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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ
RODRIGO SCHAEFER
PROPOSTA DE AVALIAÇÃO DA COMPETÊNCIA COMUNICATIVA
INTERCULTURAL DE ALUNOS UNIVERSITÁRIOS
Itajaí (SC)
2014
1
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ
Pró-Reitoria de Pesquisa, Pós-Graduação, Extensão e Cultura - ProPPEC
Programa de Pós-Graduação em Educação - PPGE
Curso de Mestrado Acadêmico
RODRIGO SCHAEFER
PROPOSTA DE AVALIAÇÃO DA COMPETÊNCIA COMUNICATIVA
INTERCULTURAL DE ALUNOS UNIVERSITÁRIOS
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação Stricto Sensu em Educação, da
Universidade do Vale do Itajaí, como requisito parcial à
obtenção do grau de Mestre em Educação – área de
concentração: Educação – (Linha de Pesquisa: Práticas
docentes e formação profissional).
Orientador: Prof. Dr. José Marcelo Freitas de Luna
Itajaí (SC)
2014
2
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ
Pró-Reitoria de Pesquisa, Pós-Graduação, Extensão e Cultura - ProPPEC
Programa de Pós-Graduação em Educação - PPGE
Curso de Mestrado Acadêmico
CERTIFICADO DE APROVAÇÃO
RODRIGO SCHAEFER
PROPOSTA DE AVALIAÇÃO DA COMPETÊNCIA COMUNICATIVA
INTERCULTURAL DE ALUNOS UNIVERSITÁRIOS
Dissertação avaliada e aprovada pela Comissão
Examinadora e referendada pelo Colegiado do PPGE
como requisito parcial à obtenção do grau de Mestre
em Educação.
Itajaí (SC), 27 de fevereiro de 2014.
Membros da Comissão:
Orientador: ______________________________________ Prof. Dr. José Marcelo Freitas de Luna
Membro Externo: _______________________________________
Prof.a Dr.
a Maria Inêz Probst Lucena
Membro representante do colegiado: _______________________________________
Prof.a Dr.
a Verônica Gesser
3
Ai, palavras, ai, palavras
que estranha potência, a vossa!
Ai, palavras, ai palavras
sois de vento, ides no vento,
no vento que não retorna,
e, em tão rápida existência,
tudo se forma e transforma.
Sois de vento, ides no vento,
e quedais com sorte nova!
Cecília Meireles
4
AGRADECIMENTOS
A meu pai (in memorian).
A minha mãe, a minha irmã e ao meu cunhado: sem valioso apoio e ajuda eu não poderia ter
realizado mais esta etapa na minha vida.
A Deus, responsável pela minha existência.
A meu professor orientador Dr. José Marcelo Freitas de Luna pelo incentivo, dedicação e
companheirismo.
Ao Programa de Mestrado Acadêmico em Educação, por se mostrar solícito em todos os
momentos.
A meus colegas do Mestrado, em especial Janete Bridon e Elaine C. S. Martins, por nossa
trajetória nos primeiros meses de estudos: os trabalhos intensos em grupo, as risadas, as
brincadeiras, os cafés, os almoços, os desabafos.
A meu colega doutorando Paulo Roberto Sehnem, pela amizade e pelas discussões sobre o
tema da minha (nossa) pesquisa.
A meus amigos de trabalho.
Aos colegas do Grupo de Pesquisa Estudos Linguísticos e Ensino de Línguas.
Às professoras Dr.a Maria Inêz Probst Lucena e Dr.
a Verônica Gesser, pelas contribuições
precisas sobre o assunto da minha pesquisa.
5
RESUMO
A presente dissertação, vinculada ao grupo de pesquisa de Estudos Linguísticos e Ensino de
Línguas e à Linha de Pesquisa de Práticas Docentes e Formação Profissional, teve como
objetivo elaborar uma proposta metodológica para avaliação de competência comunicativa
intercultural de alunos universitários. Para obtenção de fundamentos teóricos, essa pesquisa
apresentou contribuição de autores que discutem assuntos relacionados à interculturalidade e à
avaliação de competência comunicativa intercultural, entre outros: Castle Sinicrope, John
Norris e Yukiko Watanable; Darla K. Deardorff; Alvino E. Fantini; e Michael Byram. Para
coleta de dados aplicamos, com três grupos de sujeitos, quatro instrumentos adaptados do
INCA (projeto de Avaliação de Competência Intercultural). Em seguida procedemos com a
análise dos dados obtidos por meio da aplicação com cada um dos grupos de sujeitos, no
intuito de constatar se os instrumentos referidos são adequados para avaliar as seis dimensões
de competência comunicativa intercultural Descoberta de Conhecimento, Empatia, Tolerância
à Ambiguidade, Respeito ao Outro, Flexibilidade Comportamental e Consciência
Comunicativa e seus respectivos níveis de habilidade: Básico, Intermediário e Pleno. Os
dados mostraram que o instrumento é adequado para avaliar todas as dimensões de
competência comunicativa intercultural, apesar de haver uma menor recorrência das
dimensões Tolerância à Ambiguidade, Respeito ao Outro e Consciência Comunicativa.
Referente aos níveis de habilidades, foi identificado um maior número de recorrência de nível
Pleno. Com base nos dados obtidos prosseguimos com a elaboração da proposta metodológica
de avaliação de competência comunicativa intercultural de alunos universitários, objetivo
dessa investigação.
Palavras-chave: Competência Comunicativa Intercultural. Avaliação de Competência
Comunicativa Intercultural. Instrumentos de Avaliação de Competência Comunicativa
Intercultural.
6
ABSTRACT
This study is linked to the research group Linguistic Studies and Teaching of Languages, and
to the Line of Research Teaching Practices and Professional Training. Its objective was to
design a methodology for assessing the intercultural communicative competence of university
students. In order to obtain a theoretical foundation, this research presented a contribution of
some authors who discuss issues related to interculturality and assessing intercultural
communicative competence. These include, among others: Castle Sinicrope, John Norris and
Yukiko Watanable; Darla K. Deardorff; Alvino E. Fantini; and Michael Byram. For the data
collection, four instruments adapted from INCA (Intercultural Competence Assessment
Project) were applied to three groups of subjects. We then analyzed the data, obtained through
the application of the questionnaire with the three groups of subjects, to ascertain whether
these instruments are appropriate for assessing the six dimensions of intercultural
communicative competence: Discovery of knowledge, Empathy, Tolerance to Ambiguity,
Respect for Others, Behavioral Flexibility, and Communicative Awareness, as well as their
skill levels: Basic, Intermediate and Full. The data showed that the instrument is appropriate
for assessing the six dimensions of intercultural communicative competence, despite the
lower recurrence of the dimensions Tolerance to Ambiguity, Respect for Others, and
Communicative Awareness. Regarding the skill levels, a higher number of recurrences of Full
was identified. Based on the data obtained from the application, we created a methodology for
assessing intercultural communicative competence among university students.
Keywords: Intercultural Communicative Competence. Intercultural Communicative
Competence Assessment. Assessment Tools for Intercultural Communicative Competence.
7
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Dinâmica 2: Desenho Primeiro Grupo..................................................................... 70
Figura 2 - Dinâmica 2: Desenho Grupo 1................................................................................. 81 Figura 3 - Dinâmica 2: Desenho Grupo 2................................................................................. 82
Figura 4 - Dinâmica 2: Desenho Grupo 3................................................................................. 83
Figura 5 - Dinâmica 2: Desenho Grupo 4................................................................................. 84
Figura 6 - Dinâmica 2: Desenho Grupo 1................................................................................. 86
Figura 7 - Dinâmica 2: Desenho Grupo 2................................................................................. 87
Figura 8 - Dinâmica 2: Desenho Grupo 3................................................................................. 88
Figura 9 - Dinâmica 2: Desenho Grupo 4................................................................................ 89
Figura 10 - Dinâmica 2: Desenho Grupo 5............................................................................... 90
Figura 11 - Dinâmica 2: Desenho Terceiro Grupo ................................................................. 101
8
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 – Transcrição em português do vídeo utilizado na atividade do Cenário ................. 55
Quadro 2 - Questões da atividade do Cenário, em português ................................................... 53 Quadro 3 - Instruções da Dinâmica 2 ....................................................................................... 57
Quadro 4 - Roteiro de Observação / Respeito ao Outro ........................................................... 60
Quadro 5 - Roteiro de observação / Tolerância à Ambiguidade .............................................. 60
Quadro 6 - Roteiro de observação / Descoberta de Conhecimento .......................................... 61
Quadro 7 - Roteiro de observação / Empatia ............................................................................ 61
Quadro 8 - Roteiro de observação / Consciência Comunicativa .............................................. 62
Quadro 9 - Roteiro de observação / Flexibilidade Comportamental ........................................ 62
Quadro 10 - Roteiro de observação / Anotações gerais............................................................ 63
Quadro 11 - Questões do Cenário para o Primeiro Grupo ....................................................... 66
Quadro 12 - Identificação das Dimensões de CCI e dos Níveis de Habilidade ....................... 68
Quadro 13 - Roteiro de Aplicação do Segundo Grupo ............................................................. 72
Quadro 14 - Identificação das Dimensões de CCI e dos Níveis de Habilidade do Segundo
Grupo / Cenário ........................................................................................................................ 74
Quadro 15 - Identificação das Dimensões de CCI e dos Níveis de Habilidade do Segundo
Grupo / Dinâmica 1 /Dezesseis Sujeitos..................................................................................78
Quadro 16 - Identificação das Dimensões de CCI e dos Níveis de Habilidade do Segundo
Grupo / Dinâmica 1 / Vinte Sujeitos ........................................................................................ 78
Quadro 17 - Identificação das Dimensões de CCI e dos Níveis de Habilidade do Segundo
Grupo / Dinâmica 2/ Grupo 1 ................................................................................................... 82
Quadro 18 - Identificação das Dimensões de CCI e dos Níveis de Habilidade do Segundo
Grupo / Dinâmica 2 / Grupo 2 .................................................................................................. 83
Quadro 19 - Identificação das Dimensões de CCI e dos Níveis de Habilidade do Segundo
Grupo / Dinâmica 2 / Grupo 3 .................................................................................................. 84
9
Quadro 20 - Identificação das Dimensões de CCI e dos Níveis de Habilidade do Segundo
Grupo / Dinâmica 2 / Grupo 4 .................................................................................................. 85
Quadro 21 - Identificação das Dimensões de CCI e dos Níveis de Habilidade do Segundo
Grupo / Dinâmica 2 / Grupo 1 .................................................................................................. 85
Quadro 22 - Identificação das Dimensões de CCI e dos Níveis de Habilidade do Segundo
Grupo / Dinâmica 2 / Grupo 2 .................................................................................................. 86
Quadro 23 - Identificação das Dimensões de CCI e dos Níveis de Habilidade do Segundo
Grupo / Dinâmica 2 / Grupo 3 .................................................................................................. 87
Quadro 24 - Identificação das Dimensões de CCI e dos Níveis de Habilidade do Segundo
Grupo / Dinâmica 2 / Grupo 4 .................................................................................................. 88
Quadro 25 - Identificação das Dimensões de CCI e dos Níveis de Habilidade do Segundo
Grupo / Dinâmica 2 / Grupo 5 .................................................................................................. 89
Quadro 26 -Identificação das Dimensões de CCI e dos Níveis de Habilidade do Segundo
Grupo / Autoavaliação / Dezesseis Sujeitos ............................................................................. 91
Quadro 27 - Identificação das Dimensões de CCI e dos Níveis de Habilidade do Segundo
Grupo / Autoavaliação / Vinte Sujeitos .................................................................................... 92
Quadro 28 - Roteiro de Aplicação do Terceiro Grupo ............................................................. 94
Quadro 29 - Identificação das Dimensões de CCI e dos Níveis de Habilidade do Terceiro
Grupo / Cenário ........................................................................................................................ 96
Quadro 30 - Identificação das Dimensões de CCI e dos Níveis de Habilidade do Terceiro
Grupo / Dinâmica 1 .................................................................................................................. 99 Quadro 31 - Identificação das Dimensões de CCI e dos Níveis de Habilidade do Terceiro
Grupo / Dinâmica 2 ................................................................................................................ 102
Quadro 32 - Identificação das Dimensões de CCI e dos Níveis de Habilidade do Terceiro
Grupo / Autoavaliação ............................................................................................................ 103
Quadro 33 - Recorrência das Dimensões de CCI e dos Níveis de Habilidade do Primeiro
Grupo + Segundo Grupo + Terceiro Grupo – Cenário / Dinâmica 1 / Dinâmica 2 /
Autoavaliação ......................................................................................................................... 104
Quadro 34 - Avaliação de CCI do Número 1 - Grupo 1 dia 26-10-13 ................................... 128
Quadro 35 - Recorrência de CCI número 1 ............................................................................ 129
10
LISTA DE ABREVIATURAS
CC Competência Comunicativa
CCI Competência Comunicativa Intercultural
INCA Intercultural Competence Assessment Project
QECR Quadro Europeu Comum de Referências para Línguas
11
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 14
2 REFERENCIAL TEÓRICO .............................................................................................. 20 2.1 SOBRE INTERNACIONALIZAÇÃO .............................................................................. 20
2.2 SOBRE INTERCULTURALIDADE E ENSINO DE LÍNGUAS ..................................... 21
2.3 SOBRE COMPETÊNCIA COMUNICATIVA ................................................................. 27
2.4 SOBRE COMPETÊNCIA COMUNICATIVA INTERCULTURAL ............................... 29
2.4.1 Principais abordagens de competência intercultural ....................................................... 33
2.5 SOBRE AVALIAÇÃO DE COMPETÊNCIA INTERCULTURAL ................................. 37
2.5.1 Modelos Indiretos de Instrumentos de Avaliação ........................................................... 38
2.5.2 Modelos Diretos de Instrumentos de Avaliação .............................................................. 43
2.5.3 Ferramentas de avaliações combinadas ........................................................................... 44 3 METODOLOGIA DA PESQUISA .................................................................................... 46
3.1 CONSIDERAÇÕES SOBRE O EMPREGO DOS INSTRUMENTOS AVALIADOS .... 48
3.1.1 Roteiro de Observação .................................................................................................... 58
4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS DADOS RESULTANTES DA APLICAÇÃO
DOS INSTRUMENTOS AVALIADOS ............................................................................... 64
4.1 PRIMEIRO GRUPO .......................................................................................................... 65
4.1.1 Apresentação ................................................................................................................... 65
4.1.2 Cenário - sujeitos ............................................................................................................. 65
4.1.2.1 IDENTIFICAÇÃO DAS DIMENSÕES DE CCI E DOS NÍVEIS DE HABILIDADE ....................... 67
4.1.3 Dinâmica 1 – Apresentação ............................................................................................. 68
4.1.3.1 DINÂMICA 1 – SUJEITOS................................................................................................. 69
4.1.4 Dinâmica 2 – Sujeitos ...................................................................................................... 69
12
4.1.5 Considerações do Primeiro Grupo ................................................................................... 70
4.2 SEGUNDO GRUPO .......................................................................................................... 71
4.2.1 Apresentação ................................................................................................................... 71 4.2.2 Cenário ............................................................................................................................ 73
4.2.2.1 RELATO ......................................................................................................................... 73
4.2.2.2 IDENTIFICAÇÃO DAS DIMENSÕES DE CCI E DOS NÍVEIS DE HABILIDADE ....................... 73
4.2.3 Dinâmica 1 ....................................................................................................................... 75
4.2.3.1 RELATO ......................................................................................................................... 75
4.2.3.2 IDENTIFICAÇÃO DAS DIMENSÕES DE CCI E DOS NÍVEIS DE HABILIDADE ....................... 77
4.2.4 Dinâmica 2 ....................................................................................................................... 78
4.2.4.1 RELATO ......................................................................................................................... 78
4.2.4.2 IDENTIFICAÇÃO DAS DIMENSÕES DE CCI E DOS NÍVEIS DE HABILIDADE ....................... 80 4.2.5 Autoavaliação .................................................................................................................. 90
4.2.5.1 RELATO ......................................................................................................................... 90
4.2.5.2 IDENTIFICAÇÃO DAS DIMENSÕES DE CCI E DOS NÍVEIS DE HABILIDADE ....................... 91
4.2.6 Considerações do Segundo Grupo ................................................................................... 92
4.3 TERCEIRO GRUPO .......................................................................................................... 93
4.3.1 Apresentação ................................................................................................................... 93
4.3.2 Cenário ............................................................................................................................ 95
4.3.2.1 RELATO ......................................................................................................................... 95
4.3.2.2 IDENTIFICAÇÃO DAS DIMENSÕES DE CCI E DOS NÍVEIS DE HABILIDADE ....................... 95 4.3.3 Dinâmica 1 ....................................................................................................................... 96
4.3.3.1 RELATO ......................................................................................................................... 96
4.3.3.2 IDENTIFICAÇÃO DAS DIMENSÕES DE CCI E DOS NÍVEIS DE HABILIDADE ....................... 98
4.3.4 Dinâmica 2 ....................................................................................................................... 99
13
4.3.4.1 RELATO ......................................................................................................................... 99
4.3.4.2 IDENTIFICAÇÃO DAS DIMENSÕES DE CCI E DOS NÍVEIS DE HABILIDADE ..................... 101
4.3.5 Autoavaliação ................................................................................................................ 102 4.3.5.1 RELATO ....................................................................................................................... 102
4.3.5.2 IDENTIFICAÇÃO DAS DIMENSÕES DE CCI E DOS NÍVEIS DE HABILIDADE ..................... 103
4.3.6 Considerações do Terceiro Grupo ................................................................................. 103
4.4 AVALIAÇÃO DE CCI ENCONTRADA POR CADA INSTRUMENTO ..................... 104
4.4.1 Cenário .......................................................................................................................... 105
4.4.2 Dinâmica 1 ..................................................................................................................... 106
4.4.3 Dinâmica 2 ..................................................................................................................... 108
4.4.4 Autoavaliação ................................................................................................................ 110
4.5 AVALIAÇÃO DE CCI ENCONTRADA PELOS QUATRO INSTRUMENTOS ......... 111
5 PROPOSTA METODOLÓGICA PARA AVALIAÇÃO DE COMPETÊNCIA
COMUNICATIVA INTERCULTURAL DE ALUNOS UNIVERSITÁRIOS ............... 114
5.1 SOBRE A COMPOSIÇÃO DA PROPOSTA EM QUATRO INSTRUMENTOS ......... 114
5.2 SOBRE A UTILIZAÇÃO DO ROTEIRO DE OBSERVAÇÃO ..................................... 115
5.3 CENÁRIOS ...................................................................................................................... 116
5.4 DINÂMICAS ................................................................................................................... 119
5.5 AUTOAVALIAÇÃO ....................................................................................................... 124
5.6 ALGUMAS SUGESTÕES COMPLEMENTARES SOBRE A PROPOSTA ................. 126
5.7 APLICAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO .................................................................... 127
6 CONSIDERAÇÕES ACERCA DO DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA ........... 130
REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 133
APÊNDICES ......................................................................................................................... 136
14
1 INTRODUÇÃO
A literatura em geral aponta para o fato de que o limite entre as nações foi
significativamente diminuído (DEARDORFF, 2009). Em grande parte, esse fenômeno se dá
por uma interação entre pessoas, quase que constantemente, por meios de comunicação como,
somente para citar dois exemplos, telefone e Internet. Para confirmar essa assertiva, Deardorff
diz que:
No mundo de hoje, as tendências da globalização e das novas tecnologias têm tido
efeitos dramáticos nas pessoas ao redor do mundo. Mais pessoas do que nunca antes
na história do mundo agora têm contato direto e indireto com outros, e de maneira
crescente, este contato inclui pessoas de diversas línguas e origens culturais. Este
fenômeno tem produzido novas oportunidades de comunicação entre todos os
envolvidos como novos desafios significantes também. (DEARDORFF, 2009, p.
456, tradução nossa).
Em que pese a importância dos recursos referidos para as sociedades do presente, há
que se afirmar que não basta deter conhecimentos da língua materna e de línguas estrangeiras
para se comunicar eficazmente com o Outro. Ademais do conhecimento de uma língua,
reconhecer o modo pelo qual as pessoas se comportam, seus desejos e necessidades, e
demonstrar respeito àquele que é diferente linguística e culturalmente assume um aspecto
complementarmente relevante.
Considerando essa realidade, Deardorff (2009) assinala que na atualidade as pessoas
estão percebendo que precisam desenvolver outras habilidades para se relacionar com pessoas
de outras culturas, isto é, outros comportamentos e estilos que vão além dos nativos. Além
disso, Deardorff (2009) ressalta a noção de que a aceitação, nas diversas formas de interações,
não acontece tão somente na visão de um sujeito em particular, mas, principalmente, na
perspectiva do Outro, ou seja, na expectativa do interlocutor.
Se pensarmos em relação ao sentido da palavra globalização, qual seja, como um
processo de conexão econômico, social e cultural entre as nações e países, podemos pensar
que este é um termo relativamente atual. No entanto, se verificarmos na história dos países,
constataremos que os povos da mesma forma se comunicavam uns com os outros, no que se
refere, só para citar, à troca de mercadorias, comercialização e colonização, isto é, povos
estrangeiros que no decorrer da história exploraram outros territórios e povos. Assim, a
interação e diálogo entre os países sempre existiram, porém não com tanta intensidade como
15
nos dias atuais, especialmente devido ao desenvolvimento dos meios de comunicação e de
transporte. Esse fato leva a crer que, atualmente, o processo de integração entre os países
ocorre de forma mais frequente e constante do que ao longo de toda a história. Dessa
constatação, sustentada por Deardorff (2009), emerge a necessidade de os sujeitos serem
competentes interculturalmente, na intenção de promover o respeito e tolerância em relação
ao Outro e possuírem atitudes, conhecimentos e habilidades para a promoção do entendimento
de contextos culturais distintos.
Levar em consideração que pessoas provenientes de outras culturas apresentam
comportamentos, visões de mundo, crenças e valores distintos pode ser a chave do sucesso
para a interação intercultural (DEARDORFF, 2009). Isso nos conduz à constatação de que o
modo como pensamos e agimos com o Outro influencia preponderantemente no processo de
comunicação, por exemplo, nas relações interpessoais, nos programas de mobilidade
estudantil internacional, no mundo dos negócios, entre outras possibilidades.
Dado o que vimos até aqui, e por outras razões que serão apresentadas a seguir, optei
por algo relacionado ao tema interculturalidade como objeto de estudo no mestrado. Mas por
que escolhi interculturalidade? Muito tem a ver com minha formação e parte com os estudos
no primeiro ano do Grupo de Pesquisa. Explico-me nos próximos parágrafos.
Em 2007 me formei em Letras – Português / Inglês. Em 2009 terminei uma
complementação em Letras – Espanhol. Em 2011 fiz uma especialização lato-sensu em
Interdisciplinaridade na Prática Pedagógica. Em 2013 terminei outra especialização latu-
sensu: Tradução em Língua Espanhola. Professor de espanhol, português e Inglês desde 2007,
sempre me fascinei pelo estudo e ensino de línguas. No que se refere à aprendizagem de
línguas, insiro-me no grupo dos indivíduos integracionistas, ou seja, aqueles que aprendem
uma determinada língua motivados pelo entusiasmo e apreciação da cultura dos povos e dos
aspectos linguísticos e extralinguísticos culturais. Apesar de ter iniciado os estudos de inglês
em 2003 devido a razões aparentemente instrumentalistas, qual seja, aprender a falar a língua
para fazer faculdade de Letras e um dia poder dar aulas de inglês, um desejo gradativo, porém
paulatino, de conhecer mais a respeito da cultura, do funcionamento da língua e de sua dita
importância na comunicação, isto é, na informática, viagens, internacionalização dos
mercados, entre outros, levou-me ao desejo de conhecer outros idiomas, além dos
mencionados, italiano e francês. Atuo também como tradutor de textos em espanhol, inglês,
francês e português.
16
Diante do que foi exposto no primeiro parágrafo e de minha experiência na área de
línguas, somando as motivações advindas dos estudos sobre interculturalidade no Grupo de
Pesquisa Estudos Linguísticos e Ensinos de Línguas, optei por desenvolver uma pesquisa que
tratasse sobre interculturalidade. Realmente esta temática despertou meu interesse. Descrevo
posteriormente, a título de ilustração, a seguinte situação:
Supomos que uma brasileira visite um estabelecimento num país estrangeiro.
Cuidemos que haja duas pessoas, um homem nativo do país e a referida brasileira, à porta de
um estabelecimento, aguardando para que se abra. Quando finalmente é escancarada, o
homem mal espera para adentrar, e a mulher, entra em seguida. A estrangeira se frustra
porque pensava que o homem fosse “gentil” e “educado”, visto que no seu país de origem os
homens costumam dar lugar de passagem primeiramente às mulheres. Ela se surpreende ao
pensar que o comportamento daquele homem é “estranho”, e não obtém sucesso ao intentar
compreender o que de fato aconteceu: e se ele por ventura estivesse num momento de cólera?
A mulher, quiçá, encare o ocorrido como uma ofensa inaceitável, por mais que tenha
estudado a língua daquele país estrangeiro e aprendido um pouco sobre seus respectivos
aspectos culturais típicos e costumeiros. O homem, pelo contrário, nem ao menos intuiu o
descontentamento da estrangeira entristecida. Mal sabe ela que no país em que está algumas
de suas convenções culturais são distintas das da dela, isto é, à entrada são os homens que
entram por primeiro, e, no entanto, à saída são as mulheres. Considerando o relato hipotético
acima: por que a mulher se ofendeu diante da situação? Ela poderia tê-la vivenciado de modo
não tão apreensivo, isto é, mais compreensível?
O homem, ao perceber a frustração da mulher, poderia ter se aproximado dela e
explicado a particularidade daquele evento, diminuindo, talvez, a ansiedade dela, uma vez que
o sucesso nas relações com pessoas de outras bases culturais envolve um processo de
adaptação do sujeito a contextos culturais distintos do seu próprio, conforme Bennett:
O segredo para o desenvolvimento da sensitividade e das habilidades necessárias
para a comunicação internacional reside primeiramente na visão (ou percepção) que
cada pessoa possui quando inserida num contexto cultural diferente do seu.
(BENNETT, 1986, p. 1, tradução nossa).
A propósito do comportamento da mulher, poderíamos dizer que ela demonstrou
uma atitude firmemente ancorada em valores e culturas de seu país de origem (BYRAM,
1992). Neste caso, a estrangeira obteve, ao estudar a língua e representações culturais daquele
17
país estrangeiro, competência relativamente à língua, mas dissociada da competência
comunicativa intercultural.
A incorporação da internacionalização da educação superior obtém força expressiva
em meados da década de 1990, sobretudo com a popularização da Internet e do fenômeno da
globalização na comunicação entre povos e nações. Para tanto, na atualidade, não podemos
negar a relevância que algumas universidades, como a UNIVALI (Universidade do Vale de
Itajaí), FURB (Universidade Regional de Blumenau) e a UNIVILLE (Universidade da Região
de Joinville), entre outras, adquirem por se caracterizarem, dentre outras funções, como
facilitadoras de interação entre culturas distintas. Esta atribuição se materializa por intermédio
dos programas de mobilidade estudantil e das pesquisas, igualmente de natureza
internacionalizadas. Para isso, a incorporação da internacionalização da educação superior se
faz presente em algumas universidade brasileiras, como as citadas.
Antes de tomar a decisão de pesquisar interculturalidade, havia pensado em outras
duas intenções de pesquisas. A primeira versava sobre o fenômeno da interlíngua, isto é, os
aspectos gramaticais e fonológicos de uma determinada língua refletidos na produção de um
aprendiz de uma língua estrangeira, durante o processo de aquisição. Meu objetivo era o de
analisar a fundo dois aspectos gramaticais em particular praticados por aprendizes de língua
estrangeira tanto de espanhol quanto de inglês. Aliás, foi com esse projeto por meio do qual
fui selecionado para realizar o mestrado. No entanto, conforme as aulas do Grupo de Pesquisa
iam acontecendo, percebi que outra inquietação emergia: o processo tradutório no ensino de
língua estrangeira. Em determinado momento havia-me declarado resoluto: este seria o objeto
meu de estudo, por mais que não houvesse descrito um objetivo e nem pensado em uma
problemática em específico até então. Mas o tema interculturalidade é o que mais me atraiu
no final, e por ser um assunto que se faz necessário presentemente e por demandar pesquisas
as quais contribuam para essa área relativamente jovem, incipiente em alguns aspectos, como
veremos mais adiante.
Outra explicação que me motivou a pesquisar sobre interculturalidade diz respeito às
seguintes indagações: é possível desenvolver um instrumento de avaliação de competência
intercultural de alunos universitários? Quais dimensões poderiam ser utilizadas para a
avaliação de competência comunicativa intercultural?
18
Este trabalho tem por objetivo elaborar uma proposta metodológica para avaliação da
competência comunicativa intercultural de alunos universitários. Para respectiva consecução,
temos os seguintes objetivos específicos:
conhecer as dimensões e as escalas de avaliação de competência intercultural;
empregar as dimensões Respeito ao Outro / Tolerância à Ambiguidade –
Abertura; Descoberta de Conhecimento / Empatia – Conhecimento; Consciência
Comunicativa / Flexibilidade Comportamental – Adaptabilidade - e
correspondentes escalas de avaliação;
discutir as dimensões e as escalas de avaliação.
No entanto, não pretendemos que nosso instrumento se limite somente a alunos
universitários, apesar de estarmos elaborando uma proposta metodológica de competência
comunicativa intercultural aplicável a eles. Queremos dizer que objetivamos que nosso
instrumento seja utilizado por instituições diversas e para outros grupos de sujeitos. Ou seja,
nosso instrumento poderá transcender o espaço acadêmico universitário, sendo possível sua
utilização em instituições, países e com sujeitos diversos.
Para a elaboração de um instrumento de avaliação de competência intercultural,
estudamos diversos autores especialistas em interculturalidade, inclusive a respeito daqueles
que discutem sobre a avaliação de CCI, em contextos diversos. Com este exercício,
percebemos a inexistência de um instrumento de avaliação de CCI voltado para alunos
universitários, que fosse testado e apoiado na literatura já existente sobre essa área.
De início, o objetivo inicial era de avaliar a competência intercultural de alunos
participantes de programas de mobilidade universitária internacional. Sendo assim, nosso
trabalho objetivava verificar se os alunos participantes de programas de mobilidade
desenvolvem a competência intercultural. Após calorosas discussões que aconteceram entre
orientador e orientando - por e-mail e nos momentos de orientação - e também nas aulas do
grupo de pesquisa de Estudos Linguísticos e Ensino de Línguas, do Programa de Mestrado em
Educação da Univali, discussões referentes a metodologias e pressupostos teóricos sobre
avaliação de competência intercultural, percebemos que nosso objetivo deveria ser outro. Por
isso, modificamo-lo para, conforme já mencionado, elaborar uma proposta metodológica para
avaliação da competência comunicativa intercultural de alunos universitários. Assim,
19
consideramos a tese de que o instrumento de avaliação de competência comunicativa
intercultural que propomos é adequado para avaliação da competência intercultural de alunos
universitários.
Para fins de delimitação do objeto, este trabalho tem como recorte alunos
universitários. Elegemos alunos universitários em razão de que pretendemos comprovar se o
objetivo desse estudo, mencionado anteriormente, é adequado para avaliar a competência
comunicativa intercultural desses sujeitos. Outrossim, com frequência, em algumas
universidades brasileiras, um número considerável de alunos universitários participam de
programas de mobilidade estudantil ou recebem alunos estrangeiros participantes de
disciplinas internacionais. Disso advém a relação direta com o tema interculturalidade e com
o nosso objetivo. Da mesma forma, o pesquisador demonstra preferência em lidar com o
público jovem-adulto ou adulto.
Este trabalho está dividido em seis capítulos. O primeiro trata sobre as considerações
iniciais, descrevendo, entre outros pontos, os objetivos dessa investigação. O segundo
discorre sobre a fundamentação teórica necessária à compreensão da avaliação de
competência comunicativa intercultural e à execução dos objetivos. O terceiro, por sua vez,
apresenta a metodologia: os sujeitos, os instrumentos, as atividades propriamente ditas. No
quarto apresentamos e discutimos os dados obtidos com três grupos de pesquisas. Ainda nesse
capítulo, analisamos a CCI dos sujeitos obtida pelos quatro instrumentos. O quinto capítulo
apresenta a elaboração de uma metodologia de avaliação de CCI de alunos universitários,
objetivo dessa pesquisa. Por fim, o último capítulo aporta algumas considerações relativas ao
desenvolvimento da presente investigação.
20
2 REFERENCIAL TEÓRICO
Para consecução dos objetivos, realizamos uma revisão referente à literatura
associada ao objeto dessa investigação, a saber: internacionalização, interculturalidade e
ensino de línguas, competência comunicativa, competência comunicativa intercultural, e, por
fim, avaliação de competência comunicativa intercultural.
2.1 SOBRE INTERNACIONALIZAÇÃO
A história sobre o surgimento da universidade está fortemente relacionada com as
atividades eclesiásticas, quando se delegava aos professores e aos sacerdotes o ensino da
Doutrina que outrora era realizado pela hierarquia da Igreja. Nesse contexto aparece também
o interesse em formar jovens para áreas ditas clássicas como o Direito, a Medicina, a Arte e a
Filosofia.
A palavra “universidade” derivou de universitas, que se caracterizava por apresentar
um aspecto assaz holístico da realidade. Precisamente pelo fato de a universidade revelar-se
dentro de uma visão de grupo ou de união, há de se considerar oportuno o conjunto de
conhecimentos, atitudes e habilidades que os alunos da Educação Superior precisam ter
atualmente, num mundo determinado por relações políticas e sociais. Luna (2012) concebe
que, para essa dimensão internacional, é necessária a compreensão intercultural e linguística,
favorecendo a integração e fortalecimento das capacidades nacionais e regionais. Esse aspecto
permite inferir que o mercado de trabalho exige profissionais que tenham conhecimento de
línguas, que demonstrem conhecimento geral de mundo e que sejam preparados para se
comunicar com culturas diferentes. A despeito dessa natureza universitas da universidade, as
instituições do ensino superior deparam com aspectos limitadores da viabilização da
internacionalização de seus currículos, como, por exemplo, professores que ministram
disciplinas internacionalizadas sem, no entanto, a devida formação para exercer essa função.
Muito relacionado com a origem da palavra universidade, está o conceito de
internacionalização, definido pelos autores Marginson e Rhoades (2002) como o
desenvolvimento do aumento de sistemas educacionais integrados e às relações universitárias
além dos limites da nação. Com base nessa assertiva, entendemos que a internacionalização se
estabelece com a participação integracionista entre as universidades, docentes e educandos, ou
21
seja, constituída por uma perspectiva internacional e multicultural, tanto para alunos
estrangeiros quanto para nativos.
Em se tratando de internacionalização, programas como o Ciências Sem Fronteiras e
o Erasmus têm demonstrado considerável apoio. O Ciências Sem Fronteiras (CsF)1, criado
pela Presidência da República do Brasil, e fomentado pelos Ministérios da Ciência,
Tecnologia e Inovação (MCTI) e do Ministério da Educação (MEC), e pelas instituições
CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e CAPES
(Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), possibilita que alunos
brasileiros estudem em instituições de educação e tecnológicas de diversas localidades do
mundo. O objetivo do programa é de possibilitar a qualificação e capacitação nas áreas das
ciências e tecnologias. Já o Erasmus, um dos programas de mobilidade de estudantes
universitários mais utilizados no mundo inteiro, tem mais de 25 anos de existência. Dentre
outros objetivos, o programa pretende: a) Apoiar a criação de um Espaço Europeu do Ensino
Superior; e, b) Reforçar o contributo do ensino superior e do ensino profissional avançado
para o processo de inovação. (PARLAMENTO EUROPEU; CONSELHO DA UNIÃO
EUROPEIA, 2006). O Erasmus compreende graus de estudos desde a graduação ao pós-
doutoramento, assim como praticamente todas as áreas do conhecimento.
Nessa seção, discutimos brevemente sobre a história do surgimento da universidade e
de seu processo de internacionalização, assim como dois dos programas que fomentam, na
atualidade, a mobilidade internacional. Posteriormente estudaremos a literatura referente ao
ensino de língua estrangeira aliado a uma perspectiva intercultural, visto que essa relação
pode contribuir para o processo de internacionalização e, logo, ao desenvolvimento da CCI.
2.2 SOBRE INTERCULTURALIDADE E ENSINO DE LÍNGUAS
Por vezes, o processo de ensino de língua estrangeira se atém de maneira especial a
apresentar para os alunos conhecimentos referentes a características formais da língua alvo,
tais como: utilização preponderante da gramática, memorização de vocabulário, regras
particulares da língua, entre outros. Aspectos concernentes à cultura do idioma estrangeiro,
1 Informações sobre o Programa Ciência Sem Fronteiras podem ser encontradas no seguinte endereço:
<http://www.cienciasemfronteiras.gov.br/web/csf>. Acesso em: 4 nov. 2013.
22
que levem os alunos à reflexão e ao diálogo com seus pares acerca das manifestações culturais
da língua alvo, nem sempre estão previstos em instituições de ensino de língua estrangeira.
Sobre essa questão, Hanna (2013, p. 2) afirma que “ao mover-se de uma cultura para outra o
aprendiz de línguas se transforma num “aprendiz intercultural”, e, como tal, necessitará de
uma abordagem intercultural em seu aprendizado”.
O fato de que nem sempre as aulas de língua estrangeira contemplam conteúdos
socioculturais relativos aos falantes nativos pode dificultar o entendimento mútuo entre os
falantes da língua nativa e a estrangeira. Do mesmo modo, a inobservância quanto a
elementos interculturais pode inviabilizar a autovalorização das culturas em questão.
Deardorff explica que “conhecimento por si só não é suficiente (DEARDORFF, 2009, p. XIII,
tradução nossa). Além do mais, a linguagem por si só pode ser necessária, mas não suficiente
para a competência intercultural”. Do mesmo modo, de acordo com Deardorff:
[...] a língua por si só não faz ninguém competente interculturamente” e “língua,
comportamentos e estratégias internacionais – juntos formam atos de fala na
negociação intercultural, e da mesma forma acontece na cultura nativa, e todos os
três são necessários para a comunicação intercultural. (DEARDORFF, 2009, p. XIII,
tradução nossa).
Para Walesco (2006) o domínio de línguas estrangeiras facilita a integração dos
indivíduos nesse novo “mundo sem fronteiras” e oportuno para o desenvolvimento de uma
postura crítica em relação à cultura materna. Essa afirmativa permite inferir que o sujeito que
conhece outras culturas e línguas é capaz de não somente compreender a cultura “do outro”,
mas de entender e refletir sobre características culturais que estão intrinsicamente
relacionadas à sua própria cultura. A esse propósito, qual seja, da aquisição de língua
estrangeira calcada numa perspectiva intercultural, vale ressaltar que:
[...] o indivíduo não está simplesmente colocando novos rótulos em velhos
conceitos, mas está promovendo a construção de uma competência comunicativa e a
transformação de si próprio no alargamento de seus horizontes culturais,
reinventando-se a partir da posição que ocupa em cada contexto cultural,
discernindo o que representa a sua própria cultura e o que representa a cultura do
outro. (REIS; BROCK, 2010, p. 75).
Vimos descritos nessa sessão aspectos referentes à interculturalidade inserida no
processo de ensino de língua estrangeira. Dado que, para Hanna (2013, p. 1), “[...] a base do
entendimento intercultural envolve o reconhecimento das similitudes e das dessemelhanças
23
entre duas ou mais culturas”, aspectos concernentes à cultura do idioma estrangeiro e
informações sobre o modo de vida das pessoas que, conforme já vimos, levem os alunos à
reflexão e ao diálogo entre pessoas de bases culturais distintas não são, muitas vezes, levados
em consideração nas aulas de língua estrangeira.
Cabe-nos agora apresentar um pouco sobre a história do ensino de língua estrangeira,
principalmente no tocante aos anos de 1960 em diante. Essa revisão adquire relevância em
razão de que os estudos interculturais no processo de língua estrangeira são, em parte,
decorrentes dos estudos relativos à interculturalidade que emergem, maiormente, com a
aproximação recente entre as diversas culturas do mundo, conforme veremos.
Anteriormente à década de 1960, o ensino de língua estrangeira se atinha,
maiormente, em exercitar o intelecto dos alunos, apoiando-se em exercícios de gramática e de
tradução (BROWN, 2000). Isto posto, exercícios de traduções da língua alvo para a língua
materna dos educandos e vice-versa e estudos gramaticais relativos ao funcionamento da
língua, por exemplo, recorrentemente faziam parte das atividades de ensino da referida época.
Já no período da Segunda Guerra Mundial os Estados Unidos tinham interesse em ensinar
outras línguas para seus soldados, no intuito de que agissem nas batalhas.
