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RODRIGO DOS SANTOS MORAES
CARACTERIZAÇÃO DA DEMANDA DO SERVIÇO DE EMERGÊNCIA DE CLÍNICA MÉDICA DO HOSPITAL
UNIVERSITÁRIO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DURANTE A EPIDEMIA DE INFLUENZA H1N1
NO ANO DE 2009.
Trabalho apresentado à Universidade Federal de Santa Catarina como requisito para a conclusão do Curso de Graduação de Medicina.
Florianópolis Universidade Federal de Santa Catarina
2011
RODRIGO DOS SANTOS MORAES
CARACTERIZAÇÃO DA DEMANDA DO SERVIÇO DE EMERGÊNCIA DE CLÍNICA MÉDICA DO HOSPITAL
UNIVERSITÁRIO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DURANTE A EPIDEMIA DE INFLUENZA H1N1
NO ANO DE 2009.
Trabalho apresentado à Universidade Federal de Santa Catarina como requisito para a conclusão do Curso de Graduação de Medicina.
Coordenador do Curso: Prof. Dr. Carlos Eduardo Orientador: Prof. Dr. Roberto Henrique Heinisch Co-orientador: Dra. Vanessa Priscilla Martins da Silva
Florianópolis Universidade Federal de Santa Catarina
2011
iv
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais, Maria Inez dos Santos Moraes e Edson de Moraes, pelo constante
incentivo e ensinamentos, por estarem sempre próximos e participando de minha formação,
não apenas como médico, mas ser humano.
A minha irmã Barbara dos Santos Moraes, por todo aprendizado conjunto,
companheirismo e proteção.
Ao meu orientador Professor Doutor Roberto Henrique Henisch pela atenção,
paciência e ensinamentos, não apenas científicos, mas também como profissional médico.
A minha co-orientadora Vanessa Priscilla Martins da Silva pela extrema paciência,
atenção e dedicação na elaboração deste trabalho.
Aos meus companheiros de apartamento Ricardo, Pedro e André, uma segunda
família, e aos amigos de faculdade, que juntos compartilhamos momentos a serem
relembrados a todo e qualquer reencontro.
Aos funcionários do Serviço de Arquivo Médico do (SAME) do Hospital
Universitário pelo apoio durante a coleta dos dados.
v
RESUMO
Objetivo: Caracterizar a demanda do setor de emergência de clínica médica do
Hospital Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) no ano de 2009,
pico da epidemia de Influenza H1N1.
Método: Foram analisadas as fichas de atendimentos prestados na emergência de 652
pacientes não internados e 230 pacientes internados, no ano de 2009. Avaliamos as variáveis
data, hora, idade, sexo, mês, procedência, queixa principal, hipóteses diagnósticas,
temperatura corporal na admissão, positividade do exame H1N1 e comorbidades relacionadas
ao sistema cardiovascular.
Resultados: No grupo dos não internados houve predomínio de mulheres jovens e no
grupo dos internados, leve predomínio de homens idosos. Ambos grupos procedentes de
Florianópolis buscando o SE no período da manhã. O inverno foi a estação que teve maior
procura com aumento dos casos de doenças do aparelho respiratório. A queixa principal dos
pacientes liberados era cefaléia, nos internados, era a dispnéia. A hipertensão arterial
sistêmica foi a comorbidade mais prevalente. As doenças do aparelho respiratório foram as
que prevaleceram nos liberados sendo o diagnóstico mais frequente o de infecção de vias
aéreas superiores. Nos internados as doenças do aparelho digestivo e circulatório foram as que
prevaleceram, contudo, o diagnóstico mais frequente foi o de pneumonia não especificada.
Houve apenas o registro de uma solicitação de exame laboratorial confirmatório de H1N1, no
grupo dos internados, sendo este positivo.
Conclusão: Durante o ano de epidemia do H1N1 encontramos aumento no volume
dos atendimentos durante o inverno de causas ligadas ao aparelho respiratório que não refletiu
no número de internação dos pacientes. O perfil epidemiológico encontrado manteve-se
semelhante a estudos prévios realizados no HU/UFSC e na literatura.
vi
ABSTRACT
Objective: To identify the clinical and epidemiological profile of the population
attended in the emergency department (ED) of medical clinic of the Hospital Universitário da
Universidade Federal de Santa Catarina in 2009, during the novel influenza A (H1N1)
epidemic.
Methods: The 2009 ED records of 652 patients not interned were analyzed, and more
230 patients who were hospitalized. The variables studied were gender, age, schedule,
assistance day, month, origin, complain, diagnosis, body temperature on admission, positive
tests of H1N1 and cardiovascular diseases as comorbidities.
Results: In the group not hospitalized there was a predominance of young women as
among the admitted patients elderly men predominated. Both groups were coming from
Florianópolis and visited the ED in the morning. The winter was the season that had increased
demand. In patients not hospitalized the most frequent complaint was headache and as among
admitted patients it was dyspnea. Hypertension was the most prevalent comorbidity. Patients
in both groups were afebrile. Among not hospitalized patients the respiratory diseases were
the most prevalent as the most frequent diagnosis was infection of the upper airways. In
patients who were hospitalized the digestive and circulatory system diseases prevailed
however, the most frequent diagnosis was unspecified pneumonia. There was only a request
for confirmatory laboratory testing for H1N1 in the hospitalized group, which was positive.
Conclusions: During the epidemic of H1N1 we found an increase in the volume of
patients during the winter which were related to the respiratory system. It didn’t reflect in the
number of patients admissions. The epidemiological profile founded during the epidemic of
H1N1 is similar to previous studies in HU/UFSC and literature.
vii
LISTA DE ABREVIATURA E SIGLAS
ED Emergency departament
SAME Serviço de Arquivo Médico
SE Serviço de emergência
SRAG Síndrome Respiratória Aguda Grave
HU/UFSC Hospital Universitário de Universidade Federal de Santa Catarina
UFSC Universidade Federal de Santa Catarina
CEPSH Comitê de Ética e Pesquisa em Seres Humanos
CID Classificação Internacional de Doenças
HAS Hipertensão Arterial Sistêmica
ICC Insuficiência Cardíaca Congestiva
FA Fibrilação atrial
DPOC Doença pulmonar obstrutiva crônica
viii
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 - PACIENTES NÃO INTERNADOS - DISTRIBUIÇÃO POR SEXO..............15
FIGURA 2 - PACIENTES INTERNADOS- DISTRIBUIÇÃO POR SEXO.........................15
FIGURA 3 - DISTRIBUIÇÃO SAZONAL DOS PACIENTES NÃO-INTERNADOS E
INTERNADOS........................................................................................................................19
FIGURA 4 – TEMPERATURA CORPORAL NA ADMISSÃO DOS PACIENTES NÃO-
INTERNADOS.........................................................................................................................21
FIGURA 5 – TEMPERATURA CORPORAL NA ADMISSÃO DOS PACIENTES
INTERNADOS.........................................................................................................................21
FIGURA 6 - COMORBIDADES CARDÍACAS EM PACIENTES NÃO-INTERNADOS..22
FIGURA 7 – COMORBIDADES CARDÍACAS EM PACIENTES INTERNADOS............22
FIGURA 8 – DISTRIBUIÇÃO SAZONAL DAS HIPÓTESES DIAGNÓSTICAS: NÃO
INTERNADOS.........................................................................................................................25
FIGURA 9 – DISTRIBUIÇÃO SAZONAL DAS HIPÓTESES DIAGNÓSTICAS NO
GRUPO DOS INTERNADOS.................................................................................................26
.
