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vitória Ano VIII Nº 05 Maio de 2013 Revista da aRquidiocese de vitóRia - es vitória PENSAR Em busca da felicidade ENTREVISTA O bispo do Xingu elas SÃO IGREJA. REPORTAGEM Uma Igreja de mais intuição e escuta

Revista Vitória - Maio

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A Revista Vitória é uma revista oficial, da Igreja Católica, com periodicidade mensal. Fundada em fevereiro de 2006, tem como objetivo trazer informações de interesse religioso, social, político, econômico, etc, e, divulgar opiniões sobre temas diversos que explicitem o o pensamento da fé e da doutrina da Igreja.

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Page 1: Revista Vitória - Maio

vitóriaAno VIII • Nº 05 • Maio de 2013

Revista da aRquidiocese de vitóRia - es

vitória

pensarEm busca da felicidade

enTreVIsTaO bispo do Xingu

elassãO igrEja.

repOrTaGeMUma igreja de mais intuição e escuta

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Arcebispo MetropolitanoDom Luiz Mancilha Vilela

Bispos AuxiliaresDom Rubens Sevilha

Dom Joaquim Wladimir Lopes Dias

Ano VIII – Edição 05 – Maio/2013Publicação da Arquidiocese de Vitória

EditoraMaria da Luz Fernandes / 3098-ES

Repórter Letícia Bazet / 3032-ES

ColaboradoresAlessandro Gomes

Dauri BatistiGilliard Zuque

Giovanna ValfréEdebrande Cavalieri

Revisão de textoYolanda Therezinha Bruzamolin

Publicidade e [email protected]

Telefone: (27) 3198-0850

Fale com a revista vitória:[email protected]

Projeto Gráfico e EditoraçãoComunicação Impressa

(27) 3319-9062

Ilustradores¶ Kiko, · Gabriel

DesignerAlbino Portella

ImpressãoGráfica 4 Irmãos(27) 3326-1555

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dIálOGOs 4A palavra do Arcebispo e Bispos Auxiliares

especIal 9Em busca da felicidade

OfIcIal 30Um tempo novo na pastoral

acOnTece 28Eventos em destaque no mês de maio

repOrTaGeM 20Mais intuição e escuta coma participação das mulheres

enTreVIsTa 12Dom Erwin, o bispo do Xingu

parÓQUIa 18São Francisco de Assis em Itapoã, Vila Velha

pensar 17A força da maternidade

Page 3: Revista Vitória - Maio

Maria da Luz FernandesEditora

Elas estão na mudança

Com o Papa Francisco, a Igreja Católica é vista com um outro olhar. Talvez nos perguntemos,

mas, afinal, o que mudou? Aparente-mente nenhuma mudança ainda acon-teceu, mas os sinais e a lembrança de São Francisco de Assis nos falam de mudança radical. Pobreza, fraternida-de, amizade, ternura. Engraçado ser um homem de Deus inspirando outro homem de Deus e que eu tomo como referência para falar de mulher. Estamos diante de perspectivas de mudança e, para que elas aconteçam na prática da vida, havemos de superar desigualdades, entre elas o papel de homens e mulheres na Igreja. Como abordar o assunto? Pelo menos neste caso os homens falam mais e com maior facilidade que elas. O papel e a função das mulheres na Igreja é assunto nesta edição. Que seja, então, o sinal que todos querem, mais fraternidade, mais acolhimento, mais ternura, mais Evangelho vivo.

edITOrIal

sUMárIO

IdeIas e sUGesTões 26Para superar o esgotamento

MIcrOnOTÍcIas 10Os impostos e a qualidade de vida, casamentos em maio

prOjeTO 24Escola social, ensino de qualidade e gratuito

aTUalIdade 6Nova classe média

arQUIVO e MeMÓrIa 23O soro caseiro da Pastoral da Criança

Page 4: Revista Vitória - Maio

dIálOGOsdIálOGOs

Dom Rubens Sevilha, ocdBispo Auxiliar da Arquidiocese de Vitória

Perguntaramaummongeeremitacomo

eleconduziasuavidaespiritual.Eleconsertou

aperguntadizendoqueeraconduzidoenão

conduziasuaprópriavidaespirituale,em

seguida,respondeu:“SobreDeus,poucosei

dizer.ParaDeus,menosaindaseioquedizer.

Todavia,olhandoparaCristonoEvangelho,

seiexatamenteoquefazer”.

Defato,nãobastaa justacompreen-

sãodascoisasdeDeus,nemsomenteas

bonitasorações.Éprecisoquetudoissose

transformeemgestosconcretos.NaPalavra

deDeus,olhandoparaCristo,aprendemos

comodevemosnoscomportaremtodasas

situaçõesdavida.OpreceitocentraldeJesus

OMovimentodeCursilhoséummovi-

mentocatólicocomavocaçãofundamental

daIgreja,queéEVANGELIZARohomemea

mulherdehojeeasestruturasnasquaiseles

semovemeque,porsuavez,oscondicionam.

NaArquidiocesedeVitória,oCursilho

tem,desdeosseusinícios,há40anos,em-

pregadotodososesforçosparacaminhar

segundoasorientaçõesdaIgreja,permitindo

aosparticipantesumaoportunidadepara

umaauto-avaliaçãonocontextodafécris-

tã,visandoatransformaçãodasestruturas

sociaisedosambientes.

Énoambientedafamília,profissão,po-

lítica,entreoutros,quesecria,setransmitee,

também,setransformaaculturacomosvalores

doEvangelho.Semdesceramaioresdetalhes,

O silêncio diante de Deuséoamor,quepodesertraduzido,também,

pelapalavrabondade.Asboasobrasdevem

serfeitasnosilêncio,noescondimento,na

discrição.Ocristãonãopode“tocarastrom-

betas”diantedassuasobras,masépreciso

queamãoesquerdanãosaibaoquefaza

direitaequetudoseja feitoparaaglória

doPaienãoparaalimentarnossavaidade.

Portanto,silênciotambémnasobrasboas

quefazemos,paraqueoshomens,vendo-as,

glorifiquemoPaiqueestánoscéus.

Enfim,aretarazão,oraçãoeaçãofor-

mamoverdadeirocristão.

omovimentoassumeotermoculturanoseu

aspectoglobalizante,comoprocessodehu-

manizaçãoprofundadecorrentedanatureza

livreeracionaldapessoa,apósumencontro

pessoalcomJesusCristo.

ÉaíqueoMovimentodeCursilhosencon-

traocampodesuapresençaevangelizadora.É

nesseambiente,noqualseelaboraesedecide

acaminhadapessoalesocial.

Terminamosestabreveapresentação

convidandohomensemulheres,adultose

jovens,inquietoscomasituaçãodomundoe

desejososdatransformaçãodasociedade,nas

dimensõesdoamor,dajustiçaedafraternida-

de,afazeremaexperiênciadeumCursilho.

“O Movimento de Cursilhos é um movimento católico com a vocação fundamental da Igreja, que é EVANGELIZAR o homem e a mulher.

O PORQUÊ E O PARA QUÊ DO CURSILHO

“Sobre Deus, pouco sei dizer. Para Deus, menos ainda sei

o que dizer. Todavia, olhando para Cristo no Evangelho, sei

exatamente o que fazer.

Dom Joaquim Wladimir Lopes DiasBispo Auxiliar da Arquidiocese de Vitória

InformaçõessobreoCursilho:AntonioGomes:3339-6125

revista vitória Maio/20134

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Dom Luiz Mancilha Vilela, ssccArcebispo Metropolitano

Tenho notado que o conceito sobre “Co-munidade Eclesial”

não é entendido da mesma maneira por muitos bispos e leigos. Tenho observado que o nosso conceito capixaba de Comunidade Eclesial de Base expressa uma maneira da Igreja ser e viver bem dife-rente dos conceitos em outras regiões do Brasil. O mesmo percebi no documento que nos foi apresentado para es-tudo, correção e aperfeiçoa-mento pela CNBB. E por isso mesmo, ouso escrever mais uma vez sobre este assunto, levando em conta que o nos-so conceito de Comunidade Eclesial de Base recebeu a bênção e a aprovação do Bem Aventurado João Paulo II. E para ser o mais claro possível acredito que seja necessário e conveniente antes de dizer o que é uma Comunidade Eclesial de Base explicitar o que não é uma Comunidade Eclesial de Base. Uma Comunidade Eclesial de Base não é uma

