram presas. Motivo: tráfico de drogas. A sensação de entrar na cadeia pela primeira vez, segundo ela, é a de ter “borboletas no estômago”. Agora, ela só pensa em voltar para a família. “Hoje penso

diferente de quando estava na droga.”Os cabelos longos e o jeito de universitária

disfarçam o passado de Júlia*, 24 anos, presa em 2005 por assalto e sequestro, em São José, junto com o pai da filha dela. A moça, que foi conde-nada a 17 anos de prisão, vê a filha uma vez por mês e não soube mais do companheiro. Tenta manter a sanidade e voltar à vida em sociedade. Sabe que não será fácil. “Me amparo na família para voltar à vida. Quero recomeçar do zero”.

Nas histórias dos jovens encarcerados, o zero é tudo o que sobra depois que a droga e o crime levam a vida deles para o esgoto. Sair de lá, nem todos conseguem. Muitos se tornam a “geração cadeia”, entrando e saindo do cárcere pelo resto da vida. Mas a esperança ainda vive e vale a pena lutar por ela. Como escreveu Carlos Drummond de Andrade: “A infância está perdida. A moci-dade está perdida. Mas a vida não se perdeu”.

* nomes fi ctícios

TRÁFICOBruno, 19 anos,

condenado por tráfi co está no CDP de S. José;

abandonou a família aos 16 para viver nas ruas e vender drogas

”Defendo formas mais autênticas de prisão. Cárcere para os perigosos e penas alternativas aos não-perigosos. A prisão é uma es-cola para o crime”De Luiz Flávio Borges D’Urso,

presidente da OAB

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3434

“Vou à Inglaterra para

ouvir uma proposta

mais concreta. E se o

contrato me persuadir,

devo acertar“Diego Maradona, sobre a proposta

do time inglês Blackburn, que pre-

tende contrata-lo como técnico

Vale, Brasil & o Mundo

“Eles podem esperar o máximo de mim. Voltei ao Brasil e vim jogar no Flamengo para dar isso”De Ronaldinho Gaúcho

ANTT quer reduzir índice de reajuste de pedágio na Dutra

A Agência Nacional de Transportes Terrestres enviará ao Tribunal de Contas da União uma nova metodologia para reduzir o índice de cálculo para futuros reajustes de pedágios da via Dutra a partir deste ano. O valor cobrado na estrada está entre os mais caros na comparação com outras rodovias federais. O preço é reajustado em agosto.O novo sistema foi aprovado em audiências públicas e deve ser sancionado pelo TCU, entrando em vigor ainda no pri-meiro semestre de 2011. A determinação do TCU para rea-valiação dos pedágios foi feita em 2007.Com as novas regras, a ANTT irá reduzir a taxa interna de retorno da concessionária NovaDutra de 20% para 8% nos novos projetos a serem implantados na rodo-via. Signifi ca que a empresa terá uma parcela menor de lucro nos investimentos que não estavam previstos no contrato de concessão, assinado em 1995.Na prática, a ANTT está aplicando no contrato da NovaDutra a atual taxa interna de retorno usada no mercado. O ganho será do usuário, que paga o pedágio e financia os investimen-tos –97% da receita da empresa vem da cobrança da tarifa.De acordo com a ANTT, a tarifa básica aplicada na es-trada é de R$ 9,20, contra R$ 1,30 na Fernão Dias, R$ 1,50 na Régis Bittencourt e R$ 3 na Transbrasiliana, também rodovias federais sob concessão.

“Pela cultura, só posso dizer que a censura ésempre lamentável”

Da ministra da Cultura, Ana de Hollanda,

sobre a decisão do governo do Irã em proibir a

publicação dos livros do escritor Paulo Coelho

Frases

A Controladoria-Geral da União informou que o go-verno federal expulsou, nos oito do governo Lula, 2.969 servidores públicos por cor-rupção. Somente em 2010, foram 521 os servidores pena-lizados por práticas ilícitas no exercício da função, um au-mento de 18,94% em relação ao ano anterior. Em 2009, 438 servidores foram expulsos do serviço público. O principal tipo de punição aplicada em 2010 também foi a demissão, com 433 casos. Foram aplica-das ainda 35 penas de cassação de aposentadoria e 53 de desti-tuição de cargo em comissão.

GOVERNO FEDERAL

2.969 servidores acabam expulsos

TRANSPORTES

O grupo separatista basco ETA pediu trégua “permanente” e “geral”, que possa ser verifi cada pela comunidade internacional. Segundo o comunicado, a medida seria um “compromisso fi rme”, com um “processo de solução defi -nitivo e com o fi m da confrontação armada”. O governo da Espanha afi rmou ofi cialmente que o anúncio não é o sufi ciente. O ETA defendia, por intermédio da luta armada, a criação de um Estado basco independente no norte da Espanha e sudoeste da França. O grupo tem sido enfraquecido pela repressão policial e pelo aumento do apoio basco à saída política.

GRUPO SEPARATISTA

ETA pede trégua “permanente e geral” na Espanha

A

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O que você faria em 40 segundos?E em 40 anos?

Nesses 40 anos, a Unimed São José dos Campos cresceu acreditando na história das pessoas. Hoje, atua em 12 cidades, com mais de 180 mil clientes, cerca de 750 médicos cooperados, 113 clínicas, 9 laboratórios e 17 hospitais conveniados, além de um hospital próprio, solidificando-se como a maior operadora de planos de saúde do Vale do Para íba e L itoral Norte. Unimed São José dos Campos 40 anos. Para quem cuida bem da saúde, 40 anos é só o começo.

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36

Yann Walter São José dos Campos

Muhammad Khan Sasoli, 36 anos, Paquistão. Luis Carlos Santiago Orozco, 21 anos, México. Luis An-tonio Chevez Hernandez, 22 anos, Honduras. Mazen

Mardan al-Baghdadi, 18 anos, Iraque. Francisco Gomes de Medeiros, 48 anos, Brasil. Estes ho-mens de idades e nacionalidades diferentes têm algo em comum: são jornalistas que foram assassinados no exercício de sua profi ssão em 2010. Foram baleados na porta de casa, saindo de seu local de trabalho ou durante uma re-

Profi ssão perigo

Mais de 53 jornalistas foram executados por motivos ligados ao trabalho em mais de 20 países no ano passado, segundo relatório divulgado pela Unesco

PROTESTO Manifestantes pedem o fi m da impunidade nos casos que apuram os assassinatos de jornalistas nas Filipinas

RISCO IMINENTE

Fotos: divulgação

portagem por desconhecidos que dispararam vários tiros, sobretudo na cabeça, com a clara intenção de matar.

De acordo com a Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), 53 jornalistas foram assassinados por algum motivo ligado à profi ssão até o dia 28 de dezembro do ano passado. A organização fran-cesa de defesa da liberdade da imprensa Repór-teres Sem Fronteiras registrou 57 para todo o ano. Já a ONG (Organização Não Governa-mental) Press Emblem Campaign publicou em seu site o número de 109 jornalistas mortos em 2010. Quase todos eram locais, ou seja, foram assassinados em seus países de origem.

As diferenças entre os dados se devem ao fato de que a ONG também contabiliza as mortes

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suspeitas, em que os profissionais também podem ter sido vítimas de crimes comuns. A Unesco e a RSF registram apenas os casos confirmados de jornalistas assassinados por causa de seu trabalho. O número de baixas é inferior ao de 2009, ano do pior massacre de profissionais da imprensa da história: no dia 23 de novembro daquele ano, em plena campanha eleitoral nas Filipinas, o exército particular do governador da província de Maguindanao, uma ilha do sul do país, armou uma emboscada para o comboio do candidato da oposição. Balanço do ataque: 60 mortos, entre eles, 30 jornalistas.

Segundo a RSF, profissionais da imprensa foram executados em 25 países em 2010. Trata-se da primeira vez em pelo menos, 15 anos que tantas nações diferentes são atingidas. Sete des-tes países se encontram no continente africano, mas as regiões mais mortíferas do mundo para os jornalistas são a Ásia, devido principalmente à explosão de violência no Paquistão, e a Amé-rica Latina. Na última década, os países mais perigosos para os profissionais da imprensa foram o Iraque, o México e o Paquistão. Junto com Honduras, estes dois últimos países ainda ocupam o topo do ranking de 2010, com pelo menos 10 casos cada um. As três nações vivem realidades distintas, embora as dos dois países da América Central apresentem semelhanças.

No México, os jornalistas –e o restante da população– vivem sob a ameaça constante dos poderosos cartéis da droga, responsáveis pela morte de 30 mil pessoas nos quatro últimos anos. Lá, os profissionais que escrevem sobre os narcotraficantes sabem que suas horas estão contadas. Em 6 de julho, Hugo Alfredo Olivera Cartas, 27 anos, publicou matéria sobre o crime organizado. Foi morto no mesmo dia. Pouco antes de deixar o jornal, ligara para a esposa, pedindo-lhe que “cuidasse bem dos filhos”.

ImpunidadeEm Honduras, o golpe de Estado de 28 de junho de 2009 criou uma situação de instabilidade política que impulsionou a violência “tradicio-nal” do crime organizado. Além disso, tanto México como Honduras são assolados pelos fl agelos da corrupção e da impunidade, um mal que, aliás, acomete a maioria dos países onde são perpetrados crimes contra os profi ssionais da imprensa: de acordo com o CPJ (Comitê de Proteção dos Jornalistas), com sede em Nova York, cerca de 90% dos assassinatos de jorna-listas permanecem impunes. “As autoridades das nações citadas têm uma responsabilidade direta na luta contra a impunidade que en-volve estes crimes. Se os governos não se es-forçam para punir os assassinos de jornalistas,

se tornam cúmplices”, acusou Jean-François Juillard, secretário-geral da RSF, em declaração publicada no site da organização.

A realidade do Paquistão é bem diferente, mas igualmente perigosa. Lá, os profi ssionais da imprensa enfrentam duas grandes ameaças: os grupos radicais islâmicos e os ataques suici-das. No Iraque, o número de vítimas voltou a aumentar em 2010 após dois anos de relativa calma. A RSF contabilizou sete mortos, con-tra quatro em 2009. Cabe ressaltar que quase todos foram assassinados após a retirada das tropas americanas, no fi m de agosto. Em 2006 e 2007, no ápice do confl ito iraquiano, a Unesco registrou, respectivamente, 29 e 33 jornalistas mortos naquele país.

“A grande maioria dos assassinatos de profi s-sionais da imprensa se deve a três elementos: os confl itos armados, os regimes totalitários e o crime organizado. O caso do México demons-tra o envolvimento cada vez maior do crime organizado nas violências perpetradas contra jornalistas. Trata-se de um problema de difícil resolução. As guerras acabam, e os ditadores são obrigados a levar em conta a pressão dos or-ganismos internacionais. Já os criminosos não se importam nem um pouco com a Unesco”, explicou Guilherme Canela Godoi, coordena-dor do setor de comunicação e informação da Unesco no Brasil. “O número de jornalistas mortos em zonas de guerra diminuiu em rela-ção aos anos anteriores. As máfi as e as milícias são os maiores matadores de jornalistas no mundo, e está cada vez mais difícil identifi car os assassinos”, destacou Juillard.

EspancamentoEm países como o Iraque, o Afeganistão, o Pa-quistão, a Índia ou a Somália, os jornalistas têm de enfrentar situações de guerra. No México, em Honduras, na Colômbia e na América La-tina de um modo geral, o maior problema é o crime organizado. Já na Rússia e na maioria dos países africanos, os profi ssionais da imprensa mais expostos são os que publicam matérias negativas sobre as autoridades. Nações como a Coreia do Norte ou Mianmar –sob tutela do re-gime militar– também entram nesta categoria, mas não aparecem nos relatórios por falta de dados. O número de jornalistas assassinados na Rússia está em baixa, mas, como lembrou Godoi, os homicídios representam apenas o lado mais extremo dos crimes cometidos con-tra os profi ssionais da imprensa.

“Existem outros tipos de violência, como ameaças, espancamentos, detenções arbitrá-rias, apreensões ou destruições de material. Muitos destes ataques não são computados”,

Máfi as e milícias são os maiores matadores de jornalistas no mundo, e está cada vez mais difícil identifi car os assassinos, diz dirigente da RSF

MANIFESTAÇÃO Fotos de jornalistas assassinados em Ciudad Juarez, no México

EM GUERRA Soldado norte-americano revista repórter fotográfi co no Iraque

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38 Mundo

PressãoO que se pode fazer para acabar com esta onda de violência contra jornalistas? Para Guilherme Canela Godoi, o mais importante é manter a pressão nas autoridades e cobrar resultados. “É preciso denunciar cada caso, e exigir respos-tas. Além disso, é necessário dar aos jornalis-tas equipamentos adequados, como coletes à prova de balas e cursos sobre como se compor-tar em zonas de confl ito”, explicou. Segundo ele, a necessidade de proteger os profi ssionais da imprensa está fi cando cada vez mais evi-dente em todo o mundo, graças principalmente à ação conjunta dos organismos internacionais. “Até os anos 90, somente a Unesco se manifes-tava sobre o tema. Nos últimos 10 ou 15 anos, este debate sobre a necessidade de proteger os jornalistas ganhou muita força. Cada vez mais organizações falam sobre o problema, e isso é positivo. É fundamental para que a liberdade da imprensa seja garantida”, afi rmou.