ix
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 – DISTRIBUIÇÃO DOS PACIENTES NÃO INTERNADOS E INTERNADOS
POR FAIXA ETÁRIA.............................................................................................................16
TABELA 2 – DISTRIBUIÇÃO DOS PACIENTES NÃO INTERNADOS E INTERNADOS POR PROCEDÊNCIA.............................................................................................................16
TABELA 3 – DISTRIBUIÇÃO DOS PACIENTES NÃO INTERNADOS E INTERNADOS POR BAIRRO DE PROCEDÊNCIA.......................................................................................17
TABELA 4 – DISTRIBUIÇÃO DOS PACIENTES NÃO INTERNADOS E INTERNADOS POR MUNICÍPIO DA GRANDE FLORIANÓPOLIS...........................................................17
TABELA 5 – DISTRIBUIÇÃO DOS PACIENTES NÃO INTERNADOS E INTERNADOS POR OUTRAS CIDADES. .....................................................................................................18
TABELA 6 – DISTRIBUIÇÃO DOS PACIENTES NÃO INTERNADOS E INTERNADOS POR HORÁRIO DE CHEGADA. ..........................................................................................18
TABELA 7 - PACIENTES NÃO INTERNADOS E INTERNADOS DISTRIBUÍDOS POR MESES......................................................................................................................................19
TABELA 8 – RELAÇÃO DAS 10 PRINCIPAIS QUEIXAS APRESENTADAS PELO GRUPO DOS NÃO INTERNADOS.......................................................................................20
TABELA 9 – RELAÇÃO DAS 10 PRINCIPAIS QUEIXAS APRESENTADAS PELO GRUPO DOS INTERNADOS................................................................................................20
TABELA 10 - DISTRIBUIÇÃO DAS HIPÓTESES DIAGNÓSTICAS ENTRE O GRUPO DE PACIENTES NÃO-INTERNADOS E INTERNADOS, DE ACORDO COM O CID, (10ª REVISÃO) ...............................................................................................................................24
TABELA 11 – PRINCIPAIS HIPÓTESES DIAGNÓSTICAS NO GRUPO DOS NÃO INTERNADOS........................................................................................................................26
TABELA 12 – PRINCIPAIS HIPÓTESES DIAGNÓSTICAS NO GRUPO DOS INTERNADOS........................................................................................................................27
x
SUMÁRIO
FALSA FOLHA DE ROSTO ................................................................................................. i FOLHA DE ROSTO ............................................................................................................. ii DEDICATÓRIA .................................................................................................................. iii AGRADECIMENTOS ......................................................................................................... iv RESUMO ............................................................................................................................. v ABSTRACT .......................................................................................................................... vi LISTA DE ABREVIATURA E SIGLAS ............................................................................ vii LISTA DE FIGURAS ........................................................................................................ viii LISTA DE TABELAS ......................................................................................................... ix SUMÁRIO ........................................................................................................................... x
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 1 2. OBJETIVOS ...................................................................................................................... 3 3. METODOLOGIA .............................................................................................................. 4 3.1. Deliniamento da pesquisa ................................................................................................ 4 3.2. Casuística ........................................................................................................................ 4 3.2.1. Cálculo da amostra ....................................................................................................... 4 3.2.1.1. Pacientes não-internados ........................................................................................... 4 3.2.1.2. Pacientes internados ................................................................................................. 4 3.3. Procedimentos ................................................................................................................ 5 3.3.1. Instrumentos ................................................................................................................ 5 3.3.2. Coleta de dados ........................................................................................................... 5 3.4. Descrição das variáveis de estudo ................................................................................... 6 4. RESULTADOS ................................................................................................................. 7 5. DISCUSSÃO .................................................................................................................. 20 6. CONCLUSÃO ................................................................................................................ 26 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 27 NORMAS ADOTADAS ..................................................................................................... 30 ANEXOS ............................................................................................................................ 31
1
1. INTRODUÇÃO
Em muitos países vem-se observando nos últimos anos um aumento nas urgências
atendidas nos hospitais1. Diversas causas influenciam nessa tendência, entre as quais se
destacam as mudanças sociodemográficas produzidas nas grandes cidades e a atração que os
centros hospitalares exercem sobre a população devido a idéia estendida entre os usuários de
que, ao serem centros altamente especializados, a atenção é melhor1-3. Uma maneira melhor
de planejar as ações em saúde e diminuir as superlotações nos serviços de emergência é
conhecer as características da população que frequenta este serviço4-6. Acredita-se que as
pessoas recorram ao serviço de emergência (SE) por razões diversas: além de se encontrarem
angustiadas, apreensivas e impossibilitadas de recorrer aos serviços ambulatoriais, o SE conta
com profissionais qualificados, de fácil acessibilidade e funcionamento durante 24 horas6.
Atualmente se reporta na literatura nacional e internacional que a demanda de serviços
de urgências, tanto a nível pré-hospitalar como hospitalar, está se caracterizando por um alto
percentual de visitas realizadas que não têm um caráter urgente e que poderiam ser atendidas
fora destes serviços1-3. Esta situação tem sobrecarregado os serviços e gerado problemas
assistenciais, descontentamento na opinião pública e preocupação das autoridades de saúde
pública com os problemas que isto pode resultar para seu bom funcionamento1-3, podendo ser
prejudicial quando enfrentamos surtos de doenças infecciosas que necessitam de uma atenção
a nível terciário.
Vários relatos têm descrito o impacto de surtos de doenças infecciosas no volume de
atendimento nos serviços de emergência7. Em maio de 1993, um surto de hantavírus no
sudoeste dos Estados Unidos conduziu a um aumento de 2 vezes na procura do SE8 e, um
surto de Escherichia coli 0157:H7 em 1993 em Washington, aumentou o fluxo no SE em
17%9.
Durante a temporada outono-inverno de 2009, em um hospital de grande demanda em
Santiago no Chile, observou-se um aumento de 88,5% nas visitas às emergências durante o
período da epidemia de H1N1 e, excetuando-se um pequeno atraso no início, a curva de
atendimento relacionado ao Influenza acompanhou a curva de crescimento de atendimento
deste ano10. Já no mesmo ano, um estudo retrospectivo de pequeno porte em Kobe no Japão,
mostrou que a pandemia de influenza não teve um grande impacto no SE11.
2
Desde abril de 2009, quando no México o novo vírus influenza H1N1 foi identificado
como causa de um surto generalizado de infecção febril do trato respiratório10, vivemos uma
nova epidemia de influenza que foi elevada à fase 6 de pandemia pela Organização Mundial
da Saúde em junho do mesmo ano11.
A pandemia de H1N1 foi considerada generalizada no Brasil em 16 de julho de 2009
e, desde o primeiro caso, o Ministério da Saúde publicou como notificação compulsória
imediata os casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG)12. Em 2009, durante a
temporada de inverno quando tipicamente ocorre a sazonalidade do influenza13, a região sul
esteve a frente do número de casos notificados sendo que Florianópolis era o município de
Santa Catarina com os maiores valores de notificação de SRAG14.
No município de Florianópolis, o Hospital Universitário da Universidade Federal de
Santa Catarina (HU/UFSC) embora não fosse considerado um hospital referência pelo
Ministério da Saúde15, recebeu alguns casos suspeitos e confirmados de influenza H1N1.
O HU/UFSC é um hospital geral conveniado exclusivamente ao SUS que conta com
927 profissionais, sendo 220 médicos. Está equipado com 233 leitos destinados à internação
em clínica médica, clínica cirúrgica, pediatria e ginecologia/obstetrícia, além de atendimentos
no setor de emergência/urgência, ambulatório e centro cirúrgico16 .
São atendidos no SE 146.000 indivíduos ao ano, sendo que este serviço divide-se em
cinco áreas: clínica médica, clínica cirúrgica, pediatria, traumatologia/ortopedia, e
ginecologia/obstetrícia16. O setor de clínica médica, objeto do presente estudo, atende a
pacientes de 14 anos ou mais, portadores de condições onde o manuseio é clínico16.