Em meados do século XX, a abordagem sobre ensino de língua predominante era a
corrente estruturalista, que tinha por representantes teóricos principais Saussure e,
posteriormente, Chomsky. O método estruturalista se apoiava sobremaneira na forma de
expressão e na forma de conteúdo da língua. Em outras palavras, o interesse reside
particularmente nas regras gramaticais da língua, e não em tão alto grau na comunicação
propriamente dita. Como estratégias de aquisição de língua estrangeira, o estruturalismo conta
com, por exemplo: exercícios de automatização, de repetição, estratégias de memorização da
organização das palavras em uma frase específica, entre outros.
A partir da década de 1970, a abordagem estruturalista entra em questionamento,
visto que ela não atendia mais às mudanças da nova sociedade que aparecia nos anos 1960, ou
seja, à nova atitude comportamental das pessoas e ao desenvolvimento da ciência desse
período (SILVA, 2011). Por essa razão, outra abordagem vem a ser estudada: a competência
comunicativa, pois agora a atenção recai sobre a comunicação, à capacidade de se ser
compreendido e de fazer compreender, interpretar e trocar significados adequadamente. Com
o advento da abordagem comunicativa, o ensino está intimamente relacionado ao significado,
ao aprendiz e ao contexto linguístico-cultural da língua alvo.
24
Posteriormente, na década de 1990 em diante, o avanço das novas tecnologias de
informação favorece a comunicação entre as pessoas de modo muito mais frequente e não
precisa existir, necessariamente, presença física num mesmo espaço. Para Longaray (2009),
essa década é marcada pela “insubordinação das relações sociais aos limites geográficos”.
Vale ressaltar também que, doravante, as culturas encontram-se em corrente inter-
relacionamento, sendo possível a ocorrência de incompreensão comunicativa entre elas.
Diante desse quadro, os estudos advindos da Competência Comunicativa Intercultural passam
a explicar essa nova dinâmica da sociedade.
A abordagem intercultural torna exequível o prosseguimento da perspectiva pós-
estruturalista dos anos de 1970 em diante. Seus objetivos “visam à aprendizagem sobre
cultura, à comparação entre culturas e à exploração do significado de cultura” (REIS;
BROCK, 2010, p. 77). Logo, podemos inferir que para o sujeito obter a competência
comunicativa intercultural é indispensável compreender a cultura do outro, para então
compreender melhor a sua.
Genc e Bada (2005) asseguram que, para os alunos de língua estrangeira, o ensino
tende a não imprimir sentido se eles não conhecerem nada a respeito das pessoas que falam a
língua alvo ou do país no qual a língua é falada. E acrescenta que “adquirir uma nova língua
significa muito mais do que a manipulação da sintaxe e do léxico” (GENC; BADA, 2005, p.
73, tradução nossa). Seguindo essa linha de raciocínio, o ensino de línguas deveria não tão
somente propor momentos de estudos formais da língua, como já o faz, porém aliar a aspectos
interculturais, no intuito de assimilar a competência comunicativa a qual vimos discutindo.
Ao nos referirmos à interculturalidade, há de se considerar a definição de cultura
para, em seguida, definir transculturalismo e multiculturalismo, chegando então a uma
definição apropriada de interculturalismo. Para Deardorff (2009), cultura se refere a atitudes,
valores, crenças, rituais/costumes, e modelos de comportamento com os quais as pessoas
estão expostas desde o nascimento, e são transmitidas às outras gerações e mantidas por elas.
Para Reis e Brock (2010), a cultura favorece a sensação de segurança e identidade às pessoas,
fazendo, assim, parte de um conjunto mais amplo. Transculturalismo, por sua vez, tem
relação direta às manifestações culturais coincidentes nas diferentes línguas e países. Já
multiculturalismo se refere ao conhecimento de outras culturas para que o sujeito aprecie
também a cultura da língua alvo, ampliando seu leque de conhecimento de ambas as culturas,
25
isto é, de sua língua materna e a da língua estrangeira. Por fim, interculturalismo denota o
seguinte:
[...] adotar a perspectiva do intercultural como processo de diálogo, comunicação
entre pessoas ou grupos pertencentes a culturas diferentes que promove a integração
e o respeito à diversidade e permite ao educando encontrar-se com a cultura do outro
sem deixar de lado a sua própria. (WALESKO, 2006, p. 28.)
Por isso, discutir questões concernentes à interculturalidade não significa meramente
a exposição dos alunos a informações de assuntos a propósito de um conteúdo cultural. Mais
do que isso, trabalhar com interculturalidade implica favorecer o diálogo entre os sujeitos
envolvidos, aceitando o “diferente”. A esse respeito, Deardorff (2009, p. XIII) diz que na
educação o interesse principal reside no conhecimento de história, língua e literatura, por
exemplo, os chamados produtos de uma cultura, ou cultura objetiva. Segundo o autor, esses
produtos culturais fazem parte de um valioso instrumento para transmitir aspectos culturais de
uma determinada cultura. No entanto, para se tornar um sujeito interculturalmente
competente, de acordo com Deardorff (2009), é preciso adotar uma “cultura subjetiva”, no
intuito de estimular nos sujeitos fundamentos, habilidades e conhecimentos no tocante à
competência intercultural. O autor acrescenta: “construir relacionamento autêntico, portanto, é
a chave nesse processo de aprendizagem cultural – observando, ouvindo, e pedindo àqueles
que são de procedência diferente para ensinar, dividir, para iniciar um diálogo juntos, sobre
necessidades e questões relevantes” (DEARDORFF, 2009, p. XIII, tradução nossa).
É valido declarar que o indivíduo não se distancia da sua própria cultura ao deparar
com elementos culturais da estrangeira. Pelo contrário, esse processo permite que se reflitam
questões culturais inerentes as duas em foco, promovendo “uma maior consciência de sua
própria identidade e um maior respeito à identidade do outro” (REIS; BROCK, 2006, p. 78).
A propósito do tema interculturalidade, é relevante descrever sobre a contribuição
que o Quadro Europeu Comum de Referências para as Línguas (QECR) incide sobre as
relações interculturais. A seguir, trataremos de discutir sobre o QECR, tais como objetivos e
sua respectiva relação com a interculturalidade.
O QECR, lançado em 2001, é decorrente das discussões sobre os Objetivos do
Conselho da Europa, quais sejam: melhorar a intercomunicação europeia; preservar a
pluralidade linguística e cultural; e fomentar o enfoque do ensino das línguas baseado em
princípios comuns. O escopo primeiro do QECR é de estabelecer uma base comum através do
26
documento marco comum. Outrossim, o QECR pretende melhorar a intercomunicação
europeia, preservar a pluralidade linguística e cultural, favorecer o respeito e a tolerância,
facilitar a mobilidade, desenvolver a consciência plurilíngue e a aprendizagem de línguas no
decorrer de toda a vida. O Documento surgiu a partir da união de três órgãos, oriundos do
Conselho da Europa: Comité de Ministros de Assuntos Exteriores, Assembleia
Parlamentarista, Conselho e Cooperação Cultural. Com base nesses três órgãos estabeleceu-se
o Novo Projeto Educativo. Além disso, o Conselho e Cooperação Cultural criou a Divisão de
Políticas Linguísticas. O documento final do QECR possibilitou a criação do Portfólio
Europeu das Línguas, que tem por objetivo atestar o grau de conhecimento linguístico e
intercultural do falante de língua estrangeira.
Para o QECR (CONSELHO DA EUROPA, 2001), dentro de uma abordagem
intercultural, o objetivo essencial do ensino de línguas é o de promover o desenvolvimento
desejável da personalidade do aprendiz no seu todo, bem como o seu sentido de identidade,
resultante da experiência enriquecedora da diferença na língua e na cultura. Ratificando as
palavras do documento, um dos objetivos principais é de possibilitar o intercâmbio de
características culturais entre várias nações, aprimorando o desenvolvimento da personalidade
do indivíduo e, ao mesmo tempo, o respeito à diversidade.
O QECR possui as seguintes características: é dirigido aos governos e aos
profissionais da docência; é um documento básico para o ensino e aprendizagem de línguas;
pretende desenvolver competências dos falantes: plurilinguismo e pluriculturalidade; contém
opções metodológicas e de reflexão; adota o enfoque “centrado na ação” (usuário como
“agente social”); favorece a transparência de cursos, programas e titulações e a possível
colaboração entre instituições educativas; possibilita o consenso terminológico; possui um
sistema comum de certificações; tem função descritiva sem pretensão de imposição
normativa; descreve as atividades comunicativas da língua por meio dos conhecimentos
necessários e das habilidades comunicativas, que se definem como níveis comuns de
referências, portanto: A1 = iniciação; A2 = Elementar; B1 = Nível Limiar; B2 = Nível
Vantagem; C1 = Autonomia; C2 = Mestria.
Em relação a alguns aspectos interculturais descritos nos parágrafos anteriores, é
possível notar coincidência com algumas competências e habilidades esperadas por estudantes
de língua estrangeira, de acordo com o QECR, tais como: o aluno possui considerável
conhecimento de expressões idiomáticas e de coloquialismos com consciência
27
sociolinguísticas e socioculturais; é capaz de desempenhar o papel de mediador entre
locutores da língua-alvo e da sua comunidade de origem, considerando as diferenças
socioculturais e sociolinguísticas; utiliza a língua flexivelmente e com eficácia para fins
sociais; se expressa com confiança, com clareza e educadamente num registro formal ou
informal, adequado à situação.
Após discussão sobre interculturalidade e ensino de língua e sobre o QECR, vejamos
nas próximas seções contribuições e descrições mais aprofundadas da literatura relativas à
Competência Comunicativa (CC) e à Competência Comunicativa Intercultural (CCI).
2.3 SOBRE COMPETÊNCIA COMUNICATIVA
De um modo geral, para que haja comunicação efetiva entre pessoas, é preciso estar
ciente que a comunicação é um processo complexo, sobretudo quando se reporta a realidades
culturais distintas, ou seja, quando a interação acontece entre indivíduos oriundos de
contextos culturais diferentes. Nesse sentido, a competência comunicativa vem sendo
discutida desde muitas décadas, inclusive no que se refere à aquisição de língua estrangeira.
A partir dos anos de 1970 são desenvolvidos estudos acerca da Competência
Comunicativa (CC), e inclui sociolinguistas como Hymes e Labov e o filósofo da linguagem
Searle. “A visão da linguagem destes autores contribuiu enormemente para desenvolver o que
atualmente se conhece como ‘enfoque comunicativo’” (RAMIRO, 2007, p. 63, tradução
nossa). Doravante, os estudados relacionados à aquisição de língua estrangeira se concentram
antes no uso comunicativo da língua do que a aspectos relativos a sua forma, ou seja, ao
código linguístico, tal como se mostrava preponderante no cerne das contribuições da corrente
estruturalista.
No intuito de definir competência comunicativa, Canale (1995) enuncia que ela é
compreendida como os sistemas implícitos de conhecimento e habilidades requeridos para a
comunicação (por exemplo, conhecimento do léxico e habilidade de empregar convenções
sociolinguísticas de uma língua). Desse ponto de vista podemos descrever que a competência
comunicativa tem relação com o conhecimento formal, consciente ou inconsciente, que o
indivíduo possui sobre a gramática de uma língua no que se refere à sintaxe, fonologia,
semântica e morfologia em consonância às condições sociolinguísticas, é dizer, a habilidade
28
de utilizar, adequadamente, aspectos formais da língua incorporados a contextos específicos
da comunicação.
Ainda Canale (1995, p. 66) distingue quatro características para a competência
comunicativa:
Competência Gramatical – Tem referência com o domínio do código linguístico, tanto
verbal quanto não-verbal.
Competência Sociolinguística – Diz respeito às convenções socioculturais da
utilização da língua, tais como: variação linguística de acordo com uma situação
específica, a intenção do falante num determinado contexto, adequação da linguagem
consoante ao registro de linguagem.
Competência Discursiva – A capacidade de elaborar textos diversos combinados a
aspectos gramaticais da língua.
Competência Estratégica – Habilidade de fazer uso da língua a partir da utilização de
comunicação verbal e não-verbal, no intento de suprir determinadas deficiências de
comunicação ou para alcançar um nível maior de êxito na comunicação. Por exemplo:
utilizar gestos para chamar a atenção do ouvinte.
De acordo com Ramiro, as definições necessárias ao aprendizado de uma língua se
classificam em “competências gerais (saber, saber fazer, saber ser) e componentes da
competência comunicativa (componente linguístico, sociolinguístico, pragmático e
estratégico, estabelecendo relações entre uma e outra)” (RAMIRO, 2007, p. 62, tradução
nossa). Ainda para Ramiro (2007), a competência comunicativa é acionada por intermédio das
atividades da linguagem as quais se relacionam com a recepção, produção, interação ou
mediação, tanto no discurso escrito quanto no oral. Já as competências gerais se definem
como conhecimento declarativo, conhecimento procedimental, e competência existencial. A
competência intercultural, portanto, se situa no interior das competências gerais (saber ser).
Como atualmente vivemos numa era caracterizada pela interação constante entre
pessoas de todo o mundo, os estudos relativos à competência comunicativa podem não
abarcar em seus pressupostos teóricos, de maneira plena, aspectos concernentes às sociedades
multiculturais, e por consequência, multilíngues. Dito de outro modo, os indivíduos, além da
necessidade de conhecer outras línguas, devem demonstrar abertura na interação com pessoas
29
provenientes de outros povos e culturas, assim como ter a capacidade de se adaptar à cultura
do Outro. Disso, portanto, passemos aos estudos sobre competência comunicativa
intercultural.
2.4 SOBRE COMPETÊNCIA COMUNICATIVA INTERCULTURAL
Ao se comunicarem com outras pessoas da mesma cultura, os sujeitos esperam
encontrar padrões de comportamento, culturais e valores idênticos aos seus próprios. Em
outras palavras, espera-se conformidade no que se refere ao comportamento das pessoas
pertencentes a um determinado grupo que divide os mesmos traços culturais.
Por isso, ao interagir com o outro, o desenvolvimento da competência intercultural se
caracteriza como algo relevante, uma vez que, nesse caso, os sujeitos podem se confrontar
com padrões culturais distintos em relação às diferentes culturas envolvidas. Para sustentar tal
assertiva, Dorn e Cavalieri-Koch enunciam o seguinte:
[...] como a cultura influencia cada aspecto de nossas vidas – desde a maneira como
nos vestimos à maneira como fazemos negócio – nós precisamos desenvolver certas
atitudes a habilidades para nos tornarmos sujeitos bem-sucedidos, tanto em nosso
próprio país como fora dele. Estas habilidades facilitarão a nossa interação efetiva e
de maneira aceitável por parte do Outro ao se trabalhar num grupo cujos membros
são de diferentes origens culturais. (DORN; CAVALIERI-KOCH, 2005, p. 4,
tradução nossa).
Nos dizeres de Fantini (2000), Competência Comunicativa Intercultural (CCI) é a
transcendência das limitações da visão de mundo intrínsecas à cultura nativa de um indivíduo.
Desse modo, podemos inferir que a CCI permite obter êxito nas interações com indivíduos de
outras culturas, uma vez que, nesse caso, o indivíduo não terá unicamente informação
linguística, mas também desenvolverá o relacionamento humano com pessoas de outras
línguas e culturas (BYRAM; GRIBOVA; STARKEY, 2002).
Deardorff (2009) assinala que, apesar da existência de muitos nomes atribuídos à
competência intercultural, por exemplo, biculturalismo, multiculturalismo, plurilinguismo,
cooperação intercultural, entre muitos outros, o termo competência (comunicativa)
intercultural é aceito em muitos trabalhos. Esse termo, aliás, provém de outro utilizado há
muito por profissionais de ensino de língua, conforme já vimos: competência comunicativa.
Existem também outros termos que são, na sua essência, similares entre si: competência
30
comunicativa intercultural, comunicação transcultural, sensitividade intercultural, entre
outros. Essas e outras denominações foram, assim, usadas ao longo dos anos em referência
aos estudos sobre interculturalidade. Deardorff (2009) explica que cada indivíduo possui
competência comunicativa oriunda de sua língua nativa (CC1) e, ao manter contatos
interculturais, desenvolve a sua competência comunicativa nativa, resultando na competência
cultural 2 (CC2). Assim, segundo Deardorff (2009, p. 458, tradução nossa), “[...] os que
optam por adquirir uma segunda competência comunicativa, CC2, desenvolvem a
competência intercultural. A competência intercultural, então, reconhece a presença da CC1, e
o desenvolvimento da CC2”. Segundo o mesmo autor, um indivíduo que se expressa somente
na sua língua vernácula ou uma pessoa que tem contato tão somente com a sua cultura nativa
quiçá não desenvolva a competência intercultural. Seguindo essa linha de raciocínio, é
possível inferir que o desenvolvimento de competência comunicativa se estende a indivíduos
que se relacionam com outras culturas além de sua nativa.
Deardorff (2009) pesquisou as ideias e consensos utilizados na literatura sobre a
construção de competência intercultural. Como resultado de seus estudos, o autor constatou
que os atributos mais comumente mencionados na literatura de competência intercultural são
os seguintes: flexibilidade, humor, paciência, abertura, interesse, curiosidade, empatia,
tolerância à ambiguidade, e suspensão de julgamentos. Sobre as áreas inter-relacionadas,
Deardorff (2009) cita três: a habilidade de estabelecer e manter relações, a habilidade de se
comunicar com o mínimo de perda e distorções, e a habilidade de cooperar para realizar
tarefas e de interesse e necessidades mútuos. Em relação às dimensões, encontrou quatro:
conhecimento, atitudes, habilidades e consciência.
São muitos os aspectos positivos os quais podem ser alcançados por meio dos
estudos da CCI. De acordo com Willems (2002, p. 19), mediante a educação da ICC: nos
abrimos em relações a outros modos de pensar e outras maneiras de lógica; iniciamos uma
conversação ou contatos escritos com consciência do papel da habilidade interacional;
aprendemos a ver que nossa particular visão de mundo é apenas uma entre muitas. Disso,
compreendemos que a competência comunicativa intercultural favorece o respeito da
identidade do Outro e respeita a expressão cultural que cada um já possui; propicia uma
análise crítica em relação ao que é “diferente”; possibilita uma crítica aos aspectos positivos e
negativos de cada cultura, sem avaliação ou julgamentos.
31
De acordo com Deardorff (2009, p. 7, tradução nossa), que define competência
intercultural também como “[...] gestão apropriada e efetiva de interação entre pessoas que,
em alguns aspectos, representam divergência ou diferença quanto às orientações afetivas,
cognitivas e comportamentais em relação ao mundo”, somente um curso ou oficina de estudos
não é suficiente para tornar um sujeito interculturamente competente. Mais do que isso, para
Deardorff (2009, p. XIII, tradução nossa), “[...] a integração dos aspectos de competência
intercultural deve ser direcionado durante toda a educação e desenvolvimento profissional de
um sujeito”. Sobre esse respeito, qual seja, de um desenvolvimento de competência
intercultural reflexivo e continuado, Dorn e Cavalieri-Koch (2005) propõem que os centros de
treinamento intercultural podem escolher um treinamento de cultura específica quando tem-se
a necessidade de interação com um número limitado de culturas. Já quando a interação
acontece com muitas culturas diferentes, pode-se eleger um treino de cultura geral. Esses
cursos, segundo o autor, possibilitam um bom início para aprimorar a competência
intercultural, e afirma ainda que a “competência intercultural não é somente conhecer, mas
fazer, fazer as coisas certas no momento certo” (DORN; CAVALIERI-KOCK, 2005, p. 9).
Dorn e Cavalieri-Koch (2005, p. 3, tradução nossa) afirmam que “[...] a base para os
nossos julgamentos e comportamento, todos variam, não somente de um país para o outro,
mas de uma região para a outra, de uma pequena empresa para a outra, de um setor
empresarial para outro”. Sua assertiva nos leva a entender que por mais que existam
similaridades culturais entre as diversas culturas há, do mesmo modo, diferenças que não se
manifestam nitidamente, à primeira vista. Daí, portanto, emerge a necessidade do
desenvolvimento da competência intercultural dos sujeitos, em concordância ao que defende
Deardoff (2009), ou seja, de que é preciso adotar uma “cultura subjetiva”, no intuito de
possibilitar aos sujeitos fundamentos, habilidades e conhecimentos no tocante à competência
intercultural.
Das ponderações descritas no parágrafo anterior, compreendemos que o
desenvolvimento da competência intercultural é um processo que ocorre continuamente e que,
em vez de se assegurar categoricamente que alguém é interculturalmente competente pleno e
não tem nada a mais para aprender e desenvolver, opte por afirmar que sim, é um sujeito
competente interculturalmente, entretanto faz-se necessário introduzir nos sujeitos situações
que possibilitem a eles maior reflexão sobre a interculturalidade, ou seja: um processo
constante.
32
De acordo com Fantini (2006, p. 12, tradução nossa), Competência Comunicativa
Intercultural (CCI) é “[...] um complexo de habilidades necessário para desempenhar efetiva e
apropriadamente a interação com outros indivíduos os quais são linguística e culturalmente
distintos”. Ou seja, com a intensificação constante dos meios de comunicação, a diminuição
dos limites geográficos, as trocas comerciais, sociais e culturais entre os vários países, é de se
esperar que haja crescente mobilidade entre as nações. Portanto, exige-se um conjunto de
competências e habilidades dos sujeitos para que possam se (inter) relacionar de maneira
efetiva e apropriada.
De acordo com Sinicrope, Norris e Watanable (2007), algumas universidades de
línguas estrangeiras e programas de intercâmbio têm oferecido aos alunos a oportunidade de
desenvolver sua competência intercultural, ou seja, a chance de se desenvolverem linguística
e interculturalmente. Do mesmo modo, segundo os mesmos autores, algumas instituições de
ensino têm fomentado a formação de novos educadores, líderes e profissionais com
capacidades necessárias para promover colaboração exitosa entre as culturas.
Historicamente, os estudos sobre competência intercultural emergiram a partir dos
anos de 1950, com base na experiência entre os indivíduos do ocidente que trabalhavam no
exterior. Neste período as pesquisas se centravam nos problemas que prejudicavam a
comunicação entre povos de procedência distinta. No final dos anos 1970, as pesquisas
incluíam também, entre outros, estudos no estrangeiro, negócios internacionais e aculturação
do estrangeiro. Nessa época, as pesquisas sobre competência intercultural utilizavam a
avaliação das atitudes, personalidades, valores e motivos dos indivíduos, geralmente com base
em autoavaliações, sondagens, ou entrevistas abertas e fechadas (SINICROPE; NORRIS;
WATANABE, 2007). Segundo os mesmos autores, os propósitos diziam respeito aos
seguintes objetivos: “[...] explicar os fracassos ultramarinos; prever sucesso ultramarino;
desenvolver estratégias de seleção pessoal; designar, implementar e testar programas de
treinamentos e metodologias de preparação” (SINICROPE; NORRIS; WATANABE, 2007, p.
2, tradução nossa).
Atualmente, os estudos sobre competência intercultural versam, entre outros
aspectos, sobre escolas internacionais, formação médica, intercâmbios de curta duração e
residência permanente em culturas estrangeiras. Para Sinicrope, Norris e Watanabe (2007), o
foco da proposta da competência intercultural tem expandido, assim como as abordagens no
33
que concerne a sua descrição e avaliação, tais como, sondagens pessoais para autoavaliações
comportamentais mais complexas e autoavaliações de desempenho.
A seguir faremos a discussão acerca de abordagens e modelos de instrumentos de
avaliação com base em Sinicrope, Norris e Watanabe (2007), do texto understanding and
assessing intercultural competence: a summary of theory, research, and practice (technical
report for the foreign language program evaluation project.). Elegemos esse estudo em razão
de que ele apresenta uma revisão referente aos principais aportes teóricos e modelos de
avaliação de CCI necessários ao entendimento desse tema e para a elaboração de quatro
atividades que constituem o instrumento que será apresentado no capítulo 3, da metodologia.
Da mesma forma, o texto referido nos auxiliou a encontrar outros autores que discutem sobre
abordagem e avaliação de CCI.
2.4.1 Principais abordagens de competência intercultural
O Ruben’s Behavioral Approach to Intercultural Communicative Competence é um
dos primeiros aportes teóricos para compreender e avaliar a CCI. O autor Brent D. Ruben,
criador dessa abordagem, definiu CCI como “[...] a habilidade de atuar de maneira a ser
percebida como relativamente consistente em relação às necessidades, capacidades, objetivos
e expectativas no contexto dos indivíduos num determinado ambiente ao mesmo tempo em
que satisfaça suas próprias necessidades, capacidades, objetivos e expectativas” (RUBEN,
1976 apud SINICROPE; NORRIS; WATANABE, 2007, p. 5, tradução nossa). Nesse caso,
podemos inferir que o referido autor se ateve aos estudos de uma abordagem comportamental,
e não unicamente a conceitos relacionados ao que o indivíduo deve conhecer teoricamente
para ser bem-sucedido em contextos interculturais. De acordo com essa linha de pensamento,
não seria suficiente ler, por exemplo, autoavaliações dos indivíduos descrevendo situações
hipotéticas, mas observar as reações dos indivíduos. Segundo o mesmo autor, muitas vezes o
indivíduo até pode saber quais são as atitudes e comportamentos necessários, porém não
consegue aplicar tais conhecimentos referentes ao seu próprio comportamento. Os indivíduos,
portanto, devem ser avaliados e observados em situações análogas às que eles podem
vivenciar num futuro.
Para Ruben (1976 apud SINICROPE; NORRIS; WATANABE, 2007), há sete
dimensões para competência intercultural: mostra de respeito; postura de interação; orientação
34
ao conhecimento; empatia; papel de comportamento auto-orientado; gerenciamento de
interação; tolerância à ambiguidade.
Mostra de respeito: o indivíduo demonstra respeito em relação ao outro;
Postura de interação: a habilidade do indivíduo de se reportar ao outro de maneira não-
avaliativa e sem pré-julgamentos.
Orientação ao conhecimento: a habilidade de perceber o seu próprio conhecimento.
Em outras palavras, de que o conhecimento e as percepções não são válidos
universalmente, e que cada cultura percebe e explica as coisas a sua volta de maneira
diferente.
Empatia: a habilidade de se colocar no lugar do outro em contextos diversos.
Papel de comportamento auto-orientado: habilidade do indivíduo de desempenhar
tarefas e outros papéis dentro de contextos de grupo específicos.
Gerenciamento de interação: habilidade de reconhecer quando é a vez do indivíduo
falar e quando é a do outro e, troca de papeis na conversação.
Tolerância à ambiguidade: habilidade em reagir diante de situações inesperadas ou
ambíguas, sem apresentar desconforto excessivo.
Os estudos sobre o European Multidimensional Models of Intercultural Competence
foram realizados por Byram (1997) e Risager (2007). Byram (1997) propôs cinco modelos
para competência intercultural: Atitude; Consciência cultural crítica; Habilidade de interpretar
e relacionar; Habilidade de descobrir e interagir; Conhecimento.
Atitude: habilidade de relativizar os valores culturais referentes aos do próprio
indivíduo e aos do Outro.
Consciência cultural crítica: habilidade de fazer avaliações referentes a práticas e
elementos culturais relativos à própria cultura do indivíduo e a do outro.
Habilidade de interpretar e relacionar: habilidade de interpretar, relacionar e explicar
elementos culturais do nativo e os do estrangeiro.
Habilidade de descobrir e interagir: capacidade de utilizar conhecimento, atitudes e
habilidades em situações interculturais.
35
Conhecimento: conhecimento sobre os aspectos culturais do próprio indivíduo e os do
outro.
Com base no fundamento teórico de Byram (1997), Risager (2007), por sua vez,
ampliou os estudos a respeito da competência intercultural. Para esse autor, um modelo de
competência intercultural inclui tanto recursos amplos, os quais o indivíduo já possui, como
os estreitos, e estes podem ser avaliados. A autora definiu dez elementos:
Competência linguística.
Competência linguístico-cultural e recursos: semânticos e pragmáticos.
Competência linguístico-cultural e recursos: poéticos.
Competência linguístico-cultural e recursos: identidade linguística.
Tradução e interpretação.
Textos interpretativos (discursos).
Uso de métodos etnográficos.
Cooperação transnacional.
Conhecimento de língua como consciência linguística crítica, também como cidadão
do mundo.
Conhecimento de cultura e sociedade e consciência cultural crítica, também como
cidadão de mundo.
Em anos posteriores, Byram (1997), dentre outros pesquisadores europeus, com base
nas pesquisas sobre competência intercultural anteriores, desenvolveu outras ferramentas de
avaliação de competência intercultural. Para esses estudos há duas dimensões: uma para o
avaliador e outra para o avaliado, contendo três níveis de habilidade para cada dimensão:
básico, intermediário e pleno. Para o avaliador, a competência intercultural possui seis
diferentes dimensões:
Tolerância à Ambiguidade: habilidade para aceitar situações ambíguas e saber lidar
com elas.
Flexibilidade Comportamental: habilidade de adaptar o comportamento do próprio
indivíduo em situações culturais diferentes das suas.
36
Consciência Comunicativa: habilidade de relacionar componentes linguísticos com
conteúdos culturais e lidar conscientemente em diferentes contextos culturais.
Descoberta de Conhecimento: habilidade de adquirir novo conhecimento de cultura e
utilizá-lo, juntamente com habilidades e atitudes, na interação entre diversas culturas.
Respeito ao Outro: habilidade de respeitar a cultura do outro, desconstruindo
estereótipos da cultura estrangeira e a pretensão de que somente a cultura do próprio
indivíduo é válida.
Empatia: habilidade de entender o que os outros pensam e sentem, se posicionar no
lugar do outros em situações concretas.
Para o avaliado, há três dimensões, simplificação das seis dimensões do avaliador.
Abertura: significa abrir-se para o outro em situações culturais diferentes (Tolerância à
Ambiguidade + Respeito ao Outro).
Conhecimento: significa querer conhecer não somente fatos concernentes a outra
cultura, mas também conhecer o sentimento do outro. (Descoberta de Conhecimento
+ Empatia).
Adaptabilidade: habilidade de adaptar o comportamento e estilos de comunicação do
indivíduo. (Flexibilidade Comportamental + Consciência Comunicativa).
De acordo com Sinicrope, Norris e Watanabe (2007), no contexto norte-americano
surgiu outro modelo: Developmental Model of Intercultural Sensitivity (DMIS) - Modelo de
Desenvolvimento de Sensitividade Intercultural, de Bennett (1993). Seu modelo diz respeito a
como os indivíduos reagem a contextos culturais diferentes e como as reações deles evoluem
com o tempo.
O modelo de Bennett (1993) consiste em seis dimensões agrupadas em dois estágios:
etnocêntrico e etnorelativo. Para o etnocêntrico, a cultura do indivíduo é a visão central de
mundo e para o etnorelativo a cultura do indivíduo é uma de muitas visões de mundo
igualmente válidas. Para o nível etnocêntrico, encontramos os três primeiros estágios:
negação, defesa e minimização; Para o nível etnorelativo, os estágios são: aceitação,
adaptação e integração. Em seguida, descrevemos cada um deles.
37
Negação: é quando a cultura do individuo é percebida como a única existente. O
indivíduo evita interagir com outras culturas. Outras culturas são evitadas por meio de
barreiras psicológicas, muitas das vezes em forma de isolamento físico.
Defesa: é quando a cultura do indivíduo é vista como a única digna de ser considerada
adequada. A cultura do indivíduo é tida como “a boa, superior”, ao passo que a da do
estrangeiro é constantemente criticada.
Minimização: nesse caso, os elementos culturais do indivíduo são considerados como
universais. O indivíduo, portanto, espera que o outro demonstre atitudes e
comportamento similares aos dele, além de criticar as diferenças.
Aceitação: é quando a cultura do próprio indivíduo é experienciada como apenas uma
entre muitas outras expressões culturais. Não quer dizer que o indivíduo concorda com
tudo que se refere à cultura estrangeira. No entanto, mantém uma postura respeitosa
diante da cultura do outro.
Adaptação: é quando o indivíduo consegue lidar com os aspectos culturais da sua
própria cultura e a do outro de maneira respeitosa e tolerante. O indivíduo enriquece
ao ter contato intencional com o Outro. Em outras palavras, o indivíduo se relaciona
empaticamente com o Outro e aprende e aprimora aspectos concernentes a sua própria
vida.
Integração: O indivíduo acrescenta a sua própria cultura visões de mundos de outras.
Nesse caso, a cultura do indivíduo e a estrangeira se inter-relacionam.
Os trabalhos sobre competência intercultural têm emergido em muitos campos, por
exemplo: na área da medicina, expatriados, alunos participantes de programas de mobilidade
internacional. Estudaremos, a seguir, os principais instrumentos de avaliação de competência
intercultural existentes.
2.5 SOBRE AVALIAÇÃO DE COMPETÊNCIA INTERCULTURAL
Apesar de se revelar como um tema de extrema importância para o desenvolvimento
da interculturalidade, sobre a avaliação de competência intercultural, segundo Deardorff
(2009, p. 457, tradução nossa), “[...] muitas questões importantes permanecem sem solução,
inclusive a questão mais fundamental de todas: quais habilidades são necessárias, além da
38
língua, para a interação intercultural exitosa?”. O autor acrescenta que a resposta a essa
indagação pode ser a chave para o processo de avaliação de competência intercultural.
Argumenta também que a falta de clareza sobre essas questões aumenta a insegurança sobre o
tema, não obstante os instrumentos já existentes os quais pretendem avaliar competência
intercultural, tais como processo de monitoramento intercultural e resultados de experiências
interculturais. Para ilustrar esse dilema concernente à avaliação de competência intercultural,
Deardorff pontua que:
Enquanto alguns dão preferencia a instrumentos com títulos bastante metódicos os
quais designam componentes de habilidades, outros trazem subcomponentes
variados de competência intercultural. Alguns instrumentos atêm-se antes à língua
do que em aspectos interculturais; alguns fazem o contrário. Outros instrumentos
dão maior ênfase ao internacional do que ao intercultural e desse modo excluem
diferenças relativas às fronteiras nacionais; outros ainda são simplesmente ambíguos
e sua intenção confusa. (DEARDORFF, 2009, p. 457, tradução nossa).
No que se refere as quatro dimensões de Deardorff (2009) já referidas -
conhecimento, atitudes, habilidades e consciência – o autor afirma que os avaliadores de
competência intercultural avaliam menos frequentemente as dimensões atitudes e consciência
do que as outras duas, quais sejam, habilidades e conhecimento. O mesmo autor explica que
essa realidade se deve ao fato de as dimensões atitude e consciência não serem facilmente
avaliadas quantativamente. Apesar disso, Deardorff (2009) defende a noção de que as quatro
dimensões devem ser complementadas na avaliação de competência intercultural, uma vez
que as dimensões atitudes, habilidade e conhecimento promovem consciência. Ao mesmo
tempo, a dimensão consciência estimula as outras três dimensões.
Descreveremos nos próximos parágrafos um histórico dos principais modelos de
avaliação de competência intercultural.
2.5.1 Modelos Indiretos de Instrumentos de Avaliação
Relataremos em seguida os principais modelos indiretos de instrumentos de
avaliação. A maioria desses instrumentos avaliativos consiste em questionários de
autoavaliação, na forma de pesquisas. Objetivamente, os métodos indiretos dizem respeito a
situações interculturais hipotéticas, ou seja, os sujeitos imaginam aspectos interculturais,
39
como aqueles que eles podem enfrentar num determinado encontro com culturas diferentes da
sua cultura nativa.
Anteriormente ao ano de 1996 existiam dois instrumentos. Um deles é o Behavioral
Assessment Scale for Intercultural Competence: BASIC (Escala de Avaliação
Comportamental para Competência Intercultural), dos autores Koester e Olebe (1988) e
Ruben e Kealey (1979), usado pelos observadores com o objetivo de avaliar competência
comunicativa intercultural considerando, sobretudo, as ações dos sujeitos pesquisados. Nesse
trabalho inaugurado por Ruben (1976 apud SINICROPE; NORRIS; WATANABE, 2007) e
baseado nos estudos dele, usou-se a escala Likert, de 4 a 5 pontos, considerando as sete
dimensões que seguem: mostra de respeito; postura de interação; orientação ao
conhecimento; empatia; papel de comportamento auto-orientado; gerenciamento de
interação; tolerância à ambiguidade. Os resultados posteriores de pesquisas sobre este
instrumento avaliativo mostraram três tipos de sujeitos: Os do Tipo 1 demonstraram alto nível
das dimensões tolerância à ambiguidade, gerenciamento de interação e mostra de respeito,
incluindo base de conhecimento pessoal. Para Ruben (1976 apud SINICROPE; NORRIS;
WATANABE, 2007) esses sujeitos foram definidos como comunicadores interculturais
competentes. Os sujeitos do Tipo II mostraram nível médio de tolerância à ambiguidade,
empatia e respeito. Obtiveram baixo nível das dimensões papel de comportamento auto-
orientado e gerenciamento de interação. Este grupo foi classificado como possuidores de
aspectos comportamentais mistos, e que tem, portanto, potencial para se comunicar
eficazmente nas relações interculturais (SINICROPE; NORRIS; WATANABE, 2007). Os
pesquisados do Tipo 3 apresentaram nível alto de papel de comportamento auto-orientado e
baixo nível das dimensões gerenciamento de interação, empatia, orientação ao
conhecimento, tolerância à ambiguidade e postura de interação. Estes indivíduos foram
descritos como sujeitos que podem enfrentar problemas ao tentar se comunicar
interculturalmente como “um grupo comportamental misto com potencial para comunicação
intercultural eficaz.” (SINICROPE; NORRIS; WATANABE, 2007, p. 13, tradução nossa).
Em anos ulteriores, os autores Ruben e Kealy (1979) acrescentaram mais duas
dimensões – totalizando nove. Dividiram a dimensão papel de comportamento auto-orientado
em três: papel de tarefa relacionada, papéis individualistas e papéis relacionais. Os
indivíduos foram avaliados antes de partirem e um ano após voltarem ao país de origem. Os
resultados revelaram que as três dimensões orientação ao conhecimento, papel relacional e
40
empatia conseguiram avaliar o choque cultural dos pesquisados. No que se refere à adaptação
à nova cultura, as dimensões mostra de respeito e gerenciamento de interação foram
empregadas para avaliação. Já as dimensões papel de tarefa relacionada e baixo nível de
papéis individualistas explicaram a habilidade dos sujeitos em “funcionar efetivamente na
cultura do outro país” (SINICROPE; NORRIS; WATANABE, 2007, p. 15, tradução nossa).
Outro instrumento, o Intercultural Sensitivity Inventory: ICSI (Inventário de
Sensibilidade Intercultural) –, dos autores Bhawuk e Brislin (1992), diz respeito a um
questionário autoavaliativo para avaliar os sujeitos em situações comunicativas interculturais
distintas. Refere-se a um instrumento que tem por objetivo avaliar a habilidade de um
indivíduo para, assim, modificar o comportamento relativo a elementos culturais adequados
ao interagir com outras culturas. O questionário consistia em 46 questões, usando sete pontos
da escala Likert, tendo como descritores os seguintes: 1 = concordo plenamente; 2 = concordo
bastante, 3 = concordo; 4 = não estou decidido; 5 = discordo; 6 = discordo bastante; 7 =
discordo plenamente. Dividido em duas partes, primeiramente solicitou-se aos estudantes que
respondessem 16 questões, imaginando que estivessem morando ou trabalhando no Japão,
baseado, de maneira estereotipada, numa cultura coletivista. Em seguida, responderam as
mesmas dezesseis questões, como se estivessem morando, agora, nos Estados Unidos,
baseado numa cultura individualista, também de forma estereotipada. Na segunda etapa do
questionário, os sujeitos responderam mais 14 perguntas, questões estas diversas, centradas
em duas dimensões de competência intercultural: abertura e flexibilidade. Dois grupos
participaram da pesquisa de Bhawuk e Brislin (1992): estudantes de MBA e estudantes que
moravam em alojamentos internacionais. Da pesquisa, os autores do instrumento
depreenderam que o individualismo e o coletivismo podem ser usados para avaliação de
sensitividade intercultural. Com base nos resultados, constatou-se que os sujeitos com mais de
três anos de experiência num país estrangeiro obtêm níveis mais altos de competência
intercultural.
Outro instrumento, o Intercultural Development Inventory: IDI (Inventário de
Desenvolvimento Intercultural) foi usado, entre outros autores, por Straffon (2003), para
avaliar competência intercultural de alunos de ensino médio em escolas internacionais, alunos
universitários em países estrangeiros e médicos estagiários. Neste instrumento, baseado no
modelo de Bennett (1993), o DMIS (Developmental Model of Intercultural Sensitivity:
Modelo de Desenvolvimento de Sensitividade Intercultural), há 50 questões de autoavaliação,
41
usando 5 pontos da escala Likert, tendo como descritores os seguintes: 1 = discordo; 2 =
discordo mais do que concordo; 3 = discordo um pouco e concordo um pouco; 4 = concordo
mais do que discordo; 5 = Concordo. Os estudos de Straffon (2003) mostraram, no que se
refere às dimensões adaptação e aceitação, um nível de desempenho de interculturalidade de
97%. Os autores Engle e Engle (2004) descobriram que alunos participantes de programas
internacionais na França demonstraram alto nível de competência intercultural. No que
concerne ao grupo de médicos estagiários, os autores Altshuler, Sussman, e Kachur (2003)
encontraram nível de sensibilidade intercultural alto, sobretudo em relação à dimensão
adaptação.
