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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO COMARCA DE SÃO PAULO FORO REGIONAL III - JABAQUARA 4ª VARA CÍVEL RUA JOEL JORGE DE MELO, 424, São Paulo - SP - CEP 04128-080 CONCLUSÃO Em 23 de abril de 2012, faço estes autos conclusos ao MM. Juiz de Direito, Dr. Marco Antonio Botto Muscari. Eu, ______, Escrevente, lavrei este termo. Processo nº: 0001123-10.2012.8.26.0003 - Proce dime nto Ordinário Requerente: Lu c iana Hugu e n e y Ri ccó d e Andrad e Requerido: Sul Amé ri c a Seguro Saúd e S/ A Vistos. Sustentando ser abusiva/nula a cláusula contratual que limita o reembolso de honorários pagos a profissionais não credenciados, a autora tenciona receber da R$ 12.723,68 (complementação), acenando com cirurgia emergencial de seu pequeno filho. Alternativamente, a genitora busca ao menos 70% daquilo que desembolsou (R$ 8.906,57). Denegada a antecipação da tutela (fls. 59/60), a Sul América contestou sob os seguintes fundamentos: a) reembolso deve ser feito nos limites do contrato; b) há rede referenciada e Luciana preferiu valer-se de médico particular; c) à luz de simples cálculos aritméticos, chegou à quantia paga à autora; d) temos ato jurídico perfeito e acabado; e) se tivesse que suportar responsabilidades superiores a suas reservas, os próprios segurados amargariam prejuízos; f) agiu rigorosamente de acordo com a Constituição e a lei; g) pa ct a sunt servanda. Em suma, aguarda a improcedência (fls. 91/102). O Doutor Promotor de Justiça não viu razão para intervir no processo (fls. 150). Formulei indagações às duas partes (fls. 152, item 2), vindo então petições da autora (fls. 159/160) e da ré (fls. 163/164). Se impresso, para conferência acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/esaj, informe o processo 0001123-10.2012.8.26.0003 e o código 030000001G90V. Este documento foi assinado digitalmente por MARCO ANTONIO BOTTO MUSCARI. fls. 1

Rodrigo i sentença

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Cliente de Perisson Andrade Advogados. Justiça condena plano de saúde a reembolsar 100% das despesas médicas.

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T RIBUN A L D E JUST I Ç A D O EST A D O D E SÃ O PA U L OCOMARCA DE SÃO PAULOFORO REGIONAL III - JABAQUARA4ª VARA CÍVELRUA JOEL JORGE DE MELO, 424, São Paulo - SP - CEP 04128-080

C O N C L USÃ O

Em 23 de abril de 2012, faço estes autos conclusos ao MM. Juiz de Direito, Dr. Marco Antonio Botto Muscari. Eu, ______, Escrevente, lavrei este termo.

Processo nº: 0001123-10.2012.8.26.0003 - Procedimento O rdinárioRequerente: Luciana Hugueney Riccó de AndradeRequerido: Sul Amér ica Seguro Saúde S/A

Vistos.

Sustentando ser abusiva/nula a cláusula contratual que limita o reembolso de honorários pagos a profissionais não credenciados, a autora tenciona receber da ré R$ 12.723,68 (complementação), acenando com cirurgia emergencial de seu pequeno filho. Alternativamente, a genitora busca ao menos 70% daquilo que desembolsou (R$ 8.906,57).

Denegada a antecipação da tutela (fls. 59/60), a Sul América contestou sob os seguintes fundamentos: a) reembolso deve ser feito nos limites do contrato; b) há rede referenciada e Luciana preferiu valer-se de médico particular; c) à luz de simples cálculos aritméticos, chegou à quantia paga à autora; d) temos ato jurídico perfeito e acabado; e) se tivesse que suportar responsabilidades superiores a suas reservas, os próprios segurados amargariam prejuízos; f) agiu rigorosamente de acordo com a Constituição e a lei; g) pacta sunt servanda. Em suma, aguarda a improcedência (fls. 91/102).

