Sal da Terra (Clóvis Tavares)

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  • CLVIS TAVARES

    SAL DATERRA

    ANTOLOGIA ORGANIZADA PORFL`VIO MUSSA TAVARES

    *PALESTRAS*ARTIGOS

    *ENTREVISTAS*CORRESPONDNCIACOM CHICO XAVIER

    *POESIAS*DEPOIMENTOS

    200570 anos da Escola Jesus Cristo

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    Orao ao Criador

    Criador, soberano universal! Ser sublime que escapas a todos os olhares como atodas as inteligncias, a Ti, a Ti somente que pertencem s homenagens de nosso

    reconhecimento:Tu, causa de todas as causas; Tu, Esprito incriado, imenso, igualmente impossvel

    de definir e de compreender, a no ser por meio de adorao. Tu s, Deus infinito, e isso tudo o que sabemos de Ti.

    Arnbio 1.

    (Traduo de Clvis Tavares)

    1 Arnbio- Nascido na Numdia, viveu no final do sculo terceiro e inco do quarto.. era professor deRetriica. Escreveu uma obraq clebre: Adversus Gentes , que o grande Jernimo considerahaver sido publicada para demonstrar aos cristos a sinceridade de sua conmverso ao Evangelho.

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    Organizao, Apresentao e Notas de Rodap- Flvio Mussa Tavares (FMT)Reviso ortogrfica- Celso Vicente Mussa TavaresCapa : Margarida Maria Mussa TavaresFotos e Fac-smiles: Juliana Rocha TavaresPoesia: Lus Alberto Mussa TavaresDepoimentos: Hilda Mussa Tavares e Celso Vicente Mussa Tavares

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    APRESENTAO

    Neste ano de 2005, completa a Escola Jesus Cristo 70 anos de sua fundao,ocorrida no saudoso 27 de outubro de 1935, pelo meu Pai, Clvis Tavares, sob a inspiraoespiritual de Nina Arueira, sua noiva,desencarnada no dia 18 de maro do mesmo ano.

    desse modo que, sentimo-nos honrados ao disponibiliar ao pblico da EscolaJesus Cristo, aos confrades espritas de nossa Campos e de todo o Brasil, esta antologia daobra de Clvis Tavares, a qual escolhemos como nome Sal da Terra, em homenagem asua vida de esprita-cristo, de exmio doutrinador do evangelho, no ano do septuagenriode nossa instituio

    Optamos por empregar o arqutipo do Sal da Terra, utilizado por Nosso SenhorJesus Cristo, por dois motivos. O primeiro porque dirigia-se Jesus aos seus discpulos.Estes tornar-se-iam o sal da terra, ou seja, aqueles que teriam como misso transmitir osabor do Evangelho aos seus irmos. Teriam tambm o compromisso de conservarem a fdos seus tutelados, funo essa sine qua non para manter seu discipulado. Caso nocumprissem a misso de transmitir a f e conserv-la, tornar-se-iam qual sal sem valor,atirado nas estradas, vozes e personalidades que no contribuem para a evangelizao dopovo de Deus.

    Todavia, Clvis Tavares, foi um sal que salgou, que dissolveu-se no cozimento dossofrimentos da vida, oferecendo o sabor das coisas celestiais a quantos lhe quiseram escutara verbo ardente. Clvis tambm ajudou a conservar a f dos que mantinham-sesinceramente sob sua orientao, e dessa maneira, cumpriu com excelncia a condio dediscipulado, nos parmetros estabelecidos pelo Cristo.

    O outro motivo que em uma de suas palestras radiofnicas, ele nos aborda demodo impressionante o tema da exortao de Jesus aos doze, convocando-os aexpressarem-se como Sal da Terra.

    Dessa forma, est entregue quele que adora o Evangelho de Jesus, um livro que nossalga, um livro que nos transmite o sabor dos ensinos de Jesus e nos auxilia a mantermo-nos orientados nas linhas mesntras da F.

    Foto frontal da Escola Jesus Cristo, em Campos.

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    Ele est dividido em vrias partes. Esta Apresentao de Clvis Tavares. e algumasde suas palestras na Escola Jesus Cristo e em outras instituies. Apresentamos tambmartigos publicados na Imprensa, uma entrevista concedida a Wallace Leal Rodrigues,trechos de sua correspondncia pessoal com Chico Xavier, inclusive contendo as opiniesdo mdium mineiro sobre vrios livros da literatura universal, sobre literatura esprita, sobreo filsofo italiano Pietro Ubaldi e sobre algumas personalidades como o mdiumPeixotinho. As cartas do Chico so aulas de Espiritismo Cristo, onde transmitia a Clvis ,como sendo o seu Sal particular, a coragem e a f e nos relata casos maravilhosos como odo menino Bob Hunter. Teremos ainda o depoimento de sua esposa, Hilda Mussa Tavares ,a contribuio potica de seu filho Lus Alberto, a reviso ortogrfica de Celso Vicente ealguns breves comentrios e notas de minha autoria. A colaborao de Margarida ficou porconta da capa e da diagramao final, aspectos em que ela verdadeira artista

    Chico Xavier, em visita a Escola Jesus Cristo, em 1972, na foto com Clvis e Hilda ( esq.), as portuguesas,D. Mariquinhas (ao lado de Hilda) e D. Candinha ( dir.) e mais a D. Petite (abraada por Chico.)

    No podemos deixar de esclarecer que este volume vem a lume em companhia deum outro livro no menos notvel: o relanamento de O Terceiro Milnio de Nina Arueira(edio esgotada, de 1944) , o qual rebatizamos de Um novo Cu e uma nova Terra e emsua introduo explicamos o por qu. Com esta dupla publicao, fazemos a nossa singelahomenagem a trs gigantes espirituais. O primeiro Francisco Cndido Xavier, o nossoChico Xavier, medianeiro fiel da espiritualidade e fornecedor do ambiente espiritual em quetudo isso se plasmou. Sem o seu intercurso potente e seguro, Clvis e Nina no seconverteriam nos cones espirituais em que se converteram. A Chico Xavier, nacomemorao dos seus 95 anos de nascomento e dos 90 anos em que intermedirio entresos dois mundos, j que desde 1915, ele se comunica com a sua mezinha, a nossa toestimada, Maria Joo de Deus, nosso penhor de gratido eterna. Em seguida, rendemos anossa homenagem a Nina Arueira, que com o sacrifcio de sua efmera passagem por este

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    mundo, fez renascer no corao de meu Pai, a f em Jesus Cristo. E finalmente, ClvisTavares, aquele esprito mpar, que, na representao simblica de Dom Bosco, viveu trsvidas em uma e que nos legou um patrimnio espiritual que o faz galgar uma posio naEspiritualidade de Glria diante de Deus. Clvis Tavares vibra em unssono com o grandeapstolo da gentilidade, Paulo de Tarso , a quem ele tanto amou...

    Saboreemos o paladar crstico temperado pelo o verbo de Clvis Tavares, a nosexortar novamente da tribuna escrita, para que nos tornemos verdadeiramente cristos,pedindo-nos por vezes com a voz potente, mas embargada: - Por favor! Por amor de Deus!Creiam no que eu estou falando!

    Quando meu Pai desencarnou, em 13 de abril de 1984, eu tornara-me pai, h apenasuma semana antes. Mesma cidade, mesmo hospital, mesma hora: seis e meia da tarde.Papai desencarnou segurando as minhas mos. Meu filho, Pedro, veio para os meus braosdas mos de minha prima Neuza Tavares, que realizou o parto cesreo em Rosane, noinstante imediato do nascimento. Em uma semana apenas, recebi um esprito que reentravana nossa dimenso humana e entreguei o meu Pai, que reingressou na dimenso do esprito.Este fato, j narrado alhures, da mais alta relevncia para o meu esprito de anawin, depobre de Deus. Hoje, este mesmo menino que cruzou as fronteiras da vida com o seu av,em sentido inverso, deu-me uma netinha. Ele casou-se com a jovem e bela Juliana Padro enos trouxe a luz a Maria Clara. Estes momentos de emoo extremada, que se confundemcom uma indizvel alegria de esprito, creio que so potencializados ensima potncia, na

    Chico Xavier e Flvio Tavares,em Uberaba, em 1974

    Crianas da Casa da Criana,Orfanato da Escola Jesus Cristo,Em 1940, recepcionando aprimeira visita de Chico Xavier Escola, em Campos.

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    dimenso do esprito. Sei assim, que Papai vivencia uma alegria espiritual diversa da nossa,muito maior e melhor, que todavia, no nos d o direito de desej-la. A mim , compete-mecontinuar o meu trabalho na Escola Jesus Cristo, aventurar-me na literatura, guiar ostutelados que Jesus confiou a Rosane e a mim e esperar que em ns se cumpra a vontadede Deus.

    Rosane, enfermeira formada na Anna Nery, esposa dedicada e paciente, trouxe daespiritualidade seis jias que j vieram lapidadas. Pedro, Juliana, Isabel, Saulo.e os gmeosFrederico e Alexandre. Pedro bilogo e professor. Juliana fsica e pianista, Isabel, estprestes a tambm ingressar na Faculdade de Msica. Saulo, filho de um mdico, oprimeiro que, pelo menos aos 14 anos, inclina-se para a Medicina. Alexandre e Fredericoso promessas nos seus 9 anos, embora j demonstrem pendores artsticos e na mecnica.So os filhos que esto, por acrscimo de misericrdia divina, confiados bondosa Rosanee a mim. Educar na tradio de Clvis Tavares, que sempre vivo em seus espritos, nosnossos cultos domsticos semanais, e na Escola Jesus Cristo, esta, a nossa misso

    A outra Juliana, que se fez tambm, filha de meu corao, Padro! E como a suadoce filhinha, minha neta Maria Clara, : Padro Tavares! Isto , formatadasespiritualmente para corresponder ao modelo estandardizado que Clvis Tavares, nostraou nesta jornada terrena, que no a nossa primeira e que certamente no ser a ltima.

    importante assinalar ainda que este livro foi pago pela subscrio de cerca de duascentenas de companheiros, que por motivos outros no pude nomin-los no texto do livro. [ Fica entretanto a minha mais sincera gratido a todos os irmos da Escola JesusCristo e da comunidade campista, que confiaram no nosso trabalho e sem a cooperao dequem a consecuo deste, seria absolutamente invivel.

    Flvio Mussa Tavares

    Campos, 27 de outubro de 2005

    70 Anos de Fundao da Escola Jesus Cristo70 Anos de funcao da Escola Jesus Cristo, do Plano Espiritual (17-10-1935)

    70o aniversrio da Desencarnao de Nina Arueira (18-03-1935)90 Anos da primira viso Espiritual de Chico Xavier, de sua mezinha, Maria Joo de Deus

    95 anos de nascimento de Chico Xavier (02-04-1910)90 anos de nascimento de Clvis Tavares (20-01-1915)

    21 anos da desencarnao de Clvis Tavares (13-04-1984)

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    NDICE

    APRESENTAO. Flvio Mussa TavaresUM RECADO DO MARCELI PARTE: DE JESUS PARA OS QUE SOFREM1- A Grande Educadora2- Bilhete ao Mazzulo3- .Parbola do Lixeiro.4- Thorvaldson e Freydise5- E na hora de nossa morte...6- No corao de Deus7- Luz de Vida Eterna8- Carta a um amigo9- Monumento a Kardec10- O Suicdio de Belchior

    II PARTE : NA TRIBUNAA Tribuna. Lus Alberto Mussa Tavares1. No Existe Maior amor do que Este...2. O Sal da Terra3. O que ...E o que no o Espiritismo4. O Porque do Sofrimento Humano5. Mensagem de Natal6. Prece na Semana da Criana

    III PARTE: CORRESPONDNCIA PARTICULAR COM CHICO XAVIER1- Chico comenta livros em cartas a Clvis Tavares2- O Caso Bob Hunter

    IV PARTE : DEPOIMENTOS1. Clvis Tavares, Certido de Imortalidade. Hilda Mussa Tavares2. Chico Xavier e Clvis Tavares. Celso Vicente Mussa Tavares

    V PARTE: POESIAS DEDICADAS POR MARIA DOLORES1. Perfeio2. Jesus da Galilia

    VI PARTE : ENTREVISTA CONCEDIDA A WALLACE LEAL RODRIGUES

    VII PARTE: EMMANUEL RESPONDE A CLVIS TAVARES

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    UM RECADO DO MARCEL

    H 12 anos, quando ainda era reprter do "Jornal do Brasil" e comecei a investigar atrajetria de Chico Xavier, abri pela primeira vez uma obra de Clovis Tavares.

