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A educação sentimental Gustave Flaubert Romance de viagem

Romance de Viagem 1 hahahaha

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voce vai viahjar com a viagem que é esse negócio de romance de viagem

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A educação sentimental

Gustave Flaubert

Romance de viagem

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Estética da criação verbal - Para uma tipologia histórica do romance

Michael Bakhtin

● Origens no naturalismo antigo (Petrônio, Apuleio – as perigrinações de Lúcio, o asno): cronotopo do romance de aventuras e costumes em Questões de literatura e estética

● Deslocamento no espaço: categorias temporais pouquíssimo acentuadas

● Caráter naturalista: mundo estático, de acontecimentos justapostos, e imagem do homem estática, exceto pela metamorfose do herói.

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Estética da criação verbal - Para uma tipologia histórica do romance

Michael Bakhtin

● Origens no naturalismo antigo (Petrônio, Apuleio – as perigrinações de Lúcio, o asno): cronotopo do romance de aventuras e costumes em Questões de literatura e estética.

● Deslocamento no espaço: categorias temporais pouquíssimo acentuadas.

● Caráter naturalista: mundo estático, de acontecimentos justapostos; imagem do homem também estática, exceto pela metamorfose do herói.

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PRIMEIRA PARTE

I

● No dia 15 de setembro de 1840, acabando o secundário Frédéric Moreau retorna para sua casa em Nogent-sur-Seine.

● Antes do retorno, sua mãe, que é viúva, lhe dá dinheiro para visitar um tio, com o intuito de espreitar sua herança.

● Na viagem de navio, conhece o Senhor Arnoux, burguês bufão que se apresenta como dono do Art industriel. Conhece uma mulher por quem se apaixona perdidamente, a qual, no decorrer da viagem, descobre ser a Senhora Arnoux.

● Conhecer a Senhora Arnoux numa viagem: em relação a ela, também termina o romance com uma viagem.

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PRIMEIRA PARTE

I

● No dia 15 de setembro de 1840, acabando o secundário Frédéric Moreau retorna para sua casa em Nogent-sur-Seine.

● Antes do retorno, sua mãe, que é viúva, lhe dá dinheiro para visitar um tio, com o intuito de espreitar sua herança.

● Na viagem de navio, conhece o Senhor Arnoux, burguês bufão que se apresenta como dono do Art industriel. Conhece uma mulher por quem se apaixona perdidamente, a qual, no decorrer da viagem, descobre ser a Senhora Arnoux.

● Conhecer a Senhora Arnoux numa viagem: em relação a ela, também termina o romance com uma viagem.

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II

● Deslauriers, amigo mais velho de Frédéric e de origem humilde, reencontra-o. Ambos estão de férias. Frédéric terminara o secundário e Deslauriers estava o 2º ano de Direito. Finalmente iriam se reencontrar, morando juntos em Paris, cursando Direito e arquitetando um futuro próspero em que jamais se separariam.

● Mas Deslauriers revela que o pai cortara-lhe os subsídios e impedira-o de acessar a herança materna, interrompendo a faculdade para trabalhar:

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[...] Tinham assim que pôr de parte o velho projeto de viverem juntos na capital, pelo menos nos tempos mais próximos.Fréderic baixou a cabeça. Era o primeiro dos seus sonhos que caía por terra.Consola-te – disse o filho do capitão – a vida é longa; nós somos jovens. Irei ter contigo! Não penses mais nisso!”[...] - Como eu hei de viver lá, sem ti? – dizia Fréderic. [...] – Poderia fazer alguma coisa, com uma mulher que me amasse... Por que te ris? O amor é o alimento e como que a atmosfera do gênio [...].