O Cross-Cultural Adpaptability Inventory: CCAI (Inventário de Adaptabilidade
Intercultural) foi usado pelos autores como Kitsantas e Meyers (2001) para avaliar
experiências de estudantes do exterior; Também foi utilizado para avaliar a experiência de
adaptabilidade intercultural, de Goldstein e Smith (1999). Este instrumento apresenta quatro
dimensões as quais avaliam a habilidade de o sujeito se adaptar em diferentes culturas: (1)
resiliência emocional, (2) flexibilidade e abertura, (3) acuidade perceptual e (4) autonomia
pessoal. O Inventário de Adaptabilidade Intercultural é avaliado tendo em vista as quatro
dimensões citadas anteriormente, e 50 itens usando a escala Likert de autoavaliação, com os
seguintes descritores: 1 = definitivamente não verdadeiro; 2 = não verdadeiro; 3 = tende a não
ser verdadeiro; 4 = tende a ser verdadeiro; 5 = verdadeiro; 6 = definitivamente verdadeiro. Os
resultados de Kitsantas e Meyers (2001) demonstraram diferenças significativas entre
programas que são e os que não são do exterior.
O Intercultural Sensitivity Index (ISI: Índice de Sensibilidade Intercultural) foi
baseado em Bennett’s (1993) no seu Development Model of Intercultural Sensitivity (DMIS:
Modelo de Desenvolvimento de Sensitividade Intercultural) e nos modelos multidimensionais
de competência intercultural. Com base nesses dois modelos, Olson e Kroeger (2001)
elaboraram o ISI. Este instrumento contempla, além das dimensões negação, defesa e
minimização, aceitação, adaptação e integração, de DMIS, três dimensões de competência
global, quais sejam: conhecimento substancial, entendimento perceptual e comunicação
intercultural. O estudo foi aplicado com indivíduos de uma faculdade. Cada questão levou em
consideração uma escala de até cinco pontos. Não havia descritores para este instrumento de
avaliação. O resultado mostrou que 69% dos sujeitos se autoavaliaram entre 4 a 5 pontos na
escala no que diz respeito à dimensão aceitação. Já 44% deles se autoavaliaram como 4 ou 5
42
pontos em relação à dimensão adaptação. 10% dos sujeitos se autoavaliaram na escala 5 na
dimensão minimização. Segundo os autores Olson e Kroeger (2001), a avaliação obteve os
referidos resultados devido ao fato de a faculdade supracitada estar inserida numa área
metropolitana e de somente uma pequena porcentagem do total de alunos da faculdade terem
respondido o questionário.
The Assessment of Intercultural Competence (AIC: Avaliação de Competência
Intercultural) tem como autor Fantini (2006). Elaborada para situações interculturais
específicas, como características pessoais e habilidades interculturais, uma escala foi
desenvolvida para avaliar os resultados dos sujeitos, esses britânicos e suíços. As seguintes
dimensões foram utilizadas por Fantini (2006): Características de competência intercultural,
domínio de competência intercultural (relacionamento, comunicação e colaboração),
dimensão de competência intercultural (conhecimento, atitude, habilidades e consciência),
proficiência de língua e nível desenvolvente. Empregou-se autoavaliação, com 211 questões,
e entrevistas. Os descritores foram de 0 = “não absolutamente” a 5 = extremamente bastante.
Dos dados da entrevista, Fantini (2006) constatou que ICC diz respeito a um complexo de
habilidades, e que, portanto, aprender uma língua estrangeira impacta no desenvolvimento de
ICC. Sobre as questões de autoavaliação, os sujeitos alcançaram de 0.60 a 0.70 em se tratando
das dimensões conhecimento, atitude, habilidade e consciência.
Sinicrope, Norris e Watanabe (2007) explicam que existem certas preocupações
referentes ao método indireto de avaliação de competência intercultural, sobretudo as
autoavaliações. Os autores Altshuler, Sussman e Kachur (2003) afirmam que existe
desconexão entre a autopercepção da consciência intercultural dos sujeitos pesquisados e de
sua efetiva capacidade. De acordo com Arasaratnam e Doerfel (2005), no que se refere à
autoavaliação, os sujeitos talvez não optem por responder imprecisamente, mas talvez por não
serem capazes de responder precisamente. Não obstante as diversas críticas aos métodos
indiretos e, especificamente, às autoavaliações, são os modelos de avaliação de competência
intercultural mais utilizados. Conforme Sinicrope, Norris e Watanabe (2007), os métodos
indiretos de avaliação de CCI comportam maior praticidade, em razão de que as
autoavaliações, na maioria das vezes, já se apresentam dentro de um padrão uniforme para
aplicação. Além disso, os formulários de autoavaliações são, na sua essência, mais funcionais
para a coleta de dados e para a posterior análise deles.
43
2.5.2 Modelos Diretos de Instrumentos de Avaliação
Para Sinicrope, Norris e Watanabe (2007), os modelos diretos de instrumentos de
avaliação são menos frequentes que os indiretos. Talvez isso se deva ao fato de este tipo de
aplicação requerer mais tempo se comparado ao modelo indireto e para posteriormente
analisar os dados. Para os mesmos autores, as ferramentas diretas de avaliação consistem em
um portfólio de avaliação, entrevistas e avaliação de desempenho. É possível também
identificar certos traços de desempenho intercultural por intermédio de modelos diretos em
situações análogas à de um contexto real:
É comum entre esses modelos a habilidade de os sujeitos demonstrarem
competência intercultural por meio de seu comportamento, de situações de tempo
real (avaliação de desempenho), de reflexões e coleta de trabalho (portfólio de
avaliação), ou em conversas com interlocutores. (SINICROPE; NORRIS;
WATANABE, 2007, p. 28, tradução nossa).
Prosseguiremos, portanto, com alguns modelos mais conhecidos de métodos diretos.
Byram (1997) utilizou uma entrevista entre os sujeitos pesquisados e um falante
nativo e, em seguida, os entrevistados prepararam uma discussão a propósito de um
determinado tópico sobre interculturalidade, no intuito de avaliar as dimensões de descoberta
e interação. Após a realização da entrevista, os sujeitos foram solicitados a responder um
questionário de autoavaliação e a refletir sobre seu desempenho durante as entrevistas.
O autor Ruben (1976 apud SINICROPE; NORRIS; WATANABE, 2007, p. 29,
tradução nossa) “[...] defendeu a avaliação de desempenho por meio da qual os sujeitos são
observados em situações as quais são similares às que serão enfrentadas no futuro”. É válido
ressaltar que, segundo o mesmo autor, caso não seja possível avaliar os sujeitos em situações
reais, isto é, em contextos naturais, pode-se avaliá-los por meio de dinâmicas, jogos e
simulação, por exemplo. Em seus estudos, o autor observou, durante sete dias, num programa
de adaptação, dezenove sujeitos que participariam de uma atividade num país estrangeiro. Os
avaliadores mesmos preencheram as escalas de avaliação durante o desempenho dos sujeitos
nas atividades, incluindo momentos de pausas e refeições. Para Sinicrope, Norris e Watanabe
(2007), os métodos diretos, como entrevista, também podem ser úteis para complementação
de instrumentos indiretos de avaliação de competência intercultural.
Os autores Jacobson, Schleicher e Maureen (1999) desenvolveram um portfólio de
avaliação, sustentando a ideia de que aprender não é sempre quantificável e, por meio da
44
utilização de portfólios, os estudantes puderam refletir aspectos referentes à sua evolução de
competência intercultural. Byram (1997) também utilizou o portfólio como ferramenta para
avaliar dimensões como interação e descoberta.
2.5.3 Ferramentas de avaliações combinadas
Ferramentas de avaliações combinadas significam a utilização dos dois métodos de
avaliação de interculturalidade, o indireto e o direto. Pruegger e Rogers (1994) compararam
os métodos direto e indireto. Os autores sugerem que os pesquisadores deveriam prestar
atenção ao interpretar as escalas de avaliação e afirmam que alguns aspectos interculturais,
tais como ambiguidade, podem não ser identificáveis. A propósito da combinação dos
métodos direto e indiretos, Fantini (2006) afirma que identificaram mais nuances na avaliação
de CCI em comparação aos modelos indiretos.
No contexto europeu, um exemplo da mescla dos métodos de avaliação de
interculturalidade é o Intercultural Competence Assessment Project (INCA: projeto de
Avaliação de Competência Intercultural)2, baseado em autores europeus como Byram (1997).
De acordo com Sinicrope, Norris e Watanabe (2007), não existem pesquisas disponíveis que
atestam o instrumento do INCA, mas há exemplos online a respeito das atividades que o
compõem. Trata-se, portanto, de um instrumento combinado de avaliação de competência
comunicativa intercultural em razão de incluir questionários (modelo indireto), cenários
(modelos indiretos) e dramatizações (modelos diretos). Os questionários são divididos em
outros dois questionários, perguntas biográficas dos sujeitos e perguntas sobre perfil
intercultural: encontros com pessoas no seu próprio país, encontros com pessoas em outros
países, e encontros com colegas de diferentes culturas (SINICROPE; NORRIS;
WATANABE, 2007). O instrumento tem como descritores os seguintes: não aplicável, talvez,
plenamente aplicável. Somente um deles pode ser assinalado. Os cenários são baseados numa
situação de exibição de um vídeo contendo uma situação de interculturalidade. Há questões de
múltipla escolha e outras abertas. Consideram-se as seguintes dimensões: Respeito ao Outro /
Tolerância à Ambiguidade – Abertura; Descoberta de Conhecimento / Empatia –
Conhecimento; Consciência Comunicativa / Flexibilidade Comportamental / Adaptabilidade.
2 O site do Intercultural Competence Assessment Project (INCA) encontra-se disponível em:
<http://www.incaproject.org/index.htm>. Acesso em: 23 mar. 2013
45
Temos aqui três níveis de habilidade para cada dimensão: Básico, Intermediário e Pleno. Já
nas dramatizações os sujeitos são solicitados a desempenhar determinada atividade / papel e
seu comportamento é avaliado.
Enfim, no que se refere aos métodos indireto e direto de avaliação de
interculturalidade, apesar de consumir mais tempo de aplicação, os métodos combinados de
CCI “podem revelar mudanças não identificáveis em métodos indiretos” (SINICROPE;
NORRIS; WATANABE, 2007, p. 33, tradução nossa).
Dando sequência ao nosso estudo, explicaremos a forma de como a nossa pesquisa se
constrói metodologicamente: os instrumentos escolhidos, os sujeitos, objetivos, entre outros.
Após a descrição da metodologia, prosseguiremos com a análise dos dados.
46
3 METODOLOGIA DA PESQUISA
O trabalho por hora apresentado, com base no INCA (Projeto de Avaliação de
Competência Intercultural) - desenvolvido por autores europeus, dentre eles Byram (1997),
versa sobre competência intercultural, mais especificamente sobre a elaboração de uma
proposta metodológica para avaliação da competência comunicativa intercultural de alunos
universitários.
Para a coleta de dados, escolhemos a Univali – Universidade do Vale do Itajaí.
Elegemos essa instituição em razão de que temos na Univali um grupo bastante variado de
sujeitos: alunos participantes de programa de mobilidade universitária; alunos que estudam
uma disciplina internacional; alunos de cursos oferecidos pela instituição. Assim, quisemos
aplicar nosso instrumento com grupos variados de sujeitos, no intuito de adquirirmos insumos
que mostrassem a aplicabilidade do nosso instrumento com grupos de sujeitos universitários.
Outra razão que nos levou a pesquisar sobre avaliação de interculturalidade está
relacionada ao fato de querermos contribuir com estudos científicos nessa área que é, a
propósito, relativamente jovem. Ou seja, pretendemos elaborar uma proposta metodológica de
avaliação da competência comunicativa intercultural de alunos universitários com base em
dados discutidos e analisados cientificamente.
Apesar de a área de avaliação de CCI ser incipiente em alguns aspectos, vimos
anteriormente, no referencial teórico, que existem diversos estudos e abordagens que deram
origem a modelos de avaliação de competência comunicativa intercultural, a partir dos
estudos de Ruben (1976 apud SINICROPE; NORRIS; WATANABE, 2007) até os modelos
mais autuais, por exemplo, os combinados.
Um motivo que nos influenciou também à escolha do nosso objetivo é devido à falta
de incremento do componente intercultural nas provas realizadas com sujeitos participantes de
mobilidade internacional. Em outras palavras, em universidades como a Univali, Univille e
Furb, para não citar outras, existem, por exemplo, bastantes exames que avaliam o
conhecimento linguístico dos alunos antes de partirem para um programa de mobilidade
estudantil, mas não um modelo que avalie o desempenho intercultural desses sujeitos. Em
virtude dessa motivação, inicialmente nosso objetivo era o de avaliar a competência
intercultural dos sujeitos universitários da Univali. Após discutirmos muito nas aulas do
Grupo de Pesquisa do Mestrado e conversas entre o orientador e orientando, optamos por
47
pesquisar, sim, algo que tivesse relação com interculturalidade. Porém, nosso objetivo não foi
o de avaliar a competência intercultural dos sujeitos, e sim de elaborar uma proposta
metodológica para avaliação de competência comunicativa intercultural de alunos
universitários. Dado o término da nossa pesquisa, nossa intenção é de que profissionais
envolvidos com a área de interculturalidade ou interessados em avaliar competência
comunicativa intercultural possam utilizar esse instrumento.
Escolhemos um cenário, duas dinâmicas e uma autoavaliação para compor o
instrumento. A razão pela qual escolhemos dinâmicas como atividades diz respeito ao que
defende Ruben (1976 apud SINICROPE; NORRIS; WATANABE, 2007) de que os
indivíduos devem ser avaliados e observados em situações análogas às que eles podem
vivenciar num futuro. Não queremos dizer com isso que outras formas de avaliação de
competência intercultural não sejam possíveis e adequadas. Baseados na ideia desse mesmo
autor, salientamos que autoavaliações e cenários, por exemplo, podem estar atrelados
majoritariamente a situações interculturais hipotéticas. Conforme já vimos, Sinicrope, Norris
e Watanabe (2007) afirmam que os métodos diretos podem ser úteis para complementação de
modelos indiretos de avaliação de competência comunicativa intercultural. Os mesmos
autores explicam que o foco da proposta da competência intercultural deixou de se valer
exclusivamente de sondagens pessoais para modelos mais complexos, como as avaliações
comportamentais.
Desta feita, para elaboração do nosso instrumento usamos um modelo de avaliação
de CCI combinado, que diz respeito à utilização do modelo direto e indireto. Baseamo-nos em
Fantini (2006), uma vez que defende a noção de que as ferramentas de avaliações combinadas
podem trazer à tona mais camadas e nuances do que aquelas concernentes a avaliações
indiretas sozinhas. Disso depreendemos que o modelo combinado pode revelar aspectos nem
sempre identificáveis nos modelos de avaliação somente diretos ou somente indiretos.
Para elaboração desse instrumento metodológico de avaliação de CCI, estudamos
exemplos de instrumentos de avaliação já existentes. Embora este trabalho não tenha a
pretensão de esgotar as possibilidades de estudos relacionados à avaliação de CCI,
reconhecemos que nossa dissertação pode ser tomada como um marco nas pesquisas na área
de avaliação de competência comunicativa intercultural.
48
Disso, partimos agora para a descrição referente a cada uma das atividades que
compõem o nosso instrumento. Outrossim, descreveremos a ordem de aplicação para coleta
de dados com os sujeitos, assim como os aspectos fundamentais à elaboração do instrumento.
3.1 CONSIDERAÇÕES SOBRE O EMPREGO DOS INSTRUMENTOS AVALIADOS
Para empregar as dimensões Respeito ao Outro, Tolerância à Ambiguidade,
Descoberta de Conhecimento, Empatia, Consciência Comunicativa e Flexibilidade
Comportamental - e correspondentes escalas de avaliação - elaboramos quatro instrumentos
adaptados do INCA (Projeto de Avaliação de Competência Intercultural). De que modo
procedemos para alcançar o referido objetivo? Veremos de modo geral, nos próximos
parágrafos, quais atividades utilizaremos e que comporão o instrumento.
O instrumento inclui duas dinâmicas de dramatizações (roleplays): Dinâmica 1 e
Dinâmica 2; Um cenário (scenario), isto é, um questionário aberto sobre o conteúdo de um
vídeo intitulado Building the Multicultural Team, encontrado no site bigworldmedia.com;
Finalmente, uma autoavaliação, ou seja, um questionário (debriefing) aberto com questões
referentes ao desempenho dos sujeitos durantes as três atividades.
Para alcançar o nosso objetivo, quisemos estar seguros de que o instrumento
obtivesse resultados eficazes e de confiabilidade, por isso aplicamos as mesmas dinâmicas e
questionários com três grupos diferentes de sujeitos, no propósito de coletar dados variados
para posterior análise.
Estudamos um considerável número de textos e diversos autores especialistas em
interculturalidade, inclusive a respeito daqueles que discorrem sobre a avaliação de CCI.
Assim, obtivemos fundamentos teóricos necessários à elaboração de um instrumento de
avaliação de competência comunicativa intercultural para, assim, poder elaborar uma proposta
de avaliação da CCI de alunos universitários.
No decorrer do processo de elaboração do instrumento mudanças ocorreram em
relação aos nossos objetivos específicos, que eram os seguintes: Conhecer as dimensões e as
escalas de avaliação de competência intercultural; Discutir as dimensões e as escalas de
avaliação; Empregar as dimensões Respeito ao Outro / Tolerância à Ambiguidade – Abertura;
Descoberta de Conhecimento / Empatia – Conhecimento; Consciência Comunicativa /
Flexibilidade Comportamental – Adaptabilidade - e correspondentes escalas de avaliação. Por
49
que alteramos a ordem de nossos objetivos? Vemos que o primeiro, qual seja, o de conhecer
as dimensões e as escalas de avaliação de competência intercultural, manteve-se, com o
intuito de, fundamentalmente, adquirir conhecimentos sobre instrumentos e suas respectivas
dimensões e escalas de avaliação de competência comunicativa intercultural. Nosso segundo
objetivo era de discutir as dimensões e as escalas de avaliação. O terceiro, por sua vez,
consistia em empregar as dimensões Respeito ao Outro / Tolerância à Ambiguidade –
Abertura; Descoberta de Conhecimento / Empatia – Conhecimento; Consciência
Comunicativa / Flexibilidade Comportamental – Adaptabilidade - e correspondentes escalas
de avaliação. No entanto, houve algumas mudanças em relação ao segundo e terceiro
objetivos: invertemos a ordem do segundo e do terceiro em razão de que pretendemos,
exatamente após conhecer as dimensões e escalas de avaliação, empregar as dimensões
mencionadas anteriormente. No que se refere ao terceiro objetivo, substituímos definir por
discutir as dimensões e as escalas de avaliação, pois é com base na discussão e análise dos
dados que elaboramos a proposta de avaliação da competência comunicativa intercultural de
alunos universitários.
Disso, conforme já vimos, não queremos que esse instrumento seja aplicável
exclusivamente com alunos universitários, não obstante o fato de ser um instrumento de
avaliação de competência cultural aplicável especialmente a esses sujeitos. Pretendemos que
ele transcenda o espaço acadêmico universitário, sendo possível sua utilização em
instituições, países e com sujeitos diferenciados.
No mês de março de 2013 iniciou-se a busca por atividades que pudessem constituir
o instrumento. No início estávamos preocupados com o fato de nos basearmos principalmente
em teorias e instrumentos de avaliação de competência comunicativa intercultural já
existentes quando, na realidade, percebemos que esse foi um fator relevante para elaboração
do instrumento. Em outras palavras, apoiamo-nos em instrumentos já existentes para, então,
poder elaborar outro. Para tanto, toda a revisão da literatura, estudos e discussões que
realizamos sobre as abordagens de avaliação de competência comunicativa intercultural nos
serviu para que tivéssemos dados e conhecimentos necessários à elaboração do instrumento.
Para condução do procedimento de nossa pesquisa, em alguns aspectos, nos
fundamentamos em autores europeus como Byram (1997), conforme já estudamos na revisão
da literatura, que elaboraram o INCA (Projeto de Avaliação de Competência Intercultural),
assim como adaptações de instrumentos e informações disponíveis no seu sítio. Informações
50
essas sobre as seis dimensões de avaliação de competência intercultural já referidas e a alguns
modelos de instrumento de avaliação de competência comunicativa intercultural.
A propósito das seis dimensões já mencionadas, em Ruben (1976 apud SINICROPE;
NORRIS; WATANABE, 2007), conforme nos referimos na revisão, aparecem sete dimensões
as quais são similares às seis presentes no projeto do INCA: mostra de respeito, postura de
interação, orientação ao conhecimento, empatia, papel de comportamento auto-orientado,
gerenciamento de interação, tolerância à ambiguidade. Vemos que duas delas, tolerância à
ambiguidade e empatia são as mesmas para ambos os modelos, e as duas dimensões mostra
de respeito e orientação ao conhecimento podem ter dado origem a Respeito ao Outro e
Descoberta de Conhecimento. Do mesmo modo, encontramos similaridades entre as
dimensões conhecimento, atitude, habilidade de interpretar e relacionar, habilidade de
descobrir e interagir e consciência cultural crítica, de Byram (1997), e as que esse autor e
outros pesquisadores desenvolveriam para compor o modelo de avaliação de CCI do projeto
INCA.
Derivado dos estudos de Byram (1997), O INCA, do Reino Unido, é um órgão
financiado pelo programa Leonardo da Vinci II. Dentre seus objetivos, está o de desenvolver
um quadro - um conjunto de instrumentos de avaliação – incluindo o INCA on-line, e um
portfólio para a avaliação da competência intercultural ligado à linguagem e ao conhecimento
sobre o assunto. O INCA está diretamente interessado em desenvolver instrumentos de
avaliação de competência intercultural no âmbito do trabalho e de estágios profissionais.
Outro ponto que é válido ressaltar concerne aos níveis de avaliação, também encontrados no
sítio do INCA, quais sejam: Básico, Intermediário e Pleno. Com a leitura do material do
INCA, resolvemos utilizar um cenário com questões abertas e duas dinâmicas de
dramatização. No entanto, nenhuma dessas atividades foi selecionada do próprio material do
INCA, uma vez que, conforme já explicado, o sítio nos valeu de modo particular para
elaboração do instrumento que se transformou em corpus para análise dos dados e,
finalmente, a consequente proposta metodológica de avaliação da competência comunicativa
intercultural de alunos universitários.
Apesar de o sítio do INCA ter-se revelado como uma ferramenta inspiradora de
pesquisa para elaboração de parte das possíveis dinâmicas e questionários os quais
preparávamos, fizemos buscas de atividades de avaliação de CCI em outros sítios, até que,
finalmente, encontrássemos duas que satisfizessem nossa busca, no sítio “Innovation and
51
leadership platform”, na categoria “games and roleplays for intercultural competencies”.
Selecionamos então a Dinâmica 1 e a Dinâmica 2, nome original em inglês, respectivamente:
The Anthropologist - A Cross Cultural activity e Cross-Cultural Simulation3. Foi com base
nos conteúdos dos dois sítios referidos que pensamos em aplicar com sujeitos também um
“debriefing”, ou seja, conforme já descrito, um questionário de autoavaliação final. Já o vídeo
do Cenário – Building a Multicultural Team - retiramos do sítio bigworldmedia.com4. Embora
a leitura do conteúdo dos sites acima tenha nos fornecido informações pertinentes, não as
usamos integralmente. Adaptamos as duas atividades originais do sítio em consonância ao
objetivo dessa pesquisa e a seus sujeitos.
Descreveremos detidamente a seguir cada uma das atividades que compõem o nosso
instrumento, quais sejam: o Cenário, as duas dinâmicas de dramatização e, por fim, a
Autoavaliação final. A descrição será mostrada de acordo com a ordem de aplicação do
instrumento com os sujeitos pesquisados. Lembrando que aplicamos as quatro atividades com
todos os grupos pesquisados.
1º: Cenário: vídeo Building a Multicultural Team.
2º: Dramatização: Dinâmica 1.
3º: Dramatização: Dinâmica 2.
4º: Autoavaliação.
Em consonância às informações encontradas no sítio do INCA, optamos por
organizar as dimensões da seguinte forma: Para o avaliador há seis dimensões, que são:
Respeito ao Outro, Tolerância à Ambiguidade, Descoberta de Conhecimento, Empatia,
Consciência Comunicativa; Flexibilidade Comportamental. Para o avaliado, temos três
dimensões específico-gerais: Abertura, Conhecimento e Adaptabilidade. Se prestarmos
atenção a essa divisão, perceberemos que as dimensões Respeito ao Outro e Tolerância à
Ambiguidade se referem a Abertura; Descoberta de Conhecimento e Empatia dizem respeito à
3 As atividades, em inglês, podem ser encontradas no seguinte endereço:
<http://innovationplatform.concordia.ca/joomla15/internationalism/42-internationalism/116-games-and-roleplay-
for-intercultural-competencies.html>. Acesso em: 19 mar. 2012. 4 O vídeo Building a Multicultural Team pode ser encontrado no seguinte endereço:
<http://www.youtube.com/watch?v=kLTvAOijPKs>. Acesso em: 15 mar. 2012.
52
dimensão Conhecimento; Consciência Comunicativa e Flexibilidade Comportamental a
Adaptabilidade. A preferência de uso das seis às três dimensões ou vice-versa, portanto, não
compromete de modo algum a coleta de dados durante a aplicação das atividades com os
sujeitos.
Visando coletar dados confiáveis para o maior número possível de grupos de
sujeitos, e, do mesmo modo, tencionado aplicar as atividades na ordem mostrada acima,
sugerimos, estrategicamente, aplicar o Cenário por primeiro porque pensamos que os sujeitos
estariam mais concentrados em assistir ao vídeo e depois responder as questões. Do mesmo
modo, pareceu-nos como uma atividade introdutória pertinente às dinâmicas subsequentes.
Elegemos, na 2ª ordem, a Dinâmica 1, pois entendemos que dessa maneira os sujeitos
pesquisados teriam a oportunidade de interagir com os outros integrantes do grupo pesquisado
e estariam, então, motivados para a próxima dinâmica: Dinâmica 2, em que há necessidade de
interação entre sujeitos para a realização de uma tarefa proposta, conforme será descrito.
A primeira atividade, o Cenário, os sujeitos assistem a um vídeo intitulado “building
a multicultural team”, a respeito de uma empresa responsável por serviços de alta tecnologia.
Os personagens que aparecem estão em um restaurante, na China. Espera-se que os sujeitos
pesquisados percebam as dificuldades culturais que emergem ao longo da exposição do vídeo.
Ele é exibido em inglês, duas vezes, para que os sujeitos possam compreender na segunda
vez, caso não tenham entendido bem na primeira. Não há legenda em português nem em
inglês. No entanto, como estamos cientes de alguns alunos podem não ter conhecimento da
língua inglesa, disponibilizaremos a transcrição por escrito e impressa das falas dos
personagens no original em inglês (ver Apêndice A) e também a tradução para o português,
para que não haja de modo algum comprometimento dos dados para fins da pesquisa.
Disponibilizamos, também, a transcrição em espanhol (ver Apêndice B). Após a exibição do
vídeo, os sujeitos respondem a dez perguntas abertas sobre o conteúdo do cenário, elaboradas
pelo pesquisador. O questionário está em três línguas: em português, espanhol (ver Apêndice
C) e inglês (ver Apêndice D), de acordo com os sujeitos de cada grupo em que aplicaremos o
instrumento. Com base na resposta dos alunos, avaliamos a competência intercultural dos
alunos utilizando as seis dimensões já referidas. Conforme já vimos, há três níveis de
competência intercultural: Básico, Intermediário e Pleno. O número de questões para cada
uma das seis dimensões ficou organizado assim:
53
Para o Avaliador:
Tolerância à ambiguidade – duas questões.
Respeito ao Outro – duas questões.
Empatia – duas questões.
Descoberta de Conhecimento – uma questão.
Consciência Comunicativa – uma questão.
Flexibilidade Comportamental – duas questões.
Para o Avaliado:
Abertura – quatro questões.
Conhecimento – três questões.
Adaptabilidade – três questões.
Apresentamos em seguida, em português, a transcrição da fala dos personagens do
vídeo Building a Multicultural Team. As transcrições em inglês e espanhol encontram-se nos
apêndices A e B, respectivamente.
Quadro 1 - Transcrição em português do vídeo utilizado na atividade do Cenário
TOM
Desculpe o atraso, o meu voo se atrasou.
Café, por favor.
TOM
Bem, é bom finalmente conhecer todos vocês. Você deve ser Omar ... Sachiko ...
Joseline ...... e ...
FERNANDO Fernando… Prazer em conhecê-lo, Sr. Garcia.
TOM Oh, Tom, por favor, me chame de Tom.
JOSELINE Você teve uma boa viagem?
TOM
Sim, mas é muito tempo! Eu estava começando a pensar que ia passar a maior
parte da minha vida a 40.000 pés. Mas eu acho que nessa nova missão, todos nós
vamos ter que nos acostumar com voos longos.
JOSELINE Você já viajou pela Europa?
TOM
Sim, mas somente a negócio. Eu espero passar minhas férias lá algum dia.
TOM
Bem, Fernando, estou contente e gosto que você pôde reorganizar a sua agenda.
Eu espero que você não esteja perdendo algo importante.
FERNANDO Bem, é sobre a minha família.
TOM A sua família? Está tudo bem?
FERNANDO Sim, mas é a quinciniera da minha filha na quinta-feira.
TOM Quinciniera?
FERNANDO
Quinciniera, o aniversário dela de 15 anos, é um evento muito especial com a
minha família. Por isso eu achava que nossa agenda pudesse ser reorganizada.
TOM Ele disse que seria difícil comparecer a essa reunião. E agora eu descobri que é
54
por causa da festa de aniversário.
TOM
Bem… Ela é uma menina bonita e você estará em casa na sexta-feira.
FERNANDO
Devido a esta reunião, eu estou perdendo um evento familiar muito importante.
Eu não vou ficar muito tempo neste trabalho.
JOSELINE Você gosta de vinho?
TOM
Sim, gosto. Tenho que falar com você algum dia sobre minha adega.
TOM Espero que ela me deixe começar essa reunião
TOM Bem, eu espero poder falar sobre negócio agora e... de qualquer maneira. Como
vocês sabem, a nossa empresa está sob muita pressão financeira, e conta com o
nosso trabalho. Eu sou o chefe de marketing do exterior e todos vocês estão a
cargo de diferentes áreas. Então eu perguntei para o Omar preparar algumas
apostilas. Omar?
JOSELINE Isso é um encontro de trabalho?
TOM Sim, temos muito a fazer nos próximos dias.
JOSELINE
Bem, é a primeira vez que estamos todos juntos. Eu pensei que poderíamos nos
conhecer melhor durante o jantar, sabe, somente conversar...
TOM
Sim, vamos conversar. E hoje vamos falar sobre estratégias de marketing e
projeções de vendas.
JOSELINE
Claro… ele só quer falar sobre negócios, ele não se preocupa com as pessoas.
TOM Omar, por favor, as apostilas?
OMAR Não é possível.
TOM Não foi possível? O que você quer dizer com isso?
OMAR Não foi possível prepará-las ainda.
TOM
Eu não consigo entender. Eu conversei com você ontem antes do meu voo, você
disse que tudo estava indo bem.
OMAR
Ele me pediu na última hora, não houve tempo. Mas ele é o meu novo chefe, eu
não podia decepcioná-lo. Eu teria dito a ele mais tarde.
TOM
Se havia um problema, eu gostaria que ele tivesse me dito. Alguém poderia ter
feito isso, mas agora não temos nada...
TOM
Bem… nós vamos falar sobre isso mais tarde... Temos esta reunião aqui hoje
porque esse é o nosso maior mercado no exterior. E eu pensei que Sachiko
pudesse compartilhar algumas ideias a respeito do porquê de o nosso marketing
ser tão forte aqui. Sachiko?
SACHIKO Por que ele está me pedindo? Ele é o líder.
TOM Sachiko?
SACHIKO
Bem… temos um serviço muito bom. A qualidade é superior. Nós temos um
monte de clientes. Então o nosso trabalho é forte.
TOM Sim, mas por que é um negócio tão forte?
SACHIKO Não tenho nada a dizer.
TOM Mas eu pedi para você se preparar para este encontro.
SACHIKO Eu me preparei. Eu fiz a reserva, eu entrei em contato com todos.
TOM
Sim, é claro que você fez isso e... obrigado. Mas eu pedi para você preparar
algumas ideias para o lançamento global.
TOM
Ela é uma gerente da Ásia-Pacífico, e a única liderança que ela oferece é fazer
reservas para jantar?
Fonte: Elaborado pelo autor para fins de pesquisa.
A seguir as dez questões da atividade do Cenário, em português. As dimensões
aparecem somente para o avaliador.
continuação
55
Quadro 2 - Questões da atividade do Cenário, em português
Questão Dimensão avaliada
1.
No início, Joseline parece estar irritada. Por
quê?
Tolerância à Ambiguidade / Abertura
2. Fernando explica que seria difícil participar da
reunião naquele dia, pois era aniversário de
quinze anos de sua filha (quinciniera). Qual foi
a reação de Tom. Explique.
Empatia / Conhecimento
3. Em sua opinião, por que Joseline perguntou
para Tom se ele queria vinho?
Consciência Comunicativa /
Adaptabilidade
4. Joseline pensa consigo mesma: “claro, ele só
quer falar sobre negócios, ele não se preocupa
com as pessoas”. Por que Joseline pensa isso?
Empatia / Conhecimento
5. O Omar afirmou que não pôde preparar as
apostilas. O Tom compreendeu a posição de
Omar?
Respeito ao Outro / Abertura
6. Após saber que o Omar não preparou as
apostilas, o Tom disse “bem, vamos falar sobre
isso mais tarde”. Por que, em sua opinião, o
Tom disse isso?
Tolerância à Ambiguidade / Abertura
7. O Tom pediu para Sachiko esclarecer o porquê
de os negócios na Ásia serem fortes. Qual foi a
reação de Sachiko?
Respeito ao Outro / Abertura
8. Explique a reação de Tom ao saber que na
família de Fernando se comemora um evento
chamado quinciniera.
Descoberta de Conhecimento /
Conhecimento
9. Por que você acha que a Joseline, no início,
perguntou se o Tom havia tido uma boa viagem
e se ele já havia viajado para a Europa?
Flexibilidade Comportamental /
Adaptabilidade
10. A Joseline falou que, como eles estavam
participando de uma primeira reunião, ela
pensava que eles poderiam então somente
conversar e conhecer melhor um ao outro. Por
que você acha que ela disse isso?
Flexibilidade Comportamental /
Adaptabilidade
Fonte: Elaborado pelo autor para fins de pesquisa.
A segunda atividade é a Dinâmica 1 (ver Apêndice E - Orientações da Dinâmica 1).
Dividimos a sala em dois grupos. Em seguida explicamos para os participantes a maneira de
como funciona a atividade e as orientações. Um grupo desempenha papel de antropólogos e
outro de moradores de uma ilha distante do contato com outras pessoas. Os antropólogos
saem da sala. Os habitantes da ilha, logo, permanecem. Os antropólogos receberam
financiamento do governo para realizar uma pesquisa com os moradores da ilha, por isso
devem coletar o maior número de informação possível, referente ao modo de vida deles. Em
relação ao grupo dos moradores da ilha, com integrantes do mesmo grupo pode se falar
normalmente. No entanto, ao falar com um integrante de fora do grupo, homens só falam com
homens e mulheres com mulheres. Ao interagir com integrantes de outro grupo, não podem
iniciar conversa. Só podem usar sim-não como resposta. Se o antropólogo perguntar sorrindo,
56
a resposta deve ser sim. Se o antropólogo não sorrir, a resposta deve ser não,
independentemente se a resposta for correta ou incorreta. Quando um dos antropólogos
romper com as regras estabelecidas, o integrante dos habitantes da ilha se ausenta ou não
conversa com o antropólogo.
Passemos à terceira atividade: Dinâmica 2 (ver Apêndice F - Orientações da
Dinâmica 2). Os sujeitos formam grupos de quatro sujeitos cada. Cada um dos quatro
integrantes, de cada grupo, recebe um conjunto de instruções: A, B, C ou D
(disponibilizamos, também, as instruções em espanhol – ver Apêndice G). Os participantes
devem realizar uma tarefa, e para isso precisam interagir e agir de acordo com as instruções
recebidas. Vale ressaltar que nenhum participante pode falar para o outro sobre o que estiver
escrito no seu papel. A tarefa que escolhemos é a seguinte: cada um deve desenhar numa
cartolina algo que tenha relação com o tema paz mundial. Ele foi escolhido em razão de que
os sujeitos podem exteriorizar o que pensam sobre esse assunto bastante relevante em se
tratando de competência comunicativa intercultural. Para isso nós, avaliadores,
disponibilizamos aos sujeitos cartolina e lápis de cor. Após terminado o desenho, os grupos
podem apresentá-lo oralmente. Cada um dos integrantes pode explicar como foi trabalhar no
grupo sendo que cada integrante precisa desempenhar um papel diferente, as instruções A, B,
C ou D. Também pode falar sobre o conteúdo do desenho.
Vejamos as quatro instruções: A, B, C e D.
57
Quadro 1 - Instruções da Dinâmica 2
INSTRUÇÕES – Dinâmica 2
Avaliador: recortar uma instrução para cada integrante dos grupos. Cada grupo deve ter quatro integrantes.
Uma instrução (A, B, C ou D) para cada integrante. Cada uma dessas instruções contém uma série de
características / instruções específicas.
A B C D
Instruções Secretas
Por favor, leia as
informações em
silêncio e não discuta
com ninguém durante
a execução da
atividade.
Você vem de um grupo
cultural que acredita que
homens e mulheres
devem permanecer
separados em ambientes
sociais. Você pode
cumprimentar o sexo
oposto com um rápido
"oi", mas você nunca
pode apertar as mãos ou
tocar a pessoa. Tais
manifestações muitas
vezes carregam
conotações sexuais. No
entanto, você aprova o
toque e aperto de mãos
entre pessoas do mesmo
sexo, por não existirem
as mesmas implicações.
Nos encontros, você
prefere se sentar ao lado
de pessoas do mesmo
sexo. Homens
geralmente se sentam
num lado e mulheres no
outro. Por favor, siga
essas instruções durante
a atividade de grupo.
Instruções Secretas
Por favor, leia as
informações em silêncio
e não discuta com
ninguém durante a
execução da atividade.
Você vem de um grupo
cultural que é afetuoso e
alegre nos
relacionamentos. É
comum cumprimentar as
pessoas com beijo no
rosto, abraçar e tocar as
pessoas nas conversas.
Inclusive em relação
àqueles que você não
conhece bem, é natural
estender os braços para
dar um afetuoso aperto
de mão. As amizades são
importantes, e é por isso
que você faz muitas
perguntas a respeito do
bem-estar das pessoas.
Homens e mulheres se
sentarem juntos nos
encontros / reuniões é
bastante comum - é um
sinal de aceitação, nada
mais. Por favor, siga
essas instruções durante
a atividade de grupo.
Instruções Secretas
Por favor, leia as
informações em silêncio
e não discuta com
ninguém durante a
execução da atividade.
Você vem de uma
cultura bastante
reservada, e que valoriza
ordem e simplicidade de
vida. Você se interessa
principalmente pela
reflexão pessoal e
consciência interior em
qualquer interação.
Durante a atividade em
grupo, para você é
importante demonstrar
uma atitude de
aprendizagem, ouvindo
atenta e calmamente. É
mais importante para
você estar consciente de
si mesmo do que é para o
grupo "ter sucesso" em
sua tarefa. Tarefas vêm e
vão, mas a percepção
profunda pessoal é tudo.
Por favor, siga essas
instruções durante a
atividade de grupo.
Instruções Secretas
Por favor, leia as
informações em silêncio
e não discuta com
ninguém durante a
execução da atividade.
Você vem de uma
cultura competitiva e
orientada para execução
de tarefas em grupos.
Você gosta de
concorrência e prioriza
fazer um bom trabalho
na tarefa em grupos. Para
fazer as coisas, o seu
grupo precisa de um
plano bem desenhado, de
um líder e de
participantes motivados.
Muita conversa significa
perda de tempo. Você
gosta de ir direto ao
assunto. Por favor, siga
essas instruções durante
a atividade de grupo.
Fonte: Elaborado pelo autor para fins de pesquisa.
A quarta e última atividade diz respeito a uma autoavaliação com cinco questões
abertas, o debriefing, termo em inglês que designa questionar alguém em relação no intuito de
se obter informação. O intuito dessa atividade é de que os sujeitos avaliem seu desempenho
durante a participação das três atividades. O uso desse tipo de atividade se deve também ao
fato de os sujeitos pesquisados poderem manifestar o que sentiram durante a execução das
58
dinâmicas. Permite também encerrar as atividades que foram realizadas. As questões
utilizadas foram as seguintes (ver Apêndice H sobre as questões em espanhol):
1. Como você se sentiu durante as três atividades realizadas?
2. De modo geral, o que você aprendeu com elas?
3. Como você poderia aplicar numa outra cultura a experiência adquirida por meio das
três atividades realizadas?