Em estudo realizado anteriormente onde avaliou-se o perfil da população atendida no
SE do HU/UFSC no ano de 2004, ano ainda que não vivíamos a epidemia de H1N1,
encontrou-se uma população de mulheres jovens, geralmente queixando-se de cefaléia ou dor
abdominal, sendo diagnosticado na maioria das vezes doenças do aparelho respiratório16.
Reconhecer a nova demanda e perfil de pacientes que procuram o SE do HU/UFSC
durante o período mais preocupante da epidemia - ano de 2009 - é o objetivo deste estudo.
Confrontaremos os resultados obtidos com os dados prévios e com dados da literatura de tal
forma que possamos colaborar no planejamento e execução das ações de saúde, na adequação
do setor de emergência às suas reais funções e realidade frente a novos episódios de
epidemias infecciosas como as de Influenza H1N1.
3
2. OBJETIVOS
2.1 Principal
Caracterizar a demanda do setor de emergência de clínica médica do Hospital
Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina (HU/UFSC) no ano de 2009, pico da
epidemia de Influenza H1N1, a partir da análise de dados epidemiológicos e clínicos dos
pacientes, buscando comparar com estudos prévios.
2.2 Secundários
- Estabelecer a porcentagem de homens e mulheres atendidos;
- Estabelecer a faixa etária dos pacientes;
- Verificar a procedência desses pacientes;
- Determinar o período do ano de maior atendimento;
- Observar a queixa principal;
- Observar quais as hipóteses diagnósticas mais frequentes;
- Observar a prevalência de comorbidades cardíacas;
- Verificar a positividade para o teste H1N1;
- Comparar com a literatura.
4
3. METODOLOGIA
3.1 Delineamento da pesquisa
Trata-se de um estudo descritivo, observacional, retrospectivo.
3.2 Casuística
Foram analisadas as fichas de atendimentos prestados na emergência de clínica médica
do Hospital Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina, no período de 01 janeiro
de 2009 a 31 de dezembro de 2009.
Através do sistema informatizado do Serviço de Arquivo Médico (SAME) buscamos o
número de pacientes atendidos no SE do HU/UFSC e quantos deles foram internados. Os
dados referentes aos atendimentos foram obtidos através das fichas de atendimentos da
emergência. As fichas dos pacientes que não necessitaram de internação ficam arquivadas em
caixas no SAME do HU. No caso de pacientes internados, as fichas de emergência ficam
anexadas aos seus prontuários.
Este trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa em Seres Humanos
(CEPSH) da Pró-Reitoria de Pesquisa e Extensão da Universidade Federal de Santa Catarina
sob o certificado de número 946.
3.2.1 Cálculo da amostra
Foram colhidas duas amostras. A primeira relacionada aos pacientes não-internados e
a segunda com pacientes que necessitaram de internação.
3.2.1.1 Pacientes não-internados
Através do SAME, observou-se que o número de pacientes atendido no ano de 2009
no SE foi de 37.961. Utilizou-se então o programa Epi Info® para o cálculo da amostra com
os seguintes critérios: freqüência esperada de 50%, erro amostral de 5% e intervalo de
confiança de 99%. Obteve-se assim um total de 652 fichas.
3.2.1.2 Pacientes internados
De acordo com o SAME, o número de pacientes internados no período provenientes
do SE foi de 3.655. Para o cálculo da amostra utilizou-se o Epi Info® com os seguintes
5
critérios: freqüência esperada de 20%, erro amostral de 5% e intervalo de confiança de 95%.
Foi colhida uma amostra de 230 pacientes.
3.3 Procedimentos
3.3.1 Instrumentos
Para a coleta de dados foi elaborado um formulário de pesquisa (ANEXO 1) que
contém as informações: data, hora, idade, sexo, procedência, queixa principal, hipóteses
diagnósticas, temperatura corporal na admissão, positividade do exames H1N1 e
comorbidades cardíacas.
3.3.2 Coleta de dados
Serão incluídos no estudo os atendimentos realizados no serviço de emergência do
Hospital Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina, no período de 01 de janeiro
de 2009 a 31 de dezembro de 2009. As fichas dos pacientes que não foram internados, após
permanecerem três meses arquivadas no próprio setor da emergência, são encaminhadas ao
arquivo do SAME. Os pacientes que foram internados têm sua ficha anexada ao prontuário.
No arquivo do SAME, as fichas de atendimento ficam arquivadas em caixas, as quais
são etiquetadas conforme vão sendo completamente preenchidas, e são identificadas com o
período de atendimento ao qual as fichas se referem. Como as caixas possuem mesmo
tamanho, esse período pode corresponder a poucos dias como a uma semana, dependendo da
demanda do período. Dentro de cada caixa as fichas na maioria das vezes estão em uma
seqüência de dia de atendimento.
A fim de conferir aleatoriedade na retirada da amostra, as fichas foram empilhadas em
ordem de atendimento sendo estimado o número de centímetros (n) que corresponde ao total
de 37.961 fichas. O valor encontrado foi de n=492 cm. Com nossa amostra de 652 pacientes,
para mantermos a aleatoriedade retiramos uma ficha a cada 8,4 cm iniciado em algum ponto
qualquer da pilha.
As fichas que estiveram com os dados de queixa principal e diagnóstico incompletos
ou preenchimento incompreensível foram substituídas pela ficha imediatamente a seguir.
Possíveis fichas de outros departamentos que erroneamente encontraram-se nessas caixas
foram desprezadas e substituídas pela ficha subsequente.
No SAME temos acesso a lista de pacientes que foram internados durante o período
estudado em ordem cronológica de atendimento no SE. Para mantermos a aleatoriedade da
6
amostra retiramos um prontuário a cada 15 pacientes (número total de pacientes internados,
pelo número da amostra). Quando o número sorteado continha o prontuário de uma internação
de outra clínica que não a Médica, buscamos o prontuário seguinte.
3.4 Descrição das variáveis de estudo
Serão selecionadas as seguintes variáveis:
a. Data: sazonalidade do atendimento;
b. Hora: horário do atendimento;
c. Idade: a idade dos pacientes será categorizada em seis faixas etárias: 14 aos 24
anos incompletos, 24 aos 34 anos incompletos, 34 aos 44 anos incompletos, 44
aos 54 anos incompletos, 54 aos 64 anos incompletos e acima dos 64 anos;
d. Sexo: as categorias masculino ou feminino;
e. Procedência: refere-se a cidade de procedência. Pacientes de Florianópolis terão o
bairro de origem coletado;
f. Queixas principais: será coletada a queixa principal apontada no atendimento. Nos
casos em que houver mais de uma queixa, serão anotadas as duas primeiras de
acordo com a ordem em que aparecem;
g. Hipóteses diagnósticas: a catalogação dos diagnósticos será realizada conforme a
Classificação Internacional de Doenças (CID), 10ª revisão;
h. Temperatura corporal na admissão: será anotado o maior valor de temperatura em
graus centígrados registrado nas primeiras 24 horas de admissão hospitalar,
categorizadas em cinco faixas: até 35,5°; 35,5°-37,0°; 37,0°-37,5°; 37,5°-38,5°;
>38,5°;
i. Exames H1N1 positivo: caso pedido, se o resultado era positivo ou negativo;
j. Cardiopatia: presença de doença cardíaca crônica;
7
4. RESULTADOS
De acordo com as fichas analisadas dos pacientes não internados o sexo feminino foi
mais prevalente com uma proporção de 1,4:1. Já nos pacientes internados, houve uma
prevalência do sexo masculino, 1,11:1. As figuras 1 e 2 mostram as distribuição quanto ao
sexo dos pacientes não internados e dos internados, respectivamente.
Figura 3 - Pacientes não internados. Distribuição por sexo.
Figura 4 - Pacientes internados. Distribuição por sexo.
