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ORIGENS História e Tradição BUJINKAN DOJO BUDO TAIJUTSU Tradições Marciais Japonesas KYU RYU-HA As Nove Escolas Antigas O ABC DAS ARTES MARCIAIS O Básico Mortal UPDATED VERSÃO

Revista Warriors Magazine - Update

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Neste número, a Warriors Magazine brinda o leitor com a "Edição Especial de Lançamento" que trata da história, treinamento e um pouco do misterioso mundo dos guerreiros das sombras. Nenhum trabalho é tão profundo e sério quanto este que estamos apresentando. É fruto de uma pesquisa encaminhada por um dos maiores especialistas na arte Ninja: Alexandre Carvalho, que trabalha baseado nos ensinamentos e experiência de Shihan Juan M. Gutiérrez e do grande Mestre "Soke" Dr. Masaaki Hatsumi - Phd. Ao todo serão 4 edições completando no período de 1 ano a "Edição Especial de Lançamento".

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ORIGENSHistória e Tradição

BUJINKAN DOJO BUDO TAIJUTSUTradições Marciais Japonesas

KYU RYU-HAAs Nove Escolas Antigas

O ABC DAS ARTES MARCIAISO Básico Mortal

UPDATED

VERSÃO

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EditorialA Warriors Magazine brinda o leitor com a “Edição Es-pecial de Lançamento” que trata da história, treinamen-to e um pouco do misterioso mundo dos guerreiros das sombras.

Nenhum trabalho é tão pro-fundo e sério quanto este que estamos apresentando. É fruto de uma pesquisa en-caminhada por um dos maio-res especialistas na arte Ninja no Brasil: Alexandre Carvalho, que trabalha ba-seado nos ensinamentos e experiência de Shihan Juan M. Gutiérrez e do grande Mestre “Soke” Dr. Masaaki Hatsumi - Phd. Ao todo se-rão 4 edições completando no período de 1 ano a “Edi-ção Especial de Lançamen-to”. Contudo, temos muitos assuntos a tratar, afinal de contas os ninjas e sua arte das sombras já caminham há quase 3 mil anos desde suas raízes históricas.

Não perca nenhum núme-ro, pois não há nada igual a esta série que oferecemos especialmente a você.

Forte abraço!

SUMÁRIO

A Warriors Magazine é uma publicação da Warriors Magazine Online 2010 Copyright, distribuída gratuitamente por e-mails.

PUBLICADOR - Warriors Magazine Online em parceria com Bujinkan Dojo Brasil e Bujinkan Dojo Buenos Aires

EDIÇÃO E DESIGN GRÁFICO - Dharmah Digital

EDITOR - WMO

TRADUÇÕES - Bujinkan Dojo Buenos Aires & Bujinkan Dojo Brasil | all rights reserved

Expediente

WARRIORS MAGAZINEMensagem do editorDesejo sincero em compartilhar

Pág.

03CAPAA arte secreta dos ninjasChega de dúvidas. Entrevistamos o primeiro instrutor ninja a trazer a arte para o nordeste

Pág.

04ORIGENSHistória e tradiçãoSombras da história

Pág.

13BUJINKAN DOJO BUDO TAIJUTSUTradições marciais japonesasSaiba mais sobre as tradições guerreiras do Japão

Pág.

16KYU RYU-HAAs nove escolas antigasConheças os nove estilos transmitidos pela Bujinkan Dojo

Pág.

19O ABC DAS ARTES MARCIAISO básico mortalEntenda alguns aspectos das artes marciais, inclusive o ninjutsu

Pág.

23A HISTÓRIA DOS NINJAS - PARTE 1Sombras da históriaSaiba como surgiram os guerreiros das sombras

Pág.

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Mensagem do EditorMensagem do Editor

A primeira coisa que me veio a mente ao co-meçar este trabalho foi como poder ampliar nosso contato através de ensinamentos

que perdurem no tempo. De maneira que sirva para dirimir dúvidas e também como um guia para sua vida.

Então, girando ao redor do ponto central chamado Budo (artes marciais), quero deixar voltado os en-sinamento de nosso Mestre, e dos grandes mes-tres de nossa linhagem, minhas próprias experiên-cias através da prática e estudo, e a comunicação de todos os Buyu (amigos/companheiros marciais) que formam este Universo chamado Bujinkan.

Dentro desta publicação, que em princípio será trimestral, ampliando conteúdos mais relevantes, incluiremos também outros temas relacionados, como: saúde, alimentação, treinamento, filosofia de vida, história de vida de nossos mestres, armas tradicionais, aspectos técnicos, novidades, voca-bulário e cultura.

Desejo de todo o coração que este novo poente que abrimos seja saboreado por todos e de uma perspectiva agregadora a seu treinamento no Dojo e fora dele.

DOMO ARIGATO

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ENTREVISTA/Alexandre Carvalho

A Arte Secreta dos Ninjas

Pioneiro na disseminação do ninjutsu no nordeste, Alexandre Carvalho é um dos poucos ins-trutores representantes da misteriosa arte marcial ninja tradicional e pelo “sistema antigo” de ensino. Durante 17 anos de prática já ensinou pessoas de todas as idades, bem como empresários e policiais, participou e ministrou treinamentos, seminários e workshops em ci-dades como São Paulo, Aracaju, Recife, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. Na área, desenvolveu projetos voltados a criança e adolescente conhecido como projeto “Ninja Kids”, além do cur-so de defesa pessoal avançada para civis e policiais e também o curso especial para mulheres “Ninjutsu Woman Self-Defense”. Desenvolvedor de Projetos na Área de Design e Web, ele garante que a prática de uma arte marcial como o ninjutsu beneficia entre outras coisas, uma maior concentração e criatividade, além da saúde física, controle emocional e a superação de obstáculos.

Aos 11 anos teve o pri-meiro contato com as artes marciais. Praticou em sua adolescência Ka-ratê-Do Shotokan (clás-sico), Karatê Kyokushin Oyama (contato), Kung Fu Fei Hok Phay e Wing Chun Tao Chuan, Quanki-dô – Arte Marcial Viet-namita, Tae Kwon Dô e Hapkidô (artes marciais coreanas), Kenjutsu (arte das espadas japonesas) e Ninjutsu Bujinkan Budo Taijutsu – Arte Marcial Ninja (praticando e ensi-nando atualmente).

Desde que começou nas artes marciais, es-tranhamente observou algumas peculiaridades que o motivou a uma busca até chegar em seu verdadeiro objetivo, co-nhecer o ninjutsu e ter a certeza se tudo o que era mostrado em filmes da época era verdade ou pura ficção. Após ter a oportunidade de viajar a São Paulo e ser aceito no

treinamento inicial, pode perceber que se trata-va de algo ainda mais complexo. Ninjutsu era realmente uma arte de guerra. Afinal de conta, a eficiência de suas técni-cas foram comprovadas nada menos que no pró-prio campo de bata-lha. A principio, se a técnica funcionasse, o guerreiro voltaria para casa e con-forto de seu clã.

Caso contrário, se as téc-nicas não funcionassem, seria seu último dia de vida. Era a lei da sobrevi-vência. - Diz Shidoshi Ho Alexandre Carvalho.

WM - O que é afinal um ninja?Alexandre - Ninja é uma pessoa aparentemente comum, mas que através da prática constante está em superação constante como Ser humano. Ele busca através do auto-conhecimento ser um in-

divíduo cada vez melhor estando preparado para ajudar aqueles que real-mente necessitam de aju-da. Infelizmente, assim

como tudo na vida existe dois extremos distintos, as vezes o indivíduo pode enveredar pelo caminho do mal. Por isso, temos

Na foto acma - Shidoshi Ho Alexandre Carvalho demons-tra uma postura de luta típica do ninjutsu.

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que sempre nos policiar e evitar a todo o custo que o ego nos controle. É uma luta continua que pode chegar as esferas transcendentais.

WM - Como o senhor de-finiria o ninjutsu?Alexandre - Bem. Posso definir através de inú-meras maneiras, mas em resumo, ninjutsu é uma arte que nasceu para guerra, “é uma arma”, não importando a época, pois ela é acima de tudo flexível e está sempre em transformação indepen-dente de quem a prati-que.

WM - Por que o senhor enfatiza tanto o nin-jutsu como sendo uma “arma”? E as outras ar-tes marciais também não são?Alexandre - Veja bem! Tenho duas respostas so-bre as outras artes mar-ciais serem uma “arma”, sim e não, pois isso de-pende da verdadeira in-tenção do praticante e de como este encara um confronto real. Um con-fronto verdadeiro não é algo pré-arranjado e com regras, nem tão pouco existem protetores que possam de alguma forma eliminar a sensação de realmente estar em peri-go real.

Todas as artes marciais (verdadeiras) são ótimas e terão sempre seu lugar na sociedade. Afinal de contas é ótima a prática

de esportes. Mas o ninjut-su é algo mais. Como eu disse antes, é uma arma de guerra. Além disso, existe uma filosofia mui-to especial que envolve a justiça e os caminhos do corpo e do espírito.