    "Trinta anos com Chico Xavier" foi um livro decisivo para mim. Ao ler aquele textoto honesto, claro, generoso - repleto de histrias impressionantes sobre o mdium mineiro-decidi deixar meus medos e preconceitos de lado para mergulhar no meu projeto: escrever abiografia jornalstica de Chico, "As vidas de Chico Xavier".

    Clvis Tavares uma referncia para mim e tambm uma rara unanimidade nacomunidade esprita. Um destes faris que nos ajudam a encontrar um norte, um sentido,uma direo a seguir. Um farol alimentado por um combustvel poderoso que, de vez emquando me falta: a f! Uma f inabalvel, a de Clvis Tavares!

    Quando leio os livros de Clvis - agora estou mergulhado na obra "Mediunidade dosSantos" - sinto em cada pgina, cada pargrafo, a certeza de que a vida continua sempre ede que cabe a cada um de ns fazer a nossa parte.

    Solidariedade, esperana, generosidade - e uma discrio absoluta - so traos deClvis Tavares.

    Sempre que tentei encontrar, nas orelhas e prefcios dos livros de Clvis dadospessoais sobre o autor, eu me decepcionei. Clvis evitava ao mximo falar de si mesmo.Usava papel, caneta, mquina-de-escrever para divulgar valores, homenagear e retratarChico Xavier, difundir a doutrina esprita de Kardec, Emmanuel, Jesus.

    Clvis um exemplo de f e conhecer mais sobre ele - sua vida, sua obra - descobrir novos caminhos, novas respostas. Com Clvis, fica bem mais fcil acreditar.

    MARCEL SOUTO MAIOR2

    2 Este gentil depoimento me foi enviado pelo jornalista e escritor de primeira grandeza, MarcelSouto Maior, que est fazendo uma apresentao da obra MEDIUNIDADE DOS SANTOS, emhonrada parceria comigo. Ele autor dos geniais livros AS VIDAS DE CHICO XAVIER e PORTR`S DO VU DE SIS, ambos lanados pela Editora Pl aneta. F.M.T.

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    PARTE I

    NA IMPRENSA:

    DE JESUS PARA OS QUE SOFREM

    Este foi o ttulo que Clvis Tavares escolheu para sua srie de artigos publicados nojornal A Cidade, nas dcadas 40 e 50, em espaos concedidos eventualmente por redatoresque reconheciam a sua capacidade intelectual, moral e espiritual.

    Flvio Mussa Tavares

    Senhor , d-nos mais caridade, mais abnegao, mais semelhana contigo.Ensina-nos a sacrificar nossa comodidade em proveito do nosso prximo.

    Ensina-nos a sacrificar nossos prazeres com o objetivo de fazer o bem.Faze-nos bondosos em nossos pensamentos, gentis em nossas palavras, generosos em nossas aes

    .Faze-nos aprender que melhor dar do que receber, que melhor nos esquecermos de ns mesmos

    do que nos colocarmos em primeiro lugar, que melhor servir do que ser servido.E a Ti, Deus de Amor, sejam glria e louvor para sempre.

    Henry Alford3

    (Traduo de Clvis Tavares.)

    3 Henry Alford- Nasceu em Londres em 1810 e morreu em 1971. Foi clrigo da igreja anglicana,poeta e msico.

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    1- A GRANDE EDUCADORA

    E entrando numa casa, no queria que ningum o soubesse,mas no pode ocultar-se; porque logo, certa mulher, cuja filha estava possessa

    de um esprito imundo, ouvindo falar dele, veio e prostrou-se-lhe aos ps;(ora, a mulher era grega, de origem siro-fencia) e rogava-lhe que expulsasse

    de sua filha o demnio.Mc.7:24-26

    Bersier pergunta: "Por ventura pensaria a siro-fencia idlatra em chegar-se aCristo, caso no tivesse o corao dilacerado pelo tremendo espetculo de sua filhapossessa? Acaso teria Jairo chamado o Salvador, se no visse em agonia a sua filha?" Econclui com a palavrqa da experincia universal:: "A maior parte dos discpulos de Jesusaproximou-se dele por que sofria."

    Sim, na manh ensolarada e azul da vida, ou na poca da fartura e da sade, ou noequilbrio transitrio das vitrias terrestres, queando materialmente tudo lhe vai bem, aalma humana tem fracas e ligeiras ligaes com Deus. Ligaes mais ou menos em funodo velho egoismo. Isso quando no o desconhece pratica e completamente. Quanto a Jesus,ao seu Evangelho de luz e vida, ao Seu programa de extenso de um Reino Espiritual nomundo, o que se percebe o mais triste desconhecimento da Pessoa do Divino Mestre e dosgrande ideais que ele proclamou h dois mil anos...

    Mas a dor vem despertar o esprito humano da grande letargia. O sofrimento chega,infalivelmente, ao palcio ou cabana, alma do pobre, vida dos grandes, velhicecansada, mocidade que borboleteia nos sales...Chega sempre com a fora de um maktub,como a grande educadora da alma.

    Ninguma mais perfeitamente que Jesus apresentou verdadeira interpretao da dor,ningum mais que ele atendeu ao corao aflito do homem, nem melhormente que Eleningum conseguiu mostrar a grande misso do sofrimento, seus porqus, suas gloriosasfinalidades.

    Daqui, deste pequenino recando do A Cidade, em singelas pginas dominicais,esperamos trazer alguma coisa de Jesus para os que sofrem.

    Haja por bem Ele abenoar este pequenino esforo do servo muito pobre.

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    2- BILHETE AO MAZZULO

    Quando chegou perto da porta da cidade, eis que levavam para fora um defunto,filho nico de sua me, que era viva; e com ela ia uma grande multido da cidade.

    Lc.7:12

    Meu caro amigo, o Senhor Jesus te conforte o corao.Respndo-te as linhas de tua carta tecida de dores. Calculo so dias amrgos que tem

    vivido, na tua solido cheia de lutas...A partida do teu filhinho me foi tambm surpresa dolorosa, embora a grande

    certeza que nos solidifica a f no Bom Pai. Ainda me recordo do seu ltimo adeus, agitandoso bracinhos rseos, acenando o pequenino leno branco que o Jorgito lhe mandou,enquanto o trem vencia a ltima curva do caminho...

    Solidarizo-me contigo Mazzulo. Nem tenho palavras para dizer-te, certo de que tuaF te faz resistir ao golpe da separao aparente e transitria.

    Pensa que teu pequenino amor foi unir-se ao corao afetuoso de tua esposaquerida. mais uma estrela no cu a iluminar-te os caminhos na terra.

    No penses que ests sozinho no mundo. Nunca estamos ss. Os dosi grandes afetoshumanos de tua vida, sob as bnos de Jesus, so como sempre foram, duas insperaesfortes e boas, para os teus dias de apostolado fiel.

    E ho de esperar-te alegres e felizes, um dia no Pas da Luz, quando, finda a tuacarreira, o Senhor tambm te chamar...

    No te envio pensamentos de consolao Mazzulo, porque sei que teu corao forte. Recordo-me mukto bem ainda, daquelas palavras do Cura DArs qye me repetistetantas vezes, depois da partida de tua Mabel: "Todas as penas so doces quando se sofre emunio com Nosso Senhor..."

    s feliz, muito feliz, caro Mazzulo. Que o Senhor da Compaixo te conserve a fsegura e a varonilidade lal para sempre!

    Com toda a simpatia, abraa-te o Clvis.

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    3. PARABOLA DO LIXEIRO

    E chamando a si a multido com os discpulos, disse-lhes: Se algum quer vir aps mim, negue-se a si mesmo,

    tome a sua cruz, e siga-me.

    Mc.8:34

    Uma das mais belas parbolas do Sadu Sundar Singh, o famoso cristo indiano, ,sem dvida, a do lixeiro.

    Certo dia, _conta o homem que se parecia com Cristo, como o denominou Andrews_ um lixeiro passou por mim com uma vasilha de lixo to malcheirosa que quase me fezvomitar. Ele, entretanto, estava de tal modo afeito aquilo que, com a outra mo, levava oalimento a boca. E o apostolo dos ps sangrentos assinala que nos abituamos de tal maneiraao pecado e ao mal, que vivemos no mundo quase sem os notarmos: mas, Cristo deveriasentir-se aqui como eu me senti naquele dia. engano pensar que os sofrimentos de Cristose limitaram cruz. Ele esteve trinta e trs anos na cruz.

    Eu sei, meu caro amigo, quanto voc tem sofrido, nestes ltimos tempos. Conheode perto, aqueles que tem oferecido, com um sorriso gentil, a esponja de fel num vaso deprata.

    Tenho acompanhado seus passos silenciosos em sua estrada triste. O cerco damaldade tem sido cada vez maior e mais cruel em torno de seu corao sensvel e isso meexplica sua longa ausncia epistolar.

    Confesso-lhe: nada tenho para oferecer sua alma. Melhor que eu, voc sabe queJesus nunca desampara os quebrantados de corao, nem os aflitos de seu redil, nem os quecom sincero amor trabalham no mundo em Seu nome.

    S posso crer que a divina amizade seja para voc cada vez mais viva e maiscomunicante, mais profunda e mais envolvente. Ele prometeu que no nos deixaria rfos ede modo algum faltaria a sua palavra de rei.

    Nem ouso lembrar-lhes que perdoe aos que transpe a estrada que sua, carregandovasilhas de lixo cabea, enquanto se deliciam com os bombons da impiedade pag.

    Tudo isso muito contraditrio, eu sei. Muito triste, concordo. E tem misteriosafora desintegrante, tambm vejo. Mas, isso tambm passa...

    Mais cedo ou mais tarde, todas as potencias malignas, todas as frias da sombra,todos os pelotes da iniqidade desaparecero ante o fulgor da poderosa luz que vem deCristo.

    Um lixeiro passou por mim... _ contou o Sadu. Um lixeiro passou por voc...muitos lixeiros tem passado e passaro ainda...

    Mas, um dia, dia ensolarado de vitria do cu, eles no passaro mais.S aqueles que fazem a vontade de Deus ho de permanecer para sempre, como nos

    ensina o livro Imortal.Coragem, pois, e ... avante com Cristo!

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    4. THORVALDSON E FREYDISE

    No vos perturbeis no ardor da tribulao...como se algo extraordinrios vos sucedesse

    I Pedro 4:12

    _Tens notado como nos ltimos tempos se acentua no mundo inteiro, o sofrimentohumano? Perguntava o velho Thorvaldson a Freydise.

    _Sim, meu pai... por que em toda parte a dor universalizando-se cada vez mais?_ Sofrem todos filhinha. Gandhi lutou anos a fio pela felicidade e independncia de

    seu povo e sofre agora, ante o espetculo doloroso de sua ptria dividida entre hindus emuulmanos, que lutam ferozmente, multiplicando na ndia e no Paquisto, o luto, aorfandade, a viuvez...Sofrem as populaes famintas da China, onde se avultam ossuicdios...Sofre a `frica inteira, dizimada pela guerra e pela fome, a Europa, pelo temor denovo conflito...E o quadro da Palestina, onde rabes e judeus, antes perseguidos nos guetos,que talvez desam a arena sangrenta, pela posse de um territrio pequenino? E as paisagensangustiosas e desoladoras de nossos sertes? E os martrios das prises polticas? E aslgrimas que prevalecem nos hospitais, nos manicmios, nos orfanatos, nos leitosexpiatrios? E os que sofrem pelas dores alheias? E os que conhecem aflies amargas poramor de Jesus?...Aqui, um homem rico morre vtima do cncer, entre dores lancinantes...ali,expira um pobre, na fome e no abandono do poder pblico...