No primeiro grupo, o dos não-internados, a média de idade foi de 37,9 anos, variando
entre 14 e 94 anos. A faixa etária que procurou o SE em maior número e não necessitou de
internação encontravam-se entre 24-34 anos de idade. Nos internados, a média de idade foi de
46,1 anos, sendo 16 anos a idade mínima e 72 a máxima. O maior número de internados eram
pacientes acima dos 64 anos. Na Tabela 1 podemos visualizar a distribuição por faixa etária
nos dois grupos.
41,10%
58,90% MASCULINO
FEMININO
52,61%47,39% MASCULINO
FEMININO
8
Tabela 1 – Distribuição dos pacientes não internados e internados por faixa etária.
Grupos Não Internados Internados Faixa etária (anos) Número Percentual Número Percentual 14-24 154 23,62% 20 8,70% 24-34 172 26,38% 29 12,61% 34-44 108 16,56% 36 15,65% 44-54 98 15,03% 35 15,22% 54-64 54 8,28% 39 16,96% 64- 66 10,12% 71 30,87% TOTAL 652 100,00% 230 100,00%
Ao analisarmos a procedência dos pacientes, não houve diferença com relação ao seu
local de origem. Tanto no grupo dos não internados quanto no grupo dos internados a maioria
dos pacientes era proveniente de Florianópolis, no entanto, o percentual de pacientes vindo de
outras cidades e da grande Florianópolis foi maior no segundo grupo, como observamos na
Tabela 2.
Tabela 2 – Distribuição dos pacientes não internados e internados por procedência.
Grupos Não Internados Internados Procedência Número Percentual Número Percentual Florianópolis 522 80,06% 152 66,09% Grande Florianópolis 104 15,95% 52 22,61% Outras Cidades 14 2,15% 26 11,30% Não Informado 12 1,84% - - TOTAL 652 100,00% 230 100,00%
Analisamos também o bairro de procedência, quando em Florianópolis (Tabela 3), e as
principais cidades de origem, quando não a capital. No grupo dos não internados o bairro da
Trindade, onde está localizado o HU/UFSC, foi o de maior procedência. Já dos pacientes
internados, o número foi maior no bairro da Agronômica.
São José foi a cidade de maior procedência dos pacientes procedentes da Grande
Florianópolis, tanto no grupo dos não internados quanto no grupo dos internados (Tabela 4).
Em relação aos outros municípios a procedência manteve-se semelhantes nos dois grupos.
9
Tabela 3 – Distribuição dos pacientes não internados e internados por bairro de procedência.
Grupos Não Internados Internados Procedência Número Percentual Número Percentual Trindade 96 18,39% Agronômica 12 7,89%
Itacorubi 44 8,43% Ingleses do Rio Vermelho 12 7,89%
Agronômica 29 5,56% Trindade 10 6,58%
Pantanal 28 5,36% Costeira do Pirajuba 8 5,26%
Córrego Grande 25 4,79% Campeche 7 4,61%
Saco dos Limões 24 4,60% Centro 7 4,61%
Centro 21 4,02% Lagoa da Conceição 6 3,95%
Ingleses do Rio Vermelho 20 3,83% Monte Verde 6 3,95%
Saco Grande 19 3,64% Tapera 6 3,95% Costeira do Pirajuba 17 3,26% Cachoeira do Bom
Jesus 5 3,29%
TOTAL 323 61,88% 79 51,97%
Tabela 4 – Distribuição dos pacientes não internados e internados por município da Grande Florianópolis.
Grupos Não Internados Internados Procedência Número Percentual Número Percentual Águas Mornas 1 1,92% Antônio Carlos 1 1,92% Biguaçu 13 28,85% Biguaçu 11 21,15% Gov Celso Ramos 2 0,96% Gov Celso Ramos 1 1,92% Palhoça 30 12,50% Palhoça 10 19,23% Santo Amaro da Imperatriz 1 0,96% Santo Amaro da
Imperatriz 2 3,85%
São José 57 54,81% São José 27 51,92% TOTAL 104 100,00% 52 100,00%
Com relação aos pacientes de outras cidades que procuraram o serviço, a cidade de
Tijucas foi a de maior procedência em ambos os grupos, dividindo o primeiro lugar com São
João Batista no grupo dos não internados. A Tabela 5 apresenta a distribuição dos pacientes
de outras cidades e inclui as cinco cidades de maior procedência.
10
Tabela 5 – Distribuição dos pacientes não internados e internados por outras cidades. Grupos Não Internados Internados Procedência Número Percentual Número Percentual São João Batista 2 14,29% Tijucas 5 19,23%
Tijucas 2 14,29% Imbituba 3 11,54%
Blumenau 1 7,14% Itajaí 2 7,69%
Canelinhas 1 7,14% São Bento do Sul 2 7,69%
Canoinhas 1 7,14% Alfredo Vagner 1 3,85%
TOTAL 7 50,00% 13 50,00%
Avaliando o horário de atendimento, mostrado na Tabela 6, a procura foi maior
durante o dia - 65% nos dois grupos - sendo mais prevalente no período da manhã, das 06h às
11h59min.
Tabela 6 – Distribuição dos pacientes não internados e internados por horário de chegada.
Grupos Não Internados Internados Procedência Número Percentual Número Percentual 00h-05h59min 57 8,74% 19 8,26% 06h-11h59min 247 37,88% 76 33,04% 12h-17h59min 180 27,61% 74 32,17% 18h-23h59min 168 25,77% 61 26,52% TOTAL 652 100,00% 230 100,00%
Quando analisamos a distribuição dos pacientes pelos meses, no grupo dos não
internados, tivemos maior procura durante o mês de agosto e menos procura durante o mês de
fevereiro. Já no grupo dos internados manteve-se valor aproximado durante os 12 meses do
ano, sendo os maiores registros encontrados em janeiro, abril e setembro, conforme Tabela 7.
A distribuição sazonal dos grupos pode ser vista na Figura 3. Houve predomínio da
procura durante o inverno em ambos os grupos.
11
Tabela 7 - Pacientes não internados e internados distribuídos por meses.
Grupos Não Internados Internados Procedência Número Percentual Número Percentual Janeiro 60 9,20% 21 9,13% Fevereiro 48 7,36% 17 7,39% Março 54 8,28% 19 8,26% Abril 49 7,52% 21 9,13% Maio 52 7,98% 18 7,83% Junho 52 7,98% 18 7,83% Julho 53 8,13% 20 8,70% Agosto 68 10,43% 18 7,83% Setembro 51 7,82% 21 9,13% Outubro 58 8,90% 17 7,39% Novembro 49 7,52% 20 8,70% Dezembro 58 8,90% 20 8,70% TOTAL 652 100,00% 230 100,00%
Figura 3 - Distribuição sazonal dos pacientes não-internados e internados.
Quando analisamos as queixas do grupo dos não internados, observamos um total de
1452 queixas, sendo 177 tipos diferentes. No grupo dos internados constam 104 tipos de
queixas de um total de 461. As 10 principais queixas dos dois grupos são apontadas nas
Tabelas 8 e 9.
Primavera Verão Outono Inverno
Não Internados 25,31% 24,85% 23,47% 26,38%Internados 24,78% 24,78% 24,78% 25,65%
22,00%22,50%23,00%23,50%24,00%24,50%25,00%25,50%26,00%26,50%27,00%
12
Tabela 8 – Relação das 10 principais queixas apresentadas pelo grupo dos não internados. Queixa Número Percentual Cefaléia 121 8,33% Febre 119 8,20% Tosse 109 7,51% Dispnéia 60 4,13% Dor lombar 60 4,13% Náuseas 58 3,99% Vômito 58 3,99% Odinofagia 56 3,86% Diarréia 47 3,24% Dor abdominal 43 2,96% TOTAL 731 50,34%
Observamos no grupo dos não internados uma prevalência maior nas queixas de
cefaléia e febre, praticamente com a mesma frequência relatada. Já no grupo dos não
internados, a dispnéia figurou como causa importante de procura ao serviço.