Alguns governantes já começaram a tomar providências. As autoridades do Estado mexi-cano de Chihuahua, o mais violento do país, na fronteira com os Estados Unidos, decidiram punir com prisão perpétua o assassinato de jor-nalistas. Pressionado pelas reações indignadas da comunidade internacional após o bárbaro espancamento de Oleg Kashin, o presidente russo, Dmitri Medvedev, prometeu tomar me-didas para proteger os jornalistas no país. Além disso, o comitê de investigação do Ministério Público anunciou a reabertura de duas investi-gações arquivadas pela polícia, referentes a dois ataques a jornalistas ocorridos em 2000 e 2008. Resta, agora, a transformar estas boas intenções em resultados concretos, pois, como disse o carioca Jorge Antônio Barros em seu blog “Re-pórter do Crime”, hospedado no site do Globo, “assassinar um jornalista que serve ao público é como tentar abafar a voz de toda a sociedade”. •

em baile funk da comunidade) é emblemá-tico”, comentou o representante da Unesco, acrescentando que os poucos jornalistas brasileiros não assassinados por criminosos na última década foram vítimas de políticos locais. “Neste último caso, a impunidade é um fator agravante”, destacou.

A ONG PEC registrou outros três casos de jornalistas brasileiros assassinados em 2010, mas, pelo que tudo indica, foram vítimas de cri-mes comuns. Menos de uma semana antes do assassinato de Medeiros, Wanderlei dos Reis, dono do jornal Popular News, foi baleado na perna por um homem que invadiu sua casa em Ibitinga, interior de São Paulo. O tiro perfurou a artéria femoral, e o jornalista morreu no hospi-tal. E no dia 30 de outubro, José Rubem Pontes de Souza, 39 anos, diretor-presidente do jornal Entre Rios, de Paraíba do Sul (RJ), foi assassi-nado por um ex-policial militar, supostamente por ter vetado a instalação de caça-níqueis nos bares em que tinha participação. O ex-PM, que alugava as máquinas aos estabelecimentos da região, teria decidido se vingar. No dia 24 de junho, o radialista e cronista esportivo Clóvis Silva Aguiar, 48 anos, foi baleado na porta da casa da mãe por dois desconhecidos de moto em Imperatriz, no Maranhão. O homicídio, que tem todas as características de um crime enco-mendado, ainda não foi elucidado.

Diante da violência à qual são submetidos em seus países, muitos jornalistas acabam escolhendo o caminho do exílio. Segundo a RSF, 127 profi ssionais da imprensa fugiram de seu país de origem em 2010. Pelo se-gundo ano consecutivo, o Irã, do presidente Mahmud Ahmadinejad, lidera este ranking de exilados, com 30 casos. Outro fato mar-cante foi o exílio forçado de 18 jornalistas cubanos, detidos em 2003 e expulsos para a Espanha logo após sua saída de prisão.

frisou. De acordo com o CPJ, 145 profissionais da imprensa estão atrás das grades em todo o mundo, sendo 34 na China e 34 no Irã, os dois ‘campeões’ do ranking. Não se registrava um número tão alto desde 1996. Na Rússia, os casos de espancamento de jornalistas se multiplica-ram. Na madrugada de 6 de novembro, Oleg Kashin, 30 anos, foi brutalmente agredido por dois homens na frente de sua casa. Teve os dois joelhos e todos os dedos quebrados, a mandí-bula fraturada e sofreu um severo traumatismo craniano. A mensagem dos agressores foi bem clara: Kashin, que cobria as atividades da pre-sidência russa e as manifestações da oposição, não deveria mais escrever, nem falar. A impu-nidade também é um problema sério na Rússia: nenhum dos crimes perpetrados contra jorna-listas nos últimos dez anos foi solucionado.

BrasilO Brasil teve um caso confi rmado de jorna-lista assassinado por causa de seu trabalho em 2010. Francisco Gomes de Medeiros era radialista e repórter policial no jornal Tri-buna do Norte, do município de Caicó (RN). Ele também tinha um blog, no qual postava denúncias sobre o tráfi co de drogas e outros delitos. Um mês antes de sua morte, noti-ciara a existência de um esquema de troca de votos por crack no município vizinho de Se-ridó. “O número de casos mortais deste tipo no Brasil é próximo de zero, não se compara com outros países onde a situação é muito mais séria. O Brasil é uma democracia, e não está em guerra. Assim sendo, a maior ameaça à imprensa no país é o crime organi-zado. O caso de Tim Lopes (jornalista da TV Globo de 51 anos torturado e morto por tra-fi cantes da favela carioca Vila Cruzeiro em 2002, quando fazia reportagem sobre venda de drogas e exploração sexual de menores

ÁSIA Grupo de manifestantes pede fi m dos assassinatos de jornalistas nas Filipinas (à esq.), onde 30 profi ssionais da imprensa morreram em uma emboscada em 2009, e no Sri Lanka

GUERRA Atentado no Iraque, um dos países mais perigosos do mundo para jornalistas

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42 Ensaio424242

Ensaiofotográfi co

Amazônia de contrastesO fotógrafo joseense Bruno Kelly revela momentos antagônicos da mãe natureza; a cheia e a seca que se revezam na região que é conhecida como o pulmão do mundo

Bruno Kellyfotógrafo

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43Domingo 4Abril de 2010 4343Domingo 6

Fevereiro de 2011

PELADA Com o campo

inundado, populares da zona rural de

Manaus aproveitam o petroleiro para jogar

uma partida de futebol

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Ensaio44

RIO NEGRO Vários barcos fi cam encalhados no leito

seco do Rio Negro, em Manaus; a seca veio

forte como a cheia

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45Domingo 6Fevereiro de 2011

SECACom a função de auxiliar

os pequenos barcos, a ofi cina fl utuante está

empacada no leito do rio

MORTEA rápida descida do rio

e o forte calor deixou o nível de oxigênio da água

quase nulo, provocandoa mortandade de peixes

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46 Ensaio46

CHEIAÁrea inundada na

Feira da Manaus Moderna, localizada no centro de Manaus

RECORDEMaior cheia registrada

no Amazonas atingiu também a região do

Alto do Solimões

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48 Coisa & Taltigo

Casais homoafetivos têm o direitoao amor assim como todo o mundo

Marco Antonio Vitti

Marco Antonio VittiEspecialista em biologia molecular e genética

[email protected]

No dia 6 de janeiro, o Conselho Federal de Medicina determinou as novas regras para a

reprodução assistida, mais conhe-cida cientificamente como inse-minação In Vitro e popularmente, como inseminação artifi cial, para que pessoas sem uma união está-vel não-heterossexual possam se utilizar desse recurso para gerar um fi lho. Segundo a secretária ge-ral do Instituto Brasileiro do Direito de Família de São Paulo, Viviane Girardi, a resolução representa um avanço, pois, no estilo do me engana que eu gosto brasileiro, ca-sais homoafetivos, anteriormente tinham de recorrer a barrigas de aluguel, prática proibida no Brasil, ou forjar casamentos heterossexu-ais para ter um ou mais fi lhos.

E onde fi ca a religião nesta história? A religião deve continuar na parte espiritual, não tendo nada a ver com o mundo material. Sou católico pra-ticante e me orgulho de seguir os ensinamentos de Jesus, que diz que devemos amar até nossos inimigos, que dirá então amar uma pessoa do mesmo sexo? Em nenhuma parte dos Evangelhos Jesus ressalva que deveria existir diferenças sexuais. Na minha maneira de pensar e acreditar, Jesus deu a entender que o amor não tem sexo, uma vez que sexo é uma inven-ção humana, tanto que os animais o praticam de forma mais avançada que os humanos. Os animais somente o fazem quando no cio, fora isto eles lu-

tam pela sobrevivência de sua prole e de seu grupo. Enquanto o ser humano, em sua grande maioria, se relaciona com seu parceiro somente sexualmente, o afeto, que tempera a relação, nada, por isso, vive caçando novas presas, o que explica a promiscuidade sexual.

O ser humano na maioria das vezes busca no sexo descarregar sua ansie-dade e suas frustrações, esquecendo-se do afeto. Escuto esposas reclamarem que seus maridos não as procuram, e homens que reclamam da falta de inte-resse de suas esposas. Quando o sexo enfraquece é porque o amor já está no fundo do poço, falta afetividade na rela-ção, intimidade, e não intimidação, que são termos que apresentam a mesma raiz etimológica: Íntimo.

E você é íntimo com quem? Com quem você tem intimidade? Isto é, com alguém que não o intimida, com alguém que afeta com o amor, daí o termo afeto, afetividade. Quando não existe o afeto, surge o infecto, daí as doenças sexual-mente transmissíveis, os relaciona-mentos fracassados e as amizades que se transformam em inimizades. Quem de nós não tem amigos e amigas ínti-mas? Se você sexualizar esta amizade,

você a infecta, e ela acaba, morre. É preferível manter um amigo, uma amiga do que perdê-la pela infecção. Se você deseja a mulher de seu melhor amigo, é inveja. Na realidade você gos-taria de possuir dele, o que deveria ser dela; e a mesma coisa a mulher que de-seja o parceiro de sua melhor amiga. Você também é invejosa, deseja o que é dela e não o amor que você pensa que sente por ele.

Mas, se ambos estiverem soltei-ros, que sejam felizes “até que o amor os separe”. O que mantém uma relação estável é o amor, e não a paixão. Por isso, o amor não causa dependência, mas a paixão intoxica mais do que a droga mais fatal que possa existir. Quantos homens não são casados com mulheres que se comportam como homens, e mu-lheres casadas com homens que se comportam como mulheres. É pre-ciso lembrar que dentro do homem existe uma contraparte feminina, denominada anima; e na mulher a contraparte masculina denomi-nada animus. Grande sacada de meu mestre Jung.

Melhor dois homens ou duas mu-lheres que se amam e fazem sua se-xualidade entre as quatro paredes, cuidando de seu fi lho com amor, do que um homem alcoolizado que, além de não amar a mulher, a espanca na frente de seus fi lhos; ou uma mulher que não ama o marido e descarrega suas frustrações em seus fi lhos. Es-pero ter afetado meus leitores. Um abraço heteroafetivo e homoafetivo. •

“Em nenhum Evan-gelho, Jesus ressalva que deveria existir diferenças sexuais”

RELIGIÃO

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4949Domingo 6Fevereiro de 2011

Agastronomia virou moda, mas não se comporta como tal. Não existem temporadas de inverno e verão, mas é cada vez mais comum identifi car-mos tendências que acabam

se tranformando no “modelito” do ano. Quem não se lembra do trio inseparável tomate seco, rúcula e mussarela de búfala?

Brincadeiras à parte, fomos ouvir o chef Alexandre Righetti, do Grande Hotel Cam-pos do Jordão, o Hotel-Escola Senac, para saber o que será tendência em 2011. “Uma das coisas que estará em alta é a sustenta-bilidade. O conceito de slow food, de co-nhecer os ingredientes e de usar alimentos que não foram cultivados com agrotóxi-

São José dos Campos

GASTRONOMIA

O tempero de 2011

PINHÕESPINHÕESIngredientes Ingredientes regionais seguem regionais seguem como tendênciacomo tendênciana culináriana culinária

Divulgação

cos. Isso tudo respeitando a sazonabili-dade”, explica Righetti.

Além disso, segundo o chef, a regiona-lização da cozinha continua sendo um das apostas para 2011. “Somos tão mas-sacrados com a cozinha globalizada que as pessoas acabam preferindo uma coisa mais original”. Em Campos do Jordão, por exemplo, os produtos locais, como o pi-nhão e as trutas, sempre ganham tempo-radas gastronômicas .