    _ verdade, papai: a dor universal! O Evangelho nos ensina, no ser ela coisaestranha. No h no sofrimento nada de extraordinrio. a realidade diria...Ontempadeceram uns...muitos sofrem hoje; amanh sero tributados outros_ sintetizou Freydise,com gesto manso.

    _Por isso, filha, bem justa, como conversamos ontem, a observao de PauloGuilherme de Keppler. Tem razo o filsofo de Roterdan, quando considera estulta,infundada e descaridosa a pergunta que se faz geralmente, diante da visita dosofrimento: Por que justamente eu? Deveria antes, como nos lembra o sbio, assim perguntar: Porque, justamente eu, deveria ficar isento do sofrimento?

    _ Sim, papai.Se todos sofrem, por que no eu tambm? Que bom se todospensssemos assim, no? Quanta resignao, quanta claridade interior, quanta fortaleza ocorao humano ganharia se cultivasse essa frmula razovel de pensar a vida, no mesmo?

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    5. ... E NA HORA DE NOSSA MORTE

    Pai, nas Tuas mos entrego o meu esprito.Lc.23:46

    Andr Maurois, lembrando as ltimas palavras de algumas figuras notveis da velhaEuropa, deixa-nos concluir que esses vultos do passado assumiram, na hora da morte, asmesmas posies mentais dos seus dias de luta, de sade, de trabalho...

    E cataloga o escritor:Carlos II, da Inglaterra, morre como rei, como gentleman: Levei um tempo incrvel

    para morrer; espero que me desculpareis...Richelieu, como ministro: Perdoais a vossos inimigos?- No tenho outros que

    no os do estado.Corot, como pintor: Espero que possa pintar o cu ...Chopin, como msico: Tocai Mozart em minha lembrana.Napoleo como chefe: Frana ... Exrcito ... vanguarda do exrcito ...Cuvier, como anatomista: A cabea comea a comprometer-se ...Halle, que alm de filsofo era mdico, examinou seu pulso at o fim e falou a um

    colega: Meu amigo a artria cessa de bater.E morreu.Lagny publicara no comeo do sculo XVIII um mtodo infinitamente novo e

    abreviado para extrao de razes quadradas e cbicas. Quando estava morte, e j noreconhecia amigos, parecendo completamente inconsciente, algum lhe pergunta:

    -Lagny, qual o quadrado de doze?-Cento e quarenta e quatro respondeu. E expirou.O Evangelho de Jesus Cristo nos ensina que cada um morre como vive. Quem vive

    bem, na luz e na virtude, morre bem e bem desperta na vida eterna. o que significam as palavras do Mestre afirmando tambm a veracidade do

    contrrio, dirigidas aos judeus rebeldes e endurecidos de corao, que buscavam somente osinteresses desta vida, desprezando a vontade de Deus: Vs morrereis em vossos pecados.(Jo. 8:24).

    Morreremos como houvermos vivido: o nosso ltimo minuto sobre a terra ser oreflexo positivo e fiel de todos os minutos de nossa vida.4

    No foi sem razo que Kipling compreendeu to bem o valor dos sessenta segundos...

    Morreremos como houvermos vivido na face deste mundo, onde Deus espargiutantas coisas belas e onde os homens tem semeado tantas misrias e corrompimentos.

    4 Na sua primeira comunicao por Chico Xavier, diss e meu Pai, referindo-se ao momento de suadesencarnao: Compreendi, na prece muda que cons egui formular, que o tempo me demitia desua prpria movimentao, entregando-me ao tempo de outro nvel. As suas consideraes sobrea importncia do momento da morte, so de tal forma coincidentes com os fenmenos queocorreram com a sua prpria, que deliberamos escrev er pequeno livro comentando as suas seismensagens psicografadas por Francisco Cndido Xavie r. Tavares, F.M.- A Saudade o Metro doAmor. No prelo. Madras Esprita. So Paulo. (F.M.T.)

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    6- NO CORAO DE DEUS

    Lanando sobre Deus toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vs.I Pedro 5:7

    Foi verdadeiramente cheia de dor a vida de Dostoievski.Andr Levixson, um seu bigrafo, adjetivou-a a bem: Vida Pattica...H lances cruciais na existncia do famoso escritor. Tuberculose, prises, morte da

    esposa, de Grigorief, do mano, Outra vez, prises, fugas e lgrimas,...Mas, um dia, em Destre, brilha uma luz no meio de tantas trevas.Dostievski pe sua filhinha no colo.Mal sabia a criana falar. E sobre os joelhos do pai, a garotinha aprende a grande

    prece, a sublime orao que Dostoievski lhe ensina: Em ti Senhor, residem todas asminhas esperanas.

    Quanto ganharia o homem no mundo, - sem f, sem lei, sem Deus,- se pudesse criartambm assim! ... Se desenvolvesse a fora do esprito e da vida dentro de si mesmo. Selanasse um olhar de sabedoria sobre este grande universo fsico e dscobrisse esse outrogrande universo moral, em sua prpria alma... Isso no impossvel , nem difcil.

    Queira o homem superar as foras da iluso e pensar no eterno futuro. Deseje elevencer o egoismo , que no traz alegria nem paz, e se ponha em marcha sobre novas vias doesprito.

    Anseie o bem, renuncie a maldade.Sonhe a beleza que no morre, evada-se dos crceres imundos.Semeie na luz perpetua, espere na compreeno tranqila.E ver a beno da Providencia Divina.Consciente, feliz e forte, poder, ento, depositar no corao de Deus, todas as suas

    esperanas; o Senhor as abenoar; todos os seus sonhos o cu lhes dar corpo e forma,todos os seus anseios; a Eterna Sabedoria ter sempre a melhor soluo ...

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    7. LUZ DA VIDA ETERNA

    Nada h encoberto que no haja de revelar-se, nem oculto que no haja de saber-se

    Mat.10:26

    Um dos mais confortadores ensinos que Jesus nos legou foi realmente, este que seencontra no Evangelho de Mateus, de que todo h de ser revelado um dia.

    Com isso, promelia o Rabi divino a destruio das trevas e o desprestgio domistrio.

    Alis, Flamarion diz bem que o mistrio no existe: o que existe o desconhecido.Mas o desconhecido de hoje a verdade de amanh.

    E as incgnitas torturantes do destino e da dor teriam, por Vontade Divina, de serdesvendadas, a humanidade que sofre e que pensa, mas no pensa bem e no conhece ognese dos padecimentos.

    Os homens, ainda hoje, so aqueles mesmos seres de quem Jesus teve grandecompaixo porque andavam desgarrados e errantes como ovelhas que no tem pastor.(Mat.9:36).

    Hoje, graas a Deus, as trevas fogem e o esplendor das luminosidades eternasdeslumbra e edifica as almas.

    O dogma perde o seu fulcro e cai, para que a lmpada seja colocada sobre o velador.E a abenoada promessa do Cristo de Deus j vista fulgurante e consoladora, pelos

    que tem olhos de ver, j ouvida entre anglicas sinfonias, pelos que tem ouvidos de ouvir.O Parclito, o Esprito da verdade, j veio ensinar todas as coisas, guiar os homens

    em toda a verdade, repetir tudo o que o Mestre lecionara. (Jo. 14:26 e Jo.16:13).E os seus ensinamentos, complementares da revelao messinica, nos descem das

    sagradas regies da luz, como a terceira explicao do Amor de Deus aos homens.Allan Kardec, o Paulo de Tarso da histria moderna, grande apstolo cristo da

    gerao de hoje, recebe de Deus a misso de clamar, como ordenava o profeta Isaias,anunciando raa humana que so chegados os tempos em que so chegados os tempos emque o reinado da matria ter que ser substitudo pelo imprio do esprito.

    A Nova Revelao, o Espiritismo, codificado pelo missionrio lionns, aparece aosque querem fazer do Evanglio o poder de Deus para salvar as criaturas como a legtimadispensao do Esprito da Verdade.

    E no a afirmativa gratuita: as novas luzes que ele traz, a palavra balsmica deesperana, a prova da imortalidade do esprito, a revelao esplendorosa do Grande Alem,as grandes converses de ateus Verdade Divina, mostram a ascendncia celestial doEspititismo, que anuncia hoje os tempos do refrigrio pela presena do Senhor.(At.3.19).

    Como consolador, ele fala as almas ctivas do desespero e das lagrimas, revelando-lhes a vida imortal, as muitas moradas da casa de nosso Pai.E aponta-lhes a pureza avirtude, o amor a divina cincia, entre as vises maravilhosas do infinito.

    Como Esprito de verdade, vem dizer aos homens sem f que uma vida se estendealm da morte, dando aos descrentes e epicuristas as provas vivas e rigorosamente

  • 18

    inabalveis da sobrevivncia do ser , da vida espiritual e, conseguidamente, da existncia edo poder de Deus.

    E as converses se multipliquem, relembrando o dia glorioso de Pentecostes.E o Consolador continua a sua obra divina, dando a palavra meiga de esperana aos

    que sofrem e fazendo brotar no corao dos ateus a fonte de gua viva que mana para aVida Eterna.

  • 19

    8- CARTA A UM AMIGO(Sobre a caridade dos espiritistas)

    Estais ricos! Estais fartos. Sem ns reinais!E oxal reinsseis de fato, para que tambm

    ns reinssemos convosco!I Cor.4:8

    Meu amigo, com tristeza que o vejo enricheirado entre aqueles que lanam, pensando em

    faze-lo em nome do Amigo de Todos, seu compassivo antema contra o silencioso esincero esforo do corao alheio.

    Voc sabe que de todos os tempos a acuzao apressada e injusta. Na divinahistria de Cristo, vimos o celeste Benfeitor a todo instante, alvo da desesperadaperseguio dos fariseus e dos saserdotes de Israel. Desde o incio do seu benditoministrio, com a in grata rejeio do povo de Nazar at o caminho sangrento do calvrio,o divino amigo dos homens foi vitima dos sentimentos interiores de seus contemporneos.E que Ele trazia o vinho novo da bondade evanglica e os judeus se assemelhavam aodes velhos estragados pelos dios e rebeldias corrompidos pela rapacidade e mentira.Nas trevas do seu misoneismo, no aceitaram o filho de Deus e lhe moveram a mais brbaradas perseguies...

    Voc, meu amigo, esquecido, infelizmente, de que o mesmo Jesus que amamos foiassim incompreendido em sua misso de bem, resolveu mobilizar suas energias para oinglrio combate as obras da assistncia social do Espiritismo Cristo. Aquela luzintelectual transbordante de amor de que fala Dante no paraso, parece foi substituda,em sua mente, por raciocnios temenrios e descaridosos em sua ofensiva contra humildesservidores do Evangelho, cujo nico crime, aos seus olhos, ajudar o prximo alm dasfronteiras de sua crena.

    Voc reprova que seus companheiros de ideal religioso auxiliem as obrasassistenciais mantidas pelos espiritistas, incomoda-o ate que eles o louvem mesmo que noos ajudem financeiramente. O mais lamentvel porm, que voc negue, a priori, que elassejam fruto de uma legtima corrida evanglica.

    Por que, meu amigo? O bem que os espiritistas fazem, com a sinceridade que s aDeus cabe julgar, no pode ser caridade verdadeira?

    Quem tem direitos de exclusividade para a prtica do bem? Apenas voc e seuscompanheiros de ideal? Somente os que percorrem a trajetria de sua dialtica?

    No, meu amigo. Todos os filhos de Deus podem realizar, com a luz da graa, assagradas obras do bem. Todos so chamados ao ministrio do auxilio recproco. Todos soconvidados pelo verbo Divino para as abenoadas realizaes da bondade sincera e pura, noesprito de fraternidade espiritual que a palavra e o exemplo de Jesus nos indicam.

    No se julgue a semelhana do fariseu da parbola, o nico capacitado para boasobras. No se considere superior aos demais homens. Recorde, meu amigo, que o publicanoarrependido voltou justificado para sua casa, ao passo que o soberbo fariseu, que se julgavanico merecedor da aprovao divina e apresentava ao cu um pretencioso rol de suasatividades religiosas, no restabeleceu suas relaes com Deus, por culpa de seu orgulhoobstrutivo e desvairado.