Tabela 9 – Relação das 10 principais queixas apresentadas pelo grupo dos internados. Queixa Número Percentual Dispnéia 48 10,41% Dor abdominal 31 6,72% Febre 30 6,51% Vômitos 30 6,51% Tosse 29 6,29% Queda do estado geral 14 3,04% Edema mmii* 13 2,82% Dor torácica 12 2,60% Diarréia 11 2,39% Emagrecimento 11 2,39% TOTAL 229 49,67%
*mmii: membros inferiores
Dos pacientes que procuraram a emergência e foram liberados, mais da metade
(61,2%) não teve a temperatura corporal da admissão registrada na ficha de atendimento. Dos
que estavam registrados, apenas 10% estava com temperatura axilar acima de 37oC, como
observado na Figura 4.
13
Figura 4 – Temperatura corporal na admissão dos pacientes não-internados.
Quando analisadas a temperatura de admissão dos pacientes que foram internados
apenas 7% não apresentaram a descrição deste item. Dezesseis por cento apresentaram
temperatura axilar acima do valor normal (37oC), como visto na Figura 5.
Figura 5 – Temperatura corporal na admissão dos pacientes internados
Ao analisarmos as comorbidades cardiológicas dos pacientes que não foram internados
apenas 85 pacientes, 13%, referiram pelo menos uma doença cardíaca prévia, 31% negaram
qualquer comorbidade e 55% não tiveram esse item relatado na ficha da emergência. Foram
notados 96 relatos de comorbidades e 12 diferentes diagnósticos, o que mostra que houve
pacientes com mais de uma comorbidade cardíaca. Das cardiopatias, a mais freqüente foi a
Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) observada na Figura 6.
61%
2%
26%3%
5%
3%
39%
Não Informados
ATÉ 35,5°C
35,5°-37,0°C
37,0°-37,5°C
37,5°-38,5°C
>38,5°C
7% 11%66%
7%6%
3%
93%
Não Informado
ATÉ 35,5°C
35,5°-37,0°C
37,0°-37,5°C
37,5°-38,5°C
>38,5°C
14
Figura 6 – Comorbidades cardíacas em pacientes não-internados.
HAS: Hipertensão Arterial Sistêmica; ICC: Insuficiência Cardíaca Congênita; IAM: Infarto agudo do Miocárdio.
Nos pacientes internados houve 132 informações de cardiopatia prévia com 18
diagnósticos diferentes em 86 pacientes (37,4%). Cinqüenta e seis por cento negaram
cardiopatia prévia e em 6% dos internados não havia esse relato na ficha de emergência. A
comorbidade mais relatada também foi a HAS, como observado na Figura 7.
Figura 7 – Comorbidades cardíacas em pacientes internados.
HAS: Hipertensão Arterial Sistêmica; ICC: Insuficiência Cardíaca; FA: Fibrilação Atrial; IAM: Infarto agudo do Miocárdio.
Quando investigamos as hipóteses diagnósticas chegamos aos dados da Tabela 10. No
grupo dos não internados foram apontadas 668 hipóteses e, no dos internados, 249 o que
76%
6%
5%
14%
HAS
ICC
IAM Prévio
Outras
58%16%
5%
4%
17%
HAS
ICC
FA
IAM Prévio
Outras
15
mostra que alguns pacientes receberam mais do que uma hipótese. No primeiro grupo houve
uma prevalência maior nas doenças do aparelho respiratório (28,74%), enquanto no segundo
grupo o maior número era o de doenças do aparelho digestivo (16,47%) e circulatório
(16,06%).
Na distribuição das hipóteses diagnósticas de acordo com o CID, 10ª revisão, dos
pacientes liberados na emergência observamos como mais importante:
∙ No grupo I, a diarréia e a gastroenterite de origem infecciosa presumível foi a doença com
maior número de casos, correspondendo a praticamente 6% do total.
∙ A hipoglicemia de causa não especificada foi o diagnóstico mais presente no grupo IV.
∙ No grupo V, a ansiedade generalizada consta como maior número de casos,
correspondendo a 2,10% do total.
∙ A enxaqueca responde a 1,95% das queixas totais e é a de maior prevalência do grupo VI.
∙ Foram encontrados três casos de conjuntivite, 0,45% do total, no grupo VII.
∙ No grupo VIII a otite média apresentou 1,20% do total de diagnósticos agrupando os casos
supurativos e não supurativos.
∙ No grupo IX, a hipertensão essencial foi considerada em 1,80% dos casos, seguida pela
insuficiência cardíaca, com 1,05%.
∙ O grupo X que apresentou maior número de diagnósticos teve como principal causa a
infecção de vias aéreas superiores não especificadas, com 10,93% do registro. A influenza
devida a vírus não identificado foi apontado em 2,40% dos casos.
∙ No grupo XI, a calculose da via biliar e a doença do refluxo gastroesofágico responderam
juntas a 1,5% dos casos sendo cada uma responsável por metade desses.
∙ No grupo XII a urticária respondeu a 1,20% do total.
∙ A mialgia, presente no grupo XIII, respondeu a 3,59% dos diagnósticos, ajudando esse
grupo a se apresentar na quinta posição de diagnósticos mais frequente.
∙ O grupo XIV, segundo com maior número de casos, apresentou 6,59% de diagnósticos de
cólica nefrética não especificada e 6,14% infecção do trato urinário de localização não
especificada.
∙ O diagnóstico de gravidez no grupo XV encontrou um caso, 0,15% no nosso estudo,
embora o HU conte com o serviço de maternidade.
∙ O grupo XVIII, terceiro em número de casos, apresentou 2,84% de diagnósticos de cefaléia
e 2,40% de dor abdominal e pélvica.
∙ Foram três (0,45%) o número de casos de efeito tóxico com animal venenoso, presente no
grupo XIX.
16
Tabela 10 - Distribuição das hipóteses diagnósticas entre o grupo de pacientes não-internados e internados, de acordo com o CID*, 10ª revisão.
Grupo Não-internado Internado CID Número Percentual Número Percentual
I Algumas doenças infecciosas e parasitárias (A00-B99) 60 8,98% 19 7,63%
II Neoplasias [tumores] (C00-D48) 2 0,30% 20 8,03% III Doenças do sangue e dos órgãos hematopoéticos e alguns transtornos imunitários (D50-D89) 5 0,75% 1 0,40%
IV Doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas (E00-E90) 6 0,90% 8 3,21%
V Transtornos mentais e comportamentais (F00-F99) 25 3,74% 6 2,41% VI Doenças do sistema nervoso (G00-G99) 21 3,14% 12 4,82% VII Doenças do olho e anexos (H00-H59) 4 0,60% 0 0,00% VIII Doenças do ouvido e da apófise mastóide (H60-H95) 14 2,10% 2 0,80%
IX Doenças do aparelho circulatório (I00-I99) 38 5,69% 40 16,06% X Doenças do aparelho respiratório (J00-J99) 192 28,74% 36 14,46% XI Doenças do aparelho digestivo (K00-K93) 31 4,64% 41 16,47%
XII Doenças da pele e do tecido subcutâneo (L00-L99) 20 2,99% 13 5,22%
XIII Doenças do sistema osteomuscular e do tecido conjuntivo (M00-M99) 48 7,19% 2 0,80%
XIV Doenças do aparelho geniturinário (N00-N99) 102 15,27% 23 9,24% XV Gravidez, parto e puerpério (O00-O99) 1 0,15% 0 0,00% XVI Algumas afecções originadas no período perinatal (P00-P96) 0 0,00% 0 0,00%
XVII Malformações congênitas, deformidades e anomalias cromossômicas (Q00-Q99) 0 0,00% 0 0,00%
XVIII Sintomas, sinais e achados anormais de exames clínicos e de laboratório, não classificados em outra parte (R00-R99)
73 10,93% 9 3,61%
XIX Lesões, envenenamento e algumas outras conseqüências de causas externas (S00-T98) 11 1,65% 6 2,41%
XX Causas externas de morbidade e de mortalidade (V01-Y98) 14 2,10% 10 4,02%
XXI Fatores que influenciam o estado de saúde e o contato com os serviços de saúde (Z00-Z99) 1 0,15% 1 0,40%
XXII Códigos para propósitos especiais (U00-U99) 0 0,00% 0 0,00% TOTAL 668 100,00% 249 100,00%
*Classificação Internacional das Doenças
Houve diferença estatisticamente significativa (P<0,05) somente nos atendimentos da
emergência relacionados ao grupo X, doenças do aparelho respiratório, em relação aos outros
grupos diagnósticos. Foi possível demonstrar um aumento no número de atendimentos no
inverno em relação aos outros períodos do ano nos pacientes que não foram internados. A
17
Figura 8 mostra a distribuição sazonal dos quatro grupos diagnósticos mais frequentes entre
os pacientes que procuraram a emergência e foram liberados.
