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A família de Dona Maria de Fátima Alves Dinis (58 anos) e Arquimedes Correia Dinis (64 anos), mais conhecido como Beca, vive numa propriedade de 5 ha, herdada dos pais de seu Beca, há 36 anos, na comunidade Malhada Alegre, município de Santo André, na Paraíba. Moram atualmente na casa, o casal e sua filha Poliana Alves Correia (32 anos). Seu Beca diz que o filho mais velho, Lucas Alves Correia (34 anos), reside e trabalha em João Pessoa, capital do estado da Paraíba. Mesmo com muito trabalho, luta e resistên- cia o casal conta que nunca saíram da casa onde vivem desde quando casaram a 36 anos. Somente no ano de 2005 a família foi apoiada com a construção de sua primeira cisterna de placa, através do Programa 1 Milhão de Cisternas (P1MC). Todos os anos seu Beca cultiva milho e feijão no roçado, para o consumo da família. Já dona Fátima cultiva bem próximo as portas do fundo de sua casa um belo canteiro de hortaliças. Nele a agricultora cultiva: alface, coentro, cebola, pimentão e tomate. Os canteiros são cultivados suspensos por girais feitos de madeira e tijolos. Ela diz: “Plan- tando assim a gente evita que os animais estraguem as plantas, eu aprendi isso com os mais velhos que sempre plantavam assim.” Foi no final do ano passado (setembro de 2010) que a família foi apoiada com 45kg de arame que resultou em 85m² de telas adquiridos através da participação nas reuniões comunitári- as e no Fundo Rotativo Solidário (FRS) comuni- tário. Com isso a família também conseguiu ampliar a criação de galinhas. Hoje utilizam a criação para o consumo da carne e dos ovos. A família as vezes também vende uma parte da criação e adquirem uma renda extra para contri- Paraíba Ano 5 | nº 81 | Agosto | 2011 Santo André - Paraíba Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Saúde e Valorização dos Saberes no Arredor de Casa 1 Poliana e seu pai (Beca) ao lado da cisterna P1MC Poliana e Seu Beca ao lado do cercado das galinhas

Saúde e valorizção dos saberes no arredor de casa

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A família de Dona Maria de Fátima Alves Dinis (58 anos) e Arquimedes Correia Dinis (64 anos), mais conhecido como Beca, vive numa propriedade de 5 ha, herdada dos pais de seu Beca, há 36 anos, na comunidade Malhada Alegre, município de Santo André, na Paraíba. Moram atualmente na casa, o casal e sua filha Poliana Alves Correia (32 anos).

Seu Beca diz que o filho mais velho, Lucas Alves Correia (34 anos), reside e trabalha em João Pessoa, capital do estado da Paraíba.

Mesmo com muito trabalho, luta e resistên-cia o casal conta que nunca saíram da casa onde vivem desde quando casaram a 36 anos. Somente no ano de 2005 a família foi apoiada com a construção de sua primeira cisterna de placa, através do Programa 1 Milhão de Cisternas (P1MC).

Todos os anos seu Beca cultiva milho e feijão no roçado, para o consumo da família. Já dona Fátima cultiva bem próximo as portas do fundo de sua casa um belo canteiro de hortaliças. Nele a agricultora cultiva: alface, coentro, cebola, pimentão e tomate.

Os canteiros são cultivados suspensos por girais feitos de madeira e tijolos. Ela diz: “Plan-tando assim a gente evita que os animais estraguem as plantas, eu aprendi isso com os mais velhos que sempre plantavam assim.”

Foi no final do ano passado (setembro de 2010) que a família foi apoiada com 45kg de arame que resultou em 85m² de telas adquiridos através da participação nas reuniões comunitári-as e no Fundo Rotativo Solidário (FRS) comuni-tário.

Com isso a família também conseguiu ampliar a criação de galinhas. Hoje utilizam a criação para o consumo da carne e dos ovos. A família as vezes também vende uma parte da criação e adquirem uma renda extra para contri-

Paraíba

Ano 5 | nº 81 | Agosto | 2011Santo André - Paraíba

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Saúde e Valorização dos Saberes no Arredor de Casa

1

Poliana e seu pai (Beca) ao lado da cisterna P1MC

Poliana e Seu Beca ao lado do cercado das galinhas

buir nas despesas da casa e da propriedade.

Além das galinhas a família também cria algumas ovelhas, 03 vacas e 03 garrotes. Como a criação de galinhas, seu Beca e Dona Fátima utilizam da criação tanto para o consumo, quanto para conseguir uma renda com a venda dos excedentes.

O casal afirma que pretende ampliar o cultivo de fruteiras no arredor de casa. Querem continuar contribuindo na associação comunitá-ria e assim seguir participando das atividades da comunidade.

Dona Fátima comenta: “Para mim minha horta é tudo! Não preciso ir pra feira comprar comidas com venenos e que se estragam rápido. Tenho tudo que preciso e sadio aqui no quintal de casa”.

No arredor de casa da família tem: goiaba, acerola, limão, mamão e jerimum. Além disso, eles também cultivam algumas espécies de plantas medicinais, como: hortelã miúdo e gordo, erva cidreira, arruda, saião, cebola branca, capim santo, mastruz, cumaru, mororó (planta nativa), ameixa.

Sobre o uso das plantas, Poliana comenta: “Eu estava muito doente, arriada com uma virose braba. Estava tocindo e com febre, minha mãe preparou o lambedor, eu começei a tomar umas colheradas e logo em seguida começei a melho-rar”. Por fim, Fátima ensina a receita do lambedor, feito com as plantas medicinais que ela encontra no quintal.

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Paraíba

Girais suspensos feito por Fátima com tijolos e madeiras

Dona Fátima mostra suas hortaliças para Tato

Ingredientes:

01 punhado de hortelã gordo01 punhado de mastruz01 punhado de cebola branca01 punhado de folhas de cumarú01 punhado de erva cidreira01 punhado de folhas de mororó01 punhado de folhas de ameixa01 copo de suco de laranjaaçúcar à gosto

Modo de Preparo

Cozinha tudo junto numa panela com água e açúcar. Após o cozimento, coa o chá separando as folhas do líquido e retorna ao fogo até ficar no ponto de mel. Retira do fogo e acrescenta o suco de laranja.

Observação: Dona Fátima recomenda tomar uma colher de sopa do lambedor três vezes ao dia. O lambedor serve para combater gripes, resfriados e tosses.

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Apoio:

www.asabrasil.org.br