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    Certamente voc conhece as Meditaes de Alexis Carre!, publicadas no seuesplndido volume Milagres de Lourdes. Releia comigo a pgina do Natal, em que chorao corao do famoso cientista:

    meu Deus, como eu deploro a no ter compreendido a vida, ou ter tentadocompreender coisas que intil tentar compreender. A vida no consiste em compreendercoisas que intil tentar compreender, mas, sem amar, em ajudar os outros, sem orar, emtrabalhar. Fazei, Deus meu que no seja demasiado tarde. Ele (o autor) vos pede que lhesmostreis o verdadeiro caminho, a via do simples dos que amam e crem. Perdoai lhetodas as faltas da sua vida. Deus meu! No dia em que se comemora o nascimento do filhovosso, eu me abandono totalmente em vos, tocado do infinito arrependimento de terpassado com cego atravs da vida.

    Meu amigo, h inmeras criaturas no mundo humildes no teu viver, sinceras no seucorao, desprovidas de ttulos de culturas, mas bem dotadas de bondade espontnea emque se dedicam ao bem dos outros encontran-se no seio de todas as religies e fora delas.Voc as achar tambm nas templos de amor fraterno do Espiritismo Evanglico. No asmenosprese, se algumas delas adorarem a Deus no monte Garizim, no subindo com vocao tempo de Salomo ... So criaturas simples que podem desconhecer a exegtica e aescolastica, mas no se esquecem da parbola do bom Samaritano. No entenderiam SoJoo da Cruz nem Ruybroeck, o Admirvel, mas, sabem repartir humildemente, como SoMartinho, a sua tnica com o desventurado das sargetas e dos cortios.

    Recorda Carrel, meu amigo: a vida consiste em amar, em ajudar os outros ... Nopasse como cego atravs da vida sem enxergar honestamente o bem alheio,menospresando o esforo humilde do prximo mostrando desdm pelo bolo da viva,deitado generozamente no gosofilcio da vida. Relembre que com cinco Paes e dois peixesde uma criana, Nosso Senhor alimentou cinco mil pessoas. No faa pouco, meu amigo,do cinsero e modesto esforo que os espiritistas esto realizando, desprovidos de suaspossibilidades mais amplas, em favor dos rfo, dos tristes e dos famintos do mundo, quevoc tambm ama. No amordece o corao com raciocnios impiedosos e glaciais. No seassemelhe aqueles fariseus, rgidos e formalistas, que condenaram o Divino Enviado porfazer o bem a todos: a centuries romanos, a mulheres siro-fenicias, a leprosos, a maritanos,a jovens galileus, a gregos curiosos e a judeus ingratos ...

    Jesus foi verdadeiramente o Amigo de todos, na expresso feliz de Emmanuel,vamos imita-lo, meu amigo?

    (01/12/1953).

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    9. MONUMENTO A KARDEC

    Eis que vos envio como ovelhas ao meio de lobos; portanto, sede prudentes como as serpentes e simples como as pombas.

    Mt.10:16

    A Escola Jesus Cristo vai comemorar condignamente a passagem do I centenrio deCodificao da Doutrina Esprita.

    Foi a 18 de abril de 1857 que o livreiro Dentu exps nas vitrinas de Paris a 1aedio de O Livro dos Espritas, de Allan Kardec. Nesse dia o famoso professor HippolyteLeon Denizard Hivail fazia eclipsar o nome com que se celebrizara na literatura, nafilosofia, na cincia, e aceitava novamente o antigo nome que naquele mesmo solo francs,na velha Glia, fra seu, quando foi chefe drudico da religio cltica.

    Renascia o grande missionrio para o cumprimento de sua mais sublime tarefa: a deoferecer aos homens ingratos de mundo sodomita e ateu, as primcias daquele consoladorPrometido por Jesus na ultima Ceia. Surgia o Espiritismo Cristo e humanitrio, comobeno do cu para refrigrio do corao atormentado dos homens...

    A Escola Jesus Cristo, que a quase 22 anos desfraldou a bandeira abenoada deAllan Kardec, que a mesma bandeira de luz e bondade do Evangelho de Cristo, est emfestas, preparando-se para as comemoraes do Centenrio da Codificao.

    Entre os acontecimentos que marcaro , em Campos, a grande data histrica docristianismo Restaurado, esta a inaugurao de um monumento a Kardec, defronte ao novoedifcio da Escola Jesus Cristo.

    Assim como os espiritistas franceses levantaram no Pre-Lachaise um dlmen deassinalando o sepulcro do Codificador, tambm a Escola Jesus Cristo, que tem recebido eespelhado as bnos da obra Kardequiana, levantar um monumento de granito, em formade mehir, como homenagem ao antigo druida das galias, renascido na mesma gloriosaFrana para a misso exelsa de mensageiro do paracleto.

    O monumento a Kardec assinalar a gratido da Escola Jesus Cristo ao grandeMissionrio de Jesus, ainda incompreendido como o prprio mestre divino tambm o ,entre as geraes adulteras e ingratas. Um dia, estamos certos, a Humanidade,

    Dlmen na entrada da Escola Jesus Cristo,inaugurado em 18 de abril de 1957, recordandoo centenrio da publicao de O Livro dosEspritos.

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    aperfeioada e agradecida, saber, olhando para os sculos mortos, compreender a grandezado seu Rei divino e a misso espinhosa dos seus mensageiros, que semearam o trigo do cuentre os espinheiros e pedregias deste mundo.5

    5 Sobre a colocao deste enorme monobloco de granito , pesando aproximadamente uma tonelada, h umdepoimento pitoresco de nosso irmo Slvio Navega D ias, desencarnado em 12/07/1994, presidente daEscola Jesus Cristo por muitas gestes, marido de n ossa saudosa professora D.Clcia Duncan Navega Dias,desencarnada em 20 de setembro de 1987, e pai de nossa atual dirigente dos servios assistenciais daEscola Jesus Cristo, a Dra. Slvia Duncan Navega Dias. Em entrevista, realizada em sua residncia, por mime pelo irmo Feliciano Louzada de Moraes, em 1992, contou-nos o irmo Navega, que Clvis havia solicit adoa ele, e outros companheiros, entre os quais, o Sr. Odorico Gomes, desencarnado em 1986, o Sr. AlcinoSilva e o Sr. Milton Teixeira, que fossem buscar uma pedra, com uma caminhonete, no ento distrito deItalva, atualmente municpio. Chegando l, qual no foi a surpresa dos trs com o tamanho do monobloco.Disseram que o mais difcil no foi exatamente colo car e retirar a pedra da pequena caminhonete, foi dirig-laladeira abaixo, j que Campos plancie e Italva, planalto. Vieram descendo, com o peso da pedra, e disse-me ainda o saudoso Navega, que estavam com a caminhonete sem os ajustes mecnicos necessrios paraa empreitada. Durante o trajeto, eles, que no sabi am o que era um dlmem, nem entenderam qual era ainteno de Clvis, ficaram preocupadssimos, confa bulando entre si, sobre o por qu de trazer o enormemonolito. Mais tarde que foram saber que a pedra era uma homenagem ao Druida Allan Kardec. F.M.T.

  • 23

    10. O SUICDIO DE BELCHIOR

    Que adiantaria ao homem ganhar omundo inteiro e perder a sua alma? Ou

    que daria o homem pelo resgate de sua alma?Mat.8:36-37

    Numa estao ferroviria americana, h muito tempo_li alhures_ um grupo decomerciantes em viagem recreativa acercou-se de uma pequena ndia que, na plataforma,vendia delicadas cestas de vime e outras utilidades de artesanato.

    Desejavam eles comprar suverires. Um dos turistas, adiposo, espertalho, com umsorriso velhaco, preparou-se para lograr a pequenina vendedora. Alteou a voz e preparpu ogolpe, com cruel indelicadeza:

    _ Aqui a gente paga o dobro do que pagaria em qualquer outro lugar...Os turistasso roubados sempre, em toda parte...

    _No meu senhor,respondeu a indiazinha, humilhada e serena_ no estouexplorando ningum. Eu mesma e minha me fizemos estas cestas e gastamos muitos dias...

    _ Ora, no esto caras..._interroupeu-a o outro viajante, tambm no devoto dahonestidade..._E por que no roubar, se puder, no menina? Todos roubam...Ns tambmsomos comerciantes e queremos ganhar dinheiro...

    A menina indgena, com a mesma tranquilidade, num ingls vagaroso, mas seguro,surpreendeu o grupo (que, por sinal, portava distintivos religiosos ), com sua resposta:

    _Que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? No foiassim que Jesus perguntou?...Isso aprendi na Escola de Evangelho da Misso...No mentireinem roubarei nunca meu senhor...

    Os abastados homens de negcio, envergonhados, compraram algumas cestinhas eno puderam articular uma palavra sequer. Uma criana lhes mostrara quanto a sua crenareligiosa estava divorciada da legtima vida crist...

    ***Essa histria real veio-me memria ao ler a notcia do suicdio de Belchior,

    ocorrido na semana finda.Os jornais nos informaram que apareceu, boiando nas guas do Rio Paraba do sul,

    um cadver de um homem de 83 anos. Seu rosto j se achava irreconhecvel, com as fossasnasais e os lbios corrdos pelos peixes. Num bolso do palet_ ainda acrescenta o ACidade6_ alm de documento identificador, foi encontrado um bilhete com estas lacnicaspalavras: No culpo a ningum e sim a custo de vida.

    Diante do bilhete conciso e humilde, que se transfigura em silencioso desafio sensibilidade coletiva, lcito meditar um pouco...

    Belchior foi apenas mais uma vtima de suicdio, da carncia espiritual,amedrontado diante das lutas pela vida? Ou foi tambm de certo modo, uma vtimaannima, entre milhes de outras, dos gananciosos que dominam o gigantesco maquinrioindustrial, dos reis das finanas que alargam as taxas de inflao e asfixiam o pobre eenvenenam as fontes da vida? 6 27 de agosto de 1958.

  • 24

    Teria sido o infeliz Belchior to-somente um suicida aos olhos de Deus? Ou teriasido, parcialmente, imolado em holocausto a Mamom, que domina e mata os que no lheprestam culto?

    O comrcio honesto, qual o exercia a indiazinha crist, no apenas umanecessidade social: igualmente uma bno indispensvel vida e um elo de solidariedadeentre os homens.

    O mais comum, entretanto, fundamentar a existncia atravs do dinheirodesonrado pela cupidez, multiplicado pelos lucros ilcitos, agigantado custa desonegaes, subornos e especulaes.

    Esqueciodos da Lei Divina e da responsabilidade espiritual do homem., o gozo fcil,o sibaritismo social, a fortuna acumulada, a corrupo multiforme, a coroa do domnioeconmico na sociedade.7

    Ser que algum comerciante ganancioso ou algum forjador de manobraseconmicas, ter conscincia de se sentir parcialmente responsvel pela morte de umvelhindo de 83 anos, que deserta do mundo justamente pela elevao do custo da vida? Doque se paga para poder viver?

    Rico louco da Parbola Evanglica, que saste das pginas do Novo Testamento e temultiplicaste no seio da supercivilizao materialista de hoje, escuta o mesmo Jesus, queuma indiazinha humile ouviu e acatou: Que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro eperder a sua alma?

    7 Quando meu Pai escreveu este artigo, eu estava nascendo. Ao enviar os originais de De Jesuspara os que sofrem, para o Instituto de Difuso Esprita, em 1980, ao s cuidados do irmo Dr. HrcioArantes, resolveu de ltima hora, retirar O Suicdio de Belchior. Disse que no valia a pena discutira questo econmica, pois poderia acirrar nimos. H oje, tenho 47 anos e o mundo aps este quasemeio sculo aumentou a sua compexidade econmica. T ransformou-se numa aldeia global. Emmeados do sculo XX, havia uma polarizao entre so cialismo e capitalismo. Hoje, a sanhacapitalista converteu o planeta num monobloco sem polaridade, sem tica, onde a Lei de Mercado,ou de Mamom, como cita meu Pai, a Ordem. Neste contexto sofisticado de uma humanidade totecnolgica quanto excludente, as verdades contidas neste texto, so atualssimas. Por isto,resolvemos em famlia, divulgar este belssimo texto, que produz reflexo e tudo que nos induz areflexionarmos sobre ns mesmos, til para a nossa alma e produtivo para a nossa jornadaterrestre.F.M.T.

