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Rubro crepúsculo 15

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Esta obra enfoca uma ficção a respeito do menino que nasce, cresce, desenvolve-se e se desvencilha da sofrida sociedade rural, alcança uma meritória posição na Universidade, tornando-se um acadêmico, porém mesmo assim tem sempre em mente a pluralidade dos fatos ligados às origens.

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São Paulo 2014

C l a u d i o a i r o l d i

RubRo CRepúsCulo

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Copyright © 2014 by Editora Baraúna SE Ltda

Criação de Capa Jacilene Moraes

Obra de Arte Edval Guimarães Pedro Francisca Neusa Costa

Diagramação Felippe Scagion

Revisão Textual Alexandra Resende

CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTESINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ

________________________________________________________________A255r

Airoldi, Claudio Rubro crepúsculo / Claudio Airoldi. - 1. ed. - São Paulo: Baraúna, 2014.

ISBN 978-85-437-0254-4

1. Ficção brasileira. I. Título.

14-18514 CDD: 869.93 CDU: 821.134.3(81)-3________________________________________________________________09/12/2014 09/12/2014

Impresso no BrasilPrinted in Brazil

DIREITOS CEDIDOS PARA ESTAEDIÇÃO À EDITORA BARAÚNA www.EditoraBarauna.com.br

Rua da Quitanda, 139 – 3º andarCEP 01012-010 – Centro – São Paulo - SPTel.: 11 3167.4261www.EditoraBarauna.com.br

Todos os direitos reservados.Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio, sem a expressa autorização da Editora e do autor. Caso deseje utilizar esta obra para outros fins, entre em contato com a Editora.

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sumáRio

A Colina . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7

Caminhada matinal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17

Visitas e diversões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41

O Despertar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65

A fazenda. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73

A família . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85

O caso Elias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95

A nova pretendente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .115

O casal Genaro e Belinha . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .143

A chuva . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .177

A florada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .189

O verde . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .213

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A colheita . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .225

Venda de alimentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .249

A geada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .265

Volta ao verão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .283

Fim do ciclo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .295

A escolaridade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .301

A capital . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .327

A faculdade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .347

Mais um retorno . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .361

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A ColinA

A frondosa árvore da colina agitava suavemente os seus extensos e flexíveis galhos em respos-

ta ao soprar de um arranjo concertado do vento morno de verão em consonância com aquele agradável ambiente, conforme magistralmente se incumbia a natureza, além de impulsionar as nuvens ligeiras em direção ao poente. Ines-peradamente, um sopro de fluido agradável surgia como uma fonte benfazeja, trazendo lembranças para clarear a memória e o pensador jamais imaginara o que de fato ha-via acontecido, mas com tanta inspiração seguiu adiante. Pois esse movimento harmônico da dinâmica dos astros com todo o conteúdo amplo da natureza dava àquela pai-sagem um alegre viver, manifestado até pelas aves ligeiras que estavam à procura do alimento momentâneo. Esse en-volvimento prazeroso dava inigualável sensação de bem--estar, naquele breve momento, somente em estender a visão por todos os baixios da redondeza. Era assim uma

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experiência ímpar em saborear à sombra daquela paz, para sentir a generosidade de desfrutar aquele prazer, que enla-çava todo o corpo, parecendo não mais deixá-lo.

Despertava assim um gama de enormes motivos frente a possíveis reflexões a respeito do caminhar dos dias, de maneira ininterrupta para ditar a marcha, não só por aquelas paragens, mas também por tudo o que acon-tecia no vaivém dos movimentos dos astros. Na solidão daquele espaço, a reflexão vai à profundidade na possível busca de interesses e explicações. A primeira verificação que merecia destaque se relacionava sobre o fato de que a nave terráquea vagava de maneira muito bem concatena-da dentro do esplendor irremediavelmente belo, confor-me se constatava ali naquele espaço. Nessa constituição imensurável da elegante Via Láctea sobrevivem tudo o que relacionam ao planeta, por meio dos mesmos suces-sivos movimentos em periodicidades. Essa engrenagem perfeita chama a atenção pela criatividade, por certo pro-vinda de uma fonte maior, que somente poderia ser con-cebida por uma engenhosidade suprema.