4. Em sua opinião, quais são as qualidades mais importantes de um aluno participante de
um programa de intercâmbio?
5. Por que ser um estudante de um programa de intercâmbio?
3.1.1 Roteiro de Observação
Montamos um roteiro de observação para o avaliador, correspondente aos quadros 4,
5, 6, 7, 8 e 9. Ele poderá ser utilizado pelo avaliador para as quatro atividades que compõem o
instrumento. Para cada uma das seis dimensões elaboramos uma série de competências as
quais auxiliam o trabalho do avaliador na identificação das dimensões e na classificação dos
níveis de habilidade entre Básico, Intermediário e Pleno. Dito de outra forma, essas
competências ajudam no processo de avaliação de CCI. Da mesma maneira, para cada
dimensão, categorizamos as competências entre níveis de habilidade Básico, Intermediário e
Pleno. No item Total dos Níveis de Habilidade o avaliador contabiliza o total de recorrência
dos três níveis de habilidade e, logo em seguida, registra individualmente a recorrência dos
níveis de habilidade Básico, Intermediário, Pleno. No item Total da dimensão o avaliador
contabiliza o número total de recorrência da dimensão em foco.
Há também um item que chamamos de anotações, onde podem ser anotadas
quaisquer informações relevantes durante a dinâmica, para cada dimensão. No final,
montamos um espaço chamado anotações gerais (ver Quadro 10), ou seja, o avaliador pode,
se assim preferir, anotar o desempenho dos sujeitos durante a dinâmica para, posteriormente,
proceder com a avaliação.
Explicaremos com um exemplo a utilização dos roteiros de observação para
identificação da dimensão e seu respectivo nível de habilidade. Supomos que durante a
aplicação da Dinâmica 2 o avaliador, no espaço anotações gerais, tenha registrado o seguinte
59
a respeito da atuação dos sujeitos: “um dos sujeitos explicou que era comunicativa e alegre,
de acordo com a instrução dela, mesmo sendo mais reservada cotidianamente”. Sendo assim,
o avaliador pode usar os quadros referentes ao Roteiro de Observação (ver quadros 4, 5, 6, 7,
8 e 9) para identificar a dimensão. Por exemplo, no Quadro 9 é possível perceber que duas das
competências são “adaptou-se aos papéis que lhe foram atribuídos” e “valorizou
comportamentos tanto da sua cultura quanto da do Outro”. Dessa forma, o avaliador consegue
identificar no comportamento do referido sujeito a dimensão Flexibilidade Comportamental.
Nesse caso, o nível de habilidade é Pleno, também de acordo o Quadro 9. No item Total dos
Níveis de Habilidade o avaliador registra, assim, no final da contagem, o número total de
recorrência dos três Níveis de Habilidade e, em seguida, anota para cada Nível de Habilidade
– Básico, Intermediário e Pleno – o número de recorrência. No item Pontuação da Dimensão
o avaliador registra o número de recorrência para a dimensão em questão. Desta feita, o
mesmo procedimento poderá ser feito para identificação de CCI e do Nível de Habilidade
pelos outros três instrumentos, ou seja, o Cenário, a Dinâmica 1 e a Autoavaliação.
Os roteiros de observação a seguir (quadros 4, 5, 6, 7, 8 e 9) foram elaborados para
avaliar a CCI para os quatro instrumentos. No entanto, disponibilizamos, dos apêndices I ao
CC, três roteiros específicos para cada instrumento: um para o Cenário, outro para as duas
dinâmicas e, por último, um roteiro para a Autoavaliação. Todavia, a utilização dos roteiros
que seguem (quadros 4, 5, 6, 7, 8 e 9) e não a dos específicos (ver Apêndices I ao CC) – para
cada instrumento – não comprometerá de modo algum a avaliação de CCI. Apenas
elaboramos três roteiros específicos no intuito de torná-los funcionais para o avaliador, ou
seja, ele pode usar o roteiro correspondente ao instrumento específico que for utilizar.
60
Quadro 2 - Roteiro de Observação / Respeito ao Outro
DIMENSÃO: RESPEITO AO OUTRO / ABERTURA
Respeito ao Outro / Abertura
Básico
Respeito ao Outro / Abertura
Intermediário
Respeito ao Outro / Abertura
Pleno
Criticou o comportamento do
Outro.
Criticou a opinião do Outro.
Criticou a cultura e valores do
Outro.
Não demonstrou respeitar o
comportamento do Outro.
Não demonstrou respeitar a
opinião do Outro.
Não demonstrou respeitar a
cultura e valores do Outro.
Demonstrou atribuir a sua
própria cultura como a única
correta.
Não demonstrou uma atitude
amigável.
De forma geral, respeitou o
comportamento do Outro.
De forma geral, respeitou a
opinião do Outro.
Parcialmente respeitou a cultura
e valores do Outro.
Em parte, demonstrou uma
atitude amigável.
Parcialmente reconheceu e
aceitou o comportamento do
Outro.
Parcialmente reconheceu e
aceitou a opinião do Outro.
Parcialmente reconheceu e
aceitou a cultura e valores do
Outro.
Respeitou o comportamento
do Outro.
Respeitou a opinião do Outro.
Respeitou a cultura e valores
do Outro.
Demonstrou uma atitude
amigável.
Reconheceu e aceitou o
comportamento do Outro.
Reconheceu e aceitou a
opinião do Outro.
Reconheceu e aceitou a
cultura e valores do Outro.
Anotações:
Total dos Níveis de Habilidade: .............
Básico ............. Intermediário............. Pleno .............
Total da Dimensão: .............
Fonte: Elaborado pelo autor para fins de pesquisa.
Quadro 3 - Roteiro de observação / Tolerância à Ambiguidade
DIMENSÃO: TOLERÂNCIA À AMBIGUIDADE / ABERTURA
Tolerância à Ambiguidade /
Abertura
Básico
Tolerância à Ambiguidade /
Abertura
Intermediário
Tolerância à Ambiguidade /
Abertura
Pleno
Reagiu à atividade com
desconforto.
Demonstrou insatisfação em
interagir com o Outro.
Não se dirigiu abertamente ao
Outro.
Não prestou atenção ao
comportamento e às diferenças
culturais do Outro.
Não demonstrou perceber o
comportamento e as diferenças
culturais do Outro.
Não reconheceu as diferenças
culturais.
Em alguns momentos
demonstrou satisfação em
interagir com o Outro.
Parcialmente se dirigiu
abertamente ao Outro.
Parcialmente prestou atenção ao
comportamento e às diferenças
culturais do Outro.
De modo geral, percebeu o
comportamento e as diferenças
culturais do Outro.
Parcialmente reconheceu as
diferenças culturais.
Demonstrou satisfação em
interagir com o Outro.
Dirigiu-se abertamente ao
Outro.
Prestou atenção ao
comportamento e às
diferenças culturais do
Outro.
Percebeu o comportamento e
as diferenças culturais do
Outro.
Reconheceu as diferenças
culturais.
Anotações:
Total dos Níveis de Habilidade: .............
Básico ............. Intermediário............. Pleno .............
Total da Dimensão: .............
Fonte: Elaborado pelo autor para fins de pesquisa.
61
Quadro 4 - Roteiro de observação / Descoberta de Conhecimento
DIMENSÃO: DESCOBERTA DE CONHECIMENTO / CONHECIMENTO
Descoberta de Conhecimento /
Conhecimento
Básico
Descoberta de Conhecimento /
Conhecimento
Intermediário
Descoberta de Conhecimento /
Conhecimento
Pleno
Não demonstrou reconhecer as
convenções culturais /
comportamentos do Outro.
Compreendeu incorretamente a
ação do Outro.
Não compreendeu o seu papel
atribuído no grupo.
Não demostrou querer aprender
com o Outro.
Parcialmente demonstrou
reconhecer as convenções
culturais / comportamentos do
Outro.
De modo geral, compreendeu a
ação do Outro.
Parcialmente, compreendeu o
seu papel atribuído no grupo.
Demonstrou parcialmente
abertura para aprender com o
Outro.
Demonstrou reconhecer as
convenções culturais /
comportamentos do Outro.
Compreendeu perfeitamente
a ação do Outro.
Compreendeu o seu papel
atribuído no grupo.
Demonstrou abertura para
aprender com o Outro.
Anotações:
Total dos Níveis de Habilidade: .............
Básico ............. Intermediário............. Pleno .............
Total da Dimensão: .............
Fonte: Elaborado pelo autor para fins de pesquisa.
Quadro 5 - Roteiro de observação / Empatia
DIMENSÃO: EMPATIA / CONHECIMENTO
Empatia / Conhecimento
Básico
Empatia / Conhecimento
Intermediário
Empatia / Conhecimento
Pleno
Demonstrou não levar em conta
o sentimento / opiniões do
Outro.
Demonstrou levar em conta
exclusivamente os seus próprios
sentimentos / opiniões.
Não se identificou com o Outro.
Não demonstrou entendimento
diante das ações e dos valores
culturais do Outro.
Demonstrou levar em conta
quase que unicamente os seus
próprios sentimentos / opiniões.
Entretanto, tendeu a considerar
também os sentimentos /
opiniões do Outro.
Em parte, identificou-se com o
Outro.
Demonstrou parcialmente
entendimento diante das ações e
dos valores culturais do Outro.
Levou em conta o
sentimento / opiniões do
Outro.
Identificou-se com o Outro.
Demonstrou levar em conta
as ações e valores culturais
do Outro.
Anotações:
Total dos Níveis de Habilidade: .............
Básico ............. Intermediário............. Pleno .............
Total da Dimensão: .............
Fonte: Elaborado pelo autor para fins de pesquisa.
62
Quadro 6 - Roteiro de observação / Consciência Comunicativa
DIMENSÃO: CONSCIÊNCIA COMUNICATIVA / ADAPTABILIDADE
Consciência Comunicativa /
Adaptabilidade
Básico
Consciência Comunicativa /
Adaptabilidade
Intermediário
Consciência Comunicativa /
Adaptabilidade
Pleno
A comunicação não foi bem-
sucedida.
Não aceitou aspectos
comunicacionais do Outro.
Não demonstrou adaptar-se aos
códigos de comunicação do
Outro: gestos, sinais, entre
outros.
Não reconheceu problemas
relacionados à comunicação
entre os sujeitos.
A comunicação foi
parcialmente bem-sucedida.
Em parte, aceitou aspectos
comunicacionais do Outro.
De um modo geral, adaptou-se
aos códigos de comunicação do
Outro: gestos, sinais, entre
outros.
De modo geral, reconheceu
problemas relacionados à
comunicação entre os sujeitos.
A comunicação foi bem-
sucedida.
Aceitou aspectos
comunicacionais do Outro.
Adaptou-se aos códigos de
comunicação do Outro:
gestos, sinais, entre outros.
Reconheceu problemas
relacionados à comunicação
entre os sujeitos.
Anotações:
Total dos Níveis de Habilidade: .............
Básico ............. Intermediário............. Pleno .............
Total da Dimensão: .............
Fonte: Elaborado pelo autor para fins de pesquisa.
Quadro 7 - Roteiro de observação / Flexibilidade Comportamental
DIMENSÃO: FLEXIBILIDADE COMPORTAMENTAL / ADAPTABILIDADE
Flexibilidade Comportamental /
Adaptabilidade
Básico
Flexibilidade Comportamental /
Adaptabilidade
Intermediário
Flexibilidade Comportamental /
Adaptabilidade
Pleno
Não se adaptou aos aspectos
culturais e comportamentais do
Outro.
Repetidas vezes não admitiu
determinadas reações
comportamentais do Outro.
Valorizou sobremaneira o seu
comportamento atribuído no
grupo.
Não se adaptou aos papeis que
lhe foram atribuídos.
Em parte, adaptou-se aos
aspectos culturais e
comportamentais do Outro.
De maneira geral, admitiu
reações comportamentais do
Outro.
Valorizou parcialmente
comportamentos tanto da sua
quanto da do Outro.
Adaptou-se parcialmente aos
papeis que lhe foram atribuídos.
Adaptou-se aos aspectos
culturais e comportamentais
do Outro.
Admitiu reações
comportamentais do Outro.
Valorizou comportamentos
tanto da sua cultura quanto
da do Outro.
Adaptou-se aos papeis que
lhe foram atribuídos.
Anotações:
Total dos Níveis de Habilidade: .............
Básico ............. Intermediário............. Pleno .............
Total da Dimensão: .............
Fonte: Elaborado pelo autor para fins de pesquisa.
63
Quadro 8 - Roteiro de observação / Anotações gerais
Anotações gerais:
Fonte: Elaborado pelo autor para fins de pesquisa.
Feitas as considerações sobre cada uma das atividades que compõem o nosso
instrumento e dos roteiros de observação que guiarão a avaliação, passaremos para a
apresentação e discussão dos dados coletados. Relataremos a experiência de aplicação com
três grupos de sujeitos universitários: o Primeiro Grupo, isto é, um grupo piloto (do Grupo de
Pesquisa); o Segundo Grupo, de 08-05, participantes de mobilidade estudantil; e o Terceiro
Grupo, de 21-05, alunos da disciplina Direito Internacional da Univali.
64
4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS DADOS RESULTANTES DA APLICAÇÃO
DOS INSTRUMENTOS AVALIADOS
Para proceder com a identificação da CCI dos sujeitos, empregamos as seis
dimensões Consciência Comunicativa, Flexibilidade Comportamental, Respeito ao Outro,
Tolerância à Ambiguidade, Descoberta de Conhecimento e Empatia, assim como seus
respectivos níveis de habilidade: Básico, Intermediário e Pleno. Utilizamo-nos, igualmente,
dos dados obtidos na coleta. Ou seja, conforme descrito no capítulo 3, elaboramos um roteiro
de observação para o avaliador (quadros 4, 5, 6, 7, 8 e 9). Nele, para cada uma das seis
dimensões, há uma lista de competências que nos auxiliaram na identificação das dimensões e
na classificação dos níveis de habilidade entre Básico, Intermediário e Pleno. Fizemos uso
também das informações anotadas no item anotações gerais (ver Quadro 10) quando da
aplicação dos instrumentos com os sujeitos universitários. Dessa forma, pudemos analisar a
aplicabilidade do nosso instrumento para, então, na seção 5, elaborar uma proposta
metodológica para avaliação da competência comunicativa intercultural de alunos
universitários, objetivo dessa investigação. Em outras palavras, para análise da aplicabilidade
do instrumento se faz necessário, impreterivelmente, identificar a CCI dos sujeitos.
Para a primeira atividade, a do Cenário, separamos, aleatoriamente, respostas dos
sujeitos e as classificamos quanto à dimensão identificada e a seu respectivo nível de
habilidade. Não analisamos todas as respostas e de todos os sujeitos, pois o que queremos é
analisar se o instrumento é adequado para avaliar CCI, e não, necessariamente, avaliar
individualmente a CCI. Na Dinâmica 1 consideramos os objetivos da dinâmica e suas
orientações, assim como o comportamento dos sujeitos durante a consecução da atividade,
para assim avaliar a CCI. Na Dinâmica 2, do mesmo modo, consideramos o processo para o
cumprimento da tarefa - o comportamento dos sujeitos - para em seguida avaliar a CCI. Em
algumas situações, atentamo-nos também ao produto final, ou seja, ao desenho. Por último,
em relação à Autoavaliação, tal como no Cenário, selecionamos algumas respostas para
avaliar a CCI.
65
4.1 PRIMEIRO GRUPO
4.1.1 Apresentação
Em abril de 2013 demos por início a aplicação e testagem das atividades escolhidas
para a coleta de dados com os sujeitos. O Primeiro Grupo diz respeito a sujeitos de um grupo
piloto, os quais são colegas e participantes do grupo de pesquisa de Estudos Linguísticos e
Ensino de Línguas, do Programa de Mestrado em Educação da Univali. Inicialmente não
tínhamos ainda o debriefing, a Autoavaliação. Foram aplicados, portanto, os três instrumentos
Cenário, a Dinâmica 1 e a Dinâmica 2. Houve participação de quatro sujeitos durante a
consecução das três atividades referidas.
Exatamente após a aplicação dos três instrumentos, que será relatada nos parágrafos
seguintes, esse momento com os colegas do grupo piloto foi necessário no que se refere à
conduta do pesquisador dessa pesquisa, quer dizer, ao modo de se comportar e às atitudes que
um pesquisador deve ter no tratamento com os sujeitos pesquisados. Os colegas do grupo de
pesquisa também sugeriram algumas adequações às questões elaboradas pelo pesquisador
para aplicação dos instrumentos.
Sobre a primeira atividade, qual fora, a do cenário, deparamos com algumas dúvidas
inerentes ao processo, como, por exemplo, qual língua a ser utilizada nas questões relativas ao
vídeo. Optamos então por elaborar o mesmo questionário em língua inglesa e portuguesa.
Assim, selecionamos a língua de acordo com o grupo de sujeitos pesquisados. Outra dúvida
dizia respeito à introdução e ao final do vídeo, quando um monólogo explica, de modo geral,
o que os sujeitos assistem logo em seguida. Resolvemos, portanto, eliminar os comentários
iniciais e finais, dado que referida explicação do monólogo poderia induzir os participantes a
uma determinada resposta.
4.1.2 Cenário - Sujeitos
Havia quatro sujeitos participantes nessa atividade. Até então tínhamos sete questões
somente, pois acrescentamos três, totalizando dez questões, somente a partir da aplicação com
o Segundo Grupo.
66
Em razão de ter sido o primeiro grupo de sujeitos com os quais aplicamos esse
instrumento, as questões 1 e 3 estão um pouco diferentes em relação ao Segundo Grupo e ao
Terceiro Grupo. A questão 1, do Primeiro Grupo, era: “Tom diz ter chegado tarde. Por que
Joseline está irritada diante do atraso de Tom?”, já para o Segundo e Terceiro Grupo a
mudamos para: “No início, Joseline parece estar irritada. Por quê?”. O motivo da mudança se
deve ao fato de que na questão destinada ao Primeiro Grupo percebemos que a questão
poderia induzir os sujeitos a uma determinada resposta, e, na realidade, não é o atraso de Tom
que faz com que Joseline se irrite, e sim Tom ter sugerido café e não vinho num primeiro
encontro. A questão 3, destinada ao Segundo Grupo e o Terceiro Grupo está assim: “Em sua
opinião, por que Joseline perguntou para Tom se ele queria vinho? Ao passo que no Primeiro
Grupo a pergunta era “Em sua opinião, por que Joseline oferece vinho a Tom?”. Como é
possível perceber, substituímos o verbo oferecer por perguntar, uma vez que Joseline
pergunta se Tom quer vinho, e na intenção de oferecer. Outra questão, a 7, no Primeiro Grupo
era “O Tom pediu para Sachiko esclarecer o porquê de os negócios na Ásia serem fortes.
Como você explica o fato de Sachiko se sentir constrangida e não ter nada a dizer?”, e
modificamo-la para “O Tom pediu para Sachiko esclarecer o porquê de os negócios na Ásia
serem fortes. Qual foi a reação de Sachiko?”. A mudança se justifica em razão de que
consideramos que o adjetivo “constrangida”, do Primeiro Grupo, poderia também induzir os
sujeitos a uma resposta específica.
Apresentamos as sete questões aplicadas com o Primeiro Grupo. Lembrando que
somente as questões 1, 3 e 7, conforme vimos, foram modificadas, e havia somente sete
questões no total.
Quadro 9 - Questões do Cenário para o Primeiro Grupo
Questões do Cenário - Primeiro Grupo
1. Tom diz ter chegado tarde. Por que Joseline está irritada diante do atraso de Tom?
2. Fernando explica que seria difícil participar da reunião naquele dia, pois era aniversário de
quinze anos de sua filha (quinciniera). Qual foi a reação de Tom. Explique.
3. Em sua opinião, por que Joseline oferece vinho a Tom?
4. Joseline pensa consigo mesma: “claro, ele só quer começar o negócio, ele não se preocupa
com as pessoas”. Por que Joseline pensa isso?
5. O Omar afirmou que não pôde preparar os documentos. O Tom compreendeu a posição de
Omar?
6. Após saber que o Omar não preparou os documentos, o Tom disse “bem, vamos falar sobre
isso mais tarde”. Por que, em sua opinião, o Tom disse isso?
7. O Tom pediu para Sachiko esclarecer o porquê de os negócios na Ásia serem fortes. Como
você explica o fato de Sachiko se sentir constrangida e não ter nada a dizer?
Fonte: Elaborado pelo autor para fins de pesquisa.
67
Para esses cinco sujeitos, disponibilizamos o questionário em língua portuguesa e
língua inglesa, para que eles optassem pela língua que preferissem ler e responder. Um dos
sujeitos respondeu em língua inglesa. Os outros três, logo, escreveram em língua portuguesa.
Não tínhamos tampouco a transcrição em língua inglesa e nem em língua portuguesa, pois
decidimos agregar esses acessórios ao instrumento somente na aplicação a partir do Segundo
Grupo.
Tínhamos proposto também, para o Primeiro Grupo, um questionário fechado de
múltipla escolha para ser respondido após as respostas do questionário do cenário. Porém,
optamos por exclui-lo do nosso instrumento, em virtude de que pensamos que as perguntas
direcionariam os sujeitos a uma determinada resposta esperada pelos avaliadores de CCI.
Além disso, para o Segundo Grupo e o Terceiro Grupo, percebemos que acrescentar um
questionário fechado tornaria o tempo de aplicação com os sujeitos muito extenso, e
realmente não gostaríamos de ultrapassar duas horas de aplicação.
4.1.2.1 IDENTIFICAÇÃO DAS DIMENSÕES DE CCI E DOS NÍVEIS DE HABILIDADE
Subsequentemente, referentes às informações dos quadros, utilizaremos as
abreviações B, I e P ao nos referirmos aos níveis de habilidade, respectivamente, Básico,
Intermediário e Pleno. Da mesma forma, para referirmos às dimensões, usaremos as seguintes
abreviações: DC para Descoberta de Conhecimento; E para Empatia; TA para Tolerância à
Ambiguidade; RO para Respeito ao Outro; FC para Flexibilidade Comportamental; CC para
Consciência Comunicativa. Quando da não identificação de uma dimensão, usaremos NDI
(nenhuma dimensão identificada). Nos casos em que não encontramos recorrência de um dos
níveis de habilidades, utilizaremos a abreviação NNI (nenhum nível de habilidade
encontrado).
Selecionamos, aleatoriamente, uma resposta para cada questão, para então analisar a
CCI dos sujeitos. Discussões sobre os resultados dos quadros relativos à identificação das seis
dimensões de CCI e de seus respectivos níveis de habilidades, os quais aparecerão ao longo
do capítulo 4, terão lugar nas seções 4.4 e 4.5.
68
Quadro 10 - Identificação das Dimensões de CCI e dos Níveis de Habilidade
do Primeiro Grupo / Cenário Q
ues
tão
Resposta
Dimensão /
Nível de
Habilidade
1 “Porque, sendo o principal elemento da reunião, Tom não deveria ter se atrasado.
Ela interpreta o atraso como falta de respeito” (sic).
RO / P
2 “Tom achou, talvez, uma data sem maior importancia em comparação ao encontro
e provavelmente no seu país não fosse tão valorizada a data” (sic).
DC / P
3 “Because she insists on turning the working meeting into a casual one (just talk).
(sic)
FC / P
4 “Não demonstrou empatia c/ os problemas de Joseline”. (sic). E / P
5 “Não. Para ele, se a tarefa não tivesse sido cumprida ele deveria ter sido avisado.
Ele não compreende não ter sido avisado da impossibilidade dos documentos serem
apresentados na reunião.” (sic).
TA / P
6 “Por ser um assunto de importância deixou para falar depois com mais cautela,
pareceu que ele não quis se irritar ainda mais”. (sic).
E; FC / I; I
7 “Parece que ela não estava preparada para responder aquela pergunta”. (sic). TA / P
Fonte: Elaborado pelo autor conforme dados da pesquisa.
A seguir relataremos a Dinâmica 1.
4.1.3 Dinâmica 1 – Apresentação
Após aplicar a segunda atividade com o Primeiro Grupo, a Dinâmica 1, surgiram os
seguintes questionamentos: qual a língua que deveria ser usada - se é que há necessidade de
uma língua específica - já que os dois grupos, aparentemente, devem se entender no que refere
à comunicação? Onde se localiza exatamente essa ilha distante do contato com outros seres
humanos? Sobre a língua, decidimos que são os próprios sujeitos pesquisados que deveriam
encontrar a forma mais adequada para se comunicar. Em outras palavras, o modo pelo qual os
antropólogos se comunicam com os habitantes da ilha já pode ser um critério de avaliação de
competência intercultural, em consonância à dimensão Consciência Comunicativa ou
Flexibilidade Comportamental. A respeito da localização da ilha, também não pensamos em
uma determinada localidade, em razão de o conhecimento do local específico tampouco se
revelar como um elemento expressivo para obtenção dos dados de avaliação. Contudo, o fato
de os sujeitos antropólogos se interessarem em saber a localização da ilha pode demonstrar a
dimensão Descoberta de Conhecimento.
69
4.1.3.1 DINÂMICA 1 – SUJEITOS
Quanto aos resultados da Dinâmica 1 com o Primeiro Grupo, formado por duas
duplas, totalizando quatro participantes, foi possível perceber um nível de competência
intercultural Pleno. O avaliador percebeu alto grau de interação entre os sujeitos e de
envolvimento no procedimento da atividade. Para exemplificar, a dimensão Respeito ao Outro
foi perceptível, revelando nível de habilidade Pleno. Isso se explica em virtude de que os
antropólogos respeitavam o fato de que os habitantes da ilha do gênero masculino falam
somente com homens e moradores do gênero feminino somente com mulheres em relação a
pessoas que não são nativas da ilha. Verificou-se que os antropólogos estavam interessados
em descobrir aspectos relativos à cultura dos habitantes da ilha, o que revelou nível da
dimensão Descoberta de Conhecimento Pleno. Sobre a dimensão Empatia, constatou-se nível
Pleno, pois os antropólogos se posicionavam de maneira clara e no lugar dos habitantes da
ilha, e perceberam que eles não iniciavam conversação alguma, sendo esta de iniciativa,
portanto, dos antropólogos. Quanto às dimensões Flexibilidade Comportamental e
Consciência Comunicativa, constatou-se nível Pleno, em razão de os antropólogos se
reportarem aos habitantes da ilha de maneira que se compreendesse a mensagem, inclusive
por meio de gesticulações.
4.1.4 Dinâmica 2 – Sujeitos
Com o Primeiro Grupo não foi possível utilizar as quatro instruções A, B, C e D,
posto que não houvesse número suficiente de participantes. Sendo assim, dividimos os quatro
integrantes em duas duplas. Desse modo, utilizamos somente as instruções A e B, para as
duas duplas.
70
Figura 1 - Dinâmica 2: Desenho Primeiro Grupo
Fonte: Dados da pesquisa.
Podemos ver no desenho um coração e dentro dele há referência ao tema paz
mundial: duas pessoas dando as mãos e a natureza em volta. Os participantes usaram lápis de
cor e uma folha de papel, pois até então não tínhamos decidido se disponibilizaríamos
cartolina para os pesquisados.
De forma geral, os resultados em relação à avaliação de competência comunicativa
intercultural apontaram, assim como na Dinâmica 1, nível de habilidade Pleno. Quanto à
dimensão Respeito ao Outro, os sujeitos apresentaram respeito às opiniões diversas.
Conforme os grupos iam desenhando, verificou-se que houve troca de informações constante,
revelando nível Pleno de Descoberta de Conhecimento. No tocante à dimensão Consciência
Comunicativa, percebeu-se que a comunicação foi bem-sucedida e não se apresentaram
momentos de incompreensão entre os integrantes.
4.1.5 Considerações do Primeiro Grupo
Ao final da realização das três atividades fizemos o debriefing, o questionário final.
No entanto, os sujeitos não o responderam por escrito. Discutimos sobre as questões somente
oralmente, pois ainda não tínhamos certeza se iríamos ou não aplicar, posteriormente, essa
atividade com os outros dois grupos de sujeitos. Com base nessa discussão decidimos incluir
cinco questões as quais seriam aplicadas com o Segundo Grupo e o Terceiro Grupo logo em
seguida, as quais já foram mostradas na seção da metodologia.
71
Acreditamos, em parte, que os sujeitos do Primeiro Grupo obtiveram nível de
competência intercultural Pleno porque, de certa forma, já estão, direta ou indiretamente,
inseridos nos estudos de interculturalidade, e que, assim, se comportaram de maneira diferente
se comparada aos do Segundo Grupo e do Terceiro Grupo. Após termos relatado a experiência da aplicação do instrumento com o Primeiro
Grupo, passemos à mostra com os sujeitos do Segundo Grupo.
4.2 SEGUNDO GRUPO
4.2.1 Apresentação
Nesse grupo havia no total trinta e seis sujeitos. Como esse número nos pareceu alto,
dividimo-lo da seguinte forma: dezesseis sujeitos para o avaliador A e vinte sujeitos para o
avaliador B. Os sujeitos participantes fazem parte de um programa de intercâmbio da Univali.
A aplicação foi realizada anteriormente à partida desses participantes de intercâmbio para os
programas nos seus respectivos países de suas escolhas. Elegemos esse grupo porque nosso
intuito era, dentre outros, obter dados de grupos distintos de sujeitos. Portanto, esse em
questão, referia-se a alunos que participariam de um programa de intercâmbio.
A seguir, encontra-se o roteiro de aplicação utilizado para o Segundo Grupo,
incluindo etapas, tempos e materiais, seguido da descrição da aplicação com os sujeitos. A
aplicação deu-se em meio ao seminário organizado pela Coordenação de Assuntos
Internacionais (CoAI), da Univali.
72
Quadro 11 - Roteiro de Aplicação do Segundo Grupo
Roteiro de aplicação do Segundo Grupo: 08-05-13 / Seminário de Preparação ao Intercâmbio
Objetivos
Promover dinâmicas de investigação e reflexão sobre interculturalidade.
Despertar uma consciência favorável e uma atitude positiva em relação ao Outro.
Observações:
Chegada ao local às 13h30, para testagem dos equipamentos, verificação de material;
Início das atividades às 14h15;
Término das atividades às 17h15;
Seria bom ter o registro para divulgação institucional (fotos).
Tempo total de duração: 3h.
Número de sujeitos pesquisados: 36; 16 sujeitos (Rodrigo) + 20 sujeitos (Fernanda).
Número de avaliador (es): 02 (Fernanda e Rodrigo)
Etapas Tempo Materiais
Breve introdução com Profa. Beth
e Prof. Luna
10 minutos. Câmera fotográfica.
Apresentação dos avaliadores:
Rodrigo e Fernanda: 5 minutos.
5 minutos.
Atividade 1 – Cenário: Vídeo:
Building a Multicultural Team.
30 minutos. Exibição do vídeo 2 vezes (sem interferência).
Dois computadores, Datashow, impressão
transcrição das falas / tradução (01 cópia por
pesquisado). Impressão do questionário sobre o
vídeo (01 cópia por pesquisado). Caixinha de som.
Atividade 2 – Dinâmica 1 30 minutos. Temos orientações, não há impressões para esta
dramatização. Precisamos de folhas em branco
para anotação das informações dos antropólogos.
Atividade 3 – Dinâmica 2.
Haverá apresentação dos
desenhos.
30 minutos. Lápis de cor, canetinhas coloridas, cartolinas (1
por grupo), impressão das instruções para os
pesquisados (01 cópia por grupo). Régua ou
tesoura para o aplicador / pesquisador.
Debriefing / Autoavaliação:
questões discursivas, referentes às
três dinâmicas realizadas.
10 minutos. Impressão das perguntas (01 cópia para cada
sujeito pesquisado).
Encerramento das atividades. 5 minutos.
Intervalo com café 20 minutos
Palestra sobre interculturalidade,
com Profa Beth e Prof. Luna
40 minutos
Fonte: Elaborado pelo autor para fins de pesquisa.
Como vemos no quadro anterior, tivemos uma introdução sobre o evento que
aconteceria naquela tarde, qual fora, primeiro os alunos participariam de atividades e,
posteriormente à pausa, tiveram uma palestra sobre interculturalidade.
73
4.2.2 Cenário
4.2.2.1 RELATO
Nesta seção descreveremos, indistintamente, a aplicação das atividades com os dois
grupos – um deles observado pelo avaliador A e outro pelo avaliador B. Conforme os sujeitos
respondiam as questões do cenário, os avaliadores A e B, em salas separadas, anotavam as
informações observadas. Por isso, relataremos a seguir as anotações gerais dos dois grupos.
Percebemos que esses sujeitos não demonstraram dificuldades em entender o vídeo,
posto que estava em língua inglesa. Após entregar a transcrição em língua inglesa e a tradução
em língua portuguesa, verificamos que somente alguns sujeitos leram esse material: alguns
leram em português, outros em inglês. A maioria, no entanto, não leu, foi diretamente às
questões. Excedemos cinco minutos dos trinta previstos, conforme roteiro de tempo.
Verificamos que, comparando com as duas atividades Dinâmica 1 e Dinâmica 2, foi
relativamente mais fácil aplicar essa atividade, dado que o avaliador teve a sua disposição as
respostas dos alunos anotadas para posterior análise.
4.2.2.2 IDENTIFICAÇÃO DAS DIMENSÕES DE CCI E DOS NÍVEIS DE HABILIDADE
Em seguida analisaremos algumas das respostas dos sujeitos do questionário e
avaliaremos a CCI, utilizando as seis dimensões já referenciadas. Selecionamos,
aleatoriamente, duas respostas para cada pergunta. As cinco primeiras, questões 1 a 5, são do
grupo de dezesseis sujeitos. As outras cinco questões, da 6 a 10, são do grupo de vinte
sujeitos.
74
Quadro 12 - Identificação das Dimensões de CCI e dos Níveis de Habilidade do Segundo Grupo / Cenário Q
ues
tão
Resposta
Dimensão /
Nível de
Habilidade
1 Sujeito 1 - “Porque Joseline queria que a primeira reunião fosse menos formal, para
que todos pudessem se conhecer melhor” (sic).
Sujeito 2 – “Pois ela gostaria de um programa diferente para aquela noite, onde todos
pudessem sair e conhecer-se. Tom disse que eles sairiam juntos para se conhecer, mas
seria através de uma reunião. Joseline não se satisfez com a proposta” (sic).
DC; E / P; P
DC; E / P; P
2 “A reação de Tom é de que o aniversário da filha de Fernando não seria motivo o
suficiente para faltar na reunião. Porém ele “disfarçou” para não parecer grosseiro”
(sic).
“Ele pensou no real motivo de Fernando e depois elogiou a filha dele, não deu muita
importância ao aniversário” (sic).
E; RO / P; I
E / P
3 “Joseline perguntou para Tom se ele gostava de vinho para poder conhece-lo melhor,
para criar uma “relação” antes de falar de negócios” (sic).
“Ela gostaria que todos ali se enturmassem para tornar o jantar agradável e ser
simpática com o seu novo líder” (sic).
FC; DC / P; P
FC / P
4 “Porque os membros daquela reunião mal se conheciam e o chefe não quis manter
uma conversa casual antes de falar de negócios, o que poderia ajudar na integração do
grupo” (sic).
“Pois ela achou que eles iam primeiro se conhecer melhor, saber um da vida do outro
para depois tratarem de negócios”. (sic).
E / P
FC / P
5 “Não, Tom o questiona, pois antes de pegar o avião eles haviam conversado e Omar
disse que estava tudo certo. Tom preferia que ele tivesse falado a verdade” (sic).
“Não, ele ficou desapontado pois achou que seria melhor que ele dissesse que não
poderia fazer as apostilas p/ que ele pudesse passar esta tarefa p/ outra pessoa ao
invés de descobrir apenas na reunião” (sic).
TA / P
TA / P
6 “Para sair da situação embaraçosa que se criou por Omar não preparar as apostilas”
(sic).
“Porque não tinha como resolver a situação naquele momento. Em outro momento
resolveria a questão das apostilas” (sic).
TA; FC / P; P
TA; FC / P; P
7 Sachiko não sabia responder a pergunta, não havia se preparado para ela (sic).
“Ela se assusta e pensa que quem deve saber disso é o seu chefe” (sic).
DC; TA / P;
P
DC; TA / P; I
8 “Achou estranho, pois nunca havia ouvido falar sobre este evento, mas indagou
Fernando sobre” (sic).
“Apresentou indiferença, porém não gostou pois estava atrasando seus negócios”
(sic).
DC / P
DC / P
9 “Para ser educada e começar a conhecer Tom” (sic).
“Por se importar com ele, e por ser simpática” (sic).
FC; E / P; P
E / I
10 “Porque ela achava necessário essa relação de amizade entre eles” (sic).
“Pelo fato de ser o primeiro contato físico deles, ela achou que pudessem se conhecer
melhor antes de discutir negócios” (sic).
DC; FC / P; P
DC; FC / P; P
Fonte: Elaborado pelo autor conforme dados da pesquisa.
75
A seguir relataremos a Dinâmica 1.
4.2.3 Dinâmica 1
4.2.3.1 RELATO
Pensamos que um número elevado de sujeitos pode se mostrar dificultoso. Por isso,
como na atividade precedente, na Dinâmica 1 também havia dois grupos separados em duas
salas, um grupo de dezesseis sujeitos e outro de vinte.
Inicialmente pedimos para que os sujeitos de cada uma das salas se dividissem em
dois grupos: um desempenharia o papel de antropólogos e o outro de habitantes de uma ilha.
Os antropólogos saíram da sala. Passamos as orientações para eles, isto é, a pesquisa que
deveriam realizar. Já para os moradores da ilha, que permaneceram na sala, explicamos a
maneira como tinham que se comportar: por exemplo, homens só falam com homens e
mulheres com mulheres ao se reportarem com alguém de fora da ilha, dentre outras
orientações, conforme já descritas.
Iniciamos a descrição com o grupo do avaliador A, de dezesseis sujeitos. Nele, havia
dois homens e quatorze mulheres. Oito deles faziam parte do grupo de antropólogos, dois
homens. Os outros oito, todas mulheres, desempenharam o papel de habitantes da ilha.
Percebemos que a maioria dos sujeitos seguiu as orientações dadas pelo avaliador.
A aplicação da Dinâmica 1 se mostrou bastante eficaz no que se refere à avaliação de
competência comunicativa intercultural. Após iniciar a dinâmica, notamos um alto grau de
envolvimento entre os participantes. Percebemos que os integrantes dos dois grupos se
reuniram principalmente por afinidade.
Observamos que nem todos os sujeitos do grupo dos antropólogos participaram
efetivamente da elaboração das perguntas direcionadas ao grupo dos moradores da ilha. O
grupo dos antropólogos falou em várias línguas para descobrir a língua que os habitantes da
ilha falavam e entendiam. Falaram, finalmente, em português. A comunicação foi bem-
sucedida. Os antropólogos se aproximaram dos habitantes da ilha cumprimentando-os,
respeitosamente. Notaram que os habitantes da ilha só movimentavam a cabeça em sinal de
sim ou não. Fizeram diversas perguntas, como as que veremos em seguida.
76
No meio da dinâmica, no grupo dos antropólogos, havia conversa paralela. Mas os
sujeitos paravam de conversar e, passado algum tempo, iniciavam novamente. No entanto,
nada exageradamente.
Apesar de nem todos os integrantes do grupo dos antropólogos participarem
efetivamente, percebemos que as perguntas elaboradas pelos grupos foram pertinentes e
adequadas ao objetivo da pesquisa que estavam realizando. Algumas delas: “vocês têm
filhos?” “são só vocês aqui?”; “vocês plantam para comer?”; “vocês têm religião?”; “que
língua vocês falam?”; “vocês já saíram da ilha?”; “têm casa?; “moram sozinho?”; “havia
alguém antes de vocês na ilha?”; “vocês são resistentes para conversar com grupos de fora da
ilha?”. Um dos aspectos que mais nos surpreendeu foi quando uma das representantes do
grupo dos antropólogos perguntou: “alguém poderia desenhar a casa de vocês no quadro?”
“vocês têm internet?”. Os antropólogos se mostraram bastante interessados e preocupados
com a saúde dos habitantes da ilha, pois fizeram as seguintes perguntas: “vocês têm médicos
aqui?”; “alguém cuida de vocês?”; “o objetivo de vocês é somente a sobrevivência?”; “vocês
praticam esporte?”.
Um dos antropólogos, no meio da dinâmica, resolveu escrever as anotações numa
folha de caderno. Mas os outros não anotavam: só observavam ou simplesmente não faziam
nada.
Os antropólogos não perceberam que, no grupo dos habitantes da ilha, as oito
mulheres não falavam com homens. Isso se explica, possivelmente, em razão da existência no
grupo de somente dois homens, e os dois participaram do grupo dos antropólogos.
Os integrantes do grupo dos moradores da ilha, todos eles do gênero feminino,
conversavam entre eles, como era de se esperar. Elas cumpriram muito bem com o seu papel,
de acordo com as orientações dadas pelos avaliadores. Nenhum dos integrantes dos moradores
da ilha deixou de conversar com qualquer um dos antropólogos, visto que nenhum
antropólogo, pelo que pudemos perceber, rompeu com as regras estabelecidas entre os
habitantes da ilha.