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Deslauriers, prático e ambicioso, recomenda que ele se dedique ao trabalho e estudos, e principalmente em estabelecer relações com a “alta sociedade”. Nesse diálogo, providencialmente aparece o Senhor Roque, cabo eleitoral e administrador do Senhor Dambreuse, grande banqueiro parisiense. Deslauriers aconselha:

- Devias pedir a esse velhote que te apresentasse em casa dos Dambreuse; não há coisa mais útil do que frequentar um casa rica! Já que tens uma casaca e luvas brancas, aproveita! Precisas conhecer esse mundo! Mais tarde me levarás lá. Um homem que possui milhões, calcula! Arranja maneira de lhe agradar, e à mulher também. Torna-te amante dela!Frédéric achava absurdo. – Mas o que estou dizendo são coisas clássicas! Lembra-te de Rastignac na Comédia Humana! Hás de triunfar, tenho certeza!

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Deslauriers, prático e ambicioso, recomenda que ele se dedique ao trabalho e estudos, e principalmente em estabelecer relações com a “alta sociedade”. Nesse diálogo, providencialmente aparece o Senhor Roque, cabo eleitoral e administrador do Senhor Dambreuse, grande banqueiro parisiense. Deslauriers aconselha:

- Devias pedir a esse velhote que te apresentasse em casa dos Dambreuse; não há coisa mais útil do que frequentar um casa rica! Já que tens uma casaca e luvas brancas, aproveita! Precisas conhecer esse mundo! Mais tarde me levarás lá. Um homem que possui milhões, calcula! Arranja maneira de lhe agradar, e à mulher também. Torna-te amante dela!Frédéric achava absurdo. – Mas o que estou dizendo são coisas clássicas! Lembra-te de Rastignac na Comédia Humana! Hás de triunfar, tenho certeza!

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III

Dois meses depois, Frédéric, que certa manhã desembarcara na Rua Coq-Héron, pensou imediatamente em fazer sua grande visita.O acaso ajudara-o. O Senhor Roque viera com um rolo de papéis, pedindo que os entregasse pessoalmente em casa do Senhor Dambreuse; e juntara um bilhete por lacrar, apresentando o seu jovem conterrâneo.

● Nessa visita, apenas de relance vê a Senhora Dambreuse● Na volta da visita infrutífera:

Um pouco acima da Rua Montmartre, um congestionamente de trânsito fê-lo voltar a cabeça; e, do outro lado, leu numa placa de mármore:

Jacques Arnoux

Como fora possível não ter ainda pensado nela? A culpa era de Deslauriers; encaminhou-se para o estabelecimento, mas não entrou; esperava que Ela surgisse.

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III

Dois meses depois, Frédéric, que certa manhã desembarcara na Rua Coq-Héron, pensou imediatamente em fazer sua grande visita.O acaso ajudara-o. O Senhor Roque viera com um rolo de papéis, pedindo que os entregasse pessoalmente em casa do Senhor Dambreuse; e juntara um bilhete por lacrar, apresentando o seu jovem conterrâneo.

● Nessa visita, apenas de relance vê a Senhora Dambreuse● Na volta da visita infrutífera:

Um pouco acima da Rua Montmartre, um congestionamente de trânsito fê-lo voltar a cabeça; e, do outro lado, leu numa placa de mármore:

Jacques Arnoux

Como fora possível não ter ainda pensado nela? A culpa era de Deslauriers; encaminhou-se para o estabelecimento, mas não entrou; esperava que Ela surgisse.

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Questões de literatura e de estéticaMichael Bakhtin

● Cronotopo Apuleio e Petrônio – especificamente O asno de Ouro, de Apuleio: romance de aventuras e de costumes.

● Convergências dos acasos e das iniciativas do herói: “A iniciativa primeira, por conseguinte, pertence ao próprio herói e ao seu caráter. É verdade que essa iniciativa não é positivamente criataiva (e isso é muito importante); é uma iniciativa da falta, do erro, do engano [...]”. p. 239 – destaques do autor.