  • 25

    PARTE II

    NA TRIBUNA

    Neste tpico, esto contidas palestras realizadas na Escola Jesus Cristo, em outrasinstituies e palestras proferidas por um perodo em eu lhe foi disponibilizado porradialistas locais a possibilidade de comunicar-se com os irmos sofredores atravs damdia radiofnica, provando o carter plural de sua misso entre ns.

    Flvio Mussa Tavares

    Uma Orao de Tersteegem8

    Deus, nosso Pai Celestial, renova-nos o sentido de tua gloriosa presena, e que ela seja, dentro de ns, umconstante impulso para dar-nos paz, fidelidade e valor em nossa peregrinao. Deixa que nos apeguemos a

    Ti, com um corao amante e cheio de adorao; deixa que todos os nossos afetos se fixem em Ti, de talmodo que uma inquebrantvel comunho de nossos coraes Contigo nos acompanhe em tudo o que

    faamos, atravs da vida e da morte.Ensina-nos a orar de todo o corao; a ouvir tua voz dentro de ns e a nunca desatender a teus

    conselhos.Eis que trazemos nossos coraes, como um sacrifcio, a Ti; vem e enche teu santurio e no

    conquistas que coisa alguma impura penetre neles. tu, que s Amor, deixa que teu Divino Esprito corra como uma torrente atravs de nossas almas e

    conduze-nos pelo caminho estreito, pelo caminho estreito, pelo caminho santo, at que passemos terra dapromisso.Assim seja.

    (Traduo de Clvis Tavares)

    Como intrito desta parte de livro abriremos com uma poesia de meu irmo Lus Alberto,homenageando o nosso Pai , na tribuna da Escola Jesus Cristo.

    8 Telogo protestante alemo do sculo XVIII. Pastor leigo e dirigente do movimento do pietismoprotestante ( Movimento do Despertar Espiritual), realizando uma pregao itinerante na Alemanhano ano de 1729. Escreveu um livro, "Jardim espiritual para almas ardentes" e uma coleo de hinosespirituais.

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    A Tribuna

    Em 13 de abril de 1984 nosso pai Clovis Tavares de alguma forma nos deixou mais ss.Neste 21 aniversario de sua partida, recordo-me da imagem da Tribuna do Templo da Escola Jesus Cristo que desde aquela data tem nos enchido o corao de todos com ternura e saudade...

    Do alto da Tribuna, a voz vestidaDe anjo, de guardio, de estrela-guia,Falando da morte como quem vida,Falando em prosa como quem poesia...

    Do alto da Tribuna, a voz temida.A multido silenciava e ouvia.Nem medo nem rancor, a voz... DespidaDe preconceito, de hipocrisia...

    Do alto da Tribuna, como um raio.Dali do alto, como num ensaioPara a outra vida que o aguardava...

    Do alto da Tribuna, como um mito.Dali do alto sempre. Como um rito.Era dali que ele nos encantava.

    Lus Alberto Mussa Tavares9

    Tavares, Lus A. M. A Palavra Dada. Ed. Scortecci.So Pualo. 2005www.quasepoesia.blogspot.com

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    1- NO EXISTE MAIOR AMOR DO QUE ESTE

    Ningum tem maior amor do que este: de dar algum a prpria vida

    em favor dos seus amigos.Jo 15:13

    Um jovem chins, T-Ha-T caminhava por uma estrada ao cair da tarde. Olhavaao longe as montanhas nevadas do Tibete, onde os velhos monges elevavam suas oraesao Senhor da Compaixo.

    A uma volta do caminho, sobre uma eminncia de pedra, surge repentinamente, paraespanto e terror do jovem, um vulto que ele no tardou a reconhecer: era o pavoroso Han-

    Ru, o Anjo da Morte.T-Ha-T pressentiu no seu corao a desgraa para sua vida. O terrvel anjo da

    destruio estava prximo a casa de sua noiva, a meiga Li-Tsen-Li...O jovem perguntou atemorizado:_Que fazes, Han-Ru, aqui perto da casa de minha noiva?Pacientemente, o emissrio do destino respondeu:_ justa a tua inquietao, jovem. Vim a este recanto da Terra, buscar justamente

    Li-Tsen-Li. Na sabedoria das Leis divinas, est determinado que tua noiva cumpriu o tempode sua vida neste mundo. chegado o dia final de seu destino.

    _Piedade, piedade, Han-Ru! to linda to meiga minha noiva. Amo-a loucamentee tudo faria para salv-la. Por Amor de Maia-Dvi, deixa viver Li-Tsen-Li!

    O Anjo da Morte silenciou, em profunda meditao e depois respondeusolenemente:

    _A ti, devoto de Maia-Dvi, permitido obter uma graa do Cu. Podes prolongar avida de tua noiva sob uma condio. Tens direito a uma vida longa e tranqila, Te-H-T.Restam-te ainda, agora vais saber, quarenta e seis anos de vida. Podes, entretanto, e esta acondio ceder tua noiva metade do teu tempo que te resta na carne. Li-Tsen-Li poderviver em tua companhia, vinte e trs anos, a metade do restante de tua vida. Terminado esteprazo, ambos morrero juntos, no mesmo instante. Aceitas a proposta?

    Te-H-T hesitou. Hesitou. Ceder a metade de sua vida? Sacrificar vinte e trs anosem favor de sua amada? Que fazer? Que responder ao Anjo da Morte?

    Clvis Tavares, lendo asua palestra na rdio.

  • 28

    _Tua proposta, Han-Ru, imensamente grave para mim. Podes esperar minharesposta at que eu oua a opinio de meus trs melhores amigos, que sempre me orientamna vida?

    _Sim, jovem. Aguardarei, aqui mesmo tua resposta at antes do amanhecer.Nessa mesma hora (j anoitecera...) Te-H-T partiu lpido, em busca dos trs

    conselheiros de sua vida.O primeiro era um artista tibetano. Um escultor famoso. Seu conselho foi franco e

    sincero: a vida s digna de ser vivida quando alimentada por uma grande e puro amor. Eno existe amor verdadeiro sem renncias e sacrifcios.

    _Sers feliz Te-H-T_ disse o artista_ se puderes demonstrar a grandeza de teucorao, medindo-a pela extenso de um ingente sacrifcio. Pela mulher amada o homemdeve sacrificar, meu amigo, no metade de sua vida, mas a existncia inteira.

    Esse foi o conselho do primeiro amigo.Te-H-T buscou o segundo conselheiro, um jovem mercados de peles, Nian-Si.

    Cientificado dos acontecimentos, respondeu o segundo amigo:_ uma proposta louca, Te-H-T! Onde j se viu um moo rico e cheio de sade,

    como s, sacrificar a metade da vida por causa de uma mulher? Sem desprezar os valores eperfeies de tua noiva, digo-te que encontrars por toda a parte, aqui no Tibete, atrsdestas montanhas, milhes e milhes de mulheres lindas, to lindas e to belas como tuanoiva... E quem pode prever o futuro, meu amigo? E se amanh, dominada por uma paixo,Li-Tsen-Li te abandonar, esquecida do teu sacrifcio e for viver, junto de outro corao, avida que uma parte de tua prpria vida? Loucura, loucura, meu pobre Te-H-T...

    Em face das opinies antagnicas dos seus dois amigos, cresceram a dvida e aindeciso ainda mais no corao de Te-H-T. E nesse estado mental, dirigiu-se casa doseu velho e sbio conselheiro, o estudioso Kin-San.

    O terceiro mentor assim opinou ao desorientado rapaz:_Meu caro Te-H-T, se amas realmente tua jovem noiva, deves ceder-lhe metade

    do teu tempo que te esta viver. Convm impor, entretanto, uma condio ao Anjo da Morte.A parcela de vida que cederes tua noiva, poder ser retomada por ti, a qualquer momento,em caso de infidelidade de tua futura esposa. Se ela se mostrar indigna do teu sacrifcio,perder o direito ao tempo de vida que lhe foi cedido. Fora disso, Te-H-T, seria loucura.Fizeste bem em hesitar, sendo prudente. S os insensatos que nunca hesitam.

    ***O jovem noivo aceitou a terceira soluo, que imediatamente antes do amanhecer,

    levou ao Anjo da Morte.O mensageiro divino aceitou a proposta de Te-H-Ta e lhe respondeu:_Est bem, Te-H-Ta! Tua bondosa noiva Li-Tsen-Li viver mais vinte e trs anos.

    Esta parcela de vida no foi, porm dada e sim emprestada.E o Anjo da Morte desapareceu.O jovem Te-H-Ta casou-se com Li-Tsen-Li e dentro de algum tempo eram

    considerados os esposos mais felizes de toda a regio do Tibete. Li-Tsen-Li, aps omatrimnio, passou a chamar-se Til-Long-Li, que quer dizer Minha Vida Querida.

    Um dia, Te-Ha-T teve que fazer uma longa viagem e deixou sua amada esposa eum filhinho de poucas semanas em casa de seus pais. Quando regressou, alguns mesesdepois, teve a dolorosa surpresa de encontrar seus trs amigos, de fisionomia triste e

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    abatida, a sua espera, entrada da povoao em que vivia. Seu corao sobressaltou, novendo a esposa sua espera.

    _Onde est Minha Vida Querida?Por que no veio se lhe mandei aviso de meuregresso?

    _Enche de coragem teu corao, Te-H-T: uma grande desgraa, h trs dias,caiu sobre tua vida...

    _Desgraa? Que foi? Digam-me, digam-me a verdade. Onde est minha esposa?_ Morreu, meu amigo_ respondeu o mais velho._Morreu? No possvel. No possvel... Eu sacrifiquei Por ela metade de minha

    vida...E o jovem, em pranto convulsivo, comeou a blasfemar contra o Senhor da

    Compaixo. Erguia os braos para o Cu, punhos cerrados, em furor, revoltado,blasfemando o Santo nome de Deus...

    Os amigos se afastaram, deixando-o dar expanso sua angstia e sem poderemdemove-lo de sua revolta.

    Eis seno quando, no auge de nova exploso de sofrimento, surge diante do mooenlouquecido de dor, a figura de Han-Ru, o Anjo da Morte.

    _ Han-Ru, faltaste tua palavra... Onde est minha esposa? Que fizeste de Li-Long-Li?

    _ Acalma-te e escuta, Te-Ha-T. Devo dizer-te a verdade, a fim de que nocontinues a blasfemar contra o Senhor da Compaixo. Tua esposa, bem sabes, deveria vivermais vinte e trs anos. H poucos dias, porm, o teu filhinho adoeceu gravemente e iriamorrer. Que fez tua esposa? Pediu a Deus em comovedora orao, que a vida dela fossedada ao pequenino enfermo. Que a criana pudesse viver, embora com o sacrifcio de suavida. E assim aconteceu, Te-Ha-T. Salvou-se o teu filho, mas a tua esposa, morreu...

    E diante do assombro do jovem aflito, o Anjo da Morte, concluiu:_ Enquanto tu, como noivo, hesitaste em ceder-lhe a metade de tua vida, ela, me

    extremosa, no hesitou um segundo sequer, em dar, pelo filhinho, a vida inteira...***

    Esta jovem me tibetana um smbolo, uma imagem de nossas mes amadas, a quem hojerendemos homenagem. Elas so realmente, como conceituava Almeida Garret, a mais belaobra de Deus. Seu amor nos acompanha todos os dias da vida e alm da morte. Suaimagem torna-se escudo de nossas almas, alimento de nosso corao, sntese das afeieshumanas. Seus sacrifcios ocultos so muitas vezes o preo de nossa formao moral. Suaslgrimas afianam diante de Deus, sem o sabermos, a proteo do Cu sobre as nossasvidas.

