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ESPE - Escola Profissional Espinho Sebenta / Módulo Turma: ESPE - CP Téc. Turismo 3º ano - 2015/2016 Disciplina: História da Cultura e das Artes Módulo: 7 - A Cultura do Salão Docente: Tiago Daniel Serra Felgueiras da Canhota

Sebenta módulo 7

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ESPE - Escola Profissional Espinho

Sebenta / Módulo

Turma: ESPE - CP Téc. Turismo 3º ano - 2015/2016

Disciplina: História da Cultura e das Artes

Módulo: 7 - A Cultura do Salão

Docente: Tiago Daniel Serra Felgueiras da Canhota

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Objetivos

- Compreender a mudança de mentalidade após a morte de Luís XIV.

- Identificar aspetos socioeconómicos do século XVIII.

- Comparar o poder nos espaços monárquicos e a sua crítica e inversão no pensamento dos

salões.

- Compreender o philosophe enquanto criador de ideias de mudança.

- Analisar a construção teórica de um novo modelo social.

- Explicar as novas sociedades de poder: o philosophe, o ministro, o urbanista.

- Compreender as artes visuais nas suas relações com a cultura galante e o racionalismo.

Bibliografia

PINTO, Ana Lídia, MEIRELES, Fernanda, CAMBOTAS, Manuela Cernadas, História da Cultura

e das Artes – 1ª parte, Porto Editora, 1ª edição, 2010.

Web grafia

http://www.leonelcunha.com/aulashca/

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Índice de Conteúdos

1. 1714-1815 - Da Europa das Monarquias à Europa da Revolução..................4

2. O salão…………………………………..............................................................4

3. As luzes: as ruturas culturais e científicas ………………………………………5

4. Da festa galante á festa cívica, a revolução de sensibilidade…………………5

5. O Rococó………………...………..………………………………………………...5

6. O Neoclássico…………………………………...................................................9

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1. 1714-1815 - DA EUROPA DAS MONARQUIAS À EUROPA DA

REVOLUÇÃO

O período de tempo que vamos estudar – 1714 – 1815 – corresponde ao final da Idade

Média e às primeiras décadas da Idade Moderna. Este fator marca a transição do Antigo

Regime para os Regimes Liberais. As primeiras novidades registaram-se ao nível da economia

e sobretudo na agricultura, animada por uma boa série de anos agrícolas e pelas

invenções/aplicações de novas técnicas de cultivo. Isto representou a mudança de uma

economia ed subsistência, impulsionada pelo comércio colonial assim como pela manufatura.

Este dinamismo permitiu um aumento de população iniciando-se na Europa uma época de

desenvolvimento científico- técnico. No seu conjunto, estes fatores haveriam de iniciar na

Inglaterra a Revolução Industrial.

As maiores oportunidades de ascensão social fizeram crescer a burgue4sioa, em

grande parte impulsionadora do desenvolvimento económico e técnico. Individualismo,

pragmatismo e racionalismo são a nobreza, dominando a administração e a finança

constituindo a Elite do Antigo Regime. Nos seus palacetes desenvolveram um modo de vida

requintado e confortável. O dia-a-dia era preenchido por caçadas, banquetes, passeios, arte,

música, piqueniques…

O maior interesse pela educação e pela cultura entre as elites foi em parte uma

propagação do pensamento iluminista. Humanistas, racionalistas e filósofos consideram a

Ciência o motor do desenvolvimento e do Progresso da Humanidade. Só pela Arte e pela

educação os homens podem perceber os erros do passado e reformar a sociedade. Neste

sentido o Iluminismo foi o anunciador de uma nova Era favorecendo o suporte teórico à

agitação política e às Revoluções Liberais que haveriam de fazer cair o Antigo Regime.

Iniciado em Inglaterra em 1668 com a Revolução Parlamentar o Liberalismo influenciou a

Revolução Americana (1776) e a Revolução Francesa (1789) que haveriam de mudar a ordem

sociopolítica.

2. O SALÃO

Quando morre Luís XIV, em 1714, sucede-lhe no trono o neto de 5 anos, o futuro Luís

XV. Sem o Rei-Sol Versalhes perde o seu brilho e esplendor e os rituais e cerimónias

esmorecem. Sem o poder de atração a aristocracia permanece nos seus palácios, agora

transformadas em pequenas cortes. A decoração interior adquire a máxima importância,

preenchendo todos e a estética vai privilegiar a sensualidade e a frivolidade. Ao contrário do

Barroco onde reina a opulência e uma atitude pública, o Rococó privilegia a arte privada,

apoiada em ambientes alegres onde a aristocracia ou a burguesia apreciam o bom viver.

