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Boletim Informativo da Faculdade de Medicina da UFMG Nº 11 - Ano II - Belo Horizonte, junho de 2011 Páginas 4 e 5 D iscernir o real do imaginário não é um de- safio exclusivo dos doentes. A sociedade precisa desmistificar o transtorno para que seja capaz de promover a inclusão das pessoas que convivem com ele. Esquizofrenia: realidade versus imaginação 3 PESQUISA Fumantes passivos na infância podem desenvolver asma 7 CONGRESSO Mudança de perspectiva, da doença para a saúde MEMÓRIA Monumentos da Medicina contam história do Centenário 8 Ilustração: Ana Cláudia Ferreira

Saúde Informa nº 11

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Boletim Informativo da Faculdade de Medicina da UFMGNº 11 - Ano II - Belo Horizonte, junho de 2011

Páginas 4 e 5

Discernir o real do imaginário não é um de-safio exclusivo dos doentes. A sociedade

precisa desmistificar o transtorno para que seja capaz de promover a inclusão das pessoas que convivem com ele.

Esquizofrenia: realidade versus imaginação

3PESQUISAFumantes passivos na infância podem desenvolver asma

7CONGRESSOMudança de perspectiva, da doença para a saúde

MEMÓRIAMonumentos da Medicina contam história do Centenário 8

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Pensar a esquizofrenia

Recentemente, ca-sos de violência que tive-ram grande repercussão foram associados à esqui-zofrenia. Em defesa de seus clientes, advogados alegam que crimes foram cometidos em razão da incapacidade dos acusados de discernir realidade e imaginação.

O Saúde Informa buscou entender a esquizo-frenia do ponto de vista do especialista e do paciente, e assim responder algumas questões: a agressividade é um sintoma típico da es-quizofrenia? É possível ter uma vida normal, estudar, trabalhar, com o uso de medicamentos e outras te-rapias?

Esta edição tam-bém entra no clima do outono-inverno, época do ano em que as preocupa-ções aumentam com as do-enças respiratórias, como a asma. A pesquisa apresen-tada na seção de Divulga-ção Científica revela que, além da baixa umidade do ar, há outro fator, atem-poral, que pode agravar o problema: o tabagismo.

A partir deste nú-mero, você vai conhecer cada um dos eixos temá-ticos do 2º Congresso Nacional de Saúde da Fa-culdade de Medicina da UFMG, que será realizado entre os dias 2 e 5 de no-vembro, no Minascentro.

Confira também as dicas para manter a pele bonita, mesmo em tempos de frio, e fatos do dia a dia de nossa instituição.

Boa leitura!

Editorial Saúde do português

SIC

A palavra sic, advérbio latino, que significa “assim”, é usada com muita fre-quência antes, no meio, ou depois de uma citação, para indicar que houve fiel repro-dução do original, com as mesmas palavras que foram escritas (geralmente para eximir quem cita da responsabilidade atinente a algum erro de grafia ou de sintaxe). Indica que um trecho transcrito não foi alterado, mas se apresenta textualmente, ainda que com ele não concorde o transcritor. Por se tratar de palavra pertencente a outro idio-ma, há de vir entre aspas, em negrito, itálico, sublinhada ou com grifo equivalente. Pode ser também substituída por in verbis.

Alguns exemplos: dor como se ti-vesse infincado uma faca (sic), dói uma dor doída no pé da barriga (sic), “Qualquer mu-dança no ambulatório Jenny Faria deve vigir (sic) apenas a partir de 2012”, Os meninos leram os livro (sic).

O professor Fernando Reis, coorde-nador do Colegiado de Graduação da Fa-culdade de Medicina, relata seu grande in-cômodo quando depara com essa palavra, nas papeletas, sendo usada como sigla (sic = segundo informação do cliente). “Além de ser mais uma sigla de uso restrito, sem correspondente internacional, creio que sua invenção derivou do uso incorreto do ter-mo latino” (sic).

Caso seja aplicada como sigla, uso corrente no jargão médico, pode dar vez a interpretações errôneas do termo latino sic, ou mesmo como indicação dispensável em relatos de anamnese, uma vez que nessa parte da avaliação clínica constam, obvia-mente, informações colhidas do paciente ou dos acompanhantes. Assim, recomenda-se evitar a interpretação de sic como sigla.

Washington Cançado de AmorimProfessor do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia

Contribua para a ‘Saúde do Portu-guês’. Envie sua sugestão ou opinião para [email protected].