Associação de Bairro, pois não precisa ter fé cristã para ser membro dela; não é um partido político, pois nela acolhe-se todos os cristãos de diferentes opções políticas partidárias. A Comunidade Eclesial de Base não é um Movimento Eclesial ou uma Associação Religiosa, Grupo de oração ou Círculo Bíblico. A Comunidade Ecle-sial de Base é estrutura de Igreja, uma mini-paróquia, como dizia Dom Aldo Gerna ao Santo Padre o Papa João Paulo II. Nesta mini-paró-quia acontece toda a vida da Igreja com suas Pastorais, Movimentos Eclesiais com os seus grupos de oração e de estudo, as Associações Religiosas, que são dons de Deus para a vida da Igre-ja. Assim temos uma úni-ca realidade expressa em duas dimensões: a estrutura, composta pela Comunida-de Eclesial, Paróquia, Área Pastoral e Diocese e dentro desta estrutura os Carismas, presentes de Deus à Igreja

que são as Ordens Religio-sas, as Congregações, Vida Consagrada, Movimentos Eclesiais e Associações Re-ligiosas. Não são paralelas, mas compõem, em um único mistério de unidade, um si-nal da Santíssima Trindade. A Comunidade Eclesial é lu-gar para formar e animar as pessoas, também as que têm vocação política partidária para atuar nos partidos e nos grupos de bairro sem que estes venham a confundir uma coisa com outra. É na comunidade que se formam os discípulos missionários. A Paróquia é consti-tuída de várias Comunida-des de base, todas unidas e presididas pelo pároco que tem na sua igreja paroquial o ponto de unidade, embora as celebrações sejam fei-tas nas Comunidades e na igreja paroquial. O pároco constitui em cada Comuni-dade Eclesial um Conselho que dirige e anima a vida da Comunidade sob a sua orientação. E destes conse-

ParóqUias, COmUnidadE dE COmUnidadEsUma pessoa acaba de me interrogar sobre a Assembleia dos Bispos, realizada em Aparecida há poucos dias. Ela ouviu pela TV que os bispos disseram que agora as paróquias terão comunidades e pergunta: Nossas paróquias, há muito tempo têm comunidades, mudará alguma coisa?

lhos forma-se o Conselho Paroquial. Assim se dá em cada paróquia que, por sua vez, está unida às demais em área pastoral e estás formam jun-tas a Diocese. A Comunidade Eclesial de Base tem sua razão de ser e sua vida na Palavra de Deus e na Eucaristia. Ali está a força motriz da Comunidade Eclesial como Comunidade Missionária através do testemunho e do anúncio da Boa Notícia para os que não crêem. Voltando à pergunta inicial, parece-me impor-tante que divulguemos esta experiência de tantos anos em nossa Província Ecle-siástica para outras Igrejas Irmãs, pois estamos con-victos e fomos abençoados neste modo de ser e viver a Igreja. Portanto, é neste sentido que entendemos: paróquia, comunidade de comunidades.

revista vitóriaMaio/2013 5

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aTUalIdade

nOVa classe MédIa OU baiXa rEnda?A classificação das pessoas em classes sociais é uma divisão econômica e tem como objetivo avaliar o poder de compra de um determinado grupo. Na versão simplificada existem três classes: baixa, média e alta. Mas, a Abep, Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa definiu, em 1997, alguns critérios para aferir quem pertence a qual classe levando em consideração os bens que a família possui, a escolaridade e a renda familiar. À quantidade de banheiros na residência, geladeira, TV, carro, entre outros bens, são atribuídos números que, na soma e acrescidos da renda, definem a classe.

Olhar as pessoas na perspectiva do consumo pode-se afirmar que é uma tendência do ca-

pitalismo, alimentada constantemente por pesquisa de consumo e projetos de marketing de vendas. Diversas análises têm sido propostas pelas áreas de so-ciologia, psicologia, antropologia, entre outras e merecem atenção por seus aler-tas quanto ao respeito pelo ser humano enquanto tal, independente de sua renda ou posição social. Mas queremos obser-var nesta matéria, as recentes indicações sobre uma das classes mais citada nos últimos tempos: a classe média.

A maneira simplificada, atualmente adotada pelo mercado (classe alta, mé-dia e baixa), aponta um crescimento na classe média e indica como lugares de moradia dessa nova classe as favelas e morros nas maiores cidades brasileiras. Os números dizem que a população destes lugares é de 12 milhões, sendo 67% negros e com ganho anual de 56,1 bilhões de reais. O critério de classificação está mais simplificado, contrariando o discurso da sociologia de que muitos fatores devem ser observados para classificar classes sociais, tais como cultura e lazer. Hoje o

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critério que define a classe social a que pertence é a renda per capita e a Secretaria de Assuntos Estra-tégicos (SAE), considera, perten-centes à classe média, pessoas que ganham entre R$ 291,00 e R$ 1.019,00 e “com baixa proba-bilidade de passarem a ser pobres no futuro próximo”. Seguindo este critério, quem recebe acima de R$ 1.019,00 pertence à classe alta. Quem fica entre R$ 162,00 e R$ 291,00 pertence à classe intermediária ou grupo vulnerável e, abaixo de R$ 162,00 mensais temos a classe baixa. A divulgação dos novos números foi estampada em revistas e jornais como incentivo ao consu-mo, com o apoio do Governo que insiste em mostrar com eles a mudança social que opera. A quem interessam estes da-dos e estas pesquisas? Sem negar as melhorias nas moradias e no estudo, precisa lembrar os endi-vidamentos, também divulgados pelos economistas, a qualidade de vida e o tempo de lazer. Se temos um novo retrato da chamada nova classe média, fica a pergunta: a classe média

tradicional migrou para a classe alta? O que dife-rencia uma da outra, ape-nas o lugar de moradia? A divisão ou classifica-ção de classe social tem alguma razão de ser que não a de incentivar o con-sumo?

R e n d a d e R$ 291,00 mensais

enquadra-se no

7

Máquina de lavar roupas

Celular Microcomputador Computador com Internet

Telefone Fixo

25

52

26

89

40

3 1

31

44

31

2002 2013

% Posse de bens nas comunidades brasileiras

perfil definido na Wikipédia: “A classe média é uma classe social presente no capitalismo moderno que se convencionou tratar como possuidora de um poder aquisi-tivo e de um padrão de vida e de consumo razoáveis, de forma a não apenas suprir suas neces-sidades de sobrevivência como também a permitir-se formas variadas de lazer e cultura”. O professor Roberto Simões faz a seguir uma análise sobre a nova classe média no Estado.

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aTUalIdade

Comointerpretarquea“classemédia”noEs-

píritoSantoéformadapor2milhõesdepessoas?

Consideremosduasfamíliasde3pessoas.Uma

comrendamensaltotaldeR$873,00poucomais

de1saláriomínimo(SM).SegundoaSecretaria

deAssuntosEstratégicosdaPresidênciadaRe-

pública(SAE),osseustrêsintegrantespertencem

aolimiteinferiorda“classemédia”,comrenda

pessoaldeR$291,00.Concorda?

Passemosàoutrafamília.Seusintegrantes

estãonotopodessaclasse:arendamensalatingiu

R$3.057,00,4,5SM.Surgeumaperguntacomum

àsfamílias:sóarenda,enoslimitesusados,ex-

pressaoqueéestarnaclassemédia?Em2012,

52%dapopulaçãobrasileiracompunhaa“classe

média”oficial;noEspíritoSanto,elaalcançava

57%dapopulação,sendoqueasclassesaltae

baixaseaproximavamde22%.Aclassemédia

tradicionalpassouparaa“classealta”.

Essaformulaçãorepercutenapolíticaena

sociedade.ApresidentaDilma,afirmou:“Nós

queremosumBrasilclassemédia” (Financial

Times,outubro2012).Jáaquinoestado,aênfase

principalsedánasmudançasnoconsumo.

Paraoidealizadordapassagemda“classeC”

paraa“novaclassemédia”,comlimitesderenda

diferentes,oeconomistaMarceloNeri,ex-diretor

QUal classe MédIa?

doCentrodePolíticasSociaisdaFGV,eatual

ministrodaSAE,esclarece:“desdeocomeçoa

gentenãoestáfalandodeclassessociais,masde

classeseconômicas”.Dizeleque“nãoolhamos

sóarenda”,namedidaemque“hámelhoras

emindicadoresdeeducaçãoe,principalmente,

detrabalho”.Ograndesímboloda“novaclasse

médianãoéocelularnemocartãodecrédito,

masacarteiraassinada”.

Sintetizoduascríticasàsvisõesda“classe

média”,tantoa“nova”quantoa“oficial”.Oeco-

nomistaMarcioPochmann,ex-IPEA,identifica

umamobilidadesocialdecorrentedetrêsfatores:

mercadodetrabalho–comexpansãodeempre-

gosdebaixarenda(até1,5SM),aumentoreal

doSMetransferênciaderenda.Mas,o“grosso

dapopulaçãoemergente”ampliaas“classes

popularesassentadasnotrabalho”-divergindo

daclassemédia.