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    2- O SAL DA TERRA

    Vs sois o sal da Terra; se o sal se tiver inspido, como se poder restaurar-lhe o sabor? para nada mais presta ,

    seno para ser lanado fora e pisado pelos homens (Mat. 5:13)

    H muito tempo, pelos fins do sculo XVII, Mandrell encontrou na regio sul doMar Morto, na mesma Palestina de Jesus, algumas massas de sal que tinham perdido oseu sabor, conforme declarao textual sua. H tambm notcias de certo viajante, quevagueou pelo Oriente e presenciou um fato realmente notvel: certo comerciante de Sdon(a antiga e famosa metrpole fencia) conseguiu um monoplio de sal e adquiriu grandequantidade do mesmo em Chipre; alugou, numa aldeia, sessenta e cinco casas,transformando-as em armazns do produto comprado. Como estas modestas casas nopossuam soalhos, o sal, depositado no cho, dentro de algum tempo perdeu seu naturalsabor. E o viajante relata que viu grande quantidade dele atirada na rua e pisada pelostranseuntes. H tempos, foi verificado por Thomsom, na Palestina, que o sal deste pastorna-se inspido ao contato com a chuva ou com o solo, ou ainda quando exposto ao sol.Quando vem de mistura com a terra, na ocasio em que ajuntado, torna-se igualmenteinspido e imprestvel, reduzindo-se em breve tempo a simples p. Nem para adubo serve;pelo contrrio, _ declara ainda o mesmo escritor_ destri a fertilidade do solo em que lanado. V-lo atirado rua, jogado nas estradas to comum hoje, como na Palestina dostempos de Jesus. Nosso Divino Mestre , no Sermo da Montanha , declarou que seusdiscpulos so o sal da terra. Sua funo se assemelha a funo especfica do sal . Assimcomo este deve salgar, tambm o discpulo do Evangelho deve comunicar ao ambiente emque vive as qualidades tambm especficas do seguidor do Cristo; conservar o que de bomexiste no mundo, evitar a corrupo e o abastardamento dos valores morais da alma etransmitir vida terrena o excelente sabor das Coisas Celestiais. Como? Evidentementepelo constante esforo em prol da exemplaridade de sua vida, pela pureza de seus costumes,pela operosidade sadia de seu carter, pelo seu trabalho espiritual em favor dodespertamento das conscincias, pela dao de si mesmo Grande Causa do Mestre, que o bem de todos e a iluminao das almas, base da felicidade humana e da paz universal.Dever o discpulo agir na sociedade semelhana do sal, que comunica suas qualidadesprprias ao que junto dele est. Se se negar ao exerccio de sua misso de sal espiritual, odiscpulo conhecer o desembaraado desprezo dos homens. Assim como o sal inspido s sal no seu aspecto exterior, igualmente o discpulo fraudulento s cristo nominal, semelhana da figueira frondosa e sem frutos ou do sepulcro caiado... Ser realmentepisado pelos homens, os mesmos homens que engana com suas falsas palavras e seus gestosfingidos; ser, na verdade lanado fora da considerao e da confiana dos que conservam ahonradez e a sinceridade como atributos indelveis do esprito. Como se poderrestaurar-lhe o sabor? _ a pergunta de Cristo. Eis uma solene advertncia que no seconfunde com sutil ou formal negativismo. Deve ser considerada em harmonia com osgrandes ensinamentos da parbola do Filho Prdigo, que nos d justamente o exemplo do

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    sal inspido que, depois de ser lanado fora pelos seus amigos do pas distante para ondefugira, foi igualmente pisado pelos homens, conheceu o desprezo social, sorveu asamarguras da misria , alimentou-se com as alfarrobas dos porcos, foi repudiado pelosantigos companheiros de orgia... E ele, o filho prdigo era amado na casa do Pai, o PaiCompassivo da parbola... Tudo perdeu no roldo das desconsideraes sociais, da misriafsica , da inquietude de conscincia , nos vrtices dos remorsos, distante da companhiaconfortadora do seu amantssimo pai.Se o sal comum, o cloreto de sdio, no pode ter oseu sabor restaurado, graas, mil graas sejam dadas a Deus, pela possibilidade derestaurao do Sal da Terra. Isso nos ensinam as trs maravilhosas parbolas do captulo 15do Evangelho de Lucas. Mas_ esta a verdade_ a restaurao do sabor do sal, isto , aregenerao da alma, sua reintegrao nos direitos sagrados de filho de Deus, s se efetuaatravs do longo processo saneador do sofrimento, da dor conscientemente recebida,paciente e inteligentemente usada. E isso se d, todos sabemos, atravs dosdesapontamentos que destroem orgulhos, atravs das lgrimas que batizam com fogo,atravs de um aflitivo retorno de um filho prdigo aos braos expectantes e amorosos doPai Celestial. E quanto tempo isso pode durar?... A interrogao de Jesus aplicada realidade humana, no significa, pois, que o Divino Mestre admita a impossibilidade derestaurao espiritual, uma vez que a reconquista dos valores perdidos claramente expostanas trs parbolas da compaixo (Dracma perdida, Ovelha desgarrada e Filho Prdigo).Alm disso, constitui a grande mensagem de esperana trazida ao mundo por aquele quedisse que veio buscar os perdidos, no os justos. O que nosso Divino Amigo deseja advertir-nos ser somente, a fim de que jamais nos esqueamos de nossa identidade de salda Terra, nem fujamos ao exerccio de nossa funo essencial e prpria: conservar pelotrabalho e pelo zelo, o que de bom existe no mundo; comunicar sabor celestial s insossas ematerializadas expresses da vida humana; contribuir para evitar que se falsifiquem ou secorrompam os valores legtimos da espiritualidade, que estejam na rbita de nossa tarefa oude nosso destino. Evitemos, pois, com todas as potncias da alma, nossa queda noscaminhos da sensaboria de esprito porqu longo e doloroso ser o esforo de regresso abenoada condio de sal da vida. Evitaremos assim experincias sucessivas dereajustamento e reeducao da alma, atravs de penosos caminhos, que muita vezdesembocam em imensos desertos de solido e de lgrimas...

    (Palestra proferida pelo Professor Clvis Tavares Rdio Continental, no domingo, 20 de setembro de 1959.)

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    3- O QUE ...E O QUE NO ... O ESPIRITISMO.

    Mas receberei poder, ao descer sobre vs o Esprito Santo,E ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalm,

    Como em toda a Judia e Samaria e at os confins da terra.At.1:8

    Caros ouvintes:Gentilmente convidado pelo meu amigo Jubal Guimares par ocupar o microfone da

    emissora Continental, neste momento de seu programa Recreio Espiritual, aqui meencontro para uma breve palestra subordinada ao tema: O que e o que no o espiritismo.

    A vastido panormica do assunto exige, lgico, em presena do microfone, umasntese trabalhada a rigor, j que o tema, realmente , binrio. H que dizer, resumidamenteembora, o que espiritismo, Doutrina Esprita, e tambm, desfazendo baralhadas econfuses, mostrar ao prezado ouvinte, o que no o espiritismo. Hipcrates e Snecas, emsemelhante situao, haveriam de parafrasear sua velha sentena e reconheceriam que hmuito o que dizer e o tempo curto. Vamos, pois, sem mais delongas, ao tema.

    O que o Espiritismo o ttulo de um livro de Allan Kardec, o codificador dadoutrina Esprita. Essa pequenina , mas, excelente obra, foi publicada justamente h umsculo, em 1859, na Frana, como uma introduo aos estudos do Espiritismo. A famliaEspiritista da Frana e do Brasil esto comemorando, este ano, o centenrio deste preciosovolume, que deveria ser manuseado por todo aquele que se interessa pelos problemas dasobrevivncia da alma e de nossa ascenso para Deus. um resumo dos princpios bsicosdo Espiritismo, uma sinopse dos problemas espirituais explicados pela Doutrina e umaresposta s mais habituais objees formuladas contra suas verdades. como uma primeirainiciao. O estudioso, aps essa exposio sumria, ter que subir muitos degraus,palmilhar muitas estradas, subir muitos montes, vadear muitos rios, viajar pelos sete mares,se deseja, realmente conhecer o que o espiritismo, esse admirvel sistema de sabedoria etica, infelizmente to desfigurado por aqueles que lhe desconhecem o profundo contedofilosfico, a firme fundao cientfica e o transcendental carter de revelao religiosa.

    Sim, a doutrina Esprita um compsito cientfico-filosfico-religioso.O Espiritismo cincia. Cincia da vida psicolgica integral, do homem eterno,

    vivente e transitrio na terra, cidado eterno dos cus. E como cincia, o espiritismoconhece, semelhana da psicologia, os mtodos de observao e experimentao. OEspiritismo cientifico tem sua base grantica nos fatos, fatos esses que no so novidadecontempornea, mas, realidade objetiva de todos os tempos, realidade confirmada pelahistoria, aceita pela religio, objeto de especulao da filosofia. O Espiritismo, entretanto,estuda estes fatos, atravs de mtodos cientficos e de argumentos lgicos e verifica,experimentalmente, a realidade objetiva da alma imortal. Como cincia, o Espiritismoestuda os fatos psquicos, esses fatos que o grande Charles Richet bem denominou de fatosinabituais, afirmando: Nas cincias que no so matemticas so a uma prova de valor,que a prova experimental, isto , a observao, pois a prova experimental no passa deobservao, segundo a forte expresso de Claude Bernard. Cientistas do mundo inteiro,tem estudado o fenmeno pisquico, concluindo pela aceitao da verdade imortalista. Foipor isso que um dos maiores sbios contemporneos, a quem devemos o microscpioespectral, o fotmetro de polarizao, a descoberta do tlium, e do estado radiante damatria, alem de inmeros e fecundos estudos no campo da fsica, da Qumica e da

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    astronomia, foi por isso que o grande William Crookes, membro da real sociedade deLondres, declarou: No digo que possvel, digo que .

    E ao lado de Crookes, uma verdadeira legio de cientistas de todos os pases:Varley, o descobridor do condensador eltrico, grande engenheiro britnico; WillianBarrett, o grande fsico ingls; Sir Oliver Lodge, outro fsico famoso, professor dasuniversidades de Londres e columbia, em Nova Iorque; Crawford, professor dauniversidade de Belfast;o Sr. Maxwell, professor da faculdade de medicina de Paris; ogrande neurologista Eugene Osty; Paul Gibier, o discpulo predileto de Pasteur; o dr. HansDriesch, prof. de filosofia da universidade de Leipzig, Alemanha; o dr. Giusep Lapponi,professor de Astronomia e medico dos papas Leo XIII e Pio X ... Seria infindvel a lista ..

    Como filosofia, o Espiritismo oferece ao homem uma nova e sublime viso deDeus, conduzindo-o a um entendimento mais profundo de sua sabedoria e de suas leisperfeitas que regem o universo. Faz dessa compreenso csmica da vida a base de umaverdadeira f, que pode encarrar a razo face a face (na sbia palavra de Allan Kardec)e a rocha viva de uma fora moral superior. Da a feliz expresso de um pensador argentino,parente espiritual de Berdiaeff e de Maritain: O Espiritismo a filosofia.

    No seu terceiro aspecto, alem da cincia e da filosofia, o Espiritismo, comodispensao daquele consolador prometido por Jesus Cristo na ultima ceia: Mas oparacleto, o Esprito Santo, que o pai enviar em meu nome, esses vos ensinar todas ascoisas e vos far lembrar de tudo o que eu vos disse (Jo. 14:25); Quando vier, porm,aquele esprito de verdade, ele vos guiara a toda verdade; porque no falar por simesmo, mas dir o que tiver ouvindo e vos anunciar as coisas que esto por vir.(Jo.16:13).