Essa nave guiava tudo o que poderia acontecer na vastidão livre espacial definindo dos dias que somados completava a periodicidade de seguidos anos. Enfim, quantos fatos novos poderiam ser selecionados ao lon-go de um tempo determinado. Por outro lado, esse somatório convergia para uma sequência de aconteci-mentos inesperados, a ponto de haver tantas indaga-ções a esse respeito, como aquela, mais simples: Por que será que a vida é tão cheia de surpresas? Como o povo sempre diz, ela dá muitas voltas além daquilo que

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se imagina. A recomendação mais conveniente é ficar esperando até que o carrossel enfurecido dos aconteci-mentos retorne novamente pelo mesmo lugar e aí num simples movimento, como se fora um saltitar, pronto, será mais fácil readquirir o caminho que havia sido traçado anteriormente.

No caminhar dessa enobrecida nave, cada habitante usufrui da liberdade, de tal maneira que para muitos a vida não passa de uma simples ilusão, já que o destino ha-via sido bem traçado antes da vinda ou então delineado pelos astros. Define-se assim com precisão toda a etapa necessária, que precisa conter em uma vivência da ter-ra. Aliás, esse é outro ponto marcante da vida, porque trata de uma data misteriosa, sem que se possa prever o acontecimento e lá se parte sem levar quaisquer bens adquiridos. Nesta sintonia de buscar algo que pudesse dar melhores explicações, outra interrogação voltava-se mais uma vez a respeito da existência daquele afamado destino. Será também certo dizer que o destino existe? Entre uma e outra divagação, os freios dos pensamentos continuavam soltos, afinal, esse era um exercício para ser feito sem que ninguém notasse o isolamento costumeiro do interlocutor. Então, na vastidão daquele espaço livre, o silêncio ambiental, a atmosfera ampla, a claridade eno-brecedora do astro rei, o movimento das poucas nuvens que sombreia as molduras das paisagens verdejantes de todo o envoltório davam condições mais que propícia para o livre pensar. Logo, o aproveitamento das ações po-deriam se prorrogar por muito tempo.

Seria assim mesmo que cada ser pensante poderia se indagar a respeito de tudo sobre o passado, principalmente

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no caso específico daquele que fixara a belíssima colina com vislumbrar admirável da selecionada paisagem de infância, que jamais havia saído da memória. Como enfaticamente se apresentava perante aquela situação, o mais engenhoso e pro-veitoso agora era seguir o seu caminhar nos acontecimentos, para extrair todas as suas vicissitudes de uma vivência que fora até conturbada. Pois bem, lá estava com as recordações vivas na memória enquanto a luz matinal calmamente enca-minhava naquele recinto residencial até amplo, enquanto o olhar permanecia fixo ao firmamento, o tornava muito mais pensativo naquele sentimento do pretérito.

Repleto de recordações inconsistentes ele procurava tirar as poucas conclusões que avivavam a mente, sem que pudesse chegar ao final, com a certeza de uma deter-minada objetividade. Contudo, pouco poderia ser dito a respeito do pensador, porque em tudo o que tentara sobrepor, em desafios constantes, havia com certeza após um ato qualquer, inesperadamente acontecia uma queda muito maior para deixar claro que a vida era assim mes-mo, dentro desse processo desolador e pouco animador. Dessa maneira, jamais seria um herói na concepção ple-na sobre o entendimento do que seja realmente um ser de alto alcance no agir firme, nas decisões, nos sucessos das batalhas para sobrepor o bem acima do mal e ser ar-rastado pela turba sorridente em agradecimento ao feito. Porém, no íntimo se considerava como eleito para vencer os entraves das enormes dificuldades para se tornar, como poderia dizer, um vencedor, e ninguém o removeria da-quele suposto pedestal fictício em que se colocara, pelo menos diante daquela situação momentânea.