WM - A palavra “ninja” assim como em “ninju-tsu”, existe algum signi-ficado especial?Alexandre - Sim. Claro. Vejamos o seguinte: para ser mais sucinto, em ja-ponês, a palavra Ninjut-su se escreve com dois ideogramas ou “kanjis”; O ideograma NIN, está relacionado a essência ou “natureza da arte”, e JUTSU a “técnica”. O ide-ograma NIN é ele mesmo formado por dois carac-teres. O superior signifi-ca “lágrimas”. O inferior KOKORO “coração”. O significado pode variar, pois NIN também signifi-ca “oculto” ou “secreto”, enquanto que JA está relacionado a pessoa ou indivíduo. Ou seja, NIN-JUTSU significa dentre outras coisas “a arte de resistir com o espírito” e NINJA quer dizer “o indivíduo ou aquele ou a pessoa que resiste”.

WM - É verdade que se afastou do ninjutsu há algum tempo? Como está sua situação agora?Alexandre - Sim. É verda-de. Por motivos pessoais resolvi ficar afastado. As vezes precisamos de um tempo para meditar para poder tomar a decisão

Na foto acima - Shihan Juan M. Gutiérrez ao lado de Soke Hatsumi.

mais sábia. Minha situa-ção está ótima. Obrigado por perguntar. (risos)...

WM - Mas poderia falar que motivos foram esses que o levaram a se afas-tar?Alexandre - Digamos que em todos os setores exis-tam pessoas que pensam ser o centro do mundo, coisa que sabemos não ser a verdade. Claro que existem pessoas que le-vam a sério, trilham e vivem um caminho com ética, princípios, etc. Re-solvi me afastar na época por ver essas pessoas que se diziam “instrutores” de certa forma manipu-lando e abusando de sua hierarquia como instrutor

filiado a uma organização respeitada como a Bujin-kan. Felizmente hoje isso está aos poucos sendo corrigido pela tomada de nova consciência e ações de discípulos que abrem os olhos e vêem que algo não está correto e com isso tratam de procurar as pessoas certas.

WM - Como o senhor avalia os novos faixas-pretas que estão sendo formados atualmente?Alexandre - Creio since-ramente que existam boas pessoas que que-rem realizar um bom trabalho na Bujinkan. Po-rém, ainda existe muito o que melhorar, sempre. E isto é parte integrante

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cial. Existem princípios a seguir, tais como: a ami-zade, o res-peito, honra, lealdade, sinceridade, verdade, senso de justi-ça e tantos outros. Isso é realmente ser um Ser hu-mano cada vez melhor. Isso é ser um verdadeiro guerreiro. Um ninja.

WM - É verdade que o senhor trouxe o ninjutsu para o nordeste?Alexandre - O primeiro sim. Não o único. Espe-cificamente para minha cidade Maceió, Alagoas. Logo depois tive a opor-tunidade de levar à ou-tros estados vizinhos.

WM - E como os alago-anos receberam a arte ninja?Alexandre - No inicio,

do caminho do ninja. Ser melhor. Mas também lan-ço o alerta para a existên-cia de instrutores que se desvirtuam do caminho e enganam pessoas leigas, procurando apenas a sa-tisfação do próprio ego. Mas que nada tem a en-sinar de concreto.

WM - Mas a organiza-ção Bujinkan não toma medidas para coibir esse pessoal ou de talvez afastá-los?Alexandre - Posso res-ponder da seguinte ma-neira: “o mal por si só se extinguirá.” Os bons continuam. Aqueles que trabalham de forma cor-reta e séria sempre se-rão reconhecidos, pois estes amam o que fazem e vivem o que amam. Po-rém, aqueles que forjam suas ações em mentiras e na satisfação do ego, por si mesmos serão des-truídos. Afinal de con-tas, no final, a luz vence as trevas. Soke Hatsumi tem feito um trabalho excepcional no mundo e isso é “café pequeno”. Os verdadeiros instrutores é que devem lutar contra essas coisas. Consciên-cia e informação são as armas principais. O res-to o tempo fará seu real trabalho. Não é atoa que Shihan Juan M. Gutiérrez me disse uma vez que o principal significado da palavra BUDO está na fusão do guerreiro e do sábio. E não somente o “caminho da guerra” atu-almente e erroneamente conhecida no meio mar-

como em todo lugar, com uma certa desconfiança, mas após um tempo as pessoas foram cedendo a curiosidade e resol-veram conhecer mais de perto. Depois que viram a eficiência das técnicas e puderam conhecer um pouco da verdadeira his-tória e filosofia que exis-te na arte, tiveram a con-firmação desta ser uma arte marcial autêntica e o que eu estava mostrando era a verdade. Claro que ainda existem pessoas que acreditam ser os nin-jas frutos de uma estória criada por hollywood ou acham que para ser um ninja é preciso ser mes-tre em pelo menos dez artes marciais distintas. (risos)... Não é preciso tanto.WM - Existe competição no ninjutsu?

Alexandre - Não. Na ver-dade é até proibido. Isso vai contra os princípios e a verdadeira meta do ninja como dito ante-riormente. Trata-se de superar-se todos os dias. Não de superar os ou-tros. Além disso, quem está realmente prepara-do não se sente atraído em ter que provar algo para alguém ou para si mesmo, pois sabe que no final ele estará de pé, o outro não.

WM - Então como saber se é ou não merecedor de uma graduação, ou melhor, como ter a certe-za de que o que se sabe será eficiente quando for necessário?Alexandre - Existe o pro-cesso de exame e gradu-ação. Este é algo comple-xo, pois não se analisa apenas o aspecto técni-co. É algo sutil. Quanto ao “teste” de eficiência... O praticante apenas sen-te e sabe, pois começa a enxergar as coisas por ângulos diferentes. Como eu disse, é algo complexo e de certa forma, tentar mostrar de forma práti-ca. Além do mais, existe um lado positivo, o pra-ticante é condicionado a estar preparado sempre e para isso deve-se aci-ma de tudo treinar, trei-nar e treinar. Não é atoa que tive informações de alunos que contornaram situações de assalto, a-gindo no momento certo com estratégia, técnica e instinto de sobrevivên-cia.

Acima - Shihan Juan M. Gutiérrez ao lado de Shidoshi Ho Alexandre Carvalho, seu discípulo.

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WM - Por que afirma ser proibido campeona-tos no ninjutsu? Já vi-mos praticantes no UFC (Ultimate Fight Cham-pionship) alguns repre-sentantes do ninjutsu. Até mesmo existem no Brasil Federações de Ninjutsu que promovem competições como for-ma de graduação.Alexandre - Acredito que todos nós temos o livre arbítrio para decidir o que é bom ou não para nós mesmos. Como dito antes, existem pessoas que ainda não entendem o verdadeiro significado da palavra ninja. Se estes afirmam estudar ninju-tsu autêntico, e mesmo assim insistem no erro, então que continuem assim. Por eu entender o que a bujinkan ensina, sigo tranquilamente suas diretrizes. Se muitos afir-mam ser instrutores de ninjutsu autêntico, então não seria necessário pro-var algo. Mas se alegam estudar um novo segui-mento conhecido como “ninjutsu moderno”... Que façam bom provei-to. Mas garanto que isso não é e nunca será nin-jutsu. Sigo a linhagem tradicional dos grandes mestres por ter a certeza e experiência que esta é a forma correta.

WM - Qualquer pessoa pode praticar ninjutsu?Alexandre - Seguindo nossas diretrizes, sim. No final, basta ter um

Acima - Shidoshi Ho Alexandre Carvalho em treinamento com Daniel (companheiro de treino e discípulo de Shihan Juan M. Gutiérrez).

bom e sincero coração. Não existe raça, crença, idade máxima ou sexo. A bujinkan recebe todos aqueles que realmen-te estão de acordo com suas regras de conduta e que estão dispostos a su-perar a si mesmos.

WM - Então quer dizer que as mulheres são bem-vindas?Alexandre - Sim. Com toda a certeza. A ninja feminina também conhe-cida como “kunoichi” é muito respeitada e rece-be um lugar especial na história e tradição, pois ela como guerreira mui-tas vezes derramou o próprio sangue para sal-var sua família.

WM - Ainda existe muita fantasia em relação ao mundo misterioso dos ninjas. O que uma pes-soa que deseja praticar o ninjutsu encontrará de fato?Alexandre - Muita dis-ciplina, perseverança, autoconhecimento, tra-balho, superação, amiza-

de, um mundo de possi-bilidades e uma nova for-ma de ver a vida.

WM - Qual seu objetivo com o ninjutsu?Alexandre - Meu princi-pal objetivo é de propor-cionar aos interessados a chance de viver intensa-mente uma arte marcial, não só seu aspecto téc-nico, mas sua filosofia.

Na verdade eu me rea-lizo em poder ensinar e mais ainda quando vejo que existem pessoas crescendo e que pos-suem grande potencial. É muito bom compartilhar uma arte marcial como o ninjutsu bujinkan. Al-gumas pessoas até me afirmaram notar que antes da aula começar

eu sou um Alexandre, e outro quando dou inicio a aula. Simplesmente é a questão de realmente le-var a sério o que se faz.

WM - Novidades em bre-ve?Alexandre - Sim. Mas prefiro deixar o tempo seguir seu curso natural-mente. Contudo, posso adiantar que eu e Sensei

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adicional de 2 horas para instrutores e alunos de graduações avançadas desde 4 kyu (classe espe-cial no dia 20).