    E eis que o Espiritismo, que o prprio Allan Kardec qual ficou de Cristo ehumanitario, tem ensinado ao mundo, atravs das Mensagens Espirituais das IntelignciasSuperiores que tem aberto aos homens da terra as paisagens dos cus, inmeras coisasnovas, guiando o homem da terra ao conhecimento da verdade espiritual, fazendo-o sentirde perto a realidade da vida eterna, despertando sua conscincia adormecida para o sagradocumprimento de todos os deveres humanos e divinos, mostrando-lhe a inteligncia o quadromagnfico da evoluo onmoda dos seres e das coisas, explicando-lhe a alma sedenta deluz os mistrios do reino dos cus, falando-lhe da perfeio anglica que ele deveraesculpir em sua prpria alma, atravs das suas vidas sucessivas e solidrias, num esforocontinuo, feito de humildade sincera e perseverana infatigvel. Como disse o mestredivino, o consolador guia o homem no caminho de toda a verdade, ao encontro dos braosamorosos do pai celestial, fonte da beleza suprema, da infinita sabedoria, do amor inefvele da felicidade perfeita.

    Eis o que o espiritismo, caros ouvintes, como cincia, estuda os poderes latentes,muitos ainda misteriosos, desta alma imortal que Deus nos deu, ou melhor, desta almaimortal que somos nos mesmos; como filosofia, eleva nosso pensamento acima dasfrivolidades da vida cotidiana, alem das lutas estreis e dos dios mesquinhos ergue-nos dasambies agitadas e dos apetites inferiores da vida material para um nvel superior depensamento e de vivencia; como religio , o prprio Cristianismo Redivino, o evangelhoda Galileia, simples e belo como foi sentido pelos apstolos, terno e confortador como foiexperimentado pela viva de Naim, pelo corao de Zaqueu, pela alma arrependida deMadalena, pelo cego de nascena ou pelo paraltico de Cafarnaum. Cristo eternamente

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    vivo, Cristo glorioso e eterno, que pelos seus anglicos mensageiros, novamente nos chama,novamente nos mobiliza para o seu exercito de amor e de paz, novamente nos conduz pelocaminho estreito.

    Eis que o espiritismo, dispensao do amor divino no seio do nosso sculo decorrompimentos e de egosmos. Entretanto, essa doutrina humana de sabedoria e debondade, de luz espiritual e de confraternizao humana, tem sido extremamentedesfigurada pela ignorncia de alguns que nela no podem enxergar a cincia do esprito, afilosofia divina, a religio do bem. Inneros ataques lhe tem sido desferidos. Acusaes

    gratuitas lhe tem sido lanadas. Grosseiras interpretaes contra ela tem sido arquitetadas.Consola-nos, a nos espritas, a certeza de que, neste mundo nada de belo e bom tem

    passado inclume e imunizado de ataques. Tudo que tem surgido no de melhor e mais beloneste mundo, de sagrado e de herico na historia pelo contrario, tem sofrido o batismo desangue da perseguio e da incompreenso humana.

    Dos profetas de Israel taa de cicuta de Scrates ; do ostracismo de Aristides cruz de Cristo no calvrio; do martrio dos apstolos s humilhaes de S. Francisco; dafogueira de Savonarola ao martrio de Joana dArc; dos autos de f medievais mediunidade gloriosa de Francisco Candido Xavier, ultrajada pela calunia a peso de ouro,tudo o que a raa humana tem produzido de melhor, de mais belo e perfeito, tem sofrido oimpacto do vandalismo. O Espiritismo, fruto abenoado da Providencia Divina, no poderialivrar-se da infeliz ignorncia humana. Negam-lhe o carter cientifico aqueles que nunca seaproximaram da investigao pisiquica seria e honesta, vanguardeada por homens deelevado probidade e cincia. Negam-lhe o direito de apresentar ao mundo uma filosofia quebaniu para sempre os terrores das penas eternas e ofereceu ao mundo a mais perfeitaconcepo de Deus, resturando a imagem do Pai Celestial, maculada por sadismosteolgicos e transformada em tirano supremo do mundo. Entre outras acusaes econfuoes de que alvo a Doutrina Esprita, procuram os interessados confundi-la com osremanescentes dos cultos africanos, penetrados no Brasil na era do cativeiro e quepersistem, modificados, em estranhas simbioses com pagelanas dos indgenas e emsincretimos desajustados que nada tem a ver com o Cristianismo Restaurado.

    Dizia o grande filsofo e arquelogo francs Salomo Reinach que os homensjamais perdoam as doutrinas que fazem perigar seus interesses. Como a doutrina esprita mensagem de paz e de desprendimento, claro de lgica e refgio de sabedoria econsolaao, alvo dos ataques da violncia e da ambio, da siminia e da treva. Um dessesmovimentos organizados para desprestigiar e impopularizar a Doutrina Esprita o

    Chico e Clvis, emCampos, em 1972,quando o mdiumrecebeu o ttulo decidado campista,oferecido pela cmaramuniciapal desta

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    tentarem confundi-la com os cultos africanos, com a religio dos africanos dos bantos quedesembarcaram dos navios negreiros trazendo suas crenas e seus ritos, seus orixs e seusbabalas, seus afrochs e suas mandingas. O Espiritismo, como doutrina filosfico-religiosa, foi codificado por Allan Kardec em 1857. H dois anos, o mundo inteirocomemorou o centenrio do espiritismo. Ningum pode esquecer que o governo Brasileirochegou a emitir, a 18 de abril desse ano, o selo comemorativo de to importanteacontecimento, com a efinge de Allan Kardec. No h razo pois para confundir um corpode elevados princpios filisoficos e religiosos com o primitivismo dos cultos africanos, quernas suas expresses fetichistas mais antigas, quer nas suas sobrevivncias atuais deumbanda e de quimbanda.

    Nada tem a doutrina esprita, absolutamente nada, com os cultos trazidos docontinente negro para as terras do Brasil e aqui diferenciados e mesclados, quer atravs deimitao grotesca do culto catlico-romano, quer na fuso com a mitologia e o ritual dosindgenas brasileiros.

    Os candombles da Bahia, as macumbas do Rio de Janeiro e de nossa cidade, oscatimbs e os changs do nordeste, so sobrevivncias das expresses religiosas da `fricadistinta e longqua, trazidas pelos escravos do Daomei e da costa do ouro, pelos gruposnegro-maometanos do Sudo, realmente, nestes quatro sculos de nossa histria, tem elesreunido as suas prticas africanas de origem, diversas expresses doutrinarias ou teolgicascom o culto dos orixs nos terrenos ubandistas. Esse fenmeno social-religioso, chamadosincretismo. Vem desgastando as primitivas formas da religio ioruba dos negros do Brasil-colonia, aproximando-a das prticas e dos cultos das igrejas tanto quanto da nomeclatura eexpresses do Espiritismo, de modo algum, entretanto para o estudioso imparcial podeprovocar confuses. Os terreiros de umbanda, de macumba, de magia negra, no so nemcatolicismo, nem espiritismo, embora se tivessem apropriado os africanos escravos e aindao faam os macumbeiros de hoje, exemplificando: numa mesa de catimb se encontralbuns da vida de Jesus ao lado de O livro dos espritos de Allan Kardec, crucifixos demetal e teros de contas brancas ao lado de livinhos de prece espritas. Isso de cabulhadacom baralhos de cartomancia, cachimbos, razes de plantas, rolos de fumo e garrafadas. Noscatimbs e xangs do nordeste, nos candonbles baianos e nas macumbas do sul brasileiroencontran-se, nos seus altares, no mais fetichem africanos, mas imagens e olegravurascatlicas: Oxum representado por S.Jorge. Na Bahia, a festa de N.S. das Candeias nomesmo dia acompanhada pela festa de Iemanj e o Senhor do Bonfim se confunde comOxal. H quadros de santos nos terreiros e as sacerdotizas do culto africano geralmente soconhecidas por filhas de santo tambm so impropriamente chamadas de mdiuns.

    O sincretismo se operou curso de quatrocentos anos, mas, doutririamente,filisoficamente, cientificamente, a religio afro-brasileira de nossos dias (umbanda,quinbanda, candombl, etc.) nem catolicismo, nem espiritismo. bom e justo que assimse firme, pois h muitos que, no estudando o assunto, confundem filosofia esprita com asrudes expexoes da mitologia africana, esquecidos de que tambm nossos irmos catlicosso igualmente vtimas, da parte de escritores ateus e turistas endinheirados e ignorantes, damesma anlise superficial do fenmeno religioso afro-brasileiro, que tem expresses poucolisongeiras para o que chamam de catolicismo popular , tanto quanto outros odenominam totalmente de baixo espiritismo.

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    Ubanda, camdonbl, magia negra, macumba no so espiritismo. Tambmespiritismo no a falsa mediunidade, mediunidade transviada, interesseira e vaidosa,objeto de especulao comercial, ligada atrs de cortinas de fumaa, farmcias elaboratrios desonestos, em consorcio criminoso para explorao do povo ignorante ecrdulo. Esses centros espritas de falso espiritismo se multiplicam por toda parte,paralelamente multiplicao dos terreiros de macumba. E a ambio do dinheiro fcil, ancia vampirica de enriquecer, sem amor e sem temor a Deus, na imitao servil, emambientes fantasiados de religio, das altas expeculaes industriais das grandes empresas edos trustes. E tudo isso contra os humildes, contra os ignorantes, contra os pequeninos, quedeveriam receber so amor fraterno, educao que os liberte da ignorncia, instruoespiritual que os eleve realmente para Deus e para a virtude.

    Onde h explorao, comercio, praticas exticas, crendices, ignorncia, no hespiritismo. Por toda a parte, h falsos mdiuns iludindo o povo, intitulando-se profetasou curadores, em atividades hipcritas de resultados rendosos. Abusos, supersties,cartomancias, mdiuns ridculas e terroristas, nada disso espiritismo.

    Porque Espiritismo, o verdadeiro Espiritismo, cincia do cu para elevar o espritodo homem e enriquecer-lhe o pensamento e o raciocnio com a gloria do entendimento. filosofia que lhe abre a alma sequiosa de paz os horizontes panormicos da eterna beleza,respondendo-lhe as indagaes mais silenciosas do esprito com as alvssaras de sublimesverdades. Espiritismo Cristianismo restaurado, o consolador prometido, a Divina Mode Cristo que novamente se estende, poderosa e cheia de afeto, nossa pobre humanidade,enceguecida pelo materialismo e pelas ambies inferiores para ampara-la no caminho queconduz a Deus, gloria da vida imortal.

    ( Na Rdio Continental em 16 de agosto de 1959)

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    4- O PORQUE DO SOFRIMENTO HUMANO

    No vos enganeis; Deus no se deixa escarnecer,Pois tudo o que o homem semear, isso mesmo ceifar.

    Gal.6:7

    Caros ouvintes:Um distinto amigo, que se refugiou em desguardado anonimato, me pergunta por

    carta, para resposta em microfone, o porque dessas diferenas to notveis e constantes davida humana. Por que, indaga, uns gemem debaixo de padecimentos insuportveis, ao passoque outros parecem sofrer menos, ou sofrer muito pouco e esto cercados, estes ltimos, derecursos que lhes minoram rpida e facilmente os padecimentos?

    Dizes bem, amigo: outros parecem sofrer menos. Sim, porque realmente todossofrem. Hoje, uns, amanh outros, sem nos esquecermos que ontem j sofreram tambmoutros. Sofreram, sofrem, sofreram todos...

    O que estranhas contudo, parece-me, no propriamente a universalidade da dor esim, amigo, a desproporo com que o sofrimento distribudo entre os homens. Simamigo, so tristes as paisagens humanas que contemplamos por toda a parte: vivas namisria ou entre os esconderijos da pobreza envergonhada. Infelizes leprosos, abandonadoshumilhados e tristes. Tuberculosos sem recursos, a caminho da morte. Criancinhas sem po,sem f e sem carinho na putrescencia dos bairros miserveis, ou j pivetes de sargetas e dosbulevares. Os desequilibrados mentais, repudiados pelos prprios familiares, em numeroassustadoramente crescente. Os farrapos humanos abandonados nas salas de indigentes doshospitais, ou nas esteiras podres de cortios, ou estirados as portas de grandes edifcios,ante a indiferena dos poderes pblicos e da sociedade bem nascida e bem posta, a mostraro esquecimento da parbola do bom samaritano. As populaes abandonadas, enfermias,ignorantes, supersticiosas, delinqentes do interior, sem amparo para o seu trabalho, semalfabeto para seus pequeninos, sem higiene, sem educao, sem a beno dos sentimentosreligiosos e verdadeiros...Coraes crucificados em dores morais e ningum v... E o quemais estranhas, acima de tudo, a existncia de criaturas dignas e generosas, conhecendo osrigores de vidas difceis, ao lado de individuos desalmados e desonestos que prosperamrapidamente. Uns conhecem de perto a amargura dos salrios de escrnio. Outros serefestelam no conforto que no lhes custou suor nem trabalho.