OsociólogoJesséSouzafalaem“novaclasse

trabalhadoraprecarizada”.Distadaclássicaclasse

médiadevidoaoseubaixo“capitalcultural”.

Ambososcríticosdeslocamatônicadarenda-

consumoparaotrabalho–precário.

Nãosedevefazermédiacoma“novaclasse

média”,inclusiveporqueéenormeadiferenciação

derenda(edevida)dasfamílias.

revista vitória Maio/20138

Page 9: Revista Vitória - Maio

especIal

Por que investimos tanto nesta busca e ela nos parece cada vez mais distante? Será que preci-

samos de tudo o que buscamos ou desejamos para sermos felizes? Para algumas pessoas a felicidade é ter paz. Para outras é a conquista de algum grau acadêmico, um bem material, a constituição de uma fa-mília, a realização de um sonho, uma viagem. A felicidade seria a ausência de problemas? É uma busca solitária como se ela fosse um bem particular? Para muitas pessoas a vida parece ser dura demais. Viver cada momento, com tantos afazeres, reveste-se de um enorme desafio. Entre viver e morrer pouca diferença parece existir. Em razão disso, entregam-se facilmente às alternativas de fuga desse mun-do através das drogas em geral ou preenchem o tempo diário com mais afazeres, mais trabalho, mais TV e internet. Para outro grupo grande de pes-soas, o desafio para serem felizes está nos limites que o outro lhes impõe. Parece que se houver possibilidade de eliminar o outro da própria vida, aí sim, haverá felicidade. E há, ainda, um grupo de pes-soas que situam a felicidade no desejo do mercado e das novas tecnologias. Vivem na via da contemplação dos produtos no comércio à compulsão irresistível de possuir imediatamente aquele bem que está sendo lançado. Pode ser um simples objeto de uso

POr qUE bUsCamOs a FELiCidadE?pessoal ou uma residência luxuosa. Filósofos de todas as épocas sem-pre se debruçaram reflexivamente sobre a questão da felicidade. Aris-tóteles dizia que os homens aspiram à felicidade e que ela não se encontra nos bens exteriores. E completava dizendo que era preciso, para sermos felizes, ter algo para fazer, algo para amar e algo para esperar. Já Albert Camus entendia que, em sua busca mais fundamental, encontrava em si mesmo o gosto pela felicidade. René Descartes afirmava que para que al-guém fosse feliz era preciso que o outro também o fosse. A felicidade não é um bem privado, individualista. Nietzsche propunha que a chave da felicidade deveria estar na eliminação do medo e na constância dos bons sentimentos. Quem nutre pensamentos e sentimentos ruins não pode esperar ser feliz um dia.

Edebrande Cavalieridoutor em Filosofia

E para o cristão, como ficaria a questão da felicidade? O Evangelho de Jesus Cristo sempre se refere à felicidade. Em Mt 6, 25-34 ele se refere à nossa “busca fundamental”. O nosso corre-corre diário perde sentido quando Jesus nos pede para observar-mos as aves dos céus, os lírios dos campos, a duração de nossa vida. Os desafios e sofrimentos de cada dia não devem nos desviar da busca do Reino de Deus. Em destaque temos a síntese da vida feliz descrita por Jesus Cristo nas Bem-aventuranças: (Mt 5, 3-12). Nas Bem-aventuranças, a fórmula da felicidade evangélica está descri-ta em duas dimensões correlativas. Não é possível entender a primeira parte sem considerar a segunda, que se refere à dimensão futura, escato-lógica. A felicidade cristã se nutre profundamente da esperança, que é uma das três virtudes teologais de nossa existência, ao lado da fé e da caridade. Ao mesmo tempo, a medida da felicidade expressa pelas bem--aventuranças exige uma profunda transformação em nosso modo de agir e pensar. A felicidade cristã não exclui o sofrimento, não exclui nossa responsabilidade com o cotidiano de nossas vidas, mas não aprisiona nossa vontade apenas aos bens terrenos.

O nosso corre-corre diário perde

sentido quando Jesus nos pede

para observarmos as aves dos

céus, os lírios dos campos, a

duração de nossa vida”.

revista vitóriaMaio/2013 9

Page 10: Revista Vitória - Maio

MIcrOnOTÍcIas

Casamentos em maioUma das explicações para a tradição de con-siderar o mês de maio como o mês das noivas está baseada nos costu-mes dos países do he-misfério norte. No período, a primavera atinge sua plenitude e as flores ganham destaque nas paisagens. Ao longo dos séculos esses elementos foram sendo as-

A ameaça das armas químicas

Impostos x Qualidade de vidaEm um ranking que re-laciona o volume de im-postos e a qualidade de vida da população, o Brasil apareceu em último lugar pela quarta vez seguida. Ou seja, entre os 30 países com as maiores cargas tributárias, o Brasil é o que oferece o menor retorno em serviços públicos de qualidade para a sociedade. A pesquisa foi divulgada pelo Instituto Brasileiro de Planejamen-to Tributário (IBPT). O estudo teve como base a carga tributária dos países em 2011, de acordo com a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), e o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de 2012, do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), que considera nível de educação, renda e expectativa de vida. Nas últimas posições do ranking, à frente do Brasil, aparecem Dinamarca, na 29ª posição, França, na 28ª e Finlân-dia, na 27ª. Estados Unidos, Austrália e Coreia do Sul lideram a pesquisa, como provedores de serviços públicos de qualidade, entre saúde, transporte, segurança, educação e outros.

sociados à celebração do amor no casamento. Para realizar o casamento re-ligioso os noivos têm preferência por algumas igrejas, mesmo quan-do frequentam a própria comuni-dade cotidianamente. Na Arquidiocese de Vitória, ao longo do ano de 2012, foram reali-zados aproximadamente dois mil enlaces matrimoniais. Liderando a

Países como Angola, Coreia do Norte, Egito, Israel, Mianmar, Somália, Sudão do Sul e Síria ain-da não aderiram ao tra-tado de desarmamento químico proposto pela ONU. Durante a Terceira Con-ferência de Revisão dos Estados Parte da Convenção sobre Armas Químicas (CWC), em Haia, Holanda, o Secretário-Geral da ONU fez um apelo aos 188 países integrantes da Convenção, solicitando união

de forças para que todas as nações assinem o documento. De acordo com a Organização, 80% dos estoques de armas quími-cas no mundo já foram destruídos, e o esperado é que em cinco anos, esse número chegue a 100%. A questão ganhou mais for-ça após alegações de que armas químicas teriam sido utilizadas no conflito na Síria, onde 70 mil pes-soas foram mortas desde o início da revolta contra o presidente, em março de 2011.

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Brasileiros em HarvardA Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, uma das mais importantes e reco-nhecidas instituições do mundo, admitiu esse ano um número recorde de alunos bra-sileiros. Foram seis jovens se-lecionados, de diferentes partes do país, que estudarão de agosto deste ano até 2017. O ingresso na universidade não significa isenção de men-salidade. Por ano, o custo pode chegar a U$ 60 mil. Além da vaga, os alunos batalham por bolsas de estudo, que podem ser de até 100%, de acordo com a condição socioeconômica do estudante. Nos Estados Unidos os alunos não são submetidos ao

preferência dos capixabas para a realização da cerimônia religiosa está a Catedral Metropolitana, lo-calizada no Centro da Capital, que em sua área geográfica conta com as igrejas São Gonçalo e Nossa Senhora do Carmo, também muito procuradas e, juntas, realizaram ao todo 100 casamentos. Em segundo lugar está a Ba-sílica de Santo Antônio, com 95 e

em terceiro, a Paróquia São Fran-cisco de Assis, em Itapoã, Vila Velha, com 88 matrimônios, no mesmo período. Enquanto alguns casam, ou-tros se divorciam. Em número bem inferior aos casamentos, o Tribu-nal Eclesiástico da Arquidiocese de Vitória registrou, também em 2012, 61 solicitações de nulidade matrimonial.

vestibular. O processo chamado application reúne provas, cartas de recomendação, entrevista, re-dações e avaliação das atividades extracurriculares.

revista vitóriaMaio/2013 11

Page 12: Revista Vitória - Maio

“Não sou bispo para mim, não sou bispo para uma entidade, pessoa jurídica, eu sou bispo para o povo e fui escolhido para servir esse povo, no meu caso ao povo do Xingu.

enTreVIsTa

Vitória - O senhor é conhe-cido como um homem de luta permanente em favor dos mais pobres. Esse rótulo agrada-lhe?Dom Erwin - Acho que a missão é essa. Eu sou bispo e penso que aqui, na América Latina, depois do Concílio Vaticano II, Medellín, Puebla a opção preferencial pelos pobres tem que se concretizar e o bispo não pode se omitir. A segunda coisa neste contexto é que eu vi muita pobreza e miséria em minha vida e eu creio que a pri-meira atitude é uma compaixão que tem que se tornar concreta e se expressar em atitudes e em uma defesa que tem duas vertentes, uma é anunciar que o mundo pode ser diferente e que a missão de Jesus foi outra. A segunda é denunciar aquilo que se opõe à opção de Jesus. E aí a coisa começa a

ficar meio difícil porque pelo anúncio todo o mundo aplau-de, mas quando você denuncia estruturas que são responsáveis pela pobreza, pela miséria, pela exclusão você corre risco. Nos-sos mártires da Amazônia são todos mártires por causa dessa coragem que tiveram de denun-ciar as agressões, o desrespeito, a exclusão e a discriminação.