De acordo com Righetti, o exótico já não é mais tão bem visto como no passado. É o conceito de Comfort Food, que traz a necessidade das pessoas de voltarem às suas origens à mesa. Entretanto, a sofi sti-cação de detalhes e combinação de sabores constinuam em alta. “Isso não signifi ca um preço alto pela comida, mas a forma criativa de cozinhar é valorizada”, diz.•

TENDÊNCIAS TENDÊNCIAS O chef Alexandre Righetti,O chef Alexandre Righetti,do Grande Hotel Campos do Jordãodo Grande Hotel Campos do Jordão

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TurismoPROGRAME-SE

Rio de Janeiro está prestes a vivenciar sua maior festa, mas Rio de Janeiro está prestes a vivenciar sua maior festa, mas nem só de desfi les vive o turista; Cidade Maravilhosa oferece nem só de desfi les vive o turista; Cidade Maravilhosa oferece muito mais que escolas de samba na Marquês de Sapucaímuito mais que escolas de samba na Marquês de Sapucaí

Ele continua de braços abertos

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DDepois de tantas turbulências epois de tantas turbulências na área de segurança no fi nal na área de segurança no fi nal de 2010 e um começo de ano de 2010 e um começo de ano trágico por causa das fortes trágico por causa das fortes chuvas que provocaram a chuvas que provocaram a morte de centenas de pes-morte de centenas de pes-

soas, o Rio de Janeiro está novamente na soas, o Rio de Janeiro está novamente na disputa do topo da lista como destino para disputa do topo da lista como destino para o feriado mais cobiçado do ano: o Carnaval.o feriado mais cobiçado do ano: o Carnaval.

Não há quem não sonhe em conhecer a Ci-Não há quem não sonhe em conhecer a Ci-dade Maravilhosa e fazer os passeios mais tradi-dade Maravilhosa e fazer os passeios mais tradi-cionais. Para os que já conhecem, não há quem cionais. Para os que já conhecem, não há quem não queira voltar. É assim, com uma magia não queira voltar. É assim, com uma magia particular, que os cariocas enchem o peito para particular, que os cariocas enchem o peito para falar do Rio e indicar seus melhores lugares. falar do Rio e indicar seus melhores lugares.

Rezar aos pés do Cristo Redentor, passear de Rezar aos pés do Cristo Redentor, passear de bondinho, admirar a beleza do Pão de Açúcar, bondinho, admirar a beleza do Pão de Açúcar, os arcos da Lapa, as praias e ainda o jeitinho os arcos da Lapa, as praias e ainda o jeitinho todo especial que o carioca tem de curtir um todo especial que o carioca tem de curtir um bom boteco com chope gelado e bons petiscos bom boteco com chope gelado e bons petiscos fazem do Rio um destino especial. Tudo isso, fazem do Rio um destino especial. Tudo isso, sem contar com o lado histórico da cidade que sem contar com o lado histórico da cidade que respira arte, poesia e música. respira arte, poesia e música.

Estão nos bairros mais tradicionais as me-Estão nos bairros mais tradicionais as me-lhores programações da cidade: Copacabana, lhores programações da cidade: Copacabana, Ipanema, Botafogo, Leblon, Centro e Santa Te-Ipanema, Botafogo, Leblon, Centro e Santa Te-reza. E a melhor forma de conhecer os lugares reza. E a melhor forma de conhecer os lugares

Elaine SantosRio de Janeiro

Divulgação

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é tirar o dia para andar a pé. Nas redondezas é tirar o dia para andar a pé. Nas redondezas do Arpoador e de Ipanema, a tradicional feira do Arpoador e de Ipanema, a tradicional feira reúne todos os domingos na Praça General reúne todos os domingos na Praça General Osório centenas de turistas. Para quem não Osório centenas de turistas. Para quem não dispensa uma comida tradicional, a dica é uma dispensa uma comida tradicional, a dica é uma caipirinha acompanhada de uma boa feijoada caipirinha acompanhada de uma boa feijoada na Casa da Feijoada, que fi ca ao lado da praça. na Casa da Feijoada, que fi ca ao lado da praça.

Em Copacabana, fora a praia, no calçadão Em Copacabana, fora a praia, no calçadão estão os restaurantes mais badalados. A dica é estão os restaurantes mais badalados. A dica é curtir o pôr-do-sol na fi lial da tradicional Con-curtir o pôr-do-sol na fi lial da tradicional Con-feitaria Colombo, que fi ca dentro do Forte de feitaria Colombo, que fi ca dentro do Forte de Copacabana. Chegando ao Leblon, onde a vida Copacabana. Chegando ao Leblon, onde a vida noturna é bem agitada, o polo gastronômico noturna é bem agitada, o polo gastronômico do bairro gira em torno dos arredores da Rua do bairro gira em torno dos arredores da Rua Conde de Bernadote. São várias quadras lota-Conde de Bernadote. São várias quadras lota-das de bares, restaurantes e botecos muito bem das de bares, restaurantes e botecos muito bem frequentados. Em Botafogo, o Pão de Açúcar, o frequentados. Em Botafogo, o Pão de Açúcar, o Museu do Índio, a Casa de Rui Barbosa, a Co-Museu do Índio, a Casa de Rui Barbosa, a Co-bal do Humaitá, também recheada de bares e bal do Humaitá, também recheada de bares e restaurantes, e o calçadão da Enseada de Bo-restaurantes, e o calçadão da Enseada de Bo-tafogo, garantem fi nais de tardes memoráveis.tafogo, garantem fi nais de tardes memoráveis.

Já no centro da cidade o turista vai respirar Já no centro da cidade o turista vai respirar história. Não pode faltar uma visita ao Thea-história. Não pode faltar uma visita ao Thea-tro Municipal, que passou por uma reforma re-tro Municipal, que passou por uma reforma re-centemente, a Biblioteca Nacional e o Museu centemente, a Biblioteca Nacional e o Museu Nacional de Belas Artes, que fi cam lado a lado. Nacional de Belas Artes, que fi cam lado a lado. O Mosteiro de São Bento e o Centro Cultural O Mosteiro de São Bento e o Centro Cultural Banco do Brasil também devem estar na lista. Banco do Brasil também devem estar na lista. E para um fi m de tarde mais tradicional, uma E para um fi m de tarde mais tradicional, uma ida à matriz da Confeitaria Colombo deve fazer ida à matriz da Confeitaria Colombo deve fazer parte do roteiro. O pastel de Belém da casa faz parte do roteiro. O pastel de Belém da casa faz sucesso há mais de 100 anos. sucesso há mais de 100 anos.

FoliaFoliaFora a exuberância histórica da cidade, no fe-Fora a exuberância histórica da cidade, no fe-riado não dá para dispensar a programação es-riado não dá para dispensar a programação es-pecial. Este ano, os foliões cariocas trazem mais pecial. Este ano, os foliões cariocas trazem mais uma vez o encanto do Carnaval de Rua, com as uma vez o encanto do Carnaval de Rua, com as saudosas marchinhas, que contam o dia-a-dia saudosas marchinhas, que contam o dia-a-dia dos bairros e de seus ilustres moradores. Ao dos bairros e de seus ilustres moradores. Ao todo serão 424 blocos e bandas. A estimativa todo serão 424 blocos e bandas. A estimativa da Riotur (Empresa de Turismo do Município da Riotur (Empresa de Turismo do Município do Rio de Janeiro) é que a folia de rua reúna 3 do Rio de Janeiro) é que a folia de rua reúna 3 milhões de pessoas neste ano –600 mil a mais milhões de pessoas neste ano –600 mil a mais que em 2010. Os blocos crescem a cada ano, não que em 2010. Os blocos crescem a cada ano, não só em número e quantidade de público, mas em só em número e quantidade de público, mas em criatividade e animação. São tantos que é pre-criatividade e animação. São tantos que é pre-ciso organizar a agenda. Os horários e locais são ciso organizar a agenda. Os horários e locais são divulgados no site www.rioguiaofi cial.com.br.divulgados no site www.rioguiaofi cial.com.br.

Mas se você faz parte dos foliões que não Mas se você faz parte dos foliões que não esperam a data ofi cial, a dica é participar dos esperam a data ofi cial, a dica é participar dos ensaios das Escolas de Samba que seguem ensaios das Escolas de Samba que seguem com programação até o dia 27 de fevereiro. A com programação até o dia 27 de fevereiro. A temporada começou no primeiro domingo de temporada começou no primeiro domingo de janeiro. Os ensaios acontecem todo sábado e janeiro. Os ensaios acontecem todo sábado e domingo, com as arquibancadas franqueadas domingo, com as arquibancadas franqueadas ao público, que ainda conta com a apresenta-ao público, que ainda conta com a apresenta-ção dos grupos de samba Deita e Rola, Regente ção dos grupos de samba Deita e Rola, Regente e Estrela Negra, que se revezam para o tradicio-e Estrela Negra, que se revezam para o tradicio-nal Pagode da Marquês, sempre aos domingos, nal Pagode da Marquês, sempre aos domingos, logo após a apresentação da última escola. Vá-logo após a apresentação da última escola. Vá-rios nomes consagrados do samba carioca já rios nomes consagrados do samba carioca já confi rmaram a sua participação. confi rmaram a sua participação. •A repórter Elaine Santos viajou a convite da rede de ho-teis Mercure, do grupo Accor

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5252 Turismo

A Capital da folia está de voltaElaine SantosGuaratinguetá

O brilho das alegorias e adereços dos carnavalescos de Guara-tinguetá estará de volta à Ave-nida Presidente Vargas em 2011. Seis escolas disputam o título: Acadêmicos do Campo

do Galvão, Beira Rio da Nova Guará, Bonecos Cobiçados, Embaixada do Morro, Mocidade Alegre do Pedregulho e Unidos da Taman-daré. O luxo estará mais presente esse ano, uma vez que cada escola teve investimento estimado entre R$ 80 e R$ 150 mil.

CARNAVAL

“O Carnaval vai acontecer na terça-feira (dia 8) com as seis escolas de samba. Como não saímos no ano passado, todas as escolas vão utilizar o mesmo samba enredo e as mes-mas fantasias feitas para 2010. A diferença é que dessa vez tivemos mais tempo para nos preparar. Com isso, com certeza, o público vai ganhar um melhor acabamento no visual das alegorias de cada uma das nossas esco-las”, disse Guaracimir Jorge Nascimento, o ‘Guará’, presidente da OESG (Organização das Escolas de Samba de Guaratinguetá).

Cada escola recebeu da prefeitura R$ 80 mil, sendo R$40 mil referente à indenização de-vido ao cancelamento do Carnaval em 2010. “Acreditamos que esse ano o Carnaval do Vale se concentre em Guará. Lorena está sem

programação e São Luís do Paraitinga terá uma festa mais restrita. Com isso, estamos contando com um público de mais de 30 mil pessoas dia”, disse Nelson Baracho, secretário de Turismo de Guaratinguetá.

A estrutura de arquibancada montada na avenida terá capacidade para 5.000 pessoas. O Carnaval começa na sexta-feira, dia 4 de março, com uma seresta, “O baile da saudade”, na Avenida do Samba. Sábado é a vez da Banda Mole. Com mais de 30 mil pessoas, o bloco sai da praça Conselheiro Rodrigues Alves, no cen-tro, às 20h, e segue até a avenida. Domingo e segunda é a vez dos desfi les dos dez blocos de embalo –cada um deve concentrar cerca de 500 foliões. Já os desfi les das escolas de samba têm início às 21h de terça-feira. •

Thiago Leon/arquivo vp

Guará Guará Os desfi les na cidade Os desfi les na cidade voltam à avenida neste voltam à avenida neste ano; escolas investiram ano; escolas investiram até R$150 mil na foliaaté R$150 mil na folia

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Romanée-Conti: como pode umvinho custar quase 11 mil reais?

Se você quiser comprar uma garrafa do vinho Romanée-Conti, da sa-fra 2004 disponível no

Brasil, prepare-se para desem-bolsar R$ 10.980,00. Pudera, você estará comprando o vinho mais famoso do mundo. A his-tória dele daria um romance, com muitas intrigas na corte de Luís XIV, o Rei Sol.

Conta-se que, depois de ser submeti-do a uma cirurgia invasiva, o rei fi cou à beira da morte. O médico da corte lhe recomendou, então, que bebesse um raro vinho da Borgonha do qual se diziam maravilhas. Era produzi-do na vila de Vosne-Romanée pelos monges da Abadia de Saint Vivant. Luís XIV o bebeu e recobrou a saúde. Tido como “o salvador da França”, tempos depois o vinho viria a se cha-mar Romanée-Conti.

Muitos anos após o aparente mi-lagre, o vinhedo dos monges foi comprado por Louis François de Bourbon, o príncipe de Conti. Da mesma dinastia do rei, ele se des-tacou como general do exército francês e depois assumiu a chefi a do Serviço Secreto, passando a es-pionar os inimigos de Luís XIV.

De Conti tornou-se o homem mais rico da França, proprietário de três castelos em Paris e outros doze nas cercanias. Em um deles, deu guarida a seu amigo Jean-Jacques Rousseau, quando o fi lósofo estava ameaça-do de prisão. Tanta riqueza e poder

despertaram a inveja de toda a corte, em especial de Madame Pompadour, amante do rei.