    Diante de quadros de aparente desajustamento, muitos perguntam aflitos ourevoltados: Se Deus justo, porque essas injustias?

    J que crs em Deus, meu amigo desconhecido, deixa-me repetir-te: Deus justo,sim Deus a suprema justia, intangvel, inefvel, e uma lei de justia suprema preside osdestinos dos homens. No vejamos iniquilidade nessas paisagens desoladoras da sociedadeterrestre. No h injustia, meu amigo, nesses contrastes chocantes. Cr, por Deus, cr queem tudo se manifesta o cumprimento de leis soberanas e sbias que nossas intelignciasacanhadas ainda no alcanam totalmente, nem imediatamente. Existem causas ignoradasnas tribulaes mais speras. O supremo tribunal dos cus nunca funcionou comparcialidade. Podes crer que l no alto, onde a verdade mora e a justia pontifica, no htiranos caprichosos nem juizes venais.No h seno aparncia de injustia no captulo da dor que atinge o homem.

    No sei se soar bem aos teus ouvidos o nome de Allan Kardec. possvel que no.Conto, porem, com sua mentalidade arejada. Confio no teu corao bem dotado de

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    sentimentos evanglicos. Podes, assim, ouvir a magnfica advertncia apostlica de SoPaulo aos cristos tessalonicenses: Examinais tudo; retende o bem. (I Tes. 5:21).

    Lembra-te, amigo, de que o nome de Jesus Cristo no soava bem aos ouvidos dossacerdotes de Jerusalm, ciosos dos ensinos dos profetas e orgulhosos da ctedra de Moiss.O nome do meigo Nazareno, nosso Salvador, tambm no era agradvel aos ouvidos dosescribas de seu tempo, ortodoxos, dogmticos, pretensiosos, agarrados fanaticamente a letra que mata das Escrituras Sagradas. O nome de Paulo de Tarso, o grande So Paulo,para as comunidades jamaicas de sua poca, simbolizava tambm a heresia sinistra eperigosa. E atravs dos sculos, para os religiosos auto-suficientes e endurecidos decorao, todos os missionrios de Deus, todos os espritos mais nobres, que trazem abenao do alto, uma palavra reformadora, um poder desconhecido, um corao consagradono bem, so sempre hereges, demnios, infiis, satanazes... Todos sofrem odesprezo de seu tempo, todos recebem no corao os dardos inflamados da sperseguioescruentas ou incruentas. Basta recordarmos alguns expoentes da Hora Crist, verdadeirosenviados de Deus: Joo, o Evangelista, Cristomo,Francisco de Assis, Joana DArc, JooHuss, Teresa D`vila, Joo da Cruz, Martinho Lutero, Giordano Bruno, Vicente de Paulo,Savonarola, Allan Kardec, Sundar Sing.

    Espero pois, que ouas, sem desequilbrios de pacincia, alguma coisas do grandesbio francs, filosofo eminente, reformador religioso, que codificou a doutrina Esprita Allan Kardec.

    No captulo 5 de seu maravilhoso O Evangelho Segundo o Espiritismo (livro quepodes ler com grande proveito para tua alma), Kardec nos ensina que as tribulaes da vidaterrestre so de duas espcies, ou, se preferirmos, promanam de duas fontes bemdiferentes, que importa distinguir. Uma tem sua causa na vida presente; outras fora destavida.

    Lembra em seguida o codificador, os sofrimentos que tem sua origem nocarter e no procedimento daqueles que o suportam:

    Quantos homens caem por sua prpria culpa!Quantos so vitimas de sua imprevidncia, de seu orgulho e desua ambio! Quantos se arrunam por falta de ordem, deperseverana, pelo mal proceder, ou por no terem sabidolimitar seus desejos! Quantas unies desgrsadas, porqueresultaram de um calculo de interesse ou vaidade e nas quais ocorao no tomou parte alguma! Quantas dissenses e fumesasdisputas se teriam evitado com um pouco de moderao e menossucetibilidade! Quantas doenas e enfermidades decorrem daentemperana e dos excessos de todo gnero! Quantos pais soinfelizes em seus filhos porque no lhes combateram desde oprincpio as ms tendncias! Por fraqueza, ou indiferena,deixaram que eles se desenvolvessem os germes do orgulho, doegosmo, e da tola vaidade, que produzem a secura no corao;depois mais tarde, quando colhem o que semeiam, admiram-se ese afligem da falta de deferncia com que so tratados e daingratido deles.

    No so justas essas declaraes de Allan Kardec?

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    No creia, pois, nas idias de alguns espiritistas, mais ou menos simplrios ealrgicos ao estudo e ao raciocnio, que buscam sempre uma causa no passado paraexplicar todas as dores do homem sobre a terra...

    Muitas e muitas vezes, na verdade, existem razes dos males presentes em anterioresencarnaes da alma, em preteri0tos s vezes bem distante. Contudo, so inumerveis asaflies conseqentes do mau procedimento do homem, nos mesmos dias desta sua vida.

    Os exemplos que Kardec cita so admirveis. No conheces, por ventura, muitoscasos de sofrimento originados do orgulho? A auto suficincia uma fabrica de lgrimas...

    No sabes que h legies de enfermos, vitimas de cruis padecimentos datuberculose a loucura- porque se entregaram, animalescamente, s emoes inferiores, aosexcessos e desvios sexuais de todo o gnero?

    No conheces, por acaso, a estatstica dolorosa dos lares infelizes, porque nascidosapenas de magnetizante seduo carnal ou da ambio da fortuna do sogro? O sex-appeal ea aura sacra fames tem arruinado milhes de homens e de mulheres...

    E os padecimentos de pais e mes, resultante de sua ternura cega e vazia, ou dessacriminisa hipertrofia de liberbade em que vivem meninos e meninas? No h de fato,muitas lagrimas que so filhas da seduo familiar?

    E os resultados, sempre fatais, da avareza? E as funestas surpresas da prodigalidade?E os rebentos amargos de dios cozinhados na mente revoltada? E o doloroso ensarilhar dearmas depois das batalhas domsticas? E os sofrimentos oriundos da preguia, da tiraniapatronal, do autoritarismo poltico, da desonestidade profissional, da indisciplinarevolucionaria, da hipocrisia religiosa?

    No so sofrimentos que tem suas causa nesta mesma existncia presente?Permite agora, amigo, que nos distanciemos em busca de outros quadros reais da

    vida.Que me dizes desses acontecimentos dolorosos que no se explicam por causas nem

    motivos conhecidos?J pensates nas catrastofes coletivas, multiplicando sofrimentos crudelssimos?

    Onde o porque dos acidentes imprevisveis, dos desastres dolorosos, em que centenas e atmilhares de criaturas so arremesadas no pas do horror?

    Podes explicar tambm todas as enfermidades de nascena? Explicao oujustificao de ordem moral, espiritual, lgico. Pensa bem: porque os pequeninosmonstros, surpresas amargas num ninho domestico? Porque os sofrimentos insuportveisnum corpinho infantil? Que mal, que pecado, que crime cometeu essa criana... para sofrertanto? indagars, como perguntam tantos, como interroga Afonso Celso no seu sonetofamoso... Em verdade um doloroso mistrio a morte de uma criana, sente AnatoleFrance. E que me dizes, se essa morte tem um prefacio de padecimentos torturantes, namesa fria de um cirurgio incompetente ou na esteira suja de um barraco?

    Escuta uma vez mais Allan Kardec, meu amigo, sobre esses problemas que, diz oeminente pensador:

    Ainda nenhuma filosofia pode resolver, anomalias quenenhuma religio pode justificar e que seriam a negao dabondade, da justia e da providencia de Deus, e se verificasse ahiptese de ser criada a alma ao mesmo tempo que o corpo e deestar a sua sorte irrevogavelmente indeterminada aps a

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    permanncia de alguns instantes na terra... Todavia, em virtudedo axioma segundo o qual todo efeito tem uma causa, taismisrias so efeitos que ho de ter uma causa, e desde que seadmita um Deus justo, essa causa tambm h de ser justa.

    Quais sero pois, as causas dos efeitos dolorosos (que so os padecimentoshumanos) se no as achas, dentro da lgica, na vida presente?

    Sei que tua inteligncia no faria do Criador do universo um ditador caprichoso,nem concluiria levianamente e totalmente que os filhos pagam pelos pecados dos pais e dosbisavs...

    Se cremos que Deus e justo, havemos de aceitar que as causas so naturalmentejustas. E se no as encontramos a motivao de determinado sofrimento na vida atual, hde ser anterior a esta vida, isto , h de estar em existncia precedente, diz Allan Kardec.

    Por outro lado, diz o codificador, no podendo Deus puniralgum pelo que fez, nem, pelo mal que no fez, se somospunidos que fizemos o mal; se esse mal no o fizemos napresente vida, telo-emos feito noutra. uma alternativa a queningum pode fugir e nem que a lgica decide de que parte seacha a justia de Deus. O homem, pois, nem sempre punidocompletamente em sua existncia atual; mas, no escapa nuncas conseqncias de suas faltas. A prosperidade do mau apenas momentnea; se ele no expiar hoje, expiara amanh,ao passo de que aquele que sofre esta expiando o seu passado.O infortnio, que, a primeira vista, parece imerecido, tem suarazo de ser e aquele que se encontra em sofrimento podesempre dizer: Perdoa-me Senhor, porque pequei.

    Terminando, meu amigo, quero dizer-te que a lei da reencarnao, se a estudaresbem, oferecer tua mente sequiosa as verdadeiras solues dos problemas humanos.

    O que muitos filsofos antigos e modernos no te podem ofertaro espritoinsatisfeito, encontrars na admirvel filosofia cientifica do Espiritismo Evanglico, que teoferece a `gua da Vida, daquela mesma fonte Divina, que Jesus Cristo.

    Estuda a abenoada doutrina que destruiu a morte, exilou o materialismo e abriu aoscoraes humanos as portas de Ouro da Vida Imortal, oferecendo-lhes uma sntese que cincia, filosofia e religio.

    Estuda-a, meu amigo. E esse monto de problemas que te inquietam o mistrio daconscincia, a manifestao dos instintos, sensaes e percepes, os problemas dapersonalidade e do carter, da mediunidade e do misticismo, os enigmas da vida e da morte todas as inquietantes perguntas que fazes ti mesmo e as pginas dos livros, terorespostas que te deslumbraro.

    Levantars o vu de Isis. Descobrirs um Novo Mundo, Subirs Himalais. Teusjoelhos se dobraro no cume da montanha desa Nova Luz e teu corao glorificar o DeusVivo, Criador do cu e da terra. Entoars um novo Magnificante no silencio de teuencantamento... Possuirs. Finalmente, aquela riqueza que o ladro no rouba e a traa noroi, de que fala Jesus em seu Evangelho. Estars feliz no seio da Grande Luz Que no seApaga e Deus estar contigo, tanto quanto estars com Ele, para sempre!

    (Na Rdio Continental, em 30 de janeiro de 1960)

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    5. MENSAGEM DE NATAL

    que Vos nasceu hoje, na cidade de Davi,O Salvador, que Cristo, o Senhor..

    Lc.2:11

    Prezados ouvintes:Uma vez mais convosco, e agora, s vsperas do Natal, das doces comemoraes da

    Vinda ao nosso mundo Daquele que Vida de nossas almas e a bendita luz de nossosdestinos: o nosso amado Senhor e Salvador Jesus Cristo.

    Sim, caros irmos, caros amigos, sejam ternas, sejam tocadas de Celestial douranossas lembranas do Divino Amigo, neste natal