● O “acaso” de encontrar a casa dos Arnoux condiciona-se ao grande desejo inicial de Frédéric: encontrar os Arnoux em Paris. O escopo está no deslocamento no espaço, enquanto a passagem do tempo foge ao herói: “dois meses depois” ele se dá conta que esquecera da Sra. Arnoux. No entanto, é no caminho de sua casa até os Dambreuse, feito a pé, que o herói reencontra Arnoux. As pequenas e grandes viagens são decisivas para Frédéric, ao longo de todo o romance:

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Questões de literatura e de estéticaMichael Bakhtin

Para saber se iria ou não à casa da Senhora Arnoux, atirou por três vezes uma moeda ao ar. De todas elas o presságio foi de bom agouro. Portanto, a fatalidade assim o queria. (p. 77)

● “A pé”: Importância do meio de transporte, a velocidade, e como isso influencia as impressões do viajante, em Da Literatura Comparada à Teoria da Literatura, p. 45.

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Questões de literatura e de estéticaMichael Bakhtin

● Difere-se do romance de aventuras grego, pois o enredo “não é absolutamente um hiato extratemporal entre dois momentos de uma série da vida real” (p. 234);

● No espaço temporal do romance, ocorre basicamente os motivos da transformação e da identidade do homem; trata-se, todavia, de um desenvolvimento fragmentado, não-linear, tal qual a série temporal do romance. O próprio nome do romance remete à questão: A educação sentimental.

● Os signos da estrada são os signos do destino: “parte moço, volta homem” (p. 242) – A educação sentimental – história de um jovem. Mas não se trata do tempo biográfico, mas de certos momentos decisivos:

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Questões de literatura e de estéticaMichael Bakhtin

O deslocamento do homem no espaço, sua vida errante, perdem, aqui, aquele caráter técnico-abastrato da combinação das definições espaciais e temporais (proximidade-distância, coincidência-não coincidência) que nós observamos no romance grego. O espaço torna-se concreto e satura-se de um tempo mais substancial. O espaço é preenchido pelo sentido real da vida e entra numa relação essencial com o herói e com o seu destino. Esse cronotopo é tão saturado que, nele elementos como o encontro, a separação, o conflito e outros, adquirem um sentido cronotópico novo e muito mais concreto (p. 242).

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Questões de literatura e de estéticaMichael Bakhtin

O deslocamento do homem no espaço, sua vida errante, perdem, aqui, aquele caráter técnico-abastrato da combinação das definições espaciais e temporais (proximidade-distância, coincidência-não coincidência) que nós observamos no romance grego. O espaço torna-se concreto e satura-se de um tempo mais substancial. O espaço é preenchido pelo sentido real da vida e entra numa relação essencial com o herói e com o seu destino. Esse cronotopo é tão saturado que, nele elementos como o encontro, a separação, o conflito e outros, adquirem um sentido cronotópico novo e muito mais concreto (p. 242).

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Espaço e tempo no romance

Frédéric se instala em Paris e

● Conhece e frequenta e o Art industriel, boulevares, festas, manifestações contra a monarquia, casas de cortesãs, casas de amigos e uma diversidade de lugares e personagens;

● Torna-se amigo de Arnoux, descobre cada vez mais sua impostura e canalhice generalizada, admira-o e odeia-o simultaneamente;

● Conhece o Senhor de Cisy, um muricinho, Martinon, jovem prático e ambicioso, Sénecal, um asceta cartesiano de ideias extremistas, Dussardier, caixeiro viajante corajoso, ingênuo e o único honrado da história, Hussonet, um boêmio com aspirações artísticas, Regimbart, um pequeno burguês de modos graves, Pellerin, um pintor sem talento, as cortesãs e rivais Srta. Vatnaz e Srta. Rosanette, amantes de Arnoux e de outros tantos.