Quando o famoso vinhedo em Vos-ne-Romanée foi posto à venda pelos monges, Pompadour fez saber que iria adquiri-lo. Só por capricho, o príncipe de Conti impediu que ela o fi zesse, pa-gando pelo vinhedo um preço absurdo, para que o vinho nele produzido fosse servido unicamente à sua mesa.

Mas quando o vinhedo já havia passa-do às mãos de seu fi lho, veio a Revolu-ção Francesa. O comitê revolucionário confi scou a propriedade e a pôs à ven-da, fazendo com que viesse a pertencer a sucessivos milionários franceses, até ser adquirida em 1896 por Duvault-Blochet, do qual descende seu atual diretor Aubert de Villaine.

Quem compra uma garrafa de Roma-née-Conti paga também por essa his-tória que perpassa onze séculos, pois os monges deixaram registros sobre a bebida que produziam desde o sécu-lo 10. Acima de tudo, paga-se por um vinho que provém de um pequeno vi-nhedo de menos de 20 mil metros qua-drados, onde se produzem anualmen-te apenas 450 caixas na vinícola que o crítico Robert Parker Jr. considera “a mais importante do planeta”.

Para encerrar, duas curiosidades. Em 2002 o publicitário Duda Men-donça abriu para Lula uma garrafa de Romanée-Conti, safra 1997, para comemorar a conquista da Presidên-cia. E saiba que o maior colecionador mundial desse vinho é brasileiro e se chama Paulo Maluf.•

Roberto Wagner

VALOR Quem paga este preço pelo Romanée-Conti compra sua história

Roberto Wagnerjornalista

[email protected]

Paladar

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Top dos topsSeu aniversário está chegando? Quer presentear uma pessoa querida? Ou simplesmente acha que está na hora de dar uma modernizada em seus equipamentos eletrônicos? A revista valeparaibano preparou uma seleção com alguns dos melhores eletroeletrônicos disponíveis no mercado brasileiro, entre televisores, notebooks, telefones celulares, mp3 players, câmeras fotográfi cas, fi lmadoras, caixas de som e GPS. É claro que qualidade tem seu preço, e estes produtos não são baratos. Confi ra!

Hi-Tech

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CAIXAS DE SOMEsqueça tudo que você sabe, ou acha que sabe, sobre caixas de som. Grave apenas seis letras e um número: Beo Lab 5. O carro-chefe da dinamarquesa Bang & Olufsen não é uma simples caixa acústica: trata-se de uma verdadeira obra de arte, sem nenhum equivalente no mercado mundial. Uma aliança perfeita entre sofi sticação e tecnolo-gia. Em termos de tamanho, a Beo Lab 5 nem é tão imponente assim. Difícil acreditar que dali sai o som mais puro e cristalino já produzido em toda a história. Totalmente digital, para evitar qualquer interfe-rência indesejada na reprodução, a caixa contém um amplifi cador de 2500 watts, portanto, não se preocupe com potência. E se você quiser usá-la como caixa de home theater, fi que sabendo que ela dispensa subwoofer, já incorporado na estrutura. Mas o melhor ainda está por vir. Quem sempre busca o som mais natural possível sabe como é difí-cil tratar os graves em uma sala, ou escutar com nitidez os médios e os agudos. Pois a Beo Lab 5 tem um microfone e um conjunto de proces-sadores para modular os sons em função do ambiente. Ou seja, o som chega a você com a mesma nitidez e clareza em todos os lugares da sala, independentemente da presença de móveis e outros obstáculos. O preço gira em torno de R$ 90 mil. Animado?

ELETRÔNICOS

Yann WalterSão José dos Campos

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TELEVISORAntes mesmo de ser ligado, o televisor LED de 55 polegadas da série C9000 da Samsung já impressiona. Com menos de um centímetro de espessura, este monitor com laterais de titânio esco-vado está entre os mais finos existen-tes no mercado. No entanto, o design ultramoderno não é o maior trunfo do aparelho. A tecnologia Internet@TV permite acessar diretamente os conteú-dos da internet. A qualidade da imagem é garantida pelas tecnologias Full HD e Clear Motion Rate – que aumenta em 16 vezes a velocidade de processamento de imagem, bem como pela resolução de 1920x1080 pixels e o Ultra Clear Panel, que absorve a luz externa e elimina o reflexo. Obviamente, o aparelho tam-bém possui a tecnologia 3D. O preço? R$ 14 mil. É caro, mas em compensação você não precisará mais ir ao cinema.

NOTEBOOKA Apple conquista cada vez mais adeptos com sua linha de MacBooks, que combinam beleza e efi ciência. Enquanto o MacBook Pro privilegia o desempenho, o MacBook Air, considerado o mais fi no (0,28 a 1 cm de espessura) e o mais leve (até 1,5 kg) do mundo, aposta suas fi chas no es-tilo. Ultra slim, compacto, moderno e sofi sticado, o apa-relho de 13 polegadas conta com armazenamento Flash de até 256 GB e resolução de 1440x900 pixels, superior à do MacBook Pro do mesmo tamanho. Ambos contam com tela widescreen brilhante retroiluminada por LED e processador gráfi co NVIDIA GeForce 320M, mas a versão Pro é mais efi caz: tem mais memória (4 ou 8GB contra 2GB para o Air), e um processador mais potente (2,66GHz contra 2,13GHz). Além disso, a bateria dura mais (10 horas contra 7 para o Air). O quesito beleza, porém, puxa os pre-ços para cima: o MacBook Air de 13 polegadas custaR$ 4.599 –R$ 800 a mais que o MacBook Pro do mesmo tamanho. Vale ressaltar que ao contrário do Air, o Pro tem uma versão de 17 polegadas, que custa R$ 8.199.

CÂMERA FOTOGRÁFICASe você pedir para uma pessoa citar duas marcas de câmeras fotográfi cas, há 99% de chances que ela res-ponda Canon e Nikon. Porém, quem realmente entende do assunto e acha a qualidade de imagem primordial terá outro nome na cabeça: Leica. Com a M9, a empresa alemã alcançou um novo patamar na fotografi a digi-tal. Não se deixem enganar por seu aspecto simples: extremamente compacta, a Leica M9 também é extre-mamente poderosa, com 18 megapixels de resolução, sensor full-size de 24x36mm, obturador super silen-cioso, ausência de fi ltro anti-moiré garantindo nitidez absoluta na captura, e ISO de 80 a 2500. Cabe frisar que o aplicativo para processamento nativo incluído no pacote é o Adobe Photoshop Lightroom. Interessado? Então verifi que que tem pelo menos R$ 25 mil em sua conta bancária. Se achar pouco, a Leica também tem o modelo S2, um monstro de 37,5 megapixels que pode ser seu por... R$ 56 mil.

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FILMADORADifícil falar em fi lmadora sem mencionar a Sony. E neste quesito, o carro-chefe da fi rma japonesa é sem dúvida a Hadycam HDR-XR350. Além da alta defi nição (Full HD), a tecnologia I Auto, que ajusta automaticamente o contraste entre brilho e luminosidade, garante uma qualidade de imagem acima da média. O sensor CMOS Exmor R permite a gravação de vídeos com imagens de alta resolução e sensibilidade com muito mais brilho e detalhes, mesmo em ambientes escuros, e a tela LCD de 2,7 polegadas sensível ao toque proporciona excelente visualização. Outro destaque do aparelho é o Face Detec-tion, que detecta as faces existentes no ambiente e ajusta automaticamente o foco, a cor e a exposição. Detalhe: a HDR-XR350 tem memória interna de 160 GB, o que repre-senta uma capacidade de gravação de 67 horas. Ou seja, por pouco menos de R$ 4.000, você pode passar quase três dias fi lmando sem parar. Divirta-se!

TELEFONE CELULARHoje em dia, quem quer um bom tele-fone celular procura um smartphone. E quando se pensa em smartphone, um nome vem logo à cabeça: Blackberry. No Brasil, um dos melhores aparelhos dis-poníveis é o 9520 Storm 2, que vem com todos os recursos imagináveis (câmera de 3,2 MP com fl ash automático, autofoco e zoom digital, GPS integrado, Media-player, gravação de vídeos, e-mail sem fi o, organizador e navegador). A tela LCD touchscreen de 3,2 polegadas e alta reso-lução (480x360 pixels) é sensível à luz, e apresenta mais de 65 mil cores diferentes. A duração da bateria é de 6 horas (15 dias em modo de espera). Desbloqueado, o aparelho custa em torno de R$ 2.400.

GPSEm se tratando de GPS para carros, duas grandes marcas dominam o mercado: Garmin e TomTom. A primeira é mais forte nos EUA, enquanto a segunda é líder na Europa. O Nüvi 3760, da Garmin, chegou ao Brasil no fi m do ano passado. Com espessura de 0,8 cm, é o equipamento de navegação portátil mais fi no do mercado. Além disso, pesa somente 115 gramas. O aparelho, que usa mapa da Navitech, inclui 893 cidades brasileiras totalmente navegáveis, e 1.393 identifi cadas. Um dos grandes diferenciais está na tela LCD multi-toque de 4,3 polegadas. A qualidade da imagem é realçada pela resolução de 800x480 pixels. O novo brinquedo da Garmin ainda vem com Bluetooth e visualizador de fotos. Uma crítica: não exibe prédios em 3D. Aos amantes de velocidade, o sistema único de aviso de radares fornece alertas em tempo real. Tudo isso por pouco mais de R$ 1.000.

MP3 PLAYERAssim como para os notes, não dá para de-ixar de citar a Apple quando o assunto é MP3 Player. O recém-lançado iPod Touch com memória de 64GB permite armazenar nada menos que 16 mil músicas. Mas este não é o único atrativo deste aparelho, de apenas 7.2 milímetros de espessura: sua tela widescreen multi-toque de 3,5 polegadas tem uma res-olução de 960x640 pixels, ou seja, uma in-crível densidade de 326 pixels por polegada. Esta densidade é obtida graças à tela retina, retroiluminada por LED e com sensor de luz ambiente que ajusta o brilho da tela para melhor visualização. A nitidez dos textos e das cores e a qualidade das imagens repro-duzidas pela tela do iPod Touch é realmente impressionante, superior à dos modelos mais antigos lançados pela empresa de Steve Jobs. Trata-se, sem dúvida, do principal diferencial deste aparelho, que ainda tem o aplicativo FaceTime (conversa com vídeo) e permite gravar vídeos em alta defi nição. Preço do brinquedinho: R$ 1.299.

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Cristina Bedendo São José dos CamposSuper tops

CARREIRA

Moda&estilo

Modelos do Vale do Paraíba ganham renome internacional no currículo,com direito a campanhas de moda e publicidade pelo mudo afora

Aconsolidação na carreira de modelo, com direito a campa-nhas internacionais no currí-culo não é tarefa das mais fáceis para quem escolhe a profi ssão. E o Vale do Paraíba hoje está

muito bem representado por jovens modelos com trabalhos de peso pelo mundo.

Um desses nomes é a joseense Gracie Carva-lho, 20 anos, considerada uma das tops mais requisitadas entre as revistas de moda brasi-leiras e, há algum tempo, também no circuito internacional. Quando começou na carreira, há dois anos, o principal sonho de Gracie era desfi lar para a grife Victoria’s Secret. Após algum tempo morando em Nova York e mui-tos trabalhos realizados para a marca, ela

FERNANDA HERINGER Modelo começou

carreira na região e já fez trabalhos no México

e Europa para marcas como Dolce & Gabbana

FE

cfez

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GRACIE CARVALHO Modelo joseense é uma das tops mais requisitadas pelas revistas de moda no circuito internacional

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realizou esse desejo comum entre as meni-nas que buscam a carreira. “Já trabalho com a Victoria’s Secret há um ano e meio, mas só agora fui convidada para participar do desfi le. Realizei meu sonho”, conta a modelo.

Mas o sucesso da moça não para por aí. Ape-sar de morar em Nova York, ela tem clien-tes em Londres, Paris e Milão, e anda com a agenda cheia. “Também acabei de fotografar em Dubai e achei incrível. Gostaria muito de trabalhar mais no Brasil, mas por enquanto a minha agenda não permite”, afi rma.

No Brasil, aliás, ela começou o ano com um editorial para a revista Vogue, fotografado por Bob Wolfenson. Entre as campanhas interna-cionais, a joseense já estrelou trabalhos para a GAP, Tommy Hilfi ger e Express. E tem muitos planos para 2011, claro.