Publicações

Estatística na área da saúde: conceitos, me-todologia, aplicações e prática computacio-nal

Pensar os estudos na área da saúde por meio de métodos estatísticos é a proposta do livro de autoria da professora da pós-gradu-ação da Faculdade de Medicina da UFMG, Arminda Lúcia Siqueira, e de Jacqueline Do-mingues Tibúrcio, especialista em estatística. Na obra, de 520 páginas, as autoras defendem que os dados estatísticos devem ser incor-porados à prática, pois são ferramentas úteis para a tomada de decisões. Além da lista com quase 300 referências bibliográficas, há índice remissivo, lista de tabelas, figuras, abreviaturas e siglas, além da inclusão de exercícios para facilitar a fixação dos conceitos apresentados. Ed. Coopmed.

Antropologia da Alegoria da Calúnia

A obra aborda a ação de caluniar a par-tir do universo simbólico do quadro “Alegoria da Calúnia”, da pintora mineira Irma Renault Coelho Lessa, filha de Agostinho Lessa, pro-fessor da Medicina da UFMG no início dos anos 20. A calúnia, associada a atitudes des-trutivas, como atingir, prejudicar e denegrir imagens, é apresentada como “um instrumen-to de violência que visa excluir um indivíduo ou um grupo de convívio social”. Os estudos são organizados pelo médico e antropólogo Ely Bonini Garcia. Os co-autores Márcio Sampaio, Nello Rangel e Jane Amélia anali-sam o tema sob o ponto de vista das Artes Plásticas, da Psicologia e da Psicoterapia. Ed. Artear.

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Fumantes passivos na infância têm chance maior de desenvolver asma

Entre crianças avaliadas com “chiado” no peito após os três anos de idade, 60% estavam expostas à fumaça do cigarro

Victor Rodrigues

Divulgação Científica

Junho de 2011

Os males que o cigarro causa à saúde, mesmo para os chamados “fumantes passivos”, já são bastante co-

nhecidos. Mas uma pesquisa desenvolvida na Faculdade de Medicina da UFMG traz uma novidade: o tabagismo passivo também está relacionado com o risco de desenvol-vimento da asma.

A pneumologista pediátrica Rosiléa Alves da Silva analisou 374 pacientes do programa de controle da asma “Respira Legal”, da Prefeitura de Nova Lima, na região me-tropolitana de Belo Horizonte, entre janeiro de 2009 e agos-to de 2010. Ela procurou avaliar a prevalência da sibilância recorrente - quando a criança apresenta “chiado” no peito em pelo menos três ocasiões ao longo de um ano. O proble-ma ocorre principalmente devido ao estreitamento das vias aéreas, como os brônquios e bronquíolos, nos pulmões. É relativamente comum em crianças mais novas, por causa do tamanho reduzido dessas vias.

Certas crianças sibilam apenas até os três anos, por isso são chamadas de sibilantes transitórias. De acordo com a pesquisa, o tabagismo passivo é fator de risco para esses pacientes, podendo levar ao agravamento da condição. A in-fluência do fumo passivo foi significativa quando a criança passou a apresentar sibilância recorrente após os três anos: 60% das crianças avaliadas estavam expostas à fumaça do cigarro.

Se a mãe também for fumante, particularmente du-rante a gravidez, aumentam as chances de os sintomas per-sistirem após os seis anos. A explicação para isso, segundo a professora Laura Lasmar, orientadora do trabalho, é a fragilidade do sistema respiratório das crianças. “O pulmão se desenvolve até os sete, oito anos de idade. A exposição ao tabagismo até essa idade pode levar à perda da função pulmonar, que pode ser uma perda para a vida inteira”, alerta.

Para a autora do estudo, Rosiléa Silva, a elevada pre-valência de tabagismo passivo entre grupos de pacientes as-

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máticos revela uma falha dos serviços de saúde. “É preciso que as políticas públicas para redução do tabagismo sejam implementadas também nos programas de asma”, afirma.

Nem sempre sibilância é asmaApesar de ser o sintoma mais característico da asma,

nem sempre a sibilância recorrente é associada à doença. A asma é uma condição mais complexa, associada também a sintomas alérgicos. Se não for tratada corretamente na in-fância, pode evoluir para casos graves, levando até mesmo à morte. No entanto, se controlada corretamente, a pessoa pode conviver apenas com os sintomas alérgicos.

Uma das constatações do estudo foi o número ex-pressivo de pacientes acompanhados pelo programa que não apresentavam quadro asmático. Dezessete por cento dos pacientes poderiam ser considerados sibilantes transitó-rios, o que não significa, necessariamente, que tinham asma. “A sibilância pode ocorrer também devido a infecções das vias respiratórias, comuns até os três anos. Nos casos em que o paciente não é asmático, ele acaba recebendo o trata-mento equivocado”, explica Rosiléa.

Por isso, as autoras defendem uma mudança nos programas de controle da asma, de maneira que a avaliação dos pacientes seja otimizada e, assim, os recursos despen-didos pelo sistema de saúde sejam melhor aplicados. Elas sugerem também o acompanhamento por mais tempo des-ses pacientes. Segundo as pesquisadoras, alguns têm alta e ficam recebendo assistência em pronto-socorros durante as crises, sem o acompanhamento adequado.

Rosiléa Silva e Laura Lasmar ressaltam também a im-portância do controle das condições ambientais. Além do cigarro, deve-se evitar aqueles fatores que desencadeiam as alergias apresentadas pelos asmáticos, como ácaros e mofo. Cerca de 80% dos pacientes da pesquisa que continuaram sibilando após os seis anos apresentavam rinite alérgica, uma demonstração da relação direta entre alergia e asma.

Rosiléa Silva e Laura Lasmar defendem acompanhamento prolongado dos pacientes, para que cada caso receba o tratamento adequado

Título: Prevalência e fatores associados aos fenótipos de sibilância recorrente do programa de asma de Nova Lima Autora: Rosiléa Alves da Silva Nível: MestradoPrograma: Saúde da Crian-ça e do AdolescenteOrientadora: Profª. Laura Maria de Lima Belizário Facury LasmarDefesa: 28/04/ 2011

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Junho de 2011

Realidade e imaginação sobre a esquizofreniaMuitas vezes associada erroneamente à agressividade, essa doença mental pode, na verdade, gerar confusão

entre o real e o imaginário. Mas também é possível que seja controlada, sem necessidade do isolamento social

Larissa Nunes

Saúde Pública

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“Coroai-me de rosas, coroai-me em verda-de de rosas. Poesia e esferográfica. Pode algum filho de Deus ser alijado da poesia que está em todos os lugares, em todas as expressões faciais, naquela pequena folha trazida pelo vento, dentro das palavras e gestos cotidianamente ditos por to-dos? Esquizofrenia. Esse é o cara.”

Um dos sintomas mais comuns da es-quizofrenia é a indiferença emocional,

uma certa apatia em relação a sen-timentos alheios. No livro

Coroai-me de rosas, a escritora Rosemara de Mont’Alverne, 43, formada em Direito e Letras pela UFMG e com diagnóstico de es-quizofrenia há 12 anos, mostra que, definiti-vamente, esse não é o seu caso. Em sua obra, o que não falta é sensibilidade.

A esquizofrenia é uma das psicoses mais comuns da sociedade, que acomete cerca de 1% da população. Trata-se de um transtorno complexo, com sintomas e gra-vidade variáveis, que pode atingir mulheres

e homens na mesma proporção e em qual-quer parte do planeta. “Há relatos bíblicos de pessoas com sintomas de esquizofrenia. Não é uma doença da modernidade ou li-gada a um grupo, a uma raça”, explica o psiquiatra e professor do Departamento de Saúde Mental da Faculdade de Medicina da UFMG, Rodrigo Nicolato.

Rosemara recebeu o diagnóstico quando, durante uma fase de depressão, pas-sou a se desfazer dos próprios objetos. Pre-ocupados, familiares a tiraram da casa onde

morava sozinha e a encami-nharam aos médicos.

Seguindo à risca o tratamento indi-

cado, que inclui remédios e consultas re-gulares, hoje

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Realidade e imaginação sobre a esquizofreniaMuitas vezes associada erroneamente à agressividade, essa doença mental pode, na verdade, gerar confusão

entre o real e o imaginário. Mas também é possível que seja controlada, sem necessidade do isolamento social

Larissa Nunes

Foto: Bruna Carvalho

Foto: Ana Paula de Oliveira

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“Esses casos de agressividade, e que ganham destaque na mídia, não acontecem mais com os esquizofrênicos do

que com qualquer pessoa da sociedade”.

Rodrigo Nicolato

A esquizofrenia não impediu Rosemara de Mont’Alverne de escrever um livro e voltar a morar sozinha

ela mora novamente sozinha – “apenas com minha cachor-rinha”- trabalha e, assim, tenta levar uma vida normal.

No outro extremo, estão esquizofrênicos que apre-sentam comportamentos estranhos, perdem a capacidade de diferenciar realidade e imaginação, sofrem alucinações auditivas e, mais raramente, visuais. Acham que estão sen-do perseguidos, alteram seus comportamentos e têm alte-rações de julgamento. Isolamento social, falta de vontade ou de iniciativa também são comuns entre os pacientes.

“Temos hoje medicamentos muito eficazes. Há pessoas que fazem diagnóstico precocemente, respondem bem ao tratamento e até se casam, trabalham e estudam. Mas muitas têm alterações de juízo. Têm aquelas que ficam muito infantilizadas”, alerta Rodrigo Nicolato. Os qua-dros de violência, segundo o médico, são exceções. “Esses casos de agressividade, e que ganham destaque na mídia, não acontecem mais com os esquizofrênicos do que com qualquer pessoa da sociedade”. Segundo o médico, nessas situações, o paciente deve passar para uma análise rigorosa para “provar” sua incapacidade de responder por seus atos.

Origem e tratamentoAlterações neuroquímicas aliadas a fatores externos

podem ajudar a explicar as causas da esquizofrenia. Os pri-meiros sintomas costumam aparecer na adolescência ou no início da fase adulta, entre 16 e 25 anos, mas há relatos de casos em crianças de 5 anos e depois dos 45 anos de vida, principalmente em mulheres. O quadro completo pode le-var anos para se instalar.

“O indivíduo já tem uma vulnerabilidade. Algumas situações, como uma demissão, o fim conturbado de rela-cionamento, um traumatismo e uso de drogas podem fazer com que a doença se manifeste”, explica Rodrigo Nicolato.

Como as causas para as alterações neuroquímicas ainda são desconhecidas, até agora, a ciência não conse-guiu chegar a uma cura definitiva para a esquizofrenia.

e homens na mesma proporção e em qual-quer parte do planeta. “Há relatos bíblicos de pessoas com sintomas de esquizofrenia. Não é uma doença da modernidade ou li-gada a um grupo, a uma raça”, explica o psiquiatra e professor do Departamento de Saúde Mental da Faculdade de Medicina da UFMG, Rodrigo Nicolato.

Rosemara recebeu o diagnóstico quando, durante uma fase de depressão, pas-sou a se desfazer dos próprios objetos. Pre-ocupados, familiares a tiraram da casa onde

morava sozinha e a encami-nharam aos médicos.

Seguindo à risca o tratamento indi-

cado, que inclui remédios e consultas re-gulares, hoje

Antipsicóticos e até antidepressivos são indicados para o tratamento e ajudam a reduzir as crises. A terapia por ele-trochoque também é empregada em alguns casos.

O transtorno tem origem genética e, sendo assim, não é raro que se manifeste entre membros da mesma fa-mília. “Entre gêmeos idênticos, se um irmão apresenta a doença, a chance de que o outro também tenha o transtor-no é de 50%”, ressalta o psiquiatra, mostrando que, mesmo em casos de indivíduos com o mesmo material genético, os fatores ambientais também são decisivos para o início do problema.

O diagnóstico de esquizofrenia é feito por médicos, por meio de exames psiquiátricos. “Até fazemos exames bioquímicos ou tomografia, mas é para descartar ou-tras doenças que possam causar os mesmos sintomas do transtorno, como tumores no cérebro ou neurossífilis, por exemplo”, completa Rodrigo Nicolato.

PreconceitoRosemara de Mont’Alverne conta o que a levou a

escrever um livro de contos sobre esquizofrenia. “Foi uma coisa que eu precisava fazer, sem pensar que era proibido ou não aceito socialmente. Estava morando com minha irmã e queria sair de casa também. Foi um grito de so-corro”, diz. Mesmo sem querer levantar bandeira para a causa, ela lamenta o preconceito sofrido por pessoas com esquizofrenia. “É só aprender a conviver com o diferente”, afirma.

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Alunos criam DA de Tecnologia em RadiologiaFernando Maximiano

Estudantis

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Um ano e meio após o início do curso superior em Tecnologia em Radiologia, os alunos criaram seu próprio diretório acadêmico. A

chapa, formada no último 10 de maio, teve a candidatura confirmada dois dias após sua criação. O objetivo do DA é se transformar numa voz única e organizada, com maior potencial de ser ouvida, além de ser uma ponte entre o curso, a Faculdade de Medicina e as demais institui-ções acadêmicas.

O diretório ainda não tem uma sede definida e as reuniões dos integrantes ocorrem em um dos corredores do sexto andar. A presiden-te Josiane Cardoso, do terceiro período, ressalta algumas dificuldades enfrentadas nesse primeiro momento. “O maior problema para nós é convencer os colegas de que o curso fica sem articulação e os alunos perdem voz ativa sem essa representação”, afirma.

Mas parte dos alunos já reconhece a representatividade do di-retório. “O DA irá trazer melhorias para o nosso curso, sem dúvida. Agora, seremos ouvidos por todos”, diz Henrique Torquato. Para Talita Amélia Gonçalves, o grupo promoverá também o entrosamento dos estudantes. “O DA servirá para discutir ideias e para diminuir o estres-se. Além disso, não ficaremos mais escondidos na Medicina. Temos que aparecer”, afirma.

Uma das suplentes, Karine Cardoso de Lima, explica que o DA não pretende ser apenas uma instituição burocrática. Para ela, a motiva-ção de todos integrantes é voltada para o fortalecimento do curso. “A nossa intenção é aumentar também a visibilidade para toda a socieda-de”, afirma.

HomenagemO coordenador do curso Superior de Tecnologia em Radiologia,

professor Marcelo Henrique Mamede Lewer, cujo nome foi escolhido para batizar o DA, concorda que o diretório pode promover o reconhe-cimento do curso. “Esperamos que tudo dê certo. Quando os alunos me procuraram, achei interessante a iniciativa”, conta.

O DA de Tecnologia em Radiologia é a mais nova representação estudantil da Faculdade de Medicina. Em 2001, surgiu o DAFono, um ano depois da criação do curso de Fonoaudiologia. Já o Diretório Aca-dêmico Alfredo Balena (DAAB), que representa os alunos do curso de Medicina, existe, oficialmente, desde 1958.

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A Associação dos Técnicos e Administrati-vos Aposentados do Campus Saúde (Afa-

med) está envolvida em um projeto de inclu-são digital para os associados. Em junho, está previsto para começar o novo curso de Infor-mática Sênior, com a proposta de apresentar o mundo virtual aos aposentados que ainda não estão familiarizados com o computador e a internet.

Diante da dificuldade de muitos para acompanhar o surgimento das novas tecno-logias de informação, a associada Anna Maria do Nascimento diz que o curso será o começo de uma nova vida. “Vamos aprender a enviar e-mails, navegar na internet e muitas outras coisas. Não ficaremos mais dependentes dos nossos familiares”, diz.

“A ideia é maravilhosa”, comemora a presidente da Afamed, Edith Mathias Siqueira. “Todos os setores estão nos ajudando”, con-ta. Um dos colaboradores é o funcionário do Centro de Computação da UFMG (Cecom), Eugênio Pacelli de Souza, que aceitou ser o professor da primeira turma. “Na hora eu to-pei. Não poderia deixar de compartilhar o que sei com quem quer aprender”, ressalta.

O valor do curso é de R$ 80, dinhei-ro que será usado para cobrir as despesas de elaboração do material didático, composto por uma apostila e vários exercícios que serão re-passados por e-mail ou através do pen drive. Aliás, essa será uma das ferramentas que os alunos vão aprender a manusear.

Afamed incentiva inclusão digital

Pessoas

Edith, Anna Maria e Maria das Graças: o pré-requisito é querer aprender

Por enquanto, reuniões do DA ocorrem num corredor do 6º andar da Faculdade

Diretório AcadêmicoDr. Marcelo Mamede

Presidente: Josiane A. NarcisoVice-Presidente: Gustavo FernandoDiretora de Comunicação: Fátima G. O. VasquezSecretária Geral: Danúbia Maria SilvaTesoureiro Geral: Jonathan B. A. AssunçãoSuplente: Karine C. LimaSuplente: Larissa BragalSuplente: Ederson Henrique Alves

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Centenário

Qualidade de vida

7Junho de 2011

Indivíduo sadio é foco de CongressoA partir desta edição, o Saúde Informa apresenta os temas que serão

abordados nos sete eixos do 2º Congresso Nacional de Saúde

Léo Rodrigues

Frio exige cuidados especiais com a peleFernanda Campos

É comum que as pessoas associem medicina a doenças e hospitais. Mas a Faculdade de Medicina da UFMG

propõe uma abordagem diferenciada, ao promover o 2º Congresso Nacional de Saúde. Com o tema “Políticas de Promoção da Saúde”, o objetivo é discutir ações voltadas para o indivíduo sadio, e não para o doente.

“Nossa tradição médica é pautada na cura. Nos úl-timos anos, cresceu o trabalho de prevenção. Mas preci-samos ir além. Promover saúde é pensar, de modo global, como tornar as pessoas, a sociedade e as instituições mais saudáveis”, explica o professor do Departamento de Medi-cina Preventiva e Social, César Vieira, coordenador do Eixo 1: Políticas Públicas de Promoção de Saúde.

Campanhas de conscientização, criação de áreas para esporte e lazer, ampliação do acesso à educação e cultura, e abertura de espaço na mídia para discutir hábitos saudáveis são exemplos de políticas públicas que os governos podem implementar para promover a saúde. “A violência, o cân-cer, as complicações cardiovasculares e respiratórias e ou-tras doenças crônicas estão matando mais que as doenças transmissíveis. Diante dessa situação, cabe ao setor público estimular novas condutas e contribuir para uma sociedade mais pacífica e saudável”, completa César Vieira.

Já a proposta do Eixo 2: Políticas de Promoção de Saúde nas Organizações é discutir a importância de práticas que promovam o bem-estar dos trabalhadores e das pes-soas ao redor das organizações. “A adoção de uma postura

O evento será realizado entre os dias 2 e 5 de novembro, no Mi-nascentro. As pré-inscrições para apresentação de trabalhos já estão abertas, pelo endereço www.medicina.ufmg.br/congres-sosaude. Paralelamente, será realizada a 10ª Conferência Inter-nacional de Saúde Urbana (ICUH-2011), que recebe inscrições de trabalhos até 30 de junho, pelo site www.icuh2011.com.

em prol da saúde de seus trabalhadores contribui para que a organização se posicione de forma competitiva no mercado e garanta sua sobrevivência a longo prazo”, defende Elaine Emar Ribeiro César, professora da Faculdade de Farmácia da UFMG e coordenadora do Eixo 2.

Segundo Elaine, a promoção de saúde tem que ser encarada como investimento e não como despesa. “A prin-cipal matéria-prima do trabalho é o capital intelectual. Pes-soas satisfeitas no ambiente de trabalho exercitam mais a criatividade e são mais produtivas”, diz a professora. Ela cita o estímulo aos cuidados com a alimentação e a postura, o respeito aos momentos de descanso, a criação de um am-biente propício ao diálogo e à valorização das diferenças, o desenvolvimento de atividades de convívio e lazer, entre as ações que podem ser adotadas pelas organizações a favor da saúde.

Basta a temperatura cair para que a pele, maior órgão do corpo humano, precise de cuidados especiais. Baixa

umidade, vento e mudanças de hábitos exigem atenção re-dobrada com a hidratação.

O dermatologista Claudemir Aguilar, professor do Departamento de Clínica Médica, explica que, durante o inverno, a baixa umidade relativa do ar provoca evaporação de água das camadas mais superficiais da pele, o que causa ressecamento. As regiões mais expostas, como membros e extremidades, são também as mais afetadas. “Para manter a pele saudável, é aconselhável a aplicação de hidratante logo após o banho, para ajudar a reter nas camadas superficiais o conteúdo hídrico absorvido na imersão. O uso adequado de roupas e agasalhos também é importante”, recomenda o especialista.

LábiosA boca é uma região sensível às temperaturas bai-

xas e, quando ressecada, pode apresentar rachaduras e até sangramento. O médico afirma que existem bons produtos no mercado com função hidratante e que os questionados protetores labiais à base de manteiga de cacau realmente são eficazes. “Funciona, mas se houver alergia, deve ser imediatamente suspenso”, orienta.

BanhoNo frio, é comum que os banhos sejam demorados

e muito quentes. Segundo o dermatologista, o uso de sa-bonetes muito abrasivos é outro fator que aumenta o res-secamento da pele. Já o uso de buchas prejudica o manto lipídico da pele, protetor natural contra a perda de água.

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Memória

Bustos e estátuas imortalizam personagens do CentenárioLucianna Furtado

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Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais – Diretor: Professor Francisco José Penna – Vice-Diretor: Professor Tarcizo Afonso Nunes – Coordenador da Assessoria de Comunicação Social: Gilberto Boaventura – Editora: Alessandra Ribeiro (Reg. Prof. 9945/JP) – Redação: Jornalistas: Larissa Nunes, Léo Rodrigues e Marcus Vinicius dos Santos – Estagiários: Amanda Jurno (voluntária), Fernanda Campos, Fernando Maximiano, Lucianna Furtado, Victor Rodrigues. Projeto Gráfico: Ana Cláudia Ferreira de Oliveira e Leonardo Lopes Braga. Diagramação: Ana Cláudia Ferreira de Oliveira - Atendimento Publicitário: Desirée Suzuki – Impressão: Imprensa Universitária – Tiragem: 2.000 exemplares – Circulação mensal – Endereço: Assessoria de Comunicação Social, Faculdade de Medicina da UFMG, Av. Prof. Alfredo Balena, 190 / sala 5 - térreo, CEP 30.130-100, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil – Telefone: (31) 3409-9651 – Internet: www.medicina.ufmg.br; www.twitter.com/medicinaufmg e [email protected]. É permitida a reprodução de textos, desde que seja citada a fonte.

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Foto: Bruna CarvalhoOs cem anos da Faculdade de Medicina

podem ser bem contados pela história de seus monumentos. No jardim de entrada do prédio, o busto de Cícero Ferreira, fundador e primei-ro diretor da unidade, ganhou destaque no ano do Centenário. Poucos meses atrás, o jardim era dividido com a estátua de Hipócrates, con-siderado o pai da Medicina. Mas o busto do filósofo e médico grego foi retirado do local e será reinstalado em frente à biblioteca J. Baeta Viana. Hipócrates ficará perto da estátua que retrata um médico caminhando, e simboliza o esforço e a importância dos profissionais mi-neiros no cuidado com a população. O profes-sor Eduardo Borges da Costa, co-fundador da Faculdade de Medicina, que assumiu a direção da unidade após o falecimento de Cícero Fer-reira, foi mais um imortalizado.

A Faculdade também homenageou per-sonalidades da política, como o ex-presidente da República, Artur Bernardes, e o presidente do Estado de Minas Gerais (atual cargo de go-vernador), Fernando de Melo Viana, que auto-rizou a criação de uma universidade em Belo Horizonte. Outro presidente do Estado que ganhou uma estátua foi Antônio Carlos Ribei-ro de Andrada, o responsável pela união das faculdades de Medicina e Direito, e das escolas de Engenharia, Odontologia e Farmácia, sob o título de “Universidade de Minas Gerais”, em 1927.

Algumas dessas esculturas ficam no corredor do Centro de Memória, no andar térreo da Faculdade. “Os bustos estão ali para honrar as figuras importantes que se empe-nharam na construção e no desenvolvimento

da Faculdade. Conservar essas homenagens é uma forma de reconhecer o grande trabalho dessas pessoas e dar o devido valor à grande causa que elas defenderam”, afirma o coor-denador do Cememor, professor Ajax Pinto Ferreira.

Cícero Ferreira fundou e foi o primeiro diretor da Faculdade de Medicina

AconteceConcurso literárioAté 30 de junho, univer-sitários, alunos do en-sino médio e escritores em geral podem inscre-ver contos e poemas, com o tema “Guima-rães Rosa: vida e obra”, no concurso promovido pela Sociedade Brasi-leira de Médicos Escri-tores. A iniciativa tem o apoio da Faculdade de Medicina da UFMG. Informações: www.so-bramesmg.org.br.

SimpósioO 12º Simpósio do De-partamento de Gineco-logia e Obstetrícia e o 1º Encontro de ex-re-sidentes e ex-alunos de pós-graduação do GOB serão realizados entre os dias 24 e 26 de agos-to, no Salão Nobre da Faculdade de Medici-na. As inscrições serão abertas em breve. In-formações: 3409-9764.

Novo siteA página virtual da Bi-blioteca J. Baeta Viana passou por reformu-lação, com mudanças na disposição das in-formações, cores mais leves, entre outros re-cursos para facilitar a navegação. Além disso, o site passou a ser in-terligado com as outras bibliotecas da UFMG. Confira no www.medi-cina.ufmg.br/biblio.