Vitória - E, dentro da Igreja como se dá esse movimento de opção pelos mais pobres?Dom Erwin - É complicado, eu diria. Eu sempre pergunto quem é a Igreja. A Igreja é o povo de Deus. A Igreja em si subsiste em algum lugar onde o povo se reúne, então o povo assume, e eu também me incluo quando falo povo. Eu tenho uma função a serviço do povo, não sou bispo para mim, não sou bispo para uma entidade, pessoa jurídica, eu sou bispo para o povo e fui escolhido para servir esse povo, no meu caso ao povo do Xingu. Então eu não tenho outra opção a não ser me dedicar e me doar en-quanto for bispo a esse povo. O Ad Gentes, documento do Vaticano II, no número 10, diz que a missão da Igreja é anunciar e comunicar o amor de Deus a todos os povos, a todas as pessoas, então não se trata apenas do anúncio, mas de comunicar e comunicar sig-nifica que ‘meto a minha cara’,

dê no que der. Comunicar nesse sentido do Concílio, creio que é assumir uma causa, lutar junto com o povo e a favor do povo.

Vitória - Neste momen-to, acontece a Assembleia anual dos Bispos do Brasil, essas realidades concretas da Igreja Local são trazidas para a Assembleia. As realidades particulares conseguem ser refletidas no conjunto?Dom Erwin - É sempre muito difícil porque o episcopado brasileiro é muito heterogê-neo. Tem um grupo de bispos que pensa exatamente como estou pensando, principalmente do Norte e Nordeste, mas tem outros que têm outra história, outra experiência. Eu não vou condenar nem julgar, mas esses têm muita dificuldade de enten-der nosso empenho e às vezes criticam ou às vezes aplaudem, mas quando aplaudem é como dizer assim ‘graças a Deus que ele faz’. Eu creio que a Igreja, hoje, necessita de mais cora-gem e o Papa Francisco está dando o exemplo de que pode ser diferente do que foi nas últimas décadas. Espero que ele sustente e mantenha essa linha, a coragem que nos falta às vezes. Essa é a 33ª Assem-bleia que participo e lembro com muito carinho os ‘velhos caciques’ que me impressiona-ram muito e foram um grande exemplo. Lembro que como

Dom Erwin Kräutler

revista vitória Maio/201312

Page 13: Revista Vitória - Maio

bispo novo eu pensava: ‘assim deve ser’. Lembro, por exem-plo o Cardeal Arns, Cardeal Aloísio Losheider, Dom Hel-der Câmara, Dom Ivo, Dom Luciano Mendes de Almeida, depois Dom Fragoso, Dom Pedro Casaldáliga que está vivo e tantos outros que me impactaram porque me ajuda-ram a descobrir qual o papel e a missão do bispo.

Vitória - Como bispo o senhor sempre ficou no Xingu?Dom Erwin - Eu cheguei no Xingu em 1965. Fui ordenado na Áustria em 3 de julho de 1965 e cheguei no Xingu no dia 21 de dezembro do mes-mo ano. Fui padre lá por 15 anos e em 1980 fui chamado à Nunciatura e o Núncio disse--me que eu era o futuro bispo do Xingu. Eu tinha 41 anos. Não tenho outra experiência em minha vida. Toda a minha vida pastoral eu vivi no Xin-gu. A minha experiência é do Xingu. Aprendi e vivi minha vida lá e continuo vivendo até o dia que Deus quiser.

Vitória - Existe a vontade de fazer outra experiência, em outro lugar?Dom Erwin - Eu não vou dizer que sou velho, mas tenho 73 anos e, arrancar uma árvore com esta idade para plantar em outro canto não tem jeito. Eu duvido. Eu acho que teria muita dificuldade de me adap-tar com esta idade e, eu amo o Xingu, é minha terra, é meu lugar, meu chão, eu conheço o

povo, o povo conhece o bispo, eu amo aquele povo e nunca em nenhum momento de minha vida eu pensei que poderia ter sido diferente ou me arrependi. Eu estou ligado à questão indí-gena, estou ligado à questão do meio ambiente, à Amazônia.

Vitória - Nessas experiências pastorais que o senhor fez, questão indígena, ambiente, a Amazônia, se tivesse que escolher um caminho e dizer agora vou trabalhar só com isso, o que escolheria?Dom Erwin - Acho que é difícil escolher um caminho porque quando eu falo da questão indí-gena ela está entrelaçada com o meio ambiente, quando eu falo ‘o povo ribeirinho’ está ligado ao rio e o rio só vive quando a gente respeita, quando eu falo

das cidades da Amazônia elas também dependem do meio ambiente. Acho que tudo está entrelaçado e a gente não pode separar. Quando eu cheguei não falava nem uma palavra. Aprendi em um mês para fazer meu primeiro sermão. E, quan-do comecei a entender o Por-tuguês perguntei aos homens, lá em Belém, pelos Índios Kayapó e eles me disseram, o que para mim foi uma ducha de água gelada, para eu não me preocupar com os índios porque dentro de 20 anos não existiria mais um. E acrescenta-ram, se Deus quiser! E eu jurei, dentro do meu coração, ‘isso não pode acontecer’! Depois, em 1983, fui preso porque me solidarizei com os canavieiros da Transamazônica que du-rante nove meses não tinham

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recebido o pagamento de sua sa-fra e, nesse mesmo ano, o CIMI, Conselho Indigenista Missionário elegeu-me então, como presidente. Fiquei por dois mandatos, de 1983 a 1991, e desde 2006 exerço de novo esta função. Aí eu entranhei e assimilei a causa indígena em nível de todo o Brasil.

Vitória - Por que fala tão bem Português?Dom Erwin - Porque em Belém tinha uma irmã que era muito caxias e fazia eu repetir até... Depois eu fui para a sala de aula e pedia aos meninos e às meninas que eu queria aprender a falar Português como eles. Ensinaram-me e, acho que aprendi.

Vitória - O senhor se naturalizou?Dom Erwin - Sim. Nasci na Áustria e sou brasileiro desde 1978.

Vitória - É diocesano?Dom Erwin - Sou padre missionário do Sangue de Cristo.

Vitória - Desses anos todos qual experiência considera que vale a pena ser contada?Dom Erwin - Tem experiências po-sitivas e tem experiências muito tristes. Vou começar pela triste. A morte de padre Salvatore, do meu lado, quando foi abalroado por um caminhão em 1987. Esse desastre até hoje não foi esclarecido e o pa-dre morreu. Eu fiquei seis semanas no hospital porque ‘quebrei a cara’ e tiveram que me consertar, mas o padre morreu. Eu me lembro que ainda bati no ombro e chamei o nome dele, mas vi que estava morto. Naquela vez eu vi o rosto de Jesus

ensanguentado e nunca me esqueço.

Vitória - Vocês estavam em mis-são? Dom Erwin - Sim. Nós íamos para participar de uma manifestação dos colonos da Transamazônica que pediram para consertar as estradas vicinais antes do inverno e quería-mos ir lá para mostrar nosso apoio e nossa solidariedade e aconteceu esse desastre, esse acidente. De-pois descobriu-se que não foi bem acidente, mas o padre deu a vida. Depois, quando levaram o corpo para a pedra veio um homem que puxou o lençol, olhou o rosto dele e disse que morreu o errado. A outra experiência, neste mesmo sentido que me tocou profundamente foi a morte e o enterro da irmã Doro-thy. Ela trabalhou comigo em Al-tamira e na Transamazônica desde 1982. Em 15 de fevereiro de 2005 encontrei-me diante do caixão de uma irmã que foi morta porque se colocou do lado dos mais pobres entre os pobres. É uma experiência que a gente nunca esquece. Você está diante do corpo de uma pes-

soa que não morreu de malária ou acidente automobilístico, foi morta e isso dói... e interessante, na hora de levar para a cova desaparece-ram todos os políticos e eu fiquei sozinho com esse povo simples, de chapéu de palha, o rosto queimado pelo sol, eu nunca esqueço.