“Estou estudando inglês com um pro-fessor que dá aula para atrizes famosas de Hollywood, acabei de renovar o meu con-trato com a Victoria’s Secret e tenho muitas propostas de trabalho. Continuo ajudando a minha família, acabei de construir uma casa ótima para a minha mãe em São José e estou comprando dois apartamentos: um em São Paulo e outro em Nova York”, conta Gracie.

Entre as marcas que a top gostaria de trabalhar no futuro está uma campanha de beleza de uma

linha específi ca para mulheres morenas. “Tam-bém adoraria fazer a campanha da Versace”.

Outro nome de São José dos Campos é a mo-delo Fernanda Heringer, 27 anos, que começou sua carreira na região e já fez trabalhos inter-nacionais no México e na Europa para marcas como Dolce & Gabbana e Avon Internacional.

No Brasil, Fernanda acaba de estrelar as campanhas do Banco Santander e da Unimed e já trabalhou com diversas revistas, como Nova, Vip, Corpo a Corpo e Boa Forma. Atual-mente, Fernanda trabalha com duas agências: a WR Modelos, em São José, e a Elite, em São Paulo. Para 2011, a modelo pretende retomar sua carreira internacional e deve viajar para quatro países. “Tenho muita vontade de fazer trabalhos para a Calvin Klein, pois gosto do estilo da marca”, conta a modelo.

E não são apenas as mulheres que se desta-cam na carreira de modelo. Pedro Cavalca, 23 anos, de Guaratinguetá, conta com um currí-culo de peso. Entre os seus primeiros trabalhos no Brasil estão o editorial para a Audi Maga-zine, campanhas da Vide Bula e Fause Haten e desfi les para marcas como Ricardo Almeida.

Na esfera internacional, Pedro fi cou uma temporada na Europa e trabalhou com nomes como Dolce & Gabbana, Bottega Veneta e Ballantyne Cashmire. “Não tem um único

trabalho que considero mais bacana dentre todos até hoje, pois cada um teve seu signifi -cado especial pra minha carreira em questão de projeção, oportunidades e crescimento como profi ssional”, afi rma.

Para 2011, os planos do modelo é fi car no Bra-sil no primeiro semestre cursando a faculdade de Administração e Comércio Exterior, em São Paulo. “Mas acredito que retorno para Paris ou Nova York no segundo semestre. Sempre gos-tei muito de viajar e a carreira de modelo me proporcionou conhecer novos lugares”, conta Pedro, que sempre está em Guará nos fi nais de semana para curtir a família e os amigos.

Já o modelo Bruno Santos, 26 anos, de Tau-baté, se concentra em trabalhos fora da esfera da moda. Ele deixou o curso de Arquitetura de lado e resolveu investir de verdade na carreira a partir de 2008, com trabalhos que envolvem marcas como a Cerveja Itaipava, Nutrilatina, Centauro, Áquarius Fresh, Purina e, recente-mente, uma campanha para a TAM.

Além dos trabalhos no Brasil, Bruno passou dois meses em Abu Dhabi e Dubai para al-guns trabalhos como presença vip em festas e eventos como a Fórmula 1 e Mundial da Fifa. “Entre março e abril pretendo ir trabalhar em algum outro país novamente, que tenha mais o meu perfi l de campanhas”, conta. •

pNova York”, conta Gracie.ue a top gostaria de trabalharcampanha de beleza de uma

,temporada na Europa e trabalhou com nomes como Dolce & Gabbana, Bottega Veneta e ga Veneta e Ballantyne Cashmire. “Não temm um único

BRUNO SANTOS Modelo de Taubaté

voltou recentemente de uma temporada

de trabalho em Abu Dhabi e Dubai

PEDRO CAVALCA Nascido em Guará,

modelo viaja o mundo e carreira ganha, cada

vez mais, projeção internacional

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6464 Tempos ModernosArtigo

Após a temporada no Rio, pareceque voltamos à Idade da Pedra

Infelizmente não é sempre que vemos uma boa idéia, ou boa iniciativa, ir adiante. Defender o fi m do uso de pe-

les de animais da moda, apesar de já ter sido bandeira de gran-des estilistas parece ter perdido seu apelo.

Nesta última edição do Fashion Rio e do Fashion Business, que aconte-ceram na semana passada, no Rio de Janeiro, foi possível ver uma verda-deira procissão de modelos usando peles. E, muitas delas, verdadeiras! Estilistas conhecidos inclusive por trabalhos com sustentabilidade, como Carlos Miele, colocaram na passarela modelos trajando peles de animais. Uma cena triste de se ver.

Talvez a “consciência” eco-friendly de algumas pessoas do mercado da moda não passe de mera jogada de marketing. Se for isso mesmo, o fato da diretora da maior revista de moda do mundo, Anna Wintour, defender publica-mente o uso de peles de animais seguramente não ajuda. Essa posi-ção, aliás, já custou a ela uma torta na cara na saída de um desfi le, em 2005. Bem merecido, por sinal.

Por outro lado, nem tudo parece estar perdido. Alexandre Herchco-vitch, em 2010, me disse pessoal-mente no backstage de um de seus desfi les que não há porque usar pe-les verdadeiras e que todas as do seu desfi le na época eram falsas, há outros exemplos que merecem

ser citados. Karl Lagerfeld, estilista da Chanel, por exemplo, colocou icebergs no seu cenário, no último desfi le de inverno da Chanel, em alusão ao derretimento do gelo po-lar. Neste mesmo desfi le, todas as

peles usadas eram falsas.Afi nal, esse é o sinônimo do luxo

contemporâneo. Consciência, aliada à atitude e ao estilo. Pen-sando bem, é a primeira vez em que usar algo falso é chique. •

MERCADO“ Talvez a ‘consciência’ eco-friendly de algumas pessoas do mercado da moda não passe de mera jogada de marketing”

Alice Lobo

Alice LoboJornalista

[email protected]

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Dsquared² He Wood Ocean Wet e She WoodCrystal CreekSão ideais para os amantes da natureza. Na versão masculina, destaque para as notas de âmbar cinza, folhas de violeta, almíscar, madeira de cedro, patchuli e vetiver. Já a feminina é um fl oral aquoso amadei-rado, composto por notas de espinheiro-alvar, jas-mim, almíscar, folhas de violeta, vetiver, madeira branca e sândalo.Preços variam de R$ 214 a R$ 304

BELEZA

Fragrâncias do verãoConheça as novidades do universo dos perfumes e as notas mais indicadas para a estação mais quente do ano

Cristina BedendoSão José dos Campos

Há pessoas que identifi camos pelo perfume. E há perfu-mes para lembrarmos das pessoas. No verão, apesar do clima quente, o brasileiro

não deixa o hábito de se perfumar. Mas as fragrâncias para a temporada quente devem ser mais leves, frescas e menos invasivas. As notas mais usadas nesta estação são os fl orais frescos, verdes e frutados, fougere fresco e marine e chipre cítrico e frutado.

Outra dúvida que pode surgir é em re-lação à quantidade do produto. O ideal é prestar atenção nos frascos. Colônias sem válvulas são indicadas para o uso em abundância e, por isso, são ideais para o verão. Já aquelas com válvulas, você pode borrifar de duas a três vezes em regiões como pescoço, pulso e colo.

Os frascos pequenos, com aplicadores delicados, provavelmente guardam pro-dutos concentrados e devem ser aplica-dos com apenas um toque. E não custa lembrar: evite o uso de perfume na praia ou piscina, pois algumas matérias-primas, como os cítricos, são fotossensíveis e podem causar alergias e manchas na pele.

Para as mulheres, as fragrâncias mais indicadas no verão são as fl orais, leves e adocicadas, que remetem a uma sensa-ção de bem-estar e aconchego. Para os homens, a dica é escolher aromas fres-cos, com notas cítricas. E mais: quanto mais hidratada estiver a pele, maior é o tempo de fi xação da fragrância.

Natura Águas de ViverA Natura acaba de lançar a coleção Águas de Viver, inspi-rada nos cheiros e intensidade dos dias ensolarados. São três fragrâncias fl orais –uma refrescante, uma envolvente e uma sensual. São cítricos vi-brantes e frutais exóticos, com fl orais delicados, em um fundo marcante de madeiras, âmbar e um toque de vanila. Preços sugeridos: R$ 48,50 (150 ml)

Sarah Jessica Parker New York CitySJP NYC foi inspirado na es-sência de Carrie Bradshaw, personagem de Sarah Jes-sica Parker em Sex and The City. Fragrância fl oral frutal, composta por notas suaves e sensuais de morango silves-tre e gardênia exuberante. Preço médio: R$ 117 (30 ml)

Signature Story, de David e Victoria BeckhamSuper contemporâneas, as novas fragrâncias assinadas por David e Victoria Bekham trazem notas sofi sticadas.Preços sugeridos: R$ 99 (30 ml),

R$ 129 (50 ml) e R$ 189 (75 ml)

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David e Victoria Beckham estão esperando seu quarto filho, disse a porta-voz de Vic-toria. O astro do futebol inglês e sua mulher estilista vivem em Los Angeles, onde ele joga pelo LA Galaxy. O casal já tem três filhos –Brooklyn, de 11 anos, Romeo, de 8 anos, e Cruz, de 5 anos.

“David e Victoria Beckham estão encantados em confir-mar que estão esperando seu

Victoria Beckham espera seu quarto fi lho

Notas& fatos

quarto fi lho para o verão”, disse Jo Milloy, em comunicado en-viado por e-mail. “Brooklyn, Romeo e Cruz estão muito ani-mados com a chegada de seu novo irmão ou irmã.”

A notícia foi divulgada em ja-neiro, no mesmo dia em que a proposta de empréstimo de Beckham para o clube inglês Tottenham Hotspur fracassou, mas ele ainda irá treinar com a equipe londrina.

Mila Kunis revela em entrevista que já foi cega de um olhoMila Kunis, 27, revelou ter sofrido por anos com uma irite crô-nica, que é uma espécie de inflamação na íris --a parte colorida do olho. “Fui cega de um olho por muitos anos, e ninguém sabia”, contou à revista “Cosmpolitan”, cuja capa de fevereiro é estam-pada por ela. “Mas não sou mais cega”, disse. “Fiz uma cirurgia há alguns meses. Eles cortaram, abriram e colocaram uma lente lá dentro.” Ela se negou a comentar sobre o relacionamento com o ator Macaulay Culkin, que terminou há alguns meses. “Nunca falei sobre isso e nunca falarei. A razão pela qual consigo ter um relacionamento é porque eu não falo sobre ele”. A atriz também elogiou os astros com quem já trocou beijos na tela, como Justin Timberlake, Ashton Kutcher, James Franco e Natalie Portman --em polêmicas cenas lésbicas no filme “Cisne Negro”.

Como sempre, o Big Brother Brasil vira assunto do bra-sileiro no início do ano. Até os que juram odiar acabam tecendo comentários sobre o programa. Mas desta vez a marmelada está escancarada na escolha dos participan-tes. Nunca mais, uma “Cida” ganhará um prêmio. Pelo menos seis integrantes dessa nova casa têm ligações com ex-BBBs. Entre os competidores, dançarina do cantor Latino, ex-misses, uma transsexual, um blogueiro ho-mossexual, enfi m, a receita do marmelo.

BBB 11

A mesma marmelada

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Andrew Garfi eld posa em revista

Spike Lee tem uma quedinha pelo Brasil, isso não é novi-dade. Dessa vez, Lee quer rodar um longa por aqui. “The Beau-tiful Game” vai girar em torno do futebol e deve ser lançado na Copa do Mundo de 2014. Para dirigir o fi lme, Spike Lee deve escolher algum brasileiro. Não existem favoritos ainda.

CINEMA

O ator Andrew Garfi eld, sucesso em “A Rede Social”, posou para edição de fevereiro da revista norte-americana “Details”. Em entrevista à publicação, o ator inglês falou sobre os desafi os de aceitar o papel de Peter Parker em Homem Aranha 4. “São mui-tos. Fazer isso ser autêntico, fazer o personagem viver e respirar de uma forma diferente. O público já tem uma identifi cação com outras interpretações do herói”, disse.

HOLYWOOD

Spike Lee vai fi lmar no Brasil

”Nunca brigamos, mas a energia dela não tem nada a ver com a minha”

Da apresentadora Glória Maria,

ao dizer que não é amiga de

Renata Ceribelli, também

apresentadora da rede Globo

Quem falou o quê?