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Em sua visão tudo se passava abruptamente como sendo uma imagem pitoresca, quase surrealista, ou mes-mo virtual, ao contrário de qualquer um que examinas-se aquele mesmo conteúdo. Com certeza muitos jamais acreditariam naquela possibilidade de alguém que vence-ra em alguns aspectos da vida e que procurava se firmar até com mais ênfase nos atributos normais da vida. Con-quistara um lugar ao sol com muita dificuldade, mas lá estava para que todos o vissem, muito embora a própria timidez dificultava que ele atingisse o possível local que merecia. Quando muito à vontade poderia se expor ao ataque mais certo e se se elevaria em patamares maiores, consequentemente, sofreria intensamente aquela descon-fortante situação, até tombar de maneira inapelável, pelo menos era assim que poderia acontecer. Melhor seria se apaziguar numa condição razoável de bem-estar.

Aquele também não era o momento para conseguir implacáveis voos ao desconhecido diante daquele turbi-lhão de ideias novas. Era preciso esperar a situação pro-pícia, ter a certeza de que nada mais o atormentaria na busca do viver melhor. Foram tantos os fatos incompre-ensíveis ao longo dos anos e que poderiam ser revelados, mas não com um sopro de mau agouro. Todo cuidado era pouco para que não houvesse um atropelamento, e que traduzisse uma ideia errada ou que pudesse dar inter-pretações errôneas sobre os acontecimentos, e pareciam se perder no pretérito e a busca deles seria até penosa. A calma teria que fazer parte do conteúdo para expressar o veredicto dos fatos. Para tanto, a reflexão seria o caminho correto a ser firmado perante todos, devido às próprias

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condições em que disporia ao iniciar agora como se fosse uma nova etapa da vida.

Para se imbuir ao desejo de expor, o pensador viu ali os papéis dispostos aleatoriamente sobre a mesa. Era um convite a um simples rabisco até o seu preenchimento em letras bem conduzidas, em longos desgastes até físicos, para, se possível, dar um esboço apresentável para tudo o que pudesse vir à tona. Porém, diante das intrincadas dificuldades no conduzir as inumeráveis palavras era, sem dúvida, um enorme e poderoso desafio. Para rela-tar, era de bom alvitre utilizar de facilidades tecnológicas e para tanto o microcomputador estava ali com as suas páginas em luz bem clara, esperando seu preenchimento para dar um contento apreciável. Seria essa a oportuni-dade que se expunha diante daquela tela convidativa, na busca da inspiração que pudesse facilitar o deslizamento das ideias. No desenvolvimento das ações teria de seguir sempre algo que dirigisse dentro dos trilhos das ideias. Seria como a própria agulha que caminha elegantemente adiante da linha traçando a costura para alimentar o fio multicolorido ou não, possa dar uma finalidade previa-mente determinada, para resultar numa peça cobiçada por muitos que entendam da arte que está sendo feita. Igualmente, os batedores seguem adiante das autoridades para traçar o barulhento caminho até chegar ao ponto de eventos. Assim, com todo pensar adiante as letras uti-lizadas segue nesse emaranhado em complementos para dar a composição final. Nessa composição envolvendo as partes interessadas, serão fortemente compromissadas por meio de elucidativos ditames e a quem recorrer? Por

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que não avançar com o herói desconhecido? Esse, por certo, terá o vislumbre de a tudo elucidar. Resta apenas esperar pela sua intuição.

Para sustentar esses desejos, a inspiração deve forço-samente acompanhar o interlocutor de maneira vibrante como se fosse a primeira vez de um grande feito, porque esses eventos, como dizem, tornam-se inesquecíveis. Se-ria como sentir o bem-estar ao usufruir as primeiras fé-rias conquistadas no duro labor da cidade grande. Após o comprovado direito surge a vontade premente em voltar exultante para o interior, repleto de desejos, para encon-trar o grande amor que lá ficou em passado recente. No caminhar para o ponto desejado, o coração vibrando cada vez mais intensamente com a diminuição da distância, re-flete no incompreensível e indesejável anseio de até perder a voz, sem que essa fosse a maneira que ensaiara para expor à amada. Essa jamais seria a maneira de apresentar as ideias para compor o conjunto e então necessitaria de muita cal-ma para obter algum sucesso, cujo guia poderia dar. Quase que freando as incontidas reflexões, numa linha de pensa-mento resoluto, as letras seriam juntadas uma a outra num arranjo agradável e consistente para dar forma substancial ao texto e para tanto a confiança seria depositada.