Os antropólogos não se despediram dos habitantes da ilha. Simplesmente terminaram
a dinâmica, sentando-se nas cadeiras. Terminaram dentro do prazo estabelecido.
Descreveremos agora o instrumento aplicado pelo avaliador B, de vinte sujeitos,
quinze mulheres e cinco homens. O grupo dos antropólogos contava com somente um
homem. Os outros quatro sujeitos homens estavam no grupo dos habitantes da ilha.
77
Os moradores da ilha foram muito competentes na atenção e seguimento às normas.
Percebemos o seguinte: os antropólogos chegaram à sala sem se preocupar com introdução /
apresentação; alguns se dirigiram aos habitantes da ilha mantendo a relação entre amigos, fora
da sala, por exemplo: “-ai, você é minha amiga, me conta aí qual é a de vocês” (sic);
perguntavam todos juntos, não havendo organização entre as questões; alguns não se
pronunciaram por toda a dinâmica; as perguntas se mostraram pertinentes no início, mas
foram se afastando da lógica, do objetivo da dinâmica e das informações apresentadas no
início da dinâmica; descobriram que os habitantes da ilha respondiam apenas sim ou não, ou
seja, respostas afirmativas para questões simpáticas, respostas negativas para questões
sisudas. Quando decidiram parar a investigação, os antropólogos discutiram com os
integrantes de seu grupo e, segundo eles, conseguiram depreender o seguinte da pesquisa com
os habitantes da ilha:
Os habitantes da ilha não eram habitantes da ilha, tinham vindo de outro lugar.
Esse lugar era Saturno, de onde tinham saído contra sua vontade.
Eram todos parentes e queriam voltar para seu planeta.
Havia alguém que os trouxera à Terra que os impedia de voltar.
Não houve diálogo entre homens e mulheres fora da comunidade dos habitantes da
ilha.
O grupo finalizou a dinâmica dentro do limite de tempo programado.
4.2.3.2 IDENTIFICAÇÃO DAS DIMENSÕES DE CCI E DOS NÍVEIS DE HABILIDADE
A seguir, o quadro 15 apresenta as dimensões e níveis de habilidade identificados do
grupo de dezesseis sujeitos:
78
Quadro 13 - Identificação das Dimensões de CCI e dos Níveis de Habilidade do Segundo Grupo /
Dinâmica 1 /Dezesseis Sujeitos
Identificação
Dimensão /
Nível de
Habilidade
O grupo dos antropólogos falou em várias línguas no intuito de descobrir qual língua os
habitantes da ilha falavam e entendiam.
CC / P
Os antropólogos se aproximaram dos habitantes da ilha cumprimentando-os,
respeitosamente.
FC / P
Notaram que os habitantes da ilha só faziam, na maioria das vezes, sinal de sim ou não,
movimentando a cabeça; pelas perguntas que fizeram, tais como “vocês têm religião”?;
“que línguas vocês falam”, “Vocês já saíram da ilha”?
DC / P
Os arqueólogos demonstraram preocupação pela saúde dos habitantes da ilha, fazendo
perguntas como “Alguém cuida de vocês”?; “Vocês têm médicos aqui”?
E / P
Fonte: Elaborado pelo autor conforme dados da pesquisa.
A seguir, o quadro 16 apresenta as dimensões identificadas do grupo de vinte
sujeitos:
Quadro 14 - Identificação das Dimensões de CCI e dos Níveis de Habilidade do Segundo Grupo /
Dinâmica 1 /Vinte Sujeitos
Identificação
Dimensão /
Nível de
Habilidade
Os antropólogos descobriram que os n habitantes da ilha só respondiam sim ou não. DC / P
Os antropólogos chegaram à sala sem se preocupar com introdução / apresentação;
alguns se dirigiram aos habitantes da ilha mantendo a relação entre amigos, fora da
sala, por exemplo: “-ai, você é minha amiga, me conta aí qual é a de vocês” (sic);
CC; E; FC / B;
B; B
Descobertas não condizentes às orientações da dinâmica e a seu objetivo:
Os habitantes da ilha não eram habitantes da ilha, tinham vindo de outro lugar;
Esse lugar era Saturno, de onde tinham saído contra sua vontade;
Eram todos parentes e queriam voltar para seu planeta;
Havia alguém que os trouxera à Terra que os impedia de voltar.
DC / B
Fonte: Elaborado pelo autor conforme dados da pesquisa.
4.2.4 Dinâmica 2
4.2.4.1 RELATO
Após a explicação e as orientações sobre a atividade, demos por iniciada a dinâmica.
A aplicação com dezesseis sujeitos numa sala e vinte em outra mostrou ser favorável
à identificação de CCI. Contudo, esse número elevado de sujeitos resultou ser um desafio
quanto à observação do comportamento individual dos sujeitos em cada grupo. Em outras
79
palavras, precisamos ter um olhar atento ao comportamento individual de cada sujeito dos
grupos durante a aplicação da Dinâmica 2, para posteriormente avaliarmos a CCI, utilizando
como subsídio o Roteiro de Observação (ver quadros 4 ao 9). Além disso, conseguimos
registrar as anotações gerais e incluir outras características de comportamento dos integrantes
dos grupos no roteiro de observação.
No início pensávamos que deveríamos identificar no produto final - no desenho - as
seis dimensões, logo, a CCI dos sujeitos. Porém, após algumas discussões, decidimos que o
fato de analisar exclusivamente os desenhos não possibilitaria, ou pelo menos não tão
claramente, avaliar a CCI. Nessa atividade, avalia-se a CCI dos sujeitos principalmente
durante a execução da atividade, inclusive em razão disso é que montamos o Roteiro de
Observação (ver quadros 4 ao 9), no intuito de facilitar e organizar a tarefa do avaliador.
Primeiramente descreveremos o grupo com dezesseis sujeitos, em que havia dois
homens e quatorze mulheres. Quatro grupos foram formados, isto é, quatro participantes em
cada um deles. Durante a dinâmica os dois homens se sentaram em grupos separados.
Percebemos que os sujeitos, como na Dinâmica 1, se reuniram por afinidade.
Disponibilizamos cartolinas e lápis de cor. Os grupos não trocavam materiais entre si. Alguns
usaram canetinhas coloridas. Notamos que todos os participantes desempenharam seu papel
da melhor forma possível.
A atividade, em acordo com o roteiro de tempo, estava programada para trinta
minutos. Excedeu porque não acordamos com os sujeitos o tempo de realização da atividade.
Na ocasião, levaram quarenta minutos para terminar a dinâmica.
No grupo de vinte alunos, que estava em outra sala, havia quinze mulheres e cinco
homens. Desse número total cinco grupos foram formados, com quatro participantes em cada
um deles. Todos os grupos terminaram dentro do tempo previsto: trinta minutos.
Apesar de havermos conseguido avaliar o desempenho intercultural dos sujeitos no
momento em que estavam preparando o desenho, fez-se extremamente valioso apresentar
oralmente o resultado dos cartazes. Nessa etapa da atividade, deixamos que os sujeitos
apresentassem livremente, sem haver necessariamente um roteiro de apresentação.
Orientamos, portanto, os sujeitos durante a exposição. Interferimos também quando foi
necessário, para contribuir ou nortear as explicações dos sujeitos.
Na exposição oral, os sujeitos explicaram como foi a experiência de confeccionar um
cartaz, sendo que cada participante tinha instruções distintas. Contaram sobre as dificuldades
80
e facilidades encontradas; se representaram de fato a instrução recebida; se na vida particular
deles, do dia a dia, seguiam as mesmas características comportamentais ou se eram
completamente diferentes, ou um pouco de cada.
Acreditamos que a apresentação oral trouxe para o avaliador aspectos interculturais
ou de desempenho dos sujeitos os quais não se mostraram perceptíveis durante a preparação
do desenho por parte dos sujeitos pesquisados. Eles afirmaram o seguinte durante a
explicação: “eu falava muito”; “queria abraçar os outros”; “o outro era muito calado”; “o
fulano era calmo, eu já era agitada”.
Apesar de todos os aspectos positivos, para o avaliador pode ser bastante desafiador
anotar o que os sujeitos dizem, uma vez que os sujeitos falam muito rapidamente. Optamos
por anotar todas as informações num arquivo do programa Word, mas poderíamos também ter
anotado numa folha impressa ou, além disso, ter gravado as falas dos sujeitos para
posteriormente transcrever as vozes.
De um modo geral, não houve discussões e tampouco desentendimentos, e todos
respeitaram um ao outro. Quase todos os integrantes, de todos os grupos, participavam da
elaboração do desenho. A maioria estava sorridente e entusiasmada.
Tiramos fotos dos cartazes. Com base nelas, refletimos com mais calma o conteúdo
dos desenhos. Isso porque nem sempre o avaliador consegue coletar um considerável número
de informações no momento de aplicação. Outra opção que também fizemos foi recolher as
cartolinas para posterior análise.
4.2.4.2 IDENTIFICAÇÃO DAS DIMENSÕES DE CCI E DOS NÍVEIS DE HABILIDADE
Veremos em seguida a descrição do comportamento e análise da CCI de cada grupo de
dezesseis sujeitos.
81
Figura 2 - Dinâmica 2: Desenho Grupo 1
Fonte: Dados da pesquisa.
Vemos nesse desenho um planeta com a pomba que representa paz. Também há
referência à música de John Lennon, imagine: “imagine all the people living life in peace”.
Usaram basicamente lápis de cor.
Os integrantes se mostraram bem reservados. Houve compreensão da tarefa que era
para ser feita. A comunicação foi bem sucedida. Não houve situações de desentendimento –
falta de respeito. Um dos integrantes permaneceu imóvel praticamente a dinâmica inteira.
Esse grupo terminou por primeiro e, mesmo tendo terminado, os sujeitos continuaram
conversando como se estivessem numa interação intercultural real.
Durante a apresentação oral, o grupo explicou que não conseguia se comunicar muito
bem, mas no final se entenderam. Um disse que buscava refletir mais, “olhar para dentro de
si”. Em algumas situações uma participante tinha que se distanciar de um dos participantes
homens, e não conversar, pois sua instrução não permitia que mulheres falassem com homens.
Outro sujeito explicou “que foi tranquilo” trabalhar em grupo. Os integrantes afirmaram
também que primeiro os integrantes do grupo se conheceram para, depois, entrar em consenso
e produzir o desenho.
A seguir, a identificação da CCI.
82
Quadro 15 - Identificação das Dimensões de CCI e dos Níveis de Habilidade do Segundo Grupo /
Dinâmica 2 / Grupo 1
Identificação
Dimensão /
Nível de
Habilidade
Os sujeitos entenderam o que devia ser feito e desempenharam seu papel; Durante a
apresentação oral, os sujeitos explicaram que não conseguiam se comunicar muito bem,
mas no final se entenderam; Os sujeitos afirmaram também que primeiro os integrantes
do grupo se conheceram para, depois, entrar em consenso e produzir o desenho.
FC / P
A comunicação foi bem-sucedida, desde o início ao fim da dinâmica. CC / P
Os integrantes demonstraram respeito frente às diferenças que se apresentaram. RO / P
Fonte: Elaborado pelo autor conforme dados da pesquisa.
Figura 3 - Dinâmica 2: Desenho Grupo 2
Fonte: Dados da pesquisa.
O grupo 2 desenhou um coração, ou melhor, um mundo dentro de um coração, e
atrás dele há duas mãos juntas. Dentro do coração o grupo incluiu os continentes e oceanos.
Usaram somente lápis de cor.
O grupo procurou se adaptar ao comportamento dos outros sujeitos. Um dos
participantes se mostrou bastante solícito. Outro demonstrou uma atitude reservada, porém
aceitava com um “sim” as ideias. Percebemos que esse grupo também procurou chegar muito
perto de uma situação intercultural real.
Durante a apresentação oral, uma integrante explicou que se sentiu muito “chata”,
porque na vida real ela é mais aberta. Cada um deles conseguiu, segundo eles, identificar o
que o outro estava representando. Uma participante demonstrou atitudes centradas em
condutas práticas. Outra optou por refletir mais. No desenho, explicaram que gostariam de um
83
mundo sem guerra. Os sujeitos finalizaram a apresentação afirmando que não acreditam na
paz.
Segue a identificação da CCI.
Quadro 16 - Identificação das Dimensões de CCI e dos Níveis de Habilidade do Segundo Grupo /
Dinâmica 2 / Grupo 2
Identificação
Dimensão /
Nível de
Habilidade
Os sujeitos adaptaram-se ao comportamento dos outros. FC / P
Os sujeitos demonstraram entender o lado do outro; Cada um deles conseguiu, segundo
eles, identificar o que o outro estava representando.
E / P
Durante a apresentação oral, uma integrante explicou que se sentiu muito “chata”,
porque na vida real ela é mais aberta.
FC / I
Fonte: Elaborado pelo autor conforme dados da pesquisa.
Figura 4 - Dinâmica 2: Desenho Grupo 3
Fonte: Dados da pesquisa.
Vemos no desenho do grupo 3 uma frase da música de John Lennon, Give Peace a
Chance. Ao lado há uma mão com os dois dedos indicador e médio apontados.
Uma mulher perguntou a outra a sua procedência. Outra mulher, que tinha a
instrução B, queria saber muito sobre a vida de outra mulher do grupo. E todas as outras
respondiam, de forma amigável.
Durante a exposição oral, uma das integrantes explicou que era comunicativa e
alegre, de acordo com a instrução dela, mesmo sendo mais reservada cotidianamente. Outra
integrante explicou que procurou ser reservada e buscava entender a posição do outro.
84
Em seguida, a identificação da CCI.
Quadro 17 - Identificação das Dimensões de CCI e dos Níveis de Habilidade do Segundo Grupo /
Dinâmica 2 / Grupo 3
Identificação
Dimensão /
Nível de
Habilidade
Os sujeitos antropólogos procuravam, incansavelmente, descobrir informações sobre a
vida dos habitantes da ilha.
DC / P
Um dos sujeitos explicou que era comunicativa e alegre, de acordo com a instrução
dela, mesmo sendo mais reservada cotidianamente.
FC / P
Fonte: Elaborado pelo autor conforme dados da pesquisa.
Figura 5 - Dinâmica 2: Desenho Grupo 4
.
Fonte: Dados da pesquisa.
No desenho do grupo 4 aparece a palavra paz escrita em diversas línguas. No centro
há o desenho dos continentes e oceanos. Os participantes citaram músicas que falam sobre
paz. Duas delas: All you need is love e I wanna love.
Uma das mulheres do grupo 4 pediu desculpas para um sujeito de outro grupo devido
a uma situação ambígua a respeito de um lápis, pois ela o havia pedido emprestado sem pedir
permissão. Uma integrante do grupo D representou bem a sua instrução. Ela falava mais
rápido, e fazia as coisas rapidamente. Em compensação, uma delas, que tinha instrução C,
mostrou-se reservada.
Durante a exposição oral, disseram que os integrantes do grupo se entenderam bem.
Uma falou mais porque sua instrução pedia esse comportamento. Outra quis abraçar seus
outros amigos porque vinha de uma cultura “mais aberta”.
Em seguida, a identificação da CCI.
85
Quadro 18 - Identificação das Dimensões de CCI e dos Níveis de Habilidade do Segundo Grupo /
Dinâmica 2 / Grupo 4
Identificação
Dimensão /
Nível de
Habilidade
Durante a exposição oral, disseram que os integrantes do grupo se entenderam bem. CC / P
Um sujeito quis abraçar seus outros amigos porque vinha de uma cultura “mais aberta”,
de acordo com sua instrução; Outro sujeito falava mais rápido, e fazia as coisas
rapidamente, para seguir a instrução recebida.
FC / P
Uma das mulheres do grupo pediu desculpas para uma situação ambígua a respeito de
um lápis.
TA / P
Fonte: Elaborado pelo autor conforme dados da pesquisa.
Veremos em seguida a descrição do comportamento e análise da CCI de cada grupo
de vinte sujeitos. Analisaremos o desempenho individual por grupos: 1, 2, 3, 4 e 5.
Grupo 1: discutiram bastante; trabalharam em conjunto; pegaram lápis de outro
grupo; terminam o trabalho antes que todos e mostram o cartaz, assim que o terminaram, a
todo o grupo; no final, quando na apresentação, mostraram um mundo desenhado com mãos
ao redor, de diversas cores.
Em seguida, a identificação da CCI.
Quadro 19 - Identificação das Dimensões de CCI e dos Níveis de Habilidade do Segundo Grupo /
Dinâmica 2 / Grupo 1
Identificação
Dimensão /
Nível de
Habilidade
Mostrou-se nítida a união do grupo e o trabalho conjunto dele para cumprir com a
tarefa solicitada.
FC / P
Ao apresentar o trabalho oralmente, os sujeitos mostraram um mundo desenhado com
mãos ao redor, de diversas cores, o que mostra respeito às diversidades.
RO / P
Fonte: Elaborado pelo autor conforme dados da pesquisa.
86
Figura 6 - Dinâmica 2: Desenho Grupo 1
Fonte: Dados da pesquisa.
Grupo 2: praticamente só uma pessoa desenhava. Os outros também fizeram algumas
coisas, mas fizeram turnos para desenhar e o fizeram pouco; nem todos falaram; uma delas
usava o celular frequentemente; aparentemente só uma pessoa falava com o grupo; um se
levantou, falou com a mãe de uma participante que estava na sala e que, portanto, não
participava da dinâmica; foi um dos últimos grupos a apresentar o trabalho oralmente; fizeram
um cartaz com o planeta Terra desenhado, com o mesmo padrão de desenho dos demais,
porém com material diferente: usaram canetinhas que tinha um dos participantes; ao
apresentar oralmente o trabalho, comentaram que usaram o celular para referenciar a foto de
uma pomba, que queriam desenhar.
Em seguida, a identificação da CCI.
Quadro 20 - Identificação das Dimensões de CCI e dos Níveis de Habilidade do Segundo Grupo /
Dinâmica 2 / Grupo 2
Identificação
Dimensão /
Nível de
Habilidade
Os sujeitos usaram o celular para auxiliar na produção do desenho. DC / P
Os sujeitos não se comunicavam com frequência. CC / B
Um sujeito se levantou, falou com a mãe de uma participante que estava na sala e que,
portanto, não participava da dinâmica. Isso demonstra pouca empatia com os outros
sujeitos do grupo.
E / B
Fonte: Elaborado pelo autor conforme dados da pesquisa.
87
Figura 7 - Dinâmica 2: Desenho Grupo 2
Fonte: Dados da pesquisa.
Grupo 3: rapidamente se organizam para todos se sentarem no chão; um participante
comentou sobre a possibilidade de não saber atuar da maneira como ordenava sua instrução;
alguns participantes espiaram o trabalho dos outros grupos; mantiveram-se concentrados,
produzindo bastante; foi o último grupo a terminar; apresentaram um planeta, e há duas
pombas segurando uma faixa com a palavra paz.
Em seguida, a identificação da CCI.
Quadro 21 - Identificação das Dimensões de CCI e dos Níveis de Habilidade do Segundo Grupo /
Dinâmica 2 / Grupo 3
Identificação
Dimensão /
Nível de
Habilidade
Os sujeitos se sentaram no chão para se acomodarem melhor e assim prosseguir com a
atividade.
FC / P
Os sujeitos demostraram ser bastante curiosos ao olhar o trabalho do outro grupo. DC / P
Fonte: Elaborado pelo autor conforme dados da pesquisa.
88
Figura 8 - Dinâmica 2: Desenho Grupo 3
Fonte: Dados da pesquisa.
Grupo 4: fizeram uma breve discussão sobre por onde deviam seguir com o desenho
e começaram a esboçá-lo, sem arquitetar um plano ou distribuir as tarefas; não aparentaram
concordância nas ideias, mas não houve contenda nas discussões. Por vezes, a ideia que surgia
por qualquer um deles era em seguida aproveitada para eventualmente ser adicionada ao
desenho, mais como uma suposição do que se pretendesse fazer do que como uma proposta;
um dos integrantes interagia constantemente com os outros grupos, chegando a se levantar e ir
até outro, para falar sobre o desenho; conversam sobre outros temas que não a produção do
desenho; um deles se dirigiu ao avaliador B, fazendo perguntas sobre o intervalo que estava
próximo; mostraram o cartaz antes da apresentação, assim que terminaram; alguns passearam
pela sala ao terminar o desenho e antes da apresentação dos grupos; quando apresentaram
oralmente, fizeram-no brevemente e comentaram que a maior dificuldade na dinâmica tinha
sido, de fato, desenhar.
Em seguida, a identificação da CCI.
Quadro 22 - Identificação das Dimensões de CCI e dos Níveis de Habilidade do Segundo Grupo /
Dinâmica 2 / Grupo 4
Identificação
Dimensão /
Nível de
Habilidade
Não obstante a divergência de ideias, o grupo conseguiu cumprir com a tarefa
solicitada.
TA / P
Um dos sujeitos se levantava para falar com outro grupo sobre o desenho. CC / P
Os sujeitos não aparentaram concordância nas ideias, mas não houve contenda nas
discussões.
E / I
Fonte: Elaborado pelo autor conforme dados da pesquisa.
89
Figura 9 - Dinâmica 2: Desenho Grupo 4
Fonte: Dados da pesquisa.
Grupo 5: discutiram entre si as ideias para a confecção do desenho; trabalharam com
pouca conversa, em voz baixa; apresentaram um desenho com o mesmo padrão dos outros:
planeta, pessoas diferentes ao redor – houve ênfase nos detalhes os quais diferenciam uma
pessoa da outra. Um dos sujeitos comentou que a maior dificuldade foi conviver com a amiga
“que fica uma chata nesse papel” (sic).
Em seguida, a identificação da CCI.
Quadro 23 - Identificação das Dimensões de CCI e dos Níveis de Habilidade do Segundo Grupo /
Dinâmica 2 / Grupo 5
Identificação
Dimensão /
Nível de
Habilidade
No desenho, houve ênfase nos detalhes os quais diferenciam uma pessoa da outra. E; RO / P; P
Os sujeitos conversaram bastante para chegar ao resultado final. CC / P
Um dos sujeitos comentou que a maior dificuldade foi conviver com a amiga “que fica
uma chata nesse papel” (sic).
FC / B
Fonte: Elaborado pelo autor conforme dados da pesquisa.
90
Figura 10 - Dinâmica 2: Desenho Grupo 5
Fonte: Dados da pesquisa.
4.2.5 Autoavaliação
4.2.5.1 RELATO
Com a aplicação desse instrumento, foi possível constatar o que os sujeitos pensam
sobre as três atividades que realizaram, de um modo geral. Eles escreveram tudo aquilo que
sentiram, suas impressões e o que aprenderam com a dinâmica. Para o grupo em foco,
conforme algumas respostas selecionadas aleatoriamente (ver quadros 26 e 27),
compreendemos que os sujeitos têm opinião favorável ao respeito e diálogos às diferenças
culturais, como no exemplo que segue: “eu aprendi a aceitar as opiniões dos outros e respeitá-
las” (sic).
Conseguimos também identificar aspectos relacionados a outras questões, não apenas
referentes as três dinâmicas realizadas, conforme perguntas 4 e 5, as quais discorrem sobre as
qualidades mais importantes de um aluno participante de um programa de intercâmbio e
outra sobre o porquê de ser um aluno de programa de intercâmbio.
Os sujeitos terminaram a atividade dentro do prazo determinado.
Para cada uma das cinco perguntas selecionamos duas respostas, aleatoriamente, de
dois sujeitos diferentes.
91
4.2.5.2 IDENTIFICAÇÃO DAS DIMENSÕES DE CCI E DOS NÍVEIS DE HABILIDADE
Em seguida disponibilizaremos algumas das respostas do questionário e avaliaremos
a CCI, utilizando as seis dimensões já referenciadas. Selecionamos, aleatoriamente, duas
respostas para cada pergunta. Primeiramente analisaremos o grupo de dezesseis sujeitos.
Quadro 24 - Identificação das Dimensões de CCI e dos Níveis de Habilidade do Segundo Grupo /
Autoavaliação / Dezesseis Sujeitos
Qu
estã
o
Resposta
Dimensão /
Nível de
Habilidade
1 Sujeito 1 - ”Me senti bem, ter contato com outras pessoas não é difícil, basta saber
lidar com as situações” (sic).
Sujeito 2 – “A princípio foi estranho, mas como você tem que encarar o papel foi
bem divertido” (sic).
FC / P
FC / P
2 Sujeito 1 - “Realçou a importância de considerar o outro como diferente de mim,
aprendendo a lidar com essas diferenças” (sic).
Sujeito 2 - “Aprendi que não devemos achar que os outros são sempre iguais a
nós e que devemos ser tolerantes” (sic).
RO; TA / P; P
RO; TA / P; P
3 Sujeito 1 - “A desenvoltura ao falar com as pessoas que falam outra lingua, ou
que tem pensamentos diferentes” (sic).
Sujeito 2 - “Nas minhas relações com o próximo, sendo ele do meu país ou não,
pois a multiplicidade de culturas e costumes ocorre num mesmo bairro e não entre
países apenas; respeitando as diferenças e buscando conhece-las” (sic)
CC; RO / P; P
DC; RO / P; P
4 Sujeito 1 - “A busca incansável pelo novo, diferente, culturalmente, na educação,
etc” (sic).
Sujeito 2 - “Flexibilidade para adaptação, ser extrovertido, responsabilidade,
maturidade, espírito aventureiro e curioso” (sic).
DC / P
FC; DC / P; P
5 “Para aprender novos caminhos, lugares, conhecer gente de outros países, ver o
mundo de uma forma menos “míope”” (sic).
“Para conhecer as outras culturas e aprender cada vez mais a respeita-las,
compreende-las e admira-las” (sic).
E; DC / P; P
E; DC; RO /
P; P; P
Fonte: Elaborado pelo autor conforme dados da pesquisa.
Em seguida, identificaremos a CCI do grupo de vinte sujeitos.
92
Quadro 25 - Identificação das Dimensões de CCI e dos Níveis de Habilidade do Segundo Grupo /
Autoavaliação / Vinte Sujeitos Q
ues
tão
Resposta
Dimensão /
Nível de
Habilidade
1 Sujeito 1 - “Tímida em alguns momentos com as pessoas que eu não conhecia” (sic).
Sujeito 2 - “Inicialmente confusa, apenas segui as instruções dadas percebendo depois
os objetivos de cada uma” (sic).
FC / I
FC / I
2 Sujeito 1 - “Aprendi a lidar com culturas diferentes, a observar cada movimento”
(sic).
Sujeito 2 - “Aprender a analisar os diferentes tipos de personalidades, culturas” (sic).
DC; FC / P; P
DC / P
3 Sujeito 1 - “Sempre tentando perceber as sensibilidades e os mínimos detalhes para
saber como agir com as pessoas” (sic).
Sujeito 2 - “Aceitação, perguntar quando tenho dúvidas, conversar” (sic).
E; DC / P; P
E; DC / P; P
4 Sujeito 1 - “Ser flexivel e se adaptar a nova cultura” (sic).
Sujeito 2 - “Aprender sobre novas culturas e conhecer pessoas e lugares diferentes, a
ver que o mundo não gira em torno de nós” (sic).
FC / P
DC; E / P; P
5 “Pois possibilita estar conhecendo outros países, culturas, idiomas” (sic).
“Para experimentar novas culturas e situações” (sic).
DC / P
DC / I
Fonte: Elaborado pelo autor conforme dados da pesquisa.
4.2.6 Considerações do Segundo Grupo
O Segundo Grupo foi o primeiro grupo em que aplicamos a Autoavaliação, por
escrito. Como já dissemos, no anterior, Primeiro Grupo, ainda não tínhamos elaborado as
questões. Havíamos somente discutido, de modo bastante geral, sobre a receptividade das
atividades aplicadas. Já no Segundo Grupo pudemos acrescentar a Autoavaliação como parte
constituinte do nosso instrumento.
Encontramos um pouco de dificuldade no tocante à aplicação do instrumento com
esse grupo, devido ao número elevado de sujeitos. Por isso, tivemos dois avaliadores, em
salas separadas. Apesar desse número, a partir dessa aplicação nos tornamos mais seguros em
relação ao procedimento de aplicação com o grupo subsequente. Por exemplo, vimos que o
tempo estipulado para cada instrumento é adequado, mesmo sabendo que imprevistos podem
acontecer como, por exemplo, atrasos por parte dos sujeitos. Outro exemplo seria o fato de
termos adquirido prática necessária à explicação para os sujeitos sobre o procedimento de
cada uma das atividades. Enfim, a aplicação com o Segundo Grupo se mostrou conveniente à
aplicação do grupo de sujeitos vindouro.
93
4.3 TERCEIRO GRUPO
4.3.1 Apresentação
Esse é o terceiro grupo de sujeitos em que aplicamos o nosso instrumento. Estavam
previstos doze participantes, no entanto, compareceram somente cinco: quatro mulheres e um
homem. Uma das mulheres era estrangeira, de nacionalidade argentina. Os sujeitos são alunos
de uma disciplina internacional: Direito Internacional. Escolhemos esse grupo de sujeitos uma
vez que consideramos como um grupo potencial para obter dados concernentes ao nosso
instrumento. O professor Jorge, que ministra a disciplina Direito Internacional, mostrou-se à
disposição para receber-nos e para que aplicássemos o instrumento.
A aplicação começou às 8h30. Estava previsto para começar às 8h15, mas como só
havia quatro alunos quando chegamos à sala, esperamos mais quinze minutos para que
eventualmente viessem os outros participantes que esperávamos. Veio somente mais uma
mulher.
Na sequência o roteiro de aplicação para o Terceiro Grupo, incluindo etapas, tempos
e materiais, seguido da descrição da aplicação com os sujeitos.
94
Quadro 26 - Roteiro de Aplicação do Terceiro Grupo
Fonte: Elaborado pelo autor para fins de pesquisa.
Conforme roteiro de avaliação apresentado, iniciamos as atividades da manhã com
uma breve apresentação do avaliador e, dando sequência, começamos com a primeira
atividade, a do Cenário, que descreveremos a seguir.
Roteiro de Aplicação do Terceiro Grupo: 21-05-13
Objetivos
Promover dinâmicas de investigação e reflexão sobre interculturalidade.
Despertar uma consciência favorável e uma atitude positiva em relação ao Outro.
Observações:
Chegada ao local às 7h45, para testagem dos equipamentos, verificação de material;
Início das atividades às 8h15;
Término das atividades às 10h15;
Seria bom ter o registro para divulgação institucional (fotos).
Tempo total de duração: 2h.
Número de sujeitos pesquisados: 12
Número de avaliador (es): 01(Rodrigo)
Etapas Tempo Materiais
Apresentação do avaliador. 5 minutos. Câmera fotográfica.
Atividade 1 – Cenário: Vídeo:
Building a Multicultural Team.
30 minutos. Exibição do vídeo duas vezes (sem interferência).
Um computador, Datashow, impressão
transcrição das falas / tradução (01 cópia por
pesquisado). Impressão do questionário sobre o
vídeo (01 cópia por pesquisado). Caixinha de
som.
Atividade 2 – Dinâmica 1. 30 minutos. Temos orientações, não há impressões para esta
dramatização. Precisamos de folhas em branco
para anotação das informações dos antropólogos.
Atividade 3 – Dinâmica 2.
Haverá apresentação dos desenhos.
40 minutos.
(25 para
desenhar e
15 para
apresentação
)
Lápis de cor, canetinhas coloridas, cartolinas (1
por grupo, 3 cartolinas), impressão das instruções
para os pesquisados (01 cópia por grupo). Régua
ou tesoura para o aplicador / pesquisador.
Atividade 4 - Debriefing /
Autoavaliação: questões
discursivas, referentes às três
dinâmicas realizadas.
10 minutos. Impressão das perguntas (01 cópia para cada
sujeito pesquisado).
Encerramento das atividades. 5 minutos.
95
4.3.2 Cenário
4.3.2.1 RELATO
Os cinco sujeitos explicaram que não falavam muito bem a língua inglesa, dado que
o vídeo está nesse idioma. Como sabemos que podemos deparar com um grupo de sujeitos
que não conhece essa língua, disponibilizamos, tal como no Primeiro Grupo, a transcrição em
inglês (ver Apêndice A) e a tradução para o português, impressas numa folha.
Um dos sujeitos, de nacionalidade argentina, comentou que entende português, mas
se expressa melhor em espanhol, sua língua nativa. Sugerimos que ela escrevesse as respostas
do questionário em espanhol, mas ela preferiu escrever em português. Quiçá ela quisesse
praticar o português, já que participa de um intercâmbio na Univali. Ela usou dicionário não
raras as vezes.
Na metade da aula chegou mais um homem, totalizando seis participantes. Ele não
participou da atividade do cenário, pois não assistiu ao vídeo. Ele pôde participar da atividade
seguinte, da Dinâmica 1.
O único homem do grupo, de acordo com o que percebemos, demorou bastante em
ler a transcrição (ver Apêndice A) e a tradução. Logo, levou mais tempo até começar a
responder as questões. Os outros também leram o material impresso, mas começaram a
responder logo em seguida.
Duas participantes demoraram em acabar. Levou mais quinze minutos que o
esperado. Isso nos levou a refletir sobre a quantidade de tempo para essa atividade. Pensamos
que talvez pudéssemos sugerir quarenta e cinco minutos no total, dependendo do grupo.
É possível que o fato de os sujeitos, com exceção do estrangeiro, não terem muito
conhecimento de língua inglesa explique o porquê de terem demorado mais para terminar de
responder. Liam e refletiam bastante.
4.3.2.2 IDENTIFICAÇÃO DAS DIMENSÕES DE CCI E DOS NÍVEIS DE HABILIDADE
À continuação disponibilizaremos as respostas dos sujeitos do questionário e
avaliaremos a CCI, utilizando as seis dimensões já referenciadas. Selecionamos,
aleatoriamente, uma resposta para cada pergunta, diferentemente do Segundo Grupo, em que
96
selecionamos duas respostas para cada pergunta, dado que o número de sujeitos respondentes
do Terceiro Grupo fosse menor em relação ao Segundo Grupo.
Quadro 27 - Identificação das Dimensões de CCI e dos Níveis de Habilidade do Terceiro Grupo / Cenário
Qu
estã
o
Resposta
Dimensão /
Nível de
Habilidade
1 “porque ele só estava querendo falar de negócios e era apenas o primeiro encontro
deles, para ela, eles teriam que se conhecer melhor durante o jantar e depois
conversar sobre negócios” (sic).
FC / P
2 “Ele não entendia como um aniversário era importante, não sabe o importante que é
o evento para Fernando. Sua reação foi não fazer nenhuma mudança no programado
anteriormente (ele não percebe significado do aniversário para Fernando)” (sic).
E / P
3 “Queria desviar do assunto trabalho, a intenção dela era fazê-lo beber para curtir o
momento” (sic).
CC / I
4 “Porque na cultura dela aquela situação estava errada, primeiro ele deveria conhecê-
los, ganhar confiabilidade para depois tratar de negócios” (sic).
FC; DC / P; P
5 “Tom não compreendeu, não. Ele pensou que tudo tem que ficar feito, ele falou
com cada um para se organizar. Cada um falou para que fizessem o combinado –
“não entendo porque as coisas não foram feitas ainda”” (sic).
TA / I
6 “Acho que Tom irá demiti-lo” (sic). E / B
7 “De surpresa, ela não estava esperando aquela pergunta naquele momento” (sic). TA / I
8 “Ele não comentou nada sobre o evento e o considerou uma festa de aniversário
qualquer”.
DC / I
9 “Para começar um assunto e porque Joseline se preocupava com as pessoas em
primeiro lugar”.
FC; CC; E / P;
P; P
10 “Porque para ela não é conveniente conversar sobre negócio logo no primeiro
encontro”.
FC; CC / P; P
Fonte: Elaborado pelo autor conforme dados da pesquisa.
Seguiremos com o relato da Dinâmica 1.
4.3.3 Dinâmica 1
4.3.3.1 RELATO
Havia seis participantes na sala: quatro mulheres e dois homens. Dividimos o número
total de sujeitos em dois grupos, três em cada um deles. Pedimos para que os dois homens
participassem em grupos diferentes.
97
Um dos sujeitos em particular, pertencente ao grupo dos moradores da ilha, procurou
seguir as orientações da dinâmica. Ele não falava com mulheres do grupo dos antropólogos.
Passados alguns minutos esse sujeito decidiu trocar informações com o antropólogo homem,
por meio de gesticulações.
Uma das antropólogas não falava ou participava. Os habitantes da ilha unicamente
movimentavam a cabeça em sinal de sim ou não, conforme orientação. O antropólogo se
queixou que os moradores da ilha não falavam. Os habitantes da ilha riam dos antropólogos e
da situação, porque, dentre outros motivos, a antropóloga emitia um som assemelhado ao que
emite o personagem Tarzan.
Uma das antropólogas afirmou que os habitantes da ilha “são amigáveis”.
O antropólogo, no intuito de obter informações, levou o habitante da ilha para
conhecer outros locais. Os antropólogos não faziam muitas perguntas ao sujeito do gênero
masculino do grupo dos habitantes da ilha. Percebemos que os moradores da ilha se falavam
entre eles. A antropóloga comentou que os habitantes da ilha “falam português”. A referida
antropóloga desenhou algo no caderno, para mostrar para os habitantes da ilha. O antropólogo
fez a mesma coisa.
Um sujeito do grupo dos habitantes da ilha ofereceu algo para a antropóloga comer,
parecido com pimenta, e ela demostrou não gostar do sabor.
Não houve muitas perguntas. As únicas feitas foram as seguintes: “vocês moram aqui
há muito tempo?”; “como vocês se alimentam”?; “vocês dormem dentro de uma cabana?”
Tanto os antropólogos como os habitantes da ilha pouco se falavam, talvez por terem
dificuldade na interação, na comunicação.
Os antropólogos não descobriram que os moradores da ilha movimentavam a cabeça
em sinal de sim quando os antropólogos perguntavam sorrindo e não quando os antropólogos
perguntavam com uma postura mais séria. Não falaram em nenhuma língua. Usaram
exclusivamente gestos. Mas se falavam entre si, entre integrantes do mesmo grupo.
Por este ser um grupo de sujeitos pequeno, pareceu-nos mais fácil avaliar a
aplicabilidade do instrumento e, logo, a competência intercultural dos sujeitos. Além disso,
pudemos observar detalhes decorrentes da interação entre os participantes. Conseguimos
identificar claramente cada um dos personagens, diferente de quando há um número elevado
de sujeitos.
98
Se comparado ao grupo anterior, ao Segundo Grupo, o Terceiro Grupo desempenhou
de fato seu papel e as orientações dadas pelos avaliadores, como se realmente estivessem
numa ilha.
Os antropólogos não anotaram informações. Na realidade, quase não perguntavam,
não falavam.
Este grupo, assim como o Primeiro Grupo, também demonstrou dúvida quanto à
língua que deveria ser utilizada durante a dinâmica. Reafirmamos que a seleção de uma língua
em específico não se revela como um aspecto indispensável à coleta de dados por parte do
pesquisador. Como já dissemos, na Dinâmica 1, o objetivo do avaliador de competência
intercultural é de avaliar o comportamento dos habitantes da ilha e dos antropólogo,
independentemente da língua. Quer dizer, a maneira como os antropólogos se comunicam
com os moradores da ilha pode, logo, ser um critério de avaliação de competência
intercultural, em consonância à dimensão Consciência Comunicativa.
A propósito da língua, percebemos que ela se apresentou como uma barreira por
parte dos antropólogos. Ora, o fato de os moradores da ilha movimentarem a cabeça em sinal
de “sim” ou “não” significava que haviam compreendido as poucas questões proferidas pelos
antropólogos. A questão é que os antropólogos não se deram conta de que haviam sido
compreendidos, pensando que os moradores da ilha deveriam falar, expressar-se oralmente.
4.3.3.2 IDENTIFICAÇÃO DAS DIMENSÕES DE CCI E DOS NÍVEIS DE HABILIDADE
O quadro 30 que segue mostra as Dimensões e Níveis de Habilidades identificados
nos sujeitos:
99
Quadro 28 - Identificação das Dimensões de CCI e dos Níveis de Habilidade do Terceiro Grupo / Dinâmica 1
Identificação
Dimensão /
Nível de
Habilidade
O sujeito homem do grupo dos habitantes da ilha procurou seguir a orientação da
dinâmica. Ele não falava com mulheres do grupo dos antropólogos. Passados alguns
minutos esse mesmo sujeito decidiu trocar informações com o antropólogo homem, por
meio de gesticulações.
FC; DC / P; P
Uma das antropólogas não falava ou participava da atividade. FC / B
Os habitantes da ilha só faziam sim ou não com a cabeça, conforme orientação. FC / P
O antropólogo levou o indígena para ver outros locais da ilha, para obter informações.
Os antropólogos não faziam muitas perguntas ao sujeito homem do grupo dos
habitantes da ilha.
DC; FC / I; P
Uma antropóloga desenhou algo no caderno para mostrá-lo aos indígenas. FC / P
Umas das nativas deu algo para a antropóloga comer, parecido com pimenta, e ela
demostrou não gostar do sabor.