WM - O que está incluso no valor do Taikai? Alexandre - Está incluso o treinamento para os dias 21 e 22 de agosto e Diploma Internacional de participação do Taikai.

WM - Já houve algum evento em maceió? Alexandre - Sim, logo no inicio. A bujinkan tem uma forma de compar-tilhar bem interessante. Realizamos 3 au-las (au-lões) no passado. Agora estamos planejando algo bacana e com certeza grande, pois pretendo trazer Shihan Juan M. Gutiérrez para nosso 1º Workshop. Será realmen-te maravilhoso! Estamos trabalhando sobre quais temas apresentaremos e isso é discutido também com a sede no Japão.

WM - Como são as au-las?Alexandre - As aulas mui-tas vezes são definidas pelo grupo em que se está trabalhando, ou seja, se é um grupo avançado ou iniciante. Mas claro que isso é algo pessoal, cada instrutor tem seu méto-do de ensino. No meu caso, gosto de sempre que posso após demons-trar algumas técnicas e deixar que os alunos tra-balhem bem, gosto de

Juan M. Gutiérrez temos alguns projetos para se-rem colocados em práti-ca. Um desses projetos está sendo o ASAHI RYU DEN (La Tramitación del Dragón del Amanecer) que na realidade trata-se de um jornal desenvol-

vido como um guia aos praticantes que fazem parte da Bujinkan Dojo Buenos Aires e Bujinkan Dojo Brasil. Teremos mui-to o que se implementar durante o ano de 2010 e 2011. Inclusive este ano teremos o Taikai 2010

Buenos Aires que trará Shihan Jack Hoban - 15º Dan, um dos maiores ex-poentes em ninjutsu bu-jinkan mundial. Serão 3 dias de muito treinamen-to. Shihan Jack Hoban é capitão em atividade dos US MARINES CORPS e criador do programa “Living Values”, basea-do no caminho das artes marciais BUJINKAN em harmonia com os valores humanos universais.

WM - E qualquer pessoa interessada pode partici-par desse evento? Quan-do e onde será?Alexandre - Sim. Absolu-tamente todas as pesso-as podem participar, não importando a arte ou graduação que tenham, desde um iniciante até um instrutor. Todas os ensinamentos são real-mente aproveitados por todos. E quem já partici-pou de um Taikai, pude-ram confirmar isto. Bas-ta se informar em nosso website ou pelo blog da Warriors Magazine (por e-mail). O evento ocor-rerá nos dias 21 e 22 de agosto em Buenos Aires/Argentina. Mas advirto aos retardatários que deverão se apressar e re-servar sua vaga, pois são limitadas.

WM - Quantas horas de treinamento tem em um Taikai? Alexandre - No Taikai Ar-gentina 2010, constará de 12 horas de treinamento oficialmente. Mais um

Valeu o esforço. (risos).

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campo pessoal ou mar-cial. Contudo, no âmbito do combate propriamen-te dito um praticante de ninjutsu com experiência fará de tudo para ser vi-torioso. Não seguindo regras para isso, mas o bom senso. Para ser mais claro, não seguimos re-gras quando se trata de defender nossa própria vida e a vida daqueles que devemos cuidar.

Infelizmente, muitos pra-ticantes de artes marciais ou até mesmo pessoas que já ouviram falar so-bre os ninjas, aprende-ram erroneamente que o ninja é um guerreiro que atua no campo da falsi-dade ou desonestidade. Vêem o ninja como um bandido, um assassino ou mercenário, coisa que é a mais pura inverdade. O ninja simplesmente não quer perder tempo em provar algo a nin-guém e nem a ele mes-mo. A meta do ninja é vi-ver, e viver em harmonia com o todo. E para ser lhe franco, talvez muitas pessoas não sabem, mas muitos samurais abusa-vam de sua autoridade como soldado de elite. Matavam e destruiam os camponeses e suas plan-tações e criações impie-dosamente, estupravam e saqueavam, e outras barbáries, exibindo-se muitas vezes.

Claro que existiam real-mente e verdadeiramen-te os “servidores” que se trata da verdadeira tradução da palavra sa-

de. Até porque isso nos é herdado em nossa me-mória ancestral, fazendo parte de nossa autopro-teção instintiva. A técnica de como exe-cutar cor-retamente de qualquer maneira surge ao longo do tempo. Quanto as téc-nicas de projetar e con-trolar o adversário, bem como o uso de armas, trata-se de algo mais avançado. Na verdade, ensino como sobreviver, seja numa situação que envolva agressão física ou psicológica.

Um dos pontos que pesa nisso tudo é o uso corre-to da estratégia e a pos-tura que você assume diante de cada situação. Não adianta força física se não tiver técnica supe-rior. Nem tão pouco se ti-ver boa técnica, mas não ter a estratégia certa e saber aplicá-la. Tem que existir sempre equilíbrio.

WM - Sei que muitas pessoas já fizeram essa pergunta, mas poderia nos explicar a diferença entre o ninjutsu e as de-mais artes marciais?Alexandre - Bem. Creio já ter falado sobre isso anteriormente. Talvez de forma bastante resumi-da, mas tudo bem. A arte ninja ou “ninjutsu” tem como base filosófica a li-berdade em toda expres-são da palavra. Liberdade de viver de acordo com os valores humanos, cla-ro. Porém, liberdade de pensar, buscar, agir, ex-pressar e realizar, seja no

externo. Além disso, são trabalhadas técnicas e es-tratégias utilizando-se de ferramentas que não são possíveis de serem traba-lhadas em dojo (ambien-te restrito). Nesse treina-mento podem ser vistos treinamentos de equi-tação (montaria), nata-ção, alpinismo, rapel, de-molição, trabalhos com lanças, bastões longos, arremesso de lâminas, camuflagem, treinamen-tos para fortalecimento físico e mental e etc. São inúmeras as formas.

Os eventos extras são os encontros regionais, nacionais e internacio-nais, onde são reunidos grupos de diversas loca-lidades, com mestres e instrutores de alto nível, bem como participantes vindos de todas as partes do mundo. Esses eventos podem assumir diversos nomes como TaiKai, Ninja Matsuri ou Workshops.

WM - No treinamento existe técnicas específi-cas, tais como projeções, torções, socos e chutes? Alexandre - Claro! É bom ver o ninjutsu além de uma simples arte mar-cial, na verdade reco-mendo vê-la como uma ciência marcial, pois você realmente a estuda, e co-nhecimento não tem fim. O ser humano tem que buscar conhecimento sempre. Não ensino sim-plesmente como socar ou chutar, isso é fácil e qualquer macaco com al-gumas repetições apren-

passar um outro lado da aplicação, que chamo de uso criativo e espontâ-neo. Além de saberem a execução de cada técnica corretamente, exploro o lado criativo de cada um, pois vejo que numa situ-ação real muitas vezes esse lado decai, princi-palmente numa situação de grande estresse. Claro que o conhecimento téc-nico é importantíssimo, mas tento unir a técnica tradicional com a criati-vidade pessoal. Com isso o aluno é colocado em uma situação onde ele será forçado a estar sem-pre atento não somente ao adversário, mas tam-bém o próprio ambiente que o cerca.

As aulas podem ser di-vididas em basicamente três maneiras distintas, que são: aulas no dojo (classe), goton po (aulas ao ar-livre) e eventos ex-tras.

As aulas no dojo são “au-las normais”, onde os praticantes aprendem técnicas básicas, inter-mediárias e avançadas que só são possíveis de serem realizadas em am-biente restrito.

Já o Goton Po (Ninja Camp) - São aulas reali-zadas em campo aberto, ou seja, em ambientes que promovam a liber-dade de movimentos e um contato maior com a natureza, remontando também os treinamentos que os antigos guerrei-ros tinham em ambiente

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ximo número, mas tudo bem.

Bem. A Bujinkan Dojo Brasil dedica-se a ajudar todos aqueles que bus-cam adquirir de forma apropriada as informa-ções e treinamentos de qualidade em Ninjutsu e escolas que compõem a Bujinkan Budo Taijutsu. Estabelecemos então um sistema passo a passo de aprendizagem e de forma estruturada envolvendo todo o conteúdo até a graduação de faixa-preta 1º Dan para todos os in-teressados. Nossa meta principal é prover conhe-cimento em Ninjutsu Bu-jinkan como é ensinado no Japão pelo Grandmas-ter Dr. Masaaki Hatsumi - Phd, unindo assim pes-soas e expandindo a paz em todo o mundo.

Nós da Bujinkan Dojo Brasil - BJKDB e Bujin-kan Dojo Buenos Aires - BJKDBA nos dedicamos a construir uma Bujinkan melhor através da educa-ção e ação. Oferecendo todo acesso à informa-ções que um estudante precisa para estudar Nin-jutsu / Budo Taijutsu cor-retamente e em todos os formatos possíveis, seja individualmente, em ses-sões de grupo (classe), ninja camp (acampamen-tos), livros ou apostilas, vídeos, website, cursos ou viagens à Buenos Ai-res para treinamento com Shihan Juan Manuel Gutiérrez. Estamos aqui para providenciar uma porta aberta para uma

WM - Existe algum siste-ma de graduação?Alexandre - Sim. Existe um sistema de gradua-ção Ninjutsu Bujinkan. Contudo, é bom saber que antigamente esse sistema não existia, ha-vendo apenas faxa-bran-ca para iniciante e faixa-preta (nível superior).