Como é sempre útil o uso da tecnologia, que está as-sociada diretamente ao disco rígido do microcomputador, e propicia com inumeráveis facilidades no armazenamento e gravação de tudo que se impõe a esse centro inanimado. De maneira idêntica ao disco equivalente, relaciona-se à memória humana, que sofre as consequências de imposi-ções diárias, das condições de vida, da interação com a vizi-

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nhança, das condutas sociais, dos desafios, das dificuldades, dos desafetos, dos relacionamentos impulsivos, amorosos e incompreendidos. Além de muitos outros fatores como o genético, também se encontram incorporados. Contudo, esse disco humano é extremamente sensível e manuseável, relacionados a fatores que às vezes são imprevisíveis e varia de um para outro ser, porém, em dimensões mais amplas, que pode fatalmente se expandir muito além dos limites materiais do cérebro.

O fato é que inumeráveis eventos sequestrados no disco rígido humano depois de longas jornadas, teriam que ser passados de maneira bem ordenada, sem o uso de fios elétricos e demais conexões de uso de parafernálias, para o correspondente disco inanimado, esperando pelos comandos das operações. Para tal era preciso muito tem-po e dedicação, além de busca de uma linguagem apro-priada para ser fiel aos acontecimentos. Seria necessário ainda um bom tempo de trabalho, além de aproveitar as condições favoráveis da vida, antes que a idade avança-da pudesse trazer dissabores nas comunicações entre as sinapses, bloqueando os contatos dos dendritos das célu-las nervosas. Esses indesejáveis bloqueios dos neurônios provocam as perdas de relacionamento de memória com enormes desvantagens, até em se localizar na sociedade, ocasionando as chamadas doenças com nomes científicos mais variados, que simplificadamente são provenientes das chamadas depressões, tão extensamente divulgada na sociedade atual. Esse processo acaba atacando os idosos em quaisquer situações, cujos desajustes são irreparáveis e invariavelmente sem retorno.

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Mais uma vez o pensador sorveu todos esses detalhes associados ao avanço da idade, mesmo exercitando a me-mória de muitas maneiras. O exercício em relatar poderia trazer outra perspectiva para gravar todo o conteúdo que criaria naquele disco humano, para programar uma his-torieta de que mais se aproxima a uma ficção. Nela esta-riam personagens que pudessem exaltar os fatos daquele pretérito, o qual estava bem encoberto no tempo e para isso era necessária uma abordagem específica.

Nas observações ocorridas, quase instantaneamen-te, lembrou-se de fatos que pudessem dar realces àquilo que considerava bom sentimento de inúmeras jornadas do corriqueiro. Depois de remoer os acontecimentos voltou-se instantaneamente e de maneira enfática à be-leza natural, já que muito o inspirava diante daquela situação. Uma imagem de enorme projeção e que sem-pre chamara a sua atenção eram as cores vibrantes, ma-ravilhosas e de intensa beleza que o atingia desde a tenra idade, nas tardes ensolaradas, principalmente quando os últimos raios solares teimavam em pintar os qua-dros maravilhosos com cores firmes, para engalanar um crepúsculo rubro. Também as lembranças chamavam a atenção quase sempre para complementar aquele belís-simo quadro existia a passagem esvoaçante de aves que cruzavam o horizonte, dando ainda mais um colorido particular à perspectiva natural. Ali perplexo diante da beleza natural sempre ficava na imaginação de como seria possível encontrar um extraordinário pintor para transferir para uma tela virgem todo o esplendor daque-la beleza. Era um fato intrigante.