Nestes palácios o centro girava em volta do salão, de dimensões generosas e amplamente

decorado. Era neles que se reunia a família para o jantar, se recebiam as visitas, se discutiam

os assuntos em reuniões entre outras funções.

Estes salões eram espaços de apresentações públicas de artistas, intelectuais,

filósofos... Deste modo estes lugares tornaram-se centros da vida cultural e artística; lugares de

divulgação do saber. Entre os mais famosos contam-se madame Geoffrin ou madame

Pompadour, protetora dos enciclopedistas.

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3. AS LUZES

No século XVIII, designou-se por Luzes o conhecimento racional, o saber esclarecido, o único

capaz de tornar claras (iluminar) todas as coisas. Aqueles que aplicavam o conhecimento

racional eram os iluministas, homens que ousavam saber, mentes esclarecidas, expurgando o

erro e a superstição em todas as áreas de atuação humana. Por isso, esta filosofia de

pensamento e conhecimento denominou-se Iluminismo.

Este valorizava o indivíduo por aquilo que ele possuía de mais valioso: a sua inteligência ou

Razão, único meio fidedigno para desvendar os segredos do Universo e construir o

conhecimento sobre a Natureza, os homens e as sociedades. Concebia o conhecimento, as

ciências, como o único meio de libertar o Homem da servidão, dos preconceitos, dos erros e

injustiças O único caminho através do qual se poderia construir o progresso e o bem-estar

material das populações, conduzindo-as à felicidade, considerada como um direito natural de

todos os homens e supremo objetivo da sua existência. Antecedentes do iluminismo:

- O Humanismo dos séculos XV-XVI;

- O racionalismo;

- O empirismo materialista do surto científico do século XVII;

- O pensamento de John Locke (defendeu que, pelo estudo e experimentação do mundo físico

da Natureza -, chegar-se-ia à determinação das suas leis - as leis naturais -, consideradas as

únicas verdadeiramente universais).

4. DA FESTA GALANTE Á FESTA CÍVICA

A sociedade do século XVIII tinha adquirido hábitos elegantes, de bem vestir, gestos

delicados e cheios de gentileza. Contudo nos finais do século e consequente ambiente pré-

revolução Francesa alterou o gosto dominante. Prevalecem os ideais cívicos e democráticos e

reduzindo-se as atitudes elitistas. Com a Revolução Francesa e como forma de legitimar o

novo regime são substituídos os rituais e festas religiosas por festas nacionais e cívicas.

Ocasião para celebrar e aclamar os heróis da Nação. O Súbdito passa a ser Cidadão.

5. A ARTE DO ROCÓCO

Em resumo, o Tardo-Barroco e o Rococó constituem a última fase da idade moderna,

iniciada no Renascimento. É caracterizado por uma maior liberdade, desprendimento da

encomenda, que se reflete numa arte mais aberta, numa composição mais livre e alegre. O

prazer estético é elevado a um ponto nunca antes experimentado, usando as capacidades

plásticas da luz, da decoração sumptuosa e da cor.

O Rococó nasceu em França, por volta de 1715, atingindo o apogeu em 1730 e

declinando no final do reinado de Luís XV (1715-1774). A sua expansão chegou às colónias

portuguesas e espanholas, após ter proliferado na Europa. Esteticamente, define-se pela

tolerância, liberdade, irreverência, intimidade e individualismo que caracteriza o homem

iluminista, a quem se destinou esta arte (elite aristocrática e intelectual). A arte rococó

distanciou-se, portanto, das imposições canónicas academistas, defendendo a criatividade

intelectual/improvisação. Num momento inicial, manifestou-se como novo tipo de

ornamentação, mais especificamente, para ornamentação interior. Ao nível formal,

caracterizou-se pelo estilo leve, elegante, pelas cores suaves, linhas sinuosas e informais.

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Também se refletiu nas artes ornamentais, como o mobiliário, a ourivesaria, prataria e ferraria,

a tapeçaria e as belas-artes.