Hoje temos o seguinte sistema de graduação:

De 10° Kyu (faixa-bran-ca/iniciante) até 1° Kyu (aprendiz), existem no total 10 graduações e o uso de emblema especí-fico da graduação (bujin kyu). Esses níveis corres-pondem ao nível básico de treinamento.

De 1° Dan até 4° Dan, ní-vel de Shidoshi Ho. De 5° Dan até 9° Dan, ní-vel de Shidoshi. De 10° Dan até 15° Dan, nível de Shihan (mestre).

O nível de SOKE é exclu-sivo ao único herdeiro das tradições, nesse caso Hatsumi Sensei ocupa a-tualmente este título.

Entre o 9° Kyu e o 1° Kyu a faixa para os homens é Verde, para as mulheres faixa Vermelha e para crianças, faixa Amarela.

WM - Sensei... Fale-nos um pouco sobre o curso para formação de instru-tores?Alexandre - Ok. Ia deixar esse assunto para o pró-

para remontar e manter as tradições. O uso das armas só são liberadas de acordo com a gradu-ação ou evento específi-co, sendo sempre o trei-namento acompanhado pelo responsável, nesse caso o instrutor. É proi-bido permanentemente o uso indevido de armas e qualquer material não autorizado. A infração poderá acarretar na ex-pulsão do indivíduo.

Uma faca nada mais é que um instrumento nas mãos de uma pessoa responsável, servindo para fatiar alimentos. Nas mãos de uma pessoa sem equilíbrio mental e preparação adequada, a mesma faca poderá ser utilizada para ceifar a vida de outros ou a pró-pria. Tem que existir uma consciência profunda, é questão de responsabili-dade. Da mesma forma, aquele que estuda Nin-jutsu se torna uma arma viva, sem treinamento e consciência corretos, este poderá criar e se envolver em situações perigosas. E isso não é admitido.

WM - A Bujinkan é algum tipo de seita ou associa-ção esportiva?Alexandre - Não. A Bu-jinkan é uma organização internacional desenvol-vida por Soke Masaaki Hatsumi que é herdeiro de 9 tradições de artes marciais tradicionais ja-ponesas. Sendo o título de Soke único.

murai. E excluindo o lado negro dos samurais, te-mos muito o que apren-der com sua história e tradição, cultura e filo-sofia sim, assim como os ninjas.

WM - O que se exige mais nas aulas?Alexandre - Tudo é exi-gido e avaliado, desde o começo. Até o primeiro contato. Mas claro que existem vários níveis de exigências e avaliações. Isso é algo pessoal, pois aquele que realmen-te está interessado de-monstra de uma manei-ra bastante peculiar de forma positiva ou nega-tiva seus reais objetivos, e estes exteriorizam no decorrer do tempo. No entanto, não é admitido a indisciplina nas aulas e fora das aulas. O respeito tem que existir sempre, dentro e fora do dojo. Afinal, o “costume de casa se vai à praça” e isso eu não tolero.

WM - Existem poderes ninja?Alexandre - De certa for-ma sim. Se não fossem fortes os lados espiritual e mental, o ninja não fa-ria a metade do que re-almente podem fazer. É preciso uma conexão real e autoconhecimento.

WM - As armas ninjas são liberadas no dojo?Alexandre - Absoluta-mente não. O treinamen-to com armas ninjas serve

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grande aventura e uma riqueza de informações que com certeza muda-rá muitas vidas. Estamos fazendo nosso melhor, tornando-nos uma Fonte confiável para pratican-tes de Ninjutsu no Brasil, podendo assim obter in-formações em qualquer lugar do país.

Assim, possibilitando a prática em Ninjutsu e escolas da Bujinkan de forma legal. Fornecendo ao praticante o conteúdo e a documentação ne-cessária para um desen-volvimento sadio e uma prática constante através de materiais e acompa-nhamento seguro, de forma que, o praticante possa desenvolver um trabalho de aprendizado e disseminação em sua região junto à Bujinkan Dojo Brasil - BJKDB e Bu-jinkan Dojo Buenos Aires - BJKDBA, coibindo de forma efetiva o charlata-nismo existente no país.

WM - Existe muitos char-latões?Alexandre - Sim. Infe-lizmente isso ocorre no meio marcial em geral. Mas como eu disse an-tes... “o mal por si mes-mo se extinguirá”. Porém, é preciso que as pessoas de bom coração compar-tilhem essas informações para que a coisa toda te-nha êxito. Por isso que este trabalho de desen-volver uma revista online é realmente fantástica e tão importante, pois contribui para um maior

conhecimento e com isso aqueles que a lerem também possam abrir os olhos de outras pessoas.

WM - Então quer dizer que com este curso as pessoas que ingressa-rem, no final estarão ap-tas a ensinar?Alexandre - Sim. Aptas como também legaliza-das e filiadas adequada-mente a uma instituição séria, pois terão conhe-cimento real, filiação e experiência. Toda a do-cumentação será emitida e expedida pelas três úni-cas organizações citadas no projeto. Bujinkan Dojo Buenos Aires, Bujinkan Dojo Brasil e Bujinkan Honbu Dojo (Japão).

WM - E qualquer pessoa poderá candidatar-se ao curso? Existe alguma se-leção?Alexandre - Candidatar-se sim. Ser aceito no trei-namento ou curso é que “são mais quinhentos”. (risos). Existe uma sele-ção sim. Inclusive com apoio de uma profissio-nal em psicologia. Ninjut-su não é para qualquer um. É preciso ter espírito forte e mente afiada, e o corpo é um dos instru-mentos.

WM - Shidoshi... Só te-mos que lhe agradecer. Realmente há muitos as-suntos a serem discuti-dos. Ficamos felizes por nossa parceria no blog e nesse novo trabalho.

“Meu principal objetivo é proporcio-nar aos interessados a chance de viver intensamente uma arte marcial, não só seu aspecto técnico, mas sua filosofia. Na verdade eu me realizo em poder ensinar, e mais ainda quando vejo que existem pessoas crescendo e que pos-suem grande potencial.”Alexandre - Eu que agra-deço a participação no blog da Warriors Magazi-ne e por ter sido convida-do para mais uma vez vir a colaborar com vocês, agora nesse novo forma-to. Até a próxima edição!

A SEGUIR ALGUMAS FOTOS

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História e TradiçãoHistória e Tradição

Existem muitas teorias quanto às origens do que conhecemos hoje como a arte do Nin-jutsu. Cada historiador japonês tem seu pró-

prio conjunto de fatos e crenças e é muito difícil apontar com exatidão um lugar, uma pessoa, uma data ou um grupo de circunstâncias específicas que possam ser aceitas por todos como o berço da arte. Em primeiro lugar, o Ninjutsu não nasceu como uma arte bem definida, e muitos séculos se passaram antes que o Ninjutsu fosse estabelecido como um sistema independente de conhecimento. As pessoas que foram mais tardes referidas como ninjas, não usavam originalmente essa rotulação para si próprias. Elas se consideravam meros pra-ticantes de estratégias políticas, religiosas e mili-tares que eram opostos culturais das visões con-vencionais da época. O Ninjutsu se desenvolveu como uma resposta cultural altamente ilegal contra a elite dos samurais opressores e unicamente por este motivo as origens da arte foram cercadas por séculos de mistério, reclusão e confusão histórica proposital.

As pessoas que foram mais tardes referidas como ninjas, não usavam originalmente essa rotulação para si próprias. Elas se consideravam meros pra-ticantes de estratégias políticas, religiosas e mili-tares que eram opostos culturais das visões con-vencionais da época. O Ninjutsu se desenvolveu como uma resposta cultural altamente ilegal contra a elite dos samurais opressores e unicamente por este motivo as origens da arte foram cercadas por séculos de mistério, reclusão e confusão histórica proposital.

Enquanto a tempo seguia desdobrando a história

do Japão, os ninjas e seus métodos de realização, conhecidos como Ninjutsu, estiveram sempre pre-sentes nos bastidores trabalhando sutilmente com os eventos de todas as épocas para assegurar a sobrevivência e independência de suas famílias e terras. Nas regiões de Iga e Koga, o Ninjutsu se tornou uma habilidade especial, refinada e aperfeiçoada por mais de se-tenta famílias, cada uma com seus próprios méto-dos, motivações e ideais.

Os livros de história japoneses, contudo, são curio-samente limitados quanto à cobertura e o reconhe-

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cimento das figuras sombrias conhecidas como ninjas. Até mesmo em manuais de uma geração atrás, Hattori Hanzo, o cabeça de uma das famílias ninja mais influentes em Iga e diretor dos ninjas do Shogun Ieyasu Tokugawa, era referido como um bushi (samurai) da província remota de Iga. Esta hesitação em reconhecer abertamente o papel do ninja no forjamento do Japão moderno vem pos-sivelmente da glorificação do conceito e da ética samurai que ficaram muito populares depois da Restauração Meiji (1868).