Vitória - Quando o homem disse que morreu o errado, o certo era o senhor?Dom Erwin - O povo começou a comentar porque entendeu per-feitamente. Depois os jornalistas também vieram me dizer que o acidente foi encomendado. Isso nunca foi esclarecido. Eu deveria ter sido ouvido porque não perdi a consciência, mas não fui e o padre Salvatore morreu.

Vitória - E a experiência positiva?Dom Erwin - A primeira vez que fui para a aldeia em Kayapó não falei uma palavra porque não sa-bia. Fiquei calado e quando saí de lá eu disse que nunca mais iria para a aldeia sem saber ao menos um pouco me comunicar com essa Língua deles, e aprendi. A segunda vez que fui lá eu falei e o pessoal ficou encantado, aceitaram-me e criou-se uma amizade. De repente, um índio velho disse para mim que eu não era branco. Eles chamam os não indígenas de Kuben. Então ele disse que eu era parente deles, isso para mim foi ser aceito. Da outra vez veio a mulher do cacique e exi-gia de mim que eu não a chamasse mais pelo nome dela, Moiangri, mas Nhirwa que quer dizer mãezi-nha e ela aceitou-me como filho... então é uma experiência e tanto. Tem outras tantas experiências nas

enTreVIsTa

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Comunidades Eclesiais de Base, de como o povo se organiza, se reúne e leva a sério o seu compromisso. Outra experiência positiva é que eu admiro muito as mulheres do Xingu por causa de sua coragem, de sua intrepidez na defesa da causa. Os homens pensam no dinheiro, as mulheres pensam na futura ge-ração. Na questão de Belo Monte, os homens pouco se mexeram, as mulheres não largaram e isso eu conto por tudo quanto é canto. As mulheres são ameaçadas e querem silenciá-las, apenas porque são con-tra e se manifestam. Mas não são apenas ativistas, têm uma profunda religiosidade por trás disso.

Vitória - Além das lutas, também na questão religiosa as mulheres têm mais firmeza?Dom Erwin - Sim, têm. Elas sabem. Elas são firmes.

Vitória - O senhor falou de Co-munidades Eclesiais de Base e esse é o tema da 51ª Assembleia dos Bispos. A discussão vai nessa direção da experiência das Ceb’s no Xingu? Dom Erwin - Eu defendo muito essa experiência que surgiu na Amazô-nia. E aí voltamos ao Vaticano II, Medellín e ao grande encontro dos bispos da Amazônia em 1972. Ali optou-se por uma pastoral diferente da chamada desobriga. A partir de então pipocaram as comunidades em tudo quanto é canto da Amazô-nia. Ao longo dos rios, nos igarapés, nas estradas e suas viscinais. E, quando eu falo em comunidade, não é apenas a aglomeração de gente, mas as várias dimensões que para mim são as características

da Igreja e da comunidade cristã, a dimensão samaritana, o pessoal se conhece mutuamente, sabe, tam-bém das dificuldades e quer ajudar especialmente no meio dos pobres, ninguém é tão pobre que não pode dar alguma coisa de sua pobreza. Depois, a dimensão profética, que anuncia outro Reino, outro mundo, que coincide com o Reino. A di-mensão familiar, nós somos uma família e a dimensão contemplativa, de oração, de meditação da Palavra de Deus. Eu digo contemplativa porque nosso povo é contemplativo e eu aprendi muito.

Vitória - Depois da exposição do tema principal o senhor acha que o Xingu, a Amazônia estão na frente?Dom Erwin - Nada contra os mo-vimentos, eles têm todo o direito de existir, mas vamos ser sinceros todos os movimentos foram impor-tados, as Comunidades Eclesiais de Base surgiram aqui. Não é um movimento, é um modo de ser Igre-ja ou o modo da Igreja ser. Exige do padre e do bispo também outro modo de ser padre e ser bispo. É uma dádiva divina para a Amazônia e para a América Latina. Todos os movimentos, por mais queridos que sejam e não estou negando a ninguém o direito de participar, mas são movimentos que nasceram e se criaram fora e foram importados.

Vitória - E se o Erwin voltasse no tempo, fosse ordenado padre agora e começasse uma nova vida de doação, repetiria a história, ia para o Xingu?Dom Erwin - Faria exatamente o mesmo. Sabendo o que iria aconte-

cer talvez certos erros não comete-ria, mas aprende-se, também, com os erros e, até hoje estou convicto que este é o caminho que Deus escolheu e quero ser fiel até o fim

Vitória - O Espírito Santo também tem uma história bonita com as Comunidades Eclesiais de Base, o que o senhor diz para esse povo que o admira?Dom Erwin - Eu lembro com muito carinho das duas vezes que estive lá, fui convidado para congressos e gostei muito do capixaba e, aliás, sempre me relaciono com os capi-xabas da Transamazônica, eu diria que a missão que nós temos é a mesma, de zelarmos e lutarmos para que essas comunidades realmente sejam comunidades que vivem o Evangelho e mostrem, através de seu testemunho, o que é o Evan-gelho. Tanto faz no Espírito Santo como também na terra do Xingu. Eu queria dar um abraço em cada uma e em cada um que conheci naquele tempo e lembro os nomes. Eu me afeiçoei muito ao Espírito Santo.

“As várias dimensões que para mim são as características da Igreja e da comunidade cristã, a dimensão samaritana, a dimensão profética, a dimensão familiar e a dimensão contemplativa.

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pensar

a FOrÇa da maTErnidadE X abOrTO

Quando o ser humano se encontra livre de obriga-ções para com o outro é

porque está sozinho. Não existe civilização que não se alicerce na solidariedade humana, sendo para mim difícil entender que uma das melhores formas de se garantir dignidade humana é praticar o homicídio de seres humanos no ventre materno, em virtude de má formação ou, simplesmen-te, por ser indesejado. Ambos considerados seres socialmente inconvenientes. Temos no nosso país leis severas que garantem a preser-vação dos filhotes das baleias, filhotes das tartarugas marinhas, mas para o filhote do ser humano, para quem a natureza está sendo preservada, não existe garantia à sua dignidade. Na capa da edição de janei-ro de 2013, a revista america-na TIMES, assegura que em 40 anos de legalização do aborto, nos EUA, os Pró-vidas vêm ga-nhando espaço e convencendo a sociedade americana que a vida humana deve ser preservada. Isto se deve, provavelmente, ao fato de que o segundo lugar no índice de morte nos EUA é de mulheres

que fizeram aborto. Na Espanha, segundo dados fornecidos pelo Ministério da Saúde, a morte delas ocupa o primeiro lugar no índice de mortes. A maior das indignações causadas a nós, mulheres Pró--Vida, por ativistas do direito ao aborto é a ideia infundada de que aborto é expressão de respeito a liberdade de escolha da mulher. Quem se sente livre matan-do? Aborto não é liberdade, é rendição! Quando nada dá certo surge como uma infeliz opção. Dez anos à frente do movi-mento nacional Mulher Pró-Vida convivi com várias mulheres, de todo tipo social e moral que fi-zeram abortos. Nenhuma delas convive bem com o fato de ter negado a vida ao filho. Aprendi com a minha experi-ência que, quando se ocupa a posi-ção de mãe, é preciso respeitar que o posto é muito maior que você. Com as mulheres do mo-vimento nacional que fizeram aborto, entendi que a gravidez pode ser interrompida, mas a maternidade nunca. Uma mulher não se sente mãe quando o filho sai de dentro dela e, sim, quando entra. Ali,

mãe e filho se tocam pela primeira vez. Este toque é intenso, forte e eterno. Este coquetel de senti-mentos é o nascer da maternidade que não pode ser abortado junto com a criança. Quem nunca ouviu uma mu-lher relatar a perda de um filho no início da gestação quando lhe perguntam quantos filhos possui? Este registro de filhos não nascidos, é a prova incontestável da força da maternidade. Louco, amoroso, forte e eterno, nada se pode contra a força da materni-dade. A Cultura da Morte está avançando a passos largos no Brasil. O papel exercido pelas universidades para a sua implan-tação – de acordo com o cânone gramsciano-althusseriano – está aí, escancarado, exposto a quem quiser ver. Se cruzarmos os bra-ços diante dessa situação abjeta e ultrajante, não poderemos cul-par efetivamente os agentes da Cultura de Morte por fazerem seu serviço sujo: só poderemos culpar-nos a nós mesmos por não assumirmos a nossa responsabi-lidade de impedi-los.

drª Fátima Miguel - advogadaMovimento Pró-vida

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Foto

: Alb

ino

Port

ella

parÓQUIas

sãO FranCisCO dE assis

Vivia uma vida de festas e luxo, até ouvir o chamado Divino que lhe pedia para restaurar a Casa de Deus. Despojado de toda a herança de seu pai comerciante,

entregou-se ao serviço de Deus e dos mais pobres, fazendo voto de pobreza. Decidido a cumprir as Escrituras Sagradas, saiu pregando o Evangelho e conquistando seguidores para

Jesus. Junto com alguns destes fundou a Ordem dos Irmãos Menores de Assis que mais tarde foi reconhecida pelo Papa Inocêncio III para disseminar a fé cristã. Além da humildade e renúncia aos bens materiais, São Francisco de Assis é também conhecido por ser o protetor dos animais e defensor da mãe natureza.