5.1 A ARQUITETURA DO ROCOCÓ

A arquitetura Rococó teve o seu auge na Alemanha e na Áustria, como base para

monumentos civis e religiosos. Baseou-se nalguns princípios como:•diferenciação dos edifícios

de acordo com a sua função, através da manipulação dos espaços pela sua articulação e

decoração;•traçado exterior simples e tratamento do interior, agora mais cómodo e

íntimo;•utilização de elementos decorativos barrocos, linhas ondulantes, da assimetria; o uso

de materiais fingidos, como os rocalhos (imitação de rocha), falsos mármores...Estes princípios

beneficiaram mais a arquitetura civil. Exteriormente, os edifícios barrocos apresentam as

seguintes características:•fachadas alinhadas e alisadas;•uso das balaustradas, entablamentos

e cornijas;• portas e janelas de maiores dimensões, com acabamento em arco de volta perfeita

ou achatado;•concentração da decoração exterior nas portas e janelas;•utilização abundante do

ferro forjado;•uso do jardim como complemento arquitetónico. No interior, os edifícios

apresentavam-se da seguinte maneira:

• Plano das habitações centrado no salão, sendo que o andar de cima era destinado aos donos

da casa;

• Divisões baixas, pequenas, independentes, arredondadas;

• Decoração exagerada das paredes, molduras embutidas para telas, com tapeçarias, frescos...

Uma vez que houve uma grande proximidade temporal entre o Barroco e Rococó, é vulgar

encontrar-se um edifício exteriormente Barroco e interiormente decorado no estilo do Rococó.

A arquitetura religiosa, mais concretamente a igreja, desenvolveu-se principalmente na Áustria,

Prússia, Baviera, tendo por base plantas longitudinais e bastante complexas, exteriores simples

com muitas janelas e decoração que se mistura com a arquitetura, escultura e pintura.

5.2 ESCULTURA ROCOCÓ

A escultura Rococó encetou imensas estratégias escultóricas, tendo, no entanto, retomado

alguns processos Barrocos; novos cânones estéticos, que valorizavam a curva/contracurva,

formas delicadas e fluidas, ganham protagonismo. Na figura humana, houve a exploração do

cânone maneirista, baseado em corpos alongados, que abordava a linguagem rococó. Nos

grupos escultóricos, as figuras ganham um grande movimento e ritmo e um grande sentido

cénico. No campo dos géneros escultóricos, houve a introdução de novos:•a escultura

decorativa, que se integrava na arquitetura;•a estatuária de pequeno porte, destinada a

interiores e com funções somente decorativas. A escultura rococó também ficou marcada pelo

uso de novos materiais, como a pedra, o bronze, o ouro e a prata, a madeira, a argila e o

gesso. Também foi usada uma porcelana especial, usada vastamente na produção de

pequenas esculturas, tanto que se tornou num surto artesanal. As pequenas esculturas tiveram

tanto êxito que se formaram, principalmente nos países sul-europeus, indústrias de produção,

muito no campo dos presépios. Também se seguiu a abordagem de novas temáticas. Houve o

abandono de temas mais nobres e sérios em prol da ironia, da jocosidade e da sensualidade.

Foram exploradas as temáticas mitológicas — em que se preferiram os deuses menores —,

profana— em que se valorizaram os aspetos pitorescos e frívolos — e religiosa.

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5.3 A PINTURA ROCOCÓ

A pintura rococó refletiu a sociedade aristocrática e festiva. Abundaram as cenas

pastoris e o retrato — agora usado pelos burgueses. As temáticas foram tratadas mais

ligeiramente com referências à mitologia.

A nível formal, o ritmo, a exuberância e a tendência decorativa são os principais focos.

É visível uma rica ornamentação e um cromatismo muito leve.

Os pintores que mais se destacaram foram Watteau, que trabalhou temas de festas

galantes, cenas de género e mitológicas, contudo com algumas réstias de barroco (como a

ansiedade e tristeza dele características), e Fragonard, de pincelada rápida e espontânea,

aplicando dinâmica e emotivamente a cor.

5.4 ROCOCÓ NO MUNDO

Itália

No Rococó Italiano, a arquitetura só se evidenciou na decoração interior e pintura

decorativa mural. Neste campo, destacou-se Giambattista Tiepolo, que faz um jogo de cores

claras e límpidas conjugadas com o brilho colorido de tradição veneziana. Na pintura sobre

tela, destacou-se a vedute, pintura de género de panorâmicas de cidade, na qual se destacam

Canale (Caneletto), que pinta os cenários urbanos com minucioso realismo, e Francesco

Guardi, em que a arquitetura é fantasia envolvida por uma luminosidade delicada.