● Deslauriers consegue processar o pai e tomar sua herança materna, retorna a Paris e passa a viver com Frédéric;

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Espaço e tempo no romance

● Enquanto todos os personagens expõem suas ideias, ambições, projetos de vida, opiniões sobre a republica, a monarquia e até o comunismo, ideias filosóficas, gostos artísiticos, trato com as mulheres, intrigas, fofocas e pequenas traições; enquanto buscam travar relações, obter dinheiro e sucesso, conspirar contra a monarquia, planejar conquistas e festas, Frédéric preocupa-se tão somente com aproximar-se da Sra. Arnoux, de forma desajeitada, tímida, romântica e até infantil:

Uma coisa o espantava, era não sentir ciúmes de Arnoux; e não podia imaginá-la senão vestida – de tal maneira o seu pudor parecia natural, relegando o sexo para uma sombra misteriosa. (p. 83)

● Quando Frédéric se dá conta (e também o leitor, que não recebe do narrador muitas indicações temporais), está muito próximo dos exames finais, nos quais tem péssimo desempenho.

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Questões de literatura e de estéticaMichael Bakhtin

A respeito do Asno:Essa postura do herói com relação à vida cotidiana é uma particularidade extremamente importante do segundo tipo de romance antigo. Ela permanece (com variações, é claro) também em toda a história ulterior desse tipo. Nele o personagem principal nunca toma parte efetiva na vida cotidiana: atravessa a esfera da rotina cotidiana como um indivíduo de outro mundo. A maioria das vezes trata-se de um tratante que veste as diferentes máscaras da vida cotidiana, que não ocupa nenhum lugar determinado na vida rotineira, que brinca com ela, que não a leva a sério: ou é um ator ambulante, um aristocrata disfarçado, ou é um homem nobre de nascença, mas que não conhece sua origem (‘enjeitado’). O cotidiano é a mais baixa esfera da existência, da qual o herói anseia se libertar e com a qual ele nunca se une intimamente. Ele tem um caminho de vida insólito, fora do cotidiano, e somente uma das etapas desse caminho atravessa a esfera dos usos e dos costumes diários.Exercendo no nível baixo da existência o mais aviltante papel, Lúcio [o asno] não participa interiormente dessa vida, e pode com isso observá-la e estudá-la em todos os seus segredos. [...] p. (243)

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Questões de literatura e de estéticaMichael Bakhtin

● Desejo de Frédéric de conhecer o modo de vida da “alta sociedade” [à frente], principalmente as relações conjugais e extraconjugais, e a tentativa de conhecer intimamente as mulheres.

● O homem público, ativo, do romance grego, contrasta com esse observador que se espreita entre quatro paredes. (cf. p. 244)

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Lapsos temporais e aprendizagem

Teorias do espaço literárioLuis Alberto Brandão

O autor comenta os estudos de Joseph Frank, que entre outros, contempla Flaubert:

O segundo modo de ocorrência do espaço na literatura concerne a procedimentos formais, ou de estruturação textual. Mais especificamente, tende-se a considerar de feição espacial todos os recursos que produzem o efeito de simultaneidade. A vigência da noção de temporalidade vincula-se, nesse contexto, à suspensão ou à retirada da primazia de noções associadas a temporalidade, sobretudo as referentes à natureza consecutiva (e tida, por isso, como contínua, linear, progressiva) da linguagem verbal. (p. 60) – destaques nossos.

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Lapsos temporais e aprendizagem

● Desde a manifestação contra a monarquia, em que Dussardier fora preso por agredir um soldado, passam-se diversas cenas da vida cotidiana e dos costumes, até que a referência temporal é colocada:

Uma noite, Hussonet trouxe consigo um jovem alto, metido numa sobrecasaca curta nos punhos, e de ar intimidado. Era o rapaz que eles tinha reclamado na delegacia, um ano antes. (p. 71)

● Descompasso entre o tempo narrativo e o tempo cronológico.

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Lapsos temporais e aprendizagem

● Após muitas tentativas, sozinho em Paris (eram férias, e ele esperava pelos exames), recebe um elogio da Sra. Arnoux:

- Como o senhor é bom! - Por que diz isso? - Porque gosta de crianças. (p. 98)

● Com isso, estuda obstinadamente para os exames e apresenta-se como excelente orador, imaginando a Sra. Arnoux na plateia.