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PAróquIA São FrANCISCo dE ASSIS Itapoã - Vila Velha

w A Paróquia tem 05 comunidadesw Criada em 2007, pelo Arcebispo Dom Luiz Mancilha Vilelaw Pároco: Padre Hiller Stefanon Sezini

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Oassunto não é conside-rado uma bandeira a ser defendida. Também não

é objeto de discussão interna, como é para a sociedade, o tema mulher. Mas, para a Igreja, falar sobre o papel da mulher em suas atividades e missão não é uma questão fácil. A prova disso foi quando começamos a buscar pes-soas, especificamente mulheres, e elas se esquivaram e se recusaram a participar desta reportagem, dizendo apenas, que nada vai mudar. Contudo, tivemos con-tribuições claras e objetivas. Reitor do Seminário Maior,

um referencial em si mesmas, enquanto o homem ainda não tem. Na medida em que ele passa a ter consciência e segurança disso, vai poder dialogar com o diferente que é o feminino, porque não são duas metades que se completam, mas sim dois inteiros que dialo-gam. Se o homem e a mulher não forem inteiros por si mesmos, não pode haver reconhecimento, nem direitos páreos”, afirmou. Para a questão ganhar corpo e ser amplamente debatida, ele acredita que é necessário resgatar o princípio do Concílio Vaticano II, onde a Igreja é mistério de

repOrTaGeM

as MUlheresna igrEja

o Padre Helder Salvador, aponta a raiz da discussão: “a minha convicção é que o problema está na crise de identidade vivida pelo homem. As mulheres hoje têm

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comunhão. “A comunhão é sem-pre inclusiva. Ela agrega, soma, convive com as diferenças e não dispersa. Não é como a demo-cracia, pois nesta, quem vence é a maioria e quem perdeu tem que aceitar essas decisões. Na comunhão, enquanto todos não tiverem aderido àquela proposta, ela não pode ser efetivada. Então, o desafio maior é essa mentali-dade, que tem que ser colocada e assimilada por todos”. De acordo com o Padre Hel-der, há uma sensibilidade interna surgindo, sinalizada nos primei-ros discursos do Papa Francisco, em que ele afirma a importância da mulher para a Igreja. “É pre-ciso sentar e discutir sobre isso, porque não pode ser nas mangas dos homens que vamos encontrar a resposta, mas é só em torno de uma mesa de diálogo e aprofun-damentos que vamos descobrir e redimensionar os papéis e as funções no interno da Igreja”. A Irmã Isabel Tonon, da Congregação Religiosa, Pias Discípulas do Divino Mestre, de São Paulo, afirma que há um longo caminho a ser feito, prin-cipalmente, no que diz respeito a participação e poder de decisão das mulheres, pois a Igreja sente os reflexos de ser fruto de uma sociedade patriarcal. “Segundo os padres sinodais as mulheres

Ainda assim, Irmã Isabel acredita que a mulher está presen-te nas mais diversas prestações de serviços na vida da Igreja. “Antes do fazer, a mulher é Igreja. E o fazer é consequência do ser. Elas exercem um papel importante na transmissão da fé, não só na família, mas também nos mais variados lugares educativos; no que diz respeito ao acolhimen-to da Palavra de Deus; na sua compreensão e comunicação, também através do estudo, da investigação, da teologia e na presidência da Celebração Do-minical da Palavra de Deus”. Incisiva nas críticas contra o posicionamento da Igreja em re-lação às mulheres, a teóloga Ione Buyst não respondeu às nossas perguntas, mas indicou entre-vista dada por ela para a Revista do Instituto Humanitas Unisinos (IHU), em julho de 2012, onde afirmou que elas continuam sendo tratadas como membro eclesial de segunda categoria, não tendo acesso à ordenação, não poden-do coordenar plenamente uma comunidade, nem presidir as as-sembleias litúrgicas, além de não participar das decisões realizadas em nível de episcopado. Para o Vigário Geral da Arquidiocese de Vitória, Padre Ivo Amorim, a realidade vivida pelas paróquias e comunidades

irmã isabEL TOnOn

participam da vida da Igreja sem discriminação alguma, também nas consultas e na elaboração de decisões, mas na prática de nossas comunidades e paróquias ainda temos conflitos a serem supera-dos. Porém, acreditamos que aos poucos eles serão ultrapassados, pois somos chamados a ser uma Igreja de comunhão no mundo”. Citando a passagem bíblica “não há homem nem mulher, pois todos vós sois um só em Cristo Jesus”, frase do capítulo três do livro de Gálatas, a religiosa diz que a própria Palavra possibilita a inclusão das mulheres na or-denação. “Não resta dúvida, no meu ver, do ganho que a Igreja teria, se a mulher fizesse parte do sacramento da ordem, talvez ela pudesse ser mais intuitiva, cuida-dosa, uma Igreja mais da escuta, mais servidora e misericordiosa”, disse.

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repOrTaGeM

da região é de plena partici-pação das mulheres, e citou como exemplo a Comunidade Rainha da Paz, localizada no bairro Joana D’arc, que desde a sua fundação, há 39 anos, é presidida e coordenada por mulheres. “Percebemos que esse é um dado comum das nos-sas comunidades. As mulheres estão à frente, normalmente, de todas as equipes pastorais, são elas na sua grande maioria que presidem as celebrações domi-nicais, ao redor da Palavra de Deus, muitas estão assistindo

matrimônio, participam como ministras de batismo e creio que 80% ou mais dos minis-tros da distribuição da Sagrada Comunhão, são mulheres”. Padre Ivo afirma ainda que as mulheres são respon-sáveis por conduzir a vida e caminhada das comunidades. Porém, o sacerdote re-conhece a falta de participa-ção feminina nas instâncias decisórias da Igreja, mesmo estando presente nos diversos conselhos. Ele admite que o panorama atual é fruto de um caráter doutrinário da religião

e uma interpretação machista da Sagrada Escritura, que ao longo dos séculos privilegiou os homens à frente dos minis-térios estáveis e ordenados. Mas ressalta que o contexto de mudança da sociedade irá, em algum momento, refletir-se na Igreja. “As mulheres assumi-ram papel decisivo na socieda-de, à frente da economia e da política, por exemplo. É uma questão de tempo e eu acredi-to que o Espírito de Deus vai conduzindo a instituição para o caminho que ele acha que deve. Eu gostaria de ver mulheres presidindo eucaristia”.

“Eu gosto e acredito na orientação da nossa Igreja e acompanho as decisões. É importante que a mulher perceba a hierarquia masculina, mas saiba que sua ajuda é fundamental no processo de evangelização”.

Penha TavaresCoordenadora de Liturgia da Paróquia Nossa Senhora da

Conceição Aparecida, Cobilândia

“Me sinto feliz na forma que atuo na Igreja. A Liturgia é uma área que requer estudo e preparação e as mulheres atuam em maior número. É um espaço que a Igreja abre para os leigos atuarem como lideranças. Não me sinto cerceada, em momento nenhum, no meu direito de servir”.

Magda Cola FerreiraAgente de Pastoral da Liturgia na Paróquia Sagrada

Família, Jardim Camburi

O que elas dizem“A participação das mulheres é muito maior do que a dos homens. Muitas são estudiosas, possuem grande vivência na Igreja, mas ainda são rebaixadas na hierarquia”.

Maria da Juda Rigo Coordenadora da Comunidade Santa Clara, Vitória

“Nós ainda ficamos muito restritas, pois muitos fiéis e a própria Igreja têm preconceito e dificuldade de aceitar que as mulheres têm a mesma, ou mais capacidade do que muitos homens. Ainda há resistência, por exemplo, das próprias mulheres, com os Ministros de Batismo ou Testemunhas Qualificadas para o matrimônio do sexo feminino”.