”Está em um armário, bem escondida”

Mel Lisboa, atriz, mostrando-se preocupada em esconder do fi lho de dois anos a edição da “Play-boy” na qual es-tampou a capa

”Diziam que a bicicleta ia entrar na minha bunda”

Leandro Hassum, ator, lem-

brando o preconceito que sofria

quando era mais novo por ser gordo

O ator americano Michael Douglas diz que conseguiu vencer sua batalha contra o câncer na garganta que o obrigou a fazer quimioterapia nos últimos meses. “Me sinto bem, aliviado”, declara o ator em entrevista ao apresentador Matt Lauer, do programa “The Today Show”, da rede “NBC”. Em agosto passado, Douglas, de 66 anos, foi diagnosticado com um tumor maligno na garganta em fase 4. Agora, o ator está otimista sobre sua vitória contra o câncer.“Acho que as apostas são de que o tumor terminou”, ressaltou.

CURA

Michael Douglas diz que venceu o câncer

CURA

Michael Douglas Universal vai pagarR$ 150 mil para XuxaA Editora Gráfi ca Universal terá que pa-gar R$ 150 mil de indenização por dano moral à Xuxa Meneghel. O motivo foi ter publicado na “Folha Universal” de agosto de 2008 que a apresentadora é “satanista” e que teria vendido sua alma para o demônio por US$ 100 milhões. Se-gundo a assessoria de imprensa do Tri-bunal de Justiça do Rio de Janeiro, na pe-tição inicial do processo, Xuxa declarou que “tem uma imagem pública a zelar, principalmente no meio infantil, e que a conduta da ré lhe causou danos morais, sobretudo por ser pessoa de muita fé”. Já a editora se defendeu alegando seu direito de informar e que não o fez com abuso, já que os fatos mencionados em sua reportagem já foram objeto de ou-tras matérias em outros veículos.

m-

sofria

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Aeconomia norte-americana pode até cambalear, mas o Oscar continua sendo a pre-miação cinematográfi ca de maior prestígio do mundo. Em parte graças ao poderio

de Hollywood, outra parte se deve ao pró-prio esquema de votação, como veremos nas linhas abaixo. Mas antes disso, falemos sobre os candidatos deste ano, a qualidade das produções e suas chances.

Para os brasileiros, a boa notícia foi a in-dicação do fi lme “Lixo Extraordinário” ao Oscar de Melhor Documentário. Co-pro-dução Brasil-Reino Unido, o fi lme mostra o trabalho do artista plástico Vik Muniz com catadores de lixo do Rio de Janeiro. Vik Muniz foi quem criou, por exemplo, o cenário da abertura da novela “Passione”, que terminou recentemente na Globo. E a co-produção tem grandes chances de ame-alhar o Oscar, especialmente porque sua temática – envolvendo a valorização do lixo e a consciência ambiental e social de quem trabalha com ele – está em voga no

Franthiesco BalleriniSão Paulo

mundo inteiro. Co-produzido pela O2 Fil-mes, de Fernando Meirelles, e dirigido pela inglesa Lucy Walker, “Lixo Extraordinário” não tem concorrentes fortes, a citar, “Exit Through the Gift Shop”, do artista plástico Bansky, “Trabalho Interno” (Charles Fer-guson), “GasLand “(Josh Fox) e “Restrepo” (Tim Hetherington e Sebastian Junger). Ro-dado ao longo de três anos com catadores de lixo em Duque de Caxias (RJ), o maior lixão da América Latina, também cenário de Esta-mira, que em 2004 amealhou vários prêmios para Marcos Prado.

Fora o documentário brasileiro, as indica-ções trouxeram poucas surpresas. “Biutiful”, fi lme de Alejandro Iñarritú que perdeu feio o Globo de Ouro, ganhou indicação a melhor ator para Javier Bardem. Annette Bening, grande favorita, ganhou indicação pela ho-mossexual vivida em “Minhas Mães e Meu Pai” – estranho foi Julianne Moore ter fi cado de fora, já que seu papel como companheira de Annette também é marcante. Na catego-ria de ator, Christian Bale é um dos favoritos por “O Vencedor”, especialmente porque ga-nhou o Globo de Ouro pelo papel que o fez perder muito peso. A boa notícia foi o reco-nhecimento de “A Origem”, que passou pra-ticamente despercebido no Globo de Ouro.

And the Oscar goes to...

Apesar das 12 indicações para ‘O Discurso do Rei’, o fi lme que conta a história do Facebook pode repetir a dose do Globo de Ouro; Brasil está representado por ‘Lixo Extraordinário’

ValeViverCINEMA

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O fi lme de Christopher Nolan – uma espécie de quebra cabeça futurista e surrealista in-teressantíssimo – recebeu oito indicações, incluindo Melhor Filme e Roteiro Original. Boas chances de levar este último para casa. Entre os indicados a Melhor Filme, embora “Cisne Negro”, “O Vencedor” e “O Discurso do Rei” sejam chamativos, chance mesmo tem “A Rede Social” (que conta a história da criação do Facebook) repetir o êxito do Globo de Ouro. Ou pelo menos amealhar os principais prêmios. Dirigido por David Fin-cher (“Seven”, “Clube da Luta”), é o grande favorito, inclusive para Melhor Diretor, onde só tem como forte concorrente os Irmãos Coen por “True Gift”. Embora “O Discurso do Rei” tenha levado 12 indicações, pois a Academia tradicionalmente gosta de fi lmes de época, especialmente falando do universo anglo-saxão, é capaz de “A Rede Social”, com oito indicações, levar mais estatuetas, já que o Oscar tem se seduzido por histórias mais contemporâneas. Aliás, aqui reside a grande disputa do ano, entre o Rei George, monarca gago que conduziu a Inglaterra durante a Se-gunda Guerra Mundial, ou Mark Zuckerberg, norte-americano criador do maior site de relacionamentos do século 21. Tradição ou modernidade? A disputa será acirrada.

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DANÇANatalie Portman,

indicada ao prêmiode melhor atriz

pela interpretação em ‘Cisne Negro’

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ValeViver

Como funciona o Oscar?O Oscar nasceu como uma grande panelinha e se tornou democrático ao longo das décadas. Explico. Os anos 1920 marcam o início da Era de Ouro de Hollywood, quando as produções dos estúdios localizados em Los Angeles já haviam dominado o mercado interno dos EUA e, graças à Primeira Guerra Mundial, que enfraqueceu a Europa, abriu caminho para a dominação do mercado cinematográfico mundial. Milionários, os donos dos estúdios conseguiam concretizar nas telas qualquer his-tória, pois não havia concorrência nenhuma no mundo – lembre-se que a TV ainda não existia. Faltava o que para eles? Prestígio. Foi quando Louis B. Mayer, chefe da MGM (estúdio que fechou as portas recentemente, mas que era o mais rico da época), propôs aos colegas dos outros estúdios a criação de um prêmio que consagrasse suas próprias produções, sur-gindo, então, em 1929, a Academia de Artes e Ciências Cinematográfi cas. Ou seja, pura pa-nelinha, já que as produções estrangeiras (fora de Hollywood), até hoje só ganham espaço sig-nifi cativo na premiação em anos de produções fracas dos estúdios ou de queda de audiência da premiação. E o nome Oscar, como surgiu?

CAMPEÃO’O Discurso do Rei’

indicado a 12 prêmios, incluindo melhor

fi lme e melhor ator para Colin Firth

Tessa Posthuma

Esta é uma história controversa. Há duas ver-sões para o nome popular da estatueta folhada a ouro de 35cm e 4kg que vale em torno de US$ 200. Criada pelo diretor de arte Cedrig Gib-bons e pelo escultor George Stanley em 1929, a primeira versão conta que a secretária exe-cutiva da Academia, Margareth Herrick, ao ver pela primeira vez a estátua, disse que parecia muito com seu tio Oscar. A versão é sustentada até hoje, pois fora ouvida por um jornalista que publicou a história num jornal. Já a versão me-nos aceita é de que a atriz Bette Davis o teria apelidado assim por sua semelhança física com o primeiro marido, chamado Oscar.

E apesar de dar a maior parte dos prêmios para as produções da panelinha dos estúdios de Hollywood até hoje, o Oscar tem seu pres-tígio mantido por conta de seu esquema de vo-tação. Ao contrário do Globo de Ouro, no qual votam apenas alguns poucos correspondentes estrangeiros que cobrem o cinema dos EUA, no Oscar são quase 6 mil votantes, chamados membros, e formados por todos que já rece-beram uma indicação ao prêmio, membros de sindicatos de Diretores e Atores etc. Ou seja, a cada ano, em tese, há mais e mais votantes no Oscar. Em tese porque, para votar, é preciso

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Domingo 6 Fevereiro de 2011

estar em dia com uma taxa de anuidade, o que nem sempre acontece. Ou seja, ver os indi-cados que é bom, isso é secundário. Quando dizem que o Oscar é o ápice da carreira dos fi l-mes é porque as produções concorrem, antes, a diversos prêmios de Associações de Críticos, Roteiristas, além de prêmios de sindicatos, Guias etc. Estes servem como termômetro e até uma espécie de pré-seletor dos que vão le-var o Oscar. Há surpresas de vez em quando, mas a regra é que o Oscar seja o prêmio fi nal da trajetória bem sucedida do longa metragem em outras premiações prévias, até porque to-dos estes críticos, roteiristas e membros de sindicatos votam no Oscar e reafi rmam os prêmios ganhos anteriormente.

O Brasil, infelizmente, tem perdido repre-sentatividade no Oscar. Primeiro porque são raros os anos nos quais chegamos a ter um in-dicado – neste ano, tentamos com “Lula, o Fi-lho do Brasil”, mas não chegamos nem perto dos fi nalistas. Segundo porque mesmo os seus membros votantes nem sempre votam porque não assistem a todos os concorrentes ou simplesmente porque não pagaram a taxa de anuidade. É o caso de Fernando Meirelles. Indicado em 2004 por “Cidade de Deus”,

desde 2007 ele não paga a taxa anual de US$ 250. Pão-duro? Diz ele que não é por razões fi nanceiras, mas porque não tem tempo de acompanhar os indicados e porque cinema é uma arte subjetiva e, portanto, difícil de clas-sifi car melhores e piores. O mesmo acontece com a atriz Fernanda Montenegro, indicada por “Central do Brasil” em 1999, e o roteirista Bráulio Mantovani (“Cidade de Deus”). Argu-mentam que não recebem todos os fi lmes, só de alguns que os estúdios fazem um “esforço” para emplacar entre os candidatos. Ou seja, embora seja impossível controlar o voto de 6 mil pessoas, em tese quem tiver mais força fi -nanceira (grandes estúdios por trás) têm mais chances de levar a melhor no Oscar.

Em suma, os brasileiros votantes têm di-versos argumentos para justifi car não parti-ciparem da votação. Mas como numa eleição presidencial, deixar de votar signifi ca também permitir que outros decidam por você. E, neste quesito, perde a diversidade, perde a represen-tatividade do cinema latino-americano, ou não hollywoodiano. No cinema, estudar os candi-datos é mais prazeroso que na política. Basta ver os fi lmes. Só não é de graça. Mas o que são US$ 250 para quem já foi indicado ao Oscar?

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INDICADOSFilme“Cisne Negro”“O Vencedor”“A Origem”“Minhas Mães e Meu Pai”“O Discurso do Rei”“127 Horas”“A Rede Social”“Toy Story 3”“Bravura Indômita”“Inverno da Alma”

AtorJavier Bardem - “Biutiful”Jeff bridges - “Bravura Indômita”Jesse Eisenberg - “A Rede Social”Colin Firth - “O Discurso do Rei”James Franco - “127 Horas”

AtrizAnnette Bening - “Minhas Mães e Meu Pai”Nicole Kidman - “Reencontrando a Felicidade”Michele Williams - “Namorados para Sempre”Jennifer Lawrence - “Inverno da Alma”Natalie Portman - “Cisne Negro”

DiretorDaren Aronofsky - “Cisne Negro”David Fincher - “A Rede Social”Tom Hooper - “O Discurso do Rei”David O. Russell - “O Vencedor”Joel Coen e Ethan Coen - “Bravura Indômita”

Ator coadjuvanteChristian Bale - “O Vencedor”John Hawkes - “Iverno da Alma”Jeremy Renner - “Atração Perigosa”Mark Ruff alo for - Minhas Mães e Meu PaiGeoff rey Rush - “O Discurso do Rei”

Atriz coadjuvanteAmy Adams - “O Vencedor”Helena Bonham Carter - “O Discurso do Rei”Melissa Leo - “O Vencedor”Hailee Steinfeld - “Bravura Indômita”Jacki Weaver - “Animal Kingdom”

Roteiro Original“A Origem”“Minhas Mães e Meu Pai”“O Discurso do Rei”“Another Year”“O Vencedor”

Documentário“Exit through the Gift Shop”“Gasland” “Trabalho Interno” “Restrepo” “Lixo Extraordinário”

Efeitos visuais“Alice no País das Maravilhas” “Além da Vida ”“A Origem”“Homem de Ferro 2” “Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 1”

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SHOW

São José dos Campos

OUltraje a Rigor toca no dia 26 de fevereiro no Sesc São José dos Campos. Sucesso nos anos 80, o grupo comandado por Roger sobe ao palco com grandes clássicos da carreira, entre eles, “Mim quer Tocar”, “Pelado”, “Vamos Invadir sua Praia”, “Eu gosto é de Mulher” e “Inútil”.