● Viaja de volta para casa, descobre que a situação financeira de sua mãe é péssima, recebem o tio numa última tentativa de receber a sua herança. Esse é bastante antipático e deixa-os arrasados. No entanto, um dia chega uma carta informando a morte do tio e a sua herança. Apesar dos protestos da mãe, volta a Paris:

- Para fazer o quê? [pergunta a mãe] - Nada!

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SEGUNDA PARTE

● Pretendia tornar-se ministro, estabelecendo boas relações, principalmente por intermédio dos Dambreuse. Agora, afortunado, durante a viagem de volta fazia seus planos de sucesso, exercendo a impostura à vontade, iria passar por membro da alta sociedade e galgar o cargo almejado.

● Ao chegar a Paris, vai atrás da senhora Arnoux, e descobre que eles mudaram de residência, o Art industriel falira. Em dois dias percorre desesperadamente quase toda a cidade até descobrir a nova residência dos Arnoux, uma sobreloja da fábrica de cerâmica, seu novo negócio:

Frédéric esperava ter espasmos de alegria; - mas as paixões estiolam quando as tiram do seu meio natal, e, não encontrando a Senhora Arnoux no mesmo ambiente em que a tinha conhecido, parecia-lhe que ela perdera alguma coisa, que houvera nela como que uma vaga degradação, em suma, que não era a mesma. A tranquilidade do próprio coração surpreendia-o. (p. 120)

● Considerando-se mal recebido ante a indiferença da Sra. Arnoux, decide lançar-se na vida mundana, sem receio, e servindo-se dos Dambreuse.

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SEGUNDA PARTE

● Pretendia tornar-se ministro, estabelecendo boas relações, principalmente por intermédio dos Dambreuse. Agora, afortunado, durante a viagem de volta fazia seus planos de sucesso, exercendo a impostura à vontade, iria passar por membro da alta sociedade e galgar o cargo almejado.

● Ao chegar a Paris, vai atrás da senhora Arnoux, e descobre que eles mudaram de residência, o Art industriel falira. Em dois dias percorre desesperadamente quase toda a cidade até descobrir a nova residência dos Arnoux, uma sobreloja da fábrica de cerâmica, seu novo negócio:

Frédéric esperava ter espasmos de alegria; - mas as paixões estiolam quando as tiram do seu meio natal, e, não encontrando a Senhora Arnoux no mesmo ambiente em que a tinha conhecido, parecia-lhe que ela perdera alguma coisa, que houvera nela como que uma vaga degradação, em suma, que não era a mesma. A tranquilidade do próprio coração surpreendia-o. (p. 120)

● Considerando-se mal recebido ante a indiferença da Sra. Arnoux, decide lançar-se na vida mundana, sem receio, e servindo-se dos Dambreuse.

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● Após uma sucessão e repetição de fatos cotidianos, de costumes, que toma grande trecho do romance, os repetidos insucessos com a Sra. Arnoux levam Frédéric a um estado de tensão escancarado, ao que Deslariers convida-o para um famoso baile frequentado por “mulheres fáceis”. Todos os amigos de Frédéric se arranjam, enquanto ele pensa na Sra. Arnoux e se esconde. Mesmo assim, ao fim da festa, a sede pelas mulheres o toma.

● Após essas sequências desastrosas, Frédéric resolve mudar de ambiente, compra um palacete para morar sozinho, cupê e cavalo para se deslocar com mais agilidade e todo um guarda-roupa de luxo:

[...] querendo conhecer finalmente essa coisa vaga, ofuscante e indevinível que se chama “a sociedade”, mandou um bilhete aos Dambreuse perguntando se o podiam receber. A senhora respondeu que esperava a visita dele no dia seguinte. (p. 137)