Alessandra Carvalho. Coordenadora da Comunidade Imaculado Coração de Maria, Morro do Moscoso

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arQUIVO e MeMÓrIa

PasTOraL da CrianÇa, HÁ 26 anOs dEFEndEndO a Vida na arqUidiOCEsE

O trabalho da pastoral da Criança está pre-sente na Arquidioce-

se de Vitória há 26 anos. Pela sua atuação nas comunidades, muitas famílias carentes re-cebem apoio e orientação. O trabalho, inicialmente, foi co-ordenado por padre Emídio Soares da Costa e Irmã Solange Valentim, que muito ajuda-ram a salvar vidas orientando como preparar o soro caseiro. A mistura de água, sal e açúcar foi amplamente divulgada nos anos 80. A Pastoral da Crian-ça Nacional percebeu que a maioria de nossos meninos e meninas, com idade de 0 a 6 anos, morriam de desidratação causada pela diarreia. O trabalho das lideranças era orientar as famílias sobre como preparar o soro e a impor-

tância de seu uso na prevenção da desidratação, beneficiando, assim, crianças e gestantes po-bres. A Pastoral da Criança sempre esteve presente na defesa da vida humana, nos momentos mais delicados, cui-dando da mãe antes da criança nascer, acompanhando o parto e o bebê, dando o soro casei-ro e a alimentação alternativa para atender mãe e filho. Na Arquidiocese de Vitória, hoje, são atendidas quase dez mil famílias e mais de mil lideran-ças continuam aquele trabalho pioneiro de padre Emídio e Irmã Solange.

Giovanna ValfréCoordenação do Cedoc

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prOjeTO

escOla sOcIalEdUCaÇãO graTUiTa E dE qU aLidadE

Em meio às dificuldades so-ciais vividas pelos jovens moradores de 19 bairros da

Região 5, do município de Vila Velha, a Escola Marista Cham-pagnat de Terra Vermelha busca resgatar valores e dar outro signi-ficado às vidas de seus alunos, por meio da educação de qualidade. Ainda que imersos em uma realidade de problemas na família, violência e insegurança, que mui-tas vezes provocam a evasão e a falta de interesse nos estudos, 296 estudantes recebem, gratuitamente na unidade, aulas de arte, cultu-ra, cidadania e direitos humanos,

além das disciplinas determinadas pelo Currículo Escolar. A Escola Social é totalmente financiada pelo Marista, que dis-ponibiliza aos estudantes unifor-mes, livros didáticos e o acesso ao Portal Educacional Católico. A congregação dos Maristas possui 17 colégios no Brasil e, pretende atingir o mesmo número de es-colas sociais, sendo que no mo-mento já existem 16. A equipe é formada por 43 profissionais, entre professores, assistente so-cial, coordenador, bibliotecário, entre outros. Em um ano de funcionamen-

A Escola Marista Champagnat de Terra Vermelha localiza-se no bairro que é o 2º lugar no ranking de violência do Estado, mas tem mudado a vida de jovens da região com a educação.

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escOla sOcIalEdUCaÇãO graTUiTa E dE qU aLidadE

Com uma excelente estrutura física, a escola conta com laboratório de Informática e Ciências, quadra e um amplo pátio multiuso. A unidade possui 6 salas de aula e, para oferecer reforço no contra-turno escolar, foram instaladas 4 salas contêineres, equipadas com ar condicionado. Entre as atividades extracurriculares estão o coral, com apresentações de música e dança, e as atividades esportivas como handball, futsal, aikidô e judô. Os estudantes também participam de ações de evangelização, por meio das atividades da pastoral.

to do colégio, mudanças já podem ser notadas no comportamento dos alunos que, com a construção da educação básica, passam a assimilar as noções de respeito, disciplina e responsabilidade, voltando a acre-ditar em um futuro cheio de possi-bilidades, inclusive a de ingressar em uma Universidade Federal.

No mês de outubro é lançado o edital para o recebimento de matrículas. A família precisa preencher um questionário socioeconômico que avalia, entre outros fatores, a situação de vulnerabilidade social em que o aluno se encontra e a renda familiar. O primeiro critério a ser atendido é de uma renda per capita de meio salário mínimo, seguido da proximidade entre a residência e a escola.

Critérios para matríCulas

Estrutura

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O EsgOTamEnTO POdE CarrEgar

IdeIas e sUGesTões

Marca-se a vida hu-mana com um traço. Marca-se a sensibi-

lidade, a alma, e o corpo do homem contemporâneo. E essa marca é o esgotamento. Pas-samos por um esgotamento. Esgotados somos, vamos. A despeito do avassalador con-sumo de bens lá vamos nós em permanentes insatisfações. Apesar da parafernália eletrô-nica que nos cerca e nos serve lá vamos todos esgotados, im-pacientes, estressados. A vida se dá em exaustões. As instituições e suas es-truturas se sobrecarregam do mesmo modo de cansaços e esgotamentos. A Igreja tam-bém. Os jeitos de ser e de fazer na Igreja de Vitória – quiçá em

muitas outras dioceses – levam essa marca. Nesse estado de esgota-mento o que é feito se faz não pelo prazer de fazer, mas por-que se deve fazer. Um esforço grande é necessário para se fa-zer o que poderia ser feito com um esforço menor. As ações vão se dando nem tanto pelas mudanças e transformações que do agir podem surgir, mas porque se tornou um costume, e mesmo que aquilo não se conjugue mais com eficácia, ainda assim se repete. Alguns se amparam no que sempre fizeram, e que acre-ditam saber fazer. Outros veem como alternativa o ir levando e esperar que surja uma ideia, um rumo, um novo “documento da

CNBB”, etc., a indicar o que fazer. Para outros se faz a hora de procurar outras experiên-cias, buscar outras agremia-ções, outras tribos. Para não poucos o passado, mesmo que anacrônico, e a despeito disso, é tomado como amparo, seja no resgate de indumentárias ou nos modos rigoristas de propor a fé católica às novas gerações. Mas, prestemos atenção, pensemos. O esgotamento pode carregar outras intensidades, pode ser portador de outras notas para as quais é preciso afinar a sintonia. E este estado de diferente intensidade – o esgotamento – pode estar nos libertando do pragmatismo pas-toral que nos enche de docu-mentos e nos esvazia de poesia, entre outras coisas. Ah, pois, sim, é certo que a realidade se pauta por muitas durezas, a luta não é fácil e há muitas por lutar. Sim, não se pode fugir da luta. Mas quem disse que precisamos com-partilhar com a realidade de

“Marca-se a vida humana com um traço.

Marca-se a sensibilidade, a alma, e o corpo do homem

contemporâneo. E essa marca é o esgotamento.

OUTras InTensIdades

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sua dureza? Quem disse que podemos dispensar a poesia na execução das ações? Quem disse que podemos dispensar a cordialidade em função de metas? Há muitos outros ca-minhos. Preciso me presentear sempre com a recordação de que é possível fazer de outro jeito. Apela-me o esgotamento a dar às minhas atitudes o olhar de revisão. Então, o esgotamento não necessariamente é retraimen-to e descomprometimento. A vagareza não é frouxidão, mas, bem pode ser gestação. A lentidão e o silêncio podem ser modos bem ativos de se dizer: calma, calma, uma coisa de cada vez. Calma, calma, a pastoral demanda tempo, re-des e muitas conexões, uma construção incessante, e o empoderamento de muitos. Calma, calma, recordem-se, o maior tempo litúrgico é o tem-po comum. Calma, calma, não precisamos a cada hora propor coisas “novas” pra garantir que

a Igreja está viva. A vida dela, da Igreja, atravessando milê-nios, nos dispensa do superdi-mensionamento do nosso “eu” e da nossa importância. Quem sabe o esgotamento esteja favorecendo a destilação de suave licor de sabedoria e humildade. Amparemos nossas

...esgotamento não necessariamente é

retraimento e descomprometimento. A

vagareza não é frouxidão, mas, bem pode ser

gestação. A lentidão e o silêncio podem ser

modos bem ativos de se dizer: calma, calma,

uma coisa de cada vez.”

taças sobre a mesa do nosso tempo com um novo sabor em nossos lábios, e olhemo-nos com o olhar da amizade, da solidariedade, da ajuda mútua. Sustentemo-nos.