A restauração Meiji aboliu a classe samurai e deu a todos os cidadãos o direito de afetar as regalias sociais que tinham sido reservadas apenas para o samu-rai.

Com esse obscurecimento de eventos históricos e pessoas significantes, é difícil para os ja-poneses de hoje entenderem o verdadeiro objetivo e os ideais do ninja. As lendas exageradas remanescentes da era Tokugawa, na qual à polícia secreta ninja do Shogun foram dados poderes sobrenaturais, tais como a capacidade de desaparecer, andar sobre a água e ler mentes, confunde a história ainda mais. Como o mundo ficou cada vez mais interessado na cultura e posteriormente nas artes marciais do Japão, as histórias distorcidas dos ninjas encon-traram novos públicos no mundo ocidental nas úl-timas três décadas. Mesmo as palavras para des-

crever a arte do místico guerreiro das sombras não podem ser traduzidas diretamente para as línguas estrangeiras ao Japão. O “nin” de ninjutsu e nin-ja, um som simples e único no japonês, necessita de extensas palavras ocidentais para ser explica-do. Em seu nível mais elementar, “nin” (também pronunciado “shinobi”) pode significar resistência, perserverança e paciência, tanto no sentido físico

quanto no mental. “Nin” tem uma segunda definição de dicionário como furto, secreto ou encobri-mento. A construção do caractere escrito implica que o coração, ou a vontade, é canalizado e dire-cionado de modos a lhe darem a eficácia da lâmina como um instrumento de realização. Neste sentido mais amplo do concei-to, “nin” realmente significa ter o controle do corpo, da mente e da percepção do certo e do errado.

É fácil, pelo menos, discutir ter o controle do corpo, e discutir responsabilidade pessoal no con-

trole da mente e das emoções se tornou bastante popular no ocidente, mas ter o controle da percep-ção do certo e do errado, ou do que é apropriado, é um assunto mais difícil. ter o controle da percep-ção do que é apropriado é ser capaz de confiar no “sexto sentido” e ter o conhecimento funcional do nível subconsciente do pensamento. Esta per-cepção mais ampla da realidade estar baseada no próprio ponto de vista único é o que deixou o ninja longe dos táticos militares convencionais durante

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os estados em guerra e das eras feudais do Ja-pão.

A escola Togakure, estabelecida há aproximada-mente oitocentos anos, está agora em sua trigési-ma quarta geração. O Ryu (estilo) existe hoje como uma organização dedicada a ensinar métodos eficazes de auto-proteção e promoção do auto-desenvolvimento e da consciência de seus mem-bros. Devido à natureza estabilizada do governo japonês e dos sistemas judiciais contemporâneos, a Togakure Ninja Ryu não mais se involve direta-mente em combate ou trabalho de espionagem. Antes da unificação do Japão durante o século 16, contudo, foi necessário para os ninjas de Togakure operar fora do sul da província de Iga central. No ápice do período do ninja histórico, os ninjas em operação do clã eram treinados em dezoito áreas fundamentais de perícia, começando com a “pure-za psíquica” e progredindo através de uma grande variedade de habilidades físicas e mentais.

Fonte: NINJUTSU - História e TradiçãoPor: Dr. Masaaki Hatsumi, Phd.

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Bujinkan é o nome da organização respon-sável pela disseminação filosófica e técnica do conhecimento Ninja em todo o mundo,

sendo sua sede (Honbu Dojo) situada na cidade de Noda/Japão. A palavra Bujinkan literalmente significa Fundação do Deus Guerreiro ou pode-se dizer também como sendo a Organização do Guer-reiro Divino. O termo Budo Taijutsu vem da síntese de nove escolas ou sistemas, são eles: três siste-mas de técnicas corporais de combate; três nobres escolas samurais e finalizando com três sistemas distintos de estratégia Ninja de auto-suficiência e preservação.

A proposta de treinamento de Hatsumi Sensei, o patriarca da Bujinkan, é de oferecer uma Arte Mar-cial de autodefesa avançada, flexível e adaptável à realidade de cada praticante, pois é um siste-ma de combate que se adapta ao aluno de forma realmente eficiente numa situação eminente de confronto, pois desenvolve os instintos naturais de auto-preservação do praticante. O Budo Tai Jutsu ensina a autodefesa e suficiên-cia com estratégia, sabedoria e sem violência, pois

Tradições Marciais Japonesas da Bujinkan Budo Taijutsu Ninjutsu

Tradições Marciais Japonesas da Bujinkan Budo Taijutsu Ninjutsu

sendo uma arte marcial de finalização não visa a troca exaustiva de chutes, socos ou técnicas que exigem grande tempo e energia, e sim finalizar e dominar o adversário sem força, com técnica e maestria de um verdadeiro artista marcial.

O Ninjutsu é uma Arte Marcial não competitiva, pois se acredita que seus estudantes não estão atrás de honrarias pessoais e por isso não se sub-metem a provas de demonstração de força e/ou

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superioridade, e tecnicamente, por se tratar de uma Arte Marcial de finalização real e sem regras especificas. O Ninjutsu é uma ciência marcial que oferece um meio de treinamento que coloca corpo, mente e espírito juntos, essencial para o desenvol-vimento do ser humano, coloca o homem em har-monia com a natureza, derrotando suas próprias ineficiências, melhorando sua auto confiança e a capacidade de viver amplamente. Por não ter sido modificada com o passar dos anos, é considerada a Arte Marcial mais antiga e completa de todas.

Os Ninjas desenvolveram uma técnica de luta e estratégia, capaz de enfrentar todo tipo de comba-te corporal com ou sem armas, onde envolve luta corporal incluindo solo, combate à distância por fulminantes seqüências de técnicas contra o ad-versário, chaves articulares, manipulação dos pon-

tos vitais humanos, estratégias de defesa pessoal, auto-suficiência sem luta, psicologia manipulativa reversa, refinamento espiritual, por técnicas de meditação, respiração, controle de energia vital, focalização mental objetiva, aquisição de disciplina e perseverança, superação das vulnerabilidades emotivas e mentais, onde sua capacidade guer-reira é aperfeiçoada em exercícios de alpinismo, mergulho, sobrevivência, entre outros.

O Tai-Jutsu (técnicas de combate armadas e de-sarmadas) do Ninjutsu se baseia na liberdade dos movimentos. Aqueles que não apreciam o valor da liberdade não poderão entender suas técnicas. O sentimento que procuramos procede da liberda-de de movimento. Sendo que, “a princípio um se

move porque a mente – mente consciente – disse ao corpo que se mova dessa maneira. Mais tar-de o subconsciente começa a funcionar e um se move de uma maneira mais intuitiva. Porém não é demasiado afirmar que os movimentos de Taijutsu chegam a converter-se em simples reflexos con-dicionados; não obstante e ainda que deva existir um equilíbrio entre Taijutsu consciente e Taijutsu subconsciente, sendo este último mais importante. Até o 4º Dan a pessoa está no nível do despertar consciente, a partir do 5º Dan começa a entrar no mundo do subconsciente.”

O Ninjutsu é usado por grupos de elite em todo o mundo, como por exemplo: o GSG9 da Alema-nha, o DELTA FORCE COMMAND e SEAL dos Estados. Com isto, o Ninjutsu Bujinkan oferece um sistema de combate flexível, altamente eficiente a

situações eminentes de confronto e adaptável à realidade física de cada praticante, sistema este praticado hoje em mais de 147 países, como um dos mais completos em autodefesa e suficiência já elaboradas pelo homem, segundo as maiores forças militares e policias do mundo!

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Bujinkan é o nome da organização respon-sável pela disseminação filosófica e técnica do conhecimento Ninja em todo o mundo,

sendo sua sede (Honbu Dojo) situada na cidade de Noda/Japão. A palavra Bujinkan literalmente significa Fundação do Deus Guerreiro ou pode-se dizer também como sendo a Organização do Guer-reiro Divino. O termo Budo Taijutsu vem da síntese de nove escolas ou sistemas, são eles: três siste-mas de técnicas corporais de combate; três nobres escolas samurais e finalizando com três sistemas distintos de estratégia Ninja de auto-suficiência e preservação.

A proposta de treinamento de Hatsumi Sensei, o patriarca da Bujinkan, é de oferecer uma Arte Mar-cial de autodefesa avançada, flexível e adaptável à realidade de cada praticante, pois é um siste-ma de combate que se adapta ao aluno de forma realmente eficiente numa situação eminente de confronto, pois desenvolve os instintos naturais de auto-preservação do praticante. O Budo Tai Jutsu ensina a autodefesa e suficiên-cia com estratégia, sabedoria e sem violência, pois

Tradições Marciais Japonesas da Bujinkan Budo Taijutsu Ninjutsu

Tradições Marciais Japonesas da Bujinkan Budo Taijutsu Ninjutsu

sendo uma arte marcial de finalização não visa a troca exaustiva de chutes, socos ou técnicas que exigem grande tempo e energia, e sim finalizar e dominar o adversário sem força, com técnica e maestria de um verdadeiro artista marcial.