O Doutor Promotor de Justiça não viu razão para intervir no processo (fls. 150).

Formulei indagações às duas partes (fls. 152, item 2), vindo então petições da autora (fls. 159/160) e da ré (fls. 163/164).

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É o relatório.Fundamento e decido.

Com o que consta dos autos, já se pode solucionar a controvérsia. Recorde-se: “Sendo o Juiz o destinatário da prova, somente a ele cumpre aferir sobre a necessidade ou não de sua realização” (TJSP – Apelação n. 9220708-90.2007.8.26.0000, 2ª Câmara de Direito Privado, j. 31/01/2012, rel. Desembargador NEVES AMORIM).

Procede a ação.Cedo frisei que: a) se o segurado opta por médico

estranho aos quadros da seguradora, não pode mais tarde exigir reembolso integral dos honorários pagos; b) cláusula limitadora do reembolso não é, em si mesma, abusiva/nula; c) a alegada inexistência de uropediatra no quadro credenciado era relevante, mas reclamava prova (fls. 59 - indeferimento da tutela antecipada).

Após a contestação, determinei que a Sul América: i) esclarecesse se apenas uropediatra estaria tecnicamente habilitado a realizar cirurgia como aquela; ii) trouxesse qualificações completas (endereços profissionais, inclusive) de três uropediatras “referenciados”; iii) fornecesse qualificações completas (endereços profissionais, inclusive) de três médicos “referenciados” que estariam tecnicamente habilitados a realizar cirurgia como aquela, caso inexistissem uropediatras “referenciados”.

Basta ler a recente petição da seguradora para concluir que ela não atendeu às determinações judiciais (fls. 163/164).

A Sul América não dispõe de uropediatras na rede

"referenciada " (fls. 163 – manifestação dela). Diante disso, deveria fornecer

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qualificações de três médicos "referenciados" que estivessem tecnicamente

habilitados a realizar cirurgia como aquela por que passou a criança.

Na medida em que a ré não tem uropediatra em seus quadros, e não indica profissional médico capaz de conduzir o delicado

procedimento (v. fls. 160), já não se trata de discutir em tese a legitimidade da limitação de reembolso: cuida-se, isto sim, de carrear à ré o custeio de honorários relativos a procedimento para o qual não disponibilizava médico competente!

Repare-se: o comando judicial foi claro (fls. 152, subitem "2.d") e a Sul América passou longe de atendê-lo (fls. 163/164).

Importa nada saber se as despesas hospitalares

foram devidamente custeadas (fls. 163, 1º parágrafo), na medida em que a discussão posta pela mãe de Rodrigo versa honorários médicos.

Pelo exposto, embora não vislumbre nulidade/ abusividade teórica na cláusula que limita o reembolso de honorários médicos, neste caso JULGO PROCEDENTE O PEDIDO DE COBRANÇA e condeno a Sul América ao pagamento de: a) R$ 12.723,68 corrigidos desde o desembolso pela genitora do paciente, com juros de 1% ao mês, contados da citação; b) custas, despesas processuais e honorários advocatícios de 16% do valor global da condenação ora imposta.

Observo desde já que o prazo estabelecido no art. 475-J, caput, do Código de Processo Civil fluirá a partir do trânsito em julgado, independentemente de intimação específica da devedora (STJ - AgRg no Ag. n. 1.265.900/RS, 3ª Turma, j. 20/04/2010, rel. Ministro SIDNEI BENETI). Impago o débito nos 15 dias, Luciana deverá manifestar-se em termos de prosseguimento, trazendo memória de cálculo com multa (10%) e honorários advocatícios relativos à fase de cumprimento da sentença (10%). Sobre o cabimento de honorários

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específicos para a etapa de cumprimento, confira-se: STJ – AgRg nos EDcl nos EDcl no Ag. n. 1.100.244/RJ, 3ª Turma, j. 04/02/2010, rel. Ministra NANCY ANDRIGHI.

P. R. I.

São Paulo, 23 de abril de 2012.

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