Em 20 anos de estrada, o Ultraje a Rigor acumula 19 álbuns. For-mada nos anos 80, a banda paulista começou como cover de outros conjuntos da época e de outras gerações, como Beatles. O show está marcado para as 20h30 e os ingressos custam de R$ 7,50 a R$ 30.

Neste mês, a banda lança sua biografi a “Nós Vamos Invadir Sua Praia”, escrita pela jornalista Andréa Ascenção, com edição da Be-las-Letras. O livro terá 352 páginas e contará a história do grupo, tra-zendo declarações dos atuais e ex-integrantes e mais de 100 fotos. •

ROGERMúsico canta maiores sucessos da banda no

próximo dia 26 no Sesc

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Ultraje invadea praia do Sesc

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Rodolfo Abrantes, 37 anos, não usava calças coloridas, não alisava o cabelo com chapinha e pouco menos tinha uma le-gião de seguidores no Twitter. Com roupas largas, cabelo

raspado e fora do mundo virtual, liderou uma das maiores bandas de rock do Brasil, os Rai-mundos. Foram seis CDs gravados e pouco mais de 2,5 milhões de cópias vendidas até abandonar o grupo no auge da carreira, há dez anos, para se dedicar à vida cristã.O microfone que servia para cantar refrões recheados de palavrões é usado agora para pregar o evangelho, transformando o palco em um verdadeiro altar. “O Rodolfo daquela época morreu ou está morrendo a cada dia. Ele tem que morrer para o novo homem aparecer”, diz. O novo homem que vem apa-recendo ao longo dos anos se considera um “velho desinformado” quando o assunto é a nova geração do rock nacional.Infl uenciado no início da carreira pela banda punk Ramones, Rodolfo considera-se livre para tocar o que quer, mantendo-se fi el ape-nas a Deus. “Não vou perder tempo falando nada numa música só para entreter. Vou usar a música com todo poder que ela tem”.

Hernane LélisSão José dos Campos

PERFIL

Dez anos longe do RaimundosEx-vocalista da banda de rock, Rodolfo Abrantes, 37 anos, segue dedicado ao trabalho de evangeli-zação através da música

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vida. Não me atrai mais.

Nem uma batidinha com o pé se pas-sar um carro ao seu lado tocando Pet Cemetery? Não é impossível ter esse desapego quando se está numa obra de Deus. É uma obra Dele e não nossa. Vou falar a real. A galera olha para mim e acha que eu ainda curto som pe-sado. Isso não tem mais nada de novo para mim, curti isso minha vida inteira e sei exa-tamente o que vem depois. Me atrai muito mais ver uma pessoa fazendo um som com violão, uma coisa simples e pura. Na épo-ca que estava com o Raimundos não tinha som ou CD em casa e no carro, música para mim tinha virado emprego de chato.

E o que você escuta hoje?Tudo aquilo que eu me identifico, mais músicas voltadas para o louvor e ado-ração a Deus. Hoje em dia tem bandas maravilhosas, falando sobre aquilo que acredito. É nesse caminho que eu vou.

Acompanha o cenário do rock brasi-leiro, as novas bandas?Não. Sou do tipo que fi cou velho e não sabe de nada do que está acontecendo nesta área.

O que você diria a um fã que ainda o idolatra como Rodolfo vocalista dos Raimundos? Conheça o novo.

É possível um dia ver o Rodolfo fazendo rock com a mesma pegada dos Raimun-

dos, mas sem os palavrões da ban-da e o propósito de evangelizar? Não, acho que não. Não teria propó-sito algum. Seria só um passatempo ou pior, uma perda de tempo. Se eu te-nho alguma coisa para falar eu vou falar. Não vou per-der tempo falando nada numa música só para entreter. Vou usar a música com todo poder que ela tem. •

Divulgação

Como está a vida do Rodolfo na cami-nhada cristã, dez anos após ter deixa-do o Raimundos?Vejo os frutos dessa minha decisão em vi-das transformadas, é um trabalho muito gratifi cante. Por onde a gente passa tem o feedback das pessoas em relação ao nosso trabalho. Venho de uma geração que era tida como perdida por muita gente, que não tomava apenas uma cervejinha. Era uma galera que fumava pedra, que mexia com coisa pesada. Mas, quando a gente acredita no chamado de Jesus e segue os ensinamentos Dele, a vida muda.

Por que muitos artistas que se conver-tem duram pouco tempo na fé?A gente nunca tem como julgar nem como saber o que acontece. Só posso falar por mim. Tive uma experiência com Deus que me deu alegria, que me deu paz, sentindo e foi resposta para muitas perguntas que eu tinha. Minha vida foi realmente transforma-da por Ele. Agora, existe todo tipo de gente, alguns que nunca tiveram uma experiência com Deus e precisam que algo aconteça para se convencerem que Ele realmente existe e outros que só quer usar disso como estra-tégia para mudar a sua imagem. Acho que a grande diferença é o nível de entrega.

As tatuagens foram as únicas coisas que sobraram do Rodolfo da era Raimundos?O Rodolfo daquela época morreu ou está morrendo a cada dia. Ele tem que morrer para o novo homem aparecer. É um proces-so que se não for pelo espírito a mudança não vem de dentro para fora. Então, leva tempo para poder se transformar, mas sei que até o dia em que morrer serei tocado, aprenderei uma coisa nova. Espero que não tenha sobrado nada do Rodolfo de antiga-mente.

Você ainda escuta Ramones? Não escuto. Não me identifi co com os temas das músicas, não acrescenta nada em meu modo de

”Tive uma experi-ência com Deus que me deu alegria, que me deu paz, um sen-tindo para a vida e foi uma resposta para muitas pergun-tas que eu tinha”

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Profi ssão DJ:o disco segue riscadoMais de 50 mil profi ssionais ganham a vida agitando as baladas noturnas de todo o país; mas trabalho visto com glamour e adotado atépor grandes nomes do meio artístico, ainda não é reconhecido legalmente

Nem o status das pistas de dança, nem os milhares de adeptos da música eletrô-nica e nem tão pouco os mais de 50 mil profi ssio-nais espalhados por todo o

país foram sufi cientes para a aprovação da legislação que regulamentaria a profi ssão de DJ. O veto do ex-presidente Lula à lei, uma das suas últimas ações à frente do go-verno federal, deixou no ar a pergunta: DJ não é uma profi ssão?

O veto à lei, que tramitava no Congresso Nacional desde 2007, de autoria do depu-tado Romeu Tuma (morto em outubro de 2010) foi baseado no artigo 5º, inciso 8, da Constituição Federal, que assegura o livre exercício de qualquer trabalho, ofício ou profi ssão, cabendo a imposição de restri-ções apenas quando houver a possibilidade de ocorrer algum dano à sociedade.

“Pois bem, sendo assim, os DJs vão con-tinuar na luta para a legalização da profi s-são. Nem que tenhamos que começar tudo novamente perante o Congresso, ou seja, mais pelo menos três anos de luta. Com essa decisão, falando basicamente, fi camos sem direito a uma aposentadoria. Nenhum direito comum de um trabalhador, nada!”, disse Dárcio Correa, secretário geral do Sin-decs (Sindicato dos DJs e Profi ssionais de Cabine de Som).

Elaine SantosSão José dos Campos

A briga do sindicato da categoria é para que o DJ tenha direito a uma melhor qua-lidade de trabalho e o reconhecimento profi ssional diante do Ministério do Tra-balho. Um dos pontos mais discutidos na regularização da profi ssão era a qualifi ca-ção do profi ssional, com dispositivo de lei que obrigava a formação em cursos regula-mentados nacionalmente e ainda o seu re-conhecimento dentro do ministério. Ainda dentro da proposta de lei, os DJs que com-provassem posição no mercado fi cariam li-vres de testes e bancas de estudos. A atitude mudaria o perfi l de centenas de novos DJs que, segundo o sindicato, surgem a cada dia sem experiência no mercado apenas pelo glamour da profi ssão.

“Hoje, a grande difi culdade do profi ssio-nal DJ é não ter uma Carteira de Trabalho assinada. Mesmo tendo contrato como autônomo, não está adequado junto ao Mi-nistério da Fazenda, por exemplo. Sendo assim, não há como declarar o Imposto de Renda como DJ, sem contar os inúmeros outros benefícios que um profi ssional co-mum tem, como por exemplo, o direito de adquirir um fi nanciamento junto a uma ins-tituição fi nanceira, além de não ter amparo nenhum legal na área da saúde”, disse Cor-rea, alegando que, sem a regulamentação da profi ssão, o DJ estaria “às margens da sociedade como trabalhador”.

“Até um sacoleiro hoje está amparado pela lei. E o DJ não. Hoje esse profi ssio-nal, muitas vezes é a atração principal da casa noturna, é ele quem leva o público, e

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CULTURA

é considerado já um formador de opinião. Atualmente alguns contratantes não têm preocupação nenhuma em oferecer um espaço devido ao profi ssional que fi ca à mercê de valores oferecidos e gerencia-dos pelos mesmos. Não existe um piso, não existem critérios para um contrato de trabalho. E é isso que precisamos mudar”, disse Antônio Carlos dos Santos, presi-dente do Sindecs.

Na prática, se aprovada a lei, o que muda-ria para o DJ seria reconhecimento de seus direitos trabalhistas. Já para quem contrata, mudaria o contrato profi ssional, que deveria se enquadrar à lei, com horários, piso salarial e demais imposições trabalhistas. A profi s-são DJ está em crescente ascensão, mas o sindicato ainda não tem um número exato de quantos profi ssionais existem no país. Es-tima-se que existam cerca de 50 mil em todo país, 8.000 só no Estado de São Paulo.

ContratantesSócio de quatro casas noturnas, uma em Jacareí e três no Litoral Norte, Ralf Rodrigo Titicow afi rma que a regularização ou não da profi ssão DJ não mudaria em nada as contra-tações habituais das casas noturnas. Hoje, ele e os sócios contratam 24 DJs por semana, como profi ssionais liberais. “A maioria dos DJs hoje é agenciado por uma produtora. Já os DJs regionais são contratados como pres-tadores de serviço. Alguns caracterizamos como residentes, que são àqueles que tocam semanalmente, e os demais, chamamos de diaristas. Fechamos um cachê diário por

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VETOAntes de deixar o governo federal,

Lula vetou a lei que regulamentaria

a profi ssão de DJ

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Tessa Posthuma

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apresentações. Os valores variam . Os valores variam de R$ 400 a R$ 600 por noite”, explica.

“Acredito que antes de ter uma regulamen-tação da profi ssão a população deveria ter mais informação do que é ser DJ. DJ é uma arte, envolve sentimento, criação. Não é só fazer um curso e pronto. É algo como um jo-gador de futebol, um artista plástico, existe a técnica, mas tem que haver dom”, disse o DJ Danilo Stellet. Aos 25 anos, o joseense é hoje um dos mais requisitados nas baladas regionais e já ganha destaque na capital.

“Há pelo menos três anos, a profi ssão do DJ era muito mais forte no Vale. Ultimamente são poucas as baladas que valorizam o trabalho. A região é carente de noite, pista de dança. Em São José, por exemplo, só tem três casas noturnas com espaço destinado ao ‘house’. Talvez, com a profi ssão regularizada, abrissem novos cami-nhos para os profi ssionais locais”, disse Stellet.

Na contramãoCamilo Rocha, DJ e jornalista, é conside-rado hoje na cena eletrônica um formador de opinião conceituado e tem ponderações

do mercado da noite, não há quem tenha uma informação precisa. Isso mensuraria melhor o valor a ser cobrado por cada pro-fi ssional dentro de sua situação específi ca.”

Atualmente, a única regulamentação existente na profi ssão de DJ é a exigida pelo ECAD, que fi scaliza as casas noturnas e recolhe os direitos autorais do material (música) tocado na casa. Já quanto aos re-mixes (novas músicas que utilizam bases de canções já gravadas), cada profi ssional tem o dever de se reportar ao artista de origem da música antes de gravar seu trabalho.

Considerado um dos monstros da profi ssão DJ no país, o carioca Memê divide a mesma opi-nião que a do colega de ofício Camilo Rocha. Memê começou aos 11 anos de idade criando as próprias baladas e hoje coleciona mais de 7 milhões de discos vendidos entre compilações e álbuns completos com sua produção em par-ceria com gravadoras de todo o país.