O Ninjutsu é uma Arte Marcial não competitiva, pois se acredita que seus estudantes não estão atrás de honrarias pessoais e por isso não se sub-metem a provas de demonstração de força e/ou

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“O Ninjutsu é uma ciência marcial que oferece um meio de treinamento que coloca corpo, mente e espírito juntos, essencial para o desenvolvimento do ser humano, coloca o homem em har-monia com a natureza, derrotando suas próprias ineficiências, melhorando sua auto confiança e a capacidade de viver amplamente.

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O estudo das nove tradições marciais da Bujinkan Dojo Budo Taijutsu nos leva a

diferentes caminhos. Depois de tanto tempo, as gerações de cada estilo (escola) tem passado va-riados conhecimentos sobre es-tratégia, artes marciais, filosofia, religião, medicina, etc. No geral o material histórico vai sendo des-coberto com a investigação deri-vada de muitas fontes. Ao fazer algum tipo de confrontação das mesmas, nos encontramos com algumas diferenças e/ou contra-dições. Isto é natural que ocorra, já que a história que se está in-vestigando procede de uma épo-ca de onde os documentos eram escritos pelos que resultavam de

alguma maneira vitoriosos ou pelos líderes de maor poder político da época. Eles tam-bém destruíram toda a evidência ou documentos nos quais não caiam bem para as crônicas.

Por tal motivo muitas das histórias teem variadas definições, dependendo da fonte de que prove-

nha.

Como também conhecido por todos, na antiguida-de a transmissão dos conhecimentos se realizava de várias formas: a mais utilizada como tradição e sistema de segurança para manter o estilo em se-gredo, era o Kuden. Isto significava que a transmis-são se realizava de forma oral e direta ao sucessor. A outra maneira era com a entrega dos Menkyo Kaiden a mais de uma pessoa, que são as autoriza-ções para conti-nuar com o estilo e preservá-lo até o próximo suces-sor.

Com este siste-ma se davam os Menkyo Kaiden a mais de uma pessoa para as-segurar a conti-nuidade da tradi-ção.

Quisá, por tal motivo, muitos dos Ryu-Ha tem suas conexões e/ou ramificações a outros estilos, os quais alguns não pertencem a Bujinkan Dojo. Por outro lado poderia acontecer que não se encon-trara uma pessoa digna em seguir com tal escola ou estilo; geralmente o mestre ou chefe de família poderia chegar a destruir os documentos antes de sua morte, para não correr o risco de caírem em mãos erradas.

Como primeiro passo, faremos um quadro de com-paração cronológica, para podermos observar a

As Nove Escolas Antigas

Kyu Ryu-HaPor: Juan M. Gutiérrez, Shihan.

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“O Ninjutsu é uma ciência marcial que oferece um meio de treinamento que coloca corpo, mente e espírito juntos, essencial para o desenvolvimento do ser humano, coloca o homem em har-monia com a natureza, derrotando suas próprias ineficiências, melhorando sua auto confiança e a capacidade de viver amplamente.

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connexão dos diferentes Soke (Chefes) entre cada Ryu-Ha. Há que levar em consideração que alguns dos nomes podem estar incorretos; por tal motivo tomaremos a partir do século XVI por diante como principal Era de investigação.

Para continuar, se descreveram os principios bá-sicos, ou seja, técnicos e filosóficos de cada Ryu-Ha, assim como também suas origens; evitaremos o nome e desenvolvimento das técnicas, creio ser mais conveniente que para isto se recorra aos ins-trutores autorizados pela Bujinkan Dojo Budo Tai-jutsu.

Por último, gostaria de acrescentar algumas pa-lavras de Soke Masaaki Hatsumi referindo-se as antigas tradições marciais do Japão: “Para ser honesto não sabemos muito sobre as coisas que ocorreram em épocas antigas. Por tanto as diferen-tes crônicas devem ser lidas com isto na mente”.

TOGAKURE-RYU NINPO HAPPO HIKEN

Dr. Masaaki Hatsumi: 34º Soke (sucessor)

Características técnicas (Os três segredos des-ta escola):

a) Senban Shuriken: Estrela em formato quadrado de quatro pontas, exclusiva deste Ryu.

b) Shukko: Peça de metal de quatro garfos que se colocava na mão e se agarrava na munheca com uma peça de couro. Se utilizava para escalar e, em muitas ocasiões, como defesa diante a ataque com espada.

c) Shindake: Tubo de bambú de pequenas dimen-sões usado para respirar quando o praticante se ocultava debaixo da superfície da água.

Na prática do Ninpo Taijutsu, os ataques se dirigiam principalmente aos olhos, ouvidos e genitais.

Principais ensinamentos:

* A violência deve ser evitada.* Se deve usar a espada para conseguir a paz, proteger o país, a família e a natureza.

GYOKKO-RYU KOSSHIJUTSU

Dr. Masaaki Hatsumi: 28º Soke (sucessor)

Características técnicas:

A especialidade desta escola é o Kosshijutsu (ata-que aos músculos), o Shitojutsu (uso dos cinco dedos), os bloqueios poderosos, a distância larga, as técnicas com muitos movimentos e o uso das luxações e projeções.

Principais ensinamentos:

* O coração do guerreiro é importante e formoso.* Há que destruir o poder do adversário, porém não sua vida.* Os vícios dissipam a efetividade.* Não ensinar a outros sem a permissão do mes-tre.

KUKISHINDEN-RYU HAPPO HIKEN

Dr. Masaaki Hatsumi: 26º Soke (sucessor)

Características técnicas:

Era habitual que os guerreiros de Kukishinden Ryu utilizaram armaduras, pelo qual se podem apreciar movimentos bastante pesados em suas técnicas. Os ataques estavan dirigidos principalmente as zo-nas onde a armadura não teria proteção alguma. Se diz que esta escola possuía um grande reper-tório de estranhas armas, como são o Rokushaku Bo, Kaginawa, Kusarigama, Daisharin, Bisento,

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etc.

SHINDEN FUDO-RYU DAKENTAIJUTSU

Dr. Masaaki Hatsumi: 26º Soke (sucessor)

Características técnicas:

Uma das características mais significantes é o re-conhecimento do estilo natural como postura de-fensiva. O praticante visualiza uma postura defen-siva na mente e, de forma automática, se coloca nesta posição.

Principais ensinamentos:

O principal segredo da escola é o principio da na-tureza. Na porta do Dojo de Toda Sensei, havia uma série de regras escritas que todo aluno devia observar:

* Deves saber que a paciência é só um momento.

* Deves caminhar em um caminho de retidão.

* Esqueça os desejos e o orgulho.

* O arrependimento e a verdade são as regras da natureza.

* Obtenha a paz em teu coração através da com-preensão do coração imutável, do pensamento so-bre o arrependimento e a verdade.

* Concentre-se com fé, seja obediente e honrado com teus pais e converta teu caminho (de estudo e treinamento) no caminho do Bushi (guerreiro).

GYOKUSHIN-RYU NINJUTSU

Dr. Masaaki Hatsumi: 21º Soke (sucessor)

Características técnicas:

As projeções Sutemi (com sacrifício do próprio equilíbrio) parecem ser a principal característica técnica desta escola. Realmente é uma das gran-des desconhecidas no Ocidente. Este sistema se concentra mais nos aspectos estratégicos e táticos do Ninpo.

KOTO-RYU KOPPOJUTSU

Dr. Masaaki Hatsumi: 18º Soke (sucessor)

Características técnicas:

Utilização de curtas distâncias. Técnicas diretas e rápidas mas concentradas nos métodos de gol-pear. Durante a luta se mira as sobrancelhas do inimigo, tentando um branco nos olhos para evitar que os movimentos possam ser detectados tele-paticamente. Deslocamentos cruzando as pernas e técnicas que se pisa o pé do adversário. Na antiguidade, o treinamento começava golpeando sobre areia, pedras e movendo grandes rochas, como método de condicionamento das mãos para o combate. É preciso saber que o punho é a con-centração do corpo, a mente e o espírito.

Principais ensinamentos:

a) Os olhos são tudo.

TAKAGI YOSHIN-RYU JUTAIJUTSU

Dr. Masaaki Hatsumi: 17º Soke (sucessor)

Características técnicas:

Evita que o oponente possa escapar girando. Isto é talvez porque o estilo foi desenvolvido em inte-riores. As técnicas são aplicadas a distância curta,

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desde que se realizam projeções, luxações, es-trangulamentos, evitando sempre que o oponente escape.

Principais ensinamentos:

a) “Um ramo é flexível mas uma árvore alta é que-bradiça”.

GIKAN-RYU KOPPOJUTSU

Dr. Masaaki Hatsumi: 15º Soke (sucessor)

Características técnicas:

Esta escola ensina chutes especiais, ataques de punho e projeções. Se caracteriza pelo uso dinâ-mico de trabalho com os pés.

Principais ensinamentos:

a) “O primeiro golpe não vem deste lado”.