FC / P
Perguntas feitas para os habitantes da ilha: “Vocês moram aqui há muito tempo?”;
“Como vocês se alimentam”?; “Vocês dormem dentro de uma cabana?”
DC / P
Tanto os antropólogos como os habitantes da ilha pouco se falavam, talvez por terem
dificuldade na interação, na comunicação.
CC / I
Os antropólogos não perceberam que foram compreendidos, pensando que os n
habitantes da ilha deveriam falar, expressando-se oralmente.
DC / B
Os habitantes da ilha riam dos antropólogos e da situação, porque, dentre outros
motivos, a antropóloga emitia um som assemelhado ao que emite o personagem
Tarzan.
DC; FC; CC /
B; B; B
Fonte: Elaborado pelo autor conforme dados da pesquisa.
4.3.4 Dinâmica 2
4.3.4.1 RELATO
Havia cinco participantes para esta dinâmica: três mulheres e dois homens. Tivemos,
logo, somente um grupo, de cinco alunos. Uma mulher foi embora antes, tinha que se
ausentar. Um dos homens desempenhou a instrução A, ou seja, recebeu também a instrução
A, pois uma mulher, do mesmo modo, desempenhou a instrução A.
Não havia lápis de cor, mas uma participante tinha canetinhas e as usaram, portanto.
O sujeito que detinha a instrução A desempenhou à risca seu papel: atitude de uma
pessoa reservada, e não falava muito. Já o sujeito com instrução B não demonstrou
preocupação em seguir as informações de sua instrução, visto que não era alegre e nem
demonstrou ser afetuoso.
100
O sujeito da instrução A se levantou e se aproximou de outra mulher, permanecendo
entre duas mulheres, e não se sentou perto do homem, conforme seu papel solicitava. Ela
demonstrou ser extrovertida e comunicativa. Numa conversa final, durante a apresentação, ela
fez questão de explicar sobre algumas diferenças culturais entre Brasil e Argentina. Ela
estranhou, por exemplo, que no Brasil homem não beija homem no rosto quando se
cumprimentam, ao contrário de seu país de origem. Também comentou que na dinâmica foi
difícil para ela desempenhar a instrução A, pois requeria dela, principalmente, que mantivesse
uma posição distante de pessoas do gênero oposto.
Observamos que o sujeito homem da instrução A demonstrou interesse em contribuir
com a realização da tarefa solicitada. Por coincidência, na Dinâmica 1, esse mesmo sujeito
participou do grupo dos habitantes da ilha, e também só podia se dirigir a outro homem. E ele,
pertencente ao grupo dos moradores da ilha, não podia iniciar conversa e nem falar. Numa
conversa informal após as dinâmicas, ele nos informou que, coincidentemente, ele tem
semelhante comportamento na sua vida pessoal: reservado, porém não ao extremo, e
comunicativo. Perguntaram, durante a dinâmica, a esse sujeito com instrução A o seguinte: “o
cara, vem aqui, mais perto”, então ele respondeu: “não, não posso”. Com isso ele quis dizer
que a instrução dele não permitia: homens e mulheres deveriam ficar separados. Esse mesmo
sujeito explicou que, durante a confecção do material, objetivando seguir sua instrução, não
gostou da conversa sobre o tema homossexualismo, da ideia de desenhar algo relacionado a
isso. Não gostou muito das “mãos entrelaçadas”. Dado curioso é que, mesmo falando da
experiência, esse sujeito, ao apresentar o trabalho oralmente, procurava fazer de conta que
ainda estava desempenhando seu papel na dinâmica.
O sujeito da instrução C sugeriu o seguinte: “por que a gente não desenha um
homossexual e mostra que a gente não tem nada a ver com isso”? Esse sujeito vinha de uma
cultura bastante reservada, e se mostrou bastante atenta e solícita para com os outros. Durante
a apresentação oral esse mesmo sujeito explicou que aprendeu muito e ela já possui tal
comportamento no seu trabalho.
O sujeito com instrução D seguiu sua instrução criteriosamente. Ele priorizava um
bom trabalho em grupo. Falava bastante. Tomava sempre iniciativa. Ele sugeriu desenhar uma
criança. Segundo ele, “ia ser bem legal” (sic). Esse mesmo sujeito disse que “foi legal”
trabalhar em grupo, apesar de uma mulher ter desistido de participar da atividade.
101
Não tivemos dificuldades para anotar as informações. Como o grupo de sujeitos era
menor, foi possível prestar atenção individualmente ao comportamento dos sujeitos.
O grupo, de um modo geral, não falava muito, e todos se mostraram bastante
reservados. Mas se comunicavam.
Percebemos que a mulher da instrução B não procurou desempenhar seu papel de
acordo com seu comando. Além do mais, não falava com quase ninguém. Posteriormente ela
se ausentou da sala - disse que os outros “não quiseram fazer o desenho dela”. Segundo relato
do grupo durante a apresentação oral, o sujeito A não queria desenhar pessoas de mãos dadas,
conforme sugestão dos outros sujeitos, pois sua instrução não lhe permitia tal comportamento.
E a participante da instrução B gostaria que o grupo levasse em consideração a sugestão dada
por ela. Daí a discussão e a mulher ter desistido da atividade.
4.3.4.2 IDENTIFICAÇÃO DAS DIMENSÕES DE CCI E DOS NÍVEIS DE HABILIDADE
Veremos, a seguir, a descrição do comportamento e análise desse grupo de sujeitos.
Figura 11 - Dinâmica 2: Desenho Terceiro Grupo
Fonte: Dados da pesquisa.
Como vemos na foto da cartolina, os sujeitos desenharam a natureza, e eles se
propuseram a desenhar, segundo palavras deles, várias espécies, mas “não deu” bem certo, de
acordo com o que queriam. Desenharam mãos também.
Em seguida, a identificação da CCI.
102
Quadro 29 - Identificação das Dimensões de CCI e dos Níveis de Habilidade do Terceiro Grupo / Dinâmica 2
Identificação
Dimensão /
Nível de
Habilidade
Um sujeito que detinha a instrução A desempenhou à risca seu papel: atitude de uma
pessoa reservada, e não falava muito.
FC / P
O sujeito com instrução B não demonstrou preocupação em seguir as informações de
sua instrução, visto que não era alegre e nem afetuoso.
FC / B
A estrangeira, argentina, da instrução A, se levantou e se aproximou de outra mulher,
permanecendo entre duas mulheres, e não se sentou perto do sujeito homem, conforme
seu papel solicitava. Ela demonstrou ser extrovertida e comunicativa. Numa conversa
final, durante a apresentação, ela fez questão de explicar sobre algumas diferenças
culturais entre Brasil e Argentina. Ela estranhou, por exemplo, que aqui no Brasil
homem não beija homem no rosto quando se cumprimentam, ao contrário de seu país
de origem. Também comentou que na dinâmica foi difícil para ela desempenhar a
instrução A, pois requeria dela, principalmente, que ela mantivesse uma posição
distante de pessoas do gênero oposto.
FC; CC; E; /
P; P; P;
Perguntaram, durante a dinâmica, ao sujeito com instrução A o seguinte: “o cara, vem
aqui, mais perto”, então ele respondeu: “não, não posso”. Com isso ele quis dizer que a
instrução dele não permitia: homens e mulheres deveriam ficar separados.
FC / P
A mulher da instrução B não procurou desempenhar seu papel de acordo com seu
comando. Além do mais, não falava com quase ninguém. Ela desistiu de participar da
atividade. O sujeito com instrução A não queria desenhar pessoas de mãos dadas,
conforme sugestão dos outros sujeitos. A participante referida da instrução B gostaria
que fosse do jeito dela.
FC; CC; E;
TA / B; B; B;
B
Um sujeito sugeriu: “por que a gente não desenha um homossexual e mostra que a
gente não tem nada a ver com isso”? Um dos sujeitos explicou que vinha de uma
cultura bastante reservada, e se mostrou bastante atenta e solícita para com os outros.
RO; E / I; I
Fonte: Elaborado pelo autor conforme dados da pesquisa.
4.3.5 Autoavaliação
4.3.5.1 RELATO
Nessa atividade, os sujeitos escreveram o que sentiram, suas impressões e o que
aprenderam com as dinâmicas. Para o grupo em questão, conforme algumas respostas
selecionadas aleatoriamente e que veremos em seguida, percebemos que os sujeitos têm
opinião favorável ao respeito e diálogos às diferenças culturais.
Havia quatro sujeitos para essa atividade. Demoraram mais do que o esperado,
quinze minutos, e a atividade estava prevista para dez minutos. Talvez isso queira nos dizer
que cada grupo responde de forma diferente às expectativas do avaliador, como em relação a
tempo, às respostas do questionário e às dúvidas que podem surgir eventualmente. Os
sujeitos, aparentemente, não tiveram dúvidas quanto às perguntas do questionário.
103
4.3.5.2 IDENTIFICAÇÃO DAS DIMENSÕES DE CCI E DOS NÍVEIS DE HABILIDADE
A seguir mostraremos algumas das respostas dos sujeitos do questionário e
avaliaremos a CCI. Selecionamos, aleatoriamente, uma resposta para cada pergunta.
Quadro 30 - Identificação das Dimensões de CCI e dos Níveis de Habilidade do Terceiro Grupo / Autoavaliação
Qu
estã
o
Resposta
Dimensão /
Nível de
Habilidade
1 “Foi interessante, porque eu percebi o quanto é importante aprender a se relacionar com
pessoas de lugares e culturas diferentes” (sic).
DC; FC / P; P
2 “Aprendi as diferenças entre as pessoas, o modo de vida, religião e cultura” (sic). RO; DC / P; P
3 “Saber respeitar as diferenças é o primeiro passo, depois procurar conhecer e se adaptar
à nova cultura” (sic).
RO; DC; FC /
P; P; P
4 “Ter iniciativa, curiosidade, querer conhecer, querer vivenciar diferentes formas de
viver, conhecer costumes, aberto, ativo, amigável, gostar de viajar, de falar” (sic).
DC; FC; E / P;
P; P
5 “Poder conhecer sobre outro país, facilitar a relação entre culturas diferentes. Nós
somos muito limitados à própria cultura, sendo que podemos abrir a mente para as
novas” (sic).
DC; FC / P; P
Fonte: Elaborado pelo autor conforme dados da pesquisa.
4.3.6 Considerações do Terceiro Grupo
Havia poucos sujeitos na sala, fato que gerou maior facilidade ao aplicar o
instrumento em relação ao número de sujeitos. Dessa forma, e já com a prática adquirida por
meio da aplicação com o Primeiro Grupo e com o Segundo Grupo, pudemos observar fácil e
nitidamente o comportamento dos sujeitos durante a consecução das atividades. Não
queremos dizer com isso que não tenha sido possível acompanhar atentamente os outros
grupos, como o Primeiro Grupo e o Segundo Grupo. Estamos, porém, afirmando que a
dificuldade pode ser mais acentuada quando o número de sujeitos é maior.
O Terceiro Grupo, como pudemos perceber na análise anteriormente feita, alcançou
um nível de habilidade alto referente às dimensões de CCI. Acreditamos que isso se explique,
em parte, em razão de os sujeitos estarem inseridos numa disciplina Internacional, no caso,
Direito Internacional. Também, como esses sujeitos têm contato na sala com alunos de outros
países, pode acarretar o nível pleno de competência intercultural.
104
4.4 AVALIAÇÃO DE CCI ENCONTRADA POR CADA INSTRUMENTO
Relatamos na seção anterior a aplicação dos seguintes grupos de sujeitos, com os
quais aplicamos o instrumento: Primeiro Grupo, Segundo Grupo e Terceiro Grupo. Para cada
atividade e para cada grupo, incluímos duas subseções, uma sobre a experiência de aplicação
do instrumento com os sujeitos - Relato - e outra sobre a identificação de competência
intercultural.
Nosso próximo passo será o de discutir os dados obtidos na aplicação dos
instrumentos. Para auxiliar o leitor na visualização dos dados, apresentamos, a seguir, no
quadro 33, a recorrência das dimensões e dos níveis de habilidades encontrados em cada um
dos quatro instrumentos, por meio da aplicação com os três grupos de sujeitos analisados. Do
mesmo modo, o quadro mostra o total de dimensão e de níveis de habilidade identificados em
cada um dos quatro instrumentos.
Quadro 31 - Recorrência das Dimensões de CCI e dos Níveis de Habilidade do Primeiro Grupo + Segundo
Grupo + Terceiro Grupo – Cenário / Dinâmica 1 / Dinâmica 2 / Autoavaliação
Instrumentos / Níveis de Habilidade
Dimensão
Cenário
Dinâmica 1 Dinâmica 2 Autoavaliação
Total dos
quatro
instrumentos
Descoberta de
Conhecimento
12 / B – NNI; I
– 2; P – 10
9 / B – 3; I – 1;
P – 5
4 / B – NNI; I –
NNI; P – 4
17 / B – NNI; I –
1; P – 16
42 / B – 3; I –
4; P – 35
Empatia 12 / B – 1; I –
2; P – 9
3 / B – 1; I –
NNI; P – 2
7 / B – 2; I – 2;
P – 3
6 / B – NNI; I –
NNI; P – 6
28 / B – 4; I –
4; P – 20
Flexibilidade
Comportamental
14 / B – NNI; I
– 1; P – 13
10 / B – 3; I –
NNI; P – 7
13 / B – 3; I –
1; P – 9
10 / B – NNI; I –
2; P – 8
47 / B – 6; I –
4; P – 37
Consciência
Comunicativa
3 / B – NNI; I
– 1; P – 2
5 / B – 2; I – 1;
P – 2
8 / B – 2; I –
NNI; P – 6
1 / B – NNI; I –
NNI; P – 1
17 / B – 4; I –
2; P – 11
Respeito ao Outro 1 / B – NNI; I
– 1; P – NNI
1 / B – NNI; I –
NNI; P – 1
5 / B – NNI; I –
1; P – 4
7 / B – NNI; I –
NNI; P – 7
14 / B – NNI; I
–2; P – 12
Tolerância à
Ambiguidade
10 / B – NNI; I
– 3; P – 7 NDI
3 / B – 1; I –
NNI; P – 2
2 / B – NNI; I –
NNI; P – 2
15 / B – 1; I –
3; P – 11
Fonte: Elaborado pelo autor conforme dados da pesquisa.
Discutiremos, assim, a recorrência de CCI e a recorrência dos níveis de habilidade
identificados por cada um dos quatro instrumentos, incluindo os três grupos de sujeitos com
os quais aplicamos o instrumento.
105
4.4.1 Cenário
Discutiremos a respeito da aplicabilidade dos cenários para avaliação de competência
intercultural dos sujeitos, por meio da identificação das dimensões e dos níveis de habilidade
encontrados nas respostas do questionário aberto.
De um modo geral, conforme o quadro 33 anterior, o instrumento identificou um
maior número da dimensão Flexibilidade Comportamental, quatorze recorrências. A resposta
de um sujeito à questão 4, sobre a queixa de Joseline em relação a Tom por ele falar sobre
negócios, “porque na cultura dela aquela situação estava errada, primeiro ele deveria conhecê-
los, ganhar confiabilidade para depois tratar de negócios” (sic), mostra nível Pleno dessa
dimensão. Portanto, o sujeito da resposta mencionada mostrou ser bastante flexível e, além
disso, se posicionou no lugar do Outro para interpretar a situação intercultural exibida no
vídeo. Para sustentar essa identificação, Willems (2002) explica que por meio da educação de
CCI o sujeito estabelece relações com distintas formas de pensar e de lógica.
Do mesmo modo, as dimensões Empatia e Descoberta de Conhecimento foram as
mais identificadas pelo instrumento, doze cada uma. Por exemplo, na resposta da questão 2,
sobre o aniversário de quinze anos da filha de Omar, “Ele não entendia como um aniversário
era importante, não sabe o importante que é o evento para Fernando. Sua reação foi não fazer
nenhuma mudança no programado anteriormente (ele não percebe significado do aniversário
para Fernando)” (sic), revela nível Pleno de Empatia.
O instrumento revelou dez recorrências de Tolerância à Ambiguidade. Respostas da
questão 6, sobre o porquê de Tom ter proferido a necessidade de se conversar a respeito do
assunto da apostila num outro momento, exemplificam a identificação dessa dimensão:
“Porque não tinha como resolver a situação naquele momento. Em outro momento resolveria
a questão das apostilas” (sic); “Para sair da situação embaraçosa que se criou por Omar não
preparar as apostilas” (sic). A respeito das duas respostas, o instrumento identificou nível
Pleno. Assim, vemos que, sobretudo, os dois sujeitos supracitados perceberam o
comportamento de Tom diante da situação ambígua entre Tom e Omar. Para corroborar essa
linha de raciocínio, Deardorff (2009), explicita que competência intercultural, conforme já
vimos, diz respeito ao estabelecimento apropriado e efetivo entre culturas diferentes,
condizentes a fatores cognitivos, afetivos e comportamentais.
106
O instrumento revelou três recorrências de Consciência Comunicativa e uma
recorrência de Respeito ao Outro. Para Consciência Comunicativa um caso de nível
Intermediário e dois de nível Pleno; e para Respeito ao Outro um caso de nível Intermediário.
No entanto, no que se refere ao baixo índice de recorrência de Respeito ao Outro e de
Consciência Comunicativa, reparemos, conforme já exposto no capítulo do Referencial
Teórico, que para cada par de dimensões há uma específico-geral. Assim, conforme o Quadro
33, se considerarmos Adaptabilidade, verificaremos que Flexibilidade Comportamental,
juntamente com Consciência Comunicativa, o instrumento identificou dezessete recorrências.
Já referente à Abertura, Tolerância à Ambiguidade juntamente com Respeito ao Outro,
totalizaram-se onze recorrências. Esses dados obtidos nos permitem inferir que o avaliador
pode, se assim preferir, considerar Adaptabilidade, Abertura e Conhecimento ao avaliar a CCI
dos sujeitos.
Analisemos agora os níveis de habilidade: o instrumento identificou, conforme o
Quadro 33, um maior número de Pleno (41) e Intermediário (11). Houve somente um caso de
Básico. Acreditamos que isso se explique, em parte, conforme já referido, pelo fato de que os
instrumentos diretos, como as dinâmicas, podem revelar maiores detalhes sobre o
comportamento e opiniões dos sujeitos universitários diante de situações interculturais
próximas às que eles podem vivenciar. Para dar sustentação a essa reflexão, os dados do
Quadro 33 mostram que os dois modelos indiretos, a Autoavaliação e o Cenário, revelaram
pouca ocorrência de nível de habilidade Básico.
4.4.2 Dinâmica 1
A seguir discutiremos sobre a aplicabilidade dessa dinâmica para avaliação de
competência intercultural dos sujeitos, através da identificação das seis dimensões e dos
níveis de habilidade encontrados durante a aplicação do instrumento com os sujeitos.
De acordo com os dados do Quadro 33, o instrumento pôde identificar um maior
número das dimensões Flexibilidade Comportamental e Descoberta de Conhecimento, ao
todo dez e nove recorrências, respectivamente. Um exemplo de Flexibilidade
Comportamental se revelou quando um participante do grupo dos antropólogos desenhou algo
no caderno para que um dos sujeitos dos habitantes da ilha entendessem mais claramente as
perguntas. Ao levar um dos sujeitos do grupo dos moradores da ilha para conhecer outros
107
locais, um dos antropólogos mostrou interesse em obter dados para sua suposta pesquisa, o
que demonstra nível Pleno de Descoberta de Conhecimento. Os dois exemplos mencionados
são sustentados por Fantini (2006), ao afirmar que a CCI permite ao sujeito se relacionar
efetiva e apropriadamente com pessoas provenientes de culturas e / ou línguas distintas.
O instrumento identificou cinco recorrências de Consciência Comunicativa e três de
Empatia. Consciência Comunicativa foi encontrada quando se percebeu que o grupo dos
antropólogos se expressou em diversas línguas para descobrir a provável língua dos
moradores da ilha. Empatia quando os antropólogos demonstraram preocupação com a saúde
do grupo dos moradores da ilha, fazendo perguntas como “Alguém cuida de vocês”?; “Vocês
têm médicos aqui”? Também podemos citar, como no parágrafo anterior, a definição de
Fantini (2006) quando diz que a CCI facilita a relação ente pessoas de diferentes culturas e /
ou línguas.
Quanto às dimensões Tolerância à Ambiguidade e Respeito ao Outro, esse
instrumento revelou unicamente uma recorrência de Respeito ao Outro. Num dos grupos de
sujeitos os antropólogos demonstraram respeito ao fato de que os homens somente falam com
homens e mulheres somente com mulheres. Evidentemente, isso aconteceu após os
antropólogos perceberem o referido comportamento cultural entre os habitantes da ilha. A
dimensão Tolerância à Ambiguidade não foi identificada.
Os níveis de habilidade apontaram para um maior número de recorrência de nível
Pleno, dezessete. Já para o nível Intermediário houve duas recorrências. Para o nível Básico o
instrumento identificou nove recorrências. Percebemos aqui um maior número de nível
Básico se comparado ao Cenário. Acreditamos que isso pode ser em razão de que é por meio
de dinâmicas que os alunos demonstram seu comportamento, de forma intuitiva. Não
pretendemos afirmar que por meio de cenários não seja possível identificar nível Básico,
estamos, somente, concebendo uma provável explicação a respeito da disparidade de
identificação de níveis de habilidade.
De acordo com o que foi exposto nos parágrafos anteriores, vimos que o instrumento
se mostrou adequado para identificar, em maior número de recorrências, as dimensões
Consciência Comunicativa, Flexibilidade Comportamental, Descoberta de Conhecimento e
Empatia. Quanto ao nível de Habilidade, a recorrência de nível Pleno também foi maior.
Houve somente uma identificação de Respeito ao Outro, no Primeiro Grupo, e a ausência de
Tolerância à Ambiguidade. Mas, como já foi explicitado, não significa dizer que a não
108
recorrência de uma dimensão torna o nosso instrumento inadequado à avaliação de CCI. Em
referência à dimensão Tolerância à Ambiguidade, podemos identificá-las muito mais
facilmente na Dinâmica 2 ou, também, no Cenário.
4.4.3 Dinâmica 2
A seguir relataremos a aplicabilidade da Dinâmica 2 para avaliação de competência
comunicativa intercultural dos sujeitos, mediante a identificação das Dimensões e dos Níveis
de Habilidade encontrados durante a aplicação do instrumento com os sujeitos.
Conforme o Quadro 33, o instrumento identificou maior recorrência da dimensão
Flexibilidade Comportamental, treze casos. Para exemplificar, o instrumento identificou um
exemplo da referida dimensão ao observar que os sujeitos, durante a apresentação oral,
comentaram que não conseguiam se comunicar muito bem no início, mas no decorrer da
dinâmica puderem se entender melhor. Outro exemplo diz respeito ao fato de que os sujeitos
afirmaram também que, primeiramente, os integrantes do grupo se conheceram para depois
produzir a tarefa solicitada. Podemos, portanto, relacionar as identificações de CCI acima com
Fantini (2006), ao afirmar que a competência comunicativa intercultural se refere à habilidade
de um sujeito em manter apropriadamente relações com sujeitos que pertencem a um contexto
cultural diferente do seu.
Em menor número, porém significativo, houve sete recorrências de Empatia e oito de
Consciência Comunicativa. O fato de os sujeitos terem se entendido de forma pacífica e clara
entre os integrantes de cada grupo já mostra nível Pleno de Consciência Comunicativa. Ou
quando vimos que os integrantes de um dos grupos não se comunicavam com frequência,
revelou nível Básico, também da dimensão Consciência Comunicativa. No tocante à outra
dimensão, Empatia, o instrumento revelou nível Pleno, dentre outras situações, ao observar
que no desenho houve ênfase nos detalhes os quais diferenciam uma pessoa da outra. Ruben
(1976 apud SINICROPE; NORRIS; WATANABE, 2007), conforme já vimos, usou Empatia
como uma de suas sete dimensões que compunham o modelo de avaliação de competência
comunicativa intercultural BASIC, e a definiu como a habilidade de se posicionar no lugar
das outras pessoas em contextos que são distintos.
Para as dimensões Descoberta de Conhecimento e Respeito ao Outro, o instrumento
identificou menor recorrência, quatro e cinco, respectivamente. A dimensão Respeito ao
109
Outro pôde ser identificada, por exemplo, no momento em que os sujeitos apresentaram
oralmente o trabalho e, no desenho, mostraram um mundo com algumas mãos ao redor, de
diversas cores, o que acentua o respeito às diversidades. Concernente à dimensão Descoberta
de Conhecimento, os sujeitos pertencentes ao grupo dos antropólogos demonstraram
preocupação em descobrir informações relativas à vida dos moradores da ilha.
Do mesmo modo, o instrumento identificou a dimensão Tolerância à Ambiguidade,
três recorrências. Por meio do instrumento, revelou-se um exemplo dessa dimensão, por
exemplo, quando um dos sujeitos decidiu desistir de participar da dinâmica uma vez que,
segundo ela, seus amigos não quiseram criar um desenho conforme ela pretendia.
Retomando, o instrumento identificou um maior número das dimensões Flexibilidade
Comportamental e Consciência Comunicativa. Em menor número, logo, as outras quatro
dimensões. Isso demonstra que determinadas dimensões são mais identificáveis em atividades
específicas do que em outras. Por exemplo, no questionário do Cenário houve somente três
recorrências da dimensão Consciência Comunicativa, ao passo que na Dinâmica 2 essa
dimensão apareceu mais, oito casos ao todo. Outrossim, a recorrência de dimensões
específicas depende em muito do grupo de sujeitos pesquisado: alguns deles podem, por
exemplo, nunca ter vivenciado experiências com culturas diversas à sua nativa, e isso pode
incidir no comportamento dos sujeitos ao longo das atividades.
Esse instrumento propiciou a identificação de vinte e oito recorrências de nível
Pleno, quatro de nível Intermediário e oito de nível Básico, no que diz respeito aos níveis de
habilidade. Vemos que foram identificadas sete para nível Básico, um número superior ao de
recorrência do nível Intermediário. Segundo o que já explicitado, na Dinâmica 1, o número de
nível Básico também foi superior ao de Intermediário. Já no Cenário o número de recorrência
de Básico foi menor, somente um caso. Disso, podemos depreender que a identificação do
nível de habilidade pode advir, em muito, além do instrumento utilizado para avaliação de
CCI, do perfil do grupo de sujeitos pesquisados. Dentre outros possíveis exemplos, pode
acontecer de um determinado grupo de sujeitos já ter tido experiências interculturais
precedentes. Dessa forma, acreditamos que isso favoreceria um determinado comportamento
ou julgamento por parte dos sujeitos pesquisados durante a consecução das atividades.
110
4.4.4 Autoavaliação
Debruçaremo-nos agora na aplicabilidade das autoavaliações para avaliação de
competência intercultural dos sujeitos, através da identificação das Dimensões e dos Níveis de
Habilidade encontrados no decorrer da aplicação do instrumento com os sujeitos.
Em maior número de recorrência, semelhante aos outros instrumentos, os dados
apontaram que esse instrumento é adequado para fazer emergir maior recorrência para as
dimensões Descoberta de Conhecimento e Flexibilidade Comportamental. O instrumento não
é tão adequado para identificar a dimensão Consciência Comunicativa, dado que o
instrumento revelou somente um caso. Os dados obtidos mostram que as dimensões Respeito
ao Outro e Empatia podem ser identificados em número bastante significativo. Para
identificação da dimensão Tolerância à Ambiguidade a Autoavaliação se mostrou
relativamente favorável, duas recorrências.
O instrumento identificou, conforme vemos na tabela acima, dezessete recorrências
da dimensão Descoberta de Conhecimento. A maior parte foi encontrada em respostas como a
de um dos sujeitos: “Poder conhecer sobre outro país, facilitar a relação entre culturas
diferentes”, ao descrever o porquê de participar de um programa de mobilidade. O mesmo
sujeito acrescentou: “Nós somos muito limitados à própria cultura, sendo que podemos abrir a
mente para as novas”. Conforme vimos na revisão a respeito das abordagens de avaliação de
CCI, no European Multidimensional Models of Intercultural Competence, Byram (1997)
elaborou cinco modelos para avaliação de CCI, e um deles é Conhecimento, definido como o
conhecimento sobre elementos culturais do próprio sujeito e também do Outro.
É evidente, do mesmo modo, na frase do sujeito acima, a presença da dimensão
Flexibilidade Comportamental, que, a propósito, foi a segunda mais encontrada, dez no total.
Acreditamos que o instrumento identificou um número bastante elevado em razão de que os
sujeitos percebem a necessidade de se adaptarem à cultura do Outro.
Houve recorrência menor das dimensões Consciência Comunicativa – um caso - e
Tolerância à Ambiguidade – dois casos. Apesar de não termos encontrado nenhuma
recorrência de Tolerância à Ambiguidade na Dinâmica 1, acreditamos que, em parte, o menor
número dessas dimensões na Autoavaliação se explique pelo fato de elas serem bastante
identificáveis por meio de dinâmicas, como na Dinâmica 2, pois elas proporcionam aos
sujeitos situações reais ou próximas a contextos culturais dessa natureza, em que eles
111
precisam adaptar sua forma de se comunicar (Consciência Comunicativa) e saber lidar com
situações ambíguas (Tolerância à Ambiguidade).
Referente às dimensões Empatia, a Autoavaliação identificou seis recorrências e sete
de Respeito ao Outro. Vimos, por meio das respostas dos sujeitos, que, de modo geral, eles se
preocupam com o a posição do Outro, e têm consciência de que, na relação com o
desconhecido, é necessário o respeito. Para sustentar essa afirmação, leiamos a resposta de um
dos sujeitos numa das questões: “Saber respeitar as diferenças é o primeiro passo, depois
procurar conhecer e se adaptar à nova cultura”. Mais uma vez, no tocante ao modelo de
avaliação de CCI de Byram (1997) que inclui, entre outros, Consciência cultural crítica, a
resposta acima do último sujeito está em conformidade com a definição do modelo de Byram
supracitado: desenvoltura no processo de avaliações de práticas e elementos culturais da
própria cultura e da do Outro.
Dialoguemos a seguir sobre os níveis de habilidade identificados pelo instrumento de
Autoavaliação nas respostas dos sujeitos. Segundo a tabela, não houve nenhum caso de nível
de habilidade Básico. Suspeitamos que isso possa ser explicado, em parte, em consequência
de os sujeitos já terem anteriormente participado de outras atividades envolvendo situações
interculturais, o que pode induzi-los nas respostas e, decorrente disso, despertar neles a
consciência intercultural. Dessa forma, os sujeitos demonstram níveis mais altos de
habilidade. O instrumento identificou quarenta recorrências de nível de habilidade Pleno, e
três de nível Intermediário. Se utilizássemos esse resultado, considerando somente a
Autoavaliação, poderíamos afirmar que os sujeitos são competentes interculturais. No entanto,
para avaliação, é imprescindível avaliar a competência comunicativa intercultural dos sujeitos
no conjunto dos instrumentos que compõem a proposta metodológica que será apresentada no
capítulo 5.
4.5 AVALIAÇÃO DE CCI ENCONTRADA PELOS QUATRO INSTRUMENTOS
De acordo com o Quadro 33, observamos que as duas dimensões Flexibilidade
Comportamental e Descoberta de Conhecimento emergiram em maior recorrência pelos
quatro Instrumentos – quarenta e sete x quarenta e dois, respectivamente. Em menor número,
porém significativo, os instrumentos identificaram dezessete recorrências de Consciência
Comunicativa e quatorze de Respeito ao Outro. Já para Empatia houve vinte e oito
112
recorrências. Finalmente, referente à última dimensão, Tolerância à Ambiguidade, quinze
recorrências foram identificadas.
Destes dados podemos depreender que, considerando os três grupos de sujeitos
analisados, as quatro atividades identificaram um número maior de recorrências das três
dimensões Descoberta de Conhecimento, Empatia e Flexibilidade Comportamental. Logo, as
outras três, Tolerância à Ambiguidade, Respeito ao Outro e Consciência Comunicativa,
revelaram-se com menor recorrência. A identificação das dimensões de CCI pelo instrumento
aponta que ele é, em efeito, adequado para avaliar competência comunicativa intercultural,
não obstante a recorrência menor das três dimensões anteriormente referidas. A identificação
em menor número das três dimensões específicas não invalida a exequibilidade do
instrumento para avaliação de CCI.
Apresentamos uma hipótese para o fato de os instrumentos terem identificado menor
recorrências de Tolerância à Ambiguidade e Respeito ao Outro. No tocante a essas duas
dimensões, pensamos que seja preciso o surgimento de situações devidas para que os sujeitos
as demonstrem por intermédio de seu comportamento. Ora, o instrumento identificou maior
recorrência de Descoberta de Conhecimento e Empatia. Por quê? Quiçá em razão de que os
sujeitos, primeiramente, sobretudo nas dinâmicas, façam uso dessas duas dimensões,
dedutivamente. Em outras palavras, os sujeitos buscam conhecer as orientações e os objetivos
das atividades. Igualmente, os sujeitos procuram conhecer seu colega com quem
desempenharão a atividade. No próximo passo, após conhecer, os sujeitos, também
dedutivamente, sentem a necessidade de se adaptarem às situações propostas. Por fim, quanto
à Abertura - Respeito ao Outro e Tolerância à Ambiguidade - acreditamos que seja necessário
emergirem situações ambíguas ou que requeiram Respeito ao Outro. Isso significa dizer que a
não ocorrência de situações as quais não exigem que os sujeitos demostrem tolerância e
respeito ao Outro explicaria a menor recorrência das duas dimensões pertencentes à dimensão
específico-geral Abertura. Não podemos preterir a noção de que, durante a aplicação do
instrumento com os sujeitos, raras as vezes emergiram situações ambíguas entre eles. Logo,
parece-nos que não houve tamanha necessidade, por parte dos sujeitos, de demonstrar uma
atitude respeitosa frente à atitude do Outro resultante de uma provável situação ambígua. No
entanto, isso não significa dizer que os sujeitos não tiveram atitudes respeitosas e tolerantes ao
outro. Queremos somente levantar uma possível explicação à menor recorrência dessas duas
dimensões.
113
Encontramos em Deardorff (2009) uma possível explicação para a menor recorrência
das duas dimensões Tolerância à Ambiguidade e Respeito ao Outro. A autora afirma que as
duas dimensões atitudes e consciência não são tão utilizadas nas avaliações de competência
intercultural na mesma proporção em que as outras duas, habilidade e conhecimento, o são. O
autor complementa que as dimensões consciência e atitude são mais complexas de serem
avaliadas. Com efeito, dado que as dimensões Tolerância à Ambiguidade e Respeito ao Outro
estão estreitamente relacionadas à dimensão consciência, mencionada por Deardorff (2009),
podemos deduzir que o nosso instrumento obteve relativo êxito na identificação das duas
dimensões supracitadas, porém em menor número de recorrências. Por outro lado, o
instrumento identificou maior recorrência de outras dimensões, tais como Descoberta de
Conhecimento, em conformidade com o autor citado.
Exporemos, a seguir, outro aspecto relevante a respeito do baixo índice de
recorrência das duas dimensões Tolerância à Ambiguidade e Respeito ao Outro - se
comparado às outras. Vale relembrar que estamos nos reportando ao total de recorrência
dessas duas dimensões identificadas nos quatro instrumentos que compõem a nossa proposta
metodológica, e não a uma atividade especificamente. Vemos que para cada par de dimensões
há uma específico-geral. Deste modo, se considerarmos Adaptabilidade, verificaremos que
Flexibilidade Comportamental, juntamente com Consciência Comunicativa, o instrumento
identificou sessenta e quatro recorrências. Em se tratando de Abertura, ou seja, Tolerância à
Ambiguidade e Respeito ao Outro, revelaram-se vinte e nove recorrências. Portanto, se assim
se preferir, o avaliador pode considerar a dimensão específico-geral Adaptabilidade, Abertura
e Conhecimento ao avaliar a CCI dos sujeitos. Consoante ao exemplo acima sobre Abertura, o
instrumento revelou somente quatorze casos para Respeito ao Outro, e quinze recorrências de
Tolerância à Ambiguidade, resultando em vinte e nove recorrências para a dimensão
específico-geral Abertura.
114
5 PROPOSTA METODOLÓGICA PARA AVALIAÇÃO DE COMPETÊNCIA
COMUNICATIVA INTERCULTURAL DE ALUNOS UNIVERSITÁRIOS
O objetivo dessa pesquisa é de elaborar uma proposta metodológica para avaliação
de competência comunicativa intercultural de alunos universitários. À vista disso, a seguir
apresentaremos a referida proposta. A seu conjunto dos instrumentos serão acrescidas
sugestões e recomendações para a sua aplicação com alunos universitários e tratamento de
dados das intervenções derivadas.
Pontualmente, a proposta será apresentada em sete seções. Inicialmente,
abordaremos a composição da proposta em quatro instrumentos, como forma de justificarmos
a sua utilização. Depois, discorreremos sobre informações concernentes à utilização dos
roteiros de observação, referentes aos quadros 4, 5, 6, 7, 8 e 9. Nas seções subsequentes,
descreveremos como cada um dos instrumentos pode ser utilizado para a avaliação de CCI de
alunos universitários. A seção 5.6, por sua vez, contribui com sugestões complementares
sobre a proposta. Por último, a seção 5.7 apresenta e discute a aplicação da proposta em tela
como metodologia de um estudo em desenvolvimento sobre CCI. Essa exposição a respeito
da adequação da proposta pode ser tomada como ratificadora da pertinência e oportunidade do
presente estudo.
5.1 SOBRE A COMPOSIÇÃO DA PROPOSTA EM QUATRO INSTRUMENTOS
Nossa proposta se erige com base nos dados do capítulo 4, quando da aplicação de
instrumentos já disponíveis, de sua aplicação com os sujeitos, e da posterior análise e
discussão dos dados. Dito de outra forma, todas as constatações, recomendações e sugestões
para a nossa proposta são advindas da análise e discussão feitas no capítulo 4.
A proposta metodológica assim definida se estrutura por quatro instrumentos: dois
modelos diretos - Dinâmica 1 e Dinâmica 2 – e dois modelos indiretos – Cenário e
Autoavaliação. Os dois indiretos são constituídos por dois questionários abertos. Assim, as
duas dinâmicas, modelos diretos, de acordo com Sinicrope, Norris e Watanabe (2007), podem
ser favoráveis à complementação de propostas de modelos indiretos. Portanto, as duas
dinâmicas integram e, ao mesmo tempo, complementam os dois questionários. Seguindo essa
linha de raciocínio, poderíamos anunciar que, inversamente, os dois questionários abertos
115
complementam as duas atividades dinâmicas. A propósito do incremento de um modelo direto
para complementação a um modelo de avaliação indireto, o autor Byram (1997), conforme já
elucidado, um dos estudiosos do contexto europeu que desenvolveram a ferramenta de
avaliação utilizada pelo projeto do INCA, também elaborou um instrumento direto, mais
especificamente uma entrevista, e, logo após, os sujeitos responderam um questionário de
autoavaliação.
A utilização da nossa proposta é recomendada pelo conjunto dos instrumentos –
Cenário, Dinâmica 1, Dinâmica 2 e Autoavaliação – uma vez que, por ser um modelo de
avaliação combinado, permite identificar características interculturais distintas dos sujeitos,
logo, a avaliação da competência comunicativa intercultural. A utilização de uma atividade
em específico como, por exemplo, do Cenário, pode não ser suficiente para identificar CCI
nos sujeitos. A esse respeito, Fantini (2006) afirma que dos métodos combinados podem
emergir camadas e nuances que poderiam não ser identificadas mediante a utilização
exclusiva de métodos indiretos. Aliás, como já referido, Arasaratnam e Doerfel (2005)
afirmam que a preocupação com os modelos indiretos, como as autoavaliações e os cenários,
pode estar conexa à impossibilidade de os sujeitos responderem precisamente.
A seguir, discutiremos sobre a forma como a nossa proposta pode ser utilizada para,
desta maneira, avaliar competência comunicativa intercultural.
5.2 SOBRE A UTILIZAÇÃO DO ROTEIRO DE OBSERVAÇÃO
Recomendamos que o avaliador faça anotações no item anotações gerais no Roteiro
de Observação (Quadro 10) para os quatro instrumentos, e, do mesmo modo, utilize as
competências necessárias à identificação de CCI e a seu respectivo nível de habilidade. Por
exemplo, no Cenário e na Autoavaliação, por mais que a identificação de CCI seja feita com
base nas respostas dos alunos, é bem possível que o avaliador queira anotar quaisquer
situações que possam emergir durante a consecução da atividade. Dessa forma, o avaliador
dispõe de dados adicionais que podem ser úteis à análise dos dados, inter-relacionados com as
duas dinâmicas. Na Dinâmica 1 e na Dinâmica 2 a utilização desse roteiro se mostra, do
mesmo modo, extremamente funcional. Isto é, o avaliador, para posterior análise, depende
necessariamente das anotações e observações registradas em anotações gerais (Quadro 10)
enquanto que os sujeitos participam das dinâmicas. Não recomendamos que, unicamente, o
116
avaliador assinale com um X as competências para, assim, identificar os níveis de habilidade
e as dimensões, sob pena de a avaliação resultar superficial.