Europa Central e do Norte

Foi nos países germânicos, seguidores da igreja católica, que o Rococó foi melhor

aplicado, quer nos princípios estilísticos quer no número de construções. A arquitetura

germânica desta época resume-se a uma arquitetura de exteriores sólidos e elegantes e

interiores com uma decoração em branco e dourado, com muitas pinturas murais, com grande

exuberância, alegre.

Suécia e na Inglaterra

Na Suécia e na Inglaterra, o Rococó limita-se à decoração de interiores e às artes

decorativas. No ramo da pintura, na Inglaterra, há o caso paradigmático de Hogart, em que o

através da forma harmoniosa das suas figuras e da valorização das ambiências.

Portugal

O Rococó surgiu primeira mente no Norte do país, em especial na zona do Minho –

Braga. Na arquitetura, o maior expoente deste estilo foi André Soares. O seu trabalho

caraterizou-se pela decoração exuberante e decorada com motivos naturalistas: conchas e

vegetações. Destacam-se a Casa do Raio ou a Camara Municipal em Braga ou a Igreja de

maria Madalena na Falperra. Para além do Santuário de Nossa Senhora dos Remédios em

Lamego, destaca- se igualmente o palácio de Queluz. Construído entre 1747-1789 por Mateus

Vicente de Oliveira e por Robillion. Os interiores e os jardins foram desenhados por Robillion.

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A escultura Rococó entra em Portugal na segunda metade do século XVIII sendo

introduzido pela “escola de Mafra”. Para além da decoração eclesiástica serviu para a

decoração de edifícios civis e de fontanários. O melhor escultor foi Machado de Castro, autor

da estátua equestre a D. José I e de figuras para presépios. Para além da produção de

estátuas abrangeu igualmente a talha. Devido às influências, apareceram dois estilos:

- Norte (Braga): decoração volumosa e aparatosa;

- Sul: mais comedida, assente sobre estruturas arquitetónicas lisas; anuncia o gosto

neoclássico;

A pintura é usada em retábulos, tetos e retratos. Refere-se Paulo Alexandrino,

decorador de Igrejas; tetos do palácio de Queluz; Pascoal Parente, cúpula da Igreja do

seminário, Coimbra e Giovanni Grossi, igreja de Santa Catarina, como os mais talentosos. A

azulejaria foi também utilizada como revestimento e decoração. A fábrica mais célebre foi a

Real Fábrica de Faianças do Rato, em Lisboa.

5.5 O URBANISMO POMBALINO

Em 1755, terramoto de Lisboa, seguido de um maremoto provoca o desastre total da

cidade morrendo cerca de 10 mil pessoas. Com a fuga da corte e do governo apenas um

homem ficou para trás: Sebastião de Carvalho e Melo, conde de Oeiras e Marquês de Pombal

aquém é atribuída a frase: “Enterrem-se os mortos e cuidem-se dos vivos.” Como

consequência do derrube do palácio real, ergue-se no alto da Ajuda um novo palácio real; Para

precaver de novo terramoto foi erguido em madeira que ficou conhecido como “A Real Barraca”

O sismo foi um tema discutido entre os filósofos Iluministas e referido por Voltaire em Cândido

e por Kant, iniciando-se o estudo científico da sismologia.

Para a sua reconstrução foram aprovadas leis contra a especulação dos preços, uma

Taxa de 4% sobre as mercadorias importadas e Auxílios materiais por parte do Brasil,

Inglaterra, Holanda... A planta é organizada numa grelha de ruas verticais, horizontais e

perpendiculares sendo o Espaço delimitado por duas praças: rossio e praça do comércio; A

Rua Augusta, rua principal é coroada com um arco do triunfo. Pela sua a reconstrução

passaram. Manuel da Maia, responsável pela coordenação do projeto: Eugénio dos Santos:

execução da praça do comércio e Carlos Mardel: responsável pelo Rossio.

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6. A ARTE NEOCLÁSSICA

A arte neoclássica foi a arte iluminista por excelência. Acompanhou a revolução

científica e filosófica do séc. XVII. Assim, revalorizou o estudo da Natureza e dos antigos como

fonte de inspiração. Era, portanto, o regresso à ordem.

Ao nível técnico-formal, caracterizou-se pelo virtuosismo, idealização da beleza,

alcançada através de aprendizagens rigorosas. No campo conceptual e temático, retomou os

conteúdos eruditos, abstratos ou moralizantes, baseados na História, Literatura... Retomou-se

a ideia de arte como meio pedagógico, e o artista voltou a assumir o papel de educador

público.