KUMOGAKURE-RYU NINJUTSU

Dr. Masaaki Hatsumi: 14º Soke (sucessor)

Características técnicas:

O Taijutsu é muito similar e utilizado pelos guerrei-ros da Togakure Ryu. Esta escola possui algumas armas características como é o Ippon Sugi Noburi, que consiste em um tubo de metal de 25cm de lar-gura, com três filas de espinhos no exterior e uma corrente sobre a metade com um gancho metálico em cada extremidade. Outra das armas utilizadas era o Kamayari, uma lança com gancho. A característica fundamental do combate sem armas desta escola era que seus praticantes saltavam durante o combate e usavam golpes e bloqueios duplos. Nas guerras, estes guerreiros habitualmente usavam proteção de braço. Isto ex-plica que, durante os combates, eles usavam os antebraços em muitas ocasiões para bater e se defender.

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HAPPO HIKEN JUTSUO treinamento começava com o “Ninja Hachimon”; através do tempo isto foi trocando até desenvol-versse no que é hoje o Happo Hiken. O Happo Hi-ken do Shinobi consiste em:

Taijutsu, Hicho Jutsu, Nawa Nage (artes do corpo e a corda); Koppo Taijutsu, Jutaijutsu (combate sem armas); So Jutsu, Naginata Jutsu (técnicas de lança e ala-barda); Bojutsu, Jojutsu e Hanbojutsu (técnicas com bas-tões); Senban Nage, Ken Nage Jutsu, Shuriken (uso de armas arrojadas); Ka Jutsu, Sui Jutsu (uso do fogo e a água); Chikujo Gunryaku, Hyoho (estratégias militares e forteficações); Onshin Jutsu (a arte de se ocultar).

Esta lista é conhecida como Happo (oito métodos), e foram complementados com o Hiken Jutsu (artes secretas do uso da espada), que contempla, a shi-nobi katana, kodachi, jutte e tessen, para comple-tar o Ninja Happo Hiken.

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O Básico Mortal

O ABC DAS ARTES MARCIAISPor: Alexandre Carvalho, Shidoshi Ho.

A = LINHA (direção de movimento)

A linha de uma arte marcial pode ser rapidamen-te reconhecida observando-se algumas técnicas, as concentrações ou até mesmo os movimentos modelo (kata). Onde as pessoas se movem pelo chão, percebem a linha de cada arte em particular. Pode ser, por exemplo, diretamente para frente e para trás; para frente, para trás e para os lados; circular; ou mesmo multidirecional.

B = FONTE DE PODER (força de movimento)

Toda arte marcial tem uma fonte de poder que gera sua força de ataque e defesa. Alguns exem-plos são: o impulso de quadris do karatê clássico; a força dos tendões do kung fu (nos braços); o har-monioso redirecionamento da força do adversário usado no aikidô; os movimentos de coluna do tae kwon do; a esquiva do judô. É importante notar que, hoje em dia, com a tendência de usar técni-cas de um sistema de combate para aperfeiçoar ou mudar outra, muitas artes marciais têm agora mais do que uma fonte de poder. Um bom exemplo é o ocidental kickboxing que utiliza o jogo de om-bro do boxe para golpes rápidos, os movimentos de coluna do tae kwon do para chutar e os impul-sos de quadris do karatê para bloqueios fortes e golpes poderosos.

C = POSTURA (forma de movimento)

O último dos três componentes que estruturam todos os movimentos das artes marciais é a “pos-tura”. O termo postura não se refere apenas à for-ma ereta de postura. Se refere às muitas posturas que todas as artes têm, por exemplo: a postura de guarda; as várias posturas de esquiva e bloqueio e as posturas de golpe dos pés e mãos. Para enten-der o termo postura mais claramente, imagine que uma pessoa em plena performance de sua arte marcial fosse filmada. Se você observasse cada movimento deste filme, você veria a pessoa numa posição de guarda em uma cena, uma postura de ataque numa outra e assim por diante. Essas vá-rias posturas mostram as formas de movimento das artes marciais.

Em outros termos, a forma particular do corpo que uma arte usa para executar suas técnicas produz uma forma geral. Agora se você juntar A, B e C, terá uma compreensão de porque as várias artes marciais se movem de determinadas maneiras.

1. Todas elas utilizam suas posturas de forma con-jugada (C); 2. Com suas fontes de poder (B);3. E as movem através de suas linhas (A); 4. Para criar sua técnica particular de estilo.

Dessa forma, o karatê clássico pode ser descrito por unir a postura das costas retas e firmes com a

A = LINHA (direção de movimento);

B = FONTE DE PODER (força de movimento);

C = POSTURA (forma de movimento).

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fonte de poder do impulso dos quadris através de uma linha para frente, para trás e para os lados, criando o que é conhecido como uma técnica de estilo karatê. Da mesma maneira, o kempo karatê pode ser descrito por mover suas posturas mais relaxadas e eretas com uma dupla fonte de poder do impulso dos quadris e movimento da coluna através de uma linha que segue para frente, para trás e para os lados criando a técnica kempo. E o aikidô move sua postura natural e relaxada num harmonioso redirecionamento da força de ataque do adversário, através de uma linha circular.

É surpreendentemente simples. Mas para o Ninjut-su, provavelmente este é um dos melhores méto-dos de compreensão do sistema de combate dos últimos anos. A linha do Ninjutsu é multidirecional.

Isto significa que sua técnica usa todas as dire-ções de movimento. No seu nível mais fundamen-tal, essa linha multidirecional se baseia em oito direções (como um asterisco). Através da ação de girar com um pé, essas oito direções básicas se expandem num infinito número de combinações de movimentos – com um asterisco em movimento com outro e assim por diante. Em outras palavras, um prático do Ninjutsu quando se vê numa situa-ção de confronto, inicialmente usa uma das oito direções básicas (ângulos) para executar uma téc-nica de defesa, depois continua se movendo em vários outros ângulos em ordem para executar um contra-ataque ou esquiva.

Através da prática das técnicas tradicionais, os alunos são influenciados a empregar posições de

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vantagem antes mesmo de tentar golpear o adver-sário. É interessante notar que na maioria das bri-gas dos homens, os procedimentos são do estilo do Ninjutsu, onde cada lado é usado para tentar ganhar vantagem tática sobre o adversário. Para mim, pessoalmente, esse é um dos mais impres-sionantes aspectos do estilo de combate do Nin-jutsu. O Ninjutsu nunca encarou nenhum confronto como sendo uma “bela luta” na qual você pudesse limitar suas ações à autoridade de ou-tros. Acima de todo, ainda que possa não parecer óbvio a prin-cípio, um inimigo pode ser mais forte, mais rápido, mais experiente, melhor equipado, ou não estar sozinho. Numa situação potencialmente perigosa, o Ninjutsu age para ganhar. Para sobreviver.

De linha, nós mudamos para fonte de poder. Este fator da estrutura do Ninjutsu é muito difícil de se entender pelos livros ou fotos. Para estar propria-mente mestrado, você tem que realmente estar experiente sob a análise de um instrutor. Para descrever a rara fonte de poder do Ninjutsu eu uso o termo “peso natural do corpo”. Em ouras pa-lavras, é o peso natural do corpo em movimento que produz o poder nas técnicas de combate. Um exemplo é quando você de repente se vira e sem querer esbarra em alguém atrás de você. Mesmo não tendo usado nenhum músculo ou poder, sua ação repentina e relaxada bate na outra pessoa e a empurra. Ainda que esse seja um fenômeno natural (fonte de poder), é difícil para um princi-piante aplicar isso em combate porque requer um corpo relaxado e, consequentemente, uma mente

relaxada. E a maioria dos principiantes não relacio-na relaxamento com defesa pessoal. Leva algum tempo, paciência e prática para perceber do que seu corpo é naturalmente capaz sem usar rapidez ou músculos.

Da fonte de poder passamos para o último fator da estrutura do Ninjutsu – postura. O termo postura refere-se às várias posições do corpo que, traba-lhadas em conjunto, formam uma técnica ninja. Um bom e simples exemplo disso é, a técnica ninja de caminhar para os lados. É formada por três pos-turas básicas: Hira Ichimonji no Kamae, Jumonji no Kamae e Shizen Norippo no Kamae no Henka. Unindo essas três posturas à fonte de poder do peso natural do corpo e as movimentando através de uma linha latitudinal, cria-se uma nova técnica de caminhar. Obviamente, existem muitas outras posturas que formam a gama de técnicas do nin-jutsu, no entanto, as mais frequentemente usadas são: 1) Ichimonji No Kamae; 2) Hoko No Kamae; 3) Jumonji No Kamae; 4) Hira Ichimonji No Kamae; 5) Kosei No Kamae; 6) Doko No Kamae; 7) Hicho No Kamae; 8) Shizen Norippo No Kamae; 9) Suwari Gata No Kamae; e 10) Mubi No Kamae.

Examine as técnicas de combate passadas em aula no dojo e, observe as várias posições de cor-po que são usadas. Tome nota também dos ângu-los de movimento que cada técnica emprega. Uma vez que você entender os detalhes, pratique a se-quência com o Uke durante a aula até que você consiga praticar as técnicas com a mente relaxa-da. Depois, numa atitude calma, dê continuidade à sua prática. Se você se mantiver relaxado, você poderá absorver a fonte de poder do Ninjutsu e descobrir o potencial natural que seu corpo tem.