Recomendamos também que a avaliação de CCI se dê pelo esforço intelectual e
reflexão a respeito dos aspectos interculturais surgidos durante as observações por parte dos
avaliadores. Dessa forma, o avaliador pode chegar a uma avaliação de CCI mais precisa, dado
que considerar somente as competências apresentadas no Roteiro de Observação (quadros 4
ao 9) isenta de uma reflexão maior pode comprometer a identificação de CCI.
5.3 CENÁRIOS
Sobre avaliação de CCI
Recomendamos a utilização de cenários para avaliação de competência comunicativa
intercultural em razão de que, por meio desse instrumento, todas as dimensões de CCI foram
identificadas. Em outras palavras, cenários podem revelar as dimensões Descoberta de
Conhecimento, Flexibilidade Comportamental e Empatia em maior número de recorrência.
Por sua vez, os dados apresentados mostram que as dimensões Consciência Comunicativa,
Respeito ao Outro e Tolerância à Ambiguidade aparecem menos.
Entendemos que os cenários, por fazerem parte de um modelo indireto, estão menos
vinculados a situações interculturais similares às que os sujeitos podem vivenciar em
contextos reais do que os modelos diretos. Isso pode explicar, em parte, a baixa recorrência ou
ausência, em alguns casos, do nível de habilidade Básico. Em concordância ao que já vimos,
Ruben (1976 apud SINICROPE; NORRIS; WATANABE, 2007) afirma que, por vezes, os
sujeitos podem saber quais as atitudes e comportamentos necessários na interação
intercultural. No entanto, eles encontram dificuldade em relacionar esse conhecimento com o
seu próprio.
Acreditamos que, em parte, a emergência de uma determinada dimensão pode estar
relacionada ao insumo selecionado. Como já sabemos, escolhemos o vídeo Building a
Multiculrural Team para compor esse instrumento, um entre tantos outros que poderíamos ter
escolhido para provocar nos alunos a reflexão acerca de situações interculturais. Contudo,
poderíamos, se quiséssemos e por razões diversas, selecionar outro vídeo ou, inclusive,
apresentar por escrito uma situação intercultural para os sujeitos e, com base nele, elaborar
117
questões. Por isso, sugerimos que o avaliador use o insumo que lhe convier, isto é, de acordo
com seus objetivos.
Por meio da utilização de cenários, avaliar a competência intercultural dos sujeitos
pode se mostrar como uma tarefa delicada e, portanto, passível de muita atenção. O avaliador
poderia entender que, para avaliação de cenários, é preciso ter, exclusivamente, um olhar
atento a todo o contexto das falas e dos personagens do vídeo, à essência da situação e ao
interior das falas e das imagens. Em outras palavras, o avaliador de CCI, nesse caso, deveria
considerar o interior da intenção dos personagens e, hipoteticamente, imaginar a procedência
de cada uma delas e relacioná-la com as situações do vídeo. Desse modo, evitaria
interpretações pouco acertadas e sua consequente avaliação de competência intercultural. No
entanto, recomendamos que as interpretações se voltem preponderantemente às respostas dos
sujeitos, visto que é com base nos escritos deles que o avaliador tem diante de si o meio para
avaliar a CCI dos sujeitos. Isso porque cada sujeito pode ter opiniões diversas a respeito de
uma mesma questão. Isso pode, como consequência, garantir menor probabilidade de
ocorrências de desvios de interpretação. Se não levarmos em consideração essa observação,
podemos comprometer a avaliação, dado que o avaliador pode interpretar distintamente as
situações presentes em cenários.
Para exemplificar mais nitidamente o que foi dito no parágrafo anterior: poderíamos
presumir que, no vídeo, Tom manteve uma atitude pouco empática. Poderíamos deduzir isso,
por exemplo, mediante a estereotipada forma de ver os estadunidenses como pessoas
etnocêntricas, além de considerarem o senso prático das coisas, independente da reação das
pessoas envolvidas. Além do mais, no vídeo, pode ficar evidenciado que Tom, por mais que
possa ter demonstrado uma atitude não empática em alguns momentos, não deixou de
demonstrar respeito diante de seus colegas. Ou seja: interpretando essa situação dessa forma,
Empatia ele pôde não ter demonstrado tanto, mas as dimensões Respeito ao Outro e
Flexibilidade Comportamental foram reveladas. No entanto, essa é uma das muitas visões,
desse aspecto em particular, em que cada sujeito pode mostrar uma opinião diferente ou
parecida ao que relatamos. Por isso, como as respostas dos sujeitos ao questionário podem ser
diferentes umas das outras, é preferível que se considere, como já dito, a resposta individual
de cada sujeito, e não somente a interação dos personagens suscitadas nas cenas do vídeo.
118
Sobre a exibição do vídeo
Apoiados nas informações coletadas na aplicação do instrumento, recomendamos
que, ao se se usar cenários como instrumento de avaliação de competência intercultural, seja
esclarecido aos sujeitos que eles devem prestar cuidadosa atenção à exibição do vídeo, antes
de receberem a transcrição e tradução. Isso se explica pelo fato de que é nas cenas do vídeo
que os sujeitos observam o lugar, as imagens e as falas dos personagens. Além do mais,
alguns aspectos nem sempre são identificáveis e compreensíveis por meio exclusivo da leitura
e da tradução ou transcrição.
Sobre a tradução e a transcrição
Recomendamos a entrega da tradução e da transcrição por escrito caso o insumo
esteja numa língua estrangeira àquela dos sujeitos. Assim, o pesquisador se sente assegurado
quanto às informações dos dados obtidos com os universitários, visto que nem todos eles têm
conhecimento da língua estrangeira. Do mesmo modo, os sujeitos podem ler a tradução das
falas em língua estrangeira, para relembrar as informações do vídeo. Como vimos, alguns
grupos conhecem a língua inglesa mais do que outros, mas recomendamos entregar a
transcrição e a tradução para que, ratificando, a obtenção de dados não esteja comprometida
em razão da não compreensão do insumo.
Na aplicação do Cenário com os nossos sujeitos, ao terminar a exibição do vídeo,
entregamos o questionário e as transcrições de uma só vez. Mas, caso o avaliador prefira,
pode primeiramente entregar as transcrições da fala, e, passados cinco minutos, o
questionário.
Nos apêndices A e B, respectivamente, disponibilizamos as transcrições em inglês e
espanhol.
Sobre a quantidade de tempo
Referente à quantidade de tempo do Cenário, do início ao fim, é razoável afirmar
que, dependendo do grupo de sujeitos, trinta minutos não sejam suficientes para assistir ao
119
vídeo, ler as transcrições e responder as dez questões. Nesse caso, sugerimos disponibilizar
quarenta e cinco minutos no total para realização.
De acordo com o que descrevemos na metodologia de pesquisa, recomendamos que
o vídeo seja exibido duas vezes. Contudo, caso o avaliador perceba que o grupo de sujeitos
tenha compreendido o insumo e, portanto, que uma vez tenha sido suficiente, após a primeira
exibição o questionário com as transcrições já podem ser entregues. Dessa forma, dificilmente
o tempo total da atividade, do início ao fim, ultrapassa os trinta minutos.
Sobre a língua
Recomendamos que o avaliador esclareça aos sujeitos que eles podem escrever na
língua que têm mais afinidade / conhecimento. Isto porque dentro de um mesmo grupo pode
haver um sujeito estrangeiro, por exemplo. Dessa forma, os sujeitos podem se expressar com
maior clareza e mais fluentemente nas respostas das questões do vídeo. No Apêndice C
disponibilizamos as questões em espanhol.
Sobre a identificação dos sujeitos
Sugerimos que o avaliador entregue um crachá de identificação para os sujeitos
universitários, pois isso pode facilitar ao avaliador a identificação de CCI após o término da
aplicação dos quatro instrumentos. Por exemplo, se houver doze sujeitos, cada um deles
recebe um crachá com números de 1 a 12. Isto é, mesmo que nessa atividade os sujeitos
estejam sentados e, portanto, eles não se movimentem pela sala como nas duas dinâmicas, a
identificação de cada um deles pode ser necessária quando do cruzamento da identificação de
CCI dos sujeitos incluindo os quatro instrumentos: Cenário, Autoavaliação, Dinâmica 1 e
Dinâmica 2.
5.4 DINÂMICAS
Sobre avaliação de CCI
120
Recomendamos as dinâmicas para identificação de CCI, visto que os dados
revelaram que esse instrumento é adequado para identificar todas as dimensões, exceto
Tolerância à Ambiguidade, conforme veremos.
A Dinâmica 1 e a Dinâmica 2 são adequadas para identificar, em maior número, as
dimensões Descoberta de Conhecimento, Empatia e Flexibilidade Comportamental. Os dados
mostraram que, por meio desse instrumento, a dimensão Tolerância à Ambiguidade aparece
em menor recorrência. Reparemos que todas as três recorrências dessa dimensão, segundo a
tabela já exibida, emergiram da Dinâmica 2. Em referimento às dimensões Consciência
Comunicativa e Respeito ao outro, os dados apresentados comprovam que dinâmicas são
adequadas para sua identificação.
Apesar de que seja possível avaliar CCI por meio de dinâmicas, recomendamos
utilizar um ou mais instrumentos, pois um pode complementar o outro, de acordo com o que
já vimos na revisão da literatura. Além disso, os próprios dados apresentados corroboram essa
constatação. Dito de outra forma, um instrumento por si só pode não revelar todas as seis
dimensões ou não identificar nuances relevantes referentes ao comportamento dos sujeitos no
momento em que o avaliador aplica o instrumento. Vale ressaltar que o Cenário identificou
oito ocorrências da dimensão Tolerância à Ambiguidade, o que comprova a funcionalidade
dos métodos de avaliação combinados.
Conforme vimos, os modelos diretos podem revelar traços nem sempre identificáveis
nos indiretos. Nas dinâmicas, em razão de os sujeitos estarem expostos a propostas de
situações reais de interculturalidade, pode ser identificada maior recorrência de nível Básico.
Essa assertiva é defendida por Sinicrope, Norris e Watanabe (2007), ao assegurar que os
sujeitos demonstram competência intercultural mediante seu comportamento e, igualmente,
por meio de avaliações de desempenho, no caso, as dinâmicas.
Sugerimos que o avaliador, se assim preferir, faça uso das dimensões gerais -
Adaptabilidade, Conhecimento e Abertura - ao avaliar a competência intercultural.
Acreditamos que se, nas dinâmicas, avaliar a CCI usando as seis dimensões, que são, por
sinal, as mesmas, pode ser que se mostre difícil acompanhar o comportamento dos sujeitos e
fazer as anotações ao mesmo tempo. Porém, posteriormente à coleta, sugerimos que esta
classificação seja adaptada às competências referentes aos quadros 4, 5, 6, 7, 8 e 9 do Roteiro
de Observação, conforme as seis dimensões, dado que elas são bastante específicas, e podem
nos ajudar a identificar a CCI com maior precisão.
121
Referente à Dinâmica 2, apercebemo-nos que somente com base no resultado final da
tarefa, ou seja, o desenho feito pelos sujeitos, o instrumento não revelou ser suficiente para
identificação das seis dimensões e, portanto, para a avaliação de CCI. Para a avaliação,
recomendamos que o examinador considere cuidadosamente as anotações feitas durante a
coleta de dados.
Para além do que foi dito, recomendamos que nas dinâmicas o avaliador esteja atento
ao comportamento dos sujeitos, ao máximo possível, e ao relacionamento que se estabelece
entre eles. Desta feita, na Dinâmica 2, o avaliador precisa prestar atenção às instruções que
cada sujeito do grupo recebe - A, B, C e D – para, assim, poder avaliar o desempenho dos
universitários pesquisados.
Sugerimos que o avaliador tire fotos dos cartazes, pois, como já discutido
anteriormente, mesmo que o produto final da Dinâmica 2 não seja a única forma de avaliar a
CCI, com base nelas é possível refletir meticulosamente o conteúdo dos desenhos. Isso
porque, algumas vezes, o avaliador pode não observar determinados aspectos interculturais no
momento de aplicação, inclusive durante a apresentação oral. Se preferir, o avaliador pode,
também, recolher as cartolinas para posterior análise.
Sobre a identificação dos sujeitos
Com o objetivo de identificar cada um dos sujeitos durante a consecução da
Dinâmica 1 e da Dinâmica 2, sugerimos que o avaliador entregue para cada participante um
crachá com um número. Por exemplo, se há doze sujeitos participantes, cada um deles recebe
um número, de 1 a 12. Na Dinâmica 1, o avaliador pode entregar crachás com cores
diferentes, no intuito de facilitar a identificação dos sujeitos em relação a quais sujeitos são
antropólogos e a quais são os moradores da ilha. Por exemplo, os antropólogos recebem um
crachá vermelho e os habitantes da ilha um crachá verde. Assim, os sujeitos com identificação
do número 1 ao 6 são antropólogos, e os do 7 ao 12 são os habitantes da ilha. Na Dinâmica 2,
nesse caso, consoante às instruções A, B, C e D, o sujeito 1 recebe a instrução A, o 2 recebe a
B, o 3 a C e o 4 a D. O sujeito 5, por sua vez, recebe a instrução A, o 6 a B, e assim por
diante.
A propósito das instruções da Dinâmica 2, no Apêndice G, disponibilizamo-las em
espanhol.
122
Sobre a quantidade de tempo
Para a Dinâmica 1 e a Dinâmica 2, sugerimos trinta minutos para cada uma delas,
conforme o Roteiro de Aplicação (quadros 13 e 28) . Todavia, o grupo de sujeito pode sentir a
necessidade de um tempo maior para terminar as atividades. Portanto, sugerimos que o
avaliador seja maleável e preparado para imprevistos dessa natureza. Por exemplo, na
Dinâmica 2, talvez os grupos precisem de mais de dez minutos para apresentação das
cartolinas, ao passo que na Dinâmica 1 pode ser possível que os antropólogos percebam que
sua tarefa de pesquisadores foi satisfeita com apenas vinte minutos.
Sobre separação dos grupos
Sugerimos que nós mesmos, os avaliadores, ao aplicar as dinâmicas, separaremos os
grupos. Isso em razão de que quiçá os resultados ou desempenho dos sujeitos divirjam.
Na aplicação das duas dinâmicas reparamos que os sujeitos, por vezes, se agrupam
maioritariamente por afinidade. No entanto, apenas sugerimos que isso seja feito, pois tal
procedimento não se constitui como algo imprescindível, visto que o avaliador nem sempre
consegue controlar todas essas particularidades. Além disso, a forma como os grupos se
dividem não se mostra, essencialmente, como algo necessário à avaliação de CCI. Como já
dito, o leitor pode considerar essa observação como sugestão, na hipótese de que ele tenha
controle e condições para fazer isso.
No tocante à Dinâmica 2, antes de iniciar a atividade propriamente dita, ademais da
necessidade de se explicar que os sujeitos dispõem de vinte minutos para preparar o desenho e
de dez minutos para socializar a apresentação perante o grande grupo, na medida do possível,
separar os grupos pelo fator gênero. Essa divisão pode trazer à tona traços interculturais que,
se não levados em conta, poderiam não ser identificados. Assim, o avaliador deve,
imprescindivelmente, considerar esse aspecto ao avaliar a CCI dos sujeitos. Além do mais, na
instrução destinada ao sujeito A, consta que ele é oriundo de um grupo cultural que acredita
que homens e mulheres devem permanecer separados em ambientes sociais.
Referente à Dinâmica 1, sugerimos que, assim como na Dinâmica 2, os avaliadores
dividam os grupos em consonância ao fator gênero, garantindo que homens e mulheres
participem de ambos os grupos, dos antropólogos e moradores da ilha. Feito isso, há
123
possibilidade de se revelarem aspectos relevantes de competência intercultural, haja vista que
uma das condições de realização desta atividade é que, em relação aos habitantes da ilha,
homens e mulheres não interagem com o sexo oposto.
Sobre a apresentação oral da Dinâmica 2
Sugerimos que o avaliador ofereça um pequeno roteiro de apresentação para
apresentação oral ou então, se preferir, simplesmente deixar que os sujeitos apresentem
livremente. Caso opte pelo roteiro, sugerimos que o avaliador oriente a apresentação dos
sujeitos no decorrer da exposição oral e intervenha quando for necessário.
Evocando o que já foi dito nessa pesquisa, recomendamos a apresentação oral em
função de que os sujeitos podem explicar aspectos da atividade que não seriam, talvez,
revelados por intermédio exclusivo da observação por parte do avaliador. Na exposição oral,
os sujeitos explicam como foi a experiência de confeccionar um cartaz, visto que cada um dos
quatro integrantes de cada grupo recebe instruções distintas. Eles podem contar, dentre outras
possibilidades, sobre dificuldades e facilidades. Destarte, o pesquisador pode anotar o maior
número de informação possível proferida pelos sujeitos. Ou, como sugestão, as falas dos
sujeitos podem ser gravadas para posterior análise.
Sobre a confecção da tarefa da Dinâmica 2
Na Dinâmica 2, além do tema “paz mundial”, o avaliador pode propor outra sugestão
de desenho ou, até mesmo, escolher outra tarefa para ser realizada. Por exemplo, os sujeitos
podem utilizar materiais encontrados na sala, e criar, em grupo, uma escultura que representa
um tópico designado aos sujeitos pesquisados. Outra sugestão seria pedir para que os sujeitos
criem um desenho referente a outro tema, como, por exemplo, mobilidade estudantil. Ou seja,
fica a critério do avaliador a escolha da tarefa a ser cumprida pelos sujeitos universitários.
Sobre anotações durante a aplicação da Dinâmica 1 e da Dinâmica 2
124
Recomendamos que o avaliador esteja muito atento ao comportamento e à fala dos
sujeitos. Dessa forma, o avaliador pode levantar o maior número possível de informações.
Recomendamos que o avaliador inclua no item anotações gerais, do Quadro 10,
aspectos relacionados ao comportamento dos pesquisados, e não apenas assinalar ou anotar
informações relativas a uma das seis dimensões. Ou seja, é necessário anotar tudo o que for
relevante durante a observação: as impressões do avaliador, o comportamento dos sujeitos,
informações complementares. Enfim: tudo o que sentir e perceber. O avaliador pode também,
posteriormente à coleta de dados, avaliar o desempenho intercultural dos sujeitos baseado nas
anotações previamente feitas. Todavia, recomendamos que a avaliação de CCI dos sujeitos
seja feita o quanto antes possível, isto é, logos após a aplicação do instrumento. Do contrário,
informações relevantes ao desempenho dos pesquisados podem passar despercebidas ou
simplesmente olvidadas.
Sobre os personagens da Dinâmica I
Conforme já vimos, os antropólogos e os habitantes de uma ilha distante são os
personagens dessa atividade. No entanto, caso o avaliador prefira, é possível eleger outros
personagens como, por exemplo, um grupo de professores que se incumbe de realizar uma
pesquisa relativa à vida de um grupo específico de pessoas.
5.5 AUTOAVALIAÇÃO
Sobre avaliação de CCI
Recomendamos a Autoavaliação para avaliação de CCI uma vez que os dados
apresentados mostram que ela é adequada à identificação das dimensões de CCI. Em maior
número de recorrência, semelhante aos outros instrumentos que compõem a nossa proposta
metodológica, os resultados apontaram que esse instrumento é adequado para fazer emergir
maior recorrência das dimensões Descoberta de Conhecimento e Flexibilidade
Comportamental. O instrumento não é, no entanto, tão adequado para identificação da
dimensão Consciência Comunicativa, dado que ele revelou somente um caso, ao passo que as
dimensões Respeito ao Outro e Empatia podem ser identificadas em número bastante
125
significativo. Para a dimensão Tolerância à Ambiguidade as autoavaliações se mostram
relativamente favorável.
Recomendamos a utilização da Autoavaliação para que os sujeitos registrem por
escrito sua opinião relacionada às três atividades que realizaram – Cenário, Dinâmica 1 e
Dinâmica 2 - de um modo geral, e a opinião deles frente à consciência intercultural. Em
outras palavras, por meio de autoavaliações, os sujeitos podem expor no papel aspectos
relacionados ao que sentem, às suas impressões e ao que aprenderam com as atividades.
Recomendamos também a utilização da Autoavaliação para que os sujeitos
universitários reflitam acerca de outras questões, não somente relacionadas às três dinâmicas
realizadas, como as perguntas 4 e 5, as quais tratam sobre as qualidades necessárias a um
aluno participante de programa de mobilidade e a outra sobre o porquê de ser um aluno de
programa de intercâmbio.
Sobre a quantidade de tempo
Para a Autoavaliação, sugerimos dez minutos de aplicação, pois pensamos que sejam
suficientes. No entanto, em virtude de os grupos se portarem, por vezes, diferentemente, é
possível que para um grupo determinado de sujeitos haja a necessidade de se acrescentar
alguns minutos. Ou, inversamente, os grupos de sujeitos podem dar cabo à atividade antes do
término previsto.
Sobre a língua
Na Autoavaliação, da mesma forma que no Cenário, recomendamos que o avaliador
esclareça aos sujeitos que eles podem escrever na língua que têm mais afinidade /
conhecimento. No Apêndice H, disponibilizamos as questões em espanhol.
Sobre a identificação dos sujeitos
Sugerimos que, como no Cenário e nas duas dinâmicas, na Autoavaliação sejam
entregues para cada um dos sujeitos um crachá de identificação, no intuito de facilitar a
126
identificação de CCI dos sujeitos. Como já dito, caso haja, por exemplo, doze sujeitos na sala,
um crachá com numeração de 1 a 12 pode ser entregue para cada um dos pesquisados.
5.6 ALGUMAS SUGESTÕES COMPLEMENTARES SOBRE A PROPOSTA
Se por ventura o avaliador considerar complicado avaliar a CCI dos sujeitos durante
a aplicação na Dinâmica 1 e na Dinâmica 2, ele, nesse caso, não precisa avaliar o desempenho
intercultural dos sujeitos de forma individual. Dado que estamos propondo uma metodologia
de avaliação de competência intercultural constituída por quatro atividades, o avaliador pode
considerar o desempenho geral do grupo – no item anotações gerais, do Quadro 10 – para,
ulteriormente, avaliar a CCI de cada sujeito, individualmente.
Dito de oura forma, em conformidade ao que já examinamos, as atividades dos dois
questionários, relativas ao Cenário e à Autoavaliação, requerem que os sujeitos universitários
respondam as questões individualmente, ao passo que os outros dois instrumentos, Dinâmica
1 e Dinâmica 2, são atividades de grupo, de interação.
Por isso pode apresentar-se como relativamente difícil, nessas dinâmicas, avaliar a
CCI dos sujeitos individualmente. Essa dificuldade pode aumentar segundo o número de
sujeitos, quer dizer, pode ser dificultoso avaliar por meio de uma dinâmica o desempenho
intercultural individual de vinte sujeitos, por exemplo.
Uma sugestão nossa é que, se de fato os avaliadores de CCI objetivarem avaliar
individualmente o desempenho intercultural dos sujeitos inclusive nas dinâmicas,
posteriormente às anotações, o avaliador pode relacionar o resultado dos dois questionários,
os quais já são particularmente individuais, ao resultado geral dos grupos nas duas dinâmicas.
Para exemplificar, supomos que estejamos avaliando a dimensão Flexibilidade
Comportamental do sujeito Valentino, nome meramente ilustrativo. Consideremos as quatro
atividades que constituem a nossa proposta metodológica. No que diz respeito ao Cenário, o
Valentino revelou ter a dimensão Flexibilidade Comportamental nível Pleno. Na
Autoavaliação, o Valentino demonstrou ter Flexibilidade Comportamental nível
Intermediário. Até neste ponto, como podemos notar, conseguimos avaliar a CCI de Valentino
individualmente. Mas, e nas duas dinâmicas: e se o avaliador considerar dificultoso avaliar a
CCI individualmente de cada sujeito, nesse caso, a do Valentino em específico? Acreditamos
que isso venha a ser menos complexo apenas nos casos em que haja um número menor de
127
sujeitos, por exemplo, um ou dois grupos, totalizando oito sujeitos, posto que o avaliador
esteja incumbido de observar o comportamento de menos sujeitos ao mesmo tempo. Voltando
ao nosso exemplo, o avaliador pode associar os resultados do grupo, obtidos a partir das
observações anotadas no item anotações gerais referentes aos roteiros de avaliação, ao das
duas atividades do questionário (Cenário e Autoavaliação). Imaginando que o grupo do
Valentino, na Dinâmica 2, demonstrou nível Básico de Flexibilidade Comportamental: nesse
caso, todos os sujeitos do grupo do Valentino recebem nível de Flexibilidade Comportamental
Básico, uma vez que o avaliador identificou que os sujeitos, só para exemplificar, não se
adaptaram e, portanto, não desempenharam seus respectivos papéis em consonância às
instruções. É válido esclarecer que se o avaliador perceber que um dos sujeitos, nesse caso,
conseguiu desempenhar seu papel em concordância à sua instrução, o avaliador pode, então,
anotar que, por exemplo, o Sujeito B obteve nível Pleno, e os outros nível Básico.
5.7 APLICAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO
Apresentaremos um exemplo de aplicação em desenvolvimento da nossa proposta
metodológica apresentada no decorrer do capítulo 5. Trata-se de uma tese de doutorado de
Paulo Roberto Sehnem (2013), que tem como objetivo “investigar o grau de obtenção dos
contributos de alunos egressos dos programas ERASMUS e CsF em sua relação com a
respectiva competência comunicativa intercultural” (SEHNEM, 2013, p. 49). Mais
especificamente, o doutorando referido tem utilizado a nossa proposta, na Espanha, para
satisfazer um de seus objetivos específicos, qual seja, “identificar a CCI dos alunos egressos
dos programas de mobilidade internacional Erasmus e CsF”. (SEHNEM, 2013, p. 50).
Nesta última seção, portanto, apresentamos algumas evidências acerca de uma
aplicação da proposta objeto da nossa pesquisa. Entendemos que esta apresentação provê a
proposta em si de respaldo quanto a sua efetiva adequação aos propósitos de avaliação de CCI
de alunos universitários.
128
Quadro 32 - Avaliação de CCI do Número 1 - Grupo 1 dia 26-10-13
Atividade Questão/
papel
Resposta/comportamento CCI identificada Nível C
EN
ÁR
IO
1 Porque Tom, o líder quer dar início à reunião de
negócios e ela pensa que ele não se preocupa
com as pessoas. (sic)
Empatia; Descoberta
de Conhecimento
P – B
2 Tom imaginou que o motivo de Fernando
comparecer ser difícil seria algo mais
importante que o aniversario de sua filha. Por
isso ficou surpreso com o motivo. (sic)
Empatia; Descoberta
de Conhecimento
P – P
3 Penso que foi para mudar de assunto depois da
conversa entre ele e Fernando. (sic)
Flexibilidade
Comportamental
I
4 Porque ao falar para ele que poderiam se
conhecer melhor durante o jantar ele logo falou
que hoje iam falar de negócios. (sic)
Empatia; I
5 Não compreendeu, porque Omar avisou que
estava indo tudo bem. (sic)
Tolerância à
Ambiguidade
P
6 Porque não iria adiantar levar aquela conversa
já que as apostilas não estavam prontas. (sic)
Tolerância à
Ambiguidade;
Flexibilidade
Comportamental
I – I
7 A reação foi de surpresa pois não estava
esperando que perguntasse isso para ela. (sic)
Empatia; Descoberta
de Conhecimento
P – B
8 Sua reação foi de interrogação, pois não sabia o
que significa quinciniera. (sic)
Descoberta de
Conhecimento
B
9 Penso que queria conversar coisas que não são
sobre negocios. (sic)
Empatia P
10 Porque queria conversar e conhecer ele sem ser
sobre negocios. (sic)
Descoberta de
Conhecimento;
Empatia
P – P
Din
âmic
a 1
Antropó-
logo
Percebeu quando se dizia sim ou não. Não
percebeu o comando de não falar com homem e
seguiu tentando, mesmo após um deles sair da
sala.
Consciência
Comunicativa;
Descoberta de
conhecimento
I – I
Din
âmic
a 2
B
Manteve-se alegre e positiva, conforme perfil
recebido. “Eu ficava sempre elogiando e
tocando as pessoas para motivá-las. Ei vc
desenha muito bem”(sic)
Flexibilidade
comportamental;
Empatia
P – P
Au
toav
alia
ção
1 Acho que as atividades realizadas fizeram eu
me integrar com o grupo, já que alguns deles eu
não tenho muito contato e me senti bem com
isso.
Flexibilidade
Comportamental
P
2 Aprendi, ou melhor, relembrei como trabalhar
em grupo já que na minha área não temos tanto
essa integração entre pessoas.
Descoberta de
Conhecimento;
Flexibilidade
Comportamental
P – P
3 Posso aplicar na minha vivência diária em
minha casa onde vivo com pessoas de outros
costumes e cultura em relação à boa
convivência.
Respeito ao Outro;
Flexibilidade
Comportamental
P – P
4 Responsabilidade e disciplina. Descoberta de
conhecimento;
Flexibilidade
Comportamental
I – I
129
5 Em minha opinião todos deveriam ter a
oportunidade de fazer intercâmbio porque além
de acrescentar em sua área, a cultura que
conhecemos e aprendemos a conviver levamos
para o resto da vida.
Flexibilidade
Comportamental;
Descoberta de
Conhecimento
P – I
Fonte: Fonte: Sehnem (2013).
Quadro 33 - Recorrência de CCI número 1
Dimensão Recorrência Básico Intermediário Pleno Nível
Descoberta de conhecimento 10 2 3 5 Intermediário
Empatia 7 - 1 6 Pleno
Respeito ao outro 1 - - 1 Pleno
Tolerância à ambiguidade 3 - 2 1 Intermediário
Flexibilidade comportamental 7 - 2 5 Pleno
Consciência comunicativa 1 - 1 - Intermediário
Fonte: Sehnem (2013). Resultado: Intermediário
Como podemos ver, o pesquisador apresenta os dados obtidos durante a aplicação
dos instrumentos com os sujeitos, identifica as dimensões e os níveis de habilidade e, no
Quadro 35, apresenta a recorrência de CCI. A análise é feita para cada sujeito,
individualmente. No exemplo acima, a CCI do sujeito número 1 foi analisada.
Podemos acrescentar, com base em conversas mantidas com Paulo Sehnem, que a
replicação tem se mostrado real e adequada para avaliação de competência comunicativa
intercultural dos sujeitos, uma vez que cada um dos quatro instrumentos consegue identificar
as seis dimensões de CCI e seus respectivos níveis de habilidade.
continuação
130
6 CONSIDERAÇÕES ACERCA DO DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA
Essa pesquisa foi guiada pela relevância acerca dos estudos sobre interculturalidade,
esta definida pela interação entre pessoas provenientes de bases culturais distintas. Mais
objetivamente, cientes do interesse de alunos universitários de participarem de um programa
de mobilidade internacional, como os oferecidos pela Univali ou os programas Ciências sem
Fronteiras e o Erasmus, pensamos em contribuir com a elaboração de um instrumento de
avaliação de CCI. Para isso, as seguintes perguntas se revelaram condutoras para início desse
trabalho: é possível desenvolver um instrumento de avaliação de competência intercultural de
alunos universitários? Quais dimensões poderiam ser utilizadas para a avaliação de
competência comunicativa intercultural?
Portanto, foi com o objetivo de elaborar uma proposta metodológica para avaliação
de competência comunicativa intercultural de alunos universitários que demos início a essa
pesquisa. De forma mais específica, nossa intenção foi de comprovar que os quatro
instrumentos que constituem nossa proposta metodológica de avaliação são adequados para
avaliação de competência comunicativa intercultural. Os objetivos específicos emergiram
após a reflexão da trajetória que deveríamos percorrer com o intuito de alcançar o objeto geral
exposto, quais sejam: Conhecer as dimensões e as escalas de avaliação de competência
intercultural; Empregar as dimensões Respeito ao Outro / Tolerância à Ambiguidade –
Abertura; Descoberta de Conhecimento / Empatia – Conhecimento; Consciência
Comunicativa / Flexibilidade Comportamental – Adaptabilidade - e correspondentes escalas
de avaliação; Discutir as dimensões e as escalas de avaliação.
No decorrer da pesquisa, mudanças em relação ao tema e aos objetivos se mostraram
convenientes. Incialmente, nosso objetivo era de avaliar a competência comunicativa
intercultural de alunos universitários da Univali. Após muitas discussões, com a intenção de
poder contribuir com a área de avaliação de CCI, decidimos por elaborar uma proposta
metodológica de avaliação de CCI. Concernente aos objetivos específicos, invertemos a
sequências do segundo e terceiro, em razão de que percebemos a necessidade de,
primeiramente, empregar as dimensões e escalas de avaliação para, então, poder analisar e
discutir os resultados derivados da aplicação.
Os dados coletados na aplicação dos sujeitos comprovaram que o instrumento é
adequado para avaliar a competência comunicativa intercultural dos sujeitos. As dimensões
131
Descoberta de Conhecimento, Flexibilidade Comportamental e Empatia foram identificadas
em maior número. As dimensões Tolerância à Ambiguidade, Respeito ao Outro e Consciência
Comunicativa, por sua vez, emergiram em menor número. Conforme Deardorff (2009), as
dimensões consciência e atitude são mais complexas de serem avaliadas, o que pode explicar
o baixo número de Tolerância à Ambiguidade e Respeito ao Outro. No tocante aos níveis de
habilidade, os dados mostraram um número considerável de nível Pleno. Logo, a recorrência
dos níveis Intermediário e Básico foi menor.
Pensamos haver outras possibilidades de aplicação da nossa proposta metodológica.
Por exemplo, o avaliador poderia alterar a sequência de aplicação dos quatro instrumentos.
Outrossim, poderia aplicar um ou dois instrumentos em específicos, por exemplo, somente
uma das duas dinâmicas: talvez ele queira somente usar a Dinâmica 2 para satisfazer
determinados objetivos. Ou então pretenda utilizar somente uma autoavaliação referente à
motivação dos alunos em participar de um programa de mobilidade estudantil. Outro exemplo
seria a substituição do vídeo Building a Multicultural Team por um texto escrito, como o
próprio sítio do INCA traz como sugestão. Outras dinâmicas poderiam fazer parte de
avaliações futuras, assim como outros questionários de autoavaliações. Inclusive, o
instrumento elaborado por nós poderia ser reestruturado, de acordo com o objetivo de cada
avaliador ou programa / instituição interessados em avaliar CCI. No entanto, para além de
tudo que foi dito, reforçamos que o conjunto do nosso instrumento – as quatro atividades – é
que garante uma avaliação de CCI mais precisa, uma vez que uma complementa a outra,
conforme já citado por Sinicrope, Norris e Watanabe (2007).
Por meio de objetivos bem delineados, é possível desenvolver estudos que utilizem,
para geração de dados, uma das dinâmicas e um dos instrumentos indiretos, por exemplo.
Dessa forma, pode ser constatado se o objetivo é alcançado tendo em vista a utilização
exclusiva dos dois instrumentos referidos, e não dos quatro, o conjunto, como falamos. Ou
ainda, fazer uso de um instrumento somente, para, então, verificar se a CCI dos sujeitos difere
da utilização dos quatro. Há possibilidades de incluir, do mesmo modo, outro instrumento,
sempre em concordância ao objetivo para escolha do instrumento a ser utilizado.
Questões relativas a estereótipos, essencialismos, ocidentalização, identidade,
preconceito, representação, alteridade, entre outras, também podem ser abordadas na
elaboração de outros instrumentos. Por exemplo, na análise dos dados, conforme já vimos na
aplicação da Dinâmica 1, uma das antropólogas imitou o grito do personagem Tarzan, muito
132
possivelmente para se aproximar dos moradores da ilha mais facilmente. Portanto, a
antropóloga pôde ter presumido que os habitantes da ilha emitissem o grito do Tarzan. Ou
seja, ela pôde ter relacionado a figura do Tarzan a qualquer outro grupo de pessoas que vivem
em regiões distantes de outros povos. Dessa forma, estamos cientes de que os preconceitos,
decorrentes de ideias estereotipadas, podem gerar um sentimento negativo em relação a
pessoas de outras culturas. Para que aspectos associados à alteridade e a estereótipos, por
exemplo, sejam incluídos no tratamento dos dados, pensamos que seja necessário traçar
objetivos que, por sua vez, conduzam o avaliador na elaboração de instrumentos e, assim, seja
feito o tratamento do corpus proveniente da aplicação.
Pensamos, igualmente, que as questões referidas, como ocidentalização e
estereótipos, por exemplo, podem ser identificadas pelo instrumento que propusemos, sem
que seja feito, imprescindivelmente, modificações estruturais. Como já mencionamos,
identificamos um caso de estereótipos acerca da imitação do som emitido pelo personagem
Tarzan. Nosso objetivo, como já sabemos, não foi o de identificar estereótipos, e sim elaborar
uma proposta de CCI, tendo como base a avaliação de CCI dos sujeitos. Portanto, cabe ao
avaliador delinear objetivos para que possa identificar e avaliar os sujeitos pesquisados.
Objetivamos que essa proposta metodológica de avaliação de competência
intercultural transcenda o instrumento em si, isto é, que possa ser replicada,
independentemente de país ou língua, em outros ambientes. A título de exemplo, conforme
vimos, o doutorando Paulo Sehnem (2013) tem utilizado, na Espanha, a nossa proposta de
avaliação de CCI com sujeitos dos programas de mobilidade internacional CsF e Erasmus.
Outro exemplo é o projeto da mestranda Aline F. Alexandre (2013) que tem como objetivo
avaliar o desenvolvimento de CCI de alunos participantes de programa de mobilidade
internacional em Portugal. Da mesma forma, a nossa proposta pode ser usada em programas
de estágio profissional, programas de intercâmbio linguístico e em escolas de idiomas.
133
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136
APÊNDICES
137
LISTA DE APÊNDICES
Apêndice A - Tradução / transcrição do texto do Cenário para o inglês .............................. 1389
Apêndice B -Tradução / transcrição do texto do Cenário para o espanhol ............................ 141 Apêndice C - Questionário da atividade do Cenário para o espanhol .................................... 143
Apêndice D – Questionário da atividade do Cenário para o inglês ........................................ 144
Apêndice E - Orientações da Dinâmica 1 ............................................................................... 145
Apêndice F - Orientações da Dinâmica 2 ............................................................................... 146
Apêndice G - Instruções em espanhol da Dinâmica 2 ............................................................ 147
Apêndice H - Autoavaliação em espanhol ............................................................................. 148
Apêndice I - Roteiro de Observação do Cenário / Respeito ao Outro .................................... 149
Apêndice J - Roteiro de Observação do Cenário / Tolerância à Ambiguidade ...................... 150
Apêndice K - Roteiro de Observação do Cenário / Descoberta de Conhecimento ................ 151 Apêndice L - Roteiro de Observação do Cenário / Empatia .................................................. 152
Apêndice M - Roteiro de Observação do Cenário / Consciência Comunicativa .................... 153
Apêndice N - Roteiro de Observação do Cenário / Flexibilidade Comportamental .............. 154
Apêndice O - Roteiro de observação / Anotações gerais / Cenário........................................ 155
Apêndice P - Roteiro de Observação da Dinâmica 1 e da Dinâmica 2 / Respeito ao Outro .. 156
Apêndice Q - Roteiro de Observação da Dinâmica 1 e da Dinâmica 2 / Tolerância à
Ambiguidade .......................................................................................................................... 157
Apêndice R - Roteiro de Observação da Dinâmica 1 e da Dinâmica 2 / Descoberta de
Conhecimento ......................................................................................................................... 158
Apêndice S - Roteiro de Observação da Dinâmica 1 e da Dinâmica 2 / Empatia .................. 159
Apêndice T - Roteiro de Observação da Dinâmica 1 e da Dinâmica 2 / Consciência
Comunicativa .......................................................................................................................... 160 Apêndice U - Roteiro de Observação da Dinâmica 1 e da Dinâmica 2 / Flexibilidade
Comportamental ..................................................................................................................... 161
138
Apêndice V -Roteiro de Observação / Anotações gerais / Dinâmica 1 e Dinâmica 2 ........... 162
Apêndice W - Roteiro de Observação da Autoavaliação / Respeito ao Outro ....................... 163
Apêndice X - Roteiro de Observação da Autoavaliação / Tolerância à Ambiguidade .......... 164 Apêndice Y - Roteiro de Observação da Autoavaliação / Descoberta de Conhecimento ...... 165
Apêndice Z - Roteiro de Observação da Autoavaliação / Empatia ........................................ 166
Apêndice AA - Roteiro de Observação da Autoavaliação / Consciência Comunicativa ....... 167
Apêndice BB - Roteiro de Observação da Autoavaliação / Flexibilidade Comportamental .. 168
Apêndice CC - Roteiro de observação / Anotações gerais / Autoavaliação ........................... 169
139
Apêndice A - Tradução / transcrição do texto do Cenário para o Inglês
Transcription of the video Building a Multicultural Team.
TOM
Sorry I’m late, my flight was delayed.