6.1 A ARQUITETURA NEOCLÁSSICA

A arquitetura neoclássica baseou-se no estudo dos antigos, adicionando novas

características tecnológicas e formais adequadas àquele tempo, com novos sistemas

construtivos, novas máquinas e novos materiais. Esta nova ideia da arquitetura levou a uma

maior preparação escolar dos arquitetos, que estudavam, agora, apoiados no rigor científico

imposto pelas academias, que, mais tardem, se transformaram as primeiras escolas

politécnicas.

A arquitetura do período neoclássico não foi pura cópia da romana ou grega;

empenhou-se na funcionalidade, com originalidade e engenho e foi a raiz de várias tipologias

adaptadas às exigências da época. Criaram-se, portanto, novos cânones estruturais, formais e

estéticos, que resultaram nas seguintes características:

• Emprego de materiais nobres e tradicionais — pedra, mármore, granito, as madeiras — e

novos materiais como o ferro fundido;

• Uso de processos técnicos mais recentes e avançados, com sistemas construtivos simples

que, assimilados aos elementos arquitetónicos, levaram à simplicidade estrutural;

• Uso de formas regulares, geométricas e simétricas nas plantas;

• Volumes maciços bem definidos por panos murais lisos;

• Uso de abóbadas de berço e cúpulas nas coberturas.

A arquitetura neoclássica demonstrou também preocupação com os interiores,

organizando-os segundo critérios geométricos e formais. A decoração de interiores recorreu a

elementos estruturais clássicos, à pintura mural, ao relevo... advindos das novas descobertas

na arqueologia (Pompeia e Herculano). Contudo, era uma decoração austera, limitada,

estática, e era essencialmente estrutural. Assim, a intimidade e o conforto foram procurados

através de uma elegância discreta e serena.

As caraterísticas enunciadas tinham a função de evidenciar a racionalidade estrutural e

formal, dando robustez, nobreza, sobriedade e monumentalidade ao edifício. Foi, deste modo,

empregue em várias tipologias, que se subdividiam em dois conjuntos: as de direta inspiração

clássica e as novas tipologias, como hospitais, museus, bibliotecas, escolas, cafés, salas de

teatro e ópera, bancos, bolsas, repartições públicas e sedes de governo. A encomenda civil e

estatal/pública cresceram tanto, que deixaram a encomenda religiosa para segundo lugar.

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França

Foi um dos principais polos do neoclassicismo, a que não deixa de ser estranho a

Revolução Francesa e a necessidade de possuir uma linguagem diferenciadora do regime

antecedente. Para além de uma linguagem formal, contou igualmente com a originalidade e

pela visão utópica dos projetos. Destacam-se os seguintes arquitetos e obras:

- Jacques-Germain Soufflot; Igreja de santa Genoveva – Panteão Nacional

- Étienne-Louis Boullé; projeto de um cenotáfio em homenagem a Newton.

- Claude-Nicolas Ledoux; cidade de Compiègne.

- Jean François Chalgrin; arco do Triunfo

- Pierre Vignon; Igreja da Madalena

Alemanha

A arquitetura alemã é caraterizada pelo seu rigor arquitetónico. É influenciada pela

arquitetura grega especialmente pela ordem dórica. Destacam-se os seguintes arquitetos e

obras:

- Karl Gottfried Langhans: porta de Brandemburgo;

- Karl Friedrich Schinkel: teatro nacional, Altes Museu.

- Leo Von Klenze: Walhalla,

Inglaterra

Grande centro difusor do neoclassicismo, mais concretamente do palladianismo que se

inspirava nos cânones renascentistas. Destacam-se os seguintes arquitetos e obras:

- John Soane: Banco de Inglaterra;

- John Carr: Harewood House; Hospital de Santo António;

- Robert Smirke: Museu Britânico;

6.2 A PINTURA NEOCLÁSSICA

A pintura neoclássica apareceu nos finais do séc. XVIII, tendo-se propagado até

meados do séc. XIX. Com raízes ideológicas no Iluminismo, no Humanismo, no Cientismo e no

Individualismo, reagiu contra o Barroco e o Rococó ao nível estético, usando o Classicismo

como fonte de inspiração.

Partindo dos cânones clássicos, os pintores adotaram formas racionais, pondo em

evidência a austeridade e a simplicidade.

Ao nível formal, a pintura neoclássica é definida pela composição geométrica, pelo

desenho rigoroso e linear, pelo perfeccionismo técnico e pelo tratamento da luz e do claro-

escuro muito elaborado. Há também a predominância da linha, do contorno e do volume sobre

a cor.

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As cores são sóbrias em variações frias, sem grande variação cromática. A pintura é

como que uma cobertura da forma. A estética é naturalista e as formas são idealizadas.

Ao nível temático, a pintura passou pelos assuntos históricos, alegóricos, mitológicos, heroicos

e pelos retratos. Tem como principais artistas:

- Jacques-Louis David (1748-1825): maior figura da pintura neoclássica. Nas suas pinturas vê-

se a atenção dada aos pormenores. Completamente empenhado na causa Revolucionária e

Napoleónica.

- Antoine-Jean Gros (1771-1835): discípulo de David é igualmente partidário de Napoleão. Na

sua obra sente-se já o gosto pela linguagem Romântica;

- Jean-Dominique Ingres (1780-1867). Discípulo de David; Utilização do nu feminino; Revela

um gosto pelo exótico e sobressai na sociedade como um excelente retratista.

Napoleão Bonaparte

6.3 ESCULTURA NEOCLÁSSICA

É influenciada pela arte clássica e os temas mais retratados são os históricos, alegóricos e

literários;

Retratou políticos e figura públicas e foi colocada no espaço público e no espaço privado;

Representavam os corpos segundo os cânones clássicos de proporção e beleza; Uso

preferencial do mármore; São tecnicamente são obras de grande perfeição; Os escultores e as

obras mais importantes são:

- Canova: amor e psique; Paulina Borguese; Hércules e Licas;

- Jean – Antoine Houdon: Voltaire; Washington; Benjamin Franklin;

- Thorvalsen (discípulo de Canova): auriga da porta de Brandeburgo:

6.4 O NEOCLÁSSICO EM PORTUGAL

O contexto político social e económico, levou a que em Portugal se permanecesse avesso às

novas linguagens artísticas. Para isso contribuíram:

- Invasões Francesas e fuga da corte e família Real para o Brasil;

- Revolução Liberal (1820) e lutas contra os absolutistas: Guerras Liberais (civil);

A arquitetura portuguesa vai ser influenciada por duas correntes: a italiana em Lisboa e a

inglesa no Porto. (colónia Inglesa residente na cidade e ligada ao comércio do vinho do Porto).

O Porto é considerado o primeiro centro neoclássico nacional.

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Porto – obras e artistas

Hospital de Santo António, John Carr; Feitoria inglesa, John Whitehead; Palácio das

Carrancas, Joaquim da Costa Lima; Palácio da Bolsa, Joaquim da Costa Lima; Igreja da

Ordem da Trindade, Carlos Amarante; Academia Real da Marinha e das Ciências, Carlos

Amarante; Praça da Ribeira, John Whitehead e a rua do Almada, mandado construir por João

de Almada e Melo (governador do Porto)

Braga – obras e artistas

Carlos Amarante: principal arquiteto - Igreja de Nossa Senhora do Pópulo; Remodelação da

Igreja do Bom Jesus do Monte e a ponte de Amarante;

Lisboa – obras e artistas

Na arquitetura Lisboeta vai predominar o gosto barroco e Rococó até tempos mais tardios,

influenciado na arte pela “Escola de Mafra”. Influência dos alunos bolseiros maioritariamente

vindos de Itália.

Teatro de S. Carlos, José da Costa e Silva; Palácio de Ajuda, Francisco Xavier Fabri e José da

Costa e Silva; Teatro Nacional, Fortunato Lodi e a Assembleia da República (palácio de S.

Bento da saúde), remodelado por Ventura Terra.

Tal como na arquitetura a escultura vai sofrer as vicissitudes do tempo. As oficinas de

formação são o Palácio de Mafra e o Palácio de Ajuda.

- João José de Aguiar: o melhor escultor do seu tempo, estudou no atelier de Canova. Obras:

estátua de D. João VI, Monumento a D. Maria I e estátuas da Lealdade e da Consideração no

Palácio de Ajuda;

- Machado de Castro: trabalha numa primeira fase em Mafra com uma linguagem Rococó. As

suas melhores obras são a estátua equestre de D. José I e a estátua Generosidade.

A pintura portuguesa tal como as outras artes vai ser de pouca quantidade e qualidade. Dos

artistas de relevo destacam-se Vieira Portuense e Domingos Sequeira. Ambos trabalharam nos

Palácios de Mafra e da Ajuda.