“O DJ hoje é regulamentado sim, mas como operador de áudio. Para quem faz questão de um reconhecimento ofi cial, está aí há tempos. Então, em minha opinião, esse tipo de pro-

sobre a regularização da profi ssão. Uma de-las seria o excesso de regulamentações.

“O projeto foi pouco discutido entre os DJs, poucas pessoas sabiam os detalhes e o que isso implicaria na classe. Muitos profi ssionais tam-bém foram contra e apoiaram o veto. Acredito que faltou informação. Sem contar que a cate-goria de DJ hoje tem vários tipos de profi ssio-nais. Temos que ser um pouco mais realistas quanto a nossa situação no mercado. Hoje há profi ssionais que trabalham em tempo in-tegral, como empregados de uma única casa noturna, que seriam os chamados residentes, assim como há àqueles que trabalham sem ne-nhum vínculo empregatício, o que acontece com a grande maioria dos mais renomados profi ssionais”, disse Camilo Rocha.

Para ele, talvez um dos únicos pontos po-sitivos da regularização da profi ssão seria a possibilidade de ter uma visão mais clara do faturamento do mercado que envolve a música eletrônica. Atualmente, nenhum órgão ofi cial ou extra-ofi cial possui infor-mações sobre quando se fatura no meio. “Não temos ideia de quanto gira em torno

INFORMAÇÃOO joseense Danilo

Stellet acredita que falta informação

sobre o que é ser DJ

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Domingo 6 Fevereiro de 2010

blema nunca existiu. O que existe é uma von-tade de criar um sindicato, regras e normas. O DJ é um solitário, na grande maioria um nerd que inicia sua carreira dentro do quarto esco-lhendo suas músicas”, disse Memê. Segundo ele, dentro do mercado de DJ, que ele atua há mais de 30 anos, não há espaço para mais bu-rocracias. “Hoje já recebemos de algumas gravadoras pelos direitos conexos, que é uma participação pelo trabalho de remix do mate-rial que está em evidência no mercado. Isso é uma conquista, mesmo porque nem sempre um DJ é um remixer e vice e versa”, disse.

BusinessRepresentando 80 nomes de artistas da mú-sica eletrônica, o empresário Marcelo Dangot lamenta a falta de regulamentação da profi s-são de DJ e explica que mesmo para os contra-tantes a aprovação da lei seria favorável.

“Estou no negócio de DJs desde que virou business. No começo era tudo mambembe. Em 1998 foi quando começou realmente a ter valor no Brasil, quando começaram a surgir grandes festas voltadas à música eletrônica.

MEMÊPara quem já vendeu

7 milhões de discos,a profi ssão de DJ já

está regulamentada há muito tempo

Antes disso, na década de 80, era comum que os DJs se apresentassem somente em casas noturnas e os discos gerados pelo remix pertenciam somente às casas. Hoje, grande parte dos DJs não é vinculada a uma deter-minada casa noturna e são donos de suas ‘músicas’ (Remix)”, explicou Dangot.

No mercado atual, artistas já com nome valorizado e com referência na música ele-trônica ganham, em média, R$ 1.500 por cada duas horas. Já os mais renomados chegam entre R$10 e R$25 mil a cada apresentação que pode ser de uma a duas horas de duração.

“Toda regularização profi ssional só tende a valorizar o mercado. Se aprovada a lei, a profi ssão de DJ passará a ser melhor reco-nhecida e valorizaria ainda mais no mercado. Essa regularização faria com que o profi ssio-nal ganhasse benefícios sociais que hoje nem sonha em ter, como por exemplo um auxi-lio saúde. Isso é importante para a maioria deles. Já para o contratante não muda nada. O que muda é que ele não poderá contratar qualquer pessoa que se diga DJ, hoje uma defi ciência do mercado”, disse. •

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Cultura&mais

Quando a inglesa Kate Nash apareceu em 2007 com o disco “Made of Bricks”, a mistura pop de pianos, melo-dias doces e uma voz soberba conquistou a Inglaterra com

o hit “Foundations”. Mesmo cantando so-bre coisas ácidas, como o fi m de um rela-cionamento, ela conseguia ter uma doçura instigante, chegava a ser comparada a Lily Allen. Em 2010 voltou com “My Best Friend is You”, segundo disco que trazia a mesma doçura, mas dessa vez acompanhada de um peso de guitarras e um clima sessentista, à la Manfred Mann. Delicioso. Em cima dessas duas frentes que a britânica se apresenta no Brasil em fevereiro. No dia 24, o palco é o Circo Voador, no Rio de Janeiro, e no dia 25 ela canta no HSBC Brasil, em São Paulo.

A mudança na música de Kate Nash foi algo bastante renovador. Se antes suas canções beiravam o pop comercial, no segundo disco a produção de Bernard Butler, ex-guitarrista do Suede, trouxe ao universo da cantora es-truturas mais sólidas e complexas, fazendo com que a antiga combinação de piano e bateria fosse deixada de lado. As guitarras, que antes apareciam eventualmente no ba-ckground das canções, assumiram espaços maiores em um bom número de faixas . Tem momentos de fl erte com o rock e até o punk dos Los Campesinos.

Em dezembro de 2010, Kate divulgou um vídeo no YouTube dizendo que estava “muito empolgada” em poder tocar no Brasil pela primeira vez. “Eu nunca estive aí e mal consigo esperar para me divertir muito”.

Pop sessentistaAdriano PereiraSão José dos Campos

Fotos: Divulgação

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WEBPAUSEAcompanhe as no-tícias do mundo da música em www.va-leparaibano.com.br/soltaopause

MENESCALNão é uma biografi a, mas traz histórias pra lá de interessantes sobre a Bossa e a música brasileira

PEDIU PRA SAIR E saiu. Chega às locadoras o sucesso absoluto do cinema nacional. Sua chance de ver um bom fi lme.

O terno branco usado por John Lennon na capa do disco “Abbey Road”, dos Beatles, foi vendido em um leilão por US$ 46 mil (cerca de R$ 76 mil). O terno foi feito sob medida para Lennon pelo estilista francês Ted Lapidus. Um carro que foi de Lennon e Yoko Ono foi vendido por US$ 5.500 a outro comprador.

O diretor Quentin Tarantino divulgou a lista de seus 20 fi lmes favoritos de 2010. Sur-preendemente, em primeiro lugar, está a animação “Toy Story 3”. O diretor elegeu ainda os grandes favoritos ao Oscar, como “A Rede Social” e “O Discurso do Rei”.

BEATLES

CINEMA

MÚSICA

Leiloado terno usado por Lennon

Tarantino elege ‘Toy Story’ o melhor

Entre as estreias deste mês no ci-nema, “Burlesque” é a que conse-gue ser a maior representante da máxima “ame ou odeie”. Indicado como pior fi lme do ano, entre ou-tras indicações, pelo Razzie Awards (um anti-Oscar da indústria ame-ricana), também recebeu duas indicações para o Globo de Ouro, incluindo melhor fi lme de comédia.

O fato é que “Burlesque” não tem nenhum roteiro inovador. Traz aquela velha história da cantora novata e ta-lentosa que se deslumbra com o mains-tream, sonha em ser famosa e é ajudada por uma colega aposentada experiente. Nem precisa dizer que Christina Agui-lera é a novata –tanto no personagem como nas telas de cinema– e que Cher é a aposentada experiente –tanto no pa-pel quanto em suas várias facetas.

Cher canta, interpreta, produz, tem

Cher e Aguilera: burlescas e dantescas

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TESTE DE PACIÊNCIASe você ainda aguenta o Capital Inicial tem disco novo na paradaPREÇO: R$27.-

VIDA NOVA DISCO NOVODepois de chocar os desavisados, o cantor Ricky Mar-tin lança seu novo trabalhoPREÇO: R$ 30.-

CD’S &MAIS

ÚDESTAQUEDESTAQ

VALE

tatuagens e, reza a lenda, fez ínúme-ras cirurgias plásticas, mas boa parte de sua fama foi alavancada mesmo por conta de seu comportamento polêmico. Basta dizer que, entre os grandes ícones pops como Madonna e Britney Spears, por exemplo, seu nome é sempre uma referência.

Já a blondie Christina estreia no ci-nema como protagonista. Não seria difícil imaginar que uma das indica-ções do Razzie é justamente na cate-goria de pior atriz principal.

“Burlesque” teve uma série de nega-tivas de atores convidados para ou-tros papeis no fi lme. Até a “maluca” da Lindsay Lohan rejeitou o convite. A lista ainda teve nomes como Robert Pattinson, Kellan Lutz, Taylor Lautner, Emma Stone e Jessica Bell, entre outros. Ou seja, se você tem curiosidade sobre o teatro burlesco, dê um Google em Dita Von Teese e fi que longe deste fi lme.

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O ano começou igual (como sempre), com desgraças e mortes desnecessárias

Feliz Ano Novo! Todos de-sejam isso, mas todos os anos é a mesma história: desgraças, mortes, mui-

to sofrimento, pessoas perdendo tudo, vidas que se vão, famílias que perdem tudo que construí-ram, crianças morrendo. O que está acontecendo? Porque isso? Efeito estufa? Aquecimento do planeta? Ou simplesmente o que seria natural está se mostrando o grande destruidor, dos sonhos, das vidas das pessoas? Estou muito triste com tudo isso. Vendo os noticiários percebo que não é só aqui. A Austrália está em-baixo d’água. Extintos vulcões vol-tando à atividade, secas e falta de água em outros lugares do mundo. Tanta coisa horrorosa acontecendo! Que tristeza! Não sinto vontade de ver notícias, elas me deixam mais triste ainda. Fico pensando: o que cada ser humano poderia fazer para pelo menos tentar mudar ou tentar reverter o quadro? Temos solução?

Estamos desmatando, poluindo rios, mares, lagos e terras. Óbvio que vamos ser cobrados, a natu-reza não vai deixar barato. Quan-tas mortes serão necessárias para enxergarmos o que fazer? Primei-ros dias de 2011, dias tristes que me fazem pensar se realmente preci-samos destruir para crescer. Es-cuto empresários, professores, to-dos falam sobre sustentabilidade. Será que a tal sustentabilidade pode ser um caminho para resol-

com o governador do Estado e ver o que poderíamos fazer. Ela até tentou, mas quando falei do assunto com um assessor, ele me disse que seria difícil uma hora com o governador.

Olha, eu tentando resolver uma coisa que talvez só eu fique incomodado. Não consegui ajudar em nada, mas pelo menos tentei. Devemos tentar, de alguma forma. Espero um dia que realmente isso mude. Estou tentando trabalhar via internet, movimentando meus perfis em vários sites de relacio-namentos, tentando divulgar a infor-mação, me juntando com mais pessoas conscientes. Espero que em 2012 tudo comece diferente, sem desgraças, e que a previsão dos Maias não aconteça.

Deixo aqui algo para se pensar, que escuto muito de pais: que planeta va-mos deixar para nossos filhos? Aí, deixo a todos a minha pergunta: que filhos va-mos deixar para o nosso planeta? •

vermos todas estas desgraças? Rea-proveitar tudo que a natureza nos dá de presente, refl orestar áreas, tirar famílias de áreas de risco, fazer com que estes lugares sejam o que eles nunca deveriam ter deixado de ser, lugares naturais, cheios de bichos, plantas, vida natural, sem a inter-venção humana. E se um dia preci-sarmos destas áreas, que seja algo programado, estudado, arquitetado.

Lembro quando São Luís do Parai-tinga foi destruída. Meu coração fi cou destruído junto com a cidade. A popu-lação se juntou, mostrou ao país que juntos reergueriam uma cidade. Lindo de se ver, mas muito triste para sentir. Porque não nos juntamos para tentar evitar tudo? Não seria mais racional?

Ainda acredito que a educação, pode ser uma das formas mais adequadas de ensinar um povo inteiro. Talvez conse-guíssemos evitar desgraças naturais.

Uma vez, junto com minha amiga Fafá de Belém, fui à Ilha de Marajó. Fiquei impressionado com tanta beleza natural, que lugar lindo! Mas o que mais me impressionou foi a falta de sensibilidade, ou melhor, a falta de educação e respeito de muita gente com a natureza. Vi uma embar-cação, destas cheias de redes pendu-radas, despejando tambores de lixo nos rios. Fiquei horrorizado.

Eles não sabem que todo o lixo des-pejado se acumula no fundo dos rios? Porque não recolhem o lixo? Vi garrafas de plástico, fraldas sujas, sacos plásti-cos, muito lixo boiando no rio. Lem-bro que pedi à Fafá para conversarmos

Carlos Carrasco

Carlos Carrascocabeleireiro

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COBRANÇAEstamos desma-tando, poluindo

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que vamos ser cobrados, a

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