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A História dos Ninjas

Parte 1

A história dos Ninjas está intimamente liga-da à história do Japão, suas guerras, suas intrigas internas, etc. Tanto influenciou que

foi necessário para cada senhor da guerra que for-massem seu corpo de espionagem, um grupo de ação direta, sendo estes os Ninjas. Tal como es-creveu Sun Tzu em “A arte da Guerra” (500 a.C.): “Um exército sem agentes secretos, é como uma pessoa sem olhos e ouvidos”.

Sobre os Ninjas e suas origens, os “antigos” cria-ram inúmeras lendas, e com isso muito medo e mistério foi surgindo em torno dos Ninjas que ex-ploravam isso a seu favor, aproveitando a ignorân-cia popular com a intenção de acrescentar mais mistérios e criando assim um verdadeiro caráter de medo e terror.

Diziam os “antigos” que os Ninjas eram KAMI (espíritos) das montanhas, outros diziam TENGU (metade homem, metade pássaro) habitantes dos bosques e das montanhas escuras do senhor SO-JOBO.

Uma lenda muito antiga conta que os RONIN (Samurai’s sem classe e sem mestre) e os YA-MABUSHI (padres nómades) encontraram refúgio com estes seres misteriosos e assim aprenderam as ciências secretas dos Ninjas e obtiveram assim poderes mágicos.

Deixando as lendas de lado, podemos encontrar e rastrear as raízes do Ninjutsu nos mistérios do Ti-bet e tomando uma forma mais concreta na China

nos templos budistas (Shao Lin), quando os mon-ges guerreiros se dedicaram aos atos de terroris-mo, resistência e espionagem durante a invasão Manchú, antes da queda da dinastia Ming e a vin-da da dinastia Chin (Manchú).

Os manchures destruíram os templos, perseguiram e mataram quantos monges puderam, mas muitos deles fugiram para outros países levando seus co-nhecimentos e suas culturas a outras latitudes.

O Japão teve o privilégio de desfrutar dos seus melhores frutos. Sendo uma sociedade guerri-lheira, o país estava dividido em pequenos feudos que lutavam entre si para obter o poder com um Imperador tirânico e um ditador militar que recebia o nome de Shogun, este que controlava os demais Daimyo. Se tratava de um país onde o samurai podia exercer seus direitos e seu poder sobre os demais estados sociais e com isso o povo perma-necia oprimido perante a injustiça Samurai pois o mesmo tinha autorização para fazer uma pessoa provar o fio de sua Katana perante a mínima pro-vocação.

Assim um monge guerreiro com um sentido de jus-tiça diferente e cujo código de honra estava relega-do atrás de um sentido de supervivência e de um coração bondoso (Ninja Ko no Kokoro) se consti-tuía em um perigo para os privilégios da classe Sa-murai, como hoje um rebelde social. O ideograma NIN significa justamente isto: resistência, paciên-cia, perseverança, oculto, força, escondido, poder interior. Se dedicaram também a ajuda de vários

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Daimyo’s que desejavam um cambio social em favor da união do Japão sob a ordenança de um Imperador forte. Assim foram utilizados os agentes secretos e sabotadores, que agiam a favor da clas-se mais fraca.

Vistas as causas históricas, podemos ver clara-mente que com a imigração dos monges budistas chineses ao Japão durante o século VI seus co-nhecimentos evoluíram em seu esoterismo surgin-do assim as seitas SHINGON e SHUGENDO e os famosos YAMABUSHIS (monges guerreiros das montanhas), enriquecido com os conhecimentos RONIN e SAMURAI’S que por alguma razão se re-fugiavam nas montanhas e lá formavam famílias.

Desde o ano de 593 se tem referências de serviços de espionagem realizados por Ninjas a serviço do príncipe SHOTOKU TAISHI. O verdadeiro ápice do Ninjutsu foi durante o período HEIAN (795-1185). A época de ouro se deu durante o período KAMAKU-RA (1192-1333) pois durante esta época o Japão se viu submetido à ditadura militar do SHOGUN da época.

O poder do Ninjutsu molestou o general Oda No-bunaga, militar de grande prestígio (ano 1562), que se tornou SHOGUN em 1568.

Assim destruiu os templos HEIZÁN e perseguiu to-das as seitas budistas para acabar com o poder re-ligioso. Logo decidiu destrir a comunidade Ninja da provincia de Iga. No dia 03 de novembro de 1581, entreou na provincia com 46.000 BUSHIS (guer-reiros) contra 4.000 Ninjas ao comando do Jonin (chefe Ninja) SANDAYU MOMOCHI. Se desen-volveu uma batalha que durou uma semana, re-cebendo o nome de TENO IGA NO Ran, e acabou arrasando a resistencia principal de MOMOCHI e todo seu arredor restando um numero misero de sobreviventes.

Esses ninjas se mesclaram com o nimigo e se mimetizaram com o povo, inclusive com a propria corte de NOBUNAGA, desta fora se tornaram ina-tingiveis aos problemas. Seguiu assim o governo

exterminando todos os pequenos grupos Ninja por todo o Império. Outros Ninjas não interviram na batalhacom NOBUNAGA asim mantendo se as escondidas. O general Reyasu Tokugawa, braço direito de NOBUNAGA conseguiu o poder de SHO-GUN em 1603, que exterminou completamente to-dos os rivais presentes em seus dominios (Iga). TOKUGAWA havia tomado a seu serviço o Jonin HANZO HATORI depois do ataque de NOBUNA-GA aos dominios de Iga e com os serviços deste Ninja pode alcançar o Shogunato. TOKUGAWA protegeu os Ninjas e tinha uma guarda pessoal em seu castelo em EDO formada por 300 deles, seus mais fieis e implacaveis guadiões.

Naquele tempo TOKUGAWA conseguiu unificar o Japão instalando a paz ea ordem. Dessa forma os Ninjas começaram a trabalhar como policiais, detetives infiltrados por todo o imperio formando assim uma rede dificil de escapar . A capacidade do Ninja para atuar secretamente não se perdeu reaparecendo na Guerra Sino-Japonesa em 1895, contra a Rússia em 1905 e também na 2ª Gueera Mundial em 1945.

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Daimyo’s que desejavam um cambio social em favor da união do Japão sob a ordenança de um Imperador forte. Assim foram utilizados os agentes secretos e sabotadores, que agiam a favor da clas-se mais fraca.

Vistas as causas históricas, podemos ver clara-mente que com a imigração dos monges budistas chineses ao Japão durante o século VI seus co-nhecimentos evoluíram em seu esoterismo surgin-do assim as seitas SHINGON e SHUGENDO e os famosos YAMABUSHIS (monges guerreiros das montanhas), enriquecido com os conhecimentos RONIN e SAMURAI’S que por alguma razão se re-fugiavam nas montanhas e lá formavam famílias.

Desde o ano de 593 se tem referências de serviços de espionagem realizados por Ninjas a serviço do príncipe SHOTOKU TAISHI. O verdadeiro ápice do Ninjutsu foi durante o período HEIAN (795-1185). A época de ouro se deu durante o período KAMAKU-RA (1192-1333) pois durante esta época o Japão se viu submetido à ditadura militar do SHOGUN da época.

O poder do Ninjutsu molestou o general Oda No-bunaga, militar de grande prestígio (ano 1562), que se tornou SHOGUN em 1568.

Assim destruiu os templos HEIZÁN e perseguiu to-das as seitas budistas para acabar com o poder re-ligioso. Logo decidiu destrir a comunidade Ninja da provincia de Iga. No dia 03 de novembro de 1581, entreou na provincia com 46.000 BUSHIS (guer-reiros) contra 4.000 Ninjas ao comando do Jonin (chefe Ninja) SANDAYU MOMOCHI. Se desen-volveu uma batalha que durou uma semana, re-cebendo o nome de TENO IGA NO Ran, e acabou arrasando a resistencia principal de MOMOCHI e todo seu arredor restando um numero misero de sobreviventes.

Esses ninjas se mesclaram com o nimigo e se mimetizaram com o povo, inclusive com a propria corte de NOBUNAGA, desta fora se tornaram ina-tingiveis aos problemas. Seguiu assim o governo

exterminando todos os pequenos grupos Ninja por todo o Império. Outros Ninjas não interviram na batalhacom NOBUNAGA asim mantendo se as escondidas. O general Reyasu Tokugawa, braço direito de NOBUNAGA conseguiu o poder de SHO-GUN em 1603, que exterminou completamente to-dos os rivais presentes em seus dominios (Iga). TOKUGAWA havia tomado a seu serviço o Jonin HANZO HATORI depois do ataque de NOBUNA-GA aos dominios de Iga e com os serviços deste Ninja pode alcançar o Shogunato. TOKUGAWA protegeu os Ninjas e tinha uma guarda pessoal em seu castelo em EDO formada por 300 deles, seus mais fieis e implacaveis guadiões.

Naquele tempo TOKUGAWA conseguiu unificar o Japão instalando a paz ea ordem. Dessa forma os Ninjas começaram a trabalhar como policiais, detetives infiltrados por todo o imperio formando assim uma rede dificil de escapar . A capacidade do Ninja para atuar secretamente não se perdeu reaparecendo na Guerra Sino-Japonesa em 1895, contra a Rússia em 1905 e também na 2ª Gueera Mundial em 1945.

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