Figura 8 – Distribuição sazonal das hipóteses diagnósticas: não internados. (I: Algumas doenças infecciosas e parasitárias; IX: Doenças do aparelho circulatório; X: Doenças do aparelho respiratório; XIV: Doenças do aparelho geniturinário)
No grupo dos internados, merecem destaque:
∙ O grupo IX, segundo mais prevalente, tem no acidente vascular cerebral não especificado a
maior prevalência, com 3,61%, seguido pela angina e insuficiência cardíaca com 2,40%
cada.
∙ O grupo X, terceiro com maior número, mostrou 10,04% dos casos como pneumonia não
especificada.
∙ O grupo XI apresentou o maior volume diagnóstico sendo distribuídos em dezenove
diferentes achados, merecendo destaque a hematêmese com 2,81% e, pancreatite aguda
com 2,41% do total de casos.
∙ No grupo XIV merece destaque a infecção do trato urinário de localização não
especificada com 4,02% dos casos.
Não há associação significativa entre grupo diagnóstico e a época em que ocorreu a
internação. Na Figura 9, observamos a distribuição sazonal nos pacientes que estiveram
internados.
0,00%
2,00%
4,00%
6,00%
8,00%
10,00%
12,00%
14,00%
I IX X XIV
Primavera
Verão
Outono
Inverno
18
Figura 9 – Distribuição sazonal das hipóteses diagnósticas no grupo dos internados. (IX: Doenças do aparelho circulatório; X: Doenças do aparelho respiratório; XI: Doenças do aparelho digestivo; XIV: Doenças do aparelho geniturinário)
A Tabela 11 mostra as 14 principais hipóteses diagnósticas no grupo dos não
internados, e a Tabela 12, as 10 hipóteses mais frequentes dos pacientes internados.
Tabela 11 – Principais hipóteses diagnósticas no grupo dos não internados. Hipóteses Diagnósticas Número Percentual Infecção aguda das vias aéreas superiores não especificada 72 10,00% Infecção do trato urinário de localização não especificada 40 5,56% Cólica nefrética não especificada 36 5,00% Diarréia e gastroenterite de origem infecciosa presumível 38 5,28% Amigdalite aguda 34 4,72% Sinusite aguda 24 3,33% Mialgia 21 2,92% Cefaléia 16 2,22% Dor abdominal e pélvica 16 2,22% Enxaqueca 13 1,81% Ansiedade generalizada 12 1,67% Influenza devida a vírus não identificado 16 2,22% Pielonefrite aguda 9 1,25% Pneumonia não especificada 8 1,11% TOTAL 355 49,31%
0,00%
1,00%
2,00%
3,00%
4,00%
5,00%
6,00%
IX X XI XIV
Primavera
Verão
Outono
Inverno
19
Tabela 12 – Principais hipóteses diagnósticas no grupo dos internados. Hipóteses Diagnósticas Número Percentual Pneumonia não especificada 26 10,44% Infecção do trato urinário de localização não especificada 10 4,02% Acidente vascular cerebral, não especificado como hemorrágico ou isquêmico 9 3,61%
Hematêmese 9 3,61% Auto-intoxicação por e exposição, intencional, a drogas anticonvulsivantes sedativos, hipnóticos, antiparkinsonianos e psicotrópicos não classificados em outra parte - local não especificado
7 3,61%
Insuficiência cardíaca 6 2,41% Pancreatite aguda 6 2,41% Doença pulmonar obstrutiva crônica com exacerbação aguda não especificada 5 2,01%
Flebite e tromboflebite de outros vasos profundos dos membros inferiores 5 2,01%
Efeito tóxico do veneno de serpente 4 1,61% TOTAL 87 35,74%
Não se encontrou no grupo dos não-internados informação sobre coleta e resultados de
exame laboratorial de identificação da infecção por H1N1. Dentre os pacientes internados,
apenas um encontrava-se registrado a solicitação do exame, tendo este seu resultado positivo.
20
5. DISCUSSÃO
Ao descrever o perfil da população atendida na emergência de clínica médica do
Hospital Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina, este estudo encontrou
como principais resultados no grupo dos não internados: predomínio de mulheres jovens, com
idade inferior a 34 anos, procedentes de Florianópolis e de bairros próximos a UFSC,
buscando o SE no período da manhã. O inverno foi a estação que teve maior procura,
principalmente durante o mês de agosto. A queixa principal dos pacientes era cefaléia tendo
hipertensão arterial sistêmica como comorbidade mais prevalente e, embora na maioria dos
atendimentos a temperatura axilar não tivesse sido anotada na ficha da emergência, entre as
que se encontravam registradas prevaleceram os pacientes afebris. As doenças do aparelho
respiratório foram as que prevaleceram sendo o diagnóstico mais frequente o de infecção de
vias aéreas superiores não especificadas. Estes dados são semelhantes aos encontrados por
Peixoto Filho et al.17 em 1988 e Silva et al.16 em 2004 no mesmo hospital. Não houve registro
de solicitação de exame laboratorial confirmatório de H1N1.
No grupo dos internados encontramos: leve predomínio de homens idosos, com idade
superior a 64 anos, procedentes de Florianópolis, atendidos principalmente no período da
manhã, sem predominância clara dos bairros acerca da UFSC. O inverno foi a estação que
teve maior procura. Os pacientes apresentavam-se afebris, a queixa principal era dispnéia
tendo hipertensão arterial sistêmica como comorbidade mais prevalente. As doenças do
aparelho digestivo e do aparelho circulatório foram as que prevaleceram, contudo, o
diagnóstico mais frequente foi o de pneumonia não especificada. Houve apenas o registro de
uma solicitação de exame laboratorial confirmatório de H1N1, sendo este positivo.
A distribuição dos pacientes estudados por sexo acompanhou aquela da população de
Santa Catarina e da cidade de Florianópolis (IBGE, Censo 2010) no grupo dos não internados.
Souza et al. estudando o perfil de um hospital localizado em Tubarão – SC também encontrou
maior número de atendimentos no gênero feminino21. O inverso ocorreu no grupo dos
internados onde a maior prevalência foi a do sexo masculino, como ocorreu no estudo de
Salla et al.18 e Anson et a.19.
21
No grupo dos não internados a faixa etária abaixo dos 34 anos correspondeu a 50%
dos atendimentos, caracterizando o público jovem como os mais atendidos no SE do HU, o
que também foi notado em outros trabalhos6,16,20,21. Entre os pacientes internados a média de
idade é maior, prevalecendo os pacientes acima dos 64 anos, fato observado nos trabalhos de
Rodriguez et al.1, Silva et al.16, e Downing et al22.
Quanto a cidade de procedência ambos os grupos tiveram sua maior prevalência
referente a cidade de Florianópolis, o que também foi observado por Peixoto et al.17, Souza20
e Silva et al16.