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● Apesar de bem recebido, por suas indecisões e impulsos, Frédéric desperdiça todas as oportunidades de se inserir nos negócios ou em sua carreira de estadista. Em busca da melhor oportunidade, na frustrada tentativa de ser um charlatão, indeciso, fica divido entre a conquista de quatro mulheres: a Sra. Dambreuse, a Srta. Rosanette, Catherine (filha do Sr. Roque), que o amava e ao mesmo tempo seria a esposa mais conveniente e a Sra. Arnoux. Na sua indecisão, acredita estar sob domínio de suas conquistas, quando, inversamente, é manipulado por todas as mulheres. Falta a compromissos de última hora, sempre atrás de uma ilusão repentina, principalmente em relação à Sra. Arnoux. É espoliado pelas mulheres e pelos amigos, não sabendo a quem se ligar. Torna-se o amante mais desajeitado e usurpado de Rosanette. Frédéric é um errante em Paris e nas províncias ao redor, em viagens que lhe exaurem os recursos. Após incalculável esforço e muitas pequenas viagens, consegue um beijar a Sra. Arnoux, mas é surpreendido por Rosanette no exato momento. Não tem coragem para desafiá-la e segue com a mesma para um “idílio” sofrível.

● Novamente a posição descomprometida, já citada, da qual fala Bakhtin.

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TERCEIRA PARTE

● Nesse ínterim, enquanto o herói procura se arranjar com “a sociedade” e com as mulheres, só percebe que a revolução para a destituição da monarquia e instauração da república está acontecendo ao ser acordado pela primeira explosão, em companhia de Rosanette. Aliás, enquanto, como observador, procura descobrir o que é a tal sociedade, seus integrantes e amigos organizam a revolução e procuram proteger seus bens e postos.

● Sai do quarto em busca dos amigos, encontra alguns feridos, outros bem posicionados. Descobre que Deslauriers não estava em Paris, fora nomeado comissário numa província.

● Descobre que o Sr. Roque havia saído com as filhas de Nogent e participara das barricadas. Sua intenção, no entanto, era ir ao encalço de Frédéric, apressar o casamento com sua filha Catherine e reestabelecer a imagem do rapaz perante os Dambreuse. Bem estabelecido entre a família do banqueiro, investe na Sra. Dambreuse. O rapaz faz desajeitados malabarismos para esconder Rosanette, que vive num vilarejo no campo, criando o recém-nascido dos dois (ele sequer questiona a paternidade), e tenta disfarçar suas investidas na Sra. Dambreuse, no que se sai pessimamente, desprezando Catherine nos jantares na casa do banqueiro.

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Viajou.Conheceu a melancolia dos paquetes, o frio despertar sob a tenda de campanha, o atordoamento das paisagens e das ruínas, a amargura das simpatias interrompidas.Voltou.(p. 405)

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O contraste da grande viagem em relação às pequenas

● Da Literatura Comparada à Teoria da LiteraturaÁlvaro Manuel Machado Nesta única alusão a uma grande viagem, sugere-se a relação de preconceito e até hostilidade em relação à viagem, ao exótico, conforme (cf. p. 41)Frédéric finalmente viajou, como sempre desejara, mas não recebe de forma positiva a “virtude de formação das viagens” (p. 49), na qual se acreditava no século XIX. O romance de Flaubert é sobre a desilusão.

● A viagem e seu relatoTzevetan Todorov a viagem pode ou não transformar o indivíduo. Pode-se fazer uma viagem interior, sem deslocamento no espaço, e aí há uma transformação.

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O contraste da grande viagem em relação às pequenas

● Da Literatura Comparada à Teoria da LiteraturaÁlvaro Manuel Machado Nesta única alusão a uma grande viagem, sugere-se a relação de preconceito e até hostilidade em relação à viagem, ao exótico, conforme (cf. p. 41)Frédéric finalmente viajou, como sempre desejara, mas não recebe de forma positiva a “virtude de formação das viagens” (p. 49), na qual se acreditava no século XIX. O romance de Flaubert é sobre a desilusão.

● A viagem e seu relatoTzevetan Todorov a viagem pode ou não transformar o indivíduo. Pode-se fazer uma viagem interior, sem deslocamento no espaço, e aí há uma transformação.