Coffee, please.
TOM
Well, it’s nice to finally meet all of you. You must be Omar… Sachiko…
Joseline… …and…
FERNANDO Fernando…It’s nice to meet you, Mr. Garcia.
TOM Oh, Tom, please, call me Tom.
JOSELINE Did you have a good flight?
TOM
Yes, it’s just really long! I was beginning to think I’d spend most of my life at
40,000 feet. But I guess in this new assignment, we’re all going to have to get
used to long flights.
JOSELINE Have you traveled in Europe?
TOM Yes, but only on business. I hope to vacation there someday.
TOM
Well, Fernando, I’m glad you could finally make it and I appreciate you
rearranging your schedule. I hope you are not missing anything important.
FERNANDO Well, it’s my family.
TOM Your family? Is everything okay?
FERNANDO Yes, but it’s my daughter’s quinciniera on Thursday.
TOM Quinciniera?
FERNANDO
Quinciniera, her 15th birthday, it’s a very special event with my family. That’s
why I was hoping our schedule could be rearranged.
TOM
He told me he it would be difficult to make this meeting. And now I find out it’s
because of the birthday party.
TOM Well…she’s lovely girl and you’ll be home Friday.
FERNANDO
Because of this meeting, I am missing a very important family event. I will not
stay long in this job.
JOSELINE Do you like wine?
TOM Yes, I do. I have to tell you sometime about my wine cellar.
TOM I hope she’s going to let me start this meeting.
TOM Well, I hope I can bring up business right away and… anyway. As you know
our company is under a lot of financial pressure, and counting on our new line.
I’m the head of the overseas marketing and you are all in charge of different
areas. So I asked Omar to prepare some handouts. Omar?
JOSELINE Is this a working meeting tonight?
TOM Yes, we’ve got a lot to do in the next few days.
JOSELINE
Well, it is the first time we are all together. I thought we could get to know
each other over dinner, you know, just talk.
TOM
Yes, we’ll talk. And tonight we’re going to talk about marketing strategies and
sales projections.
JOSELINE Typical…he just wants to talk about business, he does not care about people.
TOM Omar, may I please have the handouts?
OMAR It is not possible.
TOM Wasn’t possible…what do you mean?
OMAR It is not possible to have them yet.
140
TOM
I don’t understand it. I talked to you yesterday before my flight, you said
everything was taken care of.
OMAR
He asked me at the last minute, there was no time. But he’s my new boss, and I
couldn’t disappoint him. I would have told him later…
TOM
If there was a problem, I wish he had just told me. Someone else could have
done it, but now we have none.
TOM
Well…we’ll get to that… get to that later. We’re having this meeting here
because this is our top overseas market. And I thought that Sachiko could share
few insights as to why our marketing is so strong here. Sachiko?
SACHIKO Why is he asking me? He’s the leader.
TOM Sachiko?
SACHIKO
Well…we have a very good service. Quality is high. We have a lot of
customers. So our business is strong.
TOM Yes, but why is business so strong?
SACHIKO I have nothing to add.
TOM But I asked you to prepare for this meeting…
SACHIKO I did. I made the reservation, I contacted everybody.
TOM
Yes, of course you did it and... Thank you. But I did ask you to prepare few
insights for global launch.
TOM
She’s Asia Pacific manager, and the only leadership she provides is making
dinner reservations?
continuação
141
Apêndice B - Tradução / transcrição do texto do Cenário para o espanhol
Transcripción del video “Building a Multicultural Team”
TOM
Siento llegar tarde, mi vuelo se retrasó.
Café, por favor.
TOM
Bueno, mucho gusto en conocer a todos ustedes. Usted debe ser Omar ...
Sachiko ... Joseline ...... y ...
FERNANDO Fernando…Mucho gusto en conocerle, Sr. García.
TOM Oh, Tom, por favor, llámeme Tom.
JOSELINE ¿Tuvo usted un buen vuelo?
TOM
Sí, ¡pero es mucho tiempo! Estaba empezando a pensar que pasaría la mayor
parte de mi vida a 40.000 pies. Pero creo que para esa nueva misión, todos
tendremos que acostumbrarnos a los vuelos de largo recorrido.
JOSELINE ¿Usted ha viajado por Europa?
TOM Sí, pero sólo por negocios. Espero pasar mis vacaciones allí algún día.
TOM
Bueno, Fernando, me complace que haya podido reorganizar su horario.
Espero que no se echa en falta algo importante.
FERNANDO Bueno, es mi familia.
TOM ¿Su familia? ¿Está todo bien?
FERNANDO Sí, pero es la quinciniera de mi hija el jueves.
TOM ¿Quinciniera?
FERNANDO
Quinciniera, el decimoquinto cumpleaños de ella, que es un evento muy
especial con mi familia. Es por eso que yo esperaba que nuestro horario
pudiera ser reorganizado.
TOM
Él me dijo que sería difícil hacer esta reunión. Y ahora me entero de que es
debido a la fiesta de cumpleaños.
TOM Bueno... Ella es una chica encantadora y usted estará en casa el viernes.
FERNANDO
A causa de esta reunión, perdí un evento familiar muy importante. No voy a
quedarme mucho tiempo en este trabajo.
JOSELINE ¿Le gusta el vino?
TOM Sí. Tengo que hablar con usted en algún momento de mi bodega.
TOM Espero que ella permita que yo empiece la reunión.
TOM Bueno, espero poder hablar de negocios ahora y... bien. Como ustedes saben,
nuestra empresa se encuentra bajo una gran presión financiera, y cuenta con
nuestro trabajo. Yo soy el director de marketing en el extranjero y todos
ustedes están a cargo de diferentes áreas. Así que le pedí a Omar para preparar
algunos documentos. ¿Omar?
JOSELINE ¿Tenemos una reunión de trabajo esta noche?
TOM Sí, tenemos mucho que hacer en los próximos días.
JOSELINE
Bueno, es la primera vez que estamos todos juntos. Pensé que podríamos
conocernos durante la cena, o sea, sólo hablar.
TOM
Sí, conversaremos. Y esta noche vamos a hablar de estrategias de marketing y
de proyecciones de ventas.
JOSELINE Desde luego… él sólo quiere hablar de negocios, no se preocupa por la gente.
TOM Omar, por favor: ¿los documentos?
OMAR No es posible.
TOM No fue posible… ¿Qué quiere decir con eso?
142
OMAR No fue posible prepararlos todavía.
TOM
No puedo entender. Nos hablamos ayer antes de mi vuelo, usted dijo que todo
iba bien.
OMAR
Me pidió él en el último momento, no tuve tiempo. Pero es mi nuevo jefe, y yo
no podía defraudarlo. Yo se lo habría dicho más tarde…
TOM
Si había un problema, quisiera que me lo hubiera dicho. Alguien más podría
haberlo hecho, pero ahora no tenemos nada.
TOM
Bueno…hablaremos sobre eso más tarde… Tenemos esta reunión hoy aquí
porque ése es nuestro mayor mercado en el extranjero. Y pensé que Sachiko
podría compartir algunas ideas sobre por qué nuestro marketing es tan fuerte
aquí. ¿Sachiko?
SACHIKO ¿Por qué él me lo está pidiendo? Él es el líder.
TOM ¿Sachiko?
SACHIKO
Bueno… tenemos un servicio muy bueno. La calidad es superior. Tenemos una
gran cantidad de clientes. Así que nuestro trabajo es fuerte.
TOM Sí, pero ¿por qué es un negocio tan fuerte?
SACHIKO No tengo nada que decir.
TOM Pero le pedí para prepararse para esa reunión.
SACHIKO Yo me preparé. Hice la reserva, me puse en contacto con todo el mundo.
TOM
Sí, por supuesto que lo hizo usted y ... Gracias. Pero le pedí para preparar
algunas ideas para el lanzamiento global.
TOM
¿Ella es gerente de Asia-Pacífico y el único liderazgo que ofrece es hacer
reservaciones para cenas?
continuação
143
Apêndice C - Questionário da atividade do Cenário para o Espanhol
Escenario
Pregunta 1 - En el inicio, Joseline parece estar irritada. ¿Por qué?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
Pregunta 2 - Fernando explica que sería difícil asistir a la reunión de aquel día porque era el
decimoquinto cumpleaños de su hija (quinciniera). ¿Cuál fue la reacción de Tom? Explíquela.
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
Pregunta 3 - ¿En su opinión, por Joseline le preguntó a Tom si él quería vino?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
Pregunta 4 - Joseline piensa para sí misma: "Desde luego, lo único que quiere hablar es sobre
negocios, no se preocupa por la gente." ¿Por Joseline piensa eso?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
Pregunta 5 - Omar dijo que no podía preparar los documentos. ¿Tom entiende la posición de Omar?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
Pregunta 6 - Después de saber que Omar no preparó los documentos, dijo Tom: "Bueno, vamos a
hablar de ello más tarde." ¿Por qué, en su opinión, Tom dijo eso?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
Pregunta 7 - Tom le pidió a Sachiko para aclarar el hecho de que los negocios son fuertes en Asia.
¿Cuál fue la reacción de Sachiko?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
Pregunta 8 - Explique la reacción de Tom al saber que en la familia de Fernando se celebra un evento
llamado quinciniera.
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
Pregunta 9 - ¿En su opinión, por qué Joseline, en el inicio, le preguntó a Tom si él había tenido un
buen viaje y si alguna vez ya había viajado a Europa?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
Pregunta 10 - Joseline dijo que, como se encontraban juntos en una primera reunión, ella creía que
sería mejor conocerse e conversar más. ¿En su opinión, por qué crees que ella dijo eso?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
144
Apêndice D – Questionário da atividade do Cenário para o Inglês
Scenario.
Question 1 – Initially, Joseline seems irritated. Why?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
Question 2 - Fernando explains that it would be difficult to attend the meeting that day, for it was his
daughter’s fifteenth birthday (quinciniera). What was Tom’s reaction? Explain.
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
Question 3 - In your opinion, why did Joseline ask Tom whether he wanted wine?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
Question 4 – Joseline thinks to herself: “typical, he just wants to start business, he does not care about
people”. Why does Joseline state that?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
Question 5 – Omar affirmed that he could not prepare the handouts. Did Tom understand Omar’s
position?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
Question 6 – After knowing Omar did not prepare the handouts, Tom said “well, we’ll get to that
later”. Why, in your opinion, does Tom say that?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
Question 7 - Tom asks Sachiko to clarify why the business in Asia is very strong. What was Sachiko’s
reaction?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
Question 8 – Explain Tom’s reaction when he learned that in Fernando’s family they celebrate an
event called quinciniera.
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
Question 9 – Why do you think Joseline, at first, asked Tom if his flight was good and if he had been
in Europe before?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
Question 10 - Joseline said that, as they were attending a meeting for the very first time, she thought
that they could then only talk and get to know each other better. Why do you think she said that?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
145
Apêndice E - Orientações da Dinâmica 1
Dinâmica 1
Orientações para o aplicador.
Considerações Gerais
Dividir a sala em dois grupos. Um desempenhará papel de antropólogo e outro de habitantes
de uma ilha distante do contato com outras pessoas.
Um grupo vai para fora da sala (os antropólogos). O outro, logo, permanece na sala.
Funcionamento da dinâmica: os antropólogos receberam financiamento do governo para
realizar uma pesquisa com os habitantes da ilha, por isso devem coletar o maior número de
informação possível, referente ao modo de vida deles.
Considerações sobre os antropólogos.
Os antropólogos receberam financiamento do governo para realizar a pesquisa com os
habitantes da ilha distante, por isso devem coletar o maior número de informação possível.
Pode acontecer que os antropólogos desistam de coletar informações, pela dificuldade
encontrada na interação com os habitantes da ilha.
Os antropólogos podem, entre eles, comparar, comentar as informações anotadas em frente
aos habitantes da ilha.
Considerações sobre os habitantes da ilha.
Com integrantes do mesmo grupo podem se falar normalmente. No entanto, ao falar com um
integrante de fora do grupo, homens só falam com homens e mulheres com mulheres.
Ao interagir com integrantes de outro grupo, não podem iniciar conversa. Só podem usar sim-
não como resposta. Se o antropólogo perguntar sorrindo, a resposta deve ser sim. Se o
antropólogo não sorrir, a resposta deve ser não, independentemente se a resposta for correta ou
incorreta.
Quando um dos antropólogos romper com as regras estabelecidas, o integrante dos habitantes
da ilha se ausenta ou não conversa com o antropólogo.
146
Apêndice F - Orientações da Dinâmica 2
Dinâmica 2
Orientações para o aplicador.
Desenvolvimento da dinâmica.
Cada um dos quatro integrantes, de cada grupo, receberá um conjunto de instruções: A, B, C
ou D. Os integrantes do grupo devem interagir e agir de acordo com as instruções recebidas.
Nenhum participante pode falar para o outro sobre o que estiver escrito no seu papel.
Em seguida, explicar aos participantes que eles terão uma tarefa em grupo para realizar.
Devem agir de acordo com a instrução recebida anteriormente.
Uma tarefa possível: desenhar uma figura de grupo: cada grupo recebe uma folha de papel ou
cartaz + canetas. Cada grupo deve desenhar sua ideia sobre alguns desses tópicos, ou um em
específico: paz mundial, sensibilidade cultural, experiências interculturais (de intercâmbio),
etc....
Outra tarefa possível: *Scavenger Sculpture: utilizando matérias que podem ser encontrados
na sala, criar uma escultura em grupo que representa um tópico designado aos sujeitos
pesquisados.
No final haverá apresentação oral desses desenhos. Cada grupo pode explicar como foi
trabalhar no grupo sendo que cada integrante devia desempenhar um papel diferente, as
instruções.
147
Apêndice G - Instruções em Espanhol da Dinâmica 2
INSTRUCCIONES – Dinámica 2
Avaliador: cortar una instrucción para cada miembro de los grupos. Cada grupo debe tener cuatro miembros.
Cada instrucción (A, B, C o D) para cada miembro. Cada una de esas fichas contiene una serie de
características / instrucciones específicas.
A B C D
Instrucciones Secretas
Por favor, lea la
información en silencio
y no discuta con nadie
durante la ejecución de
la actividad.
Usted viene de un grupo
cultural que cree que los
hombres y las mujeres
deben estar separados en
los entornos sociales.
Puede saludar al sexo
opuesto con un rápido
"hola", pero nunca puede
dar la mano o tocar a la
persona. Estas
manifestaciones suelen
llevar connotaciones
sexuales. Sin embargo,
usted aprueba el toque y
el apretón de manos
entre personas del
mismo sexo, porque no
hay las mismas
implicaciones. En los
encuentros, prefiere
sentarse junto a personas
del mismo sexo. Los
hombres por lo general
se sientan en un lado y
mujeres por el otro. Por
favor, siga estas
instrucciones durante la
actividad grupal.
Instrucciones Secretas
Por favor, lea la
información en silencio
y no discuta con nadie
durante la ejecución de
la actividad.
Usted viene de un grupo
cultural que es afectuoso
y alegre en los
relacionamientos. Es
común saludar a las
personas con beso en las
mejillas, abrazar y tocar
a las personas en las
conversaciones. Incluso,
en relación con aquellas
personas que usted no
conoce bien, es natural
extender los brazos para
darles un afectuoso
apretón de manos. Las
amistades son
importantes, y es por eso
que usted hace muchas
preguntas con respecto al
bienestar de las personas.
Es común que los
hombres y las mujeres se
sienten juntos en las
reuniones / encuentros –
es una señal de
aceptación, nada más.
Por favor, siga estas
instrucciones durante la
actividad grupal.
Instrucciones Secretas
Por favor, lea la
información en silencio
y no discuta con nadie
durante la ejecución de
la actividad.
Usted viene de una
cultura muy reservada, y
que valora la
organización y la
sencillez de la vida. Le
interesa sobretodo la
reflexión personal y
consciencia interna en
cualquier interacción.
Durante actividades
grupales, para usted es
importante demonstrar
una actitud de
aprendizaje, escuchar
atenta y calmamente. Es
más importante para
usted estar consciente de
sí mismo que es para el
grupo “obtener éxito” en
su tarea. Tareas “van y
vienen”, pero la
percepción profunda y
personal significa todo.
Por favor, siga estas
instrucciones durante la
actividad grupal.
Instrucciones Secretas
Por favor, lea la
información en silencio
y no discuta con nadie
durante la ejecución de
la actividad.
Usted viene de una
cultura competitiva y
orientada a la ejecución
de tareas en grupos. Le
gusta la competencia y
usted da prioridad a
hacer un buen trabajo en
la tarea de grupos. Para
hacer las cosas, su grupo
necesita un plan bien
diseñado, un líder y
participantes motivados.
Mucha charla significa
una pérdida de tiempo.
Le gusta ir directo al
“grano”. Por favor, siga
estas instrucciones
durante la actividad
grupal.
148
Apêndice H - Autoavaliação em Espanhol
Cuestionario final
1 – ¿Qué le pareció a usted participar de las tres actividades realizadas?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
2 – De un modo general, ¿qué ha usted aprendido de esas actividades?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
3 – ¿De qué manera usted podría aplicar en otra cultural la experiencia adquirida a través de las tres
actividades?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
4 - En su opinión, ¿cuáles son las cualidades más importantes de un estudiante que participa en un
programa de intercambio?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
5 – ¿Por qué ser un estudiante de un programa de intercambio?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
149
Apêndice I - Roteiro de Observação do Cenário / Respeito ao Outro
DIMENSÃO: RESPEITO AO OUTRO / ABERTURA
Respeito ao Outro / Abertura
Básico
Respeito ao Outro / Abertura
Intermediário
Respeito ao Outro / Abertura
Pleno
Criticou o
comportamento e
opiniões de um ou mais
personagens do vídeo.
Criticou a cultura e
valores de um ou mais
personagens do vídeo.
Não demonstrou
respeitar o
comportamento,
opiniões e valores de
um ou mais
personagens do vídeo.
Demonstrou atribuir a
sua própria cultura
como a única correta.
De forma geral,
respeitou o
comportamento e
opiniões dos
personagens do vídeo.
Parcialmente respeitou a
cultura dos personagens
do vídeo.
De forma geral,
reconheceu e aceitou o
comportamento e
opiniões dos
personagens do vídeo.
De forma geral,
reconheceu e aceitou a
cultura e valores dos
personagens do vídeo.
Respeitou o
comportamento e
opiniões dos
personagens do vídeo.
Respeitou a cultura e
valores dos personagens
do vídeo.
Reconheceu e aceitou o
comportamento e
opiniões dos
personagens do vídeo.
Reconheceu e aceitou a
cultura e valores dos
personagens do vídeo.
Anotações:
Total dos Níveis de Habilidade: .............
Básico ............. Intermediário............. Pleno .............
Total da Dimensão: .............
150
Apêndice J - Roteiro de Observação do Cenário / Tolerância à Ambiguidade
DIMENSÃO: TOLERÂNCIA À AMBIGUIDADE / ABERTURA
Tolerância à Ambiguidade /
Abertura
Básico
Tolerância à Ambiguidade /
Abertura
Intermediário
Tolerância à Ambiguidade /
Abertura
Pleno
Não prestou atenção ao
comportamento dos
personagens do vídeo e
às diferenças culturais.
Não demonstrou
perceber o
comportamento dos
personagens do vídeo e
às diferenças culturais.
Não reconheceu as
diferenças culturais
surgidas a partir da
interação dos
personagens do vídeo.
Parcialmente prestou
atenção ao
comportamento dos
personagens do vídeo e
às diferenças culturais.
Parcialmente percebeu o
comportamento dos
personagens do vídeo e
às diferenças culturais.
Parcialmente
reconheceu as
diferenças culturais
surgidas a partir da
interação dos
personagens do vídeo.
Prestou atenção ao
comportamento dos
personagens do vídeo e
às diferenças culturais.
Percebeu o
comportamento dos
personagens do vídeo e
às diferenças culturais.
Reconheceu as
diferenças culturais
surgidas a partir da
interação dos
personagens do vídeo.
Anotações:
Total dos Níveis de Habilidade: .............
Básico ............. Intermediário............. Pleno .............
Total da Dimensão: .............
151
Apêndice K - Roteiro de Observação do Cenário / Descoberta de Conhecimento
DIMENSÃO: DESCOBERTA DE CONHECIMENTO / CONHECIMENTO
Descoberta de Conhecimento /
Conhecimento
Básico
Descoberta de Conhecimento /
Conhecimento
Intermediário
Descoberta de Conhecimento /
Conhecimento
Pleno
Não demonstrou
reconhecer as
convenções culturais /
comportamentos dos
personagens do vídeo.
Compreendeu
incorretamente a ação
dos personagens do
vídeo.
Reconheceu,
parcialmente, as
convenções culturais /
comportamentos dos
personagens do vídeo.
De modo geral,
compreendeu a ação
dos personagens do
vídeo.
Demonstrou reconhecer
as convenções culturais
/ comportamentos dos
personagens do vídeo.
Compreendeu
perfeitamente a ação
dos personagens do
vídeo.
Anotações:
Total dos Níveis de Habilidade: .............
Básico ............. Intermediário............. Pleno .............
Total da Dimensão: .............
152
Apêndice L - Roteiro de Observação do Cenário / Empatia
DIMENSÃO: EMPATIA / CONHECIMENTO
Empatia / Conhecimento
Básico
Empatia / Conhecimento
Intermediário
Empatia / Conhecimento
Pleno
Demonstrou não levar
em conta o sentimento
dos personagens do
vídeo.
Demonstrou levar em
conta exclusivamente os
seus próprios
sentimentos.
Não demonstrou
entendimento diante das
ações e dos valores
culturais dos
personagens do vídeo.
Demonstrou
parcialmente levar em
conta o sentimento dos
personagens do vídeo.
Demonstrou levar em
conta quase que
unicamente os seus
próprios sentimentos.
Entretanto, tendeu a
considerar também os
sentimentos dos
personagens do vídeo.
Demonstrou
parcialmente
entendimento diante das
ações e dos valores
culturais dos outros
sujeitos.
Levou em conta o
sentimento dos
personagens do vídeo.
Demonstrou levar em
conta as ações e os
valores culturais dos
personagens do vídeo.
Anotações:
Total dos Níveis de Habilidade: .............
Básico ............. Intermediário............. Pleno .............
Total da Dimensão: .............
153
Apêndice M - Roteiro de Observação do Cenário / Consciência Comunicativa
DIMENSÃO: CONSCIÊNCIA COMUNICATIVA / ADAPTABILIDADE
Consciência Comunicativa /
Adaptabilidade
Básico
Consciência Comunicativa /
Adaptabilidade
Intermediário
Consciência Comunicativa /
Adaptabilidade
Pleno
Não reconheceu
problemas
relacionados à
comunicação entre os
personagens do vídeo.
Não aceitou aspectos
comunicacionais dos
personagens do vídeo.
Parcialmente
reconheceu problemas
relacionados à
comunicação entre os
personagens do vídeo.
Parcialmente aceitou
aspectos
comunicacionais dos
personagens do vídeo.
Reconheceu problemas
relacionados à
comunicação entre os
personagens do vídeo.
Aceitou aspectos
comunicacionais dos
personagens do vídeo.
Anotações:
Total dos Níveis de Habilidade: .............
Básico ............. Intermediário............. Pleno .............
Total da Dimensão: .............
154
Apêndice N - Roteiro de Observação do Cenário / Flexibilidade Comportamental
DIMENSÃO: FLEXIBILIDADE COMPORTAMENTAL / ADAPTABILIDADE
Flexibilidade Comportamental /
Adaptabilidade
Básico
Flexibilidade Comportamental /
Adaptabilidade
Intermediário
Flexibilidade Comportamental /
Adaptabilidade
Pleno
Não admitiu
determinadas reações
comportamentais dos
personagens do vídeo.
Valorizou sobremaneira
aspectos relacionados à
sua própria cultura.
De maneira geral,
admitiu reações
comportamentais dos
personagens do vídeo.
Valorizou parcialmente
comportamentos tanto
da sua própria cultura
quanto da dos
personagens do vídeo.
Admitiu reações
comportamentais dos
personagens do vídeo.
Valorizou
comportamentos tanto
da sua própria cultura
quanto da dos
personagens do vídeo.
Anotações:
Total dos Níveis de Habilidade: .............
Básico ............. Intermediário............. Pleno .............
Total da Dimensão: .............
155
Apêndice O - Roteiro de observação / Anotações gerais / Cenário
Roteiro de Observação / Anotações gerais / Cenário
Anotações gerais:
156
Apêndice P - Roteiro de Observação da Dinâmica 1 e da Dinâmica 2 / Respeito ao Outro
DIMENSÃO: RESPEITO AO OUTRO / ABERTURA
Respeito ao Outro / Abertura
Básico
Respeito ao Outro / Abertura
Intermediário
Respeito ao Outro / Abertura
Pleno
Criticou o
comportamento e
opiniões dos outros
sujeitos.
Criticou a cultura e
valores dos outros
sujeitos.
Não demonstrou
respeitar o
comportamento,
opiniões e valores dos
outros sujeitos.
Demonstrou atribuir a
sua própria cultura
como a única correta.
Não demonstrou uma
atitude amigável.
De forma geral,
respeitou o
comportamento e
opiniões dos outros
sujeitos.
Parcialmente respeitou a
cultura dos outros
sujeitos.
Em parte, demonstrou
uma atitude amigável.
Parcialmente
reconheceu e aceitou o
comportamento e
opiniões dos outros
sujeitos.
Parcialmente
reconheceu e aceitou a
cultura e valores dos
outros sujeitos.
Respeitou o
comportamento e
opiniões dos outros
sujeitos.
Respeitou a cultura e
valores dos outros
sujeitos.
Reconheceu e aceitou o
comportamento e
opiniões dos outros
sujeitos.
Reconheceu e aceitou a
cultura e valores dos
outros sujeitos.
Demonstrou uma
atitude amigável.
Anotações:
Total dos Níveis de Habilidade: .............
Básico ............. Intermediário............. Pleno .............
Total da Dimensão: .............
157
Apêndice Q - Roteiro de Observação da Dinâmica 1 e da Dinâmica 2 / Tolerância à
Ambiguidade
DIMENSÃO: TOLERÂNCIA À AMBIGUIDADE / ABERTURA
Tolerância à Ambiguidade /
Abertura
Básico
Tolerância à Ambiguidade /
Abertura
Intermediário
Tolerância à Ambiguidade /
Abertura
Pleno
Reagiu à atividade com
desconforto.
Demonstrou
insatisfação em
interagir com os outros
sujeitos.
Não se dirigiu
abertamente aos outros
sujeitos.
Não prestou atenção ao
comportamento dos
sujeitos e às diferenças
culturais.
Não reconheceu as
diferenças culturais.
Em alguns momentos
demonstrou satisfação
em interagir com os
outros sujeitos.
Parcialmente se dirigiu
abertamente aos outros
sujeitos.
Parcialmente prestou
atenção ao
comportamento dos
sujeitos e às diferenças
culturais.
Parcialmente
reconheceu as
diferenças culturais.
Demonstrou satisfação
em interagir com os
outros sujeitos.
Dirigiu-se abertamente
aos outros sujeitos.
Prestou atenção ao
comportamento dos
sujeitos e às diferenças
culturais.
Reconheceu as
diferenças culturais.
Anotações:
Total dos Níveis de Habilidade: .............
Básico ............. Intermediário............. Pleno .............
Total da Dimensão: .............
158
Apêndice R - Roteiro de Observação da Dinâmica 1 e da Dinâmica 2 / Descoberta de
Conhecimento
DIMENSÃO: DESCOBERTA DE CONHECIMENTO / CONHECIMENTO
Descoberta de Conhecimento /
Conhecimento
Básico
Descoberta de Conhecimento /
Conhecimento
Intermediário
Descoberta de Conhecimento /
Conhecimento
Pleno
Não demonstrou
reconhecer as
convenções culturais /
comportamentos dos
outros sujeitos.
Compreendeu
incorretamente a ação
dos outros sujeitos.
Não demostrou querer
aprender com os outros
sujeitos.
Parcialmente
demonstrou reconhecer
as convenções culturais
/ comportamentos dos
outros sujeitos.
De modo geral,
compreendeu a ação
dos outros sujeitos.
Demonstrou
parcialmente abertura
para aprender com os
outros sujeitos.
Demonstrou reconhecer
as convenções culturais
/ comportamentos dos
outros sujeitos.
Compreendeu
perfeitamente a ação
dos outros sujeitos.
Demonstrou abertura
para aprender com os
outros sujeitos.
Anotações:
Total dos Níveis de Habilidade: .............
Básico ............. Intermediário............. Pleno .............
Total da Dimensão: .............
159
Apêndice S - Roteiro de Observação da Dinâmica 1 e da Dinâmica 2 / Empatia
DIMENSÃO: EMPATIA / CONHECIMENTO
Empatia / Conhecimento
Básico
Empatia / Conhecimento
Intermediário
Empatia / Conhecimento
Pleno
Demonstrou não levar
em conta o sentimento
dos outros sujeitos.
Demonstrou levar em
conta exclusivamente os
seus próprios
sentimentos.
Não se identificou com
os outros sujeitos.
Não demonstrou
entendimento diante das
ações e dos valores
culturais dos outros
sujeitos.
Demonstrou levar em
conta quase que
unicamente os seus
próprios sentimentos.
Entretanto, tendeu a
considerar também os
sentimentos dos outros
sujeitos.
Em parte, identificou-se
com os outros sujeitos.
Demonstrou
parcialmente
entendimento diante das
ações e dos valores
culturais dos outros
sujeitos.
Levou em conta o
sentimento dos outros
sujeitos.
Identificou-se com os
outros sujeitos.
Demonstrou levar em
conta as ações e valores
culturais dos outros
sujeitos.
Anotações:
Total dos Níveis de Habilidade: .............
Básico ............. Intermediário............. Pleno .............
Total da Dimensão: .............
160
Apêndice T - Roteiro de Observação da Dinâmica 1 e da Dinâmica 2 / Consciência
Comunicativa
DIMENSÃO: CONSCIÊNCIA COMUNICATIVA / ADAPTABILIDADE
Consciência Comunicativa /
Adaptabilidade
Básico
Consciência Comunicativa /
Adaptabilidade
Intermediário
Consciência Comunicativa /
Adaptabilidade
Pleno
A comunicação não foi
bem-sucedida.
Não aceitou aspectos
comunicacionais dos
outros sujeitos.
Não demonstrou
adaptar-se aos códigos
de comunicação dos
outros sujeitos: gestos,
sinais, entre outros.
A comunicação foi
parcialmente bem-
sucedida.
Em parte, aceitou
aspectos
comunicacionais dos
outros sujeitos.
De um modo geral,
adaptou-se aos códigos
de comunicação dos
outros sujeitos: gestos,
sinais, entre outros.
A comunicação foi
bem-sucedida.
Aceitou aspectos
comunicacionais dos
outros sujeitos.
Adaptou-se aos códigos
de comunicação dos
outros sujeitos: gestos,
sinais, entre outros.
Anotações:
Total dos Níveis de Habilidade: .............
Básico ............. Intermediário............. Pleno .............
Total da Dimensão: .............
161
Apêndice U - Roteiro de Observação da Dinâmica 1 e da Dinâmica 2 / Flexibilidade
Comportamental
DIMENSÃO: FLEXIBILIDADE COMPORTAMENTAL / ADAPTABILIDADE
Flexibilidade Comportamental /
Adaptabilidade
Básico
Flexibilidade Comportamental /
Adaptabilidade
Intermediário
Flexibilidade Comportamental /
Adaptabilidade
Pleno
Não se adaptou aos
aspectos culturais e
comportamentais dos
outros sujeitos.
Repetidas vezes não
admitiu determinadas
reações
comportamentais dos
outros sujeitos.
Valorizou sobremaneira
o seu comportamento
atribuído no grupo.
Não adaptou-se aos
papeis que lhe foram
atribuídos.
Em parte, adaptou-se
aos aspectos culturais e
comportamentais dos
outros sujeitos.
De maneira geral,
admitiu reações
comportamentais dos
outros sujeitos.
Valorizou parcialmente
comportamentos tanto
da sua quanto da dos
outros sujeitos.
Adaptou-se
parcialmente aos papeis
que lhe foram
atribuídos.
Adaptou-se aos
aspectos culturais e
comportamentais dos
outros sujeitos.
Admitiu reações
comportamentais dos
outros sujeitos.
Valorizou
comportamentos tanto
da sua cultura quanto da
dos outros sujeitos.
Adaptou-se aos papeis
que lhe foram
atribuídos.
Anotações:
Total dos Níveis de Habilidade: .............
Básico ............. Intermediário............. Pleno .............
Total da Dimensão: .............
162
Apêndice V -Roteiro de Observação / Anotações gerais / Dinâmica 1 e Dinâmica 2
Roteiro de Observação / Anotações gerais / Dinâmica 1 e Dinâmica 2
Anotações gerais:
163
Apêndice W - Roteiro de Observação da Autoavaliação / Respeito ao Outro
DIMENSÃO: RESPEITO AO OUTRO / ABERTURA
Respeito ao Outro / Abertura
Básico
Respeito ao Outro / Abertura
Intermediário
Respeito ao Outro / Abertura
Pleno
Tendeu a criticar a
cultura e valores de
pessoas provenientes de
outras bases culturas.
Não demonstrou
respeitar a cultura e
valores de pessoas
provenientes de outras
bases culturais.
Tendeu a criticar o
comportamento e
opiniões de pessoas
provenientes de outras
bases culturais.
Demonstrou atribuir a
sua própria cultura
como a única correta.
De forma geral,
demonstrou respeitar a
cultura e valores de
pessoas provenientes de
outras bases culturais.
Parcialmente
reconheceu e aceitou a
cultura e valores de
pessoas provenientes de
outras bases culturais.
Parcialmente
reconheceu e aceitou o
comportamento e
opiniões de pessoas
provenientes de outras
bases culturais.
Demonstrou respeitar a
cultura e valores de
pessoas provenientes de
outras bases culturais.
Reconheceu e aceitou a
cultura e valores de
pessoas provenientes de
outras bases culturais.
Reconheceu e aceitou o
comportamento e
opiniões de pessoas
provenientes de outras
bases culturais.
Anotações:
Total dos Níveis de Habilidade: .............
Básico ............. Intermediário............. Pleno .............
Total da Dimensão: .............
164
Apêndice X - Roteiro de Observação da Autoavaliação / Tolerância à Ambiguidade
DIMENSÃO: TOLERÂNCIA À AMBIGUIDADE / ABERTURA
Tolerância à Ambiguidade /
Abertura
Básico
Tolerância à Ambiguidade /
Abertura
Intermediário
Tolerância à Ambiguidade /
Abertura
Pleno
Reagiu às atividades
com desconforto.
Demonstrou
insatisfação em
interagir nas dinâmicas
com os outros sujeitos.
Demonstrou não prestar
atenção ao
comportamento dos
sujeitos e às diferenças
culturais.
Demonstrou não
reconhecer as
diferenças culturais.
Parcialmente,
demonstrou satisfação
em interagir com os
outros sujeitos.
De um modo geral,
demonstrou abertura em
relação ao outros
sujeitos.
De um modo geral,
demonstrou prestar
atenção ao
comportamento dos
sujeitos e às diferenças
culturais.
De um odo geral,
demonstrou reconhecer
as diferenças culturais.
Demonstrou satisfação
em interagir com os
outros sujeitos.
Demonstrou abertura
em relação aos outros
sujeitos.
Demonstrou prestar
atenção ao
comportamento dos
sujeitos e às diferenças
culturais.
Demonstrou reconhecer
as diferenças culturais.
Anotações:
Total dos Níveis de Habilidade: .............
Básico ............. Intermediário............. Pleno .............
Total da Dimensão: .............
165
Apêndice Y - Roteiro de Observação da Autoavaliação / Descoberta de Conhecimento
DIMENSÃO: DESCOBERTA DE CONHECIMENTO / CONHECIMENTO
Descoberta de Conhecimento /
Conhecimento
Básico
Descoberta de Conhecimento /
Conhecimento
Intermediário
Descoberta de Conhecimento /
Conhecimento
Pleno
Não demonstrou
reconhecer as
convenções culturais /
comportamentos dos
outros sujeitos.
Demonstrou
compreender
incorretamente a ação
dos outros sujeitos.
Não demostrou querer
aprender com os outros
sujeitos.
Parcialmente
demonstrou reconhecer
as convenções culturais
/ comportamentos dos
outros sujeitos.
De modo geral,
compreendeu a ação dos
outros sujeitos.
Demonstrou
parcialmente abertura
para aprender com os
outros sujeitos.
Demonstrou reconhecer
as convenções culturais
/ comportamentos dos
outros sujeitos.
Compreendeu
perfeitamente a ação dos
outros sujeitos.
Demonstrou abertura
para aprender com os
outros sujeitos.
Anotações:
Total dos Níveis de Habilidade: .............
Básico ............. Intermediário............. Pleno .............
Total da Dimensão: .............
166
Apêndice Z - Roteiro de Observação da Autoavaliação / Empatia
DIMENSÃO: EMPATIA / CONHECIMENTO
Empatia / Conhecimento
Básico
Empatia / Conhecimento
Intermediário
Empatia / Conhecimento
Pleno
Demonstrou não levar
em conta o sentimento
dos outros sujeitos.
Demonstrou levar em
conta exclusivamente os
seus próprios
sentimentos.
Identificou-se com os
outros sujeitos.
Não demonstrou
entendimento diante das
ações e dos valores
culturais dos outros
sujeitos.
Demonstrou levar em
conta quase que
unicamente os seus
próprios sentimentos.
Entretanto, tendeu a
considerar também os
sentimentos dos outros
sujeitos.
Em parte, identificou-se
com os outros sujeitos.
Demonstrou
parcialmente
entendimento diante das
ações e dos valores
culturais dos outros
sujeitos.
Levou em conta o
sentimento dos outros
sujeitos.
Identificou-se com os
outros sujeitos.
Demonstrou levar em
conta as ações e valores
culturais dos outros
sujeitos.
Anotações:
Total dos Níveis de Habilidade: .............
Básico ............. Intermediário............. Pleno .............
Total da Dimensão: .............
167
Apêndice AA - Roteiro de Observação da Autoavaliação / Consciência Comunicativa
DIMENSÃO: CONSCIÊNCIA COMUNICATIVA / ADAPTABILIDADE
Consciência Comunicativa /
Adaptabilidade
Básico
Consciência Comunicativa /
Adaptabilidade
Intermediário
Consciência Comunicativa /
Adaptabilidade
Pleno
Não reconheceu
problemas
relacionados à
comunicação entre os
sujeitos.
Não demonstrou
adaptar-se aos códigos
de comunicação dos
outros sujeitos: gestos,
sinais, entre outros.
Não aceitou aspectos
comunicacionais dos
sujeitos.
Parcialmente
reconheceu problemas
relacionados à
comunicação entre os
sujeitos.
De um modo geral,
demonstrou adaptar-se
aos códigos de
comunicação dos outros
sujeitos: gestos, sinais,
entre outros.
Parcialmente aceitou
aspectos
comunicacionais dos
sujeitos.
Reconheceu problemas
relacionados à
comunicação entre os
sujeitos.
Demonstrou adaptar-se
aos códigos de
comunicação dos outros
sujeitos: gestos, sinais,
entre outros.
Aceitou aspectos
comunicacionais dos
sujeitos.
Anotações:
Total dos Níveis de Habilidade: .............
Básico ............. Intermediário............. Pleno .............
Total da Dimensão: .............
168
Apêndice BB - Roteiro de Observação da Autoavaliação / Flexibilidade Comportamental
DIMENSÃO: FLEXIBILIDADE COMPORTAMENTAL / ADAPTABILIDADE
Flexibilidade Comportamental /
Adaptabilidade
Básico
Flexibilidade Comportamental /
Adaptabilidade
Intermediário
Flexibilidade Comportamental /
Adaptabilidade
Pleno
Não se adaptou aos
aspectos culturais e
comportamentais dos
outros sujeitos.
Demonstrou não admitir
determinadas reações
comportamentais dos
outros sujeitos.
Valorizou sobremaneira
o seu comportamento
atribuído no grupo da
dinâmica.
Não se adaptou aos
papeis que lhe foram
atribuídos nas
dinâmicas.
Em parte, adaptou-se
aos aspectos culturais e
comportamentais dos
outros sujeitos.
De maneira geral,
admitiu reações
comportamentais dos
outros sujeitos.
Valorizou parcialmente
comportamentos tanto
da sua quanto da dos
outros sujeitos.
Adaptou-se
parcialmente aos papeis
que lhe foram
atribuídos nas
dinâmicas.
Adaptou-se aos
aspectos culturais e
comportamentais dos
outros sujeitos.
Admitiu reações
comportamentais dos
outros sujeitos.
Valorizou
comportamentos tanto
da sua quanto da dos
outros sujeitos.
Adaptou-se aos papeis
que lhe foram
atribuídos nas
dinâmicas.
Anotações:
Total dos Níveis de Habilidade: .............
Básico ............. Intermediário............. Pleno .............
Total da Dimensão: .............
169
Apêndice CC - Roteiro de observação / Anotações gerais / Autoavaliação
Roteiro de Observação / Anotações gerais / Autoavaliação
Anotações gerais: