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o Pemba, Caixa Postal, 260 E-mail: [email protected] M o ç a m b i q u e Cabo Delgado, Nampula, Niassa, Zambézia e Sofala Líder da Renamo recua depois da intervenção de dois diplomatas Venâncio Mondlane candidato do MDM Municipais 2013 já mexem Pág. 2 Centrais A cambalhota de Dhlakama

SAVANA de 02 de Agosto

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Page 1: SAVANA de 02 de Agosto

o

Pemba, Caixa Postal, 260E-mail: [email protected]

M o ç a m b i q u e

Cabo Delgado, Nampula, Niassa, Zambézia e Sofala

Líder da Renamo recua depois da intervenção de dois diplomatas

Venâncio Mondlane candidato do MDMMunicipais 2013 já mexem

Pág. 2

Centrais

A cambalhota de Dhlakama

Page 2: SAVANA de 02 de Agosto

TEMA DA SEMANA2 Savana 02-08-2013

Embora se mantenha a incógnita

em torno da materialização das elei-

ções autárquicas no próximo dia 20

de Novembro em virtude da tensão

político-militar que divide o Gover-

no e a Renamo, dois dos três par-

tidos com assento no parlamento já

se mexem.

Recorde-se que a Renamo, maior

partido da oposição, reitera a sua

posição de que enquanto não for re-

visto o pacote eleitoral não participa

nas eleições e na última reunião do

Conselho Nacional ameaçou invia-

bilizar as eleições.

Tal como se verificou em 2011,

aquando da eleições intercalares

em virtude da renúncia de três edis

(Quelimane, Pemba e Cuamba), o

MDM tomou a dianteira de apre-

sentar os seus rostos para escrutínio

do próximo dia 20 de Novembro.

Para a cidade de Maputo, o MDM

avança com Venâncio Mondlane.

Para a cidade da Beira, berço e bas-

tião do MDM, Daviz Simango vai

para o terceiro mandato enquanto

que para a cidade de Quelimane,

capital provincial da Zambézia, o

actual edil, Manuel de Araújo con-

corre à sua própria sucessão. Para a

cidade Nampula o MDM apresen-

tou o nome de Mahamudo Amura-

ne, gestor de empresas e agente eco-

nómico da província de Nampula.

Formado em engenharia Florestal

pela UEM, Venâncio Mondlane é

um funcionário bancário de 39 anos

de idade. Mondlane notabilizou-se

no espaço público pelos seus co-

mentários críticos ao regime.

O nome de Venâncio Mondlane

começou a ser ligado ao MDM em

2009, quando apareceu como um

dos elegíveis ao cargo de secretário-

-geral.

Nascido numa família com fortes

ligações ao partido Frelimo, onde o

pai ocupou cargos de direcção em

diversas empresas públicas, a ligação

de Venâncio Mondlane ao MDM

não foi pacífica ao nível familiar que

se identifica com o partido no poder.

O candidato ao município de Nam-

pula é um agente económico de 40

anos de idade, formado em gestão

de empresas em 1999 pela Pontifí-

cia Universidade Católica do Brasil.

Tal como Venâncio Mondlane, a

família de Mahamudo Amurane

também tem fortes ligações com o

partido no poder. O candidato do

MDM é irmão da actual ministra

na Presidência para os Assuntos

Parlamentares, Autárquicos e das

Assembleias, Adelaide Amurane.

Para o Município da Matola, o

MDM avança com o nome de Sil-

vério Ronguane, sociólogo e docen-

te universitário.

Ronguane concorre pelo município

depois de, em 2003 ter sido excluí-

do da corrida eleitoral ao município

de Maputo. Nessa altura, Silvério

Ronguane concorria como indepen-

dente.

Até ao fecho da nossa edição, o

MDM apenas tinha oficialmente

apresentado candidatos aos municí-

pios da província de Nampula.

Para além de Muhamudo Amurane,

o MDM apresentou Fátima Anifa

Reane Couto, de 59 anos de idade,

como sua candidata para o municí-

pio de Nacala - Porto.

Na Ilha de Moçambique, o MDM

tem como candidato Abdul Rahi-

mo Abdul Satar, antigo quadro da

Renamo que, entre outros cargos, já

assumiu as funções de vereador de

administração e finanças naquele

município, quando estava sob go-

vernação da Renamo no mandato

passado.

No município de Ribáuè, ainda na

província de Nampula, o MDM

aposta no professor Luís Constan-

tino Aonaquina.

Para o município de Angoche, o

candidato é Faruque Abdala, de 38

anos de idade, com nível médio em

ensino geral.

Enquanto isso, para o município de

Monapo, Zeferino João, que tem

nível médio geral, será o rosto do

MDM.

Já em Malema, nova autarquia da-

quela província, o candidato do

MDM é Francisco Jamal, de 56

anos, com terceiro ano de ensino

agrário do nível elementar.

Candidatos da Frelimo na forja Enquanto o MDM avança com no-

mes dos candidatos às autarquias, a

Frelimo adiou a realização da elei-

ções internas, inicialmente marca-

das este fim-de-semana.

A escolha dos candidatos que deve-

rão concorrer pela Frelimo será fei-

ta entre os dias 17 e 18 de Agosto.

Neste momento, várias listas prove-

nientes dos círculos do partido onde

vão decorrer as eleições chegam à

Comissão Política para a selecção

final.

Soube o SAVANA que a Comissão

Política vai carimbar três nomes

para cada município a fim de con-

correr para as internas.

Porém, informações em poder do

SAVANA indicam que David Si-

mango, actual edil de Maputo vai

concorrer à sua própria sucessão.

Do princípio, este será o único can-

didato que não enfrentará oposição

interna. Para o município da Beira,

o partido Frelimo avança com os

nomes de Zacarias Magibire, do-

cente da Universidade Pedagógica,

delegação da Beira e antigo membro

da Assembleia Municipal de Don-

do, Mateus Saize, actual presidente

da Assembleia Municipal da Beira

e Jaime Meto, deputado da As-

sembleia da República pelo círculo

eleitoral de Sofala. Dos três concor-

rentes, o candidato de preferência

da direcção do partido é Zacarias

Magibire.

Para o município de Nampula, a

Frelimo dispensou o actual edil,

Castro Namuaca e avançou nomes

de Absalão Sueia, antigo adminis-

trador de Malema e Primeiro se-

cretário da Frelimo ao nível da ci-

dade de Nampula, Kabir Ibrahimo,

vice-presidente da CTA-Norte; e

Amisse Cololo, director técnico da

Assembleia Provincial de Nampula.

O nome de Absalão Sueia é aponta-

do como favorito.

Os rostos das autárquicas

O arcebispo emérito da

Beira, Dom Jaime Pe-

dro Gonçalves, disse

em entrevista ao SAVA-

NA que a situação política que se

vive no país poderia ter sido evi-

tada no acto de implementação

do AGP (Acordo Geral da Paz),

assinado em Outubro de 1992, em

Roma, capital italiana.

Dom Jaime Gonçalves defende

que alguns protocolos não foram

cumpridos na íntegra pelas partes

envolvidas, nomeadamente o Go-

verno da Frelimo e a Renamo.

“Alguns pontos em discussão no

diálogo entre o Governo e a Re-

namo estão preconizados nos pro-

tocolos do AGP. Uma vez que este

não foi cumprido na íntegra, te-

mos esta confusão. Quando com-

bina-se uma coisa é para cumprir”,

disse o arcebispo emérito da Beira,

segunda maior cidade do país.

Tal como defendem muitos mo-

çambicanos, Dom Jaime Gon-

çalves também apela às duas de-

legações a assumirem um diálogo

permanente, afirmando ainda que o

PR (Presidente da República) e o

presidente da Renamo devem encon-

trar-se para dialogar.

“Os dois devem encontrar-se com

urgência para resolver os problemas

do país. Os dois conhecem os pontos

que não foram cumpridos no âmbito

da implementação do AGP. O Chefe

do Estado foi negociador chefe pela

Frelimo e Raul Domingos pode jo-

gar um papel importante, porque

também foi negociador chefe pela

Renamo. Todas as discussões eram

canalizadas ao líder da Renamo e

ao antigo Chefe do Estado, Joaquim

Chissano, que também pode ajudar a

explicar o que falta por cumprir no

AGP”, afirmou.

Quanto ao local ideal para o en-

contro, Dom Jaime diz que tanto

Gorongosa, como Maputo podem

acolher a sessão, pois, diz ele, o im-

portante é que haja paz duradoira e

livre circulação de pessoas e bens em

Moçambique.

O arcebispo emérito da Beira foi um

dos mediadores da paz, mas agora diz

que a sua saúde não ajuda muito para

reassumir protagonismo no diferen-

do que opõe o Governo da Renamo.

“A minha contribuição pode ser

através de opiniões e conselhos pu-

blicados na imprensa. Sentar-me à

mesa para ouvir a todos já não posso.

Desejo existe, mas a saúde não ajuda

muito e tenho recomendação médica

para não fazer muito esforço”, escla-

receu.

Desmilitarização da RenamoOs protocolos quatro e cinco do

AGP falam da criação de um exér-

cito único no país, pelo que não faz

sentido, diz Dom Jaime, que até hoje

a Renamo tenha homens armados

que ainda não foram integrados na

Polícia, tal como ficou acordado.

“O incumprimento dos protocolos

quatro e cinco é que está a pôr em

causa o AGP, e este assunto deve ser

resolvido com urgência. Não vamos

andar à procura do mal, quando sa-

bemos a sua origem”, disse.

Sobre o alegado cerco de Gorongosa,

onde se encontra Afonso Dhlakama,

Dom Jaime entende que as FDS

(Forças de Defesa e Segurança),

nomeadamente a FIR (Força de Intervenção Rápida) e as FADM (Forças Armadas de Defesa de Moçambique) devem abrir espaço para o diálogo, deixando a zona. “Como é que alguém que está cercado vai circular e negociar um problema. Neste país tem de haver circulação de pessoas e bens livre-mente, porque estamos em Estado de Direito e Democrático”, disse, condenando também os ataques da Renamo.Sobre o boicote anunciado pela Renamo às eleições autárquicas de 20 de Novembro, o arcebispo emé-rito da Beira julga que “não é ético” que haja eleições para uns enquan-to outros pedem a resolução de problemas que duram há 20 anos. “A não participação da RENA-MO pode ter outra interpretação

dentro e fora do país e suas conse-

quências. Tudo deve ser feito para

que todos participem, evitando as-

sim fragilizar a democracia”, notou

Dom Jaime.

- Venâncio Mondlane em Maputo, Daviz Simango na Beira, Araújo em Quelimane e Mahanudo Amurane em Nampula;

- Frelimo adia “eleições internas” para os próximos dias 17 e 18 de Agosto, mas informações na posse do SAVANA indicam que David Simango con-corre pela cidade de Maputo, Zacarias Magibire para Beira e Absalão Sueia para a cidade de Nampua

Por Raul Senda

“Ausência da Renamo pode fragilizar democracia”- comenta Dom Jaime Gonçalves sobre o boicote anunciado pelo maior partido na oposição às autárquicas de Novembro

Por Constantino André, na Beira

David Simango Zacarias Magibire Mateus Saize

Daviz Simango Manuel de Araújo Venâncio Mondlane

Page 3: SAVANA de 02 de Agosto

TEMA DA SEMANA 3Savana 02-08-2013 PUBLICIDADE

Page 4: SAVANA de 02 de Agosto

TEMA DA SEMANA4 Savana 02-08-2013

Conferência de candidaturas eleitorais: um “exército” para manusear 30.000 folhas

TEMA DA SEMANA

Um “exército” de funcioná-

rios poderá ser mobilizado

pela Comissão Nacional

de Eleições (CNE) para

proceder à verificação dos documen-

tos de candidaturas para as eleições

autárquicas de 20 de Novembro pró-

ximo.

Os procedimentos de apresentação

de candidaturas anunciados pela

CNE em 22 de Julho referem que

“o processo recebido é conferido, ru-

bricado e carimbado folha-a-folha,

na presença do mandatário ou seu

substituto, conforme a ficha-resumo

de registo dos processos de inscrição

ou individual do candidato aprovado

pela CNE”.

“No momento do recebimento de

cada processo, é preenchida a ficha-

-resumo, sob conferência presencial

do mandatário ou representante

feita ao expediente que este apresen-

ta....”

Este é um procedimento novo, que

não consta da lei, e foi anunciado na

semana passada pela CNE, com ob-

jectivo de evitar a confusão ocorrida

em 2009, em que os processos fo-

ram aceites sem serem previamente

verificados, e só mais tarde se veio a

descobrir que faltavam documentos.

Esta situação resultou na exclusão de

vários partidos.

Segundo dados do STAE, este ano

haverá 1.216 assentos em todas as

53 Assembleias Municipais. Assim,

cada partido político, coligação ou

lista de cidadãos eleitores devem

apresentar candidatos correspon-

dentes ao tamanho da Assembleia

Municipal e pelo menos três su-

plentes (contudo, querendo, são au-

torizados a apresentar uma lista de

suplentes correspondente ao número

de assentos).

No acto da formalização, cada can-

didato deverá apresentar cinco do-

cumentos, nomeadamente: cópias

do bilhete de identidade e o cartão

de eleitor, um certificado de registo

criminal e duas declarações separa-

das: uma que manifesta a sua acei-

tação de se candidatar e outra que

declara a sua elegibilidade para ser

candidato.

Em 2008 houve, em média, quatro

partidos ou listas de cidadãos que

tiveram candidatos em cada muni-

cípio.

Assim, assumindo que a tendência

de 2008 se mantenha este ano nas

53 autarquias, significa que o CNE

deverá processar mais de 30.000 fo-

lhas e compilar duas cópias de uma

ficha-resumo (uma para CNE e ou-

tra para o partido) na qual atesta que

fez a conferência do documento.

A maioria dos documentos, certa-

mente, será apresentada no último

dia, 6 de Setembro. Será que o CNE

está pronta para processar 20 mil fo-

lhas em um dia?

A CNE reconhece que serão “mui-

tos” documentos por analisar, mas

garante que desta vez estará melhor

preparada para lidar com os mesmos,

evitando, deste modo, o que aconte-

ceu em 2009, em que alguns partidos

queixaram-se do desaparecimento

de algumas folhas.

Esta garantia foi dada por António

Chipanga, vogal da CNE e coorde-

nador da comissão jurídica, o mesmo

que numa reunião com os observa-

dores da comunidade diplomática,

a 23 de Outubro de 2009, admitiu

que a CNE não estava preparada

para os milhares de processos que

foram apresentados a 29 de Julho

do mesmo ano, e que as caixas com

processos foram deixadas espalhadas

por toda a CNE.

Na ocasião, Chipanga que também

ocupava o mesmo cargo, chegou

mesmo a fazer ironia acerca de um

“vento maligno” que aparentemente

espalhou alguns papéis.

A CNE acreditava que podia verifi-

car todas as candidaturas e que tinha

elaborado um recibo adequado para

entregar aos partidos políticos, como

comprovativo de que havia recebido

a documentação, sem no entanto

confirmar a sua conformidade.

De facto houve um caos total e não

foi feita nenhuma verificação antes

de entregar o recibo e o Conselho

Constitucional, na sua deliberação

(Acórdão nº 09/CC/2009 de 28 de

Setembro), disse que aceitar os pro-

cessos sem os verificar “viola mani-

festamente disposições imperativas

da lei”.

Chipanga disse que este ano, a CNE

estará preparada, devendo contar

com um “exército” de funcionários

do STAE e CNE, alguns dos quais

serão funcionários e membros das

comissões eleitorais da Cidade e

Província de Maputo. Este foi um

dos meios utilizados nas eleições

passadas para verificar, novamente,

os milhares de votos nulos.

Assembleias Municipais: assen-tos reduzidos em Maputo, Beira e CuambaOs Municípios de Maputo, Beira

(Sofala) e Cuamba (Cabo Delgado)

terão menos membros nas Assem-

bleias Municipais do que actual-

mente, devido a uma queda no nú-

mero de eleitores recenseados.

Os outros 40 municípios antigos

mantêm ou aumentam os números

de membros, de acordo com a lista

de mandatos aprovados na quarta-

-feira, pela CNE.

Assim, na cidade de Maputo o nú-

mero de assentos cai de 67 para 64

assentos, na Beira de 45 para 44 e

Cuamba, com a maior redução, de

31 para 21.

Os maiores aumentos, segundo da-

dos da CNE, registam-se em Moa-

tize (Tete), passando de 13 para 21 e

Angoche (Nampula), de 21 para 31.

Os resultados finais do recensea-

mento eleitoral realizado de 25 de

Maio a 23 de Julho, aprovados na

quarta-feira pela CNE, contêm al-

gumas mudanças relativas ao total

de pessoas inscritas. A lista contém

1.408 eleitores inscritos acima do

que fora tornado público pelo Secre-

tariado Técnico de Administração

Eleitoral (STAE), imediatamente à

seguir ao término do processo. As-

sim, o número total de eleitores ins-

critos elevou-se para 3.059.794.

O número de assentos na Assem-

bleia Municipal é baseado no núme-

ro de eleitores recenseados. De acor-

do com a lei eleitoral a Assembleia

terá:

— 13 membros, se estiverem inscri-

tos menos de 20.000 eleitores.

— 17, se registados entre 20.000-

30.000

— 21, se recenseados entre 30.000-

40.000

— 31, se inscritos entre 40.000-

60.000, e

— 39, no caso de registados mais de

60.000 eleitores.

Entretanto, nos municípios onde

o número de eleitores supera os

100.000, aumenta-se aos 39, um

assento para cada 20.000 eleitores

adicionais aos 100.000. Isto signifi-

ca que um município que registou

123.000 eleitores, terá 39+1.

Assim, a Cidade da Matola, por

exemplo, que registou 386.579 elei-

tores, tem 39 lugares mais 14 lugares

adicionais, pelos 280.000 eleitores

acima de 100.000 que registou, per-

fazendo um total de 53 lugares.

Autárquicas: apenas quatro manifes-

tações de interesse em concorrer

Apenas dois partidos políticos e

duas listas de cidadãos eleitores ma-

nifestaram interesse de participar

nas eleições autárquicas de 20 de

Novembro próximo, efectuando a

sua inscrição junto da CNE.

Trata-se dos Movimento Democrá-

tico de Moçambique (MDM), Par-

tido Humanitário de Moçambique

(PAHUMO), Juntos pela Cidade de

Maputo ( JPC) e ASSIMUNA, de

Nampula, estes dois últimos são gru-

pos de cidadãos eleitores que preten-

dem concorrer para ser membros das

Assembleias Municipais.

Até ao momento, a CNE aceitou a

inscrição do MDM e do JPC, fal-

tando decidir sobre a aceitação ou

não da manifestação de interesse dos

demais.

De salientar que os partidos e coli-

gações de partidos políticos devem

registar-se em Maputo, mas os gru-

pos de cidadãos locais podem sub-

meter seus documentos para a Co-

missão Provincial de Eleições.

O prazo para a realização das inscri-

ções é até terça-feira, 6 de Agosto,

ao que se seguirá a submissão dos

documentos de candidaturas para

aquele partidos, coligações e grupos

de cidadãos eleitores cujas inscrições

foram aceites.

(Boletim sobre o processo político em Moçambique)

Page 5: SAVANA de 02 de Agosto

TEMA DA SEMANA 5Savana 02-08-2013 SOCIEDADE

Depois de vários anos em que

o Instituto Nacional de Se-

gurança Social (INSS) te-

ria se tornado virtualmente

num saco azul para operações es-

tranhas ao seu mandato, surgiu, nos

últimos tempos, uma proposta que

pretende colocar aquela instituição

guardiã das pensões dos trabalha-

dores, sob alçada do Ministério das

Finanças.

A proposta está a levantar um gran-

de sururu no seio dos trabalhadores,

que consideram que a transferên-

cia da tutela da instituição para o

Ministério das Finanças tornará-a

efectivamente numa extensão do

Tesouro, colocando os seus recursos

directamente sob gestão do gover-

no.

Actualmente, o INSS é tutelado

pela Ministra do Trabalho, mas

gozando de autonomia adminis-

trativa, financeira e patrimonial. Os

principais contribuintes para a ins-

tituição, no âmbito da legislação so-

bre a Segurança Social Obrigatória,

são as empresas e os trabalhadores,

que mensalmente descontam uma

parte dos seus salários como contri-

Governo quer transferir tutela do INSS para MInistério das Finanças

buição para as suas futuras pensões.

Alguns especialistas em matéria de

segurança social, contactados pelo

SAVANA, consideram que para

além de violar as normas estabe-

lecidas pela Organização Interna-

cional do Trabalho (OIT) quanto a

esta matéria, a colocação da tutela

do INSS junto do Ministério das

Finanças poderá complicar ainda

mais o sistema nacional de segu-

rança social, uma vez que ao abri-

go da legislação sobre a segurança

social obrigatória, o Ministério das

Finanças já é responsável pela ges-

tão da segurança social de todos os

funcionários do Estado.

De acordo com o seu estatuto or-

gânico, aprovado pelo Decreto nº

17/88, de 27 de Dezembro, o INSS

“é uma entidade pública, dotada de

personalidade jurídica, de autono-

mia administrativa e financeira e de

património próprio”.

O estatuto atribui ainda a tutela do

INSS ao Ministro do Trabalho. As

suas actividades são supervisiona-

das por um Conselho de Adminis-

tração, composto obrigatoriamente

por representantes, em número

igual do Estado, das entidades em-

pregadoras e dos traqbalhadores.

A gestão corrente da instituição é

assegurada por um Director Geral,

nomeado pela entidade que a tute-

la, depois de ouvido o Conselho de

Administração.

Apesar de ter uma forte componen-

te do Estado na sua gestão, efecti-

vamente, o INSS é propriedade dos

seus contribuintes, que é a maioria

dos trabalhadores moçambicanos.

Por isso, receia-se que a transferên-

cia da sua tutela para o Ministé-

rio das Finanças poderá criar uma

situação em que os seus activos,

constituídos essencialmente pelas

contribuições dos trabalhadores,

possam ser confundidos com ou-

tros recursos residentes no Tesouro,

e daí serem utilizados para finan-

ciar actividades que recaiem sobre o

Orçamento Geral do Estado.

Em contacto com o SAVANA, o

Secretário Geral da OTM, Ale-

xandre Munguambe, disse que não

tinha conhecimento da proposta de

transferência do INSS para o Mi-

nistério das Finanças e sublinhou

que a acontecer, o assunto terá que

ser primeiro discutido ao nível da

Comissão Consultiva do Trabalho

(CTA), o órgão onde estão repre-

sentadas todas as partes interessa-

das no INSS.

“Esse assunto nunca foi levanta-

do ao nível da CTA, que é o local

onde ele poderia ser discutido”, dis-

se Munguambe. “Por isso, não me

posso pronunciar”.

Fontes competentes disseram ao

SAVANA que o Ministério das

Finanças tem a função de regula-

dor para o sector financeiro e ao

assumir a tutela do INSS estaria,

em simultâneo a desempenhar o

papel de regulador e de operador

do sector.

Aparentemente, a decisão de trans-

ferir o INSS para a alçada do Mi-

nistério das Finanças surge como

resposta aos sucessivos escândalos

em que a instituição tem estado

envolvida nos últimos anos, resul-

tando na mudança constante dos

seus órgãos de administração e de

gestão.

Mas as mesmas fontes disseram

que sendo esse o caso, a melhor

solução seja talvez encontrar uma

nova estrutura para a organização, e

não se tentar resolver um problema

criando-se outro.

Em contacto com uma fonte da

CTA, o SAVANA soube que o as-

sunto terá sido apresentado há cer-

ca de três meses, tendo nessa altura

sido constituida uma equipa inter-

-ministerial envolvendo os Minis-

térios do Trabalho, da Planificação

e Desenvolvimento e das Finanças.

A fonte disse que o objectivo do

trabalho da equipa era auscultar as

diferentes sensibilidades da socie-

dade moçambicana sobre o assunto,

tendo em vista a definição de novos

estatutos e desenho do rumo que o

INSS deveria tomar no futuro.

Mas a mesma fonte adiantou que

apesar da CTA ser parte interessa-

da, ainda não foi formalmente in-

formada quer do resultado quer das

conclusões do trabalho da equipa.

O SAVANA soube também de

fontes seguras que ao mesmo tem-

po que procura retirar o INSS da

tutela do Ministério do Trabalho,

há também outras movimentações

para a transferência da Delegação

do Ministério do Trabalho na Áfri-

ca do Sul para a alçada do Minis-

tério dos Negócios Estrangeiros e

Cooperação (MINEC).

As fontes que nos avançaram esta

informação disseram que está a pe-

sar para essa decisão o facto de que

as relações de Moçambique com

outros países do mundo devem ser

conduzidas através do MINEC.

Mas segundo soubemos, a Delega-

ção do Ministério do Trabalho na

África do Sul goza de um estatuto

especial, que consta de um acordo

assinado entre os dois países nesse

sentido em 1992, como uma aden-

da ao acordo original rubricado em

1964, quando Moçambique ainda

era colónia portuguesa. (Redacção)

Tal como o SAVANA

noticiou na última edi-

ção, Rogério Sitoe foi

“afastado” da direcção

do jornal notícias e em seu lu-

gar foi indicado Jaime Langa,

um economista sem credenciais

conhecidas no jornalismo.

Até à data da sua nomeação,

Jaime Langa era vereador para

área das actividades económi-

cas do município da Matola e

director do jornal de Negócios,

uma inexpressiva publicação via

electrónica.

O novo boss do jornal notícias

foi empossado nesta terça-

-feira pela PCA da Sociedade

do Notícias, Esselina Macome,

que justificou a indicação com

a necessidade de dinamizar o

funcionamento da publicação e

continuar a responder ao mer-

cado.

Sitoe, que “tecnicamente pediu

para sair”, foi director do jornal

por cerca de dez anos, quando

Jaime Langa, novo boss do notícias

substitiu Bernardo Mavanga,

em 2003.

“Rogério Sitoe foi afastado não

propriamente por ter ido a Sa-

tunjira, mas pelas convicções

pró Dhlakama que trouxe de

lá e compartilhou com colegas

bufos que relataram ao regime.

Mas aliado a isso, há outras

makas internas que foi acumu-

lando”, afiançou-nos uma fonte

bem colocada no jornal detido

maioritariamente pelo Banco

de Moçambique.

Anteriormente, havia sido co-

gitado os nomes de Delfina

Mugabe e Júlio Manjate para

substituir Sitoe, mas, à última

da hora, veio a baila Jaime Lan-

ga. Lutas internas, que culmi-

naram com cartas escritas para

os accionistas, Comissão Polí-

tica e Secretariado do Comité

Central da Frelimo, terão dita-

do para que seja indicado uma

pessoa de fora.

(Redacção)

Page 6: SAVANA de 02 de Agosto

6 Savana 02-08-2013INTERNACIONAL

O primeiro-ministro do

governo de unidade

nacional do Zimba-

bwe e candidato pre-

sidencial, Morgan Tsvangirai,

disse nesta quinta-feira que as

eleições da última quarta-feira

foram “uma grande farsa”.

“A nossa opinião é que estas

eleições são nulas”, disse em

conferência de imprensa Tsvan-

girai, que lidera o Movimento

para a Mudança Democrática

(MDC), e que enfrentou pela

terceira vez nas urnas o presi-

dente Robert Mugabe, há 33

anos no poder.

Acrescentou que foi “uma elei-

ção fictícia que não reflecte a

vontade do povo” por causa das

manipulações de Robert Muga-

be.

“O escrutínio não respeita as

normas da Comunidade de De-

senvolvimento da África Aus-

tral (SADC), da União Afri-

cana (UA) e da comunidade

internacional para eleições cre-

díveis, legítimas, livres e hones-

tas”, disse.

Adiantou que a credibilidade

do escrutínio ficou manchada

por “violações administrativas e

jurídicas que afectam a legitimi-

dade do resultado”.

Os resultados da votação, sobre

a qual recaem suspeitas de frau-

de, ainda não foram divulgados,

mas o campo do presidente

Mugabe já reivindicou a vitória,

posição que Tsvangirai se escu-

sou a comentar.

Contudo, antes das denúncias

de Tsvangirai um alto dirigente

do partido de Robert Mugabe

reclamou vitória.

“Ganhámos esta eleição. Quei-

mámos o MDC. Nunca tivemos

dúvidas de que íamos ganhar”,

revelou a fonte que preferiu não

ser identificada em declarações

à Reuters.

Os observadores já vieram esta

quinta-feira admitir “irregulari-

dades graves” que podem com-

prometer os resultados das elei-

ções”, noticia a Reuters. São 600

os observadores internacionais e

seis mil locais.

Observadores Os observadores da UA disse-

ram quarta-feira à noite que a

votação “foi livre e honesta” en-

quanto os elementos da SADC

ainda não se pronunciaram so-

bre a forma como decorreram as

eleições.

O MDC denunciou numerosas

irregularidades, nomeadamente

o facto do nome de muitos elei-

tores não constar dos cadernos

eleitorais, que foram tornados

públicos menos de 24 horas an-

tes da eleição, o que inviabilizou

a sua verificação independente.

Vários chefes de Estado no mundo estão actualmente no poder apesar da sua idade avançada,

como o Presidente Robert Mugabe, que luta aos 89 anos por um novo mandato à frente do

Zimbabwe.

No continente africano, Robert Mugabe é um dos chefes de Estado que se mantém no poder há mais

anos, governando o Zimbabwe desde Abril de 1980.

Já o Presidente Teodoro Obiang Nguema, de 71 anos, está à frente da Guiné Equatorial desde Agosto

de 1979.

Outro líder octogenário é o Presidente dos Camarões, Paul Biya, de 80 anos, que governa sem con-

testação desde 1982. Na Etiópia, o Presidente Girma Wolde-Giorgis, nascido em 1924, como Robert

Mugabe, está em funções desde 2001, mas ocupa um cargo sobretudo honorífico.

No Médio Oriente, o Presidente israelita Shimon Peres, de 89 anos, foi eleito para o cargo em 2007

(poderes protocolares) e está na cena política há meio século, tendo exercido praticamente todas as

funções ministeriais, estando à frente do governo por duas vezes.

Na Itália, o Presidente Giorgio Napolitano, de 88 anos, foi reeleito para um segundo mandato. O chefe

de Estado concordou com o pedido do Partido Democrático (PD, esquerda) e da direita de concorrer

pela segunda vez, apesar da sua idade, para retirar o país de um impasse político e pelo “senso de res-

ponsabilidade”.

Em Cuba, o Presidente Raul Castro, de 82 anos, foi reeleito em Fevereiro de 2013 para um segundo

mandato de cinco anos. O seu irmão, Fidel Castro, cinco anos mais velho, cedeu-lhe o poder por razões

de saúde, em Julho de 2006.

Raul Castro tornou-se oficialmente Presidente em 2008 e primeiro secretário do Partido Comunista

de Cuba (PCC) em 2011.

Actualmente, entre os monarcas no poder no mundo, está o rei Abdallah, nascido em 1923, que está à

frente da Arábia Saudita desde a morte, em 2005, do seu meio-irmão, Fahd, entretanto, dirige o reino

desde 1995.

No Reino Unido, a rainha Isabel, de 87 anos, reina há 61 anos e comemorou em 2012 o jubileu de

diamante.

A Rainha foi coroada em 1953, aos 27 anos, depois da morte do seu pai, Jorge VI, em Fevereiro de

1952. Elisabeth é o segundo monarca britânico em mil anos a passar os 60 anos de reinado.

O rei Bhumibol da Tailândia, de 85 anos, é actualmente o mais velho dos chefes de Estado em exercí-

cio com 67 anos de reinado. Tornou-se rei em Junho de 1946, aos 18 anos, depois do seu irmão morrer,

em circunstâncias nunca esclarecidas.

Entretanto, contrariamente a todos estes dirigentes no poder apesar da idade, o papa Bento XVI, de

85 anos, pediu sua resignação em Fevereiro, alegando que “não tinha mais forças” para dirigir a Igreja

católica em razão da sua idade avançada.

(Lusa)

A organização não-governa-

mental Zimbabwe Election

Support Network (ZESN), que

tinha sete mil observadores no

terreno, estima que cerca de um

milhão de eleitores tenha desa-

parecido das listas.

Cerca de 6,4 milhões de zim-

babweanos estavam inscritos

nos cadernos eleitorais, numa

população estimada de 12, 9

milhões de pessoas.

 Os resultados oficiais da pri-

meira volta das presidenciais

não deverão ser conhecidos

antes de segunda-feira e uma

eventual segunda volta deverá

ocorrer a 11 de Setembro caso

nenhum dos candidatos obte-

nha 50 por cento dos votos na

primeira volta.

  Nas últimas eleições presi-

denciais, em 2008, Morgan

Tsvangirai conquistou 47 por

cento dos votos na primeira

volta, contra 43 por cento de

Robert Mugabe.

Após a divulgação dos resulta-

dos, partidários dos dois lados

envolveram-se em confrontos

dos quais resultou a morte de

200 pessoas.

Para evitar uma guerra civil,

Tsvangirai retirou a sua candi-

datura, deixando Mugabe como

único candidato na segunda

volta.

  Em 2009, sob pressão da co-

munidade internacional aceitou

participar num governo de uni-

dade nacional para acabar com

a violência.

Eleições foram “uma grande farsa”

Octogenários no poder

Page 7: SAVANA de 02 de Agosto

7Savana 02-08-2013 PUBLICIDADE

Page 8: SAVANA de 02 de Agosto

8 Savana 02-08-2013SOCIEDADE

O Museu da História Natu-

ral completou no presente

mês de Julho 100 anos da

sua existência, um cente-

nário celebrado a meio de dificul-

dades que decorrem, sobretudo, da

falta de investigadores que apostam

na área da biodiversidade e conser-

vação do meio ambiente. Tutelado

pela UEM (Universidade Eduardo

Mondlane), o museu tem recebido

investigadores formados por aquela

universidade pública, mas muitos

abandonam a instituição em busca

de outras oportunidades de empre-

go que lhes garantam vantagens

económicas imediatas. Actualmen-

te, o museu conta com apenas dois

investigadores nacionais.

Para além da falta de capital huma-

no voltado à investigação, o Museu

da História Natural ressente-se

da falta de laboratórios adequados

para uma actividade científica con-

digna. Estes factos foram revelados

ao SAVANA por alguns quadros

que trabalham com o museu, por

ocasião da passagem dos 100 anos

da instituição, criada a 06 de Julho

de 1913, na vigência do sistema co-

lonial.

Nuno Negrões, da Universidade

de Aveiro, Portugal, trabalha na

área da educação às populações

em matéria da biodiversidade e

conservação do meio ambiente em

Moçambique. Em conversa com o

SAVANA, ele explicou que o mu-

seu tem basicamente duas missões,

nomeadamente uma ligada à inves-

tigação científica e outra que tem

a ver com a educação à sociedade

em matéria da importância da bio-

diversidade e conservação do meio

ambiente. Pela sua importância,

esta última, diz Negrões, tem me-

recido um lugar especial na agenda

da instituição, onde o principal de-

safio é promover palestras nas es-

colas. Outra preocupação do museu

é promover exposições tendo como

finalidade motivar as pessoas a visi-

tar a instituição. Nos últimos anos,

o museu regista pouca afluência de

visitantes nacionais.

“O que acontece é que as pessoas

já ouviram falar de uma zona cha-

mada Museu, mas pouco ou nada

sabem sobre a verdadeira origem

Centenário do Museu da História Natural

Investigadores abandonam instituição à procura de vantagens económicasPor Américo Pacule

do nome. Por isso a educação será

também direccionada ao público

em geral, sendo o objectivo central

estimular o gosto pelos museus”,

explicou o investigador da Univer-

sidade de Aveiro.

Neste momento, várias actividades

estão a ser desenvolvidas pela insti-

tuição no sentido de trazer mais in-

formações ao público relacionadas

com sistema natural das espécies,

para além das tradicionais expo-

sições e documentários que visam

motivar as pessoas para visitar o

museu.

São disso exemplo as exibições so-

bre os insectos e sobre a biodiversi-

dade, visando mostrar a sua impor-

tância não só para o equilíbrio do

ecossistema, mas também para o

ser humano. “Não serão aulas nor-

mais, porque o museu não substitui

a escola, mas complementa-a”, ob-

servou o nosso interlocutor.

Pouca gente interessa-se -

ca em MoçambiqueUm dos problemas colocados por

Nuno Negrões prende-se com a

falta de investigadores que se inte-

ressam pela área da biodiversidade

e conservação do meio ambiente.

“Não há muita gente a fazer in-

vestigação científica em Moçam-

bique”, constatou. Um dos motivos

por ele apontado tem a ver com o

facto de se tratar de uma área que

requer muitos recursos financeiros.

Mais ainda, o pouco dinheiro que

entra nos cofres da instituição ge-

ralmente pela mão do Estado não

chega para cobrir todas as despesas,

pois o mesmo tem de ser repartido

por diversas áreas do interesse da

instituição.

Museu é pouco visitado por moçambicanosO Museu da História Natural é

mais visitado por cidadãos estran-

geiros, pois muitos nacionais “têm

sempre a ideia de que visitar os mu-

seus é assunto para turistas”.

Para Negrões, o museu deve ser vis-

to como mais um lugar de aprendi-

zagem histórica que devia interes-

sar a qualquer cidadão. “O museu

tem feito esforço para trazer mais

moçambicanos ao museu”, indicou.

Poucas instituições apos-tam em investigação

Almeida Wissamulo é um dos dois

investigadores nacionais que traba-

lham no Museu da História Natu-

ral. Docente na UEM, Wissamulo

lamenta que há cada vez menos

instituições a apostar em projectos

de investigação científica no domí-

nio da biodiversidade e conservação

do meio ambiente. Aliás, segundo

este investigador, essa é a principal

causa que explica o pouco interesse

dos jovens pela área. “De facto isso

retira ao investigador o prazer de

ir ao mato, porque para lá chegar

é preciso ter uma viatura condigna

para poder escalar as matas”.

Em face desta situação, o Museu da

História Natural é obrigado a re-

correr a estudos financiados e reali-

zados por cidadãos estrangeiros que

aceitam não só partilhar os resulta-

dos obtidos, mas também trabalhar

com investigadores nacionais.

Entre 1999 e 2000, exemplifica,

houve um cidadão de nacionali-

dade sul-africana, Vincent Park,

de seu nome, que se prontificou a

realizar um estudo na área da fau-

na bravia que cobria as três regiões

do país. O estudo visava a produ-

ção de um atlas sobre as espécies

existentes. Porém, o estudo não foi

efectivado na sua globalidade devi-

do à crise económica que assolou o

mundo por essa altura.

Wissamulo entende que o sector

privado e os megaprojectos, por

exemplo, deviam ser sensíveis e

financiar projectos de investigação

científica na área da biodiversidade

e conservação do meio ambiente,

“porque de alguma forma os resul-

tados conseguidos são também do

seu interesse”.

Ficheiros perdidos

Em 1975, ano da Independência

de Moçambique, muitos ficheiros

contendo informações importantes

sobre as espécies registadas no pe-

ríodo colonial foram perdidos. Foi

uma perda da memória que obri-

gou os investigadores a recomeça-

rem tudo de novo. Neste momento,

o Museu da História Natural conta

com 600 espécies de aves já catalo-

gadas. Nas próximas actividades se-

rão catalogados insectos e espécies

marinhas.

“O que fizemos foi organizar os

frascos contendo amostras para

fazer catalogação, o que exige uma

sala especial para isso”, conta Wis-

samulo, lamentando que o museu

não tem neste momento uma sala

com equipamento adequado para

poder fazer este tipo de operação.

Muitas espécies da família dos

crustáceos encontram-se mistura-

dos em frascos, o que coloca um

desafio aos investigadores no sen-

tido de reorganizar as espécies em

frascos separados ao que se seguirá

um trabalho de catalogação. O nos-

so interlocutor disse que os frascos

são materiais muito escassos no

mercado nacional, o que requer um

investimento maior para que os

mesmos sejam trazidos de fora.

Outra dificuldade tem a ver com

o registo de algumas espécies ma-

rinhas, sobretudo golfinhos e du-

gongos, que se acham em lugares

remotos.

Neste momento, o museu tem re-

gistadas três espécies de animais

marinhos, sendo duas espécies de

golfinhos e uma espécie de dugon-

gos.

Desconhecido número de espécies

existentes em Moçambique

Segundo Wissamulo, o Museu da

História Natural não está em con-

dições de informar sobre a quanti-

dade de espécies existentes no país.

A razão deste desconhecimento

deve-se à saída massiva de investi-

gadores que trabalhavam no museu,

nos anos imediatamente a seguir à

independência.

Durante a guerra dos 16 anos en-

tre o Governo e antiga guerrilha da

Renamo, por exemplo, o país per-

deu algumas das espécies conside-

radas tipicamente africanas como

o rinoceronte, a girafa, o cão selva-

gem e a chita. Inúmeras espécies de

répteis também desapareceram de-

vido às queimadas descontroladas e

outras práticas de desflorestamento.

O Museu de História Natural

foi criado a 6 de Julho de 1913

pela portaria no 1095, tendo

sido baptizado como Museu

Provincial. Criado pelo Capi-

tão Alberto Graça, o Museu de

História Natural ocupou diver-

sos lugares até à sua instalação

definitiva no edifício que se

encontra em frente da Escola

Secundária Josina Machel. O

museu já funcionou nas actu-

ais instalações do Tribunal Su-

premo e no antigo Liceu 5 de

Outubro (depois Liceu Salazar

e hoje Escola Secundária Josina

Machel), tendo a direcção sido

exercida por professores que

lecionassem as disciplinas das

Ciências Biológicas ou Física

e Química. Seria em 1932 que

o museu conheceria a sua últi-

ma localização quando o então

Governador-geral de Moçam-

bique, Coronel José Cabral,

transferiu-o definitivamente

para a presente localização.

Refere-se que as actuais insta-

lações do Museu da História

Natural tinham sido concebidas

para uma escola primária, mas

que nunca funcionou como tal.

Breve historial

Vista frontal do Museu da História Natural

Nuno Negrões

Page 9: SAVANA de 02 de Agosto

9Savana 02-08-2013 PUBLICIDADE

Page 10: SAVANA de 02 de Agosto

10 Savana 02-08-2013SOCIEDADE

Michel Rocard é um vulcão. Aos 82 anos continua lúcido e acutilante, falando

com paixão sobre a crise económica mundial e os problemas do meio ambiente. Ele foi Primeiro-min-istro de França entre 1988 e 1991, Ministro da Agricultura, candidato à presidência francesa em 1969 e é actualmente deputado do Partido Socialista no Parlamento Europeu. Esteve recentemente em Maputo onde participou num debate sobre a crise mundial na perspectiva da França e Moçambique. Pretextos mais que suficientes para uma en-trevista ao SAVANA. Abdul Sule-mane foi recolher as suas opiniões.

Qual é a pertinência do tema de-

batido recentemente sobre a crise

mundial para França e Moçambi-

que?

Nós estamos sofrendo várias revo-

luções perigosas. A primeira é nos

países desenvolvidos. Não é só em

África. O problema está na estag-

nação do crescimento. Em todos

os países envolvidos, América do

Norte, Japão e a Ásia tem um alto

nível de desemprego. Ao qual se

acrescenta um grande nível de pre-

cariedade de emprego. São empre-

gos que se encontram em quinze

dias até um mês. Os contratos não

são escolhidos, são impostos. Com

salários abaixo do nível legal.

O que está a acontecer realmente?

Isso quer dizer que os países de-

senvolvidos já não puxam pela

economia, travam-na. A economia

dos países desenvolvidos não puxa

a economia do mundo, está a tra-

var o mundo. O segundo elemento

completamente diferente, com ra-

zões diferentes também, é que há

uma desorganização completa no

sistema financeiro mundial. Vimos

isso com a crise da informática no

ano 2000. Vimos isso com a falên-

cia da Enron em 2002, de 2006 a

2007 grandes bancos faliram. Nessa

série, a mais famosa foi da Lehman

Brothers, um banco americano com

dezenas de milhões de clientes no

mundo. Era o segundo ou o terceiro

maior banco do mundo.

Existe alguma fragilidade nas eco-

nomias dos países desenvolvidos?

Essa fragilidade do sistema ban-

cário está ligada ao facto de cerca

de 85% da sua actividade estar no

mercado especulativo e não re-

presenta o mercado real. É o que

chamamos mercado de produtos

derivados. Especula-se através de

títulos, em que não há presença real

do produto, como alumínio, gás

ou outro produto. É simplesmente

uma transacção de títulos financei-

ros especulativos. Essa é a segunda

dificuldade.

O quê os países envolvidos na

crise fizeram para reverter a situ-

ação?

Desde a falência do Lehman Bro-

thers não se fez nada para se re-

cuperar a situação. Para recuperar

outro rombo dessa natureza. Ape-

nas melhorámos algumas peque-

nas precauções bancárias. Neste

momento temos cerca de 750 tri-

liões disponíveis para especulação a

qualquer momento. É uma amea-

ça maior que está aqui presente. A

termos uma explosão como tivemos

em 2008 com a falência do Leh-

man Brothers, o desastre será oito

vezes maior. E nessa altura a África

será atingida.

O que acha que se fará mesmo que

a África seja atingida?

Quando a pessoa deposita o seu sa-

lário no banco, os nossos depósitos,

muitos dos vossos bancos aqui são

filiais de bancos internacionais. Se

esses bancos de envergadura mun-

dial forem à falência não poderão

devolver o seu depósito, não há

fronteira hermética entre África e

o resto do mundo.

Como é que os estados africanos

se defenderiam de uma situação

dessas?

Tinham de obrigar o Conselho

de Segurança das Nações Unidas

a adoptar regras e regulamentos

bem mais estritos, porque também

não há regras a nível de Estados

suficientes para reverter a situação.

Por enquanto em todos os países

grandes potências, as entidades

bancárias não querem mais regu-

lamentação porque ganham com a

especulação. É muito importante

que os EUA e a Europa tomem

precauções em relação a isso. Mas

eles não estão a fazer isso. Mesmo a

China que está conectada com tudo

isso está neste momento em perigo.

Qual é o cenário actual dos países

desenvolvidos perante a crise?

Os 18 países da Europa criaram

uma moeda única que é o euro. Na

altura do Lehman Brothers quise-

ram salvar os seus bancos acrescen-

tando dinheiro público o que fez

aumentar a sua dívida. E daí temos

uma crise onde surgem os países

muito endividados da União Eu-

ropeia em relação aos outros países

da zona euro. Não há uma interde-

pendência muito grande entre uma

e outra, mas isso agrava-se porque

há diferença na origem das crises e

uma agrava a outra.

Temos ainda a questão do aqueci-

mento global?

Sem relação com tudo isso, outro

elemento terrível é o aquecimento

global. Nós ainda não começámos a

combater esse aquecimento global.

Isso está a agravar a desertificação

em África. Isso pode provocar a

seca no grande Médio Oriente, o

tão. E até agora os industriais na

área do petróleo dos Estados Uni-

dos é que impediram o seu governo

a adoptar uma posição firme. Eles é

que fizeram falhar a conferência de

Quioto e de Copenhaga. Portanto

tenho a esperança e a expectativa

de que dentro de dez anos a África

possa tomar uma posição única de

uma só vez quanto a esta questão. Pois é necessário produzir menos gás carbónico. É esse gás que quan-do estagna na camada atmosférica impede o calor de subir e causa o aquecimento global. É isso que é o efeito estufa. Temos que nos pôr de acordo para produzirmos menos carbono.

Não acha que a visão da Rússia é para desviar as atenções sobre a questão do aquecimento global? Não é desvio da questão, mas sim um bloqueio. Ela bloqueia, não adopta nenhuma posição. Não se desvia de nada. Simplesmente nega a existência do efeito estufa.

Então admite que alguns países desenvolvidos ignoram esta ques-tão do aquecimento global?Não é uma questão de admitir. Constata-se que é o que está a acontecer. Atenção a isso, é a po-sição de alguns governos. Não quer dizer que a comunidade científica desses países rejeite a existência do efeito de estufa. Só que na Rússia eles são obrigados a ficar calados.

Voltando para a África. Como vê as políticas sobre o ambiente nes-tes países?Para começar nunca se deve falar de África no singular. Seria idio-ta. Temos a África seca e húmida. Temos a África superpovoada, Ru-anda, Burundi e o Egipto. Não tem algo a ver com a África que é pouco povoada. E as políticas ambien-tais têm de ser diferenciadas e um pouco por todo o lado. Numa for-ma geral, a África necessitaria de melhorar a cooperação entre essas regiões para evitar a desertificação da terra. Vocês têm problemas ali-mentares em algumas regiões. Em segundo lugar, é preciso preservar a água. Evidentemente quando digo isso parece que não quero di-zer nada. Para certos países como Gabão, República Democrática do Congo são países muito húmidos. Para eles não se levanta a questão da água. A zona de savana ao sul do Equador necessita de uma polí-tica internacional da água. Há essa necessidade. E se calhar é também necessário intensificar todas as po-líticas de protecção da biodiver-sidade, tanto no aspecto vegetal e animal. A África apresenta uma

fraqueza de fazer isso na base na-

cional. Afinal esse assunto é a nível

continental e mundial. E por isso

deve ser abordado nessa escala.

Michel Rocard em entrevista

Iraque, Irão, Jordânia, Líbano, Isra-

el, Síria, Arábia Saudita. Portanto é

necessário que a Humanidade esteja

de acordo mas não estamos a con-

seguir isso porque os que produzem

electricidade, o gás carbónico não

querem parar. Eles ganham com

isso. E isso diz respeito a África

também.

Será que a África tem capacidades

de obrigar os países do CS das Na-

ções Unidas?

Não sei. Cada estado de forma iso-

lada não consegue. Não podem.

Mas já vai algum tempo desde que a

África se adoptou de uma organiza-

ção que é a União Africana. São 53

países e se pudessem em conjunto

dizer aos Estados Unidos, Europa,

China e Japão que têm de se tomar

decisões sérias, isso teria mais peso.

Mas não temos o hábito. O proble-

ma é que reflectimos que o único

poder é o das nossas nações. As na-

ções tornaram-se muito pequenas

para ter uma acção com muito peso.

A questão é que as nações têm de

estar de acordo entre elas. É preciso

apresentar propostas. É preciso ne-

gociar.

Todos os países desenvolvidos e os

emergentes ignoram a questão do

aquecimento global em privilégio

da economia? Qual seria o cená-

rio de África se não tem condições

para fazer frente?

Para começar, perante essa questão

do aquecimento global todo o mun-

do está ameaçado. Não há isolamen-

to possível para África. Toda a Ásia

e América Latina serão atingidas

por esta questão. A grande questão

é que a mensagem da comunidade

científica ainda está a ser discutida.

Na Rússia diz-se que esta questão

de aquecimento global é uma pia-

da. Isso não existe. E até se diz que

é um complô do Ocidente ameri-

cano e europeu para enfraquecer a

Rússia. Porque a força da Rússia é o

petróleo e o gás. É um pensamento

idiota e falso. Por enquanto a Rússia

rejeita qualquer posição internacio-

nal. A Arábia Saudita, que ganha

enormemente com a exportação do

petróleo e gás, quer continuar a sua

linha. E assim será necessário que

estes dois países sejam vencidos no

âmbito de uma Assembleia Geral

das Nações Unidas ou do Conselho

de Segurança.

Existem países que dão ouvidos

aos seus cientistas sobre a questão

do aquecimento global?

O caso interessante é dos Estados

Unidos onde a palavra dos cientistas

é escutada. O governo tem conheci-

mento e está informado da situação.

Mas os industriais da área do petró-

leo não querem perder nessa ques-

“Alguns acham o aquecimento global uma piada”

Michel Rocard

Page 11: SAVANA de 02 de Agosto

11Savana 02-08-2013 PUBLICIDADE

Page 12: SAVANA de 02 de Agosto

12 Savana 02-08-2013SOCIEDADE

O Tribunal Judicial da Provín-

cia de Cabo Delgado con-

denou, há dias, a companhia

chinesa Mozambique Tien-

he Trading Devolopment, Lda por

se ter provado o seu envolvimento

no tráfico e contrabando de marfim,

pontas de rinoceronte, carapuças de

pangolins, excrementos de elefantes

e peças de arte fabricadas com base

no marfim.

Proferindo a sentença do caso que

remota desde Janeiro de 2011, Rai-

mundo Luís Khavinha, juiz do caso,

disse no veredicto pronunciado a 15

de Julho de 2013 que a companhia

chinesa Mozambique Tienhe Trad-

ing Devolopment, Lda é condenada

ao pagamento de uma indemnização

de 3.500.000,00 USD (três milhões

e quinhentos mil dólares america-

nos) o equivalente a cerca de 98 mil-

hões de meticais.

A condenação surge em virtude do

Tribunal ter provado em sede de

produção de provas que a companhia

chinesa acima referida teria ilicita-

mente e fraudulentamente empaco-

tado num contentor de madeira 126

pontas de marfim, o equivalente a 63

elefantes, uma ponta de rinoceronte,

carapuças de pangolins e excremen-

tos de elefantes.

Ao agir naquele sentido, a com-

Tribunal de Cabo Delgado condena chineses a pesadas multas

panhia tencionava retirar, de forma

ilegal, aqueles produtos do país,

lesando o Estado moçambicano e

particulares.

Para além do valor acima indicado, o

juiz Khavinha condenou a compan-

hia chinesa a arcar com as despesas

referentes às custas judiciais, no

máximo dos impostos.

Em Janeiro de 2011, um navio de

grande calado baptizado com o

nome de “Kota Mawar”, agenciado

pela SDV-AMI, da Antígua, uma

pequena ilha nas Caraíbas, foi retido

no Porto de Pemba, por se suspeitar

que a carga transportada era ilegal.

Tratava-se de 161 contentores de 20

pés cada de madeira em toro extraída

na província de Cabo Delgado e que

tinha como destino a China.

A madeira em causa era propriedade

de empresas de madeira pertencentes

a cidadãos chineses, nomeadamente

Mofid, com 89 contentores, Tienhe,

com 30, Pacif, com 20, Sinlian, com

15, e Alphaben, com 7.

O “Kota Mawar” já tinha o aval das

Alfândegas bem como da Agricultu-

ra para avançar quando entidades li-

gadas à Defesa e Segurança naquela

região do país frustraram a saída.

Por causa dessa desconfiança, as au-

toridades competentes ordenaram o

descarregamento da madeira para a

reverificação dos contentores.

Foi no processo de reverifi-

cação que no contentor número

PRS4215078/1, da empresa MITI,

Lda., foi encontrado o material aci-

ma referido cuja exportação e com-

ercialização é proibida pelas conven-

ções internacionais que o nosso país

ratificou.

Vendo-se a nora com as autoridades

judiciais, a MITI Lda apareceu pub-

licamente a se distanciar do crime e

disse que tinha sido traída pelos seus

parceiros chineses.

Sentindo-se traída pelo seu parceiro

económico, a MITI, Lda, repre-

sentado pelo seu respectivo sócio

gerente, Mohamed Faruk Ibraimo

Jamal, intentou uma acção contra a

Mozambique Tienhe Trading De-

volopment, Lda exigindo uma ind-

emnização no valor de cinco milhões

de dólares americanos (o equivalente

a cerca de 140 milhões de meticais)

por ter posto em causa o nome da

sua companhia onde nalguns círculos

chegou a ser conotado com o tráfico

e contrabando de bens acima men-

cionados enquanto na realidade essas

operações foram efectuadas sem o

conhecimento do lesado.

Diz o queixoso que por causa da

ligação da sua empresa com o trá-

fico dos produtos faunísticos proibi-dos viu parte dos seus parceiros a cancelarem negócios que mantinha com a sua companhia facto que cul-minou na perda de avultadas somas monetárias.Na sua argumentação, a MITI Lda diz que autorizou a compan-hia chinesa a empacotar, nos seus contentores, madeira e não as peças apreendidas.Foi perante os factos que o Tribunal de Cabo Delgado entendeu que a Mozambique Tienhe Trading De-volopment devia indemnizar a com-panhia MITI, Lda no valor de cerca de 98 milhões de meticais e não os cerca de 140 milhões que esta firma tinha anteriormente pedido. O SAVANA tentou sem sucesso ou-vir as partes do processo. Soubemos que o representante da Mozambique

Tienhe Devolopment Lda, Qiuhua

Yan, abandonou o país logo que a

sentença foi proferida fazendo desa-

parecer consigo parte do património

da empresa.

Porto de Pemba, o ponto onde os chineses tencionavam contrabandear produtos faunísticos proibidos

Page 13: SAVANA de 02 de Agosto

13Savana 02-08-2013 PUBLICIDADE

Page 14: SAVANA de 02 de Agosto

Savana 26-07-2013Savana 26-07-2013

Depois do discurso inflamatório

proferido nesta segunda-feira

na abertura do II Conselho

Nacional (CN) do partido em

Satunjira, o líder da Renamo, Afonso

Dhlakama voltou atrás na tarde des-

ta quarta-feira e pediu calma aos seus

conselheiros. É que na abertura do

CN, órgão mais importante do par-

tido entre congressos, Dhlakama fez

notar que a 13ª ronda negocial com

o governo, adiada para 5 de Agosto,

deve demonstrar avanços no sentido

de ultrapassar a tensão político-militar,

caso contrário a Renamo abandona-

ria as conversações e dividiria o país.

A retórica belicista de Dhlakama, pas-

sada praticamente na íntegra na Stv e

no canal público de televisão, levantou

uma onda de preocupação em Maputo

e trouxe à memória os frescos episódios

de Muxúnguè.

“Vamos dar um ponto final. Se a Fre-

limo continuar a brincar como tem

feito, então a partir da próxima semana

deve demonstrar que quer negociar. Se

a Frelimo não quer negociar, também

não vamos ajoelhar, vamos resolver sem

que haja negociações”, ameaçou o líder

da Renamo, aplaudido efusivamente por

cerca de centenas de militantes da per-

diz, numa improvisada sala de conferên-

cias erguida na já apelidada Academia

Política do maior partido da oposição

em Moçambique.

Na ocasição, Afonso Dhlakama assegu-

rou que irá “resolver” o impasse político-

-militar e que não haverá disparos, nem

manifestações.

Ao que o SAVANA apurou, o recuo de

Dhlakama foi determinado pelas garan-

tias que terá recebido a partir de Mapu-

to de que na 13ª ronda negocial prevista

para próxima segunda-feira, as duas de-

legações iriam finalmente alcançar um

acordo político e submenter a proposta

para a revisão do pacote eleitoral no Par-

lamento.

Os pivot das mensagens para Dhlakama

foram o embaixador dos Estados Uni-

dos da América e da União Europeia,

diplomatas encarregues de compilarem

os posicionamentos da Comunidade

Internacional. Depois do incendiário

discurso, os diplomatas reiteraram a

Dhlakama que ele é um homem de paz

e que era importante abandonar a retó-

rica belicista.

A Dhlakama foram igualmente dadas

garantias que se vai encontrar uma “lin-

guagem de compromisso” para acomo-

dar as exigências da Renamo. Contudo,

seria complicado acomodar a questão

da paridade nos termos em que a perdiz

exige.

O SAVANA soube igualmente que Ar-

mando Guebuza reiterou em privado

nesta quarta-feira a sua disponibilidade

em se encontrar com o líder da Rena-

mo em Maputo ou em qualquer capital

provincial, mas colocou de lado a possi-

bilidade de se descolocar à Gorongosa.

A II sessão extraordinária da Assembleia

da República que arrancou nesta quinta-

-feira agendou um debate em torno da

controversa legislação eleitoral. Esta ses-

são acontece numa altura em que faltam

três meses para as eleições autárquicas, o

que levanta dúvidas sobre a viabilização

do processo caso as exigências da Rena-

mo sejam acolhidas pela lei eleitoral.

O maior partido da oposição exige uma

CNE designada em respeito ao prin-

cípio da paridade entre a Frelimo e a

Renamo, “sem prejuízo do consenso al-

cançado entre as bancadas da Frelimo e

do MDM”.

A Renamo defende igualmente que este

modelo de “paridade” seja também repli-

cado a “todos os seus órgãos de apoio”,

designadamente, Comissões Provinciais

de Eleições, Distritais e de Cidade, com

as necessárias adaptações.

Meia voltaO recuo do líder da Renamo surpreen-

deu também aos conselheiros no último

dia do II Conselho Nacional ao afirmar

que não devia ser da iniciativa da sua

formação política abandonar as nego-

ciações.

Dhlakama referiu que não vai desistir

do diálogo político governo/Renamo,

mesmo que o executivo “decida brincar”.

O maior político-militar do mundo,

como um dia se apelidou, fundamenta

seu posicionamento pelo facto de con-

siderar estar a viver num “mundo falso”

em que as pessoas começam a tirar con-

clusões precipitadas.

“A iniciativa não pode ser nossa, porque

este mundo é falso. Eles vão dizer muita

coisa, tais como nós (Renamo) convocá-

mos o Conselho Nacional para desistir

das negociações. Nós vamos ter paciên-

cia, pois quando a criança está a brincar,

temos que ter paciência e brincar com

ela também”, explicou.

Dhlakama pronunciou-se momentos

após os conselheiros terem literalmente

“explodido”, depois de ouvirem as expli-

cações do chefe da equipa negocial Sa-

moine Macuiana.

Macuiana disse aos participantes que as

negociações estão a ser uma farsa, o que

levou grande parte dos conselheiros a

proporem o abandono do diálogo polí-

tico com o governo.

“Temos que parar com isto. Basta”, ou-

via-se na sala que acolheu a sessão.

É que os conselheiros da Renamo fica-

ram furiosos quando ouviram de Ma-

cuiana que nestas negociações só se ouve

da parte governamental palavras como

o debate é “pertinente, urgente, clarivi-

dente e relevante”, mas que não se vis-

lumbram sinais de avanços.

Um dos membros provenientes de

Nampula disse: “nós sabemos que na

próxima ronda o governo poderá preten-

der nos fazer de bobos, a melhor forma é

avançarmos para o sacrifício. Aceitamos

derramar o nosso sangue para manter a

democracia”.

Com os ânimos exaltados, Afonso

Dhlakama teve que pedir calma. “Eu

não diria que devíamos parar tudo a par-

tir da segunda-feira. Vamos ter paciên-

cia. Não sou ditador, mas estou a aconse-

lhar. Queremos negociações sérias para

ter os resultados que não são apenas

para a Renamo, mas para a democracia.

Queremos a lei eleitoral boa para todos

os partidos políticos. Isto não pode ser

visto como um problema da Renamo ou

de Dhlakama. O Dhlakama não quer a

lei boa para se tornar presidente de Mo-

çambique, mas é pela democracia para

a qual lutámos”, precisou o líder da Re-

namo.

Futuro político do paísAfonso Dhlakama disse que o futuro

político do país dependerá da dinâmica

que se vai implementar nestas negocia-

ções. Referiu que o país está a entrar

numa nova ordem política nacional que

vem sendo adiada há 20 anos.

“O povo deve estar preparado para abra-

çar a nova era, pois o regime opressor

está no seu fim”, vaticinou Dhlakama,

que se encontra aquartelado em Satun-

jira desde 15 de Outubro passado, uma

forma encontrada para pressionar o Go-

verno de Armando Guebuza a negociar

uma nova ordem em Moçambique.

Segundo Dhlakama, a crueldade perpe-

trada pela Frelimo que se está a assistir

nestes momentos revela o fim de regime.

“Quando  jornalistas são despedidos em

Maputo do seu cargo só porque estive-

ram em Satunjira a entrevistar Dhlaka-

ma, isto significa o fim de um regime

opressor”, frisou Dhlakama numa clara

alusão à recente exoneração de Rogério

Sitoe, director do jornal Notícias, o jor-

nal oficioso do regime.

Movimentação bélicaAfonso Dhlakama voltou a alertar as

autoridades governamentais sobre a ne-

cessidade de mobilizar as forças de se-

gurança longe do seu reduto sob pena de ser obrigado a responder a provocações.Elementos de algumas especialidades das FADM, com destaque para coman-dos e infantaria coadjuvados pela Força de Intervenção Rápida (FIR) fizeram um cerco ao Quartel General de Afon-so Dhlakama. Estes encontram-se a 20 quilómetros de Satunjira, o que deixa desconfortáveis os homens de ambos lados.Afonso Dhlakama, que reiterou segun-da-feira última na abertura do II Con-selho Nacional que não voltaria à guer-ra, disse que o seu posicionamento não quer dizer que se for provocado não se defenderia.“Se eles nos vierem provocar, faremos eles correr. Não há guerra, mas podere-mos dar lição a quem nos provoca”, disse Dhlakama reiterando a sua intenção de não voltar a promover à guerra.A desconfiança mútua no seio dos ele-mentos da Força de Defesa e Segurança e da Renamo transformou o povoado de Satunjira num dos mais vigiados do país. A desconfiança é de tal forma que nin-guém confia sequer um seu elemento.Para se ter acesso à Satunjira passa--se por várias posições controladas por forças dos dois lados. Da vila-sede para Satunjira, os transeuntes passam por vá-rias revistas.Do lado governamental, as revistas são feitas pela FIR e do lado da Renamo por

seus homens alguns dos quais trajados

com o fardamento das FADM.

Os deputados da Renamo e outras al-

tas figuras da Renamo não escapam à

revista.

“Nunca na minha vida tinha vis-

to tanta gente junta no meio da

mata e muito menos neste po-

voado onde nasci há 51 anos”,

dizia um residente de Satunjira, que do

lado de fora do recinto onde decorria a

magna reunião de conselheiros da Re-

namo, assistia a todos os movimentos.

Tal cidadão que reside nas imediações

da base referiu que a sua sensação é de

que o povoado está aos poucos se tor-

nando numa cidade. 

Na verdade, o movimento desusado de

perto de 100 viaturas entre ligeiros e

pesados e perto de 600 pessoas entre

os conselheiros, convidados e pessoal

de apoio que se faziam àquele povoado,

talvez o mais vigiado do país, causou

certa estranheza a população e a força

de defesa e segurança que povoa o dis-

trito de Gorongosa.

A classe jornalística que cobria o even-

to questionou desde o princípio do

evento sobre o engenho pouco comum

utilizado na edificação da enorme sala

de conferências (construída com base

de material local, estacas e bambus e

com a cobertura de capim revestido

por plástico).

Mais do que apreciar a arquitectura das

Arrancaram na manhã

de ontem, quinta-fei-

ra, os trabalhos da II

sessão extraordinária

da AR (Assembleia da Repú-

blica), cujas principais matérias

de debate são a proposta de re-

visão do Orçamento do Estado

(Lei 01/2013, de 07 de Janeiro)

e os projectos de leis de revisão

pontual da legislação eleitoral.

Um dado extraordinariamente

ordinário é que o Parlamento

moçambicano ainda não re-

cebeu uma proposta sequer da

revisão pontual da legislação

eleitoral, uma vez que prevale-

ce um impasse nas negociações

entre as delegações do Governo

e da Reanamo, de onde se espe-

ra um consenso sobre os pontos

concretos a serem revistos. É

público que a Renamo, maior

partido na oposição, condicio-

na a sua participação nas elei-

ções autárquicas de Novembro

próximo à revisão da legislação

eleitoral aprovada pela AR em

2012, através do voto da banca-

da maioritária da Frelimo e da

minoritária do MDM.

No primeiro dia dos trabalhos

da presente sessão, a Renamo

suas funções.

Dos sete fundamentos apresentados

pelo proponente para a aprovação da

proposta de revisão da Lei 9\2009,

de 11 de Março, que fixa a organiza-

ção, composição e funcionamento do

Conselho Superior da Magistratura

Judicial Administrativa, destaca-se a

necessidade de eleger-se como mem-

bro do Conselho o oficial da justiça

que represente os tribunais adminis-

trativos de primeira instância; uni-

formizar o mandato dos membros

dos Conselhos Superiores das Ma-

gistraturas, alterando-se a duração

do mandato de três para cinco anos;

consagração da figura do Secretário-

-geral; inclusão da actividade de

inspecção dos juízes dos Tribunais

fiscais e aduaneiros; e alargamento

das competências do Conselho, no

âmbito da gestão e disciplina dos

magistrados sob sua jurisdição para

a prática de outros actos de idêntica

natureza.

Direito à Informação de novo adiadoO Parlamento moçambicano voltou

a adiar o debate em plenário do pro-

jecto de Lei do Direito à Informação,

justificando que a proposta ainda ca-

rece de maior aprofundamento. Na

verdade, o projecto submetido em

2005 pelo Misa-Moçambique

à aprovação da AR foi retirado

da agenda à última da hora, uma

vez que era dada como certa a

sua discussão nesta sessão extra-

ordinária. Em várias interven-

ções públicas, dirigentes das co-

missões de trabalho responsáveis

pelo estudo da proposta davam

garantias de que, finalmente, o

projecto de Lei de Direito à In-

formação seria agendado para o

debate em plenário. Mais ain-

da, as comissões especializadas

que trabalham com a proposta

fizeram várias deslocações às

províncias, supostamente para

colher mais contribuições para

enriquecer o projecto.

Uma fonte da AR disse ao SA-

VANA que o Governo ainda

não se pronunciou formalmente

sobre o projecto, situação que

configura como sendo uma das

principais razões para o adia-

mento.

Mas vozes autorizadas alegam

que o debate do projecto de

Lei do Direito à Informação foi

adiado devido à necessidade de

harmonizar as propostas com o

articulado de Lei de Segredo do

Estado e da Lei de Imprensa,

esta última carecendo de revisão.

Parlamento agenda revisão da legislação eleitoral sem proposta para debater

esteve representada por cerca de uma

dezena de deputados, de um total de

51 que perfazem a sua bancada.

Nova lei para Magistratura Administrativa A agenda aprovada pela Comissão

Permanente da AR para esta sessão

integra seis propostas de leis subme-

tidas pelo executivo à aprovação do

Parlamento. Para além das duas pro-

postas supramencionadas, destaque

vai para a proposta de Lei do Esta-

tuto do Médico na Administração

Pública, documento cujos sucessivos

adiamentos da aprovação foram tri-

butários à greve dos médicos promo-

vida pela AMM (Associação Médica

de Moçambique).

No primeiro dia de trabalhos, o Par-

lamento aprovou na generalidade, e

mais uma vez, com votos da Freli-

mo e do MDM, a proposta de Lei

de Revisão da Lei 9\2009, de 11 de

Março, Lei do Conselho Superior da

Magistratura Judicial Administrati-

va. A Renamo considerou oportuna

e pertinente a proposta de revisão

da citada lei, ainda assim, absteve-se

de votar alegando que os órgãos da

administração da justiça estão parti-

darizados pela Frelimo e isso inviabi-

liza o princípio da independência de

que gozam os juízes no exercício das

Satunjira tem duas academias, designadamente a mi-

litar e a política. A militar, segundo informações ob-

tidas no local, foi instalada por Afonso Dhlakama,

quando no ano passado se fez àquele povoado. A

política foi inaugurada aquando da abertura do II Conselho

Nacional da Renamo.

O grosso dos delegados daquele evento afirmou estar feliz por

estar pela primeira vez junto do seu líder, isto graças à abertura

da academia política.

“Eu sou civil, mas membro da Renamo. Se não tivesse sido

aberta esta Academia penso que nem nos sonhos estaria aqui.

Neste momento estamos prontos para receber as orientações

do partido. Estou determinado e posso morrer por meu par-

tido”, disse um jovem militante da Renamo que preferiu não

ser identificado.

Fernando Mazanga disse que a academia política vai se encar-

regar na formação dos quadros políticos.    

II Conselho Nacional da Renamo em Satunjira

Dhlakama recua e pede paciência- O recuo supreendente de Dhlakama foi motivado pelas garantias que recebeu de Maputo, logo após o incendiário discurso, de que o acordo político está iminente- Parlamento agenda debate sobre a controversa legislação eleitoral para esta II Sessão Extraordiária que arrancou nesta quinta-feira

Por Domingos Bila, em SatunjiraFotos de André Catueira

- II Sessão Extraordinária arrancou ontem

Por Emídio Beúla

pequenas casas edificadas em redor da

sala que acolheu o evento, questionava-

-se de onde saiu o dinheiro para ali-

mentar centenas de pessoas incluindo

os guerrilheiros que estavam em todo o

lado com cara de poucos amigos.

É que na memória colectiva de muitos,

do jeito como a Renamo aparenta ser

poderá não ter suficientes fundos para

dar de comer a centenas de pessoas que

se fizeram àquele local.

O líder da Renamo, Afonso Dhlaka-

ma, que desde o princípio da reunião se

mostrou carinhoso para com jornalis-

tas, tinha a tendência de também não

responder às questões, mas para não

decepcioná-los acabou respondendo

que quase não se gastou muito dinhei-

ro para o evento.

Na insistência, Dhlakama avançou

“tudo que está aqui em vosso redor saiu

da natureza. Tivemos apoios em esta-

cas, bambus e construímos estas infra-

-estruturas que como vocês vêem foi

com base em material local”.

Sobre a alimentação que era abundan-

te, quase todo o tipo de carne, arroz,

farinha de milho que alimentou os

participantes durante os três dias da

realização do evento, Afonso Dhlaka-

ma respondeu que houve contribuições

dos membros e não revelou o montan-

te aplicado para acolher a reunião que

teve a dimensão de um congresso.

“Para além dos membros eu também

dei a minha contribuição, pois sou em-

presário”, concluiu sem, no entanto, re-

velar a área empresarial em que opera.

Tendas e palhotasNa área adjacente à sala de conferên-

cias, ou seja, do lado norte da colina,

tinham sido montadas tendas. Da

mesma forma foram construídas ca-

banas que abrigaram os participantes.

A empreitada foi preparada algumas

semanas antes da reunião.

Um grupo de apoio composto por ho-

mens e mulheres se encarregava dos

serviços da culinária. Tal exercício era

vigiado com rigor por elementos se-

niores do partido e alguns guerrilheiros

mobilizados para o efeito.

Um dos simpáticos guardas abordado

pelo SAVANA, sem desviar olhares do

lado da cozinha, disse que aquela parte

que vigiava se tratava de uma das im-

portantes áreas. “É muita responsabili-

dade. Cada um aqui tem a sua tarefa e

estamos proibidos de falhar”.

Logística impressionante

Academias em Satunjira

Afonso Dhlakama a sua chegada ao local da conferência.

Page 15: SAVANA de 02 de Agosto

16 Savana 02-08-2013PUBLICIDADE

1. O Ministério da Saúde (MISAU), convida as empre-sas interessadas para apresentarem propostas, fecha-das, para o fornecimento de Equipamento de Bancos de Sangue.

2. Os concorrentes interessados poderão obter mais informações, examinar os Documentos do Concur-so ou levantá-los no endereço indicado no número 5 deste anúncio pela importância não reembolsável de 1.500,00 MT (Mil e quinhentos meticais). O pa-gamento deverá ser em depósito directo no BCI Fo-mento (conta: MISAU-DAG-JUROS E CADERNOS DE ENCARGOS Nº 10.22.9427.10.001).

3. O período de validade das propostas deverá ser

de 120 (cento vinte dias).

4. As propostas deverão ser entregues no endereço abaixo até 10 horas de 21/08/2013 e serão abertas em sessão pública, no mesmo endereço, às 10 horas e 30 minutos do mesmo dia na presença dos Concor-rentes que desejarem comparecer.

5. As propostas deverão ser acompanhadas de uma garantia provisória segundo consta nos documentos de concurso.

Ministério da SaúdeUnidade Gestora Executora das AquisiçõesAv. Eduardo Mondlane no 1008, Rés de Chão.Cell n: 843894650e-mail.ugea @misau.gov.mzwww.misau.gov.mzMaputo – Moçambique 6. O Concurso será regido pelo Regulamento de Con-

tratação de Empreitadas de Obras Públicas, Forne-cimento de Bens e Prestação de Serviços ao Estado, aprovado pelo Decreto n.º 15/2010, de 24 de Maio.

A autoridade competente

Ilegível

REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUEMINISTÉRIO DA SAÚDE

UNIDADE GESTORA EXECUTORA DAS AQUISIÇÕES

Anúncio de Concurso

Concurso Público Nº 187/13/CDC/UGEA/MISAU

Fornecimento de Equipamento de Banco de Sangue

1. O Ministério da Saúde (MISAU) convida as empresas interes-sadas a apresentarem propostas fechadas para a Prestação de Serviços de Manutenção de Aparelhos de Frio

e Climatização dos Órgãos Centrais do MISAU e de Instituições Subordinadas.

2. Os concorrentes interessados poderão obter mais informações, examinar os Documentos de Concurso ou levantá-los no en-dereço indicado no número 5. deste anúncio pela importância não reembolsável de 1.500,00 MT (mil e quinhentos Meticais). O pagamento deverá ser em depósito directo no BCI FOMEN-TO (Conta: MISAU-DAG-JUROS E CADERNOS DE EN-CARGOS Nº 10.22.9427.10.001).

3. O período de validade das propostas deverá ser de 90 (no-venta) dias.

4. O concurso é restrito a pessoas singulares, micro, pequenas e médias empresas inscritas no Cadastro Único tal como referido no Artigo 58 do Regulamento de Contratação de Empreitada de Obras Públicas, Fornecimento de Bens e Prestação de Serviços ao Estado, aprovado pelo Decreto nº 15/2010, de 24 de Maio.

5. As propostas devem ser entregues no endereço abaixo, até às 10:00 horas do dia 16 de Agosto de 2013, e serão abertas em sessão pública, no mesmo endereço às 10:45 horas do dia 16 de Agosto de 2013 na presença dos concorrentes que desejarem comparecer.

Ministério da SaúdeUnidade Gestora Executora das Aquisições

Av. Eduardo Mondlane nº. 1008 – Rés-do-chãoCell: 84 38 94 650

e-mail: [email protected]

Maputo - Moçambique

6. O Concurso será regido pelo Regulamento de Contratação de Empreitada de Obras Públicas, Fornecimento de Bens e Prestação de Serviços ao Estado, aprovado pelo Decreto nº 15/2010, de 24 de Maio.

Maputo, aos 30 de Julho de 2013

A Autoridade Competente

Ilegível

REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUEMINISTÉRIO DA SAÚDE

UNIDADE GESTORA EXECUTORA DAS AQUISIÇÕES

ANÚNCIO DO CONCURSO Concurso Limitado nº.: 203/OE/UGEA/MISAU/13

PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE MANUTENÇÃO DE APARELHOS DE FRIO E CLIMATIZAÇÃO DOS ÓRGÃOS CENTRAIS DO MINISTÉRIO DA SAÚDE E DE INSTITUIÇÕES SUBORDINADAS

Page 16: SAVANA de 02 de Agosto

17Savana 02-08-2013 OPINIÃO

Num artigo recentemente publi-

cado no jornal Business Day, de

Joanesburgo, um proeminente

académico, Aubrey Matshiqi,

colocou a seguinte questão: Será que as

eleições zimbabweanas só se tornam li-

vres e justas se o Movimento para a Mu-

dança Democrática (MDC) ganhar?

Ele também quis saber o que fará o

MDC se perder eleições que os obser-

vadores internacionais tenham declarado

como administrativamente caóticas, mas

não tão anti-democráticas e politica-

mente viciadas como foram as de 2008.

As duas questões são pertinentes. O

Presidente Robert Mugabe goza de um

razoável apoio entre a população negra

sul-africana que não possui capacidade

para discernir os problemas do Zimba-

bwe. Muitos acreditam nas políticas de

“empoderamento” de que Mugabe sem-

pre fala e acreditam também que ele

ganha eleições com legitimidade. Eles

estão errados.

Mas deixem-me tornar claro que as con-

dições no terreno para estas eleições es-

tão melhores do que estavam em 2008.

Para testar as águas, à minha chegada esta

semana ao Zimbabwe para depositar o

meu voto, vesti-me com roupa de cam-

panha da oposição e, depois de participar

num dos comícios de Morgan Tsvangirai

em Chitungwiza, no Domingo, dirigi-

me à comunidade rural de Seke, não tão

distante de Harare, para um churrasco.

Para a minha surpresa, os apoiantes

da Zanu-PF, trajando os vestes da sua

própria campanha, aproximaram-se de

mim e num tom de brincadeira chamar-

am-me de um “traidor” que não deveria

estar na área. Trocámos gargalhadas e

cada um continuou na sua.

Tendo seguido atentamente os acon-

tecimentos no Zimbabwe durante quase

duas décadas como jornalista e activista,

e tendo testemunhado a brutalidade do

regime de Mugabe em várias eleições,

senti-me muito aliviado com esta nova

forma de civismo entre os meu compa-

triotas.

Contudo, esta ausência de violência

não pode significar que as eleições se-

jam livres, justas e credíveis, mesmo se

Morgan Tsvangirai e o seu MDC forem

declarados vencedores. Portanto, em res-

posta às questões apresentadas por Mat-

shiqi, um definitivo não.

A ausência de violência não torna as

eleições livres e justas. Certamente não as

zimbabweanas. Os problemas estruturais

inerentes à condução do processo eleito-

ral no Zimbabwe são profundos.

Se Tsvangirai e o seu MDC ganharem,

significa apenas que terá havido falhas

na máquina de manipulação dos resul-

tados. A essência de qualquer processo

eleitoral considerado livre e justo é a ex-

istência de um recenseamento eleitoral

minimamente limpo. Mugabe sempre

resistiu a todos os planos para um re-

censeamento novo e de raiz, preferindo a

manutenção do actual, que com todos os

seus defeitos tem lhe servido muito bem.

Mas desta vez, mesmo a actualização do

recenseamento eleitoral foi claramente

manipulada para impedir que muitos

eleitores jovens tivessem a oportunidade

de se registarem. Isto porque a maioria

dos jovens são vistos como apoiantes de

Tsvangirai.

A curta janela de oportunidade para o re-

censeamento foi tão dificultada que lev-

ou até oito horas para alguém se registar.

Estima-se agora que mais de 800 mil

potenciais eleitores jovens simplesmente

desistiram do recenseamento. Para além

disso, a existência nos cadernos eleitorais

de centenas de milhar de eleitores já fa-

lecidos ou outros com mais de 110 anos

de idade é um assunto que já foi muito

bem documentado por organizações da

sociedade civil.

O problema com o MDC é que não foi

capaz de insistir na necessidade de um

novo recenseamento de raiz como priori-

dade número um, desde que aceitou fazer

parte do precário Governo de Unidade

Nacional (GNU) em Fevereiro de 2009.

Todas as instituições de administração

eleitoral, nomeadamente a Comissão

Nacional de Eleições (ZEC) e o Serviço

Nacional de Registos e Notariado, que é

responsável pelo recenseamento eleito-

ral, estão cheios de funcionários leais a

Mugabe.

A parcialidade da rádio, televisão e jor-

nais controlados pelo Estado a favor da

Zanu-PF é simplesmente fenomenal.

Enquanto os comícios de Mugabe

mereceram cobertura em directo, o

MDC dificilmente teve acesso a es-

ses meios. Quando o MDC solicitou a

cobertura em directo para a cerimónia de

lançamento do seu manifesto eleitoral,

foi informado que deveria pagar 150 mil

dólares. Dos dois canais “independentes”

de rádio recentemente licenciados, um

tem como proprietário Supa Mandi-

wanzira, que é candidato da Zanu-PF

ao parlamento e o outro é propriedade

de imprensa Zimpapers, que publica o

jornal governamental Herald.

As memórias da violência de 2008, que

desalojou dos seus lares dezenas de mil-

har de zimbabweanos, continuam frescas

entre a população rural. Os homens de

Mugabe não precisam de repetir essa

orgia de violência. Os chefes tradicionais

que lhe devem obediência têm estado a

lembrar às pessoas que a violência poderá

Eleições no Zimbabwe

A ausência de violência não as torna livres nem justasPor Basildon Peta*

se repetir caso Mugabe não ganhe as

eleições na primeira volta.

O Zimbabwe não tinha dinheiro para

a realização destas eleições. De repente,

um dos homens fortes de Mugabe, o

Ministro da Justiça Patrick Chinamasa,

anunciou que havia encontrado dinhei-

ro, e que estava a alocar 85 milhões de

dólares à ZEC. O Ministro das Finanças,

Tendai Biti, ainda não sabe de onde é que

veio o dinheiro. Graças às receitas dos di-

amantes, não registadas junto do Tesouro

Nacional, Mugabe pode alimentar os

seus apoiantes durante os seus comícios,

o que Tsvangirai já não pode.

A simples ausência de violência não pode

conferir legitimidade a estas eleições, in-

dependentemente de quem vier a ganhar.

De facto as eleições, tendo sido marca-

das num espaço de 30 dias, são as piores,

com uma litania de defeitos estruturais.

Mas os observadores africanos, julgando

pelas declaracções de Nkosazana Dlami-

ni-Zuma, poderão considerar as eleições

livres, justas e transparentes. Essa é a

tragédia de África. Mugabe está habitu-

ado a sair-se bem em muitas coisas que

não são aceitáveis.

Ele não está em condições de ganhar

uma eleição livre, transparente e credível.

Somos seres humanos racionais e cer-

tamente que podemos fazer melhor do

que Mugabe. Os membros do MDC já

disseram que não irão aceitar qualquer

resultado que não seja a sua vitória.

Julgando pelo que vejo, eles terão razão

em rejeitar uma vitória de Mugabe. O

medo prevalece no Zimbabwe. Mugabe

não precisa de seviciar um povo já trau-

matizado para ganhar eleições. O sim-

ples medo da violência, caso ele perca,

será o suficiente para ele.

*Peta é um jornalista e jurista zimbabwe-

no residente na África do Sul.

Page 17: SAVANA de 02 de Agosto

18 Savana 02-08-2013OPINIÃO

CartoonEDITORIAL

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*

*

Maputo-República de Moçambique

*

*

Cada vez que grandes

eventos ocorrem em Mo-

çambique um pedaço da

história deste país se es-

creve. A título de exemplo, de 29

a 31 de Julho de 2013 em Satun-

jira, Gorongosa, esteve reunido,

na sua segunda sessão ordinária,

o Conselho Nacional da Renamo

alargado a outros quadros.

Foi um evento brilhante onde

pude testemunhar a maravilha

que é a democracia.

Quando viajo pelas províncias na

minha qualidade de mandatária

do povo, ou nas missões político-

-partidárias sou interpelada por

cidadãos preocupados com os

seus pequenos ou grandes em-

preendimentos que podem não

desenvolver caso ecluda uma

guerra fratricida. Sobre esse as-

sunto, as quase cinco centenas de

participantes a segunda sessão or-

dinária do Conselho Nacional da

Renamo exigiram a cessação das

negociações entre a Renamo e o

Governo da Frelimo  depois da

próxima ronda negocial.

Ouviram-se vozes de vários

conselheiros representantes das

onze províncias do país exigindo

um basta a tolerância demons-

trada pelo Presidente da Rena-

mo, Afonso Macacho Marceta

Dhlakama.  

A maioria é de opinião que se em

mais de uma dezena de rondas

negociais ainda se está a deba-

ter o primeiro ponto da agenda

não se vislumbrando até aqui o

alcance de consensos, então que

elas terminem. Porém, o Presi-

dente Dhlakama acredita numa

solução pacífica, encontrada por

via do diálogo e por isso não con-

cordou que o encontro Renamo-

Governo da Frelimo a ter lugar

no dia 5 de Agosto fosse o der-

radeiro. Ademais que a Assem-

bleia da República tem como um

dos pontos da sua agenda para a

sessão extraordinária que iniciou

a 1 de Agosto, a revisão Pacote

Eleitoral. É que, não obstante,

14 rondas negociais terem acon-

tecido, está na  revisão do Pacote

Eleitoral o cerne do “impasse” das

negociações entre a Renamo e o

Governo da Frelimo.

Agora, se essa extraordinária do

Parlamento moçambicano não

buscar oferecer ao nosso país leis

eleitorais transparentes, que con-

firam aos pleitos eleitorais a cre-

dibilidade que eles merecem, cer-

tamente as negociações terão sido

um exercício governamental de

entreter o maior partido da opo-

sição em Moçambique, Renamo.

Naturalmente, ficou claro que a

Renamo tem um líder verdadei-

ramente visionário e amante da

paz. Daí que em nome de uma

real unidade nacional, da paz e da

democracia duramente conquis-

tada há que se trabalhar de mãos

dadas para que continuemos um

país uno e indivisível como reza

a Constituição da República. É

preciso que a Frelimo pare de

promover ataques às delegações

da Renamo e aos seus membros

e sobretudo parar de incitar a Re-

namo a reagir, com violência. De

nada adianta o discurso do senhor

auto-estima que come sozinho,

mas valia o do cabrito chefe que

permitia que os demais comes-

sem onde estivessem amarrados.

*Comunicóloga, Deputada da Assembleia da República pela Ban-

cada Parlamentar da Renamo

Satunjira escreve pedaço da história do paísPor Ivone Soares*

Parece estar alojada nas mentes de certos meios oficiais ligados ao par-

tido Frelimo, a ideia de que há órgãos de comunicação social e jorna-

listas do sector privado que são pagos por potências estrangeiras para

desestabilizar o governo.

Esta teoria conspirativa defende que os doadores estrangeiros que financia-

vam a oposição chegaram à conclusão de que esta era ineficaz para imple-

mentar a sua agenda, e encontraram, por isso, na imprensa independente a

sua alternativa. Nada poderia ser melhor produto da fertilidade da imagina-

ção de algumas mentes oucas.

Sem apresentar qualquer tipo de provas, essas acusações estão a ser repetidas

de forma sistemática, a tal ponto que já não nos podem deixar convencidos

de que se trate de meros equívocos.

São declarações que parecem fazer parte de uma campanha concertada nos

laboratórios do trabalho ideológico do partido no poder e que visam desa-

creditar a imprensa independente, tornando esta culpada dos lapsos de go-

vernação que têm sido alvo de um amplo movimento de contestação popular.

Não é que não estejamos habituados a este fenómeno. Não é a primeira vez,

e certamente que não será a última, que um governo tenta desculpar-se dos

seus insucessos procurando desenterrar imaginárias conspirações suposta-

mente orquestradas do exterior. E neste acto de desepero, a imprensa é sem-

pre o alvo de preferência.

E não é difícil de perceber porque é que a imprensa, e sobretudo a imprensa

livre, tem que ser um alvo a abater. A natureza do seu trabalho é manter a

população informada do que se passa à sua volta, pondo à sua disposição

instrumentos de análise que possam influenciar a sociedade e ajudá-la a com-

preender melhor as circunstâncias políticas, económicas e sociais em que se

encontre num determinado momento.

Por isso, para os estrategas da propaganda do partido, o primeiro passo para

a consolidação do seu poder hegemónico é desactivar a imprensa indepen-

dente, intimidando-a com acusações de traição. O objectivo é conseguir que a

imprensa livre se remeta à defensiva e comece a pôr limites nas suas próprias

palavras, recorrendo à auto-censura.

Atingido esse objectivo, tudo o que resta para a sociedade consumir são en-

latados de propaganda difundida por meios públicos que são subvertidos e

desviados da sua missão original, para servir os interesses de uma elite preda-

dora que usa o seu controlo do Estado para fins que são alheios aos do povo.

É um insulto grave tentar insinuar que profissionais testados, alguns com

mais de metade de século de vida e dezenas de anos nas trincheiras do jor-

nalismo, sejam tão ingénuos e baratos para se deixarem comprar por umas

moedas de prata somente com o único objectivo de desestabilizar o governo

do seu próprio país. É elevar o intriguismo ao seu expoente máximo tentar

sugerir que há jornalistas patriotas e não patriotas. Todos somos moçambica-

nos e devemos lealdade a esta Pátria.

Haverá, obviamente, jornalistas que por qualquer razão gostariam de ver um

outro governo no lugar do actual. Do mesmo modo que há jornalistas que

acreditam que este é o melhor governo que alguma vez existiu em Moçambi-

que. Mas a ambos estes grupos, assiste-lhes a lei que lhes dá o direito à livre

escolha. E escolher estar do lado oposto ao do governo do dia não pode ser

interpretado como significado de que alguém esteja ao serviço de interesses

estrangeiros.

Na verdade, se uma parte considerável do Orçamento Geral do Estado

(OGE) é financiada por recursos provenientes dos doadores, e tendo em

conta que os órgãos de comunicação social do sector público sobrevivem das

subvenções que recebem deste mesmo orçamento, não será difícil perceber

qual é a parte da nossa imprensa que vive à custa do dinheiro que vem do

estrangeiro.

Os que propalam a ideia de que a imprensa privada recebe subsídios do ex-

terior para desestabilizar o governo esquecem-se, por uma questão de con-

veniência, que a imprensa não tem o poder de inventar factos, e que muitas

vezes os pontos de vista veiculados pela imprensa são apenas a manifestação

escrita, falada ou de imagem daquilo que é o sentimento geral da sociedade

sobre o seu dia-a-dia.

Ao apontar a imprensa privada como o culpado da actual situação que se vive

no país, a máquina de propaganda do regime pretende desresponsabilizar os

governantes, apresentando-os como meras vítimas de campanhas orquestra-

das do exterior e veiculadas internamente por elementos anti-patriotas aloja-

dos no seio da imprensa privada.

Esta é uma falha de análise que não só serve para desinformar o público,

como também não contribui para que os mesmos dirigentes a quem se tenta

proteger, reflictam honestamente sobre a sua própria governação.

A imprensa independente peca muitas vezes por todos os dias nos trazer

verdades amargas. Mas o pior é sermos entretidos na boca com um rebuçado

revestido de uma camada grossa de chocolate, mas que no seu miolo contém

uma carga altamente explosiva de veneno.

A imprensa patriótica e o veneno de chocolate

Page 18: SAVANA de 02 de Agosto

19Savana 02-08-2013 OPINIÃO

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João Mosca

Futuros ministros e depu-

tados estão a ser analisa-

dos a dois níveis: de cima

para baixo e de baixo para

cima. No primeiro caso, são os

blocos decisionais dos partidos

inspeccionando clinicamente os

candidatos em função de variá-

veis como fidelidade, idoneidade,

compostura e competência; no

segundo, são os candidatos (mui-

tos deles, não todos) que se des-

dobram por múltiplos caminhos,

com deslocações sistemáticas

às sedes partidárias, exibição de

virtudes e saberes, postura públi-

ca de crítica zelosa aos críticos,

sedução de membros influentes

dos blocos políticos decisionais,

etc.

Especialmente para os minis-

teriáveis, as universidades são

importantes centros de pesquisa

partidária ao nível de doutores

fiéis e ansiosos de ascensão so-

cial.

O futuro ministro e o futuro

deputado terão, enfim, de recon-

verter a sua forma de ser, terão

de deixar de fazer certas coisas

e de, fielmente, aprender a fazer

outras.

Ministeriáveis e deputáveis

Há muitos sinais que me

chegam do exterior a con-

firmar continuamente que

já estou para cima dos 60

anos de idade e que a maior parte

dos meus amigos, também está.

Um destes sinais que me chegam

continuamente e com cada vez

maior frequência é a insistência

com que os meus amigos, ou com-

panheiros de viagens nos bares

falam do seu passado com tom de

saudade tão profundo que até se

deixam embalar em nomes e locais

antigos, da pureza da sua infância

e dos bons tempos em que sonha-

vam durante a juventude.

Coisas muitas vezes sem nexo e

sem que correspondam totalmente

a verdade.

No fundo, o sonho em que eles vi-

veram não foi do passado. Agora é

que estão a viver um grande sonho.

A sua infância, a sua juventude e

a vida adulta desbaratada frequen-

temente em casamentos infelizes

mal entendidos e falta de capaci-

dade de educar correctamente os

seus filhos.

A minha terraSeja como for, eu também faço parte

dessa geração.

De tal forma que, frequentemente,

digo a mim próprio e a quem esteja

interessado, que eu e a felicidade te-

mos e sempre tivemos uma relação

conflituosa.

Há uns tempos, decido ir visitar a

minha terra natal num esforço de me

reencontrar 50 anos depois. O que eu

tinha na memória era uma vila verde-

jante, de coqueiros, cajueiros e mafu-

reiras, uma ponte, uma pousada, uma

estrada de terra batida que vinha do

sul e ia até ao norte sem limites. Um

bazar sempre cheio de poeira e natais

de meninas de saias engomadas sorri-

dentes, canja de galinha no estômago

e muita felicidade.

Aquela felicidade de gente pobre que

sabe sem saber, que não pode exigir

muito da vida.

Encontrei uma cidade fervilhante de

gente que vende tudo incluindo o cor-

po, uma ponte restabelecida, barcos

que vão e vêm, ao lado da pousada

bué de lojas de pomadas, perfumes,

electrodomésticos, a igreja, as escolas

e várias casas de alvenaria no lugar

das barracas de caniço e macute,

tascas que vendem de tudo e de

nada e onde a juventude queima

o seu desespero e botijas de plás-

tico de Gin, caravela ou tentação

ou sura misturada com diazepam

ou tardes mal passadas onde faz

amor só por necessidade de dizer

que fiz.

Não há amor, não há idade, não

há escola, não há emprego, não há

carinho paterno, materno muito

menos porque as mães levantam-

-se de manhã muito cedo vão ao

bazar vender e só voltam a casa à

noite cansadas, a sufocar o deses-

pero e só se dão tempo que toma-

ram banho quando espermam na

cama para um sono profundo no

mesmo quarto onde dormem dois

ou três netos que as filhas a cada

ano lhes vem deixar no regaço.

Estou mesmo à beira de me sen-

tir muito perto de ter revisitado a

minha terra, 50 anos depois.

Continua linda, com poucos co-

queiros, poucos cajueiros, nenhu-

ma laranjeira, nenhuma tangeri-

neira, mas ainda há jovens lindas.

O presente texto tem como ob-

jectivo reflectir como se estru-

turam as alianças de poder e

económicas nos últimos anos

em Moçambique. A intensificação

da entrada do investimento externo,

sobretudo nos recursos naturais (car-

vão, gás, pedras preciosas, ouro e pros-

pecção de petróleo) na agricultura de

exportação, florestas, turismo e nos

transportes associados às exportações

de recursos naturais, alterou/refor-

çou o sistema de alianças políticas e

económicas. Aprofundou a natureza

excludente do desenvolvimento com

consequências na pobreza, reconfigu-

rou os grupos de interesse internos, em

que o Congresso da Frelimo de Pemba

é o momento simbólico mais repre-

sentativo, acelerou a conflitualidade

política e militar entre o Governo e a

Renamo, despertou a sociedade e fez

surgir organizações da sociedade civil,

algumas com notável capacidade de

estudo, análise e intervenção.

Este artigo apenas se debruça sobre

as novas/reforçadas alianças políticas.

Existe a teoria/metodologia marxista

da segmentação da sociedade em clas-

ses. O autor já escreveu com este en-

quadramento em outros textos. As so-

ciedades, a partir de meados do século

XX, complexificaram-se e exigem no-

vas metodologias ou, no mínimo, im-

põem uma revisão à tradicional divisão

classista das sociedades. Os interesses

já não são mais estanques e estáticos,

e factores de natureza familiar, cultu-

ral, sociológica, “nacionalista”, entre

outras, são indispensáveis em análi-

ses sistémicas acerca das articulações

(alianças) múltiplas e interrelacionadas

Famílias, camaradas, agiotas e forâneos da sociedade.

Neste texto, consideram-se os elemen-

tos seguintes: (1) não apenas da família

nuclear mas o conceito de família am-

pliada; as famílias podem ser associa-

das a etnias, raças e regiões e, com isso,

o significado destes termos na socie-

dade moçambicana; (2) os camaradas

(membros/militantes, neste caso, dos

grupos que detêm o poder no partido

no poder); (3) os agiotas, como sendo

as pessoas/grupos que por algum mo-

tivo (formação técnica, ligações ante-

riores ou actuais posições satélites ao

poder, entre outras) têm acesso privi-

legiado à informação, oportunidades

de negócios ou de rendas, e recursos

de forma discriminatória e não poucas

vezes não transparente; e, (4) indiví-

duos e empresas/capitais que, com ou

sem cobertura dos respectivos gover-

nos, se integram, aos diferentes níveis,

no sistema de alianças internas ou por

elas são funcionalmente integradas/

capturadas. É esta uma parte do ema-

ranhado social que emerge nos últimos

anos como dominadores do poder po-

lítico e económico.

O núcleo central dessas alianças são as

famílias que são também entre si ca-

maradas (de uma determinada facção

no poder), que utilizam as instituições

públicas e os seus posicionamentos nas

burocracias partidária e governamental

(também estes arquitectados para uma

maior eficácia da aliança), para con-

cretizarem, em forma de renda (rent

seeking), benefícios jamais por eles

alcançáveis num sistema económico e

de mercado concorrencial, competiti-

vo cujos vencedores são os indivíduos/

empresas/grupos de maior mérito (sob

diferentes pontos de vista: formação,

competências, experiência, trabalho

árduo, etc.).

Os agiotas são os que, sendo também

camaradas satélites (de 3ª linha ou ac-

tualmente com militâncias desactiva-

das ou afastadas), possuem formação

e experiência, utilizam as influências

para desenvolverem os seus interesses

cobertos/apoiados/protegidos pelos

camaradas a quem prestam vários ti-

pos de favores, com o intuito de refor-

çarem os seus interesses. Estes, por sua

vez, podem ser utilizados nas estrutu-

ras societárias de empresas com com-

participações das famílias e camaradas,

como técnicos, executivos ou como fa-

zedores de engenharias financeiras. As

famílias e camaradas utilizam os agio-

tas enquanto estes lhes forem úteis

ou enquanto não aparecer outro de

maior utilidade. Os agiotas sabem que

a aliança é movediça e, por isso, procu-

ram, sempre que possível, possuir es-

paços alternativos menos dependentes

do sistema político ou têm subgrupos

de interesses com menor presença das

famílias e camaradas actualmente de-

tentoras do poder.

Finalmente, estão os forâneos, que

conhecem o bom (óptimo) ambiente

de negócios sempre e quando rela-

cionados com as famílias/camaradas

e agiotas. Destes procuram obter os

caminhos mais curtos e fáceis para a

concretização dos seus negócios. Es-

tas conexões são múltiplas e comple-

xas. Podem envolver altos dignitários

intergovernamentais e incluídos em

programas de cooperação com apro-

veitamento de linhas de crédito ou

mesmo donativos. No outro extremo,

existem os pequenos investidores que

buscam oportunidades de negócio,

sem relações com o poder real mas sim

com “peixe miúdo” das burocracias,

que procuram obter rendas com pe-

quenos favores cujas dinâmicas podem

conduzir à extorsão e inviabilização

dos investimentos. Entre os extremos,

existe uma grande variedade de situa-

ções, mas, quase sempre, com connec-

tions locais. Se de um lado se procu-

ram formas de viabilizar e concretizar

os negócios remetendo os custos das

comissões para o preço ao consumidor

(veremos se alguma cidade moçambi-

cana chegará “orgulhosamente” aos lu-

gares cimeiros no ranking das cidades

mais caras do mundo). Do outro lado,

procuram-se rendas e participações

nas sociedades como contrapartida das

facilidades e do perverso e desenvergo-

nhado “conhecimento local”.

Esta breve apresentação a que os limi-

tes de espaço deste artigo impõem, é

necessariamente simplificadora (mas

porventura não errónea) da realidade.

Quais as lições deste estado de coisas?

Referem-se apenas cinco: Primeiro,

estas formas de estruturar a sociedade,

conduzem certamente a uma econo-

mia ineficiente e não competitiva, com

os mercados distorcidos e um mau

ambiente de negócios. A competência,

o mérito, a concorrência dão lugar à

incúria, ao desenrasca, aos esquemas,

favoritismos, corrupção, a nomeações

que têm como principal (e eventual-

mente exclusivo) critérios, as famílias e

o cartão vermelho. Segundo, o desen-

volvimento fica comprometido. Eco-

nomia não eficiente e portanto não

competitiva, está condenada a crises

persistentes, à reprodução da estrutura

dependente, à configuração de um ca-

pitalismo subdesenvolvido que apenas

se reproduz na medida das funciona-

lidades que existirem com o capital

externo. Terceiro, desenvolve-se uma

sociedade injusta porque sem igualda-

de de oportunidades como elemento

essencial da democracia em liberdade

e instala-se o tráfego de influências, a

informação privilegiada para decisões

políticas e económicas vantajosas e re-

des de influência com lobbies subter-

râneos. Quarto, dificilmente a pobreza

se reduzirá, as desigualdades sociais

tendem a aumentar e a indignação

popular aumenta simultaneamente

que surge a opulência do luxo, muitas

vezes aboçalada. Quinto, a corrupção

institucionaliza-se e o cabrito não só

come onde o amarram mas come onde

se amarra (metaforicamente, confi-

gura-se uma sociedade de “cabritos”).

Finalmente, quinto, constrói-se uma

burocracia frágil, não competente para

o exercício das funções de Estado, mas

competente para suportar os interesses

das suas elites que incorre em sérios

riscos de conflitualidade social, revol-

tas e até confrontação militar.

E tudo isto porque, antes de servir o

povo, cada um se serve à custa dos im-

postos dos cidadãos, com o sacrifício

dos que trabalham, da pobreza e da

miséria da maioria do povo. E o mais

pornográfico de tudo isto, é que se ma-

nipula ou mal utiliza o conceito de acu-

mulação primitiva de há séculos para

se justificar estes comportamentos e

riquezas. Que importa o povo? Afinal,

e refiro-me ao sentido de algumas fra-

ses enunciadas por altos responsáveis,

lutou-se ou não para se ser rico? Este

país é nosso! Ou a voz do motorista do

chapista que após transgredir o código

de estrada diz para quem reclama, “isto

é Moçambique”. Ou ainda, para alguns

investidores e expatriados, “Moçambi-

que é maningue nice”.

As famílias, os camaradas, os agiotas

e os forâneos, sabem que é preciso

acumular muito e rápido. Muito, pela

própria avareza, e rápido por razões

biológicas, pelas oportunidades con-

junturais dos negócios e do poder.

O autor reconhece existirem pessoas

do sistema político e do tecido eco-

nómico que, sem se desmarcarem

completamente desta complexa rede

pantanosa de interesses (porque difícil

para a realização da suas actividades e,

por vezes, para a sobrevivência e com-

promissos diversos), mantêm valores

de dignidade e da ética nos seus com-

portamentos e actividades. Finalmente

este texto não cabe aos que mantêm

uma completa independência nas suas

relações com o pântano; infelizmente,

neste caso, não só é preciso querer, é

necessário poder. Uma espécie em ex-

tinção mas que há claros sinais de re-

cuperação.

Page 19: SAVANA de 02 de Agosto

20 Savana 02-08-2013OPINIÃO

A TALHE DE FOICE

SACO AZUL | Por Luís Guevane

Por Machado da Graça

Enquanto o Conselho de Estado,

reunido em Maputo, gerou meras

banalidades, na Gorongosa Afonso

Dhlakama assumia, novamente, o

protagonismo ao dar o prazo de uma sema-

na ao Governo para se chegar a consenso

nas negociações em curso.

Dhlakama acusou a delegação do Governo

de estar a usar tácticas dilatórias para evi-

tar que se chegue a acordo sobre os pontos

fundamentais da sua proposta de revisão da

legislação eleitoral e disse que, se até ao fim

da próxima semana, não houver consensos,

a Renamo vai retirar a sua delegação das

negociações e ele assumirá, pessoalmente,

a procura de uma solução para o problema.

As notícias que me vão chegando, de fontes

diversas, não são claras no que diz respeito

às medidas que o líder da Renamo pensa

tomar para conseguir os objectivos que a

sua delegação não está a conseguir no Cen-

tro Joaquim Chissano. Por um lado diz-

-se que, mais uma vez, recusou o recurso à

guerra mas, por outro, parece ter recorrido a

ameaças de dividir o país em dois, ou mes-

mo em três, países diferentes. Terá mesmo

afirmado que a Renamo poderia declarar a

independência de Sofala.

Como é que se divide o país, e se declara

a independência de uma parte dele, sem

recorrer à guerra é coisa que não terá sido

explicada.

De qualquer forma, tendo em conta os an-

tecedentes da Renamo, não podemos ficar

sossegados com mais esta subida de pressão

na já quente panela da política nacional. Já

correu sangue inocente, nos últimos tem-

pos, e nada nos garante que não voltará a

correr, em breve, se as coisas não se resol-

verem.

Estamos, obviamente, perante uma atitude

de chantagem da Renamo sobre o Gover-

no. E chantagem feita de armas na mão, o

que torna a situação muitíssimo mais grave.

A isto chegámos por falta de flexibilidade

política, por parte do Governo que, embora

tenha sido repetidamente avisado dos pe-

rigos, para o país, da política que seguia,

não teve um mínimo de capacidade de lidar

com os problemas para evitar que as coisas

evoluissem até este ponto.

A sabedoria demonstrada por Joaquim

Chissano, durante as conversações que le-

varam aos Acordos de Roma, foi totalmen-

te ignorada agora.

Chissano, em paralelo com as negociações,

foi procedendo a reformas internas de vul-

to que, gradualmente, foram esvaziando de

sentido as reivindicações da Renamo, colo-

cando este partido numa posição de prati-

camente, nada mais ter a exigir para acabar

com a guerra.

Pelo contrário, agora, o Governo agarra-se

com unhas e dentes a uma fórmula de cons-

tituição dos órgãos eleitorais que não é só à

Renamo que desagrada mas a uma grande

camada da sociedade moçambicana. Não

sei se a solução é a proposta de paridade

feita pela Renamo (a bem dizer nem sequer

sei exactamente em que é que ela consis-

te) mas também não creio que seja a actual

fórmula, com o seu enorme desiquilíbrio a

favor da Frelimo, permitindo-lhe fazer e

desfazer como bem lhe apeteça.

Por outro lado, a recusa do Governo em

subscrever a proposta a apresentar à Assem-

bleia da República, a par com a Renamo, dá

a entender uma atitude de esperteza per-

mitindo à Frelimo recusar no Parlamento

aquilo que aceitou na mesa de negociações.

Se o Governo está, constantemente, a en-

viar propostas de lei para a Assembleia da

República, porque será que só neste caso,

invocando a seperação de poderes, se recusa

a fazê-lo?

Esperemos que alguém consiga meter bom

senso nos dirigentes de ambos os lados

desta barricada política porque, se isso não

acontecer, as consequências podem ser ex-

tremamente graves.

Barricada política

Durante as últimas décadas ficamos

numa situação semelhante a do

criador que tem muitas cabeças

de gado mas que, entretanto, tem

graves problemas de alimentação, sobre-

tudo no que respeita ao consumo de pro-

teína animal. Os filhos, com o tempo, não

se “desabituaram” em andar esfarrapados,

desnutridos, com fraco aproveitamento

escolar, e nem revolucionaram o seu vício

no trabalho com o gado e com a enxada de

cabo curto; continuaram a trabalhar a terra

e a cuidar dos animais tal e qual a geração

dos seus trisavôs.

Foram décadas de conflito entre compa-

triotas que julgavam os seus objectivos

como os mais justos, os mais infalíveis e

perfeitamente nobres para desenvolver este

Moçambique de moçambicanos. Nessa

tentativa, cada um deles tentou situar-se

É possível mudar!no topo do protagonismo político e, paulatina-

mente, no comando económico. Muitos torna-

ram-se corruptos por força dos corruptores e

transformaram-se em tubarões na praça econó-

mica dispostos a fortalecer-se com a proteína

dos pequenos cardumes económico-financeiros

onde fluem os famosos sete milhões.

Semelhante ao comportamento do criador de

gado acima referido, estamos hoje a despertar

sem, no entanto, percebermos que é de toda a

importância que comecemos a abrir os olhos.

Podemos até, em primeiro lugar, esfregá-los.

Mas, é necessário abrimo-los. De nada vale

congratularmo-nos com o enorme poten-

cial em recursos naturais de que o país dispõe

quando, na realidade, não conseguimos usufruir

deles.

O problema não tem que ser a filosofia “coma

e deixe-os comer”. A terra, os recursos hídricos,

florestais e minerais, associados ao factor “inte-

ligência” não podem deixar o moçambicano a

morrer de fome ou a viver abaixo de um dólar/

dia. Um, dois ou três dólares… Essa química de

“inteligência” e “exploração dos recursos natu-

rais” não pode continuar a produzir uma educa-

ção “senta-baixo” e desqualificadora, não pode

continuar a ser produtora de fumo negro nas

relações entre moçambicanos, não pode conti-

nuar a ser o “diabo” dos nossos maus resultados

na agricultura, no desporto, etc.

Ainda é possível perceber que, provavelmente,

o nosso poderoso criador de gado não estivesse

interessado em dar nas vistas para não engordar

os olhos do vizinho. Queria, sozinho, engordar

os seus olhos com a riqueza que possuía sem

se preocupar com o sofrimento da sua própria

família. Esta podia até sofrer, mas que estivesse

ali ao seu lado.

As nossas areias pesadas (“nossas” é modo de

dizer), o nosso mármore, a grafite, os diaman-

tes, o ouro,… o nosso gás natural (abundante

em mais de centena e meia de triliões de pés

cúbicos), o carvão (abundante em duas deze-

nas de biliões de toneladas métricas), entre

outros, devem iluminar as nossas mentes de

modo a não produzirmos conflitos armados

nem avalanches sociais e, muito menos, ele-

fantes brancos.

Cá entre nós: há muitos “Moçambiques”, é

verdade, mas é possível fazer com ele seja

verdadeiramente uno e indivisível. Tudo de-

pende do moçambicano. É importante en-

volver o moçambicano no desenvolvimento

do seu próprio país. Dar oportunidade para,

por exemplo, também debruçar-se, sobre a

identificação de projectos prioritários, não

prioritários e os de baixo rendimento em

termos de direccionamento de investimen-

tos. É possível.

A primavera árabe tinha começado na Tunísia e se estendeu rapidamente ao Egipto, derrubando a duas ditaduras com que o “mundo livre” occidental con-

vivia alegremente, além de financiar substancial-mente. (O Egipto é o segundo na lista de “aju-das” militares dos EUA, apenas atrás de Israel e à frente da Colômbia.)Quando Madeleine Albright, então secretaria de Estado dos EUA, pediu eleições democráticas ao então “presidente” Hosni Mubarak, ele retrucou:– Você quer que a Irmandade Muçulmana ga-nhe?Foi suficiente para que ela mudasse de assunto.Derrubada a “ditadura” (os governos ocidentais e a mídia passam rapidamente a chamar ex--“presidentes” de ditadores, assim que eles são derrubados), depois de algum desconcerto, para ver no que ia dar, veio a saudação pela chegada da “democracia” e da “liberdade” naquele mundo selvagem, até ali habitado por apenas uma de-mocracia – Israel.Realizadas as eleições, como se poderia esperar, ganhou a Irmandade Muçulmana. Os países oci-dentais continuaram a ter acordos militares com o mesmo Exército que havia estado com Muba-rak e que agora se somava à “democratização”. Nenhum apoio económico, não era necessário. Segundo o receituário liberal, basta a instalação da democracia liberal para que todos os proble-mas de qualquer país fossem resolvidos. Porque ao lado da democracia liberal funcionaria o “livre mercado”, motor do desenvolvimentoeconômico, da modernização e do progresso.De outra coisa, chamando a atenção para um impasse similar ao que havia vivido a Argélia nos anos 1990. Um governo islâmico aprovou sua Constituição islâmica, que não deixa lugar aos opositores, à diversidade e aos direitos das minorias – ou das maiorias oprimidas, como as mulheres.Durou um ano o governo de Mursi, em meio à rejeição dos sectores laicos – em grande maioria jovens e sindicalistas –, com a situação económi-ca e social se agravando aceleradamente. A única alternativa que o Ocidente tinha era o FMI à es-preita, oferendo recursos em troca de um endu-recimento brutal dos gastos estatais, a começar pelos subsídios ao petróleo e ao trigo.Mursi sabia que seria um apertão impossível a dar em um país em acelerado processo de em-pobrecimento. A instabilidade política afugenta-va os turistas – fonte de recursos e de emprego fundamental para o país – somada à recessão europeia e à situação social degringolava, com aumento do desemprego, do desabastecimento e da inflação.A convergência desses factores levou às gigan-

tescas manifestações que terminaram com a in-tervenção militar e a derrubada do governo de Mursi, que não tardou por se enfrentar à mobi-lização da Irmandade Muçulmana, denunciando a nova ditadura.Os países ocidentais condenaram o derrube do governo eleito por processos considerados legíti-mos, mas logo se somaram ao Exército – seu fiel aliado – e deram diploma de “democrático” ao governo surgido do golpe.Na Argélia, em 1991 houve eleições abertas e triunfou uma Frente Islâmica, cuja vitória não foi reconhecida pelo Exército – lá também o ver-dadeiro poder – que promoveu uma das maiores chacinas que a região já conheceu, com centenas de milhares de mortos supostamente ligados aos islâmicos.Proscritos, seguiu-se o regime ditatorial de sem-pre, sem a forçamajoritária.No Egipto, nem bem o golpe se consumou, teve início a repressão aos dirigentes da Irmanda-de Muçulmana, fazendo prever o Exército que pediu para novas eleições seria suficiente para descabeçar a Irmandade. Caso contrário, a ile-galização – como na época de Mubarak – do movimento.Gente correu a saudar a vitória da “verdadeira” democracia, contra a farsa do ano de governo de Mursi. Tem razões para isso, e basta citar o caráter excludente da nova Constituição. Mas desta vez a intervenção popular, apesar do seu caráter massivo, não teve força para derrubar o governo de Mursi e apelou para o Exército. O mesmo Exército que havia estado com Muba-rak e com Mursi, agora impõe diretamente seu governo. Um Exército com enormes interesses econômicos próprios – conseguiu que o governo de Mursi lheperdoasse os crimes cometidos durante a ditadu-ra de Mubarak e preservou seu poder total sobre o orçamento da defesa, onde chegam os milioná-rios apoios dos EUA.Os que apoiaram a queda de Mursi tiveram di-ficuldade de chamar de ditadura um regime ins-taurado por um golpe militar. Que, como todos, fala em nome da “salvação nacional”, da “demo-cracia” e estipula prazos para novas eleições.É mais uma derrota do liberalismo. Politicamen-te, porque seus mecanismos não levaram a de-mocracia ao Egito – nem pelo governo de Mursi, nem pela mão dos militares que o derrubaram. Economicamente, porque o livre comércio só acentuou a crise e a miséria da população.O problema está colocado. Perpetuação de novo de um regime militar – aberto ou disfarçado – ou novas eleições, com grande possibilidade de nova vitória da Irmandade Muçulmana.

A crise do liberalismo no EgiptoPor Emir Sader

Page 20: SAVANA de 02 de Agosto

21Savana 02-08-2013 PUBLICIDADE

Page 21: SAVANA de 02 de Agosto

22 Savana 02-08-2013DESPORTO

Como era de esperar ter-

minou, num ambiente de

verdadeira festa, a XI edi-

ção dos Jogos Desporti-

vos Escolares, evento que durante

10 dias foi disputado nas cidades

de Tete e Moatize. E fazendo jus

ao seu estatuto de ganhador, Ma-

puto- Cidade voltou a não deixar

os seus créditos em mãos alheias,

o que lhe valeu a revalidação do

título em termos absolutos. Para

conseguir os seus intentos, as se-

lecções da capital do país somaram,

em femininos, 49 pontos contra 45

de Maputo-Província e em mascu-

linos totalizaram 53 pontos contra

51 de Maputo-província, segundo

classificado na pauta geral.

Mas independentemente dos re-

sultados obtidos pelas onze provín-

cais, há um dado a reter: o evento

marcou o virar da página porquan-

to não se registaram as habituais

falsificações de idade. E para trás

ficam as saudades, as amizades e

perspectivas de um breve encontro

na XII edição a realizar-se em 2015

na província de Cabo Delgado.

O evento, que decorreu sob o lema

“Façamos de Jogos Escolares base

do desporto nacional”, foi protago-

nizado por 1475 atletas dos 11 aos

16 anos, envolvendo as modalida-

des de futebol onze, andebol, atle-

tismo, basquetebol, ginástica, volei-

bol, xadrez e jogos tradicionais.

XI Festival dos Jogos Escolares: da hospitalidade dos nyungues à hegemonia dos rongasPor: Paulo Mubalo

O certame obedeceu duas fases: A

primeira decorreu de 20 a 26 de Ju-

lho e qualificou as equipas para as

meias-finais. A segunda, referente

às meias finais e finais decorreu nos

dias 27 e 28.

Maputo-Cidade foi o grande ven-

cedor do evento ao totalizar 102

pontos, seguido de Maputo-pro-

víncia, 96, Manica-72, Inhamba-

ne-69, Zambézia-66, Sofala-65,

Cabo Delgado-64, Gaza-55, Nam-

pula-55, Tete-49 e Niassa-44.

A província de Niassa sagrou-se

vencedora da Taça Disciplina, o fa-

moso “Fair-Play”.

Governo dá nota positiva ao eventoEnquanto isto, o Governo, através

do Ministro da Educação, Augusto

Jone, disse que os participantes do

evento tiveram a oportunidade de

reafirmar a Unidade Nacional e a

moçambicanidade ao demonstrar

na prática uma convivência sã, ao

longo dos 10 dias que durou o cer-

tame.

“Ficámos lisonjeados quando

soubemos que crianças macuas

aprenderam aqui algumas expres-

sões em Sena. Adolescentes ron-

gas aprenderam algumas expres-

sões em Nyanja. Jovens macondes

aprenderam expressões em Chan-

gana. Crianças ajauas aprenderam

palavras em Xitswa. Adolescentes

chopes aprenderam expressões em

Ndau e assim por diante. E todas

as crianças, adolescentes e jovens

oriundos das outras Províncias

aprenderam hábitos sócio-cultu-

rais da Província de Tete. E as de

Tete aprenderam obviamente das

outras Províncias”.

Explicou que O XI Festival Nacio-

nal dos Jogos Desportivos Escola-

res que hoje termina preconizava

os seguintes objectivos:

A promoção e consolidação da

Unidade Nacional; a promoção da

prática desportiva e da educação fí-

sica pela sua importância na saúde

individual e colectiva; a promoção

do convívio entre jovens oriundos

de todas as províncias do País; a

promoção e valorização de talen-

tos desportivos, como base para o

desenvolvimento do Desporto Na-

cional; a promoção e valorização

do conhecimento dos jovens sobre

a dimensão e diversidade Sócio-

-Cultural e Económica do País.

“Chegados a esta fase, podemos

dizer de viva voz que conseguimos

alcançar estes objectivos. Testemu-

nha isso o calor, o entusiasmo, a

alegria, a cor, o brilho, o dinamis-

mo, as emoções e o empenho com

que todos vós e as vossas equipas,

em todas as modalidades, demons-

traram e se entregaram pela con-

quista dos títulos e pela oportuni-

dade que deram a todos nós de vos

assistir a competir”, disse.

Na sua óptica, o certame foi uma

verdadeira festa partilhada entre

jovens oriundos de várias zonas de

todo o território nacional.

“Àqueles cidadãos que não pu-

deram acompanhar os desafios,

a Comunicação Social levou este

calor de Tete para todos os cantos

do País, fazendo com que todos

pudessem viver as emoções do XI

Festival Nacional de Jogos Des-

portivos Escolares”.

Diz ainda a dado passado que nos

desafios não poderiam ganhar to-

dos.

“Uns ganharam um jogo, outros

perderam aqui e ali. Mas todos jo-

gámos. Todos vós praticastes mas-

sivamente o desporto e a educação

física. Todos vós participastes no

movimento desportivo e cultural

que marcou estes dias na Província

de Tete e quiçá, em todo o País”,

anotou.

E ajuntou: “podemos assumir que

todos nós fomos vencedores, por-

que com os jogos soubemos com-

preender melhor que para vencer,

devemos unir as nossas forças e

trabalhar como equipa”.

Acrescentou que a XI Edição dos

Jogos Desportivos Escolares de-

monstrou a qualidade técnica das

competições realizadas. “Deu-nos

a oportunidade de observar, re-

novando assim a nossa convicção

e determinação, num futuro ri-

sonho que almejamos para a área

do desporto, neste País. Vimos os

potenciais talentos a emergirem

com a esperança de revitalizarem o

desporto nacional e internacional”.

Talentos terão acompanhamentoA aprovação ainda este ano pelo Governo de dois instrumentos no domínio do desenvolvimento Des-portivo Nacional, designadamente: a Estratégia de Implementação da Política Nacional do Desporto, que define o Desporto Escolar como principal vector na massificação das actividades físicas e desporti-vas a nível nacional e o Estatuto do Atleta de Alta Competição, visan-do a valorização, acompanhamento e apoio dos atletas de alto rendi-mento consagrados, bem como os talentos desportivos no percurso do desporto de alta competição, anima os fazedores do desporto.Neste sentido, segundo apurámos, durante a realização do XI Festi-val, foi levado a cabo um projecto de pesquisa de talentos envolvendo especialistas e técnicos dos Minis-térios da Educação, da Juventude e Desportos e das Federações Des-portivas Nacionais, o qual, pelo alto nível de competição protagonizado pelos estudantes, permitiu consta-tar no terreno a existência de imen-so potencial de atletas talentosos. Esses talentos merecerão acompa-nhamento, apoio e enquadramento devido em centros de treinamento

desportivo adequados.

Naíta Ussene, Fernando Lima, Fernando Manuel e Benedito Ngomane comunicam com profunda mágoa o falecimento do seu amigo Albano Naroromele, ocorrido em Maputo, no dia 29/7/2013, vítima de doença, cujo funeral se realizou no dia 1/8/2013 em Chuíre (terra natal), província de Cabo Delgado, À família enlutada endereçam as mais sentidas condolências.

ALBANO NAROROMELE

FALECEU

Agradecemos que contacte com urgência a nossa empresa para liquidação das dívidas pendentes.A empresa reserva-se ao direito de prosseguir outras vias para cobrar a dívida.

Suizane Rafael

Page 22: SAVANA de 02 de Agosto

23Savana 02-08-2013 DESPORTO

O Técnico adjunto da equi-

pa principal de futebol do

Ferroviário de Maputo,

Victor Magaia, disse ao

SAVANA que em Moçambique

as políticas desportivas são nulas

e, como resultado disso, o desporto

está à deriva.

Para Magaia, o actual cenário des-

portivo em Moçambique asseme-

lha-se ao de um filho órfão care-

cendo de acolhimento.

Não há políticas desportivas em MoçambiqueConta que, hoje, o desporto mo-

çambicano está a passar por um

conjunto de adversidades derivados

de problemas organizacionais.

Frisa que devido ao abandono ajuntado

à desorganização, o desporto, nos últi-

mos tempos, caracteriza-se pela falta

de infra-estruturas, profissionalismo da

parte dos seus gestores, falta de condi-

ções de trabalho e de consideração para

com pessoas que queiram contribuir no

seu desenvolvimento.

Diz Magaia que o desporto está

doente. As políticas aprovadas são

nulas ou quase que não existem na

medida em que não são materiali-

zadas.

Aponta o Governo como principal

culpado pela falta da execução das

políticas desportivas, pois sendo

um órgão com todos os poderes,

poderia obrigar o respeito e cum-

primento destes instrumentos.

“Veja que ao nível das federações

não existe nenhum plano para de-

senvolver as modalidades desporti-

vas. Ademais, as próprias direcções

dos clubes também não cumprem

com as suas obrigações, o que de

certa maneira põe em causa o des-

porto”, desabafou.

Falando concretamente de futebol,

sua área de domínio, Victor Magaia

queixou-se da qualidade de jogado-

res que hoje representam as equipas

principais de futebol.

Para Magaia, a falta de qualidade,

muitas vezes não é culpa do jogador

mas sim da falta de um plano con-

creto dos clubes para a formação de

jogadores.

“Hoje, a maioria dos nossos clu-

bes não estão preocupados com as

camadas de formação, limitam-se

apenas em contratar jogadores de

outros clubes. Isso não contribui no

desenvolvimento do futebol”, disse.

(Zaqueu Massala)

A Federação Moçambicana de Futebol (FMF),

órgão máximo do futebol moçambicano, prevê

organizar a primeira Conferência Nacional de

Futebol.

Segundo Filipe Johane, secretário-geral da FMF,

o encontro poderá realizar-se no próximo dia 15.

Johane referiu que o mesmo tem por objecti-

vo discutir problemas do futebol, estruturação e

profissionalização do futebol, recursos financeiros

para a modernização das infra-estruturas despor-

tivas, o papel do Governo na gestão de futebol

bem como a melhor fórmula na gestão dos clubes.

Para tal, prevê-se a participação de cerca de 200

pessoas dentre associações de futebol, provenien-

tes em todas as províncias do país, governantes,

gestores entre outras esferas da sociedade moçam-

bicana.

Falando a jornalistas na capital moçambicana, Fi-

lipe Johane referiu que já estão criadas todas as

condições logísticas para a realização da reunião. (Zaqueu Massala)

Conferência Nacional de Futebol à forja

A Federação Moçambicana de Judo vai introdu-

zir, a partir do próximo ano, a modalidade de judo

nas escolas públicas e privadas da capital do país,

segundo deu a conhecer, David Felisberto, direc-

tor técnico daquele organismo.

A introdução do judo em todas as escolas de Ma-

puto tem por objectivo massificar esta modalida-

de, que praticamente está esquecida.

“A introdução de judo nas escolas visa exacta-

mente a massificação da modalidade, que, como

se sabe, não só é pouco praticada, como não tem

muita adesão do público”, afirmou.

De acordo com o nosso entrevistado, numa pri-

meira fase, a federação vai introduzir a modalida-

de apenas nas escolas da cidade de Maputo e só

mais tarde é que poderá expandir para as outras

capitais provinciais.

Sem avançar a data do arranque do projecto, a

fonte explicou que para este ano tal não poderá

acontecer por ser já muito tarde, mas garantiu que

no próximo será uma realidade.

“A Federação Moçambicana de Judo preten-

de introduzir a modalidade de Judo nas escolas

públicas e privadas de Maputo. A nossa ideia é

massificar esta modalidade desportiva a todos os

níveis. Em princípio, queríamos implementar este

projecto nas escolas das capitais provinciais, mas

por falta de recursos financeiros e materiais deci-

dimos iniciar aqui em Maputo. Mas se tivermos

apoio material e adesão dos participantes podere-

mos expandir rapidamente a prática do judo para

outras províncias do país”, explicou.

Por: Zaqueu Massala

Escolas passam a praticar judo

Page 23: SAVANA de 02 de Agosto

24 Savana 02-08-2013CULTURA

O músico Xidiminguana re-

aliza concerto no dia 9 de

Agosto, no Centro Cul-

tural Universitário, para

comemorar 77 anos de vida, 37 de

carreira artística e lançar o seu vigé-

simo segundo disco. Neste concer-

to, o artista convidou Dilon Djindji,

Aniano Tamele, Félix Moya, Gene-

ral Música, Nelson Covane, Lizha

James e os humoristas Ringue-Rin-

gue e Tchacuatica Ndzero, “Estou a

juntar neste concerto para fazer a

festa no meu aniversário e lançar o

meu disco novo. Eu sou do dia 3 de

Agosto de 1936. O nome do disco é

Dlhawanine. Esse título surge por-

que houve um homem que traba-

lhava na África do Sul e sempre que

voltava encontrava a mulher grávi-

da e perdoava-a. Criou a criança e

voltou novamente a África do Sul.

Quando regressou encontrou que a

mulher estava grávida pela segunda

vez. Quando questionava à mulher

de onde vinha a gravidez, ela res-

pondia que quando dormia sonhava

com ele e a gravidez vinha daí. O

homem questionava que os filhos

que ela nascia não eram parecidos

com ele e ela defendia que tinham

alguma relação pela nuca e não pela

cara”, explica com risos Xidimin-

guana.

O músico pretende com este disco

sensibilizar as mulheres e a socie-

dade em geral pelos comportamen-

tos que não são aceites no seio da

mesma. “Não estou a gozar com

este homem que passou por esta

situação. Não menciono o nome da

pessoa. Aqui só a mulher vai sen-

tir a culpa por não ter conseguido

se segurar na ausência do marido”,

Xidiminguana comemora duplamente com concertoPor Abdul Sulemane

disse.

São várias as temáticas que o disco

aborda desde a criminalidade que

se vive actualmente no país aliada

à impunidade. “Temos ladrões que

matam pelo simples facto de en-

contrarem alguém bem vestido que

é conotado como tendo dinheiro.

Ultimamente diminuíram os la-

drões que assassinam as pessoas.

Ficaram ladrões de galinhas que o

fazem para consumir bebidas alco-

ólicas. Existem ladrões que roubam

gado para utilizar na actividade da

machamba e alimentar outras pes-

soas com fome. Outros roubam

gado para comer. O dono do gado

levou quanto tempo para criar esse

gado?”, questiona.

As pessoas que fazem esse tipo de

atrocidades tinham de ter um cas-

tigo à medida das suas maldades.

“As pessoas presas por roubo ficam

um curto tempo na cadeia. Aque-

les que matam gado tinham de ser

trancados numa cela e diariamen-

te tirar um pêlo do animal morto

para encher uma lata até os pêlos

acabarem. Esse seria o seu castigo”,

aponta.

Xidiminguana tem quase quatro décadas de carreira e considera que se encontra em boa forma e a gravar. “Ainda continuo a fazer es-pectáculos e a gravar. Ainda estou em forma. Os jovens músicos que ainda estão a singrar na carreira que se dediquem para a música desen-volver no nosso país”, apela.A dificuldade de gravar tem sido uma das preocupações do artis-ta que actualmente possui vinte e dois albuns. “Existem anos que não gravei e outros sim. Pelo meu esforço. Quando preparo o disco levo um tempo. Vou acrescentando outros elementos que dão beleza às músicas e que agradam o público. Se gravo rapidamente podem ficar elementos bons de fora e a música não agradar os que gostam da mi-nha música. Gravar precisa de seu tempo. É difícil gravar para quem não está habituado. É preciso um grande exercício de memorização. Não temos de ser precipitados em gravar para sermos conhecidos. O músico tem de estar bem prepara-do. Eu não tenho ajuda quando é para gravar. Faço esforço, dedico--me a trabalhar afincadamente na-quilo que me vai dar de comer. Os jovens artistas não se aproximam aos artistas de proa porque julgam que o nosso tempo passou. Esses

nós deixamos. Os que têm dificul-

dades têm de se aproximar aos que

sabem e aprender”, finaliza.

O músico Carlos Gove reali-

za no dia 2 de Agosto, às

20h30, no Centro Cultu-

ral Franco-Moçambicano,

um concerto de apresentação do

seu primeiro trabalho discográfico

a solo intitulado Massone. Neste

concerto, o artista tem como convi-

dados Moreira Chonguiça, Mingas,

Muzila, Sheila Jesuíta, RasHaitrm,

Tabasyle e ChenyWaGune. “Mas-

sone, título desta obra que comparo

a um diamante, promete “seduzir”

o público que estará presente dia

02 de Agosto às 20:30 no CCFM,

noite que presumo que seja memo-

rável”, disse Carlos Gove.

Neste disco de estreia de Gove, o

desenvolvimento da abordagem

concentrada na questão da luta pela

liberdade em vários níveis constitui

tema de fundo. Por exemplo, no

Carlos Gove apresenta Massone no CCFM

tema “MarrabentaGroove”, inter-

pretado por Tababasyle, Sheila Je-

suita, Rãs Haitrm e Yolanda Chica-

ne, “o assunto é o grito de liberdade

da nossa mulher. Interessante numa

altura em elas lutam pelos seus di-

reitos embora que

exageradas por

umas. Está mulher

que luta diaria-

mente por várias

crises de violên-

cia doméstica, nas

quais as suas filhas

são igualmente

envolvidas nesta

crise, poucos são

os homens que re-

conhecem os fei-

tos da nossa mu-

lher”, considera.

O espaço African Lounge

acolhe, nesta sexta-feira,

2 de Agosto, às 22h30, o

concerto musical do artista

Dino Miranda. O guitarrista será

acompanhado por Tony Chabuca

na viola baixo e coros, Tony Paco na

bateria, Pateta na percussão e Valy

no teclado.

Vencedor de dois prémios musicais,

nomeadamente Mozambique Mu-

sic Awards e Ngoma Moçambique

ambos em 2009 com o seu álbum

intitulado”Moya wa kaya’’, Dino

começou a sua carreira profissional

em Maputo no ano de 1997, to-

cando com bandas de música rock.

Em 1998, Dino Miranda engrena

African Lounge recebe Dino Miranda

no projecto Azaga com Chico An-

tónio banda da qual fez parte por

dois anos. Em 2000 estuda música

na escola de música e dança Fuba

School of Music em Johannesburg

onde também participa em vários

projectos musicais naquela cidade

sul-africana.

Em 2001, Dino Miranda é aceite

para estudar música na Universidade

de Cape Town onde fez a licenciatu-

ra em 2004.

A sua carreira a solo começa em

Cape Town em 2002, formando a

sua banda com músicos moçambica-

nos e estrangeiros fazendo parte de

grandes festivais na África do Sul e

O coreógrafo Virgílio Ananias

Sitole apresenta em estreia nos

próximos dias 1 e 2 de Agosto,

às 18:30H, no Cine Teatro Áfri-

ca, o espectáculo “UTOMIPIA

I”, composto por duas coreogra-

fias, nomeadamente “Corpus” e

“Tolerense”, cujos instrumentos,

usados no processo criativo, são

novos desafios coreográficos,

pois, ambas recorrem ao método

de teorização corporal e mental

do microcosmo humano e suas

tendências, no entanto, diferem

no objecto de trabalho usado e

na esfera estética, que cada uma

delas apresenta.

“UTOMIPIA I” cujo signi-

ficado, numa tradução literal

significa, UTOMI (vida) PIA

(devoto) com o casamento do

termo Utopia, é uma narrativa

conceptual que se debruça so-

bre o comportamento psíquico

e corporal do indivíduo, face a

diversos fenómenos sociais que

abalam a sociedade, tais como

o HIV/SIDA, a falta de tole-

rância entre os homens, o uso

constante do corpo como meio

de sobrevivência, o corpo como

objecto sexual e não espaço de

criação artística, da auto-estima

em constante questionamento,

e dos movimentos esforçados

da sociedade na abordagem das

suas existências no “corpo so-

cial”.

A obra “Corpus” é uma simbio-

se teórico-prática do corpo com

valor artístico imensurável, para

criar, recriar, reinventar, reviver,

recontar, reencarnar, rebelar, re-

generar, dar a volta aos corpos,

às almas, aos sentimentos, pen-

samentos, sensações e dançar

nossa história, nossos desejos,

anseios, vivências, sofrimentos,

aspirações, observando os nos-

sos movimentos, dos animais, de

tudo o que nos rodeia. Filosofar

a integração da mente com o

corpo, com o movimento ósseo,

o muscular, o gesticular, o olhar,

o sorriso, o caminhar, o sentir,

enfim, a UTOMIPIA de algo

diferente, de desejar algo em

constante mutação, de sonhar

no ontem, no hoje, e num futuro

não imaginado, mas presente.

Já “Tolerense” (Tolerância) é um

discurso coreográfico e artístico

para chamar atenção ao senti-

do do amor como arte, da arte

como vida, da vida como felici-

dade, da felicidade como sorriso,

do sorriso como movimento, do

movimento como a base para

uma saúde longa e duradoura,

sempre olhando para o HIV/

SIDA como um mal que pode

ser vencido através da tolerância

e das atitudes que cada um to-

mar nos seus movimentos core-

ográficos da vida. Numa multi-

plicidade de movimentos, sons,

sensações e sentimentos, na

extrema beleza, inexcedível sen-

sibilidade e aparente facilidade,

tudo o que os nossos sentidos

percebem e os nossos corações

sentem para conjugar o verbo

tolerar. A.S

Dança no Cine Teatro África

Moçambique para além de várias

participações com músicos nacio-

nais e estrangeiros como, Freshly

ground, Napalma, Loading zone

só para citar alguns exemplos.

Das músicas mais conhecidas po-

demos citar “Mãe África’’ seleccio-

nada para a compilação sul-africa-

na “Sa 2011 world music sample’’,

a música e vídeo “eu+tu=100%’’

que começou a fazer parte do play

list da RTP. A.S

Estes e outros temas enaltecem

variados assuntos da actualidade

cujas canções de Gove levam-nos

a uma reflexão mais aturada, séria,

obrigando-nos a pôr a mão na cons-

ciência. A.S

Xidiminguana

Carlos Gove apresenta disco a solo

Dino Miranda

Page 24: SAVANA de 02 de Agosto

Do

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SUPLEMENTO HUMORÍSTICO DO SAVANA Nº 1021 02 DE AGOSTO DE 2013

Page 25: SAVANA de 02 de Agosto

SUPLEMENTO2 3Savana 02-08-2013Savana 02-08-2013

Page 26: SAVANA de 02 de Agosto

27Savana 02-08-2013 OPINIÃO

Fernando Manuel (texto)Naita Ussene (Fotos)e Naita Ussene (fotos)

Há coisas que por mais que queiramos, não podemos apagar da memória.

Nos tempos em que eu era jovem e muitos da minha geração também

eram, houve um guitarrista solo que era um génio. Pertenceu a vários gru-

pos um dos quais chamava-se Experiência.

Não sei se por analogia com o grupo Experience do Jimmy Hendrix.

O Experience de Jimmy Hendrix era de três músicos. Experiência do músico de

que estamos a falar era de três músicos. O líder era um viola solo de nome Jaimito.

Nunca soube qual é o nome completo dele. Também nunca me interessou saber.

Para mim e para toda a minha geração ele era o Jaimito.

O Jaimito foi virtuoso a tocar guitarra. Viajava e fazia-nos viajar.

Numa dessas dissidências de vida que eu nunca soube qual, ele foi parar aos Estados

Unidos da América na companhia da sua mulher que era americana.

Voltou de lá louco e sobre a sua loucura muito se disse e muito se especulou. Mas

que ele estava maluco estava mesmo.

Dos grandes palcos em que tocava antes, passou a tocar sozinho, em sons que só ele

ouvia, sentado ou numa cadeira da Associação Moçambicana dos Músicos ou em

frente da Rádio Moçambique.

As duas fotos desta série testemunham isso. É a nossa singela homenagem a um

músico grande que foi uma das almas da primeira série do álbum Amanhecer que

para quem conheceu música e conhece é um marco histórico na música moçam-

bicana.

Bom: O Jaimito morreu.

Ninguém está de luto porque as grandes obras não morrem.

…Tal como não morrem homens que tentaram lutar pelos seus ideais a custo de

tudo ou de nada.

Um desses homens também morreu a pouco.

É o Albano Naroromele.

Comecei a ler e a “curtir” as crónicos de Albano Mendes Naroromele muito antes

de entrar no jornalismo.

Depois conheci-o pessoalmente e posso ter o atrevimento de dizer que nos torna-

mos amigos.

De riso fácil e sempre bem disposto, continuamos assim mesmo quando deixou o

jornalismo e foi trabalhar para as alfândegas onde fez carreira e segundo se sabe

estava bem situado: Sem insinuações.

Como for, o Albano morreu ainda na flor da vida.

Sem dúvida que Deus se existe está a formar uma grande equipa.

Apesar de tudo o que se diz, a honestidade e franqueza ainda são palavras que

constam no nosso dicionário. Seja por isso ou não, há dias, as instalações da Media-

coop receberam a visita do embaixador dos Estados Unidos da América, Douglas

Griffiths, que aqui se vê com parte do staff sénior do jornal SAVANA, Fernando

Gonçalves e Francisco Carmona.

Há más línguas mas não respondemos a provocações de esfomeados e desesperados

de tal forma que da mesma maneira que recebemos a visita dos Estados Unidos da

América, também recebemos a visita do Primeiro-ministro, Alberto Vaquina.

Como diziam os romanos: os cães ladram e a caravana passa .

Morreu o homem, ficou a obra

Page 27: SAVANA de 02 de Agosto

IMAGEM DA SEMANA

À HORA DO FECHOwww.savana.co.mz

Foto Urgel Matula

o 1021

Diz-se.

.. Diz-

se

O grupo privado tailandês Ital-

thai Engineering está em

boa posição para vir a ganhar

o concurso da construção da

linha férrea Moatize-Macuze (Zam-

bézia), afiançaram ao SAVANA fon-

tes envolvidas na classificação dos

concorrentes.

Esta semana esteve em Maputo a pri-

meira-ministra da Tailândia, Yinglu-

ck Shinawatra, numa operação vista

como uma “pressão política” sobre o

governo moçambicano, anunciando a

imprensa internacional que o seu go-

verno estava disposto a investir num

porto de águas profundas em Macu-

ze, o ponto final de um corredor de

525 quilómetros que serviria de alter-

nativa à problemática Linha de Sena

com 900 quilómetros de extensão.

Este concurso esteve envolvido

26.04.2013), depois de o Governo

ter decidido unilateralmente atribuir

a concessão do corredor ao consór-

cio formado pela holding do Partido

Frelimo, a SPI, a sul-africana Grin-

mediatismo dado à polémica obri-

gou o Governo a recuar, admitindo

a concurso uma “short list” (lista de

pré-selecção) de seis empresas e con-

sórcios. Segundo apurou o SAVANA,

a mineradora Rio Tinto endossou a

proposta da Italthai (já nessa altura

considerada a melhor proposta) e a

japonesa Sumitomo não se apresen-

tou à nova fase do concurso. Subme-

teram então propostas, para além das

Desenvolvimento do Corredor de Macuze

Tailandeses em vantagemduas entidades mencionadas, o con-

sórcio CLZ (Consórcio Logístico do

CLZ integra a Investe Logística li-

gada a Mossumbuluco Guebuza, os

chineses da CCCC, os especialistas

ferroviários da australiana Aurizon

e a Strong, outra empresa australiana

-

gra os portugueses da Mota-Engil,

a Manica Terminais e a Transzam-

bézia, uma sociedade comercial de

pequenos investidores da zona centro

de Moçambique.

Tailandeses ainda não estão apuradosAs fontes do SAVANA asseguram

que a Italthai tem seis pontos de van-

tagem sobre o segundo classificado,

o CLZ, tendo sido classificado em

terceiro lugar o consórcio da SPI/Pa-

tel Engineering/Grinrod. Este grupo

beneficiou inicialmente de 15 pontos

de vantagem pelo facto de ter apre-

sentado um estudo do projecto, tendo

aplicado várias pressões sobre o go-

verno (incluindo o músculo oficial de

Fontes moçambicanas ligadas à vi-

sita da primeira-ministra tailandesa,

disseram que aos oficiais de Bangue-

coque foi explicado que actualmente

a Italthai apenas leva vantagem sobre

os outros dois concorrentes, mas há

ainda mais duas fases a ultrapassar

no concurso, nomeadamente as re-

clamações das outras empresas em

competição e a discussão final do

-

ses, que concorreram isolados, decla-

raram formalmente na sua proposta

que estão dispostos a ceder até 40%

de participação a interesses moçam-

de encargos do projecto, avaliado em

o jornal, várias empresas sentiram

grandes dificuldades em apresentar

as garantias bancárias exigidas pelo

governo moçambicano.

Para além do interesse no carvão, a

Tailândia, através da empresa estatal

petrolífera PTT Exploration, tem in-

vestimentos avultados na prospecção

de hidrocarbonetos na bacia do Ro-

vuma, onde comprou uma participa-

ção de 8,5% no bloco explorado pela

americana Anadarko.

águas profundas de Macuze e da li-

-

bro de 2011 pelo grupo mineiro Rio

Tinto, que explora a mina de carvão

mineral em Benga, na província de

Tete.

-

de implantar uma ferrovia de raiz a

partir de Mutarara, na margem nor-

te do rio Zambeze, pode aliviar os

enormes embaraços do governo de

Moçambique no tocante à fragilida-

de de infra-estruturas para o escoa-

mento de carvão de Tete e a onda de

pessimismo que se apossou de parte

das mineradoras, face às deficiências

e incapacidades enfrentadas na Linha

de Sena, no terminal de carvão e no

porto da Beira.

da “preta que é nossa” mas “esqueceu” as mexidas dos bosses da

companhia, já que uma das últimas cabeças atingidas pela pro-

bidade, finalmente acabou por cair. A sra. Faztudo, incluindo as

pinturas da escola do partidão com os dinheiros dos aeropor-

das Finanças, António Laice. Tem a palavra o Igepe, para mandar

ocupar tão apetecida cadeira. Só em impostos, as cervejas deram

ao mano Chang, 625 milhões, qualquer coisa como 20 milhões

receber 7,20 meticais por acção.

mesmos aqueles comparados com as reformas e proventos com

os nossos governantes, que geraram uma grande onda de como-

dois moçambicanos, levaram para casa em 2012 a bonita quantia

de 38 milhões, uma média por cabeça e por mês de 452,3 mil

meticais (15 mil verdinhas). Antes dos impostos…

minerais, mas de tão calados que andam, até dá para desconfiar

que os chinocas que compraram 20% aos petroleiros de Milão

estabelecidos no Rovuma ainda não pagaram as mais-valias que a

Autoridade Tributária se apressou a publicitar quando foi o caso

dos irlandeses da Cove. Porque será?

-

nacional da conchinha, diz para quem quer ouvir que, uma das

hipóteses é fazer o trem para a liquefacção do gás num barco ao

de especulação imobiliária para Palma.

-

fantil, é a tsunami do ministério do Alto-Maé. Tal como fez um

governador de má memória, a nossa mana orera leu duas vezes o

número do seu telemóvel para os petizes. Como era só para eles,

nós não podemos dar, apesar do jornal ser lido pelo menos por

aqueles que fizeram a 7ª. Classe, a nova plataforma mínima do

saber ler em Moçambique.

-

chimbo sem cachimbo, lá mandou mais umas indirectas àqueles

que o incomodam, neste caso o Parlamento Juvenil do Salomão

-

lamento juvenil de verdade, de jovens verdadeiros. Será que os

outros não são … ou não são porque não são liderados por al-

guém com nome da cidade dos czares …

Espanha. Tal como fazem centenas de senhores e senhoras nas

cidades moçambicanas, o maquinista que causou a morte de 70

passageiros, estava ao telelé quando o comboio se despistou a 152

quilómetros à hora. Comentários para quê?

das matas da Gorongosa, lamentou a queda do editor do matu-

tino que o tinha visitado há algumas semanas. Pelos vistos, uma

visita com um preço muito caro …

Em voz baixa

rotundo abdómen, com um sorriso enigmático. Manter-se à frente

do jornal oficioso durante 10 anos e receber as simpatias dos seus

pares na imprensa independente na hora da despedida … é obra …

Page 28: SAVANA de 02 de Agosto

Savana 02-08-2013EVENTOS EVENTOS

EVENTOS

o 1021

Cinco acordos de cooperação

bilateral foram assinados,

nesta segunda-feira, pelos

primeiros-ministros da Tai-

lândia Yingluck Shinawatra e de

Moçambique, Alberto Vaquina, du-

rante uma visita de um dia efectuada

a capital do país pela chefe do exe-

cutivo daquele país asiático a convite

do Chefe de Estado moçambicano,

Armando Emílio Guebuza.

Esta iniciativa surge no âmbito da

missão empresarial do Reino da Tai-

lândia e cobre áreas técnicas, isenção

de vistos de passaportes diplomáticos

e de serviços, desenvolvimento de pe-

tróleo e gás e cooperação económica

e comercial. No domínio da coopera-

ção económica e comercial prevê-se

um aumento no volume de negócios

para cerca de USD 360 milhões nos

próximos cinco anos.

“Esta troca de experiências para uma

economia como a do nosso país que

tem registado crescimentos signifi-

cados e vai impulsionar ainda mais o

Moçambique e Tailândia fortalecem laçosPor Nélia Jamaldine

volume de negócios entre os dois paí-

ses como forma de fortificar o desen-

volvimento de Moçambique”, disse

Armando Emílio Guebuza, Chefe de

Estado moçambicano.

Por seu turno, Yingluck Shinawatra

referiu que a sua estadia em Moçam-

bique faz parte da iniciativa africano-

-tailandesa, com o propósito de ajuda

ao continente.

“Este intercâmbio económico pode-

rá futuramente dar crescimento neste

e num espaço de tempo de cinco anos

possibilitar ainda mais a expansão

dos investimentos com enfoque no

sector privado”, enfatizou a primeira-

-ministra daquele reino asiático.

Refira-se que a companhia estatal de

hidrocarbonetos da Tailândia PTT

tem investimentos avultados na pros-

pecção de hidrocarbonetos na bacia

do Rovuma, na província de Cabo

Delgado, norte de Moçambique.

Num outro desenvolvimento, o Pre-

sidente da Confederação das Asso-

ciações Económicas de Moçambique

(CTA), Rogério Manuel, notou que

esta iniciativa prova que Moçam-

bique é um destino apetecível para

o investimento estrangeiro, no caso

mais específico da Tailândia.

Manuel acrescentou ainda que a

CTA e o Governo trabalham em

estratégias para melhoria do am-

biente de negócios em Moçambique

(EMAN-II), de como simplificar

procedimentos comerciais e melho-

rar a competitividade da economia

nacional, tornando o país mais atrac-

tivo para negócios e investimentos

sustentáveis.

Esta visita, efectuada pela primeira

vez por Yingluck Shinawatra à Áfri-

ca desde a sua eleição em 2001, acon-

tece oito meses após a realização do

primeiro fórum económico de troca

de experiências nos diferentes ramos

de negócio.

Estiveram presentes membros dos go-

vernos de ambos os países e perto de

100 agentes económicos, dos quais 60

eram tailandeses e 40 moçambicanos.

O Centro Cultural America-

no Martin Luther King Jr.

celebrou, esta terça-feira, o

primeiro aniversário de sua

existência em Moçambique, num

ambiente de pompa e circunstância.

O aniversário do Centro coinci-

de com a passagem de 50 anos do

histórico discurso do activista negro

dos direitos humanos, Martin Lu-

ther King Jr., “I have a Dream”.

Intervindo na ocasião, o Embaixa-

dor dos Estados Unidos da América

em Moçambique, Douglas Griffiths,

disse que o nome do Centro Cul-

tural Americano em Moçambique,

Martin Luther King Jr, que hoje

completa um ano da sua existência

representa um grande simbolismo

“Luther King” celebra 1º aniversárioPor: Zaqueu Massala

para os americanos.

“A meta do nosso Centro Cultural

consiste em ajudar e oferecer infor-

mações para os estudantes, acadé-

micos, jornalistas ou outras pessoas

interessadas. Esperemos que este

centro continue a crescer e florescer

para a troca de ideias para eventos

culturais”, firisou o Embaixador

Douglas Griffiths.

Para além da cerimónia de celebra-

ção da passagem de um ano da sua

existência, o centro lançou um ca-

tálogo online da biblioteca, que tem

por objectivo ajudar vários usuários

na consulta de vários livros.

Por seu turno, o director da bibliote-

ca, Pedro Nguluve, disse que o novo

catálogo online da biblioteca vai aju-

dar muitos estudantes na pesquisa de várias informações onde quer que estejam desde que estes tenham um computador com acesso à internet.“O novo catálogo online da biblio-teca vai ajudar nos trabalhos de pesquisa para os estudantes univer-sitários como as outras pessoas que queiram visitar, ler ou consultar al-guns livros da nossa biblioteca, desde que os mesmos tenham um compu-tador com acesso à internet. O nosso objectivo é ajudar a todos os estu-dantes nacionais e internacionais na pesquisa sobre um dado assunto”. Entretanto, antes do início da ce-rimónia, cerca de cinco estudantes do movimento literário subiram ao pódio para declamar poemas em ho-

menagem a Martin Luther King Jr.

Ilec

Vila

ncul

o

Page 29: SAVANA de 02 de Agosto

Savana 02-08-2013EVENTOS EVENTOS2

Terminou recentemente o

XI Festival Nacional de

Jogos Escolares em Tete

que, durante cerca de uma

semana, recebeu centenas de jo-

vens estudantes idos de vários

pontos do país para aquele que é

o maior evento desportivo escolar

em Moçambique. Viveu-se em

Tete um verdadeiro momento de

festa, acompanhado por momen-

tos únicos de euforia e celebração.

Bastante concorrido pelo público

daquela parte do país e não só, o XI

Rio Tinto apoia XI Edição dos Jogos EscolaresFestival Nacional de Jogos Esco-

lares em Tete contou com o apoio

da mineradora Rio Tinto, que não

mediu esforços em contribuir para

a promoção do desporto nos mais

novos.

Sua contribuição foi muito além

de oferecer a premiação dos jogos,

tendo igualmente oferecido o equi-

pamento das equipas masculina e

feminina de basquetebol de Tete e

o apetrechamento do pavilhão po-

livalente da cidade de Tete.

Segundo o Director Geral de Re-

lações Externas da RTCM, Pedro

Sacadura Botte, “foi com muita

honra e prazer que a Rio Tinto

participou nesta manifestação des-

portiva escolar que teve lugar em

Tete. Orgulhamo-nos de ter ajuda-

do a despertar a atenção das pes-

soas sobre este evento de tamanha

importância para Moçambique,

que reuniu estudantes oriundos de

todas as províncias do país e que

contribui para a identificação de

novos talentos”.

O pacote DStv Mini da DStv sofreu recente-

mente uma alteração no seu número de ca-

nais, passando a denominar-se DStv Gran-

de. O novo Pacote passa a usufruir de mais

de 69 canais contra os anteriores 58 canais do pacote

mini. Quem sai a ganhar é o cliente portador deste

pacote, que com esta mudança, passa a ganhar mais

canais, mais entretenimento sem que seja alterado o

seu preço, estando disponível ao preço de 921Mt*.

O pacote é caracterizado por uma diversidade de

conteúdos com destaque para os canais desportivos

SuperSport, as telenovelas da TLN e dentro de dias

será adicionado o canal Telemundo, canais da Fox, o

conteúdo musical com os Afromusic, Trace TV e o

Channel O, diversão infantil com o Panda Biggs e o

Disney Júnior.

Pacote Dstv Mini cresce de tamanho

O acesso aos financiamentos automóveis e de

maquinarias pode deixar de ser um empecilho

na vida social e empresarial dos moçambicanos

graças ao novo produto oferecido pelo First

National Bank (FNB), nomeadamente o FNB LEA-

SING sob o tema “os sonhos são seus e a solução é nos-

sa”, lançado recentemente no mercado nacional.

Com este novo produto, a instituição bancária pretende

criar soluções a medida dos seus clientes de modo a sa-

tisfazer as suas necessidades em tempo útil.

Deste modo, o FNB Leasing automóvel oferece solu-

ções personalizadas a cada cliente propondo para tal

mecanismos viáveis e acessíveis a sua disponibilidade fi-

nanceira como as taxas de juro baixas, seguros de vida e

de automóvel. Por sua vez, o FNB Leasing Maquinaria

e outros Equipamentos terá as mesmas regalias apenas

diversificada pelo produto financiado.

Esta instituição financeira tem vindo a consolidar a sua

expansão em todo o território nacional permitindo de

forma contínua, diversificada e fiável responder a todas

as necessidades dos seus clientes.

Parte do grupo FirstRand, o FNB é o terceiro maior

banco da África e o único de origem africana a operar

na Ásia mais concretamente na Índia.

Actualmente conta com cerca de 153 mil clientes e está

representado em sete países.

FNB lança pacote leasingPor Nélia Jamaldine

Page 30: SAVANA de 02 de Agosto

Savana 02-08-2013EVENTOS EVENTOS 3PUBLICIDADE

Page 31: SAVANA de 02 de Agosto

Savana 02-08-2013EVENTOS EVENTOS4 PUBLICIDADE

1. Na sequência da alienação de 28,571% das acções detidas pela Societá Ionica Gas S.p.A, na Eni East Africa, correspondentes a 20% do interesse participativo na Área 4 da Bacia do Rovuma, a favor da CNODC Ducth Cooperativief, U.A., foram con-cluídas, todas as diligências com fundamento no Código do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Colectivas (CIRPC), aprovado pela Lei n.°34/2007, de 31 de Dezembro, e demais legislação em vigor aplicável.

2. As partes comunicaram às entidades competentes, oportuna-mente, os resultados das diligências efectuadas.

-

-mente às transacções envolvendo ganhos de capital, em es-treita parceria com todas as entidades relevantes.

Todos Juntos Fazemos Moçambique

O Director

AUTORIDADE TRIBUTÁRIA DE MOÇAMBIQUEGABINETE DE COMUNICAÇÃO E IMAGEM

Comunicado N.°3

Alienação de Acções da Societá Ionica Gas S.p.A/Eni East África, a favor do CNODC Ducth Cooperatief U.A., na Área 4 da Bacia do Rovuma

Page 32: SAVANA de 02 de Agosto

Savana 02-08-2013EVENTOS EVENTOSPUBLICIDADE 5

1. No âmbito do programa do aumento do acesso à energia eléctrica nas zonas rurais sem Rede Nacional de Energia, o FUNAE pretende construir centrais mini-hídricas nas províncias de Manica, Zambézia, Nampula e Niassa e fornecer energia eléctrica aos povoados circunzinhos nos locais próximos das centrais.

2.

administrativas, na qual incidirá sobre as seguintes componentes:

e eléctrica; O cumprimento de Normas de Higiene e segurança no trabalho e

procedimentos ambientais, tendo em conta as regras ambientais para o contratado (empreiteiro) do FUNAE; e

Proceder a monitoria de questões técnico-legais referentes a situações como validade de contratos e garantias.

3. O FUNAE convida as empresas elegíveis com capacidade para

providenciar as actividades previstas no número anterior, a

trabalho, disponibilidade e habilidade apropriada da equipa de

similares, brochuras, etc.).

4.

curta dos consultores seleccionados para a fase posterior.

5. A empresa será seleccionada de acordo com os procedimentos

Estado, aprovado pelo Decreto nº 15/2010, de 24 de Maio.

6. Língua Portuguesa, devendo conter um (1) original e quatro (4) cópias e ser entregues no endereço abaixo até as 14:00 horas do dia 15 de Agosto de 2013.

7. indicar claramente “

8. abaixo:

FUNAE – Fundo de EnergiaRua da Imprensa 256, 6º andar, Portas 607 – 610 (Prédio 33 andares)Telefones: +258 21 304717/20; Fax: +258 21 309228; Celular. 82 ou 84 3216550Maputo - MoçambiqueE-mail: [email protected]; Webpage: www.funae.co.mz

Maputo, aos 01 de Agosto de 2013

Energia para Moçambique

MANIFESTAÇÃO DE INTERESSE

Contratação de Serviços de Consultoria para Fiscalização da Construção de Centrais Mini-Hídricas nas Províncias de Manica, Zambézia e Nampula e Niassa

CONCURSO N.º 073/SE-MHD/FUNAE/UGEA/13

O Fundo de Energia (FUNAE) pretende admitir para o seu quadro de pessoal 1(Um), Motorista de Veículos Pesados e 1(Um) Contínuo, para

MOTORISTAOs candidatos devem possuir:

Possuir Nível Básico de escolaridade;

Ter nacionalidade moçambicana;Experiência mínima de 2 anos na área;

Possuir residência na cidade da Maxixe, eDisponibilidade imediata.

Principais Actividades:

Realizar outras tarefas de natureza e complexa incumbidas pelos superiores hierárquicos; e

correspondências.

CONTÍNUOOs candidatos devem possuir:

Ter Nacionalidade moçambicana;Possuir idoneidade e sanidade mental para o efeito;Experiência mínima de 1 ano na área;

Possuir residência na Cidade da Maxixe, eDisponibilidade imediata.

Principais Actividades: Executar trabalhos de limpeza nas instalações garantindo a higiene do escritório;Realizar outras tarefas de natureza e complexa incumbidas pelos superiores hierárquicos; e

correspondências. Local de Trabalho

Maxixe;

cidade da Maxixe.

Apresentação de candidatura:

fotocópia do BI ou documento equivalente e fotocópia da carta de

seguinte endereço:

Direcção Provincial dos Recursos Minerais de InhambaneRua da OJMCP n° 8, 1° AndarTelefax: (293) 20526/7

Ou pela via electrónica através do endereço: [email protected]

Maputo, aos 26 de Julho de 2013

ANÚNCIO DE VAGASEnergia para Moçambique

Page 33: SAVANA de 02 de Agosto

Savana 02-08-2013EVENTOS EVENTOS6 PUBLICIDADE

Page 34: SAVANA de 02 de Agosto

Savana 02-08-2013EVENTOS EVENTOS 7PUBLICIDADE

Page 35: SAVANA de 02 de Agosto

Savana 02-08-2013EVENTOS EVENTOS8

Os clientes pré-pago e

Fale Mais da Voda-

com poderão bene-

ficiar-se brevemente

da promoção intitulada “Bla-

ckBerry Diário” oferecendo

aos seus clientes um total de

30 sms grátis, acesso ilimita-

do à internet, acesso grátis às

redes sociais, mensagens ins-

tantâneas grátis como tam-

bém a abertura de 10 contas

de e-mail grátis.

Esta iniciativa tem como

objectivo possibilitar aos

clientes Vodacom o acesso

mais barato a partir de ape-

nas 5MT como também na

redução de cerca de 25% nos

pacotes BlackBerry.

“A Vodacom traz para o mer-

cado promoções constantes,

de celulares com acesso à

Internet e modems a preços

acessíveis e, claro, a contínua

expansão e melhoria da nos-

sa rede. Desta vez, pensámos

numa oferta que pudesse

beneficiar os nossos clientes

usuários de aparelhos Bla-

ckBerry”, disse o Director

Comercial e de Estratégia da

Vodacom reduz tarifa de InternetPor Nélia Jamaldine

Vodacom Junaid Munshi.

A Vodacom Moçambique

iniciou com as suas activida-

des no país em Dezembro de

2003 com o objectivo de ofe-

recer uma rede móvel de alta

qualidade e fiável através das

novas tecnologias de infor-

mação e comunicação.

E desde 2006, esta operado-

ra de telefonia móvel lançou

o serviço de dados GPRS, e

juntamente com os inova-

dores serviços e pacotes de

Internet, reforçando a tecno-

logia de rede introduzindo o

3G.

Determinada em oferecer

sempre o melhor serviço e

concentrada nas questões da

sociedade, a Vodacom tem

vindo a desenvolver impor-

tantes acções de responsabili-

dade social nas mais diversas

áreas, sendo de destacar a re-

abilitação e construção de es-

colas, a instalação de salas de

informática e a distribuição

de livros e material escolar

em diversas escolas espalha-

das pelo país.

Um casal de nacionalidade

Canadiana está em Mo-

çambique para promover

acções humanitárias, através

da ONG, Visão Mundial, dispo-

nibilizando cerca de 39 mil dólares

para o apoio de algumas crianças

desfavorecidas. Trata-se de Wayne

Westby, gestor de telecomunicações

de Canada, e Gisla Dewey, que es-

tão em Moçambique para uma acção

humanitária.

No total são 3.700 crianças que se

estão a beneficiar de programa de

apoio da Visão Mundial, deste nú-

mero 69% recebem apoio directa-

mente do casal.

Casal canadiano apoia desfavorecidas

Numa conferência de imprensa or-

ganizada pela Visão Mundial na

quarta-feira da semana passada, o

casal explicou que decidiu abraçar a

causa das crianças no ano de 1996,

depois de acompanhar a história

duma criança de Congo que preci-

sava de ajuda.

Entretanto, a partir daquele ano co-

meçaram a dedicar-se a acções huma-

nitárias, não só para aquela criança do

Congo mas também a outras crianças.

“Ficámos muito comovidos com

o sofrimento de algumas crianças

que vimos nos programas da Visão

Mundial em 1996 e a partir daquele

ano começámos a canalizar peque-

nos apoios à Visão Mundial para o

apoio de algumas crianças.

Hoje temos cerca de quatro crianças

que apoiamos directamente, duas

das crianças estão no Malawi e duas

em Congo, as outras recebem o nos-

so apoio através da Visão Mundial”.

Em 2009 o casal foi convidado para

participar duma maratona de 42

quilómetros na Califórnia e aprovei-

tou o momento para pedir o apoio

ou seja angariar fundos para o apoio

das crianças.

A fonte explicou ainda que neste

momento está em curso um projecto

de apoio de algumas crianças no dis-

trito de Manjacaze. Z. M

A Cimentos de Moçambi-

que, empresa pertencente

à InterCement, anunciou

recentemente que irá au-

mentar a sua capacidade no País,

após ter assinado um contrato de

arrendamento de uma moagem, lo-

calizada junto à fábrica de Matola.

Esta, com capacidade de produção

Cimentos de Moçambique aumenta capacidade

de 220 mil toneladas por ano, vai

ampliar em 12% a produção local.

Para Sérgio Bandeira, Director Ge-

ral da Cimentos de Moçambique,

a operação vai permitir ganhos im-

portantes, seja na concorrência com

o cimento importado, na possibili-

dade de fabricação de novos tipos

de produtos ou esforço contínuo de

melhoria dos serviços prestados aos

clientes.

A InterCement conta agora com

40 unidades de produção espalha-

das pelo Mundo e capacidade ins-

talada de 38 milhões de toneladas.

Além do continente africano, actua

no Brasil, Argentina, Paraguai e

Portugal.

Page 36: SAVANA de 02 de Agosto

Savana 02-08-2013EVENTOS EVENTOS 9

Moçambique está nos úl-

timos anos a registar

um desenvolvimento

económico, intelectual

e cultural assinalável. Esta evolu-

ção caracteriza-se pelo aumento de

renda, formação académica superior

bem como na melhoria dos hábitos

de vida.

Muitos moçambicanos, sobretudo

da classe média, estão cada dia que

passa melhorando a sua qualidade de

vida, através de busca de serviços so-

Cultura do seguro longe do idealciais de qualidade. Isso está a passar

pela aquisição de imóveis e viaturas

próprias.

Porém, essa evolução não se con-

substancia com a cultura de assegu-

rar esses bens para qualquer impre-

visto.

Segundo Ruben Chivale, adminis-

trador Delegado da Índico Seguros,

uma companhia moçambicana de

seguros, é inconcebível que uma pes-

soa invista muito dinheiro na aqui-

sição de uma casa ou viatura, mas já

não consegue desembolsar três ou

quatro mil meticais para proteger

o seu bem contra qualquer tipo de

risco.

Referiu que um bem patrimonial

sempre que estiver em poder do ci-

dadão está sujeito a risco e uma for-

ma de transferir esse risco para ou-

tros é segurar esse bem. Contudo, os

moçambicanos, mesmo cientes dis-

so, continuam renitentes em apostar

no seguro.

Ruben Chivale, que falava à impren-

sa à margem da cerimónia da come-

moração do segundo aniversário da

sociedade, referiu que apesar da cul-

tura do seguro estar longe do ideal

em Moçambique, o negócio está a

surtir efeitos almejados.

De acordo com Chivale, quando a

sociedade iniciou com as actividades

em 2011, sempre ambicionou ser

líder do mercado. E para ser líder,

impunha-lhes fazer melhor que os

concorrentes directos, sobretudo no

capítulo referente a qualidade.

Foi nessa senda que a sociedade de-

sencadeou um conjunto de acções

visando a concretização dos objec-

tivos. As acções resumiram-se na

concentração de qualidade.

Ruben Chivale sublinhou que o

cumprimento destes princípios

chamou atenção de outros agentes

económicos no mercado nacional e

internacional.

“Muito rapidamente merecemos a

confiança dos correctores, nossos

parceiros. Por isso, hoje, 80% do

nosso negocio é nos colocado via

correctores de seguros, com quem

mantemos relações comerciais ho-

nestas e profissionais”, disse.

Por causa da confiança conquistada

junto ao mercado, a Índico Seguros

foi reconhecida por várias institui-

ções internacionais facto que valeu

grandes prémios. Dentre os prémios

atribuídos à Índico Seguros por se

reconhecer mérito na prestação de

serviços de qualidade destacam-se o

International Gold Star For Quali-

ty, pelo cumprimento dos princípios

estabelecidos no QC100 TQM mo-

del; Platinum Award For Excelen-

ce and Business Prestige, atribuído

pela Business Initiative Directions

(BID); ESQR’S – Quality Achie-

vement Award, categoria de ouro

atribuído pela European Society For

Quality Research entre outros.

Importa referir que a Índico Segu-

ros opera no ramo de seguros contra

incêndios, automóveis, roubos, mer-

cadorias, habitação e acidentes. Ile

c Vi

lanc

ulo

Ruben Chivale, administrador delegado da Índico Seguros,

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Savana 02-08-2013EVENTOS EVENTOS10

Vodacom reduz tarifa de InternetPor Nélia Jamaldine

Casal canadiano apoia desfavorecidas

PUBLICIDADE

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Savana 02-08-2013EVENTOS EVENTOS 11PUBLICIDADE

Page 39: SAVANA de 02 de Agosto

Savana 02-08-2013EVENTOS EVENTOS12

A Associação Moçambicana

de Empresas de Marketing,

Publicidade e Relações

Públicas (AMEP) conta,

desde a semana passada, com um

novo elenco directivo, para o biénio

2013-2015.

A Assembleia Geral decidiu renovar

o mandato da Ferro & Ferro como

Presidente da Direcção e integrar

neste órgão as agências BBrands

(Vice-Presidente), FDS-Fim de

Semana, Kisha Representações e

Papaia como vogais.

Entre os corpos gerentes desta agre-

miação representativa da classe dos

AMEP com nova direcção“marketeers”, publicitários, comu-

nicadores e assessores de impren-

sa, produtores de publicidade e de

eventos e áreas afins, pontificam a

Golo como Presidente da Mesa da

Assembleia Geral, a Congress Ren-

tal como Vice-Presidente e Media-

print como Relator.

Do Conselho Fiscal fazem parte a

DDB como Presidente, a Destinos

como Vice-Presidente e a RGB

como Relator.

Os associados presentes assinalaram

que as relações com a CTA – Confe-

deração das Associações Económi-

cas de Moçambique apresentam-se

de grande importância, na medida

em que esta confederação manifes-

tou a sua disponibilidade em apoiar

a associação na actualização e mo-

dernização do Código de Publicida-

de e em outras matérias de carácter

jurídico, servindo de interlocutor

com as entidades competentes.

Os associados da AMEP entendem

que, através do envolvimento da

CTA, poderá ser possível alterar o

comportamento das entidades com-

petentes em relação à Indústria da

Comunicação Empresarial em geral

e da Indústria Publicitária moçam-

bicana, em particular, numa tentati-

va de regular o mercado nacional e

a actividade dos seus principais in-

tervenientes.

Foi ainda discutido o alargamento

da base associativa a empresas que

desenvolvem outras actividades não

prescritas nos Estatutos, como por

exemplo as Empresas Proprietárias

dos Meios de Comunicação So-

cial. Este ponto serviu como base

para renovar a discussão sobre que

AMEP se pretende.

Os associados presentes voltaram a

defender que esta instituição tem de

possuir uma acção mais actuante e

determinante e que possa intervir,

juntamente com as entidades com-

petentes, na regulação e disciplina

do mercado face a situações anóma-

las e irregulares, que se vêm regis-

tando nos últimos tempos, com um

desrespeito impune do Código de

Publicidade e da legislação em vigor

na República de Moçambique.

Após a sessão da Assembleia Geral

e a tomada de posse dos corpos ge-

rentes, a Direcção da AMEP esteve

reunida no passado dia 30 de Julho,

para discutir e aprovar o seu progra-

ma de acção para o biénio de 2013-

2015, assim como distribuir tarefas e

responsabilidades entre os membros.

Foi na última sexta-feira que a Banda Kakana

estreou-se com o seu primeiro trabalho dis-

cográfico intitulado Serenata, num concerto

bastante concorrido pelos fãs, que esgotaram

as bilheteiras do mesmo. Como consequência desta

adesão massiva, o Centro Cultural Universitário viu

a sua capacidade esgotada, tendo boa parte dos fãs

assistido o concerto em situação desconfortável e em

pé. Mais uma vez questionou-se a venda de bilhetes

a mais, que não estivessem de acordo com o número

de lugares do estabelecimento. Uma situação bas-

tante comum na organização dos vários concertos

na capital moçambicana. Mas serena e bem acom-

panhada, Yolanda Chicane, vocalista dos Kakana,

acompanhada pela banda, conseguiu acalmar os âni-

mos da plateia oferecendo vários momentos ímpares

aos presentes, que foram merecedores de aplausos.

Para aquela que seria a primeira apresentação do

seu primeiro álbum, a Banda Kakana já tem con-

quistado o seu público, tanto pela sua apresentação,

assim como pelas várias actuações por alguns palcos

moçambicanos. Com músicas originais, algumas já

conhecidas pelo público, Yolanda Chicane fez várias

“serenatas” ao público, com os 15 temas que com-

põem o seu disco, no estilo marrabenta, afro-jazz

e latino, fazendo alusão ao amor, paz e esperança.

Desta vez a Banda Kakana esteve em primeiro pla-

no e foi ela que teve o privilégio de convidar artistas

de gabarito nacional e internacional para participa-

rem do seu concerto. Moreira Chonguiça, João Ca-

baço, Maria Helena Pinto e Simba dividiram o

mesmo palco com a Banda Kakana, enriquecendo a

actuação das figuras de cartaz.

Banda Kakana esgota bilheteira

Yolanda Chicane exibindo os dotes musicais juntamente com Morreira Chonguiça

Serg

io C

osta