Nosso estudo encontrou que mais da metade dos pacientes que procuraram o SE
residiam próximo ao HU confirmando o que foi descrito por Jacobs et al 23 onde 63,53% dos
pacientes que procuraram o serviço residiam até 15 km do Hospital, mostrando que uso do
serviço de emergência está relacionado a menor distância do mesmo à moradia do paciente21.
Na distribuição mensal dos atendimentos notamos certo equilíbrio no grupo dos
internados, como mostrado por Furtado et al.6, Silva et al.16 e Downing et al.22. Na avaliação
do atendimento por sazonalidade notamos a predominância dos atendimentos durante o
inverno principalmente no grupo dos não internados, o que também foi demonstrado por
Downing et al.22, embora a cidade de Florianópolis seja uma cidade turística onde no verão a
população praticamente quadriplica. Não foi o que encontrou Silva et al.16 o qual a primavera
foi a estação que predominou. Nosso achado pode ser reflexo da epidemia de influenza que
tem sua sazonalidade no hemisfério sul durante os meses de Maio a Setembro13. Torres et al.
encontrou em um grande hospital no Chile durante epidemia de influenza A (H1N1) nos
meses de maio e julho de 2009 aumento de 88,5% na procura ao atendimento do SE em
comparação ao mesmo período durante os anos 2006-200810.
Encontramos um aumento estatisticamente significativo somente nos atendimentos de
emergência relacionados a doenças do aparelho respiratório no grupo dos não internados,
onde demonstramos um aumento no número de atendimentos durante o inverno, o que
também é registrado em outros trabalhos16,17,22. Tal fato pode ser explicado pelo o que
demonstrou Hajat et al.24, um pico anual de consultas de causas cardio-pulmonares ocorrendo
nos meses de inverno e o agrupamento de doenças das vias aéreas superiores positivamente
relacionadas as temperaturas frias24. Downing et al.22 apontou forte ligação entre uma queda
22
recente na temperatura e um aumento na incidência de bronquite, sendo tambem um fator
importante nas epidemias de influenza.
Quando verificamos a temperatura corporal na admissão, mais da metade do grupo dos
não internados, 61%, não teve esse ponto registrado na ficha de emergência, denotando falta
do total de preenchimento da ficha, também observado por Peixoto et al.17 e Silva et al.16. Já
no grupo dos não internados, apenas 7% não teve o registro de sua temperatura corporal na
admissão. Fato de extrema importância, pois a temperatura corporal na admissão pode estar
relacionada com a mortalidade, como demonstrou Nallamothu et al.25 e Darowski et al.26.
Quando avaliamos as comorbidades dos pacientes, ambos os grupos apresentam
prevalência elevada de hipertensão arterial sistêmica (HAS), encontrada em mais de 50% dos
pacientes que relataram algum tipo de comorbidade cardíaca. Isto condiz com a realidade da
população brasileira onde inquéritos populacionais nos últimos 20 anos apontaram
prevalência da HAS acima de 30%27. Diversos estudos populacionais evidenciaram que a
HAS sem controle aumenta a morbidade e mortalidade cardiovascular28, o que pode refletir na
procura ao SE.
Como no estudo de Silva et al.16 encontramos 10 queixas principais respondendo a
praticamente 50% das queixas em ambos os grupos, sendo essas queixas semelhantes aos
encontrados no estudo de 200416. Souza et al.21 encontrou que as queixas referentes ao
aparelho respiratório, osteoarticular e gastrointestinal representavam 62,1% do total das
queixas. Febre, diarréia e dispnéia foram as principais queixas em um estudo realizado por
Jacobs et al. em Salvador23. Nosso trabalho, no grupo dos não internados, mostrou que as três
principais queixas apresentadas foram cefaléia, febre e tosse, justificando a maior prevalência
de doenças do aparelho respiratório serem diagnosticada, sendo que muitas delas podem ter
sido causadas pela influenza A (H1N1) já que o espectro clínico de apresentação é amplo,
variando de uma doença leve do trato respiratório superior, com ou sem febre, podendo
alguns pacientes apresentarem sintomas gastrointestinal de vômito ou diarréia29.
No grupo dos não internados quando discutimos as hipóteses diagnósticas, o grupo de
doenças do aparelho respiratório esteve a frente assim como também se mostrou mais
freqüentes em outros estudos16,23,30. Nosso estudo manteve o achado de Silva et al. em 2004
onde as doenças do aparelho geniturinário e o capítulo referente aos sintomas, sinais e
achados anormais de exames clínicos e de laboratório mantiveram-se entre as três principais
23
hipóteses diagnósticas. O capítulo I, referente a algumas doenças infecciosas e parasitárias
teve destaque em 2009, sendo a diarréia e gastroenterite de origem infecciosa presumível a
principal responsável por tal achado. Já no grupo mais prevalente, o das doenças respiratórias,
quando consideramos as hipóteses de (1) infecções das vias aéreas superiores e (2) influenza
devido a vírus não identificados, elas respondem juntas a mais de 44% dos diagnósticos
dentro deste grupo, o que difere do que encontrou Pereda et al.31 onde, embora as doenças do
aparelho respiratório se mostraram mais prevalentes, as principais responsáveis foram a asma,
a bronquite e a DPOC. No trabalho de Silva et al. as (1) infecções de vias aéreas não
especificadas, (2) a amigdalite aguda e (3) pneumonia não especificada corresponderam a
45% dos diagnósticos dentro do grupo X. Tal situação pode ser explicada por estes estudos
terem sidos realizados fora da epidemia do vírus influenza, Pereda et al. em 2001 e Silva et al
em 2004.
No grupo dos internados, diferentemente do que mostraram os estudos de Silva et al e
Peixoto et al. onde as doenças do aparelho respiratório foram destaque, encontramos as
doenças do aparelho digestivo como principal responsável pelas internações (16,47%),
contudo não muito distante das causas por doenças do aparelho circulatório (16,06%) e do
aparelho respiratório (14,46%). Foram registradas dezenove diferentes hipóteses diagnósticas
dentro deste grupo sendo por tanto, queixas bem distribuídas, destacando-se apenas a
hematêmese e a pancreatite aguda que juntas são responsáveis por cerca de 30% das hipóteses
dentro deste grupo. Este padrão de prevalência entre os internados correlaciona-se com o que
também encontrou Loyola Filho et al.32 com doenças do aparelho digestivo, respiratório e
circulatório sendo as principais causas de internações hospitalares no Brasil, principalmente
em idosos, faixa etária que corresponde as principais internações no HU durante 2009.
Embora esperássemos encontrar mais internações por causas respiratórias por vivermos meio
a epidemia, em outros estudos, como o de Torres et al.10 e Tsubokura et al.11, também ficou
evidente que a epidemia de H1N1 foi responsável mais pelo aumento do volume de
atendimento ao serviço de emergência do que de casos de internações hospitalares.
No SE do HU/UFSC em 2004 o número de atendimentos realizados foi de 54.31716.
No ano de 2009 o total foi de 37.961. Isto corresponde a uma queda de 30%. Tal fato pode ser
explicado pela presença das Unidades de Pronto Atendimento (UPAS), uma na região norte e
outra na região sul já instaladas na cidade durante o ano de 2009 e que não haviam sido
inauguradas em 2004. As UPAS são estruturas de complexidade intermediária entre os
24
Centros de Saúde e as portas de urgência hospitalares, onde em conjunto com estas compõe
uma rede organizada de Atenção às Urgências34. Elas provavelmente evitaram uma mudança
no número de atendimentos no HU já que concentram um grande volume de atendimento,
média de 9.000 atendimentos mensais em cada UPA e, como dados de 2010 mostram, a
proporção de atendimentos que são encaminhados a Unidades Hospitalares via ambulância
gira em torno de 2%34. Importante destacar que as UPAS ajudaram a reduzir o número de
atendimentos, porém nada modificaram em relação ao perfil, que continua em sua maioria
com pacientes que são liberados, jovens, e que provavelmente não se caracterizam como
urgência21. Chen et al.35 demonstrou em um SE de Taiwan em 2003 queda em 40% de visitas
durante um surto de Síndrome Respiratória Aguda Grave podendo estar relacionado ao receio
das pessoas em frequentarem o hospital em épocas de epidemia35, local onde estariam mais
próximas do contato com vírus, buscando então tratamentos alternativos antes de visitar o
SE35.