Um escritor italiano contemporâneo, Niccolò Ammaniti é a minha sugestão do mês. No livro “Como Deus manda” o autor vai tecendo as vidas e ações de quatro personagens, pobres, esgotados, que vivem ao mesmo tempo a marginalização e pertença aos tempos atuais. A relação entre um pai e um filho, o amor que os une apesar das mazelas e sofrimentos, se torna o fluxo mais emocionante da história. O livro bem retrata a sociedade contemporânea, em sua brutalidade, com suas muitas tragédias. Não sem intenção o autor faz a história se desenrolar numa tempestade, com muita chuva e enchente e lama.

dauri Batisti

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acOnTece

Treinamento da Campanha do Dízimo 2013

Orientação para as vocações

Consagração de crianças e adolescentes missionários

Duranteosdias18e19e25e26demaio,aArquidio-cesedeVitóriarealiza,nasseisáreaspastorais,otreinamentosobreaCampanhadoDízimo2013.Oencontrocontarácomapresençaderepresentantesdodízimo,daspastoraisedeoutrosserviçosdasparóquias.Oobjetivoédivulgareorientarospresentessobreatemáticaeofuncionamentodacampa-nha.Paramaisdetalhessobreo treinamento, fiqueatentoao site daArquidiocese deVitória -www.aves.org.breacompanheasnotíciasnasrádiosparceiras,América eFMLíder.

Voltadoparaopúblicojovem,oRetirodeOrientaçãodeVida(ROV)iráacontecernosdias04e05demaio,emPontaFormosa,Vitória,sobatemática ‘Asvoca-ções,sinaldeesperançafundadanafé’. Oencontro terámomentosdevivência,espiritualidadeevisa,principalmente, suscitarnos jo-

Emcomemoraçãoaos170anosdaInfânciaeAdolescênciaMissionária (IAM)nomundoe20,noBrasil, terá inícionodia26demaioaIJornadaNacionaldaIAM. Nadata, serãoconsagradasascriançasmissionáriasdetodoopaís,comaentregadossímbolos

vensodiscernimentovocacional.ComapresençadealgumasáreasdaIgreja,comoaPastoralFamiliar,CongregaçõesReligiosas,Comu-nidadesdeVidaeConselhodeLeigos,osparticipantespoderãotirarsuasdúvidassobreasativida-desdesempenhadaspelosgruposerefletirsobresuacaminhadare-ligiosa.

Romaria das mães Maioéomêsdasmães!Parahomenageá-las,seráce-lebradaumamissa,presididapeloFreiValdecir,noCampi-nhodoConventodaPenha,dia11demaio,às15h. Apreparaçãocomeçaàs13h30,nomesmolocal,comaacolhidadas romariasque

vêmdediversaspartesdoEs-tado.Comrosas,as romeirastambémfazemsuashomena-gensaMaria,Mãeda Igreja.Éesperadaapresençadeumgrandenúmerode fiéisparamaisumanodacomemoração,queacontecehámaisde15anos.

daobra:olençocomoescudoeavela.NoEstado,acelebraçãoaconteceemtodasasparóquiasquepossuemaIAM. Durantetodooano,diversasatividadesserãorealizadas,entreelas,oXIIICongressoEstadualdaIAM,queaconteceemAracruz.Oeventovaide31demaioa02

de junho,naParóquiaSãoJoãoBatista,etemcomotema:InfânciaeAdolescênciaMissionária170anos. AInfânciaMissionáriadoEs-píritoSantonasceunaParóquiaBomPastor,emCampoGrande,Cariacica,ehojeexisteem22pa-róquiasdaArquidiocesedeVitória.

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Page 29: Revista Vitória - Maio

Formação Permanente dos Presbíteros

Encontro com comunicadores católicos

Formação para Diáconos Permanentes

Entreosdias06e09demaio,aconteceemSantaIsabel,Domin-gosMartins,aFormaçãoPermanen-tedosPresbíterosdoSub-RegionalLeste2.ComaassessoriadeDomEduardoPinheiro,bispodeCampoGrande(MS),ospadresirãorefletirsobreojovemnomundodehoje,nocontextodasconstantesmudan-ças,daviolênciaeacimadetudo,doseuprotagonismonasociedadeenaIgreja.

Para recordar o DiaMun-dialdasComunicaçõesSociais,o ArcebispoDom LuizManci-lhareúne,nodia11demaioàs8h30,emPontaFormosa,Vitória,

Nodia18demaio,osDiáco-nosPermanentes irãose reunirnoSalãoPadreGabriel,naCúriaMetropolitana,emVitória,paradiscutiremsobreoanodaféeasorientaçõesdoConcílioVaticano

profissionaisdecomunicaçãoca-tólicosparaumaconversasobreotema‘RedesSociais:portaisdeverdadeedefé;novosespaçosdeevangelização’.

II.Aintençãodoencontroéapro-fundara temáticaeprovocarareflexãosobreoassunto.Estarãopresentesobispoauxiliar,DomRubensSevilhaeoVigárioGeral,PadreIvoAmorim.

revista vitóriaMaio/2013 29

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Um TEmPO nOVO na PasTOraL

No último dia 14 de março, um dia após a eleição do Papa Francisco, o clero

da Arquidiocese de Vitória do Es-pírito Santo, convocado pelo Sr. Arcebispo Dom Luiz Mancilha Vilela, estava reunido em Ponta Formosa para uma reunião em que a pauta era a eleição de um novo Coordenador de Pastoral para esta Igreja, já que o então, Pe. Kelder Brandão, havia entre-gado o cargo ao Arcebispo por já estar a frente dessa missão há mais de 4 anos. O coordenador de Pastoral numa Igreja é o auxiliar direto do bispo nas questões que to-cam a pastoral da diocese. Tem como missão fazer gerar a tão desejada “pastoral de conjunto”, que corresponde a uma unidade nos trabalhos desenvolvidos nas paróquias. Na Arquidiocese de Vitória temos 68 paróquias, por-tanto, a coordenação de pastoral tenta garantir a unidade destas em torno do bispo, promovendo for-mações, favorecendo o diálogo, indicando caminhos para todos andarem juntos. Este objetivo, por sinal, tem sido o foco mais acentuado do departamento de Pastoral desde o início do Pri-meiro Sínodo Arquidiocesano realizado em nossa Arquidiocese. Bom, o processo eletivo se

OfIcIal

deu de forma muito aberta pelo nosso arcebispo. Poderia ele sim-plesmente indicar alguém, mas preferiu que o clero o fizesse. Assim, em forma de votos secre-tos, foram feitos 4 escrutínios até que se chegasse ao nome do es-colhido pela maioria dos presen-tes. Éramos quase 80 sacerdotes presentes à reunião. E concluída a votação e visto que meu nome havia sido votado pela maioria o Sr. Arcebispo perguntou-me diante dos presentes se aceitaria tal missão. Confesso que precisei ponderar algumas questões, mas, depois senti como um novo cha-mado em minha vida sacerdotal e pude dizer “sim”. Desde a eleição minha tarefa tem sido tomar conhecimento da “engrenagem” do departamento de Pastoral. É verdade que sou padre desta Igreja, que a conheço muito bem, mas uma coisa é ver

“de fora” outra coisa é ter que decidir caminhos junto ao arce-bispo estando “dentro”. Assim, a missão é dar continuidade aos direcionamentos acertados da coordenação anterior agregan-do novos direcionamentos que o Espírito indicar. Estamos em fase de escuta e planejamento. Sim, pois não po-demos parar. O tempo urge. Até porque os bispos, numa reunião após a eleição, me indicaram um caminho que toca na reestrutura da Pastoral desta Igreja em sin-tonia à organização da CNBB. Qual seria esse caminho? Ainda é cedo para falar dele. Temos que respeitar as etapas de conselhos. Quem sabe nas próximas edições desta revista possamos melhor esclarecer. Algumas coisas nós, do de-partamento de pastoral, já temos presente em nossas ações: dar continuidade à implementação dos encaminhamentos do Sínodo; revigorar os conselhos em todos os níveis de nossa Igreja; incluir todas as pastorais, movimentos, associações, instituições, minis-térios no departamento. Para tanto, peço a oração e compreensão de todos. Vamos “Caminhar juntos, na alegria fraterna e na esperança”.

Pe. Anderson GomesCoordenador de Pastoral

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40 lojas em todo o estadopara melhor te atender.

A rede da família capixaba.

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14 dE MAIo IEAB – Igreja Anglicana: Rua Duque de Caxias,121 - sala 206 - Ed. Juel (na sala do CEBI-ES) - Vitória. Na sobreloja da Livraria Paulus.

15 dE MAIo IPU – Igreja Presbiteriana: 2ª Avenida, 54 - Bairro Laranjeiras - Serra. Entre o Cedtec e o Colégio Aristóbulo.

16 dE MAIo IECLB – Igreja Luterana: Rua Altiva da Silva, quadra 10 - lote 9 - Bairro Primavera - Viana. Entrar à direita próxima a loja de piscinas às margens da BR.262.

17 dE MAIo ICAR – Igreja Católica: Paróquia Nossa Senhora da Glória - Bairro da Glória - Vila Velha. Fica em frente a fábrica de Chocolates Garoto.