Em 2009 o volume de atendimento de causas do aparelho respiratório foi representado
por 192 (28,7%) pacientes não-internados e 36 (14,46%) pacientes internados, Silva et al.16
demonstrou em 2004 que as causas respiratórias foram diagnosticadas em 161 (21%)
pacientes não-internados e 9 (10.8%), internados. Mesmo que o número total de pacientes
tenha diminuído, a proporção de pacientes com atendimentos por hipóteses do aparelho
respiratório subiu. O aumento no volume de atendimentos de causas ligadas ao aparelho
respiratório durante o inverno pode também estar relacionado ao alarme feito pela imprensa e
a grande preocupação da população sobre a incerteza da evolução da infecção pelo novo
vírus11. A busca precoce da população pode ter levado a um desfecho favorável com a
redução dos números de casos graves10 o que fez com que o aumento de atendimento durante
o inverno não tenha sofrido reflexo no número de internações.
Não se encontrou no grupo dos não-internados informação sobre coleta e resultados de
exame laboratorial de identificação da infecção por H1N1 e dentre os pacientes internados,
em apenas um encontramos registro da solicitação do exame tendo este seu resultado positivo.
Contudo, isso não descarta a pesquisa e sorologia para tal vírus, pois os pacientes quando
suspeitados eram notificados seguindo o Protocolo da Vigilância Epidemiológica da Influenza
Pandêmica (H1N1)33. Portanto, devido a falta do completo preenchimento da ficha de
emergência, não foi possível quantificar através deste estudo quantos pacientes efetivamente
foram atendidos com suspeita de H1N1 e qual seu desfecho.
25
Sugerimos que nosso estudo sirva como banco de informações para estratégias
organizacionais especialmente voltadas para esse serviço. Conhecer o perfil da população e o
que a leva a procurar o Hospital Universitário permite criarmos estratégias para melhor
atendê-la e direcionar o atendimento principalmente quando enfrentamos surtos de doenças
infecciosas onde o volume do atendimento tende a aumentar. Apresentando as principais
causas de procura ao serviço e de internações permite aos profissionais estarem cientes da
demanda que encontrarão. Todos os trabalhos que estudaram o setor de emergência de clinica
médica do HU 198817, 200416 e 2009 observaram que as fichas não estão adequadamente
preenchidas. Isto é uma situação grave tendo em vista os aspectos legais que podem implicar
e também porque dificulta e até mesmo impossibilita estudos. Acreditamos que a
implementação de um banco de dados informatizado na emergência facilite seu
preenchimento, agilidade e qualidade no seguimento dos casos e permita o armazenamento de
informações que possam ser utilizadas em novos estudos.
Apesar das UPAS o volume de atendimento ainda permanece muito alto (104
pacientes/dia). Considerando que no mínimo 30% dos atendimentos de pacientes que são
liberados e que são internados se concentram no período da manhã, mostra que na maioria das
vezes os profissionais de saúde do setor atendem no período das 6 as 12 horas no mínimo 30
pacientes, o que corresponde a aproximadamente 12 minutos por paciente. Raciocinando
neste sentido, é plenamente possível entender porque encontramos fichas mal preenchidas.
Além disso, a sobrecarga do sistema pode aumentar a chance de erros, o que é uma situação
gravíssima. Tendo em vista que as UPAS não modificaram o perfil do atendimento e que as
situações de epidemia como a de H1N1 podem piorar ainda mais a situação de sobrecarga da
emergência, outras medidas na política de saúde devem ser tomadas.
Limitações do estudo
O estudo compreende características de um único hospital com suas características
peculiares apresentando limitações para se estender a outras instituições. Encontramos
dificuldades nas identificações de alguns itens de preenchimento da ficha de coleta ou pela
falta de preenchimento ou pela letra estar ilegível.
26
6. CONCLUSÃO
A população atendida no HU durante a epidemia de H1N1 em 2009 caracteriza-se por
serem jovens do sexo feminino, procedentes de Florianópolis e dos bairros próximos ao
hospital no período da manhã. A maior procura foi durante o inverno com cefaléia como
queixa principal e hipertensão arterial sistêmica a comorbidade mais prevalente. Os pacientes
apresentavam-se afebris e as doenças do aparelho respiratório foram as que prevaleceram
tendo um aumento estatisticamente significativo durante os meses do inverno. Infecções das
vias aéreas superiores não especificada foi o diagnóstico mais freqüente.
Entre os pacientes internados tivemos leve predomínio entre os homens idosos,
procedentes de Florianópolis, no período da manhã, sem predominância certa dos bairros
próximos ao hospital. O inverno foi quando a procura foi maior. Os pacientes apresentavam-
se afebris, a queixa principal era dispnéia tendo hipertensão arterial sistêmica como
comorbidade mais prevalente. As doenças do aparelho digestivo e circulatório foram as que
prevaleceram, contudo, o diagnóstico mais freqüente foi o de pneumonia não especificada.
O perfil epidemiológico encontrado durante o ano de epidemia do H1N1 manteve-se
semelhante a estudos prévios realizados no HU/UFSC e na literatura, contudo aumentou o
volume no inverno e de queixas do aparelho respiratório, o que era esperado. A presença das
UPAS diminuiu o volume de atendimentos do SE mas não a ponto de tornar adequado para o
setor além disso, não modificou o perfil que se mantém de pacientes jovens e que são na
maioria das vezes liberados para casa, o que denota que medidas no sentido de modificar o
perfil devam ser tomadas.
27
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30
NORMAS ADOTADAS
Este trabalho foi realizado seguindo a normatização para trabalhos de conclusão do
Curso de Graduação em Medicina, aprovada em reunião do Colegiado do Curso de
Graduação em Medicina da Universidade Federal de Santa Catarina, em 17 de Novembro de
2005.
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ANEXO 1
INSTRUMENTO DE PESQUISA
( ) Emergência ( ) Internado
Número: __________
Mês: ____________
Horário de Atendimento: __________
Idade: __________
Sexo: F ( ) M ( )
Procedência: ( )Florianópolis [Bairro:__________________]
( ) Grande Florianópolis ( ) Outras cidades
Queixa Principal: _______________________
Hipótese Diagnóstica: (CID) __________________________________
Temperatura corporal na admissão: ___________________________
Exames H1N1 positivo: Sim ( ) Não ( ) Não solicitado ( )
Cardiopatia: não ( ) não informado ( ) sim ( ) Qual:_______________
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FICHA DE AVALIAÇÃO
A avaliação dos trabalhos de conclusão do Curso de Graduação em Medicina obedecerá os seguintes critérios: 1º. Análise quanto à forma (O TCC deve ser elaborado pelas Normas do Colegiado do Curso de Graduação em Medicina da Universidade Federal de Santa Catarina); 2º. Quanto ao conteúdo; 3º. Apresentação oral; 4º. Material didático utilizado na apresentação; 5º. Tempo de apresentação:
- 15 minutos para o aluno; - 05 minutos para cada membro da Banca; - 05 minutos para réplica
DEPARTAMENTO DE CLÍNICA MÉDICA ALUNO: RODRIGO DOS SANTOS MORAES PROFESSOR: ________________________________________________ NOTA 1. FORMA ........................................................................................................ 2. CONTEÚDO ................................................................................................ 3. APRESENTAÇÃO ORAL ........................................................................... 4. MATERIAL DIDÁTICO UTILIZADO ........................................................ MÉDIA: _______________(____________________________________) Assinatura: ________________________________________